nutrição

Transcrição

nutrição
Cuiabá - Av. Rubens de Mendonça n° 990, Ed. Empire Center, sala 502
Bairro Baú - Cuiabá-MT - CEP: 78008-000
Telefax: (65) 3052-8380
Goiânia – Av. Anhanguera, 4.803 - 11º andar – sala 1.101
Ed. Rita de Albuquerque – Centro
Goiânia-GO – CEP 74038-900
Telefax: (62) 3225-6730
DELEGACIAS REGIONAIS
SCN - Qd. 1 – Bl. E – Ed. Central Park - Sala 1.611 - CEP 70711-903
Brasília - DF
Telefax: (61) 3328-3078
Página na internet: www.crn1.org.br
Endereço eletrônico: [email protected]
REVISTA CRN-1
Publicação do Conselho Regional de Nutricionistas – 1ª Região
EXPEDIENTE
|
|
MEMBROS SUPLENTES
Ana Flávia de Rezende Gomes Máximo CRN-1 nº 1.557 (DF)
Danielle Luz Gonçalves Barros - CRN-1 nº 1.682 (DF)
Deise Lopes Silva - CRN-1 nº 1.168 (DF)
Marluce Maria Oliveira - CRN-1 nº 1.785 (DF)
Regina Valéria Ribas Mariz de Oliveira CRN-1 nº 1.714 (DF)
Rosane Pescador - CRN-1 nº 810 (DF)
Tânia Quintella Santos - CRN-1 nº 1.814 (MT)
MEMBROS EFETIVOS
Carolina Martins dos Santos Chagas - CRN-1 nº 3.069 (DF)
Carla Caputo Laboissière Bragança - CRN-1 nº 1.704 (DF)
Gláucia Rodrigues Medeiros - CRN-1 nº 2.997 (DF)
Iara Maria Mello Ramires - CRN-1 nº 012 (DF)
Jucinéia Gonçalina Nogueira - CRN-1 nº 1.227 DF
Patrícia Afonso de Almeida - CRN-1 nº 4.008 (GO)
Salete Teresinha Rauber Klein - CRN-1 nº 1.084 (TO)
Simone da Cunha Rocha Santos - CRN-1 nº 1.566 (DF)
Vânia Varini De David Pinto - CRN-1 nº 1.218 (MT)
COLEGIADO
COMISSÃO TOMADA DE CONTAS
Carolina Martins dos Santos Chagas - CRN-1 nº 3.069 (DF)
Gláucia Rodrigues Medeiros - CRN-1 nº 2.997 (DF)
Jucinéia Gonçalina Nogueira - CRN-1 nº 1.227 DF
COMISSÃO DE LICITAÇÃO
Marluce Maria Oliveira - CRN-1 nº 1.785 (DF)
Domênico Ramos de Souza (funcionário CRN-1)
Denise Samari Silva Pelles (funcionária CRN-1)
Elaine Teixeira Gomes (funcionária CRN-1)
Ivan dos Santos Silva (funcionário CRN-1)
COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO
Gláucia Rodrigues Medeiros - CRN-1 nº 2.997 (DF)
Simone da Cunha Rocha Santos - CRN-1 nº 1.566 (DF)
COMISSÃO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Carolina Martins dos Santos Chagas - CRN-1 nº 3.069 (DF)
Gláucia Rodrigues Medeiros - CRN-1 nº 2.997 (DF)
Rosane Pescador - CRN-1 nº 810 (DF)
COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO
Carolina Martins dos Santos Chagas - CRN-1 nº 3.069 (DF)
Iara Maria Mello Ramires - CRN-1 nº 0012 (DF)
Jucinéia Gonçalina Nogueira - CRN-1 nº 1.227 DF
COMISSÃO DE ÉTICA
Carla Caputo L. Bragança - CRN-1 nº 1.704 (DF)
Carolina Martins dos Santos Chagas - CRN-1 nº 3.069 (DF)
Iara Maria Mello Ramires - CRN-1 nº 0012 (DF)
COMISSÕES PERMANENTES
PRESIDENTE
Simone da Cunha Rocha Santos
VICE-PRESIDENTE
Iara Maria Mello Ramires
TESOUREIRA
Carla Caputo Laboissière Bragança
SECRETARIA
Carolina Martins dos Santos Chagas
27 Agenda
24 Notícias do Tocantins
23 Notícias dos estados
18 Artigo: Alimentação coletiva
15 Artigo: Saúde pública
12 Artigo: Nutrição clínica
10 Artigo: Os nutricionistas brasileiros
08 Entrevista: Nutrição e câncer
TIRAGEM
5.500 exemplares
CHEFE DE ARTE
Rafael Frota
CAPA
Rafael Frota
DIRETOR DE ARTE
Péricles Silva
PROJETO GRÁFICO
Klimt Publicidade
GRÁFICA
Êxito Gráfica
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Silvia Maria Alves – RP 2030/DF
Simpósio de Nutrição
Sede reformada
07 Prêmio Helena Feijó
06 Nova marca
04 Dia do Nutricionista
03 Editorial
DIRETORIA
ÍNDICE
Ainda na busca de divulgação da produção
científica da área da Nutrição, o CRN-1 promoveu a segunda edição do Prêmio Científico
Helena Feijó. Este ano a cerimônia aconteceu
em Goiânia-GO; para o próximo ano, a solenidade deverá ser realizada em Cuiabá-MT.
Você poderá ler o resumo dos três trabalhos
vencedores nesta edição, e quem se interessar pode acessar a íntegra das teses no sítio
Outras palestras igualmente interessantes
foram realizadas no mês de agosto, em
comemoração ao Dia do Nutricionista: o II
Simpósio de Nutrição do Distrito Federal, o
V Encontro de Nutricionistas e Estudantes de
Nutrição de Mato Grosso e a Jornada de Nutrição de Tocantins, que tiveram significativa
participação dos profissionais e estudantes de
Nutrição.
Nós, do CRN-1, sempre demonstramos uma
grande preocupação com a formação profissional e com a atualização dos nutricionistas
para melhor desempenho de suas atribuições.
Em março deste ano lançamos o projeto Sexta
Básica, pelo qual oferecemos palestras gratuitas com profissionais de ponta em suas áreas
de atuação, finalizando com um curso de suplementação para praticantes de esporte em
novembro.
Caros colegas,
Simone Rocha
Presidente CRN-1
Conselho Regional de Nutricionistas •
Todas essas ações, desenvolvidas pela atual
gestão, objetivam aperfeiçoar seu trabalho
realizado em prol da Nutrição. Mas não queremos, e não podemos, nos limitar aos aspectos
técnicos da profissão. Temos que estar antenados para as novas tendências, incluindo a preocupação com o meio ambiente. Todo o Sistema
CFN/CRN estará envolvido, a partir desse semestre, com essa campanha em favor de uma
alimentação sustentável promovendo a saúde
e esperamos que você também se engaje.
A comunicação do CRN-1 também foi um setor
que teve um grande avanço, especialmente
com a criação da logomarca. A partir dessa
nova identidade visual, foi possível projetar sua
aplicação em todos os materiais gráficos, como
a folheteria, e a elaborar o novo projeto gráfico
desta revista. Também foi contratada empresa
para elaboração de um novo sítio para o CRN-1,
com novo visual e maior interatividade.
www.crn1.org.br .
Outra comemoração que marcou este segundo
semestre foi a reinauguração da sede do CRN-1
em Brasília. Na ocasião, foi oferecido um coquetel, que contou com a presença de vários
ex-presidentes. Para o próximo ano, será priorizada a reforma da delegacia de Goiânia e a
instalação da delegacia de Tocantins.
3
EDITORIAL
4
NUTRICIONISTA
• Conselho Regional de Nutricionistas
A primeira palestra da manhã foi ministrada pelo especialista em alergia alimentar, Dr.
Aderbal Sabra, seguida de apresentações em Nutrição Clínica com as residentes do Hospital Regional da Asa Norte: Rayssa Santa Cruz Monteiro, Ana Lílian Bispo dos Santos, Stefânia Alves Lima
Silva e Meiry Elisa Nunes Santos.
A mesa de abertura foi composta pela presidente do CFN, Rosane Nascimento, do CRN-1,
Simone Rocha, da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran) Márcia Fidelix, e pela representante
dos estudantes, a presidente do Centro Acadêmico de Nutrição da Universidade de Brasília (Canut/
UnB), Luiza Torquato.
A abertura do II Simpósio foi realizada no dia 28, à noite, com um coquetel que reuniu nutricionistas e patrocinadores. Além dos oito patrocinadores oficiais, que expuseram seus produtos nos
estandes montados no local do evento, duas empresas ofereceram coquetel e coffee break e duas
secretarias do governo do Distrito Federal (de Saúde e de Desenvolvimento Social) distribuíram materiais relativos aos programas de saúde pública.
Cerca de trezentos profissionais de nutrição compareceram ao II Simpósio de Nutrição do
DF, evento realizado pelo CRN-1 no dia 29 de agosto em comemoração ao Dia do Nutricionista. Com
o tema “Alimentação promovendo a saúde de forma sustentável”, o evento constou de palestras
e uma Feira de Saúde, com exposição dos patrocinadores e atividades como massagem expressa,
maquiagem, medição de pressão e glicose e sorteios de inúmeros brindes.
Simpósio e feira marcam comemorações no DF
DIA
DO
ESPECIAL
[
]
Conselho Regional de Nutricionistas •
PATROCINADOR
“O Simpósio foi uma excelente oportunidade para estarmos em contato direto com os nutricionistas
e mostrar nossos produtos e a empresa. É fundamental para nosso trabalho termos um feedback
desses formadores de opinião para detectar suas necessidades e atender essas demandas”.
Emir Neto
NUTRICIONISTA
“A meu ver, foi um evento muito organizado e com bastante infra-estrutura. Acredito que tenha
deixado todos os participantes satisfeitos e, acima de tudo, sentindo-se valorizados como profissional. Os materiais distribuídos estavam ecologicamente corretos, além de podermos utilizar as
sacolas de pano em outras ocasiões”.
Luciana B. Caixeta
NUTRICIONISTA
“Foi simplesmente demais, pois esperava um encontro temático e me senti simplesmente mimada,
esta é a palavra, pois com tantas opções como maquiagem, massagem, caricatura e outros, o resultado só poderia ser alegria e satisfação com a preocupação na realização de um evento como
estes”.
Rosemary Ribeiro Freitas
DEPOIMENTOS
Este ano, o CRN-1 realizou não apenas atividades no Distrito Federal, mas deu continuidade
ao tradicional Encontro de Nutricionistas e Estudantes de Nutrição de Mato Grosso. Em Tocantins,
promoveu a Jornada de Nutrição em Palmas, com o apoio do Senac local. Para Goiás, realizou a solenidade de premiação dos trabalhos vencedores do II Prêmio Helena Feijó.
Para a presidente Simone Rocha, o II Simpósio de Nutrição foi um presente do CRN-1 para
os profissionais nutricionistas. “Este Simpósio, assim como o Prêmio Científico, tem se tornado referência para os nutricionistas do Distrito Federal e a cada ano queremos aperfeiçoar para trazer
novidades e atualizações que possam contribuir para um melhor exercício profissional”, declarou.
A programação do período da tarde iniciou com a palestra do nutricionista Fábio da Silva
Gomes, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), sobre “Alimentação, Nutrição e Câncer – reconhecimento social e prevenção”. A seguir, Manoel Paiva (Sebrae DF) falou sobre o empreendedorismo.
Para finalizar, foi montada uma mesa redonda com o tema “O nutricionista e as políticas públicas”.
5
ESPECIAL
6
O próximo passo será o lançamento do
novo site do CRN-1, mais interativo e com
visual diferenciado. O processo de licitação
para contratação da empresa para criação
do novo sítio já foi concluído e até o final do
ano espera-se que já esteja no ar.
contratação de empresa de publicidade e
propaganda, que elaborou não apenas a
logomarca, mas todas as suas aplicações:
envelope, cartão de visita, papel timbrado,
pasta. A partir desse material foi desenhado o novo projeto gráfico para a Revista
CRN-1 apresentado nessa edição.
Segundo Simone Rocha, atual presidente do CRN-1,
essa obra é um símbolo da evolução da entidade e
faz parte de um projeto maior que começou com a
informatização e contratação de novos funcionários
para melhor atender ao profissional.
O espaço foi projetado pela arquiteta Andréa Vilela
Nomura e a obra foi executada pela Construtora FR
Alvorada sob a supervisão do coordenador administrativo do CRN-1 Domênico Ramos.
Depois de quase cinco meses de reforma, foi reinaugurado o espaço onde funciona a sede do CRN-1
em Brasília. O fato foi comemorado com um coquetel, que reuniu vários nutricionistas, em especial os
ex-presidentes da entidade.
BRASÍLIA
REINAUGURADA SEDE DO CONSELHO EM
Para a execução desse trabalho,
foi realizada uma licitação para
A tradicional logomarca usada
pelo CRN-1, centrada no símbolo da Nutrição, foi substituída em julho deste ano
por outra que enfatiza a
sigla – elemento fundamental em organizações
públicas. A esse elemento
foi incorporado o símbolo
da maçã, representando a
alimentação saudável.
MARCA
NOVA
• Conselho Regional de Nutricionistas
ESPECIAL
O resumo dos três trabalhos vencedores consta desta
publicação e a íntegra encontra-se no sítio do CRN-1.
A cerimônia aconteceu no auditório do curso de Nutrição
da Universidade Federal de Goiás (UFG). A presidente
do CRN-1, Simone Rocha, a coordenadora da Comissão
Julgadora, Dra. Margareth Naves, e a coordenadora do
curso de Nutrição da UFG, Maria do Rosário Gondim,
compuseram a mesa da solenidade. Após a entrega dos
prêmios foi servido um coquetel para os convidados.
O CRN-1 realizou no dia 21 de agosto, em Goiânia-GO,
a solenidade de premiação dos trabalhos vencedores do
II Prêmio Científico Helena Feijó em três categorias: Nutrição Clínica, Saúde Pública e Alimentação Coletiva. Não
houve trabalhos inscritos na área de Nutrição Esportiva.
HELENA FEIJÓ
SAÚDE PÚBLICA
Nome do trabalho: Impacto da redução de gordura no preparo dos alimentos sobre o consumo e a aceitabilidade do cardápio em uma UAN.
Autor: Aldemir Soares Mangabeira Junior (DF)
NUTRIÇÃO CLÍNICA
Nome do trabalho: Avaliação nutricional subjetiva proposta pelo paciente
versus outros métodos de avaliação do estado nutricional em pacientes oncológicos.
Autora: Ana Lílian Bispo dos Santos e colaboradoras (DF)
SAÚDE PÚBLICA
Nome do trabalho: Características sociodemográficas e ginecológicas de
portadoras de câncer de mama atendidas no programa de mastologia de
Hospital Público em Goiânia-GO.
Autora: Jaqueline Nascimento Assis e colaboradoras (GO)
TRABALHOS VENCEDORES
II PRÊMIO
GOIÂNIA SEDIA ENTREGA DO
8
3] Como a alimentação (ou quais alimentos) pode(m) ajudar a minimizar os efeitos colaterais do tratamento?
Nivaldo Pinho - A quimioterapia e a radioterapia resultam
em toxicidade para o trato gastrointestinal, com o surgimento de efeitos colaterais tais como anorexia, náuseas,
vômitos, disgeusia, mucosite, diarreia, xerostomia, entre
outros. A ingestão oral nesses pacientes é frequentemente
insatisfatória. Portanto, a intervenção nutricional através
da orientação dietética e da prescrição de suplementos é
necessária para todos esses pacientes (ASPEN – NUTRITION SUPPORT CORE CURRICULUM, 2007).
Pequenas e constantes orientações, como modificação
na consistência dos alimentos, aumento do número e no
conteúdo das refeições, aumento da densidade calórica da
dieta e uso de suplementos nutricionais, devem ser encorajadas para melhorar a ingestão de nutrientes. Vários estudos mostraram que o aconselhamento nutricional melhora
a ingestão e a qualidade de vida dos pacientes com câncer
(RAVASCO et al., 2003; ISENRING et al., 2004; RAVASCO et
al., 2005a; BAUER; CAPRA, 2005). Em pacientes portadores
de câncer de cabeça e pescoço submetidos à radioterapia
observaram-se uma melhora na ingestão de calorias e proteínas em indivíduos que receberam orientação nutricional
quando comparado com aqueles sem intervenção que apresentaram uma piora na qualidade de vida (RAVASCO et al.,
2005b).
exigem do profissional nutricionista habilidades e competências para traçar um adequado plano nutricional. Este
plano terapêutico nutricional deve garantir a oferta adequada de alimentos, onde podem ser necessárias restrições de
determinados grupos de alimentos, considerando condições
clínicas e nutricionais adversas.
• Conselho Regional de Nutricionistas
REFERÊNCIAS
• ASPEN. American Society of Parenteral and Enteral. Nutrition Support Practice Manual, 1998.
• BARRERA, R. Nutritional support in cancer patients. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, n. 26, p. 563-571, 2002
• RAVASCO, P.; MONTEIRO-GRILLO, I.; CAMILO, M. E. Does nutrition influence quality of life in cancer patients undergoing radiotherapy? Radiother Oncology, v. 67, p. 213-220, 2003.
_____ VIDAL, P. M.; Dietary counseling improves patient outcomes: a prospective, randomized, controlled trial in colorectal cancer patients undergoing radiotherapy. Journal of Clinical Oncology, v. 23, p 1431-1438, 2005a.
• DEUTSCH, J.; KOLHOUSE, J. F. Assessment of gastrointestinal function and response to megesterol acetate in subjects with gastrointestinal
cancers and weight loss. Support Care Cancer, v. 12, n. 7, p. 503-10, Jul. 2004.
• ISENRING, E. A.; CAPRA, S.; BAUER, J. D. Nutrition intervention is beneficial in oncology outpatients receiving radiotherapy to the gastrointestinal or head and neck area. British Journal of Cancer, v. 91, p.:447–452, 2004.
• ISENRING, E. A.; BAUER, J. D.; CAPRA, S. Nutrition support using the American Dietetic Association medical nutrition therapy protocol for radiation oncology patients improves dietary intake compared with standard practice. J Am Diet Assoc., v. 107, n. 3, p. 412-5, May 2007.
• SHANG, E. et al. Influence of early supplementation of parenteral nutrition on quality of life and body composition in patients with advanced
cancer. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, n. 25, p. 245, May-Jun. 2006.
• SOLIANI, P. et al. Pancreatic pseudocysts following acute pancreatitis: risk factors influencing therapeutic outcomes. JOP, v. 10, n. 5, p. 338-47,
Sept. 2004.
tratamento do câncer?
Nivaldo Pinho - A doença e o tratamento podem
levar o indivíduo com câncer à redução do apetite, dificuldades mecânicas para mastigar e engolir alimentos, alterações no paladar, náuseas, vômitos, diarréias e inúmeros outros sinais e sintomas.
Também não é incomum o indivíduo com câncer apresentar diabetes, hipertensão e outras patologias preexistentes. Esses diferentes cenários que co-existem
2] Quais alimentos que devem ser evitados durante o
pacientes com câncer sofre de desnutrição e disfunção
imunológica, especialmente durante o tratamento
quimioterápico. Quais as recomendações para o nutricionista no atendimento a esse paciente?
Nivaldo Pinho - A desnutrição calórica e protéica em indivíduos com câncer é muito frequente. Diversos fatores estão envolvidos no seu desenvolvimento, particularmente
aqueles relacionados ao curso da doença, efeitos colaterais do tratamento e jejuns prolongados para exames
pré ou pós-operatórios, e são agravadas por condição socioeconômica precária e hábitos alimentares inadequados. Os principais fatores determinantes da desnutrição
nesses indivíduos são: a redução na ingestão total de
alimentos, as alterações metabólicas provocadas pelo
tumor e o aumento da demanda calórica para crescimento do tumor (BARRERA, 2002; YANG, 2003; DEUTSCH;
ISENRING, et al. 2004; SOLIANI et al., 2004; RAVASCO
et al., 2005; SHANG et al., 2006; ISENRING, 2007). A assistência nutricional precoce, antes mesmo do início do
tratamento anti neoplásico pode modificar a evolução
clínica e nutricional do indivíduo com câncer.
1] Pesquisas demonstram que número significativo de
A incidência de câncer na população tem aumentado significativamente, e o Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão
do Ministério da Saúde para o desenvolvimento de ações nacionais integradas para prevenção e controle do câncer, tem atuado não apenas no tratamento dos casos, mas na prevenção. Para responder sobre esse trabalho desenvolvido pelo Inca, foram
convidados dois nutricionistas: o chefe do Serviço de Nutrição, nutricionista especialista em Nutrição Oncológica e mestre em
Nutrição Humana, Nivaldo B. Pinho; e a nutricionista Sueli Gonçalves Couto, analista de Programas Nacionais de Controle do
Câncer e chefe da Área de Alimentação, Nutrição e Câncer do Inca.
Inca incentiva práticas alimentares saudáveis para controle do câncer
NUTRIÇÃO E CÂNCER
ENTREVISTA
tização e prevenção do câncer e outras DANT, tanto para
o público como para os gestores públicos?
Sueli Couto – A área de Alimentação, Nutrição e Câncer foi
criada em maio de 2007 com o objetivo de produzir e reunir
informações sobre a relação entre os hábitos alimentares
e o câncer. Compartilha a missão da Coordenação-Geral
da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da
Saúde na promoção de práticas alimentares saudáveis que
favoreçam o controle de câncer, buscando integrar estratégias em todo o território nacional. Eu e o Fabio Gomes,
como nutricionistas, trabalhamos nesse setor e temos
como prioridade estabelecer parcerias com diferentes instituições para desenvolver ações de prevenção do câncer.
Embora as Secretarias Estaduais e Muncipais de
Saúde já desenvolvam ações de Alimentação e Nutrição,
sentimos a necessidade de intensificar as informações sobre a relação da alimentação e nutrição na prevenção do
câncer, a serem incorporadas nas intervenções dos profissionais que atuam no SUS. Além disso, identificamos, por
meio de pesquisas realizadas pelo Inca, o desconhecimento da população sobre a influência dos fatores ambientais e
comportamentais na prevenção de vários tipos de câncer.
Diante deste quadro, investimos esforços em duas
direções: qualificação de profissionais de saúde e construção do reconhecimento social na população, da relação
entre alimentação, nutrição e o desenvolvimento do câncer.
Nesse sentido, estamos desenvolvendo projetos pilotos em parcerias com outras instituições visando à
6] Quais as ações desenvolvidas pelo Inca para conscien-
aumento da incidência de câncer?
Sueli Couto - A União Internacional de Controle do Câncer
(UICC), maior organização não-governamental do mundo
dedicada ao controle da doença, estima que a alimentação
inadequada, o sedentarismo, o sobrepeso e a obesidade,
sejam responsáveis por aproximadamente 30% dos casos
de câncer nos países ocidentais, o que representa a segunda maior causa evitável de câncer, atrás apenas do tabagismo. Estamos diante de um grande desafio, que requer a
convergência de esforços dos diversos setores envolvidos,
se considerarmos que o excesso de peso vem aumentando
na população brasileira ao longo das últimas décadas.
5] Quais os principais fatores que têm contribuído para o
nos, 5 porções de frutas, legumes e verduras diariamente, quais os alimentos mais indicados na prevenção
do câncer?
Sueli Couto - Leite materno exclusivo até os 6 meses como
proteção para a mãe e para o bebê; cereais, preferencialmente integrais; leguminosas; redução do consumo de carne vermelha a duas vezes na semana; consumo limitado de
alimentos e bebidas com alta densidade energética (225275 kcal por 100 g); consumo limitado de sal; não consumir
grãos mofados; manter-se fisicamente ativo como parte da
rotina diária e não fumar.
4] Além das recomendações do consumo de, pelo me-
Conselho Regional de Nutricionistas •
com o público?
Sueli Couto - A troca de experiências entre os profissionais
e o público que participa da atividade, tem reafirmado, cada
vez mais, a necessidade de divulgarmos práticas como essa,
que leva em conta o conhecimento que cada um traz da sua
realidade e a partir dessa realidade o faz refletir sobre a importância de melhorar ou manter os hábitos alimentares
refletidos nas compras realizadas. Finalizamos a atividade
solicitando a avaliação dos participantes que tem sido sempre positiva e de muito aprendizado.
8] Como tem sido a receptividade a essas ações diretas
Saúde?
Sueli Couto - O Armazém da Saúde é composto de alimentos cenográficos, expostos em caixotes ou prateleiras, representando os diversos grupos de alimentos, desde os “in
natura” como frutas, legumes e verduras, até os que sofrem
algum tipo de beneficiamento, como carnes salgadas, de
boi, frango e peixe, além de embutidos e laticínios. Alguns
alimentos deverão ser complementados como: os industrializados, cereais, leguminosas, dentre outros. Trata-se de
uma atividade interativa com a população visando disseminar informações sobre uma alimentação adequada. Os participantes realizam uma compra simulada no Armazém e,
em seguida, conversam com os nutricionistas sobre as suas
escolhas.
7] Como funciona, na prática, o projeto do Armazém da
construção de estratégias que possam ser replicadas em
outras realidades brasileiras, dentre os quais, destaco: (1)
a realização de oficinas com profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde
de algumas regiões do município do Rio de Janeiro para a
construção de material educativo sobre a prevenção do
câncer, baseados nas recomendações do Fundo Mundial para Pesquisas em Câncer, publicadas em 2007; (2)
Construção de uma estratégia de intervenção em nível
local para a promoção de frutas e hortaliças, coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa, visando aumentar o consumo de frutas, legumes
e verduras (FLV) e promover a saúde da população dos bairros de Guaratiba, Campo Grande e Santa Cruz, situados na
Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, com atuação
em escolas, empresas, locais de compra de FLV, unidades
de sáude e instituições sociais; (3) Promoção do aumento
do consumo de FLV e redução do peso corporal entre os
funcionários da Coordenação de Prevenção e Vigilância
(CONPREV) do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Também divulgamos informações sobre a relação
da alimentação, nutrição e câncer nos diversos meios de comunicação, quando solicitados, além de ministrar palestras
em universidades, empresas e outras instituições.Este ano
realizamos uma oficina de qualificação dos Agentes Comunitários de Saúde do Município de Rio Branco, Acre, sobre
alimentação e câncer, visando a incorporação do tema nas
ações de prevenção já desenvolvidas junto à população
local.
9
ENTREVISTA
10
balho caracterizado por desigualdades, com pior remuneração e
direitos sociais, colocaria em risco
o bem-estar desse profissional.
As políticas de Estado
nas áreas de educação, saúde e
trabalho também determinaram
a emergência, consolidação da
profissão no Brasil. Bosi4 acrescenta que a profissão já nasce enfrentando barreiras quanto à sua
identidade e quanto à necessidade
da busca pela autonomia técnica
em virtude da competição com os
nutrólogos, pouco prestígio e dificuldade em delinear os objetivos
da profissão.
Por outro lado, diversos
estudos mostram as formas e a
variedade de estratégias pelas
quais as mulheres conciliam encargos de família ou domésticos com
o tipo de envolvimento em um trabalho “produtivo”(a). A redefinição
ocorrida na condição feminina
após a 2ª Guerra Mundial, talvez
tenha sido uma das mudanças
mais generalizadas e permanentes no Ocidente do Século XX, com
reflexos óbvios no século XXI. No
Brasil, essa redefinição alcançou
expressivo destaque em 1970 e se
manifestou na expansão da ativi-
dade feminina, em especial, entre
as mulheres casadas.
Em virtude do crescimento
da atividade feminina houve além
da já discutida interferência na transição nutricional, um acesso mais
acentuado das mulheres em funções mais qualificadas e de maior
prestígio, ocasionando um círculo
virtuoso no crescimento dos níveis
de emprego e escolaridade1,2. Mesmo assim, longe de atingir o patamar alcançado pelos homens1,2.
Os avanços da legislação
no tocante à busca da igualdade
de oportunidades no acesso ao trabalho e ao combate das formas de
discriminação do trabalho feminino colocam a mulher Nutricionista
como participante ativa e passiva
desse cenário, de combate à discriminação, na medida em que a
profissão é, predominantemente,
feminina1.
O trabalho e a família
constituem a espinha dorsal da
existência humana. São também as
principais fontes de demandas físicas, psicológicas e sociais, devido
ao alto grau de comprometimento
e dedicação que exigem1.
De acordo com Morin5,
para que um trabalho tenha sentido, é importante que quem o realize saiba para onde ele conduz. Ou
seja, é essencial que os objetivos
do trabalho realizado sejam claros
e que seus resultados tenham valor
aos olhos da sociedade e de quem
o realiza.
À semelhança de outros
POR RITA AKUTSU E KARIN SÁVIO
O trabalho doméstico sem remuneração não estava classificado como produtivo em oposição ao trabalho feminino realizado fora do lar.
• Conselho Regional de Nutricionistas
a
A emergência e o desenvolvimento da profissão de Nutricionista nos diversos países não têm sido
uniformes; a heterogeneidade com
que a prática desse profissional vem
se organizando parece entrelaçarse, principalmente, às necessidades
e às oportunidades geradas no
âmbito de cada país. Ou seja, foi
em um cenário de industrialização
e urbanização, caracterizado pela
alta concentração das atividades
econômicas, longas jornadas de
trabalho e pouco tempo livre para o
lazer e o descanso, que se consolidou a profissão de Nutricionista1.
A entrada da mulher no
mercado de trabalho mundial, e em
especial, no Brasil, foi uma das mais
marcantes transformações sociais
ocorridas desde 1970. A partir de
1980, a participação da mulher na
população economicamente ativa
(PEA) saltou, no Brasil, de 31,2%2
para 42,4% em 20012, o que sugere
que essa tendência seja irreversível.
Quanto aos Nutricionistas, os dados apontam que é uma
profissão hegemonicamente feminina (96,0% dos trabalhadores são
do sexo feminino)1 desde a sua origem3, o que, em um cenário de tra-
BRASILEIROS
OS NUTRICIONISTAS
ARTIGO
profissionais, o trabalho do Nutricionista sofre os percalços inerentes a um mundo em mudança. Contudo,
parece mais protegido (taxa de desemprego de 3,5%)1
que os demais profissionais de nível superior e, em especial, que as mulheres
com o mesmo grau de escolaridade1.
Mesmo assim, é necessário, diante do novo
cenário epidemiológico imposto aos Nutricionistas,
uma reflexão sobre a atuação na área de Produção que,
distanciada da atenção dietética e dos paradigmas da
alimentação saudável, compromete o bem-estar1 dos
Nutricionistas e a saúde da população assistida.
O trabalho do Nutricionista é caracterizado
pela possibilidade de desenvolvimento de atividades
em organizações e localidades que favoreçam o seu
bem-estar. Entretanto, a área de “Produção” é aquela
cuja lógica obedece aos conceitos taylorista/fordista e,
nesse cenário, as relações positivas no trabalho, a percepção de uma contribuição positiva para a sociedade
e para a saúde do trabalhador ficariam prejudicadas,
comprometendo a percepção de bem-estar.
Revela-se, então, a necessidade de modificar a prática dos profissionais que atuam na área de
tração, São Paulo, v. 41, n 3, p. 8-19, 2001.
REFERÊNCIAS
1- AKUTSU, R. C. Valores e Bem-estar dos Nutricionistas Brasileiros. São Paulo: Editora Baraúna, 2009.
2- IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Pesquisa Mensal de Emprego. Disponível em: <htpp://www.ibge.
gov.br>. Acesso em: 15/01/2009.
3- COSTA, N. M. Revisitando os estudos e eventos sobre a formação
do Nutricionista. Revista de Nutrição, v.12, n.1, p. 5-19, 1999.
4- BOSI, M. L. M. Definindo fronteiras: o Nutricionista e sua profissionalização. 1995. [Tese]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde
Pública ENSP/FIOCRUZ; 1995.
5- MORIN, E. M. Os sentidos do trabalho. RAE – Revista de Adminis-
Produção. A modificação da prática passa pela discussão, no âmbito dos cursos e entidades representativas da categoria, acerca das estratégias de
formação, transformação e enriquecimento de conteúdo da referida área.
Cabe lembrar que as conquistas, a ampliação do campo de atuação, a especialização, a incorporação dos avanços científicos e tecnológicos,
o resgate e a preservação da “cultura dietética” são
irreversíveis. Entretanto, há muito ainda a ser feito
para realçar a percepção de bem-estar no trabalho e
de comprometimento com a alimentação saudável.
ARTIGO
12
• Conselho Regional de Nutricionistas
Introdução
O câncer, doença caracterizada pelo
crescimento anormal das células, é considerado
um importante problema de saúde pública sendo responsável por inúmeros óbitos anualmente
(DIAS et al., 2006). No Brasil, estimativas apontam
para 2009, 234.870 novos casos de câncer para o
sexo masculino e feminino (BRASIL, 2007). Essa
doença é de origem multicausal, sendo influenciada por fatores genéticos e ambientais, dentre
os quais destacam-se: dieta, tabagismo, etilismo,
obesidade, inatividade física, contato freqüente
com carcinógenos, radiação, idade, etnia e sexo
(FORTES; NOVAES, 2006). Estudos referem que
40%-80% dos pacientes oncológicos apresentam
desnutrição durante o curso da doença (GARCÍALUNA; PAREJO CAMPOS; PEREIRA CUNILL,
2006). Cabe ressaltar que, as neoplasias, principalmente aquelas diagnosticadas tardiamente,
levam o indivíduo ao quadro de caquexia, uma
síndrome caracterizada por perda progressiva e
involuntária de peso, intenso catabolismo de te-
Resultados e discussão
As células cancerosas apresentam preferência pela glicose como substrato energético,
resultando em alterações metabólicas e levando
ao catabolismo muscular e a perda ponderal. Duas
dessas alterações são: a intolerância à glicose e a
resistência à insulina, decorrentes da redução na
sensibilidade das células β-pancreáticas e dos
tecidos periféricos, podendo culminar com hiperglicemia (SILVA, 2006). As citocinas humorais
Metodologia
Este trabalho consiste em uma revisão
bibliográfica, sobre o tema, de artigos publicados
principalmente em revistas indexadas nas bases
de dados Medline, PubMed, Bireme, Capes, Scielo, Google scholar e Cochrane, nos idiomas inglês,
espanhol e português.
Objetivo
Avaliar a utilização da avaliação nutricional subjetiva proposta pelo paciente (ANS-PPP) e
sua correlação com outros métodos de avaliação
do estado nutricional de pacientes oncológicos.
cidos muscular e adiposo, astenia, alterações
metabólicas e disfunção imunológica (FORTES;
NOVAES, 2006). Além disso, as modalidades de
tratamento oncológico podem causar efeitos colaterais ao paciente, interferindo negativamente
em seu estado nutricional. Tendo em vista a complexidade das alterações ocasionadas pelo câncer,
que levam principalmente ao comprometimento
do estado nutricional, evidencia-se a necessidade de uma triagem nutricional eficiente para
identificação dos pacientes oncológicos em risco
(OLIVEIRA, 2007).
POR SANTOS, Ana Lilian B.; MARINHO, Rebeca C.; LIMA, Pricila N. M.; FORTES, Renata C.
Avaliação nutricional subjetiva proposta pelo paciente versus outros métodos
de avaliação do estado nutricional em pacientes oncológicos
NUTRIÇÃO CLÍNICA
PRÊMIO CIENTÍFICO
“
Conselho Regional de Nutricionistas •
”
usada em pacientes cirúrgicos. Seu diferencial
está no fato de não incluir apenas as alterações
da composição corporal, mas também as alterações funcionais do paciente. A ANSG apresenta
sensibilidade maior do que a antropometria. Esse
tipo de avaliação apresenta limitações tais como
sua utilização para monitorar a evolução dos pacientes e sua precisão diagnóstica dependente da
experiência do observador. Entretanto, essas limitações não invalidam o seu uso como instrumento
prognóstico e diagnóstico. Algumas modificações
foram realizadas na ANSG inicial para sua utilização em pacientes oncológicos, dando origem a
ANS-PPP (CANDELA et al., 2004). A ANS-PPP
tem a vantagem de fazer com que o paciente se
sinta mais participativo, pois apresenta uma parte
auto-aplicativa, além de diminuir o tempo gasto
pelo profissional para finalizar a avaliação. Um
estudo conduzido em 250 pacientes hospitalizados permitiu um diagnóstico precoce de desnutrição em 49% dos casos por meio da utilização
da ANSG (MARULANDA et al., 2000). Trinta pacientes oncológicos participaram de um estudo
onde a desnutrição foi diagnosticada, por meio da
ANS-PPP em 63% dos casos e por meio da
antropometria em 26% dos casos (GÓMEZCANDELA et al., 2003). Em um estudo realizado
com 100 pacientes com intuito de comparar a
ANS com avaliação nutricional objetiva, Coppini
et al. (1995) observaram associações estatisticamente significativas (p<0,05) entre albumina
(<3,5mg/dL), hemoglobina (<13,9g/mL), prega
cutânea triciptal (<10mm) e circunferência muscular do braço (<23,3) com a presença de desnutrição moderada e grave estabelecidas pela
ANSG. Bauer et al. (2002) avaliaram o uso da
ANS-PPP em 71 pacientes hospitalizados com
diversos tipos de câncer e identificaram que 24%
possuíam estado nutricional adequado, 59% des-
A ANS-PPP tem a vantagem de fazer com que o
paciente se sinta mais participativo, pois apresenta uma
parte auto-aplicativa, além de diminuir o tempo gasto
pelo profissional para finalizar a avaliação
também estão envolvidas no processo de carcinogênese. Elas induzem a inapetência, estimulam
as proteínas da fase aguda (proteína C reativa) e
reduzem as proteínas negativas como a albumina,
a pré-albumina e a transferrina (GARÓFOLO;
PETRILLI, 2006). Os fatores de mobilização de lipídios e de proteínas acentuam a anorexia e a perda
de peso (ARGILÉS et al., 2006). Além disso, alguns
hormônios quando desregulados, implicam no estabelecimento da síndrome da anorexia-caquexia,
resultando em progressão da doença, aumento
nas taxas de morbimortalidade e redução da qualidade de vida desses pacientes (SILVA, 2006). Sendo assim, as alterações metabólicas, o processo
inflamatório e a produção de compostos tumorais
induzem ao catabolismo protéico, a anorexia e
caquexia, repercutindo negativamente no estado
nutricional.
Diversos estudos têm sido feito com o
intuito de avaliar a taxa de desnutrição em pacientes com neoplasias. O Inquérito Brasileiro de
Avaliação Nutricional (IBRANUTRI) revelou que,
de 20,1% dos pacientes oncológicos, 66,4% apresentavam-se com desnutrição, sendo 45,1% de
grau moderado e 21,3% grave (WAITZBERG et al,
2001). A desnutrição difere-se da caquexia quanto
ao grau de comprometimento de massa muscular, o músculo esquelético é poupado e, o maior
catabolismo ocorre no tecido adiposo, enquanto
na caquexia há igual mobilização de tecidos (ARGILÉS et al., 2006). Dessa forma, em função da
depleção, o paciente caquético apresenta menor
tolerância ao tratamento e maior risco de complicações pós-operatórias implicando no aumento
do tempo de internação, dos custos hospitalares
e no prognóstico desfavorável (CARO et al., 2007).
A Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG)
é um método essencialmente clínico e integrado
de avaliação do estado nutricional, inicialmente
13
PRÊMIO CIENTÍFICO
14
• Conselho Regional de Nutricionistas
Conde et al. (2008) realizaram uma avaliação nutricional em 80 pacientes com neoplasia digestiva
e observaram que a ANS-PPP mostrou prevalência de desnutrição em 50% dos pacientes.
Conclusão
Estudos mostram que a ANSG e, mais especificamente, a ANS-PPP apresentam impacto
positivo no rastreamento do risco nutricional. Tais
métodos subjetivos correlacionam-se com avaliações objetivas do estado nutricional, como a antropometria e os parâmetros bioquímicos.
REFERÊNCIAS
• DIAS, V. M. et al. O grau de interferência dos sintomas gastrintestinais no estado nutricional do paciente com
câncer em tratamento quimioterápico. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 21, n. 2, p. 104-110, 2006.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Estimativas 2008: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Inca, p. 24,
2007.
• FORTES, R. C.; NOVAES, M. R. C. G. Efeitos da suplementação dietética com cogumelos Agaricales e outros fungos medicinais na terapia contra o câncer. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 4, n. 52, p. 363-371, 2006.
• OLIVEIRA, T. A importância do acompanhamento nutricional para pacientes com câncer. Prática Hospitalar, v. 9,
n. 51, p. 15-154, 2007.
• GARCÍA- LUNA, P. P.; PAREJO CAMPOS, J.; PEREIRA CUNILL, J. L. Causas e impacto clínico de la desnutrición y
caquexia en el paciente oncológico. Nutr Hosp., v. 21, Suppl.3, p. 10-16, 2006.
• SILVA, M. P. N. Síndrome da anorexia-caquexia em portadores de câncer. Revista Brasileira de Cancerologia, v.
1, n. 52, p. 59-77, 2006.
• GARÓFOLO, A.; PETRILLI, A. S. Balanço entre ácidos graxos ômega-3 e 6 na resposta inflamatória em pacientes
com câncer e caquexia. Revista de Nutrição, v. 19, n. 5, p. 611-621, 2006.
• ARGILÉS, J. M. et al. Fisiopatologia de la caquexia neoplásica. Nutr Hosp., v. 21, suppl. 3, p. 4-9, 2006.
• WAITZBERG, D. L. et al. Hospital malnutrition: The Brazilian National Survey (IBRANUTRI). A study of 40000
patients. Nutrition, v. 17, n. 7/8, p. 553- 580, 2001.
• CARO, M. et al. Relación entre la intervención nutricional y la calidad de vida en el paciente con cáncer. Nutr
Hosp., v. 22, n. 3, p. 337-50, 2007.
• CANDELA, C. G. et al. Evaluación del estado nutricional en el paciente oncológico. Suporte Nutricional em el
Paciente Oncológico, v. 4, suppl 1, p. 43-56, 2004.
• MARULANDA, M. I. et al. Utilidad de la valoración global subjetiva en la evaluación nutricional de pacientes hospitalizados. Lect. Nut., v. 7, n. 2, p. 67-74, 2000.
• GÓMEZ-CANDELA, C. et al. Subjective global assessment in neoplastic patients. Nutr Hosp., v. 18, n. 6, p. 353357, 2003.
• COPPINI, L. Z. et al. Comparação da avaliação subjetiva global x avaliação nutricional objetiva. Rev. Assoc. Med
Bras., v. 41, n. 1, p. 6-10,1995.
• BAUER, J.; CAPRA, S.; FERGUSON, M. Use of the score Patient-Generated Subjective Global Assessment (PGSGA) as a nutrition assessment tool in patients with cancer. European Journal of Clinical Nutrition, v. 56, n. 1, p.
779-785, 2002.
• GUPTA, D. et al. Prognostic significance of subjective global assessment (SGA) in advanced colorectal cancer. Eur
J Clin Nutr., v. 59, n. 1, p. 35-40, 2005.
• ULSENHEIMER, A.; SILVA, A. C. P.; FORTUNA, F. V. Perfil nutricional de pacientes com câncer segundo diferentes
indicadores de avaliação. Rev Bras Nutr Clin., v. 22, n. 4, p. 292-297, 2007.
• CONDE, L. C. et al. Prevalencia de desnutrición en pacientes con neoplasia digestiva previa cirugía. Nutr Hosp.,
v. 23, n. 1, p. 46-53, 2008.
nutrição moderada e, 17% desnutrição severa.
Gupta et al. (2005) realizaram um estudo com 234
pacientes com câncer colorretal onde por meio
da ANSG, foi observado 52% de desnutrição. Um
estudo utilizando a ANS-PPP, índice de massa corporal, prega cutânea triciptal (PCT), circunferência
do braço (CB) e circunferência muscular do braço
(CMB), identificou 50% de desnutrição segundo a
ANS-PPP, 5,56% segundo o IMC, 66,67% segundo
a PCT, 38,89% segundo a CB e 16,67% segundo a
CMB. (ULSENHEIMER; SILVA; FORTUNA, 2007).
PRÊMIO CIENTÍFICO
Metodologia
A pesquisa foi realizada por meio de coleta de dados em prontuários de pacientes atendidas em um programa de mastologia de um
hospital da cidade de Goiânia, por intermédio de
requisições prévias ao serviço de informação so-
Objetivo
O trabalho teve como objetivo caracterizar as portadoras de câncer de mama atendidas em um hospital público da cidade de Goiânia
quanto a fatores de risco associados à etiologia da
doença, e identificar as características da enfermidade e tratamentos mais utilizados.
Introdução
O câncer constitui a segunda causa de
morte por doença em quase todo o mundo, entretanto é uma enfermidade com grandes possibilidades de prevenção, pois sua ocorrência
é bastante influenciada por fatores ambientais
(NAVES, 2008). O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres. Estima-se que ocorrerão
49.400 casos novos em 2008, no Brasil, com uma
taxa de risco de 51/100.000 mulheres. No estado
de Goiás, a estimativa é de 35/100.000 mulheres, e
para cidade de Goiânia, de 50,5/100.000 mulheres
(340 novos casos) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
O risco para câncer de mama é influenciado por
muitos fatores, como história familiar de câncer,
história ginecológica, uso de terapia de reposição
hormonal, além de obesidade, sedentarismo, consumo de álcool e gorduras, tabagismo e exposição
a toxinas ambientais. Já a lactação, menarca tardia, menopausa até 54 anos de idade, amamentação e primiparidade antes dos 30 anos, são fatores
de proteção contra o câncer de mama (PINHO;
COUTINHO, 2005; WCRF; AICR, 2007).
Conselho Regional de Nutricionistas •
Resultados e discussão
Foram obtidos dados de 111 prontuários. No entanto, nem todos os dados estavam
disponíveis em todos os prontuários pesquisados,
sendo então as análises realizadas e apresentadas
de acordo com o n encontrado. A amostra compreendeu mulheres com idade variando entre 30
e 83 anos ( = 51,7 ± 12,6 anos), com composição
bre pacientes do dito hospital. Os dados foram
coletados no período de Junho de 2006 a Agosto de 2008, em formulário próprio elaborado por
Ferraz e Ribeiro (2007), no qual foram registradas
informações relacionadas à caracterização sociodemográfica, à história ginecológica e à doença.
A análise dos dados foi feita no programa EPIINFO, versão 3.4.3 (Center for Disease Control and
Prevention, Atlanta, Estados Unidos, 2007), onde
foram calculadas as freqüências das variáveis pesquisadas, bem como a média e o desvio-padrão
das variáveis quantitativas. Para a caracterização
sociodemográfica, foram considerados os dados
de idade, ocupação, escolaridade, renda familiar e
renda per capita.
POR ASSIS, Jaqueline Nascimento; OLIVEIRA, Allys Vilela;
MARTINS, Karine Anusca; NAVES, Maria Margareth Veloso
Características sociodemográficas e ginecológicas de portadoras de câncer de
mama atendidas no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás
SAÚDE PÚBLICA
15
PRÊMIO CIENTÍFICO
16
relatados por Pinho e Coutinho (2007), em estudo
do perfil de usuárias de unidades básicas de saúde
(n= 681), no qual se constatou que a população era
formada por mulheres “do lar” (50%), com baixa
escolaridade, 80% com ensino fundamental incompleto, e renda encontrada menor que 1 SM per
capita. Na Tabela 1 estão relacionadas variáveis e
as categorias de risco consideradas neste estudo,
e respectivas médias e freqüências.
• Conselho Regional de Nutricionistas
8
12
31
8
7
14
55
18,6
13,5
29,0
10,4
11,0
13,1
49,5
Frequência
absoluta (n)
relava (%)
Conselho Regional de Nutricionistas •
16
consumo de bebida alcoólica estava relatado em
20 prontuários (4 destas eram usuárias) e o tabagismo foi encontrado em 71 prontuários (destas,
24% eram fumantes). A obesidade e a ingestão
de bebidas alcoólicas devem ser investigadas
em pacientes com câncer de mama, já que estes
constituem os fatores de risco relacionados à alimentação mais bem comprovados na literatura
(WCRF; AICR, 2007). O estadiamento do câncer
foi encontrado em 65 dos prontuários pesquisados, destes constatou-se que aproximadamente
60% apresentavam a doença em estádio III ou
IV. O estadiamento do câncer é uma informação
muito importante, pois se sabe que a sobrevida do
paciente com câncer é reduzida em estádios tardios. Não houve diferença na mama afetada pelo
câncer, sendo 49,5% na mama direita, e 50,5%
na mama esquerda. Em relação aos tratamentos, 57,8% das pacientes receberam dois tipos
ou mais. Os tratamentos mais utilizados foram a
47,8 ± 6,6 anos
13,1 ± 1,8 anos
---
---
22,2 ± 6,4 anos
---
Média ±
desvio-padrão
50,7 ± 12,8 anos
O risco de câncer se apresenta aumentado em situações que elevam o tempo de exposição ao estrogênio, como menarca precoce,
menopausa tardia, não-amamentação e primeira
gestação após os 30 anos (PINHO; COUTINHO,
2005; WCRF; AICR, 2007). Em relação ao uso de
contraceptivos orais, 31,5% das mulheres (n =
35) alegaram ter feito uso de tais medicamentos,
sendo que em um terço destas, este constituiu
em fator de risco (uso por mais de cinco anos). A
terapia de reposição hormonal foi utilizada por
poucas mulheres (n = 19). Os contraceptivos orais
de estrogênio são responsáveis por um pequeno e
transitório aumento do risco de câncer, e a terapia
de reposição hormonal é considerada um importante fator de risco do câncer de mama, embora
se acredite que este risco desapareça após alguns
anos do término da terapia (WCRF; AICR, 2007).
Dados sobre obesidade estavam disponíveis em
apenas 23 prontuários (6 destas eram obesas), o
Idade no diagnósco (n= 111)
≥ 50 anos
Gestações a termo (n= 107)
Nuliparidade
Idade da primeira gestação (n= 63)
≥ 30 anos
Amamentação (n= 77)
Não
Número de episódios aborvos (n= 106)
≥1
Idade da menarca (n= 89)
≤ 11 anos
Idade da menopausa (n= 42)
Menopausa tardia (> 55 anos)
FATOR DE RISCO
Tabela 1. Freqüência dos fatores de risco associados ao câncer de mama nas pacientes atendidas no serviço de saúde
(Goiânia, 2007-2008)
familiar média de 3,5 pessoas (DP = ±1,6). A ocupação mais comum entre as pacientes foi “do lar”,
com 47,5% do total da amostra. Cerca de 70% das
pacientes tinham escolaridade inferior ao ensino
fundamental, com média de escolaridade de 6
anos (DP= ± 3,9). A renda per capita de 69,8% (n
= 82) da amostra apresentava-se inferior a um
salário mínimo (SM), com média de 0,7 SM (DP =
±0,5). Estes resultados estão compatíveis com os
PRÊMIO CIENTÍFICO
na rede pública de saúde da cidade de Goiânia é de
baixa renda, tem baixa escolaridade, a ocupação
mais comum é “do lar” e a composição familiar
média é de 3,5 membros. A maioria das pacientes
não apresentou os fatores de riscos ginecológicos
para o câncer de mama, sendo que esta análise,
em alguns casos, pode ter sido comprometida
pela ausência de informações nos prontuários. Os
fatores de risco relacionados à alimentação (obesidade e consumo de bebida alcoólica) não foram
relatados na grande maioria dos prontuários
pesquisados.
REFERÊNCIAS
• BRITO, C.; PORTELA, M. C.; VASCONCELLOS, M. T. L. Assistência oncológica pelo SUS a mulheres com câncer de mama no Estado do Rio de Janeiro.
Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 6, p. 874-881, 2005.
• FERRAZ, C. B. S.; RIBEIRO, E. S. Perfil de mulheres com câncer de mama atendidas no Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas da UFG.
2007. 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2007.
• MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Controle do câncer de mama: documento de consenso. Rio de Janeiro: Inca, 2004. 39 p.
• MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Estimativa 2008: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2007. 94 p.
• NAVES, M. M. V. Dieta e prevenção de câncer. In: MOREIRA, E. A. M.; CHIARELLO, P. G. Atenção nutricional: abordagem dietoterápica em adultos.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, cap.12, p.163-171, 2008.
• PINHO, V. F. S.; COUTINHO, E. S. F. Risk factors for breast cancer: a systematic review of studies with female samples among the general population
in Brazil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 351-360, 2005.
• PINHO, V. F. S.; COUTINHO, E. S. F. Variáveis associadas ao câncer de mama em usuárias de unidades básicas de saúde. Cadernos de Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 23, n. 5, p. 1061-1069, 2007.
• WORLD CANCER RESEARCH FUND (WCRF). AMERICAN INSTITUTE FOR CANCER RESEARCH (AICR). Food, nutrition, physical activity, and the
prevention of cancer: a global perspective. Washington, DC: American Institute for Cancer Research, 2007. 517 p.
Conclusão
Conclui-se que a maioria das pacientes atendidas
quimioterapia, em 82,6% das mulheres, e os procedimentos cirúrgicos foram adotados em 72,5%
da amostra estudada (quadrantectomia e mastectomia). O tratamento cirúrgico em quantidade expressiva é condizente com a literatura, sendo que
Brito, Portela e Vasconcellos (2005) relataram que
o tratamento cirúrgico foi usado em 84,5% de uma
amostra de 310 mulheres portadoras de câncer de
mama.
PRÊMIO CIENTÍFICO
18
ALIMENTAÇÃO
• Conselho Regional de Nutricionistas
Introdução
A sociedade atual vem experimentando
nas últimas décadas transformações no seu modo
de vida e já se dá conta de que muitas destas
trouxeram conseqüências indesejáveis a diversos
aspectos da vida humana, principalmente sobre
saúde das populações urbanas (DREWNOWSKI
et al., 1997; POPKIN, 2002). Estas adaptações
provocaram desencaixes sociais e inadequações
de hábitos, os quais precisam ser compatíveis
com o novo ritmo de vida a que está submetido
o homem moderno (LAHLOU, 1996; POPKIN,
1998). Atualmente, os profissionais de saúde já
compreendem melhor a complexidade do problema e consideram que a resolução não pode
ser abordada com ações simplistas ou isoladas,
em razão das inúmeras variáveis e dificuldades do
cotidiano moderno. Com a ocidentalização dos
hábitos alimentares, caracterizada pela oferta ilimitada de alimentos baratos, palatáveis, práticos
e de alta concentração energética e um modo de
vida que impõe à maioria um sedentarismo crescente, cuja prática da atividade física nas grandes
cidades cada vez mais dificultada (HILL; PETERS,
1998) tem se um contexto, que parece ter sido
bem definido por George Bray “a genética carrega
a arma e o ambiente aperta o gatilho”. Objetivo:
O objetivo deste estudo foi verificar variações no
consumo alimentar, no estado nutricional e na
aceibilidade da clientela, cativa a um restaurante
auto-serviço, antes e após a exclusão de preparações fritas e a redução do teor lipídico das preparações do cardápio.
Metodologia
O estudo é caracterizado como longitudinal de intervenção (PEREIRA, 2001, 280p), com
14 meses. A Unidade de Alimentação e Nutrição
– UAN, sede da pesquisa é considerada de grande
porte (BRASIL, 1999) e executa cardápio padrão
médio (TEIXEIRA, 2006). A amostra foi constituída
de clientes cativos (4 a 5 refeições do tipo almoço
na UAN por semana), segmentada em grupo de
eutróficos (IMC < 24,9) e outro de indivíduos com
risco de sobrepeso e obesidade (IMC > 25), subdivididos ainda por gênero em cada um dos grupos. A amostra de indivíduos, assim como toda
clientela da UAN, ao longo de toda pesquisa, não
recebeu qualquer informação que lhes fizessem
conhecer os propósitos de eliminação das preparações fritas do cardápio, de redução no teor de
lipídios das preparações ou da utilização de fornos
combinados na produção. Foram selecionados,
para a 1ª fase, 115 indivíduos eutróficos e 80 com
risco de sobrepeso e obesidade, configurando-se
em cerca de 20% da população usuária do restaurante. Foram desenvolvidas, na primeira fase 159
Fichs Técnicas de Preparação (FTPs), referente
a todas as preparações que utilizassem óleo de
adição, margarina ou manteiga no preparo. Nesta
fase, foram executadas conforme a prática dos
funcionários da UAN. As avaliações de consumo
foram feitas sobre a amostra de indivíduos com
POR MANGABEIRA JUNIOR, Aldemir
Impacto da redução de gordura no preparo dos alimentos sobre
o consumo e a aceitabilidade do cardápio em uma UAN
COLETIVA
PRÊMIO CIENTÍFICO
“
”
Conselho Regional de Nutricionistas •
Resultados
risco de sobrepeso e obesidade, 80 indivíduos a
Os dados demonstraram a redução sigfim de identificar relações entre o estado nutricionificativa da média do VET, tanto nos homens
nal e o padrão de consumo alimentar praticado.
(-153 kcal) quanto nas mulheres (-100 kcal) e esta
Os dados do consumo alimentar foram obtidos
redução calórica não decorreu de diminuição nas
durante o almoço, por meio da observação direta
porções servidas, mas do teor reduzido de gorda montagem do prato, com o método desendura das preparações. Este resultado confirma
volvido por Sávio (2005). A avaliação da aceitabilio que observou Hill e Peters (FOSTER; NONAS,
dade do cardápio foi aplicada tanto à amostra de
2004) de que os indivíduos tendem a comer um
indivíduos eutróficos (n = 115) como à com risco
peso constante de alimentos, sejam estes alto
de sobrepeso ou obesidade (n = 80) e realizada
ou baixo teor de gordura. A média do peso da
através da aplicação de questionários. Para fazer
refeição não apresentou redução, entre as fases,
as devidas comparações foram criados dois inspodendo demonstrar que a redução de gordura
trumentos, um para a aferição da aceitabilidade,
não provocou prejuízos na aceitação do cardápio.
mensurada por meio de uma Escala Hedônica de
Os resto-ingestão (R/I) nas duas fases da pesquisa
7 pontos. Após o término da coleta dos dados da
estiveram dentro do intervalo que admite a litera1ª fase na UAN, os funcionários da UAN recebertura de até 3% do PESO REF (VAZ, 2006). Embora
am treinamento e passaram a utilizar os fornos
sem significância estatística, pelo teste de LSD
combinados inteligentes. Estes equipamentos
(p < 0,05), as avaliações no estado nutricional da
são dotados de pré-programações que viabilizam
clientela demonstraram redução média no peso e
a produção de alimentos com aparência e textura
no IMC de homens (-2,2%)
de frituras sem que se faça
e mulheres (-2,5%), que
uso de gorduras adicionais.
foi constatada em 22 dos
os indivíduos tendem
Simultaneamente procedeu29 homens em 30 das 32
se ao desligamento elétrico
a comer um peso
mulheres pertencentes à
da fritadeira existente e
constante de alimentos
amostra. A mudança proretirada da mesma do amposta refletiu em maior
biente da produção, a fim
aceitabilidade em todos os quesitos e preparações
de inviabilizar eventual iniciativa inadvertida de
avaliadas. Na 2ª fase, a aceitação média e DP da
funcionários da UAN, que por hábito pudessem
três preparações foi de 81 ± 24, com redução no
recorrer àquele método de cocção. As FTPs foram
percentual médio de rejeição que passou de 5,1 ±
continuamente alteradas para ajustar-se ao modo
11 para 2,0 ± 4,4, o que corresponde a uma queda
de preparo à medida que os cardápios da 2ª fase
em mais de 50% para todos os critérios avaliados.
eram realizados. Após 1 ano da avaliação inicial
As notas médias da 1ª fase, corresponderam a
do estado nutricional da amostra e sete (7) meses
um conceito que oscilou entre “indiferente/bom
após as mudanças ocorridas no processo produou satisfeito” para as guarnições fritas e carnes
tivo, iniciaram-se os procedimentos de reavae de “bom” para vegetais refogados. Na 2ª fase,
liação da aceitabilidade, preferências/rejeições
todas as preparações obtiveram conceito corresalimentares, do consumo e do estado nutricional
pondente a “bom ou satisfeito”, com elevação
da clientela, realizadas pela mesmos instrumenestatisticamente significante em 10 das 12 notas
tos e métodos e amostra de indivíduos da 1ª fase.
médias de guarnições fritas, em 11 das 12 notas
Os dados obtidos foram tabulados e pareados
atribuídas aos vegetais refogados e em 9 das
por meio do programa Excel for Windows e as
12 notas recebidas pelas carnes. Estes resultacomparações determinadas pelos percentuais de
dos revelam que a redução de gordura efetuada
aceitação, testes de Fischer (p < 0,05), Análise de
concedeu maior aceitação global do cardápio da
Componentes Principais e Análise de Segmentos
UAN.
(Cluster).
19
PRÊMIO CIENTÍFICO
20
preparações e que ade-quem o padrão alimentar
dos cardápios ofereci-dos nos restaurantes e lanchonetes, tendo em vista que medidas com esta
podem contribuir para a saúde coletiva e com
efeito para redução dos gastos das empresas e
do Estado com tratamento das doenças crônicas
relacionadas ao sobrepeso e obesidade. Como resultado não esperado, elimi-naram-se os resíduos
de óleos vegetais da UAN que, na 1ª fase, eram da
ordem de cerca 400 litros por mês, para não mais
haver resíduos após a exclusão das frituras em
óleo de imersão.
• Conselho Regional de Nutricionistas
REFERÊNCIAS
• BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Programa de Alimentação do Trabalhador. Porte das Unidades de Alimentação e Nutrição, 1999.
• DREWNOWSKI, A. Why do we like fat? Journal of the American Dietetic Association, v. 97, n. 7 (Suppl.) p. S58-S62,
1997.
• FOSTER, G. D.; NONAS, C. A. Managing obesity: a clinical guide. Eds. American Journal of Dietetic Association, 2004.
247p.
• HILL, J. O.; PETERS, J. C. Environmental Contributions to the obesity epidemic. Science, v. 280, p. 1371-1374, May
1998.
• LAHLOU, S. Cuisinons la représentation sociale. In: FISCHLER C. Pensée magique et alimentation aujourd’hui. Cahiers de l’Observatoire de l’Harmonie Alimentaire, Paris, n. 5, p. 10-17, 1996.
• PEREIRA, M. G. Epidemiologia Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 2001. 596p.
• POPKIN, B. M; DOAK, C. M. The obesity epidemic is a worldwide phenomenom. Nutrition Reviews, v. 56, n. 4, p.
106-114, 1998.
• POPKIN, B. M. An overview on the nutrition transition and its health implication: the Bellagio meeting Public
Heath Nutrition. Public Health Nutrition, v. 5(1), p. 93-103, 2002.
• TEIXEIRA, S. M. F. G.; OLIVEIRA, Z. M. C. de; REGO, J. C. de; BISCONTINI, T. M. B. Administração aplicada às unidades
de alimentação e nutrição. São Paulo: Atheneu, 2000. 219p.
• VAZ, C. S. Restaurantes controlando custos e aumentando lucros. Brasília (DF), 2006. 196p.
Conclusões
A redução de gordura no preparo e a eliminação das frituras em óleo do cardápio, por meio
da adaptação de receitas e utilização de fornos
combinados programáveis, resultaram em aumento da aceitabilidade em todos os itens do
cardápio e resultou em diminuição no VET das
refeições, sem diminuição na porção servida.
A amostra monitorada apresentou redução de
peso, a qual não foi atribuída estatisticamente
à redução de gordura efetuada na produção. O
setor de alimentação coletiva deve ser alvo de
iniciativas que visem à redução de gordura das
PRÊMIO CIENTÍFICO
ESTADOS
O CRN-1 firmou convênio com a
Ligmed para oferecer medicamentos a preços
mais acessíveis aos nutricionistas do Distrito
Federal e Goiânia. O desconto em medicamentos de marcas conhecidas será de no mínimo
15% e para os produtos genéricos, de 35%. Isso
sem contar com a comodidade de entrega em
domicílio.
Para poder aderir a esse convênio,
basta ligar na farmácia Ligmed de sua cidade
quando for efetuar a sua primeira compra e
fornecer o seu número de inscrição como nutricionista. Na segunda compra o seu cadastro
já constará do sistema. Mas fique atento: antes
de confirmar o seu pedido, verifique o valor da
taxa de entrega.
A Ligmed conta com uma loja física
em Brasília na W3 Sul, Qd. 513, Bl. A, Lj. 41,
fone (61) 4002-4400, e em Goiânia na Av. T-2,
n. 1820, St. Bueno e na R. 9-A, 121, St. Aeroporto, fone (62) 3239-8646. Além da entrega
em domicílio, a Ligmed disponibiliza um farmacêutico que oferece pronto atendimento
em horário integral de funcionamento da loja.
Conselho Regional de Nutricionistas •
MEDICAMENTOS MAIS BARATOS PARA NUTRICIONISTAS
A Delegacia do CRN-1 em Mato Grosso tem participado de várias ações relacionadas aos
nutricionistas. A conselheira delegada, Vânia Varini, participou de reunião conjunta entre o deputado Guilherme Maluf e representantes de Conselhos de Classe e Sindicatos de categorias da área
de saúde para elaboração de manifesto contrário a não contemplação de vagas para profissionais
no concurso a ser realizado pelo governo estadual. O referido documento foi protocolado junto ao
Ministério Público Estadual.
O Dia do Nutricionista foi marcado por mais um evento promovido pelo CRN-1/ MT em parceria com a Universidade de Cuiabá (Unic) e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O encontro
contou com a participação de Paula Ribeiro, que ministrou o mini-curso “Atuação do Nutricionista
como Personal Dieter” e de Verônica Ginani com o tema “Nutrição e a Gastronomia”. A presidente
do CRN-1, Simone Rocha, esteve presente no evento e explanou sobre as atividades a serem desenvolvidas pelo Conselho ainda este ano.
O CRN-1/MT realizou interiorizações para fiscalização nos municípios de Sorriso, Nova Mutum
e Rondonópolis. Além dessas visitas, representantes da Delegacia estiveram presentes em reunião
realizada pelo Conselho Municipal de Saúde de Sorriso para discutir sobre a inserção do nutricionista
na equipe do Nasf. Em Cuiabá, a conselheira Tânia Quintella e a fiscal Ana Luiza Trovo participaram
da semana da alimentação promovida pela Secretaria Estadual de Saúde, como representantes do
CRN-1.
O Conselho Regional foi convidado a participar das discussões sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para os profissionais da saúde do município de Cuiabá, e se disponibilizou a
auxiliar na articulação dos profissionais que atuam junto à Secretaria, uma vez que não compete ao
Conselho manifestar-se sobre o tema nem aprovar as deliberações.
MATO GROSSO
23
NOTÍCIAS
24
• Conselho Regional de Nutricionistas
Eventos em Nutrição Clínica
A Secretaria de Saúde do Tocantins realizou, de 11 a 13 de setembro, no auditório do Tribunal de
Justiça, a I Jornada Tocantinense de Nutrição Enteral e Parenteral e o III Encontro Multidisciplinar
de Terapia Nutricional do Hospital Dona Regina. O evento, que teve apoio do CRN-1, computou
6 pontos para o título de especialista da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral
(SBNPE) aos interessados e abordou temas como: importância da equipe multidisciplinar de terapia nutricional e a terapia em pacientes críticos, cirúrgicos, oncológicos, com úlceras de decúbito e
feridas operatórias, com disfagia e pediátricos. Segundo a Dra. Luciana Cançado, organizadora do
evento, “é importante a participação de toda a equipe multidisciplinar, já que a nutrição é de suma
importância para a reabilitação do paciente e para o combate de enfermidades”.
Comemorações do Dia do Nutricionista
O CRN-1 esteve presente nas comemorações do Dia do Nutricionista em Tocantins com a realização do II Encontro de
Nutricionistas, no dia 31 de agosto no auditório do Sesc. No
evento, profissionais apresentaram palestras com relatos
de experiências de trabalho em diversos campos de atuação: manual de boas práticas em instituições de alimentação coletiva, cuidado nutricional em cirurgia bariátrica; nutrição em comunidades quilombolas; alimentação escolar;
nutrição na saúde coletiva (Nasf, PSF); em programas de
segurança alimentar e nutricional (Mesa Brasil) e nutrição
nas Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT).
Durante o evento foram sorteados brindes e os colegas
foram homenageados com jantar patrocinado pela NutriShop, representante de produtos dietéticos no estado.
O Encontro foi realizado pela representante do CRN-1 em
Tocantins, Salete Klein, em parceria com o Sesc e com o
apoio dos nutricionistas Luciana Bárbara e Rodrigo Pereira.
UFT lança primeiro curso de Nutrição no estado
No dia 11 de agosto aconteceu a aula inaugural do primeiro Curso de Nutrição do estado, na Universidade Federal do Tocantins (UFT). O curso tem uma proposta curricular de desenvolvimento de
todo o ciclo básico em conjunto com o curso de Enfermagem, ambos com foco na política do SUS.
A conselheira do CRN-1 em Tocantins, Dra. Salete Teresinha Rauber Klein, foi convidada para ministrar palestra na aula inaugural e abordou diversos temas: histórico da profissão; papel do Conselho;
ética profissional; situação e perspectivas para a profissão no estado. Na abertura também estavam
presentes representantes da Enfermagem, da gestão do curso e da UFT.
TOCANTINS
NOTÍCIAS
novembro
07
20 a 03
novembro
12 a 19
04 a 06
novembro
Conselho Regional de Nutricionistas •
Simpósio 60 Anos Asbran
Tema: Conjugando Saberes e Competências do Nutricionista
Data: 23 a 25 de novembro de 2009
Local: Centro Universitário São Camilo (Campus Ipiranga — Av. Nazaré, 1.501 — São Paulo)
Informações: www.asbran.org.br
27
Curso “Como tratar a obesidade, bioquimicamente, para perder e manter o peso perdido” – 6 módulos
Palestrante: Dr. Henrique Freire Soares
Data 1º módulo - 13 de novembro de 2009 (sexta-feira)
Horário: 20 horas
Local: Auditório do Conjunto Nacional Shopping
Inscrição gratuita, mediante doação de um brinquedo novo, de qualquer valor, através do representante da Essencial.
Informações: cientifi[email protected] , cientifi[email protected]
Obs.: As vagas são limitadas. Sua pré-inscrição é imprescindível para garantir sua participação.
**Estes brinquedos serão doados a instituições de caridade no Natal.
VI Simpósio de Residência em Nutrição do HRAN e HRC
Data: 4 a 6 de novembro
Local: Grande auditório do HRAN (SMHN Q.01 – Asa Norte)
Informações: (61) 3325-4256/3471-9037
Inscrições: Núcleos de Nutrição e Dietética do HRAN e do HRC
Nutrição Funcional: Noções Básicas e Prática Clínica - 20h
Data: 12 e 19 de novembro de 2009
Palestrante: Nutricionista Funcional Letícia Jacques.
E-mail: [email protected]; [email protected]
Informações: (62) 33249729; (62) 33115821 - Av. Contorno 654, Centro, Anápolis-GO.
Promoção: Suganutrir Consultoria e Planejamentos
Tratamento nutricional na constipação e na diarréia – 20h
Palestrante: Profª. Msc. Sueli Essado Pereira
Data: 20 de outubro a 3 de novembro de 2009
Palestrante: Nutricionista Funcional Letícia Jacques.
E-mail: [email protected]; [email protected]
Informações: (62) 33249729; (62) 33115821 - Av. Contorno 654, Centro, Anápolis-GO.
Promoção: Suganutrir Consultoria e Planejamentos
Workshop “Suplementação para praticantes de atividade física”
Data: 7 de novembro de 2009
Horário: 19 horas (quarta-feira)
Local: Comfort Suítes Brasília – Sala Ipê (SHN – Qd. 04 – Bl.D – Asa Norte)
Inscrições: [email protected]
AGENDA
Curso de Nutrição Funcional aplicada a doenças hepáticas crônicas – 10h
Promoção: VP
Data: 7 de novembro de 2009
Local: a confirmar
Informações e inscrições: brasí[email protected] e [email protected] e (61) 3202-4340
novembro
novembro
novembro
07
13
23 a 25
novembro

Documentos relacionados