O tambor - Batera.com.br
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O tambor 15 de agosto de 2000, por Maurício Odery Olá moçada! Realmente fiquei muito feliz quando o Ricardo Abe (editor deste site) me convidou para escrever nesta seção do site “Batera”. Aliás, diga-se de passagem, muito bem desenvolvido e de muito bom gosto. Este tipo de iniciativa sempre é muito bem vinda para nós, músicos, e ajudam a enriquecer este nosso universo musical e didático que é tão esquecido pela sociedade em geral! Mas nós estamos aí para fazer a nossa profissão ser cada vez mais reconhecida e respeitada! Para quem não sabe, eu não sou baterista não! Toco guitarra e violão. Engraçado não é?! Um cara que fabrica bateria e toca guitarra/violão! São as peças que a vida nos prega! Bem, gostaria de utilizar este espaço para tentar clarear um pouco mais esta coisa do mistério que é a construção de baterias e tudo que envolve este processo. São muito detalhes e que serão explicados aos poucos e em várias partes. Fiquem a vontade também para perguntar (através de e-mails) se tiverem alguma dúvida ou coisa do tipo. Hoje vou falar sobre o tambor. Sempre vejo matérias sobre madeiras em revistas e afins e muitas vezes tenho que não concordar com seus conteúdos. Vamos partir do seguinte princípio: se um tambor não for bem construído (e isso envolve a colagem, secagem, forma de construção, qualidade da cola, cortes e rebaixos, esquadrejamento, se foi bem lixado ou não, etc...) ele nunca será um bom tambor. Seja ele construído em Pinho, Maple ou Birch ou ainda qualquer outra madeira existente neste nosso planeta. Então, na verdade, uma das principais coisas que podemos destacar, é que metade da qualidade que terá um tambor provém de sua construção. E a outra metade da qualidade da madeira utilizada. Partindo deste princípio, nunca se convença de que um tambor é bom só porque ele foi construído com uma boa madeira. Existem duas formas básicas de construção. A artesanal e a industrial. Na artesanal, pode-se usar máquinas que auxiliam na produtividade sem fazer com que o tambor deixe de ser manuseado a mão, ou pode-se fazer tudo à mão. Veja o nosso caso (da Odery) onde inauguramos a nova fábrica agora em julho e desenvolvemos máquinas que nos ajudam a ter mais produtividade (na parte de furação do tambor, esquadrejamento e rebaixos) sem com isso, deixar de construir de forma artesanal o tambor, pois ele continua sendo modelado e lixado a mão, onde um tambor leva pelo menos 18 horas para ser preparado e estar pronto (secagem pronta) para a próxima etapa que é o acabamento. Já na forma industrial, a madeira é praticamente manuseada e lixada por máquinas que fazem quase todo o trabalho do homem... são usados produtos e colas especiais para que um tambor esteja pronto em poucos minutos e com isso conseguir grande produtividade e centenas de tambores prontos em pequeno espaço de tempo. Geralmente em medidas já predefinidas pois o que vale é a quantidade e o menor tempo possível para a fabricação do determinado tambor. Por isso a dificuldade, muitas vezes, de se encontrar medidas especiais das grandes marcas (fábricas). São poucas as medidas oferecidas se comparadas com a de construção artesanal pois na artesanal cada tambor tem a sua especificação própria (diâmetro, profundidade, cor, pele, etc...) e o cliente pode encomendá-lo como desejar. Bem... já falamos sobre a parte de construção. Então falaremos sobre a madeira. Existem diversas madeiras de boa qualidade usadas na construção de baterias. As mais comuns são o Pinho aqui no Brasil e o Maple, Birch, Mahogamy entre outras nas importadas. Todas elas são madeiras com suas próprias características e que por isso mesmo proporcionam diferentes timbres. Existem os tambores construídos somente com uma madeira específica ou ainda combinações de algumas madeiras. A escolha de uma madeira de boa qualidade é tão fundamental quanto a construção do tambor. É ela quem vai te proporcionar o timbre volume e projeção (não esqueça que a escolha da pele tem fundamental importância nisso também assim como o sistema que prende o tambor e se ele é suspenso ou de chão, se é furado ou não (sistema flutuante) de que maneira ele será abafado (no caso do bumbo), etc. e muitos mais etc.). Espera aí! Então podemos ver que quando alguém fala que determinada madeira é a mais legal, pode estar falando uma grande bobagem se não estiver levando em consideração todo o conjunto do tambor! Tão importante quanto a madeira, é a construção dela, a canoa utilizada (pois ela vai segurar ou não a afinação), o sistema que segura os tons, as peles de batedeira e resposta e enfim, o acabamento do tambor, pois se ele tem um acabamento “qualquer nota” significa que , provavelmente, ele foi fabricado “nas coxas”! Fique atento então a todos estes detalhes! Precisamos acabar com esta coisa de que a tal madeira é a mais legal. Todo o conjunto é importante e é isso que vai fazer você ouvir um bom ou um mal som de uma bateria. E ainda tem a afinação do instrumento! Na verdade, o mais importante é você conseguir o máximo de informação possível a respeito daquilo que você quer e colocar na balança para ver o que mais vale a pena. Confiar na “Marca” que você pretende adquirir é também muito importante! Por hoje é só. Nos falamos na próxima matéria. Abraços Maurício Odery
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