sumário - Mendel Vilas

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sumário - Mendel Vilas
COLÉGIO
VILAS
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS / GEOGRAFIA
Módulo III
SUMÁRIO
PEDOLOGIA ................................................................. 2
O SOLO .................................................................... 2
ORIGEM DOS SOLOS ..................................................... 3
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS ........................................... 4
GEOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS ........................................ 6
A TERRA E SUAS CAMADAS ............................................ 6
ERAS GEOLÓGICAS ...................................................... 8
GEOMORFOLOGIA .......................................................14
AGENTES ENDÓGENOS DO RELEVO .................................14
AGENTES EXÓGENOS DO RELEVO ...................................19
FORMAS DE RELEVO ...................................................22
RELEVO BRASILEIRO ....................................................26
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Módulo III
PEDOLOGIA E GEOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS
PEDOLOGIA
O SOLO
O solo é a parte exterior da litosfera, sua espessura varia entre 30 cm e 40 cm, é um dos mais importantes
recursos naturais, é composto por fragmentos de rocha formados pela alteração química (ocorre quando os minerais de uma rocha são quimicamente alterados ou dissolvidos) e física (ocorre quando a rocha é fragmentada
por processos mecânicos que não mudam a sua composição química) da rocha matriz e pela matéria orgânica
produzida por organismo que nele vivem (fator biológico).
Consideram-se dois fatores na formação do solo:
1o A desintegração e decomposição das rochas;
2o A incorporação e decomposição de organismos vivos.
A rocha matriz, ou rocha mãe, ao sofrer ação de agentes atmosféricos (clima) decompõe-se através do intemperismo, ou também chamado meteorização, além do clima, outros fatores também são responsáveis pela
formação do solo, como elementos orgânicos e a topografia.
A natureza da rocha matriz controla o intemperismo e define o tempo de formação do solo. O regolito é a
primeira parte do solo a ser formada, é o material decomposto que ainda não sofreu ação de agentes como ventos, clima...
O intemperismo e a erosão são processos geológicos importantes no ciclo das rochas e nos sistemas da Terra,
eles modelam a superfície e alteram os materiais rochosos assim, formando os solos.
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Perfil do Solo
À medida que o solo se forma, camadas peculiares são desenhadas originando assim os horizontes ou camadas do solo.
Imaginando-se um corte vertical que vai da superfície até o material rochoso (rocha matriz) o conjunto de
horizontes forma o perfil do solo.
Quando o solo é bem desenvolvido, apresenta 4 horizontes principais: O, A, B, C, todos sobre a rocha matriz (R).
EVOLUÇÃO E PERFIL DE UM SOLO
Horizonte
O
A
B
C
R
Características
É o horizonte superficial. Pode conter mais de 20% de matéria orgânica (animal e vegetal) em
diferentes graus de decomposição.
Apresenta maior quantidade de matéria orgânica decomposta e misturada com elementos minerais. Sofre perdas de minerais (ferro, alumínio) pela lixiviação (ação das águas). Nas áreas cultivadas, está em contato direto com a atmosfera.
Contém as raízes dos vegetais.
Bastante intemperizado. Pouco afetado pela erosão natural e pela ação do homem. Pouca matéria orgânica, muita matéria mineral e cor geralmente vermelha ou amarela. Recebe materiais
lixiviados do A.
Chamado de regolito, material decomposto, proveniente da rocha matriz.
Rocha matriz ou rocha não alterada.
Fontes: baseado em FONT-ALTABA, M. e ARRIBAS, A. San Miguel. Atlas de geologia. p. E-1; GUERRA, Antônio Teixeira. Dicionário geológico e
geomorfológico. Rio de Janeiro, IBGE, 1972.
ORIGEM DOS SOLOS
Quanto à origem, os solos podem ser: eluviais ou zonais, Azonais ou Aluviais e Intrazonais.
1. ELUVIAIS OU ZONAIS
Quando os solos se formam no mesmo lugar a partir da degradação e da decomposição das rochas, o clima é
o principal agente formador; são solos maduros, relativamente profundos, com horizontes A, B e C bem caracterizados.
Exemplo:
Massapê, terra roxa, laterítico, podzol, solontchac, prairie, tchernozion.
 Laterítico: Também chamado de Latossolo, domina em áreas de clima tropical, devido a intensa lixiviação e à laterização. É um solo pobre para a agricultura, sendo de coloração avermelhada, alaranjada ou
amarelada. Tem profunda espessura e grande porosidade. Destina-se as pastagens, aparece no Amazonas
ou Centro-Oeste.
 Pdzol: Comum nas áreas de coníferas, de clima temperado ou frio. De cor cinzenta, seus horizontes são
bem definidos, podem chegar até a 30 m de profundidade, é pobre em húmus (matéria orgânica). É fértil, porém, ácido, é raro encontrar esse tipo de solo no Brasil, sendo mais comum em países como:
Rússia, Ucrânia, Canadá, EUA e países Escandinavos.
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 Solontchach: Comum em áreas de climas semiáridos quentes, sendo coberto pela Caatinga. Os horizontes são pouco individualizados, são ricos em sais minerais primários e pobres em húmus. São rasos,
pedregosos e arenosos, e caso sejam devidamente irrigados, são viáveis à agricultura.
 Prairie: Abrange áreas de clima temperado subúmido onde a vegetação é de gramíneas (pradarias e
estepes). É bastante fértil, apresentando coloração parda; é muito usado na sojicultura e triticultura.
Predomina na Argentina e na América do Norte, Ucrânia e sul da Rússia.
 Tchernozion: Domina em regiões de clima semiárido e corresponde ao domínio das estepes semiáridas
frias. É destinado basicamente a triticultura e aparece no centro sul da antiga URSS. É um solo extremamente fértil e de coloração escura.
 Terra roxa: Solo vulcânico resultante da degradação do basalto e diabásio. Tem cor castanhoavermelhada, tem boa espessura e desenvolve-se em clima tropical. Fértil, serve a cafeicultura, dominando principalmente no norte do Paraná e Planalto Paulista.
 Massapê: Originado da decomposição do granito, do gnaisse e às vezes do calcário, é usado principalmente para a plantação de cana, fumo e cacau. No Brasil, surge na zona da mata nordestina, recôncavo
baiano e sul da Bahia. É rico em húmus e tem coloração escura.
2. ALUVIAIS OU AZONAIS
Quando os solos são formados a partir do transporte e acúmulo de materiais transportados pelas águas
correntes e pelos ventos, podem ser chamados também de Litossolos. O fator determinante é a rocha matriz.
Não são bem desenvolvidos e apresentam a sequência de horizontes A-C ou A-R, não possuem horizonte B.
Exemplo:
Solos de várzea e de deltas fluviais (pela água) e solos de Loess:
 Solos Intrazonais: O relevo ou a rocha matriz são os fatores determinantes na formação desse tipo de solo.
 Solo de várzea: É oriundo do acúmulo de aluviões transportados pelos rios. Serve principalmente a rizicultura
e também, às culturas de subsistência. Este solo é presença marcante ao longo dos principais rios asiáticos,
norte-americanos, sul-americanos e africanos. É de alta fertilidade e destina-se a cultivos temporários.
 Solo de Loess: É bastante fértil, sendo formado pelo acúmulo eólico de poeira amarelada. Abrange o sul
da China, Planície do Mississipi (EUA) e os pampas argentinos. Serve a rizicultura, sojicultura, cotonicultura e triticultura.
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
1. QUANTO À COR:
Brancos: Solos brancos indicam ausência de ferro e matéria orgânica (húmus).
Escuros: são ricos em húmus.
Avermelhados ou alaranjados: indicam presença de óxido de ferro.
Cinzentos: revelam a presença constante de água.
2. QUANTO À ESTRUTURA
Argiloso: são finos e pouco permeáveis.
Arenosos: tem granulação maior e possuem boa permeabilidade.
Argilo-arenoso: apresentam granulometria média.
Fertilidade do Solo
Um organismo vivo
Você pode imaginar o solo como um organismo vivo, que recicla detritos, promove crescimento, armazena e
limpa a água e age como uma fonte básica de vida para todos os seres vivos. E como todos os seres vivos, o solo
pode estar saudável ou não.
Um solo saudável apresenta um equilíbrio de água, gases, frações minerais, ph neutro (6,5; 7,5), organismos
vivos e matéria orgânica em decomposição. Juntos, estes componentes interagem para dar vida ao solo.
Atualmente, falhas na composição do solo podem ser corrigidas pelo homem. Hoje, lugares desérticos,
como o deserto de Neguev (Israel), onde modernas técnicas de irrigação transformaram esses lugares em áreas
extremamente produtivas.
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CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
São numerosas as razões para que os solos se tornem doentes e até estéreis. No entanto, a principal causa do
declínio da qualidade é a remoção da vegetação de cobertura e o excessivo uso além de fertilizantes artificiais.
O excessivo uso de fertilizantes além de prejudicar os solos, contaminam águas superficiais e lençóis freáticos, já
que o excedente de fertilizantes que não é utilizado pelas plantas é levado pela chuva até rios, lagos, cursos
d’água...
As queimadas das matas destroem micronutrientes e os micro-organismos necessários à saúde da terra. O produtor se ilude com a brotação mais rápida, sem saber que de cada cem plantas-mães apenas quarenta voltam a nascer.
Fonte: Agliberto Lima / AE
Os solos podem ser rapidamente restaurados e reconstituídos.
A restauração do solo é fundamental para a produtividade e a
saúde. Os métodos utilizados variam de acordo com o clima e com
as características do local. No entanto, em qualquer situação, a
matéria orgânica é o melhor aditivo para melhorar o solo. Muitas
técnicas ajudam a melhorar a qualidade dos solos; uso de adubos
minerais ou orgânicos em solos pobres de nutrientes, aplicação de
calcário em terrenos com grande acidez (calagem), utilização adequada de máquinas agrícolas de acordo com o tipo de solo, conservar micro-organismos vitais a sua fertilidade, como por exemplo;
minhocas e muitas outras técnicas.
Um solo em agonia tem características básicas: ausência de
cobertura vegetal, superfície exposta ao Sol, presença de voçorocas, forte evaporação da água contida no solo e perda de microorganismos.
Fonte: Ricardo Azoury / Pulsar
PRESERVANDO, RESTAURANDO E MELHORANDO SOLOS DANIFICADOS
Queimadas, como esta em Rondônia, e a ação
das chuvas e enxurradas (aqui na Cidade Tiradentes,
Região Metropolitana de São Paulo, em 2000) são
duas formas de degradação dos solos, bastante comuns no Brasil.
Um solo em agonia tem características básicas: ausência de cobertura vegetal, superfície exposta ao Sol,
presença de voçorocas, forte evaporação da água contida no solo e perda de microorganismos.
Laterização e erosão
Os maiores problemas enfrentados pelos solos brasileiros são a laterização e erosão.
Laterização
Processo típico de áreas com uma estação seca e outra chuvosa. O solo sofre ação das chuvas, que removem
sais minerais primários e ocasionam forte concentração de ferro e alumínio. A acidez do solo torna-se alta, formando a canga ou a laterita, que domina principalmente no centro-oeste.
Erosão
Pode ser produzida por ações naturais e atividades antrópicas, como queimadas de matas, monocultura repetitiva, desmatamento de encostas formando as ravinas.
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GEOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS
A ciência que trata do estudo da constituição e da evolução física da Terra é a Geologia.
Terra, um Planeta em Mutação.
A aparente solidez da Terra esconde um turbilhão interior que remota à sua origem, há cerca de 4,5 bilhões
de anos. Acreditasse que o planeta tenha se formado a partir de nuvens de poeira transformadas numa esfera
pela ação da gravidade. A pressão e o calor intensos provocaram a fusão parcial do interior do planeta, dando
origem a um “oceano” de magma derretido 200 a 400 km abaixo da superfície. Aos poucos, essa massa dividiu-se
em camadas com a rocha menos densa formando uma crosta exterior e os materiais mais densos, ferro e níquel,
aprisionados no núcleo central. Ainda hoje podemos observar manifestações da energia contida no interior da
Terra, nos processos violentos e dinâmicos dos vulcões e terremotos (ou sismos). Tais fenômenos estão relacionados com as placas tectônicas, que formam a crosta terrestre e, no seu constante movimento, arrastam continentes e oceanos.
A TERRA E SUAS CAMADAS
A TERRA É UM SISTEMA ABERTO QUE TROCA ENERGIA E MASSA COM SEU ENTORNO
Fonte: Para entender a Terra. Bookman, p. 37.
O SISTEMA TERRA É CONSTITUÍDO POR TODAS AS PARTES
DE NOSSO PLANETA E SUAS INTERAÇÕES
Principais componentes e subsistemas do sistema da Terra. As interações entre os componentes são governadas pela energia do Sol e do interior do planeta e organizadas em três geossistemas globais: o sistema do clima, o sistema das placas tectônicas e o sistema do geodínamo (O núcleo terrestre é metálico, sólido e gira numa
velocidade diferente do manto pastoso que o reveste).
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Litosfera ou crosta terrestre: possui uma espessura de aproximadamente 70 Km, sendo subdividida em
sial e sima.
O sial é a parte mais externa da litosfera correspondendo ao solo e subsolo. É rica em silício e alumínio,
além de apresentar muito granito.
O sima é a região mais inferior da crosta, sendo comum a presença de silício e magnésio. Predominam as
rochas de origem basáltica.
A espessura da litosfera é variável. Sob os continentes varia de 20 a 70 Km sendo que a espessura máxima
ocorre nos locais sob montanhas. Abaixo dos oceanos, a espessura varia de 5 a 15 Km.
Manto: Encontra-se logo abaixo do Sima, tendo uma espessura de 1200 Km e temperatura em torno de
3.400 ºC.
É formado por rochas mais pesadas, como magnésio, ferro e silício. A parte mais externa do manto é conhecida como astenosfera, composta por um material pastoso denominado magma.
No manto, verificam-se os movimentos de convecção, pelos quais têm origem os terremotos e vulcanismo.
Núcleo: Está subdividido em duas camadas: o núcleo externo, que tudo indica ser líquido e vai até cerca de
5150 km, e o Núcleo Interno, que é sólido e encontra-se formado por níquel e ferro, a elevadas temperaturas.
O núcleo interno chega a 6378 km de profundidade, ou seja, é o raio do planeta.
Teoria da isostasia defende a ideia que o sial estaria flutuando sobre o sima. Desse modo, quando
um bloco continental é sobrecarregado, o sial afunda sobre o sima, enquanto regiões próximas sofrem
elevação. Por isso, que o sima apresenta uma espessura máxima nos lugares abaixo das montanhas.
Profundidade (Quilômetros)
Crosta
e litosfera
http://domingos.home.sapo.pt/estruterra_4.html
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ERAS GEOLÓGICAS
Após sua formação, a Terra passou por um longo período de resfriamento.
As Eras Geológicas e seus períodos marcam o tempo decorrido, como a evolução dos seres vivos desde o
seus primórdios até o aparecimento da humanidade.
ESCOLA GEOLÓGICA DO TEMPO
Fontes: A. T. Guerra e A. J. T. Guerra, Novo dicionário geológico-geomorfológico, p. 228; A Terra, série Atlas
Visuais, p. 31; L. Marrero, La Tierra y sus recursos, p. 47. (Com adaptação).
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A Deriva dos Continentes e a Tectônica de Placas
A teoria da deriva continental surgiu no século XX, foi
confirmada pelos vestígios existentes nas rochas dos continentes e dos fundos oceânicos. Como exemplo, as plataformas continentais das margens do Brasil e da África
Ocidental encaixam-se como peças de quebra-cabeça,
tendo sido encontrados fósseis similares nos dois continentes.
Essa e outras evidências comprovam a teoria segundo
a qual há 200 milhões de anos existia um super continente
(Pangeia) que as forças tectônicas fragmentaram, formando os continentes da atualidade.
Um mundo em movimento
As massas terrestres são placas da crosta continental separadas por placas do assoalho oceânico. Todas
estão em movimento permanente e lento. Há 200 milhões de anos formavam um supercontinente chamado Pangeia dividido pelas forças tectônicas em dois continentes e depois nos atuais, menores continentes. Os limites
das placas são de três tipos: Dorsais mesoceânicas (forças tectônicas afastam as placas uma da outra); zonas de
colisão, onde uma placa mergulha sob a outra (subducção) e falhas transformantes (duas placas ou mais deslizam
em direções opostas).
TEORIA DA DERIVA CONTINENTAL
1. PERMIANO
225 milhões
de anos
2. TRIÁSSICO
200 milhões
de anos
(b)
(a)
3. JURÁSSICO
135 milhões
de anos
4. CRETÁCEO
65 milhões
de anos
(c)
(d)
5. CENOZOICO
Presente
(e)
Fraturas por onde escorre o magma que
afasta os continentes
Direção e distância
da fratura
Fonte: Stephane Groueff, O enigma da Terra, p. 255. Fonte: Para entender a Terra. Bookman, p. 49.
Colisão de placas
Em uma zona de colisão ou subducção a crosta terrestre é consumida quando uma placa mergulha sob a
outra. Forma-se uma profunda fossa oceânica e a rocha fundida é impelida do interior dos vulcões.
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O Himalaia surgiu há 45 milhões de anos, quando as placas indiana e eurasiana colidiram e o fundo oce ânico entre elas se dobrou, dando origem à cadeia de montanhas. O cume do Everest outrora ficava no fundo
do mar.
Em limites de falhas transformantes,
as placas deslocam-se horizontalmente
uma em relação à outra.
Em limites divergentes, as
placas afastam-se e formam
uma nova litosfera.
Em limites convergentes, as placas
colidem e uma delas é puxada
para o manto e reciclada.
Tectonismo ou movimentos tectônicos
O movimento entre placas fratura as rochas, provoca terremotos e permite que o magma do interior da Terra
chegue à superfície, formando vulcões. Dos cerca de 600 vulcões ativos da Terra, a maioria formou-se nas áreas de
colisão de duas placas. Uma dessas zonas envolve o Oceano Pacífico, originando falhas na Nova Zelândia e no
Japão, e o Círculo do Fogo, que abrange vulcões desde o monte Erebus, na Antártida, passando pela orla do Pacífico, até os Andes. Outros terremotos e placas se afastam, dando origem a novas rochas no fundo oceânico.
Fonte: Para entender a Terra. Bookman, p. 57.
Três tipos de limites convergentes. (a) Subducção de uma placa oceânica em outra placa oceânica, formando
uma fossa profunda e um arco de ilha vulcânico. (b) Subducção de uma placa oceânica em uma margem continental, formando um cinturão de montanhas vulcânico na margem deformada do continente em vez de um arco
de ilha. (c) Uma colisão de placa continentecontinente, que amassa e espessa a crosta continental, formando
altas montanhas e um amplo planalto.
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AS PLACAS TECTÔNICAS NO MUNDO
PLACAS TECTÔNICAS E DIREÇÃO DE SEUS DESLOCAMENTOS
Fonte: Graça M. Lemos Ferreira, Moderno atlas geográfico, 3a ed., p. 49.
Minerais e Rocha
Mineral é um elemento ou um composto químico encontrado naturalmente na crosta terrestre.
Geralmente, os minerais são sólidos, exceto a água e o mercúrio em condições normais de temperatura e
pressão. Possuem várias propriedades, entre as quais a mais importante é a estrutura, isto é, a maneira segundo
a qual os átomos componentes estão dispostos. Quase todos os minerais têm estrutura cristalina, formando sistemas cúbicos, hexagonais, trigonais etc.
Os minerais costumam ser classificados em dois grandes grupos: metálicos e não metálicos. Cada um desses
grupos pode admitir subdivisões, como as que aparecem na Tabela.
Tabela
Minerais
metálicos
Minerais
não metálicos
Classificação dos minerais
Abundantes (ferro, manganês, alumínio etc.)
Escassos (ouro, prata, chumbo, zinco etc.)
De usos químicos, fertilizantes e especiais (fosfatos, nitratos, enxofre, cloreto
de sódio etc.)
Materiais de construção (cimento, areia, cascalho, gesso, amianto etc.)
Combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural, xisto etc.)
Água (lagos, rios, lençóis subterrâneos etc.)
As rochas
Todas as rochas da Terra pertencem a um de três grupos. Formam o primeiro grupo, as rochas ígneas ou
magmáticas, que cristalizam-se a partir do magma. Quando o resfriamento é rápido e acontece na superfície
da Terra, a rocha que se forma tem uma estrutura de grão fino, essas são chamadas extrusivas ou vulcânicas.
Algumas vezes rochas sofrem resfriamento no interior da crosta, essas são chamadas intrusivas ou plutônicas.
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As rochas sedimentares, o segundo grupo, são formados por acúmulo de areia, silte, argila, e outros sedimentos, compactados e cimentados pela pressão. Os agentes de erosão-água, vento, gelo e calor – podem dar
formas fantásticas e essas rochas, como o Grand Canyon, no Arizona.
As rochas sedimentares podem ser de três tipos:
— Clásticas ou detríticas: Formadas por fragmentos de outras rochas.
Exemplos: Argila, areia, cascalho, folhelho e arenito.
— Químicas: Resultam, geralmente, da dissolução e precipitação.
Exemplos: Sal-gema, estalactite e estalagmite.
— Orgânicas: Originadas pela acumulação de vegetais e animais.
Exemplos: Carvão mineral e calcário.
As rochas metamórficas, o terceiro grupo, são formadas de rochas já existentes transformadas pela pressão
e calor.
Exemplos: Mármore, quartzito e graisse.
Estrutura geológica do Brasil
Existem três tipos fundamentais de estrutura geológica no globo terrestre: os escudos cristalinos, as bacias
sedimentares e os dobramentos (cordilheiras).
Escudos cristalinos ou maciços antigos são estruturas geológicas muito antigas, ou pré-cambrianas, formadas por rochas cristalinas. São, portanto, estruturas rígidas, resistentes, estáveis e geralmente associadas à
ocorrência de minerais metálicos. Como exemplos, podemos citar os seguintes escudos cristalinos: Escandinavo,
Siberiano, Canadense, Sul-Africano, Guiano, Brasileiro e Patagônico.
Bacias sedimentares são depressões preenchidas por detritos ou sedimentos provenientes das áreas circunvizinhas. As bacias formaram-se nas Eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica e são importantes, principalmente
devido à ocorrência de combustíveis fósseis, tais como petróleo, gás, carvão e xisto. São exemplos de bacias
sedimentares: Amazônica, Pantanal, Paranaica, do Recôncavo Baiano, Parisiense, de Londres etc.
Dobramentos modernos são as estruturas rochosas que sofreram a ação de forças tectônicas, resultando na
formação de extensas e elevadas cordilheiras, tais como Himalaia, Andes, Alpes, Rochosas e outras, durante a
Era Terciária (Cenozoica). Essas áreas são caracterizadas pelas instabilidades tectônicas, com ocorrência de terremotos e vulcanismos e também pela existência de elevadas altitudes.
O território brasileiro é formado, fundamentalmente, por duas estruturas geológicas: os escudos ou
maciços antigos e as bacias sedimentares. Não existem, portanto, os dobramentos modernos.
A base estrutural do nosso território é de natureza cristalina, portanto muito antiga e rígida, embora a
maior parte da superfície esteja coberta por terrenos sedimentares sob a forma de planícies, bacias, planaltos
ou chapadas. Os afloramentos superficiais do embasamento cristalino só representam 36% do total da superfície
do país, ao passo que as áreas sedimentares representam 64%.
Escudos ou maciços antigos
Abrangem 36% da superfície total do país e formam dois grandes blocos principais: o escudo das Guianas, no
norte do país, e o escudo Brasileiro, nas porções central, oriental e sul do país. O escudo Brasileiro subdivide-se
em seis núcleos: Sul-amazônico, Atlântico, Araguaio-tocantino, Bolívio-matogrossense, Uruguaio-sul-rio-grandense e Gurupi. Do total dos escudos (36%), cujos terrenos são cristalinos, temos:
— Os terrenos formados no Arqueozoico e que correspondem a 32% e formam o chamado Embasamento ou
Complexo Cristalino Brasileiro, a que estão associadas as rochas magmáticas e metamórficas, como o granito e o
gnaisse, principalmente.
— Os terrenos formados no Proterozoico e que correspondem apenas a 4% são, entretanto, de grande importância porque geralmente aparecem associados às jazidas minerais tais como as de ferro e de manganês
do Quadrilátero Ferrífero (MG), do maciço de Urucum (MS) e de Carajás (PA), as de bauxita de Oriximina
(PA) e Ouro Preto (MG), as de cassiterita (RO) etc.
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BRASIL: RECURSOS MINERAIS E ESTRUTURA GEOLÓGICA
Bacias sedimentares
As bacias sedimentares, ou mais precisamente, os terrenos sedimentares, correspondem a 64% do território
brasileiro, sendo que:
— quanto à idade, podem ser do Paleozoico (São-franciscana e Paranaica), do Mesozoico (Parnaíba e do Recôncavo Baiano) ou do Cenozoico Terciário (Amazônica, Central e Costeira) e Quaternário (do Pantanal e Amazônica);
— quanto à extensão, podemos agrupá-las em duas categorias: as grandes bacias (Amazônica, do Meio-Norte ou do Maranhão e Piauí, Paranaica, São Franciscana e do Pantanal) e pequenas bacias, geralmente alojadas em compartimentos de planaltos (bacias de São Paulo, Curitiba e Taubaté). As bacias são particularmente importantes porque podem apresentar recursos como petróleo, gás e carvão mineral. O petróleo é extraído tanto em
bacias sedimentares continentais (Recôncavo Baiano, por exemplo) como em bacias marítimas (bacia de Campos,
RJ). O carvão mineral é encontrado em terrenos sedimentares paleozoicos, principalmente no sul do país.
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GEOMORFOLOGIA
Geomorfologia é a “... ciência que estuda as formas de relevo, tendo em vista a origem, estrutura, natureza das rochas, o clima da região e as diferentes forças endógenas e exógenas que, de modo geral, entram
como fatores construtores e destruidores do relevo terrestre.”
(Guerra, 1989, p. 204).
O relevo terrestre e seus agentes. O relevo corresponde às diversas configurações (formas) da superfície
terrestre, como montanhas e planaltos, por exemplo. Ele resulta da atuação de dois conjuntos de fatores,
chamados de agentes do relevo, que são os seguintes:
• Agentes internos ou endógenos — são os geradores (construtores) das formas de relevo, sendo eles o
tectonismo (horizontal e vertical), o vulcanismo e os abalos sísmicos.
• Agentes externos ou exógenos — são os modeladores ou modificadores do relevo terrestre, representados pela ação do intemperismo (físico e químico), das águas correntes e marinhas, dos ventos, das geleiras, dos seres vivos, dentre outros.
AGENTES ENDÓGENOS DO RELEVO
São processos estruturais que atuam do interior para a superfície da Terra, com intensidade, criando ou
modificando a fisionomia do relevo. Tais processos relacionam-se com o movimento das placas tectônicas e a
fenômenos magmáticos podendo, às vezes, ocorrer com grande violência e rapidez.
1. Tectonismo ou movimentos tectônicos ou Diastrofismo
São movimentos lentos e prolongados provocados por forças do interior da Terra que atuam na crosta terrestre.
O tectonismo pode ser de dois tipos:
• Orogênese ou Tectonismo horizontal — quando as pressões, no interior da crosta, agem horizontalmente
sobre as camadas de rochas mais plásticas, provocando o encurvamento (dobramento) dessas camadas, podendo
originar montanhas e cordilheiras (relevo dobrado ou em dobras). São exemplos desse tipo de relevo os Andes
(América do Sul), as Rochosas (América do Norte), os Alpes (Europa) e o Himalaia (Ásia), dentre outros.
DOBRAMENTOS
Sinclinal
Anticlinal
Dobra deitada
Isoclinal
Dobra falhada
Dobra em leque Dobra em caixa
Dobra em
chevron
Dobra em cúspide
Fonte: FONT — ALTABA, M. e ARRIBAS, na Miguel A. Atlas de geologia. p. D-2.
Uma dobra é constituída por duas partes:
 Sinclinal = parte mais baixa, côncava.
 Anticlinal = parte mais alta, convexa.
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• Epirogênese ou Tectonismo vertical – quando as pressões, no interior da crosta, atuam verticalmente e
lentamente sobre camadas de rochas resistentes e de pouca plasticidade, podendo provocar diversas rupturas e
desnivelamentos das camadas do relevo. Quando ocorre a ruptura dessas camadas sem desnivelamento do terreno, diz-se que o mesmo está fraturado ou com fraturas. Já quando acontece a ruptura com soerguimento de um
bloco e rebaixamento de outro, diz-se que ocorreu falhamento ou o terreno está com falhas.
PRINCIPAIS TIPOS DE FALHAS
Bloco
levantado
Falha
normal
Falha
lateral
Bloco
Bloco
levantado
rebaixado
(horst)
Bloco rebaixado
Falha de
(graben ou
rasgamento
fossa)
Fonte: FONT – ALTABA, M. e ARRIBAS, A San Miguel. Atlas de
geologia. Rio de Janeiro, Livro Ibero-Americano, 1975. p. D-3.
Num relevo de falha, tem-se:
 Horst ou pilar = bloco soerguido;
 Graben ou fossa tectônica = bloco rebaixado.
Forças descomunais provenientes do interior da Terra
podem provocar falhas de milímetros ou de quilômetros nas rochas. Na Falha de San Andréas, na Califórnia (EUA), o movimento das placas tectônicas deixou
marcas visíveis na paisagem (foto de 1995).
2. Vulcanismo
Refere-se à atividade por meio da qual o magma é expulso do interior da Terra para a superfície. Vulcão é a
montanha formada a partir das erupções – devido à solidificação do magma ao redor de onde ele é expelido para
a superfície – com uma cratera por onde saem lavas, fragmentos de rochas em estado sólido, cinzas, gases e vapores.
A morfologia de um vulcão pode ser observada na figura abaixo:
ESQUEMA GERAL DE UM VULCÃO
1. Edifício ou cone vulcânico: montanha formada pelo acúmulo de materiais magnéticos.
2. Cratera: cavidade superior (boca). 3. Chaminé ou conduto: abertura ou fenda pela qual os
materiais são expelidos do interior para a superfície. 4. Caldeira ou câmara magmática: bolsão ou cavidade profunda preenchida pelo magma. 5. Lacólito: intrusão de magma com estreitamento inferior e alargamento da massa superior. 6. Material piroclástico: blocos, pedras,
fragmentos de lava solidificada. 7. Gases sulfurosos. 8. Gêiser: As rochas quentes do subsolo
aquecem a água, aumentando a pressão. Jatos de água e vapor quentes são expelidos de forma
contínua ou intermitente. 9. Fumarolas: nuvens ardentes provenientes da água
superaquecida, com temperaturas que podem alcançar 800 ºC.
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Módulo III
O Círculo de Fogo do Pacífico, principalmente, e o Círculo de Fogo do Atlântico são as áreas que concentram a maior parte dos vulcões no planeta.
DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DOS VULCÕES
Regiões sísmicas
Vulcões
Fonte: Adaptado de Atlas of the world. Nova Iorque, Oxford University Press, 1998. p. 10.
No Brasil, não existem vulcões ativos
atualmente. Entretanto, diversas atividades vulcânicas ocorreram neste país em
épocas geológicas passadas. Dentre elas, a
mais recente aconteceu na Era Cenozoica
(Terciário), originando as ilhas oceânicas
brasileiras (Fernando de Noronha, Trindade, São Pedro e São Paulo). Durante a Era
Mesozoica, o vulcanismo foi muito intenso
no nosso país.
Monte Saint Helens (Washington, EUA) em erupção,
em 1980. Além das lavas, muitas vezes com temperaturas superiores a 1.000 ºC, são expelidas cinzas
que cobrem extensas áreas.
VULCANISMO NO BRASIL
Símbolos
Era

Cenozoica
(Terciário)

Mesozoica e
Cenozoica
███
Mesozoica
Área de ocorrência
Ilhas oceânicas e interior do Nordeste.
Poços de Caldas (MG); Itatiaia e Cabo Frio
(RJ); São Sebastião e Cananeia (SP); Lajes
(SC).
Derrames basálticos na Bacia do Paraná.
Diabásicos encobertos nas bacias Amazônica e do Parnaíba.
Fonte: Adaptado de POPP, José H. Geologia geral. São Paulo, Livros Técnicos e Científicos, 1988. p. 212.
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Gêiseres — são jatos de água quente e vapor
em rupturas de terrenos vulcânicos. Tais jatos
ocorrem em intervalos regulares de tempo e com
grande força, sendo acompanhados, com frequência, por um som ruidoso. Regiões vulcânicas nos Estados Unidos, Chile, Nova Zelândia e
Islândia são conhecidas mundialmente por seus
campos de gêiseres.
Campos de gêiseres El Tatio, Chile. Foto: C. M. Noce.
3. Abalos Sísmicos ou terremotos
São movimentos naturais da crosta terrestre os quais se propagam por meio de vibrações (ondas sísmicas),
podendo provocar drásticas mudanças na superfície terrestre num curto período de tempo.
A intensidade dos terremotos é bastante variável. São dois os fatores que mais influem nessa intensidade:
1) distância entre o local de origem do terremoto, chamado de hipocentro ou foco, e o local onde ele se manifesta, denominado epicentro; e 2) heterogeneidade das rochas. Quanto maior for a referida distância, menor
será a intensidade e, quanto mais resistentes forem as rochas, menores serão os danos.
Origem e propagação dos terremotos.
Fratura
Epicentro
Hipocentro
Ondas sísmicas
Fonte: PARKER, Steve, MORGAN, Sally e STEELE, Philip. Quase tudo sobre o mundo. São Paulo, Impala, 1998. p. 14.
Origem e propagação dos terremotos. No local de origem ou hipocentro, as tensões acumuladas por longo
período de tempo provocam a ruptura das camadas de rochas, às vezes seguida da formação de fraturas. Em
consequência, ocorre uma propagação de ondas sísmicas ou tremores, que se manifestam em determinados lugares da superfície terrestre, constituindo o epicentro do terremoto.
A Escala de Richter é a mais utilizada, atualmente, para a medição da intensidade dos abalos sísmicos.
Tremores pequenos, sentidos num raio de poucos quilômetros e sem causar danos, têm magnitude da
ordem de 3. Sismos moderados, que podem causar algum dano, têm magnitudes na faixa de 5 e 6.
Os terremotos com grande poder de destruição têm magnitudes acima de 7. As maiores magnitudes já
registradas, neste início de século e no passado, chegaram a 8,5 (terremotos no Himalaia em 1920 e 1950,
e no Chile em 1960).
Os sismógrafos são os instrumentos utilizados no registro da intensidade dos terremotos.
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Os terremotos podem provocar efeitos de grandes proporções sobre o relevo, como deslizamentos, desmoronamentos, formação de fendas no solo, entre outros. Eles têm sua ocorrência relacionada a três tipos de causas que são as seguintes:
 Tectonismo – os maiores e mais violentos terremotos ocorrem nas bordas das placas tectônicas.
 Vulcanismo – os terremotos, geralmente de pequena intensidade, são provocados por explosões internas
ou acomodações de materiais nos bolsões (vazios) que surgem após a expulsão do magma do interior do
planeta.
 Desmoronamentos internos – terremotos, em geral locais e de pequena intensidade, costumam ser provocados por desmoronamentos de camadas de rochas no interior da Terra. A acomodação de camadas de
sedimentos, em razão do seu próprio peso, pode provocar também terremotos locais e de pequena intensidade. Tal fato é a causa de alguns tremores de terra verificados no Brasil.
No Círculo de Fogo do Pacífico, situam-se cerca de 42% dos epicentros de terremotos do globo. Normalmente, 25% deles são verificados no Himalaia, Alpes, Atlas e Apeninos e, 23% em regiões de falhas, a
exemplo da África oriental e dos Bálcãs.
Sismicidade Mundial. Mapa de epicentros do período 1964 a 1995 de sismos com magnitude ≥ 5,0 Fonte: U.S.
Geological Survey. Efeitos de um terremoto ocorrido em Taiwan, em 1999. Foto: Reuters.
Os terremotos e os tremores de terra podem provocar maremotos se ocorrerem próximos ao litoral ou no
fundo submarino.
Os maremotos, também chamados de raz de maré ou ainda tsunami pelos japoneses, são ondas extremamente violentas.
Elas podem se fazer sentir a vários quilômetros da zona litorânea, como ocorreu, por exemplo, na Indonésia
em 2004 (ver leitura complementar).
O terremoto que ocorreu em Shensi (China) em 1556 provocou a maior mortalidade da história, com
830.000 mortos. Já o maior terremoto do século XX, com magnitude de 8,5, ocorreu no Sul do Chile
em 1960.
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AGENTES EXÓGENOS DO RELEVO
Os agentes externos do relevo realizam um trabalho escultural ou de modelagem da paisagem terrestre,
tendo atuação contínua e prolongada. A participação de cada um deles difere bastante a depender da área de
atuação. Nas regiões de elevadas latitudes e altitudes, por exemplo, o trabalho do gelo na esculturação do relevo é muito mais notável e intenso do que o dos demais agentes.
Os agentes externos modificam a fisionomia do relevo, provocando erosão (destruição) de rochas e solos,
gerando sedimentos que são transportados pelos mesmos agentes e depositados (sedimentação) em locais mais
baixos do terreno.
1. Intemperismo ou Meteorização
Corresponde ao conjunto de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e
decomposição das rochas. Sendo assim, podemos observar os seguintes tipos de intemperismo:
• Intemperismo físico – é o processo de desagregação sofrido pelas rochas ocasionado, principalmente,
pela ação da temperatura. Esta provoca a dilatação e contração do material que compõe as rochas, fragmentando-as. Este intemperismo é predominante em regiões áridas e semiáridas como, por exemplo, os
desertos e o Semiárido Nordestino.
• Intemperismo químico — é o processo de decomposição sofrido pelas rochas, sendo resultante, principalmente, da ação das águas que provoca a decomposição do material rochoso, removendo e transportando partículas de minerais em solução. Tal intemperismo é predominante em regiões úmidas do globo,
a exemplo das florestas equatoriais e tropicais.
Quando a ação bioquímica ou física de seres vivos ou da matéria orgânica proveniente de sua decomposição participa do processo intempérico, este é denominado intemperismo químico-biológico ou físico-biológico.
O manto de intemperismo geralmente evolui, em suas porções superficiais, através dos processos
pedogenéticos, para a formação dos solos.
A ação e intensidade do intemperismo são controladas pelo clima (variação da temperatura e distribuição das chuvas), relevo (influência na infiltração e drenagem das águas pluviais), flora e fauna, tipo de
rocha (apresentando resistência diferenciada ao intemperismo, segundo sua natureza) e tempo de exposição da rocha aos agentes intempéricos.
2. Ação das águas fluviais
Dentre os agentes naturais, os rios são os maiores modificadores do relevo terrestre. Sua ação dá-se das
seguintes formas:
• Erosão fluvial – é a destruição causada pelos rios, ao longo do seu percurso, escavando a superfície terrestre e formando os vales que podem assumir várias formas (ser mais abertos, mais fechados). Estes podem
ser extremamente escarpados, com margens abruptas, recebendo o nome de cañon (nome de origem
espanhola). Podemos citar como exemplos o cañon do rio Colorado (oeste dos EUA) e o do São Francisco
(nordeste brasileiro).
• Acumulação fluvial – é o trabalho de deposição de sedimentos transportados pelos rios. Este pode originar
várias feições morfológicas, como planícies aluviais (extensas áreas sedimentares próximas à desembocadura dos rios) e deltas (depósitos aluviais na foz de certos rios, originando ilhas e canais). Um exemplo disso é
o delta do rio Parnaíba, na fronteira do Maranhão com o Piauí.
No alto curso do rio (onde se situa a nascente), predomina a erosão fluvial. Já no baixo curso (onde se
situa a foz), verifica-se o predomínio da acumulação fluvial. Normalmente, a depender do rio, no médio
curso há o transporte e a acumulação de sedimentos.
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O TRABALHO DAS GELEIRAS E DOS RIOS, MODELANDO PAISAGENS
3. Ação das águas pluviais
Além dos rios, as águas de escoamento superficial originadas pelas chuvas, como as enxurradas e as torrentes (cursos d’água periódicos produzidos por fortes enxurradas) são importantes modificadores da paisagem. Elas
podem provocar o aparecimento de duas feições bem características, a seguir:
• Ravinas – sucos (escavações) produzidos nos terrenos.
• Voçoroca, vossoroca ou boçoroca – escavação ou rasgão do solo ou de rocha decomposta, ocasionado pela
erosão do lençol de escoamento superficial.
A erosão decorrente das chuvas é denominada erosão pluvial.
4. Ação das geleiras (glacial)
As geleiras são massas continentais de gelo com limites bem
definidos, originadas pela acumulação e compactação por pressão
de neve transformando em gelo. Elas se movimentam continuamente devido à gravidade, provocando mudanças significativas no
relevo. Sua ação, nesse sentido, dá-se da seguinte forma:
Nível d’água
Boçoroca
Sulcos ou ravinas
Zona temporariamente
encharcada
Morfologia de sulcos e boçorocas
• Erosão glacial – envolve a incorporação e remoção,
pelas geleiras, de detritos ou partículas (rochosas) da
superfície sobre a qual elas se deslocam. A água de
degelo glacial também produz erosão mecânicamente (assemelhando-se à erosão fluvial) ou por ação
química.
A ação abrasiva do gelo resulta em modificação, por
exemplo, do perfil dos vales fluviais de “V” para “U”
em vales glaciais. Estes últimos são chamados de fiordes, presentes, dentre outros lugares, na costa do Chile.
Tipos de morenas em geleira de vale. a) mediana; b) lateral; c) terminal.
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• Acumulação glacial – corresponde ao depósito de partículas de rochas e outros materiais que foram transportados pela língua da geleira (descida de uma geleira que sofreu derretimento) das vertentes das montanhas para sua base, onde são depositados. Ao longo do tempo geológico, esses depósitos formam as chamadas morenas ou morainas.
Quando pedaços das geleiras continentais se desprendem, formam blocos de gelo que são transportados pelas correntes marítimas denominados icebergs.
5. Ação Marinha
O mar realiza um forte trabalho de destruição e construção do relevo das áreas litorâneas, modificando
expressivamente as paisagens costeiras. A ação marinha pode se fazer através de:
• erosão marinha – trabalho de destruição e construção feito pelo mar, também chamado de abrasão marinha.
O exemplo mais evidente de forma de relevo resultante disso são as falésias (costas abruptas e escarpadas
no litoral), que podem ser observadas na foto abaixo.
Afloramento da Formação Barreiras
• acumulação marinha – trabalho realizado pelo mar de deposição de sedimentos. Isso pode originar vários
tipos de feições, tais como praias (depósitos de areias, com predomínio de grãos de quartzo), tômbolos
(depósitos de areia que ligam uma ilha a um continente) e restingas ou cordões litorâneos (faixas de areia
depositadas paralelas à costa, podendo originar lagunas ou lagoas costeiras).
6. Ação eólica ou dos ventos
A ação eólica fica registrada no relevo seja de forma destrutiva (erosão) ou
construtiva (sedimentação). Dessa forma, os ventos realizam as seguintes ações:
• Erosão eólica — caracterizada pelos processos de deflação ou corrasão
(trabalho executado pelos ventos sobre a superfície das rochas, carregando
os detritos desagregados pela erosão mecânica) e abrasão (intenso processo
de desgaste e polimento das feições do relevo provocado pelo impacto de
partículas de areia transportadas pelo vento).
Outro exemplo da ação do vento no modelado do relevo: a Taça, no Parque
Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa (PR, 2001).
• Acumulação eólica — a ação dos ventos de transporte e posterior deposição
de partículas podem formar dunas, mares de areia e depósitos de loess.
As dunas são montes de areia que podem ser classificadas em estacionárias
(permanecem fixas) ou migratórias (se deslocam). Os mares de areia são
grandes áreas cobertas de areia (dunas), a exemplo da Arábia Saudita com
cerca de 1.000.000 km² da superfície cobertos por areia atualmente. Já os depósitos de loess consistem
de sedimentos muito finos (argila e silte), homogêneos e comumente amarelados. No nordeste da China,
os depósitos de loess atingem mais de 150 metros de espessura, embora apresentem uma média de 30
metros.
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A erosão antrópica refere-se à intervenção humana na paisagem, modificando suas feições através
da construção e/ou destruição de formas de relevo.
Devido ao fato de acelerarem os efeitos dos processos
naturais, tais ações são também chamadas de erosão
acelerada. São exemplos disso a prática de desmatamento ou o corte de barrancos para a construção de
estradas que aceleram a erosão superficial.
Pequeno lago represado por duna transversal, exibindo marcas onduladas (direção preferencial do vento da direita para
esquerda). Campo de dunas dos Lençóis Maranhenses (MA).
Foto: I. D. Wahnfried.
Erosão causada por enxurradas provocou o desabamento
de parte da BR 381 (Fernão Dias), na saída de Belo Horizonte
(MG, 2002). O trabalho humano transforma a paisagem e provoca
a erosão antrópica, acelerando os processos naturais.
FORMAS DE RELEVO
Os principais tipos de relevo são os seguintes:
1. Planície – corresponde a uma extensão de terreno
mais ou menos plano delimitado por aclives, onde os
processos de deposição de sedimentos superam os de
erosão. Em decorrência disso, as planícies são de natureza sedimentar.
Ex: planície da bacia Congolesa (África).
2. Planalto – é uma extensão de terrenos elevados mais ou menos planos delimitados por declives, onde os
processos erosivos predominam em detrimento dos deposicionais. Ex: planalto do Colorado (EUA).
Chapada – denominação usada no Brasil para os planaltos sedimentares típicos que aparecem nas regiões
Centro-Oeste (Guimarães, Parecis) e Nordeste (Araripe, Diamantina) do país.
Chapadões – sucessão de chapadas.
3. Montanha – é uma grande elevação natural do terreno constituída por um agrupamento de morros.
As montanhas podem ser originadas por dobramentos, falhamentos, vulcanismo (o cone vulcânico) ou
erosão (restringe-se a morros testemunhos e são de pequena extensão). Quanto à idade, as montanhas
podem ser jovens – originadas, de modo geral, no Terciário – preservando suas formas aguçadas (pontiagudas), ou podem ser velhas, com formas e altitudes bastante suavizadas e rebaixadas por terem sofrido
vários ciclos de erosão. Como exemplo das primeiras, podemos citar os Andes (América do Sul) e os Atlas
(África Setentrional) e, com relação a essas últimas, podemos mencionar as Montanhas Laurencianas
(Canadá) e as montanhas da Serra do Mar (Sudeste brasileiro).
A montanha típica é aquela formada por forças tectônicas orogenéticas. São exemplos os grandes
dobramentos modernos, como o Himalaia.
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4. Depressão – é uma forma de relevo que se apresenta em posição altimétrica inferior à das áreas vizinhas. Ela pode ser de dois tipos:
• Depressão absoluta – área ou porção do relevo situada abaixo do nível do mar. Ex: Mar Morto (Oriente
Médio – Ásia) situado a 395 metros abaixo do nível do mar.
• Depressão relativa – área ou porção do relevo situada abaixo do nível das regiões que lhe estão próximas, com altitude acima do nível do mar. Ex: depressão do Tocantins (Brasil).
REPRESENTAÇÃO DE UMA DEPRESSÃO RELATIVA
Depressão relativa
Escarpa
Planalto
Planície
5. Cuesta – é uma forma dissimétrica de relevo constituída por uma sucessão alternada de camadas, com
diferentes resistências ao desgaste, e que se inclinam numa direção, formando um declive suave no terreno de um lado, e um corte abrupto ou íngreme na chamada frente de cuesta de outro. Constitui-se
como o tipo de relevo predominante nas bordas de bacias sedimentares e em velhas plataformas. A bacia
de Paris (França) e a do Parnaíba (Brasil) são dois exemplos clássicos de estruturas de cuestas.
ESQUEMA REPRESENTATIVO DA ESCARPA E DA FRENTE DA CUESTA
* Cornija: abrupto saliente capeado por camada de rocha resistente.
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6. Morro Testemunho – refere-se a uma colina de topo mais ou menos plano situado adiante de uma escarpa
de cuesta, mantido pela camada mais resistente.
7. Inselbergue – elevações residuais “ilhadas” que aparecem em regiões de clima árido e semiárido, resultantes de pediplanação (processo de aplainamento de extensas superfícies por agentes externos do relevo).
8. Serra – refere-se a terrenos acidentados com fortes desníveis. No Brasil, as serras designam, às vezes,
acidentes variados, como escarpas de planaltos com altura de 50 a 100 metros. As serras brasileiras ora
constituem escarpas de blocos falhados (a exemplo da Serra do Espinhaço); ora escarpas de erosão
(como a Serra Geral); ora escarpas de chapadas residuais (como a Serra do Araripe); dentre tantas outras
formações.
Relevo Brasileiro
O território brasileiro apresenta uma grande variedade morfológica, como planaltos, planícies, chapadas,
serras e cuestas, dentre outras. Isso resulta, principalmente, da ação dos agentes exógenos  destacando-se a
atuação da temperatura, dos ventos, das chuvas e dos rios  sobre estruturas geológicas de diferentes naturezas
e, no geral, antigas.
As formas atuais do relevo brasileiro foram esculpidas, principalmente, ao longo do período Terciário da Era
Cenozoica.
Pelo fato de se constituírem predominantemente por estruturas geológicas antigas que sofreram um longo
tempo de atuação dos agentes modeladores do relevo, este possui formas bem trabalhadas pela erosão e com
níveis altimétricos baixos predominando altitudes inferiores a 800 metros.
BRASIL: HIPSOMETRIA
Graça Maria Lemos Ferreira, Moderno atlas geográfico, p. 4.
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O ponto mais alto do Brasil é o Pico da Neblina com 3.014 metros de altitude, localizado no Amazonas,
próximo à fronteira com a Venezuela.
Não existem dobramentos modernos no território brasileiro pelo fato de o mesmo situar-se no interior da
placa litosférica Sul-Americana. Assim como, na sua parte continental, não existem formas oriundas da atuação recente de vulcanismo.
Existem três classificações bastante difundidas do relevo brasileiro. A seguir podemos ver cada uma delas
com suas principais características.
a) Classificação do relevo brasileiro, segundo Aroldo de Azevedo Criada em 1940 por Aroldo de Azevedo
(professor do Departamento de Geografia da USP), esta classificação leva em conta a altimetria do relevo, definindo planaltos como possuindo mais de 200 metros de altitude e, planícies como possuindo menos de 200 metros de altitude. Nota-se, com isso, que Aroldo de Azevedo valorizou a terminologia geomorfológica na classificação das grandes unidades do relevo.
Para caracterização das unidades menores, ele considerou as características geológicas (ver figura na
página seguinte).
DIVISÕES DO REVELO BRASILEIRO, SEGUNDO AROLDO DE AZEVEDO
Fonte: Aroldo de Azevedo, O Planalto Brasileiro e o problema de classificação de suas formas de relevo,
in Boletim da AGB, 1949, p. 43–50.
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Nesta classificação do relevo, os planaltos respondem por 59% e as planícies por 41% da área territorial do Brasil.
b) Classificação do relevo, segundo Aziz N. Ab’Saber O geógrafo Aziz N. Ab’Saber (professor do Departamento de Geografia da USP) propôs uma nova divisão do relevo brasileiro em 1962. Ele manteve grande
parte da proposta elaborada por Aroldo de Azevedo, acrescentando, entretanto, novos conhecimentos a
respeito do relevo, como o acréscimo de novas unidades. Todavia, Aziz partiu de uma definição de
planalto e planície diferente da utilizada por aquele autor, considerando o primeiro como uma área onde
os processos de erosão superam os de sedimentação e, o segundo como uma área onde os processos de
sedimentação superam os de erosão, independentemente da altimetria.
Segundo Aziz, o Brasil é composto por dez grandes unidades de relevo. Neste, os planaltos representam
cerca de 75% e as planícies 25% do território do país.
RELEVO BRASILEIRO
Aziz Ab’Saber contou com o uso da aerofotogrametria (medições precisas do terreno por meio de fotografia aérea), em algumas regiões, como suporte na divisão do relevo brasileiro.
Fonte: Aziz Nacib Ab’Saber, O relevo brasileiro e seus problemas, in Aroldo de
Azevedo (org.), Brasil — a terra e o homem, volume I, As bases físicas, p. 155.
Caracterização geral do relevo brasileiro
1. Planalto das Guianas – Localizado ao norte da planície e terras baixas amazônicas, corresponde ao escudo
cristalino das Guianas. Muito antigo, foi desgastado pela erosão, apresentando altitudes modestas, exceto na
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região serrana (fronteira com as Guianas e a Venezuela), onde estão os montes Roraima (2.875 m), Trinta e
Um de Março (2.992 m) e o Pico da Neblina (3.014 m), ponto culminante do território brasileiro.
Nas terras fronteiras com a Venezuela e a Colômbia, no planalto das Guianas, está sendo implantado o
projeto Calha Norte, que tem por objetivo razões geopolíticas e geoestratégicas, além da exploração de
minérios (ouro, urânio, manganês) e de madeira.
2. Planalto Brasileiro – Estende-se desde o sul da Amazônia até o Rio Grande do Sul. É formado por terrenos
cristalinos, sedimentares e vulcânicos. Dada sua diversidade, é dividido em planalto Central, planalto do
Maranhão-Piauí, planalto Nordestino, planalto Meridional e serras e planaltos do Leste e Sudeste.
3. Planalto Central – Abrange as terras da região Centro-Oeste, do sul da Amazônia, da parte ocidental da
Bahia e de Minas Gerais. Seus terrenos são sedimentares (chapadas dos Veadeiros, Parecis e Guimarães) e
cristalinos (planaltos Goiano, Norte-matogrossense e Sul-amazônico).
No planalto Central, encontram-se a cidade de Goiânia e o Distrito Federal. Os cerrados são dominantes e
as principais atividades econômicas são a pecuária, a grande lavoura e a mineração.
4. Planalto do Maranhão-Piauí – Apresenta planaltos rebaixados, cuestas e tabuleiros, como o Planalto de
Ibiapaba.
5. Planalto Nordestino – Apresenta também cuestas e depressões periféricas. Destacam-se as chapadas da
Borborema, Baturité, Araripe e Apodi.
6. Planalto Meridional – Abrange terras dos Estados de São Paulo, sul do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Seus terrenos estão situados na bacia sedimentar Paranaica, que sofreu na
Era Terciária sucessivos derrames de lavas básicas, originando basaltos e diabásicos. O planalto Meridional
subdivide-se em planalto arenito-basáltico e depressão periférica. No planalto arenito-basáltico situam-se
os férteis solos de terra roxa oriundas da decomposição do basalto e do diabásico. Nas bordas do planalto,
formaram-se escarpas, suavemente inclinadas em direção à depressão periférica, as chamadas cuestas.
Possuem solos vulcânicos chamados de Trapps.
7. Serras e planaltos do leste e sudeste – Correspondem ao planalto Atlântico do sudeste com os “mares
dos morros”, o planalto Atlântico da Bahia, a serra do Mar e da Mantiqueira, a serra do Espinhaço e a
Chapada Diamantina.
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AS PLANÍCIES
Florestas (matas galerias)
Cerrados
No planalto central brasileiro distinguimos os chapadões, que são extensos interflúvios
aplainados, recobertos pela vegetação de cerrados. Ao longo dos vales que sulcam esse
planalto, ocorre a presença das matas e florestas.
Planalto
das Guianas
1  Várzeas
Planície Amazônica
2  Tesos
Planalto
Brasileiro
3  Terra firme ou baixos platôs
1. Planície Amazônica: É uma extensa planície sedimentar disposta no sentido Leste-Oeste, localizada entre o
Planalto Guiano e o Planalto Central. Nem toda essa área é de planície, pois ocorrem também os baixos
“platôs”. A planície é dividida em: terra firme ou “caatê”, várzea (onde se planta arroz, juta e seringueira)
e igapó. A planície em si mesma está representada pela zona da várzea.
2. Planície do Pantanal: Localiza-se a oeste do MS. É de formação recente (Quaternária). É atravessada pelo
rio Paraguai, que inunda a planície temporariamente, formando o lago Xaraiés. No Paraguai, é denominada
de Chaco. Destaca-se, na região, o Maciço do Urucum, o qual é rico em ferro e manganês.
3. Planície Costeira: Ocupa faixas ao longo do litoral. É de formação recente (Terciário e Quaternário).
Destacam-se, nesta planície, as Baixadas Santista e Fluminense, além de inúmeras praias, restingas, falésias, tômbolos, recifes e dunas.
Planície Gaúcha: Situa-se no extremo sul do país. Nela, as restingas aparecem em quantidade, especialmente na lagoa dos Patos e Mirim. A vegetação é de campos.
CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO, SEGUNDO JURANDYR ROSS
Essa classificação é produto da aerofotogrametria, onde um radar instalado na “barriga” de um avião fotografou todo o Brasil entre 1970 a 1985, por meio do Projeto Radambrasil.
A partir dessa classificação, o Brasil passa a contar com 28 unidades geomorfológicas, tendo como grande
novidade o aparecimento do conceito de depressão.
Vejamos, a seguir, as principais características do nosso relevo, segundo Jurandyr Ross:
• Os planaltos são a forma de relevo predominante no país, ocorrendo em número de onze.
• No Brasil só ocorrem depressões relativas como, por exemplo, a Depressão do Vale do Paraíba do Sul
(entre as Serras do Mar e Mantiqueira).
• Nossos territórios são formados por planaltos, depressões e planícies.
• As depressões são em número de onze, constituindo-se na segunda forma de relevo.
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As principais depressões são:
√ Depressão Marginal Norte-Amazônica.
√ Depressão Marginal Sul-Amazônica.
√ Depressão Sertaneja.
√ Depressão do São Francisco.
√ Depressão Periférica do Paraná.
• As planícies ocupam pequena parte de nosso relevo.
• A planície do Rio Amazonas (nome atual), limita-se a uma estreita faixa de terras planas que margeiam o
rio Amazonas e seus afluentes.
O Projeto RADAMBRASIL fotografou todo o território brasileiro por meio de um radar instalado na base
de um avião de 1970 a 1985. Disso resultou um detalhado e completo levantamento da geologia, geomorfologia e dos recursos naturais (hidrografia, solos, vegetação, minérios, dentre outros).
Cortes esquemáticos referentes às linhas A-B, C-D e E-F, aqui indicadas, são apresentados nas próximas figuras.
No planalto das Guianas, em áreas próximas à fronteira do Brasil com a Venezuela e a Colômbia, está
sendo implantado o projeto Calha Norte cujos objetivos referem-se à exploração de minérios (ouro, urânio,
manganês) e a razões geopolíticas e geoestratégicas.
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Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. Nova Escola. São Paulo, Abril, out. 1995. p. 14.
REFERÊNCIAS
ADAS, Melhem, Panorama Geográfico do Brasil: Contradições, impasses e desafios socioespaciais; Sérgio Adas (colaborador) 3a ed. São Paulo:
Moderna, 1998.
COELHO, Marcos de Amorim; TERRA, Lygia. Geografia Geral e do Brasil. Volume único. São Paulo: Moderna, 2003.
COELHO, M. A.; TERRA, L. Geografia Geral: o espaço natural e socioeconômico. 4a ed. São Paulo: Moderna, 2001.
IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
MOREIRA, J. C.; SENE, E. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2004.
OLIVEIRA, C. Dicionário cartográfico. 2a ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1983.
PRESS, Frank [et. al] Para entender a Terra. 4a ed. Porto alegre: Bookman, 2006.
SENE, E; MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 1998.
SILVA, B. C. N. [et. al]. Atlas Escolar da Bahia: espaço geo-histórico e cultural. 2a ed. João Pessoa: Grafset, 2004.
VEJA, São Paulo. Abril, V. 43, no 3, Janeiro, 2010.
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O DIA EM QUE O MUNDO ACABOU
Com a força de trinta bombas atômicas, o grande terremoto que sacudiu o Haiti destroçou a capital, Porto
Príncipe, causou um número ainda "inimaginável" de mortos, vitimou brasileiros e deixou o país, já paupérrimo,
mais arrasado do que nunca.
Quando o mundo acabou no Haiti, às 4 e 53 da tarde de terça-feira, o mais terrível foi que, por algum tempo, os mortos viveram. Com a força infernal de trinta bombas atômicas, o terremoto aconteceu no pior lugar
possível. Seu coração de terrível poder, o epicentro, praticamente coincidiu com as ruas e encostas es-quálidas
de Porto Príncipe, a capital. Pouca coisa resistiu. Os casebres, os prediozinhos precários, os escassos edifícios
mais imponentes. O topo da catedral, com suas duas torres, desapareceu. O arcebispo morreu.
O Congresso ruiu, com o presidente do Senado lá dentro. Hospitais, escolas, hotéis. Uma universidade inteira
tragou 1000 viventes. No palácio presidencial, em pomposo estilo francês, foi como se uma foice gigante tivesse
ceifado o prédio, na horizontal, e ele se reacomodasse, alguns metros mais abaixo. "Estou andando sobre corpos", disse Elisabeth Preval. A mulher do presidente, depois de escapar do choque mortífero que tudo engolfou.
Zilda Arns, uma campeã da humanidade na luta para salvar crianças da desnutrição, não conseguiu escapar. Da
mesma forma que quase duas dezenas de militares brasileiros da força da ONU no Haiti. O prédio de cinco andares ocupado pelos funcionários civis da ONU também veio abaixo, com mais de 200 pessoas dentro, entre as
quais o segundo no comando, o carioca Luiz Carlos da Costa.
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SISMÓLOGO EXPLICA MAREMOTO QUE PROVOCOU
MILHARES DE MORTES NA ÁSIA
da BBC Brasil 27/12/2004
Pelo menos 300 mil pessoas morreram depois que ondas gigantes provocadas por um tremor atingiram áreas
costeiras no sul e no leste da Ásia. O sismólogo Brian Baptie, um dos especialistas da British Geological Survey,
explicou como a onda — ou tsunami — foi criada.
Em termos geológicos, o que aconteceu?
Sumatra, no noroeste da Indonésia, fica na junção das placas tectônicas. A superfície da Terra é formada
por várias placas tectônicas diferentes, e elas estão todas se movendo.
A placa que fica sob o Oceano Índico está se movendo mais ou menos para o nordeste, o que faz com que
ela se colida com Sumatra. E, na medida em que a colisão ocorre, a placa do Oceano Índico é pressionada sob
Sumatra e, com a pressão, ela se rompe. E é isso o que causa o tremor.
Este abalo sísmico é um dos mais fortes já registrados. Houve uma ruptura ao longo da fissura de cerca de
1.000 km de comprimento, e isso gera um deslocamento vertical de cerca de dez metros. O deslocamento no
leito marinho gerou este enorme tsunami.
Como a onda se desenvolve?
Há um enorme deslocamento vertical no leito do mar como resultado do tremor, e isso movimenta um
enorme volume de água.
Pode-se imaginar que, se a ruptura é de 1.000 km de comprimento com um deslocamento de dez metros no
leito do mar, isso envolve centenas de quilômetros cúbicos de água e resulta em uma onda que atravessa o oceano.
Nas profundezas do oceano, a altura da onda pode ser de poucos metros, talvez cinco ou dez metros, e ela
se move a umas poucas centenas de quilômetros por hora.
Isto significa que ela se move relativamente devagar se comparado com as ondas sísmicas do tremor, e ela
chegou horas depois às áreas costeiras que estão em volta de todo o Oceano Índico.
Na medida em que a onda tsunami se aproxima do litoral, ela diminui de velocidade porque a água fica mais
rasa e, com isso, a altura da onda aumenta bastante.
Quando ela atinge a praia, pode ter de dez a vinte metros.
Por que não houve aviso de que isto estava acontecendo?
Há um sistema de alerta para tsunamis no Oceano Pacífico porque há um precedente histórico em que
vários maremotos causaram tsunamis como este durante o século 20.
Mas não há precedente real para um tsunami como este no Oceano Índico. Então, esta é a primeira vez que
isto acontece e não há sistema de alerta.
Pode haver mais ondas de escala semelhante?
É pouco provável que ocorram mais tsunamis do mesmo tamanho. O que normalmente acontece quando
você tem um grande tremor é que eles continuam por vários dias.
Eles costumam ser um pouco menores do que o principal abalo, embora não seja impossível que possa
ocorrer mais um. Mas pode haver abalos sísmicos, e eles podem criar tsunamis menores.
TERREMOTO EM MINAS É O 1a A REGISTRAR MORTE NO PAÍS, AFIRMA ESPECIALISTA
da Folha Online 09/12/2007 — 17h52
O terremoto de 4,9 graus na escala Richter no norte de Minas Gerais é o primeiro a registrar uma morte,
segundo o Obsis (Observatório Sismológico de Brasília), da UnB (Universidade de Brasília).
O tremor foi sentido na comunidade rural de Caraíbas, distante 35 km de Itacarambi (MG), segundo o governo de Minas. Uma criança de cinco anos morreu esmagada pela parede de sua casa, que não resistiu ao abalo e
caiu.
Outras duas pessoas tiveram traumatismo craniano e quatro foram internadas com ferimentos leves.
Segundo o governo de Minas, o tremor ocorreu na madrugada deste domingo e atingiu também, de forma
mais leve, a cidade de Itacarambi e alguns pontos de Manga e Januária. Informações preliminares do Cedec
(Coordenadoria Estadual de Defesa Civil) mostram que no total 60 casas foram atingidas.
A Cedec informou que as famílias que tiveram suas casas destruídas serão removidas. Elas receberão cestas
básicas, colchões e cobertores. A coordenadoria estuda ainda se outras remoções serão necessárias.
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Inédito
Segundo o chefe do Obsis e professor de sismologia da UnB, Lucas Vieira Barros, o tremor no norte de Minas
é o primeiro a provocar morte desde o início das medições feitas pelo observatório, em 1968.
Barros afirma que a região é conhecida por falhas geológicas e dentre as possibilidades que podem ter
provocado o tremor em Minas está a de um afundamento em uma caverna.
Ele e outros dois técnicos da UnB devem chegar na manhã desta segunda-feira (10) para avaliar o que de
fato ocorreu.
Em maio, o Obsis já havia registrado um tremor de 3,5 graus no local e chegou a avisar a Defesa Civil para
eventuais problemas, mas nenhuma ocorrência grave foi registrada.
Em outubro deste ano, os técnicos do Obsis instalaram seis estações sismográficas para monitorar a região
norte de Minas. A análise desses equipamentos deve auxiliar os técnicos a descobrir o que teria provocado o
tremor.
SAIBA MAIS SOBRE A ESCALA RICHTER
da Folha Online 06/03/2007 — 20h20
A escala de medida de energia sísmica liberada por terremotos conhecida como Richter surgiu em 1935,
idealizada pelo sismólogo americano Charles F. Richter. Após recolher dados de inúmeras ondas sísmicas liberadas por terremotos, Richter criou um sistema para calcular as magnitudes dessas ondas.
A escala Richter foi inicialmente criada para medir apenas a magnitude de tremores no sul da Califórnia,
utilizando um equipamento específico — o sismógrafo Wood-Anderson. Apesar da limitação original e do surgimento de vários outros tipos de escalas para medir terremotos, a escala Richter continua sendo largamente
utilizada hoje.
A primeira escala Richter apontou o grau zero para o menor terremoto passível de medição pelos instrumentos existentes à época. Atualmente, a sofisticação dos equipamentos tornou possível a detecção de tremores
ainda menores do que os associados ao grau zero, e ocorre a medição de terremotos de graus negativos na escala Richter.
Teoricamente, a escala Richter não possui limite.
De acordo com o Centro de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos, aconteceram três terremotos com
magnitude maior do que nove na escala Richter desde que a medição começou a ser feita. De acordo com outras
fontes, como a enciclopédia Britannica, tal marca nunca foi alcançada. Veja a tabela abaixo:
ENTENDA OS EFEITOS DOS TERREMOTOS
Os sismólogos usam a escala de magnitude para representar a energia sísmica liberada por cada terremoto.
Veja abaixo a tabela com os defeitos típicos de cada terremoto em diversos níveis de magnitude.
Escala Richter
Menos de 3,5
Efeito do terremoto
Geralmente não é sentido, mas pode ser registrado.
3,5 a 5,4
Frequentemente não se sente, mas pode causar pequenos danos.
5,5 a 6,0
Ocasiona pequenos danos em edificações.
6,1 a 6,9
Pode causar danos graves em regiões onde vivem muitas pessoas.
7,0 a 7,9
Terremoto de grande proporção, causa danos graves.
de 8 graus ou mais
Terremoto muito forte. Causa destruição total na comunidade atingida e em comunidades próximas.
Esta tabela é “aberta”, portanto não é possível determinar um limite máximo de graus. Ainda que cada
terremoto tenha uma magnitude única, os efeitos de cada abalo sísmico variam bastante devido à distância, às condições do terreno, às condições das edificações e de outros fatores.
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NÚMERO DE MORTOS POR TERREMOTO NO CHILE CHEGA 795, DIZ BACHELET
da Folha Online 02/03/2010 — 16h05
O número de mortos no terremoto de 8,8 graus na escala Richter que atingiu o Chile no último sábado (27)
subiu de 763 para 795, anunciou nesta terça-feira a presidente chilena, Michelle Bachelet. Ela deu as declarações durante visita a Curicó, cidade no sul do país afetada pelo tremor, segundo o site do jornal chileno
“El Mercurio”.
Pouco antes, um funcionário do escritório nacional de emergências (Onemi), ligado ao governo, disse que
havia 763 mortos. Os desabrigados continuam em 2 milhões, segundo o governo chileno. Além dos mortos, cerca
de 500 pessoas ficaram feridas, disse o governo hoje. Essa é a primeira vez que o número de feridos pelo tremor
é informado oficialmente.
O ministro da Saúde, Alvaro Erazu, disse a jornalistas que ao menos cem pessoas se encontram em estado
grave.
Cerca de 500 mil casas foram destruídas, de acordo com informações anteriores divulgadas por Bachelet.
“Estamos enfrentando uma catástrofe gigantesca, que irá exigir um esforço de recuperação gigantesco”, disse
após encontro com ministros no palácio La Moneda.
Pessoas recolhem objetos que sobreviveram ao terremoto nas ruas de Talcahuano, no Chile.
Em Concepción, a maior cidade da área próxima do epicentro, muitas ruas da cidade ficaram cobertas de
escombros e centenas de detentos escaparam da penitenciária após o tremor.
Em 1960, o Chile foi atingido por um terremoto de magnitude 9,5, um dos mais fortes já registrados. O
tremor devastou a cidade de Valdivia, matou 1.655 pessoas e causou um tsunami que atingiu a Ilha da Páscoa,
distante 3.700 quilômetros da costa chilena. A onda continuou e chegou ao Havaí, Japão e Filipinas. As ondas
que chegaram nas Filipinas demoraram cerca de 24 horas para atingir o país.
O terremoto deste sábado foi sentido em São Paulo e também nas Províncias argentinas de Mendoza e
San Juan. Uma série de abalos subsequentes atingiram a região costeira do Chile.
Saques
A presidente Bachelet condenou nesta terça-feira os saques e violência registrados nas áreas mais afetadas
pelo terremoto e afirmou que os criminosos “receberão todo o rigor da lei”.
Bachelet se reuniu nesta manhã com os comandantes das Forças Armadas para coordenar o envio de ajuda
às zonas mais afetadas pelo terremoto, no centro-sul do país.
A presidente pediu ainda a compreensão dos chilenos, já que “nunca antes na história do Chile” houve um
terremoto tão devastador.
“O que nos preocupa é levar segurança e tranquilidade à população. Entendemos perfeitamente as angústias e as necessidades das pessoas, mas sabemos perfeitamente que há ações delinquentes de pequenos grupos
que estão provocando enormes danos materiais. Isso não vamos aceitar”, disse.
Brasileiros
A Embaixada do Brasil continua buscando
Arte/Folha Online
informações sobre um brasileiro que estaria
desaparecido em Concepción, cidade mais afetada pelo terremoto.
“Estamos tentando localizar, mas estamos
tendo dificuldade especialmente porque a comunicação com a região está bem complicada”,
disse o embaixador do Brasil no país, Mario
Vilalva. O diplomata conversou com a Folha
Online por telefone de Santiago.
Segundo ele, outro problema é que as informações que chegam à embaixada não são
Mapa mostra a região atingida por tremor no Chile;
oficiais, o que dificulta a busca porque há pouterremoto foi o maior no país em 25 anos.
cos detalhes sobre o desaparecido.
Vilalva diz ainda que a embaixada já investigou três suspeitas de brasileiros entre as vítimas, que não se
confirmaram. O único caso que ainda não foi encerrado é desse brasileiro que estaria em Concepción.
A situação na cidade é crítica: ainda não foi implementado um canal de distribuição de alimentos e, ap esar da forte presença militar nas ruas, os saques prosseguiam.
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Voos
Um novo avião da FAB (Força Aérea Brasileira) deverá trazer mais brasileiros do Chile na próxima quinta-feira, segundo o embaixador. Na madrugada de hoje, uma aeronave trouxe 30 brasileiros.
O avião modelo Hercules, C-130, irá transportar aparelhos de hemodiálise, telefones satélites, um hospital
de campanha da Marinha, além de técnicos em avaliação de estrutura — parte do material foi doado por empresas e a outra pertence a FAB. No retorno ao Brasil, será possível trazer 70 pessoas.
Ao todo, mais de mil brasileiros procuraram a embaixada do Brasil no Chile desde sábado, quando o terremoto de magnitude 8.8 atingiu o Chile. Eles buscam desde informações sobre o terremoto até orientações sobre
como agir.
PRESIDENTE DO HAITI DIZ QUE “QUASE 170 MIL” CORPOS JÁ FORAM RECOLHIDOS
da Folha Online 27/01/2010 — 19h55
O presidente do Haiti, René Préval, anunciou nesta quarta-feira que os corpos de “quase 170 mil” vítimas
do terremoto de 12 de janeiro já foram recolhidos, um número superior ao último balanço fornecido pelas autoridades. “Muitos esforços foram feitos em 15 dias. A Companhia Nacional de Equipamento já retirou quase 170
mil mortos das ruas e removeu grande parte dos escombros para facilitar a circulação”, disse.
Segunda-feira, o ministro da Saúde, Alex Larsen, disse esperar um balanço final de 150 mil mortos após o
terremoto, destacando que as autoridades já tinham contado 90 mil.
À agência de notícias Reuters, Préval confirmou ainda que as eleições legislativas do Haiti programadas para
28 de fevereiro estão adiadas por tempo indeterminado. “A campanha eleitoral deveria ser aberta amanhã, mas
por razões óbvias isto não poderá acontecer.”
Os escritórios do Conselho Eleitoral desabaram com o forte terremoto que matou até 200 mil pessoas. Membros da ONU (Organização das Nações Unidas) que trabalhavam com o grupo morreram e materiais da eleição
ficaram soterrados, afirmou Préval. “Por razões humanas e técnicas, é óbvio que o processo eleitoral não poderá
proceder como o planejado. [...] Agora temos que discutir com os vários partidos o que irá acontecer, e qual
será o próximo plano.”
Préval disse que não se candidatará à reeleição. Seu atual mandato acaba em 11 de fevereiro de 2011.
Hoje, agências da ONU presentes no Fórum Econômico de Davos pediram que seja doado ao Haiti “dinheiro
vivo e não mercadorias”. “No que diz respeito a mercadorias há duas exceções: os haitianos necessitam desesperadamente de comida pronta para consumir e barracas”, diz Catherine Bragg, do órgão humanitário da ONU
(Ocha, na sigla em inglês). Ela lembrou que se aproxima a temporada de chuvas no país.
Em Washington, o FMI (Fundo Monetário Internacional) aprovou a entrega, ainda nesta semana, de
US$ 114 milhões em ajuda emergencial ao Haiti. “As necessidades do Haiti são imensas e urgentes”, falou o diretor-geral do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, em uma nota. “O aumento das somas enviadas pelo Fundo (...)
contribui para ajudar nos gastos que o país tem, permitindo que o governo local pague importações de primeira
necessidade sem esgotar as reservas do Haiti”, acrescentou.
Especial A Catástrofe do Haiti | No Edição: 2097 | 15 Jan — 21:00 | Atualizado em 18 Jan 10 — 16:22
O TREMOR QUE MATOU UM PAÍS
Com um terço de sua miserável população atingido por um terremoto, o Haiti virou um dos mais graves casos de emergência humanitária da história e corre o risco de mergulhar, de novo, na selvageria.
Claudio Dantas Sequeira e Luiza Villaméa
Sete mil corpos já foram enterrados em valas comuns. Milhares de outros estão sob escombros ou empilhados pelas ruas
da capital Porto Príncipe. Feridos e desabrigados caminham a
esmo em busca de socorro. A água se tornou o bem mais precioso no Haiti arrasado por um terremoto com capacidade destrutiva equivalente à de 25 bombas atômicas. Com epicentro a apenas 15 quilômetros de Porto Príncipe, o fenômeno registrado às
16h53 locais da terça-feira 12 multiplicou uma miséria secular.
No dia seguinte à catástrofe “inimaginável”, como definiu o
presidente René Préval, ele mesmo foi encontrado na rua por
uma equipe da rede americana CNN em aparente estado de
choque. Préval sintetizou então o sentimento de uma nação:
“Não tenho onde dormir.” No dia seguinte, Préval ajudou a enterrar os primeiros corpos resgatados dos escombros. Com um
TERRA ARRASADA
A capital Porto Príncipe, onde imperam
a destruição e o caos
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terço da população de nove milhões de habitantes atingido pela catástrofe, o Haiti virou um dos mais graves
episódios de emergência humanitária da história.
Tragédia sem fim. O cenário é de absoluto terror. No país sem infraestrutura, os já precários sistemas de
energia, de comunicação e de abastecimento de água entraram em colapso. Como o Haiti não tem Defesa Civil,
os esforços iniciais de resgate foram feitos por funcionários da ONU, militares e cidadãos comuns, a maioria desesperada em busca de familiares desaparecidos.
À medida que o tempo passa, aumentam os riscos de que epidemias se alastrem. Quando todos os mortos
forem enterrados e os feridos tratados é que se começará a dimensionar o legado dessa tragédia sem fim.
“A situação vai piorar. Muitas outras pessoas vão acabar morrendo”, afirma o radialista haitiano Carel Pedre.
Algumas, no momento, querem apenas resgatar aqueles que amam. É o caso do vendedor ambulante Lionnel
Dervil, pai de quatro filhos: “Eu só quero o corpo da minha mulher. Sei que estão ocupados tratando dos sobreviventes, mas há uma divisão cheia de corpos onde não consigo chegar”.
Os principais símbolos do Haiti — o palácio
do governo e a catedral — viraram pó, apagando
os últimos resquícios da colonização francesa.
Também vieram ao chão o Parlamento, o Palácio
da Justiça, os ministérios das Finanças, Comunicação, Trabalho e Cultura, os três hospitais da
capital, o principal hotel e o prédio da Minustah,
a missão de paz da ONU instalada no país desde
2004. Institucionalmente, o Haiti desapareceu.
Parte de seu investimento no futuro ruiu
VALA COMUM
Corpos amontoados, busca heroica e saques
quando os cinco andares da universidade desabaaumentam o desespero e a dor da população
ram sobre estudantes e professores. Segundo a
Cruz Vermelha, 70% dos edifícios de Porto Príncipe foram destruídos.
O Brasil, por sua vez, nunca esteve tão envolvido em uma tragédia natural no Exterior.
Como comandante militar das forças de paz da
ONU, o Brasil mantém no país caribenho mais de
1,2 mil militares, que se voltaram desde o primeiro momento ao resgate e atendimento às
vítimas do terremoto. A contagem do Ministério
da Defesa até a sexta-feira 15 somava 15 brasileiros mortos em decorrência da catástrofe, entre eles a pediatra e
sanitarista Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança. Os outros 14 são militares, sete deles vindos do 5o Batalhão
de Infantaria Leve, sediado em Lorena (SP), que, pelo sistema de rodízio da Minustah, deveriam voltar para casa neste final de semana. Moradora da cidade vizinha de Cachoeira Paulista, a dona de casa Dalila Anaya Henrique se preparava para receber o filho mais velho, o soldado Tiago, 23 anos: “Eu soube do terremoto, mas nem pensei que meu
filho estaria morto.”
Há ainda 25 militares brasileiros feridos e
quatro desaparecidos. Para o ministro da
Defesa, Nelson Jobim, há poucas chances de
encontrá-los com vida. “Falar em sobreviventes é eufemismo”, disse. Além deles, também está desaparecido o diplomata Luiz Carlos da Costa, número dois da Minustah. Aos 60
anos, casado e com duas filhas, Costa é o
SOBREVIVÊNCIA
brasileiro de maior hierarquia na ONU. Com
No país onde 80% são miseráveis, a pobreza piorou
toda a carreira dedicada a missões de paz,
e a água virou o bem mais precioso
ele pediu há poucas semanas que o secretário-geral Ban Ki-moon estendesse seu mandato no Haiti por mais um ano.
O diplomata estava animado com a nomeação do ex-presidente Bill Clinton como enviado
especial da ONU para o Haiti. A amigos, disse
que havia um novo sopro de esperança para
impulsionar projetos econômicos que pudessem
gerar emprego e renda para a população. Além
de Costa, 188 funcionários da Minustah estão
desaparecidos e 36 mortos. O corpo do chefe da missão da ONU, o tunisiano Hedi Annabi, foi encontrado morto entre
os escombros. No vácuo de autoridade, o comandante militar, o general brasileiro Floriano Peixoto, que estava na
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sede da ONU em Nova York, viajou a Porto Príncipe para assumir a missão até a chegada de Edmond Mulet, antecessor de Annabi, indicado como responsável interino.
Sem classe média “Está tudo acabado. Teremos que recomeçar do zero”, disse o brasileiro Ricardo Seitenfus,
representante da Organização dos Estados Americanos (OEA) para o Haiti. Com 80% dos habitantes vivendo abaixo
da linha de pobreza, o Haiti era um país agonizante que levou um golpe sem precedentes. A Cruz Vermelha estima
em até 50 mil as mortes provocadas pelo terremoto, mas esse número pode aumentar à medida que avançar o
trabalho das equipes de resgate enviadas das mais diversas partes do mundo. Um dos maiores entraves para os
trabalhos de socorro e para a reconstrução do país está na própria composição da sociedade haitiana. Na prática,
não há ligação entre a elite formada na França ou no Canadá e a massa de miseráveis. “Tem um ministro da Educação muito bem formado, com cursos no exterior, mas não há um grupo intermediário que faça funcionar o projeto escolar”, exemplifica o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que chefiou a missão de paz da ONU entre janeiro de 2007 e abril de 2009.
A inexistência de uma classe média com profissionais capacitados a fazer escoar a ajuda humanitária internacional que começa a chegar agrava ainda mais a desgraça que se abateu sobre o país. Com as ruas bloqueadas por destroços de todos os gêneros, as equipes que desembarcam no Haiti têm dificuldade até de locomoção. “Acreditamos
que há três milhões de pessoas afetadas no país, feridas ou desabrigadas”, afirmou Victor Jackson, coordenadorassistente da Cruz Vermelha no Haiti. Sem abrigo, água ou comida, muitos haitianos circulam a esmo pelas ruas e
dormem ao relento, aglomerando-se principalmente no centro de Porto Príncipe e no estádio que abrigou o Jogo da
Paz em 2005, entre as seleções de futebol do Brasil e do Haiti.
Antiga colônia francesa, o Haiti chegou a ser conhecido no final do século XVIII como a “pérola das Antilhas”, por conta de sua exuberante cultura do açúcar, o petróleo da época. Inspirado na Revolução Francesa e
com base em uma revolução de escravos, foi o primeiro país da América Latina a conquistar a independência,
em 1804. Foi também o primeiro a acabar com o regime escravocrata. De lá para cá, porém, as tragédias que
assolam o país são tamanhas que existe entre os organismos de ajuda humanitária o temor de que a comunidade
internacional tenha se cansado do país.
Resgate pedra por pedra “Não desistam do Haiti como se fosse uma causa perdida”, apelou Bill Clinton em um
comovente pedido de ajuda ao país, tentando sensibilizar governos e também as pessoas comuns.
Aos primeiros, pediu de imediato a cessão de helicóp-teros para o socorro aos feridos. “Precisamos também de
água, comida, abrigos e primeiros-socorros. O mais imediato que podem fazer é enviar dinheiro, mesmo um ou dois
dólares”, completou, em parte de discurso na Assembleia-Geral da ONU, dirigindo-se aos cidadãos.
Cerca de 30 países, entre eles Estados Unidos, Brasil,
França, Canadá, Cuba, China, Argentina, Venezuela e
Israel, se mobilizaram de imediato. O presidente americano, Barack Obama, foi o mais generoso. Na quinta-feira
14, Obama anunciou a liberação de US$ 100 milhões para
a recuperação do país caribenho, além do envio de dez
mil soldados e fuzileiros, 300 médicos, um porta-aviões e um navio-hospital. No Brasil, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva determinou a liberação de US$ 15
milhões e a criação de um gabinete de crise coordenado
pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix.
No país que faz resgates à mão, pedra por pedra, devido à ausência de equipamentos adequados, as perspectivas para o futuro são dramáticas. Além das colossais — e
imediatas — perdas, há o risco de o Haiti voltar a um estado selvagem, submergindo numa crise político-institucional similar à que protagonizou no começo da década de 1990. Com as forças internacionais de paz
concentradas nas buscas aos sobreviventes e uma polícia precária, a segurança
pública está ameaçada.
O principal presídio do Haiti desabou com o tremor, deixando escapar
um número ainda não conhecido de detentos. Na quinta-feira 14, um caminhão que tentava vender água na periferia de Porto Príncipe foi atacado por
moradores sedentos. Na madrugada do mesmo dia, o porta-voz da ONG Viva
Rio, Valmir Fachini, informou por e-mail que as ruas de Porto Príncipe viraram palco de saques. “Ouvimos vários disparos de armas de fogo sem poder
dizer de onde vêm. Os saques começaram nos supermercados, que desabaram parcialmente”, contou Fachini, usando a internet, o único meio de comunicação que sobreviveu ao terremoto por usar no país o sistema de transmissão via satélite.
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AS TRAGÉDIAS DO HAITI
Situado na porção oeste da ilha de Hispaniola, no mar do
Caribe, onde Cristóvão Colombo chegou em 1492, o Haiti
tem a população indígena dizimada ou escravizada pelos
espanhóis até o século XVI.
Cedido à França em 1697, torna-se em 1804 o primeiro país
independente da América Latina a partir de uma revolução
de escravos, mas vê destruída a economia baseada na
cana-de-açúcar e na escravatura.
Desde a independência, o Haiti vive sob o signo da instabilidade política, da violência e da miséria. Entre 1915 e 1934, é
ocupado pelos Estados Unidos. Nos últimos 200 anos,
sofreu 32 golpes de Estado.
Após 29 anos de uma ditadura cruel e corrupta, o país
começa a realizar eleições em 1990, mas a instabilidade e a
miséria continuam. Em 2004, a ONU envia suas tropas de
paz para restabelecer a ordem.
Antes de o tremor jogar o Haiti no chão, 2010 representava um importante passo para a normalização do
país que, em 200 anos de história, sofreu 32 golpes militares. Desde o fim da ditadura de Jean-Claude Duvalier,
o Baby Doc, em 1986, os haitianos sonham com uma democracia que abra caminho para instituições democráticas sólidas. As eleições legislativas estavam marcadas para o mês que vem e as presidenciais para novembro. Antes de o desastre natural lembrar ao mundo que o Haiti existe, o país já era uma miséria só. O simples cruzar de
sua fronteira com a República Dominicana — país com o qual ocupa a ilha de Hispaniola, no Mar do Caribe — é
uma experiência chocante. Assim que passa a divisa, o verde das florestas dominicanas cede lugar ao cinza de
um deserto tropical. A porção oeste da ilha, ocupada pelo Haiti, tem aparência de terra arrasada — reflexo do
desmatamento para produzir o carvão que gera a energia usada pelo mais pobre país do continente. O que parecia não poder ficar pior, ficou.
A Presença Brasileira
A presença das tropas brasileiras no Haiti é resultado de compromisso assumido pelo governo em
2004, quando a ONU estabeleceu a Minustah, a
missão multinacional convocada depois que uma
crise política apeou do poder o presidente JeanBertrand Aristide e mergulhou o país no caos institucional.
O mosaico de barbárie formado por ex-militares, membros da polícia nacional e milícias
governistas fez reféns civis inocentes, submetidos a
toques de recolher e atos de violência extrema. No
cálculo do Itamaraty, o protagonismo numa operação de paz é a chance para credenciar o Brasil na
campanha por um assento no Conselho de Segurança da ONU.
O primeiro brasileiro a pisar em Porto Príncipe foi o general Augusto Heleno, que se deparou com o caos e a
falta de recursos. Por meses, ele se viu premido por um contingente reduzido, bem aquém do previsto pela ONU. O
problema só foi resolvido no ano seguinte, mas a situação de instabilidade perdurou por quase um ano e meio.
Pacificadas as favelas do Haiti, as tropas brasileiras intensificaram as ações de apoio social e de infraestrutura,
mudando o perfil da missão. Dos 1.246 militares, 230 são engenheiros, que trabalham na pavimentação de rodovias, construção de pontes e perfuração de poços artesianos. Segundo a ONU, a missão hoje tem o apoio de 78% da
população. Até agora, o Brasil já desembolsou R$ 704,5 milhões com ações no Haiti, doou 500 mil doses de vacina
contra a raiva e desenvolve com a França o projeto do banco de leite materno. A Agência Brasileira de Cooperação
investe ainda US$ 16 milhões em projetos na área de agricultura familiar, coleta de lixo e formação de militares.
Colaboraram: Adriana Prado, André Julião e Fabiana Guedes
ISTO É — Especial Tragédia no Japão
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Módulo III
No Edição: 2157 | 11/Mar/11 — 21:00 | Atualizado em 20/Mar/11 — 21:59
http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/128199_O+BIG+ONE+DO+ORIENTE+/1
O BIG ONE DO ORIENTE?
Era início da tarde no Japão, quando um terremoto de 8.9 graus na escala Richter detonou a tragédia.
O pior ainda estava por vir: um tsunami com ondas de até 10 metros devastou cidades, arrastou navios, matou e feriu milhares de pessoas
Luiza Villaméa
Com dez metros de altura, a extensa parede de água
avançou sobre a costa nordeste do Japão, arrastando tudo
o que encontrava pela frente. Nos portos, a onda gigante
jogou embarcações e contêineres de um lado para o outro,
como se fossem feitos de papel. Nas cidades, veículos de
todos os tipos flutuavam por ruas alagadas, aeroportos
foram invadidos por águas transformadas em lama negra
por causa da quantidade de destroços que carregavam,
enquanto as pessoas buscavam abrigo em áreas mais elevadas. Nos campos, plantações de arroz submergiram em
segundos. O devastador tsunami, que chegou a engolir um
navio e um trem de passageiros, foi provocado por um
terremoto de 8.9 graus na escala Richter às 14h46 locais
A DESTRUIÇÃO
(2h46 em Brasília) na sexta-feira 11. Seguido por 94 répliSexta-feira 11, em Natori, nordeste do Japão:
cas de menor magnitude, mas que chegaram a atingir até
casas e fazendas arrasadas por água e fogo
7.4 graus. Foi, até agora, o maior terremoto da história do
Japão, que há 140 anos começou a registrar o fenômeno natural. Formado por quatro ilhas principais e três mil
ilhas menores, o país do extremo leste da Ásia situa-se sobre três placas tectônicas cuja movimentação assombra
seu cotidiano. São mais de cinco mil abalos por ano e um imenso temor: a possibilidade de ocorrer a qualquer
momento o chamado Big One do Oriente, um terremoto de magnitude tão extrema que arrase totalmente o arquipélago.
“Nunca se sabe quando pode chegar o “daishinsai” (o grande terremoto)”, é uma frase que se ouve com
frequência nos mais diversos pontos do país. Não por acaso, estrangeiros recém-chegados ao Japão logo aprendem o significado do termo “jishin” (terremoto). Da mesma forma, desde a pré-escola as crianças japonesas
passam por treinamentos para aprender a se abrigar durante terremotos. Na cidade de Kobe, no centro-sul do
Japão, existe até um museu a céu aberto para relembrar o pior tremor que havia atingido o país antes da
sexta-feira 11. Trata-se do Kobe-ko Shinsai, um parque
que expõe de forma permanente marcas dos estragos
provocados pelo Hanshin Awaji Daishinsai em setembro
de 1923, com 7.9 graus de magnitude na escala
Richter. No parque encontra-se parte do antigo atracadouro de barcos da cidade tal qual ficou após o tremor
de 1923 — com um grande fenda em sua estrutura de
concreto e postes inclinados.
A cada tremor de terra, por mais bem preparado
que o país esteja, volta à memória dos japoneses a
ameaça de uma ocorrência com maior potencial destrutivo. O perigo é real. “Os grandes terremotos ocorrem
O IMPACTO
de forma cíclica, como já está comprovado pela teoria
Ondas de dez metros chegam às praias de Iwanuma,
do rebote elástico”, afirma o sismólogo João Willy Roem Miyagi, e colocam em alerta ilhas do Pacífico,
sa, do Instituto de Geociências da Universidade de Brapartes dos EUA e Canadá
sília. “As placas tectônicas vão acumulando energia e,
depois de um intervalo de tempo, essa energia culmina em um terremoto.” Para que o evento se repita, é preciso que se passe um determinado período de tempo. No Japão, estima-se que este período seja de 100 a 150 anos. O fenômeno, portanto, não tem data marcada para ocorrer, como lembra o sismólogo José Roberto Barbosa, da Universidade de São Paulo (USP). “Toda a região do cinturão de fogo está sujeita a grandes terremotos”,
diz Barbosa, referindo-se à área de grande atividade vulcânica e de terremotos no Oceano Pacífico. “A ocorrência de um terremoto superior ao que acabou de ocorrer é sempre possível.”
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Módulo III
Como se sinalizasse a tragédia que estava prestes
a chegar, na quarta-feira 9 a região já havia registrado
um terremoto de 7.2 graus, que não causou grandes
impactos. Dois dias depois, quando o tremor eclodiu,
seguido pela grande onda, a vulnerabilidade da região e
o potencial de propagação da tragédia ficaram evidenciados por alertas de tsunami emitidos por 50 países,
da Austrália ao Canadá, passando pelo Chile e pela
Costa Rica e por toda a costa oeste americana. As organizações Cruz Vermelha e Crescente Vermelho anunciaram que algumas ilhas da região podem desaparecer. No interior do próprio Japão, mais de 80 focos de
incêndios resistiam à ação dos bombeiros. Chamas gigantescas devastaram o complexo petro-químico da
AS PERDAS
cidade de Sendai, no nordeste do país.
Tsunami destrói completamente zona residencial em Miyagi.
Os maiores riscos, no entanto, vinham do setor
O alerta aos moradores havia sido dado horas antes,
permitindo uma fuga em massa
nuclear, que produz 23% da energia consumida no
Japão. Pouco depois do terremoto, embora ressaltando que não havia indícios de “materiais radioa-tivos fora das instalações”, o governo declarou “estado de
emergência de energia atômica”. Na cidade de Onahama, a cerca de 270 quilômetros a nordeste de Tóquio, o
tremor causou falhas de energia e paralisou geradores da usina de Fukushima, impedindo o sistema de resfriamento de fornecer água suficiente para diminuir a temperatura do reator. Num primeiro momento, uma área de
três quilômetros em volta da usina foi evacuada. Mais tarde, o círculo de proteção foi ampliado para dez quilômetros. A Agência de Segurança Nuclear do Japão admitiu a possibilidade de liberação de fumaça radioativa do
reator de Fukushima. À medida, que seria inócua para os seres humanos e o meio ambiente, permitiria aliviar a
pressão no reator que está 1,5 vez superior ao nível considerado normal. Já o nível de radioatividade na sala de
controle da usina era mil vezes além do normal. Dos 55 reatores do país, 11 foram desligados por precaução.
“Parar as centrais garantiu que não ocorressem explosões”, afirma o especialista em radiobiologia Eduard Rodríguez-Farré, integrante do Comitê Científico da União Europeia. “O lógico é que os reatores sejam mantidos parados até que sejam revisados um por um.”
Durante a madrugada do sábado 12, os moradores da capital, Tóquio, continuaram a sentir tremores de terra, como contou à ISTOÉ a carioca Manuela Leão, 25 anos. Estudante de engenharia eletroeletrônica na Universidade Cidade de Tóquio, ela desistiu de tentar dormir. “Durante um tempo os tremores pararam, mas agora, às
4h da manhã, começou a ter alguns terremotos fortinhos um atrás do outro”, diz Manuela. “Desisti de dormir por
medo de ter um terremoto forte de novo.” Ao contrário do nordeste do país, Tóquio foi atingida pelo tremor,
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mas poupada da onda gigante. De acordo com o embaixador do Brasil no Japão, Marcos Galvão, a maioria dos
254 mil brasileiros que vivem no país mora em Tóquio. Não havia informações de vítimas na comunidade brasileira.
Relatos de sustos, porém, não faltaram. Moradora da província de Kanagawa, a 32 quilômetros de Tóquio, a modelo
brasileira Suzy Shimada, da agência internacional Cinq Deux
Un, estava no centro da capital quando a terra tremeu. Mas
exatamente, ela passava pelo cruzamento de Shibuya, que é
atravessado diariamente por três milhões de pessoas. “Eu vi os
materiais da fachada de uma loja tremendo, olhei para os
lados e as pessoas estavam em pânico. Os pés não ficavam
firmes no chão. As árvores balançavam como num filme de
terror. No prédio em construção em frente aos meus olhos, um
imenso guindaste balançava como se fosse uma mola. Foi um
pavor! Só via as pessoas gritando Sugoi – Kowaai, o que significa: Meu Deus! Que medo!”. A modelo, que há quatro anos vive
no Japão, contou que já havia passado por outros tremores de
terra, mas jamais imaginara testemunhar algum de tamanha
magnitude. “Um minuto depois o alarme soou, as pessoas saíam correndo dos prédios. Foi um desespero. Estava com o coração nas mãos. Eu só pensava no meu filho (Vitor, 5 anos) que
estava na casa da babá, em Kanagawa. Só consegui contato
com eles duas horas depois. Estava tudo bem.”
No Twitter, o cantor e compositor canadense radicado no
Japão Blaise Plant fez um relato minuto a minuto do terremoto
e seu impacto em Sendai, uma das cidades mais próximas do
epicentro do terremoto:
15h07: A minha casa está um lixo! Eu estou bem! Foi assustador... o maior até agora!
A DOR
Resgate de feridos em Tóquio e estrada
destruída em Mito.
No porto de Onahama, carros, barcos e contêineres
no mesmo cais.
Em Miyagi restou observar a destruição
16h47: Olá a todos! Parece que a situação se acalmou um pouco. Onde eu estou, os prédios estão danificados. Outdoors estão prestes a cair.
16h48: Peço a todos para se manter alertas... as coisas estão caindo... Ouvi que o tsunami parece muito
grande na tevê.
16h49: Neste momento eu não posso ir para casa, o chão está tremendo.
17h16: Um monte de gente do bairro se reuniu
para se manter aquecida.
17h24: Ainda grandes agitações... o tsunami parece realmente ter feito estragos... Parece que há mortes... mas eu não posso ter certeza sobre isso.
18h28: A cidade está em completo blecaute! Não
consigo ver nada exceto luzes de carro!
18h41: Tenho que ir buscar meu primo na estação de Sendai...
18h50: Eu estou em pé no meio da cidade...
19h32: Graças a Deus vivemos em um país grande
e organizado, onde todo mundo está ajudando uns
aos outros!
Na virada da noite da sexta-feira 11 para o sábado, quando o cantor já estava abrigado em sua casa, a 144 quilômetros de Sendai, a cidade de Kesennuma continuava em chamas. Horas depois, o governo do Japão estimava que
378 pessoas haviam morrido e 547 estavam desaparecidas.
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As ondas que varreram o Japão e provocaram perdas humanas também causaram estragos na economia do
país. Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkey fechou a sexta-feira em queda de 1,73%, o menor nível em cinco semanas. Grandes empresas sentiram imediatamente o impacto dos tremores. Maior fabricante de carros do Japão, a Toyota paralisou a produção em três plantas industriais, o que deve causar prejuízos superiores a
US$ 30 milhões. Na Nissan, quatro fábricas foram fechadas, sem previsão de retorno das operações. Trezentos milhões de celulares ficaram mudos no Japão. A economia global foi igualmente afetada. Na própria sexta-feira, o preço
do barril do petróleo caiu 3%, enquanto as ações de algumas das principais seguradoras do mundo despencaram. Estima-se que o setor terá de desembolsar cerca de US$ 10 bilhões em prêmios decorrentes da tragédia.
O pior, porém, é a ameaça que continua no ar. O “daishinsai” (o grande terremoto) está para chegar?
O CAOS
As águas tomaram o terminal
do aeroporto de Sendai.
No aeroporto de Narita, em Tóquio,
a evacuação de passageiros.
Na Índia, estudantes acendem
velas pelas vítimas do Japão
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CONSTRUÇÕES
PREPARADAS
CASAS
Desde os anos 1980, as edificações no Japão têm
de seguir normas específicas para minimizar o
impacto dos abalos. Elas têm de combinar
materiais resistentes com flexíveis, que
absorvem parte da energia despendida pelo
terremoto
PRÉDIOS ALTOS
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MATERIAIS LEVES
nada de tijolos e telhas, a preferência é pelos painéis pré-moldados, que são mais leves
FIXAÇÃO
as partes da construção devem ser fixas umas às outras, de
modo a se comportar como uma unidade durante o tremor
(por exemplo, se uma parede balança, todas balançam juntas,
no mesmo sentido)
SISTEMA DE AMORTECIMENTO
molas e amortecedores são instalados entre o solo
e a base das construções; sua função é absorver
parte da energia do tremor, reduzindo o impacto
sobre os pilares da construção
ENRIJECIMENTO DAS COLUNAS
são construídas com material
mais rígido e com dimensões
mais ampliadas
SISTEMA DE COMPENSAÇÃO
DE MASSAS
pêndulos são instalados nos últimos andares da
construção, aumentando a massa total do prédio.
Isso dificulta o deslocamento da construção
durante o terremoto
O que os pontos da escala
Richter significam
Os números demonstram a força com
que a superfície da Terra é sacudida
1 – Detectável só por sensores sísmicos
2 – Perceptível para pessoas deitadas
3 – Pessoas nos andares
superiores de edifícios altos
sentem o tremor
4 – Louças e janelas
registram o tremor
5 – A mobília vibra,
janelas trincam
6 – Forros se desprendem,
prédios podem sofrer danos superficiais
7 – Rachaduras em paredes de alvenaria
8 – Monumentos podem desabar,
rampas e pisos molhados racham
9 – Paredes e pisos desabam, tubulações
subterrâneas podem se romper
10 – Prédios tombam, linhas ferroviárias
se deformam e crateras com até um metro
de largura aparecem
11 – Deslizamentos
nas encostas, pontes
caem e poucos
prédios resistem
12 – Mudanças
significativas na
paisagem, o curso dos
rios pode se alterar
Fontes: Fernando Amorim, professor de dinâmica das estruturas
da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), Regina Xavier Costa, professora do Curso de Arquitetura
e Urbanismo do Unicentro Izabela Hendrix.
PREVENÇÃO E TECNOLOGIA AMENIZAM OS ESTRAGOS
Por que o Japão é o país mais equipado do mundo para enfrentar grandes
tremores de terra
Nenhum lugar é tão suscetível a terremotos quanto o Japão.
A cada ano, o país sofre cinco mil tremores de terra – ou 10% de todos os abalos sísmicos registrados no mundo inteiro. Na nação que
deu ao mundo a palavra tsunami, quase que a totalidade dos terremotos não deixa vítimas e sequer provoca danos materiais. De tempos em tempos, porém, os japoneses têm de enfrentar terremotos
tão brutais que acabam por se transformar em tragédias de grandes
proporções.
O da semana passada, que entrou para a história como o maior
de todos os tremores já ocorridos no país, fez um número recorde de
vítimas, mas o resultado seria pior se os japoneses não fossem os
maiores especialistas do planeta na prevenção de terremotos. Dos
sistemas de alerta até a construção de prédios, dos treinamentos p eriódicos ao atendimento de emergência, o Japão é a nação mais bem
equipada para sobreviver a hecatombes como essas.
Não é exagero afirmar que o Japão está permanentemente de
prontidão. Nas escolas, a partir dos 6 anos as crianças aprendem a
enfrentar desastres sísmicos. Uma vez por mês, os alunos simulam situações de fuga e bombeiros são convocados para dar palestras ce ntradas em assuntos como “sobrevivência em escombros”. Mas não
apenas os jovens são treinados. No “Dia da Prevenção”, celebrado
em 1º de setembro, os trabalhadores são dispensados para que possam participar de exercícios que ensinam procedimentos seguros em
caso de terremotos. Quando uma tragédia está em via de aco ntecer,
as autoridades agem com velocidade impressionante. Alertas sonoros
são disparados nas cidades e as emissoras de tevê e rádio mandam
mensagens
ininterruptas
para
toda
a
população.
O videomaker brasileiro Carlos Nonnenmacher, 42 anos, é testemunha dessa agilidade. Ele mora há três anos no município de Hamamatsu, que fica a seis horas de carro de Tóquio e que entrou em alerta
vermelho assim que o terremoto eclodiu. Sua casa fica a apenas 300
metros de praia. “Poucos minutos depois dos tremores, a polícia foi
a todas as casas, inclusive a minha, pedindo para irmos para os po ntos mais altos da cidade.” Segundo ele, a praia possui barreiras de
proteção que são acionadas quando há risco de um tsunami. Em o utros lugares, existem comportas que se fecham para evitar a propagação das ondas.
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Nos últimos 20 anos, o desenvolvimento tecnológico se tornou um aliado importante. Em pontos estr atégicos do arquipélago japonês foram instalados 300 sensores que monitoram a atividade sísmica, além de
outros 80 sensores aquáticos que indicam a altura, velocidade, localização e horário de chegada de um ts unami. A engenharia japonesa é a mais avançada do mundo na construção de prédios à prova de terremotos.
Desde os anos 2000, os grandes edifícios são feitos com estrutura de aç o no lugar de concreto, o que os
torna resistentes a grandes tremores. Foram também os japoneses que criaram os sistemas de
amortecimento instalados na base das construções, cuja função é absorver parte da energia dos tremores.
Não é possível eliminar por completo os riscos, mas o Japão ensina que a prevenção é o caminho a ser s eguido.
O ANEL DE FOGO
Essa região do Pacífico
concentra 90% dos
terremotos. E mais de 80%
dos mais devastadores abalos
da história aconteceram ali.
A região tem cerca de 452
vulcões e é
palco de 75% da
atividade vulcânica
no mundo.
NATUREZA
EM FÚRIA
Tragédias recentes
e o lugar do planeta
que mais concentra
terremotos
A TERRA TREME
Indonésia: 26/10/2010
Magnitude: 7.7 graus na
escala Richter Mortos: 340
O terremoto provocou
um tsunami e o vulcão no
Monte Merapi entrou em
erupção simultaneamente.
As ondas responderam
pela maioria das mortes,
ao varrer vilarejos
formados por casas de
bambu e madeira
Cerca de
1 mil
Chile: 27/2/2010
Magnitude: 8.8 graus na
escala Richter
Mortos: 795
A boa estrutura e os
prédios preparados para
enfrentar abalos explicam
os números, apesar de as
áreas atingidas abrigarem
75% da população chilena
Apesar de a média histórica registrar um terremoto com
a magnitude de 8.8 pontos a cada dez anos, quatro ocorreram na última década
OS 10 PAÍSES MAIS AFETADOS
Magnitude
média
Percentual da
atividade mundial
Haiti: 12/1/2010
Magnitude: 7 graus na escala
Richter
Mortos: 75 mil
Sem infraestutura preparada para
enfrentar terremotos, o país viu
edifícios e obras viárias desabarem
e sua população morrer sob os
escombros
tremores
entre as magnitudes
2 e 3 acontecem por dia
Abalos de 1 a 2 pontos sacodem o
planeta
8 mil
vezes
a cada 24 horas
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EXERCÍCIOS
PEDOLOGIA
01. (UEFS) Diversos são os fenômenos que agem em íntima
correlação nos processos intempéricos. Tais fenômenos
agem separados ou conjuntamente, dependendo das
condições climatológicas locais e da própria rocha em
si. Sua ação consiste, pois, na degradação da rocha matriz com a consequente formação do solo.
03. (UEFS) A destruição das florestas tropicais, em várias
partes do mundo, é o preço pago, atualmente para que
algumas atividades econômicas se desenvolvam.
O desmatamento, em particular, proporciona várias
consequências sobre os ecossistemas, dentre as quais
se pode citar:
(LEINZ; AMARAL, s/d, p. 75).
a) o assoreamento dos rios, devido à maior quantidade
de material transportado pelas águas correntes.
b) aumento da lixiviação, com a consequente perda de
nutrientes minerais e a ampliação da fonte geradora
da matéria orgânica.
c) a alteração do regime de chuvas locais, devido ao
aumento do processo de evapotranspiração.
d) a aceleração da erosão sobre as formas de relevo e
a consequente umidificação do clima.
e) o aumento do numero de espécies vegetal e animal,
em função da destruição da biomassa.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o intemperismo como raiz de transformação das rochas e dos
solos e sua importância socioeconômica, pode-se concluir:
a) O intemperismo deveria ser conhecido como erosão
complementar, tendo em vista que ele constitui a
última etapa no processo de destruição das rochas.
b) O intemperismo, dentre os agentes de origem externa, tem sua ação resultante de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam a desintegração e a decomposição das rochas.
c) Os solos, quanto à origem, são agrupados em vários
tipos, como orgânicos e aluviais, sendo estes últimos formados por materiais transportados pelos
ventos.
d) Os solos, nos climas úmidos, têm uma pequena espessura, são ricos em sais minerais e elementos orgânicos, sendo fundamentais para as práticas agrícolas.
e) O húmus resulta da decomposição do calcário e de
detritos vegetais e produz solos pouco permeáveis,
secos, claros e salubres.
02. (UEFS) Com base nos conhecimentos sobre a organização do espaço brasileiro, é correto afirmar:
a) O café foi introduzido racionalmente, a partir do litoral de São Paulo, nas encostas das serras do Mar e
da Mantiqueira, sem provocar a erosão dos solos.
b) As planícies do Centro-Oeste correspondem às áreas
planas das chapadas resultantes da acumulação de
sedimentos antigos, onde estão assentadas as plantações de soja.
c) Os espaços ao sul da Região Norte, favorecidos pelo
clima tropical, pela distribuição racional de propriedades e pelas reservas indígenas estruturadas, dificultam o avanço da pecuária e da mineração.
d) O deslocamento dos corumbás, vaqueiros contratados que saem da Zona da Mata rumo ao Agreste e ao
Sertão, ocorre no período da seca.
e) Os solos profundos, as temperaturas sempre elevadas, as chuvas abundantes e as baixas altitudes foram condições fundamentais para o desenvolvimento do cacau no sul da Bahia.
04. (UEFS) Solos que surgem nas regiões intertropicais de
clima úmido com estações alternadas. O solo adquire
uma coloração avermelhada por causa da concentração
do minério de ferro e da lixiviação das bases trocáveis,
tornando-o, assim, ácido.
(GUERRA, 1966, p. 370).
Considerando-se a importância das atividades agrícolas
no mundo tropical, o texto acima se refere aos solos:
a) lateríticos.
b) imaturos.
c) aluviais.
d) podzólicos.
e) oceânicos.
05. (UEFS) A propósito das inter-relações clima x solo x
relevo x vegetação e dos fatores bióticos e abióticos da
paisagem, pode-se afirmar:
a) A savana africana é semelhante aos cerrados da
América do Sul, pois, além de uma semelhança fisionômica, possui uma mesma composição de espécies e
é explicada pela ecologia.
b) As florestas tropicais Atlântica, Amazônica, do Caribe
ou da Indonésia são semelhantes em muitos aspectos
como em sua estrutura e composição das espécies,
porque, além de estarem nas mesmas latitudes, desenvolvem-se nos mesmos tipos de solo, relevo e
clima.
c) Os solos se desenvolvem a partir de uma matriz
vegetal que, por ação do relevo e dos seres vivos,
se diversificam em muitos tipos.
d) A região equatorial registra o domínio de massas
frias, que aí se formam e prevalece a circulação
oeste (alísios), produzindo climas secos nas costas
orientais dos continentes.
e) A capacidade nutricional de um solo é fundamental
para o desenvolvimento das comunidades biológicas, pois as propriedades físicas e químicas da fração mineral dos solos são profundamente influenciadas pela presença de materiais orgânicos.
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06. (UEFS) São solos zonais típicos das regiões de clima
tropical úmido e semiúmido, como o do Brasil e da área
central da África. Sua coloração pode ser vermelha,
alaranjada ou amarela, em função da maior ou menor
quantidade de minerais, como os óxidos de ferro e de
alumínio que os compõem. Esses solos apresentam-se
profundos, com espessura superior a 2 m, bastante porosos, fortemente intemperizados e com pequena diferenciação entre os seus horizontes. De um modo geral,
somente a camada superior se destaca das demais, devido ao acúmulo da matéria orgânica decomposta.
(COIMBRA, 1993, p. 328).
Considerando-se os conhecimentos dos solos e sua importância socioeconômica, pode-se afirmar que o texto
se refere ao solo do tipo:
a) massapê.
b) tchernoziom.
c) Iöess.
d) terra roxa.
e) latossolo.
Módulo III
a) A apresenta configuração de solo maduro, com horizontes bem caracterizados, do tipo zonal.
b) B possui características marcantes do intemperismo
químico, no seu processo de formação, e são solos
profundos do tipo aluvial.
c) C, embora apresente boa fertilidade, não possui o
horizonte B, sendo um solo com baixa acidez e elevada fertilidade.
d) A e o perfil C não podem ser encontrados no Brasil,
porque, apesar de se constituírem solos muito férteis, são rasos e pouco intemperizados.
e) B e o perfil C apresentam configurações do tipo azonal, em regiões áridas, onde predomina o processo
de lixiviação.
09. (UCSAL) Disseminar informação... eis o que, provavelmente faltou para o proprietário das terras onde surgiu
o fenômeno apresentado na figura abaixo.
07. (UEFS) O principal elemento que explica a formação e
os tipos de solo é o clima, uma vez que os solos resultam da decomposição das rochas pelo intemperismo.
Sobre os solos do Brasil e do mundo e sua importância
econômica, é correto afirmar:
a) O predomínio do intemperismo químico na formação
dos solos do sertão semiárido brasileiro resultou na
decomposição profunda das rochas.
b) Os solos de maior fertilidade natural do Brasil se localizam nas faixas litorâneas do Nordeste e nas
áreas dos planaltos sedimentares basálticos.
c) A intensa lixiviação dos solos das savanas africanas
decorre do estabelecimento de uma agricultura
rudimentar e da não utilização de terraceamento
nas áreas acidentadas.
d) A importância econômica atribuída ao solo negro de
Tchernoziom se deve à capacidade de permitir,
ainda que na estiagem, o desenvolvimento das estepes e pradarias.
e) Os solos aluviais, formados a partir da desagregação
e da decomposição das rochas, apresentam grande
fertilidade para o desenvolvimento de uma agricultura irrigada.
08. (UEFS) A análise dos perfis de solos e os conhecimentos
sobre os tipos de solo permitem afirmar que o perfil:
O proprietário dessas terras, para melhor aproveitá-las,
devia receber a seguinte informação correta:
a) “como nesse local há muita chuva, não derrube a
vegetação, deixando o solo exposto”.
b) “passe o trator para diminuir as ondulações do terreno e plante vegetais de raízes pouco profundas”.
c) “com esses longos períodos de estiagem, a melhor
forma de utilizar essa terra é utilizando irrigação”.
d) “aproveite os sulcos deixados pela enxurrada e
plante milho ou feijão”.
e) “com o problema que essas terras apresentam, a
única solução é criar gado de corte”.
10. (UFBA) As figuras I e II representam, esquematicamente, a ação das chuvas (erosão pluvial) sobre duas áreas em declive, uma com cobertura florestal e outra sem essa cobertura.
47
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VILAS
Faça uma análise comparativa das duas situações,
explicando a ação das águas da chuva em cada uma, e
cite duas consequências ambientais da ocorrência verificada em II, sendo uma na área urbana e outra na área
rural.
11. (UEFS 2010) A fertilidade do solo está intimamente
relacionada à disponibilidade de elementos nutritivos,
que possibilita ou não um bom desenvolvimento dos vegetais. Quanto aos solos de maior fertilidade natural,
no território brasileiro, pode-se afirmar que eles:
Módulo III
b) são de origem aluvial, com textura arenosa, grande
profundidade e estrutura típica dos cambissolos.
c) resultam do intemperismo químico na decomposição
de rochas básicas, o que lhes confere uma coloração
clara e PH acima de 7.
d) ocorrem em superfícies planas e levemente ondulosas, relacionadas com derrames basálticos e diques
de diabásio.
e) são encontrados no litoral nordestino, onde as camadas interiores, bastante adensadas, permitem o
desenvolvimento de lavouras permanentes com raízes profundas.
a) pertencem à classe dos litossolos, cujo horizonte
A está alojado diretamente sobre o substrato rochoso.
12. (UFBA 2010 — 2a FASE)
Algumas das regiões carentes de água no globo
África
Região
Área (Km2)
Saara
9.260.000
Kalaari
260.000
América do Sul
Península
Arábica
Atacama
Superfície total
—
Ásia
Tipo de
ambiente
DESÉRTICO
Continentes
225.000
78.000
9.823.000
Com base no mapa, nas informações contidas no quadro e nos conhecimentos sobre as regiões desérticas destacadas:
•
indique um aspecto comum, quanto à localização geográfica, existente entre os desertos africanos e o sul-americano
referidos;
•
identifique o tipo de erosão predominante nos ambientes desérticos;
•
cite uma razão da importância estratégica da península arábica no cenário mundial.
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Módulo III
13. (UFBA 2012)
O HOMEM E A TERRA: UMA UNIÃO POSSÍVEL DE SER HARMONIOSA
O homem é ao mesmo tempo criatura e criador do meio ambiente, que lhe dá sustento físico e lhe oferece a oportunidade de desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente.
(CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO, 1972. 2002, p. 7).
A vida sobre a Terra e a dinâmica externa são movidas, basicamente, pela incidência da energia solar.
Considerando essas informações,
a) exemplifique e explique a ocorrência de dois processos erosivos em ambientes costeiros tropicais;
INTERFACE
(BIOSFERA)
MANUTENÇÃO
b) identifique, com base na ilustração, o impacto ambiental projetado na fisionomia do relevo e indique duas causas para a origem dessa degradação.
IMPACTOS
2.700
Estepe
Zona de
podzolização
Savana
Deserto e
semideserto
Floresta tropical
Savana
50
1.500
15
5
300
Temperatura (ºC)
a) de clima temperado ocorrem alta pluviosidade e
grande profundidade de solos.
b) tropicais ocorre menor pluviosidade, o que se relaciona com a menor profundidade das rochas inalteradas.
c) de latitudes em torno de 30º ocorrem as maiores
profundidades de solo, visto que há maior umidade.
d) tropicais a profundidade do solo é menor, o que
evidencia menor intemperismo químico da água
sobre as rochas.
e) de menor latitude ocorrem as maiores precipitações, assim como a maior profundidade dos solos.
Tundra
Precipitação/Evaporação (mm/ano)
14. (ENEM 2011) O gráfico ao lado relaciona diversas
variáveis ao processo de formação de solos. A interpretação dos dados mostra que a água é um dos importantes fatores de pedogênese, pois nas áreas
Rocha inalterada
Rocha pouco
alterada
Zona da alitização
e ferralitização
Zona da bissialitização
Temperatura
Precipitação
Zona da monossialitização
Evaporação potencial
TEXEIRA. W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Nacional. 2009 (adaptado)
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Módulo III
PEDOLOGIA
01. b
02. e
10.
03. a
04. a
05. e
06. e
07. b
08. a
09. a
Em I, a velocidade da água é baixa devido aos obstáculos (raízes, troncos, folhas) encontrados à sua frente e, portanto, muita
água se infiltra no solo, evitando e/ou reduzindo a erosão superficial causada pelas chuvas.
Em II, a velocidade do escoamento superficial é alta e a água transporta muito material em suspensão, arrastando detritos, intensificando a erosão e diminuindo a quantidade de água que se infiltra no solo.
Consequências sobre o meio ambiente verificada na ocorrência II:
•
Nas áreas urbanas constituem áreas de risco, uma vez que a ocupação irregular e/ou desordenada das encostas acelera o
processo de deslizamento ou escorregamento, causando desmoronamentos e desabamentos de casas, com grandes problemas sociais como desabrigados, feridos e, não raro, vítimas fatais.
•
Nas áreas rurais o desmatamento das encostas causa intensa erosão dos solos, provocando ravinamentos, voçorocas e é,
também, responsável pelo assoreamento do leito dos rios, podendo causar enchentes, com grande prejuízo para a atividade agrícola.
11. d
12.
•
Aspecto comum:
− Os desertos africanos e o sul-americano destacados situam-se a certa distância dos trópicos (Câncer e Capricórnio), a,
aproximadamente, 30º de latitude N e S, e são decorrentes da atuação de grandes centros anticiclônicos (Altas Pressões
Subtropicais), responsáveis pela extrema escassez de chuvas anuais;
− Estão localizados em latitudes subtropicais e tropicais do globo;
− As correntes marinhas frias interferem nas áreas desérticas no setor ocidental.
•
A erosão predominante é a eólica.
•
A península Arábica situa-se em área estratégica de grande produção, exploração e de comercialização do petróleo para os
grandes centros consumidores de hidrocarbonetos.
•
Situada a meio caminho das grandes potências mundiais, é a principal rota do comércio petrolífero internacional.
13.
a)
Os solos considerados de boa potencialidade agrícola são aqueles mais profundos, bem drenados, com horizontes bem definidos, localizados em locais de topografia plana ou levemente ondulada. A associação da qualidade do solo com a topografia
plana favorece a mecanização.
Exemplos:
— solos de massapê encontrados na Zona da Mata do Nordeste brasileiro.
— solos aluviais — são marginais aos rios e excelentes para as culturas irrigadas.
— solos de terra roxa, extremamente férteis, predominantes nos estados de São Paulo e Paraná.
b)
Problemas enfrentados: dentre outros, a exigência de utilização maciça de corretivos e fertilizantes porque são solos muito
arenosos (latossolos) que se instalaram em terrenos planos, deficientes em nutrientes, porém ricos em ferro e alumínio, daí os
solos determinarem a incidência de plantas com aparência seca entre os arbustos esparsos e gramíneas.
•
Consequência: uso excessivo de fertilizantes traz ameaça ao equilíbrio ambiental por conterem substâncias tóxicas nocivas
aos seres humanos: poluição dos aquíferos, dos solos e dos cultivos.
c)
Os solos mais férteis dos vales fluviais são encontrados em ambientes úmidos, nas áreas marginais aos cursos d’água. São mais
espessos e ricos em aluviões e excelentes para as culturas irrigadas. As várzeas, portanto, são áreas onde os solos podem ser
periodicamente inundados pelas águas dos rios.
14. E
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Módulo III
GEOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS
01. (UNEB 2009) A análise do mapa ao lado e os conhecimentos sobre os
domínios morfoclimáticos brasileiros possibilitam concluir:
01) Em I, a ação dos agentes que modelam o substrato geológico na
qual predominam os dobramentos pré-cambrianos produziu o
relevo único típico de mares de morros e grandes variações topográficas.
02) II corresponde ao ecossistema mais pobre em variedades do
Brasil, os solos são ácidos, a vegetação é arbórea e o relevo é
constituído por planaltos e chapadas formadas no terciário.
03) III é o mais extenso domínio do Brasil, seu relevo é constituído
exclusivamente por planícies e depressões, as copas das árvores se tocam, formando dossel, sendo o único ecossistema florestal que não se regenera quando desmatado.
04) IV apresenta vegetação decídua, é uma área de transição cujo
solo é do tipo aluvial, favorável à agricultura, os rios são autóctones e o relevo é constituído por dobramentos moder-nos,
0
4700 km
formados no quaternário.
05) A delimitação dos domínios morfoclimáticos expressa a interação entre os elementos da natureza, considerada tanto no tempo como no espaço.
02. (UESB 2009) As formas do modelado terrestre são
constantemente criadas e recriadas pelos fenômenos
endógenos e exógenos que ocorrem no planeta. Dessa
forma, podemos dizer que a dinâmica atmosférica,
hidrológica e litosférica influenciam diretamente na
caracterização das formas de relevo.
(BOLIGIAN; BOLIGIAN, 2004, p. 117).
A partir da análise do texto e dos conhecimentos sobre
o modelado terrestre, é correto afirmar:
01) As cadeias de montanhas constituem grandes elevações com relevo acidentado, encostas íngremes
e vales profundos originados por movimentos orogenéticos.
02) A mais expressiva planície da superfície terrestre é o Rift Valley, no continente asiático, resultante das forças exógenas do planeta.
03) Os agentes internos e externos atuam de forma
simultânea, e enquanto os internos atenuam o relevo, os externos o acentuam.
04) As depressões periféricas constituem áreas abaixo
do nível do mar, são rodeadas por terrenos sedimentares e aparecem em forma de bacia.
05) Os planaltos são formações recentes geralmente
aplainados, indicando curto período de atividade
erosiva.
03. (UEFS 2009) Tendo por base os conhecimentos sobre os
aspectos morfoestruturais do Brasil, é correto afirmar:
01) Os movimentos epirogenéticos que vêm ocorrendo
ao longo do cenozoico explicam a existência de
planaltos formados em bacias sedimentares.
02) As formações arqueozoicas fazem parte da faixa
de dobramentos do ciclo brasiliano e abrigam depósitos de combustíveis e rochas vulcânicas.
03) A horizontalidade das bacias sedimentares evidencia a existência de movimentos tectônicos horizontais desde remotos tempos geológicos.
04) As depressões interplanálticas se originaram e se
originam tanto da dinâmica interna do relevo —
orogênese — quanto da dinâmica externa, a qual
provoca desgaste de rochas resistentes.
05) As planícies estão associadas, exclusivamente, às
baixas altitudes e têm sua gênese sempre relacionada aos processos fluviais.
04. (UESC 2009) Os conhecimentos sobre a estrutura geológica e o relevo brasileiro permitem afirmar:
01) Os processos de erosão nas planícies de origem fluviomarinha se sobrepõem aos da sedimentação.
02) As estruturas geológicas recentes são inexistentes, o que explica a elevada altimetria do relevo na porção setentrional.
03) Os escudos cristalinos são predominantes na estrutura geológica brasileira, o que explica a existência de uma grande variedade de minerais metálicos.
04) A variedade morfológica está relacionada, principalmente, à ação de agentes exógenos sobre a estrutura geológica de diferentes naturezas.
05) As formações serranas, como a serra da Mantiqueira e a serra do Mar, originaram-se de dobramentos antigos construídos nos períodos Terciário
e Quaternário.
05. (UEFS 2010) Sobre o intemperismo e os solos e sua
importância socioeconômica, é correto afirmar:
a) O intemperismo, meteorização ou erosão complementar, constitui a etapa final dos processos mecânicos que desintegram e decompõem as rochas.
b) O uso do solo com monoculturas e pastagens extensas diminui a erosão, aumenta a diversidade biológica e a produtividade agrícola.
c) A ação antrópica, nos países subdesenvolvidos, tanto na zona rural quanto na urbana, constitui-se a
verdadeira causa da ação do intemperismo físico e
da degradação do solo, nesses espaços.
d) A preservação dos solos, a maneira de tratar o ambiente e a forma de produzir alimentos apontam para a construção de uma vida saudável.
e) O fogo, além de limpar o terreno rapidamente, conserva os micro-organismos do horizonte O do solo e
não contribui para acelerar o efeito estufa.
51
COLÉGIO
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06. (FBDC) Observe a figura abaixo.
Módulo III
Assinale a alternativa diretamente relacionada à figura.
a) Muitas formas da superfície terrestre resultam da
ação de forças ou agentes externos.
b) A erosão fluvial, característica das áreas temperadas, não aparece nas áreas tropicais.
c) O tectonismo é responsável pela formação de profundos vales e canyons.
d) Em áreas sedimentares, os abalos sísmicos provocam fraturas na superfície terrestre.
e) Os processos erosivos desenvolvem-se em áreas com
elevada pluviosidade.
07. (UEFS) Com base no perfil topográfico e nos conhecimentos sobre o relevo das regiões Centro-Oeste e Sudeste, é correto
afirmar:
a) I representa a planície do Pantanal
Mato-Grossense, região de terrenos relativamente inclinados, nos
quais predominam os processos
erosivos em estruturas sedimentares paleozoicas.
b) II corresponde aos planaltos e chapadas da bacia do Paraná, formados por rochas sedimentares e vulcânicas da Era Mesozoica, que, intemperizadas, deram origem ao
solo fértil de terra roxa.
Esse corte, com cerca de 1.500 quilômetros de comprimento, vai do Estado do Mato
Grosso do Sul ao litoral paulista. Com altitude entre 80 e 150 metros, a Planície
do Pantanal está quase no mesmo nível do Oceano Atlântico. A Bacia do Paraná,
formada por rios de Planalto, concentra as maiores usinas hidroelétricas brasileiras.
c) III refere-se à Depressão Periférica
Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. Nova Escola. São Paulo. Abril, out 1995. p 14.
da borda leste da bacia do Paraná,
terreno acidentado que margeia as bordas dos dobramentos modernos.
d) IV representa as cuestas da serra da Mantiqueira, forma de relevo simétrico, constituído por rochas de igual resistência ao desgaste.
e) V identifica as falésias balsáticas da serra do Mar, formadas pelo acúmulo de sedimentos marinhos transportados ao
longo dos anos.
08. (UFBA) As bacias sedimentares são estruturas geológicas existentes em todas as áreas continentais do planeta.
Caracterize esse tipo de estrutura geológica, destaque sua importância econômica e apresente dois exemplos de bacias
sedimentares brasileiras.
09. (UCSAL) Há 65 milhões de anos, teve início a era Cenozoica. Dentre as ocorrências observadas nessa era destaca-se o:
a) início da separação dos continentes sul-americano e africano.
b) desaparecimento das planícies fluviais e lacustres.
c) aparecimento da Austrália e Nova Zelândia.
d) surgimento de grandes escudos cristalinos, como o Brasileiro e o Canadense.
e) levantamento das grandes montanhas, como os Andes e o Himalaia.
52
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10. (CONSULTEC-FAVIC) A observação da ilustração e os
conhecimentos sobre o modelado terrestre, os agentes
endógenos e exógenos, as rochas e o processo de intemperismo permitem afirmar:
01) O intemperismo físico é responsável pela integração das rochas e é frequente nas regiões de clima
frio das altas latitudes.
02) Os planaltos cristalinos aparecem em grande parte
do Brasil, destacando-se os baixos planaltos da
Amazônia e o planalto Meridional.
03) As rochas sedimentares resultam do desgaste de
outras rochas, possuem uma mesma cor e, entre
essas, destaca-se o mármore.
04) As pesquisas realizadas no fundo dos oceanos levaram à conclusão de que a crosta terrestre é formada por uma imensa placa tectônica.
05) As grandes cordilheiras da Terra, o Himalaia, os
Andes, as Montanhas Rochosas, os Alpes e outras
resultaram de forças internas que provocaram
enormes dobramentos.
11. (CONSULTEC-UERN) Com base na análise da ilustração e
nos conhecimentos sobre as camadas da Terra, pode-se
afirmar:
Módulo III
01) A Terra é formada por camadas sucessivas de densidade homogênea.
02) As camadas da Terra são separadas por áreas denominadas de continuidade, e, por essa razão, a
propagação de ondas sísmicas não pode ser observada.
03) A litosfera, assinalada por I, possui espessura uniforme, sendo constituída por rochas.
04) O manto, indicado por II, tem a mesma composição
e densidade da litosfera, variando apenas quanto à
consistência.
05) O núcleo, assinalado por III, é constituído por níquel e ferro e tem temperatura muito elevada.
12. (ECMAL) A análise do mapa e os conhecimentos sobre o
relevo brasileiro possibilitam afirmar que a área destacada corresponde:
01) a um planalto cristalino, no qual está situado o pico mais alto do Brasil.
02) a uma planície sedimentar, na qual a erosão supera
a sedimentação.
03) ao Planalto Brasileiro, com formação geológica recente e predomínio de rochas cristalinas.
04) ao Planalto Meridional, com formações geológicas
cristalinas e extrusivas.
05) a um dobramento moderno, no qual a sedimentação supera a erosão.
13. (UERN) Os conhecimentos sobre os agentes formadores do relevo, associados às informações do mapa, permitem
afirmar:
01) As áreas destacadas correspondem aos escudos cristalinos.
02) Os escudos cristalinos são de formação geológica recente.
03) As áreas destacadas indicam o Círculo do Fogo.
04) O Círculo do Fogo está associado a movimentos exógenos, que interferem na formação
do relevo.
05) A região destacada corresponde a áreas que
apresentam baixa altimetria, devido à sua
formação recente.
53
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Módulo III
14. (UEFS) Em relação ao relevo brasileiro, pode-se afirmar:
a) O maior conjunto de superfícies elevadas de feições aplainadas encontra-se na Região Sudeste do país.
b) As chapadas predominam, sobretudo, na Região Sul e são remanescentes de antiga cobertura sedimentar.
c) A magnitude altimétrica do relevo brasileiro evidencia as condições da grande instabilidade geológica existente na
maior parte do território.
d) As planícies aparecem principalmente na Amazônia e na parte leste da Região Centro-Oeste, caracterizadas pela
existência de vales bem estreitos e escarpados.
e) A modesta altitude do relevo brasileiro, comparada à da Cordilheira dos Andes, revela a antiguidade de sua estrutura geológica, datada do período pré-cambriano.
15. (UEFS) A partir da análise da ilustração e dos conhecimentos
sobre estrutura e agentes formadores do relevo, pode-se
afirmar:
a) Os planaltos são formações predominantes no Brasil,
apresentam superfícies regulares e homogêneas, com
bordas escarpadas e neles o processo de erosão é menor que o de sedimentação.
b) As depressões são áreas com relevo negativo, cuja formação está associada a intenso processo erosivo, e, no Brasil, só incidem ao longo da porção oriental.
c) I corresponde a um dobramento formado por rochas magmáticas de baixa resistência, evidenciando, portanto, que o
contorno da litosfera independe da estrutura interna.
d) II corresponde à formação de uma falha, altamente solidificada, originada a partir da ação de pressões endógenas
que atuam em rochas resistentes.
e) I e II evidenciam a ação de agentes exógenos, como o intemperismo físico e químico, que atuam de forma muito
intensa e rápida na formação do relevo, dando origem a dobramentos e falhas.
16. (CONSULTEC) A análise das ilustrações e os conhecimentos sobre os agentes
endógenos que atuam na formação e na organização do espaço possibilitam
afirmar:
01) Os gêiseres, caracterizados em I, são manifestações vulcânicas secundárias e
seu funcionamento depende da quantidade da água subterrânea.
02) Os movimentos orogenéticos, representados em II, são responsáveis pela
formação de dobramentos.
03) Os movimentos orogenéticos são verticais e atuam rapidamente no relevo
terrestre, modificando-o.
04) As falhas geológicas são resultantes de forças horizontais, enquanto as
dobras se originam de forças que atuam verticalmente sobre rochas resistentes.
05) Os agentes endógenos ou internos são os mais importantes modeladores do
relevo.
17. (UEFS) A análise do mapa, associada aos conhecimentos sobre o fenômeno representado, possibilita afirmar que a área
destacada corresponde:
a) a bacias sedimentares não sujeitas à ação
dos movimentos tectônicos.
b) ao Círculo do Fogo, área de intensa ação do
vulcanismo.
c) à área em que ocorre o fenômeno das monções, responsável por chuvas abundantes.
d) à área com estrutura geológica antiga, formada
no arqueozoico, e, por isso, predominam as
formações das cuestas.
e) a áreas de escudos cristalinos de erosão, com
topografia acidentada e subsolos ricos em
minerais metálicos.
Fonte: Graça M. L. Ferreira. Atlas Geográfico – espaço mundial
São Paulo: Moderna, 1998. p. 69.
54
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Módulo III
18. (UFBA) O domínio dos mares de morros constitui, do ponto de vista das
construções humanas, o meio físico mais complexo e difícil, quando
comparado aos demais domínios morfoclimáticos brasileiros.
Observando o mapa, indique a localização e as características dos
"mares de morros" e explique as razões que justificam a afirmativa
em destaque:
19. (UEFS) A partir da análise do mapa e dos conhecimentos sobre a organização espacial do relevo brasileiro, é correto afirmar:
a) O relevo brasileiro é formado por estruturas geológicas recentes,
com exceção das antigas bacias de sedimentação, como a parte
ocidental da bacia Amazônica.
b) O planalto Atlântico destaca-se por morros de topos convexos,
conhecidos como "domínio dos mares de morros".
c) A depressão sertaneja e do São Francisco estende-se do Baixo Médio
São Francisco ao Norte de Minas Gerais, apresentando-se aplainada,
sem relevo residual.
d) As planícies das lagoas dos Patos e Mirim são originadas pela deposição fluvial e exclusivas do litoral do Rio Grande do Sul.
e) A maioria das planícies brasileiras corresponde, geneticamente,
à deposição de terrenos antigos sendo, predominantemente, de origem lacustre.
20. (UESC) A análise do mapa e os conhecimentos sobre a morfogênese do relevo terrestre, placas tectônicas e fatores
responsáveis por essa morfogênese permitem afirmar:
01) Os movimentos das placas tectônicas só
ocorrem de forma convergente e, devido a
isso, podem se explicar as dificuldades da
sociedade japonesa, já que o Japão está
localizado em uma zona de convergência
de duas placas.
02) A ação da epirogênese destacada no mapa é
responsável pela formação das cadeias montanhosas submarinas.
03) Os gêigers são agentes endógenos responsáveis pela produção da energia geotérmica, amplamente utilizada em todos os
continentes.
04) O contorno da placa do Pacífico dá origem
ao chamado "Círculo do Fogo", responsável
por movimentos orogenéticos, que provocam transgressões marinhas.
05) As formações montanhosas terciárias apresentam grandes altimetrias sujeitas à instabilidade tectônica, em que vulcões e terremotos são relativamente
frequentes.
55
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21. (UESB) Nesse intervalo de poucas dezenas de quilômetros, que vai da parte superior da crosta terrestre até
a baixa atmosfera, é onde o homem, bem como os demais seres animais e vegetais, vive naturalmente. É esse intervalo estreito de 30 a 40 km o palco onde as sociedades humanas se organizam, se reproduzem e promovem grandes mudanças na natureza.
Módulo III
23. (UFBA 2011-2a fase)
(ROSS. In: ROSS (Org.), 2000, p. 15)
A partir das informações do texto e dos conhecimentos
sobre a organização do espaço terrestre — clima, modelado terrestre, solos como matrizes da produção do
espaço social, econômico e populacional —, pode-se
concluir:
01) No NIFE, camada superior da litosfera, são encontrados os recursos minerais e energéticos
que alimentam as complexas organizações econômicas.
02) A aparente rigidez que a superfície terrestre apresenta na sua estrutura sólida, palco das ações humanas, tem uma dinâmica quase sempre imperceptível às pessoas, porém, quando atua violentamente, causa danos incomensuráveis.
03) As consequências da ação humana sobre os climas
chegam a provocar mudanças radicais na direção
dos ventos de superfície, nos valores da umidade
relativa e no regime de chuvas.
04) Os processos exógenos são movidos pelo calor interior do planeta, que atua na superfície da crosta
continental, através dos vulcões e terremotos.
05) A decomposição do solo é uma função climática, não
havendo participação dos seres vivos no intemperismo do solo.
22. (UESB) A partir dos conhecimentos sobre as interrelações clima X solo X relevo X vegetação no espaço
brasileiro, é correto afirmar:
01) O planalto Meridional, de origem cristalina, apresenta temperaturas amenas, chuvas concentradas
no verão, com predominância da mata de cocais.
02) O planalto Nordestino com relevo tabular, intercalado de chapadas cristalinas e sedimentares, é o
domínio do clima semiárido e de vegetação de caatinga.
03) A planície Amazônica, constituída de solos antigos
e profundos, é o domínio do clima tropical, onde
predomina a mata de terra firme.
04) O planalto do Maranhão-Piauí caracteriza-se pela
presença de solos de origem vulcânica, clima quente e úmido e presença da floresta Amazônica.
05) O planalto Central, com suas imensas serras cristalinas, é o domínio do clima tropical úmido e das formações florestais.
Nada existe de tão concreto na natureza como o conjunto heterogêneo das formas que compõem a superfície da
Terra a que se denomina relevo. O modelado se concretiza pelas diferenciações locais e regionais da silhueta da
superfície da Terra. Ao leigo, cabe apenas sentir as agruras do sobe e desce que a morfologia da superfície do
terreno impõe, além das desagradáveis surpresas que a
natureza reserva quando o homem a utiliza de modo
inadequado.
O relevo, como um dos componentes do meio natural,
apresenta uma diversidade enorme de tipos de formas. Essas formas, por mais que possam parecer estáticas e iguais, na realidade são dinâmicas e se manifestam ao longo do tempo e do espaço de modo diferenciado, em função das combinações e interferências
múltiplas dos demais componentes do meio ambiente.
Fica evidenciado por uma simples colina ou uma exuberante serra, ou ainda uma planície de um rio que têm
sua história evolutiva e, consequentemente, sua existência encontra explicação; elas não ocorrem por acaso, mas porque uma série de fatores naturais possibilitaram seu aparecimento e garantem sua evolução contínua.
O relevo não é como a rocha, o solo, a vegetação, ou
até mesmo a água que se pode pegar; constitui-se eminentemente de formas com diversos arranjos geométricos. O relevo terrestre assemelha-se a uma escultura
em rocha, a qual, depois esculpida, deixa de ser rocha
para ser uma peça ou obra de arte da natureza, produzida ao longo do tempo pelos processos endógenos e
exógenos.
(FILIZOLA, p. 68-69).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre os
processos responsáveis pelas diversas formas do relevo, no quadro ambiental,
• indique um processo endógeno responsável pela
construção do relevo, exemplificando duas formas
de modelado dele resultantes;
• identifique dois agentes da natureza responsáveis
pela esculturação do relevo em ambientes quentes e
úmidos;
• explique de que maneira o assentamento de algumas cidades e povoados foram influenciados, no
passado, pelo relevo;
• cite as consequências das pressões demográficas
sobre o relevo, na cidade de Salvador.
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24. (UEFS) Acerca da organização espacial do relevo brasileiro, pode-se afirmar:
a) O território brasileiro é formado por estruturas e
formações rochosas recentes, mas as formas de relevo são antigas.
b) A bacia sedimentar Amazônica recebeu extensivo
derrame de lavas, resultante de atividades vulcânicas ocorridas no Paleozoico.
c) A faixa montanhosa do Atlântico inclui diversas serras, como a do Mar, a da Mantiqueira e a do Espinhaço, e se localiza, sobretudo, na Região Sudeste.
d) A maior, a mais típica e homogênea planície brasileira é a Amazônica, seguida das extensas planícies
do litoral do Nordeste.
e) O relevo brasileiro apresenta dois tipos de unidades
geomorfológicas, que refletem suas gêneses: os
planaltos, oriundos do processo de deposição de sedimentos, e as planícies, resultantes do processo de
erosão.
25. (ENEM 2011) Muitos processos erosivos se concentram
nas encostas, principalmente aqueles motivados pela
água e pelo vento. No entanto, os reflexos também são
sentidos nas áreas de baixada, onde geralmente há
ocupação urbana.
Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é
Módulo III
26. (FBDC) Utilize o mapa abaixo para responder à questão:
350
0
km
Relevo e vegetação destruídos, rios contaminados e ar
poluído são alguns dos resultados da exploração mineral encontrada em várias áreas do Brasil, dentre elas as
indicadas, no mapa, pelos números.
a) 1, 2 e 3.
b) 1, 3 e 6.
c) 1, 4 e 5.
d) 2, 3 e 4.
e) 3, 5 e 6.
27. (UFBA) "As formas de relevo terrestre produzidas pelas
forças geológicas endógenas chamadas tectônicas vêm
sendo modeladas e remodeladas desde o instante em
que caíram as primeiras gotas de chuva, correram águas
formando rios, sopraram ventos e as ondas do mar se
agitaram, transformando montanhas em planaltos, recortando planaltos em suaves colinas, originando extensas planícies e inúmeros vales férteis. É uma história de
transformação das paisagens naturais tão antiga quanto
a própria história da Terra. A esse trabalho de modelagem e remodelagem do relevo dá-se o nome de erosão,
incluindo-se os processos deposicionais."
(SUDO. In: SANT'ANNA NETO; ZAVATINI (Org.) 2000, p. 127)
A partir das informações do texto, explique o processo
de intemperismo no clima quente-úmido e no semiárido,
especificando as formas de relevo dele resultantes.
Nível d’água
Sulcos ou ravinas
Boçoroca
Zona temporariamente encharcada
TEIXEIRA, W. et al. (Orgs). Decifrando a Terra.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.
a) a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água em seus leitos.
b) a contaminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matéria orgânica.
c) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela
redução do escoamento superficial pluvial na encosta.
d) a maior facilidade de captação de água potável para
o abastecimento público, já que é maior o efeito do
escoamento sobre a infiltração.
e) o aumento da incidência de doença como a amebíase na população urbana, em decorrência do escoamento de água poluída do topo das encostas.
28. (HÉLIO ROCHA) A Geomorfologia explica que os fatores
endógenos influenciam na formação do relevo e tem
suas origens nas pressões que o magma exerce sobre a
litosfera.
A partir da afirmação e dos conhecimentos sobre o
assunto, pode-se concluir:
01) O tectonismo é um fenômeno que atua de forma
intensa e rápida na litosfera e é responsável pelos
movimentos horizontais das águas marinhas.
02) O intemperismo físico age internamente e é o
fator mais importante na formação do relevo.
03) As falhas são responsáveis pela epirogênese e sua
ocorrência explica a formação de dobramentos.
04) As mais altas montanhas da Terra resultam de
pressões horizontais em rochas muito resistentes.
05) As dobras ocorrem em dobras frágeis e plásticas e as
fraturas são formadas em rochas mais resistentes.
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29. (UNICAMP) A sequência de mapas representada abaixo
indica a posição das placas tectônicas em diferentes
períodos geológicos, evidenciando uma dinâmica constante, ora de formação de supercontinentes, ora de
continentes fragmentados separados por oceanos.
A partir da análise dos mapas, responda:
Ordoviciano Médio (458 milhões de anos atrás)
Permiano Superior (255 milhões de anos atrás)
Eoceno Médio (50,2 milhões de anos atrás)
Último Máximo Glacial (18.000 anos atrás)
Terras emersas
Oceanos
Limite entre bordas de placas
convergentes
Limite dos glaciares
Adaptado de www.stotese.com
a) Por que as placas tectônicas se movimentam?
b) O território brasileiro é caracterizado pela ausência
de processos vulcânicos atuais, embora haja evidências de antigos vulcões e extensos campos de lavas
eruptivas. Por que houve a ocorrência de vulcões e
de campos de lavas eruptivas?
c) Como a dinâmica das placas tectônicas pode interferir
na distribuição biogeográfica de animais terrestres?
Módulo III
30. (ENEM 2010) As áreas do planalto do cerrado — como a
chapada dos Guimarães, a serra de Tapirapuã e a serra
dos Parecis, no Mato Grosso, com altitudes que variam
de 400 m a 800 m — são importantes para a planície
pantaneira mato-grossense (com altitude média inferior
a 200 m), no que se refere à manutenção do nível de
água, sobretudo durante a estiagem. Nas cheias, a
inundação ocorre em função da alta pluviosidade nas
cabeceiras dos rios, do afloramento de lençóis freáticos
e da baixa declividade do relevo, entre outros fatores.
Durante a estiagem, a grande biodiversidade é assegurada pelas águas da calha dos principais rios, cujo volume tem diminuído, principalmente nas cabeceiras.
Cabeceiras ameaçadas. Ciências Hoje.
Rio de Janeiro: SBPC. Vol. 42, jun. 2008 (adaptado)
A medida mais eficaz a ser tomada, visando à conservação da planície pantaneira e à preservação de sua grande biodiversidade, é a conscientização da sociedade e a
organização de movimentos sociais que exijam
a) a criação de parques ecológicos na área do pantanal
mato-grossense.
b) a proibição da pesca e da caça, que tanto ameaçam
a biodiversidade.
c) o aumento das pastagens na área da planície, para
que a cobertura vegetal, composta de gramíneas,
evite a erosão do solo.
d) o controle do desmatamento e da erosão, principalmente nas nascentes dos rios responsáveis pelo
nível das águas durante o período de cheias.
e) a construção de barragens, para que o nível das
águas dos rios seja mantido, sobretudo na estiagem,
sem prejudicar os ecossistemas.
31. (UESB) E se... um tsunami atingisse o Brasil? Os resultados seriam bem parecidos com o que você viu na televisão, nas revistas e na internet desde o dia 26 de dezembro. Milhares de pessoas desabrigadas. Corpos sendo
resgatados em alto-mar. Crianças órfãs, plantações destruídas e outra infinidade de mazelas que as catástrofes
naturais têm uma habilidade única de provocar.
Mas um tsunami como o da Ásia é quase impossível de
acontecer por aqui [no Brasil]. Lá, a sequência de ondas gigantes foi resultado de um terremoto provocado
pelo movimento das placas tectônicas.
(SOALHEIRO, 2005, p. 24).
Considerando-se as informações do texto e os conhecimentos sobre agentes endógenos que atuam no modelado
terrestre, suas causas e consequências, pode-se afirmar:
01) O terremoto que ocorreu na Ásia só provocou muitos danos, porque foi precedido por uma erupção
vulcânica em uma área onde o relevo oceânico é
denso e favorável à propagação das ondas sísmicas.
02) A remota possibilidade de ocorrer, no Brasil, um
terremoto da magnitude do referido no texto deve-se à localização do país no centro da Placa
Sul-Americana, que, mesmo quando ela se move,
provoca abalos de baixa intensidade.
03) Os movimentos epirogenéticos, responsáveis pelos
terremotos, são rápidos e capazes de modificar o
relevo oceânico, construindo dobramentos ao longo do litoral.
04) O terremoto se origina no ponto denominado epicentro e se manifesta no hipocentro.
05) As placas tectônicas do Pacífico e a Africana encontram-se na área onde ocorreu o tsunami e se
movimentaram de forma divergente, dando origem
ao fenômeno.
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32. (UEFS) Em relação às características da organização
espacial do relevo brasileiro, pode-se afirmar:
Módulo III
V. O modelado dominante do planalto Atlântico é
constituído por morros com formas de topo convexo, definida por Ab’Saber como "domínio dos mares
de morros".
I. A maioria do território brasileiro apresenta altitudes
superiores a 800 m.
II. Os maciços são mais antigos, se caracterizam pela
presença de rochas cristalinas e são ricos em minerais metálicos.
III. O relevo brasileiro ainda sofre a ação de vulcões e
terremotos, agentes externos formadores de grandes estruturas.
IV. Os planaltos em bacias sedimentares também apresentam nos contatos (planaltos-depressões) os relevos
escarpados, caracterizados por frentes de cuestas.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I, III, V.
b) I, II e III.
c) II, IV e V.
d) III, IV e V.
e) I, III, IV e V.
33. (UEFS) Com base na ilustração e nos conhecimentos sobre a
dinâmica das placas tectônicas, pode-se afirmar:
A dinâmica dos continentes
a) Os movimentos realizados pelas placas tectônicas apenas
horizontais, contudo obedecem ao mesmo sentido do movimento de rotação da Terra.
ANTES
b) A colisão dos continentes ou a compressão das suas bordas
deram origem aos grandes dobramentos orogenéticos datados do Período Quaternário.
c) Os limites das placas tectônicas são áreas de grande instabilidade geológica, nas quais ocorrem geralmente os fenômenos sísmicos e o fenômeno relacionado com o vulcanismo.
Europa
Ásia
América
do Norte
África
América
Central
d) Parte da crosta oceânica é arrastada para baixo da crosta
continental e absorvida pelo manto, ao Iongo do litoral
ocidental sul-americano, onde vem ocorrendo uma divergência de placas tectônicas.
América
do Sul
Península
Arábica
Índia
Madagascar
Antártida
e) O afastamento de duas placas tectônicas em sentido contrário provoca a redução dos fundos oceânicos e a formação de cadeias de montanhas submarinas.
Austrália
HOJE
34. (UEFS)
A fúria dos Tsunamis
Saiba mais sobre a catástrofe no Índico
A partir da análise da ilustração anterior e dos conhecimentos sobre fenômenos de grande magnitude da natureza, é
correto afirmar:
a) A região do oceano Índico, onde foram gerados os
tsunamis, corresponde a uma faixa de periferia
entre duas placas tectônicas.
b) Os tsunamis que se propagaram a partir do epicentro, de oeste para leste, causaram grandes
perdas de vidas humanas no Sri Lanka, ilhas Maldivas e em vários países da costa ocidental da
África.
c) Os tsunamis são fenômenos da natureza, produzidos pelos furacões de grande intensidade na região do oceano Índico.
d) Os tsunamis são fenômenos da natureza, resultantes do progressivo aquecimento global da Terra, juntamente com o aumento gradativo do buraco de ozônio na atmosfera.
e) Todas as áreas sísmicas continentais e oceânicas
inseridas no chamado "Círculo do Fogo do Pacífico" são suscetíveis à ocorrência dos tsunamis.
O número de mortos já chega a 60 mil; o de desaparecidos ainda é desconhecido. Há milhões de desabrigados. As ondas gigantescas atingiram 14 países
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Módulo III
35. (UNEB) Com base nos conhecimentos sobre o relevo e a organização do espaço brasileiro, pode-se afirmar:
01) A ausência de escudos cristalinos no Brasil justifica a baixa altimetria do relevo brasileiro.
02) O relevo brasileiro facilita a instalação de ferrovias que interligam todas as regiões, cuja implantação tem proporcionado grande desenvolvimento econômico e uma melhor distribuição de renda por onde passam.
03) As chapadas existentes no Brasil foram formadas no Período Cenozoico, fato que pode ser comprovado por uma
grande concentração de fósseis encontrados nessas unidades de relevo.
04) Os dobramentos modernos existentes no Brasil estão concentrados na Região Norte, explicando, assim, a ocorrência do ponto culminante do país nessa região.
05) A ausência de falhas geológicas no território brasileiro está relacionada à localização geográfica do país no centro
da Placa Sul-Americana, o que impede a ocorrência de terremotos.
36. (UCSAL) Dos doze países do Oceano Índico afetados pelo tsunami, a maior parte deles está situada no continente asiático, conforme pode-se observar no mapa.
Sobre os países, numerados no mapa, pode-se afirmar
que
a) Tailândia, Bangladesh e Sri Lanka sofrem forte influência chinesa e, atualmente, apresentam grande
número de plantations destinados a abastecer o mercado consumidor do continente.
b) Mianmar, Bangladesh e Índia representam os países
mais industrializados da região, destacando-se a
grande produção de eletroeletrônicos destinados ao
mercado mundial.
c) Índia, Sri Lanka e Ilhas Maldivas caracterizam-se como países de grande produção agrícola e mineral que
se destacam na região pela importância do comércio
exterior.
d) Indonésia, Malásia e Tailândia têm se destacado, recentemente, por apresentarem rápida industrialização calcada em investimentos estrangeiros e cuja
produção destina-se ao mercado externo.
e) Indonésia, Tailândia e Índia são exemplos típicos de
países exportadores de matérias-primas de pequeno
valor comercial e pouco industrializados.
37. (FBDC) Em setembro de 2005, um forte terremoto na região da Cashimira paquistanesa deixou um rastro de destruição
e saldo de mais de 50 mil mortos. Sobre essa ocorrência pode-se afirmar que a região atingida:
a) está próxima de um dobramento terciário, porção da litosfera composta de rochas magmáticas recentes e, portanto,
sujeitas a acomodação de camadas.
b) localiza-se nas proximidades da borda de uma placa tectônica, fato que aumenta as possibilidades de abalos sísmicos.
c) é recortada por inúmeros rios de planalto com forte poder erosivo o que provoca grande desgaste da litosfera.
d) encontra-se em uma depressão relativa, fato que a torna mais sujeita a ação de agentes internos do relevo.
e) sofreu os efeitos das oscilações de um hipocentro localizado próximo às grandes fossas abissais situadas no Pacífico.
38. (ENEM 2012) De repente, sente-se uma vibração que aumenta rapidamente; lustres balançam, objetos se movem sozinhos e somos invadidos pela estranha sensação de medo do imprevisto. Segundo parecem horas, poucos minutos são
uma eternidade. Estamos sentindo os efeitos de um terremoto, um tipo de abalo sísmico.
ASSAD, L. Os (não tão) imperceptíveis movimentos da Terra. ComCiência: Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, n o 117, abr. 2010.
Disponível em: http://comciencia.br. Acesso em: 2 mar. 2012.
O fenômeno físico descrito no texto afeta intensamente as populações que ocupam espaços próximos às áreas de
a)
b)
c)
d)
e)
alívio da tensão geológica.
desgaste da erosão superficial.
atuação do intemperismo químico.
formação de aquíferos profundos.
acúmulo de depósitos sedimentares.
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GEOLOGIA: NOÇÕES BÁSICAS
01. 05
02. 01
03. 01
04. 04
05. d
06. a
07. b
08. As bacias sedimentares resultam da acumulação de sedimentos pela ação dos agentes externos, em diferentes eras e períodos geológicos. Esses sedimentos e/ou detritos podem ter
diferentes origens: fluvial, marinha, glacial, eólica, lacustre,
vulcânica e orgânica. Essas bacias são importantes, do ponto
de vista econômico, por abrigarem minerais usados como
fonte de energia (combustíveis fósseis) como petróleo, gás
natural, carvão mineral, xisto betuminoso. Entre os exemplos
de bacias sedimentares brasileiras pode-se citar: a Amazônica, Meio-Norte, Paraná, Recôncavo-Tucano, Pantanal, entre
outras.
09. e
10. 05
11. 05
12. 01
13. 03
14. e
15. d
16. 02
17. b
18. Domínio morfoclimático dos "Mares de Morros".
Localização: porção oriental do país (estendendo-se do
Nordeste ao Sul), correspondendo à área ocupada originalmente pela Mata Atlântica.
Características: formas de relevo arredondadas do tipo
"meias-laranjas", intensa decomposição das rochas, e cobertura vegetal de florestas com elevado grau de intervenção antrópica e pontões rochosos (pães de açúcar), sobretudo no Rio de Janeiro.
Complexidade de uso: Processos de erosão intensos, resultantes da ocupação intensiva do solo e consequente degradação ambiental (desmatamento, cortes inadequados
nas estradas, atividades agropecuárias predatórias, concentrações urbano-industriais, etc), provocando, principalmente, sob ocorrência de chuvas intensas e concentradas, deslizamentos ou desmoronamentos em rodovias e
"áreas de risco" ocupadas por habitações de construção
precária nas áreas urbanas e inundações em áreas urbanas
e rurais etc.
19.
20.
21.
22.
23.
b
05
02
02
• Orogênese — corresponde a um processo endógeno (dinâmica interna) responsável pela formação das grandes
montanhas dobradas. Exemplo: Andes, Himalaia, Montanhas Rochosas, entre outros.
• Epirogênese — corresponde a um processo endógeno vertical, na maioria das vezes responsável pela formação das
falhas geológicas. Exemplo: em Salvador, a existência da
cidade alta e da cidade baixa. O relevo falhado possui
características peculiares e blocos distintos, horst e graben, que são separados pelos planos de falhas.
• Agentes da natureza responsáveis pela esculturação do
relevo em ambientes quentes e úmidos:
— intemperismo químico, que é bastante acentuado naqueles ambientes;
— chuvas concentradas em uma determinada estação do ano;
— trabalho realizado pelas águas correntes (rios) e pelas
torrentes (enxurradas), ao longo do tempo.
Módulo III
• No passado, alguns povoados e cidades eram edificados
em partes topograficamente mais elevadas, de onde
fosse possível avistar-se, de longe, a aproximação de
pessoas, fossem elas amigas ou inimigas. Era uma forma de aumentar a defesa ou a segurança de seus habitantes. Ocorria, também, a ocupação de planícies aluviais, em função da proximidade dos rios, facilitando o
uso da água, a acessibilidade e a agricultura, entre outros exemplos.
• Consequências das pressões demográficas sobre o relevo, em Salvador:
— surgimento de áreas de risco;
— deslizamentos de terra com perdas de vidas humanas;
— escorregamentos;
— desestabilização das encostas.
24.
25.
26.
27.
c
a
c
As formas de relevo são resultantes da ação de agentes
externos, que atuam, predominantemente, em processos
lentos.
Nos climas quentes e úmidos, o intemperismo químico é o
fator principal na modelação do relevo, criando formas arredondadas (morros mamelonizados, colinas em meia laranja, pães de açúcar) típicas dos chamados “mares de
morro”.
Nos climas semiáridos o intemperismo físico atua com mais
intensidade e resulta da alternância diária de temperatura, provocando a dilatação (com calor) e a contração (com
frio, desagregando as partículas e favorecendo a erosão.
As formas típicas são as chapadas, inselbergs, matações.
28. 05
29.
a) Correntes convectivas de magma com altíssimas temperaturas e densidade movimentam as placas de rocha solidificada da superfície, com menor densidade.
b) No permiano superior ocorreu um movimento divergente
das placas tectônicas onde se encontravam o Brasil e a
África que começaram a se afastar gradativamente, o
Brasil para oeste e a África para leste. Esse movimento
provocou falhas ou fraturas nas rochas superficiais no
Brasil, o que facilitou a ocorrência de derrames de lava.
c) Pode permitir a existência de espécies em comum em
continentes diferentes ou fazer surgir espécies endêmicas.
30. d
31. 02
32. c
33. c
34. a
35. 03
36. d
37. b
38. a
Resolução
As chamadas áreas de “alívio de tensão geológica” são
aquelas onde ocorrem os encontros ou separações das placas tectônicas. Nesses locais, as falhas ou dobramentos liberam grande quantidade de energia, que resulta nos chamados abalos sísmicos ou terremotos.
61

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