MONOPERF - FAO - Faculdade de Odontologia

Transcrição

MONOPERF - FAO - Faculdade de Odontologia
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
TRATAMENTO DE PERFURAÇÕES RADICULARES
THATIANA LIMA DOS SANTOS
MANAUS
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
THATIANA LIMA DOS SANTOS
TRATAMENTO DE PERFURAÇÕES RADICULARES
Monografia apresentada à disciplina de
TCC II da Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal do Amazonas, como
requisito parcial para obtenção do título de
Cirurgiã-Dentista.
Orientadora: Profª Aida Renée Assayag Hanan
MANAUS
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
THATIANA LIMA DOS SANTOS
TRATAMENTO DE PERFURAÇÕES RADICULARES
Monografia apresentada à disciplina de
TCC II da Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal do Amazonas, como
requisito parcial para obtenção do título de
Cirurgiã-Dentista.
Aprovado em 06 de novembro de 2009
BANCA EXAMINADORA
Profª. Aida Renée Assayag Hanan – UFAM - Presidente
Prof. Dr. André Augusto Franco Marques – UFAM - Membro
Profª. Rejane Peres Simões – UFAM - Membro
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Alcirema Nazaré Lima dos
Santos e Ruy Alves dos Santos, que sempre
apostaram em mim e com seu amor
incondicional, compreensão e apoio tornaram
possível a realização não só deste trabalho, mas
também de um sonho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me concedido o dom da vida e me ajudar a superar com força, coragem e
sabedoria cada dificuldade imposta no caminho.
À minha mãe, Alcirema Nazaré Lima dos Santos, pelo apoio, amor e incentivo ao longo de
toda esta jornada. Por estar sempre pronta a me ouvir, consolar, aconselhar.
Ao meu pai, Ruy Alves dos Santos, pela paciência, dedicação e esforço destinados a minha
formação.
À minha irmã, Ana Carolina, por ser minha confidente, conselheira e por toda admiração e
compreensão comigo, meus papéis e materiais espalhados pelo quarto.
Ao meu irmão, Paulo César, por dividir comigo a experiência diária de um curso de saúde e
pela vibração a cada conquista.
À minha avó, Raimunda de Souza Passos, pelo apoio financeiro e por ter sempre acreditado e
me incentivado a ser o que eu desejasse.
À minha querida orientadora, Aida Hanan, pela acolhida imediata, solicitude e paciência em
sanar minhas dúvidas e dar sugestões ao longo deste projeto. Responsável pela organização
dos meus pensamentos confusos, desconexos e que me deu a direção exata para realização
deste trabalho.
Ao professor Emílio Carlos Sponchiado Junior, pelo encorajamento contínuo na pesquisa,
pelos conhecimentos transmitidos e por toda ajuda dispensada ao aprimoramento deste
trabalho. Um estímulo para ver na academia e tentar seguir o mesmo caminho na vida.
Aos meus amigos, por terem tornado esses cinco anos de convívio tão prazerosos e
agradáveis, além da contribuição para meu crescimento e amadurecimento diários.
EPÍGRAFE
Quando você quer alguma coisa, todo o universo
conspira para que você realize o seu desejo.
Paulo Coelho
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo, revisar a literatura sobre a perfuração radicular e
ampliar a base de conhecimentos teóricos sobre os diferentes materiais que podem ser empregados
no reparo das perfurações de furca. As perfurações radiculares, aberturas artificiais que resultam na
comunicação entre a cavidade pulpar e os tecidos periodontais, representam um dos mais
desagradáveis acidentes que podem ocorrer durante o tratamento endodôntico. Podem ser induzidas
iatrogenicamente, por processo de reabsorção ou cárie. O êxito do tratamento vai depender da
localização, do tamanho da perfuração, do tempo de ocorrência, das características físicas e
químicas do material selador e da presença ou não de infecção. O assoalho da câmara pulpar é a
área onde ocorre o maior número de perfurações. Dentre os materiais pesquisados, o Agregado de
Trióxido Mineral (MTA) é o produto mais utilizado, mostrando superioridade em relação aos
demais. Isso se deve a características apreciáveis que o material apresenta como,
biocompatibilidade, baixa solubilidade, ser hidrofílico e auxiliar na deposição de cemento. Portanto,
quanto mais rápido for feito o diagnóstico e reparo das perfurações, mais favorável será o
prognóstico do dente. Não sendo o MTA indicado em todas as situações clínicas, materiais como
hidróxido de cálcio, sulfato de cálcio, Super EBA, ZOE, IRM, amálgama, cimento ionômero de
vidro podem ser empregados de maneira diferente.
PALAVRAS-CHAVE: Perfurações de furca, MTA, acidentes endodônticos
SUMMARY
The aim of this study was to carry out a literature review on root perforation and broaden
theoretical knowledge about different materials that may be used in repairing perforations of the
furcation. Root perforations, artificial openings that result in communication between the pulp
cavity and the periodontal tissues, are one of the most unpleasant accidents that may occur during
endodontic treatment. Iatrogenic root perforations may be induced by a reabsorption process or by
caries. The success of treatment will depend on the location, size of perforation, time of occurrence,
physical or chemical characteristics of the sealing material and the presence or absence of infection.
The pulp chamber floor is the area in which the largest number of perforations occur. Among the
materials researched, the mineral trioxide aggregate (MTA) is the most used product, and has been
shown to be superior in comparison with other materials. This is due to its appreciable
characteristics such as biocompatibility, low solubility, being hydrophilic and helping in the
deposition of cement. However, the faster the diagnosis is made and perforations repaired, the more
favorable will be the prognosis of the tooth. MTA is not indicated for all the clinical situations, and
other materials such as calcium hydroxide, calcium sulphate, Super EBA, ZOE, IRM, amalgam,
glass ionomer cement may be used in a different manner.
KEY WORDS: Perforations of the furcation, MTA, endodontic accidents.
SUMÁRIO
RESUMO
05
SUMMARY
06
1. INTRODUÇÃO
08
2. REVISÃO DE LITERATURA
11
3. DISCUSSÃO
27
4. CONCLUSÃO
35
5. REFERÊNCIAS
36
1. INTRODUÇÃO
8
O tratamento endodôntico consiste em manobras que objetivam restabelecer a
normalidade dos tecidos dentais, sendo na maioria das vezes a última opção de tratamento
para manter o dente íntegro e saudável (ALHADAINY, 1994). A possibilidade de insucesso
existe quando não se tem um conhecimento correto da anatomia dental interna e suas
variações, das técnicas operatórias, dos instrumentos e materiais utilizados, e não se realiza
um diagnóstico exato (FUKUNAGA et al., 2007). Caso contrário, podem ocorrer erros ou
acidentes iatrogênicos, levando o tratamento ao insucesso.
Os acidentes são considerados acontecimentos imprevistos, causais, dos quais resulta
dano que dificulta ou mesmo impede o tratamento endodôntico, sendo considerados os mais
comuns: formação de degraus, perfurações endodônticas, fraturas de instrumentos e desvios
durante o preparo (LOPES; SIQUEIRA JÚNIOR, 2004).
Uma das maiores complicações indesejáveis do tratamento endodôntico são as
perfurações radiculares (AYALA et al., 2008), que ocupam o segundo lugar nas causas mais
comuns dos insucessos do tratamento e são responsáveis por 9,6% dos casos de falhas (RUIZ,
2003; JENG; TSAI; LAN, 2006; GONDIM JÚNIOR et al., 1999). Na prática clínica, esses
acidentes durante o procedimento podem ocorrer e comprometer o prognóstico do tratamento
do sistema de canais radiculares (ARENS; TORABINEJAD, 1996).
As perfurações radiculares são iatrogenias ocorridas na raiz criadas por perfuração,
corte, penetração ou reabsorção que resulta na comunicação da cavidade pulpar com os
tecidos periodontais (ALHADAINY, 1994). Esse tipo de complicação pode resultar em
destruição dos tecidos periodontais adjacentes devido à reação inflamatória (TANOMARU
FILHO; FALEIROS; TANOMARU, 2002; RUIZ, 2003; FUKUNAGA et al., 2007), perda de
integridade da raiz e eventual perda do dente (YILDIRIM; DALCI, 2006). Podem ser
9
decorrentes de processos patológicos (lesões cariosas extensas e reabsorção) ou mecanismos
iatrogênicos (ALHADAINY, 1994; FUKUNAGA et al., 2007). O assoalho da câmara pulpar
é a área onde ocorre o maior número de perfurações (RUIZ, 2003), talvez por ter menos
estrutura de dente quando comparada com a parede externa do canal (ALHADAINY, 1994).
O reparo desse tipo de perfuração fica prejudicado pois, além da inevitável contaminação, o
epitélio juncional pode migrar para apical (MORAES, 2002).
A proposta de tratar perfuração de furca é selar a comunicação artificial entre o espaço
endodôntico e o tecido perirradicular para prevenir reabsorção de osso alveolar e dano ao
ligamento periodontal (PACE; GIULIANI; PAGAVINO, 2008). Por isso, o material de
escolha para reparo deve ser não tóxico, reparador, selador, inerte, biocompatível, radiopaco,
não absorvível, bactericida ou bacteriostático, ser de fácil uso e obtenção, ter boa aderência à
dentina, induzir osteogênese e cementogênese e ter bom selamento marginal (RUIZ, 2003;
FUKUNAGA et al., 2007; AYALA et al., 2008; PACE; GIULIANI; PAGAVINO, 2008).
Diversos materiais têm sido utilizados para tratar perfurações radiculares, incluindo
amálgama, resina composta, IRM (ionômero de vidro modificado por resina), Super EBA,
Cavit, ionômero de vidro, compômeros, Sealer 26, óxido de zinco e eugenol, hidróxido de
cálcio, guta percha, hidroxiapatita, fosfato tricálcio, cimento Portland, gesso de Paris,
hidróxido de cálcio + iodofórmio e, mais recentemente, o MTA (ARENS; TORABINEJAD,
1996; BOGAERTS, 1997; GONDIM JÚNIOR et al., 1999; TANOMARU FILHO;
FALEIROS; TANOMARU, 2002; RUIZ, 2003; YILDIRIM; DALCI, 2006; FUKUNAGA et
al., 2007; AYALA et al., 2008).
O êxito do tratamento vai depender da localização e tamanho da perfuração, do tempo
de ocorrência, se houve ou não contaminação, da habilidade do operador, das características
físicas e químicas do material selador (GONDIM JÚNIOR et al., 1999) e, principalmente, da
10
eliminação das bactérias do sistema de canais radiculares e do fechamento da continuação
entre o canal radicular e o periodonto.
Apesar de tantos materiais disponíveis no mercado, ainda há dificuldade para o
cirurgião-dentista escolher o melhor material para cada caso. Portanto, é preciso ampliar a
base de conhecimentos teóricos sobre os diferentes materiais que possam ser empregados,
bem como avaliar quais apresentam melhores resultados clínicos.
2. REVISÃO DE LITERATURA
11
Alhadainy (1994) apresenta uma revisão de literatura abordando causas, diagnóstico,
prognóstico e controle de perfurações radiculares, fornecendo informação para evitar e tratar
tal iatrogenia. O autor enfatiza que conservar a integridade da dentição natural é essencial
para condições funcionais e estéticas completas, sendo a terapia endodôntica a última
tentativa para conseguir esse objetivo. Perfurações radiculares, que resultam na comunicação
do espaço radicular com os tecidos periodontais, ocorrem ocasionalmente durante os
procedimentos endodônticos e podem ser induzidas por causas iatrogênicas, processos de
reabsorção, cáries, descuido no preparo do canal ou uso indevido de instrumentos rotatórios.
O diagnóstico de perfurações radiculares requer a combinação de achados sintomáticos e
observações clínicas, incluindo observação direta de sangramento, controle indireto do
sangramento com cones de papel absorvente, radiografias e uso de um localizador apical. O
prognóstico de um dente com perfuração radicular depende do tempo decorrido da perfuração,
localização, tamanho, selamento adequado e escolha correta do material de reparo. O plano de
tratamento depende de diversos fatores, entre eles, acessibilidade, visibilidade na área da
perfuração, tamanho da lesão, condições periodontais, podendo ser reparada por técnicas
cirúrgicas e não cirúrgicas. Reparo não cirúrgico pode ser por selamento convencional,
técnica endodôntica-ortodôntica (como um canal adicional), ou por estímulo de calcificação
na direção do ápice. Em casos de perfurações largas na área de furca, elas podem ser tratadas
por bicuspidação, hemissecção ou amputação da raiz.
Pitt Ford et al. (1995) examinaram histologicamente a resposta tecidual induzida
experimentalmente para perfurações de furca, reparadas com amálgama ou MTA
imediatamente ou após contaminação salivar. Trinta perfurações de furca foram feitas em prémolares inferiores em sete cachorros adultos beagle. Após anestesia geral, os canais foram
obturados com guta percha e cimento. Em metade dos dentes, as perfurações foram seladas
imediatamente com amálgama ou MTA. Nos demais, as perfurações foram abertas para
12
contaminação salivar por 6 semanas, a fim de permitir contaminação bacteriana e formação de
lesões inflamatórias na furca. Todas as perfurações reparadas foram abertas após 4 meses,
antes do exame histológico do local. Nos dentes reparados imediatamente com MTA, a
resposta foi caracterizada por falta de inflamação e formação de cemento em cinco dos seis
dentes, enquanto as espécies de amálgama estiveram sempre associadas à inflamação
moderada ou severa. Nas espécies em que o reparo foi adiado, três dos sete dentes selados
com MTA ficaram livres de inflamação, e todos os dentes reparados com amálgama tiveram
inflamação severa e mais extensa. A evidência histológica demonstra que o MTA tem
potencial como material para reparo imediato de perfurações de furca, apresentando neste
estudo uma resposta consideravelmente mais favorável que o amálgama.
Arens; Torabinejad (1996) relataram neste artigo dois casos comprovando que o MTA
é um material adequado para reparar perfuração de furca nos pacientes. Um homem de 64
anos de idade apresentava dor e edema associado ao 1° molar inferior direito. O exame
radiográfico mostrou o tratamento endodôntico e retentor intra-radicular neste dente e lesão
radiolúcida extensa entre as raízes. O retentor tinha perfurado a furca e a parede mesial da raiz
distal. O paciente aceitou reparar a perfuração com MTA e dentro de 24 horas os sinais e
sintomas haviam regredido. No segundo caso, uma garota de 13 anos foi consultada para
avaliação e possível tratamento do 1° molar inferior esquerdo. O dente tinha uma fratura
coronária com material restaurador temporário, apresentando-se sensível à palpação e
percussão, e o tecido mole na superfície vestibular apareceu edemaciado. Radiograficamente
o dente apresentava tratamento de canal, perfuração na furca, ampla radiolucidez e lesão
perirradicular entre as raízes distal e mesial. O MTA foi colocado dentro do local perfurado e
a câmara selada com IRM. Uma semana mais tarde, a paciente foi examinada e relatou não ter
sentido dor ou desconforto, e os tecidos moles estavam livres de edema ou inflamação. Os
autores acreditam que o uso do MTA pode ser promissor em perfurações “recentes” em seres
13
humanos, mas concluem que são necessários mais casos para confirmar o efeito do MTA no
reparo das perfurações radiculares.
Fuss; Trope (1996) propõem revisar os fatores que afetam o prognóstico das
perfurações radiculares, sugerindo classificação e protocolos de tratamento que resultem em
taxa de sucesso mais alta. O prognóstico depende da prevenção ou do tratamento da infecção
bacteriana no sítio perfurado, sendo afetado por fatores como tempo entre a ocorrência da
perfuração e o tratamento, tamanho e localização da mesma. Quando as perfurações são
seladas imediatamente apresentam selamento mais favorável e a probabilidade de infecção é
reduzida. Uma perfuração pequena é usualmente associada com menos destruição tecidual e
inflamação, além de selamento mais efetivo sem extrusão de material para tecidos
circundantes. A proximidade da perfuração com o sulco gengival pode levar a contaminação
bacteriana. Quanto mais cervical ou apical a área da crista óssea e epitélio juncional, o
prognóstico é melhor, pois o acesso da perfuração é atingível. Perfurações no nível da crista
óssea e do epitélio juncional são mais suscetíveis à migração epitelial e rápida formação de
bolsa, tendo uma taxa de sucesso de reparo mais baixa. É de grande auxílio no sucesso do
tratamento a localização exata da posição da comunicação com o ligamento periodontal. O
tratamento não cirúrgico é indicado no controle das perfurações, enquanto a intervenção
cirúrgica é reservada para os casos não tratáveis pela terapia conservadora ou quando ela
falha. O tratamento conservador consiste na prevenção ou tratamento da inflamação
perirradicular, assegurando desinfecção do local perfurado bem como que o material não seja
irritante aos tecidos circundantes e proporcione o melhor selamento possível. Os autores
tentam classificar perfurações de acordo com fatores prognósticos. Usando esses fatores, eles
sugerem tratamentos que resultem em alta taxa de sucesso para casos clínicos difíceis.
Bogaerts (1997) apresenta neste relato de caso uma técnica não cirúrgica, baseada no
conceito de matriz interna, usando hidróxido de cálcio como matriz e cimento Super EBA
14
como material para reparo da perfuração. Antes de tratar a perfuração, sua posição tem que
ser precisamente localizada. Para isso, podemos usar o microscópio operatório, um cone de
papel, um localizador apical ou um agente radiopaco. A iatrogenia é então selada com
hidróxido de cálcio em forma de pó ou pasta e o cimento Super EBA é misturado até
transformar-se numa pasta consistente, podendo ser aplicado além da perfuração em camadas
por curto tempo. Clinicamente, a combinação de hidróxido de cálcio aplicado na perfuração e
cimento Super EBA pode prevenir perda dental, sendo uma solução em casos de perfurações
antigas e contaminadas. Portanto, o autor tem experimentado bons resultados clínicos em
dentes com prognóstico desfavorável, e o uso desta técnica parece promissor.
Gondim Júnior et al. (1999) abordam neste trabalho o tratamento de perfurações de
furca em molares com auxílio da magnificação do microscópio odontológico, no qual foi
utilizado fosfato tricálcio, Super EBA e resina composta, empregando conceito da matriz
interna de Lemon. Paciente E.C.M, 30 anos, foi encaminhada para avaliação de seu primeiro
molar inferior direito, apresentando dor latejante e intermitente após preparo do canal para
confecção de retentor intra-radicular. Ao examinar a cavidade com microscópio odontológico
constatou-se a presença de perfuração na região de furca próxima ao canal mésio-lingual.
Fosfato tricálcio, super EBA e resina foram utilizados para selar a perfuração e o IRM para
selar o dente. Após 3 meses paciente retornou sem dor, fístula e testes negativos à percussão e
palpação. Conclui-se que o microscópio odontológico é um importante instrumento auxiliar
na obtenção de um correto diagnóstico, dá menos trabalho para o profissional e reduz o tempo
do procedimento.
Kuga et al. (2000) avaliaram a capacidade seladora do Super EBA, Sealer 26, Vidrion
Endo e a associação de guta percha com o cimento Sealer 26. Oitenta molares inferiores
humanos extraídos tiveram suas aberturas coronárias e preparos biomecânicos executados.
Uma perfuração, em angulação de 45°, foi preparada na raiz mesial até atingir sua superfície
15
externa. Após impermeabilização das superfícies externas das raízes, as perfurações foram
preenchidas com Super EBA, Vidrion Endo, Sealer 26 ou guta percha associada ao cimento
Sealer 26, precedidos ou não da aplicação do EDTA-gel por 3 minutos. Concluídas as
reparações, as aberturas coronárias foram seladas com IRM. Na sequência, os dentes foram
imersos em solução de azul de metileno a 2% por 48 horas e mantidos em temperatura
ambiente. Removidas as impermeabilizações, as raízes foram desgastadas em sentido mésiodistal e os padrões de infiltração marginal entre interface obturação-raiz analisados. Análise
estatística pelo método de Kruskal Wallis não demonstrou diferença significativa entre os
grupos experimentais, porém quando o EDTA gel é aplicado nas bordas da perfuração da
superfície radicular tende a incrementar a infiltração do corante. Com base nos resultados,
conclui-se que o uso prévio do EDTA na forma gel não interfere significativamente nos
resultados finais da infiltração marginal, sendo desnecessária sua utilização quando se
empregar o cimento Super EBA, Sealer 26 e Vidrion Endo.
Fuss; Abramovitz; Metzger (2000) avaliaram nesse estudo in vitro a habilidade de
selamento do cimento de ionômero de vidro Silver e compararam ao amálgama no tratamento
das perfurações de furca em molares humanos. Foi realizado acesso da câmara pulpar de 25
dentes e, após alargar o terço cervical, os canais radiculares foram selados com amálgama e
verniz. A infiltração marginal através da câmara pulpar foi determinada quantitativamente
para cada dente, usando um sistema modificado de transporte fluido com pressão constante de
1,2 Atm. Os dentes foram divididos aleatoriamente em 2 grupos de 10 dentes cada, as
perfurações no assoalho da câmara pulpar realizadas e então seladas com amálgama em um
grupo e com ionômero de vidro Chelon Silver em outro. Todos os dentes experimentais foram
mantidos por 24 h a 37°C em 100% de umidade, e avaliados após 1, 2, 6, 15 e 24 h.
Perfurações reparadas com ionômero de vidro apresentaram menos extrusão e menos
infiltração quando comparadas ao grupo selado com amálgama. Os autores concluem que o
16
cimento de ionômero de vidro é benéfico para selar perfurações de furca em molares após o
completo tratamento endodôntico, porém quando a câmara pulpar estiver íntegra para
prevenir infiltração.
Holland et al. (2001) observaram o processo de cicatrização de perfuração radicular
lateral intencional em dentes de cachorros reparados com MTA. Quarenta e oito canais
tiveram a polpa removida, foram instrumentados e selados com guta percha e cimento. Após
remoção parcial do selamento do canal, uma perfuração intencional foi realizada no limite
entre o terço cervical e médio da raiz, reparada imediatamente com MTA ou Sealapex.
Análise histológica ocorreu 30 e 180 dias depois do tratamento. Resultados mostraram
deposição de cemento sobre o MTA na maioria das espécies, enquanto o grupo controle
mostrou reação inflamatória crônica e pequenas áreas de anquilose. No período de 180 dias,
Sealapex exibiu reação inflamatória crônica em todas as espécies e delgada deposição de
cemento acima do material. Os resultados registrados com MTA são muito interessantes e
suportam o uso desse material para casos de reparo de perfuração radicular. Porém, os autores
acham que mais estudos são necessários para melhor analisar o comportamento desse material
em perfurações contaminadas e não contaminadas.
Tanomaru Filho; Faleiros; Tanomaru (2002) fizeram um estudo cujo objetivo foi
avaliar a capacidade seladora do Sealapex associado ao óxido de zinco, do cimento ionômero
de vidro, do compômero e de dois tipos de materiais a base de agregado de trióxido mineral
(MTA), empregado no selamento de perfurações radiculares laterais. Cinquenta dentes
humanos anteriores extraídos tiveram seus canais radiculares preparados e obturados. Em
seguida, foi confeccionada uma cavidade na face distal da raiz, simulando perfuração
radicular, preenchida com: Sealapex + óxido de zinco, Dyract, Vitremer, ProRoot MTA ou
MTA Angelus. Após o preenchimento, as raízes foram imersas em solução de azul de
metileno a 2% por 48 horas, em ambiente a vácuo, e então a infiltração marginal foi avaliada
17
por meio de escores (0, 1, 2, 3 e 4). Os materiais estudados obtiveram resultados satisfatórios
de selamento de perfurações radiculares laterais, não havendo diferença estatística
significativa entre os grupos experimentais, apesar dos resultados superiores apresentados
pelos materiais a base de Agregado de Trióxido Mineral (MTA), ProRoot MTA e MTA
Angelus. O Sealapex acrescido de óxido de zinco apresentou selamento satisfatório, porém
inferior ao dos materiais a base de MTA, seguido pelo compômero restaurador Dyract e
depois pelo cimento de ionômero de vidro Vitremer. O escore médio obtido próximo a 1
representa infiltração superficial, não atingindo o terço médio. Portanto, é possível concluir
que os materiais avaliados apresentaram capacidade seladora satisfatória e semelhante entre
si, com infiltração média menor que a porção média da cavidade.
Moraes (2002) apresenta neste artigo dois casos clínicos de perfuração de assoalho da
câmara pulpar tratados com cimento Portland. A paciente, de 34 anos do sexo feminino,
relatou ter tratado os canais do dente 46 e o dentista comentou sobre a perfuração do assoalho
da câmara pulpar selada com hidróxido de cálcio, confirmada pelo exame radiográfico. Desde
então o dente permaneceu dolorido. O paciente do sexo masculino foi indicado para
retratamento endodôntico do dente 47. O exame radiográfico revelou tratamento endodôntico
insatisfatório e perfuração do assoalho da câmara. Em ambos os casos foi utilizado cimento
Portland + sulfato de bário para selar as perfurações, e a câmara pulpar foi preenchida com
cimento de óxido de zinco e eugenol. O acompanhamento clínico-radiográfico, 18 meses
após, mostrou reparo das perfurações. Pode-se dizer que o cimento Portland é uma opção de
material para tratamento de perfuração de furca.
Weldon Júnior et al. (2002) propõem nesse estudo longitudinal in vitro comparar a
habilidade do MTA e Super EBA para selar perfurações de furca em molares humanos. As
coroas de 51 molares humanos superiores foram removidas 3 mm acima do epitélio juncional
e as raízes amputadas 3 mm abaixo da furca. Uma perfuração no centro do assoalho da
18
câmara pulpar foi feita. Os canais foram selados com guta percha, e o ápice das raízes selado
com C&B Metabond. Três grupos experimentais de 15 dentes foram restaurados com MTA,
Super EBA, ou uma combinação de MTA na perfuração e Super EBA na entrada do assoalho
da câmara. Todos os dentes foram colocados em um recipiente fechado a 37°C com 100% de
umidade relativa e pressão abaixo de 20 cm H2O. A integridade do selamento da perfuração
foi avaliada após 30 minutos para Super EBA e combinação dos grupos, e após 4h para o
grupo do MTA. Medições adicionais foram feitas novamente após 24 h, 1 semana e 1 mês.
Todos os materiais selaram muito bem as perfurações, mas o Super EBA produziu selamento
superior após 24 h. Os autores concluem que Super EBA permite menos microinfiltração e
requer tempo menor para obter selamento satisfatório, sendo um material melhor para reparar
perfurações de furca.
Ruiz (2003) apresenta uma revisão de literatura abordando aspectos relacionados às
perfurações endodônticas como etiologia, características clínicas, tratamento, prognóstico e
materiais empregados. Perfurações iatrogênicas podem ser resultantes de reabsorções, cáries e
iatrogenias, apresentando como causas mais comuns: desconhecimento da anatomia dental,
posição do dente na arcada, entre outras. O prognóstico das perfurações está relacionado à
localização e tamanho da iatrogenia, ao comprimento da raiz, à facilidade de acesso para
reparação, à contaminação da área e ao tempo decorrido entre a perfuração e seu tratamento.
Quanto mais precocemente realizar-se o tratamento, melhor será o prognóstico para o dente.
O tratamento pode ser cirúrgico ou conservador, através do preenchimento da perfuração com
materiais seladores como Cavit, óxido de zinco e eugenol, hidróxido de cálcio, amálgama,
guta percha, ionômero de vidro e agregado de trióxido mineral (MTA), tendo este último
apresentado excelentes resultados. Desde que as perfurações endodônticas sejam tratadas em
tempo hábil, por uma técnica e material adequado, suas complicações podem ser controladas,
favorecendo o reparo da região injuriada.
19
Hsien et al. (2003) relatam um caso sobre o reparo cirúrgico de perfuração por
reabsorção interna com MTA. Uma mulher de 39 anos queixava-se de edema na região
anterior superior por algumas semanas. O edema estava localizado na gengiva do dente 21,
que apresentava dor à mastigação e percussão, sensibilidade à palpação e leve mobilidade.
Uma restauração distopalatina de resina com cárie secundária extensiva foi notada, e o exame
radiográfico mostrou lesão radiolúcida oval, confirmada mais tarde como reabsorção interna
no terço médio do canal. Retalho foi elevado e o sítio perfurado exposto, o canal radicular foi
instrumentado e selado. O MTA foi aplicado e compactado dentro da perfuração, retalho
suturado e o canal preenchido com bolinha de algodão úmida em contato com MTA antes do
selamento temporário. Uma semana depois, a paciente não apresentava mais sinais e
sintomas. O acompanhamento de um ano demonstrou reparo bem sucedido da perfuração por
reabsorção interna. Portanto, pode-se concluir que a intervenção cirúrgica da perfuração e
reparo com MTA pode ser estimulador na conduta de tais casos.
Silva Neto; Moraes (2003) avaliaram em estudo in vitro a capacidade seladora do
MTA Angelus, ProRoot MTA, Super EBA e MBP-c (cimento à base de resina epóxica e
hidróxido de cálcio) quando utilizados em perfurações de furca, aplicados isoladamente ou em
associação com matriz de gesso Paris, quanto à infiltração marginal e prevenção de
extravasamento dos materiais. Oitenta e oito molares humanos superiores ou inferiores foram
seccionados transversalmente, tendo suas coroas removidas acima do assoalho da câmara
pulpar e as raízes, abaixo da região de furca. Após impermeabilização, uma perfuração foi
realizada no centro do assoalho da câmara pulpar. Metade das espécies de cada grupo
(apresentando assoalho da câmara pulpar mais espesso) recebeu aplicação da matriz de gesso
no fundo do trajeto da perfuração, e todas elas foram imersas em solução aquosa a 37°C por
um período de 48 horas. Removida a impermeabilização, os dentes foram seccionados
longitudinalmente ao nível da perfuração no sentido mésio-distal, expondo-se o material
20
selador e a possível marca da infiltração. Para analisar a capacidade seladora dos materiais
restauradores, utilizaram escores 0 (nenhuma infiltração), 1 (infiltração até o primeiro terço
do trajeto da perfuração), 2 (infiltração até o segundo terço do trajeto da perfuração) e 3
(infiltração em todo o trajeto). O cimento MBP-c apresentou os menores índices de infiltração
marginal, quando utilizado isoladamente ou na presença da matriz de gesso. O cimento Super
EBA teve o segundo menor índice de infiltração quando utilizado isoladamente, mas tanto
este quanto o MBP-c tiveram selamento marginal influenciado negativamente pelo emprego
da matriz de gesso Paris. Pode-se concluir que os cimentos MTA apresentaram maior
infiltração marginal pelo corante, o que não é suficiente para condenar seu uso; e o emprego
da matriz de gesso Paris é efetivo em evitar o extravasamento desses materiais.
Yaltirik et al. (2004) propõem neste estudo examinar histopatologicamente a
biocompatibilidade do MTA e do amálgama, implantados em tecido conjuntivo subcutâneo de
ratos por 7, 15, 30, 60 e 90 dias. Esses materiais foram colocados em tubos de polietileno
estéreis e implantados no tecido conjuntivo no dorso de ratos albinos Wistar, a biópsia do
tecido foi coletada e examinada histologicamente após 7, 15, 30, 60 e 90 dias da implantação.
As espécies foram mantidas em solução de formol 10% por 2 semanas. Presença de
inflamação, tipo de célula predominante, calcificação e espessura do tecido conjuntivo fibroso
foram registrados. As reações teciduais foram marcadas e avaliadas como: 0, nenhuma ou
poucas células inflamatórias e sem reação; 1, <25 células e reação leve; 2, entre 25 e 125
células e reação moderada; 3, ≥125 células e reação severa. A cápsula fibrosa foi considerada
fina se <150 µm e grossa se fosse >150 µm. Necrose e formação de calcificação foram
anotadas se sim ou não. Ambos os materiais foram bem tolerados pelos tecidos em período de
90 dias. Nos primeiros 60 dias os grupos MTA e amálgama apresentaram média maior de
células inflamatórias que o grupo controle, porém não há diferença estatística entre os 3
grupos no 90° dia. Um achado notável foi a presença de calcificação distrófica no tecido
21
conjuntivo adjacente ao MTA, o que coincide com a hipótese de indutor de tecido duro desse
material. Porém, os autores acreditam que experimentos adicionais são necessários para
confirmar os dados observados.
Menezes et al. (2005) descrevem um caso clínico onde uma perfuração iatrogênica
acima da crista foi reparada com MTA de forma bem sucedida. Um homem saudável de 32
anos chegou à clínica queixando-se de dor e edema persistente na região do segundo molar
inferior esquerdo. O dente respondeu com uma leve dor à percussão e mobilidade normal.
Radiograficamente radiolucidez apical foi observada, sugerindo necrose pulpar. A abertura de
acesso foi feita e notou-se larga perfuração na área distal da raiz com intensa hemorragia. O
canal foi limpo, modelado e obturado com guta percha e Sealer 26. No retorno, um mês
depois, o paciente não relatou sintomatologia, o edema e sensibilidade à percussão tinham
desaparecido. Quinze meses depois, as radiografias mostraram adequado selamento da
perfuração e reparação da área periapical radiolúcida, além de tecidos moles normais. Os
autores acreditam que a introdução de novas tecnologias (microscópico, novos instrumentos e
materiais, como MTA) associada a excelente exame radiográfico, consideração cuidadosa da
anatomia e posição do dente, são fatores a serem considerados antes do tratamento para evitar
acidentes no procedimento.
Islam; Chng; Yap (2006) compararam pH, radiopacidade, tempo de endurecimento,
solubilidade, mudança dimensional e força compressiva de ProRoot MTA e Cimento
Portland. O pH dos materiais quando eles endurecem foi medido com um eletrodo. O registro
de densidade desses materiais foi utilizado para calcular a radiopacidade através de gráficos.
Tempo de endurecimento, solubilidade e mudança dimensional foram analisados
estatisticamente usando ANOVA. A força dos materiais foi determinada 3 dias e 28 dias após
mistura usando máquina de teste universal calculada em megapascal. O pH do cimento
Portland é mais alto que do MTA, porém a radiopacidade é muito menor. O tempo de
22
endurecimento do MTA e do cimento Portland (cor branca) é mais rápido. O MTA apresenta
menor transformação dimensional, porém com valor de força compressiva melhor que do
cimento Portland após 28 dias. Com base nos resultados desse estudo, os autores sugerem que
cimento Portland tem potencial para ser desenvolvido como material selador do ápice
radicular. Porém, algumas modificações do material e testes extensivos são necessários até
que ele possa apresentar as características requeridas pelo FDA.
Vajrabhaya et al. (2006) avaliaram neste estudo a toxicidade do cimento de ionômero
de vidro (Ketac Molar) e do ProRoot MTA como materiais de reparo das perfurações de furca
usando uma técnica de cultura celular. As células PDL foram cultivadas de vários terceiros
molares extraídos de pacientes saudáveis. Após a extração, os dentes foram colocados em
tubos de cultura tecidual e depois no gelo para preservar as células. A cultura foi examinada
diariamente com microscópio. As amostras dos materiais do reparo de perfuração ProRoot
MTA e Ketac Molar foram inseridas em tubos separados. Cada espécie foi inserida em um
frasco individual com 4 ml de DMEM e incubada por 72 horas. Cada depósito foi lavado,
50% de MTT adicionado e as placas foram colocadas em incubadora a 37°C por 4 horas. O
crescimento das células fibroblásticas periodontais humanas foi suprimido por ambos os
materiais. A viabilidade celular no Ketac Molar é menor que no grupo do ProRoot MTA. Os
autores concluíram que o MTA é um material de escolha para reparar perfurações de furca,
não só pela capacidade de aderir à dentina, mas também por sua biocompatibilidade com os
tecidos subjacentes.
Jeng; Tsai; Lan (2006) relataram dois casos de perfurações dentais bem sucedidas
quando reparadas com MTA. O primeiro paciente era um homem de 78 anos de idade
apresentando dor persistente no dente 24 após tratamento endodôntico. Depois do acesso, o
local perfurado foi diagnosticado com uso de localizador apical, e canal palatino calcificado
foi identificado com lima. Dois meses mais tarde, os sintomas desapareceram e os canais
23
foram obturados com guta percha, enquanto a perfuração foi reparada com MTA. Não houve
sinais e sintomas clínicos durante o acompanhamento radiográfico 18 meses depois. No
segundo caso, uma mulher de 51 anos foi encaminhada para tratamento do segundo molar
inferior direito com polpa necrótica e suave dor à mastigação. O exame radiográfico revelou
perda óssea na região apical e de furca, e a necrose pulpar com periodontite apical foi
diagnosticada. Após remoção do amálgama coronário e do pino com instrumentos em alta
rotação, a perfuração “em faixa” no canal com “forma de C” foi detectada. O tratamento do
sistema de canais foi realizado e o MTA foi utilizado para selar a entrada dos canais e reparar
a perfuração, já o IRM foi usado para selamento coronário. Nenhum sinal ou sintoma foi
reportado pela paciente 4 meses após o reparo e a radiografia revelou a cicatrização óssea na
região apical. O sucesso do tratamento com MTA nesses dois casos ressalta o possível uso do
produto como material de selamento do sistema de canais em casos de perfuração “em faixa”
ou no assoalho da câmara pulpar. Porém, os autores afirmam que mais estudos clínicos são
necessários para avaliar o selamento periodontal e o prognóstico dessas perfurações em longo
prazo tratadas por diferentes métodos.
Yildirim; Dalci (2006) relatam um caso de reparo cirúrgico em incisivo superior com
perfuração lateral no terço coronal da raiz com MTA. Garoto de 13 anos foi consultado na
clínica Odontológica Pediátrica com queixa de dor e edema na região anterior superior. Havia
uma história de trauma dental com fratura coronária do dente 11, ocorrida um ano antes. Ao
exame clínico o paciente apresentou sensibilidade à percussão e leve mobilidade com
profundidade normal. O diagnóstico radiográfico revelou uma perfuração no terço coronal da
raiz. O canal foi instrumentado, irrigado com hipoclorito de sódio 2,5% e selado com pasta de
hidróxido de cálcio para reduzir o risco de reabsorção e controlar a hemorragia. Um mês
depois a hemorragia reduziu, mas o canal não foi completamente seco e o local da perfuração
não pôde ser alcançado pela cavidade de acesso, por isso a intervenção cirúrgica foi
24
necessária. Retalho mucoperiosteal vestibular foi rebatido estendendo do dente 12 ao dente
21, e o sítio da perfuração exposto com uma janela óssea. O canal radicular foi irrigado e
selado com guta percha e AH Plus e a perfuração selada com MTA. O retalho foi suturado e a
cavidade de acesso selada temporariamente. O dente esteve clínica e radiograficamente livre
de sintomas. Com base no resultado do caso apresentado, pode-se concluir que o MTA é um
bom material para reparo da perfuração e tem se mostrado efetivo para largas perfurações e no
fechamento do terço coronal da raiz.
Fukunaga et al. (2007) apresentam uma revisão de literatura sobre o MTA, abordando
suas propriedades físicas, químicas e biológicas, além de apresentar um caso clínico
demonstrando uma de suas indicações, selamento de perfuração radicular, no intuito de
informar aos cirurgiões-dentistas a aplicabilidade clínica desse material. Paciente do sexo
feminino chegou à clínica da UNICID queixando-se de “dor de dente e presença de uma
bolinha na gengiva” na região do dente 22. No exame clínico, observou-se presença de fístula
nesta área com um provisório de acrílico colocado há 7 anos. Uma perfuração radicular lateral
na mesial do elemento foi observada no exame radiográfico, indicando retratamento
endodôntico e posteriormente selamento cirúrgico da perfuração com MTA. Os dados clínicos
e radiográficos apresentaram-se satisfatórios, ocorrendo reparação da perfuração sem
presença de sinais e sintomas relatados pelo paciente. Após revisão de literatura e aplicação
clínica do material no caso apresentado, foi possível concluir que o MTA apresenta
características apreciáveis, por ser um material biocompatível, proporcionar selamento
“hermético” das perfurações, prevenir infiltrações, ter efeito antimicrobiano e possuir bom
tempo de trabalho e manuseio.
Ibarrola; Biggs; Beeson (2008) relatam neste artigo o caso de uma perfuração larga na
área da furca em primeiro molar superior e seu subsequente reparo, com acompanhamento de
55 meses. Homem de 66 anos de idade chegou à Clínica Odontológica da Universidade de
25
Creighton para terapia endodôntica em dente assintomático (primeiro molar). No acesso
endodôntico foi encontrado sangramento excessivo e notou-se a presença de larga perfuração
na área da trifurcação. A maior parte do assoalho da câmara pulpar foi destruída e a raiz
mésio-vestibular foi danificada. Uma tentativa para reparar a iatrogenia foi colocar uma
matriz de esponja gelatinosa reabsorvível no local perfurado e agregado de trióxido mineral
ProRoot cinza. O tratamento endodôntico foi realizado na sequência e o dente restaurado.
Após 55 meses a radiografia mostrou completo reparo ósseo, a área de furca permaneceu
intacta sem sinais radiográficos ou clínicos de patologia, e o dente assintomático.
Pace; Giuliani; Pagavino (2008) propõem neste artigo apresentar os resultados do
acompanhamento de 5 anos de dez casos de dentes com perfuração de furca reparados com
MTA sem matrizes internas biocompatíveis. O estudo experimental foi realizado em 10
pacientes adultos com idade entre 25 e 35 anos, consultados na Universidade Odontológica de
Florença, Itália, de fevereiro de 2001 a maio de 2002 para tratamento de perfurações na área
da furca sem profundidade periodontal patológica. Após a realização dos exames clínicos e
radiográficos foi confirmado o diagnóstico de perfuração. Todas as perfurações foram limpas
com hipoclorito de sódio, EDTA, pontas ultrasônicas e seladas com MTA sem matriz interna.
Depois disso, os dentes foram tratados endodonticamente e restaurados coronariamente. O
acompanhamento clínico e radiográfico foi feito em 6 meses, 1 ano, 2 anos e 5 anos. No fim
do período de 5 anos, 9 dos 10 casos foram clinicamente curados, sem episódios de edema ou
dor, ausência de lesões radiolúcidas perirradiculares e com a profundidade de bolsa
periodontal menor que 4 mm em todos os dentes. Um paciente foi desligado do estudo após 1
ano de acompanhamento e não pôde ser contatado novamente. Os resultados confirmam que o
MTA sem matriz proporciona um efetivo selamento de perfurações radiculares e cura clínica
do tecido periodontal circundante. Portanto, pode-se concluir que o emprego do MTA em
26
perfurações radiculares novas e pequenas na furca está associado com bom resultado clínico
em curto prazo.
Ayala et al. (2008) descrevem neste artigo dois casos em que MTA foi usado para
reparar perfuração de furca, ilustrando os benefícios do MTA e a facilidade de uso para
controlar a perfuração em locais de fácil acesso. Uma mulher de 27 anos de idade apresentouse com cárie radicular vestibular, trajeto fistuloso, supuração, dor à palpação e destruição
periodontal na região da furca do dente 36. O diagnóstico foi necrose pulpar com periodontite
perirradicular aguda e perfuração de furca devido à cárie dentária. O MTA cinza selou a
perfuração e por cima foi coberto com bolinha de algodão umedecida com água destilada e
material restaurador temporário Cavit. Uma mulher de 30 anos apareceu com perfuração de
furca acidental, ocorrida durante tratamento endodôntico do dente 46, mas neste caso foi
usado MTA-Angelus branco. Uma radiografia obtida 5 anos após o tratamento mostrou
persistência do reparo ósseo. No caso 1, a lesão era mais larga, abrangendo toda região da
furca, com limites irregulares, mas sem afetar as paredes internas da raiz. No caso 2, a lesão
foi mais circunscrita e tinha uma entrada vertical, característica de perfuração acidental com
broca diamantada. O uso do MTA branco teve resultados similares ao do MTA cinza. Pode-se
concluir que o prognóstico é melhor para lesões menores de furca e mais reservado quando as
perfurações localizam-se no nível de epitélio juncional e crista óssea, além do sucesso do
MTA em casos avaliados por longo período.
3. DISCUSSÃO
27
Com os recursos de que a Odontologia moderna dispõe, o índice de sucesso do
tratamento endodôntico é satisfatório em torno de 90% (FUKUNAGA et al., 2007). Nos
últimos anos, podemos dizer que houve uma verdadeira revolução em relação ao tratamento
endodôntico, com a introdução de novas tecnologias e mudanças nos conceitos biológicos
(ZAIA, 2008). Contudo, o tratamento do sistema de canais radiculares está sujeito a falhas,
acidentes e vários tipos de complicações em sua execução clínica, associados principalmente
à dificuldade com a anatomia interna do dente, o que pode afetar o prognóstico (RUIZ, 2003).
As perfurações radiculares podem ocorrer durante as etapas do tratamento endodôntico
(incorreta direção de trepanação, desgaste dentinário excessivo, uso inadvertido de
instrumentos rotatórios) ou também nos procedimentos restauradores pós-endodontia, como a
confecção de retentores intra-radiculares (FUKUNAGA et al., 2007). Essas aberturas
artificiais criadas nas paredes da raiz (ALHADAINY, 1994) resultam em comunicação entre o
sistema de canais radiculares e os tecidos de suporte do dente, ameaçando o prognóstico do
tratamento endodôntico (FUSS; TROPE, 1996). A reação inflamatória crônica do periodonto
pode causar perda irreversível de ligamento ou perda do dente (AYALA et al., 2008).
As perfurações radiculares representam uma das principais causas de fracassos
endodônticos, devido a suas repercussões nas estruturas dentárias e nas estruturas de suporte
(FUKUNAGA et al., 2007). Os sinais que denunciam sua presença são: a sensibilidade do
paciente à introdução da lima e o sangramento persistente observado na área (RUIZ, 2003). O
diagnóstico é possível através de tomada radiográfica, uso de um localizador apical
(ALHADAINY, 1994) e também pela utilização do microscópio operatório (Figuras 1 e 2),
por proporcionar melhor iluminação, visualização da área perfurada e diminuição do tempo de
trabalho (GONDIM JÚNIOR et al., 1999).
28
Figura 1: A) Perfuração na região de furca vista por B) Perfuração selada com MTA Angelus branco.
meio do microscópio operatório com um aumento de 16X;
FONTE: Imagens cedidas pelo Grupo de Endodontia de Manaus – GEM® 2009
Figura 2 – Imagem microscópica de reparo de perfuração com ProRoot MTA
FONTE: Retirada do artigo Mineral Trioxide Aggregate as Repair Material for Furcal Perforation: Case
Series (Pace; Giuliani; Pagavino, 2008)
As perfurações dentais podem ser induzidas por processos patológicos, como cárie,
traumatismo e reabsorção interna (Figura 3) ou externa da raiz (ALHADAINY, 1994), além
de iatrogenias (Figura 4) durante o acesso ou instrumentação dos canais radiculares (FUSS;
TROPE, 1996). Entre as causas mais comuns desse acidente destacam-se: desconhecimento
da anatomia dental, posição do dente na arcada, presença de coroas protéticas, câmara pulpar
atrésica ou calcificada e uso inadequado dos instrumentos endodônticos (RUIZ, 2003).
29
Figura 3 – A) Reabsorção interna no terço médio do canal (21)
B) Reabsorção interna extensa nos incisivos centrais
FONTE: Retiradas do artigo Treatment of inflammatory internal root resorption with mineral trioxide aggregate: a case
report (Lima; Jacobovitz, 2008).
Figura 4 – Perfuração na raiz mesial após remoção do pino e presença de pus (dente 46).
FONTE: Retirado do artigo Clinical Applications of Mineral Trioxide Aggregate (Torabinejad; Chivian, 1999).
Quanto à localização, as raízes dentárias podem ser perfuradas no terço cervical,
médio ou apical (Figura 5) em níveis diferentes durante a instrumentação (MACIEL et al.,
1999). O assoalho da câmara pulpar é a área onde ocorre o maior número de perfurações
(RUIZ, 2003), e apresenta prognóstico desfavorável por estar numa zona crítica entre o
epitélio juncional e a crista óssea, e permitir o acesso de bactérias para os tecidos adjacentes
30
através da câmara pulpar, resultando em infecção (FUSS; TROPE, 1996; PITT FORD et al.,
1995). As perfurações de furca geralmente ocorrem durante a localização dos orifícios de
entrada dos canais radiculares ou por alargamento excessivo com limas ou brocas GatesGlidden no preparo do terço cervical do canal (ARENS; TORABINEJAD, 1996; MACIEL et
al., 1999; RUIZ, 2003). Além da localização, fatores como tempo entre a ocorrência da
perfuração e seu selamento, tamanho da perfuração, selamento adequado e habilidade do
operador, afetam o prognóstico do tratamento (ALHADAINY, 1994; BOGAERTS, 1997;
GONDIM JÚNIOR et al., 1999; IBARROLA; BIGGS; BEESON, 2008; YILDIRIM; DALCI,
2006).
Figura 5 – A) Radiografia de perfuração de furca
B) Lima no local da perfuração (preparo núcleo)
FONTE: Retirada do artigo Tratamento de Perfuração em Furca De Molar Inferior com o uso de Microscópio
Odontológico: Apresentação de um caso clínico (Gondim Júnior et al., 1999).
FONTE: Imagem cedida pelo Grupo de Endodontia de Manaus - GEM® 2009.
O plano de tratamento baseia-se na acessibilidade e visibilidade da área de
perfuração, condições periodontais, importância estratégica do dente, higiene oral do paciente,
qualidade do tratamento endodôntico, tamanho da perfuração e experiência do operador
(ALHADAINY, 1994). Todavia, o sucesso de procedimentos não cirúrgicos está diretamente
relacionado com a severidade do dano inicial causado no tecido periodontal, do tamanho e
31
localização da perfuração, adequado selamento apical proporcionado pelo material de
preenchimento, prevenção e eliminação da infecção bacteriana no local perfurado (FUSS;
TROPE, 1996; TANOMARU FILHO; FALEIROS; TANOMARU, 2002; VAJRABHAYA et
al., 2006; FUKUNAGA et al., 2007). Quanto mais precocemente for realizado o tratamento
da perfuração, melhor será o prognóstico para o dente. Lantz; Person (1976) produziram
experimentalmente perfurações radiculares em dentes de cachorros e trataram algumas
imediatamente e outras dias depois, obtendo selamento mais favorável quando realizado de
imediato. Para esses autores essa conduta também reduz a possibilidade de contaminação.
Beavers et al. (1986) reportou uma alta taxa de sucesso de selamento periodontal, atribuído
principalmente à obturação imediata e técnica asséptica. Se uma perfuração é grande e não
tratada imediatamente, a proximidade do epitélio juncional é crítica e a migração do epitélio
para o local perfurado cria um defeito periodontal (FUSS; TROPE, 1996).
O tratamento da perfuração radicular pode ser conservador ou cirúrgico. O
tratamento conservador consiste no tamponamento da perfuração através da cavidade de
acesso (reparação intracanal) com material biológico ou através de procedimentos cirúrgicos
exteriores à raiz dental, como: amputação da raiz, hemisecção, bicuspidação e extração, com
ou sem transplante dentário (ALHADAINY, 1994; PITT FORD et al., 1995; BOGAERTS,
1997; TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999; GONDIM JÚNIOR et al., 1999; RUIZ, 2003). A
intervenção cirúrgica está reservada para casos de falha do tratamento não cirúrgico, para
perfurações largas e causadas por processos reabsortivos e em casos de inacessibilidade da
perfuração (ALHADAINY, 1994; FUSS; TROPE, 1996). O fundamento do tratamento
conservador é prevenir ou tratar a inflamação dos tecidos perirradiculares (FUSS; TROPE,
1996), mantendo os tecidos acometidos saudáveis, livres de inflamação e evitar a perda de
inserção periodontal (PITT FORD et al., 1995). Por essa razão, o material de escolha para
reparo das perfurações deve ser biocompatível, radiopaco, não ser irritante, não ser tóxico
32
nem reabsorvível, indutor da osteogênese e cementogênese, insolúvel na presença de
umidade, bacteriostático e capaz de proporcionar adequado selamento (ALHADAINY, 1994;
RUIZ, 2003; PACE; GIULIANI; PAGAVINO, 2008; AYALA et al., 2008). Uma variedade
de materiais vêm sendo usados para selar as perfurações, incluindo amálgama, cimento Super
EBA, Cavit, ionômero de vidro, guta percha, hidróxido de cálcio, fosfato tricálcio, ZOE, IRM,
gesso de paris, resina composta, Sealer 26, compômeros, hidróxido + iodofórmio e o MTA
(PITT FORD et al., 1995; ARENS; TORABINEJAD, 1996; KUGA et al., 2000; MORAES,
2002; TANOMARU FILHO; FALEIROS; TANOMARU, 2002; FUKUNAGA et al., 2007;
AYALA et al., 2008; IBARROLA; BIGGS; BEESON, 2008).
Hidróxido de cálcio, sulfato de cálcio e o osso liofilizado são materiais utilizados
como barreira para evitar o extravasamento e melhorar a adaptação do material, além de
controlar a hemorragia e favorecer o processo de reparo (ALHADAINY, 1994; BOGAERTS,
1997). Silva Neto; Moraes (2003) mostraram que a matriz de gesso Paris (sulfato de cálcio)
influenciou negativamente o selamento marginal dos cimentos MBP-c e Super EBA, porém,
foi efetiva em evitar o extravasamento dos materiais seladores. Fuss; Trope (1996) atentam
para as perfurações em comunicação com a crista alveolar seladas com hidróxido de cálcio,
pois o material em contato com o epitélio pode acarretar zonas de necrose e
comprometimento do prognóstico.
Cimento Portland, ZOE, IRM e MTA são materiais seladores provisórios usados nas
perfurações. O MTA (Figura 6 e 7) e cimento Portland têm propriedades físico-químicas
semelhantes, sendo que o cimento não tem radiopacidade. O sulfato de bário e óxido de
bismuto são adicionados ao cimento como agente radiopaco, este último encontrado no
comércio como MTA – Angelus (MORAES, 2002). A aplicação do cimento Portland sobre
as células pulpares produz efeitos similares ao MTA, além de possuírem boa atividade
antimicrobiana (ISLAM; CHNG; YAP, 2006). Quando comparado a materiais como ZOE,
33
IRM, amálgama, Super EBA, o MTA apresenta menos infiltração, alto grau de
biocompatibilidade, é capaz de regenerar o ligamento periodontal, radiopacidade, induz
cementogênese e osteogênese, tem superior habilidade de selamento, é menos citotóxico,
induz calcificação distrófica no tecido conjuntivo adjacente, resistência à umidade, deposição
de cemento, além de promover o selamento do tecido perirradicular (HOLLAND et al., 2001;
YILDIRIM; DALCI, 2006; VAJRABHAYA et al., 2006; YALTIRIK et al., 2004; HSIEN et
al., 2003; PACE; GIULIANI; PAGAVINO, 2008).
Figura 6 – A) ProRoot MTA
B) MTA Angelus
FONTE: Retirada do site <www.google.com> Acesso em: 18/09/2009
Figura 7 – A) Perfuração selada com MTA
B) Colocação do WMTA na furca de segundo molar inferior
FONTE: Imagem cedida pelo Grupo de Endodontia de Manaus – GEM® 2009.
FONTE: Retirada do artigo Mineral Trioxide Aggregate material use in endodontic treatment: A review of the
literature (Roberts, 2008)
34
Materiais restauradores definitivos, como amálgama, ionômero de vidro, resinas
compostas e o cimento Super EBA (KUGA et al., 2000; WELDON JÚNIOR et al., 2002;
YALTIRIK et al., 2004), são empregados nas perfurações com diferentes graus de sucesso. O
cimento de ionômero de vidro proporciona selamento melhor nas perfurações de furca do que
o amálgama, não é necessária nenhuma matriz para evitar irritação, e ainda é um material de
mais fácil aplicação (FUSS; TROPE, 1996; FUSS; ABRAMOVITZ; METZGER, 2000).
4. CONCLUSÃO
35

É imprescindível que o profissional tenha conhecimento das opções de procedimentos
técnicos e materiais disponíveis, além de estar apto para realizar tais procedimentos, a
fim de minimizar as consequências dos erros ou acidentes iatrogênicos.

O prognóstico de perfurações que acometem o terço cervical da raiz e o assoalho da
câmara pulpar é desfavorável, porém torna-se bom quando a perfuração na área da
furca for selada imediatamente após ser encontrada.

Desde que as perfurações sejam tratadas em tempo hábil por técnica e material
adequados, suas complicações podem ser controladas, favorecendo o reparo da região
injuriada.

O MTA é o material que tem apresentado melhores resultados clínicos, por suas
características apreciáveis, além de demonstrar eficiência no tratamento de
perfurações largas e também para fechar o terço cervical da raiz, promovendo
regeneração dos tecidos endo-periodontais.
5. REFERÊNCIAS
36
ALHADAINY, H.A. Root Perforations: a review of literature. Oral Surgery Oral Medicine
Oral Pathology, v. 78, n. 3, p. 368-374, september 1994.
ARENS, D.E.; TORABINEJAD, M. Repair of furcal perforations with mineral trioxide
aggregate: two case reports. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology Oral Radiology
and Endodontics, v. 82, n. 1, p. 84-88, july 1996.
AYALA, A.S. et al. Repair of Furcal Perforation with Mineral Trioxide Aggregate: LongTerm Follow-Up of 2 Cases. Journal Canadian Dental Association, v. 74, n. 8, p. 729-733,
october 2008.
BOGAERTS, P. Treatment of root perforations with calcium hydroxide and SuperEBA
cement: a clinical report. International Endodontic Journal, v. 30, p. 210-219, 1997.
FUKUNAGA, D. et al. Utilização do agregado de trióxido mineral (mta) no tratamento das
perfurações radiculares: relato caso clínico. Revista de Odontologia da Universidade
Cidade de São Paulo, v. 19, n. 3, p. 347-353, set/dez 2007.
FUSS, Z.; TROPE, M. Root perforations: classification and treatment choices based on
prognostic factors. Endodontics & Dental Traumatology, v. 12, n. 6, p. 255-264, december
1996.
FUSS, Z.; ABRAMOVITZ, I.; METZGER, Z. Sealing Furcation Perforations with Silver
Glass lonomer Cement: An In Vitro Evaluation. Journal of Endodontics, v. 26, n. 8, p. 466468, August 2000.
GONDIM JÚNIOR, E. et al. Tratamento de perfuração em furca de Molar inferior com o uso
de Microscópio odontológico: Apresentação de um caso clínico. Revista da Faculdade de
Odontologia de Lins, v. 11, n. 2, p. 31-35, jan/jun 1999.
HOLLAND, R. et al. Mineral Trioxide Aggregate Repair of Lateral Root Perforations.
Journal of Endodontics, v. 27, n. 4, p. 281-284, April 2001.
HSIEN, H.C. et al. Repair of Perforating Internal Resorption with Mineral Trioxide
Aggregate: A Case Report. Journal of Endodontics, v. 29, n. 8, p. 538-539, August 2003.
IBARROLA, J.L.; BIGGS, S.G.; BEESON, T.J. Repair of a Large Furcation Perforation: A
Four-Year Follow-Up. Journal of Endodontics, v. 34, n. 5, p. 617-619, may 2008.
ISLAM, I.; CHNG, H.K.; YAP, A.U. Comparison of the Physical and Mechanical Properties
of MTA and Portland Cement. Journal of Endodontics, v. 32, n. 3, p. 193-197, march 2006.
JACOBOVITZ, M.; DE LIMA, R.K.P. Treatment of inflammatory internal root resorption
with mineral trioxide aggregate: a case report. International Endodontic Journal, v. 41, p.
905–912, 2008.
JENG, J.H.; TSAI, Y.L.; LAN, W.H. Treatment of Pulp Floor and Stripping Perforation by
Mineral Trioxide Aggregate. Journal of the Formosan Medical Association, v. 105, n. 6, p.
522-526, june 2006.
37
KUGA, M.C. et al. Capacidade Seladora de diversos métodos de obturação de perfurações
radiculares. Revista da Faculdade de Odontologia de Lins, v. 12, n. 1 e 2, p. 38-43, jan/dez
2000.
LOPES, Hélio Pereira, SIQUEIRA JÚNIOR, José Freitas. Acidentes e Complicações em
Endodontia. In: Endodontia: Biologia e Técnica. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara
Koogan S.A., 2004. 509-533p.
MACIEL, Ana Carolina de Carvalho et al. Manual de Endodontia. 1. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1999. 190p.
MENEZES, R. et al. MTA Repair of a Supracrestal Perforation: A Case Report. Journal of
Endodontics, v. 31, n. 3, p. 212-214, march 2005.
MORAES, S.H. Aplicação Clínica do Cimento Portland no Tratamento de Perfurações de
Furca. J Bras Clin Odontol Int, Curitiba, v. 6, n. 33, p. 223-226, maio/jun 2002.
NAKATA, T.T; BAE, K.S; BAUMGARTNER, J.C.; Perforation Repair Comparing Mineral
Trioxide Aggregate and Amalgam Using an Anaerobic Bacterial Leakage Model. Journal of
Endodontics, v. 24, n. 3, p. 184-186, march 1998.
PACE, R.; GIULIANI, V.; PAGAVINO, G. Mineral Trioxide Aggregate as Repair Material
for Furcal Perforation: Case Series. Journal of Endodontics, v. 34, n. 9, p. 1130-1133,
september 2008.
PITT FORD, T.R. et al. Use of mineral trioxide aggregate for repair of furcal perforations.
Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology Oral Radiology and Endodontics, v. 79, n.
6, 756-763, june 1995.
ROBERTS, H.W. et al. Mineral trioxide aggregate material use in endodontic treatment: A
review of the literature. Dental Materials, v. 24, n. 2, p. 149-164, February 2008.
RUIZ, P.A. Perfurações Endodônticas: revisão de literatura. Revista Brasileira de Patologia
Oral, v. 2, n. 2, p. 45-50, abr/jun 2003.
SILVA NETO, U.X.; MORAES, I.G. Capacidade Seladora proporcionada por alguns
materiais quando utilizados em perfurações na região de furca de molares humanos extraídos.
Journal of Applied Oral Science, v. 11, n. 1, p. 27-33, 2003.
TANOMARU FILHO, M.; FALEIROS, F.C.; TANOMARU, J.M.G. Capacidade Seladora de
Materiais Utilizados em Perfurações Radiculares Laterais. Revista da Faculdade de
Odontologia de Lins, v. 14, n. 1, p. 40-43, jan/jun 2002.
TORABINEJAD, M.; CHIVIAN, N. Clinical Applications of Mineral Trioxide Aggregate.
Journal of Endodontics, v. 25, n. 3, p. 197-205, march 1999.
VAJRABHAYA, L.O. et al. Biocompatibility of furcal perforation repair material using cell
culture technique: Ketac Molar versus ProRoot MTA. Oral Surgery Oral Medicine Oral
Pathology Oral Radiology and Endodontics, v. 102, n. 6, p. 48-50, december 2006.
38
WELDON JÚNIOR, K. et al. Sealing Ability of Mineral Trioxide Aggregate and Super-EBA
When Used as Furcation Repair Materials: A Longitudinal Study. Journal of Endodontics,
v. 28, n. 6, p. 467-470, june 2002.
YALTIRIK, M. et al. Reactions of Connective Tissue to Mineral Trioxide Aggregate and
Amalgam. Journal of Endodontics, v. 30, n. 2, p. 95-99, february 2004.
YILDIRIM, G.; DALCI, K. Treatment of lateral root perforation with mineral trioxide
aggregate: a case report. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology Oral Radiology and
Endodontics, v. 102, n. 5, p. 55-58, november 2006.
ZAIA, Alexandre Augusto. Avanços atuais do tratamento endodôntico. Jornal da Unicamp,
Campinas, 1° a 14 de dezembro de 2008, no XXIII, N° 418. Disponível em:
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/dezembro2008/ju418_pag02.php#. Acesso
em: 10/09/2009