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ENQUALAB-2008 – Congresso da Qualidade em Metrologia Rede Metrológica do Estado de São Paulo - REMESP 09 a 12 de junho de 2008, São Paulo, Brasil BIOMETROLOGIA Carlo Isaia Neto 1 1 Rede Metrológica RS, Porto Alegre, Brasil, [email protected] Resumo: A Biometrologia está constantemente presente em nosso convívio, porém é muito pouco conhecida pela população e comunidade científica. São diversas as áreas de ação da Biometrologia. Entre elas podemos destacar a calibração e medição de equipamentos de laboratórios de análises clínicas, instrumentos cirúrgicos e equipamentos de monitoramento do paciente; controle de qualidade de produtos para saúde como: alimentos, medicamentos, cosméticos, vacinas, próteses, entre outros. A realização de medições de parâmetros fisiológicos e ambientais é essencial para a obtenção de informações para diagnósticos, análise de riscos, tratamentos e acompanhamento clínico de pacientes. São nestas medições que a metrologia age, buscando trazer uma maior precisão, qualidade e conseqüentemente uma maior segurança para a população. O presente artigo busca identificar e apresentar para a comunidade científica este campo de atuação da metrologia tão pouco divulgado, visando assim trazer uma maior qualidade aos produtos e serviços relacionados à saúde. Palavras chave: Qualidade. Biometrologia; Saúde; Metrologia; 1. INTRODUÇÃO A Biometrologia está constantemente presente em nosso convívio, porém é muito pouco conhecida pela população e comunidade científica. O termo, pouco referenciado na literatura, foi utilizado em 1999 na 21ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) ao se discutir sobre a relevância econômica e social da metrologia, reconhecendo o desafio associado à aplicação desta na área da saúde.[1-2] Estudando o significado da palavra, temos como resposta que biometrologia é medição biológica. Desenvolvendo este significado, temos que a Biometrologia se refere à medição e aquisição de dados que promovem a caracterização biológica quantitativamente. Estas ações que podem ser realizadas de diversas formas, trazendo assim uma grande área de atuação para ser desenvolvida metrologicamente. Dentro desta, podemos destacar a calibração e medição de equipamentos de laboratórios de análises clínicas, instrumentos cirúrgicos e equipamentos de monitoramento do paciente; controle de qualidade de produtos para saúde como: alimentos, medicamentos, cosméticos, vacinas, próteses, entre outros. Internacionalmente, a biometrologia está mais fortemente inserida na análise genética e cosmética, a qual a sua importância é amplamente divulgada no meio científico. A busca pelo desenvolvimento de padrões nessas áreas é que traz toda sua importância, visto a sua necessidade nestas áreas de crescimento na área da saúde. 2. DISCUSSÃO O termo biometrologia se refere à aplicação da ciência das medições (metrologia) à saúde, contribuindo assim para a comparabilidade e reprodutibilidade internacional das biomedições. A confiabilidade metrológica de equipamentos e produtos biomédicos é essencial para a garantia dos resultados dos diagnósticos, além da segurança e eficácia dos tratamentos. As inovações de instrumentos de medição utilizados na área da saúde devem se caracterizar pela elevada exatidão, não-invasividade, inocuidade e baixo custo de fabricação e operação.[1] Considerando o crescimento da biotecnologia na saúde humana, na produção de alimentos, na medicina forense; a necessidade de se fazer medições precisas rastreáveis ao SI nestes domínios; e a falta de uma adequada infra-estrutura metrológicas para garantir essa rastreabilidade, A 21ª Conferência de Pesos e Medidas recomendou à comunidade científica a considerar o desenvolvimento de programas relacionados com a medição importante em biotecnologia, além de colaborar com as entidades científicas e organizações internacionais interessadas no estabelecimento de uma adequada infra-estrutura internacional de medição para garantir a rastreabilidade ao SI nas medições em biotecnologia.[2] Em conseqüência, através do CCQM (Comité Consultatif pour la Quantité de Matière) foi estabelecido um Grupo de Trabalho em Biometrologia, cujo primeiro encontro ocorreu em 2000. Um dos principais objetivos deste encontro foi identificar áreas prioritárias para um sistema de medição rastreável em biotecnologia.[1] 2.1. Equipamentos para a saúde O grande desenvolvimento da Ciência e Tecnologia durante o século XX contribuiu para uma acelerada evolução dos equipamentos médicos, tornando-os mais complexos e capazes de medir um crescente número de variáveis fisiológicas. Na área biomédica, a realização de medições de parâmetros fisiológicos é para o diagnóstico, caracterização de riscos, indicação e realização de tratamentos e acompanhamento da evolução clínica de pacientes. Quando consideramos a aplicação da metrologia na área da saúde, com sua relevância social, podemos deduzir que é fundamental destacar alguns fatores que devem ser perseguidos pelos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de inovações em instrumentação na área biomédica. Tais fatores biometrológicos consistem em: 1)elevada exatidão e rastreabilidade Internacional de Unidades; ao Sistema 2)baixo custo de fabricação e operação; 3)não-invasividade; 4)inocuidade. Os dois últimos fatores, não-invasividade e inocuidade, têm contribuição especial para a garantia da obtenção de resultados com maior segurança e menores riscos para o paciente [1]. Os equipamentos para a saúde no Brasil, conforme sua classificação quanto ao potencial de risco à saúde de seus usuários (pacientes e/ou operadores), necessitam de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para que os fabricantes os lancem no mercado consumidor. Para que os mesmos obtenham registro é necessária uma certificação de conformidade a normas técnicas específicas, emitida previamente por Organismos de Certificação de Produtos (OCP) acreditados pelo Inmetro [3]. Estes, que podem ser encontrados em uma listagem disponível no site do Inmetro.[4] O modelo adotado para garantir a segurança sanitária dos equipamentos eletromédicos (Autorização de Modelo) foi estabelecido através da Resolução n.º 444 de 31 de agosto de 1999 da ANVISA, adotando as Normas Técnicas da Série NBR IEC 60.601-1: Equipamento Eletromédico. Parte I – Prescrições Gerais Para Segurança; e Normas Técnicas particulares da Série NBR IEC 60.601-2.[3] A Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML) elabora recomendações metrológicas sobre as quais, em geral, se baseiam as regulamentações técnicas metrológicas (RTM) elaboradas pelo Inmetro.[1] A RTM tem por finalidade colocar sob o controle do Estado, diferentes categorias de instrumentos de medição, fixando requisitos técnicos e metrológicos para utilização e verificação [5]. As exigências das RTM conduzem ao controle metrológico dos instrumentos de uma forma mais ampla, tanto antes da entrada do produto médico no mercado, através da aprovação de modelo e verificação inicial, quanto durante o período da vida útil do mesmo, através da verificação periódica e eventual. A seguir se encontra listada uma relação das Recomendações Internacionais da OIML para a área da saúde [6]: · R7 - Termômetros clínicos de vidro, de mercúrio, com dispositivo de máxima; · R16 - Esfigmomanômetros - Parte 1 e Parte 2; · R26 - Seringas médicas; · R78 - Pipetas westergren para medição da velocidade de sedimentação das hemácias; · R89 – Eletroencefalógrafos; · R90 – Eletrocardiógrafos; · R93 – Focômetros; · R114 - Termômetros clínicos, elétricos, com medição contínua (CTI); · R115 - Termômetros clínicos, elétricos, com dispositivo de máxima; · R122 - Aparelhos para audiometria vocal; · R128 - Bicicleta ergométrica; · R135 - Espectrofotômetros para laboratórios médicos. A Inglaterra e a Alemanha são os países que incorporaram o maior número de recomendações OIML para a área da saúde.[1] Atualmente, o Brasil possui duas RTMs na Área de Saúde (termômetro clínico de mercúrio em vidro e o esfigmomanômetro mecânico de medição não-invasiva do tipo aneróide), e grupos de trabalho no Inmetro estão atuando para adaptar outras recomendações para a área da saúde, ou mesmo atualizá-las, referentes aos instrumentos de medição que se encontram listados a seguir [7]: · Esfigmomanômetros digitais; · Esfigmomanômetros de coluna de mercúrio; · Termômetros clínicos de mercúrio em vidro; · Termômetros clínicos digitais; · Eletrocardiógrafos; · Eletroencefalógrafos. Após a comercialização dos produtos médicos, com a exceção apenas do termômetro clínico de mercúrio em vidro e do esfigmomanômetro mecânico de medição não-invasiva do tipo aneróide, que possuem regulamentação do Inmetro, além dos equipamentos envolvendo a utilização de radiações ionizantes (radioterapia e radiodiagnóstico), não existe nenhuma lei ou regulamentação que torne compulsório o controle dos outros instrumentos biomédicos para a garantia da confiabilidade metrológica com calibrações rastreadas, durante o tempo de vida em uso com pacientes. [1] Objetivando a garantia de segurança sanitária de produtos para saúde, além da atuação da Anvisa de controle do produto médico no momento de seu lançamento no mercado consumidor, a agência atua no período de póscomercialização através da tecnovigilância que, através de notificações de eventos adversos realizados por hospitais sentinela, pode acompanhar como o produto se comporta no mercado. Esta atuação da agência, no entanto, só se realiza caso seja notificado o evento adverso, sem exigir a avaliação periódica do produto, o que preveniria a ocorrência do evento. Uma alternativa relativamente recente que vem resultando em promoção da confiabilidade de equipamentos biomédicos em uso têm sido as acreditações voluntárias dos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS). [1] 2.2. Programas de Comparação Interlaboratoriais Os programas de comparação interlaboratorial são ferramentas fundamentais para manutenção da qualidade em laboratórios de calibração e ensaios na área da saúde. Através deles, podemos fazer a validação de uma metodologia de análise e/ou de um equipamento. Além disto, a Anvisa, através de sua Resolução RDC n° 302/2005, exige que todos laboratórios clínicos devem assegurar a qualidade de seus serviços laboratoriais prestados. Esta, não exige apenas que sejam feitos controles de qualidade internos, mas sim que os laboratórios participem também de programas de comparação interlaboratorial. Esta prática também deve ser desenvolvida por laboratórios que possuem, ou que estão em processo de reconhecimento pela norma ISO/IEC NBR 17025. [8-9] A oferta de Programas de Comparação Interlaboratorial na área da saúde no Brasil ainda é pequena se analisarmos o universo de análises realizadas pelos inúmeros laboratórios espalhados pelo território nacional. A Rede Metrológica do RS, visando esta importância, vem nos últimos anos desenvolvendo programas nas áreas de bebidas, alimentos, microbiologia, toxicologia e medicamentos, sempre buscando trazer aos laboratórios participantes uma forma confiável de comparação de suas análises. 3. CONCLUSÃO A elevada exatidão das biomedições, incluindo informação sobre as incertezas envolvidas, contribui para que o paciente possa participar nas decisões sobre a conduta terapêutica com a melhor estimativa possível do valor verdadeiro do parâmetro fisiológico medido. [1] O desenvolvimento da biotecnologia necessita a cada dia de uma maior precisão, principalmente quando formos pensar que estas medições serão responsáveis pela saúde da população. Equipamentos de alta tecnologia, além de técnicas de análise e procedimento cada vez mais apuradas, necessitam cada vez mais de um controle de qualidade mais fortificado. Para isto, é necessária a capacitação de uma rede de laboratórios em nosso país para que esta possa atender a demanda destes serviços. É nesta lacuna que a metrologia pode agir com maior intensidade, necessitando é claro também, de profissionais capacitados na área. O presente artigo demonstra apenas uma breve visão da força da metrologia na área da saúde. Mesmo sendo tão fortemente atuante em algumas áreas, a área da saúde abre novos desafios para a Metrologia, e é com esta visão, que a Rede Metrológica do RS vêm ao longo dos anos desenvolvendo programas e eventos nesta área, buscando REFERÊNCIAS [1] MONTEIRO, Elisabeth Costa. Confiabilidade nas biomedições e repercussões éticas. Disponível em: < http://www.banasmetrologia.com.br/textos.asp?codigo =2194&secao=revista> Acessado em 10 jan. 2008 [2] Resolution 11 of the 21st CGPM (1999): Metrology in biotechnology. Bureau International des Poids e Mesures . Disponível em: http://www.bipm.fr/en/CGPM/db/21/11/ Acessado em 12 março 2008. [3] E. Costa Monteiro e M.L. Lessa. "A Metrologia na Área de Saúde: Garantia da Segurança e da Qualidade dos Equipamentos Eletromédicos". Engevista, v. 7, n. 2, p. 51-60 (2005) [4] Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Lista de Organismos Acreditados. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/organismos/resultado_con sulta.asp?sel_tipo_relacionamento=5> Acessado em 25 fev. 2008 [5] C.I.C. Menezes, M.T. Salles, M.A.S. Silva. "Uma Ferramenta para melhoria da Qualidade dos Instrumentos da Área da Saúde". Anais do Congresso de Metrologia para a Vida, Recife, PE, p. 1-7. (2003) [6] International Organization of Legal Metrology. Disponível em: <http://www.oiml.org/publications/> Acesso em 5 fev. 2008. [7] Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Grupos de Trabalho de Regulamentação Metrológica. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/metlegal/comissoestec.as p> Acesso em 15 abril. 2008. [8] Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC 302/2005. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/e-legis/> Acesso em 02 de abril 2008. [9] Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma ABNT ISO/IEC NBR 17025:2005.
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