M O T E L C O I M B R A ALICE GEIRINHAS A N A A N A C L E T O

Transcrição

M O T E L C O I M B R A ALICE GEIRINHAS A N A A N A C L E T O
M O T E L
C O I M B R A
ALICE GEIRINHAS
A N A A N A C L E T O
ANA PÉREZ-QUIROGA
A N T Ó N I A G A E T A
A R T U R R E B E L O
BRUNO MARCHAND
CARLOS ANTUNES
CLÁUDIA RENAULT
D A V I D S A N T O S
D E S I R É E P E D R O
J O Ã O B I C K E R
J O Ã O S I L V É R I O
JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO
J O S É V A L E N T E
L U Í S A C O R R E I A
MARTA WENGOROVIUS
N U N O C O E L H O
SUSANA MENDES SILVA
V A S C O B A R A T A
COLÉGIO DAS ARTES
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
M
M
X
I
I
M O T E L
C O I M B R A
COLÉGIO DAS ARTES
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
M
M
X
I
I
Agradecendo ao Círculo de Artes Plásticas de Coimbra
e ao Departamento de Arquitectura da FCTUC todo o apoio
MOTEL COIMBRA
campus de arte em investigação
O contexto deste novo Colégio das Artes numa universidade como a de Coimbra (cuja forma de ser universidade
se traduz também em ideia e imagem de universidade)
reforça a possibilidade da actividade deste colégio ser
projectada no questionamento do lugar da arte no ensino
universitário, e do lugar da universidade na arte. E
no catálogo a preto e branco desta exposição, qualquer
das faculdades desta universidade vê aqui a sua imagem
tornar-se cinzenta. Cinzenta, como a cor do Colégio
das Artes, equidistante de todos os saberes.
Para além de todos os processos envolvidos numa investigação de doutoramento, cabe ao Colégio das Artes não
se esquecer do óbvio. Que é de arte que aqui tratamos,
como objecto, ou como instrumento de estudo.
Esta é a primeira das exposições que, anualmente,
faremos no Colégio das Artes, reflectindo as práticas dos seus doutorandos (nesta edição, com os finalistas de 2012).
Na valorização da arte enquanto processo de investigação, o cerne da exposição é o processo criativo.
Assim, nas artes plásticas, na curadoria, no design,
na arquitectura, na música, são aqui mostradas obras
emblemáticas do processo criativo dos autores, ou
cuja relação reflecte o seu processo criativo.
Em sentidos retrospectivos, introspectivos, prospectivos, a reflexão sobre a própria obra materializase aqui nas obras expostas.
A ideia de MOTEL COIMBRA tutelará as exposições que
esta exposição inaugura, nas potencialidades cinematográficas de uma cidade tornada nome próprio de
um motel. E um motel é um lugar onde as coisas acontecem. Lugar colectivo e solitário, conTEMPorâneo,
porque temporário. Mas, ao mesmo tempo, a potencialidade metafórica desta consciência da fugacidade das
coisas, inscreve este Motel na paisagem, enquanto ilha
urbana na paisagem, sucedâneo tangível da Utopia.
E as obras expostas serão certamente comunicantes
entre si, mas como o ruído que se ouve no quarto ao
lado, indício de uma acção cuja experiência é sobretudo a imagem que se cria dela.
António Olaio
Numa conferência pronunciada em 1922 em Berlim, El
Lissitzky, o “Lenine” do Suprematismo, aborda o
Quadrângulo Negro (1915) de Kasimir Malevitch nos
seguintes termos: “(...) Ele quis reduzir todas as
formas, todas as pinturas ao zero. Para nós, contudo, este zero era um ponto de transição. Quando temos uma série de números provenientes do infinito...6,5, 4,3,2, 1 e que chegam ao zero logo a
seguir temos uma linha ascendente de números que
regressam ao infinito 1,2,3,4,5,6...Essa linha expande-se no outro lado da pintura. Disse-se algures
que os séculos trouxeram a pintura até este quadrado
e que aqui não se encontra mais nada. Nós afirmamos
contudo que se deste lado a laje do quadrado bloqueou o já estreito canal da pintura do outro lado,
em contrapartida, ele tornou-se a pedra fundacional
para a nova construção espacial da realidade.” É
deste outro lado do quadrângulo suprematista e numa
posição remota do zero, que situamos as experiências
curatoriais, os objectos que testemunham processos, o aqui agora do vídeo, o excesso de consciência do objet trouvé, a autobiografia como imperativo
temático, enfim toda a materialidade que configura
o projecto Motel Coimbra: a materialidade que resiste à interpretação, a que fala da integridade da
imagem, a que assume a forma como princípio activo
de todo o conteúdo, a que coloca o vazio, o oco, o
incompleto como problemas humanos. Um construtor de
livros, uma respigadora das ruínas do infinitamente
quotidiano, inquiridores do objecto em acção, do
objecto que repele a sua finitude, mãos que pensam,
paredes independentes que se esquivam, mortalhas defenestradas pela luz, materiais inertes densificados
como hipóteses espaciais, a intimidade dissolvendo-se
no irreversível, na impossibilidade de uma segunda vez
repousam como num estojo com as suas cavidades de
veludo, neste ”corredor-ideia”, neste eco da porta
giratória de Kaznimir (castigar o mundo) Malevitch.
Gostaria de terminar recorrendo às palavras de outro
modernista, Guillaume Apollinaire: “On ne peut pas
transporter avec soi le cadavre de son pére.Mais nos
pieds ne se détachent qu’en vain du sol qui contient
les morts.”
Pedro Pousada
ALICE GEIRINHAS
ALICE, CAMILA E CLARA
2004
acrílico s/ tela
200x300 cm
GABINETE DA DOUTORA
Vitrine
livros, revistas, desenhos, fotos
2010-2012
Alice, Camila e Clara faz parte de uma série de
seis telas, cinco realizadas a partir de fotografias de guerra que se fazem acompanhar de uma
legenda–resumo que contextualiza os acontecimentos, os conflitos bélicos e também a fotografia.
A sexta pintura – talvez a possa considerar como
um hors–série – destaca-se quer pela sua dimensão
de grande formato (200x300) e por ser um autoretrato de mãe-artista e filhas. Em tamanho natural, eu e as minhas filhas deitadas num sofá. Nós
a olhar o sofrimento dos outros, tranquilas, em
tons de dourado e carmim, cruzadas com as cruéis
imagens de guerra e morte, não por antagonismo
mas pela continuidade dessas imagens em nós.
Agora, nesta exposição, olhamos eu e elas, para
o Gabinete da Doutora, a vitrine que guarda
“coisas” recolhidas/escolhidas pela artista durante o doutoramento no Colégio das Artes, Como
Eu Sou Assim Mapeamento Visual na Primeira Pessoa: Documento e índice.
ANA ANACLETO
RESEARCH APPEAL, 2012
Livro de artista (inkjet print sobre papel de 80 gr e
160 gr) + 2 ambões de madeira
21x14,8cmx1cm (livro) / (2x) 55x75x37,5cm (ambões)
Edição de 12 + 3 AP
Cortesia da artista
Research appeal resulta do cruzamento entre alguns
documentos e imagens pertencentes ao meu arquivo
pessoal (todos submetidos à categoria Bibliotecas)
e o ensaio “Treze Teses Contra Snobes”, de Walter
Benjamin, incluído na sua obra “Rua de Sentido
Único”.
Assume a forma de livro – compondo-se de outros
pequenos livros (ou fragmentos, à maneira de
Benjamin) – e procura estruturar-se a partir da
matriz formal que dá corpo ao referido ensaio.
ANA PÉREZ-QUIROGA
day by day #B, 2012
Quadrado de 200x200cm, construído por 16 quadrados
de diversas cores, unidos por fechos de cores
variadas.
Seda e fechos plásticos cosidos à mão.
Cada quadrado de seda pode ser aberto e separado,
transformando-os em quadrados individuais. No canto
inferior direito, encontra-se uma etiqueta cosida Ana Pérez-Quiroga Fabrics.
Partilhando uma ideia de união entre o Oriente e
o Ocidente. Entre a matéria-prima – a seda – e o
objecto - day by day #B.
Cria-se uma ideia de multiplicidade - através da
cor, de partilha do conjunto - através dos fechos,
de infinitas hipóteses - através da possibilidade
de conjugar os quadrados de seda, de disseminação através da separação destes mesmos quadrados.
Esta obra permite:
a) separar/reorganizar os quadrados de seda,
permitindo uma nova construção cromática.
b) separar/disseminar a obra do artista por novos
proprietários
O conjunto destas possibilidades faz a obra day by
day #B.
Noce isolante per bassa tensione, 2012
5 x 8 x 5 cm
ANTONIA GAETA
HERBÁRIO: COMO CONSTRUIR UM JARDIM MEDIEVAL OU, MAIS
SIMPLESMENTE, COMO ORGANIZAR O MATERIAL RECOLHIDO Quando penso na minha biblioteca, as referências
não são necessariamente análogas ou fáceis de
identificar como ligações a projectos particulares
e à minha prática curatorial. As fontes ultrapassam
diferentes linguagens e muitos países e regiões.
Elas incluem referências de leituras e contos da
minha infância e literatura grega, escritores
argentinos que se cruzam com poesia norte americana,
muita música e filmes italianos dos anos ‘50 e ’60,
documentários e banda desenhada de Milo Manara.
ARTUR REBELO
TYPE TABLET
Tinta foto-luminescente sob tábua aglomerado de madeira
96 x 49 cm
Fragmentos do processo. Movimentações de uma mécane
nas linhas de base.
Todos os factores contribuem para o produto final,
o contexto impregna o nosso trabalho, opera aproximações e por vezes faz-nos integrar realidades do
nosso quotidiano, o insólito, as coincidências… Encontros no conjunto do projecto, pesquisa concreta
ao longo do processo ou descoberta do acaso.
“Coisas” recolhidas e analisadas, objectos descontextualizados, transformados, ajustados, desviados e
por vezes catalizadores de um novo processo.
Lizá Ramalho e Artur Rebelo (R2)
BRUNO MARCHAND
POR EXEMPLO, FRANCIS PONGE...
Livro intervencionado (Francis Ponge, Alguns Poemas,
edição bilingue, seleção, introdução e tradução de
Manuel Gusmão, Lisboa, Edições Cotovia, 1996), acompanhado por imagens, textos, jornais e catálogos que
mapeiam a atividade curatorial de Bruno Marchand entre junho e outubro de 2012.
- - - - -
POR EXEMPLO, FRANCIS PONGE... é um exercício que
pretende, através do recurso a uma enumeração simples, ficcionar a desconstrução dos processos de natureza curatorial que estão implicados na exposição
de qualquer objecto artístico.
CARLOS ANTUNES
Estudo tipológico de tipo de fenestração num espaço
constante. Rotação do módulo orientado no sentido
dos pontos cardeais e posições intermédias. Fotografias de modelo em ensaio laboratorial. Séries este,
sudeste, sul, sudoeste e oeste. Desenvolvimento de
proposta de tese de doutoramento para o Colégio da
Artes da Universidade de Coimbra.
CLÁUDIA RENAULT
HABITAR COMO POÉTICA
O trabalho “Habitar como poética” é apresentado nesta
exposição – Motel Coimbra – em três espaços:
O atelier: instalação.
O abrigo: apropriações e instalações.
A rua: interferências urbanas.
Na exposição coletiva serão apresentadas 5 fotos
como registro das interferências feitas nas Ruas.
São colagens de refugos, objetos achados, materiais
perdidos.
O Atelier guarda a escrita do cotidiano, o registro
da caminhada diária. Nele os objetos habitam, são
habitados por outras densidades, estabelecidas pelo
fio das conversas infinitas.
A apropriação de um espaço abandonado oferece corpo
ao Abrigo. Abrigo dos restos, das dimensões, das
passagens, do ruído silencioso dos dias.
Espaços diferenciados, ligados de forma moebiana,
traçando uma espacialidade na qual o dentro e o fora
estão conectados em um movimento contínuo. Esses
elementos, inscritos numa outra topologia, permitem
uma leitura de dupla volta. O privilégio é o do
movimento, mais do que da divisão, do deslocamento do
olhar em direção à matéria viva dos objetos.
*
Exposições RETURN OF THE REAL
1- João Tabarra (Outubro, 2007)*
2- José Maçãs de Carvalho (Janeiro, 2008)
3- Paulo Mendes (Abril, 2008)
4- Pedro Cabral Santo (Julho, 2008)
5- Alice Geirinhas (Outubro, 2008)
6- Miguel Palma (Fevereiro, 2009)
7- Ângela Ferreira (Maio, 2009)
8- Fernando José Pereira (Julho, 2009)
9- João Fonte Santa (Novembro, 2009)
10- Manuel Santos Maia (Fevereiro, 2010)
11- Pedro Amaral (Abril, 2010)
12- António Olaio (Junho, 2010)
13- Carla Filipe (Novembro, 2010)
14- Eduardo Matos (Março, 2011)
15- Rita Castro Neves (Junho, 2011)
16- Pedro Loureiro (Setembro, 2011)
17- Emanuel Brás (Janeiro, 2012)
18- António de Sousa (Março, 2012)
19- Ana Pérez-Quiroga (Junho, 2012)
20- João Louro (Novembro, 2012)
DAVID SANTOS
THE RETURN OF THE REAL (2007-2012)
no Museu do Neo-Realismo
“Uma parte significativa da pós-modernidade,
assumida pela arte pós-minimalista dos anos 60
e 70, apostou sobretudo na contravisualidade
interdisciplinar que questionava os condicionalismos
históricos da criatividade e da legitimação
artísticas, por oposição a uma leitura
tendencialmente formalista da modernidade que
defendia a autonomia e a exploração disciplinar da
obra de arte. A lógica de intervenção desse “pósminimalismo progressista”, como lhe chamou Hal
Foster, assentava nas possibilidades, mesmo que
pontuais e de expressão localista, de compreensão
e transformação da realidade social a partir da
acção artística. O campo expandido da escultura,
a efemeridade e a desmaterialização da obra de
arte, bem como a sua exponencial politização,
provocaram uma forte desestabilização, ainda que
provisória, da instituição arte. Verificou-se assim
um “regresso ‘do’ e ‘ao’ real” que se traduziu ao
mesmo tempo na sua “reinvenção” crítica, buscando
uma problematização da especificidade histórica
e formal do lugar institucional da própria arte,
exigindo do espectador uma maior consciencialização
da sua responsabilidade na construção e valorização
do campo semântico da arte.
Nesta medida, uma maior aproximação da arte ao
sentido social e político resultou num dos universos
criativos mais determinantes desde a segunda metade
do século XX, com efeitos e repercussão até aos
nossos dias. Uma atitude política ou uma reflexão
sobre os seus limites atravessa hoje muitas obras de
arte e o percurso de alguns dos artistas mais
relevantes da nossa contemporaneidade”.
Claustro
WILD LIFE PHOTOGRAPHER 2001
Museu Nacional da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva
Curador: Paulo Trincão
Fotografia: Atelier do Corvo
Sala 1
TRÂNSITO DE VÉNUS . À procura do tamanho do Universo . 2004
Museu Nacional da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva
Curador: Paulo Gama Mota
Fotografia: Atelier do Corvo
Sala 2
Projecto Mnemosyne . Encontros de Fotografia de Coimbra,
2000 . Markus Raetz
Museu Nacional da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva
Curador : Delfim Sardo
Fotografia: Atelier do Corvo
Sala 3
No Place Like . 4 houses 4 films
Representação Portuguesa na 12ª Bienal de
Arquitectura de Veneza, 2010
Palazzo Ca’ Foscari, Veneza (2010)
Spazio Guido Nardi, Politecnico Milano, Milão (2010)
DESIRÉE PEDRO
Algumas destas exposições nasceram propositadamente
para este edifício do Colégio das Artes, outras
ainda reinventaram-se nas salas deste espaço, capaz
de albergar matérias e conteúdos tão diversos,
permeável a leituras várias, como só os lugares com
memória potenciam.
Palácio das Artes, Porto (2011)
Colégio das Artes (2011)
Curadores: Julia Albani, José Mateus, Rita Palma,
Delfim Sardo
Fotografias: Leonardo Finotti (Veneza), Manuel
Henriques (Milão), Atelier do Corvo (Porto)
Sala 4
À luz de Einstein . 1905 - 2005 . Quotidiano e Artes
da Física
Museu Nacional da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva
Curador: Ana Eiró, Paulo Gama Mota
Fotografia: Luís Bonet
Sala 5
À luz de Einstein . 1905 - 2005 . Luz do Cosmos
Museu Nacional da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva
Curador: Ana Eiró, Paulo Gama Mota
Fotografia: Luís Bonet
Desenho de Exposições: Atelier do Corvo
JOÃO BICKER
FENDA EDIÇÕES
O projeto desta série de livros baseia-se numa
restrição autoimposta que tem por objetivo a
exploração da expressividade do texto. Todas as
capas são desenhadas com duas cores – preto e
vermelho – sobre um fundo branco. Para além do
símbolo da editora, surgem apenas os carateres da
Monotype Modern Extended, uma fonte tipográfica mais
para ser vista do que para ser lida.
A grande diversidade de temas e épocas dos textos
desta coleção refletem-se no design das capas, com o
tratamento da tipografia à procura do sentido e do
sabor de cada texto e de cada autor.
Fotografia: José Meneses; Daniel Santos. FBA.
- Cubo: nas instalações da fábrica da empresa Jular
onde o cubo foi construído, 2007
- Projecto de Carlos Bunga realizado para o EMPTY
CUBE, 2009
- Tomar: o cubo instalado na galeria do Instituto
Politécnico de Tomar (vista de trás) 2009
- Tudela: vista parcial da obra de Pedro Tudela,
Sus-penso-em-pac, 2011 (no interior da galeria
Appleton Square, Lisboa)
- Maqueta EMPTY CUBE
JOÃO SILVÉRIO
www.emptycube.org
Para a exposição Motel Coimbra seleccionei documentação variada em torno do projecto EMPTY CUBE que
revela de uma forma mais permanente e sistemática a
minha actividade como curador independente.
O EMPTY CUBE é um projecto independente, não comercial, aberto a propostas, e tem como objectivo
desenvolver projectos artísticos que se confrontem,
por uma noite, com a especificidade deste espaço
fechado, vazio e com dimensões reduzidas, mas que
pode ser ele mesmo objecto de uma intervenção artística. É neste âmbito que decidi mostrar o registo
documental, em formato vídeo (não editado), da obra
que Carlos Bunga concebeu e trabalhou no contexto
que o EMPTY CUBE proporciona.
Acompanha este vídeo uma cópia da minha tese de
mestrado dedicada ao EMPTY CUBE, como projecto curatorial, e que disponibilizo para consulta. Para além
do corpo da tese, incluí todos os anexos onde podem
encontrar o estudo para o website, o estudo e o projecto de arquitectura do novo espaço, acompanhado
de um texto que Delfim Sardo escreveu sobre esse
projecto, e um núcleo de entrevistas a artistas
e curadores sobre o projecto curatorial. A maqueta
tridiemensional é o modelo exacto da estrutura do
espaço mutante/performativo do EMPTY CUBE.
Um outro documento para consulta, recentemente editado, o exemplar dos Cadernos de Curadoria - 2 EMPTY
CUBE João Silvério, jornal de distribuição gratuita
editado no âmbito do Curator’s Lab / Laboratório de
Curadoria e da programação de Arte e Arquitectura de
Guimarães 2012, Capital Europeia da Cultura.
Selecionei, para distribuição gratuita, um artigo
publicado na revista ONCURATING.ORG e que se intitula “Curator is the one who generates ideas in
collaboration with artists”, que traduz algumas das
minhas ideias e expectativas sobre os propósitos e
disposições curatoriais como actividade que acompanha e confronta o processo artístico.
JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO
José Maçãs de Carvalho, “Arquivo e Nostalgia”, vídeo
HD, som, 18 ´, 2012
Apoio: Fundação Calouste Gulbenkian e Arte e Arquitetura, Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura
José Maçãs de Carvalho, “Arquivo e Alteridade –
1987/2012”, slideshow, som, 5´, 2012.
“Arquivo e alteridade” - exposição realizada na VPF
Cream (Lisboa, 2012) e aqui sintetizada no slideshow
em monitor video - prossegue uma investigação em
torno do arquivo, memória e dos circuitos mnemónicos que podem iluminar as relações imagéticas entre
aqueles.
Este conjunto de fotografias articuladas entre si,
de forma não-hierarquizada, passará pela lógica da
hiperligação, enquanto rede de ligações indexante
e, desenvolvendo outras complexidades, na herança
da “lei-da-boa-vizinhança” e da “iconologia dos intervalos”, segundo o projecto “Bilder Atlas” de Aby
Warburg (1866-1929).
“Arquivo e Nostalgia” - vídeo instalação inédita procura problematizar as relações entre uma ideia de
acumulação – arquitetura, luz e água - e um sentimento de nostalgia, a partir de evocação musical da
infância.
JOSÉ VALENTE
UM VELHO NA MONTANHA
Composto para Viola d’arco entre Abril e Agosto de 2011
José Valente (PT): composição; interpretação e realização.
Isak Immanuel (USA): fotografia; captação vídeo e
realização.
Gravado nos montes do Djerassi Ranch perto de Woodside na
California, EUA, durante a residência artística na Djerassi
Residency Artists Program.
“Falar só, tornou-se-lhe mais habitual do que falar com os
outros, com eles não tinha palavras de jeito, há dezenas de
anos que a voz era a sua companhia.” in “O Viúvo – Memórias do
Fim do Império” de Fernando Dacosta, pág. 20.
A composição “Um Velho na Montanha” é, acima de tudo, uma
consequência de uma reflexão conceptual sobre a memória
enquanto impulso e estímulo criativo. Neste caso, a memória
utilizada como referência criativa remonta ao livro “O
Viúvo – Memórias do Fim do Império” de Fernando Dacosta.
O exercício a que me propus, de forma a corresponder à
reflexão, consistia numa pesquisa demorada que envolvesse
um conjunto de experiências sonoras alcançadas de forma
intuitiva. Para além disso estas experiências deveriam
transmitir uma reação emotiva proveniente da memória do
livro.
Foi através deste processo que encontrei o material
sonoro caracterizador desta peça: uma melodia simples de
intervalos musicais aproximados, acompanhada por uma renda
harmónica (os acordes arpejados em grupos de 6 notas)
extremamente direta na sua definição mas vaga na sua
concretização.
Assim, aproximei-me de um livro por uma via diferente
do que até agora tinha praticado. Em vez de me rodear de
elementos concretos, inerentes ao conteúdo artístico do
livro, utilizei como principal influência de criação um
estado de espírito, uma memória emocional distante.
Por outro lado, “Um Velho na Montanha” relaciona-se também
com a SOLIDÃO. Uma solidão que se apresenta multifacetada,
mas sempre amargurada e derrotada.
LUÍSA BEBIANO CORREIA
Projecto de arquitectura: Remodelação interior para
clínica de tratamento estético
Arquitectura: Luisa Bebiano / Colaboração: Diogo Rodrigues, Teresa Silvestre
Maqueta: escala 1:5, contraplacado de bétula
Fotografias: Do mal o menos (Eduardo Nascimento +
João Foja)
Compositor: Anton Webern
Streichquartett op. 28, Primeiro Andamento
Interpretado por Juliard String Quartet
Dirigido por Pierre Boulez
Gravado em New York, 27 fevereiro de 1970
Esta pequena obra de de arquitectura teve como principais temas de projecto a caixa repetida, o eixo
central, a simetria e as formas geométricas puras
(quadrado e círculo).
Os desenhos elementares como o círculo e do quadrado
podem reflectir a base de todas as geometrias, que
são também a base da harmonia e proporção. Tal como
na obra musical Quarteto de Cordas, Opus 28 de Anton
Webern, através de um eixo central, o desenho ordenou-se e tornou-se proporcional no detalhe e no conjunto das suas partes.”
MARTA WENGOROVIUS
O Caminho de Nietzsche
Serra da Arrábida
instruções de uso do mapa:
Pelos tempos fora, em qualquer dia que faça sentido,
tire o mapa do envelope e percorra o caminho em metros e em textos. Deverá ler os dezasseis textos na
ida e nenhum no regresso.
Se gostar desejar recriar a ação O Caminho de Nietzsche (4-5 Agosto de 2012) pernoite perto do caminho e faça-o ao nascer da aurora. São necessárias
dezasseis vozes. Na véspera distribua os dezasseis
textos pela dezasseis pessoas.
Marta Wengorovius, Agosto de 2012
em colaboração com Maria João Mayer Branco
O caminho de Nietzsche
mapa com instruções
2012
O caminho de Nietzsche
(dezasseis vozes)
video, 15m 17s
2012
NUNO COELHO
VISIT PALESTINE
Cartaz, livros, fotografias, desenhos, documentos e
objectos diversos.
2012
Imagem: Nuno Coelho segurando um cartaz de Franz
Krausz de 1936
“Uma Terra Sem Gente Para Gente Sem Terra” é uma
exposição criada por Nuno Coelho, em conjunto com
Adam Kershaw, constituída por cartazes gráficos
interactivos sobre o conflito entre Israel e a
Palestina. Os cartazes mostram diversos mapas e
gráficos, assim como desenhos realizados a partir
de fotografias recolhidas pelos autores durante uma
viagem de um mês à região, em 2006, onde tiveram
um contacto próximo com a sua complexa situação.
O discurso é crítico, mas também irónico e, de
uma forma descontraída, expõe a situação actual,
convidando as pessoas a colorir os mapas e desenhos
ao longo da exposição. Desde o seu início em 2007,
em Lisboa, a exposição conta já com 26 apresentações
em seis países distintos – Portugal, Espanha,
Alemanha, Grécia, Austrália e Brasil. O livro homónimo publicado em 2009 (edição de
autor) contém versões actualizadas das imagens e
textos incluídos na exposição, em conjunto com
novo material produzido especificamente para esta
publicação, onde também são descritas as diferentes
fases da sua produção e documentação, assim como
o contexto político e de design através de textos
pelos autores. Para além disso, colaboradores de
diferentes contextos profissionais e culturais
foram convidados a responder ao formato e ao
conteúdo da exposição de acordo com as suas próprias
perspectivas.
Na exposição “Motel Coimbra”, a instalação “Visit
Palestine” mapeia o processo de criação do projecto
“Uma Terra Sem Gente Para Gente Sem Terra”. Nela são
mostrados documentos relativos à viagem efectuada
por Nuno Coelho à Palestina, em 2006, assim como
livros, fotografias, mapas, anotações, desenhos,
rascunhos, entre outros elementos, usados no
desenvolvimento conceptual e formal do projecto.
SUSANA MENDES SILVA
A PERFORMANCE ENQUANTO ENCONTRO ÍNTIMO
“processo de trabalho”, 2007-12
materiais de pesquisa
dimensões variáveis
A investigação artística, ao contrário de
outros modelos académicos de investigação, é um
conhecimento baseado na experiência, na prática
desenvolvida pelo artista. Esta prática é
singular, única e particular e como tal não pode
ser transmitida por modelos que não se adequam à
sua própria natureza. Estou interessada em que a
investigação abra um espaço de intimidade – o meu
próprio espaço com o leitor – através da escrita.
Este é um espaço experimental – para explorar e
escrever através minha da prática artística, da
minha experiência de vida, das obras e vozes de
outros artistas. Tanto as obras de arte como a voz
e a escrita dos artistas serão as minhas principais
fontes. O enfoque principal está na obra artística
enquanto conhecimento, na linguagem artística, nos
processos criativos, em vez de “copiar” modelos de
outras áreas de conhecimento.
VASCO BARATA
Phantom / Ghost, 2011
inkjet print sobre papel fotográfico Fine Art, em
moldura do artista
88 x 116 cm
Cortesia Galeria Nuno Centeno, Porto
VASCO BARATA
PHANTOM / GHOST, 2009
Tinta da china sobre papel, em moldura do artista
29,7 x 21 cm
Cortesia Galeria Nuno Centeno, Porto
A fotografia PHANTOM/GHOST de 2012, já foi mostrada
ao público noutros contextos expositivos, mas, para
o Motel Coimbra, será acompanhada do desenho que lhe
deu origem. Assim, a particularidade desta, chamemos-lhe grosseiramente instalação, será a de, no
mesmo espaço, mostrar o desenho (com o qual originalmente não fiquei totalmente satisfeito) e a fotografia que acabou por “resolver” a intenção que o
desenho capturou de forma imediata, mas incompleta
no mesmo espaço. O processo de transcrição do desenho para a fotografia, ou melhor do desenho para o
vasto e complexo território da imagem, tem sido um
dos eixos fundamentais de investigação no meu trabalho.
De 26 de Outubro a 7 de Dezembro de 2012