Boletim n.º 3 - Museu Quinta das Cruzes

Transcrição

Boletim n.º 3 - Museu Quinta das Cruzes
Museu Quinta das Cruzes
Boletim
Editorial
Neste número dedicado ao fenómeno do coleccionismo, ao entendimento do que é uma colecção,
quisemos recordar a génese deste museu, que à
semelhança de muitos outros, nasceu de uma colecção e se desenvolveu com a proveniência de outras.
Por esta razão, era imperioso que aqui recordássemos o gesto nobre, a atitude pioneira e determinante de César Filipe Gomes que em 1946 doou à
Região a sua colecção de artes decorativas, com o
propósito de, na Quinta das Cruzes, constituir o
primeiro Museu de Artes na Madeira.
Esta iniciativa tão bem acolhida pelos responsáveis
que então detinham o Governo da Região, a Junta
Geral do Distrito Autónomo do Funchal, presidida
pelo Dr. João Abel de Freitas e coadjuvada pelos
vogais Dr. Ângelo Augusto da Silva e Dr. Francisco Correia Figueira, foi amplamente divulgada e
reconhecida por inúmeras personalidades regionais
e nacionais, como fundamental para o desenvolvimento e convergência das principais manifestações
artísticas na Madeira.
A organização inicial dada a este Museu foi orientada pelo Dr. Frederico de Freitas e Dr. José Leite
Monteiro que, para o efeito, contaram com a colaboração de outros elementos ligados às Artes e
História da Madeira e especialistas nacionais tais
como o Dr. Cayolla Zagallo, conservador do Palácio Nacional da Ajuda e o Mestre restaurador Fernando Mardel, director do Instituto José de Figueiredo. Os seus testemunhos foram importantes na
divulgação e sensibilização, sobretudo ao nível dos
organismos oficiais nacionais, para a riqueza do
nosso património artístico e a necessidade de o
valorizar e desenvolver.
Museu Quinta das Cruzes—Anos 60
No âmbito deste tema é ainda oportuno e relevante
destacar a realização nesta Instituição da exposição
temporária sob o título «Um Olhar do Porto – Uma
Colecção de Artes Decorativas», entre Novembro
de 2005 e Fevereiro de 2006. Este Olhar é o de um
coleccionador, o Exm.º Senhor Dr. Jorge Mota que
gentilmente cedeu as suas peças para serem apresentadas em relação com as colecções deste
Museu. A apresentação desta colecção teve por
objectivo provocar o diálogo entre formas de associar e relacionar objectos artísticos.
A publicação do número 3 do Boletim do Museu
Quinta das Cruzes, pelo terceiro ano consecutivo
associado às comemorações do Dia Internacional
dos Museus (18 de Maio) que este ano tem como
principal tema «Os Museus e os Jovens», tem constituído um importante meio de divulgação das nossas actividades, principais objectivos e funções
museais.
Comunicar, chamar a atenção dos jovens, motiválos para a necessidade e importância da valorização, divulgação e salvaguarda do nosso património
artístico e cultural, é uma tarefa que exige dos
museus um desafio permanente, uma aposta séria
mas inovadora na forma de diálogo, de aproximação, uma outra capacidade de produzir novas linguagens que vão ao encontro dos seus interesses,
do seu tempo…
Os museus, no sentido de captar novos públicos e
através dos seus serviços educativos, desdobram-se
em actividades pedagógicas, lúdicas dirigidas
sobretudo aos mais novos, criando hábitos de visita
e de apetência por estes espaços culturais.
Os museus devem ter essa função didáctica, de
transmitirem conhecimento sobre uma determinada
realidade ou contexto histórico, criando empatia e
laços de afectividade com os visitantes. Objectivo
tão fácil de entender e tão difícil de concretizar.
É importante que se diga que hoje temos mais
jovens a frequentar os museus, no âmbito de actividades escolares ou curriculares. Mas é importante
que a sua visita se faça também de uma forma
espontânea, «livre». Para o efeito, as técnicas tradicionais, formais ou informais de aproximação ou
exploração pedagógica dos nossos espaços e colecções museológicas, tendencialmente uniformizadas
e pouco criativas, devem ser questionadas e avaliadas.
Terá de haver um novo encontro com as novas
gerações, teremos de fazer mais e melhor!
Teresa Pais
Directora do Museu
3
18 Maio de 2006
Índice
Editorial
1
O que é uma Colecção
2
César Gomes e João
Wetzler - coleccionadores no Museu
3
“Um Olhar do Porto” – Uma Colecção
de Artes Decorativas
5
Comunicar…“Um
Olhar do Porto”
7
Concurso “A Minha
Escola adopta um
Museu”
9
Actividades desenvolvidas pelo Serviço Educativo
10
Biblioteca/Centro
11
Actividades futurasde 10
Documentação
Restauro da pintura
mural do Museu
Quinta das Cruzes
14
Encontros – Portugal
e o Mundo da
15
Expansão
Exposições Realizadas
15
Agenda/Últimas
aquisições
16
Pontos de interesse especiais:
• O que é uma Colecção
• Coleccionadores
• “Um Olhar do Porto”
O que é uma Colecção
Uma colecção é uma conversa com o tempo.
O tempo ganha numa colecção um estado
de graça e de recusa do devir. Está suspenso da altura das associações dos objectos,
da forma como se sucedem sob cronologias
rigorosas, ou lançam sobre a história a
magia de aparecer, decididos ou hesitantes.
Nas colecções não há equilíbrio, mas sentido compulsivo de ser, na desenfreada busca para encontrar o que não existe...ainda.
Numa colecção a melhor peça é a que falta,
porque é essa que levará à próxima que é
prima direita da que esteve para ser e não
foi. Uma colecção é uma família. Um conjunto de laços de infinitas pontas e algumas
ovelhas negras e parentes perdidos.
A deriva é assim o mal de ser do coleccionador na insaciável descoberta da peça
ausente, essa sim a mágica referência ainda
não encontrada, e que em boa medida dará
finalmente sentido a tudo. Pois é, não há
colecções sem coleccionadores, e elas são
poderosas e escondidas biografias. Está lá
tudo até as fragilidades, as hesitações.
O coleccionador imediatamente se reconhece no papel de Midas, quando trás para
junto de si, esse objecto solitário, segundo
julga, quando está fora da sua colecção.
O pior é que as colecções de arte muitas
vezes têm dois caminhos, ou reconhecemse numa amena conversa de proximidade,
partilha confidencial de vicissitudes e unanimidade mais literal, ou avançam para
rasgadas aventuras temporais e proximidades de emoções que se podem separar por
mil anos, mas que se degladiam sobre
actualidades na mesma sala. Admirável
mas perigoso.
Pior são as colecções do acaso, da renúncia
ao gesto impulsivo, sem seres humanos
palpáveis, mas derivas insólitas de carimbos e autorizações.
Sempre admirei um sentido de proximidade emocional entre objectos coleccionados,
os embates poderosos entre a pintura O
Velho Rei de Georges Rouault e as Virgens
românicas Francesas.
Infelizmente a maioria das colecções
sofrem do mal da etiqueta, da cronologia,
do sentido positivista de arrumar a história
como confortável divã onde se assiste e
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não participa.
Deveremos nós depois de arrumada a história desconstruí-la? Os artistas também
não acreditam em cordas sem nós, sem
sobressaltos, sem desvarios.
Estou de facto convencido que a melhor
colecção é a imaginária, como os melhores
museus, são os do nosso coração. Não
comprometem os estados, não têm custos
de transporte e segurança. Tem um defeito:
- não existem.
Sempre me pareceu emocionante confrontar o retrato de Leonardo Loredan, Doge
de Veneza, pintado por Giovanni Bellini,
com o Escriba Acocorado encontrado em
Sacará no Egipto, ou os Ídolos das Ciclades, com Constantin Brancusi.
Como conversaria o David de Gianlorenzo
Bernini, com o Efebo de Kritios? Nunca
saberemos.
A colecção é uma conversa, sobre o tema
da vida.
Ticiano
Jacopo de Strada (In A Arte do Retrato. © Taschen).
Museu Quinta das Cruzes
César Gomes e João Wetzler - coleccionadores no Museu
Neste artigo pretendemos abarcar, de
forma sucinta, alguns dos aspectos
relacionados com dois dos
“fundadores” do Museu Quinta das
Cruzes – César Filipe Gomes e João
Wetzler – dois coleccionadores que,
um por doação e outro por legado, nos
deixaram o fruto do seu entusiasmo e
da sua dedicação ao património artístico.
As duas colecções são fruto do mesmo
interesse ainda que com variantes entre
elas: a colecção de César Gomes é
criada “a partir do normal exercício de
actividades comerciais relacionadas
com a ourivesaria (…) [reflectindo]
apesar do seu valor, mais o mercado
circunstancial de oferta do que uma
procura intencional e selectiva”1; já no
caso de João Wetzler existia, não só a
procura pessoal, mas também a profissional - uma vez que a sua actividade
comercial se relacionou com o comércio de antiguidades – o que o levou a
um mercado de compra eminentemente internacional. No entanto, as duas
colecções cruzam-se porque Wetzler
vende peças a César Gomes.
É na análise destas duas colecções
privadas que se encontra a contextualização dos seus proprietários, bem
como a tipificação da sociedade contemporânea dos mesmos.
Foram César Filipe Gomes e João
Wetzler, que constituíram a base do
Museu Quinta das Cruzes; por consequência, são também eles que irão
determinar as vertentes que até hoje
presidem ao discurso museológico e
museográfico do Museu. Posteriormente, e a par da formação destas
colecções, diversas foram as doações,
bem como as aquisições, que globalmente enriqueceram o seu espólio.
César Gomes
César Filipe Gomes, nascido na freguesia de Santa Luzia a 26 de Maio de
18752, proprietário de uma ourivesaria
situada na antiga Rua do Aljube, destacou-se como coleccionador de peças
antigas no seio de uma comunidade
não muito votada a esta actividade.
Este madeirense, que comprava em
leilões que tinham lugar na Ilha da
Madeira, consegue reunir um precioso
acervo ao longo dos anos, assente nos
Museu Quinta das Cruzes
Apesar de relativamente escassa, a
informação relativa a César Gomes, é
particularmente interessante, sendo
possível analisar a sua colecção e
encontrar alguns paralelos com a
sociedade madeirense reveladores do
contexto circunstancial do acervo recolhido pelo ourives.
O primeiro caso de nota, reporta-se à
colecção de figuras de Presépio em
barro e que actualmente se encontra
exposta na sala 15 do Museu. Deste
núcleo, maioritariamente datado do
século XVIII e de grande qualidade,
destacam-se algumas das suas figuras
que, segundo a classificação do Dr.
Alexandre Pais (I.P.C.R.), provêem de
oficinas de Lisboa. Como chegaram
estas figuras às mãos de um coleccionador cujo mercado de compra se restringia à Madeira?
Para responder a esta questão recorremos à documentação do Museu deixada pelo antigo encarregado, o Sr.
Alfredo Gomes de Barros, que registou
a entrada das peças, bem como reuniu
alguma da informação que obteve a
partir do próprio doador. É com base
nesta documentação que tomamos
conhecimento que grande parte das
figuras de Presépio que integram a
doação do ourives, foram compradas a
herdeiros do Conde de Carvalhal; foi
este que, por sua vez, manteve uma
relação estreita com a comunidade
artística de Lisboa, para onde viajava
regularmente, e onde provavelmente
adquiriu as figuras em primeira mão.
Um outro núcleo que poderemos tentar
contextualizar é a numerosa colecção
de mobiliário «caixa de açúcar» que
César Gomes lega ao Museu Quinta
das Cruzes. A resposta à formação
deste núcleo pode ser encontrada num
artigo de João Maria Henriques datado
de 1950, em que o autor salienta o
facto de um único “adjudicatário” ter
adquirido cerca de 20 armários de caixa de açúcar na venda em hasta pública de bens do Convento de Santa Clara3. Poderá ter sido César Filipe
Gomes esse comprador?
Fruto de estas e muitas outras aquisições, César Filipe Gomes vai aumentando o seu espólio; e quando atinge
uma idade avançada, propõe à Junta
Geral do Distrito Autónomo do Fun-
chal, a cedência de toda a sua colecção, para a criação de um museu de
artes decorativas, mas pondo como
condição que o mesmo fosse instalado
na Quinta das Cruzes que então pertencia a particulares. A questão da
aquisição do imóvel pela Junta Geral,
foi complexa, e o imóvel foi obtido
não sem dificuldades. O documento
final determinava que o Coleccionador
doava “ (...) toda a sua colecção de
objectos de arte e antiguidades
(mobiliário, cerâmica, ourivesaria,
joalharia, miniaturas, gravuras, pintura, escultura, tapetes, colchas, etc.) (...)
que esta doação é feita para o fim
expresso de a Junta Geral Donatária
fazer instalar no prédio desta cidade
denominado e conhecido por Quinta
das Cruzes um museu de arte com
carácter regional que terá também
como objecto toda a referida colecção
doada e com a denominação de ‘CasaMuseu de César Gomes’.”4.
É com base na doação de César Filipe
Gomes, que a 29 de Dezembro de
1949, é inaugurada na Quinta das Cruzes a sua primeira exposição. No
entanto, apenas a 28 de Maio de 1953,
é oficialmente aberta ao público a
Casa-Museu “César Gomes”. Faziam
parte da Comissão organizadora deste
Museu, notáveis membros da vida
cultural madeirense donde se destacam
o Dr. José Leite Monteiro e o Dr. Frederico de Freitas, acompanhados pelo
Dr. Ângelo Silva, Padre Eduardo
Pereira, Prof. Basto Machado e João
Maria Henriques.
“Foram, sem dúvida, os variados ele-
Aspecto de uma sala do 1º andar (In Das
Artes e da História da Madeira. Nº 15,
1953).
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César Gomes e João Wetzler - coleccionadores no Museu
João Wetzler
Hans (João) Wetzler nasceu a 10 de
Junho de 1896, em Viena de Áustria6,
tendo depois ido viver para Praga,
onde se encontra desde meados de
1916.
Em 1928, Wetzler dedicava-se já à
produção de roupa de criança na cidade de Praga, mas poucos meses antes
do início da II Guerra Mundial, e
obviamente fugindo das perseguições
nazis, Hans Wetzler vem para Portugal. Aporta ao Funchal a 10 de Abril
de 1939 e nesse mesmo ano associa-se
ao industrial de bordados Manuel
Hugo Luís da Silva, fundando a
empresa Jan Wetzler & Silva, Limitada. No início, exportam bordados e
igualmente outros produtos “Durante
dez anos, os bordados vendiam-se na
Loja Bimbo, o primeiro estabelecimento da ilha de vestuário de criança já
confeccionado, idealizado e efectuado
por João Wetzler”7.
Em Junho de 1949, após algumas tentativas, é concedida a Hans Wetzler a
sua naturalização portuguesa uma vez
que, e de acordo com as autoridades
oficiais, traria vantagem para a economia da Ilha. Deste modo Hans Wetzler, adquire oficialmente o nome português de João Wetzler.
O interesse de Wetzler pelo coleccionismo revela-se pouco tempo depois
de ter aportado à Madeira; inicialmente adquire peças para a sua própria
habitação, algum mobiliário inglês e
outras peças de valor que haviam pertencido a distintas famílias inglesas,
residentes na Madeira, e que abandonavam a Ilha. Algumas das antiguidades, encontrava-as na posse de empregados das referidas famílias, bem
como na de portugueses que tinham
comércio com Inglaterra e que aceitavam como forma de pagamento mobiliário inglês.
João Wetzler adquire também peças à
Agência de Leilões Cunha, onde trava
conhecimento com João de Silvério
Cayres, empregado da agência, e que
mais tarde, em Março de 1946, o
coleccionador contrata para com ele
organizar a sua futura casa de antiguidades. Esta é inaugurada ainda em
finais de 1946, no rés-do-chão da Rua
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Algumas, compra-as em Lisboa, tais
como as esculturas que Wilhelm refere
terem sido adquiridas por via do Doutor Walter Emanuel Alexander-Katz
“Mesmo quando, directamente depois
da guerra, o médico (…) vivia já em
Lisboa, comprava ainda antiguidades
para o industrial judeu, por ex. Figuras
de santos. (...) Na ilha, o negociante
vendia ao princípio uma peça ou outra,
ficando com a maior parte das antiguidades para si próprio.”8. Também João
de Silvério Cayres, compra em Lisboa
em 1947, a pedido de Wetzler, algumas esculturas de santos; registando-se
o caso curioso de “Uma figura, que na
capital portuguesa tinha custado 500
escudos, era vendida na ilha sem problemas e rapidamente por vinte mil.”9.
O que só comprova a boa visão de
negócio do antiquário.
Wetzler desloca-se ainda aos Estados
Unidos, onde adquire uma enorme
quantidade de antiguidades nas quais
se incluem “um sofá Chippendale,
forrado a tapeçaria de Gobelin, e uma
terrina (…) da Companhia das
Índias.”10. Em Londres compra valiosas peças antigas em especial à casa de
leilões Robinson & Foster, em South
Kensington, encarregando Edwin Tischer, seu amigo próximo, de adquirir
as referidas antiguidades.
A 11 de Junho de 1966, João Wetzler
faleceu na sua propriedade da Quinta
da Saudade, no Funchal, e pouco tempo após a sua morte, cumprindo as
determinações estabelecidas no seu
testamento, “333 peças de prata fina,
entre elas ‘numerosas preciosidades de
ourivesaria antiga portuguesa’, foram
entregues, em 15 de Julho de 1966, no
Museu da Quinta das Cruzes, (...) a
representantes da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal.”11 onde
deveriam ser expostas de acordo com o
disposto pelo antiquário.
De harmonia com o desejo do legatário
estas pratas encontram-se hoje expostas no Museu da Quinta das Cruzes12.
3
HENRIQUES, João Maria. “A «caixa de açúcar»”. In Das Artes e da História da Madeira.
Funchal. 1950, nº 4, p.28-29.
4
Escritura de doação feita à Junta Geral de toda
a Colecção de objectos de arte e antiguidades
pertencente a César Filipe Gomes. Funchal, 16
de Dezembro de 1946.
5
ARAGÃO, António. O Museu da Quinta das
Cruzes. Funchal: ed. da Junta Geral do Distrito
Autónomo do Funchal. 1970, p. 87.
6
WILHELM, Eberhard Axel. “João Wetzler:
vendendo bordados e antiguidades, um refugiado judeu fez fortuna na Ilha da Madeira”. Revista de Estudos Judaicos. Lisboa: Associação
Portuguesa de Estudos Judaicos. Nº 3. Dezembro de 1996, p. 84.
7
WILHELM. op. cit., p. 86.
8
WILHELM. op. cit., p. 87.
9
WILHELM. op. cit., p. 89.
10
Idem.
11
WILHELM. op. cit., p. 91.
12
“O património do Museu das Cruzes ficou
ontem enriquecido com uma valiosa colecção de
pratas – doada pelo antiquário João Wetzler em
cerimónia realizada na Junta Geral do Distrito”.
In Jornal da Madeira. 14 de Julho de 1966.
Notas
1
SOUSA, Amândio de. “Ourivesaria no Museu da
Quinta das Cruzes”. In Atlântico. Funchal: s.e.,
Nº 18. 1989, p. 135.
2
CLODE, Luiz Peter. Registo Bio-Bibliográfico
de Madeirenses – Sécs. XIX e XX. Funchal: ed.
Galerias da Madeira:
João Wetzler
(In Revista Islenha. Nº 2, 1988).
Museu Quinta das Cruzes
“Um Olhar do Porto” – Uma Colecção de Artes Decorativas
Em Novembro de 2005, o Museu da
Quinta das Cruzes inaugurou a exposição temporária “Um Olhar do Porto”,
constituída por peças da colecção particular do Dr. Jorge Mota.
Esta exposição que já havia sido projectada no ano de 1999, aquando da
fundação da Associação dos Amigos
do Oriente, surgiu no ano transacto, no
âmbito do ciclo de conferências
“Encontros – Portugal e o Mundo da
Expansão – O Arquipélago da Madeira
como primeira experiência atlântica”
promovido pela referida associação e
patrocinada pela Comissão das Comemorações dos 500 anos da Cidade do
Funchal.
Assim, o Museu da Quinta das Cruzes,
foi anfitrião ao longo de quatro meses
– de 12 de Novembro de 2005 a 28 de
Fevereiro de 2006 – de uma colecção
de artes decorativas que engloba uma
diversidade de testemunhos exóticos e
raros que se traduzem através de
exemplares de porcelana chinesa de
encomenda portuguesa, de arte lusooriental da Índia, Ceilão, China e
Japão, assim como um núcleo de ourivesaria e mobiliário português, maiori-
inglesa, e principalmente a importância do coleccionismo e das colecções
particulares na origem de espaços de
fruição cultural, como é o caso específico do Museu da Quinta das Cruzes,
cujo espólio principal provém de uma
colecção privada.
Esta foi uma colecção apresentada pela
primeira vez ao público (na sua globalidade) que possibilitou a oportunidade
de conhecermos e de estarmos em contacto com peças únicas, tais como: o
Saleiro Sapi-Português da Serra Leoa,
de final do século XV, início do século
XVI; um conjunto de peças de madrepérola e prata do Norte da Índia,
Região de Guzarete, de meados e
finais do século XVII; o oratório de
suspender Namban, de finais do século
XVI; um tabuleiro de porcelana com
Contador – Oratório (China, c. 1700)
Inauguração da exposição temporária “Um
Olhar do Porto” (12 de Novembro de 2005)
tariamente do século XVIII.
A exposição “Um Olhar do Porto” foi
marcada pela relação simbiótica que se
estabeleceu com a colecção permanente do próprio Museu num diálogo
expositivo entre ambas as colecções,
representando o universo das artes
decorativas, a influência de outras culturas, nomeadamente a oriental e
Museu Quinta das Cruzes
Conjunto de Madrepérolas (Norte da
Índia, Região de Guzarate, de meados e
finais do século XVII).
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“Um Olhar do Porto” – Uma Colecção de Artes Decorativas
Na perspectiva do coleccionador, todo
este espólio advém de uma selecção
criteriosa, do gosto pela arte, desenvolvido ao longo dos anos, bem como do
tempo e disponibilidade para conhecer
e adquirir as peças que contam histórias e que relacionam emocionalmente
e esteticamente o coleccionador com o
objecto.
O valor histórico e artístico patente
nesta exposição foi reconhecido pelos
Visita Guiada à exposição temporária
“Um Olhar do Porto” (28 de Dezembro
de 2005)
diferentes públicos, que ao longo do
período de permanência da exposição,
visitaram o Museu e entraram em contacto com a colecção de diferentes
formas, quer através de visitas guiadas
ou informais, quer por meio do catálogo e desdobrável elaborados para este
evento.
Através deste reconhecimento, vimos a
exposição adaptar-se aos diferentes
tipos de público tornando-se num
espaço acessível para todos, suscitando
nos visitantes uma identificação emo-
Pormenor de um dos ambientes criados
na exposição temporária “Um Olhar do
Porto”
Visita orientada pelo Professor Doutor
Fernando A. B. Pereira à exposição temporária “Um Olhar do Porto” - Associação Cultural Dr. Emanuel Correia (26 de
Fevereiro de 2006)
Capa do catálogo “Um Olhar do Porto –
Uma
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Museu Quinta das Cruzes
Comunicar…“Um Olhar do Porto”
Dado o dinamismo desenvolvido por
todos os serviços que integram o
Museu da Quinta das Cruzes, no intuito da preparação e divulgação da exposição temporária “Um Olhar do Porto”, o Serviço Educativo, através do
objectivo que o orienta – desenvolver
canais de comunicação e estratégias
pedagógicas de exploração do objecto
museal em relação aos indivíduos –
elaborou uma série de actividades educativas de índole lúdico-pedagógica
com vista à valorização da colecção
apresentada e igualmente para a tomada de consciência da importância que
as obras de arte, como as que estiveram expostas, representam para o enriquecimento cultural, social e pessoal
de cada indivíduo e da sociedade em
geral.
Assim, para o desenvolvimento de um
trabalho coerente e rigoroso, numa
primeira fase, foram realizados trabalhos preparatórios que se traduziram
no estudo desta colecção, o que nos
permitiu conhecer em pormenor a
mesma, bem como adequar o discurso
e o desenvolvimento das visitas guiadas, de modo a interligar os contextos
e os ambientes próprios do Museu às
peças presentes nesta exposição temporária.
A concretização deste objectivo visava
sobretudo divulgar a exposição junto
das escolas e da comunidade em geral,
de forma adequada e adaptada aos
diferentes níveis etários.
Em complementaridade com este trabalho foram projectadas actividades
Com o objectivo de aprofundar o
conhecimento dos principais aspectos
relativos às peças exploradas ao longo
da visita, foi desenvolvida a actividade
“Construindo um olhar” que consistiu
na composição de vários puzzles correspondentes a cinco peças seleccionadas para exploração pedagógica, com o
intuito das crianças poderem debater
aspectos como o nome dos objectos, o
seu material e função.
Uma outra proposta pedagógica desenvolvida foi a actividade de desenho
“Reconstruir” que pretendeu desenvolver nas crianças a capacidade de
observação crítica de algumas peças
expostas no Museu e potenciar o
desenvolvimento de competências
artísticas, de criatividade e expressão,
através da reconstrução de peças de
forma livre e espontânea.
Actividade: Construindo um Olhar
Actividade: Construindo um Olhar, puzzle do
Oratório de suspender e respectivo cartão de
preenchimento.
Museu Quinta das Cruzes
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Comunicar…“Um Olhar do Porto”
“À Descoberta dos Materiais” foi
outra das actividades que surgiu com o
intuito de promover o conhecimento
da diversidade material e características exóticas e raras próprias das artes
orientais presentes nas peças seleccionadas para esta dinâmica. Assim, através da correspondência entre os objectos e materiais constituintes, as crianças puderam realizar associações das
semelhanças existentes entre as características de cada objecto e desenvolver a capacidade de diferenciação dos
elementos decorativos integrados na
Por último destacamos o Dossier: “O
Meu Guarda Tesouros”, que consistiu
num caderno de apoio com textos alusivos à temática do coleccionismo, a
importância deste no surgimento do
Museu Quinta das Cruzes e a descrição da natureza da exposição “Um
Olhar do Porto”, acompanhado por
passatempos relacionados com os
temas apresentados no dossier.
De uma forma geral, no âmbito da
exposição temporária “Um Olhar do
Porto”, podemos avaliar a intervenção
educativa como tendo sido um desafio,
que se revelou uma experiência de
trabalho que promoveu o desenvolvimento de novas leituras face aos
objectos acolhidos. De facto, devido à
pluralidade de temas curriculares
decorrentes do valor histórico, cultural
e artístico das peças expostas, a exploração pedagógica da colecção revelouse flexível em relação aos diferenciados públicos, tornando-se um mecanismo vivo e dinâmico que veio enrique-
Actividade: À Descoberta dos Materiais.
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Museu Quinta das Cruzes
Concurso “A Minha Escola adopta um Museu”
A Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular e o Instituto Português de Museus, promoveram no ano lectivo 2005/06, o concurso “A Minha Escola adopta um Museu”. Dirigido a alunos do ensino
básico e secundário, esta iniciativa teve como objectivo estimular o conhecimento da realidade museológica
nacional, através do contacto das escolas com os museus, sensibilizando o público escolar para a conservação,
protecção e valorização do património cultural.
De acordo com os regulamentos e objectivos do concurso, pretendeu-se “não só conhecer, como também
divulgar estratégias e modos de abordagem dos testemunhos dos museus, em articulação com os conteúdos e
objectivos definidos nos programas educativos, que possam servir de suporte ou de sugestão a educadores e a
animadores”.
A adesão do Museu Quinta das Cruzes a esta iniciativa, através do Serviço Educativo, revelou-se na prestação
do devido apoio à elaboração de trabalhos criativos a partir de testemunhos pré seleccionados pertencentes ao
acervo do Museu.
Escola Complementar do Til
– APEL
Testemunho escolhido: Retrato
de D. Francisco de Moura
Corte Real Marquês de Castelo Rodrigo
Projecto: Pintura Flamenga –
Exploração de técnicas plásticas
Fotografia e Multimédia
“Interpretação e Reinterpretação “- A problemática da Paródia na Arte Contemporânea. O
retrato como tema pictórico e o
retrato na arte flamenga do
século XVII.
Os objectivos deste projecto
que foi elaborado como actividade do Atelier livre de Artes
Plásticas da APEL e do Clube
de Computação são proporcionar experiências técnicas e
expressivas na área das novas
tecnologias, contribuindo os
conhecimentos das disciplinas
de desenho A e História da Arte
e outras de acordo com os
novos programas.
Professor responsável: Rita
Rodrigues
Disciplina: História de Arte
O grupo foi constituído por
alunos do 11º e 12º ano do Curso de Artes visuais: Dayana
Deolinda Lucas, Adriana Teixeira, Ana Maria Moniz, Débora Carina Rodrigues e Diogo
Góis, com a colaboração dos
Museu Quinta das Cruzes
Escola 2 / 3 Dr. Horácio Bento
de Gouveia
Testemunho escolhido: Retrato
de Nuno Freitas Lomelino
Projecto: Representação em
termos gráficos e plásticos do
retrato.
Os objectivos deste projecto
assentam no desenvolvimento
de capacidades de comunicação
e exploração da relação entre o
material e o suporte gráfico
desenvolvendo a capacidade
expressiva e técnica. A motivação baseou-se na sensibilização,
através da observação directa,
de alguns retratos realizados em
diferentes técnicas.
Professor responsável: Teresa
Catarina dos Santos
Disciplina: Educação Visual
O grupo foi constituído por
alunos do 7º ano de escolaridade: Jéssica Sousa, Felipe Abreu.
Alexandra Gomes, Inês Lopes e
Simone Sousa.
Escola Básica 2 / 3 Ciclos S.
Roque
Testemunho escolhido: A
Quinta – Espaço Urbano e
Museu
Projecto: Representação em
termos plásticos e fotográficos
do espaço.
Este projecto foi elaborado e
executado no âmbito das actividades do Clube do Património
cujo objectivo principal é preservar e proteger o património
material e imaterial.
Professor responsável: Cláudia
Gouveia
Disciplina: Inglês e monitora do
Clube do Património.
A equipa foi constituída por
alunos do 7º ano de escolaridade: António Caires, Débora
Santos e Flávia Gouveia, com a
colaboração do professor do
clube de fotografia.
Estes trabalhos que foram
enviados para Direcção Geral
da Inovação e do Desenvolvimento Curricular serão avaliados por um júri e expostos nas
comemorações do Dia Internacional dos Museus no Museu
Nacional de Soares dos Reis
(Porto). Toda a informação
acerca deste evento está disponível no endereço electrónico
www.dgidc.min-edu.pt ou
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Actividades desenvolvidas pelo Serviço Educativo
Em paralelo com as actividades desenvolvidas no âmbito da exposição temporária “Um Olhar do Porto”, o Serviço Educativo do Museu Quinta das
Cruzes, desenvolveu outras actividades e iniciativas pedagógicas, sempre
com o objectivo de dinamizar e divulgar as colecções, ambientes e espaços
do mesmo, bem como associar o
Museu às festividades pontuais que
marcam a vida da comunidade envolvente. Desta feita, reservamos para
este espaço a apresentação de algumas
das actividades desenvolvidas entre
Setembro de 2005 e Abril de 2006.
“Reviver um Oleiro” – este projecto
iniciado em Setembro de 2005 teve
como participantes alunos do 4º ano de
escolaridade do Externato Júlio Diniz,
sendo o objectivo principal proporcionar às crianças o contacto com o modo
tradicional de executar peças de olaria.
Este projecto contou com várias actividades que englobaram os seguintes
processos: observação directa da execução de peças em barro; criação individual de novos exemplares por parte
dos alunos e exposição dos objectos
técnico do Serviço Educativo do
Museu.
“O Museu como espaço de acção
social” – no dia 22 de Fevereiro do
ano corrente, o Museu acolheu um
grupo de alunas do 11º ano do Curso
Tecnológico de Acção Social da Escola Básica e Secundário João Gonçalves
Zarco que tinham como objectivo
conhecer o espaço museológico
enquanto potencial parceiro em projectos sociais. O Museu, através das suas
colecções e do papel cultural e social
que representa, proporcionou uma visita guiada centrada nas competências
de comunicação e exploração dos
espaços culturais. A par da visita foi
Semana da Árvore e da Floresta –
com o objectivo de desenvolver o
tema da biodiversidade presente nos
Jardins do Museu Quinta das Cruzes,
o Serviço Educativo promoveu visitas
de observação in loco de diversas
espécie botânicas, a construção de um
herbário e a plantação de uma árvore.
Pretendeu-se com esta acção sensibilizar para a preservação da natureza,
reflectindo sobre os espaços verdes no
meio urbano. Esta actividade que
decorreu no mês de Março, contou
com a colaboração do Jardim Botânico.
Hora do Conto – “A Lebre e a Tartaruga” – ainda no mês de Março do
corrente ano, no âmbito do projecto
“A Hora do Conto”, foi realizado um
teatro de fantoches alusivo à fábula de
La Fontaine “A Lebre e a Tartaruga”
destinado a crianças do Colégio Esperança, portadoras de necessidades educativas especiais. O objectivo que
moveu esta sessão foi a promoção de
um espaço lúdico-pedagógico e de
lazer às crianças através da dramatiza-
Actividade: Reviver um Oleiro
Hora do Conto A Lebre e a Tartaruga
elaborados na escola.
“O Presépio / o Trono / a Escadinha”
– em contexto da época natalícia foi
proposta uma actividade com o objectivo de reviver e conhecer uma tradição madeirense, a construção da Escadinha que consiste num Trono onde se
coloca o Menino Jesus. Assim, alunos
do 1º ano do Externato Júlio Diniz,
tiveram o desafio de durante duas
semanas recriarem esta tradição no
espaço escolar, contando com o apoio
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Alunas do Curso Tecnológico Práticas de Acção Social
Museu Quinta das Cruzes
Biblioteca/Centro de Documentação
Acervo Documental doado pelo Dr. José Leite Monteiro
São mais de uma centena e meia os livros e revistas que constituem o acervo documental doado pelo
Dr. José Leite Monteiro ao Museu Quinta das Cruzes.
Foi um núcleo bibliográfico importante na constituição da Biblioteca do Museu, pela sua especificidade temática: Artes Decorativas, História da Arte e Museologia. Através dos seus livros podemos
conhecer um pouco do homem que era: homem de cultura, no verdadeiro sentido da palavra, “filho do
seu tempo” pois o acesso à informação nessa época encontrava-se nos livros, “Memória da Humanidade”, que ao longo dos tempos permitiu e ainda permite, a construção do conhecimento.
Nas suas obras, encontramos de tudo um pouco, desde os grandes pintores nacionais e estrangeiros,
aos museus, aos seus catálogos e exposições, à música, ourivesaria, cerâmica, escultura, arquitectura,
mobiliário e coleccionismo. Todos constituem objecto de leitura no estudo das colecções do Museu,
no passado e no presente.
Destaque— Dr. José Leite Monteiro (1898-1963)
Nasceu no Funchal a 8 de Novembro de 1898, filho de Dr. Artur Leite Monteiro e de D. Maria Amélia Acciaiuoli. Estudou no Liceu do Funchal e licenciou-se em Direito, pela Universidade de Lisboa
em 1921 e ficou em Lisboa a estagiar num escritório de advogados. Em 1923 encontrava-se na Guiné em serviço profissional.
Em 1925 , conjuntamente com o Dr. Frederico de Freitas, abre um escritório de advocacia no Funchal. Foi delegado do Governo junto do Grémio dos Industriais de Bordados da Madeira e desempenhou ainda funções como Governador substituto. Foi membro do Conselho Directivo da Sociedade
de Concertos da Madeira e pertenceu à Comissão Directiva do Museu Quinta das Cruzes.
Fez parte das comissões organizadoras das exposições realizadas no Convento de Santa Clara, em
1954 e no Museu Quinta das Cruzes, em 1960.
Publicou: “Palácio de São Lourenço” e “Estampas antigas de paisagens e costumes da Madeira”.
Faleceu em Lisboa a 18 de Abril de 1963.
Museu Quinta das Cruzes
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Biblioteca/Centro de Documentação
História da Renascença Italiana
Lucas-Dubreton
[Lisboa]:Aster, 1961
291 p., 25 cm
Resumo: Obra sobre a Renascença italiana, do ponto de vista da descrição de costumes,
de tendências, de hábitos e de tradições da sociedade , deste período da história europeia, passando pelas grandes figuras políticas, guerras dos principados italianos, às grandes figuras das artes, das letras e da música.
Rembrandt
Slive, Seymour
Paris: Flammarion, 1960
[71] p., 17 cm
Resumo: Livro de bolso que ilustra a obra deste pintor, nascido em 1606 e que morreu
em 1669. Pintor retratista, inova na maneira tradicional de pintar. Numa fase posterior
Rembrandt procura mais o interior do homem do que o seu exterior, retratando a morte e
a doença. Nesta obra encontra-se um estudo abreviado de cada um dos quadros do pintor,
pelo autor da obra, professor na Universidade de Harvard.
Dicionário de pintores e escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal
Pamplona, Fernando de, 1909-1989;Silva, Ricardo do Espírito Santo, 1900-1955
Lisboa:[s.n], 1954-1959
4 Vol. ,27 cm
Resumo: Obra de referência, constitui um inventário alfabético da pintura e escultura em
Portugal, com informação quanto possível acerca dos pintores e dos escultores portugueses ou relacionados com Portugal. Os artistas são catalogados pelo seu último apelido,
com algumas excepções em que os artistas são conhecidos por dois nomes.
Soares dos Reis e o centro artístico Portuense
Machado, Carlos Diogo de Villa-Lobos
Porto: Livraria Fernando Machado, 1947
135 p., 22 cm
Resumo: O centro artístico Portuense Soares dos Reis fundado em 1879 pretendeu acolher
as diversas manifestações artísticas que se verificavam na cidade do Porto nas diversas
áreas: música, teatro e artes plásticas. Aborda as casas onde esteve instalado, alguns nomes
de sócios, o centro enquanto escola de desenho, local de exposições e a publicação de uma
revista: A Arte Portuguesa.
Nineteenth century english pottery and porcelain
Bemrose, Geoffrey
London: Faber and Faber
57 p., 96 estampas, 26 cm
Resumo: Estudo sobre a cerâmica e porcelana produzidas no século XIX. O autor mostra
que através da produção de cerâmica apreende-se a maneira como se vivia, o gosto das
pessoas, criando um quadro vivo da sociedade de então. Referencia objectos, centros de
produção e marcas de cerâmica e porcelana inglesas. Contém muitas ilustrações de peças
da época.
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Museu Quinta das Cruzes
Publicações Periódicas
Belas artes. Revista e boletim da Academia Nacional de Belas Artes.
Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1948.
Publicação periódica iniciada em 1932, com uma 1.ª série até o ano de
1947. A 2.ª série inicia-se em 1948 até 1978. A 3ª série começa em 1979 e
continua com o titulo Boletim da Academia de Belas Artes. A publicação
esteve suspensa em 1996. O Museu possui no seu acervo 2.ª série, n.º 1
(1948) ao n.º 18 (1962).
Doação José Leite Monteiro.
Cadernos de Arte.
Lisboa:[s.n.],1951 (Lisboa: Tip. Excelsior)
24 p. [2 est.]; 24 cm
Seriado constituído por dez números, cada
um com um assunto específico. O n.º 2 é
dedicado a Tomás José da Anunciação, com
referência a um dos quadros que o Museu
possui deste pintor: “O Piquenique”.
Doação José Leite Monteiro.
Ex-líbris
Ex-líbris é uma locução latina que significa “de
entre os livros”, isto é, fazendo parte dos livros. É
geralmente um pequeno papel, impresso com
desenhos ou legendas alusivas ao possuidor dos
livros e que se coloca na guarda da capa de um
livro.
O Ex-líbris do Dr. José Leite Monteiro é constituído na base por um livro, símbolo do conhecimento e da reflexão; sobre ele uma balança, que
revela a formação académica de José Leite Monteiro (advocacia), simboliza a equidade, o equilíbrio, a ponderação e a justeza das decisões na
aplicação da Lei. Ao centro da balança, o facho
iluminando com a sua chama os caminhos da
sabedoria.
Além do Ex-líbris usado por José Leite Monteiro, os livros estão numerados e identificados com
as suas iniciais.
Museu Quinta das Cruzes
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Restauro da pintura mural do Museu Quinta das Cruzes
No topo do jardim do Museu da Quinta das Cruzes encontramos um belo
exemplar de pintura mural exterior em
que figuras femininas são envoltas por
arquitecturas fingidas.
Tecnicamente estamos perante uma
pintura executada a fresco sobre fina
camada de reboco de cal e areia branca
fina, que por sua vez assenta sobre um
reboco regularizador da superfície
muraria de cal e areia negra vulcânica
de grão grosso.
O desenho terá sido passado por incisão sobre o reboco fresco, notando-se
alguns acabamentos a seco em que se
usou a cal como aglutinante.
A cobertura vegetal que a pintura apresentou durante bastante tempo, aliada
à presença de água por ascensão capilar, provocaram danos irreparáveis
como a perda de substancial área de
reboco e a presença de raízes entre as
duas camadas de reboco.
A Mural da História realizou uma
intervenção de conservação e restauro
deste belo conjunto em 2001, que consistiu na limpeza de toda a área decorada, consolidação dos rebocos em
destaque do seu suporte, aplicação de
um silicato de etil nas áreas de reboco
com perda de coesão, preenchimento
de lacunas com uma argamassa compatível com a original e reintegração
maneira a facilitar uma melhor leitura
do conjunto. Foram removidos rebocos
aplicados posteriormente assim como
as raízes e restos de plantas depositados sobre a pintura.
Durante a nossa intervenção foi regularmente aplicado um biocida de
maneira a prevenir o aparecimento de
novas plantas.
Ao mesmo tempo foi realizada pequena intervenção nos esgrafitos da cascata que consistiu essencialmente no
preenchimento de lacunas do reboco e
o refazer das partes decorativas em
falta.
A queda de uma pequena área de reboco pintado do lado direito obrigou a
uma intervenção de manutenção em
2005.
O pedaço de reboco havia sido guardado pelos serviços do Museu pelo que
foi possível proceder à sua colagem.
Foi de seguida feita a reintegração
cromática da área envolvente. Ao mesmo tempo procedeu-se a uma rectificação de alguns rebocos aplicados em
2001 com reintegração cromática pontual e aplicação de biocida.
A aplicação de uma pala protectora de
luz e pingos de chuva assim como a
inspecção regular permitem crer na sua
boa manutenção e conservação futuras.
Campanha de 2005 – Fixação do
fragmento, preenchimento da
área envolvente e reintegração
cromática.
Trabalho realizado pela Mural da História de 4 a 29 de
Setembro de 2001. Participam nesta intervenção Alice
Cotovio, Ana Paula Lourenço, Teresa Pimentel, Ana Costa, Elvira Barbosa, Catarina Figueiredo, Ana Ferro, Martina Pizzolato, Joaquim Caetano e José Artur Pestana
Foi feita uma intervenção de manutenção de 24 a 27 de
Maio de 2005. Participaram Alice Cotovio e José Artur
Pestana.
Campanha de 2001 – O painel à esquerda do arco. Antes, durante e depois da
intervenção.
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Mural da História
Museu Quinta das Cruzes
Encontros – Portugal e o Mundo da Expansão
Decorreram no passado mês de
Novembro, entre os dias 12 e
15, no Funchal, os “Encontros –
Portugal e o Mundo da Expansão”, organizados pela Associação Amigos do Oriente.
A Ilha da Madeira, apesar de
não fazer parte do percurso de
regresso da carreira das Índias,
teve grande importância estratégica no regresso à Europa da
rota de Acapulco, onde muitos
dos galeões aportavam antes da
chegada a Sevilha; por outro
lado, muitos foram os madeirenses que se juntaram à aventura
oriental.
É neste contexto, e integrado
nestes encontros, que se realizou um ciclo de conferências
onde importantes investigadores
apresentaram as suas comunicações versando a temática – Por-
Neste ciclo, pretendeu-se reflectir sobre a importância da
Madeira nas relações entre as
mais diversas partes do Mundo,
com quem no início do século
XV, se estabeleceram as bases
da primeira globalização.
Encontros “Portugal e o Mundo da
Expansão”
Org: Associação Amigos do Oriente
14 e 15 de Novembro de 2005
Eventos realizados no Museu
no âmbito dos Encontros.
Exposições Realizadas
“A Porcelana Chinesa nas Colecções do Museu Quinta das Cruzes”
Integrada nas comemorações do
dia 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, dedicado ao
tema «Museus Pontes entre Culturas», esteve patente no Museu
Quinta das Cruzes, entre 17 de
Maio e finais de Setembro de
2005, a exposição temporária
“A Porcelana Chinesa nas
Colecções do Museu Quinta das
Cruzes”.
A colecção de porcelanas orientais, nomeadamente, as de origem chinesa, ditas «Companhia
das Índias», constitui um dos
núcleos principais do espólio
deste Museu, que se encontrava
disperso pelas diversas salas de
exposição permanente.
Tendo como ponto de partida a
primeira exposição de Porcelanas Companhia das Índias, realizada neste Museu em 1960,
apresentou-se ao público toda a
colecção de porcelana chinesa
Museu Quinta das Cruzes
reunida num único espaço, enriquecida com as novas aquisições dos últimos anos, e devidamente estudada pelo Dr. Francisco Clode, possibilitando
assim uma melhor leitura e
conhecimento da mesma.
Esta exposição foi, sem dúvida,
um meio eficaz para relevar a
importância histórica, pioneira,
do nosso país no contacto e
relacionamento com novas e
diferentes civilizações.
Vista das salas da exposição
temporária
“A Porcelana Chinesa nas
Colecções …”
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Museu Quinta das Cruzes
Agenda
18.05.06 Dia Internacional dos Museus:
Boletim anual - Nº 3
- Divulgação do Boletim nº 3 do Museu >
10h00
Projecto e coordenação: Ana Kol Rodrigues, M.ª da Paz
Azeredo Pais e Teresa Pais.
- Actividade Puzzle MQC - Testemunho da
nossa história … (actividade direccionada ao 2º
ciclo) > 10h00 > 11h00
Textos: Ana Kol Rodrigues, Ana Rodrigues Bonito,
Andreia Morgado, Gabriela Nóbrega, M.ª da Paz Azeredo
Pais e Teresa Pais.
- Apresentação do vídeo Conhecer o
Património, com visita guiada (actividade
direccionada ao 3º ciclo) > 11h30 > 12h30
Colaboração (textos): Francisco Clode de Sousa e Mural
da História.
- Teatro de Fantoches Vamos visitar o Museu
…! Com visita guiada (actividade direccionada
ao 1º ciclo) > 15h00 > 16h30
Impressão: Grafimadeira.
- Lançamento do catálogo Porcelana da
China—Colecção do Museu da Quinta das
Cruzes, por Francisco Clode de Sousa > 17h30
2006
Fotografias: Museu Quinta das Cruzes.
Edição: Museu Quinta das Cruzes, Funchal.
20.05.06 Noite dos Museus:
- Abertura do Museu até às 24h00 com
Horário de funcionamento
3ª a Sábado - 10h/12.30
14h/17.30h
Domingo - 10h/13h
2ª - encerrado ao público
Museu Quinta das Cruzes
Calçada do Pico, Nº 1
9000-206 FUNCHAL
Telefone: 291 740 670
Fax: 291 741384
e-mail: [email protected]
Últimas Aquisições
Prato
Portugal, século XVII
Faiança
Aquisição, 2005
MQC 2337
Viola (de nove cordas)
RAMIREZ, Manuel (1864-1916)
Espanha, 1905
Madeira e metal
Aquisição, 2005
MQC 2344
Pertenceu ao «Septeto do Dr. Passos de Freitas».
A Aclamação no Funchal de D. Pedro
V
Atribuído a NASCIMENTO, João José
Madeira, século XIX
Óleo sobre tela
Aquisição, 2005
MQC 2345

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