Questões do ENADE 2009 comentadas pelos professores

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Questões do ENADE 2009 comentadas pelos professores
Questões do ENADE 2009 comentadas pelos
professores da Faculdade de Psicologia da
PUCRS
Questões Comentadas ENADE
QUESTÃO 12: .................................................................................................... 3
QUESTÃO 13: .................................................................................................... 4
QUESTÃO 14: .................................................................................................... 6
QUESTÃO 19: .................................................................................................... 8
QUESTÃO 20: .................................................................................................. 10
QUESTÃO 21 .................................................................................................... 12
QUESTÃO 22: .................................................................................................. 14
QUESTÃO 23: .................................................................................................. 16
QUESTÃO 24: .................................................................................................. 18
QUESTÃO 25: .................................................................................................. 19
QUESTÃO 26: .................................................................................................. 21
QUESTÃO 27: .................................................................................................. 23
QUESTÃO 28: .................................................................................................. 25
QUESTÃO 31: .................................................................................................. 26
QUESTÃO 32: .................................................................................................. 28
QUESTÃO 33: .................................................................................................. 30
QUESTÃO 34: .................................................................................................. 32
QUESTÃO 35: .................................................................................................. 34
QUESTÃO 36: .................................................................................................. 36
QUESTÃO 37: .................................................................................................. 38
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
FACULDADE DE PSICOLOGIA
3
Professora Vivian Roxo Borges
QUESTÃO 12:
Alternativa Correta: C
Média de acertos
Brasil: 51,2%
FAPSI: 68,1%
A psicologia, ao participar do desafio contemporâneo do diálogo inter,
multi e transdisciplinar, tem sua definição precária de identidade
dissolvida, revelando seu potencial de olhar para a complexidade de seu
objeto. Tal situação tem o potencial de propiciar a construção de novas
formas e práticas de se pensar o saber psicológico. Todavia, convida à
realização de atividades cada vez mais em sintonia com outros saberes.
Assim, uma dupla tarefa impõe-se: dialogar, ultrapassando fronteiras
antes demarcadas, e sustentar um discurso construtor de uma identidade
específica do saber psicológico. Considerando-se o texto, assinale a
afirmação CORRETA.
A)
A identidade emergente da psicologia contemporânea supera as suas
dicotomias epistemológicas, ao dialogar com outros saberes, referendando-se
neles, pois esses saberes possuem uma maior segurança metodológica.
B) A psicologia como ciência foi marcada pela tensão dos projetos de sua
constituição, estabelecendo uma epistemologia única que se expressa em múltiplos
métodos, que podem dialogar com outros saberes.
C) A psicologia, ao participar do diálogo inter, multi e transdisciplinar, têm
reconstruído as fronteiras de sua identidade, pois, no contato com saberes
diversos, revela sua característica: a complexidade epistemológica e
metodológica.
D) O diálogo inter, multi e transdisciplinar dificulta a definição formal da psicologia
como ciência, pois dissolve a identidade já bem constituída do saber psicológico,
propondo uma identificação com outras formas do saber sobre o homem.
E) O psicólogo tem sido convidado a realizar diálogos que o desafiam a construir
uma linguagem inter, multi e transdisciplinar, centrada no discurso epistemológico
das ciências exatas, como a física quântica, e das ciências biológicas, como a
genética.
Este é um grande desafio para todos os saberes na contemporaneidade.
Especialmente em relação à Psicologia uma grande mudança de paradigma
deu-se em função da abertura do campo de atuação do psicólogo e da
necessidade desse profissional sair de um espaço mais reservado e
privado, para os campos das políticas públicas e da invenção de novos
fazeres. Trabalhar nessa perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade
implica, a todo momento, em transitarmos por espaços coletivos
(diferentes Campos de atuação) e trocas com outros saberes, bem como
defender o espaço de Núcleo (saberes da Psicologia).
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
FACULDADE DE PSICOLOGIA
4
Professor Márcio Englert Barbosa
QUESTÃO 13:
Alternativa Correta: B
Média de acertos
No Brasil: 51,2
FAPSI: 56,7
Em
relação
à
visão
de
homem,
contrastante
na
abordagem
comportamental e na psicologia evolutiva, são feitas as seguintes
afirmativas:
I.
II.
III.
IV.
A
abordagem
comportamental
considera
que
o
homem
é
ambientalmente determinado pela sequência de comportamentos e de
reforços, criando uma ilusão de liberdade.
A abordagem comportamental surge como uma modalidade de discurso
psicológico crítico da visão monista materialista de homem e da
correspondente desvalorização daquilo que ocorre privadamente no
indivíduo.
A psicologia evolutiva descreve os componentes fundamentais da
natureza humana, os quais podem ser compreendidos em termos de
mecanismos psicológicos selecionados pelo indivíduo como úteis para a
evolução pessoal.
A psicologia evolutiva sustenta que o comportamento humano depende
de mecanismos psicológicos que foram modelados pela seleção natural
no ambiente anterior de adaptação.
Estão CORRETAS somente as afirmativas
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
Questão Comentada:
I.
A
abordagem
comportamental
considera
que
o
homem
é
ambientalmente determinado pela sequência de comportamentos e de
reforços, criando uma ilusão de liberdade.
Comentário: A afirmativa é verdadeira. A teoria comportamental, especialmente
considerando as propostas Skinnerianas sobre o condicionamento operante propõe
que os comportamentos são determinados pelas suas consequências. Os reforços
são consequências que levam ao aumento na frequência do comportamento
anteriormente apresentado. Dentro desta perspectiva, a consciência não é
responsável pela escolha de comportamentos, visto que os mesmos são definidos
pelas suas consequências.
II - A abordagem comportamental surge como uma modalidade de
discurso psicológico crítico da visão monista materialista de homem e da
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correspondente desvalorização daquilo que ocorre privadamente no
indivíduo.
Comentário: Afirmativa incorreta, pois a abordagem comportamental critica a
valorização de fenômenos internos como causas dos comportamentos, detendo-se
na relação organismo-ambiente e abandonando o foco nos processos privados do
indivíduo. Essa afirmativa necessita que o aluno preste bastante atenção na sua
interpretação, visto que ela afirma que a visão comportamental critica a visão
monista que desvaloriza os eventos privados. Quando na verdade a visão
comportamental compartilha a ideia de desvalorização dos eventos privados.
III - A psicologia evolutiva descreve os componentes fundamentais da
natureza humana, os quais podem ser compreendidos em termos de
mecanismos psicológicos selecionados pelo indivíduo como úteis para a
evolução pessoal.
Comentário: A afirmativa é incorreta. A psicologia evolutiva acredita que os
mecanismos psicológicos são selecionados através do processo de seleção natural.
Esses mecanismos são adaptativos, sendo fundamentais para a sobrevivência e
reprodução. Esses mecanismos são selecionados pela natureza, e não pelo
indivíduo, sendo úteis para o processo de evolução da espécie e não para uma
evolução pessoal.
IV - A psicologia evolutiva sustenta que o comportamento humano
depende de mecanismos psicológicos que foram modelados pela seleção
natural no ambiente anterior de adaptação.
Comentário: Afirmativa correta. Os processos de seleção natural dos processos
psicológicos ocorreram em um período pré-histórico em que a nossa espécie era
caçadora e coletora, antes do início dos assentamentos, e das nossas sociedades
urbanas. O processo de seleção natural necessita de uma grande quantidade de
gerações para que ocorra a seleção genética e o período de existência da nossa
espécie caracterizado pelas tribos nômades, caçadoras e coletoras supera em muito
o período de existência da sociedade urbana.
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Professora Rita de Cássia Petrarca Teixeira
QUESTÃO 14:
Alternativa Correta: D
Média de acertos
No Brasil: 26,9%
FAPSI: 33,5 %
A psicologia como ciência caracteriza-se pela tensão entre recortes
epistemológicos e pressupostos ontológicos sobre seu objeto,
criando, ao longo de sua história, uma diversidade de abordagens,
tal como o cognitivismo e a psicologia fenomenológica. Em relação
à concepção da psicologia como ciência nessas duas abordagens,
são feitas as seguintes afirmativas:
Ambas preconizam uma visão de ciência centrada na concepção
de descrição precisa e objetiva dos dados da experiência.
O cognitivismo contrapõe-se à psicologia fenomenológica, por
considerar que a abordagem científica adequada será do
processamento da informação como dado objetivo.
Para a psicologia fenomenológica, a experiência é irredutível a
uma análise descontextualizada da subjetividade do sujeito;
portanto, os métodos experimentais são adequados.
O cognitivismo apresenta uma dispersão de métodos que se
origina de desdobramentos da abordagem comportamental, da
psicologia social e da influência da cibernética e da teoria da
informação e da teoria geral dos sistemas.
I.
II.
III.
IV.
Estão CORRETAS somente as afirmativas
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
Comentário
A partir do nascimento formal da Psicologia com ciência no século XIX,
surgiram diferentes definições da natureza da Psicologia, assim como do objeto de
estudo e da forma (método) para estudá-lo. Dessa forma, cada escola psicológica
apresenta
a sua concepção de ciência, divergindo e tentando superar o modelo
proposto pelas demais.
As abordagens cognitiva e fenomenológica evidenciam essas diferenças. A
escola cognitiva retoma a consciência como objeto de estudo, foi influenciada pelo
Behaviorismo intencional de Tolman, pela teoria da atribuição da Psicologia Social,
pelas teorias da comunicação,
pelos estudos sobre Inteligência Artificial, pelas
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teorias de processamento de informação na tomada de decisões e soluções de
problemas, sendo uma das escolas mais atuais. Utiliza a metáfora do computador
para
explicar
os
processos
cognitivos
do
ser
humano.
Já
a
psicologia
fenomenológica está baseada num modelo de pensamento filosófico que tem
Husserl, Merleau-Ponty e Heidegger como figuras expoentes. Essa psicologia é
caracterizada
pela
consideração
da
experiência
enquanto
realidade
vivida
subjetivamente. Interessa a descrição ingênua dos fenômenos tais como acontecem
na consciência, sendo estes vividos pelo sujeito sob a forma de estruturas, isto é,
sob a forma de relações entre as partes que compõem o todo.
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Professora Lilian Milnitsky Stein
QUESTÃO 19:
Alternativa Correta: A
Média de acertos
No Brasil: 47,1%
FAPSI: 69,2%
Leia o trecho:
O
estudo
das
conhecimento
da
falsas
memórias
memória
em
é
útil
contextos
à
expansão
laboratoriais,
do
à
psicologia clínica e a diversas áreas do saber que lidam com ela.
As recentes investigações denotam que sugerir informações e
forçar as pessoas a evocá-las pode aumentar a magnitude dos
efeitos das falsas memórias.
ALVES, C.M. 2007 (adaptado)
Com base na leitura desse texto, considere as seguintes afirmativas:
I.
A memória é parte do complexo funcionamento do processo cognitivo e
mostra-se mais que simples registro, revelando uma relação entre o
recordar e a situação de interação.
II.
A recordação pode ser falseada quanto ao conteúdo pelo engajamento
emocional com o entrevistador, que pode sugerir involuntariamente
elementos facilitadores da lembrança reconstruída.
III.
O processo terapêutico pode evitar o surgimento de falsas memórias,
pois o ambiente seguro garante a expressão emocional consistente do
indivíduo, incluindo suas lembranças.
IV.
A repetição da recordação de um episódio aumenta a fidedignidade da
recordação, pois a experiência emocional permite afirmar que uma
recordação é mais profunda e segura de que sua validade objetiva.
Estão CORRETAS somente as afirmativas
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
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Comentários da Profa. Lilian M. Stein acerca das alternativas corretas:
I – A memória, por ser “extraordinariamente eficiente e flexível no armazenamento
de informações” (BADDELEY, EISENCK, & ANDERSON, 2011, p. 29), não registra as
informações como uma máquina fotográfica ou filmadora. A memória é suscetível à
distorção que pode ser causada por sugestão de informações falsas que são
apresentadas, deliberadamente ou por acaso, nas interações do indivíduo com seu
ambiente e outras pessoas (Neufeld & Stein, 2001).
II - Em uma entrevista onde se busca um relato de fatos ocorridos, por exemplo,
quando uma testemunha é entrevistada, muitas vezes não só o “engajamento
emocional” com o entrevistador, mas a utilização de técnicas de entrevistas
inadequadas (por exemplo, uso de perguntas fechadas e que dão opções de
resposta a testemunha, sugestão de informação falsa, por exemplo, “tu ouviu o que
o ladrão disse quando apontou o revolver para o caixa do banco?”, quando de fato
o ladrão tinha uma faca) (EYSENCK, 2011).
Comentários da Profa. Lilian M. Stein acerca das alternativas incorretas:
III - “Uma vez que a psicoterapia visa a reestruturar as crenças dos pacientes, ela
pode constituir-se em um cenário propício para as distorções de memória”
(PERGHER & GRASSI-OLIVEIRA, 2010, p.231). Ademais, dependendo do tipo de
técnica utilizada (por exemplo, imaginação ou até mesmo a interpretação de
sonhos (Mazzoni et al.,1999).
IV - De fato, a primeira parte da afirmativa está correta, pois quanto mais vezes
recordarmos de um episódio que vivemos (testes de recordação livre), a tendência
é que essa recordação seja fidedigna em função do chamado “efeito de testagem”
(Roediger & Karpicke, 2006). Todavia, a emoção, ainda que possa levar a um
processamento mais profundo das informações (Baddeley et al., 2011, p. 116), não
confere necessariamente uma proteção contra possíveis distorções dessa memória
(Rohenkohl, Gomes, Silveira, Pinto e& Santos, 2010).
BADDELEY, A., EISENCK, M.W. & ANDERSON, M.C. (2011). Memória. Porto Alegre:
Artmed.
EISENCK, M.W. (2011). O depoimento da testemunha ocular. Em A. BADDELEY,
M.W. EISENCK & M.C. ANDERSON. Memória, cap. 14. Porto Alegre: Artmed.
NEUFELD, C. B. & STEIN, L. M. Compreensão da memória segundo diferentes
perspectivas teóricas, Campinas, Revista Estudos de Psicologia, 18, n. 2, p. 5063, 2001.
Rohenkohl,G. Gomes,C.; Silveira,R.; Pinto, L. & Santos, R. ( 2010).Emoções e
falsas memórias. Em STEIN, L. M. e colaboradores. Falsas Memórias:
Fundamentos científicos, aplicações clínicas e jurídicas, cap. 4. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
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STEIN, L. M. e colaboradores. Falsas Memórias: Fundamentos científicos,
aplicações clínicas e jurídicas. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Professora Irani Iracema de Lima Argimon
QUESTÃO 20:
Alternativa Correta:
enquanto a
E¨ essa alternativa obteve 26,2% de escolha
alternativa C (considerada errada) obteve 27,8%
Média de acertos
No Brasil: 28,6%
FAPSI: 26,2%
A discussão sobre o envelhecimento tem sido retomada a partir do
aumento da expectativa de vida, demandando políticas públicas que
orientem e articulem os diferentes segmentos de atendimento a esses
grupos, seja na família, na escola, no trabalho, nos serviços médicos ou
assistenciais. Quanto às contribuições da psicologia do envelhecimento,
são feitas as seguintes afirmativas:
I.
II.
III.
IV.
A teoria psicológica dispõe de conceitos e de modelos explicativos
adequados
para
tratar
do
processo
de
envelhecimento
na
contemporaneidade.
Uma abordagem renovadora implica compreender o envelhecimento
como etapa final do ciclo de vida, incorporando contribuições de outras
ciências.
O estudo do envelhecimento deve incorporar as novas dimensões
tecnológicas que incrementam a qualidade de vida e a longevidade.
A pesquisa em psicologia deve ampliar os estudos sobre a memória, já
que é uma das funções que sofre maior desgaste durante o envelhecer.
Estão CORRETAS somente as afirmativas
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
V.
O estudo do envelhecimento deve incorporar as novas dimensões
tecnológicas que incrementam a qualidade de vida e a longevidade.
Com o aumento da média de vida devido a novas tecnologias e
principalmente o avanço da ciência, destacando-se ai a medicina, as
pessoas tem tido uma vida mais longa. Os recursos até aqui foram
elaborados e incrementados para uma faixa de idade menos que não a
terceira idade, por isso justifica-se que a preocupação atual é de
incorporar novas tecnologias e não simplesmente estender as já
existentes para incrementar a qualidade de vida dos mais idosos.
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VI.
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A pesquisa em psicologia deve ampliar os estudos sobre a memória, já
que é uma das funções que sofre maior desgaste durante o envelhecer.
Entre as funções cognitivas, os estudos mostram que a função da
memória é mais sensível a um desgaste com o envelhecimento. Este
declínio perceptível pode não ser suficiente para caracterizar um prejuízo
nesta função, mas um declínio que deve ser melhor estudado para
encontrar alternativas de treinamento e reabilitação.Em questões de
memória não podem ser descartados situações mais sérias, por exemplo
demências onde o sintoma “memória” está presente, apresentando
prejuízos muito importantes. Hoje já se dispõe de instrumentos para
rastreamento de déficits cognitivos e principalmente da memória que
ajudam a pensar em hipóteses diagnósticas.
Referências:
Araújo, L. F., Carvalho, C. M. & Carvalho, V. A. (2009). As diversidades
do Envelhecer: uma abordagem multidisciplinar. Curitiba: Editora CRV.
Areosa, S. V. C. (2012). Envelhecimento Humano: realidade familiar e
convívio social de idosos do RGS e da Catalunha. POA:EDIPUCRS.
Barlow, D. H. & Durand, V. M. (2008). Psicopatologia, uma abordagem
integrada. São Paulo: Cengage Learning.
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Professora Adriane Xavier Arteche
QUESTÃO 21:
Alternativa Correta: A
Média de acertos
No Brasil: 74%
FAPSI: 84,8%
Em um estudo de crianças da zona rural brasileira, Leite (2002) observou
que grande parte dos brinquedos disponíveis (bonecas, peteca, casinha,
bola) era feita pelas próprias crianças ou havia reapropriação de
instrumentos: paus, carrinhos de mão, cabos de vassoura e latas. Elas
brincam ao puxar lata, rodar pneu, colher fruta, andar na bicicleta dos pais,
catar capim na horta, recolher o gado, cuidar do bebê, amarrar a cabra no
pasto, brincar de bola, de comprar na venda, de correr. O trabalhar e o
brincar da criança também aparecem em tarefas cotidianas diversas,
dando a essas atividades um caráter lúdico e singular. Em uma pesquisa
sobre o brincar da criança indígena brasileira, Oliveira e Menandro (2002)
observaram brinquedos dos mais variados tipos e naturezas. Eram
brinquedos artesanais, como o estilingue, o pião, a zarabatana ou
chocalhos. Os autores identificaram uma diversidade de vivências lúdicas
que transformam objetos em brinquedos, com base na experimentação e
na fantasia. Essas pesquisas estão sintetizadas na afirmativa
A) A apropriação de objetos e sua transformação em brinquedo
caracterizam a experiência lúdica nos dois grupos, embora sejam
brinquedos impregnados pelo contexto cultural.
B) A perspectiva acerca da infância e da criança nos estudos culturais é baseada
num ideal de pureza e de ingenuidade, que deve ser submetido a estudos
experimentais.
C) A perspectiva sobre a natureza infantil é homogênea, adotando um modelo que
busca enquadrar a criança num universo sociocultural já constituído e marcado pela
diversidade.
D) As diferenças na vivência da infância aparecem nas pesquisas, pois tanto as
crianças da zona rural quanto as indígenas transformam objetos em brinquedos.
E) As transformações nos modos de viver o lúdico na infância mostram a
importância dos brinquedos nos centros urbanos das grandes cidades.
COMENTÁRIO:
Para responder corretamente à questão deve-se lançar mão dos conhecimentos
acerca de Psicologia do Desenvolvimento e, mais especificamente, das teorias sobre
a evolução e a importância do brincar na infância. Dois conceitos são chave para se
chegar à resposta correta: 1) A noção de que o brinquedo infantil faz parte do
repertório humano independentemente da cultura e 2) A idéia de que o brinquedo
constitui a base da percepção que a criança tem do mundo dos objetos humanos e,
portanto, assumirá especificidades conforme o contexto em que a criança está
inserida. As elaborações teóricas acerca destes conceitos podem ser encontradas
nas teorias de Vygotsky e Leontiev. Para estes autores o brinquedo assume papel
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de destaque no desenvolvimento infantil, oportunizando que a criança se
desenvolva cognitivamente. Além disso, é através do brinquedo que a criança se
apropria do mundo dos adultos, se relaciona e se integra culturalmente. Nesta
medida, o brinquedo humano se diferencia do animal visto que o segundo é uma
atividade instintiva, enquanto o primeiro é uma atividade objetiva que envolve a
manipulação de recursos disponíveis e objetos pertencentes ao mundo dos adultos
utilizados. Assim, a criança compreende o mundo adulto e treina a solução
independente de problemas.
Referência:
Vigotskii, L.S., Luria, A.R., & Leontiev, A.N. (1986). Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem. Editora Ícone.
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14
Professora Angela Leggerini de Figueredo
QUESTÃO 22:
Alternativa Correta: C essa alternativa
(correta) recebeu 38,4%
escolha enquanto a alternativa E (considerada errada) obteve 31,2%
de
Média de acertos
No Brasil: 31,4%
FAPSI: 38,4
Uma paciente de 20 anos de idade, em uma entrevista inicial, relata um
quadro diagnosticado como Transtorno de Pânico Sem Agorafobia (DSM IV
300.01):
“Doutora, não sei o que eu tenho... estava na minha casa sozinha. Quando
fui à cozinha, comecei a sentir mal! Senti como se algo horrível fosse
acontecer. Senti como se estivesse morrendo... Minhas mãos começaram a
formigar. Meu coração disparou, mal conseguia respirar. Nada estava
acontecendo e eu não sabia o que me acontecia. Achei que meu coração ia
parar! Comecei a chorar! O médico me disse que eu não tinha nada. Me
receitou um ansiolítico e me mandou para casa. Isso foi há um ano. Isso
ocorreu mais de uma vez e sempre de repente! Às vezes, quando menos
espero. Eu estou apavorada! Não sei o que acontece, nem quando vai
acontecer! Tenho medo de enlouquecer ou de ter um ataque cardíaco! E eu
sou atleta! Sei que não tem nada a ver! Nunca tive nada disso! Nunca usei
drogas! E o médico me disse que minha saúde está bem. Meus pais estão
bem! Minha relação com eles é boa! Tenho namorado! Agora não consigo
nem ir à aula na faculdade sem ter medo! Mesmo em casa fico preocupada!
O que é que eu tenho? Tem tratamento?”
Considerando-se a diversidade de abordagens em psicologia para
compreender os quadros psicopatológicos e seu diagnóstico, são feitas as
seguintes afirmativas:
I.
II.
III.
IV.
Para a psicanálise, os sintomas relatados são reveladores de complexos
inconscientes relacionados à repressão cultural do corpo e do gênero,
levando a um estado regressivo, cujo principal mecanismo de defesa é a
projeção; portanto, a psicanálise tem validada sua descrição da
psicopatologia no DSM IV.
A abordagem comportamental procura, por meio da análise funcional,
descrever, neste caso, as relações complexas entre os comportamentos,
seus reforçamentos e condicionamentos, considerando que descrições de
categorias nosológicas não são úteis, pois não revelam as relações entre
variáveis de controle do comportamento.
Na perspectiva da abordagem sistêmica, a complexidade dos quadros
psicológicos não pode ser reduzida a classificações nosológicas, pois elas
ocultam a relação complementar entre o sistema e o sintoma; logo, uma
descrição centrada na psicopatologia não revela aspectos de
recursividade e de circularidade sistêmicas.
Em uma perspectiva fenomenológica existencial, a classificação de
quadros psicopatológicos elucida as vivências subjetivas, pois a
classificação explica o sintoma e valida o relato do paciente. Assim, a
descrição das vivências da paciente é objetivada.
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Estão CORRETAS somente as afirmativas
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III. 38,4%
D) II e IV.
E) III e IV.
31,2%
Comentário :
I. A afirmativa esta errada, pois o DSM-IV é um manual epidemiológico que visa
descrever os fenômenos psicopatológicos apartir da ausência ou presença de
determinado sintoma. Já a psicanálise por sua vez, busca a compreensão destes
fenômenos a partir de seu corpo teórico de forma explicativa e não descritiva.
II. Em TCC uma das principais formas de entender os quadros ansiosos é que ele se
deu através do condicionamento operante proposto por Skinner. Tendo em vista tal
entendimento a análise funcional do comportamento (modelo advindo do
Behaviorismo radical) é a melhor forma de entendermos tal fenômenos de forma
teórica. O DSM não seria tão indicado pois trata-se de um manual epidemiológico
ateórico. Afirmativa correta III. A teoria sistêmica como as demais abordagens
busca entender os fenômenos a partir de seu corpo teórico e não da descrição
epidemiológico ateórico do DSM. Afirmativa correta.
IV. Afirmativa errada. Primeiramente porque o humanismo não vale-se do DSM
para o entendimento dos seis pacientes e sim do seu referencial teórico . Por fim,
pois o existencialismo é a antagônico a base epistemológica do DSM que visa a
descrição de populações em determinados contextos, este por sua vez enxerga o
indivíduo como único em sua existência.
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Professora Jenny Milner Moskovics
QUESTÃO 23:
Alternativa Correta: E
Média de acertos
No Brasil: 69,8%
FAPSI: 84%
Leia o trecho:
Mesmo pacientes que seriam considerados psiquiatricamente bastante
comprometidos pela ciência acadêmica vigente podem viver num clima de
liberdade, de autonomia e de consideração mútua, dependendo apenas de que se
lhes respeite a condição de seres humanos. Não se trata absolutamente de tingir a
loucura com cores românticas: sem dúvida, são pessoas que vivem experiências
difíceis, doloridas, dilacerantes, experiências que, na maior parte das vezes, não
encontram uma alocação possível na esfera gregária do sujeito e que resistem às
formas de comunicação pelos códigos partilhados. Mas que, nem por isso, são
menos humanas, menos passíveis de reconhecimento e de solidariedade.
NAFFAH, Neto Alfredo. O estigma da loucura e a perda da autonomia. (s/d)
Essa concepção de saúde e de doença mental é identificada em qual
abordagem?
A)Em uma abordagem analítica, deve-se promover um trabalho de denúncia da
ideologia, ligada ao tratamento da loucura e sua manifestação na família em todos
os fóruns sociais, dentro e fora do contexto territorial em que a estigmatização do
paciente ocorre.
B) Em uma abordagem que defenda o fim do internamento do paciente, o qual
rompe com as jaulas farmacológicas e terapêuticas que acorrentaram os doentes
mentais na história; logo, o fim do uso de psicofármacos e a liberdade sem
restrições estão postos para o século XXI.
C) Na perspectiva biopsicossocial, em que o sofrimento mental é compreendido
como instância produtora de novos sentidos, recupera-se a experiência do portador
como um dado de crítica social e aspectos neuropsicológicos.
D) Naquela em que o tratamento moral deve ceder pouco a pouco seu lugar para
as terapêuticas medicamentosas e psicoterápicas, pois a abordagem deve ser por
etapas e acompanhada por diferentes instrumentos de avaliação.
E) Naquela em que se deve trabalhar com a tensão entre um conceito de
saúde, como o bem-estar biopsicossocial e as suas possibilidades efetivas
de realização nas condições concretas dos indivíduos e dos grupos sociais,
na busca de garantir a humanidade e a dignidade das pessoas em condição
de sofrimento psíquico, apostando na potencialidade humana do paciente.
Comentário- Profa. Jenny Milner Moskovics:
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A) Alternativa INCORRETA, já que a promoção de um trabalho de denúncia da
ideologia não é abordada em nenhuma abordagem analítica e as ideias
expostas não tem nada a ver com a concepção analítica.
B) Alternativa INCORRETA, pois o tratamento humano e digno para pessoas
portadoras de sofrimento psíquico referido é compatível com o uso de
psicofármacos e com o internamento dos pacientes, em determinadas
condições.
C) Alternativa INCORRETA, pois a perspectiva biopsicossocial não prioriza os
aspectos neuropsicológicos.
D) Alternativa INCORRETA, pois a abordagem não prioriza terapêuticas
medicamentosas e psicoterápicas.
E) Alternativa CORRETA, pois esta concepção de saúde mental considera que o
sofrimento psíquico deve ser acolhido e tratado no contexto de vida das
pessoas, permitindo que as mesmas mantenham seus laços familiares e
comunitários. Nesta concepção, existem “mil saúdes” e infinitos papeis
sociais possíveis e a ênfase deve estar no projeto de “invenção de saúde” e
de “reprodução social do paciente”, não no processo de “cura”.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
FACULDADE DE PSICOLOGIA
18
Professora Mariana de Medeiros e Albuquerque Barcinski
QUESTÃO 24:
Alternativa Correta: E - essa alternativa obteve 29,7%
alternativa D (considerada errada) obteve 35%
no entanto a
Média de acertos
No Brasil: 28,2
FAPSI: 29,7%
Leia as afirmativas
A contemporaneidade é o cenário no qual novos elementos despontam e convocam
posicionamentos subjetivos. É nesse palco que a homossexualidade e a homofobia
devem ser vistas e focalizadas, tanto teórica quanto pragmaticamente.
PORQUE
Autores como Bauman (1998) e Jameson (1997) voltam-se para as transformações
sociais
como
deflagradoras
de
mudanças
subjetivas:
fragmentação,
superficialidade, heterogeneidade discursiva e espacialização do tempo e fim da
unidade e da centralidade típicos da organização subjetiva da modernidade.
CREMASCO et al., 2009. (Adaptado)
Analisando-se essas afirmações, é CORRETO afirmar que
A) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
B) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
C) as duas afirmações são falsas.
D) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da
primeira.
E) as duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
As duas afirmações tratam de questões similares, a saber as transformações
subjetivas resultantes do cenário da contemporaneidade. Neste sentido, as
afirmações falam de como as transformações sociais, incluindo a globalização e o
encurtamento de fronteiras, por exemplo, resultam em novas subjetividades
contemporâneas. No entanto, embora tratem de fenômenos similares, não há entre
as afirmações um nexo causal. As duas, portanto, são verdadeiras, mas uma não
explica a outra.
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FACULDADE DE PSICOLOGIA
19
Professor Rodrigo Grassi de Oliveira
QUESTÃO 25:
Alternativa Correta: D obteve 37,3%, no entanto a alternativa B
considerada errada obteve 52%
Média de acertos
No Brasil: 35,5%
FAPSI: 37,3
Estudos sobre um construto chegaram às seguintes conclusões:
i)
ii)
iii)
iv)
A fragmentação do núcleo familiar, o baixo grau de instrução e o prévio
histórico de internação psiquiátrica são preditores de estresse póstraumático.
A ousadia protege, na exposição ao estresse extremo, e tem três
dimensões: a motivação para encontrar sentido no cotidiano; a crença em
poder influenciar o entorno e os resultados dos eventos; e a crença em
poder aprender e a crescer a partir das experiências.
A caracterização de um evento como traumático não depende somente do
estímulo estressor, mas, entre outros fatores, da tendência do
processamento perceptual do indivíduo.
Eventos traumáticos em si não são determinantes isolados ou exclusivos
do desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.
Tais descobertas relacionam-se a estudos sobre
A) agressividade.
B) processos cognitivos.
C) processos grupais.
D) resiliência.
E) dissonância cognitiva.
A busca em compreender as respostas ao trauma está voltada também para a
contribuição da personalidade e dos fatores ambientais. Estudos sugerem que a
exposição precedente ao trauma e a intensidade da resposta ao trauma agudo podem
afetar o desenvolvimento de TEPT. Os resultados indicam que os indivíduos com
sentimentos de insegurança, falta de controle pessoal e alienação aos outros são os
mais prováveis a vivenciar elevados níveis de depressão e sintomas de TEPT
subsequentes à exposição a eventos traumáticos. As pessoas que são incapazes de
confiar nos outros, são sensíveis à rejeição, sentem-se facilmente feridas e possuem
dificuldade em fazer amigos experimentam os níveis mais elevados de sofrimento que
seguem a um evento potencialmente traumático. Meta-análises revelaram
consistentemente diversos preditores de TEPT, incluindo a fragmentação do núcleo
familiar, baixo grau de instrução e prévio histórico de internação psiquiátrica.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
FACULDADE DE PSICOLOGIA
20
O fator crucial ao desenvolvimento da resiliência está em como os indivíduos
percebem sua capacidade de lidar com os eventos e controlar seus resultados. A
percepção de si mesmo e os diálogos internos após a ocorrência do evento traumático
são preditores de resultados psicológicos satisfatórios ou não. Os diálogos internos de
autopiedade, desamparo, autovitimização e autodepreciação podem realçar as
emoções negativas relacionadas à memória traumática e exacerbar o sofrimento
psicológico. As pessoas que cultivam diálogos internos de enfrentamento, procurando
modificar o presente positivamente, superam com maior facilidade traumas
psicológicos.
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21
Professora Rita de Cássia Petrarca Teixeira
QUESTÃO 26:
Alternativa Correta: D
Média de acertos
No Brasil: 36,2%
FAPSI: 63,9%
A conceituação de personalidade retrata a complexidade do campo do
saber psicológico. A personalidade pode ser definida como o conjunto das
características da pessoa que explicam padrões consistentes de
sentimentos, de pensamentos e de comportamentos. As teorias de
personalidade são estudadas em uma perspectiva pluralista. Sobre as
teorias de personalidade, as seguintes afirmativas são feitas:
As teorias cognitivas reforçam a visão da personalidade como um
sistema ativo de processamento de informações sobre si e sobre o
mundo, uma vez que não é possível abordar cognitivamente as emoções.
As teorias psicodinâmicas descrevem a personalidade como um sistema
energético marcado por forças conscientes e inconscientes, que, em
conflito não resolvido, podem levar aos sintomas psicopatológicos.
As teorias humanistas colocam em relevo as características emergentes
e irredutíveis do homem, propondo o foco na experiência psicossocial e
na cultural, como fontes determinantes da constituição da pessoa.
A psicologia evolutiva descreve a personalidade como uma função
biopsicológica, com traços geneticamente herdados, cujas características
foram selecionadas pela interação com o ambiente evolutivo de
adaptação.
I.
II.
III.
IV.
Estão CORRETAS somente as afirmativas
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
Comentário
A
alternativa
I
está
incorreta,
pois
as
emoções,
assim
como
o
comportamento, são fortemente influenciadas pelo pensamento.
A alternativa II está correta, uma vez que as teorias psicodinâmicas
enfatizam a importância de motivos, emoções e forças internas inconscientes como
uma parte fundamental e determinante da personalidade que se contrapõe ao
sistema consciente na busca de satisfação pulsional.
A alternativa III está incorreta, pois o foco não está na experiência
psicossocial e cultural e sim na automotivação para mudança que conduz o
indivíduo ao desenvolvimento de uma personalidade criativa e saudável.
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22
A alternativa IV está correta, pois a psicologia evolutiva ou evolucionista
afirma
que
os
seres
humanos
são
programados
pela
evolução
para
se
comportarem, pensarem e aprenderem segundo as formas que favoreceram a
sobrevivência ao longo de várias gerações. Esta abordagem está baseada na
afirmação de que as pessoas com certas características comportamentais e
cognitivas têm mais chance de sobreviver. Tal concepção tem suas origens na
Psicologia cognitiva e na Biologia evolutiva.
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23
Professora Paula Grazziotin Silveira Rava
QUESTÃO 27:
Alternativa Correta: A
Média de acertos
No Brasil: 82,3%
FAPSI: 90,1%
Um professor corrige a tarefa escolar feita por seus alunos. Eles estão
sentados individualmente em carteiras enfileiradas e são chamados um a
um para levar o caderno até a mesa do professor. Este age batendo um
carimbo que associa uma figura com uma expressão elogiosa como “muito
bem”, “ótimo” ou “excelente”. E não usa figura alguma, caso não tenha
feito a tarefa. Em seguida, registra quem fez e quem não fez a tarefa,
dizendo que o aluno que cumprir todas as tarefas sem erro receberá um
ponto na média final bimestral. Depois, fala à classe que quem não realizou
a tarefa deverá fazer durante o horário do recreio.
A conduta desse professor é corretamente interpretada pela abordagem
A) comportamental, que preconiza a modelagem do comportamento da
criança pelo reforço positivo dos comportamentos adequados pela extinção
dos inadequados.
B) gestáltica, a qual destaca a correção do erro e o controle do comportamento
como necessários para que o aluno estabeleça a distinção figura e fundo, criando a
boa forma, favorecendo insights (introvisão) e raciocínios específicos sobre os
problemas dados na tarefa.
C) piagetiana, que preconiza a aprendizagem como envolvendo processos de
assimilação e acomodação de novos conteúdos à estrutura cognitiva do aluno,
tornada possível, enfatizando o erro cometido.
D) rogeriana, a qual compreende a conduta do professor como um convite à
heteronomia do aluno como pessoa humana, pois a punição do erro deve acontecer
num clima de afetividade e empatia.
E) sócio-histórica, que enfatiza o papel do parceiro mais experiente como muito
valorizado para a aprendizagem, o que faz com que a correção do erro pelo
professor favoreça a zona de desenvolvimento proximal.
Comentário:
A conduta do professor pode ser adequadamente interpretada de
comportamental, pois valoriza os princípios de modelagem a partir do reforço
positivo (que visa aumentar a incidência de um comportamento considerado
satisfatório que na questão se refere à realização da tarefa). Assim, os
comportamentos considerados adaptativos e que o professor deseja manter em
seus alunos (fazer a tarefa) têm como consequência o reforço positivo (carimbo
com expressão elogiosa e o ponto na média bimestral). O professor visa à extinção
dos comportamentos inadequados (não realização da tarefa) utilizando-se de
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24
consequências negativas como é o caso da punição através do aluno que fica sem
recreio, pois têm que cumprir as tarefas.
A alternativa B não está correta, pois a abordagem gestáltica propõe que a
aprendizagem ocorre por insight e reestruturação cognitiva, mas não prevê como
condição necessária para isso o controle do comportamento.
A conduta do professor não está de acordo com a abordagem piagetiana,
pois o favorecimento da aprendizagem via assimilação e acomodação seria possível
devido à análise do erro, buscando-se a compreensão da lógica utilizada na
resposta dada pela criança e não pelo simples fato de informar se a resposta é
correta ou errada.
A alternativa D está errada, pois a abordagem rogeriana não valoriza a
heteronomia do aluno.
A alternativa E está errada, pois a abordagem sócio-histórica propõe que a
zona de desenvolvimento proximal não ocorre simplesmente pela correção do erro.
Ela pode ser estabelecida através de pistas, dicas, lembretes.
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25
Professor Adolfo Pizzinato
QUESTÃO 28:
Alternativa Correta: A - no entanto 25% escolheram a
considerada errada
alternativa D
Média de acertos
No Brasil: 35,3%
FAPSI: 47,9%
O trânsito é um fenômeno coletivo que explicita o conflito entre desejos
individuais e prescrições sociais de condutas. O resultado das ações dos
indivíduos tem sido considerado pela Organização Mundial da Saúde como
um problema de saúde pública. Há mortos parcialmente contabilizados,
mutilados desconhecidos e sofrimento numa dimensão gigantesca.
Constitui-se em fenômenos evitáveis, a partir das ações do indivíduo que
toma as decisões. Para a tomada de decisões, concorrem diversos fatores
conhecidos da psicologia, entre eles, a percepção de risco, que se constitui
a partir de fatores sociais, grupais e ideológicos, de fatores intrapessoais e
de fatores interpessoais.
Qual das afirmativas articula a tensão entre o indivíduo e a sociedade
expressa no trânsito?
A) As perspectivas individualistas devem incorporar a dimensão coletiva do
comportamento individual, e as perspectivas sociais devem considerar o
indivíduo como ator.
B) As práticas sociais no trânsito interferem nas relações entre classes, demarcando
grupos expostos a riscos.
C) O aspecto da desigualdade social da relação de gênero determina a interação
dos fatores individuais e sociais que se expressam em conflitos no trânsito.
D) O estudo do papel social do motorista revela a interação característica do
principal ator do trânsito, permitindo intervir na regulação do sistema, a partir do
acordo social.
E) Perspectivas individualistas focalizam características pessoais que seriam
determinantes na harmonia do sistema, subsidiando novos instrumentos de
avaliação psicológica.
A maioria das teorias sobre a tomada de decisão estão de acordo com a perspectiva
de integração entre fatores individuais e contextuais (sociais, culturais,
temporais...) nesse processo. A tomada de decisão, sempre prevê uma avaliação
em termos de “perdas e ganhos”, isto é, quanto maiores são as trocas, mais
sacrifícios temos de aceitar ao escolher uma opção em detrimento de outra e,
consequentemente, maior é o grau de conflito sentido por quem toma uma decisão.
De acordo com esta interpretação, o conflito diminui com o tamanho de troca, uma
vez que quanto menores são as trocas entre atributos menores são as vantagens
de uma opção em comparação com outra e, portanto menos são os argumentos
que dispomos para escolher uma opção em detrimento de outra. Ao tratarmos de
um fenômeno eminentemente relacional, como o trânsito, não podemos supor que,
como indica a alternativa (D), haja uma “ator principal” nesse cenário. Tanto as
decisões de pedestres, legisladores, fiscais e motoristas devem ser equacionadas,
especialmente considerando o como cada ator considera os demais.
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26
Professora Beatriz Gama Menegotto – Genética
QUESTÃO 31:
Alternativa Correta: C
Média de acertos
No Brasil: 55%
FAPSI: 70,3%
Leia o trecho:
Embora as estimativas variem, a taxa de
concordância
para
esquizofrenia
em
gêmeos idênticos é ao redor de 50% e,
para gêmeos dizigóticos, é da ordem de
12%,
sendo
significativamente
maior
que o 1% de risco da população geral...
BARBOSA DA SILVA, R. C. 2006. (Adaptado)
Considerando-se esses dados da pesquisa sobre a etiologia genética da
esquizofrenia, é CORRETO afirmar que
A) a esquizofrenia se deve ao acaso, já que a chance de um irmão
monozigótico desenvolver o transtorno é de 50%, se o outro for portador.
A alternativa A é incorreta, pois a Esquizofrenia não se deve ao acaso, tem herança
Multifatorial.
B) o ambiente pode proteger o indivíduo do desenvolvimento desse transtorno,
uma vez que apenas 1% da população o desenvolve.
A alternativa B é incorreta, pois exclui a participação dos fatores genéticos na
origem deste transtorno mental.
C) o componente genético existe, mas também ocorre a participação do
componente ambiental na esquizofrenia, pois 50% dos gêmeos
monozigóticos desenvolvem o transtorno, se o outro for portador.
Alternativa C correta, pois destaca a interação dos fatores genéticos e ambientais
como causa da Esquizofrenia.
D) o fato de 12% dos gêmeos dizigóticos desenvolverem igualmente o
transtorno demonstra o peso dos fatores psicológicos familiares no transtorno.
A alternativa D é incorreta, pois a concordância em gêmeos monozigóticos (50%)
é superior à concordância em dizigóticos (12%), demonstrando o peso dos fatores
genéticos na etiologia desta condição.
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27
E) os resultados, ao variar em 50% para gêmeos monozigóticos, 12% para
gêmeos dizigóticos e apenas 1% para a população em geral, demonstram a
ausência de relação entre o ambiente e os fatores genéticos.
A Alternativa E é incorreta, pois a herança Multifatorial da Esquizofrenia é o
resultado da interação dos fatores genéticos e dos ambientais.
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FACULDADE DE PSICOLOGIA
28
Professora Vivien Rose Bock
QUESTÃO 32:
Alternativa Correta: A
Média de acertos
No Brasil: 69,1%
FAPSI: 73%
Um psicólogo escolar é chamado pelo diretor de uma escola pública, devido
às seguintes queixas: uma das turmas do ensino médio tem se
manifestado de forma violenta com colegas e professores, destruindo o
patrimônio da escola.
Qual afirmativa descreve a atuação apropriada do psicólogo?
A) Analisar o processo de constituição da queixa escolar, referenciando-se
em estudo diagnóstico que contemple as práticas dos sujeitos em suas
relações com as dimensões social, organizacional e pedagógica que
participam do fenômeno da violência escolar.
B) Encaminhar os alunos indisciplinados para atendimento num Centro de
Atendimento Psicossocial ou num Núcleo de Atendimento Psicossocial, para
intervenção medicamentosa do comportamento agressivo.
C) Indicar psicoterapia individual e grupal, dentro ou fora do ambiente escolar, pois
as pesquisas indicam que é a intervenção mais bem-sucedida para lidar com a
violência na escola.
D) Realizar reuniões com familiares, com os jovens envolvidos em atos de
violência, em conjunto com o Conselho Tutelar, caso seja necessário intervir
juridicamente sobre o caso.
E) Realizar um diagnóstico das dimensões social, organizacional, pedagógica,
individual, em uma perspectiva dialógica da psicologia jurídica, que oriente o
planejamento, a intervenção e avaliação dos resultados.
A alternativa A está correta pois aborda a situação referida, violência escolar, de
forma sistêmica, ou seja, cabe ao psicólogo escolar contemplar todas as variáveis
envolvidas no problema. O objetivo é entender a queixa escolar como um todo,
evitando a culpabilização dos alunos pela violência observada, pois vários podem
ser os motivos que contribuíram para este fenômeno por isso a necessidade de
diagnosticar as dimensões social, organizacional e pedagógica.
A violência escolar apresentada pelos alunos pode ser entendida como um
sintoma de insatisfações, que podem ser originadas em questões sociais do meio
em que os estudantes vivem ( como violência doméstica, pobreza); podem também
ser provocadas por situações da organização escolar como professores em burnout
ou precária infraestrutura e também podem ser resultado de métodos pedagógicos
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29
desatualizados que não contemplam as necessidades dos jovens. Nenhum desses
aspectos exclui o outro e portanto deve-se entender e trabalhar a
interdinamicidade destes fatores.
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FACULDADE DE PSICOLOGIA
30
Professora Vanessa Manfredini
QUESTÃO 33:
Alternativa Correta: D no entanto a alternativa E (considerada errada)
obteve 24% der escolha
Média de acertos
No Brasil: 25,3%
FAPSI: 37,3%
Leia o trecho:
O conceito de teoria implícita de organização reportase
ao
conjunto
de
ideias,
crenças
e
valores
sustentados pelos atores acerca de como devem ser
as relações envolvidas nos contratos entre indivíduos
e organização. A exaustão do sistema clássico de
administração de recursos humanos e a ascensão de
um modelo de gestão de pessoas, apoiados em novos
valores, coincidem com a expansão dos estudos na
área da ciência da cognição. O modelo AgencyCommunity
articula
duas
concepções,
tradicionalmente opostas acerca dos processos de
gestão de pessoas nas organizações. A noção de
Agency defende a habilidade de os atores tomarem
decisões e agirem de acordo com seus interesses,
tendo no empreendedor autônomo o seu protótipo; já
a
noção
de
Community
enfatiza
uma
maior
participação e interdependência dos atores.
BASTOS, A.V.B. et al., 2007. (Adaptado)
Qual é a contribuição
organizacional?
desse
modelo
para
o
campo
da
psicologia
A) Aborda perspectivas individuais e sociais, em uma visão de gestão de pessoas
que orienta a distinção entre o público e o privado.
B) Combina reatividade e proatividade de atores que estão no comando ou na
execução da tarefa como competidores.
C) Inova na compreensão de aspectos considerados antagônicos, por enfatizar o
papel do líder como dialeticamente articulado às demandas do mercado.
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31
D) Pretende demonstrar a possibilidade de se conciliarem modelos de
gestão caracterizados como opostos, irredutíveis e inarticuláveis.
E) Renova olhar sobre a psicologia organizacional, após a exaustão das práticas
tradicionais pelo modelo taylorista da gestão do trabalho.
Comentário:
As diversas transformações que ocorreram e ocorrem nos diversos cenários exigem
mudanças no papel e na inserção da gestão de pessoas nas organizações. Uma
questão que sempre surge nas abordagens de gestão de pessoas se refere a como
reter pessoas nas organizações.
A primeira perspectiva refere-se à noção de ação agency, que defende a habilidade
dos atores tomarem decisões e agirem de acordo com seus interesses; a noção
agency envolve características como autoproteção, autoafirmação e o controle
direto sobre o ambiente. Para essa noção as oportunidades são vistas como fontes
de flexibilidade e vantagem competitiva para trabalhador habilitado de acordo com
segundo as demandas do mercado. Para a ação agency o empreendedor autônomo
é o seu protótipo.
A segunda perspectiva expõe a noção de community, envolvendo expressões de
suporte mútuo, cooperação e adaptação coletiva ao ambiente. Essa noção reforça
uma maior participação das pessoas em relações de interdependência, suporte
mútuo, aprendizado conjunto, trocas de experiências, cooperação e adaptação
coletiva ao ambiente.
De acordo com essa teoria caso as duas perspectivas se encontram na organização,
constitui-se o modelo de gestão chamado de agency-community e tenta
estabelecer o equilíbrio entre características paradoxais. Devido à ideia de carreira
sem fronteira, competitividade e pressões constantes no ambiente de trabalho as
empresas precisariam de uma visão integrativa de duas lógicas que
tradicionalmente seriam opostas.
Diante disso a alternativa correta é a letra D, principalmente por referirem teorias
aplicadas na gestão de pessoas que seriam opostas.
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32
Professora Renata de Rezende Lovera Tomasi
QUESTÃO 34:
Alternativa Correta: E
Média de acertos
No Brasil: 44%
FAPSI: 50,6%
Uma empresa de Tecnologia da Informação identifica que os casos de
Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) estão gerando
afastamentos de funcionários, o que compromete o gerenciamento
organizacional. Qual intervenção deve ser realizada pelo psicólogo nessa
organização?
A) Identificar os funcionários afastados, realizar entrevistas individuais com foco na
execução do trabalho, analisar e informar os aspectos prioritários para intervenção.
B) Investigar, com funcionários afastados, os fatores organizacionais e pessoais
envolvidos, buscando diferenciar problemas psicológicos individuais de problemas
organizacionais, orientando a intervenção.
C) Planejar a composição interdisciplinar da equipe para o diagnóstico, focalizando
informações sobre número de funcionários envolvidos por atividades, por áreas de
atuação, por grupos de trabalho, e caracterizar o problema.
D) Planejar o encaminhamento dos casos para acompanhamento psicológico,
propor e acompanhar intervenções de ergonomia no ambiente de trabalho,
prevenindo futuros afastamentos.
E)
Realizar
o
diagnóstico,
identificando
variáveis
contextuais,
organizacionais, grupais e individuais; gerar dados e informações que
orientem o planejamento e a avaliação da intervenção.
Para investigação da relação trabalho saúde-mental precisamos ampliar o
foco de entendimento do trabalho como além das pressões físicas, químicas,
biológicas ou mesmo psicossensoriais e cognitivas do posto de trabalho, para
considerar sim a dimensão organizacional, isto é, a divisão de tarefas e as relações
de produção (DEJOURS, ABDOUCHELI, JAYET, 2007). Dificuldades na relação entre
trabalhador com a organização podem originar sofrimento, e a energia pulsional
que não acha descarga no exercício do trabalho se acumula no aparelho psíquico,
ocasionando um sentimento de desprazer e tensão. Entretanto essa energia não
pode permanecer no local por muito tempo e quando as capacidades de contenção
são transbordadas, a energia recua para o corpo, nele desencadeando
perturbações. Compreender as causas das doenças e consequentes afastamentos
está relacionado à prática do psicólogo nas organizações, como aponta Sampaio
(1998), que considera que dentre as atuações do Psicólogo no contexto do
trabalho, estão: as atividades de estudos de estresse ocupacional, assim como
realização de diagnóstico organizacional e de trabalhadores, identificação de
aspectos psicossociais ligados à segurança no trabalho, entre outros . A partir de
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33
tais dados, é possível o psicólogo realizar consultoria e intervenções em saúde
mental no trabalho (ALVES, 2004), planejando ações, uma vez que frente à
angústia do trabalho, assim como contra a insatisfação, os funcionários podem
elaborar estratégias defensivas, de maneira que o sofrimento não é imediatamente
identificável (DEJOURS, 1992). Cabe também ao profissional avaliar, após a
intervenção, o resultado frente aos índices de afastamento na empresa como forma
de analisar o impacto de sua intervenção no contexto.
REFERÊNCIAS
ALVES, M. Absenteísmo e Sofrimento no Trabalho. In: SAMPAIO, J.R.S.(Org.).
Qualidade de Vida no Trabalho e Psicologia Social. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2004. p. 343-366.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São
Paulo: Cortez – Oboré, 1992.
DEJOURS, C, ABDOUCHELI, E & JAYET, C. Psicodinâmica do Trabalho,
contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento
e trabalho. São Paulo: Atlas, 2007
SAMPAIO, J.R.S. Psicologia do Trabalho em Três Faces. In: GOULART, I.B, &
SAMPAIO, .R.S (Org). Psicologia do trabalho e gestão de recursos humanos:
estudos contemporâneos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. p. 19-40.
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34
Professora Gabriela Quadros de Lima Stenzel
QUESTÃO 35:
Alternativa Correta: C
Média de acertos
No Brasil: 63,2%
FAPSI: 73,8%
A psicologia jurídica tem tratado questões que envolvem a família no
contexto das demandas legais. Mudanças na construção metodológica do
parecer técnico incorporaram a dinâmica familiar e o potencial das famílias
no encaminhamento de resolução dos conflitos. Tais mudanças oferecem
subsídios para audiências conjuntas com o juiz e o técnico psicossocial.
Assim, tem-se adotado na elaboração de um laudo uma ênfase maior na
dimensão compreensiva do conflito do que na disputa entre querelantes.
Por outro lado, a resolução CFP 07 de 2003 determina o que um laudo
psicológico deve possuir como elementos mínimos.
Com base na leitura desse texto, é CORRETO afirmar que
A) o processo psicodiagnóstico produz um documento que responde às
determinações formais da resolução do CFP, focalizando as questões jurídicas
familiares.
B) a realização do processo psicodiagnóstico na situação familiar implica a
flexibilização da apresentação formal de um laudo, pois prejudicaria o processo de
intervenção familiar, orientada pelo juiz.
C) a avaliação psicológica inclui a identificação, o levantamento da
demanda e o uso de instrumentos psicológicos, organizando a análise de
resultados a qual deve subsidiar decisões judiciais em relação à dinâmica
do caso.
D) o laudo psicológico se caracteriza pelo uso de entrevistas e da opinião da
família, pois as demais técnicas de avaliação não se prestam à compreensão do
vivido pela família, e podem distorcer a decisão judicial.
E) a resolução do CFP obriga o profissional a relatar todos os aspectos psicológicos
levantados durante a entrevista, pois revelam dados jurídicos aparentemente
desconexos, mas importantes para a demanda judicial.
Considerando que os elementos mínimos que devem constar em um laudo estão
claramente descritos na referida resolução, a alternativa “c” é a única que pode ser
considerada correta, pois apresenta esses elementos e justifica a importância dos
mesmos, tornando evidente que os resultados apresentados por um profissional da
psicologia para subsidiar decisões só podem ser decorrentes de uma avaliação
psicológica realizada a partir de um planejamento cuidadoso, levando em
consideração, justamente, a demanda que se apresenta e os instrumentos
psicológicos utilizados, pois uma bateria de testes e/ou métodos utilizados em
qualquer processo de avaliação dependem da referida demanda, assim como das
características da pessoa avaliada (idade, por exemplo). Ressalta-se que na área da
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35
Psicologia Jurídica não é diferente, mas torna ainda mais evidente a
responsabilidade e o compromisso ético do profissional, pois se trata de um
processo resultante de um encaminhamento formal (através da solicitação, por
exemplo, de um juiz de direito) que subsidiará decisões como a da disputa de
guarda. Contudo, como na realização de qualquer avaliação psicológica, ligada a
qualquer área da psicologia, o profissional somente informará no laudo psicológico
as informações relevantes para esclarecer a demanda de avaliação solicitada e
nunca considerará a mera opinião das pessoas envolvidas no processo de avaliação
como um dado fidedigno, sem a devida investigação por meios técnicos e
reconhecidos cientificamente. Ainda, o psicodiagnóstico diz respeito à definição de
uma avaliação psicológica realizada no contexto clínico, que difere da área jurídica
por diversos fatores (tipo de demanda, prazos, consequências/decisões tomadas),
sendo mais adequado o uso da expressão “avaliação psicológica” que abarca as
especificidades deste contexto.
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36
Professora Katia Bones Rocha
QUESTÃO 36:
Alternativa Correta: A
Média de acertos
No Brasil: 57,1%
FAPSI: 65%
O psicólogo que trabalha com grupos atendidos pelo Programa de Atenção
Integral à Família (PAIF), do Centro de Referência e Assistência Social
(CRAS), atua no atendimento à população em situação de vulnerabilidade
social. Os objetivos do PAIF são: a prevenção e o enfrentamento de
situações de risco social; fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários; promoção de aquisições sociais e materiais às famílias,
visando fortalecer o protagonismo e a autonomia das famílias e de
comunidades.
É CORRETO afirmar que, nesse programa, cabe ao psicólogo a análise
A) da demanda; caracterização do grupo; planejamento conjunto das
atividades; escolha de técnicas de dinâmica de grupo que estimulem a
participação; acompanhamento e avaliação das atividades grupais; e
avaliação do programa social.
B) da integração regional das ações, no campo do micro e macrossistema de
atendimento às populações em situação de vulnerabilidade, compatibilizando ações
no campo da psicologia social e intervenções econômicas.
C) da normatização das atividades de atendimento às populações em situação de
vulnerabilidade social e das contribuições dos movimentos sociais, identificando
alternativas psicológicas de intervenção.
D) de políticas públicas dirigidas para o setor, conhecimento das características do
bairro para definir o público-alvo; análise do cronograma de desembolso financeiro
dos órgãos de fomento e definição de proposta avaliativa.
E) dos trabalhos desenvolvidos nos ambulatórios que dão suporte para a saúde da
população atendida, bem como sua articulação com o planejamento de atividades.
Comentário:
A) A alternativa A está fundamentada pelos princípios de intervenção do psicólogo
desde a perspectiva psicossocial comunitária que inclui a análise da demanda da
comunidade, que pode ser realizada a partir de um levantamento de necessidades.
O conhecimento e a caracterização da comunidade com a qual se pretende
trabalhar são de extrema importância para o planejamento das atividades.
Diferentes técnicas podem ser utilizadas nesta etapa, como entrevistas com
informantes chaves e líderes comunitários, grupos focais.
O planejamento das atividades em conjunto com a comunidade destaca a
importância do empoderamento dos diferentes atores sociais no planejamento e
execução das atividades. As atividades são definidas em conjunto com a
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comunidade e não apenas pelos técnicos de saúde, estabelecendo um tipo de
relação mais horizontal entre profissionais e usuários.
Os processos participativos a nível comunitário geram maior autonomia e
comprometimento da população com as intervenções propostas. As atividades de
grupo são extremamente efetivas nas intervenções comunitárias já que permitem
uma maior conscientização do grupo sobre os problemas associados ao seu
contexto social, o que auxilia no processo de pensar estratégias coletivas para a
solução de problemas comuns. Além disso, a intervenção grupal permite um
confronto de identidades, o que auxilia no processo de identificação grupal e, ao
mesmo tempo, em um processo de maior subjetivação individual.
Os psicólogos têm um papel ativo e, assim como a comunidade, transformador.
Assim, deve existir um espaço de crítica e construção dos programas sociais para
esta população específica.
B) Não poderia ser a letra B, principalmente, em função das “intervenções
econômicas”, que não são responsabilidade dos psicólogos no SUAS.
C) A idéia não é normatizar as atividades de atendimento e muito menos
normatizar as contribuições dos movimentos sociais, que tem sua autonomia e
história. A idéia, ao contrário, é a promoção e criação de novos espaços e formas
de cuidado.
D) O objetivo do trabalho dos psicólogos no PAIF não está associado à análise do
cronograma de desembolso financeiro dos órgãos de fomento e definição de
proposta avaliativa. A parte financeira e de avaliação econômica para o SUAS não é
de responsabilidade dos psicólogos que trabalham na assistência.
E) O trabalho do psicólogo dentro dos CRAS não está associado a uma atenção
ambulatorial dos problemas de saúde. Este trabalho deve ser realizado pelos
psicólogos que trabalham no âmbito da saúde.
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Professora Vivian Roxo Borges
QUESTÃO 37:
Alternativa Correta: E
Média de acertos
No Brasil: 73,1%
FAPSI: 76,8%
Leia o texto:
Estudos de caracterização da clientela e de motivos para abandonos de
tratamentos psicoterápicos em serviços comunitários em saúde mental
identificaram a incidência acumulada de 39,2%. Outros trabalhos citam o
índice de 25% a 50% referente a pacientes que desistem do atendimento,
havendo menor abandono na clínica privada do que nos serviços
comunitários de saúde mental. Assim, são necessárias ações que possam
auxiliar a redução dessa alta incidência de abandono de tratamento por
meio de abordagem e ações especiais, implementadas enquanto políticas
públicas.
BENETTI S.P.C et al. 2008 (Adaptado)
Em relação à leitura feita, é CORRETO afirmar que
A) a atividade psicoterapêutica é mais adequada para o tratamento de pacientes de
maior poder aquisitivo, pois ela é muito longa e gera desistência.
B) o atendimento nas clínicas privadas, por ser multidisciplinar, gera maior adesão
e menor desistência dos pacientes em psicoterapia.
C) a desistência dos pacientes sugere a ausência de fundamento nas teorias
psicoterapêuticas que articulem setores público e privado.
D) os modelos psicoterapêuticos atuais são adequados. O abandono dos pacientes é
devido à preferência pelo atendimento privado.
E) os modelos terapêuticos, mesmo sendo eficazes,
investigação de sua adequação à população atendida.
demandam
A intervenção em saúde pública sempre vai requerer avaliação de demanda
a partir dos usuários do sistema, ainda mais no que se refere às
intervenções terapêuticas, levando em consideração o projeto terapêutico
singular (PTS), com a participação dos usuários na decisão sobre sua
saúde/doença. Outras propostas da política nacional de humanização
(PNH) devem ser consideradas nesse sentido, como a valorização do
vínculo entre quem cuida (trabalhador de saúde) e quem é cuidado
(beneficiários do sistema de saúde).