Livro de Resumos - Universidade de Aveiro
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Livro de Resumos - Universidade de Aveiro
LIVRO DE RESUMOS Universidade de Aveiro 2 a 4 de Maio de 2011 Universidade de Aveiro Comissão Organizadora Adelaide Almeida Cristina Bernardes Eduarda Pereira Fátima Alves Henrique Queiroga João Miguel Dias João Serôdio Newton C.M. Gomes Nuno Vaz Comissão Científica Adelaide Almeida Amadeu Soares Ana Lillebø Armando Duarte Artur da Rosa Pires Carlos Coelho Carlos Costa Carlos Vale Casimiro Pio Cristina Bernardes Eduarda Pereira Elisabete Figueiredo Fátima Alves Fernanda Alcântara Filomena Martins Henrique Queiroga João Carlos Marques João Miguel Dias João Serôdio Luís Arroja Luis Menezes Pinheiro Maria José Costa Newton C.M. Gomes Nuno Vaz Pedro Pombo Peter Roebeling Resumos da Jornadas da Ria de Aveiro 2011 2 Universidade de Aveiro INFORMAÇÕES Local de realização As Jornadas decorrerão no Anfiteatro da Reitoria da Universidade de Aveiro Recepção A recepção, para levantamento da documentação das Jornadas e informações, estará localizada no átrio do edifício da Reitoria da Universidade de Aveiro e permanecerá aberta das 9:00 às 17:00 horas todos os dias, com excepção no último dia em que encerrará às 16:00 horas. Equipamento de Projecção A sala das comunicações orais está equipada com computador e sistema de projecção (DataShow). Cada orador deverá transferir o ficheiro da sua apresentação para o computador da sala pelo menos na sessão anterior à da sua apresentação. Posters Os posters ficarão expostos no edifício da Reitoria, nos locais indicados para o efeito, devendo ser afixados no primeiro dia das Jornadas e onde ficarão expostos durante todo o evento. Resumos da Jornadas da Ria de Aveiro 2011 3 Universidade de Aveiro ÍNDICE Comunicações Orais……………………………………………………………………..5 Tema: Ciência e Tecnologia…………………………………………………......7 Tema: Socioeconomia…………………………………………………………. 26 Tema: Ordenamento e Gestão…………………………………………………..32 Comunicações em poster...……………………………………………………………..39 Índice de autores………………………………………………………………………..59 Resumos da Jornadas da Ria de Aveiro 2011 4 Universidade de Aveiro COMUNICAÇÕES ORAIS Resumos da Jornadas da Ria de Aveiro 2011 5 Universidade de Aveiro 2011 Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 6 Universidade de Aveiro 2011 CIÊNCIA E TECNOLOGIA Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 7 Universidade de Aveiro 2011 ACUMULAÇÃO DE MERCÚRIO AO LONGO DA VIDA EM LIZA AURATA DE DOIS SISTEMAS COSTEIROS COM DIFERENTE HISTORIAL DE CONTAMINAÇÃO S. Tavaresa, H. Oliveiraa, J. P. Coelhob, E. Pereirab, M. Pardala a b CEF, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra {mpardal}@ci.uc.pt} Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro {jpcoelho, eduper}@ua.pt O principal objectivo deste estudo foi avaliar a acumulação de mercúrio em quatro tecidos de Liza aurata (músculo, brânquias, fígado e cérebro) em dois ecossistemas costeiros, ao longo da vida da espécie. Foram capturados indivíduos de quatro classes de idade em dois locais de amostragem na Ria de Aveiro (Laranjo e Mira), sistema historicamente contaminado por mercúrio de origem industrial, e no Estuário do Mondego, que é considerado um sistema de referência em termos de contaminação por metais. Verificou-se que a concentração de mercúrio em todos os tecidos foi significativamente maior no Laranjo que no Mondego, o que está de acordo com os dados obtidos nas análises à água, sedimentos e SPM. Diferenças significativas entre os dois locais de amostragem na Ria de Aveiro foram apenas detectadas no fígado, o tecido que registou os níveis mais elevados de mercúrio (entre 0,11 e 4,2 µg g-1) em todos os locais de amostragem, seguido pelo músculo, cérebro e brânquias. Estes resultados salientam o papel central do fígado no metabolismo de metais, e indicam que este órgão pode ser considerado adequado para reflectir contaminação ambiental por mercúrio. Em todos os tecidos e locais de amostragem foi denotado um padrão de diluição de mercúrio ao longo da vida (com excepção do fígado no Mondego) seguindo uma tendência exponencial no Laranjo e uma tendência linear em Mira e no Mondego. O conteúdo em mercúrio orgânico do músculo representou na maior parte das vezes mais de 90% do conteúdo em mercúrio total, e seguiu o mesmo padrão de diluição observado para o mercúrio total. Os resultados sugerem que o consumo de Liza aurata capturada no Laranjo deve ser moderado, apesar de não ter sido ultrapassada a concentração limite permitida para consumo humano. ACUMULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MERCÚRIO EM PEIXES DA RIA DE AVEIRO C.L. Mieiroa, J.P. Coelhoa, M. Pachecob, A.C. Duartea, E. Pereiraa a Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {cmieiro, jpcoelho, aduarte, eduper}@ua.pt b CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] O principal objectivo deste trabalho foi estudar a acumulação de mercúrio em vários tecidos de peixes marinhos que usam a Ria de Aveiro como viveiro. Para tal, foram escolhidos juvenis de duas espécies ecologicamente diferentes e representativas da comunidade piscícola local, a tainha garrento (Liza aurata) e o robalo (Dicentrarchus labrax). Neste estudo foram escolhidos dois locais de amostragem de acordo com o grau de contaminação: um local muito contaminado (Largo do Laranjo - L) e outro local afastado da principal fonte de contaminação, servindo como termo de comparação (Referência - R). As concentrações de mercúrio total (T-Hg) e orgânico (O-Hg) foram quantificadas nas guelras, fígado, intestino, cérebro e músculo das duas espécies e também nos respectivos conteúdos intestinais. A acumulação de T-Hg e O-Hg foi tendencialmente maior para D. labrax e ambas as espécies demonstraram capacidade de reflectir o grau de contaminação ambiental existente, indicando que a acumulação depende da concentração ambiental e é específica para cada tecido. As guelras e o intestino revelaram níveis de T-Hg e de O-Hg idênticos entre espécies, assim como os níveis de T-Hg no cérebro. O músculo e os conteúdos intestinais exibiram níveis de T-Hg e de O-Hg diferentes entre as espécies, assim como os níveis de O-Hg no fígado. Com excepção das guelras, as concentrações de O-Hg nos tecidos, variaram em função do valor observado nos conteúdos intestinais, indicando que a alimentação é a via dominante da acumulação. As concentrações de O-Hg nos conteúdos intestinais revelaram ser uma informação relevante para prever a acumulação de O-Hg nos tecidos, uma vez que se verificou existir uma razão praticamente constante entre o teor de mercúrio no fígado, no músculo e nos conteúdos intestinais. Ambas as espécies de peixes demonstraram ser boas sentinelas da contaminação ambiental por mercúrio (T-Hg e O-Hg), sendo o cérebro e o músculo os tecidos que melhor reflectiram o grau de acumulação do elemento. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 8 Universidade de Aveiro 2011 ALTERAÇÕES HIDRODINÂMICAS NA RIA DE AVEIRO – CENÁRIOS FUTUROS A. Picadoa, C.L. Lopesa, J.M. Diasa a CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {ana.picado, carinalopes, joao.dias}@ua.pt. Os sistemas costeiros dominados pela maré, como os estuários e as lagunas, estão frequentemente sujeitos a alterações hidrodinâmicas de origem antropogénica e natural. Estas alterações podem aumentar os riscos de inundação marginal, de salinização dos terrenos agrícolas adjacentes, de erosão das suas margens e fundos, e ainda impossibilitar a navegação nos canais de profundidade reduzida. O aumento do nível médio do mar é uma consequência muito importante das alterações climáticas devido ao seu impacto na sociedade e nos ecossistemas. Análises de dados de marégrafos indicam um aumento do nível médio do mar global durante o século XX, e vários estudos prevêem que continue a subir durante o século XXI. A análise de dados de modelos climáticos para a costa portuguesa indica um aumento do nível médio do mar de 0.42 m para o final do século XXI. A Ria de Aveiro, uma laguna mesotidal localizada no Noroeste da Costa Portuguesa, é caracterizada por grandes áreas intermareais e por uma rede de canais muito estreitos. Tem uma área significativa de marinhas de sal abandonadas, cuja rápida degradação é causada pela falta de manutenção e pelas fortes correntes que provocam erosão dos seus muros protectores. É ainda apontada como sendo uma das regiões portuguesas que será mais afectada com o aumento do nível médio do mar. Com o intuito de avaliar as consequências do aumento da área alagável (devido ao colapso dos muros das marinhas de sal) e da subida do nível médio do mar na hidrodinâmica da Ria de Aveiro, foi aplicado o modelo hidrodinâmico ELCIRC (já previamente implementado e calibrado). Avaliaram-se as alterações na amplitude e fase da maré, e na sua assimetria, nas correntes de maré, e no prisma de maré para os cenários descritos. Em geral, os resultados sugerem uma intensificação nos padrões actuais de corrente, do prisma e da assimetria de maré. Verifica-se também um aumento da amplitude da maré (e diminuição da fase) com o aumento do nível médio do mar e uma diminuição ligeira da amplitude da maré (e aumento da fase) com o aumento da área alagável da laguna. BIOACUMULAÇÃO DE MERCÚRIO EM DIVERSOS NÍVEIS TRÓFICOS DA RIA DE AVEIRO J.P. Coelhoa, A.C. Duartea, E. Pereiraa, M.A. Pardalb a Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {jpcoelho, aduarte, eduper}@ua.pt b CEF, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, [email protected] Tirando partido do gradiente de concentrações de mercúrio existente na Ria de Aveiro, estudaram-se produtores primários, invertebrados detritivoros e predadores para elucidar os mecanismos de bioacumulação e de transferência trófica de mercúrio. Os resultados permitem estimar uma média de 60 µg de mercúrio por m2 de área vegetada por macrófitas enraizadas que estará disponível para bioacumulação através da via detritivora (plantas de sapal e ervas marinhas) ou por herbivoria (ervas marinhas), enquanto que relativamente às macroalgas a quantidade aumenta para 280 µg, o que representa um aumento relevante (4X) e implica um maior risco de contaminação para detritivoros e herbívoros. As diferenças de acumulação observadas entre espécies de macroalgas dever-se-ão à diferente mobilidade, fisiologia e morfologia de cada espécie. A ameijoa S. plana acumula mais mercúrio do que a poliqueta H. diversicolor, apesar de ambos serem detritivoros, o que sugere características fisiológicas e ecológicas distintas. Devido à maior biomassa e bioacumulação, a S. plana é responsável por 90% do mercúrio associado a estas duas espécies ( pode atingir 175 µgm-2 por ano), o que corresponde a um total de 74 g de Hg acumulado nesta espécie, só no Largo do Laranjo. Comparando estes valores com os obtidos para os produtores primários (60 – 280 µg m-2), verificase que são semelhantes, mas tendo em conta a fracção do metal que está na forma orgânica, verifica-se um incremento (3X) na quantidade de mercúrio disponível para elos tróficos superiores. Os resultados indicam que a ameijoa acumula mercúrio ao longo da vida, estando a taxa de acumulação associada aos níveis de contaminante na matéria particulada em suspensão, um reflexo da alimentação. No caso do predador Carcinus maenas dois cenários distintos foram identificados: em locais com baixa contaminação a via de Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 9 Universidade de Aveiro 2011 explosição parece ser a dieta, enquanto que em locais contaminados a exposição ambiental (dissolvida e particulada) é predominante. CONTROLO ESTRUTURAL DO ESCAPE (NATURAL) DE GÁS NA RIA DE AVEIRO: RESULTADOS DE UM LEVANTAMENTO PSEUDO-3D DE REFLEXÃO SÍSMICA DE ALTA RESOLUÇÃO H. Duartea, L.M. Pinheirob a Unidade de Geologia Marinha, Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Alfragide, 2611-901 Amadora, [email protected] b CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] Este trabalho apresenta os resultados de um levantamento pseudo-3D de reflexão sísmica de alta resolução (sistema Chirp), levado a cabo em 2002 para investigar a ocorrência de gás nos sedimentos do canal de maré junto ao Terminal Sul do Porto de Aveiro. O perfis de Chirp adquiridos cobriram densamente a área de estudo, permitindo a distribuição dos traços sísmicos em células regulares (processo de 3D trace binning) de modo a construir um cubo sísmico pseudo-3D. Este cubo foi interpretado conjuntamente com perfis de reflexão sísmica de alta resolução (Chirp e Boomer) de outros levantamentos da área de estudo, de modo a cartografar de forma rápida e detalhada horizontes sísmicos e estruturas. Os dados de descrição de sondagens hidrogeologógicas e geotécnicas foram utilizados para calibrar e caracterizar a lito-estratigrafia das unidades sísmicas principais onde ocorrem as evidências de gás. Estas evidências da presença de gás incluem: turbidez acústica, reflexões reforçadas, branqueamento acústico, pockmarks e buried pockmarks, e plumas acústicas na coluna de água (flares). A cartografia de detalhe mostra evidências de acumulações de gás em sedimentos arenosos e lodosos do Holocénico, bem como no substrato Mesozóico, composto de margas e argilas do Cretácico. A localização e geometria das estruturas de escape de fluidos acompanham o padrão de fracturas que afectam o substrato Mesozóico. Esta associação espacial indica que estas fracturas são condutas preferenciais para a migração de fluidos, e que exercem um controlo estrutural na ocorrência de gás na Ria de Aveiro. DINÂMICA DA MARÉ NA RIA DE AVEIRO J.M. Diasa, A. Picadoa, I.B. Araújob a CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {joao.dias, ana.picado}@ua.pt b CIMAR/CIIMAR, Universidade do Porto, Rua dos Bragas 289, 4050-123 Porto, [email protected] A hidrodinâmica da Ria de Aveiro é determinada pelo efeito da acção do vento a actuar sobre a superfície livre das suas águas, pela descarga fluvial dos vários cursos de água que nela desaguam, e principalmente pela propagação da maré Atlântica através da sua única embocadura. O efeito conjunto destes forçamentos é modificado pela geomorfologia da laguna, originando um complexo padrão hidrodinâmico. Considerando que a maré domina a hidrodinâmica da Ria de Aveiro, é objectivo deste trabalho caracterizar a dinâmica mareal da Ria de Aveiro. Neste âmbito são apresentados resultados da análise dos valores da elevação da superfície livre da água medida no marégrafo da Barra de 1976 a 2005, de dois levantamentos gerais de maré efectuados em 1987/88 e 2002/03, assim como da aplicação de modelos numéricos ao estudo da propagação da maré nesta laguna. A partir destes dados é determinada a evolução da maré astronómica na embocadura da laguna, a amplitude e fase dos principais constituintes de maré nos dois períodos referidos (quer através de observações, quer de previsões numéricas), assim como o prisma de maré nos principais canais da Ria de Aveiro e os padrões da velocidade da corrente de maré em situações extremas de maré viva e de maré morta. São ainda comparados os resultados para os diferentes períodos em análise, de modo a determinar a evolução temporal da maré ao longo da laguna e estudada a origem das variações identificadas. Os resultados demonstram que a amplitude da maré e nível médio do mar aumentaram na embocadura da Ria de Aveiro durante o período em análise. Verifica-se ainda que a amplitude da maré diminui e a fase aumenta para montante, e que nas estações/locais (amostrados) a amplitude aumentou ao longo do tempo e a fase Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 10 Universidade de Aveiro 2011 diminuiu. O aprofundamento gradual do canal da embocadura justifica a evolução identificada, sendo este facto comprovado quer por modelação analítica, quer numérica. DINÂMICA TERMOHALINA DO CANAL DO ESPINHEIRO (RIA DE AVEIRO) N. Vaza, M. Sousaa, P.C. Leitãob, J.M. Diasa a CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {nuno.vaz, mcsousa, joao.dias}@ua.pt b Hidromod, Av. Manuel da Maia, nº36, 3ºEsq., 1000-201 Lisboa, [email protected] A Ria de Aveiro é o sistema lagunar costeiro mais extenso e dinâmico de Portugal. A sua dinâmica e geometria complexa fazem dela um desafio permanente para cientistas e gestores costeiros. A Ria é composta por quatro canais principais, sendo que cada um tem características estuarinas únicas. Neste trabalho são apresentados resultados da circulação termohalina no canal que faz a ligação entre a principal fonte de água doce da Ria (Rio Vouga) e o Oceano Atlântico: o Canal do Espinheiro. A ênfase é dada no estabelecimento de frentes estuarinas, processos de estratificação/mistura e transporte de sal devidos aos dois forçamentos físicos principais da laguna: a maré e o caudal fluvial. Foi observada a formação de fortes gradientes de salinidade (frentes estuarinas) numa região a cerca de 7-8 km da embocadura do canal, observando-se a sua migração numa região de ~1 km, dependendo do regime de maré. O balanço entre o transporte advectivo e difusivo de sal foi calculado, revelando que os processos físicos que contribuem para o transporte de sal são a circulação residual, a descarga fluvial e a circulação gravitacional. A estrutura horizontal e vertical de salinidade e de temperatura da água no canal mostra a divisão do canal em três regiões distintas: uma influenciada pelo oceano, uma de mistura e outra em que a descarga fluvial é dominante. O cálculo do transporte de sal na embocadura revela zonas de trocas específicas, que mudam com o caudal fluvial do Vouga: observa-se um transporte advectivo de sal em duas camadas (caudal fluvial intenso) ou homogéneo na vertical e de sinal oposto lateralmente (caudal fluvial fraco-a-médio). O estudo da estrutura termohalina do Canal do Espinheiro revela-se um permanente desafio, que permite o aumento do conhecimento sobre os processo físicos, bem como definir uma base segura para futuros estudos que combinem uma abordagem física e biogeoquímica, uma vez que a salinidade e a temperatura podem ser considerados “proxys” para a qualidade da água na laguna. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E ESPESSURA DE SEDIMENTOS ENTRE A ENTRADA DA BARRA E O TERMINAL NORTE DO PORTO DE AVEIRO L. Azevedoa, L.M. Pinheiroa, T.D. Ribeiroa, H. Duarteb, D.S. Gonçalvesa, S. Sád, F.C. Teixeiraa a CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,{leonardo.azevedo, lmp, tiago.ribeiro, danielamsg, fcurado}@ua.pt b LNEG, Unidade de Geologia Marinha, Estrada da Portela, Alfragide, 2611-901 Amadora, [email protected] d EUROCEAN, Avenida D. Carlos I, 1249-074 Lisboa, [email protected] Nos últimos anos têm sido efectuados numerosos levantamentos com sísmica de reflexão de muito alta resolução (Chirp-Sonar) na Ria de Aveiro, pelo Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha do CESAM e Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro, com a colaboração da Administração do Porto de Aveiro, S.A. (APA) e de elementos da Unidade de Geologia Marinha do INETI (agora LNEG). A realização destas campanhas geofísicas permitiu a recolha de uma malha muito apertada de perfis de reflexão sísmica de muito alta resolução na área entre a entrada da Barra e o Terminal Norte do Porto de Aveiro. A interpretação da malha de perfis sísmicos em toda a área de estudo permitiu identificar as principais unidades sedimentares, determinar a sua espessura e cartografá-las, com base no seu carácter sísmico, obtendo um modelo tridimensional da sua distribuição nas primeiras dezenas de metros abaixo do fundo. A caracterização das unidades sedimentares nesta área, realizada neste trabalho, para além de permitir compreender melhor a dinâmica sedimentar da área de estudo e poder seguir a sua evolução e mudanças ao longo do tempo, contribui para constranger os modelos hidrodinâmicos existentes e tem implicações importantes para o planeamento e execução das operações de dragagens, recorrentes nesta zona, essenciais para assegurar a boa navegabiliadade no interior da zona portuária. A interpretação destes dados permitiu Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 11 Universidade de Aveiro 2011 ainda identificar algumas falhas geológicas e cartografar o topo das formações do Cretácico (Argilas de Aveiro) nos dados de reflexão sísmica, o que tem igualmente implicações para um melhor conhecimento da hidrogeologia da região de Aveiro. EVOLUÇÃO MORFODINÂMICA DA EMBOCADURA DA RIA DE AVEIRO S. Plechaa, C.L. Lopesa, P.A. Silvaa, A. Oliveirab, J.M. Diasa a CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {sandraplecha, carinalopes, psilva, joao.dias}@ua.pt b Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1700-066 Lisboa, [email protected] A Ria de Aveiro é uma laguna geologicamente recente, originada por flutuações no nível médio do mar causadas por oscilações climáticas e pelo transporte litoral de sedimentos no sentido Norte-Sul. Desde a sua origem até meados de 1741, a ligação entre a laguna e o mar migrou desde a Torreira até Mira. Em 1802 iniciaram-se os trabalhos de abertura de uma embocadura artificial, concluídos em 1808 com a sua fixação na posição actual. A realização de obras de dragagem e de alteração na configuração dos quebramares que delimitam a embocadura prosseguiu ao longo do tempo, tendo como principal objectivo melhorar o acesso de navios ao porto de Aveiro. Com este trabalho pretende-se analisar a morfodinâmica da embocadura da Ria de Aveiro desde 1988 (três anos depois de concluídos os trabalhos de configuração dos quebramares) até ao presente, assim como prever a sua variação morfológica num cenário futuro de subida do nível médio do mar. Neste âmbito foram analisados dados batimétricos resultantes de levantamentos efectuados pela Administração do Porto de Aveiro (APA) e efectuadas simulações numéricas através do desenvolvimento e aplicação de um sistema de modelos morfodinâmico para o nível médio do mar actual e considerando um cenário de subida do mesmo devido às alterações climáticas. Os resultados obtidos mostram um aprofundamento do canal de navegação e da região que circunda o quebramar Norte, colocando a estabilidade desta estrutura em perigo. Por sua vez, junto à cabeça do quebramar Sul e na região do triângulo das marés, é observada acreção. Verifica-se ainda ao longo dos anos uma migração das formas de fundo em direcção ao largo. O transporte residual de sedimentos no interior da laguna é maioritariamente devido à acção do campo de correntes de maré e a acção do campo de agitação restringe-se à embocadura e costa adjacente. As previsões mostram um aumento nos fluxos residuais e uma intensificação dos padrões de sedimentação/acreção relativamente ao presente para o cenário de subida do nível médio do mar. FORAMINÍFEROS BENTÓNICOS DA RIA DE AVEIRO, BIOINDICADORES DE POLUIÇÃO V. Martinsa, C. Ferreirab, E. Ferreira da Silvaa, F. Rochaa a GeoBioTec, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {virginia.martins, eafsilva, tavares.rocha}@ua.pt b CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] Este trabalho baseia-se na análise de 218 amostras de sedimentos recolhidos em canais da Ria de Aveiro. Pretende-se com este trabalho avaliar a qualidade dos sedimentos, com base em dados geoquímicos (concentração total de metais pesados e sua disponibilidade no sedimento) e no seu efeito nas associações de foraminíferos bentónicos (abundância de indivíduos, diversidade de espécies e percentagem de espécies, em cada amostra). Os foraminíferos são organismos, constituídos por uma célula protegida por uma carapaça, muito úteis em estudos de monitorização da qualidade ambiental.A abordagem proposta para identificar os locais contaminados na Ria de Aveiro, baseou-se na determinação da concentração por digestão total do sedimento, seguida de análise por ICP-MS, em laboratório internacional acreditado. A concentração de metais pesados considerados tóxicos, tais como o As, Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn foi usada na determinação de um índice de carga poluente (ICP). Esta informação foi complementada com a determinação, em alguns dos locais mais contaminados, das fases-suporte (catiões de troca adsorvidos nos minerais argilosos, na matéria orgânica ou retidos na fracção mineralógica resistente) dos metais pesados avaliada por extracção química selectiva. Os valores do ICP permitiram verificar que as concentrações mais elevadas ocorrem no Largo do Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 12 Universidade de Aveiro 2011 Laranjo, na zona Portuária e em canais da Cidade de Aveiro e que nestas zonas os metais se encontram disponíveis (elevada % associada aos catiões de troca e matéria orgânica). O tratamento estatístico multivariado de dados bióticos e abióticos permitiu verificar que nos locais mais contaminados a abundância e diversidade das espécies é mais reduzida. Estes resultados demonstram que os foraminíferos podem ser usados como bioindicadores de poluição, na Ria de Aveiro. Contudo, este sistema possui grandes diferenças em termos de actividade de correntes, variação de salinidade, taxa de sedimentação e oxigenação do sedimento, factores causadores de stresse ambiental para este grupo, que não poderão deixar ser levados em consideração em estudos desta natureza. FORÇAMENTO AMBIENTAL A DIFERENTES ESCALAS ESPACIO-TEMPORAIS: EFEITO SOBRE POPULAÇÕES DE CRUSTÁCEOS ZOOPLANCTÓNICOS. S.M. Leandroa, H. Queirogab a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, Grupo de Investigação em Recursos Marinhos, Instituto Politécnico de Leiria, [email protected] b CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, [email protected] Para a realização deste estudo, foram colhidas amostras de zooplâncton entre Agosto de 2000 e Junho de 2002, em 6 locais distribuídos ao longo do Canal de Mira (Ria de Aveiro, Portugal). Em cada momento de amostragem, foram definidos perfis verticais de salinidade, temperatura e recolhidas amostras de água para estimativa de clorofila a e matéria particulada em suspensão. A abundância média de copépodes (Acartia clausi e Acartia tonsa e juvenis de Acartia spp.) para cada mês e local de amostragem foi estruturada numa matriz triangular e posteriormente decomposta em 3 matrizes correspondentes aos modos tempo, espaço e espécie. A análise de cluster aplicada a cada um dos modos, revelou a existência de 3 grupos biológicos e 3 zonas distintas ao longo do Canal de Mira. A aplicação de análise PCA a cada um dos modos revelou igualmente a existência de fortes variações sazonais dos parâmetros ambientais na zona 1 e zona 2. As populações congenéricas mostraram estar segregados no espaço: a população A.clausi restrita à zona 1 (estações a jusante), enquanto a população A.tonsa foi mais abundante na região compreendida entre a estação 2 e estação 5 (estuário médio). Em consequência de diferentes regimes pluviosidade verificados ao longo do estudo, foi registado um padrão distinto de distribuição longitudinal para os perídodos compreendidos entre Novembro 2000 a Abril 2001 e Novembro 2001 a Abril 2002, com o respectivo deslocamento dos níveis mais elevados de abundância do estuário médio para a embucadora, em resultado da actuação de processo advectivos. A metodologia estatística aplicada no presente estudo provou ser uma ferramenta importante para a discriminação de padrões de distribuição espacial e sazonal, assim como a definição de secções estuarinas tendo por base a composição faunística. IMPACTO DE TEMPORAIS E GRUPOS DE TEMPORAIS NA COMPONENTE LONGILITORAL DA PRAIA SUB-AÉREA P. Baptistaa, C. Bernardesa a CESAM, Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {renato.baganha, cbernardes}@ua.pt A caracterização morfológica da componente longilitoral da praia emersa, em resposta a diversas condições de agitação, é um aspecto importante no estudo de praias expostas como são os casos dos sectores litorais que ocorrem no litoral de Aveiro, tendo em conta a conhecida vulnerabilidade a eventos de temporal. O principal objectivo do presente trabalho consiste em apresentar os resultados da aplicação de um método relativamente económico que permite a geração de modelos de elevação do terreno da praia sub-aérea para posterior análise da variabilidade longilitoral da praia. Pretende-se analisar o impacto de diferentes condições de agitação integrando nessa análise diversas variáveis físicas, tais como a variação de linha de costa, de volume, de largura e de declive da praia. O método permite evidenciar mecanismos, naturais e antrópicos, forcadores dessa variabilidade. A aquisição de dados de campo, efectuada actualmente com o sistema INSHORE (INtegrated System for High Operational REsolution in shore monitoring), que integra vários Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 13 Universidade de Aveiro 2011 sensores adaptados a plataforma móvel, permite, com elevada precisão, obter o posicionamento dos elementos físicos do terreno. O presente método foi aplicado ao sector litoral entre as praias do Poço da Cruz e Mira (Sul de Aveiro), num total de 3.5 km de extensão de praias, limitadas por esporões nos extremos da zona de estudo. Foram realizadas seis campanhas de monitorização no sentido de avaliar o impacto de temporais individuais e grupos de temporais na componente longilitural da praia emersa. Os resultados obtidos evidenciam uma reacção heterogénea da praia sub-aérea em resposta às diversas condições de agitação testadas, no que diz respeito à localização das principais zonas de erosão e acreção sedimentar, nem sempre controladas pelo efeito da presença de esporões, embora os principais locais de erosão sedimentar se localizem a sotamar de esporões. A presença e migração de barras transversais rítmicas contribuem para este resultado. IMPACTO DO VIRIOPLÂNCTON SOBRE A COMUNIDADE BACTERIANA DA RIA DE AVEIRO A. Almeidaa, A. Cunhaa, N. Gomesa, L. Santosa, C. Mendesa, C. Pereiraa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {aalmeida, acunha, gomesncm, lsantos, carlosmiguel, a33369}@ua.pt Os vírus são a forma de vida mais abundante e geneticamente diversa do ambiente aquático. Causam mortalidade significativa e selectiva na comunidade microbiana, tendo um papel importante nos ciclos de nutrientes, fluxos de energia e estrutura das comunidades. No sistema estuarino da Ria de Aveiro foram observados perfis longitudinais de abundância viral distintos (0.2-25.0 x 1010 partículas L-1), com máximos no estuário médio e mínimos no estuário inferior. A abundância viral foi mais elevada à superfície que nas camadas mais profundas da coluna de água. Foi observado um padrão tidal de variação bastante nítido, caracterizado por aumentos de densidade perto da baixa-mar e decréscimos na preia-mar. A variação sazonal do virioplâncton foi característica de um sistema temperado, com picos durante a estação quente e valores mais baixos nos meses frios. Na Ria, grande parte do virioplâncton parece ser constituído por bacteriófagos. Os perfis de variação geográfica, tidal, sazonal e vertical do virioplâncton seguiram a abundância bacteriana e o número total de bactérias foi a variável que melhor explicou a sua variação (r2 = 0,40). A análise ao microscópio electrónico mostrou que a maioria dos vírus da Ria apresenta tamanho característico dos bacteriófagos (30-90 nm, média 45 nm). Os ensaios laboratoriais confirmaram que a infecção viral exerce um controle forte sobre o bacterioplâncton da Ria. A contribuição da lise viral para a mortalidade bacteriana é elevada (59% na zona salobra e 36% na zona marinha). A lisogenia provoca um decréscimo significativo na densidade e produtividade bacteriana. Pode concluir-se, que na Ria, os vírus podem regular a comunidade bacteriana, sendo as duas vias principais de interacção com os seus hospedeiros, ciclos lítico e lisogénico, importantes neste ambiente. INFLUÊNCIA DA CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ESTRUTURA DA COMUNIDADE MACROBENTÓNICA DA RIA DE AVEIRO M. Nunesa, J.P. Coelhob, P.G. Cardosoc, M.E. Pereirab, A.C. Duarteb, M.A. Pardala a CFE, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, {mnc, mpardal}@ci.uc.pt b CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {jpcoelho, eduper, aduarte}@ua.pt c IMAR, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Largo Marquês de Pombal, 3004-517 Coimbra, [email protected] A Ria de Aveiro recebeu, durante cerca de quarenta anos, elevadas quantidades de mercúrio provenientes da descarga de um efluente industrial de uma fábrica produtora de cloro e soda cáustica. É neste contexto que o presente trabalho se insere com objectivo de avaliar a influência da contaminação por mercúrio, um elemento tóxico para todos os organismos, na estrutura da comunidade macrobentónica na Ria de Aveiro. Foram definidos cinco locais de amostragem na zona intertidal da Ria de Aveiro de forma a obter amostras representativas do actual gradiente de concentrações de mercúrio, a partir do ponto de entrada do efluente Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 14 Universidade de Aveiro 2011 industrial no sistema. Nestes cinco locais foram realizadas duas campanhas de amostragem, uma no Inverno de 2006 e outra no Verão do mesmo ano, para recolha de macroinvertebrados bentónicos, água e sedimento. O estudo permitiu detectar diferenças significativas na estrutura da comunidade macrobentónica ao longo do gradiente de concentrações de mercúrio. De modo geral, o aumento dos níveis de mercúrio no sistema conduziu à diminuição da abundância total, a uma menor riqueza específica e à dominância de taxa tolerantes ao metal. Os poliquetas Hediste diversicolor e Alkmaria romijni, e o isópode Cyathura carinata apresentaram uma correlação positiva com os níveis de mercúrio no sedimento, enquanto os bivalves Scrobicularia plana, Cerastoderma edule e Abra alba surgiram em maior densidade em locais pouco contaminados. Os resultados obtidos também demonstraram que o mercúrio levou a alterações na estrutura funcional da comunidade macrobentónica. Apesar do gradiente de mercúrio poder ser considerado o principal responsável pela estrutura da comunidade macrobentónica na área de estudo, a salinidade demonstrou ter também um papel importante nas variações sazonais da comunidade. Deste modo, os resultados obtidos sugerem que a estrutura da comunidade macrobentónica é definida pela interacção entre factores ambientais naturais e antropogénicos. INTERPRETAÇÃO DE FORMAS DE FUNDO E MONITORIZAÇÃO DE ESTRUTURAS PORTUÁRIAS COM SONAR DE VARRIMENTO LATERAL NA ÁREA DO PORTO DE AVEIRO D.S. Gonçalvesa, L.M. Pinheiroa, L. Azevedoa, C. Garridob, S. Diasb a CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {danielamsg, lmp, leonardo.azevedo}@ua.pt b Administração do Porto de Aveiro, Aveiro, {carlagarrido, dias}@portodeaveiro.pt A zona do Porto de Aveiro entre os 2 molhes de entrada da Barra e os canais mais próximos da embocadura, tem sido intensamente investigada nos últimos anos com Sonar de Varrimento Lateral (SVL), em levantamentos efectuados em estreita colaboração com a Adminstração do Porto de Aveiro, S.A. (APA). Nestes levantamentos, foi usado um Sonar de Varrimento Lateral de dupla frequências (100 e 400 kHz) recentemente adquirido pelo Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha do CESAM e Departamento de Geociências da UA. O posicionamento dos dados foi efectuado sempre com GPS diferencial, com correcções RTK. O processamento dos dados incluiu a eliminação da coluna de água, a correcção das distâncias horizontais e a correcção de obliquidade do feixe. Os dados processados permitiram criar mosaicos georeferenciados para a zona de estudo e obter imagens acústicas de muito alta resolução do fundo da Ria. A interpretação em Sistema de Informação Geográfica (ArcGis) dos mosaicos de SVL e da batimetria de alta resolução adquirida pela APA permitiu: a identificação de diversas formas de fundo (por exemplo áreas com ondas de areia com diferentes comprimentos de onda); distinguir zonas de sedimentos de fundo com diferentes granulometrias; avaliar a estabilidade das estruturas portuárias, em particular dos molhes de protecção da entrada da Barra, com a identificação e cartografia de áreas de queda de blocos dos taludes dos molhes; e identificar áreas onde foram efectuadas dragagens. A integração dos dados de SVL com a batimetria permitiu esclarecer quais as áreas em que as altas reflectividades resultam de mudança de tipo de sedimentos e aquelas em que as altas reflectividades derivam de efeitos da topografia de fundo. Estes dados permitem não só efectuar a monitorização das áreas onde foram efectuadas dragagens e avaliar a sua extensão espacial, como identificar áreas e estruturas portuárias que necessitem de eventual intervenção. MERCÚRIO NA RIA DE AVEIRO – O QUE SABEMOS COM A INVESTIGAÇÃO EFECTUADA NO LARGO DO LARANJO E. Pereiraa, A.C. Duartea a CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {eduper, aduarte}@ua.pt Um dos principais poluentes da Ria de Aveiro foi identificado como sendo o mercúrio. O Largo do Laranjo, uma bacia de sedimentação situada a cerca de 4 km do local de descarga do metal, é a zona da Ria onde os níveis de mercúrio podem ser considerados mais elevados nos diversos compartimentos ambientais. Esta Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 15 Universidade de Aveiro 2011 área constitui uma importante interface entre a fonte de mercúrio e a restante área da Ria e nos últimos anos tem sido intensivamente estudada com o objectivo de avaliar a evolução temporal da quantidade de mercúrio descarregado, de caracterizar a dinâmica do metal na área mais contaminada e de avaliar a influência da contaminação com mercúrio na cadeia trófica da Ria. Desde 1993, diversas amostragens de água, matéria particulada em suspensão, sedimentos e peixes tem sido realizadas na Ria, para determinação do conteúdo de mercúrio. Os resultados obtidos indicam que a maior parte do mercúrio na coluna de água se encontra associado com as partículas em suspensão e não na fracção dissolvida. Nos sedimentos superficiais do Largo do Laranjo as concentrações de mercúrio variam entre 10 a 60 µg/g, enquanto que no resto da Ria são da ordem de 0.6 µg/g. Os perfis verticais de mercúrio em sedimentos recolhidos no Largo do Laranjo, evidenciam máximos de concentração em profundidade, indicando que ocorreram maiores descargas do metal em anos anteriores. Trabalho realizado durante um ciclo de maré na área de comunicação do Largo do Laranjo com o resto da Ria (Cais do Chegado), indica que a acção periódica das marés nesta área resulta num transporte de mercúrio para o resto da Ria e que este transporte é efectuado predominantemente através da matéria particulada em suspensão. A quantidade estimada de mercúrio que é exportado em cada ciclo de maré associado à matéria particulada em suspensão é da ordem das 95 g. Os resultados obtidos apontam para a necessidade de prevenir eventuais acções antropogénicas nas áreas mais contaminadas, que contribuam para aumentar o processo de dispersão do metal na Ria. METAIS E COMPOSTOS ORGÂNICOS EM SEDIMENTOS: 25 ANOS DE MONITORIZAÇÃO NA RIA DE AVEIRO (1985 – 2009) C. Palmaa, M. Valençaa, I. Cruz a a Instituto Hidrográfico, Divisão de Química e Poluição do Meio Marinho, Rua das Trinas,49 , Lisboa, {carla.palma, manuela.valenca, isabel.cruz}@hidrografico.pt O Instituto Hidrográfico realiza desde 1980 o programa “Vigilância da Qualidade do Meio Marinho” sendo a ria de Aveiro uma das áreas abrangidas. Pretende-se conhecer o estado de poluição da área em estudo através da execução de análises em amostras de água e sedimento. Apresentam-se neste trabalho os resultados de metais e compostos orgânicos em amostras de sedimento de superfície colhidas anualmente (1985 – 2009) e em amostras de sedimento de profundidade em determinados locais e períodos (Largos do Laranjo e da Coroa), acompanhados duma análise que procurou investigar a evolução do estado ambiental dos locais monitorizados. As análises físicas e químicas efectuadas aos sedimentos foram a composição granulométrica, perda por ignição, carbono orgânico total, policlorobifenilos, pesticidas, hidrocarbonetos, hidrocarbonetos aromáticos e metais. Os pontos de amostragem estão distribuídos tendo em conta os inputs de contaminantes. Após colheita, as amostras foram fraccionadas, congeladas a -18ºC, secas por liofilização e homogeneizadas num moinho de ágata. A granulometria foi efectuada por difracção laser, o carbono orgânico foi quantificado num espectrofotómetro de infravermelhos, os metais foram quantificados após digestão com ácido fluorídrico e água régia por espectrometria de absorção atómica. A extracção de pesticidas organoclorados e policlorobifenilos foi efectuada com solventes orgânicos, seguida de purificação do extracto e fraccionamento por cromatografia de adsorção em coluna e a quantificação efectuada por cromatografia gasosa, com coluna capilar e detector de captura de electrões. A análise de hidrocarbonetos aromáticos em sedimentos foi efectuada por espectrofluorimetria. A avaliação dos resultados obtidos na ria de Aveiro ao longo dos anos permite concluir que há zonas da ria que sofrem uma maior influência industrial, urbana e agrícola, conduzindo a valores mais elevados em alguns parâmetros químicos, mas também que se registam evoluções positivas de diminuição de contaminação. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 16 Universidade de Aveiro 2011 MOBILIDADE, ACUMULAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE MERCÚRIO EM SAPAIS M. Válegaa, E. Pereiraa, M.A. Pardalb, A.C. Duartea a CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {mvalega, eduper, aduarte}@ua.pt b CEF, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, [email protected] Tendo em conta a importância ecológica que os sapais desempenham nos ecossistemas e o conhecimento do elevado grau de contaminação da Ria de Aveiro com mercúrio (Hg), várias questões foram colocadas ao nível da influência destes ecossistemas no ciclo biogeoquímico deste metal. Os aspectos abordados no âmbito deste trabalho foram: a) impacto das descargas de Hg e o processo de recuperação do sapal; b) mobilidade do Hg em sedimentos colonizados pela espécie H. portulacoides, incorporação na biomassa e exportação para as áreas adjacentes; c) papel das plantas na forma química do Hg; d) processos responsáveis pelo mecanismo de tolerância ao Hg da H. portulacoides; e) utilização da H. portulacoides como biomonitor da contaminação de Hg em sedimentos de sapal. A análise dos resultados revelou que as descargas de Hg induziram uma diminuição na diversidade florística, conduzindo-o a um estado com predominância de apenas uma espécie, nos anos de maiores descargas. Após o fim das descargas, com base na actual diversidade do sapal, verifica-se que o sistema demonstra histerese na sua recuperação e tem vindo a recuperar lentamente a sua diversidade florística. Em relação à mobilidade do Hg nos sedimentos de sapal, verificou-se que as taxas de turnover da biomassa subterrânea são mais elevadas do que as da biomassa aérea, indicando uma maior mobilidade do Hg na rizosfera . Tendo em conta o pool de Hg encontrado na biomassa aérea, pode considerar-se que a exportação de macro detritos da planta não é significativa para o balanço de Hg na Ria. Os estudos de especiação de Hg realizados nos sedimentos sugerem que as plantas de sapal contribuem para a metilação do metal (espécie mais tóxica). Em relação aos mecanismos de tolerância da H. portulacoides ao Hg verificou-se que estes envolvem essencialmente a sua imobilização nas paredes celulares, tendo sido contudo demonstrado, em menor escala, o sequestro de Hg intracelularmente por fitoquelatinas. A H. portulacoides demonstrou ser um bom biomonitor da contaminação com Hg. MODELAÇÃO ECOLÓGICA DO ECOSSISTEMA PLANCTÓNICO DA RIA DE AVEIRO M. Rodriguesa, A. Oliveirab, H. Queirogac, A.B. Fortunatoa, Y.J. Zhangd a Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, {mfrodrigues, afortunato}@lnec.pt b Núcleo de Tecnologias da Informação, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected] c CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] d Center for Coastal Margin Observation and Prediction, Oregon Health and Science University, 20000 NWWalker Road, Beaverton, OR 97006, [email protected] A garantia da qualidade da água e do bom estado ecológico em estuários e zonas costeiras constituem uma preocupação a nível mundial. A gestão destes sistemas, enquadrada na Directiva Quadro da Água, deve ser integrada e incluir o conhecimento das características físicas, químicas e biológicas de cada sistema. No entanto, nem sempre é possível implementar estratégias de monitorização suficientemente detalhadas temporal e espacialmente, pelo que a utilização de modelos numéricos, devidamente validados com dados, constitui uma ferramenta complementar atractiva. Com este propósito desenvolveu-se um modelo acoplado hidrodinâmico-ecológico tridimensional (ECO-SELFE), que representa os processos físicos, químicos e biológicos a escalas espacio-temporais adequadas, o qual foi aplicado e validado na Ria de Aveiro. O ECOSELFE acopla o modelo hidrodinâmico SELFE e um modelo ecológico, que resulta da extensão do modelo EcoSim 2.0 para a simulação do zooplâncton e do ciclo do oxigénio. O modelo desenvolvido permite simular para os ciclos do carbono, do azoto, do fósforo, da sílica, do ferro e do oxigénio um conjunto de variáveis de estado ecológicas (vários grupos funcionais de zooplâncton e de fitoplâncton, bacterioplâncton, matéria orgânica dissolvida e particulada, nutrientes inorgânicos, carbono inorgânico dissolvido, oxigénio dissolvido e carência química de oxigénio), tendo em consideração a influência dos processos hidrodinâmicos. O modelo foi validado na Ria de Aveiro por comparação com dados medidos em diferentes períodos, que permitiram avaliar o seu desempenho para diferentes condições de maré e caudal fluvial. Os resultados mostram a capacidade do modelo simular adequadamente a dinâmica ecológica na Ria de Aveiro (com Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 17 Universidade de Aveiro 2011 diferenças inferiores a 20-30%), evidenciando também a complexidade associada à dinâmica deste ecossistema e a importância da especificação correcta das condições de fronteira e da parametrização dos processos ecológicos. MODELAÇÃO NUMÉRICA DA PLUMA ESTUARINA DA RIA DE AVEIRO: ESTUDO PRELIMINAR R. Mendesa, N. Vaza, J.M. Diasa a CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {rpsm, nuno.vaz, joao.dias}@ua.pt Apesar de a Ria de Aveiro ser um sistema muito estudado, até ao presente não são conhecidas as características da sua pluma estuarina. Esta consiste num fluxo de água de menor densidade que penetra nas águas oceânicas adjacentes mais salinas, produzindo uma circulação na camada superficial. Este estudo consistiu na modelação numérica da pluma estuarina da Ria de Aveiro e na sua avaliação qualitativa. Realizaram-se simulações para 3 caudais fluviais diferentes (para todas as fontes de água doce da Ria): típico, extremos máximo e mínimo, para os meses de Janeiro e Maio. Deste modo simulam-se períodos com diferentes gradientes térmicos entre a Ria de Aveiro e o oceano adjacente. Foi utilizado o modelo Mohid, com uma abordagem baseada na utilização de modelos aninhados, tendo sido criados dois domínios: um 2D, que compreende toda a região entre Marrocos e o Golfo da Biscaia, com uma resolução variável (0.02º0.04º) e forçado por um modelo global de maré; um 3D de maior resolução (0.01º), incluindo a região entre a Figueira da Foz e Caminha. A descarga da Ria de Aveiro é imposta como condição de fronteira neste segundo domínio. Esta é quantificada em termos de volume de água e de outras propriedades através de uma aplicação 2D do Mohid à Ria de Aveiro, previamente calibrada e validada (hidrodinâmica e transporte). Os resultados mostram padrões semelhantes comparativamente a imagens de satélite obtidas pelo sensor TMLandsat7 à superfície, para um cenário de intenso caudal fluvial. Nas simulações com caudais máximos a pluma expande-se até cerca de 25 km da embocadura da laguna, apresentando uma forma côncava em frente à mesma. A pluma é posteriormente advectada para a direita (efeito de Coriolis) e após o estabelecimento do equilíbrio geostrófico é transportada para Norte. Para os caudais típicos os resultados têm padrões semelhantes, mas menos acentuados. No caso das simulações para o caudal mínimo a pluma é inexistente. Neste cenário, as diferenças de salinidade são mínimas e a temperatura tende a controlar o aparecimento da pluma. MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DAS ÁGUAS DA RIA DE AVEIRO (1985 – 2009) C. Borgesa, M. Valençaa, C. Palmaa, I. Cruza a Instituto Hidrográfico, Divisão de Química e Poluição do Meio Marinho, Rua das Trinas,49 , Lisboa,{ carlos.borges, manuela.valenca, carla.palma, isabel.cruz}@hidrografico.pt A monitorização da qualidade ambiental da ria de Aveiro é efectuada pelo Instituto Hidrográfico desde 1980, inserida no programa “Vigilância da Qualidade do Meio Marinho”, com o objectivo de conhecer o estado ambiental desta área através da execução de análises em amostras de água e sedimento. Nesta apresentação são mostrados os resultados de diversos parâmetros em amostras de água colhidas em diferentes épocas do ano no período 1985 a 2009. As análises efectuadas contemplam parâmetros físico-químicos (temperatura, pH, sólidos suspensos totais, salinidade, oxigénio dissolvido e saturação em oxigénio), nutrientes (nitrato, nitrito, azoto amoniacal, fosfato, sílica, sulfatos, azoto dissolvido e total e fósforo dissolvido e total), pigmentos fotossintéticos (clorofilas a, b e c e feopigmentos), metais (arsénio, cádmio, cobre, ferro, mercúrio, manganês, níquel, chumbo e zinco), óleos e gorduras e hidrocarbonetos (orgânicos extractáveis e hidrocarbonetos não polares); lindano, pesticidas organoclorados (γ-HCH, op’-DDE, pp’-DDE, op’-DDD, pp’-DDD, op’-DDT, pp’-DDT) e policlorobifenilos seleccionados (CB28, CB52, CB101, CB118, CB138, CB153, CB180). Após colheita as amostras são conservadas de acordo com procedimentos adequados. As principais técnicas analíticas utilizadas são a espectrometria de absorção molecular (nutrientes e pigmentos Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 18 Universidade de Aveiro 2011 fotossintéticos), a espectrofotometria de absorção atómica (metais, após extracção) e a cromatografia gasosa (compostos orgânicos). A avaliação dos resultados obtidos no período em análise permite distinguir zonas da ria em que a maior acção antropogénica é de um determinado tipo (industrial, urbana ou agrícola), bem como, em menor escala, avaliar o efeito do assoreamento e desassoreamento que a ria tem sofrido. Numa apreciação global, pode-se afirmar que se regista uma evolução positiva no estado da qualidade das águas da ria de Aveiro com uma diminuição na concentração dos contaminantes estudados. MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL NOS CANAIS DA CIDADE DE AVEIRO A.C. Linoa, V. Martinsb, E. Ferreira da Silvab, F. Rochab a Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Portugal, [email protected] Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Unidade de Investigação GeoBioTec, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {virginia.martins, eafsilva, tavares.rocha}@ua.pt b Este trabalho apresenta os resultados iniciais de um programa de monitorização iniciado em Outubro de 2009 nos canais da Cidade de Aveiro e nas salinas da Troncalhada e de Santiago. Tem como objectivo estudar a dinâmica populacional de foraminíferos bentónicos sob a influência de vários factores, tais como, hidrodinamismo, parâmetros ambientais e poluição por metais pesados. Durante as campanhas de amostragem foram recolhidos sedimentos, em 8 locais, e medidos vários parâmetros ambientais tais como, a temperatura e a salinidade, na água, e o pH e Eh, no sedimento. Foram realizadas análises granulométricas e geoquímicas (por digestão total de sedimento, seguida de análise por ICP-MS) nas amostras de sedimentos e o estudo das associações vivas e mortas de foraminíferos, neles encontrados, em três campanhas de amostragem. Os foraminíferos bentónicos são microorganismos com fraca mobilidade, muito úteis em estudos de avaliação da qualidade ambiental, em ambientes costeiros e estuarinos. Estes organismos têm a sua célula protegida por uma carapaça. Quando morrem, a carapaça pode ficar preservada no sedimento ou ser remobilizada pelas correntes e ser transportada para outras zonas pelas correntes. Os resultados obtidos revelam a presença de concentrações mais elevadas de Cu, Pb, Zn e Cr, no canal do Cojo, nos Cais dos Mercanteis e dos Moliceiros, sobretudo em zonas de deposição de sedimentos lodosos (mais confinadas). Nestes locais ocorre em geral uma redução da dimensão das populações de foraminíferos e aumenta a dominância das espécies. Ammonia tepida e Haynesina germanica, duas das espécies mais abundantes nos canais da cidade, revelaram ser muito tolerantes à contaminação. Comparativamente, os foraminíferos parecem sobreviver melhor em meios com concentrações elevadas de Cu, Pb, Zn e Cr e em sedimentos pobres em oxigénio, devido ao elevado conteúdo em matéria orgânica e aos processos de degradação a ela associados, do que em locais, como as salinas, em que as variações da salinidade são dramáticas. MUROS DAS MARINHAS DE SAL DA RIA DE AVEIRO – SOLUÇÃO TRADICIONAL VS NOVAS SOLUÇÕES S. Costaa, D.M. Carlosa, M. Pereiraa, C. Coelhob, M. Pinho-Lopesa a Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {smcosta, dmc, mafalda.pereira, mlopes}@ua.pt b CESAM, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] A salinicultura em Aveiro é uma actividade que remonta ao estabelecimento dos romanos na foz do Rio Vouga. No entanto, a elevada rentabilidade da produção de sal verificada no passado, tem estado em declínio desde meados do séc. XX. O número de marinhas activas decresceu de 500 no séc. XV para 270 há quinze anos atrás, sendo apenas 8 as que se mantêm actualmente. O desaparecimento das marinhas deve-se a várias razões, das quais se destaca a falta de manutenção devido à reduzida rentabilidade, e as alterações verificadas na hidrodinâmica da laguna, nomeadamente a velocidade da corrente e amplitude de maré. As marinhas de sal têm um papel fundamental na conservação do equilíbrio e biodiversidade da laguna. Tradicionalmente os muros das marinhas de sal eram construídos com duas paredes de “torrão”, preenchidas com lama. O “torrão” consiste num bloco de lama consolidada, cujos sedimentos se encontram ligados pelas raízes do Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 19 Universidade de Aveiro 2011 junco, permitindo a total integração no ambiente. O desenvolvimento de novas soluções para os muros adequadas às novas condições hidrodinâmicas exige o estudo do comportamento da solução tradicional. Com este objectivo foram recolhidas amostras do solo do talude de um muro e amostras de “torrão”, as quais foram ensaiadas laboratorialmente, avaliando a variação das condições de escoamento. Os ensaios revelaram que a solução tradicional apresenta uma baixa permeabilidade e elevada resistência, mesmo para elevadas velocidades do escoamento. Os problemas verificam-se quando existem rombos na estrutura do muro, que conduzem a velocidades de escoamento pontuais elevadas. Foram desenvolvidas e estudadas duas soluções para construção ou reabilitação dos muros das marinhas, com recurso a geossintéticos e aos solos finos locais. Apresentam-se os resultados de ambas as soluções. O LEGADO DE MERCÚRIO NA RIA DE AVEIRO: UMA HERANÇA PESADA! S.N. Abreua, A.M.V.M. Soaresa, A.J.A. Nogueiraa, F. Morgadoa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {siz, asoares, antonio.nogueira, fmorgado}@ua.pt A contaminação com mercúrio a uma escala local, regional ou global tem sido cada vez mais estudada nos últimos anos pelo facto de o mercúrio e os diversos compostos de mercúrio serem persistentes, tóxicos, apresentarem um potencial para bioacumularem e colocarem em risco o homem e os ecossistemas. Na Ria de Aveiro, a indústria do cloro e da soda cáustica foi reconhecida como a principal fonte contaminante através do efluente que descarga no Esteiro de Estarreja, tendo contribuído para a presença de dezenas de toneladas de mercúrio nas bacias de sedimentação e margens intertidais dos sub-sistemas adjacentes (em particular o Largo do Laranjo) tendo actuado simultaneamente como receptáculos e fonte adicional do elemento poluente para a coluna de água, de forma alternada ou em paralelo. Actualmente, com a reconversão dessa metodologia que utilizava células de mercúrio nessa indústria, os níveis de descarga diminuíram drasticamente, todavia o legado de mercúrio presente nos sedimentos constitui actualmente ainda uma herança pesada. O conhecimento do padrão histórico dos níveis de contaminação de mercúrio para um meio aquático, proporcionam uma melhor compreensão das circunstâncias e dos níveis de contaminação históricos e bioacumulação presentes, permitindo avaliar e perspectivar a evolução futura, contribuindo para o estudo da complexa química do mercúrio nos ecossistemas naturais. Neste estudo é apresentada uma reconstituição do padrão histórico da contaminação com mercúrio no meio aquático estuarino da Ria de Aveiro, através i) da comparação do registo de mercúrio em anéis de crescimento em espécimes de choupo Populus nigra e em cores de sedimentos e ii) da comparação dos perfis obtidos com os padrões de produtividade da unidade industrial. Os perfis obtidos reflectem, não apenas a evolução histórica das descargas industriais para o ecossistema, como salientam os momentos das alterações introduzidas no processo industrial visando minimizar a descarga de mercúrio. OCORRÊNCIA DE GÁS A PEQUENA PROFUNDIDADE NA RIA DE AVEIRO L.M. Pinheiroa, L. Azevedoa, H. Duarteb, J. Coutinhoc, D.S. Gonçalvesc, V. Magalhãesa a CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lmp, leonardo.azevedo, danielamsg, vhm}@ua.pt b LNEG, Unidade de Geologia Marinha, Estrada da Portela, Alfragide, 2611-901 Amadora, [email protected] c CICECO, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] Uma das primeiras referências documentadas da presença de gás a pequena profundidade na região de Aveiro data de 1967, quando foi detectada a sua presença a cerca de 3.5m de profundidade, na Gafanha da Boa Hora (Vagos), durante a execução de um furo com uma sonda manual. O gás foi analisado por uma equipa da Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos, sendo fundamentalmente composto por metano e azoto. A presença de Gás na Ria de Aveiro tem vindo a ser investigada pelo Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha do CESAM e Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro, desde há vários anos, com a colaboração da Administração do Porto de Aveiro e com a participação de elementos da Unidade de Geologia Marinha do actual LNEG. Foram realizadas várias campanhas de aquisição de dados Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 20 Universidade de Aveiro 2011 geofísicos particularmente desde 2002 com este objectivo, utilizando reflexão sísmica de muito alta resolução (Boomer e Chirp Sonar), e mais recentemente também com sonar que varrimento lateral. Estes dados geofísicos revelaram a existência de várias ocorrências de gás em quase todos os canais da Ria investigados, em particular no Terminar Norte, Terminal Sul e na Cale do Espinheiro. Observou-se também a libertação de gás à superfície da Ria em algumas das zonas estudadas, e verificou-se uma forte influência das marés nesta libertação de gás. Neste trabalho apresentam-se alguns dos resultados mais recentes, obtidos com um novo sistema integrado Chirp Sonar/Sonar de Varrimento Lateral de muito alta resolução, que permitem detectar e cartografar as ocorrências de gás com maior precisão. OS PEIXES DA RIA DE AVEIRO: UM SÉCULO DE CONHECIMENTO SOBRE DIVERSIDADE, ABUNDÂNCIA E RECURSOS DE PESCA. C. Silvaa, J.E. Rebeloa a Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {catialsilva, rebelo}@ua.pt A biodiversidade íctica da Ria de Aveiro tem sido analisada, ao longo do último século, como indicador de coerência biológica do ecossistema. Durante o período observado registou-se a ocorrência de 92 espécies de peixes, pertencentes a 38 famílias, de agnatos, condríctios e actinopterígeos. Ao longo do tempo, verificou-se uma riqueza média de cerca de meia centena de espécies e de mais de 25 famílias. Num período mais recente, deixaram de ocorrer na laguna 13 espécies, pertencentes às famílias Amoditidae, Blenidae, Ciprinidae, Gadidae, Gasterosteidae, Labridae, Rajidae, Sciaenidae, Torpedinidae, e Triakidae. A diversidade de espécies apresenta um padrão regular de variação espácio-temporal, com valores mais elevados nos extremos lagunares e durante o Verão. Em termos de guildas ecológicas, as espécies marinhas juvenis, as marinhas adventícias e as residentes evidenciam elevada riqueza específica (11 espécies) e abundância baixa, enquanto as espécies marinhas sazonais são as mais abundantes, embora com baixa riqueza específica (5 espécies). As famílias mais abundantes foram Mugilidae, Atherinidae e Clupeidae. As espécies-alvo de actividade comercial mais intensa são o robalo, a dourada, a enguia, a lampreia, o linguado, o rodovalho, a solha e a sardinha, que sustentam a actividade piscatória artesanal e lúdica e, as três iniciais, a piscicultura semi-intensiva. A Ria de Aveiro, numa escala temporal alargada, registou dois períodos sensíveis na riqueza específica, o primeiro, de estabilidade, nas primeiras oito décadas, e o segundo, de acentuada variabilidade, nos últimos anos. A esta oscilação última não serão alheias as intervenções antropogénicas na fisiografia e hidrodinâmica lagunar e a exploração não sustentada dos recursos de pesca. Mesmo assim, as espécies residentes e as que utilizam a laguna como viveiro têm-se mostrando constantes ao longo das décadas, evidenciando resistência às transformações ambientais do sistema lagunar. PREVISÃO EM TEMPO REAL DA CIRCULAÇÃO NA RIA DE AVEIRO A. Oliveiraa, M. Rodriguesb, A.B. Fortunatob, G. Jesusa, N.A. Ribeiroa, J.M. Diasc a Núcleo de Tecnologias da Informação, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, {aoliveira,nribeiro, gjesus}@lnec.pt b Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, {mfrodrigues, afortunato}@lnec.pt c CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] A previsão operacional da hidrodinâmica da Ria de Aveiro pode contribuir para melhorar a gestão desta laguna, a operação portuária e o planeamento de trabalhos de campo para fins científicos ou de gestão. Em caso de acidentes (e.g., derrames de produtos tóxicos, inundações, naufrágios), esta previsão pode também contribuir para a antecipação dos problemas ou para a optimização de meios na resolução dos mesmos. Neste contexto, implementou-se um sistema de previsão em tempo de real da circulação na Ria de Aveiro. O modelo utilizado é tridimensional e calcula os níveis, velocidades, salinidades e temperaturas. A utilização de malhas não-estruturadas permite uma resolução muito fina dos vários canais que constituem a Ria de Aveiro. O modelo é forçado pela maré (a partir de resultados de um modelo regional), caudais fluviais (com base em dados do SNIRH) e ventos (calculados por modelos atmosféricos). A plataforma computacional foi inicialmente desenvolvida no Centre for Coastal Margin Observation and Prediction (E.U.A), e tem vindo a Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 21 Universidade de Aveiro 2011 ser adaptada no Laboratório Nacional de Engenharia Civil à costa Portuguesa. As previsões são produzidas e publicadas na internet automaticamente através de um conjunto de scripts. Esta comunicação apresentará o sistema, a sua validação e as suas potencialidades. Apresentar-se-ão ainda desenvolvimentos em curso visando a melhoria do sistema. PROLONGAMENTO DO MOLHE NORTE: MODELAÇÃO DE ALTERAÇÕES HIDRODINÂMICAS INDUZIDAS NA RIA DE AVEIRO S. Marianoa, J.M. Diasb, a Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] b As alterações geomorfológicas são factores importantes na determinação da hidrodinâmica estuarina, entre elas a execução de obras de engenharia pesada, muitas vezes impostas pelas necessidades de navegação associadas ao crescimento de portos. O principal objectivo deste estudo consiste em avaliar a resposta hidrodinâmica da Ria de Aveiro a uma alteração na geometria actual da sua embocadura. Afim de melhorar as condições de navegação para acesso ao Porto de Aveiro, a respectiva administração (APA) projecta prolongar em 200 m o actual molhe Norte. Para avaliar as alterações hidrodinâmicas na Ria de Aveiro em consequência da implementação desta obra foi usado o modelo hidrodinâmico bidimensional SIMSYS2D, anteriormente calibrado para a Ria de Aveiro. Foram efectuadas simulações considerando a actual configuração da Ria de Aveiro (2009), e uma configuração projectada, que contempla o prolongamento do molhe Norte em 200 m. Foram estudados cenários de forçamento extremo pela maré, considerando casos de máxima maré viva e maré morta. Foram analisados resultados do prisma de maré nos principais canais da Ria de Aveiro, assim como da altura de água e das componentes horizontais da velocidade em locais seleccionados. Foi ainda efectuada análise harmónica das previsões de altura de água para ambas as configurações estudadas. Os resultados mostram que os prismas de maré diminuem ligeiramente no cenário que considera o prolongamento do molhe norte. Em máxima maré viva a amplitude da maré aumenta cerca de 0.05 m e em máxima maré morta as variações não são significativas. As mudanças mais expressivas da velocidade ocorrem nas zonas mais próximas da embocadura. As alterações na amplitude e na fase da maioria dos constituintes harmónicos são diminutas. Em resumo, este estudo revela que apesar das alterações induzidas na hidrodinâmica da Ria de Aveiro pelo prolongamento do molhe norte não serem significativas, mais estudos deveriam de ser realizados para esclarecer o impacto desta obra a longo prazo. REPRODUÇÃO E DIETA DA GARÇA-VERMELHA ARDEA PURPUREA EM SALREU, AVEIRO C. Carneiroa, R. Britob, A. Luísc, D. Gonçalvesa,d a Departamento de Biologia, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, s/n, 4169-007 Porto, [email protected] b Departamento de CNeS da Ecoinside, Lda., Rua de Júlio Dinis, nº 561 – 7º andar – sala 702, 4050-325 Porto, [email protected] c Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] d CIBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto, Campus Agrário de Vairão, 4485661 Vairão, [email protected] A Ria de Aveiro é uma das mais importantes zonas húmidas portuguesas e alberga, tal como o estuário do Tejo, um dos mais significativos núcleos reprodutores de Garça-vermelha Ardea purpurea do território nacional. Nos locais de reprodução, esta espécie migradora estival depara-se com várias ameaças, que compreendem desde a caça e destruição dos ninhos, até à contaminação dos recursos alimentares. O seu estatuto de conservação no início da década de 1990 era o de "Vulnerável", sendo de "Em Perigo" na actualidade. Para reverter esta situação é urgente definir e implementar medidas adequadas de gestão e conservação destes núcleos reprodutores. Para tal, é também importante actualizar a informação sobre a fenologia, o sucesso reprodutor e a dieta da espécie, visando melhorar o presente estatuto de conservação. Assim, na época de reprodução de 2010, foram efectuadas visitas periódicas a colónias localizadas nos caniçais de Salreu, recolhendo-se informação sobre os parâmetros referidos, de forma a actualizar os dados Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 22 Universidade de Aveiro 2011 existentes (referentes ao período 2002 - 2005) e permitir um melhor conhecimento das tendências que a população local apresenta. A data de início das posturas dos casais de Garça-vermelha, na Ria de Aveiro, parece ter vindo a atrasar-se, observando-se, em 2010, um atraso de cerca de 15 dias em relação a 2003. O tamanho das posturas variou entre os 3,62 (em 2003) e 5,18 (em 2010) ovos. O sucesso de eclosão desceu abaixo dos 75% em 2004, tendo sido o seu máximo registado em 2002 (90,5%). Em 2010, registou-se o valor de 87,9%. No que respeita à dieta, os dados de 2010 parecem mostrar uma maior entrega de mamíferos e aves às crias, por parte dos progenitores, do que no período 2002-2004, o que poderá estar relacionado com os locais de alimentação. TERAPIA FÁGICA COMO ALTERNATIVA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL PARA INACTIVAR BACTÉRIAS PATOGÉNICAS EM PISCICULTURAS C. Pereiraa, Y. Silvaa, N.C.M. Gomesa, A. Cunhaa, A. Almeidaa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {a33369, yolanda, gomesncm, acunha, aalmeida}@ua.pt As doenças bacterianas constituem um problema importante para a expansão da indústria da aquacultura, que tem sido geralmente ultrapassado com recurso à utilização de antibióticos. O uso frequente destes e fármacos levou, no entanto, ao desenvolvimento de resistências microbianas. Para reduzir o risco de aparecimento e disseminação das resistências aos antibióticos, devem ser desenvolvidos métodos alternativos de controlo bacteriano, com baixo impacto ambiental, para tratar as águas de cultura das pisciculturas. O objectivo deste trabalho foi avaliar o uso da terapia fágica na inactivação de bactérias patogénicas de peixes numa piscicultura semi-intensiva da Ria de Aveiro. Para tal, avaliou-se a densidade das principais bactérias patogénicas; a dinâmica sazonal destas bactérias; a sobrevivência dos fagos específicos isolados a partir das bactérias patogénicas; a especificidade destes fagos e o impacto ecológico da terapia fágica sobre a estrutura das comunidades bacterianas naturais. Os resultados mostraram que 1) a estrutura da comunidade bacteriana variou sazonalmente; 2) o espectro de infecção dos fagos testados variou desde especificidade apenas para a bactéria usada para o seu isolamento até especificidade para bactérias de diferentes famílias; 3) a sobrevivência destes fagos na água da aquacultura variou entre 15 dias e 3 meses; 4) a adição dos fagos à comunidade bacteriana não provocou variação significativa na sua estrutura; 5) a terapia fágica foi eficaz na inactivação das bactérias patogénicas isoladas da água da piscicultura. Em conclusão, a terapia fágica poderá ser uma opção de baixo impacto ecológico no processo de desinfecção de águas piscícolas. Convém referir que, como a estrutura da comunidade bacteriana varia sazonalmente, é necessário ter em conta este facto aquando da selecção dos fagos a usar na terapia fágica. TERAPIA FOTODINÂMICA ANTIMICROBIANA COMO ALTERNATIVA AOS ANTIBIÓTICOS PARA INACTIVAR BACTÉRIAS PATOGÉNICAS EM PISCICULTURAS E. Alvesa, C. Arrojadoa, C. Pereiraa, C.M.B. Carvalhob, M.A.F. Faustinob, J.P.C. Toméb, M.G..P.M.S. Nevesb, A.C. Toméb, J.A.S. Cavaleirob, A.Cunhaa, N.C.M. Gomesa, A. Almeidaa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {elianaalves, a31696, a33369, acunha, gomesncm, aalmeida}@ua.pt b QOPNA, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {ccarvalho, faustino, jtome, gneves, actome, jcavaleiro}@ua.pt A terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT) é um método de inactivação de microrganismos com largo espectro de acção não induzindo resistências. Consiste no uso combinado de luz, oxigénio e um fotossensibilizador (PS). Tem vindo a ser aplicada na clínica com excelentes resultados, mostrando-se a sua aplicação promissora na área ambiental; desinfecção de águas de consumo, residuais e piscícolas. Neste estudo avaliou-se o uso da aPDT para inactivar bactérias patogénicas em pisciculturas semi-intensivas, analisando: 1) a influência de variações de temperatura, pH, salinidade, concentração de oxigénio e sólidos suspensos na água; 2) a influência da composição da água da piscicultura; 3) a capacidade de destruição de Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 23 Universidade de Aveiro 2011 bactérias patogénicas isoladas a partir da água de uma piscicultura da Ria de Aveiro; 4) o seu impacto ecológico no ambiente aquático. Como PS foi utilizada Tri-Py+Me-PF a diferentes concentrações, e duas fontes de luz PAR (370-700 nm): lâmpadas fluorescentes e luz solar a 4 mW/cm2 e 40 mW/cm2, respectivamente. Os resultados obtidos indicam que variações de temperatura, pH, salinidade, e concentração de oxigénio não afectam a eficiência da inactivação microbiana. Contudo, esta é afectada pela existência de partículas em suspensão na água, concentração de PS e potência aplicada. As espécies patogénicas testadas foram eficazmente inactivadas com luz artificial. A fracção de bactérias cultiváveis foi afectada e as técnicas moleculares independentes de cultivo [eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE)] mostraram uma diminuição na diversidade da comunidade bacteriana na água da piscicultura após tratamento. A aPDT poderá ser aplicada a sistemas de pisciculturas como uma alternativa para o controlo de infecções nos peixes. Contudo, deverá ser feita previamente uma avaliação cuidadosa à matéria particulada da água em suspensão, concentração de PS, tempo de irradiação; bem como o efeito do tratamento na comunidade microbiana nãopatogénica. TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO DE MERCÚRIO ENTRE A RIA DE AVEIRO E O OCEANO ATLÂNTICO P. Patoa, M. E. Pereiraa, J. M. Diasb, A.C. Duartea a CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {pedro.pato, eduper, aduarte}@ua.pt b CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] Como resultado de várias décadas de descargas de um efluente industrial contaminado com mercúrio (Hg), estima-se que se tenham acumulado mais de 30 toneladas de Hg nos sedimentos da Ria de Aveiro. O presente trabalho teve como objectivo obter mais conhecimento sobre a variabilidade das trocas de Hg entre a Ria e o Oceano Atlântico. O transporte foi estudado no canal (Barra) de interface entre a Ria de Aveiro e o Oceano, tendo-se caracterizado a fracção dissolvida e os sólidos suspensos na coluna de água durante ciclos de maré, com amplitudes de maré e descargas fluviais contrastantes. De um modo geral, e principalmente nas marés mortas, o Hg encontra-se associado maioritariamente à matéria suspensa particulada. As maiores concentrações do metal foram observadas no Inverno, devido a maior erosão de sedimentos superficiais das zonas contaminadas por conjugação com maiores correntes e maior efeito de resuspensão induzida pelo vento e pela ondulação. A composição, quer da matéria suspensa particulada, quer do seston, variaram ao longo dos ciclos de maré com a diferente descarga fluvial e amplitude de maré, tendo influenciado os níveis de Hg das partículas e a partição entre as fracções dissolvida e particuladas. As trocas de Hg entre a Ria e o Oceano foram estimadas através de modelação numérica. O balanço de massa para as fracções de Hg revelou que a sua exportação para o Oceano Atlântico varia com o regime sazonal e das marés, principalmente em termos da importância relativa das fracções dissolvida e particuladas. As trocas mais elevadas de Hg foram observadas na maré viva de Inverno como resultado de diversos factores que promoveram a remobilização de Hg na zona contaminada. Uma estimativa da exportação anual de 42 a 77 kg de Hg demonstra que o transporte de Hg tem pouco impacto na zona costeira Atlântica. Este reduzido impacto na zona costeira adjacente foi confirmado pelo baixo grau de contaminação observado em vários compartimentos da zona costeira (coluna de água, sedimentos e biota). Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 24 Universidade de Aveiro 2011 VARIAÇÃO DA ABUNDÂNCIA E PRODUTIVIDADE BACTERIANA NA RIA DE AVEIRO DURANTE UM PERÍODO DE DEZ ANOS (1996-2007) L. Santosa, N.C.M. Gomesa, A. Cunhaa, A. Almeidaa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {luisasantos, gomesncm, acunha, aalmeida}@ua.pt Nos ecossistemas aquáticos, as bactérias desempenham um papel fundamental na reciclagem e na transformação de energia e nutrientes. A sua distribuição, abundância e produtividade nos estuários dependem não só da localização e da quantidade de matéria orgânica e nutrientes disponíveis, mas também da variabilidade física e química inerente a este tipo de ecossistema. A componente microbiológica do estuário Ria de Aveiro tem sido intensivamente estudada, nomeadamente os perfis de variação longitudinal e vertical, e as alterações associadas aos ciclos de maré. Os dados de abundância e produtividade bacteriana obtidos entre 1996 e 2007 foram analisados no sentido de detectar possíveis alterações temporais. Para este estudo foram seleccionados dois locais com características distintas e representativos das condições marinhas e salobras do estuário. A abundância média de bactérias na Ria não sofreu alterações significativas ao longo dos últimos anos, variando entre 0.2 e 12.6x109 células L-1. No entanto, a produtividade de biomassa bacteriana (PBB) sofreu alterações significativas. Na zona marinha, a PBB média aumentou de 1.1 para 7.9 µg C L-1 h-1 e na zona salobra de 3.8 para 10.7 µg C L-1 h-1. As variações da PBB não foram acompanhadas por alterações nos perfis de variação espacial e temporal das propriedades físico-químicas. No entanto, a matéria orgânica particulada e concentração de nutrientes inorgânicos duplicou em ambas as zonas do estuário. Apesar de expectável, não se observou qualquer alteração da produtividade primária. O aumento da actividade bacteriana no estuário, nos últimos dez anos, foi impulsionado por um aumento dos nutrientes e da matéria orgânica proveniente de outras fontes que não o fitoplâncton. Os materiais transportados pelos rios, as escorrências terrestres, as descargas de origem antropogénica e a ressuspensão dos sedimentos exercem um papel cada vez mais importante no suporte da actividade heterotrófica do bacterioplâncton da Ria. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 25 Universidade de Aveiro 2011 SOCIOECONOMIA Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 26 Universidade de Aveiro 2011 CENTRO EMPREENDEDOR DO CONHECIMENTO AQUÁTICO – A RIA DE AVEIRO, DOS RIOS AO OCEANO: INVESTIGAÇÃO, MONITORIZAÇÃO, FORMAÇÃO E DIVULGAÇÃO. J.E. Rebeloa a Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] As condições ambientais da Ria de Aveiro propiciam a sua colonização por uma rica biodiversidade vegetal e animal, a qual tem sido alvo, desde sempre, da intervenção antropogénica, por vezes perniciosa. O vasto conhecimento científico adquirido n as últimas três décadas sobre os recursos naturais lagunares é um garante da sua sustentabilidade e deve ser observado na execução de políticas de exploração das potencialidades biológicas da Ria de Aveiro.O CECA – Centro Empreendedor do Conhecimento Aquático é mais uma das componentes de interface da Universidade de Aveiro com a região, já em ensaio com autarquias, que visa sustentar políticas ambientais integradas e duradouras. Vocacionado para dois vectores centrais de acção, a intervenção sustentada na natureza e a formação de recursos humanos, o CECA prevê intervir nas vertentes dulçaquícola, a montante, que se poderá estender à pateira de Fermentelos e à barrinha de Mira, salobra e de influência oceânica, que se espalham pela laguna, das regiões intermédias dos canais à embocadura, respectivamente. O primeiro vector engloba a investigação científica, a monitorização ecológica, a divulgação e o usufruto ecoturístico e contempla quatro domínios: património natural, conhecer para usufruir sem exaurir; turismo de natureza, observar, pescar, caçar e saborear; produção natural, a pesca inesgotável e a aquicultura de preservação da biodiversidade; saúde pública, vigiar a qualidade do ambiente e a produção natural. O segundo vector inclui, em articulação com o ensino profissional existente, formação básica e avançada sobre: biodiversidade, pesca artesanal, industrial e desportiva, aquicultura, caça e ecoturismo. A cooperação entre entidades do saber, da política, da economia e da sociedade, agilizada através do CECA, permite implementar uma nova acção integrada de mediação entre a preservação natural e o usufruto comercial e lúdico do espaço lagunar mais importante do país. CULTURA E EXPLORAÇÃO DE SALICÓRNIA NA RIA DE AVEIRO C. Vigárioa , E. Santosa, A. Lillebøb, H. Silvab a Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {carlapvigario, emanuel.santos}@ua.pt b CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lillebo, hsilva}@ua.pt A exploração dos recursos vegetais da Ria de Aveiro teve particular relevância na recolha de moliço, sendo à época utilizado como importantíssimo fertilizante agrícola. As macroalgas vermelhas do género Gracillaria são produtoras de agar, polissacarídeo com múltiplas aplicações em microbiologia, biotecnologia, medicina, cosmética e indústria alimentar, existindo já estudos para a caracterização do agar extraído a partir de algas da Ria de Aveiro. Contudo, a utilização das plantas das zonas de sapal, nomeadamente na alimentação e medicina, só recentemente tem vindo a ser explorado no nosso país, embora já seja uma realidade no estrangeiro com mais de uma década de existência. Salicornia ramosissima J. Woods, conhecida vulgarmente como salicórnia ou erva-salada, é uma planta anual de cerca de 3-40 cm de estatura, com caules carnudos e de sabor salgado, com distribuição por todo o litoral de Portugal Continental, encontrando-se habitualmente nas margens dos canais e salinas da Ria de Aveiro. Várias espécies de Salicornia têm vindo a ser utilizadas na alimentação, não só em saladas, ou mesmo como “sal verde”, em substituição do sal de cozinha. Por outro lado, vários estudos sugerem diversas propriedades medicinais para algumas das suas espécies, tais como actividade anti-oxidante, anti-tumoral, diurética e repositora de electrólitos. É objectivo deste projecto estudar a ecofisiologia de S. ramosissima no sentido de optimizar a sua produção e exploração nas salinas da Ria de Aveiro. Decorre em parceria com a empresa Canal do Peixe Lda., na Marinha dos Puxadoiros, onde estão a ser caracterizados aspectos ecológicos (luminosidade, encharcamento, salinidade) e biológicos (banco de sementes) para a germinação e produção de biomassa, bem como o respectivo valor nutricional. A salinicultura da erva-salada poderá ser mais um ponto de partida para a exploração sustentada dos recursos vegetais da Ria de Aveiro numa parceria com as indústrias alimentares e farmacêuticas. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 27 Universidade de Aveiro 2011 DESEMPENHO AMBIENTAL DE ESTABELECIMENTOS PISCÍCOLAS: O CASO DA RIA DE AVEIRO A. Freirea a IGAOT, Rua de “O Século”, n.º 63, 1249-033 Lisboa, [email protected] A piscicultura em zonas costeiras tem sofrido um grande desenvolvimento nos últimos anos em Portugal, com um interesse económico assinalável, num país fortemente consumidor de pescado e num contexto em que a escassez dos recursos haliêuticos, exige que sejam encontradas novas soluções. A piscicultura é claramente parte importante dessa solução. Contudo, pelo facto de se instalar em zonas ambientalmente sensíveis e cobiçadas igualmente para o desenvolvimento de outras actividades, como é o caso da Ria de Aveiro, classificada como sítio da Rede Natura 2000, importa que seja praticada de modo ambientalmente sustentável e num quadro de gestão integrada das zonas costeiras. Com o objectivo de avaliar o nível de desempenho ambiental e de conformidade legal em matéria de ambiente desta actividade realizou-se em 2005 uma campanha de inspecções a estabelecimentos piscícolas marinhos, tendo sido inspeccionadas 46 unidades ao longo de toda a zona costeira continental (26% na Ria de Aveiro). Procede-se aqui a uma breve caracterização do enquadramento legal da actividade e da amostra de estabelecimentos inspeccionados, nos aspectos relativos ao seu funcionamento e ao licenciamento da actividade, bem como à avaliação dos seus desempenho ambiental e conformidade legal, considerando os aspectos relativos ao licenciamento da utilização do domínio hídrico, à gestão de resíduos e à aplicação dos regimes legais de AIA e da REN. Identificam-se as principais inconformidades detectadas. Por último, esboça-se um conjunto de conclusões que apontam no sentido da potencialidade e da sustentabilidade desta actividade na Ria de Aveiro, com necessidade de se proceder a algumas alterações relativamente às práticas actualmente existentes, quer na AIA dos projectos e na sua monitorização, quer no ordenamento da actividade e no seu licenciamento, quer ainda na gestão de resíduos, matéria em que subsistem práticas desadequadas ao actual regime legal e às boas práticas ambientais. DIOPATRA NEAPOLITANA, IMPORTÂNCIA SOCIO ECONÓMICA E SUSTENTABILIDADE DAS CAPTURAS, NA RIA DE AVEIRO F. Freitasa, T. Cunhab, A. Hallc, H. Queirogad a CIIMAR , Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Rua dos Bragas, 284, 4050-123 Porto , [email protected] European Maritime Safety Agency (EMSA), Cais do Sodré, 1249-206,,Lisboa, [email protected] c Departamento de Matemática, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] d CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] b Os bancos de maré da Ria de Aveiro suportam importantes populações de invertebrados e peixes marinhos, cuja exploração constitui uma apreciável fonte de rendimento para as populações locais. No que respeita aos invertebrados, o poliqueta Diopatra neapolitana, vulgarmente conhecida por casulo, é intensivamente explorado e utilizado como isco para a pesca recreativa. Com este trabalho, pretendemos reportar as estimativas da produção da mariscagem de D. neapolitana capturada no Canal de Mira, em dois anos distintos (2001/2002 e 2007/2008), estabelecendo uma correspondência entre o volume das capturas, as condições sócio económicas e as medidas de fiscalização. O valor anual de capturas foi determinando através do produto do esforço da apanha pelas capturas por unidade de esforço. O esforço foi estimado utilizando uma adaptação do método de contagem progressiva de Hoening, com observações efectuadas ao longo de uma rota. As capturas por unidades de esforço foram calculadas através das quantidades capturadas, estimadas a partir de inquéritos. Os valores capturados foram sempre mais elevados nas marés vivas e seguiram também o mesmo padrão nos dois anos analisados no que respeita às estações do ano, com valores de capturas mais elevados no Verão. Registámos uma redução nos valores anuais das capturas totais de 45 000kg capturados em 2001/2002 para 29 000kg em 2007/2008, uma redução de cerca 15 000Kg. A diferença nas capturas totais anuais reflectem uma grande diferença no valor comercial da primeira venda do produto de 350 000€, no primeiro ano amostrado, para 224 000€ no ano posterior, reflectindo o pouco incremento do valor comercial deste item. Actualmente esta actividade existe sem qualquer regulamentação e com impactos que não estão devidamente conhecidos sobre a sustentabilidade da exploração deste recurso. A mariscagem do casulo exerce um importante impacto sobre os bancos de maré, causado pela perturbação de importantes Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 28 Universidade de Aveiro 2011 volumes de sedimento, sendo desconhecida a influência desta actividade sobre a diversidade e produção dos bancos de maré da Ria de Aveiro. A DIVERSIDADE VEGETAL DA RIA DE AVEIRO NO SITE BIOREDE H. Silvaa, L. Lopesa, P. Silveiraa R. Pinhoa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro {[email protected], lisia, psilveira, rpinho}@ua.pt O site Biorede é uma criação de uma equipa de investigadores do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, financiado pelos Programas Aveiro Digital 1999-2000 e 2003-2006, com o objectivo de divulgar ciência às escolas mas também ao público em geral. O objecto de estudo centra-se, fundamentalmente, na biodiversidade da região de Aveiro, com particular incidência nos vários ecossistemas da Ria de Aveiro. Apesar de dois dos Módulos deste site incidirem especificamente sobre a Ria de Aveiro (Módulos Ria de Aveiro e Roteiros Ecológicos), o Módulo Diversidade Vegetal é sem dúvida o que descreve de forma mais completa e pormenorizada a flora desta importantíssima laguna. A diversidade vegetal da Ria de Aveiro, com particular incidência na flora vascular, é apresentada no Sub-Módulo Flora da Região em vários temas: Habitats Naturais, Diversidade Florística, Herbário (do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro) e Chaves Dicotómicas. Aspectos como a descrição botânica, nomes vulgares, habitat e ecologia, distribuição geográfica e usos das plantas, são alguns dos assuntos abordados para as várias centenas de taxa referenciados. O tema Chaves Dicotómicas, dedicado inteiramente à flora de uma região específica da Ria de Aveiro (Baixo-Vouga-Lagunar), aborda a identificação de plantas, importantíssima ferramenta para o conhecimento, divulgação e preservação da diversidade vegetal. Para tal, foram criadas chaves dicotómicas ilustradas e interactivas, colocando ao alcance de todos, ou quase todos, a identificação de plantas. O carácter inovador destas chaves dicotómicas prende-se com o facto de possuírem inúmeros links que levam o utilizador a poder consultar informação relacionada com a descrição de termos botânicos, fotos e esquemas, o que permite a fácil utilização desta ferramenta por professores e alunos do ensino secundário e universitário, bem como por botânicos amadores. ESTUDO DA EVOLUÇÃO DO VALOR ECONÓMICO DOS ECOSSISTEMAS APLICADO À RIA DE AVEIRO J.V. Silvaa, Z.S. Mustricua, L. Sousaa , F.L. Alvesa a CESAM, Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,{joão.vasco, malves, lisa, z.mustricu}@ua.pt Os estuários são locais de elevado valor ecológico, social e também económico. Nos últimos vinte anos o património natural e cultural da Ria de Aveiro têm vindo a sofrer um crescente aumento de pressão por parte das diversas actividades humanas que nela se desenvolvem. No entanto, também nos últimos anos, na zona estuarina da Ria têm-se vindo a intensificar as acções/ intervenções no sentido da mitigação destas pressões promovendo a preservação, requalificação e valorização de algumas das áreas mais sensíveis do ponto de vista económico, social e ambiental. O presente estudo constitui uma primeira abordagem nesta temática e analisa as transformações do uso do solo que decorreram desde 1990 até 2006. Apresenta-se ainda os resultados obtidos num exercício prospectivo com base num cenário de alterações climáticas e subida do nível médio do mar que iria modificar radicalmente os usos do solo nas áreas adjacentes do sistema estuarino. Este estudo foi elaborado no sentido de averiguar quais as perdas efectivas nos ecossistemas naturais da uma área da Ria de Aveiro e a sua possível tradução em termos económicos, considerando o potencial que os valores dos serviços prestados pelos ecossistemas podem ter no sentido de informar a decisão política destacando os benefícios de uma gestão sustentável destes. O estudo da alteração dos usos do solo foi realizado com base na cartografia digital dos levantamentos do projecto CORINE Land Cover, em ambiente SIG/ArcGIS. A atribuição de valores económicos aos ecossistemas foi elaborada com base em metodologias desenvolvidas e amplamente Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 29 Universidade de Aveiro 2011 validadas, em sistemas estuarinos internacionais. Os resultados desta investigação mostram que as transformações ocorridas na área de estudo têm aumentado o seu valor económico. NUNCA MAIS VOLTAS AO CAIS? PERCEPÇÕES SOCIAIS E POLITICAS SOBRE OS CANAIS DA RIA DE AVEIRO F. Martinsa, E. Figueiredob, H. Albuquerquea, M. Robainac a CESAM, Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro {filomena, helena.albuquerque}@ua.pt b GOVCOPP, S.A. Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] c GOVCOPP, S.A. Economia, Gestão e Engenharia Industrial, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] As comunidades existentes em torno da Ria de Aveiro sempre mantiveram com esta uma forte afinidade. Este ecossistema foi sempre utilizado como fonte de recursos, sendo que as populações mais ribeirinhas viviam em função do que a “Ria” lhes concedia – o sal, o moliço, a pesca, o transporte lagunar e mesmo a agricultura. Por esta razão, foram construídos vários cais de acostagem que serviam de suporte às diversas actividades que aí se desenvolviam. Com o desaparecimento/desvalorização de determinadas actividades, muitos destes cais foram perdendo a sua vitalidade, encontrando-se de momento em forte estado de degradação e contribuindo para o continuado abandono destas áreas que, por sua vez, tem implicações quer na estrutura socioeconómica das comunidades locais quer no próprio ecossistema. No sentido de recuperar e revalorizar os cais de acostagem, o programa Polis Litoral Ria de Aveiro, promoveu o Estudo de Caracterização para o Reordenamento e Valorização dos Núcleos Piscatórios Lagunares, focalizado sobre 22 cais dos municípios de Ovar, Estarreja, Murtosa, Aveiro, Ílhavo e Mira. Neste contexto foram analisados, a área de influência de cada cais, as actividades económicas e sociais presentes, bem como as potencialidades de desenvolvimento das actividades existentes. Tomando como referência os dados recolhidos no âmbito do estudo mencionado, pretende-se em primeiro lugar caracterizar genericamente a actividade piscatória na Ria e os cais de acostagem, para depois se proceder à discussão das percepções dos utilizadores e das entidades políticas e administrativas relativamente à degradação, recuperação e valorização dos cais, da Ria de Aveiro. PERDAS NOS VALORES DOS ECOSSISTEMAS DEVIDO À EROSÃO COSTEIRA NA REGIÃO DA RIA DE AVEIRO: UMA AVALIAÇÃO HISTÓRICA P.C. Roebelinga, F.L. Alvesa, C.D. Coelhob, M. Gonçalvesc, J. Rochaa a CESAM, Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {peter.roebeling, malves, joaocrocha}@ua.pt c CESAM, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] d Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] A região centro de Portugal é uma das zonas costeiras da Europa que mais sofre com os processos de erosão costeira, devido à subida do nível do mar, ao aumento nas frequências de tempestades, à redução na entrega de sedimentos à costa e às alterações de origem antropogénica. Estes problemas não são exclusivos do século XXI, mas têm-se vindo intensificar nos últimos anos, resultando em inundações, destruição de infraestruturas, ruptura e galgamento de dunas, erosão costeira, destruição de habitats e perda de biodiversidade. Por outro lado, os ecossistemas costeiros possuem diversas funções ambientais, contribuindo para regular a composição química da atmosfera, o ciclo hidrológico, a formação do solo, mas também, como habitats para inúmeras espécies. Aliado a estas funções, estes ecossistemas, apresentam um elevado valor ecológico, económico e social os quais se encontram em perigo face aos intensos processos erosivos. A pesquisa bibliográfica efectuada demonstra não existirem estudos que avaliem, de modo integrado e relacionado, as perdas de território devido ao processo de erosão, as perdas nos usos do solo e as perdas nos valores dos ecossistemas. O presente estudo visa avaliar as perdas económico-ambientais ocorridas na zona costeira da Ria de Aveiro, devido ao fenómeno da erosão costeira nas últimas décadas (entre 1975 e 2006). Para tal é Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 30 Universidade de Aveiro 2011 aplicada uma abordagem económico-ambiental, que combina os padrões históricos da erosão costeira com técnicas de transferência de benefícios para a valorização dos serviços dos ecossistemas. Os resultados mostram que o território costeiro perdido entre 1975 e 2006 é aproximadamente de 2,350 ha, com destaque para as áreas com pouca vegetação (incluindo praias e dunas), e algumas áreas agrícolas. Verifica-se ainda que os valores dos ecossistemas diminuíram de, aproximadamente, €235 milhões em 1975 até €190 milhões em 2006. Estes resultados significam perdas efectivas de valor em ecossistemas costeiros de cerca de 20%. VARIABILIDADE ESPACIAL E TEMPORAL DA QUALIDADE DA ÁGUA E DE ZOOPLÂNCTON NUMA SALINA ARTESANAL N. Vieiraa,b, A. Biob a Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências, Rua do Campo Alegre s/n, 4169-007 Porto, Portugal, [email protected] CIMAR/CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto, Rua dos Bragas, 289, 4050-123 Porto, Portugal, [email protected] b As características limnológicas em salinas artesanais variam dependendo da sua estrutura física, de efeitos sazonais e dos dois períodos do ciclo de produção, com fase de inundação e fase de produção, que ocorre apenas durante o verão quando as condicões atmosféricas são propícias. Estas salinas constituem habitats húmidos únicos, com comunidades bióticas particulares, mas na sua maioria pouco estudadas. Estudou-se a qualidade da água e a comunidade zooplanctónica de uma salina artesanal para avaliar a variabilidade espacial entre os compartimentos e temporal entre os períodos de produção e repouso, a relação entre comunidades zooplanctónicas e condições ambientais. As amostras foram recolhidas duas vezes por mês, durante dois anos, em seis estações fixas de colheita na Salina das Tanoeiras, na Ria de Aveiro: 1) início e 2) centro do canal de abastecimento da salina, 3) tanque de alimentação, 4 e 5) em dois tanques de evaporação e 6) um de cristalização. Os resultados apresentaram diferenças significativas na temperatura, oxigénio dissolvido (OD) e carência bioquímica de oxigénio (CBO5) entre os períodos de produção de sal e inundação, i.e. estações de verão e primavera/inverno. A salinidade e a alcalinidade foram associadas à produção de sal, com valores extremos nos tanques de cristalização. A comunidade zooplanctónica também variou ao longo do ciclo de produção, entre as estações do ano e entre os compartimentos analisados. As densidades e diversidade zooplanctónicas tenderam a ser baixas durante a produção de sal, particularmente sob as condições extremas de vida observadas no tanque de cristalização. A variação destas comunidades entre as amostras relacionou-se principalmente com a temperatura, ou seja estação do ano, a CBO5, o OD e a concentração em nutrientes. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 31 Universidade de Aveiro 2011 ORDENAMENTO E GESTÃO Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 32 Universidade de Aveiro 2011 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SEDIMENTOS NOS SECTORES NORTE E ESTE DA RIA DE AVEIRO R. Teodósioa, V. Martinsb, E. Ferreira da Silvab, F. Rochab a b Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, Portugal Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, Unidade de Investigação GeoBioTec, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {virginia.martins; eafsilva; tavares.rocha}@ua.pt Este trabalho tem como objectivo principal proceder à avaliação da qualidade dos sedimentos da Ria de Aveiro e contribuir para o estudo da ecologia dos foraminíferos bentónicos deste sistema lagunar. Nele são apresentados resultados obtidos em três campanhas de amostragem, integradas num programa de monitorização, iniciado em Outubro de 2009, nos sectores Norte e Este da Ria de Aveiro. Durante as campanhas de campo foram recolhidos sedimentos em 8 locais diferentes incluindo o Largo do Laranjo, o Porto de Salreu, o Cais do Pardilhó, o Canal de Ovar. Foram também medidos vários parâmetros ambientais tais como, a temperatura e a salinidade, na água, e o pH e Eh, no sedimento. Foram efectuadas análises granulométricas e geoquímicas (por digestão total de sedimento, seguida de análise por ICP-MS) e das associações vivas e mortas de foraminíferos presentes nos sedimentos. Na área estudada, os sedimentos são heterogéneos em termos granulométricos e composicionais. A variabilidade dos parâmetros ambientais é considerável. Foram por exemplo registadas salinidades entre 0.1-39.1psu. As associações de foraminíferos bentónicos são dominadas por duas ou três das seguintes espécies: Ammonia tepida, Haynesina germanica, Elphidium spp. (tais como E. excavatum, E. oceanensis, E. gunteri) Trochammina inflata, Jadammina macrescens, Balticammina pseudomacrescens e Quinqueloculina seminulum. A densidade (n.º/gr<70) e a diversidade de espécies avaliada pelo Índice de Shannon (0.9-2.3) são relativamente baixas. Foram identificadas concentrações elevadas de metais pesados considerados tóxicos (tais como Cu, Pb, Zn, Ni, As e Cr), no Largo do Laranjo, no Porto de Salreu, no Cais do Pardilhó e na Marina de Ovar. Nestas zonas a abundância e a diversidade de foraminíferos decresce. As espécies de foraminíferos presentes mais tolerantes a variações grandes de salinidade e a concentrações elevadas de metais pesados parecem ser T. inflata, J. macrescens e B. pseudomacrescens. DESAFIOS METODOLÓGICOS PARA O PLANEAMENTO E ORDENAMENTO NA RIA DE AVEIRO L. P. Sousaa, J. V. Silvaa, F. L. Alvesa a CESAM, Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lisa, joao.vasco, malves}@ua.pt Na sequência da aprovação da Lei da Água e assumindo a importância e complementaridade entre a gestão da água e o ordenamento do território, foram criados os Planos de Ordenamento dos Estuários, incorporados no sistema de gestão territorial como planos especiais de ordenamento do território. Estes Planos têm por objecto as águas de transição (respectivo leito e margens) e uma faixa terrestre de protecção com uma largura máxima de 500 metros. Visam a protecção das suas águas, leitos e margens e dos ecossistemas associados, assim como a valorização ambiental, social, económica e cultural da orla terrestre envolvente e de toda a área de intervenção do plano. As excepcionais qualidades ambientais e paisagísticas de elevado valor científico, cultural, social e económico, fazem do Estuário do Vouga um espaço singular no contexto nacional e europeu. Embora seja uma área de especial interesse para a conservação da natureza, é um espaço onde se desenvolvem inúmeras actividades (portuária, agricultura, aquicultura, pesca, recreio e lazer), às quais estão associadas pressões e conflitos no uso do território, que deverão ser dirimidas no processo de planeamento e ordenamento deste espaço. Este artigo pretende apresentar os actuais desafios metodológicos que se colocam à elaboração de um plano desta natureza no estuário do Vouga. São eles: a articulação entre as actividades, que ocorrem no plano de água e se gerem na orla; a complexidade jurídica e territorial da área de intervenção; à definição da área de intervenção do Plano, que engloba áreas com diferentes características ecológicas, morfológicas, demográficas, associadas a uma forte dinâmica territorial; à gestão integrada das águas, ecossistemas aquáticos e terrestres associados; à gestão partilhada no ordenamento e gestão; a coexistência de múltiplas dominialidades e um leque amplo de responsabilidades institucionais, que tornam a concertação de interesses e a geração de consensos um objectivo difícil de alcançar. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 33 Universidade de Aveiro 2011 DIVERSIDADE E REPRODUÇÃO DE POLIQUETAS DO GÉNERO Diopatra, NA RIA DE AVEIRO A. Piresa, F. Gentilb, V. Quintinoa, A. Rodriguesa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro {adilia, victor.quintino, anarod}@ua.pt b Station Biologique de Roscoff, Place Georges Teissier, BP74, 29682 Roscoff Cedex, France, [email protected] O poliqueta Diopatra neapolitana, vulgarmente denominado “casulo” é um importante recurso natural na Ria de Aveiro, sendo intensamente explorado como isco. Apesar disso pouco se sabia sobre o seu ciclo biológico, o que motivou o seu estudo. Assim, indivíduos de D. neapolitana foram colhidos mensalmente de Maio 2007 a Abril 2009 para observação da presença/ausência de gâmetas e medição do diâmetro dos óocitos. Os resultados apontam como período principal de reprodução Maio a Agosto, altura em que praticamente todos os indivíduos contêm gâmetas no celoma e as fêmeas contêm mais óocitos. A informação sobre o ciclo biológico é fundamental para implementar regulamentação adequada para a gestão sustentável da espécie. No decorrer deste estudo foram identificadas duas outras espécies do género Diopatra que coexistem na Ria com D. neapolitana: D. marocensis, inicialmente descrita para a costa de Marrocos e cuja distribuição actual se sabe extender-se a toda a costa Portuguesa e Norte de Espanha e, D. micrura, espécie nova para a ciência, descrita com base em exemplares da Ria. Estas duas espécies facilmente se confundem com juvenis de D. neapolitana, já que são de menores dimensões sendo por isso pouco interessantes economicamente. No que respeita à reprodução, D. marocensis foi estudada entre Julho de 2008 e Junho 2010. Ao contrário de D. neapolitana, a espécie possui larvas sem fase pelágica e reproduz-se ao longo de todo o ano. Atendendo aos locais onde D. marocensis e D. micrura foram encontradas é possível que sejam habitantes recentes da Ria. A interacção entre estas 3 espécies está actualmente em estudo. MACROINVERTEBRADOS BENTÓNICOS DA RIA DE AVEIRO: RELAÇÕES AMBIENTAIS, BIOLÓGICAS E ESTADO DE QUALIDADE ECOLÓGICA A.M. Rodriguesa, V. Quintinoa, L. Sampaioa, R. Freitasa, R. Nevesb a CESAM & Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, 2810-193, Aveiro {anarod, victor.quintino, lsampaio, rosafreitas}@ua.pt b Instituto Superior Técnico, Departamento de Mecânica, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, [email protected] O presente estudo identifica e caracteriza os principais gradientes de distribuição dos macroinvertebrados bentónicos na Ria de Aveiro, referindo-se também ao estado de qualidade ecológica deste sistema. O estudo baseou-se na análise dos macroinvertebrados e das características sedimentares e hidrodinâmicas de 248 locais, cobrindo todo o gradiente estuarino. Foram identificadas 120 espécies sendo as mais abundantes e frequentes Alkmaria romijni, Streblospio shrubsolii, Tharyx sp., uma espécie de oligoqueta não identificada, Tubificoides benedii, Nereis diversicolor, Capitella spp., Pygospio elegans e Polydora ligni. Os gradientes de distribuição encontrados mostram grupos que se sucedem da embocadura para o interior e sobretudo relacionados com factores hidrodinâmicos (tensão de corte, fluxo e velocidade das correntes) e a salinidade. As dez espécies mais abundantes e frequentes são características de enriquecimento orgânico e estão presentes em todos os grupos de afinidade identificados. As espécies Capitella spp. e Tubificoides benedii, bem conhecidas como indicadores de perturbação, são duas das mais abundantes e largamente distribuídas. A aplicação do índice de qualidade M-AMBI aos diferentes grupos indicam um estado de qualidade ecológico moderado, pobre e mau o que, de acordo com a DQA, aponta para a necessidade de medidas de recuperação. No entanto, esta classificação deve ser vista com algum cuidado já que não estão estabelecidas até ao momento as condições de referência e os limites de cada uma das classes preconizadas na DQA para os sistemas de transição. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 34 Universidade de Aveiro 2011 MODELIZAÇÃO DOS PADRÕES ECOLÓGICOS NA BAIXA CADEIA TRÓFICA NA RIA DE AVEIRO J.F. Lopesa, M.A. Almeidaa,, A. Cunhaa a CESAM, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal, {jflopes, aalmeida, acunha}@ua.pt Os blooms de fitoplancton são eventos importantes que permitem uma melhor compreensão da dinâmica dos eco-sistemas costeiros, nomeadamente em situações de enriquecimento das águas resultantes da ocorrência de episódios esporádicos ou permanentes de inputs de nutrientes. Por outro lado, condições de elevado consumo de oxigénio, denominadas de hipoxia ou anoxia, estão associadas a estados de eutrofização, correspondendo a um desafio importante nos sistemas naturais e nos eco-sistemas costeiros e estuarinos. Situação de eutrofização reflectem o estado de degradação dos sistemas aquáticos devido a contaminação de natureza química e/ou biológica. O objective deste trabalho é ajudar a compreensão da dinâmica do fitoplâncton na Ria de Aveiro ao longo dos seus principais canais, nomeadamente, simulando os padrões de clorofila, a produção primária e oxigénio dissolvido em situações meteorológicas extremas. As ferramentas usadas para este fim, são modelos ecológicos e de qualidade da água tri-dimensionais, incluindo modelos físicos, biológicos e químicos acoplados, que descrevem a dinâmica do fitoplâncton e de macro-algas, a influência da luz e de nutrientes, os processos associados à produção, à respiração e à mortalidade do fitoplâncton na coluna de água, o ciclo de nutrientes, e a interacção com o zooplâncton, entre outros variados processos. Esses modelos foram implementados para a Ria de Aveiro com o objectivo de realizar os objectivos acima propostos. Foram caracterizados os padrões de nutrientes, de fitoplâncton, de clorofila, de oxigénio dissolvido e de produção primária. Mostrou-se que a distribuição especial destas grandezas depende essencialmente dos efeitos da maré e das condições locais. As áreas centrais e mais afastadas da laguna apresentam elevados valores de clorofila, oxigénio dissolvido e produção primárias, quando comparadas com a embocadura. Devido à normal interacção com as o oceano e relativa elevada produtividade no seu interior, o sistema pode ser considerado bem oxigenado, pelo que condições de permanente hipoxia ou anoxia são extremamente raras de ocorrer mesmo em situações que potenciam um elevado consumo de oxigénio, por exemplo em ocorrência de fortes descarga de material inorgânica. MODELO DE GOVERNAÇÃO PARA OS PLANOS DE ORDENAMENTO DOS ESTUÁRIOS: CASO DE ESTUDO DA RIA DE AVEIRO T. Carvalhoa, T. Fidelisa, b a Administração da Região Hidrográfica do Centro, IP, [email protected] b Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, [email protected] As mais recentes teorias sobre a governação dos recursos hídricos, incluindo dos estuários, apontam para a necessidade de se adoptarem abordagens ao recurso água que considerem os problemas numa perspectiva integrada, permitam a mediação do conflito entre os interesses privados e públicos, através da construção de consensos, e que incluam a participação dos interessados e da sociedade civil na formulação e implementação das políticas, garantindo a sua legitimidade. Os modelos de governação têm particular relevância no contexto dos estuários, pela complexidade que lhes está associada. Os estuários são realidades territoriais onde coexistem sistemas naturais de elevado valor e sensibilidade. São territórios onde se concentram inúmeras actividades humanas, nem sempre compatíveis, e que têm ameaçado os seus valores e funções e as utilizações que deles dependem. São territórios onde se sobrepõem multiplas entidades, com jurisdições, competências e instrumentos de gestão próprios e onde coexiste uma grande diversidade de utilizadores com distintos interesses. Num momento em que se dão os primeiros passos na elaboração dos Planos de Ordenamento dos Estuários (POE), novo instrumento de ordenamento dos recursos hídricos, discute-se nesta comunicação a importância da definição de um modelo de governação para a sua elaboração e implementação. Identificam-se os principios de governação aplicáveis à gestão e ordenamento dos estuários. Analisa-se criticamente o quadro jurídico que regula a elaboração e implementação dos POE à luz dos principios de governação. Propõe-se um modelo de governação para a elaboração e implementação dos POE, com aplicação prospectiva à Ria de Aveiro. Comclui-se que o modelo de governação proposto poderá contribuir para o envolvimento de todos os actores, incluindo os utilizadores, na construção do plano, Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 35 Universidade de Aveiro 2011 possibilitando a concertação de interesses e a participação de todos os interessados na tomada de decisão, num quadro de governação partilhada. MONITORIZAÇÃO DA FLORA E VEGETAÇÃO DOS SISTEMAS HÚMIDOS DO BAIXO VOUGA LAGUNAR (ZPE DA RIA DE AVEIRO) R. Pinhoa, P. Maiab, L. Lopesc, F. Leãod, J. Keizere a Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {rpinho; lisia @ua.pt b CESAM, DAO, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {paula.maia; jjkeizer}@ua.pt d IDAD, Instituto do Ambiente e Desenvolvimento, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] O Baixo Vouga Lagunar (BVL) está integrado num dos mais notáveis acidentes geográficos do litoral português denominado Ria de Aveiro classificado como Zona de Protecção Especial ao abrigo da Directiva Aves. No BVL observam-se duas grandes unidades de paisagem: o mosaico rural composto pelo “Bocage”, arrozais e pastagens, e os sistemas húmidos, dos quais fazem parte os sapais, lodaçais a descoberto na maré baixa, esteiros e valas, caniçais e juncais. Trata-se de uma área na qual a agricultura, em regime extensivo, é uma peça fundamental para a diversidade paisagística e natural. No entanto, a progressão da cunha salina nas últimas décadas traduziu-se no abandono de alguns terrenos. Para contrariar esta situação o Ministério da Agricultura elaborou o Projecto de Desenvolvimento Agrícola do Baixo Vouga Lagunar. A implementação deste projecto irá provocar alterações nas dinâmicas de encharcamento dos sistemas húmidos, factor que é determinante para as espécies e Habitats da Directiva 92/43/CEE. Assim, no âmbito do procedimento de pós-avaliação deste projecto, desenvolveu-se um programa de monitorização que teve como objectivos mapear os habitats constantes da Directiva Habitats existentes nos sistemas húmidos e contribuir para um melhor conhecimento da tipologia da vegetação local que sirva como base para desenvolver os padrões espaço-temporais da vegetação dos sistemas húmidos. A área de estudo localiza-se na zona de influência do dique e comportas existentes e previstos pelo projecto. Numa 1ª fase foi caracterizado o estado da vegetação através de 520 inventários florísticos (2,5 x 2,5 m) distribuídos de forma contínua ao longo de 13 transectos, com 100 m de comprimento. Para cada inventário foi feita uma lista exaustiva de espécies com índice de abundância/dominância. Foram reconhecidos 22 tipos de vegetação, incluindo várias unidades de transição. Numa 2ª fase foram identificados os tipos vegetacionais mais comuns e seleccionados ao acaso, dos inventários florísticos por tipo de vegetação presente em cada transecto, os locais onde seriam instaladas as parcelas permanentes de monitorização (1x1m). Estas parcelas foram monitorizadas em dois anos consecutivos na Primavera e no Outono. Da análise dos resultados verifica-se que os habitats naturais da Directiva 92/43/CEE presentes nos sistemas húmidos do BVL, estão a ser alterados podendo mesmo vir a serem substituídos por outros, devido a modificações nas taxas de encharcamento, na salinidade e por intervenções antrópicas. O PLANEAMENTO DO LAZER CICLÁVEL NA RIA DE AVEIRO: PROJECTO CICLORIA J.C. Motaa, J. Carvalhoa, G.. Ribeiroa a SACSJP, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {jcmota, jcarvalho, gil.ribeiro}@ua.pt O lazer tem vindo a assumir uma importância crescente, com facetas diversas e efeitos cruzados: promovendo a animação dos lugares, com consequências e exigências de organização espacial e de intervenção política; gerando animação sociocultural e contribuindo para a qualidade de vida; originando novas actividades, criação de emprego desenvolvimento económico. Num contexto mundial em que ganham relevância a valorização ambiental, a problemática da energia e a saúde/ exercício físico, cresce o potencial do turismo e do lazer associado a percursos pedonais e cicláveis. O lazer e turismo ciclável mobilizam visitantes/turistas que se deslocam de bicicleta, em férias ou em lazer, de forma independente ou fazendo parte de viagens organizadas, que pode incluir o uso de outros transportes e recorrer a alojamento formal ou informal. Um estudo recente conclui que o peso do turismo ciclável já atinge, por ano, cerca de 2.8 biliões de viagens, 26 milhões de viagens de turismo e um valor de cerca de 54 biliões de euros. Em Portugal, o tema Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 36 Universidade de Aveiro 2011 começa agora a suscitar a devida atenção, com a construção de pistas cicláveis de dimensão relevante, mas numa perspectiva local e fragmentada. O projecto CicloRia procura responder a essas limitações e constituirse como um exemplo de promoção dos modos suaves de mobilidade ligada ao lazer, com aplicação na região da Ria de Aveiro, articulando infra-estruturas cicláveis com estímulos à sua utilização pelas populações locais e visitantes, através da valorização dos recursos naturais, patrimoniais e culturais (e conhecimento científico disponível) e do empreendedorismo ligado ao ambiente e à bicicleta. A PROBLEMÁTICA DAS BIOTOXINAS MARINHAS EM MOLUSCOS BIVALVES DA RIA DE AVEIRO M.J. Botelhoa, P. Valea, P.R. Costaa, S.M. Rodriguesa a Laboratório Biotoxinas Marinhas, Unidade Ambiente Aquático, Instituto Nacional dos Recursos Biológicos – INRB/IPIMAR, Av. Brasília 1449-006 Lisboa, {mjoao, pvale, prcosta, susrodri}@ipimar.pt Os blooms de microalgas tóxicas são fenómenos de previsão reduzida, que têm vindo a ser registados recorrentemente em águas costeiras e de transição. As biotoxinas produzidas por estas microalgas são acumuladas pelos moluscos bivalves podendo originar episódios de intoxicação no homem. Quando os níveis de toxinas atingem os valores regulamentados, é necessária a interdição da apanha dos bivalves. Estes períodos de interdição são função da duração e intensidade do bloom e das cinéticas de uptake e eliminação das toxinas nas espécies de bivalves. A Ria de Aveiro é uma das principais zonas de produção de moluscos bivalves da costa portuguesa. Este ecossistema tem vindo a ser anualmente afectado por blooms de microalgas tóxicas, com longos períodos de interdição da apanha, originando perdas económicas para o sector das pescas. As biotoxinas do grupo DSP (Diahrretic shellfish poisoning) e do grupo PSP (Paralytic shellfish poisoning) têm sido os compostos com mais impacto na exploração dos bivalves da Ria de Aveiro. O primeiro grupo de toxinas tem sido detectado anualmente, com incidência entre o final da Primavera e o Outono, levando a longos períodos de contaminação. O grupo PSP tem causado contaminações mais esporádicas, com incidência no final do Verão e no Inverno. Após ausência de uma década (1995-2004), as toxinas PSP voltaram a ser detectadas anualmente entre 2005 e 2009. Estes dois grupos de biotoxinas surgiram ocasionalmente em simultâneo, enquanto que noutros casos foram fenómenos consecutivos, tendo levado à interdição da apanha por períodos superiores a 3 meses consecutivos. A monitorização de biotoxinas realizada pelo INRB/IPIMAR nas zonas de apanha/cultivo de bivalves da Ria de Aveiro, tem vindo a ser alterada contemplando a intensificação de amostragens, no que respeita a espécies monitorizadas e a zonas de apanha/cultivo. Os resultados obtidos relativamente à acumulação/eliminação de toxinas nas várias espécies de bivalves, tem permitido optimizar a gestão destes recursos durante a ocorrência destes fenómenos. O RISCO AMBIENTAL NAS FREGUESIAS DO MUNICÍPIO DE AVEIRO – CARTOGRAFIA DE RISCO COMBINADO E DE ÍNDICES DE SENSIBILIDADE AMBIENTAL C.R. Lemosa, L.M.Pinheiroa, C.S. Oliveirab, A. Luisc, A.P. Lemosd a CESAM & Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {catarinalemos, lmp}@ua.pt b Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Instituto Superior Técnico, Lisboa, [email protected] c Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] d Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, [email protected] Face à importância da temática actual da resiliência das cidades, apresenta-se uma ferramenta desenvolvida em Sistema de Informação Geográfica, para análise integrada da vulnerabilidade ao Risco Ambiental no Município de Aveiro e produção de cartografias de apoio à gestão do risco: mapas de Risco Combinado e mapas de Índices de Sensibilidade Ambiental. Com o objectivo de produzir uma análise qualitativa multirisco para a região, com detalhe ao nível da freguesia, preparou-se, em colaboração com a Câmara Municipal de Aveiro, uma Base de Dados Georeferenciada Geológica e Ambiental (ArcGIS). Efectuou-se o cruzamento Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 37 Universidade de Aveiro 2011 dos elementos individuais relativos a cada tipo de risco e a análise integrada do Risco Ambiental, da qual resultou a definição de um Índice Combinado de Risco (ICR), que traduz a vulnerabilidade ao risco ambiental de cada uma das freguesias da região. A cartografia produzida foi disponibilizada online para as Autoridades Municipais de Aveiro. A produção da cartografia de Índices de Sensibilidade Ambiental, tem por base a metodologia do National Oceanic and Atmospheric Administration, e classifica a região costeira considerando o tipo de linha de costa, a sensibilidade e produtividade biológica, e as infraestruturas humanas existentes. As informações reunidas, compiladas e integradas numa única cartografia, permitem não só direccionar, como também aumentar a rapidez das acções de protecção e/ou emergência por parte das entidades responsáveis. Da análise do ICR, concluiu-se que a freguesia da Glória apresenta a maior vulnerabilidade combinada de todo o Município de Aveiro, sendo a freguesia de Eirol, a menos vulnerável. A tendência decrescente da vulnerabilidade combinada no sentido SE, poderá ser justificada pelo afastamento crescente à zona costeira, associada a grande parte dos riscos ambientais sentidos neste município litoral, o que reforça a importância da cartografia ISA no planeamento e gestão do Risco Ambiental costeiro. SIMULAÇÃO DA EVOLUÇÃO DAS CONDIÇÕES HIDROMORFOLÓGICAS DA BARRA DA RIA DE AVEIRO E RESPECTIVOS IMPACTES NOS PRISMAS DE MARÉ A. Silvaa, P. Leitãoa a Hidromod, Lda, {adelio, paulo.chambel}@hiodromod.com A análise dos elementos disponíveis sobre a evolução da zona da barra da Ria de Aveiro nos últimos 20 anos mostra que a barra sofreu alterações de geometria relevantes que tiveram como consequência alterações nos campos de correntes e no prisma de maré que têm contribuído para criar condições para o aprofundamento do canal de navegação e que têm tido reflexos nos níveis atingidos no interior. De acordo com os levantamentos hidrográficos disponíveis entre 1987 e 2007 a zona do banco a sul após um período inicial de assoreamento perdeu cerca de 5 milhões de m3 de areia. Da análise destes levantamentos pode também concluir-se que a zona do canal de navegação perdeu cerca do mesmo volume de areia por efeito do respectivo aprofundamento. Embora não se disponha de um levantamento equivalente anterior à construção dos molhes, pode presumir-se que uma parte significativa da areia que constituía o banco sul terá tido como origem o canal de navegação. No mesmo período assistiu-se a um processo de assoreamento no trecho a norte da barra que se reflecte no desalinhamento da linha de costa nos trechos a norte e a sul da barra Com base em simulações efectuadas em modelo e em dados existentes foi efectuada uma análise da dinâmica do sistema e proposto um modelo conceptual de funcionamento. O estabelecimento deste modelo é de fundamental importância para uma tentativa de compreensão/explicação dos processos que conduziram ao estado actual e, a partir daí, para uma tentativa de estabelecimento de um modelo de evolução futura. Nesta comunicação, com base nos resultados do modelo, suportados por medidas quer de níveis e velocidades quer da batimetria, será efectuada uma reflexão sobre a relação entre o aprofundamento do canal da barra e os caudais trocados com o mar em cada ciclo de maré. Será igualmente efectuada uma avaliação das perspectivas de evolução tendo em consideração uma análise das profundidades de equilíbrio teóricas do canal e as taxas de aprofundamento que se verificaram entre 1987 e o presente. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 38 Universidade de Aveiro 2011 COMUNICAÇÕES EM POSTER Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 39 Universidade de Aveiro 2011 A IMPORTÂNCIA DA CONTAMINAÇÃO HISTÓRICA POR MERCÚRIO NA RIA DE AVEIRO – POSSÍVEIS EFEITOS DO CONSUMO DE BIVALVES a C.L. Mieiroa, I. Ahmad I , I. Mohmooda, J.P. Coelhoa, M. Pachecob, M.A. Santosb, A.C. Duarte a, E. Pereiraa Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {cmieiro, ahmadr, iram, jpcoelho, aduarte, eduper} @ua.pt b CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {mpacheco, monteiro}@ua.pt a Este estudo pretendeu dar resposta a duas questões relativas ao risco de contaminação por mercúrio associado ao consumo de bivalves (lambujinha) da Ria: i) Será seguro o consumo de bivalves recolhidos na área mais contaminada, mesmo após a cessação das descargas? ii) Quais as classes de tamanho que permitem dar segurança dos consumidores? A área de estudo escolhida foi o Largo do Laranjo, onde existe um gradiente de contaminação bem definido em consequência das descargas da indústria de Soda Cáustica, efectuadas até à década de 90. Dois locais, um com elevada contaminação (H) e outro moderadamente contaminado (M), foram comparados com um local de referência (R). Os resultados evidenciam a persistência do mercúrio no ambiente, durante o período de estudo (5 anos). Apesar da redução significativa da contaminação observada no sedimento do local H, o nível de contaminação mantém-se na classe 5 da Directiva Quadro da Água, implicando restrições de dragagem e uso do mesmo. De um modo geral, os níveis de mercúrio total nos bivalves reflectiram os níveis ambientais (sedimento e matéria particulada em suspensão), mas os níveis de mercúrio orgânico aumentaram de 2003 para 2008, sugerindo uma maior biodisponibilidade da forma mais tóxica de mercúrio. Enquanto que para o mercúrio total todas as classes de tamanho reflectiram o gradiente de contaminação ambiental, para a forma orgânica apenas a classe maior revelou essa capacidade. A acumulação de mercúrio total em função da idade dos indivíduos foi mais visível em 2003, enquanto que para a forma orgânica do metal não existiu um padrão de distribuição uniforme, apesar de em 2008 se ter verificado um aumento dos níveis de mercúrio com o tamanho dos indivíduos no local de contaminação moderada e o oposto no local mais contaminado. Dado o nível de mercúrio acumulado, nas várias classes de tamanho de lambujinha, o risco do seu consumo não pode ser ignorado, fundamentalmente em relação às maiores classes de tamanho. ABERTURA DE UM CANAL DE MARÉ A SUL DA VAGUEIRA INDUZIDO PELA ACÇÃO DE TEMPORAIS: IMPACTOS FÍSICOS E GEOLÓGICOS E. Capeloa, C. Bernardesb, J.M. Diasc a Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] c CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] b A barreira arenosa que protege o sistema lagunar de Aveiro é um elemento morfológico recente e muito vulnerável, cuja evolução tem sido fortemente condicionada por factores naturais e antropogénicos. A dinâmica da laguna, a diferenciação dos subambientes e as suas características sedimentológicas são determinadas, em grande parte, pelas marés, as quais fluem através de um canal de maré principal (também designado barra), aberto e mantido de forma artificial. No passado recente, a localização deste eixo de comunicação com o mar aberto variou espacial e temporalmente, a qual foi condicionada pela disponibilidade de sedimentos e pelo regime de correntes litorais prevalecentes neste troço costeiro. A diminuição do abastecimento sedimentar, os processos erosivos e as actividades antropogénicas têm provocado uma diminuição assinalável da largura da barreira. Durante os invernos marítimos, a conjugação de eventos de temporal com períodos de marés vivas induzem, com frequência, galgamentos oceânicos, os quais podem provocar a abertura de canais de maré e, como consequência, a ligação temporária entre o mar e a laguna, em particular com o canal de Mira; historicamente, estas rupturas da barreira ocorreram em locais onde a barreira é mais estreita e as praias mais vulneráveis à erosão. No presente trabalho pretende-se avaliar os impactos de natureza física e geológica, provocados pela hipotética abertura de um canal de maré permanente, a sul da Vagueira, na sequência de um temporal. A metodologia utilizada baseia-se na análise comparativa da cartografia dos ambientes sedimentares, utilizando a plataforma ARCGIS, após simulação hidrodinâmica efectuada através do modelo numérico SIMSYS2D. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 40 Universidade de Aveiro 2011 A análise dos dados permite concluir que a eventual abertura de um novo canal de maré iria provocar alterações hidrodinâmicas no canal de Mira (ex: variações do nível da superfície livre, padrões de correntes e prisma de maré) e, consequentemente, uma modificação das áreas inundáveis e uma redefinição dos subambientes que, na actualidade, caracterizam o canal de Mira. ALTERAÇÕES NA HIDRODINÂMICA DA RIA DE AVEIRO INDUZIDAS PELA CONSTRUÇÃO DE UMA MARINA NO CANAL DE MIRA L.Vaza, J.M. Diasb a Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3880-193 Aveiro, [email protected] CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3880-193 Aveiro, [email protected] b A Ria de Aveiro é uma laguna costeira mesotidal verticalmente homogénea, localizada no Noroeste de Portugal Continental. Tem uma morfologia complexa, caracterizada por vastas áreas que cobrem e descobrem ao longo do ciclo de maré. As principais acções forçadoras da sua dinâmica são: a maré oceânica, o caudal fluvial e o vento, sendo dominante a primeira acção em relação às restantes. O objectivo principal deste trabalho consiste em analisar a influência que a hipotética construção de uma marina no Canal de Mira (Marina da Barra, segundo um projecto proposto em 2003), poderia ter na hidrodinâmica da Ria de Aveiro, mais concretamente no Canal de Mira. Este projecto representa uma obra de dimensão considerável e teria como objectivo dotar a zona centro-norte da costa portuguesa e, em particular a Ria de Aveiro, de instalações adequadas ao recreio náutico. Para a realização deste estudo considerou-se que um modelo bi-dimensional verticalmente integrado é adequado para simular as alterações na hidrodinâmica da Ria de Aveiro, tendo sido aplicado neste trabalho um modelo desenvolvido a partir do sistema de modelação SYMSYS2D. A sua implementação e calibração para a Ria de Aveiro foram realizadas no âmbito de estudos hidrodinâmicos anteriores. O modelo foi utilizado para estudar a influência que a hipotética construção do ‘Complexo da Marina da Barra’ poderia ter na hidrodinâmica da Ria de Aveiro, através da simulação de cenários distintos (batimetria actual e projecção da batimetria resultante da construção da marina), em situações de maré extremas. Os resultados revelam que as alterações morfológicas no Canal de Mira inerentes à construção da Marina tornam a Ria de Aveiro, mais concretamente o Canal de Mira, mais dominado pela maré. Verificamse alterações na amplitude e fase da maré, na velocidade da corrente e prisma de maré. Estas modificações poderão conduzir a um incremento da erosão das margens, e provável assoreamento da zona mais próxima da marina. APLICAÇÃO DE UM MÉTODO RÁPIDO DE DETECÇÃO BACTERIANA PARA AVALIAR A EFICÁCIA DA TERAPIA FÁGICA COMO ALTERNATIVA PARA INACTIVAR BACTÉRIAS PATOGÉNICAS EM PISCICULTURAS Y. Silva, R. Calado, N. Gomes, A. Cunha, A. Almeida CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {yolanda, rjcalado, gomesncm, acunha, aalmeida}@ua.pt A importância crescente da aquacultura mundial, para compensar a progressiva pressão sobre as populações naturais de peixes, e o facto de várias pisciculturas sofrerem, frequentemente, grandes perdas económicas, devido a infecções causadas por microrganismos patogénicos, incluindo bactérias multirresistentes, impõe a procura de métodos alternativos, tal como a terapia fágica, para a inactivação de patogénicos bacterianos. A terapia fágica consiste na utilização de bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) para inactivar bactérias patogénicas e apresenta várias vantagens quando comparada com os métodos convencionais. O seu uso requer, no entanto, a compreensão de novos fenómenos cinéticos desconhecidos nos tratamentos convencionais. A teoria cinética indica que a concentração de bactérias e fagos aplicados, bem como a estabilidade destes em relação aos factores ambientais, podem ser fundamentais. Para adquirir conhecimento sobre estes aspectos são necessários métodos mais rápidos de análise microbiológica que métodos convencionais de sementeira, incubação e detecção do crescimento. O objectivo deste trabalho foi aplicar um Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 41 Universidade de Aveiro 2011 método rápido de detecção bacteriana para desenvolver um protocolo de terapia fágica para inactivar bactérias patogénicas de peixes. Para tal foi utilizada uma estirpe bioluminescente de Escherichia coli, geneticamente modificada, e um sistema de detecção de emissão de luz. Os resultados mostraram que quando a E. coli foi tratada com bacteriófagos, a diminuição de bioluminescência acompanhou a diminuição da concentração de unidades formadoras de colónias. Com este método foi possível seleccionar a melhor concentração de fagos a adicionar às culturas bacterianas para obter uma inactivação eficaz e foi também possível monitorizar o processo da infecção fágica em tempo real, de uma forma mais rápida, barata e muito menos trabalhosa que os métodos convencionais. ÁREAS INUNDÁVEIS NO SECTOR TERMINAL DO RIO CÁSTER - CIDADE DE OVAR: HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS E DEFINIÇÃO DE PERÍMETROS DE INUNDAÇÃO P. Seixasa, A. Gomesa a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Geografia, [pedro.a.seixas, albgomes]@gmail.com As cheias e inundações são episódios frequentes no sector terminal do rio Cáster, particularmente marcantes na história da cidade de Ovar. Contudo, nos últimos anos a sua frequência e intensidade registam uma tendência crescente, a que não é alheia a expansão urbana da cidade, a qual, se implanta em parte, no leito de inundação deste curso de água. As diversas alterações induzidas nas condições naturais deste território pela expansão do tecido urbano ao longo do tempo, reforçam a necessidade de avaliar se o desenvolvimento dessa expansão incrementa a exposição dos elementos construídos, actividades económicas e da população, aos processos naturais de origem hidrológica, i.e., à ocorrência de cheias e inundações. Na área em análise, para além do escoamento fluvial irregular do rio Cáster também se faz sentir o efeito da maré oceânica que penetra pela Ria de Aveiro, constituindo a foz do rio Cáster um dos sectores onde ela funciona, em regime de maré cheia, como um tampão ao fluxo das águas do rio. Por outro lado, esporadicamente, são registadas marés-vivas de elevada altura que inundam os campos agrícolas adjacentes, salinizando-os e inviabilizando temporariamente a sua exploração normal. O presente estudo debruça-se sobre a análise das áreas susceptíveis à ocorrência de cheias e inundações na área da cidade Ovar drenada pelo Rio Cáster e afluentes, bem como, dos lugares da Marinha e Tijosa, estes, já localizados nas margens da Ria de Aveiro. Os objectivos residem na criação de uma base de dados geográfica capaz de aglutinar o histórico das ocorrências de cheias do rio Cáster, das inundações urbanas em Ovar e inundações motivadas pelas marés vivas da Ria, assim como, na delimitação das áreas afectadas. Em paralelo, será também analisado o desenvolvimento urbano da cidade de Ovar, com base nos instrumentos de ordenamento, de forma a indagar os impactos do mesmo na ocorrência e intensidade do episódio hidrológico mais intenso registado em Março de 2001. AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO METÁLICA EM DUAS ESPÉCIES DE MACROINVERTEBRADOS DA RIA DE AVEIRO POR MARCADORES BIOQUÍMICOS A. Limaa, R. Freitasb, D. Brancoa, A.M. Rodriguesb, V. Quintinob, E. Figueiraa a CBC, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]; {diana.branco, efigueira}@ua.pt b CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {rosafreitas, anarod, victor.quintino}@ua.pt A importância já reconhecida dos marcadores bioquímicos de stresse, torna necessária a comparação destes marcadores entre espécies diferentes. Para ajudar a responder a esta questão foi conduzido um estudo que teve como objectivo avaliar o uso de duas espécies de macroinvetebrados bentónicos (Diopatra neapolitana e Cerastoderma edule) como organismos indicadores de contaminação, determinando a aplicabilidade de marcadores bioquímicos em espécies bentónicas, expostas a um gradiente de metais. A acumulação e partição intracelular destes elementos foi estudada e as alterações induzidas pelos metais avaliadas através da análise de vários parâmetros bioquimicos em ambas as espécies. Estes parâmetros incluiram espécies reactivas de oxigénio, peroxidação lipídica e proteínas solúveis, bem como actividade das enzimas associadas ao stresse oxidativo, como a catalase, a superóxido dismutase e as glutationa transferases. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 42 Universidade de Aveiro 2011 Também foi determinada a quelação metálica através de metalotioninas. Os resultados obtidos mostraram que as concentrações totais de elementos nos organismos não estavam correlacionadas com as concentrações de elementos nos sedimentos, revelando que nenhuma das espécies é boa indicadora da contaminação dos sedimentos. Por outro lado, as duas espécies apresentaram diferentes estratégias de reposta ao stresse metálico. Em C. edule, a maioria do metal intracelular encontrava-se precipitado ou quelado por metalotioninas, apresentando níveis baixos de danos oxidativos, enquanto D. neapolitana apresentou níveis de metal solúvel mais elevados com maiores valores de danos oxidativos. De um modo geral, os resultados monstraram que a maioria dos parâmetros analisados não mostrou relação com o stresse sofrido pelos organismos. No entanto, em ambas as espécies, as MTs e a peroxidação lipídica foram, respectivamente, bons bioindicadores de acumulação de metais e dos danos oxidativos por eles produzidos. O presente trabalho permitiu-nos inferir sobre as diferenças de resposta de tolerância metálica das duas espécies estudadas e apontou ainda para a importância de reavaliar a aplicabilidade de biomarcadores de stresse nas comunidades de macrofauna bentónica. AVALIAÇÃO DA HIDRODINÂMICA ESTUARINA NA ACTIVIDADE BACTERIANA NA MICROCAMADA SUPERFICIAL L. Santosa, A. L. Santosa, F. Coelhoa, N.C.M. Gomesa, A. Cunhaa, J.M. Diasb, A. Almeidaa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {luisasantos, alsantos, franciscorcoelho, gomesncm, acunha, aalmeida}@ua.pt b CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] A microcamada superficial marinha (SML) representa um ambiente ímpar, onde os microrganismos são sujeitos a uma combinação de factores ambientais e biológicos. As comunidades bacterianas que habitam este ambiente particular na Ria de Aveiro foram alvo de investigação, durante dois anos, em dois locais do estuário com características hidrodinâmicas distintas. A abundância e a actividade foram determinadas nas camadas superficial e sub-superficial da coluna de água, comparadas e correlacionadas com as variáveis ambientais. Um modelo computacional previamente calibrado para este sistema foi aplicado para simular as condições hidrodinâmicas das duas zonas estuarinas. O número total de bactérias na SML foi ligeiramente superior e correlacionou-se com o da camada subjacente, variando entre 0.5 e 7.6x109 células L-1 na zona marinha e entre 1.6 e 20.5x109 células L-1 na zona salobra. Apesar da similaridade na abundância, o perfil de variação da actividade bacteriana foi distinto nas duas zonas. Na zona marinha, a produtividade de biomassa bacteriana foi significativamente mais elevada na camada sub-superficial (média-12x), variando entre 0.1 e 32.1 µg C L-1 h-1, enquanto na zona salobra foi significativamente mais elevada (média-3x) na SML, variando entre 0.5 e 81.4 µg C L-1 h-1. A integração dos resultados microbiológicos, ambientais e hidrodinâmicos permite concluir que as condições hidrodinâmicas do estuário influenciam as propriedades da coluna de água e consequentemente as comunidades bacterianas. Na zona marinha, as correntes elevadas impedem a formação e o estabelecimento de uma SML com características distintas da água sub-superficial, que proporcione as condições necessárias para a proliferação de comunidades bacterianas mais activas. Contrariamente, a zona salobra cria condições que estimulam a actividade das comunidades bacterianas. A dinâmica estuarina exerce deste modo uma influência significativa na actividade dos microrganismos que habitam a SML e consequentemente nos ciclos biogeoquímicos no estuário. BIOLOGIA NO VERÃO NA RIA DE AVEIRO – PROGRAMA CIÊNCIA VIVA L. Lopesa, J. Ezequielb, R. Pinhoa a Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lisia; rpinho}@ua.pt CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] b Entre as muitas actividades de sensibilização e educação ambiental desenvolvidas e dinamizadas pelo Herbário do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro destacam-se as realizadas na Ria de Aveiro. Este local tem proporcionado numerosas destas iniciativas, direccionadas à população em geral e público escolar em particular, que visam momentos de aprendizagem e reflexão sobre a flora e vegetação Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 43 Universidade de Aveiro 2011 deste ecossistema. Neste contexto são realizadas anualmente várias actividades, onde se destaca a Biologia no Verão, no âmbito do Programa da Ciência Viva, que propõe uma viagem pela Ria de Aveiro, de barco Moliceiro, durante a qual são abordados diversos aspectos, relacionados com os habitats naturais, biodiversidade, importância da flora e vegetação, constituição do Moliço e formação da Ria. Esta viagem tem como destino final a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto onde se realiza um percurso até ao mar, e onde se destaca a importância da conservação das dunas, especialmente da sua flora singular e a problemática das plantas invasoras, nesta área protegida. De modo a enaltecer o vasto património natural da Ria de Aveiro, o Herbário do Departamento de Biologia, propõe uma pequena viagem ilustrada, pela biodiversidade da Ria de Aveiro e Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto (RNDSJ)! CARACTERIZAÇÃO SINÓPTICA DOS GRADIENTES NOS CANAIS DA RIA DE AVEIRO. PARTE I: GRADIENTES FÍSICOS J.M. Diasa, M. Rodriguesb, S. Leandroc, F. Morgadod, A. Oliveirae, H. Queirogad a CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected] c Escola Superior de Tecnologia do Mar, Instituto Politécnico de Leiria, Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, 2520–641 Peniche, [email protected] d CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {henrique.queiroga, fmorgado}@ua.pt e Núcleo de Tecnologias da Informação, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected] b A localização dos estuários, na transição entre o oceano e a terra, favorece a ocorrência de gradientes temporais e espaciais, os quais são fortemente influenciados pela sazonalidade das condições ambientais. Desta forma, a sazonalidade dos gradientes hidrológicos e ecológicos na Ria de Aveiro é analisada com base nos dados de quatro campanhas de amostragem realizadas entre Outubro de 2000 e Julho de 2001. Estas campanhas visaram a medição sinóptica em cada um dos canais principais da Ria de Aveiro (Mira, Ílhavo, Espinheiro e São Jacinto) de parâmetros físicos (salinidade e temperatura) e bio-químicos (oxigénio dissolvido, fosfatos, nitratos, silicatos, amónia e clorofila a). As medições foram realizadas ao longo de perfis transversais e longitudinais em cada um dos canais, assim como a várias profundidades na coluna de água. A análise é realizada em duas partes distintas: inicialmente é analisada a variação horizontal e sazonal dos gradientes físicos, sendo posteriormente descritos os gradientes ecológicos. Assim, nesta primeira parte do estudo são elaborados mapas de salinidade e temperatura que abrangem toda a área da Ria a diferentes profundidades (superfície, meia água e fundo) para cada estação do ano por interpolação dos valores medidos. Através da sua observação é efectuada a caracterização da variação sazonal dos gradientes salinos e de temperatura em cada um dos canais principais da Ria de Aveiro, sendo a análise realizada considerando a variação das condições ambientais, nomeadamente do caudal fluvial afluente à Ria e das condições de maré. A zonação espacial dos limites físicos (estuário inferior, médio e superior) é também estabelecida com base na distribuição da salinidade em cada um dos períodos analisados. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 44 Universidade de Aveiro 2011 CARACTERIZAÇÃO SINÓPTICA DOS GRADIENTES NOS CANAIS DA RIA DE AVEIRO. PARTE II: GRADIENTES ECOLÓGICOS M. Rodriguesa, J.M. Diasb, S. Leandroc, F. Morgadod, A. Cunhad, A. Almeidad, A. Oliveirae, H. Queirogad a Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected] b CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] c Escola Superior de Tecnologia do Mar, Instituto Politécnico de Leiria, Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, 2520–641 Peniche, [email protected] d CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {henrique.queiroga, fmorgado}@ua.pt e Núcleo de Tecnologias da Informação, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected] Os gradientes ecológicos em estuários encontram-se muitas vezes associados a gradientes de salinidade e temperatura, apresentando por isso variabilidade espacial e temporal. A análise realizada na primeira parte do estudo permitiu a caracterização sazonal dos gradientes físicos (salinidade e temperatura) na Ria de Aveiro com base em dados medidos sinopticamente nos canais principais da Ria, durante quatro campanhas (entre Outubro de 2000 e Julho de 2001). No que se refere aos gradientes ecológicos (segunda parte do estudo) a análise é realizada em duas fases. Inicialmente, a partir da interpolação dos valores amostrados são estabelecidos mapas horizontais de oxigénio dissolvido, amónia, nitratos, fosfatos, silicatos e clorofila a para todo o domínio da Ria de Aveiro para diferentes profundidades (superfície, meia água e fundo), para cada estação do ano.A análise destes mapas permite a caracterização dos gradientes espaciais e da variabilidade sazonal destes parâmetros. Posteriormente, é avaliada a influência dos gradientes espaciais e sazonais dos parâmetros físicos na distribuição dos parâmetros bio-químicos, sendo também estabelecidos os principais gradientes ecológicos em cada um dos canais da Ria de Aveiro. Os resultados evidenciam ainda azonação sazonal dos parâmetros bio-químicos na Ria de Aveiro. CARTOGRAFIA DE ZONAMENTO GEOTÉCNICO DIGITAL EM FORMATO SIG PARA A ZONA DE AVEIRO C.R. Lemosa, L.M.F. Gomesb, J. Hespanhac, L.M. Pinheiroa a CESAM & Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {catarinalemos, lmp}@ua.pt b Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Universidade da Beira Interior, 6201-001 Covilhã, [email protected] c Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, 3750-127 Águeda, [email protected] Com o objectivo de disponibilizar a cartografia temática de Zonamento Geotécnico e de completar a Base de Dados Georeferenciada Geológica e Ambiental para apoio à gestão do Risco Ambiental em Aveiro, foi convertida para formato digital e inserida no Sistema de Informação Geográfica, a cartografia de Zonamento Geotécnico da área urbana e suburbana de Aveiro. Esta cartografia, realizada em 1992, integra 8 cartas individuais 1/10000, onde se representam, sobre a base cartográfica de 1979, a amostragem de campo, as unidades geotécnicas e as zonas geotécnicas. Toda a informação original foi convertida para formato digital (SIG), em feature classes (polígonos, linhas, pontos e anotações). A gestão de atributos e da simbologia adoptada, assim como a verificação de topologia foram feitas com base nos mapas originais. Ao facilitar o acesso a esta informação contribui-se para a ocupação do território e espaço urbano com menor empirismo, para uma maior consciência do risco das construções, através da definição das zonas com piores características geotécnicas (associadas a inundações e instabilidade), assim como para a consciencialização do risco à liquefacção, fenómeno consequente de sismos e responsável pela destruição de infraestruturas suportadas essencialmente por solos equigranulares e saturados, como é o caso de algumas freguesias de Aveiro. Esta cartografia está disponível para consulta ao público, no portal SMIGA. As vantagens da digitalização desta cartografia, estão não só relacionadas com o formato SIG, que permite a visualização das cartas individuais de forma integrada e torna mais fácil a pormenorização e actualização da informação cartográfica existente, mas também por tornar possível a integração desta informação de detalhe na base de dados para apoio à gestão do Risco Ambiental em Aveiro, sendo um exemplo da importância da digitalização e disseminação da informação de base científica, face às exigências tecnológicas do século XXI. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 45 Universidade de Aveiro 2011 CHELON LABROSUS COMO BIOINDICADOR DE CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO: RESULTADOS DA RIA DE AVEIRO E DO ESTUÁRIO DO MONDEGO H. Oliveiraa , S. Tavaresa, J.P. Coelhob, M.E. Pereirab, M.A. Pardala a CEF (Centro de Ecologia Funcional), Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, Portugal, [email protected]; [email protected]; [email protected] b CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, Portugal, {jpcoelho, eduper}@ua.pt Este trabalho incidiu na análise do contaminante mercúrio em Chelon labrosus, de forma a avaliar o estado da qualidade ambiental dos ecossistemas aquáticos, bem como o risco do consumo desta espécie, pontualmente observada em zonas contaminadas, por parte dos humanos. Para tal, mediram-se concentrações de mercúrio em amostras de fígado, músculo, guelras e cérebro de C. labrosus. Os peixes foram capturados em dois locais de amostragem: no Laranjo (Ria de Aveiro) e no estuário do Mondego. O Laranjo apresentou condições ambientais onde se pode encontrar contaminação de Hg proveniente de actividades antropogénicas, já no estuário do Mondego as condições ambientais apresentavam baixa contaminação de Hg, o que seria de esperar visto ser considerado um sistema não poluído. As escamas dos peixes foram analisadas para determinar a idade dos indivíduos e verificar se houve bioacumulação de mercúrio ao longo da vida. Detectou-se que os teores de mercúrio no fígado foram significativamente maiores na Ria de Aveiro comparativamente ao estuário do Mondego. Nos restantes órgãos não foram encontradas diferenças significativas entre os dois locais, o que poderá ser indicativo de que a alimentação será a principal via de contaminação. Em ambos os locais de amostragem, o fígado foi o órgão que apresentou significativamente níveis superiores de Hg, seguindo-se músculo, cérebro e guelras. Os valores de mercúrio nos tecidos dos peixes variam de 0.0074 (guelras no Laranjo) a 0.8972 µg g -1 (fígado no Laranjo). A correlação entre a concentração de mercúrio e o tamanho do peixe foi variável e dependeu do tecido analisado e do local de amostragem, verificando-se apenas bioacumulação de mercúrio no fígado nos dois sistemas. Nos restantes tecidos os níveis de Hg permaneceram quase constantes com o crescimento dos peixes. Determinações de teores de mercúrio orgânico no músculo representaram geralmente valores superiores a 90% do mercúrio total. As concentrações de mercúrio total obtidas para os músculos de C. labrosus nos diferentes sistemas são inferiores ao limite estabelecido como seguro para o consumo humano equivalente a 0.5 µg g-1. CIRCULAÇÃO RESIDUAL, TRANSPORTE LAGRANGIANO E DISTRIBUIÇÃO DE SEDIMENTOS NA RIA DE AVEIRO J.F. Lopesa, J.M. Diasa a CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal, {jflopes, joao.dias}@ua.pt Nos sistemas costeiros o transporte de sedimentos é um processo temporal de longo prazo. A circulação e o transporte residual nesses sistemas é dominado pelas assimetrias da maré, mas a influência do vento e a contribuição dos rios é também relevante. Com o objectivo de estudar a circulação residual e a dinâmica sedimentar na Ria de Aveiro foram implementados e aplicados à Ria de Aveiro um sistema de modelos incluindo um modelo hidrodinâmico, descrevendo a circulação geral e residual e o transporte lagrangiano, assim como um modelo de transporte sedimentar. Os resultados evidenciam valores importantes para o tempo de residência das partículas passivas em suspensão para as áreas mais afastadas da laguna, quando comparado com os valores para as áreas próximas da embocadura. A concentração dos sedimentos suspensos ao longo dos principais canais reflecte os padrões e as assimetrias da maré, ao passo que o padrão dos ventos e o ‘runoff’ dos rios contribuem em geral para aumentar a exportação dos sedimentos. A circulação lagrangiana e o cálculo dos tempos de residência de partículas passivas em suspensão na coluna de água permitem prever o destino dos sedimentos em suspensão na Ria de Aveiro. As trajectórias lagrangianas mostram que as partículas próximas da embocadura e situadas ao longo dos canais de S. Jacinto e Espinheiro escapam mais facilmente da laguna; tendência oposta apresentam as partículas situadas nas extremidades dos canais. O mapeamento obtido permitiu classificar a Ria de Aveiro em três principais domínios: (1) áreas próximas da embocadura, incluindo os canais de S. Jacinto e Espinheiro onde se observam os mais baixos valores de tempo de residência (aproximadamente 1 dia); (2) as áreas centrais da laguna com valores variando entre 2 e 6 dias; (3) as cabeceiras dos canais com elevados valores, da ordem de duas semanas. O Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 46 Universidade de Aveiro 2011 balanço sedimentar erosão-deposição claramente indica uma tendência de acumulação dos sedimentos nas áreas pouco profundas da laguna. COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DISSOLVIDA NA ÁGUA DA RIA DE AVEIRO: EFEITO DA IRRADIAÇÃO SOLAR E SEU IMPACTO SOBRE A ACTIVIDADE BACTERIANA A.G.M. Pintoa, N.C.M. Gomesa, L. Santosa, A. Cunhaa, E.B.H. Santosb, A. Almeidaa a CESAM, Departamento Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {antónio.pinto, gomesncm, luisasantos, acunha, aalmeida}@ua.pt b Departamento Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] No ambiente aquático, as bactérias heterotróficas assumem um papel fundamental na renovação da matéria orgânica dissolvida (MOD), uma vez que são os únicos organismos suficientemente pequenos para utilizar eficientemente esta fonte de carbono. A MOD é desta forma convertida em matéria orgânica particulada que pode ser utilizada em níveis tróficos superiores. Em estuários, a composição da MOD é variável, em termos de peso molecular, natureza e origem, e, consequentemente, a acessibilidade para as bactérias também varia. A irradiação solar promove a fotodegradação da MOD podendo torná-la mais ou menos bioacessível. Os resultados disponíveis na literatura são controversos quanto ao efeito da fotodegradação na bioacessibilidade da MOD o que pode estar relacionado com diferenças na sua composição original. Este estudo teve como objectivos caracterizar a MOD em duas zonas distintas da Ria de Aveiro (Zona Marinha e Zona Salobra) e estudar a sua cinética de fotodegradação, usando um simulador do espectro solar, e avaliar o efeito da composição da MOD sobre a actividade bacteriana (AB). A caracterização da MOD foi feita através de métodos espectroscópicos, UV-Vis e fluorescência molecular, que permitem inferir do seu peso molecular, aromaticidade e origem e a AB foi avaliada através da incorporação de 3H-leucina. A análise UV-Vis mostrou que a MOD na ZS é constituída por substâncias de maior peso molecular e de maior aromaticidade do que na ZM e que quando irradiada exibe maior degradação. A análise de fluorescência mostrou que na ZS há maior predominância da matéria húmica terrestre e que na ZM a matéria húmica marinha e proteica ganham maior representatividade quando comparadas com a ZS. Verificou-se ainda que quando irradiada, a MOD da ZS torna-se semelhante à da ZM. A AB foi maior na ZS e aumentou após irradiação da MOD. Os resultados sugerem que as diferenças observadas na actividade das comunidades bacterianas nas duas zonas podem em parte ser explicadas pelas diferenças observadas na MOD e que a fotodegradação desta também pode contribuir para as diferenças observadas nestas comunidades. DIVERSIDADE DE AVIFAUNA NAS SALINAS DA RIA DE AVEIRO T. Cruza, R. Nevesb, L. Cardosoc, R. Pinhoa, C. Pachecob, F. Martinsd, C. Fonsecaa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {[email protected], [email protected], cfonseca}@ua.pt b Mãe d’ água - Consultoria em Áreas de Interesse Natural, Lda., Travessa das Zebras nº 23, 1300-589 Lisboa, {renato.neves, carlos.pacheco}@maedagua.pt c Associação para a Formação Profissional e Investigação da Universidade de Aveiro, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] d CESAM, Departamento de Ambiente e Ordenamento e CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] A Ria de Aveiro é um sistema lagunar complexo formado por vastas áreas de sapal e salinas, que são importantes locais de alimentação e reprodução para diversas espécies de aves aquáticas, sobretudo as limícolas. O Projecto ECOSAL ATLANTIS (INTERREG IIIB), pretende, entre outros aspectos, avaliar a diversidade de avifauna de seis salinas nacionais, quatro das quais situadas na Ria de Aveiro. Paralelamente, pretende-se avaliar o impacto da visitação deste ecossistema na avifauna e dar indicações para a gestão destes espaços para o Turismo de Natureza. Tendo em linha de conta a distribuição geográfica e o estabelecimento de comparações entre salinas, seleccionaram-se várias com diferentes tipos de gestão: salinas costeiras activas, pisciculturas, salinas abandonadas e interiores activas. Procedeu-se ainda a uma Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 47 Universidade de Aveiro 2011 divisão em subáreas (unidades) de acordo com as suas funções, já que a sua tipologia varia ao longo do ano. Realizaram-se saídas duas vezes por mês, por local, de acordo com as marés (viva/morta). O uso de habitat pelas aves e os factores de perturbação foram avaliados em cada unidade, bem como a análise da qualidade de água. As populações de aves foram identificadas, quantificadas, mapeadas, registando-se também a sua actividade, em períodos de 10 minutos. Os resultados preliminares demonstram uma preferência das aves limícolas por determinadas unidades com menor profundidade. Nestas são frequentes espécies como Maçarico-das-rochas Actitis hypoleucos, Pilrito-comum Calidris alpina, Borrelho-grande-de-coleira Charadrius hiaticula, entre outras. A presença de espécies migradoras como Maçarico-de-bico-direito Limosa limosa foi confirmada. Outras zonas de maior profundidade são frequentadas por Flamingo Phoenicopterus roseus e Garça-branca-pequena Egretta garzetta. As passagens de grupos de aves para dentro/fora das salinas, de acordo com a maré, foram observadas. A flora, a vegetação e os factores externos (e.g. perturbação, condições climatéricas), poderão igualmente condicionar a área ocupada pela avifauna e a própria qualidade da água e, consequentemente, o número e diversidade de aves observadas. DOMINÂNCIA DE BACTEROIDETES E BETAPROTEOBACTERIA ASSOCIADA A ELEVADOS NÍVEIS DE NUTRIENTES NOS RIOS SOUSA E ANTUÃ (NOROESTE DE PORTUGAL) D.R. de Figueiredoa, M.J. Pereiraa, B.B. Castroa, F. Gonçalvesa, A. Correiaa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {dfigueiredo, mverde, brunocastro, fmg, antonio.correia}@ua.pt Os rios Sousa e Antuã (Noroeste de Portugal) são conhecidos pelos problemas de poluição associada a elevados níveis de nutrientes. Apesar de serem sistemas aquáticos de pequena dimensão, a qualidade da água destes rios pode ter um importante impacto nos estuários onde desaguam. No presente trabalho, estudou-se a sazonalidade na composição da comunidade bacterioplanctónica no troço final destes dois rios, utilizando metodologias moleculares independentes do cultivo, como 16S rDNA-DGGE (Denaturing Gradient Gel Electrophoresis). As variações sazonais nos padrões de bandas de DGGE foram relacionadas com parâmetros ambientais, através de análise multivariada, de forma a revelar potenciais moduladores para a variação da diversidade de bacterioplâncton nos rios estudados. Os dados ambientais sugeriram características eutróficas para os dois rios. Variáveis como a precipitação, pH, condutividade, temperatura, ortofosfatos, nitratos e clorofila a mostraram ser os mais importantes para a distribuição sazonal das amostras. A sazonalidade da composição da comunidade bacterioplanctónica mostrou estar correlacionada essencialmente com a temperatura da água e a condutividade, no Rio Sousa, e os níveis de precipitação e de amónia, no Rio Antuã. No entanto, a comunidade bacterioplanctónica em ambos rios mostrou ser dominada por filótipos de Bacteroidetes e Betaproteobacteria, como tem sido observado para outros rios eutróficos. ELEVADA RESOLUÇÃO GEOQUÍMICA NUM CORE RECOLHIDO NO LARGO DO LARANJO COM O RECURSO AO ITRAX CORE SCANNER T. Videiraa, V. Martinsb, E. Ferreira da Silvab, C. Bernardesc, B. Rubiod, D. Reyd, F. Rochab a Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Portugal, [email protected] Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Unidade de Investigação GeoBioTec, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {virginia.martins, eafsilva, tavares.rocha}@ua.pt c CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] d Universidade de Vigo, Espanha, {brubio, danirey}@uvigo.es) b Foram obtidos com o ITRAX “micro-X-ray fluorescence (XRF) core scanner”, no Departamento de Geociências Marinhas, da Universidade de Vigo, perfis de elevada resolução de 23 elementos químicos de um core, testemunho vertical de sedimentos, com 240 cm de comprimento (LB1), recolhido na zona intertidal do Cais do Bico, no Largo do Laranjo (40°43'43.99"N; 8°39'2.48"W). O ITRAX é uma técnica não destrutiva que possibilita obter simultaneamente imagens ópticas e de raios X e fornece perfis de elevada resolução de elementos químicos (variações microcompositionais obtidos por XRF). Estes resultados são Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 48 Universidade de Aveiro 2011 valiosos pois permitem orientar a selecção das amostras (análise destrutiva) a aplicar em determinações quantitativas. O equipamento pode fornecer variações na concentração relativa de elementos químicos de metades de cores em secções até 1,5 m de comprimento, com uma resolução de 100 µm. Os resultados obtidos pelo ITRAX foram complementados com a análise granulométrica, obtida através da aplicação de técnicas de peneiramento do sedimento, em amostras recolhidas ao longo do core. Foi determinada por ICPMS (no ACME Analytical Laboratories, Canadá), após digestão total do sedimento com 4 ácidos, a concentração de 41 elementos químicos na fracção fina de amostras sedimentares seleccionadas nos níveis onde o ITRAX registou valores relativos mais elevados. Foi também efectuada a análise mineralógica por difracção de Raios X, dos sedimentos nos níveis mais finos do core. A análise dos resultados obtidos permite identificar mudanças temporais no fluxo sedimentar por influência do clima e da acção antrópica na área de estudo, como sejam: fases erosivas mais ou menos intensas; maior/menor influência oceânica; mudanças no hidrodinamismo das correntes e na amplitude das marés; períodos de seca favoráveis à precipitação química; alterações diagenéticas iniciais; níveis mais elevados de elementos químicos considerados poluentes. ESTUDO DA COMUNIDADE MACROBENTÓNICA INTERTIDAL DA RIA DE AVEIRO M. Nunesa, J.P. Coelhob, P.G. Cardosoc, E. Pereirab, A.C. Duarteb, M.A. Pardald a CFE, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, [email protected] Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {jpcoelho, eduper, aduarte}@ua.pt c IMAR, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Largo Marquês de Pombal, 3004-517 Coimbra, [email protected] d CFE, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, [email protected] b O presente trabalho teve como objectivo analisar a estrutura da comunidade macrobentónica da zona intertidal da Ria de Aveiro. Deste modo, foram definidos treze locais, onde se realizaram duas campanhas de amostragem, uma no Inverno de 2006 e outra no Verão do mesmo ano, para recolha de macroinvertebrados bentónicos, água e sedimento. Foram recolhidos 26718 indivíduos pertencentes a 47 taxa, dos quais o gastrópode Hydrobia ulvae (75%), o poliqueta Hediste diversicolor (9%), o bivalve Scrobicularia plana (4%), os crustáceos Ostracoda (3%), o bivalve Cerastoderma edule (3%), o poliqueta Alkmaria romijni (2%) e o bivalve Abra alba (1%) foram os mais abundantes, representando 98% da densidade média total. A análise multivariada permitiu identificar a composição do sedimento (granulometria e teor de matéria orgânica) como o factor determinante da estrutura da comunidade macrobentónica. Os locais de amostragem mais a jusante, caracterizados por um maior hidrodinamismo e menor sedimentação, apresentaram maior diversidade e riqueza específica em comparação com os locais mais a montante. Os locais mais a jusamte apresentaram maior abundância de bivalves, em oposição aos mais a montante, onde os gastrópodes e poliquetas eram dominantes. A maior abundância de Ostracoda foi encontrada em locais caracterizados por sedimento com alto teor de matéria orgânica. EVOLUÇÃO RECENTE DA BARREIRA ARENOSA DE AVEIRO C. Bernardesa, P. Baptistaa a CESAM, Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {cbernardes, renato.baganha}@ua.pt A erosão das barreiras, devida à subida do nível médio do mar, à acção dos temporais e à ausência de sedimentos fornecidos pelos rios, pode ser um processo permanente. O contínuo estreitamento e rebaixamento topográfico podem atingir situações críticas, potenciando os galgamentos oceânicos, locais ou generalizados, e a formação de novos canais de maré. Estes impactos, associados às alterações de origem antropogénica contribuem para o predomínio dos processos transgressivos nestes sistemas. Apesar da erosão ser um dos processos dominantes para o estreitamento das barreiras, este é muitas vezes sobrevalorizado nos modelos conceptuais de evolução natural. O sistema barreira-laguna de Aveiro já fez parte de um sistema costeiro regressivo, há pelo 3000 anos a.p., altura em que o nível médio do mar experimentou uma descida acentuada (~5 mm a ~0.8 mm/ano). A transgressão e a erosão natural mais acentuada da mesma terão começado durante o Pequeno Óptimo Climático, ocorrido há cerca de 1100 anos, até à actualidade. É Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 49 Universidade de Aveiro 2011 objectivo do presente trabalho, apresentar uma cartografia evolutiva da barreira nos últimos 50 anos com especial ênfase, devido ao maior volume de dados, no sector a sul do actual canal de comunicação da laguna. A metodologia utilizada apoiou-se na análise e estudo de fotografia aérea de diferentes anos, sondagens e informações de campo, utilizando a plataforma ARCGIS, a partir da qual se efectuou a cartografia. A análise dos dados permite quantificar a forte erosão que a barreira arenosa de Aveiro tem sofrido nas últimas décadas. Por outro lado, a presença de canais de maré históricos, os quais fecharam de forma natural ou devido à intervenção humana após a sua formação, indica que a barreira pode estar próxima da sua largura crítica e, consequentemente, no limite da sua integridade física como elemento morfológico; uma possível ruptura irá provocar uma modificação das áreas inundáveis e uma redefinição dos subambientes que, na actualidade, caracterizam o sistema lagunar. FLUXO DE SEDIMENTOS. PADRÕES DE ACREÇÃO E EROSÃO NA BARRA DE AVEIRO V. Martinsa, E. Ferreira da Silvaa, C. Granjeiaa, I. Abrantesb, C. Jesusa, J.M. Diasc, P.A. Silvad; F. Rochaa a Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Unidade de Investigação GeoBioTec, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {virginia.martins, eafsilva, cgrangeia, tavares.rocha}@ua.pt b Escola Superior de Educação, Rua Maximiano Aragão 3504-540 Viseu, Portugal c Departamento de Física, Universidade de Aveiro, CESAM, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {joao.dias, psilva}@ua.pt Este trabalho tem como principais objectivos estudar a variação temporal da concentração de sedimentos em suspensão (CSS), e caracterizar a cobertura sedimentar em termos granulométricos, geoquímicos (digestão total do sedimento seguida de análise por ICP-MS), mineralógicos (DRX) e microfaunais (foraminíferos bentónicos) na área da embocadura da Ria de Aveiro. São também avaliadas as características granulométricas e mineralógicas de sedimentos em suspensão. A variação temporal da CSS foi analisada em amostras de água recolhidas em 2006 e 2007, em 8 ocasiões, incluindo os regimes oceanográficos de Inverno e de Verão, ao longo de ciclos de marés vivas e de marés mortas, em fases de enchente, preia-mar, vazante e baixa-mar. A CSS foi determinada sistematicamente à superfície, a meia água e a 1m do fundo do canal, em 10 locais diferentes. A caracterização do sedimento de fundo foi efectuada em 154 amostras recolhidas com uma draga. Nas análises micrométricas do sedimento de fundo foi usado um Sedigraph 5100 e nos sedimentos em suspensão, um Malvern. Os resultados da análise aos dados granulométricos, geoquímicos e mineralógicos permitem identificar zonas de acreção de sedimentos situadas junto ao molhe sul e à povoação da Barra, no canal de Mira. Nestas zonas é mais elevada a densidade de foraminíferos, sendo as associações mortas constituídas sobretudo por carapaças de espécies importadas do oceano. Foram identificadas zonas de carácter erosivo ao longo do canal da embocadura, próximo do molhe N, e no início do canal de S. Jacinto. A CSS variou entre 117.65mgl-1 e 2.13mgl-1. O trânsito principal de sedimentos verificou-se em geral, durante o regime de Inverno, em períodos de enchente e de marés vivas. Os SS exportados da laguna para o oceano têm a dimensão do silte e da argila. A sua dimensão e mineralogia reflectem a composição dos sedimentos depositados nas zonas intermareais e nos sapais da Ria de Aveiro. A contribuição da laguna, em areia, para o sistema oceânico é reduzida. ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BACTÉRIAS HIDROCARBONOCLÁSTICAS PRODUTORAS DE BIOSSURFACTANTES DA RIA DE AVEIRO P.M. Dominguesa, A. Louvadob, F. Coelhob, A.L. Santosb, N.C. Gomesb, A. Almeidab, A. Cunhab a Departamento de Biologia e Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] b CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {antonio.louvado, alsantos, gomesncm, aalmeida, acunha}@ua.pt, [email protected] A biorremediação é tida como uma possível estratégia na recuperação de ecossistemas contaminados com hidrocarbonetos. A aplicação eficaz desta tecnologia é, no entanto, muitas vezes limitada pela natureza hidrofóbica dos contaminantes. O recurso a estirpes bacterianas simultaneamente degradadoras de hidrocarbonetos e produtoras de biosurfactantes apresenta um enorme potencial na reciclagem de compostos Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 50 Universidade de Aveiro 2011 hidrofóbicos. Assim, tem sido objectivo do nosso grupo de trabalho, avaliar o potencial biotecnológico do sistema estuarino da Ria de Aveiro quanto à presença de bactérias hidrocarbonoclásticas produtoras de biossurfactantes. Estudos preliminares em isolados de culturas de enriquecimento da microcamada superficial marinha (SML) com surfactantes sintéticos permitiram obter 5 isolados cuja produção de biossurfactante foi demonstrada em cultura através do método “atomized oil”. A sequenciação do gene codificante do 16S rRNA destes 5 isolados revelou a afiliação dos mesmos ao género Pseudomonas, que tem sido documentado como produtor de biosurfactantes. No seguimento deste trabalho, estão em curso experiências em meios selectivos (diesel, crude e parafina) a partir de inóculos de diferentes matrizes ambientais: amostras de SML, sedimentos estuarinos e rizosedimentos de bancos de Halimione portulacoides, uma planta halófita dos sapais da Ria de Aveiro. Desta forma, pretende-se optimizar as condições experimentais para o isolamento selectivo de bactérias hidrocarbonoclásticas produtoras de biossurfactantes e obter uma colecção de estirpes que, depois de caracterizadas do ponto de vista fisiológico e genético, poderão revelar-se como promissoras no processo de biorremediação de regiões estuarinas e costeiras após contaminação acidental com hidrocarbonetos de petróleo. MERCÚRIO NA RIA DE AVEIRO: QUE FUTURO? S.N. Abreua, A.C.M. Rodriguesa, R.M.A.L. Santosa, H.M.C.S. Vieiraa, J.R. Gadelhaa, A.J.A. Nogueiraa, F. Morgadoa, A.M.V.M. Soaresa a CESAM, Dep. Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {siz, rodrigues.a, ruysantos, hugovieira, gadelha, antonio.nogueira, fmorgado, asoares}@ua.pt Diversos estudos têm abordado a problemática da acumulação de mercúrio na Ria de Aveiro durante as últimas três décadas, incluindo a modelação matemática. Os estudos desenvolvidos permitiram avaliar os níveis de mercúrio em diversos compartimentos (principalmente sedimentos, coluna de água e biota), contribuindo para o mapeamento da distribuição deste elemento no ecossistema lagunar, identificando áreas com maior contaminação, apresentando previsões para os períodos de recuperação do ecossistema e estimativas da evolução temporal dos níveis de mercúrio, com ênfase em zonas na proximidade e sob influência directa do efluente industrial. Neste trabalho são confrontadas previsões obtidas por modelação com dados reais obtidos em trabalhos de campo publicados e desenvolvidos ao longo das últimas três décadas contribuindo para um melhor conhecimento da contaminação com mercúrio do ecossistema da Ria de Aveiro e potenciais períodos de recuperação. MICROALGAS BÊNTICAS VS. HYDROBIA ULVAE – ACOPLAMENTO TRÓFICO EM AMBIENTE ESTUARINO H. Coelhoa, P. Cartaxanab, H. Queirogaa, J. Serôdioa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {helenacoelho, henrique.queiroga, jserodio}@ua.pt b Centro de Oceanografia, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, [email protected] As cadeias tróficas dos ecossistemas estuarinos bentónico são essencialmente herbívoras, regulando o fluxo de energia desde o fundo sedimentar e através do ecossistema. A interacção trófica entre microalgas bênticas e o gastrópode Hydrobia ulvae funciona como um modelo biológico determinante na investigação da dinâmica trófica em ambientes estuarinos, representando um importante canal de transporte de energia para os níveis tróficos superiores. O presente estudo teve como objectivos principais: i) estabelecer uma metodologia não invasiva que permita estimar as taxas de ingestão de H. ulvae a partir de marcadores de herbívoria, pelo estabelecimento de uma relação entre a clorofila a ingerida e feoforbide a excretado, e ii) investigar a interacção trófica entre microalgas bênticas e H. ulvae, considerando os efeitos dos ciclos sazonais, dia-noite e de maré, e considerando a variação espaço-temporal da densidade dos gastrópodes e a fase lunar. Foi observada uma correlação significativa entre o feoforbide a, quantificado por HPLC nas partículas fecais da fauna, e a clorofila a ingerida, quantificada através da marcação com carbono-14, reforçando o uso de feopigmentos como marcadores de herbívoria e permitindo estimar, de forma não Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 51 Universidade de Aveiro 2011 invasiva, a quantidade de biomassa de microalgas bênticas incorporada pelos gastrópodes. A taxa de ingestão média (TIm) de indivíduos de H. ulvae variou ao longo do dia, com máximos em torno dos períodos diurnos de baixa-mar, sugerindo uma relação directa com a disponibilidade de microalgas à superfície do sedimento. Variações significativas na taxa de ingestão dos gastrópodes ocorreram também em função da estação do ano (TIm verão > TIm primavera) e da densidade de indivíduos (> densidade, < ingestão). A densidade de H. ulvae parece ter um papel crucial na regulação da biomassa de microalgas bênticas dos sedimentos intertidais, verificando-se um efeito negativo na concentração de clorofila à superfície. MONITORIZAÇÃO DO ESTADO TRÓFICO DA RIA DE AVEIRO NO INTERVALO TEMPORAL DE 2000 E 2004: IMPLICAÇÕES NA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA E. Pereiraa, C.B. Lopesa, A.C. Duartea a CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {eduper, claudia.b.lopes, aduarte}@ua.pt A Ria de Aveiro tem estado sujeita à influência de factores naturais e antropogénicos e no passado recente apresentava nalguns dos seus braços elevadas concentrações de nutrientes, devido aos efeitos combinados da escorrência natural dos solos, da agricultura, de descargas de esgotos domésticos e de efluentes industriais. A caracterização físico-química e a inventariação dos níveis de nutrientes na água de zonas estuarinas são parâmetros importantes que elucidam sobre o estado da qualidade ambiental destes sistemas aquáticos. Nesta comunicação, os autores pretendem mostrar a evolução da qualidade da água da Ria de Aveiro em determinados pontos considerados sensíveis, por terem estado particularmente sujeitos a descargas industriais e/ou domésticas ou por se situarem em locais onde os efeitos da entrada em funcionamento de novas ETAR’s e do emissário submarino de S. Jacinto pudessem sentir-se de forma precoce. Deste modo, serão apresentadas as variações espaciais e sazonais dos teores de azoto amoniacal, nitritos, nitratos, fosfatos e sílica na coluna de água da Ria, em duas condições de maré (baixa-mar e preia-mar), determinadas em campanhas de amostragem quinzenais (três locais entre 2000/2001), trimestrais (oito locais entre 2000/2001) e mensais (oito locais entre 2003/2004). No período de 2000 a 2004, a Barra apresentou as concentrações de nutrientes mais baixas e o Esteiro de S. Pedro as concentrações mais elevadas. Os níveis de nutrientes foram, de um modo geral, superiores em baixa-mar do que em preia-mar, o que indica uma exportação de nutrientes do interior da Ria para a zona costeira adjacente e o fósforo foi identificado como o nutriente limitante na Ria de Aveiro. Assumindo que a qualidade da água na embocadura pode constituir uma indicação da qualidade global na água dos diferentes canais do sistema estuarino, pode dizer-se que há sinais de melhoramento da qualidade da água da ria, persistindo no entanto, pontos fortemente eutrofizados. PADRÕES DE VARIAÇÃO DA ACTIVIDADE ENZIMÁTICA EXTRACELULAR BACTERIANA NA RIA DE AVEIRO F.J.R.C. Coelhoa, A.L. Santosa, V. Oliveiraa, L. Santosa, N.C.M. Gomesa, A. Almeidaa, A. Cunhaa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {franciscorcoelho, luisasantos, v.oliveira, alsantos, gomesncm, aalmeida, acunha}@ua.pt As bactérias heterotróficas são os únicos microrganismos capazes de alterar significativamente a matéria orgânica disponível sob a forma dissolvida ou coloidal, contribuindo duplamente para a sua mineralização ou recondução para níveis superiores das teias tróficas aquáticas. Como no meio aquático a matéria orgânica encontra-se sobretudo sob a forma de polímeros de elevado peso molecular, tem de ser previamente hidrolisada por acção de enzimas extracelulares bacterianas. A produção de enzimas extracelulares é assim, uma etapa essencial na incorporação de matéria orgânica e constitui um passo limitante nos fluxos de carbono orgânico em ambientes aquáticos. O espectro de enzimas expressas bem como as suas taxas de actividade hidrolítica potencial são alvo de regulação ambiental que impõe padrões característicos de variação em diferentes escalas temporais e espaciais. Este trabalho resume alguns resultados obtidos em diferentes estudos que evidenciam os padrões de variação da actividade de diversas enzimas extracelulares Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 52 Universidade de Aveiro 2011 na Ria de Aveiro. Como tendências gerais, observam-se taxas elevadas nas zonas mais interiores do estuário. Verticalmente, os padrões de variação são caracterizados por taxas mais elevadas na microcamada superficial da coluna de água, reflectindo sobretudo o efeito da disponibilidade de matéria orgânica e da salinidade. Os padrões temporais reflectem a sobreposição de ciclos solares (sazonais e diários) e lunares (tidais). As taxas de hidrólise são mais elevadas durante a época quente e em baixa-mar e revelam relações significativas com a produção primária. As diferenças diárias são parcialmente mascaradas pelo ciclo de maré. No entanto, observa-se uma alteração do espectro de enzimas activas, com aumento da importância relativa das lipases durante a noite. A análise gobal destes resultados contribui para a compreensão dos ciclos de matéria orgânica na Ria de Aveiro bem como para a identificação de alguns dos principais factores de regulação. PARÂMETROS REPRODUTORES DA POPULAÇÃO DE CEGONHA-BRANCA CICONIA CICONIA NA ZPE DA RIA DE AVEIRO (2001/2010) L. Rocha, F. Leãoa a Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N. A população nidificante de Cegonha-branca Ciconia ciconia no distrito de Aveiro é alvo de monitorização (n.º de casais e parâmetros reprodutores) pelo Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N. desde 1988. Neste trabalho apresentam-se os resultados relativos aos parâmetros reprodutores desta população, obtidos a partir do ano de 2001, ano em que a população ultrapassou os 80 casais reprodutores, tendo a monitorização tido um carácter anual. A selecção dos ninhos a monitorizar é efectuada em Abril desenvolvendo-se o acompanhamento dos ninhos até finais de Junho. A selecção dos ninhos é realizada tendo em conta a concentração da espécie em duas áreas geográficas distintas da ZPE: Vale do Cértima/Águeda e Baixo Vouga Lagunar. Ao comparar os parâmetros reprodutores entre estes dois núcleos, verifica-se que os do Baixo Vouga são, geralmente, substancialmente superiores aos do Vale do Cértima. Provavelmente estas diferenças estarão relacionadas com o tipo/intensidade de uso do solo existente em cada uma das áreas. No vale do Cértima pratica-se sobretudo orizicultura em regime intensivo com poucas áreas naturais adjacentes e onde a aplicação de pesticidas será grande, ao passo que a orizicultura no Baixo Vouga Lagunar é residual e praticada em regime extensivo, existindo extensas áreas naturais ou onde a agricultura é sobretudo à base do pastoreio (sem aplicação, ou com aplicação residual de agroquímicos) pelo que, provavelmente, existirá uma maior disponibilidade/qualidade alimentar. A excepção aqui é apenas a zona mais a montante onde a cultura do milho é mais intensa mas cujos campos deixam de ser utilizados pela espécie quando a cultura atinge determinada altura passando esta a deslocar-se para as zonas mais naturalizadas e pastagens. Por outro lado, a proximidade deste Núcleo ao Aterro Sanitário de Taboeira (fonte de alimento) poderá também contribuir para os resultados obtidos. O peso deste factor poderá no entanto ser analisado na equação a curto prazo aquando do encerramento do Aterro, pelo que importa continuar a monitorizar a população. Tratando-se de uma zona húmida na qual a agricultura é sobretudo em regime extensivo e desenvolvida numa rede de habitats naturais e semi-naturais, importa gerir a área de forma a que esta mantenha, tanto quanto possível estas características. PASSADO E PRESENTE DA FLORA DO BAIXO VOUGA LAGUNAR (ZPE DA RIA DE AVEIRO) R. Pinhoa, L. Lopesa, J. Ezequielb, H. Silvab a Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {rpinho, lisia}@ua.pt b CESAM, Departamento de Biologia, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {joaoezequiel, hsilva}@ua.pt O equilíbrio estabelecido entre a Ria de Aveiro, aliado ao engenho humano contribuiu para a formação e manutenção do ecossistema semi-natural, que chamamos Baixo Vouga Lagunar (BVL). Apesar de moldados pela acção humana, os biótopos do Baixo Vouga possuem grande importância do ponto de vista ecológico, albergando importantes comunidades florísticas. Entre estes, destaca-se uma das maiores e mais genuína área Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 53 Universidade de Aveiro 2011 de Bocage do país. A equipa do Herbário do Departamento de Biologia da UA tem realizado ao longo dos últimos 20 anos diversos estudos sobre a flora e vegetação do BVL. O inventário florístico mais antigo teve como base um estudo exaustivo da vegetação, realizado entre 1988 e 1990, da vegetação em campos marginais do Baixo Vouga, solicitado pela Portucel. Nesta listagem foi registado um total de 290 taxa distribuídos por 69 famílias, sendo que alguns destes não constam nas listagens mais recentes. Uma das possíveis explicações para este facto, poderá estar relacionada com alterações na qualidade da água, nomeadamente no caso da família Marsileaceae. Noutros casos é possível que populações que já fossem diminutas na altura estejam hoje confinadas a espaços ainda menores ou tenham mesmo desaparecido, como é o caso da família Isoetaceae. Na listagem mais recente, realizada entre 2004 e 2008 no âmbito da Monitorização Ambiental do BVL foram inventariados 349 taxa distribuídos por 83 famílias. O aumento do número de taxa identificados poderá ser explicado, em parte, devido à introdução involuntária, de algumas espécies/subespécies típicas de outros habitats, o que poderá ter acontecido com a construção do sistema de defesa contra marés. Para a construção desta estrutura foram transportados materiais que certamente levaram consigo um grande número de sementes, bolbos, esporos ou outras estruturas que se instalaram com maior ou menor grau de sucesso. Por exemplo, algumas espécies exóticas, como as invasoras Acacia melanoxylon e Cortaderia selloana, não aparecem listadas no primeiro estudo, mas em estudos recentes, é possível encontrá-las com muita frequência.O Passado e presente da flora do Baixo Vouga Lagunar revela uma comunidade florística muito dinâmica, que tem mudado significativamente nos últimos 20 anos, mas que apesar de tudo continua a ser uma das maiores reservas de biodiversidade da Ria de Aveiro. POPULAÇÃO INVERNANTE DE ÁGUIA-SAPEIRA (CIRCUS AERUGINOSUS) NO BAIXO VOUGA LAGUNAR Leão, F. IDAD – Instituto do Ambiente e Desenvolvimento. Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]. Em Dezembro de 1998 e Janeiro de 1999, a população nacional invernante de Águia-sapeira Circus aeruginosus foi recenseada, respectivamente, em 316-326 aves e 347 aves. A maior parte desta população encontrava-se em cinco zonas húmidas da costa ocidental portuguesa, entre as quais a Ria de Aveiro que registou um efectivo de 47 a 50 aves. Entre 2004 e 2007, no âmbito do processo de Pós-Avaliação do Projecto de Desenvolvimento Agrícola do Baixo Vouga Lagunar, com o objectivo de actualizar os dados relativos à distribuição e abundância da espécie e permitir a compatibilização do projecto com a sua conservação, monitorizou-se a população invernante numa parte da Ria de Aveiro, mais concretamente no Baixo Vouga Lagunar, no qual ocorre o principal núcleo reprodutor da Ria. O trabalho de campo decorreu em três anos consecutivos nos meses de Dezembro e Janeiro. No início do mês de Dezembro, visitaram-se todos os locais de nidificação e locais favoráveis à observação de movimentos em direcção a potenciais dormitórios. Estas visitas foram efectuadas cerca de 2 horas antes do pôr-do-sol. Foram realizadas duas contagens em cada dormitório: um em meados de Dezembro e outro no início de Janeiro. Na sequência do recenseamento foram detectados entre 3 (Inverno de 2004/2005) e 5 (Inverno de 2006/2007) dormitórios, tendo o número de efectivos variado entre 47 (Inverno de 2004/2005) e 73 (Inverno de 2006/2007). Comparando o último ano de dados obtidos com os censos efectuados em 1998/1999 o incremento da população invernante nesta área foi de 66%. À semelhança do registado em 1998/1999, os dormitórios localizam-se em locais cuja vegetação dominante é Phragmites australis (caniço). Na maior parte dos casos, os dormitórios agora recenseados sobrepõem-se grosso modo aos dormitórios registados em 1998/1999. Nos casos em que se verificam alterações à localização dos dormitórios estas acontecem na sequência de eventos indutores de perturbação externa sobre o caniçal ou de degradação do habitat. A preservação de áreas extensas de caniçal em boas condições é assim fundamental para a preservação desta espécie no ecossistema lagunar. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 54 Universidade de Aveiro 2011 POPULAÇÃO NIDIFICANTE DE CEGONHA-BRANCA CICONIA CICONIA NA RIA DE AVEIRO (1988/2009) L. Rochaa, F. Leãoa a Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N. Apartado 363, 3811-901 AVEIRO A população nidificante de Cegonha-branca Ciconia ciconia no distrito de Aveiro é alvo de monitorização pelo Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N. desde 1988, tendo-se como objectivo acompanhar a evolução e distribuição da população na região. O trabalho de campo relacionado com o recenseamento da população nidificante (n.º de casais) desenrola-se habitualmente entre Março e Maio. Duas décadas de censos demonstram inequivocamente o crescimento populacional desta espécie na região, sobretudo nos concelhos abrangidos pela Zona de Protecção Especial (ZPE) da Ria de Aveiro (o que reflecte a tendência registada no resto do país). Se, em 1988 não foi recenseado qualquer ninho, em 2009, a população de Cegonha-branca no distrito de Aveiro cifrava-se nos 236 casais.Com excepção de um ninho, localizado em S. João da Madeira, esta população distribui-se apenas por concelhos que têm confluência com a ZPE da Ria de Aveiro e não estando na totalidade no interior da ZPE encontram-se nas proximidades (geralmente a uma distância inferior a 1 km) em áreas urbanas onde encontram suportes adequados à construção do ninho (sobretudo postes de alta tensão). Mesmo nestes casos a área de alimentação é sobretudo a área inserida na ZPE. Desde sempre que os concelhos com maior número de casais reprodutores são os concelhos de Estarreja, Aveiro, Albergaria (Baixo Vouga Lagunar), Águeda e Oliveira do Bairro (vale do Cértima). A zona do Baixo Vouga Lagunar alberga habitualmente cerca de 60 % da população reprodutora de todo o distrito. Desta forma, a zona do Baixo Vouga Lagunar sendo uma zona húmida na qual a agricultura é sobretudo em regime extensivo e desenvolvida em associação com uma rede de habitats naturais e seminaturais, assume primordial importância no que respeita à conservação da espécie na região. PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DAS ZONAS INTERTIDAIS DA RIA DE AVEIRO: FOTOSSÍNTESE, FOTOPROTECÇÃO E FOTOINIBIÇÃO DO MICROFITOBENTOS J. Serôdioa, S. Vieiraa, S. Cruza a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] Na Ria de Aveiro, as zonas intertidais ocupam cerca de 17 km2, correspondendo a mais de 20% da área total do estuário. Os sedimentos destas zonas são colonizados por comunidades de microalgas, o microfitobentos, que formam biofilmes dominados por espécies do grupo das Diatomáceas. A actividade fotossintética destes biofilmes sedimentares foi monitorizada in situ e continuamente ao longo de períodos de baixa-mar durante ciclos semi-lunares de maré. Foram obtidas séries temporais de observações relativas a variáveis físicas caracterizadoras do ambiente sedimentar (radiação solar, temperatura, salinidade), biomassa fotossintética e diversos parâmetros fotofisiológicos, medidos utilizando fluorometria de pulso modulado, com os objectivos de (1) caracterizar a variabilidade da actividade fotossintética, (2) relacioná-la com a variabilidade ambiental, e (3) com a operação de processos fotoprotectores fisiológicos (ciclo das xantofilas) e comportamentais (migração vertical), e (4) avaliar a ocorrência de fotoinibição. Foi observado que a actividade fotossintética é fortemente afectada pela dose cumulativa de radiação solar. Também a biomassa superficial respondeu rapidamente às variações de irradiância, denotando um claro comportamento fotofóbico sob níveis de iluminação elevados, interpretado como tendo um papel fotoprotector. A resposta a iluminação elevada incluiu também a activação do ciclo das xantofilas, de natureza fotoprotectora. Apesar da operação destes processos, a resposta da actividade fotossintética à variação dos níveis de radiação solar mostrou padrões de histerese consistentes com a ocorrência de fotoinibição. A informação detalhada obtida em estudos como este pode permitir uma mais correcta parametrização das relações funcionais entre a produtividade fotossintética e a variabilidade ambiental, contribuindo para uma melhor avaliação do papel das zonas intertidais nos balanços de carbono da Ria de Aveiro. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 55 Universidade de Aveiro 2011 RIA DE AVEIRO: UMA VISÃO DOS PROCESSOS AMBIENTAIS, ECOLÓGICOS E SOCIOECONÓMICOS A.I. Lillebøa, H. Queirogaa, J.M. Diasb, D. Clearya a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lillebo, henrique.queiroga, cleary}@ua.pt b CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] O valor ecológico e socioeconómico dos ecossistemas estuarinos é reconhecido a nível global. Pela sua singularidade, os estuários prestam serviços cruciais, possuindo, à escala global, uma elevada biodiversidade e produtividade, onde se incluem espécies vegetais e animais de valor comercial acrescido. Sumariamente, pode designar-se como serviços prestados pelos ecossistemas todos os benefícios que promovem o bem estar humano. Esses serviços podem ser de carácter estrutural ou de suporte, de regulação, de aprovisionamento ou cultural. Todos estes serviços têm como suporte processos do ecossistema que se podem tornar vulneráveis mediante pressões externas, como acções antropogénicas e/ou alterações climáticas. Neste contexto, os desafios para uma gestão integrada dos ecossistemas estuarinos passam pelo conhecimento da sua vulnerabilidade ambiental, ecológica e socioeconómica A Ria de Aveiro será objecto de estudo das temáticas acima indicadas. Em termos de habitats, a Ria contém a maior área de sapais e de marinhas de Portugal e uma das maiores da Europa. Possui ainda outros habitats importantes onde se incluem as pradarias marinhas, os bancos de vasa e de areia e os caniçais, constituindo uma área de grande importância para as comunidades piscícolas, de crustáceos, de cefalópodes e bivalves e de avifauna. A Ria suporta também importantes actividades características das zonas costeiras, i.e., urbanizações, indústrias, infra-estruturas portuárias, aquaculturas, salinas, agricultura, turismo, actividades recreativas, mariscagem e pesca artesanal e lúdica. Pela sua importância no contexto regional e nacional a Ria de Aveiro foi seleccionada, a nível nacional, como sistema LTER, i.e., um sistema de monitorização a longo prazo. Com a aprovação do projecto LTER-RAVE – LTER/BIA-BEC/0063/2009, será possível abordar os desafios para uma gestão integrada do sistema Ria de Aveiro. Este projecto irá permitir uma visão integrada dos processos ambientais, ecológicos e socioeconómicos da Ria de Aveiro, tendo em conta o cenário de alterações climáticas. São objectivos do projecto: Monitorizar a produtividade primária e os processos que controlam o fluxo de nutrientes; Desenvolver uma abordagem holística para compreender a interacção entre as comunidades biológicas e estes processos; Reunir os dados disponíveis sobre a Ria de Aveiro e, juntamente com os dados colhidos na investigação proposta, monitorizar as modificações das comunidades biológicas e serviços do ecossistema; Desenvolver um modelo integrado para simular cenários de alterações climáticas a longo prazo e os seus impactos na dinâmica do ecossistema; Quantificar os serviços ecológicos e económicos providenciados pela Ria de Aveiro, bem como a forma como as actividades antropogénicas afectam estes serviços. Mais, com esta classificação a Ria de Aveiro passou a integrar a rede Europeia de sistemas LTER e deste modo poderá partilhar conhecimento útil aos desafios para uma gestão integrada do sistema. SISTEMAS LAGUNARES ENQUANTO MODULADORES DE CARBONO ORGÂNICO – O CASO DA RIA FORMOSA M.J. Sacaduraa, T. Boskia a CIMA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro, {mjcarvalho, tboski}@uaalg.pt A Ria Formosa é um sistema lagunar de ilhas barreira, localizado na costa Sul de Portugal. Tal como em outros sistemas lagunares, este sistema actua como sumidouro de matéria orgânica e modulador das transferências de carbono orgânico entre os reservatórios marinho, atmosférico e terrestre. O projecto em curso, pretende responder à questão de saber como actuam estes sistemas enquanto moduladores de carbono orgânico, durante a sua evolução. Nesse sentido, foram efectuadas 33 sondagens (3-4 m a ca. 20 m) e 67 amostragens superficiais na zona Oeste da Ria Formosa. Os sedimentos amostrados foram sujeitos a análise granulométrica, análise da composição elementar (carbono orgânico total – COT, azoto total – NT e enxofre total – ST), avaliação dos teores em biomarcadores lipídicos e observação à lupa das principais características litológicas e da presença de foraminíferos indicadores ambientais. Da análise dos resultados, e quanto à presença de COT, podemos salientar o seguinte: 1. As camadas lagunares de maior acumulação de Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 56 Universidade de Aveiro 2011 COT são vasas silto-arenosas correspondentes essencialmente a paleo-sapais e paleo-superficies vasosas intertidais, com espessuras cuja média é de pelo menos, 1,2 m; 2. Os teores em COT nessas camadas siltoarenosas, variam entre 0,02% e 6,85%, com valor médio de 1,1%; 3. Considerando uma espessura média de preenchimento lagunar de 1,2 m, os valores de carbono orgânico aprisionados no mesmo, ascendem pelo menos a ca. 34.374 t/m2; 4. Noutros sistemas lagunares, os valores de carbono orgânico aprisionado não deverão ser muito inferiores, com tendência para poderem mesmo ser superiores, na medida em que, as vasas da Ria Formosa, têm em média, uma granulometria mais grosseira que a de outros sistemas mais confinados. Aguardamos ainda pelos resultados da avaliação dos teores em biomarcadores lipídicos, mas os mesmos permitirão destrinçar a proveniência e quantidades aprisionadas, da matéria orgânica original em cada paleoambiente. USO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NO MANEJO DE SALMOURAS EM SALINAS SOLARES - EXPERIÊNCIA BRASILEIRA D.F. Costaa, R.M. Rochab, M.N. Vieiraa,c, J.E. Barbosad, F.A. Santosa, D.H. Medeirosb, F.R. Costae a CIMAR/CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto, Rua dos Bragas, 289, 4050-123 Porto, Portugal, [email protected] b Departamento de Geografia, Universidade Fedaral do Rio Grande do Norte, Campus de Caicó, Rua Joaquim Gregório, s/n, Penedo, 59.300-000, Caicó-RN, Brasil, [email protected] c Departamento de Biologia, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, s/n, 4169-007, Porto, [email protected] d Departamento de Biologia, Universidade Estadual da Paraíba, Av. das Baraúnas, 351, Bodocongó, 58100-001, Campina Grande-PB, [email protected] e Departamento de Geografia, Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Campus Avançado "Profª Maria Elisa de Albuquerque Maia”, Br 405, Km 153, Bairro Arizona, 59900-000, Pau dos Ferros/RN, [email protected] Em salinas solares, as características limnológicas das salmouras variam consideravelmente ao longo dos tanques de sal, onde mudanças drásticas nessas características podem prejudicar toda produção de sal. Embora estes sistemas constituam zonas úmidas únicas, novas estratégias e ferramentas de manejo são pouco estudadas. Nesse sentido, os Sistemas de Informações Geográficas – SIG surgem como uma tecnologia alternativa para a análise dos processos ecológicos nos diferentes tanques das salinas e para verificar a influência das transferências de salmoura nos parâmetros ecológicos. Nesta pesquisa, foram monitorados diversos parâmetros limnológicos em sete estações de amostragem distribuídos ao longo do circuito da Salina Unidos (Macau-RN), durante um ciclo completo de produção. O software Spring 5.1.6 foi utilizado para analisar e modelar a distribuição dos parâmetros. Foi identificada uma estratificação dos gradientes de salinidade e temperatura, onde das formas nitrogenadas analisadas (NH3, NO2- e NO3-2), o nitrato foi predominante. Os valores destes parâmetros apresentaram um padrão de aumento a partir da zona de evaporação para a de concentração. A profundidade e as concentrações de oxigênio dissolvido e fósforo total apresentaram uma redução a partir da zona de evaporação para a de concentração. As concentrações de feofitina foram mais elevadas que as de clorofila a. Todos os parâmetros apresentaram uma distribuição heterogênea e diferenças significativas. Essa abordagem em SIG se mostrou uma ferramenta prática para uma correta gestão da atividade econômica e do ecossistema por ela manejado. VALORIZAÇÃO DOS PRODUTOS AQUÍCOLAS DA RIA DE AVEIRO – CONTRIBUIÇÃO DAS FERRAMENTAS MOLECULARES PARA UMA AQUACULTURA SUSTENTÁVEL N.C.M. Gomesa, R. Caladoa a CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected] Um dos principais constrangimentos à rentabilidade das empresas de aquacultura é a ausência de uma metodologia eficaz para a detecção de surtos de doenças que afectam de forma negativa a produção. O diagnóstico de doenças é, em grande parte, feito de forma empírica, tendo em conta a observação do comportamento “anormal” dos organismos ou a sua mortalidade, em situações extremas. A partir desta Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 57 Universidade de Aveiro 2011 avaliação pouco precisa, são enviadas amostras para análises através de metodologias clássicas e apenas posteriormente é implementado um plano de tratamento. É do interesse dos profissionais do sector ter a possibilidade de antecipar, diagnosticar e reagir atempadamente a potenciais surtos de doença. Tendo em consideração a rapidez de diagnóstico das metodologias moleculares (horas), comparativamente com às metodologias clássicas (dias), o acesso das empresas de aquacultura a metodologias inovadoras permitirá que estas minimizem as suas perdas de produção. No entanto, apesar de já existirem na medicina várias ferramentas moleculares para a detecção de microrganismos patogénicos, o potencial destas ferramentas ainda não foi totalmente explorado pelas empresas de aquacultura. Os autores deste trabalho são responsáveis pelo projecto PROMAR intitulado “Aquasafe – Desenvolvimento de novas tecnologias para antecipação de surtos e diagnóstico rápido de doenças em aquacultura” financiado pelo Fundo Europeu das Pescas. Neste projecto pretende-se estudar e desenvolver metodologias baseadas em ferramentas moleculares para a detecção rápida de doenças que afectam as empresas de piscicultura semi-intensiva e de produção de bivalves na Ria de Aveiro. No final do projecto deverão ser fornecidos aos aquacultores participantes alternativas inovadoras e economicamente acessíveis para a antecipação de surtos e diagnóstico rápido de doenças. VÍRUS ENTÉRICOS NA RIA DE AVEIRO C. Prataa, N.C.M. Gomesa, A. Cunhaa, A. Almeidaa a CESAM, Departamento Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected], {gomesncm, acunha, aalmeida}@ua.pt Actualmente, alguns grupos de vírus importantes para a saúde pública são considerados como patogénicos aquáticos emergentes, existindo uma crescente preocupação com as descargas de vírus entéricos humanos no meio aquático, nomeadamente nos sistemas marinhos e estuarinos que são usados como zonas de recreio e como zonas de cultura de bivalves para consumo humano. A presença destes vírus nos sistemas aquáticos representa assim, um grande problema para a saúde pública. Apesar de se poder encontrar um grande número de tipos de vírus diferentes no ambiente aquático, apenas um pequeno grupo é considerado epidemiologicamente relevante. A maioria dos vírus patogénicos que se encontram no ambiente aquático pertence aos grupos Norovírus, Rotavírus, Adenovírus, Enterovírus e Hepatovírus. Neste trabalho foram colhidas amostras de água numa Zona Salobra (ZS) da Ria de Aveiro, em três datas para a pesquisa de Rotavírus e Adenovírus. As amostras foram concentradas por ultracentrifugação e analizadas para a presença de vírus entéricos através de qPCR, usando primers específicos para cada grupo de vírus. Verificou-se que os vários grupos de vírus entéricos pesquisados nas três datas estiveram sempre presentes nas águas da Ria de Aveiro, variando os seus teores entre 2,74x103 para Rotavírus a 7,99x1010 para Adenovírus. Os elevados teores de vírus entéricos patogénicos nas águas da Ria de Aveiro indicam que estas podem apresentar risco para a saúde pública quando utilizadas como águas de recreio ou como águas de cultura de bivalves. Por outro lado, a ocorrência de elevados teores de vírus entéricos nas águas da Ria, associada ao facto dos indicadores bacterianos usados para avaliar a qualidade microbiológica das águas não serem bons indicadores da presença de vírus, indicam que para uma boa avaliação da qualidade microbiológica das Águas da Ria de Aveiro, deve ser pesquisada também a presença de vírus entéricos. Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 58 Universidade de Aveiro 2011 ÍNDICE DE AUTORES Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 59 Universidade de Aveiro 2011 A Abrantes, I. Abreu, S.N. Ahmad I, I. Albuquerque, H. Almeida, A. Almeida, M.A. Alves, E. Alves, F. L. Araújo, I.B. Arrojado, C. Azevedo, L. 50 20, 51 40 30 14, 23, 25, 41, 43, 45, 47, 50, 52, 58 35 23 29, 30, 33 10 23 11, 15, 20 B Baptista, P. Barbosa, J.E. Bernardes, C. Bio, A. Borges, C. Boski, T. Botelho, M.J. Branco, D. Brito, R. 13, 49 57 13, 40, 48, 49 31 18 56 37 42 22 C Calado, R. Capelo, E. Cardoso, L. Cardoso, P.G. Carlos, D.M. Carneiro, C. Cartaxana, P. Carvalho, C.M.B. Carvalho, J. Carvalho, T. Castro, B.B. Cavaleiro, J.A.S. Cleary, D. Coelho, C. Coelho, C.D. Coelho, F. Coelho, F.J.R.C. Coelho, H. Coelho, J. P. Correia, A. Costa, D.F. Costa, F.R. Costa, P.R. Costa, S. Coutinho, J. Cruz, I. Cruz, S. Cruz, T. Cunha, A. Cunha, T. D Dias, J.M. Dias, S. Domingues, P.M. Duarte, A.C. Duarte, H. 41, 57 40 47 14, 49 19 22 51 23 36 35 48 23 56 19 30 43, 50 52 51 8, 9, 14, 40, 46, 49 48 57 57 37 19 20 16, 18 55 47 14, 23, 25, 34, 41, 43, 45, 47, 50, 52, 58 28 9, 10, 11, 12, 18, 21, 22, 24, 40, 41, 43, 44, 45, 46, 50, 56 15 50 8, 9, 14, 15, 17, 24, 40, 49, 52 10, 11, 20 E Ezequiel, J. 43, 53 F Faustino, M.A.F. Ferreira da Silva, E. Ferreira, C. Fidelis, T. Figueira, E. Figueiredo, D.R. de Figueiredo, E. Fonseca, C. Fortunato, A.B. Freire, A. Freitas, F. Freitas, R. 23 12, 19, 33, 48, 50 12 35 42 48 30 47 17, 21 28 28 34, 42 G Gadelha, J.R. Garrido, C. Gentil, F. Gomes, A. Gomes, L.M.F. Gomes, N.C.M. Gonçalves, D. Gonçalves, D.S. Gonçalves, F. Gonçalves, M. Granjeia, C. 51 15 34 42 45 14, 23, 25, 41, 50, 52, 57, 58 22 11, 15, 20 48 30 50 H Hall, A. Hespanha, J. 28 45 J Jesus, C. Jesus, G. 50 21 K Keizer, J. 36 L Leandro, S. Leandro, S.M. Leão, F. Leitão, P. Leitão, P.C. Lemos, A.P. Lemos, C.R. Lillebø, A. Lima, A. Lino, A.C. Lopes, C.B. Lopes, C.L. Lopes, J.F. Lopes, L. Louvado, A. Luis, A. 44, 45 13 36, 53, 54, 55 38 11 37 37, 45 27, 56 42 19 52 9, 12 35, 46 29, 36, 43, 53 50 22, 37 M Magalhães, V. Maia, P. Mariano, S. Martins, F. Martins, V. Medeiros, D.H. 20 36 22 30, 47 12, 19, 33, 47, 48, 50 57 Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 60 Universidade de Aveiro 2011 Mendes, C. Mendes, R. Mieiro, C.L. Mohmood, I. Morgado, F. Mota, J.C. Mustricu, Z.S. 14 18 8, 40 40 20, 44, 45, 51 36 29 N Neves, M.G.P.M.S. Neves, R. Nogueira, A.J.A. Nunes, M. 23 34, 47 20, 51 14, 49 O Oliveira, A. Oliveira, C.S. Oliveira, H. Oliveira, V. 12, 17, 21, 44, 45 37 8, 46 49 P Pacheco, C. Pacheco, M. Palma, C. Pardal, M.A. Pato, P. Pereira, C. Pereira, E. Pereira, M. Pereira, M.J. Picado, A. Pinheiro, L.M. Pinho-Lopes, M. Pinho, R. Pinto, A.G.M. Pires, A. Plecha Prata, C. 47 8, 40 16, 18 8, 9, 14, 17, 46, 49 24 14, 23 8, 9. 14, 15, 17, 24, 40, 46, 49, 52 19 48 9, 10 10, 11, 15, 20, 37, 45 19 29, 36, 43, 47, 53 47 341 12 58 Q Queiroga, H. Quintino, V. 13, 17, 28, 44, 45, 51, 56 34, 42, 39 R Rebelo, J.E. Rey, D. Ribeiro, T.D. Ribeiro, G. Ribeiro, N.A. Robaina, M. Rocha, F. Rocha, J. Rocha, L. Rocha, R.M. Rodrigues, A. Rodrigues, A.C.M. Rodrigues, M. Rodrigues, S.M. Roebeling, P.C. Rubio, B. 21, 27 48 11 36 21 30 12, 19, 33, 48, 50 30 53, 55 57 34, 39, 42 51 17, 21, 44, 45 37 30 48 S Sá, S. Sacadura, M.J. Sampaio, L. Santos, A.L. 10 56 34 43, 50, 52 Santos, E. Santos, E.B.H. Santos, F.A. Santos, L. Santos, M.A. Santos, R.M.A.L. Seixas, P. Serôdio, J. Silva, A. Silva, C. Silva, H. Silva, J. V. Silva, P.A. Silva, Y. Silveira, P. Soares, A.M.V.M . Sousa, L. Sousa, L. P. Sousa, M. 27 47 57 14, 25, 43, 47, 52 40 51 42 51, 55 38 21 27, 29, 53 29, 33 12, 50 23, 41 29 20, 51 29, 33 11 T Tavares, S. Teixeira, F.C. Teodósio, R. Tomé, A.C. Tomé, J.P.C. 8, 46 11 33 23 23 V Vale, P. Válega, M. Valença, M. Vaz, L. Vaz, N. Videira, T. Vieira, H.M.C.S. Vieira, M.N. Vieira, N. Vieira, S. Vigário, C. 37 17 16, 18 41 11, 18 48 51 57 31 55 27 Z Zhang, Y.J. 17 Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011 58