Livro - Cel. Mauro
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Livro - Cel. Mauro
NASCIMENTO E INFÂNCIA Segundo João Alfredo Montenegro, “os pais de Padre Mororó residiam na fazenda Santa Barbara, recebida pelo pai como dote, e ficava as margens do riacho Sabonete; a localidade recebeu o nome de Arrebita. A fazenda ficava próxima ao povoado Riacho Guimarães, hoje Groairas”. Os Pais de padre Mororó casaram-se na capela do povoado Riacho Guimarães. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p.22) Nertan Macedo relata que por volta de 1726, Riacho Guimarães “era o único núcleo populoso de pequena importância e comércio na região”. (MARCEDO, Nertan, O Clã de Santa Quitéria, 2ª ed. Rio de Janeiro, Renes Ltda. 1980, p. 24). Padre Inácio de Loiola Albuquerque Melo, a que se acrescentaria o agnome de Mororó, durante a conjuntura armada da Confederação do Equador, nasceu em uma fazenda, como já foi dito, que ficava na localidade de Riacho dos Guimarães, eram sete irmãos, os cincos primeiros nasceram na fazenda, os dois últimos em Sobral, ele foi o quinto filho; nascido aos 24 de julho de 1778, 4 anos e 11 meses após Sobral ter se emancipado, e foi batizado na capela de Riacho Guimarães; seus pais eram o Alferes Felix José de Souza “natural do Rio Grande do Norte, e Dona Theodozia Maria de Jesus, natural desta Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Sobral”. (Assento do batizado do Pe. Gonçalo Mororó,RIC ). Padre Mororó, era primo de Tomás Aquino de Sousa, pai do ilustre quiteriense Tomás Pompeu de Sousa Brasil, o Senado Pompeu, tanto o pai do senador Pompeu como o pai do Padre Mororó, como já foi dito, vieram do Rio Grande do Norte. Riacho Guimarães, quando Sobral ainda era a Fazenda Caiçara, já afirmado anteriormente era a única povoação da região. Vejamos o que diz Nertan Macedo: Chegou João Pinto de Mesquita ao Brasil em companhia de um irmão, Manoel Santiago Pinto, indo residir nas terras que adquirira por sesmaria no Rio Jacurutu, situando a sua primeira fazenda de criação de gados no curso médio desse rio, no local hoje denominado Jacurutu Velho, não muito distante da povoação do Riacho dos Guimarães, que era, então, ao tempo, o único núcleo populoso de pequena importância e comércio na região. (MACEDO. Nertan, O Clã de Santa Quitéria, 2ºEd., Rio de Janeiro, Renes, 1980, p.24); Qual a naturalidade de Padre Mororó? Três municípios reivindicam a honra de tê-lo como filho. Os municípios são os seguintes: Sobral, Santa Quitéria e Groairas. E qual deles está com a razão? Os três têm razão, e a explicação é a seguinte: Padre Mororó nasceu como já vimos , no então povoado de Riacho dos Guimarães, hoje Groairas. Quando ele nasceu, Riacho dos Guimarães, pertencia à Sobral, logo Padre Mororó é sobralense. Com a independência de Santa Quitéria, a 26 de agosto de 1856, Riacho dos Guimarães passou a pertencer a Santa Quitéria, por tanto, Padre Mororó é quiteriense. O Hino do município de Santa Quitéria relata esta realidade. Vejamos o que diz o Hino, o qual foi composto pela Poetisa Maria Aracy Magalhães Martins: .......................................................... .......................................................... Terra feliz, que tantos filhos teus, Aureolados sobre o altar da história, De Mororó, o berço tu reténs, Dando ao Brasil o brilho desta gloria. ............................................................ ............................................................ O município de Groairas foi criado, e o povoado de Riacho dos Guimarães passou a pertencer ao referido município, assim sendo, Padre Mororó, também é groairense. Padre Mororó foi alfabetizado em Riacho Guimarães, e passou sua infância na referida localidade. Falando sobre o Pe. Mororó, o historiador João Alfredo diz que seu professor de Latim, padre Manuel reconhecia a sua capacidade, ele diz o seguinte: “Ele sabia aquilatar da inteligência e das tendências intelectuais do Pe. Mororó. Tanto é assim que ao ter que se ausentar da cadeira de Latim, deixava justamente Gonçalo Inácio como seu substituto”. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004). Padre Mororó foi alfabetizado em Riacho dos Guimarães, como já relatamos, e estudou em Sobral na escola do Tenente Manuel Correia Lopes de Sá. Aos 19 anos matriculou-se na escola pública do Padre Manuel Francisco Rodrigues da Cunha, o Padre Manuel foi o primeiro professor de gramática Latina em Sobral. Padre Mororó destacou-se na escola do Padre Manuel, foi indicado para substituí-lo temporariamente por causa de viagem do Padre Manuel a Pernambuco, porém não assumiu porque preferiu acompanhá-lo na viagem, pois tencionava matricula-se no recém criado Seminário de Olinda, o que aconteceu, sendo um dos primeiros alunos,” fez parte da primeira turma “( MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p.23). O Padre Mororó, então jovem estudante, gozava de prestígio junto ao professor, é tanto que o mesmo o indicou para substituí-lo, por ocasião de sua viajem a Pernambuco,como já dissemos, Vejamos o oficio a baixo dirigido ao Bispo de Pernambuco pelo Padre Manuel: Exmo. e Revdmo. Senhor- Diz Manuel Francisco Roiz da Cunha, Presbíreto do Hábito de São Pedro, Professor de Gramática Latina na Vila de Sobral, comarca de Ceará Grande que ele, pela ânsia de vir beijar os firmes e sagrados pés de V. Exa. Revdma. e de vir tirar nova Provisão para o exercício de seu Magistério, em cumprimento das respectivas ordens de V. Exa. Revdma. publicadas a este respeito, declara substituindo o seu lugar um dos seus alunos mais adiantados, Gonçalo Inácio de Loiola e Albuquerque sem embargo de lhe negar esta graça em outro tempo concedida o Corregedor da Comarca respectiva pelo cordatíssimo motivo declarado nele e porque o suplicante conhece que lhe não deva substituir outra pessoa sem que nisto preceda beneplácito de Vossa Exa. Reverendíssima que se queira dignar haver por bem a consecução daquele substituto na cadeira do suplicante. Portanto- pede a Vossa Excelência Reverendíssima assim se digne decretar e que esta se registre na Câmara da dita vila para que na ausência do suplicante conste a todos que tem substituído na ca d e i ra co m l i c e n ça d e Vo s s a E xc e l ê n c i a Reverendíssima e receberá mercê. (Apud Frota, 1974, p.499-500). (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p.7-8). Gonçalo, que se tornou Padre Mororó, foi, como já foi dito, um dos primeiros alunos do seminário de Olinda-PE, que iniciou suas atividades em 1800, e Padre Manuel, seu professor de Latim, teve influência em sua ida para aquele seminário. O seminário da Prainha em Fortaleza-CE foi fundado, somente mais de 40 anos após a fundação do seminário de Olinda-PE. A viagem do Padre Manuel e seu aluno Gonçalo foi realizada em 1800, ocasião, como já disse, em que o Seminário de Olinda estava iniciando suas atividades. Montenegro relata: “Gonçalo participa das festividades oficias de inauguração desse Seminário, precisamente à 6 fevereiro de 1800, tendo juntamente com o seu conterrâneo e colega Francisco Gonçalo Ferreira Magalhães, recitado versos em louvor do bispo fundador.” (MOTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p.23) O jovem Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque de Melo ocupou, eventualmente, antes de sua viagem à Pernambuco, a cadeira de Gramática Latina, em Sobral, por mais de uma vez, isto quando tinha por volta de 21 anos, ou seja, em 1799. PADRE MORORÓ NO SEMINÁRIO Características do Padre Mororó, inquieto, patriótico, democrático, possuidor de grande coragem e ousadia, determinado, de bom senso, inteligente, culto, dominava o Latim, fazia versos, tanto em Português como em Latim. Entende-se que o jovem Gonçalo Inácio ingressou no Seminário de Olinda orientado e influenciado pelo seu professor de Latim, Padre Manuel Francisco Rodrigues da Cunha. O Seminário de Olinda funcionava sob supervisão pombalina, e tinha orientação iluminista. Verifica-se que a amizade do Padre Manuel Francisco com o jovem Gonçalo Inácio antecede em pouco a Fundação do Seminário de Olinda. O Seminário de Olinda foi instalado em 06 ou 16 (existe controversas quanto ao dia) de fevereiro de 1800, o referido seminário foi fundado por D. Azevedo Coutinho, e foi o mesmo D. Azevedo que aprovou ou autorizou a substituição do Padre Manuel Francisco pelo aluno Gonçalo. D. Azevedo seguia as diretrizes iluministas, aplicando as ao Seminário de Olinda. As reformas iluministas eram apoiadas pela maçonaria. Houve quem afirmasse que D. Azevedo Continho era maçon. O Marquês de Pombal era com certeza. Padre Mororó, mesmo antes do seminário, já era influenciado neste sentido. Abaixo um relato de Montenegro sobre o assunto: Padre Mororó, com toda probabilidade, começou a receber influências iluministas, anteriormente ao seu ingresso no Seminário de Olinda, antes mesmo da fundação do tradicional instituto, mercê de um professor cuja sigla religiosa se enquadra nos padrões da política regalista de Pombal. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p. 12). O pai do candidato a seminarista Inácio Gonçalves, futuro Padre Mororó, faleceu em 06 de fevereiro de 1800. Dom Azevedo Coutinho, o fundador e diretor do Seminário de Olinda, deu-lhe todo apoio, possibilitando que o mesmo ingressasse no seminário e continuasse seus estudos. Dom Azevedo o nomeou como seu secretário particular, ele via no jovem Gonçalo uma pessoa de futuro promissor e que poderia ter papel importante na Igreja. Segundo João Brigido, Dom Azevedo continho fez a seguinte declaração sobre o Padre Mororó. “Este moço há de perder-se na primeira revolução que houver no Brasil” (Brigido, 1969, p.368). No seminário, Gonçalo foi colega de Joaquim do Amor Divino, Frei Caneca, Padre Miguelinho, Padre João Ribeiro, além de outros que se envolveram nas revoluções de 1817 e 1824; lá tomaram conhecimento das ideias iluministas, criadas por filósofos franceses e implantadas em Portugal e suas colônias, por Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII, é tanto que considerando os Jesuítas um obstáculo à estas mudanças os expulsou de Portugal e suas colônias em 1756. A Igreja Brasileira foi gradativamente adotando as ideias iluministas. Instituições como o seminário de Olinda-PE irradiavam as ideias iluministas e influenciavam os padres ali ordenados, como exemplos cito: Frei Caneca, Padre Mororó e outros. Estes padres contavam não muito raro, com o apoio da Maçonaria. A maior influência do iluminismo sobre o Padre Mororó acredita-se que tenha vindo do seminário de Olinda, embora o Padre Manuel da Cunha tenha influenciado de alguma maneira, o padre Manuel Francisco Rodrigues da Cunha, foi seu primeiro professor de Latim, como já dissemos, quando Mororó ainda tinha pouco mais de 18 anos. O Seminário de Olinda teve uma influência importante no clero brasileiro, fazendo com que a Igreja avançasse no sentido de se libertar do tradicionalismo. Devido os conhecimentos que já possuía, o jovem Gonçalo Inácio foi matriculado logo no curso de Teologia, e após três anos foi ordenado sacerdote, foi ordenado em novembro de 1802. Acredita-se que em Recife existam dados importantes sobre o Padre Mororó, pois foi um dos primeiros alunos do Seminário de Olinda-PE, como sabemos, e pela sua ligação com Frei Caneca. A leitura do Correio Brasiliense, jornal liberal, editado na Inglaterra, deve ter concorrido para suas atitudes de comportamento, além das influências que adquiriu no seminário de Olinda, no qual Dom Azevedo Coutinho imprimia ideias iluministas. PADRE MORORÓ, SUA ATUAÇÃO DEPOIS DE ORDENADO ATÉ 1821 O padre Mororó celebrou sua primeira missa, dia de Nossa Senhora da Conceição, ou seja, em 8 de dezembro de 1802, na Igreja da Sé em Sobral, um mês após a sua ordenação. Sua primeira missão como sacerdote foi prepara o Natal na capela de Nossa Senhora da Guia, na Barra do Acaraú. Na época do Padre Mororó a Igreja era aliada do Estado, o estado chamado uno. O Padre era um funcionário público, recebia a chamada côngrua, uma pensão vitalícia, uma espécie de salário mensal. De 1803 a 1806 o Padre Mororó passou a celebrar, batiza e executar outros atos religiosos nas capelas dos povoados e fazendas da freguesia de Sobral. O Padre Mororó de 1803 a 1806 além de fazer viagens pelas capelas do interior da freguesia de Sobral auxiliava o Padre Manuel Pacheco Pimentel, nas funções religiosas e na função de professor, Padre Manuel Pacheco, na época, era o professor público de Sobral. O Padre Pacheco Pimentel foi nomeado vigário da freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos. Por sinal o Padre Manuel Pacheco Pimentel foi um dos obstáculos a criação da freguesia de Santa Quitéria; no primeiro instante foi simpática a idéia, porém depois colocou algumas objeções. No livro Santa Quitéria - Historia, consta o seguinte: Esta pretensão dos moradores de Santa Quitéria demorou a ser atendida, por causa dos interesses da freguesia de Sobral e da freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos. A freguesia de Sobral não concordava em ceder parte do seu território e a freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos demonstrou simpatia, mas ao mesmo tempo não queria diminuir a sua área domínio. (MORORÓ, Antônio Mauro Paiva, 1ª Ed. Santa Quitéria-CE, Artegráfica , 2006, p.140) Padre Mororó foi capelão de Boa Viagem em 1810, em 1813 batizou na capela de Santa Quitéria, que na época era um povoado pertencente à Vila Real de Sobral, e em 1814 atua em Tamboril. O Padre Mororó esteve atuando na capela de Vila Nova d' El Rei, que foi posteriormente chamada de Campo Grande, e atualmente tem o nome de Guaraciaba do Norte, isto antes de ir para Quixeramobim. Montenegro diz que naquela época chamou para sua companhia, a fim de educá-los, o seu sobrinho Felix José de Sousa e seu primo Francisco José de Sousa, acredito que isto tenha acontecido por ocasião de sua segunda passagem por Guaraciaba em1821, já que o Dicionário das Famílias Brasileiras diz que José Felix nasceu por volta de 1810; os Mororó's de Santa Quitéria, Ipu, Guaraciaba do Norte, Reriutaba, Vajota e Hidrolandia, descendem destes dois. Montenegro refere-se ao assunto nos seguintes termos: A crer no Barão de Studart, teria o clérigo inconfidente, seguidamente à antes de passar a residir em Quixeramobim, residido “em Campo Grande, outrora Vila Nova Del Rei, para onde chamou para sua companhia, a fim de educá-los, ao Cel. Félix José de Sousa, seu sobrinho, e Francisco José de Sousa, seu primo, que residia em Campo Maior, Capela das Barras; de Campo Grande passouse para a Barra do Sítio e depois para a fazenda Canafistula e finalmente para Quixeramobim”. (Studart, 1910, p 348) Isso significa que ele continuou ainda por algum tempo a exercitar a missão do magistério, num período assinalado pela falta de colégios oficiais, ou até mesmo particulares, dentro do padrão do ensino coletivizado, de dimensão enciclopédica, dando aos discípulos uma visão generalizada do saber ou dos saberes.(MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p. 34) O Dicionário das Famílias Brasileiras refere-se a Felix José de Sousa, sobrinho do Padre Mororó, trazido por ele para Guaraciaba, nos seguintes termos: O terceiro neto, Coronel Félix José de Sousa, nascido por volta de 1810. Proprietário da Fazenda Boa Vista, em Ipu. Chefe político de grande influência. (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras, São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) Obs.: Félix José de Sousa é tri-neto do bisa-avô do Padre Mororó. Naquela época, parece-me, que havia mais facilidade para os padres serem transferidos, ou não existia um controle como existe hoje, acredito que por isto o Padre Mororó atuou em tantas localidades, talvez por está à procura de um lugar onde pudesse realiza o seu trabalho com mais proveito e satisfação própria. Em Quixeramobim, o Padre Mororó encontrou campo para desenvolver seus conhecimentos em ciências naturais e humanistas. Foi aí que parece ter encontrado um melhor campo de atuação, ou seja, o lugar que ele procurava lá se dedicou ao magistério particular, desenvolvendo, talvez só tenha iniciado, um importante trabalho sobre a carnaúba, a árvore símbolo do Ceará. Este trabalho sobre a Carnaúba ele, tudo indica, que tenha concluiu em Aracati. Em Quixeramobim fazia homilias bem feitas e de agrado da população. No seminário, dava-se ênfase aos estudos de Física e História Natural, seguindo o modelo da reforma pombalina do Ensino, daí o conhecimento do Padre Mororó sobre botânica, o que possibilitou o seu estudo sobre a carnaúba, árvore símbolo do Ceará, e considerada árvore da vida. A fama do Padre Mororó propagou-se rapidamente e em 1816 foi convidado pelo governador da Província do Ceará para proferir a Homilia de ação de graças pela assinatura do Decreto de 16 de dezembro de 1815 que elevou o Brasil a categoria de Reino. Seu sermão foi publicado pela Imprensa Régia do Rio de Janeiro. O seu desempenho foi tão bom que o governador Sampaio passou a tê-lo como uma pessoa de grande valor e procurou sua amizade. Sobre este assunto Montenegro diz o seguinte: Aquele governante era uma espécie de mecenas, que protegia e estimulava literatos, reunindo-os em tertúlias chamada de outeiros. Num desses, “escreveu e recitou versos pindáricos em Latim e em vernáculo”, o que ia confirmando os seus pendores para produções de estilo clássico. (Araújo, s. d.,p.42) Viu-se anteriormente a demonstração desses, pendores na homenagem que se prestou a D. José Joaquim de Azeredo Coutinho, no Seminário de Olinda. A formação iluminista do prelado, em contato estreito com o jovem padre, prenunciava influência sobre o sobralense. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004,p.26). Devido à cultura do Padre Mororó, ele passa a ter uma participação na administração pública, naquela época difícil separar cultura de política, e o Padre Mororó era um homem culto e inteligente. Na época do Padre Mororó a Igreja envolvia-se nos assuntos temporais, época em que a Igreja e Estado não eram independentes, como hoje. Devido o envolvimento da Igreja em assuntos temporais, o Marquês de Pombal resolveu, em 1756, expulsar os Jesuítas de Portugal e de suas colônias, com a finalidade a reformas baseados no iluminismo. Este foi o motivo que os Jesuítas, que de fazer tantos serviços prestaram ao Brasil, foram expulsos daqui. Padre Mororó foi um homem culto e grande orador, no livro Santa Quitéria – História consta sobre ele o seguinte: Homem de vasta erudição além dos conhecimentos das matérias eclesiásticas, de Física e de História Natural, foi poeta lírico, com igual perfeição, escrevendo na língua vernácula, como em latim, orador sacro, escritor e jornalista, político, jurisconsulto e botânico. Inédita ficou a “Memória sobre a Carnaúba”, importante trabalho do Padre Mororó, onde deu provas de possuir profundo conhecimento de botânica. (MORORÓ, Antonio Mauro Paiva. Santa Quitéria – História. In: Biografia de filhos Ilustres. 1° Ed. Santa Quitéria – Ceará, Artegráfica, 2006, p.. 173) O Padre Mororó era um sacerdote de grande cultura, vejamos o que Sacramento Blake diz a seu respeito: Homem de vasta erudição possuía, além dos conhecimentos das matérias eclesiásticas, os de Física e de Historia Natural e foi poeta-lírico, compondo com igual perfeição, tanto na língua vernácula, como na latina; orador sagrado, escritor e jornalista político, jurisconsulto e botânico. (BLAKE, 1895, p.183). Segundo João Alfredo, Blake afirma também que o Padre Mororó era “presbítero do Habito de São Pedro e Cavaleiro da Ordem de Cristo”, demonstrado o perfil de clérigo formado pelo seminário de Olinda-PE. Como dissemos anteriormente, Padre Mororó era poeta e diz João Alfredo com relação ao seu estilo o seguinte: “apresentou-se partidário do Arcadismo, deste absorvendo notadamente o tom laudatório, como se vê na Ode a Carvalho, segundo a pratica Habitual do seu tempo” (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p. 57). O Padre Mororó antes de fazer parte do movimento republicano, serviu fielmente ao governador Sampaio. Em 1817, quando surgiu em Pernambuco a Revolução inaugural da Confederação do Equador, opõe-se ao movimento, chegando a denunciar o ouvidor João Rodrigues Carvalho, isso é justificado por causa de sua amizade com o governador Sampaio, e por ser seu auxiliar. Ele foi leal ao seu amigo e chefe. Sabemos que o Padre Mororó tinha convicções iluministas liberais, desde os tempos de Seminário, ideias contrárias às seguidas pelo governo de Dom Pedro I, vigente no Brasil de antão. Assim era o nosso herói, Padre Mororó. João Alfredo Montenegro diz que não houver contradições por parte do Padre Mororó, pois logo que surgiram novas circunstâncias ele aderiu aos ideais liberais. Vejamos o que diz João Alfredo Montenegro: “Prefiro opinar no sentido de uma reapropriação pelo sacerdote de todo um acervo de idéias iluministas, logo que novas circunstâncias o permitissem” (MONTENEGRO, João Alfredo. Diário do Nordeste, Fortaleza, 1º abr. 2004. Caderno 3. p.1). Em minha opinião não houve realmente incoerência da parte do Padre Mororó na sua mudança político-ideológica de 1817 e 1824. Em 1817 ele era amigo e auxiliar do Governador Sampaio, cabia-lhe ser leal ao mesmo, embora contrariando suas convicções. Os revoltosos de 1817, os inconfidentes do Crato, a revolta de 1817 conseguiu adeptos somente no sul da Província do Ceará. A referida revolta foi sufocada e seus lideres presos. Paulino Nogueira diz que Padre Gonçalo Mororó nada fez por aqueles que seriam seus companheiros da Revolução de 1824, mesmo tendo recebido uma carta de José Martiniano que se encontrava preso, juntamente com sua mãe, Barbara de Alencar, e seus irmãos; talvez não tenha dado a atenção que merecia a carta de José Martiniano, porém João Brígido relata que Padre Gonçalo intercedeu sim a favor dos presos junto ao governador, tendo o governador Sampaio, alegando ordens superiores, para justificar seu gesto, mandado melhorar a comida e distribuir roupas. Precisamos ter cuidado ao julgarmos o comportamento do Padre Mororó, que em 1817 foi contra a revolta republicana daquela época, e em 1824 participou, sendo um dos principais lideres da revolta conhecida como Confederação do Equador, temos que levar em conta a instabilidade política e ideológica daquela época, e também que em 1817 ele era como já foi dito, amigo e colaborado do Governador do Estado do Ceará, o Governado Sampaio. O Padre Mororó abraçava com garra e determinação tudo o que fazia, por isto e que mesmo trazendo no seu intimo influências iluministas desde os tempos de seminário e simpatia pelos ideais republicanos, através da leitura do jornal Correio Brasiliense, ele foi leal ao regime Imperial de Dom Pedro I e ao governador Sampaio, pois na ocasião fazia parte do referido governo. Vejamos o que João Alfredo diz a respeito dos posicionamentos do Padre Mororó por ocasião das revoltas de 1817 e 1824: A verdade é que o Pe. Gonçalo, homem de temperamento arrebatado, ao dedicar-se a uma coisa, o fazia com grande entusiasmo, sem discussões, sem concessões. De sorte que, ao se filiar ao Absolutismo, à tradição despótica, repugnava-lhe a postura liberal, e ainda mais a sediciosa, defendendo castigo para os que a abraçassem. Conhecida a sua dedicação ao Absolutismo real, emprestando-lhe o melhor de seu talento, de sua afeição. Do mesmo modo que o fizera ao perfilhar o ideal liberal-republicano, indo até o extremo sacrifício. ............................................................. Vale dizer: a coerência de atitudes do inconfidente-mártir não deve ficar sujeita a juízos apressados, comprometendo-a. Principalmente quando se trata de personalidade que inscreve o seu desempenho histórico sob a égide do desassombro, fazendo transparecer em cada um de seus atos, de seus gestos, a marca da identidade ideológica. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p's. 50 e 52); O Padre Mororó endereçou carta ao Governador Sampaio denunciando o ouvidor João Antônio Rodrigues Carvalho, esta denuncia lhe trouxe prestigio, e com isto ele conseguiu a nomeação de seu cunhado, Francisco José Ximenes Aragão, para o cargo de escrivão da comarca de Quixeramobim e a sua própria para professor de gramática Latina na Vila Viçosa Real. O cargo de professor ele jamais assumiu alegando a decadência daquela Vila (Montenegro, 2004, p. 32). Em vez de assumir o cargo de professor de gramática Latina em Viçosa, preferiu pedir transferência para Aracati, conseguido nomeação em 17 de Agosto de 1818. Em Aracati Padre Mororó produziu um importante estudo sobre a carnaúba, demonstrando seu grande conhecimento e interesse sobre Botânica. Uma das matérias ensinadas no seminário de Olinda era Botânica, e o Padre Mororó usando os seus conhecimentos sobre esta matéria fez um estudo sobre a Carnaúba, árvore símbolo do Estado do Ceará. Da Carnaúba tudo se aproveita, sua cera constituiu-se por muitos anos, um importante item das exportações do Estado do Ceará. O Padre Mororó fez este estudo seguindo doutrinas iluministas adotadas por Marquês de Pombal, e que eram ensinadas no seminário de Olinda, e querendo contribuir, fez este estudo sobre as riquezas naturais de seu estado e de seu país. Há quem diga que este estudo foi feito em Quixeramobim, outros que foi em Aracati, quem sabe tenha iniciado em Quixeramobim e concluído em Aracati O Padre Mororó exerceu também a função de professor de Latim na Vila de Aracati. Em 1820 o governador Sampaio deixou o cargo e assumiu Francisco Alberto Rubim. PADRE MORORÓ, DE 1821 ATÉ O INÍCIO DA CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR Padre Mororó foi demitido do cargo de professor de Gramática Latina no ano de 1821, portanto após o Governador Sampaio ter sido substituído no governo do Estado. Em 1821, Padre Mororó consegue transferência para Vila Nova D' El Rei, hoje Guaraciaba, lá se encontrou com o Padre Manuel Pacheco Pimentel, aquele que teve influência, como já foi dito, na criação da freguesia de Santa Quitéria, sendo favorável a princípio, e depois colocou objeções. Vejamos o que consta no livro Santa Quitéria – História: Os moradores reunidos em assembléia elegeram como representante o Sr. Manuel do Vale Porto, o qual deveria levar às autoridades competentes a reivindicação do desmembramento da Paróquia de Sobral e da de São Gonçalo da Serra dos Cocos para a criação da Paróquia de Santa Quitéria. ................... tendo como avalista o Padre Manuel Pacheco, Vigário da Freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos. ................... A freguesia de Sobral não concordava em ceder parte de seu território e a freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos demonstrou simpatia, mas ao mesmo tempo não queria diminui a sua área de domínio. (MORORÓ. Antônio Mauro Paiva, 1ª Ed. Santa Quitéria-CE, Artegráfica, 2006, p.140. Padre Mororó retorna a Quixeramobim em 1821. Padre Mororó, antes de retornar a Quixeramobim, reside também em Aracati e Guaraciaba. Sobre sua atuação em Quixeramobim, Montenegro relata: “Nessa vila inicia-se uma nova fase de sua vida: declara-se um político aberto às mudanças, convertido ao constitucionalismo, impulsionado pelas idéias liberais. Passava-se da submissão fácil às autoridades constituídas a atitudes libertárias”. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004). Ainda em 1821, Padre Mororó, em Quixeramobim, resolve entrar na política local e elegeu-se vereador. Lá, envolve-se em umas rinchas, em desuniões, e denúncias; por estes motivos foi chamado a Recife para dar explicações, suas explicações foram aceitas e ele volta vitorioso. Em Recife mantém contato com Frei Caneca, seu colega de seminário, e com outros simpatizantes do modelo de governo republicano e que alimentavam o sonho de um Brasil, em breve, tornar-se uma Republica Liberal. A ida de Padre Mororó à Recife, e seu contato com Frei Caneca, fez com que as ideias liberais aflorassem em seu íntimo com todas as forças. Isto fez com que ele proclamasse a Republica de Quixeramobim, como vamos ver mais adiante. Dia 7 de setembro de 1822 D. Pedro I proclamou a independência do Brasil. Aqui no Ceará tropas comandadas por Figueiras vão ao Maranhão, eliminar focos de revoltosos que combatiam contra a independência. Figueira volta vitorioso. O Padre Mororó prestigiado por ter apoiado a Independência do Brasil, determinou a prisão do Ouvidor Lagos, apoiado pela Câmara de Crato, isto aconteceu em 1822. Em 1823 D. Pedro I instala uma constituinte para escreve a Constituição do Brasil Independente; como os constituintes contrariaram D. Pedro I, retirando-lhe alguns poderes, em 31 de maio de 1823 D. Pedro I declara sobre a Constituinte do Brasil, com tom de ameaças: “só aceito Carta se for digna de mim”. Em 12 de novembro de 1823 D. Pedro I dissolve a 1ª constituinte brasileira, instalada por Ele próprio. Em 25 de março de 1824, D. Pedro I outorga sua Constituição, isto traz revoltas e frustrações para os que queriam um Brasil com direitos iguais e com divisão de poderes. Prisões e deportações aconteceram. Ao sair do prédio, talvez sede de um órgão importante do governo, Antônio Carlos de Andrada tira o chapéu com ironia para “sua majestade, o canhão”. Em 2 de julho de 1824, Manuel Pais de Andrade, Presidente da Província de Pernambuco, se rebelou, e lançou uma proclamação denunciando o despotismo do Sultão D. Pedro I e propondo um Governo constitucional republicano e federalista que garantisse a liberdade ao povo; proclama criada a Confederação do Equador, que tinha, como finalidade separar o Nordeste do restante do Brasil e formar uma republica liberal, que seria chamada de Confederação do Equador. Os revoltosos de Pernambuco tinham como lideres além do Governador Manuel Paz de Andrade, Frei Caneca, amigo e colega de seminário do Padre Mororó, e outros. No Ceará a noticia da dissolução da Assembléia Constituinte, chegou através do diácono José Martiniano de Alencar, o referido diácono era naquela época estudante do seminário de Olinda. PADRE MORORÓ, SUA ATUAÇÃO DURANTE Á CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR No decorrer do tempo houve mudanças, no pensamento e no agir do Padre Mororó. Consta no Diário do Nordeste, 1º de abril de 2004, que provavelmente essas mudanças, ou seja, a sua adesão aos ideais libertários aconteceu com a leitura do Correio Brasiliense, Jornal liberal editado em Londres. Compreende-se a mudança de posição do Padre Mororó, de membro do governo do governador Sampaio para integra-se aos revolucionários da Confederação do Equador pela instabilidade política da época que proporcionava passa de um lado para o outro e porque ele, Padre Mororó, já vinha sofrendo influência política de Hipólito José da Costa, como já foi dito acima, Hipólito José da Costa foi o fundador do jornal Correio Brasiliense, que era impresso na Inglaterra – Londres e circulava desde 1808 pelo Nordeste Brasileiro ou pelo Brasil. O Padre Mororó recebia esse jornal e ele pregava ideias liberais, não ideias radicais aos quais aderiu a Confederação do Equador. Padre Mororó, inicialmente adepto do liberalismo moderado, conservador, isto lhe permitiu ser auxiliar do Governador Sampaio. Padre Mororó vai se envolvendo com os ideais republicanos, até torna-se um dos lideres da revolta, conhecida como Confederação do Equador. Em Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, a câmara reuniu-se, em grande sessão, á 9 de janeiro de 1824, para declarar decaída a dinastia Bragantina. Foi esse o inicio da revolta que tantas lágrimas e tanto sangue custou ao Ceará. O Padre Mororó (Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo Mororó) encontrava-se na pequena vila de Campo Maior, hoje Quixeramobim, no Ceará, quando recebeu noticias da deflagração da revolta em Pernambuco, onde seu colega de seminário, Frei Caneca, era um dos lideres, e também a decisão da Câmara em Fortaleza. Já tendo em seu intimo os ideais anteriormente referidos, e ao tomar conhecimento dos acontecidos reuniu a Câmara de vereadores daquela Vila e em sessão solene proclamou a republica de Quixeramobim, declarou “o Imperador deposto do trono e extinto a dinastia dos Braganças”, declarou ainda D. Pedro I um traidor, por ter dissolvido a constituinte, e por ter outorgado a sua constituição. Este ato aconteceu em 19 janeiro de 1824. Na seção acima ficou determinado que de imediato fosse constituído um governo Republicano para substitui o existente. A histórica seção que formava um governo republicano também previu o envio de comissões a outras vilas com a finalidade de promover reuniões com o mesmo significado, tendo estas comissões conseguido êxito, e o movimento logo se espalhou por toda Província. A respeito deste assunto, Domingos Pascoal, relata o seguinte: O motivo daquela histórica sessão foi a grande traição cometida pelo imperador, que dissolveu, em novembro de 1823, a Assembléia Geral Legislativa e Constituinte que ele mesmo houvera instalado para escrever a primeira Constituição do Brasil, em maio do ano de 1823. Tudo isso aconteceu em 1824, 65 anos antes da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, sete meses antes da Confederação do Equador, iniciada em 26 de agosto de 1824. (PASCOAL, Domingos: Execução de Pe. Mororó ocorreu há 183 anos. Diário do Nordeste, Fortaleza, 3 de mai de 2008. Caderno Regional, p.2) A Confederação do Equador não teve inicio em 26 de agosto de 1824, como Domingos Pascoal afirma, pois em 2 de julho do mesmo ano Pais de Andrade, Governador de Pernambuco, proclama criada a Confederação do Equador, e em 9 de janeiro de 1824 a Câmara reuniu-se Fortaleza para declarar decaída a dinastia Bragantina, e ainda em Quixeramobim, em 19 janeiro de 1824, Padre Mororó quando recebeu noticias da deflagração da revolta em Pernambuco e também a decisão da Câmara em Fortaleza, reuniu a Câmara de vereadores daquela Vila e em sessão solene proclamou a republica de Quixeramobim. Por tudo isto a Confederação do Equador não teve inicio em agosto de 1824, mas em janeiro do mesmo ano, ou até antes. Em 26 de agosto de 1824 foi a data em que Tristão Gonçalves foi aclamado presidente da província do Ceará e não o inicio da confederação do equador. Participaram do movimento no Ceará: Bárbara de Alencar e seus filhos, José Martiniano e Tristão Gonçalves, estes de Crateús, Padre Mororó de Santa Quitéria, e de Sergipe, da localidade de Santo Amaro das Brotas, Pereira Filgueiras e outros. O ato de D. Pedro I, em 12 de novembro de 1823, de dissolver a 1ª constituinte brasileira, como Domingos Pascoal relata, constituinte instalada por Ele, e em 25 de março de 1824, o mesmo D. Pedro I outorga sua Constituição, isto traz revoltas e frustrações para os que queriam um Brasil com direitos iguais e com divisão de poderes, por tanto quase 2 anos após Independência do Brasil, acontecida em 7 de setembro de 1822. Por estes motivos a Confederação do Equador estourou, em Pernambuco em 2 de julho de 1824, por tanto poucos meses após D. Pedro I outorgar sua Constituição. A respeito dos assuntos acima tratados, Domingo Pascual, diz o seguinte: A Confederação do Equador, o mais significativo movimento autonomista e republicano no Brasil, no início do século XIX, foi causado pelo descontentamento que a dissolução da Assembleia Constituinte de 1823, e a outorga da Constituição de 1824, por D. Pedro I. Isto provocou, no Nordeste, u m a in s at isfa çã o gera l......................... A câmara da Vila de Campo Maior de Quixeramobim, numa memorável e heróica sessão, acontecida no dia 19 de janeiro de 1824, proclamou a primeira Republica do Brasil, quebrando , então, todos os laços que havia com a realeza, acusando, inclusive, o imperador de traídor da Pátria e declarando-o e toda a sua descendência decaídos dos direitos ao trono. Determinou também que de imediato se organizasse um governo republicano para, o quanto antes, substituir o Governo provisório existente na Capital e que ainda fora nomeado pelo usurpador deposto. Essa histórica sessão deu início ao movimento libertário que tantos sacrifícios custaram aos nossos conterrâneos. (PASCOAL, Domingos: Execução de Pe. Mororó ocorreu há 183 anos. Diário do Nordeste, Fortaleza, 3 de mai de 2008. Caderno Regional, p.2). Também Segundo, Domingo Pascoal (Diário do Nordeste, Caderno Regional 3 do maio de 2008) os integrantes desse movimento escondiam-se usando apelidos como: Alecrim, Anta, Araripe, Aroeira, Baraúna, Beija-Flor, Bolão, Carapinima, Crueira, Ibiapina, Jaguaribe, Jucás, Manjericão, Mororó, Sucupira, Oiticica, etc. A prisão do Ouvidor Lagos, as dificuldades para recruta pessoas destinadas à libertação de Caixias no Maranhão, de tal modo que já havia em 1824 fatos anteriores ao ato liderado pelo Padre Mororó que resultou na declaração na câmara de Quixeramobim. Vejamos o que Montenegro diz sobre o assunto: De sorte que em 1824, já havia enorme soma de fatos antecedentes do movimento encetado pela Câmara de Quixeramobim, sob a liderança do Padre Mororó. A l a st ro u - s e p e l a p ro v í n c i a o s u r to contestatório ao Imperador. As Câmaras se articularam, auxiliando a organização de uma República. Pereira Filgueiras, comandante das tropas vitoriosas em Caixias, de regresso se colocou à frente das forças alinhadas em prol da causa nacional. O Padre Mororó, a esta altura, cumpre liderança destacada no movimento, a ele se dedicando com ardor e combatividade. No Icó e, depois, no Crato, integrando Comissão da Câmara, trata daquela organização. As Câmaras dessas vilas aderem sem dificuldades ao movimento que cresce e se alastra pela província. Com pouco mais, seriam as Câmaras de Aracati e de Russas. Ele já tem á sua disposição Filgueiras, que está no Crato, de volta de Caxias, com o exército emancipador. Tristão Gonçalves, que exercia forte ascendência sobre Filgueiras, e que, desde o governo provisório do Icó, vinha promovendo a eclosão de revoltas políticas, de temperamento exaltado, pouco inclinado à avaliação das conseqüências de atitudes como essa (a de alteração violenta de uma ordem pública de acentuadas tradições), não hesitou em acatar a proposta de revolução. Ademais, ele se achava terrivelmente excitado contra o governo imperial, em virtude de carta que recebera de seu irmão, o Pe. José Martiniano de Alencar, que se inclina entre outros deputados descontentes, a resistir ao Monarca, declarando-o publicamente nas andanças que empreendia. Nesse justo momento, “o Padre Gonçalo, à imitação de outros, substitui o seu cognome – Melo – pelo de Mororó, planta cearense”, trazia significado de adesão a causa da Independência. (Brígido, 1969, p. 371-373) Ele, juntamente com Tristão, desempenhava o papel de mentor do movimento libertário. Os dois, praticamente, decidem o rumo que o movimento tomaria. Depois de tomarem as decisões mais importantes, ambos se separem. Tristão partiu com Filgueiras para Fortaleza e o Padre Mororó retorna a Quixeramobim, pondo-se na expectativa dos acontecimentos. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p.'s. 38-40) Após os acontecimentos iniciais, o Padre Mororó, que estava em Quixeramobim, tenta recuar depois de antever a impossibilidade de sucesso do movimento. Sendo um homem inteligente previu, antes dos seus companheiros que o movimento estava desorganizado e com total impossibilidade de sucesso e tudo indica consciente que o movimento seria derrotado, resolveu afastar-se do mesmo. O movimento demonstrava também desorganização, falta de estrutura, injustiças, briga entre famílias, atitudes intempestivas de Tristão como mandar saquear as fazendas de seu próprio pai, por ele ter se negado aderir ao movimento, grande possibilidade de fracasso, falta apoio popular, e outros desmandos, enfraquecendo os ideais da revolução. Tudo isto deve ter influenciado na decisão tomada pelo Padre Mororó de tentar afastar-se do movimento. Porém Tristão Gonçalves, que tinha tomado a frente do movimento, pressionou o querendo que ele fosse para a Capital e se integrasse a direção do movimento, para assumir, inicialmente, a função de Redator Chefe do Diário do Governo do Ceará, primeiro jornal impresso no Ceará. No inicio Padre Mororó não aceitou a convocação de Tristão para deixar Quixeramobim e assumir funções ligadas ao Conselho Revolucionário. Respondeu a Tristão que agora sua missão era cuidar de suas capelas. Tristão sabia das convicções republicanas de Padre Mororó e também do seu valor, por isto o queria fazendo parte da direção do Movimento, o ameaçou, dizendo que não estava convidando, e sim convocando, As ameaças eram para valer, Tristão estava decidido manter-se na luta e não queria ficar só. Aquele que deixasse o barco poderia pagar caro. Montenegro relata o seguinte a respeito do assunto acima: “Então estava persuadido de que a República do Equador no Ceará, como em outras províncias do Nordeste, ruiria por terra, logo que acionada a Contra-Revolução, deflagrado o movimento das tropas imperiais”. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará). Talvez temendo estas ameaças, Padre Mororó resolve integra-se novamente aos revoltosos, e também, por ver amigos como Frei Caneca, e seus companheiros, lá em Pernambuco continuando com o movimento, acreditando e enfrentando todas as dificuldades, a atitude de Frei Caneca, que tinha sido seu companheiro de seminário, e que mesmo sentindo o fracasso do movimento, permanecia firme, acreditando, provavelmente que, no mínimo, plantaria uma semente republicana. Naquela época as desordens eram generalizadas, a população vivia desprotegida, imagine o próprio Tristão Gonçalves permitindo ou até mesmo mandando saquear fazendas, isto também deve ter influenciado ao Padre Mororó ter tentado afastar-se dos revoltosos. João Alfredo Montenegro relata que João Brigido referiu-se a esse assunto nos seguintes termos: Isso sustenta João Brigido, influiu por demais na decisão que tomou de abandona a trincheira revolucionária, recolhendo-se aos misteres sacerdotais. Imagine-se o quanto não pesaria no espírito de homem da elite do tempo, e muito negativamente, o espetáculo da desordem generalizada, com a sequência de crimes de todas as espécies, deixando a população completamente sem segurança, à mercê de supostos vândalos ou bandidos, que se a p ro ve i ta r i a m d a h o ra p a ra ata ca re m propriedades, ameaçando a intimidade dos lares, propiciando o advento de um estado quase permanente de sublevação da ordem pública, numa região interiorana, já por si desprovida do mínimo de proteção oficial. Isso iria perdura até depois da Revolução de 1832 no Ceará. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, P's. 42 e 43). O povo do um modo geral desejava um regime democrático, desejava liberta-se do governo Monarquio-absolutista, onde à-vontade do Rei, no caso, Dom Pedro I, era lei, porém temia que a falta de segurança, as desordens aumentassem, ou permanecesse, e também o respeito à legalidade, e ainda acreditavam que quando a Contra-Revolução derrotasse os rebeldes, e tomassem às rédeas da situação a ordem iria voltar, a segurança iria surgir, acredito que esta era uma das dificuldades de adesão aos revoltosos Aqueles que desejavam ver o progresso de nosso País valorizavam as pessoas cultas e inteligentes como Padre Mororó. Tristão Gonçalves, líder da Confederação do Equador no Ceará, não era eloquente nos seus discursos, por este motivo entende-se sua insistência para que o Padre Mororó assumisse cargos na direção do movimento. O Barão de Studart assim se refere a Tristão Gonçalves: Esse mesmo Tristão – diz um seu biógrafose bem que homem inteligente era sobremaneira enfático, e o seu discurso recaía para a palavra ôca e sem significação. Referindo os mais graves acontecimentos de sua campanha, em vez de adstringir-se a uma maneira grave e séria, como lhe convinha na qualidade de Chefe sobre quem pesavam as mais tremendas responsabilidades, usava de uma linguagem sobrecarregada de tropos insignificantes, que não esclareciam senão que embaraçavam o pensamento. (STUDART, Guilherme, 1924b, p. 233). Padre Mororó volta para junto dos companheiros revolucionários e assume, inicialmente, a função de Redator Chefe do Diário do Ceará, isto em 1º de abril de 1824, e em 22 de maio do mesmo ano assume o cargo de Secretário do Conselho Revolucionário, que tinha como presidente Tristão Gonçalves de Alencar, mais tarde Araripe. Tristão Gonçalves em 26 de agosto de 1824 foi aclamado pelos rebeldes republicanos como Presidente da Província do Ceará. Coube ao Padre Mororó a honra de ser o secretário da sessão histórica, realizada na mesma data, que Tristão foi aclamado presidente e que foi chamada de grande Conselho, em que foram proclamadas a república do Ceará e sua total adesão a Confederação do Equador. A reação do Governo Imperial não tardou, e foi implacável, o movimento foi debelado. Em 17 de setembro de 1824 a Confederação do Equador é derrotada em Pernambuco, nesta data o Exército Imperial toma o último reduto republicano em Recife. No Ceará a derrota da Confederação do Equador aconteceu em 31 de outubro, também de 1824, quando seu líder maior Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, é morto em combate na localidade de Santa Rosa, hoje Inundada pelas águas do açude Castanhão. No ano de 1824, no ano da rebelião, o Padre Mororó tornou-se, como já foi dito, redator chefe do Diário do Governo do Ceará, que era o órgão oficial da República Proclamada, isso aconteceu em 1º de abril de 1824. No dia 22 de maio do mesmo ano. Padre Mororó deixa o cargo de redator para assumir a função de secretario do Conselho Revolucionário da Confederação do Equador, por tanto ele só passou um mês e 22 dias na função de Redator Chefe do Diário do Governo do Ceará. A sua saída foi anunciada por ele próprio no referido Diário e em forma de aviso. Vejamos os termos do citado aviso: Enquanto durar no Emprego de Secretário do Governo desta Província, demito da Redação do Diário, que será ocupada por pessoa capaz de desempenhar esta laboriosa tarefa. Gonçalo Inácio Melo de Albuquerque Mororó. No Museu do Ceará existe um exemplar do 1º numero do Diário do Governo do Ceará, lançado em 1º de abril de 1824, que tinha como redator Padre Mororó. Esse exemplar de jornal foi doado ao Museu do Ceará pela Família do Historiador Ismael Pordeus. É um jornal raríssimo porque os jornais Republicanos daquela época foram quase todos destruídos pelos contra-revolucionários. As forças federais derrotaram rapidamente os rebeldes devido a vários motivos, entre eles os seguintes: superioridade militar das tropas do governo federal, a pouca participação popular, a maioria da população embora insatisfeita com o governo central, preferia a legalidade, e por que as principais lideranças foram presas ou mortas. Na contra revolução do Crato, José Felix abandona o movimento deixando os revoltosos, e é proclamada de novo a Monarquia. José Felix assumiu a presidência da Província, como substituto de Tristão Gonçalves. Vejamos o que João Alfredo Montenegro fala sobre o que levou os revoltosos republicanos de 1824 serem derrotados rapidamente: Em seguida, vêm os desastres que são bem conhecidos. A derrota da Santa Rosa, “o bloqueio, a dispersão das forças republicanas em Jaguaribe, a contra-revolução do Crato, a deserção de José Félix, o furor da população, os assassinatos, a declaração dos amigos, finalmente um esmorecimento geral, tudo provou que não havia mais salvação para a República e para os republicanos”, escreve dramaticamente João Brígido. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, p's. 43 e 44). A Confederação do Equador foi esmagada em Pernambuco em 17 de setembro de 1824, depois de meses de lutas, depois que o Exército Imperial toma o último reduto republicano, em Recife. No Ceará a derrota da Confederação do Equador aconteceu em 31 de outubro de 1824, quando seu líder maior, Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, é morto em combate na localidade de Santa Rosa, onde foi construído um monumento, hoje enlodado pelas águas do açude Castanhão. Os revoltosos dispersaram-se, tentando escapar da prisão, Padre Mororó escondeu-se em Baturité, porém é preso, quando já se encontrava em Fortaleza, e é mandado, juntamente com outros companheiros para o Rio de Janeiro. Padre Mororó, antes de viaja para o Rio de Janeiro, como prisioneiro, publicou no Diário do Governo do Ceará, em 17 de novembro de 1824, uma despedida em forma de aviso, na qual o historiador Eusébio de Souza diz que o conteúdo denúncia “grave perturbação de espírito”, porém não vejo assim, noto certo arrependimento dos seus atos políticos, através dos quais cometeu erros. Imagine uma pessoa presa e sendo encaminhada para um julgamento que tinha certeza que seria severo, e que dificilmente escaparia da pena máxima, só poderia estar preocupado e com dificuldade de concatenar as ideias, e ainda escreveu este aviso no navio, onde se encontrava preso, e alguém o publicou. Será que foi publicado exatamente como foi escrito? O Diário do Governo do Ceará estava na ocasião sob o controle de seus adversários. Mesmo preso, Padre Mororó, assistia seus companheiros, confortando os, tanta espiritual como psicologicamente. Estas atitudes não são de quem estava perturbado espiritualmente. Vejamos a declaração do Padre Mororó, segundo Eusébio de Souza: Declara que naquele momento de partida, beija as mãos dos amigos, rogando-lhes muito não perdoarem ás suas faltas para se emenda de seus erros políticos, tão somente esperando do publico imparcial verdade e justiça. (Souza, 1922, p. 82) O Diário do Nordeste relata: Na capital, o imperador exigiu a pena máxima para os revoltosos, fato confirmado por ofício em que se lê: ”Recomendo a V. Exa. Esse malvado Padre Gonçalo Inácio Albuquerque Mororó, o redator das célebres folhas do Ceará que tão descaradamente se afoita sempre a insultar a sagrada pessoa de S. M o Imperador, aleivosamente em seus péssimos escritos. Esse demônio foi o autor da República de Quixeramobim, e de sua abominável e execrável ata”. Inicialmente condenado à forca, a falta de um carrasco disposto a executar a pena fez com que Padre Mororó fosse fuzilado, a 30 de abril de 1825, no Passeio Público, juntamente com o coronel Pessoa Anta. “Caminha sobranceira para o suplício. Recusa a venda aos olhos e aponta o lugar do coração, para o tiro que o prostra sem vida”, descreveu João Brígido. Na vida do redator-chefe do primeiro jornal editado no Ceará; (MOURA, Dalwton, Diário do Nordeste, Fortaleza, 1º de abril de 2004, caderno 3, p.1º). O Padre Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo quando se envolveu na revolta da Confederação do Equador, para manter-se no anonimato, passou a usar o agnome de Mororó, que é uma planta do semi-árido nordestino. Depois de um mês e 22 dias Padre Mororó deixa a função que ocupava no Diário do Governo do Ceará para assumir a função de secretario do conselho Revolucionário, pois assumiu a função de redator em primeiro de abril de 1824 e desligou se da mesma em 22 de maio do mesmo ano. Pública no jornal o seu desligamento da função de redator, esta publicação é feita em forma de aviso e o seu conteúdo é o seguinte: Enquanto durar no Emprego de Secretário do Governo desta Província, demito da Redação do Diário, que será ocupada por pessoa capaz de desempenhar esta laboriosa tarefa. Gonçalo Inácio Melo de Albuquerque Mororó. Padre Mororó, assume o cargo de secretario do conselho revolucionário, em 26 de agosto de 1824 ,o referido conselho foi denominado de Grande Conselho na qual Tristão Gonçalves é aclamado presidente. A contra revolução começa a organizar-se, e a agir. Bloqueia os portos. Os revoltosos do Crato são derrotados. Tristão Gonçalves é morto em combate, como já foi dito, em Santa Rosa, essa localidade hoje se encontra coberta pelas águas do açude Castanhão. José Felix abandona o grupo e negocia com o Almirante Cochrane uma anistia, que foi feita em forma de Proclamação, o almirante assinou a dita anistia em nome do Imperador, anistia esta que não aconteceu, e nem podia acontecer, porque D. Pedro I exigiu pena de morte para os lideres da Revolta. Tristão continuou o movimento, e lutou até a morte, em 31 de outubro de 1824, data que é considerada como a derrota da Confederação do Equador no Ceará. Os lideres despeçam-se. Padre Mororó refugia-se em Baturité, depois é preso em Fortaleza, é colocado em um navio, juntamente com companheiros que seriam levados para o Rio de Janeiro, para serem julgados. Padre Mororó demonstrando fortaleza e autocontrole, procurava encorajar os outros presos e assisti-los psicologicamente. Antes de viajar para o Rio de Janeiro, Padre Mororó fez uma despedida, a qual é publicando no Diário do Governo do Ceará. Paulino Nogueira e Eusébio de Souza ver nessa despedida grave perturbação de espírito, porém não veja assim, acha que não houve perturbação de espírito.O motivo de minha opinião já expliquei anteriormente. Abaixo o conteúdo da despedida: Declaro que naquele momento de partida, beijo as mãos dos amigos, rogando-lhes muito não perdoarem ás suas faltas para se emenda de seus erros políticos, tão somente esperando do publico imparcial verdade e justiça. FUZILAMENTO DE PADRE MORORÓ A maioria dos lideres da Confederação do Equador foram condenados. Manuel Carvalho Pais de Andrade, Presidente da Província de Pernambuco, e outros se salvaram numa fragata Inglesa. Com a derrota dos revoltosos da Confederação do Equador no Ceará, os lideres revolucionários dispensaram-se, Tristão Gonçalves é morto lutando, Padre Mororó esconde-se em Baturité, e depois é preso em Fortaleza. O Padre Mororó foi preso em Fortaleza na Rua Sena Madureira, que naquela época tinha o nome de Rua dos Mercadores. Sobrado onde foi preso o Padre Mororó (pintura de J.Carvalho,1935-acervo do Museu do Ceará) O padre Mororó tornou-se mártir devido as intransigência de D. Pedro I. Veio à ordem de prisão, e ele não pode evitar, não pode empreender fuga. Padre Mororó foi condenado à morte, juntamente com outros companheiros revolucionários, que foram os seguintes: Pessoa Anta, Azevedo Bolão, Carapinima e Padre Ibiapina. Durante a prisão, Padre Mororó, deu demonstração de fortaleza, assistiu religiosa e moralmente aos seus companheiros de cárcere, procurava confortá-los e animá-los. Padre Mororó, foi preso, juntamente com outros companheiros, e em seguida levado para um navio que os conduziu ao Rio de Janeiro, onde foram julgados por uma comissão Militar, o Imperador Dom Pedro I, que tinha outorgado sua constituição em 25 de março de 1824, a qual lhe garantia plenos poderes, por isto, Dom Pedro, ou seu auxiliares, exigiram que os revoltosos fossem condenados a morte. João Alfredo Montenegro divulga trecho de um oficio, dirigido ao Ministro Clementino Ferreira França, no qual é solicitada a condenação de Padre Mororó, abaixo o documento referido: Recomendo a V. Exa. esse malvado Pe. Gonçalo Inácio Albuquerque Mororó, o redator das celebres folhas do Ceará que tão descaradamente se afoitou sempre a insultar a sagrada pessoa de S. M. o Imperador; aleivosamente em seus péssimos escritos. Este demônio foi o autor da República de Quixeramobim, e de sua abominável e execrada ata. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p. 44). Noto-se que o Padre Mororó era acusado de faltas graves e consequentemente era difícil escapar da pena máxima, realmente não escapou e foi condenado a morte. O Padre Mororó era acusado formalmente, após a conclusão do processo a que foi submetido, de três crimes: 1) de ter proclamado a republica em Quixeramobim; 2) de ter servido de secretário do Presidente da Província do Ceará, Tenente- Coronel Tristão Gonçalves Araripe; 3) finalmente, de ter sido redator do Diário do Governo do Ceará, órgão dos Republicanos. (Nogueira, 1894, p.18); Apôs a condenação, Padre Mororó é mandado de volta para o Ceará, a fim de cumprir a pena na presença de seus conterrâneos, para que servisse de exemplo para os demais. A pena de Padre Mororó deveria ser morte por enforcamento, era o que previa o código de Processo Criminal do Império. Para que se cumprisse o que previa o código de Processo Criminal do Império, foi alertado, através de oficio, por Conrado Jacob Niemeyer, chefe da Comissão Militar encarregada de processar e condenar os revoltosos, ao Presidente da Província do Ceará, Jose Félix, que seria necessário mandar procurar um carrasco para cumprir a difícil missão de enforcar o Padre Mororó e o Coronel Pessoa Anta. A referida tarefa deveria caber a um condenado da justiça, ou a um negro, ou a um açougueiro, ou ainda a um esfolador de pele (aquele que tira couro dos animais no açougue). Não houve quem quisesse exercer a função de carrasco, o chefe da Comissão Militar encarregada de processar os revoltosos, Conrado Jacob Niemayer, temeroso que acontecesse o que havia ocorrido na execução de Frei Caneca, que o carrasco recusou-se a enforcá-lo, decidiu verbalmente pelo fuzilamento de ambos, Padre Mororó e Coronel Pessoa Anta. (Montenegro, 2004, p. 73); Decidido que o Padre Mororó, e o Coronel Pessoa Anta seriam fuzilados, foi marcado a execução. Montenegro assim se expressa sobre o assunto: Em seguida procedeu-se a intimação da sentença, esta alterada em virtude daquela decisão, precisamente a 25 de abril, quando ambos os condenados “subiram para o oratório, no andar superior do quartel da 1ª linha, servindo-lhes de confessores d'agonia os Padres Antônio de Castro e Silva (depois Cônego) e Antônio Joaquim do Nascimento Beleza”. Cumpriu-se o ritual de praxe: prévia encomenda de corpo presente, missa, degradação das honras militares, formação de aparato militar, fuzilamento. O primeiro a ser arcabuzado foi o Padre Mororó que, nesses últimos momentos, não deixando baquear a fortaleza de que era possuidor, as revelou de extraordinária grandeza, sabendo conciliar a humildade com a coragem, conferindo a esta a nota de profunda coerência e de autenticidade. (Nogueira, 1894, p. 18) Causou admiração e enternecimento a quantos o assistiam no final de uma vida, que se caracterizou por rasgos apaixonados em prol do que considerava a causa justa. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, p. 73). O Padre Mororó, herói da Confederação do Equador, foi fuzilado em Fortaleza a 30 de abril de 1825, por ordem da “comissão Militar” que esmagou a “Confederação do Equador”, juntamente com seu companheiro revolucionário, o Coronel de Milícia João de Andrade Pessoa Anta. Foram mortos na Praça dos Mártires, que fica do lado norte do passeio publico, em Fortaleza. Consta no Diário do Nordeste o seguinte: Assim o historiador cearense João Alfredo de Sousa Montenegro narra, em “Padre Mororó – A Revolução Impressa”, os últimos dias do padre Gonçalo Inácio Loiola de Albuquerque Melo, que exatamente nos momentos de ápice da Confederação do Equador acrescentaria o agnome indígena pelo qual até hoje é lembrado. (MOURA, Dalwton. Diário do Nordeste, Fortaleza, 1º abr. 2004. Caderno 3, p.1). Veriato Correia, em uma de suas crônicas descreve como foi o fuzilamento de Padre Mororó, vejamos o que diz Veriato: Naquele dia 30 de abril de 1825 havia em Fortaleza um grande rumor de multidão emocionada. Ia ser executado, pelas tropas imperiais, o Padre Mororó. Na praça em que vai haver a execução, a multidão é tanta que, a custo, as tropas conseguem abrir passagem. Mororó é colocado na coluna da morte. Um soldado traz a venda para lhe por nos olhos, 'não', responde ele, 'eu quero ver como isto é'. Vem outro soldado para colocar-lhe sobre o coração a pequena roda de papel vermelho que vai servir de alvo. Detém a mão do soldado: 'não é necessário. Eu farei o alvo' e, cruzando as duas mãos sobre o peito, grita arrogantemente para as praças: 'Camaradas, o alvo é este'. E num tom de riso, como se aquilo fosse brincadeira diz: 'e vejam lá! Tiro certeiro que não me deixem sofrer muito. Segue Veriato, em seu relato: “Houve na multidão um instante cruel de ansiedade... A descarga estrondou. O Padre Mororó tombou sem vida. A seus pés tinham caído três dedos da mão que as balas deceparam”. (PASCOAL, Domingos: Execução de Pe. Mororó ocorreu há 183 anos. Diário do Nordeste, Fortaleza, 3 de mai de 2008. Caderno Regional, p.2). Sobre o fuzilamento de Padre Mororó, João Brigido diz o seguinte: “caminha sobranceiro para o suplicio. Recusa a venda aos olhos e aponta o lugar do coração, para o tiro que o prosta sem vida. (BRIGIDO, João, Padre Gonçalo Inácio Loiola Albuquerque Melo Mororó, Fortaleza, 1969. p's. 374383) Padre Mororó e sua execução (Foto: Denise Mustafa) As alamedas tranquilas do Passeio Público, em Fortaleza, guardam memórias de tempos heróicos em que mártires da história, como padre Mororó, foram mortos por lutarem por mais liberdade política. O Padre Sadoc diz o seguinte: 1825,30 DE MAIO (Sábado): Em Fortaleza, são fuzilados o Padre Mororó e o Cel. Pessoa Anta; mártires da Confederação do Equador. (ARAUJO, PE.Francisco Sadoc de, Cronologia Sobralense, Imprensa universitária-UVA-Sobral-Ceará, 1979) O Padre Sadoc enganou-se, pois o Padre Mororó foi executado em 30 de abril de 1825, uma 5ª feira. Padre Mororó possuía grande cultura e inteligência, preparou em pouco tempo duas proclamações para Tristão e Figueira que causam admiração e receberam elogios dos que ouviram, no Rio de Janeiro julgaram que a autoria dessas proclamações fossem de Frei Caneca. (Studart 1924b,p.233) .(Montenegro 2004,p. 67). Em 30 de abril de 1825, Padre Mororó e o Coronel João de Andrade de Pessoa Anta foram mortos por tiro de arcabuz, uma espécie de bacamarte. Os dois foram condenados a forca segundo o código de Processo Imperial, mas como não houve entre condenados da justiça, negros ou açougueiros quem aceitasse a missão de enforcá-los, o tipo de morte foi convertida para morte por fuzilamento. Quando se tratava de sacertodes ou pessoas importantes, normalmente não havia voluntários para executar o enforcamento e as normas em vigor previam que fosse um voluntário entre os condenados, negros ou açougueiros, já havia acontecido que o carrasco designado para executar Frei Caneca, recusouse, alegando respeito ao sacerdote. Zenilo Almado , colaborador do Diário do Nordeste assim relata a execução de Padre Mororó: Vestido na sua alve,indagaram-lhe qual seria seu último pedido a fazer; ele levantou o braço flexionado,colocou a mão direita sobre o peito para que a mira do fuzil e disse:Aqui!!! – tombando já agonizante.Caiu envolto nas ensangüentadas vestes , por tiro fatal ,compungindo a multidão que assistia aquele heróico e corajoso gesto,que enlutou nossa Fortaleza,cobrindo fenestro e penumbroso manto a todos quanto da noticia tomavam conhecimento.(ALMADA,Zenilo Passeio público.Diário do Nordeste ,Fortaleza,15 ago. 2010.Caderno de cultura p.1). Padre Mororó, mesmo na hora da morte, manteve-se com altivez e coragem, suas ultimas ações podem ser comparadas com as de São Lourenço que morreu queimado, e na hora da morte ainda fazia brincadeiras. São Lourenço foi queimado em uma espécie de grelha. Apos algum tempo que estava sendo torrado gritou para os carrascos. Pode virar que este lado já está assado. Onde foi que Padre Mororó e são Lourenço encontraram tanta força e serenidade, para na hora da morte enfrentá-la com coragem e até com alegria. São Lourenço foi sacrificado por propagar a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, e isto lhe dava alegria por está sendo morto por causa Dele. E Padre Mororó foi condenado por defender a liberdade, e isto também lhe dava a convicção de estar plantando a semente da Democracia, e entrando para História, como de fato aconteceu. O que foi feito dos restos mortais de Padre Mororó? Não encontrei nenhuma referência a esse respeito, provavelmente tenham sido sepultados em local desconhecido, para que não ficasse sendo visitado e cultuado, podendo assim, transforma-se em motivação para novas revoltas. O JORNAL “DIÁRIO DO GOVERNO DO CEARÁ”-PADRE MORORÓ SEU PRIMEIRO REDATOR Em 1816 já circulava no Ceará um jornalzinho manuscrito, consta que era escrito pelo próprio governador Sampaio, o governador Sampaio o chamava de folheto, diz Montenegro, 2004, p.75, “Tratava-se por certo, de algo parecido com jornal ou folha”. A partir de 1817 começaram a surgir pequenos jornais (folhas) no Nordeste, principalmente em Recife, que traziam as idéias da Revolução Francesa e difundiam os ideais de libertação nacional. Segundo Montenegro os folhetos escritos pelo governador Sampaio “são sinônimos de fascículos, espécie de periódico incorporado, com muitas paginas, de cunho predominantemente doutrinário, com propostas econômicas e políticas, as quais colidiam com a orientação oficial” (Montenegro, 2004, p.79); No período de governo Sampaio, consta que circulava aqui no Ceará, o jornal Correio Brasiliense, impresso em Londres e a Gazeta do Ceará (folheto manuscrito) redigida pelo próprio Sampaio, isto antes do Diário do Governo do Ceará, que teve sua primeira edição em 1º de abril de 1824. Barão de Studart diz sobre este assunto o seguinte: Lembrou-se de negar a propriedade do Diário no jornalismo cearense, chegando a essa conclusão por inferência de documentos do tempo do governador Manuel Inácio de Sampaio. Nada há de verdadeiro em tal opinião senão que realmente houver uma gazeta no tempo daquele notável homem de governo, mas essa não era impressa, redigia-a o próprio Sampaio, que a fazia circular; posso afirmálo, pois, que tal gazeta faz parte de meu arquivo. Chamava-se Gazeta do Ceará. (Studart, 1924a); O Diário do Governo do Ceará, oficialmente é considerado o primeiro jornal impresso no Ceará. Seu primeiro redator foi o Padre Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo Mororó, sua primeira edição foi em 1º de abril de 1824, foram mais ou menos uns duzentos exemplares, pois a população que lia jornal era muito pequena. Na primeira pagina desse primeiro número consta a ata da sessão que tratou da normalização da tipografia que deveria imprimir o referido jornal. As impressoras do Diário do Governo do Ceará vieram de Pernambuco, mandadas do governador Manuel Paes de Andrade. Os empregados do Diário do Governo do Ceará tinham salários pagos pelo erário público. Houve uma sessão do Governo Revolucionário do Ceará. Essa sessão tratou do corpo de funcionários da tipografia e quanto cada um deveria receber enquanto não produzisse rendimento. A tipografia era chamada de “tipografia nacional”, dando uma indicação que os revoltosos desejavam formar uma nação. Estabeleceu que o “imprensário” Francisco José Sales, que havia sido enviado pelo Presidente da província de Pernambuco, auxiliaria o tipógrafo e ensinaria o oficio aos jovens interessados, ganharia a quantia de trezentos mil réis, pagos pela Fazenda Nacional. Dois ajudantes de compositores, Felipe José Fernandes Lana e Urbano José do Espírito Santo, que deveriam receber cada um, cento e sessenta réis por dia, nos primeiros três meses, daí em diante seriam aumentados de acordo com seus desempenhos. Dois serventes receberiam duzentos reis por dia. Ao redator, Padre Mororó, “pessoa de instrução e conhecimentos” ficou estabelecido o ordenado de quatrocentos mil reis anuais. Esses pagamentos deveriam ser feitos pela Fazenda Publica e o produto de venda dos jornais e outros produtos deveriam ser recolhidos. José Bezerra de Albuquerque, comerciante em Fortaleza ficou encarregado da vendas e tinha o direito de 8% do produto da venda. O jornal era vendido ao preço de 20 ou 40 réis, conforme o espaço preenchido do papel. O preço do folheto ficou a cargo do “imprensário”. Ficou o redator autorizado a receber e publicar “composições e escritos, as memórias, lembranças e queixas de qualquer pessoa”. Essas matérias deveriam estar assinadas e reconhecidas. Foi previsto também um “gazeteiro” que tinha a função de receber mensalmente, a quantia correspondente a venda das folhas. Ficou estabelecido que o Diário do Governo do Ceará circulasse duas vezes por semana, as quartas e sábados e ficou estabelecido a data de 1º de abril para edição do primeiro número. Constava também nesse primeiro número um oficio - circular expedido pelo Supremo Conselho do Governo, formado pelo Padre Francisco Pinheiro Landim, por José Pereira Filgueiras, Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, Joaquim Felício Pinto d' Almeida e Castro e Miguel Antônio da Rocha. Esse oficio era datado de 31 de março de 1824 e a finalidade era informar que o governo passava a dispor de uma Tipografia Nacional, a qual tinha sido fornecida pelo Presidente da Província de Pernambuco, Manuel de Carvalho Pais de Andrade. O fornecimento da referida tipografia fazia parte da solidariedade e ajuda mutua que deveria existir entre as províncias formadoras da Confederação do Equador, que iriam constituir a nova nação. Pernambuco era como se fosse à capital, pois dela vinham às orientações e diretrizes para as outras províncias que faziam parte do movimento. A idéia de formar uma nova nação, provavelmente, fez com que a tipografia fosse chamada de Tipografia Nacional. O referido oficio afirmava que aquela doação “abre o caminho livre as nossas comodidades, e legítimos interessados; e é obraprima da liberdade do Brasil”. Naquela tipografia deveria ser impressas as mensagens libertarias, mensagens que divulgariam os ideais do movimento. Afirmava que o empreendimento custou caro e muito esforço. Foi dirigido a pessoas que ocupavam cargos públicos e também a particulares, que seriam possíveis assinantes, a assinatura anual custava 600 reis e era chamada de pensão anual. Previa que o redator Padre Mororó, deveria encaminhar um exemplar a cada assinante. Nesse mesmo número comunica o recebimento de um oficio vindo da Vila do Crato, onde constava o pensamento da Câmara daquela Vila, que desaprovava a dissolução da constituinte, e criticava a atitude daqueles que chamava de “Mandões” portugueses. Afirmava que queriam fazer dos Brasileiros novos escravos. Em resposta foi elogiado a atitude da Câmara de Crato, diz trata-se de um ato patriótico e os chamava de “briosos e denodados” e ainda faz votos que outras câmaras sigam o mesmo caminho. Estes foram os principais assuntos do primeiro número do Diário do Governo do Ceará, do qual o Padre Mororó era o redator; O Diário do Governo do Ceará foi o primeiro jornal cearense com impressão tipográfica, embora por volta de 1815, 1816 já circulavam jornais manuscritos, como a Gazeta do Ceará, que era redigida pelo próprio governador Sampaio. O jornal Diário do Governo do Ceará mostra que o Ceará teve participação ativa e importante na Confederação do Equador, e com certeza influenciou muitos a aderirem ao movimento. Imagine as dificuldades para imprimir um jornal naquele tempo. Uma tipografia, com certeza de difícil manuseio, e foi por isto que veio um técnico de Recife. Existe um exemplar desse jornal histórico na Biblioteca que leva o nome do quiteriense Menezes Pimentel. Sobre o primeiro jornal que circulou no Ceará, do qual o Padre Gonçalo (Mororó) foi o seu Redator-Chefe, o Diário do Nordeste diz o seguinte: Produzido com maquinário enviado de Pernambuco, pelos confederados, o Diário inaugurou oficialmente o jornalismo cearense, apesar de bem antes de 1º de abril de 1824 já circularem por aqui folhas rodadas em outras províncias e mesmo na Europa (o célebre Correio Brasiliense, de Hipólito da Costa) passa a circular em 1808, bem como gazetas manuscritas. O tema vale dizer, ainda inspira controvérsias. Em sua edição inaugural, datada de uma quinta-feira, o Diário do Governo do Ceará trazia, em seu formato aproximado ao de uma folha de ofício dobrada ao meio, a ata da sessão de estabelecimento da “tipografia nacional” confederada. O imprensário era Francisco José de Sales, também vindo de Pernambuco, para auxiliar os tipógrafos e ensinar o ofício aos jovens interessados. A cada um dos dois ajudantes de compositores, cabia um ordenado diário de 160,00 réis. Ao Padre Mororó, 400 mil réis anuais. Nas páginas dois e três uma circular destinada aos “amantes da pátria” e ao Senado explica a importância do envio de recursos para a conservação da impressora. Ainda á terceira página, há um ofício em que a Vila do Crato se associa á confederação do Equador. Uma manifestação aclamada na quarta e última página da edição, em que se lê: “Maldito seja o cearense que não propugnar pela liberdade de sua pátria”. Mesmo naquele contexto de dificuldade o jornal contava com um “representante comercial”, José Bezerra de Albuquerque, encarregado das vendas nas praças de Fortaleza. Havia também a previsão de matérias publicadas mediante pagamento, e até mesmo venda de assinaturas, pelo preço proposto de 600 réis anuais. O jornal, que circulava ás quartas e sábados, teve duas fases: a primeira intimamente ligada á Confederação do Equador; a segunda, com o restabelecimento da legalidade. Já em 22 de maio, porém o Padre Mororó comunica sua demissão da função de redator, instado que foi, por Tristão Gonçalves, a assumir a secretaria de governo: “Enquanto durar no Emprego de Secretário do Governo desta Província demito da Redação do Diário”. De acordo com João Alfredo Montenegro é impossível saber quem imediatamente substituiu o religioso na redação do primeiro jornal do Ceará. Certo é a importância fundamental da publicação para o ideário republicano: “A propagação dos interesses e da mensagem confederativa se sustentam na crença da eficácia da força da palavra, do discurso capaz de mover pessoas, de agilizar o comportamento delas em torno da grande causa”. (MOURA, Dalwton, Diário do Nordeste, Fortaleza, 1º de abril de 2004, caderno 3, p.3) O Diário do Nordeste de 1ª de abril de 2004 traz a respeito do Diário do governo do Ceará o seguinte: O Diário do Governo do Ceará, primeiro periódico a ser impresso em nossas terras, desafiando o poder e inaugurando oficialmente o jornalismo cearense. O jornal circulou pela primeira vez há exatos 180 anos, em 1° de abril de 1824- por coincidência, também uma quinta-feira. Uma historia agora recontada em “Padre Mororó – A revolução Impressa” biografia de autoria do historiador João Alfredo de Sousa Montenegro. Livro que será lançado logo mais, no Museu do Ceará. (Diário do Nordeste, Caderno 3, Fortaleza, 1° de abril de 2004, p.2). O Diário não podia deixar de combater ás ações contrarevolucionários. Com á vitoria da contra-revolução, Padre Mororó foi preso, como já foi dito, assim como outros também foram, entre eles, Francisco José Sales, que havia sido mandado pelo Governador de Pernambuco e que era “diretor dos trabalhos”, auxiliava o tipógrafo e ensinava aos jovens interessados no oficio. Assinava os artigos e documentos como o agnome de Jurubeba. Assinou, por exemplo, o termo de instalação do colégio para eleição dos deputados, a 28 de agosto (Studart, 1924ª, p's 64 e 65). Segundo Montenegro, a maior parte dos números do Diário do Governo do Ceará perdeu-se, e diz também que para isto deve ter contribuído a queima de documentos relativos á Confederação do Equador, os existentes encontram-se, em mãos de particulares ou em arquives e biblioteca de outros estados. De acordo com o Barão de Studart o número 8, de 22 de maio de 1824, encontra-se na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, setor de Obra Raras, e outro também no Rio de Janeiro, no Arquivo Nacional, o de 3 de novembro, do mesmo ano. No Arquivo público, do Estado do Ceará, acha-se o de número 5, de 1º de maio, portanto um mês após o primeiro número, verifica-se que não foi comprida a previsão da publicação de dois números por semana, como foi previsto no primeiro número. No exemplar do Diário número 5, de 1º de maio de 1824, existente no Arquivo Público Estadual, Padre Mororó, comenta um requerimento de Antônio Joaquim de Oliveira. Padre Mororó diz ter sido suspensa “a ordem de expulsão dos europeus” e relata também que Antônio Joaquim não vislumbrou “a conservação desses miseráveis Europeus, aos quais o Governo e todo homem honrado, procuravam arrancar das garras da morte” comenta ainda, “mas as autoridades constituídas em vão trabalham para aplicar a infernal rivalidade dos Brasileiros contra os Europeus nesta época terrível”. Não atentando, o requerimento, para esta situação difícil, de muitos assassinatos, de tanto sofrimento e de tanta dor. A junta de Governo ao suspender a expulsão dos europeus, não foi coerente, opondo-se a uma decisão anteriormente tomada sobre o assunto, que considerava justo a expulsão dos europeus solteiros. Foi contrariado um critério já adotado para atender um caso particular. Prossegue o Padre Mororó dizendo: “a Excelentíssima Junta do Governo imprudentemente (falo com a liberdade de Redator) desatou um fomento de desordem no tal despacho”. A seguir o texto do Padre Mororó, onde ele comenta a expulsão dos portugueses do Brasil: Quando a América Setentrional levantou o pavilhão da sua liberdade, contou a todo inglês europeu por inimigo capital; bania-os; e ao mesmo tempo recebia com braços abertos os mais execráveis malvados das outras nações para aumentar a sua população; e ainda agora é grande ofensa chamar inglês aos americanos das Províncias Unidas do Norte. Nós, porém somos mais humanos. Fiquem embora entre nós portugueses casados; e os solteiros de reconhecida adesão, não sei o que digo! Este ódio implacável é próprio de uma nação que quer ser livre, e nós estamos nas mesmas circunstâncias dos americanos. Washington e Franklin delinearam o seu plano com rasgos tão vivos, que ainda hoje estão gravados em todos os povos da América. As vilas do Sul, e quase todos do Oeste do Ceará têm banhado cruelmente mãos criminosas no sangue precioso dos nossos antigos irmãos. O povo está furioso; e quando o Senhor Oliveira cuidou fazer um grande bem, fez o maior de todos os males a si e a todos os europeus, expostos a uma aluvião aterradora de homens desesperados e temerosos das invasões de Portugal. Clamaremos então na efusão de sangue inocente contra a indiferente compaixão do Governo. Note-se que Padre Mororó, escreveu este comentário, quando ainda era redator do Diário, pais só deixou este cargo a 22 de maio de 1824, para dedicar-se exclusivamente aos assuntos da Secretaria do Governo da Confederação do Equador. Através do texto, observa-se o perfil, ideológico de Padre Mororó, como também seu amor ao próximo. Verifica-se que ele, padre Mororó, tinha conhecimento do que vinha acontecendo, ou tinha acontecido, na America do norte, mostra que acompanhava os acontecimentos do exterior, era uma pessoa que se mantinha atualizada através de suas leituras e seus estudos. Afirma que somos mais humanos e escreve “Fiquem embora entre nos portugueses casados, e os solteiros de reconhecida adesão, não sei o que digo!” Cita as desavenças nas vilas do Sul e em quase todas do Oeste do Ceará, e que trazem mortes e muita dor. Diz que o Senhor Oliveira pensando em fazer um grande bem, concorreu para aumentar sofrimentos, mortes e o banho de sangue que vinha acontecendo. A este respeito Montenegro escreve o seguinte: Através das mesmas reflexões se colhe não apenas uma faceta do perfil ideológico do clérigo biografado, como também demonstração de humanismo cristão. Mais não fica nisso. Trata-se de um escrito que revela certa postura democrática, desenvolvida com desembaraço pelo mesmo. A critica sem censura, solta, é exercitada aí numa visível explicitação do princípio maior da Liberdade, experimentada vivamente pelo Pe. Mororó ao discorrer sobre o delicado problema dos portugueses na circunstancia conturbada do momento revolucionário de 24. O texto é altamente revelador de aspectos relacionados com a vida cultural e política do Pe. Mororó, deixando transparecer um direcionamento ideológico pouco ou nada conhecido dele. ................................................................................................. ......................................... Observa-se mais: a postura de Mororó, nesse objeto, é bastante equilibrada. Ele vê com agudeza o acerto da decisão governamental, expulsando os portugueses solteiros da Província, levado essencialmente pela observação de lutas sangrentas, envolvendo-os perigosamente. Com efeito, eles vinham sendo alvos de investidas em diversos recantos do Ceará. Tudo em torno do conflito entre o elemento colonizador e os brasileiros que emergiam no cenário nacional, sequiosos de protagonismo, predispostos aos engajamentos no trabalho de uma nova ordem política. ................................................................................................. ........................................... Assim, se tem um precioso escrito de Pe. Mororó, indicativo de suas tendências político-ideológicas naquele precioso momento da Confederação do equador. Mesmo tratando de matéria específica, ele deixa vazar o grande amor que perfilhava á Liberdade, erigida como princípio central do Liberalismo radical, em contraposição ao Liberalismo conservador ou centrista, voltado principalmente para os problemas de organização do Estado Nacional. A essa última corrente doutrinária aderem os que se subordinam à política de Pedro I, sobrepondo a Ordem à Liberdade. Esta animaria todas as ações do sacerdote inconfidente, pondo-a em prática em quaisquer circunstâncias, indefectivelmente. Note-se como ele discorda da Junta Governamental, ele próprio membro dela, na questão há pouco tratada, e o fazendo de modo sério, com argumentos convincentes, o que era raro. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p's. 113, 114 e115). O número 8 do Diário do Governo do Ceará, do dia 22 de maio de 1824, exemplar anteriormente citado, foi localizado na biblioteca Nacional, setor de Obras Raras. Neste número constam as seguintes matérias: 1) comunicações e ofícios, tanto de Fortaleza, como das vilas e povoados. Entre os comunicados consta o agradecimento a Câmara da Vila de São Bernardo de Russas, pela assinatura do Diário, e informa que será mandado pelo correio. Como seriam levadas, pelo correio as correspondências e encomendas naquela época? Talvez em costa de animais ou através de mensageiros, com certeza demorava muito. Na década de 30 do século XX, levava-se 30 dias para se levar gado de Santa Quitéria para Fortaleza, meu pai participou dessas viagens. Voltando ao Diário, ainda entre os comunicados, existia um que informava ao comandante de Maranguape que “fica aprovado o plano que oferecera para uma companhia de guerrilhas naquela povoação”. Certamente tinha a finalidade de manter a ordem e prepara-se para uma possível contrarevolução. Constava também, entre os avisos uma Proclamação, para conhecimento do tenente-coronel Comandante do Batalhão de Homens Pardos de Fortaleza. 2) Noticias, provavelmente escritas pelo Padre Mororó, uma delas relatava e criticava a Câmara de Aracati, que no primeiro momento, quando D. Pedro I dissolveu a Assembléia constituinte, protestou energicamente contra o ocorrido, protestou com expressões fortes, vejamos o que dizia: “clamou altamente contra a usurpação dos direitos invioláveis da nação; e mesmo riscou um plano de oposição ao progresso do despotismo”. Esta atitude da Câmara de Aracati cansou satisfação a junta Provisória do Governo da Província do Ceará que deu conhecimento a Pernambuco dessa manifestação de apoio da Câmara de Aracati. A referida Câmara mudou de posição quando Padre José da Costa Barros tomou posse como governador da Província do Ceará, dizia a noticia, que passou a defender o projeto da nova Constituição do Imperador. Dizia ainda, “nação muda e acabrunhada pelo temor das baionetas, e dos punhais”. Afirmava também que agindo assim concorreu para “subscrever a sentença de infâmia, e de aviltado cativeiro da sua Pátria, e da sua mesma nação”. Montenegro diz o seguinte, com relação a essa noticia do Diário que desaprovava a mudança de posicionamento da Câmara de Aracati: Completa-se, pois, um discurso radical, ao qual não faltam os elementos básicos que o constituem, formando um estereótipo ideológico que os brasileiros mais esclarecidos e patriotas perfilhavam naquela fase critica da vida nacional. É inquestionável que a mão do Pe. Mororó, redator do Diário, está presente na elaboração da “Notícia” ora comentada. ( MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p. 98). No Diário número 8, de 22 de maio de 1824, consta uma carta enviada por senhoras de Quixeramobim dirigida ao Padre Mororó, ele a considerou “um vivo exemplar do mais heróico patriotismo” e poderia ser exemplo “a indiferença de muitos homens. A referida carta traz rasgados elogios ao Padre Mororó, onde diz que possui “amáveis virtudes”, que é o “protótipo de nossa liberdade” e o “astro radiante”. Abaixo a parte inicial da referia carta: Um vivo transporte de prazer, e alegria, se apodera dos nossos corações pela lisonjeadora e aprazível noticia de que V. S., opondo-se à barreira da honra na defesa de nossa santa causa, digna-se, pelas suas amáveis virtudes, ser o protótipo de nossa liberdade, o intrépido, e irresistível piloto, que fará surgir a nau do marulho das impetuosas ondas, e desaparecer o negrume de ameaçadora tempestade: sim será V. S. o astro radiante que fará aparecer a luz do dia, mergulhado nos horrores das trevas o nefando, e sempre detestável despotismo. As senhoras de Quixeramobim denominaram-se “fracas cunhãs”. Diziam que assumem “deveres com a nossa mãe Pátria”. Declararam também que trenavam com as “competentes flechas”, naturalmente para estarem prontas para o combate. Afirmaram que “Dirigiremos hinos aos atletas da Sagrada liberdade, e ao toré em aplausos às festas da Pátria. Terminaram dizendo que estão certas que o Padre Mororó divulgará por todos os cantos “o esplendor de suas luzes”. Essa carta foi redigida por pessoa competente e que procurou adotar o estilo dos integrantes da Confederação do Equador, ou seja, usar expressões indígenas e também cognomes derivados de mistura racial. No caso cunhã, segundo o Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa significa “mulher em Tupi-guarani”, de acordo com outros dicionários pode significar a mulher do Caboclo. Em nossa região tem um significado pejorativo, depreciativo, com certeza não era neste sentido que elas se intitulavam. Toré significa gaita de taboca. Essa carta constitui-se em um documento importante, e que foi redigido pelas “cunhãs de Quixeramobim,” e indica que o Padre Mororó era uma pessoa de prestigio lá naquela terra, ele conseguiu este prestigio através de sua atuação como líder religioso daquela região, como político, conseguindo eleger-se vereador, e ainda devido a sua destacada atuação como auxiliar do governador Sampaio, também teve importante participação na Independência do Brasil. Plantou uma semente no sentido de conscientizar o povo com relação a importância da liberdade, da democracia. As cunhãs certamente foram doutrinadas por ele, daí tanta admiração, ressaltando suas qualidades e seu trabalho em prol de um Brasil democrático, e contra a conjuntura política opressora e autoritária. - Montenegro assim se expressou sobre este assunto. O padre Mororó, ao ser tratado de “piloto”, se coloca num plano irrecusável de liderança. É o mentor de uma gente que o conhece e o admira, necessitando de suas luzes para orientá-lo em negócio transcendental, como o da Pátria. O contraste posto entre trevas e luz é típico do iluminismo, denotando o combate maniqueísta que se trava entre as duas posições, a dos bons, “iluminados”, e a dos maus, que vivem na escuridão dos vícios do Absolutismo, da opressão. O caos dá a idéia de oposição á ordem, um dualismo a se projetar também do Iluminismo, estendendo-se á infelicidade reservada aos ignominiosos, aos desgraçados, aos que não conhecem a verdade. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p. 102). No final desse número do Diário, Padre Mororó comunica o seu afastamento da função de redator do Jornal em apreço, para dedicar-se ao cargo de Secretario de Governo da Província do Ceará, e fez nos seguintes termos: Enquanto dura no Emprego de Secretário do Governo desta Província, demitome da Redação do Diário, que será ocupada por pessoa capaz de desempenhar esta laboriosa tarefa. Gonçalo Inácio Melo de Albuquerque Mello Mororó. Observa-se que o Padre Mororó passou menos de dois meses como redator do Diário do Governo do Ceara. O primeiro número do Diário foi publicado em 1º de abril de 1824, e em 22 de maio do mesmo ano, Padre Mororó deixou a função, para assumir a secretaria do Governo Provincial. Mesmo com o afastamento do Padre Mororó da função de redator, o Diário deve ter conservado a mesma orientação ideológica, pelo mesmo até próxima a vitoria da contra-revolução no Ceará. Até próximo a vitoria do contra-revolução, porque quando Tristão foi morto, os representantes do Governo Imperial já tinham o controle de várias localidades, inclusive Fortaleza. A vitoria da contra-revolução, ou derrota da Confederação do Equador, no Ceara, se deu a 31 de outubro de 1824, data em que Tristão Gonçalo morreu, combatendo, em Santa Rosa, localidade hoje coberta pelas águas do açude Castanhão. O Padre Mororó deve ter sido substituído na função de redator do Diário, por uma pessoa “capaz de desempenhar esta laboriosa tarefa” como ele próprio diz, e que fosse dotado dos ideais da Confederação do Equador. Três números do Diário do Governo do Ceará, o Barão de Studart encontrou no Arquivo Público do Rio de Janeiro, porém esses números encontram-se desaparecidos. Um deles, o de número 15, editado em 30 de julho de 1824, contém matéria importante, consta um oficio de Tristão Gonçalves dirigido aos párocos, convidando a participarem de um grande conselho provincial, com a finalidade de tratar do “Sistema que se deve abraçar para segurança e salvação”. Consta também uma proclamação de João Andrade Pessoa Anta aos habitantes de Granja, e ainda uma Proclamação de “Tristão exortando aos cearenses aceitarem o convite de Pernambuco, que é digno da nação e de seu governo”. Todos esses documentos eram, provavelmente, preparados pelo Padre Mororó. Constava também uma mensagem das senhoras de Icó endereçada ao Padre Mororó, elogiando suas qualidades e virtudes cívicas, e prestava solidariedade a ele (Padre Mororó). As mulheres de Icó, que assinam a referida mensagem, acrescentaram aos seus nomes, o de uma planta, ave, etc, a exemplo do que fizeram Padre Gonçalo Inácio, que acrescentou Mororó e Francisco José Sales “diretor dos trabalhos” do Diário do Governo do Ceará, que assinava os seus artigos e mensagem com o cognome de Jurubeba. Vamos agora analisar, ou seja, comentar e transcrever parte do conteúdo, do diário de 03 de novembro de 1824, que se encontrava sob nova orientação, pois a Confederação do Equador no ceará, já havia sido derrotada em 31 de outubro de 1824, com a morte de Tristão, enquanto Tristão estava vivo o movimento estava aceso no Ceará, com a morte do líder, não havia mais lutas, e é considerado como o dia da derrota da Confederação do Equador no Ceará. Tristão morreu lutando, devemos considerá-lo herói, ou uma pessoa com falta de bom senso, por continuar lutando mesmo estando inferiorizado, e sem possibilidade de vitoria? Jose Felix apelou a Tristão, através de carta, para depor as armas e evita derramamento de sangue, inclusive com promessa de anistia, que foi feita pelo Almirante Cochrane, em forma de Proclamação, em nome do Imperador. Tristão continuou o movimento, e lutou ate a morte. Na primeira pagina do Diário que comentamos, ou seja, o número de 03 de novembro de 1824 traz ofícios com providências tomadas pela contra-revolução e também de apoio ao governo Imperial. O primeiro oficio, datado de 18 de outubro de 1824, era do presidente da província do Ceará, José Felix de Azevedo e Sá, dirigido ao marquês do Maranhão, Almirante Cochrane. José Felix informa que o “supremo arquiteto do universo” o fez assumi este cargo importante e honroso. Diz também que todos as providencias foram tomadas “para conservação da paz, e da harmonia” e ainda que os emissários do oficio darão outros informações complementares. Informa também que a província esta pacificada, estando em condições de receber, a qualquer hora, o Imperador ou um seu representante, que será bem recebido, tanto pelo povo, como pelo presidente da Província. No final pedia perdão para os que “divergiram de opiniões, por estarem sem duvida iludidos”. Vale ressaltar que a Confederação do Equador, ainda não tinha sido derrotada no Ceará, pois somente aconteceu em 31 de outubro de 1924, com a morte de seu líder, Tristão Gonçalves. Outro oficio transcrito neste mesmo numero do Diário e que também era datado de 18 de outubro de 1824, é dirigido ao Presidente José Felix de Azevedo e Sá, pelo Marquês do Maranhão, Almirante Cochrane. Nele Cochrane declara que D' Pedro I é o “defensor perpetuo do Império” e diz que tudo foi feito para evitar a anarquia na Província, que os males foram cortados pela raiz, garante que as ordens imperiais serão cumpridas, no sentido de perdoar as pessoas envolvidas na “Anarquia” e que estão cumprindo “os deveres para com o seu imperador constitucional”. Outro oficio transcrito no Diário de 03 de novembro de 1824, era um oficio endereçado a Antônio Bezerra de Souza Menezes, assinado pelo Presidente da Província, José Feliz de Azevedo e Sá. Nesse oficio José Felix expõe as medidas para evitar “Males incalculáveis”. Informa que o Porto de Fortaleza esta totalmente bloqueado, e “guarnecido por mais de 3 mil homens, e boas munições de guerra, e que houve por bem arvorar o Estandarte Imperial, recurso esse eficaz para a preservação da província”. Exorta ao Antonio Bezerra que faça o mesmo na região que esta sob o seu domínio. Diz que o juramento feito no período da Confederação do Equador não tem mais validade. Pedia para não “vexar os povos d' essa Serra”. Determina que Antônio Bezerra recolha suas tropas ao centro de operações em Fortaleza, prestando antes assistência aos habitantes que estão sob sua responsabilidade. Em seguida, o presidente José Felix, informa que cabe ao Tenente coronel Joaquim Martins Ribeiro, assumir o comando das tropas, caso o coronel Antônio Bezerra de Souza Menezes, recuse-se a cumprir o que estava lhe sendo determinado. Observa-se que Antônio Bezerra comandava uma tropa que estava a serviço da Confederação do Equador, que tinha feito um juramento, e que o Presidente da Província, Jose Felix, tentava dissuadi-lo, ou seja, convencê-lo a abandonar o movimento. O seguinte impresso foi anexado ao oficio dirigido a Antônio Bezerra, as câmaras e autoridades civis e militares. Abaixo a transcrição do impresso. Tendo eu conhecido pouco a pouco os ânimos, e vontade geral dos Povos desta Província, que de dia a dia se vão mostrando aderidos ao muito Alto e muito Poderoso Sr. D.P.1º, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo deste Império; tendo eu tomado as adequadas medidas para fazer obstar os males incalculáveis que já de perto ameaçavam a província; e tendo finalmente fundeado em frente deste porto um respeitoso bloqueio guarnecido de mais de 3 mil homens, e boas munições de guerra: tomei o expediente de fazer aqui arvorar o Estandarte Imperial, única medida que me pareceu conveniente á salvação da Província, em cujo ato me achei rodeado dos bons cidadãos brasileiros, não só desta capital, como de muitos lugares da Província: ordeno a V. Sas. Que fazendo convocar os povos deste distrito, com eles, nessa Vila, façam também aclamar o mesmo Imperial Sr., tendo em vista, que um juramento fictício não pode obrigar a um brasileiro amante de sua Pátria; e eu em consciência não posso julgar dele. Torna-se também necessário que V. Sas. façam-lhes conhecer isto mesmo, e o conteúdo do impresso junto, bem como que este Governo, com eles unidos em sentimentos, marcha incansável em objeto de tanta monta. Em terra, já fica Excelentíssimo Chefe da Divisão o Sr. Comendador David Jwet, que acaba de saltar da fragata Ipiranga com 200 homens; e à tarde há de saltar o Excelentíssimo Sr. Lord Cochrane com 1.000 homens de bordo da nau Pedro. Deus Guarde a V. Sas. Palácio do Governo do Ceará, 19 de setembro de 1824, 3º da Independência e do Império. José Felix d' Azevedo e Sá, Presidente. Podemos verificar que o anexo ou ofício dirigido a Antonio Bezerra, que foi dirigido também, em forma de circular, as câmaras e autoridades, foi preparado dois dias após a derrota da Confederação do Equador em Pernambuco e antes do movimento ser considerado derrotado no Ceará, o que só aconteceu com a morte de Tristão Gonçalves em 31 de outubro do mesmo ano. Neste mesmo número do Diário foi transcrito oficio ao comandante Luiz Rodrigues Chaves informando o que tinha acontecido em Fortaleza, a 18 de outubro de 1824, e que resultou na elevação do José Felix de Azevedo e Sá a presidência da Província, com apoio do povo e do Marquês do Maranhão, almirante Cochrane. Por fim diz que há urgência no retorno a legalidade, recomenda prudência e paciência, e também diz que não entende a teimosia de Tristão em não aceita uma rendição pacífica. Consta ainda uma carta de José Felix a Tristão apelando para que ele tenha bom senso e evite derramamento de sangue. Montenegro relata este assunto e outros correlatos com as seguintes palavras: Segue-se carta enviada por José Felix a Tristão, na qual, após expressar-lhe a necessidade de sustar males e desgraças para a combalida Província, para que a reencontre o cominho de glória e de esperança apela para ele suspender o banho de sangue dos compatrícios e empreender a salvação da Pátria. Em outro lugar desse número do Diário vem oficio de José Felix a Pereira Filgueiras, Governador de Armas do Ceará, com data de 21 de outubro, em que fala de tropa encaminhando-se sob o comando de Tristão Gonçalves para aprisionar o Sargento-Mor Luiz Rodrigues Chaves, “que no Aracati fez Proclamar o muito Alto, e muito Poderoso Sr. D. Pedro I”. No mais, se desenvolve a enunciação contida naquele documento-modelo: o mesmo apelo de concórdia com promessa de anistia para os revoltosos que regressarem, a começar por Tristão e por Filgueiras, com a condição de prestarem submissão ao Imperador, é feito por Cochrane em Proclamação, com a qual termina essa edição de 3 de novembro de 1824 do Diário do Governo do Ceará. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p. 109) O Diário do Governo do Ceará de 17 de novembro de 1824 traz assuntos Históricos importantes, entre os quais os seguintes: 1) carta de Cochrane a Tristão ameaçando bloqueio total por mar caso eles não se entregassem pacificamente; 2) Um oficio de Antonio Ricardo Bravo Sussuara, tratando do que chamou de “as extorsões feitas por Tristão em Aracati”; 3) Noticia da “tentativa de prisão e fuga” do mesmo Tristão, de São Bernardo de Russas; 4) Um aviso de Padre Mororó, em forma de despedida, tendo em vista que viajaria para o Rio de Janeiro, abordo de um navio, onde ia ser julgado por crimes cometidos, inclusive por ter sido redator do jornal aqui tratado. Abaixo o aviso do Padre Mororó: A despedida para corte de Rio de Janeiro, ou para onde melhor lhe convier, o Padre Mororó beija a mão de seus amigos aos quais não pude visitar no aperto de sair dentro de três dias no Brigue Inglês Laxford. Roga-lhes muito não perdoem as suas faltas para se emendar de seus erros políticos tão somente; e espera do público imparcial verdade e justiça. Há quem diga que nesta despedida, Padre Mororó, demonstrou perturbação do espírito, demonstrou fraqueza. Reconhecer que errou, será um ato de fraqueza? Padre Mororó entrou no movimento porque desejava um regime democrático para o nosso País, porém depois reconhece que errou, talvez por ter lutado contra um governo legalmente Constituído, por ter preparado proclamações onde declarava D. Pedro I, o Rei de seu País, um traidor. Padre Mororó, diz: “espera do Público imparcial verdade e justiça”. Atendendo o seu apelo, devemos contar sua Historia, apresentado fatos verdadeiros, e comentá-los com justiça. Anteriormente já comente este fato com mais detalhes. Sobre este assunto Montenegro diz o seguinte: Como se compreender essa demonstração de fraqueza do revolucionário, senão situando-a em meio às pesadas decorrências geradas pelo fracasso do movimento que abraçou com tanto entusiasmo? Não lhe teria invadido a alma forte sentimento de culpa, quando a sacralidade da pessoa do monarca e do sistema político vigente facilmente induzia à gravidade do crime de lesa-majestade, em que recaíram os sublevados de 24? É muito possível. De qualquer modo, os dizeres do Aviso coincidem com um estado de desânimo que, em outras oportunidades, no interior do mesmo contexto, assolou o espírito do sacerdote inconfidente. Ele sabia, por outro lado o que lhe esperava, a pena grave que receberia, numa época de repressão violenta, fundada no ódio e na truculência de homens como Conrado de Niemeyer, chefe da Comissão Militar que processaria e condenaria os sediciosos. (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p´s 95 e 96). Com a derrota dos revoltosos da Confederação do Equador, o Diário do Governo do Ceará deve ter sofrido profundas modificações, no seu corpo de funcionários, no conteúdo das matérias, porém continuou funcionando, pois como vimos no arquivo nacional, que fica no Rio de Janeiro encontro-se um exemplar de 03 de novembro de 1824, portanto após a derrota dos revoltosos no Ceará, pois a derrota da Confederação do Equador, no Ceará,como sabemos, foi a 31 de outubro de 1824, dia em que seu líder máximo, Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, morreu em combate. Existe também o número de 17 de novembro, que traz fatos importantes, como já citamos. JORNAIS QUE CIRCULARAM NO NORDESTE, ANTES, E MESMO DEPOIS, DO “DIÁRIO DO GOVERNO DO CEARÁ” Na década de 20 do Século XIX circulavam no nordeste pequenos jornais vindos de outras localidades, a este respeito vejamos um trecho de um oficio do governador Sampaio: Tendo procedido às diligências necessárias a fim de recolher os exemplares do folheto intitulado, O Preto e o Bugio no Mato, que aparecessem nesta Capitania, como me foi ordenado por Aviso de 14 de novembro próximo passado, devo assegurar a V. Excia. Que ainda até agora não pude aqui descobrir nenhum dos ditos exemplares, e fica ao meu cuidado a continuação das precisas diligências para a apreensão dos que acaso possam para o futuro vir a entrar nesta Capitania. Seria bem para desejar que V. Excia. Se dignasse também dar-me as competentes ordens a respeito dos exemplares do Correio Brasiliense, Português, e outros papéis incendiários impressos em Londres, que foram sem dúvida a causa principal da rebelião em Pernambuco. Estes impressos têm nestes últimos tempos sido lidos com entusiasmo e satisfação pelos habitantes destes sertões, que para este fim os recebiam francamente da mão do Ouvidor, que foi desta Comarca João Antônio Rodrigues de Carvalho, da mão do Capitão-mor Antônio José Moreira Gomes, que atualmente se acha nesta corte, e da mão do Tenente-coronel João da Silva Feijó, que também ai se acha. (oficio nº 6 , 20 out. 1827. Oficio do Governado do Ceará) (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – A Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu do Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004, p. 77). João Alfredo diz que o oficio nº06, acima tratado, é de 20 de outubro de 1827, porém há engano, pois em 1820 o governador Sampaio deixou o cargo e assumiu Francisco Alberto Rubim. Segundo Montenegro os folhetos mencionados pelo governador Sampaio “são sinônimos de fascículos, espécie de periódico incorporado, com muitas paginas, de cunho predominantemente doutrinário, com propostas econômicas e políticas, as quais colidiam com a orientação oficial” (Montenegro, 2004, p.79). No período de governo Sampaio, consta que circulava aqui no Ceará, o jornal Correio Brasiliense, impresso em Londres e a Gazeta do Ceará redigida pelo próprio Sampaio, isto antes do Diário do Governo do Ceará, que teve sua primeira edição em 1º de abril de 1824. Abaixo o que diz Barão de Studart sobre este assunto: Lembrou-se de negar a propriedade do Diário no jornalismo cearense, chegando a essa conclusão por inferência de documentos do tempo do governador Manuel Inácio de Sampaio. Nada há de verdadeiro em tal opinião senão que realmente houver uma gazeta no tempo daquele notável homem de governo, mas essa não era impressa, redigia-a o próprio Sampaio, que a fazia circular; posso afirmá-lo, pois, que tal gazeta faz parte de meu arquivo. Chamava-se Gazeta do Ceará. (Studart, 1924a) O historiador Geraldo S. Nobre, levanta a possibilidade de ter havido, no Ceará, um jornal, impresso antes do Diário do Governo do Ceará, porém não apresenta provas. Vejamos o que Nobre diz sobre o assunto: Nesse período de sete anos (1817-1824), senão antes, surgiu uma tipografia no Ceará, da qual saíram Proclamações, Avisos, Editais, etc. Se havia jornal e oficina de composição e impressão, tudo indica que a referida folha circulou impressa antes do 'Diário' a que se atribui a prioridade do jornalismo cearense. (Nobre, 1975, p. 41). Nobre diz também que uma indicação da existência de impressora antes do Diário do Governo do Ceará, refere-se ao apelo que o Padre José Martiniano de Alencar fez ao Imperador, no qual ao se referir à sublevação no Ceará, destaca a existência de proclamações, discursos, etc, Impressos durante a sua permanência na Província, e de sua autoria. (Nobre, 1975, p.42). Esta afirmação aumenta a possibilidade da existência de tipografia, no Ceará, antes da tipografia do Diário do Governo do Ceará. Nobre afirma também que existe a possibilidade de ter existido jornal ou jornais impressos durante a junta do governo provisório do Ceará, no período de 15 de janeiro de 1822 a 23 de janeiro de 1823. Nobre fez esta afirmação baseado em um anuncio publicado em o Cearense, de 20 de novembro de 1857, propondo empréstimo ou compra da “coleção de jornal do governo publicado no Ceará ao tempo do governo Provisório, ou mesmo alguns jornais não seguidor” (Nobre, 1975. p's. 42-43). Montenegro escreve dizendo que o problema é não ter sido encontrado nenhum exemplar deste jornal nos arquivos. (MONTENEGRO, 2004, p.83). Existem indícios da existência de jornais impressos, antes do Diário do governo do Ceará, porém não existe nenhuma comprovação. Nobre diz que existem vários pontos a esclarecer. Geraldo S. Nobre diz o seguinte: “o que se escreveu, até agora, sobre a fase primordial do jornalismo no Ceará, não pode ser considerado definitivo, porquanto existem vários pontos a esclarecer”. (Nobre, 1975, p.60). Geraldo S, Nobre refere-se à necessidade de pesquisas nas bibliotecas de Pernambuco, da Bahia, Maranhão e do Rio de Janeiro. Segundo Montenegro, o período de 1817 a 1824 foi um dos períodos mais conturbado no Nordeste, e com isto surgiram muitos panfletos e folhas, comuns naquela época. Quase todos de oposição. A Gazeta do Ceará surgiu nessa época, surgiu na época do Governador Sampaio, era inicialmente manuscrita e depois impressa, porém não existe comprovação, daí o Diário do Governo do Ceará ser considerado o primeiro jornal impresso no Ceará, do qual o Padre Mororó foi o seu primeiro redator. Também não se sabe se esta Gazeta que dizem que existiu, e que era impressa, é a mesmo do tempo do Governado Sampaio. ORIGEM DA FAMÍLIA MORORÓ A família Mororó originou-se da família Souza Oliveira. Importante família do Rio Grande do Norte. A união dos dois sobrenomes teve princípio em Nicácio de Aguiar de Oliveira Júnior, nascido em 1696 e falecido a 3 de Novembro de 1761, no Ceará. Sepultado na Capela de Santa Cruz. Filho de outro Nicácio de Aguiar de Oliveira e de Maria Madalena de Sá. Neto paterno de Domingos de Aguiar de Oliveira, da antiga família Aguiar de Oliveira (v.s.), do Ceará. Deixou numerosa descendência de seu cas., c.1724, com Maria de Góes e Souza, nascida por volta de 1706, em Pernambuco (Carlos Barata, Família Jorge de Souza). Entre os descendentes do casal, que se estabeleceram no Rio Grande do Norte, registram-se: I - o filho, Tenente Francisco de Souza Oliveira Catunda, de quem descendem os Catunda (v.s.), do Rio Grande do Norte; (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) Os dados acima foram extraídos do Dicionário das Famílias Brasileiras, vejamos agora o que diz o Padre Sadoc com relação ao assunto, e depois continuaremos analisando o que consta no dicionário acima referido: 1761, 3 de novembro (3ª feira): Falece Nicácio de Aguiar e Oliveira, marido de Maria de Goes Vasconcelos (uma das Sete Irmãs). Morreu “homem pobre que vivia de esmolas”, com idade de 65 anos, e foi sepultado na Capela de Santa Cruz (hoje Bela-Cruz). Era simultaneamente cunhado e genro de Manoel Vaz Carrasco. Cunhado por ser irmão da segunda mulher, e genro por que se casou com uma filha do primeiro matrimônio de Manoel de Vaz Carrasco. Do casal Nicácio de Aguiar e Oliveira e Maria de Goes, conhecemos dois filhos que são: 1. FRANCISCO DE SOUSA OLIVEIRA, c. c. Tecla Rodrigues, no R. G. do Norte. Deste casal nasceu Felix José de Souza, escrivão da Câmara de Sobral durante muitos anos e genitor do Pe. Mororó. 2. VICENTE FERREIRA DE AGUIAR, c. c. Maria da Conceição, natural do Rio Grande do Norte. Deste casal nasceu Maria Vitória que se casou com Francisco Jorge de Sousa, natural do Seridó, e foram pais dos padres Francisco Jorge de Sousa e Vicente Jorge de Sousa, ambos vigários de Sobral. Nicácio tinha um irmão, o Comissário Domingos de Aguiar e Oliveira, que foi homem de muitas posses tendo inclusive feito doação de terras para a constituição do patrimônio da Capela de Bela Cruz em 1732, mas que faleceu falido, com seus bens seqüestrados, na serra dos Cocos para onde fugira, em dias de maio de 1747. (ARAUJO, PE.Francisco Sadoc de, Cronologia Sobralense, Imprensa universitária-UVA-Sobral-Ceará, 1979) Do descrito acima podemos verificar que a ascendência do Padre Mororó é a seguinte: Treta avô: Domingos de Aguiar de Oliveira; Tri avós (paternos): Nicácio de Aguiar de Oliveira e Maria Madalena de Sá; Bis avós (paternos): Nicácio de Aguiar de Oliveira e Maria de Goes Vasconcelos; Avós (paternos): Francisco de Sousa Oliveira Catunda e Tecla Rodrigues; Avós (maternos): Manuel Madeira de Matos e Francisca de Albuquerque e Melo; Pais: Felix José de Souza Oliveira e Theodora Maria de Jesus Madeira. De acordo com que relata Padre Sadoc do casamento de Félix José de Souza Oliveira com Theodora Maria de Jesus Madeira, originou-se Sete filhos. Abaixo o relato do Padre Sadoc: 1765- 5 de agosto (2º feira): “Aos cinco de agosto de mil setecentos e sessenta e cinco, na Capela do Riacho de Guimarães, em minha presença e da testemunha Manoel Madeira de Matos, se casaram Felix José de Sousa Oliveira, filho legitimo do Tenente Francisco de Sousa Oliveira e Dona Tecla Rodrigues Pinheiro, natural do Rio Grande do Norte com Theodora Maria de Jesus, filha legitima do Capitão Manoel Madeira de Matos e de sua mulher Dona Francisca de Albuquerque Melo... Vigário Manoel Rodrigues Chaves” (Liv. Cas. 1741-69, fl. 90). Deste casal nasceram os seguintes: I- filhos: 1. PADRE GONÇALO INÁCIO DE LOIOLA ALBUQUERQUE celebremente conhecido por PADRE MORORÓ, mártir da Confederação do Equador, nascido a 24 de julho de 1778 e batizado a 15 de setembro do mesmo ano. Foi fuzilado em Fortaleza a 30 de abril de 1825. 2. GERTRUDES TERESA INÁCIA. Nascida e 28 de fevereiro de 1767, c. c. Antonio Martins Viana, português de São Miguel das Marinhas, filho de Manoel Francisco e Maria da Costa, a 6 de novembro de 1787, na Capela de N. Sra. Do Rosário dos Pretos, hoje no centro comercial de Sobral. 3. MARIA JOAQUINA DE OLIVEIRA, c. c. Francisco Lopes Teixeira, português de Coimbra, filho de José Lopes de Fonseca e Luzia Maria da Conceição, a 28 de outubro de 1788, no sitio Santo Antonio sobre a Serra do Rosário. 4. ANA ANTONIA DE SOUSA, c. c. Antonio Furtado do Espírito Santo, filho de Antonio Furtado dos Santos e Antonia Maria de Conceição, a 22 de setembro de 1791, na Matriz de Sobral. 5. FRANCISCO DE SOUSA OLIVEIRA, c. c. sua prima legítima Agueda Francisca Xavier, viúva de João José Rodrigues e filha de José da Páscoa Loreto e Maria Madeira de Matos, a 24 de fevereiro de 1800, na Matriz de Sobral. 6. RAIMUNDA FRANCISCA XAVIER, nascida e 24 de agosto de 1783, c. c. seu primo José Francisco Ximenes Aragão, filho de Manoel Ximenes Aragão e Antonia Maria da Páscoa, a 15 de julho de 1800, na Matriz de Sobral. 7. INÁCIO DE SOUSA OLIVEIRA. (Cfr. Jarbas Cavalcante, Colonização do Nordeste, Rio 1969, p. 244). Não encontramos registro de batismo nem de casamento deste Inácio a que se refere o autor citado. Felix José de Sousa foi escrivão e vereador da Câmara de Sobral. (ARAUJO, PE.Francisco Sadoc de, Cronologia Sobralense, Imprensa universitária-UVA-Sobral-Ceará, 1979) II - o neto, Félix José de Souza Oliveira, nascido por volta de 1745, no Rio Grande do Norte e falecido depois de 1799. Deixou geração do seu cas., na manhã do dia 5 de agosto de 1765, na Capela de Nossa Senhora do Rosário do Riacho Guimarães, Ceará, com Theodora Maria de Jesus Madeira, batizada a 08 de outubro de 1740. Filha de Manuel Madeira de Matos, de Coimbra, Portugal (casado a 16 de Abril de 1738, Riacho Guimarães, Ceará) e de Francisca de Albuquerque e Melo (nascida em Riacho Guimarães - da antiga família Guimarães (v.s.), do Rio Grande do Norte. E 1791, Félix serviu na função de Vereador da Câmara de Sobral, no Ceará. Segundo as informações de alguns Genealogistas nordestinos, este casal “deu origem, entre outros, aos Ibiapinas, aos Souzas de Carvalhos (que se ligaram, mais tarde, aos Ximenes de Aragão), ao Padre Mororó, aos Souza e Oliveiras (destes, pode se acrescentar como descendentes, os Jorge de Souza), etc.; (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) Do relato acima podemos concluir que os pais do Padre Mororó, ou seja, Félix José de Souza Oliveira e Theodora Maria de Jesus Madeira casaramse na Capela de Nossa Senhora do Rosário de Riacho Guimarães, hoje cidade de Croairas. Podemos verificar também que os avôs maternos do Padre Mororó, O avô era Português de Coimbra e a avó era Cearense do Riacho Guimarães descendente da antiga família Guimarães do Rio Grande do Norte. O pai do Padre Mororó projetou-se politicamente tornando-se vereador da Câmara de Sobral- CE. Os avôs do Padre Mororó eram Francisco de Souza Oliveira e Tecla Rodrigues, naturais do Rio Grande do Norte. Os avôs do Padre Mororó imigraram para a região que margeia o Rio Acaraú, para onde vieram outros conterrâneos, como Antônio de Oliveira Magalhães, que doou as terras que hoje constituem o centro de Sobral, Tereza de Oliveira Magalhães, casada com o português João Pinto de Mesquita. João Pinto de Mesquita juntamente com sua família fundaram o povoado onde hoje é a cidade de Santa Quitéria. Os pais do Padre Mororó deram origem aos Ibiapinas porque um dos seus bisnetos foi criado por uma irmã do Padre Ibiapina grande missionário do Nordeste, segundo relato do Padre Sadoc, Cronologia Sobralense, Ed. 1974, Vol.1, 321. O Padre Sadoc diz o seguinte: 1791, 22 de setembro (5º feira ): Na Matriz de Sobral, casamento de Antonio Furtado do EspíritoSanto, filho de Antonio Furtado dos Santos e Ana Maria da Conceição, com Ana Antonia de Sousa, filha de Felix José de Sousa e Teodora Maria de Jesus. A nubente é irmã do Padre Mororó. Deste casal nasceram: 1. PARDE JUSTINO FURTADO DE MENDONÇA, que foi coadjutor em Sobral do ano de 1838 a 1840. 2. RUFINO FURTADO DE MENDONÇA, que participou ativamente na Confederação do Equador, sendo condenado à morte, mas anistiado nos últimos momentos antes da execução. Casou duas vezes. A primeira com Maria Quitéria da Silva, filha do Alferes Joaquim Domingues da Silva e Florência Maria de Jesus, a 18 de dezembro de 1824. Segunda vez, com Maria Tomázia do Livramento, “a libertadora”, conhecida por suas atividades em favor da libertação dos escravos, filha de José de Xerez da Furna Linhares e Ana Figueira de Melo, a 25 de dezembro de 1840. Fincando viúva de Rufino, Dona Maria Tomázia casou-se, em segundas núpcias com Francisco de Paulo Lima, filho de José Felício de Oliveira e Francisca Joaquina de Oliveira, naturais de Aracati, a 30 de maio de 1859, na residência particular da nubente. 3. IRENE EMILINA DA GLÓRIA, que foi segunda mulher de Vicente Alves da Fonseca, viúvo de Antonia Geracina Isabel de Mesquita, filho de Vicente Alves da Fonseca e Maria Francisca do Espírito-Santo, cujo casamento foi a 13 de novembro de 1802. Irene Emilina, viuvando, casou-se por sua vez, em segundo núpcias, com o Dr. João Francisco de lima, filho de João José de Lima e Antonia Benedita de Araújo, naturais do Maranhão, a 17 de abril de 1842, às 7 horas da noite, em sua casa particular, “por urgência”. 4. MARIA SABINA DE SOUSA, c. c. Jorge Moreira da Rocha, filho de João da Rocha Moreira e Ana Luzia da Fonseca, naturais de Pernambuco, a 15 de abril de 1817. 5. CAROLINA FURTADO DE MENDONÇA, de cuja união com o Pe. Vicente Jorge de Sousa Nasceu o Desembargador Dr. Antonio Ibiapina a 7de fevereiro de 1858, que recebeu o sobrenome de Ibiapina por ter sido criado por Dona Francisca Ibiapina, irmã do Pe. Ibiapina, grande Missionário do Nordeste. 6. SILVANA FURTAD, inupta. 7. RITA TERESA DE JESUS, c. c. João Pereira Jacinto. 8. ANTONIO FURTADO DOS SANTOS (neto) c. c. sua prima legítima Teodora Maria do Espírito-Santo, filha de Apolinário Furtado de Mendonça e Ana Maria de Jesus, a 30 de novembro de 1833. 9. SANCHO FURTADO DE MENDONÇA, c. c. Teresa Maria de Anunciação, filha de Joaquim José de Almeida e Rita Maria Furtado, a 17 de novembro de 1818 HERCULANO FURTADO DO MENDONÇA. (ARAUJO, PE.Francisco Sadoc de, Cronologia Sobralense, Imprensa universitária-UVA-Sobral-Ceará, 1979) 10. Os Mororó's têm origem nos Souza Oliveira, já que o pai do Padre Mororó era Souza Oliveira e seus irmãos e irmãs, uns eram Souza, e outros Oliveiras, e ainda dois irmãos com o sobrenome Souza Oliveira. E também porque o pai do Padre Mororó era descendente dos Souza Oliveira do Rio grande do Norte. III - a bisneta, Ana Antônia de Souza e Oliveira [c.1766 - 29.03.1857, Sobral, CE], de quem descendem alguns Furtados de Mendonça (v.s.), do Ceará; (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) Esta bisneta ou seja Ana Antônia de Souza e Oliveira é irmã do Padre Mororó cujo casamento e descendência já foi relatado acima na pagina anterior. IV - o bisneto, Félix Jorge de Souza e Oliveira, patriarca da família Jorge de Souza (v.s.), do Rio Grande do Norte; (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) Este Félix Jorge de Souza e Oliveira como é bisneto a exemplo de Padre Mororó, e não é filho de nenhum irmão ou irmã do pai do Padre Mororó é, provavelmente, filho de um primo ou de outro parente com mesmo grau de parentesco do pai do Padre Mororó. Brígida afirma que a ascendência do Padre Mororó é ilustre, ele diz o seguinte: “Pertencia, pois, a uma das famílias de distinção daqueles tempos. Seu Bisavô tinha sido como um patriarca naqueles sertões então quase desertos. Lourenço Guimarães foi seu trisavô. Pelo lado de seu pai, entroncava na família Almeida Prado, da qual brotou o imortal Padre Miguel Joaquim de Almeida e Castro, juridicamente assassinado na Bahia pelo Conde D' Arcos, e além de outros barões ilustre dos tempos modernos, o Senador Tomás Pompeu, nome perpetuado na história do Ceará” (Brígida, 1969, p. 367-368). V - o bisneto, Padre Mororó - Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo nascido a 24 de Julho de 1778, batizado a 15 de Setembro do mesmo ano, no Riacho de Guimarães e faleceu fuzilado a 30 de Abril de 1825, em Fortaleza, Ceará, em conseqüência de sua participação no Movimento Revolucionário Republicano de 1824; (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) 1825,30 DE MAIO (Sábado): Em Fortaleza, são fuzilados o Padre Mororó e o Cel. Pessoa Anta; mártires da Confederação do Equador. (ARAUJO, PE.Francisco Sadoc de, Cronologia Sobralense, Imprensa universitária-UVA-Sobral-Ceará, 1979) O Padre Sadoc enganou-se, pois o fuzilamento aconteceu em 30 de abril de 1825, uma 5ª feira. VI - o bisneto, Coronel Antônio José de Souza e Oliveira, nascido no Rio Grande do Norte. Escrivão da Fazenda Real do Almoxarifado e Vedoria, Matrícula de Gente de Guerra, Feitos e Demarcação de Sesmarias, em 1788, de Natal, Rio Grande do Norte; ; ((BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) Talvez o Coronel Antôno José de Souza e Oliveira seja irmão de Féliz Jorge de Souza e Oliveira. VII - a terceira neta, Maria Sabina de Souza [c.1793 - 14.02.1873], de quem descende parte dos Moreira da Rocha (v.s.), do Ceará; (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) A terceira neta ou tri-neta Maria Sabino de Souza é filha de uma irmã do Padre Mororó. O Padre Sadoc faz o seguinte relato sobre ela: 1817- 15 DE ABRIL (3º - feira: ) Casamento de Jorge Moreira da Rocha, filho de João da Racha Moreira e Ana Luiza da Fonseca, com Maria Sabino de Souza, filha do Cap. Antonio Furtado do Esp. Santo e Ana Antonia de Souza. São filhos deste matrimônio: 1. Comendador José Antonio Moreira da Rocha que se casou duas vezes. A primeira, com Carolina Leopoldina Alves da Fonseca, Filha do Cel. Vicente Alves da Fonseca e de sua segunda mulher Irene Ermelinda da Glória, a 7 de janeiro de 1854. Deste último matrimônio nasceu Desembargador Moreira da Rocha, em Sobral, a 24 de maio de 1868, o qual governou o Ceará no quatriênio 1924 – 1928. Irene Moreira da Rocha, c. c. o viúvo José Gomes Rodrigues de Albuquerque, filho de Antonio Joaquim Rodrigues e Ana Rosa Rodrigues de Albuquerque, a 3 de março de 1853. Faleceu a 22 de abril de 1855, com 23 anos (ARAUJO, PE.Francisco Sadoc de, Cronologia Sobralense, Imprensa universitária-UVA-Sobral-Ceará, 1979) 2. Comendador José Antonio Moreira da Rocha, que é filho de uma sobrinha do Padre Mororó casou-se com sua prima Carolina Leopoldina Alves da Fonseca, filha do Cel. Vicente Alves da Fonseca de seu segundo casamento, já que sua primeira esposa era Antonia Geracina Isabel de Mesquita neta de João Pinto de Mesquita, fundador de da cidade de Santa Quitéria, e filha única de Antonio Pinto de Mesquita e Luiza Tereza de Jesus Colaço. Antônio Pinto de Mesquita nasceu na fazenda Jacurutu Velho, Santa Quitéria, e constitui família na sede do então povoado de Santa Quitéria. VII - o terceiro neto, Coronel Félix José de Souza, nascido por volta de 1810. Proprietário da Fazenda Boa Vista, em Ipu. Chefe político de grande influência; (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) O terceiro-neto, ou tri- neto, o Coronel Félix José de Souza é sobrinho do Padre Mororó, aquele que o Padre Mororó levou para Guaraciaba a fim de educá-lo, e o quarto-neto, ou tetra-neto, Dr. Félix José de Souza Júnior é filho do Coronel Felix José de Souza, e deles surgiram os Mororó's da região compreendendo os municípios de Santa Quitéria, IPU, Hidrolandia etc. VIII - o quarto neto, Dr. Félix José de Souza Júnior, nascido por volta 1835, em Ipú, e falecido a 12 de Julho de 1876, em Mecejana, Ceará, vítima de uma aneurisma da aorta. Bacharel em Direito, em 1863, pela Faculdade do Recife. Foi Oficial-Maior da Secretaria do Governo e foi Professor de Geografia no Liceu Cearense. Deputado provincial, de 1864 a 1870; (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) Meu avô, Raimundo de Souza Mororó, que tinha dois irmãos, de nomes Francisco de Souza Mororó e Felix de Souza Mororó, nasceu em 28 de Abril de 1891. Provavelmente entre ele e o Dr. Félix José de Souza Júnior existem duas gerações. Como nasceram no município do Ipu, se for feita uma pesquisa na secretaria da Igreja e nos Cartórios poderemos obter os nomes destas duas gerações acima citadas. IX - a terceira neta, Francisca Isabel de Souza, de quem descendem os Souza Carvalho (v.s.), do Ceará. ((BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) VIII - o quarto neto, o Padre, Dr. Senador Tomaz Pompeu de Souza Brasil detalhes adiante; ((BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) Geracina Isabel de Sousa, Filha de Isabel Pinto de Mesquita, que por sua vez, era filha de João Pinto de Mesquita, ”O Partrianca do Jacurutu,” casou-se com Tomás de Aquino Sousa, primo legítimo dos Padres Mororó e Miguelinho, mártires dos ideais liberais, todos descendentes de tradicional família do Rio Grade do Norte. Tomás de Aquino Sousa era filho do Coronel Antônio Jose de Sousa Oliveira do Rio Grande do Norte. O Senador Pompeu é filho desse casal, logo os Pompeu's de Sousa Brasil são parentes dos Mororó's. São parentes dos Mororó's também os Catundas, porque o avô pateno do Padre Mororó era Francisco de Oliveira Catunda, e ainda dos Pintos de Mesquita porque o pai do senador Pompeu, que era primo, do Padre Mororó, casou-se com Geracina Isabel de Sousa, filha de Isabel Pinto de Mesquita, e também de outras famílias. IX - o quarto neto, o Capitão Antônio Pompeu de Souza Catunda, patriarca da família Catunda (v.s.), do Ceará. (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) O Capitão Antônio Pompeu de Souza Catunda era irmão do Senador Pompeu e pai do Senador Joaquim de Oliveira Catunda (Senador Catunda). O Senador Catunda, além de sobrinho do Senador Pompeu, era também afilhado, o padrinho o levou para estudar em Fortaleza. Linha de Batina: o Padre, Dr. Senador Tomaz Pompeu de Souza Brasil [1818-1877], quarto neto daquele fundador, deixou geração de sua união com Felismina Carolina Filgueiras. Foram os patriarcas das famílias Pompeu e Pompeu de Souza Brasil (v.s.), do Ceará. (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras,São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.) O pai do Senador Pompeu era primo do Padre Mororó, portanto o Padre Mororó era tio, em segundo grau, do Senador Pompeu CONTRIBUIÇÃO DO PADRE MORORÓ PARA DEMOCRACIA O Padre Mororó, assim como Frei Caneca deixaram como herança uma orientação tipicamente humanista, que ajudou na formação Teopolítica do País. Suas orientações são no sentido de estabelece o Estado Liberal, com instituições bem elaboradas, preservando os direitos individuais. Isto é o liberalismo radical, ao contrario do conservador que fortalece o Estado. O liberalismo radical traz consigo o direito de cidadania, como hoje conhecemos. Padre Mororó, e Frei Caneca eram oradores de alta qualidade, eram jornalistas políticos, poetas, estudiosos da ciência, seguindo a postura do iluminismo que obtiveram no seminário. Uma pessoa com este preparo tinha respeito e admiração por parte das elites daquela época. Vejamos o que o Barão de Studart diz a respeito deste assunto: Na luta em que se empenhara para alcançar o fim colimado, isto é, a efetividade da republica tão desastradamente idealizada e levada a efeito, não se podia prescindir do concurso de um vulto cujos talentos eram incontestes, como de fato sucedia com Mororó, possuidor de uma ilustração pouco vulgar em um tempo em que eram dum preço inestimável os trabalhos da inteligência. (STUDART, Guilherme, 1924, p. 233). A República que o Padre Mororó e o Frei Caneca pregavam não foi igual à república proclamada em 1889. A República de 1889 foi criada com requintes conservadores, e autoritários. Padre Mororó foi um idealista, sofreu influencia de outras pessoas, especialmente do Frei Caneca, que é autor de uma teoria política. O Padre Mororó teve participação ativa no movimento de 1824. Sobre isto João Brigido diz o seguinte: Os últimos destes movimentos foram assistidos, e aconselhados, e justificados pelo Padre Gonçalo, Luiz Pedro de Melo e César, e Padre Estevão José da Porciúncula, homens de talento e patriotas ardentes, que redigiam os papéis oficiais, ou escreviam no 'Diário do Governo', primeira publicação periódica que via o Ceará. (BRIGIDO João. Antologia de João Brigido,1969 p. 373) Obs. 40 e 41(MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2004,p's 40-41). Como podemos observar na narração de João Brigido, o Padre Mororó com seus conhecimentos de homem culto e com sua inteligência contribuiu muito com o movimento conhecido como Confederação do Equador, dando ideias, influindo na opinião pública através de artigos no jornal Diário do Governo do Ceará, e preparando proclamações e outros documentos, isto plantou uma semente democrática no nosso povo. Padre Mororó, mesmo na hora da morte, manteve-se com altivez e coragem, suas ultimas ações podem ser comparadas com as de São Lourenço que morreu queimado, e na hora da morte ainda fazia brincadeiras. São Lourenço foi queimado em uma espécie de grelha. Apos alguém tempo que estava sendo torrado gritou para os carrascos. Pode virar que este lado já está assado! São Lourenço suportou as dores da morte com alegria porque acreditava em Deus, e Padre Mororó, talvez, por está convicto que seu fuzilamento contribuiria para democracia em nosso País. Onde foi que Padre Mororó e são Lourenço encontraram tanta força e serenidade, para na hora da morte, enfrentá-la com coragem e até com alegria. São Lourenço foi sacrificado por propagar a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, e isto lhe deva alegria por está sendo morto por causa Dele. E Padre Mororó foi condenado por defender a liberdade, e isto lhe dava a convicção de esta plantando a semente da Democracia, e entrando para História, como de feto aconteceu. O Padre Mororó sempre gostou de escrever, ler, e estudar, porém sua participação literária sobressaiu-se mais por volta de 1820, quando esteve em Pernambuco, defendendo-se de acusações que lhe haviam sido feitas. Por ocasião de sua ida à Recife-PE renovou velhas ligações com Caneca e fez amizade com Cipriano de Almeida Barata, idealistas e participantes de vários surtos políticos (Brigido, 1969, p.371). Estes contatos fizeram com que Padre Mororó se entusiasmasse pelas ideias republicanas, e viesse à tona com toda força o que tinha no seu intimo desde os tempos de seminário, desde o tempo que era aluno do Padre Francisco Manuel, e dos conceitos obtidos através da leitura do Correio Brasiliense. Tudo isto fez com que ele em 1824 aderisse com todo entusiasmo a Confederação do Equador, e inicialmente, em 19 de janeiro daquele ano, proclamasse a Republica de Quixeramobim. O sonho do Padre Mororó, e de Frei Caneca e ainda de outros lideres da Confederação do Equador, era tornar o Brasil um pais possuidor de uma constituição que garantisse os direitos individuais, a divisão clássica de poderes, eliminando o autoritarismo, onde o Imperador era absoluto. O Padre Mororó, além da amizade com Frei Caneca, seu companheiro de seminário, era muito sintonizado com a sua maneira de agir e de pensar. Seu comportamento político, sua idéia de Igreja, sua capacidade intelectual, ideias iluministas, muito se assemelhavam. Ambos tiveram atitudes parecidas por ocasião da Independência, ou seja, trabalharam e se colocaram a favor Dela, porém sua luta, seu ideal era ver o Brasil democrático. No seminário, Gonçalo, futuro Padre Mororó, foi colega de Joaquim do Amor Divino, Frei Caneca, Padre Miguelinho, Padre João Ribeiro, além de outros que se envolveram nas revoluções de 1817 e 1824; lá tomaram conhecimento das ideias iluministas, criadas por filósofos franceses e implantadas em Portugal e suas colônias, por Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVII. Isto fez, Padre Mororó, lutar com todas suas forças para livrar o Brasil de um governo absolutista. O PADRE MORORÓ NÃO TEM SIDO HOMENAGEADO COMO MERECE O ilustre historiador sobralense, padre João Mendes Lira, a respeito da falta de homenagem ao Padre Mororó, assim se expressou: “O Padre Mororó foi tão elevado em seus ideais cívicos, religiosos e sociais quanto o General Sampaio. Por que, então, não deixar em Groaíras uma lembrança que perpetue a bravura, o destemor, o heroísmo de um homem que soube dar sua vida pelos nobres ideais que professava?”. Embora padre Lira não tenha dito expressamente, ao citar a cidade de General Sampaio, outro grande cearense, nascido na localidade que hoje tem o seu nome como homenagem, quis o ilustre professor sugerir a mudança do nome de Groaíras para “Padre Mororó”, idéia com a qual concordo e aproveito para conclamar os groairenses a apoiá-la. (MAURÍCIO. Ivan, PADRE MORORÓ, História do Ceará, Diário do Nordeste, Fortaleza, 21 fevereiro de 2009). O município de Santa Quitéria o homenageou, através da Poetisa Aracy Martins, no seu Hino Pátrio, e nomeando uma rua com seu nome, porém isto é pouco, outras homenagens poderiam ser feitas, como por exemplo: uma praça com seu nome, uma estatua, que poderia ser colocada na referida praça, etc. E Sobral que também reivindica tê-lo com um de seus filhos ilustre, poucas homenagem tem lhe prestado. Groairas prestou-lhe algumas homenagens, porém estão abandonadas. Domingo Pascoal, em artigo especial, relata também o seguinte: O seu nome, como de muitos outros mártires brasileiros, encontra-se na gaveta empoeirada do esquecimento, inclusive na sua cidade natal, Groaíras, pouca atenção tem sido dispensada àquele que foi seu filho mais ilustre. Nas décadas de 60 e 70, o então prefeito Cezário Feijó de Melo, um de seus descendentes, colocou o seu nome numa rua e numa praça. Na década de 80, quando governava o município, Joaquim Guimarães Neto, foi feita a divisão da cidade em bairros, o local onde ele nasceu conhecido como Mato Grosso, passou a chamar-se bairro Padre Mororó, porém, pouca gente hoje tem conhecimento disso e, por tal razão, continua a ser conhecido pela antiga denominação. Naquela mesma década, por sugestão de um grupo de groairenses que criaram a Associação dos filhos de Groaíras residentes em Fortaleza, e por influência do desembargador José Maria Melo, foi construído um memorial: Prédio moderno, bonito, porém, abandonado, infelizmente. (PASCOAL Domingos: Execução de Pe. Mororó ocorreu há 183 anos. Diário do Nordeste, Fortaleza, 3 de mai de 2008. Caderno Regional, p.2). ALGUNS DADOS CRONOLÓGICOS REFERENTES Á CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR E OUTROS FEITOS IMPORTANTES NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX. ? 29 de novembro de1807, O regente D.João embarca para o Brasil escondido. O povo de Lisboa vaia a fuga da família real; ? 28 de janeiro de 1808, abertura dos portos. Começa o processo de superação do domínio colonial do Brasil, que vai até 1831; ? 18 de fevereiro de1808, fundada a escola de medicina e cirurgia do hospital militar, BA, 1ª de nível universitário no país; ? 7 de março de 1808,a família real portuguesa chega ao Rio ; ? 1 de abril de 1808 ,abolido o alvará de 1785 que proibia indústrias do Brasil; ? 1 de junho de 1808, Hipólito José da Costa lança em Londres o 1ª jornal brasileiro,correio brasiliense; ? 13 de agosto de 1808, D.João cria a imprensa Régia e junto a censura previa; ? 10 de setembro de 1808, a gazeta do Rio de Janeiro, 1ª jornal impresso no Brasil, oficial, 4 págs,sob censura; ? 12 de outubro de 1808, alvará real criam o 1ºbanco do Brasil; ? 25 de Novembro 1808, fim da proibição da posse de terra por estrangeiros; ? 5 de janeiro de 1809 , escravos nagôs ,haussás e jejes se insurgem no Recôncavo,Bahia.queimam canaviais,fogem às centenas , atacam Nazaré das Farinhas, mas são batidos (7-1).Presos 83 homens e ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? 132 mulheres; 4 de fevereiro de 1810,carta rédea autoriza tipografia em Salvador,BA sob a dupla censura do governador e do Arcebispo; 26 de fevereiro de 1810, Portugal e Inglaterra Firmam tratados Liberais e comercio: privilégios para mercadorias inglesas; 4 de dezembro de 1810,carta régia ordena criação de usina de ferro de Ipanema,Sorocaba,São Paulo.Será primeira unidade industrial brasileira,todavia usando o braço escravo ; 13 de maio de 1811, criada a real biblioteca do Rio; 3 de agosto de 1811, aberta a Biblioteca pública da Bahia; 18 de fevereiro de 1813, denunciada conspiração dos escravos haussás das docas de cachoeira Bahia; 18 de fevereiro de 1813, rebelião dos escravos pescadores de Itapuã, BA, liderada por Francisco; Mata o feitor e mais doze brancos e ruma para Salvador; Derrotada na travessia do rio joanes, onde morrem 56 rebeldes; quatro enforcados, vários deportados; 4 de dezembro de 1816 D.João VI permite estradas para o interior de MG e ES ,proibidas em todo Brasil colonial; 6 de março de 1817 ,começa ,na Fortaleza de cinco pontas ,Recife a revolução pernambucana de 1817 que se estenderá à PB, RN e Sul do CE. Proclama a república sonhada pelos conjurados de MG e BA e forma um governo provisório com uma ala jacobina que propõe a libertação imediata dos escravos; 8 de março de 1817 1ª tipografia em Recife,PE,a serviço da Revolução republicana; 10 de março de 1817, os revolucionários de Pernambuco lançam o manifesto Preciso: “Viva a pátria, vivam os patriotas e acabe para sempre a tirania ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? real” 11 de março de 1817 a Paraíba adere a Revolução de 1817; 2 de abril de 1817,abençoada e consagrada no Recife a bandeira da revolução republicana ; 26 de abril de 1817, morre André de Albuquerque Maranhão, líder da revolução republicana de 1817 no Rio Grande do Norte. Em sua última noite, já ferido de morte na cela do forte dos reis magos, seus algozes dão lhe uma pedra por travesseiro, pois “é o que merecem os patriotas”; 12 de junho de 1817 fuzilados em Salvador mais 3 chefes da República de PE; 25 de junho de 1817, o Rei proíbe pela 3ª vez, sob pesadas penalidades a circulação do jornal Correio Brasiliense, que era editado em Londres e tinha como editor Hipólito José da Costa; 10 de julho de 1817 executados no Recife 4 líderes da insurreição republicana de 1817; 16 de setembro de 1817, o Rei separa Alagoas de Pernambuco,como castigo pela revolução de 1817; 30 de março de 1818 D.João VI proíbe, sob pena de morte a maçonaria e qualquer sociedade secreta; 14 de janeiro de 1819, isenção de impostos sobre a importação de livros; 4 de outubro de 1819, 1ª linha brasileira de navegação a vapor:Salvador-Cachoeira,BA; 6 de abril de 1820 decreto cria Os Correios do Brasil ; 26 de abril de 1821. D. João VI volta a Lisboa, sob pressão da revolução liberal do Porto; 7 de setembro 1822,grito do Ipiranga .No calendário oficial ,a data marca a independência do Brasil. Na verdade a separação de Portugal inicia-se bem antes (1808), finda bem depois (com a derrubada de D.Pedro I, 1831)e não resolve por inteiro a questão da dependência que volta a se agravar com a ofensiva neoliberal dos anos 90; ? 12 de outubro de 1822, D.Pedro I é aclamado Imperador, no Rio; ? 31 de maio de 1823, Dom Pedro I declara sobre á constituinte do Brasil, com ameaças: só aceito carta se for “Digna de mim” ? 20 de agosto de 1823, D.Pedro I condecora Maria Quitéria, Heroína da Bahia, que morrerá no abandono em 1853; ? 27 de abril de 1842 São Paulo passa a ter iluminação pública a azeite; ? 14 de julho de 1824 a Confederação do Equador triunfa na Paraíba; ? 12 de novembro de 1823, Dom Pedro I dissolve a 1ª constituinte brasileira: prisões, deportações. Ao sair do prédio, Antônio Carlos de Andrade tirou o chapéu com ironia para “sua majestade, o canhão”; ? 25 de março de 1824, Dom Pedro I outorga sua Constituição; ? 1º de abril de 1824, Padre Mororó assume a função de Redator Chefe do Diário do Governo do Ceará; ? 22 de maio, Padre Mororó, deixa a função de Redator Chefe do Diário do Governo do Ceará e assumi o cargo de Secretario do Grande Conselho Republicano; ? 02 de julho de 1824, Pais de Andrade, Governador de Pernambuco, proclama criada a Confederação do Equador; ? 7 de março de 1825 executados no Rio 2 líderes da Confederação do Equador; ? 25 de julho de 1824, Dom Pedro I suspende garantias individuais para reprimir a Confederação do Equador; ? 13 de setembro de 1824, violento combate em Recife entre as tropas imperiais e rebeldes republicanos; ? 17 de setembro de 1824, derrota da Confederação do Equador. O Exército Imperial toma o último reduto republicano, em Recife; ? 31 de outubro de 1824, derrota da confederação do equador no Ceará (Santa Rosa) seu líder, Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, morre em combate; ? 05 de dezembro de 1824, lei complementar a Constituição Imperial Brasileira proíbe escravos e leprosos de frequentarem a escola. Instruir a escravaria, classe trabalhadora fundamentalmente da época, para os senhores legisladores era crime; ? 13 de janeiro de 1825, Fuzilamento de Frei Caneca, revolucionário republicano, herói da Confederação do Equador. O Império autocrático sentenciou a forca (morte degradante), mas ele terminou fuzilado por não se encontrar no Recife um carrasco, preso ou escravo que aceitasse enforcá-lo; ? 30 de abril de 1825, Fuzilamento do Padre Mororó, que aconteceu no Passeio Publico em Fortaleza, por ter sido um dos líderes da confederação do Equador no Ceará. BIBLIOGRAFIA (ARAUJO, PE.Francisco Sadoc de Cronologia Sobralense, Imprensa universitáriaUVA-Sobral-Ceará, 1979); (BARATA, Carlos Eduardo de Almeida e BUENO, Antônio Henrique da Cunha, Dicionário das Famílias Brasileiras, São Paulo-SP, Árvore da terra, Cd, TOMO I – Vol. 1 & 2, TOMO II – Vol. 1 & 2, Software – Interbrain sistemas.); (BLAKE, Augusto Vitoriano Alves Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro, Rio de Janeiro :Impressa Nacional,v.3,1895; (BRIGIDO, João. Padre Gonçalo Inácio Loiola Albuquerque Melo Mororó. In: CARVALHO, Jáder de (Org.). Antologia de João Brigido. Fortaleza: terra do sol, 1969.); (MONTENEGRO, João Alfredo de Sousa, Padre Mororó – Revolução Impressa, 1º Ed. Fortaleza, Museu Ceará/ Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 20; (MORORÓ, Antonio Mauro Paiva. Santa Quitéria – História. In: Biografia de filhos Ilustres. 1° Ed. Santa Quitéria – Ceará, Artegráfica, 2006; (MACEDO. Nertan, O Clã de Santa Quitéria, 2ºEd., Rio de Janeiro, Renes, 1980, p.24); (MOURA, Dalwton, Diário do Nordeste, Fortaleza, 1º de abril de 2004, caderno 3, p.1º); (MAURÍCIO. Ivan, PADRE MORORÓ, História do Ceará, Diário do Nordeste, Fortaleza, 21 fevereiro de 2009); (NOBRE Geraldo da Silva. Relações familiares e movimento da independência no Ceará. Revista do instituto do Ceará, Fortaleza, t.especial, 1972); (PASCOAL Domingos: Execução de Pe. Mororó ocorreu há 183 anos. Diário do Nordeste, Fortaleza, 3 de mai de 2008. Caderno Regional, p.2); (STUDART, Guilherme (Barão de), Dicionário Bibliográfico cearense, Fortaleza: Tipo litografia a vapor, 1910); (SOUZA, Eusébio de. O Pe.Mororó e seus julgadores perante a história.Revista do Instituto do Ceará,Fortaleza,t.36, 1922.).