BarbosaTerceira e última parte - Núcleo de Estudos Espíritas "Amor

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BarbosaTerceira e última parte - Núcleo de Estudos Espíritas "Amor
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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 10 - nº 92 - Junho/2009
Distribuição Gratuita
Rui
Barbosa
Terceira e última parte
Os Instrumentos da Perfeição
Nada de Coitadinho
Embriaguez
Família na Atualidade
Batuíra
Civilizações Antigas - Introdução à Índia
PROIBIDA A VENDA
Editorial
editorial
Sempre que adentramos no mês de junho não conseguimos deixar de perceber as
festas juninas que povoam as cidades e que, em muitos lugares, por conveniência, se
tornam em festas julinas, aquelas que ocorrem no decorrer do mês de julho, em razão
das férias escolares, mas que trazem, em si, os mesmos conceitos pagãos das festas
juninas.
A festa junina faz parte de uma antiga tradição pagã para celebrar o solstício1 de
verão.
Como o catolicismo absorveu muitas celebrações pagãs em seu ritual, assim ocorreu
também com as festas juninas, celebrando principalmente o dia de São João.
Ao lembrarmos que festas pagãs são aquelas que servem para cultuar vários
deuses, assim como as festas juninas celebram o deus Sol, vemos mesmo no meio
espírita a aceitação deste tipo de celebração, sempre com o intuito de arrecadar verbas
para a instituição, não se percebendo que se está incentivando esse tipo de politeísmo.
Muitos diriam: mas aqueles que ali vão nem sabem dessas coisas e não veem mal
algum, até porque estão auxiliando o agrupamento espírita a fazer “caridade” com a
arrecadação feita.
Pois bem, vigiemos e oremos!
Será que o fim justifica os meios, ou nós, espíritas, não estamos com a
responsabilidade de transmitir a Verdade do Cristo, que não pode ser mesclada com
quaisquer outras crenças fantasiosas?
É exatamente quando começamos a fazer concessões no ideal espírita-cristão que
iniciamos a caminhada pelo erro, divulgando as trevas. Fizemos isto, ontem, na Igreja,
quando detínhamos a responsabilidade de divulgar o Cristianismo e nos perdemos pela
nossa vaidade, nosso orgulho e nosso egoísmo.
O Cristo é claro, ao afirmar que não se deve “Servir a Deus e a Mamon”.
Lembremos, companheiros, que a Espiritualidade Superior estará sempre a auxiliar
e a sustentar as instituições sérias, que buscam se ajustar aos desígnios divinos,
atendendo à vontade do Pai Celestial.
Acreditarmos que não temos outras formas de motivar a caridade alheia, para
atendimento às necessidades materiais do grupo espírita é, no mínimo, subestimar a
Paternidade Divina, à qual todos nós pertencemos.
Cada um, que participa da instituição, deverá buscar entender onde e como poderá
auxiliar no trabalho coletivo, já que faz parte da experiência naquela reencarnação, mas
o principal é que a instituição mantenha sempre a fidelidade ao Cristo, e que esta esteja
sempre em primeiro lugar.
Busquemos, então, estudar sempre as obras sérias e trabalhar incessantemente
para a nossa própria melhoria, estendendo as mãos ao labor cristão, visando aqueles
infortúnios ocultos a que nos convida o Evangelho.
Emmanuel, enfim, nos assevera em sua mensagem “Socorro e Concurso”, do livro
Palavras de Vida Eterna (trecho):
“Observemos que o Senhor, diante da multidão faminta, não pergunta aos
companheiros:
— “De quantos pães necessitamos?" mas, sim, "quantos pães tendes?".
A passagem denota a precaução de Jesus, no sentido de alertar os discípulos para a
necessidade de algo apresentar à Providência Divina, como base para o socorro que
suplicamos.
Em verdade, o Mestre conseguiu alimentar milhares de pessoas, mas não prescindiu
das migalhas que os apóstolos lhe ofereciam...
Não te esqueças, pois, de que no auxílio aos outros não prescindirá o Senhor do
auxílio, pequenino embora, que deve encontrar em ti.”
Equipe Seareiro
1
ÍNDICE
Solstício: época em que o Sol, tendo-se afastado o mais possível do equador, parece deter-se e
estacionar durante alguns dias, antes de voltar a aproximar-se de novo do equador. (Dic Michaelis UOL).
Grandes Pioneiros: Rui Barbosa - Terceira e
Última Parte - Pág. 3
Atualidade: Civilizações Antigas - Introdução à
Índia - Pág. 10
Cantinho do Verso e Prosa: Desejo do Mestre Pág. 11
Clube do Livro: O Mosteiro de São Jerônimo Pág. 12
Tema Livre: Embriaguez - Pág. 12
Contos: Os Instrumentos da Perfeição - Pág. 13
2
Família: Família na Atualidade Pág. 14
Pegadas de Chico Xavier: Nada de
Coitadinho - Pág. 15
Canal Aberto: Batuíra - Pág. 16
Kardec em Estudo: Destruição
Necessária e Destruição Abusiva Pág.18
Livro em Foco: Paciência - Pág. 19
Calendário: Junho - Pág. 19
Seareiro
Publicação Mensal
Doutrinária-espírita
Ano 10 - nº 92 - Junho/2009
Órgão divulgador do Núcleo de
Estudos Espíritas Amor e Esperança
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CCM: 39.737
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destinada a expandir a divulgação da
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Jornalista Responsável
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Tiragem
12.000 exemplares
Distribuição Gratuita
Seareiro
Grandes Pioneiros
grandes
pioneiros
seu afastamento. Só em 1903 é que esse assunto teve fim,
quando foi assinado o Tratado de Petrópolis, que colocava
limites entre Brasil e Bolívia.
O Brasil ficara com 180.000 km² do território do Acre e
Terceira e Última Parte
comprometendo-se a fazer construir a estrada de ferro
conhecida, após, como Madeira-Mamoré. Rui Barbosa não
Em 1902, Rodrigues Alves é eleito Presidente da
fora concorde com o pagamento feito à Bolivian Syndicate e
República e Silvano Brandão, seu Vice-presidente. Essa
também com a indenização, ao governo boliviano, pela
nova governadoria sentia sérios problemas pela falta de
região em litígio.
saneamento básico, assunto que era muito debatido por Rui
Entre os muitos acontecimentos que estavam sendo
Barbosa. Desde os idos de 1895, a peste bubônica ganhava
cogitados no Senado, os estudantes paulistas lançam a
espaço, junto com a febre amarela e outros males que
candidatura de Campos Sales para a presidência da
proliferavam no país. Nesse ínterim, o imenso trabalho da
República. Enquanto isso, Rui Barbosa apresenta ao
Espiritualidade Superior, sempre presente, fez a população
Senado o projeto de anistia para todos os implicados nos
vir a conhecer um reencarnante que traria a solução para
acontecimentos da rebelião havida na Escola
essas doenças.
Militar. Rodrigues Alves, chefe governamental
Dr. Osvaldo Cruz, cientista e sanitarista, pôde
na época, libera o projeto de anistia
concentrar seus ideais com medicações
apresentado por Rui e aceito pelo Congresso.
avançadas para a época. Formando um batalhão
Embora essa rebelião tenha sido para depor
de pessoas que foram denominadas por ele de
Rodrigues Alves, com toda a eloquência ao
“soldados da saúde”, visitavam as casas e locais,
projeto, feito por Rui, as questões
administrando inseticidas próprios para exterminar
desfavoráveis deixaram de existir.
larvas e mosquitos, trabalhando incansavelmente,
A candidatura de Afonso Pena começara a
furando latas e ensinando a população a auxiliar no
ser
indicada em Minas Gerais e Rui Barbosa,
combate às doenças e a se prevenir, através da
em
seu manifesto à Nação, não só indica o
higiene, tanto a das casas como a do corpo,
nome
de Afonso Pena como presidente como
tomando banho todos os dias e lavando muito bem
Oswaldo Cruz
também
aponta para a vice-presidência da
as roupas e utensílios domésticos. Após algum
República o nome de Nilo Peçanha.
tempo, Osvaldo Cruz lutou com a população para que fosse
Durante as eleições do ano de 1906, Rui Barbosa é eleito
aceita a vacinação contra a varíola. Com isso, ele provoca
senador,
Afonso Pena ganha como presidente, e Nilo
uma revolta popular, pois o povo não aceitava a
Peçanha
como
vice. O Governo, ainda sob a presidência de
obrigatoriedade da vacinação. Rui Barbosa também se
Rodrigues Alves, envia um convite a Rui Barbosa,
colocou contrário, por entender que com isso se violavam os
solicitando-lhe representar o Brasil na 3ª Conferência Pandireitos individuais do cidadão. Mas Osvaldo Cruz conseguiu
Americana, que aconteceria no Rio de Janeiro, sendo
fazer-se entender, mostrando que o principal direito de todos
presidente dessa reunião o senhor Joaquim Nabuco. Mas
era o de preservar a vida. E, por esse direito, ele lutou até o
Rui, alegando motivo de saúde, recusa o convite.
fim de sua reencarnação.
No dia 15 de novembro de 1906, Afonso Augusto Moreira
Ainda em 1901, Rui Barbosa redige outra polêmica
Pena
assume a presidência da República, sabendo que
matéria, defendendo, através do jornal “A Imprensa”, o direito
seriam
tempos difíceis que teria que enfrentar as
nacional ao território do Acre, quando soube que Bolívia
consequências
dos efeitos da política negativa realizada por
havia arrendado o Acre, assinando, em Londres, o Contrato
Rodrigues
Alves,
perante muitos brasileiros.
Aramayo, com uma empresa anglo-americana, The Bolivian
O
jornal
”Correio
da Manhã”, em uma de suas edições,
Syndicate of New York City in North America. Os brasileiros
indica,
por
sugestão,
o nome de Rui Barbosa para
que trabalhavam nos seringais, isto é, os que extraíam o leite
representar
o
Brasil
na
2ª
Conferência da Paz, a ser realizada
dos troncos dos seringais, que era considerado na época o
em Haia. Logo após, Rui recebe oficialmente o convite do
ouro branco do Brasil, e muito cobiçado pelo seu valor
Barão do Rio Branco para discursar em Haia, representando
econômico, se revoltaram, ocasionando com isso grandes
o Brasil. Por carta, Rui Barbosa escreve ao Barão do Rio
transtornos para o país em sua fase de desenvolvimento.
Branco aceitando o convite para essa representação na
Depois de algum tempo, Rui Barbosa foi nomeado ministro,
Holanda. E por decreto do presidente Afonso Pena, Rui é
com plenos poderes para tratar da chamada “Questão do
n o m e a d o
Acre” com o governo
E m b a i x a d o r
boliviano. Mas esse
Extraordinário,
problema era
plenipotenciário e
rodeado de muitos
Delegado do Brasil
conchavos políticos e
em Haia. Dessa
Rui, discordando da
forma, ele, em
solução apresentada
c o m i t i v a e
pelo Barão do Rio
acompanhado de sua
Branco, para que
esposa Maria
fosse aceito um
Augusta e das filhas
acordo vantajoso aos
Maria Luiza Vitória e
dois países, pediu
Rodrigues Alves
Nilo Peçanha
Rui Barbosa
Afonso Pena
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
3
Maria Adélia, embarca no
Conferência em resolver
navio Araguaia, no cais
amigavelmente os litígios
Pharoux, rumo à Europa. O
entre as nações e tentar
Araguaia chega à Bahia,
abrandar os efeitos de uma
onde Rui e família
guerra iminente,
participam de um banquete
principalmente por aqueles
e, pela madrugada,
que fossem atingidos pelos
prosseguem viagem.
combates. A repercussão
Desembarcam em Lisboa,
do discurso de Rui foi
onde são recebidos para um
enorme e, com poderes
almoço na delegação do
especiais, ele assina a ata
Brasil e depois partem para
de adesão à Convenção de
Cherbourg (França), de
29/07/1899, para o concerto
Cais Pharoux, em 1880, Rio de Janeiro - hoje parte da Praça XV
onde seguiram para Paris.
de paz entre os conflitos
Desembarcando na capital francesa, Rui e família se
internacionais. Rui Barbosa é indicado pela Rússia como
hospedam no Hotel Regina, na Rue de Rivoli. Em nome do
presidente de honra da 1ª Comissão da Conferência da Paz.
jornal “Le Brésil”, o senhor Roxo Rodrigues oferece uma
Isso se deu porque foram distribuídas quatro comissões para
recepção em honra a Rui Barbosa e família.
estudos objetivos e debates.
Estavam presentes a essa recepção o senhor Gabriel de
Rui ficou com a 1ª Comissão, onde seriam estudadas as
Toledo Pisa e Almeida, Ministro do Brasil em Paris, o senhor
comissões internacionais de inquérito, encarregadas de
Joaquim Nabuco embaixador do Brasil em Washington e
ajuizar esses propósitos. E Rui destacou-se nessa e em
amigo particular de Rui e Henri Turot, do Conselho Municipal
outras questões, com a finalidade de afastar o terrível
de Paris e muitas outras personalidades.
fantasma da guerra.
No dia seguinte, ele chega a Haia sem a família, que ficara
Todos os assuntos tratados nessa Conferência da Paz
em Paris. Hospedou-se no Palace Hotel, em Scheveningen,
repercutiram em todos os países. A oratória, por vezes até
uma praia de banhos separada de Haia por uma extensa
dramática, de Rui levou o representante russo, Frederic
floresta.
Frommhold de Martens, a se calar diante de questões
políticas que, segundo o representante, não seriam de
O Plano Espiritual a tudo auxiliava para que Rui Barbosa
competência dessa conferência. Rui Barbosa, de imediato,
pudesse desempenhar essa importante missão de paz,
responde com um improviso, em francês: “Essa Conferência
desde os conflitos que se espalhavam por toda parte, pelos
não se refere apenas à política militante que conflita os
pensamentos desordenados dos homens, levados pelo
povos, mas à política da ciência histórica com uma regra
poder e orgulho. Rui estava assessorado pela caravana do
moralista”. Esse fato o tornou como uma das figuras mais
Cristo. Seus ideais não se haviam corrompido. Dentro de
respeitadas em Haia, tanto que o senhor Brown-Scott,
seus princípios figurava a Lei de Paz, Esperança e Ordem
representante norte-americano, declarou: “Eis o novo mundo
Mundial. Sua principal fé era a honestidade e o respeito à Lei
que se faz ouvir pelo velho”.
do Criador. Era ele fiel à religião católica, mas prudente na
questão da fé raciocinada.
O Bureau Internacional de la Cour Permanente
d´Arbitrage, em Haia, pelo Secretário-Geral Michiels Van
Rui, há muito, mostrava-se preocupado com os
Verduyuler, comunica a nomeação de Rui Barbosa como
acontecimentos futuros. Havia no ar a preparação para as
membro da referida corte. Isto se deu porque no discurso,
dores futuras entre os povos.
feito por Rui, ele estabelece a diferença entre o Tribunal de
A Conferência da Paz, convocada pela rainha da Holanda
Justiça Arbitral e o existente Tribunal de Arbitramento.
e pelo czar da Rússia, tinha por objetivo discutir o
Mostrando as diferentes posições, Rui restabeleceu a
desarmamento, ante as previsões futuras de uma guerra de
disciplina do trabalho entre esses tribunais. E discursou
proporções mundiais o que, infelizmente, veio a acontecer
sobre esse e outros assuntos em várias línguas.
em 1914, sete anos após essa conferência, na qual
diplomatas de todas as potências ocidentais tomaram parte.
Enquanto isso, Maria Augusta, esposa de Rui, chega a
Scheveningen e hospeda-se no mesmo Palace Hotel, para
Pouca atenção despertava o Brasil, por causa de uma
aguardar o retorno do esposo.
postura de submissão diante das decisões da potência norteamericana. Achavam que a presença do Brasil seria
A Conferência da Paz, em Haia, encerrou-se no dia 18 de
despercebida, não chamaria atenção alguma. Mas ninguém
outubro de 1907. Antes de sua despedida de Haia, Rui
esperava que Rui Barbosa deixasse toda a assembleia
recebeu uma carta de Arthur T. Hadler, presidente da
diplomática internacional de
Universidade de Yale (New
boca aberta e olhos
Haven Connecticut - USA),
arregalados, ante sua
convidando-o para
oratória brilhante e profunda
ministrar uma série de
sob todos os aspectos:
conferências sobre as
políticos, religiosos e de
“Responsabilidades da
honradez.
Cidadania”, mas Rui
Barbosa agradecendo o
Durante a solene abertura
convite, não o aceita e se
no palácio de Binnenhof, sob
desculpa, por achar-se sem
a presidência do Ministro
condições físicas para mais
dos Negócios Estrangeiros
essa jornada.
dos Países Baixos, o senhor
Van Gondriaan, este ficou
Após o encerramento
sem palavras, pois, antes,
festivo de Haia, Rui voltou
ele resumira a tarefa da Rui Barbosa, Maria Augusta, suas filhas Maria Adélia e Maria Luísa Vitória para o Palace Hotel, em
4
e comitiva embarcam no navio Araguaia no cais Pharoux, rumo a Haia.
Seareiro
Scheveningen, encontrando-se com sua esposa Maria
Augusta, que o abraçou, ambos saudosos. Rui guardava
em seu interior a satisfação do dever cumprido, pela fé
que mantinha em seu coração de que, um dia, houvesse
realmente paz no mundo. Mesmo sem entender as ações
do Plano Espiritual, ele tinha a certeza de que todos os
exemplos para que os povos se entendessem, um dia,
teriam que vir do Brasil. Enquanto isso, seu nome era
divulgado por todos os representantes da Conferência,
como sendo Rui Barbosa, a “Águia de Haia”, pela sua
indescritível inteligência e carisma, quando
corajosamente enfrentou as grandes potências como
Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, deixando claro,
em sua tese, que perante a ordem jurídica internacional
todos os Estados são iguais e soberanos. Com todos
esses acontecimentos, tornava Rui Barbosa à esperança
da paz. Mas, infelizmente, ele não poderia impedir a
guerra próxima, mas, enquanto houvesse tempo, ele
estaria lutando pelo bem de todos os povos.
Rui Barbosa e esposa retornam a Paris, onde são
recebidos calorosamente por brasileiros que aí residiam.
Depois embarcam a bordo do navio Araguaia. Rui tinha
intenções de parar em Lisboa, mas dona Maria Augusta não
estava bem de saúde e só desembarcaram ao chegar ao
Brasil, no estado da Bahia. O governador José Marcelino,
recebe-os com um banquete realizado no Hotel SulAmericano.
De retorno ao Rio de Janeiro, Rui e família desembarcam
no cais Pharoux.
O Barão do Rio Branco os recebe com grande entusiasmo
e o jurista é aclamado pelo povo, até que chega ao Palácio do
Catete, sendo recebido pelo Presidente Afonso Pena, que o
congratulou pelo sucesso em Haia.
Rui Barbosa também foi homenageado no Senado e a
saudação foi dita pelo senhor Francisco Glicério que, em
nome dos senadores, lhe oferece um cartão de ouro, com
bela dedicatória.
Em maio de 1908, Rui Barbosa é reeleito vice-presidente
do Senado.
As homenagens sobre seus discursos em Haia ainda
repercutiam por toda parte e o Senado, junto com os
pecuaristas, quis premiá-lo, mas Rui recusou-se
terminantemente em aceitar prêmio algum.
No dia 15 de julho de 1908, realiza-se na casa de São
Clemente, da família de Rui Barbosa, o casamento da filha do
casal, Maria Adélia, com Antonio Batista Pereira que era
Curador de Órfãos no Distrito Federal, nomeado pelo
Presidente Afonso Pena.
A cerimônia realizou-se na sala principal da biblioteca,
ornada ricamente para a festa nupcial. Fora designado como
um dos padrinhos o Barão do Rio Branco.
Em setembro de 1908, vem a falecer, no dia 29, o
renomado escritor e literato, Joaquim Maria Machado de
Assis, grande amigo de Rui Barbosa que, profundamente
consternado, pronuncia um discurso reiterando os feitos em
literatura magnífica que Machado de Assis
colocava em seus romances. Esse discurso, ele
o fez em nome da Academia Brasileira de Letras
e ficou conhecido como o “Adeus a Machado de
Assis”.
Três dias após, Rui Barbosa é eleito
presidente da Academia Brasileira de Letras, em
substituição a Machado de Assis. Votos
unânimes de todos os membros da Academia,
por encontrarem em Rui Barbosa a mesma
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
Academia Brasileira de Letras - Av. Presidente Wilson, 203
Rio de Janeiro - Tel.: (21) 3974-2500
sequência de trabalhos que Machado de Assis desenvolvia.
No ano seguinte, Anatole France visitou a Academia
Brasileira de Letras e Rui Barbosa o saúda em francês,
agradecendo por sua vinda ao Brasil. Seu discurso foi
publicado no Rio de Janeiro pela Imprensa Nacional.
Desgostoso com a política nacional e em desacordo com
os que o elegeram para a vice-presidência do Senado, Rui
pediu a sua renúncia do cargo, o que veio a ser recusado.
Porém, dias depois, com a morte do Presidente Afonso Pena,
que o chocou profundamente, ele definitivamente deixou o
cargo da vice-presidência do Senado e foi substituído por
Quintino Bocaiúva, que aprovava Nilo Peçanha, o qual
ocupava a presidência da República, no lugar de Afonso
Pena.
Rui Barbosa, antevendo o futuro do Brasil, preocupado,
escreveu uma carta a Rodrigues Alves para que aceitasse a
sua candidatura para a presidência, mas Rodrigues Alves se
recusou.
Enquanto isso, Hermes da Fonseca, ex-ministro da
Guerra, desenvolvia intensa campanha, tendo como certa a
presidência. Inconformado, por saber das intenções do perfil
militarista de Hermes da Fonseca, Rui se coloca a disputar a
eleição nas fileiras da oposição, recebendo o apoio do
Partido Republicano Paulista (PRP) e lançando a campanha
alcunhada por seus favorecidos de “civilista”, contra o
militarismo de Hermes.
Nunca o povo havia tido notícias de um processo eleitoral
ganhar as ruas e chamar a atenção pública, do qual até os
estudantes, entre urbanos e elitistas, tomaram parte. Não
havendo outro meio de comunicação, Rui Barbosa fazia uso
de sua principal arma: “a palavra”. Esse era seu instrumento
para chamar a todos para participarem do futuro do país.
Viajou pelos estados de São Paulo, Bahia e Minas Gerais,
afirmando-se liberal, na luta contra as oligarquias (governo
particularista, de poucas pessoas). Discursava entre o povo,
afirmando que era preciso não só combater as oposições das
Forças Armadas, mas reformá-las e também alterar a
Constituição de 1891 que, para ele, estava ultrapassada:
— Acima de tudo era preciso introduzir o voto secreto — e
continuava — a condição mais substancial do
voto, é a sua liberdade. Sem liberdade não há
voto. Não nasci cortesão, não fui solidário ao
trono, não quis ser favorável à ditadura e não o
serei das baionetas.
Realizadas as eleições, o Marechal Hermes
da Fonseca derrota oficialmente Rui Barbosa
nas urnas.
Diante da derrota, Rui, em várias sessões,
apresenta ao Congresso Nacional vasta
Machado de Assis
5
“memória” sobre a eleição presidencial, na qual, em
análise da votação entre os candidatos, demonstra a
derrota e a inelegibilidade de Hermes da Fonseca.
Desgastado pelos esforços feitos pela campanha
política, Rui pede licença do Senado.
Nesse ínterim, em São Paulo, Maria Adélia, sua filha, é
acometida de uma grave enfermidade: tifo. De imediato,
Rui e esposa viajam para São Paulo, em visita à filha.
Hospedam-se no Grand Hotel de la Rôtisserie
Sportsman.
Rui Barbosa durante a campanha eleitural (1909/1910)
Por esse motivo, e ausentando-se do cargo de
Curador, o esposo de Maria Adélia, Antonio Batista
permanece ao seu lado, durante a enfermidade. Mesmo inteirado do
caso, o Marechal Hermes da Fonseca decreta a exoneração de
Antonio Batista Pereira do cargo de Curador Geral de Órfãos do
Distrito Federal. Rui Barbosa ciente do acontecido, entra com uma
ação judicial e Batista Pereira, seu genro, volta, reintegrado ao cargo.
Após quatro meses da reintegração, Batista Pereira recebe todos
os vencimentos atrasados. Maria Adélia melhorara da doença.
Para o refazimento das energias, enfraquecidas pelos últimos
acontecimentos, e com a melhora da filha, Rui e Maria Augusta viajam
em férias para Poços de Caldas. Tempos depois, retornam ao Rio de
Janeiro.
Retomando sua posição política, e para ficar mais à vontade e
continuar escrevendo sobre o governo de Hermes da Fonseca, Rui
renuncia ao cargo de membro da Comissão de Finanças do Senado.
esgotado.
Para isso, envia uma carta ao 1º Secretário. Passa, então, a colaborar
Permanece
no novo jornal Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, colocando-se
um mês na
vigorosamente contra o Presidente Hermes da Fonseca.
c a p i t a l
Muitos conflitos políticos continuavam a trazer preocupações ao já
paulista,
cansado coração de Rui Barbosa. Em meio ao caos político, Rui vê
hospedandoseu filho, o Deputado Federal Alfredo Rui Barbosa, sendo acusado de
se no Grand
calúnias, pois sabia que o alvo principal era ele próprio. Rui Barbosa
Hotel de la
impetra um habeas corpus para seu filho, que estava condenado à
Rôtisserie
morte, e para outros políticos, indiciados no mesmo rol de intrigas
Sportsman,
políticas e pessoais.
como sempre
Pouco depois, foi anunciada a morte do Barão do Rio Branco e a de
o fazia.
Quintino Bocaiúva, sendo este último o presidente do Partido
Enquanto isso, os conflitos internacionais
Republicano Conservador. Rui prestou suas condolências em ambos
prosseguiam. Francisco Ferdinando, herdeiro do
os velórios.
trono austro-húngaro é assassinado em Sarajevo.
Em 1913, por decreto de Hermes Rodrigues da Fonseca, num
Isso vem a provocar um atentado que promove a
referendo de Lauro Müller, foi nomeado Rui Barbosa árbitro brasileiro
invasão da Sérvia. E, em junho de 1914, a Primeira
na Corte Permanente de Arbitragem, instituída pela Convenção de
Guerra Mundial é deflagrada! Essas disputas entre
Haia em 29 de julho de 1899, para a arbitragem pacífica dos conflitos
as grandes potências da Europa duraram quatro
internacionais, num período de seis anos, com o término em 12 de
anos. Rui Barbosa mantinha firme atitude de apoio
dezembro de 1919.
aos aliados. Sua opinião, quanto à invasão da
Numa festividade oferecida para o estadista americano Robert
Bélgica pelos alemães, em fins de 1915, era ao
Bacon, pela sua visita ao Brasil, Rui Barbosa o saúda na Biblioteca
contrário das conquistas que foram alcançadas na
Nacional. Viera Robert Bacon em missão à Fundação Carnegie,
Conferência da Paz, em Haia.
comparecendo também ao casamento do Marechal Hermes com
Rui Barbosa regressa ao Rio de Janeiro e Maria
Dona Nair de Tefé. Rui Barbosa comenta o fato no Senado.
Augusta permanece em São Paulo porque, no dia
No dia primeiro de março de 1914, feita a eleição para o Executivo
seguinte, ela iria ter com parentes, na fazenda Rio
Federal, foram eleitos Venceslau Brás para Presidente da República e
das Pedras, próxima a Campinas.
Urbano Santos para Vice-presidente. Para essa eleição, Rui Barbosa
Com a reabertura do Congresso, Rui dirige um
não se pronunciou, porque um
protesto contra a prorrogação do
movimento havia tido início para
estado de sítio.
depor o Marechal Hermes.
Enquanto isso, repercutiam as
Com isso, fora decretado um
teses e manifestações de Rui sobre a
estado de sítio preventivo. Rui
agressão aos navios da Marinha
Barbosa corria sérios riscos de ser
Mercante Brasileira. Isso viria a
preso. Apreensivo, ele resolve
provocar mudanças profundas na
aproveitar as férias do Congresso e
política externa do Brasil, pela
viaja para São Paulo com a família.
neutralidade do país relativa à guerra
Os boatos seriam de que ele havia
mundial. Convocado pelo Presidente
partido por motivos políticos, mas ele
da República, Venceslau Brás,
mesmo desmentiu, dizendo-se
6
Hermes da Fonseca
Venceslau Brás
Seareiro
Fundação Casa de Rui Barbosa - Jardim social
Pérgula - era um elemento frequente nos quintais
do Rio de Janeiro no século XIX, que, coberto por
trepadeiras, fornecia sombra aos moradores.
Jardim privado
Jardim lateral
A garagem da casa, antiga cocheira, abriga o
automóvel Benz e veículos de tração animal
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
deveria Rui tomar parte na reunião do Brasil com relação à guerra mundial,
onde fora revogado o decreto de neutralidade. No ano seguinte, Rui Barbosa
seria eleito Diretor Presidente da Liga Brasileira pelos aliados.
No ano de 1918, finda a Grande Guerra Mundial!
Nesse mesmo ano, Rui Barbosa completava 50 anos de luta pela liberdade
e paz dos cidadãos brasileiros, e por quê não do mundo?
Sua vida inteira fora desdobrada entre tribunais, comércios, discursos em
todos os lugares. Seus artigos, em defesa e protestos feitos pela imprensa; no
Parlamento, entre regimes de oposições e arbitrariedades, mas, sempre,
defendendo a cidadania. Desde seu marcante discurso, em saudação a José
Bonifácio, o “Moço”, nos idos de 1868, convocando os jovens para a defesa
da pátria brasileira.
Sua contribuição ao país fora celebrada, a princípio, como jubileu literário,
mas transformou-se em jubileu cívico. Era o mais apropriado a esse grande
homem, que fora jornalista, jurista e político, com sérios desafios ao mundo
em transformação.
Os festejos, em homenagem a Rui Barbosa, tiveram início no dia 11 de
agosto de 1918, com uma missa campal que fora celebrada pelo Cardeal
Arcoverde, no Campo de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
Estiveram presentes Venceslau Brás, Presidente da República, vários
ministros e outras autoridades. Falou, em nome do povo, o senhor Coelho
Neto. Após, rumaram todos para a Biblioteca Nacional, onde foi inaugurado o
busto de Rui Barbosa, o homenageado.
Rui profere um discurso emocionado, onde se coloca como um soldado,
construindo de forma boa ou má, com palavras ou letras, porém colocando o
pensamento, através de atos, nos ideais de colaborar para uma nação livre,
com exemplos de paz.
No dia 13 de agosto de 1918, Rui, em recepção ocorrida em sua residência
na rua São Clemente, ou, melhor, como ele destacava, na “Vila Maria
Augusta”, recebeu as insígnias da Legião de Honra, do ministro francês Paul
Claudel; as saudações do Império Britânico, a Cruz de Ouro da Academia de
Ciências de Lisboa e a Ordem da Coroa da Bélgica.
Nessa data tão significativa para o Brasil, por todo o esforço desse espírito
que retornara da Espiritualidade a fim de dar sequência à obra iniciada, o
Plano Superior abençoava, no mesmo instante, a vida de dedicação desse
que, outrora, fora José Bonifácio e que soubera com lealdade cristã, apesar
de todos os entraves do caminho, até aquela hora, cumprir seu dever moral e
cívico.
A data de 13 de agosto de 1918 foi declarada feriado nacional, pelo
Presidente da República. As festividades continuaram, com mais discursos,
no dia seguinte, realizadas no Teatro São Pedro de Alcântara, atual Teatro
João Caetano. Após o povo entrar, abriram-se alas para que Rui Barbosa
passasse por todos, que o aclamavam como a “grande inteligência do Brasil”,
ou, melhor, a “Águia de Haia”.
Os anos seguintes continuaram com os mesmos trabalhos árduos para Rui.
Viagens, por vezes, junto com a esposa Maria Augusta ou sozinho, sempre
discursando e levantando questões para equacionar sérios problemas.
Em 14 de setembro de 1921, Rui foi eleito membro da Suprema Corte
Permanente de Justiça Internacional, de Haia, pelo Conselho Executivo da
Sociedade (Liga) das Nações e pela Assembleia da mesma sociedade.
Tempos depois, Rui adoece gravemente, sendo visitado por autoridades
de vários países, como o Presidente de Portugal, Antonio José de Almeida
(que o agracia com a Grã-Cruz de São Tiago), vindo também para os festejos
da Independência do Brasil, no seu centenário.
Na mesma época, o Prefeito Carlos Sampaio dá o nome de Rui Barbosa à
avenida que circunda o Morro da Viúva, em Botafogo, no Rio de Janeiro,
como parte dos festejos do centenário da emancipação política do Brasil.
No ano de 1923, Rui Barbosa mostrava-se cada vez mais esgotado. Por
insistência de sua esposa Maria Augusta, ele aceita ir para a casa de
Petrópolis, na avenida Ipiranga, 405, de sua propriedade.
Com o clima mais ameno, ele consegue melhoras. Sendo seu estado de
saúde favorável, ele escreve uma carta ao Deputado Federal Joaquim
Pereira Teixeira, falando de sua preocupação pela sucessão governamental
na Bahia. Embora todas as rogativas de Maria Augusta para que ele deixasse
de pensar na política até ficar bem, Rui não parava, sua mente acompanhava
7
todos os acontecimentos do Brasil e do mundo político de fora e de dentro do
país.
No meio político baiano ferviam expectativas para a sucessão. Resolveram
esses políticos pedir a Rui Barbosa uma reunião em sua casa, em Petrópolis,
no que foram atendidos. E nesse dia, 27 de fevereiro de 1923, essa reunião
trouxe os nomes dos candidatos para o governo da Bahia, mas o interventor
do Estado do Rio, o senhor Aureliano Leal, candidato, tinha certeza de que
Rui não apoiaria seu nome para governar a Bahia. Como represália ao grupo
dos políticos, que ele sabia que estariam em Petrópolis, não compareceu à
reunião e, numa carta enviada a Rui, ele pediu que seu caso fosse entregue
Quarto de Maria Augusta e Rui Barbosa
ao Presidente Arthur Bernardes, eleito no ano de 1921, para que
solucionasse o problema de sua candidatura à Bahia.
Rui Barbosa, irritado com o fato e com a falta de ética do candidato
Aureliano Leal, comentou que a pátria já estava repleta de traidores desse
naipe. Os políticos presentes também se chocaram com a posição tomada
por esse indigno brasileiro.
Terminada a reunião, após a retirada de todos, Rui vê seu estado de saúde
piorar. Maria Augusta, ao seu lado, o ajuda a ir para o leito. A febre aumentava
e Rui delirava. Com a ajuda dos filhos, Maria Adélia e Alfredo Rui, resolve
chamar pelo Dr. Edgar Correia Lemos, que sempre cuidava da família quando
estavam em Petrópolis. Atendendo ao chamado, Dr. Edgar, após o exame,
comunica à família que o estado de Rui é gravíssimo.
Sala Maria Augusta
Não querendo, sozinho, dar o diagnóstico, pediu para que fosse feita uma
junta médica. Maria Augusta, de imediato, requisitou a presença do Dr. Luis
Barbosa, que era o médico da família no Rio de Janeiro, do Dr. Modesto
Guimarães, do Dr. Pais Leme e também o Dr. João Marinho que era
otorrinolaringologista.
Maria Augusta e os filhos estavam agoniados pela demora dos exames.
Após algum tempo, o Dr. Edgar, em nome de todos, diagnosticou uma
paralisia bulbar, causada por uma toxemia, resultado de excessos
medicamentosos ou por microorganismos.
— O caso é crítico — dizia Dr. Edgar — sentimos muito, mas a vida desse
grande homem está no fim.
Sala Código Civil - aposento particular de Rui
Dias terríveis para a família! Médicos se revezavam para auxiliar o doente a
atenuar as fases difíceis da enfermidade.
No dia 1º de março de 1923, enquanto Dr. Edgar via o processo físico de
Rui se agravar, notou-o querendo dizer algo.
Aproximou-se e ouviu Rui pronunciar:
— Doutor... sei que não há mais ... o que fazer... eu agradeço... seus
cuidados... mas sinto a presença... da morte...
Maria Augusta, filhos e netos estavam a tudo acompanhando. Em dado
momento, Maria Augusta viu que o marido a olhou e levantou com dificuldade
a mão direita. De imediato, ela correu ao seu lado e tomando-lhe as mãos
Sala Civilista - nesta sala, Rui preparou os
perguntou:
discursos que proferiu na campanha
— Meu querido, o que você quer me dizer?
presidencial de 1909/1910
Levando as mãos da sua esposa junto de seus lábios, Maria Augusta
ouviu-o com a fala enfraquecida:
— Você viverá eternamente em meu coração. A luz divina permitiu-me tê-la
como a mais singela flor que enfeitou o jardim da minha vida... que nunca
feneceu e deu-me forças, através de nossos filhos e netos... reconhecer que
vale a pena lutar... para que outras famílias... tenham o mesmo prazer de
viver... e de amar... E Maria Augusta sentiu o afrouxar das mãos de Rui sobre
as suas. Chorando, convulsivamente, ela fecha os olhos de seu amado
esposo que, pela lei de Deus, ele abriria para vida eterna.
Atendendo aos trâmites religiosos da família católica, Alfredo Rui chamou o
Sala Constituição - Biblioteca
Frei Celso, franciscano do Convento Coração de Jesus, em Petrópolis, para
dar o Sacramento da Unção dos Enfermos, que foi acompanhado por todos
os que ali estavam, inclusive a equipe médica.
Rui Barbosa partiu aos 73 anos, no dia 1º de março de 1923. Seu espírito desprendia-se às 16 horas e 25 minutos, deixando
seu corpo físico que fora levado em trem especial para o Rio de Janeiro, onde foi velado, em câmara ardente, na Biblioteca
Nacional, palco de suas grandes vitórias, em discursos que elevavam a Nação brasileira. A equipe espiritual acompanhou o
trajeto, auxiliando-o com orações para evitar o assédio das sombras.
O presidente Arthur Bernardes decretou luto nacional por três dias.
Alberto Baldissara modela a máscara mortuária em gesso que, depois, é fundida em bronze.
A saída do féretro, da Biblioteca Nacional para o Cemitério São João Batista, foi seguida por grande cortejo público. O caixão
8
Seareiro
Bibliografia
foi conduzido nos ombros do
povo. Muitos foram os
discursos proferidos antes do
sepultamento. O povo
chorava a voz que se calava,
e que, outrora, tanto lutara em
defesa do cidadão.
A notícia da morte de Rui
Filhos e netos de Rui Barbosa na jardim da casa
Barbosa abalou o mundo.
Seus discursos deixaram em
espirituais desenvolvidos por seu intenso amor à Pátria
cada lugar por que passara, a marca de sua bravura. Seus
brasileira!
artigos na imprensa soavam ainda nos lábios daqueles que
Eloísa
admiravam seus escritos claros, e muitos pronunciavam o
Discurso no Senado Federal, em 13 de outubro de 1896,
que ficara como lema para o jornalistas: “A imprensa tem o
em
resposta a César Zama.
dever de divulgar a verdade, sem mascarar ou tirar apenas
proveito do sensacionalismo”.
CREDO POLÍTICO
As casas de espetáculos, cinemas, locais de diversões
públicas fecharam suas portas, por três dias, em todo o país.
Meu País conhece o meu credo político, porque o meu
A pedido do povo baiano e com o consentimento dos
credo político está na minha vida inteira. Creio na liberdade
familiares, em 1949, os restos mortais de Rui Barbosa foram
onipotente, criadora das nações robustas; creio na lei,
trasladados para o Tribunal de Justiça da Bahia, em
emanação dela, o seu órgão capital, a primeira das suas
Salvador, atualmente, Fórum Rui Barbosa.
necessidades; creio que, neste regímen, não há poderes
Na Espiritualidade, Ismael, assim como toda a equipe
soberanos, e soberano é só o Direito, interpretado pelos
espiritual que dera apoio a Rui Barbosa, recebia esse espírito
tribunais; creio que a própria soberania popular necessita de
que, mais uma vez, chegava de seu percurso na Terra como
limites, e que esses limites vêm a ser as suas Constituições,
o desbravador que conseguira realizar os propósitos que lhe
por ela mesma criadas, nas suas horas de inspiração
foram designados a realizar, desde seu reencarne como
jurídica, em garantia contra os seus impulsos de paixão
“Patriarca da Independência”. Voltando à Terra, completou a
desordenada; creio que a República decai, porque se deixou
obra iniciada, tornando o Brasil independente, atingindo-se a
estragar confiando-se ao regímen da força; creio que a
maioridade do povo para poder escolher e lutar pelas causas
Federação perecerá, se continuar a não saber acatar e
religiosas e ideais cristãos, atendendo ao apelo do Cristo
elevar a Justiça; porque da Justiça nasce a confiança, da
para que, um dia, a Terra do Cruzeiro, seja: “Brasil, Coração
confiança a tranquilidade, da tranquilidade o trabalho, do
do Mundo e Pátria do Evangelho”.
trabalho a produção, da produção o crédito, do crédito a
A casa de Rui Barbosa, antiga chácara no Rio de Janeiro,
opulência, da opulência a respeitabilidade, a duração, o
que fora batizada por Rui de “Vila Maria Augusta”, adquirida
vigor; creio no governo do povo pelo povo; creio porém, que o
para agradar sua esposa, hoje aberta ao público para
governo do povo pelo povo tem a base da sua legitimidade na
visitação, está localizada à rua São Clemente, 134, sendo;
cultura da inteligência nacional pelo desenvolvimento
atualmente dirigida pelo Ministério da Cultura e denominada:
nacional do ensino, para o qual as maiores liberalidades do
“Fundação Casa Rui Barbosa”.
tesouro constituíram sempre o mais reprodutivo emprego da
Seu estilo é neoclássico, e foi completada sua reforma por
riqueza pública; creio na tribuna sem fúrias e na imprensa
volta de 1850. Possui um imenso e belo jardim, tratado pelas
sem restrições, porque creio no poder da razão e da verdade;
mãos de Rui Barbosa. Há um lago onde uma estátua de uma
creio na moderação e na tolerância, no progresso e na
águia, que domina uma serpente, revela talvez a trajetória da
tradição, no respeito e na disciplina, na impotência fatal do
vida do antigo proprietário. Vastos salões compõem a casa,
incompetentes e no valor insuprível das capacidades.
com vários escritórios e bibliotecas onde há um acervo de
Rejeito as doutrinas de arbítrio; abomino as ditaduras de
37.000 mil livros dos gêneros preferidos por Rui Barbosa, de
todo o gênero, militares ou científicas, coroadas ou
sua profissão e de sua autoria, entre outros.
populares; detesto os estados de sítio, as suspensões de
Após o desencarne de Rui Barbosa, o governo adquiriu o
garantias, as razões de Estado, as leis de salvação pública;
prédio, inclusive a biblioteca e o arquivo, muito bem
odeio as combinações hipócritas do absolutismo dissimulado
conservados. Anos depois, foram adquiridos os móveis e, em
sob as formas democráticas e republicanas; oponho-me aos
13 de agosto de 1930, o Presidente Washington Luis
governos de seita, aos governos de facção; aos governos de
inaugurava a casa como o primeiro museu brasileiro desse
ignorância; e, quando esta se traduz pela abolição geral das
gênero. Cada aposento, na época, recebeu um nome
grandes instituições docentes, isto é, pela hostilidade radical
referentemente às passagens de grande significado na vida
à inteligência do País nos focos mais altos da sua cultura, a
de Rui Barbosa, pelas viagens políticas, pelos trabalhos
estúpida selvageria dessa fórmula administrativa
profissionais do Direito e os aposentos dedicados ao
impressiona-me como o bramir de um oceano de barbaria
aconchego familiar.
ameaçando as fronteiras de nossa nacionalidade.
Vale a pena ser visitada, relembrando a passagem desse
Rui Barbosa
grande vulto pela vida física, com tantos compromissos
Final da terceira e última parte.
Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho - Francisco Cândido Xavier,
pelo Espírito Humberto de Campos, Editora FEB, 9ª ed., 1971.
Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo - Silvio Brito Soares,
Editora FEB, 2ª ed., 1975.
Rui Barbosa - Cronologia da Vida e Obra - Pesq. Rejane M. M. De Almeida
Magalhães, Editora Fundação Casa de Rui Barbosa - 2ª ed., 1999.
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
Imagens, a partir dos links:
http://commons.wikimedia.org/wiki/Main_Page
http://www.casaruibarbosa.gov.br
http://fotolog.terra.com.br/nder:291
http://www.socgeografialisboa.pt/wp/historia/visitantes-ilustres
9
Atualidade
atualidade
Civilizações Antigas - Introdução à Índia
Aos estudiosos, aos curiosos e aos que gostam de
reflexões, sempre ficaram as dúvidas sobre as origens do
aparecimento do homem na Terra.
De onde viriam os espíritos que, no início dos tempos,
reencarnaram pela primeira vez na Terra?
Será que Deus povoou a Terra somente com espíritos
primitivos e selvagens, sem dar uma sustentação para que
eles pudessem evoluir mais rapidamente?
Através do livro “A Caminho da Luz”, Emmanuel nos
esclarece sobre estes e outros assuntos referentes à
evolução do planeta Terra, desde a sua criação, passando
por todas as suas fases históricas, até os dias atuais.
EXILADOS DE CAPELA
Na Constelação do Cocheiro há uma grande estrela
denominada de Cabra ou Capela.
Há muitos milênios, um dos planetas da Capela atingira
um estágio de grande evolução; no entanto, alguns
milhões de Espíritos rebeldes dificultavam a consolidação
das difíceis conquistas daqueles povos cheios de piedade
e virtudes.
Por determinação das comunidades diretoras
do Cosmos, os Espíritos rebeldes
seriam exilados da Capela e
transferidos para a Terra,
onde aprenderiam
a realizar, na
dor e
nos trabalhos penosos do novo ambiente, as grandes
conquistas do coração. Ao mesmo tempo que evoluiriam,
deveriam impulsionar o progresso dos irmãos inferiores
que já estavam encarnados na Terra.
Com a reencarnação aqui na Terra dos espíritos
exilados de Capela, nascem os ascendentes das raças
brancas, chamadas raças adâmicas e, com o transcurso
dos anos, reuniram-se em quatro grandes grupos que se
fixaram depois nos povos mais antigos, sendo eles:
O grupo dos árias — povos brancos da família indoeuropeia, incluindo os latinos, os celtas, os gregos, os
germanos e os eslavos
A civilização do Egito
O povo de Israel
As castas da Índia.
A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA
Foram os que mais se destacaram na prática do Bem e
no culto da Verdade.
Eram formados pelos espíritos exilados que menos
débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina.
Por guardarem no íntimo uma lembrança mais viva das
experiências de sua pátria distante, um único desejo os
animava, que era trabalhar devotadamente para regressar
ao sublimado mundo do qual haviam sido exilados.
Foi por este motivo que as expressões do antigo Egito
desapareceram para sempre do planeta, pois, após
perpetuarem nas pirâmides os seus avançados
conhecimentos, todos os espíritos daquela região africana
regressaram à pátria sideral.
A FAMÍLIA INDO-EUROPEIA
Do Irã procederam quase todas as correntes
da raça branca, que representariam mais
tarde os troncos genealógicos da família
indo-europeia.
Era formada, na sua maioria,
por espíritos revoltados com
as condições do seu
exílio: pouco
interessados nas
necessidades
religiosas,
p o i s
10
Seareiro
recusavam-se a cultivar a disciplina de resignação e
humildade.
Somente após passados milênios, os celtas, os
germanos e vários outros povos iniciam os seus cultos,
devoções ou sacrifícios.
Enquanto os semitas e os hindus se perderam no
orgulho religioso, a família ariana da Europa, embora
revoltada contra os desígnios do Alto, era também a única
que confraternizava com o selvagem, aperfeiçoando-lhe
os caracteres raciais. Por este motivo, Jesus enviou-lhe
emissários atendendo-lhe o secreto apelo do coração, no
trabalho educativo das tribos primitivas do continente.
A ÍNDIA
O pensamento moderno é o descendente legítimo da
raça de pensadores, que se organizou nas margens do
Ganges.
O povo hindu, muito embora o seu elevado grau de
desenvolvimento nas ciências do Espírito, não aproveitou,
de modo geral, o seu acervo de experiências sagradas,
deixando crescer no coração o espinho do orgulho que,
aliás, dera motivo ao seu exílio na Terra.
Com isso, organiza-se em castas, separando as suas
coletividades para sempre. Estas castas significam uma
superioridade orgulhosa e absoluta, com fortes raízes em
uma vaidade poderosa que divide os espíritos no campo
social e religioso.
Os arianos da Índia não se compadeceram das raças
atrasadas, que encontraram em seu caminho e cuja
evolução devia representar para eles um imperativo de
trabalho regenerador na face da Terra; os aborígines foram
considerados os párias da sociedade, a ralé de todos os
seres e são obrigados a dar um sinal de alarme quando
passam, a fim de que os venturosos se afastem de seu
contágio.
O POVO DE ISRAEL
Todas as raças da Terra devem aos judeus o benefício
sagrado da revelação do Deus único.
Se grande era a sua certeza na existência de Deus,
muito grande também era o seu orgulho e nunca perderam
a oportunidade de demonstrar a sua vaidosa aristocracia
espiritual, mantendo-se pouco acessíveis à comunhão
perfeita com as demais raças do planeta.
***
Através da história espiritual desses quatro grandes
grupos, podemos ter a certeza de que o orgulho é o maior
empecilho para evoluirmos.
Todos eles deveriam ajudar os espíritos selvagens que
habitavam a Terra, a evoluir. Somente os egípcios
conseguiram sucesso.
Levando este exemplo para a nossa vida particular,
devemos adquirir conhecimentos do mundo para
evoluirmos, mas, se quisermos realmente esta evolução,
devemos repartir estes conhecimentos com aqueles que
ainda se iniciam no aprendizado. Fazendo assim, vamos
desenvolver a fraternidade, o sentimento de piedade, a
paciência e chegaremos a expressar em tudo o que
fizermos a verdadeira caridade.
Enquanto assim não agirmos, iremos amontoando
sobre as nossas cabeças mais sofrimento.
Wilson
Bibliografia: A Caminho da Luz - Francisco Cândido Xavier, pelo
espírito Emmanuel, Editora FEB - 17ª ed.
Imgem:http://www.lunaroutpost.com/gallery/earth/images/earth2_
medium.jpg
Cantinho do Verso e Prosa
cantinho
do
verso
e
prosa
Desejo do Mestre
— “Minha mãe, que hei de fazer
Para me unir com Jesus?...” —
Dizia uma pequenina
Num halo doce de luz.
“— Filhinha — dizia a voz
Do carinho maternal —
Jesus estará contigo
Se evitares todo o mal.”
— “Mamãe — insistia ainda
A pequena a perguntar —
Que quer o Mestre de mim
Pra que eu possa lhe agradar?”
“— Jesus quer de todos nós —
Disse a materna afeição —
O amor, a humildade e o bem
No livro do coração!...”
João de Deus
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
Clovis Tavares visitava pela primeira vez Pedro Leopoldo, para conhecer
pessoalmente o médium Chico Xavier. Como espírita, escritor e também
orientador da instituição, “Escola Jesus Cristo”, em Campos, Rio de Janeiro,
queria aprender com Chico o verdadeiro caminho do “amor e humildade”, de
quem todos falavam, principalmente de sua mediunidade psicográfica.
Era a noite de 17 de fevereiro de 1939.
Na casa simples, onde funcionava o Centro Espírita Luiz Gonzaga,
estavam os integrantes do grupo iniciando os trabalhos doutrinários.
Após comentários alusivos ao Evangelho, Chico começou a psicografar.
Qual foi a grande surpresa de Clóvis Tavares, quando Chico, acabando de ler
essa magnífica poesia de João de Deus, o qual pedira ao médium que a
entregasse a Clóvis, como uma colaboração ao seu honroso trabalho com a
evangelização infantil, na Escola Jesus Cristo. Chico deu ainda a entender a
respeito de João de Deus, que este acompanhava sua tarefa de servir a
Jesus, preocupado em apresentar o Cristo para as crianças como o grande
amigo e irmão que é.
Clóvis Tavares agradeceu, emocionado, aquele presente que considerou
como bênção de Deus, daqueles dois corações amados: Chico Xavier e o
portador da mensagem, João de Deus.
Elielce
Bibliografia: Trinta anos com Chico Xavier - Clóvis Tavares, Editora Calvário, 1ª ed.,
1967.
11
Clube do Livro
clube
do
livro
O Mosteiro de São Jerônimo
Os associados do Clube do
Livro Espírita “Joaquim Alves
(Jô)”, receberam no mês de
março de 2009 o romance
mediúnico “O Mosteiro de São
Jerônimo”, psicografado por
Valter Turini, pelo espírito de
Monsenhor Eusébio Sintra.
A Baronesa da Reboleira,
senhora dona Rosália, já no
leito de morte, até o último
minuto de vida tentava
conhecer aquele que fora seu
Valter Turini
filho o qual, diante de
pelo espírito Monsenhor
a c o n t e c i m e n t o s ,
Eusébio Sintra
Casa Editora O Clarim
desentendimentos entre a
448 páginas - 3ª edição - 2009 família, havia sido levado.
Por este motivo vivera, desde então, por dezessete anos
sem praticamente se entender com seu marido, o Barão da
Reboleira, Manuel Antônio Ramalho e Alcântara.
Nos últimos instantes de vida, consegue reconciliar-se com
Manuel, ambos percebendo suas falhas e o quanto se
Tema Livre
tema
deixaram levar pelo orgulho.
Dona Rosália não consegue realizar seu último desejo:
encontrar seu filho.
Vivera até o último minuto, aguardando a volta de seu outro
filho, João Miguel, que saíra na busca de pistas para
reencontrar seu irmão. No entanto, João não tinha interesse
em encontrá-lo e acabara por desfazer todas as pistas que
ainda existiam.
João Manuel, chamado pelos conhecidos de “Anjinho”, não
possuía sequer um cantinho seu, desde que crescera.
Expulsaram-no do orfanato, vivia nas ruas. Quando possível,
dormia com as “mulheres da vida”, sem qualquer
compromisso com o trabalho sério, a vadiar pelas ruas e a
beber nas tavernas do porto.
Os acontecimentos criados, apesar dos interesses
opostos, fazem com que João Manuel se aproxime cada vez
mais de seu passado e venha a descobrir as causas de ter
sido abandonado, não pelos seus pais, mas devido a
interesses familiares escusos.
Após, é relatado o reencontro com seus familiares e as
mudanças em sua vida, exemplificando a importância da
convivência entre as pessoas e o esforço necessário para a
evolução de todos.
Marcelo
livre
Embriaguez
O Livro dos Espíritos - Questão 848: — A aberração das faculdades
intelectuais por embriaguez é escusa para atos repreensíveis?
“Não, porque o bêbado voluntariamente se priva da razão para satisfazer
paixões brutais. Em vez de uma falta, pratica duas.”
Nada servirá de desculpas aos atos reprováveis que somos capazes de
cometer, a fim de vermos satisfeitas as nossas paixões brutais (e o nosso
torpe instinto). A razão e o perfeito raciocínio são os dons com que Deus
iluminou a nossa mente, dando assim às nossas faculdades intelectuais o
íntimo discernimento sobre o certo e o errado, sobre o bem e o mal,
colocando em nós a centelha divina do seu amor, onde existem todas as
virtudes, em forma latente, que germinarão conforme o nosso esforço na
prática do Bem. Ele nos deu o livre-arbítrio para que tenhamos as rédeas da
vida em nossas mãos, a liberdade de escolha para as nossas realizações;
nos deu Jesus e com ele a sua verdade e o seu Evangelho de amor. Se temos
tudo em nós e à nossa volta para a nossa aprendizagem e para a nossa
evolução espiritual, o erro deliberado é falta seriíssima que temos que
resgatar junto com a Lei da Vida, devolvendo em bem, em devotamento e
amor, o mal cometido contra o próximo.
E por sermos então os únicos responsáveis pelas nossas decisões, já que
tudo o que realizamos é pela nossa vontade, eis aí a primeira falta pois,
quando decidimos ser usuários da bebida alcoólica ou de qualquer outro tipo
de droga, é pelo nosso livre-arbítrio que o fazemos. Sabemos que o álcool ou
outras drogas atuam diretamente nos neurônios cerebrais, no sistema
nervoso central e em todo o nosso corpo, causando alterações de
comportamento. Perdemos o bom senso ganhando agressividade e
alucinações, ficamos totalmente incontroláveis, capazes de cometer neste
12
estado grandes desatinos e inúmeros crimes.
Eis aí, então, caracterizada nossa segunda
falta e, por termos consciência de tudo isto,
sabemos que, ao buscar a embriaguez ou a
droga, estamos nos destruindo fisica e
Seareiro
espiritualmente; estamos atraindo para
junto de nós espíritos inferiores que ainda
se mantêm ligados aos mesmos vícios e
que vêm beber conosco no mesmo copo,
nos utilizando como “canudinhos”.
Desta maneira, somos os
responsáveis por mantê-los no erro, ao
invés de ajudá-los na mudança de seus
hábitos inferiores, pois se não encontram
quem lhes alimente o vício, fica muito
mais fácil para que a Espiritualidade
Superior possa vir ajudá-los e recolhê-los
às enfermarias do Plano Espiritual para
tratamento.
Devemos lembrar também que, ao entrar no estado de
embriaguez, a criatura abre campo à ação dos Espíritos
obsessores que se aproveitam de seu desequilíbrio físico e
mental para efetuarem a vingança, a cobrança dos erros
cometidos em outras vidas pelos seus devedores.
E por temos consciência de tudo isto, sabemos bem que
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eletrônico.
todos os erros e aberrações das faculdades intelectuais
cometidas em tais estados não podem ser desculpados ou
atenuados.
Fátima
Bibliografia: O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - parte III, capítulo X
“Da Lei de Liberdade”, item “Livre-Arbítrio”, Editora FEB, 69ª ed.,1987.
Imagem:http://www.sxc.hu/pic/m/g/gr/gregor909/531484_drunk.jpg
contos
Os Instrumentos da Perfeição
Naquela noite, na modesta sala de Cafarnaum, Simão
Pedro, o pescador, estava descontente.
Irritara-se com parentes insensatos e rudes.
Um tio idoso o acusara de desperdiçar os bens da
família e um primo ameaçou esbofeteá-lo na via pública.
Por isso, Simão tinha a aparencia carregada e sisuda.
Quando Jesus leu algumas frases dos Sagrados
Escritos, o pescador desabafou e descreveu
a discussão com seus parentes.
Jesus o ouviu em silêncio e, ao
término da narrativa de Simão Pedro,
perguntou:
— E que fizeste, Simão, diante de
seus familiares incompreensivos?
— Sem dúvida, reagi como devia!
— respondeu o apóstolo, enérgico —
Coloquei cada um em seu lugar. Faleilhes sobre suas más qualidades.
Disse a meu tio que ele é avarento, a
meu primo que ele é mentiroso
incorrigível e provei, na presença de
várias pessoas, que ambos são
fingidos. Não me arrependo do que fiz!
Jesus refletiu por alguns minutos e
perguntou:
— Pedro, o que faz um carpinteiro na
construção de uma casa?
— Naturalmente, trabalha —
respondeu, um pouco irritado.
— Com quê? — perguntou Jesus, bem-humorado.
— Usando ferramentas.
Após a breve resposta de Simão, Jesus explicou:
ACEITAMOS SUA COLABORAÇÃO
Sua doação é importante para o custeio da postagem do Seareiro
e pode ser feita em nome do
Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança - CNPJ: 03.880.975/0001-40
Banco Itaú S.A. - Agência 0257 - C/C 46.852-0
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
— As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra
são os primeiros e mais importantes instrumentos que
recebemos de Deus, para buscarmos a perfeição espiritual.
Quando perdemos a oportunidade da convivência em
harmonia com eles, elementos de nossa melhoria, é quase
impossível alcançarmos a vitória sobre nossas imperfeições,
porque o Pai Celestial nos concede os problemas da vida, de
acordo com a nossa capacidade de resolvê-los. A ave é
obrigada a fazer o ninho, mas ninguém lhe exige outro
trabalho. A ovelha dará lã ao pastor, no entanto, ninguém lhe
exige o agasalho pronto. Ao homem foram concedidas
outras tarefas, as do amor e da humildade, na ação
inteligente e constante para o bem comum, a fim de que
a paz e a felicidade não sejam mitos na Terra. Em todas
as ocasiões, o ignorante representa para nós uma
forma de nos melhorarmos espiritualmente; o mau é
desafio que nos põe a bondade à prova; o ingrato é
um meio de exercitarmos o perdão; o doente é uma
lição à nossa capacidade de socorrer. Aquele que
se conduz no bem, em nome do Pai, junto aos
familiares insensíveis ou indiferentes, prepara-se com
rapidez para ajudar a Humanidade porque, se a paciência
aprimora a vida, o tempo tudo transforma.
Pedro ainda tinha olhos que pareciam perguntar algo.
Jesus então acrescentou serenamente:
— Se não ajudamos o necessitado que está próximo,
como auxiliaremos aqueles que estão longe, doentes e
aflitos? Se não amamos o irmão que respira conosco os
mesmos ares, como nos dedicaremos a Deus que está no
Céu?
Depois destas perguntas, na modesta sala de Cafarnaum,
manteve-se expressivo silêncio que ninguém ousou
interromper.
Texto adaptado por Silvana e Reinaldo
Bibliografia: Jesus no Lar - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito
Neio Lúcio, capítulo 6 “Os Instrumentos da Perfeição”, Editora FEB, 7ª
ed., 1972. Imagem: http://www.beunos.com/img/peterjesus.jpg
13
Família
familia
recomeçar, fazer, trabalhar.
Às vezes, ouve-se falar em casamento como
instituição falida ou até de “museu da família”,
este último em alusão ao que perdemos de bom
dos convívios de outrora.
Ora! Já se disse que, se não precisássemos de mãe para
nascer, sairíamos da casca de um ovo.
A família se inicia com a união de duas pessoas; elas
devem ter responsabilidade para receber um novo ser e os
compromissos são dos três. Esta é a oportunidade divina
para o resgate, entendimento, amizade e o verdadeiro amor
que, se alcançado, substituirá prováveis algemas por laços
de união.
Como se explicam essas dolorosas notícias de violência e
abuso sexual entre pais e filhos, vindas de localidades
diversas, que ferem nossas fibras mais sutis, por já não
aceitarmos tal barbárie em nossos dias?
Se entendermos que o mundo não é apenas este; que a
vida não se extingue e nem se resume a uma única
encarnação; que Deus rege o Universo e que, sendo Ele
perfeito, não poderia haver injustiças, temos que admitir que
nada é por acaso e que o homem responde, segundo a Lei de
Causa e Efeito, por todos os erros cometidos ao longo de sua
existência, sendo-lhe concedida sempre a oportunidade de
arrependimento e correção das faltas do passado. Assim,
não há vítimas, embora um erro não justifique o outro, como
diz o Evangelho: “É necessário que venha o escândalo, mas
ai daquele por quem vem o escândalo”.
Deus nos concede oportunidades e a família é um campo
vasto para as correções. O núcleo familiar é o começo de
tudo, daí a necessidade de o homem utilizar sua inteligência
para aquilatar a importância que esta (a família) tem no
contexto mundial. A educação não começa na escola, nela
apenas desenvolvemos a parte intelectual. A moral, os bons
costumes, a valorização de um caráter íntegro, digno e
correto devem se iniciar e se aprimorar no âmbito familiar,
desde a concepção, com os hábitos e procedimentos dos
pais. Lembremo-nos de que este indivíduo sairá do lar e
ocupará um lugar na sociedade, quiçá na posição de um
estadista, governando uma nação.
Como reclamar de nossos governantes se nós os
elegemos e os mesmos pertencem à mesma
sociedade de cuja educação também
participamos? Como estamos nos reeducando e
educando nossos filhos?
Para fortalecermos as nossas convicções, o
nosso ânimo e unirmos diariamente os
pensamentos com o mais Alto, faz-se necessária a
oração. Orar é conversar com Deus, é unir nossos
pensamentos àqueles que permanecem na
Espiritualidade e vibram por nós para que atinjamos
nossos objetivos de resgate e entendimento
assumidos antes de reencarnarmos. Eles, por nos
amarem, torcem pelos nossos acertos. A oração,
assim, passa a ser um refrigério para o nosso
espírito, para a recuperação das energias que tanto
gastamos com os problemas materiais.
Harmonizemos o nosso lar com a prática da
prece e eduquemos os nossos filhos, direcionandoos para que, desde cedo, aprendam a não buscar a
felicidade nas coisas terrenas, auxiliando-os a não
Família na Atualidade
Ao nos questionarmos sobre o porquê de tantas
desgraças nas famílias, não nos esqueçamos: Deus a
nenhum de nós falta, faltou ou faltará. Não deixemos de crer
que uma força bendita nos rege e que cabe a cada um se
envolver nela.
Assim como o som atravessa a massa atmosférica, o
pensamento o faz no fluido universal, em níveis de expansão
muitíssimo maiores, levando os nossos bons fluidos, se
tivermos fé, para auxílio nosso e de todos os demais que se
encontrem em situações desesperadoras.
Com o progresso material, modificamos nossos hábitos e,
consequentemente, ao recapitularmos nosso convívio
familiar de outrora e os compararmos aos de hoje, podemos
observar as alterações ocorridas, variando a forma de acordo
com as épocas, regiões e até as maneiras disciplinares que
eram aplicadas.
Era uma prática comum na educação que, quando os
adultos estivessem conversando, as crianças não poderiam
interromper ou, mesmo, transitar entre os circunstantes.
À parte algumas condutas extremadas, considerando o
equilíbrio, perdemos as rédeas da educação ao longo das
décadas. Sem saber direcionar a liberdade conquistada, o
homem adulto, desorientado, não soube se conduzir na
criação de seus filhos. A permissividade preconizada pela
psicologia moderna, pregando o direito de escolha desde a
tenra idade, surgiu como o reverso à repressão austera dos
tempos idos.
A falta de equilíbrio nos fez oscilar entre extremos,
mostrando nossa imaturidade para usufruirmos da liberdade
a nós concedida. A conquista de emancipações e direitos, se
canalizados por nós, homens e mulheres, com maturidade,
serviria de aprimoramento e evolução na condução de nossa
caminhada e, desse modo, a educação de nossos filhos seria
melhor e mais aprimorada que a de nossos antecessores.
Mas, se erramos ao longo do caminho, o Pai, como todos
os pais que querem a nossa melhora, nos concede novas
oportunidades.
A vida continua, nós somos eternos e é sempre tempo de
14
Seareiro
se perderem pelas imperfeições que possam
trazer de seu passado. Dessa maneira,
estaremos, verdadeiramente, nos permitindo o
auxílio dos amigos espirituais e dando-as
condições possíveis para que a criança, que
recebemos, seja educada e cresça não só na
matéria, mas, principalmente, no campo moral.
Este é o único legado que nossos filhos poderão
levar, ao retornarem à pátria espiritual.
O Evangelho no Lar é o remédio indicado para todos os
lares, sem contraindicação. Que possamos viver em lares,
Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”
através:
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com os ensinamentos espíritas. (11)
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não importa que sejam construções suntuosas ou modestas,
higienizando-os com o Evangelho e pensamentos salutares.
Rosangela
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Pegadas de Chico Xavier
pegadas
de
chico
xavier
Nada de Coitadinho
Nascido em Ituiutaba (MG), em 1º de Novembro de 1939, tendo
desencarnado em 25 de Novembro de 1989, a vida do médium
Jerônimo Mendonça foi um exemplo de superação de limites.
Totalmente paralítico há mais de trinta anos, sem mover nem o
pescoço, cego há mais de vinte anos, com artrite reumatoide que lhe
dava dores terríveis no peito e em todo o corpo, era levado por mãos
amigas, por todo o Brasil afora, para proferir palestras. Foi tão
grande o seu exemplo que foi apelidado "O Gigante Deitado" pelos
amigos e pela imprensa.
Houve uma época, em meados de 1960, quando ainda
enxergava, que Jerônimo quase desencarnou. Uma hemorragia
acentuada das vias urinárias o acometeu... Estava internado num
hospital de Ituiutaba quando o médico, amigo, chamou seus
companheiros espíritas que ali estavam e lhes disse que o caso não
tinha solução. A hemorragia não cedia e ele ia desencarnar.
— Doutor será que podemos, pelo menos, levá-lo até Uberaba,
para despedir-se de Chico Xavier? Eles são muitos amigos.
— Só se for de avião. De carro, ele morre no meio do caminho.
Um de seus amigos tinha avião. Levaram-no para Uberaba. O
lençol que o cobria era branco. Quando chegaram a Uberaba,
estava vermelho, tinto de sangue. Chegaram à Comunhão Espírita
da Prece, onde o Chico trabalhava, então. Naquela hora, ele não
estava, participava de trabalho de peregrinação, visita fraterna,
levando o pão e o Evangelho aos pobres e doentes.
Ao chegar, vendo o amigo vermelho de sangue, disse o Chico:
— Olha só quem está nos visitando! O Jerônimo! Está parecendo
uma rosa vermelha!
Vamos todos dar uma beijo nessa rosa, mas com muito cuidado
para ela não “despetalar".
Um a um, os companheiros passavam e lhe davam um suave
beijo no rosto. Ele sentia a vibração da energia fluídica que recebia
em cada beijo. Finalmente, Chico deu-lhe um beijo, colocando a
mão no seu abdome, permanecendo assim por alguns minutos. Era
a sensação de um choque de alta voltagem saindo da mão de Chico,
o que Jerônimo percebeu. A hemorragia parou.
Ele que, fraco, havia ido ali se despedir, para desencarnar,
acabou fazendo a explanação evangélica, a pedido de Chico. Em
seguida vem a explicação:
— Você sabe o porquê desta hemorragia, Jerônimo?
Jerônimo Mendonça
— Não, Chico.
— Foi porque você aceitou o "Coitadinho".
Coitadinho do Jerônimo, coitadinho... Você
desenvolveu a autopiedade. Começou a ter dó de
você mesmo. Isso gerou um processo destrutivo. O
seu pensamento negativo, fluidicamente, interferiu no
seu corpo físico, gerando a lesão. Doravante,
Jerônimo, vença o coitadinho. Tenha bom ânimo,
alegre-se, cante, brinque, para que os outros não
sintam piedade de você.
Ele seguiu o conselho. A partir de então, após as
palestras, ele cantava e contava histórias hilariantes
sobre as suas dificuldades. A maioria das pessoas
esquecia, nestes momentos, que ele era cego e
paralítico. Tornava-se igual aos sadios.
Sobreviveu, quase trinta anos após, à hemorragia
"fatal". Venceu o “coitadinho".
Que essa história nos seja um exemplo para que,
nos momentos difíceis, tenhamos bom ânimo,
vencendo a nossa tendência natural de autopiedade e
esmorecimento.
Extraído do Jornal Espírita de Setembro de 2007.
Imagem: http://www.fejm.com.br/img/jeronimo.gif
Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”
Livros básicos da doutrina espírita. Temos os 419 livros
psicografados por Chico Xavier, romances de diversos
autores, revistas e jornais espíritas. Distribuição
permanente de edificantes mensagens.
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
Praça Presidente Castelo Branco
Centro - Diadema - SP
Telefone (11) 4055-2955
Horário de funcionamento: das 8 às 19h30
Segunda-feira a Sábado
15
Canal Aberto
canal
aberto
Este espaço é reservado para respondermos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores.
Agradecemos por todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito de fazer modificações nos textos a serem publicados.
Batuíra
Desejando prestar uma merecida homenagem a
António Gonçalves da Silva, o “Batuíra”, um grupo de
trabalhadores e frequentadores do Grupo Espírita
Batuíra, em Algés (Portugal), deslocou-se à região de
Trás-os-Montes, no domingo, 19 de Abril de 2009,
para afixar uma placa comemorativa na casa que o viu
renascer a 26 de dezembro de 1838, em Vila Meã,
freguesia de S. Tomé do Castelo, conselho de Vila
Real.
Apesar de, até agora, todas as biografias o darem
como tendo nascido em 19 de março de 1839, em
Águas Santas, Maia (perto da cidade do Porto),
comunicamos que estes dados são incorretos.
Quanto ao nome Águas Santas, existe realmente
uma outra aldeia chamada assim, a uns 4 km da aldeia
onde ele nasceu. No século XIX, Águas Santas era
conhecida nas redondezas porque diziam que a água
que corria do seu fontanário era “santa”, fazendo-se por este motivo inclusivamente uma romaria anual, mas Batuíra não é daí,
mas sim de Vila Meã, como se pode ver pela certidão de nascimento em nosso poder.(*)
Falando dele, Caírbar Schutel afirmou que “era simples na sua caridade, e grande na sua simplicidade…”.
Uns meses antes de desencarnar, Batuíra escreveu: “Enquanto Deus nos der forças, faremos o que pudermos para aliviar os
sofrimentos dos nossos irmãos, pois o nosso maior desejo tem sido, é, e será o progresso de toda a humanidade.”.
Para nós, é uma honra tê-lo como mentor. E se seguirmos o seu exemplo de vida e o seu lema: trabalho, trabalho e mais
trabalho, tornar-nos-emos com certeza melhores espíritas-cristãos!
Em representação da direção do Grupo Espírita Batuíra em Algés, recebam o nosso abraço fraternal e sinceramente grato.
Maria do Rosário Caeiro - Algés - Portugal
www.geb-portugal.org
(*) Nota da Revista Seareiro: Vide, a página 17, cópia desta certidão.
16
Seareiro
Certidão de nascimento de Batuíra, com destaque para o dia, mês e ano de nascimento.
Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”
Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª, às 20 horas
3ª e 6ª, às 15 horas
Domingo, às 10 horas
Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões
Atendimento às Gestantes: 2ª, às 15 horas
Artesanato: Sábado, das 14 às 17 horas
Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª, às 19h45
3ª e 6ª, às 14h45
Rua das Turmalinas, 56 / 58
Jardim Donini - Diadema - SP - Tel.: (11) 2758-6345
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
DIA
LIVROS ESTUDADOS
2ª
O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da
Esperança – Emmanuel*; A Gênese – Allan Kardec; Os
Mensageiros – André Luiz*
3ª
O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da
Esperança – Emmanuel*; O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
4ª
Sabedoria de Paulo de Tarso – Roque Jacintho & J.Manahen;
Cartas e Crônicas – Irmão X*; Das Leis Morais – Roque Jacintho
5ª
Terapia Espiritual; Emmanuel – Emmanuel*; Seara dos Médiuns
– Emmanuel*; O Livro dos Médiuns – Allan Kardec
6ª
O Evangelho segundo o Espiritismo - Allan Kardec; Livro da
Esperança – Emmanuel*; Os Mensageiros – André Luiz*; Vida
Futura – Roque Jacintho
Domingo O Evangelho segundo o Espiritismo - Allan Kardec; Livro de
mensagens de Emmanuel*
* Livro psicografado por Francisco Cândido Xavier
17
Kardec em Estudo
kardec
em
estudo
Destruição Necessária e Destruição Abusiva
O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Capítulo VI "Da Lei de Destruição”
Questão 730: — Uma vez que a morte nos faz passar a uma vida melhor, nos livra dos males desta, sendo, pois, mais de
desejá-la do que de temê-la, por que lhe tem o homem, instintivamente, tal horror, que ela lhe é sempre motivo de apreensão?
“Já dissemos que o homem deve procurar prolongar a vida, para cumprir a sua tarefa. Tal o motivo por que Deus lhe deu o
instinto de conservação, instinto que o sustenta nas provas. A não ser assim, ele muito frequentemente se entregaria ao
desânimo. A voz íntima, que o induz a repelir a morte, lhe diz que ainda pode realizar alguma coisa pelo seu progresso. A
ameaça de um perigo constitui aviso, para que se aproveite da dilação que Deus lhe concede. Mas, ingrato, o homem
rende graças mais vezes à sua estrela do que ao seu Criador.”
“Já dissemos que o homem deve procurar prolongar a
vida, para cumprir sua tarefa...”
Deus, ao criar nosso espírito, colocou em sua composição
a “centelha divina” que é o grande indicador sobre o bem e o
mal, preparando-nos para a nossa tarefa, inicialmente por
nós desconhecida, e para que a cumpramos no menor tempo
possível.
Ao reencarnarmos, já trazemos o conhecimento da tarefa
a ser cumprida, para que possamos distinguir os traços
maléficos que serão empecilhos para a sua execução, tão
desejada pelo Alto.
Muita das vezes nos envolvemos somente com as
questões dos bens materiais, que as tarefas do campo moral
passam a ser de pouca importância para nós; tarefas essas
que, se cumpridas, serão de grande importância para a
percepção
da presença de
Deus. Lembremos que
“prolongar a vida” representa, também, incluirmos um tempo
para estudar sobre o que são e como executar essas tarefas.
Este estudo nos fortalecerá para cumpri-las da melhor forma
que nos for possível.
“Tal motivo por que Deus lhe deu o instinto de
conservação, instinto que o sustenta nas provas. A não
ser assim, ele muito frequentemente se entregaria ao
desânimo...”
Os Espíritos nos falam do conhecido instinto de
sobrevivência, tão ignorado por nós, sinalizando-nos sobre
os desvios do bem, quando então, desanimados pelo nosso
orgulho ferido, buscamos retornar para o melhor caminho.
Essas sinalizações são sempre dolorosas, forçando-nos
de forma inconsciente, a encontrar no nosso íntimo as lições
deixadas por Jesus, como um pedido de melhor observação
sobre nossos atos.
“A voz íntima, que o induz a repelir a morte, lhe diz que
ainda pode realizar alguma coisa pelo seu progresso. A
ameaça de um perigo constitui aviso, para que se
aproveite da dilação que Deus lhe concede...”
A maioria das pessoas desconhece ou desacredita na
continuidade do espírito, que, alforriado do corpo (matéria),
retorna à pátria espiritual e, lá chegando, toma consciência
da verdade, sofre a maior desilusão pelo tempo perdido e
busca retornar à vida terrena, mais compromissado ainda,
para que possa, em mais uma reencarnação, cumprir a lei
divina, sabendo que o retorno será, novamente, um caminho
que necessitará de muito esforço e, quiçá, de muito
sofrimento.
Tais avisos de perigo, que se apresentam de várias formas
e revestidos de mil facetas, nos alertam sobre nossas
18
responsabilidades, materiais sim, mas principalmente as
espirituais.
Indica-nos o retorno ao mundo espiritual, muitas vezes
com as “mãos vazias” de boas ações, e a nossa inteligência,
aliada à nossa consciência, já nos dá a entender que Deus
espera mais de nós do que vivermos uma vida tão fútil e, na
maioria, tão curta.
Tomemos consciência de uma diferente realidade:
estamos preparados para executar uma tarefa muito
importante para o nosso crescimento espiritual e ser-nos-á
penoso, ao desencarnarmos, voltarmos ao verdadeiro lar,
falidos nesse compromisso.
Por esse temor, entendemos o medo da morte,
principalmente para nós, espíritas que, através de tão rica
literatura, que não nos deixa esquecer as mínimas
orientações sobre a vida espiritual, passamos a ter a visão
mais clara sobre esse fracasso.
Mas Deus é justo. Apesar de estar conosco nessa
caminhada, carregando-nos no colo sem que percebamos,
acreditando em nosso progresso espiritual, fornecerá novas
oportunidades de regresso, através de tantas outras
reencarnações, para o término dessa execução.
Só assim, cumpridos todos os nossos débitos,
retornaremos ao Pai, agradecidos.
Lembremos que a destruição se faz necessária, para que
tudo renasça melhor, devendo a conservação obedecer
sempre à melhoria e ao tempo determinado por Deus.
Não cai uma só folha sem o consentimento de Deus.
“Mas, ingrato, o homem rende graças mais vezes à sua
estrela do que ao seu Criador.”
Neste final de orientação, vemos o nosso retrato.
Julgamo-nos estar acima de tudo e, olhando para dentro
de nós, julgamos nossas vitórias como atitudes inteligentes.
Quando não, nos momentos difíceis, barganhamos com os
servidores do Cristo, pagando com materiais fúteis, isto se
atenderem aos nossos pedidos!
Esquecemos de agradecer a Deus quando conseguimos
evitar os desenganos e a retomada à vida íntegra.
Estamos em aprendizado; mas se faz imperioso que
reconheçamos essa tomada de consciência hoje, não
perdendo uma nova oportunidade de cumprirmos
integralmente essa tarefa designada pelo Alto, a seu tempo e
com o amor que já aprendemos a ter.
Ao Mestre, o nosso muito obrigado!
Vano
Bibliografia: O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - Tradução de Guillon
Ribeiro, Editora FEB – 84ª ed.
Imagem:http://www.kepguru.hu/hatterkep-elonezet.php?l=termeszetijelensegek/felhok/felho-063
Seareiro
Livro em Foco
livro
em
Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel
98 páginas - 1983 - Editora CEU
Rua dos Democráticos, 527 - Jabaquara - SP
FAX (11) 3106-2768 - www.ceu.com.br
Paciência
“Mas há uma (caridade) bem mais penosa
e, consequentemente, bem mais meritória
que é a de perdoar aos que Deus colocou
sobre o seu caminho para serem instrumentos
de seus sofrimentos e submeter a sua
paciência à provação.” (Evangelho Segundo o
Espiritismo, capítulo IX, item 7).
Quantas vezes os que nos rodeiam
parecem estar nos testando através de
“cutucões verbais”, provocações ou
pequenas “picadas de agulha”?
Estes pequenos sofrimentos são os testes
que só conseguiremos superar se
exercermos o perdão, o bendito remédio para
muitas situações.
E para que possamos suportar estes momentos com
firmeza, o nosso Emmanuel, através da psicografia de
Francisco Cândido Xavier, nos traz este livro, a fim de nos
incentivar a ter PACIÊNCIA.
Emmanuel comenta as várias situações que se nos
apresentam na vida diária em que, normalmente, caímos em
tristeza, desespero e até depressão, mas os comentários
Calendário
foco
desse nosso amigo espiritual vêm para nos
erguer e sustentar nesses momentos difíceis.
Destacamos, dentre as preciosas páginas que
contém este livro, a lição intitulada “No Instante
Difícil”, onde lemos:
“Ninguém te pede a indiferença da estátua.
Roga-se-te a serenidade daquele que se dispõe a
ser útil.”
Lembra-nos, ainda, que, se a provação está se
apresentando para nós, é sinal de que
determinadas manifestações da Lei de Causa e
Efeito estão em andamento, pedindo para que
nos adaptemos a novas realidades.
Em formato de livro de bolso, com lições curtas,
mas muito valorosas, é ótimo para pequenas leituras diárias,
para momentos de reflexão ou estudos em grupo. Chamamos
a atenção para a significativa capa, elaborada por nosso
Joaquim Alves (Jô), aonde vemos um cacto que, depois de
muito tempo contendo somente espinhos, pela paciência de
seu cultivador, oferece belíssimas flores.
“Seguidores do Cristo que somos e conscientes de que o
Senhor nos oferece sempre o melhor”, tenhamos
PACIÊNCIA.
Vitório
calendario
Junho
DIA 04
1925 - Desencarna Camille Flammarion, astrônomo famoso em sua
época. Espírita, colaborador de Kardec, tendo pronunciado
emocionante discurso fúnebre junto à tumba do Mestre. A
Federação Espírita Brasileira publica algumas de suas obras,
entre as quais, “Deus na Natureza”.
DIA 05
1947 - Fundada a USE, União das Sociedades Espíritas do Estado
de São Paulo.
DIA 10
1853 - Os Espíritos introduzem o processo da escrita, agilizando as
comunicações mediúnicas, até então produzidas mediante sinais.
1854 - Constituída em Nova York, EUA, a primeira sociedade para
estudo e difusão do espiritismo, ocasião em que foi criado o jornal
“The Christian Spiritualist”.
1860 - O Espírito de Verdade, através da médium Sra. Schimidt,
informa a Kardec que ele não permaneceria muito tempo
encarnado, apenas o bastante para concluir suas obras (trabalhos
indispensáveis).
DIA 11
1941 - Fundada a Sociedade de Medicina e Espiritismo do Rio de
Janeiro.
DIA 12
1851 - Nasce na Inglaterra, Sir Oliver Lodge, famoso pesquisador e
escritor. Deixou várias obras sobre estudos psíquicos e
mediunidade. Pesquisou a médium americana Eleonora Piper e a
italiana Eusapia Paladino.
1856 - Allan Kardec, por intermédio da médium Aline C., recebe a
confirmação do Espírito de Verdade a respeito de sua missão.
DIA 13
1980 - Desencarna em Brasília, DF, Carlos Torres Pastorino,
escritor, jornalista, historiador, poliglota, ex-sacerdote católico que
se converte ao Espiritismo. Autor dos livros "Minutos de
Sabedoria" e “Técnica da Mediunidade”.
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos
Espíritas Amor e Esperança
DIA 14
1853 - A imprensa do Rio de Janeiro, pelo Jornal do Comércio,
publica, pela primeira vez, notícia sobre as mesas girantes.
1894 - Nasce Edgard Armond, que exerceu a presidência da
Federação Espírita do Estado de São Paulo. Autor de vários livros,
entre os quais “Os Exilados da Capela”.
1932 - Desencarna em Turim, Itália, Linda Gazzera, médium
famosa, pesquisada por vários cientistas, entre eles Charles
Richet e César Lombroso.
DIA 16
1875 - Instaurado o “Processo dos Espíritas”, procedimento judicial
condenando a prática das chamadas fotografias mediúnicas, sob
a alegação de fraude.
1966 - Desencarna Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho,
extraordinário médium de efeitos físicos, conhecido pela
produção das materializações luminosas.
DIA 17
1832 - Nasce em Londres, William Crookes, físico e químico, um dos
mais persistentes e corajosos pesquisadores dos fenômenos
espíritas.
1985 - Fundada em Tours, a União Espírita Francesa e
Francofônica, que tem como objetivo reimplantar o Espiritismo na
França e em países de língua francesa.
DIA 21
1886 - Desencarna em Saint-Germain, França, o médium Daniel
Douglas Home, pesquisado por inúmeros cientistas.
DIA 24
1943 - Desencarna Ernesto Bozzano, cientista que pesquisou a
fenomenologia espírita. Autor de diversas obras, entre as quais,
“Animismo ou Espiritismo?”, “A Crise da Morte”, “Pensamento e
Vontade”, “Xenoglossia”.
1951 - A Rádio Guanabara, na cidade de Três Rios, RJ, organiza e
realiza a primeira semana espírita no Brasil.
DIA 30
1953 - Fundada a Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille.
2002 - Desencarna em Uberaba, MG, Francisco Cândido Xavier, o
maior e mais prolífico médium psicógrafo do mundo.
19
Responsável
FECHAMENTO AUTORIZADO - Pode ser aberto pela ECT
Em ___/___/___
Reintegrado no serviço postal em ___/___/___
Informação escrita pelo porteiro ou
síndico
Falecido
Mudou-se
Desconhecido
Ausente
Recusado
Não procurado
Endereço insuficiente
Não existe o número indicado
PARA USO DOS CORREIOS
Destinatário
Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”
Caixa Postal 42
Diadema - SP
09910-970
. . . CORREIOS . . .
9912164885 - DR/SPM
SEAREIRO
Especial
Impresso

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