Agosto - Adventist World
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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Ago s to 2 01 0 A que Acendeu uma Fogueıra ARTIGO ESPECIAL De Volta aos “Perigos Espirituais” Veja página 24 Agosto 2010 AÇÃO EM IGREJA Editorial............................. 3 Notícias do Mundo 3 Notícias & Imagens A R T I G O D E C A P A A Centelha que Acendeu uma Fogueira Por Sonia Krumm Nikolaus ............. 16 Como a morte de um jovem serviu para expandir o reino de Deus. Visão Mundial 8 O Trono da Graça Janela 10 Polônia por Dentro SAÚDE NO MUNDO A Soja é Saudável? ........ 11 DEVOCIONAL Hérnias e o Espírito Santo Por Marvin Atchison ................................................................... 12 Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless Nosso corpo pode nos dar vislumbres sobre a salvação. PERGUNTAS VIDA ADVENTISTA O Que a Terra Está nos Dizendo? Por Jerry Jean .............................................................................. 14 Sobrevivente do terremoto no Haiti compartilha sua história. CRENÇAS FUNDAMENTAIS Por Michael Mxolisi Sokupa ....................................................... 20 Onde há vida, existe crescimento. DESCOBRINDO O ESPÍRITO DE A escritora e oradora também evangelizava individualmente. E S P E C I A L De Volta aos “Perigos Espirituais” Por Roy Adams ............................................................................. 24 Nossa segurança depende de estarmos cônscios dos perigos e fundamentados em Cristo. Registration Date: June 21, 2005; Registration Number: Kyonggi La 50054; Issue: August, 2010. Serial Number: 59; Publisher: Lee, Jairyong, Northern Asia-Pacific Division of Seventh-day Adventists, 5th floor Samhee Plaza, 66 Juyeop-dong Ilsan Seo-gu Goyang Herald Review and mês, pela doKorean primeira ano, na 12 vezes porEditor: é editada 1557-5519) World (ISSN Adventist City Gyeonggi-do, Korea; Phone Number: 031-910-1500; Chun, Pyungquinta-feira Duk; Printer: Publishing House; Date of Issue: 2010. team headed by Bill Knott according to the license deeditorial 6, nº 8, agosto Vol.Adventist (c) 2005. Copyright Association. Publishing August 1, 2010; This magazine is edited by the Review contract and printed in Korea for free distribution throughout Asia. Adventist World | Agosto 2010 BÍBLICO Verdade ou Consequências .............. 27 PROFECIA Por Michael W. Campbell ........................................................... 22 2 Por Ángel Manuel Rodríguez Por Mark Finley Ellen White como Evangelista A R T I G O O Salário do Pecado .............................. 26 ESTUDO Dores do Crescimento BÍBLICAS INTERCÂMBIO MUNDIAL 29 Cartas 30 Lugar de Oração 31 Intercâmbio de Ideias O Lugar das Pessoas ............................. 32 Tradução: Sonete Magalhães Costa www.portuguese.adventistworld.org A Igreja em Ação EDITORIAL A Recompensa dos Obreiros E les estavam na fila, esperando pacientemente para me cumprimentar depois que preguei numa reunião campal, já preparados para dar os sorrisos e abraços. “Dezenove anos”, eles me lembraram. Haviam se passado 19 anos desde que nos encontráramos pela última vez. Demorei alguns segundos para ativar o banco da memória e me lembrar dos olhos brilhantes, do bom humor e da sinceridade que sempre foram as marcas daquele casal. Havia sido pastor da igreja deles e, de vez em quando, me questionava se haveria algum resultado duradouro da desafiadora rotina de estudos bíblicos, pregações e visitas pastorais. “Foi ele que nos batizou e, alguns meses depois, oficiou nosso casamento”, anunciavam aos estranhos que estavam por perto. “Ele foi nosso primeiro pastor!” Eles me entregaram um envelope, que eu deveria abrir mais tarde. No fim do dia, encontramo-nos no refeitório e me apresentaram sua filha de 16 anos, uma linda jovem de quem tinham orgulho, e com razão. Quando voltei ao meu quarto, demorei-me olhando as fotografias do filho deles, de 18 anos, que acabara de se formar no ensino médio e planejava ir para uma universidade adventista, dali a poucos meses. O garoto que sorria na fotografia possuía a mesma alegria nos olhos, o mesmo sorriso sincero que os pais. Um bilhete, que caiu de entre as fotos, revelou-me que a ambição da vida dele era trabalhar para a Adra (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais). As preocupações do longo dia desapareceram, enquanto eu observava as fotografias e deixava a mente vagar nos acontecimentos de duas décadas antes. E eu, que me perguntava se Deus poderia fazer algo por meio do meu trabalho... “Atire o seu pão sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo” (Ec 11:1, NVI). Séculos mais tarde, Jesus apresentou a mesma verdade: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a semente sobre a terra. Noite e dia, estando ele dormindo ou acordado, a semente germina e cresce, embora ele não saiba como” (Mc 4:26, 27, NVI). Alguém disse que “nada é desperdiçado na contabilidade de Deus”. Milhões de cristãos ao redor do globo – pastores e pediatras, evangelistas e professores, administradores e mecânicos – confirmam essa verdade cada vez que desfrutam da surpreendente alegria de vislumbrar os resultados do seu testemunho por Jesus Cristo. Muito em breve, nesta Terra ou na Terra renovada, você também contemplará todo o resultado do trabalho que Deus realizou por seu intermédio. E, na alegria daquele momento, quando você vir o que Deus fez com seu testemunho, vai bendizer cada dia que trabalhou para o Mestre. — Bill Knott NOTÍCIAS DO MUNDO “Siga a Bíblia” Chega aos EUA e Finaliza a Jornada ■ O exemplar da Bíblia em 66 idiomas, que viajou o mundo, chegou aos Estados Unidos no final da jornada de vinte meses. A campanha realizada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, “Siga a Bíblia”, chegou aos Estados Unidos no dia 31 de maio, quando um pastor da África do Sul entregou a Bíblia aos líderes adventistas que a esperavam no Aeroporto Internacional Dulles, Washington, D.C. A campanha foi lançada em 2008 pela sede mundial da Igreja Adventista para promover o estudo da Bíblia na sociedade e entre os membros da Igreja. Estudos sugerem que apenas cerca de 50% dos adventistas estudam regularmente a Bíblia. Os líderes esperam que a campanha da Bíblia itinerante, que viajou por todo o mundo, melhore esse quadro. A Bíblia esteve presente em eventos realizados em estádios, gincanas e desfiles em cerca de 130 países e patrocinados por governadores, chefes tribais, presidentes, reis e rainhas. “Se pudermos ter mais pessoas lendo a Bíblia, teremos um grupo mais comprometido e mais envolvido em levar pessoas a Jesus”, disse Don Schneider, então líder da Igreja Adventista para a América do Norte, após receber a Bíblia de Paul Ratsara, líder da Igreja no sul da África. BÍBLIA VOLTA PARA CASA: Paul Ratsara (esquerda) entrega a Bíblia a Don Schneider. Eles se encontraram no Aeroporto Internacional Dulles, em Washington, para a última transferência da Bíblia entre as 13 regiões mundiais da Igreja. A N S E L O L I V E R / A N N Agosto 2010 | Adventist World 3 A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO A Bíblia foi apresentada em eventos nas igrejas, hospitais e reuniões campais nos Estados Unidos e Canadá. Ela completou sua jornada na 59ª assembleia mundial da Igreja, em Atlanta, que iniciou no dia 23 de junho. Schneider disse que estava feliz de recebê-la em seu território. “Às vezes você tem que fazer ‘barulho’ para chamar a atenção para as coisas em que acredita”, disse ele. “Essa é mais uma oportunidade para nos lembrarmos de quem realmente somos.” As fotografias dessa campanha, disponíveis na internet, mostram a Bíblia sendo lida na Islândia, exposta em Fiji e levada em desfiles no Quênia. “Esse evento uniu os adventistas ao redor do mundo, que se comprometeram a estudar a Bíblia”, disse Mark Finley, um dos vice-presidentes da Igreja Adventista mundial. Ele afirmou que a Bíblia foi encadernada duas vezes durante a jornada – uma na Europa e outra na América do Sul. “A capa estava quase caindo”, disse. “Mas quando paramos para pensar que essa Bíblia viajou por vinte meses e esteve em mais de cem países, ficamos admirados”, disse Finley. Os organizadores disseram que a Bíblia nunca foi despachada como bagagem nas companhias aéreas. Ratsara relatou que um líder da Igreja em sua região, ao embarcar num voo, foi advertido pelo representante da empresa de que a Bíblia de mais de oito quilos era muito pesada para ser levada dentro do avião. “Preferimos despachar nossos computadores a despachar essa Bíblia”, disse Ratsara. A Bíblia causou um “grande impacto” em sua região, acrescentou Ratsara. Em um evento realizado recentemente num estádio em Zâmbia, o povo permanecia na fila por cerca de duas horas para segurar a Bíblia. Em Lesoto, o rei ficou tão impressionado, que prometeu que leria mais a Bíblia. Um governador, em Angola, também disse o mesmo. “Estou impressionado pelo impacto que ela causou nos jovens”, disse Ratsara. A juventude organizou desfiles, cada grupo em sua região. Em Botswana, um adolescente de 15 anos de idade fez uma tentativa quase perfeita de decorar o Novo Testamento. No aeroporto, a delegação norteamericana se encontrou com Ratsara às 6 horas da manhã, quando seu voo chegou de Joanesburgo, África do Sul, no “Memorial Day”, um feriado nacional nos Estados Unidos. “Achamos que as demais celebrações acontecerão em outros horários durante o dia, não às seis da manhã”, disse Schneider. Para mais informações, visite FollowTheBibleSDA.com. – Reportagem de Ansel Oliver, Rede Adventista de Notícias Série de DVDs Busca Construir Amizades ■ Os líderes da Igreja Adventista preveem que uma série de DVDs sobre a história e o impacto das religiões mundiais e das culturas contemporâneas resultará em maior compreensão entre as comunidades de fé. O conjunto de quatro discos apresenta os principais ensinos das maiores religiões e ideologias do mundo: budismo, hinduísmo, islamismo, cristianismo e pós-modernismo. O departamento mundial de Missão Adventista produziu o conjunto de DVDs Understanding World Religions and Contemporary Cultures (Compreendendo as Religiões Mundiais e as Culturas Contemporâneas), tendo em mente EM QUE ELES CREEM: Ganoune Diop (direita) entrevista Richard Elofer, líder da Igreja Adventista em Israel, para a série Compreendendo as Religiões Mundiais e as Culturas Contemporâneas. A D V E N T I S T 4 Adventist World | Agosto 2010 um público cristão e, especificamente, adventista. No entanto, de acordo com os produtores, a série é relevante para todas as culturas e religiões. “A série tem como objetivo ajudar a equipar os cristãos para se comunicar melhor e quebrar barreiras entre amigos e vizinhos de outra fé”, diz Gary Krause, diretor do departamento de Missão Adventista. A série é apresentada pelo dr. Ganoune Diop, diretor do Centro de Estudos da Missão da Igreja. Para cada grupo religioso, são apresentados os seguintes tópicos: história, esfera de influência, princípios e crenças, bem como as áreas de convergências. A série foi filmada por Dan Weber, produtor de vídeo da Missão Adventista, em locais que vão do Egito à Tailândia. “Se você realmente compreende uma religião, saberá de onde vêm as pessoas e o que estão procurando”, diz Weber. “Ao saber disso, você terá condições de identificar similaridades e melhor se relacionar com as pessoas.” Embora compreenda que o evangelismo é o “principal” objetivo da Igreja, Weber disse que a série também tem o objetivo de estimular o relacionamento entre pessoas de diferentes denominações, definido pelo respeito mútuo. A série de DVDs estará disponível, pela internet, ao custo de 40 dólares americanos, na página www. WhatTheyBelieve.org. – Reportagem de Elizabeth Lechleitner, Rede Adventista de Notícias M I S S I O N D A S S D está pronta para ser distribuída pelos membros da Igreja em suas comunidades. No lançamento, Ven Bermudez, diretor de publicações da Igreja no sul da Ásia, orou especialmente por essa publicação. – Reportagem de Bruce Sumendap, Divisão do Pacífico Sul-Asiático Adventistas Realizam Batismo Histórico na Holanda ■ Sábado, 5 de junho, foi um dia histórico para a Igreja Adventista do Sétimo Dia na Holanda, quando 84 pessoas aceitaram a Jesus Cristo como seu Salvador pessoal e foram batizadas. Agora, a Igreja possui 5 mil membros naquele país. Anualmente, a Igreja Adventista realiza na Holanda uma campanha conhecida como “Explosão Antilhana”, anteriormente chamada “Reunião Antilhana”. O tema desse ano foi “Unidos Até que Ele Venha”, dirigida por Cherrel Francisca, coordenador da equipe de implantação de igrejas antilhanas na Holanda. O objetivo do evento era enfatizar a união e a amizade. Na preparação para a Explosão Antilhana, foram realizadas quatro campanhas evangelísticas, simultanea- C O R T E S I A QUANDO DEUS DISSE: “LEMBRA-TE”: Ven Bermudez, diretor de publicações na Indonésia, e Noldy Sakul, líder da Igreja no leste do país, oraram durante o lançamento dos 110 mil exemplares do livro de Mark Finley sobre o sábado. F O T O : Casa Publicadora da Indonésia Comemora Centenário ■ Resistir aos desafios do ministério de publicações por cem anos no maior país muçulmano do mundo é uma realização que os adventistas do sétimo dia de todo o mundo podem apreciar. Em 16 de maio de 2010, a Casa Publicadora da Indonésia passou a marca de um século e, durante esse tempo, comprometeu-se a “manter viva a visão”. Embora as instalações da atual editora tenham sido inauguradas apenas em 1954, a obra de publicações começou em 1910, com a chegada do missionário adventista Ralph Waldo Munson, em Sukabumi, Indonésia. Um jovem chamado Immanuel Siregar foi, mais tarde, seu assistente. Vários marcos alcançados pela editora foram lembrados em um vídeo que destacou particularmente a história da obra de publicações e a primeira publicação, em 1910: Utusan Kebenaran Melayu (O Mensageiro da Verdade Malaio), pela Java Mission Press, antecessora da Casa Publicadora da Indonésia. Cinco anos mais tarde, a gráfica foi transferida de Sukabumi para Batávia (hoje Jacarta), depois para Singapura, até mudar-se de volta para Bandung, na Indonésia, em 1929, onde funciona a editora até hoje. Desde o início da obra adventista na Indonésia, a literatura ocupou uma parte vital na expansão dos ministérios da Igreja de ganhar pessoas para o reino de Deus. Evoluindo do uso de máquinas manuais para equipamentos gráficos mais modernos, a editora administrou bem os seus recursos. Hoje, a editora continua a suprir as necessidades espirituais tanto dos adventistas como do público em geral. Um dos pontos altos da comemoração foi o lançamento do livro Ketika Sang Pencipta Berkata Ingatlah (Quando Deus disse: “Lembra-te”; publicado em português como Tempo de Esperança), escrito por Mark Finley. A primeira tiragem, de 110 mil cópias, mente, em Amsterdã, Roterdam, Delft e Tilburg, com o objetivo de apresentar a Jesus como Salvador e promover a unidade entre os cristãos adventistas. Após duas semanas de campanha, as comunidades antilhanas foram convidadas a se reunir e participar de um programa especial. Um programa revigorante encheu o dia, que teve culto de adoração e louvor, entrevistas com pregadores leigos, vídeos sobre unidade, uma entrevista com o evangelista, interação com o grupo e uma apresentação da visão sobre “respeito e unidade”, por Wim Altink, líder da Igreja na Holanda. Mais tarde, no mesmo dia, 84 pessoas se uniram à Igreja Adventista pelo batismo. “Em conjunto com os membros, evangelistas leigos e pastores, podemos fazer muito por Cristo num ambiente inspirador e cooperativo, no âmbito da diversidade que Deus deu à Sua igreja. Louvamos a Deus por Sua liderança”, concluiu Cherrell Francisca. Por meio desse programa especial e das cerimônias batismais recentes nas igrejas ganesas em Amsterdã, Almere e Eindhoven, o número de membros da Igreja Adventista na Holanda ultrapassou a marca dos 5 mil. – Reportagem da Divisão Transeuropeia Agosto 2010 | Adventist World 5 A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO Primeiro Missionário Adventista à Espanha é Homenageado Walter Bond teria sido envenenado por pregar mensagem adventista Por Ansel Oliver, diretor assistente de notícias da sede mundial da Igreja Adventista A s autoridades da cidade de Baeza, Andalusia, Espanha, homenagearam a memória do primeiro missionário adventista do país, um dos vários mártires da liberdade religiosa e democracia do início do século 20, cujas sepulturas, mais tarde, foram profanadas. Em 1914, Walter Guy Bond, missionário vindo dos Estados Unidos, morreu aos 35 anos de idade, supostamente envenenado por pregar a mensagem adventista. O nome de Bond foi posto no Mural de Honra de Baeza, no dia 23 de maio de 2010, durante cerimônia onde estiveram presentes líderes da Igreja Adventista e autoridades da cidade, inclusive o prefeito. “Muitos defensores da liberdade de consciência, naquele tempo, eram considerados inimigos do Estado e tratados de igual modo”, disse Pedro Torres Martinez, diretor de comunicação para a Igreja Adventista na Espanha. Entre 1943 e 1945, não se sabe exatamente quando, o túmulo de Bond foi profanado e seus ossos, levados. “Durante esse período da história espanhola, muitas sepulturas dos ‘inimigos do Estado’, inclusive defensores da democracia e os que não professavam a fé católica, eram igualmente profanadas com o intuito de apagar para sempre a memória deles”, disse Martinez. 6 Adventist World | Agosto 2010 Acima: HOMENAGEM IN MEMORIA: Placa em homenagem a Walter Bond é colocada em evidência no cemitério de Baeza. Em cima, à esquerda: MÁRTIR É LEMBRADO: Placa em homenagem a Walter Bond, missionário na Espanha, é descerrada por Roberto Badenas, em 23 de maio de 2010, na cidade de Baeza. Esquerda: LEMBRADO PELA FAMÍLIA: Jesús Calvo, líder da Igreja Adventista na Espanha, entrega carta dos descendentes de Walter Bond a Leocadio Barín, prefeito de Baeza. F O T O S : P E D R O T O R R E S M A R T I N E Z Walter Bond nasceu na Califórnia, Estados Unidos, em 6 de fevereiro de 1879, numa família extremamente religiosa. Seus pais, James e Sara, tiveram dez filhos e adotaram uma menina. Eles se tornaram adventistas do sétimo dia quando Walter ainda era criança. Após unir-se à Igreja, o pai de Walter deixou a fazenda e se tornou médico, fundando, mais tarde, uma clínica na Califórnia. Walter formou-se em Teologia no Healdsburg College (hoje Pacific Union College), em 1899. No verão de 1902, junto com o irmão Frank, participou de uma reunião campal em Fresno, Califórnia, onde A. G. Daniells desafiou os jovens a se envolver na missão da Igreja. Walter e Frank estavam entre os trinta jovens que responderam ao apelo. Walter se casou com Leola Gerow em 12 de novembro de 1902. Pouco tempo depois, Walter, Leola e Frank partiram para a Espanha para trabalhar como missionários. Chegaram a Barcelona em 22 de junho de 1903. Um ano depois, batizaram os primeiros três conversos locais. Muitos outros se converteram, até ser fundada a primeira igreja adventista da Espanha. Em 1905, Walter tornou-se o líder administrativo da Igreja na Espanha. Lope San Nicolas, um dos primeiros membros locais, também se tornou um missionário de sucesso. Lope despertou interesse pelo evangelho nos habitantes da pequena cidade de Baeza, localizada a cerca de 750 quilômetros a sudoeste de Barcelona. Pouco depois, convidou Walter para realizar uma série de palestras bíblicas na cidade. Em 13 de outubro de 1914, Walter chegou a Baeza. No dia 1º de novembro, foi enviado um telegrama para Frank, irmão de Walter, notificando que ele estava mortalmente enfermo. Frank e Leola foram rapidamente ao seu encontro. Walter morreu no dia 12 de novembro, com 35 anos, deixando três filhos e a esposa grávida. Mais tarde, um médico disse a Leola que Walter havia sido envenenado. No leito de morte, Walter disse: “Eu perdoo meus assassinos.” Ele foi enterrado no cemitério de Baeza. Dois meses mais tarde, sua esposa, ainda grávida, e os três filhos retornaram aos Estados Unidos. A sepultura de Walter foi profanada entre os anos de 1943 e 1945, e seus ossos desapareceram. O prefeito de Baeza, D. Leocadio Marín, sua esposa e uma autoridade da cidade presidiram a cerimônia ocorrida em maio de 2010. A Igreja Adventista foi representada por Jesús Calvo, líder da Igreja na Espanha, e por Andrés Tejel, diretor dos arquivos históricos da Igreja no país e organizador do evento. Outros pastores e vários membros da Igreja também estiveram presentes. O representante da Igreja Adventista na sede administrativa da Europa, Roberto Badenas, descerrou a placa comemorativa. Nos últimos anos, as autoridades da cidade de Baeza restauraram os monumentos em memória daqueles que, no passado, se levantaram contra o regime totalitário da Espanha. Para concluir a cerimônia, o líder da Igreja Adventista na Espanha leu uma carta dos descendentes de Walter Bond, que vivem nos Estados Unidos, e os participantes cantaram o hino preferido dele, “Há Um Rio Cristalino” (Hinário Adventista, nº 553). A mídia local fez massiva cobertura do evento. O trabalho pioneiro de Walter Bond, que lhe custou a vida, não foi em vão. Hoje, a Igreja Adventista tem mais de 15 mil membros na Espanha e muitas autoridades simpatizam com o movimento. – Com reportagem de Pedro Torres Martinez Agosto 2010 | Adventist World 7 A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL O texto a seguir foi extraído de um sermão pregado por Tiago White, em 5 de março de 1870, em Battle Creek, Michigan (EUA), durante seu segundo período como presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia (1869-1871). Com Ellen White (sua esposa) e José Bates, Tiago é considerado um dos co-fundadores da Igreja. Ele também criou a Adventist Review (Revista Adventista, nos EUA) e o ministério de publicações da Igreja. – Os editores A ssim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4:16).* É nosso privilégio nos aproximarmos do trono da graça. É esse um trono do qual os pecadores se aproximam para encontrar julgamento e retribuição? Não! Podemos nos aproximar para encontrar graça, para encontrar perdão, para encontrar misericórdia. Vamos até lá para receber o pagamento pelo que fizemos? Certamente que não! Porque, depois de fazer tudo o que é possível, ainda somos “servos inúteis” (Lc 17:10). Somos convidados a ir a um lugar onde podemos encontrar graça, não retribuição. É nosso privilégio encontrar misericórdia e graça. “ Não Tema Como inicia o capítulo onde está o texto que lemos? “Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado” (Hb 4:1, Almeida Revista e Atualizada). Somos exortados a temer. Temer o quê? Não devemos temer que o Senhor deixe de ouvir nossa oração. Não precisamos temer, pois somos convidados a nos aproximar, com muita ousadia, do trono da graça. Os ouvidos de Deus estão sempre abertos. Não precisamos temer que, no Céu, haja falta de amor pelos pecadores. Depois de conceder a maior dádiva que o Céu possui, como Deus poderia deixar de conceder dádivas menores? Junto com a dádiva do Filho de Deus, recebemos a promessa do infinito amor de Deus pelos pecadores. Não há falta de amor por parte de nosso Deus. Quanto a isso, não precisamos temer. No entanto, em relação a algumas coisas, é preciso temer. É preciso vigiarmos a nós mesmos com cuidado e com grande temor, para não ofendermos alguém com a língua. Que órgão incontrolável é a língua, capaz de ofender ao semelhante (Tg 3:5, 8, 9)! Que terrível pecado! A língua é como chuva desoladora, como um incêndio incontrolável (versos 5, 6)! Devemos temer se nossas palavras não são boas, O sermão completo de Tiago White pode ser encontrado em Advent Review and Sabbath Herald (Revista do Advento e Arauto do Sábado), de 5 de agosto de 1873. 8 Adventist World | Agosto 2010 para que não exerçam má influência sobre os outros ou sobre nós mesmos. Oh, como existe no mundo tanto falatório sobre coisas inúteis, tanta fofoca e tagarelice! Queridos irmãos e amigos, devemos temer ser dominados pelo amor ao mundo. Devemos temer se não conseguimos dominar a língua nem controlar o temperamento. Devemos temer a nós mesmos. Temer nossa incapacidade de resistir ao mal, mas jamais temer a capacidade do Senhor de nos salvar. Podemos nos atirar aos pés de Jesus, dizendo: “Sou indigno!” Podemos, no entanto, ao mesmo tempo cantar: “Digno, digno é o Cordeiro de Deus!” À medida que a presunção se enfraquece e percebemos que somos mais dependentes de Deus, a confiança no Senhor torna-se mais forte. Temos um Mediador Fico encantado com a sabedoria que encontramos no livro sagrado de Deus, especialmente no capítulo que lemos. Acompanhemos a leitura, prestemos muita atenção e tentemos enxergar toda a beleza desse texto. O capítulo começa com uma exortação: Temam e tremam, vigiem a vocês mesmos. Por outro lado, o apóstolo diz, no mesmo capítulo: “Portanto, visto que temos um grande Sumo Sacerdote que adentrou os Céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos” (Hb 4:14). Muitos cristãos sofrem os ataques do inimigo, que lança sobre eles medo e insegurança, distorce o verdadeiro temor do Senhor e os conduz à dúvida e ao desespero. O Trono da Graça Ouça o apóstolo. Não permita que o inimigo leve você ao desespero. Temos um Sumo Sacerdote que sente compaixão de nós e conhece nossas dificuldades. Ele, como nós, “passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado” (Hb 4:15). Ele quer nos salvar e tem poder para isso. Se você está desesperado e tremendo, olhe para cima! Você se sente totalmente indigno? Eu respondo: Amém! Porque você é indigno. Pode estar certo disso. Mas Jesus é digno. Ele é capaz. Ele deseja nos salvar e está pronto para fazer isso. Olhe, então, para cima! Olhe para cima! Ele é seu mediador. Ele é seu intercessor perante o Pai. Ele experimentou as suas dores, dificuldades, tristezas, desamparo e, por isso, sabe exatamente como ajudá-lo. Venha Corajosamente Tudo que dissemos até agora pode ser resumido nas palavras do apóstolo: “Aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4:16). Você não precisa ir até Deus com medo ou receio. Venha, com ousadia, em nome de Jesus. Aqueles a quem Ele mais perdoa, Ele mais ama. Os maiores pecadores, mas que vão a Ele arrependidos, encontrarão perdão proporcional a seus pecados. As bênçãos serão proporcionais aos erros cometidos. Você é um grande pecador? Então, tudo que precisa é um grande arrependimento, para receber grande perdão e grande bênção. Acheguemo-nos, confiantes, Por Tiago White ao trono da graça. Não devemos, porém, ir de forma desinteressada ou presunçosa. “Aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança.” Um trono representa um reino. Se há um trono da graça, há também um reino da graça. Lamento que os adventistas geralmente pensem que, na Bíblia, “reino de Deus” e “reino do Céu” sempre se refere ao reino futuro de Deus. Sem dúvida, eu aguardo o reino eterno de Deus, que virá no futuro. Mas, no relacionamento de Deus com Seu povo, a palavra “reino” pode ter dois sentidos. Às vezes, a Bíblia se refere a um desses sentidos; outras vezes, se refere ao outro sentido. Um é o reino da graça, ao qual pertence o “trono da graça” (Hb 4:16). Outro é o reino da glória, do qual é parte o “trono da glória” (ver Mt 25:31). O reino da graça existe agora. O reino da glória é futuro, será estabelecido quando Cristo voltar. Esse assunto é maravilhoso; não vamos, porém, falar de todos os detalhes agora. Neste momento, desejo apenas convidá-lo a buscar essa bênção, essa experiência mencionada por Paulo: “Não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual. E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-Lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus” (Cl 1:9, 10). Amém! * Salvo outra indicação, os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. Agosto 2010 | Adventist World 9 A Igreja em Ação JANELA Polônia por Dentro Por Hans Olson S ituada no centro da Europa, a Polônia representa o cruzamento entre a região oriental e ocidental do continente. Ela emergiu como nação no fim do século 10 d.C. Naquele tempo, era a maior nação da Europa. No século 19, dois vizinhos da Polônia – o Reino da Prússia (atual Alemanha) e o Império Russo – se tornaram as duas superpotências do mundo. Em 1795, esses dois países dividiram a Polônia entre si, removendo-a do mapa múndi. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Polônia reconquistou a independência, tornou-se uma nação soberana e o nono maior país da Europa. A Alemanha Nazista e a União Soviética invadiram a Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Cerca de seis milhões de poloneses, sendo a metade judia, morreram durante essa guerra. Ao final dela, o comunismo foi instalado na Polônia, que ficou atrás da “Cortina de Ferro” soviética. Em 1989, eleições livres introduziram um novo governo, que desencadeou a queda do comunismo na Europa. Mais da metade da Polônia é agrícola ou florestal. Em virtude de grande parte de seu território não ser desenvolvido, a Polônia torna-se um refúgio para muitos animais e plantas que há muito já desapareceram do resto da Europa. Entre os animais encontrados ali estão o bisão (boi selvagem da Europa), o urso marrom, o lobo cinza e o alce. Cerca de 25% dos pássaros migratórios da Europa reproduzem-se, todos os verões, nas terras úmidas da Polônia. Baltic Sea LITHUANIA Adventistas na Polônia O cristianismo esteve presente na Polônia desde o início da nação. O primeiro rei da Polônia, Mieszko I, tornou-se cristão por volta do ano 966 d.C. e transformou a Polônia num Estado de soberania cristã. Ainda hoje, a Igreja Católica Romana é uma força influente no país. Em 1888, dois adventistas, J. Laubhan e H. Szkubowicz, mudaram-se da Crimeia (oeste da Rússia) para o leste da Polônia, onde iniciaram uma congregação adventista. Três anos mais tarde, fundaram uma igreja em Zarnowska. A Igreja Adventista lutou para conseguir o reconhecimento do Estado, enquanto continuava a crescer. Por um tempo, todos os prédios de igreja deviam ser privados. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Alemanha e a União Soviética declararam a Igreja Adventista como ilegal. Após a guerra, a Igreja foi restabelecida e começou a crescer novamente. A queda do comunismo trouxe total liberdade religiosa aos adventistas. Embora a conquista da liberdade religiosa fosse boa, a nação tornou-se bastante secular. Nos últimos 15 anos, a Igreja Adventista cresceu muito pouco em número de membros. Para ajudar as igrejas locais a evangelizar suas comunidades, a Igreja Adventista decidiu oferecer um local para crescimento espiritual, onde seus membros possam fortalecer seu relacionamento com Deus e levar outros a Ele. O local é chamado Acampamento de Zatonie. O Acampamento de Zatonie, anualmente, alcança várias centenas de crianças. Mas o governo polonês está exigindo que os prédios do acampamento sejam modernizados. Esse é um grande desafio financeiro para os cerca de 5.700 adventistas da Polônia. Parte da oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre ajudará a completar a reforma e a tornar o acampamento ainda mais útil para compartilhar o amor de Deus. Para saber mais sobre a missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia ao redor do mundo, visite www.AdventistMission.org. RUSSIA POLÔNIA BELARUS Varsóvia POLÔNIA Capital: Varsóvia Idioma Oficial: Polonês Religiões principais: Católica Romana e Ortodoxa Oriental População: 38,1 milhões* Adventistas: 5.748* Adventista por habitantes: 1 por 6.629* ALEMANHA REPÚBLICA TCHECA ESLOVÁQUIA UCRÂNIA *Arquivos Estatísticos da Associação Geral, 146º Relatório Estatístico Anual (2008) HUNGARY 10 ROMANIA Adventist World | Agosto 2010 K R I S TA D AV I S A é oja S Saudável ? S A Ú D E N O M U N D O Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless De tempos em tempos, ouvimos dizer que os alimentos feitos com soja não são saudáveis. Qual sua opinião a respeito? O s alimentos feitos com soja variam desde o grão cozido até produtos refinados e altamente processados. A soja foi popularizada especialmente pelos adventistas, que encontram nela boa fonte de proteína. Os aminoácidos, que são os blocos construtores de proteína, são encontrados em quase todos os alimentos vegetais. Portanto, o único problema que o vegetariano pode enfrentar com a proteína é se sua dieta não for variada e equilibrada. As fontes de proteína vegetal frequentemente não possuem um ou dois aminoácidos essenciais, e o feijão da soja é um produto que oferece maior variedade de aminoácidos. O uso de produtos animais fornece boa quantidade de aminoácidos em um único alimento. Tal vantagem dos produtos animais sobre os vegetais, porém, não prevalece se comparada a uma mistura de alimentos. Para o vegetariano, a mistura de grãos com legumes e nozes provê a quantidade completa de aminoácidos, plenamente satisfatória para todos os tipos de pessoas: atletas, adolescentes em crescimento e até grávidas. Isso significa que os produtos da soja, bons como são, não têm necessariamente que fazer parte da dieta vegetariana para que seja satisfatória. Há, entretanto, outras vantagens na soja, não relacionadas a aminoácidos. Embora haja evidências de várias vantagens da soja, essa evidência não é totalmente conclusiva, porque os estudos sobre os efeitos dos alimentos F O T O : L U I Z B A LTA R são muito difíceis de ser realizados. No entanto, é provável que a soja ofereça a proteção das isoflavonas e outros fitoquímicos que diminuem o risco de câncer. Para o homem, um copo de leite de soja aparentemente fornece módica proteção nos casos de câncer de próstata. Aqueles que são contra a soja utilizam vários tipos de argumentos. Alguns mencionam situações nas quais pássaros alimentados essencialmente com uma dieta de soja desenvolveram bicos tortos. Outros citam estudos que sugerem um aumento de demência nos que consomem alta quantidade de soja. O mais importante, no entanto, é reconhecer que esses estudos são inconclusivos. Aqueles que são contrários à soja atribuem a esses estudos mais ênfase e valor do que merecem. Há alguns meses, um estudo muito bem conduzido, baseado em ampla pesquisa, foi publicado por The Journal of the American Medical Association (JAMA, 9 de dezembro de 2009, v. 302, nº 22) sobre o consumo da soja e o câncer de mama. Esse estudo, realizado entre mulheres na China, classificou o consumo da soja em quatro grupos de pessoas e o correlacionou com a sobrevivência ao câncer de mama. Mais de 5 mil mulheres, estudadas por cerca de cinco anos, sobreviveram ao câncer de mama. As que pertenciam ao grupo de maior consumo de soja tiveram cerca de 30 a 40% menos reincidência do câncer. Elas experimentaram essa vantagem apesar da condição do receptor de estrogênio do tumor, mas não aumentou onde o consumo excedeu os 11 gramas diários de proteína da soja. Isso sugere que os benefícios da soja têm seus limites. Uma das dificuldades de aplicar essa vantagem para os países ocidentais, por exemplo, é que os chineses costumam consumir a soja em seu estado natural (integral), não a proteína texturizada usada em outras partes do mundo. Certamente, os produtos da soja “natural” como o leite, tofu, feijão ou missô (tempero tradicional japonês) parece conferir vantagem às sobreviventes do câncer de mama. Por ser um estudo de alta qualidade, é bastante relevante para o câncer de mama e é um incentivo para os que consomem a soja, especialmente o grão. Mesmo que o benefício para esse tipo de situação não se aplique a todo o espectro de vantagens e desvantagens potenciais, é um apoio à nossa recomendação de que quantidades moderadas de soja sejam utilizadas numa dieta vegetariana equilibrada. Allan R. Handysides, M.B., Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG, é diretor do Departamento de Saúde da Associação Geral. Peter N. Landless, M.B., B.Ch., M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C., é diretor-executivo da ICPA e diretor-associado do Departamento de Saúde da Associação Geral. Agosto 2010 | Adventist World 11 D E V O C I O N A L C omo cirurgião, minha missão é restaurar pessoas feridas. No entanto, mesmo após passar a maior parte de minha vida na “panela de pressão” da faculdade e da residência cirúrgica, percebo que essas mãos supostamente talentosas, em realidade, podem fazer muito pouco. Não posso curar o espírito. Não posso curar a alma. De fato, sou incapaz de curar até mesmo o corpo. Hérniase o Espirito O que aprendi, como cirurgião, sobre a salvação É certo que eu sei cortar e suturar habilmente. Contudo, a cura completa depende da restauração realizada pelo próprio corpo, incorporando o material da prótese ou aumentando a resposta imune ao apêndice gangrenado, a uma bexiga inchada ou a uma massa cancerosa extirpada. Tudo isso requer a ação do que poderíamos chamar de “graça biológica”, a incrível habilidade do corpo, dada por Deus, de se regenerar e superar. Nenhum Justo, Nem Um Só O ditado: “Médico, cura-te a ti mesmo” (Lc 4:23)* expõe uma falha fundamental e aparente em todos os médicos introspectivos. Trabalhamos para curar os outros, enquanto nós mesmos estamos feridos. Os ferimentos podem estar em nosso corpo, porque somos, muitas vezes, ineficientes mordomos do templo de nosso corpo e temos uma expectativa de vida menor do que a média dos pacientes. Esse ferimento íntimo pode ser 12 Adventist World | Agosto 2010 revelado em um espírito infeliz, emoções desgovernadas e profundos problemas de relacionamento. Mais acertadamente, isso se aplica à alma e a nossa relação com Deus. Necessitamos de um Médico e, quanto mais longe vamos, mais nos ferimos. Num esforço para recuperar essa proximidade perdida, de redescobrir e experimentar mais uma vez a realidade e a bênção da salvação em Jesus Cristo, decidi estudar mais profundamente o tesouro de Sua Palavra e a luz profética dada por Deus aos adventistas. Nessa busca, fiquei impressionado com a natureza cirúrgica do trabalho do Espírito Santo. “A santificação da alma pela operação do Espírito Santo é a implantação da natureza de Cristo na humanidade” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 198). Nesse texto, a escritora utiliza termos cirúrgicos. Em primeiro lugar, ela fala sobre “operação”. Além disso, um material estranho incorporado ao Por Marvin Atchison corpo é um implante, seja ele em forma de prótese, mistura de materiais ou tecidos doados. As palavras da escritora são similares àquelas relacionadas às muitas hérnias que trato em meu consultório, o que me leva a comparar uma herniorrafia (reparação da hérnia) com a salvação. As hérnias, assim como o pecado, são comuns à humanidade e são encontradas em todas as idades, gêneros, regiões e pessoas de todo o mundo. Há inúmeros subtipos de hérnias, mas a maioria ocorre em locais pouco habituais, nas zonas de fraqueza congênita ou adquirida, como a virilha, o umbigo e em cicatrizes cirúrgicas. Apesar das diferenças, todas as hérnias possuem o mesmo risco potencialmente fatal de encarceramento e subsequente estrangulamento, fazendo com que o órgão envolvido fique preso na hérnia e, em seguida, comprometa o suprimento de sangue. A N D R E Y K I S E L E V Justificado Gratuitamente por Sua Graça... Para pacientes com esse problema, que coloca a vida em risco, o tratamento envolve dois componentes distintos e fundamentais: redução e correção, que podem ser comparados aos componentes da salvação: justificação e santificação. A sobrevivência do órgão com hérnia depende de urgente redução, pressionando-o de volta a seu lugar anatômico apropriado. A redução de uma hérnia é uma arte, algo aprendido durante anos de estudo e prática. Frequentemente, sou chamado ao setor de emergência para avaliar pacientes com hérnia supostamente encarcerada, que resistiu às mais de sangue, ela não resolve a causa do problema, o defeito físico que causou a doença aparente. Se a hérnia for apenas reduzida, ela poderá se projetar de novo, com risco de estrangulamento. Assim, o problema subjacente deve ser tratado. Hoje, a herniorrafia geralmente envolve o implante de uma tela de tecido poroso de polipropileno, poliéster, colágeno ou outro material. Essa tela é suturada ao local, mas a verdadeira força da correção acontece nas semanas seguintes, quando o corpo se incorpora às fibras da tela. De forma semelhante, o trabalho do Espírito Santo é operar, implantando não uma tela, mas a natureza de Cristo. Ela não é uma prótese Santo insistentes tentativas do pessoal da emergência. Por que eles me chamam? Sou chamado porque minhas mãos são habilidosas nessa área. Elas passaram pelo fogo da residência cirúrgica; venceram uma legião de hérnias, reduzindo-as e realizando sua correção definitiva. Da mesma forma, estamos todos morrendo espiritual e eternamente, a menos que sejamos tocados por mãos qualificadas. Não as minhas, mas as mãos de um Judeu que carregam as cicatrizes de um terrível sofrimento. Ele pode socorrer. Ele pode salvar. Só Ele pode justificar a alma. E Esta é a Vontade de Deus: a Sua Santificação... Embora a redução da hérnia resolva imediatamente a preocupação com o risco de morte, pois restaura a disposição anatômica correta e o fluxo de um corte é uma chance de cura”. Eu não posso curar a mim mesmo, não importa quanto exercício ou atividades faça. Meus maiores esforços são, na melhor das hipóteses, apenas uma cinta para a hérnia, um suporte mecânico para simplesmente comprimi-la, minimizar o desconforto e fazer com que a protuberância seja menos perceptível. Eu preciso do grande Cirurgião, o único que pode me curar. Pela Graça de Cristo, Prossigo Apesar da utilidade de todas as analogias, elas têm um limite. Aqui, precisamos dar um passo adiante e considerar-nos como filhos perdidos de Deus. Em lugar de ficar julgando e Estamos todos morrendo espiritual e eternamente, a menos que sejamos tocados por Mãos qualificadas. inanimada; é, na realidade, um enxerto vivo. “Permaneçam em Mim, e Eu permanecerei em vocês”, disse Jesus (Jo 15:4). Quando a natureza de Jesus é implantada em mim e, através do processo diário (e, às vezes, doloroso), eu cresço nEle e Ele cresce em mim. Não por Obras, Para que Ninguém se Glorie... Periodicamente, os pacientes me perguntam que tipo de exercícios podem fazer para curar sua hérnia. O problema é causado pela flacidez do músculo e pode ser remediado com exercícios de fortalecimento. Na verdade, a deficiência não é propriamente no músculo, mas no tecido conjuntivo, denominado fáscia. Esse tecido proporciona força à parede abdominal. Infelizmente, uma vez que esse tecido é rompido, geralmente o corpo é incapaz de repará-lo sem a intervenção de um cirurgião, para quem “a chance condenando, como é a propensão dos supostos justos, precisamos lidar com os pecadores como lidaríamos com os nossos amigos e parentes que têm hérnia. William Law, o famoso sacerdote anglicano do século 18, já dizia: “Temos que nos posicionar contra o pecado como fazemos contra as doenças, mostrando-nos gentis e compassivos para com o doente” (Um Sério Chamado a uma Vida Devota e Santa, capítulo 20). Só então poderemos ser emissários da graça para o caído, não os afastando, mas levando-os em direção ao grande Cirurgião. *Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. Marvin Atchison é médico e mora em Orange County, Califórnia, EUA. Agosto 2010 | Adventist World 13 V I D A Por Jerry Jean A D V E N T I S T A O sol quente brilhava sobre o Haiti, a “pérola do Caribe”, naquela terça-feira, 12 de janeiro de 2010. Ninguém imaginava como terminaria aquele dia. A caravana do projeto Siga a Bíblia havia chegado ao Haiti alguns dias antes e estava sendo visitada, com grande interesse, pelos alunos da Universidade Adventista do Haiti (veja “Siga a Bíblia”, Adventist World, julho de 2010, p. 16-18). O programa iniciara às 16h00 com hinos, seguidos por orações e uma mensagem espiritual. Algumas Bíblias haviam sido distribuídas para alunos não adventistas e, como capelão da Universidade, encerrei o programa com uma oração de entrega. Com o coração aberto para o Espírito Santo e ajoelhada, a congregação orou comigo. Como eu gostaria que aquele maravilhoso momento de paz durasse para sempre! Entretanto, cinco minutos depois, o nosso mundo, como o conhecíamos, acabou. erra T Atingidos pelo Terremoto Um silêncio mortal invadiu o auditório. Então, como se um tanque de guerra tivesse entrado no prédio, ouvi a terrível conturbação. Não compreendi o que estava acontecendo. Todas as pessoas fugiram, enquanto eu fiquei ali, fixado à plataforma. Olhei para cima e vi o telhado, preso por fortes vigas de aço, abrir-se, revelando o céu de azul profundo. Atordoado, vi quando o telhado se fechou outra vez. A parede de quase 6 metros, atrás da plataforma, parecia construída de papelão, tremendo como se estivesse pronta para cair sobre mim. Em vez de correr para um lugar seguro, porém, fiquei onde estava, paralisado. As ripas das janelas haviam sido arrancadas, deixando para trás uma trilha de fumaça branca. Os fios que ligavam as caixas de som faiscavam como que avisando sobre o grande perigo que ainda estava por vir. Durante os 35 segundos do terremoto, eu não conseguia parar de imaginar o que estaria acontecendo. Enquanto observava o desenrolar daquelas cenas espantosas, pensei como seria imprudente ir pelo corredor central em direção à saída, e arriscar ser atingido pelos destroços do prédio. Foi quando percebi dois alunos de Teologia ajoelhados, orando. Disseram-me, mais tarde, que pensaram ser essa a melhor posição para enfrentar a morte. Desolação e Destruição Quando cessou o primeiro choque, peguei a mochila que havia deixado na cadeira e calmamente caminhei em direção à saída. Foi apenas quando cheguei perto dos degraus que sustentavam as arquibancadas, que percebi que estavam rachadas e em breve iriam desmoronar. Corri para fora. Quando cheguei do lado de fora, encontrei desolação em todos os lugares: dois terços do prédio do seminário teológico estavam destruídos, como também grande parte dos dormitórios masculino e feminino, a casa publicadora e o prédio de expedição. A livraria da universidade e o muro de proteção do 14 Adventist World | Agosto 2010 O Que a Está nos Dizendo? Sobrevivente do terremoto campus estavam caídos. Os alunos estavam deitados no chão, chorando, incapazes de ficar em pé. Hinos de louvor saíam de seus trêmulos lábios, agradecendo ao Deus misericordioso por poupar-lhes a vida. Com os joelhos tremendo e incapaz de falar mais que algumas palavras, pedi um telefone celular para falar com minha esposa, mas logo percebi que não havia sinal. Angustiado, imaginava como estariam ela e as crianças. Todos os alunos que estavam dentro do auditório estavam vivos; mas, e a minha família? Graças a Deus, mais tarde soube que a vida deles também havia sido protegida por Ele. Problema Antigo Os terremotos reduzem a vida à sua dimensão mais básica, varrendo nosso conforto e certezas. Quando ocorreu o famoso terremoto de Lisboa, em 1º de novembro de 1755, muitas pessoas estavam na igreja celebrando o Dia de Todos os Santos. As rezas e crucifixos não fizeram nada para salvá-los. Eles foram enterrados vivos. Os que conseguiram escapar para a ponte de atracação de mármore, no porto, em seguida foram engolidos por um gigante tsunami, provocado por um tremor dentro do mar, na costa de Portugal. Aqueles que assistiram a essa cena foram atingidos pelo fogo que engoliu o que restava da cidade. Dos 250 mil habitantes de Lisboa, entre 50 e 60 mil morreram. Esse evento afetou profundamente toda a Europa. Descrições do terremoto foram amplamente divulgadas e discutidas R O B E R T K Y L E / A D V E N T I S T R I S K M A N A G E M E N T (verso 8, NVI). O século 20 presenciou grande parte desses acontecimentos; alguns terremotos ultrapassaram o de Lisboa. E o número e a intensidade estão aumentando. Segundo o site do U.S. Geological Survey (pesquisa geológica dos EUA), foram registrados entre 19 e 48 terremotos de intensidade de 6.0 ou mais na escala Richter (que vai até 10), durante o último século. Entre os anos 2000 e 2009, houve 309 terremotos com essa intensidade. Nos últimos dez anos, houve quase tantos terremotos com a intensidade de 6.0 ou mais que nos noventa anos anteriores. Veja no site http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/world/historical.php. Esteja Pronto no Haiti conta sua história. em todo o continente até o fim do século 19. Ellen White menciona esse terremoto em seus escritos. Ela cita Apocalipse 6:12: “Observei quando Ele [o Cordeiro] abriu o sexto selo. Houve um grande terremoto. O sol ficou escuro como tecido de crina negra, toda a lua tornou-se vermelha como sangue” (NVI). Então, Ellen White comenta: “Estes sinais foram testemunhados antes do início do século XIX. Em cumprimento desta profecia ocorreu no ano 1755 o mais terrível terremoto que já se registrou. Posto que geralmente conhecido por terremoto de Lisboa, estendeu-se pela maior parte da Europa, África e América do Norte” (O Grande Conflito, p. 304). Uma testemunha ocular recorda que “essa grande e opulenta cidade agora não é nada mais que um vasto amontoado de ruínas; ricos e pobres estão no mesmo nível; milhares de famílias, que no dia anterior desfrutavam de situação favorável, estão agora espalhadas pelos campos, procurando todas as comodidades da vida, não encontrando ninguém que os alivie” (Charles Davy, Modern History Sourcebook, em www.fordham.edu/halsall/mod/1755lisbonquake.html). Com muita exatidão, essas palavras descrevem as circunstâncias que estávamos enfrentando em nosso campus. Advertências Jesus advertiu sobre os desastres que viriam. Ele disse que haveria “fomes e terremotos em vários lugares” (Mt 24:7, NVI) e acrescentou que “tudo isso será o início das dores” Agora é o tempo de nos prepararmos para o breve retorno de Jesus. Minha experiência no terremoto do Haiti convenceu-me disso. Agora tenho mais consciência de quão frágil é a vida humana, especialmente sem Deus. Tudo o que tinha qualquer indício de orgulho ou arrogância perdeu completamente o valor naquele dia fatídico. Tudo o que nos separava uns dos outros – a cor da pele, situação social, nível de instrução – tornou-se sem sentido. Que preciosa lição para aprender enquanto nos preparamos para a eternidade! Quão perto estamos da vinda de nosso Salvador? Não sabemos com certeza, mas aqueles que experimentaram o terremoto e sobreviveram a ele estão certos de que vivemos em tempo emprestado. Muitas vidas foram poupadas pela misericórdia de Deus. Outras não, incluindo centenas de adventistas. Temos a esperança de que, quando Jesus voltar, veremos novamente nossos irmãos e irmãs em Cristo no lar celestial. Mas o que dizer daqueles que não estavam prontos para se encontrar com Deus? Creio que o Todo-poderoso, em Sua infinita misericórdia, preservou minha vida para que eu cumprisse com mais dedicação o mandato confiado por Ele a todos os Seus discípulos, para ajudar a preparar as pessoas para a segunda vinda de Cristo. Meu ministério também terá um novo direcionamento; oro para que ele seja caracterizado por mais tato, sensibilidade e compaixão. Nosso Senhor voltará, conforme Ele prometeu. Precisamos estar prontos, testemunhar e orar. Não permita que as coisas deste mundo expulsem do coração o amado Salvador. Logo este mundo, por mais atraente que possa parecer, desaparecerá como fumaça. Eu aguardo ansiosamente aquela gloriosa manhã, quando verei, outra vez, os queridos que agora dormem em Cristo. E, sobretudo, contemplarei a face de meu Salvador! Jerry Jean é ex-capelão da Universidade Adventista do Haiti, em Diquini, próximo a Porto Príncipe. Agosto 2010 | Adventist World 15 A R T I G O D E C A PA S O N I A K R U M M S O N I A K R U M M Direita: FÉ EM AÇÃO: Delia e Hipólito Oljeda, os pais de Léo, abriram o coração e a casa para os amigos de Léo e membros da JAM. Abaixo: TRABALHO DE EQUIPE: O grupo da JAM, a família de Léo e alguns irmãos adventistas das cidades vizinhas posam em frente à igreja parcialmente construída. Acima: PRIMEIRO FRUTO: O construtor que continuou trabalhando na construção da igreja foi a primeira pessoa a ser batizada. A Centelha que Acendeu uma ogueıra F Acima: Léo Ojeda. Por Sonia Krumm Nikolaus E ra uma linda tarde de verão. O lago azul parecia um tapete ao pé dos picos nevados da Cordilheira dos Andes. As áreas mais baixas das montanhas eram cobertas por diferentes tipos de vegetação. Léo, que tinha 21 anos de idade, parou para tomar fôlego e olhar ao redor. A água corrente de um riacho refletia a expressão de felicidade do rapaz. A beleza da natureza o impulsionava a cantar em gratidão a Deus. Que pena que ele havia deixado seu acordeão em casa! O instrumento que ele tanto amava estava a mais de 2.400 quilômetros de distância, na casa de seus pais, em uma pequena cidade chamada Campo Hermoso. A paisagem no sul era de um mundo totalmente diferente de sua cidade natal, na província de Chaco, região norte da Argentina. As planícies alcançavam o horizonte, e os brancos campos de algodão circundavam as poucas árvores que sobrevivem às altas temperaturas da região. Léo arrumou o boné e continuou caminhando com seus amigos colportores. Era um lindo sábado à tarde. Não importava quanto já tinham andado e trabalhado naquela semana, visitando cada uma das casas, levando a palavra impressa a todos os cantos; sempre havia tempo para uma caminhada de sábado com os amigos! Era muito bom cantar, compartilhar experiências e orar juntos. E dificilmente haveria um melhor lugar para recuperar as forças para a semana seguinte. Léo pensou em seus pais, Délia e Hipólito Ojeda, que o viram sair cheio de esperança. Ele era o primeiro filho dos Ojedas a estudar numa escola adventista. Como seria bom se seu irmão Darío também pudesse estudar lá! Ele também pensou em Blanquita, sua irmã mais velha. Que bom se ela retornasse à fé adventista, da qual havia se desviado. E quão maravilhoso seria se seus três irmãos mais novos pudessem ao menos ter uma igreja para se reunir cantavam alegremente. Faltava apenas a voz de Léo! Havia algumas figuras coloridas na pequena parede da sala de estar. Léo havia criado pinturas e presenteado a mãe, antes de viajar ao sul da Argentina para vender livros que custeariam suas despesas escolares. Ele estava no penúltimo ano do curso de Comunicação Social na Universidade Adventista del Plata. Léo era o orgulho e esperança dos pais, alguém que – pensavam eles – poderia abrir as portas para que seus filhos mais novos também conseguissem estudar. Como a morte de um jovem cristão tornou-se uma bênção para centenas de pessoas. todos os sábados em sua cidade natal! Naquele momento, Léo orou: Obrigado, Senhor, pelas bênçãos que Tu tens derramado sobre mim! Obrigado porque meus pais me ensinaram a Te amar! Oro para que permaneças com minha família nesse exato momento e que eles também desfrutem da bênção de frequentar uma igreja, como eu. Ó Pai, eu Te amo tanto! Almejo o dia em que, finalmente poderei Te encontrar e Te abraçar! Esse é o meu maior sonho. Mas não quero estar sozinho. Oro para que minha irmã volte para os Teus braços, querido Deus. Obrigado pela linda paisagem; Tuas obras são maravilhosas! Eu Te amo, Senhor!* Lá na região norte, Délia, Hipólito e três de seus filhos estavam estudando a Bíblia. Todos os sábados, sua pequena casa se transformava em igreja doméstica. Hipólito tocava acordeão e Darío tocava violão. Todos na família escorregou e foi levado pela água. Ele não foi encontrado”, disse alguém por telefone. Três dias depois, seus amigos da universidade e sua família choraram quando ouviram a notícia mais temida: as equipes de resgate haviam encontrado o corpo de Léo. A viva e alegre centelha havia se apagado. Como esquecer um amigo tão querido? Como enviá-lo, assim, de volta à sua família? Que palavras seriam apropriadas para confortar Tempo de Chorar No sábado, 16 de fevereiro de 2008, o campus universitário, localizado na região central da Argentina, mais de 1.600 quilômetros ao norte do local onde Léo estava colportando, entrou em choque. A notícia fora devastadora: “Enquanto Léo Ojeda caminhava por um riacho com forte correnteza, Sonia Krumm Nikolaus é professora na Universidade Adventista del Plata, na Argentina. Ela, o esposo e os três filhos são membros ativos da JAM. Se quiser saber mais sobre esse projeto, escreva para [email protected]. Agosto 2010 | Adventist World 17 A R T I G O D E C A PA ouviram as confortadoras palavras compartilhadas pelo pastor Rodrigo Arias, o jovem capelão da universidade, que viajou até a cidade de Léo para esse triste evento. O maior impacto, entretanto, foi presenciar a paz que a família Ojeda mostrou diante dessa tragédia aparentemente insuperável. Os vizinhos comentavam: “Por mais que eles sejam religiosos, como podem suportar tanta dor sem gritar, desmaiar ou acusar alguém pelo infortúnio? De onde vem tanta força para que sigam vivendo e sorrindo, mesmo em meio às lágrimas? O que os torna tão fortes?” (JAM). Começaram pedindo que Deus enviasse as pessoas certas para o projeto e que lhes mostrasse algo ainda mais difícil: como conseguir o recurso para construir a igreja. Marcaram as férias de inverno, que estava apenas alguns meses à frente, como a data para o início da construção, e continuaram orando. O grupo cresceu e aumentava a cada dia. Logo, alguns professores da faculdade e líderes da igreja se uniram a eles. Os membros se organizaram e começaram a compartilhar o sonho com as outras igrejas locais. Pediram doações e começaram a bater de porta em porta na vizinhança. Também começaram a economizar para pagar a viagem e estada em Campo Hermoso. Esses jovens sentiram a mesma força motivadora que Léo havia sentido tantas vezes. Levados pela compaixão e motivados a servir, eles sonharam Tempo de Sonhar Poucas semanas mais tarde, o pastor Arias estava em seu escritório, lendo 2 Coríntios capítulo 8. Ele conhecia muito bem a história por trás desse texto bíblico. A igreja na Macedônia havia abraçado os irmãos e irmãs em 18 Adventist World | Agosto 2010 TEMPO DE ENSINAR: Muitas crianças são evangelizadas pelos alunos do curso fundamental em Campo Hermoso. K R U M M Jerusalém, não apenas em oração, mas enviando-lhes ajuda. Naquele momento, ele sentiu que Deus estava lhe dizendo algo: “Precisamos abraçar os Ojedas lá em Campo Hermoso. Devemos ir lá e construir uma igreja.” O pastor Arias falou sobre a ideia com Marly Müller, líder do grupo jovem da igreja da universidade. Juntos, começaram a orar para que o Senhor mostrasse o que fazer. Uma nova chama nasceu em seu coração e eles não deixariam que fosse apagada! Não precisaram esperar muito pela resposta. Quando falaram a outros jovens sobre o projeto, alunos de vários cursos e das mais variadas procedências começaram a orar juntos e a fazer planos com o mesmo objetivo: abraçar a família Ojeda, construindo uma igreja em sua cidade. Os alunos do ensino médio e da faculdade se uniram para formar o grupo Jovens Adventistas Missionários S O N I A aqueles pais enlutados? Como entender a morte de um jovem saudável, de 21 anos, que desejava apenas servir a Deus? A notícia também chocou a cidade natal de Léo. Embora muitos vizinhos não compartilhassem a fé da família Ojedas, todos naquela pequena cidade tinham carinho e respeito por eles. Enquanto Hipólito, o pai de Léo, trabalhava com manutenção e carpintaria nas casas dos vizinhos, frequentemente oferecia algum conselho, palavras de ânimo e até alguma receita vegetariana que havia aprendido. Os filhos dos Ojedas eram conhecidos na escola pelo bom comportamento, bondade e excelentes notas. Sempre que os outros pais perguntavam a Délia e Hipólito como seus filhos conseguiam não se envolver em problemas e com maus hábitos, eles aproveitavam ao máximo essas preciosas oportunidades para testemunhar de sua fé. Toda a cidade se reuniu para lamentar a morte do jovem Léo. Todos em dar conforto e respostas para uma pequena cidade que não conhecia Jesus. Hora de Construir Em julho de 2008, apenas cinco meses depois da morte de Léo, aconteceu algo incrível. Equipados com baldes, ferramentas de pedreiro, Bíblias e sacos de dormir, 25 moços e moças e seis adultos chegaram a Campo Hermoso, uma cidade onde as visitas são uma raridade. Enquanto metade do grupo começava a construir a igreja, a outra metade visitava os vizinhos, batendo em todas as portas e convidando as pessoas a comparecer, à noite, às reuniões especiais de estudo da Bíblia. Diziam algo parecido com isto: “Bom dia, somos estudantes da universidade adventista em que o Léo estudava e estamos visitando a cidade para compartilhar um pouco do que ele gostaria de compartilhar com seus vizinhos.” Em todos os lugares as portas eram abertas, e as pessoas respondiam: “Por favor, entre! Vocês eram colegas de classe do Léo! Que trabalho maravilhoso vocês estão fazendo aqui!” E as pessoas continuavam: “Como a família Ojeda ainda consegue viver feliz depois de tudo o que aconteceu?” Muitos diziam: “Estou tão deprimido; para mim, a vida não tem sentido. Como posso sentir a alegria que vocês demonstram?” Ou: “Estou cansado de ficar doente. Vejo que vocês realmente desfrutam a vida. Vocês têm uma aparência saudável e feliz. Quero saber qual é o segredo!” Todos os dias, antes do amanhecer e até tarde da noite, o grupo JAM se ajoelhava para agradecer a Deus por estar operando milagres. O fogo da missão incendiou Campo Hermoso. Logo que o sol se punha, visitantes e construtores eram transformados numa “perfeita” equipe de jovens evangelistas. Os próprios jovens dirigiam as reuniões, fazendo palestras sobre os oito remédios naturais e levando as pessoas a um encontro com Deus, à confiança em Sua Palavra e ao maravilhoso conforto de saber que Jesus está vivo e ama a todos. Toda a cidade ficou encantada. O prefeito declarou as palestras como de interesse municipal. Os membros da JAM foram entrevistados pela rádio local e realizaram palestras dirigidas aos pais e professores. Eles prometeram voltar com auxílio profissional para ajudar alguns vizinhos a superar o vício das drogas, álcool e fumo. Receberam centenas de matrículas para o curso bíblico e distribuíram muitas Bíblias, livros religiosos e revistas. Os dias, entretanto, passaram muito rápido. Quando as paredes da igreja estavam apenas na metade, contrataram um construtor local para continuar a obra. A administração da Igreja Adventista na província decidiu enviar dois instrutores bíblicos para ajudar às pessoas que estavam sedentas para conhecer mais sobre a Palavra de Deus. Hora de Agradecer A família Ojedas não está mais sozinha em sua cidade. Há centenas de vizinhos que agora compreendem a fonte de sua força. Os Ojedas recebem mais pedidos de ajuda do que podem atender. A nova missão ocupa a maior parte de seu tempo. Hipólito enfrenta dificuldade para manter seu trabalho na carpintaria e Délia está ocupada cuidando dos dois obreiros bíblicos que estão hospedados na casa deles. Tantas mudanças em tão pouco tempo! Em fevereiro de 2009, apenas um ano após o enterro de Léo, muitos habitantes da cidade já haviam encontrado respostas para suas perguntas. A construção da nave principal da igreja, incluindo o telhado e banheiros, estava pronta. Naquele momento, 26 pessoas entregaram a vida a Jesus e deram um testemunho público por meio do batismo. Uma das primeiras pessoas a ser batizada foi o construtor contratado para concluir o prédio da igreja. Aos sábados, muitas crianças participam da Escola Sabatina, mas reúnem-se ao lado da igreja, pois dentro não há espaço suficiente para elas. Muitos continuam estudando a Bíblia e há mais de setenta solicitações de cursos bíblicos. Aqueles que foram batizados estão se tornando instrutores bíblicos. Blanquita, a irmã mais velha de Léo, teve um novo encontro com Cristo e voltou para a igreja. Darío, o outro irmão, está estudando na Universidade Adventista del Plata. Mais de um ano depois, os jovens da JAM continuam com aquele sonho: ver concluído o prédio da igreja. Eles se reúnem a cada sábado para orar pela cidade que aprenderam a amar de todo o coração. Diariamente, às 7 horas da manhã, eles oram pelas pessoas que estão estudando a Bíblia e pelos novos conversos. Alguns deles, de vez em quando, viajam para Campo Hermoso para assistir a batismos e manter contato com os Ojedas e sua nova família da igreja. O grupo da universidade e os habitantes de Campo Hermoso até arrumaram um meio de fazer o culto juntos, usando um telefone celular ligado a uma caixa de som. Chama que Nunca Morrerá Os membros da JAM conseguiram colocar um telhado na igreja, que abriga mais de sessenta pessoas todos os sábados. A igreja está crescendo e será dedicada oficialmente no fim deste ano. Você pode imaginar a alegria que haverá no Céu quando isso acontecer? A maior necessidade, agora, é conseguir recursos suficientes para contratar um obreiro bíblico que possa atender o grande número de pessoas ansiosas por estudar a Palavra de Deus, em Campo Hermoso. Meu grande desejo, enquanto escrevo esta história, é estar presente no momento em que Léo acordar de seu sono e encontrar sua família, o lindo grupo da igreja de Campo Hermoso e os jovens universitários que realizaram aquele trabalho! Que maravilhosa reunião será aquela, quando Jesus nos abraçar e der as boas-vindas ao Seu reino, onde não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro! Finalmente, haverá respostas para todas as nossas perguntas não respondidas. Enquanto isso, Délia está sempre pronta. Todas as vezes que alguém pergunta como ela suportou a morte de seu filho, ela abre a Bíblia e lê com convicção: “‘Felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante’. Diz o Espírito: ‘Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão’” (Ap 14:13, NVI). *Essas palavras se baseiam em uma carta que Léo escreveu para Deus, poucos dias antes de sua morte. A carta foi encontrada na sua Bíblia. Agosto 2010 | Adventist World 19 C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S Dores do NÚMERO 11 Por Michael Mxolisi Sokupa Crescimento Crescimento Integral em Cristo C om frequência, as crianças e adolescentes sofrem de alguma dor de crescimento, até chegarem à vida adulta. A vida cristã não é uma exceção. Crescer em Cristo é um processo que leva à maturidade espiritual. Às vezes, isso envolve romper a ligação com os poderes espirituais que nos mantêm cativos e com falsos guias que nos prometem proteção e orientação. Essa libertação pode ser uma experiência dolorosa, especialmente para as pessoas que vêm de contextos culturais onde existem fortes laços comunitários. Mas, sem dúvida, com essa libertação, vem a alegre experiência de crescer em Cristo. Duas Comunidades em Tensão Quando alguém aceita a Cristo, abraçando a verdade bíblica e o estilo de vida adventista, às vezes surge uma tensão entre a comunidade em que ele nasceu e foi criado e a comunidade de fé a qual ele agora pertence. Alguém que aceita a Cristo não pode mais confiar no apoio espiritual de divindades, feiticeiros e “espíritos ancestrais” para ajudá-lo a enfrentar os demônios e as forças do mal. Médiuns, quiromantes (aqueles que leem as mãos) e adivinhos não mais o atraem. Toda ligação com líderes espiritualistas tem de ser rompida, e o filho recém-nascido de Deus deve confiar apenas no ministério de mediação, providência e proteção de Cristo. A Bíblia relata que o rei Saul, em uma situação de desespero, foi à procura de médiuns (1Sm 28:6, 7). O próprio Saul havia eliminado “os médiuns e os que consultam os espíritos da terra de Israel” (verso 9).* Portanto, ele estava voltando ao antigo caminho de apostasia e rebelião. Michael Mxolisi Sokupa, Ph.D., é professor de Novo Testamento no Helderberg College, África do Sul. É casado com Zanele e tem três filhos. 20 Adventist World | Agosto 2010 Paulo faz um desafio aos cristãos de Colossos, que estavam sendo persuadidos a misturar suas antigas práticas pagãs com a fé cristã. Em Colossenses 2:20, ele pergunta: “Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo [os espíritos do mal], por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a regras” impostas pelos falsos mestres? A vida cristã não é compatível com nenhum poder espiritual controlado pelas forças do mal. Quebrando as Cadeias O indivíduo que tem laços com o mundo espiritualista enfrenta certos perigos. Quando ele fica doente e sofre infortúnios, isso será entendido como diretamente associado à rejeição de uma ajuda espiritual. Quebrar os laços com os líderes espiritualistas no contexto de tais comunidades, entretanto, significa lidar de uma nova maneira com os ritos de passagem e com a vida na comunidade. É muito difícil para um indivíduo conviver com uma comunidade imersa num emaranhado de “espíritos ancestrais” e líderes espiritualistas. Paulo escreveu as seguintes palavras de motivação aos colossenses, que enfrentavam desafios similares: “E, por estarem nEle, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude” (Cl 2:10). Isso não significa que esses poderes e autoridades (ou seja, os espíritos malignos) estão em harmonia com Cristo, mas que são dominados por Ele. O texto bíblico continua: “E, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz” (Cl 2:25). Nenhum cristão precisa se sentir ameaçado pelas forças do mal. A Transição A pessoa que antes confiava nos espíritos e em médiuns agora confia apenas em Deus. Durante essa transferência de confiança e fidelidade, é possível que o novo cristão sinta medo de que surjam problemas. Enquanto a tensão com a Quem aceita a Cristo deixa de confiar em espíritos e guias, e passa a confiar apenas em Deus. família ou comunidade estiver aumentando, a fé precisa se tornar mais forte. Esse é o período mais crítico, e a família da igreja deve oferecer apoio. O novo seguidor de Cristo não deve romper o relacionamento com as pessoas – a comunidade e membros da família que acreditam nos espíritos –, mas romper com o sistema espiritualista. Isso significa que o cristão continuará a amar sua família e comunidade, e irá ajudá-los a conhecer e a apreciar sua nova vida em Cristo. Paulo encoraja os cristãos que estavam nessa transição e lhes oferece o apoio necessário: “Eu lhes digo isso para que ninguém os engane com argumentos que só parecem convincentes. Porque, embora esteja fisicamente longe de vocês, em espírito estou presente, e me alegro em ver como estão vivendo em ordem e como está firme a fé que vocês têm em Cristo” (Cl 2:4, 5). A Curva de Crescimento Quando uma pessoa assume um firme compromisso com Cristo, a comunidade de irmãos na fé se torna sua nova família. Novos relacionamentos são formados e surge um novo modo de vida. Essa transformação gradual afeta todas as áreas da vida. Várias figuras e metáforas são usadas nas Escrituras para descrever esse tipo de crescimento. Uma dessas figuras é o desenvolvimento de uma planta: “os justos florescerão [...] crescerão [...] darão fruto [...] permanecerão viçosos e verdejantes” (Sl 92:12-14; veja também Sl 144:12). O crescimento cristão é um processo gradual e requer tanto paciência da pessoa como a providência divina (Mc 4:26). Outra figura utilizada nas Escrituras para descrever o crescimento espiritual é o crescimento humano: “Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que, por meio dele, cresçam para a salvação” (1Pe 2:2, 3). Esse crescimento leva à maturidade espiritual; os cristãos não buscarão apenas o “leite”, mas o “alimento sólido”, que é a doutrina cristã baseada nas Escrituras e centralizada em Cristo (1Co 3:1-3; Hb 5:11-14). O crescimento espiritual será evidente em todas as áreas da vida cristã: o conhecimento de Deus, obras altruístas, fé centralizada em Cristo e assim por diante (veja Cl 1:10; 2Pe 3:18; 2Ts 1:3). Esse crescimento não é focado em nós mesmos, mas em Jesus, o Cabeça de tudo (Ef 4:15). Crescer em Cristo significa, portanto, um desenvolvimento, mudança e crescimento na vida do indivíduo que aceitou a Cristo. No processo de desenvolvimento da fé, os cristãos podem passar por muitas dores. Mas a alegria de crescer em Cristo supera qualquer perda aparente ou experiência dolorosa. Crescer em Cristo significa deixar de se dedicar às forças das trevas para ser fiel e submisso apenas a Cristo. Envolve passar tempo de qualidade com o novo Mestre, pelo estudo da Bíblia e uma dinâmica vida de oração e comunhão. Também significa crescer na fé e no amor a Deus e ao próximo, e alcançar a maturidade espiritual em todos os aspectos da vida. *Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. Crescimento em Por Sua morte na cruz, Jesus triunfou sobre as forças do mal. Tendo subjugado os espíritos demoníacos durante Seu ministério terrestre, quebrantou-lhes o poder e garantiu sua condenação final. A vitória de Jesus nos dá a vitória sobre as forças do mal que ainda procuram controlar-nos, enquanto caminhamos com Cristo em paz, gozo e na segurança de Seu amor. Agora, o Espírito Santo mora em nosso interior e nos dá poder. Continuamente consagrados Cristo a Jesus como nosso Salvador e Senhor, somos libertos do fardo de nossas ações passadas. Não mais vivemos nas trevas, sob o temor dos poderes do mal, da ignorância e insensatez da nossa antiga maneira de viver. Nesta nova liberdade em Jesus, somos chamados a crescer à semelhança de Seu caráter, mantendo comunhão diária com Ele por meio da oração, alimentando-nos de Sua Palavra, meditando nela e na providência divina, cantando Suas bênçãos, reunindo-nos para adorá-Lo e participando na missão da Igreja. Ao nos dedicarmos ao serviço amorável em favor dos que nos rodeiam e ao testemunharmos da salvação de Cristo, a presença constante do Senhor em nós, por meio do Espírito, transformará cada momento e cada tarefa em uma experiência espiritual. (Sl 1:1, 2; 23:4; 77:11, 12; Cl 1:13, 14; 2:6, 14, 15; Lc 10:17-20; Ef 5:19, 20; 6:12-18; 1Ts 5:23; 2Pe 2:9; 3:18; 2Co 3:17, 18; Fl 3:7-14; 1Ts 5:16-18; Mt 20:25-28; Jo 20:21; Gl 5:22-25; Rm 8:38, 39; 1Jo 4:4; Hb 10:25.) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº 11 Agosto 2010 | Adventist World 21 D E S C O B R I N D O O E S P Í R I T O D E O local era uma estação de trem. Era uma tarde de domingo, em 1884, quando Ellen White e um grupo de pessoas estavam na estação de trem de Mojave Desert. O grupo estivera participando da assembleia mundial da Igreja Adventista. Dois vagões de trem foram fretados para transportar os participantes de volta a Oakland, Califórnia, onde, na época, estava localizada a sede da Igreja Adventista na Costa Oeste dos Estados Unidos. Como teria que esperar na estação por várias horas, o grupo teve a ideia de realizar uma reunião evangelística durante esse tempo. O plano era simples: eles se espalhariam pela cidade para fazer uma rápida divulgação. Os funcionários da estação de trem atenderam ao convite. E também o editor do jornal N E L L E G . E W H I T P R O F E C I A existencial. Ela caiu inconsciente. Após recobrar consciência, ela se convenceu de que estava morrendo. Tempos depois, escreveu: “Eu queria ser cristã e orei pedindo perdão pelos meus pecados da melhor maneira que podia.”2 Estando no leito de morte, e tão jovem, seria fácil entregar-se a Cristo. Segundo Merlin Burt, diretor do Centro de Pesquisas Adventistas, uma eventual entrega não seria “dificultada por questões sobre como viveria para Jesus e que decisões tomaria durante a vida inteira. Quando ela descobriu que não morreria, foi levada à próxima etapa em seu processo de conversão”.3 Mais tarde, Ellen teve dois sonhos, que a levaram novamente a refletir sobre a vida espiritual.4 Foi depois do segundo sonho que ela confidenciou seu medo à mãe, que T E E S TA Ellen White como Evangelista Por Michael W. Campbell da cidade. Muitas pessoas de toda a cidade foram ouvir a pregação daquela senhora – Ellen White. Qual foi o tema de seu discurso? Ela se baseou no texto de Mateus 6:25-34, onde Jesus fala sobre as preocupações.1 Essa reunião improvisada não era incomum para Ellen White. Durante toda a vida, ela falou sobre Jesus em diversas circunstâncias incomuns. Embora ela seja mais conhecida por seu ministério profético e pelos livros que escreveu, sua paixão pelo evangelismo era evidente em tudo o que fazia. Essa era uma de suas qualidades mais marcantes, que começou em sua conversão e permaneceu por toda a vida. A Conversão de Ellen White Quando Ellen tinha apenas 9 anos de idade, uma colega de classe atirou uma pedra em seu rosto, dando início a uma crise 22 Adventist World | Agosto 2010 convidou Levi Stockman, jovem ministro metodista, para visitar a filha. Durante o pouco tempo que passou com ele, Ellen obteve “mais conhecimento sobre o assunto do amor de Deus e de Sua compassiva ternura, do que de todos os sermões e exortações que já ouvira”.5 Posteriormente, Ellen White tornou-se uma evangelista apaixonada. Ela sentiu a “segurança da presença do Salvador”, o que a capacitou a “louvar a Deus” até mesmo “pelos infortúnios” que tanto a haviam traumatizado.6 Tímida por natureza, ela ousou orar em público pela primeira vez. Seguindo uma prática comum entre os norte-americanos durante o Segundo Grande Reavivamento (que ocorreu entre 1790 e a década de 1840), Ellen contou publicamente seu testemunho e expressou o desejo de compartilhar a fé com outros. Ela começou a organizar reuniões com amigas e orava com elas até que, finalmente, “todas se converteram a Deus”.7 Evangelista Pessoal Embora Ellen White tenha sido, sem dúvida, um dos evangelistas mais proeminente na Igreja Adventista durante sua época, ela nunca perdeu de vista a importância de falar de Jesus por meio do contato pessoal e individual. No verão de 1853, Tiago e Ellen White viajaram pelas florestas do estado do Michigan. O cocheiro supostamente conhecia bem o caminho, mas se perdeu. O dia estava muito quente, e a sra. White desmaiou duas vezes no percurso. Eles viajaram por terrenos acidentados, “por cima de toras e árvores derribadas”. Ellen White estava com tanta sede, que sentia como se tivesse morrendo numa viagem pelo deserto. “Riachos com água fresca”, disse ela mais tarde, “pareciam estar à minha frente; mas, à medida que passávamos por eles, via que era ilusão.” Aquilo que deveria ser um passeio matinal de 25 quilômetros se tornou um evento que durou o dia inteiro. Quando finalmente avistaram uma clareira, chegaram a uma cabana feita com toras de madeira. Os moradores os cumprimentaram, ofereceram algo para comer e beber, e rapidamente todos se tornaram amigos. Ellen White falou com uma mulher sobre temas religiosos, inclusive sobre o amor de Deus, o sábado e o breve retorno de Jesus. Ellen entregou a ela algum material religioso, inclusive um exemplar da Review and Herald (na época, Revista Adventista dos EUA). Vinte e dois anos mais tarde, Ellen White encontrou essa mesma senhora em uma reunião campal no Michigan. “Indagou se eu não me lembrava de haver feito uma visita em uma casa de toras de madeira, na floresta. [...] Ela declarou haver emprestado aquele livro [Christian Experience and Views, atualmente disponível em Primeiros Escritos, p. 11-83] aos vizinhos, ao se estabelecerem novas famílias ao seu redor, até que o mesmo já se achava todo gasto. [...] Ela disse que quando eu a visitara, falara de Jesus e das belezas do Céu, e que as palavras haviam sido proferidas com tanto fervor, que ela ficara encantada, e nunca as esquecera.” Ao refletir sobre esse fato, Ellen White compreendeu, depois de tantos anos, que aquele trajeto “nos havia parecido muito misterioso, mas ali encontramos um bom grupo, agora crentes na verdade”.8 Evangelista em Sua Própria Família Alguém pode pensar que Ellen White sempre obteve sucesso em seus esforços evangelísticos. Mas, entre as pessoas que teve maior dificuldade para evangelizar, estavam seus parentes. Durante o verão de 1872, Tiago e Ellen White visitaram as montanhas do Colorado. Vários parentes estavam com eles, inclusive a sobrinha Mary, filha da irmã mais velha de Ellen. Em seu diário, Ellen White escreveu sobre as caminhadas relaxantes pela natureza. Em uma dessas caminhadas o grupo sentou-se sob uma árvore enquanto “tia Ellen” lia o livro Spiritual Gifts (Dons Espirituais). Ellen White relata como Mary ficou “profundamente interessada” nas coisas de Deus. Ao término dos momentos em que estiveram juntos, houve um período de oração, durante o qual Mary orou. A sra. White estava tão preocupada com o bem-estar espiritual da sobrinha que não apenas permitiu que ela permanecesse com eles, mas deu-lhe até um emprego como assistente literária (secretária) para que a auxiliasse em seus escritos. Cinco anos depois daquele encontro nas montanhas, ela escreveu uma carta pedindo a Mary que entregasse o coração a Cristo. “Não quero pressioná-la”, escreveu tia Ellen, “não quero impor-lhe nossa fé ou forçá-la a crer. Nenhum homem ou mulher terá a vida eterna a menos que a escolha por si mesmo. [...] Espero que você não diga o mesmo que sua mãe sobre o sábado: que ‘arriscaria’ transgredi-lo. [...] Ainda tenho esperança de que ela aceitará a verdade. [...] Escrevo com amor, e escrevo porque não me atrevo a deixar de fazê-lo.” Infelizmente, não sabemos como Mary respondeu à carta da tia, e não há qualquer evidência de que algum dia ela aceitou a verdade bíblica do sábado.9 Conclusão Ellen White foi um dos evangelistas mais influentes da história da Igreja Adventista do Sétimo Dia. É verdade que seu ministério profético foi importante e continua a exercer uma grande influência entre os adventistas. Seu ministério era profundamente firmado em um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Sua paixão era falar de Jesus às pessoas. Inicialmente, ela teve resistência para falar em público, mas o grande desejo de falar de Jesus aos outros superou a insegurança. Tanto em público como em particular, Ellen White foi eficaz como evangelista porque levava Jesus àqueles que estavam ao seu redor. 1 Esse incidente está relatado em James R. Nix, Advent Preaching (Silver Spring, MD: North American Division Office of Education, 1989). O conteúdo do discurso de Ellen White encontra-se em Review and Herald, 24 de fevereiro de 1885. 2 Ellen G. White, Spiritual Gifts (Battle Creek, MI: Seventh-day Adventist Publishing Association, 1860), v. 2, p. 9. 3 Merlin D. Burt, notas de sala de aula, Andrews University, GSEM 534 (maio de 1998), p. 3; idem, “Ellen G. Harmon’s Three-Step Conversion Between 1836 and 1843, and the Harmon Family Methodist Experience”, pesquisa não publicada, Andrews University, março de 1998. 4 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 1, p. 23-29. 5 Ibidem, p. 30. 6 Ellen G. White, Life Sketches of Ellen G. White (Mountain View, CA: Pacific Press, 1943), p. 39. 7 ______, Vida e Ensinos, p. 33. 8 ______, Evangelismo, p. 448, 449; veja Arthur L. White, Ellen G. White: The Human Interest Story (Washington, DC: Review and Herald, 1972), p. 69-71. 9 Ellen G. White, diário, 27 de julho de 1872; idem, carta 6, 1877; White, Ellen G. White, p. 68, 69. Michael W. Campbell, Ph.D., é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Montrose e Gunnison, no oeste do Colorado, EUA. Agosto 2010 | Adventist World 23 A RT I G O E S P E C I A L De Volta aos Perıgos S Espırıtuaıs e escrevo sobre a Criação e o dilúvio, fico sob a mira do ataque de alguns. Se falo sobre a santidade do casamento e da família, diante da confusa sociedade atual, desperto alguns comentários de preocupação. Se o assunto for o sábado, alguém certamente ficará ofendido. E a lista continua. Eu já sabia o que iria acontecer. Mesmo assim, não tive receio de escrever sobre o livro A Cabana (“Perigos Espirituais”, Adventist World, maio de 2010). O resultado foi uma pequena tempestade sobre minha cabeça. Respostas a Cartas Por Roy Adams Elogios e Defesas Devo começar dizendo que nem todas as reações foram negativas. Quando fui à igreja, uma semana depois que o artigo foi publicado, Nik Satelmajer, editor da revista Ministry (Ministério dos EUA), me chamou de lado. “Esse foi perfeito!”, disse ele. O pastor, de ouvido aguçado, ouviu o comentário de dentro da sala pastoral e saiu para se unir aos aplausos. Recentemente, ele havia ouvido algumas discussões em um colégio adventista próximo e ficou feliz porque alguém decidiu falar sobre o assunto. Outros escreveram em minha defesa. Entre eles, o dr. Edwin Reynolds, professor de Teologia na Southern Adventist University, expressou surpresa pelo grande “número de adventistas aclamando A Cabana, sem ver nada de errado no livro”. Carla Baker, de Laurel, Maryland, escreveu para me agradecer 24 Adventist World | Agosto 2010 por “ter coragem de falar contra algumas práticas que ameaçam a essência da mensagem adventista”. Karri Walde, da Walla Walla University, Washington, D.C., elogiou-me por “falar contra o mal da acomodação, que está se alastrando em nossas igrejas”. Karri, no entanto, achou “absolutamente espantoso” o fato de eu sugerir que os professores peçam a leitura desse livro como trabalho de aula. Ela escreveu: “Se os professores fizerem isso, é porque concordam com tudo que está no livro”, disse ela. Em realidade, não precisamos pensar assim. O importante é o acompanhamento e a leitura crítica. Não é afastando os alunos de tudo que não é estritamente ortodoxo que damos a eles uma formação intelectual sólida. O que precisamos é fornecer uma base espiritual inteligente e bem-informada, para que estejam prontos ao encontrarem ideias e influências antibíblicas. Críticas Negativas Recebi outras cartas interessantes, que criticavam alguns aspectos da minha posição. Três exemplos: 1. Leitor A: “Como capelã adventista de um lar para idosos, um ambiente sensível a questões relativas à morte, tenho sérias preocupações sobre o artigo de Roy Adams. Penso, às vezes, que meus irmãos e irmãs adventistas não têm ideia da dor espiritual e sentimento de repulsa que pode resultar de uma defesa indiscriminada da nossa doutrina sobre o estado dos mortos. Fico surpresa ao perceber que Roy Adams e Oscar Cullmann [renomado teólogo luterano, já falecido, que defendia o ensino bíblico sobre a morte e rejeitava a imortalidade da alma] nãopercebem a profunda antipatia e implicações emocionais que essa doutrina provoca nas pessoas.” A leitora continua: “Para uma pessoa que perdeu um filho, cônjuge ou algum outro membro da família, o que estamos falando é que seus queridos não existem mais! É muito triste dizer que os ossos e a carne apodrecem e se transformam em nada. Quando alguém perde uma pessoa que amava muito, mas ouve que seu amigo adventista crê que não há uma alma para Deus cuidar, nem um lugar de felicidade para onde seus queridos possam ir, é muito doloroso e ofensivo.” 2. Leitor B: “O sr. Adams inicia o artigo criticando a maravilhosa canção ‘AveMaria’. [Eu não fiz isso!] Sou adventista de quarta geração e descendente de um presidente de União. Incomoda-me ver a demonstração de mente estreita no artigo de Roy Adams. Acredito que a Bíblia ensina que a alma é imortal [itálico acrescentado]. Afirmar que alguém que pensa de forma diferente está no ‘trampolim para o espiritualismo’ é – digo mais uma vez – demonstração de uma mente muito estreita.” Não consegui acreditar que alguém que se denomina “adventista de quarta geração” escreveu isso sobre a alma. 3. Leitor C: “Fiquei muito desapontado porque Roy Adams não foi capaz de deixar de lado uma diferença teológica relativamente pequena e ver a beleza da mensagem do livro. Por tê-lo lido, concordo plenamente com a ideia de Eugene Peterson de que ‘esse livro tem o potencial de fazer por nossa geração o que O Peregrino, de John Bunyan, fez pela dele’. E, contrário à impressão de Roy, o único objetivo do livro é apresentar um retrato de Deus que seja mais acessível e mais aberto aos relacionamentos do que o Deus seco que as religiões costumam descrever. “Roy baseia toda a sua argumentação sobre uma pequena cena em que Mack, o personagem principal, vê e abraça sua filha morta numa visão criada por Deus. Segundo a Bíblia, Moisés morreu e foi enterrado, mas apareceu na transfiguração de Cristo (Mt 17:1-13), não apareceu? Como esse fato pode ser explicado à luz da ideologia adventista sobre o estado dos mortos? “O comentário de Roy sobre a natureza ‘relacional’ de Deus, comparando o Deus de A Cabana com o Deus de Jeremias... o que é isso?! Compare o Deus do Antigo Testamento com o Deus do Novo Testamento (exceto pelo Apocalipse) e você encontra um enorme contraste na própria Palavra de Deus. Então, o argumento de Roy é nulo e vazio. Fiquei muito desapontado, desanimado e indignado ao ver esse artigo, pois ele é muito prejudicial para a ‘marca’ adventista, usando as palavras de Roy.” Alguém pode pensar: Será que o leitor realmente não sabe por que os adventistas não têm problema com o fato de Moisés aparecer na Transfiguração? Estranho! E ele sugere um vasto contraste entre o “Deus do Antigo Testamento” e o “Deus do Novo Testamento”, se deixarmos de fora o livro de Apocalipse. Se quiser, deixe de fora o que o Apocalipse fala sobre a “ira” e a justiça de Deus. Mas o que dizer de muitos outros textos do Novo Testamento que também apresentam esse aspecto do caráter de Deus? Veja, por exemplo, Mateus 7:21-23; 18:5 e 6; 23:1336; 2 Tessalonicenses 1:5-10; Hebreus 10:26-31; 12:18-29; 2 Pedro 3:3-13; Judas 5-16. O Novo Testamento está cheio dessas passagens “embaraçosas”. Minha Opinião: Três Coisas Sobre Essas Cartas 1. Irritação. É como se eu tivesse violado algo muito sagrado para esses leitores. O autor de A Cabana tem todo o benefício da dúvida; eu não tenho nenhum. Meu artigo deixou o Leitor C “desapontado, desanimado e indignado”. (Será que amor e relacionamento, o pensamento central de A Cabana, nem sempre é importante?) Nessa atmosfera mal-humorada, o que esses leitores não perceberam é que o objetivo do meu artigo nunca foi condenar A Cabana, mas questionar seu endosso irrestrito aos nossos jovens. 2. Confusão e desinformação sobre nossas crenças a respeito do estado dos mortos. Veja, novamente, a carta do Leitor A. É triste saber que, às vezes, ainda no colégio, nossos alunos são ensinados a “não impor” nossas crenças sobre o estado dos mortos a uma família ou congregação não adventista enlutada. Isso é tão elementar que balancei a cabeça ao ler a repreensão feita a mim. Além disso, fiquei surpreso pela extrema “cautela” recomendada, porque “os ensinos bíblicos sobre o assunto podem ferir e ofender”. Ao contrário! No último funeral que realizei, meu texto para reflexão foi João 10:27-30. Leia essa passagem e diga onde podemos encontrar uma mensagem mais bela e cheia de esperança?! A mensagem da ressurreição deve despertar o desejo por um mundo melhor, uma nova Terra. 3. Ingenuidade. Talvez o próprio Eugene Peterson teria rido ao ver suas palavras – uma hipérbole promocional de capa de livro – serem “ingeridas” com tanto entusiasmo pelo leitor C. Será que algum crítico literário ou teólogo seria capaz de fazer a crédula afirmação de que A Cabana possui a mesma profundidade teológica, literária ou filosófica que O Peregrino, de John Bunyan? No artigo, descrevi A Cabana como “um sonho envolvido por torpor dentro de um trabalho de ficção. Tudo é fluido, esotérico e místico”. No entanto, esses leitores acham a obra altamente recomendável, uma fonte soberba, onde os pós-modernos podem ter uma ideia clara do tipo de Deus que nós temos. (Talvez a Bíblia seja muito imprecisa?!) Mas, e depois que mostrarmos o agradável Deus de A Cabana para os pós-modernos, o que faremos? Estaremos prontos para permitir que se encontrem com o Deus de toda a Bíblia? As Escrituras revelam um Deus infinitamente mais atraente e misericordioso que A Cabana poderia descrever. Mas também um Deus que é infinitamente mais complexo; um Deus que não pode ser reduzido a um simples atributo ou característica. Se queremos desenvolver cristãos inteligentes e sólidos, é melhor que sejamos totalmente honestos com nossa audiência e não camuflar a mensagem. De fato, elevar A Cabana quase ao nível do texto sagrado é tolo e ingênuo. Uma ficção imaginativa, embora bem-intencionada, nunca pode estar acima da Palavra de Deus. Roy Adams é editor associado da Adventist World. Agosto 2010 | Adventist World 25 P E R G U N TA S B Í B L I C A S P E R G U N T A : Você não acha que os sacrifícios do Antigo Testamento eram uma crueldade com os animais? N ão, eu não acho. Hoje, a ideia de matar animais em uma cerimônia religiosa é estranha para a maioria das pessoas. Pensamos mal a respeito daqueles que matam animais por razões religiosas ou supersticiosas. É verdade que o povo de Israel tinha o costume de oferecer sacrifícios de animais ao Senhor, mas devemos ler o texto bíblico de acordo com seu próprio significado e objetivo. O sistema de sacrifícios tinha três objetivos principais: devocional, alimentar e teológico. 1. Expressão de sentimentos religiosos. Os israelitas costumavam oferecer sacrifícios para expressar gratidão e alegria ao Senhor: “Ofereçam também sacrifícios de comunhão, e comam e alegrem-se na presença do Senhor, o seu Deus” (Dt 27:7).* Às vezes, era oferecido a Deus o produto da terra, especialmente cereais (Lv 2:1-10; 23:9-11); mas, na maioria das vezes, a pessoa oferecia sacrifícios de animais. O valor da oferta era proporcional ao nível de gratidão que queriam expressar e à condição financeira da pessoa. Alguns tinham condições de oferecer um touro; outros, de oferecer apenas uma ovelha ou um cabrito; ainda outros tinham condições de oferecer apenas uma ave (Lv 1:3, 10, 14). Oferecer um touro ou a fêmea de algum animal seria o mesmo que, hoje, doar na igreja uma oferta de elevado valor. Lembre-se de que os animais eram a “conta bancária” dos israelitas. 2. Interesse alimentar. Com frequência, os sacrifícios de animais uniam os interesses religioso e alimentar. Esse era particularmente o caso das “ofertas de comunhão” (ou “ofertas pacíficas”, na versão Almeida Revista e Atualizada). Essas ofertas eram levadas ao Senhor por razões religiosas específicas; mas, ao mesmo tempo, a carne do animal era distribuída em uma refeição comunitária (Lv 7:12-18). Durante algumas festas religiosas, o rei oferecia grande quantidade de sacrifícios para providenciar carne para o povo naquelas ocasiões (1Cr 29:21, 22). Em casos assim, o povo era beneficiado pela riqueza do rei, sem ter que mexer em sua própria “conta bancária”. Os israelitas obtinham carne para alimentação por meio do abate rotineiro (ou secular) e da caça de animais limpos (Dt 12:15; Lv 17:13). Nesse caso, em vez de o sangue O ser derramado na base do altar (o que ocorria nos sacrifícios), era derramado no chão e coberto com terra. Esse ato mostrava respeito pela vida do animal como uma criatura de Deus (cf. Gn 9:4; Lv 17:11). 3. Expiação e sacrifício. Do ponto de vista teológico, o sacrifício de animais era um símbolo da reconciliação com Deus e da remoção do pecado e impureza (Lv 4). Na maioria dos casos, a expiação (ou seja, reconciliação e purificação) era realizada por meio de uma vítima do sacrifício, cujo sangue tornava possível a remoção do pecado e impureza dos pecadores arrependidos. A teologia do santuário demonstra ser muito importante, porque esclarece a natureza do pecado e da expiação. O uso de uma vítima do sacrifício mostra a ligação entre pecado e morte, expiação e vida. Os sacrifícios revelam que o pecado não pode ser separado do seu resultado, a morte. A melhor maneira de expressar essa verdade era por meio do ritual da morte de um animal. O fato de que o animal era uma vítima inocente indicava o alto preço da redenção. Os pecaPor dores arrependidos podiam Ángel Manuel voltar para casa perdoados e Rodríguez vivos; mas somente porque uma vida foi oferecida em sacrifício no lugar deles. Essa dimensão teológica dos sacrifícios está no centro do conceito bíblico de redenção, e encontrou sua expressão mais profunda na morte sacrifical do Filho de Deus. Nos sacrifícios de animais e na morte de Cristo, a morte causava dor no coração de Deus, bem como no coração dos verdadeiros adoradores. 4. O sofrimento dos animais. A morte de animais nos sacrifícios trouxe consigo a dor e o sofrimento. Não temos certeza de como os animais eram mortos, mas estudiosos sugerem que o verbo hebraico shachat (traduzido como “ser morto”) em realidade significa “cortar a garganta”. Nesse caso, a única dor era a do corte, que drenava o sangue e imediatamente deixava o animal inconsciente. A intenção divina era reduzir ao mínimo o sofrimento, o que mostra que Deus Se importava com os animais. Séculos depois de Moisés, a tradição judaica requeria que a faca usada fosse afiada e polida para evitar que a vítima sofresse dor desnecessária. Salário do Pecado 26 Adventist World | Agosto 2010 *Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. Ángel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral. E S T U D O B Í B L I C O Verdade ou Consequências Por Mark Finley O pecado tem enormes consequências. Quando Adão e Eva pecaram no jardim do Éden, abriram as portas para a dor, doenças e morte. Deus é a fonte da vida. Separados dEle, nossos primeiros pais se entregaram a uma vida de sofrimento. A obediência produz alegria; a desobediência resulta em tristeza. Falando sobre o assunto, Davi escreveu: “Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da Tua presença, eterno prazer à Tua direita” (Sl 16:11).* Jesus disse: “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (Jo 10:10). Nesta lição, estudaremos as trágicas consequências do pecado e o maravilhoso plano de Deus para nos libertar das consequências de nossas más escolhas. 1. Qual foi a primeira mentira de Satanás? “Disse a serpente à mulher: ‘Certamente não morrerão!’” (Gn 3:4). A declaração de Satanás contradiz frontalmente as advertências de Deus sobre não comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Descreva, em suas próprias palavras, qual era o motivo do conflito entre Deus e Satanás no jardim do Éden. 2. Como o relacionamento de Adão e Eva com Deus mudou depois que pecaram? “Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim” (Gn 3:8). Quando Adão e Eva pecaram, eles se 3. de Deus. Como o pecado afeta nosso relacionamento com Deus? “Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dEle, e por isso Ele não os ouvirá” (Is 59:2). O pecado nos de Deus. Uma das trágicas consequências do pecado é que ele destrói nosso relacionamento com Deus. A desobediência às ordens expressas de Deus levanta uma barreira entre Ele e nós. Devido à culpa pelos nossos pecados, nos escondemos da gloriosa presença de Deus. O pecado provoca vergonha, culpa e condenação. Ele nos deixa com um sentimento de vazio no coração. 4. A quem Adão culpou por sua própria desobediência? Qual foi o resultado do pecado no relacionamento entre nossos primeiros pais? “Disse o homem: ‘Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi’” (Gn 3:12). Como Adão tentou justificar seu comportamento? Agosto 2010 | Adventist World 27 O pecado destrói relacionamentos não apenas com Deus, mas também com as pessoas ao nosso redor. Adão culpou Eva pela escolha errada que ele mesmo havia feito. Caim atacou com raiva a seu irmão Abel, e o matou (Gn 4). Por causa da rebeldia do coração humano contra Deus, a culpa, raiva, amargura e discórdia existem ao longo dos séculos, desde aquela época. 5. Que efeito teve o pecado sobre o meio ambiente e a natureza? “E ao homem [Deus] declarou: ‘Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual Eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida’” (Gn 3:17). “Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto” (Rm 8:22). Em resultado do pecado, a foi amaldiçoada e toda a geme até agora. O pecado afetou todo o planeta Terra. A consequência do pecado é a destruição do relacionamento com Deus, de uns com os outros e com o meio ambiente. 6. Por que Jesus veio a esse planeta contaminado pelo pecado? “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (Jo 10:10). “Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10). Jesus veio ao planeta Terra por duas razões principais: Para que tenhamos , e a tenhamos plenamente. Para e aqueles que estavam perdidos. Jesus veio para restaurar tudo que havia sido perdido em consequência do pecado. Ele deseja restaurar nosso relacionamento com Deus e de uns com os outros. O plano de salvação também inclui restaurar a Terra, para que se torne ainda mais bela que era antes do pecado. 7. Que grande promessa Deus nos faz em Sua Palavra? “Pois vejam! Criarei novos Céus e nova Terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!” (Is 65:17). “Todavia, de acordo com a Sua promessa, esperamos novos Céus e nova Terra, onde habita a justiça” (2Pe 3:13). “Então vi novos Céus e nova Terra, pois o primeiro Céu e a primeira Terra tinham passado; e o mar já não existia” (Ap 21:1). Deus promete nos criar novos e nova . O pecado tem consequências terríveis. Mas, em tudo isso, Deus tem a última palavra. Um dia, o pecado desaparecerá para sempre. Nosso lar será um novo Éden, e lá viveremos em harmonia com Deus, uns com os outros e com o meio ambiente. O amor e a alegria, a paz e a saúde, a harmonia e a gratidão encherão a Terra. A promessa de Deus enche nosso coração de esperança. Vale pena viver em função disso! * Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional. O estudo bíblico do próximo mês será “O Último Apelo de Amor”. 28 Adventist World | Agosto 2010 Intercâmbio Mundial C A R TA S Servindo em Nome de Jesus Muito obrigada pelo artigo intitulado “Em Nome de Jesus”, de Lowell C. Cooper (junho de 2010). Foi muito esclarecedora a explanação sobre o ministério de Cristo quando esteve na Terra e como deve ser nossa missão, uma vez que devemos continuar Sua obra. Tenho a impressão de que, em geral, as atividades evangelísticas são medidas em termos do crescimento da igreja, mas colocamos pequena ênfase no ministério da educação e do serviço. Esse artigo apresentou o assunto com o devido equilíbrio. Gostaria que fossem publicados mais artigos sobre o trabalho humanitário. Judith Jamison-Payne Keene, Texas, EUA Descobertas Científicas Escrevo a respeito do artigo “A Longa Jornada de Joana”, de Gerhard Padderatz (abril de 2010). O artigo declara que o professor Harald zur Hausen recebeu o Prêmio Nobel por descobrir que o câncer de útero é causado por um vírus. Ellen White já não havia falado sobre o “germe do câncer”, há mais de cem anos? O Patrimônio White pode fornecer mais informações sobre o assunto. A referência mais próxima que me lembro é “germes de tuberculose e câncer”, no livro A Ciência do Bom Viver, p. 313. Não seria interessante o Patrimônio White fornecer uma citação mais específica, que sirva não só de conforto, mas de guia para a pesquisa de Joana sobre o câncer? Isso, talvez, poderia introduzi-la a uma leitura dos escritos de Ellen White sob a perspectiva científica. Jalva De Oliveira Bracknell, Inglaterra Para uma Próxima Edição Sou leitora da Adventist World e fiquei impressionada com o artigo de capa da edição de abril, “A Longa Jornada de Joana”, onde vemos o Espírito Santo trabalhando incansavelmente para levar pessoas a se encontrar com Deus. Também acho interessante a seção “O Lugar das Pessoas”, por isso estou enviando uma foto tirada no dia da liderança jovem. Mobilizamos nossos jovens com o tema “Geração Esperança”, que procura apressar o retorno de Jesus! Carlani Morais Silva Espírito Santo, Brasil Pequena Mudança É inspirador ler artigos como “Chamado de Amor de Um Dólar”, de Jerry Kea (abril de 2010). Todos podem contribuir um pouquinho na grande obra que Cristo nos deixou: levar o evangelho a todos. Espero que outras igrejas sigam esse exemplo e ajudem a mostrar que o amor de Cristo está sendo proclamado em outros lugares do mundo. Que Deus continue abençoando esse projeto. Patricia Mondaque Por e-mail Mais do que Ler Sou assinante da Revista Adventista e recebo a Adventist World. Aprecio muito as duas revistas. O último sermão que preguei no culto de quarta-feira foi extraído do artigo sobre a experiência da mãe que entregou o filho nas mãos de Deus: “Esta é Minha História”, de Samuel Neves (Adventist World, abril de 2008). Tenho um amigo em Berlin, Alemanha, que não crê em Deus, porém, estou tentando ajudá-lo. Se alguém que fala alemão pudesse estudar a Bíblia com ele, seria maravilhoso. Quero muito que ele seja salvo. Coloco tudo nas mãos de Deus, mas tenho que fazer minha parte. Vocês podem me ajudar com algum contato? Luciana Verdeiro Marechal Cândido Rondon, PR, Brasil Transformando Vidas Nasci e cresci na Igreja Presbiteriana. Tenho assistido à 3ABN (rede de televisão adventista) durante quase todo o meu tempo livre e recebi alguns exemplares da Adventist World de um amigo que é adventista do sétimo dia. Com isso, fui inspirado a conhecer mais sobre a verdade do sábado e sobre os mandamentos de Deus – que refletem Seu caráter – e sobre o breve retorno de Jesus Cristo. Gostaria de pedir que, por gentileza, me enviem mensalmente um exemplar da Adventist World. De seu novo irmão em Cristo, Rony M. Nongkhlaw Meghalaya, Índia Agosto 2010 | Adventist World 29 Intercâmbio Mundial C A R TA S Permanecendo Firme Inspirado Fiquei impressionado com o artigo “Perigos Espirituais”, de Roy Adams (maio de 2010). Muitas vezes, não nos preocupamos com o efeito que o ambiente exerce sobre nossa vida, em nossos relacionamentos e crenças. Esse artigo me despertou para o assunto. Com razão, o autor disse que precisamos ser equilibrados e ter uma relação coerente entre nossas crenças e preferências na vida. Obrigado, irmão Adams! Que o senhor traga mais lembretes como esse. Gavin Johns Yangon, Myanmar Saudações em nome de Jesus Cristo. Estou interessado no seu ministério e em trabalhar com vocês. Sou da Igreja Pentecostal Internacional, em Maláui. Sou muito bem casado e tenho três filhos. Em 1999, começamos a servir a Deus juntos. Estou escrevendo para expressar meu interesse nesse maravilhoso ministério. Gostaria de saber se vocês já estão trabalhando no Maláui, para que possamos nos comunicar facilmente. Aguardo ansioso por sua resposta. Que o bom Deus abençoe a todos ricamente. Steve Maseko Maláui Conhecer Mais para Compartilhar Mais Consegui o endereço de vocês num exemplar da Adventist World. Não sei que tipo de serviços vocês oferecem, mas poderiam me ajudar a conhecer melhor a Deus? Tornei-me adventista há um ano. Estou muito feliz, porque sempre vejo o amor e o poder de Deus tanto nas minhas alegrias como nas minhas tristezas. Sou estudante universitário. Tenho muitos amigos que não conhecem o amor de Deus. Não sei o que fazer por eles. Realmente necessito de material para aprender. Por favor, aguardo breve resposta. Que Deus os abençoe pelo que estão fazendo. Kirubel Manyazewal Addis Ababa, Etiópia Cartas para o Editor – Envie para: [email protected] As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas. LUGAR DE ORAÇÃO Solicito oração. Meu irmão caçula está doente, com aumento no tamanho do fígado, dificuldade para respirar e cansaço. Quero apresentá-lo como motivo de oração, em nome de Jesus. Aaron, Zâmbia Por favor, orem por minha vida espiritual e pelo meu casamento. Maricélia, Brasil Tenho esfriado em relação às coisas de Deus, devido às pressões que tenho sofrido no trabalho e por dificuldades financeiras. Ultimamente tenho trabalhado aos sábados e sei que o inimigo está feliz com isso. Orem fervorosamente para que eu seja um vencedor. David, Zâmbia 30 Adventist World | Agosto 2010 Orem para que meus filhos e netos aceitem a Jesus como seu Salvador e desejem seguir Seu caminho. Joan, Estados Unidos Meu desejo é que Deus toque minha família e coloque neles o amor por Ele. Sou o único adventista na minha família e quero essa bênção para todos eles. Lucas, Argentina Tenho orado e procurado emprego há seis meses, mas ainda não consegui encontrar. Orem para que eu não perca a fé em Deus, mas continue a confiar nEle nesse período de provação e enquanto eu viver. Agatha, Índias Ocidentais Orem pelos membros de minha família. Eles não frequentam nenhuma igreja e não se interessam em assuntos espirituais. Gostaria que aceitassem a Jesus como Salvador. Ore por mim também. Sou estudante universitária e trabalho como empregada doméstica. Está sendo difícil terminar os estudos. Jennery, Filipinas Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA. J O S E L U I S N AVA R R O INTERCÂMBIO DE IDEIAS A Tamareira Este mês, um leitor nos convida a ser como a tamareira. O “ s justos florescerão como a palmeira... Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes” (Sl 92:12-14, NVI). O salmista, neste poema “Para o Dia de Sábado”, diz como será a vida do justo. Como desejo viver uma vida virtuosa, procurei descobrir o que significa “florescer como a palmeira”. De acordo com os estudiosos, a tamareira (Phoenix dactylifera) é a espécie de palmeira mencionada nas Escrituras. É uma árvore sem galhos que cresce até a altura de 18 a 24 metros, e pode viver e produzir frutos até os 200 anos de idade. Como já tenho mais de 90 anos, não espero produzir artigos por tantos anos como a tamareira produz frutos. Desejo escrever apenas até a marca do centenário e um pouco além. Seguem alguns dados interessantes sobre essa árvore: As tâmaras crescem em cachos que pesam entre 14 e 23 quilos e são parte da dieta de algumas tribos árabes. A madeira dessa árvore serve para construir cercas, telhados e balsas. As folhas tecidas se transformam em esteiras, cestas e outros utensílios domésticos. A tamareira tem folhas longas, verde-acinzentadas, semelhantes a penas e medem de 5 a 6 metros de comprimento. As folhas superiores (às vezes chamadas de galhos) permanecem mais ou menos eretas. Ela contrasta com o coqueiro, que é mais alto e produz folhas caídas. As tamareiras ofereceram sombra para os israelitas, em Elim, quando fugiam do Egito (Êx 15:27). Anos mais tarde, a profetiza Débora julgava o povo debaixo da sombra de uma palmeira (Jz 4:5). O povo hebreu usava folhas de palmeira para construir tendas na Festa dos Tabernáculos (Lv 23:40). Assim, os adoradores se lembravam da peregrinação dos seus antepassados pelo deserto. Quando Salomão construiu o templo, a madeira dessa árvore foi utilizada na arquitetura (1Rs 6:29, 32, 35). Nos tempos do Novo Testamento, na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, as pessoas “pegaram ramos de palmeiras e saíram ao Seu encontro, gritando: ‘Hosana!’ ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor!’” (Jo 12:13, NVI). Jericó, cidade frequentemente mencionada nas Escrituras, era chamada “a cidade das Palmeiras” (Dt 34:3, NVI). Na Palestina moderna, as tamareiras ainda crescem nas proximidades da cidade e em sua planície marítima, mas, por causa da negligência, não são tão abundantes como nos tempo bíblicos. As tamareiras eram cunhadas nas moedas do primeiro século d.C. A Revolta Judaica entre os anos 66 e 70 d.C. demandou grande força militar romana. Durante essa revolta, os judeus ousaram cunhar suas próprias moedas, o que os romanos consideravam um privilégio imperial. Essas moedas de liberdade continham os emblemas do culto e das festas judaicas, como folhas da videira, folhas de palmeiras e tâmaras. Nas moedas de bronze estava inscrito: “Pela redenção de Sião.” Na queda de Jerusalém, os romanos adotaram a tamareira como símbolo de Israel. Eles cunharam muitas moedas celebrando sua vitória. Volto às palavras do salmista. Depois de aprender muito sobre as tamareiras, quero – assim como elas – florescer e, na velhice, dar fruto. – Robert G. Wearner, Collegedale, Tennessee, EUA “Eis que cedo venho…” Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança. Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Editor Administrativo Bill Knott Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Chun, Pyung Duk Comissão Editorial Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K. Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C. Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith; Karnik Doukmetzian, assessor jurídico Comissão Coordenadora da Adventist World Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Clyde Iverson; Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk Editor-Chefe Bill Knott Editores em Silver Spring, Maryland Roy Adams, Gerald A. Klingbeil (editores associados), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran Editores em Seul, Coreia do Sul Chun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan Editor On-line Carlos Medley Coordenadora Técnica Merle Poirier Assistente Executiva de Redação Rachel J. Child Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste Alfredo Garcia-Marenko Atendimento ao Leitor Merle Poirier Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Fatima Ameen Consultores Jan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon, Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D. Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander. Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: [email protected] Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia Austrália, Alemanha, Áustria e nos Estados Unidos. Vol. 6, No. 8 Agosto 2010 | Adventist World 31 O Lugar Das PESS Q U E L U G A R É AS E S S E ? FRASE DO MÊS “Eva caiu em pecado porque pensou que havia algo melhor. Adão caiu porque pensou que não havia ninguém melhor.” – Jun Cruz, membro da Igreja Adventista em Mentose, Califórnia, EUA, durante o estudo da lição da Escola Sabatina, sábado, 5 de junho de 2010. VIDA ADVENTISTA Levei meu filho Lucas, de 3 anos de idade, ao supermercado. Eu estava fazendo as compras e empurrando o carrinho onde ele estava sentado, quando, de repente, ouvimos uma voz no sistema de som local, chamando o nome de alguém. No momento em que meu filho ouviu a voz, olhou para mim com os olhos arregalados e disse: “Mamãe! Essa é a voz de Deus, vinda do céu!” Naquela manhã, eu havia contado para ele a história de como Deus chamou o pequeno Samuel no templo. – Carolina Cavalcanti, São Paulo, SP, Brasil P O R S E LV I N I N T O N G Nosso clube de desbravadores estava acampando, quando começou a chover e a temperatura caiu. O culto de sábado de manhã foi ao ar livre, mas o clima estava bem frio. O sol surgiu entre as nuvens, seus raios atravessaram as árvores e trouxeram alguns momentos de calor. De repente, certa mulher levantou as mãos e exclamou: “Eu amo o sol!” [Em inglês, “sol” (sun) tem uma pronúncia semelhante a “filho” (son). Por isso, sua filha entendeu que ela se referia a Deus, o Filho.] Sem perder um minuto, sua filha acrescentou com muita naturalidade: “E o Pai também!” [Ela se referia a Deus, o Pai.] Nosso culto teve uma pequena pausa, enquanto todos deram boas risadas, mas, em seguida, recobramos a compostura. – Kimberly Terry, diretora do clube de desbravadores Takoma Park Rangers, Takoma Park, Maryland, EUA. A N Z A A R N A B I RESP O S TA : E N V I A D O Nessa pequena ilha, há um grupo de fiéis que considera Majuro, a capital da ilha, como um continente.
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