Agosto de 2015 - mrj marejo investimentos
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Agosto de 2015 - mrj marejo investimentos
Rio de Janeiro, 01 de setembro de 2015 Carta do Gestor – Agosto de 2015 Caros Investidores, O mês foi bastante volátil para os mercados. No Brasil, a cotação do dólar comercial fechou em R$ 3,63, alguns vencimentos de DI futuro tiveram alta de mais de 1,00 p.p. e o Ibovespa terminou abaixo de 13.000 pontos em dólar. Neste cenário, optamos por diminuir o risco do fundo e encerrar as posições direcionais em juros nominais e em renda variável. Mantivemos, contudo, a NTN-B 2019 na carteira, posição que em alguns momentos representou compra de inflação implícita. Além disso, adicionamos uma posição vendida em futuro de S&P 500. O destaque do mês foi a pressão nos mercados vinda da China. Nos últimos meses o governo do país anunciou medidas para impulsionar a economia e o mercado de ações locais. Entre elas, cabe ressaltar os cortes de juros e de compulsórios. Estas medidas não aumentaram o consumo privado como esperado, pois os investimentos internos concentraram-se em ativos financeiros e imobiliários. Isto fez com que investidores começassem a questionar a efetividade de tais medidas. O governo chinês também decidiu desvalorizar a sua moeda para que o regime cambial ficasse mais próximo das forças de mercado. Ainda que haja a intenção de fazer com que o yuan faça parte da cesta de moedas do Fundo Monetário Internacional (FMI) – hoje composta por dólar, euro, libra esterlina e iene -, o yuan ainda precisa flutuar mais, segundo Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo. Realmente não é sensato permitir que o yuan se torne uma moeda de reserva global sem que a China abandone os controles sobre o câmbio. A China cresceu demais economicamente nos últimos 15 anos e atingiu o patamar de segunda maior economia do planeta, superando o Japão. Porém, o crescimento de dois dígitos visto neste período não existe mais. O modelo de crescimento baseado em investimento público em infraestrutura (com forte demanda por commodities) e exportações exauriu-se após anos de prosperidade. A desaceleração chinesa já começou e impacta o mundo todo. Os problemas chineses contribuíram para a forte queda das bolsas globais e do preço do petróleo recentemente. É praticamente impossível antecipar ou apreçar a magnitude desse efeito. Assim, não se sabe qual será o nível de crescimento sustentável do país e a sua real demanda por commodities. Além disso, ainda não ficou Av. Paisagista José Silva de Azevedo Neto, 200 | bl 7 | 406 O2 Corporate & Offices Rio de Janeiro | RJ | Brasil | CEP: 22775-056 www.mrjmarejo.com.br claro o que o governo chinês está disposto a fazer para garantir suporte à atividade econômica e liquidez ao mercado. No momento, os agentes econômicos questionam se a China conseguirá crescer sequer cerca de 7% em 2015, meta anunciada pelo governo. De fato, já existem previsões mais pessimistas para o crescimento, variando entre 3,5% e 4,5%. O governo chinês tem três missões cruciais: a) realizar uma limpa nos excessos de seu orçamento; b) deixar o país mais dependente de consumo público e privado, e menos de investimentos; e c) aumentar, ou no mínimo manter, a demanda agregada. A questão chinesa esfriou a possibilidade do Banco Central americano (Fed) subir a taxa de juros no encontro de setembro. Uma alta agora poderia, inclusive, ir de encontro aos objetivos da autoridade, como estabilidade de preços e pleno emprego. Recentemente, as chances de uma alta apenas em 2016 aumentaram. A possibilidade de um novo quantitative easing (QE) também ressurgiu, ainda que com chances pequenas. Não acreditamos nisto por ora. No cenário doméstico, o balanço geral de agosto foi negativo novamente. A situação política permaneceu extremamente conturbada. O mês iniciou com a notícia da prisão preventiva do exministro José Dirceu. Posteriormente, declaração de Michel Temer sobre a necessidade de uma liderança para unir o país causou constrangimento com o grupo palaciano e culminou com a saída do vice-presidente da articulação política. A liberação de R$ 500 milhões, pela Presidente da República, para atender a emendas parlamentares, levou a interpretações sobre o enfraquecimento do ministro Joaquim Levy e a boatos sobre sua demissão, o que ele continua desmentindo. Novos desdobramentos da operação Lava-Jato, a continuidade das discussões sobre impeachment, o julgamento – adiado – das contas do governo pelo TCU e a reabertura da ação que pede a cassação de Dilma Rousseff, pelo TSE, manteve o cenário político bastante tenso. A inflação, embora tendo desacelerado em julho, atingiu 9,56% no acumulado de 12 meses, maior nível desde novembro de 2003. Já o índice de desemprego atingiu 8,3% no segundo trimestre, segundo o IBGE. Foi a maior taxa da série, iniciada em 2012. O PIB, recuou 1,9% no segundo trimestre, colocando o país em “recessão técnica” (dois trimestres seguidos de queda). Com relação às contas públicas, parece impossível atingir a economia primária de 0,15% do PIB, anunciada em julho, mês no qual houve um déficit de R$ 7,22 bilhões, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional. No acumulado do ano, o déficit é de R$ 9,05 bilhões, primeiro resultado negativo para o período de janeiro a julho, desde 1997. Por conta da piora na arrecadação, o governo pensou, inclusive, em ressuscitar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), notícia que impactou negativamente o mercado. A ideia foi abandonada pouco tempo depois e o governo encaminhou ao Congresso Nacional uma proposta de Orçamento da União para 2016 incluindo uma previsão de déficit primário de 0,5% do PIB, ou R$ 30,5 bilhões. Atenciosamente, MRJ Marejo Investimentos www.mrjmarejo.com.br Av. Paisagista José Silva de Azevedo Neto, 200 | bl 7 | 406 O2 Corporate & Offices Rio de Janeiro | RJ | Brasil | CEP: 22775-056 www.mrjmarejo.com.br Este material foi preparado pela MRJ Marejo Investimentos Ltda. (“MRJ Marejo”) e tem caráter meramente informativo, não se constituindo em oferta de venda de cotas dos fundos. A MRJ Marejo não comercializa e nem distribui cotas de fundos ou qualquer outro ativo financeiro. Recomendamos consulta a assessores de investimentos e profissionais especializados para uma análise específica e personalizada antes de sua decisão sobre investimentos. Aos investidores é recomendada a leitura cuidadosa de prospectos e regulamentos ao aplicar seus recursos. Os fundos geridos utilizam estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas, podendo inclusive acarretar perdas superiores ao capital aplicado e a consequente obrigação do cotista de aportar recursos adicionais para cobrir o prejuízo do fundo. Os fundos geridos estão autorizados a realizar aplicações em ativos financeiros no exterior. Fundos de Investimento não contam com a garantia do administrador do fundo, do gestor da carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou, ainda, do Fundo Garantidor de Créditos – FGC. A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura. Para avaliação da performance do fundo de investimento, é recomendável uma análise de, no mínimo, 12 (doze) meses. A rentabilidade divulgada já é líquida das taxas de administração, de performance e dos outros custos pertinentes ao fundo, mas não é líquida de impostos. 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