políticadoquereprsn
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Expresso Atual 20072013 Periodicidade: Semanal Temática: Cultura Classe: Informação Geral Dimensão: 573 Âmbito: Nacional Imagem: S/Cor Tiragem: 131300 Página (s): 12 EXPOSIÇÕES políticado que repsn A consciência histórica e tou o reinado de D João V é indissociável da pre sente exposição Com uma base científica ao mais alto nível A Encomenda Prodigiosa abre cami nho a esse entendimento e a um novo olhar sobre a história da arte portu guesa e sobre a sua ligação neste pe ríodo com a arte sacra em todas as suas vertentes da arquitetura à escul tura da paramentaria à ourivesaria O que só acontece porque o rei que sobe ao trono em 1706 consolida de forma extraordinária o processo de afirmação da monarquia portuguesa abalada desde a Restauração da Inde pendência 1640 optando por desen volver o pendor eclesiástico da corte para firmar o seu poder tanto interna A arte da corte Foi a estratégia política e diplomática de D João V que levou ao esplendor máximo da esfera eclesiástica nacional Luxo privilégios e poder Texto Alexandra Carita como externamente Para entender essa estratégia com plexa a mostra propõe como exercí cio umflashback aos quase 50 anos do seu reinado e às grandes empresas que preconizou num diálogo mais do que profícuo com a Santa Sé Comece mos portanto pela última a enco menda da Capela de São João Batista Igreja de São Roque em 1740 Monu mento que se impõe de forma isolada que desde cedo gerou uma consciên cia precoce sobre a necessidade de sal vaguarda do seu acervo é adquirido em Roma graças à capacidade econó mica de D João V Exposto primeira mente na capital italiana e transporta do a seguir para Lisboa traduz o que de melhor se fazia à época na arte bar roca italiana e ao mesmo tempo o evi dente carácter de exploração dos efei tos da sua visibilidade em proveito do reino Mas não encontra porém qual quer comparação naquele ou noutro Busto Retrato de D João V c 1708 por Domenico Parodi e Francesco Big gi Em simultâneo reconhecemos a im ponência da Basílica da Patriarcal quer através da paramentaria ofereci da pelo Papa Clemente XI quer pela riqueza dos materiais utilizados na sua decoração nas peças de serviço litúrgi co e no seu esplendoroso cerimonial tocheiros estatuária de prata ourivesa ria monumental banquetas e bustos a Capa Magna semelhante à do Colégio dos Cardeais em Roma os livros ilu minados custódias e salvas cálices território tal como acontece com o seu tesouro para o serviço litúrgico encomendado dois anos depois Só a historiografia recente permi te desvendar o mistério dessa ausên cia de paradigma estético De facto a Capela de São João Batista é fruto de um diálogo permanente entre Lisboa e Roma e de uma capacidade de inter locução de igual para igual do ponto de vista formal e teórico no que respei ta à estética artística que acaba por resultar numa vitória se assim lhe qui sermos chamar do lado português Em confronto estão os maiores ar um quitetos do Vaticano nomeadamente Nicola Salvi autor da célebre Fonte de Trevi e Luigi Vanvitelli arquiteto oficial de Clemente XII e variadíssi ções políticas diplomáticas e eclesiás ticas do monarca português com a Santa Sé que culminaram na conces são papal em 1747 entre inauditos privilégios do título de Majestade Fi delíssima aos reis de Portugal A sédia gestatória um trono reser vado ao Papa que por ocasião de algu mas cerimónias solenes era transpor tado aos ombros e que por privilégio único é utilizada pelo patriarca de Lis boa tal como os flabelos dois grandes leques que acompanhavam o patriar ca a tiara uma mitra de aparato cuja decoração desenvolvida em três anéis a aproximava da tiara papal e as duas vestes papais o fano e a falda são o primeiro emblema da pompa eclesiásti ca nacional a abrir a exposição Ao mes mo nível está a criação da imagem do rei Vejam se o Retrato de D João V e a Batalha do Cabo Matapão 1717 por Giorgio Domenico Duprà ou o mos artistas próximos da cúria papal Continuemos o nossoflashback e re conheçamos a importância da constru ção de um Palácio Real em projeto pri meiro por Luigi Vanvitelli Palácio Real da Ribeira 1717 18 depois por Fi lippo Juvarra para um Farol e para o Palácio Patriarcal de Lisboa 1719 e fi nalmente a sua concretização por Lu dovice que quadruplica a área prevista pelos seus antecessores e faz o Conven e1752 está João o arquiteto Frederico e ourives Ludovice de origem 1673 to de Mafra Atentemos ainda à forma germânica ao serviço de D João V e mantendo o culto do Espírito Santo lhe acrescenta o culto mariano Para já no final quase que como num enredo cinematográfico nos darmos conta de que quando em São Roque se instala a encomenda prodigiosa os seus mento res D João V e Frederico Ludovice já falecidos não poderão ver o magnífico As cartas os desenhos e as orienta ções do responsável português pela en comenda patentes na exposição pro vam essa hegemonia estética e a ce dência total dos grandes nomes do barroco a um gosto bem mais clássico de Ludovice Plantas e esboços tam bém o provam Mas são as peças que melhor traduzem toda esta singulari dade e grandeza da corte portuguesa já patente aquando da elevação em 1716 da Basílica da Patriarcal com prerrogativas quase pontifícias — dos resultados das complexas rela como o rei se apropria da Capela Real resultado e muito menos a continuida de dos seus desígnios ao nível da arte portuguesa A Capela de São João Batis ta exibe se como o elemento renovador e percursor do neoclassicismo em Por tugal vindo a criar discípulos vários em Lisboa e por essa Europa fora