FIM Porque nem tudo tem que começar no início e acabar no fim

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FIM Porque nem tudo tem que começar no início e acabar no fim
FIM
Porque nem tudo tem que começar no início e acabar no fim, vou começar num ponto
qualquer e terminar no início. Porque posso e o meu imaginário é livre.
Não é fácil abordar qualquer que seja o tema sobre um país que procura andar sempre na proa
da evolução. Assim que terminar esta frase, já eles elaboraram uma melhor, certamente.
Coreia é sinónimo de empenho, esforço, sabedoria, cultura e, digamos, mais de 74 milhões de
diferentes saberes e personalidades. Se duas cabeças pensam melhor que uma, será difícil de
equiparar tal número de pensamentos, em proporção portuguesa.
Coreia é também sinónimo de extremos opostos. Coreia do Norte e Coreia do Sul. Nesta
ultima, sair à rua é como que entrar num ritmo musical de K-Pop, definido por caras bonitas,
corpos quase perfeitos e sincronização exímia em cada passo. Na Coreia do Norte as notas
musicais são tocadas a um ritmo quase ditador, quase como fazer parte de uma orquestra e
não poder afastar os olhos daquela batuta hipnotizante nem ter um momento de improviso.
Mas tudo isto poderá não passar do meu imaginário fértil. Há sempre uma nota tocada ao
lado, disfarçada pelo som gritante da orquestra.
Tudo isto é como pintar uma paisagem que não vi, que sei que é bonita mas onde não tive
oportunidade de espreitar debaixo das pedras.
É assim que pinto a Coreia, bonita, cheia de vida, em tons verdes e com pedras.
Não querendo deixar a abreviação K-Pop sem explicação: Música Pop Coreana. O seu
conteúdo é bem mais extenso do que como se escreve.
Sempre fui apreciadora de praticamente todos os estilos musicais, e, a arte sonora coreana não
me passou ao lado, arrisco a dizer que terá sido em meados de 2008 que dei outra “vista-deouvidos” neste tema e, como apreciadora de imagem e som, não pude ficar indiferente. O KPop é mais do que música, é uma máquina complexa que se alimenta de muito mais do que
“simples” misturas de audiovisuais. Todo o conceito por detrás da música é fascinante. Todo
o debut de um novo grupo musical é estudado ao milímetro, muito tempo antes de ser lançado
no mercado, tudo é treinado, ensaiado, esmiuçado até à perfeição, em grande parte dos casos,
produções de vídeo.
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todas as coreografias, penteados, roupas e, o mais fascinante para mim, as colossais
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anos antes de qualquer lançamento. A imagem tem que ser a mais aproximada à perfeição,
Fascina-me como se juntam as melhores mentes, peritas na área da imagem e elevam todo o
conceito de K-Pop a um nível muito superior, a um nível que quebra as barreiras da língua.
Numa questão de 2 ou 3 anos, o K-Pop tornou-se viral, a nível mundial. Quase que num
estalar de dedos, (que na verdade envolve um trabalho de muito mais tempo que um segundo
de fricção entre dedos) conseguem meter grandes produtoras internacionais a “correr” para os
acompanhar. Fascina-me, e sei que já o mencionei antes. Espero pelo dia em que haja
tamanha evolução, que possa dar por mim a teletransportar-me que nem um Mr.Spock, para
um grande estúdio na Coreia, a absorver toda aquela ciência. Sim, o meu imaginário é livre, e
fértil.
Ainda que a cultura K-Pop em Portugal se encontre em crescimento, continua a ser uma
percentagem bastante pequena dentro dos movimentos que se podem encontrar por cá e, esta
percentagem tem crescido maioritariamente dentro da faixa etária adolescente em que tudo se
pega, nada se transforma.
Tal como em Portugal, a gastronomia Coreana varia de zona para zona. Posso de um modo
geral classificá-la mas, corro o risco de não fazer a avaliação que melhor caracterize a sua
imagem. Tal como seria errado dizer que a imagem de Portugal se limita ao (bom) vinho do
Porto, à Amália e ao Cristiano Ronaldo. Portugal é muito mais que isso, tal como será
certamente a Coreia e os seus pratos mais populares.
A cozinha coreana é denominada por hanguk yori (한국요리), ou hansik (한식) e afirma-se
que se baseia em grande parte no arroz, nas massas, verduras, peixes, carnes… Mas para mim
tudo isso é muito generalista, visto que posso afirmar também o mesmo de Portugal. Para
mim, o que distingue a gastronomia coreana, é a maneira de confeccionar e os temperos, os
molhos e os segredos que...vão permanecer segredos. A perfeição na escolha de alimentos,
nos tempos de confecção e na entrega com que fazem o que fazem. Não tenho melhores
palavras para o descrever.
Não posso dizer que a gastronomia coreana seja tão popular em Portugal quanto o K-Pop.
Parece-me haver uma carência de escolha no que toca a restaurantes de comida coreana.
Conseguimos encontrar algumas opções sim, mas apenas nas grandes cidades e, muitas vezes,
uma água mineral, mas com sabor a cerveja. Se me fiz entender com sucesso, o primeiro tem
uma ligeira ligação com o segundo, mas nenhum deles mantém uma relação com o terceiro.
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gastronomia chinesa. É como pedir uma água com gás, de sabores, e ser surpreendido com
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a cozinha coreana é confundida com a gastronomia japonesa e esta última é misturada com
Quase como uma novela mexicana dobrada em português do Brasil, com um ligeiro delay.
Um desastre cultural.
Há também uma grande variedade de pratos vegetarianos, tendo em conta o bom uso de
muitas leguminosas mas, não é possível falar de gastronomia coreana sem mencionar o
tradicional Kimchi (김치) e kakdugi (깍두기), o primeiro é uma variedade de couve e, o
segundo, rábano (Armoracia). Desconheço o seu sabor mas felizmente a internet cria laços de
conhecimento e, posso afirmar que tem um aspecto saboroso. Quem sabe, a próxima invenção
de provas de sabor, possa ser algo a ser “informatizado”? Permitam-me registar a patente,
ainda antes de terminar esta frase (e fazer uma referência ao segundo parágrafo deste texto).
Não menos importante é a arquitectura coreana. Afinal, há duas coisas que nos vêm à cabeça
quando alguém fala na Coreia. A primeira, e mais comum, é: Eu não percebo nada de chinês
nem sou grande apreciador de chop-soy. A segunda é a alusão às casinhas características com
telhados recurvados.
Do mal, o menos, tendo em conta a ligeira semelhança entre arquitecturas, faz com que uma
das observações até nem esteja muito errada. E com isto não me refiro ao chop-soy.
A arquitectura tradicional coreana é maioritariamente conhecida pela sua forma
cuidadosamente estudada. O chão em madeira (maru) e piso simples denominado de ondol,
(diferenciado pela construção da base da casa directamente abaixo do piso, para que o calor
na casa seja sempre estável e agradável), os telhados em formato curvilíneo, originalmente
cobertos por madeira e casca de árvore, foram substituídos pelas telhas, kiwa, os tamanhos
das telhas variam consoante o sítio do telhado onde são aplicadas, e o ângulo com que são
construídos os telhados variam consoante a região. Este estilo característico e tão tradicional
tem de nome Hanok. Passo a nomear onde podem visitar sítios tão apelativos ao nosso campo
visual: Aldeia Tradicional Coreana Namsangol (남산골 한옥마을); Aldeia de arte Jirye
(지례예술촌); Aldeia Folclórica Seongeup (성읍민속마을); Aldeia Tradicional
Naganeupseong (낙안읍성); Aldeia Andong Hahoe (안동하회마을); Aldeia Cheonghakdong
(청학동마을) entre tantos outros.
viagens cibernautas. De qualquer dos modos, aconselho. Fiquei a saber que a condução se faz
nos mesmos sentidos que em Portugal e que os volantes dos carros também estão à esquerda,
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o seu esplendor. Ou talvez seja mesmo só eu e a minha curiosidade, a fazermos as nossas
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E qual a viagem de pobre que não comece pelo Google maps com o modo street view em todo
conheci imensas caras novas que nem se deram conta da minha presença, vi a limpeza nas
ruas e o devido valor dado aos espaços verdes, passei por centros comerciais e cafés, com a
mais-valia de não trazer dinheiro comigo. Conheci as ruas de Seoul e por momentos, quase
que consegui sentir o cheiro da cidade e o barulho da azáfama, ainda que estática, que a
Google gentilmente me proporcionou. Obrigada, internet, vou agradecer-te com anexos
fotográficos de um bolo, uma receita coreana que com toda a tua amabilidade me facultarás.
Considero importante salientar o facto de que os vloggers são uma excelente ponte entre
conhecimentos e desconhecimentos. E destaco isto porquê?
Nos últimos tempos, o canal do youtube de nome eatyourkimchi tornou-se um sucesso a nível
internacional. O Simon e a Martina são um casal Canadiano que se mudou para a Coreia do
Sul em 2008 e têm partilhado toda a experiência via youtube de um modo extremamente bemdisposto, informativo e extraordinariamente envolvente. Respondem às dúvidas colocadas por
centenas de pessoas, sobre as vivências na Coreia e as diferenças culturais, procuram estar
sempre actualizados nas novidades no K-Pop e dão extrema importância à voz da legião de
fans que admiravelmente conquistaram. Tenho apenas a agradecer pelos momentos de boa
disposição e de aprendizagem que me proporcionaram. Se estiverem a ler, Obrigada.
Sempre tive um fascínio, pela cultura oriental, estranho de explicar, uma obsessão pela
caligrafia japonesa, a perfeição do movimento do pincel, a textura do papel, a textura da tinta
na textura do papel, a textura da tinta na textura da pele, e o toque, da tinta na ponta do pincel,
na pele. Como pele na pele. Basta.
A decoração, os elementos, os chás e a perfeição com que são feitos, servidos, bebidos. A
sensação de paz que nos transmitem aquelas imagens tradicionais de alguém sentado de
joelhos, com as vestes tradicionais, em frente a uma mesa mais baixa do que parece
confortável, a música, que imaginamos acompanhar tão belo cenário e, a paz interior que as
caras eternamente joviais nos transmitem. Tenho uma paixão até pela entoação com que
falam, sem que os vejamos falar, percebemos que carregam na voz todo um esbracejar
eufórico, mesmo sem precisar de interromper o seu ajoelhar milimetricamente perfeito.
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A Coreia veio de mãos dadas com tudo isto.
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Isto é apenas o INÍCIO. O olhar sonhador de alguém que nunca visitou a Coreia.

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