LIMA, Rosana Isabel. Educação musical

Transcrição

LIMA, Rosana Isabel. Educação musical
0
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO DE PEDAGOGIA
ROSANA ISABEL LIMA
EDUCAÇÃO MUSICAL:
A cultura da fanfarra e as contribuições da música para o desenvolvimento das
potencialidades do educando.
São José
2011
1
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO DE PEDAGOGIA
ROSANA ISABEL LIMA
EDUCAÇÃO MUSICAL:
A cultura da fanfarra e as contribuições da música para o desenvolvimento das
potencialidades do educando.
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como
requisito parcial para a aprovação no Curso de
Pedagogia do Centro Universitário Municipal de
São José – USJ.
Professor Orientador: Dr. Evandro Oliveira Brito
São José
2011
2
ROSANA ISABEL LIMA
EDUCAÇÃO MUSICAL:
A cultura da fanfarra e a contribuição da música no desenvolvimento das
potencialidades do educando
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para a aprovação no Curso
de Pedagogia do Centro Universitário Municipal de São José - USJ
Avaliado em, 22 de Junho de 2011, por:
_______________________________________________
Profº Orientador: Dr. Evandro de Oliveira Brito
________________________________________
Profª Msc. Marluci Guthiá Ferreira
_______________________________________
Profª Msc. Silvanira Lisboa Scheffler
São José, 22 de junho de 2011.
3
Dedico este trabalho, especialmente a todos
os meus alunos e familiares. Desejando que
esta obra seja para eles uma fonte de
criatividade e estímulo para um ensino ativo,
participante, visando à educação integral do
educando. A todos que, assim como eu,
amam e acreditam que o ensino da música
merece lugar na escola.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que me impuseram obstáculos e agradecer aos que me
impulsionaram a ir adiante. Aos professores pela amizade e pelos conhecimentos adquiridos
até aqui.
5
[...] o aprendizado de música, além de
favorecer
o
desenvolvimento
afetivo
da
criança, amplia a atividade cerebral, melhora o
desempenho escolar dos alunos e contribui
para integrar socialmente o indivíduo.
BRÉSCIA, 2003.
6
RESUMO
A música desempenha um papel muito importante no desenvolvimento do educando na
medida em que se amplia o seu mundo de relações sociais, especialmente através das
atividades desenvolvidas em grupo, tanto na escola como na família. A presente pesquisa
possui como campo de estudo a Educação Musical: A cultura da fanfarra e a contribuição da
música no desenvolvimento das potencialidades do educando. Com isso, objetiva-se
descrever e analisar as influências que a música proporciona às crianças, verificando as
contribuições
da
educação
musical
para
o
desenvolvimento
de
suas
potencialidades/habilidades. Tendo como principais autores utilizados Loureiro (2003), Ilari
(2003), Bréscia (2003) e Beyer (1988). A metodologia utilizada para tanto foi a de um
levantamento bibliográfico aliado a pesquisa de campo realizada através de entrevistas semiestruturadas com pais e profissionais envolvidos na educação musical no Projeto de MúsicaFAMUGOV, situado no Município de Governador Celso Ramos. Buscou-se constatar o
reconhecimento do fato de que a música contribuiu no desenvolvimento significativo dos
educandos inseridos no projeto. Entre os resultados obtidos, a pesquisa mostrou que é
possível observar o reconhecimento das influências da música no desenvolvimento da
linguagem, nas relações sociais, cognitivo e afetivo como também das habilidades motoras do
educando. Através do desenvolvimento do presente estudo, foi possível observar as
contribuições ao ensino da música no desenvolvimento das crianças num âmbito educacional.
Palavras–chave: Educação musical, Contribuições da música, Projeto de música.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 9
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................................13
CAPÍTULO I
1 A MÚSICA...........................................................................................................................13
1.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO MUSICAL NO BRASIL................................................14
1.2 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO........................................................16
1.3 MUSICALIZAÇÃO............................................................................................................18
1.4 ENTENDENDO AS BANDAS E FANFARRAS..............................................................19
1.5 A INTELIGÊNCIA MUSICAL – CONTRIBUIÇÕES DE HOWARD GARDNER........22
CAPÍTULO II
2 DESENVOLVIMENTO MUSICAL ................................................................................25
2.1 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM.........................................27
2.2 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE MOTORA......................29
2.3 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO SOCIAL.........................................................30
2.4 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO.................................................31
2.5 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO......................................................32
CAPÍTULO III
3 METODOLOGIA...............................................................................................................35
4 ANÁLISE DOS DADOS....................................................................................................37
4.1 RESPOSTAS DOS PROFESSORES................................................................................38
41.1 Experiência. profissional................................................................................................38
4.1.2 Contribuição da música.................................................................................................40
4.1.2.1 Música e Escola...........................................................................................................42
8
4.2 RESPOSTAS DOS PAIS...................................................................................................46
4.2.1 Idade dos Educandos.....................................................................................................47
4.2.2 Tempo no projeto de música.........................................................................................48
4.2.3 Profissão dos Pais...........................................................................................................49
4.2.4 Mudanças
identificadas no educando após
se inserir no projeto de
música.......................................................................................................................................51
4.2.5 Passagem significativa em Bandas de música escolares. O que essa atividade
proporciona ao educando?.....................................................................................................52
4.2.6
Visão
dos
Pais
referente
ao
Projeto
de
música
no
seu
município..................................................................................................................................54
4.2.7
As
influências
do
Projeto
de
música
no
desempenho
escolar
do
educando..................................................................................................................................56
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................58
REFERÊNCIAS......................................................................................................................60
APÊNDICES............................................................................................................................64
ANEXOS .................................................................................................................................66
9
INTRODUÇÃO
A música está inserida em todas as culturas e pode ser utilizada como fator
determinante em vários aspectos do desenvolvimento humano, dentre eles: o motor, o
lingüístico, o afetivo e o aspecto cognitivo de todos os sujeitos, estabelecendo assim
vínculos afetivos que permanecerão para sempre. Diante disso, foi de extrema
relevância realizar esta pesquisa com a temática “Música” tendo como título
“Educação Musical: A Cultura da fanfarra e a contribuição da música para o
desenvolvimento das potencialidades do educando”.
O campo escolhido para realização desta pesquisa foi o Projeto Bandas e
Fanfarras-FAMUGOV, do Município de Governador Celso Ramos, na região da
Grande Florianópolis/SC.
O propósito desta pesquisa é demonstrar a importância do ensino da música e,
sobretudo, mostrar que a música não deve ser entendida somente como uma
associação de sons e palavras, mas principalmente como uma rica ferramenta a ser
utilizada em diferentes níveis nas instituições de ensino. Este fato é observável uma
vez que, entre tantos estímulos, a música desperta o indivíduo para um mundo
prazeroso e satisfatório para a mente e para o corpo que auxiliam na aprendizagem e
também na socialização do indivíduo.
Loureiro (2003) considera que o divertimento pela Música é mais importante
do que a imposição de técnicas na primeira infância. As lições, propriamente da
Música, devem ser proporcionadas à criança dos oito anos de idade em diante,
dependendo de algumas condições. Entre essas condições encontra-se o real interesse
da criança em aprender, em certa medida aliado a boas condições de saúde e de
coordenação-motora, o que possibilita, em muitos casos, a melhoria do ajuste social e
emocional. Esta pesquisa tem por finalidade mostrar os benefícios que as bandas de
música ou bandas escolares criam para que os estudantes de música alcancem um
crescimento individual significativo. O objetivo geral consiste em descrever e analisar
o reconhecimento das influências que a música proporciona às crianças, verificando as
contribuições
da
educação
musical
para
o
desenvolvimento
de
suas
potencialidades/habilidades. Os objetivos específicos incidem em conhecer o perfil das
crianças inseridas em projetos de música; analisar o modo como o professor descreve
a contribuição no processo da educação musical; investigar e descrever o
reconhecimento das contribuições do ensino da música para o desenvolvimento das
10
crianças no âmbito educacional; verificar em seu processo de aprendizagem musical a
existência de alguma passagem significativa pelas bandas de música ou bandas
escolares.
Assim, propõe-se investigar de que maneira a cultura da música na educação
gera uma possível mudança no quadro social de várias crianças e adolescentes,
elevando sua formação cultural e contribuindo no desenvolvimento de suas
potencialidades.
Muitas das atividades realizadas dentro das escolas não tendem a formação de
músicos profissionais. Busca-se através da vivência e compreensão da linguagem
musical proporcionar caminhos de canais sensoriais, promover a expressão de
emoções, expandir a cultura geral e contribuir para a formação integral do ser.
Contribuindo num sentido cultural, educacional e socializador, que muitas vezes
passam de geração em geração, as bandas representam a oportunidade do educando de
tornar-se membro do ramo profissional. Todo esse processo é vivenciado de forma
bastante descontraída, criando assim possibilidades imensas de sucesso, pois o
educando de música sente-se bem assistido e à vontade para mostrar suas habilidades.
O papel da música na educação pode ser observado também como facilitador
do procedimento de aprendizagem, ou seja, como ferramenta para tornar a escola um
lugar mais receptivo e alegre e, também, ampliar o conhecimento musical do
educando. Enfim, a música é um bem cultural e sua ciência não deve ser privilégio de
uma minoria. A escola deve proporcionar aos educandos a convivência com as
diversas modalidades de inteligência, apresentando-lhes novos estilos, permitindo que
possam realizar uma análise reflexiva do que é apresentado e como conseqüência
possibilitar o desenvolvimento do senso crítico do educando.
A questão da Inteligência Musical, apresentada por Howard Gardner (1995) na
teoria das inteligências múltiplas, aborda alguns motivos pelos quais esta necessita ser
mais bem considerada nos currículos escolares e indica a música como um elemento
importante para estabelecer a harmonia pessoal, facilitando a integração e a inclusão
social.
A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável e tem
acompanhado a história da humanidade ao longo do tempo, exercendo as mais
variadas funções e estando presente em varias regiões do globo, em todas as culturas,
em todas as épocas, ou seja, a música é considerada uma linguagem musical, que
perpassa as barreiras do tempo e do espaço.
11
A partir da aprovação da Lei Nacional número 11.769/2008, que estabelece a
inserção da música na grade curricular de todas as escolas, surge juntamente à
necessidade de cursos de formação de professores que estejam preocupados com a
relação de inclusão social. Assim, busca-se conhecer as perspectivas dos professores
que lidam com estas situações e seu modo de refletir sobre o direito a cidadania,
igualdade, justiça e inclusão social. Segundo Nogueira (2003, p. 23), a música
possibilita os estímulos cerebrais, desenvolve a dimensão cognitiva das crianças, porque
tem características relaxantes. Ela também é um fator essencial na aquisição de novas
informações, que podem levar à aprendizagem. A autora conclui que: “[...] efetivamente a
prática de música, seja pelo aprendizado de um instrumento, seja pela apreciação ativa,
potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente no campo do raciocínio lógico, da
memória, do espaço e do raciocínio abstrato”.
Faz-se necessário observar em que contexto é sancionado a Lei 11.769/2008 –
lei que define a obrigatoriedade do ensino da Música nas escolas. A Lei 11.769/2008
sem dúvida contribui positivamente para a educação. O professor de Música é o eixo
de ligação entre o ensino/aprendizagem, pois certamente é dada aos docentes a função
de transmissor do conhecimento cultural.
E mesmo com o passar do tempo a música não perdeu sua grande especialidade,
reunir crianças, jovens e adultos, seja no canto ou para tocar um instrumento num
projeto de música. Podemos afirmar que a vivência musical, em maior ou em menor
medida, faz parte do cotidiano do ser humano e é muito importante no
desenvolvimento dos trabalhos em grupos. Fazer música, principalmente em grupo,
traz à noção da importância da ordem, disciplina, organização e respeito ao outro a si
mesmo.
A bibliografia acerca do termo fanfarra ainda apresenta-se um tanto escassa,
porém o seu diagnóstico contribuirá, de forma significativa, para o melhor
entendimento das questões. Como não há fontes capazes de saciar todas as
informações desejadas, recorreu-se a entrevistas por meio de questionários, com o
intuito de levantar informações relevantes para o desenvolvimento do tema escolhido.
Desta maneira, além da pesquisa bibliográfica e documental, também foram realizadas
entrevistas semi-estruturadas com os profissionais envolvidos. Dentre eles, professor
de sopro, professor de percussão e professora de área coreográfica.
Assim sendo, na fundamentação teórica faz-se uma visão do que configura-se
ou define-se como música, um breve panorama histórico da educação musical no
12
Brasil, enfocando os fatos mais significativos, além da importância da música na
educação e o do processo de musicalização. Abordaremos da mesma forma um breve
entendimento sobre as Bandas e Fanfarras e as contribuições legadas por Gardner
(1995). É importante ressaltar as relações entre música e desenvolvimento abordadas
na fundamentação teórica, sendo elas desenvolvimento musical, a música e
desenvolvimento da linguagem, habilidades motoras, social, cognitiva e afetiva.
Finalmente enfatiza-se a metodologia da pesquisa e a contribuição dos pais e
profissionais envolvidos através da análise das entrevistas semi-estruturadas. A partir
dessas falas foi possível avaliar e refletir sobre a experiência em andamento e apontar
novos caminhos, inclusive para o processo de implantação da atividade musical
proposta na Lei 11.769/2008.
13
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CAPÍTULO I
1 A MÚSICA
As definições da música expressam diferentes concepções. No novo dicionário
da língua portuguesa, popularmente conhecido como Aurélio, podemos encontrar no
verbete “Música” a seguinte definição: “arte e ciência de combinar os sons de modo
agradável ao ouvido”, ou ainda, “qualquer conjunto de sons”. Quando Aurélio
Buarque de Holanda define música como “qualquer conjunto de sons” sem um
resultado estético, fica apontado o caráter depreciativo da definição. Acerca desta
definição Cage considera que:
A música não é só uma técnica de compor sons (e silêncio), mas um meio de refletir e
de abrir a cabeça do ouvinte para o mundo. [...] com sua recusa a qualquer
predeterminação em música, propõe o imprevisível como lema, um exercício de
liberdade que ele gostaria de ver estendido à própria vida, pois „tudo o que fazemos‟
(todos os sons, ruídos e não-sons incluídos) é música. (CAGE, 1985, p.5)
Sendo um fenômeno sonoro a música só pode ser pensada, construída,
descoberta, refletida, representada, reproduzida, com sons, pois ela é presença
concreta e assim se realiza. Dessa forma, a música não é abstrata, nem é pura descarga
de emoções, ela é objeto de conhecimento palpável que deve ser descoberto pelas
crianças a partir do seu fazer musical.
Conforme Bréscia (2003), a música é uma língua universal, tendo presença na
história da humanidade desde as primeiras civilizações. Segundo as pesquisas da
Antropologia, as primeiras músicas eram usadas em vários rituais, como: nascimento,
casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Com o “desenvolvimento”
das sociedades, a música passou a ser utilizada como ato de louvor, como exemplifica
a sua execução em procissões na Suméria e no antigo Egito.
Na Grécia o ensino da música era obrigatório e há sinais de que já existiam
orquestras na época. Pitágoras, filósofo grego, ensinava que os acordes musicais e
melodias tinham a capacidade de proporcionar reações no organismo humano.
“Pitágoras demonstrou que a seqüência correta de sons, se tocada musicalmente num
instrumento, pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura”
(BRÉSCIA, 2003, p. 31).
Atualmente existem diversas definições para música. Mas, em geral, é possível
14
considerá-la como ciência e arte, de maneira que as relações entre os elementos
musicais são relações matemáticas e físicas, pois a arte manifesta-se pela escolha dos
arranjos e combinações. Houaiss (apud BRÉSCIA, 2003, p. 25) conceitua a música
como “[...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir
por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização, etc”.
Gainza (1988, p.22) ressalta que: “A música e o som, enquanto energia,
estimulam o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no a ação e
promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidade e grau”.
De acordo com Weigel (1988, p. 10) a música é composta basicamente por três
elementos fundamentais sendo eles:
Ritmo: é o movimento dos sons regulados pela sua maior ou menor
duração.
Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons.
Harmonia: Consiste na execução de vários sons ouvidos ao mesmo
tempo, observadas as leis que regem os agrupamentos dos sons
simultâneos.
De acordo com Wilhems apud Gainza (1988, p. 36):
Cada um dos aspectos ou elementos da música corresponde a um aspecto humano
específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou mais intensamente: o ritmo musical
induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem ou a estrutura
musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou
para a restauração da ordem mental no homem.
Sendo assim, a música é uma forma de conhecimento que possibilita modos de
percepção e expressão únicos e não pode ser substituída por outras formas de
conhecimento.
1.1
HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO MUSICAL NO BRASIL
A Educação Musical no Brasil surge acompanhada da educação brasileira e o uso
da música na área da educação foi registrado com a chegada dos jesuítas no Brasil.
Eles foram os primeiros educadores musicais da época. Porém, neste período, o ensino
da música e da arte estava diretamente ligado a catequese. Segundo Loureiro:
A música foi um dos principais recursos utilizados pelos jesuítas no processo de
escolarização da juventude européia, com vistas à formação do bom cristão. Além de
15
constituir uma disciplina, estava presente no currículo das escolas, enriquecendo as
festas e os cultos religiosos. Graças à influência dos protestantes e dos católicos,
sobretudo dos jesuítas, a educação musical nas escolas até o final do século XVIII foi
praticada com fins estritamente religiosos. (LOUREIRO, 2003, p. 41).
Durante o exercício da Educação Musical havia um procedimento
metodológico altamente rigoroso com inspiração na ordem militar. No período
colonial a educação permanecia vinculada a Igreja e o ensino dava-se através da
prática musical e pelo canto.
Foi através das irmandades que houve a difusão da música durante o século
XVIII, pois eram poucos os chamados padres-músicos. Posteriormente, com a vinda
da família real em 1808, a música ultrapassa os limites da Igreja e passa aos teatros
recebendo assim companhias estrangeiras.
Durante o período monárquico, surge uma política educacional voltada à
formação a nível superior. A Educação Musical era somente encontrada nas chamadas
Escolas Normais, pois era onde o estudo da música era considerado fator importante
na formação do individuo.
O Canto Orfeônico era considerado o grande movimento da Educação Musical
ocorrido no Brasil e estava ligado ao governo de Getúlio Vargas. O Canto Orfeônico
foi instituído como disciplina curricular e o compositor e maestro Heitor Villa-Lobos é
indicado a assumir o ensino. O Canto Orfeônico permaneceu nas escolas brasileiras
até o fim da década de 1960, e foi lentamente desaparecendo da educação e substituído
pela Educação Artística em 1970. Assim, o Educador Musical tornou-se um animador
cultural. Sobre o exposto Loureiro (2003) afirma que:
Desde que o ensino de música deixou de ser obrigatório nas escolas (com o fim do
canto orfeônico e, mais tarde, sua inclusão na educação artística), essa área de
conhecimento vem sendo desprestigiada ou, mais do que isso,excluída do currículo
escolar. (LOUREIRO, 2003, p.21)
Com a divulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 5.692/1971, que
tornou obrigatório o ensino de Artes, surge a reviravolta no ensino da música. Pois,
com a extinção da educação musical, foi introduzida a disciplina de Educação
Artística. Foi a partir da promulgação desta lei que se deu o surgimento de cursos para
a formação de professores na área de Artes. A partir da década de 1980 novos
questionamentos surgiram e a ideia de capacitação na área artística foi crescendo.
Galindo (2000) reforça a seriedade da qualidade na formação do educador musical,
lembrando que no ensino coletivo de música o educador deve ser dinâmico para que os
16
educandos não percam a concentração e o interesse.
Com o surgimento da Lei de Diretrizes de Bases da Educação 9.394/1996,
percebeu-se um retorno das artes coletivas no currículo por meio de especificidades. O
retorno da Educação Musical, no contexto escolar, passou a ser feito de forma bastante
lenta. No entanto, após três décadas, muito ainda precisa ser feito para a real inserção
da música nos currículos escolares.
Atualmente o êxito da extensão de música depende da apropriação dos espaços
dentro da disciplina Artes, o que deve ser realizado por professores profissionais
habilitados na linguagem musical. É neste sentido que “o ensino de arte constituirá
componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a
promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (Lei 9394/96, Artigo 26, § 2º).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, publicados na mesma época e
ainda em vigor, citam quatro modalidades no Ensino de Artes: Artes Visuais, Música,
Teatro e Dança. A Lei 11.769 de 18 de agosto de 2008 altera a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, tornando a obrigatório o ensino da música nas escolas. Cruvinel
(2003) ressalta que, no contexto atual, acredita-se que por meio do ensino da música
nas escolas os educandos poderão ter uma Educação Musical transformadora, onde
será possível vivenciar novas experiências tanto no âmbito individual quanto no
coletivo.
A Educação Musical poderá contribuir significativamente para a construção da
dimensão criativa, tornando-as mais capazes de criar, inventar e reinventar o mundo
que a cerca. Ávila e Silva apud Ostetto (2004, p. 79) ressaltam que “ao ouvir música, a
criança passa a praticá-la prazerosamente: motiva-se pelo seu aspecto lúdico e interase com ela numa participação integral (mente, corpo e emoção)”.
1.2 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO
O papel da música na educação é fundamental, pois além de favorecer o
interrelacionamento pessoal e o convívio social, também fornece noções de valores
cívicos e morais, preparando os educandos para se tornarem cidadãos críticos,
merecedores dos seus direitos e respeitadores das suas obrigações, conscientes da sua
função na sociedade e capazes de transformar significativamente seu meio social.
A música é considerada um objeto de produção do conhecimento, tornando-se
17
um elemento indispensável ao desenvolvimento integral das potencialidades dos
educandos no cotidiano escolar. Através dela, é possível entender diversas emoções,
provocar a educando para o aprendizado, apurar os sentidos, oportunizar-lhe
momentos criativos e espontâneos, tornando-a crítica. Ao mesmo tempo em que a
música possibilita essa diversidade de estímulos, ela, por seu modo relaxante, pode
instigar a absorção de informações, ou seja, a aprendizagem. Acerca disso Bréscia
(2003) afirma que: “[…] ouvindo música clássica, lenta, a pessoa passa do nível alfa
(alerta) para o nível beta (relaxados, mas, atentos); baixando a ciclagem cerebral,
aumentam as atividades dos neurônios e as sinapses tornam-se mais rápidas,
facilitando a concentração e a aprendizagem”.
Snyders (1992) explica que o papel da escola é preparar os jovens para o
amanhã, para a vida adulta e as responsabilidades que esta abarca. Mas, na visão do
educando, ela pode parecer como um remédio azedo que necessitam tragar para
garantir um futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música
pode contribuir para que esse ambiente se torne mais alegre e favorável à
aprendizagem. Afinal:
[...] propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da
pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e
recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente
(SNYDERS, 1992, p. 14).
Além de contribuir com a aprendizagem, a música pode deixar o ambiente
da escola mais alegre, sendo utilizada para tornar propícia uma atmosfera mais
receptiva aos educandos, oferecendo um efeito de tranqüilidade após períodos de
atividade física e reduzindo em muito a tensão em momentos de avaliação. A música
ainda pode ser aproveitada como uma ferramenta alternativa no aprendizado de outras
disciplinas. No entanto, a música também deve ser explorada como uma disciplina,
como forma de linguagem artística e expressão cultural. A esse respeito Katsch e
Merle-Fishman apud Bréscia (2003, p.60) afirmam que “[...] a música pode melhorar o
desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de
matemática, leitura e outras habilidades lingüísticas nas crianças”. Sendo assim, a
escola deve permitir a ampliação do conhecimento musical, favorecendo a
convivência com os diversos gêneros, expondo novos estilos, proporcionando assim
uma reflexão do que lhe é exposto, permitindo que os educandos tornem-se mais
crítico.
Conforme Mársico (1982, p.148) “[...] uma das tarefas primordiais da escola é
18
assegurar a igualdade de chances, para que toda criança possa ter acesso à música e
possa educar-se musicalmente, qualquer que seja o ambiente sócio-cultural de que
provenha”. A atividade de musicalização na escola é um aparelho que desenvolve,
além da sensibilidade à música, fatores como: memória, concentração, coordenação
motora, acuidade auditiva, disciplina e socialização. Conforme Barreto (2000, p.45
apud Gainza, 1988), as atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos,
nos seguintes aspectos:
Físico: proporciona atividades que são capazes de gerar o alívio das
tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga;
Psíquico: desenvolvem os processos de comunicação, expressão e da
descarga emocional que se dá através do estímulo musical e sonoro;
Mental: gera situações que podem contribuir para os processos de
desenvolver e estimular o sentido da ordem, harmonia, organização e
compreensão.
Estes são, portanto, os principais aspectos que denotam a importância da música na
educação.
1.3 MUSICALIZAÇÃO
Musicalizar é a competência de tornar o indivíduo receptivo e sensível ao
elemento sonoro, e ao mesmo tempo promovendo a ele respostas de temperamento
musical. Para Bréscia (2003, p.78):
[...] a musicalização pode ser considerada um processo de construção do
conhecimento, e tem como objetivo principal desenvolver e despertar o gosto pela
música, favorecendo a sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir
música, da imaginação, memória, concentração, atenção, auto-disciplina, do respeito
ao próximo, da socialização e afetividade.
A musicalização é um procedimento de constituição do conhecimento, que
defende o desenvolvimento da sensibilidade, do senso rítmico, da criatividade, do
prazer de ouvir música, da memória, da imaginação, da concentração, do respeito ao
próximo, da atenção, da socialização e da afetividade, também colaborando para uma
efetiva consciência corporal e de movimentação. A atividade de musicalização no
ensino infantil está relacionada a uma motivação maior e diferente do ato de ensinar,
em que é possível beneficiar a auto-estima, o desenvolvimento do senso musical, da
socialização e do gosto pela música nas crianças dessa fase. Pois, a música, quando de
19
boa qualidade proporciona, múltiplos benefícios para as crianças e é um grande
alicerce no desenvolvimento saudável da criançada (Melo, 2009).
A criança quando inserida na atividade de musicalização passa a conhecer
melhor a si própria e também melhora o diálogo e a interação com o outro. As
atividades de musicalização, como já citamos anteriormente, contribuem de maneira
significativa no desenvolvimento psicomotor, afetivo, cognitivo da criança, além de
favorecer a alfabetização em função da melhora na atenção, organização espaço,
ritmo, discernimento auditivo e redução de ansiedade. O trabalho com musicalização
na escola é um importante instrumento que amplia, além da sensibilidade à música,
outros fatores, como por exemplo: a concentração, a memória, a coordenação motora,
a socialização, a acuidade auditiva e a disciplina. Conforme Barreto (2000, p.45):
Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode
contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar
(inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por
isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao
desenvolvimento.
Sendo assim, a musicalização institui um processo de educação, por meio do
qual um sujeito pode aprender as probabilidades e os limites da participação em
contextos sociais, preparados para a apresentação e a análise crítica de valores
culturais essenciais.
1.4 ENTENDENDO AS BANDAS E FANFARRAS
O conceito de Bandas significa reunião ou grupo. Banda de música ou banda
de músicos eram os nomes utilizados, antigamente, para denominar os grupos de
músicos soldados que tocavam os seus instrumentos durante as cerimônias militares.
Existem dois tipos de bandas de música: Banda Marcial e Fanfarra. O conceito das
Bandas Marciais e Fanfarras foram dados pelos povos romanos com influências dos
povos gregos. Em sua formação era valorizada a disciplina física na formação militar.
As organizações militares reservavam lugares para aqueles que se incluíam nas
paradas militares.
A tradição das bandas de música no Brasil remete a sua propagação nos
cerimoniais militares. Os jesuítas utilizavam os conjuntos musicais nos festejos
religiosos, tal como nos festejos do cristianismo lusitano, para auxiliarem na educação
20
religiosa dos pagãos. Tais conjuntos não eram formados apenas por portugueses, os
próprios indígenas, desde o princípio, já se encontravam entre os participantes (Granja,
1984).
As bandas marciais e musicais obtiveram grandes influências do modelo de
bandas norte-americanas, as chamadas Marching Bands. Já as fanfarras continuaram
com uma característica mais simples, devido às limitações instrumentais. A fanfarra é
composta por instrumentos de percussão e sopro de entretons distintos sem uso de
válvula (pistos), o que acaba limitando o estudo da música. Os instrumentos de
fanfarras são instrumentos dependentes uns dos outros essa dependência se dá pelo
fato de cada instrumento possuir uma tonalidade diferente. As cornetas por si
chamadas não usam válvula (pistos), onde são necessários no mínimo 3 (três) cornetas
para fazer a série harmônica.
O que as caracterizam são os instrumentos. Nas fanfarras simples, são os
instrumentos de metal lisos: corneta, e cornetão. Possuem, além disso, instrumentos
com válvulas, que diferenciam as fanfarras de um pisto: bombardino, baixo, tuba e
sousafone.
A banda marcial é uma forma mais técnica de estudar a música. Existem
instrumentos com válvulas que expandem o horizonte musical e existe um estudo
aprofundado da música que melhora a qualidade musical, pois apresentam válvulas
(pistos) que se tornam independentes de outro instrumento. As válvulas são chamadas
na maioria das vezes de pisto ou pistão e, por si combinadas, executam a séria
harmônica. Assim, os instrumentos de percussão não os diferenciam: bombo
fuzileiros, surdo, atabaques, pares de pratos, caixa tenor e outros instrumentais que
incrementam as bandas e fanfarras.
A Fanfarra é uma atividade de sensibilização e exploração do som, junto com
seus instrumentos de sopro, percussão e atividades rítmicas. Ela também busca
explorar a percepção do esquema corporal, a coordenação motora, e a discriminação
das formas musicais e coreográficas e auxilia no desenvolvimento físico-mental, social
e emocional do educando. Desta forma, cada educando torna-se um ponto gerador do
aprendizado, pelo sentido do reconhecimento, identidade e satisfação, durante a
realização de produções musicais e coreográficas propiciadas por uma Fanfarra.
As Fanfarras e Bandas possuem diversos elementos que são fundamentais para
julgamento nos concursos e festivais. Entre eles estão:
Estandarte: identificação (estandarte com o nome) da corporação
21
musical, composta apenas por 2 (dois) alunos que se posicionam a
frente do pavilhão nacional.
Pavilhão Nacional: alunos portando a bandeira nacional, municipal,
estadual e a da escola, acompanhado por suas respectivas Guardas de
Honra.
Corpo Coreográfico: é composto por um grupo especifico, com
finalidade de executar as peças musicais, geralmente é composto por no
mínimo 12 (doze) alunos não podendo ultrapassar o limite de alunos do
corpo musical.
Baliza: aluna que realiza as evoluções acrobáticas, coreografias livres
oriundas da G.R.D (Ginástica Rítmica Desportiva), apoiado do
manuseio de elementos como: arco, fita, bola,massa e corda.
Mór: responsável pela condução da corporação musical no desfile, que
desempenha a função de líder. Além da condução musical, o Mór tem
sob sua responsabilidade a manutenção da ordem unida e a coordenação
do grupo como um todo.
Felizmente, a importância o interesse pelas bandas e fanfarras vem ressurgindo
de modo significativo nos últimos anos; onde o grande número de filiados às
Federações e Associações de Bandas no Brasil vem crescendo. No estado de Santa
Catarina existe a Federação de Bandas de Santa Catarina - FEBANFAESC - e a
Associação de Bandas e Fanfarras do estado Santa Catarina, as quais possuem muitos
filiados e unificam muitos jovens e crianças em torno de um ideal: a música. No
âmbito nacional, o movimento está constituído pela Confederação Nacional de Bandas
e Fanfarras /CNBF. Anualmente são realizados concursos regionais e estaduais,
culminando com a realização do campeonato nacional, onde está toda a
regulamentação e os elementos para julgamento citados no parágrafo anterior.
Em 1975 surge o Projeto de Bandas pelo Instituto Nacional de Música, que
mais tarde vinculou-se a Fundação Nacional de Artes- FUNARTE, em funcionamento
até 1990. Entre 1990 e 1996, o projeto foi desativado e retomado com o retorno da
FUNARTE. Foi este órgão que deu inicio ao Programa de Apoio as Bandas de
Música, depois de assumido pelo Ministério da Cultura. Atualmente o projeto é
dirigido pela Secretaria da Música e Artes Cênicas, que é a encarregada de gerar
parcerias com as diversas secretarias estaduais de cultura. Além de criar e dar suporte
as bandas, o Ministério da Cultura investe recursos do Fundo Nacional de Cultura no
22
programa. Nestes são acolhidas mais de 1769 cidades em todos os estados brasileiros e
são ministrados cursos de formação continuada para mestres de restauração e
conservação de instrumentos, criando condições para o sucessivo aperfeiçoamento
desses grupos musicais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram elaborados com o
intuito fixar o respeito às diversidades regionais, culturais e políticas existentes no
Brasil, bem como proporcionar condições para que os jovens educandos tenham
acesso aos conhecimentos indispensáveis ao exercício da cidadania. Cabe a esse
conjunto de informação a noção de arte e música.
Segundo o PCN-Arte/Ensino fundamental e a LDB 9394/96, art.26, parágrafo
2°, “o ensino das artes visa à formação básica do cidadão. Claro está que a música é
uma das linguagens artísticas incluídas nesse parâmetro e, sendo assim, ela exerce a
sua contribuição para a formação básica do ser humano, cidadão e a educação formal
do indivíduo”.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a atual legislação
educacional brasileira reconhece a importância do ensino de Arte no desenvolvimento
e formação de crianças e jovens, incluindo-a como elemento curricular obrigatório da
educação básica. No ensino fundamental, a Arte passa a valer como área de
conhecimento visando à formação artística e estética dos educandos. A área de Arte,
assim estabelecida, faz referência às linguagens artísticas, como as artes visuais, a
dança, a música e o teatro.
Com a homologação da Lei 11.769 em 18 de agosto de 2008, o ensino de
música passa a ser obrigatório nas escolas públicas e privadas, como conteúdo do
componente curricular da educação básica. A partir da implementação desta lei, as
escolas passaram a trabalhar para viabilizar a formação de uma Fanfarra na Instituição
de Ensino.
A implantação das bandas e fanfarras deve acontecer de acordo com a
necessidade e devem ser algo significativo para o aluno. Assim sendo:
A música na escola não pode ser simplesmente ornamental para animar as festas,
mas deve ser concebida e praticada á luz da vivência das dimensões estéticas, sonoras,
visuais, plásticas e gestuais, a fim desenvolver a consciência critica dos valores
humanos e encontrar meios de levar os alunos a atuarem como cidadãos. (BRÉSCIA
2003, p.85)
O aprendizado musical, seja ele por meio do coral, da banda de música, do
grupo instrumental, deve ter significado para o aluno e envolve-lo afetuosamente e
23
cognitivamente.
Outro aspecto importante do aprendizado de uma fanfarra dentro de um
ambiente escolar é a socialização prática, ou seja, cada indivíduo passa a agir com
mais autonomia, iniciativa própria e consciência de grupo. Esse exercício é essencial,
tanto na extensão da prática musical quanto para a vida em sociedade. E, além disso,
uma forma de oportunizar aos jovens uma atividade que, além de lazer benéfico,
desenvolve sua aprendizagem e colabora com a construção da cidadania.
1.5 A INTELIGÊNCIA MUSICAL – CONTRIBUIÇÕES DE HOWARD GARDNER
A teoria das inteligências múltiplas sugere que permaneça um grupo de
habilidades, denominadas inteligências, e que cada indivíduo as possui em grau e em
combinações diferentes. A princípio, são sete: inteligência musical, lógicomatemática, corporal-cinestésica, espacial, lingüística, interpessoal e intrapessoal.
Segundo Gardner (1995, p. 21):
Os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e
maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas
capacidades intelectuais embora estas inteligências sejam, até certo ponto,
independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente.
A inteligência musical é caracterizada pela habilidade e tem competência de
distinguir sons e ritmos, ou tocar um instrumento musical. Esta pode percebida através
de uma capacidade para apreciar, compor e reproduzir uma peça musical. Incluindo as
habilidades para percepção de temas musicais, sensibilidade para ritmos, timbre,
textura e habilidade para determinar e, ou, reproduzir música. O indivíduo com
habilidade musical específica percebe desde cedo diversos sons no seu ambiente e,
freqüentemente, canta para si mesmo. (GARDNER 1995).
Gardner (1995) enfatiza que as inteligências fazem parte da genética humana, e
se expressam em algum grau em todas as crianças, independente da educação ou apoio
cultural. Sendo assim, todos os seres humanos possuem certas capacidades essenciais
em cada uma das inteligências. Porém, mesmo que o indivíduo possua grande
potencial biológico para uma habilidade determinada, será necessário proporcionar
oportunidades para explorar e desenvolvê-la. “Em resumo, a cultura circundante
desempenha um papel predominante na determinação do grau em que o potencial
24
intelectual de um indivíduo é realizado” (GARDNER, 1995, p, 47). Desta forma, a
escola tem o dever de respeitar as habilidades individuais, e também proporcionar o
contato com atividades que trabalhem e desenvolvam as outras inteligências, pois,
segundo o autor, em todas as atividades que são realizadas é utilizado mais do que
uma inteligência.
Ao serem consideradas as habilidades, a escola está fazendo com que o
educando possa de destacar ao menos em umas delas, ao oposto do que acontece
quando se privilegiam somente as capacidades lógico-matemática e lingüística. Além
disso, na avaliação é preciso dar à importância a forma de expressão em que a criança
mais bem se adapte.
Campbell; Dickinson (2000) ao interpretar as inteligências musicais sintetiza os
motivos pelos quais ela deve ser avaliada na escola:
• Conhecer música é importante.
•A música transmite nossa herança cultural. É importante apreciar e conhecer
Beethoven tanto quanto apreciar Newton e Einstein.
• A música é uma competência essencial a todas as pessoas e merece ser desenvolvida.
• A música proporciona a expressão de nossos pensamentos e emoções mais nobres ela
é auto-expressiva.
• A música ensina sobre seus relacionamentos, tanto em sua própria cultura quanto em
culturas estrangeiras.
• A música oferece aos alunos rotas de sucesso que eles podem não encontrar em parte
alguma do currículo.
• A música melhora a aprendizagem de todas as matérias.
Estes são, portanto, os elementos fundamentais que justificam teoricamente a
relevância da inteligência musical.
25
CAPÍTULO II
2 DESENVOLVIMENTO MUSICAL
Desde as últimas duas décadas do século passado, a área de estudo das
atividades de musicalização despertam interesse crescente de pesquisadores. As
conseqüências desses estudos têm proporcionado muitas sugestões para a educação e
para o desenvolvimento musical. Sugestões essas que têm sido amplamente debatidas
de forma profissional e consistente em muitos países, como é o caso dos Estados
Unidos e do Canadá. Contudo, no Brasil as políticas educacionais públicas ainda não
reconhecem, exceto alguns casos isolados, as contribuições que o trabalho
desenvolvido com a música pode trazer para o processo do desenvolvimento infantil.
Pesquisas recentes apontam alguns questionamentos que direcionaram estudos, como à
importância e influência da música no desenvolvimento, as formas de estímulo desse
desenvolvimento e as fases mais favoráveis para o início dessa atividade para a
criança.
Com a inclusão das políticas educacionais, de acordo com Esther Beyer (1988),
os benefícios que foram comprovados por estes estudos deveriam ser divulgados e as
atividades deveriam ser oferecidas a um grupo maior de crianças, a partir da
conscientização dos pais e dos estabelecimentos de educação que deveriam ampliar
esse tipo de atividade voltada para as crianças. Às instituições governamentais caberia
mais dedicação e mais atenção com as crianças, devendo entender que é através da
música que as crianças podem se tornar futuros cidadãos, além de almejar uma vida
mais saudável e mais feliz.
Estudos confirmam que os primeiros anos de vida influenciam uma grande parte
do desenvolvimento geral das crianças. Nesta fase, as crianças estão mais receptivas às
aprendizagens e aos educadores cabe encontrar soluções que contribuam para o
desenvolvimento infantil. Beyer (1988) e Ilari (2003) mostram a importância da
musicalização já na primeira infância, pois, segundo as autoras, é a fase em que a
criança está no período de desenvolvimento do cérebro e da inteligência musical. A
música, devido a suas características, colabora para o desenvolvimento das estruturas
cognitivas, além de favorecer o desenvolvimento de habilidades sociais e musicais,
com aquelas relacionadas aos aspectos emocionais.
26
Para Melo (2009), a música é considerada um meio de expressão de sentimentos
e idéias, como também uma forma de linguagem muito apreciada pelas pessoas,
quando muito cedo a música se torna de grande importância na vida de uma criança.
Além dos efeitos que ela gera, a vivência musical amplia habilidades que são
importantes durante o crescimento infantil.
Segundo algumas pesquisas, sabe-se que os bebês têm capacidade a reagirem a
sons ainda no útero da mãe e sabe-se que a música, desde que apropriadamente
escolhida, pode acalmar os recém-nascidos. Para Beyer (1988) e Ilari (2003), as
atividades de musicalização para bebês podem contribuir para uma maior afetividade e um
melhor relacionamento entre o bebê e seus pais. Isto ocorre quando os pais assumem um
papel fundamental no desenvolvimento musical de seus filhos, estando presentes e tendo
participação ativa nas aulas, cantando, dançando, tocando músicas, enfim, propondo um
ambiente adequado para que este desenvolvimento se torne efetivo. A prática do canto
acompanhada pelo gesto parece auxiliar no desenvolvimento de diversos sistemas
cerebrais. Entre eles, o desenvolvimento da orientação espacial e motora e o
desenvolvimento social, presente no relacionamento com outras crianças e adultos
(ILARI, 2003).
Assim, murmurar, cantar ou assoviar produz elementos sonoros e afetivos,
através da intensidade do som e da voz. Além disso, os contatos corporais são
fundamentais para a evolução no sentido emocional, auditivo e lingüístico e cognitivo
da criança. Isto acontece também durante o desenvolvimento infantil, pois é através da
música e de suas características como ritmos variáveis, das letras com utilização de
rimas, que a criança acaba desenvolvendo sua inteligência auditiva, fundamental para
a evolução de seu convívio e integração social. As crianças, quando cantam ou
dançam, trabalham sua concentração, memorização e coordenação motora porque ao
cantar ou dançar a criança sente a obrigação de mexer o corpo para acompanhar o
ritmo. Assim, elas trabalham a consciência corporal, criando novas formas de dança e
expressão corporal. Não se deve esperar pelo processo de escolarização e que somente
ele estimule a criança. Ao contrário deve-se oferecer a ela sempre que possível um
leque variado de conhecimentos musicais para que a criança possa perceber as
diferenças entre os estilos, a velocidade, as letras e os ritmos, trabalhando assim a
atenção e a discriminação da audição e permitindo a ela que faça escolha ou sugira
repetições (MELO, 2009).
A autora acima citada deixa claro que, no aspecto lingüístico, podemos
27
perceber a possibilidade de estimulação da criança a ampliar seu vocabulário. Por
meio da música, a criança sente-se motivada a descobrir o significado de palavras
novas que depois são incorporadas ao seu repertório. A autora ainda ressalta que esses
benefícios são propostos não somente para a linguagem falada, mas também para a
escrita. Boa percepção, bom vocabulário e conhecimento de estrutural do texto são
elementos considerados importantes para ser bom leitor e bom escritor. É importante
respeitar interesses individuais e coletivos como também específicos de cada fase do
desenvolvimento.
A música não deve ser uma atividade imposta e sim realizada de forma
prazerosa. Somente assim os benefícios serão alcançados naturalmente, como ocorre
na relação entre pais e filhos. A música vai além daquilo que ouvimos. No momento
que inserida na rotina diária das crianças e adolescentes, as canções contribuem para o
desenvolvimento neurológico, motor e afetivo da criança. (MELO, 2009).
Para a autora, a música torna-se uma poderosa ferramenta educativa e será
aproveitada inicialmente na Pré-Escola. É necessário que a criança crie seu hábito de
expressar-se por meio da música desde a primeira infância Assim sendo, na educação
infantil os fatores musicais devem ser mais bem valorizados, pois são capazes de levar
ações de comportamentos motores e gestuais que são fatores inseparáveis da educação
perceptiva propriamente dita.
2.1 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
A linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas mais importantes
a serem trabalhadas na educação infantil, pois está diretamente relacionada à
linguagem oral e escrita, do raciocínio lógico-matemático e das artes cênicas. A
linguagem musical configura-se como fonte importante de experiências para as
crianças e orientado pela idéia de que esta consiste em uma rica e complexa forma de
interação, significação e resignificação do mundo que as rodeia, é possível refletir
sobre os possíveis significados da presença da linguagem musical no cotidiano da
criança desde a infância.
Referindo-se a importância da linguagem musical a
educadora Eloisa Rocha afirma:
A linguagem tem um lugar central [...] uma vez que a função simbólica representa
a base para o estabelecimento das relações culturais e de compartilhamento social.
Compreender o mundo passa por expressá-los aos outros, envolve comunicação e
domínio dos sistemas simbólicos já organizados na cultura. A diversificação das
28
linguagens objetiva: 1. A expressão e as manifestações das culturas infantis em
relação com o universo cultural que lhe envolve; 2. O domínio dos signos,
símbolos e materiais; 3. A apreciação e a experiência literária e estética com a
música (na escuta e produção de sons, ritmos e melodias); com as artes
plásticas e visuais (na observação,exploração e criação, no desenho, na escultura,
na pintura, e outras formas visuais como a fotografia, o cinema, etc.); 4. Com a
linguagem escrita, no sentido de uma gradual apropriação desta representação (no
momento, com ênfase na compreensão de sua função social e suas estruturas
convencionais em situações reais) em que se privilegie a narrativa, as histórias, a
conversação, apoiadas na diversificação do acesso a um repertório literário e
poético .(ROCHA, 2008, p.5). [grifos meus].
Wolfe (2002) comenta que a música e a fala são fundamentalmente similares,
já que fazem uso do material sonoro que são recebidos e analisados no mesmo órgão.
Porém, muito são os fatores acústicos que, apesar da semelhança, são utilizados de
diferentes modos. Ainda segundo a autora, a codificação da informação percorre
diferentes caminhos e isto se dá porque a fala possui um significado denotativo. Isto
não ocorre no caso de música, pois tanto os códigos musicais, com os da fala, que
contém diferentes elementos, podem percorrer diferentes caminhos, possuir diferentes
valores, e interpretado de diferentes modos (WOLFE apud PEDERIVA e TRISTÃO
2006).
As autoras Simionato e Tourinho (2007) complementam essas informações
acrescentando que a criança aprende música de maneira muito semelhante à que
aprende sua língua materna. Isto é, pela seqüência que se inicia com audição, para
mais tarde passar à fala propriamente dita. Outro autor citado pelas autoras Pederiva e
Tristão, completa ressaltando a influência da música no aspecto da linguagem.
Desde que nascemos já estamos predispostos aos sons, vocalizações e melodias, nosso
primeiro universo de linguagem; por isso, o contato precoce com a música é capaz de
favorecer positivamente o desenvolvimento de nossas habilidades cognitivas,
lingüísticas e motoras (CÍCERO apud SIMIONATO e TOURINHO, 2007, p.370).
Desta forma, podemos perceber a importância da música para o
desenvolvimento da criança, pois ela usa a sonorização para desenvolver a linguagem,
ao aprender palavras novas que, com o tempo, vão proporcionando uma expansão do
cérebro da criança.
Outros autores também colaboram com a discussão sobre música e linguagem.
Eles afirmam que, para o maestro e compositor Koellreutter, a música é um método
que se utiliza de uma linguagem. A linguagem da música, uma vez aproveitada como
sistema de códigos constituídos naturalmente ou por combinações, transmite dados ou
29
mensagens de um sistema social, orgânico e sociológico a outro.
Para os autores, existem paralelos entre as linguagens verbais e musicais.
Ambas são dependentes da visão neurofuncional e são responsáveis pela recepção e
processamento auditivo, estando envolvidas com a memória e a atenção, nas estruturas
motoras responsáveis pela conexão, organização temporal e motora, indispensáveis
para a fala e para a execução musical (MUSZCAT e CORREIA 2000).
Assim sendo, do ponto de vista neurológico, as estruturas abrangidas para o
processamento musical são funcionalmente autônomas e diferentes daquelas
envolvidas com a linguagem, isto é, fala, leitura e escrita.
2.2 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE MOTORA
As atividades musicais proporcionam inúmeras oportunidades para que a
criança melhore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se
com agilidade. Quando a criança canta, seja por meio do canto espontâneo ou dirigido,
a criança realiza movimentos gestuais e tais movimentos, sem perceber, possibilitam
melhoras na sua habilidade motora, como também proporcionam momentos de prazer.
Ilari (2003) concorda que as canções de brincar, incluindo o folclore e, proporcionam
propostas de movimentos corporais que garantem benefícios na coordenação motora e
em outras habilidades auditivas e visuais.
A prática do canto, quando acompanhada por gestos, podem auxiliar no
desenvolvimento de diversos sistemas. Um deles é o cerebral, o responsável pela
noção e orientação espacial e motora. Além disso, pode promover o desenvolvimento
social, uma vez que a criança se relaciona com diferentes crianças e também adultos
(ILARI, 2003).
Conexões que se realizam no cérebro possibilitam para a criança uma aquisição
de certas habilidades, movimentos, percepções e comportamentos. Forma-se uma rede
cerebral que tem capacidade de suportar uma enorme quantidade de combinações –
conexões e desconexões. E, são exatamente estas conexões que permitem que a
criança adquira os movimentos, comportamentos, habilidades e percepções. Para se
tocar um instrumento musical, seja ele qual for, são utilizadas conexões que permitem
à criança adquirir certas habilidades específicas (ILARI, 2003).
As atividades de musicalização, realizadas em sala de aula. auxiliam e
30
contribuem no desenvolvimento dos movimentos corporais, instigando os gestos
solicitados em atividades musicais. Possibilidades sugeridas em brincadeiras musicais
admitem também trabalhar a musculatura das pernas, pés, braços, mãos e dedos, sendo
necessário desde os primeiros anos de vida. Resultados confirmam que “a música é
uma parte integral de nosso processo cognitivo” (Swanwick 2003, p.23) e pode ajudar
tanto na coordenação motora e respiração dos indivíduos quanto na melhoria da
capacidade de armazenar informações.
2.3 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO SOCIAL
A participação das crianças nas aulas de música inseridas num projeto de
musicalização é fundamental no desenvolvimento social dos alunos que dela
participam, pois, ao invés de estarem expostos às drogas e à criminalidade, estão em
contato e aprendendo música e evoluindo, não só musicalmente, mas também
enquanto sujeitos sociais.
Segundo Cruvinel (2005, p. 25) ressalta que:
O processo de socialização, no contexto do ensino coletivo, permite ao indivíduo
conhecer de forma crítica e sensível a realidade social em que está inserido, bem como
vivenciar novas experiências tanto no âmbito individual quanto coletivo. Quando
apreciada a música pode ser vista apenas como uma forma de entretenimento, porém,
o estudo da música ou de um instrumento interfere de forma positiva no
desenvolvimento cognitivo e intelectual do indivíduo, e, especialmente no
desenvolvimento social, quando realizado de forma coletiva.
Assim ela começa a compreender a necessidade de cooperação com os outros
colegas, para chegarem ao objetivo comum. Segundo Reis (2009, p. 323):
Assim, pode-se afirmar que a educação musical pode transformar a realidade dos
indivíduos, de forma que eles se sintam agentes da sociedade e transformadores da
mesma. Que através da música eles possam acender, novamente, a chama que instiga
o homem na busca pelo ser mais, pelo saber mais, pelo fazer mais, pelo
desenvolvimento social, pela construção de saber próprio e coletivo, enfim, pelo
construir-se homem, que é um processo que nunca se encerra.
Quando a criança estuda música em conjunto, torna-se mais comunicativa e
convive o tempo inteiro com regras de socialização. A criança aprende a respeitar o
tempo e a vontade do próximo; a criticar de forma construtiva; a ter disciplina; a ouvir
e interagir com o grupo. Segundo Cruvinel, (2005, p. 18) “A música na sociedade
atual deve ser entendida como um poderoso instrumento de transformação, não só do
indivíduo, mas do ser humano social, que vive em sociedade, pertence a um grupo”.
31
A música também é importante do ponto de vista do desenvolvimento
individual, isto é, da prática das regras sociais. Quando uma criança brinca de roda,
por exemplo, ela tem a oportunidade de vivenciar de forma lúdica às situações de
perda, escolha, decepção, dúvida, afirmação, entre outros fatores. (NOGUEIRA,
2003).
As atividades que estão relacionadas diretamente com a música servem de
estimulação para as crianças com dificuldades de aprendizagem, pois a musicalização
serve também como um estímulo, contribuindo na formação e organização do
pensamento, e, além disso, essa atividade, quando realizada em grupo, favorece a
cooperação e a comunicação.
A música tem um importante papel no aprendizado das regras sociais, além
disso, proporciona a criança uma atividade que tem por objetivo ela mesma, sabendo
que o mais importante é participar, fazendo o que lhe proporciona prazer sem cobrança
de rendimento. Seu momento e forma de expressão são respeitados, sua ação é
valorizada, e por meio do sentimento e realizações ela desenvolve a autoestima.
2.4 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
A música é de grande importância para o desenvolvimento cognitivo da
criança, muitos estudos realizados comprovam que já no início da gestação ocorre o
desenvolvimento musical dando continuidade deste processo após o nascimento. A
atividade musical quando oferecida desde cedo no ambiente escolar tem a
possibilidade de desenvolver a estrutura cognitiva e habilidade musical. Segundo
ILARI (2003) o interesse pelo desenvolvimento cognitivo musical tem crescido de
modo substancial nas últimas décadas devido a recentes descobertas no campo da
neurociência. A distinção entre alturas, timbres e intensidades já aconteceriam desde o
nascimento até o décimo mês de vida, tornando-se cada vez mais refinadas. As
preferências e memórias musicais também se dariam a partir dessa época, por meio de
processos imitativos e de impregnação, estando também associado a inúmeras funções
psico-sociais, como a comunicação e o desenvolvimento da linguagem compreensiva e
expressiva.
No desenvolvimento cognitivo, a fonte de conhecimento da criança são as
situações e oportunidades de experimentação em sua rotina diária. Dessa maneira,
quanto maior a estimulação ela receber melhor será seu desenvolvimento intelectual.
32
As experiências com atividades rítmicas musicais que provocam uma
participação ativa (tocando, vendo e ouvindo) favorecem o desenvolvimento com
relação aos sentidos das crianças. Quando em contato com os sons, ela tem capacidade
de desenvolver sua acuidade auditiva; ao imitar gestos ou dançar ela está
desenvolvendo a coordenação motora e a atenção; no canto ou na imitação de sons ela
esta descobrindo suas potencialidades e fazendo relações com o meio em que vive.
É importante também fazer relação entre a música, entendida como prática e
vivência, e o desenvolvimento da criança. Inicialmente é preciso esclarecer o conceito
de desenvolvimento. Conforme o dicionário Houaiss, desenvolvimento é um termo
que oferece muitas concepções, entre elas: “aumento de qualidades morais,
psicológicas, intelectuais, etc”, “crescimento, progresso, adiantamento” (HOUAISS,
2002, p. 989). Portanto, há uma tendência, em nossa sociedade, na centralização da
idéia de desenvolvimento, no que diz respeito ao aprendizado da atividade musical,
isto é, no desenvolvimento da criança nos aspectos cognitivos. É uma proporção
natural em uma sociedade tão competitiva. Devido a isso, muito se tem comentado a
respeito do papel da música no avanço do rendimento escolar. O que se pode concluir
é que a prática musical, seja ela pela prática instrumental ou pela apreciação ativa,
potencializa a aprendizagem cognitiva, principalmente na área do raciocínio lógico, do
espaço, da memória e do raciocínio abstrato.
2.5 A MÚSICA E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO
O desenvolvimento afetivo é um campo que por muitas vezes tem sido
menosprezado pela sociedade a qual pertencemos. De acordo com Ilari (2003) a
musicalização contribui em vários fatores para que se tenha uma maior afetividade e
um melhor relacionamento entre a criança e seus pais ou responsáveis.
No desenvolvimento afetivo, a criança aos poucos vai formando sua
identidade, percebendo as diferenças e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os
outros. Nesse processo a auto-estima desempenha um papel muito importante. É com
o desenvolvimento da auto-estima que ela aprende a se aceitar como é com suas
capacidades e limitações. Atividades musicais coletivas ajudam no desenvolvimento
da socialização, compreensão, participação e cooperação. Dessa maneira a criança
acaba desenvolvendo o conceito de trabalho em grupo. Nas atividades musicais, ao se
expressarem, a música proporciona prazer e as crianças acabam demonstrando seus
33
sentimentos, liberando suas emoções.
É importante evidenciar a importância do desenvolvimento da escuta sensível e
ativa nas crianças. Mársico (1982) comenta que atualmente as possibilidades de
desenvolvimento auditivo se tornaram cada vez mais reduzida. Por isso, é importante a
utilização de atividades de musicalização que explorem a sonoridade, levando as
crianças a aprenderem a ouvir com mais atenção, comparando, analisando os sons e
buscando assim identificar as diferentes fontes sonoras. Isso vai fazer com que o
individuo possa desenvolver a capacidade auditiva, exercitar a atenção, a concentração
e a capacidade de identificar sons.
As explorações sonoras podem ser realizadas no ambiente familiar da criança,
passando depois para ambientes diferentes. Por exemplo, o professor pode pedir para
que as crianças façam silêncio e passem a observar os sons ao seu redor, e, após
descrevam, desenhem ou imitem o que ouviram. Também podem realizar um passeio
pela escola para ouvirem novos sons, ou realizar um passeio fora do ambiente da
escola e descobrir sons que caracterizam de cada lugar.
Posteriormente o educador pode trabalhar os atributos do som:
Altura: agudo, médio, grave.
Intensidade: forte, fraco.
Duração: longo, curto.
Timbre: é a característica de cada som, o que nos faz diferenciar as vozes e os
instrumentos.
Através deste tipo atividades, o educador percebe os pontos fortes e fracos das
crianças, além da capacidade de memória auditiva, discriminação, observação, e
reconhecimento dos sons, podendo melhorar o que está defasado. Bréscia (2003)
ressalva que os jogos musicais podem se dividir em três tipos, de acordo com as fases
do desenvolvimento infantil:
Sensório-Motor (até os dois anos): são atividades relacionadas ao som e o gesto. A
criança realiza gestos para produzir sons e expressar-se corporalmente para representar
o que ouve ou canta. Favorecem o desenvolvimento da motricidade.
Simbólico (a partir dos dois anos): representa o significado da música, sentimento, e a
expressão. O som tem função de ilustração, de sonoplastia. Contribuem para o
desenvolvimento da linguagem.
Analítico ou de Regras (a partir dos quatro anos): são jogos que são necessárias a
socialização e organização que envolva a estrutura da música. Ela precisa escutar a si
34
própria e também aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar. Ajudam no
desenvolvimento do sentido de organização e disciplina. As atividades devem variar
de acordo com a idade da criança, dependendo de sua atenção e interesse. Então, é
preciso respeitar a forma de expressão de cada individuo, mesmo que venha a parecer
recorrente ou sem sentido. É essencial que a criança sinta-se livre para se expressar e
criar. Para Bréscia (2003, p. 81) [...] o aprendizado de música, além de favorecer o
desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral, melhora o
desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo.
As crianças pequenas usam a música como uma importante ferramenta para
suas aquisições cognitivas e desenvolvimento afetivo, para vincularem-se aos seus
pais e também constituírem-se como indivíduos independentes, descobrindo-se tão
parecidos e tão exclusivos em relação aos seus pares.
35
CAPÍTULO III
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada no Projeto Bandas e Fanfarras- FAMUGOV situado
no Município de Governador Celso Ramos. O projeto possui 70 componentes que se
dedicam diariamente aos ensaios fazendo o seu melhor. A FAMUGOV está inserida
numa escola do município, mas possuem um ginásio próprio para ensaios e salas
amplas para os instrumentos e uniformes. A pesquisa caracteriza-se exploratória com
abordagem de estudo de caso. Primeiramente foram analisados os perfis dos alunos
inseridos no projeto de música especificamente os professores de Música, e
posteriormente, relacionados aos professores e ao perfil didático.
Foi realizado um levantamento bibliográfico acerca das formas de como
abordar e trabalhar com a educação musical em sala. Bem como observações em sala
de aula, visando conhecer e compreender as possíveis abordagens de ensino para a
prática em questão. As observações ocorreram num período de 3 (três) semanas em
salas de aula do música no projeto de música, visando conhecer os alunos inseridos e
como ocorre o processo de educação musical na fanfarra municipal.
Foram também aplicados questionários, buscando investigar a realidade em
que atuam, as contribuições da música, experiências profissionais, influências da
música no desenvolvimento das habilidades e potencialidades do educando, sugestões
com relação à música no currículo escolar e como descrevem sua contribuição no
processo de educação musical.
Foi possível conhecer a opinião dos pais dos educandos e suas perspectivas e
interesses sobre a importância da música na educação. Assim, foram realizadas
entrevistas do tipo (aberta e fechada) com os pais destes educandos a fim de verificar
as contribuições da música no desenvolvimento dentro do projeto de música. Diante
dessa perspectiva, foi observado e analisado o modo como se percebe e se descreve a
educação musical no Projeto Bandas e Fanfarras- Famugov.
Foi considerado o fato de que, a partir da implementação da lei 11.769 de
dezenove de agosto de 2008, tornou-se obrigatório o ensino da Música nas escolas de
todo o país. No decorrer da pesquisa, buscou-se verificar se, com a implementação da
lei, o tema entrou para a matriz curricular ou se ficou a critério dos professores,
36
segundo seu plano de ensino.
Com o intuito de ampliar a discussão, foram realizadas entrevistas
fundamentadas divididas em eixos temáticos, em que aborda as experiências dos
profissionais, as contribuições do ensino da música e as influências da música na
escola.
É importante destacar que o município de Governador Celso Ramos é o
pioneiro, sendo o único a fundar um projeto de música denominado de Projeto Bandas
e Fanfarras, onde esta inserida a Fanfarra Municipal a Famugov, que atende a todo o
município. Por isto, este projeto foi escolhido para a realização desta pesquisa.
Os dados desta pesquisa foram obtidos através de questionário que continham
perguntas do tipo (aberta e fechada) sendo que, para os profissionais do projeto de
música, todas as 06 (seis) questões eram abertas. O questionário dos pais continha 07
(sete) questões, sendo 05 (cinco) abertas. Esta cinco questões abordavam a descrição
das contribuições da música na vida social e escolar de seu filho (a). Além disso, 03
(três) das perguntas abertas também serão representadas por gráficos. As 02 (duas)
perguntas fechadas também serão representadas por gráficos para uma maior
visualização.
Os questionários foram entregues pessoalmente aos pais de cada educando
inserido no projeto de música, pela a acadêmica com o auxilio dos profissionais do
projeto. Ao todo, foram entregues 70 (setenta) questionários para a obtenção dos dados
para a pesquisa. Os professores entrevistados (PM), assim denominados professores de
música, e os pais (P), assim denominados de pais, foram identificados por números
atribuídos pela ordem de entrega dos questionários.
Foram entrevistados três professores do Projeto de Bandas e Fanfarras do
Município de Governador Celso Ramos que trabalham com a educação musical. Cada
professor entrevistado possui um tipo diferente de atividade musical.
37
4 ANÁLISE DOS DADOS
Com a realização de observações das aulas de música, verificou-se que as aulas
ocorrem primeiramente em sala. Inicia-se com a teoria e segue-se a prática em formato
de ensaio (aula), com duração de aproximadamente 4 (quatro) horas e intervalos de 15
(quinze) minutos. As aulas acontecem 3 (três) vezes por semana, sendo aos sábados
ensaios com todos integrantes. A fanfarra Municipal participa mensalmente de
campeonatos estaduais e festivais em vários estados e municípios. Isto proporciona aos
alunos a vivência com outras fanfarras, dando-lhes a oportunidades de conhecer outros
lugares, ampliando seus conhecimentos e fortalecendo vínculos afetivos entre os
integrantes.
Através do questionário semi-estruturado foi possível colher um relato mais
abrangente das experiências pessoais de cada profissional, valorizou-se a presença do
investigador, oferecendo assim toda a liberdade e a espontaneidade para relatar suas
experiências com a atividade musical.
Assim, o questionário elaborado para os professores foi organizado contendo
seis questões básicas, sendo que todos responderam as mesmas questões, conforme o
quadro abaixo:
EIXO TEMÁTICO
Experiência Profissional
QUESTÕES ELABORADAS AOS PROFESSORES
1.Qual a realidade/contexto dos alunos com quem trabalha?
2.Comente sua experiência enquanto professor e a realidade em que
atua?
3.Como descreve a contribuição ao ensino da música no
desenvolvimento das crianças no âmbito educacional?
Contribuições da Música
4.Quais as influências que a música proporciona no desenvolvimento
das habilidades/ potencialidades da criança?
Música e Escola
5.Que sugestões, poderia citar com relação a inserção da música no
currículo?
6.Como descreve sua contribuição no processo da educação musical?
Quadro I: Roteiro para a fala dos professores.
As entrevistas foram entregues em forma de questionário. Optou-se por
38
apresentada-las em anexo. A apresentação do resultado das entrevistas com os
professores será feita nas tabelas, por se tratar do meio de chegar mais próximo
possível da fala de cada profissional ouvido.
4.1 RESPOSTAS DOS PROFESSORES
4.1.1 Experiência profissional
A primeira questão se refere ao contexto e realidades dos alunos inseridos no
projeto de música, os três professores entrevistados nesta pesquisa relatam que a faixa
etária é variada, abrangendo estudantes de 1ª ano ao nível médio. Os professores
concordam com a mistura de faixas etárias e fazem referência ao desafio existente na
educação como um todo. O caso específico da música se reflete o fato de que
diferentes faixas etárias possuem interesses musicais e intelectuais diferenciados.
Figueiredo aponta que, “os conteúdos da educação musical nos diferentes
níveis de escolaridade deveriam ser disponibilizados através de atividades de Criação,
Execução e Apreciação” (FIGUEIREDO, 2000, p.241). Ainda relata PM1 “(...) A
grande maioria dos alunos são de classe média baixa, pois são filhos de pescadores e
professores. São crianças e adolescentes que procuram uma alternativa para ocupar o
seu tempo, já que o município é pequeno e não tem como oferecer outras formas de
lazer e capacitação profissional, tendo que se deslocarem a outros municípios
vizinhos. Os pais estão sempre presentes em ensaios e viagens acompanhando o
desenvolvimento de seus filhos, o que é fator indispensável para o crescimento de
cada individuo que esta em plena formação”.
A pergunta foi incluída no questionário enquanto possibilidade de os
professores entrevistados estarem contextualizando as suas dificuldades. E eles
relatam que a grande maioria dos alunos inserido no projeto são filhos de pais
pescadores e de mães que trabalham como professoras no município.
A questão de número dois se refere a um relato da experiência vivida por cada
professor envolvido no projeto de música e na realidade em que atuam. Percebeu-se, a
partir das respostas, que a experiência com educação musical dentro da Rede
Municipal de Educação é algo valorizado. A partir de 2003, foi implantada uma das
áreas de Artes (música), mas não como um componente curricular e sim
extracurricular, através de um projeto de Educação Musical que atendeu todo o
39
município. Alguns depoimentos de professores, como é o caso do PM1, demonstram
que “(...)Como professor já presenciei mudanças significativas com os projetos de
música (Bandas e Fanfarras) alunos que saíram das drogas, outros que eram
considerados no escola como isolados, excluídos e que não se desenvolviam de forma
alguma. Aqui no projeto existem alunos que pararam de estudar porque tiveram que
trabalhar, e ao entrarem na Banda e na Fanfarra, resolveram retomar os estudos
para tornarem-se músicos profissionais. Assim, criamos os monitores que são os
alunos que se destacam e ajudam os professores a ampliar o trabalho dentro do
projeto. A realidade aqui é bem diferente dos municípios vizinhos existe um ônibus
que roda todo o município para pegar os alunos para a aula de música e isso é
maravilhoso”. Já PM2 relata que “(...) Sou professor desde 2006, lecionando
educação musical primeiro na educação infantil com crianças dos 3 aos 6 anos de
idade. Sou formado em licenciatura em música desde dezembro de 2008, em 2009
realizei um projeto em educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental numa
escola particular, onde a função era fazer um trabalho relacionado com composição
com esses alunos e ao final a gravação de um cd com essas composições executadas
pelos próprios alunos, o mesmo realizado dentro do prazo estipulado de 3 meses.
Desde 2009 atuo na rede municipal de São José no projeto de bandas e fanfarras e
desde 2011 na rede municipal de ensino de Governador Celso Ramos, onde as aulas
são mais voltadas para a prática instrumental relacionada com a marcha, sendo um
foco diferente a educação musical nesse contexto onde os alunos no desfile cívico se
apresentam, sendo assim os trabalhos de educação musical começam com um prazo
determinado para esses alunos estarem tocando. As aulas são em caráter
extracurricular. A prefeitura disponibiliza os instrumentos necessários às práticas
musicais. Para PM3 “(...) A música é um caminho de transformação para a vida e
através dela consigo semear pequenas ações capazes de alterar o cenário da
comunidade em que trabalho. Tais ações se dão pelo exemplo, respeito ao próximo,
educação e o hábito da conversa estão sendo fundamentais nesta caminhada”.
A respeito Loureiro concorda “[...] Então, conhecer a realidade dos alunos é
fundamental para que o trabalho flua” (LOUREIRO, 2003, p. 15). Mas para conhecer
o aluno é imprescindível que o professor o envolva, para que o educando sinta-se à
vontade para se expressar diante dele e dos colegas: “Eu acho que o primeiro contato
que a gente tem com os alunos, é um contato que é a gente que tem que quebrar
barreiras” (LOUREIRO, 2003, p. 16).
40
Estes dados descritivos ressaltam, portanto, a percepção dos professores.
4.1.2 Contribuições da música
A partir da questão número três, aborda-se um novo eixo temático,
possibilitando os professores entrevistados descrever as contribuições ao ensino da
música no desenvolvimento das crianças num âmbito educacional. Ressalta-se, nas
respostas dos professores, o acordo acerca do fato de que o ensino da música
contribuiu de alguma forma no desenvolvimento das crianças.
PM1 e PM2 enfatizam que “(...) A música desperta na criança todas as suas
potencialidades, melhorando assim no aproveitamento escolar. A música estimula o
gosto artístico, o respeito mútuo, a importância dos limites e o cumprimento dos
deveres. Possibilita juntamente com o estimulo a enfrentar obstáculos e a superá-los.
Desenvolve a disciplina estimula a oralidade e a concentração para o âmbito
educacional. A música serve como um instrumento mediador, facilitador e inspirador
para o processo de ensino-aprendizagem e também como um fator de
contextualização de todo esse processo”. “... Auxilia no desenvolvimento motor,
exercício da atenção, proporciona o exercício da criatividade, a valorização do ato de
ouvir atentamente e criticamente”. Já para PM3 “(...) Através da música é possível
trabalhar outros tipos de inteligências como a inteligência musical, cinestésica,
intrapessoal, natural entre outras. Contribuiu enormemente para que os alunos
tivessem uma vivência musical efetiva, o que possibilitou, no âmbito da pedagogia
musical, a aprendizagem a partir de experiências concretas. Além disto, a
apresentação fora do contexto da escola é importante, pois contribui para elevar o
interesse dos estudantes pelo fazer musical”.
Neste contexto Loureiro afirma que:
A música vem desempenhando, ao longo da história, um importante papel no
desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso, seja no moral e no social,
contribuindo para a aquisição de hábitos e valores indispensáveis ao exercício da
cidadania.(LOUREIRO, 2003, p. 33).
A música como desenvolvimento emocional é também considerada uma
justificativa para o ensino de música. Os professores da Fanfarra mencionam que a
música “aflora a sensibilidade”, desenvolve o “lado emocional” e auxilia as
manifestações emocionais dos alunos. Isso significa que o a música pode influenciar
41
as emoções e sentimentos dos alunos e isso complementa a formação dos alunos como
cidadãos.
A questão número quatro onde aborda as influências da música no
desenvolvimento das habilidades e potencialidades da criança. Os professores
concordam que a música desperta na criança todas as suas potencialidades e melhora o
aproveitamento escolar, a participação em sociedade, o senso de trabalho em equipe e
de revezamento, além da valorização da família e da sociedade. Possibilitando, assim,
o
desenvolvimento
da
disciplina
(música),
o
sentimento
de
capacidade
(autoconfiança), juntamente com o estímulo ao enfrentamento de obstáculos
(superação).
PM1 e PM2 sucessivamente, demonstram que “(...) Gerou uma mudança no
quadro social elevando sua formação cultural e fez com que o aprendizado da música
permitisse um enriquecimento intelectual que devidamente sedimentado num contexto
educacional, proporcionou aos alunos o desenvolvimento do raciocínio, da
coordenação motora, da lógica, tornando mais fácil à apreensão das outras
disciplinas. Essa participação induziu à convivência, à noção de responsabilidade
dentro do grupo, ao espírito de companheirismo e solidariedade à noção de equipe e
à conscientização de que os objetivos só se tornam reais quando todos colaboram
para sua consecução”. PM2 descreve que “(...) Com as práticas instrumentais a
criança trabalha diretamente o desenvolvimento psicomotor, reconhecendo o próprio
corpo bem como o meio em que estão inseridas, suas habilidades cognitivas para a
tomada de decisões relacionadas com a execução, interpretação, memorização e
criação de frases musicais. Há também o aprendizado do trabalho em grupo,
valorizando as diferentes funções exercidas pelos integrantes do grupo musical. Nas
práticas de audição é trabalhado o reconhecimento de timbres, alturas de som,
diferenciação de células rítmicas, entre outros que valorizam a escuta atenta e crítica.
Dentro da composição o senso criativo é despertado, além de incitar a tomada de
decisões diretas. Com o estudo da literatura musical, períodos históricos e grandes
compositores a criança passa a entender melhor o meio em que inserida pois a música
e modo como é composta acompanhou toda a evolução da sociedade, onde em épocas
em que a igreja era mandatária do poder grande parte das composições eram de
cunho religioso, ou em tempos da invenção dos primeiros computadores experimentos
com música eletrônica tiveram seu inicio são exemplos dessa relação direta entre a
música e o desenvolvimento da civilização e a mudança de costumes.
42
Neste mesmo sentido PM3 relata que “(...) Influência no desenvolvimento
psicomotor, habilidades cognitivas, memorização, criação, influência também no
trabalho em grupo proporcionando uma melhor relação com os outros.
Além de proporcionar as primeiras noções do contexto musical, oferece-se a
possibilidade de preenchimento dos momentos de lazer com uma atividade
construtiva, evitando-se que se voltem para o lado da marginalidade, proporcionando
através do ensino gratuito, o conhecimento da música, cultura e lazer em horários
extraclasse. Considerando esses aspectos Cruvinel afirma que:
O ensino coletivo desenvolve algumas características na personalidade do individuo.
Na medida em que as experiências e dinâmicas de grupo vão amadurecendo, elas vão
se tornando extremamente ricas para o individuo, devido às relações interpessoais
desenvolvidas pelos sujeitos desse grupo. O ensino em grupo possibilita uma maior
interação do individuo com o meio e com o outro, estimula e desenvolve a
independência, a liberdade, a responsabilidade, a autocompreensão, o senso critico, a
desinibição, a sociabilidade, a cooperação, a segurança e, no caso especifico de ensino
da música, um maior desenvolvimento musical como um todo. (CRUVINEL, 2005, p.
80).
Estes relatos, tal como destaca Cruvinel (2005, p. 81), mostram que nessa
metodologia de ensino o conhecimento é assimilado de forma prazerosa, e na medida
em que o aluno vai aprendendo tem a sua autoestima elevada, da mesma forma que
sua produção e rendimento, e ele se sente realizado por fazer parte daquele grupo.
4.1.2.1 Música e Escola
Com relação à quinta questão que se refere à inserção da música no currículo,
cada profissional entrevistado utilizou-se de argumentos diferenciados, percebendo-se
de modo geral, a consciência da importância do trabalho que está sendo hoje realizado
enquanto dinamizador do crescimento dessa atividade. Diante desta perspectiva PM1
acredita que “(...) A música tem um papel muito importante na vida do homem,
principalmente quando criança, a música é o que move o ser. Portanto, a música no
currículo escolar poderá motivar novas idéias com relação à cultura, pois a música é
uma das linguagens da arte, sendo citado o seu ensino, no ensino fundamental
segundo os PCN’S”.
Loureiro (2003, p. 149):
[...] sem a música no currículo escolar, continuamos a ver um ensino musical
destinado a uma minoria que aceita e preserva os preconceitos e dogmas
historicamente estabelecidos, deixando a maioria das pessoas sem a oportunidade de
“fazer música”, seja pela ação de compor, executar um instrumento ou cantar, o que
vem significar um distanciamento de ações intimamente relacionadas e possíveis de
43
serem executadas por qualquer individuo.
Nesta perspectiva, podemos considerar que, em termos da educação em geral, será
necessário também a vontade política para que ocorra efetivamente o estabelecimento da
educação musical como área de conhecimento pertencente ao currículo escolar. A música não
pode ser tratada exclusivamente como uma aula onde se preparam festas da escola.
PM2 discorre que “(...) Modelos de educação musical, mais contemporâneos
devem ser usados como base para um integral desenvolvimento cognitivo dos alunos,
onde as atividades musicais não estão relacionadas apenas com a execução
instrumental ou estudos de teoria musical, mas também há a valorização de atividades
de composição e audição, além da literatura propriamente dita da música, estudando
seu histórico e o modo como em diferentes épocas foram compostas. Um grande
educador musical da atualidade que tem seu modelo seguido em vários países da
Europa além dos Estados Unidos e o Brasil é Keith Swanwich, que desenvolveu um
modelo de educação musical baseado em cinco pilares: técnica, execução,
composição, literatura e audição. Cada um desses itens deve ser valorizado por igual
no processo de musicalização. E ainda dentro das idéias contemporâneas
encontramos Murray Shaffer, que em seu livro Ouvido Pensante nos apresenta uma
nova concepção de educação musical, em que valoriza os sons do ambiente, a
composição, a discussão de aspectos musicais com os alunos, em que os conceitos não
são dados, e sim trabalhados afim de professor e aluno manterem uma conversação
investigativa e instigadora, dando assim maior entendimento dos conteúdos
trabalhados”.
Loureiro (2003, p.149) oferece os fundamentos teóricos dessa abordagem:
Mesmo que os PCN‟S considerem que “é característica desse novo marco curricular a
reinvindicação de se designar a área por Arte (e não mais por Educação Artística) e de
incluí-la na estrutura curricular como área com conteúdos próprios ligados a cultura
artística, e não apenas como atividade”, é necessário desenvolver a disciplina música o
seu valor como área de conhecimento específica e insubstituível. Estabelecer relações
entre a educação estética e a educação artística dos alunos não tem a pretensão de
impor respostas definitivas, tampouco de fornecer modelos prontos. A questão é
também de apreciação de diferentes valores de múltiplas culturas, do meio ambiente e
do cotidiano em busca da superação da ordem hegemônica.
Por mais que a atividade musical esteja diretamente relacionada ao
entretenimento, a música na escola precisa assumir um papel relevante enquanto forma
de conhecimento, e isto somente será possível a partir da inclusão da disciplina e da
44
sua continuidade nos ensinos fundamental e médio. É igualmente preciso que se
aprimorem as organizações curriculares e que cada linguagem artística tenha presença
garantida de forma digna e real.
Conforme a descrição de PM3 “(...) A musicalização deveria ser iniciada desde
a educação infantil com bandinhas rítmicas, passando para flauta-doce e coral nas
séries iniciais e no ensino fundamental poderia explorar as habilidades musicais
diversas como coral, grupo de percussão, violão e principalmente as bandas
marciais”.
Neste sentido, Loureiro (2003, p. 156) contextualiza que:
As implicações para a inserção do ensino da música no currículo escolar mais amplo
são complexas e abrangentes. São desafios que envolvem desde as políticas públicas
de educação básica em âmbito nacional até a consciência de que, como disciplina
escolar, é necessário oferecer ao aluno mais do que conteúdos prefixos, fechados e
descontextualizados da sua realidade.
Assim encontramos um diálogo entre teórico e professor, pois “(...) o fato de
ser ou não a música um componente curricular, expandiu o leque de implicações e
conteúdos da Educação Musical e, conseqüentemente, o de atividades possíveis. Estas
podem ser deduzidas da prática instrumental, através de leituras, pesquisas,
interpretações de partituras e materiais escritos, entre outras formas possíveis,
alterando-se o foco da atividade, do repertório (ensaio) para o conteúdo (aula)”
descreve o PM3.
Quando estabelecidos os fundamentos da musicalização no indivíduo, a
necessidade de reflexão sobre música e sua conexão com o mundo se dá de forma
espontânea. É necessário dispor um tempo para desenvolvimento destas atividades.
Pois a música se aprende com música, mas não se encontra separada deste mundo
exterior, cheio de contradições e, sim historicamente determinado. Desta maneira,
PM1 enfatiza que: “(...) A Educação Musical, a partir da sua inclusão no currículo
escolar, proporciona ao professor a chance de conhecer intensamente a realidade dos
educandos, e tendo a possibilidade de trabalhar com os mesmos alunos por dois, três
e até quatro anos, conforme cada situação”.
Diante desta perspectiva, a música transcenderá o espaço da sala de aula e do
ambiente escolar, interpenetrando na comunidade onde a escola está inserida.
Sendo uma atividade extraclasse, tal interpenetração/parceria entre a música e a
comunidade também acontece, mas sua profundidade está diretamente relacionada ao
45
tempo e permanência da atividade na comunidade escolar.
A última questão proporcionou aos profissionais a oportunidade fazerem uma breve
descrição de sua contribuição no processo da educação musical no projeto de música. Segundo
esta descrição, eles visam beneficiar toda a população, atingindo crianças de todas as áreas e
níveis sociais, alimentando laços de amizades entre os habitantes, unindo-os em torno de um
objetivo comum, promovendo a igualdade entre as diversas camadas da sociedade,
apoiando a evolução de suas potencialidades, competências e habilidades, estimulando
o gosto artístico, a expressão corporal, a leitura musical, a pesquisa e o trabalho em
equipe, enfatizando o respeito mútuo, a importância dos limites e cumprimento dos
deveres. Como visa PM1 “(...) Procuro valorizar o potencial de cada aluno, instigandoos a oferecer o seu melhor diante do grupo. Sinto prazer de estar presente na
educação musical, pois percebo a alegria da música no olhar de cada aluno”. PM2
descreve
que
“(...)
Procuro
manter
uma
prática
baseada
nos
modelos
contemporâneos de educação musical, onde as atividades criativas dos alunos são
enfatizadas, valorizando as vivências musicais de cada um. Sempre buscando técnicas
para ensinar e aperfeiçoando a execução instrumental, procuro instigar os alunos na
busca do melhor que possam oferecer ao grupo, e principalmente fazê-los sentir
prazer na prática musical”. Já para PM3 “(...) Vejo-me como um facilitador não só do
conhecimento, mas também do encantamento e da paixão pelo universo musical, que
para muitos deixa de ser uma disciplina e passa a ser uma filosofia de vida”.
Uma das funções desse projeto de música é buscar a formação integral do
aluno, visando à integração dos alunos inseridos, musicalizando crianças, jovens e
adultos. Proporcionam-se experiências que possibilitem o desenvolvimento da
autonomia do educando, atitudes e responsabilidade e soluções para os desafios do
dia-a-dia. Estimula-se o espírito musical e investigativo de descoberta e criatividade
do estudante músico, promovendo o desenvolvimento do espírito político-social,
incentivando o aluno a reflexão e ao exercício da cidadania. De acordo com Loureiro
(2003, p. 201):
Conscientes de que a habilidade para fazer, apreciar ou conhecer a música pode ser
adquirida e aprendida, aos educadores musicais cabe a tarefa de possibilitar tal
aprendizagem. Agindo dessa forma, eles fatalmente estarão proporcionando o acesso
às tradições, o desenvolvimento dos potenciais imaginativo e criativo, a possibilidade
de insigths e abrindo espaços para o entendimento com outras culturas.
“(...)Para que os alunos tenham sucesso e um bom desempenho quando
começarem a tocar um instrumento, procuro fazer necessária uma preparação que
46
leve em considerações os aspectos de desenvolvimento afetivo e social da criança e
também os aspectos musicais”. Tal como relata o PM3.
4.2 Respostas dos Pais
Os pais dos educandos inseridos no projeto de música responderam as sete
questões, conforme quadro de número II. As perguntas buscam averiguar a percepção
do desenvolvimento social e escolar desses educandos por parte dos pais.
QUESTÕES ELABORADAS AOS PAIS
1
Qual a idade de seu filho(a)?
2
A quanto tempo está inserido no projeto de música?
3
Qual sua profissão?
Assinale os itens de acordo com aqueles que foram identificados em seu filho (a) a partir do
momento em que inserido no projeto de música:
4
(
(
(
(
(
(
(
) Melhorou as notas e o comportamento em sala de aula.
) Tornou-se mais responsável e disciplinado.
) Aprendeu a trabalhar em conjunto e passou a respeitar as regras.
) Mostrou interesse pelo estudo da música elevando sua formação cultural.
) Melhorou no comportamento em casa.
) Aprendeu a respeitar os pais e professores.
) Outros, quais?
Seu filho teve alguma passagem significativa em bandas de músicas escolares? O que essa
atividade proporcionou a ele? Assinale as alternativas que considerar relevante:
5
( )Sim.
( ) Essa atividade proporcionou através do ensino gratuito, conhecer a música gerando
lazer num horário extraclasse.
( )Essa atividade proporcionou as primeiras noções do contexto musical.
( )Essa atividade gerou uma mudança no quadro social elevando sua formação cultural.
( ) Outros, quais?
cultura e
6
Qual sua visão referente ao projeto de música no seu município?
7
O projeto de música influenciou de alguma forma no desempenho escolar de seu filho(a)? Como?
Quadro II: Roteiro para fala dos Pais
47
4.2.1 IDADE DOS EDUCANDOS
De acordo com a questão número 1 (um) “Idade se seu filho (a) do questionário
dos pais, percebe-se que os educandos apresentam a faixa etária entre 7 (sete) a 17
(dezessete) anos, como mostra o gráfico 1.
GRÁFICO 1
Contudo é possível verificar as diferentes faixas etárias de idade dentro no
Projeto de Música no Município de Governador Celso Ramos e, de acordo com o
gráfico, a maioria dos educandos do Projeto tem a faixa etária de 11 anos, entrando
aos 7 anos de idade e permanecendo até aos 17. É possível visualizar que a procura
pela música é mais efetiva aos 11 anos, sendo que 4% desses educandos permanecerão
ao atingirem a faixa etária dos 17 anos. Pois é fase em que o educando está disposto a
enfrentar novos desafios. Ilari (2003) afirma que é também nesta fase que os
educandos desenvolvem suas preferências e memórias musicais. Sendo assim ele está
mais disposto a aprendizagem dando mais valor à cultura e as oportunidades que lhes
são proporcionadas, ampliando suas relações com o espaço e com o outro, até mesmo
se expressando a partir de sua consciência corporal, não compreendendo que assim,
estará transferindo os elementos expressivos encontrados nos estímulos sonoros das
composições musicais.
Dessa forma, é possível perceber que a aquisição da aprendizagem musical
nesta faixa etária de idade é significativa, pois além do desenvolvimento social
48
adquirido o educando tem mais consciência de que fazem parte de um conjunto onde
cada membro possui suas atribuições, papéis definidos, aprendem a respeitar suas
próprias limitações. A procura pelo projeto de música na faixa etária de 8, 12 e 17
anos é menor, não há uma evasão de educandos no projeto, porém uma estabilidade
significativa em certas idades, onde a procura se faz aos 11 e 15 anos, permanecendo
ao atingirem a faixa etária entre 16 e 17 anos. Segundo Loureiro (2003) durante a
infância, o cérebro humano é mais maleável e os efeitos da aprendizagem são maiores
que em qualquer outra fase da vida.
Assim, a aprendizagem musical possibilita aos educandos uma maior interação
entre educando e música além de estarem inseridos num contexto musical permeado
por complexidades e realizações.
4.2.2 TEMPO NO PROJETO DE MÚSICA
Na análise da segunda questão “A quanto tempo está inserido no projeto de
música” respondida pelos pais dos educandos referente à permanência no projeto é
possível observar que seus filhos estão entre – 1 ano a 9 anos no projeto como
podemos verificar no gráfico 2 abaixo.
GRÁFICO 2
Com os resultados obtidos da questão que investigou a quanto tempo os
educandos estão inseridos no projeto de música verificou-se que o auge de
permanência é de 2 (dois) anos no projeto ao terem os primeiros contatos com a
49
educação musical eles permanecem do projeto por um longo período de tempo onde
de acordo com o gráfico 2 no projeto há educandos com -1 ano (menos de um ano) e
permanecendo até 9 anos no projeto de acordo com seu período escolar. Desta forma,
o educador deve manter-se atento aos interesses e às necessidades dos educandos, para
que assim eles venham a ter prazer pelas atividades propostas. O educador pode
através da música realizar um trabalho excelente e conseguir em suas aulas uma
aprendizagem tranqüila e ao mesmo tempo ativa.
Segundo Loureiro (2003, p. 24) enfatiza que: “[...] a educação musical requer
novas propostas, novas possibilidades de intervenção educativa, pois é nessa fase da
escolaridade que se dá a formação e o desenvolvimento de habilidades importantes
para o desempenho futuro do individuo”.
A permanência do educando nas atividades musicais depende muito da didática
realizada pelo educador, pois quando o educando tem o primeiro contato com a
didática do educador ele percebe a possibilidade de se tornarem futuros músicos
criando assim novas expectativas. Segundo LOUREIRO (2003, p.14):
Alunos desinteressados, com pouca concentração e baixo comprometimento, que
apresentam superficialidade em suas relações com o ensino-aprendizagem, precisam
ser incitados a experimentar formas de apreensão da linguagem musical, mesclando
estilos e procedimentos, proporcionando maior abertura para o diálogo e o fazer
musical, aliando experiências e vivencias com as possibilidades do encontro com o
novo.
É possível analisar que os educandos do projeto de música encontram-se mais
de 1 ano no Projeto de Música. Porém, existe uma estabilidade de permanência de 7 a
9 anos e uma evasão de 8% para 4%, o que geralmente ocorre quando o há uma queda
no desempenho escolar.
4.2.3 PROFISSÃO DOS PAIS
No questionário dos pais na pergunta de número 3 (três) foi possível observar
as diferentes profissões dos pais dos educandos inseridos no projeto de música e de
acordo com o gráfico podemos ter uma visão mais abrangente das respostas obtidas
sendo possível analisar cada profissão exercida no município de Governador Celso
Ramos.
50
GRÁFICO 3
É possível observar que a maioria dos pais dos educandos trabalha e sobrevive
da pesca e tiram dessa atividade seu sustento e fonte de renda, pois a cultura da pesca
artesanal é muito forte na região. Segundo Loureiro (2003) o trabalho em grupo
repleto de diversidade cultural carregada através de cada um, demonstra ser um campo
favorável a integração para que se estabeleça uma atividade cultural onde todos se
encontram imersos numa cultura, na qual somos transformados e transformamos
dando ênfase aos valores culturais. Diante desta perspectiva é relevante constatar que a
atividade da pesca artesanal é algo que é respeitado e ao mesmo tempo valorizado no
município.
Já as outras profissões com porcentagem de 8% são exercidas por mulheres por
serem profissões que possuem comércio ou cargos ocupados na secretaria de educação
como cabeleireira, manicure, balconista dentro do próprio município e outras
oferecidas pela Prefeitura através de concurso público, como no caso das mães
professoras, as mães donas de casa que se dedicam a suas famílias tendo unicamente
como fonte de renda a atividade do marido como pescador. Há ainda as profissões
como vigilantes, secretárias, faxineiras, balconista, caseiro, vidraceiro, pedreiro e
técnico de enfermagem que são profissões que também possuem atividades no
município e cargos ocupados na prefeitura e postos de saúdes.
51
4.2.4 MUDANÇAS IDENTIFICADAS EM SEU FILHO (A) A PARTIR DO
MOMENTO EM QUE INSERIDO NO PROJETO DE MÚSICA
De acordo com o gráfico, é possível inferir que ao inserir-se no projeto de
música verifica-se mudanças significativas no comportamento e atitudes do educando.
GRÁFICO 4
De acordo com o gráfico 4, com a quarta questão do questionário respondida
pelos pais dos educandos é possível verificar que ao ser inserido no projeto de música
o educando adquire um desenvolvimento significativo aos olhos não só daqueles que
fazem parte da sua rotina diária na escola, bem como seus pais, que destacam com as
respostas obtidas como é possível visualizar que os educandos tiveram um melhora
nas relações sociais. Pois quando o educando passa a fazer parte de projetos musicais
ele passa a fazer novas amizades, se relacionando melhor com os outros integrantes
aprendendo a se inserir melhor socialmente.
Segundo Beyer (1988) os benefícios proporcionados pela música deveriam ser
melhor divulgados e essas atividades oferecidas a uma parcela maior de crianças. Cabe
aos órgãos competentes mais dedicação e mais atenção com essas crianças,
52
percebendo que através da música as crianças podem ter uma vida mais feliz e mais
saudável. Quando a crianças estuda música em grupo ela desenvolve sua comunicação
e convive grande parte do seu tempo com regras de socialização, aprendendo a ter
disciplina, ouvir o outro e a interagir com o grupo ampliando suas relações sociais.
Analisando o gráfico fica claro que os educandos tornaram-se mais
responsáveis e disciplinados, aprenderam a trabalhar em conjunto e passaram a
respeitar as regras, demonstraram interesse pelo estudo da música elevando assim sua
formação cultural, tiveram uma melhora significativa no comportamento em casa,
aprenderam a respeitar os mais velhos como pais e professores. A atividade com
musicalidade desperta os seus sentidos, por isso, desenvolve a memória, afetividade e
percepção. Conforme NOGUEIRA (2003), a criança adquire conhecimento e se aflora
quando é aguçada a pensar e criar através da musicalidade, uma contribuição no seu
desenvolvimento como um todo.
Existe
uma
relação
entre
música
e
educação
juntamente
com
o
desenvolvimento das habilidades que os educandos necessitam para tornarem-se bem
sucedidos na vida, respeito, responsabilidade, compromissos com a escola e
comportamento são valorizados com o estudo da música. São qualidades que
acompanharão o individuo em qualquer caminho que escolham na vida.
4.2.5 PASSAGEM SIGNIFICATIVA EM BANDAS DE MÚSICA ESCOLARES,
O QUE ESSA ATIVIDADE PROPORCIONOU AO EDUCANDO
No gráfico 5 foi representado os resultados obtidos sobre a questão 5 (cinco)
do questionário referente da passagem do educando por bandas de músicas escolares
procurando verificar o que a atividade proporcionou a ele.
53
GRÁFICO 5
De acordo com os resultados nota-se que a maior parte dos pais entrevistados
relataram que seus filhos inseridos no projeto de música tiveram sim uma passagem
por bandas de música escolares. Os pais ainda ressaltam que a atividade de educação
musical proporcionou, através do ensino gratuito, a oportunidade de conhecer a
música gerando cultura e lazer num horário extraclasse. E afirmam que a atividade
com educação musical
também proporcionou as primeiras noções do contexto
musical antes de adquirirem a noção do contexto musical, fez com que todas essas
atividades musicais propiciassem uma mudaça no quadro social elevando assim sua
formação cultural, como está representado no gráfico.
Portanto a atividade musical nas bandas de músicas ou escolares pode ser
considerada como um meio de expressão e também uma forma de aprendizado
acessível aos educandos inclusive para aqueles que sentem a necessidade de
integração com o seu meio social proporcionando assim o conheciento da música
como uma linguagem que é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão,
da autoestima, do equilibrio e do autoconhecimento.
Para Gainza (1988) a educação muiscal tem como meta principal desenvolver
em cada sujeito toda a perfeição que se é capaz. E ainda, que sem a música essa meta
jamais será alcançada, e afirma que nenhuma outra atividade é capaz de levar o sujeito
a agir. A música proporciona o desenvolvimento de motricidade e a sensorialidade
54
através do ritmo e do som, e atraves da melodia atinge a afetividade.
Desta forma, a música proporciona sentimentos e experiências que constituem
um fator importantíssimo na formação do caráter do indivíduo. Inserir os educandos
no aprendizado da música instrumental desenvolve o trabalho em equipe e o espírito
de grupo, instigar o desenvolvimento das habilidades motoras de crianças e
adolescentes, através do acompanhamento e desenvolvimento das peças musicais, e
dos treinamentos de marcha e ordem unida proporcionando alternativa extra-curricular
que tende a estimular a experiência de novas habilidades artísticas, despertando
valores da cidadania atuando como representante da unidade escolar na cidade,
servindo como divulgador das atividades nela realizadas. Essa passagem por bandas
pode servir como uma atividade de educação e lazer aos jovens, integrando-os por
meio da música, cujo estímulo já confirmado melhora o desempenho em outras
disciplinas.
4.2.6 VISÃO DOS PAIS REFERENTE AO PROJETO DE MÚSICA NO SEU
MUNICÍPIO
Na questão 6 (seis) da entrevista os pais entrevistados tiveram a oportunidade
de exporem sua visão referente a inserção do projeto de música no seu município e P1
relata que “(...) As atividades desenvolvidas pelo grupo de professores enriqueceram
as aulas de música, As aulas acontecem em formato de ensaio, com duração entre
duas horas a quatro horas, geralmente. No local onde são ministradas as aulas, o
trabalho se faz oposto ao turno em que os participantes estudam, além de ser uma
atividade que proporciona lazer fazendo com que os alunos possam conhecer novos
lugares e conhecer novas pessoas e também outras bandas de músicas”. Já para P3
“(...) Foi umas das melhores coisas que o município poderia ter implantado, é
gratificante assim as crianças podem aprender e ao mesmo tempo terem a
oportunidade de fazer novos amigos e deixando as coisas ruins do mundo cada vez
mais longe da sua vida” P4, P6, P7, P9, P10 e P16 concordam que “(...) O projeto de
música é uma referência muito positiva, pois esse é o único meio de lazer onde
conhecem novas cidades, tem oportunidade de saírem para fora do município, pelo
fato de o município ser pequeno e não possuir diversidades de áreas de lazer para os
habitantes. Além de o projeto despertar nos alunos o interesse pelo aprendizado
musical por meio de instrumentos diversificados fazendo com que a criança possa
55
desenvolver suas potencialidades aprendendo e trabalhando em conjunto...”
Pode-se afirmar, neste momento, que a música pode ser um agente importante
na melhoria de vida e no despertar de potencialidades, que vão sendo desenvolvidas. O
ritmo, a música e seus apelos sensoriais, cognitivos e afetivos suscitam a consciência
musical.
Segundo Swanwick (2003), a música é uma entidade múltipla que não deve
limitar-se ao espaço escolar. A escola deve desenvolver uma rede de educação musical
que envolva músicos, indivíduos e parceria com a comunidade para promover
experiências autenticamente musicais.
A mudança da visão da comunidade em relação ao projeto é algo bastante
relevante e de muita importância nesse processo de ensino musical. Isso se dá devido
ao fato de os benefícios, serem bastante visíveis para os educandos e sociedade, não só
pelo processo de formação musical como também nas apresentações da fanfarra em
diversos locais e eventos culturais da cidade e região.
P12 ainda ressalta que “(...) O projeto de música na município é uma forma de
aproximar e colocar o educando em contato com a cultura da música através da
fanfarra municipal, onde o propósito é inserir os alunos neste contexto cultural, e isso
é bastante significante para o município que é considerado pequeno...” P13 completa
dizendo que “(...) É muito importante para o município, divulgar a cultura musical
existente na nossa região para outros estados. Hoje felizmente o município não é
apenas conhecido pela farra do boi, mas também pela Fanfarra (Projeto de
Música)...”
Com a visão dos pais é relevante localizar a função da educação musical,
concordando com Swanwick (2003) quando afirma que:
[...] a função da educação musical na escola é ampliar o universo musical do aluno,
dando-lhe acesso à maior diversidade possível de manifestações musicais, pois a
música, em suas mais variadas formas, é um patrimônio cultural, capaz de enriquecer
a vida de cada um, ampliando a sua experiência expressiva e significativa
(SWANWICK, 2003, p.70).
A vivência musical é algo extremamente agradável. O educando aprende novos
conceitos e desenvolvem diferentes habilidades, melhorando sua comunicação,
desenvolvendo a criatividade, atitudes importantes não só para a apreciação musical,
mas para o relacionamento social.
56
4.2.7 AS INFLUÊNCIAS DO PROJETO DE MÚSICA NO DESEMPENHO ESCOLAR
DO EDUCANDO
Com as respostas obtidas na última questão do questionário dos pais é possível
verificar de que maneira a música influência no desempenho escolar dos educandos
inseridos no projeto de música e os pais respondentes abrangem inúmeras influências
da música como relata P1 e P3 sucessivamente “(...) Pois com o projeto de música
meu filho se tornou mais responsável, mais dedicado nos estudos e se interage melhor
nos trabalhos realizados em grupos...”, “(...) Aprendeu a ter responsabilidades com
relação a horários, aprendeu a se organizar melhor...” P5 diz que sim sua filha teve
um avanço significativo relatando que “(...) Depois de inserida no projeto de música,
passou a se concentrar nas atividades, prestando mais atenção nas aulas em sala,
adquiriu responsabilidade com seus deveres como aluna, e passou a se organizar
melhor...”Para P9 “(...)Conseguiu trabalhar em grupo, aprendeu respeitar as regras,
ser mais organizada com as coisas, respeitar mais os amigos e professores...” Já para
P13 “(...) Melhorou na disciplina dentro de sala, na convivência em grupo, nas
responsabilidades escolares...”
Ao abordar o tema, Nogueira (2003) afirma que:
As pessoas que estudam música apresentam maior quantidade de massa cinzenta
principalmente nas regiões responsáveis pela audição, visão e controle motor, pois a
prática musical faz com que o cérebro funcione em “rede”. Isso nos leva a crer, que
crianças que possuem a disciplina de música no currículo escolar têm maiores chances
de desenvolverem o raciocínio lógico, a interpretação, concentração e
conseqüentemente, ter um melhor rendimento escolar (NOGUEIRA, 2003, p.24).
A música é uma linguagem cujo conhecimento se constrói, não um produto que
se consideram acabado, pelo contrário, a musicalização na escola é fundamental e
essencial, pois proporciona alegria, desconcentração, entusiasmo, tudo o que se precisa
para o trabalho e desempenho escolar, além de ser um valioso instrumento que ajuda
na aprendizagem favorecendo o educando no ato de aprender. P14 enfatiza que “(...)
Influênciou muito na cultura, resultando em seus diálogos escolares. Teve mais
vontade de ir a escola, pois o projeto de música tem como objetivo estender o ensino
escolar (projeto educacional extraclasse), que tem por finalidade cobrar notas e
disciplina na escola para terem permanência no projeto...”
A música é um dos caminhos mais eficazes para o desenvolvimento das
crianças, principalmente no que diz respeito ao desempenho escolar. Segundo Mello
57
(2009) a música quando bem trabalhada desenvolve o raciocínio, criatividade e outros
dons e aptidões, por isso, deve-se aproveitar esta tão rica atividade educacional.
Ao iniciar esta pesquisa vários questionamentos surgiram, dentre eles verificar
de que maneira a cultura da música na educação gera um possível mudança no quadro
social de várias crianças e adolescentes, elevando sua formação cultural e contribuindo
no desenvolvimento de suas potencialidades. Com os resultados obtidos foi possível
constatar que a música é capaz de gerar uma mudança no quadro social das crianças e
adolescentes elevando sua formação cultural e fez com que o aprendizado da música
permitisse um enriquecimento intelectual que devidamente sedimentado num contexto
educacional, proporciona as crianças e adolescentes o desenvolvimento do raciocínio
da coordenação motora, tornando mais fácil à apreensão das outras disciplinas.
Quando o aprendizado da musica é associado à participação num conjunto
instrumental, como é o caso da fanfarra, os benefícios se ampliam também sob ponto
de vista social.
A cultura da música induz a convivência, a noção de responsabilidade dentro
de grupo desenvolvendo assim todas suas potencialidades. Isso assume uma
importância fundamental durante o período de formação da personalidade, que se
inicia, normalmente dos oito aos dez anos e vai ate a maioridade.
Os alunos precisam ganham conceito perante os companheiros e nada melhor
que o faça através da atividade construtiva, participando de algo que possa contribuir
para elevá-lo, moral, espiritual e intelectualmente.
58
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a presente pesquisa torna-se possível concluir que através da música as
diversas áreas do conhecimento podem ser estimuladas, e que por meio da
musicalização os educandos podem desenvolver sua expressão de sentimentos,
ideias, valores culturais, facilitar o diálogo do indivíduo consigo mesmo e com o
meio social.
Os objetivos e os resultados o estudo bibliográfico. Enfatizando que a música
desperta na criança todas suas potencialidades, melhora o aproveitamento escolar, a
participação em sociedade, o senso de trabalho em equipe, além da valorização da
família e da sociedade. Possibilitando assim o desenvolvimento da disciplina
(música) o sentimento de capacidade (autoconfiança), juntamente com o estímulo
ao enfrentamento de obstáculos (superação).
Através dos resultados percebe-se que grande maioria das crianças do projeto é
de classe média baixa, filhos de pescadores e professoras. São crianças e
adolescentes que procuram uma alternativa para ocupar seu tempo, pelo fato de o
município ser pequeno e com poucas oportunidades de lazer. É onde os professores
visam beneficiar toda a população, atingindo crianças de todas as áreas e níveis
sociais, alimentando laços de amizades, unindo-se em torno de um objetivo comum.
Procurando valorizar as vivências musicais de cada educando, sempre buscando
técnicas para ensinar e aperfeiçoar a execução instrumental. Buscando instigá-los
na busca do melhor, e principalmente fazê-los sentir prazer na prática musical.
A música desperta na criança todo seu potencial, melhorando assim no
aproveitamento escolar, estimulando o respeito mútuo, a importância dos limites e o
cumprimento dos deveres. Desenvolve a disciplina, estimula a oralidade e a
concentração para o âmbito educacional. A música serve como um instrumento
mediador, facilitador e inspirador para o processo de ensino-aprendizagem e
também como um fator de contextualização de todo esse processo. Além de
desenvolver a atenção a valorização do ato de ouvir atentamente.
A participação do educando em bandas de músicas, proporciona através do
ensino gratuito a oportunidade de conhecer a música gerando cultura e lazer num
horário extraclasse. Além de propiciar as primeiras noções do contexto musical
59
elevando assim sua formação cultural induzindo ao exercício da cidadania.
O trabalho de musicalização possibilita várias aquisições, pois além de
transformar os educandos em indivíduos que fazem uso dos sons, criam e admiram
música, promovem o desenvolvimento de diferentes habilidades e percepções.
Colabora, portanto, para o desenvolvimento das potencialidades e habilidades
musicais, e pode ser essencial para o desenvolvimento do cérebro do educando, e
no aperfeiçoamento da linguagem e habilidades motoras, bem como auxilia nos
aspectos sociais e culturais, no desenvolvimento da socialização, no procedimento
de alfabetização, beneficia o aspecto cognitivo, a capacidade imaginativa, a
expressividade, a coordenação motora e o tato fino, assim como a percepção
sonora, a percepção espacial, o raciocínio lógico e matemático, a estética e muito
mais.
Sendo assim, com a possibilidade do retorno da música na escola têm-se a
oportunidade de oferecer ao educandos esse conteúdo que tanto beneficia o
desenvolvimento e que pode, inclusive, minimizar os efeitos de ambientes
familiares que apresentam poucos recursos financeiros. Cabe ao professor
reconhecer as possibilidades desse trabalho e potencializá-lo em favor dos
educandos. Muitas outras descobertas nessa extensão serão ainda necessárias para
ampliar cada vez mais esse campo do conhecimento.
Desenvolver esta pesquisa foi uma experiência enriquecedora em minha
graduação em Pedagogia, uma vez que através dela foi possível expandir meus
conhecimentos acerca de estudos realizados sobre a música e a criança, bem como
da música como disciplina extracurricular. Nesse sentido, destaco que o trabalho
com a música é um campo de atuação que me proporciona grande estímulo, o que
me motiva a continuar pesquisando, pois certamente o que foi apresentado aqui
configura-se como uma pequena contribuição para o estudo da temática, muito
ainda deve ser concretizado para que o ensino da música realmente se efetive no
Brasil.
60
REFERÊNCIAS
ASSOÇIAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO MUSICAL, 5, 2009, Itajaí.
Anais, Itajaí: ABEM, Composição musical. In: ENCONTRO REGIONAL DA
ABEM-Sul, 12, e FÓRUM, 2009, p.323.
BARRETO, Sidirley de Jesus; SILVA, Carlos Alberto da. Contato: Sentir os
sentidos e a alma: saúde e lazer para o dia-a dia. Blumenau: Acadêmica, 2000.
BEYER, Esther. A abordagem cognitiva em música: uma crítica ao ensino da
música, a partir da teoria de Piaget. Rio Grande do Sul, Dissertação (Mestrado em
Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 1988.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parametros Curriculares
Nacionais: Arte. Ensino de primeira a oitava séries. 1998.
BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997, vol. 6.
BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação
preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.
CAMPBELL, Linda; CAMPBELL, Bruce; DICKINSON, Dee . Ensino e
Aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
CRUVINEL, Flavia Maria. Educação musical e transformação social: uma
experiência com ensino coletivo de cordas. Goiânia: Instituto Centro -Brasileiro
de Cultura, 2005.
GAINZA, V. H.. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3ª ed. São Paulo:
Summus, 1988.
61
GALINDO, João Maurício. Instrumentos de Arco e o Ensino Coletivo: A
Construção de um método. São Paulo: Dissertação de Mestrado – Escola de
Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, 2000.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1995.
GAULKE, Tamar Genz. Aulas de violino em um projeto social: dilemas de uma
educadora musical. Monografia de conclusão de curso. Santa Maria, 2010.
GRANJA, Maria de Fátima Duarte. A Banda: Som & Magia. Rio de Janeiro.
Dissertação de Mestrado , Escola de comunicação da UFRJ, 1984.
HOUAISS. Dicionário Houaiss de língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,
2002.
ILARI. Beatriz. A música e o cérebro: algumas implicações do
neurodesenvolvimento para a educação musical. Revista da ABEM. Porto Alegre.
V. 9, set. 2003.
LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O ensino da música na escola fundamental.
São Paulo: Papirus, 2003.
MÁRSICO, Leda Osório. A criança e a música: um estudo de como se processa o
desenvolvimento musical da criança. Rio de Janeiro: Globo, 1982.
MELO, N. N. M. M; SANTOS,V.A.M; NUNES,D.A.S e SILVA,V.L.L.G. .A
importância da música para o desenvolvimento da criança de educação
infantil. Disponível em <http://upedagogas.blogspot.com/2009/03/contribuicao-damusica-para-o_21.html> acesso em: 29 jun. 2009.
MUSZKAT, M.; CORREIA, C.M.F. & CAMPOS, S.M. Música e Neurociências,
62
2000.
NOGUEIRA, M. A. A música e o desenvolvimento da criança. Revista da UFG,
Vol. 5, Nº. 2, dez 2003.
OSTRANDER, L. e SCHOEDER, L. Super-aprendizagem pela sugestologia. Rio
de Janeiro: Record, 1978.
OSTTETO, Luciana Esmeralda. Mas que as crianças gostam!ou,sobre gostos e
repertórios musicais.In: Revista anual da ANPED, Caximbú. Anais. Poços de
Caldas: ANPED, 2003, p. 79.
PEDERIVA, PATRÍCIA Lima Martins e Tristão, Rosana Maria. Música e
Cognição.Ciências & Cognição; Ano 03 Vol. 09. 2006.
REIS, Jonas Tarcísio. A influência da educação musical informal em uma
atividade de
Revista Neurociências. São Paulo, V.8 Nº2. p. 70-75, 2000.
ROCHA, Eloísa Acíres Candal. Diretrizes Educacionais – Pedagógicas para a
Educação Infantil. In: Palestra proferida no simpósio sobre formação de
professores: infância e linguagens em debate – I SIMFOP –UNISUL, Campus
Regional Sul-Tubarão-SC- julho de 2008, p. 4-5. Universidade Federal de Santa
Catarina – Núcleo de Estudos e Pesquisas da Educação da Pequena Infância.
SIMIONATO,L. Cristina e Tourinho Cristina. Contribuição do aprendizado de
canções no desenvolvimento da linguagem verbal. In ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE COGNIÇÃO E ARTES MUSICAIS. 2007. Anais do 3º
Simpósio de Cognição e Artes Musicais. Bahia UFBH 2007 p. 371-377.
SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? 2. ed. São
Paulo: Cortez, 1994.
SWANWICK, Keith. Ensinando Música Musicalmente, São Paulo, Moderna,
63
2003.
WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com Sons,
Ritmos, Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup, 1999.
64
APÊNDICE A- Roteiro de entrevista para professores
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ-USJ
CURSO DE PEDAGOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC
1. Qual a realidade/contexto dos alunos com quem trabalha?
2. Comente sua experiência enquanto professor e a realidade em que atua.
3. Como descreve a contribuição ao ensino da música no desenvolvimento das crianças no
âmbito educacional?
4. Quais as influências que a música
habilidades/potencialidades da criança?
proporciona
no
desenvolvimento
5. Que sugestões, poderia citar com relação à inserção da música no currículo?
6. Como descreve sua contribuição no processo da educação musical?
das
65
APÊNDICE B- Roteiro de entrevista para pais
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ-USJ
CURSO DE PEDAGOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC
1. Qual a idade de seu filho (a)?_________________________________
2. A quanto tempo esta inserido no projeto de música?________________
3. Qual sua profissão?_________________________________________
4. Assinale os itens de acordo com aqueles que foram identificados em seu filho (a) a
partir do momento em que inserido no projeto de música:
(
(
(
(
(
(
(
) melhorou as notas e o comportamento em sala de aula.
) tornou-se mais responsável e disciplinado.
) aprendeu a trabalhar em conjunto e a passou a respeitas as regras.
) mostrou interesse pelo estudo da música elevando sua formação cultural.
) melhorou no comportamento em casa.
) Aprendeu a respeitar os pais e professores.
) outros, quais?_______________________________________________
5. Seu filho teve alguma passagem significativa em bandas de músicas escolares? O
que essa atividade proporcionou a ele?Assinale as alternativas que considerar
relevante?
( ) Sim.
( )Essa atividade proporcionou através do ensino gratuito, conhecer a música gerando
cultura e lazer num horário extraclasse.
( ) Essa atividade proporcionou as primeiras noções do contexto musical.
( ) Essa atividade gerou uma mudança no quadro social elevando sua formação
cultural.
( ) Outros, quais?______________________________________________
7. Qual sua visão referente ao projeto de música no seu município?
8. O projeto de música influenciou de alguma forma no desempenho escolar de seu
filho? Como?
66
ANEXO A- Fotos da Fanfarra Municipal- Famugov
Figura 1: Fanfarra Municipal de Governador Celso Ramos- FAMUGOV no Campeonato
de Bandas e Fanfarras na cidade de Gaspar-SC, 09/07/2010.
Figura 2: Fanfarra Municipal de Governador Celso Ramos- FAMUGOV no Concurso
Estadual de Bandas e Fanfarras na cidade de Ibirama-SC, 21/08/2010.
67
Figura 3: Fanfarra Municipal de Governador Celso Ramos-FAMUGOV (ensaio)
Campeonato Sul Brasileiro na cidade de Matinhos-PR, 2007.
Figura 4: Fanfarra Municipal de Governador Celso Ramos-FAMUGOV no Concurso de
Bandas e Fanfarras na cidade de São João Batista-SC, 12/06/2009.
68
Figura 5: Fanfarra Municipal de Governador Celso Ramos- FAMUGOV na apresentação
para o Governador do Estado na Armação da Piedade no Município de Governador Celso
Ramos- SC, 12/05/2009.
Figura 5: Fanfarra Municipal de Governador- FAMUGOV na Festa do Divino Espírito
Santo no Município de Governador Celso Ramos, 13/07/2009.
69
ANEXO B- Lei 11.769/2008
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 11.769, DE 18 DE AGOSTO DE 2008.
Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
para dispor sobre a obrigatoriedade do
ensino da música na educação básica.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar
acrescido do seguinte § 6o:
“Art. 26. ..................................................................................
................................................................................................
§ 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente
curricular de que trata o § 2o deste artigo.” (NR)
Art. 2o (VETADO)
Art. 3o Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às
exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta Lei.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 18 de agosto de 2008; 187o da Independência e 120o da República.
Luis Inácio Lula da Silva.
Fernando Hadadd.
70
ANEXO C- Ficha de Inscrição e Autorização de Imagem
Prefeitura Municipal de Governador Celso Ramos
Secretaria Municipal de Educação e Cultura
Projeto Bandas e Fanfarras
Ficha de inscrição 2011
Aluno:___________________________________________________
Série:______Turma:_______ Turno: ( ) Matutino ( ) Vespertino ( ) Noturno
Data de nascimento:_____/____/_____ Idade:______________
RG:_________________ (obrigatório, trazer xerox)
Nome da Mãe:________________________________________________________
Nome do Pai:_________________________________________________________
Endereço onde mora:__________________________________________________
Bairro:__________________________Cidade:______________________________
Telefones:___________________________/________________________________
Qual função gostaria de exercer? (sujeito a testes)
( ) Mor ( ) Baliza ( ) Pavilhão de Bandeiras ( ) Estandarte ( ) Corpo Coreográfico
( ) Percussão ( ) Sopro
Nº Sapato:_______ Roupa: ( ) P ( ) PP ( ) M ( ) G ( ) GG
Eu_________________________________________ autorizo meu (a) filho (a) a
participar da Fanfarra Municipal e da Banda Marcial, fazendo uso de sua imagem para fins
pedagógicos e a divulgação do projeto, de fevereiro a dezembro deste ano, estando
presente nos eventos, apresentações, Concursos e festivais.
71

Documentos relacionados