Instruções para elaboração do resumo expandido para a Reunião A

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Instruções para elaboração do resumo expandido para a Reunião A
Palmas – TO UFT/ABZ
24 a 28 de maio
CONSUMO E DESEMPENHO EM OVINOS ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO
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TORTA DE MAMONA
Fernando Henrique Teixeira Gomes2, Magno José Duarte Cândido3, Elzânia Sales Pereira4,
Rafael Nogueira Furtado2, Weberte Alan Sombra5, Diego Fernandes Vieira Bernardes5
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Parte da Dissertação do primeiro autor, financiada pelo BNB/Fundeci
Alunos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFC/CCA, Fortaleza-CE. e-mail: [email protected]
Prof. Adj. Depto. de Zootecnia/UFC/CCA, Fortaleza-CE, Pesquisador do CNPQ. e-mail: [email protected]
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Prof. Adj. Depto. de Zootecnia/UFC/CCA, Fortaleza-CE. e-mail: [email protected]
5
Alunos de Graduação em Agronomia da UFC/CCA, Fortaleza-CE. e-mail: [email protected]
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Resumo: Objetivou-se avaliar a influência de métodos de destoxificação da torta de mamona
sobre o consumo e desempenho em ovinos Morada Nova, com os tratamentos: torta de
mamona não tratada (controle), tratada com calcário calcítico, uréia, fosfato monobicálcico e
autoclavada. Vinte ovinos (peso inicial médio de 18,7 kg) foram distribuídos em delineamento
de blocos ao acaso (dois blocos, machos e fêmeas) com cinco tratamentos e quatro repetições.
Não houve diferença no consumo de material seca entre tratamentos. Observou-se que os
animais alimentados com dieta contendo torta tratada com autoclave apresentaram ganho
médio diário (GMD), conversão alimentar (CA) e dias para ganhar 12 kg (D12) superiores em
relação aos animais alimentados com dieta contendo a torta não tratada. Apesar dos animais
alimentados com fosfato monobicálcico não terem sido superiores aos alimentados com torta
não tratada, mostraram-se 27,3% maiores no GMD, consumiram menos 10,5% de alimento
para ganhar 1 kg e para ganharem 12 kg precisaram de 24 dias a menos. Os machos foram
superiores às fêmeas no consumo, GMD, CA e D12. Conclui-se que o tratamento com
autoclave e com fosfato monobicálcico são promissores na utilização em rações para ovinos
terminados em confinamento, mas a torta de mamona não tratada também pode ser utilizada
em rações para ovinos. Além disso, os animais machos apresentam variáveis de consumo
absoluto e desempenho superiores às fêmeas.
Palavras–chave: conversão alimentar, confinamento, destoxificação, ganho médio diário,
ovino, Ricinus communis
Consumption and performance in sheep fed with rations containing castor cake
Abstract: This study aimed to evaluate the influence of methods of detoxification of the castor
cake on the consumption and performance in Morada Nova sheep, with the treatments: castor
cake untreated (control), castor cake treated with limestone, urea, phosphate monodicalcium
and autoclaved. Twenty sheep (average initial weight of 18,7 kg) were assigned to a
randomized blocks design (two blocks, male and female) with five treatments and four
repetitions. There wasn’t difference among treatments in the dry-matter intake. It was observed
that the animals fed with diet containing castor cake autoclaved presented average daily gain
(GMD), feed conversion (CA) and days to gain 12 kg (D12) superiors in relation to the animals
fed with diet containing castor cake untreated. In spite of the animals fed with castor cake
treated with phosphate monodicalcium have not been superiors to the fed with castor cake
untreated, 27,3% were shown larger in GMD, they consumed less 10,5% of food to gain 1 kg
and to gain 12 kg it would be needed 24 days at least. The males were superior than females in
the intake dry-matter (g/animal . dia), GMD, CA and D12. It was concluded that the treatment
with autoclave and phosphate monodicalcium are promising for the use in rations for sheep
confinement finished, but the castor cake untreated can also be used in rations for sheep.
Besides, the males animals presented variables of absolute consumption and performance
superiors than females.
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24 a 28 de maio
Keywords: average daily gain, confinement, detoxification, feed conversion, Ricinus communis,
sheep
Introdução
No Nordeste Brasileiro, concentra-se a maior parte da produção nacional de mamona em baga
e, com isso, tem-se disponibilidade de subproduto da mamona, que é produzido na mesma
proporção aproximadamente que o óleo extraído da semente. A torta de mamona possui alto
teor de proteína, tornando-se atraente para ser utilizada como alimento alternativo para ovinos,
contudo, apresenta como limitação a presença de uma proteína tóxica, a ricina. Os estudos
buscando desenvolver métodos de destoxificação da torta de mamona já são realizados há
algumas décadas, tendo mais notoriedade o trabalho realizado por Anandan et al. (2005), que
avaliando o efeito de diferentes métodos de destoxificação, verificaram que os tratamentos,
que eliminaram 100% da ricina, foram a autoclavagem, a 15 psi por 60 minutos, e solução de
hidróxido de cálcio (40 g/kg). Entretanto, esses métodos de destoxificação recomendados para
a torta de mamona necessitam ser testados sob a visão da nutrição de ruminantes, avaliando o
desempenho dos animais alimentados com a torta de mamona destoxificada. Com base nesse
contexto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência de métodos de
destoxificação sobre o consumo e desempenho de ovinos alimentados com rações contendo
torta de mamona.
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura em Fortaleza,
Ceará. A torta de mamona foi obtida da extração mecânica utilizando temperatura de 90 a
110°, proveniente de Quixeramobim - Ceará. Foram utilizados 20 ovinos Morada Nova, sendo
10 machos inteiros e 10 fêmeas, com peso médio de 18,7±1,18 kg e idade de oito meses. Os
animais foram confinados em baias individuais de 1 m2, com comedouros e bebedouros. A
escolha dos métodos de destoxificação da torta de mamona foi realizada com base em Furtado
(2010) e em métodos já testados por Anandan et al. (2005). Então, os cinco tratamentos foram:
torta de mamona não tratada (controle), tratada com calcário calcítico, tratada com uréia,
tratada com fosfato monobicálcico e autoclavada, em um delineamento em blocos ao acaso
com quatro repetições, sendo dois blocos (machos e fêmeas). O tratamento da torta de
mamona foi realizado pela diluição do agente químico na água nas seguintes proporções: 60 g
de calcário calcítico/500 mL água/kg torta de mamona; 60 g de fosfato monobicálcico/500 mL
água/kg torta de mamona; e 10 g de uréia/500 mL água/kg torta de mamona. A torta foi tratada
e posteriormente mantida em tambores, por oito horas (à noite), as tortas tratada com calcário
calcítico ou tratada com fosfato monobicálcico, e por sete dias, a torta tratada com uréia.
Finalmente, foi exposta ao sol, sobre lonas, até a secagem (90% de matéria seca) (Anandan et
al., 2005). Durante a diluição do agente químico, foi realizada a medição do pH na solução,
com auxílio de peagâmetro digital, obtendo-se: calcário calcítico, 7,0; uréia, 7,0; e fosfato
monobicálcico, 4,0. A torta de mamona autoclavada foi submetida ao tratamento na EMBRAPA
– Agroindústria Tropical, a 15 psi por 60 minutos. As rações experimentais foram formuladas
conforme NRC (2007), utilizando relação volumoso:concentrado de 50:50, sendo o volumoso o
feno de capim-tifton 85. O período experimental foi de 70 dias, sendo 14 dias de adaptação e
56 dias de coleta de dados, pesando-se os animais ao início e ao término do período de coleta
de dados. As rações foram fornecidas duas vezes ao dia (1/2 às 8h00 e 1/2 às 16h00), sendo
coletadas no dia seguinte sobras e, assim, ajustado para manter nível de sobras de 15 a 20%.
Foram coletadas semanalmente 10% da ração ofertada e sobras, encaminhadas ao
Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da UFC, pré-secas em estufa
com ventilação forçada a 55ºC por 72 h e moídas (1 mm), para realização da análise de
matéria seca, segundo métodos descritos em em Silva e Queiroz (2002). Foram determinados
ganho médio diário, conversão alimentar e número de dias para o animal ganhar 12 kg. Os
dados foram submetidos à análise de variância e teste de comparação de médias (Tukey,
P<0,05), com auxílio do procedimento GLM do SAS (SAS INSTITUTE, 2003).
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Resultados e Discussão
Os consumos em g/animal . dia de matéria seca (MS) não foi influenciado (P>0,05) pelos
tratamentos de destoxificação da torta de mamona (Tabela 1). Essa ausência de diferença no
consumo provavelmente foi devida à microbiota ruminal ser capaz de degradar a ricina,
reduzindo sua ação tóxica no animal hospedeiro (OLIVEIRA, 2008) e permitindo que os
animais consumissem a dieta sem apresentarem sintomas de intoxicação e redução do
consumo. Entretanto, é importante salientar que, apesar de não ter sido observado efeito
significativo, em geral, no consumo dos nutrientes pelos animais alimentados com dieta
contendo torta de mamona tratada ou não tratada, considerando os valores absolutos do
consumo, expresso em g/animal . dia, notaram-se aumento de 13,2% no consumo de MS,
pelos animais ingerindo dieta contendo torta de mamona tratada autoclavada (ACL) em relação
aos animais alimentando-se de dieta contendo torta de mamona não tratada (NT), e aumento
de 12,4 no consumo de MS pelos animais alimentando-se com dieta contendo torta de
mamona tratada com fosfato monobicálcico (FOS) em relação aos animais ingerindo NT. O
consumo médio de FDN foi de 1,98% PC, podendo ter causado o efeito de enchimento do trato
gastrintestinal, tendo em vista o elevado teor de FDN (526 a 557 g/kg MS) das rações
experimentais. Com relação ao sexo dos animais, foi verificado que os machos apresentaram
consumo absoluto (g/animal . dia) dos nutrientes superior (P<0,05) ao das fêmeas (Tabela 1), o
que está ligado ao maior crescimento dos machos, resultante do efeito anabolizante do
hormônio testosterona, que imprime maior ganho de peso aos animais inteiros, pois tem efeito
direto sobre a síntese de proteína. O ganho médio diário (GMD) e a conversão alimentar (CA)
dos animais alimentados com ACL foi superior (P<0,05) em relação aos alimentados com a NT
e com a dieta contendo a torta tratada com uréia (UR) (Tabela 2), pois provavelmente a
autoclavagem possibilitou a desnaturação da ricina, considerando que a utilização de alta
temperatura por determinado período de tempo (15 psi/60 minutos) pode resultar na exposição
de grupos sulfidrila inicialmente no interior das moléculas protéicas, desnaturando a proteína.
Outro método que teve destaque na destoxificação, no que diz respeito ao GMD, foi o fosfato
monobicálcico, visto que os animais alimentados com a torta tratada com o fosfato
monobicálcico obtiveram GMD maior 27,3% em relação aos animais que ingeriram a dieta
controle (NT). Os animais consumindo dieta com torta autoclavada ou tratada com fosfato
monobicálcico foram mais eficientes na transformação do alimento em ganho de peso,
consumindo menos 19,1 e 10,5% de alimento, respectivamente, que os animais consumindo
dieta com a torta não tratada para ganhar 1 kg de PC. Quanto ao número de dias para ganhar
12 kg, os animais que ingeriram ACL foram superiores (P<0,05) em relação aos que
alimentaram-se com NT, levando 37,5 dias a menos para os animais ganharem 12 kg, valendo
enfatizar também o resultado dos animais ingerindo FOS, que levou 90,9 dias para ganhar 12
kg, 24 dias antes dos animais ingerindo a torta não tratada, podendo atingir a idade de abate
mais precocemente e reduzir os dias de permanência no confinamento. Assim, quanto ao
fosfato monobicálcico, apresentou-se com boas perspectivas para a utilização em dietas de
ovinos, provavelmente devido ao pH ácido (4,0) produzido pelo fosfato monobicálcico em
solução aquosa, que causa, quando em contato com a torta, a desnaturação da ricina. Foi
observado superioridade (P<0,05) dos machos em relação às fêmeas no GMD, D12 e CA. Os
machos consumiram menos 22,2% alimento que as fêmeas para adicionar 1 kg no PC.
Conclusões
A utilização da torta de mamona autoclavada ou tratada com fosfato monobicálcico são
promissores na utilização em rações para borregos e marrãs terminados em confinamento. A
torta de mamona não tratada, compondo 8% da ração total, pode ser utilizada na terminação
de borregos e marrãs em confinamento.
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Referências Bibliográficas
1. ANANDAN, S.; ANIL, K. G. K.; GHOSH, J. et al. Effect of different physical and chemical
treatments on detoxification of ricin in castor cake. Animal Feed Science and Technology.
v.120, n.1, p.159–168, 2005.
2. FURTADO, R. N. Valor nutricional de rações totais contendo torta de mamona
submetida a métodos alternativas de destoxificação para ovinos. 2010. 66 f. Dissertação
(Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2010.
3. NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requeriments of small ruminants. 1.
ed. Washington, DC, USA: National Academy Press, 2007. 362p.
4. OLIVEIRA, A. S. Co-produtos da extração de óleo de sementes de mamona e de
girassol na alimentação de ruminantes. 2008. 166 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) –
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008.
5. SAS INSTITUTE. SAS system for windows. Version 9.1. Cary: SAS Institute. Inc. 2003. (2
CD-ROMs).
6. SILVA, D. J.; QUEIROZ, C. Análise de alimentos (Métodos químicos e biológicos). Viçosa,
MG: Universidade Federal de Viçosa, 2002. 235 p.
Tabela 1. Consumo de matéria seca (MS) expresso em g/animal . dia, ganho médio diário
(GMD, g/animal . dia), número de dias para ganhar 12 kg (D12, dias) e conversão alimentar
(CA, g CMS/g GMD) de ovinos alimentados com dietas contendo torta de mamona submetida a
diferentes métodos de destoxificação
Método de destoxificação1
Variável
Sexo
CV(%)
CMS
NT
860,2
CC
889,2
UR
830,5
FOS
967,5
ACL
974,2
Macho
977,5A
Fêmea
831,2B
15,17
GMD
117b
133ab
115b
149ab
156a
160A
108B
20,90
ab
b
B
119,8
B
A
D12
115,0
a
a
100,9
ab
ab
108,1
ab
a
90,9
ab
77,5
b
77,2
A
27,17
CA
7,74
6,94
7,39
6,93
6,26
6,17
7,93
10,83
NT = dieta contendo torta de mamona não tratada, CC = dieta contendo torta de mamona
tratada com calcário calcítico (60 g/kg), UR = dieta contendo torta de mamona tratada com
uréia (10 g/kg), FOS = dieta contendo torta de mamona tratada com fosfato monobicálcico (60
g/kg), ACL = dieta contendo torta de mamona autoclavada (15 psi/60 minutos). Médias dos
métodos de destoxificação na mesma linha, seguidas de letras minúsculas diferentes, diferem
entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey. Médias dos sexos na mesma linha, seguidas de letras
maiúsculas distintas, diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey
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