O mecânico de automóveis e seu ambiente de trabalho

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O mecânico de automóveis e seu ambiente de trabalho
INGEPRO – Inovação, Gestão e Produção
Maio de 2010, vol. 02, no. 05
ISSN 1984-6193
www.ingepro.com.br
O mecânico de automóveis e seu ambiente de trabalho
Marina Campos Guijarro (UEM) [email protected]
Vinícius Antônio Ávalos (UEM) [email protected]
Bruno Montanari Razza (UEM) [email protected]
O presente artigo trata-se de uma avaliação das condições ergonômicas do posto de trabalho
do mecânico de automóveis. Por meio da análise das condições físicas, ambientais e de
postura desses trabalhadores durante a retífica de um motor, como meio de verificar a
ocorrência de problemas de saúde relacionados a esse trabalho. Os resultados concluíram
que a possível adequação ergonômica na oficina contribui para a melhoria na produtividade
dos mecânicos.
Palavras-chave: Trabalho; Postura; Mecânico de automóveis.
1. Introdução
O estudo aborda uma análise ergonômica do posto de trabalho dos mecânicos de
automóveis, envolvendo a postura do trabalhador, conforto ambiental e carga de trabalho
como meio de identificar as dificuldades desses trabalhadores relacionados aos instrumentos e
ambiente de trabalho além da possibilidade de melhoria das condições ambientais e da
produtividade desses mecânicos.
A profissão de mecânico de automóveis já existe há mais de um século no Brasil,
desde o surgimento dos primeiros carros no final do século XIX. Atualmente, a profissão vem
sendo expandida e modernizada constantemente em nosso país.
A tarefa dos mecânicos de automóveis envolve excessivos esforços físicos, muitas
vezes associados a um alto nível de precisão, conhecimento e qualificação. A análise no posto
de trabalho do mecânico de automóveis deve compreender a verificação das exigências
biomecânicas e cognitivas com enfoque à postura e o esforço físico, pois a postura, segundo
Maia e Francisco (2007), situa-se entre os aspectos que podem vir a influenciar no bem estar
do trabalhador. A postura inadequada e o esforço físico no momento de execução de sua
tarefa podem tornar-se agentes de desgaste físico e mental, causando desconforto e mal estar
ao trabalhador.
2. Revisão Bibliográfica
Diversos fatores podem influenciar no desempenho de trabalho dos mecânicos de
automóveis, como a baixa iluminação, a deficiência na ventilação, os ruídos constantes de
partida e aceleração dos veículos, a postura inadequada em determinadas atividades, o contato
direto com produtos químicos, dentre outros.
A iluminação inadequada prejudica a visualização dos funcionários na realização de
uma tarefa, pois pode provocar brilhos e ofuscamentos, que levam ao surgimento de fadiga
visual (IIDA, 2005). Os sintomas da fadiga visual são: irritação, lacrimação e
avermelhamento dos olhos, conjuntivite, visão dupla, dores de cabeça, redução da força de
acomodação e convergência, redução da acuidade visual, da sensibilidade ao contraste e da
velocidade de percepção, causando uma significativa perda de produtividade, redução da
qualidade do trabalho, erros, aumento da freqüência de acidentes e queixas dos funcionários
(KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
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Outro problema comum em oficinas mecânicas é a exposição do trabalhador a
produtos químicos tóxicos ou de odores fortes, como o benzeno, os solventes, a gasolina e a
graxa, cujos efeitos nocivos podem ser agravados pela deficiência da ventilação desses locais.
Os solventes são qualificados como nocivos, porque são voláteis e penetram com facilidade
no organismo do indivíduo, provocando efeitos tóxicos de vários níveis. O mais prejudicial à
saúde é o benzeno, pois pode causar anemia plástica e leucemia (IIDA, 2005). Outra questão
bastante complicada é a inalação do monóxido de carbono expelido dos escapamentos dos
automóveis que acarreta em insuficiência respiratória ao mecânico porque o gás monóxido de
carbono (CO) tem maior afinidade à hemoglobina do sangue em relação ao gás oxigênio (O 2)
de forma que o CO anula a atuação da hemoglobina (IIDA, 2005).
O ruído, problema inerente da atividade, interfere na transmissão de informações,
fazendo com que a comunicação entre os trabalhadores torne-se confusa aumentando a chance
de erros pela dificuldade de compreensão, a redução na concentração e transtornos psíquicos
envolvidos no trabalho (estresse), aborrecimentos e o aparecimento de dores de cabeça (IIDA,
2005). A presença de ruídos elevados no ambiente de trabalho pode perturbar, além disso,
quando este ruído é freqüente e em longos períodos de tempo, a exposição dos mecânicos a
esse ambiente pode provocar a surdez temporária e podendo levar a surdez permanente por
efeito cumulativo (DUL; WEERDMEESTER, 2004).
Para realizar o trabalho, o mecânico de automóveis freqüentemente necessita realizar
posturas extremas e em espaços restritos, principalmente o trabalho se encontra em locais de
difícil acesso no interior do veículo. O trabalhador permanece geralmente parado em pé e seus
braços ficam estendidos por um longo período de tempo sem sustentação ou apoio, o que
pode resultar em dores nos punhos, cotovelos e ombros (DUL; WEERDMEESTER, 2004).
Segundo Iida (2005, p. 167):
A posição parada, em pé, é altamente fatigante porque exige muito trabalho estático
da musculatura envolvida para manter essa posição. Na realidade, o corpo não fica
totalmente estático, mas oscilando, exigindo freqüentes reposicionamentos,
dificultando a realização de movimentos precisos.
Por fim, constata-se a importância de um estudo específico em relação ao posto de
trabalho do mecânico de automóveis, analisando e apresentando possíveis disparidades
presente neste ambiente de trabalho.
3. Objetivos
O objetivo deste trabalho foi avaliar as condições ergonômicas no posto de trabalho do
mecânico de automóveis por meio da análise das condições físicas, ambientais e posturais
desses trabalhadores durante a retífica de um motor.
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4. Materiais e Métodos
4.1 Objeto de estudo
O objeto de estudo deste trabalho é a atividade dos mecânicos de automóveis de
oficina da cidade de Cianorte-PR. A oficina em estudo proporciona o serviço de auto peças no
qual solicita ao fornecedor as peças necessárias quando o trabalho dos mecânicos exige repor
alguma peça da oficina. A oficina é dividida em três setores: sala de recepção, local de
consertos mecânicos e auto-peças, atividades estas que são realizadas por cinco funcionários
responsáveis pelos serviços mecânicos gerais e dois destes que revezam para fazer trabalhos
específicos como montagem de motor e câmbio além da parte de injeção eletrônica. Dentre
outras tarefas realizadas na oficina estão a troca de molas, a injeção eletrônica, o serviços de
autopeças, a soldagem de peças, a limpeza de peças, a correção de vazamentos e a mecânica
em geral.
4.2 Aspectos éticos
Este estudo atendeu aos aspectos éticos descritos no “código de deontologia do
Ergonomista Certificado” (ABERGO, 2003). Assim, todos os participantes voluntários
assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, baseado na resolução 196/96CNS/MS.
4.3 Sujeitos
Participaram do estudo cinco sujeitos do gênero masculino com idade média de 41,8
anos (d.p. 13,14 anos), todos mecânicos de automóveis, sendo 3 destros e 2 canhotos. A
lateralidade foi informada pelos próprios indivíduos.
4.4 Materiais
Para este estudo foram utilizados os seguintes materiais:
∙ “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”;
∙ Protocolo para levantamento de dados ergonômicos;
∙ Protocolo Rula;
∙ Questionário Nórdico (adaptado de KUORINKA, 1986);
∙ Decibilímetro digital;
∙ Anemômetro digital;
∙ Termohigrômetro digital;
∙ Trena Western modelo 3m/10ft;
∙ Máquina fotográfica digital Olympus, modelo X-845, resolução de 8.0 megapixels;
∙ Modelos antropométricos em escala 1:10.
4.5 Procedimentos
Preliminarmente foi realizada uma avaliação ambiental na oficina, sendo verificados o
nível de iluminamento, temperatura, umidade do ar, ventilação e ruído. Também foi realizada
uma análise da atividade do mecânico de automóveis, constando as tarefas e funções que a
oficina realiza, o número de funcionários e sua organização, as ferramentas utilizadas nas
atividades e a descrição de como é feito o reparo do motor. Foi realizado um desenho
esquemático do posto de trabalho do mecânico em escala 1:10 para avaliar, utilizando
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modelos antropométricos, para avaliar preliminarmente questões relacionadas a alcance e
espaço de trabalho.
Além disso, uma análise postural foi feita por meio de fotografias seqüenciais com o
objetivo de registrar as variações de postura no momento da retífica e analisá-las pelo método
de biomecânica observacional RULA (Rapid Upper Limb Assesment). O critério de seleção
das fotografias para análise foi aquelas que apresentaram as maiores constrições posturais. O
método RULA permite a identificação do grau de risco à saúde de cada uma das posturas
realizadas, considerando também fatores como repetitividade e postura estática, dando como
resultado quatro níveis de severidade. O nível 1 significa que a postura é aceitável se não
permanecer por longos períodos de tempo, o nível 2 significa que é necessário uma avaliação
e que mudanças podem ser feitas, o nível 3 significa que é necessário uma avaliação e
mudanças rapidamente e o nível 4 significa que é necessário uma imediata avaliação e
mudanças.
Para finalizar a pesquisa, foram aplicados, diretamente com os sujeitos, protocolos de
avaliação da atividade cotidiana no posto de trabalho dos mecânicos para identificar a
percepção dos trabalhadores em relação a aspectos de conforto e qualidade das condições
ambientais.
4.6 Análise dos dados
Os resultados obtidos foram analisados com estatística descrtiva.
5. Resultados
5.1 Análise ambiental
A iluminação incidente sobre a superfície de trabalho do mecânico na manutenção do
motor (iluminação localizada) aponta 50 lux. A intensidade luminosa perto do motor
(aproximadamente a um metro do chão) é de 70 lux e próximo à lâmpada (aproximadamente a
dois metros do chão) é de 310 lux. Na porta dos fundos onde é utilizado o elevador, constatase 165 lux, na janela frontal, 60 lux e na porta principal utilizada somente para a circulação de
veículos e pessoas é 400 lux. No ambiente em geral 25 lux.
A temperatura no interior da oficina, durante o inverno, mede 23,6 °C, com umidade
relativa do ar 64 RH % e velocidade do vento 0,4 m/s.
O ruído no ambiente sem carros ligados oscila entre 60-70 dB. O ruído próximo ao
ouvido do mecânico com carros ligados é de 85 dB e próximo ao motor quando este está
ligado é de 120 dB.
5.2 Quanto ao método Rula
Das imagens capturadas, 20 foram selecionadas para análise. Das posturas analisadas,
nenhuma apresentava o nível 1, 15% apresentava o nível 2, 80% apresentava o nível 3 e 5%
apresentava o nível 4. De todas as figuras analisadas, foram observadas posturas de flexão de
tronco, freqüentes abduções de ombro associadas à aplicação de força devido à superfície de
trabalho ser baixa e distante do trabalhador, apresentando dificuldades de acesso conforme
apresentado na figura 1. Na primeira imagem, as maiores variações situam-se na postura do
braço, cotovelo, cervical e tronco acarretando no nível 3, que significa que é necessário uma
avaliação e mudanças rapidamente. A segunda postura indica maiores variações na postura do
braço, do punho, cervical e tronco, acarretando no nível 4, que significa que é necessário uma
imediata avaliação e mudanças. A terceira imagem apresenta posturas inadequadas do braço,
cotovelo, cervical e tronco, acarretando no nível 3. Quanto as imagens situadas na parte de
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baixo, a primeira indica posturas incorretas de tronco e membros superiores, levando a um
resultado de nível 3. A segunda figura revela posturas inadequadas de tronco, cervical,
cotovelos e punhos durante o trabalho, ocasionando o nível 3 e a terceira figura denota
posturas impróprias de tronco, cervical, cotovelos e braços, resultando no nível 3.
Fig 1. Exemplos de posturas analisadas pelo método RULA.
5.3 Perfil e Voz do trabalhador
O tempo médio de trabalho destes indivíduos é de 22,8 anos (d.p. 14,83 anos), a
maioria trabalha entre 6 a 8 horas por dia e todos os entrevistados responderam que trabalham
seis dias por semana. Todos os entrevistados responderam que não realizam outras atividades
(trabalho) nas suas horas vagas; 60% dos trabalhadores responderam que possuem folgas ao
menos de vez em quando durante o horário de trabalho (não contando com o horário de
almoço) para repouso, enquanto 40% responderam que não possuem folgas. Quando foi
perguntado em que período eles organizavam o ambiente de trabalho, 40% responderam que
organizavam durante o serviço e 60% organizavam após o serviço.
Em relação à iluminação do seu ambiente de trabalho, 80% responderam que é muito
boa, não tem problemas e 20% responderam que é insuficiente, cansa um pouco a visão.
Quanto ao cansaço ou desânimo antes mesmo de entrar no serviço, 80% responderam que
raramente se sentem cansados ou desanimados antes mesmo de entrar no serviço e 20%
responderam que nunca se sentiram cansados ou desanimados antes de trabalhar.
Quando questionados se tem ou tiveram algum problema de saúde relacionado à
profissão, 80% responderam que não e 20% responderam que tiveram problemas na coluna.
Foram questionados, com que freqüência costumam consumir alguns produtos como
estimulantes ou medicamentos; 40% responderam que consumiam remédios para dores de
cabeça ocasionalmente e 20% freqüentemente. 20% responderam que consomem
freqüentemente remédios para dores musculares, 80% responderam que consomem café, chá e
refrigerantes freqüentemente e 20% responderam que consomem esses produtos
ocasionalmente.
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5.4 Questionário Nórdico
A figura 2 representa os resultados do Questionário Nórdico quanto aos locais de desconforto
e a freqüência de sua ocorrência. Como pode ser observado, as maiores incidências de
desconforto estão localizadas no pescoço e ombro direito, coluna lombar, joelho e pés, tanto
relacionado a dores/desconforto pontuais (ocorridos em um dia) quanto em problemas
recorrentes (semana/ano).
Fig 2. Resultados de locais de desconforto com o Questionário Nórdico.
6. Discussão
A iluminação incidente de 50 lux corresponde a uma iluminação incorreta para a
retífica de motores porque se situa muito abaixo do nível recomendado de iluminação em
oficinas em geral (400 a 600 lux) (IIDA, 2005). A iluminação de 25 lux no ambiente em geral
está muito abaixo do nível recomendado para zonas de circulação, que geralmente variam
entre 100-150 lux (IIDA, 2005). Quanto à intensidade luminosa próxima ao motor (70 lux) e
próximo à lâmpada (310 lux), na porta dos fundos onde é utilizado o elevador (165 lux), na
janela frontal (60 lux) e na porta principal (400 lux) é possível concluir que a iluminação
continua baixa para o reparo de veículos e elevada nas zonas de circulação.
A temperatura e a ventilação no interior da oficina (23,6°C, 64% e 0,4 m/s) estão
dentro da zona de conforto térmico, que é delimitada entre as temperaturas de 20 a 24°C, com
umidade relativa de 40% a 80% e velocidade do ar moderado a 0,2m/s, considerando que a
temperatura foi aferida numa época de clima ameno (IIDA, 2005). No entanto, os
trabalhadores manifestaram o desejo de uma melhor ventilação no local de trabalho, devido à
alta temperatura que pode ser atingida no verão.
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A oscilação do ruído entre 60-70 dB está situada entre o nível aceitável em ambientes
durante o dia e o limite de conversação difícil (IIDA, 2005). O ruído contínuo de 85 dB é
considerado o máximo tolerável para uma exposição durante 8h de jornada diária de trabalho,
pelas normas brasileiras (NR-15).
Conforme o método RULA, verificamos que as posturas apresentadas apresentam
grandes constrições posturais, podendo levar ao surgimento de dor lombar, dor na cervical e
dor nos ombros devido às freqüentes flexões de tronco e abduções do ombro associadas a
aplicações de força pela superfície de trabalho ser baixa e distante do trabalhador. Essa
associação pode ser comprovada pelos locais de desconforto apresentados pelo questionário
nórdico, indicando a necessidade de intervenção nessa atividade.
7. Considerações Finais
Um dos fatores mais graves desta atividade é a postura de trabalho. Nesse caso
recomenda-se o uso de equipamentos que facilitem o alcance do trabalhador em locais de
difícil acesso do veículo, elevadores que posicionem o automóvel em altura mais adequada à
realização da atividade e paralelamente instruir o trabalhador sobre as melhores posturas a
serem realizadas e como utilizar equipamentos e utensílios de forma a evitar lesões e
acidentes de trabalho.
Para evitar possíveis acidentes de trabalho e até mesmo o desgaste físico e mental do
indivíduo, é indicado que se respeite a carga horária diária estipulada ao trabalhador, evitando
exceder os limites recomendados. O descanso é extremamente importante para o ser humano,
serve como estimulante e regenerador das energias perdidas no período de trabalho. Realizar
curtas pausas no período de trabalho, também é importante para garantir uma recuperação de
estruturas e tecidos (músculos, articulações) e também que a tarefa não se torne monótona e
estressante (IIDA, 2005).
A temperatura do ambiente de trabalho deve situar-se na zona de conforto térmico, que
é estabelecida entre 20 a 24°C. Deve-se atentar para que esta temperatura não esteja fora desta
zona, para não interferir no trabalho do indivíduo. A ventilação do ambiente também é
importante, pois além de proporcionar uma sensação agradável nos dias de temperatura mais
elevada, ajuda a propagar odores e gazes tóxicos presentes no ambiente de trabalho (IIDA,
2005). Para remediar os efeitos do calor, é importante providenciar uma ventilação forçada
adequada, que permite a troca do ar quente e viciado em produtos voláteis e monóxido de
carbono por ar fresco do ambiente externo.
A iluminação mal planejada proporciona uma queda no rendimento dos funcionários
em razão da necessidade de um tempo maior para a discriminação das peças do motor, que em
geral são da mesma tonalidade (pouco contraste) e de tamanhos variados. Além disso, o
reparo dos automóveis num ambiente de 50 lux exige uma maior fixação do olhar para o
reconhecimento de detalhes ou peças e a tendência de aproximação do corpo ao veículo numa
postura inclinada para uma melhor visualização, o que contribui para uma sobrecarga dos
músculos do globo ocular, dificuldades na leitura visual além de dores (IIDA, 2005). A
dificuldade de visualização devido à má iluminação pode também comprometer a
identificação de peça e componentes pequenos e de pouco contraste, levando a erros de
trabalho e lentidão na realização do serviço.
A fadiga visual também é uma conseqüência da baixa iluminação e para preveni-la e
melhorar o rendimento e satisfação dos funcionários, recomenda-se um aumento na
luminosidade das lâmpadas do tipo fluorescentes, para um mínimo de 400 lux e substituir a
iluminação atual por uma iluminação melhor distribuída em todo o ambiente, como uma
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iluminação pontual (foco de luz) para ser usada quando necessário de forma a complementar a
iluminação ambiente.
Por fim, em relação aos ruídos no ambiente de trabalho, uma solução para diminuir o
impacto que chega aos ouvidos dos mecânicos, é a utilização de protetores auriculares no
momento da partida de motores. Desta forma, além de reduzir o estresse do trabalhador, estará
protegendo-o de possíveis lesões auriculares.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. Norma ERG BR 1002: Código de Deontologia do
Ergonomista Certificado. ABERGO, 2003. Disponível em: < http://www.abergo.org.br/arquivos/Norma%
20ERG%20 BR%201002%20-%20Deontologia.pdf>. Acesso em: ago. 2008.
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2004.
IIDA, I. Ergonomia: Projeto e produção. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2005.
KROMER, K.H.E; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: Adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre:
Editora Bookman, 2005.
KUORINKA, B; JONSSON, A; KILBOM, H; VINTERBERG, F; BIERING-SORENSEN, G; ANDERSSON,
K. JORGENSEN. Standardised Nordic questionnaires for the analysis of musculoskeletal symptoms. Applied
Ergonomics, v. 18, n.3, p. 233-237, 1987.
MAIA, I.M.O; FRANCISCO, A.C. Ergonomia: Ferramenta de Manutenção Industrial. In: Congresso
Internacional de Administração, 2007, Ponta Grossa. Anais eletrônicos... Ponta Grossa: UEPG, 2007.
Disponível em: < http://www.admpg.com.br/2007/index.php?page=5&lang=1&sub=17>. Acesso em: jul. 2008.
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