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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA BRASILEIRA SOB A PERSPECTIVA DAS CAPACIDADES DINÂMICAS: O CASO DOS VEÍCULOS FLEX Christiane Bischof dos Santos1 Heitor Takashi Kato2 Resumo O objetivo deste estudo é a avaliação de um processo de inovação tecnológica na indústria automotiva brasileira sob a perspectiva estratégica das capacidades dinâmicas. Com este objetivo, propôs-se um modelo teórico que visa representar como os microfundamentos sugeridos por Teece (2007) afetam a construção das capacidades dinâmicas. Adotou-se a metodologia de estudo de caso para melhor ilustrar a aplicação do modelo em um contexto real. O estudo engloba entrevistas individuais aprofundadas, semiestruturadas realizadas com algumas pessoas-chave que participaram diretamente no desenvolvimento do sistema de injeção flex etanol-gasolina no Brasil. Este, sem dúvida, é um caso de inovação bem sucedido e relevante para a indústria brasileira. Posteriormente, aplicou-se a técnica de análise de conteúdo aos dados coletados. Como resultado, verificou-se que o devido desenvolvimento dos microfundamentos não só é importante como essencial para o sucesso desse processo. Também evidenciou-se, nesse processo, a relevância da construção de capacidades dinâmicas relacionais tanto interna quanto externamente e, em particular, relações políticas com o governo. Palavras-chave: Inovação tecnológica. Capacidades dinâmicas. Indústria automotiva. TECHNOLOGICAL INNOVATION IN THE BRAZILIAN AUTOMOTIVE INDUSTRY UNDER THE DYNAMIC CAPABILITIES PERSPECTIVE: THE CASE OF THE FLEX VEHICLES Abstract This article presents a technological innovation process evaluation in the brazilian automotive industry under the dynamic capabilities perspective. A theoretical framework which aims to represent how the microfoundations (TEECE, 2007) can affect the dynamic capabilities built was proposed. The case study methodology was adopted in order to better illustrate the framework adequacy in a real situation. The study encompassed in-depth individual, semi-structured interviews with some key members that participated directly on the flex ethanolgasoline injection system development in Brazil. Undoubtedly, it’s a successful and a relevant innovation case for Brazilian industry. In parallel, the content analysis technique was applied to evaluate the collected data, gathered from the interviews. As an outcome, it was evidenced that the effective development of the microfoundations is not only important as well essential for this process succeed accordingly. It was also evidenced the relevance of relational dynamic capabilities built in this process, both internal and external, particularly the political relations with the government. Key-words: Technological innovation. Dynamic capabilities. Automotive industry. INTRODUÇÃO No atual mercado automotivo mundial, a gestão eficaz da inovação tem se tornado uma prioridade competitiva para as empresas. Estudos demonstram que empresas bem sucedidas no mercado global são aquelas que demonstram capacidade de responder às demandas em tempo apropriado e apresentar flexibilidade de inovação de produtos. Isto 1 Doutora em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR. Professora e coordenadora do curso de Administração da FAE – Centro Universitário. [email protected]. 2 Doutor em Administração pela Fundação Getúlio Vargas – FGV-EASP. Professor do programa de Mestrado e Doutorado em Administração da PUCPR. 91 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica somado à capacidade gerencial de, efetivamente, coordenar e desdobrar competências internas e externas (BIANCHI et al, 2009; DOUGHERTY, 1992). Ao adotar a perspectiva das capacidades dinâmicas (TEECE et al, 1997; TEECE, 2007), este estudo representa uma tentativa de tratar esse assunto a partir de um ponto de vista exploratório. Propõe-se para esse fim um modelo teórico que tem como objetivo identificar os antecedentes de gestão e organização que afetam a formação e os resultados das capacidades dinâmicas em um processo de inovação. Este artigo visa consolidar e validar alguns fatores que, segundo Teece (2007), afetam na formação das capacidades dinâmicas. Assim, tomando-se as capacidades dinâmicas como um processo antecedente à construção da base de recursos das organizações, tem-se no campo da gestão da inovação a possibilidade de compreender melhor sua existência e influência. O trabalho será estruturado da seguinte forma: primeiramente, será feita uma revisão da literatura acerca de capacidades dinâmicas e gestão da inovação. Posteriormente, é proposto um modelo teórico a ser avaliado. A metodologia de pesquisa consiste em uma análise qualitativa, cujos dados primários consistem de entrevistas que são transcritas e analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo. Por fim, apresentam-se os resultados seguidos das considerações finais. 2 CAPACIDADES DINÂMICAS O termo “Dynamic Capabilities”, mesmo sendo traduzido como capacidades dinâmicas para o português, deve considerar a definição de capability, ou seja, relaciona-se à capacidade de desempenhar ou gerar atividades e resultados. Mas em que se diferenciam as capacidades dinâmicas das demais capacidades? Ambrosini e Bowman (2009) atentam para o fato de que, dentro dessa perspectiva, capacidades não devem ser separadas do adjetivo “dinâmicas”, pois, dessa forma, salienta-se que não se tratam de capacidades no sentido da Visão Baseada em Recursos ou VBR (BARNEY, 1991), porque capacidades dinâmicas não são recursos. As capacidades dinâmicas consistem em desenvolver uma base de recursos mais apropriada. Ainda, salientam os autores, o “dinamismo” está relacionado a como a base de recursos é alterada em um ambiente dinâmico pelo uso de capacidades dinâmicas. Nessa linha e corroborando a afirmação de Ambrosini e Bowman (2009), Teece et al (1997) destacam que o dinamismo do termo refere-se à capacidade de renovar competências 92 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica para obter congruência com o ambiente de negócios em mutação. Já o termo ‘capacidade’ enfatiza o papel-chave da administração estratégica nesse processo, envolvendo habilidades organizacionais, recursos e competências funcionais. Adicionalmente, os autores afirmam que as capacidades devem ser tomadas como estruturas organizacionais e processos gerenciais que apoiem a atividade produtiva. Por justamente serem ativos intangíveis, salienta-se que capacidades dinâmicas são difíceis de desenvolver e desdobrar. Outro ponto trazido por Teece (2007) refere-se à consideração de que, em ambientes de negócios em rápida mudança e abertos à competição global, a vantagem sustentável requer mais do que a propriedade de ativos (de conhecimento) difíceis de replicar, e demanda capacidades dinâmicas únicas e difíceis de replicar. Essas capacidades podem ser aproveitadas para continuamente criar, estender, melhorar, proteger e manter a base de ativos da empresa. Com esse intuito, as capacidades dinâmicas podem ser desagregadas na capacidade de: (1) perceber e desenhar oportunidades e ameaças ou sensing; (2) aproveitar e decidir pelas oportunidades ou seizing; e (3) manter a competitividade reforçando, combinando, protegendo e, quando necessário, reconfigurando os ativos intangíveis e tangíveis da empresa ou reconfiguring (TEECE, 2007). Subjacentes a essas três capacidades genéricas e corporativas estão os “microfundamentos” (ou no inglês microfoundations). Estes são definidos pelo autor como “habilidades, processos, procedimentos, estruturas organizacionais, regras de decisão e disciplinas distintas” que formam a base organizacional das capacidades dinâmicas. 2.1 CAPACIDADES DINÂMICAS E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA De acordo com o Manual de Oslo1 (OECD, 2005), a inovação tecnológica requer uma melhoria objetiva no desempenho do produto ou na maneira em que é produzido ou fornecido. De forma mais ampla, para Tushman e Nadler (1997), a inovação está em novas fontes de fornecimento, na exploração de novos mercados ou em novas formas de aplicação relacionadas à criação de qualquer serviço, produto ou processo que seja novo para a unidade 1 O manual de Oslo nada mais é do que um manual para inovação elaborado pela OECD-Organisation for Economic Co-operation and Development (http://www.oecd.org/, acesso em 3/06/2013). É assim chamado pois muitas das reuniões de elaboração e especialização ocorreram nesta cidade. A primeira versão do Manual foi publicada em 1992, e é considerada a principal fonte internacional de diretrizes para a coleta e uso dos dados de atividades de inovação industrial. 93 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica de negócios. Voltando ao Manual de Oslo (2005), um produto tecnologicamente novo é um produto cujas características tecnológicas ou intenções de uso difiram significativamente daquelas dos produtos previamente produzidos. O processo de inovação é bastante complexo e envolve múltiplas dimensões. Além disso, varia sob diversos aspectos, desde o início (diferentes inputs) até o final (outputs), passando pelo processo de inovação em si, o qual Kline e Rosenberg (1986) denominam “Black box”. Danneels (2002) salienta que o desenvolvimento e a comercialização de novos produtos são atividades que podem expandir a base de recursos da empresa, o que permite o desenvolvimento de mais produtos novos e mais competências. Anteriormente, Dougherty (1992), já havia discutido que um produto é constituído por mercados e tecnologias e não pode ser entendido como um ou outro separadamente. Portanto, segundo esses autores o desenvolvimento de um novo produto é, essencialmente, um processo que une tecnologia e clientes. Kline e Rosenberg (1986) afirmam que a operacionalização da inovação não se constitui em fatores puramente técnicos. Há, de fato, combinações de aspectos sociais e técnicos (sistemas sócio-técnicos). Nesse contexto, dentro de tecnologia, compreendem-se, além dos ativos tecnológicos propriamente ditos, a base de recursos e conhecimento préexistentes (MAKADOK, 2001; HELFAT; LIEBERMAN, 2002; AMBROSINI et al, 2009). As relações de parceria também são fontes de recursos e conhecimento importantes tanto para o desenvolvimento da competência tecnológica como da comercial (LORENZONI; LIPPARINI, 1999; CAPALDO, 2007). Balestro et al (2004) complementam que, tendo em vista este caráter complexo e fragmentado do conhecimento necessário à inovação, torna-se muito difícil o seu desenvolvimento no interior das fronteiras de uma única empresa, o que faz com que o tema da cooperação interempresarial se torne parte do cotidiano das empresas, sejam elas grandes ou pequenas. A partir do crescimento das relações de cooperação interorganizacional e intraorganizacional com o objetivo de alavancar a capacidade tecnológica das empresas, surgem novas configurações organizacionais. Para tanto, os gestores devem apresentar um perfil multidisciplinar e capacidades relacionais. Teece et al. (1997) afirmam que a capacidade de inovação aliada à capacidade gerencial de efetivamente coordenar e desdobrar competências internas e externas é um importante fator para que as empresas sejam bem sucedidas. Pessoas com experiências diferentes não somente conhecem coisas diferentes 94 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica como também conhecem essas coisas de um modo diferente (EISENHARD E MARTIN, 2000). Nesse contexto, ressalta-se a importância das etapas de sensing e seizing das oportunidades. A qualidade de reconfiguração da base de recursos depende de uma boa capacidade de percepção em paralelo a uma tomada de decisão adequada. 2.2 A INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA A indústria automotiva é descrita como um mercado “extremamente competitivo” e o seu sucesso advêm principalmente da inovação, ou seja, da sua habilidade em promover produtos e fornecê-los ao mercado de forma pioneira (MORGAN, 2002). Estudos demonstram que as empresas bem sucedidas no mercado global são aquelas que demonstram capacidade de responder às demandas em tempo apropriado e flexibilidade de inovação de produtos, isto ainda levando em conta a capacidade gerencial de efetivamente coordenar e desdobrar competências internas e externas (BIANCHI et al, 2009; DOUGHERTY, 1992). De acordo com a Organisation for Economic Co-Operation and Development – OECD (2005), o setor automobilístico deve ser classificado – com base em seus atributos tecnológicos – como uma indústria de intensidade tecnológica de média para alta. Muito embora seja verdade que a indústria automobilística e os automóveis se utilizem de várias tecnologias já difundidas e de muitos sistemas e componentes familiares, é igualmente verdade que ambos também fazem amplo uso de um grande número de produtos e tecnologias avançadas, desenvolvidos através de intensas atividades de P&D (CARVALHO, 2008). O Brasil sendo o 4º maior mercado automotivo mundial e o 7º maior produtor é um importante contexto a ser analisado para o setor. Mesmo com a entrada de muitas indústrias multinacionais e tecnologias estrangeiras, é sensato desenvolver políticas e projetos internos para fomentar a inovação no Brasil. O setor passa por um grande ciclo de investimentos nos últimos anos, com várias novas montadoras se instalando no Brasil. A Anfavea divulga investimentos de R$ 71 bilhões até 2017 (BNDES, 2013). 2.3 MODELO TEÓRICO O modelo sugerido neste artigo considera que a vantagem competitiva não advém diretamente dos recursos escassos e difíceis de imitar da empresa, mas sim de como estes são 95 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica articulados pelos gestores. Portanto, optou-se por apresentar as capacidades dinâmicas desdobradas em seus microfundamentos. Propõe-se um modelo conceitual para a construção das capacidades dinâmicas utilizadas em um processo de inovação tecnológica a partir das definições elaboradas por Ambrosini e Brown (2009), Teece (2007) e Bianchi et al. (2009), conforme representado na Figura 1 (representação de um processo). A opção por desdobrar as capacidades dinâmicas em sensing, seizing e reconfiguring segue a mesma linha de análise de Kindström, Kowalkowski, Sandberg (2012), que sugerem que o foco nos microfundamentos, conforme também recomenda Teece (2007), permite aos pesquisadores verificarem o conceito a um nível de detalhe que não seria de outra forma possível. A lógica por trás desse modelo teórico é que somente os recursos (base de recursos atual) não explicam o desempenho, tal como defende a RBV. Necessitam-se das capacidades dinâmicas a fim de preparar e readequar essa base de modo que esteja pronta para quando houver mudanças (EISENHARDT; MARTIN, 2000). Portanto, sugere-se nesse modelo que as capacidades dinâmicas, conforme propõem Ambrosini e Bowman (2009), atuem unicamente na transformação da base de recursos. A qualidade da nova base formada dependerá da qualidade de construção e aplicação dessas capacidades dinâmicas. A fim de analisar de forma mais detalhada esse vasto conceito de capacidades dinâmicas utilizadas em um processo de inovação tecnológica, far-se-á uma avaliação dos microfundamentos relacionados a estas capacidades. Figura 1 - Modelo proposto para análise da construção das capacidades Base interna recursos (pré-entry) Capacidades Dinâmicas Sensing Seizing Nova Base de recursos Reconfiguring t Fonte: os autores 3 METODOLOGIA Neste artigo, avalia-se a experiência de uma empresa do ramo automotivo, reconhecida por sua relevante contribuição inovadora. O caso de inovação tecnológica a ser 96 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica estudado é o desenvolvimento do sistema flex etanol-gasolina, uma inovação que constituiuse não só em um sucesso de vendas como também de uma mudança de hábito do usuário brasileiro. Quando a tecnologia flex foi lançada, em 2003, os veículos flex representavam 4% do mercado. A partir daí, a evolução foi rápida, alcançando 20% em 2004, 50% em 2005, 78% em 2007 e 86% em 2008 (FOLHA DA REGIÃO, 2008). Segundo informações divulgadas pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores, em janeiro de 2010 as vendas de carros biocombustíveis chegaram a 90% das vendas totais de automóveis. Desde então, registrou-se uma pequena queda, mas valores ainda acima de 87% (CARREIRA, 2013). Sendo esse um caso relevante de inovação na indústria automotiva brasileira, restringiu-se esta análise empírica a um único estudo de caso. Apesar de apresentar limitações significativas em termos de validade (Yin, 2010), abre-se a oportunidade de estudar um fenômeno complexo sob determinadas circunstâncias, evidenciar algumas facetas intangíveis e identificar as relações significativas entre as variáveis e os eventos. A indústria do ramo automotivo em questão é, atualmente, uma das empresas de tecnologia mais inovadoras do mundo. Neste artigo, ela será chamada de Beta, a fim de assegurar o devido sigilo das informações. As informações utilizadas neste estudo foram coletadas utilizando-se dados primários obtidos por meio de entrevistas diretas semiestruturadas com pessoas-chave que no momento atuam em posições de gestão mas que participaram ou participam ainda desse caso de inovação e seus desdobramentos. Foram entrevistados: O gerente sênior de Vendas para a América Latina que atuou diretamente no desenvolvimento do sistema flex fuel de 1989 a 2000. O gerente de inovação da América Latina. Atua no desenvolvimento dos sistemas flex Diesel-gás e Diesel-Etanol, ambos em andamento. O gerente de inovação para a Planta de Curitiba –PR O gerente de desenvolvimento de Unidades Eletrônicas de Comando (ECU) para a América Latina. Conforme salientado, a metodologia de estudo de caso apresenta limitações significativas, especialmente no que se refere à generalização e à validação externa, uma vez que a replicação literal e teórica bem como comparações entre casos não foram empregados. No entanto, deve-se observar que o propósito deste estudo não é elaborar generalizações a 97 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica partir de um único caso sob análise. Pelo contrário, o objetivo é estudar e discutir um caso paradigmático que sirva como ilustração útil dos construtos e das relações incorporadas ao modelo teórico proposto. A análise de conteúdo foi utilizada, pois considera-se que é uma técnica adequada para avaliação das entrevistas de forma aprofundada e criteriosa. Segundo Bardin (2011), a análise realizada promoveu um desdobramento das entrevistas transcritas em categorias de análise, em que os critérios de codificação estão orientados nos objetivos específicos da pesquisa, identificados nos discursos dos sujeitos entrevistados. Para codificação, elaborou-se uma lista de códigos que com base na fundamentação teórico-empírica e nos objetivos do estudo (Quadro I). Para este fim, utilizou-se o software de análise qualitativa de dados, o Atlas Ti®. Quadro 1 - Lista de códigos 1 Capacidades Dinâmica – Inovação Códigos iniciais sugeridos Desdobramentos dos códigos principais 1.1 Inputs para as capacidades dinâmicas 1.1.1 Sensing 1.1.1 Sensing 1.1.1.1 Capacidade empreendedora 1.1.2 Seizing 1.1.1.2 Capacidade política – preditiva 1.2.3 Reconfiguring 1.1.1.3 Competências específicas da empresa 1.1.1.4 Capacidade comercial 1.1.2 Seizing 1.1.2.1 Aquisição de recursos externos 1.1.2.2 Desenvolver recursos internos 1.1.2.3 Influência contexto político –econômico 1.1.2.4 Capacidade gerencial – priorização de projetos 1.1.3 Reconfiguring 1.1.3.1 Capacidade política – atuação ativa 1.1.3.2 Conjunto de rotinas 1.1.3.2 Geração de conhecimento 1.1.3.3 Nova base de recursos VRIN Fonte: os autores 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise do caso selecionado possibilita uma discussão sobre o modelo proposto na Figura 1. O modelo postula que as capacidades dinâmicas são aplicadas em etapas igualmente 98 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica importantes para a obtenção do resultado final. O modelo não tem a pretensão de demonstrar uma relação causal entre base inicial e base resultante de recursos, mas sim, demonstrar que os microfundamentos apontados por Teece (2007) são fundamentais na construção das capacidades dinâmicas. Tratam-se de etapas que não têm propriamente cunho técnico, mas que podem afetar significativamente o sucesso ou não do processo de inovação tecnológica As entrevistas analisadas também sugerem que a empresa Beta está em contínuo desenvolvimento de suas capacidades dinâmicas em busca de inovações tecnológicas bem sucedidas. O contexto altamente competitivo e mutável da indústria automotiva requer cada vez maior dinamismo quanto às práticas e às atitudes gerenciais. Tanto no caso do desenvolvimento do sistema flex – etanol gasolina, como nos processos de inovação em andamento, verificou-se que o cenário político-econômico brasileiro é um fator constante e de alto impacto a ser considerado na estratégia de inovação tecnológica da empresa Beta. Consistente com essa alteração estratégica, a empresa estabeleceu uma função dedicada ao relacionamento com as instituições políticas brasileiras, criando uma função em nível gerencial chamada public affairs. O mercado crescentemente competitivo dessa área também implicou mudanças na base de conhecimento técnico da empresa. Foi estabelecido, mesmo que temporariamente, uma função dedicada a pré-inovação que consiste prioritariamente em uma evolução na etapa de sensing, ou seja, uma área responsável por captar potenciais demandas e verificar a possibilidade técnica destas opções. Uma outra descoberta igualmente importante é que a seleção das oportunidades é fortemente impactada pelo contexto econômico. Os clientes (em geral montadoras) costumam questionar uma proposta de inovação da empresa Beta quanto a sua capacidade de gerar valor ou economizar a curto prazo. Infelizmente, segundo os entrevistados, a preocupação em reduzir emissões gasosas e garantir sustentabilidade ambiental não parece ser uma prioridade frente a questões econômicas. Daí advém a necessidade de uma abordagem política efetiva junto aos órgãos competentes, em conjunto com associações de classe, para que a utilização de combustível renovável, menos poluente, e sistemas de injeção mais eficientes tornem-se práticas exigidas por lei ou, ao menos, recebam mais subsídios. Dois dos entrevistados comentaram que o desenvolvimento do sistema flex gasolina etanol é um exemplo claro da força política por trás dessa inovação. A busca por sistemas flex efetivamente só iniciou após haver redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos flex, igualando a taxação aos veículos a álcool. Essa decisão governamental adveio de uma capacidade 99 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica relacional muito específica que tem se desenvolvido ao longo dos anos e que tem se mostrado fundamental para que algumas inovações sejam de fato adotadas. (...) o flex fuel só foi para frente porque o governo reduziu imposto senão ...o IPI do carro, você tinha um IPI para o carro a gasolina e um IPI para o carro a álcool. E esse IPI para gasolina era 14% e para o álcool era 13%... o flex fuel não tinha taxa, então no inicio entraria como gasolina e ninguém tinha interesse. Ai o governo disse o carro flex vai pagar o mesmo IPI do carro a álcool e ai todo mundo quis. E ai eu te digo, fatores políticos externos e interno. Externo é governo, mercado e tudo mais. (Gerente de Vendas para a AL). Essa capacidade relacional também se traduz na maneira como é apresentada a inovação. Excelentes ideias, se não forem devidamente apresentadas ao cliente, caem em descrédito. Portanto, uma capacidade desenvolvida ao longo dos anos pela empresa pesquisada é uma forte base de Marketing e Engenharia de Vendas. E, em especial, uma boa rede de relacionamento interna e externa. Todos os gestores entrevistados salientaram que o perfil procurado em um funcionário que trabalha em um processo de inovação não é puramente técnico, mas sim com competências empreendedoras. ...uma coisa é que talvez seja uma competência que tem em todos e é acreditar no projeto, ter paixão por aquilo lá, é chamar de empreendedorismo. (...)Acho que é importante o trabalho em equipe porque você não pode fazer sozinho, sentar no laboratório e pensar você sozinho.Vai ter que integrar outras competências. Precisar da ajuda do pessoal de marketing, precisar do pessoal de fábrica, você tem que ter bons relacionamentos, boa rede. O trabalho em equipe que integra tudo isso. O bom relacionamento, a cadeia, network. (Gerente de Inovação). Os gestores entrevistados também são unânimes quanto à importância do controle e julgamento do tempo (timing) em relação ao aproveitamento das oportunidades. Isso envolve a pronta tomada de decisões quanto a investimentos e recursos necessários. Também a movimentação em relação aos meios políticos depende dessas escolhas. A capacidade de rapidamente mobilizar recursos, investimentos e realizar os devidos contatos externos é uma capacidade dinâmica que tem permitido à empresa atingir vantagem competitiva em vários momentos. A rede a seguir representa a análise final das entrevistas realizadas para cada um dos microfundamentos. Para cada fundamento foi elaborada uma rede e códigos foram adicionados. Verificaram-se claramente interrelações entre esses fundamentos (por meio de códigos ou dizeres), e a rede constrói-se de maneira tão intrincada e complexa que é 100 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica realmente difícil distinguir etapas claras nesse processo. Algumas rotinas podem ser identificadas, mas, certamente, não constituíram a linha mestre desse processo. Vale salientar que a empresa no Brasil, mesmo na década de 90, ainda não possuía um processo de inovação padronizado e em etapas. E, mesmo assim, foi um sucesso revolucionário. Figura 2: Rede entre códigos – representação da interrelação entre os microfundamentos. Capacidade comercial {3-1} Capacidade política-antecipatória {3-1} is part of is part of Sensing {2-5} is part of Capacidade Empreendedora {5-1} is part of Recursos externos - parcerias {5-4} restricts Competências Específicas da Empresa {2-2} is associated with is associated with Desenvolvimento de recursos internos {2-2} is property of is associated with Seizing {4-6} Influencia do contexto pol-economico {4-1} is associated with is cause of is property of Priorização de projetos - capacidade gerencial {4-1} Nova base VRIN {3-1} is associated with is associated with Geração de conhecimento {6-3} is associated with Reconfiguring {1-5} is associated with Novo conjunto de rotinas {1-1} is cause of Capacidade política – atuação ativa {1-1} Fonte: os autores Conforme as informações dadas pelas entrevistas, as fontes de informações e conhecimento podem ser tanto externas quanto internas, e negligenciar uma ou outra esfera poderia prejudicar o resultado do processo. Os diferentes códigos que emergiram durantes as análises de conteúdo demonstraram que abordagens estratégias, principalmente aquelas referentes a relacionamentos interempresariais e com o governo, possuem objetivos diferentes (por vezes, somente visam perceber oportunidades; outras para auxiliar no processo de decisão). Portanto, entende-se que não há como tratar essas etapas separadamente e nem 101 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica mesmo dissociá-las do processo de construção das capacidades dinâmicas. Em alguns casos é até mesmo difícil atribuir a determinada atividade a conotação de sensing, seizing ou reconfiguring, pois o dizer do entrevistado parece englobar todas as etapas em conjunto. A qualidade e a adequação da nova base de recursos dependerão de como estas capacidades dinâmicas foram construídas e aplicadas. Para o caso de estudo, verificou-se a base de recursos foi renovada conforme a dinamicidade do mercado, ou seja, em algumas vezes houve retrocessos, consequentemente, buscaram-se novas perspectivas e decisões foram repensadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente artigo visava como objetivo a avaliação dos principais fatores presente nas etapas de sensing, seizing e reconfiguring das capacidades dinâmicas utilizadas em um processo de inovação tecnológica. Em particular, a investigação de como a gestão e a organização influenciam a forma que a empresa estudada opta e decide por oportunidades de inovação. A partir da literatura existente sobre as capacidades dinâmicas, um modelo teórico foi desenvolvido a fim de: (1) identificar os microfundamentos da capacidade dinâmica de inovação (sensing, seizing e reconfiguring) e (2) como estes fundamentos estão relacionados e como afetam a renovação da base de recursos. Com base nesse modelo foi realizado um estudo de caso relativo ao desenvolvimento do sistema flex-fuel etanol-gasolina em uma importante empresa do ramo automotivo O estudo revelou que as capacidades dinâmicas de fato estão presentes no processo de inovação tecnológica. Evidenciou-se que o fato da empresa possuir uma significativa base de recursos com um forte potencial não implica diretamente que haverá sucesso no processo de inovação. Em especial, as capacidades empreendedoras e políticas foram levantadas pelos entrevistados como essenciais para que a inovação seja bem sucedida. O modelo sugerido na Figura 1 propõe que o processo de inovação, que é por si só uma capacidade dinâmica de alto nível, depende em grande parte das escolhas da gestão relativas aos processos, organização e pessoas. As etapas sensing (percepção) e seizing (escolhas), se realizadas de forma eficaz pela gestão, são fundamentais para o atingimento de vantagem competitiva. No entanto, as escolhas dos gestores não se limitam às circunstâncias internas da empresa. O desenvolvimento de recursos internos e externos, a formação de 102 Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo> ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica parcerias e a capacidade política apresentam forte influência sobre as decisões tomadas e constituem-se, por vezes, em fatores limitadores. De uma forma geral, verifica-se que a inovação consiste em uma capacidade dinâmica propriamente dita pois advém da consubstanciação de práticas, idiossincrasias e redes de relacionamentos dos gestores. Mas não é uma capacidade que anda por si só. Para uma inovação ser bem sucedida, há um processo longitudinal no qual outras capacidades estão envolvidas, sendo estas precedentes ou consequentes à inovação tecnológica. Depreendeu-se das entrevistas que a integração de diferentes capacidades dinâmicas tais como o desenvolvimento das competências, a capacidade tecnológica e, principalmente, a capacidade dinâmica de formar contatos, alianças e obter apoio político das instituições governamentais é essencial para minimizar riscos, sejam eles tecnológicos ou não, nesse processo. O estudo apresenta limitações claras. A metodologia do estudo de caso foi utilizada o que implica resultados não generalizáveis que poderiam apenas ser estendidos analiticamente em outras empresas de tamanhos, indústrias e contextos similares. Tal como o trabalho de Bianchi et al. (2009) na indústria química, este artigo representa mais uma etapa exploratória, utilizando o de inovação tecnológica na indústria automotiva. Os resultados e conclusões podem certamente levar ao desenvolvimento de um projeto mais abrangente. Recebido em junho de 2014. Aprovado em setembro de 2014. REFERÊNCIAS AMBROSINI, V. et al. 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