Ficha de Leitura

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Ficha de Leitura
Pré-História
Universidade Lusófona
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Curso de História – 2009/10 – 1º Ano
Pré-História
Docente Professor Paulo Mendes Pinto
Ficha de Leitura
“ As Civilizações do Paleolítico”
Francis Hours
Publicações Europa América
Discente
Rita Tapadinhas
Lisboa, 22 de Janeiro, 2010
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Pré-História
Título Da Publicação: As Civilizações do Paleolítico
Autor: Francis Hours
Data de Publicação: 1982
Local De Edição: Mem Martins
Editora: Publicações Europa América
Nº de Páginas: 128 Páginas
Assunto: Civilizações do Paleolitico
Data de Leitura: 22 De Janeiro De 2010
Área Científica: História
Sub-Área Científica: Pré Historia
Leitura do Livro
Prefácio
Breve explicação entre Paleolítico e Neolítico.
O Neolítico foi entre 10000 a 12000 anos atrás e o Homem passou a repor o que ia
consumindo: a criação de gado substitui a caça e a agricultura substitui a colheita.
O Paleolítico, foi o período antes do Neolítico, foi um nome criado a partir de critérios
tecnológicos que significam a maneira de talhar a pedra.
Introdução
Materiais, métodos e tendências
Materiais e métodos
Pré-História é a ciência que visa conhecer o Homem no seu meio natural e o seu
comportamento nas épocas em que não existem documentos escritos.
O Homem é o primeiro objecto de estudo e podemos estudá-lo através dos vestígios
ósseos aplicando técnicas de antropologia física.
Comportamento – os actos do Homem são passíveis de serem estudados. Os
objectos duráveis (artefactos) são de pedra, osso e mais tarde de cerâmica e metal.
Neste livro só são tidos em conta os de pedra e osso.
Actividades Técnicas
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Pré-História
Os objectos fabricados podem elucidar-nos sobre o grau de desenvolvimentos
técnicos que o seu fabricante ou utilizador atingiram.
A tecnologia utilizada é muito importante pois mostra como foi talhada com a pedra,
o osso, entre outros bem como o plano de percurssão, etc. Estes artefactos podem
ser agrupados e a esta actividade chama-se tipologia. Pode ser feita de duas
formas: formal ou global ou formal e analítica.
Actividades Económicas
Das actividades de aquisição não conhecemos mais do que a caça e as espécies
caçadas que são identificadas pela paleontologia. Em relação ás actividades de
consumo, os próprias equipamentos tornam-se elucidativos. Torna-se possível ir
mais longe na análise de consumo se utilizarmos o método da escavação, como foi
utilizado na Ucrânia e em França. Muitas vezes chega a ser possível avaliar o papel
que o local desempenhou na vida económica do grupo que o ocupou. Para
reconhecer e interpretar certas instalações é necessário documentos etnográficos.
Este aspecto da pré-história é conhecido com o nome de Paleontologia
Actividades culturais
os objectos decorado, as sepulturas, as grutas, etc. são testemunhos de uma época
e são difíceis de interpretar. A estética ou a história das religiões ajuda a encontrar
fios condutores.
Meio Natural
Vai-se constituindo uma paleoecologia pois tenta-se ter em conta o domínio do
Homem sobre o ambiente e o que ele pode explorar nesse mesmo ambiente.
Para as épocas sem escrita, não ter tradição escrita ou oral não nos permite
individualizar. Mas, os locais onde os homens se situavam dão indicação sobre a
composição do grupo e a sua estruturas social.
Tendências
Devido a novas tecnologias e a novos métodos surgiram novas tendências e
escolas:
Tendência tipológica – dá ênfase à descrição de artefactos, classificação,
percentagens e índices;
tendência ecológica . recoloca utensílios no seu ambiente;
Tendência económica – pretende mostrar como o homem explorava os recursos
naturais para as suas actividades de caça e de colheita.
tendência etnológica – procura reconstruir a vida quotidiana das populações e é de
origem antiga.
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Pré-História
Tendência experimental – reconstruir o equipamento técnico de determinada
civilização e pode-se alargar a aspectos económicos e sociais.
Tendência matemática – medição simples.
Nova arqueologia – combina a tendência etnológica com a orientação sociológica,
métodos de analise espacial e uma epistemologia baseada no evolucionsismo.
Capitulo 1
Quadro Ecológico e Cronológico
Mudanças climáticas
No Quaternário houve muita diversidade de climas e conseguimos verificar este
facto através da paleontologia, palinológica e antracologia.
índices Geoestratigráficos – os índices que são fornecidos pelas formas do terreno
resultantes da acção do clima sobre a estrutura geológica de uma região (terraço
fluviais, morenas glaciares, linhas de margens).
Bioestratigrafia – mudanças de clima podem ser reconhecidas através das
modificações geomorfológicas que tiveram influencia sobre a fauna e flora que
tiveram de adaptar-se.
Primeiras sínteses climáticas – a geomorfologia, a paleontologia e a palinologia
construíram um modelo para o quadro cronológico e ecológico do pré-histórico,
sendo que este já está em desuso.
Tentativas de datação
Processos mecânicos – métodos simples e precisos que consistem em anotar
fenómenos naturais que estão relacionados com o ciclo anual das estações e que
em cada ano deixam a marca da sua existência. Estes processos podem ser:
Dendrocronologia e o Método das Varvas.
Processos físicos – os fenómenos físicos são medíveis através da sua duração e
ritmos de evolução, através de fenómenos radioactivos. Esses processos pode ser a
datação por carbono 14, por potássio/árgon (K49/Ar40), derivados de urânio,
temoluminescència e ressonância paramagnética e medidas O16/018.
Processos Bioquímicos (Racemização)– Tudo que seja osso contem uma serie de
características que fornecem informações devido aos ácidos aminados. Nos seres
vivos a maioria dos ácidos é levogira mas depois da morte transforma-se em
dextrogiros e é a esta trnsformação que se dá o nome de racemização. Esta
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Pré-História
transformação é função do tempo e pode ser medida sendo que esta técnica pode
cobrir a lacuna que existe entre as datações de C14 e as que são obtidas pelo
Potássio e Árgon.
Processos astronómicos e geofísicos – estes métodos dão resultados válidos para
toda a Terra. Estes são o paleomagnetismo e a curva de Milankovitch.
Conclusão do modelo actual:
De 1920 a 1970 a pré história foi colocada no quadro cronológico em quatro tempos
dados pelos glaciares alpinos. Mas, devido a novas tecnologias verificou-se que este
já não é tão fiável bem como as medições de O 16 e O18 de terrenos submersos
não estão concluídas. Mas com C14, chegou-se á conclusão que encontra quase
tudo bem datado.
Assim sendo, podemos dizer que, apesar de estes indícios, as fases do Paleolítico
encontram-se situadas com uma precisão. O aparecimento de utensílios, por volta
de 2300000 anos a.c. inicia o Paleolítico Arcaico. O Paleolítico Inferior começa em
África por volta de 1400000 anos a.c. (civilização mais conhecida: Acheulense). O
Paleolítico Médio, e, 1000000 a.c. é marcado pelo desenvolvimento dos utensílios
lascados. Na Europa e no Próximo Oriente Levantino. O Paleolítico Superior
aparece por volta de 40000-35000 a.c. e o seu fim aparece com o fim do Holocénio,
por volta de 8300 a.c., embora em certas regiões apareça mais tarde.
Capitulo II
Paleolítico Arcaico (2300000-1400000 a.c)
A pré historia começa com a presença humana mas é muito difícil definir homn por
isso estabeleceu-se um princípio anatómico e um principio cultural. De qualquer
forma não é fácil definir este “principio” pois a evolução não aconteceu somente num
local nem da mesma forma. Ao esquema simples da evolução linear contrapõe-se
um esquema complexo e flexível que diz que os “elementos do conjunto humano
não evoluem segundo o mesmo ritmo, e onde é difícil indicar com precisão a
emergência do Homem”1
O quadro espacio-temporal
O berço da humanidade foi em África, pois fora deste continente, não se tem
conhecimento seguro de nada com mais de 1500 mil anos.
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Pré-História
Do ponto de vista do espaço podemos dizer que a África do Sul e África Oriental são
muito diferentes em termos climatológicos. No que se refere ao tempo, os restos
dentários mais antigos têm 5 milhões de anos (Lothagam), os primeiros utensílios
com 2300 mil anos (Etiópia, Omo) e com 1850 mil anos uma nova forma de
trabalhar a pedra (Pebbble Culture, na Tanzânia).
As civilizações
Omo, na Etiópia – em que se torna complicado tentar “ver” os pormenores da vida
quotidiana pois as concentrações de lascas não nos davam o habitat bem como não
existe praticamente fauna.
Olduvai, na Etiópia – nas escavações existem diferentes camadas de depósitos
geológicos, a que se dá o nome de Beds, com diferentes níveis arqueológicos. As
Bed I e II contem vários detalhes que mostram a evolução do homem: utensílios
trabalhados a partir de rochas vulcânicas e o utensílio mais característico é o
chopper. Foram também encontrados seixos partidos, percurtidos e percutores, a
primeira organização de espaço através de um circulo de pedras, um crânio de
australopiteco. do Homo habilis, protobifaces, are de corte de peças de caça. Tem
utensílios e aspectos que remontam ao fim do Paleolítico arcaico e levam-nos ao
inicio do Paleolítico inferior.
Melka Kunture, na Etiópia – os resultados em Olduvai foram confirmados pelas
descobertas neste local. Os vestígios mais antigos são equivalentes aos de Bed II
em Olduval e são entre 1700 mil anos a 1600 mil anos. Encontrara-me imensos
objectos e restos de fauna mas praticamente nenhum vestígio de hominídeos. O tipo
de escavação levada a cargo mostrou-nos áreas de ocupação distintas, teatros, etc.
ao longo do Rio foram feitas escavações que foram dando novos dados: desde os
animais ai presentes, como o clima existente e até uma mandíbula de um Homo
erectos jovem.
Koobi Fora – em que podemos comparar tanto a Olduvai como a Melka Kunture
devido a existirem as mesmas descobertas.
África do Sul – as grutas deste pais forneceram-nos muitos artefactos em que
verificámos a civilização osteodontoquerática pois esta usava apenas ossos e
dentes na sua industria. Também foram descobertos restos de hominídeos.
Fora de África – vai-se verificando a existência na Europa de um Paleolítico Arcaico.
Em Chilhac e em Java foram encontrados utensílios que se encontram entre o
Paleolítico Arcaico e o Inferior.
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Pré-História
Os Hominídeos no Paleolítico Arcaico
Hominídeos significa todos os tipos de primata que já não são macacos, “sem que
isso nos obrigue a tomar posição sobre a possível humanidade das formas antigas”2.
Australopiteco dos Afars – forma antiga com o nome oficial de Australopithecus
afarensis mas é mais conhecido por Lucy. Características: mantinha-se em pé;
cerca de 1,30m; pesava cerca de 35 kg; ombros com traços de adaptação à
suspensão; bacia e pernas para marcha bípede. O exemplar mais antigo foi
recolhido em Lothagam (Quénia) e tem cerca de 5 milhões de anos.
Australopitecos gráceis – em África existem muitos destes hominídeos com: crânios
redondos; torus supraorbitário e protuberância occipital pouco acentuada; dentição
humana; mantinham-se de pé; altura cerca de 1,30m e capacidade cerebral entre
500 a 600 cm3.
Australopitecos robustos – são posteriores aos gráceis e apresentam variações pois
certos autores consideram os de África do Sul o Australopihecus robustus e os de
África Oriental os Australopitecus boisei (zinjantropo). Outros autores dizem que as
variações são devido ás variações geográficas.
Este australopiteco tem o mesmo craneo do gráceis e um aparelho mastigador muito
desenvolvido embora estes traços sejam mais visíveis no robustus.
Os restos mais antigos foram descobertos na Etiópia, em Hadar.
Homem hábil – quando descobriram o zinjantropo em Olduvai pesquisaram mais e
descobriram um novo hominídeo: o Homo habilis. Podem ter entre três a quatro
milhões de anos.
O Problema da Hominização
Os dados descritos levantam algumas questões que passam pelos diversos tipos de
hominização e do seu lugar no processo da hominização: os problemas de filogenia
e o problema do limiar.
De uma forma geral, pode-se dizer que o aparecimento do homem é um conjunto
evolutivo formado por vários elementos que se vão transformando consoante varias
variáveis.
Capitulo III
Paleolítico Inferior (1300000-100000 BP)
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Pré-História
Introdução
O Homo erectus aparece bem como o bíface (utensílio talhado por uma pedra que
podia ter vários formatos e tinha um gume de duas faces e era afiado). Encontra-me
em vários sítios tais como África do Sul, Oriental e do Norte, Europa e Ásia. Com
esta descoberta entramos no Paleolítico Inferior em que se destaca a civilização
Acheulense. O Acheulense aparece no Próximo Oriente a partir de 900 000 BP e na
Europa 800 000 BP. De qualquer forma o Paleolítico está dividido em:
−
Antigo – até cerca de 700 00 BP;
−
Médio – de 700 000 a cerca de 250 000 BP;
−
Recente – até cerca de 120 000 a 100 000 BP.
Paleolítico Antigo
Olduvai – recolheu-se vestígios a meio da Bed II de Acheulense que se podem
confundir com o Olduvaiense evoluído. Para ver a diferença utiliza-se o critério
proposto por M. Kleindienst: é Acheulense se tiver mais de 40% de bifaces. Na
Europa já não se pensa assim e dá-se a Acheulense 6,3% d bifaces. Pode ter
havido invasões de espaço dos Acheulense para os Olduvaienses.
Melka Kunture – é uma situação idêntica á de Olduvai: existência de conjuntos
líticos de diferentes composições.
A difusão do Paleolítico Inferior antigo
A partir de 1 000 000 BP verificamos mudanças que mostram a passagem da
industria de seixos sobre a industria bíface. Esta mudança verifica-se em vários
pontos o que indica uma ocupação espalhada: no Norte de África em Ain Hanech;
no Próximo Oriente no Istmo sírio-palestiniano, na Ubeidiya, em Israel, no vale
Jordão ao sul do Lago de Tiberíades, no Norte da Síria nos terraços do Nahr el
Kebir, entre outros; na Europa no Sul de Itália, em Espanha, Norte de França,
Inglaterra; na Ásia, na China, em Latian, em Modjokerto, na Ilha de Java.
Transformação no tipo de vida e de utensílios
As transformações na organização do habitat, em relação ao Acheulense, mostram
uma evolução. Os cortes das carcaças passaram a ser feitos muito longe dos locais
de permanência bem como os utensílios utilizados evoluíram.
As perspectivas africanas mostraram bem o fim da época Olduvaiense. È durante o
Paleolítico Inferior antigo que o Homem se começa a aventurar fora de África o que
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Pré-História
significa adaptação a climas muito diferentes. Só homens poderiam realizar esta
tarefa ou seja, o Homo erectus impera.
O Paleolítico Inferior Médio
(700 000 – 300 000 BP)
Este período é muito diferente do anterior: o talhe banal evolui, os bifaces
aperfeiçoam-se, cortam melhor e passam a poder ser classificados: lanceolados,
amigdalóides ou ovalados e passam a existir inúmeros pequenos utensílios que se
diversificam e normalizam. Neste período passam a dominar o fogo mas todas estas
características não se manifestam em todo o lado.
Na Europa Ocidental temos o Acheulense, no Norte o Clactoniano (vai evoluir para a
técnica levalloisense), No Próximo Oriente temos o Acheulense mas no final desta
fase encontramos outra industria em Rãs Beirute. A Ásia, no Penjabe verifica a
coexistência de Acheulense com Soanense (Ribeira de Soan) mas no Extremo
Oriente só se conhece, perto de Pequim, uma industria sobre quartzo ou grés de
grão fino.
Os critérios acima descritos mostram o inicio do Paleolítico Inferior Médio por volta
de 600 mil, mas antes na África Oriental, depois na Europa e no Próximo Oriente
ainda a transição. Na Ásia ainda não são muito conhecidos.
Centros de civilizações e primeiras províncias pré históricas
É nesta altura que aparecem jazidas isoladas mas que se denota centros de
civilizações
Na África Oriental, Melka Kunturé é muito expressiva de Acheulense médio com
bifaces de grande talhe, machados, entre outros com habitat de cerca de 5 mil m2 .
No Norte de África, na Argélia (Ternifine) temos uma industria africana e restos
humanos e uma nova espécie (Atlantropo) que acabou por fazer parte do Homo
erectus. Isto permitiu estabelecer a llgação entre Acheulense e o Homo erectus. Na
Europa Ocidental, o Acheulense médio vive em Kent´s Cavern (Inglaterra), no Soma
e Sena. O Norte de França e o Sul de Inglaterra têm muitos pontos em comum. Na
Hungria conhece-se o Habitat de Verteszollos em que foram mencionadas lareiras,
ossos calcinados e um occipital humano.
No Próximo Oriente temos muito poucos vestígios. Na Índia e Extremo Oriente, não
se conhece nada a leste do Paquistão e aqui encontramos o Soanense. Noutros
locais as estações arqueológicas dão poucas informações e as que se conseguem
recolher são mais antigas.
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Pré-História
Os solos de habitar e o género de vida.
Temos muita informação através dos solos de ocupação em vários países e são
idênticos: habitats relativamente permanentes, organização intencional do espaço, a
presença de lareiras, etc. A presença do fogo trouxe aquecimento, luz, protecção,
etc. Estes espaços mostram que eram habitados por duas a três famílias no
máximo.
Temos de relacionar o fogo e os grupos com os abrigos pois estes
premitiam evitar as tempestades bem como protecção. A fauna mostra também que
eram carnívoros mas a caça não era especializada.
Os Homens
Os restos humanos desta época mostram que são Homo erectius. Esta espécie,
segundo as teorias de hoje, é uma das etapas do homem moderno embora ouve
autores que ainda digam que são uma linhagem lateral do homem moderno. O
Homo erectus espalhou-se no espaço e é mais antiga do que se pensava.
Paleolítico Inferior Recente
(300 000-100 000 BP)
O Paleolítica Inferior médio termina quando a técnica levalloisesnse se espalha e é
tida em conta bem como os bifaces adquirem novo estilo a nível mundial. A
evolução do Inferior Médio para o Recente foi feita de forma progressiva. A partir
desta altura torna-se difícil mencionar locais pois são muitos. A partir desta altura
passamos a ter menos mas com características mais individualizadas.
As regiões
Na África Oriental temos o Acheulense e conforme a localização, em África, temos
várias bifaces deferentes e os grandes utensílios são pouco variados. No Norte de
África temos o povoamento de regiões como o deserto Líbio, o Egipto e o Sahara
Ocidental.
Na Europa Ocidental verificamos que a ocupação humana na penúltima glaciação
deixou muitos vestígios. O Acheulense aparece no Norte de França, em Soma e no
Sena, com seixos levalloisenses. O Sul de França dá-nos algo diferente: grutas e
conjuntos de lascas sem bifaces sem que a técnica seja levalloisense.
No Próximo Oriente temos um acheulense evoluído com técnica levalloisesnse. E,
Índia e Extremo Oriente, temos as industrias que já foram definidas anteriormente.
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Pré-História
Os Solos de Habitat e o Género de Vida.
A organização do habitat está mais desenvolvida com novas estruturas, bacias
escavadas no solo, a separação no local dos artefactos pesados de materiais de
percussão e dos utensílios ligeiros o que indica uma divisão de trabalho. Embora já
existisse, é neste período que vemos as primeiras lareiras construídas. A
organizações do habitat completa-se com a construção de abrigos.
Os homens
Os restos humanos desta altura são raros e encontram-se na sua maioria da
Europa.
Conclusão
O Paleolítico Inferior marca a espécie do Homo erectus que ocupa, pouco a pouco o
antigo mundo. São os primeiros homens a adaptar-se ao frio e a climas temperados.
A invenção do fogo, o aperfeiçoamento na caça e a organização do habitat mostram
uma adaptação que conseguiu ocupar todo o Velho Mundo
Capitulo IV
Fim do Paleolítico Inferior e Inicio do Paleolítico Médio
(200 000 – 70 000 BP)
Para o fim do Plistocénico médio, o Paleolítico Inferior mostra sinais de mudança.
Os bifaces diminuem de tamanho, as lascas estão melhor fabricadas, a técnica do
talhe levalloisense espalha-se e os utensílios ligeiros desenvolvem-se. Esta
mudança realiza-se por todo o lado mesmo nos períodos glaciares.
Pontos de Passagem
Na África do Sul temos uma industria que toca tanto no Paleolítico Inferior como no
Médio.
Encontram-se
conjuntos
de
machados
e
bifaces
equivalentes
ao
Acheulensea que foram dados determinados nomes que deixaram de ser utilizados.
A passagem de um período para o outro é marcada pela diminuição do tamanho e
pela enrarecimento dos utensílios tipicamente Acheulense. O Paleolítico Médio
aparece definitivamente com o desaparecimento completo dos bifaces e dos
pequenos machados.
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Pré-História
Na Europa Ocidental, em França, nota-se a passagem com uma fáceis do
Acheulense final chamada Micoquense. O Micoquense é abundante em França e
existiu por todo o lado, até ao Próximo Oriente mas não se descobriu a forma de
organização do espaço. Ao mesmo tempo do Micoquense existiram outras fáceis do
Acheulense superior, o Musteriense de tradição acheulense cujos bifaces são
diferentes e os utensílios, como facas de dorso, são do Paleolítico Superior.
O fim do Acheulense dá-se na Europa Central conforme outros locais: os bifaces
ficam mais pequenos, com gumes mais finos e crescem os utensílios sobre lascas.
O Próximo Oriente tem um modelo diferente no qual diferentes resultados vão
resolver os mesmos problemas. Em várias zonas encontramos vários depósitos que
continuam a ser uma das melhores indicações cronológicas para o Próximo Oriente
pois foram datados de cerca de 90 000 BP e mostra já uma industria muito próxima
do Paleolítico Médio. São conjuntos de técnica levalloisense em que as “lascas são
grandes e de forma oval, e obtidas por uma preparação centrípeta do dorso do
núcleo, técnica que perpetuará durante toda uma parte do Paleolítico Médio.
O Levante Central segue outro caminho em que aparecem vários utensílios com
diferentes técnicas e mesmo utensílios do Paleolítico Superior.
Os Homens
Os restos humanos neste período de transição são raros mas mostram que não tem
completamente as características do Homo erectus: ossos menos grossos, a
abobada craniana mais elevada, testa personalizada, occipital mais redondo. É
possível que a partir destes indivíduos, como o Homem de Tautavel, o tipo Homo
erectus tenha podido evoluir a formas moderna o que é um pouco estranho pois eles
não são os ascendentes do Homem de Neandertal que vem a seguir.
Conclusão: a questão das mudanças de civilização
O inicio do Paleolítico Médio e o Fim do Paleolítico Inferior vai acontecer em todo o
mundo antigo e inicia-se no fim do penúltimo glaciar e ocupa em parte o último
período interglaciar. A mudança não foi vivida d mesma forma em todos os locais
provocando diferentes evoluções. Isto faz com que se pense nas mudanças de
civilizações, da sua interpretação e da sua explicação na pré-história.
Podemos falar em civilização pré-histórica em que conhecemos os utensílios de
pedra mas não sabemos praticamente nada do restante equipamento. De forma
clássica tem-se encarado as mudanças de civilização como fenómenos globais o
que faz com que se ignore, por vezes, outras descobertas ou que se tome estas
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Pré-História
como as correctas. Deve-se assim ter consideração pelas descobertas e ter em
conta realidades como as tradições culturais, restrições técnicas, desenvolvimento
de capacidades intelectuais, o ambiente, etc.
Capitulo V
Paleolítico Médio
(100 000 – 35 000 a.c.)
O Período do Paleolítico Médio tem vestígios mais bem conservados pois aqui já se
habitava em grutas ou abrigos o que faz com que todos os vestígios fiquem mais
protegidos.
Quadro cronológico e climático
O Paleolítico Médio começa no ultimo período interglaciar ou nos princípios da
ultima glaciação. A Europa Ocidental tinha, na altura florestas mais ou menos
densas mas com o frio a fauna muda e no norte da Europa e Europa ocidental
aparecem o mamute, o rinoceronte peludo, bisonte, cavalo, rena, urso, etc.
O equipamento técnico
Os homens desta altura desenvolveram as lascas do Paleolítico Inferior Recente e
outros utensílios começaram a desaparecer. Apareceram utensílios para furar,
raspar e trabalhar a madeira.
As grandes províncias do Paleolítico Médio
A partir das escavações efectuada em 1865 por E. Lartet na Dordenha, no abrigo de
Moustier, G. Mortillet introduz em 1872 o termo Musteriense o que faz com que se
torne um sinonimo de Palelitico Médio na Europa.
O Musteriense é mais conhecido em França onde as fácies foram definidas. Os
critérios de ordem tipológica foram: predominância de utensílios como raspadeiras,
pontas ou denticulados, sobrevivências do Paleolítico Médio e os critérios de ordem
tecnológica foram a presença ou ausência da técnica levalloisense..
A repartição dos diferentes Musterienses é de carácter regional mas existem muitas
sequencias musterienses que tem fácies não na mesma ordem mas no mesmo sitio
verificando-se possivelmente uma mudança de civilização.
Na Europa Ocidental, mais precisamente em Inglaterra e Norte de França é um
Musteriense sem bifaces e levalloisense que parece estar espalhado mas vamos
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Pré-História
encontrar nalgumas grutas o Musteriense acheulense. Pela Bélgica, o Norte da
Alemanha, Suíça temos o “Musteriense alpino” devido aos gelos durante os
períodos frios. Apareceram também no Norte da Itália e em Espanha.
A explicação proposta por F. Bordes diz que
os utensílios de pedra são “a
expressão da personalidade cultural de um grupo.”3 e que as diferentes fácies no
mesmo local significa que ele foi ocupado sistematicamente por diferentes grupo.
L. Binford diz que temos de ver para que servem os utensílios e não as suas formas
pois os utensílios correspondem a uma actividade económica.
A partir desta análise dos utensílios podemos classificá-los em: “campos de base
mais ou menos permanentes, de actividades múltiplas, ou então locais de
emboscada ou de matança necessariamente temporários sem que a diferença de
utensílios signifique obrigatoriamente a intervenção de grupos humanos diferentes.”4
Para se verificar todos os aspectos mencionados anteriormente, teríamos de
escavar na totalidade o local bem como escavado com o método arqueológico de
camadas e que tudo tivesse sido representado em plantas. Só o Musteriense foi
escavado dessa forma o que faz com que seja único.
Na Europa Central, o Paleolítico tem a forma especial a que chamam de
Blattspitzen. Esta fácies, que também são conhecidas por Altmuhliense e existem no
Sul da Alemanha, Bélgica, Europa Central á Grécia. Na Checoslováquia e na
Hungria são também levantados problemas já anteriormente mencionados.
Em todo o Mediterrâneo existe fácies locais e no Proximo Oriente Levantino é uma
província original. As informações são abundantes e de numerosos sítios. Aqui o
Paleolítico Médio é caracterizado pelo uso da técnica Levalloiso-Musteriense..
No Médio e Extremo Oriente, o Levalloiso-Musteriense estende-se até ao Iraque
mas não até à Mesopotâmia. Na África Oriental e do Sul as industrias do Middle
Stone Age (Stillbayense) cobrem realidades diferentes.
Os Homens e o género de vida
Os homens do Paleolítico Médio têm sido classificados da espécie de Homo sapiens
neanderthalensis. O nome vem do local onde um esqueleto foi encontrado
(Neander).
A morfologia do Homem de Neandertal foi descrita devido
a achados que se
verificaram em França, Alemanha, Bélgica e Itália. Mas, os homens descobertos não
são todos iguais. É provável que o Homem de Neandertal tivesse um tronco comum
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Pré-História
que depois diferenciaram-se noutros grupos. O isolamento geográfico devido aos
glaciares também pode ter contribuído para a diferença.
Independentemente do tipo de Neandertal todos tiveram o mesmo tipo de vida: iam
para margens dos rios para caçar ou retirar matéria prima, para grutas ou falésias e
eram independentes.
Onde quer que estivessem esforçavam-se para se apropriarem do espaço. No
interior do espaço é difícil de pensarmos como se organizariam, foram descobertas
muitas lareiras mas poucas descritas. Mas, consegue-se distinguir 2 tipos: uma
lareira grande, comunitária e outras mais pequenas onde se devia fazer o arranjo de
animais pois existem muitos utensílios próximos das lareiras pequenas.
Os Homens de Neandertal mostram preocupações “religiosas”. A morte, com o
sepultamento, tinha rituais e era tratada de forma especial. Supõe-se que faziam
culto ao urso mas até agora ainda não se conseguiu provar.
Capitulo V
Paleolítico Superior
(35 000 – 10 000 a.c.)
Nesta altura a Europa tinha i clima idêntico à tundra ártica e houve variações muito
grandes provocando diferenças na temperatura e na flora. O Homem explora o
ambiente que vê e nesta altura já lhe damos o nome de Homo sapiens sapiens. Não
é especifico do inicio do Paleolítico Superior pois aparece um pouco antes na
Palestina e na África Oriental e um pouco mais tarde em França mas caracteriza
esta época na perfeição.
Este Homem inventa a lamina bem como desenvolve o trabalho em osso, chifres e
marfim, fabricando objectos simples como zagaias, arpoes, paus furados, etc. Com
esta especialização e diversificação de utensílios eles são mais eficazes o que dá
oportunidade de uma melhor adaptação e exploração do ambiente.
As províncias do Paleolítico Superior
Domínio Franco-Cantabrico – foi aqui que se reconheceu o Paleolítico Superior no
sec XIX. Começaram a revelar preocupações artísticas, foram descobertas cabanas
circulares. Apareceu uma nova civilização, a Aurinhacaense, que marca a sua plena
expansão neste período. Esta civilização tem 4 fases. A Fase I vem de um clima
frio, a Fase II no período interestádio de Arcy (28000 a.c.) e as ultimas fases não
são bem conhecidas. É neste período que são descobertos os Cro-Magnon. Por
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volta de 26000 a.c. surge a civilização Gravettiano que era complexa. O seu habitat
foi mal conservado por causa da erosão bem como da oscilação de temperatura
(Tursac) verificada no fim desse período.
O período entre 22 000 e 18 000 anos a.c. existem as civilizações que produzem as
Vénus paleolíticas e a Solutrense, ocupa os anos de 18 000 a 15 000 a.c. em que
os utensílios são fabricados em sílex e a técnica do retoque liso é perfeita e não foi
uma civilização muito espalhada. É esta civilização que inventa a agulha de cozer.
Não existem restos humanos à excepção de dentes e do habitat foram descobertas
cabanas rectangulares que dão a indicação de pequenos grupos. O Solutrense
desapareceu á cerca de 15 000 anos a.c. e foi substituído (sem qualquer
continuidade) pelo Magdalenense. Conhecem-se 6 fases desta civilização. que são
alteradas pelas fácies locais bem como pela extensão geográfica desta civilização.
Esta civilização ainda ocupava grutas ou abrigos mas já se lhe reconhecem
verdadeiras aldeias. Há estudos que demonstram que já nas fases finais podemos
ver aglomerados populacionais onde se fazia a vida normal e que depois mostram a
periferia em que não se fazia quase nada.
Aqui já temos criações artísticas de vários tipos como estatuetas, gravuras, objectos
utilitários, desenhos nas paredes das grutas. Segundo um estudo feito por A. LeroiGourhan as grutas e os abrigos eram considerados entidades. Isto explica a
existência da magia no seio do grupo mas também uma existência de um
pensamento em que o simbólico vai remeter para o religioso.
Na Europa Ocidental vemos poucas manifestações do Paleolítico Superior, em que
aparecem pequenas manifestações na Bélgica, Alemanha, Inglaterra, Suíça, Itália.
Já na Europa Central encontramos muitas jazidas bem como imensos utensílios de
diferentes civilizações.
No Próximo Oriente Levantino, encontramos a mesma ideia da Europa em que
temos desenhos geométricos (Kebarense). Aqui multiplicam-se os habitats ao ar
livre,
as
cabanas
são
frequentes
e
o
Kebarense
geométrico
faz-se
progressivamente. Segundo alguns é o Kebarence geométrico que vai dar origem á
civilização seguinte, a Natoufiense.
No Médio e Extremo Oriente temos o Zagros irano-iraquiano com grutas abertas e
com industria Baradostiense. Devido aos utensílios encontrados verificamos que
evoluiu localmente.
Também
o
Paleolítico
Superior
está
presente
na
Sibéria
com
cabanas
(supostamente de verão) e outras bem mais elaboradas já com lajes de pedras e
ossadas e que parecem duradouros.
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Pré-História
No Norte de África apresenta uma forma original de resolver as questões do
Paleolítico. No Magrebe surge a civilização Ateriense de que sºo se conhece os
utensílios. Há provas desta civilização no deserto do Sahara em 25 000 a, c. ainda
sem explicação surge outra civilização de 13 500 a.c. até 8 000 anos a.c. com
abundância de lamelas retocadas, truncadas e perfuradas; a industria do osso é
banal e é designada por Ibero-Mourisca devido a estar ligada a Espanha.
Na África Oriental, a Sahara é a grande Barreira. De qualquer forma, o Paleolítico
Superior passou por La deixando vestígios de utensílios, de lamelas e laminas.
A passagem para a América foi feita pelo estreito de Bering devido ao glaciar. Os
primeiros vestígios remontam a 37 000 anos a.c. mas não se consegue caracterizálos.
A partir de 10 000 a 8 000 anos a.c., já tínhamos populações a viver da caça aos
mamutes e bisontes e estavam armados com projecteis com cabeça de pedra
talhada.
É em 30 800 a.c. que se atinge a Austrália. Como nunca houve parte seca tinham de
ter conhecimento de alguma forma de navegação. A floresta era tropical e extensa e
a fauna era rica mas o Homo sapiens sapiens não atingiu o desenvolvimento que os
outros homens tiveram no resto do mundo.
Conclusão
O fim do Paleolítico Superior é o terno de uma das mais importantes partes da
nossas histórias. É o fim dos tempos dos glaciares e o ambiente é, quase, o de hoje.
Este novo homem conseguiu dominar o seu habitat, as construções em céu aberto e
venceu de perto os glaciares. Outra grande conquista foi a ida para a América e
para a Austrália. Assim sendo, podemos verificar diferenças a nºivel mundial de
culturas e províncias.
Conclusão
Este livro retrata as civilizações do Paleolítico e é uma etapa longa de se descrever
pois os primeiros vestígios e utensílios apareceram 2 300 mil anos.
Mas, o Paleolítico não é uniforme pois existiram descobertas muito importantes
como o fogo, a sepultura de mortos, etc.
O Homem, durante todo este período evoluiu e foi capaz de se adaptar ás varáveis
ambientais e a conquistar novos territórios o que revela uma grande capacidade
intelectual. O Homem agrupou-se em famílias para melhor sobrevivência bem como
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conseguiram um conhecimento e desenvolvimento técnico exemplar. Apesar disto o
homem continuou a viver em pequenos bandos ou clãs.
Após esta evolução, passa a faltar algo que é o que vem fazer o Neolítico.
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