Autor: Celso Gnecco .........Gerente de Treinamento

Transcrição

Autor: Celso Gnecco .........Gerente de Treinamento
Autor: Celso Gnecco
.........Gerente de Treinamento Técnico
.........Roberto Mariano
.........Gerente de Serviços a Clientes
Sherwin-Williams do Brasil - Divisão Sumaré
Introdução
O acerto de cores na indústria de tintas quase sempre é problemática por que os profissionais
que se relacionam com os clientes e os próprios clientes desconhecem as dificuldades de se
reproduzirem as cores.
Não é raro a solicitação de uma cor de tinta por meio de uma cartela envelhecida ou de um
pedaço de metal ou de papel pintados. O resultado é que após a pintura, a cor não está de
acordo com o que o cliente imaginava.
Os pedidos de cores deveriam ser sempre feitos a partir de um padrão adequado para evitar
desgastes com os clientes e perda de tempo e de dinheiro.
Padrões de cores
Os padrões mais utilizados no Brasil são: Munsell, RAL e Federal Standard Munsell.
A notação Munsell indica uma cartela de cores que pertence a um livro com aproximadamente
2.000 cartelas padronizadas destacáveis. Existem duas versões , uma brilhante (glossy) e
outra fosca (matte). A mais usada é a versão brilhante. O livro Munsell é composto por dois
volumes , com um total de 40 páginas, sendo 20 com cartelas de cores básicas e 20 com cores
intermediárias.
As cores no livro Munsell são referidas pelas suas letras iniciais em inglês:
Cores básicas
Inglês
Letra
Cores intermediárias
Inglês
Letra
Vermelha
Red
R
Amarela/Vermelha
Yellow/Red
YR
Amarela
Yellow
Y
Verde/Amarela
Green/Yellow
GY
Verde
Green
G
Azul/Verde
Blue/Green
BG
Azul
Blue
B
Púrpura/Azul
Purple/Blue
PB
Púrpura
Purple
P
Vermelho/púrpura
Red/Purple
RP
Cores básicas
Inglês
Letra
Cores intermediárias
Inglês
Letra
Vermelha
Red
R
Amarela/Vermelha
Yellow/Red
YR
Amarela
Yellow
Y
Verde/Amarela
Green/Yellow
GY
Verde
Green
G
Azul/Verde
Blue/Green
BG
Azul
Blue
B
Púrpura/Azul
Purple/Blue
PB
Púrpura
Purple
P
Vermelho/púrpura
Red/Purple
RP
Cada cor básica ou intermediária tem 4 páginas com numeração de 2,5 em 2,5 (Exemplo: 2,5
R; 5R; 7,5R; 10R).
As 40 páginas estão distribuídas nos dois volumes da seguinte maneira:
Se abrirmos os dois volumes e os colocarmos de pé, unidos pelos dorsos, teremos a figura
acima, vista de topo. O eixo denominado N (de neutro, pois não há influência de nenhuma
cor), é onde se encontram as cartelas dos cinzas, desde o preto até o branco. Para não ter que
repetir 40 vezes, uma em cada página, a escala N dos cinzas, foi feita à parte com 37 cartelas
na versão brilhante e 31 na versão fosca.
Nesta escala as cartelas são apresentadas com a refletância que cada cor exibe. Na tabela
abaixo são referidas algumas destas 37 cartelas de cor da escala neutra na versão brilhante:
Cor Munsell Neutra
Refletância
Obs.
N 9,5
90,0
Branca
N9
78,7
Branca
N8
59,12
Cinza clara
N 6,5
36,2
Cinza média
N5
19,8
Cinza média
N 3,5
9,0
Cinza escura
N2
3,1
Preta
N1
1,2
Preta
Nota: Quanto mais clara é a cor, maior é quantidade de luz refletida (refletância)
Cada uma das páginas possui a distribuição das cartelas de acordo com as seguintes
coordenadas:
Tonalidade (hue)
É o atributo que expressa a cor das cartelas (vermelha, laranja, amarela, etc).
Refletância (value)
É o atributo por meio do qual a cor de uma cartela é julgada refletir mais ou menos luz (mais
clara ou mais escura)
Refletância (value)
Expressa o grau de pureza de uma tonalidade (mais viva ou mais pálida).
Na coluna da Saturação não existe o ( /0 ) que seria a coluna dos cinzas, cujas cartelas (N)
são apresentadas a parte:
^
Uma cartela do Livro Munsell
Exemplo de como uma cartela é localizada no Livro:
A cor para tubulações de incêndio é a Vermelha 5 R 4/14
para localizar a cartela no livro Munsell, deve-se procurar a página 5R (Tonalidade). Nesta
página procura-se nas linhas de Refletância (vertical) o ( 4/ ) e nas colunas da Saturação
(horizontal), o ( /14 ).
Com estas coordenadas localizamos a cartela 5R4/14, que pode ser retirada do livro e
comparada visualmente ou através de colorímetro computadorizado, com a cor do lote da tinta
produzida ou para reproduzir a cor através de uma formulação com os pigmentos disponíveis
no estoque. Os pigmentos são os responsáveis pelas cores das tintas, embora as resinas
também tenham alguma influência, mas muito pequena. Por exemplo, se a resina for
amarelada, as cores claras poderam sair com um ton levemente amarelado.
A linguagem Munsell é universal e pode ser usada para padronizar as cores, como por
exemplo, na segurança do trabalho (Norma ABNT NBR 7295) ou nas tabulações (Norma ABNT
NBR 6493).
Na padronização de cores de uma empresa é conveniente adotar cores de cartelas existentes
no Livro Munsell, ao invés de criar novos tons que não encontram correspondência no livro.
Este procedimento que resulta em notação fracionada (Ex.: 5,8 Y 3,6/9,2) pode encarecer e
tornar mais demorada a aquisição de tintas.
RAL
As empresas alemãs costumam usar o Sistema RAL, que tem 158 cartelas, é menos sofisticado
do que o Munsell, porém também apresenta cartelas de cores padronizadas. Não existe relação
entre as cartelas do sistema a RAL e as do Munsell. São padronizações independentes e
poucas são as cartelas que apresentam coincidência de cor nos dois sistemas. Utilizando um
colorímetro é possível determinar a cor Munsell a partir de uma cartela RAL, entretanto, a
notação poderá ser fracionada e não haver cartela correspondente no livro Munsell. A sigla RAL
que dizer: Rationelle Arbeitsgrundlagen für die praktiker des Lack As cartelas são identificadas
por 4 dígitos. Ex.: RAL 3009, que corresponde a cor vermelho óxido.
O sistema RAL é dividido em 9 grupos de cores com suas respectivas tonalidades:
Números
Grupo de cor
No de cartelas
1000
amarelas
23
2000
laranjas
9
3000
vermelhas e marrons avermelhadas
19
400
violetas e púrpuras
6
5000
azuis
19
6000
verdes
28
7000
cinzas
29
8000
marrons
17
9000
pretas, brancas, cinza claras e alumínio
8
As cartelas tem as dimensões de 210mm x 148 mm e nelas uma tarja colorida de 50mm x 148
mm ou de 105mm x 148 mm. Estas cartelas são guardadas em caixas de papelão pretas para
protegê-las da luz.
Existem duas versões das cartelas RAL, a semi-brilhante (840HR) e a brilhante (841 GL). A
mais usada é a semi-brilhante.
Existem também cartelas impressas que são distribuídas como brinde, com as principais cores
RAL, mas estas não são tão precisas como as referidas acima.
Federal Standard no 595a - Colors
O sistema Federal é americano e bem estruturado, com cerca de 500 cartelas de cores de ½
por 1 polegada ou de 3 por 5 polegadas.
As primeiras são apresentadas em um livro, e as segundas são vendidas avulsas. As cartelas
são classificadas por 5 dígitos: Ex. cartela FS 10076
1
0
076
^
^
^
a
b
c
cor: vermelho óxido
a - O primeiro dígito indica o aspecto do acabamento:
Dígito
Aspecto
Faixa de brilho (UB)
1
brilhante
no mínimo 80
2
semi-brilhante
entre 30 e 45
3
fosco
no máximo 6
Nota: as faixas de brilho apresentadas na tabela acima correspondem às cartelas de Federal e
não significam uma definição de limites para cada tipo de aspecto.
b - O segundo dígito indica o grupo de cor, de acordo com a tabela:
Cor predominante
Brilhante
Semi-brilhante
Fosca
marrom
10000
20000
30000
vermelha
11000
21000
31000
laranja
12000
22000
32000
amarela
13000
23000
33000
verde
14000
24000
34000
azul
15000
25000
35000
cinza
16000
26000
36000
preto, branca e metálica
17000
27000
37000
fluorescente
18000
28000
38000
c - Os últimos três dígitos indicam aproximadamente a ordem de crescimento da refletância,
com excessão dos fluorescentes. Quanto mais clara, maior é o valor dos três últimos dígitos.
Assim, a cartela FS 11630 é mais clara do que FS 11136. Também, como nas cartelas RAL, não
existe correspondência direta entre a notação Munsell e a Federal.
BS e AFNOR
BS é o sistema inglês da Britsh Standards e o AFNOR o sistema francês da Associacion
Française de Normalization. Ambos são parecidos com o sistema RAL alemão.
Pantone
Este sistema de cores foi desenvolvido para tintas de impressão gráfica, cujo substrato é o
papel. O Pantone tem sido usado em tintas de manutenção industrial, mas não é adequado
porque as tintas gráficas, em muitos casos possuem retículas e algumas cores ou tons são
quase impossíveis de serem reproduzidas com tintas de secagem ao ar ou em estufa. Sem
contar também que o substrato papel absorve parte da tinta.
Sistema de Tingimento Rápido
A produção de tintas sofreu um grande avanço com a introdução dos sistemas de tingimento rápido. As
fábricas ao invés de processarem centenas de lotes de tintas de cores diferentes, passaram a produzir
bases e pastas coloridas(também chamadas de pastas de tingimento), que no total não excedem a algumas
dezenas. É a racionalização na indústria de tintas.
Quando se deseja uma determinada cor, é só desenvolve-la no laboratório, passar a fórmula para o
computador e através dos sistemas STR (escala industrial ou RTS (escala de loja), produzir a tinta na cor
desejada.
O sistema STR funciona por gravimetria (por massa), ou seja, coloca-se o tacho sobre a balança e o
computador comanda a abertura de válvulas que adicionam no recipiente as quantidades programadas de
base e pastas coloridas. A balança indica o momento de abrir e fechar as válvulas automaticamente.
A grande preocupação do controle da qualidade é a manutenção das cores exatas das pastas coloridas,
pois qualquer variação nos tons, pode afetar significativamente a cor das tintas produzidas.
Nos distribuidores ou nas lojas o sistema RTS, também conhecido como sistema tintométrico, funciona com
as receitas (fórmulas) desenvolvidas e enviadas pela fábrica. Neste caso as adições de pastas coloridas à
base são feitas em volume.
O sistema tintométrico racionalizou o estoque das lojas, pois as máquinas produzem na hora a cor que o
cliente deseja, sem necessidade de recorrerem a grandes estoques de variadas cores.
Tanto no STR quanto no RTS, além do cuidado com a qualidade das bases e pastas, há que se ter muita
atenção na massa ou no volume de pasta adicionada e com a agitação constante destas pastas.
As bases usadas podem ser incolores (transparentes) ou brancas. As primeiras são usadas na produção de
tintas com cores profundas ou vivas e as últimas para cores claras ou tons pastéis.
Critérios para avaliação e comparação de cores
Alguns fatores devem ser considerados na avaliação e comparação de cores:
Brilho
Se o brilho estiver diferente entre duas tintas que estão sendo comparadas, a cor pode ser
exatamente a mesma, porém o aspecto visual pode induzir o observador a errar. É necessário
que as duas superfícies estejam a um mesmo angulo de observação e de preferência que se
elimine o reflexo da luz incidente. O reflexo pode clarear a cor e provocar enganos.
Na comparação de tintas com brilhos diferentes o cuidado é o mesmo, isto é, na observação,
deve-se procurar um angulo que elimine o brilho.
Espessura
Espessuras baixas da camada de tinta podem provocar erros em virtude de ficarem finas e
deixarem transparecer a cor da superfície onde foram aplicadas. Espessuras muito baixas
podem provocar também mudança no brilho de tintas.
Cobertura
A baixa cobertura de uma tinta também pode conduzir a erros, pois a cor da superfície na qual
foi aplicada transparece e prejudica a comparação de cores. É possível que aplicando camadas
adicionais, ou em espessuras maiores a cor possa ser comparada sem problemas, mas para
isto há necessidade de usar mais tinta do que o previsto.
Fonte de luz
A comparação de cores depende fundamentalmente da fonte de luz. Por exemplo, se a
comparação é feita a luz do dia e não se nota diferença nas cores, pode ser que se
comparadas sob luz incandescente haja diferença. Sob luz de lâmpadas fluorescentes também
pode haver diferença.
Existem três fontes de luz padronizadas e montadas em uma cabine chamada de McBeth. As
três fontes são: Luz do dia, Incandescente (ou luz do horizonte) e fluorescente ou luz branca
de lâmpadas. Uma quarta fonte costuma ser adicionada na cabine, que é a luz UV
(ultravioleta) ou luz negra. O fenômeno da cor se modificar dependendo da fonte de luz é
chamado de metameria. Em algumas situações há necessidade da tinta se igualar á um padrão
em qualquer uma das três fontes de luz, ou seja, não pode haver desvios ou metamerismo.
Em outras, por exemplo tinta para um tanque ao ar livre, somente é solicitado que haja
semelhança á luz do dia, pois um tanque ao lado de outro só poderá ser observada durante o
dia.
Na produção de uma cor que em comparação com um padrão não sofra metamerismo nas três
fontes de luz, o colorímetro irá indicar os mesmos pigmentos usados no padrão ou pigmentos
com cores muito próximas destes. Por isso a formulação será mais cara.
Tipo de substrato (papel ou metal)
O fato do papel ser absorvente pode influir de alguma forma na avaliação e na comparação de
cores, pois pode-se ter variações na cor e no brilho em comparações com a mesma tinta
aplicada sobre placas de aço, alumínio ou folha-de-flandres, materiais não absorventes.
.

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