A crise e o ressurgimento do SME - GEMF
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A crise e o ressurgimento do SME - GEMF
Faculdade de Economia Universidade de Coimbra Grupo de Estudos Monetários e Financeiros (GEMF) Av. Dias da Silva, 165 – 3000 COIMBRA PORTUGAL LUIS MANUEL DE AGUIAR DIAS A CRISE E O RESSURGIMENTO DO SISTEMA MONETÁRIO EUROPEU ESTUDOS DO GEMF N.º 8 1996 PUBLICAÇÃO CO-FINANCIADA PELA JNICT 1 A Crise e o Ressurgimento do Sistema Monetário Europeu* Luis Manuel de Aguiar Dias** Parte I — A Evolução do SME 1. Evolução do SME Le choix d'un mode d'organization du système monétaire est expliqué par son aptitude à répondre aux intérêts propres des diverses parties en présence… Christian Aubin, 1993 A criação do Sistema Monetário Europeu (SME) enquadrou-se num ambiente de relançamento da União Económica e Monetária (UEM)1. O desenvolvimento deste projecto pressupunha a efectiva convergência das políticas económicas e o consenso político para o relançamento da construção monetária. A estabilidade cambial era condição necessária para uma harmoniosa condução das políticas económicas dos Estados-membros. O desenvolvimento do processo de integração na Comunidade e o desenvolvimento de políticas comuns, com destaque para o funcionamento da PAC, determinavam o empenho na implementação de uma "zona de estabilidade monetária na Europa"2. A curto prazo, o Sistema pretendia estabelecer, mediante a cooperação, a estabilidade das taxas de câmbio entre as moedas comunitárias e, enquanto um todo, a estabilidade cambial face ao exterior, sobretudo face ao USD3. A médio/longo prazo o SME pretendia criar condições para garantir a convergência das economias, necessária para alavancar a integração económica. Existe assim, uma interdependência entre a estabilidade das taxas de câmbio e a convergência das economias. Dés le départ une "asymétrie" qualitative existait4: em caso de crise, mesmo que as intervenções das autoridades monetárias dos países cuja moeda se depreciava e dos países cuja moeda se apreciava fossem melhor repartidas, elas não seriam da mesma natureza. Gastar reservas cambiais, aumentar o endividamento externo para repor reservas ou elevar as taxas de juro, são compromissos bem diferentes dos que consistem em comprar divisas por contrapartida da venda da própria moeda. Durante a primeira fase do SME, havia uma grande heterogeneidade de níveis de taxas de inflação. Certamente, todos procurariam o objectivo de estabilidade monetária e inflação mínima. No entanto, existiam diversas sensibilidades quanto ao nível tolerável de inflação e quanto à firmeza de intenções das autoridades monetárias. Esta coexistência foi possível mediante duas condições: frequentes realinhamentos das paridades, permitindo a preservação da competitividade de cada país; existência de controlo de câmbios. A prática de desvalorização, pelo seu deficiente uso (já que apenas ambicionava repor a competitividade externa), perdeu a sua reputação: é tido como sinónimo de condução de política não rigorosa. No entanto, desvalorizar significa baixar, de uma só vez, todos os preços (incluindo salários) de um país relativamente aos outros. Constitui, assim, um instrumento poderoso5 de política económica: para fazer face a um défice externo embaraçoso, a desvalorização permite baixar os preços das exportações no exterior e encarece internamente as importações. Mas, a reacção das exportações (relançamento) requer um desfasamento temporal para que o efeito preço induza o efeito quantidade (curva em J). O efeito sobre as importações produz as seguintes consequências: como a estrutura do consumo não é instantaneamente * Artigo composto por excertos de tese de Mestrado em Economia Europeia (FEUC), sob o título “O Descarrilamento do Sistema Monetário Europeu”. ** Técnico Superior Bancário (CAM). 1 O primeiro trabalho foi presidido por Pierre Werner, o qual propunha a “convertibilidade total e irreversível das moedas, o estreitamento das margens de flutuação das taxas de câmbio, a fixação irrevogável das relações de paridade e a liberalização total dos movimentos de capitais”. 2 Resolução do Conselho da Europa de Bruxelas de 4 e 5 de Dezembro de 1978. Este objectivo estava também presente em muitos outros documentos do Conselho. 3 Dólar dos Estados Unidos da América (EUA). Neste estudo, a referência ao dólar, será sempre considerada enquanto divisa deste país. 4 Patat, 1992. 5 A sua perda é talvez o principal “custo” da UEM. 2 alterada, a subida dos preços dos bens importados pode provocar pressões dos salários à alta para recuperar o poder de compra; as matérias-primas e outros factores de produção importados, a par da subida dos salários, encarecem os custos de produção. O aumento dos preços poderá anular o ganho de competitividade proporcionado pela desvalorização. Assim, para recolher os benefícios da desvalorização é necessário implementar políticas de acompanhamento, para evitar uma espiral preços-salários-taxa de câmbio. O que significa rigor na condução das políticas monetária, orçamental e de rendimentos, que permita atingir um reequilíbrio durável. A meio da década de oitenta, com a adopção da política de franco forte, a estratégia francesa modificou-se. As desvalorizações deixavam de compensar o diferencial de inflação e a competitividade deteriorava-se – realinhamentos punitivos. Deste modo, as taxas de câmbio exerciam, neste período, uma pressão anti-inflacionista cumulativa, embora mitigada pelas desvalorizações parciais. Na execução de uma política de convergência, sobretudo a nível da inflação, os realinhamentos moderados pretendem evitar desvalorizações sistemáticas, sem contudo bloquear as paridades enquanto não for atingida essa convergência. 1.1. O Custo da Inflação Por um lado, a inflação elevada provoca uma perda de bem-estar pela diminuição do valor dos activos detidos pelos privados. Por outro lado, provoca deformações nos preços relativos. O movimento dos preços relativos envia uma preciosa mensagem aos mercados: orienta os investimentos, o emprego e a produção para os sectores que recompensam esse esforço. Para que estes sinais sejam correctos é necessário que tenham origem no confronto da oferta e da procura e não na turbulência que encoraja o fenómeno inflacionista. Quanto menor for a inflação, menor será a sua variação e mais limitada será a deformação dos preços relativos e os riscos de erros nas decisões. A natureza dos custos difere segundo a inflação é antecipada ou não. Uma taxa de inflação elevada é normalmente sinónimo de variabilidade e desta forma, de inflação não antecipada. A inflação não antecipada tem efeitos económicos negativos mais fortes que a inflação antecipada, ocasionando perdas importantes de bem-estar. Enquanto a inflação antecipada assenta sobre a base monetária – circulação monetária e reservas obrigatórias, que são normalmente remuneradas a taxas inferiores às taxas de mercado –, a inflação não antecipada assenta sobre o total da dívida pública. O valor real da dívida vem diminuído por acção da inflação não antecipada. Este fenómeno não pode ser considerado benéfico, pois não pode ser mantido duravelmente: os mercados financeiros antecipam este desejo do Estado e majoram as taxas de juro com um prémio de risco. E este custo pode ser bem elevado para países com dívidas públicas importantes e antecedentes pouco rigorosos em matéria de inflação. Por outro lado, a subida contínua da inflação representa o primeiro custo da inflação, porque se antecipa a adopção de uma política rigorosa anti-inflacionista: as taxas de juro sobem, os investimentos contraem-se, o consumo reduz-se e o crescimento económico desacelera-se. 1.2. O Custo da Desinflação Paradoxe: le côut de l'inflation, c'est donc la desinflation. Celle que l'on antecipe, mais aussi celle qui finit tôt ou tard par être décidée par les gouvernements. Wyplosz; Riché, 1993 Um processo de desinflação poderá comportar custos elevados, devido à rigidez dos salários e dos preços e à falta de credibilidade6 do processo de ajustamento, podendo ser acompanhado de perdas importantes da produção. A rigidez salarial induz à subida dos salários reais7, criando dificuldades competitivas. A procura de mão-de-obra reduz-se e o desemprego aumenta. A falta de credibilidade do 6 Credibilidade: capacidade das autoridades manterem os seus compromissos em situações adversas. “É a confiança dos agentes económicos na eficácia das políticas económicas e na vontade das autoridades económicas fazerem prosseguir essas políticas” (Margarida Santos, 1991). 7 Num processo de desinflação assiste-se ao desacelerar do crescimento dos preços ou inclusive à sua redução. A inflexibilidade salarial conduz a que os salários cresçam ao ritmo anterior ao processo de desinflação, a um ritmo superior ao dos preços, ou que decresçam menos que os preços. 3 processo de ajustamento pode conduzir igualmente a quebras da produção, pela manutenção de taxas de juro excessivas. Um compromisso credível de desinflação e de criação de estabilidade monetária (como o SME representava), proporciona uma diminuição destas perdas, porque permite a redução das taxas de juro nominais e um ajustamento mais célere dos mecanismos de fixação de salários e preços – como terá acontecido com diversos Estados-membros. A desinflação através do mecanismo de taxas de câmbio (MTC) ocorre desta forma: os países com taxas de inflação relativamente elevadas, ao fixar credivelmente a taxa de câmbio nominal, perdem competitividade nas exportações e diminuem a pressão da procura global, baixando a inflação. Os agentes económicos, considerando credível essa fixação, ajustam as expectativas de inflação nesse sentido, facilitando a convergência da inflação, em dois sentidos: maior celeridade e menores custos. Figura 1 — Diferenciais de Taxa de Juro a Longo Prazo e de Inflação relativamente à Alemanha 3 Linha de desinflação Eliminação dos controlos 2 1 Controle de capitais 1 3 2 Diferencial de Inflação O programa de desinflação caracteriza-se pela flexão da inflação e das taxas de juro nominais. Na Figura 1, esta situação vem expressa na convergência para a origem do sistema de eixos. Como a redução da taxa de juro nominal é mais lenta que a deflação, a curva permanece acima da paridade das taxas de juro reais, representada pela diagonal. O diferencial de taxas de juro reflecte o prémio de risco associado à persistência de antecipações de realinhamentos. L'acquisition d'une réputation est un processus extrêmement long, et qu'une stabilité des taux de change, fût-elle durable, ne suffit pas forcement à faire complètement disparaître les écarts de taux d'intérêt à long terme8. Um aumento significativo das despesas orçamentais faz elevar as taxas de juro, que poderão atrair capitais, aumentando a oferta de moeda – todo este processo é susceptível de exercer pressões inflacionistas. Daí, tornar-se necessário implementar uma forte disciplina orçamental, além de dinamizar reformas estruturais orientadas para a descida dos preços no sector dos bens não comercializáveis e para uma maior flexibilidade nos mercados de trabalho. 8 Commission, 1990-a. 4 1.3. O Marco Alemão, Âncora do Sistema Le SME est une zone monétaire oú une monnaie "commune" le DEM, s'est progressivement imposée comme ancre et devise internationale du système. Patat, 1992 O espírito do binómio franco-alemão9, impulsionador da criação do Sistema Monetário Europeu, não previa que este se viesse a transformar numa zona de domínio monetário do marco alemão. O DEM10 emergiu claramente como âncora nominal do SME, quando este se transformou num sistema dedicado à estabilidade dos preços (Giavazzi e Giovannini, 1988; Cohen e Melitz, 1988). Para evitar realinhamentos, havia que adoptar uma taxa de inflação próxima da taxa de inflação alemã. Os participantes no MTC foram obrigados a seguir políticas monetárias, orçamentais e de rendimentos rigorosas para alcançar o controlo da evolução dos custos (sobretudo dos salários) e para obter a convergência dos preços. A ancoragem ao DEM exigiu ambiciosos objectivos de desinflação, mas "ofereceu" a credibilidade do Bundesbank. A estratégia do banco central alemão assentava na consolidação orçamental e no cumprimento dos objectivos determinados para os agregados monetários11, que permitia manter a inflação tendencialmente em níveis pouco elevados. A orientação de políticas económicas dos Estados-membros passou a ser alinhada sobre um só parceiro, a Alemanha. A partir de 1987 entramos numa terceira fase do Sistema Monetário Europeu. «Ao contrário dos períodos precedentes, entre 1987 e 1992 prevaleceram claramente concepções não gradualistas, que através de um endividamento das políticas cambiais procuravam "forçar" o próprio processo de convergência»12. A manutenção das taxas de câmbio praticamente fixas (ausência de realinhamentos) determinou a existência de moedas sobrevalorizadas; a sua continuidade reflectia o aumento de credibilidade, reforçado pelas expectativas favoráveis dos agentes económicos. A manutenção de elevadas taxas de juro reais (nos países com processos desinflacionistas em curso) atraía capitais estrangeiros, que viam nestas taxas de juro um prémio suficiente para o risco cambial que tinham que suportar. O afluxo de capitais reforçava a posição da moeda em questão. Até ao final da década de oitenta esta estabilidade foi facilitada por um conjunto de factores: manutenção do controlo de movimentos de capitais em vários países, ausência da libra esterlina do MTC, ambiente favorável ao crescimento económico e entusiasmo pela perspectiva de um célere processo de convergência para a UEM. Mas esta situação não podia ser durável: ou a realidade inflacionista se impunha, com os investidores a exigirem taxas de juro mais elevadas ou estes abandonariam as suas posições na divisa, que sofreria fortes pressões para desvalorizar. «O mercado no seu conjunto vivia uma tensão permanente e virtuosa (a tensão da convergência nominal) e aceitava como normal a relação entre o risco cambial tolerável e o prémio da taxa das moedas mais fracas»13. O SME é incompatível, em termos de longo prazo, com a manutenção de uma tendência de apreciação (depreciação) da taxa de câmbio real, devido à perda contínua (acumulação) de reservas cambiais. 2. O SME na Entrada dos Anos 90 Na entrada dos anos noventa, a Europa teve de enfrentar dois grandes desafios, um a Leste, com a queda do muro de Berlim e o desmoronamento do império soviético; outro a Ocidente, com a assinatura do Tratado de Maastricht e a consequente e definitiva adopção do caminho para a União Monetária e Económica. A queda do muro de Berlim foi o símbolo e o início do processo de reunificação da Alemanha. As carências reais da ex-Alemanha de Leste determinaram a canalização de enormes recursos financeiros para acelerar a passagem equilibrada à economia de mercado. Genericamente, a unificação alemã produziu efeitos "reais", pelo estímulo inicial ao comércio intra-comunitário e efeitos "monetários", sob a forma de variações das taxas de juro e de câmbio. 9 Protagonizado na época por Valéry Giscard d'Estaing e Helmut Schmidt. 10 Marco Alemão. 11 A Alemanha passava também a determinar o standard monetário comum. 12 Costa Pinto, 1994. 13 António Ramalho, 1993. 5 A crescente integração das economias europeias produziu igualmente choques importantes. O mercado interno realizou a liberdade de circulação dentro do espaço comunitário. Durante a primeira etapa da UEM eliminaram-se as barreiras existentes à livre circulação de capitais14, o que implicava uma maior ligação entre as taxas de juro/taxas de câmbio e os dados económicos fundamentais15. Um outro acontecimento que marcou o início desta década, susceptível de produzir algumas perturbações, foi a crise do golfo pérsico, que potenciou o eclodir de um terceiro choque petrolífero16. Estes acontecimentos determinaram modificações no funcionamento do SME. No interior das bandas de flutuação, inverteu-se o comportamento das moedas de taxas de juro mais elevadas. Durante a maior parte dos anos oitenta, estas moedas situavam-se na parte inferior das bandas, que traduzia a reduzida credibilidade na capacidade das autoridades monetárias de manterem as paridades das suas moedas. Contudo, o sucesso da convergência das taxas de inflação entre os países aderentes, a ausência de realinhamentos durante um largo período e os progressos atingidos na via da UEM permitiram induzir nos operadores que os realinhamentos pertenciam ao passado. Assim, os países detentores de taxas de juro elevadas passaram a ocupar posições na parte superior das bandas de flutuação. Por outro lado, o papel do país âncora do Sistema na convergência deflacionista enfraqueceu-se. A Alemanha passou a ter uma taxa de inflação superior aos países pertencentes à banda estreita desde o seu início. 3. Assimetria na Condução da Política Monetária Um sistema monetário vale pelos seus mecanismos, mas também pelo interesse dos participantes em respeitar regras não escritas. Qualquer regime de câmbios fixos tem necessidade de encontrar um processo de decisões para o conjunto do sistema, determinante para a condução da política monetária. No SME, a Alemanha tem assumido a condução da política monetária para o conjunto do Sistema. Em consequência, o processo de oferta de moeda dirigiu-se para um sistema assimétrico. Vamos analisar esta situação, através da manipulação de um modelo simples a dois países. 3.1. O Modelo A procura de moeda no país A é dada por: (1) M d = PA + aY A − br A sendo PA , o nível de preços em A, YA, o nível do produto (rendimento real) em A e rA, a taxa de juro no país A. O equilíbrio no mercado monetário obtém-se quando a procura iguala a oferta: A A (2) M S = M d = PA + aYA − br A Para o país B temos uma condição similar: B B (3) M S = M d = PB + aYB − brB Admitindo a perfeita integração dos mercados de capitais em ambos os países, temos a condição de paridade das taxas de juro, dada por: (4) rB=rA+µ sendo µ, a taxa de depreciação esperada da moeda do país B. Vamos supor que os países A e B decidem fixar a taxa de câmbio entre ambas as moedas, com os agentes económicos a não anteciparem A 14 Com a excepção da Grécia que usufruiu de uma prorrogação que utilizou até 16 de Maio de 1994. 15 Elementos básicos que caracterizam a situação de uma economia numa perspectiva de médio e longo prazo: taxa de inflação, taxa de desemprego, taxas de juro, saldo da balança comercial, défice orçamental, peso da dívida pública, … 16 Tal não se veio a confirmar, visto que a subida do preço do petróleo foi temporário, atendendo à evolução e desfecho rápido da guerra do golfo. Por outro lado, existiam factores que permitiam afastar a possibilidade de um novo choque petrolífero: — as economias ocidentais estavam menos dependentes do petróleo; — a subida do preço do petróleo foi pouco significativa; — as autoridades reflectiram o prémio de risco dos mercados petrolíferos nos consumidores; — a diminuição do volume de exportações de petróleo do Iraque e do Kuwait foi em grande parte compensada pelo aumento de produção dos restantes países da OPEP. 6 ajustamentos futuros das taxas de câmbio, temos µ=0. Nestas condições o nível das taxas de juro é igual em ambos os países (rB=rA) Figura 2 — Modelo de equilíbrio do mercado monetário a dois países rA rB EA2 r2 r1 EB2 EA1 MA2 EB1 MA1 MA MB2 MB1 MB Representando graficamente o modelo, verifica-se que os pontos de equilíbrio (EA e EB ) resultam • • da intercepção da curva descendente17, representando a procura de moeda e a linha vertical18, representando a oferta de moeda, com o nível das taxas de juro, nos dois países, a ser igual. É evidente, que podemos ter infinitas combinações de oferta de moeda e de taxas de juro compatíveis com o equilíbrio (a título de exemplo, ilustram-se dois equilíbrios possíveis – E 1 e E 2). A fixação da • • taxa de câmbio é compatível com qualquer ponto de equilíbrio. Temos assim, uma indeterminação neste sistema. 3.2. O Modelo em Sistema Assimétrico A indeterminação pode ser ultrapassada, permitindo que um país desempenhe o papel de líder. Admitamos A o país líder, que fixa de forma independente o montante da sua massa monetária, digamos A ao nível M 1 . Tal significa que a taxa de juro no país A situa-se em r1. Nestas condições, para manter inalterada a paridade cambial com o país A, o país B não tem alternativa senão adoptar o mesmo nível de taxa de juro. Sendo a procura de moeda dada no país B, então o nível da oferta de moeda será B inequivocamente determinado ( M 1 ) para assegurar o equilíbrio. No país B, a massa monetária é determinada endogenamente. O país B não pode seguir uma política monetária independente, se pretender manter os câmbios fixos. 3.3. Interdependência num Modelo Assimétrico Num Sistema de taxas de câmbio quase fixas com liderança, a política monetária do país líder tem um efeito directo e no mesmo sentido sobre os países seguidores19. Qualquer alteração do stock monetário no 17 A descida da taxa de juro desonera o custo do dinheiro proporcionando a expansão do investimento e do consumo, logo da procura de moeda. 18 A posição vertical da curva da oferta traduz o objectivo de controlo monetário. As autoridades monetárias pretendem manter inalterado o crescimento da oferta de moeda, tornando-a desta forma “insensível” ao preço. 19 Os seguidores são os países que, inspirados na teoria dos (n-1) países, fixam a sua taxa de câmbio à taxa de câmbio do país iniciador, o que lhes permite adoptar o grau de rigor e de credibilidade da política conduzida por este. O país iniciador é aquele que conduz as suas políticas, apoiado nos dados quantitativos nacionais, deixando para os 7 país líder determina o ajustamento equivalente nos restantes países. A política monetária do líder funciona como locomotiva: uma expansão monetária implica uma expansão do produto (em todo o Sistema) e uma contracção monetária provoca uma diminuição (em todo o Sistema) do produto. A expansão da política orçamental provoca um efeito positivo sobre o produto do país líder. O efeito sobre os países seguidores depende do impacto dos seguintes efeitos contrários: de um lado, a expansão orçamental do líder transmite-se directa e positivamente sobre o produto dos seguidores, via aumento das exportações destes para aquele; de outro, a expansão induz à tendência de apreciação da taxa de câmbio do país líder, produzindo um efeito negativo de contracção da massa monetária nos países seguidores (Torres, 1989). A liderança da Alemanha no SME justifica-se igualmente pelo seu desempenho mais importante a nível internacional. Alterações de políticas (monetária, orçamental) num país grande exterior ao SME (por exemplo EUA) têm implicações directas sobre a política monetária do país líder do Sistema. Este tipo de choques, mesmo simétricos na origem, «induzem não só uma alteração das taxas de câmbio em relação ao exterior mas também na alteração da oferta de moeda relativa (i.e. reservas cambiais) intra-união devido apenas à grandeza relativa das economias»20. Parte II — O Descarrilamento do SME 1. A Crise de Setembro de 1992 (…) aprés le rejet du Traité de Maastricht par quelques milliers de Danois, l'Europe s'est mise entre parenthèses pour un an, le temp d'une cascade d'agressions speculatives contre les monnaies, le temps d'une crise de confiance venue perturber les économies de nombreux pays européens pour les conduire dans la récession. Brochard, 1993 As turbulências monetárias em Setembro de 1992 colocaram globalmente sob pressão o mecanismo cambial do SME e forçaram a libra esterlina e a lira italiana a abandonarem o Sistema21. Assistiu-se ao primeiro realinhamento desde 1987: uma desvalorização efectiva de 7% da lira no dia 13 de Setembro22. O realinhamento da lira abriu um precedente e retirou credibilidade ao SME, gerando expectativas de novas alterações das paridades, que pareciam anteriormente excluídas. Por outro lado, veio evidenciar a possibilidade de obtenção de ganhos especulativos rápidos e substanciais. Assim, aumentaram as pressões sobre a peseta espanhola23, conduzindo a mais um realinhamento (desvalorização seus parceiros a tarefa da manutenção da ligação das taxas de câmbio. Estamos perante um sistema com um grau de liberdade. 20 Torres, 1989. 21 A escolha dos mercados recaiu sobre estas moedas, porque ambas se situavam no limite inferior das respectivas bandas e em cujos países eram mais acentuados os dilemas de política económica. 22 Esta medida foi acompanhada de uma redução das taxas de desconto (0,5 p.p.) e lombarda (0,25 p.p.), pelo Bundesbank. A taxa lombarda representa uma taxa tecto para as necessidades de refinanciamento de curto prazo dos bancos comerciais. 23 A economia espanhola apresentava uma nítida desaceleração no ano de 1992; o nível de desemprego continuava a subir, sendo o mais elevado da Comunidade; e permaneciam taxas de inflação relativamente altas. Mas, a desvalorização da peseta, numa altura em que o Banco de Espanha considerava possível a sua defesa, incutiu nos mercados dúvidas quanto à continuidade e firmeza da política monetária. O resultado foi a perda do estatuto de moeda estável, repercutindo-se nas sucessivas ulteriores desvalorizações. 8 da sua taxa central em 5%), e de novo sobre a libra esterlina24 e a lira italiana, que suspenderam a sua participação no mecanismo cambial, a 17 de Setembro. As pressões sobre a peseta, a libra irlandesa – muito afectada pelo comportamento da libra esterlina, devido à forte ligação existente entre as economias irlandesa e britânica – e, em menor intensidade, o escudo, levaram os respectivos bancos centrais a reintroduzir alguns controlos cambiais (no caso da Espanha) ou a reforçar a vigilância do cumprimento das restrições ainda vigentes (Irlanda e Portugal). Igualmente o franco francês foi alvo de violentos ataques especulativos, tendo conseguido resistir mediante o empenho colocado pelas autoridades francesas e alemãs na defesa da paridade entre as respectivas moedas25. A actuação repartiu-se por elevações pontuais das taxas de juro de curto prazo no mercado monetário francês, intervenções importantes nos mercados cambiais e declarações conjuntas das autoridades monetárias francesas e alemãs, reafirmando os compromissos assumidos de defesa das paridades e a determinação em prosseguir com o processo concernente à criação da UEM. As autoridades francesas enfrentavam um dilema problemático: a manutenção de taxas de juro elevadas era essencial para garantir a estabilidade do franco no SME; a descida das taxas de juro, num contexto de reduzida inflação (cerca de 2%) e tendência para a sua estabilização, poderia ser a alavanca para relançar a economia e garantir uma diminuição do défice orçamental. As taxas de juro reais que se registavam exerciam um efeito debilitante sobre a economia francesa, que se debatia com o produto, a procura e o investimento em queda e o desemprego a subir. A condução da política monetária além-Rhin, ajustada à situação interna alemã, mostrou-se demasiado dura para os Estados-membros que enfrentavam graves recessões económicas. No final do mês de Julho, contrariamente ao esperado pela maioria dos agentes económicos, o Bundesbank decidiu não efectuar qualquer redução da taxa de desconto26, não obstante as pressões que se sentiam no seio do SME. Desde o início do ano, as taxas de juro de curto prazo alemãs "apenas" caíram cerca de 1,5 pontos percentuais (p.p.), enquanto que em França o decréscimo foi superior a 4 p.p., conduzindo a uma diferença negativa entre ambos os países. Este cenário foi propício ao desencadeamento de um violentíssimo ataque contra o FRF27. O Banco de França "esgotado" pelas intervenções, deixou a moeda francesa atingir o limite inferior da banda de intervenção28. A ideia de que o DEM perderia o papel de moeda âncora do SME, sendo as autoridades obrigadas a flexibilizar a sua política monetária, revelou-se ilusória. Os mercados cambiais não assimilaram a menor inflação francesa como suficiente para liderar o Sistema. As antecipações dos mercados não se modificam tão rapidamente: a credibilidade das políticas perde-se facilmente, mas adquire-se ou reconstitui-se muito lentamente. A decisão em 2 de Agosto de 1993 de alargar as bandas de flutuação das moedas integrantes do mecanismo da Taxas de Câmbio do SME para ±15%29, sem qualquer alteração das paridades centrais que vigoravam desde 14 de Maio30, foi a solução encontrada para possibilitar uma maior capacidade de 24 O Reino Unido também apresentava sinais de enorme fragilidade devido à elevada dívida privada, com taxas de juro indexadas (nomeadamente as hipotecas) e pela grave recessão económica em que o país havia mergulhado desde 1990. As autoridades britânicas seguiam no MTC uma política consentânea com as mais baixas taxas de juro possíveis, deixando a libra cair até ao limite inferior da banda. Contudo, devido à reduzida inflação, as taxas de juro reais permaneciam muito elevadas. A subida das taxas de juro na Alemanha e a apreciação do marco, conjugado com a descida acentuada do dólar agravaram as pressões sobre a libra. A contestação crescente do público, da opinião e dos meios políticos britânicos ampliou e atraiu a especulação contra a libra. 25 A França tinha uma situação equilibrada: os seus dados económicos fundamentais eram bons; no que respeita à inflação, era inferior à da Alemanha; não apresentava desequilíbrios financeiros assinaláveis; e a competitividade tinha vindo a melhorar significativamente. Mas, as taxas de juro de curto prazo (tanto nominais como reais), em resultado da ancoragem assimétrica ao marco, apresentavam-se bastante elevadas para contrariar a desaceleração económica e o preocupante aumento do desemprego (a tender para 12%). 26 Apenas reduziu a taxa lombarda em 0,5 p.p. 27 Franco Francês. 28 O Bundesbank despendeu cerca de 60 biliões de DEM. 29 As autoridades alemãs e holandesas efectuaram um acordo bilateral de manter a antiga banda estreita entre as respectivas moedas. 30 As autoridades consideraram que a grelha de paridades era ajustada à situação económica fundamental dos países participantes. 9 ajustamento das economias e evitar a ruptura do Sistema31, introduzindo um risco acrescido à actividade especulativa32. La principal raison qui a conduit à l'élargissement des marges de flutuaction du mécanisme de change était de mettre un terme au risque à sens unique sur les marchés des changes33. É o paradoxo do alargamento: embora menos defendido (as autoridades não se iriam preocupar tanto com a defesa da paridade perante pequenas variações da taxa de câmbio), o SME pode revelar-se mais estável pelo aumento de risco para os especuladores. Isto é, a banda credível torna-se mais larga, com a volatilidade das taxas de juro de curto prazo a transferir-se, em parte, para as taxas de câmbio. 2. Crise de Setembro de 1992 versus Crise de Julho de 1993 O desencadeamento e a persistência da crise cambial, durante os anos de 1992 e 1993, evidenciaram que o percurso de transição para a UEM é bem mais difícil que o previsto. Mas, também ficou a consciência de que este projecto é importante para uma Europa mais forte e coesa. A união monetária não pode ter lugar enquanto as economias não estiverem convenientemente preparadas, o que implica uma grande convergência das economias, uma rigorosa condução de políticas económicas e a eliminação de factores de debilidade estrutural. As duas grandes crises dos mercados cambiais em 1992 e 1993 estão estreitamente ligadas (Commission, 1994): a) o mecanismo de câmbio, enquanto sistema de paridades fixas, revelou-se ilusório; b) a credibilidade da grelha de paridades depende de uma variedade de factores, entre os quais a convergência reveste particular importância; c) os mercados aperceberam-se da insuficiente coordenação da condução das políticas monetárias no seio do Sistema. No entanto, existem algumas diferenças consideráveis entre os dois períodos de instabilidade. Na crise de Setembro de 1992 a pressão dos mercados incidiu sobre as moedas (libra esterlina, lira, peseta e escudo) que apresentavam alguns problemas de alinhamento e cujas economias se apresentavam ainda longe de alcançar a convergência nominal necessária. Nos ataques de Julho de 1993 os alvos foram sobretudo moedas (franco francês, coroa dinamarquesa, franco belga) que tinham obtido uma convergência significativa com a moeda âncora, com relevo para a inflação e que não eram consideradas "fundamentalmente mal alinhadas". No desenrolar da crise de 1993, os mercados consideraram que, a intensidade da recessão, a gravidade do desemprego e a inexistência de tensões inflacionistas nesses países, levariam as autoridades a decidirem o dilema entre o equilíbrio interno e a exigência cambial, por uma modificação na sua estratégia, flexibilizando a política monetária e a política orçamental. Por outro lado, durante a crise de Setembro de 1992 o DEM conheceu uma apreciação nominal e real (pelo aumento dos custos unitários salariais) relativamente a outras moedas do MTC. Em 1993, a competitividade global da Alemanha não se deteriorou sensivelmente (havia um melhor controlo sobre os preços e verificou-se a estagnação da subida dos custos unitários de mão-de-obra). 31 Que se poderia verificar se outras moedas, à semelhança da lira e da libra esterlina, abandonassem o SME. 32 O alargamento da faixa de oscilação já era uma opção prevista no Relatório Padoa-Schioppa, 1988. No entanto, ante o crescimento das relações financeiras internacionais e a liberalização dos movimentos de capitais, o caminho indicado pelo Relatório era o da maior coordenação monetária. 33 Commission, 1994. 10 Parte III — Causas do Descarrilamento do SME 1. Introdução La difficulté naturelle du Système de changes fixes est que, pour être crédible il faut qu'il soit tenable. (…) Si le Système n'est pas tenable, c'est-à-dire qu'il est trop pénalisant, les opérateurs antécipent qu'il ne sera pas maintenu, et ceci peut déclencher les crises spéculatives … Patrick Artus, 1994 Aqui analisamos algumas das causas do descarrilamento do Sistema que podem contribuir para explicar a crise cambial. Elas não se anulam umas às outras: nem todas se fizeram sentir (nem na mesma intensidade) nos diferentes países e poderão apresentar-se fortemente interligadas. Acrescem, igualmente, alguns factores não negligenciáveis para a nossa análise. A contínua depreciação do dólar durante o ano de 1992 (até Setembro) criava dificuldades competitivas ao conjunto das economias comunitárias e agravava a assimetria do SME. A entrada da libra esterlina, da peseta e do escudo no mecanismo de câmbio do SME constituiu um factor de potencial instabilidade. A distância dos "fundamentais" das moedas ibéricas relativamente às que pertenciam à banda estreita desde o seu início, permitia prever que seria extremamente difícil assegurar a manutenção das suas paridades, não obstante a participação no MTC ser benéfica na condução de políticas de desinflação. Uma política de desinflação demasiado abrupta pode criar situações de inconsistência34 ou de alteração das expectativas dos agentes económicos sobre o comportamento das autoridades. Na presença de distorções das taxas de câmbio e de insuficiente convergência das taxas de inflação, os mercados tomaram as taxas de câmbio como não credíveis, considerando os custos económicos de ajustamento e os custos políticos internos insuportáveis. A desconfiança dos mercados impõe um prémio de risco mais elevado nos países que apresentam maiores dificuldades na convergência, retardando-lhes a concretização das vantagens na adopção de taxas de câmbio fixas. Os mercados estavam divididos entre dois cenários alternativos: um cenário optimista, apoiado sobretudo na convergência franco-alemã e um cenário pessimista, correspondente ao abandono das políticas de rigor, para atender à subida do desemprego e a eventuais fragilidades financeiras. O cenário optimista revelou-se mais precário, com os mercados a aperceberem-se de alguma fragilidade francesa e de hesitações manifestadas ao nível da solidariedade e da cooperação monetária. 2. Determinantes Políticas A forte dependência da evolução da UEM de condicionantes políticas, nomeadamente a sujeição da ratificação do Tratado da União Europeia a referendos nacionais, propiciou o avolumar do clima de incerteza. Particularmente sensíveis, mais pelas perspectivas que realmente pelas consequências, foram os referendos francês e dinamarquês, que determinaram o aumento das dúvidas quanto ao respeito do calendário previsto para a realização da UEM. A instabilidade política e os períodos eleitorais, sobretudo quando havia a ameaça de não continuidade da política de rigor, aumentava a insegurança dos mercados. Durante as crises de 1992 e 1993 os mercados não deixaram de permanecer apreensivos quanto à instabilidade política italiana e aos processos eleitorais francês e espanhol. A teoria económica da política coloca em evidência o papel determinante que as condicionantes eleitorais, partidárias ou de grupos de interesses podem exercer sobre as escolhas de política económica. A política monetária não está imune a estas influências políticas35. O controlo da política monetária constitui para os dirigentes políticos um meio útil, por vezes bem mais fácil que pela "pesada" política orçamental, de alcançar seus objectivos específicos. 34 Os agentes económicos antecipam a insustentabilidade do programa (Torres, 1989). 35 Estará tanto mais desprotegida quanto menor for o grau de independência das autoridades monetárias, vidé bancos centrais. 11 3. Livre Circulação de Capitais The complete liberalization of capital transactions and full integration of banking and other financial services is one of the necessary conditions for a monetary union. Relatório Delors A liberdade de circulação de capitais é uma peça importante no funcionamento do mercado interno europeu. A liberdade das operações de pagamento é o complemento à livre circulação de bens, pessoas e prestação de serviços. Faire un marché unique dans le quel le capital hésiterait à circuler aurait été absurde36. A entrada em vigor do Acto Único Europeu constituiu uma fase decisiva para a aceleração da liberalização dos movimentos de capitais. A adopção da Directiva 88/361/CEE introduziu a liberalização total dos movimentos de capitais na Comunidade37. A Directiva entrou em vigor a 1 de Julho de 1990 coincidindo com o início da primeira fase da união monetária. Com a entrada em vigor do Tratado da União Europeia, a 1 de Novembro de 1993, a Directiva 88/361/CEE deixou de vigorar, com os artigos 73º-B a 73º-G do Tratado a passarem a ser de aplicação directa. Grosso modo, as vantagens a retirar de um mercado integrado traduzem-se pela redução dos custos de intermediação financeira, devido à acção da concorrência e de economias de escala, e pela mais ampla possibilidade de escolha, com reflexos positivos a nível das combinações de rentabilidade-risco (para os aforradores) e de custo-risco (para os devedores). As determinantes dos movimentos de capitais de curto e longo prazos são diferentes. A variabilidade (curto prazo) das cotações nominais e reais das taxas de câmbio poderá não ter repercussões decisivas sobre os movimentos de capitais de longo prazo nem sobre os investimentos directos estrangeiros; mas, será certamente, uma das motivações dos movimentos de curto prazo. Os "desalinhamentos" (estruturais ou de médio e longo prazo), que persistem durante vários anos, são mais importantes para os movimentos de capitais de longo prazo, preocupados com o retorno do investimento. O funcionamento do SME fez aparecer o carácter binário da especulação entre moedas ligadas pelo mecanismo de câmbio: – Ou a credibilidade das paridades é forte e os movimentos de capitais apenas procuram rendimentos nominais38 – nesta situação será relativamente fácil estabilizar a taxa de câmbio, mas há que ter em conta que a taxa de juro não poderá ser utilizada com ampla liberdade. – Ou os mercados apercebem-se de desvios excessivos das paridades relativamente às taxas de câmbio de equilíbrio, não as aceitando – neste caso, a especulação pressiona para o abandono da paridade existente. 36 Wyplosz; Riché, 1993. 37 Quatro excepções: a Espanha e a Irlanda podiam manter certas restrições até ao final de 1992; Portugal e a Grécia beneficiavam de uma derrogação até ao final de 1995. Portugal não utilizou esta prerrogativa e liberalizou totalmente os movimentos de capitais em 16 de Dezembro de 1992. A Grécia utilizou-a até 16 de Maio de 1994. 38 Os diferenciais das taxas de juro ex post (ou efectivas) entre os diversos países, sobre activos da mesma categoria, apresentando o mesmo risco específico, podem ser analisados sob quatro aspectos: — O prémio-país: resultante de imperfeições no movimento de capitais, do grau de desenvolvimento dos mercados nacionais e de factores de ordem político-social. — O prémio de risco derivado da variabilidade do câmbio: os investidores sabem que a variação das cotações cambiais é frequente, nomeadamente das moedas mais fracas, exigindo um prémio que compense este risco; o risco de variabilidade de câmbio age como um freio à mobilidade dos capitais. — O prémio de risco de desvalorização: resulta da possibilidade de haver desvalorizações, sobretudo de moedas de menor reputação; os níveis elevados de inflação e de dívida pública potenciam este risco. — O prémio de antecipação da evolução da taxa de câmbio: resulta das incertezas que permanecem nos mercados quanto à credibilidade dos compromissos no SME. 12 3.1. A Trilogia Impossível Free trade, free capital movements and exchange rate stability can mutually and peacefully co-exist only if national economic policies are adequately co-ordinated. José Viñals, 1994 Se dois países, ligados por uma taxa de câmbio fixa, acordarem a liberalização dos movimentos de capitais entre eles, não podem conduzir políticas monetárias independentes, que legitimem taxas de inflação diferentes. Temos assim uma trilogie impossible39: 1) taxas de câmbio fixas; 2) liberdade de circulação de capitais; 3) política monetária independente – um destes items tem que ser abandonado. Esta constelação aparece pela comunicabilidade entre os mercados cambiais e monetários. Vejamos: as autoridades económicas de um país, ao pretenderem combater o desemprego, baixam as taxas de juro, com vista a incentivar o investimento. Assiste-se a uma fuga dos capitais (existência de perfeita mobilidade de capitais), que leva ao enfraquecimento da moeda. O banco central actua na sua defesa, recomprando-a contra divisas, absorvendo as reservas bancárias que havia criado para promover a descida das taxas de juro. O processo irá continuar até que as taxas de juro aumentem o suficiente para cessar a hemorragia de capitais (ou que permitam o seu regresso). Num outro sentido, um país com forte inflação, aumenta a taxa de juro para a combater. O aumento da taxa de juro resulta num afluxo de capitais especulativos, que perturba a estratégia das autoridades. Mas, controlo dos agregados monetários40 constitui um objectivo "interno" de política monetária, que tem que estar sujeito ao objectivo "externo" de estabilidade cambial. No caso dos países do SME, o objectivo externo representa a obrigatoriedade de manter a cotação cambial dentro dos limites autorizados de flutuação. «A margem de manobra da política monetária interna desaparece virtualmente, com a excepção do espaço proporcionado pela banda de flutuação»41. Para alcançar a estabilidade da taxa de câmbio as autoridades monetárias têm que, segundo as circunstâncias, comprar (criar moeda nacional) ou vender (destruir moeda nacional) divisas. Também poderá ser necessário intervir sobre as taxas de juro: a sua subida atrai capitais, susceptíveis de reforçar a cotação da divisa42 e a sua descida actua no sentido inverso. Estes movimentos podem gerar conflitos com as necessidades de regulação interna da massa monetária e dos agregados económicos. Assim, a cada momento, o banco central deve assegurar uma taxa de juro, nem demasiado alta – que conduz à apreciação da moeda e afluência de capitais – nem demasiado baixa – que provoca uma depreciação da moeda e a saída de capitais. Desta forma, há de facto, a perda da capacidade de escolha de condução da política monetária, submetida à perseguição do objectivo do equilíbrio externo. Considerando como definitiva a vontade de garantir a plena liberdade de circulação de capitais, poderemos ter duas formas de funcionamento: – Uma corresponde a uma lógica de concorrência: cada país gere a sua moeda, preservando a autonomia das políticas nacionais, renunciando a estabelecer a priori a fixação das taxas de câmbio, com o mercado a determinar o preço de cada moeda relativamente às restantes. Contudo, a autonomia das políticas nacionais é ilusória. Como notou Johnson43 (1977) un système de taux de change flottants ne procure que peu ou pas de liberté supplémentaire pour la conduite indépendante de la politique monétaire national, si cette liberté est entendue comme liberté par rapport aux influences et mouvements extérieurs et si elle est implicitement définie pour signifier une indépendance exercée sans coûts en termes de perturbations. Ou seja, a perda de autonomia 39 Wyplosz; Riché, 1993. Usando a terminologia de Padoa-Schioppa (1987), temos o quadrado inconsistente: 1) liberdade de movimento de capitais, 2) liberdade de trocas, 3) taxas de câmbio fixas e 4) autonomia de política monetária nacional. 40 O controlo do agregado M1 (moeda + depósitos à vista) é relativamente fácil. Mas, o controlo de agregados de acepção mais larga, como o M3, é bem mais complexo pela quantidade de novos produtos financeiros, esbatendo-se, em muitos casos, a fronteira puramente monetária. 41 Relatório do Banco de Portugal, 1992. 42 Em casos de graves crises especulativas, este tipo de actuação não é suficiente para gerar os resultados descritos. Quando o risco cambial é demasiado elevado, a (forte) subida das taxas de juro não é suficiente para produzir o aumento da procura da moeda nacional. 43 Citado por Aubin, 1993. 13 neste regime faz-se para o mercado, "instituição" que escapa completamente ao controlo das autoridades monetárias. – Outra corresponde a uma lógica de centralização: é retido o princípio da fixação das paridades das taxas de câmbio e abandona-se a autonomia das políticas nacionais. Tal implica a existência de uma política monetária para todos os países concernentes. Foi esta a solução adoptada no Tratado de Maastricht, fixando o objectivo de criar uma união monetária, com uma instituição central a controlar a emissão de uma moeda única. O período anterior às recentes crises do SME caracterizou-se por aplicações em moedas de alto rendimento (paris sur la convergence), a lira, a peseta e o escudo. Mas, le mélange detonant44, formado pelas taxas de câmbio (quase) fixas, convergência económica e monetária insuficiente e disparidade das posições cíclicas, reuniu condições de instabilidade nos câmbios, num contexto de liberdade plena de movimentação de capitais. Os investidores actuavam na convicção de que as altas taxas de juro proporcionadas por estas moedas podiam ser um prémio suficiente para o risco de câmbio. Quando se perspectivou um forte aumento deste risco, as elevadas taxas de juro tornaram-se insuficientes para estancar a hemorragia dos capitais, que se refugiaram nas moedas fortes do Sistema, marco e florim, as quais apresentavam também um atractivo nível de taxas de juro. Com a livre circulação de capitais este fenómeno desencadeia-se instantaneamente. O SME tornou-se potencialmente instável, porque o ritmo de convergência das economias europeias (inflação, finanças públicas, desemprego, taxas de juro, etc.) foi mais lento que o processo de globalização financeira e de liberalização dos movimentos de capitais. A recessão económica comprometeu ainda mais o ritmo de convergência. Para promover a retoma económica as autoridades monetárias, "ignorando" a trilogia, tentaram testar até onde poderia ir a sua autonomia de política monetária (as tentativas de testar a sua autonomia redundaram em menor autonomia, pelo esforço adicional de defesa das paridades, perante o desencadear dos ataques dos mercados), relativamente à política cambial. Os mercados não perdoaram a não submissão (indispensável) da política monetária ao objectivo da estabilidade das taxas de câmbio. Será que a Alemanha também está sujeita à "trilogia impossível"? No SME, a Alemanha nunca se preocupou verdadeiramente com a sua taxa de câmbio relativamente às moedas europeias, conduzindo uma política monetária autónoma, na sua qualidade de n.ésimo país do Sistema. Têm sido os seus parceiros (n-1) a preocuparem-se com a manutenção do equilíbrio das paridades. No entanto, nem a Alemanha consegue estar desligada da trilogia: – por um lado, sobretudo devido às crises do FRF em 1992-1993 as autoridades além-Rhin tiveram que admitir algumas descidas das suas taxas de juro; – por outro lado, para conciliar a condução de políticas monetárias autónomas com a livre circulação de capitais, o marco flutua perante as divisas internacionais, dólar e yen. 4. Processo de Convergência The market participants do not just look at "nominal" divergences but also at "real" divergences. José Viñals, 1994 4.1. Convergência Nominal As autoridades monetárias têm dado grande importância à convergência nominal. Compreensível, pelo desejo de cumprir os critérios de convergência definidos em Maastricht, que darão acesso à participação na terceira fase da União Económica e Monetária. Os critérios foram definidos predominantemente para promover a estabilidade dos preços. O Sistema Monetário Europeu tem sido um espaço de promoção da convergência dos países nele participantes. Em particular, destaca-se a sua influência positiva sobre o comportamento da inflação, em clara desaceleração mesmo em países com tradições de taxas de inflação elevadas. Embora exercendo um efeito positivo pelas suas características disciplinadoras, o SME não conseguiu proporcionar êxitos semelhantes no comportamento de outros indicadores económicos, nomeadamente no défice orçamental e na dívida pública. A convergência para finanças públicas sãs é absolutamente 44 Commission, 1993-b. 14 necessária para uma UEM estável a longo prazo. O insuficiente controlo das políticas orçamentais pode gerar impactos negativos. Embora o endividamento público possa não ter incidência directa sobre a formação geral dos preços, poderá conduzir as autoridades a adoptar políticas monetárias menos rigorosas, levando-as à contracção de novos empréstimos que, por sua vez, terão impactos inflacionistas. A divergência entre combinações de orientação de políticas monetárias restritivas (visando manter a estabilidade cambial) e políticas orçamentais expansionistas (geradoras de pressões inflacionistas) pode ocasionar problemas de equilíbrio interno, ao nível da estabilidade dos preços e de equilíbrio externo, ao nível da estabilidade do valor externo da moeda. O período de crescimento económico do final dos anos oitenta, não foi aproveitado para uma adequada convergência, que a recessão dos anos noventa desnudou, evidenciando diversos desequilíbrios estruturais em vários países. A deterioração da situação económica tornou mais difícil o saneamento das finanças públicas, nomeadamente nos países sem margem para acomodações cíclicas. A trajectória desfavorável do crescimento económico conduziu à inevitável quebra das receitas fiscais, aumento das despesas e agravamento dos défices. Também ao nível das taxas de juro a convergência ainda não atingiu os valores desejáveis, não obstante a boa condução do processo de desinflação e de integração financeira. A persistência de diversos riscos de natureza monetária e cambial, obrigam à permanência de prémios de risco, sobretudo nas taxas de juro relativas a moedas de menor reputação. O aumento ou reaparecimento de prémios de risco sobre as moedas de países obrigados a efectuar ajustamentos importantes, sobretudo em matéria orçamental, desencadeou um círculo vicioso: o aumento das taxas de juro elevam o peso do serviço de dívida, dificultando a consolidação orçamental, que determina de novo a elevação das taxas de juro. Em conclusão, o compromisso da manutenção das paridades cambiais foi um útil ponto de apoio para a condução das políticas monetárias nacionais; não terá sido tão eficiente no que respeita às políticas orçamentais e de rendimentos. 4.2. Convergência Real Mas a convergência nominal não pode constituir um fim em si mesmo (não obstante a urgência de cumprir os critérios de Maastricht). A convergência nominal só é relevante e credível se permitir e impulsionar a convergência real. No Tratado da UEM não houve tanta preocupação em dar expressão ao esforço de solidariedade destinado a assegurar a convergência real. A convergência real passa pelos seguintes aspectos: a) aproximação dos rendimentos em termos reais, ou seja, redução dos diferenciais entre os níveis de vida. A recessão vivida pela Europa limitou as possibilidades de fazer crescer o rendimento nos países menos desenvolvidos – aliás, verifica-se nestes uma maior dificuldade em sair do período recessivo; b) boa performance no domínio do desemprego. Tem-se assistido ao aumento dos diferenciais de desemprego entre os vários países e mesmo no interior de cada país; c) convergência das determinantes da oferta global. É necessário um reequilíbrio das condições de oferta de infra-estruturas e condições macroeconómicas que criem um ambiente dinâmico de atracção – daí a importância dos fundos estruturais na ajuda às regiões estruturalmente mais carenciadas. As disparidades nas condições de oferta dos Estados-membros influenciam as decisões de investimento. Um país, onde a taxa de rendibilidade marginal do capital é inferior aos restantes países, vê-se preterido nas opções dos investidores. Como as decisões de investimento dependem das antecipações, torna-se importante criar um grau elevado de credibilidade macroeconómica. 15 5. Sobrevalorização Os mercados quando antecipam que a taxa de câmbio de uma moeda vai variar, ajustam as suas carteiras em conformidade. Este movimento pode ser determinado por um diferencial significativo de taxas de inflação, que provoca perdas de competitividade e problemas na balança de pagamentos. Vamos supor que antecipam a desvalorização da moeda A: então vão vender a moeda A para comprar a moeda B (que se irá valorizar). Contudo, o banco central da moeda A, responsável pela manutenção do equilíbrio das taxas de câmbio pretende manter a paridade entre ambas as moedas. Assim, recompra a sua moeda, gastando reservas em divisas estrangeiras. À medida que as reservas baixam, o processo acelera-se até ao momento em que o banco central, esgotado, é obrigado a deixar de intervir. Então a desvalorização processa-se. De 1987 até à crise de Setembro de 1992 não se registou qualquer realinhamento nas paridades bilaterais das taxas de câmbio. Os países membros assumiram o compromisso de não desvalorizar contra o marco. Durante este período, certos países conheceram taxas de inflação mais elevadas, taxas de juro mais altas e desalinhamentos nas suas finanças públicas. Outros países, cumprindo programas de desinflação, aderiram ao MTC com uma paridade superior à taxa de câmbio de equilíbrio fundamental. A manutenção das paridades fixas e os diferenciais de inflação conduziram à sobrevalorização de algumas moedas europeias. Em países, como Portugal e Espanha, a adesão à Comunidade provocou uma maior exposição à concorrência. O preço dos bens comercializáveis é determinado no mercado europeu (e mundial), enquanto que o preço dos bens não comercializáveis é determinado no espaço nacional. Se o preço dos bens comercializáveis for homogéneo em todos os países, o nível de salários neste sector é função da produtividade. A competitividade exercida pelo exterior conduz a ganhos de produtividade no sector dos bens comercializáveis. Estes ganhos de produtividade permitem a redução dos preços (melhora a competitividade) ou a subida dos salários. A subida dos salários é transmissível ao sector dos bens não comercializáveis, que sem os ganhos suficientes de produtividade, geram inflação. Os preços dos bens não comercializáveis aumentam mais rapidamente que os preços dos bens comercializáveis. Estamos em presença dos efeitos de Balassa-Samuelson45. 5.1. Efeitos da Sobrevalorização Um país que tenha uma inflação superior à dos seus concorrentes, suporta uma contínua perda de reservas cambiais. Situação propícia ao desencadeamento de ataques especulativos, podendo conduzir as reservas abaixo do nível mínimo que permite o funcionamento do sistema de câmbios fixos. Numa situação de taxa de câmbio sobrevalorizada, por exemplo, ao nível R1, a economia tende a apresentar um défice comercial. Este défice pode ser financiado pela contracção de empréstimos, pela atracção de capitais estrangeiros (elevação das taxas de juro) ou pela utilização de reservas de divisas. A perda de competitividade pode levar a uma redução substancial das reservas, com os mercados a anteciparem uma desvalorização. A saída dos capitais (quando as taxas de juro não são suficientes para cobrir o risco de câmbio) exerce pressões especulativas, que podem conduzir as autoridades a terem de abandonar as paridades fixas. Como já vimos, a sobrevalorização conduz a uma perda da procura externa. A procura global depende de forma positiva (no sentido da Figura 3, na qual o aumento da taxa de câmbio real significa uma desvalorização) da taxa de câmbio real46, enquanto a oferta global é função negativa. 45 B. Balassa, 1964; P. Samuelson, 1964. Contudo, este tipo de mecanismo já remonta a D. Ricardo. 46 Uma depreciação real da taxa de câmbio melhora a competitividade da economia, pela redução dos custos de produção e dos preços, daí a inclinação positiva da curva da procura. 16 Figura 3 — Efeito de um Choque da Procura com e sem Alteração da Taxa de Câmbio S D' A' D A B D' S D Produção A longo prazo a deslocação da curva da procura de D para D' (quebra da procura) implica uma depreciação da taxa de câmbio real, com o equilíbrio a passar de A para A'. Mas, a curto prazo, os preços (e os salários) são rígidos e a taxa de câmbio real é função da taxa de câmbio nominal, que as autoridades pretendem manter inalterada. Ou seja, sem qualquer ajustamento da taxa de câmbio nominal, o equilíbrio de curto prazo fixa-se em B. Dado que o ponto B corresponde a uma situação de sub-emprego, os preços (e os salários) tendem a diminuir, com o equilíbrio a deslocar-se ao longo da curva D' até ao ponto A'. A antecipação da desvalorização, atendendo à perda de competitividade e do produto, poderá levar os mercados a desencadear ataques especulativos. Como veremos na secção seguinte essa antecipação será tanto mais concretizável quanto maior for a percepção da insustentabilidade da continuidade da política de moeda sobrevalorizada, devido à quebra do produto abaixo do nível mínimo compatível com a manutenção dos câmbios fixos. A apreciação da taxa de câmbio real é um poderoso instrumento de desinflação. Il ne peut cependant être durablement utilisé sans préjudice pour les comptes extérieurs et la croissance que si, simultanément, les ajustements salariaux progressent rapidement47. Em alguns países, os salários não têm contribuído à desinflação, ajudando inclusive a tensões inflacionistas, colocando em risco a continuidade de um crescimento equilibrado. 47 Commission, 1990-a. 17 6. Políticas Endógenas L'attaque spéculative est liée (…) à l'antecipation d'un changement de politique économique conduisant à l'abandon de la parité fixe et à une dépréciation brutale. Patrick Artus, 1994 A Europa caiu numa forte recessão a partir de 1991. O abrandamento da actividade económica foi acompanhado pelo aumento de desemprego. A existência de desemprego de longa duração, devido a diversos tipos de rigidez no mercado de trabalho e à inadaptação deste factor às transformações estruturais resultantes da crescente integração europeia, poderão explicar a permanência de níveis elevados de desemprego, mesmo no período precedente, caracterizado pelo forte crescimento económico. O aparecimento de crises especulativas em países sem excesso de inflação e com reservas suficientes, não tem explicação no tradicional modelo de balança de pagamentos (secção anterior). Neste caso, não é o esgotamento das reservas cambiais que impulsiona o ataque especulativo, mas a antecipação da alteração da política monetária. A exigência do equilíbrio externo impunha a manutenção de taxas de juro nominais elevadas, atendendo à ancoragem indiscutível ao marco alemão. Mas, se para a Alemanha se justificava a continuidade de políticas rigorosas para o combate às pressões inflacionistas, para os restantes países tratava-se de um ónus com contornos cada vez mais insuportáveis: a inflação nestes últimos situava-se maioritariamente abaixo dos 2%; por isso, as taxas de juro reais atingiam valores superiores a 5%, considerado demasiado para relançar o crescimento económico e combater eficazmente o desemprego. A política orçamental foi utilizada para atenuar a recessão e promover o relançamento económico, mesmo em países que não possuíam margem de manobra para a sua condução. O agravamento dos défices orçamentais foi notório, com o consequente crescimento da dívida pública. O crescimento destes dois items económicos, combinado com o decréscimo do PIB, conduziu a uma deterioração dos rácios económicos, tornando menos credível a convergência para os critérios adoptados em Maastricht. Paradoxalmente, é o respeito pelos critérios orçamentais do Tratado que conduziu os mercados a admitirem que a única opção seria a da flexibilização da política monetária. O relaxamento monetário proporcionaria um relançamento da economia, que conduziria a um desagravamento do montante dos défices e proporcionaria um serviço de dívida menos penoso. O efeito sobre a taxa de câmbio pode ser analisado com a ajuda do seguinte modelo48: (1) m-p = ay-bi (2) y = h(e-p)-kr • (3) r = i- p (4) p = cY • • (5) i = i*+ e A equação (1) traduz o equilíbrio no mercado monetário, com m, p e y a serem, respectivamente, os logaritmos da oferta de moeda, do índice de preços e do desvio do PIB real, relativamente à sua tendência de longo prazo e i, a taxa de juro nominal. A equação (2) representa o equilíbrio no mercado de bens, sendo e o logaritmo da taxa de câmbio nominal e r a taxa de juro real. O nível de preços no estrangeiro é suposto constante e igual à unidade; (e-p) representa a taxa de câmbio real. A equação (3) define a taxa de • juro real, com p = dP/dt a representar a inflação, suposta perfeitamente antecipada, submetida a uma equação de Phillips simplificada, traduzida pela equação (4). A equação (5) dá-nos a paridade das taxas de juro49. Resolvendo este modelo chegamos ao seguinte sistema de equações: • e = β [ah(e-p) + (1-kc) (p-m)] • p = βc [bh(e-p) - k (p-m)] 48 Modelo apresentado por Eichengreen e Wyplosz (1994), que transcrevemos. 49 A diferença das taxas de juro é igual à taxa de depreciação antecipada. 18 com β = [b+k(a-bc)]-1. O sistema encontra-se descrito na Figura 4. A recta S0S0 representa a linha de convergência. Figura 4 — Equilíbrio no Mercado Cambial e Monetário e S 1 B 2 C m1 D S 0 m0 B 1 A S S 1 0 m0 m1 p De início, a economia situa-se na posição de equilíbrio de longo prazo, dada pelo ponto A, com m pressuposto constante ao nível m0. A taxa de câmbio é exactamente igual à taxa de câmbio fundamental, e0=m0. Como vimos anteriormente, um país com excesso de inflação, em regime de câmbios fixos, confrontase com uma redução das suas reservas, que se descerem abaixo do nível mínimo, provocam a passagem a câmbios flexíveis. Analogamente, podemos considerar que a produção não pode cair abaixo de um nível mínimo. Se tal acontecer o sub-emprego é excessivo e uma mudança de regime pode afigurar-se como provável. Se os mercados anteciparem a flexibilização da política monetária, para fazer face ao decréscimo do produto ou ao aumento do serviço de dívida pública ou privada, a massa monetária deve aumentar para m1, com o novo ponto de equilíbrio de longo prazo a ser representado pelo ponto D. Nesta nova situação a taxa de câmbio é dada por: e1 = m1>m0. O percurso AB1CD, ilustra a situação em que os mercados antecipam a alteração da política monetária. Neste caso, os mercados desencadeiam um ataque especulativo. As reservas cambiais reduzem-se substancialmente para defenderem a paridade da taxa de câmbio. Se essa redução cair abaixo do mínimo necessário para manter a paridade, as autoridades monetárias são forçadas a abandonar as taxas de câmbio fixas. Assim, assiste-se a uma desvalorização instantânea, com a passagem do ponto A para o ponto B1. Nesta altura, a taxa de câmbio fundamental ainda não sofreu qualquer alteração. Enquanto, a oferta de moeda se mantiver ao nível de m0, a economia vai evoluir de B1 para C, com uma tendência de depreciação da taxa de câmbio nominal. Observando-se o aumento da massa monetária, para S1S1, assiste-se a uma convergência para o equilíbrio de longo prazo, dado pelo ponto D. O forte agravamento da situação económica, generalizada aos países europeus (à excepção da Alemanha, ainda a viver o apêndice do boom da unificação), inquietava os mercados cambiais e monetários. Em particular destaque estava a posição francesa, pressionando publicamente a Alemanha a proceder a descidas nas taxas de juro. O sinal aos mercados estava dado. Para mais, alguns dos principais concorrentes dos produtos franceses tinham procedido a desvalorizações (Itália, Reino Unido e Espanha), aumentando as pressões sobre a economia francesa. Não obstante, os bons dados económicos fundamentais da França, os mercados anteciparam uma reorientação da sua política monetária. 19 A perspectiva de flexibilização da política monetária, com descidas das taxas de juro (necessário para estimular a produção), diversas vezes tentado pelas autoridades, "testando os mercados", e numa situação de forte mobilidade de capitais, traduz-se pela redução drástica das reservas cambiais. Les investisseurs non-résidents ont alors intérêt à quitter la monnaie de ces pays avant que l'activité trop faible ne rende inéluctable la baisse du taux d'intérêt50. Observe-se, no entanto, que as pressões especulativas tiveram lugar, quando os mercados consideraram os custos insuportáveis, em termos de produção e desemprego, e não quando as taxas de juro atingiram os seus valores mais elevados. Contudo, nem a França nem os outros países (Irlanda, Bélgica, Dinamarca, etc.), que sucumbiram aos ataques, modificaram substancialmente a orientação da sua política monetária após o alargamento das bandas. Qualquer deles manteve a determinação de continuar uma política monetária rigorosa, mantendo como seu principal objectivo a estabilidade cambial. A descida das taxas de juro alemãs ajudou esta actuação. 7. Os Ataques Auto-realizadores Les non-résidents veulent en effet forcer les autorités à abandonner les changes fixes en rendant impossible la stabilité de la parité en raison de la disparition des réserves, donc de la possibilité d'intervenir. Ils ont ce comportement soit pour se prémunir contre une dépréciation brutale future, soit pour profiter (s'ils ont une position emprunteuse) d'une dépréciation. Patrick Artus, 1994 Contrariamente ao ponto anterior, no qual os mercados prevêem uma alteração na condução de políticas, aqui impõem-na. Um ataque pode ser desencadeado mesmo que as autoridades se oponham fortemente à alteração de políticas. No caso anterior, apenas existe um ponto de equilíbrio, baseado nas intenções das autoridades monetárias – ver Figura 4. Na situação presente, existe uma multiplicidade de equilíbrios possíveis, correspondente às diversas reacções das autoridades após os ataques realizados. A e D são pontos possíveis, mas existe uma infinidade de outros pontos de equilíbrio à direita de A. Atendendo à sanidade dos dados económicos fundamentais, que proporcionam a situação de equilíbrio de longo prazo verificada em A, com e0=m0, não se justificará a realização de ataques especulativos. O seu desencadeamento decorre da convicção dos mercados (aliciados pela perspectiva de ganhos), de que as autoridades monetárias não têm êxito na oposição à mudança de regime cambial. Na situação aqui analisada estamos perante ataques exclusivamente ofensivos. Partamos de novo da posição de equilíbrio dada por A, sobre a recta de convergência S0S0 – Figura 4. Os mercados ao desencadearem os ataques especulativos, vão esgotando as reservas cambiais, forçando as autoridades monetárias a abandonar a paridade fixa. A desvalorização concretiza-se, com a economia a passar do ponto de equilíbrio fundamental A para o ponto B2. O banco central permite o aumento da massa monetária para o nível dado em m1, com a taxa de câmbio de equilíbrio de longo prazo dada pelo ponto D. Refira-se que se os mercados estiverem convencidos que a taxa de câmbio se deveria fixar ao nível dado por B2, a linha de convergência situar-se-ia à direita de S1S1. Une autre explication possible pour les crises spéculatives "contrintuitives" est l'apparition éventuelle d'un mouvement transitoire de dépréciation aprés le passage aux changes flexibles alors que la tendence de long terme est l'appréciation du change51. Nesta interpretação apenas temos especulação baseada unicamente na dinâmica de curto prazo, com a depreciação a ter lugar, justificando o ataque. Não se tem em conta a evolução tendencial. Artus demonstra que para que esta situação se verifique é necessário que o crescimento da massa monetária seja negativa e que a balança comercial seja confortavelmente positiva52. 50 Artus, 1994. 51 Artus, 1994. 52 Situação verificada em alguns países no decurso da primeira crise do SME (França, Dinamarca, etc.). 20 A depreciação ocorre, porque se antecipa que o valor posterior dos títulos nacionais venha a ser inferior ao valor actual, provocando a redução da procura de títulos pelos não residentes. Esta dinâmica traduz-se por uma saída maciça de capitais. Passado algum tempo, aparece a tendência de apreciação do câmbio: o movimento deflacionista da economia proporciona ganhos de competitividade, favorecendo o comportamento da balança comercial. Produz-se, desta forma, uma expectativa de apreciação de longo prazo da moeda nacional. 8. A Reunificação Alemã Il se pourrait donc que le fait que le mécanisme de change soit effectivement parvenu à réduir l'inflation et l'instabilité des taux de change, et attrait qu'il exerce de ce fait sur de nouveaux membres et même sur des pays extérieurs à la Communauté européenne, aient contribué à la vulnérabilité du système à la suite du choque constitué par l'unification allemande. Englander; Egebo, 1993 A reunificação alemã teve reflexos importantes sobre a integração económica e monetária na Europa. A ancoragem ao DEM, que permitia a adopção da orientação das políticas monetárias e económicas alemãs, modificou-se. A generalidade dos países pertencentes, desde o início, à banda estreita do MTC, começou a apresentar níveis de taxas de inflação mais favoráveis que os da Alemanha unificada. O impacto da reunificação alemã criou um choque assimétrico sobre a procura global. O fenómeno da reunificação promoveu o aumento repentino do rendimento disponível na ex-RDA53. A conversão favorável do Ost-mark em Deutch-marks, na maioria dos casos à razão de um para um, impulsionou (inicialmente) o rendimento dos cidadãos daquele território54. Este aumento da riqueza das famílias provocou o aumento do consumo, que já se verificava também a Ocidente devido a subidas reais dos salários. A par do crescimento da despesa privada, assistiu-se igualmente ao aumento das despesas públicas55: a reunificação exigia uma equiparação ao nível da oferta de infra-estruturas (vias rodoviárias e ferroviárias, aeroportos, telecomunicações, protecção do meio ambiente, alojamento, etc.) e de benefícios sociais (segurança social, assistência médica, educação, etc.). Além do financiamento de investimentos de natureza estruturante, que visavam proceder à recuperação de infra-estruturas, essenciais para a promoção de bem-estar e do crescimento e desenvolvimento harmonizado dos cinco novos Länders, o governo federal alemão tinha de proporcionar uma integração "suave" da economia de leste na organização de mercado. No curto prazo, era necessário proceder a transferências financeiras substanciais para reduzir o impacto, inevitavelmente doloroso, da união alemã. Em primeiro lugar, porque o nível de desemprego a leste subia fortemente; em segundo, havia que estabilizar (ou compensar) o custo das necessidades essenciais de existência, nomeadamente os preços de alojamento e de energia; por outro lado, as necessidades de liquidez do sector empresarial ultrapassavam os limites de crédito do Treuhandanstalt56; finalmente, as autoridades locais necessitavam de recursos substanciais para desempenhar as suas funções de reorganização e de melhoramento das infraestruturas na Alemanha de Leste. A ocidente registou-se um aumento da produção e do emprego (atraindo a imigração proveniente do leste – flexibilidade espacial). Esta evolução favorável do emprego na RFA era anterior ao processo de reunificação. Refira-se que por este facto e pelos avultados proveitos do sector exportador alemão, a 53 República Democrática Alemã. 54 Esta conversão significou igualmente uma menor necessidade de transferências directas para as famílias. 55 As despesas públicas efectivadas a Leste materializaram uma política orçamental expansionista, visto que o seu financiamento foi efectuado através de endividamento. De início, as autoridades não recorreram a aumentos de impostos nem a reorientação de despesas. 56 Organismo público que possuía o conjunto de bens da RDA. Com a reunificação passou a ter por objectivo restruturar e privatizar estes bens. Concedia às empresas créditos de curto prazo para fazer face aos seus problemas de liquidez. 21 Alemanha Ocidental conhecia já uma forte pressão de subida dos salários. Os aumentos salariais no sector exportador repercutiam-se nos restantes sectores da economia. Estes acontecimentos e estes factores determinaram uma vincada apreciação real do marco, que poderia ter sido materializada sob duas formas: pela apreciação nominal do marco e/ou pelo aumento dos preços alemães relativamente aos preços dos seus parceiros. A primeira forma foi rejeitada pela França e por outros Estados-membros, determinados em não desvalorizar perante o marco, para alcançarem o estatuto de moeda-forte. A segunda poderia ser realizada por duas maneiras: ou a inflação alemã subiria acima da taxa observada nos restantes países do MTC, ou estes reduziriam a sua taxa abaixo da taxa alemã. O Bundesbank não toleraria uma subida significativa da inflação alemã, pelo que apenas restava a hipótese de deflação nos restantes Estados-membros. Globalmente, o desenvolvimento do processo de reunificação alemã originou a deterioração de alguns indicadores da economia alemã, com relevo para a subida da inflação, dos défices orçamentais, do montante da dívida pública e para a degradação da conta externa. 8.1. Transmissão da Política Orçamental A flexibilização da política orçamental constituiu uma consequência importante da reunificação alemã. No quadro teórico fornecido pelo modelo Mundell-Fleming, a dois países economicamente semelhantes (simplificando, a Alemanha e o conjunto dos restantes países membros do SME), um aumento das despesas públicas é susceptível de estimular, no curto prazo, a actividade doméstica e externa. Assim, no curto prazo a expansão orçamental alemã, financiada pela emissão de títulos nacionais57, estimula a actividade interna. No muito curto prazo, esta expansão reflecte-se positivamente na actividade dos restantes Estados-membros, devido ao aumento da procura alemã de importações. A "assinatura" do Estado alemão é apetecível pelos investidores, não havendo dificuldades na obtenção de recursos. No entanto, o endividamento necessário para o financiamento do aumento das despesas públicas, atendendo à insuficiência da poupança interna e à indisponibilidade para um forte aumento dos impostos58, provoca uma subida das taxas de juro nacionais. O comportamento do diferencial de taxas de juro nacional e estrangeiras atraiu capitais e majorou a apreciação da moeda alemã. Atendendo a que eram os restantes Estados-membros do SME59 que tinham a responsabilidade de manter as paridades inalteradas, assistimos a um efeito contraccionista da política monetária nestes países: elevação das taxas de juro e/ou intervenções no mercado cambial recomprando a respectiva moeda contra marcos alemães. Assim, o produto nos restantes países do SME tanto podia subir (pelo aumento da procura das suas exportações) como podia descer (devido à contracção monetária). Parece que o segundo efeito terá sido superior. A nível do comércio externo, a médio prazo o efeito da reunificação alemã sobre os restantes países dependia da intensidade relativa dos efeitos volume – subida da procura interna alemã – e preço – apreciação real das moedas europeias60. A perda de competitividade a nível mundial tende a anular o aumento inicial da procura. 57 Admitimos a perfeita substituição entre títulos nacionais e estrangeiros. 58 O governo alemão não recorreu com vigor ao aumento dos impostos para não destruir a dinâmica do sector privado. Era convicção do governo que o crescimento económico induzido pela reunificação produziria efeitos de auto-financiamento. 59 Não se depreenda que a Alemanha se tenha abstido completamente de se preocupar com a estabilidade da grelha de paridades. Por diversas vezes, o banco central alemão fez intervenções de grande vulto nos mercados cambiais, com repercussões internas ao nível da sua massa monetária. 60 Artus (1991) estudou estes efeitos para o caso francês. 22 8.2. Transmissão da Política Monetária Due to its leadership role in the ERM, the Bundesbank enjoys a high factual independence in its interest-rate policy. European Commission Retomando o modelo utilizado no ponto 3.1 da Parte I, apresentamos os efeitos de choques no produto sobre o processo de oferta de moeda num sistema assimétrico – como o SME. Continuamos a assumir que é o país A que fixa o stock monetário. Partindo da equação (1), obtemos o efeito do choque no país A do produto sobre a taxa de juro, para um nível de preços dado: (5) drA = (a/b) dYA considerando drA = drB, podemos substituir a equação (5) na equação (3): B (6) dM S = a(dYB - 1/b.dYA) A análise da equação (6) permite-nos concluir que uma maior expansão da actividade no país A que no país B61, conduz à diminuição da massa monetária neste último. Desta forma, sendo objectivo do país A manter inalterado o crescimento da massa monetária nacional, o stock monetário global do sistema decresce. Figura 5 — Choque Assimétrico do Rendimento Real rA r2 r1 rB EA2 EB2 EA1 MA1 EB1 MA MB2 MB1 MB Simplificando a nossa análise, pressupomos que o produto aumenta no país A (dYA>0) e mantém-se A inalterado em B (dYB=0). O país A fixa a massa monetária em M 1 , a que corresponde o nível de taxa de juro de equilíbrio, dado por r1. A expansão da actividade em A faz deslocar a curva da procura para a A direita. O país A pretendendo manter inalterado o volume da massa monetária em M 1 , permite uma subida da taxa de juro, para r2. O país B, com a responsabilidade de manter os câmbios estáveis, vê-se B B obrigado a subir a sua taxa de juro, forçando a redução da sua massa monetária de M 1 para M 2 . A massa monetária para o conjunto do sistema vem reduzida. A qualidade de liderança do DEM permitiu ao Bundesbank conduzir a política monetária orientada para objectivos internos, relegando para os restantes Estados-membros a tarefa de ajustar as suas taxas de juro, para manter o objectivo de câmbio. O grande problema residiu na incompatibilidade da política monetária alemã assegurar os objectivos internos dos restantes países membros da banda estreita do MTC – enquanto a Alemanha perseguia os objectivos de controlo da inflação e da massa monetária, reflexo da expansão económica, os restantes Estados-membros haviam mergulhado numa grave crise económica. 61 Esclareça-se que a expansão da actividade no país B é o resultado do estímulo provocado pela expansão do país A, via aumento da procura de importações em A. 23 A monetary arrangement between nations should serve the interests of all participating members62. As tensões apareceram logo que a diferenças conjunturais se assentuaram: o rigor monetário combatia o sobreaquecimento da economia alemã, mas a sua transmissão às restantes economias europeias, que conheciam um forte declínio da actividade económica, tornava-se para estas intolerável. 8.3. O Impacto da Subida das Taxas de Juro A amplitude das necessidades de financiamento à ex-RDA levou as autoridades alemãs a recorrerem ao mercado de capitais (emissão de empréstimos obrigacionistas e contracção de financiamentos directos). Só em 1991 é que as autoridades diversificaram os recursos, através do aumento de impostos e da reorientação de despesas, mediante cortes orçamentais. Num contexto de crescimento sustentado, com elevada procura e rápido crescimento das despesas públicas, financiadas por endividamento, as pressões inflacionistas e a expansão da massa monetária63 foram controladas pela subida das taxas de juro64. Em testes realizados65 verifica-se uma forte relação de causalidade da inflação e do rácio M3/PIB com o comportamento das taxas de juro alemãs. Por outro lado, a taxa de juro de longo prazo explica a evolução da taxa de juro de curto prazo, o que quererá dizer que a estrutura das taxas forma-se a partir da taxa de longo prazo ou que esta é um indicador da inflação antecipada. Encontra-se igualmente uma ligação vincada entre o rácio dívida pública/PIB e a taxa de juro de longo prazo. É também confirmada a existência de estreita relação entre as taxas de longo prazo alemãs e estrangeiras, sobretudo com a taxa americana. Duas originalidades destes testes residem na valorização de uma ligação causal entre a oferta de títulos e a taxa a dez anos alemã e na interconexão dos mercados monetário e obrigacionista. Margarida Santos (1991) mostra a existência de uma relação de causalidade marco alemão/franco francês (o inverso não é verdadeiro), tanto ao nível das taxas de juro de curto prazo como nas de longo prazo. Esta causalidade é extensível às demais moedas pertencentes ao SME e até a um espaço europeu de maior amplitude. A subida das taxas de juro na Alemanha, poderia provocar a redução das reservas cambiais (devido à transferência de capitais) nos seus parceiros europeus. Para que estes pudessem restabelecer o equilíbrio monetário a longo prazo, seria necessário uma descida de preços ou uma melhoria da competitividade, que proporcionasse a acumulação de excedentes comerciais, que compensassem o decréscimo da procura de títulos por não-residentes (Artus, 1994). No entanto, a curto prazo, a subida das taxas alemãs produziu instantaneamente uma descida nas reservas cambiais. A melhoria da competitividade e a consequente acumulação de excedentes comerciais, em câmbios fixos, é um processo que não se obtém de imediato. Devido à necessidade de manter as moedas dentro dos limites de flutuação, a única solução era igualmente proceder ao aumento das taxas de juro66, com as consequências ao nível da produção (eventualmente a cair abaixo do nível tolerável) e do desemprego. Na segunda metade de 1993, a economia alemã entrou no rang europeu em termos de conjuntura recessiva. O rigor monetário levou à quebra da produção e à subida do desemprego, que "temperou" as pressões inflacionistas67. Por outro lado, o comportamento da política orçamental começou a reflectir os esforços de saneamento: compressão das despesas públicas e controlo da inflação. As fortes tensões no mecanismo de câmbio, a desaceleração da economia e o melhor controlo da inflação, determinaram uma maior flexibilidade da política monetária alemã. Aliás, ela era necessária porque a recuperação da economia do leste da Alemanha exigia um crescimento económico sustentado, para garantir o seu financiamento e para permitir que o processo se desenrole num curto espaço temporal. 62 Paul De Grauwe, 1994. 63 O crescimento da massa monetária (M3) foi devido à expansão do crédito ao leste (a taxas subsidiadas) e pelas intervenções nos mercados cambiais. 64 Cabe aos bancos centrais organizar a massa monetária, orientando a taxa de juro, consoante fornecem ou não reservas aos bancos comerciais. 65 Augory, Avouyi-Dovi, Bauer, 1993. 66 Atendendo às expectativas de reduzida inflação, resultou numa subida significativa das taxas de juro reais. 67 O comportamento descendente da inflação foi promovido por três vias: apreciação do marco, redução do produto e formação de expectativas. 24 Parte IV — Que SME Até à União Monetária? Le succès d´un régime de taux de changes fixes depend au bout de compte de la possibilité de procéder aux ajustements requis sans soumettre l'activité économique ou les taux de changes nominaux à des tensions excessives. Englander; Egebo, 1993 1. Introdução O processo de construção da União Económica e Monetária ficou ameaçado pela forte recessão económica que atingiu os países membros. A recessão impôs dificuldades na execução dos programas de convergência, sobretudo ao nível das finanças públicas, deterioradas pela acção dos estabilizadores automáticos e pela manipulação da política orçamental com vista a relançar a economia. A retoma do crescimento económico passou a ser uma das grandes prioridades das autoridades nacionais e comunitárias. Foi estabelecida uma estratégia, a médio prazo, de crescimento sustentado, emprego e competitividade68. A persecução do objectivo de um crescimento sustentado tem por base a adequação das condições estruturais de competitividade europeia aos mercados internacionais, devendo traduzir-se num reforço do investimento e no aumento do emprego. A melhoria da competitividade deve assentar no investimento em termos de capital humano e na melhor integração dos diversos factores de competitividade – inovação, organização do trabalho, qualidade dos produtos e conquista de novos mercados. A redução dos custos salariais não pode ser a única resposta à concorrência dos países de baixos salários, pois tal conduz à deterioração do nível de vida e põe em causa a estrutura social europeia69. É necessário promover condições propícias à melhoria da dinâmica das PME, devido ao seu desempenho crucial na articulação entre crescimento e emprego, diminuindo restrições de ordem financeira, administrativa e fiscal, por um lado e promovendo a cooperação empresarial, a melhoria da qualidade de gestão e a qualificação dos seus trabalhadores, por outro. A Comissão terá considerado igualmente importantes as iniciativas de estabelecimento de redes trans-europeias nos domínios dos transportes, energia e telecomunicações, que incorporam um grande potencial de criação de emprego e de apoio à retoma do crescimento. Contudo, é essencial garantir que os incentivos ao crescimento económico não se traduzam pelo aumento de tensões inflacionistas. Com o alargamento das bandas de flutuação algumas reflexões podem ser desenvolvidas: – se o ambiente macroeconómico e político não for favorável ao crescimento, a convergência das economias torna-se bem mais difícil de atingir. No entanto, a prossecução firme e credível dos programas de convergência, com o empenho na redução dos défices e com a adopção de medidas estruturais, faz aumentar a confiança dos agentes económicos e poderá permitir a redução das taxas de juro; – é necessário reforçar a vigilância multilateral e nacional para que os eventuais problemas da não convergência possam ser detectados e resolvidos atempadamente; – é vontade dos Estados-membros manterem o SME vivo; o alargamento das bandas de flutuação e a completa liberalização dos movimentos de capitais fazem acrescer a necessidade de uma cooperação mais estreita em matéria de política monetária e política económica e de uma maior convergência entre os diversos países. De facto, o alargamento das margens de variação para 15% permitiu ao Sistema readquirir alguma credibilidade, podendo ser aumentada a variação tolerável da taxa de câmbio sem que o Sistema fique ameaçado. Por outro lado, o alargamento produz efeitos sobre a relação entre a taxa de câmbio a as taxas de juro70 analisados na Figura 6: o desvio máximo da taxa de juro é maior na banda larga que na banda estreita; na parte central, a inclinação da curva linear é superior na banda estreita, o que significa que as taxas de juro variam mais; assim, quando se passa da banda estreita para a banda larga, parte da variação da taxa de juro transfere-se para a taxa de câmbio. 68 “Livro Branco para o Crescimento Económico”, aprovado no Conselho de 10 e 11 de Dezembro de 1993. 69 Embora não se questione a exigência da moderação salarial. 70 Esta relação pode ser descrita por uma recta, à excepção dos limites da banda, onde temos um comportamento não linear mais acentuado em banda larga. 25 Figura 6 — Efeitos do Alargamento das Margens Banda Estreita Banda Larga Contudo, é inegável que as sucessivas perturbações no seio do SME vieram tornar evidentes os custos que surgirão com uma transição demasiado longa para a UEM. Por outro lado, confirmam a inexistência de um regime intermédio estável e durável entre câmbios fixos e união monetária. 2. Bandas Largas Normalizadas O Tratado de Maastricht especifica que as taxas de câmbio devem permanecer no interior de "bandas normais" durante um período de dois anos antes da passagem à UEM, sem graves tensões e sem se proceder a desvalorizações. Apesar da relativa estabilidade que se verificou depois do alargamento das bandas, com o regresso da maioria das moedas ao espaço de variação anterior, não parece ser possível preencher a pretensão de estreitar essas mesmas bandas. Durante o ano de 1994, parte das moedas não conseguiu permanecer dentro da margem estreita. Durante o ano de 1995 assistiu-se ao regresso de alguma instabilidade cambial dentro do SME e nas divisas que permanecem fora do Sistema (libra esterlina, lira, markka e coroa sueca) com aumentos de volatilidade face ao marco. A peseta sofreu uma desvalorização da sua paridade central bilateral em 7%, devido a dificuldades apresentadas na sequência de algumas incertezas políticas. Em face desta posição, as autoridades portuguesas solicitaram um ajustamento da paridade central do escudo em 3,5%. O fortalecimento da moeda alemã neste período derivou de uma série de acontecimentos internos e externos ao SME: a crise financeira do México, a queda acentuada do dólar – motivada pelo forte endividamento americano, pela crise mexicana e por estratégias de desvalorizações competitivas com o intuito de melhorar a situação da balança comercial – o terramoto ocorrido no Japão, o caso Barings, a incerteza política em alguns Estados europeus (França, Itália, Reino Unido e Espanha) devido à realização ou à perspectiva de antecipação de eleições ou devido a alguns escândalos governamentais. A dificuldade em conciliar a estabilidade cambial com a total liberdade de circulação de capitais avoluma-se quando ainda não se conseguiram eliminar as pressões inflacionistas, os endividamentos públicos exagerados e a condução de políticas autónomas – continua presente a trilogia impossível. De facto, a defesa do objectivo de taxa de câmbio revela-se incompatível com a possibilidade de efectuar aplicações ou obter financiamentos no exterior sem restrições e exercer o controlo da massa monetária ou da taxa de juro ajustada às necessidades das economias nacionais. Assim, querendo preservar o objectivo de taxa de câmbio e aceitando a mobilidade perfeita de capitais, a massa monetária passa a ser endógena e a taxa de juro tem de se submeter ao objectivo de equilíbrio externo. A aceitação das actuais bandas de flutuação concilia o compromisso da estabilidade cambial com a necessidade de proceder a certos ajustamentos nas economias nacionais, mediante uma maior concertação das políticas económicas. 26 Embora a actual margem de flutuação permita uma maior flexibilização das políticas monetárias e da transferência de parte da volatilidade das taxas de juro para a taxa de câmbio, as autoridades dos diversos Estados-membros têm privilegiado a defesa da estabilidade cambial. Não se tem assistido a um direccionamento, de facto, para os câmbios flutuantes. O actual SME apresenta as características de um sistema de flutuação potencial. 2.1. O Funcionamento Actual do SME Vamos analisar o actual funcionamento do SME acompanhando o modelo apresentado por Patrick Artus (1994). a Pressupostos do modelo: a taxa de câmbio antecipada, e , influencia o nível de preços, p, e a escolha de portefólio, w; as reservas cambiais, R, variam com a balança comercial, x, e com os movimentos de capitais; a produção é determinada pela procura. Considera-se que os agentes privados antecipam racionalmente o comportamento das autoridades. A procura interna (a produção) decresce com a taxa de juro e aumenta com o excedente comercial; este, é função da competitividade: (1) Y = - ar + x (2) x = b (e - p) e>0, significa uma depreciação Uma depreciação efectiva melhora o comércio externo. O nível de preços aumenta com a taxa de câmbio efectiva e com a taxa de câmbio antecipada (que representa o comportamento da fixação dos salários, mediante a antecipação dos preços): a (3) p = µ + de + ge considerando por simplificação d+g=171, representando a homogeneidade do sistema preços/salários; assim, os preços reagem na mesma proporção da variação da taxa de câmbio antecipada, baseada na fixação dos salários tendo em conta a antecipação dos preços, adicionada da variação da taxa de câmbio efectiva. A procura de a títulos aumenta com a apreciação antecipada da taxa de câmbio: (4) w = - fe Supondo que o valor acumulado dos saldos correntes anteriores é nulo, as reservas cambiais72 são dadas por: (5) R = x + w _ R Resolvendo este sistema, chegamos a: a Y = -ar + be (1 - g) - bde - bµ a (6) p = eg + de + µ a R = be (1 - g) - (f + bd) e - bµ Uma depreciação antecipada faz aumentar o nível de preços, degradando o comércio externo e a produção, e provoca a fuga de capitais. * As autoridades nacionais têm uma função de perda que combina os objectivos da produção, Y , e de estabilidade dos preços: * 2 2 (7) L = ( Y - Y) +λp com λ a ser o peso relativo do objectivo da estabilidade dos preços. Um desvio inflacionista µ de média µ pode ter um valor forte com uma probabilidade π, e um valor fraco com a probabilidade (1 - π): (8) µ =µ +δ π µ = µ − δ 1− π No funcionamento do modelo a taxa de câmbio não está fixa à partida, podendo reagir ex-post aos choques, nomeadamente a um choque inflacionista. As autoridades poderão escolher o câmbio e a taxa de juro ex-post, em função do desvio inflacionista µ. 71 d e g representam a sensibilidade do preço à taxa de câmbio esperada e à taxa de câmbio efectiva; µ é um termo aleatório. 72 Que não podem descer abaixo de um nível, R , compatível com a manutenção da paridade cambial. 27 O SME de bandas largas permite a disponibilidade de dois instrumentos (taxa de câmbio e taxa de juro) por um lado, e que as intervenções através das reservas cambiais permaneçam numa amplitude suportável, por outro lado. Para alcançar os objectivos de produção, Y=Y*, e de estabilidade de preços, p=0, a manipulação dos dois instrumentos de política monetária é dado por: a (9) ge = - µ - de a (ag) r = -gY* - b µ - dbe Uma subida do objectivo de produção passa por uma descida da taxa de juro. Os efeitos de um choque inflacionista (µ>0) traduzem-se por: descida da taxa de juro para estabilizar a produção e apreciação cambial para estabilizar os preços. Uma desvalorização antecipada conduz à apreciação do câmbio para estabilizar os preços e a uma descida da taxa de juro para manter o pleno emprego. 2.2. Cumprir o Critério de Moeda Estável num Sistema de Flutuação Potencial É evidente que cumprir uma banda de 15% é bem diferente de cumprir uma banda de 2,25%. Também cumprir um objectivo de variação cambial máxima de, por exemplo 2,25%, numa amplitude autorizada de 15% será seguramente diferente de cumprir o mesmo objectivo numa amplitude autorizada de apenas 2,25%. Mas, a solução de cumprir um objectivo de estabilidade cambial de médio e longo prazo em torno da antiga banda estreita, permitindo-se a utilização dos 15% para fazer face a um ataque especulativo de curto prazo, parece reunir condições pragmáticas de exequibilidade, possibilitando a utilização do critério de moeda sólida, definido em Maastricht. Obviamente, o que não poderá ser tolerado para o cumprimento deste critério será a utilização da actual margem de flutuação para proceder a puras desvalorizações competitivas. Neste sentido, as autoridades monetárias estariam determinadas em respeitar as bandas de flutuação estreita, sem o compromisso da sua defesa ilimitada. Retirando a obrigação de intervenções sistemáticas para defender as bandas estreitas elimina-se mais facilmente a possibilidade de ataques especulativos – inclusive de ataques auto-realizadores. No entanto, as autoridades não poderão permitir que a sua moeda atinja os limites de variação; nestas circunstâncias seria muito difícil defendê-la, pois a situação assemelhar-se-ia aos câmbios fixos. A proposta aqui apresentada pressupõe a continuidade do rigor na condução das políticas económicas, sobretudo ao nível da política monetária. Saliente-se que o actual SME não constitui um instrumento tão disciplinador na condução dessas políticas rigorosas. O IME poderia funcionar como pivot, desempenhando um papel coordenador mais activo das políticas monetárias e desenvolvendo a cooperação entre os Bancos Centrais. O estabelecimento ex-ante de objectivos (nomeadamente em matéria de inflação, finanças públicas, estabilidade cambial e crescimento) e de medidas coordenadas para as alcançar, daria maior credibilidade às políticas monetárias e desincentivaria os ataques especulativos. Seria necessário "convencer" os agentes económicos do carácter unificado da política monetária. Por outro lado, a coordenação das políticas proporcionaria uma maior eficácia das mesmas. Desde logo, permitiria interiorizar os efeitos de reverberação provocados pela execução das políticas nacionais, nomeadamente na condução de programas de convergência, permitindo eventualmente satisfazer os respectivos critérios de forma mais célere. A definição das políticas passaria a ter em conta os efeitos das externalidades. A coordenação das políticas e a cooperação na sua implementação tornaria mais eficaz o período da sua execução. The coordination of monetary policies is the joint setting of monetary targets consistently with stable exchange rates73. Assim, torna-se necessário que todos os países participem no mecanismo de câmbio, se estiverem determinados a apostar na participação na terceira fase da união monetária, desde o seu início. 73 Giovannini, 1991. 28 Nota Final O Sistema Monetário Europeu teve um papel preponderante nos processos de integração e de convergência das economias comunitárias. O seu funcionamento assimétrico na segunda metade dos anos oitenta, foi decisivo para a tendência convergente das economias comunitárias, nomeadamente ao nível da redução das taxas de inflação. O equilíbrio do Sistema baseava-se na credibilidade da orientação das políticas monetárias e económicas da Alemanha, que se reflectia nas orientações dos restantes Estadosmembros e na credibilidade da evolução do processo de criação da UEM. Por outro lado, o SME incentivou a uniformização das políticas económicas e monetárias e promoveu o hábito dos responsáveis dos diferentes países a fazerem consultas recíprocas e a retirarem vantagens das decisões comuns. No início da década de noventa, a Europa comunitária sofreu o impacto de importantes choques. A reunificação alemã criou expectativas e estímulos, na sequência da expansão orçamental e da elevação dos rendimentos alemães, que depressa foram contrariados pelos efeitos do rigor da política monetária direccionada para o controlo da expansão monetária e das pressões inflacionistas. A manutenção da estabilidade da grelha de paridades das taxas de câmbio do SME e a qualidade de liderança da Alemanha, exigiu que os restantes Estados-membros seguissem políticas de rigor, quando os seus objectivos e preocupações situavam-se ao nível do produto e do emprego. De outro lado, a realização do mercado interno instaurou a plena liberdade de circulação de bens, pessoas, serviços e capitais no interior da Comunidade. A preservação das paridades cambiais fixas, num ambiente de globalização e mundialização financeira, tornou-se difícil de conciliar, quando as economias não convergiram suficientemente, quando as políticas monetárias e económicas não se apresentaram convenientemente coordenadas e quando factores de incerteza política avolumaram o "nervosismo" dos mercados. A diferente posição cíclica em que se situavam as economias europeias determinou a polarização dos objectivos de política. Enquanto a Alemanha dirigia a sua actuação no sentido de inflectir o crescimento da massa monetária e reduzir a taxa de inflação, os restantes países pertencentes à banda estreita do mecanismo de câmbio, com inflação controlada, desejavam direccionar a sua estratégia para o combate ao desemprego e à quebra do produto. Os países pertencentes à banda larga, mais distantes em termos de objectivos de convergência nominal, implementavam políticas de rigor, não obstante o período recessivo, que lhes permitissem acelerar a aproximação nominal aos restantes Estados-membros. Os mercados aperceberam-se da incompatibilidade de coexistência destes diferentes objectivos, num regime de câmbios fixos com livre movimentação de capitais. A recessão económica incentivou a interiorização das prioridades de política monetária e económica. Por outro lado, assistiu-se a um menor entusiasmo no processo de criação da UEM, surgindo dificuldades na ratificação do Tratado de Maastricht. O resultado negativo do referendo dinamarquês e as dúvidas quanto ao resultado do referendo em França ilustraram a menor motivação (ou escassa informação das populações) na construção do edifício europeu. A confluência destes factores e destes acontecimentos resultou em fortes movimentos de capitais, com os operadores a procurarem minimizar perdas ou realizar ganhos. Os movimentos direccionaram-se naturalmente para as moedas fortes do Sistema, provocando intensas pressões sobre as restantes moedas, cujas economias apresentavam desequilíbrios a nível dos dados económicos fundamentais ou cuja actuação monetária se submetia (preferencialmente) a objectivos de natureza interna. O próprio funcionamento do Sistema permitia que os mercados pressionassem uma moeda praticamente sem riscos: os avultados ganhos resultantes das desvalorizações compensavam bem os eventuais prejuízos dos diferenciais de taxas de juro. O alargamento das bandas de flutuação para ±15%, sem alteração das paridades cambiais existentes, visou conferir um risco acrescido aos movimentos especulativos. Por outro lado, passou a ser possível reflectir parte das variações das taxas de juro sobre a taxa de câmbio e aumentar a variação tolerável da taxa de câmbio sem que o Sistema fique ameaçado. O seu actual funcionamento (flutuação potencial) permite conciliar o compromisso de estabilidade cambial com a execução dos ajustamentos exigíveis para alcançar os critérios de Maastricht com o menor sacrifício interno. A sua manutenção até à criação da União Monetária afigura-se a solução mais pragmática para garantir o cumprimento do critério de moeda estável e permitir o êxito do processo de convergência nominal das economias. As autoridades assumem o objectivo de respeitar as bandas de flutuação estreitas sem o compromisso da sua defesa ilimitada – a incerteza das intervenções das autoridades monetárias desincentiva os ataques especulativos. Aliás, o largo período de estabilidade cambial que se verifica desde meio do ano de 1995 tem demonstrado a credibilidade readquirida pelo Sistema. 29 O crescimento económico em bases sustentadas e a criação de emprego podem bem ser o interruptor do processo evolutivo de Maastricht. A construção da Europa terá de passar pelo reforço da actividade económica, baseada na adequação das condições de competitividade europeia aos mercados internacionais, incentivando a criação de emprego – não é tolerável pensar numa Europa que exclua um dos direitos fundamentais do cidadão, o direito ao trabalho. A aposta no crescimento económico traduz não só a natural aspiração de aumento do rendimento global, mas a necessidade de cumprir os critérios de convergência, nomeadamente a redução da dívida pública e do défice orçamental (pela acção dos estabilizadores automáticos). A evolução cíclica relativamente favorável que se vive não pode levar os governos a adiarem medidas de carácter estrutural. É uma oportunidade para prosseguir e intensificar a consolidação das finanças públicas, que a prazo compensará os possíveis efeitos contraccionistas de curto prazo. Em especial, poderá conduzir à redução das taxas de juro, pela diminuição dos prémios de risco (tanto nos mercados de capitais como nos mercados cambiais), libertando recursos para o investimento e contribuindo para o aumento da confiança nos agentes económicos. Esta estratégia, em paralelo com a coexistência de baixas taxas de inflação efectivas e esperadas na União, contribui decisivamente para a manutenção da estabilidade cambial. O desafio ao actual SME é de precisamente constituir um espaço de promoção acelerada da convergência nominal sem perturbações cambiais significativas, no qual as bandas largas normalizadas apresentam-se como credíveis para este desempenho. Cabe aos governos dos diferentes Estados-membros ganhar a aposta da União Económica e Monetária. 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