Parabéns - Revista Mercado
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Parabéns - Revista Mercado
ano 5 número 44 Agosto 2011 | R$ 8,50 Negócios Empresários de Uberlândia lançam suas marcas no mercado de franquias Relacionamento Maioria dos brasileiros reprova união estável entre pessoas do mesmo sexo Religião Escolas enfrentam o desafio de ensinar religião sem privilegiar crenças Parabéns Uberlândia & Araguari Minas está em festa. Dois de seus principais municípios completam neste mês 123 anos de história, consolidando-se cada vez mais como grandes e atraentes centros de investimentos mercado www.revistamercado.com.br expediente Diretor Geral Eduardo J. L. Nascimento [email protected] Diretor Comercial Fernando Martini [email protected] Conselho Gestor Eduardo J. L. Nascimento Evaldo Pighini Fernando Martini Conselho Editorial Paulo Sérgio Ferreira Janaina Depiné Analu Guimarães Dr. Joemilson D. Lopes Marconi Silva Santos Pedro Lacerda Marcelo Prado Dalira L. C. M. Carneiro editorial Triângulo em festa Editor Chefe Evaldo Pighini e Jornalista Responsável MG 06320 JP [email protected] Reportagens Evaldo Pighini Margareth Castro Michele Borges Fabiana Barcelos Laura Pimenta Rosiane Magalhães Talita Nakamuta Alitéia Milagre Renata Tavares Lia Barbosa Revisão Lúcia Amaral Fotografia Mauro Marques (exceto as creditadas) Colaboradora Márcia Amaral Vendas Maurício Ribeiro 55 34 3239 5844 [email protected] Mariana P. Barcelos [email protected] Secretaria Edileusa Ribeiro [email protected] Jurídico Thiago Alves OAB 107.533 Capa/Editoração Humpormil Pré-impressão Registro Digital Impressão Tiragem 5.000 exemplares Anúncio 55 34 3239 5844 Assinatura 55 34 3239 5844 [email protected] Canal Livre [email protected] Cartas Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sl 14 Bairro Aparecida CEP 38.400-610 Uberlândia - MG - Brasil Edições extras 55 34 3239 5844 e reprints [email protected] Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião desta revista, assim como declarações emitidas por entrevistados. É autorizada a reprodução total ou parcial das matérias, desde que citada a fonte. A Revista MERCADO é uma publicação mensal do Grupo de Mídia Brasil Central (GMBC). Revista MERCADO 55 34 3236 6112 Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sl 14 Bairro Aparecida CEP 38.400-610 Uberlândia - MG - Brasil Copyright © 2008 - Grupo GMBC Todos os direitos reservados. Revista MERCADO | Agosto 2011 Araguari e Uberlândia completam neste mês 123 anos nos dias 28 e 31, respectivamente. Se três dias separam o aniversário destes dois municípios, apenas 30 quilômetros os separam em distância. São dois municípios, vizinhos de fronteira, que ocupam posições privilegiadas no ranking nacional: Araguari está na 227ª colocação à frente de 5.337 municípios, e Uberlândia é o 27º colocado, superando outros 5.541 municípios, à frente, inclusive, de muitas capitais. Já em nível estadual, Araguari é o 23º e Uberlândia o 2º, entre 853. Em termos regionais, no Triângulo Mineiro, Uberlândia vem em 1º lugar em grandeza e desenvolvimento, e Araguari em 4º. Enfim, são dois municípios de relevante importância tanto para a economia estadual quanto nacional, que merecem todas as homenagens possíveis, incluindo a nossa, da Revista MERCADO, que os destaca em capa nesta edição de agosto. Para fugir do trivial, de falar da história desses dois municípios - coisa que já fizemos em edições de outros aniversários -, optamos desta vez focar por um pouco na força econômica de Uberlândia e Araguari, mais precisamente, na vocação de ambos como terra de investimentos, onde o verbo empreender pode ser conjugado perfeitamente em três tempos: passado, presente e futuro: a história confirma isso. Aliás, se fosse para descrever toda a importância, a força política e econômica que estes dois municípios representam no contexto nacional, a edição inteira seria insuficiente. Não é à toa que cá estou, literalmente, na condição de editor, rasgando seda para esses dois municípios. Só para citar alguns dados, no caso de Araguari, o município, com seus 110 mil habitantes, é o 227° no ranking dos municípios Brasileiros e o 4º de Minas Gerais. Tem como ponto forte o agronegócio, por meio do qual produz, em média, 600 mil sacas/ano de um dos cafés de melhor qualidade do Brasil e do mundo, tanto no tipo quanto no sabor. São 20 mil hectares com 42 milhões de covas além de extensas áreas com lavouras de soja, laranja, milho, arroz, tomate, feijão, maracujá, acerola e uva, que são colhidas e processadas pela indústria local, o que inclui três das maiores empresas de suco do país - Dafruta, Pomar e Maguary -, que juntas produzem 70 % dos sucos consumidos no país. Além disso, o município conta com varias indústrias de médio e pequeno porte que atuam nos setores de frigoríficos, calçados, metalurgia, inox e vários outros. Agora, mais recentemente, para comprovar a vocação de Araguari para atrair investimentos, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela Vale S/A, está construindo no município, em área de 670 mil metros quadrados, um Terminal de Transbordo que deverá entrar em funcionamento até o final deste ano, gerando aproximadamente 600 empregos diretos. Quanto a Uberlândia, o município e seus bem mais de 600 mil habitantes dispensa apresentações. Nos últimos anos, muitos investidores têm sido atraídos para Uberlândia por conta de diversos fatores, dentre os quais a localização, a infraestrutura, o seu capital intelectual, sua rede hoteleira e suas opções de gastronomia, lazer e entretenimento. Para ilustrar, no quesito econômico, desde 2005, mais de R$ 3,5 bilhões em investimentos privados foram anunciados no município, segun- do informações da Prefeitura. Nesse sentido, um dos segmentos de maior destaque do município - assim como Araguari - é também o de agronegócios. A área agricultável de Uberlândia corresponde a 280 mil ha. A cidade possui uma capacidade de processamento de grãos que ultrapassa 2,2 milhões de toneladas por ano e o cultivo de milho e soja chama bastante atenção na região. O setor de laticínios, que tem capacidade para processar mais de 2 milhões de litros de leite por dia e o abate de aves e suínos, que ultrapassa 80 milhões de animais por ano, também fazem do agronegócio um setor de destaque em Uberlândia, maior exportadora de leite em pó do Brasil. Há de se considerar ainda o título que o município ostenta de Polo Atacado Distribuidor, por ser a sede das maiores empre- sas do setor e, portanto, responsável pela distribuição de produtos para todas as regiões do Brasil. Para se ter ideia, apenas cinco das empresas com Centros de Distribuição (CDs) instalados somam 235 mil m² de área de armazenagem, 2,6 mil veículos em frota própria, 700 mil clientes ativos e geram 17 mil empregos. Poderia falar ainda da estrutura de Telemarketing de Contact Centers instalados em Uberlândia, que emprega cerca de 9 mil pessoas e é referência no país. Dizer do moderno distrito industrial que tem 9,6 milhões de m², possui 300 empresas instaladas e outras 40 novas em processo de instalação. Como não mencionar o grande centro educacional em que o município se transformou! É só citar a educação de nível superior local, que concentra cerca de 40 mil alunos, entre gradu- ação, cursos de especialização, mestrado e doutorado, distribuídos por uma Universidade Federal e mais de 20 instituições privadas de Ensino Superior e Especialização. Enfim, há muita coisa para se falar desses dois municípios em tão pouco espaço. Contudo, não tem como contestar o potencial de Araguari e Uberlândia como polos de investimento, em que se pode perfeitamente conjugar o verbo empreender. Parabéns, Araguari! Parabéns, Uberlândia! E para celebrar os 123 anos desses dois municípios, escolhemos essa data e esta edição para circular um novo lay-out da MERCADO. Espero que agrade os nossos leitores. Evaldo Pighini Editor mercado 44 índice Capa Uberlândia e Araguari, duas das principais cidades de Minas Gerais e do Triângulo, completam 123 anos de história no fim deste mês, no dias 31 e 28, respectivamente, e se consolidam cada vez mais como grandes e atrativos centros de investimentos 36 Religião Vista parcial de Uberlândia 26 Economia A Gasmig quer incentivar o uso do gás natural no estado com a promoção “Vou no Gás”, por meio da qual vai distribuir até 600 m³ de gás natural a proprietários de veículos que instalarem kits para o consumo de GNV em seus carros Revista MERCADO | Agosto 2011 Vista parcial de Araguari Negócios Seis empresários de Uberlândia lançam suas marcas no mercado do Franchising e viram franqueadores, aproveitando o bom momento de um setor que cresce 20% ao ano e que faturou somente em 2010 cerca de R$ 76 bilhões 62 A Constituição Federal determina a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas da rede pública de ensino fundamental. Contudo, os educadores estão enfrentando o desafio de garantir esse tipo de educação sem privilegiar crenças Relacionamento 22 Agosto 2011 A maioria dos brasileiros reprova união de gays. É o que mostra pesquisa do IBOPE Inteligência, segundo a qual 55% dos brasileiros são contra a união estável entre casais do mesmo sexo Veículos Canal Livre����������������������������������������������� 8 Estilo........................................................ 74 Artigo...................................................... 10 Marketing��������������������������������������������� 78 Conversa����������������������������������������������� 12 Bazar....................................................... 98 Entrevista��������������������������������������������� 14 Dica de Leitura�������������������������������� 104 Franchising������������������������������������������ 18 Literatura............................................ 106 Investimentos������������������������������������� 20 Profissão em Filme������������������������ 108 Finanças������������������������������������������������ 30 Sustentabilidade���������������������������� 110 Educação���������������������������������������������� 32 Ponto de vista���������������������������������� 112 Política.................................................... 56 In Foco................................................. 114 Mundo.................................................... 58 Causos empresariais��������������������� 116 Cultura.................................................... 60 Geral..................................................... 118 68 84 Chega ao mercado brasileiro neste mês o crossover Freemont. O carro é a versão Fiat do Dodge Journey, ou melhor, é praticamente o mesmo veículo, mas com logotipos da Fiat e motorização modificada. Os preços partem dos R$ 75 mil Turismo 90 A Colômbia possui um traço semelhante ao brasileiro: a fé de seu povo. Com mais de 500 anos de tradição católica, conta com um grande patrimônio arquitetônico, artístico e cultural associado à religião que vale a pena conhecer Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado canal livre Fale com a Revista MERCADO [email protected] “Mão na massa” Edição 43 Excelente a reportagem publicada na edição de julho, que fala do “boom” na construção civil. De fato, Uberlândia reflete bem essa realidade, são obras que não acabam mais. Só não consigo imaginar até quando isso vai durar. Não há como medir o quanto ainda haverá consumidor para tantos apartamentos e casas que estão sendo construídos. O bom de tudo é que os preços dos imóveis já estão caindo há três meses seguidos (...). Em Brasília, com tanto imóvel à disposição, o consumidor ficou mais cauteloso. Conforme noticiado pelo jornal Bom Dia Brasil, antes, para vender todos os apartamentos de um prédio, uma construtora levava três meses, em média. Agora, para fechar um negócio do mesmo porte, demora pelo menos um ano. Caro Evaldo (editor), Quero parabenizá-lo pela excelente qualidade gráfica e conteúdo da Revista MERCADO nº 43. Destaco a matéria “Marketing Digital: especialista fala dos 3 grandes mitos” em que o “mago” Sílvio Tanabe descreve muito bem a era em que vivemos. A Revista MERCADO é um marco em nossa cidade e região, se comparanda às grandes revistas nacionais de marketing. Parabéns a você e toda sua equipe por este exemplar belíssimo! Alencar Custódio Resp.: Caro Renato. A equipe da MERCADO agradece esse seu reconhecimento. Para nós, serve de incentivo. Há de se ressaltar que estamos aqui para fazer o nosso melhor em prol da informação de qualidade. Portanto, essa sua mensagem nos estimula ainda mais em nossa jornada. ________________________________________________ Engenheiro ________________________________________________ Gostei da matéria sobre construção civil que saiu na edição anterior. Sou morador de Araguari, onde também há obras por vários lados da cidade. Porém, em Uberlândia, local para onde viajo todos os dias a trabalho, chega a assustar a quantidade de obras que estão sendo erguidas. Isso, a meu ver, é bom, pois gera emprego e renda. Também mostra que o brasileiro está ganhando mais. Jorge Henrique Machado Corretor de seguros ________________________________________________ Redes Sociais Interessante o artigo veiculado na edição anterior sob o título “Redes Sociais e o ambiente de trabalho”. Tem muita gente usando indevidamente essas ferramentas dentro das empresas, em horário de trabalho, sem ter noção que isso, dependendo do tipo de comentário ou informação trocada, pode acarretar em punições previstas em lei. Como diz o autor do artigo (Dr. Fernando Borges): é preciso “Ética! Respeito! Bom senso!”. Aproveito também a oportunidade para elogiar o nível dos artigos que saem na revista, com conteúdos muito pertinentes a nós, empresários. Renato Cury Jornalista Finanças Chegou em bom tempo a matéria “Como quebrar o ciclo do endividamento” (Edição 43). Já há algum tempo venho lutando para controlar minhas finanças e equilibrar minha renda com as minhas despesas. Mas não está fácil, pois sou muito consumista. Agora, vou tentar colocar em prática os conselhos do entrevistado, o economista Reinaldo Domingos. Elessandra Marques Cabeleireira ________________________________________________ Yucatán Mais uma bela matéria de turismo publicada pela MERCADO. Já estive em Mérida e tive o prazer de visitar algumas ruínas maias mais próximas. É uma viagem ímpar. Aconselho a todos que puderem a fazê-la. Sônia de Fátima Gonzaga Luiz Armando Queiroz de Freitas Esteticista Micro-empresário Comentários, sugestões e críticas sobre o conteúdo editorial da Revista MERCADO e mensagens para o Canal Livre: [email protected] Toda correspondência poderá ser publicada de forma reduzida. Envie anexo, nome completo, profissão e a cidade de origem. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 8 mercado artigo *Creso de Franco Peixoto é professor do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), engenheiro Civil e mestre em Transportes Por um trânsito mais harmônico Por Creso de Franco Peixoto* M etropolitanas selvas de pedra adoecem sob iminente infarto viário. O desespero do motorista parado contrasta com à rápida passagem de corrente de motociclistas. Não parecem preocupados com atrasos ou com suas vidas. Aprofunda sua indignação a visão da impune passagem em semáforo vermelho, enquanto forte luz pisca no seu retrovisor. Não viu radar nem velocímetro ao se preocupar com o usuário de duas rodas. Motoqueiros, referência de motorista. Prenúncio do conflito do espelho quebrado. O motorista tem certeza de que foi de uma bota sob dolo. Para o transporte, automóveis e motocicletas têm a mesma função. Levam de um local a outro. Fazem o porta a porta. Contudo, as diferenças surgem quando se avaliam custo operacional, segurança, consumo, conforto, condições meteorológicas e até estilo de vida. As divergências entre motociclistas e motoristas podem ser mitigadas e até extintas. Bastam ações simples e de forte apelo democrático. Educação. Escolas onde se ensine e se exija estudo. Leis e punição para aqueles que aprenderam e não querem respeitar. Democracias não se sustentam sem o rigor da lei. Motoristas e motociclistas do mundo todo tendem a não respeitar se não forem devidamente fiscalizados. Há assimetrias na legislação e na punição do motorista e motociclista brasileiros. A falta do artigo 56 no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) acarreta aparente liberdade para correr entre filas de carros. Suaviza-se a restrição ao excesso de mais de 20% na velocidade permitida (Lei 11.334, 2006) e se promulga a lei seca (Lei 11.705, 2008), que foca na ingestão de bebida alcoólica e não na qualidade da direção. Amizades viárias. O trânsito melhora com motorista e motociclista amigos. Faixas que os segreguem aprofundam divergências. Campanhas educacionais maciças. Dinheiro para tanto? O das multas. Sua receita é exclusiva para sinalização, Engenharia de Tráfego, policiamento e campanhas educacionais (CTB, art. 320). Ao poder público, políticas de efetiva melhoria da mobilidade. Metrô para o transporte de massa. Faixas exclusivas de ônibus com serviço totalmente integrado. Cartões como o Oyster de Londres: liberdade para se locomover sem restrições de modo ou viagens. A excessiva facilidade no financiamento de motos e carros gera cenário que ilude compradores. Alta carga tributária e de juros acobertados pela prestação barata. E o carro continua parado. E a moto, em alta velocidade, até seu derradeiro encontro com um ônibus desgovernado. Um motoboy. Pobres dos seus pais. Estavam certos em sua angústia diária. B mercado conversa Prezado leitor, Neste momento em que a economia nacional começa a sentir os impactos negativos da desindustrialização, provocada pelo câmbio sobrevalorizado, juros e impostos muito elevados e a concorrência desigual de países como a China, é muito importante ficarmos atentos para outro grave problema que reduz a competitividade do país: a corrupção. São muito preocupantes as denúncias recentes, escancaradas pela mídia, relativas a fraudes de licitação na Petrobrás, cuja estrutura produtiva afeta toda a cadeia da indústria do plástico, majoração aparentemente anormal de obras públicas e escândalo no Ministério dos Transportes. É preciso entender que notícias como essas e a efetiva e lamentável prática da improbidade no setor público têm duplo efeito nocivo no grau de competitividade de um país. A primeira consequência refere-se, de modo direto, ao custo das obras e serviços, agravado pelo pagamento de propinas a agentes inescrupulosos dos distintos escalões da máquina governamental. Ou seja, faz-se menos com um orçamento que poderia resultar em muito mais. A segunda questão diz respeito à imagem negativa que inibe investimentos e cria um ambiente cada vez menos propício à realização de negócios. Não é sem razão, portanto, que as José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast) e da Vitopel, e diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Fonte: Congresso em Foco) economias mais corruptas são também as menos competitivas,segundo estudos da Transparência Internacional. E, infelizmente, no ranking mais atual dessa instituição, referente a 2011, o Brasil continua ocupando posição bastante desconfortável, motivada, certamente, pela frequência de notícias como as dos “mensalões”, “anões do orçamento”, “vampiros da saúde”, “sanguessugas” e fatos recentes, como o da Petrobras e do Ministério dos Transportes. “Há 68 países menos corruptos do que o Brasil. Não se trata, definitivamente, de algo compatível com uma economia que já figura entre as maiores” Apenas para lembrar e manter governo e sociedade vigilantes, o relatório anual 2010 da Transparência Internacional indicava que a percepção de corrupção no setor público brasileiro havia se mantido inalterada desde 2009. A pontuação dada ao país foi de 3,7, numa escala de zero a dez. Nossa baixa nota, dentre 178 nações, nos coloca na 69ª posição. Isso significa que há 68 países menos corruptos do que o Brasil. Não se trata, definitivamente, de algo compatível com uma economia que já figura entre as maiores e dos anseios de 190 milhões de habitantes quanto ao crescimento sustentado e o desenvolvimento. Os indicadores da Transparência Internacional, que nos colocam ao lado de Cuba, Montenegro e Romênia, são corroborados por percepções e pesquisas de distintos organismos de fomento do intercâmbio econômico, que coincidem em apontar que, dentre os principais inibidores de investimentos estrangeiros no Brasil, estão a corrupção e a burocracia exageradas. De fato, são duas ervas daninhas interligadas, pois faz parte do lamentável processo de improbidade a prática de criar dificuldades para vender facilidades. O problema - somado aos demais algozes das empresas brasileiras, como os juros mais altos do mundo, o câmbio equivocado, os impostos extorsivos e a concorrência desleal de nações que não se pautam por condutas comerciais civilizadas - está causando grandes danos à competitividade do país. A presidente Dilma Rousseff, que agiu de modo correto no caso do Ministério dos Transportes, antecipando-se aos fatos, apontando sua estranheza com o aumento dos preços das obras e tomando as medidas saneadoras necessárias, tem todo o apoio da sociedade e dos setores produtivos para realizar uma cruzada nacional contra a corrupção. Vencer esse inimigo público da competitividade e do desenvolvimento é uma das prioridades nacionais. mercado entrevista E m se tratando da abertura de um negócio, de nada adianta o investidor estar no mesmo nível e fazer tudo igual aos seus competidores, é preciso se destacar, ser o melhor, em algum ponto. Quem permanece no mercado tem um diferencial. Essa é a visão do especialista em varejo Steven Kirn. Mestre e doutor pela Universidade da Flórida, Kirn tem mais de 30 anos de experiência na área de varejo e é diretor do Centro de Estudos do Varejo da Universidade da Flórida, considerado um dos principais institutos de pesquisa da área nos EUA. Steven Kirn esteve em Uberlândia em julho, na condição de palestrante principal do 14º Super Encontro Varejista (Sevar) do Triângulo e Alto Paranaíba, que reuniu em dois dias mais de duas mil pessoas, entre varejistas, fornecedores e profissionais do setor. O evento foi uma promoção da Associação Mineira de Supermercados (AMIS), com apoio da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, da CDL-Uberlândia, da FIEMG-Regional Vale do Paranaíba, do Convention e Visitors Bureau de Uberlândia e da Prefeitura de Uberlândia. O objetivo desse 14º Sevar foi discutir as tendências e as principais questões que afetam o varejo da região, além de facilitar a aproximação entre o setor e a indústria e favorecer a integração do segmento. Outro tema relevante em discussão foi a qualificação profissional no setor. Kirn foi autor da palestra “Os pontos fundamentais para o desenvolvimento do seu negócio”. Em sua passagem pela cidade, Stevem Kirn falou com exclusividade à MERCADO, quando explicitou quais são os tais pontos fundamentais a que faz referência para o desenvolvimento de um negócio e comentou a necessidade de inovação e de equilíbrio entre qualidade e preço. “Nos negócios, é preciso ser o melhor” Por Natália Nascimento Programa de Aprimoramento MERCADO: Nesta sua passagem por Uberlândia, você veio para falar sobre segredos do negócio e seus pontos fundamentais. Resumidamente, poderia destacar que pontos são esses? Steven Kirn: É um jeito de você definir suas estratégias, é um modelo que simplifica o seu negócio. Estratégia tem tudo a ver com escolhas, escolhas que o farão diferente de seus competidores. Ao escolher estratégias e defini-las, você da sustentação ao seu negócio e atende as necessidades dos seus consumidores. Eu uso duas figuras geométricas para facilitar a memória: o pentágono e o triângulo, cujos lados somados dão 8 pontos. Os 5 pontos do pentágono são aqueles ligados às questões do consumidor, e os 3 do triângulo são aqueles que estão “atrás do palco”, relativos a como você toca seu negócio. Tudo é coeso, não é porque existam 5 pontos de um lado e 3 do outro que eles não são interligados. A maneira que você toca seu negócio, analisando essa metodologia, mostra que haverá momentos em que pontos do triângulo influenciarão os do pentágono, e vice versa. Se você reparar nos setores do varejo, aquele que lidera o mercado certamente está se destacando em um desses pontos, ou mais. Não adianta nada você estar no mesmo nível e fazer tudo como os seus competidores, você precisa se destacar em algum ponto. Se assim for, você os superará. Tenha, por exemplo, a melhor localização, os melhores produtos, os melhores preços, o melhor atendimento. Se você não for o melhor em alguns desses pontos, certamente você tem uma chance maior de sair do mercado. Olhe ao seu redor, você sabe e vê quem se destaca no mercado. Quem permanece no mercado tem um diferencial. Onde entra o termo ‘inovação’ neste setor? Quem não inova, acaba sendo vítima do próprio negócio. Há muitas empresas que se contentam com o que têm feito, afirmando que tem dado certo. Essas são pessoas que não prestam atenção na inovação e têm dificuldades para inovar. Se assim continuarem, vão acabar prejudicando o próprio negócio. Para quem ainda não tem nada e pretende montar um negócio, qual seria sua dica, nos moldes atuais da economia? A primeira coisa que eu digo a um novo empresário é: pergunte-se “Quem é meu cliente? Qual o perfil dele?” Você tem de construir o seu negócio ao redor dos seus consumidores, estes precisam estar no centro. Muitos alegam que isso não é novidade, mas, embora digam, muitos não tomam providências para colocar o cliente no centro. “Se eu começar um negócio hoje, eles estarão sempre ali?” Não se pode montar um negócio somente porque se gosta daquilo, mas, também porque, o que se oferece é uma carência do público. Muitos começam um negócio sem sequer refletir se as pessoas realmente necessitam daquilo. É muito interessante para mim, que tenho grande experiência em pesquisa, chegar em companhias já estabelecidas e de sucesso, e perceber que desde o empregado mais simples ao chefe geral, todos sabem qual é e para quem é o negócio deles. Hoje, ao redor de todo o mundo, o varejo está cada vez mais segmentado; ele vai buscando nichos, buscando categorias de consumidores, e essa tendência vai aumentar. Até grandes companhias fazem dessa maneira, como o Wal Mart, que em todo o mundo tem sete formatos de lojas diferentes, desde um supercenter, com 60 caixas, até lojas de vizinhança, com três, quatro caixas. Repare na segmentação, que vai ser uma tendência cada vez maior. Até o século passado havia espaço pra companhias que eram extremamente gerais, que todo tipo de pessoas frequentavam. Eu, por exemplo, trabalhei um bom tempo em uma loja de departamentos onde, independente da classe social, todos faziam compras. Hoje, tudo está mais segmentado. A 15 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado entrevista “Hoje, ao redor de todo o mundo, o varejo está cada vez mais segmentado; ele vai buscando nichos, buscando categorias de consumidores, e essa tendência vai aumentar” O que você acha que atrai mais o cliente, qualidade ou preço? Ou as duas coisas? Você sempre tem que colocar as duas coisas juntas, porque a definição do valor é um balanço entre a qualidade e o preço. Se estou comprando um carro, por exemplo, que não tenha uma grande qualidade, mas que tenha um bom preço, ou um de alta tecnologia e preço, acaba que cada um tem o seu valor. Sempre tenho que oferecer um equilíbrio entre estas duas coisas. Como você, que vem da maior economia do mundo, os EUA, avalia o mercado brasileiro para quem quer abrir um negócio, independente do tamanho? Eu acho que é um grande mercado que têm várias oportunidades. Eu vejo grandes marcas mundiais que ainda não aproveitam esta oportunidade. Fiquei surpreso nessa minha vinda ao Brasil, pois em visita a alguns shoppings, eu percebi muitas marcas nacionais, e isso não é comum. Portanto, penso que as grandes marcas internacionais ainda não perceberam essa grande oportunidade. Qual o segredo para se abrir um negócio? Os investidores devem atentar para quê? Você tem que estar muito consciente de onde está entrando. Muitos querem ser empreendedores, mas muitas vezes subestimam os desafios, as dificuldades que se têm em atender os próprios consumidores. Uma regra muito importante, e o grande motivo de muitos negócios não darem certo, é não haver capital suficiente. Às vezes, os empreendedores calculam muito mal seu investimento, ou investem de forma errada tudo que têm. Muitos superestimam o quanto irão vender, e quanto terão de lucro, calculando muito mal os custos e o quanto de tempo se levará para estabilizar o negócio. Alguma consideração final a fazer? Penso que o Brasil é hoje uma grande oportunidade de mercado, e o mercado americano está perdendo esta oportunidade, por estar muito preocupado com o seu mercado interno, não saindo das fronteiras dos EUA. O Brasil não precisa das empresas americanas, mas estas precisam de novos mercados e os brasileiros gostariam do jeito que elas trabalham. B mercado franchising & negócios *Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias [email protected] www.guiadofranchising.com.br/mds Conceito de Negócio “As marcas simplificam a vida dos consumidores, ajudando-os a fazer escolhas em um mercado repleto de bens e serviços. O fato é que as pessoas adoram as boas marcas, que as fazem sonhar e se sentir mais seguras”. Marc Gobé Por Carlos Ruben Pinto* T odo franqueador sabe da importância de ensinar aos franqueados como atrair e se comunicar eficazmente com os clientes, envolvendo-os, trabalhando para encantá-los sempre mais. Ninguém encanta sem se envolver. Para cumprir bem essa e as demais funções inerentes à operação e administração diária da empresa, o franqueado precisa dominar o conceito do negócio, participar da cena de loja e ir além. Mas será que todos os franqueados que temos hoje pelo Brasil conhecem bem e, sobretudo, praticam o conceito do negócio que operam? Provavelmente não! Cabe lembrar um pouco o que as grandes redes fizeram para crescer, independentemente de serem franquias ou não. Cresceram porque os seus fundadores acreditaram no conceito de negócio que desenvolveram e não mediram esforços para consolidá-lo. Para criar seu conceito de negócio, os franqueadores certamente desenvolveram e agregaram valor ao lado tangível da operação de sua unidade própria. O primeiro conceito nasce normalmente a partir do layout da loja, onde é traçada a identidade da franquia, e segue com a definição e padronização do mix de produtos e serviços comercializados. É no item serviços que se soma ao conceito o lado intangível da operação: a emoção que se quer que os clientes tenham no ponto de venda. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 18 Nas grandes redes, o conceito de negócio está bem identificado com o cenário da loja, com a cor, a iluminação, o som, os aromas e o show do atendimento. Por que será que os franqueados precisam entender o conceito do negócio? Primeiro, por uma questão de identidade: será que é a esse tipo de negócio que eles querem dedicar boa parte de sua vida? Depois, porque é preciso envolver toda a equipe com esse conceito, para que todos possam trabalhar vendendo a mesma emoção. Franquia é um negócio que exige um acordo prévio; estando em rede, é preciso trabalhar em regime de cooperação contínua Ou seja, os franqueados precisam defender, preservar e valorizar o conceito do negócio. Se há uma parcela de franqueados que não age dessa forma, é sinal que não estão integrados, e acabam por interferir no projeto e destruir o posicionamento da marca, prejudicando a expansão, portanto, não vale a pena tê-los na rede. Mas, antes, é prudente analisar cada caso, às vezes pode ter faltado mais treinamento, melhor assistência. O negócio é buscar construir a solução. Todo conflito, por mais desconfortável que seja, precisa ser resolvido. Franqueado ruim em zona de conforto é um desastre enorme. Franquia é um negócio que exige um acordo prévio; estando em rede, é preciso trabalhar em regime de cooperação contínua. É importante considerar ainda que o franqueado, quando decide por uma franquia, o faz por simples opção e não por obrigação. Portanto, deve trabalhar a marca no dia a dia com inspiração: cabeça para fazer o que gosta (o que for tangível), e coração para defender a operação, o conceito e a emoção que a marca quer passar (o intangível). O êxito de uma franquia depende da construção de diferenciais, não se pode deixar que os clientes comprem em função do preço, isso faz com que as margens se reduzam. As melhores marcas não vendem só produtos ou serviços, elas vendem sensações, e quem adquire sensações dedica mais tempo à loja, gasta mais, remunera melhor a operação. Entender bem conceito do negócio permite que todos trabalhem na mesma direção, e o ganho com a diferenciação é o melhor que se pode ter. B mercado investimentos & etc. bém chamada de Previdência Privada, como uma forma de garantir a manutenção do seu padrão social e qualidade de vida. Entretanto, apesar de ser uma das aplicações mais populares, poucos são os poupadores que analisam quais os benefícios e os custos envolvidos nesse tipo de aplicação. O histórico de rentabilidade e taxas é fundamental para escolher um plano de previdência privada, mas também deve ficar no radar de quem já tem previdência privada e não está satisfeito com os resultados. Isso porque, com a portabilidade, fica fácil migrar para opções mais vantajosas para o seu bolso. Não faltam exemplos de planos que superam o rendimento de outras aplicações que ainda ficam sujeitas a outras taxas e tributos. Indo adiante, todo o recurso arrecadado pode ser transferido entre as instituições através de um corretor de seguros, que também cuida das obrigações burocráticas. Comparar as alternativas é o segredo. Especialistas em seguros recomendam que o cliente peça comparativos que levem em conta não apenas a rentabilidade, mas também as taxas envolvidas para avaliar o resultado líquido. Taxas de administração e carregamento podem prejudicar o desempenho se não forem bem avaliadas na contratação. Fique atento a Planos de Previdências que cobram taxa de carregamento abusivas. Atualmente, o mercado apresenta Instituições sérias que oferecem previdências privadas sem taxas de carregamento. E o resultado final de um comparativo pode ser assustador. Vamos supor uma previdência A com um montante de R$ 20.000,00, aportes mensais de R$ 700,00 e uma taxa de carregamento de 5%, e uma previdência X com os mesmos montantes e aportes, porém sem taxa de carregamento, sendo que ambas apresentam uma rentabilidade média de 12% ao ano. Ao final de 25 anos, a diferença de capital acumulado entre elas é próxima de 60.000,00 a favor da última (o gráfico abaixo demonstra essa discrepância). Há, ainda, a possibilidade de tributar o plano de previdência pela tabela regressiva, em que o Imposto de Renda pode cair para até 10% de acordo com a duração da aplicação. Contra um fundo convencional, uma das principais vantagens do plano de previdência é a inexistência de come-cotas, imposto cobrado duas vezes ao ano independentemente do resgate do saldo. B Previdência privada sem e com taxa de carregamento (5%) R$ 1.520.418,18 Quer tranquilidade e qualidade de vida no futuro? Planeje sua aposentadoria R$ 1.461.398,39 A previdência privada protege o patrimônio com foco no longo prazo, e pode render bem na comparação com investimentos tradicionais Por George Lucas Furini C omo a maioria das pessoas, você poderá receber após a vida ativa um benefício oficial e público... a aposentadoria do INSS. No entanto, esse benefício não oferece perspectivas muito boas. A razão é bem simples: a PEA (População EcoRevista MERCADO | Agosto 2011 | 20 R$ 20.000,00 nomicamente Ativa) não cresce, no mundo todo, mais que o envelhecimento da população. Dessa forma, o Brasil enfrenta, há alguns anos, um sério problema: a diferença entre o que deve ser pago aos aposentados e o que é arrecadado pela Previdência Social. Isso representa um sério problema de caixa para o governo, uma vez que essa diferença já chega a patamares de alguns bilhões de reais ao ano, o que pode inviabilizar o sistema em pouco tempo. A fim de lidar com esse problema social, muitos trabalhadores recorrem à Previdência Complementar, tam- 0 anos 5 anos 10 anos Taxa de carregamento - percentual incidente sobre os aportes pagos. Por exemplo: se você contribui com R$ 100,00 por mês e sua previdência apresenta uma taxa de carregamento de 5%, na verdade você contribui com apenas R$ 95,00. 15 anos 20 anos 25 anos Taxa de administração - cobrada pela administração dos recursos sobre o capital total - incluindo os rendimentos. Muito cuidado com essa taxa, pois ela pode reduzir - e muito - o valor da sua poupança. 21 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado negócios Empresários uberlandenses viram franqueadores Amparadas pelo projeto Minas Franquia, do Sebrae-MG, seis empresas de Uberlândia investem para tornar suas marcas conhecidas e rentáveis no mercado do franchising Por Evaldo Pighini com Agência Sebrae A traídos por um setor que cresce 20% ao ano e que faturou somente em 2010 cerca de R$ 76 bilhões, seis empresas de Uberlândia lançaram suas marcas no mercado de franquias criando suas próprias redes. São elas, Cia Mineira de Chocolate, Crazzy Doggy, Cafeeiro, Vozzuca, Ducks Sports e Ferreira Matos. Foram meses de estudo e capacitação até o anúncio oficial que aconteceu em evento empresarial realizado no dia 18 de agosto, na sede da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), instituição parceira do projeto Minas Franquia, do Sebrae-MG, que viabilizou todo o processo. A “investida” dos empresários, donos das seis marcas no mercado de franchising, começou há cerca de um ano. De acordo com a analista de negócios do Sebrae-MG, Luisa Vidigal, durante esse tempo até hoje, O vice-presidente da Aciub, Fábio Pergher, diz que o aumento de shopping centers e a economia aquecida favorecem o investimento no mercado de franquias os empresários foram sendo capacitados quanto à documentação necessária e à operacionalização dos negócios em formato de franquia. Segundo informações do Sebrae, os empreendimentos apoiados pelo projeto Minas Franquia chegam a custar 60% mais barato que as ofertas de grandes redes. Para o vice-presidente da Aciub, Fábio Pergher, que esteve presente no evento do dia 18, uma conjunção de fatores, como o aumento do número de shoppings centers e a proliferação de centros comerciais por bairros das grandes cidades aliada à economia aquecida favorecem o investimento no mercado de franquias. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram um crescimento do franchising de 200% nos últimos dez anos - 20% ao ano -, saltando de R$ 25 bilhões em 2001 para R$ 76 bilhões no ano passado. Novos franqueadores Com apenas dois anos, a empresa de fast food Crazzy Doggy quer expandir a marca. Após seis anos de pesquisa feita em empresas brasileiras e estrangeiras, o empresário Pablo Vieira Cintra abriu sua primeira loja em Uberlândia. Buscando sempre um diferencial para seu negócio, Pablo passou a investir não só em sanduíches, mas também em hot dog. No cardápio são mais de 11 tipos de lanches e cinco de cachorros-quentes de 15 cm e 30 cm. O negócio deu certo, e ele abriu há um mês uma nova loja em Caldas Novas (GO). Agora, o empresário quer ir mais longe e levar a marca para outros estados. De acordo com Pablo, o investimento inicial seria de R$ 150 mil, referente ao maquinário e a arquitetura. “Este valor é 60% menor que o investimento que se teria na aquisição de uma franquia de fast food mais barata no mercado, que chega a custar R$ 330 mil”, afirma. Ainda de acordo com ele, cada franqueado terá metas de faturamento de acordo com a cidade. “Iremos A Pablo Vieira, da Crazzy Doggy, quer conquistar o mercado de sanduíches Os empresários uberlandenses, novos franqueadores do mercado: da esquerda para direita, Flávio de Paula (Ducks Sports), Pablo Vieira (Crazzy Doggy), Lauro Teixeira (Cia Mineira de Chocolates), Augusto Hori (Ferreira Matos), João Luiz Maia (Vozzuca) e Letícia Gomides (Cafeeiro) Revista MERCADO | Agosto 2011 | 22 Para o novo franqueador João Luiz, da cafeteria Vozzuca, a alimentação fora do lar cresce a cada ano, constituindo-se num bom investimento 23 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado negócios ainda avaliar se o interessado em adquirir a franquia tem um perfil empreendedor e se o ponto de vendas escolhido é viável para o negócio”, explica. A tradição do café também levou o dono da cafeteria Vozzuca a investir no mercado. O negócio que oferece mais de 50 tipos de bebidas quentes, frias e alcoólicas, doces e tortas feitas com a especiaria vem despertando o interesse na região. “Muita gente me procura querendo abrir um negócio semelhante. Nada melhor que criar uma franquia para os interessados”, conta João Luiz Maia. Por dia, a Vozzuca chega a vender cerca de 200 bebidas. Para o empresário, a alimentação fora do lar cresce a cada ano e vem se constituindo num bom investimento. “As pessoas têm pouco tempo. E o cafezinho vai além de uma xícara, ele está nas reuniões de negócios ou no encontro entre amigos”, diz. Os interessados em investir na marca teriam uma lista de fornecedores da região, treinamento de pessoal e assessoria administrativa. O café fornecido seria o mesmo produzido pela família do empresário. “Nosso objetivo é manter o padrão de qualidade e oferecer o melhor atendimento aos clientes”, conta João Luiz. Projeto Minas Franquia A Vozzuca e a Crazzy Doggy são duas das seis empresas (Ferreira Matos, Cia Mineira de Chocolate, Cafeeiro e Ducks) que participaram do projeto Minas Franquia, em Uberlândia. Apoiadas pelo Sebrae- O empresário Lauro Teixeira, da Cia Mineira de Chocolate, diz que “sem a ajuda do Sebrae-MG ficaria difícil organizar a papelada e pagar um profissional”, referindo ao projeto Minas Franquia -MG, as empresas foram orientadas desde a preparação da documentação até o posicionamento que deveriam ter com o lançamento da marca no mercado. Para o empresário Lauro Teixeira, proprietário da Cia Mineira de Chocolate, a preparação dos documentos é um processo muito técnico e caro. “Sem a ajuda do Sebrae-MG ficaria difícil organizar a papelada e pagar um profissional”, admite. Com duas lojas em Uberlândia, que empregam 20 funcionários e fabricam mais de 800 kg de chocolate por mês, Lauro quer ampliar ainda mais o negócio. “Hoje é muito complicado e caro administrar um negócio próprio fora da cidade. Como franqueador posso expandir meu negócio com recursos de terceiros, reduzir riscos e tornar minha marca mais conhecida”, explica. O Projeto Minas Franquia visa a estimular o mercado de franquias em Minas Gerais, oferecendo às micro e pequenas empresas oportunidades de expansão dos negócios. A iniciativa orienta a estruturação de empresas com potencial de crescimento para que se tornem franqueadoras nos termos estabelecidos pela Lei do Franchising (Lei Federal 8.955/94). A equipe constituída pelo Sebrae-MG, responsável por tocar o projeto Minas Franquia junto a empresários uberlandenses: da esquerda para direita, Luíza Vidigal, Marden Magalhães, José de Castro Schwarts, Alessandra Simões, Carlos Ruben Pinto, Tereza Cristina Magalhães e Lina Volponi Revista MERCADO | Agosto 2011 | 24 Franqueador de sucesso, Golfeto esteve presente como palestrante na lançamento das seis marcas uberlandenses no mercado de franquias Palestra - Durante o evento do dia 18, na Aciub, que marcou o lançamento oficial das marcas da seis empresas uberlandenses no mercado do franchising, quem esteve presente foi o presidente da Água Doce Cachaçaria, Delfino Golfeto, que fez a palestra “Os desafios da implantação do sistema de franchising”. Muito apropriado por sinal, devido à expressiva carreira de sucesso que o empresário empreendeu como franqueador. Golfeto, considerado o Embaixador da Cachaça no Brasil, especialista em Tecnologia do Açúcar e do Álcool, começou o seu negócio na garagem de casa, em Tupã, na época denominado Água Doce Aguardenteria. Apenas dois anos depois, com o negócio consolidado, criou a Água Doce Cachaçaria e seu sistema de franquias, que em apenas 12 meses abriu 12 unidades. Hoje são mais de 100 unidades da rede presentes em nove estados e no Distrito Federal, que oferecem o que há de melhor em comidas e bebidas típicas do Brasil. B mercado economia Governo quer incentivar o uso do gás natural em Minas A Gasmig quer mais proprietários mineiros usando o gás natural, o GNV, em seus veículos; por isso, lançou a promoção “Vou no Gás” Por Nege Calil* Um carro abastecido com gás natural (GNV) pode render mais de 100% do que a gasolina e o etanol Revista MERCADO | Agosto 2011 | 26 A Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) vai distribuir até 600 m³ de gás natural a proprietários de veículos que instalarem em seus carros, a partir do dia 22, kits para o consumo de Gás Natural Veicular (GNV). O benefício é o principal atrativo da promoção “Vou no Gás”, que visa à expansão do mercado de gás natural em Minas Gerais. A promoção tem como meta ampliar em 10 mil unidades, no prazo de um ano, a frota de veículos movidos a gás no estado. A campanha foi instituída na modalidade “Faça a conversão do seu veículo ou adquira um veículo zero quilômetro movido a gás natural e ganhe bônus de conversão suficientes para rodar de 4 mil a 8 mil quilômetros”. Para os proprietários de veículos pessoas físicas, jurídicas ou produtores rurais serão distribuídos bônus para o consumo de 300 m³. Os taxistas serão contemplados com 600 m³. O período de vigência da promoção é de 22 de agosto de 2011 a 22 de agosto de 2012, mas a utilização dos bônus de conversão poderá ser feita em até 300 dias após o término da campanha, ou seja, até 20 de junho de 2013. Quem comprou um veículo zero quilômetro movido a gás natural, de fábrica, depois de 1º de maio deste ano, também terá direito aos bônus. Frotas oficiais A promoção integra um dos projetos prioritários da Gasmig, o “Vou no Gás”, que prevê a recuperação do mercado de GNV em Minas Gerais, incentivando a conversão de veículos e o crescimento do consumo desse combustível, por meio de campanhas promocionais, da comunicação efetiva dos benefícios do gás natural e da busca da satisfação dos clientes. O projeto prevê, ainda, a criação de corredores de abastecimento e a conversão, para o consumo de GNV, de parte da frota do governo estado e de administrações municipais. Nesse sentido, o presidente da Gasmig, Fuad Noman, e a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, firmaram este mês um termo de cooperação técnica para a elaboração de um projeto-piloto visando à conversão de veículos da frota do Governo de Minas para o consumo de GNV. Renata Vilhena destacou que o Governo de Minas, ciente do seu poder de compra e de seu papel indutor de novas práticas no mercado, tem incorporado a sustentabili- dade aos negócios desenvolvidos. “O GNV se mostra uma alternativa ecológica aos combustíveis líquidos tradicionais, já que estudos indicam que o nível de emissão de poluentes, comparativamente aos outros combustíveis, é bem inferior, chegando-se a uma redução da ordem de 76% no caso de emissão de monóxido de carbono”, disse ela. Atualmente, a frota do estado de Minas é de pouco mais de 21 mil veículos, sendo que 30% estão concentrados na capital e o restante no interior. A despesa média anual com o abastecimento é de R$ 56,5 milhões. Dados do mercado apontam uma economia de 50% quando se compara o preço do GNV com o do combustível adquirido em postos de abastecimento e o desempenho dos veículos a gás. Foi assinado também um acordo entre a Gasmig e a Caixa Econômica Federal para o financiamento dos kits de conversão, em até 48 meses, a juros mais baixos. Vantagens O gás natural é uma opção real e viável como combustível para veículos leves no Brasil. No país, mais de 1,6 milhão de veículos são movidos a GNV. A Gasmig disponibiliza o gás natural veicular no estado de Minas Gerais desde 1998. Além de proporcionar maior economia aos consumidores, o gás natural é mais seguro e de baixo impacto ambiental. Outra vantagem é que, por ser distribuído diretamente aos postos de abastecimento, o GNV não pode ser adulterado. O GNV rende mais de 100% em relação à gasolina e ao etanol, levando-se A O exemplo vai começar dentro do próprio governo mineiro; acordo entre Fuad Noman e Renata Vilhena prevê conversão da frota estadual 27 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado economia em consideração os preços médios dos combustíveis e a distância percorrida. De acordo com dados coletados em pesquisas da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e do Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade (Inmetro), tendo como base o consumo de um Siena Tetra Fuel, o quilômetro rodado com gasolina custa em média R$ 0,26; com etanol, R$ 0,28; e com GNV, apenas R$ 0,13. Em Minas, o preço do gás natural vem se mantendo bem mais em conta do que o dos demais combustíveis. O regulamento completo da promoção “Vou no gás” da Gasmig e outras informações estão no site: www.promocaovounogas.com.br B A ANP e Inmetro avaliaram o consumo de um Siena Tetra Fuel em que o quilômetro rodado com gasolina custa em média R$ 0,26, com etanol, R$ 0,28 e com GNV, apenas R$ 0,13. Resultado: o GNV rende mais de 100% em relação a gasolina e ao etanol mercado finanças O Marcelo Maron é consultor em finanças pessoais e professor da UniEuro de Brasília (DF) Analfabetismo financeiro eleva inadimplência crescimento da inadimplência no Brasil, que já atinge 9% dos empréstimos segundo estimativa do Serasa, pode ser também resultado do analfabetismo financeiro do brasileiro. A observação é do consultor em finanças pessoais Marcelo Maron, que também é professor da UniEuro de Brasília (DF). “O brasileiro sofre com endividamentos porque, na maioria dos casos, desconhece os juros que lhe são cobrados. Pouca gente sabe que ao comprar uma televisão financiada, por exemplo, podemos terminar pagando três aparelhos em vez de um. Esses juros elevados, associados ao analfabetismo financeiro dos consumidores, leva ao crescimento da inadimplência”, explica o consultor, alertando para o fato de que nenhuma escola ensina finanças pessoais aos alunos, sejam eles estudantes do ensino fundamental, médio ou até mesmo universitário. Mais do que limitar a prática de juros altos, Maron assinala que a educação financeira precisa começar no ensino fundamental. Segundo ele, nem mesmo em universidades, inclusive em cursos de Administração, os alunos recebem aulas sobre finanças pessoais. “É como se partíssemos do princípio de que todas as pessoas conhecem o assunto e, portanto, ele não precisa ser ensinado. Como resultado disso, vemos muitos jovens que acabam de entrar na vida profissional já endividados, precisando, inclusive, trancar matrículas em faculdades em função da falta de dinheiro”, alerta. Na opinião de Maron, a desinformação sobre finanças leva muitas pessoas a ter seus nomes negativados em instituições de análise de crédito, o que as impede de conseguir melhores opções de crédito para sanear dívidas. “Todo crédito fácil, como cartão de crédito ou cheque especial, que é conseguido sem muita burocracia, é um crédito caro. As pessoas endividadas nesse tipo de crédito precisariam recorrer a créditos mais baratos, que exigem análise mais criteriosa, mas elas simplesmente não conseguem essas opções de financiamento quando têm seus nomes negativados em órgãos de análise de crédito, o que leva muitos a se conformarem e a abandonarem as tentativas de solução negociada do problema, o que é a pior solução”, assinala. De acordo com o consultor, pessoas que devem em cartões de crédito algo próximo a R$ 5.000,00 podem ter a dívida transformada rapidamente em algo como R$ 70.000,00, e depois de algum tempo com o nome negativado, recebem ofertas para liquidação desse débito gigantesco por meio de pagamento parcelado de R$ 8.000,00 ou R$ 9.000,00, por exemplo. “Em casos como esse, o que as pessoas não percebem é que já estão pagando o dobro do que deviam, isso pelo simples fato de que a sobreposição de juros sobre juros torna a dívida impagável”, alerta, o que, segundo ele, muitas vezes vem disfarçado de um desconto enorme em cima de uma dívida irreal. O desconhecimento sobre os mecanismos de endividamento bem como da legislação, leva as pessoas a fazerem cálculos primários para avaliar se um prestação cabe ou não no orçamento. “A pessoa olha para a prestação e se esquece de avaliar o prazo e a taxa de juros. Quando financiamos aquela televisão dos sonhos, costumamos pagar três aparelhos pelo preço de um. O imóvel dos sonhos, quando financiado, pode custar duas vezes e meia o seu valor”, exemplifica o consultor. Para ele, se o brasileiro tivesse mais informação sobre esses mecanismos de crédito e financiamento, resistiria mais a esses tipos de oferta e poderia, por conseguinte, ajudar a baratear o crédito. B “O brasileiro sofre com endividamentos porque, na maioria dos casos, desconhece os juros que lhe são cobrados” Da Redação Revista MERCADO | Agosto 2011 | 30 31 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado Pós-graduação educação Jovens enfrentam dúvidas diante da escolha. Para especialista, é preciso consciência de que o intercâmbio é mais indicado numa certa fase da vida, enquanto a pós-graduação pode ser feita ao longo da carreira U ma dúvida muito recorrente para o jovem que está para se formar é sobre o melhor caminho a seguir no desenvolvimento de sua carreira. Duas possibilidades mais comuns são manter a continuidade dos estudos em seu país, numa pós-graduação, e morar no exterior, em regime de intercâmbio cultural. Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum e especialista em recolocação profissional, afirma que, na verdade, uma coisa não exclui necessariamente a outra. “O importante é que o jovem saiba o que pode ser mais vantajoso para a carreira que ele escolher. Igualmente importante é ter a consciência de que o intercâmbio é algo muito mais indicado durante determinada fase da vida, quando se é bem jovem e se está no início da carreira, enquanto a pós-graduação pode ser feita tranquilamente mais tarde, ou em qualquer idade.” De acordo com Abrileri, ambas Foto: Divulgação Da Redação ou intercâmbio? Intercâmbio Pós-graduação Vivência cultural no exterior; Aprimora conhecimentos específicos; Aprendizado e/ou aperfeiçoamento de outro idioma; Pode ser realizada em qualquer momento após a graduação; Maior gerenciamento das próprias economias pelo candidato; Especializa o candidato numa carreira já escolhida e, muitas vezes, já vivenciada; Imersão em ambiente novo e, em geral, totalmente diferente do tradicional; Favorece o networking com pessoas que atuarão no futuro segmento do candidato; Aprendizado e adaptação a mudanças; Auxilia numa eventual mudança de área na carreira. Possibilidade de estudo no exterior. as experiências são valorizadas pela área de Recursos Humanos nas organizações. Assim, para facilitar a escolha, ele ressalta que cada uma das opções tem lá suas vantagens (veja quadro a seguir), que precisam ser bem analisadas na hora de se optar por uma delas. E para candidatos que só podem fazer uma das coisas, o intercâmbio, como praticamente é feito num momento específico da vida - enquanto se é jovem - pode ser priorizado. “Ter vivência no exterior não é algo apenas atraente para quem contrata, mas uma experiência única, que pode enriquecer a pessoa ao longo de toda sua vida profissional e pessoal. A pós-graduação pode ser feita mais tarde, e certamente o candidato que já tenha um intercâmbio em sua bagagem encontra-rá oportunidades que o auxiliarão a custear a continuidade de seus estudos”, conclui o executivo. B Marcelo Abrileri: “O importante é que o jovem saiba o que pode ser mais vantajoso para a carreira que ele escolher” Revista MERCADO | Agosto 2011 | 32 33 | Revista MERCADO | Agosto 2011 Uberlândia e Araguari, parabéns e obrigado pelos www.revistamercado.com.br seus maravilhosos conteúdos nestes 123 anos Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14 Bairro Aparecida - Uberlândia - Minas Gerais - Brasil 55 34 3236.6112 [email protected] mercado capa Uberlândia: 123 anos de empreendedorismo Revista MERCADO | Agosto 2011 | 36 No dia 31 de agosto, o município completa o seu centésimo vigésimo terceiro aniversário, ostentando o rótulo de segundo maior do estado e segundo maior do interior brasileiro, e se consolida como uma terra de oportunidades e onde os negócios fluem Por Margareth Castro 37 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado capa A palavra empreender é um verbo que pode ser conjugado em todos os tempos em Uberlândia. A cidade, localizada no Triângulo Mineiro, reúne indicadores econômicos, de infraestrutura, logística e educação, que atraem cada vez mais novos investidores e possibilita que aqueles que já estão estabelecidos ampliem seus negócios. Serve de parâmetro a quantidade de novas empresas abertas que, nos seis primeiros meses de 2011, subiu quase 50% em relação a igual período de 2010. Esse crescimento ratifica a vocação empreendedora da cidade construída ao longo dos seus 123 anos de história - a serem completados no dia 31 de agosto -, onde estão registrados os nomes de grandes empreendedores, como Alair Martins (Grupo Martins), Alexandrino Garcia (Grupo Algar), Dílson Pereira (Arcom) e Tubal Siqueira (Rede Integração). Mas é o presente que queremos abordar. Segundo dados da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg), entre janeiro e junho deste ano, 3.306 novos negócios foram abertos em Uberlândia, entre empresas e microempresas individuais (MEI), nos setores da indústria, comércio e serviços. O número é 48,3% superior ao mesmo período de 2010, quando foram registrados 2.229 processos. No total, são mais de 33 mil empresas em Uberlândia, segundo informações da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. A cidade, a segunda maior potência econômica de Minas Gerais, atrás apenas de Belo Horizonte, e Revista MERCADO | Agosto 2011 | 38 “As empresas procuram Uberlândia porque conhecem a cidade, que tem programas na área ambiental, transporte coletivo de qualidade, 100% de água tratada e localização privilegiada, além de benefícios fiscais atraentes.“ Paulo Sérgio Ferreira Secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo também a segunda maior do interior do Brasil, tem como uma de suas principais metas a diversificação das atividades. Os setores de comércio e serviços respondem por 68,8% do produto interno bruto (PIB) do município. A indústria representa 28,4% e o agronegócio tem participação de 2,8%. O perfil econômico de Uberlân- dia, que antes era voltado para o agronegócio, mudou com investimentos de empresas e indústrias, atraídas pela localização geográfica do município, que é um dos pontos centrais de uma área que concentra a maior parte das riquezas geradas no país, respondendo por 58% do PIB nacional. Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Paulo Sérgio Ferreira, a diversificação da economia mostra o foco empreendedor da cidade. Segundo ele, é grande o número de empresas que buscam informações com o interesse de se instalarem no município. “Neste ano, a demanda maior é por empresas de logística, devido à instalação do entreposto da Zona Franca de Manaus na cidade e por estarem aqui os maiores atacadistas do país, um dos quais também o maior da América Latina”, disse. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia, Celso Vilela Guimarães, diz que “em constantes mutações, a cidade se credencia e passa a ser considerada empreendedora, atração maior para a preferência de grupos nacionais e internacionais que buscam a realização de seus investimentos, maior visibilidade de sua marca, valorização de seus talentos e conquista de novas fronteiras.” Já o presidente da FIEMG Regional Vale do Paranaíba, Pedro Lacerda, reforça a importância da localização estratégica da cidade na atração de empreendedores. “O Brasil passa por aqui. Seja pelo ar, pela terra e até pelas águas, a nossa região é forte logisticamente”, afirmou. Lacerda destaca que Uberlândia possui o segundo maior “Uberlândia é uma cidade que atrai. Temos um forte polo educacional e somos, através da biotecnologia, o maior centro de pesquisa empresarial do agronegócio (que atua com defensivos agrícolas e desenvolvimento de sementes).” Pedro Lacerda Presidente da FIEMG Regional Vale do Paranaíba aeroporto de Minas em número de passageiros embarcados, atrás apenas de Confins, em Belo Horizonte. No primeiro semestre deste ano, foram 416.465 embarques e desem- barques, contra 345.806 no mesmo período de 2010. Por Uberlândia passam as principais rodovias que ligam o Brasil de ponta a ponta - BRs 050, 452 e 365, A 39 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado capa entre outras -, além de ferrovias. Em relação à infraestrutura, a cidade tem 100% de água tratada e 98% de rede de esgoto e ainda transporte coletivo com 100% de acessibilidade e frota nova. Por causa da qualidade do serviço de transporte público, o município recebeu o Prêmio Internacional de Dubai para Boas Práticas, concedido pela ONU Habitat. Sem contar que o Sistema Integrado de Transporte (SIT) se tornou referência para outras cidades do país. A cidade conta ainda com um importante polo educacional, com uma universidade federal e pelo menos 20 privadas. Juntas, elas totalizam aproximadamente 40 mil alunos entre graduação, cursos de especialização, mestrado e doutorado. Economia pujante Cidade tem o 4º maior PIB per capita do Estado O Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Uberlândia, de R$ 23 mil, é o quarto maior de Minas Gerais, sétimo do interior do Brasil e 27º do país. Isso significa que a cada R$ 1 mil em bens e serviços produzidos no Brasil, R$ 8 foram gerados pelas empresas com base na cidade. Os números mostram que o município tem uma economia pujante e que os investimentos feitos pelas empresas e indústrias ajudam a traçar o novo perfil da cidade e a alavancar a receita tributária. “Uberlândia está entre as cinco cidades emergentes do Brasil e, por isso, foi convidada a participar em março da Feira em Xangai”, disse Paulo Sérgio Ferrei- Revista MERCADO | Agosto 2011 | 40 “Nossa cidade com fronteira aberta e sem restrições à comunidade contribui de forma decisiva para atrair novos investimentos tecnológicos, o que gera mais confiança nos relacionamentos empresariais e com o município.” Celso Vilela Guimarães Presidente da CDL Uberlândia ra, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Em levantamentos mais recentes, de janeiro a maio deste ano, a arrecadação somou R$ 508,1 milhões, 21,7% a mais do que o recolhido em igual período de 2010, que foi de R$ 417,3 milhões. Em termos de arrecadação, a cidade é a terceira maior do Estado, A mercado capa atrás de Belo Horizonte e Betim. Por outro lado, o recolhimento de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), de janeiro a abril deste ano, atingiu R$ 497,9 milhões, segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF). Todos esses indicadores atraem investimentos como o Wall Mart, que irá empregar R$ 50 milhões na construção de uma loja na cidade, e o Uberlândia Shopping, um investimento de R$ 100 milhões do grupo Sonae Sierra Brasil, a ser inaugurado em 2012. O diretor de Desenvolvimento do grupo, Mário Alves Oliveira, diz que Uberlândia é um importante polo de desenvolvimento, com uma economia forte e diversificada que exerce grande influência sobre a região do Triângulo Mineiro. “Isso tudo favorece o empreendedorismo em diversos setores, recebendo investimentos, gerando empregos e tornando a cidade cada vez mais atrativa ao empresariado e à população”, reforçou. Outro empreendedor que foi atraído pela economia, infraestrutura, logística e ainda pela qualidade de vida da cidade foi o diretor presidente da Reis Advogados, Marcus Vinícius Reis. “A prosperidade da cidade e da região nos motivou a sediar a empresa no município, de onde pretendemos expandir nossos horizontes, aproveitando as diversas oportunidades de negócios aqui presentes”, revelou. Segundo Reis, Uberlândia também é uma ótima cidade para se morar. “O povo é de bem com a vida, politizado e com um grande objetivo em comum, com o qual me alinho: fazer essa cidade crescer.” Revista MERCADO | Agosto 2011 | 42 “Uberlândia conta com a presença de boas redes de transporte rodoviário, ferroviário, aéreo e suas conexões, além de perspectivas extremamente sólidas de melhorias a serem implantadas com a função da plataforma logística e conexões com hidrovias e outras redes ferroviárias em construção ou em planejamento.” Marcos Vinícius Reis Diretor presidente da Reis Advogados A atração de novas empresas e indústrias para a cidade impulsionou a criação de um novo Distrito Industrial (DI), que será construí- do na zona leste, em uma área de 1.286.482 metros quadrados, no entroncamento das rodovias BR050, 365 e 452, entre a ferrovia e o A mercado capa Perfil da Cidade aeroporto. O novo espaço será voltado para as empresas não poluentes. Isso sem contar a construção do Polo Tecnológico na zona sul, anunciado pelo prefeito Odelmo Leão em abril deste ano, em uma área de 152.845 metros quadrados. O Polo Tecnológico irá abrigar empresas de tecnologia, criação e desenvolvimento de software, com foco em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e capacitação de recursos humanos para atender ao mercado de tecnologia e inovação. O objetivo dos dois investimentos é gerar mais empregos e diversificar a economia. (alguns dados) R$ 22.926,50 “A cidade, que tem potencial para crescer ainda mais, foi escolhida pelo Sonae Sierra Brasil para abrigar um de seus novos projetos - o Uberlândia Shopping - que faz parte de sua estratégia de crescimento. Temos certeza de que Uberlândia será um lugar cada vez melhor para todos.” Mário Alves Oliveira Diretor de Desenvolvimento do Sonae Sierra Brasil ano, Uberlândia estava atrás apenas de Belo Horizonte, com um saldo de 5.046 vagas de trabalho. Em abril, o município deteve o maior superávit do emprego formal no estado, com 1.749 postos. B Empregos 1º semestre de 2010 -7.822 1º semestre de 2011 -6.374 Receitas População Federal em 2010 R$ 3.770.001.405,00 Estadual em 2010 R$ 1.659.652.985,65 501.214 - censo 2000 604.013 - censo 2010 Empresas/Indústrias 1999 - R$ 4.460.210 2002 - R$ 6.435.690 2008 - R$ 14.270.392 Terceira maior empregadora do estado Revista MERCADO | Agosto 2011 | 44 Renda per capta PIB Trabalho No primeiro semestre deste ano, Uberlândia gerou 6.374 novos postos de trabalho formais. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve uma queda de 18,5%, quando foram totalizadas 7.822 novas vagas. Contudo, os números ainda continuam satisfatórios. Somente em junho foram 977 empregos gerados, com índice de crescimento de 95,4% em comparação com junho de 2010, que teve saldo de 500 postos. Com o resultado de junho, divulgado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, a cidade ocupa o terceiro lugar no ranking estadual de geração de empregos, atrás de Belo Horizonte (4.951) e Patrocínio (1.566). Até o primeiro quadrimestre do Serviço Público 82 unidades de saúde 56 unidades de educação infantil 39 escolas de ensino fundamental Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais (Cemepe) Campus Municipal de Educação Especial 117 linhas de ônibus 17 parques (fonte: Sebrae-MG) Microempresas - 26.493 Pequena- 1.639 Média - 169 Grande- 104 mercado Capa capa Araguari, uma terra de oportunidades Município completa 123 anos de história e se consolida como um “bom lugar para se investir” A presença de empresas e marcas como Maguary, Dafruta - essas duas da Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (EBBA) -, Total Frios, Selecta, BUNGE, ADM, Vasconcelos, Mataboi e muitas outras grandes do setor de transformação de matéria-prima originária do agronegócio e, agora, um grande investimento da Vale S/A na construção de um terminal de transbordo são só alguns exemplos do potencial empreendedor característico do município de Araguari, que neste dia 28 de agosto completa 123 anos de história. As referidas empresas citadas anteriormente, todas gigantes do setor produtivo, são seguidas de uma cadeia de outras empresas de médio e pequeno portes que colaboram para que Araguari ocupe hoje a 23ª posição no ranking das maiores cidades mineiras, entre 853, e o 3º lugar na região do Triângulo Mineiro. Economicamente, está em 227° no ranking dos municípios brasileiros (PIB), à frente de outros 5.338. A Por Enivaldo Silva Revista MERCADO | Agosto 2011 | 48 49 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado capa Unidade Industrial da EBBA - sucos Maguary e Dafruta - em Araguari Segundo dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Araguari registrou em 2010 a abertura de 927 novas empresas, contra 748 em 2009, ou seja, 25 % a mais. São dados que confirmam a vocação do município para atrair empreendimentos, mesmo quando muitos outros estiveram estagnados. Novos investimentos Atualmente, um dos mais importantes investimentos privados em andamento é o da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela Vale S/A. Serão R$ 30 milhões aplicados na construção de um terminal de transbordo de grãos, armazéns de carga e descarga, escoamento e processamento de fertilizantes. A estrutura está em implantação às margens da Ferrovia Araguari-Celso Bueno, com acesso pelas proximidades do Posto da Polícia Rodoviária Federal, BR-050, saída para Uberlândia, numa área de 45 hectares, adquirida por R$ 3,8 milhões. O investimento da Vale deve provocar, a pedido da própria empresa, a abertura de uma escola técnica para formação e qualificação de mão de obra destinada à implantação e operação do empreendimento. A previsão é de que sejam criados mais Revista MERCADO | Agosto 2011 | 50 de 500 empregos diretos e outros 1.000 indiretos. Prestadores de serviço para a companhia também vão se instalar no município. Outro destaque fica por conta da Usina Araguari, investimento de R$ 500 milhões, também em andamento e o maior da atualidade. A empresa, que vai produzir etanol e açúcar, já cultiva extensas áreas de cana-de-açúcar em áreas próprias e de terceiros, inclusive em municípios vizinhos. Quem também anunciou investimento em Araguari foi o grupo proprietário das Lojas Americanas, que terá loja instalada na Rua Marciano Santos, no centro comercial da cidade. Outra previsão está na construção de uma fábrica de cimento em área rural próxima ao Distrito de Amanhece, decorrente de significativo investimento privado do Grupo Lafarge, proprietário dos cimentos Montes Claros e União. Outro sinal de prosperidade tem a ver com o Distrito Industrial do município, que terá sua área ampliada em 61.528 m² para a instalação de novas indústrias. Por conta de todas essas perspectivas de investimentos, entre outros, e de crescimento da cidade, o aeroporto local - o Santos Dumont - já é visto como opção para construção de hangares por empresários da região, considerando que o espaço no Aeroporto de Uberlândia, cidade maior e mais próxima, é cada vez mais escasso e caro. Também alguns empresários já têm estudos em andamento para montar bases operacionais para suas aeronaves no Santos Dumont. O Aerporto Santos Dumont, de Araguari, que deverá receber melhorias para se adequar às atuais demandas da cidade Com isso, uma movimentação financeira cada vez mais intensa, quem novamente abre as portas em Araguari é a Receita Federal, depois de 12 anos fechada. A inauguração está marcada para o dia 29 de agosto. Desde o fechamento, quando o governo federal decidiu reduzir o número de agências no país, políticos e entidades representativas do comércio, como o Sindicato dos Contabilistas, Câmara de Dirigentes Lojistas e Associação Comercial e Industrial vinham cobrando a volta do atendimento local, eliminando a necessidade de deslocamento até Uberlândia, onde fica a unidade mais próxima da Receita Federal. tare, superando a média de 28,9 sacas por hectare do próprio estado de Minas Gerais, o maior produtor nacional. Tal rentabilidade se deve graças principalmente à tecnologia e a eficiência no manejo, combinadas com irrigação de 90% da área plantada. Porém, Araguari também se destaca na produção de soja, cana-de-açúcar, milho, feijão e arroz, sendo o maior produtor de tomate de mesa de Minas Gerais e um dos maiores do país. À medida que a tecnologia no campo avança, a cidade abre fronteiras e atrai novos investidores, despertando cada vez mais o interesse das grandes empresas, principalmente as ligadas à transformação de matéria-prima derivada do agronegócio. A localização estratégica e privilegiada reforça sua importância no cenário econômico. É dona de importante entroncamento rodo-ferroviário, que permite sua perfeita ligação com Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, facilitando o escoamento das cargas aos portos de Santos, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Vitória, Tubarão, Sepetiba e Paranaguá. Essa condição foi crucial na decisão da Vale, por meio da FCA, de construir no município, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Araguari, o maior terminal de transbordo da América Latina. A duplicação da Rodovia BR-050 até a divisa de Goiás traz perspectivas favoráveis para o desenvolvimento industrial e do agronegócio porque facilita o escoamento da produção e encurta o tempo de chegada desses produtos em seus destinos de consumo. A Localização privilegiada A rua Marciano Santos, centro comercial de Araguari, que irá sediar as Lojas Americanas na cidade A “cidade sorriso” avança na atração de novas e importantes empresas, mas continua mantendo o título de terra do café, considerado um dos melhores do mundo. O fruto ainda representa algo próximo a 60% do seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados da Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA), mantendo cerca de 1.500 postos de trabalho na entressafra e aproximadamente 6.500 empregos diretos no período das colheitas. A média de produção é alta, em média 38,8 sacas por hec- Lavoura em fazenda de café de Araguari: produto ainda responde por 60% do PIB do município 51 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado capa Educação e segurança No quesito segurança, os avanços de Araguari também são grandes. Sonho perseguido desde a época em que o “saudoso” deputado Raul Belém era o maior expoente da política local, a companhia de Polícia Militar foi transformada em Batalhão, o que possibilitou aumento do número de policiais e deu mais autonomia para o comando local da PM. Ruas com traçados planejados permitem rápido deslocamento, garantindo, por exemplo, atendimento de ocorrências de bombeiros em tempo médio de seis minutos. Na educação, tem tradição de boas escolas de nível médio e profissionalizante. Mas foi a presença da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) que fez com que os araguarinos, dispostos a deixar a cidade para proporcionar aos filhos melhores condições para ingresso e conclusão de cursos universitários, mudassem de estratégia, permanecendo em sua cidade de origem. Invertendo a posição, o município, que mandava seus jovens para outras cidades, principalmente Uberlândia e Catalão (GO), agora atrai estudantes de todas as partes do país interessados em cursos como medicina, direito, economia, enfermagem, ciências biológicas, sistemas da informação e diversos outros. A recém-adquirida vocação para polo de ensino superior é reforçada pela recente criação de um campus da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) na cidade. O Centro Universitário do Triângulo (Unitri) tem uma área doada pelo município para reinstalar seu campus e, embora anda não tenha construído o prédio, não descartou a possibilidade do investimento no município. Além disso, em termos de educação, outras instituições de ensino superior também estão presentes na cidade com cursos presenciais ou a distância. Comércio pujante O comércio genuinamente araguarino também avança. Lojistas investem cada vez mais em novas fachadas e vitrines, ampliam prédios, adquirem novas áreas e melhoram a qualidade do serviço para fidelizar clientes. Travam uma concorrência acirrada com as grandes redes de varejo e apostam principalmente no atendimento personalizado. O resultado é o crescimento continuado, como revela Tubertino Sena Pereira, proprietário de um dos maiores supermercados da cidade. De olho nas oportunidades, o empresário está concluindo a construção de uma galeria comercial que terá um contingente inicial de 20 lojas. “Saímos de 1.500m² para 4.700m². Dentro desse projeto estamos fazendo uma galeria de 20 lojas que contemplarão farmácia, loteria, restaurante, lanchonete, salão de beleza, ou seja, um mini-shopping que entrará em funcionamento no ano que vem. Tudo isso porque acreditamos no potencial da cidade”, diz Tubertino. O empresário observa que a renda das pessoas melhorou de forma significativa, por isso elas estão gastando mais. “A cidade vive uma fase muito boa, gerando empregos, tanto que às vezes temos dificuldades para contratar funcionários”, conta. O empresário Tubertino Sena Pereira está investindo na construção de uma galeria comercial na cidade, que terá cerca de 20 lojas A Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) ajudou a manter estudantes araguarinos na cidade, além de atrair outros de outras regiões Revista MERCADO | Agosto 2011 | 52 A presença de grandes redes do varejo, antes vista com desconfiança pelos comerciantes locais, hoje é considerada como benéfica e necessária. Para Tubertino Sena, é sinal de avanço. “Primeiro, porque demonstra que a cidade está crescendo merecidamente e, segundo, porque incentiva a empreender, a melhorar a prestação de serviços. É o nosso caso, a chegada de um grande do setor nos animou a crescer, aproveitar a experiência que ele trouxe e melhorar para atender a exigência do nosso cliente”, conclui. Barreira rompida A relação com Uberlândia, a maior cidade do Triângulo Mineiro, até pouco tempo tida como de concorrência, agora é vista e explorada como oportunidade. Agora, o relacionamento comercial e de trabalho entre as duas cidades é intenso. Somente a Expresso Araguari, concessionária da linha intermunicipal, transporta em média de 2.500 passageiros diariamente entre as duas cidades. Sandro Vieira Machado, gerente da empresa em Araguari, estima que 80% são trabalhadores. Empresas de call center, do agronegócio como usinas e hortifrutigranjeiros, construção civil e prestação de serviços que importam mão de obra de Araguari, que por sua vez, também contrata profissionais e serviços da sua vizinha mais próxima. Há de se levar em conta que boa parte desses trabalhadores utiliza veículos próprios ou das empresas contratantes, dispensando os ônibus. Sebastião dos Santos Totó, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Araguari, confirma e aposta neste mix de oportunidades. “A duplicação da BR-050 tem papel fundamental nesse sentido. Precisamos entender que Araguari e Uberlândia são cidades unidas pe-A O presidente da CDL, Sebastião dos Santos Totó, diz que a “chegada de grandes empresas e das universidades demonstram esse momento de crescimento de Araguari” mercado capa las fortes relações comerciais. Essa ligação é muito saudável, inclusive é tema importante no entendimento das nossas CDLs. Para nós, a chegada de grandes empresas e das universidades demonstra esse momento de crescimento de Araguari”, reitera Totó. Além de presidente da CDL, Totó é dono de uma seguradora. Ele revela que a demanda por seguros cresceu em larga escala nos últimos anos. “É o reflexo do visível crescimento da cidade. Outro medidor importante é o aumento nas consultas ao Sistema de Proteção ao Crédito, em torno de 15%, registrado pela CDL. Esses dados são confirmados também pela Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomécio)”, explica o presidente/empresário. Por conta do desenvolvimento, a construção civil vive um longo período de graça. Desde a construção das usinas hidrelétricas Amador Aguiar I e II, não há crise no setor e a mão de obra é cada vez mais disputada entre os contratantes. Surgem novos loteamentos que atendem a uma demanda reprimida de moradias. Investimentos em casas populares com recursos dos governos federal e estadual, aliados aos investimentos privados, aquecem o mercado imobiliário local. Só o programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, proporcionou a construção de mais de duas mil moradias. Por outro lado, imóveis destinados às demais classes sociais são construídos e comercializados em curto espaço de tempo. Antônio Carlos Antonieti, dono de uma rede de lojas de materiais para construção, percebeu esse momento e investiu também em uma construtora. O primeiro loteamento foi sucesso absoluto. E os negócios andam de vento em popa. O faturamento referente à venda de materiais de construção aumentou em larga escala. “O mercado da construção civil está em alta. A cidade é um canteiro de obras. Só não trabalha quem não quer. Temos falta, por exemplo, de engenheiros civis, que já estão saindo das faculdades empregados. O Minha Casa Minha Vida valorizou os imóveis de todas as classes sociais. Fizemos uma experiência, o lançamento de um loteamento, que mesmo antes da conclusão de infraestrutura, está praticamente todo vendido. Temos conhecimento de que os demais loteamentos lançados na cidade também são vendidos rapidamente. Araguari é uma cidade de oportunidades”, informa o empresário. Por tudo isso, o otimismo que reina no atual momento indica que Antônio Carlos Antonieti, empresário no setor da construção civil, diz que a cidade se tornou um canteiro de obras e que os negócios vão de vento em popa a crise que ameaça a estabilidade da economia mundial passa longe de mexer com a autoestima do cidadão araguarino. Aos 123 anos de emancipação político-administrativa, Araguari vive um de seus melhores momentos, com a autoestima de seu povo em elevação e boas perspectivas para um futuro promissor. B Duas mil novas moradias acabam de ser construídas pelo Minha Casa Minha Vida para atender o ritmo de crescimento da cidade Revista MERCADO | Agosto 2011 | 54 mercado política Romero Jucá diz que os relatores do projeto que altera o Código Florestal trabalham “em regime fechado e em plena carga” para colocar os pareceres em votação o mais rápido possível Código Florestal poderá ser votado em setembro Senador diz que o projeto deve estar pronto para ir ao plenário do Senado no próximo mês Da Agência Brasil A orientação na base governista no Senado é acelerar a votação do projeto que altera o Código Florestal brasileiro. A expectativa do líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), é que a matéria esteja pronta para apreciação em plenário já em setembro. Para cumprir esse calendário, Jucá destacou que os relatores Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e Jorge Revista MERCADO | Agosto 2011 | 56 Viana (PT-AC) trabalham “em regime fechado e em plena carga” para colocar os pareceres em votação o mais rápido possível, sem prejudicar o andamento dos debates previstos. Na dia 24, Luiz Henrique da Silveira, relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), deve apresentar o parecer para análise dos senadores. Caberá à CCJ analisar a constitucionalidade e a admissibilidade do texto. Luiz Hen- rique disse que, uma vez aprovado nessa comissão, o relatório servirá de base para o parecer que ele apresentará na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, em que também relata o projeto. Além da reunião da CCJ, na mesma semana, estão previstas duas audiências públicas conjuntas das comissões de Agricultura e de Meio Ambiente. Para a do dia 24, foram convidados cinco ex-ministros de Meio Ambiente: Marina Silva, Carlos Minc, Rubens Ricupero, José Goldemberg e José Carlos Carvalho. Na quinta-feira (25), será a vez de ex-ministros da Agricultura debaterem com os senadores seus pontos de vista sobre a proposta do Código Florestal. Foram convidados Reinhold Stephanes, Roberto Rodrigues, Pratini de Moraes, Francisco Turra, Arlindo Porto, José Eduardo de Andrade Vieira e Alysson Paulinelli. Para Romero Jucá, apesar ser “matéria complexa”, o projeto “precisa ser votado rapidamente no Senado”. Ele acrescentou que o fato de os dois relatores trabalharem conjuntamente facilita a elaboração de um parecer que possa ser aprovado nas comissões de Constituição e Justiça, Meio Ambiente, Agricultura e Reforma Agrária e Ciência e Tecnologia. A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) acredita que até o dia 24 os senadores terão “um sinal” de como a proposta andará na Casa. “Claro que as pressões contra a votação desse código vêm de todos os lados, mas nós estamos aqui para cumprir o nosso dever”, disse a senadora, que já espera manifestações de movimentos ambientalistas. Ana Amélia ressaltou que o trabalho conjunto da comissões de Meio Ambiente e de Agricultura foi fundamental para evitar a radicalização de pontos de vista entre os representantes do setor do agronegócio e ambien- Claro que as pressões contra a votação desse código vêm de todos os lados, mas nós estamos aqui para cumprir o nosso dever (Senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) talistas. “Não é o confronto que vai levar a um denominador comum e a um consenso sobre o Código Florestal”, frisou a senadora. No dia 23, a Comissão de Agricultura se reunirá para ouvir o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda. Eles devem falar sobre denúncias veiculadas na imprensa de venda irregular de lotes destinados à reforma agrária. O requerimento é de autoria dos líderes do PT, Humberto Costa (PE), e do PMDB, Renan Calheiros, além do senador Walter Pinheiro (PT-BA). B mercado mundo O pico da expansão de fato ocorreu nos anos 70, quando o mundo crescia cerca de 2% ao ano. Hoje, essa taxa caiu para 1%. Mas, segundo o estudo, a expansão continuará e ocorrerá nos países mais pobres. Até 2050, o mundo terá 9,3 bilhões de pessoas, das quais 97% do crescimento ocorrerá nas regiões mais pobres. Os Estados Unidos, em quatro décadas, serão os únicos representantes dos países ricos entre as dez maiores sociedades do mundo. De acordo com o estudo, haverá uma estagnação no crescimento populacional de Europa, do Japão e dos demais países ricos. “Nos anos 60 e 70, tivemos um boom populacional”, explicou David Bloom, professor de economia e chefe A população da Índia, que tem 1,21 bilhões de pessoas, é a que mais cresce. Na última década, aumentou 181 milhões de pessoas, quase o equivalente a um Brasil inteiro, que tem 190 milhões. O país não tem controle populacional e deverá ultrapassar a China em poucos anos em termos de habitantes Por Jamil Chade, Agência Estado N Revista MERCADO | Agosto 2011 | 58 do Departamento de Saúde Global e da População da universidade Harvard, que liderou o estudo ao lado da ONU. “O que vemos agora é uma série de mini-booms nas áreas mais frágeis do Desafios Terra atingirá 7 bilhões de habitantes em outubro o dia 31 de outubro deste ano, em algum lugar da Índia, um parto marcará um ponto crítico na história do planeta: com esse nascimento, o mundo passará a ter 7 bilhões de habitantes. A projeção foi feita pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, apesar de a data ser apenas uma estimativa e o país apenas uma probabilidade, a realidade é que o ano terminará com um novo marco em termos demográficos que promete aprofundar os desafios sociais e ambientais. A explosão da população mundial calculada pela ONU foi publicada este mês pelo jornal Science, em um estu- David Bloom, professor de economia e chefe do Departamento de Saúde Global e da População da universidade Harvard: “Nos anos 60 e 70, tivemos um boom populacional. O que vemos agora é uma série de mini-booms nas áreas mais frágeis do planeta” do que mostra que avanços médicos, vacinas mais eficientes, proliferação do uso de antibióticos e um relativo avanço no acesso à saúde permitiram uma elevação na expectativa de vida nos países em desenvolvimento. Mas, ao mesmo tempo em que isso ocorre, a taxa de natalidade desses países ainda é elevada. O resultado não é outro senão a explosão demográfica dessas sociedades. A escolha da Índia para representar o nascimento da pessoa que marcará os 7 bilhões de habitantes não ocorreu por acaso. O país, de fato, faz avanços na área médica. Mas, sem um controle populacional, passará a China em poucos anos em termos de população. A ONU ainda está convencida de que, diante das taxas de natalidade dos países em desenvolvimento, são eles os responsáveis por ter promovido a elevação da população mundial em 1 bilhão de pessoas em apenas 12 anos. Em 1999, o mundo somava 6 bilhões de habitantes. Segundo o estudo, a primeira vez que o planeta registrou 1 bilhão de pessoas foi em torno de 1800. Para chegar a 2 bilhões de pessoas, o mundo precisou de mais 125 anos. Mas, apenas nos últimos 50 anos, a população mundial passou de 3 bilhões para 7 bilhões. Os números de 2011 serão duas vezes maior que a população do planeta em 1960. Para a ONU, a marca dos 7 bilhões de pessoas deve despertar um sentimento em governos e na sociedade de que o mundo terá de enfrentar importantes desafios nos próximos anos. O primeiro deles é o ecológico: como reduzir emissões de CO2 e poluição com uma população cada vez maior e com uma renda melhor? Na avaliação de Achim Steiner, diretor do Programa Mundial da ONU para Meio Ambiente, não há outra solução senão a mudança de padrão de consumo e da base tecnológica. “Precisamos de uma transição para uma economia verde”, disse. Outro desafio é o dos alimentos. Com a expansão demográfica e maior renda, a população mundial exigirá uma produção de alimentos 75% superior até 2050. Para a FAO, isso exigirá investimentos importantes e a constatação por parte de governos de que os preços de alimentos continuarão elevados. B planeta”, disse. Para ele, a questão da pobreza e desigualdade que virão com o aumento da população nessas áreas promete desestabilizar regiões inteiras. mercado cultura O brasileiro está lendo mais Preço médio do livro recuou 4,42% entre 2009 e 2010, e as vendas aumentaram, aponta pesquisa FIPE encomendada por entidades de classe do setor editorial Da Redação O brasileiro, em 2010, comprou mais livros do que em 2009. Isso favoreceu um crescimento de 8,12% no faturamento do setor editorial no ano passado, que ficou na casa dos R$ 4,5 bilhões, acompanhado por Revista MERCADO | Agosto 2011 | 60 um crescimento de 13,12% no número de exemplares vendidos. Esse ganho de escala permitiu a manutenção da tendência da queda do preço médio do livro vendido, observada desde 2004, com um recuo em 2010 de 4,42%. Essas são algumas das informa- ções contidas na pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, que aferiu os dados do mercado referentes ao ano de 2010. A pesquisa é realizada anualmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/USP) sob encomenda do Sindicato Nacional dos Editores de derança, com 62,70% do mercado. “É gratificante observar que o preço do livro no Brasil vem mantendo uma tendência de queda. Isso estimula o crescimento do número de leitores e desenha um futuro com mais educação, cultura e efetivo desenvolvimento”, avalia a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pansa. Este ano, a pesquisa apresenta como novidade na sua metodologia a realização de um Censo do Livro. Isso porque, em todo processo de inferência estatística, é recomendado que, de tempos em tempos, seja atualizado o universo da própria pesquisa. O censo foi realizado entre novembro de 2010 e abril de 2011 e afere o ano de 2009. A pesquisa detectou que o mercado do setor editorial, em 2009, era maior do que o imaginado: corresponde a R$ 4,2 bilhões e não R$ 3,3 bilhões como o aferido na última edição do trabalho. Karine Pansa, presidente da CBL: “É gratificante observar que o preço do livro no Brasil vem mantendo uma tendência de queda. Isso estimula o crescimento do número de leitores” O censo mostrou que, das 498 editoras ativas, segundo o critério da Unesco, a maioria (231) é formada por empresas com faturamento de até R$ 1 milhão. B Foto: Divulgação Livros (SNEL) e Câmara Brasileira do Livro (CBL). O resultado, anunciado dia 16 de agosto de 2011, na sede do SNEL, no Rio de Janeiro, revelou que, se os números são dignos de comemoração pelo setor, não chegam, porém, a causar euforia. Isso porque o crescimento real, em faturamento, fica na ordem de 2,63% a mais, em relação a 2009, quando se considera a variação de 5,35% do IPCA Livro em 2010. Além disso, se desconsiderarmos as compras feitas pelo governo e entidades sociais, o crescimento apurado foi de 2,99%, ficando abaixo da variação do IPCA. A pesquisa detectou que o número de exemplares vendidos cresceu de 387.149.234, em 2009, para 437.945.286, em 2010. No ano passado, foram publicados 54.754 títulos, que representam um aumento de 24,97% em relação a 2009, sendo 18.712 títulos novos. Ou seja, o editor tem apostado no aumento da diversidade da oferta. Dentre os canais de comercialização de livros, o que mais cresceu, proporcionalmente, foi a venda por porta a porta/catálogos: passou de 16,65% para 21,66% do mercado em número de exemplares. Porém, em termos de faturamento, as livrarias continuam na li- mercado religião Em nome da fé Escolas brasileiras enfrentam desafio de garantir ensino religioso sem privilegiar crenças cionais para contratação de professores de religião. Hoje, o país conta com 425 mil docentes, formados em diversas áreas. O ensino religioso está presente no Brasil desde o período colonial, com a chegada dos padres jesuítas de Portugal para catequizar os índios. Atualmente, de acordo com a Constituição, a disciplina deve fazer parte da grade horária regular das escolas públicas de ensino fundamental. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) definiu que as unidades federativas são responsáveis por organizar a oferta, desde que seja observado o respeito à diversidade religiosa e proibida qualquer forma de proselitismo ou doutrinação. “Alguns historiadores que tratam da participação da religião na vida pública mostram que o ensino religioso foi uma concessão à laicidade à época da Constituinte. Havia uma falsa presunção de que religião era importante para a formação do caráter, da vida e dos indivíduos participativos e bons. A Foto: UnB Agência Da Redação com Agência Brasil A lém das operações matemáticas, das regras ortográficas e dos fatos históricos, os princípios e conceitos das principais religiões também devem ser discutidos em sala de aula. A Constituição Federal brasileira determina que a oferta do ensino religioso deve ser obrigatória nas escolas da rede pública de ensino fundamental, com matrícula facultativa - ou seja, cabe aos pais decidir se os filhos vão frequentar as aulas. Pesquisas recentes e ações na Justiça questionam a inclusão da religião nas escolas, já que, desde a Constituição Federal de 1890,o Brasil é um país laico, ou seja, a população é livre para ter diferentes credos, mas as religiões devem estar afastadas do ordenamento oficial do Estado. Apesar da obrigatoriedade, ainda não há uma diretriz curricular para todo o país que estabeleça o conteúdo a ser ensinado, de maneira a garantir uma abordagem plural sem caráter doutrinário. Outro problema é a falta de critérios na- A socióloga Debora Diniz, coautora do livro Laicidade e Ensino Religioso, concluiu que no Brasil não há igualdade de representação religiosa nas salas de aula Revista MERCADO | Agosto 2011 | 62 63 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado Há mais de uma década acompanhando essa discussão, o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (Fonaper) reconhece que há muitos desafios para garantir a pluralidade. Mas defende que o conteúdo é importante para a formação dos alunos. “Nós vislumbramos, desde a LDB, que o ensino religioso poderia assumir uma identidade bastante pedagógica, que fosse de fato uma disciplina como qualquer outra e que a escola pudesse contribuir para o conhecimento da diversidade religiosa de modo científico. O professor, independentemente do seu credo, ajudaria os alunos a conhecer o papel da religião na sociedade e a melhorar Revista MERCADO | Agosto 2011 | 64 com tantas dificuldades e carências que o ensino público já enfrenta, por que gastar dinheiro com isso? Esses recursos poderiam ser usados de outra forma, para melhorar a estrutura já existente nas escolas. Quem quiser aprender mais sobre uma religião deve procurar uma igreja ou uma instituição religiosa”, opina. Para quem lida na ponta com os delicados limites dessa questão, torna-se um desafio garantir um ensino religioso que contemple as diferentes experiências e crenças encontradas em uma sala de aula. “Nós preferiríamos que a oferta do ensino religioso não fosse obrigatória, porque a escola é laica e deve respeitar todas as religiões. O que a gente quer é que os dirigentes possam utilizar essas aulas com um proveito muito melhor do que a doutrinação, abordando o respeito aos direitos humanos e à diversidade e a tolerância, conceitos que permeiam todas as religiões”, defende a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho. Atualmente, duas ações diretas de inconstitucionalidade (Adin) questionam a oferta do ensino religioso no formato atual e aguardam julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma delas foi proposta pela Procuradoria-Geral da Republica (PGR) e questiona o acordo firmado em 2009 entre o governo brasileiro e o Vaticano. O Artigo 11 desse documento, que foi aprovado pelo Congresso Nacional, determina que “o ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”. Ao pautar o ensino religioso por doutrinas ligadas a igrejas, o acordo, na avaliação da PGR, afronta o princípio da laicidade. Babalorixá Joel Oxaguiam, da Casa de Oração Pombo de Prata, Candomblé, acha que por uma questão cultural e pela necessidade de ter uma crença em algo, seria interessante falar sobre pontos específicos de cada religião na escola Foto: Elza Fiúza/Abr Luicival Costa, diretor de assistência social do Centro Espírita André Luiz, acha que se o ensino for baseado nos ensinamentos de Jesus não tem como cometer erros e tampouco preconceitos, porque ele abrange todas as religiões Foto: Elza Fiúza/Abr O professor, independentemente do seu credo, ajudaria os alunos a conhecer o papel da religião na sociedade e a melhorar o relacionamento com as diferenças Cleuza Repulho, presidente da Undime, defende que os dirigentes façam uso das aulas com um proveito além da doutrinação, abordando conceitos que permeiam todas as religiões O que pensam líderes religiosos... Foto: Elza Fiúza/Abr o relacionamento com as diferenças”, aponta o coordenador do Fonaper, Elcio Cecchetti. No Rio de Janeiro, por exemplo, o ensino religioso é oferecido apenas nas escolas estaduais. Nas unidades municipais, ainda não foi implantado, mas há um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Vereadores da capital fluminense que prevê a oferta nas cerca de mil escolas da rede, com frequência facultativa. A recepcionista Jussara Figueiredo Bezerra tem dois filhos que estudam em uma escola municipal da zona sul do Rio de Janeiro e acompanha com certo receio a discussão. Ela é evangélica e acredita que esses valores devem ser transmitidos em casa, pela família. “Quem são os professores que vão dar as aulas de religião? Será que eles serão imparciais? Além disso, Foto: Divulgação/Abr Essa é uma presunção que discrimina grupos que não professem nenhuma religião. Isso foi uma concessão à pressão dos grupos religiosos”, avalia a socióloga Debora Diniz, da Universidade de Brasília (UnB). Debora é autora, junto com as pesquisadoras Tatiana Lionço e Vanessa Carrião, do livro Laicidade e Ensino Religioso, publicado no último semestre. O estudo investigou como o ensino religioso se configura no país e se as escolas garantem, na prática, espaços semelhantes para todos os credos, como preconiza a LDB. A conclusão é que não há igualdade de representação religiosa nas salas de aula. “Ele é um ensino cristão, majoritariamente católico, e não há igualdade de representação religiosa com outros grupos, principalmente os minoritários”, destaca Debora. Foto: Elza Fiúza/Abr religião Hassan Aligharib, integrante da Mesquita da Associação Beneficente Islâmica do Brasil, acha que a religião é um dos guias fundamentais do ser humano, quanto mais religião e fé dentro da escola, melhor, independentemente da religião Hailton de Souza Belém, ministro da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, acha que a escola deveria, pelo menos, apresentar as diversas opções religiosas para que cada um possa seguir o caminho com o qual tenha mais afinidade 65 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado Foto: Antônio Cruz /Abr Foto: Elza Fiúza/Abr religião Eduardo Peters, padre do Seminário Maior Arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima, acha que não é porque o Brasil é o maior país católico do mundo que o ensino religioso deve ser católico, e sim um ensino que atenda várias religiões Abrahan Melul, judeu, membro da Associação Cultural Israelita de Brasília, acha que o ensino religioso deve ser facultativo, pois o Brasil é considerado um país laico, com várias culturas e credos Revista MERCADO | Agosto 2011 | 66 Foto: Elza Fiúza/Abr Foto: Marcello Casal Jr./Abr Evangélico, Hadman Daniel Silva, pastor da Igreja Assembleia de Deus do Novo Dia, acha que o ensino religioso nas escolas tem que ser facultativo, é preciso ter liberdade de escolha Wákila Mesquita, funcionário público e ateu, acha que foi um erro incluir o ensino religioso na Constituição, e que o mais adequado é não ensinar religião, mas sim ciências da religião, para que o estudante aprenda sobre diversos credos mercado relacionamento Aprovação da união estável entre homossexuais Sexo % 52 Feminino Total 63 37 Masculino 48 Idade 60 16 a 24 45 55 55 25 a 29 50 e mais 49 39 40 a 49 Contra 45 51 30 a 39 A favor 40 27 61 73 Base: Amostra - Total (2002) | Sexo: Masc. (956) / Fem. (1046) | Idade: 16-24 (396) / 25-29 (250) / 30-39 (441) / 40-49 (387) / 50+ (528) P.01) O Superior Tribunal Federal autorizou a união estável para casais do mesmo sexo. Você, pessoalmente, é a favor ou contra esta decisão? Maioria dos brasileiros reprova união de gays Casamento gay divide opiniões: pesquisa do IBOPE Inteligência revela que 55% dos brasileiros são contra a união estável entre casais do mesmo sexo “Os dados apresentados pela pesquisa mostram que, de uma maneira geral, o brasileiro não tem restrições em lidar com homossexuais no seu dia a dia, como profissionais ou amigos que se assumam homossexuais, mas ainda se mostra resistente a medidas que possam denotar algum tipo de apoio da sociedade a essa questão, como o caso da institucionalização da união estável ou o direito à adoção de crianças”, analisa a diretora executiva de marketing e novos negócios do IBOPE Inteligência, Laure Castelnau. Sobre a decisão do STF, 63% dos homens são contra, enquanto apenas 48% das mulheres são da mesma opinião. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 60% são favoráveis. Já os maiores de 50 anos são majoritariamente contrários (73%). Entre as pessoas com formação até a quarta série do ensino fundamental, 68% são con- Da Redação com Agência A decisão do Superior Tribunal Federal de autorizar a união estável entre casais do mesmo sexo não conta com o respaldo da maioria da população brasileira, embora a questão ainda divida muito a sociedade, conforme revela estudo Revista MERCADO | Agosto 2011 | 68 inédito do IBOPE Inteligência, cuja motivação foi a de contribuir com o debate público. Segundo pesquisa nacional realizada entre os dias 14 e 18 de julho, 55% dos brasileiros são contrários à decisão e 45% são favoráveis. De maneira geral, a pesquisa identifica que as pessoas menos in- comodadas com o tema estão mais presentes entre as mulheres, os mais jovens, os mais escolarizados e as classes mais altas. Regionalmente, Norte/Centro-Oeste e Nordeste se destacam como as áreas do país com mais resistência às questões que envolvem o assunto. Laure Castelnau, do IBOPE: “O brasileiro ainda se mostra resistente à institucionalização da união estável entre homossexuais ou ao direito à adoção de crianças por casais desse gênero” trários. Na parcela da população com nível superior, apenas 40% não são favoráveis à medida. Territorialmente, as regiões Nordeste e Norte/ Centro-Oeste dividem a mesma opinião: 60% são contra. No Sul, 54% das pessoas são contra e, no Sudeste, o índice cai para 51%. Adoção de crianças Quanto ao questionamento sobre a aprovação à adoção de crianças por casais do mesmo sexo, os resultados seguem a mesma tendência: 55% dos brasileiros se declaram contrários. Entre os homens, o indicador é mais alto, com 62%, da mesma forma que entre as pessoas maiores de 50 anos, em que 70% rejeitam a ideia. A tendência também se confirma entre os brasileiros com escolaridade até a quarta série, cuja contrariedade é declarada por 67% destes. Em termos regionais, os que se declaram contrários são 60% no Nordeste, 57% no Norte/Centro-Oeste, 55% no Sul e 52% no Sudeste. A 69 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado relacionamento Adoção de crianças por casais homossexuais Sexo % 51 Feminino Total 62 38 Masculino 49 Idade 60 16 a 24 45 55 58 25 a 29 53 38 40 a 49 Contra 42 47 30 a 39 A favor 40 62 70 30 50 e mais Base: Amostra - Total (2002) | Sexo: Masc. (956) / Fem. (1046) Idade: 16-24 (396) / 25-29 (250) / 30-39 (441) / 40-49 (387) / 50+ (528) Região 43 Norte/ Centro-Oeste 57 60 40 Nordeste 48 Sudeste 52 45 Sul 55 Religião 49 Católica Protestante/ Evangélica 72 28 59 Outras religiões Ateu/ sem religião/ não respondeu 51 51 41 49 Base: Amostra - Total (2002) | Região: Norte/CO (294) / Nordeste (546) / Sudeste (868) / Sul (294) Religião: Catol. (1209) / Prot./ Evang. (463) / Outras (80) Ateu/s. religião/NR (250) P.02) Você é a favor ou contra a adoção de crianças por casais do mesmo sexo? Amigos gays Em relação à possibilidade de um (a) amigo (a) se revelar homossexual, a pesquisa identificou que a rejeição da população é sensivelmente menor do que a apresentada nos dois questionamentos acima. Para Revista MERCADO | Agosto 2011 | 70 a grande maioria de 73% dos brasileiros, essa hipótese não os afastaria em nada de suas amizades. Outros 24% disseram que afastariam muito ou pouco e 2% não souberam responder. Embora com menor intensidade, o mesmo padrão de opinião nas respostas anteriores se repete no comparativo por faixa etária, nível de escolaridade, sexo e região do país. Para as mulheres, 80% não se afastariam. Da mesma forma, 81% dos jovens de 16 a 24 anos não se afastariam e 85% das pessoas com nível superior de escolaridade também defendem que não haveria A mercado relacionamento mudança na amizade. Em termos regionais, 79% das pessoas do Sudeste dizem que não se afastariam, contra 72% no Norte/Centro-Oeste, 70% no Sul e 66% no Nordeste. e evangélicos é a que se manifesta mais resistente: apenas 23% se dizem favoráveis à iniciativa do STF. Religião A pesquisa ouviu a população em relação à sua aceitação de homossexuais trabalharem como médicos, policiais ou professores de ensino fundamental no serviço público. Apenas 14% se disseram total ou parcialmente contra a que estes trabalhem como médicos, 24% como policiais e 22% como professores. A parcela dos brasileiros que é parcial ou totalmente favorável é de 84% para o caso de médicos, 74% para policiais e 76% para professores. No tocante às diferenças de opinião observadas de acordo com a religião declarada pelos entrevistados, é possível identificar que há maior tolerância entre as pessoas cuja religião foi classificada na categoria “outras religiões”, em que 60% são favoráveis à decisão do STF. Dentre os católicos e ateus, há total divisão, com 50% e 51% de aprovação à união estável de pessoas do mesmo sexo, respectivamente. A população de protestantes Médicos, policiais e professores Sobre a pesquisa A pesquisa do IBOPE Inteligência é representativa da população brasileira e realizou 2.002 entrevistas domiciliares em 142 municípios do território nacional, ouvindo toda a população de 16 anos ou mais. A margem de erro amostral é de dois pontos percentuais, com 95% de intervalo de confiança. O IBOPE Inteligência é uma organização do Grupo IBOPE que contribui para seus clientes terem conhecimento e compreensão adequados da sociedade e dos mercados onde atuam, auxiliando na tomada de decisões táticas e na elaboração de estratégias no planejamento de negócios. B Perfil dos Entrevistados - % Sexo Idade 16 a 24 48 20 25 a 29 52 12 30 a 39 22 40 a 49 Masculino Feminino 19 50 e mais 26 Renda Familiar (SM) Escolaridade Até 4ª série do fund. Mais e 10 28 Mais de 5 a 10 5ª a 8ª série do … 21 Ensino Médio 35 3 11 Mais de 2 a 5 33 Mais de 1 a 2 32 Até 1 Superior 15 7 Base: Amostra (2002) Revista MERCADO | Agosto 2011 | 72 14 mercado Foto: Divulgação estilo Cheios de marra... e bom gosto também! Seja para receber bem os amigos ou para conquistar as mulheres, os homens têm investido, e muito, em decoração. Suas principais exigências? Tecnologia e praticidade! Por Ana Paula Horta Revista MERCADO | Agosto 2011 | 74 Projeto da decoradora Marina Dubal mercado A Foto: Daniel Mansur estilo quela antiga e errônea máxima de que homem que é homem tem que andar com a barba mal feita, ser bagunçado e não se importar com a imagem com certeza é passado. Eles estão cada vez mais vaidosos. Querem andar arrumados, ser bem-sucedidos e, agora, mais do que nunca, querem ter a casa bonita e despojada para receber os amigos e principalmente atrair as mulheres. E pensa que eles não são exigentes? Segundo a arquiteta Marina Dubal, os homens são antenados e solicitam sempre as principais novidades do mercado. “Assim como a potência do carro, eles não abrem mão da potência das caixas de som do home theater. A qualidade da imagem e funcionamento desse aparelho costuma ser a principal exigência”, revela. Mas quando o cliente tem dotes culinários, a coisa muda de figura: a cozinha tem que ser o foco de todas as atenções. “Esse ambiente também se torna parte do coração da casa. Bancadas integradas à sala de estar e espaços fluidos são as principais diretrizes nesse caso”, explica a profissional. Marina lembra ainda que os ho- Foto: Daniel Mansur Proposta de Estela Netto: a praticidade é a palavra chave desse tipo de projeto Segundo Estela Netto, na decoração masculina a tecnologia fala mais alto Revista MERCADO | Agosto 2011 | 76 mens estão sempre em busca do conforto e das facilidades proporcionadas pela tecnologia: “Projetar para um homem significa usar as tecnologias mais avançadas. Produtos com design e beleza mas, principalmente, práticos”, afirma. A arquiteta Estela Netto reforça a ideia de que os recursos tecnológicos sejam a grande particularidade na decoração masculina. “O diferencial desses projetos é a tecnologia. O homem preza muito isso e investe maciçamente”, assegura. E se na hora da paquera eles são mais diretos e vão logo ao ponto, com a decoração não é tão diferente assim. “Funcionalidade é o que todos os homens pedem. O argumento de que uma peça deve ser usada apenas para conferir beleza ao espaço não basta. Para eles, todo objeto precisa ter uma função prática”, lembra Estela. Com relação às cores, Marina conta que somente quando o cliente é mais ousado dá para inserir mais cores entre um detalhe ou outro, caso contrá- rio, só nas obras de arte: “A decoração masculina é mais sóbria e minimalista. Tons como cinza, preto, branco e azul são os mais usados”. E tem mais uma coisinha: ao contrário do que se pode imaginar, os homens costumam ser muito detalhistas na hora de decorar. Mesmo assim, as arquitetas asseguram que não é difícil trabalhar com eles. “A facilidade na execução de um projeto depende muito mais de um diálogo aberto entre as partes. Se não houver isso, o trabalho não vai fluir independente do sexo. O esforço do cliente e do profissional é essencial para que tudo fique como desejado e todas as expectativas sejam supridas”, ressalta Marina. Estela também não acha dificuldades em trabalhar com os homens: “Entro no projeto com o meu olhar feminino, delicado e sensível. Já o homem, ingressa com a praticidade. Essa troca de experiências faz com que o projeto se torne muito mais rico e interessante”, garante. B mercado marketing E rrar é humano, já diz o ditado popular, mas será que as marcas também têm esse direito? As mídias sociais se tornaram verdadeiras armas para os consumidores cobrarem serviços, demonstrarem indignação e não deixarem nenhum deslize das empresas passar em branco. Nos últimos meses, companhias de grande porte como Brastemp, Renault, Mars Brasil e Arezzo estiveram expostas negativamente nas redes sociais e trabalharam para contornar o momento de crise. Os motivos que levam as marcas a grandes repercussões na internet são diversos e dificilmente poderão ser detidos pelas empresas. A solução é contornar o problema. “As crises são desdobramentos de um fato, não são o fato em si. O mesmo fato pode ter desdobramentos totalmente diferentes em função da época e da cultura local”, explica José Eduardo Prestes, professor de Comunicação Corporativa na pós-graduação da ESPM e especialista em Gestão de Crises, em entrevista ao Mundo do Marketing. Não é de hoje que ocorrem crises gerenciais na relação das empresas com os consumidores, mas a mudança de ambiente destas questões trouxe muito mais abrangência e velocidade aos danos de imagem e reputação das marcas. Se antes as reclamações dos clientes saíam em pequenas notas no jornal, poucas pessoas viam e, às vezes, apenas alguns funcionários da empresa sabiam do ocorrido, agora, a repercussão de um problema de um consumidor na web pode ter um alcance mundial. Como reverter a crise nas redes sociais? Casos recentes das empresas Brastemp, Renault, Arezzo e Twix provam o poder de repercussão dos erros das marcas na internet Do Mundo Marketing Revista MERCADO | Agosto 2011 | 78 Não é uma Brastemp O consumidor Oswaldo Borelli gravou um vídeo criticando a Brastemp e jogou na internet: a empresa pensou e agiu rápido para evitar um mal maior A Brastemp foi uma das marcas que tiveram repercussão internacional recentemente com o caso do consumidor Oswaldo Borelli, que chegou aos Trending Topics Mun- diais do Twitter. A história começou quando o morador de São Paulo, após 90 dias sem geladeira e 10 ligações para o SAC da empresa, resolveu colocar seu refrigerador Brastemp na porta de casa e gravar um vídeo contando todo o caso. A Brastemp tomou conhecimento do vídeo no mesmo dia em que foi postado, quando o filme tinha apenas 200 visualizações. “Nossa primeira posição foi resolver o problema do consumidor. A segunda foi verificar onde ocorreu a falha no atendimento. A partir disso, treinamos novamente todos os nossos profissionais que atuam no atendimento ao consumidor, para garantir que esse tipo de problema não voltasse a se repetir”, conta Cláudia Sender, diretora de Marketing da Brastemp, em entrevista ao Mundo do Marketing. Após reconhecer o erro, a empresa ainda prestou um esclarecimento por meio dos veículos de comunicação aos consumidores na internet, explicando que havia entrado em contato com Borelli para solucionar o problema e lamentando o ocorrido. “O caso da Brastemp teve uma repercussão grande, mas o posicionamento da empresa acabou revertendo o episódio. Quando o consumidor recebeu o refrigerador, todo mundo também ficou sabendo e acabou retornando para a marca como algo positivo”, afirma Elizangela Grigoletti, gerente de Marketing e Inteligência da MITI Inteligência, em entrevista ao portal. Meu Carro Falha Ao contrário da Brastemp, a Renault falhou na hora de gerenciar a crise e acabou por colocar um cliente na justiça. Para reclamar das tentativas de consertar o seu Renault Megane, que nunca saiu da garagem por problemas técnicos, Daniely Argenton criou o site Meu Carro Falha, em fevereiro de 2011, que chegou a receber mais de 700 mil visitas em um mês. Diante da iniciativa, a montadora solicitou uma liminar judicial para que a consumidora tiras- se o endereço do ar no período de 48 horas, além de todas as reclamações realizadas nas redes sociais. “Quando a Renault utilizou o sistema jurídico para bloquear as ações da consumidora, transformou a crise em uma crise de caráter”, comenta Prestes, da ESPM. Após discussões entre a consumidora e a empresa, ambas chegaram a um acordo, que incluia o pagamento das despesas e o ressarcimento em relação aos danos causados pelo veícu- lo. Consciente do erro, a Renault Brasil optou por lançar um comunicado se desculpando com o público em geral e doou um Clio 0 km para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Para a maioria dos especialistas, no entanto, a Renault demorou a agir e não conseguiu reverter a situação por completo, deixando o caso como um exemplo negativo de gerenciamento de crise. Ao encarar o problema, a montadora deveria tê-lo solucionado imediatamente. “O caminho correto para as empresas, quando encontram problemas deste tipo, é tentar resolver. Por causa de um carro, a Renault correu o risco de ter a imagem da marca manchada”, acredita a gerente de Marketing e Inteligência da MITI Inteligência. A A “cara” do site Meu Carro Falha, criado pela proprietária de um Renaut Megane, Daniely Argenton, para reclamar dos problemas técnicos não solucionados pela fabricante em seu veículo 79 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado marketing Boicote Arezzo Contrariando a máxima de que o cliente tem sempre razão, a Arezzo também não deixou os consumidores nada satisfeitos ao lançar a coleção PeleMania, composta por produtos feitos de pele de animais, em abril deste ano. “Houve falhas em dois momentos. Primeiro no planejamento, em que a marca não levou em conta os interesses e expectativas do consumidor em relação aos preceitos atuais como sustentabilidade e cuidado com o meio ambiente. O segundo momento foi a forma como a empresa se posicionou. Em nenhuma circunstância a marca sustentou o objetivo de ter levantado a campanha e não apresentou uma posição sobre o tema”, comenta Elizangela. Os internautas tampouco aprovaram a iniciativa e logo criaram protestos na web contra o comportamento da empresa. O caso foi parar em diversos portais de notícias e chegou ao primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter. Segundo o estudo da MITI Inteligência, a página “Boicote Arezzo” ultrapassou o número de usuários da fan page oficial da marca em pouco tempo e, no dia 29 de abril, o boicote já registrava 6.503 membros contra 5.234 fãs da Arezzo. Após o pronunciamento do presidente da empresa, Anderson Birman, a repercussão da marca se intensificou nas redes sociais. Entre 26 e 30 de abril, a Arezzo respondeu por 73,68% das interações nas mídias sociais, muito além de concorrentes como Via Uno (7,09%) e Schutz (7,32%), também de acordo com a pesquisa da MITI Inteligência. Deste percentual, 58,4% das citações eram negativas. Para contornar o problema, a empresa colocou no site um comunicado ao público quatro dias após o início da repercussão e retirou toda a coleção das lojas. “Não entendemos como nossa responsabilidade o debate de uma causa tão ampla e controversa. Um dos nossos principais compromissos é oferecer as tendências de moda de forma ágil e acessível aos nossos consumidores”, disse a companhia em pronunciamento, dando o assunto por encerrado. “Mas não era disso que o consumidor estava reclamando, eles estavam questionando a postura da empresa de buscar alternativas como esta, simplesmente para moda e beleza. E a resposta não foi dada pelo canal correto. As reclamações estavam no Twitter e no Facebook, enquanto que a empresa se restringiu, Material de campanha: depois de toda a repercussão e resposta negativa sobre a nova coleção, a Arezzo excluiu as fotos da campanha e comunicou que “entende e respeita as opiniões e manifestações contrárias ao uso de peles exóticas na confecção de produtos de vestuário e acessórios” no primeiro momento, a fazer uma notificação no site”, expõe Elizangela sobre o comunicado da Arezzo. Chuva de Twix Outra ação mal-sucedida por falta de planejamento ocorreu com a Mars Brasil. Neste caso, o feitiço virou contra o feiticeiro. Após realizar uma campanha viral nas re- des sociais, os erros de desenvolvimento da ação repercutiram na proporção do impacto da campanha sobre os consumidores. O comercial viral prometia a distribuição de 16 mil barras do chocolate Twix, A Em promoção da Mars Brasil, a forma desigual de distribuição de chocolates, jogados manualmente, misturados com uma grande quantidade de papel picado, foi motivo de descontentamento das cerca de duas mil pessoas presentes, munidas de guarda-chuvas para arrecadar os doces Revista MERCADO | Agosto 2011 | 80 mercado marketing no dia 30 de maio de 2010, em plena Av. Paulista, principal via da cidade de São Paulo, mas a promoção não saiu como o esperado. A ação de Marketing atraiu mais de quatro mil pessoas, ultrapassando as expectativas dos organizadores, e deixando metade do público de fora. Somente duas mil pessoas entraram no espaço da chuva de chocolates e, mesmo assim, muita gente não conseguiu pegar nenhuma unidade. Ocorreram falhas nos canhões que expeliam os produtos junto com papéis dourado picados e a impressão foi de muita promessa para pouco Twix. Os consumidores frustrados não deixaram por menos e a ação da Mars também parou nos Trending Topics Brasil do Twitter com as hashtags #chuvadetwix e #chuvadetwixfail, além de uma página agressiva na internet. “O Twix não foi uma crise, foi transtorno operacional. Uma ação de Marketing que não foi bem gerenciada. A aparição das reclamações nas redes sociais não causou danos à imagem do produto. Este caso é um exemplo de crise contingencial, que será rapidamente esquecida e não causará dano à reputação da empresa”, ressalta Prestes. Após a tempestade Mas depois de todo o burburinho nas redes sociais e nos portais de notícias, como ficaram as marcas perante os consumidores? O vídeo do senhor Borelli permanece no Youtube, com 806 mil visualizações. Em contrapartida, a campanha da Brastemp, “O dia em que um sorriso parou São Paulo”, no mesmo canal, possui mais de 2,3 milhões de visualizações. “Não é bom ter alguém falando mal da sua marca nas redes sociais. É claro que isso vai surtir um impacto nos consumidores. Mas a Brastemp é uma empresa que está há 56 anos no Brasil. Os clientes acreditam na marca e são apaixonados por ela”, declara a diretora de Marketing da Brastemp. No mesmo patamar está a Mars Brasil, que alega que os consumidores usaram as plataformas sociais para comentar sobre o evento, da mesma forma que a empresa usou o canal para divulgar a ação. No caso da Renault, o site Meu Carro Falha se tornou um canal de reclamações aberto ao público para compartilhar e buscar soluções para os Não é bom ter alguém falando mal da sua marca nas redes sociais problemas junto às montadoras. Uma seção no portal, no entanto, aconselha os clientes a resolverem seus proble- mas por meio do SAC da empresa ou do Procon, e que apenas em última instância as insatisfações sejam publicadas nas redes sociais. “Para os consumidores, a parte do carro já está superada, o que ficou foi a postura inadequada da empresa tentado cercear a liberdade de comunicação”, completa Prestes. Já a Arezzo surpreendeu o mercado e os especialistas que apostavam num prejuízo da marca após o escândalo da coleção de pele de animais. Além da fan page ter saltado de 5,3 mil usuários para mais de 13,3 mil nos últimos meses, a empresa registrou um aumento no lucro líquido de 43,3% no segundo trimestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010 e um saldo positivo de R$ 24 milhões, com a venda de 1,56 milhões de pares de sapatos e 103 mil bolsas entre abril e junho. B mercado veículos O Freemont, crossover da Fiat baseado no Dodge Journey Fiat prepara o lançamento de seu novo crossover Derivado do Dodge Journey, o Fiat Freemont 2012 deve chegar ao mercado este mês com preços a partir de R$ 75 mil O crossover Fiat Freemont já está com data de lançamento no mercado brasileiro, assim como no europeu, definida para este mês de agosto. O Freemont é a versão Fiat do Dodge Journey. Aliás, é praticamente o mesmo Journey, porém com logotipos da Fiat e com a motorização modificada. Para explicar melhor o porquê disso, é preciso lembrar que a Dodge pertence ao grupo Chrysler, que por sua vez pertence ao grupo Fiat. Portanto, a empresa italiana resolveu fabricar uma versão Fiat do carro para ser vendida no Brasil. Levando em Revista MERCADO | Agosto 2011 | 84 conta a quantidade de concessionárias, será muito mais viável para o cliente e para o comerciante. No México e EUA, até agora o Journey não conseguiu emplacar nas vendas. A fim de entrar na política do preço justo e também de diferenciar o Freemont da versão top de linha (Journey), apenas o logo da Fiat na grade dianteira e no volante, contudo, seriam insuficientes. Por isso, a motorização foi simplificada, trocando o robusto V6 por um mais econômico - detalhe muito importante se for considerado o preço da gasolina no Brasil. Enquanto o Dodge Journey é fabricado com seu motor V6 2.7 de 185 cv, o Fiat Freemont 2012 sai de fábrica com motores turbodiesel de 140 e 170 cv. Mesmo assim, a Fiat ainda planeja para o futuro o lançamento da versão mais potente, inclusive mais potente que a do Journey vendido atualmente. O motor deverá ser o V6 3.6 a gasolina da Chrysler de 276 cv. Os para-choques e a grade dianteira do Freemont também foram modificados em pequenos detalhes e as lanternas ganharam iluminação em LEDs. Internamente ainda se apresenta igual ao Journey, apenas o volante ganhou um logo da Fiat. A versão brasileira O Freemont 2012 será um carro com espaço interno para sete pessoas. Sairá de fábrica com importantes itens de série, como piloto automático, air-bags, freios ABS, computador de bordo, ar-condicionado de zona tripla, faróis de neblina e rádio com touch screen. Existirá outra versão ainda mais completa que, além dos itens já citados, contará também com rodas de liga leve 17”, DVD player, sensores de estacionamento, rack de teto, faróis automáticos e controle de tração. O Freemont deverá custar a partir de R$ 75.000. B 85 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado veículos Hyundai prepara chegada do Veloster no Brasil Da Redação E m breve estará desembarcando no Brasil o novo Veloster, um hatchback cupê que vai além da imaginação. O veículo reúne revolução em design e tecnologia em um único carro. Destaque para as três portas na carroceria, sendo uma do lado do motorista e duas do lado direito. De acordo com as concessionárias, o Veloster terá duas versões no Brasil: a manual com câmbio de 6 marchas e a top de linha, com transmissão automática. Lançado em janeiro deste ano, durante o Salão de Detroit nos Estados Unidos, o novo hatch da Hyundai é equipado com um motor 1.6 de 4 cilindros e injeção direta de combustível, movido apenas a gasolina. O Veloster desenvolve 138 cv a 6.300 rpm e 12,5 mkgf de torque a 4.850 rpm. Segundo a Hyundai, o carro é capaz de rodar 17 km com um litro de combustível. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 86 O Veloster conta com um visual diferenciado, graças ao sistema de 3 portas. A Hyundai informou que a terceira porta serve para facilitar a entrada e saída dos passageiros do carro no banco de trás, e está presen- te somente do lado direito. O novo Hyundai ainda conta com sistema de conectividade blue link na versão top de linha, iluminação feita por LEDs, rodas de 17” e teto panorâmico como opcional. O modelo pesa 965 kg. B Preços do Hyundai Veloster Versão manual com câmbio de 6 marchas: em torno de R$ 60 mil Versão top de linha com transmissão automática: a partir de R$ 65 mil mercado turismo Rotas da Fé levam a igrejas e museus da Colômbia De norte a sul, o país apresenta templos, arquitetura e cultura que remetem a 500 anos de tradição católica Da Redação com Agência A Colômbia é conhecida pela hospitalidade de seus habitantes e pela diversidade de destinos. Oferece opções de passeios culturais, a dois, de luxo e ainda tem o mar do Caribe à disposição. Mas o simpático país possui um traço semelhante ao brasileiro: a fé de seu povo. Com mais de 500 anos de tradição católica, conta com um grande patrimônio arquitetônico, artístico e cultural associado à religião. Para descobrir uma nova Colômbia, embarque nas Rotas da Fé, que vão de norte a sul do país. O viajante terá três opções: Rota da Fé Andina, do Caribe e do Sudoeste. Basílica del Señor Caído de Monserrate; no detalhe, uma panorâmica da cidade vista a partir da igreja Rota da Fé Andina Catedral Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Manizales: a segunda mais alta da América Latina, com 113 metros de altura Revista MERCADO | Agosto 2011 | 90 Começando pela capital Bogotá, duas das principais igrejas colombianas são paradas obrigatórias. A Basílica Santuário del Señor Caído de Monserrate é um dos maiores locais de peregrinação do país e fica em uma montanha a 3.152 metros de altura, de onde se tem uma vista panorâmica da cidade. O acesso à igreja pode ser feito por meio de um moderno teleférico (em um trajeto de 5 minutos), de bondinho ou a pé. Já o santuário del Divino Niño, ou santuário del Veinte de Julio, recebe multidões de fiéis, sendo um dos mais concorridos. O Divino Niño é a imagem religiosa mais admirada e com maior número de devotos da Colômbia. Vale incluir no roteiro por Bogotá uma visita à Catedral Primada A de Colômbia (declarada Monumento Santuário del Divino Niño com sua famosa imagem: a mais admirada e devotada da Colômbia mercado turismo Nacional em 1975), à igreja de San Francisco (mais antiga da cidade, construída em 1550), ao Santuário Nacional Nuestra Señora del Carmen e ao Museu de Arte Colonial (com obras religiosas). Distante 50 km de Bogotá, fica a imponente Catedral de Sal de Zipaquirá. Trata-se de um templo de 8.500 m², construído embaixo da superfície terrestre em uma antiga mina de sal. Não por acaso, é considerada a Primeira Maravilha da Colômbia. Esse original santuário que retrata a via crucis de Cristo, conta com uma cruz de 16 metros de altura e é uma das atrações turísticas mais visitadas do país. Além da igreja, fazem parte do “El Parque de la Sal” - um complexo de 10 hectares de extensão nas montanhas de sal da cidade - a Plaza del Minero, o Museo de la Salmuera, lojas, cafés e rotas ecológicas através de trilhas naturais. A visita não pode deixar de incluir Chiquinquirá, que fica no estado de Boyocá e distante poucas horas de Bogotá. Ela é conhecida como capital religiosa da Colômbia, ou Cidade Mariana, pela sua grande devoção à Virgem Maria. O destino conta com uma imponente basílica construída em 1796, que recebeu a visita do Papa João Paulo II em 1986, quando rezou pela paz na Colômbia. Catedral de Sal de Zipaquirá (detalhes interiores da igreja) Chiquinquirá, a capital da fé colombiana A Basílica del Señor de los Milagros, em Buga, atrai 2 milhões de devotos e peregrinos todos os anos mercado turismo Próximo dali fica o pequeno povoado de Villa de Leyva, no qual se destaca a preservação da arquitetura local - não são permitidas construções modernas -, e as igrejas são conhecidas por suas obras de arte. Destaque para o Santuário de la Virgen del Carmen e a Iglesia Paroquial, além do Museu de Arte Religiosa, onde se exibem obras dos séculos XVII a XX. Outra cidade importante no roteiro é Pamplona, que conta com o Santuário del Señor del Humilladero e possui uma das semanas santas mais famosas do país. Villa de Leyva e em destaque o Santuário de la Virgen del Carmen, uma de suas atrações Rota da Fé do Sudoeste Distante 73 km de Cáli, a cidade de Buga é a mais representativa para o turismo religioso na Colômbia por abrigar a Basílica del Señor de los Milagros. Cerca de 2 milhões de devotos e peregrinos visitam o destino todos os anos. Na igreja há uma imagem de 2,5 metros de altura do Santíssimo Redentor, a quem são atribuídos vários milagres. Já Cáli, conta com várias igrejas da época colonial, com grande valor arquitetônico e histórico. Uma delas é a Iglesia de la Ermita, símbolo da cidade e que foi reconstruída em 1930, inspirada na Catedral de Colônia, na Alemanha. No seu interior está a ima- Iglesia de la Ermita, o símbolo de Cáli Santuário de Nuestra Señora del Rosario de las Lajas, conhecida como “o milagre de Deus sobre o abismo” e um dos locais sagrados mais visitados da América Latina mercado turismo Na sequência das seis imagens, Popayán, a cidade “branca” onde fica o Museu Arquidiocesano gem do Señor de la Caña, considerada milagrosa por resistir a um terremoto que destruiu a igreja em 1787. O roteiro deve incluir ainda Popayán, conhecida como a “Cidade Branca”. O nome deve-se à cor das fachadas das casas no centro histórico. O destino é palco da tradicional Semana Santa, declarada como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. A cidade conta com várias igrejas e o Museu Arquidiocesano de Arte Religiosa, com algumas das maiores obras sacras do país. Vale a pena visitar também o Santuário de Nuestra Señora del Rosario de las Lajas, distante 7 km do povoado de Ipiales, no estado de Nariño. Um dos locais sagrados mais visitados da América Latina, a igreja abriga a Nuestra Señora del Rosario, que foi encontrada por uma índia e sua filha surda-muda, que se curou após a aparição da imagem, segun- do a lenda local. O mais impressionante é que a catedral de estilo gótico foi construída sobre um abismo em cima do cânion do rio Guaitara, o que torna a construção conhecida também como “o milagre de Deus sobre o abismo”. Uma das mais belas cidades colombianas, Cartagena de Índias foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, em 1984. Cercada por muralhas, que visavam a defender o local de ataques piratas nos séculos XVI e XVII, e belas praias, a cidade é uma das mais procuradas do país por sua história, beleza e cultura. Além disso, conta com o Templo de San Pedro Claver, localizado no centro histórico, que abriga os vestígios do santo que viveu no mosteiro nos seus últimos dias. Já a Catedral de Cartagena, que possui uma grandiosa cúpula, é uma das mais antigas da cidade. Outro ponto interessante é o convento de La Popa, igreja dedicada à purificação da Virgen de la Candelaria, padroeira da cidade. Visite ainda a Iglesia y Convento de Santo Domingo, a Iglesia de San Agustín, o Convento de San Diego, o Convento de Santa Clara e o Convento de San Francisco. Não deixe de conhecer Santa Cruz de Mompox, a 248 km de Cartagena, que tem a bela igreja de Santa Bárbara e é famosa por sua Semana Santa. Antigamente, os mais ricos doavam joias e outros objetos de valor para pedir perdão por seus pecados. Em Santa Marta, no norte do país, a catedral que dá nome à cidade é também a mais antiga do país. Vale conhecer a paróquia San Jerónimo de Mamatoco, primeira capela em terra firme da América Espanhola e declarada Monumento Nacional em 1992. B A Paróquia San Jerónimo de Mamatoco, primeira capela em terra firme da América Espanhola A Catedral de Cartagena, uma das mais antigas da cidade A bela igreja de Santa Bárbara, em Santa Cruz de Mompox mercado bazar Marca HD lança bermuda híbrida A marca de surfwear HD - Hawaiian Dreams - lança para o próximo verão/2012 as bermudas híbridas. Com um visual atual e moderno, a novidade segue o conceito de ser usável e muito funcional. Batizada de Híbrido Boardshorts, a bermuda tem cara de “walk” com jeito de “boardshort”. A estilista da marca, Kátia Guimarães, que sempre aplica em suas criações o conceito de funcionalidade e conforto, seguindo tendências e tecnologia internacional, desenvolveu uma peça batizada de Híbrido Boardshort, já que pode ser usada tanto na água para esportes aquáticos como bermuda “walk” para passeio. Isso graças à combinação entre modelagem e tecido que proporcionou à marca oferecer ao mercado um produto inovador no Brasil. Caloi lança bicicleta dobrável Modelo Caloi Urbe oferece praticidade aos ciclistas que buscam pedalar pela cidade A Caloi, empresa líder na fabricação de bicicletas no Brasil, apresenta a Caloi Urbe - a primeira bike dobrável da marca. O modelo, que é tendência na Europa, tem como principal objetivo entregar praticidade ao cidadão que quer se locomover pelos grandes centros urbanos e busca um transporte que possa ajudá-lo a chegar rápido em pequenos trajetos ou se integrar a outros meios, como trem, metrô e ônibus. A Caloi Urbe traz itens que garantem segurança e conforto ao ciclista. O modelo é feito de alumínio, pesa 11,90 Kg, tem rodas de 20 polegadas com paredes duplas, câmbio Shimano de 7 marchas, corrente KMC e selim confortável. A bike Caloi Urbe conta também com para-lamas dianteiro e traseiro - que facilita a condução na chuva -, descanso lateral, bagageiro e sacola para transporte. Preço sugerido - R$ 1.399 Legend é da Montblanc Entre os lançamentos da temporada no quesito perfumes, um dos destaques é para o público masculino, o Legend, da marca Mont Blanc. Mont Blanc Legend Masculino Eau de Toilette é de fragrância sutil, mas marcante, e reflete a elegância contemporânea da marca Montblanc. É sua encarnação de uma fragrância masculina, moderna e ainda atemporal: uma nova interpretação de um fougère amadeirado, a aliança entre autenticidade e inovação. A composição abre com novos tons aromáticos de bergamota, lavanda, folhas de abacaxi e verbena exóticas. O coração enfatiza notas como maçã, rosa, e notas de frutas secas. A base contém sândalo, tonka e evernyl. Quanto aos preços do perfume, o vidro de 50 ml custa cerca de R$ 190; e o de 100 ml, R$ 250 Revista MERCADO | Agosto 2011 | 98 mercado bazar A essência da felicidade Nova fragrância de Roger&Gallet, Fleur D’osmanthus, tem propriedade aromática revigorante A tradicional marca francesa Roger&Gallet foi até a China buscar a inspiração para sua nova fragrância, Fleur D’Osmanthus, que chega ao Brasil em agosto. Rara e misteriosa, a delicada flor de Osmanthus é encontrada na região de Guilin, o Jardim do Éden chinês. Seu exótico perfume floral-frutado é reconhecido por amenizar o estresse e induzir ao bom humor. É chamada de “a fragrância da felicidade”. O produto é unissex. A nova fragrância chega às farmácias e perfumarias brasileiras em cinco produtos: colônias (de 30 ml e 100 ml), sabonetes (individual e kit com três sabonetes) e hidratantes. As colônias trazem vitalidade e revigoram o corpo e a mente, proporcionando uma grande sensação de bem-estar. Os sabonetes são fabricados pelo tradicional método ‘em caldeirão’, que incorpora a essência no coração do sabonete e mantém a fragrância ativa e intacta até o último dia de uso. Suas matérias-primas são 100% vegetais. Já o hidratante é formulado a partir dos óleos de amêndoa e apricot, reconhecidos por suas propriedades nutritivas e suavizantes. Preços sugeridos Colônia - R$ 104 (100 ml) e R$ 53 (30 ml) Sabonete - R$ 49 (kit com três) e R$ 28 (individual) Hidratante - R$ 62 Miu Miu lança tênis para lá de transados São cinco modelos desenhados com glitter, lamé, couro, pregos, cristais e muito brilho Glitterheads, da Miu Miu 2011: há agora cinco novos estilos para se apaixonar e escolher. A marca lançará uma coleção de tênis em cinco estilos até o final deste mês - tanto nas lojas como online - apresentando o tênis clássico enfeitado com glitter, lamé, veludo, couro, pregos e cristais - ou, em alguns casos, uma combinação de todos os itens acima mencionados. Os sapatos, vêm em blush, prata, ouro e preto. Os preços sugeridos variam entre US$ 450 e US$ 585 - em reais, de R$ 720 a R$ 930, aproximadamente. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 100 mercado bazar Proibido na Austrália e na Europa, Galaxy Tab 10.1 chega ao Brasil este fim de semana Enquanto europeus e australianos estão impedidos de comprar o novo Galaxy Tab de 10.1 polegadas por causa de disputa judicial entre Samsung e Apple, o novo tablet da sul-coreana chegou para os brasileiros neste mês. A Vivo anunciou que venderá o aparelho com exclusividade até o fim de agosto. Segundo a operadora, o tablet da Samsung está disponível na versão de 16GB nas lojas de Rio e São Paulo e virá com conteúdo exclusivo, como dois meses grátis do serviço de aluguel virtual de filmes NetMovies, revistas e versão demo do jogo “Need for Speed Shift” Sem plano de internet, o aparelho vai custar R$ 1.999. No plano de dados de 2GB, o preço cai para R$ 1.399 no pagamento à vista. Parcelado em 12 vezes, o tablet sai por prestações de R$ 229,80 - sendo R$ 139,90 referentes ao aparelho, que acaba custando R$ 1.678,80 ao fim do parcelamento. Depois dos 12 meses, o cliente passa a pagar somente o valor do plano, de R$ 89,90. Equipado com sistema operacional Android HoneyComb 3.0, o Galaxy Tab foi anunciado no final de março e lançado nos Estados Unidos em junho. O Galaxy Tab já estava disponível desde o ano passado na versão de sete polegadas. O aparelho tem conectividade bluetooh, Wi-Fi, entradas USB e microSD e processador dual-core. O aparelho também apresenta duas câmeras de 2MP (frontal) e 3MP (traseira), capazes de gravar vídeos em HD (720 linhas). Nos EUA, o Galaxy Tab 10,1 sai por US$ 499 e US$ 599 (versões 16GB e 32GB, apenas Wi-Fi) e por US$ 530 e US$ 630 (com pacote de dados). Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2011/08/12/proibido-na-australia-na-europa-galaxy-tab-10-1-chega-ao-brasil-este-fim-de-semana-925119946.asp#ixzz1UpuN3PnV © 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. mercado dica de leitura “Minha mocidade” Churchill relata seus primeiros vinte e cinco anos de vida em obra relançada pela Nova Fronteira W inston Churchill, o mais célebre p r i m e i r o ministro inglês do século XX, é sempre uma atração literária: personagem de fortes episódios históricos e cronista de grandes acontecimentos nos quais tomou parte. Em homenagem ao “Homem do Século”, a Nova Fronteira lança a 2ª edição de “Minha mocidade”, com tradução e prefácio de Carlos Lacerda. O sucesso dessa obra se deve à raridade do tema. O político relata seus primeiros vinte e cinco anos de vida, sua visão de mundo e principalmente de seu país ainda no século XIX. Com simplicidade, escreve sobre sua infância e seu tempo de colégio, Sobre o autor Depois de anos servindo ao exército, Winston Churchill tornou-se correspondente de um jornal londrino, para depois iniciar sua carreira política como representante eleito ao Parlamento. Em maio de 1940, após ter ocupado vários cargos de governo, tornou-se chefe do gabinete de guerra britânico, com a responsabilidade de liderar a Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial. Em 1953, reconhecido como “o maior dos ingleses vivos”, Churchill recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Título: Minha mocidade Autor: Winston Churchill Tradução: Carlos Lacerda Editora: Nova Fronteira Número de páginas: 400 Preço de capa: R$79,90 Revista MERCADO | Agosto 2011 | 104 além da juventude como tenente de cavalaria e correspondente de guerra, até chegar ao início da carreira política. Entre os episódios narrados, destaca-se sua fuga espetacular na África do Sul, descrita como um filme de suspense, quando foi capturado na Guerra dos Bôeres. Esse foi o primeiro livro da coleção de História da Editora, que conta com quatro obras de Churchill como autor. “Minha mocidade” trata-se de uma rica parcela da biografia de Sir Winston Leonard Spencer-Churchill. Com uma narrativa repleta de ensinamentos políticos e fino humor - marca registrada de seu texto - o estadista revê o início de sua vida e cria um livro indispensável para amantes de história e literatura. B mercado coluna literatura *Kenia Maria de Almeida Pereira é doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira ([email protected]) As boas histórias que minha avó contava Por Kenia Maria* Cascudo foi professor, folclorista, diretor de escola, secretário do Tribunal de Justiça, jornalista, antropólogo, historiador e... brasileiro Revista MERCADO | Agosto 2011 | 106 T odo povo tem seu acervo de “causos” extraordinários, fábulas maravilhosas, narrativas orais fantásticas. Com o povo brasileiro não é diferente. Câmara Cascudo, em seu importante “Dicionário do Folclore Brasileiro”, reuniu centenas de narrativas da tradição oral brasileira, registrando assim a rica memória de nosso folclore. Aliás, um dia destes, folheando gostosamente tal dicionário constatei várias lendas que minha avó me contava quando eu era pequena. Um destes bons “causos” que ela sempre evocava, principalmente à noite, em volta de um fogãozinho à lenha, enquanto a gente comia broa de milho com leite quente, era o estranho conto da jibóia astuta. Antigamente, na roça, quando uma mulher dormia amamentando seu bebê ao colo, podia acordar surpresa, pois no lugar da criança, à vezes, se deparava com uma enorme jibóia sugando seu seio. Para o bebê não chorar, a danada da cobra enfiava seu rabo na boquinha dele. Com este estratagema, a famigerada passava a noite sossegada a nutrir-se do leite materno. “Depois, era uma gritaria danada, até alguém aparecer no quarto e matar a caninana maldita”. Outra história, que também está lá no “Dicionário do Folclore Brasileiro” e que minha avó gostava de me contar, é o “causo” do homem do pé de bode. Antigamente, quando aconteciam os bailes na roça, as moças deveriam ficar atentas aos pés dos rapazes. Tinham que observar bem, se aparecesse algum sedutor muito bonito com os pés redondos, Vigem Santíssima, todos faziam o nome do pai três vezes e o danado se desfazia no ar. Era o Tinhoso, o Dito-cujo, o Coisa-ruim ou o Homem dos pés de bode. “Os pés, os pés, vocês devem observar bem os pés dos moços antes de aceitar dançar com eles”. Essas coisas me impressionavam tanto na infância que até hoje tais lendas acompanham-me e me causam arrepios, tanto que nunca deixo de mirar para baixo antes de sair bailando nos braços de um belo rapaz. Também o folclore, envolvendo “causos” sobre onça, deixava-me extasiada. Minha avó contava dezenas de fábulas relacionadas à pintada. Eu guardo algumas ainda bem vivas na memória, como por exemplo, a onça que sabia imitar o grito de qualquer macaco, afim de atraí-los para junto de si e devorá-los. Lembrei-me agora também da Onça Borges, ou a estranha lenda de um vaqueiro que, em noite de lua cheia, metamorfoseava-se em um felino para atacar com ferocidade o gado e os cães das fazendas. Como era uma jaguatirica encantada, ninguém conseguia matá-la. Os mineiros gostam tanto de narrativas sobre onça que Guimarães Rosa criou o belo conto “Meu Tio, o Iauaretê”, com certeza, inspirado nesta tradição dos felinos encantados. Um caçador de onças, depois de anos matando pintadas, resolveu protegê-las e ampará-las. De tanto conviver e amar estes bichos, o ex-caçador se “oncifica”: passa a emitir grunhidos, a andar e a agir como se fora uma suçuarana. Quem quiser saber mais é só ir direto á fonte ou ao livro, intitulado “Estas Estórias”, e ler o conto na íntegra. Fico pensando na época em que as crianças tinham avós que conviviam bem próximas a elas, contando “causos” assombrosos de nosso folclore. Qual menino hoje pode se dar ao luxo de ter um avô, uma avó, um tio que narra suas memórias? Qual a criança hoje que tem avós narradores? Tive sorte de ter vivido numa época em que os pais e avós faziam uma criança sonhar, atiçavam sua imaginação, narrando para ela contos e lendas fantásticas. Penso que, quem tem a oportunidade de ouvir boas histórias, tem mais chance de se tornar também um bom leitor. Meus queridos leitores e leitoras, contem histórias para seus filhos, alunos, netos, sobrinhos. Narrem suas memórias, contem para eles as boas fábulas que vocês ouviram de seus avós. Aliás, essas lendas, contadas por nossos antepassados, fazem parte do patrimônio imaterial e da cultura oral popular brasileira. Câmara Cascudo e Mário de Andrade são os dois nomes mais importantes na coleta e divulgação desta tradição oral do Brasil. Ambos sabiam da importância de preservar, registrando em livros, este rico patrimônio para que não se perdesse com as gerações futuras. É valiosa a iniciativa da Editora Global ao colocar de novo em circulação grande parte da obra de Câmara Cascudo. Toda família com criança e adolescentes deveria ter em casa algumas jóias deste escritor, como por exemplo, “Geografia dos mitos brasileiros”, “Histórias de nossos Gestos”, “Dicionário do Folclore Brasileiro”, “Contos tradicionais do Brasil”. Já de Mário de Andrade, o legal é adquirir pela Editora Itatiaia, Danças Dramáticas do Brasil, além, claro, do delicioso “Macunaíma”, com sua profusão de lendas e mitos indígenas obrigatórios para quem quer se divertir e também compreender um pouco mais o imaginário do povo brasileiro. B 107 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado profissões em filme *Kelson Venâncio jornalista e diretor do Cinema e Vídeo - www.cinemaevideo.com.br O poder e a lei Por Kelson Venâncio* V ocê já deve ter ouvido muito falar no termo “advogado de porta de cadeia”, não é? Pois o filme em questão parte exatamente dessa premissa para nos mostrar a ambição de um advogado ao colocar nas ruas criminosos que a polícia e a promotoria levaram anos para conseguir pôr na prisão. Somente por essa análise, “O poder e a lei” já valeria a pena ser visto, já que se trata de uma realidade cada vez mais comum no nosso país. Quantas vezes assistimos pelos noticiários que um marginal é solto imediatamente ao pisar em uma delegacia de polícia? Ou sabemos de infratores que vão e voltam para o mundo da criminalidade, mas nunca ficam encarcerados como deveriam para responder por seus atos cometidos aqui fora? Nessa produção, somos apresentados a um advogado que representa milhares que fazem esse tipo de trabalho. A única diferença é que este tem seu escritório dentro de um carro, já que passa a maior parte de seu tempo exatamente no caminho para a delegacia e os tribunais. Mas um dia um caso importante cai em Revista MERCADO | Agosto 2011 | 108 suas mãos e ele se torna disposto a provar a inocência do réu, um jovem milionário acusado de estupro e assassinato. Só que ele não imaginava seu cliente escondendo a verdade, o que pode tornar todo o processo uma causa perdida. Após esse fato, o filme se torna cada vez melhor ao longo da narrativa. O advogado se vê numa situação extremamente complicada, já que é contratado para defender uma pessoa em quem deixa de confiar aos poucos. É aí que a trama se torna mais atrativa e intrigante, revelando surpresas interessantes. Aliás, “O poder e a lei” tem uma história que não deixa lacunas e em que cada peça vai se encaixando à medida que o tempo passa. É daquelas projeções que nos deixam vidrados e curiosos o tempo todo. A direção de Brad Furman não é esplêndida, mas bem competente. Já as interpretações de todo o elenco são excelentes. A começar por Matthew McConaughey, que nesse tipo de gênero apresenta uma interpretação infinitamente superior às dezenas de comédias românticas (a maioria bobinhas e fúteis) em que atuou. Nesse filme, o ator nos faz re- cordar seu ótimo papel em “Tempo de matar”, que também é um excelente filme e do mesmo gênero. Bem que ele podia abandonar de vez as produções “mamão com açúcar”! De outro lado, temos Ryan Phillippe, que andava meio sumido das telonas, mas veio abrilhantar esse longa encarnando um sujeito rico acusado de crimes e que, devido à sua ótima interpretação, nos impede de saber se o personagem cometeu esses delitos ou não. Aliás, sua interpretação é fundamental pra que a gente fique o tempo todo na dúvida, o que torna o filme extremamente instigante. Os outros atores, apesar de aparecem como coadjuvantes, sempre se destacam ao surgirem na tela. Marisa Tomei, John Leguizamo, William H. Macy, Michael Peña, Josh Lucas e Frances Fisher complementam esse grande casting e fazem um ótimo trabalho. “O poder e a lei” é, sem dúvida, um dos grandes filmes a que assisti este ano e acredito que a produção vá muito além das telonas de cinema. Já que é um filme polêmico, deve ser analisado nas salas de aula, especialmente de Direito, para servir para debates interessantes em torno do roteiro e das situações que ele nos apresenta. É preciso usá-lo como exemplo na tentativa de melhorar nossas leis e mudar a atitude de diversos advogados que pensam mais em dinheiro do que em fazer cumprir as leis. B FICHA TÉCNICA Filme: O Poder e a Lei (The Lincoln Lawyer) Origem: EUA Ano: 2011 Elenco: Matthew McConaughey, Ryan Phillippe, Marisa Tomei, John Leguizamo, William H. Macy, Josh Lucas, Michael Peña, Bryan Cranston, Frances Fisher, Shea Whigham, Margarita Levieva Direção: Brad Furman Gênero: policial Duração: 118 min Nota: 8 109 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado sustentabilidade discussão sistêmica de um assunto e as pessoas vão simplesmente concordando sem buscar as fontes das informações e conceitos propostos. A discussão ambiental é valiosíssima, digamos, vital para a sobrevivência do planeta e da nossa espécie. Justamente por isso, precisa ser acompanhada de suporte científico nas áreas que envolvem o meio ambiente e a ecologia, mas também a economia, a gestão e o desenvolvimento social e cultural dos indivíduos envolvidos com o impacto analisado. Quatro pilares, quatro desafios. Pessoas e grupos sociais precisam se sentir incluídos na mudança para que a aceitem. É necessário que haja uma convergência de todos os interesses dos atores envolvidos na mudança para que ela seja positiva. Do contrário, eis aí uma nova ditadura. Quando pensamos nesse mercado nascido sob a pressão de adequações ambientais, nos deparamos com um cenário preocupante: serviços e produtos onerosos, poucos fornecedores e pouca informação sobre o mercado da ecoeficiência em si. Isso é natural, toda nova demanda é mais cara. Mas precisamos conhecimento e a formação dos novos profissionais, se prepare para prover a sociedade de consultores, gestores e pesquisadores para encontrar as soluções necessárias para que o processo produtivo seja sustentável. E os órgãos públicos e oficiais necessitam de priorizar essa pauta, regulando e financiando a formação desses novos profissionais. Diante de toda essa análise de mercado e do comportamento individual e social, nossa conclusão é simples, mas taxativa: Não adianta saber o que fazer, é necessário ter quem o faça de uma forma economicamente viável, orien- Quem trabalha com sustentabilidade precisa cuidar para que o tema não seja banalizado por uma exposição demasiada ou por conceitos difundidos por conveniências ou de forma superficial Estamos com os pilares equilibrados? Sustentabilidade não se resume a questões ambientais A sustentabilidade tem se firmado cada vez mais como um princípio que rege a vida das pessoas e a gestão das empresas. Nesse contexto, pode-se observar um engajamento considerável de muitos grupos na intenção de preservar nosso planeta. Isso é excelente, porém precisamos observar o desenrolar dessa nova proposta de militância. Sim, militância e não apenas isso: um novo mercado surgiu em função das necessidades de adequação advindas das exigências ambientais. Sustentabilidade nos negócios e no estilo de vida é um conceito que Revista MERCADO | Agosto 2011 | 110 Não adianta propor, denunciar e até mesmo provar que ações, projetos, empresas, lideranças, políticas públicas não são sustentáveis se não houver um envolvimento das pessoas nesse processo. Para envolvimento de pessoas, é necessário gerar pertencimento. estabilizar essa conta para não tornar inviável a implantação de processos sustentáveis, principalmente na produção industrial e agrícola que, obviamente, causam um impacto ambiental maior. É importante que o setor acadêmico, que congrega a propagação do tada para o desenvolvimento e pautada na preservação. O antagonismo entre preservação ambiental e desenvolvimento só atrapalha a discussão e atrasa o processo para encontrarmos o caminho para a sustentabilidade e o equilíbrio entre seus pilares. B Os principais desafios da gestão sustentável Entender a sustentabilidade como um princípio e incorporá-lo à sua pauta; propõe a busca do equilíbrio entre as principais colunas, nas quais todo projeto, empresarial ou pessoal, se sustenta. Chama-se Triple Bottom Line a equação entre meio ambiente, sociedade e economia. Acontece que encontramos aí mais uma coluna, que é a transformação do comportamento das pessoas, advinda de uma reflexão efetiva sobre todas as mudanças que o planeta e as pessoas vêm sofrendo, sob todas as perspectivas. Isso é aceitamento cultural e é o pilar mais importante da sustentabilidade. Sustentabilidade ambiental tem sido uma unanimidade quando se fala em prioridade. A preponderân- cia ambiental sobrepuja a preponderância econômica ou social; isso legalmente, o que acontece justamente em função do fator cultural. As mudanças climáticas são evidentes e, por isso, a sociedade experimenta de forma prática as consequências da falta de planejamento no desenvolvimento econômico e social, na ocupação de espaços e na produção e consumo. Porém, quem trabalha com sustentabilidade precisa cuidar para que o tema não seja banalizado por uma exposição demasiada ou por conceitos difundidos por conveniências ou de forma superficial. Esse é o processo de aparecimento de paradigmas, quando não há uma Compreender o impacto causado pela empresa e pesquisar formas de mitigá-lo; Transformar a sustentabilidade em diferencial, entregando valor ao cliente final; Inserir a sustentabilidade como princípio de modelo de gestão e não como um projeto a mais da empresa; Sensibilizar e envolver os stakeholders, multiplicando o posicionamento sustentável; Desenvolver uma forma sistêmica de pensar seu negócio; Apresentar coerência entre os conceitos e as práticas; Entender a visão do parceiro sobre sustentabilidade e influenciar todos os envolvidos; Implantar a sustentabilidade em suas esferas internas, envolvendo primeiramente seus funcionários; Ser proativo e propor novos caminhos, entendendo que sustentabilidade não é uma onda ou tendência, mas uma nova forma de gerir seus negócios. Vem aí o Empresário Herói 2011 Informações através do email [email protected] mercado ponto de vista Uberlândia: qual a sua maior deficiência? L ocalizada no centro do Brasil, em Minas Gerais, Uberlândia possui população acima de 600 mil habitantes, segundo último censo do IBGE - número este que vem sendo bastante contestado; há quem estime um número perto de 700 mil. Controvérsias à parte, a cidade encontra-se numa das regiões mais ricas do país. Apresenta uma economia forte e diversificada, sendo considerada a capital nacional do atacado, polo de biotecnologia e centro de agrobusiness, portanto, destacando-se no cenário brasileiro e internacional. Além disso, é também um grande centro universitário, embasado em mais de 20 instituições de ensino superior e especialização e aproximadamente 40 mil estudantes. Conforme divulgado em página da Internet do próprio prefeito Odelmo Leão - informação extraída do jornal Diário do Comércio (BH) -, Uberlândia é hoje a maior potência econômica de Minas Gerais, depois da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). De acordo com alguns indicadores, inclusive, a cidade supera até mesmo Betim e Contagem, que por vários anos lideraram o ranking estadual, atrás apenas da capital. Na mesma matéria publicada no referido jornal, o prefeito afirmou que “o princípio do crescimento econômico e social da cidade é o planejamento estratégico”. Enfim, com base em dados reais, Uberlândia é, sem dúvida alguma, uma das grandes potências do interior brasileiro em termos econômicos e de desenvolvimento. Mas, será que falta algo mais para a cidade? Qual a sua maior deficiência? Com a palavra, o G7...* Nossa cidade, Uberlândia, possui uma característica muito forte de desenvolvimento de pessoas empreendedoras, que prestam serviços de grandes cidades. São empresas de porte nacional, nascidas aqui. Possui também grupos econômicos líderes em alguns segmentos, politicamente com um histórico de forte atuação na capital federal, desde o período em que o Rio de Janeiro era o centro político. Em Belo Horizonte, no palácio das Mangabeiras, já tivemos um governador, nosso querido Rondon Pacheco, além de um leque de deputados federais e estaduais dos mais diversos perfis e partidos políticos, todos sempre muito unidos em prol da construção de um futuro melhor. Falta-nos lazer. Um roteiro turístico adequado que pudesse aproveitar melhor as potencialidades regionais, como a Serra da Canastra ou mesmo as represas, com sua diversidade ecológica e de programas, desde a pesca até trilhas para ciclistas, cavalgadas ou mesmo trecking. Uma cidade como a nossa precisaria ter restaurantes à altura de sua população, eventos de grande porte, cultura e arte, mas para aqueles que tentaram ou tentam o ponto é sempre o mesmo: falta o povo “comprar” e encampar ou, quem sabe, consumir e usufruir. Somos por natureza exigentes, mas muito pouco tolerantes. Precisamos dar um passo nesse sentido para atrair novos investidores, novas receitas, num mercado pujante e desejável, alem de gostoso, ao final das contas! Portanto, convido a todos os cidadãos que trabalhem sempre, mas que aproveitem mais a vida consumindo e se divertindo. Como um organismo vivo, a cidade de Uberlândia continuará crescendo mediante uma série de condições favoráveis e desafiadoras. Dentre as mais importantes e positivas, destacam-se sua liderança no estado e país pelo empreendedorismo das pessoas que aqui residem e pelas características de localização, porém, isso não será mais suficiente para manter o crescimento nas condições atuais, pois a cidade será a partir do estágio de desenvolvimento em que se encontra um grande teste/desafio para as instituições políticas que terão a missão urgente de implementar políticas públicas cada vez mais identificadas com a realidade das classes sociais que estão aguardando a sua inclusão nos programas de desenvolvimento econômico. A questão da requalificação da área central não priorizada até o presente momento gera situações negativas, realçando com forte evidência o comprometimento da qualidade de vida do “DIA” do cidadão uberlandense repleto de problemas, como congestionamentos de veículos, falta de estacionamentos, veículos de tração animal nas ruas, ausência de ciclovias, calçadas com pisos irregulares, presença de vendedores ambulantes, coletores de lixo inadequados e muitos outros. À “NOITE”, presenciamos uma cidade deserta, provocada pela falta de ambientes propícios para acolher momentos culturais e sociais que possam contribuir para o fortalecimento de relacionamentos e a valorização das famílias. É necessário, portanto, ficarmos atentos aos sintomas que podem estar sinalizando a perda de muitos de nossos valores, assim como buscar elementos para a formação de um novo estado de direito - direito a uma cidade sustentável verdadeiramente. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 112 Sob o nosso ponto de vista, o maior problema de Uberlândia, hoje, que se ainda não é, está muito próximo de vir a ser, é a segurança. É perceptível o ritmo alucinante com que cresce a criminalidade ou o desrespeito à lei em nossa cidade. São obras, empresas e investimentos acontecendo por todas as partes, e com isso temos a vinda de pessoas para cá e com elas aumentam os problemas diversos - não que essas pessoas sejam as causadoras, mas em função de todo o crescimento sempre vem o positivo e o negativo. E a nossa análise vai pelo negativo, para que em cima desse item sejam trabalhados os pontos para melhoria, que acreditamos ser o que todos querem. Ao mesmo tempo em que vem esse desenvolvimento, sentimos que os investimentos na área da segurança não seguem no mesmo ritmo. Para quem pensa o contrário, basta dar uma chegada até a 1ª Delegacia de Polícia Civil, no bairro Umuarama, e presenciar a notória falta de estrutura física e material operante no local. Não raramente, nos deparamos com notícias de presos que se evadiram de lá. Citei essa delegacia como também poderia citar a Penitenciária Pimenta da Veiga, que já está com a sua lotação esgotada, o mesmo ocorrendo com o Presídio Jacy de Assis. As polícias até que tentam, mas principalmente a Civil tem um inimigo a mais, que é a falta de estrutura. Aliado a isso, temos ainda outros agravantes, como a excessiva liberalidade na progressão de regime dos presos e o descontrole no regime semiaberto e na liberdade condicional, a falta de efetivo e os baixos salários. São problemas que se arrastam há muito tempo, e pouco ou quase nada se faz para resolvê-los. Enquanto os governos não tomam providências, o cidadão é que sofre as consequências da falta de investimento em segurança pública, pois se sente refém e até preso em sua casa com medo do convívio. E olha que não há nada de novo em reivindicar segurança para os cidadãos, vivam eles no campo ou na cidade, sejam quais forem as suas condições sociais. A segurança dos cidadãos é um direito constitucional e consta dos Direitos Humanos da ONU. É um bem público, uma responsabilidade não ignorada pelos governos, que não a priorizam no dia a dia com políticas objetivas, proporcionando estrutura física e administrativa condizentes com as necessidades de mais recursos humanos e financeiros. Hoje em dia, vivenciamos o aumento da criminalidade e do número de pessoas feridas e mortas em consequência da guerra social em curso, movida com o pano de fundo do narcotráfico e do crime organizado. Por isso todos os organismos do Estado devem, de um modo ou de outro, participar do combate à violência e à delinquência. É preciso dar um basta na camuflagem dos números negativos. Por falar em números, qual família quer ter um ente na condição de vítima e ser apenas mais um número dentro das estatísticas policiais? Queremos atitudes, planejamentos e ações que gerem resultados para reverter esse caos! Impostos para garantir segurança nós já pagamos, e com sobras. É notório que Uberlândia, em sua trajetória de cidade pujante e empreendedora, deixou patente sua condição de liderança em um cenário cada vez mais competitivo, cultural, econômico e político, e essa capacidade de carrear realizações se consolida cada vez mais. Uberlândia é, hoje, a terra de tantos uberlandenses que muito realizaram e que continuam ainda a empreender, mas é também de um infinito número de uberlandinos, que atraídos pelo clamor do sucesso, fincaram raízes em tão férteis solos. Sede de empresas, indústrias e de tantos centros de conhecimento, Uberlândia deixa mostras também de sua carência em conseguir mixar culturas, crenças e convívio de forma mais espontânea e harmônica. Uberlandenses conservadores de um lado e uberlandinos segregados, mesmo que parcialmente, de outro. Faltam-nos ações de integração, fazer das diferenças oportunidades de crescimento social, afinal, Uberlândia já mostra ares de metrópole multifacetada. Fica a lembrança de uma evidência... Por que tantos votos de Uberlândia foram dirigidos a tantos outros domicílios eleitorais??? Precisamos todos gostar dessa nossa Cidade Maravilhosa. A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por sete das mais representativas instituições sociais ativas na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, CVT - Conselho de Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale do Paranaíba/CINTAP - Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia, SRU - Sindicato Rural de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia. Conselho Veneráveis do Triângulo *Até o fechamento desta edição, as respectivas assessorias de imprensa não enviaram seus comentários. 113 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado Dia do Comerciário Da direita para a esquerda, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo Silva, ao lado do deputado federal Gilmar Machado (PT) e do presidente da FIEMG Regional Vale do Paranaíba Pedro Lacerda, durante visita a Uberlândia para participar das comemorações dos 57 anos de fundação da Algar Telecom. Foto: Douglas Luzz O Dia do Comerciário, celebrado em julho, foi motivo de várias homenagens a comerciantes destaques de Uberlândia. Uma promoção da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Confira em flashes como foi o evento realizado no auditório da Câmara Municipal de Uberlândia. Fotos: Welton Neves in foco A coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial do Sistema FIEMG, Marisa Seoane Rio Resende, durante o lançamento do Prêmio Empresário Herói 2011. Ela foi palestrante no evento. O reumatologista, Carmo de Freitas, um dos pioneiros da área em Uberlândia, esteve recentemente em Londres participando do Congresso Europeu de Reumatologia, considerado o mais importante do mundo. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 114 mercado causos empresariais *Nege Calil é consultor e especialista em gestão de pessoas [email protected] Entrevistas atrapalhadas (Seleção por Competências II) Por Nege Calil* - E foi isso que aconteceu! - complementou Mauro, enquanto ríamos de sua história. Bastou dizer que tive uma noite de sonhos nos braços de Morfeu para aquela inculta soltar a pérola: “A empresa não aceita homossexuais em seu quadro”. - Além de preconceituosa é burra!! - reforçou Cida. Custava essa anta estudar um pouquinho e aprender que Morfeu é o deus grego dos sonhos? Bastava associar à morfina, que herdou o nome dessa lenda! - Ridículo é ela associar homossexualismo à incompetência! - esbravejou Mauro. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 116 Início dos anos 1990. Estávamos numa roda de amigos num barzinho qualquer em São Paulo, relatando experiências próprias de entrevistas de emprego em que fracassamos. Incrível como, na maioria dos casos, os entrevistadores cometeram falhas, como falar mais que o entrevistado, questionar assuntos totalmente fora do perfil da vaga e manifestar explicitamente preconceitos dos mais diversos tipos. Nossa amiga Josilene foi outra vítima, passando por situação semelhante à que ocorrera com Mauro que, diga-se de passagem, não é homossexual e ficou sem a vaga por conta da ignorância da analista que o entrevistou. Josilene estava obesa, em parte por sua constituição genética, em parte devido a problemas hormonais. A entrevistadora olhou fundo em seus olhos e foi taxativa: - Meu bem! Seu currículo é ótimo, mas não podemos ficar com você! Uma pessoa que não cuida de si mesma não cuidará bem da nossa empresa. - Como assim? - retrucou Josilene. - Flor, seus quilinhos a mais mostram que você não se importa com você, com sua saúde. Você me entende? - Não sou gorda porque quero! Foi em vão sua reclamação. Perdeu a vaga. Fico imaginando, hoje, o que essa entrevistadora falaria a respeito de Jô Soares, Luiza Helena, dentre tantos outros gordinhos de sucesso. Faustão, hoje visivelmente mais magro, construiu uma carreira sólida como apresentador quando ainda tinha os “quilinhos a mais” que ela citou. Mais bebidas e aperitivos, alguém lembrou da Valquíria. Carinhosamente a tratávamos por Val. Ela estava desempregada há três meses. Sua antiga empregadora passara por uma reestruturação, pouco depois do plano Collor. Muita gente foi desligada e ela estava no mercado. - Vamos torcer por ela! - comentou alguém. Eu a convidei para nos encontrar aqui, tão logo saia de uma entrevista. Acabamos de brindar a ela, torcendo por seu sucesso, e eis que Val surgiu com uma expressão que denunciava o insucesso. - Que houve, amiga? - perguntou Josilene receptiva, mostrando apoio. - Vocês não vão acreditar! - res- pondeu Val. - Que aconteceu? - perguntei preocupado e oferecendo uma cadeira para que se sentasse à mesa. Ela se juntou a nós e contou o ocorrido. Assim que chegou à empresa, a recepcionista mascava chicletes e fazia a unha: - Pois não! - Vim para uma entrevista com Dona Maristela! Ela deve estar me aguardando. - Pode subir, fofa. São dois lances de escada, ela fica no segundo andar. Val, assim como Josilene, também estava com uns quilinhos a mais. Mas ser chamada de fofa fez com que seu sangue começasse a ferver. Relevou e subiu. Dona Maristela a recepcionou, com voz estridente, maquiagem exagerada, cabelo despenteado e umas pulseiras que faziam um barulho ensurdecedor. - Entra, fofa! “De novo!” - pensou. Mesmo assim conseguiu sorrir e cumprimentou a criatura escalafobética. - Boa-tarde! - Lindinha - complementou a entrevistadora - vou ali buscar uma água e já volto. Senta e me espera! Val olhou o ambiente, que não a agradou muito. Mas não estava em situação de escolher, precisava do emprego. Suspirou e soltou o corpanzil num sofá. Imediatamente escutou um choro canino e a tal Maristela, que entrava na sala nesse instante, gritou: - Maria Eduarda! - Não, meu nome é Valquíria! - Levanta! Levanta! - gritava desesperada. Você sentou em cima da Maria Eduarda. Val ainda levou alguns segundos para perceber que estava sufocando uma cadelinha pinscher de pouco mais de 3 quilos. Levantou-se assustada enquanto a dona pegava a cachorrinha e a afagava: - Que foi, meu bem? A moça má te machucou? - Desculpe, foi sem querer! - disse, ainda engolindo o “moça má”. Não vi que ela estava no sofá. - Ela dorme aí nesse cantinho! - complementou Maristela. Coitadinha! Foi só um susto, neném! Maristela ainda falou com a cadela que tremeu assustada por uns cinco minutos. Quando ambas se acalmaram, voltou-se para Val. - Então, menina! Conta tudo! Que carreira maravilhosa é essa que vi no seu currículo? Val começou a falar da carreira e, em menos de 30 segundos, foi interrompida: - Essa cachorrinha é minha vida! Tão esperta, você precisa ver. Quer ver uma coisa? Amassou um pedaço de papel e jogou. A cadela latiu, correu atrás da bola de papel e jogou no cesto de lixo. - Viu como é inteligente? - De fato! - concordou Val. A cena se repetiu mais três ou quatro vezes, até que Val suspirou, indicando que estava ali para ser entrevistada. - Desculpa! Eu me empolgo com ela. Me conta, você estava falando... - Eu dizia que... - Val continuou a falar de sua carreira, quando foi interrompida de novo: - Ai, menina! Você quer um café? - Aceito! - disse Val, tentando ser cortês e controlando os nervos para ter a chance de finalmente falar de si. - Vou lá embaixo pedir para a secretária trazer para nós. Val não podia acreditar! Maristela desceu gritando pelas escadas, chamando pela secretária. Nisso, resolveu relaxar para não se dar mal na entrevista. Repetiu alguns mantras consigo mesma, enquanto abria a bolsa e pegava uma bala de menta. Ao colocar a bala na boca, atirou o papel tentando acertar o cesto. No entanto, sua força foi excessiva e o papel voou pela janela. Junto com o papel, foi Maria Eduarda que, seguindo seus instintos, conseguiu apanhá-lo com a boca, mas esquecera-se que estava no segundo andar. Maristela nem subiu! Berrava desesperada temendo pela morte da cadela. Val pegou seus pertences e desceu desesperada para ver o estrago que fizera. Felizmente foram somente duas patas quebradas, como pôde constatar com a secretária. Mas a dona da cachorra, sem nem olhar pra trás, saiu correndo rumo a um veterinário. A entrevista, que nem começara, acabara ali. Não contivemos o riso! Sabíamos que Val estava triste, mas era impossível segurar as gargalhadas diante do fato. Mauro fechou com classe: - Val, você pode ter perdido a vaga, mas ganhou medalha de ouro nas histórias dessa noite! B 117 | Revista MERCADO | Agosto 2011 mercado geral Decreto aumenta IPI para cigarros Da Agência Brasil Os cigarros poderão ficar até 20% mais caros a partir de dezembro, caso os fabricantes repassem todo o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os consumidores. Até 2015, o reajuste acumulado deve ser de 55%. A estimativa foi divulgada este mês pela Receita Federal, que explicou o decreto publicado no Diário Oficial da União que regulamenta as alíquotas do novo modelo de tributação de cigarros. Além do reajuste de 20% no fim do ano, os cigarros devem subir 12% em 2013, 13% em 2014 e 10% em 2015. O novo sistema de cobrança do IPI sobre cigarros havia sido instituído por medida provisória publicada no dia 3 de agosto. A regulamentação das alíquotas, no entanto, ainda dependia do decreto publicado no dia 22. No sistema atual de tributação, o IPI varia de R$ R$ 0,764 a R$ 1,30 por maço, dependendo do tipo de embalagem e do tamanho do cigarro. No novo modelo, que entrará em vigor em dezembro, haverá dois regimes, um geral, que valerá para todos os fabricantes, e um opcional. No regime geral, a alíquota será de 45% sobre o preço de venda no varejo. No regime opcional, o IPI será cobrado de duas formas: uma alíquota percentual mais um valor fixo por maço ou caixa. As alíquotas para o regime específico serão reajustadas gradualmente até 2015. Fumante vai ter que desembolsar mais para sustentar o vício Governo de Minas vai investir em educação para o trânsito O Governo de Minas vai realizar ações, atividades e projetos de educação para o trânsito, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o papel do cidadão no trânsito. A promoção desta educação está na Lei nº 19.574, publicada no dia 17 deste mês no Minas Gerais, órgão oficial dos Poderes do Estado e assinada pelo governador Antonio Anastasia e secretários de Governo, Danilo de Castro; de Casa Civil e de Relações Institucionais, Maria Coeli Simões Pires; de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena; e de Defesa Social, Lafayette de Andrade. Segundo a lei, será adotado um processo permanente de análise e discussão das questões sobre o trânsito, envolvendo toda a sociedade e buscando a valorização do comportamento seguro para evitar acidentes. Serão promovidas atividades e projetos por meio do órgão executivo estadual de trânsito, que contarão com a participação de crianças, jovens, adultos e idosos. A implementação de uma política de educação para o trânsito, que visa à conscientização dos indivíduos para o respeito às normas e o fortalecimento da cidadania, terá atuação dos órgãos e entidades ligados ao tema. Todo o trabalho será acompanhado e avaliado durante reuniões, encontros regionais e um encontro anual. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 118 mercado geral Minas assume 2º lugar na exportação de carne de peru Da Agência Minas As exportações mineiras de carne de peru somaram US$ 58,4 milhões nos primeiros sete meses de 2011, informa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). De acordo com análise da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), a receita de vendas externas alcançada neste ano é 37,5% superior à apurada em igual período de 2010. Com esses resultados, Minas Gerais passou à frente de Santa Catarina e do Paraná, ficando agora atrás apenas de Goiás no ranking nacional dos maiores exportadores da carne. A assessora técnica da Superintendência de Política e Economia Agrícola (Spea) da Seapa-MG, Márcia Aparecida de Paiva Silva, diz que a cifra exportada nos primeiros sete meses de 2011 foi próxima ao recorde do acumulado de janeiro a julho registrado em 2008 (US$ 58,9 milhões). “O Em 2010, Minas Gerais respondia por grande diferencial para o ano de 2011 foi o preço médio 17,1% das exportações brasileiras e nos de US$ 3.105,14 a tonelada, maior valor já registrado nos sete primeiros meses deste ano passou últimos anos”, explica. a responder por 24,9% Os principais destinos das exportações mineiras de carne de peru em 2011 foram Holanda e Rússia, que compraram o equivalente a 56,7% e 13,5%, respectivamente, das vendas externas mineiras. Os dois maiores compradores da carne mineira registraram incremento das compras, comparando-se o período de janeiro a julho de 2010 e 2011. Márcia Silva observa que, na comparação desses dois períodos, também foi observado aumento do número de países compradores, que passou de 27 para 31. A assessora comenta que a Espanha teve destaque, pois não registrou compras nos primeiros sete meses de 2010 e em igual período de 2011 foi o quarto maior importador, com aquisições no valor de US$ 3,6 milhões. Município goiano será o 1º com banda larga a R$ 35 por mês Da Agência Brasil A partir do dia 23 deste mês, os moradores do município goiano de Santo Antônio do Descoberto vão poder contratar internet com velocidade de acesso de 1 megabit por segundo (Mbps) a R$ 35 por mês. Esta será a primeira cidade atendida pelo Plano Nacional de Banda Larga. Santo Antônio do Descoberto fica na Região do Entorno de Brasília, a cerca de 50 quilômetros da capital, e tem 61,7 mil habitantes. O serviço será oferecido pela Sadnet, uma prestadora de serviços de telecomunicações da cidade. Segundo o gerente de Marketing da empresa, Evandro Sá de Menezes, há uma grande expectativa e, até, uma cobrança da população por internet popular na cidade, já que o contrato entre a Sadnet e a Telebras foi firmado no início de junho. Para ter acesso ao serviço, será preciso contratar com a empresa o modem de acesso à internet e a instalação do equipamento, ao preço de R$ 299. De acordo com o gerente, é possível reduzir o valor do aparelho para, no máximo, R$ 199, se o governo oferecer redução na carga tributária que, segundo o gerente, representa 60% do preço do aparelho de conexão com a rede. A partir de setembro, a empresa de telefonia móvel TIM também vai oferecer internet com velocidade de 1 Mbps a R$ 35 por mês, com os incentivos do PNBL. As primeiras localidades atendidas pela operadora de origem italiana serão Samambaia e Recanto das Emas, no Distrito Federal, e Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto, em Goiás. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 120 mercado geral Cai o limite de espera de atendimento por planos de saúde Planos também serão obrigados a oferecer a cobertura de mais 60 procedimentos médicos Da Agência Brasil Em 30 dias, beneficiários de planos de saúde não poderão esperar mais do que sete dias por uma consulta com especialistas das áreas de pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia. Nas demais especialidades, o prazo de espera será de até 14 dias. Para consultas e sessões com fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas educacionais e fisioterapeutas, a espera será de até dez dias. As novas regras da Agência Nacional de Saúde (ANS) foram publicadas em junho no Diário Oficial da União, por meio da Resolução Normativa nº 259. As operadoras têm 90 dias para se adequar, contados a partir da data de publicação. Além disso, a partir de 1º de janeiro de 2012, os planos de saúde serão obrigados a oferecer a cobertura de mais 60 procedimentos médicos. A nova lista de serviços também foi publicada no dia 2 deste mês no Diário Oficial da União pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Entre os novos serviços estão 41 cirurgias por vídeo (uso de câmeras especiais), como para redução de estômago. Esses procedimentos são menos invasivos do que as operações convencionais. Outras novidades são a ressonância magnética para pessoas com câncer, o tratamento de doença ocular com aplicação de injeções e o uso de medicamentos especiais em casos de artrite reumatoide, assim como novas tecnologias para o tratamento de portadores de câncer de colo retal com metástase. O rol de serviços beneficia usuários de planos de saúde contratados a partir de 1º de janeiro de 1999. A lista completa de procedimentos pode ser acessada no site da ANS (www.ans.gov.br). Uberlândia recebe reforço para segurança Da Secom Foto: Wellington Pedro/Imprensa MG Para reforçar a frota do policiamento ostensivo de Uberlândia, o comando da Polícia Militar de Minas Gerais entregou neste mês 50 novas viaturas para a 9ª Região de Polícia Militar (RPM). São 25 veículos para o 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM) e outros 25 para o 32º BPM. No evento, o prefeito Odelmo Leão disse que a chegada dos veículos marca ainda mais o mês de aniversário da cidade, além de reforçar a parceria entre o município e o estado. “Nos últimos anos, o Governo de Minas tem investido em equipamentos modernos e profissionais qualificados pensando na segurança de todos. A entrega dessas viaturas é mais uma resposta do governo às parcerias que propusemos, mas o trabalho continua e buscaremos mais soluções para proporcionar tranquilidade à população”, afirmou. O Comandante Geral da Policia Militar, Coronel Renato Vieira de Souza, ressaltou que a parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado contribui para o desenvolvimento de Uberlândia. “É assim que o Governo de Minas trabalha ao lado dos municípios. O prefeito Odelmo Leão é um político reconhecido em nosso estado e trabalha sempre de mãos dadas com a Polícia Militar. Por isso, os recursos chegam a Uberlândia para bem servir a população”. As novas viaturas são da marca Fiat, modelo Palio Hatch Atractive flex (gasolina e álcool). Os veículos possuem quatro portas e são equipados com sinalizador acústico visual e transceptor VHF/FM móvel. ”Essas viaturas têm condições para operar 24 horas por dia. As manutenções serão constantes para manter esses veículos sempre aptos para atender à nossa sociedade”, disse o coronel Dilmar Crovato, comandante da 9ª RPM. Revista MERCADO | Agosto 2011 | 122