Complementos de Física Experimental (1ª Parte)
Transcrição
Complementos de Física Experimental (1ª Parte)
I UNIVERSIDADE DE SAO PAULO INsTITUTo DE r'Ísrcn COMPLEMENTOS de Física Experimental (1¿ Parte) J. H. Vuolo L994 Prefd,cio Esta apostila se d,esti,na, ø complernentar os liaros teato d,e Física Geral e outro,s ilisci,plinøs ern øssuntos que, usuølntente não sã,o tratøilos corn sufi,cientes d,etølhes. Isto é, esta apostila nõ,o substitui tais liaros e nã,o d,ispensa ø leitura d,os mes¡nos. Assim, para, o leitor que nã,o atentar parø este d,etalhe, esta apostilo, pod,eró pl,recer muito falhø em certos conceitos bd,sicos e cotn tópicos se¡n nenhumø sequênci.a. Euíilentemente, isto nã,o quer d,izer que nã,o eaistem følhas ile rninha parte. Neste cøso, só restø peili,r d,esculpas e tentør corri,gir tais falhas em edi,ções futuras. Agrød,ecimentos ¿o Prof. Giorgio Moscati pelo i.ncenti,ao e coløborøçõ,o nas questões ligød,as à. Metrologiø. Agrailecimentos øo Prof. Aluisio N. Fagundes petø grand,e ajuila com o eomputød,or e cotn os prograrnt.s, usad,os nø eiliçã,o iløs øpostilas. Sõ,o Paulo, 'l d,e Julho d,e 199/ José'llcnrique Vuolo Indice ... 1.1 Bipolos elétricos ... pg. 1 ... . pg. 1 1. Leis de Kirchhof 1.2 Potência transferida para o bipolo . Kirchhoff 1.4 Solução de circuitos .... ... pg. 3 pg. 5 1.3 As leis de .. pg. 7 2. Geradores 2.1 Gerador de força eletromotriz ..... .. 2.3 Modelo simplificado de gerador 2.2 Principais tipos de geradores . 11 pg. 12 pg. 16 pg. 21 3. Curvas características 3.1 Curva característica pg. .. . 3.2 Elementos resistivos .... 3.4 Solução de circuitos por método gráfico 3.3 Elementos resistivos comerciais .. pg. 21 .... pg. 23 .. pg. 26 .... pg. 33 1.5 Simbologia pg. 39 4. Termos técnicos usados em metrologia 5. Estimativas de incertezas experimentais 5.1 Distribuições de erros . pg. 49 ... pg. 39 pg. 40 5.2 Número de graus de liberdade 5.3 Incerteza padrão .. P8. 40 5.4 Limites de erro pg. 51 incertezas 5.6 Incerteza padrão tipo A e tipo B pg. 53 5.5 Propagação de B 5.8 Estimativa da incerteza padrão tipo A 6. Sistema Internacional de Unidades 5.7 Estimativa da incerteza padrão tipo .... pg. 53 ..... pg. 54 ..... pg. 58 pg. 69 6.1 Sistema Internacional de Unidades pg. 69 6.2 Valores de algumas consüantes físicas pg. 73 pg. 75 7. Multímetro 7.1. . pg. 75 ... pg. 77 Multímetro 7.2 Multímetro analógico . . pg. 83 7.3 Multímetro digital 7.4 Medição em corrente alternada ... . .. pg. 88 .. pg. 89 8. Tensão e corrente alternadas pg. 8.1 Conceitos básicos 8.2 Rede elétrica comercial .. ,... 9. Choque elétrico 9.1 Efeitos da corrente no corpo humano 9.2 Choque entre uma das mãos e a terra 9.3 Choque entre uma das mãos e a 1.4 Ligação de instrumentos à terra outra 89 pg. 92 pg. 95 pg. 95 .. ps. 99 .... pg. 100 pg. 100 ### L Leis de Kirchhoff As Leis d,e Ifirchhoff (Lei das Tensões e Lei ilas Comentes), ile circuitos elétricos sã,o resumi,estas leis, é, necessd,rio esParo, enteniler das nestø Seção. tøbelecer certa,s conaenções po,ro, poløri,ilad,e ile tensõ,o e corrente e¡n bipolos, øs quais sã,o também øpresentailas. Para entender melhor estas conaenções, é øpresentadø também ø fórmulo, para a potê,nciø trønsþriilø ø un't, elemento bi,polar ile ci.rcuito. essenciøis pør& ø soluçõ,o 1-.L Bipolos elétricos Bipolos elétricos são componentes elétricos com apenas 2 terminaisl. Exemplos de bipolos são resistores, capacitores, indutores, pilhas, diodos semicondutores e outros. Além destes, existem os chamados multipolos elétricos que são componentes com mais de dois terminais. Os bipolos são muito importantes porque, além de serem muito utilizados individualmente, são os componentes básicos para a construção de outros multipolos ou são os modelos biísicos para se entender o funcionamento de multipolos mais complicados. Por exemplo, uma ponte retificadora2 pode ser entendida como um quadripolo, isto é, um comlBipolos elétricos são discutidos na Referência 1. A expressão "dipolo elétrico" é usada em eletromagnetismo com sentido um pouco diferente. 2Uma ponte retificadora é mostrada nos Exercícios da Seção 3. r- r 1 ### 1. LEIS DE 6çRCHHOFF 2 i î, BIPOLO BIPOLO v v (u) (b) Figura I.L: Representações num bipolo elétrico. d,ø t'ensõ'o elétri,ca V e d,a conente elétrica i ponente eletrônico com 4 terminais. Entretanto, a ponte retificadora é construída a partir de 4 diodos, que são bipolos. Exemplos importantes de quadripolos, além de ponte retificadora são transformadores, amplificadores e filtros. Um bipolo elétrico qualquer pode ser representado como é mostrado nas Figuras 1.1.(a) ou 1.1.(b). i é positiva se a corrente passa pelo bipolo no sentido indicado pela seta e negativa no caso contrário. A diferença de potencial elétrico V, também chamada de tensão elétrica, é indicada como nas Figura.s 1.1.(a) ou 1.1.(b), com a ponta da seta apontønd'o pt.rø o ponto ile potenci,øl møi,s ølto. Para um simples resistor, por exemplo, a corrente elétrica sempre flui para o ponto de potencial mais baixo, de forma que a seta de tensão é sempre oposta à de corrente como na Figura 1.1.(a). Como outro exemplo, se uma pilha está fornecendo energia para o circuito, a tensão e corrente são representadas como na Figura 1.1.(b), pois, neste ca"so, a corrente flui no sentido de potenciais mais altos. A corrente elétrica Quando os sentidos da corrente e da tensão num dipolo são conhecidos, d,euem ser necessariø¡nente i,nd'icad,os corn os sentidos cometos, Entretanto, quando a tensão V e a corrente i forem quantidades desconhecidas, pode-se escolher um sentido qualquer para a comente, indicando a tensão conforme a Figura 1.1.(a). 1.2. POTENCIA TR,ANSFERIDA PARA O BIPOLO 3 B ^i BIPOLO v Figura L.2: Um bipolo colocad,o entre pontos A e B d'e um circuito. Quønilo u'ma, ct,rgø L,q se desloca de A øté B, uma certa quo'ntid,ade d,e energi,a AU é trønsferidø parø o bipolo. L,2 Potência transferida para o bipolo Um bipolo inserido num circuito elétrico pode absorver energia do circuito ou fornecer energia ao mesmo. Num circuito simples com uma única pilha e resistores, a pilha fornece energia para o circuito, enquanto que cada resistor absorve energia do circuito. A seguir, será deduzida uma expressão geral para a potência P transferidø pøra o bipolo. Conforme será visto, esta potência pode ser positiva ou negativa. No caso em que P é positiva, isto significa potência absorvida pelo bipolo. No caso em que a potência P transferida ao bipolo é negativa, isto significa que o bipolo é quem está realmente fornecendo energia para o circuito. Na Figura 1.2, se uma carga Aq se move de um ponto A a um ponto B, a sua perda de energia potencial é LIJ : LqV¡ - A'qVs - LqV onde t/ - v¿ - vB (1.1) (1.2) sendo V¡ e Vn os potenciais elétricos em A e B, respectivamente. Uma vez que, a carga Ag não tenha se acelerado no percursos, resulta sNum circuito comum, a{t carga¡¡ elétricas se movem mas, em média, não se aceleram. Discussão mais detalhada é apresentada na Seção 28.6 da Referência 2' ### 1. 4 LE¿S DE IçRCHHOFF que a energia AU permaneceu no bipolo. Dividindo-se as expressões pelo tempo Aú em que ocorreu o processo, obtém-se AU v Aq Aú Aú Por definição, a corrente elétrica i enquanto que, a potência i (1.3) é Aq (1.4) A¿ Pé P : ^* (1.5) Substituindo na Equação 1.3, resulta que a potência maneceu no bipolo é dada por P=Vi P que per(1.6) Esta potência P é, portanto, a potência trønsferid,a do circuito pa,ra o bipolo. Se resultar um valor negativo para P, isto significa que a potência foi transferid,o, ilo bipolo parn, o ci,rcuito. Deve ser cuidadosamente observado que esta interpretação do sinal de P vale para V e i com as polaridades indicadas na Figura L.2. A inversão de uma das setas na Figura 1.2, significa inversão na interpretação do sinal de P. A seguir são apresentados alguns exemplos. I Resistor. No caso de um simples resistor, a corrente elétrica sempre flui de um poten- Exemplo cial mais alto para um potencial mais baixo, de forma que as setas queindicam V e i sãosempre opostas, resultando que ambas são positiva^s ou ambas negativas. Assim, P : Vi resulta sempre positiva, significando que um resisúor sernpre øbsorae energia d,e um circuito. i resistor R V Figura 1.3 1.3. AS LEIS DE IçRCHHOFF 5 Exemplo 2. Cøpøcitor. No caso de um capacitor, a placa carregada positivamente é a de maior potencial. Assim, a seta de tensão V aponta sempre para a placa positiva. Quanto à corrente elétrica i, o sentido pode ser qualquer. No caso mostrado na Figura 1.5, acorrente i > 0 éno sentido de carregar o capaciüor. Assim,V e i cøpøcitor C 2 t: l=i v Figura 1.4 sãopositivosea potência P resulta positiva, de forma que o capacitor está retirando energia do circuito. Entretanto, o capacitor ideal apenas a,rmazena energia em suas placas. Se a corrente inverter de sentido (i < a potência P se torna negativa, significando que o capacitor estará fornecendo energia para o circuito. 1-.3 As leis de Kirchhoff Uma malhaé definida como qualquer percurso fechado em um circuito. No exemplo da Figura 1.5 existem 3 malhas. A malha Mt é o percurso que passa pela pilha e pelos resistores Rt e r. A malha M2 passa por Rt, Rz e pelo bipolo X. Uma malha externa Ms passa por todos os componentes do circuito, exceto .R1 . A, Lei das Tensões ile lfirchhoff a estabelece que é nula a soma algébrica das diferenças de potencial ao longo de uma malha qualquer. Esta lei é uma consequência imediata da definição de potencial elétrico. Por exemplo, considerando um percurso fechado passando por 3 pontos quaisquer A, B e C, em potenciais V,q,, VB e Vc , (V¡ - VB) +(Vp - Vc) *(V" - V¡) - o 4A Lei das Tensões de Kirchhoff também é chamada la Lei de Kirchhoff ou Lei das Malhas. A nomenclatura do texto é a utilizada na Referência 3. ### 1. 6 ---+ A LEIS DE IçRCÍTHOFF la, <ç Rl Motho I Motho ? ? I X t BR vx ? Figura L.5: Eaemplo ile ci,rcuito elétrico. Para aplicação imediata da Lei das Tensões, é necessário que as setas que indicam as tensões elétricas ao longo da malha estejam todas num mesmo sentido, tal como na malha Mz da Figura 1.5. Neste caso, resulta da Lei das Tensões que Vt*Vx*Vz:0 ( 1.7) Entretanto, se existem tensões representadas por setas oposta^s ao sentido de percurso, basta inverter o sinal desta^s tensões. Por exemplo, para a malha M1 , r'esulta Ue-Vm-V:0 (1.8) Não é difícil verifica¡ que, se a Lei das Tensões for usada para a malha Ms resulta uma terceira equação que é a soma das Equações 1.7 e 1.8. Portanto, esta equação não é linearmente independente das anteriores. Exceto no caso de circuito com uma única malha, o número de equações independentes é sempre menor que o número de malhass. Em circuitos mais simples, de umas poucas malhas, não é difícil escolher somente rn equações independentes. Mas nada impede que sejam usadas mais que nz equações, se isto ajudar na soluçã.o das mesmas. 6Uma discussão mais detalhada do número de equações independentes em um circuito pode ser enconürada na RBferência 3. 1.4. soLUÇAO DE CIRCUITOS 7 Um nó é definiclo como um ponto de interligação 3 ou mais fios de um circuito. Pol exemplo, o ponto A da Figura 1.6 é um nó. A Lei das Correntes dc lfirch,hoff 6 estabelece que é nula a soma algébrica das colrentes que convergem para um nó de um circuito. Bvidentemente, correntes que entram num nó devem ser consideradas com sinal oposto ao clas que saem. Esta lei é consequência da conservação de cargas. Uma vez que as cargas não podem se acumulal em um nó, resulta que a soma das correntes que chegam ao nó deve ser igual à soma das correntes que saem do mesmo. Assim, aplicando a Lei das Correntes para o nó A da Figura 1.5, resulta i+ir-ir-0 (1.9) Conforme pode ser visto da Figura 1.5, é inírtil usar a Lei das Correntes para o nó B, pois resulta a própria Equação 1.9. No caso geral de n nós, existem (rz - 1) equações linearmente independentes para as correntes. L.4 Solução de circuitos O ponto de partida para a solução de problemas de circuitos elétricos são as Leis das Colrentes e das Tensões de Kirchhoff. Num circuito qualquer com n nós podem ser escritas rn equações independentes pata as tensões e (n - 1) equações para a.s correntes. Além das equações independentes obtidas das Leis de Kirchhoff, podem existir relações gerais entre tensão e corrente elétrica para cada bipolo particular. Por exemplo, no caso de um resistor a relaçã.o entre tensão e corrente é dada pela Lei de OhmT V:Ri A partir das equações acima, podem ser determinadas as quantidades incógnitas do circuito, se o número de quantidades conhecidas for suficiente. 6A Lei das Correntes tambémé chamada 2aLei de l(irchhoffou Lei dos Nós. 7A Lei de Ohm é discutida na Seção 3. ### 1. LErS DE KTRCHHOFF 8 Por exemplo, no circuito da Figura 1.5, pode-se usar a Lei de Ohm para os resistores, obtendo-se Vt=Rtü Vz:Rziz e V:ri (1.10) Assim, as Leis de Kirchhoff e a Lei de Ohm permitem escrever 6 equações independentes pa,ra o circuito da Figura 1.5. As quantidades envolvidas são Vo, Vx, Vt, Vz, V, i, it, iz, .Br, Rz er (1.11) Admitindo que o circuito da Figura 1.5 é um circuito de corrente contínua (CC ou DC)t, para o qual a"s tensões e correntes são constantes, as 11 quantidades relacionadas são constantes e, se 5 delas forem conhecidas, æ 6 demais quantidades podem ser determinadas. No caso de várias malhas envolvendo bipolos mais complicados tais como capacitores e indutores, o problema pode ser mais complicado, pois as equações pa,Ìa as malhas envolvem derivadas e integrais da"s correntes. Isto é, pode resultar um complicado sistema de equações diferenciais para o circuito. As relações gerais entre tensão e corrente para alguns bipolos são discutida^s na Seção 3. Referências 1. L.Q.Orsini, Circuitos Eletrônicos, Editora Edgard Blucher, São Paulo (1963). 2. D. Halliday, R. Resnick e J. Merrill, Funilamentos 3. C. M. Close, Circuitos Li,neares Física 3 Eletromøgnetismo, Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, Rio de Janeiro (1991). d,e /, EDUSP e Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.,Rio de Janeiro (1975). 80 regime de corrente contínua é usualmente indicado por DC, que vem expressão inglêsa "Direct Current". da I 1.4. soluÇÃo DE CIRCUITOS 3 ='! ó Fonte _s Rr=? Ra=? (L e n DC Ra R5 Figura 1.6: Exercício 1. No circuito da Figura 1.6, o bipolo X é uma pilha com força eletromotriz e e resistência interna r. As resistências Rt , Rq e ^R¿ são conhecidas, enquanto Rz , Re e ß5 são desconhecidas. Na fonte de alimentação DC à esquerda, a tensão V pode ser modificada. Explicar detalhadamente como podem ser determinadas as resistências Rz, Rs, Rs e r, bem como e, rcalizando medidas com um voltímetro digitale. eO voltímetro digital tem resistência interna bastante alta. Admite-se aqui, que não há nenhuma alteração no circuito quando o voltímetro é usado. i0 I ### 2 Geradores d.iscutidos nesta Seçã,o. Alé,m ilo conceito d,e gerød,or, sõ,o apresentød,os os tipos d,e gerailores e um mod,elo sí,mplif,cøilo parø gerador DC. Gerad,ores de 2.L forçø eletromotriz sõ,o Gerador de força eletromotriz Um gerad,or d,e força, eletromotriz (fem) pode ser entendido como qualquer dispositivo que pode gerar e manter uma tensão elétrica, convertendo outras formas de energia em energia elétrica. A fem se distingue de outra tensão elétricaqualquer de um circuito no sentido que a femé bastante independente do circuito, sendo a energia elétrica correspondente gerada a partir de outro tipo de energia. Um exemplo simples de gerador é uma pilha comum. A ferné devida aos potenciais eletroquímicos de substâncias da pilha. Uma pilha pode fornecer para um circuito, a energia liberada em reações químicas. Usualmente, a palavra t'gerador" é usada para um dispositivo que pode fornecer energia elétrica em quantidade suficiente para alimentar circuitos. Entretanto, conforme a definição acima, "gerador" tem um significado bem mais amplo. Não só uma gigantesca turbina hidroelétrica ou uma poderosa bateria se enquadram na definição de gerador, mas também diminutos dispositivos, tais como um minúsculo detetor fotovoltaico ou uma sensível termopilha. 11 ### 2. T2 Um gerador de fem pode ser esquematizado conforme é mostrado na Figura 2.1. Os condutores A e B são carregados com cargas *q e -Q ¡ respectivamente. A diferença de potencial e é proporcional à carga ,: GERADORES P.T.C e I Cq O dispositivo pode fornecet uma corFigura Z.lzGerød,or. rente i para o circuito, mas a carga g tencle a diminuir, evidentemente. Num gerador, sempre existe algum processo de transporte de cargas (P.T.C) que transporta cargas positivas diretamente de B para A, de forma a manter a carga g constante. Evidentemente, este transporte de cargas de B para A requer energia que, no caso de um gerador, deve resultar de conversão de outras formas de energia que nã.o seja elétrica. Na prática, os diversos tipos de geradores podem ser bastante difelentes do dispositivo esquemático da Figura 2.I e o processo de transporte de cargas pode ser extremamente complicado. 2.2 Principais tipos de geradores Gerador eletromagnético A fem é gerada por variação de fluxo magnético em bobinas, conforme a Lei de Faraday da Induçãol. Os exemplos mais importantes são os geradores conhecidos, tais como geradores ou alternadores de veículos, geradores das turbinas hidroelétricas e geradores para suprir falta de energia da rede elétrica. Entretanto, existem muitos dispositivos que, lPor exemplo, ver Referências 1, 2 e 3. 2.2. PRTNCIPAIS TIPOS DE GERADORES 13 embora nã,o funcionem como fonte de energia elétrica, são entendidos como geradores. Bxemplos de tais geradores são miclofones magnéticos, bobinas rotativas ou sondas magnéticas para medil campo magnético e bobinas de Rogowisky ou "amperímetros alicate" para medir corrente elétrica. Pilhas eletroquímicas A fem é gerada a partir dos potenciais elétricos que ocorrem quando diferentes substâncias químicas são colocadas em contacto2. Quando a pilha fornece cortente, a fem é mantida por reações químicas. Uma infinidade de pilhas ou baterias são comercialmente disponíveis, desde minúsculas pilhas de relógios de pulso até gigantescas baterias de submarinos antigos. Além disso, pilhas rudimentares de baixa eficiência podem ser facilmente construídas a partir de soluções químicas comuns e eletrodos metálicos. Nem sempre a funçã.o cla pilha é fornecer energia para um circuito. Por exemplo,, a Ttilh,a Ttadrõ.o de Weston fornece /ern e : 1.01485Volt a 20o C . A variação nesta fern com a temperatura é menor que 0.00005 Volt por grau centígrado. Assim, esta pilha é muito útil como tensão de referência, por exemplo, para calibração de instrumentos. Gerador fotovoltaico A incidência de onda eletromagnética numa junçã.o p-n de um semicondutor adequado, pode resultar numa fem dftetamente relacionada com a onda eletromagnética incidentes. Assim, a energia da onda eletromagnética pode ser diretamente converticla em energia elétrica e' portanto, tem-se um gerador. Os exemplos mais comuns de tais geradores são as células de silício usadas em células solares e células de selênio usadas em fotômetros. Células comerciais de silício funcionam com eficiência em torno cle 10%, fornecendo corrente da ordem de 20 mAf cmz em pleno sol. Atualmente, painéis de células solares têm sido usados para fornecer 2Por exemplo, ver Capítulo 10 da Referência 4. 3Por exemplo, ver Capítulo 10 da Referência 5. T4 ### 2. GERADORES energia para satélites, relógios, calculadoras, estações metereológicas, estações repetidolas de sinais de TV e outros equipamentos em locais distantes da rede elétrica comercial. As células de selênio são menos eficientes que as de silício, mas têm a glande vantagem de ter uma sensibilidade espectral próxima à da visão humana. Isto as torna mais adequadas para fotometria. Existem vários tipos de detetores fotoaoltaicos de ladiação que também podem ser entendidos como geradores fotovoltaicos. Dvidentemente, a função de tais detetores nåo é fornecer enetgia, mas permitir a medida de ondas eletromagnéticas (luz comum e infravermelha). Em princípio, um fotod.iodo também funciona como detetor fotovoltaico. Entretanto, para medida da ladiação eletromagnética, o fotodiodo funciona melhor quando polarizado por uma tensã,o elétlica externa. Gerador termoelétrico Um termopar simples é construído ligando-se 3 fios em série, sendo o fio do meio de material diferente, por exemplo cobre-constantan-cobre. Se as duas junções dos fios sã,o mantidas a temperatulas diferentes, surge uma fem termoelétrica que é propolcional à diferença de temperaturas entre as junções. Para os termopares mais usados, as tensões termoelétricasa são cla ordem de 30 a 100 pvl'C. Um termopar simples serve para medir temperaturas. Uma termopilha é um conjunto cte telmopares muito clelicados, ligados em série e funciona como um detetor térmico de radiação eletromagnética (luz visível, ultravioleta, infravermelho ou qualquer outra radiação capaz de aquecer significativamente as junções da termopilha). Além de detetores térmicos de radiação e termopares para medir temperaturas, o princípio do termopar é usado na construção de um gerador termoelétrico de potência, capaz de fornecer energia pata alimentar circuitoss. Tal gerador pode funcionar queimando óleo, por exemplo, sendo bastante incômodo e ineficiente. Dntretanto, pode sel tuma boa solução para alimentar um radiotransmissor em locais distantes da rede de energia elétrica. aAs fem termoelétricas de alguns metais e ligas são dadas nas Referê¡rcias 5 e 6, por exemplo. sPor exemplo, ver Capítulo I da Referência 5. 2,2. PRINCIPAIS TIPOS DE, GERADORES 15 Gerador eletrostático O gerador eletrostático funciona essencialmente como mostrado na Figura 2.1, mas a geometria dos condutores A e B é bastante diferenteo. As cargas são geradas por atrito e transportaclas por meio de uma cinta transportadora de B para A. Dste processo é extremamente ineficiente, de forma que o geraclor eletrostático não serve como fonte de energia elétrica no sentido usual. Entretanto, o gerador eletrostático tem a grande vantagem de produzir fem com valores extremamente altos, até dezenas de milhões de Volts. Dsta fem permite acelerar partículas carregadas, obtendo-se assim, feixes de partículas pesadas de alta energia. Geladores eletrostáticos foram, e ainda são bastante utilizados como aceleradores de íons. Gerador piezoelétrico Certos cristais geram /ern quando submetidos a forças. Como exemplos conhecidos podem ser mencionados os microfones piezoelétricos e acendedoles de chamas piezoelétricos. Além disso, tais dispositivos também poclem ser usados como sensores de força. Gerador Hall condutor ou semicondutor tlansportando corrente elétrica é colocado num campo magnético transversal à corrente, surge uma /ern transversal à corrente e ao campo magnético chamada fem flall7. A fem l{all é proporcional ao campo magnético e à corrente elétrica. Assim, o gerador Hall pode ser utilizado para medir campo magnético, se a corrente que passa pelo dispositivo é conhecida. O gerador Hall é palticularmente útil para medir campo magnético constante. A' fem I{all também pode ser usada pala medir correntes contínuas muito altas, aplicando-se um campo magnético conhecido ao condutor. Se um 6Um desenho detalhado de um gerador eleürostático é mostrado no Capítulo 29 da Referência 7. TPor exemplo, ver Capítulo I da Referência 5. ### 2. 16 GERADORES Gerador MHD O princípio do gerador magnetoh,idrodinô,mico (MHD) é basicamente o mesmo do gerador Hall, sendo a corrente elétrica devida a um jato de gas ionizado e não uma corrente elétrica usual como em um condutor ou semicondutor. A, fem gerada é transversal ao jato de gas. O gerador MHD é apenas um objeto de pesquisas científicas8 que, se funcionasse com eficiência, permitiria converter diretamente a energia térmica em elétrica, usando um gas aquecido a altas temperaturas. 2.3 Modelo simplificado de gerador O geradores apresentam várias limitações quando estão fornecendo corrente elétrica. A fem e pode sofrer alterações em função da corrente e sempre existem resistências internase. A resistência interna depende bastante do tipo de gerador e do processo de transporte de carga para manter a carga g. Além dos fios de ligação, podem existir resistências associadas aos materiais conclutores ou semicondutores no interiol do getador'. A fem pode diminuir com a colrente elétrica. Por exemplo, no gerador eletrostático, a capacidade do processo de gerar e transpoltar cargas é muito limitada, de forma que, mesmo para correntes não muito altas, a fem não é mantida. Urn gerador eletromagnético tende a ser freiado quando está fornecendo corrente. Assim, se o torque externo aplicado ao gerador não aumentar, a rotaçã.o diminue e também a fem. No que segue, são considerados somente geradores de corrente contínua (DC). Um gerador ideal é definido como um gerador pala, o qual a força eletromotriz e é, sempre igual tensão elétrica V nos seus terminais, independentemente da corrente elétrica i . O gerador ideal é apenas zrn mod.elo de gerador, que é útil para se construir modelos mais complicados para geradores reais. Um gerador ideal, dificilmente é um modelo adequado para descrever um geradot real. sVer Referência 8, por exemplo. eAlém de resistências internas, pode existir capacitâncias e indutâncias. No caso mais geral, pode-se falar em impedância internas. 2,3. MODELO SIMPLIFICADO DE GERADOR i:0 L7 N t R 2 (") (b) Figura 2.22 Modelo simplificado para um gerador DC. V (Votts) e fi i.(A) Figura 2.3: Curua carøcterística V x i Iro,ro, o moilelo simpfficailo gerø,ilor DC mostrøilo nø Figurø anterior. d,e ### 2. 18 GERADORES As Figuras 2.2 mostram o modelo simplificado para um gerador DC real que consiste de um gerailor iileøl de fern e associado em série com uma resistência ri, que é chamada resistência, i,ntema do gerador. Usando a Lei da"s Tensões de Kirchhoff no circuito da Figura 2.2.b, obtém-se (2.1) V:e-r¿i A Figura 2.3 mostra a relação entre Uma vez que V = Ri, obtém-se .e ô-e V e i, para esge modelo (2.2) R*r; Para o gerad,or em circuito øberto (à : V -- e. Pa¡a o gerad,or em curto-circuito máximae V!0. A potência P æ), a corrente é nula (Ë:0), que é transferida para a resistência p:Vi=Riz= de gerador. r=R".= (ft + r¡)2 R a correnteé é (2.8) Conforme pode ser demonstrado, esta potência é m¡íxima quandolo R r¡. Assim, um gerød,or transfere ø ¡nd'xirna potência para o circuito eaterno quønilo a resistênciø interna é iguøl à eúerna. : Fonte de Alimentação DC. Uma fonte d,e o,limentøçõ,o DC ê, tm circuiúo com transformadores, diodos, capacitores, transistores, resistores e outros componentes, que fornece tensão elétrica constante, geralmente ajustável, para alimentar outros circuitos. A fonte de alimentação DC é alimentada pela rede elétrica ou por um gerador, e portanto, nõ,o é um geradnrno sentido da definição dada neste texto, pois não converte outras formas de energia em energia elétrica. Entretanto, uma fonte de alimentação DC num circuito, tem comportamento semelhante a um gerador DC. roVer Exercício l. 2.3. MODELO SIMPLIFICADO DE GERADOR 19 Referências Fund,amentos d,e Física - 9, Editora S.4., Rio de Técnicos e Livros Científicos Eletromo,gnetismo, Janéiro (1991). 1. D. Halliday, R. Resnick e J. Merrill, 2. R. M. Eisberg e L. S. Lerner, Física - Fund'arnentos e Apli'cøções, Vol.3, McGraw-Hill, São Paulo (1983). 3. P.A.TipIer, Físi,ca 9, Ed.Guanabara Dois, Rio de Janeiro(1978). 4. W. J. Moore, Físico-Químicø,Livrc Técnico S.A. e EDUSP, Rio de Ja¡reiro (1968). 5. V. Stupelman and G. Filaretov, Semi'conilutor Deai,ces, MIR Pub- lishers, Moscow (1976). 6. N. Koshkin and M. Shirkevich, Høndbook of Elementary Physi'cs, MIR Publishers, Moscow (1968). 7. D. Halliday, R. Resnick e J. Merrill, Físicø 9, 4aEd., Livros Técnicos e Científicos Editora S.4., Rio de Janeiro (1984). 8. L. Artsimovitch, ers, Moscou. Physique líIémentøire iles Plasmøs, MIR Publish- 20 ### 2. GERADORES Exercícios 1. Pa¡a obter a máximapotência que pode ser extraída de um gerador, deve-se encontra¡ o máximo de P, dado pela Equaçãa 2.3, admitindose .R conio variável. Obter a condição de máximapotência transferida ao circuito externo e a expressão para esta potência m¿íxima. 2. A corrente de curto-circuito de uma pilha comum é aproximadamente 2 A . Estimar a resistência interna e a máxima potência que esta pilha pode transferir a um circuito externo. 3. Cada célula solar de silício fornece aproximadamente uma tensão de 0,45 Volt. Calcular aproximadamente a corrente elétrica que pode ser obtida de uma célula de t cr¿2 em pleno sol, admitindo-se uma eficiênciada ordem de l0 Yo . Apotência de radiação útil para conversã,o fotovoltaica é aproximadamente æ L\ÙmWf crnz . 4. A insolação média no Estado de São Paulo equivale aproximada- mente a 5 horas diárias de pleno sol ^, L\ïmWlc,rnz . Admitindo uma eficiência de l0To, calcular a á,rea (em lcmz) qtt" deveria ser coberta com painéis solares para fornecer energia equivalente à da usina hidroelétrica de Itaipu ( 13,2 GW ). ### 3 Curvas Características As reløções gerais entre a tensõ,o elétricø V e corrente elétríca i ern urn bipolo sã,o iliscutiilo,s nesta seçõ,o. Em particulør, sã,o apresentød,as øs defi,nições d,e elemento resisti,oo, ele¡nento resistiao lineør e nõ,o Iinear, Lei d,e Ohm, curaos carøcterísti,co,s dos elementos resistiaos mai,s cornuns e detølhes sobre conuenções e simbologia. 3.1 Curva característrca Um gráfico da corrente elétrica i em função da tensão I/ é chamado curva característica do bipolo, se este gró,f'co seruir pa,rø cør&cterizar o comportørnento ilo bipolo sob determinadas condições ambientais. Para se obter a curva ca¡acterística, aplica-se uma tensão V ao bipolo e mede-se a corrente i. Assim, do ponto de vista operacional, a tensão V é que deve ser considerada como variável independente e a curva característica deve ser o grá,fico i xV, que é o grrífico geralmente apresentado em livros de eletrônica e manuais de fabricantes. Entretanto, do ponto de vista conceitual, parece preferível usar V x i como curva característica. como mostram as Equações 3.1 e seguintes' por exemplo. Neste texto, será sempre usada o griifico V x i. Nem sempre um bipolo tem uma curva característica pois o gráfico V x i pode não ser definido, como é mostrado a seguir. 2t ### 3, 22 CURVAS CARACTERíSTICAS A relação geral entle a tensão V e a colrente pode ser escrita na seguinte forma geral i em um bipolo : v : v(...,1idt, i,,#,...,0t,,02, ...) (B.t) Isto é, a tensâ,o V é função da corrente i , das derivadas e integrais da corrente, além de depender de certos parâmetros 01, 02, . . ., tais como temperatura, luminosidade, pressão e outros. Um bipolo tem curva característica quando a relação geral 3.1 nõo enaolaer d,eriuadas ou integrais da corrente elétrica. Dm outras palavras, o bipolo tem cutva característica se a relaçåo entre tensåo e corrente for da forma geral V:V(i,0r,02r...) (3.2) Assim, se as condições ambientais relevantes forem fixadas, de forma 01 , 02, .. . são constantes, resulta uma relação definida entre V e i. Neste caso, existe um gráfico V x i bem definido que serve para caracterizar o bipolo nas condições fixadas. Não é difícil ver que, se a relação geral 3.1 envolve derivadas e integrais da corrente, não é possível nenhum gr'áfico V x i que caracterize o bipolo. Um exemplo simples é o indutor ideø|1, para o qual a relação entre a tensão e a corrente é da forma que V: Idi 'ã (3.3) oncle L é um parâmetro chamado autoindutância ou, simplesmente, indutô,ncia. A corrente i nã,o influi diretamente na tensão. Uma corrente muito alta, mas constante (i : constante) resulta em tensão nula (V : 0 ). Correntes baixas, mas variando rapidamente com o tempo resultam em grandes valores de V. Dm Ìesumo, um gráfico de V x i não tem nenhum significado no sentido de caracterizar o indutor. Um outro exemplo de bipolo que não pode ter curva característica é o capacitor. Para um capacitor, a lelação entre tensão e corrente num instante t é da forma lr r/Y-cJ-*f iú lPara indutor real I/ (8.4) depende da derivada da corrente e da própria corrente. 3.2. ELEMENTOS RESISTIVOS onde 23 C é um parâmetro chamado ca,pacitô'nciø. Neste caso, a tensão independe do valor da cotrente no instante consiilerado. Também neste caso, um gráfico de V x não tem nenhum significado no sentido de caracterizar o capacitor. Os chamados elementos resistivos são discutidos a seguir e são exemplos de bipolos que têm curva,s características. Pilhas e baterias também são exemplos de bipolos que têm cutvas características. V 3.2 i Elementos resistivos Um elemento resistivo é um bipolo com relação entre a tensão corrente i da forma geral : V : Ri Ve (3.5) onde .E é definida como resi,stência elétrica,do bipolo. A resistência Isto é, pode ser função de certos parâmetros físicos h' 0z R : R(|t, 0r, . ..) -B (3.6) onde os parâmetros 01 , 02, . . . repl€sentam fatores que afetam o valor da resistência R, tais como temperatura, luminosidade e outros. Em alguns casos, um desses parâmetros pode ser a própria corrente ou a tensão V. Um dos aspectos a serem considerados é que a grande maioria dos materiais apresenta grande variação de resistência com a temperatura. O coef,ciente ile temperøturø para uma resistência Ä é definido por i an: TdR RdT (3.7) onde ? é a temperatura. Para varição temperatura, pode-se usar a aproximaçã,b: oN = I A,^R ñ-LT ou R: A? Ro(l não muito grande na + aAT) (3.8) onde -Eo é a resistência inicial. Deve ser observado varição pequena na temperatura significa que o coeficiente de temperatura varia muito pouco no intervalo de temperaturas considerado. ### 3. 24 CUilUAS CARACTERíSTICAS V P V / A,-_-_1_ 0 / Coef. Ang. BP =R Coef, Ang. AP =Rd Figura 3.1: Cunto, cøro,cterlstì,cø 60 ihe am elemento rcsístioo hipotético V (Volts) 40 20 0.0 0.4 0.8 L.2 1.6 i(A') Figura 3.2: Curlo, cørøcteríståeø parø uÍ¿ resistor. 3,2. ELEMEN"OS RBSISTIVOS 25 A delìnição 3.5 para elemento resistivo assegura uma propriedade que é V :0 quando i : 0. Isto é, importante dos elementos resistivos a crlrva característica de um elemento lesistivo, por mais complicada que seja, passa pela-origem do sistema de coordenadas. Num ponto P qualquer da curva característica a resistência .R definida pela Equação 3.5 é : n v (3.e) ?, Assim, na Figura 3.1, .R é o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos O e P. A resistência dinô.micø é definida terística por R¿ em cada ponto da curva carac- : qdi (B.to) A resistência dinô,micø também é chamada de resist'ência in'a'ernental ou resi,stência diferencial. Na Figura 3.1, a resistência dinâ,mica é o coeficiente angular da reta tangente à curva característica no ponto P. A resístêncio. d,inâ.micø pode ter valor positivo, negativo ou nulo. Um bipolo é chamado elernento resistiuo linear ou elcmento ôltmico, quando obedece a Lei de Oltm em sua folma mais simples: V:Ri onde A:constante (3.11) Conforme a nomenclatura adotada aqui, a Equação 3.5 é apenas uma definição de lesistência, enquanto que a Equação 3.9 é a Lei de Ohm2. Mas nem sempre é esta a nomenclatura usada. As vezes, a Bquação 3.5, ou uma forma equivalente3, é que é chamada de Lei de Ohm. Eviclentemente, a curva caracter'ística de um elemento resistivo linear é uma leta passando pela origem, como mostra a Figura 3.2. O coeficiente angular da reta é a resistência ,R. Quando a resistência não é constante, o elemento resistivo é chamado elemento resistivo nõ,o linear ou nã,o ôhmico. Alguns exemplos cle elementos lesistivos não lineales são discutidos a seguir. 2Dsta é a nomenclatura adotada nas Referências 1, 2 e 3, por exemplo sTal como î = o.d, pot exemplo. ### 3, 26 CURVAS CARACTERíSTICAS Bxistem elementos resistivos que são intrinsecamente nã,o lineares. Isto é, mesmo que todos os fatores ambientais externos sejam mantidos constantes, a resistência pode apresentar grandes variações. Isto ocorre, por exemplo, em diodos semicondutores e varistores. Entretanto, existem elementos lesistivos que são usualmente considerados não lineares, embora a valiação da resistência seja um simples efeito cle variação de condições ambientais externas. Por exemplo, um filamento metálico de uma lâmpada apresenta grande aumento na resistência por conta de um grande aumento na temperatura, quando a cotrente aumenta. Por outro lado, deve sel observado que é impossível manter constante a temperatura de um filamento de lâmpada. Um LDR apresenta grandes variações na resistência em função de variações na luminosidade incidente. Existem ainda elementos resistivos com relação entre tensão I/ e corrente i bastante complicadas e não muito repetitivas de forma que é difícil falar em curva característica. Um exemplo é um tubo cle descarga com gas, que pode ter comportamento pouco repetitivo, com curva característica que não volta sobre si mesma. Exemplos de tubos cle clescargas são lâmpadas neon e fluorescentes. As Figuras 3.3, 3.4, 3.5 e 3.6 mostram exemplos de elementos resistivos não lineares. 3.3 Elementos resistivos comercrars Além de resistores, vár'ios elementos resistivos são disponívers comercialmente. A seguir são descritos resumidamente alguns deles. Uma descricao detalhada do princípio de funcionamento dos componentes semicondutores é dada na Referência 5. Culvas características e especificações são dados em manuais de fabricantes. Resistor Resistor ou resistência sã.o construídos de folma a obedecer a Lei de Ohm dentro de certas condições nolmais de utilização. Os resistores comerciais de uso geral mais comuns são os chamados resistores tle carbono, resístores de fi,o e resistores de filme deqtositado. 3.3. ELEMENTOS R"ESTSTTVOS COMENCTATS F¡tonento de umo lompodo 3.0 V 27 <vottr> e.0 I 1.0 -400 I (mA) e00 -200 400 -1.0 -2.0 Figura 3.32 Caraø c.aro,cterístico, ilo filamento rnetdlico ile a'¡nø lômpadø. V (Votts) Tubo de descongo em gos e000 1000 | (¡nA) -0.4 0.2 -0.e 0.{ -1000 -2000 Figura 3.4: Curaa característöcø ile um tabo ile ilescørga ø gas, ### 3. 28 CURVAS CA&ACTERíSTTCAS Vcvotts) D¡odo sem¡condutor .\l .74 2.0 1.0 l(mA) 1.0 -1.0 -2.0 2.0 Escolo secclonodo e nod¡flcodo ? 100 200 Figura 3.5: Curao, característicø ile um d,ioilo semiconilutor. Vcvotts> V Vor ¡ston e0 10 I (n'¡A) -0.4 -0.2 0.? 0.4 Figura 3.6: Curaa, cørøcterísti,ca ile u¡n aaristor. 3,3, ELEMENTOS RESISTIVOS COMERCIAIS 29 Os lesistores cle carbono sã,o construídos de carbono e um material amalgamante, moldados na forma de uma barra cilíndt'ica. Os resistores de fio são construídos enrolando-se fio de liga metálicaa sobre uma barra cerâmica. Os resistores de filme sã,o construídos depositanclo-se metais, carbono ou óxidos metálicos sobre uma barra de cerâmica ou vidro. Além desses, existem muitos resistotes especiais, paÌa usos específicos e feitos cle materiais diversos. As especificações mais importantes de um resistor comercial são: o Valor nominal Il. r Tolerância, expressa como percentagem sobre o valor nominal. Pode ser entendida como w limite de erro L do valor nominal. ¡ Potência nominal, que é a máxima potência qtte' em certas condições normais de utilização pode ser dissipada no t'esistor sem provocat aquecimeuto excessivo. As especificações de um resistor comercial vêm escritas diretamente no resistor' (por exemp\o,4T O - 10% - lÙW .) ou säo dadas por meio de um código de cores mostrado na Figura 3.7. Mtritas vezes, é necessário converter o limite de erro (tolerância) para incerteza qtøtlrã,o, que é a incerteza dada na forma de desvio padrão. Conforme discutido na Seção 5, para distribuição gaussiana de erros e nível de confiança de x gSYo para a tolerância (limite de erro), a incerteza padrã,o é dada por o = L2 (8.r2) Quanto à tolerância, deve ser sempÌe lembrado que' em geral, não é suficiente conhecer a resistência ,R com grande acur'ácia para eliminar erros. Em circuitos, os resistores podem se aquecer, dependendo das condições, e a resistência pode sofrer alterações. Por exemplo, pode ser inútil medir a resistência de um resistor comercial de 10 To com acurácia melhor que 1 %, devido a variações com a temperatura. Sempre deve ser lembrado que o aquecimento excessivo do resistor, mesmo quanclo não provoca danos, pode alterar o valor da resistência, a ponto de invalidar a tolerância especificada. aEm geral, é usada uma liga de níquel e cromo, de alta resistividade ### 3, 30 Código de cores 0 _ preto 2+ 4 ?Ldígito ( Z ) 2Ld.ígito ( Y ) aertnelho larania + [Qd,ísito ( X ) amo,relo 5 aerd'e 6|8 -+ 9 ilfiffirmffiI 7o¡ur6nciø (TTo ) InArrOn 1 3 CURVAS CARACTERíSTTCAS azul uioletø cinza Ouro *5To Prata Tolerâ,ncias -I0o/o 20 % Jncolor+ bra,nco - R_ XYxl0z +T% Figura 3.7: Cód,igo de cores pa,rø resistores comerciøis. Além de resistores de valor fixado, existem disponíveis os potenciômeh'os e trimpots que são resistores de valor ajustável pelo usuário. Estes dispositivos são muito usados em controles de instrumentos e também quando é necessário ajustar o valor de uma resistência, depois que um cilcuito é montado. Diodo Um d,i,odo i,deal é um dispositivo que conduz perfeitamente a corrente elétrica em um sentido e não conduz no sentido inverso. No caso de corrente direta, a resistência é nula, enquanto que para corrente reversa a resistência é infinita. A maior utilidade de um diodo consiste em permitir passagem de cotrente elétrica em um único sentido. Isto é, o diodo funciona como uma válvula que se abre para um determinado 3.3. ELEMENTOS RESISTIVOS COMERCIAIS sentido da colrente elétrica e se fecha quanclo a corrente tenta sentido oposto. Um di,odo reøl apresenta várias limitações, tais como, o Tensã,o di,reta não nula, significando 31 fluil em resistência não nula para P: Vi corrente clireta. Isto também significa que uma potência é dissipada no própio dioclo. o Resistência reuersø finita, significando que existe uma pequena corrente teversa. o Bxiste um valor máximo pala a tensã,o l'euerso,, além do qual o diodo conduz significativamente. A culva característica de um diodo semicondutor de silício é mostrada na Figura 3.5. Para este diodo, existe uma tensão direta de æ 0,7Volt quando o diodo está conduzindo uma coÌÌente direta alta. Além disso, a máxima tensão leversa é æ 200 V olt . Bxistem também diodos de germânio que têm características piores que as do silício pala uso geral. Bntretanto, a tensão direta para um diodo de gelmânio cle x 0,4Volt qrando o diodo está conduzindo uma corrente direta alta. Isto pode ser vantajoso em algumas aplicações. Um exemplo de utilizaçã,o do diodo é a chamad a Ttonte retifi,cadoraí,, que converte uma corlente (ou tensão) de sentido qualquer em corrente (ou tensão) de sentido único. Um outro uso de diodos é a proteção de circuitos contra tensões elevadas na entrada de dispositivos delicados tais como galvanômetros e entradas de amplificadores opelacionais. Se 2 diodos de silício invertidos são ligados paralelamente à na entrada de um dispositivo qualquerc, a tensão não pode excedet'significativamente 2 x0r7Volt. Qualquer que seja o sentido da tensão, um dos diodos entla em condução, mantendo a tensão próxima a0r7Volt,, como mostra a Figura 3.5. O diod,o zener or d,iodo aualanche tem uma máxima tensão reversa rnelhor definida, chamada tensã,o zener. Diodos zener, com tensões zenet desde alguns Volts até mais de l00Volts são disponíveis. A curva característica é semelhante à de um diodo normal. Este componente é útil para gerar um tensão de referência bem definida (a tensão zener). õVer Dxercícios 1. Os símbolos são dados na Figura 3.10 6Ver Dxercício 2 e Figura 3.13. ### 3, 32 CURVAS CARACTERíSTICAS LED Um LED (ligth emitting diode) é um diodo construído de forma a emitir luz visível ou infravermelha sob tensão direta. Os LED's comuns emitem luz nas cores vermelha, verde e amarelaT. A partir de LED's, podem ser construídos lasers LED. Para isso, é necessário espelhar duas faces do cristal, de forma a se obter uma cavidade ressonante. Um dos espelhos pelmite uma pequena transmissão da luz para se obter um feixe de saída. Tais lasers são consttuídos para luz visível e infravermelha. Varistor Um aøristor (variable resistor) é um resistor cuja resistência varia com a tensão aplicada. As vezes, são também chamados de MOV (metal oxide varistor). A curva característica de um aøri,storé mostrada esquematicamente na Figura 3.6. Os componentes denominados VDR (voltage dependent resistor) têm característica^s semelhantes às do varistor. Varistores são utilizados usualmente como proteção contra tensões elevadas. A curva característica mostra que o varistor não permite que uma tensão aplicada seja maior eue âJ V¿. Assim, se um varistor é ligado em paralelo a um dispositivo qualquer, a tensão não pode exceder significativamente a tensão V¿ . LDR Um fotorresistor, também chamado LDR (ligth dependent resistor), é um resistor cuja resistência depende da luminosidade. O LDR's são construídos a partir de semicondutores fotossensíveis tais como Pó,5, Cd,S, CdSe o\ BizSs. Aproximadamente, a relação entre a resistência R e a intensidade luminosa S ê d,a forma geral R_ Aö_O TUma curva característica é mostrada na Figura 3.12. (3.13) s.4. soLUÇAo DE cIRCUITos - tøúrono cnÁnco 33 Termistor Um termistor é um resistor cuja resistência é bastante dependente da temperatura. Assim, o termistor pode ser usado como um sensor de temperatura. Geralmente, os termistores são chamados de PTC ou NTC (positive ou negative temperature coefficient), conforme o resistol tenha coeficiente de temperatura positivo ou negativo. Um coeficiente de temperatura é positivo quando a resistência aumenta com a temperatura, conforme mostra a Bquação 3.11. 3.4 Solução de circuitos - Método gráfico Para elemento resistivo não linear, a curva característica é, em geral, uma curva complicada que não pode ser descrita por nenhuma expressão maternática simples. Neste caso, fica clifícil resolver um circuito sem usar métodos numéricos. Nos casos mais simples, pode-se usan um rnétodo gráfico, como explicado a seguir. Uma situação típica é a do circuito mostrado na Figura 3.8, onde e é uma /ern conhecida, bem como o valor da lesistência .R. O elemento X é conhecido apenas por sua cul'va característica. Os tamos A e B do citcuito podem ser considerados separados, cada um com sua própria curva caracter'ística (V¡ x i¡ e V' x i', respectivamente). Quando os ramos A e B são conectaclos, atensão V e acorrente i nos circuitos são iguais, de forma que esses valores devem estal na intersecçã.o clas curvas características. Isto é, se as curvas calacterísticas säo desenhadas em um mesmo gr'áfico, a solução para V e i é intersecção das curvas, colno mostrado na Figura 3.9. Um exemplo de aplicação do método é explicado no Exercício 3. 3.5 Simbologia Os símbolos convencionais para alguns dos elementos mais usados em circuitos são mostrados na Figura 3.10. Entretanto, nem sempre tais símbolos são usados em livros de Física. A começar pelo símbolo do resistor. ### 3. 34 I l^ -I.ç' CUïVAS ÇA&ACTERíSTTCAS l* --Þ -+> vf v. R R V t €, Ro.rîo A Ronro B Figura 3.8: O elemento X tem cunta carøcterísticø conhecid,o. ,Y,(ir) V VX ( x) Figura 3.9: Soluçõ,o gróficø paro o circuíto dø Fíguro 9.8. ,..':e....:. :... ,. . " ,..,.¡. 3.5. 35 Sh,I.BOLOGIA \\ t_l reslslor comum, de carvåo ou de fio LDR ou reslslor dePendente da luz lâmpada Piloto (tlpo lncandesc€nto) v VDR ou varistor (res¡slor dependente da tensåo) -to NTC ou termistor (reslstor dependenle da lemperalura; coeliclente de temPeralura polenciômetto negatlvo) -{ baleria (simbolo genêrico) lâmpada neon bateria solar {l- capacitor normal, sem polarização baleria com tensão va¡iável altolalante microfone ' .\l 7t --rrnbobina com núcleo de ar diodo retilicador comum fusivel --rn-\boblna com núcleo de lerro diodo LED (d¡odo emissor de luz) N lolod¡odo ponte relil¡cadora lll translormador com núcleo de lerro laminado Figura 3.702 símbolos ile alguns elen¿entos us?,dos em circuitos. ### 3. 36 CURVAS CARACTERíSTTCAS 1. D. Halliday, R. Resnick e J. Merrill, Fund,amentos d,e Física - 3, Eletromagnetismo, Livros Técnicos e Científicos Editora S.4., Rio de Janeiro (1991). 2. W. H. Hayt Jr., Eletroma,gnetisrno, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.,3a Ed.Rio de Janeiro (1991). 3. P.A.Tipler, Física 9, Ed.Guanabara Dois, Rio de Janeiro(1978). 4. R. M. Eisberg e L. S. Lerner, Física - Fund,amentos e Aplicações, Vol.3, McGraw-Hill, São Paulo (1983). 5. V. Stupelman and G. Filaretov, Semicond,utor Deuices, MIR Pub- lishers, Moscow (1976). 6. N. Koshkin and M. Shirkevich, Hand,book of Elementary Physics, MIR Publishers, Moscow (1968). P¡tho gnonde V<votts) t.5 V 1.0 0.5 i <a> 1.0 -1.0 2.0 -0.5 Figuno 3,7, Cunvo corocter¡stico de urto pitho, üþïm t:'j.r !. .:i... l:; 8.õ. g7 SIMBOLOGTA e-+ 'l a nv Fonte ï. Figura 8.lLz frmcåonømento ilø ponte rctificadoru' Vcvotts> 3.0 R I e.5 \ \ e.0 Luz 1.5 1.0 0.5 i 5r0t5eo Figura 3.122 Círcuito com d'iodo LED. (A) ### 3. 38 CURVAS CARACTERíSTTCAS Exercícios 1. A Figura 3.11 mostra 4 diodos montados numa disposição chamada ponte retificadora. Mostrar que independentemente do sentido de V ou de iu, a corrente i sempre circula no sentido indicado. a. : IÙVolt e R:20f), calcular a potência dissipada na ponte retificadora e no resisüor. b. Se V \\\\'¡¡//z 2. O fundo da escala de um galvanômetro é I2¡tA e a resistência Dois diodos interna é 30 /fO . de silício são ligados nos terminais do galvanômetro, conforme mostrado na Figura 3.13, para proteção do mesmo. Isto é, correntes muito maiores que L2 p,A queimatiam a bobina do galvanômetro, mas são desviadas pelos diodos. \ Fig 3.L3: Proteçã,o d,e um galaanôrnetro co¡n 2 iliodos. a. Mostrar que os diodos praticamente não interferem no funcionamento normal do galvanômetro e calcular a máxima corrente que passa pelo galvanômetro, quaisquer que sejam as sobretensões ou sobrecorrentes aplicadas na entrada do mesmo. b. Para diodos de silício de 1, 4W , calcular a máxima corrente que pode ser aplicada ao conjunto, para que a proteção funcione. Um LED deve ser ligado a 2 pilhas comuns de l,\Volts, como mostrado na Figura 3.12. Obter o valor da resistência que deve ser usada em série, de forma a ter uma corrente de 20 mA no LED. 3. ### 4 Termos técnicos usados em Metrologia Def,nições e alguns comentórios sobre termos e erpressões mais usados en'¿ rnetrologiø sã,o apresentad,os nestø Seçã,o. 4.L Introdução A nomenclatura b¿ísica sobre metrologia tem sido discutida nos últimos anos por grupos constituídos de especialistas indicados pelas seguintes olganizações internacionais: o BIPM - Bureau International ¡ des Poids et Measures IEC - International Eletrotechnical Comission o IFCC - International Federation of Clinical Chemistry o ISO - International Organization for Standardization o IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry o IUPAP - International Union of Pure and Applied ¡ Physics OIML - International Organization of Legal Metrology 39 40 ### 4. TERMos rÉcNtcos usADos EM METRILIGIA As recomendações desses grupos de trabalho são reunidas em duas ptrblicações de 1993 Í1,21, "Guide to the Eqtression of Uncertainty in Measuren'tent" (Guia) e "International Vocøbulary of Basic and General Terms in Metrology" (Vocabulólio), editados em nome das organizações internacionais citadas. A autolidade das organizações mencionadas não deixa muitas dúvidas de que tais recomendações serão universalmente adotadas em ciência e tecnologia. Por isso, palece extremamente impoltante conhecer e utilizar tais recomendações. No que segue são apresentadas as definições e alguns comentários t'Guiatt e no sobre alguns dos termos usados no "Vocabulário" citados. ttVocabuláriot' é bem mais extenso e apenas Deve ser observado que este foram escolhidas as expressões mais importantes. Também deve ser observado que, não houve a preocupação de traduzir literalmente as definições originaisl. A preocupação maior consistiu em manter, os conceitos originais das Referências I e 2. Para as expressões que constam do "Vocabulát'io", além da explessão traduzida, são aptesentadas também as palavras originais em inglês e em francês. As expressões sã.o indexadas por asteriscos (,r.) com os seguintes significados: * ** ** * Expressões recomendadas no "Vocabulário" (Refetência 2) ttGuiat' (Ref. 1), mas Bxpressões usadas no çlue não aparecem no "Vocabulário" (Ref. 2) ttVocabulát'io", Expressões que não aparecem no "Gniatt e nem no mas são usadas em outros textos. As palavras foram ordenadas de forma que, na medida do possível, cada definição nã.o envolva conceitos não mencionados antes. As Referências 3 e 4 são citadas com bastante frequência porque são os textos utilizados nas disciplinas de Física Experimental 1 e 2. Tal quantidade de citações não constitue um julgamento de mérito destes textos. rDm alguns casos, foram adotadas as definições das Referências 3 e 4. 4,1. TNTR¡DUÇÃI 4t * Grandeza (quantity/grandeur) lJma grand,eza mensuróael é um atributo de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser distinguido qualitativamente e determinado quantitativamente. * Medição (measurement/mesurage) Mediçõ,o é o conjunto de operações com o objetivo de determinar o valor de uma grandeza. Em geral, a medição é também chamada de med'iila, simplesmente. Entretanto, medição é a palavra mais correta. * Metrologia (metrology/métrologie) A metrologia'ê, a ciência da medição. r, Valor verdadeiro (true value/valeur vraie) ile uma, grand'ezø é o valor que seria obtido de uma medição perfeita e a determinação do mesmo pode ser entendida como o objetivo final da medição. Enttetanto, deve ser observado que o valot verdadeiro é por natureza, indeterminado. O aalor aerd,ød,eiro * Mensurando (measurand/measurande) O mensurand,o ê,o objeto da medição. Esta palavra pode ser usada para o valor verdadeiro de uma grandeza particular submetida a medição. Valor convencional (convenüional true value/valeur conventionnellement vraie) ,¡ uølor conuencionøl é um valor aceito por convenção para uma dada grandeza. Por exemplo, as constantes física^s mais importantes são periodicamente analisadas e atualizadas pelo CODATA2. O 2Commitee on Data for Science and Technology. Ver Referência 5, por exemplo' 42 *. ### 4. TDRM}S rÉ,c¡,ucos usADos EM METR)L)GIA Erro (error/erreur) erco é o resultado de uma medição menos o valor verdadeiro da glandeza. Uma vez que o valor verdadeiro é uma quantidade desconhecida, resulta que o erro é também uma quantidade indeterminada, por natureza. Bm geral, o erro é uma quantidade inteiramente desconhecida. Entretanto, em certos casos excepcionais, o erÌo pode ser determinado com boa aproximaçã.o. Um exemplo de tal caso ocorre quando se realiza medida de uma grandeza de valor convencional muito acurado, com objetivo de testal um aparato experimental. Uma situação semelhante ocorÌe em experiências didáticas. O aluno realiza uma expeliência para determinar uma quantidade, cujo valor já é conhecido com acurácia muito maiol do que a permitida pelo equipamento didático disponível. Neste caso, o aluno pode obter o erÌo do resultado com muito boa aproximação, em relaçãoàs incertezas envolviclas. Entretanto, como regra geral, o erro deve ser entendido como uma quantidade completamente desconhecida e os conceitos de eÌ'ro e incerteza devem ser cuidadosamente distinguidos. O *. Incerteza (uncertainty/incertitude) A incertezø no resultado de uma medição é uma quantidade que indica quanto pode ser o erro. Evidentemente, a incerteza só pode ser obtida e interpretada em telmos probabilísticos. Existem várias formas de indicar a incerteza3. * Repetitividade (repeatability/répétabilité) Repetitiaidade é, o glau de concordância entle resultados de sucessivas medições de um mesmo mensurando, repetidas exatamente nas mesmas condições, que são chamadas condições d,e repetiti.uidade. As condições de repetitividade incluem mesmo procedimento de medida, mesmo obselvador, mesmos instlumentos e nas mesmas condições, mesmo local e repetição em tempos curtos. 3Ver final desta Seção e a próxima 4.1. TNTRODUÇAO 43 * Reprodutibilidade (reproducibility/reproductibilité) Reprodutibilidade é o grau de concordância entle resultados de medições cle um determinado mensurando, sob condições modificadas. Se o princípio ou método cle medição, ou qualquer das condições de repetitividade é modificada, cleve-se falar em reprodutibilidade de resultados. * Erro estatístico (random error/erreur aléatoire) Erro estatístico ot erro aleatório é a diferença entre o resultado de uma medição e o valor médio verdadeiro correspondente (média limite). Os erros estatísticos flutuam aleatoriamente quando a medição é repetida em condições de repetitividade. O erro estatístico da média pode ser reduzido por meio de repetições da medição em condições de repetitividade. Por exemplo, o desvio padrão da média de n medidas é t/" vezes menor que o desvio padr'ão das medidas. * Erro sistemático (systematic error/erreur systématique) Erro sistemó.tico é o erro da média limite. Isto é, em conclições de repetitividade, o erro sistemático na média é o mesmo que em cada resultado, independentemente do número de repetições da medição. Assim, um elro sistemático na média nã.o é reduzido quando a medida é repetida ern condições de repetitividade. * * * Valor médio verdadeiro Valor médio aerd,adeiro or méd.i,a limite é o valor médio que seria obtido de um número infinito de medições em condições de repetitividade. A diferença entre o valor verdadeiro e o valor médio verdadeiro é o erro sistemático. * Correção (correction/correction) Coneçã,o é um valor a ser somado algebricamente ao resultado (não corrigido) de uma medição para compensar um erro sistemático. 44 *, ### 4. TERMos rÉ,cNtcos usADos EM METRILIGTA Fator de correção (correction factor/facteur de correction) Fator d,e correçã.o é um fator numérico pelo qual deve-se multiplicar um resultado (não corrigido) de uma medição paÌa compensar um erro sistemático. x* * Erro sistemático residual As correções para compensação de um erro sistemático nunca sã,o perfeitas. Assim, erco sistemático residualpode ser definido como o resíduo do erro sistemático. Isto é, a cliferença entre o erÌo sistemático e a correção. Um erro sistemático não corrigido, também pode ser entendido como um erro sistemático residual. ,r Acurácia (accur acy f exactitude) A. acurdciø é um conceito qualitativo para indical o glau de concordância entre o resultado de uma medição e o valor verdadeiro do mensurando. "Acur'ácia" é a palavra que deve set' usada para indicar a qualidade f,nal de um resultado experimental. A palavra precisõ,o não deve ser confundida com acurácia. * *,r, Precisäo A precisão é um conceito qualitativo para indicar o grau cle concor'clância de divelsos resultados experimentais obtidos em condições de repetitividade. Assim, "boa precisão" significa erro estatístico pequeno, de forma que os lesultados apresentam boa repetitividade. Dntretanto, pode existir erro sistemático grande e a aculácia pode ser ruim. Por exemplo, pode-se construir uma balança de pratos extremamente sensível, que permita comparar massas com muito boa precisã,o. Entretanto, se as massas de referência não forem boas, a acurácia será ruim. Assim, é possível ter boa precisã,o e acurácia ruim. Entretanto, não se pode ter boa acurácia quando a plecisão é ruim. Se o aparato não permite boa precisão, uma boa acurácia só pode ser obtida às custas de grande número de repetições de medidas, de forma a ter média com boa precisão. 4.1. TNTRODUÇAO 45 ** fncerteza padrão A incerteza padrã,o é a incerteza dada na forma de um desvio padrão. Nas Referências 3 e 4 a incerteza padr'ão é denominada erro padrõ,o. A expressãa incerteza padrã.o consta do "Guia" (Referência 1), mas não aparece no "Vocabulário" (Referência 2). Isto significa que esta também não é uma expressão de consenso. De qualquer modo, "incetteza padrão" parece preferível, pois "erro padrão" é uma incerteza e não um erro, como a expressåo sugere. ,¡* fncerteza padrão tipo A (fncerteza estatística) A incerteza padrã,o tipo A é uma incerteza padrão obtida por métodos estatísticos. Isto significa que a incerteza padrão de tipo A é obtida a partir de resultados de n de medições quaisquer, em condições cle repetitividade ou não. A incerteza padrão tipo A é determinada pelos métodos estatísticos usuais e indicada pelo desvio padrão resultante da análise estatísticaa. Quando for o caso, também devem ser indicadas as covariâncias. Nas Referências 3 e 4, a incerteza tipo A é chamada de incerteza estatística. *,*. fncerteza padrão tipo B tipo B é uma incerteza padrã,o obtida por qualque quer método não seja estatístico. Bmbola erros sistemáticos e e?'l'os estatísticos possam ser distinguiclos numa experiência sob condições experimentais bem determinadas, a distinção entre tais tipos de erros é bastante arbitrária5. Por isso, não se deve identificar incertezas de tipo A ou B com incertezas associadas a erros estatísticos ou sistemáticos. Nas Referências 3 e 4, a incerteza tipo B é chamada de incerteza si st ern áti. ca r e si tlu al. A incerteza pad.rã,o de aPor exemplo, ver Referências de 3 a 1.0, exceto 5. sUma discussão a respeito é apresentada no Capítulo 6 da Referôncia 3 46 ### 4. TERMos rÉcNtcos usADos EM METRILIGTA ** fntervalo de confiança Um interualo ile conf,ança P dade tenha probabilidade P é um intervalo tal que uma dada quantide estar contida nele. ** Coeficiente de confiança O coef,ciente ile conf,ønçt' níuel de conf,ançø ou conf,ança é a probabilidade P para um determinado intervalo de confiança. Por exemplo, se Uo é o valor verdadeiro de uma grandeza, resultado experimental e o é a incerteza padrã.o y-o<Uo1y+o y é um comPx6STo define um intervalo com coeficiente de confiança tribuição normal de erros. P æ 68T0, para dis- **, fncerteza expandida com confiança P A incertezø erpand,id,ø é a incerteza padrão multiplicada por uma constante ß , de forma a se obter um intervalo de confiança P determinada. Por exemplo, se Uo é o valor verdadeiro de uma grandeza, y é um resultado experimentale o é a incerteza padrão, a incerteza expandida ê, ko, com intervalo de confiança definido por A - lco 1 Uo 1 A * ko comconfiança P Nas Referências 3 e 4, a incerteza expandida com confiança P é chamada li,¡nite d,e erro corn confiønça P. Pa¡a distribuição normal de erros e incerteza padrão experimental, valem os seguintes coeficientes de confiança 2 (V - Zo 1 yo < V *2o) å:3 (y-go1 y,< y*3o) lc -- x temconfiança P x tem confiança P gSTo ggTo Os coeficientes de confiança P indicados são v¿ílidos com boa aploximação para a incertezaexperimental ø obtida a partir de um número grande de graus de liberdade. 4.1.. TNTRODUÇAO 47 Referências bibliográficas l. Guide to the Eopression of Uncertai,nty in Measuremezú, International Organization for Standardization, Geneva (1993). 2. Internati,onal Vocøbuløry of Basic and, General Terms in Metrology, Zni, Ed., International Organization for Standardization, Geneva (1993). 3. J.H. Vuolo, Fund,ømentos d,a Teoria d,e Enos, Editora Edgard Blücher, São Paulo (1992). 4. J.H. Vuolo, Introiluçõ,o à, Teorio, d,e Erros, Apostila IFUSP, São Paulo (1992). 5. B.N. Taylor, The Physical Consto,nts, Phys. Lett. B 204, 51 (1e88) 6. O.A.M.Helene V.R.Vanin, Trøtamento Estatísti,co de Dailos em Flsicø Eaperimenúøl, Editora Edgard Blücher Ltda, São Paulo e (1e81). 7. P.R. Bevington, Døta Red,uction ico.l Sciences, ønd, Error Analysis for the Phys- McGraw-Hill Book Company (1969). 8. V.R. Vanin, Tópicos Aaançøilos e¡n Tløtamento Esta,tístico ile Dai\os Experimenúøis, Apostila IFUSP, São Paulo (1991). 9. E.M. Pugh and G.H. rWinslow,?/re Analysis of Physicøl Measurernents, Addison-Wesley ( 1966). 10. H.F. Meiners, W. Eppenstein and K.H. Moorc, Løhoratory Physics, John Wiley and Sons (1969). 48 ### 5 Estimativas de incertezas experimentais Algumas regras gerais para cdlculo ile incertezøs em resultøilos eaperimentais sõ,o øpresento,iløs nesta Seçã,o. As d,ef,nições e conceitos bó,sicos sã,o iletalho,ila,mente apresentøilos e d,iscutid,os nøs Referências Bibliogrd,f,cas øpresentøilo.s no final, pørticulørmente nas Referê,ncias 1, 2, I e 4. A no¡nenclaturo, e ølgumas definições foram resumid,as na Seçã,o ønterior. 5.1- Distribuições de erros A distribuição de erros mais frequente é a d,istribuiçã,o normøl d,e enos,, também chamada de d,istribuiçõ,o d,e Gøuss-Laplace, or simplesmente, d,istrí,bui,çõ,o gaussiana d,e ercos. A distribuição gaussiana de erros pa,ra uma variável aleatória y é definida pela funçã,o ile d,ensid,ød,e d,e probabilidød,e : G(v) - 1 o, t/2r s-us¿.\2 t e-L2\ tv , (5.1) da distribuição e o, é o desvio onde y, é o valor médio (verdadeiro) padrão (verdadeiro). Uma justificativa matemática para a função gaussiana como distribuiçäo de erros ê o teorema do limite centrøl em sua forma mais 49 50 ### 5. ESTIMATIVAS DE INCERTEZAS EXPERIMENTAIS geralr. Confolme este teorema, a su,perposiçã,o de grande númelo de erros inclependentes e com distribuições de erros guoisquer tencle a uma clistribuiçã,o gaussiana. As condições são que nenhum dos elros seja muito maior que os demais e as distribuições de erros tenham variâncias finitas. Na prática, a superposição de alguns poucos erros independentes converge rapidamente para uma gaussiana. Pol exemplo, a superposição de 3 distribuições retangulares iguais de erro resulta numa clistribuição gaussiana com boa aproximação2. 5.2 Número de graus de liberdade u Em geral, como resultado de medições, obtém-se um certo nírmero n de dados experimentais independentes, a partir clos quais são calculados um ou mais parâmetros. O ntímero tle graus de li.berd,ade u é definido como y: Ì1, - rlp (5.2) n é o nírmero disponível de dados experimentais independentes e flp ,é o nú¡net'o tle parô,metros determinaclos a partir dos dados onde experimentais. O caso mais simples é a obtenção de uma média a partil de n meclidas. Nestecaso, amédiaé o único parâmetro obtido (no:1)e o número de graus de liberdade é u: (n - 1). No caso de ajustes de reta u: (n - 1) ou u: (n-2), conforme seja ajustacla uma reta passando pela origem (U : o* ) ou uma reta geral(Y:ar+b). n, parâmetros a n pontos experimentais, o nfimero de graus de liberdade 6, u : (n - nr) . No caso geral de ajuste de uma função de 5.3 Incerteza padrão Incerteza é um conceito definido de maneira genérica e pocle ser dacla cle várias formas tais como desvio padrão, limite de erro ou tolerância, erro provável (antigamente) e outras. lVer Capítulo 3 da Referência 3, por exernplo 2Ver Capítulo 3 da Referência 3, por exemplo 5.4. LTMITES DE ERRO 51 A incerteza padrã,o é a incerteza dada na forma de um desvio padrão. Nas Referências 3 e 4, a incerteza padrã,o é denominada erro pad,rõ,o. Considerando uma distribuição normal de erros, se yo é o valor verdadeiro de uma grandeza, y é um resultado e o, é a incerteza padrão no resultado, então (y L ,r) define um intervalo de confiança P : 68,2770. Isto é, U - oo S Uo 3 y * oo temconfiança P : 68,2770 (5.3) Uma observação importante é que este coeficiente de confiança se aplica ao valor verdadeiro ø, do desvio padrão. Quando se obtém uma estimativa experimental ø, o nível de confiança é menor, pois esta estimativa também tem um certo erro, alargando a distribuição final. Neste caso, os coeficientes de confiança podem ser estimados a partir da chamada distribuição de Student3, em funçã,o do número de graus de liberdade u . A Figura S.L mostra os valores calculados para o coeficiente de confiança P para o intervalo: y-ko1Uo<U*lco ø é uma estimatiua experimental liberdade. onde 5,4 e v é o número (5.4) de graus de Limites de erro A incerteza expønd,i,d,a leo pode ser interpretada como um limite de erro .Lp com um dado nível de confiança P. Isto é, Lp -e lco - Lp 1 Uo 1 U * Lp temconfiançaP (5.b) Para &:Lr2 e 3, os valores.de P são dados naFigura5.1, em U funçâo do número de graus de liberdade v. sVer Referência 9, por exemplo 52 ### 5. ESTTMATTUAS DE INCEilTEZAS P (To) 100 aooltoo{ottttt a rorodoorrott 90 k ' a ' 3 a a a k:2 '-- EXPEFdMENTAIS 99.T3To 96.45Y0 a - 80 70 68.27 &:1 To 60 50 - 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 ?0 80 90 100 u Figura 5.1: Vølores ilo coeficiente ile confro,tuçq, P para o intemølo d,e confrønçø ko 1 (y - yr) 1 ko, em fungão ilo wi¡nero ile grøus ile liberiløihe v . 5.5, PROPAGAÇAO DE INCERTEZAS 5.5 53 Propagação de incertezas Uma grandeza us que é calculada como rma funçã,o de outras grandezas ï, U , z, ... pode ser representada por w : w(r, U,, z, ...) As grandezas ï ¡ U ¡ z , ... são admitidas como grandezas experimentais, sendo co ¡ as t oz t .. . as incertezas padrões correspondentes: *-oau+ogz-roz Se os erros nas variáveis :u , ll , z ¡ . .. sã,o completarnente independentes entre si, a incelteza padrão ou, Íta grandeza é dado em primeira aproximação por 0w 0w o'*:rffr"z + ( 6 )t ol + ( 0t )to2 + (5.6) Para que esta seja uma boa aproximação, a função w(æ,y,2,...) deve variar de maneira suficientemente lenta com ï,, A ¡ z , .... Se os erros nas variáveis não são completamente independentes entre si, a expressão acima é incompleta. Neste caso, deve ser usada uma fórmula mais geral pala propagação de incertezas, o?, : (Hy4 + (Hyotr + (yyo\ + ... (5.7) +zrY¡rTr"r, + z(Hufftd" * r(#trffi4, *... onde o2rr, o3r, olr, .. . sã,o as covariâncias associadas a cada par de variáveis. Deve ser observado que esta notação que é geralmente usada paÌa covariâncias é um pouco inadequada, pois as covariâncias podem ser negativa"s. 5.6 Incerteza padrão tipo A e tipo B Incerteza padrã,o tipo A é o desvio padrão determinado por métodos estatísticos, a partir de várias medidas. A incerteza ti,po A também 54 ### 5. ESTIMATIVAS DE INCE,RTEZAS EXPERIMENTAIS pode ser chamacla de incerteza estatística. Os métodos de estimar a incerteza padrão tipo A são discutidos na Seção 5.8 para os casos mais simples de cálculos de rnédias e ajustes de reta. Incerteza padrã,o de ti,po B é uma incelteza padrão ol¡tida por qualquer método que não seja estatístico. A incerteza padrão de tipo B ("s) também deve ser clada na forma de desvio padrão ou, equivalentemente, como a raiz quadrada de uma variância. Uma cliscussão mais detalhada sobre a estimativa da incerteza padrão tipo B é apresentacla na Seção 5.7. Para se obter a incerteza padrão o, ffi incertezas padr'ões tipo A (o¡) . tipo B ("n) devem ser combinadas conforme as regras cle propagação de incertezas. No caso mais simples, obtém-se um resultado ys e a respectiva incerteza estatística ot. O resultaclo final y é obtido somando-se ao restrltaclo não corrigido yo uma eventual correçâo C devida a erro sistemático'Istoé' u:yo*c (b.g) O valor de C sempre tem um certo erro que é o erro sistemd,ti,co residual. A incerteza paclrão associada ao valor de C pode ser entenclida como uma incelteza padrão tipo B ("r ). Assim, conforme as regras de propagação de incertezas pala a soma 5.8, obtém-sea o" : "\ + "'e Muitas vezes, não é feita nenhuma correçáo (5.9) (C - Bntletanto, valem as mesmas considerações acima e a mesma equação para combinar incertezas padrão de tipos A e B. 5.7 0 ). Estimativa da incerteza padrão tipo B Incerteza qta,drõ,o de tipo B é uma incerteza padrão obtida por qualquer método que não seja estatístico. Pode-se dizer que a incerteza cle tipo B é a incelteza a ser estimada quando o número de glaus de liberdade é nulo. Por exemplo, estimar a incerteza em uma única medida ou estimal as incertezas nos parâmetlos de uma reta traçada por 2 pontos. aUma dedução alternativa desta equação é apresentada ¡ra Referência 3. 5.7, ESTIMATIvA DA INCERTEzA pADRÃo rtpo B A incerteza padrão de tipo B 55 (r" ) também deve ser dada na forma de desvio padrão ou, equivalentemente, como a raiz quadrada de uma variância. Bntretanto, estimal a incerteza padrã,o øB , embota possa ser simples clo ponto de vista operacional, é bem mais difícil do ponto de vista conceitual A incerteza de tipo B deve ser avaliada com base em julgamento científico de toda inforrnação disponível sobre todas as possíveis fontes de erlos envolvidas. Esta infolmação inclui dados de experiências prévias iguais ou colrelatas, comportamento dos materiais e instrumentos utilizados, especificações cle fabricantes, dados fornecidos em certificados de calibração e incertezas atlibuídas a dados de referências em manuais de dados. A dificuldade consiste em converter a informação disponível em uma incerteza na forma de uma valiância oþ . Cada caso, deve ser estudado individualmente. Alguns casos são cliscutidos a seguir. A situação mais comum é aquela em que a incerteza ntlma quantidade é conhecida por meio de limites de erro conhecidos a partir clas fontes de informação disponíveis. A seguir sã,o discutidos os casos em que o limite de erro é conhecido com um dado nível de confiança, para distribuição gaussiana de elros, ou são conhecidos os limites absolutos de erlo para distribuições de erros retangular ou triangular simétriccas. Frequentemente ocorre que, a distlibuição original de erros ou nível de confiança ou ambas informações não são disponíveis. Isto se deve, em grande parte, justamente à falta de uniformidade de critérios que tem prevalecido na atribuição de incertezas, tanto pol parte de pesquisadores ao apresentar resultados de medidas, quanto por fabricantes cle materiais, instrumentos, componentes e outros clispositivos experimentais. 5.7.L Distribuições de erros Geralmente, o erro experimental é superposição de alguns erros menores e, neste caso, r'esulta uma distribuição gaussiana, conforme discutido na Seção 5.1. Entretanto, isto não exclui a possibilidade cle existir erros com distribuições diferentes, tal como uma distribuição retangular simétrica, triangular simétrica, distribuições assimétricas ou outras. 56 ### 5. ESTTMATMS DE TNCERTEZAS EXPERIMENTAIS Além clisso, podem ocorrer distribuições de variância não finita, tal como uma lorentzianas. Assim, para converter em incerteza padrão tipo B, uma tolerância ou um limite cle erro ou outra informaçã.o soble um detetminado tipo cle erro, seria importante conhecer a distribuição clo erro. Infelizmente, esta informação nem sempre é acessível. Por exemplo, fabricantes de instrumentos de medição, fornecem limites admissíveis de erlo, rnas nunca indicam a distribuição aproximada para o erro. Nos casos de falta de informações diretas sobre os limites de erro indicados, resta a alternativa escolher uma das opções apresentadas a seguir, ou outra igualmente razoável, para estimar a incerteza de tipo B. a. Distribuição gaussiana de erros incerteza numa quantidad€ o , com valor verdadeiro Íu pode ser clada como um limite de erro Lp com um determinado nível de confiança p . Se a distribuição de erros é descrita por uma função gaussiana cle densidade de probabilidades, a afirmativa A x-leo1xolx*leo (5.10) P, dada aproximadamente pela função de distribuição gaussianao. Se os valoles de ø são experimentais, os níveis de confiança são um pouco menores. A rigor, nestes casos, a probabilidade P cleve ser obtida a partir da função cle distribuição-ú de StudentT. Os valores de P pala k: 1,2 e 3 são dados na Figula 5.1. Assim, a conversäo clo limite de erro Lp em incelteza paclrão de tipo B pode ser feita pela lelaçã,o tem confiança o" : L-3 (5.11) & conforme o nível de confiança atribuído ao limite de erro Lp Considerando valores da Figura 5.1 para número de graus de liber'dade razoavelmente grandes resultam o"=ï L, paraP=9570 sVer Capítulo 2 da Referência 3, por exemplo. 6Ver, por exemplo, Seção 2.4 da Referência 3. 7Ver, por exemplo, Referências 1 ou g. (5.12) 5.7. ESTIMATIvA DA INCERTEZA pADRÃ,o rrco p e o"=iLo para P = 99Yo 57 (5.13) b. Limites absolutos de erros limites de erro para uma determinada quantidade sã,o absolutos, isto é, com I00To de confiança, a distribuição de erros não pode ser gaussiana, evidentemente. Na falta de maiores informações, o melhor procedimento consiste em admitir uma distribuição retangular ou tringular de erros para a quantidade indicada. Admitindo uma distribuição retangular simétrica de probabilidades para os erros, o desvio padräo é dado por8 Se oB : L-=- L ,ß r,7 para p = L00To (b.14) No caso de distribuiçáo triangular, o desvio padtão é dado pore OB: L T6 L N- 214 para P = 100% (5.15) b. Conclusões Em resumo, as relações anteriores podem ser usadas para converter o limite de erro "Lp pata a forma de desvio padrão oB , se a distribuição de erros e os níveis de confiança são conhecidos. Com frequência ocotre que o limite de erro (tolerância) é dado com nível de confiança de 100 70, mas a distribuição de erros não é claramente estabelecida. Neste caso, pode-se admitir uma distribuição tri- angular e LL oB:&=zl para P = l00%o (5.16) Entretanto, se houver qualquel suspeita de que o coeficiente de confiança é menor que l00Vo, é preferível adotar as relações para distribuição gaussiana. Para esta distribuição e Lp : 95T0, Lp o"=ï paraP=95% sVer Referências 1 e 3, por exemplo. eVer Referências I e 3, por exemplo. (5.17) 58 ### 5, ESTIMATTVAS 5.8 DE INCERTEZAS EXPERIMENTAIS Estimativa da incertezapadrão tipo A Incerteza pød,rõ,o tipo A é o desvio padrão determinado por métodos estatísticos, a partir de v¿i¡ias medidas. A. incerteza tipo.4 também pode ser chamada de incerteza estøtísticø. A seguir, são apresentados os métodos de avaliação da incerteza estatística nos casos de média^s de um conjunto de n resultados e nos casos de regressão linear. As deduções das expressões são feitas detalhadamente nas Referências 3, 4, 6 e 7, por exemplo. Ca"sos mais gerais de ajuste de polinômios e outras funções são apresentados nas Referências 3 e 7, por exemplo. 5.8.1 Média de n medições com repetitividade O caso mais simples é a obtenção do valor experimental para uma grandeza y a partir de rz de medições em condições de repetitividade. A n¿elhor estimatiaa para a grandeza é a média simples v: D,?=t g¿ (5.18) n onde y¿ indicam os resultados das n medições. O desvio padrão experimental do conjunto de medidas é obtido por o2 1 n-l 1 Ð' i=1 v (r, -v)' É d=1 (5.1e) 'r,, é o desvio padrão da média, dado por A incerteza estatística em f; oV o -1/n (5.20) Deve ser observado que a estimativa experimental øy pode ter um erro considerável. A Tabela 5.1 mostra a incerteza percentual neste desvio padrão, em funçã,o do número r¿ de medidas realizadaslo. roVer Referências 1 e 8, por exemplo 5.8. ESTIMATIVA DA TNCERTEZA PADRAO TIPO A u fncerteza relativa percentual em o 2 1 76 3 2 52 4 3 5 4 42 36 24 n 10 20 50 100 200 500 1000 5000 Tabela I 59 16 10 19 49 99 7rL 199 5r0 499 999 4999 312 212 1r0 5.I: Incertezø no ilesaio pailrã,o experi,mental d,e n med,idas. 5.8.2 Média de n medições no caso geral O caso mais geral é a obtenção do valor experimental para uma grandeza y a partir de n de medições quaisquer da grandeza em diferentes condições experimentais. Isto é, não existem condições de repetitividade e deve-se supor que a cada resultado y¡ está associado um desvio padrão ø; diferente. A melhor estimøti,aø pa.ra a grandeza é uma média ponderadall : v: DT=t P;U¡ DT=t P; llVer Capítulo 1l da Referência 3, por exemplo. (5.21) 60 ### 5. ESTIMATMS DE INCEHîEZAS EXPERTMENTATS onde pd é o peso estatístico de cada resultado y;, definido por pi-+oí A (5.22) incerteza, padrãn estøtísticø é obtida por I vî -?-- DT=t p¿ 1 DT=, (5.23) þ E importante observa¡ que as expressões 5.21 e 5.23 só poilem ser o; completømente ind,epenilentes entre si,. Por exemplo, se um mesmo erro sistemático residual, que afeta todos os resultados gd r foi considerado para obtenção dos ø¿, estes não são independentes e as expressões 5.21 e 5.23 não podem ser usadas. O procedimento correto neste caso é obter incertezas ø¿ independentes, sem considera.r o efeito do erro sistemático residual. Este efeito deve ser incluído diretamente no cálculo da incerteza padrã.o da média, como discutido na Seção 5.7. usød,as se o,s incertezøs 5.8.3 Ajuste sã,o de reta para incertezas diferentes y é medida em função de uma variável ï, os resultados da^s medidas podem ser resumidos como um conjunto de Quando uma variável dados representados por (t u o rti y 1, o sr) t (t ¿, o r¡i y ¡, o s¿),,''', (æ n,, o oni U n, o sn) onde æi e U; são os resultados e oaå e asi são as respectivas incertezas estatísticas expressas na forma de desvio padrão. A incerteza oa na variável independente û deve ser transferi,ilø para a variável dependente y. Isto é, a variável æ é suposta isenta de erro, enquanto que a variável y passa a ter incerteza dada por o? = ,1, + oi, = ol; + ffrÊ "?, (5.24) deve ser estimada no ponto r;, por meio de cálculo preliminar. Pa¡a validade da aproximação acima, esta derivada deve variar pouco para variações em o da ordem de ø6. A derivada (dyldæ); 5.8. ESTTMATIVA DA INCERTEZA PADRÃO TIPO A 61 Assim, o conjunto de dados experimentais pode ser escrito como (xr;ytrot),, (*r;yrrrr), . .. onde ø¿ é a incerteza em , (r;;y;ro;), ... , yi e fii (xniynron), (5.25) é admitida isenta de erro. v x Figura 5.2: Conjunto d,e pontos eaperimentais. A incertezø nø aørid,ael fi ileoe ser trønsferi,ilø pa,ra a, aarí,ó,ael y . Admitindo, como hipótese, que a relação entre y e æ é linear, U: aæ*b os melhores valores para os parâmetros método do mínimos quadrados. Isto é, x2 : ärry, + (5.26) a e b podem ser obtidos pelo deve ser mínimo (5.27) 62 ### 5. ESTTMATTVAS DE TNCE&TEZAS EXPERTMENTATS Substituindo y*, : a,ï¿ I b na equaçã,o, obtém-se as soluçõesr2 - *,* sac - s,sr) - *,*,,ss - s,s,o) o, b (5.28) (5.2e) onde so=å:, d=1 ss: å # e n^2 lD¿ Sr:É Srz:Ðå oI? ,Sr, =D i=l A _ (SoSr, οU¿ 7 S3) (5.30) (5.31) As variâncias e covariancia são dadas por so o2t o! A sr2 A oïu: -* e (5.32) As Equações 5.28 e 5.29 permitem obter a melhor øproúmøçôo para os parâmetros ø e ö da reta, conforme o método dos mínimos quadrados. Como pode ser observado da condição 5.27, a melhor reta não corresponde exatamente a minimizar a soma dos quadrados dos desvios. Entretanto, a expressão "método dos mínimos quadrados" é geralmente usada, mesmo com referência a este caso. A quantidade di (y; U^)f o; é adimensional e pode ser interpretada como a distância entre o resultado A; e o valor correspondente Umå nù reta, quando esta distância é medida corn ø¿ como unid,ad,e ile d,istâ,nciø. Assim, ¡2 pode ser interpretado como ø solnø d,os quød,ra(y; U*ù é med,id,o co¡n ilos dos d,esuios, quand,o cad,a, d,esaio d¿ unid,øile o¿. É importante observar que as incertezas ø¿ devem ser quantidades completamente independentes entre si. Por exemplo, se existe algum : - : l2Ver Referências 3 e 4, por exemplo - 5.8, ESTIMATIUA DA INCDRTEZA PADRAO TIPO A 63 erro sistemático residual afetando o conjunto de resultadosls, o efeito deste erro não pode ser considerado para obter as incertezas ø; . O efeito do erro sistemático residual deve ser considerado somente para obter as incertezas finais em a e b. 5.8.4 Ajuste de reta para incertezas iguais No caso de incertezas oi iguais ( ø1 - oz : valores de ø e ó são obtidos pelas expressões: - on : a,: *,r".eøe s,ss) b-- *,*,s, - s's'r) ø ), os (5.33) (5.34) onde ir 8o -- sr=D n, srz:! a; d=1 d=1 sy Ë U¡ saa d=1 e A: ( sosa2 DL, 1 : n a! d=1 - : É i=l "3 ï¿vi (5.35) ) (5.36) foi indicado por sø porque, com esta notação as equações ficam semelhantes às do caso geral de ajuste de reta. As variâncias e covariancia são dadas por OZ : X,"' ol $a? A o2 e Neste caso em que as incertezas são iguais pode ser estimada pela relação: oz = i -- -þoo' o216 ,Ð^(y,-y^, ) (o : o;), 2 (5.37) a incerteza o (5.38) l3Por exemplo, o eno de calibração de um instrumento usado para medir a grandeza gl. 64 ### 5. onde z ESTTMATTVAS DE TNCERTEZAS EXPERTMENTI:Í9' :(n-2) éo número degraus de liberdadeê Umi: aæ;*b. Deve ser observado que a equação acima equivale a impor a condição: x?u¿: + :1 (s.se) Por isso, se a incertezafoi obtida por este método, o critéri,o de parø aaaliaçõ,o ile qualid,ade d,e ajuste não se aplica. de reta T:ax No ca^so de ajuste de reta U : ac, o parâmetro ø X?o¿ 5.8.5 Ajuste determinado a partir da condição de mínimo para y2 é dado por D.?=, a= T ^2 Dia fr Sas s12 (5.40) e a incerteza oo é dado por o! 1 (5.41) DI=r Também neste caso valem as mesmas observações anteriores quanto à independência das incerteza,s o¿. No caso de incerteza^s iguais (ot = o), a incerteza ø pode ser estimada a partir da Equação 5.38. 5.8. ESTIMATIVA DA INCERTEZA PADNÃO TTPO I 65 Critério das barras de incertezas baseado no exame do gráfico com os pontos experimentais, barras de incerteza"s e função ajustada. Um certo número de barras de incerteza deve cruzar a função ajustada. Mais exatamente, o númeto N", de barras de incerteza que devem cruza,r a função ajustada é dado aproximadamente porl4 Um critério rud,imentør é, N^- ?n = u +iro 1 $.42) e no ê o número de parâmetros ajustados. Assim, o número de barras de incertezas que cruzam a função ajustada tende a ser um pouco rnaior que2l} do número n de pontos. Dvidentemente, Nu é um número sujeito a grandes flutuações estatísticas, especialmente para pequeno número de pontos. Apesar de rudimentar, este criüério permite detectar falhas no procedimento de ajuste, especialmente nas estimativas de incertezas. onde r¿ é o número de pontos experimentais Critério de ¡2-reduzido Indicando por /(ø) a função ajustada a um conjunto de n pontos experimentais ( n¡i A¡ o¿),aquantidade y2-estatístíco é definida como x2 =ilv;-l('ùl' ui i=l (5.4a) A quantidade y2-reduzido é definida como x?"¿ x2 v (5.44) v ê, o número de graus de liberdade. Se no é o número de parâmetrosajustados, z = (n-rò. Evidentemente, ¡2 e X7"¿ são quantidades aleatórias, que depen- onde dem bastante das flutuações estatísticas dos pontos experimentais. A função de densidade de probabilidade para y2 e ouüras características da distribuição sã,o dadas nas Referências 3, 6, 8 e 9, por exemplo. l4lsto é mostrado mais detalhadamente na Seção 14.2 da Referência 3 66 ### 5. ESTTMATTVAS DE TNCERTEZAS EXPERTMENTATS A Figura 5.3 resume, em função de v , o valor médio ¡2, o valor mais proválel yf;o e o valor Q^ gve tem 50To de probabilidade de ser excedido. X7"¿ 1r0 0,8 a - 0,6 a - x\u¿ o- 014 ' o Q*: Q$ïTo) - (x?uo)*o 012 u 0'0 0 40 20 60 80 100 Figura 5.3: VøIor médio ylo¿, uølor mais proaóoel (ylu)^o Q^ que tem 50To ile probøbilidade ile ser erced.id,o. e o ualor A Figura 5.4 mostra os valores d" Qt e Q2 eue têm probabilidades Pe = 99To e Pe = lTo de serem excedidos, em função de v . Assim os valores du Qt e 8z definem um intervalo de g8 To de confiança para valores de X?u¿. Por exemplo, pam, u: 10, pode-se afirmar com 98 % de confiança que 0,26 < y!,uo <2,32 (p*o v--10) (5.45) Uma discussão mais detalhada é apresentada na Referência 3. õ.8. ESTIMATTUA DA INCERTEZA PADRÃO TIPO A v 99To 50Yo 67 lYo 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 Q, 20 Q, I 10 x?"¿ 0 0 ,0 Figura Per: 5.4: 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 : VøIores ,1" Q, e Q2 cor-respon¿Ientes e Pe, LYo. A linha interrneiliório, correEtond,e a Pq :50T0. 99To e a 68 ### 5. ESTTMATTVAS DE TNAERTEZAS EXPERTMENTATS Referências bibliográficas L. Guid,e to the Eopression of Uncertøinty in Measuremezt, International Organization for Standardization, Geneva (1993). 2. Internøtional Vocøbula,ry of Basic a,nd General Terrns in Metrology, 2ryd Ed., International Organization for Standa^rdization, Geneva (1993). 3. J.H. Vuolo, Fundamentos d,o, Teoria d,e Erros, Editora Edgard Blücher, São Paulo (1992). 4. J.H. Vuolo, Introd,uçã,o à, Teoria d,e Erros, Apostila IFUSP, São Paulo (1992). 5. B.N. Taylor, The Physica,l Constt.æús, Phys. Lett. B 204, 51 (1e88) 6. O.A.M.Helene e V.R.Vanin, Tratømento Estø,tístico ile Do,ilos em Flsico. Euperimenúøl, Editora Edgard Blücher Ltda, São Paulo (1e81). 7. P.R. Bevington, Datø Reiluction and Ercor AnøIysis for the Physical Sciences, McGraw-Hill Book Company (1969). 8. V.R. Vanin, Tópicos Aoønçød,os em Trato,mento Estatístico ile Da,d,os Erperimenúøis, Apostila IFUSP, São Paulo (1991). 9. E.M. Pugh and G.H. Iffinslow, The Analysis of Physicøl Measurernents, Addison-Wesley ( 1966). ### 6 Sistema Internacional de Unidades As definições das unidades de base do Sistema Internacional são apresentadas nesta seção. Valores do CODATA de 1986 para algumas constantes físicas são também apresentados. 6.1- Sistema Internacional de Unidades O Sistema Internacional (SI) é um sistema de unidades que vem sendo amplamente difundido e adotado na últimas décadas. Desde L962 ê o sistema oficial de unidades no Bra^sil. O Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) é a entidade responsável pelo Sistema Internacional de Unidades. O BIPM tem sede em Sèvres na França e foi fundado por um tratado assinado em 1875 pa,ra assegurar a unificação e melhoria do sistema métrico. O SI atual foi essencialmente definido na ga e na 104 Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) realizadas em 1954 e 1960, respectivamente. Vária^s modificações foram feitas nas CGPM's posteriores e' certamente, novas alterações serão feitas no futuro. As grandezas num sistema de unidades podem ser cla^ssificadas como grønd,ezas bósicas, grandezas ileriaad'as e grønd'ezas ødi'mensionais. Estas classes são definidas a seguir. 69 ### 6. 70 SISTEMA IN?ERNACIONAL DE UNIDADES Tabela 6.1: Uni,dad,es bdsicas, unid,ød,es suplementares e øIguns eïernplos d,e unid,ailes d,eriuød,as do SI. G røn d, e z o,s fund, ørn ent øi s Comprimento Massa Tempo Corrente elétrica Temperatura termodinâmica Quantidade de matéria Intensidade luminosa G ran d, e z as suplern ent are s Nome d,a uniilade metro quilograma segundo ampère kelvin mol candela Nome d,a unid.ad.e Angulo plano Ângulo sólido radiano esteradiano Grønd,ezøs d,eriuad.øs Nome da unid,ød,e Frequência Potência Carga elétrica Potencial elétrico Resistência elétrica Condutância elétrica Capacitância elétrica Fluxo magnético Densidade de fluxo magnético Intensidade de campo magnético hertz watt coulomb volt ohm Indutância henry siemens farad weber tesla Sírnbolo rn ks s A I{ mol cd SímboIo rad sr Símbolo Hz W C V o ^g F Wb T Al* H 6,1. SISTEMA INTERNA CIONAL DE UNIDADES 7T Grandezas l¡ó,sica ot grandeza de base é uma grandeza convencionalmente aceita como funcionalmente independente das demais. Gro.ndezø deriaada é definicla em função das grandezas de base. Grandeza adimensional ot grandeza de dimensã,o / é uma grandeza para a qual todos os expoentes da expressão dimensional são nulos. No SI são definidas 7 grandezas b¿ísicas que são comprirnento, møssa, tempo, corrente elétrica, temperøtura termod,inô,mica, quantidade tle mat,íria e intensidad,e luminosø. As uni,d,ades l¡dsicas ou unido,des d,e bøse são as unidades correspondentes às quantidades basicas, definidas a seguir. o O metro é a distância percorrida pela luz no vácuo dutante um intervalo de I1299792458 de segundo (17a CGPM - 1983). t O qui,logr&rn& é a massa do padrão em platina iridiada preservado em Sèvres na França (la CGPM-1889 e 2a CGPM-1901). o O segundo 'ê,aduração de 9192 631770 períodos colresponclentes à transiçáo entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 136 (13a CGPM-1967). o O ampère é a intensidade cle uma corrente elétrica que, mantida em dois condutores paralelos, retilíneos, infinitos, de seção circular desprezível, e situados à distância de 1rn entre si, no vácuo, produz entre estes dois condutores uma força igual a 2 x I0-7 newton por metro de comprimento de fio (9a CGPM-1948). t O keluin é a fração 11273,16 cla temperatura termodinâmicado ponto tríplice da água (10a CGPM-1954 e 13a CGPM-1967) o O mol é a quantidade de matéria de um sistema contenclo tantas quantos átomos existem em 0,0L2kg de elementares, entidades carbono 12 Qaa CGPM-1971) o A candela é a intensidade luminosa numa dada direção, de uma que emite radiação monocromática com uma frequência de fonte 540 x 1012 hertz e cuja intensidade energética nesta clireção é 1/683 watt por esteradiano (16a CGPM - 1979) ### 6, 72 SISTEMA IN?ERNACIONAL DE UNIDADES Tabela 6.2: Fatores multiplicatiaos, Ttrefiros e símbolos no SI. Múltiplos Fator PreJì,xo 101 102 deca hecto Submúltiplos Simbolo da h k 103 quilo 106 M 10e mega giga 1012 tera T G Fator Prefiro 10-1 10-2 10-3 10-6 10-e 10-12 10-15 10-r8 deci centi mili mlcro nano plco femto atto Simbolo d c rn l.L n p Í o, Com exceção, do quilograma, as demais unidades podem ser realizadas em qualquer laboratório, em princípio. Para isso, devem ser' seguidos os plocedimentos detalhados para realização prática das unidades, que também são apresentados pelas CGPM's. Evidentemente, no caso do quilogramø, só existe a possibilidade de obter padrões secundários por comparação com o padrão primário. As uniclades derivadas são definidas a partir das unidades b¡ísicas por meio de relações algébricas. Algumas unidades derivadas são apresentadas na Tabela 6.1. Existem ainda as chamadas unid,ades suplernentares, que são as unidades de ângulos plano e sólidos, apresentada.s na Tabela 6.1. A partir de cada unidade b¡ísica ou derivada do SI, podem ser formadas unidades que sejam múltiplas ou submúltiplas decimais acrescentando-se os prefixos mostrados na Tabela 6.2. Além das grandezas b¡ísicas e derivadas, existem as grandezas adimensionais que também desempenham papel importante. Como exemplos podem ser mencionados o índice de refração, coeficientes de atrito, fração molar', número de Mach, número de Reynolds e constantes tais como a constante de estrutura fina e constante de entropia absoluta. 6.2. VALORES DE ALGUMAS CONSTANTES FíSICAS 6,2 73 Valores de algumas constantes físicas As constantes físicas fundamentais são periodicamente revisadas e atualizadas pelo CODATA1. Os valores de alguma"s constantes físicas escolhidas são mostrados na Tabela 6.3. Estes valores foram extraídos das Referências 3 e 4, que apresentam valores para várias outras constantes. A incerteza pad,rã,o em cada constante da Tabela 6.3 pode ser obtida diretamente, multiplicando-se a constante pela incerteza relativa. Os 2 algarismos significativos na incerteza padrão devem corresponder aos 2 últimos algarismos indicados para a constante. Conforme definição do metro, a velocidade da luz no vácuo é um número exato, dado na Tabela 6.3. A permeabilidade do vácuo no SI 4r x 10-t , por definição. Considerando a relação é |to : c : ,/ 1 Poeo resulta que a permissividade do vácuo es também é um número exato. Referências bibliográfi cas 1. Instituto Nacional de Pesos e Medidas, Sistemø Interno,cional d,e Uni,d,ød,es (1971). 2. B.\ /. Petley, The Fundømental Physical Constants tier of Measurement, Ad,am Hilger, Boston (1985). and, the Fron- 3. B.N. Taylor, The Physical Constanús, Phys. Lett. B 204, 5L (1e88) %4 4. E.R.Cohen and B.N.Taylor, The 1986 CODATA Recommend,ed Values of the Funilømentals Physico,l Constanús, J. Research NBS ,85 (1e87). 9212 lOommittee on Data for Science and Technology. 74 ### 6. SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES Tabela 6.3: Vo,lores CODATA ile 1986 pørø algumas constøntes. Vølor Grand,eza velocidade da luz no vácuo permeabilidade do vácuo permissividade do vácuo constante de Gravitação constante de Planck c= Incertezo, relatiaa 299792458m1s rro=4tr x 10-7 NlA2 60 = 8,854187817 x G : 6, 67259 * h:6,6260755 x massa elétron Irt¿ massa próton constante de Rydberg constante de Avogadro constante de Boltzmann constante de trÙr: I,6726231 x :9, 33 x 109 389 Nt 6,0221367 x : 1,380 Js 7 x 10-3r &g 10 973 731 k F/m 10-1e C .B- = - L0-r2 10-34 e: L,602I77 exato 16-11-3s2 /lcg carga elementa¡ Stefan-Boltzmann exato 10'27 lcg 534 x m-r 1023 mol-t 658 x t0-23 J /I( o = 5,67051 x 10-8 WlrnzI( exato l3 x 10-5 60 x 10-8 30 x 10-8 59 x 10-8 59 x 10-8 12 x 10-10 59 x 10-8 85 x 10-? 34 x 10-6 ### 7 Multímetro Os pri,neípios d,e funcionamento e as d,íaersas funções anølógico e digi.tal sã,o discutiilos nesta Seçã,o. d,os multímetros 7.L Multímetro Amperímetro, voltímetro e ohmímetro são instrumentos de medição para medida de corrente elétrica (A), tensão elétrica (V) resistência " elétrica ( O ), respectivamente. Geralmente, tais instrumentos são montados em um único aparelho chamado multímetro. Existe uma grande variedade de multímetros, desde multímetros bastante simples com muito poucas funções até multímetros extremamente completos, incluindo funções tais como capacímetro, decibelímetro, termômetro e até frequencímetro rudimentar, além de testes de diodos, transistores e outras funções. Na discussão que segue, sã,o considerados multímetros analógico ou digital comuns de boa qualidade, que incluem as seguintes funções de medição: o Amperímetro para corrente contínua (DC) ou alternada (AC), com várias faixas de medição. o Voltímetro para tensão contínua (DC) ou corrente alternada (AC)' com várias faixas de mediçã.o. o Ohmímetro com várias faixas de medição. 75 ### 7. MUÍ.:TíMETfuO 76 + Figura 7.1: Gølaanômetro + ihe bobdna móoel com d,iodos d,e proteção. Amperfnnetno * V s ü -l l'n R-5 R <_ I G 6otvonô¡netro L J Figura 7.2: Anperínetro montødo a pørtír de um gølaønômetro. 7.2. MULTíMETRI ANAtóctco 77 7.2 Multímetro analógico O elemento básico medição de um multímeüro analógico comum é o chamado galuønômetro de bobina móael, a partil do qual são construídas todas as funções do multímetro. 7.2.L Galvanômetro de bobina móvel O galvanômetro de bobina móvell é mostrado na Figura 7.1. Um par de semieixos mantém uma delicada bobina em mancais especiais do tipo usado em relógios, com rubis ou materiais similares. Um par de molas espirais mantém a bobina na posição de equilíbrio ef.az contacto elétrico para passagem de uma corrente elétrica. O campo magnético gerado pelo imã na borda cla bobina deve ter a direção radial, em relação ao eixo. A corrente elétrica i é diretamente lelacionada com o ângulo de deflexã.o da bobina pol i : k0 0 (7.1) k depende campo magnético radial na borda da bobina, do núrnero e áreas das espiras e da constante el¿ística das molas espirais. Uma característica conveniente para o galvanômetro é a linearidade da relação 7.1 e, para isso, fr deve ser uma constante. Do ponto de vista técnico, esta não é uma conclição fácil de ser obtida. O campo magnético raclial na borda da bobina deve ser constante, independentemente do ângulo 0 , e a constante elástica das molas espirais deve ser indepenclente da temperatula. A corrente de fundo tle escala i¡c é a corrente necessária para a máxima defìexão. Eviclentemente, quando menor esta corrente, mais sensíuel é o galvanômetro. Por isso, a sensibilidade do galvanômetro é definida por onde so A : Ixtc (7.2) sensibilidade é maior para um conjunto móvel mais leve, com grande número de espiras e molas mais sensíveis, e para campo magnético mais intenso. lO princípio de funcionamento deste galvanômetro e detalhes históricos são apresentados nas Referências 1, 2 e 3. ### 7. MULTíMETRO 78 Uma outra característica elétrica importante do galvanômetro é a resistência elétrica, que é relativamente alta, em geral. Para ter grande sensibilidade, é necessário ter uma bobina com número lelativamente grande de espiras de fio muito fino. A resistência da bobina e das molas espitais (em série) constituem a resistência interna l?6 do galvanômetro. Quando a corrente pelo galvanômetro é minais é dada pela Lei de Ohm, V¡6 i¡c, a tensão em sens ter- -- R6i¡c (7.3) Assim, a sensibilidade do galvanômetlo é dada por Sc 7Rc i¡c V¡c (7.4) Por isso, a sensibilidacle é usualmente dada em I(QlV. Por exemplo, se a colrente de fundo de escala cle uma galvanômetlo é 10 ¡.t,A, a sensibilidacle é So : Ili¡c : 100 K{llV . Bste é um valor típico para a sensibilidade de um galvanômetro muito bom. Geralmente as sensibilidades variam 10 a 100 KAIV. Um valor típico para a resistôncia interna de urn galvanômetro de 100 KnlV é Ro : 251(Q. Assim, a máxima tensão elétlica neste galvanômetro é V¡c - Rci¡6 : 0,3 y . Se for aplicada uma tensão muito maior que esta no galvanômetlo, a bobina do galvanômetro poderá queimar. Por isso, geralmente são usados dois diodos de silício em paralelo corrì os terminais. Um diodo de silício só começa a conduzir significativamente para tensão um pouco maior que 0,3 I/ . Assim, os diodos de silício protegem o galvanômetro contta aplicação de tensão mais alta, pois neste caso, a corrente elétrica é desviada para o diodo. De qualquer modo, deve ser lembrado que esta proteção é bastante relativa, pois não evita a pancada do ponteiro no fundo da escala, o que também danifica o delicado mecanismo de sustentação do conjunto. Além disso, para tensão muito mais alta, também os diodos podem ser queimados. Os diodos de proteção de silício não são mostraclos nas figuras que seguem. A inversão de corrente pelo galvanômetlo provoca inversão do torqtre. O sentido correto de entrada da corrente elétrica é indicado pelo sinal " * ". 7.2. IIvLTíMETRI ANAtóctco 79 No caso de corrente elétrica variável, o galvanômetlo de bobina móvel tende a indicar o valor médio da corrente. Por isso, este galvanômetro não funciona, pala corrente altelnada de 60 I{ z . O galvanômetlo de bobina móvel, também chamado de galvanômetro de Arsonval, é o írnico usado em multímetros de boa qualidade, devido a suas boas cat'acterísticas de linearidade e sensibilidade. Entretanto, existem outros tipos de galvanômetros que podem ser úteis pala corrente alternada ou quando nã.o é importante ter boa sensibilidade ou boa linearidade. Bxistem os "galvanômetros ferrodinâ.micos", nos quais a corlente a sel medida passa por uma grande bobina fixa e o conjunto móvel é baseado em materiais ferromagnéticos. No "galvanômetro de ferro móvel" existem lâminas de material felromagnético no conjunto móvel. Bm uma valiação de galvanômetro ferrodinâmico, o ponteiro inicador é ligado a um cilindto ferromagnético que é att'aído para o interior de uma bobina, conforme a couente a ser medida. Galvanômetros ferrodinârnicos tem baixa sensibilidade, mas sã.o adequados para correntes alternadas. Os "galvanômetro eletrodinâmico" tem bobina móvel e campo rnagnético gerado por bobinas externas alimentaclas pela própria corrente a ser medida. Uma vantagem deste tipo cle galvanômetro é que a iuversão de corlente não afeta o torque, pois há inversã.o cla corrente na bobina móvel e também do campo magnético. 7.2.2 Amperímetro analógico Amperímetros de diferentes fundos de escala podem ser montaclos a paltir do galvanômetlo, como mostrado na Figura 7.2. Pa:ra isso, um resistor'é colocado em paralelo com os terminais do galvanômetro. Dste resistor desvia a maior parte da corrente, mas a corrente iç é proporcional à corrente total i. Uma vez qtle V : Rrir: Rsic, resulta (7.5) Assim, i : Fi6 oncle F : ( I * R6l R'). Uma vez que a função do resistor em paralelo é ttdesviart' parte da corrente, este resistor é usualmente chamado de resisúor shunt ou simplesmente, shunt que significa "desvio", em inglês. ### 7. MUI.|TíMETfuO 80 + VoItlnetro -'+ + R V -l ¡ + R 6 Golvq nâ¡letno J L Figura 7.3: Voltínetro ¡nontadn r ø Ehmfi'¡etno R -l I i ü' x ER + -l + + R pwtir ile um gøIaønôrnetro. t_ 3 d Go.Lvonônetro _J Figura 7.4: Oh¡nûnetro montød,o ø partir ile um galaanômetro, 7,2, MULTíMETRO ANALOGICO A resistência interna do amperímetro é a da de .Ro com .Rr, e pode ser escrita como Rn 81 a"ssociação em paralelo - YF (7.6) As várias faixas de medição, com diferentes fundos de escala, obtidas mudando-se o valor de -R por meio de chaves adequadas. são 7.2.3 Voltímetro analógico O galvanômetro de corrente de fundo de escala voltímetro de fundo de escala V¡6 -- i¡c também é um Rci,¡c 9.7) Voltímetros com diferentes fundos de escala podem ser montados a partir do galvanômetro, como mostrado na Figura 7.3. Para isso, um resistor R é colocado em série com os terminais do galvanômetro. Assim, a tensão nos terminais do voltímetro é V:(R+Rc)i-Rvi (à + .Rc) é a resistência interna do voltímetro. A d,e tund,o d,e escala do voltímetuoé V¡v - Rv i¡c. Assim, onde .Rv - Rv : S6V¡v (7.8) tensã,o (7.9) onde ,96 é a sensibilidade do galvanômetro. Em resumo, basta multiplicar a tensão de fundo de escala do voltímetro pela sensibilidade do galvanômetro para se obter a resistência interna do voltímetro. Assim, um voltímetro de 12 V de fundo de escala para galvanômetro de 100 KOIV , tem resistência interna 1200 /lO : I,2 Mn . As várias faixas de medição, com diferentes fundos de escala, são obtida^s mudando-se o valor de .R por meio de chaves adequadas. 7,2.4 Ohmímetro analógico Um ohmímetro pode ser construído ligando-se uma bateria e um resistor ajustável ,B em série com um galvanômetro conforme é mostrado na ### 7. MULTíMETRO 82 Figura 7.4, onde R, é a resistência a ser medida e -Rs é a resistência interna da bateria. O resistor .R deve ser tal que, quando os terminais do ohmímetro estiverem em curto-circuito (,R" = 0 ), a corrente pelo galvanômetro seja máxima ?=xte= e (7.10) R" onde .Bo : (R + Rc a l?a) pode ser considerada como resistência interna do ohmímetro. Quando existir um resistor .8, nos terminais do galvanômetro, a corrente é dada por i' : -rFt*t (?.11) E assim, se Rr- o 1 se R,- Ro se R, : nHo + oo se .R, llc x ,l i¡e 2 ?, ? i¡c n+L 0 Assim, uma escala pode ser construída conforme os valores acima, paÌa um dado valor Ã" . Se esta resistência é multiplicada por 10, basta multiplicar a leitura da escala por 10. Para se obter diversas faixas de medição, o valor mais baixo de Ã, é multiplicado por 10, 100, 1000 e assim por diante, e a leitura em cada faixa é multiplicada pelo mesmo fator ( X10, X100, X1000, ...). Deve ser observado que R, : Ro quando o ponteiro indicador está no meio da escala (i - i¡clL). Por outro lado, um bom galvanômetro tem resistência interna Ro ba^stante alta (alguns /lO, pelo menos). Assim, resulta que um ohmímetro, tal como o descrito, tem resistência interna Ro = (Æ + ¡?c 1 .Ra) muito alta e será insensível para valores baixos da resistência .Rr. A solução para o problema consiste em substituir o galvanômetro da Figura 7.4 por um amperímetro. A Equação 7.6 mostra que o amperímetro tem resistência interna bem mais baixa. 7,3. MULTíMETRO DIGITAL 83 Evidentemente, o ohmímetro não pode ser ligado a um resistor .R, que já esteja ligado a um circuito externo. Neste caso, as equações mostradas não são válidas e, se o resistot está submetido a uma tensão relativamente alta, devida ao circuito externo, o ohmímetro pode ser danificado devido a corrente excessiva. Devido às alterações da bateria com o tempo, é sempre necessário ajustar .R para obter corrente de fundo de escala, quando A, : 0. Por isso, o multímetro tem um potenciômetro externo para zerar o ohmímetro. 7.3 Multímetro digital Os multímetros digitais vêm substituindo rapidamente os analógicos, pois pelmitem maior acurácia nas medições e maior comodidade de leitura. Uma pequena desvantagem do multímetro digital é a necessidade de bateria para alimentação de seus circuitos e do mostrador digital, enquanto que um multímetro analógico só usa bateria para o ohmímetro. Isto é, um multímetro digital é completamente inútil sem bateria, enquanto que o análogico sem bateria funciona perfeitamente, exceto o ohmímetro. Atualmente, o custo de ambos instrumentos são equiparáveis. O elemento b¿ísico medição de um multímetro digital comum é um miliaoltí¡net¡'o de 200mV d,e fundo de esco.lø, a partir do qual sã.o construídas todas as funções do multímetro. Entretanto, deve ser observado que este milivoltímetro é um conjunto de circuitos bastante complicados que, a partir de uma determinada tensão elétrica mostram os dígitos conespondentes num mostrador' (display). Nos mostradores mais antigos, os segmentos que formam os dígitos são LEDS, que funcionam com correntes relativamente altas e significam grande consumo de bateria. Nos multímetros atuais, são usados os mostradores de cristal líquido que exigem correntes muito menores. Uma pequena desvantagem destes mostradores consiste em setem invisíveis no escuro, pois não há emissão de luz. O princípio de funcionamento consiste em bloquear ou não a passagem da luz, a partir de uma tensão elétrica aplicada ao segmento. ### 7. MUr.iríMETnO 84 ¡¡n <<< + ¡ ln -* I l EH H û V o R Contnolodor V Converson A/D Figura 7.5: Miltuoltlmetro d,e 200¡nV . Vottímetno + m <<( -1 ¡ + RI V * fYl +I + R? I H E J Figura 7.6: Voltímetro montøilo ø parti,r ile um milfuoltímetro. 7.3. MULTíMETRO DIGITAL 85 7.3.L Milivoltímetro de 200mV . O funcionamento de um milivoltímetro comum de 200 mV de fundo de escala é esquematizado na Figura 7.5, de maneira bastante simplificada. Um dos elementos essenciais é um convelsor analógico/digital (A/D) que converte uma tensã,o elétrica num trem de pulsos de frequência proporcional à tensão. No circuito controlador, o número de pulsos é contado durante certo tempo e o resultado da contagem binária é decodificado e convertido em sinais elétricos aplicados aos segmentos do mostrador digital. O circuito controlador tem um relógio interno e, além de comandar o mostrador, controla o conversor AlD, pois a leitura da tensão na entrada é feita por amostragem. Bstas funções sã,o realizadas em muitos cilcuitos bastante complicados que, apesar disto, sã,o montados num único circuito integrado de 40 pinos. Apenas o mostrador e alguns componentes são externos ao circuito integrado. Uma informação importante é que o milivoltímetro tem um certo ritmo d,e leitura que não é muito grande, geralmente, algumas leituras poÌ segundo. Isto torna o milivoltímetro digital relativamente lento e a indicação é bastante confusa para tensões que variam rapidamente. Uma outra inforrnação importante é que a resistência de entrada do conversor AID ê muito alta, da ordem de dezenas de GO. Isto significa que a corrente elétrica i- que entra no conversor é completamente desprezível, usualmente. Assim, tesistência interna do milivoltímetlo mostrado na Figura 7.5 é Rv, exceto se esta resistência for comparável com a do conversor A/D. Um valor usual para .Ry é. n Mn, eüe embora bastante alto, é desprezível comparado com a resistência da entrada do conversor A/D. Por isso, a corrente i* é desprezada nas considerações que seguem. 7.3.2 Voltímetro digital A partir do milivoltímetro de 200 rnV qualquer fundo de escala maior pode ser obtido, como na Figura 7.6. A tensão nos terminais é _ (& y'Rr ! Rz) r* (7.r2) Assim, se Rz e -Rr são escolhidos na proporção de 9 para 1, a tensão V é rc vezes maior que a, leitura do milivoltímetro. Outras faixas de ### 7. MULTíMETRO 86 medição podem ser obüidas, para outros valores de Rz A resistência interna do voltímetro é ( Àr + Ä, ). e .El . 7.3.3 Amperímetro digital A pa.rtir do milivoltímetro de 200 mV pode-se montar um amperímetro como mostrado na Figura 7.7. Se V* é a leitura do milivoltímetro, a corrente elétrica é v* R Por exemplo, se .B = 1 O (7.13) , o milivoltímetro pode ser lido em mA. Obtem-se outras faixas de medição trocando .8. A resistência interna do amperímetro é -&, em princípio. Entretanto, os valores de .R são muito baixos, especialmentepara correntes altas (æ, I A). Isto significa que pequenas resistências em série, tal como a resistência de um fusível ou de fios de ligação devem ser somadas com .R para se obter a resistência interna do amperímetro. 7.3.4 Ohmímetro digital Um ohmímetro pode ser montado a partir do milivoltímetro de 200mV como mostrado na Figura 7.8. Entretanto, o ohmímetro exige um circuito complicado chamado fonte ile conente, que fornece uma corrente bem definida e constante i . Assim, a corrente que passa pela resistência desconhecida .R, é i , qualquer que seja o valor de .R' . Assim, se V^ é a leitura do milivoltímetro, a resistência é R,:\ (7.14) ?, Por exemplo, se i : ImA, o milivoltímetro pode ser lido diretamente em O. Outras faixas de medição podem ser obtidas, com diferentes valores de i. 87 7.3. MUI:TíMETRO DIGTTAL An,penfnet no r I -€ ¡tl <<( -t i I --+ + t +úffi Ñ ¡1 R -[EE" A J L Figura 7.72 Amperímetro ¡nontød,o a partir d,e um miliuoltírnetro. !hnlne t n o -l Fonte de m conne nte + ¡1 4 ._ I RX ü 1 flEE "E t_ Figura 7.8: Olnnímetro rnontad,o a partir de um miliaoltírnetro. J ### 7. MULTíMETRO 88 7.4 Medição em corrente alternada No caso de tensão ou corrente alternada2 de 60Hz nenhum dos circuitos apresentados (digital ou analógico) funcionam. Os circuitos analógicos respondem conforme os valoles médios, que são nulos. Os digitais tendem a ficar confusos, dependendo do tempo de amostragem e do rítmo de leituras. Uma solução para medição em corrente alternada consiste em usar diodos para retificaçã.o da corrente3. Entretanto, deve ser observado que cada dioclo retificador introduz no circuito uma queda de tensão t 0,6 I/ . Isto inviabiliza a medida de tensã.o AC pequena da ordem de 1 V ou menos e comprometea acurácia das meclidas de tensão AC da ordem de dezenas de volts. A solução para medida de tensão AC baixa consiste em amplifical a tensão a ser medida, retificar e compensar a queda de tensäo nos diodos. Um outro problema na medição em AC é que, geralmente se deseja medir valor méclio quadráticoa que é o valor máximo multiplicado por Il\Æ = 0,707. Mas quando se consegue retificação da corrente, o instrumento indica o valor médio do módulo da corrente retificada que é o valor máximo multiplicado por 2lr = 0,637. Assim, no cálculo do circuito deve-se consiclerar um fator de correçáo cle 1,111. No caso de multímetros analógicos, as correções mencionadas são gelalmente feitas construindo-se escalas diferentes para medição AC. Referências Fundamentos de Física - 3, Eletromagnetisrno, Livros Técnicos e Científicos Editora S.4., Rio de Janeiro (1991). 1. D. Halliday, R. Resnick e J. Mellill, 2. R. M. Eisberg e L. S. Lerner, Físi,ca Vol.3, McGraw-I{ill, Sã,o Fundamentos e Aplicações, Paulo (1983). 3. P.A.Tiplet, Física 9, Ed.Guanabara Dois, Rio de Janeiro(1978). 4. Revista Nova Eletrônica, Nqs 40 a 51 (1981). 2Ver Seção 8. sPor exemplo, ver a ponte retificadora no ñnal da Seção aValor eficaz ou valor RMS. 3 ### I Tensão e corrente alternadas Alguns conceitos básicos sobre tensõ,o e comente ølterno,d'as sã,o resumid,os nesta Seçã,o. 3.L Conceitos básicos Uma tensão alternadar é uma diferença de potenciat y(t), que varia harmonica¡nente corn o tempoz. A tensão alternada é mostrada na Figura 8.1 e pode ser descrita matematicamente como V(t) - V*cos(øt * Õs) (8.1) onde V*, w e Õo são constantes. O argumento da função cosseno é definido como fase da tensão alternada: O = (¿.,t * iÞo) (8.2) A constante V* é o valor máximo da tensão, também chamado aalor ile píco. A tensão Vpp:zU^ é, chamada aalor d,e pico øpi,co. A constante Oo é a fase da tensão alternada no instante t:0 e, sempre que possível, é escolhida como 0. Se existem duas tensões alternadas envolvidas, pode-se escolher a fase inicial (Þo de uma dela^s como 0. rA corrente alternadaé usualmente indicadapor CA ou AC (alternating current). 2Va^riação harmônica no tempo é entendida como variação do 89 tipo senat. ### 8. 90 TENSAO E COR&ENTE AL:TEBNADAS v(t) T v,n V' %o Fþra 8.lz Tensão øltemailo. + ¡(t) V<t> R Fonte AC Figura 8,22 Resistênaia lögøilø ø aftù gerøilor ile tensõo ølternøilo. 8.1, CONCEITOS BÁ,SrcOS A constante 91 ø é chamada frequênciø øngular da tensã,o alternada e está diretamente relacionada com a frequência / e com o período T da^s oscilações por u:Zrf :+ T (S.3) A Figura 8.2 representa um gerador de tensã,o alternada ligado a uma resistência .R. Escolhendo Os = 0 e aplicando a Lei de Ohm ao circuito, resulta que a corrente elétrica é dada por i(t) : i^cos(ut) onde i^ -- + (s.4) Assim, a corrente i(ú) que passa pela resistência .R também é alternada e com rnesrna frequênciø e tnesmø fase O que a tensão alternada. A potência dissipada no resistor é dada por P(t) : V(t)i(t) - V*i*coszut (s.5) A relação trigonométrica : 1. + cosut) i(l ^ cos',,s, (8.6) mostra que a potência dissipada no resistor também valia harmonicamente com o tempo, mas com frequência angular 2ar. Em geral, interessa a potência média no tempo transferida ao resistor, isto é, FIÐ - v**ffit (s.T) onde a barra indica valor médio no tempo em um período de oscilação. Conforme definição de valor médio num tempo T : ffiî: + l:: cosz,,tt o, : # Ii,' ft * coszot) dt - f, Assim, a potência média transferida ao resistor P(t) (s.8) é 1 - iV^¿^ (8.e) Vølor ef,cøz d.ø tensõ.o e aalor eficøz ila corcente são definidos por y-,-L e! ^Æ e ¿"¡ i^ : z,r/T (8'10) ### 8. 92 ?ENSAO E CORR,BNTE ALTERNADAS Assim, V¡ -- Riu¡ e P Ir^n* : vÍi"Í (8.11) Como pode ser observado, em termos de valores eficazes V¡ . i"! , a ¡rotência média dissipada no resistor e a Lei de Ohm são dadas pelas mesmas expressões que em corrente contínua. Entretanto, outros componentes tais como capacitoles e indutores, têm um compottamento mais complicaclo em corrente alternada, pois ocorre clefasagem entre a tensão V(t) e a corrente elétrica í(t) . 8.2 Rede elétrica comercial A energia elétrica é distribuída comercialmente para residências, indústrias e outros fins, ¡ror meio de corrente alternada. Isto porque a tensáo alternada, além de ser facilmente gerada como tal, apresenta vantagens em relação à tensão contínua. Uma das grandes vantagens é que os valores eficazes podem ser facilmente elevados ou rebaixados de maneira relativamente simples, pol meio de transformadores. Isto simplifica bastante a transmissão e distribuição de energia elétrica. Muitos clispositivos simples tais como lâmpadas incandescentes, aquecedores e lesistores em gelal, funcionam igualmente bem em corrente contínua ou alternacla. Outros clispositivos, tais como motores e relés, podem ser facilmente construídos ou adaptados para corrente alternada. A utilizaçäo de enelgia elétrica em aparelhos eletrônicos tais como rádios, TV's e outros, é mais simples usando tensão alternada. A frequência da recle elétrica no Brasil é 60 I:I z, a mesma que nos Estados Unidos e Canadá, por exemplo. Nos países da Europa e cla América Latina, a frequência é 50 H z . A instalação elétrica residencial comum é a chamada instalação monof,ísi,cø e, gelalmente, são disponíveis as tensões alternadas corn valores eficazes de 110 e 220V. Neste tipo de instalação, podem ser identificados 4 fios : Fio Fio Fio Fio rede vt - v^cos(ut) + vN rede -) ----+ Vx È constante rede Ve - V^cos(øt *r) + V¡,t -' terra T local Vr - Potencial da terra local -| fase A da fase N da fase B da 8,2. REDE ELÉTRICA COMERCIAL 93 Se V"! :110 Y resultam os valores v^ - tE V¡ = Ls6v e vpp - 2v* = SLLr "Il}V" é apenas uma denominaçã,o usual para a tensão alternada monof¿ísica. Infelizmente, no Brasil existe pouca padronizaçã.o e, dependendo da região, a tensão alternada pode ter valores O valor eficazes efr.caz Vt : 110, II7, I27 e outros. A Figura 8.3 mostra os potenciais dos 4 fios da instalação elétrica monofásica cornum. O fio neutt'o também é um telra, mas da rede elétrica e pode estar em local distante e portanto, seu potencial pode ser diferente clo potencial da terra local. A tensão altelnada de 110 I/ é obtida entre o fio A e o fio N. Entre os fios B e N tarnbém existe 110 y. Entretanto, entre os fios A e B a diferença de potencial é V : V¡ - Vø - V*cosut - V^cos(ut * r) - 2V* cosut (8.12) Portanto, entre os fios A e B existe uma tensão alternada com o dobro da tensão efrcaz, isto é, 220V . O fio telra se destina ao aterlamento de caixas metálicas de aparelhos por razões de segurança dos usuários e também de equipamentos3. Todas as conexões com plugues e tomadas deveriam ter um terceiro pino para esta ligação. Infelizmente, no Brasil, o fio terra é ligado somente em chuveiros, torneilas elétricas e máquinas de lavar, quando é instalado. Além de instalaçáo monofdsico, existem também instalações elétricas triftísicas usadas em instalações inclustriais e laboratórios com máquinas elétlicas grandes. Uma instalação trif'asica tem 3 tensões alternadas de mesma amplitude, ñffi cada uma delas defasada de +1200 ou -1200 em relação às outras duas. Instalação bifdsica não tem interesse prático e não deve ser confundida com a instalação monofiisica comum de duas tensões alternada defasadas de 1800 . Instalações de 6, 12 ou mais fases teriam vantagens que não compensam a complexidade das ligações e não são viáveis cometcialmente. 3Ver Seção 9. ### 8. tnMsto E COSRENTE 94 v(t) FIo AATEüNADAS A v" V' F¡o Neutno v- v, t .-J F¡o Terro F¡o B Figura 8.32 Potenciais nos fios ile umø ínstøloçào tn'onotdsica. ### e Choque elétrico Os principais efeitos d,o choque elétrico no corpo humøno os cui,d,ailos o, serern seguiilos sã,o resu¡nid,os nestø Seçõ,o. e 9.1- Efeitos da corrente no corpo humano O corpo humano é muito sensível à passagem da corrente elétrica. Isto ocorre porque as atividades muscula¡es, incluindo a respiração e os batimentos cardíacos são controlados por correntes elétricas internas. A passagem de uma corrente elétrica de origem externa pode resulta^r em graves descontroles, tais como paralisia respiratória, fibrilação ventricular ou parada cardíaca. Os principais efeitos da corrente elétrica alternada de 60 Hz sãa reunidos na Tabela 9.1 (conforme Referências tr2 e 3). Os resultados apresentados são deduzidos de experiências com animais e an¡ílise de acidentes, sendo portanto ba,stante aproximados. V¿írios dos efeitos considerados devem ser entendidos no sentido que têm grande probabilidade de ocorrer. Além disso, tais efeitos podem variar de uma pessoa para outra, conforme a idade e podem ser muito mais graves em pessoas cardíaca^s. A f,brilaçã,o aentricular se caracteriza por movimentos de contração não coordenados dos ventriculos, resultando em grande diminuição da ação de bombeamento sanguíneo. A fibrilação ventricular pode levar à morte se o batimento ca¡díaco normal não é restabelecido com técnicas médicas de desfibrilação. 95 ### e. cHoQUE ELÉTRTCO 96 Tabela 9.L: Efeitos proadaeis da cort'ente elétricø no corpo hurnøno. Corrente (60 Hz Duração Efeitos prováveis 0 a 0r3mA Qualquer Nenhum 0,3 a 0.6naA Qualquer Limiar de percepção 1 a lÙmA Qualquer Dor Contração muscular Descontrole musculal l0 a25mA Minutos Contração muscular Dificuldade respiratória Aumento da pressão arterial 25 a 50mA Segundos Paralisia respiratória Fibrilação ventricular Inconsciência 50 a 200 mA Mais de um ciclo cardíaco Fibrilação ventricular Pa¡alisia respiratória Inconsciência Marcas visíveis mais de 200m4 Menos de um ciclo cardíaco Fibrilação ventricular Inconsciência Marcas visíveis mais de 200m4 Mais de um ciclo cardíaco Parada cardíaca Inconsciência Queimaduras 9.1. EFEITOS DA CORRENTB NO CORPO HUMANO 97 Tabela 9.2: Valores mdximos pare a con'ente elétricø de fuga enx o.parelhos eletrônicos. Aparelhos em contacto apenas com a pele clo corpo Corrente máxima aceitável : 300 p,A Corrente máxima desejável : 100 p,A Aparelhos em contacto com o intelior de Corrente máxima aceitável : l5 ¡tA vasos sanguíneos Corrente máxima desejável : 5 ¡tA Existe tm período aulnerdael no ciclo de batimento cardíaco que é o início da chamada fase T do eletrocardiogramal. Nesta fase, uma corrente de duração de 100nzs pode provocar fibrilação ventricular. Assim, é um engano supol que um choque rápido não é perigoso. Um outro aspecto a sel considerado é o percurso da corrente elétrica no colpo hurnano. Correntes da ordem de 50 ¡t,A pelo coração podem provocar fibrilação ventricular, enquanto que 500mA entre os dedos polegar e o indicador pode plovocar somente queimadura. Como limites absolutamente seguros para corrente em um choque elétrico podem ser considerados os valotes2 de normas internacionais pata limi,tes de faga de corcente em aparelhos eletrônicos, dados na Tabela 9.2. Como pode ser visto, limites considetados segulos são bastante pequenos. Bm particular, certos insttumentos médicos introduzidos diretamente em vasos sanguíneos são muito mais perigosos, pois a comente vai diretamente ao coração. A seguir, são discutidas as duas situações mais comuns e perigosas de choques elétricos, mostradas nas Figuras 9.1 e 9.2. lVer Referência 4, por exemplo. 2Dstes valores são dados na Referência 3. ### s. cHoSuE 98 ELÉTRICO Condutor ô I I \v Ptso Figura 9.1: Choque entre uma ilas ¡nõ,os e a temø. Conduton Condutor 2 1 v V2 I IT V=Ve-Vr 0 Plso Figura 9.22 Choque entre as iluøs mõ,os. 9.2. CHOQUE EN?R^E UMA 9.2 DAS MAOS E A TERRA 99 Choque entre uma das mãos e a terra A corrente elétrica que circula pelo corpo é dada aproximadamente por ,-V R onde .& é a resistência elétrica efetiva, correspondente ao percurso da corrente entre o ponto de contacto com o condutor e a telra. Esta resistência pode variar enormemente, dependendo dos seguintes fatores: o Acoplamento entre a mão do indivíduo e o condutor, que depende da humidade da pele, da área de contacto e outros fatores. o Resistência elétrica interna do corpo associada ao percuÌso, que é relativamente baixa. o Frequência da corrente elétrica. o Acoplamento entre os pés do indivíduo e o piso. o Acoplamento entre o piso e a própria terra. Ambientes molhados ou mesmo úmidos são perigosos porque melhoram os acoplamentos, diminuindo a resistência efetiva. Como medida de prevenção contra choques elétricos, nunca se deve tocar em um condutor sem isolação adequada. Muito menos, se deve agalral um condutor, pois a contração muscular pode resultar em aperto ainda maiot do condutor. Sapatos com sola grossa de borracha e piso com bom revestimento isolante constituem uma boa proteção adicional contra choque entre a mão e a terra, no caso de instalação residencial (t L20V ). Em ambientes molhados tais proteções podem ser inúteis. No caso de altas tensões (n: 500 V ou maior), a corrente elétrica pode ocorrer através de rachaduras ou fissuras no isolante ou ainda, pela superfície do mesmo, dependente da umidade, sujeira e outros fatores. Isto significa que, no caso de altas tensões, sapatos de sola grossa e pisos isolantes comuns podem ser cuidados completamente inúteis, mesmo em ambientes secos. 100 9.3 ### e. cqoeug u,Érmco Choque entre uma das mãos e a outra Esta situação é rnuito mais perigosa que a anterior. Isto porque todos os cuidados de isolaçã,o em relação à terra tornam-se completamente inírteis e, além disso, o percurso da corrente pa.ssa diretamente pelo coração, com maiores plobabilidades de provocar fibrilação ventricular' ou outros efeitos graves. A resistência .R do corpo entre as mãos suadas pode ser cla ordem cle 2000 f,t. Agarrando-se, um em cada mão, os fios de uma tomada elétrica comum ( t 120 I/ entre uma fase e o neutro), a corrente é _V I*Ex60mA Bsta corrente é suficiente para provocar paralisia lespiratória, fibrilação ventricular e inconsciência. A regra básica de prevençã,o contra choque elétrico entre as duas mã.os consiste em nunco, lr,so:ì' 0,s duas mã,os simultaneamente em pontos diferentes de um circuito elétlico. Em particular, não se deve pegar dois fios, mesmo isolados, com mãos diferentes e nem manusear aparelhos diferentes simultaneamente. Técnicos que trabalham em instrumentos com alta tensão costuma dizer que t'deve-se trabalhal com uma das mãos no bolsot'. O manuseio do multímetlo para medição em circuitos com tensões relativamente altas deve ser feito com cuidado. As pontas cle ptova nunca devem seÌ manuseadas com mãos diferentes, simultaneamente. 9.4 Ligação de instrumentos à terra Um dos cuidados mais importantes paÌa prevenção de choque elétrico é a ligação de caixas metálicas de instrumentos ou aparelhos à terra, como mostrado na Figura 9.3. O terra é construído enterrando-se condutores em terra úmida, juntamente com sais e outras substâncias, de forma a se obter alta condutância elétrica entre os condutores e a terra. O terra é caracterizado por uma resistência ,R7 eue deve ser o menor possível, como discutido a seguir. s.4. LIGAÇÃI DE rNsrRuMENTos À rønnt, 101 Se uma caixa metálica de um aparelho é ligada ao fio terra, pode existir uma corÌente elétrica i da caixa para a terra. Assim, a diferença de potencial entre a caixa e a terra é V¡t * Rri (9.1) é, a resistência do terra, se a resistência dos fios de ligação é desprezada. Assim, se a resistência do terra é muito pequena, a tensão V¡t enfie a caixa e a terra é desprezível. O aterramento de caixas de aparelhos apresenta grandes vantagens, destacadas a seguir. onde -Ea o Prevenção de choque entre a mão do operador e o piso, pois a caixa do aparelho está aproximadamente no mesmo potencial da terra. Particularmente perigoso é um chuveiro elétrico de carcaça metálica não aterrada. o Prevençã,o de choque quando o operador manusear simultaneamente, aparelhos diferentes, pois estes estão no mesmo potencial. o Prevenção de descarga^s elétricas intensas (faíscas) entre instrumentos diferentes, quando as caixas dos mesmos se tocam. Instrumentos mais delicados podem ser danificados com tais faíscas. r Em instrumentos de mediçã.o, intetferências de campos elétricos externos (ruídos) diminuem, pois as caixas realizam uma blindagem mais eficiente. r O potencial da terra é um potencial de referência bastante conveniente e estável para medições elétricas. Toda instalação elétrica, mesmo residencial, deveria ter um terra local e terminais para ligação este terra. Assim, as tomadas elétricas deveriam ter um terceiro pino para esta ligação. O terra deve ter resistência suficientemente baixa, tendo em vista sua finalidade. Por exemplo, pode-se admitir uma corrente de æ 100 A num curto-circuito num aparelho. Conforme a Equação 9.1, se a resistência do terra é 100 mdl,, a tensão no fio de ligação ao terra é V¡t N 10 y . Entretanto, este terra seria inútil para um banco de capacitores que, numa descarga acidental paÌa a terra possa liberar 20 kA . Neste caso, a tensã.o V¡t nos fio do terra seria x 2000V . i ### s. 102 cHoQUE ELÉTHCO Instnumento r Flos do -l F¡o tenno R I I J L Vç* I Clncultos nede { \-^o Colxo oterrodo I : Figura 9.3: Ligøção de instrumentos à, terrø, Um para-raios pode concluzir dezenas de leA quando ocorre um raio. Assim, ã cabo de liga,ção ao terra do para-raios pode atingir milhares de volts e rw,¡tcø ileae ser uso'ilo cotno terra. Referências 1. J.B.Marion, Generøt Physics añth Bioscience Essøys, John wiley (1e?e). 2. M.A.t. Martin, Saúde Ocupacional e Segurança, Vol. XKllz, (1e86). 3. G. Gronich, O Choque Elétrico, Revista Nova Eletrônica, No 3, pe. 342 (1e77). 4. Heart - Electroeøriliogrøms, E¡cyclopaedia Britaunica, vol. 11, ps.223 (1e71). J