Arquivo 2 - Litoral Sustentável
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Arquivo 2 - Litoral Sustentável
Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Itanhaém RELATÓRIO Nº 6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Sumário 1 – INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................5 2 - OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO .............................................................................................................................6 3 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO ...........................................................................................................6 3.1 - Inserção Regional ................................................................................................................ 6 3.2 – Dinâmica Populacional ..................................................................................................... 11 3.2.1 - Crescimento populacional ...................................................................................................................11 3.2.2 - Caracterização Etária e Étnica da População ......................................................................................13 3.3 – Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsáveis pelos Domicílios .............................. 19 3.4 – Domicílios de Uso Ocasional ............................................................................................. 25 3.5 – Caracterização da População Flutuante ........................................................................... 31 4 – INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SÓCIO POLÍTICA .......................................................................................36 4.1. Relações Sociopolíticas em Itanhaém ................................................................................ 36 4.1.1. A Organização da Sociedade Civil .........................................................................................................37 4.1.2. Os Espaços de Gestão Participativa......................................................................................................40 4.2. Leitura Comunitária: Visão do Município e os Desafios para o Desenvolvimento Sustentável de Itanhaém ....................................................................................................................................... 46 4.2.1. Gestão Pública e as Políticas Públicas de Itanhaém .............................................................................47 4.2.2. Políticas Públicas ..................................................................................................................................49 4.2.3. Potencialidades e perspectivas de desenvolvimento sustentável .......................................................57 4.3. Considerações finais ........................................................................................................... 64 5 – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ...................................................................................................................67 5.1. Introdução .......................................................................................................................... 67 5.2. Mercado Produtivo (Produção de Bens e Serviços) ........................................................... 69 5.2.1. Informações Gerais ..............................................................................................................................69 5.2.2. Estabelecimentos formais no Município ..............................................................................................73 5.2.3. A estrutura produtiva da economia local .............................................................................................76 5.2.4. Rede Petros Bacia de Santos ................................................................................................................76 5.2.5. Algumas decisões cruciais que podem atingir a economia local .........................................................78 5.3 Mercado de Trabalho .......................................................................................................... 84 5.4 Finanças Públicas e o Desenvolvimento Socioeconômico municipal: a experiência de Itanhaém 92 5.5. Considerações finais ........................................................................................................... 94 6 - ORDENAMENTO TERRITORIAL ..........................................................................................................................96 6.1. Evolução da Mancha Urbana entre 1970 e 2010 ............................................................... 96 6.2. Regulação dos princípios e diretrizes de política urbana e ordenamento territorial......... 99 6.2.1. Regulação do ordenamento territorial...............................................................................................101 6.2.2. Itanhaém e o Zoneamento Econômico Ecológico da Baixada Santista ..............................................102 1 6.3. Regulação das áreas de Expansão Urbana ....................................................................... 104 6.4. Áreas de Monitoramento Territorial ................................................................................ 104 6.5. Dinâmica Imobiliária ........................................................................................................ 108 6.5.1. Empreendimentos Imobiliários Verticais ...........................................................................................108 6.5.2. Regulação dos empreendimentos imobiliários verticais....................................................................119 6.5.3. Loteamentos e Condomínios Horizontais ..........................................................................................121 6.5.4 - Regulação dos Loteamentos e Condomínios horizontais .................................................................128 6.5.5 - Patrimônio Histórico Cultural ....................................................................................... 129 6.6. Bens da união no município ............................................................................................. 131 6.7. Regulação dos Bens da União nas Legislações Municipais e Federais ............................. 134 6.7.1. Regime Jurídico dos Bens Públicos Municipais ..................................................................................134 6.7.2 Uso Privativo dos Bens Municipais ......................................................................................................134 6.7.3 Alienação ou Aquisição de Bens Públicos ...........................................................................................136 6.7.4. Bens Públicos Municipais e os Loteamentos e Condomínios.............................................................137 6.7.5 Bens federais no Município .................................................................................................................137 7 – MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO .....................................................................................................................139 7.1. Meio Ambiente e Território na legislação municipal ....................................................... 139 7.6. Área de Relevante Interesse Ecológico Ilhas de Queimada Pequena e Queimada Grande209 7.7. Ocupação urbana em Áreas de Preservação Permanente .............................................. 230 7.7.1. Aspectos conceituais ..........................................................................................................................230 7.7.2. Características, condições e pontos críticos das áreas de preservação permanente ........................235 7.8. Áreas naturais tombadas .................................................................................................. 241 7.8.1. Aspectos conceituais ..........................................................................................................................241 7.8.2. ANT das Serras do Mar e Paranapiacaba ...........................................................................................241 7.8.3. Características, condições e pontos críticos das áreas naturais tombadas em Itanhaém .................243 8. GRANDES PROJETOS DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA ................................................................................245 8.1 Introdução ......................................................................................................................... 245 8.2. Legislação municipal de avaliação de impacto ................................................................. 247 9 - MOBILIDADE URBANA E REGIONAL ................................................................................................................247 9.1. Os Sistemas de Mobilidade Urbana e Regional [a completar] ........................................ 247 9.1. Evolução da frota municipal ............................................................................................. 270 9.2. Sistema de transportes coletivos municipal e intermunicipal ......................................... 271 9.3. A Legislação Municipal e a Mobilidade Urbana e Regional .............................................. 284 9.4. Sistema Viário e Cicloviário .............................................................................................. 288 10. HABITAÇÃO E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA ..................................................................................................289 10.1. Assentamentos precários e informais ........................................................................... 289 10.5. A legislação Municipal e a Questão Habitacional ........................................................... 311 11 - SANEAMENTO AMBIENTAL ...........................................................................................................................313 11.1 Sistema de Abastecimento de Água Potável ................................................................... 313 11.1.1 Cobertura do sistema públicos de abastecimento de água ..............................................................313 11.1.2 Caracterização do Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém ..............................................314 11.1.3 Caracterização do Sistema Mambu ...................................................................................................317 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 11.1.4 Avaliação Geral do Sistema Mambu e ações propostas ...................................................................324 11.2 – O Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos ............................................................ 337 11.2.1 – Demandas por Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgoto .........................................................337 11.2.3 Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos.....................................................................................338 11.2.4 Cobertura do sistema de coleta e tratamento de esgoto .................................................................338 11.2.5 Caracterização dos Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos ....................................................340 11.2.6 Ampliação e melhorias dos Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos de Itanhaém .................343 11.3. Macro e Microdrenagem ............................................................................................... 345 Fonte: Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Críticas de Inundações, Erosões e Deslizamentos (AGEM, 2002, .......................................................................................................................349 11.3.1. Caracterização do sistema de drenagem urbana de Itanhaém. ......................................................350 11.3.2.Projetos e obras planejadas e em andamento..................................................................................354 11.3.3. Avaliação da gestão e da prestação dos serviços de Drenagem Urbana de Itanhaém ....................374 11.3.4. Planejamento do Sistema de Drenagem Urbana de Itanhaém........................................................376 11.4 – Resíduos Sólidos Urbanos ............................................................................................. 380 12. SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR.................................................................................................................389 12.1 Segurança Alimentar ....................................................................................................... 389 12.1 1. Rede Operacional de Programas - políticas, programas e ações do setor público municipal e sociedade civil segundo os seguintes eixos: acesso à alimentação; produção e abastecimento agroalimentar; educação, formação e cultura alimentar; povos e comunidades tradicionais; alimentação e nutrição no nível da saúde. ..........................................................................................................................391 12.1.2. Acesso à alimentação .......................................................................................................................393 12.1.3 Promover a autonomia das mulheres por meio da inclusão na produção e gestão; .......................401 12.1.4. Educação, Formação e Pesquisa em Segurança Alimentar e Nutricional ........................................402 12.1.5. Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades Tradicionais ...................................402 12.1.6.Alimentação e Nutrição no nível da Saúde .......................................................................................402 12.1.7. Sistema de ação política – conselhos, conferências e orgão intersetorial.......................................403 12.1.8. Considerações Finais ........................................................................................................................406 12.2. Saúde ............................................................................................................................. 409 12.2.1. Situação de Saúde ............................................................................................................................409 12.2.2. Diagnóstico dos Serviços de Saúde e dos atendimentos .................................................................411 12.2.3. Princípios e Diretrizes Políticas do SUS em Itanhaém ......................................................................413 12.2.4. Os gastos e investimentos em saúde ...............................................................................................421 12.2.5. O desempenho do SUS de Itanhaém: o IDSUS .................................................................................423 12.2.6. Considerações e aspectos relevantes: os desafios da saúde em Itanhaém .....................................424 3 13 – CULTURA.......................................................................................................................................................426 13.1. Breve histórico ................................................................................................................ 426 13.2. Caracterização Cultural................................................................................................... 427 13.3. Comunidades Tradicionais .............................................................................................. 428 13.4. Gestão, ações e políticas de Cultura............................................................................... 429 13.5. Regulação, Preservação e Uso dos Imóveis de Interesse Histórico e Cultural do Município. 430 13.6 Desafios e caminhos para o desenvolvimento cultural sustentável ............................... 431 13.6.1.Institucionalização da cultura (Sistema, orçamento, articulações) ..................................................431 13.6.2 Fortalecimento da comunidade indígena .........................................................................................431 13.6.3 Relações turismo e cultura ................................................................................................................432 14 - SEGURANÇA PÚBLICA....................................................................................................................................432 14.1 Introdução ....................................................................................................................... 432 14.2 Itanhaém e um quadro geral da criminalidade ............................................................... 433 14.3 Raio X institucional e Marco Legal: primeiros apontamentos ......................................... 443 14.4 Percepção de outros atores do cenário da Segurança Pública no município ................. 444 14.5 Considerações finais ........................................................................................................ 444 15 – FINANÇAS PÚBLICAS .....................................................................................................................................446 15.1 O Orçamento de Itanhaém - 2010 ................................................................................... 446 15.2 Receita Orçamentária ...................................................................................................... 446 15.2.1 Receitas Correntes ............................................................................................................................448 15.2.2 Receitas de Capital ............................................................................................................................450 15.2.3 Receitas Intra Orçamentárias ............................................................................................................451 15.2.4 Dedução da Receita Corrente ...........................................................................................................451 15.3 Transferências de Convênios ........................................................................................... 451 15.3.1 Convênios com o governo Federal ....................................................................................................451 15.3.2 Convênios por indicação parlamentar - Estado de São Paulo – 2010 ...............................................452 15.3.3 Operações de Crédito – Caixa Econômica Federal – CEF ..................................................................453 15.4 Despesa Orçamentária .................................................................................................... 454 15.4.1 Estrutura da Despesa Orçamentária .................................................................................................455 ANEXO: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................................................467 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 1 – INTRODUÇÃO O presente relatório apresenta um conjunto de leituras técnicas sobre as condições e tendências urbanas e socioambientais do Município de ITANHAÉM. As leituras sobre as condições urbanísticas e socioambientais apresentadas neste relatório estão articuladas com análises sobre diferentes aspectos como, por exemplo, o desenvolvimento econômico, a cultura, a segurança alimentar e nutricional, a saúde, a segurança pública, as finanças publicas entre outros. Tais leituras estão articuladas também com um exame detido sobre marcos jurídicos relativos às políticas públicas que incidem nos espaços territoriais daquele Município, bem como com a visão de moradores e representantes de entidades sobre o município. Os marcos regulatórios e conceituais a nível federal e estadual foram tratados no volume 1 do relatório, e os temas e questões no âmbito regional, serão tratados em relatório especifico. Este relatório faz parte de um conjunto de estudos que abrangem as realidades de 13 municípios do litoral paulista que estão sendo analisados no âmbito do convênio entre a Petrobras e o Instituto Polis. Esses relatórios municipais deverão servir como base para a consolidação de um estudo regional. Como posto adiante, todos esses estudos tem como objetivo principal formular uma agenda de desenvolvimento local e regional considerando as transformações que poderão ocorrer no litoral paulista em função de diversos projetos e obras de impacto tais como as explorações de petróleo e gás nas camadas do Pré-sal, a ampliação dos portos, duplicação de rodovias, entre outros. A organização dos conteúdos do presente relatório segue uma estrutura básica, constituída pelos seguintes componentes: - caracterização geral do município a partir dos seguintes aspectos: (i) inserção regional; (ii) dinâmicas populacionais, inclusive da população flutuante; (iii) domicílios de uso ocasional; - análises do ordenamento territorial a partir dos seguintes aspectos: (i) crescimento da mancha urbana no período entre 1970 e 2010; (ii) dinâmica imobiliária, especialmente da implantação de empreendimentos verticais, loteamentos e condomínios horizontais; (iii) áreas potenciais para ocupações urbanas futuras; (iv) imóveis públicos; (v) imóveis de interesse histórico e cultural e (vi) áreas com restrição à ocupação urbana; - análises sobre os diferentes tipos de necessidades habitacionais, especialmente aquelas existentes em assentamentos precários e irregulares, e sobre a provisão habitacional recente promovida pelo poder público; - análises sobre as demandas e desempenhos relativos ao sistema de saneamento básico constituído pelos sistemas de abastecimento de água, de coleta e tratamento de esgoto, de drenagem urbana e de gestão de resíduos sólidos; - análises sobre as condições de mobilidade local e regional, especialmente aquelas relacionadas aos problemas relativos aos sistemas viários e às diferentes modalidades de transportes coletivos municipais e intermunicipais; - análises sobre as características e implicações dos grandes equipamentos e infraestruturas de logística existentes e previstos, principalmente as ferrovias, rodovias, armazéns, indústrias, portos e aeroportos; - análises sobre os espaços territoriais especialmente protegidos, em especial as diferentes modalidades de unidades de conservação instituídas pelos governos federal, estadual e municipal e as áreas de interesse ambiental definidas no zoneamento ecológico-econômico e em zoneamentos municipais; - análises sobre as questões relativas ao desenvolvimento econômico local, à cultura, à segurança pública, à segurança alimentar e nutricional e à saúde; 5 - análises sobre aspectos da gestão pública e democrática considerando especialmente as finanças municipais. - analises a partir de escutas da sociedade, sobre suas organizações, a participação em espaços de gestão democrática e suas visões sobre o município e seu desenvolvimento; Vale dizer que todas essas análises se referenciam em políticas e programas públicos nacionais e estaduais que envolvem atuações dos governos municipais e incidem nos territórios locais. Nesse sentido, leva-se em conta, entre outras, as seguintes políticas nacionais: - política nacional e estadual de desenvolvimento urbano, compostas pelas políticas de ordenamento territorial, de habitação, de regularização fundiária, de mobilidade urbana e de saneamento ambiental; - política nacional e estadual de resíduos sólidos; - política nacional e estadual de segurança alimentar e nutricional. - política nacional e estadual de segurança publica - política nacional e estadual de saúde; - política nacional e estadual de cultura; Ademais, aquelas análises procuram traçar um quadro geral das ofertas e demandas relativas a serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas em âmbitos municipais e regionais a fim de identificar déficits, gargalos e pontos críticos que necessitam ser superados na busca por um desenvolvimento que promova o dinamismo econômico, mas também melhore as condições de vida das pessoas e não provoque perdas e desequilíbrios ambientais. 2 - OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO Os principais objetivos do presente diagnóstico é subsidiar a formulação de uma agenda de desenvolvimento local, regional e no litoral paulista baseados no envolvimento dos diversos agentes governamentais e da sociedade civil. Tais programas deverão se referenciar na articulação entre políticas públicas nacionais já instituídas no país. Deverão se referenciar também em políticas, programas e ações realizadas pelo Governo do Estado de São Paulo inscritas em diferentes setores. As análises que compõem esse diagnóstico não se encerram em si mesmas. Pretendem se constituir em instrumentos que orientem ações estruturantes direcionadas ao ordenamento territorial e ao atendimento de diferentes tipos de necessidades sociais. 3 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO 3.1 - Inserção Regional O Município de Itanhaém possui fortes articulações com toda a Baixada Santista, que por sua vez, articula-se intensamente com outras regiões do Estado de São Paulo, com outras partes do país e até com países da América Latina e de outros continentes. Tais articulações não são recentes e possuem determinantes históricos, econômicos, políticos, culturais e ambientais. No século XVI, a colonização portuguesa do Brasil começou com a ocupação da costa marítima onde portos foram construídos para permitir a atracagem das embarcações oriundas de outras partes do mundo e também de pontos distintos do extenso litoral brasileiro. Nessa costa, os colonizadores construíram sólidos fortes militares utilizados na defesa do Brasil Colônia. Algumas das primeiras cidades brasileiras se formaram nas proximidades desses fortes militares. Outras, como Santos e Rio de Janeiro, se estruturaram nos arredores daqueles portos marítimos. Essas cidades serviram como pontos de articulação entre a economia colonial das regiões litorâneas e os mercados europeus. Com os avanços da colonização em direção ao interior do Brasil Colônia, outros núcleos urbanos surgiram em pontos mais distantes da orla marítima. O litoral paulista foi um dos locais onde houve os primeiros núcleos de ocupação que logo foram acompanhados por outros que se implantaram nas terras altas do planalto após Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 vencer os obstáculos impostos pelas encostas da atual Serra do Mar. Com o passar do tempo, algumas dessas cidades se tornaram importantes polos regionais, capitais estaduais e sedes de grandes regiões metropolitanas. As atividades portuárias realizadas no período colonial influenciaram diretamente a formação dos núcleos que deram origem à ocupação urbana na Baixada Santista. No território do atual Município de Santos foram instalados os primeiros trapiches do Porto que passou a ter o mesmo nome. No último quarto do século XIX o Porto de Santos ganha importância econômica com o desenvolvimento da produção do café nas fazendas do interior da então Província de São Paulo direcionada para exportação. Essa produção cafeeira oriunda das fazendas do interior paulista chegava ao Porto de Santos por meio da antiga ferrovia São Paulo Railway, inaugurada em 1867. Na cidade de São Paulo, essa ferrovia atravessava as várzeas dos Rios Tietê e Tamanduateí que, nas décadas seguintes, passaram a receber importantes plantas industriais que buscavam se instalar nos terrenos mais planos. No final do século XIX, o aumento da importância econômica do Porto de Santos colocou a necessidade de expansão física e de melhoramentos nas infraestruturas e nas condições de funcionamento. Em 1892, marco oficial da inauguração desse Porto, a Companhia Docas de Santos entregou os primeiros 260 metros de cais na área que até hoje é denominada como Valongo, localizado no centro histórico de Santos. Nesse período, “os velhos trapiches e pontes fincados em terrenos lodosos foram sendo substituídos por aterros e muralhas de pedra” (Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos PDZPS, 2012: p. 13). Já no século XX, o Porto de Santos ganha novo impulso com a abertura da Rodovia Anchieta (SP-150) realizada na década de 1940, com o desenvolvimento industrial da atual Região Metropolitana de São Paulo, especialmente na Região do Grande ABCD (com os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema) e com o processo de industrialização de Cubatão. Esse processo de industrialização representa um ponto de inflexão na economia paulista iniciado a partir da década de 1950. Trata-se de uma inflexão marcada pela instalação de grandes empresas multinacionais em cidades que passaram a receber grandes contingentes migratórios e iniciaram acelerado processo de urbanização periférica baseada na produção de assentamentos precários, muitas vezes irregulares do ponto de vista fundiário, ocupados pelas moradias das populações de baixa renda. Essa imbricação entre crescimento da base econômica e urbanização precária estruturou grande parte dos territórios das grandes cidades brasileiras, inclusive da metrópole paulista e das cidades da Baixada Santista. As características desse processo de urbanização são examinadas adiante. O fortalecimento e a estruturação do trinômio porto-indústria automobilística-indústria de base no sistema econômico regional formado por Santos, São Paulo e Cubatão é baseado na conexão do Porto de Santos com os parques industriais do Município de São Paulo e da atual Região do Grande ABC, onde se instalaram indústrias da cadeia de produção de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis, e de Cubatão onde se instalou um polo industrial de base formado pela Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), hoje parte do grupo USIMINAS, e pela Refinaria de Petróleo Presidente Bernardes da Petrobras. A Rodovia Anchieta (SP-150), importante eixo articulador desse trinômio, amplia a ligação entre o Porto de Santos e aqueles parques industriais formando um complexo sistema econômico e logístico de importância nacional e internacional. Na década de 1970 essa ligação se fortalece com a abertura da Rodovia Imigrantes (SP-160). Apesar de o Porto de Santos ter forte articulação com os polos industriais mais próximos, é necessário levar em conta a sua influência macrorregional. De acordo com o PDZPS (2012) a vocação natural desse Porto é “atender às necessidades de movimentação de cargas dos estados do Sudeste e de grande parte do Centro-Oeste do país” (PDZPS, 2012: p. 44). O PDZPS define o chamado “vetor Logístico Centro-Sudeste” como a área de influência primária do Porto de Santos. Segundo esse documento, a “área de influência secundária 7 compreende todo o restante do Brasil e alcança também parte de outros países sul-americanos, como Paraguai e Uruguai e parte da Argentina, Bolívia e Chile” (PDZPS, 2012: p. 45). Os municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista, instituída pela Lei Complementar Estadual nº 815 de 30 de julho de 1996, conectam-se com as áreas de influência primária do Porto de Santos a partir de vias de acessos rodoviários, ferroviários e dutoviários existentes. O “modal rodoviário é responsável por aproximadamente 73% da carga movimentada, o ferroviário por aproximadamente 20% e o dutoviário por aproximadamente 7%” (PDZPS, 2012: p. 74). Os dutos são basicamente utilizados para a movimentação de derivados de petróleo e produtos petroquímicos transportados de/para as refinarias de Cubatão (principalmente) e o terminal da Transpetro, na Alemoa. Os acessos rodoviários que chegam ao Porto de Santos também promovem fortes ligações da Baixada Santista com diferentes regiões do planalto e do litoral paulistas. As já mencionadas Rodovias Anchieta (SP-150) e Imigrantes (SP-160) ligam o Planalto Paulista com a Baixada Santista. Esse complexo rodoviário AnchietaImigrantes estreita as relações entre as atuais Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista. Milhares de moradores dessa parte do litoral paulista se dirigem para aquela Região Metropolitana para trabalhar e estudar todos os dias. A Rodovia Manoel Hyppolito Rego (SP-055) faz a conexão entre Santos e o Litoral Norte. Nos meses de verão, muitos turistas vindos de outras metrópoles paulista ou dos municípios do interior usam essa Rodovia para chegar ao Litoral Norte passando pela Baixada Santista. A Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), mais conhecida como Piaçaguera-Guarujá, interliga o Sistema AnchietaImigrantes, que chega a Santos e Cubatão vindos do Planalto Paulista, com o Município de Guarujá. Muitos empregados das indústrias de Cubatão usam essa Rodovia. A Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-055) liga Santos e os municípios vizinhos com os municípios na porção Sul da Região Metropolitana da Baixada Santista (Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe) e, a partir daí, com os municípios do Litoral Sul (Iguape, Cananéia e Ilha Comprida). Moradores dos municípios localizados nas porções Sul da Baixada Santista usam essa Rodovia para ir a Santos, São Vicente e Cubatão para trabalhar e estudar. Isso provoca congestionamentos como se verá adiante. Ademais, o PDZPS descreve rotas que ligam regiões produtoras do país com Santos e seu importante Porto. Trata-se das rotas Rondonópolis-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas e derivados como soja, farelo milho, entre outros, produzidos no Centro Oeste do país); Dourados-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas produzidos no Mato Grosso do Sul) e Brasília-Triângulo Mineiro-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas produzidas em regiões de Goiás). Além dessas rotas mais longas, há rotas curtas que servem para o escoamento da “produção de açúcar e etanol do interior do Estado de São Paulo e a produção e importação de bens manufaturados acondicionados em contêineres na Grande São Paulo e no Vale do Paraíba” (PDZPS, 2012: p. 64). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. ITANHAÉM. Inserção Regional Fonte: Ministério dos transportes (2009 - 2010), IBGE, 2011 e. ESRI (Ocean BaseMap). As ferrovias operadas pelas empresas MRS Logística, ALL Logística e FCA se somam àqueles acessos terrestres regionais e macro regionais ao Porto de Santos. A ferrovia da MRS faz a ligação do Porto de Santos com regiões dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais enquanto as da ALL conecta aquele Porto com os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, demais regiões do Estado de São Paulo e com estados do Sul do Brasil. As ferrovias da FCA (Ferrovia Centro Atlântica) acessam o Porto de Santos a partir de uma malha que se espalha por 7 estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Goiás, Bahia, São Paulo e Distrito Federal. Vale citar, com base no PDZPS (2012) que a “MRS utiliza os trilhos da antiga Santos-Jundiaí, enquanto a ALL utiliza os trilhos da antiga FERROBAN; as duas se encontram em Cubatão no pátio de intercâmbio de Perequê. Do pátio as composições são conduzidas até as duas margens do Estuário, onde a PORTOFER (que realiza as operações somente no interior das dependências do Porto de Santos) assume as composições” (PDZPS, 2012: p. 69). 9 O acesso aquaviário é o que interliga os diferentes terminais portuários e berços de atracação do Porto de Santos. Esse tipo de acesso é de abrangência local e consiste no Canal da Barra com extensão de aproximadamente 25 km dos quais 13 km com instalações de acostagem, largura de 150 m até a Barra do Saboó e de 110 m desse ponto em diante e profundidade variável entre 12 me e 14 m (PDZPS, 2012: p. 50-51). Nas margens direita (Santos) e esquerda (Guarujá) desse Canal distribuem-se aqueles berços de atracação e terminais portuários utilizados na movimentação de cargas e descargas. O Porto de Santos não é beneficiado por acessos hidroviários importantes devido às condições geográficas existentes. Segundo o PDZPS (2012), a “hidrovia Tietê-Paraná movimenta cargas (principalmente grão, farelo e açúcar) do sudeste e centro-oeste, tendo como destino final o Porto de Santos. A maior parcela é transbordada para a ferrovia ALL (malha da antiga Ferroban), em Pederneiras, ou para caminhões em Anhembi, no interior do Estado, antes de acessar o porto” (PDZPS, 2012: p. 56). Além das bases econômicas e logísticas descritas anteriormente, outros fatores promovem as articulações regionais que inserem a Baixada Santista em outras dinâmicas urbanas e demográficas. Trata-se dos fatores relacionados com as características de balneário existentes em municípios de todo o litoral paulista. Em meados do século XX, o Município de Santos era um importante destino turístico para os moradores dos municípios localizados no planalto, especialmente da capital paulista e dos seus municípios vizinhos. Nas décadas de 1950 e 1960 o Município de Santos recebeu vários empreendimentos imobiliários constituídos pelas chamadas “segundas residências” destinadas ao veraneio. Tais empreendimentos se implantaram principalmente nas orlas marítimas, junto às praias de maior interesse dos investidores e dos consumidores de renda média e alta. Esse segmento imobiliário se expandiu a partir de Santos avançando sobre as áreas junto às praias do Guarujá, São Vicente, Praia Grande e demais municípios da Baixada Santista. A influência dessas atividades de veraneio no processo de uso e ocupação do espaço urbano de Itanhaém será analisada mais detalhadamente adiante. Do ponto de vista da inserção regional, vale dizer que, até hoje, muitas famílias que vivem nos municípios do planalto e do interior paulista, e em outras partes do país, se dirigem para os municípios da Baixada Santista durante os feriados e os períodos de férias. A maior parte desses visitantes se instalam nas “segundas residências” que permanecem ociosas parte do ano. Com o fortalecimento e crescimento das atividades portuárias, industriais, comerciais e de serviços, houve certa retração no turismo de veraneio em no núcleo central da baixada santista, principalmente nas décadas de 1970 e 1980 quando as condições de balneabilidade das praias estavam muito ruins por causa da poluição provocada por esgotos domésticos e efluentes líquidos oriundos do porto e até das indústrias. Porém, isso não significa que essas atividades de veraneio deixaram de existir. Tais atividades sempre existiram na Baixada Santista, principalmente nos município localizados a Sul de Santos e São Vicente (Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe). Nas últimas décadas houve melhorias nas condições de saneamento básico e no controle de emissão de poluentes com reflexos positivos nas praias. Ademais, foram realizados investimentos em melhorias urbanas e paisagísticas nessas praias. Isso tem provocado valorização nos imóveis mais próximos ao mar e atraído grande quantidade veranistas e visitantes de veraneio e de fins de semana. Vale dizer que as rodovias mencionadas anteriormente facilitam o acesso de centenas de milhares de turistas que se dirigem para suas casas de veraneio, hotéis e pousadas na Baixada Santista. O Município de Santos polariza essa Região Metropolitana junto com São Vicente, Guarujá e Cubatão. A Sul desses municípios, a Região Metropolitana da Baixada Santista contem Praia Grande, Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe e a Norte Bertioga. Essa Lei autoriza o Poder Executivo a instituir o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista - Condesb, uma autarquia responsável pela gestão metropolitana e o Fundo de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada Santista (FUNDESB). Em 23 de dezembro de 1998, a Lei Complementar Estadual nº 853 cria a Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM) entidade autárquica vinculada à Secretaria dos Transportes Metropolitanos, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução das funções públicas de interesse comum nesta região. Em 2004, Lei Complementar nº 956 transfere a AGEM para a Secretaria de Economia e Planejamento. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 3.2 – Dinâmica Populacional 3.2.1 - Crescimento populacional O município de Itanhaém apresentou diminuição em seu ritmo de crescimento populacional na última década. Entre 1991 e 2000 o município teve uma alta taxa geométrica de crescimento anual (TGCA), atingindo 5,08%a.a., acompanhando a maior parte dos municípios do litoral paulista que, durante o mesmo período, também apresentaram altas taxas. Na década de 2000 a 2010 houve uma queda na intensidade do crescimento populacional, que passou para 1,92%a.a. Nesse período Itanhaém saltou de 71.995 para 87.057 habitantes, conforme tabela ___ abaixo. Tabela. Municípios do Litoral Paulista - População Residente e Taxa Geométrica de Crescimento Anual - TGCA - 2000-2010 Ano TGCA 1991 2000 TGCA 2000-2010 Município 1991 2000 2010 Bertioga - SP 11.426 30.039 47.645 11,34 4,42 Cubatão - SP 91.136 108.309 118.720 1,94 0,96 Guarujá - SP 210.207 264.812 290.752 2,60 0,93 Itanhaém - SP 46.074 71.995 87.057 5,08 1,92 Mongaguá - SP 19.026 35.098 46.293 7,04 2,80 Peruíbe - SP 32.773 51.451 59.773 5,14 1,52 Praia Grande - SP 123.492 193.582 262.051 5,12 3,17 Santos - SP 417.100 417.983 419.400 0,02 0,04 São Vicente - SP 268.618 303.551 332.445 1,37 0,94 São Sebastião - SP 33.890 58.038 73.942 6,16 2,48 Ilhabela - SP 13.538 20.836 28.196 4,91 3,12 Caraguatatuba - SP 52.878 78.921 100.840 4,55 2,49 Ubatuba - SP 47.398 66.861 78.801 3,90 1,72 Fonte: Censos Demográficos IBGE, 1991, 2000 e 2010. Os mapas abaixo permitem visualizar as diferenças nessas taxas geométricas de crescimento anual dos municípios litorâneos que estão sendo analisados. 11 Mapa. Municípios do Litoral Paulista – Taxa Geométrica de Crescimento Anual - TGCA 1991–2000 e 20002010 Fonte: Censos Demográficos IBGE, 1991 e 2000 e Censos Demográficos IBGE, 2000 e 2010. O município de Itanhaém possui uma área total de 59 mil hectares, a maior extensão territprial dentre os municípios da área de estudo, sendo que a maior parte de seu território, inserida em unidades de conservação, permanece não ocupada. A área efetivamente urbanizada ocupa aproximadamente 8% do território, resultando em uma densidade populacional total do município de apenas1,5hab/ha. A área urbanizada do município atinge densidade de 17,6hab/ha. Tabela. Municípios do Litoral Paulista - Área do Município e Densidade demográfica – 2010 Município Área total do População município 2010 (hectare) Densidade demográfica do município (Habitante por hectare) Área urbanizada (hectare) Densidade demográfica da área urbanizada (Habitante por hectare) Bertioga 47.645 49.000 1,0 2.723 17,5 Caraguatatuba 100.840 48.540 2,1 3.368 29,9 Cubatão 118.720 14.240 8,3 2.411 49,2 Guarujá 290.752 14.290 20,3 3.804 76,4 Ilhabela 28.196 34.750 0,8 831 33,9 Itanhém 87.057 59.960 1,5 4.948 17,6 Mongaguá 46.293 14.210 3,3 1.531 30,2 Peruíbe 59.773 31.140 1,9 3.447 17,3 Praia Grande 262.051 14.750 17,8 3.927 66,7 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Santos 419.400 28.110 14,9 3.507 119,6 São Sebastião 73.942 40.040 1,8 2.508 29,5 São Vicente 332.445 14.890 22,3 2.462 135,0 Ubatuba 78.801 71.080 1,1 2.456 32,1 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. No município de Itanhaém, a maior parte de sua área urbanizada possui densidade populacional de até 50hab/ha. As áreas que apresentam maior densidade encontram-se próximas à área central no entorno da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP – 055). Mapa. Itanhaém - Densidade Demográfica de População Residente Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 3.2.2 - Caracterização Etária e Étnica da População O município de Itanhaém modificou bastante seu perfil etário, apresentando um envelhecimento considerável de sua população na última década. A população jovem de até 29 anos caiu de 56% em 2000 para 47% da 13 população total em 2010, enquanto a população de 30 até 59 anos aumentou de 34% para 38% da população total. Já a população com mais de 60 anos apresentou um crescimento significativo, passando 9,8 % para 14,6% sobre a população total, ver figura____. Figura. Itanhaém - Pirâmides Etárias – 2000 e 2010 Pirâmide Etária - Itanhaém 2010 -4.500 Faixas Etárias faixas etárias Pirâmide Etária - Itanhaém 2000 80 anos ou mais 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos -3.000 -1.500 0 1.500 3.000 80 anos ou mais 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos 4.500 -4.500 -3.000 -1.500 população 0 1.500 3.000 4.500 População Fonte: Censos Demográficos IBGE, 2000 e 2010. Em relação à classificação da população de acordo com as categorias de cor e raça utilizadas pelo IBGE, a população residente de Itanhaém acompanha parte dos municípios litorâneos paulistas onde o percentual da população parda sobre a população total está acima do percentual verificado para o Estado de São Paulo. Tabela. Estado de São Paulo e Municípios do Litoral Paulista - População Residente Segundo Cor ou Raça 2010 Unidade da Federação e Municípios Cor ou raça Total Branca Preta Amarela Parda Indígena Estado de São Paulo 41.262.199 63,9% 5,5% 1,4% 29,1% 0,1% Bertioga - SP 47.645 47,0% 7,6% 1,1% 43,8% 0,5% Cubatão - SP 118.720 42,6% 7,7% 0,7% 48,8% 0,2% Guarujá - SP 290.752 47,0% 6,7% 0,6% 45,5% 0,2% Itanhaém - SP 87.057 58,4% 5,0% 0,7% 35,5% 0,4% Mongaguá – SP 46.293 58,2% 6,3% 0,6% 34,2% 0,7% Peruíbe - SP 59.773 57,8% 6,0% 1,3% 34,1% 0,7% Praia Grande – SP 262.051 57,1% 5,9% 0,8% 36,1% 0,1% Santos - SP 419.400 72,2% 4,7% 1,0% 22,0% 0,1% São Vicente – SP 332.445 53,5% 7,1% 0,6% 38,7% 0,1% São Sebastião – SP 73.942 53,9% 6,4% 0,7% 38,5% 0,4% Ilhabela - SP 28.196 52,2% 5,1% 0,7% 41,8% 0,2% Caraguatatuba – SP 100.840 66,2% 4,4% 0,9% 28,3% 0,1% Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Ubatuba - SP 78.801 59,2% 5,9% 1,0% 33,5% 0,4% Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Gráfico Itanhaém– Distribuição Percentual da População Segundo Cor ou Raça - 2010 Cor ou raça da população residente Itanhaém Indígena; 0,4% Parda; 35,5% Branca; 58,4% Amarela; 0,7% Preta; 5,0% Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. A distribuição da população de Itanhaém segundo raça ou cor mostra maior presença da população branca nos setores censitários mais próximos às faixas litorâneas, beneficiada pela proximidade com a praia, enquanto as populações pardas e negras estão mais distantes da orla marítima e mais próximas ao centro. 15 Mapa. Itanhaém. Distribuição dos Percentuais da População Branca Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. Itanhaém– Distribuição dos Percentuais da População Parda Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 17 Mapa. Itanhaém – Distribuição dos Percentuais da População Preta Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. De acordo com dados do censo, a população indígena do município corresponde a 0,4% da população total. Esta população está concentrada em alguns setores censitários, sendo um deles inserido dentro da Terra Indígena Rio Branco (do Itanhaém), homologada com 2.856ha. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. Itanhaém – Distribuição dos Percentuais da População Indígena Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 3.3 – Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsáveis pelos Domicílios Para analisarmos os perfis de renda no município de Itanhaém utilizaremos dois tipos de variáveis: a renda mensal do responsável pelo domicílio; e a renda mensal domiciliar, composta de todos os rendimentos dos moradores. Estes são importantes indicadores da capacidade de consumo das famílias. A pessoa responsável pelo domicílio é identificada pelo IBGE como homem ou mulher, de 10 anos ou mais de idade, reconhecida pelos moradores como responsável pela unidade domiciliar. No Município de Itanhaém, 68% das pessoas responsáveis por domicílios com rendimento mensal de 0 a 3 salários mínimos, apresentando perfil bastante similar a maior parte dos municípios do litoral paulista analisados no presente trabalho. 19 Gráfico. Itanhaém– Distribuição Percentual das Pessoas Responsáveis Segundo Faixas de Renda Mensal – 2010 Rendimento nominal mensal das Pessoas responsáveis por domicílios - Itanhaém 1% 6% 0% 14% 11% Sem rendimento Até 3 S.M. Acima de 3 até 5 S.M. Acima de 5 até 10 S.M. Acima de 10 até 20 S.M. 68% Acima de 20 S.M. Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Polis. Dentre esses municípios, Santos se distingue por ter maiores percentuais de responsáveis por domicílios que possuem níveis mais altos de renda, conforme gráfico___ a seguir. Gráfico. Municípios do Litoral Paulista – Distribuição Percentual das Pessoas Responsáveis Segundo Faixas de Renda Mensal – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Polis. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Com o objetivo de observar a distribuição espacial dos domicílios e dos responsáveis domiciliares segundo os níveis de renda, somamos o valor do rendimento nominal mensal de todos os responsáveis pelos domicílios em cada setor censitário. O resultado foi dividido pelo número total de responsáveis pelo domicílio do próprio setor. Com isso se obteve o rendimento médio dos responsáveis pelos domicílios segundo os setores censitários. A espacialização desse indicador segundo diferentes faixas de renda (conforme mapa____ abaixo) permite visualizar as desigualdades socioespaciais existentes em Itanhaém. Verificamos maior presença de responsáveis domiciliares com os maiores níveis de rendimento na orla marítimanos setores próximos à região central, onde boa parte dos setores censitários possuem renda entre R$ 1.866,00 e R$ 3.732,00. Já a população de média renda se concentra espalhada pelo território, em setores censitários onde a renda média dos responsáveis domiciliares fica entre R$ 622,00 e R$ 1.866,00. Interessante observar que os setores onde esse indicador fica abaixo de R$ 622,00 estão ao interior da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-055). Mapa. Itanhaém – Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 21 Conforme mapa abaixo, somente setores próximos aos bairros de Satélite e Praia dos Sonhos possuem setores censitários onde o percentual de responsáveis domiciliares com renda maior do que 10 salários mínimos fica entre 15% e 30%, os maiores do município. apa. Itanhaém – Percentuais de Responsáveis por Domicílios com Rendimento Nominal Mensal Acima de 10 Salários Mínimos Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Já os responsáveis por domicílios sem rendimento estão dispersos no município com maior concentração no bairro do Raminho, conforme pode ser visto no mapa ___ abaixo. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. Itanhaém – Percentuais de Responsáveis por Domicílios Sem Rendimentos Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Como visto anteriormente, 68% dos responsáveis por domicílios de Itanhaém possuem renda até 3 s.m. Este grupo social se distribui em praticamente todo o território municipal, com maiores concentrações ao interior da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-055), conforme mapa abaixo_________. 23 Mapa. Itanhaém – Distribuição, Segundo Setores Censitários, do percentual de concentração da pessoa responsável com rendimento nominal mensal de até 3 Salários Mínimos – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Outra importante variável de rendimento observada é a renda domiciliar que corresponde à somatória da renda individual dos moradores de um mesmo domicílio. Como dito antes, este indicador tem relação com a capacidade de consumo da família e deve ser considerado para a definição de critérios para a formulação e implementação de diversas políticas públicas, especialmente no setor habitacional. Foram adotadas as faixas de renda utilizadas pelo IBGE nas tabulações realizadas.Desse modo, foram consideradas as seguintes faixas: sem rendimentos, de 0 a 2s.m.; mais de 2 a 5 s.m.; mais de 5 a 10 s. m. e mais de 10 s.m. O município de Itanhaém possui 40% dos domicílios com renda até 2 salários mínimos, 38% dos domicílios com renda entre 2 e 5 salários mínimos e 13% com renda domiciliar entre 5 e 10 salários mínimos. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Gráfico. Itanhaém – Distribuição Percentual dos Domicílios Segundo Faixas de Renda Domiciliar Mensal – 2010 Rendimento mensal domiciliar Itanhaém 4% 5% % sem rendimento 13% % até 2SM % mais de 2 a 5 SM 40% % mais de 5 a 10 38% % mais de 10 SM Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.Elaboração: Instituto Polis 3.4 – Domicílios de Uso Ocasional Segundo dados censitários do IBGE, o Município de Itanhaém passou de 50.949 domicílios em 2000 para 67.177 domicílios em 2010, acompanhando o crescimento populacional ocorrido neste mesmo período. De acordo com dados do Censo 2010, cerca de 51% dos domicílios recenseados de Itanhaém são de uso ocasional. Estes dados são condizentes com sua condição enquanto município com grande atividade turística e de veraneio. Domicílio de uso ocasional é o domicílio particular permanente que serve ocasionalmente de moradia, geralmente usado para descanso nos fins de semana, férias, entre outras finalidades. Tabela. Itanhaém - Domicílios Recenseados Segundo Condição de Ocupação – 2010 Domicílios recenseados- dados 2010 Total recenseados Particular - ocupado Município Nº Nº % do total de domicílios Itanhaém - SP 67.177 28.287 42,11% Particular - não ocupado - uso ocasional Nº % do total de domicílios 34.857 51,89% Particular - não ocupado - vago Coletivos Nº % do total de domicílios Nº % do total de domicílios 3.934 5,86% 99 0,15% Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 25 Gráfico. Itanhaém – Domicílios Recenseados Segundo Condição de Ocupação – 2010 Domicílios recenseados Itanhaém vago; 5,86% coletivo ; 0,15% ocupado; 42,11% ocasional; 51,89% Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Entre 2000 e 2010, o crescimento dos domicílios permanente ocupados, ou seja, destinados à população residente em Itanhaém, cresceu 11,44%, enquanto os domicílios de uso ocasional cresceram numa proporção um pouco maior, de 12,07%. Isto indica que o turismo de segunda residência no município ainda se apresenta em ritmo crescente, ao contrário da maior parte dos municípios do litoral que apresentam maior crescimento dos domicílios ocupados indicando um aumento da fixação de moradores no município. Tabela. Municípios do Litoral Paulista – Variação no Percentual de Domicílios Particulares Permanentes Ocupados, de Uso Ocasional e Vagos – 2000-2010 Municípios Crescimento (%) entre os anos de 2000 e 2010 Domicílios ocupados permanentes Domicílios de uso ocasional Domicílios não ocupados vagos Bertioga - SP 13,05% 27,18% 1,72% Caraguatatuba - SP 15,00% 4,80% -0,23% Cubatão - SP 16,76% -0,24% -2,15% Guarujá - SP 9,15% 0,99% -1,52% Ilhabela - SP 22,32% 6,72% 4,15% Itanhaém - SP 11,44% 12,07% 0,63% Mongaguá - SP 11,32% 9,91% -0,47% Peruíbe - SP 11,92% 6,69% 1,49% Praia Grande - SP 14,29% 5,82% -0,10% Santos - SP 7,54% -0,42% -2,76% São Sebastião - SP 16,99% 6,69% 0,17% São Vicente - SP 14,76% -2,31% -2,39% Ubatuba - SP 11,25% 10,07% 1,62% Fonte: Censos Demográficos IBGE, 2000 e 2010. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 No município de Itanhaém é possível verificar uma clara distinção na distribuição no território dos domicílios de uso ocasionais e dos domicílios de ocupados. Os domicílios de uso ocasional se concentram nos setores censitários ao longo da faixa litorânea, enquanto os domicílios ocupados, que servem de moradia para a população residente, estão concentrados do outro lado da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-55) nos bairros mais afastados da orla marítima e junto à região central. Ver figuras___e_____. Mapa. Itanhaém – Distribuição dos Percentuais dos Domicílios Particulares Permanentes Ocupados Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 27 Mapa. Itanhaém – Distribuição Percentual dos Domicílios de Uso Ocasional Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Em relação ao tipo de domicílio, ou seja, se são casas ou apartamentos, o Censo 2010 classifica somente os domicílios particulares permanentes ocupados. Vale dizer que os domicílios particulares permanentes de uso ocasional, correspondentes a 51% do total de domicílios de Itanhaém não são computados nessa classificação, causando grande distorção nos resultados. Dentre os domicílios permanentes ocupados, o município apresenta residências predominantemente horizontais, com cerca de 94% dos domicílios ocupados classificados como casa e 6% classificados como apartamentos. Os apartamentos estão predominantemente concentrados nos setores censitários próximos à região central. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Gráfico Itanhaém – Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes Ocupados Segundo Tipo (Casa, Casa de Vila ou de Condomínio, Apartamento) – 2010 Itanhaém tipo de domicílio 0% 0% Casa 6% Casa de vila ou em condomínio Apartamento 94% Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Figura. Itanhaém – Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes com Residentes Fixos do Tipo Apartamento Segundo Setores Censitários – 2010 29 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Figura. Itanhaém – Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes com Residentes Fixos do Tipo Casa Segundo Setores Censitários – 2010 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 3.5 – Caracterização da População Flutuante Dentre as diversas formas de turismo, a modalidade balneária é um dos segmentos mais significativos da economia regional, contribuindo efetivamente para o crescimento do setor terciário. No entanto, há um grave desequilíbrio provocado pela adoção, ao longo do século XX, de um modelo de turismo baseado na sazonalidade, e na criação de um significativo parque de residências de veraneio, em diversas cidades litorâneas de São Paulo. No município de Itanhaém como nos demais municípios do litoral paulista, o turismo balneário é um importante segmento da economia local e regional, contribuindo efetivamente para a constituição do setor terciário. Nesses municípios, há um grave desequilíbrio provocado pela adoção de um modelo de turismo baseado na sazonalidade associado com a criação de um significativo parque de residências de veraneio. A modalidade de turismo denominada de “segunda residência” traz enormes inconvenientes e desafios. Na região da Baixada Santista, a modalidade turística baseada em meios de hospedagem é menos importante do que o turismo baseado na comercialização de unidades habitacionais. Este segundo tipo de turismo demanda a implantação de infraestrutura urbana para atender os picos das temporadas de veraneio, deixando-a ociosa grande parte do ano. 31 Assim, os sistemas de saneamento básico, de fornecimento de energia elétrica, de transportes e trânsito, além de serviços de saúde e do terciário, devem estar dimensionados de forma a atender população muito superior à residente. Esta dinâmica, historicamente, sempre implicou em investimentos estatais necessários ao atendimento desta demanda, os quais sempre foram realizados em nível insuficiente, produzindo significativo passivo socioambiental. Os dados do Censo 2010 apontam que cerca de 51% dos domicílios existentes no município de Itanhaém são de uso ocasional, ou seja, são os domicílios que abrigam grande parte da população flutuante que frequenta a cidade. Para calcular a estimativa da população flutuante em Itanhaém e nos demais municípios litorâneos pode-se utilizar dados de consumo de água e de energia elétrica, além da quantidade de lixo coletado. Enquanto, na Ilha de São Vicente, a população flutuante vem reduzindo seus impactos há várias décadas, como demonstra o gráfico e o mapa abaixo, no município de Itanhaém, ela continua a ser bastante expressiva, atingindo mais de 55% da população total. Gráfico ___. Municípios do litoral paulista: Aumento populacional baseado nas contagens populacionais oficiais de 2002 e 2011. Fonte: IBGE apud Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.18). Mapa. Municípios do litoral paulista: População fixa e flutuante para o ano de 2011. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.21). A população total (população residente + população flutuante no verão) de Itanhaém é estipulada em 194.408 pessoas.A população residente corresponde a aproximadamente 44,7% e. a população flutuante corresponde a aproximadamente 55,3% da população total do município, numa proporção um pouco maior em relação aos domicílios de uso ocasional que correspondem a 49,2% do total de domicílios estimados. Quadro - Resumo do Número de habitantes e de Domicílios da Região Sul da RMBS (2010) POPULAÇÃO (hab) LOCALIDADE NÚMERO DE DOMICÍLIOS FLUTUANTE RESI-DENTE (INCREMENTAL) VERÃO PICO PERMANENTES USO OCASIONAL FECHADOS VAGOS TOTAL Peruíbe 60.759 62.510 77.448 19.841 19.841 14 3.675 43.371 Itanhaém 86.897 107.511 136.461 27.766 34.125 798 6.647 69.336 Mongaguá 44.681 83.734 103.647 12.839 26.578 793 2.109 42.319 Praia Grande 293.889 363.457 470.682 90.127 115.363 340 19.245 225.075 S. Vicente Continental 101.138 321 461 29.824 102 414 4.270 SABESP. Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA – Região Sul. São Paulo: SABESP, 2011, 162 p. O estudo da evolução populacional realizada para Itanhaém, no âmbito dos estudos do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010), apresenta projeções da população fixa e flutuante para este município. Esta projeção foi realizada em conjunto com a dos outros municípios da Baixada Santista através de diferentes técnicas, antes da elaboração do Censo Demográfico 2010. 33 O referido estudo estipulou três cenários de evolução para o crescimento populacional: o cenário 1 – inercial onde a evolução acompanha os dados do Censo; o cenário 2 – dinâmico - considera a atratividade populacional em função dos investimentos previstos na região e; cenário 3 – que considera o cenário 2 incluindo a implementação do porto Brasil em Peruíbe. Na projeção denominada “Inercial”, os saldos migratórios aumentavam ligeiramente entre 2005 e 2010. Conforme o estudo, esta seria a projeção recomendada para a avaliação dos investimentos em melhorias e ampliação dos sistemas de saneamento básico, “caso não estivesse a região sujeita a uma série de investimentos que atraem população, além de sua vocação turística por excelência devido à proximidade da RMSP e de pertencer ao Estado de São Paulo, que tem grande contingente populacional com renda crescente”. Segundo o mesmo estudo, a ênfase nessa análise recaiu sobre as variáveis e fatores que afetam os movimentos migratórios, pois esse é o componente mais importante para entender a dinâmica demográfica brasileira. A razão principal reside no fato de que as taxas de fecundidade e de mortalidade baixaram significativamente nos últimos anos e apresentam tendência nítida à estabilização e à homogeneização. Assim, restaria à migração a explicação das maiores mudanças na dinâmica populacional futura dos municípios do país e, especificamente, da Baixada Santista. O referido trabalho, baseado nos estudos acima mencionados, apresenta o gráfico ___ abaixo, que mostra a projeção para o município de Itanhaém em diferentes cenários. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Gráfico ___. Itanhaém segundo diferentes projeções de 1980 a 2030. Fonte: SABESP (2011) apud RELATÓRIO R3 –Volume 2 - PROPOSTA DO PLANO MUNICIPAL INTEGRADO DE SANEAMENTO BÁSICO Itanhaém (DAEE, 2010, p.33). Optou-se por adotar a projeção dinâmica (Cenário 2) por ser considerada como mais representativa da provável evolução populacional da RMBS. Considerando que as projeções foram realizadas até o ano de 2030, as mesmas foram avaliadas para o ano de 2039 de forma a alcançar o período de planejamento de 30 anos do Plano Integrado de Saneamento, conforme apresentado na tabela ___ a seguir, para o caso de Itanhaém Tabela ___. Itanhaém: Projeção populacional completa. População Domicílios Ano residente flutuante total ocupados ocasionais total 2010 86.897 107.511 194.408 27.766 34.125 61.891 2011 88.085 108.782 196.867 28.419 34.927 63.345 2012 89.274 110.053 199.327 29.071 35.729 64.800 2013 90.462 111.324 201.786 29.724 36.531 66.254 2014 91.650 112.595 204.246 30.376 37.333 67.709 2015 92.839 113.866 206.705 31.029 38.135 69.164 2016 93.788 114.956 208.743 31.631 38.874 70.504 35 2017 94.737 116.045 210.782 32.232 39.613 71.845 2018 95.686 117.134 212.820 32.834 40.353 73.186 2019 96.634 118.224 214.858 33.435 41.092 74.527 2020 97.583 119.313 216.896 34.037 41.831 75.868 2021 98.519 120.177 218.697 34.573 42.490 77.064 2022 99.455 121.042 220.497 35.110 43.150 78.259 2023 100.391 121.906 222.297 35.646 43.809 79.455 2024 101.326 122.770 224.097 36.183 44.468 80.651 2025 102.262 123.635 225.897 36.719 45.128 81.847 2026 103.115 123.850 226.964 37.121 45.622 82.743 2027 103.967 124.065 228.032 37.523 46.116 83.640 2028 104.819 124.280 229.099 37.926 46.611 84.536 2029 105.671 124.495 230.166 38.328 47.105 85.433 2030 106.524 124.710 231.234 38.730 47.599 86.329 2031 106.963 124.818 231.781 38.939 47.856 86.796 2032 107.402 124.927 232.329 39.149 48.114 87.262 2033 107.842 125.035 232.876 39.358 48.371 87.729 2034 108.281 125.143 233.424 39.567 48.628 88.195 2035 108.720 125.251 233.972 39.777 48.885 88.662 2036 108.943 125.306 234.249 39.883 49.017 88.900 2037 109.166 125.360 234.526 39.990 49.148 89.138 2038 109.390 125.414 234.804 40.097 49.279 89.376 2039 109.613 125.468 235.081 40.204 49.410 89.614 Fonte: Concremat Engenharia e Tecnologia S/A. RELATÓRIO R3 - PROPOSTA DO PLANO MUNICIPAL INTEGRADO DE SANEAMENTO BÁSICO - Itanhaém Observa-se que a projeção acima apresentada subestimou ligeiramente a população residente, que segundo o Censo Demográfico de 2010 era de 87.057 habitantes, enquanto o estudo apresentou população de 86.897 habitantes. Segundo esta projeção, a população residente cresceria em 26% até 2039, enquanto a população flutuante cresceria num ritmo menor atingindo 16% no mesmo período, resultando num acréscimo populacional total de 20,9% até 2039. 4 – INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SÓCIO POLÍTICA 4.1. Relações Sociopolíticas em Itanhaém O mapeamento das organizações da sociedade civil de Itanhaém identificou 30 organizações civis, das quais 09 foram entrevistadas e mais de 25 pessoas de diferentes organizações estiveram presentes à oficina pública. Dentre elas, encontram-se sindicatos, ONGs e Institutos, OSCIPs, associações de moradores de bairro e sociedades de melhoramentos, entidades representativas de categorias profissionais, associações classistas regionais, partidos políticos, rede socioassistencial, comunidade terapêutica, profissional liberal, organizações religiosas, culturais entre outras. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Com base nas conversas, entrevistas, informações públicas disponíveis e debates estabelecidos junto a essa gama de sujeitos que se faz as ponderações e análises a respeito da sociedade civil organizada de Itanhaém. Por fim, cumpre indicar que as conversas e entrevistas aconteceram entre 22/06 a 04/07 de 2012. 4.1.1. A Organização da Sociedade Civil A partir da interlocução nas entrevistas e oficina, percebe-se que a sociedade civil organizada em Itanhaém é composta por uma diversidade de organizações, destacando-se a atuação de Organizações Não Governamentais, com atuação em torno das políticas sociais - suprindo, por vezes a ausência do Estado na sua implementação - ou em questões ambientais. Chama atenção a presença significativa de jovens nos espaços de interlocução estabelecidos com as organizações. Nas conversas, reuniões e entrevistas não foram feitas citações relevantes em relação a existência de movimentos populares, como por exemplo movimentos de moradia, presentes em outros municípios da região. Detectou-se durante as pesquisas que antecederam as incursões no município, presença de entidades representativas dos pescadores. Entretanto, todas as tentativas de contato foram frustradas e portanto temos uma lacuna na abordagem deste segmento de importante presença no litoral paulista. A atividade pesqueira foi citada por interlocutores quando se referiam a aspectos da cultura caiçara, onde a pesca é uma atividade característica destas comunidades tradicionais. As lideranças ouvidas apontam como característica do município uma baixa participação da população nos processos políticos locais. Por esta característica, segundo os interlocutores, a população é suscetível a manipulação política, dificultando a sua organização autônoma. Apesar desta consideração geral, segundo os interlocutores, existe uma articulação entre as organizações do município no âmbito local e regional. Não raras vezes, foram feitas menções a outras organizações, a trabalhos realizados em parceria com outras entidades, e, em determinadas situações, a realização de ações conjuntas frente ao poder público ou para a realização de atividades de formação e capacitação destinada aos envolvidos nas atividades realizadas. “As pessoas que vêm de fora morar aqui estranham muito, pois o caiçara tem a característica da não participação dos processos políticos locais, o que facilita a manipulação política! Como fazer com que esta população desperte em si a vontade de fazer essa mudança?” “Temos contato com tantas organizações fora daqui e realizamos trabalhos conjuntos para nos fortalecer. Por exemplo, em Ubatuba e no Ceará... Percebemos que são problemas muito semelhantes nessas outras cidades e compartilhamos soluções que deram certo.” “As poucas organizações da cidade se respeitam, coexistem e muitas vezes fazem papel complementar nas ações.” “Procuramos envolver universidades de fora na capacitação de todos os envolvidos no trabalho. No estabelecimento das redes de atendimento, participam ONGs, lideranças comunitárias, funcionários públicos e quem mais participa do atendimento às famílias.” Intervenções dos entrevistados indicam que o poder público local não incentiva o processo de organização e participação da sociedade civil, o que acaba estimulando que as entidades busquem parcerias com outras 37 organizações em âmbito regional, estadual e nacional. Não existiria, segundo essas mesmas pessoas “uma concepção do gestor municipal que privilegie a participação da sociedade civil”. A relação entre as organizações de Itanhaém, com organizações de outros municípios e o investimento em capacitação, parece se constituir em um ingrediente que qualifica a sua atuação. Esse contato resulta em troca de informações, experiência e fortalecimento da atuação para enfrentar dificuldades que são comuns, além de propiciar a constituição uma rede de relações. “Não existe fomento e nem política que encoraje a iniciativa da sociedade civil.” “A Universidade Evangélica de Curitiba foi contratada por nós para dar a capacitação e supervisão aos atendimentos. Convidamos, inclusive, entidades de outros municípios vizinhos para participar dessas capacitações, porque entendemos que passam pelas mesmas dificuldades e, quem sabe, poderão levar essa experiência para a cidade deles.” De acordo com entrevistados, tem uma parcela da população juvenil que por falta de perspectivas na cidade é encorajada a procurar trabalho e estudo em outros lugares, e que, no seu retorno, traz consigo novos aprendizados de organização e de atuação política. Estas experiências podem justificar um certo grau de “intervenção” das organizações na agenda política do município. “Somos obrigados a procurar o estudo ou o trabalho fora daqui, mas, sempre voltamos para nossa terra” “infelizmente, precisamos sair. Aqui só tem a natureza, mas ela por si só, não basta” “Acabamos aprendendo muita coisa quando saímos daqui, inclusive verificando a semelhança ou diferença dos problemas da nossa cidade”. “Sempre trazemos experiências significativas, de fora e aplicamos aqui, na medida do possível” “Aprendi muito, participando de debates estaduais e nacionais. Só precisa colocar em prática, com algumas alterações, claro”. Apesar dos indícios que revelam o fortalecimento de processos de articulação entre as organizações, quando se referem aos espaços públicos de participação e de controle social, como os Conselhos Municipais por exemplo, as opiniões tendem a assumir um tom mais crítico, apontando muitos limites para a atuação nestes espaços, como veremos mais adiante. Parte dos entrevistados demonstra clara insatisfação por não haver espaços para discussão da Agenda 21 ou do Orçamento Participativo. Seria, segundo eles, uma forma mais eficaz e transparente de garantir o controle social e a discussão dos principais problemas da cidade em torno das questões ambientais e de sustentabilidade. “O controle social não funciona, ele é dependente do poder público, não tem independência.” “A sociedade não consegue estar completamente representada nestes espaços (conselhos). Centraliza-se o poder.” “Os conselhos sugam direto, fazem denúncias, mas não resolvem nada. Os espaços são esvaziados.” “O orçamento participativo deveria ocorrer no município. Eu acredito muito neste modelo.” Aparentemente não há um tema único que agregue as organizações locais. Existe uma luta mais ampla pela implantação e melhoria de serviços públicos em várias áreas. Por isso as temáticas que aglutinam as organizações giram em torno à diversas políticas públicas que impactam ou fragilizam a vida das pessoas na cidade. A saúde, com todos os seus desdobramentos, incluindo a dependência química – muito mencionada pelas organizações – é uma das questões importantes. Outras questões relacionadas à assistência social, segurança pública, turismo, moradia, transporte, saneamento, também aparecem como preocupações das organizações. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A questão ambiental é outra temática de preocupação recorrente entre as organizações, porque “a natureza e o meio ambiente são as coisas mais preciosas que se tem por aqui, mas, devem ser explorados de maneira sustentável para garantir desenvolvimento econômico e social”. Interlocutores comentam que várias questões não adequadamente cuidadas pelo poder público local, ficariam a cargo de organizações da sociedade civil para serem equacionadas. “O poder público deixa várias lacunas que acabamos tendo que dar conta.” “Se não fosse pelas entidades, Itanhaém estaria entregue às moscas.” “Nós da sociedade civil é que estamos estabelecendo a rede de atendimento na saúde e na assistência.” A necessidade de se constituir uma consciência na sociedade local para intervir na hegemonia política constituída no município ao longo do tempo parece premente, tanto que o assunto, ao lado das questões da saúde, assistência e ambientais, é recorrente entre os representantes de diferentes entidades. O revezamento no poder das mesmas famílias é apontado como algo que “atravanca o desenvolvimento da cidade” e um dos grandes desafios para que Itanhaém galgue um patamar desejável de amadurecimento político e consequentemente, de transformações sociais, mais perenes. “Quando não é uma família que está no poder é outra e é sempre assim.” “Hoje as pessoas estão mais espertas para votar, não caem tanto nessa história de manutenção do que está posto.” A fala dos interlocutores dá a entender que no geral a sociedade civil de Itanhaém tem um grau de organização e participação aparentemente significativo, apesar dos limites acima já apontados, porém ao mesmo tempo convive com um processo democrático e de alternância de poder bastante limitado. A proximidade relacional e de vínculo que, de alguma forma, se estabelece entre o conjunto dos moradores de Itanhaém, são explicações dadas para estas limitações do processo democrático. As relações passam por núcleos parentais, de vizinhança ou por encontros cotidianos em espaços comuns de sociabilidade (bancos, escolas, farmácias, supermercados, etc), que reforça o perfil de cidade interiorana, compartilhado também na percepção dos integrantes dos grupos de pesquisa. “Conheço o filho do prefeito, desde criança e quando preciso falar alguma coisa, vou direto nele e falo”. “Quando fazemos alguma crítica, sei que é chato porque todos se conhecem.” “Os encontros são inevitáveis e você tromba todo mundo, mesmo quando não queremos”. “Identificamos as pessoas pelo nome, sobrenome ou, até apelido, mas todo mundo se conhece”. Aos olhos desses mesmos entrevistados, há que se “romper com esse modelo oligárquico que sempre permeou a política local, se quisermos avançar no desenvolvimento.” “Sabemos que a consciência política não muda de uma hora para outra, mas temos que começar e já estamos começando essa mudança.” Alguns dos entrevistados falam de amadurecimento político da população, traduzido por seu maior envolvimento e por mudanças já realizadas na cidade. Apesar das mudanças que já se operaram no exercício da cidadania ativa e no envolvimento de instituições neste processo, haveria ainda um longo caminho a percorrer. “Acho que já evoluímos, mas não dá pra esperar grandes transformações, é devagar mesmo” “O envolvimento da população melhorou, ainda não é o ideal, mas o engajamento é mais visível”. 39 “As pessoas votam por indicações de líderes (comunitários, religiosos etc.) e não dão importância a candidatos de nível estadual e federal (deputados). Não percebem a significância, não conhecem o trabalho, falta essa consciência”. “A população melhorou muito também, mas existem alguns que ainda vendem seus votos. Há os que oferecem seus votos aos políticos em troca de favores, eles procuram os candidatos e apresentam seus problemas imediatos (contas de bar, de luz, problemas estruturais em residências) para serem resolvidos em troca de votos”. “A igreja tem tentado fazer um trabalho de harmonização cultural, alterar esse funcionamento e é impossível. Mudar uma cultura não é tão simples, leva centenas de anos, não décadas.” “Eu não coloco a pobreza como motivo. Tem gente que é pobre, mas é consciente de seu voto. O que acontece é a pobreza intelectual, espiritual.” “Como fazer para essa população despertar em si a vontade de fazer essa mudança?” Cabe lembrar que em Itanhaém, como em qualquer outro município, existem organizações seculares, mais tradicionais, que aparentemente também dialogam com as demais. Entretanto, suas ações parecem mais focadas no âmbito de seus objetivos basilares, no geral de cunho assistencialista, incidindo de forma mais tímida nas questões de políticas públicas. 4.1.2. Os Espaços de Gestão Participativa 4.1.2.a. Legislação Municipal O Plano Diretor do Município de Itanhaém estabelece que as ações do planejamento do Município e as políticas de gestão devem ter como premissas básicas o interesse público e o espírito democrático, e que o respeito à cidadania deve mostrar-se, dentre outras formas, por consultas constantes aos setores ou bairros afetados por decisões administrativas ou obras, pela efetiva participação popular nos vários conselhos municipais e pela melhoria do atendimento aos cidadãos (art. 4º ). Além disso, um dos objetivos fixados para o desenvolvimento social do município é o estabelecimento de mecanismos de participação da comunidade nas tomadas de decisões e na fiscalização de execução de planos e projetos, bem como o aperfeiçoamento e estímulo ao exercício pleno da cidadania (art. 11, inciso III e IV do Plano Diretor). Na Lei Orgânica de Itanhaém alguns instrumentos de exercício da soberania popular podem ser verificados, tais como o referendo e plebiscito, cuja autorização e convocação, respectivamente, compete privativamente à Câmara (art.23, inciso XIX). Existe também a possibilidade de iniciativa popular de lei, que pode versar sobre emenda à Lei Orgânica, lei complementar ou lei ordinária, sendo que tais propostas devem estar subscritas por 5% do eleitorado (art. 28, inciso II e 29, caput, LOM). Além dos instrumentos de participação direta da população, vale trazer algumas das principais regras relacionadas ao processo legislativo no Município de Itanhaém. O Município deve auscultar a opinião pública permanentemente. Sempre que o interesse público não acolher o contrário, os Poderes Executivo e Legislativo devem promover a divulgação com antecedência dos projetos de lei para recebimento de sugestões (art. 1º, inciso I, disposições gerais e transitórias, LOM). A Lei Orgânica pode ser emendada por um terço, no mínimo dos membros da Câmara e por proposta do prefeito. Em todo caso, sempre será votada em dois turnos, com intervalo mínimo de 10 dias, devendo ser aprovada por dois terços dos membros da Câmara (art. 28, incisos I, III, e § 1º). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 As leis ordinárias devem ser aprovadas pelo voto favorável da maioria dos vereadores presentes na sessão, enquanto as leis complementares exigem o voto favorável da maioria absoluta dos membros da Câmara, em dois turnos de discussão e votação, que tenham intervalo mínimo de 24 horas entre eles (art. 29, § 1º, e 30, caput). Estas últimas são concernentes às seguintes matérias (art. 30, § único): I - Código Tributário do Município; II - Código de Obras ou Edificações; III - Código de Posturas; IV - Código Sanitário; V - Plano Diretor do Município; VI - Criação da Guarda Municipal; VII - Criação de cargos, empregos ou funções públicas. Note-se que as sessões da Câmara são públicas, salvo nas hipóteses expressamente previstas no seu Regimento Interno ou ainda por deliberação em contrário, tomada por dois terços de seus membros, quando ocorrer motivo relevante (art. 15). No que se refere à ação fiscalizadora sobre a Administração Pública, qualquer cidadão poderá examinar e apreciar, e questionar a legitimidade das contas municipais, que deverão ficar a disposição de todos durante sessenta dias, anualmente. Em sendo verificadas irregularidades ou ilegalidades poderão os cidadãos, partidos políticos, associações ou sindicatos denunciá-las ao Tribunal de Contas (art. 38, caput e 41). Quanto ao planejamento municipal, política urbana e de metropolização, prevê a Lei Orgânica (art. 110, caput e § único) que o Município participará do Conselho estadual – que foi criado pelo Decreto estadual nº 41.361, de 1996, com o nome de Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista - de forma a respeitar os princípios de integração desenvolvimentista. Ainda, restou assegurada a participação da população no processo de planejamento e tomada de decisões, bem como na fiscalização da realização de serviços ou funções públicas em nível regional. O plano diretor também regulamenta a gestão democrática na cidade de Itanhaém. Um dos objetivos do desenvolvimento administrativo do Município é ampliar e agilizar as formas de participação da iniciativa privada e da sociedade civil na gestão urbana, com parcerias, convênios e terceirização de serviços (art. 14, inciso IV, plano diretor). Nesse sentido, a política de Aperfeiçoamento do Exercício da Cidadania do Plano Diretor, entre outras diretrizes, visa a participação efetiva e maior representatividade dos Conselhos Municipais na tomada de decisões e promoção e criação de Conselhos que, eventualmente, ainda não estejam constituídos (art. 32). Vale mencionar que há previsão de diversos conselhos, fundos e conferências na legislação municipal de Itanhaém. Na área da saúde, a Lei Orgânica prevê a criação do Conselho, Conferência e Fundo municipal de saúde (arts. 151, inciso VII; 156, § 1ºart. 152, LOM). A manutenção desses espaços representativos, atuantes e fiscalizadores é diretriz da Política de Saúde (art. 26, inciso IV do Plano Diretor). A Conferência Municipal de Saúde, que deverá ser convocada pelo Prefeito, com ampla representação da comunidade, objetiva avaliar a situação do município e fixar as diretrizes da política municipal de saúde (art. 152, § 1º da LOM). 41 Por sua vez, o Conselho será composto paritariamente por representantes das instituições oficiais de saúde, usuários e servidores do SUS, entidades prestadoras de serviços, devendo contar com a participação do Conselho Comunitário de Saúde e Previdência Social de Itanhaém (art. 152, § 2º, da LOM). A ele cabe, ainda, definir as diretrizes a serem seguidas pelo Município, em articulação com a Secretaria de Estado de Saúde na elaboração e atualização periódica do Plano Municipal de Saúde, em termos de prioridade e estratégias municipais (art. 151, inciso IV da LOM). Tal Conselho possui a seguinte composição: 12 membros distribuídos entre dois representantes do Governo, um representante dos prestadores de serviço de saúde, três representantes dos trabalhadores de saúde, e seis representantes dos usuários (art. 5º, Lei nº 3.660 de 2010). Dentre suas diversas competências encontra-se a proposição de critérios para a execução financeira e orçamentária do Fundo Municipal, cuja nova disciplina foi dada pela Lei nº 2.549 de 2000 (art. 3º, inciso IX da Lei). Estão previstos na legislação municipal o Conselho Municipal de Educação (Lei nº 2.316 de 1997; art. 171, LOM). A maior participação da comunidade nas escolas e no Conselho Municipal de Educação - que deve ser atuante e representativo - é diretriz da política de Educação (art. 25, inciso VI, plano diretor). No âmbito da cultura, está previsto o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural, órgão autônomo e deliberativo, composto por representantes de entidades culturais e da comunidade em geral com as seguintes atribuições: deliberar sobre tombamento de bens; adotar medidas necessárias à produção dos efeitos do tombamento; pesquisar, identificar, proteger e valorizar o patrimônio cultural do município (art. 184, LOM). Foram criados ainda o Conselho de Desenvolvimento Rural com a finalidade de possibilitar um melhor desenvolvimento da produção e comercialização dos produtos agropecuários (art. 180, Disposições Gerais e Transitórias, LOM; Lei municipal nº 2.402/98). O Plano Diretor também prevê, como diretriz de suas políticas setoriais a criação e manutenção de outros Conselhos, tais como o Conselho Municipal de Assistência Social (art. 27, inciso XII), que foi reorganizado pela Lei nº 3.655 de 2010, como a instância deliberativa colegiada do sistema descentralizado e participativo de assistência social no Município, de caráter permanente e composição paritária entre Poder Público Municipal e sociedade civil, . Vale ainda mencionar outros conselhos previstos na legislação de Itanhaém: o Conselho Municipal do Idoso (art. 166, plano diretor; Lei municipal nº 2.423 de1998), o Conselho Municipal de Turismo (art. 22, inciso VIII, plano diretor), Conselho e Fundo de Cultura e Patrimônio Histórico (art. 29, inciso I, plano diretor), Conselho Municipal para Assuntos Indígenas (art. 29, inciso e XXI, alínea “d”, plano diretor), e Conselho Municipal de Esportes (art. 30, inciso V e VI, plano diretor). Além destes, existem os conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente - COMDECA (Lei municipal nº 2.352 de 1998), de Segurança Alimentar e Nutricional – COMSEA (Lei municipal nº 3.190 de 2005), Alimentação Escolar (Lei municipal nº 3.560 de 2009), dos Direitos da Mulher (Lei municipal nº 3.613 de 2010), de Juventude – CMJ (Lei nº municipal nº 3.737 de 2011), de Entorpecentes (Lei municipal nº 3.197 de 2005, alterada pela Lei nº 3.722 de 2011) e Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Lei municipal nº 3.792 de 2012). Foi instituído também o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMA (Lei municipal nº 2.679/2001, alterada pela lei 3.730/2011) Trata-se de um órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, com caráter consultivo, deliberativo, normativo, recursal e de assessoramento da Prefeitura Municipal em questões referentes à preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente no território (art. 1º da Lei 3.730/2011). O CONDEMA é composto por 28 membros designados pelo Prefeito Municipal, guardada a paridade entre os representantes do Poder Público Municipal e da sociedade civil. Ainda, poderão ser chamados a participar das reuniões do conselho, na qualidade de observadores especiais, sem direito a voto, representantes da Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo e de órgãos estaduais e federais de proteção e defesa do meio ambiente (art. 2º da Lei 3.730/2011). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Sobre a gestão democrática em Itanhaém, vale ainda mencionar que há previsão de que ao menos uma vez a cada mandato o Prefeito municipal convoque uma comissão ampla com participação da sociedade organizada para discutir e redefinir prioridades, juntamente com o Conselho Municipal de Desenvolvimento (art. 48 do Plano Diretor) . Por fim, vale observar que o Plano Diretor também definiu como uma das diretrizes da política de aperfeiçoamento do exercício da cidadania a implementação do Fórum Local da Agenda 21 (art. 32, inciso X). 4.1.2.b. Espaços de Gestão Participativa e seus Desafios A política de gestão participativa, no município de Itanhaém, parece se concentrar em torno dos Conselhos Municipais de Políticas Públicas. Entretanto, quando se procura maiores informações sobre esses espaços, no site da Prefeitura, chama atenção a ausência de dados mais consistentes, como as legislações que instituíram os respectivos Conselhos, as suas funções e atribuições específicas, a composição de cada um desses espaços (com as organizações que os compõem), suas agendas de reuniões e a documentação de suas últimas resoluções e atividades. Parece faltar uma sistematização mais abrangente das informações referentes aos Conselhos municipais, a fim de compatibilizar os dados disponíveis no site da Prefeitura com aqueles do site da Câmara municipal. Por exemplo, as legislações do CMDCA, do Conselho de Juventude e do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social constam no site da Prefeitura, mas no site da Câmara, onde a busca pode ser refinada, a legislação destes Conselhos não existe. Como a legislação disponível no site da Prefeitura está ordenada na forma de uma listagem numérica apenas, torna-se quase impossível descobrir o número total de Conselhos existentes em Itanhaém. Já as leis do Conselho de Desenvolvimento Rural são pouco claras: tem uma lei que está disponível no site da Câmara, mas não no da Prefeitura; outra lei que está no site da Prefeitura, mas não no site da Câmara; e outra ainda que não consta em nenhum dos dois sites. É importante notar que não encontramos a legislação referente ao Conselho Municipal de Meio Ambiente nas informações disponíveis na internet. Devido às características socioambientais do município seria importante que esta lei constasse nos sites, tendo em vista que este conselho tem um papel importante para definir os caminhos do desenvolvimento sustentável no município. Contudo, o trecho de uma das entrevistas feitas, reproduzido num dos parágrafos seguintes, deixa entrever que este Conselho existe, apesar de não termos conseguido dados oficiais a respeito. O site da Prefeitura, de modo geral, é bem-estruturado, claro e fornece informações úteis aos munícipes, assim como aos turistas. Conta com um link para a história do município e informações sobre a cidade. Não parece haver link para notícias diárias (só o boletim quinzenal ou o recebimento de newsletters através de inscrição). Em relação a Ouvidoria, esta parece atender apenas a demandas relacionadas aos serviços públicos específicos de Educação e Saúde. O site também apresenta as Secretarias, suas funções, seus departamentos internos, seus respectivos secretários e seus contatos, além de links úteis e legislações pertinentes. No que se refere à questão dos Conselhos Municipais, não existe link específico sobre eles. As informações disponíveis advêm do boletim oficial do município (versão eletrônica e impressa) com periodicidade quinzenal que veicula informações sobre os Conselhos: assembleias para escolhas de representantes, resoluções, além de outros serviços públicos. Em relação a pesquisa de leis, embora exista um link destinado à solicitação de leis à Prefeitura, não existe qualquer mecanismo de busca baseado em palavras-chave. As leis estão disponíveis apenas segundo uma listagem numérica (lei 2345, lei 3456, etc). No site, foi encontrado um link para o Portal da Transparência, que direciona o internauta para as Contas Públicas do município seguindo as diretrizes da Lei Complementar nº 131 de 2009, que acrescentou novos dispositivos à Lei de Responsabilidade Fiscal. 43 O site da Câmara Municipal, por sua vez, é bem-estruturado e conta com um link específico para a transparência das contas públicas do Legislativo (http://www.camaraitanhaem. sp.gov.br/index.php/agenciacamara/transparencia), bem como links para notícias e boletins oficiais, histórico de legislaturas, pauta das Sessões Ordinárias, agenda da Casa (embora não esteja atualizada), sessões on-line, consulta de legislações, apresentação dos Vereadores e de sua participação em Comissões e em proposituras, etc. No tocante à disponibilização das legislações que instituíram os Conselhos, um trabalho conjunto com o Executivo municipal, para sistematizar e disponibilizar as legislações recentes de todos os Conselhos municipais em uma única página (ou link), poderia contribuir para melhorar o acesso a estas informações. Quanto à Conferência Municipal sobre Transparência e Controle Social (Consocial), parece que esta ainda foi realizada no município. O conjunto das resoluções tiradas, por ocasião desta Conferência Municipal, realizada em outras cidades investigadas por esse Diagnóstico tem ajudado a lançar luz sobre os principais problemas locais relativos aos espaços de gestão participativa (os Conselhos Municipais de Políticas Públicas) e à transparência no trato da gestão pública. No caso de Itanhém não foi possível contar com esse conjunto de informações para compor a presente análise. Tendo em vista a centralidade dos Conselhos de Políticas Publicas para a política de gestão participativa de Itanhaém, foi realizado um mapeamento desses espaços a partir dos dados oficiais disponíveis nos sites da Prefeitura e da Câmara e dos dados fornecidos pela gestão municipal. O resultado é esboçado, de forma sintética, no quadro anexo a este relatório. O quadro acima permite apontar e destacar algumas características dos Conselhos municipais, baseadas nas legislações que os instituíram e no funcionamento que foi possível aferir. É importante destacar que a interlocução com algumas das organizações locais da sociedade civil, por meio das entrevistas, também serviu para elucidar alguns aspectos da análise. A insuficiência de informações disponíveis pode ter limitado uma leitura mais detalhada da situação e do funcionamento dos Conselhos municipais de Itanhaém. Entretanto, a insuficiência de dados deve ser considerada um material para a análise per se, na medida em que pode sinalizar para a incipiência ainda de um processo de sistematização, divulgação, transparência e controle social das atividades dos Conselhos. Parece que a totalidade dos Conselhos tem prevista uma composição paritária ou tripartite, o que sinaliza que formalmente existe a intencionalidade de garantir uma representação equilibrada entre o Poder Público e a sociedade civil. Sabe-se, no entanto, que a previsão legal não é, por si só, garantidora da representatividade do conjunto da sociedade civil e do equilíbrio na participação entre Sociedade Civil e Estado. O Conselho de Desenvolvimento Rural pode ser destacado como um caso, no qual a legislação prevê a paridade, mas que institui, na prática, uma diferença numérica na representação das partes, pendendo para a maior representação da Sociedade Civil. O caráter da maioria dos Conselhos parece ser consultivo e 50% dos Conselhos são também deliberativos. Formalmente, portanto, apenas metade dos Conselhos teriam o poder de propor e deliberar sobre as políticas públicas a serem implementadas nas respectivas temáticas. Se o fato de serem deliberativos não garante que as propostas e deliberações sejam colocadas em prática, os Conselhos de caráter estritamente consultivo acabam sendo vistos como espaços com menor capacidade ainda de intervenção nas políticas públicas como foi colocado por um dos entrevistados. “Sobre os conselhos, se não for deliberativo, não adianta porque a pessoa, vai, acha que tá decidindo alguma coisa e no fim não decidiu foi nada” Partindo das legislações encontradas, apenas 50% dos Conselhos preveem a possibilidade de se convocar e propor Conferências públicas, instrumentos importantes para a definição das grandes diretrizes das respectivas políticas públicas a serem implementadas no município, com a participação de todos os segmentos relacionados com a temática. Seria interessante, nesse sentido, que essa atribuição específica de propor e convocar conferências fosse garantida para o conjunto dos conselhos. Geralmente, os Conselhos vinculados a sistemas de políticas públicas (como Saúde, Assistência Social e Direitos da Criança e do Adolescente) tem o Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 poder para convocar Conferências municipais. Contudo, as legislações de alguns Conselhos importantes - como Turismo e Educação – não estipulam a convocação de conferências. Está prevista uma periodicidade mensal para as reuniões ordinárias de 40% dos Conselhos, enquanto que para os demais esse informação não estava disponível nas consultas realizadas. Entrevistados mencionam fatores que dificultam a participação da sociedade civil nos Conselhos, seja pelo horário das reuniões, seja pela falta de condições e estrutura oferecida aos conselheiros. “Eu que trabalho com Ong, quando vamos a algum evento importante, o sujeito te dá condições efetivas (transporte, lugar prá ficar) prá você participar mas, como conselheiro não.” “Fora os horários das reuniões, que são prá que ninguém, possa participar, de manhã ou no meio da tarde. Quem vai, só o governo ou alguém ligado ele.” Um dos entrevistados fez ressalvas à regularidade de funcionamento de alguns dos Conselhos, como o caso do Conselho de Turismo, que, apesar de ser estratégico para o município, estaria com os trabalhos paralisados há algum tempo. Todavia, uma das principais queixas dos entrevistados parece residir no funcionamento efetivo dos Conselhos, para além de sua periodicidade regular, enquanto espaços de deliberação e de encaminhamentos de diretrizes políticas. Em muitos momentos, parece prevalecer um sentimento de desmotivação entre os conselheiros, por falta de autonomia e dependência de alguns Conselhos do Poder Público. O entrevistado sugere que há fragilidade na representação em determinados conselhos. O não encaminhamento das resoluções tiradas nas reuniões parece esvaziar os conselhos. “Turismo e cultura não estão funcionando.” “Alguns funcionam muito bem, mas, outros não. Depende, infelizmente de quem o compõe e de quem o preside” “Tem ainda muita ligação com o governo municipal, no sentido de implementar o que for de agrado do governo” “Os conselhos sugam direto, fazem denuncias, mas não resolvem nada. Os espaços são esvaziados.” “O controle social não funciona; ele é dependente do poder publico, não tem independência.” A falta de atividades formativas regulares e sistemáticas para os conselheiros parece fragilizar a participação da sociedade civil nos Conselhos. Processos formativos que incentivem a capacidade de discutir e de interferir nas políticas públicas, o conhecimento sobre o processo orçamentário, o conhecimento da temática tratada pelo respectivo Conselho, bem como da questão da autonomia, da representação e da representatividade, parece se constituírem em temáticas que poderiam fortalecer a atuação dos conselheiros nos seus respectivos Conselhos. Um dos depoimentos colhidos fala justamente dessa fragilidade. “O Condema, daqui, é deliberativo, você até consegue interferir em alguma coisa, mas, o problema é, que tipo de formação as pessoas recebem ou tem, para atuarem de forma crítica e autônoma?” Por outro lado, um dos entrevistados deixa entrever que haveria uma desarticulação e mesmo um nível de organização incipiente por parte da sociedade civil, que enfraqueceria sua atuação efetiva frente ao poder público nos espaços de gestão participativa. De acordo com os participantes da Oficina Publica, para reverter este quadro seria preciso reorganizar e estruturar os Conselhos existentes e fazer com que a sociedade civil se empodere nesta instância participativa. “Tem uma desarticulação generalizada da sociedade civil organizada do município, o que contribui ainda mais para fragilidade da participação nas políticas públicas locais.” 45 “O Conselho Tutelar foi uma grande briga para que fosse implementado. De todo modo, ele e os demais conselhos são manipulados porque a sociedade civil não está organizada. As reuniões são no meio da tarde, impossibilitando a participação da maior parte dos segmentos representados pela sociedade civil, e o poder público acaba assumindo as decisões nestas instâncias, pois ele ganha para isso, faz parte do trabalho dele, mas a sociedade civil não é financiada para participar no meio da tarde.” “A sociedade não consegue estar completamente representada nestes espaços (conselhos).Centraliza-se o poder.” A insuficiência de informações oficiais disponíveis não tornou possível um mapeamento mais aprofundado da composição de cada Conselho. Esse ponto seria importante para constatar a existência, ou não, de alguns possíveis problemas de representação na diversidade da sociedade civil do município, tais como: a ausência de organizações oriundas de comunidades do meio popular; concentração da representação da sociedade civil em poucas organizações ou a participação de organizações que só existam formalmente, girando em torno de indivíduos, além de outros desvios de representação. Outro ponto a se destacar quanto ao funcionamento dos Conselhos diz respeito à presidência dos mesmos. Tem conselhos que definem que é o poder público que deve presidi-lo. O Conselho Gestor do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social é um destes exemplos. Conforme determina sua legislação "a Presidência do Conselho Gestor do FMHIS será exercida pelo Secretário Municipal de Habitação", que exercerá o voto de qualidade. Esta definição em si não fere a possibilidade do conselho funcionar democraticamente, a não ser que o objetivo seja o de garantir que as decisões sejam tomadas em última instância pelo executivo. Isso sim poderia ser considerado como um impeditivo à plena autonomia de tal Conselho, influindo na desmotivação e no funcionamento eficaz desse espaço. A insuficiente infraestrutura necessária à realização das atividades dos Conselhos foi mencionado por conselheiros que reclamam da falta de condições para participar das reuniões, por falta de suporte. Seria importante prover todas as condições necessárias à participação efetiva dos representantes da sociedade civil, inclusive recursos para o seu deslocamento. No site da prefeitura encontramos o contato da Sala dos Conselhos o que deixa a duvida se esta seria uma correlata à Casa dos Conselhos. Um espaço próprio para o funcionamento dos conselhos pode ser um instrumento para o fortalecimento do funcionamento, da autonomia e do diálogo entre esses espaços de gestão, desde que garantida estrutura e dotação orçamentária própria, contribuindo para sistematizar as informações e para dar maior acessibilidade e transparência aos Conselhos também. Faltam informações suficientes para avaliar a incidência dos Conselhos no Orçamento Público do município, principalmente, na discussão geral do Orçamento. Muitos Conselhos possuem Fundos municipais próprios especificados por lei, pelos quais são responsáveis no que toca a deliberação e a fiscalização da aplicação de seus recursos. A capacidade e possibilidade dos Conselhos de intervirem, no Orçamento Público, se tornam mais restritas quando se constata que não existem espaços públicos específicos para esse fim, que possibilitem a participação e a intervenção da sociedade na definição e na priorização de políticas, no âmbito do processo orçamentário (através, por exemplo, do “Orçamento Participativo”, instrumento amplamente conhecido no país). 4.2. Leitura Comunitária: Visão do Município e os Desafios para o Desenvolvimento Sustentável de Itanhaém As considerações que se seguem foram construídas a partir do processo participativo desencadeado junto às organizações da sociedade civil de Itanhaém, por meio de entrevistas com representantes de entidades, com os mais de 25 participantes da oficina pública, além de dois grupos que participaram da pesquisa qualitativa. O material recolhido foi compilado e sistematizado, procurando refletir as principais questões e visões apresentadas sobre o município, suas políticas públicas, perspectivas de desenvolvimento e visão sobre os possíveis impactos dos grandes projetos previstos para o litoral. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 O texto busca explicitar os diferentes pontos de vista dos segmentos entrevistados e os interesses diversos evidenciados pelos mesmos, sempre a partir de uma perspectiva democrática e inclusiva, no sentido de considerar legítimas todas as opiniões manifestadas, ainda que contraditórias e/ou excludentes entre si. 4.2.1. Gestão Pública e as Políticas Públicas de Itanhaém Segunda cidade mais antiga do Brasil, Itanhaém abriga, além de muita história (revelada em imóveis, ruas e igrejas), natureza exuberante, cortada por rios, cachoeiras e cercado pelo mar e pela mata atlântica. Esse cenário é mencionado, com frequência, como motivo de orgulho, por nativos e por aqueles que escolheram Itanhaém para morar. Chama a atenção, inclusive, a forma como a maioria das entrevistas com as organizações da sociedade civil, debates ou conversas começavam, elencando as belezas naturais e a riqueza histórica. “Olha prá essa natureza, tem lugar mais lindo que esse?” “Essa cidade tem tudo prá ser uma das mais desenvolvidas, por toda a beleza que tem. Não tenho vontade de sair daqui” “Quando tenho que fazer algum trabalho fora, não vejo a hora de voltar prá cá”. Nos grupos de pesquisa, o discurso dos entrevistados parece assumir um tom menos entusiástico. Nesse caso, Itanhaém é valorizada pelo sossego, pelo seu estilo de vida meio interiorano, pela qualidade do ar e também pelas suas praias. Entretanto, problemas de ordens diversas parecem se sobrepor às qualidades arroladas. Não por acaso, ao discorrerem sobre a cidade esses entrevistados começam por enfatizar as limitações existentes e as dificuldades enfrentadas no seu cotidiano de vida. “Aqui tem que ganhar no verão para gastar no inverno porque a cidade realmente não tem um giro, é só turismo” “Eu moro um pouco mais afastado do centro e é aquela tranquilidade. Você olha e parece que está no interior, mas dá um pulinho e já está na praia, dá um pulinho e está no centro ou para subir para São Paulo também...” “O que tem de bom é a praia, o ar que a gente respira que é natural, o verde... a qualidade de vida aqui é boa, é bom de morar” No entanto, entre as organizações da sociedade civil, a paixão declarada pelo município não impediu que os problemas existentes fossem evidenciados. Feita a introdução elogiosa, as pessoas relacionavam as dificuldades e carências do município. “É um cenário exuberante, não é? Mas, tá absolutamente abandonada pelo governo e tem tantos problemas!” Inúmeros questionamentos foram feitos pelos entrevistados da sociedade civil organizada em relação à atuação do poder público local, com reclamações em relação ao personalismo que tem marcado a história da gestão pública no município e acerca da negligência com as demandas da população. Falas de algumas entidades comentam que as organizações da sociedade civil implementaram vários serviços que deveriam ser de responsabilidade da gestão pública municipal, e demandam a sua atuação na implementação de propostas construídas pela sociedade local e de maior investimento em políticas públicas. 47 “As entidades se organizaram para construir, minimamente, uma ação em rede. Fomos nós, ONGs, que corremos atrás de parcerias e implantamos boa parte dos serviços de responsabilidade da Prefeitura.” “Nós já construímos, durante um ano e meio, um diagnóstico da cidade, agora o que precisamos é que implantem as ações apontadas no documento.” “Não conseguimos avançar mais por falta de investimentos do poder público. Conseguimos verba de fora, mas aqui não rola nada.” “A gente se sente acuado, porque não tem a quem recorrer, nem para a Justiça.” Com outro olhar, representantes de algumas organizações pontuam avanços na gestão pública, que através do apoio e parceria com empresas fomenta negócios, empreendimentos e investimentos na cidade, a exemplo de algumas grandes marcas nacionais e multinacionais que se instalaram na cidade. Estes interlocutores apontam que existe proximidade da gestão com organizações da sociedade civil. “Temos uma parceria muito forte com a Secretaria de Comércio. Quando as empresas propõem um negócio interessante, eles trabalham em parceria com a Secretaria e não podemos perder isso, é bom para todos.” “As relações e articulações na cidade estabelecem-se com muita proximidade (entre gestores e organizações da sociedade civil).” “O atual prefeito está há dois mandatos seguidos na cidade e como gestor trouxe uma mentalidade mais empresarial, administrativa, buscando empreendimentos e investimentos, atraindo o progresso.” “A presença das multinacionais e de grandes marcas nacionais aponta para o crescimento da cidade nos últimos três anos.” De uma maneira ou de outra, a maioria dos interlocutores avalia que existem lacunas herdadas por sucessivas administrações e que ainda perduram na gestão da cidade. Entre estas lacunas se encontraria a frágil experiência democrática da cidade na gestão pública local, governada alternadamente por poucas famílias. Mais recentemente se fizeram mudanças, mas na segunda cidade mais antiga do país há ainda muito a fazer. A descontinuidade das políticas públicas nas gestões que se sucedem no município é outro problema levantado por interlocutores. “As administrações anteriores foram nulas.” “Não dá mais para ter a desculpa de que os outros não fizeram, falta tudo na cidade. Ela é a segunda mais antiga do país e com tantas coisas ainda por fazer.” “A disputa política se reveza entre as ‘famílias de renome’, entre os ‘coronéis’ que historicamente mandaram no município.” “Aqui existe essa cultura política de coronelismo que vem de épocas passadas. O político que está no poder só pensa em si próprio” “Houve algumas transformações no cenário político municipal. Essas famílias não conseguiram segurar o poder econômico, porque o dinheiro muda de mãos... rompeu com o grupo hegemônico.” “Aqui, o que um governante faz o outro não continua, porque quer imprimir a sua marca e isso é triste.” A falta de planejamento e a ausência de integração das várias políticas públicas, foram mencionadas por interlocutores como outra lacuna e como um dos principais obstáculos para implementação das políticas. Segundo esses entrevistados, tal descompasso gera fragmentação nas ações, aumentando gastos e a mão-deobra, além de prejudicar a eficácia das iniciativas, programas, planos, serviços e obras. “Em geral, quando se pensa em políticas públicas, se pensa primeiro em diagnóstico e depois, em planejamento.” Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “Há a necessidade de um planejamento urbano, pois a geração de empregos, que possivelmente teremos, traz os mais diferentes níveis sociais de população. Então precisa de cautela para não acontecer o mesmo que aconteceu em Praia Grande e Guarujá.” “Às vezes, a mesma família é tratada em vários serviços, sem que os profissionais conversem sobre isso.” “Não dá mais para se ter apenas um olhar sobre os problemas que são multicausais”. Outro entrave destacado por diferentes organizações, que dificulta um melhor desempenho da gestão pública e o atendimento mais adequado da população, é a pouca valorização dos servidores municipais, tanto no que se refere à remuneração quanto às condições de trabalho. Esse fator “dificulta, sobremaneira, o bom desempenho do profissional”. 4.2.2. Políticas Públicas Os serviços de saúde se encontram entre os maiores problemas de Itanhaém, segundo os interlocutores das organizações e participantes dos grupos de pesquisa. Os entrevistados se alinham nas críticas aos serviços prestados. “Demora” parece ser a palavra que melhor expressa os entraves existentes no acesso ao serviço: demora no atendimento médico, na marcação de exames e para realização de cirurgia. A qualidade do atendimento prestado pelos profissionais da saúde é outro motivo de insatisfação. O número insuficiente de médicos e de unidades de saúde, a má distribuição do serviço no território, deixando algumas áreas descobertas, e a inexistência de trabalho preventivo completam o quadro das reclamações. O Hospital Regional é bem avaliado pelos participantes dos grupos de pesquisa, mas por ser um polo de referência para os municípios do entorno, as vagas disponíveis não dão conta de atender a demanda local. “A saúde é um caos. Precisa procurar ajuda em Santos ou em outra cidade.” “O que Itanhaém tem de ruim é a saúde. É horrível, horrível. Eles fazem primeiro uma triagem nas pessoas e demora muito, muito para ser atendido (...) então você espera a triagem, depois você espera o médico (...) o Pronto Socorro é nota zero. Para internação, primeiro você vai no Pronto Socorro, como a minha avó. Ela caiu e quebrou o fêmur e ficamos esperando a ambulância uns 40, 50 minutos. Demora muito! Ela chegou no PS, fez Raio X mas, em vez de transferir para o Regional ou para Santos, imobilizou ela e internou ela num corredor do PS. Não tem vaga, fica no corredor do PS” “O Regional daqui ele abrange tudo, aí não tem vaga. Teria que diminuir porque tudo vem para cá, Mongaguá, até Peruíbe. As grávidas de lá vem ganhar nenen aqui” “Você ficar no hospital duas ou três horas sem ser atendido e quando chega a sua vez, não tem médico. Isso é complicado (...) a cidade de Mongaguá e Peruíbe mandam os pacientes para cá (...) os médicos fazem uma consulta tipo Chico Xavier, fazem uma consulta espiritual, eles fecham os olhos e nem olham para você (...) é como ela falou: dá uma Benzetacil e manda para casa” “A saúde é um eixo que a gente tem muito problema, não tem médico, a espera para marcar consulta é grande, cirurgia eletiva, então...” “Não tem saúde para todo mundo, não, só mais aqui no centro, mas aí a disputa para ter consulta é grande.” “Precisamos muitas vezes de remédios e não tem nos postos de saúde.” “A mortalidade infantil aumentou no município devido à desnutrição.” 49 O Hospital Regional de Itanhaém, muito citado entre os interlocutores locais,foi estadualizado em 2008 e o atendimento foi regionalizado, passando a administração do hospital para o Consaúde (Consórcio entre Estado e Município). Oferece à população, UTIs adulto e neonatal, atende especialidades médicas, como clínica geral, clínica médica, ortopedia, traumatologia, pediatria e maternidade. Este equipamento nasceu sob a justificativa de minimizar as dificuldades, no campo dos serviços especializado e de médio grau de complexidade e assim seria não fosse, a fragmentação e descontinuidade no atendimento, assim como, a excessiva burocracia exigida para o ingresso nos tratamentos, de acordo com a opinião de organizações entrevistadas. O fato de atenderem sob o sistema de ‘portas fechadas’, com os encaminhamentos feitos pela Central de Regulação do Departamento Regional de Saúde, parece desagradar aos munícipes, dando-lhes a sensação de distanciamento e falta de controle em seus possíveis tratamentos. O que poderia ser resolvido, no espaço geográfico da cidade, tende agora a necessitar de sucessivas idas e vindas, à vizinha, Santos. “É muito complicado. Você passa pelo posto de saúde e o médico te encaminha para o Hospital Regional, só que o encaminhamento dele não vale porque você tem que ser encaminhado por Santos”. “Pode até ser bom, mas parece que nem é do município, de tão distante que é”. “A saúde é bastante precária. Atendimentos deficientes, faltam médicos, falta um vinculo no atendimento à população. Os equipamentos são defasados, não atendem à demanda. Há burocracias que dificultam o atendimento do Hospital Regional. O MP inclusive atua em alguns casos, devido a uma descontinuidade, uma fragmentação no atendimento.” As críticas feitas pelos representantes da sociedade civil organizada são ainda mais acentuadas quando se referem ao atendimento à população rural. A linha de argumentação, utilizada por parte das organizações, invariavelmente aponta preconceito dos profissionais em relação a esta fatia populacional. “Não existe infraestrutura para o médico atender o paciente, o que gera insatisfação entre os pacientes e muito desânimo no profissional, resultando em pedidos de licença sem vencimento na saúde.” “O médico nem olha para a cara da pessoa, porque ela vem suja de banana, dente estragado... não dá nem bola, atende com desprezo o trabalhador rural e seus familiares.” “O trabalhador rural é mal visto aqui, mas é ele quem dá ‘o de cumê’ para os comerciantes.” A dependência química é apontada por algumas organizações como um problema no município. Mencionam, inclusive, que a ação do Governo de São Paulo para acabar com a chamada ‘cracolândia’ (na área central da Capital) fez com que os usuários migrassem para outros espaços urbanos e “muitos escolheram o litoral para se alojar, como é o caso de Itanhaém”. “Droga é um problema muito sério. Com esta limpa que fizeram em São Paulo, a demanda chegou até nós, mas não temos clínicas para atender e o que vai acontecer é uma transferência de população de rua para outros lugares.” “O pessoal da Prefeitura não via a dependência química com um problema de saúde, e sim da assistência social. Por outro lado, a assistência também dizia que não era com ela.” “Aumentou muito o número de usuários de drogas aqui na cidade e na região, devido à migração que está havendo de outras cidades, como Santos, Cubatão etc.” Esse possível aumento da população usuária de drogas foi também relacionado ao projeto do Governo Federal, ‘Minha Casa, Minha Vida’, que trouxe para o município “cinquenta e quatro famílias”, de acordo com um interlocutor entrevistado. “Aqui aumentou o número de pessoas que vêm morar por conta do cadastro no Minha Casa Minha vida. Vem muita gente de outros municípios da Baixada morar aqui.” Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Se para alguns interlocutores o projeto “Minha Casa, Minha Vida” é ligado à ampliação de alguns problemas sociais, por outro, é visto como importante para resolver parte do déficit habitacional da cidade. “Ajudou a resolver o problema de habitação no município.” “Você tem um déficit habitacional no país e a pessoa tem duas casas. Tá distorcido, no mínimo. É uma estrutura perversa.” Assim como outros municípios do litoral paulista, Itanhaém concentra a maior parte do seu espaço geográfico em reserva ambiental. Possui uma das maiores áreas de mata de restinga da Baixada Santista, ambiente que vem sendo, ainda que em menor proporção nos últimos anos, de acordo com a maioria dos entrevistados da sociedade civil organizada, progressivamente degradado pelo avanço da expansão urbana, principalmente, pelas “frequentes invasões resultantes do permanente afluxo de posseiros oriundos de outros pontos do país”. “As invasões diminuíram bastante, mas existem ainda, e entram para a parte do mangue e provoca a contaminação de diversas vertentes, com resíduos sólidos e outros tipos de poluentes”. O processo de expansão da zona urbana, em razão da precariedade com que ocorre, para além dos problemas ambientais, poderá dar origem a núcleos habitacionais sem infraestrutura, na periferia do município, aumentando a pressão sobre o poder público com relação à necessidade de políticas nas áreas de habitação popular, educação, transportes e segurança, entre outros. O grande crescimento de Santos, Cubatão e Guarujá, provocou um movimento altamente pendular em direção a outros municípios com melhores condições de habitabilidade e espaço disponível. Segundo as organizações da sociedade civil, Itanhaém reúne estas características naturais com capacidade de atrair esta demanda, com amplas áreas disponíveis para construção de moradias. Na avaliação destes interlocutores estas áreas deveriam ser destinadas à população de baixa renda do município, justamente para evitar ocupações irregulares. “Ainda temos muita área para construção habitacional e isso deveria ser planejado para evitar ocupações irregulares e para retirar quem já se instalou em áreas de reserva” Percebe-se que para os entrevistados a produção de unidades habitacionais sem prever infraestrutura e políticas como de segurança pública podem acarretar problemas para os locais destinados a moradia, principalmente social. Dessa forma, ao mesmo tempo em que reclamam a falta de política habitacional, alguns associam o crescente índice de violência ao aumento da população após a construção de moradias pelo projeto ‘Minha Casa, Minha Vida’. Além disso o problema da segurança pública, com aumento da criminalidade, especialmente aquela ligada ao tráfico de entorpecentes, é associada, pelos entrevistados, à frágil presença do Estado, explicitado pela falta de estrutura, insuficiência de equipamentos e policiais, e, pelos baixos salários auferidos pelos mesmos. “O projeto ‘Minha Casa, Minha Vida’, trouxe muita gente boa mas, com certeza, aumentou o numero de problemas com a segurança, porque vem gente ruim, junto” “A demanda da área criminal aumentou bastante. Tráfico, porte e consumo de entorpecentes cresceram, principalmente com menores, o que acaba desencadeando em outras praticas criminais, como furto.” “Para se ter uma ideia, Itanhaém foi o quarto município do estado de São Paulo em homicídios.” “Na ausência do Estado, o que nós temos? A marginalidade, porque, os cinco principais pilares, para a pessoa viver com dignidade – a educação, habitação, saúde, transporte e segurança – não são garantidos, nem de longe.” “A estrutura dos municípios está defasada para lidar com essas questões. Faltam policiais, equipamentos.” 51 “Hoje, o município está tendo um crescimento econômico que não tinha, mas está muito defasado em termos de segurança pública.” “A diferença salarial dos policiais frente à capital, por exemplo, é tida como uma questão que afasta os profissionais da região e dificulta o policiamento.” A proposta de construção da estrada ligando Parelheiros a Itanhaém é vista, ao mesmo tempo, como fator impulsionador do turismo e do desenvolvimento, mas também ao risco de possível aumento da criminalidade no município e na região, uma vez que também facilitará o “acesso de criminosos” da Capital. “Se construírem a pista que liga Parelheiros a Itanhaém, estaremos perdidos, porque vai aumentar muito a violência urbana.” A educação talvez tenha sido o assunto que dividiu, mais claramente, a opinião entre os diversos entrevistados da sociedade civil organizada. Há quem diga que a “educação na rede municipal é muito boa”, sem medir esforços para enfatizar exemplos de vivências positivas. Citam práticas positivas dos educadores no trato diário com as crianças, resultante do processo de desenvolvimento educacional por meio de cursos de capacitação propiciados pela prefeitura para o corpo docente municipal. “Tem muitos cursos para os professores e isso ajuda no dia a dia com os alunos” “Ninguém pode dizer que a prefeitura não oferece capacitação” Há também os que reconhecem avanços, mas que ao mesmo tempo elencam falhas na rede municipal de ensino no que tange à universalização do acesso - sobretudo na educação infantil – e à falta de trabalho especializado com os portadores de deficiências diversas nas salas de aula. “A educação melhorou, mas pode melhorar mais. A falta de vagas e de creches é latente no município. Os horários deveriam ser mais ampliados, acompanhando a realidade da população, algumas mães trabalham e não têm como levar/buscar os filhos nos horários estipulados.” “São contratados educadores de apoio ao professor. Isso ajuda muito, mas sem magistério nem nada. Só que hoje, de uma sala de 23 alunos, dois têm algum tipo de deficiência e não existe nenhum tipo de qualificação para este tipo de atendimento.” Na área rural, como acontece com outros tipos de serviço, parece haver maior precariedade no oferecimento de vagas e na manutenção das escolas públicas. Embora o município disponibilize transporte público escolar, para os estudantes residentes na área rural matriculados nas escolas centrais, alguns entrevistados temem que esse benefício não alcance a totalidade dos educandos, deixando uma parcela fora da escola. “Muitas escolas na área rural estão fechadas e não sei se todos que estudavam lá estão com suas vagas garantidas aqui no centro da cidade” “Os prédios precisam de reformas, urgentes” Nos grupos de pesquisa, a educação no geral é avaliada positivamente. Nesse caso, os olhares se dirigem mais aos uniformes, material escolar e outros benefícios oferecidos pela prefeitura, por todos muito valorizados. Os poucos que pontuam questões relacionadas à qualidade do ensino repetem a usual crítica à “aprovação automática”. “Uniforme, no começo quando eu cheguei em Itanhaém, a gente tinha que comprar, agora eles dão” “E também para as crianças, passa van na porta da escola. Não é como em São Paulo que se você quer que sua criança pega transporte na porta da escola, tem que pagar, aqui não. A prefeitura aqui dá transporte” Sobre as outras modalidades de ensino, cuja responsabilidade normalmente compete à rede estadual [ensino médio e/ou profissionalizante], houve poucas citações relevantes, a não ser o fato de não haver no município um programa eficaz para a profissionalização dos jovens, deixando-os sem perspectivas profissionais. De acordo com alguns representantes das organizações entrevistadas, este seria um fator que poderia aumentar a vulnerabilidade a que a juventude é exposta. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Entre os participantes dos grupos de pesquisa, esse tema mobiliza as atenções. Parte deles lamenta a insuficiência de escolas técnicas ou de cursos profissionalizantes em Itanhaém; outros consideram que as opções oferecidas são “básicas” e não preenchem as suas expectativas. Há ainda aqueles para quem o problema não é a carência de opções nessa área, mas a dificuldade de inserção dos egressos dos cursos no mercado de trabalho. “Jovem sem estudo ou profissão, fica com a cabeça vazia e mais sujeito a trilhar caminhos que não são bons” “A prefeitura também tem que pensar na profissionalização dos jovens, se não...” “Curso, faculdade, curso profissionalizante não tem. Tem escola técnica em Mongaguá (...) escola técnica tem sim, mas têm duas ou três e para você conseguir uma vaga é difícil” “Aqui tem curso de administração, cabeleireiro, manicure, pedicure, tem artesanato... é o básico do básico. Não existe que nem em Praia Grande, Santos que eles têm vários cursos. O SENAI aqui é meio devagar” “Não é todo mundo que pode pagar uma faculdade, então as pessoas estão optando pelos cursos profissionalizantes. Cursos têm, mas meu irmão, por exemplo, fez um de redes elétricas e ele continua trabalhando em mercado porque não conseguiu nenhuma colocação” A escassez de cursos universitários foi mencionada por parte dos entrevistados como um problema, já que a maioria dos estudantes necessita se deslocar para municípios como Santos e até São Paulo para frequentar e concluir sua formação. Cursos como pedagogia, administração e turismo são oferecidos por faculdades privadas, no município, mas, considerados insuficientes para atender a demanda local. “Ah, se você quer fazer uma faculdade, tem que ir prá outro lugar”. No tema da mobilidade urbana a facilidade de acesso ao município (a rodovia Padre Manoel da Nóbrega está duplicada no trecho entre Praia Grande e Peruíbe) é vista como elemento favorável para atrair empresas e gerar empregos, porém o transporte público é apontado como deficitário por causa da pouca quantidade de ônibus, especialmente na área rural, onde não chega em todos os lugares, obrigando o trabalhador rural a longas caminhadas. O ‘bondinho turístico’, que como o nome já diz, deveria servir apenas o turismo, transformou-se em alternativa de transporte para a população, tendo em vista a falta de ônibus na cidade. O monopólio no setor também é alvo de críticas. “Nosso acesso é muito bom, comparado a outras rodovias. Isso conta para a instalação de uma empresa na região”. “O acesso para a cidade é difícil por causa do transporte, que é pouco e não chega em todos os lugares da área rural.” “A condução é precária mesmo, tem lugar que não tem ônibus e o trabalhador tem que andar cerca de 14 km para chegar onde passa ônibus.” “Mobilidade é terrível. O contrato com uma única empresa existe há 30 anos e nunca é quebrado. O bondinho, antes com uso exclusivo para turistas, hoje é utilizado também pela população.” “O transporte é terceirizado, bastante deficiente.” “Sabe o ‘bondinho’, ele era só, prá transportar turista, mas, hoje utilizamos para nos locomover, tamanha é a falta de ônibus” “Todo mundo usa o ‘bodinho’ para ir de lá prá cá” 53 “O problema aqui são os ônibus que são muito demorados. Hoje eu fiquei duas horas para vir para cá. O problema aqui é que só tem uma empresa” Vários interlocutores indicam a necessidade de se investir na construção de ciclovias em todo território, para aproveitar a topografia favorável da cidade, inclusive como uma “saída sustentável” e como uma alternativa de lazer. As bicicletas são muito utilizadas no dia a dia pela população em ruas, avenidas e na praia, sem que haja uma estrutura definida para este meio de locomoção. “As pessoas transitam prá todo lado, de bicicleta, como antigamente.” “Seria muito bom se construíssem as ciclovias, com tem em todas as cidades praianas” “Aqui nessa cidade a maioria anda de bicicleta e não tem uma ciclovia. Quando eu estou falando da ciclovia, não é para colocar na pista; é para colocar na praia que nem o calçadão que tem na Praia Grande” Quando se referem ao saneamento básico comentam que a Sabesp desenvolve o programa Onda Limpa, com investimentos de cerca de R$ 1,5 bilhão em todo o litoral sul paulista. Em Itanhaém, por exemplo, segundo dados da empresa, foram construídos 220 quilômetros de tubulação, com redes coletoras de esgotos, coletorestronco, além de 14 estações elevatórias de esgotos. As obras pretendem influenciar diretamente na qualidade das praias, nas condições ambientais e na melhoria da saúde, como a redução do índice de mortalidade infantil na Baixada Santista. O Programa Onda Limpa está em fase conclusão em Itanhaém, com a implantação de redes remanescentes e execução das ligações domiciliares. Porém parece que a Sabesp enfrenta problemas com o Ministério Público no município. Fizeram obras em cima da faixa de areia da praia e o Ministério Público teria exigido a retirada dessas obras em 40 dias. Segundo alguns dos moradores ouvidos, por falta de planejamento e de diálogo da Sabesp com a Prefeitura. “Começou a fazer as canalizações do esgoto, mas pelo fato de Itanhaém ser toda bagunçada, teve que construir bueiros na praia, na areia da praia”. “Foi um investimento de sete milhões e terá que refazer tudo.” “Como você vai ter um esgoto dentro da areia da praia?” Para além das críticas envolvendo realização de obras da Sabesp na praia, mais especificamente a tubulação no Suarão, os grupos de pesquisa identificam problemas no que toca ao saneamento básico e à rede de drenagem da cidade. Comenta-se a má qualidade da água que abastece as residências, a baixa cobertura da rede de esgotos e a ocorrência de enchentes, não raro relacionadas à crescente impermeabilização do solo da cidade. “A Sabesp fez uma tubulação na praia e eles estão acabando com a praia, fazendo esgoto e jogando no mar. Foi a associação dos surfistas que chamou os moradores e pegou assinatura contra esse projeto” “Onde eu moro há três anos, quando eu cheguei era só mato, era mangue, e hoje em dia tem umas ruas de terra e o saneamento básico está faltando por lá. Quando chove as ruas ficam tudo alagadas, enche de água (...) e onde fizeram esgoto, não ficou bom. Eu moro na Cabuçu e destruíram todas as ruas para fazer esgoto e ficou pior do que quando não tinha. Quando dá uma chuva de 10 minutos a Avenida chega a 30 cm de água. Antes, quando era areião, chovia e não enchia” “Pode ver: você abre a torneira e a água está laranja por causa da chuva... a falta de água aqui é triste na temporada” Entre as organizações entrevistadas o termo “bagunça” foi usado para classificar os serviços de limpeza pública, deposição final de resíduo sólido e o seu impacto no meio ambiente. As maiores queixas recaem sobre a coleta de lixo, que se apresenta irregular entre os bairros e principalmente, na área rural da cidade. Interlocutores comentam que a reciclagem ainda é precária, apesar de existirem iniciativas nesta direção. “Não é todo dia que tem coleta e você imagina na área rural, aí é que a coisa pega”. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “Coleta de lixo é uma bagunça danada. Parece que a Prefeitura está respondendo até um processo pela maneira como é feita esta coleta. Tem um lixão que está irregular e está sendo utilizado, mesmo sendo negado pela Prefeitura.” “Não tem coleta seletiva, há um aterro sanitário que foi interditado pelo MP/ Cetesb, pois estava invadindo o mangue, e o lixo da Baixada está sendo levado para um município do interior, não há mais espaço físico autorizado na cidade para recebê-lo.” “A reciclagem é muito pouca, é ainda pessoal, não um projeto em nível municipal para facilitar a prática na cidade. Foi criada uma cooperativa de catadores, porém era feita uma separação do lixo que é economicamente valioso e o descarte errôneo do restante.” “A igreja fez um trabalho com a questão da reciclagem do lixo e a população não absorve essa proposta. Por quê? Pela falta de cultura.” A questão ambiental é preocupação recorrente nas entrevistas, especialmente em relação a preservação dos mangues, considerados essenciais para a manutenção e sobrevivência de milhares de espécies da vida marinha, pela sua capacidade de reciclar e reter nutrientes. Comentam que a sua biodiversidade está ameaçada pelo fato de uma parcela da população utilizá-lo como depósito de objetos variados e por não haver o necessário cuidado por parte da gestão pública. Avalia-se que nesta área ocorreram algumas mudanças positivas nos últimos anos, motivadas por iniciativa de uma das organizações entrevistadas, através da realização de “mutirões de limpeza” nesses espaços e na praia. “Retiramos, toneladas de objetos do mangue. Foi muito legal porque começou a envolver bastante gente e com isso, demos visibilidade a este problema que fica meio escondido”. “Depois desses mutirões, parece que melhorou e até a prefeitura começou a fazer campanhas sobre isso e recolher o lixo, do mesmo jeito que fizemos, então, deu resultado” “Houve um projeto de mergulho, inclusive com competição para saber quem arrecadava mais lixo. Foi feito por dois anos seguidos. Parou por falta de estrutura e parcerias.” A dinâmica cultural na cidade é restrita a algumas festas apoiadas pela Diretoria de Cultura do Municipio, alguns programas nas escolas e vivências da cultura indígena que estão presentes em todo o litoral. Dentre as atividades culturais a mais importante parece ser a Festa do Divino Espírito Santo, que confere dinamismo e legitimidade para as ações culturais da Secretaria de Cultura. Realizada há mais de trezentos anos é organizada por uma entidade ligada à igreja católica e integrada por moradores caiçaras. De caráter religioso e celebrativo, não tem a intenção de tornar-se calendário turístico da cidade ou do estado. Há por parte dos moradores receio de que a festa se transforme em produto turístico e perca o se sentido religioso. Todos os seus integrantes da festa - capitão do mato, imperador, imperatriz - são escolhidos pelas famílias. Embora a festa seja de cunho religioso e sustentada pela igreja católica, consegue agregar as diversas comunidades do município. A existência de outras festas foi citada por interlocutores: a Folia de Reis, o Carnaval, Rodeio, além de manifestações mais ligadas à população negra (ainda que sejam bem minoritários na cidade) como grupos de capoeira, hip hop e samba. Os equipamentos culturais da cidade são considerados insuficientes e demandam manutenção constante, segundo interlocutores. Quando se referem ao lazer reclamam que as praias são uma das poucas opções e que não é realizado investimento adequado em outras atividades e alternativas de cultura, consideradas importantes para uma cidade com a riqueza histórica como Itanhaém. 55 “O lazer na cidade é mais voltado à natureza (praias), deixando a desejar no parâmetro cultural, pois não conta com teatros, cinemas. A região tem uma tradição e a história deve ser preservada com a intenção de atrair turistas.” “Aqui não tinha nada para fazer, tanto assim que organizávamos um ‘SOS balada’ e íamos para a praia fazer lual, que era a única coisa que restava. Hoje, não mudou muito, não.” A cultura indígena se faz presente nas duas aldeias indígenas que se encontram no território itanhaense: Rio Branco e Tangará. Segundo interlocutores, embora tenha havido avanços, nos últimos anos, nos indicadores de qualidade de vida (natalidade infantil, índice de doenças e mortalidade, alimentação, moradia etc) da população indígena, eles vem perdendo seus territórios e são tratados com desconfiança pela cidade urbanizada e pelos poderes públicos, além de pouco usufruírem das políticas universais. Na defesa dos direitos e da cultura indígena, alguns interlocutores apontam desafios a serem enfrentados no campo da implementação de políticas públicas: ampliação do acesso aos serviços e programas nos âmbitos municipal, estadual e federal; diminuição da lentidão e da burocracia para a demarcação de suas terras (desde sua identificação, homologação até a titulação); capacitação dos trabalhadores que atuam nessas comunidades e propiciar o fortalecimento das organizações indígenas. Quanto aos caiçaras, estes mesmos entrevistados avaliam que embora ainda mantenham alguns valores tradicionais, esta população está espalhada pela malha urbana e, consequentemente, permeada por essa cultura de consumo. Há uma pequena comunidade [cerca de vinte pessoas], auto identificada como caiçara, situada na Ilha do Mauricinho, que vive do comércio e da pesca. De acordo com uma citação pontual, na oficina, essa população, talvez pela fragilização de sua identidade, fica muito suscetível e vulnerável à prováveis manipulações. “As pessoas que vêm de fora morar aqui estranham muito, pois o caiçara tem essa característica: ele é indolente por natureza, o que facilita a manipulação política! ...” O emprego (ao lado da saúde) ocupa o topo das preocupações dos integrantes dos grupos de pesquisa. A sazonalidade da atividade turística é alvo de inúmeras inquietações. Ela restringe sobremaneira as possibilidades desse segmento de moradores, quase todos de baixa renda e escolarização, alcançarem uma estabilidade financeira que lhes permita vislumbrar perspectivas de um futuro melhor, além de contribuir para a construção da imagem de uma cidade ideal para aposentados. A frase “a gente tem que trabalhar no verão para comer no inverno”, é citada, em diferentes versões, para descrever as limitações impostas pela vocação econômica do município. É consenso que a questão do emprego mostra-se ainda mais grave para os jovens. “Aqui na temporada você encontra trabalho, mas registrado não. Você encontra aqueles bicos para trabalhar das sete da manhã às oito da noite e a pessoa se sujeita porque precisa. Acabou a temporada, quem tem aqueles empregos fixos ficam, mas muita gente fica desempregada (...) minha filha está trabalhando no Extra como temporária. Acabou a temporada, ela vai embora (...) minha esposa está no Vila Mazine, mas dia 30 agora ela vai sair fora” “Eu trabalho o ano inteiro com venda de tapioca, só que é o seguinte: a gente só ganha um dinheirinho mesmo na temporada, fora da temporada, a cidade é pequena, cai as vendas. Mas é lastimável, tem dia que não dá para tirar R$ 15,00 por dia”. “Você tem que ganhar dinheiro na temporada pra viver o resto do ano” “Antes eu tinha que ganhar no verão para gastar no inverno porque a cidade realmente não tem um giro, é só turismo mesmo” “Minhas filhas querem trabalhar e não conseguem. Para o jovem é mais difícil” A construção civil desponta como um setor em expansão e como uma opção de trabalho permanente. A chegada de redes de comércio varejista e de fast food é valorizada, agrega positivamente para a imagem da cidade e sinaliza o crescimento de Itanhaém. Não obstante, parece não se colocar como alternativa efetiva de Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 emprego para os entrevistados, quer em razão de parte desse setor acompanhar a sazonalidade do turismo, quer em razão da sua idade/perfil dos entrevistados. Como sabemos, esse ramo de atividade tende a recrutar uma mão de obra mais jovem e de maior escolaridade. Há menções à forte presença de coreanos atuando no ramo da alimentação, mas os empregos por eles gerados seriam demasiadamente precários. “A cidade está crescendo por que? Porque aqui agora tem Mc Donald, Habbibs, vai ter lojas Americanas, o shopping... o Carrefour também está vindo para cá (...) a cidade está começando a desenvolver” “A cidade é cheia de coreanos nas lanchonetes da praça. Dá emprego, mas a questão é que você tem que se sujeitar a trabalhar o dia inteiro, se sujeitar a qualquer coisa, de manhã até à noite, de domingo a domingo, sem registro em carteira. Desvaloriza um pouco a mão de obra” A baixa oferta de empregos qualificados/ permanentes na cidade monopoliza as atenções e dialoga com as restrições impostas “pelo meio ambiente” a projetos vistos com alto potencial de alavancar o mercado de trabalho local. A não viabilização do parque da Xuxa é citado como um infeliz exemplo das restrições impostas pelo IBAMA. “O IBAMA sempre foi o pé no breque aqui. Ele sempre foi um pé no freio, não deixou evoluir de jeito nenhum. Tanto que o parque da Xuxa não foi feito. Qualquer projeto que mexa com uma arvorezinha não pode (...) é o que ele falou do parque da Xuxa. A área é praticamente um mangue lá. Quando dá um pé de vento forte, as árvores caem, não precisa de uma pessoa ir lá para derrubar (...) parte da Amazônia pode desmatar, e aqui não pode? Se o parque da Xuxa viesse para cá, o avanço da cidade teria sido muito mais rápido, teria evoluído mais. Era para 500 pessoas, ia trazer turista”. “Tem um monte de mato velho aí, mas não pode desmatar. Mas nas outras cidades também eram mato e tem indústrias. Por que aqui não pode? (...) seria bom o parque da Xuxa, ia trazer mais gente. O IBAMA não deixou porque ia desmatar uma área grande. É uma questão de ecologia. Para mim foi ruim (...) tem como vir uma empresa para cá que tenha tratamento de filtro” Neste sentido, a qualificação profissional se faz imprescindível. Segundo entrevistados, os “poucos cursos oferecidos” parecem estar distanciados das reais necessidades do município. “Tem carência de mão-de-obra em algumas áreas, que precisam ser qualificadas. A gente tem parcerias com o PAT, SENAI, SEBRAE e SENAC que busca contemplar as carências.” “Mão-de-obra qualificada aqui é muito difícil. Os cursinhos oferecidos pela Prefeitura não funcionam. Curso de manicure, cozinheiro não atraem. É preciso atender às demandas do próprio jovem, por exemplo.” 4.2.3. Potencialidades e perspectivas de desenvolvimento sustentável A principal potencialidade e a vocação natural de Itanhaém é o turismo, a ser dinamizada e fortalecida com a diversificação das modalidades de turismo, pela nova dinâmica regional proporcionada pelo Pré-sal/Petrobras e pelos negócios a ela associados, percebida como outra importante perspectiva de desenvolvimento da cidade e da região. Esta é uma percepção praticamente unânime entre os entrevistados das organizações da sociedade civil e entre os participantes dos grupos de pesquisa, ainda que com nuances e ênfases distintas em relação a cada uma delas. A riqueza de itanhaém em atributos históricos – por ser a segunda cidade mais antiga do país – e naturais – com praias, cachoeiras, rios, mata atlântica e área rural – não seriam suficientemente conhecidos e adequadamente explorados, na perspectiva de um desenvolvimento. 57 “O maior potencial da cidade é o turismo, podendo ser inclusive auxiliado pela Petrobras, através de investimentos para ganhar imagem e admiração.” “Temos um vocação turística, histórico cultural, agricultura, mas Itanhaém não conhece Itanhaém.” Entre os interlocutores das entidades da sociedade civil, não raramente, a agricultura também aparece como uma perspectiva de desenvolvimento a ser apoiada e valorizada. A dinamização do Comércio e serviços na cidade - principalmente pela instalação de grandes redes de fast food – e a construção civil – impulsionada pelos novos investimentos no litoral -, também são percebidos como atividades que contribuem com o crescimento da cidade e são fonte importante de emprego e renda. Em geral são atividades que decorrem da dinâmica turística e das perspectivas de desenvolvimento ligadas às atividades da Petrobras/Pré-sal. A instalação dessas empresas multinacionais - não ligadas diretamente à cadeia do petróleo e gás -, são vistas como precursoras de empreendimentos maiores. Foram reiteradas as citações de que Itanhaém já se beneficia com a chegada do Mc Donald’s, Girafas e Habib’s por simbolizar o desenvolvimento que, timidamente se aproxima da cidade. “Uma área que cresceu muito foi a construção civil, hoje em dia muitas construtoras estão construindo casas para vender, para alugar. Então uma área que tem muito emprego é a construção civil.” “A gente está muito cauteloso com este crescimento, a gente sabe que não é um Eldorado, mas temos visto instalação de rede de empresas conhecidas, como o Mc Donalds, que preferiu abrir em Itanhaém uma loja própria, ao invés de uma franquia, porque há perspectiva de grande retorno.” “Vieram logo três, o Mc. Donald, o Girafa’s e o Habib’s. Eles não investem em terra devastada”. “São empresas grandes e porque resolveram vir prá cá? Por que farejam o desenvolvimento.” As perspectivas de crescimento mobilizam todos os entrevistados, porém as percepções sobre os impactos de tal processo não caminham necessariamente na mesma direção. Mesmo compartilhando a preocupação com o meio ambiente, os participantes dos grupos de pesquisa, como vimos acima, tendem a avaliar os empreendimentos relacionados ao pré-sal à luz das possibilidades de geração de novos postos de trabalho - tão almejados por esse segmento -, enquanto que o discurso dos representantes das organizações da sociedade civil ouvidas e dos participantes da Oficina parece apontar para uma receptividade mais cautelosa diante das novas frentes que se abrem para o município, especialmente pelos impactos que podem causar no município. Este segmento deseja um desenvolvimento que não impacte negativamente o meio ambiente. Citam Macaé como exemplo a não ser seguido. “O IBAMA não atrapalhou a Praia Grande e lá cresceu (...) Eu espero que a Petrobras traga emprego, desenvolvimento, turismo, é um pacote (...) tudo sem ter um choque tão grande com a cidade. Um choque que não tenha desmatamento, quer dizer, que tenha um desmatamento, mas que não seja grande (...) para que tenha um equilíbrio” . “Acho que a Petrobras vai trazer muita coisa boa, prá cidade e até para a região” “Você tem que olhar pra cidade e tem que olhar pra fora para enxergar todos os investimentos: rodoanel, ampliação de portos etc...tudo configura a demanda do pré-sal.” “Macaé é o exemplo do que a gente não quer. Eles pagam o preço do pioneirismo.” “A gente não quer indústria que gere resíduos. A gente quer indústrias de transformação que gera pouco resíduo.” Embora a tônica mais geral seja a expectativa de desenvolvimento propiciado pelo pré-sal e pelas atividades relacionadas a cadeia de petróleo e gás, entre as organizações da sociedade civil há uma preocupação com os problemas que podem que podem se originar das novas ações e investimentos previstos, ainda que para esses pairem dúvidas sobre quando acontecerão ou mesmo se vão realmente acontecer. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Entre as preocupações mais recorrentes entre entidades da sociedade encontra-se o possível crescimento populacional no município, tendo em vista que as características do município, detentor de amplas áreas propícias para expansão urbana, se constituem em um grande chamariz. Entre os impactos que poderão ocorrer com o aumento da população, é mencionado o risco de ocorrerem ocupações desordenadas, que possivelmente impactarão o meio ambiente, e a pressão sobre as políticas públicas nas áreas de habitação, saúde, emprego. Diante desse provável crescimento, a pergunta que surge é que se a cidade tem infra-estrutura e políticas públicas adequadas e necessárias para um crescimento sustentável. Diante desta questão os interlocutores indicam a necessidade de planejamento e de políticas públicas para enfrentar esse desafio e dar conta de atender as novas e velhas demandas. O dilema sobre o desenvolvimento da cidade, entre crescer, ter mais emprego, mais geração de renda e o receio com os impactos que esse crescimento trará, exige, segundo os entrevistados, capacidade da gestão pública local para dar conta de preparar a cidade para esse crescimento. “Pré-sal e a terceira via da Imigrantes-Rodoanel, perspectiva de grande impacto, porque vai afetar diretamente o Parque da Serra do Mar.” “Hoje se fala que a bola da vez é Praia Grande pois ainda tem muito espaço pra crescer, mas Itanhaém também é um grande potencial de crescimento urbanístico, que deve ser acompanhado de perto pra crescer de forma ordenada e não piorar ou bagunçar mais” “Saber ordenar e onde colocar todo o pessoal que chegará com as novas perspectivas é um desafio.” “Tem que ter a preocupação em planejar o crescimento das cidades de forma organizada, para evitar muitos problemas e minimizar impactos. Os impactos são inevitáveis, mas como minimizá-los é a grande questão”. Para os interlocutores da sociedade civil local, o caminho para um desenvolvimento sustentável não pode prescindir do envolvimento da população na sua construção. A sustentabilidade exige que a população seja sujeito e beneficiária do processo de desenvolvimento. Para isso vêem como necessário o fortalecimento da participação da sociedade cvil na elaboração e decisão das políticas locais, que incorporem os diversos olhares existentes na cidade sobre o processo de desenvolvimento. A formação das pessoas e a criação de espaços de debate, é visto como condição indispensável para fortalecer a participação da sociedade na construção de um litoral sustentável. “Para pensar o desenvolvimento é preciso pensa na sua população. Tem que envolver a população no processo de sustentabilidade”. “Como pensar o desenvolvimento na cidade se não há espaços de debate e reflexão sobre o município? “Eu acho que a gente pode junto com outras instituições e pessoas interessadas continuar em uma agenda positiva para que a gente consiga delinear caminhos para que Itanhaém tenha o seu litoral sustentável”. A construção do desenvolvimento de Itanhaém não pode acontecer isoladamente. Os caminhos do desenvolvimento devem, segundo as organizações, passar pela uma articulação em nível regional, para discutir as questões e os caminhos, tendo em vista que os impactos e consequências desse processo de crescimento, impulsionado especialmente pelo Pré-sal – incidirá em todos os municípios. Apesar da existência da AGEMAgencia Metropolitana da Baixada-, os interlocutores avaliam que a articulação regional continua frágil. 59 “Cada cidade da Baixada Santista vai arcar com um processo do modelo logístico de desenvolvimento do Pré-sal... você tem todo uma região que sofre um abalo, sofre uma conseqüência. Então há necessidade de que estas pessoas que estão neste território dialoguem em nível regional e não só em seus municípios”. “Se você for olhar para a cidade ao lado, a situação é a mesma”. Para os interlocutores, entre as questões a serem equacionadas para garantir um desenvolvimento sustentável, destacam-se: 1. Preparar o município com infraestrutura e políticas públicas para dar conta das “velhas e novas demandas”. 2. Garantir a capacitação técnica e profissional da população para as novas oportunidades de emprego que se abrirão no município e na região. 3. Integrar a zona rural no desenvolvimento sustentável do município. 4. Integrar a sociedade civil na discussão, decisão e nos benefícios gerados pelo desenvolvimento. 4.2.3.a O Turismo – para além do Veranismo O turismo é uma potencialidade a ser explorada, para além do veranismo que hoje caracteriza Itanhaém. Os representantes das entidades da sociedade civil avaliam que o turismo é pouco explorado, dadas as inúmeras possibilidades naturais e históricas que Itanhaém oferece, restringindo-se à presença sazonal dos veranistas na cidade. “O turismo pode e deve ser explorado. Isso é uma potencialidade”. “O turismo aqui configura-se em turismo de veraneio. Não existe um turismo de alto padrão aqui.” “O turismo aqui não é explorado. Itanhaém é uma cidade de veranistas. Funciona somente no verão. Aqui tem 27 cachoeiras que não são exploradas.” Nos grupos de pesquisa, por vezes surge a dúvida se no futuro o turismo permanecerá como a vocação primordial de Itanhaém. Na visão de alguns entrevistados, os novos empreendimentos relacionados à cadeia do petróleo e gás projetam perspectivas de um novo perfil de município, cenário que atrai na medida em que rompe com a sazonalidade dos empregos relacionados ao turismo. Já para outros, Itanhaém seguirá sendo turística e, nesse caso, apontam a necessidade de mais investimentos no setor, a exemplo do que foi feito na Praia dos Sonhos, cujas melhorias impactaram positivamente os turistas e a oferta de lazer para a população local. “Se continuar nesse ritmo, eu acho que o turismo não vai ser mais o que vai sustentar a cidade. Muita gente vai vir morar aqui, as pessoas vão ter emprego fixo, não vão depender tanto do turismo. A gente não quer depender do turismo. Se depender do turismo morre de fome” “A Praia dos Sonhos é 800 metros só, mas foi urbanizada. O turista vem pra cá e qual o passeio dele? É praia durante o dia e à noite eles pegam o trenzinho quando tem dinheiro para pagar e vai para a Praia dos Sonhos, desce e fica ali (...) ali tem sorveteria de frente para a praia, tem um pedaço que joga futebol, tem vôlei... é bem gostoso e desse lado não tem isso (...) essa praia é toda iluminada, tem calçadão. Na Praia dos Sonhos tem movimento mesmo fora de temporada” Apesar das dúvidas por parte de alguns participantes nos grupos de pesquisa sobre o papel do turismo no futuro de Itanhaém, parece ser amplamente consensual que o turismo continuará sendo uma atividade importante no desenvolvimento do município. Porém os interlocutores das organizações da sociedade civil avaliam que é fundamental que a gestão pública local, de forma planejada, invista em infraestrutura urbana, na qualificação da mão-de-obra para o turismo e no cuidado ambiental, especialmente na limpeza das praias. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “A indústria mais barata é a do turismo, pois já está pronta. É um potencial de todas as regiões. Falta mãode-obra especializada nesta área, capacitada. Falta estrutura em torno do turismo”. “Como desenvolver o turismo em uma cidade que não tem infraestrutura básica? A cidade não consegue absorver as demandas básicas com o contingente populacional de veraneio.” “Não existe nenhum incentivo em relação à conscientização de limpeza de praias. Ela começa a perder a sua vocação inicial de fonte.” “Sem mão de obra qualificada, muitos continuam desempregados”. É Unânime entre os representantes das entidades a percepção de que o turismo é capaz de proporcionar um desenvolvimento, de forma sustentável e com inclusão social, se a diversificação das modalidades de turismo for implementada. A diversificação é o caminho para aproveitar as potencialidades que existem abundantemente no território Itanhaense (mar, rios, cachoeiras, trilhas, monumentos históricos, comunidades tradicionais) e assim oxigenar e incrementar a economia local minimizando os efeitos da sazonalidade do veraneio. Entre as modalidades turísticas propostas encontra-se o ecoturismo e o turismo de aventura, tendo em vista os atrativos naturais, abundantes no município, propícios a este tipo de turismo; o turismo histórico, pela forte presença de patrimônios históricos e arquitetônicos em todos os cantos da cidade; o turismo cultural, associado às comunidades e festas tradicionais; o turismo rural, explorando a tradição rural do município, a agricultura familiar e piscicultura; o turismo náutico, aproveitando a característica de mar aberto. “O turismo é a solução, mas não é só o turismo de praia. Outros segmentos devem ser explorados. O turismo náutico, o turismo histórico, religioso, turismo rural e de aventura..”. “A atividade turística pode constituir um impulso ao resgate das histórias que estão perdidas no município.” “Tem potencial o turismo rural, turismo de patrimônio, ecoturismo, turismo de aventura.” “Temos 590 km quadrados de município, mais de 60% dentro da Serra do Mar, uma riqueza incrível de biodiversidade, que deve ser aproveitada de forma sustentável economicamente.” “Milhares de pessoas moram nesses bairros afastados e o ecoturismo e o turismo rural seriam uma saída sustentável para girar a economia deles, dando emprego para essas pessoas.” “Existem fazendas pesqueiras. Podia-se explorar a questão do turismo de pesca”. 4.2.3.b. O Pré-Sal e a Petrobras no Desenvolvimento de Itanhaém – O Potencial Logístico do município A possibilidade da instalação em Itanhaém de prestadores de serviço e empresas de retaguarda para as operações do Pré-sal (retro porto, peças e manutenção) é uma aposta colocada pelos pelas pessoas ouvidas. Esta oportunidade aberta pelas operações da Petrobras se constitui em grande esperança para a geração de riqueza e desenvolvimento, inclusive nos setores de comércio e serviços. Este potencial logístico do município surge como um fator a estimular certo otimismo, ainda que com muita prudência. Na percepção de interlocutores houve aumento do fluxo de turistas, o aeroporto recebeu investimentos e há projetos para a terceira faixa de rolamento da rodovia dos Imigrantes, além da SP-55 (Padre Manoel da Nóbrega) que está duplicada, na região. “Com a duplicação da Imigrantes, aumentou o fluxo migratório de pessoas diariamente. Por esta razão, espera-se que esta terceira rodovia vá acontecer.” 61 “Petrobras é igual a evolução, mas não sei se estamos preparados para sermos como a cidade de Santos.” Comenta-se que empresas ligadas as áreas de petróleo e gás ou a serviços aeroportuários, que já teriam demonstrado interesse em se instalar na cidade. O Aeroporto de Itanhaém teria recebido investimentos de cerca de R$ 900 mil para melhoria da infraestrutura e, no início do ano, obteve autorização para operar também voos noturnos. Com pista de 1.350 metros por 30 de largura (maior que a do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro) e capacidade para receber aviões de porte médio como Boeing 737, com capacidade para 100 pessoas, o aeroporto já é responsável pelo transporte (50 minutos de helicóptero) dos funcionários da Petrobras até as plataformas de Merluza (a 184 km da costa) e de Mexilhão (320 km). Além desse papel para o funcionamento de atividades da Petrobras, o aeroporto poderia aumentar o afluxo de turistas no município. “A cidade está receptiva e aberta para receber empreendimentos. É uma realidade. Hoje o aeroporto é o sexto do Brasil em pousos, isso desencadeia uma série de ações necessárias para cobrir as demandas decorrentes disso.” “A gente tem um aeroporto que está entre os cinco maiores no quesito de pousos e decolagens do Estado de São Paulo. É muita coisa.É uma movimentação muita alta e existe já um apontamento de que existirá voos comerciais” “A gente sonha em ver aviões cheio de turistas trazendo divisas para Itanhaém.” O aeroporto e sua ampliação, junto com o Porto Brasil – empreendimento das Empresas de Eike Batista, na divisa de Peruíbe com Itanhaém, atualmente embargado pelo IBAMA – são vistos pelos participantes dos grupos de pesquisa como iniciativas que se inscrevem no arco de atividades relacionadas ao Pré-sal. Ambas respondem pela expectativa de maior dinamismo da cidade e a geração de empregos indiretos no ramo da hotelaria e serviços correlatos. Na discussão sobre o Porto, apontado por participantes dos grupos pesquisa como uma importante fonte de crescimento da cidade, surge a discussão sobre crescimento e geração de empregos, onde tema do meio ambiente é central. A disjuntiva crescer ou preservar se coloca no âmago da questão, suscitando um “duelo” entre argumentos e pontos de vista distintos. Nas linhas e entrelinhas dessa discussão a balança parece pender pela flexibilização da legislação ambiental, tida por alguns como uma boa solução de conciliação. “Esse negócio do porto vai ter mais empregos, só que eu acho que eles trazem todo mundo de fora pra trabalhar. Então eu acho que vai ter mais movimento, porque com o porto vai movimentar, a cidade vai ter circulação de dinheiro, vai ter empregos e seus filhos não tem curso, não tem nada, então precisa ter curso para isso (...) “Fazendo o porto, eles ampliam o aeroporto, quem sabe mais para frente eles fazem um hotel, quem sabe um hotel 5 estrelas” “O porto é na divisa de Peruíbe e Itanhaém. Só que o IBAMA não quer. Depois que ficar pronto, eles falam que vai ter bastante emprego (...) essa coisa do porto, da ampliação do aeroporto é ótimo! É uma melhoria para os nossos filhos, é emprego para eles, é emprego para nós. É uma coisa boa” . “O porto e o aeroporto é por causa do pré-sal. Acontece que o porto tem aí o problema dos índios que nem estão lá há muito tempo, faz pouco tempo que eles foram para essa região lá. Até eu lembro que há pouco teve uma comemoração da demarcação das terras deles” . Com essas vantagens logísticas, Itanhaém vive, ainda, o otimismo com relação aos benefícios que poderá receber com a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, principalmente com a cidade de Santos despontando como fortíssimo candidato para ser uma das subsedes de seleções estrangeiras. “Até a copa, poderá trazer benefícios indiretos para a cidade”. “Há um estudo realizado que diz que o turista que vier pela Copa do Mundo no Brasil rodará durante sua estadia cerca de 200km. Itanhaém e o restante da Baixada Santista está contemplada neste raio de trânsito o que constitui um potencial para a cidade.” Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A visão da sociedade civil organizada sobre a Petrobras, suscita opiniões diferentes. Por um lado, é vista com bons olhos, principalmente pelos futuros investimentos e possível aumento da arrecadação de impostos, que poderiam ser utilizados para melhorar os serviços públicos, em todas as áreas. A outra parte dos entrevistados refere-se à empresa como o grande ”monstro dominador”, que faz o que quer. Alguns comparam suas ações as de “um trator”, por entenderem que existe um abismo entre a Petrobras e a dinâmica de cada município. No entanto, os empreendimentos parecem “passar despercebidos”, para boa parte da população local. Um interlocutor comenta que a população em geral encontra-se distante das discussões sobre a Petrobras e seus investimentos para exploração do Pré-sal. “Esse dinheiro iria ajudar na saúde, na segurança, nos equipamentos da prefeitura em geral e a população ganharia com isso”. “Vejo de forma positiva a vinda dela e principalmente o incremento que dará para os cofres públicos” “Eu vejo ela (Petrobras) como um trator. Ela não mede esforços para tirar os obstáculos da frente para ela chegar onde quer.” “A Petrobras não tá chegando agora, deveria ter investido antes nas pessoas.” “Petrobras aqui, vem como o canto da sereia... Ela faz o quer e ninguém segura por que ela domina tudo, como um ‘monstro’” “Ela não quer saber dos nossos problemas e sim, de seus objetivos que, na maioria das vezes, pouco tem relação com as nossas vidas”. “O povão, nem tá aí, prôs empreendimentos da Petrobras. É até engraçado porque acham que são os postos de gasolina. Acho que está meio distante prá eles, ainda não é visível e eles não tem informações adequadas”. As perspectivas positivas relacionadas à Petrobras e ao Pré-sal, em geral estão relacionadas a ampliação de oportunidades para mão de obra local. A demanda por cursos de qualificação se recoloca com força ainda maior na perspectiva de que a população da cidade possa ser absorvida pelos novos empreendimentos e beneficiada pelo crescimento que se antevê. A presença da Petrobras na região pela exploração do pré-sal, faz com que as pessoas esperem por ações da empresa em projetos sociais no município e uma atuação no sentido de dar diretrizes sobre o tipo de profissionais e serviços que poderão ser absorvidos em maior número pela cadeia de operações do pré-sal. “Como morador e advogado, acho que a Petrobras já deveria estar aqui, em convênios com as entidades, inclusive com a própria OAB.” “Precisa investir na qualificação de mão de obra, em educação, de um modo geral, já que sabemos que o Pré-sal, ta aí, batendo na nossa porta” “Se amanhã a Petrobras quiser se instalar aqui, vai sentir falta de mão-de-obra especializada, não apenas para trabalhar diretamente, como também na prestação de serviços da própria cidade.” “Eu acho que tem que valorizar as pessoas que moram aqui. Quando eu digo valorizar é dando um curso preparatório porque muita gente não tem condições de estar fazendo uma faculdade, de estar fazendo um curso técnico” 4.2.3.c. Resgate do potencial rural O potencial rural do município é constantemente citado pelos interlocutores das organizações da sociedade civil de Itanhaém. Aos olhos dos entrevistados a agricultura continua sendo uma atividade inclusive com significado 63 importante no PIB do município, além da sua importância como fonte de trabalho e renda. O apoio para a agricultura familiar é importante para fixar as pessoas na terra e evitar o êxodo rural para a cidade. Como iniciativa positiva nesta direção é lembrada a feira do produtor. “A área rural é um potencial: projetos de segurança alimentar, agricultura familiar, tem muita área para produção rural. Hoje é agricultura que tem grande parte do PIB da cidade... Isso deve ser valorizado econômica e culturalmente.” “Itanhaém tem uma vocação rural também. Nós temos a segunda bacia hidrográfica litorânea do Estado. Hoje tem a feira do produtor que fortalece este aspecto. É uma das soluções do município.” “A agricultura familiar gera empregos e fixa o sujeito na terra. As comunidades mais afastadas estão querendo migrar para o centro da cidade porque estão seduzidos pela coisa urbana, quando na verdade, a gente quando vai até lá é que se seduz pelo estilo de vida deles. Então existe esta inversão de valores. Então é muito importante que isso seja trabalhado.” A área rural é mais uma vez pautada por algumas organizações para reafirmar as diversas dificuldades vivenciadas por este grupo em relação a trabalho e renda. A decadência do cultivo da banana, que por muito tempo foi a principal fonte de geração de renda dessa parcela populacional, requer que o poder público se debruce, urgentemente, no estudo e construção de novas alternativas na área rural. “Os filhos desses trabalhadores rurais querem vir para a cidade, porque não têm nada para eles na zona rural. Está ocorrendo um êxodo. Eles querem se vestir como os jovens da cidade; eles sofrem preconceito, de todas as formas, por isso.” “Hoje, as pessoas que moram na área rural trabalham numa situação deprimente, sem a menor condição de vida, utilizando seus corpos como ferramenta de trabalho, carregando 12 cachos de banana de uma só vez. É uma cena indescritível.” A qualidade dos serviços públicos prestados na zona rural do município são objeto de diversas reclamações. Segundo interlocutores é a realidade mais esquecida do município. Comentam que faltam projetos e planejamento para explorar o potencial da área rural, o que poderia resultar em geração de emprego e renda para as famílias destas regiões. “Lá (na zona rural) não tem nada mesmo, é largado de vez pelo poder público.” “Trouxemos recursos para o município, para tentar atingir uma população que está desamparada, sobretudo na zona rural, para tentar dinamizar a economia, mas nem assim tivemos apoio da prefeitura. Ela virou as costas, completamente.” “Em outra época, fomos o maior exportador de banana, aí o centro das atenções era a área rural.” “Ninguém vê porque é meio do mato, então ninguém faz nada.” “O que os olhos não veem, o coração não sente e isso se refere à exclusão do pessoal da área rural, que tá abandonada.” 4.3. Considerações finais Os interlocutores entrevistados valorizam a organização da sociedade civil em Itanhaém, que se articula local e regionalmente, investindo em capacitação, fortalecendo assim a sua capacidade de intervir nas políticas públicas locais. Comentam ter pouco incentivo do poder público local para a sua organização e participação nos espaços públicos de gestão participativa e uma cultura de baixa participação da população nos processos políticos locais. Na segunda cidade mais antiga do Brasil, o cenário natural e histórico é mencionado com orgulho e valorizado pelo sossego e estilo de vida interiorano. Porém inúmeros problemas também são evidenciados pelos interlocutores, no que se refere à gestão das políticas públicas na cidade. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A história da gestão pública local é marcada por personalismo e negligência com as demandas da população, comentam os interlocutores. Vários serviços que deveriam ser de responsabilidade da gestão pública municipal, seriam implementadas por entidades da sociedade civil. Algumas organizações pontuam avanços na gestão pública, que através do apoio e parceria com empresas fomenta negócios, empreendimentos e investimentos na cidade. A maioria dos interlocutores avalia que existem lacunas herdadas por sucessivas administrações e que ainda perduram na gestão da cidade. Entre estas lacunas se encontraria a frágil experiência democrática da cidade na gestão pública da cidade, governada alternadamente por poucas famílias. Mais recentemente se fizeram mudanças, mas há ainda muito a fazer. A descontinuidade das políticas públicas nas gestões que se sucedem na cidade é outro problema, ao lado da falta de planejamento e a ausência de integração das várias políticas públicas, mencionados por interlocutores como obstáculos para implementação das políticas. Os serviços de saúde se encontram entre os maiores problemas de Itanhaém, considerada muito ruim pela demora em obter agendamentos, pela falta de profissionais especializados, pela distribuição desigual de equipamentos, dentro do território Itanhaense e pela fragmentação e falta de continuidade nos tratamentos. Não obstante, os grupos que participaram da pesquisa de opinião apontem positivamente a existência de um Hospital Regional na cidade e o atendimento prestado por ele, relata-se o excesso de burocracia e de pessoas advindas de outros municípios para usufruírem do equipamento, como prejudiciais ao bom atendimento à população local. A escassez de emprego e a sazonalidade dos empregos vinculados ao veranismo e ao mesmo tempo, a qualificação da mão de obra, é apontada nos grupos pesquisa e pelas organizações da sociedade civil, como problemas que necessitam de urgente resolução. Esperam que a vinda de novos empreendimentos, ligados a cadeia de petróleo e gás, traga abertura de cursos profissionalizantes e centros de formação voltados a essa área, novos postos de trabalho e oportunidades de geração de renda. A educação em geral é avaliada positivamente na pesquisa (uniformes, material, transporte) e em setores das organizações da sociedade (trabalho de educadores, capacitação continuada). Foram levantados problemas na área de universalização do acesso (educação infantil, falta vaga em creches) e na educação na área rural, considerada precária e com falta de manutenção nas escolas. De acordo com alguns interlocutores, o provável aumento do número de pessoas, atraídas pela expectativa dos novos empreendimentos aumentará o déficit habitacional se não houver, por parte dos gestores públicos, planejamento adequado para a utilização das áreas livres existentes no município. Salários pouco atrativos, sucateamento de equipamentos de segurança e pouco efetivo policial seriam alguns problemas da segurança pública. A violência aumentou a partir da chegada de muitas famílias, beneficiadas pelo projeto ‘Minha Casa, Minha Vida’ e com o desmonte da ‘cracolândia’, na capital do Estado, comentam interlocutores. Elencados como insuficiente e deficitário, o transporte público necessitaria ser pauta de discussões locais e regionais,. O incentivo ao uso de bicicletas é apontado como um “saída sustentável”. Outro ponto na rol de questões a serem debatidas esta a destinação final de resíduos sólidos Quando se trata das Potencialidades e Perspectivas de Desenvolvimento Sustentável do município o turismo é apontado como a principal atividade e como vocação natural de Itanhaém. O turismo, porém, deve ser dinamizado e fortalecido com a diversificação das modalidades de turismo e pela nova dinâmica regional 65 proporcionada pelo Pré-sal/Petrobras e pelos negócios a ela associados, percebida como outra importante perspectiva de desenvolvimento da cidade e da região. A riqueza de itanhaém em atributos históricos e naturais – como praias, cachoeiras, rios, mata atlântica e área rural – não seriam suficientemente conhecidos e adequadamente explorados, na perspectiva de um desenvolvimento. Entre os interlocutores das entidades da sociedade civil, não raramente, a agricultura também aparece como uma perspectiva de desenvolvimento a ser apoiada e valorizada. A dinamização do Comércio e serviços na cidade - principalmente pela instalação de grandes redes de fast food – e a construção civil – impulsionada pelos novos investimentos no litoral -, também são percebidos como atividades que contribuem com o crescimento da cidade e são fonte importante de emprego e renda. Em geral são atividades que decorrem da dinâmica turística e das perspectivas de desenvolvimento ligadas às atividades da Petrobras/Pré-sal. Embora a tônica mais geral seja a expectativa de desenvolvimento propiciado pelo o pré-sal e pelas atividades relacionadas a cadeia de petróleo e gás, entre as organizações da sociedade civil há uma preocupação com os problemas que podem se originar das novas ações e investimentos previstos. Entre as preocupações mais recorrentes encontra-se o possível crescimento populacional no município e o risco de ocorrerem ocupações desordenadas e pressão sobre as políticas públicas. Diante desse possível crescimento, a pergunta que surge é que se a cidade tem infra-estrutura e políticas públicas adequadas e necessárias para um crescimento sustentável. Diante desta questão os interlocutores indicam a necessidade de planejamento e de políticas públicas para preparar a cidade para esse crescimento. Para os interlocutores, entre as questões a serem equacionadas para garantir um desenvolvimento sustentável, destacam-se: 1. Preparar o município com infra estrutura e políticas públicas, para dar conta das “velhas e novas demandas”; 2. Garantir a capacitação técnica e profissional da população para as novas oportunidades de emprego que se abrirão no município e na região; 3. Integrar a zona rural no desenvolvimento sustentável do município; 4. Integrar a sociedade civil na discussão, decisão e nos benefícios gerados pelo desenvolvimento; 5. A necessidade de fazer a discussão e articulação regional para pensar desenvolvimento, tendo em vista que os impactos e as conseqüências afetarão todos os municípios. Apesar das dúvidas surgidas por parte de alguns participantes nos grupos de pesquisa sobre o papel do turismo no futuro de Itanhaém, parece ser amplamente consensual que o turismo continuará sendo uma atividade importante no desenvolvimento do município. Porém os interlocutores das organizações da sociedade civil avaliam que é fundamental que a gestão pública local, de forma planejada, invista em infraestrutura urbana, na qualificação da mão-de-obra para o turismo e no cuidado ambiental, especialmente na limpeza das praias. Essa atividade é uma potencialidade a ser mais explorada, para além do veranismo que hoje caracteriza Itanhaém. Para que o turismo seja capaz de proporcionar um desenvolvimento de forma sustentável e com inclusão social a diversificação das modalidades é apontada como fundamental. A diversificação é o caminho para aproveitar as potencialidades que existem abundantemente no território Itanhaense e assim oxigenar e incrementar a economia local e minimizar os efeitos da sazonalidade do veraneio. Entre as modalidades turísticas propostas encontram-se o ecoturismo e o turismo de aventura, tendo em vista os atrativos naturais, abundantes no município, propícios a este tipo de turismo; o turismo histórico, pela forte presença de patrimônios históricos e arquitetônicos em todos os cantos da cidade; o turismo cultural, associado às comunidades e festas tradicionais; o turismo rural, explorando a tradição rural do município, a agricultura familiar e piscicultura; o turismo náutico, aproveitando a característica de mar aberto. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 O Potencial Logístico do município ganha importância com possibilidade da instalação em Itanhaém de prestadores de serviço e empresas de retaguarda para as operações do Pré-sal (retro porto, peças e manutenção). Esta oportunidade suscita grande esperança para a geração de riqueza e desenvolvimento, inclusive nos setores de comércio e serviços. O otimismo poder estar ligado no possível interesse das empresas das áreas de petróleo e gás ou a serviços aeroportuários de se instalarem na cidade. O aeroporto e sua ampliação, junto com o Porto Brasil – empreendimento das Empresas de Eike Batista, na divisa de Peruíbe com Itanhaém, atualmente embargado pelo IBAMA –respondem também pela expectativa de maior dinamismo da cidade e a geração de empregos indiretos no ramo da hotelaria e serviços correlatos, segundo entrevistados da pesquisa. A visão da sociedade civil organizada sobre a Petrobras, suscita opiniões diferentes. Por um lado, é vista com bons olhos, principalmente pelos futuros investimentos e possível aumento da arrecadação de impostos, que poderiam ser utilizados para melhorar os serviços públicos, em todas as áreas. A outra parte dos entrevistados refere-se à empresa como o grande ”monstro dominador”, que faz o que quer. Alguns comparam suas ações as de “um trator”, por entenderem que existe um abismo entre a Petrobras e a dinâmica de cada município. As perspectivas positivas relacionadas à Petrobras e ao Pré-sal, em geral estão relacionadas à ampliação de oportunidades para mão de obra local. A demanda por cursos de qualificação se recoloca com força ainda maior na perspectiva de que a população da cidade possa ser absorvida pelos novos empreendimentos e beneficiada pelo crescimento que se antevê. Uma questão que se destacou em Itanhaém e que se diferencia dos seus municípios vizinhos foi a importância dada pelos interlocutores para o Resgate do potencial rural. A agricultura parece ser uma atividade com significado importante no PIB do município, além da sua importância como fonte de trabalho e renda. O apoio para a agricultura familiar é, portanto, importante para fixar as pessoas na terra e evitar o êxodo rural para a cidade. No entanto, a qualidade dos serviços públicos prestados na zona rural do município foi objeto de diversas reclamações. Segundo interlocutores é a realidade mais esquecida do município. Comentam que faltam projetos e planejamento para explorar o potencial da área rural diminuindo assim seu potencial de geração de emprego e renda para as famílias destas regiões. Como iniciativa positiva os interlocutores apontam a feira do produtor. 5 – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 5.1. Introdução O projeto “Diagnóstico Urbano Socioambiental e Planejamento de Políticas Públicas”, a ser realizado nos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte do estado de São Paulo, tem por objetivo contribuir com a sociedade civil e o setor público, em seus diversos níveis governamentais, por meio de subsídio a programas de desenvolvimento, articulação de esforços de políticas públicas e pela proposição de instrumentos de ações estruturantes. Dentro desse objetivo, insere-se o diagnóstico econômico do Município de Itanhaém, pela caracterização das condições socioambientais e de empreendimentos econômicos, bem como, da gestão de políticas públicas, que permitam a inclusão de toda a população num processo de desenvolvimento sustentável no território. O grande desafio ao desenvolvimento que se coloca nesse horizonte regional está na capacidade de especialização da economia, que possibilite o aumento da produtividade e da agregação local de valor. Esses fatores são fundamentais para a melhoria das condições de vida em geral da população, mas em especial tendo 67 em vista as comunidades tradicionais e a preservação dos sistemas ambientais. O processo de ocupação do território, os ciclos econômicos e os ativos locais, seja em valores monetários, culturais e ambientais, constituem traços marcantes da sociedade e da economia local. Frente a isso, também importa considerar os potenciais impactos urbanos e socioambientais decorrentes da exploração da camada do Pré-sal, da expansão da infraestrutura de portos, vias, saneamento e produção imobiliária nessa região. A coexistência dos índios, caiçaras e quilombolas, que transcorreu por mais de um século, constituindo sociedades e povos muito singulares, progressivamente ao longo do século XX, foi marginalizada pelo processo de industrialização e urbanização, que integrou as grandes regiões do Brasil. Isso ocorreu tanto pela integração logística (rodoviária, portuária e hidroviária e etc.), como produtiva (com máquinas e equipamentos) e mesmo pela cultural, que não logrou incluir as populações tradicionais e em condição precária de trabalho, gerando cidades com territórios segregados e populações excluídas, desprovidas das condições mínimas de vida. De forma a apresentar a estrutura e a conjuntura que se abre ao município, considera-se os aspectos históricos do capitalismo brasileiro e estruturais como a divisão social e territorial do trabalho no litoral de São Paulo. Por consequência das condições sociais do processo de integração e segregação socioeconômica, contidos nos respectivos mercados formais e informais, dividem-se em dois tópicos dedicados ao estudo de estruturas fundamentais da economia: os mercados produtivos e de trabalho. Como resultado dessa abordagem, é possível indicar ao final alguns limites e potenciais caminhos para o desenvolvimento local e regional. Antes, entretanto, um breve histórico do município bem como sua caracterização geral será apresentada. Breve histórico1 A Vila de Itanhaém é considerada a segunda povoação fundada por Martim Afonso de Souza, segundo Benedito Calixto (pintor e historiador Paulista), entre 1532 e 1533. Este navegador Português teria sido quem escolheu o local da povoação e da ermida em louvor a Imaculada Conceição, nas terras dos índios “itanhaens”, do grupo tupi (o nome decorre de “itánhaé”), que significa bacia ou panela de pedra, usada pelos indígenas, segundo Theodoro Sampaio). No entanto, existiu na praia de Peruíbe outra aldeia, com o nome de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, provavelmente fundada pelo Padre Leonardo Nunes, e que mais tarde passou a chamar-se São João Batista de Peruíbe, mas da qual restam ruínas. A povoação que se desenvolveu foi localizada à margem esquerda do rio Itanhaém, em grande parte com a colaboração dos missionários Franciscanos no século XVII e da Companhia de Jesus, estes últimos expulsos no século XVIII, que catequisaram os índios itanhaens. A Vila de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém foi constituída em abril de 1561, pelo Capitão-Mor Francisco de Moraes, loco-tenente de Martim Afonso de Souza, Governador da Capitania de São Vicente, e chegou a ser em 1624 a sede da Donatária de Martim Afonso, com o nome de “Capitania de Itanhaém”, com jurisdição desde a Ilha Porchat, na barra de São Vicente, até a Ilha do Mel em Paranaguá (segundo foral de D. João III, estudado pelo historiador Pedro Taques). Somente em 1906, o topônimo passou a Itanhaém. Características gerais do município Segunda cidade mais antiga do Brasil, Itanhaém abriga, além de muita história (revelada em imóveis, ruas e igrejas), natureza exuberante, cortada por rios, cachoeiras e cercado pelo mar e pela mata atlântica. Possui (2010) uma população fixa de 86.897 e uma flutuante de 223.358. Atualmente crescendo demograficamente mais do que o Estado de São Paulo (1,92%/ano enquanto que o Estado de São Paulo cresce 1,09%/ano), tem densidade demográfica de 145,2 hab./km² (o Estado de São Paulo possui 166 hab./km²). Seu IDH é 0,779 (contra 0,757 do Brasil e 0,820 do Estado de SP). Possui taxa de urbanização de 99,06%. 1 http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/saopaulo/itanhaem.pdf Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 5.2. Mercado Produtivo (Produção de Bens e Serviços) A elaboração deste tópico se pautará, fundamentalmente, na utilização de dados secundários, embora em determinados momentos, informações primárias colhidas em viagens de campo pela Equipe Pólis serão mencionadas para complementar a análise. A utilização dos dados secundários tem como intuito levantar e sistematizar alguns dados oficiais que nos permite realizar uma caracterização preliminar do contexto econômico do município. Optou-se pela utilização de dados e de informações sempre atualizadas, levando em conta as restrições de tempo inerentes às bases estatísticas nacionais2. 5.2.1. Informações Gerais O Produto Interno Bruto (PIB) do município em 2009 (dado mais recente publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE) foi de R$ 824.091 milhões, mais de duas vezes superior ao registrado no início da década, quando seu PIB, em 2000, foi de R$ 344.185 milhões. Outro indicador interessante de se analisar é o PIB per capita, no entanto, com algumas ressalvas. O PIB per capita refere-se ao PIB (soma de todas as riquezas produzidas no país) dividido pelo número de habitantes do país. Vale notar que o PIB pode subir enquanto o PIB per capita diminui quando, por exemplo, a população cresce mais do que a produção num determinado ano, mostrando que, na média, a população empobreceu. É necessário lembrar que o PIB per capita é apenas uma média indicativa: a distribuição desse ganho ou perda se dá de forma desigual, e esse efeito não pode ser registrado neste indicador. Como se pode notar, Itanhaém apresenta um PIB per capita de R$ 9.435,65, inferior à média estadual (R$ 26,2 mil) e à média nacional (R$ 15,9 mil), para o ano de 20093. 2 Os dados e informações levantados buscam uma compreensão do município, que permitirão, posteriormente, ao cruzar com os diagnósticos de outras áreas, realizar uma análise integrada e multidimensional. Especificamente ao tema desenvolvimento econômico, para cada município, inicialmente, caberá conhecer alguns dados, visando iniciar o processo de elaboração de diagnóstico econômico dos municípios, cujo quadro geral – para os 13 municípios – nos permitirão traçar o diagnóstico regional. 3 Importante destacar que Itanhaém possui o segundo menor PIB/capita dos 13 municípios abarcados por esse projeto, ficando à frente apenas da cidade de São Vicente. 69 Figura 1. PIB per capita em reais (2009) PIB/capita Brasil 15.900,00 Est. São Paulo Itanhaém 26.202,22 9.435,65 Fonte: IBGE - Cidades Conforme já apontado, os dados de renda per capita devem ser relativizados, pois nem todas as pessoas do município possuem rendimentos ou possuem um nível de renda adequado para satisfazer suas condições básicas. Segundo dados do Portal ODM4, elaborado a partir do Censo 2010, neste município, de 1991 a 2010, em que pese a redução daqueles que vivem abaixo da linha de pobreza, ainda existem 15,6% da população nesta situação e 11,2% abaixo da linha de indigência5. No Estado de São Paulo, a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo, em 2010, era de 18,9% em 2010. A participação dos 20% mais pobres da população na renda passou de 3,7%, em 1991, para 2,1%, em 2000, aumentando ainda mais os níveis de desigualdade. Em 2000, a participação dos 20% mais ricos era de 59,7% , ou 29 vezes superior à dos 20% mais pobres. 4 5 http://www.portalodm.com.br/relatorios/1-acabar-com-a-fome-e-a-miseria/sp/itanhaem Para estimar a proporção de pessoas que estão abaixo da linha da pobreza foi somada a renda de todas as pessoas do domicílio, e o total dividido pelo número de moradores, sendo considerado abaixo da linha da pobreza os que possuem rendimento per capita menor que 1/2 salário mínimo. No caso da indigência, este valor será inferior a 1/4 de salário mínimo. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura 2. Proporção de moradores abaixo da linha da pobreza e indigência Itanhaém, 2010 Fonte: Portal ODM e Censo 2010 Outra forma de analisar este grupo de pessoas consideradas como vulneráveis social e economicamente, são os dados e Informações do Cadastro Único, a partir dos Relatórios de Informações Sociais do MDS. No município de Itanhaém há estimadas 5.312 famílias de baixa renda6 e 6.099 famílias beneficiárias do PBF até julho de 20127. Considerando o número médio de pessoas por família estimado pelo IBGE, de 3,3 pessoas, pode-se depreender que, em Itanhaém, há cerca de 17.529 pessoas de baixa renda e 20.126 que dependem da renda disponibilizada pelo PBF, ou seja, respectivamente, aproximadamente 20,1% e 23,1% do total dos habitantes são de baixa renda e dependentes do maior programa brasileiro de transferência de renda. Um dado complementar de caracterização socioeconômica do município, envolvendo também a renda, referese ao Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS. Partindo-se do pressuposto da insuficiência da renda per capita como indicador das condições de vida de uma população, o IPRS propõe a inclusão de outras dimensões, tais como a longevidade e a escolaridade (assim como o IDH). Desta forma, a Fundação SEADE procurou construir, para o Estado de São Paulo, um indicador que preservasse estas três dimensões, mas com certas especificidades8. Vale mencionar que em cada uma das três dimensões do IPRS, foram criados 6 A estimativa de famílias pobres com perfil de atendimento para o Programa Bolsa Família foi feita a partir dos dados do Censo Demográfico 2010, levando em consideração a renda familiar de até R$ 140,00 por pessoa (MDS, 2012). 7 http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/index.php 8 A primeira consistiu na elaboração de uma tipologia de municípios que permitisse identificar, simultaneamente, o padrão de desenvolvimento de determinado município nas três dimensões consideradas: renda, escolaridade e longevidade. Esse tipo de indicador, apesar de não ser passível de ordenação, permite maior detalhamento das condições de vida existentes no município, fundamental para o desenho de políticas públicas específicas para áreas com diferentes níveis e padrões de desenvolvimento. Em segundo lugar, incluíram-se, na medida do possível, variáveis capazes de apreender mudanças nas condições de vida do município em períodos mais curtos que os dez anos que separam os censos demográficos, fonte específica de informações do IDH municipal. E, em terceiro, foram adotados como base de informações, prioritariamente, os registros administrativos que satisfizessem as condições de 71 indicadores sintéticos que permitem hierarquizar os municípios paulistas conforme seus níveis de riqueza, longevidade e escolaridade. Esses indicadores são expressos em escala de 0 a 100 e constituem uma combinação linear das variáveis selecionadas para compor cada dimensão. A estrutura de ponderação foi obtida de acordo com um modelo de análise fatorial, em que se estuda a estrutura de interdependência entre diversas variáveis. Os indicadores do IPRS sintetizam a situação de cada município no que diz respeito à riqueza, escolaridade e longevidade. Como se percebe no Quadro abaixo, Itanhaém possui índice de riqueza bastante inferior aos do Estado de São Paulo e de sua Região Administrativa. No tocante à longevidade, tem desempenho similar à sua RA e inferior ao do Estado de São Paulo; no quesito escolaridade, demonstra superioridade à sua RA e igualdade ao do Estado de São Paulo. Devido a esses desempenhos, nas edições de 2006 e 2008 do IPRS, Itanhaém classificou-se no Grupo 2, que agrega os municípios bem posicionados na dimensão riqueza, mas com deficiência em pelo menos um dos indicadores sociais9. Quadro 1. Índice Paulista de Responsabilidade Social, 2008 Localidade Riqueza Longevidade Escolaridade Estado de S.P 58 73 68 RA de Santos 68 67 63 Itanhaém 52 67 68 Fonte: Fundação SEADE Do ponto de vista da participação dos setores da atividade econômica no PIB nota-se, na Figura 2, que do total de riquezas produzidas no município, o setor da agropecuária representa 1,6% do total, enquanto que os setores industrial e de serviços representam, respectivamente, 13,9% e 84,5% do PIB do município (em valores absolutos, R$ 107,1 milhões e R$ 647,9 milhões). Vale lembrar que a alta representatividade do setor de serviços refere-se ao fato de que, neste setor, contemplam-se as atividades de turismo e comércio, economicamente importantes neste município. A participação da indústria revela um baixo grau de industrialização no município. Chama atenção a pífia participação da agropecuária, seja pelo perfil do município, seja pelo fato de que as atividades de pesca se enquadram neste setor. Tal constatação sugere uma considerável taxa de informalidade entre estas atividades. Figura 2. Participação dos setores no PIB do município (milhões de reais) Itanhaém, SP, 2009 qualidade, periodicidade e cobertura, necessárias à produção de um indicador robusto, passível de atualização nos anos entre os censos demográficos e com a cobertura de todos os municípios do Estado. Assim, apesar de representarem as mesmas dimensões, as variáveis escolhidas para compor o IPRS são distintas daquelas empregadas no cálculo do IDH. 9 http://www.seade.gov.br/projetos/iprs/ajuda/2008/mun3522109.pdf Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Valor Adicionado Setorial 647,898 Serviços 107,093 Indústria Agropecuária 12,82 Fonte: IBGE Cidades É importante analisar a evolução desse valor adicionado durante o último decênio: Em 1999, o valor agregado dos serviços foi de R$ 258 milhões; em 2009, R$648 milhões. A agropecuária saltou de R$2 milhões (1999) para R$13 milhões (2009). A indústria, de R$ 52 milhões (1999) para R$107 milhões (2009). 5.2.2. Estabelecimentos formais no Município No que se refere à distribuição dos estabelecimentos pelos setores da atividade econômica, de acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), verifica-se que, em 2010, do total de 1.180 estabelecimentos registrados, 37,7% estavam nos serviços, 52,2% no comércio, 3,4% na construção civil, 3,8% na indústria e 2,9% na agropecuária. Estes dados reiteram o exposto acima, de alta participação dos serviços e comércio, baixo nível de industrialização e da agropecuária, o que pode ser um indício de estagnação econômica, baixo valor agregado da produção, baixa competitividade e inovação, baixo nível de formalização do emprego etc. Sobre a agropecuária, cabe lembrar que por se tratar de uma fonte de dados que abarca os empreendimentos formais da economia (RAIS), pode ser que parcela substancial destas atividades, realizadas de maneira informal, não esteja contabilizada nestas estatísticas. Figura 3. Distribuição (%) dos estabelecimentos por setores da atividade econômica Itanhaém, SP, 2010 73 Estabelecimentos Formais Indústria Construção Civil Comércio Serviço Agropecuária 3% 4% 3% 38% 52% Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios e RAIS, MTE Ao analisarmos a evolução desses estabelecimentos formais ao longo do decênio, informações importantes aparecem. Número de Estabelecimentos Agropecuária e P. Florestal Comércio Construção Civil Indústria Serviços Estado de São Paulo Crescimento 2000 2010 % 59.842 62.648 5% 239.852 367.709 53% 21.766 36.058 66% 78.393 98.959 26% 240.042 349.141 45% RM da Baixada Santista Crescimento 2000 2010 % 216 176 -19% 8.995 11.913 32% 973 1.182 21% 1.017 1.193 17% 16.310 19.807 21% 2000 17 468 21 56 331 Itanhaém Crescimento 2010 % 34 100% 616 32% 40 90% 45 -20% 445 34% Dois setores apresentaram crescimento significativo em Itanhaém: Agropecuária e P. Florestal e construção Civil, ao passo que a indústria retraiu-se. Outro dado interessante de mencionar, para uma melhor caracterização da atividade econômica, é o Quociente Locacional (QL). Dados da RAIS e do MTE foram coletados para o cálculo do QL de cada setor econômico no município. Conforme Silva et al. (2008), para a elaboração de critérios de identificação de aglomerações produtivas locais, “é desejável elaborar um indicador que seja capaz de captar pelo menos três características de uma aglomeração produtiva local: a) a especificidade de um setor dentro de uma região (município); b) o seu peso em relação à estrutura empresarial da região (município) e c) a importância do setor para a economia do Estado” (p.6). Este exercício realizou-se com base no cálculo do QL. O QL refere-se a um indicador típico na literatura de economia regional, de comparação de duas estruturas setorial-espaciais, a partir da razão entre as duas estruturas econômicas, sendo considerada, no numerador, a “economia em estudo” (município) e, no denominador, a “economia de referência” (estado). Desta forma, o cálculo leva em conta, no numerador, a relação entre o emprego do setor ou atividade “x” no município “j” em estudo e, no denominador, a relação entre o emprego do setor “x” no Estado em que está este município “j” pelo emprego total no Estado deste município. Após os cálculos, considera-se como potenciais Arranjos Produtivos Locais (APLs) aqueles setores com QL superior a 1. Vale lembrar que há estudos que adotam como critério o QL maior ou igual a dois ou três. Em Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 quaisquer das situações (QL superior a 1, 2 ou 3), o resultado indica que a especialização do município “j” na atividade ou setor “x” é superior à especialização do conjunto do Estado nessa atividade ou setor (Silva et al., 2008). Nossa opção por analisar os QLs superior a 1 deve-se ao fato dos municípios em análise serem pequenos, de baixa renda e/ou estagnados. Em relação aos dados da RAIS, cabe mencionar que sua utilização para este exercício justifica-se pela possibilidade de desagregação setorial e geográfica dos dados, o que permite desagregá-los até o nível municipal e, em termos setoriais, até o nível de subsetores da atividade econômica seguindo a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE). Por outro lado, é sabido que esta base de dados traz consigo a restrição de somente contemplar o emprego formal, não permitindo, portanto, medir a “força” da economia/empreendimentos informais, constituída de pequenas empresas familiares e outras atividades de pequena escala, empreendimentos estes de importância nesta pesquisa. Por estas limitações, este exercício nos serviu apenas como ponto de partida para aplicação dos questionários e mapeamento de setores estratégicos e potenciais do município, e outros perfis de estabelecimentos (inúmeros informais, por exemplo) foram sido visitados e analisados a partir dos questionários e entrevistas realizadas. Os dados para Itanhaém (Quadro 1) apontam, para o ano de 2010, os seguintes setores potenciais: alojamento e comunicação (QL de 2,13); comércio varejista (QL de 1,75); administração pública (QL de 1,97), serviços de utilidade pública (QL de 1,95) e produção mineral não metálicos (QL de 1,08). É importante destacar os recuos dos serviços de utilidade pública, que decaiu de 3,82 para 1,95, e da extrativa mineral, que decaiu de 2,71 para 0. Quadro 1. Quociente Locacional (QL) para o município de Itanhaém, SP – 2000 e 2010 Setor de atividade 2000 2010 01-Extrativa Mineral 2,71 0,00 02-Prod. Mineral não Metálico 1,83 1,08 03-Indústria Metalúrgica 0,06 0,04 04-Indústria Mecânica 0,00 0,00 05-Elétrico e Comunicações 0,09 0,00 06-Material de Transporte 0,00 0,00 07-Madeira e Mobiliário 0,90 0,30 08-Papel e Gráf 0,14 0,11 09-Borracha, Fumo, Couros 0,00 0,03 10-Indústria Química 0,03 0,11 11- Indústria Têxtil 0,04 0,00 12- Indústria de Calçados 0,00 0,00 13-Alimentos e Bebidas 0,38 0,09 14-Serviço Utilidade Pública 3,82 1,95 15-Construção Civil 0,58 0,79 16-Comércio Varejista 2,24 1,75 75 17-Comércio Atacadista 0,28 0,28 18-Instituição Financeira 0,58 0,48 19-Adm Técnica Profissional 0,25 0,37 20-Transporte e Comunicações 1,12 0,98 21-Aloj Comunic 2,14 2,13 22-Médicos Odontológicos Vet 0,24 0,95 23-Ensino 0,97 0,62 24-Administração Pública 1,41 1,97 25-Agricultura 0,52 0,67 Fonte: MTE, RAIS (Elaboração Própria) 5.2.3. A estrutura produtiva da economia local A observação da atividade econômica, através das unidades do Cadastro Central de Empresas (CCE) do IBGE, possibilita a aferir a escala e a especialização da estrutura produtiva existente em Itanhaém em 2010. É válido lembrar que, diferentemente do item anterior, contemplamos aqui também as unidades produtivas informais. Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Faixas de pessoal ocupado Total 0a4 5a9 Total 1.918 1.482 235 A Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura 19 14 3 B Indústrias extrativas C Indústrias de transformação 60 40 9 D Eletricidade e gás E Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação 4 4 F Construção 49 32 10 G Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas 1.062 851 121 H Transporte, armazenagem e correio 27 16 5 I Alojamento e alimentação 340 282 37 J Informação e comunicação 17 13 3 K Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados 11 10 1 L Atividades imobiliárias 10 8 2 M Atividades profissionais, científicas e técnicas 31 21 5 N Atividades administrativas e serviços complementares 86 58 20 O Administração pública, defesa e seguridade social 3 P Educação 39 16 6 Q Saúde humana e serviços sociais 24 18 3 R Artes, cultura, esporte e recreação 16 11 3 S Outras atividades de serviços 120 88 7 10 a 19 135 2 8 4 64 3 17 1 4 5 8 3 2 14 20 a 29 29 2 14 1 3 1 1 1 4 2 30 a 49 20 1 2 6 1 1 4 5 50 a 99 100 a 249 250 a 499 500 e mais 11 5 1 1 5 1 2 1 1 1 1 2 2 - O IBGE revelou a presença de 1.918 unidades produtivas no município. Três características saltam aos olhos: a primeira, é o fato de que 77,3% (1.482) dessas unidades contém até 4 empregados, ou seja, são microempresas; a segunda, é a constatação de que dois “subsetores” dominam a cidade: o “Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas”, que inclui as atividades no atacado e varejo, de pequena à grande escala, com 1062 unidades ou 55,4% do total (é valido ressaltar que 851 unidades –80,1% -são microempresas), e o “Alojamento e alimentação”, com 340 estabelecimentos (17,7% do total); por último, é interessante destacar a presença de uma única atividade econômica com unidade produtiva considerada grande, do setor público: a “Administração pública; defesa e seguridade social”, com mais de 500 trabalhadores. 5.2.4. Rede Petros Bacia de Santos Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Uma importante iniciativa é a “Rede Petro”, parceria entre o SEBRAE e a Petrobras, cujo objetivo é promover a inserção competitiva e sustentável dos micro e pequenos negócios, fornecedores efetivos e potenciais, na cadeia. Segundo informações do SEBRAE, até 2014, deverão ser investidos R$ 41 bilhões em todo esse segmento10. Vale lembrar que a primeira Rede Petro foi criada no Rio Grande do Sul, em 1999, num cenário onde o setor agrícola enfrentava grave crise no Estado e em todo o país. Diante da situação, alguns empresários e empreendedores começaram a pesquisar onde poderiam encontrar novas oportunidades para negócios. De forma geral, os objetivos específicos deste Convênio entre a Petrobras e o Sebrae, também chamados de “Temas Estratégicos” são11: 1) Desenvolvimento de diagnóstico e de mapeamento de oportunidades de negócios para as micro e pequenas empresas (MPEs); 2) Formação, consolidação das Redes PETRO e promoção da interação entre elas; 3) Sensibilização e mobilização de grandes empresas para apoiar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas (MPEs); 4) Capacitação e qualificação de micro e pequenas empresas(MPEs); 5) Promoção de Rodadas de Negócios entre grandes empresas e micro e pequenas empresas fornecedoras (MPEs). Quadro 2. Empresas Cadastradas, por Origem do Fornecedor, na Rede Petros da Bacia Santos em 2012 Origem da Empresa Unidades Exterior 5 Nacional 8 Interior de SP 13 Litoral de SP 115 RMSP 43 Total 184 Fonte: Rede Petros Baixa Santista. 10 Informação acessada em: http://www.busca.sebrae.com.br De acordo com informações do próprio site, a primeira fase do Convênio, finalizada em 2007, contou com investimentos de R$ 32 milhões – R$ 12 milhões aportados pela Petrobras e Sebrae e R$ 20 milhões pelas empresas parceiras, envolvendo 12 estados do Brasil: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Em 2008, o Convênio Petrobras-Sebrae foi renovado por mais três anos, com aporte inicial de recursos de R$ 32 milhões (R$ 16 milhões de cada parte), a contrapartida mínima das empresas de R$ 8 milhões e a inclusão de mais dois estados: Pernambuco e Santa Catarina, totalizando 14 estados envolvidos. No período de 2004 a 2010, cerca de 3.400 empresas foram capacitadas para se tornarem fornecedoras da cadeia produtiva de petróleo e gás. Além disso, foram realizadas 65 Rodadas de Negócios, que geraram expectativas para fornecimento de bens e serviços em torno de R$ 2,6 bilhões. 11 77 Em que pese estas potencialidades, uma análise no banco de dados das empresas cadastradas pela Rede Petros verificou que é irrisória a quantidade de empresas sitiadas no município de Itanhaém. No caso, há apenas o registro de uma empresa, na área de Gestão Empresarial. 5.2.5. Algumas decisões cruciais que podem atingir a economia local De acordo com o Relatório da Cespeg (2011), os investimentos previstos no setor de petróleo e gás são, em média, de US$ 5 bilhões/ano (US$ 3,7 bilhões relacionados à exploração, produção e refino) e devem produzir impactos altamente significativos na economia brasileira. Os impactos diretos, indiretos e de efeito-renda são potencialmente de US$ 12 bilhões por ano – relação de 1:2,5 com o investimento. A realização total desse potencial depende da parcela de fornecimento local de insumos e serviços. Atualmente, cada R$ 1 investido na cadeia do pré-sal e atividades correlatas, gera benefícios diretos e indiretos de R$ 1,26, além de R$ 1,9 em termos de efeito-renda (Cespeg, 2011). O efeito potencial em termos de crescimento do PIB anual brasileiro é da ordem de 0,6%, com uma geração adicional de 234.000 empregos. Os setores mais impactados pelos investimentos no setor de petróleo são o de prestação de serviços a empresas (que inclui consultorias, serviços jurídicos, informática, segurança, entre outros), siderurgia, metalurgia, máquinas e tratores, o próprio setor de petróleo e gás, construção civil, comércio e agropecuário. Os maiores beneficiados em termos de valor da produção são: serviços prestados a empresas (15,6%), siderurgia (11,3%), petróleo e gás (9,1%), máquinas e tratores (8,8%), peças e outros veículos (principalmente indústria naval, 7,4%) e construção civil (6,4%). Segundo levantamentos realizados com base em leitura de documentos, relatórios e estudos específicos sobre os impactos dos investimentos do pré-sal e de seus desdobramentos (porto, rodovia etc.), bem como com base em conversas e entrevistas com especialistas e gestores, aparecem alguns setores potenciais que serão impactados. Em termos gerais, os grandes setores que potencialmente sofrerão impactos em toda a região são: Indústria de Transformação; Construção Civil; Infraestrutura; Turismo; Resíduos Sólidos e Pesca. No caso de Itanhaém, os setores potenciais e relevantes para serem analisados são: construção civil, infraestrutura e turismo. 5.2.5.a. Mercado Imobiliário e a Indústria da Construção O mercado imobiliário na região litorânea do Estado de São Paulo está em alta. O maior motivo desse aumento, de acordo com informações do setor, foi o anúncio feito pela Petrobras em 2006 dos primeiros indícios de petróleo na camada pré-sal. Muitos imóveis já foram construídos e prevê-se para o ano de 2012 a entrega de 10 mil imóveis na região, rapidamente comercializados pelo crescente número de pessoas atraídas para as proximidades da Bacia de Santos. É o que demonstra a reportagem do jornal “Estado de São Paulo”, de 7 de dezembro de 2010: “Em Itanhaém, a previsão de ampliação do aeroporto que serve como base para operações da Petrobras já alimenta esperanças. De acordo com secretário adjunto de Obras da cidade, Otávio Mosca Diz, o local está operando com três helicópteros que fazem quatro viagens por dia para as plataformas no sul do Estado. No entanto, a empresa responsável pelos voos já sinalizou que planeja duplicar o número de helicópteros na cidade no ano que vem. Com a perspectiva de mais investimentos, a economia local deve despontar. Só a expectativa de expansão do aeroporto já faz a construção civil na região decolar. “O crescimento imobiliário ainda vai acontecer em Itanhaém. Por enquanto, está concentrado em Santos. Mas o número de permissões para obras cresceu 22,7% em relação a 2009 e estamos prevendo que em 2011 teremos grandes investimentos Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 no setor, pois as incorporadoras estão realizando estudos de mercado na cidade”, comenta Diz. A Real Consultoria Imobiliária já percebeu a demanda local e orienta uma construtora no lançamento de um empreendimento de alto padrão de frente para o mar. A previsão é de que os apartamentos tenham duas ou três suítes, áreas de 100 a 120 m2 e sejam lançados em 2011. O valor do m2 será de R$ 3,5 mil. “Estamos investindo na cidade, pois existe possibilidade de crescimento em Itanhaém com o pré-sal. Ela estava carente, não recebia grandes empreendimentos imobiliários há cinco anos”, diz presidente da Real Consultoria, Lourenço Lopes.” A importância da construção civil é referendada pelas entrevistas realizadas pela equipe do Pólis. A construção civil desponta como um setor em expansão e como uma opção de trabalho permanente. “Uma área que cresceu muito foi a construção civil, hoje em dia muitas construtoras estão construindo casas para vender, para alugar. Então uma área que tem muito emprego é a construção civil.” Além da construção de moradias de médio e alto padrão, a demanda por moradias populares é grande, em parte já atendida pelo projeto “Minha casa minha vida”. Como atestam os entrevistados: “Ajudou a resolver o problema de habitação no município.” “Você tem um déficit habitacional no país e a pessoa tem duas casas. Tá distorcido, no mínimo. É uma estrutura perversa.” “As invasões diminuíram bastante, mas existem ainda, e entram para a parte do mangue e provoca a contaminação de diversas vertentes, com resíduos sólidos e outros tipos de poluentes”. Assim como outros municípios do litoral paulista, Itanhaém concentra a maior parte do seu espaço geográfico em reserva ambiental. Possui uma das maiores áreas de mata de restinga da Baixada Santista, ambiente que vem sendo, de acordo com a maioria dos entrevistados da sociedade civil organizada, progressivamente degradado pelo avanço da expansão urbana e, principalmente, pelas ” frequentes invasões resultantes do permanente afluxo de posseiros oriundos de outros pontos do país”. Esse processo de alargamento da zona urbana, em razão da precariedade com que ocorre tem gerado não apenas problemas ambientais. Dá origem a núcleos habitacionais sem infraestrutura, na periferia do município, aumentando a pressão sobre o poder público com relação à necessidade de políticas nas áreas de habitação popular, educação, transportes e segurança, por exemplo. O crescimento exacerbado de Santos, Cubatão e Guarujá, em consequência do desenvolvimento das atividades comerciais e de serviços, geradoras de emprego, provocou um movimento altamente pendular em direção a outros municípios com melhores condições de habitabilidade e espaço disponível. Segundo as organizações da sociedade civil, Itanhaém reúne características naturais com capacidade de atrair esta demanda, aliado ao fato de ainda possuir áreas para construção de moradias, que segundo elas, deveriam servir para a população de baixa renda. “Ainda temos muita área para construção habitacional e isso deveria ser planejado para evitar ocupações irregulares e para retirar quem já se instalou em áreas de reserva” 5.2.5.b. Turismo e Pesca 79 A “cadeia de produção turística” pode ser definida como o conjunto das empresas e dos “elementos materiais e imateriais” que realizam atividades ligadas ao turismo, com procedimentos, ideias, doutrinas e princípios ordenados. Enumeradas, de acordo com estudos desenvolvidos pelo SEBRAE (2011)12, elas seriam divididas nas seguintes áreas: 1) Agência de viagens: a primeira porta de entrada ao turista, responsável pela emissão de passagens, pacotes, hotéis, e informações e assessoria sobre os destinos turísticos e a devida organização de itens de viagem; 2) Transporte: pode ser rodoviário, aéreo, ferroviário e aquaviário. As atividades envolvidas incluem assessoria a novas rotas, aluguel de veículos, fretamento e pacotes promocionais; 3) Alojamento: são os diversos meios de hospedagem, como hotéis, resorts, cama e café e pousadas. Serviços demandados neste setor são os mais variados, como a manutenção e segurança, serviços de reserva e telecomunicações, gerenciamento e suporte para negócios e convenções, além da construção e infraestrutura; 4) Alimentação: inclui desde estabelecimentos de bares e restaurantes, a empreendimentos de alimentação fora do lar, como quiosques e ambulantes. Os serviços relacionados vão do abastecimento aos meios de hospedagem às atividades de valor agregado como rede de distribuição, agricultura, logística e consultoria. 5) Atividades recreativas e desportivas: refere-se ao uso e benefício de equipamentos turísticos ou de uso da comunidade, como parques temáticos, unidades de conservação ambiental, eventos culturais e desportivos. 6) Outras atividades recreativas: em geral, relacionado ao comércio local com compras, artesanato, shopping e a inclusão da cadeia de produção regional. A devida identificação de cada ator, dentro da realidade local de um município ou Estado, é um desafio para gestores e empreendedores. Depois do devido diagnóstico da cadeia produtiva, os governos locais terão os meios para incentivar a criação e o fortalecimento de novas micros e pequenas empresas voltadas ao turismo, gerando mais emprego e sustentabilidade. Além das áreas citadas acima, o leque de beneficiados na cadeia produtiva inclui artesãos, agricultores, transportadores, pecuaristas, artistas, comerciantes, industriais e até empresários da saúde que conseguem ver no setor uma alternativa de desenvolvimento econômico. Do ponto de vista dos segmentos turísticos13, estes podem se dividir em: 12 a) Ecoturismo: segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações. Considerando os aspectos peculiares que o caracterizam e lhe conferem identidade – os recursos naturais –, o Ecoturismo exige referenciais teóricos e práticos e suporte legal que orientem processos e ações para seu desenvolvimento, sob os princípios da sustentabilidade; b) Turismo Cultural: o patrimônio cultural, mais do que atrativo turístico, é fator de identidade cultural e de memória das comunidades, fonte que as remete a uma cultura partilhada, a experiências vividas, a sua identidade cultural e, como tal, deve ter seu sentido respeitado. O uso turístico deve sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas. Assim, a atividade turística é incentivada como estratégia de preservação do patrimônio, em função da promoção de seu valor econômico. Assim, a definição dada pelo Ministério do Turismo para o “Turismo Cultural” compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura; c) Turismo de Aventura: o “Turismo de Aventura” compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo. Consideram-se atividades de aventura as experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvem desafio, riscos avaliados, controláveis e assumidos que podem proporcionar sensações diversas como liberdade, prazer, superação, a depender da expectativa e experiência de cada pessoa e do nível de dificuldade de cada atividade. Devido à dimensão econômica, às especificidades desse segmento turístico e às inter-relações com outros tipos de turismo, principalmente, quanto à segurança, o Ministério do Turismo delimitou em “Turismo Aventura: orientações básicas” Disponível em: http://www.sebrae.com.br/setor/turismo/o-setor/gestao/integra_bia/ident_unico/18466 13 Disponível em: http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/ Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 a abrangência conceitual dessa atividade e de definiu suas características, aspectos e atributos peculiares que lhe conferem identidade; d) Turismo de Sol e Praia: esta modalidade, mais conhecida e divulgada, praticada em cidades com praia, envolvendo uma gama de serviços de apoio, tais como serviços de hotelaria, alimentação, além de passeios diversos, comércio local etc.; e) Turismo de Pesca: compreende as atividades turísticas decorrentes da prática da pesca amadora, ou seja, atividade praticada com a finalidade de lazer, turismo ou desporto, sem finalidade comercial. O Brasil dispõe de recursos com potencial para atrair pescadores do mundo todo, representados pela diversidade de seus peixes, suas vastas bacias hidrográficas e seus oito mil quilômetros de costa, aproximadamente. f) Outros segmentos de Turismo: o Ministério do Turismo publicou um documento, parte do Programa “Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil”, onde se analisam 12 categorias do Turismo nacional, incluindo, além dos anteriormente supracitados, os de: Turismo Social, Turismo Cultural, Turismo de Estudos e Intercâmbio, Turismo de Esporte, Turismo Náutico, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo Rural e Turismo de Saúde. Em se tratando das vocações econômicas do município e fonte de geração de emprego e renda, dado o patrimônio cultural, notadamente o de cunho religioso e artesanal, o mar, as praias, a serra e etc., cabe mencionar algumas informações concernentes ao turismo e à pesca. Essas considerações, no âmbito da reflexão sobre o desenvolvimento econômico, buscam complementar as informações e análises apresentadas em outras dimensões que compõe o presente relatório geral. Quanto ao turismo, o setor é reconhecido como importante fonte de renda e emprego mas com limitações. De acordo com pesquisas realizadas pela equipe de Pólis, o emprego (ao lado da saúde) ocupa o topo das preocupações dos integrantes dos grupos de pesquisa. A sazonalidade da atividade turística é alvo de inúmeras inquietações. Ela restringe sobremaneira as possibilidades desse segmento de moradores, quase todos de baixa renda e escolarização, alcançarem uma estabilidade financeira que lhes permita vislumbrar perspectivas de um futuro melhor, além de contribuir para a construção da imagem de uma cidade ideal para aposentados. A frase “a gente tem que trabalhar no verão para comer no inverno”, é citada, em diferentes versões, para descrever as limitações impostas pela vocação econômica do município. É consenso que a questão do emprego mostra-se ainda mais grave para os jovens. “Aqui na temporada você encontra trabalho, mas registrado não. Você encontra aqueles bicos para trabalhar das sete da manhã às oito da noite e a pessoa se sujeita porque precisa. Acabou a temporada, quem tem aqueles empregos fixos ficam, mas muita gente fica desempregada (...) minha filha está trabalhando no Extra como temporária. Acabou a temporada, ela vai embora (...) minha esposa está no Vila Mazine, mas dia 30 agora ela vai sair fora” “Eu trabalho o ano inteiro com venda de tapioca, só que é o seguinte: a gente só ganha um dinheirinho mesmo na temporada, fora da temporada, a cidade é pequena, cai as vendas. Mas é lastimável, tem dia que não dá para tirar R$ 15,00 por dia” “Você tem que ganhar dinheiro na temporada pra viver o resto do ano” “Antes eu tinha que ganhar no verão para gastar no inverno porque a cidade realmente não tem um giro, é só turismo mesmo” “Minhas filhas querem trabalhar e não conseguem. Para o jovem é mais difícil”. Para minimizar a sazonalidade do turismo de veraneio, típico da região, os participantes apontaram diversos outros segmentos e potenciais locais que podem ser explorados para atrair geração emprego e renda o ano todo e melhores condições de vida da população, tais como: o ecoturismo devido aos atrativos naturais, o turismo histórico pela forte presença de patrimônios históricos e arquitetônicos, o turismo voltado à cultura popular, associado às comunidades e festas tradicionais, turismo rural, náutico e de aventura etc. 81 “O turismo aqui configura-se em turismo de veraneio. Não existe um turismo de alto padrão aqui. Não existe nenhum incentivo em relação à conscientização de limpeza de praias. Ela começa a perder a sua vocação inicial de fonte ...” “Tem potencial o turismo rural, turismo de patrimônio, ecoturismo, turismo de aventura.” “O turismo é a solução, mas não é só o turismo de praia. Outros segmentos devem ser explorados. O turismo náutico, o turismo histórico, religioso, turismo rural e de aventura..”. “A atividade turística pode constituir um impulso ao resgate das histórias que estão perdidas no município. Não existe apoio do governo local aos grupos indígenas locais.” “Há um estudo realizado que diz que o turista que vier pela Copa do Mundo no Brasil rodará durante sua estadia cerca de 200km. Itanhaém e o restante da Baixada Santista está contemplada neste raio de trânsito o que constitui um potencial para a cidade.” Apesar da grande potencialidade turística apresentada, há fortes críticas por parte dos participantes que apontam falta de planejamento, infraestrutura e incentivo à conscientização ambiental durante o período de veraneio: “Como desenvolver o turismo em uma cidade que não tem infraestrutura básica? A cidade não consegue absorver as demandas básicas com o contingente populacional de veraneio” No tocante à Pesca, a produção pesqueira não14 representa importante atividade geradora de renda em Itanhaém. Dos treze municípios estudados, a cidade é a que possui uma das menores participações no setor. De fato, de acordo com o “Informe da Produção Pesqueira Marinha e Estuarina do Estado de São Paulo”, do Instituto de Pesca do Governo do Estado de São Paulo, a cidade apresentou um desempenho, absoluto e relativo, ruim. Registra-se a discordância dos técnicos da prefeitura, quanto a veracidade do levantado pelo Instituto de Pesa, que registra o informado pelos pescadores, muito diferente da realidade. No tocante a Captura Total Descarregada, entre Janeiro e Dezembro de 2011, a cidade descarregou 47,8 toneladas, ficando atrás de todos os municípios. Em número de unidades produtivas, apresentou um dos piores desempenhos, com apenas 55 unidades. No ano de 2011, ocorreram 875 descargas no município (o menor número dos 13 municípios estudados por essa pesquisa). É importante destacar que, especificamente na Captura Total Descarregada, o principal aparelho de pesca utilizado foi o Arrasto-duplo pequeno14, responsável pela captura de 27,8 toneladas (58,2% do total – 47,8). Outro dado relevante refere-se a Categoria de Pescado. Dos dados disponíveis, o Camarão Sete-barbas é a principal categoria pescada na cidade. 5.2.5.c. Infraestrutura Outro aspecto merece ser mencionado e refere-se à infraestrutura. Como se sabe, a infraestrutura se coloca como um tema de imensos desafios como decorrência dos potenciais impactos dos investimentos na cadeia do pré-sal e de empreendimentos correlatos. O escopo é amplo e contempla infraestrutura urbana, para o turismo, para o tráfego de passageiros e de cargas e de potenciais atividades que poderão acontecer com estes investimentos. Em outros termos, é fundamental viabilizar investimentos em obras de infraestrutura e saneamento básico, aprimorando o fornecimento energético e o transporte de passageiros e de cargas. Desta forma, entende-se que o tema concernente à infraestrutura é de bastante relevância para averiguar as potencialidades de cada município. Investimentos Previstos em Infraestrutura 14 A título de comparação, o principal aparelho de pesca utilizado em Santos/Guarujá foi a Parelha. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 No tocante aos resíduos sólidos, há investimentos previstos ou ainda em execução em Itanhaém. São eles: 1) Implantação de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, executado pelo município no valor previsto de R$3.370.000,00; 2) Galpão de Triagem para Catadores, executado pelo município no valor previsto de R$391.891,27; 3) Elaboração de Estudo de Concepção, Projetos Básico e Executivo para Disposição final de Resíduos Sólidos Urbanos dos Municípios de Itanhaém e Mongaguá, executado pelo município no valor previsto de R$120.000,00; 4) Ampliação do SES na Sede Municipal – Sistema Sudoeste, executado pela Sabesp no valor previsto de R$187.567.254,00; 5) Pavimentação em Lajotas de Concreto, Guias e Sarjetas em diversas ruas dos bairros Jardim Magalhaes, Jardim Vila Nova Itanhaém, Sion, executado pelo município no valor previsto de R$16.472.907,31. Há também investimentos previstos à expansão do aeroporto que dá apoio logístico às operações das plataformas na Bacia de Santos. Os investimentos potenciais da Petrobras são bem vistos pelos munícipes. Quanto ao futuro, os negócios relacionados ao pré- sal projetam perspectivas positivas para o município e para a mão de obra local. A demanda por cursos de qualificação se recoloca com força ainda maior na perspectiva de que a população da cidade possa ser absorvida pelos novos empreendimentos e beneficiada pelo crescimento que se antevê. O aeroporto e sua ampliação se inscreve no âmbito do projeto do pré-sal e junto com o porto respondem pela expectativa de maior dinamismo da cidade e a geração de empregos indiretos no ramo da hotelaria e serviços correlatos. De acordo com os entrevistados: “Eu acho que tem que valorizar as pessoas eu moram aqui. Quando eu digo valorizar é dando um curso preparatório porque muita gente não tem condições de estar fazendo uma faculdade, de estar fazendo um curso técnico” “Esse negócio do porto vai ter mais empregos, só que eu acho que eles trazem todo mundo de fora pra trabalhar. Então eu acho que vai ter mais movimento, porque com o porto vai movimentar, a cidade vai ter circulação de dinheiro, vai ter empregos e seus filhos não tem curso, não tem nada, então precisa ter curso para isso (...) “Fazendo o porto, eles ampliam o aeroporto, quem sabe mais para frente eles fazem um hotel, quem sabe um hotel 5 estrelas” Há prevista, também, a construção da estrada ligando Parelheiros (na Grande SP) a Itanhaém. Há também dois investimentos de grande magnitude contratados pela prefeitura municipal, em 2012, por intermédio da Caixa Econômica Federal16: do programa de transportes, no montante de R$16.941.093,37, para a construção pavimentação, guias e sarjetas de diversas ruas, e outro do PAC na área de cultura, com um valor de 2.386.365,22, para a construção de Praça de Esporte e Cultura. Infraestrutura e mercado de carbono: as potencialidades da economia verde nos municípios da Baixada Santista e Litoral Norte Paulista O aumento da concentração de gases efeito estufa (“GEE”, Uma forma desses municípios intensificarem essa possibilidade é adotando práticas que os levem a se tornar que inclui CO2, CH4, N2O, CFCs, HFCs, PFCs, SF6, resultantes primordialmente da combustão de combustíveis fosseis e emissão de gás metano e gases industriais) está causando alterações climáticas globais, incluindo o fenômeno do aquecimento global. Preocupados com os problemas climáticos causados pela concentração excessiva de GEE na atmosfera, 190 países, reunidos na Convenção do Rio de 1992, adotaram a Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas da ONU (“United Nations Framework Convention on Climate Change” - UNFCCC). Desde então, várias iniciativas vem sido desenvolvidas internacionalmente para promover a redução de emissões de GEE. 83 Para se adequar as metas estabelecidas por Quioto, a Comunidade Europeia estabeleceu um sistema de comércio de cotas de emissão de GEE (“cap & trade system”) para controlar as emissões de seu setor industrial. O sistema de comércio de cotas de emissão europeu (“EU Emissions Trading Scheme” - EU ETS), iniciado em 2005, se expandiu rapidamente e em 2011 este mercado movimentou um total de EUR 120 bilhões em cotas negociadas. De acordo com as regras deste sistema, indústrias participantes podem, para atingir suas metas de redução de emissões, comprar e vender cotas entre elas, e ainda comprar os créditos de projetos de redução de emissões. O EU ETS representa uma grande fonte de demanda internacional para créditos de MDL. O centro deste mercado é Londres, que hoje conta com uma vasta indústria de prestadores de serviço associados a este setor. No Brasil, mais recentemente, com a aprovação da Política Nacional sobre Mudanças do Clima – PNMC (Lei 12.187 de 29 de dezembro de 2009), o país se posicionou a favor da construção de um mercado de carbono nacional, baseado no estabelecimento de metas de redução de emissões domesticas. Em 2011 o governo federal firmou um acordo com o Banco Mundial para a inclusão do país no Parternship for Market Readiness. Este programa do Banco Mundial oferece apoio técnico e financeiro a países que tem interesse na criação de um mercado de carbono nacional. Dada a predominância de emissões gerados pelo uso da terra no país, o Brasil está também estudando e desenvolvendo sua política nacional de REDD (redução de emissões de desmatamento e degradação florestal)15. Em se tratando das perspectivas municipais no mercado de carbono, a ideia pode representar uma opção economicamente sustentável aos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte Paulista. Ao preservaram suas reservas florestais e ampliarem sua cobertura vegetal, essas cidades podem acumular créditos de carbono que podem ser vendidos ou trocados, negociações possíveis de serem feitas, por exemplo, na Bolsa Verde do Rio de Janeiro. Uma forma desses municípios intensificarem essa possibilidade é adotando práticas que os levem a se tornar um “Município Verde”, incorporando ações econômicas, sociais e ambientais. Entende-se por município verde, “um município que desenvolve atividades produtivas sustentáveis com baixa emissão de carbono e alta responsabilidade social e ambiental”16. Uma das diretrizes deste projeto é a economia de baixo carbono e manutenção da biodiversidade, a partir da redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e da manutenção da diversidade de espécies animais e vegetais. A Bolsa Verde do Rio de Janeiro, bolsa de valores ambientais de abrangência nacional, que também assinou a adesão ao Programa Municípios Verdes, possibilitará que os produtores possam comercializar seus créditos de maneira mais simples e qualificada17. 5.3 Mercado de Trabalho Os impactos dos investimentos na cadeia de petróleo e gás natural, bem como seus desdobramentos em investimentos de infraestrutura (portos, rodovias etc.) indubitavelmente trarão impactos na questão da mão de obra. Um recente estudo (ONIP, 2011), aponta para a possibilidade de geração de mais de 2 milhões de postos de trabalho no país, como desdobramento dos investimentos que já vem se efetivando e que se manterá até 2020 nesta cadeia. A magnitude e a abrangência da cadeia de petróleo e gás natural fazem com que o setor apresente necessidades diversificadas por mão-de-obra. Estudos realizados pelo SEBRAE Nacional18 identificam 15 Conforme informações extraídas de: www.bvrio.org Segundo informações retiradas de: www.municipiosverdes.com.br, que serve aos municípios do Pará, já que o Programa do Município Verde Azul, da Secretaria de meio Ambiente de São Paulo ainda não incorporou o estímulo a redução da emissão de carbono. 17 Idem. 18 Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/8760602B214695CA832573BE004E6135/$File/Ind%C3%BAstria_do_Petr%C3%B3leo. pdf 16 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 os perfis de recursos humanos, de nível médio e superior, que serão demandados como corolário destes investimentos. São eles: Engenheiros: Químico; Civil; de Inspeção de Equipamentos; de Instalações Marítimas; de Manutenção; de Materiais; de Perfuração; de Processamento de Petróleo; de Produção; de Reservatório; de Telecomunicações; Eletricista; Eletrônico; Metalurgista; Naval; Submarino Geofísico; Geólogo; Paleontólogo Químico de Lama e de Petróleo Analistas Eletricistas Inspetor de Ensaios não Destrutivos; de Equipamentos Instrumentistas Mecânicos Operadores de Processo; de transferência e Estocagem; de VCR Soldadores Sondadores Técnicos de Laboratório; de Produção; de Perfuração; de Suprimentos; de Instrumentação; de Manutenção; de Processamento Para suprir as necessidades da indústria petrolífera nacional, foi criado em 2006, o Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNQP) do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural - Prominp, cujo objetivo é o treinamento da mão-de-obra (com o oferecimento de bolsas de estudo para os participantes) demandada pelos empreendimentos do setor de petróleo, principalmente para as empresas fornecedoras de bens e serviços nos 17 estados do País onde foram previstos investimentos por parte da Petrobras. A estruturação de cursos do PNQP é baseada na previsão de demanda, calculada com base no portfólio e projetos da Petrobras. O foco do PNQP é a qualificação profissional por meio de cursos de curta duração (semestrais), destinados ao ensino básico, médio e superior, além de cursos de formação gerencial. Em se tratando deste Programa, é interessante tratar do tema “conteúdo local”. A parcela de participação da indústria nacional no fornecimento de bens e serviços para um determinado empreendimento é denominada de “conteúdo local”. Ou seja, quando uma plataforma ou refinaria, por exemplo, possui um alto índice de conteúdo local, significa que os bens e serviços utilizados em sua construção são, em grande parte, de origem nacional, e não importados19. Dados do Censo SUAS (2011)20, elaborado pelo MDS, em seu Boletim especial para o tema Qualificação Profissional aponta que no município existe estudo setorial ou diagnóstico socioeconômico que tenha sido realizado nos últimos cinco anos. O governo municipal desenvolve programas, ações ou projetos de inclusão 19 Desde 2003, o Governo Federal vem implementando uma política de conteúdo local no setor de petróleo e gás natural com o objetivo de ampliar a participação da indústria nacional no fornecimento de bens e serviços, em bases competitivas e sustentáveis, a fim de traduzir os investimentos do setor em geração de emprego e renda para o país. 20 http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/carrega_pdf.php?rel=qualificacao_profissional (Acesso em 11.06.2012). 85 produtiva para geração de trabalho e renda, assim como programas, ações ou projetos de formação, qualificação ou capacitação profissional. No entanto, em se tratando de programas específicos de inclusão socioprofissional para deficientes físicos, nota-se que não existem projetos específicos para este grupo. Ainda de acordo com este Censo, há projetos, ações e programas de geração de trabalho e renda em parceria com o Governo Federal, Estadual e organizações não governamentais. No tocante às ações de qualificação profissional vem sendo desenvolvidas parcerias com o Governo Federal, com organizações não governamentais e com o Sistema S. No que tange aos grupos beneficiados pelos programas, ações e projetos, somente os beneficiários do Programa Bolsa Família que foram selecionados21 foram beneficiados como programas, ações ou projetos de formação, qualificação ou capacitação profissional. Ainda, de acordo com o Censo SUAS – 2011, a gestão municipal ofereceu, no total, 40 vagas de inclusão produtiva, sendo 20 na área do artesanato e 20 em serviços pessoais. A Pesquisa da Fundação Seade22 indica iniciativas implementadas em 2010 no município referentes à qualificação profissional: Cursos de Qualificação Profissional Vagas Ofertadas 3172-05 Operador de computador (inclusive microcomputador) 120 0008-10(1) Habilidades Gerais – Idiomas 20 0008-30(1) Habilidades Gerais – Idiomas 20 0050-80(1) Autodesenvolvimento 20 23 É valido destacar que o “Via Rápida Emprego ” ofertará cursos de informática na cidade. Em se tratando especificamente dos impactos do Pré-sal e dos empreendimentos da Petrobras, uma forma de superar a sazonalidade dos empregos gerados nos setores responsáveis pela maior demanda de mão de obra (turismo e construção civil) é a qualificação em setores mais dinâmicos, que abre perspectivas para inserção no mercado de trabalho em ocupações promissoras. Essas ações são realizadas, em grande medida, por instituições oficiais como o Sistema S em parceria com a Petrobras. Entretanto, a preocupação com a qualificação e empregos de melhor qualidade são preocupações centrais dos munícipes, e os entraves à geração de emprego e renda são mal vistos na cidade. A baixa oferta de empregos qualificados/ permanentes na cidade monopoliza as atenções e dialoga com as restrições impostas “pelo meio ambiente” a projetos vistos com alto potencial de alavancar o mercado de trabalho local. O parque da Xuxa é citado como um infeliz exemplo das restrições impostas pelo IBAMA. Esse órgão também responde pelo embargo das obras relacionadas ao Porto, apontado como uma importante fonte de crescimento da cidade, localizado entre os municípios de Peruíbe e Itanhaém. Em meio à discussão sobre crescimento e geração de empregos, o tema do meio ambiente é central. A disjuntiva entre crescer e conservar se coloca no âmago da questão, suscitando um “duelo” entre argumentos e pontos de vista distintos. Nas linhas e entrelinhas dessa discussão, em que não faltaram reconsiderações, muitas vezes em nome do politicamente correto, a balança parece pender pela flexibilização da legislação ambiental, tida por alguns como uma boa solução de conciliação. “O porto é na divisa de Peruíbe e Itanhaém. Só que o IBAMA não quer. Depois que ficar pronto, eles falam que vai ter bastante emprego (...) essa coisa do porto, da ampliação do aeroporto é ótimo! É uma melhoria para os nossos filhos, é emprego para eles, é emprego para nós. É uma coisa boa” 21 22 23 O que significa que nada foi direcionado à população ribeirinha, comunidade quilombola, agricultor familiar, povos indígenas etc. http://bi.seade.gov.br/SimTrabalho/ (acesso agosto/2012) www.viarapida.sp.gov.br Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “O IBAMA sempre foi o pé no breque aqui. Ele sempre foi um pé no freio, não deixou evoluir de jeito nenhum. Tanto que o parque da Xuxa não foi feito. Qualquer projeto que mexa com uma arvorezinha não pode (...) é o que ele falou do parque da Xuxa. A área é praticamente um mangue lá. Quando dá um pé de vento forte, as árvores caem, não precisa de uma pessoa ir lá para derrubar (...) parte da Amazônia pode desmatar, e aqui não pode? Se o parque da Xuxa viesse para cá, o avanço da cidade teria sido muito mais rápido, teria evoluído mais. Era para 500 pessoas, ia trazer turista” “O IBAMA não atrapalhou a Praia Grande e lá cresceu (...) Eu espero que a Petrobras traga emprego, desenvolvimento, turismo, é um pacote (...) tudo sem ter um choque tão grande com a cidade. Um choque que não tenha desmatamento, quer dizer, que tenha um desmatamento, mas que não seja grande (...) para que tenha um equilíbrio” “O porto e o aeroporto é por causa do pré-sal. Acontece que o porto tem aí o problema dos índios que nem estão lá há muito tempo, faz pouco tempo que eles foram para essa região lá. Até eu lembro que há pouco teve uma comemoração da demarcação das terras deles” “Tem um monte de mato velho aí, mas não pode desmatar. Mas nas outras cidades também eram mato e tem indústrias. Por que aqui não pode? (...) seria bom o parque da Xuxa, ia trazer mais gente. O IBAMA não deixou porque ia desmatar uma área grande. É uma questão de ecologia. Para mim foi ruim (...) tem como vir uma empresa para cá que tenha tratamento de filtro” Os investimentos do Pré-Sal são benvindos, mas há receios quanto à capacidade da cidade em atender a demanda por mão de obra. O debate revelou que há perspectivas em relação aos investimentos acompanhadas da preocupação em qualificar a mão de obra local, que atualmente não está preparada para receber este tipo de demanda. Esta preocupação suscitou a deficiência no desenvolvimento de mão de obra qualificada e a ausência de centros de formação voltados às cadeias produtivas de petróleo e gás e outros setores da economia, como a verticalização, etc.. “Não existem projetos de qualificação profissional. A Petrobras está vindo aí, mas ninguém vê.Qual a possibilidade você ser absorvido nestas perspectivas. É preciso investir na educação.” “Tá vindo a Petrobras e o Pré-Sal e você não vê projetos de qualificação profissional” A população da cidade não está sendo absorvida nestes empregos que estão sendo gerados pela Petrobras e Pré-Sal. “Eu vejo ela (Petrobras) como um trator. Ela não mede esforços para tirar os obstáculos da frente para ela chegar onde quer.” “A Petrobras não tá chegando agora, quando eles viram que o município tinha potencial, ela já deveria ter investido antes nas pessoas.” “Este processo trouxe muita gente de fora. Até conseguir qualificar as pessoas do município, muita gente já ficou marginalizada.” “Petrobras aqui, vem como o canto da sereia.” “A verticalização vai aumentar com o pré-sal...” “Você tem que olhar pra cidade e tem que olhar pra fora para enxergar todos os investimentos: rodoanel, ampliação de portos etc...tudo configura a demanda do pré-sal.” Este cenário avaliado como parte integrante de um contexto regional maior (Centro-Sul da Baixada), cujas preocupações e expectativas se assemelham. 87 “Cada cidade da Baixada Santista vai arcar com um processo do modelo logístico de desenvolvimento do Pré-sal...você tem todo uma região que sofre um abalo, sofre uma consequência, então há necessidade de que estas pessoas que estão neste território dialoguem em nível regional e não só em seus municípios...” “Se você for olhar para a cidade ao lado, a situação é a mesma.” Além das perspectivas apontadas pela cadeia de petróleo e gás, a agricultura local apresenta-se uma atividade potencial de geração de recursos para o município. “ A área rural é um potencial: projetos de segurança alimentar, agricultura familiar, tem muita área para produção rural. Hoje é agricultura que tem grande parte do PIB da cidade.” “Itanhaém tem uma vocação rural também. Nós temos a segunda bacia hidrográfica litorânea do Estado. Hoje tem a feira do produtor que fortalece este aspecto. É uma das soluções do município.” “A agricultura familiar gera empregos e fixa o sujeito na terra. As comunidades mais afastadas estão querendo migrar para o centro da cidade porque estão seduzidos pela coisa urbana, quando na verdade, a gente quando vai até lá é que se seduz pelo estilo de vida deles. Então existe esta inversão de valores. Então é muito importante que isso seja trabalhado.” Alguns fazem menção à época quando Itanhaém pautou o cenário econômico agrícola da região, com grandes plantações de banana, cultura que hoje se mostra desgastada e sem perspectiva. Mas a maioria reclama da falta de projeto e planejamento para explorar o potencial da área rural, o que poderia resultar em geração de emprego e renda para as famílias destas regiões: possibilidades de incrementar o turismo e o ecoturismo e de estimular a produção da agricultura familiar e da pesca. Iniciativas nesse sentido inverteriam, segundo parte dos munícipes, a lógica sazonal do turismo de praia e devolveriam a essa população o reconhecimento e a oportunidade de crescerem econômica e socialmente. “Área rural é um potencial: projetos de segurança alimentar, agricultura familiar, tem muita área para produção rural e isso deve ser valorizado econômica e culturalmente.” “Trouxemos recursos para o município, para tentar atingir uma população que está desamparada, sobretudo na zona rural, para tentar dinamizar a economia, mas nem assim tivemos apoio da prefeitura. Ela virou as costas, completamente.” “A cidade não entende nossas críticas, acham que mordemos a mão que alimenta.” “Em outra época, fomos o maior exportador de banana, aí o centro das atenções era a área rural.” “Se não fosse o Governo Federal, eu não sei o que seria do nosso município. É tudo recurso federal. E não é só no nosso município. É na baixada toda.” “Lá (na zona rural) não tem nada mesmo, é largado de vez pelo poder público.” “Ninguém vê, por que é meio do mato, então ninguém faz nada.” “O que os olhos não veem, o coração não sente e isso se refere à exclusão do pessoal da área rural, que tá abandonada pelo prefeito.” Para melhor entendermos as especificidades do mercado laboral de Itanhaém, cabe analisar alguns indicadores de mercado de trabalho destinados a apresentar algumas especificidades do mercado de trabalho no que tange à sua estrutura, distribuição e formalidade. Com base nos dados do IBGE, de 2010, Itanhaém possui 87.053 habitantes e sua População em Idade Ativa (PIA) é de 73.593, ou seja, 84,5% de sua população total. Vale lembrar que a PIA refere-se ao segmento da população total com idade entre 15 e 65 anos, ou seja, parcela de que uma sociedade pode dispor para a realização de sua produção nacional. No entanto, no Brasil, onde as políticas públicas tiveram alcance limitado, considera-se como integrante da PIA as pessoas com 10 anos ou mais, sem critérios de estabelecimento de Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 idade limite24. Mas nem todas as pessoas com 10 anos ou mais estão “disponíveis” para a vida produtiva, pois parcela desta encontra-se estudando, doente, como donas de casa e aposentados. Assim, apenas uma parcela da PIA realiza alguma atividade produtiva. Esta parcela chama-se População Economicamente Ativa (PEA). Em Itanhaém, a PEA (41.132) é de cerca de 55,9% da PIA. Do total da PEA, há um segmento que se encontra efetivamente trabalhando (ocupados) e outro que está fora do mercado de trabalho em busca de ocupação (desocupado). Em Itanhaém, a taxa de ocupação (população ocupada dividida pela PEA) é de 89,6%, visto que há 36.850 ocupados. No tocante à taxa de desocupação (maior que a média estadual e nacional para o ano de 2010), houve uma queda substancial frente ao ano de 2000, quando a taxa foi de 23%. Outro indicador é a informalidade do mercado de trabalho no município. Sabe-se que não há consenso teóricoconceitual (o que redunda em dificuldades para quantificação) em torno da informalidade, sendo necessária a elaboração de proxys para sua análise. Neste trabalho, com o intuito de analisar o peso das ocupações em situação de informalidade (sem carteira de trabalho assinada), optou-se por somar os empregados sem carteira e os por conta própria e dividi-los pelo total de empregados. Entende-se que este exercício nos permite ter uma ideia de quanto pesa o mercado de trabalho informal no município. Com base nesta construção, nota-se que a taxa de informalidade do mercado de trabalho é de 53,3% em Itanhaém, bastante superior às taxas registradas no Estado de São Paulo e na média nacional. Em relação à taxa registrada em 2000 (49%), nota-se um aumento do peso das ocupações informais no município. Quadro 5. Indicadores de Mercado de Trabalho, 2010 Local PEA PIA Tx Desocupação* (Em %) Tx Informalidade** (Em %) Itanhaém 41.132 73.593 10,4 53,3 Estado de SP 21.639.776 35.723.254 8,1 33 Brasil 93.504.659 161.981.299 7,6 41 Fonte: IBGE, SIDRA - Censo 2010 (Elaboração Própria) *: População Desocupada/PEA **: Proxy considerando os empregados sem carteira e os por conta própria/total de ocupados Em relação aos empregos formais no município, em 2010 (foram contabilizados neste ano 12.181 empregos formais), têm-se o seguinte cenário: 36,9% estão no setor de serviços; 28,6% no comércio; 24,7% na administração pública; 3,9% na construção civil, 2,1% na indústria de transformação e nos serviços industriais de utilidade pública, e 1,7% na agropecuária. É válido mencionar que o emprego formal captado pelos dados do RAIS/MTE refere-se aos vínculos empregatícios regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e estatutários (regidos pelo Estatuto do Servidor Público) no mercado de trabalho nacional. A partir destes dados, percebe-se que os empregadores neste município são o setor de serviços, de comércio e a administração pública. Figura 4. Distribuição (%) dos empregos formais por setores da atividade econômica 24 Conforme nos atenta Dedecca (1998:96): “Os limites de idade da PIA variam de acordo com o nível de desenvolvimento de cada país”. 89 Itanhaém, SP, 2010 Participação do Emprego 0% 2% Indústria de transformação 4% Construção Civil 25% 28% 2% Comércio Serviço 2% Agropecuária 37% Servicos industriais de utilidade pública Fonte: MTE, RAIS No que se refere à remuneração média auferida em Itanhaém, para o ano de 2010, verifica-se (Figura 5) que os maiores salários estão no setor de serviços industriais de utilidade pública (SIUP: água, esgoto etc.), R$ 2,9 mil, em que pese o fato deste setor ter baixa representatividade no que diz respeito à geração de emprego (2% do emprego total do município). Do outro lado, o menor rendimento auferido está na administração pública, o que é muito incomum, visto ser esse um setor com remuneração acima da média na maioria dos municípios estudados (o que mostra provável atrofiamento/desmantelamento deste setor em Itanhaém). Os serviços e o comércio, setores de significativa importância para a geração de empregos formais nestes municípios, registram remunerações de R$ 1.272 e R$ 933, respectivamente. Com exceção dos rendimentos médios para o setor de SIUP e agropecuária, em todos os demais setores vale notar que os rendimentos médios auferidos em Itanhaém são inferiores aos registrados seja no Estado de São Paulo seja em relação à média nacional. O rendimento médio com vínculo empregatício no município é R$ 1.313,86 (SEADE 2010). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura 5. Remuneração média em reais por setores da atividade econômica Itanhaém, SP - 2010 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 848,49 1000 500 0 2.926,25 1.339,39 932,84 1.272,04 1.454,49 595,81 0 Itanhaém São Paulo Brasil Fonte: MTE, RAIS Do ponto de vista de gênero, ao analisar os dados do mercado de trabalho formal no município, de acordo com a RAIS, para o ano de 2010, percebe-se que, do total dos empregos formais gerados no município de Itanhaém, 48,3% são ocupados por mulheres. Em se tratando dos rendimentos médios, na média, os salários das mulheres, para as mesmas atividades exercidas, são cerca de 84,7% dos ocupados do sexo masculino (R$ 1.325,14 contra R$ 1.122,14). Por faixa etária, os jovens, de idade entre 15 a 24 anos (metodologia IBGE), representam 18,2% do total dos empregados e auferem, em média, 66% do rendimento médio do total de empregados formais. Outro ponto pertinente de ser exposto refere-se ao número de operações e volume de empréstimos concedidos pelo Banco do Povo Paulista25, administrado pela Secretaria de Emprego e Relações de Trabalho do Estado de São Paulo (SERT), em conjunto com a Prefeitura, cujo principal objetivo é o auxílio na geração de trabalho, emprego e renda, a partir do microcrédito que se direciona para a consecução de pequenos negócios formais ou informais26. Conforme se percebe na Tabela abaixo, o número de operações e o volume emprestado reduziram-se significativamente, sobretudo nos dois últimos anos em que os dados estão disponíveis, o que demonstra espaço para retomada de um maior número de empréstimos. Isto reflete nas potencialidades que se abrem para os pequenos empreendedores que, em sua maioria de baixa renda e não inseridos no mercado formal de trabalho, lutam pela sobrevivência econômica a partir de empreendimentos enquadrados na órbita da economia solidária. 25 http://www.bancodopovo.sp.gov.br/ Os objetivos específicos do programa são: democratizar o acesso ao crédito de pequenos empreendedores que objetivam produzir e crescer, apoiando suas habilidades e experiências de produção e serviços; aumentar a renda familiar; estimular o empreendedorismo e a criação de novos postos de trabalho e oferecer oportunidades reais de melhoria no trabalho e na renda. 26 91 Tabela 1. Número de operações e valores emprestados (em R$) pelo Banco do Povo Paulista em Itanhaém 2000 a 2011 Empréstimos Média de Valor Em R$ Em R$ Ano No. de Operações 2000 0 0 0 2001 14 26.569 1.898 2002 56 133.415 2.382 2003 81 195.663 2.416 2004 41 95.596 2.332 2005 46 154.601 3.361 2006 72 246.602 3.425 2007 48 162.817 3.392 2008 22 90.495 4.113 2009 28 96.689 3.453 2010 1 5.294 5.294 2011 0 0 0 Fonte: SERT - Banco do Povo Paulista - SEADE Esta é, inclusive, uma frente que pode ser fomentada, como elemento de contribuição ao desenvolvimento econômico do município, em projetos, ações e práticas que devem estar articuladas aos governos estadual (como o próprio Banco do Povo Paulista) e também federal, no âmbito da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES). Vale lembrar que inúmeras práticas levadas a cabo pelas operações utilizando o microcrédito e a economia solidária representam uma forma específica de operar ações de geração de trabalho e renda, pois estão assentadas em uma concepção estratégica de desenvolvimento territorial. Na práxis, é necessário pensar o território a partir da inter-relação de, principalmente, três aspectos: a) setoriais: objetivando melhoras permanentes da eficiência e da produtividade dos setores produtivos, a partir de ações para a qualificação, formação, inovações tecnológicas etc.; b) territoriais: formas de administrar e gerir os recursos endógenos (mão-de-obra, recursos naturais e infraestrutura), visando a criação de um entorno local favorável e c) meio ambientais: a partir de ações para conservação dos recursos naturais e do respeito ao ecológico, tido como valor estratégico em questões de desenvolvimento de localidades. No entanto, é mister frisar que tal ideia não deve negligenciar a importância das políticas econômicas adotadas em âmbito federal. Muito pelo contrário, estas devem ser pensadas e implementadas de modo a contribuírem para a exitosa consecução das políticas territoriais. Afinal, questões cruciais como taxa de juros, nível de investimento, taxa de câmbio, bem como percentual de repasses aos municípios e de gastos em determinadas políticas locais, são decisões tomadas em âmbito federal e que podem ajudar ou inviabilizar ações, programas e projetos de desenvolvimento territorial/local. 5.4 Finanças Públicas e o Desenvolvimento Socioeconômico municipal: a experiência de Itanhaém Para melhor situarmos as pertinentes conexões entre as finanças públicas municipais e o desenvolvimento socioeconômico, entende-se como relevante tecer algumas observações a respeito deste tema, em que pese que neste Relatório exista uma parte específica concernente às finanças públicas. O Estado brasileiro, principalmente a partir implementação do Modelo de Substituição de Importações, através de seus Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 investimentos diretos, das companhias estatais e do planejamento executado, teve um papel fundamental no desenvolvimento econômico de nosso país. Apesar do processo de privatização desenvolvido a partir dos anos de 1990 a importância do Estado continua expressiva na área econômica e na área social. Neste contexto é importante lembrar que, cerca de 34% do PIB, chega às mãos do setor público através da cobrança de tributos federais, estaduais e municipais. Especificamente em relação aos municípios essa presença do Estado, através das ações da prefeitura bem como das esferas estadual e federal, mesmo que em muitos casos ainda insuficiente, é fundamental para o desenvolvimento local. Na área da educação, por exemplo, é do conhecimento de todos que a grande maioria dos estudantes de nosso país, com exceção do ensino universitário, dependem fundamentalmente do ensino público gratuito. Nessa área, as prefeituras são as principais responsáveis pela manutenção de creches e de escolas do ensino fundamental. O mesmo podemos dizer sobre a área da saúde pública onde a maioria da população depende dos serviços de atendimento em postos de saúde mantidos em grande parte pelas prefeituras. No caso específico de Itanhaém alguns dados são ilustrativos nesse sentido. No caso dos gastos com pessoal e encargos sociais se verifica que R$ 82,1 milhões correspondente a 41% do total da despesa corrente empenhada do município em 2010 foram despendidos neste tipo de gastos. Não há dúvida que a renda proveniente desses salários é gasta no comércio e nos mais variados serviços oferecidos no município desencadeando todo um efeito multiplicador de emprego, renda e arrecadação de tributos. Ao acrescentar ao valor apontado, as despesas com as transferências de recursos da prefeitura para instituições privadas sem fins lucrativos, que somaram R$ 8,9 milhões - e as despesas com outros serviços de terceiros que corresponderam a R$ 48,3 milhões, temos a dimensão da importância do gasto público como gerador de emprego, renda e atendimento a população nas mais variadas áreas. Em relação às receitas que são vinculadas às transferências correntes (o total foi de R$105,3 milhões) destacase que a maior parte vem do FUNDEB, atingindo 42,6 milhões. Em segundo lugar estão as oriundas da União, atingindo R$ 38,4 milhões. A receita com Outras Transferências da União – Compensação Financeira/Royalties Petróleo foi baixa, R$ 312,2 mil. Com o desenvolvimento do Pré-Sal espera-se que este tipo de receita – Transferência de Compensação Financeira - ocupe um espaço cada vez maior na composição da receita do município. Já a transferência do FPM representou R$ 21,2 milhões. Em relação ao potencial de crescimento das transferências baseadas no FPM é importante assinalar que elas estão vinculadas ao crescimento do PIB porque os recursos deste Fundo estão baseados na arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI e do Imposto de renda – IR. Os recursos do Fundo refletem também as possíveis políticas de isenções fiscais como as que ocorreram em 2009 para enfrentar a crise econômica. Naquele período houve a isenção do IPI para a indústria automobilística e a chamada linha branca, o que diminuiu o montante da receita do Fundo, causando consequente redução do valor transferido para muitos municípios. As Transferências do Estado representaram 11,1% do total da receita, R$ 21,8 milhões. A maior parte desses recursos foi das transferências do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, com R$ 16,9 milhões. O potencial de aumento dessa fonte de arrecadação também está diretamente ligado ás perspectivas de aumento do PIB e também a uma fiscalização mais eficaz. Outra forma de se potencializar esse tipo de arrecadação é a implantação de novas empresas no município se for o caso. Por esses dados da receita, é possível concluir que a melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento local estão ligados ao desenvolvimento econômico do país. 93 Por sua vez os financiamentos/repasses que estão sendo realizados pela Caixa Econômica Federal naquele município, entre 2006 e 2012 e que estão em vigência, atingem o valor total de R$ 22,7 milhões, sendo R$ 19,4 milhões destinados à Prefeitura Municipal. Esses recursos estão sendo investidos nas áreas de infraestrutura, habitação, saneamento e outras. Esses dados reforçam, ainda mais, o entendimento sobre o papel dos recursos públicos na melhoria da qualidade de vida da população e da infraestrutura nas mais variadas esferas do município. Em relação à amortização da dívida, esta despesa representou 4,8% da despesa total com R$ 9,6 milhões de empenho. Segundo o Relatório de Gestão Fiscal de 2010, o valor total da Dívida Consolidada era de R$ 38,2 milhões, o que representava 21,5% da receita corrente líquida. É importante assinalar que, segundo a Resolução 40 do Senado, os municípios podem ter uma dívida que represente até 120% de sua receita corrente líquida. Portanto há uma grande margem para a Prefeitura captar recursos via operações de crédito, fazer investimentos e antecipar a solução de inúmeros problemas do município. 5.5. Considerações finais O desenvolvimento econômico do território deve considerar a importância não somente da dimensão econômica (relacionada com a criação, acumulação e distribuição da riqueza), mas também das dimensões social e cultural (implica qualidade de vida, equidade e integração social), ambiental (se refere aos recursos naturais e a sustentabilidade dos modelos de médio e longo prazo) e política (trata-se de aspectos relacionados à governança territorial, bem como ao projeto coletivo independente e sustentável). Tratando especificamente de Itanhaém e comparando-a aos demais municípios abarcados por esse projeto, a cidade revelou-se uma das mais pobres. Possui o segundo menor pib/capita e uma das mais baixas participações da indústria na renda municipal. Ademais, com índices de indigência e pobreza altos, apresentou uma taxa de informalidade das mais elevadas. E uma curiosidade: a despeito da grande participação da administração pública no total dos empregos formais, a média salarial nesse setor em Itanhaém é a mais baixa dos treze municípios aqui estudados: R$ 595,8. O que causa estranheza, visto esse setor ter remuneração acima da média em todos os municípios aqui estudados. A média do setor industrial também revelou-se diminuta: R$ 848,5. Por outro lado, a dinâmica dos empréstimos do Banco do Povo demonstra a decrescente motivação em efetivar novos empreendimentos na localidade, principalmente nos últimos dois anos. O baixo dinamismo municipal e a tendência em “realizar-se” economicamente fora de Itanhaém pode ser percebida pelo significativo número de jovens que saem da cidade para estudar e trabalhar, visto as restritas oportunidades oferecidas pelo município. A “escassez” de oportunidades pode ser percebida também pela baixa participação da pesca na geração de trabalho e renda na cidade, o que é incomum num município litorâneo. Por outro lado, as Transferências da União – Compensação Financeira/Royalties Petróleo são baixas, da ordem de R$ 312,2 mil anuais, o que dificulta o protagonismo do Poder Público local em inciativas de geração de trabalho e renda. O município deve, obrigatoriamente, lutar por maior participação nesses recursos, porque a fatia que hoje recebe é irrisória. O incremento desses recursos significa mais dinheiro a ser destinado a áreas econômicas e sociais relevantes, como educação, saúde, meio ambiente e moradia, melhorando em muito o desenvolvimento econômico e socioambiental da cidade. Entretanto, percebe-se uma elevação na atividade da construção civil, o que aquece o mercado e aumenta as chances de geração de trabalho e renda. O aumento das construções imobiliárias e da expansão do heliporto, ambas relacionadas ao Pré-Sal, parece configurar-se como alternativa, dentro de certos limites, ao baixo dinamismo econômico que caracteriza o município. E a chance de novas ligações com a cidade de São Paulo pode aumentar a atividade do turismo na região, bastante sazonal. É compreensível, portanto, que os investimentos da Petrobras na região sejam vistos como esperança de melhores empregos e salários. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 95 6 - ORDENAMENTO TERRITORIAL 6.1. Evolução da Mancha Urbana entre 1970 e 2010 A Capitania de Itanhaém foi fruto de acirrada pendência entre os herdeiros de Martim Afonso de Sousa e seu irmão Pêro Lopes de Sousa, sendo criada em 6 de fevereiro de 1624. Com a instalação da Capitania, a vila progrediu bastante com a descoberta de ouro, mas logo caiu em declínio devido às lutas dos herdeiros do fundador e primeiro donatário da Capitania de São Vicente. Outro motivo do declínio das Capitanias foi a descoberta de ouro em Minas Gerais. As pequenas vilas paulistas, principalmente as mais modestas, denotaram a saída de grande parte de seus moradores. Itanhaém não foi a exceção. No século XX, Itanhaém começa a se tornar o grande produtor de bananas, período em que surgem as fazendas no interior do município, deixando a faixa litorânea. Na época, Itanhaém abrangia os atuais municípios de Itariri, Mongaguá e Peruíbe. Em 1914 foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Sorocabana, que iniciava na cidade de Santos, e terminava em Itanhaém. Até meados da década de 1940, a estrada de ferro constituía quase o único meio de comunicação entre Praia Grande e Itanhaém. Diariamente havia quatro trens de passageiros, sendo que dois deles eram chamados de “jardineiras”, para cerca de 50 passageiros, com um motor a diesel. Esses carros circulavam pela linha com horários fixos, fazendo o trajeto de Santos a Itanhaém em pouco mais de uma hora. A Estrada de ferro foi de tão grande importância para o município que a rodovia foi construída paralelamente a ela, bem como a ferrovia à praia. Esta ferrovia serviu de motor para o progresso da região na época áurea da banana, quando a cidade tornou-se um dos principais produtores desta fruta no país, e seu escoamento era feito através da ferrovia até o porto de Santos. A estrada de ferro também colaborou muito para a formação da Vila Operária, hoje Vila São Paulo. Eram casas dos operários que trabalhavam na conservação da Estrada de Ferro, construídas provavelmente entre 1946 e 1947. No ano de 1959, o município perde grande parte de sua área, por causa da criação dos municípios de Mongaguá e Peruíbe, desmembrados do território de Itanhaém. Entre as décadas de 1940 e 1960, o município apresentou um crescimento constante com uma taxa de crescimento de aproximadamente 2,50%, entretanto, a partir de 1960 esta tendência se modifica e o município passa a apresentar uma taxa de crescimento entorno de 7 % entre as décadas de 1960 e 1980. No começo da década de 1980 o retrato da ocupação urbana do município, conforme se pode observar na figura abaixo, é uma ocupação concentrada junto à orla marítima com apenas poucas manchas que ultrapassam os limites da rodovia Padre Manuel da Nóbrega, que até este momento se mostra como um claro limite à ocupação do território municipal. Neste momento, ainda percebe muitos fragmentos vazios em meio as áreas ocupadas. Figura. ITANHAÉM – Mancha Urbana – 1979/1980 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Imagens Landsat 1979, 1980. Na década de 1980 apesar de o crescimento populacional ter diminuiu um pouco, ainda observa-se um acelerado crescimento da população com TGCA de 4,82%. Este crescimento populacional se expressa no território pela ocupação para além da rodovia Padre Manuel da Nóbrega. No começo da década de 1990, observa-se conforme figura abaixo, que quase toda a área junto à orla já está ocupada, como exceção da área de mangue localizada entre o centro e Cibratel. Figura. ITANHAÉM – Mancha Urbana – 1991/1992 Fonte: Imagens Landsat 1991, 1992. 97 Na década de 1990, o crescimento populacional permanece no mesmo ritmo do período anterior, como TGCA de 5,08%. As manchas urbanas, que na década anterior ultrapassaram os limites da rodovia, se intensificam e se espraiam pelo território rumo ao interior do município. Surgem, ainda, novos núcleos nestas regiões. Em janeiro de 1997, foi celebrado convênio entre Prefeitura Municipal da Estância Balneária de Itanhaém e Departamento Aeroviário de São Paulo (DAESP), para obras de ampliação no Aeroclube de Itanhaém. Figura. ITANHAÉM – Mancha Urbana – 2000 Fonte: Imagens Landsat 2000 No período entre 2000 e 2011, o crescimento populacional sofre uma grande desaceleração, chegando a uma TGCA de apenas 1,92%. Esta desaceleração também se reflete no território, tendo o município apresentado, neste período muito pouco avanço em termos de expansão urbana, como pode-se observar na figura abaixo. Figura. ITANHAÉM – Mancha Urbana – 2011 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Imagens Landsat 2011 6.2. Regulação dos princípios e diretrizes de política urbana e ordenamento territorial A Lei Orgânica de Itanhaém (1990) elenca uma série de princípios e diretrizes da política urbana e do ordenamento territorial. É considerado como dever do Município, por exemplo, a promoção do desenvolvimento econômico e social (art. 4º, inciso III, LOM); a subdivisão do território em distritos após consulta plebiscitária (art. 6º, LOM). É reconhecida também a competência para elaboração do plano diretor (art. 7º, inciso II, LOM; art. 22, inciso XVI); estabelecer normas urbanísticas, particularmente as relativas ao ordenamento, parcelamento, uso e ocupação do solo (art. 22, inciso XVII, LOM), delimitação do perímetro urbano e o de expansão urbana (art. 22, inciso XX, LOM), entre outros. É considerada como competência do Prefeito, entre outras, a aprovação de edificações e planos de loteamentos, arruamento e zoneamento para fins urbanos, bem como o desenvolvimento do sistema viário do Município. Serão objeto de Decreto, por exemplo, as medidas executórias do plano diretor (art. 86, inciso I, alínea “h”, LOM). Vale notar que algumas leis relacionadas à políticas urbana e ao ordenamento territorial de Itanhaém devem ser objeto de lei complementar e, como tal, aprovadas pela maioria absoluta dos membros da Câmara, em dois turnos de discussão e votação, com interstício mínimo de 24 horas entre eles. É o caso do plano diretor, do Código de Posturas e do Código de Obras e Edificações (art. 30, parágrafo único, LOM). Há um capítulo próprio na Lei Orgânica de Itanhaém destinado ao planejamento municipal, política urbana e metropolização (arts. 104 e ss., LOM). Está prevista a elaboração do plano diretor pelo Poder Executivo a fim de regular a política urbana e garantir o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade (arts. 105 e 106, LOM). A Lei Orgânica repete diversas das normas previstas na Constituição Federal de 1988 reconhecendo o seu papel enquanto instrumento básico da política urbana e definidor da função social da propriedade (art. 190, LOM). Elenca também a aplicação dos instrumentos previstos à luz do art. 182 do texto constitucional: o parcelamento e edificação compulsórios, o IPTU progressivo no tempo e a desapropriação com títulos da dívida pública (art. 191, §1º, LOM). 99 Afirma a legislação de Itanhém que o direito de propriedade é inerente à natureza do homem, dependendo seus limites e seu uso da conveniência social (art. 191, LOM). Estabelece também que o plano diretor deve conformar-se a estudo de impacto ambiental, garantindo o equilíbrio ecológico, a proteção e recuperação do meio ambiente e da qualidade de vida (art. 190, §5º, LOM). A princípio, há que se mencionar que de acordo com a Constituição Federal de 1988 e a legislação federal - Lei Federal nº 10.257/01( Estatuto da Cidade); Lei 9985/00 (SNUC) - o Estudo de Impacto Ambiental - EIA não é condição para aprovação do plano diretor. O plano diretor e o EIA são instrumentos distintos, e cumprem papéis diversos na implementação da política urbana municipal. O plano diretor é aprovado por lei municipal e define-se como instrumento que estabelece o ordenamento territorial da cidade como um todo, regulando o uso, ocupação e parcelamento da cidade a fim de definir de maneira concreta a função social da propriedade. O EIA, por sua vez, é um estudo prévio realizado para instalação de obras e atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente. A Lei Orgânica de Itanhaém estabelece, ainda, que o plano diretor só poderá alterado uma vez em cada sessão legislativa, garantindo-se a publicidade através de publicações em jornais locais, por um prazo mínimo de 30 (trinta) dias, antes da tramitação da proposição (art. 190, §2º). A Lei Orgânica determina a necessidade de planejamento e execução das funções públicas de interesse comum dos Municípios integrantes da região metropolitana (art. 107), a participação do Município no conselho a ser criado pelo Estado (art. 110, LOM) e a realização de consórcios, convênios e associações mediante lei específica (art. 111, LOM). A importância de compatibilizar o peculiar interesse local e a integração regional, com a finalidade de atender ao planejamento e execução de funções públicas de interesse comum da Região Metropolitana da Baixada Santista está também prevista pelo plano diretor de Itanhaém (art. 2º). Diversas políticas setoriais são reguladas pela Lei Orgânica: a assistência social (art. 143 e ss.), saúde (art. 148 e ss.), a família, idosos e deficientes físicos (art. 164 e ss.), educação e cultura (arts. 169 e ss.), da política urbana (arts. 190 e ss.), do meio ambiente (art. 204 e ss.). O plano diretor também estabelece regras para as políticas setoriais de maneira detalhada para(art. 15 e ss., plano diretor): o ordenamento territorial (art. 16), meio ambiente (art. 17), recuperação do uso, ampliação e melhoria dos espaços públicos e da paisagem (art. 18), serviços e equipamento de utilidade pública (art. 19), sistema viário e de transportes (art. 20), política de geração de emprego e renda (art. 21), turismo (art. 22), comércio, serviços e abastecimento (art. 23), setor agrícola e zona rural (art. 24), educação (art. 25), saúde (art. 26), assistência social (art. 27), habitação (art. 28), cultura e patrimônio histórico (art. 29), esporte,lazer e recreação (art. 30), segurança (art. 31), aperfeiçoamento do exercício da cidadania (art. 32). Vale destacar que está assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processo próprios de aprendizagens, respeitando seus direitos, interesses, crenças e tradições (art. 180). O plano diretor de Itanhaém também definida uma série de objetivos e metas que visam atingir o desenvolvimento social, físico, econômico e administrativo (art. 10). Dentre eles, vale destacar o princípio da função social da cidade e da propriedade urbana (art. 1º; art. 10, art. 11, inciso II, plano diretor). O parcelamento e edificação compulsórios são mencionados pelo plano diretor (art. 33, inciso IV). Não há, todavia, áreas definidas para sua aplicação tal como exigido pela Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Cidade. O IPTU em Itanhaém pode ser progressivo de forma a assegurar o cumprimento da função social da propriedade (art. 113, inciso I, §1º, LOM). Por fim, é importante destacar alguns princípios da política urbana previstos na Lei Orgânica de Itanhaém que não se coadunam com as novas regras estabelecidas pela legislação urbanística no país. Como forma de impedir a ocupação do solo desordenada, Itanhaém pretende promover a “remoção de favelas” (art. 201, inciso V, LOM). A regularização fundiária e urbanização das áreas ocupadas por população de baixa renda é diretriz geral da política urbana no Brasil (Estatuto da Cidade, art. 2º, inciso XIV) e foi regulada por diversas leis, tais como as Leis federais nº 11.124/05; Decreto Federal nº 5.796/06; nº 11.481/2007; nº 11.952/2009 e a Lei Federal nº 11.977/2009. O reassentamento da população deve ser realizado em casos excepcionais, garantido o direito à moradia da população envolvida. Tais diretrizes devem ser incorporadas pela legislação de Itanhaém. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 6.2.1. Regulação do ordenamento territorial O ordenamento territorial do Município de Itanhaém é regulado principalmente pelo plano diretor ( Lei complementar municipal nº 30/00), pela Lei municipal nº 1.082/77 que dispõe sobre o zoneamento, parcelamento, uso e ocupação do solo na cidade e pela Lei municipal nº2.304/97, que dispõe sobre construção, ampliação e reforma de edificações. Trata-se de leis municipais aprovadas em momento anterior ao Estatuto da Cidade ( Lei Federal nº 10.257/01) e que não incorporam, portanto, grande parte das diretrizes gerais da política de desenvolvimento urbano do país27. Vale notar, porém, que recentemente a Prefeitura de Itanhaém celebrou convênio com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia a fim de revisar o plano diretor e a legislação de uso e ocupação do solo28 . A revisão da lei de uso e ocupação do solo (Lei municipal nº 1.082/77) já era considerada inclusive como objetivo do desenvolvimento físico do Município pelo próprio plano diretor (art. 12, inciso IV), o qual estabelece uma série de diretrizes para a nova legislação (art. 16, inciso XV, plano diretor). Há também diversas regras que deverão ser atendidas para fins de revisão do plano diretor (art. 46 e seguinte, plano diretor). Convém, porém, analisar ainda que brevemente de que maneira está atualmente regulamentado o ordenamento territorial em Itanhaém. O território do Município está dividido nas seguintes unidades de planejamento (art. 7º, plano diretor): - zona urbana - zona de expansão urbana - zona rural - 45 bairros (art. 8º, plano diretor) Tais unidades estão definidas em plantas previstas nos anexos do plano diretor de Itanhaém. Convém, porém, analisar ainda que brevemente de que maneira está atualmente regulamentado o ordenamento territorial em Itanhaém. A atual Lei municipal nº 1.082/77 tem como objetivos: - assegurar a reserva dos espaços necessários, em localizações adequadas, destinados ao desenvolvimento das diferentes atividades urbanas; - assegurar a concentração equilibrada de atividades e pessoas no território e no Município, mediante controle do uso e do aproveitamento do solo; - estimular e orientar o desenvolvimento urbano. A mencionada lei estabelece a divisão do território de Itanhaém em Z1, Z2, Z3, Z4, Z5, Z6, Z7, zona rural e corredores comerciais (art. 26). Os limites das zonas estão descritos por perímetro (anexos 5 e 6). A lei municipal, porém, não espacializa o zoneamento em mapas. 27 A versão da Lei municipal nº 1.082/77 utilizada no presente diagnóstico incorpora as alterações legislativas até a data de 2006. Todavia, trata-se de alterações pontuais que não incorporam os novos instrumentos da política urbana trazidos pela Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Cidade. 28 Informação disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.piniweb.com.br/construcao/urbanismo/Itanhaém-tera-revisaode-plano-diretor-e-legislacao-de-uso-261805-1.asp Consulta em 10/08/2012. 101 Os usos regulamentados no Município são (art. 27): I - Residência Unifamiliar (R.1) II - Residência Multifamiliar (R.2) III - Conjunto Residencial (R.3) IV - Comércio Varejista de Âmbito Local (C.1) V - Comércio Varejista Diversificado (C.2) VI - Comércio Atacadista (C.3) VII - Serviços de Âmbito Local (S.1) VIII - Serviços Diversificados (S.2) IX - Serviços Especiais (S.3) X - Instituições de Âmbito Local (E.1) XI - Instituições Diversificadas (E.2) XII - Instituições Especiais (E.3) XIII - Usos Especiais (E.4) XIV – Zona Rural (art. 26, §4º) XV - Uso Industrial (art. 38 e seguintes) Os parâmetros de ocupação do solo (art. 48) – tamanho mínimo de lote, recuos, taxas de ocupação, coeficientes de aproveitamento - em Itanhaém variam conforme o uso e zona estabelecidos (Anexo 02). No que se refere aos instrumentos de política urbana, vale notar que o plano diretor é anterior ao Estatuto da Cidade. Nesse sentido, tem- se que são elencados alguns instrumentos, sem porém, previsão da respectiva área de aplicação tal como definido como conteúdo mínimo do plano diretor (art. 42, Lei Federal nº 10.257/01). São instrumentos previstos pelo plano diretor de Itanhaém (art. 33, plano diretor): -os planos, projetos e programas de ação; -a desapropriação por interesse social, necessidade ou utilidade pública (art. 36); -o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios (art. 37); -operações urbanas especiais para áreas específicas; -tombamento; -incentivos fiscais; -Relatório de Impacto Urbano -RIU; -Sistema de Planejamento Municipal. Alguns desses instrumentos devem ser regulamentados por lei municipal específica conforme disposição expressa do plano diretor: a desapropriação (art. 36), as operações urbanas (art. 38), o tombamento (art. 39), incentivos fiscais (art. 40), relatório de impacto urbano (art. 41). 6.2.2. Itanhaém e o Zoneamento Econômico Ecológico da Baixada Santista Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A política nacional e estadual de gerenciamento costeiro também estabelece regras de uso e ocupação do solo para a Zona Costeira no Estado de São Paulo. Os desafios do ordenamento territorial no litoral relacionam-se diretamente à tentativa de compatibilizar as regras dos diversos entes federativos na gestão urbana e ambiental do território da cidade. Com efeito, Itanhaém integra a Região Metropolitana da Baixada Santista (Lei complementar estadual nº 815/96) bem como o setor da Baixada Santista da Zona Costeira conforme definição do art. 3º, inciso II da Lei estadual nº 10.1019/98. Com efeito, no dia 13 de dezembro de 2011, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) aprovou a minuta de decreto que dispõe sobre o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) da Baixada Santista29. Embora ainda não tenha sido promulgado o Decreto do Governador – o que de fato lhe daria validade jurídica há que se considerar que o Zoneamento Econômico Ecológico é instrumento da política nacional e estadual de gerenciamento costeiro, regulado pela Lei federal nº 7.661/88, Decreto federal nº 5.300/04 e na Lei estadual 10.019/98. Como tal, poderá estabelecer importantes diretrizes de uso e ocupação do solo aos Municípios integrantes da Zona Costeira. A minuta de Decreto30 disponível no site da Secretaria Estadual de Meio Ambiente reconhece as peculiaridades, diversidade e complexidade dos processos econômicos e sociais da Baixada Santista e não foi feito necessariamente conforme suas características atuais, mas respeitando a dinâmica de ocupação do território e metas de desenvolvimento econômico e ambiental (art. 8º da Minuta de Decreto). Destaque-se também a necessidade de compatibilização das metas previstas e as previsões dos planos diretores regionais, municipais e demais instrumentos da política urbana (art. 8º, parágrafo único, minuta de Decreto). Como efeito, é importante que a eventual instituição do ZEE Baixada Santista leve em consideração as regras de uso e ocupação do solo estabelecidas pela legislação municipal de Itanhaém. É considerada como diretriz da política de meio ambiente municipal acompanhar a política de gerenciamento costeiro e viabilizar a implantação do Zoneamento Econômico Ecológico Estadual garantindo a possibilidade de uso e ocupação sustentável (art. 17, plano diretor). A nova legislação de uso e ocupação solo de Itanhaém deverá adequar-se ao Zoneamento Econômico Ecológico (art. 16, inciso XV, alínea “d”, item 5, plano diretor). O monitoramento da qualidade das praias será desenvolvido pelo Centro de Pesquisa do Estuário do Rio Itanhém (art. 17, plano diretor). A valorização da orla é considerada como diretriz da política de turismo (art. 22, plano diretor). A orla marítima, compreendendo as praias e costões rochosos, é considerada área de preservação permanente (art. 205, LOM). A legislação municipal de Itanhaém estabelece algumas regras para a orla marítima, que é considerada como corredor comercial. É permitida, pois, a construção de quiosques nas praias (art. 142, §1º, LOM). Por fim, vale notar que não há Projeto Orla em Itanhaém. 29 Deliberação CONSEMA 34/2011. 290ª Reunião ordinária do Plenário do CONSEMA. 13/12/2012 conforme endereço eletrônico: http://www.ambiente.sp.gov.br/uploads/arquivos/deliberacoes/2011/DEL34.pdf. Consulta em 02/04/2012, 18h30m. 30 Disponível no seguinte endereço eletrônico http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/ZEE-BaixadaSantista_Encaminhado-SMA.pdf. Consulta em 16/07/2012. 103 6.3. Regulação das áreas de Expansão Urbana Há uma zona de expansão urbana prevista no plano diretor de Itanhaém (art. 7º) cuja descrição de perímetro é a constante da Lei Municipal nº 806/67. A planta que espacializa a zona de expansão urbana está regulamentada no Anexo 1 do plano diretor. Há uma zona de expansão urbana prevista no plano diretor de Itanhaém (art. 7º) cuja descrição de perímetro é a constante da Lei Municipal nº 806/67. A planta que espacializa a zona de expansão urbana está regulamentada no Anexo 1 do plano diretor. A Lei municipal nº 1.082/77, que estabelece as zonas de uso, parcelamento, ocupação do solo em Itanhaém não prevê expressamente uma zona de expansão urbana, mas tão somente uma zona rural, na qual nenhum plano de arruamento, loteamento ou edificação poderá ser executado sem a prévia aprovação da Comissão Municipal de Planejamento (art. 26, §4º). Compete à Câmara Municipal delimitar a zona de expansão urbana de Itanhaém (art. 22, XX, LOM). A exata definição de áreas urbanas e expansão urbana de Itanhaém relaciona-se diretamente com as modificações trazidas pela Lei Federal 12.608/12, que alterou o art. 42 do Estatuto da Cidade. A partir da publicação da nova lei, os Municípios que pretendam ampliar seu perímetro urbano deverão elaborar projeto específico que contenha no mínimo (art. 42 – B, Estatuto da Cidade): I - demarcação do novo perímetro urbano; II - delimitação dos trechos com restrições à urbanização e dos trechos sujeitos a controle especial em função de ameaça de desastres naturais; III - definição de diretrizes específicas e de áreas que serão utilizadas para infraestrutura, sistema viário, equipamentos e instalações públicas, urbanas e sociais; IV - definição de parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a diversidade de usos e contribuir para a geração de emprego e renda; V - a previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política urbana, quando o uso habitacional for permitido; VI - definição de diretrizes e instrumentos específicos para proteção ambiental e do patrimônio histórico e cultural; e VII - definição de mecanismos para garantir a justa distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do processo de urbanização do território de expansão urbana e a recuperação para a coletividade da valorização imobiliária resultante da ação do poder público. Esse projeto específico deverá ser instituído por lei municipal e atender à diretrizes do plano diretor (art. 42-A, §1º, Estatuto da Cidade). Além disso, é considerado como condição para a aprovação de projetos de parcelamento do solo no novo perímetro (art. 42-B, §2º, Estatuto da Cidade). 6.4. Áreas de Monitoramento Territorial No Município de Itanhaém, como já apresentado anteriormente, o ritmo de crescimento populacional desacelerou fortemente na última década, passando de 5,08% na década de 1990, para 1,92% na década de 2000, contudo o município ainda apresenta uma taxa de crescimento elevada. Diante das novas dinâmicas metropolitanas da Baixada Santista, impulsionadas pelos grandes projetos inseridos na região em decorrência do Pré-sal e outras dinâmicas econômicas, como a ampliação do Porto de Santos, é necessário verificar os potencias de crescimento da mancha urbana do município de Itanhaém, prevendo novos cenários de acréscimo da demanda demográfica no município. Essa tendência leva a um processo de expansão urbana que aumenta as demandas por serviços, equipamentos e infraestruturas os quais já apresentam quadros deficitários e de saturação em regiões do município. Se esse crescimento urbano não for ordenado e ocorrer de modo inadequado junto aos cursos d’água, nos locais com topografia acidentada e em áreas com cobertura vegetal Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 significativa, haverá problemas na ordem urbanística local. No contexto do litoral paulista como um todo, processos desordenados de urbanização também poderão pressionar o meio ambiente de modo negativo. Itanhaém possui uma riqueza ambiental e paisagística única, em seu território ainda subsistem importantes remanescentes de mata atlântica que são protegidos pelo Parque Estadual da Serra do Mar e ecossistemas associados, incluindo vegetação de restinga e manguezais. Entretanto, muitas destas áreas ambientalmente representativas são também consideradas áreas preferenciais para a urbanização, configurando uma disputa pela apropriação do espaço que tem de por um lado a imperativa obrigatoriedade de se preservar o ambiente natural para as presentes e futuras gerações e por outro lado a necessidade de se garantir estoques de terra para a crescente expansão urbana do município. Para verificar as áreas que apresentam potencial para ocupação urbana, e que desta forma necessitam de um monitoramento mais atento, primeiramente foram identificadas as áreas que são resguardadas por espaços territoriais especialmente protegidos31 e que não permitem a ocupação urbana. Para tanto, realizou-se uma justaposição dos seguintes elementos: Unidades de Conservação de proteção integral ou de uso sustentável que vedam expressamente a possibilidade de urbanização; Terras Indígenas; e algumas tipologias de áreas de preservação permanente previstas no Novo Código Florestal, incluindo áreas com declividade superior a 45 graus, localizadas junto aos cursos d’água e manguezais. Ver Mapa___. (ver metodologia anexo___) Mapa. Itanhaém – Áreas Protegidas e de ocupação urbana Os espaços territoriais especialmente protegidos expressos no Art. 225, § 1º, inc. III da Constituição Federal são gênero de áreas protegidas que engloba como espécies uma série de tipologias legais, incluídas aí as Unidades de Conservação (Parques Estaduais, Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental, etc.), Áreas de Preservação Permanente, Terras Indígenas, entre outras. Estas tipologias legais fornecem tratamento especial a porções do território nacional no sentido de sujeitar estes locais a um regime de interesse público com o intuito de proteger os seus atributos ambientais e as suas potencialidades socioculturais. 105 Trata-se de uma primeira tentativa para a identificação de áreas que não são abrangidas por áreas protegidas e que devem, portanto, ser monitoradas para que tenham uma destinação adequada, sejam elas para expansão urbana futura ou para preservação ambiental. No Mapa___, as áreas em branco remanescentes, não protegidas de acordo com os critérios descritos acima, correspondem a cerca de 40% do território de Itanhaém, que chamamos de áreas de monitoramento territorial. Não se trata de uma identificação definitiva uma vez que há leis municipais que regulam e protegem essas áreas, bem como legislação específica voltada para a proteção da vegetação natural em âmbito estadual e federal que limitam ou vedam supressão da vegetação natural, como é o caso da Lei da Mata Atlântica . Além disso, análises complementares na escala local deverão ser realizadas a fim de que se tenha uma leitura mais precisa da situação do território, uma vez que não foram incorporados a este estudo mapeamentos referentes aos estágios sucessionais da vegetação devido à ausência de material cartográfico de âmbito regional em escalada adequada e disponível. Ademais, cumpre mencionar que algumas bases de dados utilizadas apresentam uma leitura bastante simplificada da realidade, incluindo aí a hidrografia utilizada para a delimitação das APPs que foi digitalizada a partir da base cartográfica do IBGE na escala 1:50.000, as imagens TOPODATA existentes no banco de dados geomorfométricos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) utilizadas para delimitar as áreas com declividade superior a 45° e a delimitação dos manguezais extraídas do banco de dados da S.O.S Mata Atlântica. Esta grande porção de área, de cerca de 24mil hectares, deverá ser monitorada, especialmente no direcionamento do crescimento da mancha urbana. Possui grande potencialidade do ponto de vista regional, já que está estrategicamente posicionada entre a Baixada Santista e o litoral Sul do estado. Outro fator importante que precisa ser notado é a tendência que Itanhaém tem apresentado nas ultimas décadas de se constituir como subcentralidade regional. Esta potencialidade, relacionada às grandes áreas de monitoramento, com possibilidade para expansão urbana, apresentam o município como um locus estratégico para o desenvolvimento regional. Buscando contribuir para o monitoramento deste território e sua adequada destinação, realizou-se um mapeamento das características geotécnicas do solo, o qual se cruzou com as áreas de monitoramento detectadas no mapa_____ Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. Itanhaém – Áreas de Monitoramento Territorial e Características Geotécnicas32 Apesar de Itanhaém apresentar ainda um percentual muito alto de áreas não protegidas segundo aqueles critérios descritos, em relação aos fatores geotécnicos, como se pode observar no mapa __, todas estas áreas apresentam algum grau de fragilidade geotécnica, desde alta suscetibilidade à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas até alta suscetibilidade à escorregamentos naturais ou induzidos. Estes fatores trazem a necessidade de um rígido controle sobre a ocupação urbana deste município, com o estabelecimento de regras de ordenamento urbano e de construção que garantam uma ocupação adequada às restrições geológicas. A suscetibilidade é entendida como decorrente de um fenômeno natural relacionada a características intrínsecas ao meio físico, sendo assim determinante em sua capacidade de sofrer alterações e de resistência (resiliência). Trata-se de uma medida probabilística, e não impeditiva de ocupação, que devem estar associadas também a outros conceitos como o risco e a vulnerabilidade, incorporando dimensões humanas mais explícitas. Isto significa que apesar da grande extensão territorial de áreas com potencial para ocupação urbana em Itanhaém, 32 A carta geotécnica utilizada foi incorporada ao presente estudo a partir da digitalização da cartografia geológica geotécnica do litoral paulista produzida originariamente na escala 1:50.000 pelo IPT e disponibilizada pela base dados da AAE PINO (Avaliação Ambiental Estratégica do Litoral Paulista das atividades Portuárias, Industriais, Navais e Offshore). Ver metodologia no anexo___. 107 é importante mencionar que esta base cartográfica, apesar de trazer informações importantes para se pensar o planejamento do uso e ocupação do solo deste Município, não permite uma leitura com grande precisão dos riscos geotécnicos ali presentes e, portanto, não elimina a necessidade de estudos com melhor nível de detalhamento. 33 6.5. Dinâmica Imobiliária 6.5.1. Empreendimentos Imobiliários Verticais A crescente presença de empreendimentos verticais nos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte é reflexo do crescimento dos setores imobiliários e da indústria da construção civil. Esse crescimento é percebido em todo o Brasil, e está relacionado ao aumento da economia brasileira, ampliação do crédito e das linhas de financiamento do Governo Federal. A presença desses setores estimula o fenômeno da valorização do solo urbano e trazem aos municípios uma nova paisagem urbana. A Região Metropolitana da Baixada Santista está passando por uma explosão de vendas de unidades habitacionais desde 2005, iniciada em sua cidade polo Santos, cujo território está cada vez mais saturado e com valores mais elevados, levando a população a buscar imóveis nas cidades vizinhas, como São Vicente, Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém, o que vem trazendo mudanças em suas paisagens e territórios. A ocupação urbana de Itanhaém é antiga e ao longo dos anos foi se consolidando a partir de um padrão construtivo predominantemente horizontal, caracterizada pela forte incidência de ocupação de imóveis de segunda residência, utilizadas para fins turísticos e de veraneio. O interesse pro móveis de veraneio foi, de certa forma, incentivada pela facilidade de acessos a partir da abertura da Avenida Anchieta na década de 1950, Rodovia Imigrantes na década de 1970 e Rodovia Padre Manoel da Nóbrega na década de 1960, esta última que faz a ligação entre Itanhaém e os municípios centrais da Baixada Santista (Praia Grande, São Vicente, Santos, Cubatão e Guarujá). Essa facilidade de acessos impulsionou a instalação da modalidade do turismo de veraneio não somente em Itanhaém, mas em todas as cidades litorâneas da Baixada Santista, baseada na comercialização de imóveis de tipologias horizontais e verticais, para serem utilizados em férias, feriados e finais de semana. Os municípios presenciaram então, um aumento da atividade turística balneária, acarretando em uma série de transformações em seu território, a partir do aumento da demanda não só por residências de veraneio mas também pela sua população residente. No entanto, nos municípios do litoral sul da Baixada Santista, essa crescente demanda das atividades imobiliárias se concentrou em um padrão predominantemente horizontal com a implantação de residências, algumas vezes construídas sob forma de loteamentos e condomínios horizontais fechados. Apesar da crescente presença do processo de verticalização nos municípios da Baixada, em Itanhaém os empreendimentos imobiliários verticais foram pouco implantados e aparecem de forma pontual e dispersa nas faixas de terra próximas a orla em áreas valorizadas e servidas de infraestrutura urbana e próximas a marginal direita da ferrovia, que se constitui de um dos principais eixos de ligação entre os bairros da cidade. Os empreendimentos verticais residenciais apresentam-se de forma mais concentrada nos bairros do Centro e Praia dos Sonhos e aparecem de forma pontual nos bairros Satélite, Suarão, Jardim Suarão, Campos Eliseos, 33 Ver anexo __ - Procedimentos técnicos adotados para definição de áreas de monitoramento territorial – Litoral Paulista. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Marrocos, Jardim América e Cibratel I34. Podemos observar no Mapa __ abaixo, a localização dos empreendimentos verticais na cidade35. Mapa__– Distribuição dos Empreendimentos Imobiliários Verticais, 2012. Fonte: Instituto Polis, 2012. Os empreendimentos verticais existentes no município estão localizados, em relação ao Mapa de Zoneamento Municipal na Zona 1 (Z1) Zona Estritamente Residencial, mas que permite também os seguintes usos além do residencial36, os usos de comércio local de alimentação, instituições de âmbito local, usos especiais37, serviços 34 Anexo 3 – Descrição do Abairramento, da Lei Complementar Nº30, de 12 de janeiro de 2000 que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) do Município de Itanhaém. 35 A identificação dos empreendimentos imobiliários verticais foi realizada através de identificação por foto aérea. 36 Lei n° 1.082 de 22 de janeiro de 1977 e alterações 2520/2000, 2573/2000, 2971/2002, 3000/2003, 3252/2006) 37 Aeroportos; Áreas para depósito de resíduos; Base aérea militar; Base de treinamento militar; Canais de distribuição para irrigação; Cemitérios; Estações de controle, pressão e tratamento de água; Estações de controle, pressão e tratamento de esgoto; Estações e/ou sub-estações reguladoras de energia elétrica; Estações de telecomunicações; Estações de controle e depósito de petróleo; Estação de controle e depósito de gás; Faixa adutora de água; Faixa adutora de esgoto; Faixa de linha de transmissão de alta tensão; Faixa de oleodutos; Faixa de gasodutos; Ferrovias; Hangares; Heliportos; Institutos correcionais; Instalações de ferrovias; Jardim Botânico; Jardim Zoológico; Lagos e lagoas de oxidação; Locais históricos; Locais para iate, remo ou pedalinho; Monumentos históricos; Parques de animais selvagens; Parques ornamentais e de lazer; Parques públicos; Pátio de manobras de ferrovias; Penitenciária; Portos; Praia; Quartéis; Raia olímpica; Represa; Reservas florestais (não comerciais); Reservatórios de água; Rios e afluentes; Sanitário público; Torre de telecomunicações; Usina elétrica; Usina de gás; Usina de incineração; Usina de tratamento de resíduos 109 pessoais, de saúde e higiene, serviços socioculturais, e de hospedagem. Esses serviços, com exceção dos serivços classificados como especiais, são voltados para atender, além da população fixa de mais alta renda que reside nessa zona, a demanda de turistas e de veraneio. Conforme citado anteriormente, essa característica urbana e imobiliária não é especifica da dinâmica urbana de Itanhaém, mas das cidades que compõe a Baixada Santista e o Litoral Norte. Segundo dados do Censo 2010, 51,89% do total de domicílios particulares de Itanhaém são de uso ocasional, ou seja, metade dos domicílios são ocupados somente durante certos períodos do ano, ocasionando um desequilíbrio das demandas por infraestrutura. Tabela __– Situação dos Domicílios – IBGE 2010 Domicílios particulares - dados 2010 Particular total Particular - ocupado Particular - não ocupado - uso Particular - não ocupado ocasional vago Município No Absoluto No Absoluto % do total de domicílios particulares No Absoluto % do total de domicílios particulares No Absoluto % do total de domicílios particulares Itanhaém - SP 67.177 28.287 42,11% 34.857 51,89% 3.934 5,86% Fonte: IBGE, 2010. Podemos verificar que a maior parte dos imóveis de veraneio da cidade se concentra nas áreas próximas à orla que são ocupadas pontualmente pelos empreendimentos verticais, com setores que variam de 50-75% e 75100%, conforme pode ser observado no Mapa ___ a seguir. Portanto, os setores com a maior presença de domicílios de uso ocasional estão localizados nas faixas entre a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega e a orla. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa__– Empreendimentos Imobiliários Verticais e Domicílios de Uso Ocasional por Setor Censitário – 2010 Elaboração: Instituto Polis, 2012. Para melhor compreendermos a dinâmica imobiliária do município, caracterizamos a seguir os empreendimentos imobiliários verticais presentes na cidade, onde foram levantadas referências de dados junto às imobiliárias locais, abrangendo informações quanto ao número de pavimentos, número de dormitórios, metragens, áreas úteis, vagas de automóveis e valores de mercado. Assim, poderemos visualizar as características do estoque residencial que se apresenta atualmente na cidade. Os bairros do Centro e Praia dos Sonho são os que apresentam maior quantidade de ofertas de unidades residenciais. A característica dos empreendimentos de ambos os bairros se assemelham, com a incidência de construções mais antigas no bairro do Centro. Os empreendimentos do Centro possuem de 01 a 06 dormitórios, com até 4 vagas de automóveis na garagem e metragens que variam de 44,0 a 362,0m² de área construída. Verifica-se que os gabaritos presentes no bairro variam de 04 a 08 pavimentos limitados pela legislação Nº2304 de 1997 que dispõe sobre a construção de edificações residenciais multifamiliares no município. Os valores dos imóveis variam de R$245.000,00 a R$790.000,00, conforme observado na Tabela abaixo. Tabela__-Empreendimentos imobiliários comercializados no Bairro do Centro. 111 Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área construída (m²) Valor (R$) Centro 08 02 01 60,0 245.000,00 Centro 05 02 01 96,0 285.000,00 Centro - 03 - 140,0 530.000,00 Centro 08 03 02 136,0 550.000,00 Centro 08 03 02 124,0 600.000,00 Centro - 04 03 - 790.000,00 Fonte: Walter Imóveis; Irene Imóveis; Juliana Imóveis. 38 Figura__ - Empreendimentos Verticais no bairro do Centro. Fonte: Google Earth, 2012. Figura__ - Empreendimentos Verticais mais antigos no bairro do Centro. Fonte: Google Earth, 2012. Os empreendimentos mais antigos são pouco comercializados, pois geralmente abrigam a população fixa da cidade. Já os imóveis construídos recentemente são direcionados à população flutuante e apontam uma tendência de se direcionarem cada vez mais às classes de média e alta renda. A principal diferença observada 38 www.walterimoveis.com.br – Acesso em Agosto/2012 www.ireneimoveis.com.br – Acesso em Agosto/2012 www.julianaimoveis.com – Acesso em Agosto/2012 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 entre as construções antigas e recentes é a presença da varanda, que se tornou um item indispensável nos novos empreendimentos. O bairro da Praia do Sonho apresenta algumas construções verticais que se destacam entre as residências assobradadas de veraneio. São empreendimentos com características semelhantes ao Centro, porém com valores mais elevados. Os imóveis pesquisados estão sendo comercializados com valores que variam de R$150.000,00 a R$1.300.000,00, sendo estes útlimos, imóveis de luxo claramente direcionados às classes de alta renda. Os imóveis possuem de 02 a 06 dormitórios, sendo os de 01 dormitório pouco ofertados. Possuem de 45,0 a 362,0m² de área construída com até 04 vagas na garagem. Os empreendimentos estão localizados em frente à orla e na Av. Presidente Kennedy, com vista para o mar. O gabarito das construções varia de 04 a 10 pavimentos, com a presença de apenas 01 edifício de 15 pavimentos. A maioria do empreendimentos possui também área de lazer, salão de festas, piscina e academia. Os dados dos empreendimentos pesquisados estão relacionados na Tabela __ a seguir. Tabela-Empreendimentos imobiliários comercializados no Bairro Praia do Sonho. Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área construída (m²) Valor (R$) Praia do Sonho 15 02 - 45,0 150.000,00 Praia do Sonho 08 02 02 117,0 295.000,00 Praia do Sonho 10 03 02 130,0 350.000,00 Praia do Sonho 08 02 02 - 370.000,00 Praia do Sonho 10 03 - 145,0 650.000,00 Praia do Sonho 11 03 02 362,0 1.100.000,00 Praia do Sonho 10 06 04 280,0 1.300.000,00 Fonte: Walter Imóveis; Irene Imóveis; Juliana Imóveis. 39 Figura__ - Empreendimentos Verticais no bairro Praia do Sonho. 39 www.walterimoveis.com.br – Acesso em Agosto/2012 www.ireneimoveis.com.br – Acesso em Agosto/2012 www.julianaimoveis.com – Acesso em Agosto/2012 113 Fonte: Google Earth / Walter Imóveis, 2012. Figura__ - Diferentes gabaritos no bairro Praia do Sonho. Fonte: Google Earth / Walter Imóveis, 2012. O restante dos empreendimentos verticais do município estão espalhados pontualmente nos Bairros Cibratel I, Satélite, Suarão, Jardim Suarão e Marrocos, que se destacam na paisagem ainda predominantemente horizontal. No bairro Cibratel I verifica-se empreendimentos de menores gabaritos e com valores mais acessíveis que estão sendo comercializados por uma média de R$150.000,00 a R$200.000,00. Os imóveis pesquisados possuem em média 02 dormitórios com metragens de 47,0 a 80,0m² de área construída. Os gabaritos observados não ultrapassam 04 pavimentos. O bairro Satélite, por sua vez, possui empreendimentos de maiores gabaritos, com até 10 pavimentos e são comercializados com valores de até R$450.000,00. Possuem de 02 a 03 dormitórios, até 02 vagas de automóveis e metragens de 65,0 a 85,0m² de área construída. Os dados dos empreendimentos pesquisados estão relacionados na Tabela __ a seguir. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Tabela__-Empreendimentos imobiliários comercializados no Bairro Satélite e Cibratel I. Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área construída (m²) Valor (R$) Cibratel I 04 02 01 52,0 105.000,00 Cibratel I 04 02 01 47,0 110.000,00 Cibratel I 04 02 - 80,0 200.000,00 Satélite 10 03 02 85,0 280.000,00 Satélite 10 02 02 65,0 290.000,00 Satélite 10 03 02 85,0 450.000,00 Fonte: Walter Imóveis; Irene Imóveis; Juliana Imóveis. Figura__ - Empreendimentos verticais no bairro Satélite. Fonte: Google Earth, 2012. Figura__ - Empreendimentos verticais no bairro Cibratel I. 115 Fonte: Google Earth, 2012. São essas, portanto, as características dos imóveis sendo ofertados no mercado imobiliário de Itanhaém. Destacam-se também alguns empreendimentos que atualmente estão em construção e que comercializam unidades com valores mais elevados, variando de R$350.000,00 a R$600.000,00 no bairro do Centro, com metragens de 55,0 a 118,0m² de área útil e gabaritos de até 12 pavimentos. Exemplos de empreendimentos que foram recentemente lançados são o Residencial Spledore e o Resort Itanhaém, ambos localizados no centro. Observa-se que esses novos lançamentos seguem o padrão mais elevado dos novos empreendimentos residenciais, com a presença da varanda “gourmet” e amplos espaços de lazer, como parque aquático, salão de festas, brinquedoteca, sala fitness, sauna, etc, que representam o novo padrão elitizado de empreendimentos lançados. Figura__ - Resort Itanhaém – Empreendimento lançado em 2012. Fonte: site www.resortitanhaem.com.br. É importante salientar, que essa valorização e oferta de imóveis novos que se direciona, em alguns bairros, a um público de média e alta renda, contribui com o aumento da segregação socioespacial no município, onde a população sem acesso a essa oferta de imóveis, acaba por ocupar irregularmente e precariamente áreas urbanas mais afastadas. Essa característica e tendência da verticalização em Itanhaém, apesar de ainda tímida, não difere dos outros municípios litorâneos, e mostra uma tendência de produção do mercado imobiliário direcionado para uma demanda de média e alta renda formada, principalmente, por famílias interessadas em imóveis de veraneio. Observa-se no Mapa ___ a seguir de distribuição espacial da renda segundo dados dos rendimentos nominais médios dos responsáveis pelos domicílios por setor censitário do IBGE 2010, que a porção de terra localizada próxima a orla é ocupada pela população de média, média/alta e alta renda com predominância nos bairros CibratelI, Praia dos Sonhos, Centro e Satélite, confirmando a renda mais elevadas predominante nesse bairros. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Observa-se, por outro lado, que as áreas mais afastadas são ocupadas pelas classes de baixa renda com rendimentos de 0 a 1 e 1 a 3 salários mínimos. 117 Mapa__ – Empreendimentos Imobiliários Verticais e Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários – IBGE 2010. Fonte: IBGE 2012. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Verifica-se, portanto, a divisão da cidade por faixas de renda, com a população de baixa renda habitando áreas periféricas, impróprias à ocupação em mangues e áreas de risco e as classes de maior renda usufruindo de áreas valorizadas, servidas de infraestrutura e próximas à orla. Observa-se no mapa a seguir a relação entre os assentamentos precários e as áreas de empreendimentos imobiliários verticais no município. Mapa__ – Empreendimentos Verticais e Assentamentos Precários. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 É importane observar, portanto, as fortes tendências de expansão do mercado imobiliário na cidade direcionado às classes de alta renda, que pode acarretar em uma maior exlusão social, empurrando cada vez mais as classes menos favorecidas para áreas afastadas. Ainda que tímido, o mercado imobiliário na cidade tende a alavancar, principalmente devido aos altos valores do imóveis comercializados em Santos, fazendo com que aumente consideralvemente a procura por imóveis com valores mais baixos em cidades vizinhas como Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém, que também oferecem uma maior quantidade de terrenos e glebas vazias aptas à ocupação. Segundo informações publicadas no Jornal O Estado de São Paulo em dezembro de 2010, a expectiva de expansão do aeroporto já é motivo de amplicação da construção civil e aumento da procura por imóveis na cidade. Segundo dados da secretaria de obras da prefeitura, o número de permissão para construções de empreendimentos cresceu 22,7% em relação ao ano 2009. Portanto, apesar de Itanhaém apresentar uma paisagem ainda horizontal, existe a forte tendência de alteração desta paisagem nos próximos anos. Podemos dizer que os empreendimentos verticais estão em consonância com as as zonas municipais as quais estão inseridas, no que tange o direcionamento do uso residencial para famílias que residem na cidade que possuem maior renda e para população que busca a cidade como opção turística de veraneio através oferta de residências de média e alta renda e para prestação de serviços e comércio principalmente voltadas para o turismo. Cabe aqui ressaltar cabe ao Poder Público a regulação do uso e da ocupação do solo de maneira a garantir que os preceitos urbanísticos que visam consolidar o zoneamento como áreas com altos padrões de qualidade de vida, possam ser acessadas principalmente por população fixa, independente da classe social, sob risco de consolidação da segregação espacial pela valorização imobiliária. É necessário que o Poder Público crie mecanismos que impeçam a ocupação exclusiva de construções voltadas para população de alta e média renda. Isso pode ser realizado através de índices urbanísticos limitados, que impeçam verticalização em excesso, favorecendo construções mais baratas, e que viabilizem a utilização de instrumentos do Estatuto da Cidade,gerando recursos principalmente para a compra de áreas urbanizadas e providas de infraestrutura, a serem destinadas à produção de habitação de interesse social. As medidas sugeridas acima visam alterar modelo de ocupação do solo, que limita e concentra a maioria da população fixa do município nas áreas onde há maior carência de infraestrutura urbana. Isso nos mostra uma tendência de investimentos públicos em áreas valorizadas pelo mercado imobiliário e voltadas ao atendimento de população externa ao município. Existe, portanto, a necessidade de maior aporte de recursos públicos em áreas onde reside a população fixa do município. Cabe lembrar ainda que ações de regulação do uso e ocupação do solo, são importantes para evitar ou para mitigar processos de uso das áreas providas de infraestrutura urbana por população de alta renda apenas em determinadas épocas do ano, possibilitando que famílias de média e baixa renda residentes no município também possam acessar. 6.5.2. Regulação dos empreendimentos imobiliários verticais O Plano Diretor de Itanhaém, Lei complementar nº 30/2000, estabeleceu em seu art. 16, inciso XV, a necessidade de criação de nova legislação de zoneamento, levando em consideração a necessidade de condicionamento de índices urbanísticos, tais como gabaritos, coeficientes de aproveitamento e taxas de ocupação do solo; estímulo ao adensamento de áreas com infraestrutura ociosa; predominância de um padrão horizontal da ocupação; observância de gabaritos crescentes no sentido praia-serra; resguardo de áreas definidas como relevantes do ponto de vista paisagístico (para limitação de verticalização); definição de gabarito limitado a dois pavimentos nas atividades de hospedagem caracterizadas como colônias de férias e 119 pousadas, sendo permitidos gabaritos maiores para a construção de hotéis. Tais disposições encontram-se apresentadas nas alíneas ‘f’, ‘i’, ‘k’, ‘m’ e ‘n’. Contudo, em que pese o Plano Diretor de 2000 sinalizar a necessidade de uma nova lei de zoneamento, com predominância de um padrão horizontal de ocupação do território, a legislação municipal acerca do tema não seguiu até o presente momento esta orientação. Nesse sentido, o principal diploma legal a disciplinar o ordenamento do solo, conforme já tratado anteriormente nesta análise, é a Lei nº 1.082/1977. No entanto, a tutela jurídica dada pelo município a empreendimentos imobiliários verticais é substancialmente regulada pela Lei nº 2.304/1997, a qual altera o tratamento legal dispensado pela Lei de 1977. Com efeito, é a Lei 2.304/1997 que introduz diversas hipóteses de verticalização para instalação de usos residenciais multifamiliares, comerciais, mistos e serviços de hospedagem. Tanto que a legislação anteriormente apenas se resume a remeter à lei posterior a disciplina do tema. Nessa linha, a definição do uso residencial multifamiliar agrupado verticalmente (R.2.4), que nos termos da Lei nº 1.082/1977, art. 30, inciso IV passou a ser regulado pela Lei nº 2.304/1997. Reforça essa ideia, o tratamento de conjuntos residenciais verticalizados (R.3), conforme art. 32, inciso VII, alínea ‘b’. Conclui-se, portanto, que a verticalização tratada pela lei posterior não aplica o Anexo 2 da Lei nº 1.082/1977, com parâmetros mais restritivos às edificações. Dessa maneira, passa-se à análise dos parâmetros urbanísticos da Lei nº 2.304/1997, especialmente aqueles evidenciados nos Anexos II a V, adotando-se definição das 13 áreas descritas no Anexo I, as quais se sobrepõem ao zoneamento estabelecido na Lei nº 1.082/1977 especificamente para disciplinar aspectos específicos de adensamento e verticalização da ocupação dos imóveis. As 13 áreas descritas no Anexo I da Lei nº 2.304 podem ser agrupadas em dois “recortes” territoriais: aquelas componentes do Anexo II da Lei, situadas entre a praia e a linha férrea (ainda que divididas em partes ‘A’ e ‘B”). Nessa localização, empreendimentos residenciais, comerciais, de serviços ou mistos podem possuir áreas construídas em torno de 4 vezes a área do terreno onde se encontram implantados. Essa possibilidade chega a 4,9 vezes a área do terreno, como direito de construir concedidos gratuitamente aos seus empreendedores. Os gabaritos máximos são igualmente objetivos para variarem de acordo com o tipo de uso e a área (uma das 13 descritas), mas ficam em torno de 10 pavimentos ou 30 m. Chegam a 11 pavimentos ou 36m. O segundo grupo, objeto do Anexo III, seriam as áreas componentes da faixa de território situada entre a linha férrea e a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega. Também variando em relação ao tipo de uso e área de instalação, a verticalização nessa faixa se aproxima do grupo anterior, sendo, contundo, um pouco menor. Os gabaritos limitam-se a 10 pavimentos ou 30m. E as possibilidades de construção circunscrevem-se a 4,5 vezes a área dos terrenos de implantação, também conferidas como direito de construir gratuito ao empreendedor. As porções territoriais situadas entre a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega e a Serra do Mar parecem ser objeto de regulação apenas pelo zoneamento de 197740, sendo majoritariamente caracterizados como Z.2.03, Z.2.04, Z.2.05, Z.3.02, Z.3.04, Z.5 e Z6, e atendendo às disposições do Anexo 2 da Lei nº 1.082/1977. O fato de não serem objeto de regulação pela Lei nº 2.304/1997 impedem expressiva verticalização dessa porção territorial. Os Anexos IV e V da Lei nº 2.304/1997 regulamentam a implantação de atividades de hospedagem para a orla marítima e o restante do território, respectivamente. Apesar de não disposto o gabarito expressamente pelos anexos, as possibilidades de construção são substancialmente limitadas para possibilitarem de forma gratuita empreendimentos com área construída não superior a 2,4 vezes a área de seus terrenos de implantação. Além disso, cumpre informar que o Município confere possibilidades de edificação consubstanciadas em direito de construir conferido gratuitamente, não havendo diferenciação de índices urbanísticos em ambas as leis de zoneamento (de 1977 e de 1997) capazes de ensejar a aplicação de instrumentos urbanísticos do Estatuto da Cidade como a outorga onerosa ou a transferência do direito de construir. Mesmo o parcelamento, edificação e 40 A exata localização das Áreas descritas no Anexo I da Lei nº 2.304/1997 não conta com mapa oficial disponível para consulta. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 utilização compulsórios não encontram fundamento legal pelo zoneamento para caracterização da subutilização de imóveis urbanos ociosos. Tais aspectos reforçam a necessidade do Município observar as diretrizes propugnadas em seu próprio Plano Diretor (Lei complementar nº 30/2000), art. 16, inciso XV, para revisão de seu zoneamento. 6.5.3. Loteamentos e Condomínios Horizontais Em Itanhaém, assim como outras cidades litorâneas paulistas, a ocupação e urbanização deu-se a partir da orla da praia em direção à Serra do Mar. A cidade possui como vias principais a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55), que corta a o município e separa territórios da cidade bem diferenciados quanto ao perfil socioeconômico das famílias que os ocupam. De um lado, entre a rodovia e a orla, a ocupação está consolidada, com poucos vazios urbanos, enquanto que na porção, norte, entre a rodovia e a Serra do Mar, a ocupação encontra-se em expansão, apresentando vários bolsões de vazios urbanos. Itanhaém não possui grandes condomínios fechados de alta renda, mas sim, loteamentos de alta renda próximos à orla e pequenos condomínios fechados. Apesar de não impactar negativamente aspectos urbanísticos como, por exemplo, a interrupção de traçado viário por muros, podemos registrar que os loteamentos consolidados próximos à orla apresentam tipologias das edificações que evidenciam a segregação socioespacial na cidade, à medida que determinados espaços valorizados concentram moradias voltadas para família de alta renda. Além da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55), Itanhaém possui também vias paralelas a rodovia, que separaram as porções de terra mais próximas à orla, e que se constituem de importantes vias estruturais da cidade, ligando todos os bairros. É nessa faixa de terra que se localizam os loteamentos de média e alta renda do município, que abrigam a população flutuante advinda do turismo balneário. Os empreendimentos estão localizados nos bairros Vila São Paulo, Satélite, Guarda Civil, Campos Eliseos, Marrocos e Bopiranga41. A distribuição dos loteamentos e conjuntos fechados na cidade poder ser observada no Mapa __ a seguir42. Mapa__ – Loteamentos e condomínios horizontais no município. 41 Anexo 3 – Descrição do Abairramento, da Lei Complementar Nº30, de 12 de janeiro de 2000 que institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) do Município de Itanhaém. 42 Os loteamentos e condomínios fechados foram mapeados através de identificação por foto aérea. 121 Fonte: Instituto Polis, 2012. Além dos 03 loteamentos identificados, cabe aqui ressaltar que existem na cidade 05 colônias de férias ligadas à sindicatos e entidades de categorias profissionais, que começaram a se estabelecer na região, em especial nas cidades de Praia Grande e Itanhaém, com a facilidade de acessos ao litoral sul proporcionada pela abertura das Rodovias Pedro Taques (SP55) em 1961 e Rodovia Padre Manoel da Nóbrega em 1970. A intensificação do turismo balneário impulsionou a implantação de equipamentos voltados ao turismo e lazer, bem como, a construção de residências de veraneio nas cidades litorâneas da Baixada Santista, o que acabou se tornando forte marca dessas cidades. As colônias de férias identificadas em Itanhaém são: - Colônia de férias CBS e SDS PMESP (Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo); - Colônia de férias Satélite Esporte Clube (Associação dos Funcionários do Banco do Brasil); - Colônia de férias ARJM (Associação dos Funcionários do Grupo O Estado de SP); - Colônia de férias COOPMIL (Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Policiais Militares); - Colônia de férias Itaú (Asociação dos Funcionários do Banco Itaú). Essas colônias constituem-se de espaços de até 37.085,00m² que se segregam e se diferem da malha urbana ao redor, porém não implicam tão fortemente problemáticas urbanas que geralmente estão atreladas a este tipo de loteamento ou condomínio fechado, como por exemplo, ruptura de importantes vias estruturais. Figura__ - Colônia de Férias CBS e SDS da Polícia Militar de SP e Satélite Esporte Clube. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Google Earth, 2012. Figura__ - Colônia de Férias Itaú e ARJM. Fonte: Google Earth, 2012. Além das colônias de férias, foram identificados alguns pequenos loteamentos e condomínios fechados cercados por muros, que também se diferenciam da malha urbana a que estão inseridos. O condomínio Estrela Del Mar localizado no bairro Vila São Paulo constitui-se de uma espaço de 33.800,00m² claramente segregado de seu entorno, com a presença de guaritas e controle de entrada. O condomínio possui baixa densidade e comporta residências assobradas que possuem em média 300,0m² de área útil. Os imóveis possuem de 02 a 03 dormitórios e possuem até 02 vagas de automóveis na garagem. A média dos valores a que estão sendo comecializados as residências é de R$500.000,00, sendo imóveis claramente destinados às classe de renda mais elevada.43 Percebe-se, porém, que mais da metade dos lotes ainda encontram-se desocupados. Figura__ - Condomínio fechado Estrela Del Mar no bairro Vila São Paulo. 43 Pesquisa realizada em Imobiliária Benigno Imóveis – www.benignoimoveis.com.br – Acesso em Agosto/2012. 123 Fonte: Google Earth / Benigno Imóveis, 2012. Alguns outros loteamentos também foram identificados nos bairros Marrocos e Bopiranga. Tratam-se de loteamentos cuja malha interna se diferencia da malha viária ao redor e que possuem frente para a orla. Também apresentam baixa densidade com residências assobradadas de alto padrão, sendo em média, comercializadas por R$500.000,00. Possuem de 02 a 04 dormitórios com até 03 vagas de automóveis44. O loteamento localizado no bairro Marrocos encontra-se cercado por muros, porém com acesso livre pela Av. Marginal Um, sendo esta a única via de acesso ao loteamento, e se encontra quase que totalmente ocupado por residências de alto padrão. Figura__ - Loteamento de alto padrão no Bairro Marrocos. Fonte: Google Earth, 2012. O Loteamento localizado no bairro Bopiranga, por sua vez, encontra-se quase que totalmente desocupado, é cercado por muros com a presença de controle de acesso por guaritas. Seu acesso se dá tanto pela Rua Taipoca quanto pela Av. Governador Mário Covas Junior (avenida da orla). Figura__ - Loteamento ainda desocupado no Bairro Bopiranga. 44 Pesquisa realizada em Imobiliária Trovit Imóveis – www.imoveis.trovit.com.br – Acesso em Agosto/2012. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Google Earth, 2012. Podemos verificar, conforme citado anteriormente, que a maior parte dos imóveis de veraneio da cidade se concentra nesses loteamentos e condomínios horizontais próximos à orla, com setores que variam de 50-75% e 75-100%, conforme pode ser observado no Mapa ___ a seguir. Os setores com a maior presença de domicílios de uso ocasional estão localizados nas faixas entre a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega e a orla, em bairro como Marrocos, Campo Elíseos, Jardim Suarão, Tupy, Bopiranga e Jamaica. Observa-se por outro lado que a população fixa do município se concentra nas áreas afastadas da orla, em bairros como Sabaúna, Guapiranga, Oásis, Ivoty e Umuarama. Essa característica está muito presente nos municípios da Baixada Santista e Litoral Norte, que se estruturaram e se consolidaram, ao longo dos anos, como importantes polos turísticos e de lazer do Estado de São Paulo, o que trouxe grande contingente de população flutuante nos períodos de temporada, causando forte impacto na infraestrutura urbana dos municípios. Segundo dados do IBGE 2010, Itanhaém possui 34.857 de domicílios de uso ocasional, representando 51,89% do total, confirmando a cidade como destino turístico que se consolida ano após ano, através da construção de imóveis de veraneio, bem como, da instalação de equipamentos turísticos, como as colônias de férias. Mapa__ - Loteamentos Horizontais e condomínios fechados e Domicílios de Uso Ocasional Segundo Setores Censitários – IBGE 2010. 125 Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Verificamos também, que a concentração de residências de alta renda conformadas em condomínios fechados e loteamentos, assim como na grande maioria dos municípios da Baixada Santista e Litoral Norte, configura e define espaços socioeconomicamente segregados. Esse fato fica melhor evidenciado quando analisamos a espacialização dos rendimentos nominais médios dos responsáveis pelos domicílios por setor censitário segundo IBGE 2010. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa__ – Loteamentos Horizontais e condomínios dechados de Alta Renda e Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários – IBGE 2010. Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Temos, portanto, a clara divisão da cidade por faixas de renda, com as classes de maior renda usufruindo de áreas valorizadas, servidas de infraestrutura e próximas à orla, enquanto a população de baixa renda aparece habitando áreas periféricas, impróprias à ocupação. Observa-se no mapa a seguir a relação entre as áreas de loteamentos e condomínios de alto padrão e a distribuição das ocupações precárias e irregulares do município. 127 Mapa__ – Loteamentos Horizontais e condomínios fechados e Assentamentos Precários e Irregulares. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Vimos que do ponto de vista urbanístico, o impacto gerado pelos loteamentos de alta renda próximos à orla do potno de vista de aspectos urbanísticos como, a interrupção de traçado viário por muros, é pequena. Portanto, a implantação desses loteamentos cria espaços socialmente segregados, ocupados por populaçõ de alta renda, fixa e de veraneio. Ou seja, assim como nas demais cidades do litoral paulista, o mercado imobiliário possui maior influência sobre o uso e ocupação do solo do que a reposta que a legislação municipal dá, no sentido de garantir áreas urbanizadas, com infraestrutura, e urbanizada, para todas as classes sociais.. O traçado viário da cidade, paralelo à orla, cria áreas com valorização imobiliária diferenciada, de acordo com sua distância das praias. O resultado mais perverso da análise é o fato de que quanto mais valorizadas pelo mercado imobiliário e mais utilizada por população não residente para veraneio, melhores são as condições de infraestrutura urbana e acesso a equipamentos públicos, ao passo que deveria haver portanto, inversão de investimentos pelo Poder Público, para garantir infraestrutura equipamentos públicos de qualidade também para as famílias de menor renda, que residem nas áreas mais distantes da orla, e composta por maioria população fixa do município. 6.5.4 - Regulação dos Loteamentos e Condomínios horizontais Com relação à implantação de novos parcelamentos do solo e constituição de condomínios residenciais, tal como ocorre na disciplina de empreendimentos verticalizados, identifica-se na legislação local as diretrizes orientadoras de uma nova norma de zoneamento, conforme pretensão manifestada pelo art. 16, inciso XV do Plano Diretor do Município (Lei complementar nº 30/2000). Tais diretrizes contemplam a predominância do padrão horizontal de ocupação do solo urbanizado e “estímulo à implantação de conjuntos e condomínios horizontais e liberação para edificações agrupadas horizontalmente”, estipulando de acordo com o zoneamento a localização dos conjuntos, conforme disposto nas alíneas ‘k’ e ‘l’. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 No caso de empreendimentos imobiliários horizontais valem as regras de ocupação do solo da Lei nº 2162/1995, que derrogou dispositivos da Lei nº 1.082/1977, para prever especificidades para as modalidades de loteamento, desmembramento, arruamento e desdobro do solo. Tais figuras jurídicas, aliás, encontram-se previstas no rol de definições contidas no art. 1º da norma. A definição jurídica de loteamento e desmembramento aproxima-se das disposições da Lei federal pertinente, qual seja, a Lei nº 6.766/1979. O mesmo artigo traz definições de áreas a receberem melhoramentos e infraestrutura pública por meio da implantação de áreas institucionais (com equipamentos comunitários), áreas públicas (com equipamentos urbanos, vegetação e sistema viário) e áreas verdes (reservadas à vegetação e tratamento paisagístico). A exigência de tais áreas para realização de melhoramentos para a coletividade é exigência contida no art. 3º , caput, da mesma lei para os casos específicos do loteamento e do arruamento. No caso de desmembramentos (onde por definição da Lei municipal nº 2162/1995 criam-se lotes a partir de glebas ou lotes, aproveitando-se o sistema viário existente) e desdobros (que implica a subdivisão de lote já derivado de parcelamento do solo sem a criação de logradouros), as exigências contidas na norma municipal silenciam sobre áreas de doação, mantendo-se os requisitos urbanísticos aplicáveis aos loteamentos e arruamentos, como dimensão mínima de lotes e testadas, além da exigência de acesso por via oficial. Os percentuais de áreas públicas exigidas para doação, bem como dimensões mínimas encontram-se em Anexo Parsolo 1 – Padrões de Parcelamento do Solo. Com relação à constituição de condomínios, igualmente não se observa a exigência de doação de áreas quando da implantação de empreendimentos residenciais multifamiliares, bem como outros usos na forma de condomínio. As tipologias construtivas de usos residenciais multifamiliares correspondem às categorias R.2 e conjuntos residenciais, de categorias R.3. A categoria R.2 é definida pelo art. 29 da lei, correspondendo a três hipóteses de organização espacial horizontal: R.1.01, condomínios formados por moradias sobrepostas; R.2.02, casas geminadas até o limite de 4; R.2.03, agrupamentos de moradias com acessos independentes para as vias públicas, limitados até 8 casas. O art. 33 descreve a tipologia de conjunto residencial (R.3), diferenciando-se entre: vilas (R.3.01), limitadas a 2.000m2; conjuntos de menor porte (R.3.02), até 15.000m2; e conjuntos residenciais maiores (R.3.03), que não apresenta limitação máxima de área para implantação (apesar de o Município informar já haver vigorado referida exigência durante determinado período). Além das disposições específicas para os usos residenciais multifamiliares, soma-se a necessidade de atendimento aos parâmetros de uso e ocupação do solo. Os demais usos, sujeitam-se apenas à adequação de condições de uso e ocupação do solo. Tais parâmetros podem ser conhecidos a partir do Anexo 2 da Lei nº 1.082/1977 e Anexos II a V, da Lei nº 2.304/1997. 6.5.5 - Patrimônio Histórico Cultural Diversos municípios do litoral paulista possuem em seu território parte da memória da história de formação do país, guardada nos seus espaços públicos e nos seus imóveis edificados. As especificidades dessas áreas, a historicidade de suas construções, seu caráter didático e sua vocação para cultura, lazer e turismo, são importantes fatores que devem ser considerados para a promoção de um desenvolvimento sustentável. A previsão de novos usos e a realização de novos projetos de reabilitação ou requalificação em áreas de interesse de preservação deve passar, necessariamente, pela valorização do patrimônio cultural, tendo como objetivo principal o aproveitamento de seu potencial para alavancar processos de desenvolvimento social e 129 econômico. No caso de imóveis de interesse cultural, o cumprimento da função social se dá na medida em que o imóvel consiga preservar os valores culturais que foram associados a ele e à área onde ele se insere. Para preservar estes bens é preciso identificá-los como, por exemplo, através da elaboração de inventários. “O inventário é um instrumento de proteção dos imóveis de interesse cultural, assim como o tombamento. Juntos eles permitem a preservação dos bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. O tombamento é um instrumento de proteção que pode ser realizado pelo município, estados ou governo federal.” (BRASIL. CIDADES/IPHAN, 201145) O município de Itanhaém não disponibilizou dados municipais de patrimônio histórico. O Plano Diretor municipal vigente (PD - Lei Complementar 30/2000) aponta apenas diretrizes para a política de patrimônio histórico e cultural. No entanto, o plano diretor está em processo de revisão e deverá trazer novas diretrizes e instrumentos. O município possui um centro histórico, não delimitado, onde estão localizados alguns imóveis tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), apresentados abaixo, coforme tabela e mapa. Tabela – Imóveis tombados – ITANHAÉM No bem tombado Tombamento 1 Casa de Câmara e Cadeia CONDEPHAAT - Res. de 1/10/73 2 Igreja e Convento de Nossa Senhora da Conceição CONDEPHAAT ex-officio em 26/12/1974 3 Igreja Matriz de Santana CONDEPHAAT ex-officio em 28/12/1982 Fonte: CONDEPHAAT. Disponível em: http://www.cultura.sp.gov.br/ Elaboração Instituto Polis Além destes imóveis, o município possui alguns pontos de interesse histórico que são apontados como parte do Roteiro Histórico Cultural do município, como Casa do Olhar de Benedicto Calixto, a Biblioteca Municipal “Poeta Paulo Bomfim” e a Gruta Nsª. de Lourdes. 45 BRASIL. Ministério das Cidades; Iphan. IMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES EM ÁREAS URBANAS CENTRAIS E CIDADES HISTÓRICAS - MANUAL DE ORIENTAÇÃO. Brasília, 2011. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura. Mapa de imóveis tombados – Itanhaém 6.6. Bens da união no município O conhecimento da estrutura fundiária urbana identificando os imóveis de propriedade pública, especialmente imóveis vazios e ociosos, são uma importante variável de análise e proposição de ocupação do território. O reconhecimento e disponibilização dos imóveis sem uso no cumprimento da função social, sejam eles públicos ou privados, contribuem para a execução de projetos propostos nos municípios, de forma a constituir um banco de terras para a implantação de equipamentos, infraestrutura ou outros usos de seu interesse, como a moradia de interesse social ou uso institucional. No caso dos imóveis públicos, ocupados por entidades ou empresas através de concessão ou outro instrumento (municipal, estadual ou federal) é fundamental identificar aqueles que muitas vezes não atendem ao interesse público. Nestes casos, a revisão das concessões pode contribuir para que o poder público destine estes imóveis para finalidades articuladas aos objetivos de planos e projetos existentes. No caso do litoral paulista, as praias e seus acrescidos estão entre os bens públicos de uso comum do povo sob o domínio da União (art. 20, IV e VII, da CF/88). Além da questão da titularidade, estas áreas são recursos naturais integrantes da Zona Costeira. Nesse sentido, qualquer intervenção em área de praia deve ser precedida de autorização da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), órgão da União responsável pela gestão dos bens públicos nacionais. 131 A Secretaria do Patrimônio da União (SPU) estabeleceu procedimentos específicos de acordo com o tipo de imóvel e destinação. O município de Itanhaém possui dez imóveis da União de Uso Especial, ou seja, destinados a uso de interesse público, sendoa maior área destinada à Terra Indígena Rio branco, ver tabela ___. Tabela. Imóveis da União de Uso Especial – Itanhaém Logradouro - SPIUnet Número do RESPONSÁVEL PELO IMÓVEL Endereço SPIUnet ANTONIO PARREIRAS 249 SERVICO REGIONAL DE PROTECAO AO VOO SAO PAULO 16/10/2003 4.803,00 JOSE BATISTA CAMPOS 1517 SERVICO REGIONAL DE PROTECAO AO VOO SAO PAULO 04/10/2003 6.539,00 TERRA INDIGENA RIO BRANCO S/N FUNAI-COORDENACAO REGIONAL DO LITORAL SUDOESTE/SP 30/11/2012 18.097.000,00 MUNICIPAL (ATUAL AV. RUI BARBOSA, 169) S/N° GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 07/03/2009 400,00 TRES S/N GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 24/03/2010 250,00 ILHA QUEIMADA PEQUENA ILHOTE E LAJE NOITE ESCURA S/N IBAMA - GERENCIA EXECUTIVA DO IBAMA/SP 29/04/2013 120.000,00 RUI BARBOSA 282 GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 03/02/2008 1.250,00 MUNICIPAL (ATUAL AV. RUI BARBOSA, 169) S/N° DELEGACIA DA REC.FEDERAL EM SANTOS/SP 21/09/2013 850,00 DESEMBARGADOR JOSE DAVID FILHO 6 GERENCIA REGIONAL DE PATRIMONIO DA UNIAO/SP 08/08/2010 282,60 DR CARLOS BOTELHO 221 DELEGACIA DA REC.FEDERAL EM SANTOS/SP 17/06/2012 333,30 Data da Validade da Avaliação da Utilização Área do Terreno Utilizado (m²) Fonte: SPU/SP – ofício GP-SPU/SP 462/12Elaboração Instituto Polis Além disso, a SPU vem realizando procedimento de atualização de seu cadastro e regularização das concessões das áreas de marinha. As áreas de marinha consistem na faixa de terra existente entre a preamar-média de 1.831 e uma extensão de 33 metros medidos a partir desse alinhamento inicial, nas áreas sujeitas a maré. O cadastro e controle destas áreas é um importante instrumento de gestão do território. O Governo Federal vem incentivando um processo de construção de gestão articuladas das áreas costeiras através da construção de um plano para a orla marítima, o Projeto Orla. O projeto visa também estabelecer critérios para destinação de usos de bens da União, visando o uso adequado de áreas públicas e de recursos naturais protegidos compatibilizando as políticas ambiental e patrimonial. Embora a competência legal para o gerenciamento destas áreas encontre-se majoritariamente na órbita do Governo Federal, o Projeto Orla concebe o nível municipal, apoiado pelo estado, como agente executivo da gestão compartilhada da orla. Embora seja uma iniciativa interessante de gestão articulada destas áreas o projeto orla não é lei e nem condiciona o recebimento de recursos. Desta forma o projeto ainda foi pouco desenvolvido no litoral de São Paulo. No caso do município de Itanhaém, o plano para a orla marítima ainda não foi desenvolvido. Além disso, o processo de cadastro e regularização das áreas de marinha ainda está em andamento. De acordo com cadastro da SPU/SP, já foram identificados 223 imóveis em Itanhaém, somando 159.485m². Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 133 Tabela. Imóveis de domínio da união – terrenos de marinha MUNICÍPIOS Imóveis da União Soma de Área do Terreno da União (m²) BERTIOGA 18 342.790 CARAGUATATUBA 914 3.482.349 CUBATAO 344 11.915.747 GUARUJA 5.072 16.774.400 ILHABELA 147 1.222.982 ITANHAEM 223 159.485 MONGAGUA 109 107.229 PERUIBE 20 27.247.677 PRAIA GRANDE 1.929 3.349.671 SANTOS 16.664 79.740.469 SAO SEBASTIAO 847 3.979.057 SAO VICENTE 8.783 15.706.910 UBATUBA 889 3.037.654 Total Geral 35.959 167.066.420 Fonte: SPU/SP – ofício GP-SPU/SP 462/12 Elaboração Instituto Polis 6.7. Regulação dos Bens da União nas Legislações Municipais e Federais 6.7.1. Regime Jurídico dos Bens Públicos Municipais Os bens públicos do Município de Itanhaém são regulamentados pela Lei Orgânica do Município (LOM), no Título III, Capítulo III, “Dos Bens Municipais”. Nesta seção encontram-se os principais dispositivos relativos à regulamentação do uso e gestão de bens públicos, seus desdobramentos de competências e hipóteses de exceções às regras dispostas. Define a LOM que compete privativamente ao Município dispor sobre a administração, utilização e alienação de seus bens, (artigo 7°, inciso IX). A administração dos bens municipais caberá ao Prefeito, com exceção para competência da Câmara naqueles que forem utilizados em seus serviços (artigo 90). A obrigatoriedade do cadastro dos bens públicos municipais também é determinada pela LOM (artigo 91), bem como a conferência anual da escrituração patrimonial dos bens existentes (parágrafo único do artigo 92) À Câmara Municipal cabe autorizar o uso de bens imóveis mediante concessão administrativa ou de direito real e sua alienação e aquisição (artigo 22, incisos VII, IX e X da LOM). 6.7.2 Uso Privativo dos Bens Municipais No caso de Itanhaém, as regras para outorga de uso privativo dos seus bens por meio dos instrumentos da concessão ou permissão de uso estão previstos nos artigo 97 da LOM. A concessão administrativa de bens de tipo especial e dominicais dependerá de lei e deverá ser objeto de contrato administrativo e licitação prévia (concorrência), sob pena de nulidade do ato, ressalvada esta hipótese Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 quando o uso se destinar à concessionária de serviço público, a entidade assistencial ou quando houver interesse público relevante, devidamente justificado (artigo 97, § 1º). Há somente a restrição para a concessão de bens de uso comum que poderá ser outorgada somente para finalidades “escolares, de assistência social ou turísticas, mediante prévia autorização legal (artigo 97, § 2º). A Concessão de Direito Real de Uso - CDRU deverá ser utilizada preferencialmente à venda ou doação de seus bens imóveis, mediante prévia autorização legislativa e concorrência pública, que será dispensada quando o uso se destinar à concessionária de serviço público, entidade assistencial ou quando houver relevante interesse público (artigo 94, § 1º). Verifica-se, portanto, que a legislação municipal observa os princípios dispostos na legislação federal atinente ao tema (Lei n°. 8.987/95 46), que buscam conferir ao instrumento da concessão maior estabilidade do que os demais instrumentos de outorga de uso privativo de bem público (permissão, autorização e cessão) sem chegar a aliená-los ao particular. As concessões deverão ser, em regra, precedidas de licitação em razão da regra geral constitucional do art. 37, XXI. Há que se ponderar, contudo, que podem haver situações em que a concessão ocorra sem prévia licitação, desde que caibam nas hipóteses de dispensa expressamente prevista em lei ou quando se verifique situação de inexigibilidade. Uma dessas hipóteses, à qual a LOM não faz referência, é a dispensa de licitação quando da outorga de Concessão de Direito Real de Uso - CDRU para fins específicos de regularização fundiária prevista na legislação federal (artigo 7° do Decreto-Lei n° 271/67 e artigo 17, inciso I, alínea “f” da Lei 8.666 de 1993, ambas com redação dada pela Lei n°. 11.481/07). Contudo, a previsão genérica contida no § 1º do artigo 115, pode assegurar sua utilização. Com relação à competência, como já foi observado, a LOM determina a necessidade de autorização da Câmara Municipal, via lei específica, para a outorga da concessão de uso (artigo 15, incisos VII da LOM). Tal exigência é corroborada pela maior parte da doutrina pátria. Não é de se estranhar, portanto, ser alta a incidência de tal dispositivo em Constituições Estaduais e Leis Orgânicas de Municípios. No entanto, cumpre indicar que parte da doutrina tem entendimento distinto deste. A tese se apoia no fato da Constituição somente indicar a necessidade de prévia autorização legislativa para a outorga de concessão de uso de bem público na hipótese de concessão ou alienação de terras públicas em área superior a dois mil e quinhentos hectares (cf. Artigo 188 § 1º e artigo 49, XVII, CF). Por ser taxativo, o constituinte teria limitado a ingerência do Legislativo na gestão dos bens públicos somente a esta hipótese, não se estendendo a qualquer outro tipo de bens (MARQUES NETO, 2009, p. 357). Importante ressaltar a ausência na legislação municipal da concessão especial de uso para fins de moradia (CUEM), modalidade outorga de uso gratuita de bem público, prevista no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) e disciplinada pela Medida Provisória n° 2.220/01, que dispensa a realização de procedimento licitatório, tendo em vista o interesse social na realização de regularização urbanística e fundiária. Outros dois instrumentos que conferem uso privativo aos bens públicos são a autorização e a permissão de uso de bem público. 46 Apesar de esta norma ser voltada a reger a concessão de serviço público, nas palavras de Floriano de Azevedo Marques Neto, “ela contem linhas gerais relativas ao instituto da concessão, aplicando-se subsidiariamente aos contratos de concessão de uso” (2009, p. 351). 135 A permissão de uso de bem público de Itanhaém é regulamentada pelo artigo 97, no §3º, da LOM. Nele é ressaltado o caráter precário do instituto, a possibilidade de incidir sobre qualquer espécie de bem público e que deverá ser outorgado por decreto (c/c artigo 86, inciso I, alínea “g”). Sem necessidade, portanto, de prévia autorização legislativa. Para além do exposto, não há mais nenhum dispositivo na LOM que trate da permissão, logo, supõem-se que desdobramentos como prazo, condições de uso, fatos que ensejem penalidades, dentre outros, estarão presentes no decreto específico que autorizará o ato administrativo. O último instrumento de outorga a ser analisado é o da autorização de uso de bem público. Contudo, a LOM ou qualquer outra legislação municipal, não fazem menção ao instituto da autorização de uso. 6.7.3 Alienação ou Aquisição de Bens Públicos A Lei de Licitações estabelece que os imóveis públicos somente podem ser alienados com autorização legislativa e, como regra geral, por meio de licitação, na modalidade concorrência, que poderá ser dispensada no caso de incorrer nas hipóteses especificadas na referida norma (art. 17, I, Lei nº 8.666/93). A alienação e aquisição dos bens públicos do Município de Itanhaém estão subordinadas à existência de interesse público devidamente justificado e a regras específicas de acordo com o tipo de bem (móvel e imóveis) e modalidade de alienação (alienação simples, doação, permuta), em consonância com a legislação federal (art. 23, § 3°, da Lei 8.666/93). Quando imóveis, prevê a LOM a necessidade de autorização legislativa e concorrência pública (art. 93, inciso I), conforme determina a Lei de Licitações (Lei 8.666/93), com exceção para os casos de doação e permuta (art. 93, inciso I). Quando móveis também dependerá de licitação prévia, que será dispensada quando o uso se destinar a concessionária de serviço público, a entidade assistencial ou quando houver interesse público (artigo 93, inciso II). A LOM também proíbe a alienação, doação ou concessão de uso de bens públicos municipais de qualquer fração dos parques, praças, jardins ou logradouros públicos, salvos pequenos espaços destinados a venda de jornais e revistas (artigo 96). Ainda com relação à alienação, a LOM prevê que terão direitos ao título de domínio sobre áreas públicas municipais de até 250 m2 aqueles que as estiverem ocupando por um prazo ininterrupto de vinte anos e que já tenham requerido sua regularização na Prefeitura (artigo 18). Trata-se ato discricionário do poder público municipal com relação aos seus bens a fim de cumprir a função social da propriedade dos bens sob o seu domínio ao destiná-los para fins de moradia. Não há menção na LOM à hipótese da dispensa para alienação de imóveis da Lei de Licitações (Lei 8.6666 de 1993), que indica a dispensa de licitação para alienação de imóveis públicos quantos estes estiverem ocupados por pessoas carentes, desde que vinculada a políticas públicas consistentes, sob autorização legislativa, avaliação prévia e indiscutível demonstração de interesse social (art. 17, I, f, da Lei Federal n. 8.666 de Com relação ao instituto da permuta, cumpre indicar que a Lei de Licitações (Lei 8.666/93) estabelece que as permutas de bens móveis públicos só serão permitidos quando se derem a favor de outro órgão ou entidade da administração pública de qualquer grau federativo (inciso II, alínea “b” do artigo 17) e a de bens imóveis somente quando este for destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia (artigo 17, inciso I, alínea “c”). Sendo assim, de maneira geral, no que diz respeito à alienação e concessões de uso privativo de bens públicos que integram seu patrimônio, verifica-se o cumprimento da legislação municipal de Itanhaém com o disposto na legislação federal. Restando apenas as ressalvas apontadas sobre a inexistência da previsão dos instrumentos de outorga para fins de regularização fundiária, como a CUEM, a autorização de uso para fins urbanísticos de imóveis públicos para fins comerciais e a dispensa de licitação para alienação de bens imóveis destinados ou efetivamente utilizados Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social (art. 17, I, “f” e “h” da Lei 8.666/93, com redação dada pela Lei 11.481/2007). Tais exceções constituem importantes instrumentos de consecução da função social do bem público, princípio constitucional ao qual devem estar submetidas tanto as propriedades privadas quanto as públicas (art. 5°, XXII), e para o cumprimento e respeito às diretrizes gerais da política urbana estabelecidas pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001). 6.7.4. Bens Públicos Municipais e os Loteamentos e Condomínios O tema dos loteamentos e condomínios de Itanhaém é tratado no item “Regulação dos Loteamentos e Condomínios horizontais” deste relatório. Aqui serão abordadas tão somente as diretrizes de áreas a serem doadas ao poder público quando da realização destes empreendimentos. A regulamentação dos está presente na Lei n° 1.082/1977, alterada pela Lei nº 2.520/2000 (no caso dos condomínios), enquanto as demais modalidades de parcelamento encontram-se reguladas pela Lei nº 2.162/1995, em especial arts. 3º e 4º, e Anexo Parsolo 1. Já os condomínios são tratados no artigo 31 da LUOS, que trata dos Conjuntos Residenciais, que são “formados por uma ou mais edificações, isoladas ou agrupadas por blocos, ocupando um ou mais lotes e que devem possuir bens de uso comum do condomínio” (artigo 31). Para esses empreendimentos, a LUOS define uma porcentagem mínima por unidade habitacional que deve ser obrigatoriamente destinada ao uso comum dos condôminos. Contudo, tais áreas não se constituem em áreas públicas, mas tão somente comuns aos moradores dos condomínios, conforme legislação federal (Lei 4.591 de 1964) Cumpre indicar que a Lei Federal 6.766/79 dispõe que a definição dos índices urbanísticos de parcelamento e ocupação do solo do território do município são de sua responsabilidade e deverão ser proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem os projetos de parcelamento do solo (§ 1º, do artigo 4º da Lei 6.766/79, com redação dada pela Lei 9.785/99). 6.7.5 Bens federais no Município Do ponto de vista jurídico, a localização do município em área de Zona Costeira eleva seu território ao status de “patrimônio nacional”, previsto § 4° do artigo 225 da Constituição Federal. Na prática determina um território com significativa concentração de bens públicos sob domínio da União (praias, mar territorial, terrenos de marinha e acrescidos, etc.), e que possuem um regime jurídico diverso das espécies de bens públicos sob domínio exclusivo do município (praças, sistema viário, edifícios públicos, etc.). Ainda em seu território, Itanhaém possui áreas de Mata Atlântica e da Serra do Mar. Sendo assim, não é de se surpreender a existência de conflitos na regulação, gestão e uso destes bens entre os entes federados. Daí decorre a necessidade de cooperação entre entes a fim de realizar a gestão compartilhada destes bens. Evitando assim a invasão de competência, o uso ou não uso com consequências danosas para um dos entes ou mesmo as intervenções judiciais, que acabam por dificultar ou mesmo impedir a gestão e o uso desses bens que ocupam extenso território dos municípios litorâneos e por isso tem papel fundamental no seu desenvolvimento. Sob esta perspectiva é que devemos analisar a legislação da Itanhaém que disciplina o uso e ocupação de bens de domínio de outros entes federados, a fim de ponderar sobre sua legalidade e consonância diante da esparsa legislação federal e estadual que trata do tema. 137 As praias, terrenos de marinha e seus acrescidos, estão entre os bens públicos de uso comum do povo sob o domínio da União (artigo 20, IV e VII da CF). Além da questão da titularidade, tais biomas são recursos naturais integrantes da Zona Costeira (artigo 225, § 4º da CF) tratado acima. Nesse sentido, qualquer intervenção em área de praia deve ser precedida de autorização da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), órgão da União responsável pela gestão dos bens públicos nacionais. Logo, não cabe exclusivamente ao município dispor sobre a gestão e o uso deste bem. A Lei Orgânica de Itanhaém estabelece como áreas de proteção permanente as orlas marítimas, nelas compreendidas as praias e costões rochosos, os manguezais e áreas estuarinas (artigo 205, da LOM). Constatase aqui a sobreposição de normas dos diferentes entes que incidem sobre tais áreas, já que a maioria dos bens elencados são de domínio da União, evidenciando a necessidade da gestão compartilhada deste tipo de bens. A gestão compartilhada é reforçada no Plano Diretor, que elenca dentre as diretrizes da Política de Ordenamento, Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo de Itanhaém estabelecer novo zoneamento que se adeque ao Zoneamento Ecológico Econômico, previsto na Lei Estadual de Gerenciamento Costeiro (Lei n° 10.019 de 1998), em elaboração pelo Governo do Estado (artigo 16, inciso XV, alínea “d”, item 4 c/c artigo 17, inciso II do Plano Diretor de Itanhaém). Tanto a LOM como o Plano Diretor dispõe sobre a ocupação de áreas sob domínio da União. A LOM permite a construção de quiosques nas praias do Município, consideradas por lei corredores comerciais. Estabelecendo ainda a preferência dos comerciantes já estabelecidos nessas praias para a outorga da permissão dos quiosques para a construção à frente de seus estabelecimentos (artigo 142, § 1º). Já o Plano Diretor (Lei Complementar n° 30 de 2000) estabelece dentre as diretrizes da Política de Turismo, a elaboração de projetos específicos para ocupação da orla marítima em geral para ordenação e implantação de estacionamento, áreas de lazer (quadras esportivas), urbanização (arruamento, iluminação, etc.), locais para eventos do tipo palco ou concha acústica, dentre outros (artigo 22, inciso XVIII, alínea “b”), bem como indicações de projetos de urbanização específicos para as praias do Cibratel, dos Sonhos, dos Pescadores, de Itanhaém, das Conchas e Costão Miami (artigo 22, inciso XVIII, alíneas “c”, “d”, “e” e “f”). Apesar de não fazer referência, qualquer ação da Prefeitura no sentido de destinar o uso ou ocupação do território abrangido pelas praias, terrenos de marinha e seus acrescidos, devem necessariamente ser objeto de apreciação por parte da SPU, sob pena de incorrer em grave ilegalidade, podendo causar prejuízos ao erário e à particulares. Como já indicado no item “Bens da União no Município de Itanhaém”, a SPU vem realizando a atualização dos cadastros de imóveis pertencentes à União em todo o território nacional e a regularização das concessões das áreas de marinha. O Plano Diretor de Itanhaém (Lei Complementar n° 30 de 2000) também estabelece dentre as diretrizes da Política de Meio Ambiente a viabilização junto à SPU da demarcação dos terrenos de marinha situados no Município (artigo 17, inciso XXIV). No caso da Itanhaém, encontram-se cadastrados imóveis perante a Superintendência do Patrimônio da União – SPU, em São Paulo47 . Em consequência de todo o quadro legal exposto, advém a importância do Projeto Orla. Este instrumento materializado “Plano de Ação”, “Plano de Gestão Integrada” e, por meio de um Comitê Gestor, estabelece os critérios para o uso e ocupação dos bens da União em território Municipal. Mesmo não tendo força de lei, constitui-se num importante instrumento para a consecução da gestão compartilhada dos bens que integram o território da orla. No entanto, segundo informações da Prefeitura, o Projeto Orla não foi realizado em Itanhaém. 47 Conforme informação prestada pelo Ofício GP SPU/SP nº 462, de 05 de abril de 2012. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 7 – MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO 7.1. Meio Ambiente e Território na legislação municipal O Plano Diretor do município, Lei complementar nº 30/2000, estabelece as diretrizes da política setorial local de meio ambiente em seu art. 17. Entre elas, destacam-se: compatibilização com o gerenciamento costeiro, educação ambiental, atuação conjunta com outros entes federativos, exigência de estudo prévio de impacto ambiental de empreendimentos potencialmente causadores de impactos negativos, conhecer e cadastrar as fontes de poluição, ampliar as áreas de verdes existentes, em especial, para criar o Parque Municipal de Preservação Ambiental, em ilhas ou região da Bacia Hidrográfica do Rio Itanhaém, além de estimular a criação de Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), encontrar solução para a disposição final de resíduos sólidos, e instituição de fundo municipal de preservação ambiental , entre outras. Algumas dessas diretrizes foram adotadas para legislação municipal esparsa, não sendo verificada contudo a criação do aludido fundo de preservação ambiental de que tratou o Plano Diretor de 2000. O Conselho Municipal de Defesa do meio Ambiente foi criado pela lei nº 1.550/1989, sendo inteiramente reorganizado pela Lei nº 2.679/2001, ainda que mantido seu caráter meramente consultivo e de assessoramento. Coube à posterior Lei nº 3.730/2011, a revisão dessa situação, conferindo em seu art. 1º nova redação à lei de 2001, reconhecendo caráter deliberativo ao colegiado. A atuação fiscalizadora do Município, capaz de ensejar o enquadramento do ente federativo local no Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) em conformidade com a Lei federal nº 6.938/1981, art. 6º, inciso VI, é reconhecida pela Lei municipal nº 3.576/2009. Referido diploma legal adota para o âmbito municipal, as sanções a infrações cometidas contra o meio ambiente e disciplinadas pelo Decreto federal nº 6.514/2008. A repetição de procedimentos sancionatórios pela Administração Pública local é facultada pela mesma Lei federal ora citada, respeitando-se o disposto no parágrafo 2º do art. 6º. Contudo, além das possibilidades de fiscalização exercidas pelo Município a espelharem as sanções prescritas em esfera federal (Decreto federal nº 6.514/2008), identifica-se o condicionamento de corte de mata no território municipal à autorização da Prefeitura, nos termos do art. 22 da Lei nº 1.322/1985 (Código de Posturas Municipais). Não foi identificada no âmbito local uma norma disciplinadora e mais abrangente da política ambiental local ou procedimentos para um licenciamento ambiental de atividades poluentes, eventualmente realizado em âmbito local. Entretanto, conforme abordado na sequência, existem políticas municipais assim instituídas por lei, voltadas à tutela dos mananciais ou ao ecoturismo. A política de desenvolvimento do ecoturismo encontra-se fundada na Lei nº 3.571/2009, dela se ressaltando a possibilidade de concessão de benefícios fiscais para incentivo a atividades turísticas ligadas ao turismo sustentável, conforme disposto em seu art. 6º. 139 Em se tratando de áreas ambiental sensíveis, dá-se relevo a três normas editadas pelo Município a tutelarem, respectivamente, a preservação de áreas envoltórias de nascentes de rios e córregos, a proteção de áreas de mananciais e a criação de um banco de áreas para compensação ambiental. A Lei nº 3.575/2009 estabelece em seu art. 1º o cadastramento das nascentes e olhos d’água existentes no território municipal para futuro monitoramento continuado de suas condições de preservação. Com relação aos mananciais, Itanhaém cria uma política municipal de proteção aos mananciais de interesse público por meio da Lei nº 3.573/2009. São caracterizados mananciais de interesse público as “águas interiores subterrâneas, superficiais, fluentes, emergentes ou em depósito, efetiva ou potencialmente utilizáveis” para o abastecimento público (art. 1º, parágrafo único). A mesma norma prescreve a oportuna regulamentação do controle e aproveitamento dos mananciais de interesse público, além da necessária contrapartida de entidades responsáveis de abastecimento de água (mesmo que públicas) pela manutenção de unidades de conservação (arts. 3º e 4º). O art. 5º, por sua vez, prevê a competência do CONDEMA para avaliar compensações ambientais em áreas de mananciais. A Lei nº 3.570/2009 cria um interessante banco de áreas para recuperação ambiental, cujo objetivo estatuído pelo art. 2º é de “identificar, cadastrar e divulgar informações sobre áreas disponíveis para a implantação de projetos de reflorestamento executados para a compensação voluntária de emissões de gases de efeito estufa, cumprimento de compromissos ambientais ou no âmbito de ações de responsabilidade social”. O art. 3º prevê o cadastro voluntário de tais áreas e a disponibilidade da informação pública no banco criado pela Lei. Tais áreas podem ser adotadas por quaisquer interessados no Município, como cotas de compensação ambiental (CCA), disciplinadas pelo art. 6º, a serem apresentadas justamente para representarem contrapartidas de preservação ambiental na aprovação de empreendimentos. 7.1. Unidades de conservação instituídas no Município de Itanhaém O Município de Itanhaém está inserido em uma região de domínio da Mata Atlântica, sendo que 81,84% de sua área são recobertos por vegetação natural, incluindo floresta ombrófila densa (Montana, Submontana e de Terras Baixas), manguezais e extensos ecossistemas associados de restinga que se estendem entre a área urbanizada e a Serra do Mar (SMA/IF, 2007). A tabela 7.1 apresenta as categorias de vegetação de Mata Atlântica existentes no Município de Itanhaém e suas respectivas áreas para o biênio 2004-2005. Tabela 7.1 - Categorias de vegetação no período 2004-2005 Categorias de Vegetação Floresta Ombrófila Densa Montana (locais entre 500 e 1.000 metros de altitude) Floresta Ombrófila Densa Submontana (em encostas das serras entre 50 e 500 metros de altitude) Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas (altitudes inferiores a 50 metros) Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea de Terrenos Marinhos Lodosos (mangue) Hectares 10.824,4 12.871,9 1.286,5 451,3 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea em Região de Várzea 125,9 Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea sobre Sedimentos Marinhos Recentes 17.823,0 (restinga) Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Montana 2.705,4 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Submontana 1.571,6 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 1.610,9 TOTAL 11.070,9 Fonte: Instituto Florestal (Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo), 2007. Os atributos anteriormente descritos somados a existência de importantes ambientes para a reprodução e preservação da biota marinha acabaram por justificar a criação de duas unidades de conservação no Município de Itanhaém que são expostas na tabela 7.2 e figura 7.1. 48 Tabela 7.2 - Unidades de conservação existentes no Município de Itanhaém UNIDADE CONSERVAÇÃO DE ANO ATO DE CRIAÇÃO RESPONSÁVEL Parque Estadual da Serra 1977 do Mar Decreto Estadual nº 10251 de Fundação Florestal 31/08/1977 APA Marinha Litoral Centro Decreto Estadual 53.526 de Fundação Florestal 08/10/2008 2008 ÁREA (ha) 21094,46 (em Itanhaém) Setor Carijó 55.896,546 48 Importante observar que as unidades de conservação compreendem 35,04% da área continental do Município de Itanhaém. 141 Área de Relevante 1985 Interesse Ecológico Ilha Queimada Instituto Chico Pequena - 10 Decreto Federal Mendes de nº 91.887 de Conservação da 05/11/1985 Biodiversidade Ilha Queimada (ICMBio) Grande – 23 Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011 Adicionalmente, cumpre mencionar que o Município de Itanhaém abarca parte da Terra Indígena Guarani Mbya Rio Branco (2.873 ha), bem como o Parque Ecológico Ernesto Zwarg (que conta com uma área de 1,2 hectares, localizado na área do CMTECE – Centro Municipal Tecnológico de Educação, Cultura e Esportes). A seguir, são descritas as principais condições, demandas e pontos críticos que afetam direta e indiretamente os atributos das Unidades de Conservação existentes no Município de Itanhaém. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura 7.1 – Unidades de conservação existentes no Município de Itanhaém Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 2011; Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011; FUNAI, 2011. 143 7.2. Parque Estadual da Serra do Mar O Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) foi criado pelo Decreto nº 10.251, de 31 de agosto de 1977, e é administrado pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal). Ele é o maior parque do Estado de São Paulo e, também, a maior unidade de conservação de proteção integral de toda a Mata Atlântica. A área total do PESM abrange 315.390 hectares e engloba 23 municípios, desde Ubatuba, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, até Pedro de Toledo no litoral sul, incluindo Caraguatatuba, São Sebastião, Bertioga, Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Cunha, São Luiz do Paraitinga, Natividade da Serra, Paraibuna, Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Santo André, São Bernardo do Campo, São Paulo e Juquitiba (IF, 2011). Esta Unidade de Conservação é demasiadamente importante porque se configura como um corredor ecológico que possibilita conectar os mais importantes remanescentes de Mata Atlântica do Brasil. O PESM contribui para a conservação de 19% do total de espécies de vertebrados do Brasil e 46% da Mata Atlântica. Garante também a proteção de 53% das espécies de aves, 39% dos anfíbios, 40% dos mamíferos e 23% dos répteis registrados em todo o bioma (SMA, 2007) (Tabela 7.3). Com relação às espécies vegetais, foram catalogadas 1265 espécies de plantas vasculares, sendo 61 ameaçadas de extinção (ekosbrasil, 2011). Das espécies vegetais, a palmeira juçara (Euterpe Edulis Martius) é a mais ameaçada em razão de seu alto valor de mercado. Esta vem sendo suprimida de forma clandestina e criminosa pela ação dos chamados “palmiteiros”. O problema é demasiadamente sério em virtude das sementes do palmito juçara servirem de alimento para diversas espécies de aves, roedores e primatas ameaçados de extinção (SMA, 2007). Tabela 7.3 – Números de espécies da fauna catalogadas no PESM FAUNA Espécies Risco de Principais espécies ameaçadas de extinção extinção MAMÍFEROS 111 21 Sagüi-da-serra-escuro, sauá, bugio e muriqui ou mono-carvoeiro. Onça pintada, anta, cateto e queixada. Paca, cotia, tatu-galinha e tamanduá-mirim AVES 373 42 Macuco, jacutinga, papagaio-da-cara-roxa, papagaiochauá, sabiá-cica, pararu, pichochó, cigarraverdadeira, gavião-pombo-grande e gavião-pomba ANFÍBIOS 144 4 - RÉPTEIS 46 3 - TOTAL 704 70 - Fonte: Pacheco & Bauer, 2000; Miretzki, 2005; Haddad & Prado, 2005; Zaher et al., 2007; SMA, 2007. O PESM possui um Plano de Manejo aprovado pela Deliberação 34/2006 do CONSEMA. Os resultados dos levantamentos realizados no Plano de Manejo foram apresentados como Temas de Concentração Estratégica, onde foram definidas as linhas de ação para a pesquisa, conservação do patrimônio natural e cultural, a proteção, o uso público e a interação socioambiental. Foram definidas 11 áreas prioritárias de manejo (principalmente para regularização fundiária e ecoturismo) (SMA/FF, 2006). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Tal documento também definiu e regulamentou o seu zoneamento, com destaque para a Zona de Ocupação Temporária (áreas ocupada por terceiros), Zona Histórico-Cultural Antropológica (comunidades caiçaras e quilombolas), Zona de Uso Conflitante / Infra Estrutura de Base (rodovias, ferrovias, dutos, linhas de transmissão, estações de captação e tratamento de água, barragens, antenas de radio, TV e celulares). Além disso, foram delimitadas a zona de amortecimento, as áreas sobrepostas com terras indígenas demarcadas e as áreas intangíveis ou primitivas (áreas onde qualquer atividade humana é proibida). Em face de sua grande extensão, o PESM é gerenciado por meio de uma divisão regional em núcleos administrativos no sentido de facilitar o seu processo de gestão. São três sedes no planalto (Cunha, Santa Virgínia e Curucutu) e cinco na região litorânea (Picinguaba, Caraguatatuba, São Sebastião, Itutinga Pilões e Pedro de Toledo), sendo que para cada núcleo há um conselho gestor consultivo. 7.3. O Núcleo Curucutu do PESM no contexto do Município de Itanhaém O Núcleo Curucutu, com cerca de 25.000 ha, é um dos oito núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar e abrange os municípios de Juquitiba, Mongaguá, Itanhaém e São Paulo. Quanto aos aspectos geológicos, este Núcleo está inserido em um rebordo granito-xisto-gnaíssico da Serra do Mar, dissecado em um sistema de blocos e cunhas em degraus, com um sistema de falhamentos antigos reativado no pré-cambriano, e coberturas aluviais e colúvios quaternários. Este arcabouço geológico condiciona a morfologia da região, refletindo na existência de um relevo colinoso, com planícies aluviais e terraços estreitos (PELOGGIA, 1998 apud. BELLATO & MENDES, 2002, p. 94). Estes compartimentos estão inseridos no Grupo Açungui, que constitui a mais extensa unidade do Pré-Cambriano paulista. Deste grupo destaca-se no Planalto Paulistano e na parte superior da Serra do Mar, o complexo Embu, composto por migmatitos e gnaisses (IPT, 1981 apud. BELLATO & MENDES, 2002, p. 94). Já, quanto ao relevo, o Núcleo Curucutu abrange áreas de dois grandes compartimentos do relevo. No Planalto Atlântico trechos do Planalto Paulistano com altitudes entre 700 e 800 metros e na escarpa da Serra do Mar, compartimento de maior expressão em área no núcleo Curucutu -, onde as altitudes variam entre 800 e 1000. Um pequeno trecho do núcleo abrange colúvios e terraços flúvio-marinhos no contato da escarpa com a planície litorânea de Praia Grande Iperoíbe, além das planícies fluviais restritas do planalto (ROSS et. al., 1997 apud. BELLATO & MENDES, 2002, p. 94 - 95). A vegetação do Núcleo Curucutu é composta pela Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (Restinga Alta) e pela Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana. Na região do Planalto, encontram-se ainda os Campos de Altitude entremeados pelas Florestas de Neblina, vegetação pouco conhecida e de pequena extensão em todo o Parque da Serra do Mar. Essa vegetação destaca-se pela alta densidade de bromélias e orquídeas e pela presença constante de neblina. É neste Núcleo que os Campos e as Florestas de Neblina têm a sua maior área (SMA/FF, anexo 1, p. 07, 2006). Quanto a fauna, neste núcleo foram registradas 40 espécies de mamíferos, 24 espécies de anfíbios e 3 de répteis. Em relação às espécies ameaçadas de extinção ou vulneráveis, algumas delas já foram registradas no interior deste Núcleo, como é o caso do sagüi, do muriqui e da queixada (mamíferos), bem como da tartaruga Hydromedusa maximiliani (SMA/FF, anexo 01, p. 07, 2006). Dentre as atividades conflitantes ali existentes, cumpre mencionar a caça e a extração de recursos naturais, incluindo palmito, resina, madeira e plantas ornamentais. Ademais, também há problemas com o turismo clandestino e a especulação imobiliária. 145 Outra característica importante do Núcleo Curucutu é a existência de importantes patrimônios culturais, incluindo fornos de carvão, a trilha de Santo Amaro - Itanhaém (caminho este utilizado para a instalação da linha de telégrafo entre São Paulo e Itanhaém e que provavelmente trata-se de uma antiga trilha indígena) e aldeias indígenas (SMA/FF, anexo 01, p. 07, 2006). Especificamente no que tange ao Município de Itanhaém, o Núcleo Curucutu do PESM abrange 35,04% de sua área total, englobando áreas de alta a extrema importância para a conservação da biodiversidade. Incluem-se aí as regiões de Florestas de Terras Baixas, que são de extrema importância para a proteção de anfíbios e répteis e a região do Rio Preto e baixa encosta da Serra do Mar que são de prioridade extrema para conservação de aves. Além disso, esta Unidade de Conservação também é demasiadamente importante para a proteção dos recursos hídricos, uma vez que abrange grande parte dos mananciais de água locais (SMA/FF, 2006) (foto 7.1). Foto 7.1 – Parque Estadual da Serra do Mar no Município de Itanhaém São Paulo Parque Estadual da Serra do Mar Mongaguá Itanhaém Peruíbe Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2009. a. Conselho gestor Conforme Resolução SMA 20/2008, o Conselho Gestor do Núcleo Curucutu é formado por 22 membros titulares e 22 membros suplentes. Sendo 22 membros representantes da sociedade civil (incluindo comunidade científica, organizações não governamentais, população residente e do entorno, proprietários de imóveis no interior da unidade e setor privado atuantes na região) e 22 representantes de órgãos governamentais (quadros 7.1 e 7.2). A gestão deste Núcleo e a presidência do Conselho Gestor estão sob a responsabilidade de Thales Schmidt Calaça. Quadro 7.1 - Relação dos representantes governamentais do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM Entidades Tipo PESM - Núcleo Curucutu Titular Parque Ecológico da Várzea do Embu Suplente Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Policia Ambiental – Itanhaém Titular Policia Ambiental – Itanhaém Suplente Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA/Iguape Titular Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – Suplente IBAMA/Iguape Subprefeitura Municipal de Parelheiros Titular Subprefeitura Municipal de Parelheiros Suplente Escola Técnica de Itanhaém – Centro Paula Souza Titular Escola Técnica de Itanhaém – Centro Paula Souza Suplente Guarda Civil Metropolitana Titular Guarda Civil Metropolitana Suplente ARBM – Associação Rural da Branca de Mongaguá Titular ARBM – Associação Rural da Branca de Mongaguá Suplente INCRA – Unidade Municipal de Cadastramento – Itanhaém Titular INCRA – Unidade Municipal de Cadastramento – Itanhaém Suplente Prefeitura Municipal de SP/ Secretaria do Verde e Meio Ambiente Titular Prefeitura Municipal de SP/ Secretaria do Verde e Meio Ambiente Suplente Prefeitura Municipal de SP/Casa da Agricultura Ecológica Titular Prefeitura Municipal de SP/Casa da Agricultura Ecológica Suplente Pref. da Estância Balneária de Mongaguá /Dpto. De Engenharia e Meio Ambiente Titular Pref. da Estância Balneária de Mongaguá /Dpto. De Engenharia e Meio Ambiente Suplente Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, 2008. Quadro 7.2 - Relação dos representantes da sociedade civil do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM Entidades Tipo ECOSURFI- Entidade Ecológica dos Surfistas Titular ECOSURFI- Entidade Ecológica dos Surfistas Suplente ECOSURFI- Entidade Ecológica dos Surfistas Titular ECOSURFI- Entidade Ecológica dos Surfistas Suplente Liga Nacional de Esportes de Aventura Titular Liga Nacional de Esportes de Aventura Suplente 147 Aldeia Guarani – Tenondé Porã Titular Aldeia Guarani – Tenondé Porã Suplente Aldeia Guarani – Krukutu Titular Aldeia Guarani – Krukutu Suplente Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental Municipal de Capivari Monos Titular Conselho Gestor da Área de Proteção Ambiental Municipal de Capivari Monos Suplente ECOSURFI- Entidade Ecológica dos Surfistas Titular ECOSURFI- Entidade Ecológica dos Surfistas Suplente SABESP Titular SABESP Suplente ECOTUR- Associação dos Empreendimentos de Ecoturismo da APA Capivari Monos – Parque de Aventura Titular ECOTUR- Associação dos Empreendimentos de Ecoturismo da APA Capivari Suplente Monos – Parque de Aventura Associação dos Produtores Rurais Titular Associação dos Produtores Rurais Suplente Águias da Serra Serviços Ltda Titular Águias da Serra Serviços Ltda Suplente Instituto Pesquisa – USP Titular Instituto Pesquisa – UNESP Suplente Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, 2008. Importante observar que existe uma grande demanda para se promover a capacitação e qualificação dos gestores e dos conselhos gestores dos núcleos do PESM em vários aspectos, incluindo questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, instrumentos de cogestão, concessão e gestão do uso público que não vem sendo atendida (existem 250 demandas técnico-jurídicas anuais relacionadas com licenciamento ambiental, Ministério Público e delegacia de polícia no Núcleo Itutinga – Pilões). Outra demanda é a capacitação para programas de proteção (DRUMOND, 2009). A última oficina de capacitação para conselheiros ocorreu no ano de 2007. O curso foi ministrado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças (ABDL), dentro do Programa de Apoio à Gestão Colegiada do PESM. Presentemente, é importante mencionar que foi realizada, em agosto de 2012, a sessão pública nº. 01/2012 referente a um edital de tomada de preços (processo 2196/2011) que objetiva a contratação de uma empresa técnica especializada para capacitação dos Gestores dos Parques Estaduais: Serra do Mar, Ilha do Cardoso, Xixová-Japuí, Laje de Santos, Ilhabela, Ilha Anchieta; Estação Ecológica de Juréia-Itatins, APAs Marinhas do Litoral Sul, Centro e Norte, Ilha Comprida, totalizando 19 gestores, no âmbito do Programa “Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica”. 49 49 O Programa “Recuperação da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica” é uma ação do Governo do Estado de São Paulo por intermédio das Secretarias da Habitação e do Meio Ambiente. O programa tem por objetivo promover a Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém O prazo de execução contratual previsto é de 270 (duzentos e setenta) dias após a assinatura do contrato e a proposta do curso de capacitação envolve uma carga horária de 112 horas que inclui temas que são considerados pontos críticos onde os gestores poderão fortalecer seu desempenho (vide quadro 7.3). conservação, o uso sustentável e a recuperação socioambiental da Serra do Mar, do conjunto de unidades de conservação que formam o proposto Mosaico de Juréia-Itatins e do Mosaico de Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas do litoral paulista. Pretende-se com isso gerar benefícios sociais e ecológicos, promovendo a efetiva proteção da biodiversidade dos ambientes terrestres e marinhos, e dos mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo, Baixada Santista e Litoral Norte. Alem deste objetivo geral, o programa dispõe de três objetivos específicos: (i) melhorar a proteção das Unidades de Conservação (UCs) beneficiárias, recuperando áreas degradadas pela ocupação ilegal e outros fatores associados, (ii) consolidar institucionalmente e melhorar a capacidade de gestão dessas unidades, (iii) reduzir o impacto das populações localizadas no interior e no entorno do Parque Estadual Serra do Mar (PESM), (iv) readequar seus limites do PESM em áreas críticas e, (v) fomentar a implantação de seu Plano de Manejo; e (vi) melhorar o sistema de monitoramento e fiscalização das Ucs (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). 149 Quadro 7.3 – Programa preliminar do curso de capacitação Carga horária 28 horas - Módulo I - Aula Introdutória e Procedimentos Internos 1-Informações gerais sobre o curso e metodologia a ser utilizada 2- Missão e competências do Gestor 3-Introdução à gestão publica/ políticas públicas: Estrutura SMA e instituições relacionadas 4- Programa de Gestão/Administração: Recursos financeiros –elaboração de orçamento –tipologia –investimento, custeio, obras, equipamentos, etc. POA anual, adiantamentos, processos para aquisição de bens e serviços; Gestão de frota e manutenção de veículos; Gestão de equipamentos; Instrução de processos –mecanismos de controle e acompanhamento-SIGAM; Elaboração e envio de documentos oficiais –quem, qual, modelos de referencia (manual de redação da FF); Patrimônio: controle, manutenção, descarte e responsabilidades do gestor; Legislação básica de administração publica e RH; Procedimentos e gestão de RH –FF e IF; Manutenção de edificações –saneamento, limpeza e obras; Gestão de contratos. Carga horária 16 horas - Módulo II - Planejamento e Organização Profissional 1-Instrumentos que facilitam gestão (plano de metas,manual de procedimentos e rotinas, planilha de acompanhamento administrativo financeiro) 2- Princípios dos processos de monitoramento e avaliação da gestão (Tipos de avaliação; Critérios utilizados; Metodologias propostas; Indicadores de efetividade; Resultados da avaliação; Monitoramento da gestão; Acompanhamento de projetos; Organização e métodos). 3-Informática –Acess/Banco, Excell, Power Point 4 - Geoprocessamento/GPS Carga horária 24 horas - Módulo III - Gestão de Conflitos 1 - Relações interinstitucionais e interação socioambiental 2 - Regularização Fundiária 3 - Mediação de conflitos 4 - Moderação de reuniões Carga horária 16 horas - Módulo IV - Gestão Compartilhada 1 - Modos de convênio, parcerias, contratos, trabalho em rede 2 - Estratégias e técnicas de comunicação e marketing Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém 4 - Elaboração de projetos para captação de recursos Carga horária 28 horas - Módulo V - Ferramentas de Negócios 1 -Protagonismo na valoração e valorização econômica da UC, captação de recursos, comercialização de produtos, geração de emprego e renda, sustentabilidade para as comunidades do entorno 2-Ferramentas econômicas para a conservação: PSA - pagamento de serviços ambientais e concessões em áreas protegidas 3 - Conceitos e elaboração de Planos de Negócios 4 -Estratégias para o encaminhamento de Parcerias Público-Privadas -PPP 5-Veiculações de informes, comunicação ambiental e ferramentas apropriadas para o marketing organizacional 6- Relações Públicas e Publicidade Total carga horária 112 horas Fonte: Fundação para conservação e a produção Florestal do Estado de São Paulo, 2012. 151 b. Infraestrutura O Núcleo Curucutu possui duas sedes instaladas no Planalto e no Litoral, respectivamente nos municípios de São Paulo e Itanhaém. A sede de São Paulo está localizada nas dependências do Núcleo Curucutu e possui Área de Convivência, sala de conferencia com capacidade para 20 pessoas, Base de Vigilância, Estrutura de Manutenção, Base de Pesquisa, alojamento (8 pessoas) e área para camping (foto 7.2). Já, em Itanhaém, existe apenas uma sede administrativa localizada na área urbana do Município (SMA/FF, 2006). Foto 7.2 – Sede do Núcleo Curucutu do PESM no Município de São Paulo Fonte: Fundação Florestal, n.d. Especificamente no que tange ao Município de Itanhaém, não há nenhuma infraestrutura instalada como base de proteção, fiscalização ou de apoio e controle do uso público na área do PESM, o que prejudica sobremaneira os trabalhos voltados para pesquisa científica, educação ambiental, turismo ecológico, fiscalização e vigilância. Importante observar que no âmbito do Plano de Manejo do PESM existe a previsão de instalação de bases de apoio a visitação nos seguintes pontos: Trilha do Rio Itaruru (Acesso pela Fazenda Caepupu, próximo aos limites de Peruíbe); Rio Mambú (Travessia do PESM pela antiga estrada do telégrafo - Estrada da fazenda Mambú); Rio Camburi (Trilha do Rio Camburi Estrada do Rio Branco/Fazenda Banáuria); Santa Margarida (Trilha da Fazenda Santa Margarida - Estrada da Conceição). Entretanto, é importante mencionar que a sede administrativa de Itanhaém integra um complexo que envolve órgãos da Prefeitura local e do Governo do Estado de São Paulo voltados para a proteção do meio, incluindo o Centro de Pesquisas professor Dr. Samuel Murgel Branco que fornece suporte a pesquisas elaboradas por estudantes universitários; um posto da Polícia Ambiental e uma unidade de monitoramento ambiental da Prefeitura de Itanhaém, onde são realizadas ações voltadas para a educação ambiental junto aos estudantes de primeiro e segundo grau do Município. c. Recursos humanos A equipe do Núcleo Curucutu é bastante diminuta em face dos desafios relacionados ao uso público, fiscalização e gestão ali existentes, uma vez que existem apenas 4 pessoas dedicadas a estas atividades. Assim, Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém há a necessidade de se ampliar o quadro de funcionários para o atendimento das áreas extremas do Núcleo e para as ações de proteção e de uso público (SMA/FF, 2006) (tabela 7.4). Tabela 7.4 – Caracterização do quadro de funcionários do Núcleo Curucutu Função Principal Gestão e Suporte Técnico: 1 / Fiscalização: 3 Vinculo Empregatício Instituto Florestal: 1 / Empresa de Vigilância Patrimonial: 3 Nível de Escolaridade Superior: 1 / Básico: 3 (funcionários da FF e IF) Total 04 funcionários Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Instituto Florestal, 2006. Ademais, a demanda para capacitação dos recursos humanos do PESM também é relevante. Em 2008 ocorreu um curso de capacitação em Arcgis. Também têm sido realizadas capacitações periódicas para vigilantes ministradas nos Núcleos Picinguaba, Santa Virgínia e Cunha e estão previstas capacitações em manutenção de trilhas para todos os núcleos. Entretanto, é importante observar que a demanda é muito maior do que os eventos de capacitação já desenvolvidos, especialmente a capacitação para a implementação do Programa de Proteção da Serra do Mar (DRUMOND, 2009). No caso da vigilância patrimonial, a situação é bastante preocupante, uma vez que as empresas de proteção patrimonial, a qual estes vigilantes estão vinculados, não tem tradição no desenvolvimento de trabalhos em unidades de conservação. Os vigilantes patrimoniais, atualmente, são contratados sem passar por nenhum treinamento específico sobre a temática ambiental das unidades de conservação que envolve situações bastante peculiares como, por exemplo, o contato direto com a comunidade de entorno, o entendimento da dinâmica da atuação de infratores ambientais (caçadores e extratores de recursos naturais) e o suporte as atividades de educação ambiental (SMA/FF, 2010a). d. Zoneamento e uso e ocupação do solo O Parque Estadual da Serra do Mar, no Município de Itanhaém, possui um bom nível de preservação da vegetação natural e, também, não apresenta ocupações irregulares significativas. Colabora de forma significativa para este fato a larga faixa de vegetação existente entre a área urbanizada e esta unidade de conservação que serve como um anteparo protetivo. A vegetação deste setor do Núcleo Curucutu é formada, em grande parte, por floresta ombrófila densa (montana, submontana e de terras baixas) (foto 7.3).50 50 A Floresta Ombrófila Densa (FOD) é uma mata perenifólia (sempre verde) com dossel (estrato superior das florestas) de até 50 m. Ela possui também densa vegetação arbustiva, composta por samambaias, arborescentes, bromélias, orquídeas, samambaias e palmeiras. A FOD Montana ocorre em locais entre 500 e 1.000 metros de altitude e apresenta dossel uniforme de cerca de 20 metros. A FOD submontana ocorre em locais entre 50 e 500 metros de altitude, em solo mais seco e apresenta dossel de até 30 metros. A FOD de terras baixas ocorre em locais entre 5 e 50 metros de altitude, em sedimentos de origem quaternária e apresenta dossel de até 25 metros. Nela podem ser encontradas espécies vegetais tanto de floresta ombrófila densa montana como de restinga (IBGE, 1992). 153 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Foto 7.3 – Parque Estadual da Serra do Mar próximo a Fazenda Mambú Fonte: Carlos Gervasio Barbosa, n.d. Devido ao bom nível de preservação desta vegetação, a maior parte da área do PESM no Município de Itanhaém é classificada pelo zoneamento do Plano de Manejo como Zona Primitiva – ZP (vegetação em estágios sucessionais médio ou avançado que circunda e protege a Zona Intangível). Já, as encostas da Serra do Mar localizadas entre os rios Itarirú e Mambú possuem vegetação essencialmente primitiva ou em estágio bastante avançado de regeneração sendo, portanto, classificadas como Zona Intangível – ZI. Tanto a ZI quanto a ZP representam um importante banco genético para viabilização de projetos de recuperação dos processos ecológicos em outras zonas (SMA/FF, 2006) (figura 7.2). Entretanto, cumpre mencionar que parte da Bacia do Rio Mumbú – Mirim e setores do Planalto limítrofes aos municípios de São Paulo e Juquitiba apresentam áreas compostas por ecossistemas parcialmente degradados que são classificadas como Zona de Recuperação - ZR pelo mesmo zoneamento (figura 7.2). A ZR é constituída por áreas onde devem ser recuperados os ecossistemas de forma a atingir um melhor estado de conservação e, portanto, áreas onde há uma grande demanda para o desenvolvimento de projetos voltados para o plantio de espécies nativas e para o enriquecimento de biodiversidade (SMA/IF, 2006). Também compreende o zoneamento do PESM em Itanhaém duas zonas de ocupação temporária – ZOT que abrange propriedades e posses no setor de planalto. As ZOT são as áreas ocupadas por posseiros ou titulares de registro imobiliário que ainda não foram indenizados e que se encontram, portanto, em processo de regularização fundiária. O objetivo principal da ZOT é minimizar o impacto das atividades humanas préexistentes a criação do PESM de forma a compatibiliza-las com a preservação dos atributos naturais que ensejaram a criação desta unidade de conservação (SMA/FF, 2006) (figura 7.2). 155 Dentre estas atividades estão incluídas a pecuária com controle sanitário; a criação de animais domésticos e a agricultura, desde que orientadas pela Secretaria da Agricultura e da Coordenadoria de Defesa Agropecuária e adotadas técnicas de preservação do solo; a manutenção de estradas para viabilizar o acesso às moradias; além do ecoturismo, camping e hospedagem em áreas pré-ocupadas. Ademais, permite-se também o plantio de Palmeira Juçara, mediante autorização, cadastro e plano de manejo com o objetivo de produção de sementes, mudas e polpa de sementes (SMA/IF, 2006). No que tange as infraestruturas de utilidade pública, cumpre mencionar que existem duas linhas paralelas de alta tensão que cruzam o Vale do Rio Branquinho, interligando a planície costeira ao planalto. A área ocupada por estas infraestruturas são classificadas como zona de uso conflitante (ZUC) pelo Plano de Manejo do PESM. A ZUC abrange áreas ocupadas por infraestruturas de base de utilidade pública que conflitam com os objetivos de conservação desta área protegida e influem diretamente nos processos ecológicos do PESM (SMA/IF, 2006, p. 289) (figura 7.2). Este tipo de intervenção é, em maior ou menor grau, via facilitadora da urbanização irregular e de ações ilegais de exploradores de recursos naturais. Estas linhas de transmissão de energia elétrica, com largura média de 30 metros, ensejam os seguintes impactos ambientais: Eletrocutamento de aves de grande porte e afugentamento de espécies animais em virtude do ruído produzido pelas linhas eletrificadas; Inibição da travessia de algumas espécies animais e facilitação do trânsito de outras devido à ausência de vegetação de maior porte; Possível interferência da radiação eletromagnética na fauna e flora (ainda existe pouca pesquisa científica acerca da amplitude deste impacto ambiental); Produção de efeito de borda na vegetação, facilitação da ação de caçadores e de extratores de recursos naturais. Quanto à zona de sobreposição indígena, esta se consubstancia na Terra Indígena Rio Branco, localizada no centro do Vale do Rio Branco. Esta TI possui 2.856 hectares, abrangendo parte dos municípios de Itanhaém (1809 ha), São Vicente (426,5 ha) e São Paulo (619,8 ha) e é habitada por cerca de 140 Índios Guaranis Mbyá que vivem nas aldeias Rio Branco e Aldeinha (figura 7.2). 51 A economia destas aldeias está baseada, em grande parte, em atividades de subsistência incluindo agricultura (banana, mandioca, milho, feijão, batata doce e cana de açúcar), extrativismo e caça. Com relação às atividades de caça, estas se dão muito mais pela necessidade de continuidade de uma prática cultural do que pela contribuição deste tipo de atividade na dieta alimentar das famílias guaranis. Tal fato decorre da escassez de espécies da fauna mais comunmente utilizadas para a alimentação dos guaranis e, também, em virtude da adoção de costumes urbanos como a compra da carne e sua armazenagem em geladeiras. Interessante observar que vem sendo desenvolvidas atividades de produção de mudas de palmeira juçara nas aldeias da TI Rio Branco com o apoio da coordenação técnica da FUNAI de Itanhaém. Os objetivos desta produção são reflorestar áreas da TI com essa espécie vegetal que é demasiadamente importante para a 51 A Terra Indígena Rio Branco está fisicamente demarcada e foi homologada pelo Decreto Federal n° 94.224, de 15 de Abril de 1987. Suas duas aldeias são atendidas periodicamente pelo Programa Saúde da Família (equipe composta por médico, enfermeira, auxiliar de enfermagem e agente comunitária de saúde) e, também, há uma escola com currículos e regimentos específicos como a educação bilíngue e o ensino do jeito de viver, trabalhar, costumes, crenças, tradições e organização social guarani. Ademais, cumpre mencionar que a CDHU entregou 28 unidades habitacionais na aldeia que foram construídas pelo Programa Moradias Indígenas. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém preservação da avifauna local e, também, comercializar o excedente produzido para geração de renda para as comunidades indígenas envolvidas, uma vez que as mudas desta espécie possuem grande valor econômico. No âmbito deste projeto foram produzidas 6.000 mudas de Palmeira Juçara, sendo 4.000 na aldeia Bananal de Peruíbe e 2.000 na aldeia Rio Branco de Itanhaém. No presente ano, o trabalho de produção de mudas foi ampliado, incluindo as aldeias Guarani e Tupi Guarani de Itaóca e Piaçaguera, localizadas em Mongaguá e Peruíbe. A produção de 2012 deve alcançar nos três municípios 20.000 mudas de palmeira juçara, contribuindo para recuperação ambiental e para geração de renda para as comunidades indígenas participantes. Ademais, vale salientar que no setor de planalto do Núcleo Curucutu, em Itanhaém, existe uma extensa área ocupada pela espécie exótica Pinus Elliottii. Tal situação é muito preocupante uma vez que esta espécie vegetal possui um grande potencial invasor e pode interferir na dinâmica das espécies nativas, de forma a descaracterizar a vegetação nos locais onde se estabelecem. Tal descaracterização causa redução da área de vida das espécies de aves características dos campos ali existentes, uma vez que a maioria delas não se adapta a outros tipos de ambiente (SMA/FF, 2006). A problemática das espécies vegetais exóticas é tratada como questão prioritária pelo Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar. Assim, o presente documento estabelece como ação prioritária a articulação de planos de manejo florestal para que seja feita a retirada gradual das mesmas. Nesse sentido, no âmbito do Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica o Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e de sua coexecutora, a Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo, contratou serviços especializados para elaboração dos Planos de Manejo para erradicação de espécies exóticas localizadas no PE Serra do Mar - Núcleos Curucutu, Caraguatatuba e Santa Virgínia e nos Municípios de Itanhaém, Caraguatatuba e São Luiz do Paraitinga, respectivamente. 52 Figura 7.2 – Zoneamento do PESM no Município de Itanhaém 52 Vide Manifestação de Interesse nº 005/2012 do PROGRAMA de RECUPERAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA SERRA DO MAR E SISTEMA DE MOSAICOS DA MATA ATLÂNTICA. O consórcio vencedor deste certame, com o valor de R$ 344.000,00, foi o consórcio Instituto Ekos Brasil e Abaeté, que, presentemente, está elaborando estes planos de manejo. 157 Fonte: Adaptado de Instituto Florestal e Instituto Ekosbrasil, 2006. e. Situação fundiária A questão da regularização fundiária é um problema crítico em todo o Parque Estadual da Serra do Mar. Dos 315.390 ha do Parque, 235.595 ha (67%) são áreas pendentes de regularização fundiária (HONORA et al., 2009). Para a solução desta e de outras demandas de regularização fundiária nas unidades de conservação do Estado de São Paulo foi criado, dentro estrutura da Fundação Florestal, em setembro de 2007, um Núcleo de Regularização Fundiária - NRF. O NRF se dedica a três linhas gerais de ação objetivando estabelecer Programas de Regularização Fundiária: Apoio Jurídico e Fundiário à gestão; Apoio Jurídico e Fundiário à elaboração dos Planos de Manejo e Compensação Ambiental. Para dar maior otimização aos procedimentos previstos nestas três linhas de ação e conjugar esforços e cooperação técnica, foi assinado, em dezembro de 2008, um convênio entre a Fundação Florestal e a Procuradoria Geral do Estado (HONORA et al., 2009) (quadro 7.4). Um resultado concreto da ação do Núcleo de Regularização Fundiária – NRF, especificamente para o Parque Estadual da Serra do Mar, foi a elaboração de um Cadastro de Ocupantes e de Ações de Desapropriação Indireta existentes nesta unidade de conservação. Quanto aos recursos financeiros para regularização fundiária, estes são oriundos principalmente de compensação ambiental e são utilizados para: levantamento fundiário (elaboração de cadastros de ocupantes, levantamentos de ações de desapropriação e atualização dos andamentos, dentre outros); análise dominial de propriedades; avaliação de propriedades e benfeitorias; aquisição de propriedades e benfeitorias; assistência Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém técnica em ações judiciais; demarcação, sinalização e georreferenciamento; projetos de reassentamento da população residente no interior de unidade de conservação (HONORA et al., 2009). 53 No que tange a área do Núcleo Curucutu do PESM, 48% de suas terras estão regularizadas do ponto de vista fundiário. Os 52% restantes são áreas em processo de aquisição ou em processo de apuração de eventuais remanescentes devolutos ou, ainda, áreas de empresas públicas. Fundamentalmente, esta situação se dá pelo fato de terem sido incorporadas ao PESM, quando da sua criação em 1977, 12.360 ha oriundos da Reserva Florestal do Curucutu, criada em 1960 por meio do Decreto Estadual nº 36.544, em terras devolutas. Os 13.049 ha restantes foram anexados quando o Parque Estadual da Serra do Mar foi criado, unindo as Reservas Estaduais de Itanhaém e de Itariru, em 1977, as quais ainda estão em processo de regularização fundiária (SMA/IF, 2006). 53 Lei Federal 9985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). “Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei”. 159 Quadro 7.4 – Linhas de ação no âmbito do Núcleo de Regularização Fundiária - NRF Esta linha de ação está vinculada às atividades de rotina do NRF e da gestão das UC’s, que podem ser exemplificadas pelas seguintes demandas: LINHA DE AÇÃO 1 • Instrução e manifestação em processos administrativos; Apoio Jurídico e Fundiário à • Elaboração de respostas de demandas do Ministério Público, Poder Judiciário e Procuradoria Geral do Estado; gestão • Recebimento de demandas da PGE e encaminhamentos junto aos gestores das UC’s (cumprimento de decisões judiciais de desocupação, congelamento, demolição, imissões na posse, dentre outros); • Apoio às Diretorias Adjuntas, respectivas Gerências e gestores na solução de conflitos fundiários (ocupações, sobreposições com Terras Indígenas e Territórios Quilombolas) e nos processos de redefinição de limites de UC’s. LINHA DE AÇÃO 2 Esta linha de ação está vinculada às atividades de elaboração do capítulo de Caracterização Fundiária (síntese do levantamento fundiário) e do respectivo Programa de Regularização Fundiária que compõem os Planos de Manejo das UC’s estaduais, consistindo, basicamente, em: • Sistematizar e consolidar as informações existentes sobre a situação fundiária da UC; Apoio Jurídico e Fundiário à elaboração dos Planos de • Providenciar levantamentos complementares, quando necessário, bem como sistematizar os resultados destes; Manejo • Definir, em conjunto com os demais Programas de Gestão (proteção, uso público, dentre outros), as prioridades para regularização fundiária; • De acordo com as prioridades, estabelecer as diretrizes e linhas de ação para elaboração do respectivo Programa de Regularização Fundiária. Esta linha de ação está vinculada à solicitação de recursos a Câmara de Compensação Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente e atividades necessárias para a execução dos mesmos, a saber: • Elaborar Planos de Trabalho para solicitar recursos à Câmara de Compensação Ambiental; • Elaborar Termos de Referência para contratação de serviços; LINHA DE AÇÃO 3 Compensação Ambiental • Solicitação de orçamentos e acompanhamento dos processos de contratação; • Acompanhar a execução dos recursos; • Prestar contas dos recursos utilizados. Uma definição institucional importante refere-se ao fato de priorizar a destinação de recursos de compensação ambiental (artigo 36 do SNUC) para a elaboração dos Planos de Manejo das UC’s. Desta forma, foi definido que o Plano de Manejo de cada UC será composto por um capítulo de Caracterização Fundiária (síntese do levantamento fundiário) e pelo respectivo Programa de Regularização Fundiária. Esta definição é muito importante Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém para delinear um Programa de Regularização Fundiária discutido em conjunto com os demais Programas de Gestão. Fonte: Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011 161 f. Exploração predatória da biota (caça, pesca e corte seletivo de vegetação), monitoramento e fiscalização Na área do Núcleo Curucutu, em Itanhaém, ocorrem ações ilegais de caçadores e extratores de recursos naturais, incluindo palmito, resina, madeira e plantas ornamentais. Fundamentalmente, essas ações são facilitadas pela fiscalização deficiente e pelo acesso proporcionado por trilhas e estradas rurais (foto 7.4). Foto 7.4 – Abrigo de caça próximo a Fazenda Mambú Fonte: Renato Trench, 2012. Importante observar que em todas as trilhas do Núcleo Curucutu podem ser encontrados vestígios de corte de palmeira juçara. Entretanto, a intensidade da atividade de extração de palmito é maior nas áreas litorâneas de Itanhaém (SMA/IF, 2006, p. 91). 54 54 O corte seletivo do palmito é um problema que atinge toda a cadeia alimentar, pois se a planta é cortada antes de produzir frutos, fato que acontece com maior freqüência, um recurso muito importante deixa de ser disponibilizado para os animais que dele se alimentam, cerca de 71 espécies, criando assim uma lacuna na cadeia alimentar. Os frutos do palmito são uma fonte alimentar bastante importante para as aves, e a diminuição significativa deste recurso alimentar nas florestas, causa grande impacto para várias espécies frugívoras florestais, entre elas o tucano-de-bico-verde Ramphastos dicolorus ... , a jacutinga Pipile jacutinga, o jacu Penelope obscura e o pavó Pyroderus scutatus. A jacutinga é uma espécie Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Ademais, também cumpre mencionar que a baixa densidade populacional no entorno do Núcleo Curucutu é um importante limitador ao desenvolvimento de ações clandestinas mais intensivas e ligadas à ocupação irregular. O Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar definiu como prioridade para combater este tipo de problema a implementação de ações de fiscalização integrada com órgãos do SISNAMA (planejamento integrado e operações conjuntas); a ampliação do nível de participação da comunidade por meio de denúncias contra agressões; a criação de uma equipe técnica de capacitação, integrada por técnicos da instituição para treinamento e aprimoramento contínuo dos agentes de fiscalização; o estabelecimento de uma rotina de fiscalização em áreas críticas; a fiscalização das fontes de consumo de recursos naturais com periodicidade para inibir a aquisição dos produtos clandestinos pelo comerciante e o monitoramento contínuo dos vetores de pressão e das ações de fiscalização (SMA/FF, 2006). Para implementar, com maior eficiência, estas e outras ações, o Governo do Estado de São Paulo criou o Plano de Policiamento Ambiental para Proteção das Unidades de Conservação (PROPARQUE). O PROPARQUE estabelece as bases doutrinárias, administrativas e operacionais para se buscar um esforço conjunto de conservação ambiental da Serra do Mar. Para tanto, traz como prioridades o planejamento conjunto de ações (gerência operacional e coordenação regional); o patrulhamento integrado; a intensificação da presença nas UCs; a identificação de áreas críticas e vulneráveis; a educação ambiental e o monitoramento do entorno (Cesar, 2010). Plano de Monitoramento da Qualidade Ambiental (PMQA) do PESM A proposta de elaboração do Plano de Monitoramento da Qualidade Ambiental do Parque Estadual da Serra do Mar está inserida no contexto do Programa da Recuperação Sociambental da Serra do Mar e do Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica do Governo do Estado de São Paulo e conta, portanto, com financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) (PMQA, 2011). O PMQA vem sendo elaborado pela empresa Tamoios Inteligência Geográfica e tem o objetivo de fornecer dados e informações para adoção de medidas preventivas e corretivas em relação à proteção ambiental do PESM. Este também permitirá mensurar o trabalho que está sendo realizado, indicando pontos a serem melhorados. A partir desses dados, será desenvolvido um sistema de monitoramento que terá como base as informações geográficas, sistemas de mapas, GPS e tecnologia da informação (REZENDE, 2011). Com sua construção iniciada em maio de 2011, o PMQA “objetiva estruturar o conceito e a arquitetura de um sistema de monitoramento da qualidade ambiental do parque baseado em um SIG (sistema de informações geográficas), incluindo uma aplicação teste em um dos núcleos do parque de modo a verificar melhorias e possíveis ajustes a serem realizados quando da contratação futura da implantação do sistema” (PMQA, 2011). considerada ameaçada de extinção mundialmente e, no Estado de São Paulo, incluída na categoria Criticamente em Perigo. Sabe-se que uma das principais fontes alimentares da espécie é o fruto do palmito. Essas aves são bastante fiéis às suas fontes alimentares e são capazes de conhecer, no tempo e no espaço, a época e os locais de maturação dos frutos que consomem. Como decorrência são relatados para a espécie deslocamentos altitudinais em função da época de maturação dos frutos. Porém não são comuns registros da espécie para as florestas da planície litorânea. Há indícios de que a espécie venha escasseando ao longo de toda sua área de distribuição, tanto em razão de caça predatória, quanto devido à descaracterização de seus ambientes de ocorrência e diminuição de suas fontes alimentares. 163 O termo de referência do PMQA define que este se faz necessário para efetivar ações de manejo, identificando metodologias, indicadores e fontes de verificação mais precisas para o acompanhamento e o monitoramento das unidades de conservação e, também, para a estruturação de uma base de dados e informações. As delimitações inerentes ao desenvolvimento deste plano foram demarcadas em uma série de reuniões realizadas no ano de 2011 e que envolveram os gestores dos núcleos do PESM, a Polícia Ambiental e as equipes técnicas da FF e do IF (PMQA, 2011). A partir das discussões realizadas com os gestores dos núcleos do PESM definiu-se que o PMQA deve ser um instrumento capaz de (PMQA, 2011): Subsidiar estratégias de ação para o cumprimento dos objetivos do Plano de Manejo; Unificar as informações sobre o PESM, padronizando o registro das ações empreendidas pela FF e outras instituições, tornando-as comuns para o acompanhamento da evolução das ações por todo o “colegiado PESM”, assim como o registro histórico destas; Possibilitar uma melhor comunicação institucional, facilitando a interação entre dirigentes da Fundação Florestal/SMA e gestores dos núcleos para orientar a tomada de decisão; Possibilitar a valorização do patrimônio natural e histórico-cultural perante a sociedade; Possibilitar a avaliação e a valorização das ações empreendidas para a conservação; Estimular a participação social na gestão da UC; Possibilitar a projeção de cenários para o planejamento preventivo das ações; Possibilitar a mensuração e divulgação dos serviços ambientais proporcionados pela UC; Identificar pontos críticos de pressão e monitorar os processos de licenciamento de empreendimentos e o cumprimento das respectivas condicionantes ambientais. Ademais, também definiu-se que os principais benefícios esperados com a implementação do PMQA são os seguintes (PMQA, 2011): Compilação de dados que já são gerados por diversos atores no parque (fortalecendo o sistema jurídico, inclusive). Valorizar a UC perante a sociedade. Melhor conhecimento da riqueza da biodiversidade. Tornar as respostas mais ágeis. Melhoria na gestão do território com a integração com prefeituras. Melhor qualidade de informação. Possibilidade de alimentar informações para pesquisa. Possibilidade de participação da comunidade a partir da validação dos gestores. Subsídio da possibilidade de planejamento e ordenamento territorial. Maior controle da recuperação ambiental. Padronização das informações que são geradas. Possibilidade de criação da inteligência de gestão para proteção e fiscalização. Gestão de riscos e catástrofes. Integração de gestão entre os núcleos. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Valorizar a atividade do Gestor. Colocar no mesmo espaço “virtual” todas as qualidades / ameaças / pressões / condicionantes. Trazer uma melhor dimensão sobre o potencial de gestão ao Dirigente de alto escalão. Pode ajudar na gestão em função das mudanças climáticas. Possibilidade de gerar dados espacializados para definição de parâmetros de gastos por ha. Já os fatores críticos, ou seja, as questões cruciais a serem consideradas no desenvolvimento do PMQA são (PMQA, 2011): Dificuldade do convencimento das instituições para interação no sistema. Duplicação de bancos / Atores demais gerando dados. Sobrecarga de trabalho / Aumento da responsabilidade dos gestores. Dificuldade de captação de dados no licenciamento. Dificuldade para convencimento do alto escalão da SMA para integração dos dados. Inexistência de técnicos capacitados para produzir dados internamente. O SIGAM já é uma plataforma de integração de dados que não são aproveitados. Dificuldade de validação dos dados. Problemas de capacitação/Carência de recursos humanos. Inexistência de equipamentos adequados. Processo que precisa ser contínuo. É algo que demanda o sentimento de “pertencimento” do gestor para uso cotidiano. Inexistência de cultura de compartilhamento. Os acordos entre os parceiros precisam ser garantidos e redondos. Inexistência de um “SISBIO” em nível estadual. As etapas para a realização dos trabalhos inerentes à construção do PMQA estão detalhadas no quadro 7.5. 165 Quadro 7.5 – Etapas para a realização dos trabalhos inerentes à construção do PMQA Fonte: Fundação Florestal, 2011. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Projeto De Olho na Mata Atlântica O Projeto De Olho na Mata Atlântica é desenvolvido desde 2008 e envolve uma parceria entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Fundação Florestal, Polícia Ambiental de Itanhaém e a Associação Brasileira de Voo Livre (ABVL). O objetivo deste projeto experimental é preservar as áreas remanescentes de Mata Atlântica em Itanhaém por meio de ações de vigilância que utilizam sobrevoos com paramotores. Fundamentalmente são realizados dois sobrevoos semanais onde são registradas, através de fotografias e GPS, construções irregulares, desmatamento e poluição de rios e mananciais nas bacias hidrográficas dos Rios Mambú e Branco. Com a experiência adquirida neste projeto tem-se proposto a sua ampliação para toda a área do Parque Estadual da Serra do Mar utilizando-se de um grupo de dez parapentistas. Dentre as vantagens do parapente para ações de monitoramento estão o baixo custo do equipamento e o reduzido consumo de combustível, bem como a sua alta maneabilidade, uma vez que o mesmo pode voar em baixas altitudes e próximo das encostas da Serra do Mar o que facilita a identificação de atividades ilegais. Entretanto, o risco de acidentes é maior e, em áreas mais conflituosas, existe o risco de os parapentistas serem alvejados por armas de fogo. g. Uso público 55, 56 A área do Núcleo Curucutu, em Itanhaém, não é considerada uma área prioritária para o uso público pelo Plano de Manejo do PESM. Portanto, não há ali nenhuma infraestrutura de apoio à visitação nem recursos humanos dedicados ao acompanhamento desta atividade. Entretanto, os atrativos naturais locais, que incluem uma série de trilhas que ligam o planalto a planície costeira e cachoeiras, como as cachoeiras do Funil, Santa Teresa, Ribeirão, Mambú, Itaruru, Taquaru, rio da Palha, etc., são visitados sem autorização ou controle do órgão gestor desta área protegida (fotos 7.5 e 7.6). Este tipo visitação apresenta riscos para a proteção da biodiversidade e vem resultando em descarte irregular de restos de alimentos e embalagens por alguns visitantes. Outros graves problemas são a existência de um grande número de grupos que se perdem na mata e de acidentes registrados com trilheiros devido à periculosidade do percurso, ausência de manutenção nas trilhas e de placas informativas, como, por exemplo, aquelas indicativas de distância e segurança. Além disso, partes destas trilhas são utilizadas para desova de carcaças de carros roubadas e por palmiteiros que podem usar de violência caso sejam avistados pelos visitantes. Especificamente no que tange a Trilha do Rio Branquinho, seu acesso é proibido a visitantes devido ao fato de esta cruzar a Terra Indígena Rio Branco. Entretanto, esta é uma das trilhas mais percorrida por trilheiros aventureiros que a conhecem como “a trilha proibida” e que desafiam esta proibição, mesmo com uma série de placas informativas espalhadas pela FUNAI na região. Importante observar que o acesso a esta trilha se dá através de uma caminhada ao longo da Ferrovia Mairinque - Santos. Esta caminhada se inicia na antiga estação de trem Evangelista de Souza e termina no túnel 24 55 Vide Resolução SMA nº 61/2008 que cria o Conselho Consultivo de Ecoturismo, com o objetivo de auxiliar a implantação das ações para o desenvolvimento do ecoturismo no Est. de São Paulo. 56 Vide Resolução SMA nº 59/2008 que estabelece a normatização de procedimentos administrativos de gestão e fiscalização do uso público nas unidades de conservação de proteção integral do Estado de São Paulo. 167 (percurso de aproximadamente 8 km sobre os trilhos), onde se dá o início da trilha. Tal fato indica a necessidade de maior rigor da empresa concessionária desta linha férrea com relação à fiscalização. Ademais, cumpre mencionar que investimentos em infraestrutura nestas trilhas podem transformar Itanhaém em um polo de ecoturismo para grupo de trilheiros que procuram trilhas com maior nível de dificuldade. Para tanto, faz-se necessário realizar estudos mais detalhados para se identificar as demandas de investimentos em infraestrutura e recursos humanos, capacidade de suporte e mapeamento dos atrativos naturais para visitação. Especificamente no que tange a Trilha do Telégrafo, cumpre mencionar que o Governo do Estado de São Paulo incluiu a mesma na relação dos atrativos do PESM que devem receber investimentos do Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e do Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica visando à implantação de um sistema de trilhas e atrativos e a consolidação do Programa de Uso Público desta unidade de conservação. Para tanto, foi contratado serviço especializado destinado à elaboração de estudo técnico e projeto básico visando à implantação desta trilha e valorização de seus atrativos no valor de R$ 16.457,24.57 Foto 7.5 – Trilhas existentes na área do Parque Estadual da Serra do Mar no Município de Itanhaém PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR TI RIO BRANCO Trilha do Trilha dos Macacos Rio Branco Trilha do Rio Branquinho Trilha do Trilha do Trilha do Rio Itaruru Telégrafo / Conceição Rio Camburi Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011. 57 Vide EDITAL DE TOMADA DE PREÇOS Nº E-UEP 02/2011 - PROCESSO FUNDAÇÃO FLORESTA Nº 166/2011 visando à contratação de serviço especializado destinado à elaboração de estudos técnicos e projetos básicos visando à implantação de um sistema de trilhas e atrativos e a consolidação do Programa de Uso Público do Parque Estadual da Serra do Mar. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Foto 7.6 – Cachoeira do Funil - Município de Itanhaém Fonte: André Pimentel, n.d. h. Pesquisa científica O Planejo de Manejo do PESM considera ser de importância estratégica incentivar a produção do conhecimento científico sobre os aspectos biofísicos e sociais do Parque no sentido de utilizar as pesquisas desenvolvidas como suporte a melhoria da gestão e a tomada de decisão (SMA/FF, 2006). Na área do Núcleo Curucutu o conhecimento científico é considerado médio para vegetação, baixo para mamíferos e nulo para anfíbios, répteis e aves (SMA/FF, 2006). No que tange ao meio biótico, pode-se elencar as seguintes diretrizes para pesquisa (SMA, 1998, pp 122 - 123): Realizar o levantamento da fauna e flora nos diversos setores do Núcleo Curucutu com o objetivo de espacializar de forma representativa as suas diferentes condições ecológicas e antrópicas; Avaliar o impacto da extração do palmito sobre a fauna (especialmente primatas, aves, roedores e marsupiais) e demais espécies dependentes de dispersores especializados; Pesquisar a dinâmica de regeneração natural ou induzida dos diferentes biomas após distúrbio natural e/ou antrópico; Devido ao grande endemismo e a necessidade de controle da qualidade das águas através de espécies indicadoras devem-se levantar as espécies de peixes para os riachos de cabeceira bem como caracterizar a ictiofauna da região; 169 Realizar uma análise das comunidades de anfíbios da região no sentido de detectar alterações na densidade de várias espécies e comparar os resultados com registros obtidos anteriormente; Realizar o levantamento das espécies de cobras e lagartos da região para quantificar a biodiversidade e viabilizar o posterior estudo de comunidades; Levantar as espécies de aves, principalmente nas regiões florestadas das encostas. Este procedimento visa o estudo da biodiversidade da avifauna, o registro de possíveis extinções locais e o estudo da densidade dos grupos, principalmente aqueles mais susceptíveis (espécies indicadoras); Levantamento das espécies de mamíferos e posteriores estudos de comunidade entre as espécies com o objetivo de detectar alterações na densidade das espécies em qualquer nível; Levantamento e estudo de comunidade dos outros grupos animais não mencionados anteriormente e que não possuem registro amplo para a região, principalmente aquelas susceptíveis às alterações de hábitat a médio e curto prazo; Comparar os estudos de comunidade e inventários faunísticos com dados de literatura para outras áreas de mata atlântica do Estado de São Paulo, considerando aspectos como grau de perturbação antrópica, zoogeografia e endemismo. i. Uso e ocupação do solo na zona de amortecimento A Zona de Amortecimento (ZA) do PESM em Itanhaém é delimitada por um raio de 10 km que envolve o entorno desta Unidade de Conservação e que abrange, especificamente, toda a área deste Município localizada entre a área urbanizada e o Parque (SMA/FF, 2006) (vide figura 7.2). O objetivo geral da Zona de Amortecimento é proteger e recuperar os mananciais, os remanescentes florestais e a integridade da paisagem na região de entorno do PE Serra do Mar, para garantir a manutenção e recuperação da biodiversidade e dos seus recursos hídricos (SMA/FF, 2006, p. 296). Urbanização A urbanização na zona de amortecimento do PESM em Itanhaém está limitada as margens sul dos rios Preto e Branco e, portanto, não oferecem maiores riscos à zona núcleo do PESM. Entretanto, é preocupante a expansão fragmentada das áreas urbanas sobre os ambientes de restinga que se acentuou a partir da década de 1980. Isso se deve tanto à dinâmica que envolve a relação simbiótica entre turismo de segunda residência e ocupações irregulares neste Município, quanto ao fluxo migratório regional propiciado pela grande elevação no preço dos imóveis nos municípios centrais da Baixada Santista, nomeadamente Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande.58 Ademais, as áreas mais interiores do setor urbano do Município de Mongaguá apresentam uma mancha urbana bastante rarefeita que inclui loteamentos abandonados e não consolidados contento muitas glebas e terrenos baldios dedicados à especulação imobiliária, o que ajuda a reforçar esta problemática (fotos 7.7 e 7.8). 59 58 Sakamoto (2008, p.29) avalia que a ocupação espacial propiciada pelo turismo de segunda residência implica em “perdas consideráveis de caráter ambiental e paisagístico devido à erradicação de importantes estruturas ecológicas e sua substituição por estruturas urbanas ociosas e em geral de baixa qualidade ambiental e paisagística”. 59 Incluem-se dentre estes bairros Gaivota Interior, Jamaica Interior, Chácaras São Fernando, Jardim Anchieta, Chácaras Cibratel, Umuarama, Oasis, Tropical, Aguapeú, Raminho, Nova Itanhaém, Savoy, Nossa Senhora do Sion, entre outros. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Foto 7.7 – Ocupação rarefeita do tecido urbano no Município de Itanhaém Coronel Jardim Anchieta Chácaras São Fernando Chácaras Cibratel Jamaica Interior Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011. Foto 7.8 – Rua 12 do Bairro Jardim Anchieta Fonte: Santus, n.d. 171 Assim, analisar a possibilidade de verticalização planejada de parte do Município de forma a aproveitar melhor a área já urbanizada e a infraestrutura existente, bem como procurar induzir a ocupação de glebas e lotes baldios antes de se promover a ocupação de novas áreas com vegetação de restinga são ações que devem ser empreendidas no sentido de se evitar novos desmatamentos. Um importante ponto de atenção atende para o fato de que esta problemática tende a sofrer um incremento exponencial nos próximos anos, uma vez que o Município de Itanhaém deve receber muitos investimentos em empreendimentos imobiliários e um fluxo migratório bastante intenso em função dos novos projetos de infraestrutura que estão por vir na baixada santista. Tal situação exige, desde já, a implementação de políticas urbanas e ambientais que visem patrocinar mudanças no padrão de uso e ocupação do solo atual de Itanhaém, baseado em pouco planejamento e excessivo foco na especulação imobiliária e no turismo de segunda residência. Para tanto, a sujeição de terrenos e glebas ao IPTU progressivo pode se um instrumento de política urbana bastante útil e eficaz no sentido de desestimular ações especulativas com a terra e a expansão de novas áreas de solo urbano próximas ao PESM. Vegetação No Município de Itanhaém a vegetação da zona de amortecimento do PESM é formada por floresta ombrófila densa nas áreas das Serras do Guapuruvu, do Barigui e da Quatinga, bem como nas áreas compreendidas pelos diversos morros isolados existentes neste Município, incluindo os morros das Pedras, Boacica, Boturuçu, Butrapuã e Grande. Já, na planície costeira, ocorrem grandes remanescentes de vegetação restinga que se desenvolvem ao longo dos vales dos Rios Preto e Branco ainda se mantêm preservadas constituindo-se em importante maciço vegetal contínuo (foto 7.9. Entretanto, este contínuo vegetacional de restinga, que é de fundamental importância para o fluxo gênico e para a manutenção do equilíbrio ecológico do PESM está sendo progressivamente degradado pelo avanço da urbanização e, também, pelas freqüentes ocupações de áreas resultantes do permanente fluxo de posseiros oriundos de outros estados da federação (PREFEITURA DE ITANHAÉM, 2012) (foto 7.10). Foto 7.9 – Aspecto da vegetação natural que se desenvolve no entorno imediato do Parque Estadual da Serra do Mar (região da Fazenda Mambú) Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Fonte: Lucnettoita, n.d. Foto 7.10 – Área com vegetação de restinga desmatada por posseiros (altura do Bairro Jardim Anchieta) Fonte: Santus, n.d. Ademais, cumpre mencionar que a região do Rio Mambú lindeira a Serra do Mar é considerada uma área prioritária para uma futura expansão do PESM devido à ocorrência do papagaio-da-cara-roxa (Amazona brasiliensis) e de aproximadamente 15 espécies de aves ameaçadas não registradas na área do Parque. O mesmo ocorre com as serras do Barigui e Guapuruvu, devido a estas serem recobertas por floresta ombrófila densa submontana e de terras baixas em bom estado de conservação. Importante observar também que no caso do Município de Itanhaém, os limites municipais extrapolam ao norte a faixa protegida pelo Parque Estadual da Serra do Mar e alcançam cotas mais elevadas, de cobertura florestal ainda bem conservada, na região de divisa com São Paulo. Apesar de sua grande extensão, ocupações esparsas que não chegam a uma dezena de edificações, só ocorrem no planalto, junto à divisa com Juquitiba, em área de domínio do Estado (SMA/FF, 2006). Especificamente no que tange ao estuário do Rio Itanhaém, este compreende um manguezal com área aproximada de 278 ha em bom estado de conservação (PREFEITURA DE ITANHAÉM, 2012) (foto 7.11). 173 Foto 7.11 – Manguezal do Rio Itanhaém Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011. Quanto aos impactos ambientais, cumpre mencionar que este manguezal encontra-se ligeiramente comprometido pela urbanização e, também, possui manchas de desmatamento em suas áreas mais interiores. No Jardim Oásis, por exemplo, o manguezal é constantemente podado para dar passagem a barcos de pescadores e outros tipos de embarcações (PREFEITURA DE ITANHAÉM, 2012) (foto 7.12). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Foto 7.12 – Avanço da urbanização sobre o Manguezal do Rio Itanhaém (altura do bairro Belas Artes) Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011. Este ecossistema, além dos problemas supracitados, também recebe cargas importantes de esgotos e resíduos sólidos urbanos destinados ao Rio Itanhaém como nas áreas do Jardim Coronel, Jardim Oásis e Ribeirão Cavuçu, além dos outros rios que são condutores de grande parte desta poluição que são os Rios Guaú, Rio Campininha e Rio Curitiba (PREFEITURA DE ITANHAÉM, 2012). Para combater esta problemática a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente do Município de Itanhaém promove, desde 2005, ações de coleta de resíduos sólido no âmbito do Projeto Rio Itanhaém Lixo Zero. Este trabalho, que é realizado por agentes ambientais, consiste na limpeza de pontos específicos da bacia hidrográfica do Rio Itanhaém, com a coleta de detritos que ficam suspensos nas águas, retidos em áreas de mangue, margens dos rios e locais frequentados por usuários e pescadores. Como resultado, foram recolhidas entre 2005 e 2011 cerca de 20 toneladas de resíduos sólidos. Além disso, foram promovidas ações de educação ambiental com mais de 3.500 atendimentos junto à população e escolas (PREFEITURA DE ITANHAÉM, 2012). Outra questão importante se refere ao potencial turístico e de geração de emprego e renda do Rio Itanhaém que precisa ser melhor explorado e planejado. Presentemente, já existem duas embarcações que realizam passeios pelo Rio Itanhaém com ponto de embarque na Alameda Emídio de Souza, próximo ao Itanhaém Iate Clube. O percurso segue a montante do Rio Itanhaém até o encontro dos rios Preto e Branco, passando pela Ilha do Rio Acima, tendo como ponto final o Country Club, no Bairro Jardim Coronel. No local, há quiosques que servem diversos tipos de bebida e grande variedade de pratos locais (PREFEITURA DE ITANHAÉM, 2012). Concluindo, é importante salientar que a questão da expansão urbana no Município de Itanhaém suscita maiores cuidados no que tange ao planejamento, fiscalização e controle do uso e ocupação do solo, uma vez 175 que o atual modelo de ocupação, da forma como está estruturado (sem maiores considerações com o meio físico e presença de intensa especulação imobiliária) representa um grave risco para as funções ambientais da Zona de Amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar ao ensejar a desestruturação do equilíbrio ecológico local. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Atividades agropecuárias O Município Itanhaém possui uma zona rural com uma atividade agropecuária bastante diversificada, ativa e organizada. Ali são desenvolvidas atividades de bananicultura bem como plantações de palmito pupunha e gêneros hortifrutigranjeiros (incluindo maracujá, batata-doce, chuchu, berinjela, tomate-cereja, alface e couve). Além disso, também há criações de ovinos, caprinos, bovinos, bubalinos e javalis.60 A maior extensão territorial é ocupada pelo cultivo de banana (incluindo as variedades nanica, nanicão ouro e branca) que se desenvolve principalmente ao longo dos vales dos rios Branco e Mabú. Entretanto, apesar de ser esta a principal cultura do Município desde o início do século, a mesma encontra-se em franco declínio devido à forte concorrência de produtores de outras regiões do Estado (fotos 7.13 e 7.14).61 Foto 7.13 - Bananicultura ao longo do vale do Rio Branco Fonte: André Pimentel, n.d. 60 As atividades agropecuárias em Itanhaém são fonte de renda para 570 famílias, segundo dados do Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2008). 61 A área plantada de culturas de banana na região da baixada santista decresceu 27% entre 1995/96 e 2007/08 (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2011). 177 Foto 7.14 - Bananicultura ao longo do vale do Rio Mambú Fonte: André Pimentel, n.d. No caso do palmito pupunha, este tem se apresentado como uma excelente alternativa à extração do palmito juçara devido ao menor preço e tempo reduzido de colheita. Grande parte da produção local é consumida por restaurantes de Itanhaém e de toda a Baixada Santista. Presentemente, 95% dos restaurantes de comida por quilo do Município de Itanhaém trabalham apenas com o palmito pupunha, devido ao menor custo com relação ao palmito juçara (PREFEITURA DE ITANHAÉM, 2011). 62 Entretanto, o cultivo local de pupunha demanda uma série de ações e investimentos para se tornar maior e mais regular. Nesse sentido, a carta do II Seminário sobre Cultivo de Palmito Pupunha no Litoral, que ocorreu nos dias 03 e 04 de abril de 2007 no Município de Itanhaém e que foi organizado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Prefeitura Municipal de Itanhaém e pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Itanhaém definiu uma série de propostas a serem implementadas pelo Poder Público no sentido de auxiliar na organização da cadeia produtiva da pupunha e de outras palmáceas, sendo estas (CATI et al., 2007): 62 Criação da Câmara Setorial de Palmáceas pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento; O palmito pupunha começou a ser estudado como alternativa ao cultivo tradicional pelos pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas nos anos 1970. Na década seguinte, constatou-se a eficácia do plantio. A partir de 1985, a cultura do palmito-pupunha foi introduzida no Litoral Sul pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). ... Nativa da América Latina, a pupunhe ira é cultivada principalmente em São Paulo. O Vale do Ribeira é o maior produtor desse tipo de palmeira no Estado de São Paulo e um dos maiores do Brasil. Outro grande produtor é a Bahia. Espírito Santo, Rondônia e Pará são outras regiões em que há safra significativa. O palmito-pupunha paulista abastece o consumo do Estado (principalmente a capital) e ainda é exportado para o Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Hoje, são 4 mil hectares cultivados. Cajati, Juquiá e Registro concentram as maiores plantações. ... A palmeira-pupunha é considerada alternativa sustentável de cultivo para a produção de palmito. Tem características de sabor e textura semelhantes ao juçara. Traz vantagens adicionais como o crescimento acelerado e precocidade para o corte (dois anos) e farto perfilhamento (rebrota) . Diferentemente do tradicional não escurece, viabilizando outras formas de consumo – in natura, couvert. Natural da Mata Atlântica, o palmito-juçara é obtido predatória e indiscriminadamente a partir da exploração de palmeiras das matas nativas. A maioria da extração é ilegal, pois a exploração legal requer manejo. A palmeira leva de sete a oito anos para atingir o ponto de corte. Depois do corte, ela morre. Por isso, corre risco de extinção. Outra desvantagem é a oxidação. O palmito fica escuro após o corte (as partes escurecidas são desprezadas) e precisa passar pelo processo de salmoura acidificada para ser consumido (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Criação do selo de certificação do produto, com a normatização dos processos agroindustriais e financiamento da certificação; Permissão para o cultivo do palmito pupunha por produtores estabelecidos no Parque Estadual da Serra do Mar, em áreas que são utilizadas para agropecuária; Criação de linhas de crédito (especificas para o setor);63 Combate à exploração predatória do palmito nativo e a ilegalidade no processamento e comercialização de palmitos; Fortalecimento das entidades de representação dos produtores de palmito do Litoral Paulista, Vale do Ribeira e demais regiões do Estado de São Paulo; Estruturação da pesquisa cientifica e extensão rural para atendimento das demandas do setor; Preparação e direcionamento da equipe do SAI, convênio SEBRAE/CATI/FAESP, para elaboração de pesquisas de mercado e estratégias de comercialização; Criação de um serviço de informação e orientação ao consumidor sobre os cuidados inerentes a segurança alimentar do produto final desse segmento. Ademais, cumpre mencionar que duas ações tem sido de fundamental importância para o fomento não só da produção de palmito pupunha como de toda a produção de hortifrutigranjeiros no Município de Itanhaém, sendo estas a Feira da Agricultura Familiar e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A Feira da Agricultura Familiar acontece todos os sábados no estacionamento do Paço Municipal de Itanhaém. Nesta feira os agricultores familiares vendem o que produzem sem precisar de intermediários. Ali, muitos restaurantes de Itanhaém adquirem parte desta produção, auxiliando no fomento da economia rural municipal. Já, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que é uma parceria entre a Prefeitura e o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ocorre a aquisição de parte da produção agrícola familiar local pelo Poder Público, sendo que estes alimentos são utilizados na merenda escolar e distribuídos para famílias que estão em situação de insegurança alimentar e para entidades assistenciais, através do Banco de Alimentos existente no Município (PREFEITURA DE ITANHAÉM, 2011).64 Especificamente no que tange a pecuária, cumpre mencionar que a criação de búfalos para corte e para a produção de leite e derivados apresentou-se como uma alternativa bastante interessante ao declínio da produção de banana no Município de Itanhaém a partir da década de 1970. Isto se deve ao fato de este ser um animal mais resistente a doenças e que, portanto, não requerer o uso intensivo de medicamentos. Além disso, as planícies de Itanhaém e seu clima são muito favoráveis a criação dos mesmos. 63 Importante observar que a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento criou, em 2008, uma linha de financiamento para cultivo de palmito pupunha para agricultores da região litorânea e do Vale do Ribeira através de recursos provenientes do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap). Tal financiamento foi criado com o objetivo de se ampliar a produção de palmito pupunha e, consequentemente, reduzir exploração ilegal do palmito juçara. O financiamento é de até R$ 85 mil por produtor, com juros anuais de 3% e pagamento em até sete anos (incluída a carência de três anos) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). 64 No âmbito da parceria entre a Prefeitura de Itanhaém e o Ministério do Desenvolvimento Agrário foram adquiridos dois caminhões que serão utilizados pela Associação dos Produtores Rurais de Itanhaém para fomentar a produção agrícola familiar do Município. Um dos caminhões, do tipo baú, será utilizado para escoar a produção dos agricultores, facilitando o transporte dos produtos da área rural para a Feira da Agricultura Familiar. Já, o outro caminhão, do tipo basculante, será responsável por fazer a manutenção das estradas rurais do Município, auxiliando no transporte dos produtos. 179 O Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo identificou quatro unidades de produção de bubalinos no Município de Itanhaém, totalizando 227 cabeças (SÃO PAULO, 2008). A principal unidade produtora de derivados de leite de búfala no Município de Itanhaém é a Fazenda São Pedro que produz, aproximadamente, 1.000 kg de queijo / mês que são vendidos para os supermercados do Município e também para a população que compra diretamente esta produção. Turismo rural Outra atividade econômica que vem ganhando importância na zona rural de Itanhaém é o turismo rural. Dentre as inúmeras possibilidades de turismo existentes nas propriedades rurais estão trilhas, cachoeiras, piscinas naturais, passeio de cavalos e pescarias em diversos pesqueiros. A Fazenda Bargieri, por exemplo, possui um hotel com uma série de atrativos, incluindo quiosques, passeios de caiaque pelo Rio Preto, ponte Indiana Jones, lagos para pesque e pague. Ademais, o restaurante do hotel abrange em seu cardápio alimentos produzidos na própria fazenda, incluindo salada de palmito pupunha e costela de búfalo d'água. Outros importantes hotéis fazenda de Itanhaém são a Estação Ambiental São Camilo e o Dom Gambini Parque Hotel. Estes empreendimentos possuem centro de convenções com recursos multimídia, restaurante, apartamentos com TV e ponto de internet, além de equipamentos de lazer como piscina, campo de futebol, trilhas, tirolesa e arvorismo que contam com monitores devidamente treinados. A seguir apresenta-se um quadro síntese da situação atual, demandas, pontos críticos e oportunidades existentes no PESM em Itanhaém conforme as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP (quadro 7.6). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém k. Quadro 7.6 – Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP EIXOS SITUAÇÃO ATUAL E PONTOS CRÍTICOS DEMANDAS E OPORTUNIDADES Ampliar o processo de regularização fundiária; Melhorar instrumentos de gestão e infraestrutura básica de funcionamento e Conselho gestor paritário, criado e em vigilância; funcionamento; Melhorar a infraestrutura disponível para atividades de uso público (instalação As ações visando o fortalecimento do papel de equipamentos e adequação das trilhas existentes); do PESM como vetor de desenvolvimento Produção de materiais educativos e informativos sobre o Parque; Planejamento, fortalecimento e regional e local são bastante reduzidas; Articulação de ações de gestão das áreas protegidas com as políticas públicas gestão 67% das terras do Núcleo Curucutu não das três esferas de governo e com os segmentos da sociedade; estão regularizadas do ponto de vista Criar e implementar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata fundiário; Atlântica (Lei da Mata Atlântica) com o objetivo de angariar recursos do Fundo Potencial para atividades de uso público a de Restauração da Mata Atlântica para financiar pesquisa científica e projetos ser desenvolvido. de conservação e restauração do meio ambiente; Incorporar aos limites do Parque as áreas de grande importância para a preservação da biodiversidade adjacentes ao PESM. As políticas públicas específicas para o Município de Itanhaém que visam empreender e apoiar alternativas Eixo governança, participação, econômicas de uso sustentável da zona de equidade e repartição de custos entorno do PESM apresentam grande e benefícios potencial de desenvolvimento. Entretanto, os trabalhos de inclusão social com o objetivo de contribuir com a redução da pobreza das comunidades locais são de pequena magnitude. Fomentar e incentivar as práticas de manejo sustentável dos recursos naturais e de ecoturismo existentes na zona de amortecimento do PESM fazendo com que estas contribuam com a inclusão social das comunidades locais (incluindo a população indígena) e com a redução da pobreza. Inclui-se nesta diretiva: Criar um programa de turismo de base comunitária como alternativa para inclusão social; Capacitar moradores locais em situação de vulnerabilidade a atuar como monitores em ecoturismo; Ampliar os programas de manejo de espécies nativas e de palmito pupunha com o intuito de auxiliar na diminuição da demanda pela extração destas 181 espécies nativas no interior do PESM. Capacidade institucional Existem lacunas a serem preenchidas no que tange a capacitação dos gestores e técnicos. Estas lacunas incluem questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção, instrumentos de cogestão, concessão e gestão do uso público. Ademais, o número de funcionários existente para o atendimento destas demandas é insuficiente. Promoção de cursos de capacitação de gestores e técnicos voltados para questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção, gestão do uso público e instrumentos de cogestão e concessão com fundamento no Decreto Estadual nº 57.401/2011 que Institui o Programa de Parcerias para as Unidades de Conservação instituídas pelo Estado de São Paulo; Intensificar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização do PESM e de sua zona de amortecimento; Estimular pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias Ações de fiscalização baseadas em relacionadas à proteção, reabilitação e restauração de habitats; patrulhamento integrado, demandando maior participação da Guarda Civil municipal Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando a interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e neste processo. reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Nível de conhecimento científico do ecossistema local bastante incipiente, sendo Empreender trabalhos voltados para de eliminação de espécies exóticas; este um fator que dificulta a tomada de Estimular o uso de novas tecnologias nos estudos de taxonomia, sistemática, decisão. genética, paisagens e relações ecossistêmicas em unidades de conservação. Avaliação e monitoramento Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão do PESM; Não há um instrumento de avaliação da Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências eficácia e eficiência das ações voltadas para para o PESM; o cumprimento dos objetivos estabelecidos Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do pelo Plano de Manejo. cumprimento dos objetivos do PESM. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém 7.4. Parque Ecológico Ernesto Zwarg O Parque Ecológico Ernesto Zwarg, ainda em fase de implantação, está localizado na área central do Município de Itanhaém e possui uma área de 12.000 m2. Este deve se constituir em um importante atrativo turístico e de educação ambiental e em um abrigo para reabilitação de animais silvestres apreendidos pelos órgãos ambientais. Ademais, o Parque contará com uma ilha com lago artificial, trilhas e viveiro de mudas, área para educação ambiental em reciclagem de lixo e um museu biológico que abrigará animais taxidermizados (foto 7.15).65 Foto 7.15 - Área do Parque Ecológico Ernesto Zwarg Parque Ecológico Ernesto Zwarg Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011 7.5. APA Marinha Litoral Centro (APAMLC) A APA Marinha do Litoral Centro (APAMLC) foi criada pelo Decreto Estadual nº 53.526, de 8 de outubro de 2008, e é administrada pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal). Ela possui 449.259,70 hectares e é a maior unidade de conservação marinha do País. Em sua área de abrangência estão os municípios de Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012).66 65 Uma questão importante a se mencionar é que Itanhaém conta com muitas áreas com vegetação natural ou que poderiam ser reflorestadas na área urbana do Município no sentido de se criar novos parques ecológicos e/ou parques lineares. Tais parques podem contribuir não só com a proteção do meio ambiente como também com o fomento do turismo. 66 A APAMLC faz parte do Mosaico das Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas do Litoral Paulista que engloba as APAS estaduais marinhas dos litorais: Norte, Centro e Sul, a APA Estadual da Ilha Comprida e a APA Municipal de Alcatrazes (São 183 Para efeito de gestão, a APAMLC é subdividida em três setores: Setor Guaíbe - Municípios de Bertioga e Guarujá, englobando as ilhas do Arvoredo, das Cabras e da Moela (Área: 123.123,170 ha); Setor Itaguaçu - Parque Estadual Marinho da Laje de Santos e entorno (Área: 55.896,546 ha); Setor Carijó - planície sedimentar de Praia Grande até Peruíbe, englobando ilhas próximas à costa, como a Laje da Conceição, ou distantes como a Ilha da Queimada Grande (Área: 270.239,988 ha). 67, 68 Adicionalmente, devido à importância dos manguezais como berçário de espécies e para cadeia alimentar marinha, foram incorporados aos limites da APA Marinha do Litoral Centro os manguezais adjacentes aos rios Itaguaré, Guaratuba, Itapanhaú e Canal de Bertioga, no Município de Bertioga, bem como os manguezais localizados junto ao rio Itanhaém (Município de Itanhaém) e aos rios Preto e Branco (Município de Peruíbe). 69 A criação da APAMLC se produziu pela necessidade de se proteger, ordenar, garantir e disciplinar o uso racional dos recursos ambientais em um setor do litoral paulista composto por ecossistemas litorâneos de altíssima relevância relacionada tanto à sua rica biodiversidade quanto à sua importância socioeconômica (potencial pesqueiro, turístico, esportivo, científico, mineral e energético). Nas últimas décadas, uma série de práticas têm ameaçado estes ecossistemas marinhos, reduzindo os estoques comerciais e colocando muitas espécies da fauna e flora marinha em risco de extinção. Dentre estas práticas, cumpre destacar (SMA, 2008): A perda e comprometimento de habitats devido a aterros, poluição, contaminação e construção de portos, marinas, indústrias e residências em manguezais, praias lodosas, planícies de marés, marismas e restingas; A pesca ilegal com explosivos ou aparelhos de ar comprimido, a sobrepesca, a pesca de cardumes sem o tamanho adequado e o corte indiscriminado de aletas de cações e tubarões; A contaminação do mar e a desertificação do fundo marinho devido ao uso de parelhas de arrasto; A destruição de bancos de algas calcárias e a degradação de ambientes estuarinos e costeiros; A caça submarina e a captura irregular para aquariofilia. Na sequencia, a figura 7.3 traz o Mapa da APA Marinha Litoral Centro e a tabela 7.5 apresenta informações sobre espécies da biota marinha existentes no litoral paulista, incluindo o número de espécies em risco de extinção e observações sobre questões inerentes a estas Sebastião); os parques estaduais da Ilha Anchieta, Ilhabela, Laje de Santos, Xixová-Japuí e Ilha do Cardoso; as áreas de relevante interesse ecológico estaduais de São Sebastião e do Guará; as Unidades de Conservação costeiras integrantes do Mosaico Estadual de Unidades de Conservação da Juréia-Itatins e Jacupiranga; as Unidades de Conservação costeiras do Estado São Paulo integrantes do Mosaico Federal da Bocaina e as Unidades de Conservação costeiras do Estado de São Paulo integrantes do Mosaico Federal do Litoral Sul do Estado de São Paulo e Litoral Norte do Estado do Paraná (Artigo 1° e incisos do Decreto Estadual nº 53.528, de 8 de outubro de 2008). 67 Artigo 2º e incisos do Decreto Estadual nº 53.526/2008. 68 Foram excluídas dos perímetros da APA Marinha Litoral Centro as áreas de fundeadouro e de fundeio de carga e descarga; as áreas de inspeção sanitária e de policiamento marítimo; as áreas de despejo, tais como emissários de efluentes sanitários; os canais de acesso e bacias de manobra dos portos e travessias de balsas; as áreas destinadas a plataformas e a navios especiais, a navios de guerra e submarinos, a navios de reparo, a navios em aguardo de atracação e a navios com cargas inflamáveis ou explosivas; as áreas destinadas ao serviço portuário, seus terminais e instalações de apoio e as áreas destinadas à passagem de dutos e outras obras de infraestrutura de interesse nacional (art. 4° e incisos do Decreto Estadual nº 53.526/2008). 69 § 2º do artigo 2º do Decreto Estadual nº 53.526/2008. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Figura 7.3 – Mapa da APA Marinha Litoral Centro Tabela 7.5 – Espécies da biota marinha do litoral paulista BIOTA Espécies Identificadas Risco de extinção PEIXES MARINHOS 500 17 Observações Existem 150 espécies de peixes recifais que são pertencentes à 44 famílias. Cerca de 20% das espécies são endêmicas ao Brasil. ALGAS BENTÔNICAS 300 - São muito importantes porque fornecem alimento e refúgio a diversos organismos marinhos e compõem, juntamente com protistas e invertebrados marinhos formadores do plâncton, a base da cadeia alimentar, desde os corais até as baleias. 185 INVERTEBRADOS - - Dentre os invertebrados marinhos ameaçados de extinção estão: Caranguejo-uçá e espécies de anêmona-do-mar, ceriantos, gorgônia, coral-de-fogo, estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, pepino-do-mar, esponja, molusco e poliquetas, entre eles o verme-de-fogo. CETÁCEOS 24 3 Destes, os com avistagens ou encalhes mais frequentes são baleia-de-bryde, baleia-franca, boto-cinza, bototoninha, golfinho-pintado, golfinho nariz-de-garrafa e golfinho-de-dentes-rugosos, todos muitas vezes observados acompanhados de filhotes e jovens, portanto, espécies residentes que utilizam áreas interiores fluviais e lacunares, ou marinhas e o Mar Territorial. A orca é visitante sazonal e muito regular, que se aproxima da costa para se alimentar (fotos 7.16 e 7.17). TARTARUGAS 5 5 Tartaruga-verde, a tartaruga-de-pente, a tartarugacabeçuda, a tartaruga-de-couro e a tartaruga oliva, sendo que todas estão criticamente ameaçadas. AVES COSTEIRAS E MARINHAS > 200 - Há uma enorme gama de aves migrantes de longo percurso e visitantes sazonais que dependem dos ambientes litorâneos para a alimentação e forrageamento. Nas áreas úmidas costeiras, como manguezais e brejos, podem-se encontrar aves aquáticas costeiras que são extremamente adaptadas e que utilizam estes ambientes para se reproduzir e alimentar. Dentre as aves existentes na APAMLC estão diversas espécies de albatroz e gaivotinha, a fragata, o atobá e o gaivotão (fotos 7.18 e 7.19). Dentre as espécies de aves ameaçadas de extinção podese citar algumas espécies de albatroz, a gaivotinha trintaréis-real, o papagaio da cara roxa e o guará-vermelho. Fonte: SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008; C AMPOS, F. P.; PALUDO, D.; FARIA, P. J.; MARTUSCELLI, P. 2004; Instrução Normativa MMA nº 03, de 27 de maio de 2003 - Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção; Espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de água doce ameaçados de extinção no Estado de São Paulo, 2008. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Foto 7.16 – Baleia Orca avistada nas proximidades da costa de Bertioga Fonte: Simone RH, n.d. Foto 7.17 – Golfinhos nas proximidades da costa de Bertioga Fonte: Simone RH, n.d. 187 Foto 7.18 – Atobás no Município de Bertioga Fonte: Nilson Kabuki, 2009 Foto 7.19 – Atobá em voo na costa de Bertioga Fonte: Simone RH, n.d. a. Conselho Gestor Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Conforme Resolução SMA 90/2008, o Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro é formado por 24 membros titulares e 24 membros suplentes. Sendo 24 membros representantes da sociedade civil (incluindo organizações ambientalistas e organizações dos setores de turismo, esporte náutico, pesca e educação) e 24 representantes de órgãos governamentais (quadros 7.7 e 7.8). A gestão deste Núcleo está sob a responsabilidade do oceanógrafo com especialização em Pesca e Aquicultura Marcos Buher Campolim (foto 7.20). Foto 7.20 – Reunião do Conselho Gestor da APAMLC em 14/04/2009 Fonte: Guilherme Kodja, 2009 Quadro 7.7 - Relação dos representantes governamentais do Conselho Consultivo da APA Marinha Litoral Centro Entidades Tipo Prefeitura Municipal de Santos Titular Prefeitura da Estância Balneária de Mongaguá Suplente Prefeitura Municipal de São Vicente Titular Prefeitura Municipal da Praia Grande Suplente 189 Prefeitura Municipal de Guarujá Titular Prefeitura do Município de Bertioga Suplente Prefeitura Municipal de Itanhaém Titular Prefeitura da Estância Balneária de Peruíbe Suplente Fundação Florestal Titular / Suplente Instituto de Pesca da Secretaria da Agricultura e Abastecimento / Agência Ambiental Titular / Suplente Secretaria do Meio Ambiente / Coordenadoria de Planejamento Ambiental CPLA Titular / Suplente Polícia Militar Ambiental / 17º GP Bombeiros Titular / Suplente Sabesp / Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais – CBRN Titular / Suplente IBAMA Titular ICMBio - Instituto Chico Mendes de Biodiversidade Suplente MARINHA DO BRASIL Titular / Suplente Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA Suplente Fonte: RESOLUÇÃO SMA nº 090, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2008. Quadro 7.8 - Relação dos representantes da sociedade civil do Conselho Consultivo da APA Marinha Litoral Centro Entidades - Setor Pesca (6 cadeiras) Tipo Sociedade Amigos do Perequê – SAPE – Guarujá Titular Sociedade Amigos da Prainha Branca – SAPB – Guarujá Suplente Colônia de Pescadores André Rebouças Z- 4, São Vicente Titular Colônia de Pescadores José de Anchieta Z-13, Itanhaém Suplente Colônia de Pescadores Floriano Peixoto Z-3, Guarujá Titular Colônia de Pescadores Z-5 Júlio Conceição, Peruíbe Suplente Colônia de Pescadores José Bonifácio Z-1, Santos Titular Sindicato dos Pescadores e Trabalhadores Assemelhados do Estado de São Paulo Suplente Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo – SPESP Titular Central de Orientação, Desenvolvimento e Apoio da Pesca Responsável – COPERE Suplente Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo – SAPESP Titular ALPESC - Associação Litorânea da Pesca Extrativista Classista do Estado de S. Paulo Suplente Entidades - Setor Turismo e Esporte Náutico (2 cadeiras) Tipo Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Associação Vivamar Titular Iate Clube de Santos Suplente Associação Oceano Brasil Titular AOM Suplente Setor Ambientalista (2 cadeiras) Tipo Instituto Laje Viva Titular ------ Suplente Instituto Maramar Titular Associação Tuim – Proteção e Educação Ambiental Suplente Setor Educação (2 cadeiras) Tipo Universidade Católica de Santos – UNISANTOS Titular --- Suplente Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC Titular --- Suplente Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, 2011. Com o início das atividades do Conselho Gestor da APAMLC, foram levantadas as prioridades para elaboração do termo de referência do Plano de Manejo e para gestão desta UC através de Grupos de Trabalho (GTs). Posteriormente, alguns destes GTs foram transformados em Câmaras Técnicas (CT): CT de Pesca – assuntos prioritários para o ordenamento pesqueiro (Composição: Entidades Governamentais - Prefeitura Municipal do Guarujá, IBAMA, Polícia Ambiental, Marinha do Brasil, Instituto de Pesca, Fundação Florestal, CPLA; Entidades da Sociedade Civil – SAPESP, Copere, colônias de pecadores Z1, zZ e Z13, SIPESP, SAPE, UNISANTA, Associação Vivamar); CT de Educação e Comunicação (Composição: Entidades Governamentais - IBAMA, SABESP, Prefeitura Municipal de São Vicente, Polícia Ambiental, Prefeitura Municipal de Guarujá, Fundação Florestal, SMA / CPLA; Entidades da Sociedade Civil – Associação Vivama, Colônia de Pescadores Z-5 “Júlio Conceição” de Peruíbe, SAPESP, UNISANTOS, Tuim Ambiental, Instituto Albatroz, ALPESC); CT de Planejamento e Pesquisa (Composição: Entidades Governamentais - Instituto de Pesca, Prefeitura Municipal de Santos, Marinha, Prefeitura Municipal de São Vicente, Prefeitura Municipal de Guarujá, SMA / CPLA, Fundação Florestal; Entidades da Sociedade Civil – UNISANTA, SAPESP, UNISANTOS, Colônia de Pescadores Z-4 “André Rebouças” de São Vicente, Instituto Albatroz, Instituto Maramar, SEAP, SIPESP, Associação Vivamar). Além disso, foram criadas as comissões de Proteção e do Canal de Bertioga (vinculada ao CT de Planejamento e Pesquisa). Atualmente, apesar de já ter sido elaborado o termo de referência (TdR) para contratação da elaboração do Plano de Manejo com a participação dos conselheiros, os trabalhos referentes à elaboração do mesmo ainda 191 não foram contratados e estão, portanto, atrasados, conforme o art. 10 do Decreto nº 53.526/2008 que criou a APAMLC. 70 b. Infraestrutura A APA Marinha Litoral Centro possui uma única sede física localizada no Museu da Pesca em Santos. c. Recursos humanos Apesar de contar com o apoio do quadro de funcionários do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo e da Fundação Florestal, bem como com o suporte técnico das CTs, pode-se afirmar que a equipe de trabalho da APAMLC é bastante reduzida em face da ampla extensão desta Unidade de Conservação e de sua grande complexidade socioambiental, que exige um conhecimento multidisciplinar bastante diversificado. d. Pesca A questão da pesca é um tema primordial a ser regulamentado na área da APAMLC em face da alta produção pesqueira e da grande densidade de barcos de pesca artesanais e industriais existentes nos municípios da baixada santista. Entre Bertioga e Peruíbe existem 43 pontos de desembarque de pescado, sendo que a sardinha, a corvina e o camarão-sete-barbas são os recursos mais pescados (BASTOS, 2011) (tabela 7.6 e foto 7.21). Tabela 7.6 – Estatística pesqueira dos municípios abrangidos pela APAMLC - 2011 GRUPOS (kg) MUNICÍPIO Crustáceos Equinodermas Moluscos Peixe cartilaginoso Peixe ósseo Total 1.890.328 - 469.639 316.511 9.583.058 12.259.536 BERTIOGA 196.043 - 244 4.460 28.902 229.649 PERUÍBE 40.938 4 29.158 2.772 71.487 144.358 SÃO VICENTE 3.400 - 229 377 97.896 101.903 CUBATÃO 68.768 - - - 31.611 100.379 PRAIA GRANDE 296 - - 2.996 80.886 84.176 MONGAGUÁ 1.634 - 3 2.230 48.854 52.721 ITANHAÉM 33.804 - 470 470 12.478 47.222 TOTAL 2.235.211 4 499.743 329.816 9.955.172 13.019.944 SANTOS GUARUJÁ / Fonte: Estatística Pesqueira - Instituto de Pesca do Estado de São Paulo. 70 Decreto nº 53.526/2008: “Artigo 10 - O Plano de Manejo da APA Marinha do Litoral Centro deverá ser elaborado e aprovado no prazo de 2 (dois) anos”. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Foto 7.21 - Barcos de pesca e turismo no Bairro Santa Cruz dos Navegantes –Município do Guarujá Fonte: Pablto, 2008. Pesca artesanal Pode-se afirmar que um problema bastante evidente na área da APAMLC é a deterioração das condições de vida dos pescadores artesanais e de suas famílias nas últimas décadas devido tanto à poluição das águas estuarinas e marinhas como à forte concorrência da pesca industrial. Este problema deve ser tratado com questão prioritária no que tange ao planejamento e a implementação de planos de desenvolvimento sustentável para área da APAMLC, uma vez que se estima que há um universo de 10.000 pessoas que vivem direta ou indiretamente da pesca artesanal na região da baixada santista. 71 Em pesquisa desenvolvida por Gefe et. al (2004), onde foram cadastrados 2731 pescadores distribuídos em 17 comunidades (76% situados nos trechos de São Vicente, Bertioga e Rio do Meio / Santa Cruz dos Navegantes e aproximadamente 22% distribuídos na área interna do estuário de Santos/Cubatão/São Vicente / Guarujá), concluiu-se que a situação dos pescadores artesanais na região da baixada santista é de altíssima miserabilidade em face das seguintes condições: Renda insubsistente (69,7% receberam mensalmente menos de R$ 100,00); 71 Estimativa feita por Gefe et al. (2004) em pesquisa sobre aspectos socioeconômicos da pesca artesanal na região da Baixada Santista 193 Baixa instrução no ensino (87,2% tem somente o curso fundamental - incompleto ou completo e 3,3% são analfabetos); Estrutura econômica familiar, tradicional, de subsistência, e informal, voltada para a atividade primária da pesca, com instrumentos e embarcações rudimentares, pescando peixes, crustáceos e moluscos; Escassez de pescado devido à poluição das águas estuarinas e marinhas; Somente 58% possuem o Registro Geral de Pesca (RGP); 93,8% não recebem ou receberam o salário desemprego na parada do defeso devido à desinformação e ausência de cadastro; 52,2% são obrigados a ter outra profissão para sobreviver; 95% deles nunca haviam realizado nenhum curso na área de pesca; 56,3% vendem direto ao consumidor e 43,7% para intermediários; As moradias verificadas, em sua grande maioria, não recebem água tratada, e, portanto, os moradores são obrigados a consumir a água disponível no entorno; A pesca de subsistência se dá através do consumo de pescado contaminado; Falta de investimento e situação de abandono pelas instituições públicas; Em pior situação estão os pescadores que vivem no interior do estuário. Estes estão sem pescado, totalmente desarticulados e em situação de miséria absoluta. Outra questão bastante relevante e que deve ser considerada quando do planejamento e implementação de políticas públicas é o número não desprezível de mulheres que se dedicam às atividades correlacionadas à pesca artesanal, principalmente ao descasque do camarão. Estas representam 14% da força de trabalho e vivem, em sua grande maioria, no Rio do Meio e em Santa Cruz dos Navegantes - Guarujá (GEFE, et. al, 2004). Pesca de arrasto e pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação artificial O artigo 6º do Decreto nº 53.526/2008 determinou a proibição da pesca de arrasto com a utilização de sistema de parelha de barcos de grande porte e a pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação artificial, em qualquer modalidade, devido a pressão que estas atividades exercem sobre o estoque pesqueiro. 72 Os parâmetros técnicos que estabelecem estas proibições supracitadas, segundo o parágrafo único do art. 6° do mesmo Decreto, são de competência da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA), devendo ser ouvido o Conselho Gestor da APAMLC. Assim, tal questão foi levada ao GT Pesca da APAMLC que realizou uma série análises e discussões. Como resultado, após deliberação do Conselho Gestor, foram encaminhadas as seguintes recomendações à SMA: 73 72 Definição de embarcação de grande porte em sistema de parelhas como acima de 100 AB; “O arrasto de parelha consiste no emprego de uma grande rede de formato cônico arrastada por duas embarcações geralmente idênticas. A boca da rede é mantida aberta pela distância entre as duas embarcações, com o recolhimento e lançamento da rede sendo realizados por uma embarcação. Esta modalidade de arrasto se caracteriza pela maior eficiência em profundidades de até 60 m, além da grande dimensão das redes empregadas. No Sudeste e Sul do Brasil, as redes de parelha chegam atingir 80 metros de tralha superior, resultando em uma abertura horizontal da boca da rede da ordem de 55 metros, enquanto que a abertura vertical chega a 6 metros” (UNIVALI, 2012). 73 ATA da 5ª reunião do Conselho Gestor da APAMLC. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Proibição da pesca de arrasto com a utilização de parelhas em profundidades inferiores a isóbata de 23,6 m; Todas as parelhas para atuarem no interior da APAMLC obrigatoriamente devem integrar o programa PREPS (Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações por Satélites). O equipamento deve ser instalado no prazo de 60 dias a partir da publicação da resolução de regulamentação; Orienta-se à FF/SMA que efetive o controle das áreas de operação das parelhas via rastreamento por satélite (PREPS); Orienta-se o embarque de observadores científicos a bordo para o acompanhamento da atividade, ficando a cargo do Instituto de Pesca especificar a metodologia e as embarcações que serão monitoradas e consolidar os relatórios para apresentação e acompanhamento junto do Conselho Gestor da APAMLC; Orienta-se a realização de um estudo conjunto do Instituto de Pesca com o setor produtivo para determinação de dimensões de redes apropriadas ao objetivo de sustentabilidade ambiental e econômica; Orienta-se que a FF encaminhe para conhecimento do Ministério da Pesca e Ministério do Meio Ambiente o processo de regulamentação da pesca com parelhas nas APAs Marinhas do Estado de São Paulo; Orienta-se que as propostas de recomendações da APAMLC sejam consideradas para análise junto aos Conselhos Gestores das APAMLS e APAMLN. Munida destas recomendações e de recomendações formuladas pelos conselhos gestores das APAS marinhas dos litorais norte e sul, a SMA editou a Resolução SMA - 69, de 28 de setembro de 2009. Tal Resolução estabeleceu em seu art. 1° que nas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas dos litorais Norte, Centro e Sul, a atividade de pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação, em qualquer modalidade, independentemente da Arqueação Bruta (AB), está proibida. Já, a atividade de pesca de arrasto com a utilização de sistema de parelhas de embarcações na APAMLC ficou proibida em profundidades inferiores à isóbata de 23,6 m, independentemente das suas Arqueações Brutas (art. 1°, § 2º da Resolução SMA -69/2009) (vide figura 7.6). Além disso, a mesma Resolução obrigou todas as embarcações que praticam o sistema de pesca de arrasto por parelhas no interior da APAMLC, independentemente de sua Arqueação Bruta (AB), a integrar o Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações por Satélite – PREPS. No caso das embarcações que não dispunham do equipamento necessário para integrar o PREPS, deu-se aos seus proprietários o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação da Resolução SMA 69/2009, para que a instalação do equipamento fosse realizada (art. 1°, §§ 3º e 3º da Resolução SMA -69/2009). Regulamentação da pesca do camarão A questão da regulamentação da pesca do camarão é outro tema que vem sendo discutido arduamente pelo Conselho Gestor da APAMLC. Essencialmente, entende-se que há a necessidade de se realizar um ordenamento desta atividade na área da APAMLC com o objetivo de se evitar a sobrepesca (que vem diminuindo sensivelmente os estoques nos últimas décadas) e regulamentar, de forma clara, as modalidades de pesca que serão permitidas com o intuito de se evitar impactos ambientais significativos. 195 Uma preocupação, por exemplo, é a pesca de camarão pela modalidade de arrasto (sistema de porta) que funciona como arado, fazendo sulcos que degradam o fundo marinho. Estima-se que um bote de pesca de camarão-sete-barbas arrastando durante uma hora varre aproximadamente a área correspondente a três campos de futebol, ou seja, 30 mil m2, obtendo em média menos de 10 kg de produção (CASARINI, 2010). Assim, entre os anos de 2010 e 2011, foram realizadas várias reuniões (envolvendo análise e discussão das informações coletadas) no âmbito da Câmara Temática de Pesca da APA Marinha Litoral Centro (APAMLC). Pesquisadores com expertise na pesca do camarão-sete-barbas apresentaram trabalhos sobre a caracterização da frota pesqueira dirigida a esta modalidade existente na região e as modalidades de pesca adotadas. Adicionalmente, foram realizadas reuniões com pescadores de camarão-sete-barbas em todos os Municípios integrantes da APAMLC. Estas reuniões tiveram o apoio das prefeituras e das colônias dos municípios e foram coordenadas pelo gestor da APAMLC. Regulamentação da pesca de redes de praia e rede de espera (emalhe) A regulamentação destes dois tipos de pesca começou a ser discutida 24ª reunião da Câmara Temática de Pesca do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro (APAMLC), realizada no dia 12 de setembro de 2011, a partir de um parecer apresentado pelo Instituto Oceanográfico sobre a regulamentação desta atividade, em especial sobre rede estaqueada. Esta é uma discussão de suma importância em virtude da pesca de redes ser o principal fator de sobrepesca que resultou na diminuição dos estoques de peixes do litoral paulista. Por esta razão, a organização não governamental ambientalista VIVAMAR, que faz parte do Conselho Gestor, defendia, dentro das discussões sobre esta regulamentação, a proibição total, ou a criação de zona de exclusão de pesca de qualquer tipo de redes no limite mínimo de distância de 1,5 milhas da costa e da desembocaduras de rios e canais, 1 milha no entorno de ilhas e parcéis e dentro de baías e estuários. Sendo que a partir do limite mínimo de 1,5 milhas ocorreria a liberação da prática dessa modalidade de pesca de forma gradativa em função da distância da costa porte de embarcação e tamanho de rede e malha (VIVAMAR, 2011). A proposta supracitada se justifica em função da prática dessas modalidades de pesca, quando efetuadas abaixo do limite inferior a 1,5 milhas de distância da costa, barra de rios/canais estuários e no entorno de ilhas e parceis (áreas com maior incidência de acúmulo de cardumes de várias espécies), resultar na captura de milhares de peixes na desova e na grande mortandade de peixes ainda jovens (VIVAMAR, 2011). Entretanto, a proposta defendida por pescadores se contrapunha a proposta dos ambientalistas ao prever a liberação de redes de lance de praia e a liberação total de colocação de redes de espera (emalhe) sem limite de distância da praia para pescadores artesanais com embarcações de pequeno porte (pesca de micro-escala). Como resultado destas discussões e no intuito de compatibilizar os interesses divergentes supracitados, foi editada a Resolução da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) nº 51, de 28 de junho de 2012, que, presentemente, regula o exercício de atividades pesqueiras profissionais realizadas com o uso de redes nas praias inseridas nos limites da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro. São abrangidas por esta resolução as praias voltadas para o mar, desde o município de Peruíbe até Bertioga, com exceção da Baía de Santos/São Vicente, uma vez que esta não é abarcada pela APAMLC. A seguir a tabela 7.7 traz uma síntese da regulamentação estabelecida pela Resolução SMA nº 51/2012. Tabela 7.7 - Síntese da Resolução SMA nº 51/2012 Especificações dos petrechos de pesca Arrasto de praia • Comprimento máximo: 500 m; (lanço de praia ou arrastão de praia) • Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); • Utilização de tração humana exclusivamente. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém • Comprimento máximo: 50 m; Picaré para caceio de praia • Altura máxima: 3,5 m; • Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); • Panagem simples; Rede Singela (pano simples) para caceio de praia • Comprimento máximo: 50 m; • Altura máxima: 3,0 m; • Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); • Panagem simples; • Comprimento máximo: 60 m; Rede feiticeira ou tresmalho • Altura máxima: 5,0 m; para caceio de praia • Tamanho mínimo de malha interna: 70 mm (nós opostos); • Tamanho mínimo de malha externa: 140 mm (nós opostos); • Utilização de tração humana exclusivamente. Tarrafa • Tamanho mínimo de malha para peixes: 70 mm (nós opostos); • Tamanho mínimo de malha para camarões: 26 mm (nós opostos). Observações gerais Pescadores profissionais • Todas as pessoas envolvidas na atividade de pesca e que utilizam os petrechos previstos na Resolução SMA nº 51/2012 devem ser, obrigatoriamente, pescadores profissionais. • Não poderão ser utilizados nas desembocaduras de rios com áreas distantes até 500 m em direção ao mar e nas áreas adjacentes; • Não deverão ser utilizados entre 9h00 e 19h00 em praias urbanizadas ou com frequência de banhistas, em qualquer período do ano. • De março a novembro, com exceção dos finais de semana e feriados, a pesca com esses petrechos é permitida em qualquer horário, somente nas seguintes praias: Locais e horários de utilização dos petrechos de pesca • Ruínas (Peruíbe); • Gaivota, Jamaica, Bopiranga, Jardim Suarão, Campos Elíseos e Marrocos (Itanhaém); • Flórida Mirim, Jussara, Itaóca, Jardim Praia Grande, Vila Atlântica e Vera Cruz (Mongaguá); • Perequê e Praia Branca (Guarujá); • Indaiá, Itaguaré, Guaratuba e Boracéia (Bertioga). e. Educação e comunicação O principal programa de educação e comunicação incidente nas APAS marinhas do litoral do Estado de São Paulo é o programa Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas. Este programa foi elaborado pela Coordenadoria de Educação Ambiental da SMA e contou com a contribuição do Instituto Chico Mendes, IBAMA, Instituto de Pesca, Fundação Florestal, Polícia Ambiental e colônias de pescadores. Os trabalhos de implementação deste projeto ocorreram no ano de 2009 e envolveram: 197 Oficinas de informação para pescadores; Trabalhos de educação ambiental (atividades culturais para crianças); Edição do livro Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas. Oficina de informação para pescadores Evento realizado em conjunto com as prefeituras municipais abrangidas pelas APAS marinhas dos litorais norte, centro e sul e direcionado à comunidade pesqueira. Foram realizados seis cursos para pescadores que abrangeram os municípios de Cananéia, Iguape, Peruíbe, Guarujá, São Sebastião e Caraguatatuba. No total, as oficinas envolveram 212 participantes entre palestrantes, convidados e pescadores (CEA/SMA, 2012). Nestas oficinas de informação foram abordados os seguintes temas: Pesca sustentável, legislação, fiscalização e unidades de conservação; Discussões práticas para os pescadores, enfatizando aspectos ambientais marinhos importantes. Trabalhos de educação ambiental (atividades culturais para crianças) Projeto realizado com a colaboração de diretorias de ensino de escolas dos municípios de Iguape, Cananéia, Iguape, São Sebastião, Ilhabela, Peruíbe e Guarujá. Foram realizadas atividades culturais abordando temas referentes ao meio ambiente marinho e seus problemas ambientais com um total de 348 alunos (CEA/SMA, 2012). Cartilha sobre Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas É uma publicação de 58 páginas editada em 2009 pela Coordenadoria de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo. Esta publicação visa disseminar boas práticas pesqueiras em áreas marinhas protegidas do litoral paulista, tendo como objetivo a divulgação de informações sobre (CEA/SMA, 2012): Ecologia marinha; Pesca sustentável e legislação ambiental; A importância das APAS (Áreas de Proteção Ambiental) para a proteção do meio ambiente marinho e a melhoria da qualidade de vida local. Foram impressas e distribuídas 500 cartilhas aos pescadores. Além disso, o material está disponível para download em formato PDF no site da SMA. f. Planejamento e pesquisa Os trabalhos da Câmara Técnica de planejamento e pesquisa têm priorizado as pesquisas em áreas de manguezais em virtude de uma demanda do Ministério Público (GT Canal de Bertioga – Análise do processo erosivo que está afetando os manguezais) e da necessidade de se caracterizar os manguezais inseridos na APAMLC (tal questão é explicitada no item i desta seção). A Secretaria de Estado do Meio Ambiente tem um Programa de Pesquisa Ambiental que conta com a participação de várias instituições do Estado de São Paulo e que possui vários resultados já obtidos no que tange ao ambiente marinho. Neste caso, faz-se necessário sistematizar os resultados já produzidos de forma a gerar subsídios para a gestão das APAS marinhas, bem como direcionar os novos trabalhos científicos e projetos no sentido de atender as demandas voltadas para um bom manejo destas unidades de conservação. Além disso, é cogente integrar as ações, os projetos e as pesquisas já realizadas por instituições federais e por organizações não governamentais que atuam na região, como é o caso dos institutos Laje Viva e Albatroz, assim como o Projeto Tamar. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Priorizar pesquisas voltadas para o conhecimento da fauna de invertebrados marinhos é outra ação importante. Segundo Migotto & Tiago (1999, p. 303) “em termos percentuais, a fauna de invertebrados marinhos do estado de São Paulo ainda é pouco conhecida, pois os números de espécies citadas oscilam, no geral, entre 1 e 2% do total de espécies conhecidas para o grupo, sendo comum na literatura a menção ao parco conhecimento acumulado sobre a fauna marinha do Atlântico Sul-Ocidental” . Ainda, devem-se aprofundar as pesquisas de espécies da ictiofauna marinha que vivem em fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares. Segundo Castro & Menezes (1998, p. 8) “a ictiofauna marinha do estado tem sido estudada principalmente através de amostragens obtidas por meio de redes de arrasto de fundo rebocadas por embarcações motorizadas. Este tipo de amostragem só é aplicável eficientemente em fundos planos de substratos não consolidados, o que privilegia a coleta de espécies demersais de plataforma, em detrimento de espécies vivendo em ambientes de fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares (v. Vazzoler, 1993; para sinopse do estudo da ecologia de peixes marinhos no Brasil). Assim, visando a desfazer este desequilíbrio na forma de amostragem, é prioritária a aplicação em maior escala de métodos mais variados, seletivos e capazes de amostrar eficientemente os microambientes de costões e fundos rochosos e praias em geral, tais como, espinhéis com iscas variadas, ictiotóxicos, coletas durante mergulho livre ou autônomo etc”. Uma outra questão relevante para o planejamento da atividade pesqueira refere-se à falta de informações estatístico-pesqueiras fidedignas relativas à frota de pesca artesanal de pequena escala. Para Alves et. al (2009), tal fato contribui negativamente para a elaboração de um adequado ordenamento pesqueiro que é de importância capital face ao elevado contingente de embarcações e de pessoal envolvido nesta atividade e dada à importância ecológica das áreas de atuação dessa frota no Estado de São Paulo. Assim, o desenvolvimento de metodologias para o levantamento de dados estatístico-pesqueiros mais fidedignos deve ser incentivado. Adicionalmente, desenvolver pesquisas sobre a viabilidade e delimitação de locais adequados para a instalação de estruturas de anti-arrasto e atratores (recifes artificiais), como foi proposto pelo Dr. Frederico Brandini da UNESP durante a 4a reunião do Conselho Gestor, são possibilidades interessantes para auxiliar tanto na fiscalização quanto na recuperação da biota marinha. Finalizando, devem-se definir as diretrizes gerais de pesquisa para a APAMLC através do apontamento de temas prioritários no sentido de preencher lacunas cientificas necessárias à elaboração do Plano de Manejo e a boa gestão desta Unidade de Conservação. Para tanto, seria interessante reunir um grupo de pesquisadores de diversas universidades que pudessem colaborar com sugestões para programas, prioridades e estruturas de pesquisa. g. Proteção e fiscalização A fiscalização da APAMLC, que está sob a responsabilidade da Polícia Ambiental e da Fundação Florestal, é realizada de forma integrada com os parques estaduais Xixová-Japuí e Laje de Santos através do Plano de Policiamento Ambiental Marítimo – PROMAR. No âmbito do PROMAR existe uma unidade especial de policiamento ambiental marítimo que é formada por 90 policiais treinados e por seis lanchas destinadas ao patrulhamento das três APAS marinhas do Estado de São Paulo, sendo que esta frota é reforçada por uma embarcação da Secretaria do Meio Ambiente. 199 As ações de fiscalização e monitoramento das APAS marinhas paulistas se concentram no combate à pesca irregular através de uma rotina semanal de fiscalização que conta com o apoio esporádico da Polícia Federal, da Marinha e do Ibama. Entretanto, o Tenente Elton Paz da Polícia Ambiental, na quinta reunião do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro, informou que, mesmo com a estrutura atual, não tem sido possível atender a todas as demandas apresentadas na APAMLC devido à falta de efetivo e condições de trabalho. Diante desta informação, os conselheiros debateram, primeiramente, a necessidade de uma melhor integração entre as diversas instituições estaduais e federais de forma a aperfeiçoar as suas ações de fiscalização através de um planejamento integrado. Indicou-se, ainda, a necessidade de se criar uma base de dados georreferenciada compartilhada a partir da base de dados do PROMAR, indicando os setores mais ameaçados, número de infrações, etc. Sugeriu-se também que os municípios criassem guardas ambientais marinhas municipais de forma a ajudar na fiscalização. h. Ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo A temática do turismo marítimo não vem sendo abordada de forma compatível com a sua amplitude no Conselho Gestor da APAMLC. As atividades de turismo marítimo são muito intensas em toda área da APAMLC, fazendo-se necessária uma regulamentação para este de forma a compatibilizá-las com os objetivos de manejo desta Unidade de Conservação. Outra questão fundamental é a geração de emprego e renda neste setor que deve ser mais bem trabalhada de modo a se tornar um instrumento de inclusão social e de melhoria da renda de pescadores e moradores locais em situação de vulnerabilidade Para tanto, seria interessante criar programas de turismo de base comunitária e cursos de capacitação para moradores locais com o intuito de que estes possam trabalhar com o turismo marítimo. A criação de uma câmara técnica de ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo seria uma alternativa interessante no sentido de auxiliar na definição de diretrizes gerais e temas prioritários para uma boa gestão do setor. i. Melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes 74 Um dos principais fatores que vem prejudicando o desenvolvimento da fauna e flora marinha na Baixada Santista e, por conseguinte, a atividade de pesca, é piora sensível da qualidade das águas estuarinas e marinhas nas últimas décadas. Este problema tem diminuído sensivelmente a quantidade de peixes, sendo que os poucos cardumes que permanecem estão se tornando impróprios para o consumo (GEFE et al., 2004). No que tange a temática da melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes, o principal programa desenvolvido na região é o Projeto Onda Limpa para a Baixada Santista do Governo do Estado de São Paulo. Projeto Onda Limpa Essencialmente, o projeto Onda Limpa tem como meta elevar o índice de coleta de esgoto nos nove municípios da Baixada Santista de 53% para 95% até o ano de 2019. Dentro deste programa já foram construídas sete 74 O artigo 7º do Decreto nº 53.526/2008 que criou a Apa Marinha Litoral Centro determina que “serão adotadas pelo Estado de São Paulo as medidas competentes para recuperação de áreas degradadas e para a melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes”. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém estações de tratamento de esgoto (a oitava será construída no Município de São Vicente), duas estações de précondicionamento e dois emissários submarinos. Ainda, 80% das obras lineares (redes coletoras) já estão concluídas. Entretanto, um problema que vem sendo enfrentado é a baixa adesão dos moradores em se articular com a rede instalada de esgoto devido aos custos de instalação e de pagamento pelo esgoto gerado. Além disso, cumpre ressaltar que ainda não há estações de tratamento de esgoto operando na Baixada Santista e sim estações de pré-condicionamento, com gradeamento, peneiramento e decantação, sendo que o tratamento secundário para os emissários deve ocorrer ainda em 2012. 75 O projeto Onda Limpa e as demais questões inerentes ao tratamento de efluentes domésticos estão detalhadas no capítulo sobre saneamento ambiental do presente relatório. Projeto Marinas na Baixada Santista Recentemente, em janeiro de 2012, após solicitação do Conselho Gestor da APAMLC, foi implantado o Projeto Marinas na Baixada Santista. Este projeto foi iniciado no ano de 2005 nos municípios do litoral norte e tem o objetivo principal de controlar as fontes potenciais de poluição causadas pelo segmento náutico através da gestão integrada e participativa entre Estado, municípios e atores envolvidos na atividade náutica (GESP, 2012). 76 São componentes deste projeto (GESP, 2012): Oficinas de educação ambiental e conscientização dos setores de turismo e pesca; Adoção de medidas ecologicamente adequadas de controle as fontes potenciais de poluição causadas pelo segmento náutico (marinas, garagens náuticas, iate clubes e outras instalações de apoio náutico); Sistema de certificação ambiental das empresas que atenderem aos padrões oferecidos pela Secretaria do Meio Ambiente. Como o projeto é recente na Baixada Santista, ainda não foram divulgados o cronograma de ação e resultados preliminares. j. Comissão de Proteção do Canal de Bertioga 77 Esta comissão foi criada pelo Conselho Gestor da APAMLC no sentido de contribuir com o Grupo de Trabalho “Marolas no Mangue – Canal de Bertioga”, criado pelo Ministério Público de Santos e que envolveu as prefeituras de Santos, Guarujá e Bertioga, Marinha do Brasil, Iate Clube de Santos, Marinas Nacionais, Instituo Maramar, Instituto Vivamar e APAMLC (foto 7.22). São objetivos deste grupo: 75 Analisar os processos erosivos que estão ocorrendo no Canal de Bertioga em decorrência das marolas provocadas pelo trânsito de embarcações; Avaliar como esta questão está afetando negativamente os manguezais que, devido à baixa declividade, estão sendo inundados pelas marolas (alteração da composição físico-química); a Vide ATA da 21 reunião do conselho gestor da APA Marinha Litoral Centro (Informações prestadas pelo engenheiro Luiz Alberto Neves Alário da Sabesp). 76 O Projeto Marinas capacitou mais de 600 pessoas no litoral norte, com diversos cursos sobre biologia e ecologia marinha, poluição marinha, para pescadores, segmentos náuticos, ONGs e sociedade organizada (GESP, 2012). 77 a Vide ATA da 3 reunião (05/06/2009) do conselho gestor da APA Marinha Litoral Centro (Informações prestadas pelo biólogo Mário Wolff Bandeira da Associação Viva Mar). 201 Estabelecimento de normas ambientais visando regular o trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; Monitoramento e fiscalização de embarcações que circulam no Canal de Bertioga. Os resultados dos trabalhos demonstraram que: A velocidade, características de peso e forma dos cascos das embarcações associadas ao calado do canal e ao trânsito de embarcações próximas as margens são um dos fatores que influenciam nos processo erosivos e nas marolas que invadem os manguezais; Não é possível afirmar que apenas as embarcações estejam impactando os manguezais, uma vez que existem outros fatores que devem ser considerados como a ocupação urbana e a ausência de saneamento básico; Causam marolas menores e, portanto, menor impacto ambiental, os deslocamentos nas velocidades entre 6 a 10 nós em média, levando em consideração diferentes embarcações, além da navegação em distâncias afastadas das margens dos rios. Foto 7.22 – Canal de Bertioga Santos Bertioga Guarujá Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011. k. Zona de exclusão de pesca no Setor Itaguaçu A proibição da pesca no Setor Itaguaçu começou a ser discutida no ano de 2009, na Câmara Temática de Pesca. Posteriormente, esta proposta foi encaminhada ao Conselho Gestor da APAMLC, onde foi aprovada por unanimidade. Após o crivo do CONSEMA, no ano de 2012, esta proibição foi convertida na Resolução SMA nº 21, de 16 de abril de 2012, que estabeleceu uma zona de restrição máxima à atividade pesqueira, onde não é permitida nenhuma modalidade de pesca, no Setor Itaguaçu da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro. Assim, a área de exclusão total de pesca na região passou dos 5.000 hectares que integram o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos para 55.896,546. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Segundo Kodja (2012), com a edição da Resolução SMA nº 21/2012 o Setor Itaguaçu da APAMLC passou a ter uma função prática, uma vez que este se transformou em uma zona de amortecimento para o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. Tal disposição encontra grande relevância ao se considerar dois importantes aspectos: A drástica redução dos estoques pesqueiros locais devido à intensa pesca esportiva, artesanal e industrial; A grande relevância do Setor Itaguaçu para a preservação da biota marinha, uma vez que esta localidade se configura como uma área de procriação e desova de animais marinhos, além de ser um local de passagem para espécies em rota migratória. A seguir apresenta-se um quadro síntese da situação atual, demandas, pontos críticos e oportunidades existentes na APALC conforme as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP (quadro 7.9). 203 l. Quadro 7.9 – Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP SITUAÇÃO ATUAL DEMANDAS E PONTOS CRÍTICOS Conselho gestor paritário, criado e em funcionamento; Eixo Planejamento, fortalecimento e gestão O planejamento de ações visando o fortalecimento do papel da APAMLC como vetor de desenvolvimento regional e local é Elaboração do plano de manejo; de pequena amplitude; Não há projetos relevantes que visem Definir as áreas onde devem ser desenvolvidos trabalhos voltados para a recuperação de área contribuir com a redução da pobreza das degradada, incluídos aí a instalação de recifes artificiais e o enriquecimento de biodiversidade local; comunidades e pescadores artesanais locais, bem como um apoio substancial ao desenvolvimento de práticas de manejo sustentável para comunidades que, de alguma forma, utilizam a APAMLC para o seu sustento; Realizar gestões junto à Marinha do Brasil para inserção, na Carta Náutica 1711, do devido alerta sobre a proibição de pesca e de desembarque no setor Itaguaçu da APAMLC. Articulação das ações das três esferas de governo e segmentos da sociedade; Apoiar à implementação de um sistema de fiscalização e controle efetivo. Não há políticas públicas substanciais que visem empreender e apoiar alternativas econômicas de uso sustentável da APAMLC de modo a torná-la polo de desenvolvimento sustentável. Eixo Governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios Capacitação dos técnicos e comunidades locais (questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos e programas de proteção); Implementar práticas de manejo sustentável dos recursos naturais e de ecoturismo que contribuam com a inclusão social das comunidades locais e com a redução da pobreza; As atividades de turismo marítimo são muito intensas em toda área da APAMLC e há problemas ambientais derivados do trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; Criar um programa de turismo de base comunitária como alternativa para inclusão social (apoio técnico e financeiro); Inclusão dos coletores de ostras, mariscos e caranguejos em programas de desenvolvimento sustentável; Investir na melhoria das condições de trabalho e na educação formal dos pescadores artesanais; Capacitar pescadores artesanais e moradores locais em situação de vulnerabilidade a atuar como A sobrepesca, a pesca ilegal e a poluição monitores em ecoturismo; Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém estão diminuindo os estoques pesqueiros; Capacitação dos membros da comunidade de pescadores artesanais para o exercício de tarefas profissionais assemelhadas e que garantam a subsistência (GEFE, et al., 2004); Número considerável de mulheres ligadas às atividades de pesca artesanal; Trabalhos de educação e capacitação específicos para mulheres ligadas às atividades de pesca artesanal e que visem o seu empoderamento; População de pescadores tradicionais vivendo em situação de miserabilidade e Implantar e fortalecer sistema de indicadores para monitoramento permanente da biodiversidade, vulnerabilidade socioambiental. especialmente de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção; Criar cursos permanentes de formação e discussão de práticas e atualidades para os pescadores; Incluir a temática da APAMLC nos trabalhos de educação ambiental das escolas; Ampliar o número de materiais didáticos sobre a problemática que envolve a APAMLC; Regulamentar o turismo náutico de forma a compatibilizá-lo com os objetivos de manejo desta Unidade de Conservação; Criação de uma câmara técnica de ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo; Regular o trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; Regulamentar os diversos tipos de pesca de modo que barra de rios/canais, estuários e o entorno de ilhas e parceis sejam preservados (evitar a captura de peixes na desova e ainda jovens). 205 Ampliar o efetivo da Polícia Ambiental e o apoio da Polícia Federal, da Marinha e do Ibama (articular ações); Apoiar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Criar uma base de dados georreferenciada compartilhada a partir da base de dados do PROMAR e demais base de dados de instituições de fiscalização, indicando os setores mais ameaçados, número de infrações, etc. Promover cursos de capacitação de gestores, técnicos e comunidades locais voltados para questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção e gestão do uso; Dotar a APAMLC de estrutura técnica e administrativa compatível com as suas necessidades; Adotar a APAMLC como instrumento nas políticas de gestão dos recursos pesqueiros; Capacidade institucional Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e Ações de fiscalização baseadas em fiscalização, garantindo a capacitação para seu uso; patrulhamento integrado e em uma Definir as diretrizes gerais de pesquisa para a APAMLC através do apontamento de temas rotina semanal de fiscalização; prioritários no sentido de preencher lacunas cientificas necessárias à elaboração do Plano de Melhorar o nível de conhecimento Manejo e a boa gestão desta Unidade de Conservação; científico sobre o ecossistema da APAMLC Estimular pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à proteção, como suporte a tomada de decisão; reabilitação e restauração de habitats; Estimular pesquisas e desenvolvimento de tecnologias voltadas para o mapeamento de recursos naturais e o levantamento de possibilidades para o seu uso sustentável; Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando à interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Sistematizar as pesquisas já produzidas de forma a gerar subsídios para a gestão das APAS marinhas, bem como direcionar os novos trabalhos científicos e projetos no sentido de atender as demandas voltadas para um bom manejo desta unidade de conservação; Priorizar pesquisas voltadas para o conhecimento da fauna de invertebrados marinhos e de espécies da ictiofauna marinha que vivem em fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares; Produzir informações estatístico-pesqueiras fidedignas relativas à frota de pesca artesanal de pequena escala; Desenvolver pesquisas sobre a viabilidade e delimitação de locais adequados para a instalação de Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém estruturas de anti-arrasto e atratores (recifes artificiais); Monitoramento e fiscalização de embarcações que circulam no Canal de Bertioga; Recrutar uma equipe multidisciplinar permanente que se dedique de forma exclusiva a realizar estudos relativos ao ambiente e a administração do espaço, no tocante ao planejamento, ao desenvolvimento socioeconômico e turístico, atividade cultural e valorização do patrimônio natural. 207 Avaliação e monitoramento Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão da APAMLC; Criar instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para a APAMLC; cumprimento dos objetivos a serem Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos estabelecidos no Plano de Manejo. objetivos da APAMLC. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém 7.6. Área de Relevante Interesse Ecológico Ilhas de Queimada Pequena e Queimada Grande A Área de Relevante Interesse Ecológico Ilhas de Queimada Pequena e Queimada Grande foi criada pelo Decreto Federal nº 91.887 de 05 de novembro de 1985 e é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO). Ela é uma unidade de conservação exclusivamente insular composta por duas ilhas oceânicas rochosas de baixa altitude e com declividade variada que foram formadas durante período geológico Quaternário, caracterizado nos últimos 12.000 anos por um aquecimento do planeta e elevação do nível médio do mar. Sua gênese e evolução estão associadas à formação de margens continentais passivas condicionadas por dois conjuntos de eventos: reativações tectônicas (que ocorreram no final do Mesozóico e início do Cenozóico), responsáveis pelo soerguimento da Serra do Mar e pela subsidência da Bacia de Santos; e sedimentação decorrente de sucessivas transgressões e regressões marinhas quaternárias que modelaram a área (ICMBIO, 2012) (foto 7.23). Foto 7.23 – Ilha Queimada Pequena Mongaguá Itanhaém Peruíbe Ilha Queimada Pequena Ilha Queimada Grande Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011. A área total desta unidade de conservação abrange 33 hectares e compreende: Ilha Queimada Pequena, que possui 10 hectares e que está situada no Oceano Atlântico a Sudeste de Peruíbe, entre a Latitudes Sul de 24º22'00" e 24º23'00" e Longitudes Oeste de 46º47'30" (altitude aprox. de 60 m) (foto 7.24); 78 78 Importante mencionar que a Ilha Queimada Pequena também está inserida na Estação Ecológica dos Tupiniquins e na Área de Proteção Ambiental Cananéia-Iguape-Peruibe. Informações detalhadas sobre estas unidades de conservação 209 Ilha Queimada Grande, que possui 23 hectares e está situada no Oceano Atlântico, a Sudeste de Peruibe, entre as Latitudes Sul de 24º28'30" e 24º30'00" e Longitudes Oeste de 46º40'00 e 46º41'00" (altitude aprox. de 200 m) (foto 7.25). Foto 7.23 – Ilha Queimada Pequena Fonte: ICMBIO, 2008. Foto 7.24 – Ilha Queimada Grande podem ser encontradas no relatório municipal de Peruíbe. Entretanto, cumpre mencionar que a Ilha Queimada Pequena, por fazer parte da ESEC Tupiniquins, é regida pelo Plano de Manejo da mesma, concluído em 2008. Ademais, As Ilhas Queimada Grande e Pequena são tombadas como Patrimônio Natural pelo Condephaat junto com a Serra do Mar (Resolução n° 40/85) e integram a Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica criada pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) em 1991. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Fonte: Luciano Rizzieri, n.d. a. Fauna e flora insular As ilhas Queimada Pequena e Grande apresentam vegetação arbustiva-arbórea de Floresta Ombrófila Densa secundária, vegetação pioneira com influência marinha (costão rochoso) e campo antrópico. Especificamente no caso da Ilha Queimada Pequena, a sua vegetação apresenta-se bastante alterada em virtude de esta ter sofrido alterações no passado devido a três fatores que incluem o uso de fogo por pescadores, o cultivo de mandioca Manihot esculenta e, também, a invasão da trepadeira Cissampelos andromorpha. Assim, cerca de metade deste ambiente insular encontra-se bastante degradado no que tange as suas características originais (CAMPOS et alii., 2004 apud. ICMBIO, 2008).79 Já, quanto à ilha da Queimada Grande, algumas porções de floresta nativa da ilha foram queimadas no passado e encontram-se atualmente em regeneração natural ou cobertas por gramíneas (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2003). No que tange a avifauna, as duas ilhas que compõem esta unidade de conservação são áreas de repouso e migração de aves e abrigam colônias reprodutivas de aves marinhas. Na Ilha Queimada Pequena foram registrados cerca de 30 passeriformes diferentes, e a espécie falcão peregrino. Ademais, também é área de nidificação de Larus e do gênero Sterna (ICMBIO, 2008). Já, na Ilha Queimada Grande, várias aves marinhas frequentam este ambiente insular, incluindo o alabatroz-desombrancelha (Thalassarche melanophris) a fragata (Fregata magnificens), o gaivotão (Larus dominicanus), o trinta-réis-real (gênero Sterna) e, principalmente, o atobá (Sula leucogaster), que ali faz seus ninhos. Além das 79 As espécies arbustivo-arbóreas encontradas nesse ambiente foram a palmeira Jerivá Syagrus romanzoffiana (Arecaceae), aroeira-vermelha Schinus terebinthifolius (Anacardiaceae), figueira Ficus luschnathiana (Moraceae), capororoca-branca Rapanea guianensis (Myrsinaceae), quixabeira Sideroxylon obtusifolium (Sapotaceae) e jasmim Rudgea jasminoides (Rubiaceae). As espécies presentes na vegetação de costão rochoso foram o gravatá Bromelia antiacantha, feijão-da-praia Canavalia rosea, Capparis declinata, erva-baleeira Cordia curassavica entre outras (ICMBIO, 2008. P. 128). 211 aves marinhas, cerca de 30 espécies de pássaros, a maioria migratórias, são avistadas na ilha em certas épocas do ano. Além disso, existem pássaros residentes, como é o caso da corruíra (Troglodytes aedon) e da cambacica (Coereba flaveola) (ICMBIO, 2008; CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2003). 80 Quanto à herpetofauna (anfíbios e répteis), os trabalhos de pesquisa realizados para a elaboração do Plano de Manejo da ESEC Tupiniquins na Ilha Queimada Pequena relataram a presença de uma espécie de anfíbio e outra de lagarto, mas como estes não foram coletados, não foi possível realizar a identificação dos mesmos. Com relação à herpetofauna da Ilha Queimada Grande, estudos realizados em 2002 registraram duas espécies de anfíbios (Eleutherodactylus binotatus e Scinax peixotoi), duas espécies de serpentes (Bothrops insularis ou jararaca-ilhoa e Dipsas albifrons ou dormideira), duas espécies de lagartos (Mabuya macrorhynca e Colobodactylus taunay), além de duas espécies de anfisbenas (Amphisbaena hogei e Leposternum microcephalum) (MARQUES et alii., 2002 apud. ICMBIO, 2008). Cumpre mencionar que a Ilha Queimada Grande possui a maior densidade mundial de serpentes por m2 e que ambas as serpentes supracitadas só podem ser encontradas neste ambiente insular, sendo, portanto, endêmicas. No que tange a Bothrops insularis (conhecida também como jararaca-ilhoa), esta é uma serpente adaptada à vida arborícola ou semiarborícola (o que não ocorre com as espécies de jararaca do continente). Já a sua peçonha é cinco vezes mais potente do que o da jararaca comum. Tal característica é uma resposta adaptativa às condições ambientais da ilha, uma vez que garante a morte imediata da presa de forma a evitar que esta consiga escapar e cair no mar (MARQUES et alii., 2002). 81 Em nenhuma das duas ilhas foram registrados mamíferos terrestres (ICMBIO, 2008). Entretanto, cumpre mencionar a existência de duas espécies de morcegos já identificadas na Ilha Queimada Grande (Nyctinomops laticaudatus e N. macrotis) (MARQUES et alii., 2002). Para a fauna de aracnídeos e miriápodes foram encontradas na Ilha Queimada Pequena apenas uma espécie de escolopendromorfa e uma de geofilomorfa, ambas da Classe Chilopoda, e três espécies de piolhos-de-cobra, que pertencem à Classe Diplopoda, sendo um deles o Rhinocrichus insularis, espécie endêmica da ilha. Na serapilheira, durante o período diurno, foram coletados 15 pseudoescorpiões da família Chthoniidae e dois não identificados. Não foi encontrado nenhum escorpião nem opiliões. O grupo com maior número de indivíduos encontrados foi o das aranhas (ordem Araneae): 59 indivíduos pertencentes a 15 espécies diferentes. As espécies encontradas fazem parte de 11 famílias, sendo dez delas da infraordem Araneomorphae e apenas um da infraordem Mygalomorphae, que engloba as aranhas-caranguejeiras (ICMBIO, 2008, p.140). b. Fauna e flora marinha A fauna e flora marinha existente no entorno das ilhas pertencentes a esta unidade de conservação possuem grande diversidade e incluem diversas espécies de algas marinhas, bem como peixes recifais e invertebrados, podendo ser encontrados cetáceos e tartarugas marinhas. Na Ilha Queimada Grande já foram registradas 45 espécies de peixes (incluindo Garoupas, Budiões e Caranhas), pertencentes a 22 famílias. Já, no que tange as tartarugas marinhas, já foram observados indivíduos de tartaruga-verde (Chelonia mydas Linnaeus) e de tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata Linnaeus), espécies estas consideradas, respectivamente, vulnerável e em perigo pela Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Ademais, nas áreas mais rasas, até cerca de 5 metros de profundidade, há 80 Cumpre mencionar que o alabatroz-de-sombrancelha e o trinta-réis-real são espécies consideradas vulneráveis e que, portanto, compõem a Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (ICMBIO, 2008). 81 A jararaca-ilhoa está listada na categoria criticamente ameaçada (CR) nas listas do Estado de São Paulo (Decreto Estadual nº 53.494/2008), na lista nacional (Machado et al., 2005, 2008) e na da UICN (União Internacional para Conservação da Natureza) (ICMBIO, 2011, p. 31). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém presença de organismos incrustantes como cracas (Crustacea, Cirripedia) e moluscos bivalves, ocorrem também diversas espécies de algas verdes, azuis e vermelhas. Já nas áreas mais fundas, ocorrem algas frondosas, pardas, vermelhas e verdes. Além da expressiva cobertura de algas, o substrato é também recoberto por uma grande diversidade de animais, incluindo esponjas, zoantídeos, corais madreporários, octocorais, lírios-do-mar, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar e pepinos-do-mar. Também cumpre mencionar a existência de grupos importantes no ambiente recifal como anêmonas, moluscos, poliquetos e crustáceos (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2003). Na Ilha Queimada Pequena, além de diversas espécies de peixes, pertencentes a diversas famílias, já foram também registradas ocorrências de tartaruga-verde (Chelonia mydas Linnaeus) e de tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata Linnaeus). Além disso, também ocorrem muitas algas de importância econômica e ecológica, podendo-se destacar as algas produtoras de importantes produtos naturais como as dos gêneros Sargassum e Hypnea. As algas pardas Dictyota e Dictyopteris também são conhecidas por apresentarem defesa química contra a herbivoria, demonstrando importante função ecológica no ecossistema. O gênero Sargassum, além de produtor de alginato, pode formar densos bancos no infralitoral de costões rochosos, podendo representar a alga mais importante em termos de abundância no ecossistema, além de representar abrigo, local de desova e substrato para o desenvolvimento de diversas espécies de algas e outros organismos (SZÉCHY & PAULA, 2000 apud. ICMBIO, 2008, p. 137). Além da expressiva cobertura de algas, o substrato desta Ilha também é recoberto por uma grande diversidade de animais, incluindo esponjas, zoantídeos, corais (incluindo Coral-cérebro), octocorais, lírios-do-mar, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar e pepinos-do-mar. Também cumpre mencionar a existência de grupos importantes no ambiente recifal como anêmonas, moluscos, poliquetos e crustáceos (ICMBIO, 2008). c. Impactos sobre a biodiversidade No que tange aos impactos sobre a biodiversidade cumpre mencionar que há pressão de pesca no entorno das ilhas nas modalidades amadora (pesca de linha), profissional (pesca de linha, corrico e espinhel) e caça submarina por operadoras e embarcações de Peruíbe, Itanhaém e Santos. Importante observar que a pesca no entorno da Ilha Queimada Pequena é proibida devida esta ser uma área de exclusão de pesca por fazer parte da ESEC Tupiniquins e por proteger áreas importantes para a criação de espécies de valor comercial (ICMBIO, 2008). Ademais, cumpre salientar que há registros de desembarque, que são proibidos, e acampamentos de pescadores no Ilhote das Gaivotas (adjacente à Ilha Queimada Pequena e pertencente a esta ARIE), bem como nas ilhas Queimada Grande e Pequena. Apesar de não haver registro recente (últimos dez anos) de incêndio nas ilhas Queimada Grande e Pequena, há o registro de restos de fogueiras de pescadores na ilha Queimada Pequena (ICMBIO, 2008). Já, na Ilha Queimada Grande, ao desembarcar pescadores ateiam fogo na vegetação para afugentar as serpentes. 82, 83 82 Por terem função como abrigo para embarcações e atracadouros em dias de mar agitado, as ilhas são importantes para apoio aos pescadores e navegadores em passagem pelo mar no litoral sul do Estado de São Paulo (ICMBIO, 2008, p.117). 83 O fogo é uma das maiores ameaças à biota das ilhas, e as fogueiras representam um grande risco, uma vez que a vegetação das áreas mais planas caracteriza-se como rasteira e com grande potencial combustível. Os incêndios eram comuns nas ilhas no passado para limpar a área para roçados e eliminar possíveis animais peçonhentos, fato que atribuiu o nome de Queimada Pequena e Queimada Grande as duas ilhas em frente à Itanhaém. Na Queimada Pequena fogo para roça foi feito até a década de 1970 por um morador de Peruíbe que plantava mandioca ali. (ICMBIO, 2008, p.180). 213 Quanto às espécies animais exóticas, deve-se mencionar a existência da lagartixa Hemidactylus mabouia, que foi introduzida possivelmente durante a construção do farol, e é hoje tão ou mais abundante que os lagartos nativos da ilha, fazendo-se necessário avaliar os possíveis impactos desta espécie sobre o tênue equilíbrio ecológico deste ambiente insular (ICMBIO, 2011). Outra grave preocupação nesta unidade de conservação são as evidências de capturas ilegais de jararacas ilhoa provavelmente para o mercado negro de espécies exóticas, incluindo zoológicos, animais de estimação ou até mesmo para fins de biopirataria, já que as toxinas de seu veneno, ainda pouco estudadas, talvez venham a ter aplicações práticas. O veneno da jararaca do continente, por exemplo, deu origem a medicamentos como o anti-hipertensivo Captopril (que garante um faturamento anual de US$ 5 bilhões à multinacional Squibb) e o Evasin, patenteado recentemente por pesquisadores do Instituto Butantan (ICMBIO, 2011, p. 31). 84 d. Plano de Manejo A ARIE Ilhas de Queimada Pequena e Queimada Grande não possui Plano de Manejo e não há previsão para elaboração do mesmo, apesar de o Plano de Ação para a Conservação da Herpetofauna Insular Ameaçada de Extinção (PAN Insulares) elaborado pelo ICMBIO estabelecer como prioridade alta a necessidade de elaboração do mesmo até dezembro de 2014 ao custo de R$ 200.000,00. Dois entraves para se empreender os trabalhos científicos visando a elaboração deste plano de manejo são a dificuldade de se colocar como prioridade a inserção desta ação na pauta da Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral - DIREP/ICMBio e o custo elevado de sua elaboração (ICMBIO, 2011). e. Conselho gestor Conforme a Portaria ICMBIO N° 59, de 15 de maio de 2012, o Conselho Gestor Consultivo da ARIE Ilhas de Queimada Pequena e Queimada Grande é formado por dois representantes (titular e suplente) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e por dois representantes, sendo um titular e um suplente, dos seguintes órgãos, entidades e organizações não governamentais: 84 Superintendência Estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA no estado de São Paulo; Fundação Nacional do Índio - FUNAI/Coordenação Regional do Litoral Sudeste; Marinha do Brasil/Capitania dos Portos de São Paulo; Estação Ecológica Tupinambás; Universidade Estadual Paulista - UNESP/Campus Experimental do Litoral Paulista; Centro Paula Souza/ETEC Itanhaém/SP; APA Marinha Litoral Centro - APAMLC/Fundação Florestal; Parque Estadual Serra do Mar - PESM/Núcleo Curucutu; Instituto Vital Brazil/RJ; Polícia Militar do Estado de São Paulo - Batalhão de Polícia Ambiental; Câmara dos Vereadores de Itanhaém/SP; Prefeitura Municipal de Itanhaém/SP; Um estudo recentemente publicado demonstra o declínio desta população nos últimos 15 anos (Martins et al., 2008). Este estudo apresenta a primeira estimativa da população de B. insularis apontando um número entre 2.000 a 4.000 indivíduos da espécie. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Prefeitura Municipal de Cananéia/SP; Colônia de Pescadores Z-13 - José de Anchieta de Itanhaém/SP, sendo titular, e Marina De-Paula LTDA Marina Maitá, sendo suplente; Colônia de Pescadores Z-9 - Cananéia/Apolinário de Araújo; Colônia de Pescadores Z - 5/Júlio Conceição; Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo - SAPESP; Terras Indígenas Piaçaguera/YWY PYAÙA - Aldeia Piaçaguera; Associação dos Produtores Rurais da Microbacia Hidrográfica do Rio Branco, Pescadores Artesanais, Aquicultores e Indígenas de Itanhaém e Região - AMIBRA; Paróquia São João Batista - Diocese de Registro/SP; Casa de Vital Brazil; Entidade Ecológica dos Surfistas - Ecosurfi; Instituto Ernesto Zwarg - IEZ; Projeto Boto-Cinza - Instituto de Pesquisa de Cananéia/ SP - IPeC, sendo titular, e Associação Bicho da Mata, sendo suplente; ONG VIVAMAR, sendo titular, e Empresa Barracuda Turismo, sendo suplente; Agência Nitro Imagens LTDA; Associação Comercial Itanhaém - ACAI; Estação Ambiental São Camilo - EASC; Aquário de Peruíbe/SP. A chefia da ARIE Ilhas de Queimada Pequena e Queimada Grande está sob a responsabilidade do analista ambiental Wilson Almeida Lima. f. Infraestrutura A ARIE Ilhas de Queimada Pequena e Queimada Grande possui uma sede localizada no Município de Itanhaém, onde ocupa um espaço cedido, formalizado em termo de compromisso, pela Fundação para Conservação e Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal) na sede do Núcleo Curucutu do Parque Estadual Serra do Mar (PESM). No mesmo local está lotada a sede da ARIE Queimada Pequena e Queimada Grande como forma de articular a maximização dos recursos, gestão administrativa e gestão das duas unidades de conservação. Já, nas ilhas, não há infraestrutura, à exceção do farol automático da Ilha Queimada Grande e de placas de sinalização instaladas indicativa das unidades de conservação e da Marinha informando sobre proibições de desembarque, caça e pesca (ICMBIO, 2008). g. Recursos humanos Atualmente, esta unidade de conservação conta com um analista ambiental chefe que orienta as atividades de vigilância, fiscalização e gestão. Para o desenvolvimento destas atividades, o mesmo conta com o apoio de dois analistas ambientais ligados a ESEC Tupiniquins, sendo um dos servidores habilitado como fiscal, bem como com um terceirizado administrativo. 215 h. Fiscalização O acesso às ilhas que compõe a ARIE Ilhas Queimada Grande e Queimada Pequena é restrito ao ICMBio e à Marinha, sendo o desembarque proibido. Ademais, a visitação turística e a pesca são atividades proibidas no entorno da Ilha Queimada Pequena em virtude de esta pertencer a ESEC Tupiniquins. Já, na Ilha Queimada Grande, a proibição ainda não ocorreu devido à mobilização dos donos de embarcações que levam mergulhadores, turistas e pescadores amadores até a ilha, uma vez que esta proibição teria um forte impacto negativo para o setor de turismo náutico da região. Entretanto, a pesca profissional é proibida. Para fiscalização destas diretivas, esta ARIE conta com o apoio de uma embarcação lancha cabinada CARBRASMAR 32 pés pertencente à ESEC Tupiniquins e adquirida com recursos de patrocínio da Petrobras. Esta lancha conta com os equipamentos necessários para georeferenciamento, equipamentos de salvatagem, além de embarcação inflável e de apoio (ICMBIO, 2008). A fiscalização nas Ilhas Queimada Grande e Pequena é realizada de forma integrada com a ESEC Tupiniquins. Para este tipo de ação inclui um agente da ESEC/ICMBio e dois agentes da Polícia Ambiental/SP, sendo necessário um apoio operacional de tripulação para a embarcação. Durante as ações de fiscalização são realizadas autuações a pescadores amadores e profissionais que pescam em áreas proibidas ou em períodos proibidos (defesos). Estas saídas para fiscalização são custeadas com recursos da ESEC dos Tupiniquins e de projetos patrocinados (ex. FNMA e Petrobras) (ICMBIO, 2008). Importa observar que existem deficiências estruturais e financeiras para o bom andamento do programa de fiscalização. Faz-se necessário uma maior disponibilização de recursos financeiros e humanos e existe uma grande demanda, não atendida, para a fiscalização da área marinha na região (defesos, arrasteiros, parelhas, caça submarina, Ilha da Queimada Grande, e mesmo ações complementares em UC marinhas vizinhas). Há, também, uma grande dificuldade para manter a embarcação operante e tripulada, uma vez que o escritório do ICMBIO em Itanhaém não possui tripulação fixa para a embarcação, o que torna a equipe de fiscalização dependente de parceria com organizações não governamentais (ICMBIO, 2008). Ademais, também são realizadas saídas com sobrevoo de helicóptero para fiscalização da pesca de arrasto com parelhas custeadas pela Diretoria de Proteção Ambiental/IBAMA e APA/CIP, contando com pessoal do IBAMA/NOA, ESEC dos Tupiniquins e Policia Ambiental/SP. Entretanto, apesar de este tipo de fiscalização ser mais eficiente no registro e flagrante de embarcações arrasteiras pescando em áreas proibidas, estas são realizadas em pequeno número devido ao elevado custo (ICMBIO, 2008). i. Pesquisa científica As ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena são um importante laboratório natural para estudos evolutivos e ecológicos. Apesar disso, não há um bom nível de conhecimento científico sobre meio biótico das mesmas. São poucas as pesquisas científicas desenvolvidas na área de influência da ESEC Tupiniquins e, mesmo considerando o fato de que esta unidade de conservação esta localizada em uma região que conta importantes universidades e instituições de pesquisa, não há vínculos formais com universidades para o desenvolvimento de programas de pesquisas dentro de seus domínios (ICMBIO, 2008). 85 85 Considerando o horizonte temporal de 1999 a 2007, foram autorizados e desenvolvidos na área de abrangência da ESEC Tupiniquins 10 projetos de pesquisas, sendo três direcionados às aves marinhas, dois relativos à peixes e somente um para as áreas de moluscos, bentos, flora, anfíbios e arqueologia (ICMBIO, 2008, p. 182). A ESEC dos Tupiniquins possui no seu quadro funcional um pesquisador atuante, com projetos de pesquisas licenciados (ICMBIO, 2008, p. 182). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém j. Memorial Descritivo do Meio Marinho da Ilha da Queimada Grande e Proposta de Ampliação e Recategorização da Área de Relevante Interesse Ecológico Ilhas de Queimada Pequena e Queimada Grande No ano de 2003 foi elaborado um Memorial Descritivo do Meio Marinho da Ilha da Queimada Grande de forma a embasar uma proposta de ampliação e alteração da ARIE Ilhas Queimada Grande e Queimada Pequena. Este memorial foi elaborado por meio de uma parceria entre o IBAMA (ESEC Tupiniquins) e a Conservation International Brasil, através do seu Programa Marinho. Para tanto, foram coletados dados sobre a biota marinha local por uma equipe técnica durante uma expedição à Ilha da Queimada Grande que resultou na elaboração de uma lista das espécies locais com amostragens em campo tanto qualitativas (identificação das espécies) quanto quantitativas (censos visuais de peixes e transectos de cobertura bentônica). Além disso, também foram examinados espécimes testemunho depositados na coleção de peixes do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2003). 86 Os resultados apontaram para a existência de uma importante cobertura de corais, alta diversidade de peixes e uma grande concentração de aves e tartarugas marinhas, incluindo diversas espécies ameaçadas de extinção. Outra questão importante foi a realização do primeiro registro de agregação reprodutiva do peixe "caranha" (Lutjanus cyanopterus) no Brasil, uma espécie de grande importância comercial e ameaçada de extinção (categoria vulnerável da UICN). No que tange as agregações reprodutivas, deve-se ponderar que estas são raramente observadas por serem pontuais e costumam reunir os reprodutores de toda uma espécie na região, durante poucas semanas, em áreas muito restritas (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2004). Consequentemente, foi construída uma proposta de não só recategorizar a ARIE Ilhas Queimada Grande e Queimada Pequena, com a Criação do Parque Nacional Marinho da Queimada Grande como, também, de se ampliar os limites protegidos existentes que, presentemente, abrangem apenas a porção emersa da Ilha, deixando desprotegido o ambiente marinho. Ponderou-se também que a criação de uma unidade de conservação de proteção integral, na modalidade Parque Nacional, seria a melhor formar de se incrementar a proteção dos importantes ambientes marinho e insular ali existentes, principalmente com a proibição da pesca e, ao mesmo tempo, permitir e controlar a visitação pública, uma vez que o entorno da Ilha é tradicionalmente utilizado para atividades sustentáveis de turismo recreacional, incluindo turismo náutico e o mergulho contemplativo. Assim, optou-se pela manutenção dessas atividades, no caso específico da Ilha da Queimada Grande, até mesmo como estratégia de sustentabilidade econômica para a unidade de conservação a ser criada. Espera-se que com a recategorização Cumpre mencionar que devido à continuidade das pesquisas desenvolvidas pelo Projeto Aves Marinhas Insulares de São Paulo as informações científicas sobre aves marinhas prevalecem sobre as demais áreas do conhecimento referentes à ESEC dos Tupiniquins, incluída ai a Ilha Queimada Pequena (ICMBIO, 2008). O Instituto Butantã realiza pesquisa com serpentes na Ilha Queimada Grande desde 1911. No ano de 2003 foi celebrada uma parceria informal com o Instituto Butantã e o Instituto de Biologia da Universidade de São Paulo para a realização de 10 expedições para o levantamento de informações para a realização do Seminário para Discussão da Recategorização da ARIE da Ilha da Queimada Grande e Queimada Pequena (ICMBIO, 2008). 86 Profissionais envolvidos na elaboração deste memorial: Rodrigo Leão de Moura, Dr. (Conservation International Brasil, Programa Marinho); Ronaldo Bastos Francini-Filho, MSc. (Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo); Naércio Aquino Menezes, Dr. (Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo); Guilherme Fraga Dutra, MSc. (Conservation International Brasil, Programa Marinho); Daniel Cappell, graduando em Ciências Biológicas (Universidade Santa Cecília). 217 da Ilha Queimada Grande para Parque Nacional ocorram maiores investimentos em pessoal e infraestrutura de forma a aumentar a efetividade de sua proteção. (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2003). 87, 88,89 Além disso, a proposta de criação do Parque Nacional da Queimada Grande coaduna com a necessidade urgente de se ampliar o as unidades de conservação de proteção integral marinhas no Estado de São Paulo. 90 k. PAN Insulares Considerando a importância biológica da herpetofauna insular brasileira, o ICMBIO (Instituto Chico Mendes), tendo como suporte legal a portaria conjunta 316/2009 MMA/ICMBio, pactuou o PAN Insulares (Plano de Ação Nacional para a Conservação da Herpetofauna Insular Ameaçada de Extinção). Este Plano tem como objetivo estabelecer medidas para a proteção e a recuperação do ambiente e das espécies de répteis e anfíbios ameaçados de extinção, com ênfase nas espécies endêmicas das ilhas marinhas do Arquipélago dos Alcatrazes e da Ilha de Queimada Grande. O PAN Insulares é composto por objetivo e 11 metas, cuja previsão de implementação está estabelecida em um prazo de cinco anos, com validade até dezembro de 2015, com supervisão e monitoria anual do processo de implementação (ICMBIO, 2011). A seguir, o quadro 7.10 apresenta os principais problemas identificados pelo plano, bem como as principais metas e ações a serem implementadas até o ano de 2015. 87 Segundo o Ministério do Meio Ambiente, Queimada Grande está inserida numa área de "Extrema Importância Biológica", tendo sido indicada a criação de uma unidade de conservação de proteção integral no documento "Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade das Zonas Costeira e Marinha", publicado em 2002 (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2004). 88 No dia 7 de agosto o IBAMA realizou juntamente com o Projeto TAMAR, o Instituto Butantã, o Instituto de Biociências, a Fundação Florestal e o Programa Marinho da CI-Brasil, o "Seminário para Recategorização Ilha da Queimada Grande", que resultou na proposta para ampliação de seus limites e a alteração da categoria de Área de Relevante Interesse Ecológico para Parque Nacional. Nesse seminário, todos os setores presentes - inclusive os operadores de mergulho e colônias de pesca, foram unânimes em apoiar a categoria de Parque Nacional para a área marinha da Ilha (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2004). 89 A Queimada Grande está inserida numa área de "Extrema Importância Biológica", tendo sido indicada a criação de uma unidade de conservação de proteção integral no documento "Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade das Zonas Costeira e Marinha", publicado em 2002 (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2004). 90 Embora existam outras unidades de conservação em áreas marinhas no Estado de São Paulo, a rede existente ainda é pequena e mal integrada, insuficiente para garantir a conservação da biodiversidade e os benefícios que as áreas marinhas protegidas podem trazer para a pesca. Das cerca de 150 ilhas do Estado, apenas 14 (9,3%) possuem suas áreas marinhas protegidas na forma de Unidades de Conservação de Proteção Integral. Dessas 14 ilhas, apenas a Laje de Santos está protegida na categoria de Parque, que prevê a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, recreação e turismo ecológico. (CONSERVATION INTERNATIONAL BRASIL, 2004). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Quadro 7.10 – Quadro síntese: Principais problemas, metas e ações identificados pelo PAN Insulares PROBLEMAS METAS AÇÕES Cust o (R$) Quantificar, por meio de entrevistas com pescadores locais, o número de desembarques ilegais nas ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes (3.000,00); Instalar sistema remoto de vigilância nas ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes (400.000,00); Instalar sistema de vigilância por meio de armadilhas fotográficas na ilha de Queimada Grande (10.000,00); Redução significativa em cinco anos da Remoção ilegal de espécimes de anfíbios e remoção ilegal de répteis nas ilhas da Queimada Grande e espécimes de dos Alcatrazes, pelo tráfico e/ou anfíbios e répteis biopirataria nas ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes Efetuar gestão para que o “PREPS” (Sistema de rastreamento de embarcações pesqueiras por satélite) incorpore embarcações de menor calado no seu sistema de controle, na região do arquipélago dos Alcatrazes e da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (Não significante); Implantar sistema de rádio VHF nas unidades de conservação: ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás, para uma melhor comunicação sobre ocorrência de ilícitos (4.000,00); 1.02 7.00 0,00 Fazer gestão para que o serviço de inteligência da Polícia Federal atue em questões de tráfico e biopirataria na região do arquipélago dos Alcatrazes e da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (Não significante); Elaborar e executar planos anuais de fiscalização na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (300.000,00); Elaborar e executar planos anuais de fiscalização na ESEC Tupinambás e no arquipélago dos Alcatrazes (300.000,00); Promover a integração permanente entre os órgãos fiscalizadores e a ESEC Tupinambás. 219 Inadequação da categoria e dos limites das unidades ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande e ESEC Tupinambás Recategorização da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Pequena para unidade de conservação de proteção integral e ampliação dos seus limites, com decreto publicado em dois anos Criação do Parque Nacional Marinho Inadequação da categoria e dos limites do Arquipélago dos das unidades ARIE Ilhas da Queimada Alcatrazes, incluindo parte terrestre da Pequena e Queimada Grande e ESEC Ilha dos Alcatrazes, Tupinambás com decreto publicado em dois anos Fazer gestão sobre processo de recategorização e ampliação da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (Não significante); Efetuar estudos complementares para subsidiar a redefinição da categoria da unidade ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e seus limites (50.000,00); 50.0 00,0 0 Fazer gestão sobre processo de Criação do Parque Nacional Marinho do Arquipélago dos Alcatrazes. Não significante Instituir o grupo de trabalho (GT), para recategorização da ESEC Tupinambás, 50.0 acordado no Termo de Compromisso firmado entre o Ministério da Defesa e 00,0 Ministério do Meio Ambiente, conforme disposto na alínea “g” da cláusula 5 0 do referido Termo (Não significante); Efetuar estudos complementares para subsidiar a criação do Parque Nacional Marinho do Arquipélago dos Alcatrazes (50.000,00). Elaborar o plano de manejo da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (200.000,00); Falha na implementação das unidades de conservação ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande e ESEC Tupinambás Unidades ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás, implementadas em cinco anos Elaborar o plano de manejo da ESEC Tupinambás (400.000,00); Elaboração de protocolo específico de coleta, acondicionamento, conservação, transporte e destinação de material biológico (exemplares da herpetofauna ameaçada de extinção encontrados mortos, ou partes) endêmicos dos arquipélagos dos Alcatrazes e Queimada Grande (3.000,00); Prover a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e a ESEC Tupinambás de estrutura, material e meios para o acondicionamento e encaminhamento do material biológico (exemplares da herpetofauna ameaçada de extinção encontrados mortos, ou partes) (5.000,00); Dotar as unidades ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás de recurso náutico e pessoal, para inspeções de rotina 3.70 8.00 0,00 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém planejadas (3.000.000,00); Ação 3.1.6. Implantar uma base para pesquisadores (alojamento e laboratório) próxima às “ruínas dos Faroleiros”, na Ilha dos Alcatrazes (100.000,00). Introdução de doenças nas unidades ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes Risco de introdução de doenças nas unidades de conservação ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e na Ilha dos Alcatrazes, minimizados em um ano Insuficiência de informações científicas sobre a ecologia, estrutura genética e populacional de répteis e anfíbios, e sobre o uso direto e indireto dos recursos naturais nas ilhas e do entorno Estudos detalhados sobre ecologia de populações de anfíbios, répteis e suas presas, realizados em cinco anos Insuficiência de informações científicas sobre a ecologia, estrutura genética e populacional de répteis e anfíbios, e sobre Monitoramento das populações de anfíbios, répteis, Elaborar o protocolo sanitário de visitas na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes; Incorporar o protocolo sanitário de acesso as Ilhas, às normas da Marinha do Brasil (Ilha dos Alcatrazes), ao SISBIO e nos planos de manejo das unidades ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás (Não significante). 3.00 0,00 Realizar projetos para estimar a estrutura, dinâmica e tamanho da população de anfíbios, na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (250.000,00); Realizar projetos para estimar a estrutura, dinâmica e tamanho da população de répteis, na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (250.000,00); 600. 000, 00 Estudar a genética das populações de anfíbios e répteis ameaçados na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (100.000,00). Delinear e implantar as trilhas de pesquisa na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (20.000,00); 1.11 0.00 0,00 221 o uso direto e indireto dos recursos naturais nas ilhas e do entorno recursos naturais associados e climáticos, realizados em cinco anos Definir o sistema amostral para monitoramento na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (10.000,00); Executar estudos de monitoramento das espécies de répteis na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (250.000,00); Executar estudos de monitoramento das espécies de anfíbios na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (250.000,00); Executar estudos de monitoramento das espécies de tartarugas marinhas na região dos arquipélagos dos Alcatrazes e da Queimada Grande (100.000,00); Efetuar estudo de monitoramento de passeriformes na Ilha de Queimada Grande e Queimada Pequena (item alimentar da jararaca ilhoa) (50.000,00); Efetuar estudo de reprodução das espécies de aves marinhas no arquipélago dos Alcatrazes, com ênfase nas ameaçadas de extinção (200.000,00); Efetuar estudos de caracterização, classificação e mapeamento da vegetação em bases georreferenciadas do arquipélago dos Alcatrazes (50.000,00); Efetuar estudo de distribuição, densidade e mapeamento de Bromélias nas Ilhas dos Alcatrazes e Queimada Grande, (nicho da perereca de alcatrazes) (20.000,00); Levantamento do estado sanitário de anfíbios, répteis e aves na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (passeriformes), ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (aves marinhas) (50.000,00); Implantar estações meteorológicas remotas nas Ilhas Queimada Grande e dos Alcatrazes (100.000,00); Caracterizar as pescarias na região da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (10.000,00); Fazer gestão para a inserção na NORDINAVSAO no. 30-03ª, de 24/08/09, no item 4, da necessidade de autorização do ICMBio, para pesquisas na área Delta, mesmo que não vislumbrem acesso terrestre (Não significante); Fazer gestão sobre instituições de fomento, públicas e privadas, para Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém financiar ações indicadas nesse PAN Não significante. Inexistência de populações ex situ geneticamente viáveis e saudáveis, das espécies de répteis e anfíbios endêmicos e ameaçados de extinção das ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes Inexistência de populações ex situ geneticamente viáveis e saudáveis, das espécies de répteis e anfíbios endêmicos e ameaçados de extinção das ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes Perda e alteração de hábitats nativos no Arquipélago dos Alcatrazes e na ARIE Ilhas da Queimada Pequena e População ex situ geneticamente viável e saudável, das espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção de répteis das ilhas Queimada Grande e dos Alcatrazes, estabelecida em cinco anos População ex situ geneticamente viável e saudável, das espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção de anfíbios dos arquipélagos de Queimada Grande e dos Alcatrazes, estabelecida em cinco anos Projetos de recuperação de áreas degradadas, Estabelecer criações ex situ piloto de Bothrops insularis e B. alcatraz (10.000,00); Estabelecer protocolos de manejo ex situ para Bothrops insularis e B. alcatraz (5.000,00); Estabelecer populações ex situ viáveis de Bothrops insularis e B. alcatraz em criadouros legalizados na região sudeste do Brasil 250.000,00. 265. 000, 00 Estabelecer criação piloto das espécies de anfíbios aparentadas das ameaçadas de extinção e/ou endêmicos das Ilhas dos Alcatrazes e Queimada Grande (20.000,00); Estabelecer protocolos de manejo ex situ para anfíbios ameaçados de extinção e/ou endêmicos dos Arquipélagos dos Alcatrazes e da Ilha de Queimada Grande, utilizando-se primeiramente de espécies aparentadas (5.000,00); Estabelecer criações ex situ piloto das espécies de anfíbios ameaçados de extinção e/ou endêmicos dos arquipélagos dos Alcatrazes e Queimada Grande (20.000,00); 85.0 00,0 0 Estabelecer populações ex situ viáveis de anfíbios endêmicos e/ou ameaçados de extinção dos Arquipélagos dos Alcatrazes e da Queimada Grande, em criadouros legalizados na região sudeste do Brasil (40.000,00). Levantar e mapear as espécies vegetais exóticas invasoras na região do Arquipélago dos Alcatrazes e da Ilha da Queimada Grande (100.000,00); Elaborar e implantar o Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD no 100. 000, 00 223 Queimada Grande implantados cinco anos em Arquipélago dos Alcatrazes e na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (Não estimado). Criar um programa de Educação Ambiental que integre as diversas ações educativas, focando na preservação das espécies insulares ameaçadas de extinção e endêmicas (Não significante); Capacitar professores, guias turísticos e lideranças comunitárias da região em educação ambiental para a conservação do ambiente, tendo como norteadores os répteis e anfíbios (40.000,00); Desinformação das comunidades e turistas a respeito da importância das unidades de conservação marinhas (ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande e ESEC Tupinambás) e das suas espécies endêmicas ameaçadas de extinção Programa informação educação ambiental elaborado implantado cinco anos de e e em Incorporar na certificação ambiental das marinas dos municípios costeiros, o respeito às normas de acesso a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás (2.000,00); Construir um sítio eletrônico oficial específico para a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e outro para a ESEC Tupinambás (10.000,00); 142. 000, 00 Elaborar e confeccionar material educacional para divulgação da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás, e da fauna associada (40.000,00); Confeccionar e instalar placas informativas no litoral (locais estratégicos) sobre a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás e suas espécies ameaçadas (30.000,00); Instalar placas informativas sobre as normas das unidades de conservação, nos locais de acesso e de potencial desembarque nas ilhas da ARIE da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás (20.000,00); Degradação ambiental devido ao exercício de tiros executado pela Marinha do Brasil no Arquipélago dos Alcatrazes Termo de compromisso (711000/2008001/00) entre MMA e Ministério da Defesa, com interveniência do IBAMA, ICMBio e Comando da Marinha do Brasil, Implementar o grupo de trabalho (GT) para acompanhar a execução do termo de compromisso (alínea “f” da cláusula quinta) (15.000,00); Elaborar e executar projetos de monitoramento das populações de espécies e dos hábitats nas áreas de tiro e no entorno, antes e após os exercícios de tiro (160.000,00); Realizar estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental visando alternativas de raias de tiro (Não estimado); Adotar e avaliar as medidas de prevenção (aceiros) e combate a incêndio 175. 000, 00 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém implementado em 5 anos antes, durante e após cada exercício de tiro na enseada do Saco do Funil (alínea “c” da cláusula sétima) (Não estimado); Remover os projéteis e fragmentos de material bélico encontrados em terra após o exercício de tiro (alínea “d” da cláusula sétima) (Não estimado); Reestudar a possibilidade de substituição dos atuais alvos, empregados para aferimento inicial dos armamentos, por alvos artificiais (alínea “b” da cláusula sétima) (Não estimado); Fazer gestão para normatização do período dos exercícios de tiro, dentro da estação de menor nidificação das aves marinhas e quando a vegetação rasteira está verde (novembro a abril) (Não significante). Total Geral 7.315.000,00 225 l. Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar (PP-APD) Os PP-APD (Petrechos de Pesca Perdidos, Abandonados ou Descartados) são objetos de pesca perdidos, abandonados ou descartados pelas embarcações e que são responsáveis por graves impactos ambientais negativos para a fauna marinha (SMA, 2012). São exemplos de PP-APD fragmentos de redes, cabos, anzóis, chumbadas e armadilhas que capturam espécies da fauna marinha causando a morte das mesas (CASARINI, 2011). Em função dos malefícios causados por estes objetos foi desenvolvido o Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, que é uma parceria do Instituto de Pesca com a Fundação Florestal. Este Projeto envolve a adoção do método Blue Line System, que inclui campanhas denominadas Dive Clean, que ocorrem principalmente nas áreas do Parque Estadual Marinho Laje de Santos e do Parque Estadual Xixová Japuí e, também, tem por objetivo avaliar, através de pesquisa científica, a magnitude dos impactos gerados pelo PP-APD ao ambiente marinho e as prováveis origens destes objetos. Segundo Casarini (2011, p. 12), o método Blue Line System possui uma fase preventiva e outra mitigadora. A primeira fase incentiva a responsabilidade socioambiental, desde os setores de fabricação e comercialização até os pescadores (consumidores), para se evitar a perda de petrechos de pesca no mar. A segunda fase é mitigadora e percorre o caminho inverso da anterior, ou seja, com o PP-APD no oceano, através do recolhimento, pesquisa científica (para se conhecer as modalidades de pesca empreendidas ilegalmente, os petrechos utilizados pelos pescadores e, também, para ajudar a planejar medidas de mitigação e prevenção) e destinação adequada. Quanto às campanhas denominadas Dive Clean, estas são eventos pontuais onde parceiros e colaboradores se mobilizam com as embarcações em algumas datas do ano para recolher os PP-APD em determinadas áreas submersas das Unidades de Conservação. Esses materiais também são mapeados e coletados durante as atividades de rotina pelos monitores ambientais que acompanham as operadoras de mergulho no PEMLS. Todo material recolhido recebe um lacre e fica depositado temporariamente no local denominado Ecoponto para análise, descaracterização e a seguir destinado à reciclagem, isso garante que os PP-APD recolhidos do ambiente marinho não retornem novamente ao mar (CASARINI, 2011, p. 12). Dentre os participantes e colaboradores da campanha Dive Clean estão: Fundação Florestal; Instituto de Pesca; 7º Grupamento de Bombeiros do Guarujá; AOM (Associação das Operadores de Mergulho); Instituto Laje Viva – ILV; Diver’s University; Operadoras de Mergulho: Pé de Pato, Orion Dive, Cachalote, Nautilus e Anekim; Nutecmar; Monitores Ambientais do PEMLS; Oceano Brasil; Revista Mergulho; Estaleiro Arthmarine; Estaleiro Force One; Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém GREMAR; Iate Clube de Santos. Segundo Casarini (2011, p. 12), até o ano de 2011 já foram removidos aproximadamente uma tonelada de PPAPD em 4 campanhas Dive Clean dentro das Unidades de Conservação (UC) de proteção integral, onde a pesca é proibida, sendo duas no Parque Estadual Marinho Laje de Santos (PEMLS), uma no Parque Estadual XixováJapuí (PEXJ) e uma na Estação Ecológica Tupinambás (ESEC Tupinambás). A primeira campanha no PEMLS retirou cerca de 350 kg de petrechos de pesca em área que corresponde apenas 0,36% da área do Parque (5.000 ha). Em operações de rotina no PEMLS, onde os monitores ambientais recolhem PP-APD durante as operações de mergulho aos finais de semanas, foram retirados até agora cerca de 200 kg de materiais. Importante observar que a campanha Dive Clean foi empreendida pela primeira vez na Ilha Queimada Pequena entre os dias 2 e 4 de abril de 2012. 227 Quadro 7.11 – Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP SITUAÇÃO ATUAL DEMANDAS E PONTOS CRÍTICOS Elaboração do plano de manejo; Conselho gestor paritário, criado e em Eixo funcionamento; Articulação das ações das três esferas de governo e segmentos da sociedade; Planejamento, fortalecimento e Proposta de ampliação e recategorização da Criar um programa específico para o monitoramento e controle de espécies exóticas; gestão ARIE em Parque Nacional Marinho. Apoiar à implementação de um sistema de fiscalização e controle efetivo. Implementar práticas de ecoturismo, com a criação do Parque Nacional Marinho; Eixo Governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios Implantar e fortalecer sistema de indicadores para monitoramento permanente da biodiversidade, Capacitação dos técnicos e comunidades especialmente de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção; locais (gestão de conflitos e programas de Incluir a temática da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena nos trabalhos de educação proteção); ambiental das escolas; A pesca ilegal está diminuindo os estoques Ampliar o número de materiais didáticos sobre a problemática que envolve a ARIE Ilhas da Queimada pesqueiros. Grande e Queimada Pequena; Regulamentar o turismo náutico de forma a compatibilizá-lo com os objetivos de manejo desta Unidade de Conservação. Capacidade institucional Ações de fiscalização baseadas em patrulhamento integrado e em uma rotina de fiscalização que tem se provado insuficiente para lidar com o problema da pesca ilegal e da biopirataria; Ampliar as ações e o efetivo de fiscalização e articular as ações dos diversos órgãos fiscalizadores; Apoiar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Promover cursos de capacitação de gestores, técnicos e comunidades locais voltados para questões administrativas, gestão de conflitos e futuros programas de proteção e gestão do uso com a criação do Parque Nacional Marinho; Melhorar o nível de conhecimento Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização, científico sobre o ecossistema da ARIE garantindo a capacitação para seu uso; como suporte a tomada de decisão. Definir as diretrizes gerais de pesquisa para a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena através do apontamento de temas prioritários no sentido de preencher lacunas cientificas necessárias à elaboração do Plano de Manejo e a boa gestão desta Unidade de Conservação; Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando à interação de estratégias de Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Sistematizar as pesquisas já produzidas de forma a gerar subsídios para a gestão da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, bem como direcionar os novos trabalhos científicos e projetos no sentido de atender as demandas voltadas para um bom manejo desta unidade de conservação; Avaliação e monitoramento Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena; Criar instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para a ARIE Ilhas da cumprimento dos objetivos a serem Queimada Grande e Queimada Pequena; estabelecidos no Plano de Manejo. Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos objetivos da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena. 229 7.7. Ocupação urbana em Áreas de Preservação Permanente 91 Esta seção tem por finalidade apresentar uma estimativa da ocupação urbana das áreas de preservação permanente definidas nos incisos I, V e VI do artigo 4° do Novo Código Florestal para o Município de Itanhaém. Esta avaliação foi realizada tendo como plataforma de trabalho o software de geoprocessamento Arcgis 10. Foram importados para esta plataforma de trabalho: 92 Mosaico de imagens TOPODATA / SRTM para delimitação das áreas de preservação permanente com declividade superior a 45°; 93 Hidrografia digitalizada a partir de imagens de alta resolução do satélite GEOYE reamostradas para resolução espacial de 15 metros, as quais se aplicaram polígonos com a delimitação das áreas de preservação permanente de margem de rio; Mancha urbana do Município de Itanhaém para o ano de 2011 (delimitada a partir de imagens TM do satélite Landsat 5). Após, através de técnicas de geoprocessamento, promoveu-se o cruzamento destes polígonos (margem de rio e declividade) definidos como áreas de preservação permanente pelo art. 4° do Novo Código Florestal (Lei Federal de 12.651/2012) com o polígono da mancha urbana. O cruzamento destas informações espaciais forneceu um mapeamento estimativo da ocupação urbana das áreas de preservação permanente e uma posterior quantificação dos resultados obtidos por tipo de APP, fornecendo subsídios para uma avaliação desta problemática no Município de Itanhaém. 7.7.1. Aspectos conceituais As Áreas de Preservação Permanente (APP) são conceituadas pelo Novo Código Florestal (Lei Federal 12.651/2012) como área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Art. 3º, inc. II). Para Milaré (2000), a Área de Preservação Permanente consiste em uma faixa de vegetação estabelecida em razão da topografia ou do relevo, geralmente ao longo dos cursos d’água, nascentes, reservatórios e em topos e encostas de morros, destinadas à manutenção da qualidade do solo, das águas e também para funcionar como corredores de fauna. Existem duas espécies de APP definidas pelo Código Florestal: as pré-constituídas (art. 4°) e as declaradas por ato do Chefe do Poder Executivo (art. 6°). São consideradas Áreas de Preservação Permanente do art. 4º do Novo Código Florestal as florestas e demais formas de vegetação delimitadas dentro dos seguintes aspectos geomorfológicos: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 91 A metodologia utilizada para estimar a ocupação urbana de áreas de preservação permanente em Mongaguá é descrita de forma detalhada no anexo metodológico deste relatório. 92 Excetuou-se desta análise as áreas de preservação permanente referentes aos topos de morro e nascentes devido a ausência de ocupações urbanas significativas para esta feições topográficas no Município de Itanhaém. 93 http://www.dsr.inpe.br/topodata/documentos.php Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento, observado o disposto nos §§ 1° e 2°; IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água, qualquer que seja a sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado. § 1o Não se aplica o previsto no inciso III nos casos em que os reservatórios artificiais de água não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água. § 2o No entorno dos reservatórios artificiais situados em áreas rurais com até 20 (vinte) hectares de superfície, a área de preservação permanente terá, no mínimo, 15 (quinze) metros. É importante salientar que o Chefe do Poder Executivo pode, através de um ato declaratório de interesse social, qualificar uma área não prevista no rol do art. 4º do Novo Código Florestal como de preservação permanente quando esta área for importante para (art. 6° do Novo Código Florestal): 231 I - Proteger as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - Proteger as restingas ou veredas; III - Proteger várzeas; IV - Abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - Proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - Formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - Assegurar condições de bem-estar público; VIII - Auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares; IX - Proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. 94 Contudo, para os casos previstos no art. 6°, o Poder Público deve indenizar o proprietário que esteja desenvolvendo atividades econômicas na área objeto do ato de criação da APP (indenização sobre o investimento realizado e o lucro cessante). Em regra, não é permitido qualquer tipo de supressão de vegetação ou utilização econômica direta das Áreas de Preservação Permanente. Todavia, o art. 8º do Novo Código Florestal permite a supressão de vegetação ou a intervenção em Áreas de Preservação Permanente nos casos de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental. O quadro 7.14 traz as atividades consideradas de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental segundo o Novo Código Florestal. 94 A Constituição do Estado de São Paulo considera de proteção permanente os manguezais; as nascentes, os mananciais e matas ciliares; as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bem como aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de migratórios; as áreas estuarinas; as paisagens notáveis; as cavidades naturais subterrâneas (art. 197 e incisos). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Quadro 7.12 – Possibilidades de intervenção em Áreas de Preservação Permanente nos casos de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental ATIVIDADES Atividades de segurança nacional e proteção sanitária; UTILIDADE PÚBLICA Art. 3º, inciso VIII Obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; Atividades e obras de defesa civil; Atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais das áreas de preservação permanente. Atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas; A exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área; INTERESSE SOCIAL Art. 3º, inciso IX Implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei; a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009; Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade; Atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; Outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal. Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável; Atividades eventuais ou de baixo impacto Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber; Implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; 233 ambiental Construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; Art. 3º, inciso X Construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores; Construção e manutenção de cercas na propriedade; Pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislação aplicável; Coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; Plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; Exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; Outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente. A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública (art. 8°, § 1°). RESSALVAS A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI (restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues) e VII (os manguezais, em toda a sua extensão) do caput do art. 4° poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda (art. 8°, § 2º); É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas (art. 8°, § 3º). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém 7.7.2. Características, condições e pontos críticos das áreas de preservação permanente Os resultados da análise demonstraram que existem 167,03 km2 de áreas de preservação permanente referentes às tipologias avaliadas em Itanhaém (o equivalente a 27,74% da área total do Município). As áreas com declividade superior a 45°, que representam 59,87% das tipologias de APP analisadas, não apresentaram ocupações urbanas detectáveis pela escala de análise adotada. Quanto às ocupações de margem de rio, estas representam 37,46% do total das tipologias de APP analisadas e possuem 5,74 km2 ocupados pela urbanização. Isto representa 98,91% do total geral das áreas urbanizadas em APP. Este tipo de ocupação ocorre de forma intensiva por toda a mancha urbana de Itanhaém, dentro de um modelo de urbanização que induz o aproveitamento máximo das margens de córregos, canais e rios por avenidas e moradias. Especificamente no que tange as margens do Guaú, convém mencionar que estas vêm sendo rapidamente ocupado pela expansão urbana. Tal fato exige medidas urgentes como, por exemplo, a criação de parques lineares (fotos 7.25 a 7.27). 95 Foto 7.25 – Avanço da urbanização sobre o Rio Guaú (bairro Cibratel) Fonte: Santus, 2009. 95 O Rio Guaú é um córrego estagnado, afluente do Rio Itanhaém, que corta diversos bairros periféricos deste Município (incluídos ai Cibratel, Tupy, Bopiranga, Jamaica e Gaivota). 235 Foto 7.26 – Avanço da urbanização sobre o Rio Guaú (bairro Cibratel) Fonte: Santus, 2009. Foto 7.27 – Avanço da urbanização sobre o Rio Guaú (bairro Cibratel) Fonte: Santus, 2009. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém A seguir, a tabela 7.8 e as figuras 7.4 e 7.5 trazem, respectivamente, uma síntese da urbanização das APP analisadas, a espacialização das mesmas e um mapa indicador da densidade da ocupação urbana em APP no Município de Itanhaém. Tabela 7.8 – Síntese das áreas de preservação analisadas ÁREA TOTAL DA TIPOLOGIA URBANIZAÇÃO DE APP TIPO DE APP Km2 % APP URBANIZADA (Km2) Margem de rio 62,57 37,46 Mangue 4,45 TIPOLOGIA GERAL (%) (%) 5,743 9,17 98,91 2,67 0,059 1,32 1,02 Declividade 45° 100,01 59,87 0,004 0,0039996 0,07 TOTAL 100 5,806 - 100 167,03 237 Figura 7.4 – Espacialização das áreas de preservação permanente no Município de Itanhaém Fonte: Declividade – TOPODATA/SRTM; Mancha Urbana – I POLIS; APP margem de rio – I POLIS; Manguezais FUNDAÇÃO SOS Mata Atlântica. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém 239 Figura 7.5 – Ocupação urbana em áreas de preservação permanente no Município de Intanhaém Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém 7.8. Áreas naturais tombadas 7.8.1. Aspectos conceituais Para Meirelles (1997, p. 492), o tombamento é “a declaração pelo Poder Público do valor histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas ou locais que, por essa razão, devam ser preservados, de acordo com a inscrição em livro próprio". Já Di Pietro (2001, p. 131) conceitua tombamento como uma “modalidade de intervenção do Estado na propriedade privada, que tem por objetivo a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, assim considerado, pela legislação ordinária", neste caso o Decreto-Lei nº 25/1937. O tombamento é um instituto que busca, através de uma intervenção restritiva do uso de uma propriedade, garantir a proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural. Por meio do tombamento o Poder Público vislumbra a possibilidade de fazer com que um bem privado, sob determinadas limitações de uso, se submeta ao interesse público. A Constituição Federal de 1988 incorporou os sítios de valor paisagístico e ecológico no rol do patrimônio cultural brasileiro, e, assim, abriu a possibilidade de acautelamento destes bens através do instituto jurídico do tombamento, conforme segue in verbis: Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: ... V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. ... § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. Desta forma, por atribuição constitucional, o tombamento também é uma importante ferramenta de proteção do meio ambiente, pois possibilita impor limitações ao uso da propriedade em áreas de grande importância ecológica e/ou paisagística (áreas naturais tombadas). A partir da publicação do tombamento, a implementação de qualquer obra ou atividade na área natural tombada está sujeita a uma autorização específica do órgão de tutela e administração do patrimônio cultural competente que irá avaliar, em procedimento administrativo próprio, se tal obra ou atividade não irá degradar os atributos ambientais que ensejaram a proteção desta área. 7.8.2. ANT das Serras do Mar e Paranapiacaba A Área Natural Tombada (ANT) das Serras do Mar e Paranapiacaba foi efetivada pela Resolução da Secretaria da Cultura n° 40, de 06 de junho de 1985, e está sob a tutela e a administração do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) (figura 7.11). O Tombamento das Serras do Mar e Paranapiacaba foi criado de forma a funcionar como uma zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar e compreende cerca de 1,3 milhão de hectares, abrangendo 44 municípios paulistas até os limites com os estados do Rio de Janeiro e Paraná (WWF/IEB, 2008). 241 A sua área é delimitada, em vários trechos, pela cota 40 metros, estabelecendo assim uma zona de proteção para o Parque Estadual da Serra do Mar, que tem seu início, grosso modo, a partir da cota 100 metros. Entretanto, é importante ressaltar que este tombamento também abrange, além das encostas da Serra, trechos de planície litorânea, esporões, ilhas e morros isolados (SCIFONI, 2006). Para Scifoni (2006), o Tombamento da Serra do Mar abrange o maior e o mais complexo patrimônio natural do Estado de São Paulo. Ele foi concebido para proteger um meio físico-biótico de altíssima fragilidade ambiental e, também, para auxiliar no controle do crescimento urbano desordenado devido à expansão do turismo de segunda residência. Para tanto, as normas e diretrizes de tombamento colocaram novas exigências para a aprovação de novos projetos de loteamento, tais como a restrição de gabarito na planície e nas encostas, a necessidade de reserva de vegetação conforme a declividade dos terrenos, o estabelecimento de áreas de preservação permanente, além das definidas pelo Código Florestal e até mesmo o próprio cumprimento desta legislação pouco respeitada até então, que impediu, por exemplo, a continuidade da retificação dos rios existentes. Dentre o conjunto de diretrizes estabelecidas pela Resolução SC n° 40/1985 que são consideradas indispensáveis para garantir um caráter flexível para a preservação múltipla do tombado da Serra do Mar e Paranapiacaba, pode-se citar (Art. 9°): 1 – As instalações e propriedades particulares preexistentes na área, consentidas por comodato ou legalizadas de qualquer forma, serão mantidas na íntegra com suas funções originais, desde que não ampliem seus espaços usuais atuais e nem comprometam a cobertura vegetal remanescente. Os projetos de reforma, demolição, construção e mudança de usos, bem como futuras cessões de áreas em comodato, deverão ser previamente submetidos à aprovação do Condephaat. 2 – As instalações públicas preexistentes na área, como torres de alta tensão, atalhos, estradas, reservatórios, equipamentos, edificações, etc, serão mantidas na íntegra com suas funções originais, sendo que as futuras instalações ou ampliação das existentes na área serão motivo de considerações e apreciações entre o Condephaat e os demais órgãos envolvidos, com o parecer terminal deste Conselho, tendo em vista a necessidade de garantir a preservação dos patrimônios ambientais, bióticos e paisagísticos. 3 – Por este instrumento fica proibida a retirada não autorizada previamente de terra ou rocha, assim como a predação da fauna e flora e a introdução de espécies exóticas, a fim de não modificar o “status” natural do conjunto de seres vivos que se inter-relacionam. 4 – Os projetos especiais de lazer e pesquisa, elaborados com todas as precauções inerentes ao equilíbrio ecológico, compatíveis com padrões corretos de preservação no que diz respeito às propostas de edificações, acessos não lesionantes, reimplantação de massas florestais, etc, poderão ser estudados no interior da área tombada após exame e anuência do Condephaat. As áreas preexistentes destinadas ao sistema de lazer, educação ambiental e pesquisas, estabelecidas no plano de manejo do Instituto Florestal da Coordenadoria de Pesquisas de Recursos Naturais, terão continuidade assegurada em suas funções originais, assim como os programados pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente – Consema e Secretaria Especial do Meio Ambiente – Sema. 5 – O Condephaat celebrará convênios e protocolos de intenções com as entidades competentes e as Prefeituras Municipais objetivando aperfeiçoar os critérios de utilização de uso de espaço, que servirão de base para o acompanhamento da área tombada, e manterá um arquivo atualizado contendo todos os Projetos, Programas, Planos de Manejo, Planos Diretores Municipais, Leis de Zoneamento, elaborados pelos órgãos envolvidos, tais como Instituto Florestal da CPRN da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Consema, Sema, Dersa, Fumest, Sudelpa, Cetesb, SPU, Cirm, Prefeituras Municipais, etc. 6 – As áreas em disputa judicial ou objeto de processos de usucapião, porventura existentes na área, ficarão sob a responsabilidade da Procuradoria do Patrimônio Imobiliário da Procuradoria Geral do Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Estado, reservando-se ao Condephaat o direito de orientar o processo eventual de reciclagem de tais espaços. 7 – As áreas devolutas, porventura existentes no interior do espaço de tombamento, serão motivo de considerações especiais entre o Condephaat, a Procuradoria do Patrimônio Imobiliário da Procuradoria Geral do Estado e Prefeituras envolvidas. 8 – Não serão toleradas novas instalações de indústrias, mineração ou outras atividades potencialmente poluidoras sem a prévia consulta ao Condephaat, nesta área. 9 – O Condephaat organizará junto ao Serviço Técnico de Conservação e Restauro uma equipe técnica habilitada e em número adequado para atuar na proteção da Serra do Mar e demais trechos incorporados ao seu tombamento. 10 – As áreas e trilhos de perambulação indígenas abrangidas por este tombamento serão oportunamente demarcadas e receberão uma regulamentação especial visando garantir a sua permanência, em consonância com os demais órgãos envolvidos. 11 – As áreas hoje ocupadas por atividades de agricultura de subsistência deverão ser objeto de cuidados especiais no sentido de garantir o exercício dessas atividades dentro dos padrões culturais estabelecidos historicamente. 12 – Os sítios arqueológicos existentes na serra serão cadastrados e deverão ser protegidos por medidas específicas. A pesquisa arqueológica somente poderá ser executada com projeto aprovado pelo CONDEPHAAT. 7.8.3. Características, condições e pontos críticos das áreas naturais tombadas em Itanhaém No caso do Município de Itanhaém, os limites principais da ANT da Serra do Mar compreendem exatamente a área do PESM. Assim, as condições e pontos críticos desta área são essencialmente os mesmos já explicitados para o Parque Estadual da Serra do Mar e sua zona de amortecimento (figura 7.11). Adicionalmente, a ANT da Serra do Mar também abrange as ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande, bem como alguns morros isolados localizados na Planície Costeira, incluídos aí os morros Boacica, Boturuçu, Butrapuã e Grande, sendo este último o mais ameaçado devido à ocupação por residências, sítios e chácaras de recreio ao longo da Estrada do Raminho. Entretanto, cumpre mencionar que os demais morros também apresentam setores desmatados em suas bases devido à existência de pastagens, áreas de cultivo abandonadas e projetos de loteamentos que não prosperaram. Cumpre destacar que a maior parte destas ocupações que vem ameaçando estes patrimônios ambientais e paisagísticos abrangidos pela ANT da Serra do Mar não vem sendo acompanhada por uma rotina de fiscalização por parte do CONDEPHAAT e, também, carecem de melhores cuidados no que tange ao ordenamento territorial municipal. 243 Figura 7.6 – Área Natural Tombada da Serra do Mar no Município de Itanhaém Fonte: Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, 2011-2012; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2011; Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 8. GRANDES PROJETOS DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA 8.1 Introdução A região da baixada santista concentra grandes equipamento e sistemas de infraestrutura como o Porto de Santos, as Rodovias Anchieta e Imigrantes, o complexo industrial em Cubatão, e diversos outros grandes projetos que impactaram e contribuíram para atual conformação do seu território. Com as descobertas de grandes reservas na camada do Pré-Sal, estão previstos novos grandes projetos públicos e privados que afetarão direta ou indiretamente a região. Essas propostas implicam em grandes intervenções nos espaços locais e regionais e juntamente com os equipamentos já existentes, formam um conjunto de grandes infraestruturas e equipamentos logísticos que deverão funcionar de modo interligado. Embora diversos grandes projetos previstos estejam localizados integralmente em somente um município, esse conjunto de intervenções exercerá impactos positivos e negativos no meio ambiente, nos espaços urbanos e nas dinâmicas socioeconômicas municipais e regionais. Essas grandes obras exercem impacto sobre toda a região. Certamente, a grande dimensão das obras influencia as dinâmicas populacionais, reforçando algumas tendências e propiciando novos cenários de desenvolvimento. Neste trabalho identificamos grandes projetos que estão previstos ou em andamento na região, cuja implementação deve ser considerada nas leituras municipais e regionais. São eles: 1 Ampliação da Rodovia dos Imigrantes – vários municípios 2 Ampliação das Ferrovias Santos-Campinas – vários municípios 3 Avenidas Perimetrais - Santos e Guarujá 4 Estrada de Ferro – transporte de passageiros Santos-São Paulo – vários municípios 5 Aeroporto Civil Metropolitano - Guarujá 6 Ampliação do Porto de Santos– Guarujá 7 Ampliação do Aeroporto- Itanhaém 8 Ligação seca entre Santos e Guarujá (Túnel) - Santos e Guarujá 9 Centro Empresarial Andaraguá - Praia Grande 10 Reforma no estádio municipal do Guarujá - Guarujá 11 Ampliação do Porto de Santos - Santos 12 Mergulhão -Santos 13 Veículo Leve sobre Trilhos – VLT – Santos, Praia Grande e São Vicente 245 Mapa – localização dos grandes projetos na baixada Santista O município de Itanhaém é caracterizado pela grande concentração de domicílios de uso ocasional, ou seja, de casas de veraneio que abrangem aproximadamente 52% dos domicílios da cidade. Ao contrário da maior parte dos municípios da baixada, onde há diminuição progressiva dos domicílios de uso ocasional e crescente aumento da população residente, Itanhaém vem apresentando números crescentes de casas de veraneio, reforçando seu caráter de veranismo. No entanto, há grande expectativa de desenvolvimento em relação à cadeia de petróleo e gás, especialmente em função da ampliação do aeroporto de Itanhaém, que pode impulsionar outras atividades no município e em seu entorno. Além disso, o município possui grandes extensões de terra com potencial para crescimento urbano, que devem ser objeto de planejamento e fiscalização para que efetivamente propiciem um desenvolvimento urbano de qualidade na região. O aeroporto de Itanhaém possui “uma pista de pouso e decolagem com 1.350 metros por 30 metros de largura (superior a do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, por exemplo). É capaz de suportar aviões do modelo Boeing 737 com capacidade para 100 pessoas"96. Ainda assim, Petrobras e Governo do estado investem na ampliação do aeroporto. A obra consiste na "construção de pista de rolamento e acessos, ampliação do pátio de aeronaves e nivelamento da faixa de pista de pouso e decolagem". Além disso, está prevista a ampliação, por parte da Petrobras, do terminal de passageiros em área locada contígua à área atual, e da "construção de uma nova seção de combate contra incêndios". Sobre o estado atual do aeroporto, o site também destaca que "em fevereiro de 2011, Itanhaém recebeu a homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar voos noturnos. A decisão incluiu o aeroporto da Cidade no livro de rotas da aviação civil com a autorização para funcionamento 24 horas e a ampliação da pista. Com isso, Itanhaém agora tem condições de entrar no chamado “circuito do petróleo”, com as cidades do Rio de Janeiro, Macaé (RJ), Vitória (ES) e Navegantes (SC), que operam aeroportos voltados para a Petrobras. Itanhaém também é responsável pelo transporte dos funcionários até a Plataforma de Merluza (184 km de distância da costa paulista) e a Plataforma de Mexilhão (320 km), a 50 minutos de helicóptero. No local, a Petrobras produz gás natural e condensado de petróleo.". 96 Fonte: www.itanahem.gov.br Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Nova Capacidade 400 pessoas no terminal de passageiros Inicio/Previsão de Em andamento Inicio das Obras Orçamento R$ 9,1 milhões do gov. estado e mais investimentos (valores nao explicitados) da Petrobras Fonte dos Recursos Gov. estado e Petrobras Fontes e Links Site prefeitura de Itanhaém<http://www.itanhaem.sp.gov.br/noticias/2012/outubro/petrobras_inicia_a mpliacao_terminal_passageiros_aeroporto_itanhaem.html> 8.2. Legislação municipal de avaliação de impacto A lei de zoneamento ainda vigente no Município, qual seja, a Lei nº 1.082/1977, não confere tutela específica à instalação de grandes empreendimentos de infraestrutura e logística, geradoras de significativo impacto urbanístico. Tampouco foi identificada norma integrante do ordenamento jurídico local capaz de disciplinar a matéria de impacto de vizinhança, nos termos do Estatuto da Cidade (Lei federal nº 10.257/2001), art. 4º, inciso VI, combinado com os arts. 36 a 38. Sequer foram caracterizados polos geradores de excessivo tráfego na legislação local. Dessa feita, apenas registram-se as diretrizes de ordenamento do solo, consignadas no art. 16, inciso xv, alínea ‘o’, da Lei complementar nº 30/2000, que estabelece a necessidade de “exigências para identificação de interferências, controle e mitigação do impacto urbano da implantação de grandes empreendimentos”. Tais diretrizes, repita-se, não tiveram identificada sua aplicação pormenorizada pelo restante da legislação local. 9 - MOBILIDADE URBANA E REGIONAL 9.1. Os Sistemas de Mobilidade Urbana e Regional [a completar] A configuração espacial do município de Itanhaém, assim como seu processo de urbanização, resultam em um quadro de mobilidade urbana semelhante aos demais municípios do Litoral Sul da Região Metropolitana da Baixada Santista. A área urbanizada mais consolidada, onde se situa a maior parte das atividades econômicas é a área central de Itanhaém, localizada em ambas as margens do rio que dá nome ao município, e que exerce efeito polarizador, com relação ao setor terciário, que implica na realização de viagens pendulares diárias entre os bairros do município. No tocante à pendularidade com relação ao centro da Baixada Santista, em função da maior distância entre Itanhaém e a área central da região, esta pendularidade é limitada, embora os municípios centrais apresentem a maior oferta de ocupações no mercado de trabalho. Neste aspecto, como será abordado, é importante destacar que não existe um meio de transporte regional rápido e de baixo custo ligando Itanhaém aos municípios desta área. Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana da Baixada Santista, em especial no que respeita a este município. 247 Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana da Baixada Santista Para uma análise mais completa da situação da mobilidade urbana na região, em especial no município de Itanhaém, é fundamental avaliar os resultados da primeira e única Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana da Baixada Santista (Pesquisa OD-BS)97, , realizada entre agosto de 2007 a abril de 2008. Esta pesquisa objetivou conhecer o padrão de deslocamentos, em razão das características socioeconômicas da população, assim como a localização dos polos de produção e atração de viagens segundo os motivos trabalho, estudos, compras, lazer e outros, e fornecer insumos para formulação de políticas públicas, nas áreas de planejamento urbano, transporte e de outras infraestruturas. Para atingir estes objetivos, realizou-se pesquisa domiciliar com amostra estratificada em 188 zonas de tráfego internas, consideradas urbanisticamente homogêneas, conforme mapa ___ apresentado a seguir. No município de Itanhaém foram identificadas 16 destas zonas, conforme mapa ___. Além destas, foram identificadas mais 26 zonas externas à linha de contorno (cordon line) estabelecida para a pesquisa. Mapa ___. Zoneamento de Tráfego da Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.5. 97 Pesquisa realizada pela Vetec Engenharia, para a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, com apoio da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM). Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Mapa ___. Zoneamento do Município de Itanhaém para a aplicação da Pesquisa OD-BS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.15). O método empregado para a elaboração da Pesquisa OD-BS, compreendeu o levantamento das viagens internas da região, por meio da realização de 26.156 entrevistas válidas realizadas em 8.300 domicílios, no período mencionado acima. Para esta finalidade foi feita uma pesquisa de Linha de Contorno98, conforme mapa apresentado a seguir, segundo levantamento em 2006 e aferição em 2007, realizada em cinco locais nas rodovias de acesso à RMBS. Foi estabelecida, também, uma Linha de Travessia99, por meio do levantamento das viagens internas, realizada em 50 locais distribuídos na região. 98 A Linha de Contorno é um perímetro utilizado para identificar as viagens que interferem na região, mesmo sendo a origem e/ou destino exteriores a ela. 99 Para a definição da Linha de Travessia busca-se identificar vias importantes do sistema viário regional, para que seja realizada a contagem de veículos. 249 Mapa ___. Figura. Linha de Contorno da Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.6). A pesquisa da Linha de Contorno resultou na apuração dos percentuais de viagens, segundo a natureza, conforme apresentado no gráfico abaixo. Neste gráfico, viagem interna-interna é o deslocamento realizado com origem e destino dentro da região, viagem externa-externa é realizada com origem e destino fora da região, interna-externa possui origem interna à região e destino externo, e externa-interna é o inverso. Gráfico ____. Percentual de viagens, segundo a natureza, apurado na pesquisa de Linha de Contorno, da Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.7. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Assim, foram contadas 69.494 viagens diárias entre as regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista. No sentido inverso, foram contadas 64.055 viagens. Apresenta-se na tabela a seguir, o número de viagens diárias, nos municípios pesquisados. Observa-se que apenas os municípios de Santos e São Vicente eram responsáveis por cerca de 50% das viagens regionais, o que se deve à já mencionada concentração dos empregos e atividades atratoras de viagens localizadas na ilha de São Vicente. Esta concentração, que também ocorre em Cubatão, em função do parque industrial, pode ser observada no mapa apresentado abaixo, com base em levantamento do início da década passada. Segundo esta fonte, o município de Itanhaém é responsável apenas por 4,4% das viagens. Tabela ___. Viagens diárias nos municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.15. 251 Mapa ___. Estoque de emprego formal na Baixada Santista em dezembro de 2003. Fonte: Núcleo de Pesquisa e Estudos Socioeconômicos da Universidade Santa Cecília (NESE/UNISANTA). Elaborado a partir de dados do MTE/CAGED. Ainda conforme a mencionada tabela, a maior proporção de viagens pendulares diárias, na região, realizavase entre estes municípios, os mais populosos da Baixada Santista. Conforme Cunha, Jakob e Young (2008, p.414), apoiados em dados do Censo Demográfico 2000, das mais de 134.000 pessoas que se deslocavam para outro município para desenvolver suas atividades, quase 90% residiam em São Vicente, Santos, Cubatão, e Praia Grande, por ordem de importância. Segundo a mesma fonte, 51,9% da mobilidade pendular da População Econômica Ativa, na região, dirigia-se a Santos. A tabela ___ apesentada abaixo contém o detalhamento do número de viagens municipais, conforme o município de destino. Os dados apresentados reforçam a questão abordada acima, acerca do imenso percentual de atração dos municípios situados na ilha de São Vicente, sobretudo de Santos, onde se concentrava a maior parte dos empregos e maior número de instituições e que atraía 38,12% das viagens. No período avaliado, Peruíbe e Bertioga, municípios menos populosos da região, possuíam o menor percentual de atração, correspondendo, respectivamente, a 0,34% e 0,88% das viagens. O percentual de Itanhaém, igualmente baixo, era de 1,45%. Este fato certamente se relaciona com a baixa oferta de oportunidades de empregos e de estudos nesses municípios. Portanto, a Pesquisa OD-BS revela o marcante processo de concentração de viagens no congestionado centro regional. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Tabela ___. Número de viagens intermunicipais, segundo município de destino apuradas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.25. No tocante às viagens com origem e destino fora da Linha de Contorno, os dados do gráfico ___ abaixo permitem observar que são os municípios do centro da região, exceto Cubatão, que atraem e produzem o maior número de viagens, com destaque para Santos, seguido de Praia Grande. A proporção de viagens não guarda uma relação direta com o número de habitantes, pois São Vicente é mais populoso que Praia Grande e é superado por este, em número de viagens externas. Isto pode indicar que há maior vínculo de trabalho fora da região para a população economicamente ativa de Santos. Contudo, no caso de Itanhaém, há mais viagens atraídas externamente, do que produzidas, o que certamente tem relação com o perfil marcadamente turístico do município. Gráfico ___. Municípios da RMBS: viagens com origem e destino fora da Linha de Contorno da Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.16). 253 No tocante ao grau de motorização, segundo a OD-BS, o gráfico ___ abaixo apresenta uma visão geral. No período da realização da pesquisa, 1.115.192 viagens diárias realizadas eram motorizadas, correspondendo a 54% das viagens, contra 964.265 viagens não-motorizadas, correspondendo a 46%. Gráfico ___. Percentual de viagens, segundo a natureza, apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.16. Os gráficos abaixo apresentam a Divisão Modal das viagens diárias, na RMBS, conforme apurado pela Pesquisa OD-BS. Os números obtidos demonstram a prevalência dos deslocamentos a pé, 661.030 diariamente, seguidos pelos 339.767 deslocamentos com ônibus municipais, 330.413 com automóveis particulares e 303.295 com bicicletas, que correspondem, respectivamente a 32%, 16%, 16% e 15% do total. Se por um lado estes números revelam um menor impacto em termos de emissão de gases estufa, pois 47% das viagens não são poluentes, por outro, indicam menor mobilidade, se compararmos à RMSP, onde, no mesmo período, apenas 36% das viagens eram realizadas a pé ou de bicicleta, segundo a mesma fonte, o que pode ter relação com condicionantes climáticas, topográficas, de renda e oferta de transporte motorizado. Se for considerada a soma das viagens em ônibus municipais e intermunicipais, o percentual de uso de transporte coletivo com ônibus representa apenas 24% das viagens, na RMBS. Adicionando-se 8% de viagens com outros modais coletivos, dentre os quais, certamente, há prevalência de transporte hidroviário, este percentual atinge 32%. Ressalta-se que, no computo das viagens com ônibus intermunicipais, não tenha havido distinção entre ônibus que realizam viagens intrametropolitanas, por meio das linhas regulares e as demais. Esta limitação impede uma análise adequada do grau de integração metropolitana do transporte público coletivo. Comparando-se o percentual de 32% das viagens em transporte coletivo, na RMBS, com as 37% realizadas, na RMSP, na mesma modalidade, confirma-se a menor mobilidade na primeira, em comparação com a segunda, o que pode ser explicado palas razões já mencionadas. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Gráfico ___. Divisão modal das viagens apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.22). Gráfico ___. Divisão modal das viagens diárias da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.19. Segundo dados da Pesquisa OD 2007 (VETEC, 2008, p.53), o número de automóveis particulares era de 198.904 na RMBS e de 9.793 em Itanhaém, correspondendo a 4,9% do total, sendo a taxa de motorização de 114 automóveis por grupo de mil habitantes. A taxa de Santos, a maior da Baixada Santista, era de 151 automóveis por grupo de mil habitantes. Este fator está vinculado à renda familiar da população santista, cuja média é muito superior à dos demais municípios, tornando a aquisição de veículos particulares mais acessível. 255 Na tabela ___ apresentada a seguir, é detalhada a composição das viagens não-motorizadas, segundo a modalidade, a pé ou de bicicleta, assim como as motorizadas, de acordo com o município. Observa-se que o maior número de viagens motorizadas corresponde aos municípios mais populosos da região, embora Cubatão lidere proporcionalmente, mesmo possuindo a menor taxa de motorização da região, provavelmente em razão da intensa atividade industrial do município que resulta em grande número de viagens motorizadas. No que concerne ao número de viagens realizadas a pé, naturalmente, a liderança também cabia aos municípios mais populosos, embora os percentuais deste tipo de viagem, com referência ao total de viagens não motorizadas, variassem de acordo com as peculiaridades de cada município. No caso de Santos e São Vicente, os municípios mais populosos, este percentual era de 82,6% e 74,7%, respectivamente. O percentual de viagens a pé de Itanhaém era de 27,9% do total de viagens, contra 32,0% da média regional. Este percentual representava 55,0% das viagens não-motorizadas neste município. No que respeita às viagens com bicicletas, conforme a mesma fonte, a liderança era destacadamente de Guarujá, com 80.022 viagens, equivalentes a 21,0% das viagens diárias neste município, em que tradicionalmente se utiliza deste modal, seguido dos demais municípios do centro regional, exceto Cubatão, que possui alta taxa de motorização, pela razão acima exposta. Contudo, em termos percentuais, com referência aos totais de viagens diárias de cada município, a liderança é dos municípios situados ao sul da Baixada Santista, Peruíbe e Itanhaém, com 28,0% e 23,0%, respectivamente, superiores à média regional que era 15.0%. No caso de Itanhaém, este percentual equivalia a 45,0% das viagens não-motorizadas. Tabela ___. Viagens diárias motorizadas e não-motorizadas nos municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.22). Segundo os dados apresentados na tabela e no gráfico abaixo, em Itanhaém, entre as viagens motorizadas, cerca de 23,0% eram realizadas com ônibus100 ou lotação, 18,0% eram realizadas em automóveis e 5,0% com motocicletas. As médias regionais nestes modais era de 25,1%, 14,2% e 3,7%, respectivamente. Portanto, o uso de automóveis e motocicletas era superior à média e o de ônibus inferior, indicando a prevalência de modos motorizados individuais, neste município. 100 Exceto ônibus fretados. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Tabela ___. Itanhaém: Divisão modal das viagens diárias, conforme apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.85). Gráfico ___. Itanhaém: Proporção de viagens diárias por modal principal apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.85). A tabela a seguir apresenta a frota de bicicletas de cada município, a proporção destes veículos por grupo de mil habitantes e a razão entre habitantes e bicicletas, na época da realização da pesquisa. Os destaques eram Guarujá e Mongaguá, respectivamente, os municípios com maior número de bicicletas. Por outro lado, Itanhaém possuía proporção abaixo da média regional: 2,6 contra 3,2 habitantes por bicicleta. Contudo, conforme estes dados observa-se que Itanhaém possuía 392 destes veículos para cada grupo de mil 257 habitantes, a quarta maior proporção da região, reforçando a importância deste meio de transporte para o município. Tabela ___. Frota de bicicletas e número de bicicletas por grupo de mil habitantes (2007). Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.53). No que concerne aos motivos de viagens, conforme se observa pela tabela ___ e pelo gráfico ___ apresentados abaixo, a maior parte dos deslocamentos regionais realizava-se em decorrência de trabalho e estudo, representando, respectivamente, 49% e 40%. Contudo, esta proporção varia de acordo com o município. Neste aspecto, observa-se que, nos municípios localizados nos extremos da região, Peruíbe e Bertioga, ocorrem mais deslocamentos motivados por estudo, do que em razão de trabalho, como se poderá verificar detalhadamente mais adiante. Portanto, nestes municípios os deslocamentos diários não obedecem a mesma lógica que nos demais. Segundo estes dados, Itanhaém seguia a tendência dos municípios centrais da região, onde as viagens por motivo de trabalho eram em maior número, do que as realizadas por motivo de estudo. Tabela ___. Principais Motivos de Viagens diárias nos municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.26). Gráfico ___. Percentual dos motivos de viagens, segundo apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.22. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Os gráficos a seguir apresentados a seguir, permitem uma leitura da proporção dos motivos de viagens Trabalho e Estudo, de acordo com os municípios da RMBS. Observa-se que nos municípios centrais, o motivo Trabalho é o mais importante, com um pouco menos de intensidade em Cubatão, enquanto Itanhaém, Mongaguá e Bertioga possuíam proporções muito semelhantes. Este resultado pode ser explicado pela distância e consequentemente maior custo dos deslocamentos em direção à área central da região, que possui maior oferta de trabalho, em um contexto de ampliação da base econômica destes municípios. Por outro lado, no tocante ao motivo Estudo, a maior proporção de deslocamentos ocorria nos municípios mais distantes do centro da região, Peruíbe e Bertioga. Neste quesito, Itanhaém era o quinto município com maior percentual de viagens para estudo, com cerca de 37,0% das viagens relacionadas a este motivo. Portanto, este tipo de viagem era proporcionalmente menos importante do que para os municípios acima citados. Deve-se ressaltar que as viagens para estudo normalmente se referem ao ensino superior, o qual possui marcada concentração na área central da região, sobretudo em Santos, que polariza este tipo de instituição. Gráfico ___. Proporção do motivo de viagem Trabalho apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista, para os municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.27). 259 Gráfico ___. Proporção do motivo de viagem Estudo apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista, para os municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.28). O gráfico apresentado abaixo, permite observar que dentre os motivos de viagens mais importantes de Itanhaém, estudo e trabalho, havia pequena superioridade do primeiro: 46,0% contra 43,0%. Esta proporção entre um e outro motivo de viagem é distinta da média regional, apresentada no gráfico acima, em que 49,0% das viagens tinham como motivo trabalho e 40,0% eram realizadas para estudo, apresentando uma diferença maior entre ambos os motivos. Gráfico ___. Itanhaém: Proporção de motivos de viagens diárias apuradas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.84). No tocante ao uso de bicicletas, segundo a Pesquisa OD-BS, 54,0% das viagens eram realizadas por motivo de trabalho, enquanto 42,0% eram realizadas por estudo e apenas 4% por lazer e outros motivos. Portanto, a bicicleta era, e certamente ainda é, um dos principais meios de transporte da RMBS. O gráfico ___ apresentado a seguir permite verificar que, em Itanhaém, a bicicleta era utilizada muito mais para motivo de Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 trabalho do que para estudo, 54,0% contra 37,0%, respectivamente igual e abaixo da média regional, enquanto as viagens por lazer e outros motivos, com 9,0%, eram muito superiores à média regional, de 4,0%, o que pode indicar deslocamentos por motivo de procura por serviços de saúde. Gráfico ___. Itanhaém: Proporção de motivos de viagens diárias apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista para deslocamentos com bicicletas. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.84). A tabela apesentada a seguir, com base na razão de número de viagens diárias, por pessoa, aponta o Índice de Mobilidade dos municípios da RMBS, no total e em modais motorizados. Observa-se que Santos, Cubatão, São Vicente e Mongaguá possuem índice total acima da média regional, enquanto, no tocante ao índice de motorização, Santos, Cubatão e São Vicente se encontram acima da média. Os índices destes municípios devem ser consequência de maior renda e principalmente da maior oferta de transporte coletivo. Por usa vez, verifica-se que o município de Itanhaém possui índice de 1,07, o segundo mais baixo da região, e bem abaixo da média, que era 1,27. Observa-se, ainda, que nos municípios onde a renda per capita é maior, o índice de mobilidade por modo motorizado é superior, como nos casos dos municípios do centro da região, sobretudo Santos e Cubatão, o que indica maior utilização de transporte motorizado individual, assim como maior oferta de transporte coletivo. O oposto ocorre no caso do uso de bicicletas para deslocamentos. O índice de Itanhaém por modo motorizado era 0,53, também o segundo mais baixo da região e bem inferior à média, que era 0,68. No tocante ao balanço entre mobilidade por modo coletivo e individual, verifica-se que Cubatão era destacadamente o município com o maior índice regional por modo coletivo e o terceiro menor no modo individual, com 0,70 e 0,08, respectivamente. Por sua vez, Itanhaém encontrava-se bem abaixo da média regional, no modo coletivo, com 0,29 contra 0,42, e acima da média no modo individual, com 0,24 contra 0,17. No caso deste município, a supremacia do modo individual sobre o coletivo também pode ser explicada pela renda da população e possíveis deficiências no sistema de transporte coletivo, questão que será abordada adiante. No que concerne aos índices de mobilidade a pé e por bicicleta, Itanhaém estava ligeiramente abaixo da média regional no modo a pé e pouco acima no modo por bicicleta, respectivamente 0,30 contra 0,44 e 0,25 contra 0,23. Portanto, mesmo no modo não-motorizado a preferência, neste município, era por modo individual. 261 Tabela ___. Índice de Mobilidade (viagens dia/pessoa) segundo o modo de deslocamento, conforme apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.42). O gráfico apresentado a seguir, permite uma análise mais clara desta questão. Em Itanhaém, no período de realização da pesquisa, 54,0% das viagens motorizadas eram realizadas pelo transporte coletivo, contra 46,0% pelo modo individual, enquanto na Baixada Santista, 62,0% das viagens motorizadas eram realizadas pelo transporte coletivo, contra 38,0% pelo modo individual. Portanto, neste município a importância do transporte individual é muito superior ao da região como um todo. Gráfico ___. Itanhaém: Proporção de viagens diárias por modos motorizados apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.86). Segundo os dados apresentados nos gráficos abaixo, no que concerne ao tempo médio de viagem, que é um indicador de qualidade da mobilidade, conforme a Pesquisa OD-BS, em Itanhaém, o tempo médio de deslocamento no modo coletivo era sensivelmente superior ao dos demais modos, superando os 47 minutos, e também maior do que na Baixada Santista, onde a média de deslocamento neste modo era de 42 minutos. Conforme a mesma fonte, o tempo de deslocamento no modo individual, na média regional, era em torno de 30 minutos, enquanto, em Itanhaém, era de aproximadamente 25 minutos. Assim, observa-se que a opção pelo modo individual tinha influência do tempo de viagem. Além destes modos, os deslocamentos a pé e de bicicleta eram inferiores à média regional, reforçando ainda mais a opção por meios individuais de viagem. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Gráfico ___.Itanhaém: Tempo médio de viagens diárias dos modos motorizados e não motorizados, conforme apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.87). Gráfico ___. RMBS: Tempo médio de viagens diárias dos modos motorizados e não motorizados, conforme apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.37). No que concerne ao zoneamento dos deslocamentos, as trinta principais zonas produtoras e atratoras de viagens, identificadas pelos nomes dos respectivos bairros, conforme a metodologia da pesquisa são apresentadas na tabela ___ abaixo, que relaciona estas zonas aos números de viagens diárias. Observa-se que todas as zonas, que mais atraem viagens estão situadas na área central da região. A única zona de Itanhaém que figura dentre estas é a do Centro, que aparece apenas como a trigésima zona que mais atraía viagens na Baixada Santista. 263 Tabela ___. Principais Zonas Produtoras e Atratoras de Viagens Diárias apuradas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.23-24). Nos mapas apresentados em seguida, estas zonas estão identificadas, conforme legenda, de acordo com a faixa de número de viagens nas quais estão inseridas, permitindo uma leitura clara da concentração de viagens no centro da região, fato que tem estreita relação com a já mencionada maior oferta de empregos e de serviços dos municípios centrais da RMBS. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Mapa ___. Principais Zonas Produtoras de viagens diárias identificadas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.25). Mapa ___. Principais Zonas Atratoras de viagens diárias identificadas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. 265 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.25). No caso específico de Itanhaém, a tabela a seguir apresenta as cinco zonas com maior produção e atração de viagens e os mapas abaixo contêm o detalhamento da classificação das zonas conforme a faixa de produção e atração de viagens. Verifica-se que as zonas mais relevantes estão situadas entre a área central e a divisa com Praia Grande, com maior peso para os bairros Corumbá, Sabaúna e Jardim Coronel, formando um arco em torno do centro, onde predominam domicílios da população residente fixa. Tabela ___. Itanhaém: Principais zonas produtoras e atratoras de viagens, segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.82). Mapa ___. Itanhaém: Áreas Produtoras de viagens segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.83). 267 Mapa ___. Itanhaém: Áreas Atratoras de viagens segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.83). Considerando-se estas informações acerca das zonas com maior grau de produção e atração de viagens, pode-se estabelecer um claro vínculo entre estas e a densidade demográfica por zona de tráfego, como se observa no mapa ___ abaixo. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Mapa ___. Itanhaém: Densidade Demográfica das zonas de Tráfego segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.88). Segundo a mesma fonte, em Itanhaém ocorriam 1,582 viagens diárias por hectare, número muito inferior à média regional, que era de 8,763 viagens/há e superior apenas a Bertioga. No que diz respeito à densidade de viagens, o mapa ___ abaixo revela que, dentro do município, há grande concentração no centro, no arco de bairros mencionado acima e na orla entre o centro e a divisa com Praia Grande. 269 Mapa ___. Itanhaém: Densidade de Viagens das zonas de Tráfego segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.88). 9.1. Evolução da frota municipal De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), a frota total de veículos de Itanhaém cresceu 260,4%, entre 2002 e 2012, passando de 11.160 para 29.071 veículos, que pode ser considerado um crescimento elevado, mas não foi um dos maiores registrados na Baixada Santista. Para detalhar a análise da mobilidade urbana deste município, são relevantes as informações contidas na tabela ___ abaixo, segundo a Fundação SEADE, que apresenta a evolução da frota municipal entre 2002 e 2010, quando a proporção entre o número de habitantes e o número total de veículos caiu de 6.71, no início deste período, para 3,67, correspondendo a uma redução de 45,3%. Neste período a frota de ônibus101 declinou para 46,0%, diante do crescimento da população, cuja TGCA foi de 1,92% na década, conforme o Censo Demográfico 2010, do IBGE. No que concerne ao crescimento da frota de automóveis, foi de 190,32%, e o número de habitantes por automóvel passou de 10,76 para 6,56, seguindo uma tendência nacional. Contudo, a frota de motocicletas e assemelhados aumentou 355,0% no mesmo intervalo de tempo. Portanto, o aumento das frotas de veículos destinados ao transporte individual foi expressivo, especialmente no que respeita às motocicletas. No caso de Itanhaém, o maior aumento do número de motocicletas pode ter relação com a renda per capita deste município, que é inferior a média regional. De qualquer forma, este fenômeno, decorrente da ampliação da renda e da maior oferta de crédito para o setor, contribui decisivamente para a redução da mobilidade urbana. 101 Deve-se observar que a frota de ônibus considerada abrange todos os veículos deste tipo, inclusive os de empresas privadas que não fazem parte do sistema público de transportes coletivos. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Tabela ___. Itanhaém: Informações municipais sobre transporte. 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Frota Total de Veículos 11.160 11.557 12.470 13.657 14.933 16.600 18.385 20.589 23.684 Número de Habitantes por Total de Veículos 6,71 6,62 6,26 5,83 5,43 4,98 4,57 4,15 3,67 Frota de Automóveis 6.959 7.132 7.396 7.919 8.516 9.227 10.025 11.280 13.245 Número de Habitantes por Automóvel 10,76 10,73 10,56 10,06 9,53 8,95 8,39 7,58 6,56 Frota de Ônibus 217 92 92 108 94 106 95 99 100 Frota de Caminhões 573 583 606 633 631 647 644 665 703 Frota de Motocicletas e Assemelhados 1.980 2.339 2.873 3.415 3.976 4.774 5.597 6.290 7.029 Frota de Microônibus e Camionetas 1.181 1.171 1.236 1.305 1.417 1.527 1.684 1.898 2.239 Fonte: Informações dos Municípios Paulistas (IMP), Fundação Seade (2011). De modo geral, os números apresentados por Itanhaém acompanham a tendência de municípios com crescimento demográfico, que é de elevação do índice de automóveis por habitante em todo Brasil, principalmente em cidades mais afastadas dos grandes centros urbanos. Para uma análise mais aprofundada da mobilidade urbana neste município, a seguir serão analisados os sistemas de transportes coletivos por ônibus. 9.2. Sistema de transportes coletivos municipal e intermunicipal Os sistemas de transporte coletivo municipal e intermunicipal de Itanhém baseiam-se exclusivamente no modo motorizado rodoviário. O sistema municipal é constituído por linhas de ônibus operadas sob concessão do município, e o intermunicipal de caráter metropolitano por ônibus operados sob concessão da EMTU, sob controle do governo estadual. Desta forma, a seguir serão apresentados estes sistemas, além de algumas informações acerca dos ônibus intermunicipais estaduais, cujas linhas possuem parada em Mongaguá. No tocante ao sistema municipal de ônibus, segundo informações da Secretaria de Trânsito e Segurança Municipal de Itanhaém102, este é operado pela empresa Litoral Sul Transportes Urbanos, e a tarifa é de R$ 2,50103. Contudo, segundo a mesma fonte, além das linhas existentes, há um roteiro de bonde turístico que circula pela orla, desde Cibratel até Campos Elísios e Loty, e atende muitos deslocamentos nessa região da cidade. De acordo com a Prefeitura de Itanhaém, a frota da Litoral Sul opera com ônibus e micro-ônibus, sendo a frota composta por 28 ônibus e 15 microônibus, sendo a maior parte adaptada para deficientes físicos. Segundo a mesma fonte, cerca de 170 mil passageiros utilizam o serviço por mês. O município também disponibiliza dois ônibus para o transporte de universitários que estudam em municípios da região. 102 103 Entrevista realizada em 14 de setembro de 2012. Valor referente a setembro de 2012. 271 No entanto, a Prefeitura não informou detalhes acerca das linhas existentes, seus respectivos itinerários e dados relevantes para a análise da mobilidade urbana, tais como número de passageiros transportados, frequência de viagens por linha, índice de passageiros por quilômetro e outros. Desta forma, ficou prejudicada a avaliação deste sistema. Ainda segundo a referida secretaria, na análise dos principais pontos críticos do sistema, a área situada ao norte da Rodovia, próxima à área central, apresenta muitas reclamações quanto à qualidade do transporte coletivo, com exceção dos bairros Anchieta e Ivoty, que se localizam próximos ao centro. Esta mesma fonte identifica, também, áreas onde o transporte ainda é deficitário, como o bairro Gaivota, na divisa com Peruíbe, onde a densidade demográfica também é elevada. Esta dificuldade é atribuída à distância com relação ao centro e é agravada em época de temporada, em função do aumento da população flutuante. De acordo com a mesma secretaria, outra área que vem apresentando demanda por aumento do número de ônibus em horário de pico é o conjunto habitacional Guapurá, que possui 1.328 unidades habitacionais, implantado com recursos federais, no bairro Oásis, junto ao aeroporto. Segundo esta fonte, os bairros Parque Real, Oásis e Cabuçu são outros locais que apresentam deficiência de atendimento pelo sistema municipal, destacando-se o Oásis, que possui elevada densidade. No que concerne à oferta de transporte coletivo entre Itanhaém e o restante da RMBS consiste na operação de seis linhas de ônibus movidos a diesel, operados pelas empresas: Breda Serviços, Piracicabana e Intersul, sob fiscalização da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), controlada pelo Governo do Estado de São Paulo e vinculada à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM). A empresa que opera a maior parte das linhas é a Breda Serviços. A tabela ___ abaixo apresenta os itinerários dos ônibus metropolitanos que partem de Itanhaém e as respectivas empresas que as operam e as tarifas praticadas, no início de 2012. Se for considerada a questão da pendularidade intrametropolitana, que implica o pagamento de passagem na ida e na volta e às vezes exige do passageiro a transferência para outro sistema, no mesmo percurso, a soma das tarifas, que isoladamente é muito elevada, torna os deslocamentos metropolitanos com uso de ônibus pouco atrativos. Contudo, o sistema apresenta integração em Praia Grande, o que de certa forma reduz os impactos dos deslocamentos neste município, no tocante a esta linha (905EX1). Outro aspecto importante a observar é o papel que este sistema desempenha no tocante aos municípios do Litoral Sul, pois todas as linhas que se dirigem ao centro regional atravessam Itanhaém, e estão submetidas aos pontos críticos do sistema viário de Praia Grande, para acesso à Ilha de São Vicente ou ao parque industrial de Cubatão. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Tabela ___. Itinerários dos ônibus metropolitanos (EMTU) que partem de Itanhaém (janeiro de 2012). Município origem Município destino Número e nome da Linha Descrição da linha Empresa Tarifa (R$) Itanhaém Cubatão 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 Mongaguá 905 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/ SAO VICENTE (ITARARE) PIRACICABANA 8,60 905EX1 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/PRAIA GRANDE (TERMINAL RODOVIARIO E URBANO TATICO FRANCISCO GOMES DA SILVA) PIRACICABANA 6,50 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 921 ITANHAEM (TERMINAL RODOVIARIO DE ITANHAEM)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 12,30 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/ SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 905 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SAO VICENTE (ITARARE) PIRACICABANA 8,60 905EX1 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/PRAIA GRANDE (TERMINAL RODOVIARIO E URBANO TATICO FRANCISCO GOMES DA SILVA) PIRACICABANA 6,50 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 905 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/ SAO VICENTE (ITARARE) PIRACICABANA 8,60 905EX1 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/PRAIA GRANDE (TERMINAL RODOVIARIO E URBANO TATICO FRANCISCO GOMES DA SILVA) PIRACICABANA 6,50 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 921 ITANHAEM (TERMINAL RODOVIARIO DE ITANHAEM)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 12,30 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 921 ITANHAEM (TERMINAL RODOVIARIO DE ITANHAEM)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 12,30 Peruíbe Praia Grande Santos 273 São Vicente 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 905 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/ SAO VICENTE (ITARARE) PIRACICABANA 8,60 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 921 ITANHAEM (TERMINAL RODOVIARIO DE ITANHAEM)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 12,30 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 Fonte: EMTU (2012). Disponível em: http://www.emtu.sp.gov.br/emtu/itinerarios-e-tarifas/consulte-origem-e-destino/por-regiao-metropolitana.fss. Acesso em: 8 jan. 2012. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 A maior parte das linhas deste sistema liga Mongaguá e os demais municípios do litoral sul da Baixada Santista aos municípios centrais da região, exceto Guarujá. Conforme se observa pelas informações apresentadas na tabela ___ abaixo, a sazonalidade, no caso de Itanhaém, implica em maior número de passageiros e de viagens entre março e novembro, evidenciando o uso predominante deste modal por motivo de trabalho e estudo. Considerando-se o número total de passageiros, as linhas mais carregadas estão entre Itanhaém e Mongaguá, Praia Grande, Peruíbe e São Vicente, pela ordem, sendo registradas, respectivamente, médias mensais de todas as linhas em cada um destes municípios de 2.360.501, para os dois primeiros, e de 2.339.658 e 2.278.682 de passageiros, para os restantes, nos meses de março a novembro de 2011. Portanto, observa-se que as viagens de Itanhaém para os municípios vizinhos são mais carregadas, embora as linhas para São Vicente transportem quase igual número de passageiros no período analisado, apresentando, também, alto Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK) em todos os municípios, exceto em Cubatão. 275 Tabela ___. Linhas de ônibus metropolitanos fiscalizadas pela EMTU com origem em Itanhaém (janeiro 2011 a janeiro 2012). Município origem Município destino Número e nome da Linha Período Itanhaém Cubatão 922 PERUIBE Mongaguá 905 PERUIBE 905EX1 PERUIBE 910 PERUIBE 921 ITANHAEM 922 PERUIBE 926 PERUIBE Peruíbe 905 PERUIBE 905EX1 PERUIBE 910 PERUIBE 922 PERUIBE 926 PERUIBE Passageiros Gratuitos Passageiros Pagantes Gratuitos Pagantes (%) Mar a Nov 2 23.930 Jan/Fev/Dez - Mar a Nov x Passageiros Total Mês Viagens 100% 23.932 969 103.902 21.531 2,08 8.506 0% 8.506 320 34.209 6.767 0,74 265.447 728.952 72% 994.399 17.351 1.608.143 1.121.949 5,56 Jan/Fev/Dez 104.464 276.652 28% 381.116 5.541 513.557 375.555 2,24 Mar a Nov 53.329 163.791 74% 217.120 5.385 356.847 190.443 5,40 Jan/Fev/Dez 17.830 59.359 26% 77.189 1.947 129.022 66.159 1,75 Mar a Nov 9 576.916 75% 576.925 21.320 1.967.091 528.619 2,65 Jan/Fev/Dez 5 187.646 25% 187.651 6.470 594.916 167.997 0,94 Mar a Nov - 20.843 75% 20.843 599 36.458 18.985 5,26 Jan/Fev/Dez - 6.981 25% 6.981 264 16.459 6.080 1,45 Mar a Nov 2 23.930 100% 23.932 969 103.902 21.531 2,08 Jan/Fev/Dez - 8.506 0% 8.506 320 34.209 6.767 0,74 Mar a Nov 141.878 385.404 80% 527.282 13.193 1.210.736 452.179 3,94 Jan/Fev/Dez 32.943 102.358 20% 135.301 3.020 277.143 147.696 1,46 Mar a Nov 265.447 728.952 72% 994.399 17.351 1.608.143 1.121.949 5,56 Jan/Fev/Dez 104.464 276.652 28% 381.116 5.541 513.557 375.555 2,24 Mar a Nov 53.329 163.791 74% 217.120 5.385 356.847 190.443 5,40 Jan/Fev/Dez 17.830 59.359 26% 77.189 1.947 129.022 66.159 1,75 Mar a Nov 9 576.916 75% 576.925 21.320 1.967.091 528.619 2,65 Jan/Fev/Dez 5 187.646 25% 187.651 6.470 594.916 167.997 0,94 Mar a Nov 2 23.930 100% 23.932 969 103.902 21.531 2,08 Jan/Fev/Dez - 8.506 0% 8.506 320 34.209 6.767 0,74 Mar a Nov 141.878 385.404 80% 527.282 13.193 1.210.736 452.179 3,94 Total Mês Km Mês Total Passageiros 12 Meses Média IPK Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Praia Grande 905 PERUIBE 905EX1 PERUIBE 910 PERUIBE 921 ITANHAEM 922 PERUIBE 926 PERUIBE Santos 910 PERUIBE 921 ITANHAEM 922 PERUIBE 926 PERUIBE São Vicente 905 PERUIBE 910 PERUIBE Jan/Fev/Dez 32.943 102.358 20% 135.301 3.020 277.143 147.696 1,46 Mar a Nov 265.447 728.952 72% 994.399 17.351 1.608.143 1.121.949 5,56 Jan/Fev/Dez 104.464 276.652 28% 381.116 5.541 513.557 375.555 2,24 Mar a Nov 53.329 163.791 74% 217.120 5.385 356.847 190.443 5,40 Jan/Fev/Dez 17.830 59.359 26% 77.189 1.947 129.022 66.159 1,75 Mar a Nov 9 576.916 75% 576.925 21.320 1.967.091 528.619 2,65 Jan/Fev/Dez 5 187.646 25% 187.651 6.470 594.916 167.997 0,94 Mar a Nov - 20.843 75% 20.843 599 36.458 18.985 5,26 Jan/Fev/Dez - 6.981 25% 6.981 264 16.459 6.080 1,45 Mar a Nov 2 23.930 100% 23.932 969 103.902 21.531 2,08 Jan/Fev/Dez - 8.506 0% 8.506 320 34.209 6.767 0,74 Mar a Nov 141.878 385.404 80% 527.282 13.193 1.210.736 452.179 3,94 Jan/Fev/Dez 32.943 102.358 20% 135.301 3.020 277.143 147.696 1,46 Mar a Nov 9 576.916 75% 576.925 21.320 1.967.091 528.619 2,65 Jan/Fev/Dez 5 187.646 25% 187.651 6.470 594.916 167.997 0,94 Mar a Nov - 20.843 75% 20.843 599 36.458 18.985 5,26 Jan/Fev/Dez - 6.981 25% 6.981 264 16.459 6.080 1,45 Mar a Nov 2 23.930 100% 23.932 969 103.902 21.531 2,08 Jan/Fev/Dez - 8.506 0% 8.506 320 34.209 6.767 0,74 Mar a Nov 141.878 385.404 80% 527.282 13.193 1.210.736 452.179 3,94 Jan/Fev/Dez 32.943 102.358 20% 135.301 3.020 277.143 147.696 1,46 Mar a Nov 265.447 728.952 72% 994.399 17.351 1.608.143 1.121.949 5,56 Jan/Fev/Dez 104.464 276.652 28% 381.116 5.541 513.557 375.555 2,24 Mar a Nov 9 576.916 75% 576.925 21.320 1.967.091 528.619 2,65 Jan/Fev/Dez 5 187.646 25% 187.651 6.470 594.916 167.997 0,94 277 921 ITANHAEM 922 PERUIBE 926 PERUIBE Fonte: EMTU (2012). Mar a Nov - 20.843 75% 20.843 599 36.458 18.985 5,26 Jan/Fev/Dez - 6.981 25% 6.981 264 16.459 6.080 1,45 Mar a Nov 2 23.930 100% 23.932 969 103.902 21.531 2,08 Jan/Fev/Dez - 8.506 0% 8.506 320 34.209 6.767 0,74 Mar a Nov 141.878 385.404 80% 527.282 13.193 1.210.736 452.179 3,94 Jan/Fev/Dez 32.943 102.358 20% 135.301 3.020 277.143 147.696 1,46 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 É importante observar, que a ligação do sistema de ônibus metropolitanos entre Itanhaém e os municípios vizinhos, em períodos de férias, fins de semana e feriados está sujeita aos frequentes congestionamentos, sobretudo nas voltas do trânsito proveniente do Planalto. Assim, os tempos de percurso dos deslocamentos metropolitanos têm aumentado consideravelmente nestas épocas, colocando em xeque a mobilidade metropolitana. Outro aspecto a ser considerado, é a utilização do eixo da SP-55 como ponto de ligação da Baixada Santista com o Vale do Ribeira e sul do país, o que faz com que este sistema se sobreponha e este tipo da viagem. Contudo a inexistência de integração tarifária entre este sistema e os modais existentes na área central da região onera o passageiro com destino a áreas não servidas diretamente pelo sistema metropolitano, obrigando-o a caminhar longos percursos ou ter que arcar com o custo de outros deslocamentos, nos sistemas municipais de ônibus ou de lotações dos municípios centrais. Como verificado na apresentação da pesquisa OD-BS, a maior oferta de trabalho na região se encontra na Ilha de São Vicente, sobretudo em Santos, e no parque industrial de Cubatão. Portanto, a ausência de integração completa entre os sistemas de transporte municipal e metropolitano provavelmente tem um efeito de seleção da população economicamente ativa que se dirige a estas áreas, no sentido de limitar sua participação no mercado de trabalho nas áreas mais centrais, apesar da distância de Itanhaém a estes municípios. Em alguns casos, um trabalhador que reside em Itanhaém e trabalha em Santos, é obrigado a tomar dois ou mais ônibus na ida e no retorno, sendo um metropolitano e outro municipal, desembolsando quantias elevadas diariamente. No tocante à aferição da qualidade do transporte metropolitano na Baixada Santista, a EMTU aplica anualmente uma pesquisa, visando obter o Índice de Qualidade da Satisfação do Cliente (IQC), que é parte integrante do Índice de Qualidade do Transporte (IQT). Assim, o IQC é obtido através da avaliação pessoal dos clientes com relação à qualidade percebida dos serviços de transporte metropolitano, sob gerenciamento da empresa, através de aplicação de pesquisas junto a esses serviços. Também está previsto, no cálculo para obtenção do IQC, o Índice de Reclamação da Pesquisa (IRP), obtido através da média das reclamações apuradas nas entrevistas. Desta forma, a seguinte fórmula para obtenção do IQC, na qual NP é a nota média da pesquisa entre 33 atributos avaliados através de escala de zero a dez. IQC = NP – IRP Além da obtenção do IQC, a pesquisa investiga vários aspectos relacionados à qualidade dos serviços, como qualidade da frota, da comunicação social, da tripulação e outros, com vistas a futuros planos de ação localizados. Conforme a última rodada da pesquisa, em 2011 o IQC da Viação Piracicabana (4,30) sofreu queda de 13,1% em relação a 2010 (4,95), segundo o gráfico ___ abaixo. 279 Gráfico ___ Evolução do IQC da Viação Piracicabana (2008-2011). Fonte: Índice de Qualidade da Satisfação do Cliente (EMTU, 2011). As linhas pesquisadas foram: 900 TRO - São Vicente (Jóquei Club) - Santos (Centro) - (31/05/2011); 901 TRO - São Vicente (V. Margarida) - Santos (Centro) - (31/05/2011); 902 TRO - São Vicente (Cj. Tancredo Neves) - Santos (Centro) - (01/06/2011); 904 TRO - Praia Grande (T. Tude Bastos) - Santos (Centro) - (02/06/2011); 906 TRO - Cubatão (Fabril) - Santos (Ponta Praia) - (06/06/2011); 907 TRO - São Vicente (Cj. Tancredo Neves) - Santos (Centro) via Canal 1 -(01/06/2011); 908 TRO - São Vicente (Pq. Bitaru) - Santos (Ponta Praia) - (31/05/2011); 931 TRO - Praia Grande (Jd. Samambaia) - Santos (Paquetá) - (02/06/2011); 934 TRO - Praia Grande (T. R. U. Tatico Francisco G. Silva) - Santos (Paquetá) - (02/06/2011); 934 EX1 - Praia Grande (T. R. U. Tatico Francisco G. Silva) - Santos (Paquetá) via Praia Grande (T. Tude Bastos) Santos (A. C. Nébias) - (02/06/2011); 942 TRO - São Vicente (Humaitá) - Santos (Ponta Praia) - (01/06/2011); 943 TRO - São Vicente (Pq. Bandeirantes Gleba II) - Santos (Ponta Praia) - (01/06/2011). No que concerne à Breda, a linha pesquisada foi a 910TRO - Peruíbe (T. Rod. Peruíbe) – Santos (T. Rod. Santos), entre 26 e 27/05/2011. Segundo a pesquisa, em 2011 o IQC da empresa (6,06) se manteve estável com queda de apenas 0,7% em relação a 2010 (6,10), segundo o gráfico ___ abaixo. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Gráfico ___ Evolução do IQC da Breda (2008-2011). Fonte: Índice de Qualidade da Satisfação do Cliente (EMTU, 2011). Segundo a mesma fonte, essa queda ocorreu em virtude da diminuição de 0,5% na nota média da empresa, que passou de 7,29 (2010) para 7,25 (2011) mantendo também estabilidade. O IRP (Índice de Reclamações por Pesquisa) se manteve no mesmo patamar de 2010 com 1,19 reclamações por pesquisa. No que diz respeito à Intersul Transportes e Turismo S.A., a linha pesquisada foi a 926 TRO - Peruíbe (T. Rod. Peruíbe) - Santos (T. Rod. Santos) (entre 24 e 25/05/2011). Em 2011 o IQC da Intersul (5,00) obteve uma elevação de 0,8% em relação a 2010 (4,96), segundo o gráfico abaixo. Gráfico ___ Evolução do IQC da Intersul Transportes (2008-2011). Fonte: Índice de Qualidade da Satisfação do Cliente (EMTU, 2011). Conforme o relatório da pesquisa, o índice subiu devido a uma diminuição de 5,3% no IRP (índice de reclamação por pesquisa) que passou de 1,51 (2010) para 1,43 (2011). Portanto, a Breda, responsável pela maioria das linhas metropolitanas que atendem Itanhaém, é a que possui a melhor avaliação, o que reforça as decisões dos trabalhadores, no tocante à adoção deste sistema. Neste 281 aspecto, é importante lembrar que a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista, com referência a Itanhaém, apontou o tempo médio de viagem no modo coletivo superior à média regional, o que também pode ter influência do sistema municipal. No tocante ao transporte intermunicipal em nível estadual, segundo a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP), órgão que regula esta modalidade de transporte, seis linhas intermunicipais estaduais possuem origem ou destino em Itanhaém, ligando este município a São Paulo e regiões do Vale do Ribeira, Piracicaba e Americana, revelando a grande dependência com relação a São Paulo e Santos, no tocante às viagens para outras áreas do interior ou outras regiões do país. Conforme a tabela ___ a seguir, apresenta-se as referidas linhas intermunicipais de ônibus estaduais, com destino ou origem em Itanhaém, com as respectivas distâncias percorridas e empresas operadoras. Tabela ___. Linhas intermunicipais com destino ou origem em Itanhaém. Nome da Linha Distância total atual Nome da Empresa Itinerário SAO PAULO - PERUIBE ITANHAEM 212,0 INTERSUL TRANSPORTES TURISMO LTDA E São Paulo/Osasco/Juquitiba/Miracatu/Pedro Toledo/Itariri/Peruíbe/Itanhaém PERUIBE - ITANHAEM - SAO PAULO (Via Rodovia Anchieta) 149,7 BREDA TRANSPORTES SERVICOS S/A E Peruíbe/Itanhaém/Mongaguá/Praia Grande/São Bernardo do Campo/São Paulo PIRACICABA - PRAIA GRANDE - ITANHAEM 313,0 VIACAO PIRACICABANA LTDA Piracicaba/Santa Bárbara Odessa/Santos/São Grande/Mongaguá/Itanhaém PIRACICABA-PRAIA GRANDEITANHAEM(Parcial Americana-Itanha) 271,0 VIACAO PIRACICABANA LTDA Americana/Nova Odessa/Santos/São Grande/Mongaguá/Itanhaém ITANHAEM - SAO PAULO (VIA RODOVIA DOS IMIGRANTES) 117,4 BREDA TRANSPORTES SERVICOS S/A E PEDRO DE TOLEDO-PERUIBEITANHAEM(SUBURBANA) 59,1 INTERSUL TRANSPORTES TURISMO LTDA E de d’Oeste/Americana/Nova Vicente/Praia Vicente/Praia São Paulo/ Praia Grande/Mongaguá/Itanhaém Pedro de Toledo/Itariri/Peruíbe/Itanhaém Fonte: ARTESP (2012). Elaboração: Instituto Pólis. A tabela abaixo apresenta, respectivamente, o total anual de passageiros transportados por trecho, nas linhas intermunicipais com origem em Itanhaém, entre 1998 e 2011. Verifica-se que, o número de passageiros entre Itanhaém e São Paulo apresentou estabilidade neste período. A maior queda, no entanto, ocorreu com relação ao trecho de Santos, embora o de Juquitiba também tenha decrescido, mas em menor intensidade. Assim, verifica-se que os deslocamentos intermunicipais originados em Itanhaém tendem a se apoiar cada vez mais na Capital do que em Santos, ampliando ainda mais a diferença entre estes pontos de transferência, com relação ao início da série. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Novembro 2012 Tabela ___. Média mensal de passageiros transportados por trecho nas linhas intermunicipais com origem em Itanhaém (1998 a 2011, dezembro a fevereiro*). Município final Ano 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 JUQUITIBA 512 461 173 163 1.127 1.399 1.512 1.651 321 370 333 470 424 339 MONGAGUA 2.004 1.440 696 734 3.717 5.448 5.951 6.273 2.645 2.597 2.238 3.475 2.364 1.278 OSASCO 23.723 20.486 18.406 16.594 18.744 14.596 12.186 17.447 19.012 20.365 16.428 16.515 17.044 18.866 PERUIBE 19.731 6.111 7.794 8.196 37.106 27.797 28.567 31.940 42.898 37.680 42.390 44.400 27.836 18.446 PRAIA GRANDE 0 0 0 0 383 655 751 822 521 484 478 634 372 0 SANTOS 18.272 15.599 4.045 4.283 10.080 11.361 11.965 12.951 14.812 8.502 13.094 16.204 13.392 7.783 SAO PAULO 273.996 243.133 237.309 239.593 228.829 190.849 165.129 209.179 223.208 249.481 205.648 213.095 241.176 285.412 SAO VICENTE 0 0 0 0 854 1.113 1.182 1.254 743 629 654 969 2.792 0 Total 2847.726 2746.769 3136.554 3166.666 3538.603 2910.563 2981.492 3107.695 3893.575 3808.625 3752.798 4375.689 3110.604 2681.785 Fonte: ARTESP (2012). 283 Merece destaque, também, a regulamentação do acesso, circulação e estacionamento de veículos de transporte intermunicipal em Itanhaém, com capacidade acima de doze passageiros, decorrente de fretamento, o qual, mediante lei municipal, somente é permitido com a Autorização para Circulação de Veículo de Frete, emitido pelo Departamento de Turismo, após pagamento de taxa municipal. Esta medida, que prevê multa e apreensão do veículo, em caso de descumprimento, acompanha a política de combate ao assim chamado “turista de um dia” disseminada no litoral paulista a partir da década de 1990. Desta forma, pretende-se organizar o trânsito de veículos de transporte coletivo intermunicipal, mas por outro lado limitar o afluxo de turistas com renda mais baixa, o que atende aos interesses do setor turístico do litoral, em geral, pois se trata de uma modalidade de turismo que pouco consome produtos e serviços no terciário local. 9.3. A Legislação Municipal e a Mobilidade Urbana e Regional Regulação das infraestruturas de mobilidade urbana e regional na legislação municipal de Itanhaém A Constituição Federal estabelece como competência privativa da União legislar sobre trânsito e transporte (artigo 22, XI). A União exerceu sua competência primeiro pela promulgação do Código de Trânsito Brasileiro CTB (Lei Federal 9.503 de 1997), o qual define normas gerais de circulação nas vias terrestres, as quais devem ser observadas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios quando da regulamentação dos seus sistemas viários pelos seus respectivos órgãos e entidades executivos de trânsito, sempre de acordo com suas peculiaridades locais e circunstâncias especiais (artigo 2° c/c 8° do CTB). Fazem parte do sistema viário, segundo o CTB, as vias terrestres urbana e rurais, quais sejam, “as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e rodovias”. As praias abertas à circulação pública também fazem parte do sistema viário, assim como as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas (artigo 2° e seu parágrafo único). O ordenamento do sistema viário pela administração municipal é uma das principais questões a serem tratadas pela municipalidade relativas ao uso do solo nas áreas urbanas. Trata-se de fundamental assunto urbanístico, tanto pela importância dos deslocamentos e pessoas e bens para a realização das atividades que compõe a dinâmica urbana cotidiana, como pelos seus impactos diretos na qualidade de vida das cidades e no meio ambiente urbano. A Constituição também definiu como competência da União legislar sobre as diretrizes da política nacional de transporte. A União então, após 17 anos de tramitação no Congresso Nacional, promulgou a Lei n° 12.587 de 2012, que estabelece as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. O conceito de mobilidade urbana era inexistente até então na legislação pátria. Até mesmo o Estatuto das Cidades se referia apenas à obrigatoriedade da existência de plano de transporte urbano integrado para os municípios com mais de quinhentos mil habitantes (§ 2º do artigo 41 da Lei n° 10.257 de 2001). O novo marco legal vai na esteira das políticas de gestão do sistema de trânsito e transporte de outras nações e busca corrigir as distorções geradas por um padrão de mobilidade que caminha para a insustentabilidade, principalmente em razão da prioridade dada ao veículo motorizado individual (automóveis) em detrimento do transporte público e não motorizado (pedestres e bicicleta). Logo, a Política Nacional de Mobilidade será utilizado aqui como parâmetro para a análise da legislação municipal de mobilidade urbana de Itanhaém. A Lei Orgânica de Itanhaém exerce sua competência legislativa sobre a mobilidade urbana ao definir dentre as competências do Prefeito a de desenvolver o sistema viário do Município (inciso XXVIII do artigo 50). Contudo, é no Plano Diretor (Lei Complementar n° 30 de 2000) e na Lei de Uso e Ocupação do Solo (Lei n° 1.082 de 1977) onde se encontram os principais dispositivos que regulamentam o sistema viário e a gestão de mobilidade do município. O Plano Diretor estabelece o “Sistema Viário e de Transporte” como uma das Políticas Setoriais de Desenvolvimento, que deve ser especificada, particularizada e implementada (inciso V, artigo 15). O Plano Diretor também faz menção à formulação do Código do Sistema Viário, o qual se pressupõe, contempla o detalhamento exigido enquanto uma Política Setorial de Desenvolvimento (inciso VII do artigo 12), bem como estabelece sua elaboração como prioritária, juntamente com o Código de Posturas, a Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo (parágrafo único do artigo 50). 284 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Em ato contínuo, o Plano Diretor indica dezessete diretrizes da Política de Sistema Viário e de Transporte, dentre as quais destacamos: “I – garantir a adequada utilização do sistema viário, buscando maior segurança, conforto e regularidade nos deslocamentos urbanos; II – priorizar investimentos em sistema viário, buscando maior segurança, conforto e regularidade nos deslocamentos urbanos; III – implementar programas para execução de guias e sarjetas e pavimentação, priorizando os deslocamentos longitudinais no Município e os acessos dos trevos da rodovia, na seguinte ordem: (...) VI – promover campanha educativa visando estimular o uso das passarelas da rodovia pelos pedestres; VII – promover estudo completo de tráfego e da oferta de áreas para estacionamento de usuários e áreas de carga e descarga nas zonas comerciais, estimulando a oferta destes espaços na legislação de uso e ocupação do solo; VIII – priorizar o estabelecimento de programas e projetos destinados a dar proteção à circulação de pedestres, ciclistas e grupos específicos como idosos, deficientes físicos e crianças; IX – projetar e implantar ciclovias de duas modalidades: a) as de interesse turístico, (...); b) as de interesse local para tráfego de moradores (...). XI - promover estudos para implantação de terminais urbanos de passageiros de transporte coletivo, racionalizando os deslocamentos; XII - priorizar o término da construção do Terminal Rodoviário de passageiros na marginal da rodovia e acesso à Estrada Coronel Joaquim Branco, em parceria com a iniciativa privada, se necessário, mantendo-se o projeto original com acréscimo da área de terreno; XIII - viabilizar junto ao Terminal Rodoviário uma área para estacionamento de veículos de excursão impedidos de acesso à faixa da praia, onde seus usuários os trocarão pelo transporte coletivo turístico; XIV - elaborar o Código do Sistema Viário Municipal, com hierarquização das vias; XV - promover o cadastramento completo das vias, formulando critérios para nomenclatura dos logradouros e numeração oficial de imóveis, eliminando duplicações; XVI - elaborar estudos para sinalização viária, emplacamento com denominação das vias e numeração dos imóveis; XVII - exigir estudos de impacto de implantação aos empreendimentos geradores de tráfego e estabelecer diretrizes para viabilizar as obras necessárias à mitigação desse impacto pelo próprio empreendedor” (artigo 20 do Plano Diretor) A atividade ordenadora da Administração Municipal se dá basicamente “na criação ou autorização da criação da rede viária necessária ao exercício da função e do direito de circulação e na regulamentação do uso da mesma” 104 (SILVA, P. 181). Nesse sentido, define a LUOS de Itanhaém que caberá unicamente à prefeitura estabelecer e aprovar as diretrizes da infraestrutura viária dos projetos de arruamento ou loteamentos do município (artigo 24, incisos I e II). A Lei de Uso e Ocupação do Solo - LUOS (Lei n°. 1.082 de 1977), em seu anexo 1, estabelece as características das vias de circulação de veículos e/ou pedestres, de acordo com o tipo de via (arterial, principal local e de pedestres). Apesar de o Plano Diretor estabelecer a diretriz de uso e ocupação do solo a definir corredores 104 SILVA, José Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. adensáveis em função das “condições de infraestrutura e sistema viário capazes de suportar acréscimo de área construída”, não há na LUOS correlação a infraestrutura viária e os parâmetros urbanísticos das zonas de uso (todas as zonas, com exceção da Z.5, tem coeficiente de aproveitamento máximo 1,0), como verificado em outros municípios da Baixada105. O Plano diretor Municipal, como já apontado, previu expressamente a necessidade de elaboração de legislação especifica que discipline a Mobilidade Urbana para Itanhaém (inciso VI, do artigo 55 do PD). Tal dispositivo vai ao encontro da legislação Política Nacional de Mobilidade, que prevê a obrigatoriedade da elaboração de Plano de Mobilidade para municípios com população acima de 20 mil habitantes e em todos os demais obrigados, na forma da lei, à elaboração de Plano Diretor (§ 1° do artigo 24 da Lei Federal n. 12.587, de 03 de janeiro de 2012). Não é de se estranhar, portanto, que não haja hierarquização das vias ou mesmo um planejamento detalhado de utilização e gestão do sistema viário, que defina, por exemplo, corredores prioritários para transporte público, gestão dos espaços de estacionamento em via pública, plano de manutenção e recuperação de calçadas, plano cicloviário, dentre outros instrumentos que deverão ser objeto do seu Plano de Mobilidade. Resta claro, portanto, que o município carece de um instrumento legal do porte de um Plano de Mobilidade, indicado no Plano Diretor como “Código do Sistema Viário”, e que este deverá ser compatível com as novas diretrizes e princípios instituídos pela Política Nacional de Mobilidade (Lei Federal n°. 12.587, de 03 de janeiro de 2012). Nesse sentido, embora as infraestruturas do sistema viário das cidades brasileiras destinadas ao transporte individual de automóveis e o transporte de cargas tenham sido, ao longo da história, tradicionalmente privilegiadas na composição dos orçamentos públicos municipais, as recentes inovações trazidas pela legislação federal reorientam as prioridades dos investimentos públicos em mobilidade no espaço urbano. Uma das diretrizes gerais mais importantes da normativa federal é obrigatoriedade de priorizar o modos nãomotorizados (pedestres e ciclistas) sobre o transporte motorizado, assim como do transporte público coletivo sobre o individual. Esta prioridade deve ser entendida não apenas em relação à execução dos serviços públicos, mas inclusive na redistribuição dos recursos orçamentários para a melhoria das vias de circulação dos diferentes modais de transporte, uma vez que a questão da mobilidade é encarada como crucial para a democratização e acesso às oportunidades oferecidas pelas cidades e regiões metropolitanas. As diretrizes do Plano Diretor para o Sistema Viário aqui elencados, apesar de anteriores à recém promulgada Política Nacional de Mobilidade, de certa forma observam os princípios e diretrizes dispostos na legislação federal, especialmente os incisos VIII, IX, XI, XII, XIII e XVII. Apesar disso, como já apontado, é premente a elaboração de um Plano de Mobilidade que supra as ausências já apontadas que acabam por restringir a capacidade de gestão do município . Além disso, tendo em vista a inserção de Itanhaém na Região Metropolitana da Baixada Santista e do caráter sistêmico da questão da mobilidade, especialmente em áreas conurbados, os projetos que tratem da mobilidade devem sempre buscar o dialogo com os demais municípios que compõe a RMBS. Logo, torna-se fundamental ter como diretriz a integração de projetos e do Plano de Mobilidade aos respectivos planos dos municípios da baixada, especialmente os limítrofes, considerando as demandas metropolitanas quando da elaboração dos mesmos. Já o transporte não-motorizado está presente nas diretrizes da Política de Sistema Viário do Plano Diretor, mas ainda sim de forma incidental e sem um caráter sistêmico necessário a estes modais que são fundamentais na composição das viagens do município, como aponta o item “Mobilidade Urbana e Regional”, deste relatório. Cumpre indicar que este item do relatório faz a análise da situação atual da mobilidade no município e é fundamental para a compreensão da dinâmica urbana de mobilidade de Itanhaém. 105 Santos, por exemplo, orienta as áreas de expansão e adensamento por meio da estrutura viária disponível ao estabelecer índices urbanísticos mais permissivos em áreas que oferecem avenidas com capacidade para grande circulação viária (artigo 61 da LC n° 730 de 2011), com o claro objetivo de adensar e utilizar todo o potencial da infraestrutura viária como elemento indutor do desenvolvimento e crescimento do município. 286 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Cumpre apontar a existência do Plano Cicloviário Metropolitano – PCM, elaborado pela Agência Metropolitana da Baixada Santista – AGEM, tendo em vista a utilização em larga escala pela população e o impacto inexistente da bicicleta como meio de transporte no meio ambiente. Outro importante elemento que compõe o sistema de mobilidade é a sinalização viária. Especialmente os municípios que compõe uma região metropolitana, como a Baixada Santista, e que tem o turismo como um importante componente de sua economia local, tem na sinalização viária comum um importante fator para oferecer qualidade e segurança nos deslocamentos da população, além de valorizar seu patrimônio natural e histórico. Tal importância é revelada pela existência do manual de Sinalização Viária de Interesse Metropolitano – SINALVIM, de 2002, e do Projeto Funcional de Sinalização Turística – SINALTUR106 , de 2008. Ambos elaborados pela Agência Metropolitana da Baixada Santista – AGEM, tendo como objetivo possibilitar uma padronização de toda sinalização de caráter metropolitano da Região Metropolitana da Baixada Santista. O próprio plano Plano Diretor de Itanhaém atenta-se para a importância da sinalização viária no inciso XVI do artigo 20 supracitado e ao indicar como diretriz da Política de Turismo a promoção da sinalização turística e viária dos pontos turísticos, acessos da rodovia e centros regionais, realizando estudo do sistema viário e estacionamento de veículos nos locais de visitação (artigo 22, inciso III). O Plano Diretor também faz menção ao Relatório de Impacto de Vizinhança, que deveria ser regulamentado pela LUOS, mas no o foi até a presente data. O Estudo de Impacto de Vizinhança é um dos instrumentos urbanísticos elencados no Estatuto da Cidade (artigo 4°, inciso VI da Lei Federal 10.257 de 2001), com objetivo de tornar claro quais serão os “efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades” (artigo 37 da Lei Federal 10.257 de 2001), permitindo à municipalidade definir as medidas compensatórias necessárias em razão dos impactos. Por fim, o Plano Diretor também estabelece uma diretriz para outro importante modal de mobilidade de abrangência supra regional. A diretriz é para viabilizar a elevação do Aeroporto de Itanhaém para a categoria de Aeroporto Regional (inciso XIII do artigo 22). Sistema municipal de transporte e mobilidade A LOM determina que compete ao Município de Itanhaém organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, o serviço de transporte coletivo, nos termos do artigo 30, inciso V, da Constituição Federal (artigo 102 da LOM). Assim como estabelece como competência do Município organizar e prestar diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, o serviço de transporte coletivo, de caráter essencial, conforme determina a Constituição Federal. O sistema do transporte público é feito atualmente, por meio de concessão, pela empresa permissionária Litoral Sul transportes Urbanos Ltda. Itanhaém possui uma Secretaria de Trânsito e Segurança Municipal. Este acumulo de competências tão distintas em uma mesma secretaria, revela a necessidade de especialização na questão da mobilidade necessária à Administração Municipal a fim de tratar de tão complexo elemento estruturador da cidade. Cumpre indicar que a já citada Lei da Política Nacional de Mobilidade, também traz inúmeros princípios e diretrizes para a questão da mobilidade antes ignorados pela maioria dos municípios brasileiros. Como a redução das desigualdades e promoção da inclusão social via melhoria das condições de mobilidade (artigo 7°, inciso I) e a integração entre os diferente modais, motorizados ou não, a fim de integrar o sistema de transporte público (artigo 6°, inciso III). Além disso, o novo marco legal federal, traz a possibilidade de os municípios subsidiarem as tarifas do transporte coletivo, como medida de ampliação e melhoria das condições de mobilidade urbana e de redução 106 O SINALTUR de Itanhaém está disponível no sítio da AGEM no http://www.agem.sp.gov.br/pdf/SINALTUR%20-%20Relatorio%20Final%20-%20Itanhaém.pdf seguinte endereço: dos custos que incidem sobre o usuário. Além de incentivar a criação de outros mecanismos institucionais (planos, fundos e conselhos) de custeio e fiscalização dos serviços de transporte coletivo. No formato atual, o pagamento das tarifas pelos usuários são os únicos financiadores diretos da operação das empresas concessionárias e dos das isenções oferecidas a determinadas camadas da população, como idosos e estudantes, onerando sempre o usuário do transporte público e desestimulando sua utilização. Outro elemento que compõe o sistema viário é o da gestão das vagas de estacionamento públicos e privados pelo Município. É comum nas legislações urbanísticas brasileiras dispositivos que obrigam a existência de vagas de estacionamento quando da ocupação dos lotes. A LUOS de Itanhaém exige a reserva de 30 metros quadrados para cada 100 metros quadrados ou fração de área construída em edificações destinada aos diferentes usos (artigo 56 da LUOS), além de exigir a regularização de todos as edificações existentes anteriores a lei e que não atendam as disposições relativas à reserva de espaço para estacionamento (artigo 57 da LUOS). É interessante notar o legislador supõe que todas as pessoas do município tem, desejam ou deveriam desejar ter um automóvel, já exige que qualquer edificação reserva quase 1/3 de sua área para guarda deste bem. Importante notar que este tipo de obrigatoriedade acaba por impactar negativamente o ambiente urbano. Primeiramente, ao exigir vagas de estacionamento, a municipalidade atua diretamente no aumento dos preços dos imóveis, tornando ainda mais inacessível a moradia regular para famílias de baixa renda. O segundo impacto é no trânsito. Estudos comprovam que a facilidade para estacionar os veículos é um forte fator indutor para o uso de automóveis. Este uso implica na saturação do sistema viário, que, por ser uma infraestrutura consolidada, sua ampliação é muito mais cara e árdua do que o número de vagas e automóveis nas ruas. Logo, a política de gestão das vagas é um importante elemento ruma a um padrão de mobilidade mais sustentável, juntamente com uma política de prioridade ao transporte público. 9.4. Sistema Viário e Cicloviário No tocante a estruturas viárias adaptadas para bicicletas, embora o índice de mobilidade por bicicleta de Itanhaém seja o quarto maior da Baixada Santista, de acordo com a unidade municipal responsável pelo trânsito107, existe apenas uma ciclovia no município, a qual atende os bairros Oásis, Guapurá e Anchieta, no assim denominado lado do “Morro” do município. Esta ciclovia foi implantada na Estrada Coronel Joaquim Branco, que liga o aeroporto à SP-55, cruzando a Av. José Batista Campos, em área que vem se adensando nos últimos anos, em função do já mencionado empreendimento habitacional situado no local. A ciclovia, com 650,0 m de extensão, foi concluída em 2012, e custou R$143.876,48, segundo informação da Prefeitura de Itanhaém. Quanto aos pontos críticos do sistema viário municipal, além das questões mencionadas anteriormente, no que se refere ao papel estruturador, porém fragmentador da SP-55, merece consideração o mencionado processo de adensamento na área do “Morro”, não apenas em função da citada implantação do empreendimento habitacional, mas pela movimentação do aeroporto estadual de Itanhaém, Dr. Antonio Ribeiro Nogueira Júnior, cujo movimento cresceu significativamente após a Petrobras o ter escolhido como ponto de apoio de helicópteros de transporte para as plataformas off shore. Segundo informação do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo, este já é o 11º aeroporto estadual em número de embarques e desembarques. Portanto, a tendência desta área do município é de ampliação dos deslocamentos, sobretudo porque tanto o aeroporto, quanto o empreendimento habitacional tendem a atrair mais atividades terciárias para o local. Desta forma, é importante que a Prefeitura Municipal planeje não somente melhorias e ampliação da capacidade do sistema viário, como também do transporte coletivo que atende a área. Também é importante citar a proposta de nova ligação entre o Planalto e a Baixada Santista, por Itanhaém, através do Parque Estadual da Serra do Mar. Embora a prefeitura não tenha prestado informações sobre o assunto, mesmo porque a proposta ainda se encontra em caráter muito preliminar, é importante considerar que o estudo desta ligação, além das indispensáveis avaliações dos impactos ambientais no Parque Estadual e 107 Entrevista realizada em 14 de setembro de 2012. 288 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 na planície marinha do município, deve ser precedido por avaliação dos impactos do empreendimento no sistema viário e de transportes local, sobretudo porque as obras rodoviárias do estado possuem um histórico bastante questionável quando se trata de Baixada Santista, em virtude da falta de complementação da estrutura viária local, como no caso da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes, e de indução da ocupação em áreas sem aptidão, como no caso dos bairros Cota, em Cubatão. 108 Por último, deve ser destacado que a informação da Prefeitura de que foram realizadas obras viárias no eixo da Estrada Gentil Perez e Rua São Carlos, principais vias de aceso ao Jardim Coronel, bairro com ocupação esparsa e de baixa densidade, situado ao norte dos bairros Sabaúna e Umuarama, e também da SP-55, e a oeste do Rio Branco, onde houve pavimentação das vias marginais. Contudo, o projeto da intervenção não foi apresentado. 10. HABITAÇÃO E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA A questão habitacional é um dos temas estratégicos na construção do diagnóstico sócio ambiental e deve ser pensada em articulação com as demais políticas urbanas. É fundamental dar atenção especial à questão do acesso à terra urbanizada e à dinâmica urbana como um eixo estratégico para a implementação das propostas de política habitacional. A questão da habitação é, fundamentalmente, um problema urbano. Além de não ser possível produzir moradias sem uma base fundiária, o uso residencial ocupa a maior parte das cidades, com fortes relações com as políticas de ordenamento territorial, mobilidade e saneamento. Neste sentido, a descrição e análise das problemáticas habitacionais buscam compreender as características da precariedade habitacional, os impactos urbanos e ambientais da sua localização e associá-las às outras problemáticas urbanas e sociais de forma a construir uma leitura conjunta e intersetorial que contribua para a construção de um programa de ações que efetivamente contribuam para a melhoria da qualidade urbana e habitacional na região. Para tanto, abordaremos em um primeiro momento, as diretrizes norteadoras da política nacional de habitação, a partir da qual serão direcionadas nossas análises. Em seguida apresentamos uma caracterização dos assentamentos precários no município de Itanhaém, a partir do Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) elaborado ao longo de 2011, qualificando esses espaços precários no município. No item sobre necessidades habitacionais, apresentamos os números que resumem as carências municipais, que associadas à descrição e análise da atuação do poder público frente à problemática habitacional, resulta no item pontos críticos no atendimento habitacional. Por fim realizamos uma avaliação do arcabouço legal vigente, suas potencialidades e limitações frente às problemáticas apontadas. 10.1. Assentamentos precários e informais A precariedade habitacional nas cidades brasileiras está diretamente associada ao modelo de produção e ocupação desigual dos espaços urbanos. Os assentamentos precários, que incluem favelas, loteamentos irregulares ou outras formas de ocupação do território de forma precária e irregular são expressão espacial destes processos. O município de Itanhaém apresenta um desequilíbrio social na distribuição da população em seu território, onde sua organização espacial apresenta contornos e limites socioeconômicos, com a clara divisão da cidade por faixas de renda. Esse desequilíbrio aponta a classe social de média e alta renda habitando áreas valorizadas de ocupação mais antiga e central, próxima ao Rio Itanhaém, onde estão os principais 108 Entrevista realizada em 14 de setembro de 2012. equipamentos urbanos, infraestruturas de água e esgoto, edifícios institucionais e históricos. São nessas áreas que o município apresenta os melhores índices de desenvolvimento urbano. A faixa do território que vai da rodovia até a orla apresenta predominantemente casas de veraneio, fruto do turismo balneário, uma das principais atividades econômicas do município, enquanto que a faixa em direção à Serra, abriga em geral, população local e de mais baixa renda, com predominância de casas de chácaras e moradias precárias em áreas invadidas. Essa faixa é pouco servida de infraestrutura e equipamentos públicos. Segundo o PLHIS: “...quanto à distribuição da população no Município, Itanhaém apresenta duas características relevantes: i) a população de baixa renda encontra-se dispersa no território e, ii) de modo geral, está ancorada aos parâmetros urbanísticos exigidos pela municipalidade, ou seja, mesmo as habitações precárias possuem a demarcação do lote e a efetivação dos recuos.” O município de Itanhaém possui clara divisão do território, cuja organização espacial é desenhada pela Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, conforme figuras abaixo. Mapa __ – Territorialização da População por Faixa de Renda no Município (0,5 a 1 s.m)– 2000 Fonte: PLHIS, Prefeitura Municipal de Itanhaém, 2011. Mapa __ – Territorialização da População por Faixa de Renda no Município (mais de 20 s.m.) – 2000 290 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Fonte: PLHIS, Prefeitura Municipal de Itanhaém, 2011. A falta de recursos financeiros das famílias de menor renda – principalmente as que ganham entre 0 e 3 salários mínimos - reflete diretamente no local de suas moradias. Impossibilitadas de ter acesso à terra urbanizada e à moradia digna através do mercado formal de compra de terrenos e moradia, essas famílias são obrigadas a buscar áreas da cidade onde o preço da terra é mais barato, ou onde a terra não possui valor de mercado justamente por não ser ocupável do ponto de vista da legislação municipal ou por impedimentos ambientais. Sendo assim, as áreas onde se instalam famílias de baixa renda possuem geralmente falta ou inexistência de infraestrutura urbana, ou seja, não são providas de sistema de abastecimento de água e coleta de esgoto, de pavimentação e drenagem, e/ou não estão próximas a equipamentos públicos de atendimento como creches e escolas, postos de saúde e de atendimento social. A impossibilidade de acesso ao mercado formal de terras gera muitas vezes, além da formação de ocupações irregulares e clandestinas, sérios danos ao meio ambiente quando as áreas ocupadas são de proteção ambiental, áreas suscetíveis a riscos geológicos, ou próximas a rios e córregos, que também resulta na construção de habitações precárias, predominantemente autoconstruídas com materiais e técnicas não adequadas. A Prefeitura de Itanhaém, através de levantamentos realizados no ano de 2011, identificou a presença a 84 núcleos de assentamentos precários e irregulares no município, decorrentes de invasões de áreas públicas e particulares, bem como, irregularidades físicas e fundiárias de loteamentos. Estima-se que esses núcleos abrigam cerca de 5.175 famílias e abrangem um total de 2.167.058m² de área. A relação dos 84 núcleos encontra-se na Tabela __ a seguir. Tabela __ – Assentamentos precários no município. N° da Denominação Área Bairro/Loteamentos Área Total (m²) Nº Total de Lotes PMI 1 Área I Chácara das Tâmaras 5.327 20 2 Área II Chácara das Tâmaras 15.212 40 3 Área I Balneário Waldemar Rebelo 18.435 71 4 Área I Jardim Lindomar 20.126 19 5 Quadra "19" Jardim Luizamar 1° Gleba 5.633 8 6 Quadra "21" Jardim Luizamar 1° Gleba 7.628 24 7 Quadra "22" Jardim Luizamar 1° Gleba 10.397 35 8 5 Áreas Públicas Jardim Luizamar mirim - gleba 2 20.118 113 9 Área I Jardim Fazendinha 9.011 26 10 Área II Jardim Fazendinha 6.990 0 11 Área III Jardim Fazendinha 3.227 8 12 Área I Umuarama - Parque Itanhaém 82.779 369 13 Área I Cidade Jardim Coronel 67.933 59 14 Área I Estância Beira Mar 3.707 26 15 Área II Estância Beira Mar 1.496 9 16 Área III Estância Beira Mar 7.803 33 17 Área IV Estância Beira Mar 1.297 6 18 Área V Estância Beira Mar 3.476 31 19 Área I Vila Suarão S/I S/I 20 Área Nucleada Jd das Palmeiras II 12.324 128 21 Área Nucleada Jd das Palmeiras II 10.434 53 22 Área Nucleada Jd das Palmeiras II 51.823 120 23 Área A Balneário Novaro 2.652 24 Àrea B Balneário Novaro 6.949 25 Área C Balneário Novaro 5.400 26 Área nucleada Jardim Italmar 6.564 35 27 Área desafetada em 1988 Parque Balneário Itanhaém 19.795 45 28 Área desafetada em 1996 Parque Balneário Itanhaém 12.695 50 29 Área nucleada Balneário San Marcos 19.329 20 30 Área A Balneário São Jorge 8.279 9 31 Área B Balneário São Jorge 6.217 0 32 Área C Balneário São Jorge 10.417 42 33 Área D Balneário São Jorge 15.847 11 34 Área E Balneário São Jorge 8.416 9 35 Área F Balneário São Jorge 14.343 21 36 Área G Balneário São Jorge 26.829 0 37 Área H Balneário São Jorge 3.424 4 38 Área nucleada Jardim Sabauna 9.989 24 39 Área I Balneário Jóia do Atlantico 13.589 13 18 292 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 40 Área II Balneário Jóia do Atlantico 18.254 75 41 Área nucleada Balneário Iemanjá 6.978 89 42 Área H Balneário Gaivota 14.581 40 43 Área J Balneário Gaivota 12.894 48 44 Área C Balneário California 11.274 10 45 Área D Balneário California 4.775 3 46 Área A Jardim Cibratel 16.952 38 47 Área B Jardim Cibratel 22.755 50 48 Área C Jardim Cibratel 15.533 35 49 Área nucleada Jardim das Palmeiras I 18.635 62 50 Area I Jardim Fênix 4.453 0 51 Área I Jardim Corumbá 3.812 34 52 Área II Jardim Corumbá 2.117 5 53 Área III Jardim Corumbá 4.975 18 54 Área IV Jardim Corumbá 5.250 7 55 Área V Jardim Corumbá 9.166 20 56 Área I Jardim América 12.096 49 57 Área II (posterior) Jardim América 4.173 18 58 Área Nucleada Chácara Italmar 24.315 4 59 Área Nucleada Balneário Pouso Alegre 17.601 0 60 Nova Itanhaém Vila Nova Itanhaém 19.018 26 61 Jd. Oásis Jardim Oásis 739.811 1449 62 Sistema Viário Chácara Cibratel - 53 63 Área nucleada Jardim Diplomata 2.982 9 64 Área nucleada Jardim Magalhães 23.122 65 65 Área nucleada Jardim das Palmeiras III 18.971 15 66 Área nucleada Jardim das Palmeiras III 22.243 18 67 Área nucleada Jardim Regina 4.716 1 68 Área nucleada Jardim . São Fernando III 5.831 36 69 Área nucleada Jardim Ivoty 17.183 75 70 Área nucleada Jardim Tanise 19.735 15 71 Área Nucleada Jardim Rio do Poço 1 26.824 182 72 Área Nucleada Jardim Rio do Poço 2 115.587 126 73 Área Nucleada Est. Bal. de Itanhaém 38.437 132 74 Área Nucleada Estância São Pedro 5.696 24 75 Área nucleada Estância São Pedro 12.623 53 76 Área nucleada Jd. São João 4.012 2 77 Área nucleada Nova Jerusalem 43.663 97 78 Área nucleada Pouso Alegre 55.840 195 79 Área nucleada Aguapeu 23.146 64 80 Área nucleada Pq. Laranjeiras 32.446 113 81 Área nucleada Pq. Real 20.849 50 82 Área nucleada Pq. Vergara 67.224 23 83 Área nucleada Jd. Maranata 60.600 133 84 Área nucleada Conjunto Aguapeu (CDHU) - 115 2.167.058 5.175 TOTAL Fonte: PLHIS Itanhaém, 2011. Conforme pode ser verificado no Mapa __ a seguir, essas áreas encontram-se predominantemente nos loteamentos Chácara das Tâmaras, Jardim Lindomar, Jardim Luzimar, Jardim Fazendinha, Umuarama, Estância Beira Mar, Balneário Novaro, Jardim das Palmeiras, Balneário São Jorge, Balneário Iemanjá, Balneário Gaivota, Jardim Cibratel, Jardim Corumbá e Jardim América, com ocorrências pontuais em alguns outros bairros e loteamentos. Observa-se que os assentamentos estão localizados em áreas periféricas do município, beirando córregos e APPs e ocupando áreas de risco, predominantemente na faixa entre a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega e a Serra do Mar, conforme citado anteriormente. Esse padrão de ocupação, decorrente nas cidades brasileiras, é resultado do modelo de produção desigual dos espaços urbanos, onde a população de baixa renda, sem acesso a terra urbana em grande parte de áreas da cidade, acabam por ocupar as áreas periféricas, áreas de risco e proteção ambiental. Mapa__ – Distribuição dos Assentamentos Precários e Irregulares no município, 2011. Fonte: Prefeitura Municipal de Itanhaém, 2012. 294 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Os primeiros registros de ocupações precárias e irregulares de baixa renda no município são da década de 1980, segundo levantamento da prefeitura municipal. Durante este período iniciou-se no município um intenso processo de ocupações de áreas públicas, como alternativa habitacional para as classes de baixa renda em vários pontos afastados da cidade. Na década de 1990 houve o agravamento e o adensamento dessas áreas, bem como, o surgimento da maioria das ocupações precárias presentes atualmente. Iniciava-se assim no município um fenômeno que vem se intensificando nos últimos anos, com a lógica de ocupação pautada no mercado imobiliário que influencia o processo de segregação socioespacial que pressionando a população de menor poder aquisitivo às áreas mais afastadas. A grande maioria das invasões de áreas públicas ocorreu na década de 1990, representando 86,54% do total109, conforme pode ser observado no Gráfico __ abaixo. Gráfico __ – Décadas de ocupação dos assentamentos precários. Fonte: PLHIS, 2011. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Os assentamentos precários estão localizados predominantemente nas zonas Z.2, Z.3, Z.5 e Z.6: - Z.2 – uso predominantemente residencial de densidade demográfica média; - Z.3 – uso misto, de densidade demográfica média e alta; - Z.6 – zona de transição ambiental, uso predominantemente residencial, de densidade demográfica baixíssima. Os assentamentos precários estão, portanto, situados zonas onde o uso residencial é possível, mas cabe ressaltar que esse uso não possui necessariamente, os parâmetros de ocupação determinados para as zonas. Mapa__ – Distribuição dos Assentamentos Precários e Zoneamento. 109 Esses dados englobam apenas 52 dos 84 assentamentos precários, devido à falta de informações do restando dos núcleos. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Para fins de caracterização dessas áreas precárias e irregulares, abordaremos questões referentes à situação fundiária dos núcleos, deficiência quanto à presença de infraestrutura e restrições ambientais quanto à ocupação. Conforme citado anteriormente, os assentamentos precários e irregulares de Itanhaém são áreas fruto de invasões de propriedades públicas e particulares que carecem de regularidade física e fundiária, bem como, fruto de ocupações de áreas impróprias como áreas de APP, beira de córregos, áreas sujeitas à riscos de inundação e escorregamentos, etc. Com relação à propriedade de terra dessas áreas, temos que, do total de 84 núcleos, 80 ocupam áreas públicas, com um total de 2.034.777,0m² e 4.753 lotes, e 04 ocupam áreas particulares, com um total de 132.281,0m² e 422 lotes representando respectivamente, 95,23% e 4,77% do total, conforme pode ser observado no Gráfico __ e Tabela __ abaixo: Gráfico __– Assentamentos Precários e Propriedade de terra. Fonte: PLHIS Itanhaém, 2011. Elaboração: Instituto Polis, 2012. 296 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Tabela __– Assentamentos precários e Propriedade de terra. N° da Área Denominação Área Total (m²) Nº Total de Lotes - PMI Propriedade de terra 1 Área I 5.327 20 Pública 2 Área II 15.212 40 Pública 3 Área I 18.435 71 Pública 4 Área I 20.126 19 Pública 5 Quadra "19" 5.633 8 Pública 6 Quadra "21" 7.628 24 Pública 7 Quadra "22" 10.397 35 Pública 8 5 Áreas Públicas 20.118 113 Pública 9 Área I 9.011 26 Pública 10 Área II 6.990 0 Pública 11 Área III 3.227 8 Pública 12 Área I 82.779 369 Pública 13 Área I 67.933 59 Pública 14 Área I 3.707 26 Pública 15 Área II 1.496 9 Pública 16 Área III 7.803 33 Pública 17 Área IV 1.297 6 Pública 18 Área V 3.476 31 Pública 19 Área I S/I S/I Pública 20 Área Nucleada 12.324 128 Pública 21 Área Nucleada 10.434 53 Pública 22 Área Nucleada 51.823 120 Pública 23 Área A 2.652 24 Àrea B 6.949 25 Área C 5.400 26 Área nucleada 6.564 35 Pública 27 Área desafetada em 1988 19.795 45 Pública 28 Área desafetada em 1996 12.695 50 Pública 29 Área nucleada 19.329 20 Pública 30 Área A 8.279 9 Pública 31 Área B 6.217 0 Pública 32 Área C 10.417 42 Pública 33 Área D 15.847 11 Pública 34 Área E 8.416 9 Pública 35 Área F 14.343 21 Pública 36 Área G 26.829 0 Pública 37 Área H 3.424 4 Pública Pública 18 Pública Pública 38 Área nucleada 9.989 24 Pública 39 Área I 13.589 13 Pública 40 Área II 18.254 75 Pública 41 Área nucleada 6.978 89 Pública 42 Área H 14.581 40 Pública 43 Área J 12.894 48 Pública 44 Área C 11.274 10 Pública 45 Área D 4.775 3 Pública 46 Área A 16.952 38 Pública 47 Área B 22.755 50 Pública 48 Área C 15.533 35 Pública 49 Área nucleada 18.635 62 Pública 50 Area I 4.453 0 Pública 51 Área I 3.812 34 Pública 52 Área II 2.117 5 Pública 53 Área III 4.975 18 Pública 54 Área IV 5.250 7 Pública 55 Área V 9.166 20 Pública 56 Área I 12.096 49 Pública 57 Área II (posterior) 4.173 18 Pública 58 Área Nucleada 24.315 4 Pública 59 Área Nucleada 17.601 0 Pública 60 Nova Itanhaém 19.018 26 Pública 61 Jd. Oásis 739.811 1449 Pública 62 Sistema Viário - 53 Pública 63 Área nucleada 2.982 9 Pública 64 Área nucleada 23.122 65 Pública 65 Área nucleada 18.971 15 Pública 66 Área nucleada 22.243 18 Pública 67 Área nucleada 4.716 1 Pública 68 Área nucleada 5.831 36 Pública 69 Área nucleada 17.183 75 Pública 70 Área nucleada 19.735 15 Pública 71 Área Nucleada 26.824 182 Pública 72 Área Nucleada 115.587 126 Pública 73 Área Nucleada 38.437 132 Pública 74 Área Nucleada 5.696 24 Pública 75 Área nucleada 12.623 53 Pública 76 Área nucleada 4.012 2 Pública 77 Área nucleada 43.663 97 Pública 78 Área nucleada 55.840 195 Particular 79 Área nucleada 23.146 64 Particular 298 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 80 Área nucleada 32.446 113 Particular 81 Área nucleada 20.849 50 Particular 82 Área nucleada 67.224 23 Pública 83 Área nucleada 60.600 133 Pública 84 Área nucleada - 115 Pública Fonte: PLHIS Itanhaém, 2011. Figura __ –Assentamentos precários e irregulares e suas propriedades de terra. Fonte: PLHIS, 2011. Figura __ – Núcleo em área pública: Chácara das Tâmaras. Fonte: Google Earth, 2012/AGEM, 2005. 300 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Figura __ – Núcleo em área particular: Fazendinha Laranjeiras. Fonte: Google Earth, 2012/AGEM, 2005. Quanto aos serviços de infraestrutura dos assentamentos precários e irregulares, segundo levantamento realizado pelo PLHIS , estima-se que a maioria dos núcleos possuem serviços de energia elétrica e pontos de coleta de lixo próximos. Por outro lado, poucos núcleos possuem total cobertura de pavimentação, e nenhum dos núcleos possui rede coletora de esgoto sanitário, sendo este lançado diretamente nos córregos e mangues, acelerando o processo de degradação ambiental. Podemos observar ainda nos gráficos e tabela a seguir, que 63,80% dos núcleos possuem cobertura parcial de pavimentação, 63,80% possuem cobertura parcial de abastecimento de água, 84,49% possui total cobertura de energia elétrica110. Gráfico __ – Assentamentos Precários e Cobertura de Pavimentação. Fonte: PLHIS Itanhaém, 2011.Elaboração: Instituto Polis, 2012. 110 As porcentagens calculadas abrangeram somente 58 dos 84 núcleos de assentamentos precários, devido a indisponibilidades dos restante dos núcleos. Gráfico __ – Assentamentos Precários e Cobertura de Rede de Abastecimento de água. Fonte: PLHIS Itanhaém, 2011. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Gráfico __ – Assentamentos Precários e Cobertura de Energia elétrica. Fonte: PLHIS Itanhaém, 2011. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Tabela __ – Assentamentos precários e Infraestrutura. N° Área da Denominação Infraestrutura Pavimentação Água Esgoto Energia Lixo 1 Área I Existente Existente Inexistente Existente Existente 2 Área II Existente Existente Inexistente Existente Existente 3 Área I Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 4 Área I Parcial Parcial Inexistente Parcial Existente 5 Quadra "19" Inexistente Parcial Inexistente Parcial Existente 6 Quadra "21" Inexistente Parcial Inexistente Parcial Existente 7 Quadra "22" Inexistente Parcial Inexistente Parcial Existente 8 5 Áreas Públicas Inexistente Parcial Inexistente Parcial Existente 9 Área I Parcial Existente Inexistente Existente Existente 10 Área II Parcial Existente Inexistente Existente Existente 11 Área III Parcial Existente Inexistente Existente Existente 12 Área I Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 13 Área I Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 14 Área I Existente Existente Inexistente Existente Existente 15 Área II Existente Existente Inexistente Existente Existente 16 Área III Existente Existente Inexistente Existente Existente 17 Área IV Existente Existente Inexistente Existente Existente 18 Área V Existente Existente Inexistente Existente Existente 19 Área I Parcial Parcial Inexistente Parcial Existente 302 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 20 Área Nucleada Inexistente Parcial Inexistente Parcial Existente 21 Área Nucleada - - - - - 22 Área Nucleada - - - - - 23 Área A Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 24 Àrea B Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 25 Área C Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 26 Área nucleada Parcial Existente Inexistente Existente Existente 27 Área desafetada em Parcial 1988 Existente Inexistente Existente Existente 28 Área desafetada em Parcial 1996 Existente Inexistente Existente Existente 29 Área nucleada Inexistente Parcial Inexistente Parcial Existente 30 Área A Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 31 Área B Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 32 Área C Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 33 Área D Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 34 Área E Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 35 Área F Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 36 Área G Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 37 Área H Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 38 Área nucleada Existente Existente Inexistente Existente Existente 39 Área I - - - - - 40 Área II - - - - - 41 Área nucleada Parcial Existente Inexistente Existente Existente 42 Área H Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 43 Área J Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 44 Área C Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 45 Área D Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 46 Área A Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 47 Área B Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 48 Área C Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 49 Área nucleada Inexistente Parcial Inexistente Existente Existente 50 Area I Inexistente Parcial Inexistente Parcial Existente 51 Área I Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 52 Área II Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 53 Área III Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 54 Área IV Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 55 Área V Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 56 Área I Inexistente Existente Inexistente Existente Existente 57 Área II (posterior) Inexistente Existente Inexistente Existente Existente 58 Área Nucleada Parcial Parcial Inexistente Existente Existente 59 Área Nucleada - - - - - 60 Nova Itanhaém - - - - - 61 Jd. Oásis - - - - - 62 Sistema Viário - - - - - 63 Área nucleada - - - - - 64 Área nucleada - - - - - 65 Área nucleada - - - - - 66 Área nucleada - - - - - 67 Área nucleada - - - - - 68 Área nucleada - - - - - 69 Área nucleada Inexistente Existente Inexistente Existente Existente 70 Área nucleada - - - - - 71 Área Nucleada - - - - - 72 Área Nucleada - - - - - 73 Área Nucleada - - - - - 74 Área Nucleada - - - - - 75 Área nucleada - - - - - 76 Área nucleada - - - - - 77 Área nucleada - - - - - 78 Área nucleada - - - - - 79 Área nucleada - - - - - 80 Área nucleada Parcial Existente Inexistente Existente Existente 81 Área nucleada - - - - - 82 Área nucleada Inexistente Existente Inexistente Existente Existente 83 Área nucleada Inexistente Existente Inexistente Existente Existente 84 Área nucleada - - - - - Fonte: PLHIS, 2011. Se analisarmos dados do IBGE referente aos domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água segundo setores censitários, podemos verificar que parte dos núcleos se insere em setores com taxas de 2550% e 50-100% e os núcleos mais afastados se inserem nos setores de 0-25%. Mapa __ – Distribuição dos Assentamentos Precários e sua relação com os percentuais de domicílios ligados à Rede Geral de Abastecimento de Água segundo Setores Censitário-IBGE 2010. 304 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Podemos também verificar, se analisarmos dados do IBGE referente aos domicílios ligados à rede coletora de esgoto segundo setores censitários, que a grande maioria dos núcleos se inserem em setores de 0-25%, confirmando a carência deste serviço nas áreas precárias e irregulares. Mapa __ – Distribuição dos Assentamentos Precários e sua relação com os percentuais de domicílios ligados à Rede Coletora de Esgoto ou de Águas Pluviais segundo Setores Censitário-IBGE 2010. Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Figura __ – Núcleos Jardim Maranata e Jardim Ivoty que carecem que serviços de infraestrutura. Fonte: AGEM, 2005. Segundo dados a Prefeitura Municipal de Itanhaém e AGEM111, parte dos núcleos está localizada em áreas de APP próximas a corpos d’água, sendo esta uma das principais características dos assentamentos precários do 111 P.R.I.M.A.H.D. – Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Desconformes da Região Metropolitana da Baixada Santista. AGEM, 2005. 306 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 município. São ocupações precárias com construções em alvenaria e madeira, que como observado acima, carecem de infraestrutura como abastecimento de água potável, esgotamento sanitário e pavimentação, além de representarem situações de alta degradação ambiental. Um dos problemas mais graves nesse tipo de ocupação é a ausência de rede coletora de esgoto, que faz com que, em muitos casos, o esgoto seja lançado in natura nos córregos, constituindo-se de um grave fator de poluição ambiental. Essas situações, além de representarem alto nível de degradação ambiental, caracterizam péssimas condições de habitabilidade, além do aparecimento de diversas doenças ligadas à falta de saneamento. Figura __– Núcleo Fazendinha Laranjeiras e suas ocupações em mangue. Fonte: Google Earth, 2012/AGEM, 2005. Figura __ – Núcleo Jardim Cibratel e suas ocupações em mangue. Fonte: Google Earth, 2012/AGEM, 2005. Observa-se também alguns núcleos localizados em áreas de mangues, como os núcleos Chácara das Tâmaras e Jardim América, somando-se 127 domicílios e 36.808m² de área ocupada, sendo também todos eles núcleos em áreas de APP. São habitações precárias sem condições de habitabilidade que apresentam as mesmas características das ocupações em beiras de córregos, como ausência de infraestrutura e problemas relacionados ao meio ambiente e saúde da população. Figura __ – Núcleo Jardim América e suas ocupações em mangue. Fonte: Google Earth, 2012/AGEM, 2005. Figura __ – Núcleo Chácara das Tâmaras. Fonte: Google Earth, 2012/AGEM, 2005. Além das restrições de ocupação relacionadas às áreas de mangue e córregos, observa-se também as restrições quanto aos riscos geológicos de escorregamentos e inundações, que foram identificadas e mapeadas pelo Instituto Geológico no ano de 2007, que é utilizado pela Prefeitura de Itanhaém como principal instrumento de identificação e gerenciamento das situações de risco em áreas residenciais. Foram identificados 22 setores de risco, sendo 19 associado à inundação com diferentes graus de risco (baixo, médio, alto e muito alto) e apenas 03 setores associado à escorregamento, sendo que 01 apresentam risco médio e apenas 01 com risco alto. Verifica-se também que 26% das áreas de risco de inundações foram classificadas com graus de risco baixo, 37% com grau de risco médio, 32% com grau de risco alto e 5% com grau de risco muito alto. Observa-se no Mapa abaixo que a grande parte dos núcleos de assentamentos precários insere-se em setores de risco relacionados à inundação, em bairros como Ivoty, Anchieta, Oásis, Tropical, Guapiranga, Umuarama, Gaivota e Jamaica. Segundo levantamento realizado pelo PLHIS, 48 núcleos possuem ocupações afetadas por escorregamentos e ocupações em áreas de APP e o total de domicílios que necessitarão ser removidos é de 1.127. 308 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Mapa __ – Setores de Risco segundo levantamento realizado pelo IG/CEDEC, 2007. Fonte: Prefeitura Municipal de Itanhaém 2012. Podemos ainda visualizar a divisão socioespacial que existe no município se analisarmos a espacialização dos rendimentos nominais médios dos responsáveis pelos domicílios por setor censitário segundo IBGE 2010. É possível verificar a baixa renda que predomina nesses núcleos de assentamentos precários que se inserem em setores que predominam as faixas de renda de 0 a 1 e de 1 a 3 salários mínimos, confirmando a baixa renda da população. Percebe-se que a população de média e baixa renda é predominante em vários pontos do território, principalmente nos Bairros Oásis, Chácara Cibratel e Jardim Coronel. Já os responsáveis domiciliares com maiores rendimentos se concentram claramente nas faixas de terra próximas à orla, em bairro como Cibratel, Praia dos Sonhos, Centro e Nova Itanhaém. Mapa __ – Assentamentos Precários e Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários – 2010. Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Em relação às diretrizes da política urbana relativas à função social da propriedade e da cidade, com vistas a garantir terra urbanizada para as famílias de baixa renda, evitando ou minimamente mitigando o crescimento da fixação de famílias nos assentamentos precários, o Plano Diretor112 discorre como diretriz da política de ordenamento, parcelamento, uso e ocupação do solo, a criação de zonas de interesse social para habitação popular. No entanto não há demarcação para essas zonas. Um estudo que pode nortear a identificação de zonas especiais de interesse social voltadas à produção de moradia popular é a identificação elaborada pelo PLHIS, de vazios urbanos, cujas características favorecem a produção de HIS113, conforme figura aba 112 Lei Complementar n° 30 de 12 de janeiro de 2000 PLHIS: “Para tanto, foram marcadas áreas desocupadas por meio de foto aérea, datada de 2006 e fornecida pela SHDS. Foram então selecionados somente os vazios urbanos que viabilizassem conjuntos horizontais de mais de 400 unidades, conforme orientação da PMI. Além disso, adotou-se como parâmetros (i) um raio de até 3 quilômetros da Rodovia no sentido da Serra - por configurar, segundo a PMI, o perímetro desejável de expansão –, (ii) o mapa de zonas de uso e (iii) a planta genérica de valores atualizada em 2010. Tais parâmetros resultaram na escolha de vazios, com teto de R$ 80,00 o metro quadrado, em zonas de uso predominantemente residencial de média densidade (Z2) e, em sua maioria, já previamente loteados. Desta maneira, para fins iniciais de estudo, foram levantadas 08 áreas que variam de 58.566,97m² a 924.827 m²”, 113 310 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Mapa __ - Vazios Urbanos de Itanhaém - Elaboração: PEC Consultoria e Projetos Ltda., 2011. Fonte: PLHIS 2011. 10.5. A legislação Municipal e a Questão Habitacional A regulamentação da política habitacional de Itanhaém tem diversas lacunas, não contando com os instrumentos de gestão necessários a adesão ao SNHIS, por não ter um Plano Municipal de Habitação, bem como não há a regulamentação nem previsão dos instrumentos necessários a implementação de uma política habitacional que considere a necessidade de produção de habitação de interesse social e regularização fundiária de assentamentos informais ocupados por população de baixa renda. A regulamentação da política habitacional conta apenas com o Plano Diretor, que se limita a definir as diretrizes da política habitacional e com a lei que cria o Fundo Municipal de Habitação e seu Conselho Gestor. O Plano Diretor do Município de Itanhaém estabelece como diretriz da política habitacional: • buscar e promover soluções diversificadas para a oferta de moradia, objetivando o atendimento dos diversos segmentos da população; • realizar gestões para a garantia de recursos financeiros para investimento em habitações de interesse social, captando-os em fontes privadas ou governamentais, concentrando a ação do Estado para projetos de grande porte e a ação municipal em projetos de pequeno porte, como condomínios horizontais; • legalizar e urbanizar, quando possível e conveniente, núcleos de assentamentos populares, para reordenamento físico de áreas ocupadas de forma inadequada ou irregular, a exemplo do Jardim Oásis; • priorizar o acesso à moradia para a população de baixa renda, especialmente aquela hoje situada em áreas de preservação ambiental ou em habitações precárias; • promover, apoiar e orientar formas alternativas para obtenção de moradias, seja pela aquisição, locação, auto construção, associação ou cooperação entre os futuros moradores; • estimular a participação da iniciativa privada e da sociedade civil na produção e recuperação de habitações de interesse social, utilizando-se dos instrumentos de parcelamento, conjuntos habitacionais, condomínios agrupados horizontalmente e edificações de interesse social; • identificar no zoneamento áreas para implantação de habitações de interesse social; • introduzir a figura do agente municipal de habitação nos conjuntos habitacionais para intermediar as ações entre os moradores e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo. Apesar de definir as diretrizes da política habitacional, o Plano Diretor, não prevê a instituição das ZEIS nem mesmo dos instrumentos de regularização fundiária, previsto na Lei Federal 11977/09. A lei que cria o Fundo Municipal e seu Conselho Gestor merece alguns comentários relacionados à adesão ao SNHIS e a articulação da aplicação dos recursos com os objetivos da política habitacional. Em primeiro lugar cumpre esclarecer que a composição do conselho não garante a possibilidade de adesão ao SNHIS, apesar da lei expressar esse objetivo, visto que não prevê a representação de movimentos populares de no mínimo 25%, o que, no entanto, pode ser resolvido em sua regulamentação. Com relação à articulação da aplicação dos recursos com os objetivos da política habitacional, chama a atenção o fato de o Conselho Gestor do Fundo não ter relação ou atribuição ligada a definição da política habitacional, nem haver qualquer menção à instância participativa que definirá as prioridades e regras para execução da política habitacional. São competências do Conselho Gestor do Fundo definidas pelo artigo: • estabelecer diretrizes e fixar critérios para a priorização de linhas de ação, alocação de recursos do FMHIS e atendimento dos beneficiários dos programas habitacionais, observado o disposto nesta Lei, a política e o plano municipal de habitação; • aprovar orçamentos e planos de aplicação e metas anuais e plurianuais dos recursos do FMHIS; • fixar critérios para a priorização de linhas de ações; • deliberar sobre as contas do FMHIS; • dirimir dúvidas quanto à aplicação das normas regulamentares, aplicáveis ao FMHIS, nas matérias de sua competência; • aprovar seu regimento interno. A aplicação dos recursos do fundo, estão alinhadas com a Lei Federal que institui o SNHIS abrangendo a possibilidade de realização por meio dos recursos do fundo das ações necessárias à implementação de uma política de regularização fundiária e de produção de habitação de interesse social. Os recursos do fundo poderão ser aplicados em programas de HIS que contemplem: • aquisição, construção, conclusão, melhoria, reforma, locação social e arrendamento de unidades habitacionais em áreas urbanas e rurais; • produção de lotes urbanizados para fins habitacionais; • urbanização, produção de equipamentos comunitários, regularização fundiária e urbanística de áreas caracterizadas de interesse social; • implantação de saneamento básico, infraestrutura e equipamentos urbanos, complementares aos programas habitacionais de interesse social; • aquisição de materiais para construção, ampliação e reforma de moradias; • recuperação ou produção de imóveis em áreas encortiçadas ou deterioradas, centrais ou periféricas, para fins habitacionais de interesse social; • outros programas e intervenções na forma aprovada pelo Conselho Gestor do FMHIS. 312 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 11 - SANEAMENTO AMBIENTAL 11.1 Sistema de Abastecimento de Água Potável Conforme o Relatório Final do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista (SABESP, 2011b, p.55), o município de Itanhaém era abastecido pelo sistema de produção composto pelas captações Moenda, Matão, Raminho e Antas, sendo as três primeiras localizadas no próprio município e a quarta em Mongaguá. Com a introdução do booster114 de Mongaguá, o sistema de abastecimento de água de Itanhaém passou a receber contribuição do sistema Melvi, localizado no município de Praia Grande, por intermédio de uma adutora com aproximadamente 21,0 km. O sistema de Itanhaém integra o Sistema Sul de Abastecimento de Água da Baixada Santista, segundo regionalização dos sistemas operados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP). Os demais sistemas desta regionalização são o Sistema Centro, que abastece Santos, São Vicente e Cubatão, e o Sistema Norte, composto por Guarujá, Bertioga e o bairro de Caruara, na Área Continental de Santos. O município de Itanhaém é abastecido por sistema público operado pela SABESP, criada em 1973, e que sucedeu a Companhia de Saneamento da Baixada Santista (SBS), empresa estadual criada em 1969, pelo encampamento do Serviço de Água de Santos e Cubatão (SASC), unidade do Departamento de Obras Sanitárias da Secretaria de Estado de Serviços e obras Públicas. A seguir apresenta-se uma visão da cobertura do referido sistema de abastecimento de água, no município de Itanhaém, segundo dados do Censo Demográfico 2010. 11.1.1 Cobertura do sistema públicos de abastecimento de água No que diz respeito à cobertura do sistema de abastecimento de água de Itanhaém, segundo dados do Censo Demográfico 2010, o mapa ___ abaixo apresenta o percentual de domicílios ligados à rede de abastecimento de água, em cada setor censitário, os quais foram classificados em cinco faixas de atendimento. Conforme este mapa observa-se que a cobertura do sistema público de abastecimento de água deste município encontra-se na faixa superior, entre 90% e 100%, na maior parte do território situado entre a praia e a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55) e em alguns setores censitários situados a noroeste desta via, entre o bairro de Sabaúna e a divisa com o município de Mongaguá. De modo geral, os setores em que há maior densidade demográfica encontram-se nesta faixa superior de cobertura. Contudo, a cobertura é incompleta em algumas áreas, em sua maioria situadas a noroeste da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, conforme detalhado a seguir: Um setor censitário situado no bairro Aguapeú, onde há ocupações esparsas; três pequenos setores situados nos bairros Jardim Suarão, Tropical e Oasis; vários setores que compõem a maior parte dos bairros Umuarama, Sabaúna e Cibratel Chácaras, com baixa densidade; e um setor no bairro Gaivota Interior, também com baixa densidade, nos quais a faixa de cobertura encontra-se entre 75% e 90%; Um pequeno setor situado no bairro Loty, próximo à divisa com Mongaguá; um grande setor no Jardim Coronel, com ocupações esparsas; um setor no Cibratel II; dois grandes setores situados nos bairros São Fernando Chácaras e Jamaica Interior; e dois setores localizados nos bairros Gaivota Praia e Gaivota Interior, nos quais a cobertura encontra-se na faixa entre 50% e 75%; Dois setores situados nos bairros Aguapeú e Jardim Suarão, em que praticamente não existem ocupações; três setores localizados no bairro Jardim Coronel, com ocupações esparsas, nos quais a cobertura encontra-se na faixa entre 25% e 50%; 114 Booster é um tipo de bomba que tem por objetivo aumentar a pressão da água para transportá-la para locais mais altos. Vários setores, sendo a maior parte de grandes dimensões, em áreas sem ocupação ou com ocupações esparsas, nos bairros Raminho, Suarão Interior, Aguapeú, Jardim do Coronel, Jardim Anchieta, São Fernando Interior, Jamaica Interior e Gaivota Interior, em que a cobertura situa-se na faixa entre 0% e 25%. Segundo o relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.48), o índice de cobertura do sistema público de Itanhaém era de 90%. Portanto, a cobertura do sistema de abastecimento de água de Itanhaém, apresentada acima, pode ser considerada satisfatória. Contudo, para uma análise ainda mais detalhada, é importante a avaliação do sistema público operado pela SABESP, que será objeto de análise adiante. Todavia, a existência de alguns setores com índice de atendimento inferior à faixa superior, demonstra que ainda está por ocorrer a universalização do atendimento em Itanhaém. Mapa ___. Itanhaém: Domicílios particulares permanentes com rede de abastecimento de água da rede geral. Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. Elaborado por: Instituo Pólis. A seguir, será caracterizado o sistema de abastecimento de água de Itanhaém e seus principais componentes, de forma a apontar os déficits em função da demanda atual e futuro, assim como os investimentos previstos para sua ampliação e aperfeiçoamento. 11.1.2 Caracterização do Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém De acordo com o Relatório Final da Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista da Região Sul (SABESP, 2011b, p.55), o sistema público de distribuição de água do município de Itanhaém, denominado Mambu, possuía 750,0 km de tubulações com diâmetros variando de 50 a 700 mm, e apresentava um índice de atendimento da ordem de 90%, segundo dados de dezembro de 2007. Na tabela ___ a seguir apresenta-se o número de ligações e economias, segundo o tipo, do referido sistema. Tabela ___. Sistema de Abastecimento de Itanhaém: Ligações e Economias (dez. 2007) 314 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Situação das lig./econ. Número de economias Número de ligações Res. Com. Ind. Publ. Total Ativa 51.251 2.135 56 157 53.599 50.294 Inativa 3.205 603 21 22 3.851 3.783 TOTAL 54.456 2.738 77 179 57.450 54.077 Fonte: Quadro Informativo C - Nº de Ligações e Economias ativas e inativas cadastradas e faturadas de Água e Esgoto, identificadas por Categoria, nos Municípios da BS, em dezembro/2007, apud Relatório Final – Volume V – Tomo 1, Formulação das Alternativas apud Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.55) A tabela ___ abaixo apresenta os quantitativos do sistema existente, característicos da setorização considerada pelo Sistema de Informações de Controle de Perdas da SABESP (SISPERDAS), referente a Itanhaém, demonstrando que os setores centrais concentram a maior parte das economias. Tabela ___. Indicadores do Sistema de Distribuição de Água de Itanhaém (dez. 2007) Setores SISPERDAS Número de economias (ativas) Número de ligações (ativas) Extensão de rede (km) Res. Não res. Total Jd. Itanhaém 12.331 337 12.668 12.550 179,4 Cibratel 14.131 745 14.876 12.887 192,7 Centro 11.557 859 12.416 11.358 172,3 Cabuçu 3.953 110 4.063 4.037 60,1 Suarão 9.279 296 9.575 9.462 142,7 TOTAL 51.251 2.347 53.598 50.294 747,2 Fonte: Quadro Informativo C - Nº de Ligações e Economias ATIVAS e INATIVAS Cadastradas e Faturadas de Água e Esgoto, identificadas por Categoria, nos Municípios da BS, em dezembro/2007, apud Relatório Final – Volume V – Tomo 1, Formulação das Alternativas apud Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.56) A referida setorização, apresentada no mapa ___ abaixo com os principais componentes do Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém, será detalhada e avaliada adiante. Mapa ___. Setorização existente do Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.66) Ainda segundo a mesma fonte (SABESP, 2011b, p.56), a tabela ___ a seguir apresenta a evolução do Índice de Perdas (IPDt), expresso pelo volume de perdas verificado por ligação a cada dia, entre 2002 e 2007, referente ao sistema de abastecimento de água de Itanhaém. Conforme estes dados observa-se que o índice de Itanhaém é inferior ao da região como um todo e apresentou redução, durante o período estudado, demonstrando seguir a mesma tendência verificada na Baixada Santista. Tabela ___. Evolução das Perdas no Sistema de Abastecimento de Água do Município de Itanhaém (2002 a 2007). Localidade Ano/IPDt (l/Lig. dia) 2002 2003 2004 2005 2006 2007 RMBS 733 746 621 629 566 563 Itanhaém 349 335 188 272 223 213 Relação Itanhaém/RMBS 48% 45% 30% 43% 39% 38% Fonte: SISPERDAS – SABESP apud Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.56) Na tabela ___ a seguir, apresenta-se a síntese das principais características do sistema de abastecimento de água de Itanhaém, consolidando-se as informações anteriormente expostas. Tabela ___. Resumo do Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém (dez/2007). Item Itanhaém Índice de Atendimento (%) 90 Índice de Perdas (IPDt) (l/Lig.dia) 213 316 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Índice de Perdas (%) 30 Nº Economias ativas (un) 53.598 Nº Ligações ativas (un) 50.294 Extensão de Rede (Km) 747,2 Fonte: SISPERDAS – SABESP apud Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.56) A seguir, será caracterizado e detalhado o Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém e posteriormente serão apresentadas as intervenções previstas para este sistema, com o objetivo de atender os déficits do balanço apontado, no tocante ao planejamento de intervenções da SABESP. 11.1.3 Caracterização do Sistema Mambu Segundo o Relatório Final do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, da Região Sul (SABESP, 2011b, p.57), o Sistema Produtor Mambu consiste na exploração de um único manancial de superfície, o Rio Mambu, afluente da margem direita do rio Branco. Segundo esta fonte, a captação de água bruta ocorre por barramento com um canal de tomada d’água direta localizada na margem direita. Esta barragem de nível e a captação estão localizadas na parte baixa da encosta da Serra do Mar, a 6,6 km do encontro do Rio Mambu com o Rio Branco. A barragem tem o corpo em concreto armado e foi construída sobre uma base rochosa, em local de topografia pouco acidentada, formando uma represa capaz de armazenar um volume aproximado de 25.000,0 m³. Na tabela ___ a seguir são apresentados os valores de captação outorgados e as vazões características das disponibilidades hídricas para esta captação, determinadas nos estudos hidrológicos apresentados no mencionado relatório, para o Sistema Produtor Mambu. Segundo estes dados, observa-se que a vazão outorgada apresenta expressivo déficit, em face da produção de longo período, na vazão crítica (Q7.10) e na vazão firme (Q95), tanto ao longo do ano, como no verão. Contudo, como será mencionado adiante, o novo sistema em implantação deve adequar a vazão de produção à vazão outorgada. Tabela ___. Vazões Outorgadas e Vazões Características das Captações do Sistema Produtor Mambu. CAPTAÇà O RECURS O HÍDRICO COORDENADA UTM (MC 45) N (km) ÁREA DE DRENAGE M TOTAL (km²) E (km) VAZÃO OUTOR -GADA Q LONGO PERÍODO (l/s) Q 7,10 (l/s) (L/s) REST.D O REST.D O VERÃO ANO Mambu R. Mambu (afl. do Rio Camburi ) 7.340,8 3 314,6 2 90 600,00 5.679,9 6 Q 95 (l/s) VERÃO ANO 10.390,1 4 1.301,3 8 REST.D O VERÃO ANO 2.074,0 2 1.543,3 4 2.834,7 3 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.57) De acordo com o relatório (SABESP, 2011b, p.58), a adutora de água bruta (AAB) do Sistema Produtor Mambu, com extensão total de 6.631,0 m e diâmetro de 700 mm de aço, originalmente operava como conduto forçado por gravidade com uma adução direta ao sistema de tratamento, Posto de Cloração (PC) Mambu. No entanto, a SABESP implantou o booster Mambu em ponto intermediário da AAB visando aumentar a vazão captada. Assim, a AAB passou a operar como conduto forçado com um trecho por gravidade, com diâmetro de 700 mm, em aço e 992,0 m de extensão, e outro por recalque, também com diâmetro de 700 mm, em aço e extensão de 5.639,0 m. No acesso ao sistema de tratamento, esta adutora se divide em duas linhas com diâmetro de 700 mm, para a alimentação de dois conjuntos de peneiras. De acordo com a mesma fonte, o booster Mambu está localizado na área da Fazenda Mambu, em Itanhaém, distando cerca de 1,0 km da captação. Esta unidade está instalada em paralelo a AAB existente, com uma válvula de retenção intercalada, permitindo a passagem direta do fluxo quando o booster é desligado. Contudo, quando o booster opera, a válvula de retenção é fechada e o sistema passa a operar com maior vazão de veiculação. O booster foi projetado para ampliar a vazão do sistema de 600,0 l/s, e 800,0 l/s em operação por gravidade, com dois conjuntos moto-bomba. Contudo, este sistema não atingia totalmente este objetivo, pois a vazão máxima recalcada era da ordem de 750,0 l/s. Segundo o documento, os motivos para a redução do desempenho era desconhecido, porém acreditava-se que isto ocorria devido às restrições na tomada de água da captação ou na capacidade da adutora de água bruta. Assim, na época da elaboração do relatório, a operação ocorria com válvulas parcialmente fechadas, de modo a não faltar água na sucção das bombas. Segundo a mesma fonte (SABESP, 2011b, p.59), no que concerne ao sistema de tratamento Mambu, este era dotado de um posto de cloração constituído por um sistema de peneiras auto-limpantes e um sistema de desinfecção, fluoretação e correção do pH. A partir desta unidade a água tratada é bombeada tanto para a rede de distribuição quanto para os centros de reservação de Itanhaém. A cloração era realizada com a utilização de cloro gasoso dosado no canal de entrada do poço de sucção da EEAT. A fluoretação ocorria com o uso de duas bombas dosadoras e a correção do pH era feita com hidróxido de sódio por meio de duas bombas dosadoras, cujo ponto de aplicação situava-se no mesmo local descrito anteriormente. Conforme mencionado, o Sistema Produtor Mambu operava com vazões em torno de 750,0 l/s e a verificação das vazões horárias medidas em 2007 indicou uma produção máxima de até 820,0 l/s. Contudo, conforme apresentado na tabela ___, a outorga da captação Mambu é de 600,0 l/s, portanto inferior ao produzido. No que diz respeito à adução de água tratada, segundo o citado relatório (SABESP, 2011b, p.59-62), a estação elevatória de água tratada (EEAT) Mambu, conforme já mencionado, localiza-se na área do PC Mambu e tem como poço de sucção um reservatório enterrado de 100,0 m³, que funciona também como tanque de contato, que operava com quatro conjuntos moto-bomba, com vazão de projeto de 200,0 l/s cada. Entretanto, cada conjunto elevatório operava com vazão de 250,0 l/s. Da mencionada EEAT parte uma linha com diâmetro de 700 mm, em aço, com cerca de 11,1 km de extensão, seguindo do sistema de tratamento até as proximidades do cruzamento da Rua Arariboia com a Estrada de Ferro. Esta AAT, denominada Mambu, é a principal linha de adução de água tratada do sistema e ao longo de seu percurso, além de sangrias para abastecimento de alguns bairros, existem derivações constituídas por tubulações de diâmetros inferiores que alimentam as redes de distribuição ou centros de reservação a partir dos quais é feita a alimentação das redes de distribuição. O estudo ressaltou que a referida AAT apresentava problemas de vazamentos, muito provavelmente causados pela existência de solo agressivo e falta de uma proteção adequada. A primeira derivação da AAT Mambu ocorre a 4.559,0 m em seu caminhamento a partir da EEAT Mambu. Neste ponto de origem da subadutora Moenda/Matão, com extensão de 7,9 km, percorre uma área de cultivo de banana por aproximadamente 3.860,0 m até alcançar a malha urbana, pela Estrada Coronel Joaquim Branco. A AAT segue junto a esta via com distribuição em marcha, abastecendo os Setores Cabuçu e Centro, por cerca de 4.000,0 m, até seu término, nas imediações do Reservatório Morro do Convento, o qual alimentava antigamente. Contudo, com a desativação do mesmo, a tubulação com diâmetro de 350 mm foi interligada à tubulação de saída do reservatório, com diâmetro de 500 mm. A subadutora Suarão/Mongaguá inicia-se no final da AAT Mambu e segue, sem sangrias, acompanhando a Avenida Sorocabana, por cerca de 2.298,0 m, até atingir o Reservatório Suarão, cujo abastecimento é realizado por meio de uma derivação com diâmetro de 500 mm, onde existe uma medição da vazão para aferir o abastecimento do Setor Suarão. Após esta derivação a subadutora segue acompanhando a Av. Sorocabana por mais 3.047,0 m, até atingir a divisa com Mongaguá, onde há medição de vazão, para computar a exportação de água pelo sistema Mambu 318 [C1] Comentário: Referência cruzada com a tabela Vazões Outorgadas e Vazões Características das Captações do Sistema Produtor Mambu. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 para este município. O estudo informa, ainda, que logo após a derivação para alimentação do reservatório Suarão há uma interligação com a tubulação de saída do booster Suarão, com diâmetro de 500 mm. Este booster está instalado na área do Centro de Reservação Suarão, com a finalidade de elevar a pressão na subadutora Suarão/Mongaguá visando reforçar o sistema de abastecimento de Mongaguá. Esta unidade é constituída por três conjuntos moto-bomba, com vazão de projeto de 150,0 l/s cada. Conforme a mesma fonte, assim como a subadutora Suarão/Mongaguá, a subadutora Jardim Itanhaém/Peruíbe parte do final da AAT Mambu, seguindo a Avenida Sorocabana por aproximadamente 4.885,0 m, até alcançar o Rio Itanhaém. Após cruzar o rio, junto à ponte ferroviária, a subadutora segue junto a Av. Sorocabana por aproximadamente 7.792,0 m, até o Reservatório Jardim Itanhaém. Segundo o relatório, o abastecimento desse reservatório é realizado por meio de uma derivação com diâmetro de 300 mm, com uma medição de vazão para computar o abastecimento do setor Jardim Itanhaém. Após esta derivação, a referida subadutora segue acompanhando a Av. Sorocabana por mais 10.040,0 m, até seu final no Booster Prados, em Peruíbe. No término dessa linha há um medidor de vazão para computar a exportação de água do sistema Mambu para Peruíbe. A subadutora Reservatório Cibratel, que também parte do final da AAT Mambu, também segue a Avenida Sorocabana, sentido Peruíbe, por cerca de 1.444,0 m, até atingir o booster Cibratel, após o qual estende-se por mais 2.580,0 m até atingir a Avenida João Batista Leal, onde recebe a interligação de uma rede com diâmetro de 500 mm. Assim, há uma interligação indireta dessa subadutora com a subadutora Moenda/Matão, formando um grande anel de rede primária na região central. Após esta interligação, a subadutora Reservatório Cibratel tem seu diâmetro reduzido para 500 mm e percorre mais 2.661,0 m até atingir o Reservatório Cibratel II. Ao longo desse trecho final, ela cruza o rio Itanhaém, junto à ponte ferroviária. Em seguida desta travessia, a cerca de 1.847,0 m antes de seu finalI, existe uma derivação para abastecimento da região antigamente abastecida pelo Reservatório Cibratel I, que hoje se encontra desativado. O booster Cibratel, instalado em paralelo à subadutora de alimentação do Reservatório Cibratel II, tem por finalidade possibilitar o abastecimento da região central e a alimentação do referido reservatório. Sua vazão de projeto é de 218,0 l/s. No que concerne ao sistema de reservação, conforme o estudo do Plano Diretor de Abastecimento de Água (SABESP, 2011b, p.62) o sistema de adução de água tratada de Itanhaém apresenta trechos de adutoras e subadutoras com distribuição em marcha, além de abastecer três centros de reservação: CR Suarão, CR Cibratel II e CR Jd. Itanhaém. O Centro de Reservação Suarão, abastecido por meio da subadutora Suarão/Mongaguá, atende o Setor Suarão; sendo constituído por dois reservatórios, um apoiado e outro elevado, de forma que a adutora de água tratada interliga-se ao reservatório apoiado e este, por sua vez, serve com poço de sucção para uma elevatória que abastece o reservatório elevado. O reservatório apoiado serve também como poço de sucção para o booster Suarão que está localizado na área do CR. Por sua vez, a elevatória que alimenta o reservatório elevado é dotada de dois conjuntos moto-bomba, com vazão de projeto de 57,0 l/s cada. A alimentação da rede de distribuição é feita apenas pelo reservatório elevado, com uma capacidade de armazenamento de 250,0 m³. O reservatório apoiado possui uma capacidade de 5.000,0 m³. O booster Suarão possui três conjuntos moto-bomba, com vazão de projeto de 150,0 l/s cada. O Centro de Reservação Cibratel II, localizado no morro de Paranambuco, nas proximidades da confluência entre as ruas dos Fundadores e da Enseada, é abastecido a partir da subadutora Reservatório Cibratel II, por meio do Booster Cibratel. Este CR abastece uma parcela do Setor Cibratel inserido na região central de Itanhaém, sendo constituído por dois reservatórios apoiados de 5.000,0 m³ cada e nível d’água máximo de 39,50 m. A adutora de água tratada ao alcançar à área do Centro de Reservação divide-se em dois tramos com diâmetro de 500 mm, que seguem cada um para um reservatório. O Centro de Reservação Jardim Itanhaém, localizado próximo ao Km 233 da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, é abastecido a partir da subadutora Jardim Itanhaém/Peruíbe e atende o Setor Jardim Itanhaém/Bopiranga, sendo constituído por um reservatório apoiado de 5.000,0 m³ de capacidade. Este CR é constituído ainda de um booster para o abastecimento de Bopiranga, a zona alta do setor. O referido booster Jardim Itanhaém é dotado de dois conjuntos moto-bomba, com vazão de projeto de 200,0 l/s cada. Conforme a setorização considerada pelo SISPERDAS, apresentada no mapa ___, o município de Itanhaém é dividido em cinco setores de abastecimento: Jardim Itanhaém/Bopiranga, Cibratel, Centro, Cabuçu e Suarão. Contudo, esta setorização é teórica, pois não corresponde a setores hidraulicamente isolados. A setorização SISPERDAS foi criada com a finalidade de definir setores para o gerenciamento das perdas no sistema, nos quais os volumes consumidos e o número de ligações são obtidos do cadastro comercial e os volumes produzidos obtidos por meio de leitura de macro medidores, instalados nos limites estratégicos dos setores, ou pela estimativa da vazão fornecida para o setor. Em termos operacionais a região é dividida em três setores. O primeiro corresponde ao Jardim Itanhaém, localizado no extremo sudoeste da área urbana, abastecido pelo Centro de Reservação de mesmo nome. O segundo, na extremidade oposta da área urbana, corresponde ao Setor Suarão, abastecido pelo Centro de Reservação de mesmo nome. O último setor abrange os demais setores, Cibratel, Centro, e Cabuçu, abastecidos tanto pelo CR Cibratel, quanto pela distribuição em marcha da AAT Mambu, subadutora Moenda e Matão e subadutora Cibratel. Quanto a rede de distribuição de água de Itanhaém, o relatório (SABESP, 2011b, p.63-64) aponta que o Setor Cibratel também é um sistema isolado, porém, como o mesmo é abastecido pelo CR Cibratel e por derivações do anel formado pelas adutoras e subadutoras de água tratada, tecnicamente ele está interligado ao Setor Centro. A região do bairro das Laranjeiras, no Setor Cabuçu, apresenta problemas de baixa pressão em função da inexistência de anéis de rede principal ou existência apenas de redes secundárias de diâmetros pequenos. O estudo aponta, também, que a rede de distribuição apresenta constantes problemas de vazamentos devido à idade das tubulações. Apesar disso Itanhaém apresenta o menor índice da perdas da RMBS. O relatório ressalta, ainda, que a despeito dos esforços da SABESP no combate às ligações clandestinas, conforme informações dos técnicos locais, a quantidade destas ainda é significativa. O mapa ___ abaixo apresenta a delimitação esquemática dos setores operacionais atualmente existentes, conforme descrito anteriormente. 320 [C2] Comentário: Referência cruzada ao mapa Setorização existente do Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Mapa ___. Setorização operacional do Sistema de Abastecimento de Água Existente de Itanhaém. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.66) A figura ___ apresenta, a seguir, o diagrama do Sistema Mambu existente, com seus principais componentes. Figura ___. Diagrama do Sistema Mambu de Abastecimento de Água Existente. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011c, p.67) A figura ___ a seguir apresenta o diagrama contendo o esquema geral do sistema de adução de água tratada do município, com os respectivos componentes, distinguindo as adutoras que funcionam por recalque, em marcha das demais. 322 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Figura ___. Diagrama do sistema de Adução Existente do Sistema Mambu de Abastecimento de Água. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.68) Em seguida será apresentada a avaliação geral do Sistema Mambu, bem como as ações e investimentos propostos para sua melhoria e ampliação. 11.1.4 Avaliação Geral do Sistema Mambu e ações propostas Para a análise da capacidade de atendimento do sistema Mambu, o relatório do Plano Diretor (SABESP, 2011b, p.69) considerou o balanço entre a produção existente e as demandas, no horizonte de projeto, o qual está sintetizado na tabela ___ a seguir, baseada em valores obtidos no âmbito do referido estudo. Estes dados revelam a situação de folga do sistema, em termos de capacidade de produção, em todos os períodos do ano, entre 2010 e 2030, com exceção da demanda de pico, no final do período. Neste aspecto, deve-se destacar o fato de que Itanhaém vem apresentando taxas de crescimento demográfico consideráveis, nas últimas décadas, bem como recebe uma expressiva população flutuante em temporada de verão e no pico de final de ano. Tabela ___. Sistema XX: Balanço Produção Atual x Demandas. ANO DEMANDAS - Q MÁX. DIÁRIA PICO VERÃO REST. ANO CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DO BALANÇO PICO VERÃO REST. ANO DO PICO VERÃO REST. ANO (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) 2010 599 550 292 820 820 820 221 270 528 2015 667 612 331 820 820 820 153 208 489 2020 733 671 369 820 820 820 87 149 451 2025 796 728 407 820 820 820 24 92 413 2030 845 773 436 820 820 820 -25 47 384 DO Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.69) O gráfico ___ apresenta uma visão deste balanço, segundo a qual, o sistema atenderia o crescimento da população fixa, com folga, até o final do período estudado. Contudo, o crescimento da população flutuante, nos períodos de verão e de pico de final de ano, sobretudo a partir do meio do referido período, demonstra que é necessário investir no aumento da produção. Gráfico ___. Sistema Mambu: Produção Atual x Demandas. 900,00 845,24 820,0 800,00 772,87 VAZÃO (L/s) 700,00 600,00 500,00 564,76 518,86 435,68 400,00 300,00 272,95 200,00 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 ANO Demanda Jan/Fev Demanda Pico Demanda Estiagem Produção Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.69) 324 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Desta forma, com base no mencionado balanço, o relatório Diretor (SABESP, 2011b, p.70) destacou as considerações apresentadas a seguir, com relação ao Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém. Segundo a concepção geral da solução proposta da SABESP, todos os sistemas da Região Sul serão interligados, tendo o sistema produtor de Itanhaém como principal pólo produtor da região, ou seja, além de atender as demandas de Itanhaém suprirá a maior parte dos déficits dos municípios vizinhos. Conforme a tabela e o gráfico apresentados anteriormente, o sistema produtor existente tinha capacidade para atender satisfatoriamente apenas as demandas de final de plano de Itanhaém. Assim, para complementar os déficits dos municípios vizinhos o mesmo deverá ser ampliado. A ampliação já prevista para o sistema produtor atual contempla a implantação da ETA Mambu/Branco em substituição ao sistema existente de tratamento de Itanhaém. Esta ETA será alimentada pela vazão captada no rio Mambu, complementada com a vazão proveniente de uma nova captação a ser implantada no rio Branco. Sendo assim, o sistema passa a denominar-se Mambu/Branco. Na época da elaboração do relatório, a primeira etapa da implantação do novo sistema encontrava-se em obra para uma capacidade nominal total de 1.600,0 l/s, sendo a captação do Rio Mambu responsável por 600,0 l/s e a do Rio Branco por 1.000,0 l/s, possibilitando um incremento de produção da ordem de 800,0 l/s. O estudo ressalta que no sistema em implantação a vazão de exploração do rio Mambu passará de 820,0 l/s para 600,0 l/s, que corresponde à sua vazão outorgada. As obras em andamento, relativas ao novo sistema contemplam, também, a implantação de uma extensa rede de AAT que permitirá a completa interligação dos sistemas de abastecimento existentes na Região Sul. O início de operação da primeira etapa do sistema Mambu/Branco, segundo o cronograma de obras da SABESP, era previsto para 2011, mas no momento ainda estão sendo realizadas as ligações com a rede de AAT. A seguir apresenta-se a lista das principais obras previstas. Obras da primeira Etapa do Sistema Mambu/Branco em execução: Captação e Estação Elevatória de Água Bruta no Rio Branco para 1,0 m³/s; Adutora de Água Bruta com 1.947 metros de extensão com diâmetro de 60 polegadas; ETA Mambu/Branco com dois módulos de 800,0 l/s cada, perfazendo uma capacidade de tratamento de 1,6 m³/s, incluindo reservatório pulmão com 3.000 m³; Adequação da EEAT Mambu existente de modo a abastecer exclusivamente os municípios de Itanhaém e Peruíbe; EEAT Branco destinada ao abastecimento dos municípios de Mongaguá, Praia Grande e São Vicente Continental, com vazão de 1.000,0 l/s; Câmara de Carga com 2.000,0 m³ de capacidade e adutora de recalque com 1.400 mm de diâmetro e 700,0 m de extensão; Primeiro trecho da adutora ETA/Reservatório Guarda Mirim, com 10.518,0 m de extensão e 1.500 mm de diâmetro; Interligação às adutoras que abastecem os CR Jardim Itanhaém, Cibratel e Prados, por meio de tubulações com de diâmetros de 900, 700 e 600 mm e extensão total de aproximadamente 170,0 m; Segundo trecho da adutora ETA/Reservatório Guarda Mirim, com 10.723,0 m de extensão e 1.200 mm de diâmetro; Adutora Reservatório Guarda Mirim/Solemar, com 7.471,0 m de extensão e 1.200 mm de diâmetro; Adutora Reservatório Solemar/Melvi, com 9.305,0 m de extensão e 900 mm de diâmetro; Adutora Reservatório Melvi/Humaitá, com 12.460,0 m de extensão e 600 mm de diâmetro; Adutora Reservatório Melvi/Ocian, com 5.356,0 m de extensão e 1.200 mm de diâmetro; Adutora Reservatório Ocian/Boqueirão, com 7.000,0 m de extensão e 900 mm de diâmetro; Centro de Reservação Melvi, com duas câmaras de 10.000,0 m³ cada; EEAT Melvi/Itu, com vazão de 380,0 l/s; EEAT Melvi/Ocian-Boqueirão, com vazão de 1.660,0 l/s. A análise dos balanços apresenta acima indica que o incremento de produção obtido com a implantação da primeira etapa do sistema Mambu/Branco não é suficiente, mesmo considerando um reforço do Sistema Centro, para suprir o déficit da Região Sul. Assim, para equacionamento do abastecimento da Região Sul, a segunda etapa da ampliação do sistema deve ocorrer o quanto antes. Para fins do referido estudo considerou-se que a capacidade de produção fosse ampliada para 3.200,0 l/s e suas obras seriam iniciadas em seguida à implantação da primeira etapa, com início de operação estimado para 2013. Segundo o estudo da SABESP (SABESP, 2011b, p.71), no que concerne à capacidade de transferência da produção do Mambu/Branco no sistema adutor da Região Sul, para o atendimento às demandas dos setores de reservação de toda a região, verificou-se que há a necessidade da complementação do abastecimento do extremo leste da Região Sul por meio da transferência de água da Região Centro. Assim, as ações propostas para o Sistema Mambu referem-se àquelas previstas para a segunda etapa do sistema Mambu/Branco, que envolvem, basicamente, a ampliação da capacidade de recalque da EEAB na captação no Rio Branco, ampliação da capacidade de produção da ETA Mambu/Branco, de 1.600,0 l/s para 3.200,0 l/s, e ampliação da capacidade de recalque da EEAT da referida ETA. Além dessas ações, são propostas intervenções no sistema de adução de água tratada, sistema de reservação e sistema de distribuição de água. Além dessas, o estudo ressaltou o fato de que os mananciais componentes do sistema produtor em questão não apresentavam qualquer conflito quanto aos seus aproveitamentos na época da elaboração do mesmo, ou no futuro, pois não eram previstos usos distintos ao abastecimento público. Desta forma, no que respeita à adução de água bruta, das obras previstas para a segunda etapa, o relatório (SABESP, 2011b, p.72) destacou apenas a ampliação da EEAB no rio Branco, definida pela implantação de mais dois conjuntos moto-bomba, iguais aos instalados em primeira etapa, com vazão de projeto de 900,0 l/s cada. Quanto ao sistema de tratamento, das obras previstas para a segunda etapa, o relatório destacou a ampliação da capacidade da ETA Mambu/Branco, definida pela implantação de mais uma unidade de tratamento igual à instalada na primeira etapa, constituída de dois módulos de 800,0 l/s de capacidade cada um, pela ampliação da subestação elétrica, além da ampliação do sistema de armazenagem e dosagem de produtos químicos e a implantação do sistema de armazenagem e dosagem de amônia, tendo em vista que a cor de origem orgânica presente nas águas do rio Branco poderá gerar produtos indesejáveis. No que diz respeito à adução de água tratada, das obras previstas para a segunda etapa, o relatório apontou a ampliação da EEAT Branco, com a implantação de mais dois conjuntos moto-bomba iguais aos instalados na primeira etapa, com vazão de projeto de 650,0 l/s cada. Além dessas intervenções, em função da transferência do sistema Mambu/Branco para Peruíbe, o sistema adutor que abastece o CR Jardim Itanhaém e o booster Prados, em Peruíbe, devem sofrer as seguintes adequações: Desvinculação do Booster Cibratel da adutora que alimenta o CR de mesmo nome e interligação do mesmo à adutora que alimenta o CR Jardim Itanhaém e o Booster Prados, por meio da inversão das linhas que alimentam esses CR, em 2019, a cerca de 1.190,0 m a jusante do Booster Cibratel, conforme apresentado no mapa ___ no final desta seção; Substituição dos conjuntos moto-bombas do Booster Cibratel, mantendo-se os motores, para o mesmo ano, além de algumas adaptações na instrumentação de controle. Conforme o referido estudo (SABESP, 2011b, p.74), prevê-se ainda novas interligações do sistema de adução de água tratada aos dois novos centros de reservação propostos. Acerca desta questão, em termos globais, o volume de reservação operante existente em Itanhaém, com 20.250,0 m³, é pouco maior que o mínimo requerido para as demandas de final de plano do município, da ordem de 19.990,0 m³. No entanto, setorialmente existem déficits de reservação, pois os setores Centro e Cabuçu não 326 [C3] Comentário: Referência cruzada com o Mapa Sistema Sul de Abastecimento de Itanhaém proposto e existente. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 possuem reservatórios. Desta forma, propõe-se a implantação de dois novos centros de reservação, quais sejam: CR Centro, por meio da reativação do CR Morro do Convento com a implantação, em 2011, de um reservatório apoiado de 4.000,0 m³ e um booster, cuja alimentação dar-se-á por uma interligação de 150,0 m de extensão e diâmetro de 500 mm à AAT Mambu. CR Cabuçu, com implantação de um reservatório apoiado, em 2011, de 2.500,0 m³ no morro existente nas imediações do primeiro ponto de interligação da rede de distribuição com a AAT Mambu, sendo que a alimentação do CR dar-se-á por uma interligação de 415,0 m de extensão e diâmetro de 250 mm à AAT Branco. A tabela ___ abaixo apresenta as principais características da Reservação Proposta para o Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém, conforme exposto acima. Tabela ___. Reservação Proposta para o Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém. CENTRO RESERVAÇÃO DE CAPACIDADE 3 ATUAL (m ) AMPLIAÇÕES CR Jardim Itanhaém 5.000 - - CR Cibratel II 10.000 - - CR Suarão 5.250 - - CR Centro - 4.000 2011 CR Cabuçu - 2.500 2011 Total de Reservação 20.250 6.500 - 3 (m ) ANO DE IMPLANTAÇÃO Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.74) Quanto ao sistema de distribuição, de acordo com o relatório (SABESP, 2011b, p.74-75), conforme já mencionado, a setorização considerada pelo SISPERDAS – SABESP, que divide Itanhaém em cinco setores, é apenas teórica, pois não corresponde a setores hidraulicamente isolados. Contudo, em termos operacionais a região é dividida em três setores, sendo o primeiro que corresponde ao Setor Jardim Itanhaém, localizado no extremo sudoeste da área urbana, abastecido pelo Centro de Reservação de mesmo nome; o segundo, situado na extremidade oposta da área urbana, corresponde ao Setor Suarão, abastecido pelo Centro de Reservação de mesmo nome; e o terceiro setor abrangendo os demais setores (Cibratel, Centro, e Cabuçu), abastecido tanto pelo CR Cibratel, quanto pela distribuição em marcha das adutoras de água tratada do sistema. Assim, o estudo indica que a setorização considerada pelo SISPERDAS deve ser adequada para permitir uma maior contribuição à gestão da distribuição de água, ao apoio a operação e manutenção da rede e ao controle de perdas. Desta forma, o relatório propõe a adequação dos cinco setores SISPERDAS em cinco setores de abastecimento e reservação de mesmo nome, mantendo-se os mesmos limites intersetoriais considerados no mesmo. Para isto, devem ser tomadas as medidas necessárias para garantir o isolamento ou a estanqueidade das redes de distribuição no limite entre setores, a adequação das redes de alimentação e distribuição dos setores Centro e Cabuçu e a implantação de dois novos centros de reservação. A tabela ___ a seguir apresenta a setorização proposta para o Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém. Tabela ___. Setorização Proposta para o Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém. SETOR DE RESERVAÇÃO SETORES DE ABASTECIMENTO CR Jardim Itanhaém Jardim Itanhaém CR Cibratel II Cibratel CR Centro Centro CR Cabuçu Cabuçu CR Suarão Suarão Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011c, p.75) Por fim, o estudo (SABESP, 2011b, p.75-76) aponta que no Sistema de abastecimento de água de Itanhaém, ao longo do período de planejamento, estima-se implantar 31.700 unidades de ligação prediais de água e 256,0 Km de extensão de rede de distribuição de água, assim distribuídos: Setor de Reservação Jd. Itanhaém Expansão da Rede Distribuidora (m) Ligações Domiciliares Incrementais (un.) 65.142 7.628 Setor de Reservação Cibratel Expansão da Rede Distribuidora (m) Ligações Domiciliares Incrementais (un.) 70.650 8.344 Setor de Reservação Centro Expansão da Rede Distribuidora (m) Ligações Domiciliares Incrementais (un.) 23.004 4.095 Setor de Reservação Cabuçu Expansão da Rede Distribuidora (m) Ligações Domiciliares Incrementais (un.) 57.096 5.444 Setor de Reservação Suarão Expansão da Rede Distribuidora (m) Ligações Domiciliares Incrementais (un.) 40.428 6.210 O mapa ___ a seguir, apresenta a setorização proposta para Itanhaém, conforme descrição apresentada acima. 328 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Mapa ___. Setorização proposta para o Sistema de Abastecimento de Água de Itanhaém. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.78) As figuras ___ e ___, a seguir, apresentam, respectivamente, o esquema geral do Sistema Produtor e o esquema do Sistema Adutor propostos, com seus componentes principais. Figura ___. Diagrama do Geral do Sistema Mambu/Branco de Abastecimento de Água Proposto. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.79) 330 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Figura ___. Diagrama do sistema de adução Mambu/Branco Proposto. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.80) A figura ___ abaixo apresenta uma visão geral do Sistema Sul de Abastecimento de Água da Baixada Santista, com o Sistema Mambu existente e o sistema Mambu/Branco em implantação, situado no centro da imagem. Mapa ___. Sistema Sul de Abastecimento de Água da Baixada Santista proposto e existente. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, Anexo) A figura ___ a seguir apresenta o detalhe dos principais componentes do Sistema de Abastecimento de Água existente e proposto para Itanhaém. 332 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 Mapa ___. Sistema Sul de Abastecimento de Itanhaém proposto e existente. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, Anexo) No que respeita aos valores orçados pelo estudo da SABESP, para as intervenções acima apresentadas, a tabela ___ apresenta o resumo dos investimentos previstos para as intervenções propostas ao Sistema Mambu/Branco. Segundo estes dados, observa-se que a maior parte dos investimentos, referente a tratamento e expansão da rede de distribuição, ocorrerá no primeiro quinquênio do plano. Contudo, no que respeita a este último item, os investimentos deverão ocorrer de forma homogênea, ao longo do período e representarão a maior parte dos recursos dispendidos. Tabela ___. Sistema Mambu/Branco: Resumo dos Investimentos Previstos para a Solução Recomendada. AÇÕES PROPOSTAS UNIDADES / DESCRIÇÃO CUSTO POR QUINQUÊNIO (R$) LOCAL (MUNICÍPIO) EEAB Implantação de 2 cj. Worthington modelo 500 LNN 650 (de 900 L/s cada e Hmt=22 mca) ANO DE INÍCIO DE OPERAÇÃO 2013 2010 - 2014 2015 - 2019 2020 - 2024 2025 - 2030 1.800 914.959,76 - - - 914.959,76 1.800 914.959,76 - - - 914.959,76 (l/s) Itanhaém Subtotal Tratamento: 2ª Etapa ETA Mambu / Branco - ampliação de 1.600 para 3.200 L/s QUANT. CUSTO TOTAL (R$) (l/s) Itanhaém 1.600 40.204.744,48 40.204.744,48 Subtotal 1.600 40.204.744,48 - - - 40.204.744,48 Reservação (m³) 2013 CR Centro - Reservatório circular em concreto Itanhaém 4.000 1.414.000,00 - - - 1.414.000,00 2012 CR Cabuçu - Reservatório circular em concreto Itanhaém 2.500 885.000,00 - - - 885.000,00 2012 Subtotal 6.500 2.299.000,00 - - - 2.299.000,00 EEAT (l/s) 2ª Etapa EEAT Branco - adição de 2 cj. ; 650 L/s cada ; 63,10 mca Itanhaém EEAT CR Centro / Distribuição - 2+1 cj ; 75 L/s cada ; 25 mca Itanhaém Ampliação Booster Cibratel - troca das bombas dos dois cj. elevatórios Itanhaém 1.300 150 2013 315.000,00 2012 105.300,00 2019 315.000,00 403 Subtotal 1.853 AAT (m) Derivação da AAT Branco até CR Cabuçu - 2.109.730,84 2.109.730,84 Itanhaém 415 105.300,00 2.424.730,84 105.300,00 - 232.450,25 - - - - 2.530.030,84 232.450,25 2012 334 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém novembro 2012 diâmetro de 250 mm Derivação da AAT Mambu até CR Centro diâmetro de 500 mm Itanhaém 150 166.637,50 - - - 166.637,50 2012 Inversão das AATs de abastecimento dos CRs Prados e Jd. Itanhaém - 2 trechos de 5 m ; diâmetro de 600mm Itanhaém 10 - 13.710,00 - - 13.710,00 2019 575 399.087,75 13.710,00 - - 412.797,75 Subtotal Implantação de Macromedidores Macromedidor de canal aberto - captação Mambu (un) 1 45.381,01 Subtotal 1 45.381,01 - - - 45.381,01 Expansão da Rede Distribuidora (m) Subtotal 256.320 13.928.266,84 13.794.377,98 13.805.854,16 12.945.140,06 54.473.639,04 - Ligações Domiciliares Incrementais (ligações ) Subtotal 31.721 1.534.687,03 1.451.789,17 1.390.064,35 1.315.240,96 5.691.781,50 - 61.750.857,69 15.365.177,14 15.195.918,52 14.260.381,02 106.572.334,37 Total Itanhaém 45.381,01 2011 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.81) A guisa de recomendação, o relatório (SABESP, 2011b, p.82-83) apresenta algumas considerações acerca da qualidade da água fornecida pelo Sistema Mambu. Segundo esta fonte, a área de drenagem da captação Mambu, na sua maior parte encontra-se em Área Especialmente Protegidas – Z1 AEP que abrange as Unidades de Proteção Integral Federais, Estaduais e Municipais, conforme a Lei Federal n° 9.985 de 2.000, sendo que cerca de 20% restantes encontram-se em áreas com vegetação nativa e assentamentos urbanos dispersos e área de atividades agropecuárias. Assim, o estudo considera que existe um significativo grau de proteção ambiental do manancial, mas aponta a existência de algumas atividades antrópicas na bacia, como atividades de exploração de areia, o que em situações especificas já provocaram alterações e comprometimento na qualidade de água bruta. Desta forma, o relatório recomenda que a SABESP firme convênios com o DAEE e CETESB visando o monitoramento e controle das atividades antrópicas que possam comprometer a qualidade da água do manancial. Quanto à bacia de drenagem da captação no Rio Branco, esta se encontra na sua maior parte em área coberta por vegetação natural e o restante em áreas de pastagem e áreas destinadas à agricultura. Assim o estudo informa que, considerando a possível contaminação das águas do rio Branco em decorrência da utilização de pesticidas nas áreas com atividade agrícola, já se realiza semestralmente o monitoramento dessas águas em cumprimento a Portaria n° 518/04, do Ministério da Saúde. Quanto aos centros de reservação propostos, os estudos desenvolvidos no âmbito do referido trabalho indicaram que o sistema possui capacidade para abastecimento dos Setores Centro e Cabuçu em marcha. Deste modo, a critério da SABESP, a implantação dos reservatórios previstos para estes setores poderá ser dispensada. Ainda com base nas simulações efetuadas no âmbito do mencionado estudo, concluiu-se que, para melhor aproveitamento da capacidade de produção do Sistema Mambu/Branco, a nova adutora de interligação EEAT Branco/CR Solemar deverá operar em paralelo à adutora existente com de diâmetro de 600 mm. Por último, o estudo recomendou que seja elaborado levantamento cadastral atualizado da rede de distribuição em função da falta de precisão do existente. Segundo o relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.49), os dados apontados no referido estudo mostram que os resultados de qualidade da água bruta do manancial existente, o Rio Mambu, não indicavam risco ao seu uso para abastecimento público com relação à presença de compostos orgânicos e inorgânicos que pudessem ocasionar problemas à saúde pública, sendo plenamente adequada para o tratamento convencional. Em relação a água distribuída, o sistema atende à Portaria n° 518/04, do Ministério da Saúde. Contudo o tipo de tratamento de água superficial do sistema Mambu, existente então, não atendia a mencionada portaria, o que deve ser resolvido com as obras em curso acima descritas. Conforme informações a mesma fonte, em algumas épocas do ano, especialmente nos períodos de alta intensidade pluviométrica, a água produzida apresenta turbidez, mas o documento não apresenta maiores detalhes sobre esta questão. Por fim, segundo este relatório, quanto aos efluentes das unidades de tratamento existentes naquela época, estes atendiam as exigências legais, não tendo sido identificadas ações da CESTEB questionando os padrões de lançamentos. 336 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 11.2 – O Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos mês 2012 11.2.1 – Demandas por Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgoto De acordo com os resultados do Censo Demográfico 2010, o Município de Itanhaém possuía um total de 28.249 domicílios ocupados com residentes fixos115, dentre os quais 24,1% tinham banheiros e estavam conectados à rede coletora de esgoto ou de águas pluviais e 57,3% utilizavam fossas sépticas. Tais números demonstram alto deficit de atendimento de domicílios. Os índices são alarmantes, e fazem com que mais da metade da população utiliza fossas sépticas como alternativa à rede coletora. Conforme podemos ver no mapa ___ abaixo, a distribuição espacial desses domicílios ocupados ligados às redes coletoras de esgoto demonstra o baixíssimo índice de atendimento do município. Ao mesmo tempo, explicita a forte concentração de domicílios ligados à rede de esgoto em determinadas áreas de Itanhaém. É facilmente observável que bairros como Vila São Paulo, Ivoty, Mosteiro e Baixio, próximos ao centro da cidade concentram a maior parte dos setores censitários com altos índices de atendimento (entre 90 e 100% dos domicílios são atendidos). É também neles que se concentram a maior parte dos empreendimentos verticais. Existem outros setores com índices bons de atendimento (mínimo de 75% dos domicílios), na área costeira do bairro Tupy e Cibratel II, além de áreas do bairro Tropical e do Guapiranga, porém a maior parte da área urbana do município possuí o baixo índice de atendimento de no máximo 25% dos domicílios. 115 Esse conjunto não inclui os domicílios de uso ocasional, comumente utilizados para veraneio durante fins de semana, feriados e férias. 337 11.2.3 Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos O município de Itanhaém, cujo processo de urbanização acelerou-se a partir da abertura da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, com forte produção de empreendimentos imobiliários voltados ao turismo balneário, tem os serviços de saneamento operados pela SABESP. Em especial o sistema de coleta e tratamento de esgotos era implantado de forma limitada, concentrado nos bairros da área central, até o início das obras de ampliação e melhoria do sistema de saneamento do município, no âmbito do Programa Onda Limpa, sob responsabilidade da mencionada concessionária. Esta situação prejudicava as condições de balneabilidade, colocando em risco de contaminação a população residente e turistas, resultando, também, em impactos negativos para a economia local. Contudo, a partir da implantação das citadas obras espera-se uma paulatina reversão deste quadro. A seguir apresenta-se uma visão da cobertura dos sistemas de abastecimento de água de Itanhaém, segundo dados do Censo Demográfico 2010, bem como a caracterização do sistema de esgotos existente e implantação, acompanhada da análise dos investimentos programados para melhoria e ampliação deste sistema. 11.2.4 Cobertura do sistema de coleta e tratamento de esgoto No que diz respeito à cobertura do sistema de coleta e tratamento de esgoto, segundo dados do Censo Demográfico 2010, o mapa ___ abaixo apresenta o percentual de domicílios ligados à rede coletora de esgoto ou pluvial, em cada setor censitário, os quais foram classificados em cinco faixas de atendimento. Conforme este mapa observa-se que, no município de Itanhaém, a cobertura do sistema concentra-se em torno da área central, sendo que na orla, entre o mar e a rodovia Padre Manoel da Nóbrega, se estende entre o Centro e Bopiranga, ao sul. Contudo, nos bairros e assentamentos situados a noroeste desta rodovia o atendimento é mais limitado, concentrando-se na área dos bairros Umuarama, Guarapiranga, Ivoty, Anchieta, Oásis e Tropical. Na faixa superior de cobertura, entre 90% e 100%, na área central, encontram-se apenas o Centro, o Mosteiro, parte da Vila São Paulo, o Ivoty, o Anchieta, um setor no Savoy e outro no Guarapiranga. Mais a sudoeste, na orla, apenas dois setores no bairro Tupy apresentam esta faixa de cobertura. Dentre as áreas cuja cobertura pelo sistema de esgoto é inferior a esta faixa, pode-se citar as seguintes: A sudeste da rodovia, a Vila São Paulo, um setor no Centro, a parte sudoeste da Praia dos Sonhos, além de um setor no Tupy e no Bopiranga, e dois setores no Cibratel II, todos localizados entre a Avenida Sorocabana e a praia; a noroeste da rodovia, a maior parte do Tropical, a área noroeste do Nossa Senhora do Sion e a parte mais próxima da rodovia do Guarapiranga,em que a cobertura encontra-se na faixa entre 75% e 90%. Na área central, um setor no Mosteiro, um setor no Anchieta e a maior parte da Praia dos Sonhos; na área a noroeste da rodovia, a maior parte do Oásis e um setor no Nova Itanhaém; na orla, a sudoeste do centro, entre a Avenida Sorocabana e a praia, um setor no Cibratel I, três setores no Bopiranga e um setor no Jamaica, em que a cobertura encontra-se na faixa entre 50% e 75%; Na área central, a maior parte do Guarda Civil, um setor no Satélite, três setores no Belas Artes e um pequeno setor no Corumbá; a noroeste da rodovia, dois setores no Nossa Senhora do Sion, um setor no Oásis, um pequeno setor no Laranjeiras, grande parte do Umuarama e um pequeno setor no Sabaúna, em que a faixa encontra-se entre 25% e 50%; Grande parte da área urbanizada do município, sendo a sudeste da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, a faixa situada a sudoeste da área central, entre esta estrada e a Avenida Sorocabana, e a faixa localizada entre o Satélite e a divisa com Mongaguá, além do arco de bairros em torno da Praia dos Sonhos, na margem direita do Rio Itanhaém; a noroeste da rodovia, a maior parte dos bairro situados a sudeste da Avenida José Batista Campos, até a divisa com Mongaguá, além da maior parte dos bairros e 338 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 assentamentos situados entre a confluência desta via e a rodovia, até mês a divisa 2012 com Peruíbe, em que a faixa encontra-se entre 0% e 25%. Mapa ___. Itanhaém: Percentual de Domicílios ligados à rede coletora de esgoto ou pluvial segundo o setor censitário (2010). Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. Elaborado por: Instituo Pólis. Por outro lado, o mapa ___ abaixo apresenta o percentual de domicílios com banheiros ligados à rede geral de esgoto ou pluvial ou fossa séptica, em cada setor censitário, os quais foram classificados em cinco faixas de atendimento. Comparando-se este mapa com o anterior, observa-se que o uso de fossas é generalizado no município de Itanhaém, tanto nas áreas situadas a sudeste da rodovia, próximas à praia, quanto a noroeste desta, com exceção de áreas mais interiores, onde a ocupação é esparsa ou de baixa densidade, como o Jardim Coronel e a área interior do Jardim Suarão. De modo geral, pode-se afirmar que o município possuía uma cobertura longe da universalização, na época do Censo, indicando que as condições do saneamento são ruins, inclusive em área onde predominam domicílios de uso ocasional, indicando que a situação deve se agravar em períodos de verão, feriados e nos picos de final de ano e carnaval. 339 Mapa ___. Itanhaém: Percentual de Domicílios com banheiros ligados à rede geral de esgoto ou pluvial ou fossa séptica segundo o setor censitário (2010). Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. Elaborado por: Instituo Pólis. 11.2.5 Caracterização dos Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos Conforme o relatório do Plano Municipal de Saneamento Integrado de Itanhaém (ITANHAÉM, 2011, p.45)116, os números e índices de atendimento dos serviços de coleta e tratamento de esgotos do município de Itanhaém, segundo dados de 2009, são apresentados na tabela ___ abaixo, destacando-se os números de economias117, ligações118 e população atendidas, bem como a extensão de rede e os indicadores. Tabela ___. Sistema de Esgotos de Mongaguá: quantitativos e indicadores de cobertura (2010). Item Quantidade Economias ativas (faturadas) 5.643 116 O Plano Municipal de Saneamento Integrado de Itanhaém foi aprovado pela Lei Municipal N° 3.762, de 15 de junho de 2012. 117 Economia: Moradias, apartamentos, unidades comerciais, salas de escritório, indústrias, órgãos públicos e similares, existentes numa determinada edificação, que são atendidos pelos serviços de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário. Quando esses serviços estão em pleno funcionamento e contribuindo para o faturamento, no período considerado, são chamadas de Economias ativas. Já quando estão cadastradas como usuárias dos serviços, mas não estão em pleno funcionamento são chamadas Economias inativas. O somatório destas economias é definido como Economias totais. 118 Ligação: Ramal predial conectado à rede de distribuição de água ou à rede coletora de esgoto. Quando o ramal está em pleno funcionamento e contribuindo para o faturamento, no período considerado, é chamado de Ligação ativa. Já quando está cadastrada como usuária do serviço, mas não está em pleno funcionamento é chamada de Ligação inativa. O somatório destas ligações é definido como Ligações totais. 340 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Economias totais (cadastradas) 6.072 População fixa atendida 16.931 Índice de cobertura 9% Ligações ativas (faturadas) 3.457 Ligações totais (cadastradas) 3.680 Extensão de rede (m) 216.863 Indicador - economia/ligação 1,76 Indicador - metro de rede/habitante 12,8 mês 2012 Fonte: Plano Municipal de Saneamento Integrado de Itanhaém. (DAEE, 2010a, p.42) Segundo a mesma fonte (ITANHAÉM, 2011, p.54), em 2009, o índice de cobertura do sistema de esgotos era de apenas 9,0%. Contudo, o referido documento estimava que, em 2012, este índice alcançasse 50% de cobertura, subindo para 80,0%, em 2015, e atingindo 100,0% em 2018. Em termos de tratamento, estimavase que, em 2018, 81,0% do esgoto coletado fosse tratado, atingindo 100,0% em 2018. Conforme o relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.53), o sistema de esgotamento do município de Itanhaém constituía-se de rede coletora, uma estação elevatória de esgoto (EEE) e duas estações de tratamento de esgoto (ETE), sendo uma restrita a um conjunto habitacional. De acordo com a mesma fonte, em 2009, o sistema contava com 216,9 km de rede coletora e 3.680 ligações totais. O esgoto era transportado através de cerca de 7,0 km de emissários terrestres para a mencionada EEE. A maior ETE, denominada Anchieta, atendia a área central e bairros próximos situados na margem esquerda do Rio Itanhaém. Esta estação se constitui de um conjunto de tanques de aeração e clarificação, com capacidade de 207,0 l/s. A ETE menor, implantada no conjunto habitacional da CDHU, no bairro Guarapiranga, atende exclusivamente esse empreendimento, e é constituída de fossa e filtro anaeróbio com capacidade de 9,0 l/s. Sua desativação foi prevista com a entrada em operação da ETE implantada no âmbito do Programa Onda Limpa, programada para receber também as contribuições deste conjunto. O mapa ___ abaixo apresenta a divisão do município de Itanhaém em sub-bacias hidrossanitárias, com a delimitação, em azul, das áreas cobertas pelo sistema de coleta e tratamento de esgotos existente na época da elaboração do Plano Integrado de Saneamento, e em roxo, das áreas objeto de projeto ou de obras de implantação deste sistema, em andamento naquela época. Conforme este mapa, verifica-se que o atendimento era limitado às áreas centrais, entre a Praia dos Sonhos e o bairro Nova Itanhaém. Este mapa, apresenta, também, os principais componentes dos sistemas, em especial as Estações Elevatórias de Esgotos (EEE), Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), coletores tronco e linhas de recalque, discriminando os componentes existentes e em execução. 341 Mapa ___. Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos de Itanhaém. Fonte: Relaório 4 da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, Anexo) 342 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 mês 2012 A seguir, serão caracterizados e detalhados os projetos de ampliação e melhorias dos Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos de Itanhaém. 11.2.6 Ampliação e melhorias dos Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgotos de Itanhaém Segundo o Plano Municipal de Saneamento Integrado de Itanhaém (ITANHAÉM, 2011, p.55), a tabela ___ a seguir apresenta o resumo das propostas de esgotamento sanitário, classificadas de acordo com os seguintes prazos: Emergencial: ações imediatas; Curto prazo: até 4 anos; Médio prazo: de 4 a 8 anos; Longo prazo: de 8 anos ao horizonte do plano. Tabela ___. Resumo das propostas de abastecimento de água e esgotamento sanitário Prazo Objetivo Ação proposta Emergencial (2 meses) Planejamento dos serviços Instituir o sistema municipal de planejamento. Emergencial (2 meses) Prestação dos serviços de água e esgotos Delegar a prestação dos serviços Emergencial (2 meses) Regulação dos serviços Delegar a regulação e fiscalização dos serviços para uma agência reguladora. Curto (6 meses) Controle social dos serviços Instituir mecanismo participativo da sociedade. Fonte: Plano Municipal de Saneamento Integrado de Itanhaém (ITANHAÉM, 2011, p.55). Na tabela ___ abaixo, apresenta o resumo dos investimentos previstos ou em andamento, ao longo do horizonte do Plano Integrado de Saneamento. Conforme esta fonte, a maior parte dos recursos deve ser investida em tratamento, sobretudo com a construção das ETE até 2014. A implantação de redes e realização de ligações, sobretudo entre 2014 e 2018, também representam um percentual relevante dos recursos investidos. Também expressivos são os valores previstos para ampliação e remanejamento de redes, até o final do plano, em 2039. Tabela ___. Investimentos nos Sistemas de Esgotos de Mongaguá eríodo Tipo de Investimento Total (R$) 2010-2014 Implantação dos Sistemas de Tratamento e Disposição Final de Esgotos Sanitários. 133.018.590 2014-2027 Disposição final de resíduos sólidos (proposições do Plano Diretor) Consórcio GBS Aterro exclusivo e leitos de secagem. Disposição final de resíduos sólidos (proposições do Plano Diretor) Consórcio GBS Utilização dos lodos das ETEs como biossólido. 3.154.515 Tratamento 2016-2029 Subtotal 374.720 136.547.825 Rede e Ligação (Investimento) 2014 Remanejamento de rede de esgoto e ligações no centro (1.000 m) 470.000 343 2014-2015 Projeto e implantação de rede coletora e ligações de esgoto no Jardim Oasis (12 km + 4.450 Le) 5.230.000 2014 Projeto e implantação de rede coletora e ligações de esgoto no Cibratel 1, J. Yeda, P. Balneário Itanhaém (18 km + 1.800 Le) 6.360.000 2014-2018 Projeto e implantação de rede coletora em vários bairros - L = 200 km 64.000.000 Subtotal 76.060.000 Ligações de Esgoto (ligações novas + remanejamento de ligações + substituição de medidores) 2009-2039 Ligações novas Subtotal 8.013.733 8.013.733 Redes Esgoto (remanejamento de redes + ampliação de rede) 2009-2039 Remanejamento de rede. 46.743.095 Ampliação de rede. 28.004.464 Subtotal 74.747.559 Total Esgoto 295.369.117 Fonte: Plano Municipal de Saneamento Integrado de Itanhaém (ITANHAÉM, 2011, p.57-58). Contudo, as obras de ampliação e melhoria do sistema de coleta e tratamento de esgotos de Itanhaém, no âmbito do Programa Onda Limpa, vêm causando reações entre órgãos públicos e sociedade local. Em setembro de 2011, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) lavrou um auto de embargo à SABESP, para que fossem paralisadas as obras de implantação da rede de esgotos que a empresa realizava na areia das praias de Itanhaém. Conforme a SABESP até aquele mês haviam sido instalados 270,0 km de rede, dos quais 22,0 km na orla, sendo cerca 7,5 km na areia da praia, entre a Praia do Suarão e o Centro, e entre Cibratel I e Gaivotas, por razões de ordem técnica, segundo informou a empresa. De acordo com a SPU, até então a SABESP não possuía autorização do órgão para realizar as obras na faixa de areia, como determina a legislação federal. Por conta disso, a retomada dos trabalhos dependeria da apresentação de licença ambiental, justificativa técnica que comprovasse a necessidade dos serviços na praia e, após estas providências, da autorização da SPU. De acordo com notícia veiculada na imprensa local (SABESP, 2012), até o início de 2012, a SABESP e a SPU ainda não haviam chegado a um acordo sobre a retirada dos poços de visita instalados nas areias das praias do município, apesar das reuniões realizadas no final do ano passado. Segundo a SPU, até fevereiro estava prevista a retirada de cerca de 100 poços de visita, que afloram até 1,0 m acima da areia, ao longo de quase 7,5 quilômetros de faixa de areia. Contudo, a SABESP entrou com solicitação de prorrogação do prazo para retirada, que inicialmente estava previsto para o final de dezembro de 2011, para que fosse realizada licitação, a fim de contratar a empresa executora dos serviços. Na ocasião, a empresa se comprometeu a elaborar um estudo alternativo para a reinstalação da rede coletora de esgoto que seria desativada, ficando para março a apresentação de proposta de realocação do sistema. Portanto, a ampliação do sistema de esgotos vem sofrendo atrasos, com prejuízo para a qualidade do saneamento em Itanhaém. Acerca desta questão, o relatório do Plano Municipal de Saneamento Integrado de Itanhaém (ITANHAÉM, 2011, p.60) propõe que, “enquanto persistir a rede de coleta de esgotos pela areia da praia, a operação deverá ser feita com rigor e técnica, buscando segurança ambiental e dos usuários das praias e a não ocorrência de vazamentos e transbordamentos, com diminuição máxima do número e a lacração dos poços de visita existentes”. Além destes obstáculos, deve-se destacar que um fator que pode limitar os resultados dos investimentos que já vêm sendo realizados, em termos de melhoria das condições de saneamento, é a falta de ligação dos domicílios às redes disponíveis, em função dos custos com a ligação e do aumento do valor cobrado pelo consumo, pois na Baixada Santista os domicílios com ligação de esgoto têm suas contas dobradas. 344 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Por outro lado, para que seja efetivo o esforço que vem sendo realizado para reduzir mês 2012 o déficit de saneamento de Itanhaém, é importante considerar a implementação de uma política urbana que restrinja a expansão horizontal periférica do município como um todo, de forma a reduzir as chances de que os investimentos agora planejados, no futuro sejam insuficientes. 11.3. Macro e Microdrenagem O município de Itanhaém, a exemplo dos demais municípios da Baixada Santista, possui grande parte do território constituída por planície marinha, entrecortada por cursos d’água que percorrem áreas de baixa declividade, apresentando meandros e, por consequência, baixa velocidade de escoamento das águas e elevada capacidade de sedimentação de materiais transportados das áreas serranas. Portanto, esta configuração apresenta grande desvantagem em se tratando de drenagem urbana e traz desafios para a gestão deste sistema. Conforme o Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.44), o sistema de drenagem do município de Itanhaém é marcado basicamente por duas grandes zonas distintas: • A porção da orla ou litorânea119, na qual se localiza a ocupação urbana mais consolidada e cuja drenagem é feita diretamente para o mar; • A porção interna ou continental, na qual a drenagem é feita para os afluentes dos grandes cursos d'água que cortam a região, como os Rios Aguapeú, Branco, Mambu e Preto, todos estes formadores do Rio Itanhaém. De acordo com este estudo, o divisor de águas desta estrutura de drenagem não é natural e constitui-se de parte do traçado da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-55) e parte do leito da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, que cortam a região em sentido paralelo à costa. O complexo do sistema de drenagem da porção “continental” de Itanhaém abrange bacias que se iniciam no alto da Serra do Mar e descem a vertente da serra através dos Rios Itariru, Mambu e Capivari, respectivamente formadores dos Rios Preto e Branco, formadores do Rio Itanhaém. Assim, todo o volume de água drenado se encaminha para formar o Rio Itanhaém, que deságua no mar em pleno centro da cidade. Na pequena porção cuja drenagem é feita diretamente para o mar, a divisão em bacias não é explícita, respeitando muitas vezes os limites de bairros ou outros aspectos, em função do desenvolvimento urbano não controlado pelo qual passou o município. Nesta área, o Rio do Poço escoa suas águas em direção ao Rio Itanhaém, enquanto os rios Paraná Mirim e Piaçaguera, diretamente ao Oceano. Na porção da orla, cuja urbanização ocorreu em grande parte antes de entrar em vigor o Código Florestal, é comum a ocupação em áreas de proteção permanente de beira de córrego, dificultando o escoamento das águas durante as cheias. O esquema apresentado no mapa ___ abaixo apresenta o sistema de macrodrenagem do município de Itanhaém, com seus componentes principais e as áreas descritas acima. 119 Segundo o Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.88) esta porção equivale a aproximadamente 10% do território municipal. 345 Mapa ___. Rede de macrodrenagem principal do município de Itanhaém. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.45). A porção da orla, assinalada na cor magenta, no mapa acima, é caracterizada pela urbanização, sendo parte consolidada, com vias pavimentadas, baixa declividade, onde frequentemente se nota o acúmulo de água nas sarjetas, proveniente da deficiência do escoamento superficial. De acordo com o Plano Diretor de Macro Drenagem, a “porção continental”120 do município, assinalada em amarelo no mapa anteriormente apresentado, é a parte interior do município, localizada ao norte da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, em que se situam os bairros mais populares, nos quais predomina a população fixa, e a zona rural do município. Segundo o relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.88), o município não possui um cadastro da rede de microdrenagem, tanto superficial quanto subterrânea. Desta forma, portanto não se obteve informação sobre suas características. O Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Críticas de Inundações, Erosões e Deslizamentos (PRIMAC), elaborado pela Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM), em 2002, mapeou as principais áreas críticas de erosão, deslizamento e inundação dos municípios da Baixada Santista. No que se refere a Itanhaém, este estudo identificou sete áreas críticas de inundação, duas de erosão e duas de deslizamentos, as quais estão detalhadamente identificadas na tabela ___ apresentada a seguir, que contém, ainda, a situação na época da elaboração do referido estudo e as respectivas propostas de intervenções. O mapa ___ apresentado a seguir contém a espacialização destas áreas, segundo o mesmo estudo. Verifica-se que os pontos críticos de drenagem situavam-se sobretudo: 120 Embora todo o município de Itanhaém se situe no continente, o Plano Diretor de Macro Drenagem denominou “Porção Continental” a área do município situada entre a SP-55 e a Serra do Mar. 346 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Ao longo da várzea do Rio do Poço situada na porção da orla, e que corta mês 2012 os bairros Jardim Bopiranga, Jardim Guacyra, Tupy e Cibratel II, correndo paralelamente à praia, entre a SP-55 e a Avenida Sorocabana; Na várzea do braço da Volta Deixada do Rio Itanhaém, no bairro Umuarama; Na planície situada ao norte dos bairros Tropical, Jardim Ivoty, Laranjeira e Anchieta , do Pq. Balneário Itanhaém, cruzando o Savoy. Tabela ___. Resumo da situação e propostas de mitigação nas áreas críticas identificadas no município de Itanhaém (2001) ÁREA LOCAL SITUAÇÃO ATUAL PROPOSTA DE MITIGAÇÃO ITA01 Diversos bairros próximos do Jd. Bopiranga Área sujeita a inundação que abrange diversos bairros causada por curso d’água assoreado com seção insuficiente Implantação de 1.300,00m de canal trapezoidal de concreto com base mín. = 8,00m / base máx. = 10,00m e altura variável ou escavação, remoção de materiais orgânicos e dragagem de fundo em 1.300,00m de canal trapezoidal de terra com base = 13,00m e altura variável ITA02 Diversos bairros próximos da Estância Balneária Itanhaém Área sujeita a inundação que abrange diversos bairros causada por curso d’água parcialmente assoreado Implantação de 1.300,00m de canal trapezoidal de concreto com base mín. = 8,00m / base máx. = 10,00m e altura variável e pontilhões com base mín. = 10,00m / base máx. = 18,00m e altura variável ou escavação, remoção de materiais orgânicos e dragagem de fundo em 1.300,00m de canal trapezoidal de terra com com base = 13,00m e altura variável ITA03 Diversos bairros próximos do bairro Umuarama Área sujeita a inundação que abrange vias de diversos bairros e principalmente a Av. 31 de Março causada por microdrenagem inexistente e travessia assoreada e obstruída Implantação de 3.200,00m de canal trapezoidal de concreto com base mín. = 1,00m / base máx. = 6,00m e altura variável, uma travessia com 11,00m de galeria celular de concreto com base = 2,50m e altura = 2,00m e outra travessia dupla com 15,00m com base = 2,00m e altura = 2,00m ou escavação, remoção de materiais orgânicos e dragagem de fundo em 1.450,00m de canal trapezoidal de terra com base = 6,00m e altura variável ITA04 Diversos bairros próximos ao Jd. Mosteiro Área sujeita a inundação que abrange diversas vias causada por microdrenagem insuficiente e obstruída Limpeza e desobstrução de 200,00m de GAP ITA05 Diversos bairros próximos ao Jd. Ivoty Área sujeita a inundação que abrange diversas vias causada por microdrenagem inexistente e curso d’água parcialmente assoreado com lançamento afetado pela maré Implantação de 1.900,00m de canal trapezoidal de terra com base mín. = 14,00m / base máx. = 25,00m e altura variável ITA06 Diversos bairros próximos do Jd. Guacyra Área sujeita a inundação que abrange diversas vias causada por curso d’água parcialmente assoreado com seção insuficiente Implantação de 750,00m de canal trapezoidal de concreto com base mín. = 8,00m / base máx. = 10,00m e altura variável ou escavação, remoção de materiais orgânicos e dragagem de fundo em 750,00m de canal trapezoidal de terra com com base = 13,00m e altura variável 347 ITA07 Diversos bairros próximos do Pq. Balneário Itanhaém Área sujeita a inundação que abrange vias de diversos bairros e principalmente a R. Montevidéu causada por loteamento mal implantado, microdrenagem insuficiente e obstruída e canal insuficiente e parcialmente assoreado Implantação de 1.450,00m de canal trapezoidal de terra com base = 1,00m e altura = 1,00m e 1.100,00m de canal retangular de concreto com base mín. = 0,50m / base máx. = 2,00m e altura = 2,00m ITA08 Praia do Sonho Área de deslizamento que apresenta risco para a Av. Walace Artur Skerat Implementação de solo grampeado, tela metálica e concreto projetado para manter a estabilidade da área atingida, desmonte dos matacões menores e ancoragem dos maiores, replantio da vegetação com espécies (bambu e grama) que protejam e fixem o solo da área atingida, e execução de mureta de proteção e canaleta de drenagem junto ao pé do talude ITA09 El Marin’s Park Área de erosão que abrange a margem do Rio Itanhaém Implementação de 500,00m de dique de enrocamento com altura = 3,00m ITA10 Orla marítima desde o Centro de Itanhaém até a divisa com Mongaguá Área de erosão que apresenta risco para as avenidas Pres. Vargas e Dr. José Peixe Abade Implementação de 14.000,00m de estrutura de contenção (projeto da Prefeitura de Itanhaém de um muro de arrimo para proteção contra erosão da praia) ITA11 Praia do Sonho Área de deslizamento que apresenta risco para a via de acesso da caixa d'água Implementação de duas estruturas de contenção, uma com 30,00m de extensão e altura = 20,00m (estacas justapostas) e outra com 20,00m de extensão e altura = 2,00m (muro de arrimo de concreto) e tatamento de muro de gabião existente com fixação de tela e concreto projetado Fonte: PRIMAC apud Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010b, p.13). 348 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Mapa ___. Pontos críticos de Erosão, Deslizamento e Inundação do Município mês de 2012Itanhaém. Fonte: Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Críticas de Inundações, Erosões e Deslizamentos (AGEM, 2002, 349 11.3.1. Caracterização do sistema de drenagem urbana de Itanhaém. De acordo com o Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.49), apresentar-se-á, a seguir, a caracterização do sistema de drenagem natural do município de Itanhaém. Porção da Orla Área caracterizada pela urbanização, com elevado percentual de domicílios de uso ocasional, em função do caráter de estância balneária do município. Parte desta área já se encontrava consolidada na época da elaboração do Plano de Macro Drenagem, e contava com vias pavimentadas, apresentando baixa declividade e deficiência do escoamento superficial em vários bairros. Esta área localiza-se entre a rodovia SP-55 e o mar, e apresentava índice de pavimentação próximo a 50%, na época da realização do mencionado estudo. Porém a rede de microdrenagem não era cadastrada, o que resultou em incerteza acerca do traçado e dos modelos adotados. O pavimento era, em geral, feito de blocos de concreto sem juntas impermeáveis. Conforme figura ___ abaixo, os bairros centrais, tais como o Centro, Satélite e Guarda Civil, situados à margem esquerda do Rio Itanhaém, bem como Praia dos Sonhos e Cibratel I, localizados à margem direita, possuem uma avenida litorânea implantada, o que, segundo o estudo, dificultará as soluções de macro drenagem convencionais para este tipo de ocupação praiana. Figura ___. Bairros centrais da Porção da Orla do Município de Itanhaém. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.46). Segundo a mesma fonte (ITANHAÉM, 2001a, p.49), nos bairros mais afastados predominam os arruamentos não pavimentados e muitas vezes não consolidados, nos quais o sistema de drenagem era precário. Os principais elementos de drenagem nesta porção são os rios do Poço, Paraná Mirim e Piaçaguera. Estes bairros, indicados nas figuras ___ e ___ a seguir, são os que apresentavam os maiores desafios em termos de drenagem para o município, de acordo com o referido plano. 350 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Figura ___. Bairros da Porção da Orla situados ao sul do Rio Itanhaém. mês 2012 Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.49). Figura ___. Bairros da Porção da Orla situados ao norte do Rio Itanhaém. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.49). Rio do Poço Segundo a referida fonte, de forma semelhante ao Rio Campininha, o Rio do Poço percorre cerca de 14 km, atravessando uma área totalmente urbanizada e apresentando como consequências águas com elevada carga de poluição orgânica, assoreamento e seções insuficientes. 351 Mapa ___. Itanhaém: Bacia do Rio do Poço. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.50). Rio Paraná Mirim Segundo o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001a, p.56), este pequeno curso d'água é o elemento de drenagem do Bairro Gaivota, apresentando então seções obstruídas por assoreamento e vegetação. O referido estudo apontou a necessidade urgente de limpeza e manutenção das travessias sob as vias. Rio Piaçaguera Este pequeno curso d’água, que drena a porção mais ao sul do município, na região da orla, apresentava leito extremamente plano e seções obstruídas e assoreadas, conforme a mesma fonte (ITANHAÉM, 2001, p.58). Porção Continental De acordo com o citado estudo (ITANHAÉM, 2001a, p.59), na “porção continental” do município, parte interior localizada ao norte da rodovia SP-55, situam-se os bairros mais populares e a zona rural do município, sendo que o sistema de drenagem converge todo para os afluentes dos rios Preto, Branco, Aguapeú e seus afluentes menores, como mostram as figuras ___ e ___ apresentadas a seguir. 352 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Figura ___. Bairros da porção continental situados à margem esquerda do Rio mêsItanhaém. 2012 Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.60). Figura ___. Bairros da porção continental situados à margem direita do Rio Itanhaém. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001a, p.60). 353 A seguir, apresenta-se a descrição do sistema de drenagem da porção continental, de acordo com o Plano Diretor de Macro Drenagem, considerando os principais cursos d'água, que serviram de base para os estudos hidrológicos e hidráulicos desenvolvidos no âmbito deste estudo. Rio Itanhaém O Rio Itanhaém origina-se da convergência dos Rios Branco e Preto, desaguando diretamente no mar em canal largo e profundo. Seu curso é, portanto, todo contido na planície litorânea, recebendo no pequeno trajeto as contribuições de vários cursos menores, destacando-se, sob o ponto de vista de drenagem, os Ribeirões Cabuçu e do Poço à margem direita e Negro Morto e Campininha à margem esquerda. Sob o ponto de vista da drenagem, o plano (ITANHAÉM, 2001a, p.61) destacou sua morfologia fluvial, relacionada com a capacidade de descarga de suas seções e estabilidade do leito. Assim, os grandes problemas verificados ocorriam em seus afluentes menores, principalmente na região do Rio Branco. Ribeirão Montevidéu De acordo com o Plano de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001a, p.65), este afluente da margem esquerda do Rio Branco nasce praticamente na divisa do município de Mongaguá e contorna a vertente oceânica do Morro Grande. Este curso d’água é importante, pois é o meio natural de drenagem dos bairros Tropical, Jardim Suarão (Interior), Verde Mar e Loty. Seu estado de conservação e limpeza era então precário, além de serem visivelmente insuficientes as travessias sobre ruas e estradas em sua bacia, sendo frequentes as ocorrências de alagamentos, mesmo fora da época de chuvas. Rio Aguapeú Segundo este Plano (ITANHAÉM, 2001a, p.67), praticamente todo o leito do Rio Aguapeú percorre a planície litorânea do município de Itanhaém, nascendo, porém em regiões com cota 800,0 a 1.000,0 m de altitude. Este rio drena uma porção correspondente a 15% do território do município e tem seu curso principal formado após a confluência com o Rio Mineiro. Seu traçado inferior serve de dreno principal para o Bairro do Aguapeú. Rio Branco Conforme a mesma fonte (ITANHAÉM, 2001a, p.70), o Rio Branco drena a partir da porção mais alta do município, tendo como formadores o Rio Branco de Cima e o Capivari, cujas nascentes situam-se na cota 800,0 m de altitude. A confluência do Capivari com o Branco marca o início do trecho em planície litorânea, ao redor da cota de 80,0 m, e assim prossegue recebendo outros afluentes menores como o Rio Mambu, até a confluência com o Rio Preto, formando assim o Rio Itanhaém. Ribeirão Campininha O Ribeirão Campininha, segundo o mesmo estudo (ITANHAÉM, 2001a, p.73), é afluente da margem esquerda do Rio Itanhaém, em sua porção final. Este rio drena uma área totalmente urbanizada, tendo suas condições de escoamento fortemente agravadas pela contribuição de esgotos urbanos e disposição de resíduos sólidos urbanos. As seções encontravam- se bastante assoreadas e as travessias sob vias eram insuficientes para as vazões decorrentes de chuvas intensas. Rio Preto Segundo o Plano de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001a, p.78), o Rio Preto é formador da margem direita do Rio Itanhaém, e sua bacia extrapola os limites do município, possuindo suas nascentes na Serra do Mar, em território do Município de Juquitiba. Suas condições de escoamento estavam preservadas desde as nascentes praticamente até a foz, sendo sua calha e as dos afluentes Cabuçu e Ipanema os meios de drenagem natural dos Bairros Jamaica, São Fernando Chácaras, Jardim Anchieta e Coronel. 11.3.2.Projetos e obras planejadas e em andamento De acordo com o Plano Diretor de Macrodrenagem (ITANHAÉM, 2001b), as seguintes bacias foram objeto de estudos, os quais resultaram em propostas de intervenção que serão apresentadas nesta seção: 354 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 ................................................................................................................................................ mês 2012 Porção da Orla; ................................................................................................................................................ Bacia 1 Rios Paraná-Mirim e Piaçaguera; ................................................................................................................................................ Bacia 2 Rio do Poço; ................................................................................................................................................ Bacia 3 Ribeirão Bicudo; ................................................................................................................................................ Bacia 4 Rio Cabuçu; ................................................................................................................................................ Bacia 5 Rio Campininha; ................................................................................................................................................ Bacia 6 Ribeirão Guapurá; ................................................................................................................................................ Bacia 7 Ribeirão Montevidéu; ................................................................................................................................................ Bacia 8 Rio Cambuituva; ................................................................................................................................................ Outras Bacias. De acordo com a mesma fonte serão apresentadas a seguir as propostas do Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001c, p.7), por meio dos estudos hidráulicos anteriormente desenvolvidos para o sistema de macrodrenagem do município de Itanhaém, foram propostas alternativas de melhorias de seu funcionamento através da implantação de obras, as quais objetivam tanto a fixação do leito dos cursos d'água com seções deficientes, como a execução de novos canais ou galerias de drenagem, para atender as situações críticas de escoamento superficial geradas em situações de chuvas intensas. Segundo o mesmo estudo, a partir do pré-dimensionamento hidráulico dos canais propostos, foram elaborados estudos econômicos para a estimativa do custo das obras e dos investimentos necessários para a realização de cada alternativa, englobando aspectos relacionados ao método construtivo, à forma da seção transversal e ao tipo de revestimento dos canais. Partindo-se do custo unitário estimado para cada obra, pode-se chegar à composição do custo global de cada alternativa proposta, e, por fim, à seleção da alternativa economicamente mais viável em cada caso analisado. Assim foi estabelecido um mapa de intervenções e tabela com detalhamento necessários ao encaminhamento adequado da drenagem das macrobacias constituintes do município, as quais são apresentadas apresentados a seguir e descritas abaixo, detalhadamente. Mapa ___. Intervenções propostas pelo Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém. 355 Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). BACIA DE DRENAGEM DENOMINAÇÃO DA OBRA TRECHO EXTENSÃO (m) DECLIVIDADE (m/m) FAIXA DO CANAL (m) OBSERVAÇÃO RIO IEMAJÁ Fixação do Leito I-1 820 0.0010 13.10 Canal de concreto Fixação do Leito I-2 250 0.0010 16.70 Canal de concreto Fixação do Leito I-3 580 0.0010 17.20 Canal de concreto Fixação do Leito I-4 780 0.0010 18.40 Canal de concreto Fixação do Leito I-5 620 0.0010 18.50 Canal de concreto Travessia SP-55 T-21 25 0.0060 * 2 tubulações reforço ---- - - - - - - RIBERÃO BICUDO Intervenção Emergencial Fixação do Leito B-1 580 0.0010 10.90 Canal escavado em terra Fixação do Leito B-2 990 0.0010 11.80 Canal escavado em terra Fixação do Leito B-3 280 0.0010 14.00 Canal escavado em terra Fixação do Leito B-4 315 0.0010 15.50 Canal escavado em terra Fixação do Leito B-5 1010 0.0010 15.80 Canal escavado em terra Travessia do Rio Julra T-28 11 0.0050 * Tubulação concreto 356 de de Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Travessia SP-55 T-29 25 0.0080 * mês 2012 Tubulação reforço de Travessia Av. 31 de Março T-30 15 0.0050 * Tubulação reforço de ---- --- --- --- --- --- --- RIBERÃO BICUDO Intervenção Definitiva Fixação do Leito B-1 580 0.0010 12,10 Canal de concreto Fixação do Leito B-2 990 0.0010 13,20 Canal de concreto Fixação do Leito B-3 280 0.0010 15,40 Canal de concreto Fixação do Leito B-4 315 0.0010 17,50 Canal de concreto Fixação do Leito B-5 1010 0.0010 17,80 Canal de concreto Travessia do Rio Julra T-28 11 0.0070 * Tubulação concreto de Travessia SP-55 T-29 25 0.008 * Tubulação reforço de Travessia Av. 31 de Março T-30 15 0.009 * Tubulação reforço de ---- --- --- --- --- --- --- RIO CABUÇU Fixação do Leito C-1 470 0.0010 17,00 Canal de concreto Fixação do Leito C-2 800 0.0010 18,10 Canal de concreto Fixação do Leito C-3 610 0.0010 19,10 Canal de concreto Fixação do Leito C-4 1120 0.0010 20,10 Canal de concreto T-27 15 0.0065 * 2 tubulações reforço Canal Cibratel Chácaras - 1700 0.0010 12,50 Canal escavado em terra --- --- --- --- --- --- --- RIO CAMPINNHA Vale de Drenagem/Rodovia SP-55 VM-20 1000 0.0010 8,3 Canal escavado em terra VM-21 1250 0.0010 10,40 Canal escavado em terra VM-22 150 0.0010 5,50 Canal escavado em terra VM-23 850 0.0010 8,00 Canal escavado em terra VM-24 580 0.0010 10,50 Canal escavado em terra VM-25 550 0.0010 8,00 Canal escavado em terra VM-26 550 0.0010 10,30 Canal escavado em terra T-1 25 0.0060 * Tubulação reforço Travessia Perez Estrada Travessia SP-55 Gentil de de 357 T-2 25 0.0030 * Tubulação reforço de T-3 25 0.0040 * Tubulação reforço de T-4 25 0.0073 * Tubulação reforço de T-5 25 0.0075 * Tubulação reforço de Galeria C1 - 490 0.0010 * Manutenção da travessia existente Galeria C2 - 490 0.0010 * Tubo de concreto Galeria C3 - 530 0.0010 * Galeria enterrada Galeria C4 - 560 0.0010 * Galeria enterrada Canal Av. Armênia - 600 0.0010 11,10 Canal escavado em terra Vale de Drenagem/Estrada Cel. Joaquim Branco VR-1 550 0.0010 5,40 Canal de Concreto U VR-2 400 0.0010 4,30 Canal de Concreto U --- --- --- --- --- --- --- RIBEIRÃO MONTEVIDEO Fixação do Leito M-1 500 0.0010 9.50 Canal de concreto M-2 400 0.0010 13.10 Canal de concreto M-3 900 0.0010 15.60 Canal de concreto M-4 700 0.0010 16.90 Canal de concreto M-5 1100 0.0020 20.20 Canal de concreto T-10 15 0.0020 14.00 Ponte de concreto Canal Ipiranga - 800 0.0007 12.90 Canal escavado em terra Canal Rua do Cano - 800 0.0007 13.20 Canal escavado em terra Canal Rua das Hortências - 900 0.0010 10.00 Canal escavado em terra Canal N. Sra. do Sion NSS-1 700 0.0010 11.40 Canal de concreto NSS-2 850 0.0010 13.70 Canal de concreto NSS-3 850 0.0010 6.20 Canal de concreto NI-1 650 0.0010 8.70 Canal de concreto NI-2 550 0.0010 10.30 Canal de concreto NI-3 600 0.0010 10.10 Canal de concreto VR-6 900 0.0030 4.00 Canal de Concreto U VR-7 500 0.0030 4.50 Canal de Concreto U Travessia Estrada Joaquim Branco Cel. Canal Nova Itanhaém Vala de Drenagem/Estrada Cel. Joaquim Branco --- --- --- --- --- --- --- RIBEIRÃO GUAPURÁ Fixação do Leito G-1 1000 0.0010 10.30 Canal escavado em terra 358 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Canal Tropical - 450 0.0010 Vala de Drenagem/Estrada Cel. Joaquim Branco VR-3 300 0.0010 4.00 Canal de Concreto U VR-4 150 0.0010 4.50 Canal de Concreto U VR-5 560 0.0010 5.40 Canal de Concreto U T-8 15 0.0030 * Tubulação concreto de T-9 15 0.0040 * Tubulação concreto de Travessia Estrada Joaquim Branco Cel. 10.10 mês 2012 Canal escavado em terra --- --- --- --- --- --- --- RIO PIAÇAGUEIRA Fixação do Leito P-1 600 0.0010 9,30 Canal escavado em terra Fixação do Leito P-2 660 0.0020 10.90 Canal de concreto Fixação do Leito P-3 510 0.0020 15.60 Canal de concreto Fixação do Leito P-4 800 0.0020 16.70 Canal de concreto Fixação do Leito P-5 1400 0.0010 21.00 Canal escavado em terra Trevessia Av. “1” T-12 12 0.0020 * Tubulação concreto Travessia Av. Central T-13 12 0.0020 7.00 Ponte de Concreto Travessia Av. Central T-14 12 0.0020 11.00 Ponte de Concreto Travessia Av. “1” T-15 12 0.0020 11.00 Ponte de Concreto --- --- --- --- --- --- --- RIO PARANÁ-MIRIM Fixação do Leito PM-1 680 0.0010 8.70 Canal de concreto Fixação do Leito PM-2 660 0.0020 9.90 Canal de concreto Fixação do Leito PM-3 730 0.0020 11.10 Canal de concreto Fixação do Leito PM-4 600 0.0020 12.60 Canal de concreto Travessia Rua Emília T-16 15 0.0020 * 2 tubulações concreto de Travessia Rua “2” T-17 15 0.0020 * 3 tubulações concreto de Travessia Rua das Palmeiras T-18 15 0.0020 * 2 tubulações concreto de Travessia A. Novaro T-19 20 0.0020 8.00 Ponte de concreto --- --- --- --- --- --- --- RIO DO POÇO Vala de Drenagem VM-29 1720 0.0010 12.10 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-30 870 0.0010 11.30 Canal escavado em terra de 359 Vala de Drenagem VM-31 2170 0.0010 15.70 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-32 330 0.0010 9.70 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-33 200 0.0010 8.90 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-34 400 0.0010 9.30 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-35 350 0.0010 9.40 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-36 700 0.0010 11.20 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-37 400 0.0010 9.80 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-38 650 0.0010 11.00 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-39 380 0.0010 10.30 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-40 980 0.0010 11.80 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-41 1320 0.0010 7.40 Canal escavado em terra Vala de Drenagem VM-42 630 0.0010 6.60 Canal escavado em terra Travessia SP-55 T-20 25 0.0070 * Tubulação reforço de Travessia SP-55 T-22 25 0.0050 * Tubulação reforço de Travessia SP-55 T-23 25 0.0070 * Tubulação reforço de Travessia SP-55 T-24 25 0.0050 * Tubulação concreto de Travessia SP-55 T-25 25 0.0090 * Tubulação reforço de Travessia SP-55 T-26 25 0.0060 * Tubulação concreto de Canal A. “A” - 330 0.0010 10.20 Canal de concreto Canal Av. Estados Unidos - 410 0.0010 11.70 Canal de concreto Canal Av. Pedro W. de Araújo - 550 0.0010 11.70 Canal de concreto Canal Xerentes - 450 0.0010 12.50 Canal de concreto Canal Av. Chile - 600 0.0010 7.70 Canal de concreto Canal Extravasor - 1050 0.0010 15.30 Canal de concreto --- --- --- --- --- --- --- RIO CAMBUITUVA Canal Cambuituva CV-1 150 0.0010 8..60 Canal de concreto CV-2 650 0.0010 11.90 Canal de concreto CV-3 750 0.0010 14.50 Canal de concreto CV-4 700 0.0010 15.90 Canal de concreto 360 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 CV-5 750 0.0010 18.20 mês 2012 Canal de concreto CV-6 300 0.0010 20.40 Canal de concreto T-11 15 0.0010 13.00 Ponte de concreto VM-1 350 0.0010 7.10 Canal escavado em terra VM-2 450 0.0010 7.60 Canal escavado em terra VM-3 320 0.0010 6.90 Canal escavado em terra VM-4 400 0.0010 7.40 Canal escavado em terra VM-5 800 0.0010 7.90 Canal escavado em terra VM-6 800 0.0010 7.90 Canal escavado em terra Canal Verde Mar I - 200 0.0010 9.70 Canal escavado em terra Canal Verde Mar II VmarII1 700 0.0008 10.70 Canal escavado em terra VmarII2 800 0.0008 12.30 Canal escavado em terra Canal Verde Mar III - 700 0.0010 11.00 Canal escavado em terra Canal Loty LI-1 600 0.0007 11.00 Canal escavado em terra LI-2 800 0.0007 13.50 Canal escavado em terra LII-1 550 0.0008 10.40 Canal escavado em terra LII-2 650 0.0008 13.10 Canal escavado em terra Travessia Raminho Estrada do Vala de Drenagem/Rodovia SP-55 Canal Loty II --- --- --- --- --- --- --- BAIRRO OÁSIS Canal Oásis O-1 670 0.0007 11.70 Canal escavado em terra O-2 700 0.0007 14.00 Canal escavado em terra Canal Aeroporto - 1300 0.0010 10.70 Canal escavado em terra --- --- --- --- --- --- --- BAIRRO MOSTEIRO E IVOTY Vala de Drenagem/Rodovia SP-55 VM-27 750 0.0010 9.20 Canal escavado em terra VM-28 1100 0.0010 10.00 Canal escavado em terra 361 --- --- --- --- --- --- --- Vala de Drenagem/Rodovia SP-55 VM-7 1250 0.0010 8.90 Canal escavado em terra VM-8 450 0.0010 7.80 Canal escavado em terra VM-9 160 0.0010 6.50 Canal escavado em terra VM-10 650 0.0010 8.40 Canal escavado em terra VM-11 630 0.0010 7.90 Canal escavado em terra VM-12 200 0.0010 6.60 Canal escavado em terra VM-13 630 0.0010 9.00 Canal escavado em terra VM-14 900 0.0010 9.20 Canal escavado em terra VM-15 1300 0.0010 8.30 Canal escavado em terra VM-16 900 0.0010 7.90 Canal escavado em terra VM-17 1300 0.0010 10.40 Canal escavado em terra VM-18 250 0.0010 11.90 Canal escavado em terra VM-19 650 0.0010 9.40 Canal escavado em terra T-6 25 0.0090 * Tubulação concreto de T-7 25 0.0080 * Tubulação concreto de Galeria G1 - 550 0.0030 * Galeria enterrada Galeria G2 - 700 0.0030 * Galeria enterrada Canal Marrocos - 450 0.0010 10.10 Canal escavado em terra Canal Campos Elíseos - 500 0.0010 9.70 Canal escavado em terra Travessia SP-55 Segundo o Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, p.26), a porção centro-sul da orla de Itanhaém, correspondente à sua faixa oceânica, á apresentava urbanização consolidada na maior parte dos bairros situados no trecho compreendido entre Marrocos e Cibratel II. Estas obras específicas de drenagem foram concebidas para eliminar as descargas de base de vazões de drenagem que são direcionadas a rede de águas pluviais, mas que, na realidade conduzem esgotos domésticos. Em regiões como os bairros Cibratel II e Tupy, estavam sendo construídos interceptores para captar a drenagem superficial das vias e encaminhar diretamente para o mar, através de canais localizados a cada 800,0 ou 1.000,0 m. Estes canais possuíam, ainda, o objetivo de recuperar a balneabilidade das praias através da captação de água proveniente de canais de drenagem. Assim, esta solução deveria ser estendida à toda a porção norte da Orla, conforme exposto mais adiante. 362 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Bacia 1 - Rios Paraná-Mirim e Piaçaguera mês 2012 Conforme Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001c, p.7), as intervenções a serem realizadas no Rio Piaçaguera consistem na fixação do leito, através de escavação da seção mínima recomendada, limpeza e manutenção das margens e implantação de travessias com a capacidade de descarga adequada às vazões previstas para a condição futura. A solução ótima para a fixação do leito corresponde à execução de um canal trapezoidal e, de acordo com os critérios de projeto estabelecidos para o Plano Diretor de Itanhaém, onde possível foi mantida a seção natural (trechos P-1 e P-5 apresentados no desenho 826-140/01-R1 em anexo, junto à cabaceira e à foz do rio Piaçaguera, respectivamente), progredindo-se para a utilização de revestimento em concreto quando necessário (trechos P-2, P-3 e P-4, com comprimento total de 1970 metros). A travessia sob a Av. "1" entre os trechos P-1 e P-2 (travessia T-12) deve ser realizada por meio de aduela de concreto pré-moldado. As travessias sob a Av. Central nos trechos P-2 (travessia T-13) e P-3 (travessia T-14) e sob a Av. "1" entre os trechos P-3 e P-4 (travessia T-15), dar-se-ão por pontes com seção retangular revestida em concreto. O custo total estimado para as obras na calha do Rio Piaçaguera, em 2001, era de R$2.235.398,91. Segundo a mesma fonte (ITANHAÉM, 2001c, p.8), Foi também estudada a opção de revestimento do leito em colchão Reno, alternativa que resultou em um custo total de R$2.543.706,82, na época da realização do plano, portanto menos econômica que a alternativa final acima apresentada. O Rio Paraná-Mirim, por sua vez, deverá ter a seção adequada ao longo de toda sua extensão, desde a Rua "A" até a foz no Rio Piaçaguera. A melhor solução para a fixação do leito corresponde à execução de um canal trapezoidal com revestimento em concreto, englobando os trechos PM-1, PM-2, PM-3 e PM-4, em um comprimento total de 2670 metros, conforme se observa no desenho 826-140/01-R1 em anexo. As travessias sob a Rua Emília (T-16), Rua "2" (T-17) e Rua das Palmeiras (T-18) serão feitas por galerias de concreto prémoldado. A travessia sob a Av. Novaro (T-19), junto à foz, dar-se-á por uma ponte com seção retangular revestida em concreto. O custo total estimado para as obras na calha do Rio Paraná-Mirim correspondia a R$1.001.148,26. Foi também estudada a opção de revestimento do leito em colchão Reno, alternativa que resultou em um custo total de R$1.440.119,95, referente a 2001, novamente menos econômica que a alternativa final acima apresentada. O mapa ___ apresenta detalhadamente a Bacia 1. Mapa ___. Bacia 1. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). 363 Bacia 2 - Rio do Poço Conforme o mencionado estudo (ITANHAÉM, 2001c, p.9), o Projeto Executivo das Obras do Rio do Poço, realizado pela empresa Internave Engenharia para a regularização do curso d'água, é adequado à vazão de período de retorno 10 anos, levantada pelo Plano Diretor. Para a vazão de 25 anos, nas condições analisadas neste plano, não se verifica a existência de uma borda livre satisfatória e para a vazão de 50 anos nota-se o extravasamento da calha neste mesmo trecho. Desta forma, foram propostas e avaliadas duas alternativas de complementação deste projeto, ambas consideradas satisfatórias do ponto de vista hidráulico, a saber: • Alternativa I: drenagem de parte dos bairros Cibratel Chácaras e São Fernando Chácaras para o interior, com descarga no Rio Cabuçu, por meio da construção de dois canais de drenagem e adequação da calha deste rio; • Alternativa II: construção de um canal extravasor com 30,0 m3/s de capacidade, na Avenida das Palmeiras, limitando os Bairros Bopiranga e Tupy, com descarga diretamente para o mar. Os estudos realizados permitiram concluir que a alternativa II é significativamente mais viável do ponto de vista econômico, sendo, portanto, escolhida para a complementação do Projeto Internave. O custo total estimado para o Canal Extravasor, com revestimento em concreto, na alternativa II, equivalia a R$599.096,50, enquanto que na alternativa I o custo dos canais de drenagem revestidos em concreto chegava a R$2.299.925.86. O Canal Extravasor deverá ser executado em seção trapezoidal com revestimento em concreto, englobando um trecho de extensão total 1050,0 m, que se estende ao longo da Av. das Palmeiras desde a calha do Rio do Poço até a praia. Foi também estudada a opção de revestimento Canal Extravasor em colchão Reno, alternativa que resultou em um custo total de R$923.815,54, menos econômica que a alternativa final acima apresentada. Por outro lado, a drenagem da bacia contribuinte do Rio do Poço, situada ao norte da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega até as travessias sob a pista, deveria ser realizada em duas etapas: na primeira, as vazões são conduzidas, por microdrenagem rua a rua, até valas localizadas paralelamente à rodovia; na segunda a drenagem seria realizada por meio destas valas, até a entrada das travessias. Conforme a mesma fonte (ITANHAÉM, 2001c, p.11), foram identificados catorze trechos distintos da vala de drenagem na bacia do Rio do Poço, com caimento em direção à travessia correspondente. A melhor solução para estes trechos corresponde à escavação de seção trapezoidal em terra, englobando um comprimento total de 11.100,00 metros. As travessias já existentes sob a Rodovia SP-55 na Av. Central (T-20), Av. "E" (T-22), Av. Estados Unidos (T-23), Rua Pedro W. de Araújo (T-24), Rua Xerentes (T-25) e Rua Chile (T-26) deverão reforçadas com galerias de concreto pré-moldado. Após a passagem pelas travessias T-20, T-22, T-23, T-24, T-25 e T-26, a drenagem segue por meio de cinco canais que conduzirão a vazão de escoamento até o leito do rio. A solução ótima para o Canal Av. "E", Canal Estados Unidos, Canal Rua Pedro W. de Araújo, Canal Xerentes e Canal Rua Chile corresponde à execução de seções trapezoidais com revestimento em concreto. De acordo com o estudo, o custo total estimado para as obras ao longo da bacia contribuinte do Rio do Poço equivalia a R$3.353.439,24. Foi também estudada a opção de revestimento dos canais Av. "E", Estados Unidos, Rua Pedro W. de Araújo, Xerentes e Rua Chile em colchão Reno, alternativa que resultou em um custo total de R$3.697.342,32, portanto menos econômico que o da alternativa final acima apresentada. Segundo o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.12), o Rio lemanjá deveria ter a seção adequada ao longo de toda sua extensão, desde a nascente, no bairro Jamaica Interior, até a foz no Rio do Poço. A melhor solução para a fixação do leito corresponde à execução de um canal trapezoidal com revestimento em concreto, englobando cinco trechos distintos com comprimento total 3.050,00 m. A travessia sob a Rodovia SP-55 será realizada por aduelas de concreto pré-moldado. O custo total estimado para as obras na calha do Rio lemanjá correspondia a R$1.950.071,16. 364 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Foi também estudada a opção de revestimento em colchão Reno, alternativa que mês 2012resultou em um custo total de R$2.972.967,39, portanto menos econômica que a alternativa final acima apresentada. O mapa ___ apresenta detalhadamente a Bacia 2. Mapa ___. Bacia 2. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). Bacia 3 - Ribeirão Bicudo Segundo o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.13), o Ribeirão Bicudo deveria ter a seção adequada para o encaminhamento das vazões de cheia na porção que vai desde a Rua "D" até a foz no Rio Guaú, englobando cinco trechos distintos com comprimento total de 3.175,0 m, e três travessias, sob a Rua Juira, sob a rodovia SP-55, e sob a Av. 31 de Março. A fixação do leito será feita em duas etapas: • A primeira etapa deveria ser emergencial, e compreendia o arranjo do canal de forma simples, fixação do seu leito através da implantação de uma seção de escoamento natural escavada e forma trapezoidal, com capacidade para escoamento das vazões correspondentes a um período de retorno de 10 anos para a situação de urbanização então verificada. As travessias existentes seriam executadas em aduelas de concreto pré-moldado. • A segunda etapa, dimensionada para situação futura, aproveitaria as obras já introduzidas na etapa emergencial e considera período de retorno de 25 anos. Nesta etapa, seriam executados tanto o canal definitivo, com seção trapezoidal revestida em concreto, como as travessias correspondentes, em aduelas de concreto pré-moldado. Para a etapa definitiva, foi também estudada a opção de revestimento em colchão Reno, alternativa que resultou em um custo total de R$2.755.693,84, menos econômica que a alternativa final acima apresentada. A porção da bacia do Ribeirão Bicudo correspondente ao bairro Cibratel Chácaras apresenta como melhor solução para o problema de drenagem a condução de suas águas para o Rio Cabuçu, que tem melhores condições de escoamento, exigindo menores investimentos. O desvio da área Cibratel Chácaras para o Rio Cabuçu dar-se-ia por meio do Canal Cibratel Chácaras, que deveria ser executado em seção trapezoidal escavada em terra, em uma extensão total de 1.700,0 m, desde a rodovia SP-55 até a calha do Rio Cabuçu. O custo total estimado para as obras do Canal Cibratel Chácaras equivalia a R$429.441,04. O mapa ___ apresenta detalhadamente a Bacia 3. 365 Mapa ___. Bacia 3. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). Bacia 4 - Rio Cabuçu De acordo com o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.15), o Rio Cabuçu deveria ter sua seção adequada na porção de maior ocupação urbana, que se estende desde a Estrada Gentil Perez até a Avenida Cavussu, através da execução da seção mínima recomendada, limpeza e manutenção das margens e implantação de travessias com a capacidade de descarga adequada às vazões previstas para a condição futura. A melhor solução para a fixação do leito do rio neste trecho correspondia à execução de um canal trapezoidal com revestimento em concreto, com um comprimento total de 3.000,0 m. A travessia sob a Estrada Gentil Perez seria realizada por aduelas de concreto pré-moldado. O custo total estimado para as obras na calha do Rio Cabuçu correspondia a R$2.293.825,28. Foi também estudada a opção de revestimento em colchão Reno, alternativa que resultou em um custo total de R$ 3.637.261,46, portanto menos econômica que a alternativa final acima descrita. 366 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 O mapa ___ apresenta detalhadamente a Bacia 4. mês 2012 Mapa ___. Bacia 4. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). Bacia 5 - Rio Campininha Conforme o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.16), a drenagem da bacia contribuinte do Rio Campininha ao sul da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega até as travessias sob a pista seria realizada em duas etapas: na primeira, as vazões seriam conduzidas, por microdrenagem rua a rua, até valas localizadas paralelamente à Rodovia; na segunda, a drenagem seria realizada por meio destas valas, até a entrada das travessias. Foram identificados sete trechos distintos da vala de drenagem na bacia do Rio Campininha. A melhor solução para estes trechos correspondia à escavação de seção trapezoidal em terra, englobando um comprimento total de 4.930,0 m. As travessias já existentes sob a rodovia SP-55, nas ruas Meril Brandilla Calazans, Helio Barbavita e Maria C. P. Castro deveriam ser reforçadas com galerias circulares de concreto pré-moldado. A travessia existente na Rua Olímpia não necessitaria de reforço, pois já apresentava capacidade de descarga suficiente para o escoamento das vazões de cheia, bastando assim sua limpeza e manutenção. A travessia sob a Avenida Armênia também seria feita por galeria circular de concreto pré-moldado. Após a passagem pelas travessias sob a pista, a drenagem segue por meio de galerias de concreto enterradas e canais que conduzem a vazão de escoamento até o leito do rio. As galerias enterradas se faziam necessárias 367 em alguns pontos devido ao fato de o Rio Campininha atravessar uma região densamente urbanizada, impossibilitando a execução de canais abertos. Seriam utilizadas quatro aduelas de concreto pré-moldado, localizadas nas ruas Olímpia, Maria C. P. Castro, Helio Barbavita e Meril Brandilla Caíazans. Além disso, seriam executados o Canal Av. Armênia, em seção natural escavada em terra, e a vala de drenagem paralela à Estrada Cel. Joaquim Branco, compreendendo dois trechos distintos, com comprimento total de 950,0 m e seção revestida em concreto, alternativa que se mostrou ideal neste caso, por necessitar uma estreita faixa de manutenção. O custo total estimado para as obras ao longo da bacia contribuinte do Rio Campininha correspondia a R$ 3.968.940,50. O mapa ___ apresenta detalhadamente a Bacia 5. Mapa ___. Bacia 5. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). Bacia 6 - Ribeirão Guapurá Segundo o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.18), em virtude do nível de ocupação já existente no bairro Savoy, a porção da bacia do Ribeirão Guapurá correspondente a este bairro apresentava como melhor solução de drenagem o direcionamento das águas a partir de galerias de microdrenagem nas ruas, que seguem para o canal paralelo à Estrada Cel. Joaquim Branco. Este canal recebe a drenagem e a encaminha para travessias sob a referida estrada, na altura da Rua Antônio Marques e da Av. Bauru, respectivamente, e destas para o Canal Tropical, que deságua no Ribeirão Guapurá, ou diretamente para a calha do ribeirão. Existiam na época da realização do estudo tanto a vala de drenagem paralela à rodovia, quanto as travessias sob a mesma, porém estas apresentam seção insuficiente para o encaminhamento as vazões críticas. Desta forma, os trechos VR-3, VR-4 e VR-5 deveriam ser reimplantados em seção trapezoidal com revestimento em concreto, alternativa que se mostrou ideal neste caso, por necessitar de uma estreita faixa de manutenção do canal. As travessias T-8 e T-9 teriam sua seção readequada por meio de galerias circulares de concreto pré-moldado. O Canal Tropical, por sua vez, seria executado em seção trapezoidal escavada em solo, em uma extensão total de 450,0 m, desde a Estrada Cel. Joaquim Branco até a calha do Guapurá. Quanto ao Ribeirão Guapurá, este deveria ter sua seção adequada na porção mais próxima da cabeceira, correspondente ao trecho G-1 de comprimento 1.000,0 m, onde há ocupação urbana. A melhor solução para a fixação do leito do ribeirão neste trecho corresponde à escavação em terra de seção trapezoidal. 368 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 O custo total estimado para as obras na bacia do Ribeirão Guapurá correspondia a R$ 950.123,44 mês 2012 O mapa ___ apresenta detalhadamente a Bacia 6. Mapa ___. Bacia 6. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). Bacia 7 - Ribeirão Montevidéu 369 Como consta do Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.19), as intervenções planejadas nesta bacia consistiam no direcionamento da drenagem para a calha do Montevidéu, a partir da introdução de canais, galerias, recuperação ou implantação das valas rodoviárias e travessias. A alternativa ideal para a drenagem do bairro Jardim Suarão Interior consistia na construção dos Canais Ipiranga, Rua do Cano e Rua das Hortências, que receberiam toda a água da microdrenagem das vias já implantadas, encaminhando-a à calha do Ribeirão Montevidéu. A solução mais econômica para estes canais, consistia na escavação em solo da seção trapezoidal mínima recomendada. Segundo a mesma fonte (ITANHAÉM, 2001c, p.20), nos bairros Nossa Senhora do Sion e Nova Itanhaém Interior, a alternativa ideal de drenagem consistia na implantação dos canais Nova Itanhaém e Nossa Senhora do Sion, que receberiam toda a água da microdrenagem das vias a serem implantadas, encaminhando-a ao canal aberto a ser construído paralelamente à Estrada Municipal Cel. Joaquim Branco, e daí à calha do ribeirão Montevidéu. O Canal Nossa Senhora do Sion seria executado em seção trapezoidal revestida em concreto, englobando três trechos com extensão total de 2.400,00 m. O Canal Nova Itanhaém, por sua vez, seria também executado em seção trapezoidal, revestida em concreto, englobando três trechos com extensão total de 1.800,0 m. Já existia no local uma vala de drenagem paralela à Estrada Cel. Joaquim Branco, porém com seção insuficiente para o encaminhamento as vazões críticas. Desta forma, o trechos VR-6 e VR-7 deverão ser reimplantados em seção trapezoidal, com revestimento em concreto, alternativa que se mostrava ideal, por necessitar de uma estreita faixa de manutenção do canal. As intervenções planejadas na calha do Ribeirão Montevidéu consistiam na fixação do leito, através de escavação da seção mínima recomendada, limpeza e manutenção das margens e implantação de travessias com a capacidade de descarga adequada às vazões previstas para a condição futura. A melhor solução para a fixação do leito correspondia à execução de um canal trapezoidal com revestimento em concreto, englobando cinco trechos distintos, com comprimento total de 3.600,0 m. A travessia sob a Estrada Cel. Joaquim Branco seria realizada por meio de ponte com seção retangular revestida em concreto. O custo total estimado para as obras nesta bacia seria de R$ 6.620.341,38. O mapa abaixo apresenta detalhadamente a Bacia 7. 370 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Mapa ___. Bacia 7. mês 2012 Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). Bacia 8 - Rio Cambuituva De acordo com o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.23), as intervenções a serem realizadas na bacia do Rio Cambuituva consistiam no direcionamento da drenagem para a calha do rio, a partir da introdução de canais e da recuperação ou implantação de travessias. A alternativa ideal para a drenagem do loteamento Verde Mar, situado nesta bacia, consistia no encaminhamento das águas através de galerias de microdrenagem nos trechos já implantados da Rua Rosana A. Marques Carreira e Av. Paris. Estas galerias receberiam a drenagem das ruas transversais e deveriam desembocar nos canais Verde Mar I e III, a serem implantados em área que ficaria reservada até a calha do Rio Cambuituva. O Canal Verde Mar II, que também receberia diretamente a drenagem das ruas transversais bem como a drenagem das valas paralelas à Rodovia SP-55 , deveria ser implantado em área reservada na Rua Maria Albertina. A melhor solução para os canais Verde Mar I, II e III consistia na escavação em solo da seção trapezoidal mínima recomendada, englobando uma extensão total de 2.400,0 m. Os trechos VM-5 e VM-6 da vala de drenagem 371 também seriam escavados em solo em seção trapezoidal, em um trecho de extensão total equivalente a 1.600,0 m. O custo total estimado para as obras no loteamento Verde Mar correspondia a R$673.269,90. Segundo a mesma fonte (ITANHAÉM, 2001c, p.24), a solução ideal para a drenagem do bairro Loty consistia no encaminhamento das águas pluviais através das valas de drenagem paralelas à Rodovia SP-55 e de galerias de microdrenagem rua a rua, que seguem para os canais Loty I e Loty II e destes são levadas até o Rio Cambuituva. Estes canais, por sua vez, seriam executado em seção trapezoidal escavada em terra, com extensão total 2.600,0 m. Os trechos VM-1 a VM-4 da vala de drenagem também seriam escavados em solo em seção trapezoidal, em um trecho de extensão total equivalente a 1.520,0 m. O custo total estimado para as obras do Canal Loty I, englobando os trechos VM-1 e VM-2 da vala de drenagem, correspondia a R$430.336,00. De acordo com o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.25), as intervenções a serem realizadas na calha do Rio Cambuituva consistiam na fixação do leito, através de escavação da seção mínima recomendada, limpeza e manutenção das margens e implantação de travessias com a capacidade de descarga adequada às vazões previstas para a condição futura. A melhor solução para a fixação do leito correspondia à execução de um canal trapezoidal revestido em concreto, englobando seis trechos distintos com comprimento total de 3.300,0 m. A travessia sob a Estrada do Raminho seria realizada por meio de ponte, com seção retangular revestida em concreto. O custo total estimado para as obras na calha do Rio Cambuituva correspondia a R$2.081.716,90. O mapa a seguir apresenta detalhadamente a Bacia 8. Mapa ___. Bacia 8. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). 372 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Outras Bacias. mês 2012 Bairro Aeroporto Conforme o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.26), a melhor solução para a drenagem dos loteamentos já implantados no bairro Aeroporto consistia na construção do Canal Oásis, que se estenderia desde a Rua "9" até a Rua "19" e desembocaria diretamente no Rio Itanhaém. A área compreendida entre as ruas "5" e "9" deveria ter suas águas encaminhadas para o Canal Oásis, através de galerias de microdrenagem rua a rua, uma vez que a maior densidade de ocupação desta região não oferece as áreas livres necessárias para a construção de canais. O Canal Oásis seria executado em seção trapezoidal escavada em solo, englobando dois trechos com extensão total 1.370,0 m. A solução ideal para a drenagem do aeroporto, por sua vez, consistia na implantação do Canal Aeroporto, a ser construído paralelamente à pista através da escavação em terra de seção trapezoidal, englobando um trecho de extensão total de 1.300,0 m. O custo total estimado para as obras do Canal Oásis e do Canal Aeroporto equivalia a R$615.355,13. Foram também estudadas opções de revestimento dos canais Oásis e Aeroporto, ambos em concreto ou em colchão Reno, alternativas que resultaram, respectivamente, nos um custos de R$842.194,87 e R$1.263.595,19, portanto menos econômicas que a alternativa final acima apresentada. Bairros Mosteiro e Ivoty De acordo com o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.27), a alternativa ideal de drenagem dos Bairros Mosteiro e Ivoty consistia na implantação de canais abertos paralelos à rodovia SP-55, que receberiam toda a água da microdrenagem das vias implantadas, encaminhando-a ao Rio Itanhaém. Os trechos VM-27 e VM-28 deveriam ser implantados em seção trapezoidal escavada em terra, englobando um trecho de extensão total 1.850,0 m. O custo total estimado para estas obras correspondia a R$289.942,97. Orla Norte Segundo o Plano Diretor de Macro Drenagem (ITANHAÉM, 2001c, p.27), a porção dos bairros Jardim Suarão Praia, Suarão e Nova Itanhaém Praia, situada entre a rodovia e o mar, e que drena para o interior, passaria a drenar diretamente para o mar, por meio da implementação dos trechos VM-11 a VM-19 da vala paralela à SP-55; das travessias sob a referida rodovia, na rua Pedro Magalhães e na Av. Ipiranga; e de duas galerias fechadas para condução das águas pluviais, a galeria G-1 na Av. Ipiranga e a galeria G-2 nas ruas Lucas Nogueira Garcez e Taiaçupeba. Esta solução era mais econômica que a drenagem desta área para o interior, com a execução de galerias fechadas nos trechos já implantados da Av. Ipiranga e da Rua Mário Beni, desaguando nos canais Ipiranga e Rua do Cano. O custo total estimado para as obras de implantação da galeria G-1 correspondia a R$881.199,87. Por sua vez, o custo total estimado para as obras de implantação da galeria G-2, foi estimado em R$1.703.567,70. No loteamento Marrocos, o plano apontou como alternativa ideal de drenagem a implantação de valas paralelas à Rodovia SP-55 e do Canal Marrocos. Estas estruturas receberiam toda a água da microdrenagem das vias existentes e a encaminhariam diretamente ao mar. Segundo a mesma fonte (ITANHAÉM, 2001c, p.29), os trechos VM-7 e VM-8 da vala de drenagem deveriam ser implantados em seção trapezoidal escavada em terra, englobando uma extensão total de 1.700,0 m. O Canal Marrocos, de extensão 450,0 m, também seria implantado em seção trapezoidal escavada em terra. O custo total estimado para estas obras correspondia a R$290.856,37. 373 No loteamento Campos Elíseos, a alternativa ideal de drenagem preconizada assemelha-se à do loteamento Marrocos, consistindo na implantação de valas paralelas à rodovia SP-55 e do Canal Campos Elíseos. Estas estruturas receberiam toda a água da microdrenagem das vias locais e a encaminharão diretamente ao mar. Os trechos VM-9 e VM-10 da vala de drenagem deveriam ser implantados em seção trapezoidal escavada em terra, englobando uma extensão total de 810,0 m. O Canal Campos Elíseos, com extensão de 500,0 m, também seria implantado em seção trapezoidal escavada em terra. O custo total estimado para estas obras correspondia a R$166.533,14. O mapa ___ apresenta detalhadamente a Bacia da porção norte da orla. Mapa ___. Bacia da porção norte da orla. Fonte: Plano Diretor de Macro Drenagem de Itanhaém (ITANHAÉM, 2001b, Anexo). Desta forma, as intervenções estruturais no âmbito do plano de ação do Plano Diretor de Macro-Drenagem somavam aproximadamente R$ 32.750.000,00, em valores de 2001, envolvendo a canalização, retificação e fixação de leito, ampliação de pontes, bueiros e travessias bem como a construção de novos canais de macrodrenagem. As obras previstas totalizavam 82,7 km de extensão, beneficiando diretamente uma população total de cerca de 190.000 pessoas no horizonte de 20 anos, prazo de abrangência do plano. Estas obras também receberam uma escala de prioridades, bem como as ações não estruturais previstas pelo Plano Diretor de Macro-Drenagem de Itanhaém. 11.3.3. Avaliação da gestão e da prestação dos serviços de Drenagem Urbana de Itanhaém Em termos de planejamento, regulação e fiscalização do sistema de drenagem urbana do município de Itanhaém, o relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.84) apresenta uma avaliação, segundo a qual foi constatada: desconexão entre os estudos de desenvolvimento urbano e o planejamento da drenagem do município; existência de interface com municípios vizinhos; existência de interface entre a gestão da drenagem urbana, de resíduos sólidos e esgotos sanitários; ausência de regulação do sistema de drenagem; falta de acompanhamento por parte da fiscalização e existência de sistema de monitoramento quali-quantitativo dos recursos hídricos. Quanto à mencionada desconexão entre os estudos de desenvolvimento urbano e o planejamento da drenagem do município, o relatório (DAEE, 2010, p.86) apontou a falta de integração entre o Plano Diretor de Macro Drenagem, elaborado em 2001, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado em vigor, desde 2000. Desta forma, o estudo sugere que ambos passem por uniformização e atualização no que concerne à questão da drenagem urbana. No tocante à interface existente com municípios vizinhos, o estudo identificou interfaces com os municípios de São Paulo, referente ao Rio Capivari; São Vicente, referente ao Rio Branco; Mongaguá, referente ao Rio Aguapeú e Juquitiba e Peruíbe, referentes ao Rio Preto. Sendo assim, o relatório (DAEE, 2010, p.86) sugeriu a elaboração de um estudo que uniformize e integre os segmentos e bacias estudadas, de maneira que se tenha um tratamento uniforme, no que concerne a terminologia, metodologia e sobretudo que possuam convergência em termos de manejo sustentável das águas urbanas. 374 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 No que tange à interface entre drenagem urbana e resíduos sólidos, segundomês o 2012 relatório (DAEE, 2010, p.86), o correto planejamento das ações que envolvem o desassoreamento, limpeza e coleta de resíduos pode otimizar recursos, sendo que a sistematização dos dados que caracterizam o serviço deve nortear programa de educação ambiental, bem como de combate a erosão. Concernente à interface da gestão da drenagem urbana e dos esgotos sanitários, o estudo (DAEE, 2010, p.86) apontou que no município de Itanhaém não existe um programa formal de identificação de ligações irregulares da rede de esgoto despejando diretamente na rede pluvial. Segundo esta fonte, embora a lei municipal n° 3.313, de 28 de maio de 2007, torne obrigatória a ligação das instalações prediais de esgoto à rede coletora pública, nos logradouros providos dessa rede, não era realizada uma fiscalização efetiva das áreas atendidas pela rede coletora de esgotos da SABESP. Assim, a exemplo de outros municípios vizinhos, o relatório recomendou a celebração de convênio com a SABESP, para intensificar as buscas por ligações irregulares. Por outro lado, nas áreas ainda não atendidas pela rede coletora, o estudo sugere que seja intensificada a fiscalização, para exigir a implantação de sistemas fossa e filtro, com dimensionamento adequado, “embora se saiba que a região apresente problemas de lençol freático próximo à superfície”. Quanto à ausência de regulação do sistema de drenagem urbana, neste município, como em toda a Baixada Santista, não existe regulação para a prestação deste serviço. Assim, segundo o referido documento (DAEE, 2010, p.86), a combinação entre novas técnicas e modelos gerenciais abre caminho para o desenvolvimento de ações reguladoras específicas, pouco exploradas até agora, tanto para os serviços funcionalmente integrados, como segmentos independentes, adotando novas modalidades de organização técnica e gerencial. No que diz respeito à falta de acompanhamento por parte da fiscalização, realizada pela Secretaria de Obras e Desenvolvimento Urbano, o relatório (DAEE, 2010, p.86) sugere que, após a entrega de obra pública ou privada, seja realizado o acompanhamento, no sentido de garantir o comportamento previsto pelos empreendimentos aprovados conforme o planejamento inicial, no tocante à drenagem urbana. Quanto ao sistema de monitoramento quali-quantitativo dos recursos hídricos, o relatório (DAEE, 2010, p.8687) informou que este se encontra em funcionamento desde 2002, por meio de uma estação meteorológica, localizada no Centro de Pesquisas do Estuário do Rio Itanhaém, que registra dados de temperatura, pressão atmosférica, ventos, precipitação e nível d’água. Além deste equipamento, o município também dispõe de uma sonda multiparâmetros para verificação da qualidade da água. Por sua vez, o Plano Diretor de Macro Drenagem apresentou sugestão de implantação de um “Sistema de Supervisão e Controle de Cheias”, visando o planejamento de medidas preventivas e corretivas, referentes às inundações correntes no município, a qual foi ratificada pelo mencionado relatório do Plano de Saneamento. No tocante à operação dos serviços de drenagem urbana do município de Itanhaém, de acordo com o relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.87), esta ocorre naturalmente pelo escoamento superficial das águas precipitadas e as ações se resumem ao acompanhamento do funcionamento da rede existente, bem como limpeza e desassoreamento. Segundo a mesma fonte, eventualmente o DAEE participa da operação, por meio do empréstimo de máquinas para realização da limpeza dos canais, bem como pela fiscalização do serviço. O documento aponta, ainda, que não existem sistemas de bombeamento responsáveis pelo escoamento das águas pluviais durante ocorrência de precipitações intensas e que a estrutura existente “carece de ampliação tanto em termos de equipamento, quanto em capital humano capacitado para pleno atendimento da demanda dos serviços, bem como para o planejamento adequado”. O relatório (DAEE, 2010, p.88) apontou, também, que não existe um cadastro do sistema de micro e macrodrenagem e por esta razão não é realizada análise sistemática do funcionamento das redes de drenagem e dos serviços de manutenção. Portanto, há necessidade de sistematização dos dados existentes, 375 associada a um levantamento cadastral topográfico, com o objetivo de padroniza-los e unifica-los sobre uma mesma base cartográfica e cadastral, permitindo uma adequada gestão do sistema, sobretudo nas áreas de interface com outros municípios. O estudo (DAEE, 2010, p.88) salientou a necessidade de normatizar ações de atualização do cadastro, com objetivo de implementação de banco de dados único, padronizado e georreferenciado, “que viabilize a gestão integrada dos sistemas de drenagem, sobretudo contemplando as interfaces e interdependências existentes, por um ente supra municipal”. Por outro lado, o relatório (DAEE, 2010, p.88) destacou a necessidade de ampliar a abrangência deste sistema de forma integrada, de maneira que padronização, planejamento, operação, regulação e fiscalização devam ser consideradas conjuntamente com a gestão do abastecimento de água, coleta e disposição final de esgoto e resíduos sólidos. Merece menção, ainda, a disposição da Prefeitura de implantar um “Plano Emergencial de Contenção contra Enchentes”. Segundo noticiado na imprensa local (ITANHAÉM, 2012), a Defesa Civil do município vai centralizar este plano, em conjunto com a Guarda Municipal. Conforme esta fonte, o plano consiste em estratégia de comunicação social, por meio de alertas à população residente em áreas sujeitas a alagamentos, e complementa ações de limpeza e desobstrução da rede de drenagem, já executadas. a De acordo com a referida reportagem, a Prefeitura manteve contatos com a Defesa Civil estadual e com o Ministério da Integração Nacional acerca da questão. 11.3.4. Planejamento do Sistema de Drenagem Urbana de Itanhaém O relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.90) apresenta um plano de drenagem urbana para o período entre 2010-2039, cuja premissa básica é a adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento, considerando dependentes entre si todos os agentes públicos e privados atuantes na área de abrangência deste limite geográfico. Segundo este estudo, no âmbito da bacia hidrográfica e suas subdivisões, sugere-se ações efetivas: • Garantia de preservação das condições pré-estabelecidas, em se tratando de quantidade e valores de vazão de pico ao longo do sentido natural de escoamento do sistema planejado; • Preservação da qualidade das águas de escoamento nos canais naturais e construídos; • Estabelecimento de valores de vazão de restrição em pontos estratégicos do sistema, como limites municipais e confluências relevantes; • Implantação de sistema de monitoramento integrado da qualidade e quantidade das águas de escoamento superficial, com base em sistema de informações geográficas (SIG); • Operação e manutenção conjunta dos sistemas de drenagem integrados; • Otimização de custos de implantação, operação e manutenção dos sistemas; • Ações integradas de gestão sustentável das águas urbanas; • Ações de integração intermunicipal de educação ambiental, visando a conscientização das comunidades pertencentes a mesma bacia de contribuição, transcendendo os limites municipais. O relatório do Plano Integrado de Saneamento Básico (DAEE, 2010, p.90) apresenta, também, um estudo de demanda do sistema de drenagem, o qual se pode estimar a futura exigência planejada para o sistema, prevendo-se a evolução da condição urbanística atual em direção a um cenário esperado, próximo à saturação prevista pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. Desta forma, para determinação do cenário futuro, considerou-se que a distribuição atual da população no município sofre significativa influência da sazonalidade, sendo constituída 45% por domicílios com uso permanente, 55% de uso ocasional, sobretudo para veraneio, em função da condição de estância balneária. 376 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 De acordo com este estudo (DAEE, 2010, p.90), a projeção populacional para o período entre 2010 e 2039 mês 2012 estabeleceu um acréscimo de 20,9% no número de habitantes, com relação à população do Censo Demográfico de 2010, já incluída a população flutuante. O trabalho avaliou, ainda, o zoneamento do município, que prevê significativa disponibilidade de áreas para urbanização futura (Áreas Urbana e de Expansão Urbana). Assim, em termos de ampliação da área urbanizada, estima-se um aumento da densidade da área atualmente ocupada, que corresponde a 54 km², bem como da ocupação parcial da área de expansão urbana, que corresponde a 84 km². Segundo esta fonte, se for concretizada a implantação de um distrito industrial no município, conforme planejamento, a mesma consideração deve ser feita, sob pena de comprometer a eficácia do sistema de drenagem, o qual deve estar dimensionado adequadamente, ou seja, preparado para receber o incremento de vazão gerado pelo aumento da impermeabilização do solo na bacia de contribuição. Além disso, o estudo apontou que a possibilidade mais provável de crescimento populacional do município, frente ao cenário de iminente desenvolvimento regional, tende a se concretizar no âmbito residencial, constatando-se as seguintes tendências de expansão urbana: Alteração da condição de economias "flutuantes" para "permanentes", uma vez que os valores dos imóveis encontram-se competitivos com relação aos demais municípios da região; Baixa verticalização da área já urbanizada; Aumento da densidade habitacional na área já urbanizada. A partir destas considerações, o estudo (DAEE, 2010, p.90-99), formulou alternativas para prestação dos serviços de drenagem urbana do município de Itanhaém, levando em conta o referido Plano Diretor de Macro Drenagem, que apresenta soluções estruturais e não estruturais para o escoamento superficial das águas do município. Acerca deste trabalho, o relatório sugeriu, ainda, a avaliação de algumas de suas proposições, em termos de controle na fonte, uma vez que as soluções previstas priorizam as canalizações e o rápido escoamento das águas para jusante. Como exemplo claro desta questão, o relatório apontou o Projeto do Rio do Poço, referente ao Convênio n° 022/2010, com financiamento pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), que pretende revisar a concepção de canalização do curso d’água realizada em 2000, segundo o qual, esta atualização visa uma abordagem sustentável das águas urbanas. Desta forma, segundo o Plano Integrado de Saneamento Básico, as tabelas ___ e ___ resumem os diagnósticos e as alternativas propostas acima do ponto de vista institucional, envolvendo o planejamento, a regulação, a fiscalização e a prestação dos serviços de drenagem urbana, nos seus aspectos estruturais e não estruturais, ao longo do horizonte deste plano, com as respectivas ações e estimativas de investimentos visando sua universalização. Os investimentos apresentados não contemplam os custos de operação, administração e manutenção. Neste aspecto, observa-se que as medidas estruturais de longo-prazo são as mais significativas, em termos de custos, em especial quanto às obras de macro e microdrenagem. Quanto às medidas não-estruturais, destaca-se as medidas de gestão do sistema, em especial as de médio-prazo, que devem ser as mais onerosas, embora sejam de grande importância, sobretudo no que tange à sistematização de informações, fiscalização e gestão da ocupação do território. Tabela ___. Itanhaém: Proposições não estruturais do Plano de Drenagem Urbana 377 Diagnóstico Ação Investimentos Prazo (R$) Desatualização e falta de padronização dos estudos de planejamento para a Drenagem Urbana. Atualizar o Plano Diretor de Drenagem Integrado da micro e macrodrenagem contemplando abordagem de manejo sustentável das águas urbanas, adequando-o as novas proposições do PDDI. Gestão sobreposta do sistema de drenagem com o manejo de resíduos sólidos. Ampliar a estrutura existente para viabilizar a gestão operacional da coleta, transporte e destinação final dos resíduos coletados. Contaminação das águas pluviais com esgotos domésticos. Identificar os lançamentos irregulares, notificação das economias responsáveis, em caso de reincidência aplicação de multas. Alternativa de convênio com a SABESP. Falta de planejamento na interface existente com os municípios vizinhos que compartilham a mesma bacia de contribuição. Efetivar a implementação de um ente regulador supra municipal para os serviços, ou viabilização de implementação da ARSESP como responsável pela regulação da drenagem urbana. Inexistência de sistema de alerta de cheias com ação da Defesa Civil. Elaborar projeto das estruturas e equipamentos, com interligação no SIG para modelagem matemática do sistema, para o sistema de alerta Contaminação das águas pluviais com esgotos domésticos. Viabilizar a fiscalização quanto ao cumprimento da lei que prevê obrigatoriedade da ligação do lançamento de efluentes domésticos nas áreas atendidas pela rede coletora de esgoto. Falta de um instrumento de planejamento e regulamentação das normas que possibilitem a gestão da drenagem em forma de Lei. Concluir a atualização do Plano Diretor de Drenagem Integrado, compatível como PDDI, que contemple uma abordagem de manejo sustentável das águas urbanas e encaminhamento para aprovação como Lei. Informações relativas ao sistema de drenagem e atribuições relevantes pulverizadas em órgãos diferentes dificultando o gerenciamento. Criar um Departamento de Drenagem Urbana Municipal para gestão integrada do sistema, com base em Sistema de Informações Geográficas onde as ações estruturais e não estruturais, bem como de planejamento estejam registradas em banco de dados georreferenciado. Lançamento de resíduos diretamente na rede de canais. sólidos Incrementar o Programa de Educação Ambiental existente. Informações relativas ao sistema de drenagem e atribuições relevantes pulverizadas em órgãos diferentes dificultando o gerenciamento. Elaborar o cadastro informatizado do sistema de micro e macrodrenagem com registro dos dados de manutenção, operação e implantação, com programa de atualização permanente. 378 Emergencial 1.505.000,00 Curto 2.095.000,00 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Ações de manutenção e limpeza corretiva dos canais sem planejamento adequado. Planejar ações preventivas com base em análise estatística das ações corretivas realizadas sobre cadastro informatizado e banco de dados georreferenciado. Assoreamento dos canais de macrodrenagem com sedimentos, areia e lodo. Planejamento do desassoreamento e limpeza, com base no banco de dados de manutenção. Inexistência de sistema de alerta de cheias com ação da Defesa Civil. Instalar as estruturas e equipamentos, com interligação no SIG, e conexão à previsão de ocorrência de precipitação. Modelagem matemática do sistema, para fins de simulação e definição dos procedimentos emergenciais e sistema de alerta Problemas estruturais e de revestimento dos canais. Elaborar o cadastro das patologias estruturais e de revestimento dos canais e travessias. Hierarquização de medidas e registro em banco de dados das ações de recuperação e manutenção. Falta de interesse da população no cumprimento das proposições restritivas quanto à taxa de ocupação do imóvel. Inserir na atualização do Plano Diretor de Drenagem Integrado da micro e macrodrenagem medidas de incentivo às práticas sustentáveis, como redução de impostos, tarifas de limpeza, drenagem, etc. Carência de obtenção de informações atualizadas e em tempo adequado sobre o sistema de drenagem existente. Implementar o SIG/DRENAGEM contemplando o cadastro da rede, zoneamento e lei de uso do solo e suas restrições, montagem de equipe e treinamento para capacitação técnica. Falta de fiscalização das taxas de ocupação dos imóveis em relação ao zoneamento e a lei de uso e ocupação do solo. Implementar ferramenta computacional apropriada para fiscalização, com montagem de equipe e capacitação técnica. Assoreamento dos canais de macrodrenagem com sedimentos, areia e lodo. Implantar Programa Manutenção Periódica de Limpeza e Desassoreamento dos Canais e de Proteção das Áreas Propensas a Erosão. Problemas pontuais de alagamentos. Definir solução com base no cadastro da rede e elaboração de projetos de microdrenagem, associado a Programa de Manutenção Periódica da rede. mês 2012 Médio 16.450.000,00 379 Falta de planejamento na interface existente com os municípios vizinhos que compartilham a mesma bacia de contribuição. Implementação de um Programa de Planejamento em conjunto com São Paulo, São Vicente, Mongaguá, Peruíbe e Juquitiba com compatibilização dos Planos Diretores em 5 anos. Fonte: Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010a, p.97-99). Tabela ___. Itanhaém: Proposições estruturais do Plano de Drenagem Urbana Diagnóstico Ação Investimentos Prazo Áreas com habitações irregulares e em situação de precariedade. Edificações em situação irregular. Acompanhar a conclusão do Plano Habitacional adequando aos instrumentos de planejamento, como PDDI e Plano Diretor de Drenagem. Elaborar planta de zoneamento de áreas sujeitas a inundação e definir restrições de uso. Médio 15.000,00 Problemas pontuais de alagamentos. Execução das obras de infraestrutura de macrodrenagem. Longo 275.480.000,00 Problemas estruturais e de revestimento dos canais. Execução das obras elencadas pelo Programa cadastro das patologias estruturais e de revestimento dos canais e travessias. (R$) Fonte: Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010a, p.99). 11.4 – Resíduos Sólidos Urbanos Este diagnóstico está estruturado a partir dos seguintes itens: . Situação da geração, coleta, tratamento, destinação de resíduos sólidos domiciliares, da construção civil e saúde e da limpeza urbana; . Análise do município da perspectiva de um sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos com sustentabilidade socioambiental e econômica em diálogo com as exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Os dados do município Itanhaém foram obtidos por meio de informações coletadas em entrevistas realizadas com representante da Prefeitura de Itanhaém, com cooperados da Coopersolreciclando e com técnica da Prefeitura que atua junto a esta cooperativa e que também é ligada a uma ONG, Agentes Ecológicos e Recicladores – Reciclando a Favor da Vida/RAFAVI. Foram coletadas informações no relatório121 elaborado pela empresa de consultoria Concremat Engenharia e Tecnologia S/A, em Relatório de Reuniões Públicas realizadas Câmara Municipal do município (19 a 28/04/2011), na Pesquisa Ciclosoft2010 do Cempre122 e em notícias veiculadas virtualmente. As fotos da cooperativa foram tiradas pela equipe Pólis, em visita técnica à Coopesolreciclando. 121 R3 VOLUME 3B - RESÍDUOS SÓLIDOS “VERSÃO REVISADA COM A INCORPORAÇÃO DOS COMENTÁRIOS DO GEL E DA SSE”. Novembro de 2010. 122 http://www.itanhaem.sp.gov.br/cidadao/conteudo/coleta_seletiva/coleta_seletiva_portaaporta.html 380 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Este relatório aborda três tipos de resíduos sólidos - os resíduos sólidos domiciliares mês 2012 (RSD), da construção civil (RCD) e os originados nos serviços de saúde (RSS), mas com foco nos RSD. Geração de resíduos O município de Itanhaém gera, em média, 2.190 toneladas de resíduos sólidos domiciliares ao mês (ano-base 2011), considerando-se os meses de baixa temporada (período de nove meses, compreendidos entre março e novembro). Quanto aos meses de alta temporada (meses de janeiro, fevereiro e dezembro do mesmo ano) a média de resíduos coletados é cerca de 3.000 toneladas ao mês. Segundo informações obtidas junto à Prefeitura a coleta de resíduos mensal gira em torno de 73 toneladas na baixa temporada e sobe para 100 toneladas na alta temporada. Assim, o total de resíduos coletados anualmente no município é de 28.710 toneladas. Estes valores indicam uma produção diária per capita de menos de 1 quilograma por habitante – aproximadamente 0,83 kg/hab/dia – menor que a média nacional, estimada em 1,1 kg/hab/dia, conforme estimativa constante do diagnóstico que compõe o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Geração de Resíduos Sólidos - Itanhaém Média Mensal 2011 3.500 3.000 ton/mês 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 Média Mensal - Sem alta temporada Média Mensal - com alta temporada 381 Toneladas Coletadas - 2011 3.000,00 Título do Eixo 2.500,00 2.000,00 1.500,00 1.000,00 Tonelada Coletada 500,00 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro - Atualmente, a Prefeitura encaminha o RSD para a estação de transbordo no próprio município, no Jardim Vergara e depois segue para o aterro sanitário particular Lara, situado no município de Mauá. A distância percorrida pelos caminhões que transportam os resíduos até o destino final é de 104 km, aproximadamente. O aterro sanitário de Mauá tem IQR de 8,1, nota atribuída pelo Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares, produzido pela CETESB. Passivo ambiental e soluções para transbordo O município de Itanhaém sediou um depósito a céu aberto no Jardim Vergara até 2008, quando foi interditado pelo órgão ambiental estadual (CETESB). Os catadores foram retirados do local, sendo realizado serviço de cobertura e compactação dos resíduos. Após 18 meses, aproximadamente, a área já estava se regenerando, não havendo mais catadores trabalhando no local. Porém, com a interdição do transbordo de Praia Grande, a área voltou a funcionar como transbordo de resíduos do município (2010). Segundo informações do gestor, o local tem funcionado de forma bastante precária, com retorno dos problemas que já estavam resolvidos: presença de catadores na área de operação – cerca de 20 a 30 pessoas. Os gestores municipais declararam dificuldades de superação do problema informando que “já foram feitas várias tentativas de retirada dos catadores, mas eles não aceitam ir para a cooperativa. Eles ganham muito mais lá...imagino que eles ganhem muito mais que os cooperados. Já tentamos colocar polícia...eles quebraram a máquina da empresa, quando ela não deixou eles catarem antes do transbordo, eles tiraram peça do trator.” Acrescentam, ainda, que “a empresa Transpolix construiu um transbordo, que não está funcionando por falta de licença; é um transbordo de primeiro mundo, com balança, controle e o lixo não é depositado no chão em momento nenhum. Deu um problema de vizinhança e foi feita uma denúncia no MP, aí emperrou. A empresa tinha uma licença prévia e a CETESB cassou. Essa obrigação fazia parte do contrato dela (empresa), mas agora só usa lá para pesar os caminhões”. A previsão de entrada em funcionamento do novo transbordo é Dezembro de 2012 (início do período de alta temporada). A Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente acessou recursos do programa Saneamento para Todos, do Ministério das Cidades (empréstimo) no valor de R$ 332.000,00 que será empregado para implantação do PMGIRS, para execução de uma série de obras e instalações, para remediaçãoda área do lixão (está em elaboração o plano para recuperação e monitoramento da área degradada), para instalações de coleta seletiva. A proposta de remediação da área precisa ser aprovada pela CETESB. Outros recursos estavam sendo buscados pela Prefeitura em outras fontes de financiamento (a fundo perdido) também para adequação da 382 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 área de maneira a ser construído um aterro sanitário. O processo de recuperação requer um diagnóstico mês 2012 global da área. Como dito acima o local está funcionando como estação de transbordo no momento. Cabe salientar que a geração de resíduos do município poderá ser superior aos dados apresentados acima, porque as quantidades coletadas pelos catadores e coletores particulares (intermediários) não são contabilizadas nos dados fornecidos pela Prefeitura (ou seja, a população gerou resíduos que não passaram pelo sistema oficial de coleta seletiva). Esta é uma realidade dos municípios brasileiros, não haver mapeamento dos catadores que trabalham nas cidades e, portanto, não é possível a quantificar mais exatamente quanto é desviado dos aterros sanitários. Composição dos Resíduos Quanto a sua composição123 tem-se que 74,8 são resíduos úmidos e 25,2 são resíduos secos – plásticos (9,9%), papel (5,4%), vidro (2,3%) e metais (1,8%), totalizando 19,4%, os demais resíduos representam 5,8%(couro, tecido, borracha, entulho, outros). Gráfico - Composição gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos do município de Itanhaém - 2004 Gestão e prestação de serviços de limpeza pública e manejo de RSU A Secretaria de Serviços e Urbanização é responsável pelos serviços de limpeza pública e a fiscalização é atribuição do Departamento de Serviços Municipais (DSM). Existem empresas privadas contratadas para 123 Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.Informações complementares ao “Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do Município de Itanhaém - Prognóstico”. São Paulo: IPT, 2005, 12p. Carta Digeo. Ágama-047/05, de 23.08.2005 apud Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do Município de Itanhaém - SP: Proposições. São Paulo: IPT, 2007, 77p. 383 prestação de serviços de coleta domiciliar ede limpeza de ruas e praias, sob a supervisão do Departamento de Serviços Municipais (DSM), órgão da Secretaria de Serviços e Urbanização. Nas ruas da área central e comercial da cidade os serviços são feitos diariamente. Já nos bairros mais distantes, a limpeza é feita, em geral, sob forma de mutirão, nos demais bairros é feita de duas a três vezes por semana. O serviço de capina é realizado trimestralmente no centro, e semestralmente nos bairros. No total são 147 trabalhadores que prestam serviços de limpeza e coleta de resíduos, 62 funcionários da prefeitura e 85 da empresa privada. O serviço de limpeza das 14 praias do município é realizado três vezes por semana, na baixa temporada e diariamente na alta temporada. O serviço de coleta domiciliar atende 94% da população do município e os locais não abrangidos deve-se principalmente pela dificuldade de acesso e características rurais de algumas comunidades. Segundo dados do IBGE (2008), as áreas de difícil acesso não tinham coleta domiciliar e pelos dados do PRIMAHD (2005) o município de Itanhaém apresentou 15 áreas com habitação irregular. Coleta seletiva A Prefeitura criou o Projeto Reciclando a Favor da Vida que implantou um programa de coleta seletiva, em 2005, cuja responsabilidade foi da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da separação correta dos resíduos para a gestão sustentável dos mesmos. Em 2010, a coleta seletiva abrangia diversos bairros da cidade. Este serviço continua sendo realizado pela Coopersolreciclando por meio de um caminhão cedido pela Prefeitura (alugado). As residências cadastradas têm coleta seletiva porta a porta semanal e nos grandes geradores (estabelecimentos comerciais) há uma programação de retirada. Em abril de 2007, foi criada a Lei n° 3.308 que instituiu o Programa de Coleta Seletiva e Inclusão Social dos Catadores e seu Conselho Gestor, com vistas a implementar sistema de coleta seletiva com integração de catadores. A lei foi base para a criação dos programas “Deixe seu treco aqui”, “Deixe seu treco aqui: porta a porta”, “Óleo Vida”. O programa “Deixe seu treco aqui” constituiu-se numa campanha para divulgar a coleta seletiva porta a porta. Foi feita uma mobilização, distribuição de materiais de divulgação e conscientização nas casas. A estratégia era um grupo ficar numa tenda e outra visitava as residências, informando que na semana seguinte haveria a coleta seletiva. Isso ocorria de bairro em bairro. Este trabalho ocorreu em 2010, já em 2011 não estavam mais operando três caminhões, então um deles coletava os materiais dos PEVs e o outro fazia o porta a porta. A desativação de um dos caminhões pela Prefeitura resultou em muita perda de materiais, segundo relato dos cooperados porque a cooperativa não tinha estrutura para atender a todas as residências que já participavam. A expectativa dos entrevistados da Cooopersolreciclando é de que com a chegada de novos caminhões estes circuitos porta a porta sejam retomados, assim como a reativação da campanha de mobilização da população. No momento atual, cerca de 40 PEVs para a coleta dos recicláveis secos estão distribuídos em escolas, centros de educação e cultura. Está prevista a implantação de mais de cinco “Ecopontos” (denominação provisória) para recebimento de todos os tipos de resíduos: perigosos, pneus, resíduos da construção civil, restos de poda, resíduos volumosos. Estes locais seguem a lógica da setorização da cidade. O Ecoponto é implantado em parceria com alguma entidade que fica responsável por cuidar do local, como associações de bairro, as próprias escolas. A Prefeitura irá consultar à cooperativa sobre as possibilidades de reaproveitamento destes resíduos, dado que isto implica em pré-beneficiamento e colocação no mercado de recicláveis destes materiais. Segundo a Prefeitura um grande problema são os resíduos de poda pelo fato de a cidade ser muito arborizada e as pessoas terem o hábito de deixá-los nas calçadas. Para qualificar o sistema de coleta seletiva, a Prefeitura decidiu elaborar um plano específico para este serviço e encaminhou projeto para o Ministério do Meio Ambiente que abriu um edital. Neste sentido, a proposta permite avançar no detalhamento do plano de coleta seletiva. 384 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Outra iniciativa da Prefeitura, sob a coordenação da Secretaria de Desenvolvimento mês 2012 Econômico, em parceria com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), foi a criação, em 2010, do Projeto Óleo Vida, que reaproveita óleo de cozinha. O projeto contou com adesão dos quiosques (estabelecimentos cadastrados que receberam recipientes para armazenagem do óleo, mas não abrangeu todos os estabelecimentos comerciais que lidavam com alimentação) de Itanhaém, que separavam o óleo de cozinha já utilizado e o colocava em “bombonas” (recipientes doados pela Sabesp) para ser coletado quinzenal ou mensalmente, dependendo da demanda. Este projeto contribui para que o óleo de cozinha não contamine o meio ambiente e para a complementação da renda dos cooperados. No momento atual, a cooperativa coleta o óleo vegetal usado e vende para a empresa Bioauto (com sede em Diadema). Por fim, foi promovido, pelo Departamento Municipal de Agricultura e Abastecimento, em parceira com a Ong dos Agentes Ecológicos e Recicladores - RAFAVI, o curso Cooperar Reciclando, Reciclar Cooperando para cerca de 35 trabalhadores (na época) da Coopersolreciclando, cujo objetivo foi incentivar a promoção de ações de conscientização dada a relevância ambiental, social e cultural da coleta seletiva. O programa “Deixe seu treco aqui” disponibilizou nos bairros da cidade Postos de Entrega Voluntária – PEVs itinerantes para destinação pela população de pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes usadas entre outros resíduos secos. Estrutura e funcionamento da Cooperativa No momento da visita técnica (julho 2012) à Coopersolreciclando funcionava num espaço de cerca de 270m² de área, onde estavam sendo realizadas as atividades de separação, pesagem, pré-beneficiamento. A receita da comercialização dos recicláveis era dividida entre os cerca de 18 cooperados e girava em torno de R$ 400,00 na baixa temporada e cerda de R$ 900,00 na alta. A cooperativa dispunha de prensa, balança, de uma bancada, utilizava um caminhão alugado pela Prefeitura (R$ 10.000,00). Naquele momento eram 18 trabalhadores. São 20 a 25 toneladas ao mês de recicláveis triados, podendo alcançar 38 toneladas na alta temporada. Atualmente a Coopersolreciclando já está operando num galpão de triagem de 600 de m² de área realizando a separação, pesagem, pré-beneficiamento dos materiais recicláveis. A receita da comercialização dos recicláveis é dividida entre os cerca de 25 cooperados. O valor do edital desta obra foi de R$ 332.000,00, em que R$ 291.000,00 corresponderia à obra e R$ 41.000,00 para aquisição de equipamentos. Estes foram valores iniciais, porque segundo a Prefeitura a obra custou mais caro e os equipamentos mais baratos. A cooperativa já está operando neste novo galpão. O local desta nova unidade de triagem é no bairro Oásis, mais perto do centro da cidade, uma área pública municipal. Nas fotos abaixo, é possível ver as novas instalações que trarão condições adequadas ao trabalho dos cooperados: bancada para separação dos materiais, abertura acima da esteira para depósito dos materiais trazidos pelos caminhões (segunda foto ao fundo) e também terão baias para colocação de diferentes tipos de materiais, o que facilita a organização das atividades e permite que o local mantenha-se mais organizado (segunda foto, na lateral em azul), local para refeição, escritório no andar acima. 385 Prédio da nova unidade de triagem onde a Coopersolreciclando irá operar. Baias para armazenagem dos diferentes tipos de materiais recicláveis. Ao fundo bancada para triagem dos materiais e abertura para recebimento dos materiais trazidos pelos caminhões. 386 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 mês 2012 Resíduos Sólidos da Construção Civil – RCC A coleta e o transporte de RCC são de responsabilidade dos munícipes que devem contratar diretamente empresas particulares (que alugam caçambas). Estes resíduos são utilizados para nivelamento e aterro de vias, em terrenos alagadiços. Segundo a Secretária este tema será contemplado no PMGIRS e a seguir será alvo de fiscalização municipal. Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde – RSS Como o serviço de coleta e destinação de resíduos de unidades particulares de saúde é de responsabilidade do gerador (a atribuição do poder público municipal é apenas com a coleta e destinação dos RSS de unidades de saúde públicas). A Prefeitura realiza este serviço por meio da contratação de empresa particular em todos os estabelecimentos cadastrados no município e cobra uma taxa para tal. Esse serviço é gerenciado pela SSU e destinado para o aterro de Boa Hora no município de Mauá. Outros serviços de limpeza e coleta de resíduos especiais A Prefeitura Municipal através do Departamento de Serviços Municipais (DSM) realiza serviços de limpeza do sistema de drenagem pluvial, como galerias e bocas-de-lobo e também de cursos d’água e roçagem das margens dos córregos, efetuados por cerca de 25 trabalhadores. Os resíduos de varrição, poda, roçagem, feiras, eventos especiais, limpeza de praias ecanais são atualmente destinados a um bota-fora localizado no município. Quanto aos resíduos especiais estão sob responsabilidade dos geradores. Orçamento O município cobra taxa de lixo e em 2010 a receita total arrecadada com a mesma foi de R$ 9.072.016,49. O orçamento total do município foi de R$ 198.264.310 e a receita prevista para limpeza e manejo de resíduos sólidos urbanos foi de R$ 19.660.598,00 em 2011, o que representou 9,9% do orçamento total do município. Análise das diretrizes da PNRS cotejando com as ações em andamento Desafios para poder público O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS já foi elaborado no município conforme exigência da Lei Nº 12.305 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Na verdade, a prefeitura informou eu o Plano de saneamento (que contempla o tema dos resíduos sólidos), feito pelo Governo do Estado (2010), foi atualizado. A intenção é aprovar o Plano por decreto. Estava previsto a realização de uma série de audiências e debates sobre resíduos no município, o que indica uma preocupação com a participação da sociedade em relação às definições de políticas nesta área. A previsão de término do processo é final de 2012. A Prefeitura tem clareza sobre as mudanças que estão por vir com base na Lei 12.305 que instituiu a logística reversa, ou seja, a responsabilidade do setor empresarial pelos custos da coleta seletiva dos resíduos secos domiciliares. O representante da Prefeitura coloca que é preciso espera para ver como os acordos setoriais 387 irão avançar no Estado de São Paulo, “para ver como que vai sair do papel...e chegar isso na ponta, aqui (refere-se ao município). Os acordos podem começar a sair, mas têm que ser de cima para baixo”. Enquanto isso não se resolve, a Prefeitura procurou enfrentar o desafio de trazer melhores condições de funcionamento da coleta seletiva. Foram feitas críticas à Prefeitura pela população por estar separando seus recicláveis e não haver coleta seletiva, mas o entendimento do poder público é de que isto foi devido à falta de estrutura da cooperativa para receber uma maior quantidade de materiais, o que exigia primeiramente a criação de condições para a mesma operar – construção de instalações adequadas para depois ampliar o circuito de coleta seletiva. Na nova estrutura de gestão está prevista a implementação da coleta seletiva da fração seca já usando um modelo misto, uma parte da cidade com coleta porta a porta e outra com PEVs – Postos de Entrega Voluntária, porque a Prefeitura diz não haver condições de fazer coleta porta a porta em toda a cidade por ser muito grande. Afirma também que o serviço vai contar com a participação da Coopersolreciclando que faz a coleta seletiva porta a porta, no momento. Este serviço vai sofrer mudanças, pois é feito pelos cooperados com caminhão da Prefeitura e, no futuro, deverá ser feito por uma bicicleta adaptada ao trabalho dos catadores - triciclos, o que segundo a visão da Prefeitura será uma forma de atuar “mais próxima às pessoas” e isso ocorrerá em setores restritos da cidade. Os triciclos ainda não estão operando, mas a empresa que faz a coleta já dispõe dos mesmos. Esta mudança ainda não foi decidida e precisa de estudos mais aprofundados, segundo a Prefeitura. Além disso, a cooperativa adquirirá mais dois caminhões e a rede Catasampa irá disponibilizar mais um (comprado com recurso da Petrobras). Voltando ao tema da logística reversa, foi perguntado ao representante da Prefeitura sobre a responsabilização do setor produtivo. Como resposta foi dado o exemplo da implantação, pelo setor empresarial, de pontos de coleta de pneus desde 1999. Foi criada em 2007 uma entidade denominada de Recliclanip para intermediar a relação entre as Prefeituras e as empresas produtoras. Mesmo assim, a Prefeitura coloca que depois da instituição da PNRS não houve nenhuma ação por parte do referido setor no município para fazer a coleta dos pneus (hoje de inteira responsabilidade do fabricante, importador, distribuidor, comerciantes) e que o poder público irá continuar a recolher e “depois ver como eles podem remunerar o município ou a cooperativa pelo serviço prestado”. Diz ainda...”não vejo como isso acontece na prática, pneu aqui é um problemão”. A entidade, no seu site indica que deverá ser procurada pela Prefeitura para estabelecimento de convênio e também terá que disponibilizar área coberta para recebimento dos pneus inservíveis, sendo que o transporte deste local até locais autorizados (pelo IBAMA) será responsabilidade da entidade (setor). Este é um bom exemplo de como o setor empresarial na verdade não assume inteiramente a sua responsabilidade, pois tanto área, quanto as instalações para a coleta de pneus colocam como sendo obrigação do poder público municipal. A Prefeitura também afirma que há disposição do município na adoção de soluções consorciadas, referindose ao início de conversações sobre resíduos de construção civil na Câmara Temática de Meio Ambiente na AGEN, em Santos. Mas aponta que todos os municípios estão tentando fazer uma ATT, daí para frente, não estamos pensando não foi encaminhada nenhuma solução regional. Outro aspecto de destaque refere-se a como a Prefeitura abordou a questão da incineração: “...apareceu (esta tecnologia) por parte do Governo do Estado há um tempo atrás, para toda a região. Era uma solução, que se fosse, do jeito que eles nos passaram, estava tudo ótimo, porque era precedida da separação de tudo o que era recuperável, não sei como vai fazer energia só com rejeito, se tiver viabilidade...mas isso não vai para frente.” Na visão da Prefeitura, a compostagem e a biodigestão são alternativas viáveis dado que existem recursos do Programa Saneamento para Todos, mas a municipalidade não tem experiência em processos de compostagem, no (uso de) reator (biodigestão), no tempo que demoraria para este tipo de solução ser implantado. O representante da Prefeitura aponta que que talvez fosse o caso de implantar dois biodigestores, um para a baixa temporada e outro para a alta, levando em conta o custo para tal. E por fim, outro desafio seria desenvolver um sistema de educação do munícipe no descarte seletivo de forma a não misturar os resíduos úmidos e o rejeito. Além disto, aponta que a maior dificuldade é o turista 388 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 praticar a separação dos resíduos (em três tipos, secos úmidos, rejeito), mês mas se estiver vivenciando este 2012 sistema de descarte na sua cidade, isso se resolveria mais facilmente. A Prefeitura manifesta incômodo quanto à dependência do município das empresas que operam aterros particulares, porque se torna “refém” da mesma quando tomam a decisão de não mais receber resíduos, como foi o caso em relação à empresa Terrestre, no momento em que esta anunciou que não receberia mais os resíduos de Itanhaém. Integração das cooperativas - desafios Do ponto de vista dos cooperados os principais desafios para qualificar o sistema de reaproveitamento de materiais recicláveis são: (1) enfrentar o problema de colocação dos resíduos coletados no período da alta temporada porque, segundo os cooperados, as empresas recicladoras entram em férias coletivas em janeiro e o acúmulo de materiais faz com que vendam para intermediários a preços muito baixos para poderem escoálos por falta de condições de armazenamento por períodos longos e também porque compromete sua remuneração; (2) o poder público desenvolver uma campanha de esclarecimento e orientação sistemática da população para a correta separação dos materiais recicláveis e assim reduzir a quantidade de rejeitos, (3) o poder público desenvolver programas de capacitação para integração dos catadores avulsos e egressos do lixão (quando futuramente houver uma ação no sentido de sua retirada do local). Os cooperados entrevistados identificam muita dificuldade dos que atuam nas ruas e lixão de aceitarem regras que a organização da cooperativa exige e apontam que para mudar esta visão é necessário investimentos públicos. Apontam também que trabalhar em condições adequadas é muito melhor tanto no presente quanto para garantir maior qualidade de vida no futuro. Como argumento positivo, afirmam que as experiências vividas confirmam que é possível integrá-los de forma satisfatória. Além de capacitação organizacional para o trabalho cooperativista, colocam a necessidade de capacitação técnica para identificar corretamente os materiais e classificá-los segundo as exigências do mercado comprador. 12. SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR 12.1 Segurança Alimentar Com uma população fixa de 91.153 habitantes, em uma área de 599,017 Km², o município de Itanhaém possui uma rica biodiversidade e que inclui mangues, morros , matas, rios, cachoeiras e ainda uma significativa área rural. Historicamente conhecido como um município produtor de banana, as oscilações de preços geradas no mercado pelas crises de exportação, fizeram a cultura perder espaço na região. Em 1970 inicia-se o declínio da bananicultura, sendo retomada apenas em 2005, por meio de um convênio com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Simultaneamente, a partir de 1975 o crescimento populacional e econômico, impulsionado pelo turismo, incluindo o turismo rural, fez o comércio tornar-se a base da economia local. Atualmente, além da cultura da banana, há atividades de produção como o palmito pupunha, a mandioca, a piscicultura, a caprinovinocultura e a bubalinocultura de corte e leite. Há também agricultores que praticam olericultura (folhosas, cucurbitáceas e solanáceas) e fruticultura (maracujá). Em relação à pesca, os imigrantes vindos de São Vicente, Santos e também do Estado de Santa Catarina, na década de 1930, foram os responsáveis pela introdução da cultura típica caiçara na região. 389 A bacia hidrográfica da região favorece a pesca artesanal, praticada ainda por famílias, que comercializam o pescado na Praia dos Pescadores e no entreposto do Baixio, faltando ainda realizar adequações à estrutura existente. Como parte do crescimento das atividades turísticas nos últimos anos, a pesca amadora esportiva vem sendo praticada, sendo os pescadores locais guias turísticos, em atividades principalmente de pesca de linha e de mergulho. Uma questão importante na região diz respeito à necessidade de regular a pesca predatória, realizada por grandes barcos e implicando em perda de captura para a pesca artesanal. Em apoio a esse segmento, a prefeitura implantou a Praça do Pescado que acabou tornando-se uma pólo turístico da cidade. Em relação à existência de comunidades indígenas, no município de Itanhaém, existem grupos dos troncos Guarani M’Bya e Nhandeva. A Aldeia Guarani do Rio Branco abrange parte dos municípios de Itanhaém, São Vicente e São Paulo - Estado de São Paulo, com 2.856 hectares, distribuídos: Itanhaém 1809 ha, São Vicente 426,5 ha e São Paulo 619,8 ha. A economia Guarani baseia-se em atividade agrícola e de coleta. Produzem alguns alimentos em pequena escala, como: banana, mandioca, milho, feijão, batata doce e cana de açúcar. A aldeia Nhandé-Porã (Aldeinha)está localizada na área urbana de Itanhaém, especificamente no Jardim Coronel. Sua área ainda não foi identificada pela Funai. Atualmente (em 2005), habitam a área 12 famílias nucleares Guarani Nhandeva (Tupi-Guarani), pertencentes a uma mesma família extensa. As principais fontes de renda da comunidade advêm da comercialização de artesanato e de palmito. Há ainda, a produção, extremamente reduzida, de algumas plantas de utilização tradicional. Parte desses índios realiza, esporadicamente, trabalhos braçais para fora. As atuações são basicamente na construção civil e no roçado de chácaras. De forma semelhante ao município de São Vicente, Itanhaém vem, já há alguns anos incorporando a temática da segurança alimentar e nutricional em sua gestão. Uma característica peculiar do processo de construção da segurança alimentar e nutricional em Itanhaém é o fato dos equipamentos e programas estarem localizados na secretaria de educação, cultura e esporte, inserindo um caráter educativo e cultural às ações de distribuição de alimentos, abastecimento, fortalecimento da agricultura de base agroecológica e resgate da cultura alimentar local. Recentemente, em 04 de julho de 2012, o município realizou o ‘I Seminário de Segurança Alimentar e Geração de Renda da Baixada Santista’, no Satélite Esporte Clube, com o objetivo de debater a política de segurança alimentar e nutricional no âmbito municipal e a articulação dessas ações com o governo federal e estadual. O evento foi promovido pela Prefeitura de Itanhaém, em parceria com o Conselho Regional de Desenvolvimento Rural e Sustentável (CRDRS), Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral e Extensão Rural (CATI), além do apoio do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania, Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena, Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) e o Conselho de Segurança Alimentar de São Paulo (CONSEA). Além de tratar de temas como a compra direta do agricultor familiar em suas diferentes modalidades, como ‘PAA Municipal’, ‘PAA – Merenda’, Banco de Alimentos, Hortas, etc, a gestora do Banco de Alimentos apresentou aos agricultores e demais gestores o programa ‘Itanhaém Sem Miséria’, desenvolvido para promover ações direcionadas à agricultura. O programa prevê uma busca ativa de grupos indígenas de Itanhaém e região, população ribeirinha, pescadores artesanais e quilombolas. Para a execução dessas ações, a gestão pretende fortalecer as compras e comercialização diretas; ampliar o Banco de Alimentos; implantar a indústria do pescado; fomentar a agricultura urbana e periurbana; promover a assistência técnica continuada. 390 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 12.1 1. Rede Operacional de Programas - políticas, programas e ações do setor público municipal e mês 2012 sociedade civil segundo os seguintes eixos: acesso à alimentação; produção e abastecimento agroalimentar; educação, formação e cultura alimentar; povos e comunidades tradicionais; alimentação e nutrição no nível da saúde. De início foi realizada uma busca de informações pela internet para levantamento de programas existentes. Posteriormente, os dados secundários referentes à situação dos programas foram coletados através da realização das entrevistas relacionadas abaixo: ENTREVISTAS REALIZADAS 1 Associação dos Produtores Rurais da Microbacia Hidrográfica do Rio Branco: participação nas políticas de produção agropecuária e comercialização; 2 Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes - Diretoria de Alimentação Escolar: levantamento das políticas públicas federais, estaduais e municipais para alimentação escolar; 3 Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social; Departamento de Desenvolvimento Social: Levantamento das políticas públicas de transferência e geração de renda; 4 Secretaria de Desenvolvimento Econômico - Departamento de Agricultura, Seção de Agricultura e Abastecimento: levantamento das políticas de apoio à produção agropecuária, pesca e comercialização; 5 Secretaria da Saúde: levantamento dos dados do Sisvan; 6 Conselho de Alimentação Escolar: sobre a composição e funcionamento do Conselho quanto ao acompanhamento das políticas públicas voltadas para alimentação escolar/SAN; 7 Conselho Municipal Segurança Alimentar: sobre a composição e funcionamento do Conselho quanto ao acompanhamento das políticas públicas voltadas para SAN; 8 Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Pesqueiro: sobre a composição e funcionamento do Conselho quanto ao acompanhamento das políticas públicas para agricultura, pesca e comercialização; Cabe lembrar que o marco conceitual definido inicialmente pelo projeto, contempla uma visão de segurança alimentar e nutricional que vai além da dimensão emergencial da assistência alimentar, abarcando os eixos da produção e do abastecimento; da cultura e educação; do consumo e da saúde. Entende como fundamental a integração dos programas, com vistas à construção de uma política municipal de segurança alimentar e nutricional, sob a ótica do Direito Humano à Alimentação. A política municipal, construída por meio de uma melhor articulação da rede operacional dos programas e ações, ao lado do sistema de ação política, composto pelo conselho municipal, pela conferência e pelo órgão intersecretarias, configuram os componentes do Sistema Municipal de SAN, articulador desta política pública. Os eixos e setores do Quadro 1 abaixo, que orientaram a localização dos programas, ações e projetos, foram definidos, com base nas diretrizes e objetivos do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2012/2015. São eles: Quadro I – Eixos e Setores de Segurança Alimentar e Nutricional 1. Acesso à alimentação 1.1 Transferência de Renda 1.2 Oferta de alimentação escolar adequada e saudável 391 1.3 Implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos; 2.1 Implantação e qualificação de equipamentos e serviços de apoio à produção e ao abastecimento; 2.2 Estímulo à participação dos agricultores familiares, povos tradicionais e pescadores artesanais no abastecimento da rede sócio assistencial e dos mercados institucionais; 2.3 Ampliar o acesso e qualificar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural; 2. Produção e Abastecimento Agroalimentar 2.4 Promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas e quilombolas; 2.5 Promover a autonomia das mulheres por meio da inclusão na produção e gestão; 2.6 Promover a produção, extração e processamento de alimentos agroecológicos; 2.7 Fomentar e estruturar a produção de pescadores artesanais e aquicultores familiares; 2.8 Garantir a qualidade higiênico-sanitária dos produtos da agroindústria familiar para possibilitar sua comercialização no mercado formal – Sistemas de Inspeção/SUASA; 3. Educação, 3.1Processos de Educação e Formação em SAN Formação e Pesquisa 3.2 Promover ações de SAN e controle social do PNAE no ambiente escolar 3.3 Fomento à sociedade civil organizada e organização de rede social voltada à SAN 4.1 Certificação e Regularização Fundiária de Comunidades Quilombolas e Indígenas 4.SAN dos Povos e Comunidades Tradicionais 4.2 Desenvolvimento Sustentável, autonomia e SAN dos povos indígenas 4.3Etnodesenvolvimento - uso sustentável da biodiversidade e valorização dos produtos da sociobiodiversidade 4.4 Promoção da saúde, alimentação e nutrição dos povos indígenas, quilombolas e demais PCT 5.1 Controle e prevenção de agravos e doenças 5. Alimentação e 5.2 Promover o Controle e a regulação de Alimentos Nutrição no nível da 5.3 Nutrição na rede de atenção à saúde. Saúde 5.4 Vigilância alimentar e nutricional Os programas identificados no município de Itanhaém foram classificados no Quadro II, segundo o eixo de atuação e os setores envolvidos. Mais à frente, os programas serão analisados, separadamente, segundo os critérios de institucionalidade; complementaridade, continuidade, etc. e, ao final serão realizados comentários gerais sobre o quadro dos programas e sobre o sistema de ação política. Quadro II – Itanhaém - Programas existentes Programa Proponente Unidade Gestora Eixo de SAN Setor 1. Acesso à Alimentação 1.1.Transferência de Renda 1 Programa Bolsa Família Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social 2 Renda Cidadã Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social 1. Acesso à Alimentação 1.1. Transferência de Renda 3 Programa Nacional de Ministério da Educação Secretaria Municipal da 1. Acesso à Alimentação 1.2. Oferta de alimentação escolar adequada e saudável 392 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Alimentação Escolar Educação, Cultura e Esportes mês 2012 1. Acesso à Alimentação 1.3. Implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Esportes 1. Acesso à Alimentação 1.3 Implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos; Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Esportes 2. Produção e Abastecimento Agroalimentar 2.1 Implantação e qualificação de equipamentos e serviços de apoio à produção e ao abastecimento Programa de Aquisição de Alimentos PAA Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) Secretaria Municipal da Educação, Cultura e Esportes 2. Produção e Abastecimento Agroalimentar 2.2 Estímulo à participação dos agricultores familiares, povos tradicionais e pescadores artesanais no abastecimento da rede sócio assistencial e dos mercados institucionais 8 Assistência Técnica e Extensão Rural Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento e Prefeitura de Itanhaém SAA/CATI/Casa da Agricultura e Secretaria de Desenvolvimento Econômico Departamento de Agricultura, Seção de Agricultura e Abastecimento 2. Produção e Abastecimento Agroalimentar 2.3. Ampliar o acesso e qualificar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural 9 Programa de Microbacias II Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento/ Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento 2. Produção e Abastecimento Agroalimentar 2.4. Promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas e quilombolas; Banco Mundial /CATI Ministério da Saúde Secretaria da Saúde 5. Alimentação e Nutrição no nível da Saúde 5.4. Vigilância alimentar e nutricional Vivaleite Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social 5 Banco de Alimentos Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) 6 Programa Feira Popular 7 4 10 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) 12.1.2. Acesso à alimentação O eixo do acesso à alimentação constitui uma das diretrizes da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN). Na medida em que previne a insegurança alimentar, incluindo a fome, constitui uma das dimensões básicas da SAN. São vários os fatores que comprometem o acesso aos alimentos e nesta medida, os setores contemplados por esse eixo são compostos pelos programas de: transferência de renda; oferta de 393 alimentação escolar adequada e saudável e; Implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos. Dentre os programas identificados, cinco são relacionados ao eixo do Acesso à Alimentação, a saber: Programa Bolsa Família, Programa Renda Cidadã, Programa Nacional de Alimentação Escolar, Programa Viva Leite e Banco de Alimentos. 12.2.2.a Programas de Transferência de Renda Programa Bolsa Família O Programa Bolsa Família é um programa federal de transferência direta de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. Tem como objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada e possui três eixos principais: transferência de renda, condicionalidades e programas complementares. A execução é municipal, inclusive do acompanhamento das condicionalidades. Em Itanhaém a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social é o órgão gestor do Programa Bolsa Família. A alimentação do sistema do Cadastro Único – CadÚnico é realizado nos dois Centros de Referência de Assistência Social - CRAS existentes no município. Não realizam busca ativa das famílias. O nível de gestão do município é o básico. O Cadastro Único – CadÚnico para Programas Sociais do Governo Federal é um instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, entendidas como aquelas que têm: renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa ou renda mensal total de até três salários mínimos. O CadÚnico se aplica ao Programa Bolsa Família, mas também é referência para outros programas, e benefícios tais como: carteira do idoso, tarifa social ou taxa do INSS e outros. Em dezembro de 2011 havia cerca 12.000 famílias cadastradas no CadÚnico e em julho/2012 6.191 famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família totalizando 12.600 pessoas atendidas aproximadamente. Não existem ações complementares, o trabalho com as famílias é de atendimento nos CRAS, acompanhamento em reuniões socioeducativas e orientação para empregos existentes no município. O cadastro dos beneficiários do Bolsa Família é compartilhado com as Secretarias da Saúde e Educação, que respondem pelo acompanhamento das suas condicionalidades. Na Saúde as condicionalidades referentes à vacinação, o crescimento e desenvolvimento das crianças menores de 7 anos, mulheres gestantes ou nutrizes (lactantes)na faixa de 14 a 44 anos também devem fazer o acompanhamento, o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e do bebê. Na Educação as condicionalidades são referentes à frequência escolar mensal das crianças e adolescentes. Programa Renda Cidadã O Programa Renda Cidadã é estadual e, de acordo com o sítio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, é um programa de transferência de renda com condicionalidades e ações complementares. As condicionalidades do Programa Renda Cidadã são as mesmas do Programa Bolsa Família relativas à educação, saúde e participação em programas de geração de renda. O prazo de concessão de beneficio é de dois anos podendo ser prorrogado até três anos. Em Itanhaém são atendidas 286 famílias com esse programa. 394 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 12.2.2.b. Programas de Oferta de Alimentação Escolar Adequada e Saudável mês 2012 Programa Nacional de Alimentação Escolar O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, do Ministério da Educação, foi criado pelo Decreto 37.106, de 1955. No nível municipal, é a Secretaria da Educação a responsável pela execução do programa, que tem o objetivo de atender as necessidades nutricionais dos alunos da rede pública municipal, contribuindo para o seu desenvolvimento e aprendizagem. O sistema de gestão de Itanhaém é terceirizado, contratado por regime de pregão presencial com contrato de 12 meses, renovável por 5 anos, conforme a lei. Inclui a manutenção e reposição de equipamentos e utensílios, no caso de uma escola nova a empresa responsabiliza-se por equipar a cozinha. Do quadro profissional do programa, cinco nutricionistas são contratadas pela empresa e duas são da prefeitura. Existem 77 unidades educacionais, sendo 67 municipais e 10 estaduais, incluindo creches, projetos, EJA, escolas do ensino fundamental e o ensino médio do Estado. A alimentação escolar do município de Itanhaém atende 26 mil alunos sendo 8 mil alunos da rede estadual e 18 mil alunos na rede municipal, porém nem todos comem. São servidas, em média, 24 mil refeições/dia e é permitido repetir à vontade. A prefeitura realiza a compra da agricultura familiar com 30% da verba que vem do PNAE, conforme a Lei 11.947/09, por meio do Banco de Alimentos, onde a nutricionista elabora o conteúdo e executa a Chamada Pública, incluindo um cronograma de entrega. Esses alimentos são como um complemento ao cardápio servido pela empresa terceirizada. Por meio da Chamada Pública, as entidades executoras publicam a demanda de aquisição de gêneros alimentícios da Agricultura Familiar para Alimentação Escolar, em jornal de circulação local, estadual ou nacional, quando houver, além de divulgar em seu sítio na internet ou na forma de mural em local público de ampla circulação. É um processo de formalização de dispensa de licitação onde a compra se baseia em preços de referencia obtidos, no mercado varejista ou no mercado atacadista, a depender montante repassado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para o município. Algumas escolas praticam a atividade da horta, inclusive hidropônica e a partir da execução do projeto de agricultura urbana e periurbana, será implantado, pomar, horta hidropônica, viveiro de mudas de palmito pupunha e também viveiro de codornas. Nas creches são servidas cinco refeições, quatro nas escolas de período integral e duas nas de meio período. O cardápio é elaborado pelas nutricionistas da prefeitura, com base nas recomendações do PNAE. Procuram colocar o que a criança gosta e encontram resistência na alteração de determinados hábitos, como o de consumir achocolatados. Sempre que há um produto novo, é realizado um teste de aceitação. A presença de todos os grupos de alimentos é um aspecto positivo no cardápio da alimentação escolar municipal, com destaque para a oferta de frutas, legumes e hortaliças em pelo menos duas vezes por semana e a adequação do horário das refeições. Segundo a coordenação do programa, o cardápio vem melhorando a qualidade, não há embutidos, com exceção da salsicha, pois houve até abaixo-assinado para que ela voltasse ao cardápio. Também não há frituras, só alimentos cozidos, não há derivados de leite na sobremesa, é sempre servida uma fruta ou gelatina. 395 Porém, como pontos negativos pode-se apontar a oferta de doces, duas vezes por semana e a presença de produtos enlatados. O programa proporciona uma alimentação diferenciada para as crianças com intolerância à lactose, para o diabetes e pressão alta, a partir da apresentação de laudo médico. Da cultura alimentar regional são incluídos no cardápio banana, inhame, couve e pupunha. Em relação ao segmento indígena, por pedido do cacique da aldeia Rio Branco a prefeitura deixou de praticar o cardápio diferenciado para adotar o tradicional. Segundo ele, é preciso adequar as crianças a comerem o que é servido para todos. Produtos enviados anteriormente, durante sete anos, com base nas recomendações da FUNAI, como mate e farinha, deixaram de ser ofertados. A coordenação do programa considera o CAE atuante e atende sempre as recomendações solicitadas. 12.2.2.c Programas de Implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos Programa Vivaleite O Vivaleite é um programa estadual de distribuição gratuita de leite fluído, pasteurizado e enriquecido, para crianças de 6 meses a 6 anos e 11 meses de idade pertencentes a famílias com renda mensal de até dois salários mínimos. Sua coordenação é de responsabilidade da Secretaria de Estadual de Desenvolvimento Social e a execução do município, onde são atendidas 620 crianças. Banco de Alimentos de Itanhaém Segundo o sítio do Ministério do Desenvolvimento Social o Banco de Alimentos “atua no recebimento de doações de alimentos considerados impróprios para a comercialização, mas adequados ao consumo. Os alimentos são repassados a instituições da sociedade civil sem fins lucrativos que produzem e distribuem refeições gratuitamente a pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar”. Nos Bancos de Alimentos, os gêneros alimentícios são recepcionados, selecionados, processados ou não, embalados e distribuídos gratuitamente às entidades assistenciais. Estas se encarregam de distribuir os alimentos arrecadados à população, seja através do fornecimento de refeições prontas ou o repasse direto às famílias vulneráveis. Em contrapartida, as entidades atendidas pelos Bancos de Alimentos participam de atividades de capacitação e educação alimentar. O Projeto Banco de Alimentos tem abrangência em todo o Território Nacional, sendo considerados beneficiários do Projeto, os Municípios com população acima de 100.000 (cem mil) habitantes. Além deste critério, são levados em consideração para a seleção dos municípios: o índice de desenvolvimento humano (IDH-M), índice de vulnerabilidade social, índice de insegurança alimentar e nutricional (INSAN), a região onde se localiza o município, percentual de famílias atendidas pelo Bolsa Família, participação em outros programas de segurança alimentar e nutricional, entre outros. Diferente da grande maioria dos municípios que encontrou no setor da assistência social a porta de entrada para a implantação do Equipamento Banco de Alimentos (BA), Itanhaém é o único município do país onde ele foi implantado pela Secretaria de Educação, em 2007 e instituído formalmente pela Lei 3.418 de 17 de Abril de 2008. A Secretaria de Educação conta com mais recursos do que as outras e no início do projeto esse fator foi decisivo, pois a implantação do equipamento necessitou de investimentos. Contando com uma área construída de 700 m2, em seu primeiro ano de funcionamento o BA recolheu 91 toneladas e, mais recentemente, em 2011, essa quantidade aumentou para 611 toneladas. Recebem diariamente doações de mercados e sacolões. Os principais parceiros do BA são: Cuca Supermercados; Sacolão RB; Saito Supermercados e Prático Supermercados. 396 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 A partir de um convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em 2008, mês 2012 foram financiados os equipamentos no valor de R$ 60.000,00 e atualmente o BA é autosustentável. O município entrou com a adequação do espaço físico, a formação e preparação da equipe técnica. Na época, havia vários entraves, a começar da viabilidade financeira. Segundo a coordenadora do BA, foi o casamento do interesse social e a crescente apropriação pela gestão dos seus significados mais amplos, associados ao combate ao desperdício e à segurança alimentar, com o investimento financeiro inicial o fator decisivo para o seu êxito. Na Baixada Santista, Cubatão e Guarujá são exemplos de BA que chegaram a ser legalmente implantados, mas não estão em funcionamento. Santos recebeu o recurso, mas nem chegou a implantar e em São Vicente recentemente foi inaugurado um. Dado o caráter inovador de tal equipamento, a interlocução técnica com a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN) do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por meio de reuniões, mesas técnicas e encontros temáticos é apontada como um aspecto fundamental para a formação da equipe técnica, que não só soube com competência aproveitar a oportunidade, como tornaramse uma referência regional e nacional. Além do cumprimento da própria finalidade, de combate ao desperdício e promoção da segurança alimentar e nutricional, o equipamento do BA de Itanhaém funciona como um pólo articulador na gestão de vários projetos, como indica o diagrama abaixo: Com o tempo, o BA foi aumentando a sua estrutura tanto física quanto gerencial, passando a operacionalizar vários projetos, como o PAA na modalidade Compra Direta, a execução do PNAE, a Lei 11.947 da Alimentação Escolar, onde se compra os 30% da agricultura familiar e ainda a sua própria atividade, que é a captação diária de alimentos, realizada por uma “Kombi” comprada pelo projeto de "Modernização de BAs" do MDS. Há um relatório anual produzido pelo BA (RTA) onde são mostradas todas as informações, dados e resultados, permitindo um monitoramento de quem é beneficiado, quanto é arrecadado, etc. 397 Os recursos humanos para o desenvolvimento de suas atividades incluem: 1 supervisor; 1 coordenador; 1 administrativo; 1 motorista; 1 nutricionista; 4 manipuladores; 2 limpeza; 3 captadores; 3 montadores de cestas; 2 controle de qualidade. A proposta de Itanhaém para o edital de Seleção Pública nº 06/2012 do Ministério de Desenvolvimento Social: Seleção Pública de Propostas para Modernização de Equipamentos Públicos de Apoio a Produção, Abastecimento e Consumo de Alimentos foi selecionada em 22º lugar. Ali está prevista a construção de um novo prédio para o BA a fim de ampliar sua atuação com a implantação do processamento do pescado. Produção e Abastecimento Alimentar O eixo da produção e abastecimento alimentar constitui outra diretriz da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN). Ele engloba os setores de: Implantação e qualificação de equipamentos e serviços de apoio à produção e ao abastecimento; Estímulo à participação dos agricultores familiares, povos tradicionais e pescadores artesanais no abastecimento da rede sócio assistencial e dos mercados institucionais; Ampliar o acesso e qualificar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural; Promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas e quilombolas; Promover a autonomia das mulheres por meio da inclusão na produção e gestão; Promover a produção, extração e processamento de alimentos agroecológicos; Fomentar e estruturar a produção de pescadores artesanais e aquicultores familiares; Garantir a qualidade higiênico-sanitária dos produtos da agroindústria familiar para facilitar a comercialização no mercado formal – Sistemas de Inspeção/SUASA. Dentre os programas identificados, três são relacionados ao eixo da Produção e Abastecimento Alimentar, a saber: Feiras Populares, Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e Prestação de Serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural. Implantação e qualificação de equipamentos e serviços de apoio à produção e ao abastecimento Neste setor pretende-se explorar as condições de organização de circuitos locais e regionais de produção, abastecimento e consumo para a garantia do acesso a alimentos de qualidade, promotores de saúde e referenciados culturalmente. O Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária – LUPA, realizado em 2007 pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo aponta 186 Unidades de Produção Agropecuária – UPA no município de Itanhaém que ocupam 17.113,70 hectares. Conforme Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável elaborado pela Prefeitura Municipal de Peruíbe, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, Casa da Agricultura de Itanhaém e Escritório de Desenvolvimento Rural de São Paulo a principal cultura é a banana praticada em 107 UPAs, 2.074,80 hectares, seguida pelo palmito, a mandioca e olerícolas e tubérculos. Existem 125.686 m2 de espelho d’água de tanques para piscicultura distribuídos em 15 UPAs. Seguem, no Quadro III abaixo, os valores da produção. Quadro III - Valor Bruto da Produção Anual da Agropecuária Exploração Produção Anual Unidade Valor da produção Banana 41.496 tonelada R$ 13.278.720,00 Palmáceas 380 tonelada R$ 1.000.000,00 Olerícolas e Tubérculos 1.700 tonelada R$ 800.000,00 Agroindústria 55 tonelada R$ 1.000.000,00 Pesca de interior e marítima 247 tonelada R$ 400.000,00 Pecuária 900 @ / 90.000 l @ de carne / R$ 230.000,00 398 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 litros de leite TOTAL - mês 2012 R$ 16.708.720,00 Fonte: Departamento Municipal de Agricultura da Prefeitura de Itanhaém – excluída a mineração A diversificação da produção dos agricultores familiares após o inicio do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA é patente visto que em 2010 foi fornecida apenas a banana para o PAA, já em 2011 o produto representou 49% sendo complementado pela pupunha, mandioca, chuchu e outras olerícolas. A existência de um Plano Municipal de Desenvolvimento Rural onde constam as dificuldades e oportunidades das principais cadeias produtivas, análises, formulação de diretrizes de ação e indicação das iniciativas necessárias para atendimento das diretrizes do plano para os anos de 2010 a 2013 é um indício de que embora sem as melhores condições de trabalho e produção, os participantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural possuem diagnósticos e propostas para superação dos problemas. O Projeto de Itanhaém de Apoio à Agricultura Urbana e Peri Urbana para o edital MDS/SESAN Nº 4/2012 foi aprovado em 1º lugar e aguarda-se a assinatura do contrato para início da implantação. Programa Feiras Populares O Programa de Feiras Populares da Agricultura Familiar foi criado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) com o objetivo de estimular a comercialização e o consumo de alimentos regionais. O município mantém a feira popular desde 2010, com produtos da pesca e da agricultura local da região. O programa é sediado na Secretaria de Educação, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. A sua institucionalização por lei está tramitando na Câmara Municipal. Importa destacar a ênfase na oferta de produtos que resgatem a cultura alimentar caiçara, a banana ouro, banana passa, o palmito pupunha, como um valor agregado nesse tipo de equipamento, que não só resgatou a feira de rua como um importante equipamento sob vários aspectos, como a oferta de produtos regionais que haviam desaparecido do mercado Segundo o presidente da Associação de Produtores Rurais de Itanhaém, Odil Cocazza Vasquez , até 2010 produzia-se quase só banana e a partir de 2011, começou uma maior diversificação. “O agricultor planta agora já dirigido para esse mercado. Já planta sabendo para quem vai vender. Esse é o sucesso”. Eles fornecem também para o Banco de Alimentos e a garantia de mercado possibilitou a compra de um trator, um caminhão e equipamentos, etc. Contam com serviço de internet na zona rural. As demais feiras localizam-se na Secretaria de Comércio, mas a frequência vem diminuindo desde que os supermercados começaram a disponibilizar uma feira em seu interior, em alguns dias da semana. Estimulo à participação dos agricultores familiares, povos tradicionais e pescadores artesanais no abastecimento dos mercados com ênfase nos mercados institucionais; Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – modalidade Compra Direta da Agricultura Familiar O PAA - Compra direta é um programa do Ministério do Desenvolvimento Social que permite aquisição de pauta específica de produtos (arroz, castanha-de-caju, castanha-do-brasil, farinha de mandioca, feijão, milho, sorgo, trigo, leite em pó integral e farinha de trigo), para distribuição ou para formação de estoques públicos. O limite de comercialização por agricultor familiar é de R$8.000,00 (oito mil reais) por ano. 399 O município de Itanhaém pratica o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – Compra Direta e por meio dele, são adquiridos o pescado e produtos da agricultura familiar dos municípios de Itanhaém, Pilar do Sul, Registro e Barra do Turvo. Alguns agricultores participam das duas modalidades de compras institucionais existentes: o PAA Municipal – Compra Direta, do MDS e o Programa Nacional de Alimentação Escolar – Lei nº 11.947 com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. No começo eram 30 produtores que participavam da Chamada Pública e hoje são mais de 100, só do município de Itanhaém. E como a lei permite e quando existem recursos, buscam outros contatos, a exemplo da região de Sorocaba e do Vale do Ribeira, onde compram produtos por meio de uma cooperativa que atendeu a chamada. Os gestores apontam a efetividade impressionante do PAA, porém atestam maior dificuldade na modalidade praticada pelo MDS, por conta da tabela de preços da Conab. Ainda não compram das comunidades indígenas. Os produtos adquiridos via PAA são distribuídos para 49 entidades sociais e também doados às 10 entidades que distribuem “sopões”. Como forma de acompanhamento, a prefeitura solicita um registro fotográfico a essas entidades, mas não há recursos humanos para realizar um acompanhamento mais próximo e muitas vezes, são os agentes sociais escolares que auxiliam no acompanhamento das entidades cadastradas. Resultados do PAA • Aumento da renda de agricultores familiares; • Melhoria da diversidade e qualidade dos alimentos para as pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional; • Dinamização de economias locais; • Reconhecimento e valorização da produção familiar e dos agricultores pela sociedade; • Aumento da variedades de alimentos produzidos nas unidades familiares; • Valorização da cultura alimentar local; • Valorização da produção orgânica de alimentos e de produtos da sociobiodiversidade. Ampliar o acesso e qualificar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER); Os serviços de assistência técnica e extensão rural no município de Itanhaém foram reativados no ano de 2005 pela administração municipal quando da formalização de Convênio com a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento e o inicio da implantação do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas, cujo plano incentivou o associativismo. A prefeitura possui estrutura de apoio à agricultura familiar no Departamento de Agricultura da Secretaria de Desenvolvimento Econômico que conta com seu diretor, um técnico agropecuário concursado, motorista e estagiário. Por meio do Escritório de Desenvolvimento Rural de São Paulo – EDR/SP, a CATI apoia as atividades no município com a participação de um zootecnista da médica veterinária e do técnico agropecuário da Casa da Agricultura de Santos, além disso contam com o engenheiro agrônomo e o técnico agropecuário da Casa da Agricultura de Peruíbe. A infraestrutura de atendimento possui 4 salas, dois automóveis (CATI), receptor de GPS (CATI), microcomputadores (CATI) e material de escritório, mesas, cadeiras etc. Também a AMIBRA conta com um kit informática, composto por computador, impressora, mesa armário de aço, transferido em função de incentivo de programa da fortalecimento das associações do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas - PEMBH. 400 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas e quilombolas;mês 2012 Considerando os aspectos e características socioculturais dos povos indígenas localizados no município de Itanhaém, é importante destacar duas aldeias: a Aldeia do Rio Branco (homologada pelo governo federal) e a Nhandé-Porã, localizada na área urbana de Itanhaém. Cabe descrever que os trabalhos junto à aldeia do Rio Branco, inserida na Microbacia Hidrográfica do Rio Branco já estão em andamento, e a CATI, conjuntamente com a FUNAI, FUNASA, Secretaria de Estado de Educação e Prefeitura Municipal de Itanhaém, iniciaram algumas atividades dos quais cita-se: reforma, pintura e limpeza da escola, manutenção da estrada que dá acesso à aldeia, iniciado o processo através de reuniões na implantação de uma associação que os represente perante o poder público, inclusão de representantes dos indígenas, através de agentes da FUNAI, no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Itanhaém, e finalmente, auxílio para preparo do terreno, adubação e plantio de uma roça de mandioca e batata-doce. (fonte: www.cati.sp.gov.br) 12.1.3 Promover a autonomia das mulheres por meio da inclusão na produção e gestão; Não existem ações nesse setor. Promover a produção, extração e processamento de alimentos agroecológicos; Não existem ações nesse setor. Fomentar e estruturar a produção de pescadores artesanais e aquicultores familiares Conforme “Informe da Produção Pesqueira Marinha e Estuarina do Estado de São Paulo”, elaborado pelo Instituto de Pesca da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, em Itanhaém, de Janeiro a Dezembro de 2011, 55 unidades produtivas realizaram 875 descargas, totalizando 47,8 toneladas de capturas descarregadas. Deste total, 34,3 toneladas foram de camarão sete barbas e 6,5 toneladas da categoria “outras”. É a menor produção registrada entre os municípios estudados. A dificuldade de entrada dos barcos maiores na barra do rio Itanhaém por falta do enroncamento (construção amortecedora formada por estrutura executada em pedra que se destina à proteção de canais contra os efeitos erosivos ou os solapamentos causados pelos fluxos d'água) propiciou que apenas pequenas embarcações de pescadores artesanais continuassem sua atividade. A comercialização do pescado é realizada na praia e são necessárias estruturas novas que favoreçam a higiene e transporte. Houve grande diminuição do volume de pescado em função da pesca predatória realizada por grandes barcos pesqueiros proveniente de outros estados e mesmo de outros países. São grandes embarcações que utilizam equipamentos sofisticados (como sonares e navegação por satélite) para varrer os mares da plataforma paulista com enormes redes, matando os peixes ainda jovens e não respeitando períodos de defeso de diversas espécies. Isso se constitui em uma concorrência desleal uma vez que a pesca artesanal possui pequenos barcos com capacidade limitada de navegação e armazenagem. O baixo rendimento da atividade vem fazendo com que parte dos pescadores passem a se dedicar a uma alternativa turística voltando-se para a pesca amadora esportiva, para turistas ou veranistas. Assim como em Peruíbe, por meio do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro várias regulamentações estão sendo propostas para limitar a ação desses grandes barcos da pesca na faixa mais próxima à praia e dar melhores condições ao pequeno pescador. A prefeitura por meio do Banco de Alimentos administrado pela Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, vem tentado incluir o pescado nos mercados institucionais – PAA e PNAE, e nas Feiras Populares, porém encontra dificuldades. Abaixo o Quadro IV com a aquisição anual dos programas e a participação do pescado. 401 Quadro IV – Participação do pescado no PAA PAA - Ano Valor Quantidade PAA – 2010 R$75.128,73 58.369,937 kg Participação do Pescado R$ 0,00 0,00 Kg PAA - 2011 R$480.348,06 334.853,729 Kg Participação do Pescado R$26.887,90 2.443,609 Kg PAA 2012 R$ 346.154,15 189.838,235 Kg Participação do Pescado R$ 1.414,183 Kg 18.639,71 Fonte: Apresentação Banco de Alimentos-SECE-PMI 04/07/2012 Para apoio aos pescadores, estão sendo implantadas estruturas de comercialização conhecidas como praças do pescado. Este equipamento público além de disponibilizar ao pescador artesanal condições sanitárias para a prática do comércio dos peixes que captura, também tem como mérito proporcionar ao consumidor locais de visitação agradáveis dotados de infraestrutura para atendimento. Garantir a qualidade higiênico-sanitária dos produtos da agroindústria familiar para facilitar a comercialização no mercado formal – Sistemas de Inspeção/SUASA Já se encontra aprovado pela Câmara Municipal o Serviço de Inspeção Municipal. 12.1.4. Educação, Formação e Pesquisa em Segurança Alimentar e Nutricional Não existem iniciativas neste eixo. 12.1.5. Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos e Comunidades Tradicionais A Aldeia Guarani do Rio Branco abrange parte dos municípios de Itanhaém, São Vicente e São Paulo - Estado de São Paulo, com 2.856 hectares, distribuídos: Itanhaém 1809 ha, São Vicente 426,5 ha e São Paulo 619,8 ha. A economia Guarani baseia-se em atividade agrícola e de coleta. Produzem alguns alimentos em escala irrisória, como: banana, mandioca, milho, feijão, batata doce e cana de açúcar. A aldeia Nhandé-Porã (Aldeinha) está localizada na área urbana de Itanhaém, especificamente no Jardim Coronel. Sua área ainda não foi identificada pela Funai. Atualmente (em 2005), habitam a área 12 famílias nucleares Guarani Nhandeva (Tupi-Guarani), pertencentes a uma mesma família extensa. As principais fontes de renda da comunidade advêm da comercialização de artesanato e de palmito. Há ainda, na terra habitada, a produção – extremamente reduzida – de algumas plantas de utilização tradicional. Parte desses índios realiza, esporadicamente, trabalhos braçais para fora. Entretanto, diz o Sr. João que “muitas vezes não tem serviço”. As atuações são basicamente na construção civil e no roçado de chácaras. 12.1.6.Alimentação e Nutrição no nível da Saúde O eixo da Alimentação e Nutrição no nível da Saúde constitui outra diretriz da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), abrangendo os setores de: Controle e prevenção de agravos e doenças; Nutrição na rede de atenção à saúde; Vigilância alimentar e nutricional. 402 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 No Eixo Alimentação e Nutrição no nível da Saúde encontramos o Sistema demês Vigilância Alimentar e 2012 Nutricional que “é um instrumento para obtenção de dados de monitoramento do Estado Nutricional e do Consumo Alimentar das pessoas que frequentam as Unidades Básicas do SUS”. SISVAN - sistema de informações que tem como objetivo principal promover informação contínua sobre as condições nutricionais da população e os fatores que as influenciam. Esta informação irá fornecer uma base para decisões a serem tomadas pelos responsáveis por políticas, planejamento e gerenciamento de programas relacionados com a melhoria dos padrões de consumo alimentar e do estado nutricional. Em 2010 foram acompanhadas 1.676 crianças. Em relação aos dados demográficos daquele ano representavam 21,16% do total de 7.922 crianças de 0 a 5 anos existentes no município. Em 2011, de 1.546 crianças acompanhadas, 115 crianças estariam com obesidade e outras 126 com sobrepeso – cerca de 15,60% das crianças acompanhadas, o que nesta faixa etária é uma condição preocupante. Por outro lado, 44 estavam com peso que representa risco ou mesmo desnutrição, mas apenas 21 dessas crianças tinha o peso muito abaixo do esperado – indicativo de uma desnutrição severa. Lembra-se que entre elas estão as famílias beneficiárias do Bolsa Família seriam aquelas com as piores condições socioeconômicas. Portanto, este dado sugere que mesmo nestas famílias a desnutrição não se configura como um problema importante. 12.1.7. Sistema de ação política – conselhos, conferências e orgão intersetorial Conselho Municipal de Alimentação Escolar O Conselho de Alimentação Escolar foi criado pela Lei nº 2.296 de 02 de julho de 1997 e revogada pela Lei nº 3.560 de 30 de setembro de 2009 que veio a realizar as adequações às novas orientações do FNDE. Em relação às competências: Art. 2º - Ao Conselho Municipal de Alimentação Escolar – CAE, órgão colegiado de caráter fiscalizador, permanente, deliberativo e de assessoramento, compete: I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes da alimentação escolar, estabelecidas na forma do art. 2º da Lei Federal nº 11.947, de 16 de junho de 2009; II - acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos destinados à alimentação escolar; III - zelar pela qualidade dos alimentos, em especial quanto às condições higiênicas, bem como a aceitabilidade dos cardápios oferecidos; IV - receber o relatório anual de gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e emitir parecer conclusivo a respeito, aprovando ou reprovando a execução do Programa. Em relação à composição: Art. 3º - O Conselho Municipal de Alimentação Escolar – CAE será composto dos seguintes membros: I - 1 (um) representante indicado Pelo Poder Executivo; II - 2 (dois) representantes das entidades de trabalhadores da educação e de discentes, indicados pelo respectivo órgão de representação, a serem escolhidos por meio de assembleia específica; 403 III - 2 (dois) representantes de pais de alunos, indicados pelos Conselhos Escolares, Associações de Pais e Mestres ou entidades similares, escolhidos por meio de assembleia específica; IV - 2 (dois) representantes indicados por entidades civis organizadas, escolhidos em assembléia específica. § 1º - Cada membro titular do CAE terá 1 (um) suplente do mesmo segmento representado. § 2º - Os membros do CAE terão mandato de 4 (quatro) anos, podendo ser reconduzidos de acordo com a indicação dos seus respectivos segmentos. Houve renovação de representantes na atual gestão, pois o CAE estava bastante paralisado anteriormente. Esse mandato se encerra em 10/02/2013. As indicações de pais e de docentes são enviadas pelas escolas que realizam atividades para selecionar os interessados. As entidades da sociedade civil também são convocadas e cada setor elege um titular e um suplente entre seus pares. Não houve capacitação para os membros do CAE, mas participaram do evento da Ação Fome Zero em Guarulhos que tinha como conteúdo o papel do CAE e de seus membros, a legislação atual, a compra da agricultura familiar, etc. As reuniões são trimestrais ou extraordinárias, conforme são sugeridas as pautas e chegam as demandas é organizada uma reunião. A maior ausência é de pais e professores. O principal ponto observado é o respeito ao cardápio e são realizadas poucas visitas por mês, muitas vezes apenas uma. Não fazem sugestões para o funcionamento da alimentação escolar, mas sempre insistem na qualidade do cardápio com o acréscimo de verduras, legumes e frutas. Não realizam sugestões quanto ao orçamento para alimentação escolar, analisam as prestações de contas para aprovação. Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural O Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural foi criado pela Lei nº 2.402 de 26 de Outubro de 1.998 tendo sofrido alterações de sua composição pelas Leis nº 3.127/2005, nº 3.319/2007, nº 3.548/2009 e complementação de suas atribuições pela Lei nº 3.760/ de 31/05/2012. Atualmente as atribuições do CMDR são: I – Estabelecer diretrizes para a política agrícola municipal; II – Promover a integração dos vários segmentos do setor agrícola, vinculados à produção, comercialização, armazenamento, industrialização e transporte; III – Aprovar o Plano Municipal de Desenvolvimento Agropecuário Plurianual e anualmente o Programa de Trabalho, bem como acompanhar a sua execução, em conformidade com a legislação pertinente e as diretrizes da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; IV – Manter intercâmbio com os Conselhos similares, visando o encaminhamento de reivindicações de interesse comum; V – Assessorar o Poder Executivo Municipal em matérias relacionadas à agropecuária e ao abastecimento alimentar. A composição atual do CMDR é de dez membros titulares e dez suplentes das seguintes instituições: I – 01 (um) representante da Prefeitura Municipal; II – 01 (um) representante do Escritório de Desenvolvimento Rural de São Paulo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI, indicados pelo Coordenador; 404 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 III – 01 (um) representante das populações indígenas do município, indicadosmês pelo 2012Chefe do Posto da FUNAI de Itanhaém; IV – 2 (dois) representantes da Associação dos Produtores Rurais da Microbacia Hidrográfica do Rio Branco; V – 01 (um) representante da Colônia de Pescadores Z-13; VI – 01 (um) representante do Centro de Referência e Apoio aos Pequenos Proprietários Rurais do Raminho; VII – 02 (dois) representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itanhaém; VIII – 01 (um) representante da Associação dos Produtores Rurais da Costa da Mata Atlântica (associação de assentados de Itanhaém). O mandato é de dois anos facultada recondução. Essas entidades cumpriram o mandato anterior, pois fazem parte da composição legal do conselho. Em uma próxima alteração da lei a Associação do Raminho deve ser excluída porque a área do bairro se tornou de características urbanas e não há mais interesse dos associados em permanecer no conselho. Não houve preocupação em manter a paridade, mas sim com entidades que estejam relacionadas ao setor da produção agropecuária e pesqueira. Houve capacitação pela CATI, incluída no Programa de Microbacias I. Foram discutidas questões como: o que é, para que serve o conselho, pois embora ele não seja deliberativo, traça e orienta os projetos e as políticas municipais. No Microbacias II também está prevista capacitação, mas será em 2013. As reuniões são semestrais, mas acabam fazendo cinco a seis reuniões por ano por conta das demandas que aparecem e tem que ser respondidas pelo CMDR. Todas as ações e projetos passam pelo conselho para aprovação e posteriormente são acompanhados por ele. No CMDR foram aprovados os projetos encaminhados e selecionados pelo MDS: Banco de Alimentos, Feiras Populares, Agricultura Urbana e Periurbana; além desses o da indústria e processamento de pescados apresentado e aprovado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. A aquisição de produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar foi discutida dentro do conselho, foram convidados os técnicos da secretaria da educação envolvidos na compra de alimentos. Essa troca de informações com os conselheiros/produtores levou ao conhecimento dos dois lados das necessidades e compromissos que devem ser assumidos para o fornecimento dos gêneros alimentícios. Além de referendar ele também fiscaliza, portanto encontra-se bastante envolvido nas atividades. Há comparecimento de todos os representantes nas reuniões, apenas a associação do Raminho não tem comparecido. A presidente atual é da AMIBRA, associação que conta com 65 membros. A administração municipal respeita o conselho e acata as propostas que partem dele onde se reconhece que estão reunidos os interessados e os técnicos responsáveis para o andamento das políticas. O CMDR de Itanhaém participa do Conselho Regional de Desenvolvimento Rural onde se reúnem os conselhos dos 45 municípios que compõem o Escritório de Desenvolvimento Rural de São Paulo. Todas as ações e também a emissão de todas as Declarações de Aptidão ao Pronaf são fiscalizadas. É realmente realizado um controle social das DAPs. As ações do BA são analisadas, fiscalizadas, conferidas e o relatório é aprovado pelo conselho. São conferidos os produtos entregues e se os produtores que estão entregando, se realmente são agricultores familiares. 405 O conselho faz sugestões de orçamento e também realiza a fiscalização da aplicação dos recursos destinados por emendas parlamentares para compra de tratores, retroescavadeiras, dois caminhões, etc., tanto a fiscalização das compras quanto do uso dos equipamentos. Normalmente o conselho é oficiado pela Câmara quando chegam os recursos de uma emenda, a partir daí há o acompanhamento. O CMDR levanta a bandeira de ser deliberativo, hoje ele é legitimo, mas pode ser que gestões futuras não deem o mesmo peso às decisões do conselho, portanto seria importante ele ser deliberativo. Hoje ele apenas aprova ou referenda projetos com a utilização dos recursos do Fundo de Investimento. O conselho tem articulação só com os CMDRs próximos, para demandas conjuntas, com o Conselho Regional, do qual faz parte, e com a Câmara Temática da Agropecuária, Pesca e Aquicultura do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista. É importante fazer uma aproximação com o CAE. Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional Criado pela Lei nº 3.190 de 2 de Dezembro de 2005, o COMSEA de Itanhaém encontra-se desativado. 12.1.8. Considerações Finais No art. 149, da lei orgânica de Itanhaém, capítulo III, referente à saúde, consta que para atingir os objetivos de promoção, proteção e recuperação da saúde, o Município “promoverá em conjunto com a União e o Estado, condições dignas de trabalho, saneamento, moradia, alimentação, educação transporte e lazer”. O número e a diversidade de iniciativas, projetos e programas associados à questão alimentar, atesta o esforço da administração em promover condições mais dignas em relação aos processos de produção e de acesso a uma alimentação saudável e adequada. Dentre os dez programas e projetos investigados na pesquisa, três são de proposição federal, executados pelo município, dois no eixo de “acesso ao alimento”, a saber: Programa Bolsa Família (MDS); Programa de Alimentação Escolar (FNDE/MEC), um no eixo cinco, que trata da "Alimentação e Nutrição no nível da Saúde", o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN/MS). Outros três programas federais são fruto da proposição de projetos em editais lançados pelo Ministério do Desenvolvimento Social um deles no eixo de acesso à alimentação: Banco de Alimentos; e dois deles, Feiras Populares e Programa de Aquisição de Alimentos modalidade Compra Direta, no eixo de “produção e abastecimento agroalimentar”. O nível estadual é proponente de três programas sendo dois no eixo de “acesso ao alimento”: Renda Cidadã e Programa Vivaleite, ambos da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social e dois programas no eixo da “produção e abastecimento agroalimentar”, ambos da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento: Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER e o Programa de Microbacias II com a “promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas”. Como iniciativa implementada pelo município encontra-se a estrutura da Seção de Agricultura e Abastecimento do Departamento de Agricultura da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Com exceção do Equipamento Banco de Alimentos e do Programa Feira Popular, as demais ações desenvolvidas fazem parte dos chamados programas "basilares" da Segurança alimentar e Nutricional, assim definidos, conforme Maluf (2007) porque atuam em áreas-chave e extrapolam seus objetivos primeiros e estruturas específicas, sendo, portanto, capazes de atuar como nucleadores de ações integradas que expressam a perspectiva da intersetorialidade. Uma primeira observação que se destaca é a dependência, do ponto de vista orçamentário, dos repasses federais e o pequeno número de programas, de proposição municipal, associados à segurança alimentar e nutricional. Mesmo sendo um tema inovador, com apropriação ainda recente pela administração pública, os estudos e pesquisas apontam a possibilidade dos municípios implementarem programas e projetos próprios em todos os campos da segurança alimentar e nutricional. 406 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Em relação ao Programa de Alimentação Escolar, cabe uma observação em relação mês 2012ao sistema de terceirização praticado no município. O caráter recente da aplicação da nova Lei 11.947/09, da alimentação escolar, vêm suscitando inúmeros debates em nível nacional, em torno de temas e questões. Dentre eles, destaca-se a questão da interpretação da lei quanto à possibilidade de terceirização do programa. Ainda que em seu Art. 14 a lei coloque que “do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas” ela não emite nenhum parecer oficial em relação à perspectiva da terceirização da alimentação escolar. No entanto, a compra deve ser feita com recursos financeiros do PNAE repassados pelo FNDE para as Entidades Executoras. No caso do município de Itanhaém, é o próprio Banco de Alimentos, da secretaria de educação, que realiza a compra dos 30%. Ainda que a documentação exigida seja a mesma nas duas modalidades de compra institucional: PAA e PNAE (exigência de DAP, Nota Fiscal, etc), as diferenças apontadas pela coordenação, atestam uma maior facilidade na operacionalização do PNAE. Na aquisição para o PNAE pode-se comprar até 20 mil/ano/agricultor familiar ou pescador artesanal. Há maior liberdade de se pagar direto a cooperativa de agricultores, comprovada a participação dos inscritos como agricultores da cooperativa. Outro fator adicional é o fato de que no PNAE é possível discutir o preço com o agricultor, e no PAA – Compra Direta, o preço praticado é o da Conab, congelado desde 2009. Uma questão controversa é que no município a compra com recursos do FNDE exige a entrega ponto a ponto. Os produtos devem passar por um centro de distribuição como é o BA, onde se confere sua qualidade e pesagem, seguindo dali para as escolas e são os agricultores que arcam com essas despesas de logística. Ainda que grande parte das ações de segurança alimentar e nutricional sejam executadas no nível municipal, pela secretaria de educação, há que se fazer menção à ausência de programas específicos no eixo 3, de “ Educação, Formação e Pesquisa em SAN”. Em relação às comunidades tradicionais, aponta que o representante da Funai tem participado e levado propostas à Câmara Temática da Pesca e Agricultura da AGEM, lugar onde foram iniciadas as discussões metropolitanas sobre soberania e segurança alimentar e nutricional. As Chamadas Públicas trazem uma responsabilidade para os gestores do programa com relação aos aspectos da qualidade, do aporte e da periodicidade. Portanto, os grupos fornecedores tem que se comprometer com o que é contratado. Como não tinham informações da produção das aldeias da região, ainda não conseguiram incluir os indígenas. No Programa de Microbacias II que vem sendo trabalhado pela CATI, será realizada assistência técnica nas aldeias, inclusive para a obtenção dos documentos necessários, a partir daí os indígenas serão incluídos e terão o mesmo tratamento dado atualmente aos agricultores, mas isso ainda é um processo a ser construído. Também é um propósito da gestão a inclusão do pescado na merenda. O pescado artesanal já foi incluído no PAA Compra Direta, que vai para o BA e depois é distribuído para 49 entidades sociais e 10 grupos que distribuem sopões de rua. O processo em curso de revitalização da agricultura familiar e da pesca no município e em seu entorno, é atestada pelos agricultores entrevistados, que gradativamente vem aderindo às propostas da atual gestão. Registra-se também que o êxito das ações municipais demandaram e, ao mesmo tempo, impulsionaram, uma maior presença da esfera estadual por meio da participação do trabalho de assistência técnica da CATI/ Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O destaque é relevante diante do quadro de ausência 407 generalizada de participação de órgãos ligados à agricultura na aplicação da nova lei da alimentação escolar ou do PAA, tanto no nível regional quanto nacional. É necessário fazer menção à excelência alcançada na implantação e gestão do equipamento de Banco de Alimentos de Itanhaém, que tornou-se inclusive, uma referência nacional para o MDS. Um destaque importante a ser feito é a existência de um instrumento de monitoramento de todas as atividades gerenciadas pelo BA. O Relatório Técnico Anual (RTA) traz todas as informações, dados e resultados, permitindo um acompanhamento maior dos segmentos atendidos pelos projetos do BA atende, quantos e quem são os beneficiários, relação de doadores, quanto é arrecadado, etc. De qualquer forma, mesmo que o BA venha aumentando o seu quadro de recursos humanos, contando atualmente com 19 funcionários e operando com eficiência os vários projetos e programas inseridos ali (PAA Compra Direta; PNAE; hortas; feira; etc), é importante investigar a melhor estratégia no sentido de ampliar as ações de segurança alimentar e nutricional no município, pois o BA é um equipamento público e não uma secretaria municipal e nesse sentido, há limites em relação ao crescimento de sua estrutura organizacional e da abrangência de suas atividades. Há um projeto arquitetônico de se acomodar no antigo prédio do mercado municipal, a feira, o PAA, o BA e o processamento do pescado. Por fim, como o município de Itanhaém vem se tornando uma referência na região sul da Baixada, no caso da próxima gestão dar continuidade a esse processo, dando prioridade ao tema da SAN, uma questão que se coloca é a possibilidade de institucionalizar o sistema de segurança alimentar e nutricional (SAN) no município, a partir da criação da lei orgânica de SAN. Consta como um dos objetivos do PLANSAN, "Institucionalizar no Território Nacional o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) e seus mecanismos de gestão, participação e controle social, garantindo a sua consolidação, o seu financiamento e a estruturação da capacidade institucional de planejamento, execução e monitoramento da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional para, por meio do Plano Nacional e dos Planos Estaduais e Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional, realizar o Direito Humano à Alimentação Adequada no âmbito nacional e internacional - N053 -01 (SAN)". Entende-se que a implantação de sistemas municipais / regionais de segurança alimentar e nutricional (SISAN) colabora na melhoria das condições sociais da população, gerando impactos positivos no acesso à alimentação adequada e saudável e constitui uma estratégia capaz de fazer frente aos desafios colocados para a região do litoral de São Paulo nos próximos anos. De forma análoga ao Sistema Nacional de SAN (SISAN), na perspectiva da descentralização, são componentes do sistema municipal, a Conferência Municipal, o Conselho, a Câmara Intergovernamental, órgãos e entidades de SAN do município e instituições privadas, com ou sem fins lucrativos que manifestem interesse em participar. O SISAN combina, portanto, uma rede operacional, composta por programas, equipamentos, bens e serviços públicos que visam a garantia do direito humano à alimentação, com um sistema de ação política que engloba a conferência, conselho, política e plano de Segurança Alimentar e Nutricional. Conforme mencionado anteriormente, a implantação de um sistema municipal requer a estruturação de uma rede operacional, isto é, um conjunto de equipamentos, bens e serviços públicos associados aos programas, projetos e ações relacionadas à SAN e a organização de um sistema de ação política (conferência, conselho e câmara intergovernamental). O município de Itanhaém já reúne atualmente diversos componentes necessários à construção de um sistema de segurança alimentar e nutricional. Diferente dos demais municípios há uma relativa diversidade de ações, segundo os eixos e setores da SAN, mesmo que em estágio incipiente e com protagonismo do governo federal, porém, indicando um processo em construção, que poderá avançar a partir de negociações internas à gestão, para a implantação do SISAN municipal. 408 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Com vistas a garantir a fortalecer a participação social e a continuidade das ações, mês 2012seria relevante agregar instituições, entidades e movimentos sociais, com vínculos mais permanentes na região, como as universidades e ong's, na difusão dos conceitos de SAN e DHAA, por meio de processos de formação mais permanentes, além da necessária qualificação. 12.2. Saúde O Relatório Anual de Gestão (RAG) é a principal ferramenta de acompanhamento da gestão da saúde nos municípios. Além de comprovar a aplicação de recursos do SUS, o RAG apresenta os resultados alcançados pela Secretaria Municipal com a execução da Programação Anual de Saúde, que detalha o Plano Municipal de Saúde formulado para quatro anos. A partir do ano de 2012, de acordo com o pactuado na Comissão Intergestores Tripartite – CIT -, todos os Relatórios de Gestão devem obrigatoriamente utilizar o SARGSUS – Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão do Ministério da Saúde, para facilitar o seu acesso a todos os cidadãos brasileiros, e portanto o controle social. O Relatório Anual deve ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde antes de ser disponibilizado ao público. Em Itanhaém, a Secretaria Municipal de Saúde apresentou o Relatório 2011 ao Conselho em maio de 2012, mas não está registrada a data de sua aprovação. Em junho de 2012 o RAG foi colocado no SARGSUS, portanto ele deve ter sido aprovado em maio. O Secretário de Saúde assumiu em abril de 2006 e permaneceu até maio de 2011. Por outro lado, a Secretária que assinou o RAG-2011 em maio não é a mesma que responde pela pasta em setembro, como se observa na página da Prefeitura. O Fundo Municipal de Saúde foi criado por lei em 1991. O RAG-2011 informa que a Secretária é a responsável pela gestão do Fundo, mas não conta com um setor de finanças próprio, como será relatado posteriormente. A Nona Conferência Municipal de Saúde ocorreu em novembro de 2011. O RAG chama a atenção nas Considerações Iniciais para uma questão que afeta todas as estâncias balneárias: “... população fixa de 87.053 habitantes (Censo 2010) e população flutuante estimada 03 a 04 vezes maior nos finais de semanas e feriados, na alta temporada e nos períodos de verão de dezembro a março e férias de julho”. O RAG destaca que o município ainda teve na última década uma taxa de crescimento geométrico anual de 1,94%, para 1,1% do Estado como um todo e 1,2% da Baixada Santista. Mais da metade dos 67 mil domicílios do município são de uso ocasional. 12.2.1. Situação de Saúde O perfil etário de Itanhaém reflete um leve estreitamento da população em idade ativa: por um lado, 24,6% da sua população tem menos de 15 anos, contra 21,5% no Estado. Mas por outro lado, a população com mais de 60 anos é de 14,6%, para 11,5% no Estado. O RAG comenta sobre os dados demográficos: “Conforme observamos nos relatórios de gestão anteriores o município de Itanhaém, que neste ano de 2012 comemora 480 anos, vinha até meados de 1.985 com uma pirâmide populacional padrão com base alargada e redução gradativa até o ápice. Percebemos que nos últimos 30 anos vive-se em Itanhaém uma transição demográfica de grande impacto com redução da mortalidade infantil, queda da fecundidade, aumento da expectativa de vida e da população acima de 60 anos. A pirâmide populacional de 2011 demonstra esta acentuada mudança que vem impactando nas mudanças dos indicadores de vida e saúde da população. O maior desafio do município atualmente é enfrentar em todos os níveis de gestão o aumento da população adulta/jovem e população idosa”. A taxa de natalidade de 15,8 por mil habitantes é um pouco maior do que as da Baixada Santista e do Estado e a taxa de fecundidade geral de 62,5 por mil mulheres entre 15 e 49 anos é bem maior, diante de 51 no Estado. A proporção de mães adolescentes (com menos de 18 anos) em 2010 foi de 8,8%, superior à média 409 estadual de 7%. Mas a proporção de crianças nascidas com baixo peso (abaixo de 2,5 kg) foi de 7,9%, menor do que os 9,1% no Estado. Destaca-se que 42,7% dos partos foram cesáreos, ficando bem abaixo da alta taxa estadual de 58,4%. Apenas 13,9% da população do município tem planos ou seguros privados de saúde – cobertura muito abaixo do Estado, de 44,4% (dados de março de 2012, ANS). A maior dependência da população ao SUS e portanto aos atendimentos oferecidos pela rede municipal de saúde, aumenta as cobranças (e também as queixas) ao gestor municipal. 61,7% dos planos são do tipo coletivo empresarial (no Estado: 64,1%) e 26,3% são pagos do próprio bolso pelas famílias ou indivíduos (no Estado: 19,8%). Deve ser lembrado que pela diversidade de planos privados e os tipos de cobertura oferecidos, que dependem muito dos valores pagos, parte significativa da população que tem planos também procura o atendimento pelo SUS. Mortalidade por causas Apresenta-se a seguir informações sobre mortalidade referente ao ano de 2008, um condensado utilizado no Caderno de Informações de Saúde, sistema desenvolvido pelo Datasus. A tabela mostra alguns dos grandes grupos de causas de morte por faixa etária. Mortalidade Proporcional (%) por Faixa Etária Segundo Grupo de Causas - CID10 – Ano: 2008 Grupo de Causas Menor 1 I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias II. Neoplasias (tumores) IX. Doenças do aparelho circulatório X. Doenças do aparelho respiratório 6,3 XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 43,8 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 6,3 Demais causas definidas 43,8 Total 100,0 1a4 20,0 20,0 40,0 20,0 100,0 5a9 10 a 14 50,0 50,0 100,0 15 a 19 100,0 100,0 20,0 80,0 100,0 20 a 49 7,8 10,3 21,6 2,6 37,1 20,7 100,0 50 a 64 65 e mais 0,7 3,8 19,1 15,4 41,2 43,2 8,1 11,6 8,1 3,4 22,8 22,6 100,0 100,0 Total 3,8 14,6 36,3 8,5 1,2 12,8 22,7 100,0 Fonte: SIM-Datasus. Em 2008, ocorreram 607 óbitos de moradores de Itanhaém. Em 2010 o total de óbitos aumentou para 683, o que representou neste ano uma Taxa de Mortalidade Geral de 7,8 mortes por mil habitantes. Esta taxa foi maior do que a do Estado de São Paulo no mesmo ano, de 6,4 óbitos por mil habitantes. Um pouco mais da metade das mortes de 2010 foram de pessoas com mais de 65 anos de idade – 53,6%, valor menor do que a média do Estado (57,5%). As três principais causas de morte no município em 2008 foram as doenças do aparelho circulatório, os cânceres e as causas violentas. Em 2010 a participação das doenças do aparelho circulatório tiveram uma redução para 31,5%, enquanto as mortes por neoplasias aumentaram para 16,7% e as doenças do aparelho respiratório para 11,6%. As mortes por causas violentas tiveram uma pequena redução, de 12,8 para 12,1% do total. Sobre essas mortes o RAG revela um dado importante: “percebemos que nos últimos quatro anos a relação entre homens e mulheres vem reduzindo, o que pode indicar um aumento da exposição das mulheres à violência e acidentes”. O percentual de óbitos por causas mal definidas caiu de 12,4% em 2007 para 5,1% em 2008 e finalmente para 4,4% em 2010. Evolução recente da mortalidade infantil: a tabela abaixo mostra as taxas de mortalidade infantil dos últimos dez anos. Taxa de Mortalidade Infantil segundo municípios de residência. Itanhaém e Estado de São Paulo, 2002 a 2011. Estado de SP Itanhaém 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 - por mil nascidos vivos 2009 2010 2011 15,0 21,7 14,8 21,1 14,3 11,4 13,4 24,4 13,3 22,7 13,1 16,2 12,6 13,2 12,5 18,0 Fonte: Base de dados Unificada de Óbitos - SESSP/FSEADE; Datasus - SISPACTO 410 11,9 14,5 11,6 14,1 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Esta série histórica de 10 anos mostra em Itanhaém uma tendência de redução, com reduções expressivas mês 2012 como a obtida em 2004, quando a taxa ficou abaixo da média estadual, e também em 2008, mas seguidas de pioras. O tema será retomado adiante. O IPRS de Itanhaém e a dimensão Longevidade De acordo com o Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS produzido pela Fundação SEADE, desde a primeira edição (ano-base 2000) até a última (ano base 2008), Itanhaém foi classificado no Grupo 2 de municípios que, embora com níveis de riqueza elevados, não exibem bons indicadores sociais. A dimensão longevidade é calculada pela composição de quatro dados de mortalidade: Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos); Taxa de mortalidade perinatal (por mil nascidos); Taxa de mortalidade de pessoas de 15 a 39 anos (por mil pessoas); e Taxa de mortalidade de pessoas de 60 anos e mais (por mil pessoas). Em 2008, o município teve 67 pontos nesta dimensão, com aumento significativo de 5 pontos em relação a 2006, mas ainda distante da média estadual de 73. Ressalta-se que na dimensão escolaridade o município obteve 68 pontos em 2008, aumento de 3 pontos em relação a 2006, equiparando-se à média do Estado. 12.2.2. Diagnóstico dos Serviços de Saúde e dos atendimentos O RAG informa que “A rede básica de saúde municipal é composta de 10 unidades de saúde com 22 equipes de saúde da família. Toda a atenção básica tem com eixo estruturante o modelo de Estratégia de Saúde da Família. Na atenção especializada a rede conta com: Ambulatório de Especialidades, Centro de Infectologia de Itanhaém, Centro de apoio psicossocial II, Centro Municipal de Reabilitação, Fisioterapia Municipal, Centro Especializado na saúde da criança e da mulher e no final do ano de 2011 foi inaugurado o Centro de Apoio Psicossocial em Álcool e drogas e previsto para inauguração em janeiro de 2012 um Centro de Atenção Psicossocial infantil (obs. foi inaugurado e está atendendo). O Hospital de Itanhaém é um hospital regional sob gestão estadual”. Ressalta-se que no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES, o hospital está classificado como privado (filantrópico), com 97 leitos, dos quais 77 são para o SUS, ou 1,1 leitos para cada mil habitantes, e 0,88 leitos SUS; o hospital é administrado pelo CONSAUDE – Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ribeira, mediante contrato de gestão com a Secretaria de Estado da Saúde que transferiu R$ 26 milhões em 2011. A hipótese é que os 20 leitos “não-SUS” sejam para atendimento aos planos e seguros privados. Ainda de acordo com o CNES, em 2012 o município conta com apenas 26 estabelecimentos privados, dos quais 14 são consultórios isolados. A Secretaria conta com 1010 servidores, dos quais 504 são estatutários, 96 são celetistas e 242 contratados por prazo determinado. Constam ainda 100 servidores na categoria “sem tipo”, bem como 34 autônomos. O RAG informa que “Em 2011 foi realizado novo concurso público para médicos e para toda a equipe do SAMU. Enfrentamos dificuldades na contratação de profissionais médicos em todos os níveis de atenção. Apesar da realização de concursos o número de inscritos está sempre aquém do número de vagas disponíveis. Esta realidade, bem como a rotatividade de profissionais é que justifica um elevado número de contratos temporários e outros para estes profissionais. Quanto aos outros profissionais, estes são em sua maioria concursados”. (grifo nosso, trata-se de uma realidade comum à maioria dos municípios estudados). Atenção básica - A tabela abaixo mostra a evolução da oferta de consultas nas especialidades básicas da rede municipal. Observa-se que em todos os anos da série a oferta ficou bem abaixo da média estadual, com tendência decrescente desde 2008. Média Anual de Consultas nas Especialidades Básicas por habitante. 411 Estado SP Itanhaém 2006 1,64 0,84 2007 1,62 0,91 2008 1,84 1,04 2009 1,84 0,89 2010 1,76 0,76 Fonte: Sistema de Informações Ambulatoriais - SIA/SUS - Base atualizada em 31/08/2011. Apesar da baixa oferta de consultas básicas oferecida pelas unidades de saúde da família, a taxa de internações por condições sensíveis à atenção básica – ICSAB – teve uma expressiva redução a partir de 2006, quando estas internações foram superiores à média estadual. Percentual de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Básica segundo municípios de residência. 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 Estado SP 18,4 18,1 17,4 15,9 16,1 16,1 Itanhaém 18,8 21,8 16,6 11,9 11,4 11,3 Fonte: Sistema de Informações Hospitalares - SIH/SUS - Base atualizada até 31/08/2011. Internações hospitalares A tabela abaixo apresenta o total de internações SUS realizadas pelo hospital regional. Não temos a informação sobre internações “não-SUS” eventualmente realizadas. Internações Hospitalares do SUS - por local de internação - São Paulo Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) Em 2011, o número de internações SUS realizadas no município aumentaram 4% e m relação a 2010. Estas internações são em geral de menor grau de complexidade, como se verifica pelos valores médios e os dias médios de permanência, menores do que a média estadual. A tabela seguinte mostra o número total de internações de moradores de Itanhaém, realizadas no hospital regional ou em outros municípios. Procedimentos hospitalares do SUS - por local de residência - São Paulo Internações por Município e Natureza Período: Município Total Estado SP Itanhaém 2010 Total 2.334.227 4.084 2011 Federal 29.689 40 Estadual Municipal Filantrópico 698.246 435 421.647 64 1.175.657 3.545 Total Federal 2.343.855 4.561 9.254 6 Estadual Municipal Filantrópico 711.517 572 441.403 88 1.173.134 3.895 Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) O total de internações SUS de munícipes de Itanhaém aumentou 11,7% em 2011. Mesmo assim, elas corresponderam a 5,2 internações para cada 100 moradores em 2011, abaixo da média estadual de 5,6. O destaque na comparação das duas tabelas é que pelo menos numericamente as internações oferecidas pelo hospital regional são superiores à demanda de internações de munícipes. Esta situação acontece na Baixada Santista apenas em Santos, que é o município-polo da região. Mas, por se tratar de hospital regional, muitas internações são de moradores dos municípios vizinhos – pelos dados de 2011, pode-se estimar que 412 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 foram cerca de 15% do total. E observam-se internações de moradores de Itanhaém mês 2012 em leitos estaduais e federais que devem ter ocorrido em Santos e em São Paulo (pelo menos as registradas como federais). O RAG comenta que “Observamos um número elevado de internações por doenças respiratórias em menores de nove anos, com especial atenção ao elevado número em menores de um ano. Nesta mesma faixa etária aparece de forma relevantes causas externas, o que nos leva a crer em acidentes na infância. Causas externas é o principal fator de morbidade hospitalar, principalmente em crianças, jovens e adultos jovens”. 12.2.3. Princípios e Diretrizes Políticas do SUS em Itanhaém Ao longo do RAG fica bastante explícita a adesão do município aos princípios e diretrizes do SUS, podendo-se destacar a extrema coerência em todas as análises e a preocupação com a adequada prestação de contas, não apenas para o Conselho Municipal de Saúde mas também para os trabalhadores da saúde e para a população da cidade, na defesa de uma gestão transparente e participativa. O município aderiu ao Pacto pela Saúde celebrado em 2006 pelas três esferas de governo e formalizou esta adesão através dos Termos de Compromisso de Gestão, elaborado no primeiro ano da gestão e atualizado anualmente, e atua através das ações programadas e devidamente aprovadas pelo Conselho Municipal. a) Os compromissos assumidos pelo gestor do SUS de Itanhaém – TCG 2011 Apresenta-se a seguir os Termos de Compromisso de Gestão, que são assumidos pelo município, aprovados pelo Conselho Municipal e referendados pela Comissão Intergestores Bipartite no âmbito estadual do SUS. PLANILHA DE PACTUAÇÃO DAS RESPONSABILIDADES – TCG Data da Validação: 28/03/2011 Data da Homologação: 31/03/2011 RESPONSABILIDADES GERAIS DA GESTAO DO SUS RESPONSABILIDADES 1.81.8.a1.8.b1.8.c1.8.d- SITUACAO ATUAL TODO MUNICIPIO DEVE DESENVOLVER, A PARTIR DA IDENTIFICACAO DAS NECESSIDADES, UM PROCESSO DE: PLANEJAMENTO, Realiza REGULACAO, Realiza PROGRAMACAO PACTUADA E INTEGRADA DA ATENCAO A SAUDE, Realiza MONITORAMENTO E AVALIACAO; Não Realiza INFORMAÇÕES ADICIONAIS Data para realização 12/2012 1.12- TODO MUNICIPIO DEVE PACTUAR E FAZER O ACOMPANHAMENTO DA REFERENCIA DA ATENCAO QUE OCORRE FORA DO SEU TERRITORIO, EM COOPERACAO COM O Data para realização ESTADO, DISTRITO FEDERAL E COM OS DEMAIS MUNICIPIOS ENVOLVIDOS NO Não Realiza 12/2012 AMBITO REGIONAL E ESTADUAL, CONFORME A PROGRAMACAO PACTUADA E INTEGRADA DA ATENCAO A SAUDE; 1.13- TODO MUNICIPIO QUE DISPOE DE SERVICOS DE REFERENCIA INTERMUNICIPAL, Data para realização DEVE GARANTIR ESTAS REFERENCIAS DE ACORDO COM A PROGRAMACAO Não Realiza 12/2012 PACTUADA E INTEGRADA DA ATENCAO A SAUDE; 1.16- TODO MUNICIPIO DEVE ASSUMIR A GESTAO E EXECUCAO DAS ACOES DE VIGILANCIA EM SAUDE REALIZADAS NO AMBITO LOCAL, DE ACORDO COM AS NORMAS VIGENTES E PACTUACOES ESTABELECIDAS, COMPREENDENDO AS ACOES DE: 1.16.a- VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA; Realiza 1.16.b- VIGILANCIA SANITARIA; Realiza 1.16.c- VIGILANCIA AMBIENTAL; Data para realização Não Realiza 02/2013 SITUACAO ATUAL INFORMAÇÕES ADICIONAIS REGIONALIZACAO RESPONSABILIDADES 2.5- EXECUTAR AS ACOES DE REFERENCIA REGIONAL SOB SUA RESPONSABILIDADE EM CONFORMIDADE COM A PROGRAMACAO PACTUADA E INTEGRADA DA ATENCAO A Não Realiza SAUDE ACORDADA NO COLEGIADO DE GESTAO REGIONAL. Data para realização 12/2012 PLANEJAMENTO E PROGRAMACAO – Realiza todas as responsabilidades 413 REGULACAO, CONTROLE, AVALIACAO E AUDITORIA RESPONSABILIDADES 4.5- SITUACAO ATUAL TODO MUNICIPIO DEVE ADOTAR PROTOCOLOS DE REGULACAO DE ACESSO, EM CONSONANCIA COM OS PROTOCOLOS E DIRETRIZES NACIONAIS, ESTADUAIS E Não REGIONAIS; MONITORAR E FISCALIZAR A EXECUCAO DOS PROCEDIMENTOS REALIZADOS EM CADA ESTABELECIMENTO POR MEIO DAS ACOES DE CONTROLE E AVALIACAO Não HOSPITALAR E AMBULATORIAL; MONITORAR E FISCALIZAR E O CUMPRIMENTO DOS CRITERIOS NACIONAIS, Não ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE CREDENCIAMENTO DE SERVICOS; IMPLEMENTAR A AVALIACAO DAS ACOES DE SAUDE NOS ESTABELECIMENTOS DE SAUDE, POR MEIO DE ANALISE DE DADOS E INDICADORES E VERIFICACAO DE Não PADROES DE CONFORMIDADE; IMPLEMENTAR A AUDITORIA SOBRE TODA A PRODUCAO DE SERVICOS DE SAUDE, PUBLICOS E PRIVADOS, SOB SUA GESTAO, TOMANDO COMO REFERENCIA AS ACOES PREVISTAS NO PLANO MUNICIPAL DE SAUDE E EM ARTICULACAO COM AS Não ACOES DE CONTROLE, AVALIACAO E REGULACAO ASSISTENCIAL; REALIZAR AUDITORIA ASSISTENCIAL DA PRODUCAO DE SERVICOS DE SAUDE, Não PUBLICOS E PRIVADOS, SOB SUA GESTAO; ELABORAR NORMAS TECNICAS, COMPLEMENTARES AS DAS ESFERAS ESTADUAL E Não FEDERAL, PARA O SEU TERRITORIO. 4.14- 4.154.16- 4.17- 4.184.19- Realiza Realiza Realiza Realiza Realiza Realiza Realiza INFORMAÇÕES ADICIONAIS Data para realização 12/2012 Data para realização 12/2012 Data para realização 12/2012 Data para realização 12/2012 Data para realização 12/2012 Data para realização 12/2012 Data para realização 12/2012 GESTAO DO TRABALHO – De seis itens, o município não cumpre três responsabilidades: RESPONSABILIDADES 5.5- SITUACAO ATUAL CONSIDERAR AS DIRETRIZES NACIONAIS PARA PLANOS DE CARREIRAS, CARGOS E SALARIOS PARA O SUS - PCCS/SUS, QUANDO DA ELABORACAO, IMPLEMENTACAO E/OU REFORMULACAO DE PLANOS DE CARREIRAS, CARGOS ENão Realiza SALARIOS NO AMBITO DA GESTAO LOCAL; INFORMAÇÕES ADICIONAIS Data para realização 12/2012 EDUCACAO NA SAUDE RESPONSABILIDADES 6.1- 6.5- 6.6- SITUACAO ATUAL TODO MUNICIPIO DEVE FORMULAR E PROMOVER A GESTAO DA EDUCACAO PERMANENTE EM SAUDE E PROCESSOS RELATIVOS A MESMA, ORIENTADOS PELA INTEGRALIDADE DA ATENCAO A SAUDE, CRIANDO QUANDO FOR O CASO, Não Realiza ESTRUTURAS DE COORDENACAO E DE EXECUCAO DA POLITICA DE FORMACAO E DESENVOLVIMENTO, PARTICIPANDO NO SEU FINANCIAMENTO; ARTICULAR E COOPERAR COM A CONSTRUCAO E IMPLEMENTACAO DE INICIATIVAS POLITICAS E PRATICAS PARA A MUDANCA NA GRADUACAO DAS Não Realiza PROFISSOES DE SAUDE, DE ACORDO COM AS DIRETRIZES DO SUS; PROMOVER E ARTICULAR JUNTO AS ESCOLAS TECNICAS DE SAUDE UMA NOVA ORIENTACAO PARA A FORMACAO DE PROFISSIONAIS TECNICOS PARA O SUS, Não Realiza DIVERSIFICANDO OS CAMPOS DE APRENDIZAGEM. INFORMAÇÕES ADICIONAIS Data para realização 12/2011 Data para realização 12/2012 Data para realização 12/2012 PARTICIPACAO E CONTROLE SOCIAL RESPONSABILIDADES 7.2- SITUACAO ATUAL TODO MUNICIPIO DEVE PROVER AS CONDICOES MATERIAIS, TECNICAS E ADMINISTRATIVAS NECESSARIAS AO FUNCIONAMENTO DO CONSELHO MUNICIPAL Não Realiza DE SAUDE, QUE DEVERA SER ORGANIZADO EM CONFORMIDADE COM A LEGISLACAO VIGENTE; INFORMAÇÕES ADICIONAIS Data para realização 11/2011 Reitera-se mais uma vez que o Conselho Municipal de Saúde aprovou a informação da secretaria. b) Programação Anual e Indicadores do SISPACTO A Programação Anual de 2011 é bastante detalhada ao longo de 11 páginas do RAG, o que desde já impossibilita a sua apreciação completa. Ela se destaca pela formulação clara de objetivos, vinculados a diretrizes e um conjunto detalhado de ações. Alguns objetivos apresentam o orçamento previsto e o realizado. O primeiro Objetivo era: “Garantir a atenção integral à saúde do indivíduo por meio do modelo de atenção básica centrada na saúde da família e na articulação intersetorial com os demais níveis de complexidade do SUS”. A meta programada foi considerada realizada: “Atenção Básica do município com apenas um modelo de atenção – Estratégia de Saúde da Família e cobertura de 70% até o final de 2011”. Foram previstos R$ 8,8 milhões para este objetivo, tendo sido executado R$ 10,6 milhões, superando o previsto. Cabe o reparo de 414 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 que de acordo com o Ministério da Saúde, em 2012 o município contava commês 112012 unidades básicas e cobertura da população pela Estratégia de Saúde da Família de 83%, realizando o acompanhamento de 87% das famílias beneficiárias do Bolsa Família. Esta é a maior cobertura pela ESF da Baixada, e o percentual de famílias acompanhadas só é menor (em 3%) do que o desempenho de Mongaguá. A diretriz derivada deste objetivo era: “Efetivar a atenção básica como espaço prioritário de organização do SUS, consolidando o modelo de Saúde da Família”. A meta desta diretriz foi considerada realizada: “Mantidas 22 equipes mas somente 18 com equipe completas devido a dificuldades de manutenção de médicos nas equipes”. Ressalta-se que em Portaria do Ministério da Saúde de junho de 2012 o município foi penalizado, junto com outros 14 municípios de São Paulo, com a “suspensão da transferência de incentivo financeiro referente ao número de Equipes de Saúde da Família, Saúde Bucal e de Agentes Comunitários de Saúde com irregularidades no cadastro de profissionais – duplicidade de registros no Sistema CNES”. Esta duplicidade teria ocorrido em Itanhaém com uma ESF, uma ESBucal-1 e 10 ACS. A diretriz se desdobrava em mais de uma dezena de ações, algumas das quais foram realizadas e outras não. Segue a avaliação desta diretriz: “Consolidação do modelo da Estratégia de Saúde da Família como modelo da Atenção Básica Municipal, com aprovação na Conferência Municipal de Saúde de novembro de 2011. Mantidas as 22 equipes sem ampliação, redividido o terrritório e garantida a cobertura de ACS e supervisores para todo o território. Equipes estiveram incompletas no decorrer do ano devido à dificuldade de manutenção de profissionais médicos, com alta rotatividade. Apresentada proposta de revisão de salário base para esta categoria, não aprovada em todas as instâncias até o final do ano. Locado prédio da USF Grandesp/ Bopiranga. Construções de USF novas não foram aprovadas e/ou aguardam liberação de recursos Estaduais e Federais. A ampliação da Atenção Básica prevista para 2011 não foi na sua totalidade alcançada em parte por dificuldades financeiras municipais, em parte pelo atraso de aprovação e liberação de recursos de projetos Estaduais e Federais e em parte por dificuldades de reposição de Recursos Humanos devido à necessidade de organização de nova política de recursos humanos no município que priorize e privilegie a fixação de profissionais da atenção básica na secretaria municipal de saúde. Avançamos na organização do território e na cobertura de ACS, favorecendo um planejamento local mais efetivo e também na construção de protocolos e fluxos e no matriciamento nas áreas relacionadas com problemas de saúde priorizados. Aproveitamos esta avaliação para apresentar um mapa parcial do município com a localização das áreas de abrangência de seis das dez Unidades de Saúde da Família. 415 Os vários pontos destacados devem corresponder à área de abrangência de Equipes de Saúde da Família. O segundo Objetivo de 2011 era: “Promover a integralidade do cuidado em todos os níveis de atenção do sistema”, e foi considerado realizado: “Ampliação de cobertura de atenção especializada nas áreas de gastroenterologia, psiquiatria (CAPS AD E CAPS I) e integração dos serviços com matriciamento e protocolos de atenção”. O orçamento previsto de R$ 5,8 milhões também foi superado, com R$ 7,1 milhões executados. Entre as ações, estava prevista a melhora da infraestrutura do Ambulatório de Especialidades, que não ocorreu pelo “atraso na construção da UPA, por “demora das transferências da União e posterior adaptação do antigo prédio para o Ambulatório”. Cabe a observação de que o gestor federal penaliza o município por um erro na atualização do CNES, mas não sofre qualquer sanção por atrasos em seus compromissos. Entre as ações, consta o início de atendimento pelo CAPS Infantil e implantação parcial do CAPS AD (Álcool e drogas), ambos em novembro de 2011. E consta como realizada outra das ações previstas: “Implantado o serviço de atendimento à vítimas de violência junto ao Programa Cuidar. Não implantada a equipe de consultório de rua”. Vale lembrar que esta ação, descrita de forma tão sucinta, não faz justiça à qualidade e o alcance do Programa Cuidar, que está sendo divulgado na página do Projeto Litoral Sustentável (em http://litoralsustentavel.org.br/category/boas-praticas/). A avaliação da diretriz foi: “A integração dos serviços de atenção básica com os de atenção especializada foi estimulada e organizada a partir dos protocolos de matriciamento e educação permanente principalmente nas áreas de saúde da criança, saúde da mulher, saúde mental, hipertensão e diabetes. Mantidos os serviços do ambulatório de especialidades existentes no município. Ampliado o acesso a serviços especializados com o AME Praia Grande. Mantido serviço de TFD (Tratamento Fora do Domicílio) com agendamento integrado com a regulação municipal, que foi descentralizada. Não foi realizada a mudança prevista do Ambulatório de Especialidades e do Centro de Infectologia devido ao atraso na construção do UPA com a consequente não liberação do prédio do Ambulatório, ficando esta mudança e adaptação para 2012. Mantido o programa de diabetes com ampliação do acesso a insumos. Elaborado o Programa Cuidar (Programa para intervenção na violência e uso abusivo de substâncias, integrando as secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social) com a implantação dos CAPS AD e CAPS Infantil, serviços aprovados e iniciando atividades em 2011 (465 usuários em atendimento ao final do ano). O programa investiu na formação de profissionais e mobilização social - formação em diagnóstico precoce de transtornos de comportamento na infância e adolescência, formação em violência, cultura da paz, habilidades parentais, transtornos pelo uso de substâncias e adolescência e conflitos com a lei. O ano de 2011 destacou-se na área de Saúde Mental e na intersetorialidade. O Programa Cuidar realmente deve ser defendido e divulgado, por se tratar de uma proposta que já nasceu intersetorial, envolvendo três Secretarias e um amplo e demorado processo de amadurecimento, com participação de milhares de técnicos e usuários. Ele representa uma alternativa das mais completas voltadas a 416 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 atenção, não apenas a crianças e adolescentes vítimas de violência, mas também de atenção integral a mês 2012 dependentes químicos, especialmente o crack e a cocaína, que vem sendo apontado como um dos maiores problemas de toda a Baixada, e que está em franca expansão. O terceiro objetivo da Programação era: “Aperfeiçoar a urgência e emergência e melhorar a qualidade e resolubilidade das ações e serviços de saúde do município”. O orçamento previsto era de R$ 11,4 milhões, tendo sido executado R$ 13,7 milhões, incluindo o início da construção da UPA. A avaliação foi: “No ano de 2011 foi priorizado o investimento em urgência e emergência no município. Houve formação dos técnicos em ATLS e ACLS. Organizado e implantado o SAMU regional, ampliando os serviços de regulação da urgência, antes municipal, passando o município a ser a sede da Regulação Regional do SAMU para os municípios de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Pedro de Toledo e Itarirí (dois municípios do Vale do Ribeira). Para isso ser possível foi necessária a ampliação e reforma do prédio da sede do SAMU, aquisição de equipamentos e contratação de RH. Foi realizada reforma no prédio atual do Pronto Atendimento Municipal melhorando as condições de atendimento e ampliada a equipe médica. Em andamento, com atraso devido à liberação de recursos as obras do prédio do UPA, o que representará um avanço na qualificação do atendimento das urgências e emergências, com entrega do prédio prevista para 2012. Encaminhado o projeto para implantação de uma equipe de EMAD (atendimento domiciliar) aguardando aprovação na CIB. O quarto objetivo era: “Redução da morbi-mortalidade infantil e materna e da morbi-mortalidade na infância”. A meta prevista foi considerada atingida, e a avaliação foi: O município conseguiu atingir as metas previstas na assistência pré-natal, com investimento em educação permanente e matriciamento com o serviço de Gestantes de Risco (CESCRIM). Atingida a meta de 74,4% das gestantes do município com mais de sete consultas de pré-natal e com 80% das gestantes com início do pré-natal antes da 12ª semana de gestação. Mantida a mortalidade infantil abaixo da Região da Baixada Santista. Temos ainda dificuldades com USG (ultrassonografia), devendo haver investimento para ampliar e agilizar o acesso em 2012, bem como garantir referência para USG morfológico. Implantado o protocolo de Saúde da Criança com encontros com os profissionais, mas não foi possível atingir todas as metas de educação permanente previstas, principalmente na atenção de doenças respiratórias na infância. A ampliação do acesso do pré-natal depende da ampliação da Atenção Básica já discutida em outra diretriz. Mantida a investigação de 100% dos óbitos pelo Comitê de Prevenção da mortalidade materna e infantil e as ações do Programa de Aleitametno Materno. Os resultados observados no indicador (coeficiente de mortalidade infantil) é fruto de investimentos ao longo dos últimos anos e demonstra que o planejamento na capacidade de organização da assistência tem impacto positivo. O quinto objetivo era: “Melhorar o acesso ao Planejamento familiar no município com a qualificação dos profissionais, garantia da distribuição contínua de insumos”. O objetivo foi considerado realizado, e a avaliação foi: “Ampliado acesso a insumos e orientação em planejamento familiar. Com a implantação do Programa Cuidar, ampliamos a discussão e assistência para casos de violência e negligência na infância principalmente com a formação para diagnóstico precoce e notificação de situações de risco e vulnerabilidade (principalmente em famílias em situação de violência, uso abusivo de substâncias e transtornos mentais). Para a intervenção foi definido como metodologia o investimento na qualificação de profissionais em habilidades parentais (habilidades parentais como estratégia de intervenção em grupo para famílias onde se detecta risco e vulnerabilidade – ação prevista no pré-natal e educação infantil). Com o Programa Cuidar estamos promovendo a integração às ações dos programas de saúde da criança, mulher e DST/AIDS juntamente com as secretarias de Assistência Social e Educação para definir estratégias de prevenção de gravidez indesejada na adolescência. Esperamos que com este investimento na formação de profissionais, na intersetorialidade e em serviço de referência e apoio, possamos intervir na realidade com planejamento a médio e longo prazos. O Sexto objetivo: “Redução de morbi-mortalidade por hipertensão, diabetes e outras doenças crônicodegenerativas”. A avaliação foi: “Programas de hipertensão e diabetes são grandes desafios para o município, como também o são em todos os outros municípios da região, devido ao aumento da expectativa de vida da 417 população e também à mudança de hábitos alimentares e sedentarismo. Investimentos na promoção de hábitos saudáveis de forma intersetorial será preemente nos próximos anos. O Programa de diabetes realizou em 2011 investimentos em educação permanente, matriciamento e acompanhamento diferenciado de insulinodependentes com ampliação do acesso a insumos. Implantada referência em endocrinologia. A implantação do Programa de plano terapêutico individualizado para hipertensão e diabetes (integrando atenção básica e especializada com olhar ampliado para adesão) resultou em aumento da adesão dos usuários e da equipe na USF Guapiranga (unidade piloto de implantação) demonstrando ser um caminho a ser seguido para a intervenção em outras unidades nos próximos anos, necessitando da definição de estratégia para esta ampliação. Neste ano tivemos problemas no acesso à cardiologia, com a perda de profissionais ainda não repostos. Capacitadas equipes para implantação do programa anti-tabagismo, aguardando a liberação de insumos pelo Estado para iniciar grupos. Não foi possível por problemas orçamentários a contratação de educadores físicos para as USF como planejado. Ocorreram dificuldades de abastecimento de insumos no decorrer do ano, devido a problemas com os processos de compras”. O sétimo objetivo era: “Redução da morbi-mortalidade por câncer do colo de útero e de mama”. Avaliação: “Na prevenção de Câncer de colo uterino foram garantidos os insumos, mas houve problemas com a referência laboratorial para patologia prejudicando o alcance das metas. Realizados 3.072 exames na faixa etária de 25 a 59 anos com cobertura de 40,55%, não atingindo a meta de 60%. Além destes exames foram também realizados 1.311 exames nas outras faixas etárias. Serão necessários investimentos para manutenção, ampliação e qualificação de insumos e exames de laboratório a fim de que seja possível atingir a meta de 60% de cobertura no próximo ano. Será necessário além da priorização das faixas etárias e da população de maior risco, buscar estratégias de captação destas. Na prevenção de câncer de mama foi ampliado o acesso para mamografia com o AME Praia Grande. Foram realizadas 1.310 mamografias na faixa etária de 50 a 69 anos com cobertura de 33,3% desta população, não atingindo ainda a meta de 60%. Foram realizadas 763 mamografias fora desta faixa etária prioritária. Será necessário aumentar e facilitar o acesso à mamografias bem como priorizar as faixas etárias e situações de maior risco para possibilitar o cumprimento das metas propostas. Será viável conquistar as metas estabelecidas, bem como a redução dos indicadores de morbidade e mortalidade por câncer de colo uterino e mama , com a garantia da rede de saúde existente e se forem garantidos os insumos e exames necessários”. O oitavo objetivo era: “Redução da morbi-mortalidade por câncer de próstata”. Avaliação: “As estratégias de captação da população masculina nos serviços de atenção básica foram exitosas, neste ano foi possível ampliar em 56% o acesso a exames de prevenção de câncer de próstata. Apesar desta ampliação, realizando 2.995 investigações, ao definirmos que nossa população masculina acima dos 50 anos é de 9.315 habitantes e se considerarmos a avaliação preventiva anual, nossa cobertura no ano de 2011 foi de 32,15%. Abaixo do pretendido de 40% mas sem dúvida representando um avanço quando comparada com os anos anteriores. Ficamos no entanto no aguardo de novas orientações do Ministério da Saúde frente ás questões apontadas pelo INCA ( Instituto Nacional de Câncer) , reavaliado em 2008. Foi mantido também o acesso a vasectomia. Mantido serviço de urologia municipal e referência para biópsia e acompanhamento de casos junto ao AME Praia Grande. Para 2012 deveremos manter e ampliar as estratégias de captação da população masculina na atenção básica”. Nono objetivo: “Redução da morbi-mortalidade por doenças emergentes e endemias”. Avaliação: Realizadas ações de educação continuada principalmente para dengue, tracoma, tuberculose, DST/AIDS e fluxos de notificação de doenças de notificação compulsória. Mantido plano de contingência, fluxos e protocolo clínico para dengue. Realizada capacitação para médicos e enfermeiros para o manejo de pacientes com dengue. Capacitação de 250 ACS e Agentes de Endemias para prevenção, diagnóstico e acompanhamento da dengue. Mantido fluxo de atendimento de casos de hanseníase, AIDS e tuberculose. Não foi possível implantar serviço para aplicação de inferferon devido a não ter ocorrido a mudança do prédio do Serviço de Infectologia. Ampliadas as campanhas de prevenção às DST/AIDS e o acesso a diagnóstico precoce (campanha fique sabendo). Índice de cura de casos de Tuberculose ficou em 82,3% abaixo do esperado, decorrente de dificuldades com portadores de tuberculose em situação de rua e com transtornos pelo abuso de substâncias indicando a necessidade de integrar os serviços de infectologia e do CAPS AD em 2012. Nos casos de menores de cinco anos com HIV também se percebe a relação entre os casos e mães ou pais com transtorno de abuso de substância, violência doméstica e gestação indesejada na adolescência, indicando também a necessidade 418 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 de ampliar ações integradas dos programas e também investimentos intersetoriais. mês 2012 A sífilis congênita, às DST/AIDS, hepatites e a tuberculose merecem maiores investimentos nos próximos anos, em ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento”. Aqui, observa-se mais uma vez a clara percepção da importância de ações integradas intersetoriais, já que os problemas são interligados e interdependentes. Décimo objetivo: “Efetivar os mecanismos de gestão, regulação e planejamento do SUS municipal a fim de se alcançar a melhoria dos níveis de saúde da população e do aperfeiçoamento do Sistema”. Avaliação: Não foi implantada a sede do Conselho de Saúde em 2011. Iniciada a implantação de Departamento de Planejamento na Secretaria de Saúde, mas com grande dificuldade pela falta de história e cultura de planejamento desta secretaria. Mesmo com a tentativa de implantação aparecem dificuldades inclusive dos diretores de participar e atuar com um modelo de planejamento. As ações da secretaria ainda tem se pautado em grande parte por atuação para solução de problemas emergenciais, ficando o programado muitas vezes em segundo plano. Esta realidade não é sentida somente em nosso municípi,oe é um problema do SUS. A necessidade de qualificação da gestão é imprescindível para a mudança. Dentro deste quadro citamos a não implantação do núcleo de informações, as dificuldades na gestão de recursos humanos (ainda centralizada), a morosidade da informatização do sistema e consequente não integração dos serviços com regulação e monitoramento. Não encaminhado projeto de novo organograma com nova estrutura de cargos para a Secretaria de Saúde mesmo com a ampliação de serviços. Esta situação dificulta a gestão dos serviços, ficando muitas situações em informalidade. Realizadas a contento as ações básicas de planejamento: relatório de gestão, plano de metas, plano municipal de saúde e PAA e Redes. Qualificado o acompanhamento e execução de projetos da secretaria. Temos também avanços concretos na participação popular com a realização da 9ª Conferência Municipal de Saúde e atuação efetiva do CMS”. O 11º. Objetivo era: “Aperfeiçoar os mecanismos de educação, para qualificar os profissionais do SUS/SP e aprimorar a gestão do trabalho para valorizar os recursos humanos do SUS Itanhaém”. Avaliação: “Não foi implantado Plano de Cargos Carreiras e Salários da Saúde. Houve retrocesso na gestão de Recursos humanos com a centralização da Administração de RH para a Prefeitura em janeiro de 2011; esta centralização bem como a morosidade para reposição de profissionais causou muitas dificuldades para a assistência. Grande investimento em qualificação de profissionais, já prevista em 2010 devido a mudança de 75% dos profissionais da rede de serviços que ocorreu após o concurso público. Foram realizadas ações concretas de formação, educação permanente com matriciamento nas áreas de Saúde Mental, Saúde da Criança, Saúde da Mulher, Hipertensão, diabetes, dengue, tuberculose, DST/AIDS, Sífilis congênita, adolescência, transtornos de comportamento na infância e adolescência, violência, tracoma. Este investimento foi importante pois devido a mudança dos profissionais foi necessário reafirmar todas as ações e protocolos prioritários para o município para uma equipe nova a fim de manter as ações de saúde. Fica bem explicitada a demanda da Secretaria de assumir a gestão de pessoal, deixando de depender da instância municipal; e uma mudança de três quartos de todo o quadro de servidores, caso não bem planejado, com cronograma adequado, pode desestruturar todos os programas, que requerem adequada e contínua capacitação. O 12º. e último objetivo: “Manter e ampliar as ações de Vigilância em Saúde” foi contemplado com o orçamento de R$ 2,2 milhões (previsto), tendo sido executado R$ 2,6 milhões. A avaliação foi: “Não implantado serviço de zoonoses. Metas do SINAN realizadas em 80%. Cumpridas metas do PAVISA (vigilância sanitária). A vigilância epidemiológica realizou acompanhamento de casos notificados até sua conclusão regularmente. Aprimorado serviço de vigilância e apoio das vítimas de violência com integração da atenção junto ao Programa Cuidar (formação de rede de assistência). Iniciado atendimento de agressores junto ao Centro de Direitos Humanos do programa. Ampliado RH e transporte para ampliação das ações de vigilância sanitária. Mantida busca ativa de tracoma em Escolares e capacitação das equipes de atenção básica. Qualificação e ampliação dos serviços de laboratório. Investigados os óbitos infantis e maternos. 419 A parte correspondente aos indicadores do Pacto pela Saúde praticamente reproduzem as informações contidas nas avaliações da Programação. Considerou-se válido apontar que em Itanhaém o problema da sífilis congênita foi comentado nos seguintes termos: Quanto à sífilis congênita o banco municipal SINAN apresentou 3 casos. Estes casos estão sendo acompanhados por sorologia e há a possibilidade de virem a ser descartados caso apresentem declínio na titulação devido a tranferência passiva de anticorpos da mãe. Ou seja, os três casos foram notificados devido ao resultado dos exames, mas em mães que devem ter sido tratadas durante a gestação. Em relação à dengue, o RAG informa: “Em 2011 tivemos 122 notificações de dengue com 14 confirmações, porém não houve nenhum caso de óbito por formas graves da doença o que demonstra aprimoramento das ações de prevenção e assistência à este agravo”. E em relação a AIDS em menores de 5 anos: “o banco municipal SINAN informa a ocorrência de 3 casos porém um deles já havia sido notificado anteriormente pois a criança possuia outro nome. Os outros 2 casos confirmados em 2011 são de crianças cujas famílias se encontram em situação de violência e abuso de substâncias o que demandará um aprimoramento das políticas intersetoriais”. Vale a pena reproduzir a avaliação geral sobre os indicadores: “Analisando os indicadores da dimensão Pacto pela Vida que tem por objetivo analisar as prioridades, objetivos e resultados alcançados nas ações e serviços de saúde concluímos que conseguimos atingir a maioria das metas pactuadas e até superá-las. O município atingiu e/ou superou as metas pactuadas nos indicadores: mortalidade infantil, citopatologico e mamografia, Investigação de óbitos, controle de acompanhamento pré-natal, internação por diabetes e AVC, cobertura acompanhamento de crianças do bolsa família, saúde bucal, do trabalhador e saúde mental. Estes resultados refletem o investimento na ampliação da cobertura e definição de modelo único de atenção básica, a organização de serviços em matriciamento, investimento em educação permanente e o empenho de toda a equipe de saúde que pactuou em conjunto com a gestão como prioridades para a saúde do município a redução a mortalidade infantil e o controle de hipertensos e diabéticos. Existiu o protagonismo das equipes em um modelo de gestão participativa que a nosso ver foi uma alavanca para a conquista destes resultados. Podemos notar que questões relacionadas à famílias em situação de violência, transtornos pelo abuso de substâncias, população em situação de rua, abandono, negligência, transtornos psico-sociais e situações sócio-econômicas extremas são desafios que observamos quando nos aprofundamos e buscamos atingir ou superar metas. Estas questões mostram a necessidade de ações intersetoriais e de buscar outro olhar e outros modos de fazer a fim de superar estas dificuldades. Encontramos problemas com a alimentação e importação de dados de outros sistemas para este relatório, dificultando a análise. Estas situações estão relacionadas a prazos de alimentação, fechamento de dados e importação destes. Acreditamos que estas questões serão gradativamente solucionadas nos próximos anos com a implantação deste modelo. Finalmente, seguem os comentários do RAG sobre os indicadores de gestão: “Uma vez que este relatório ainda não importou os dados dos indicadores de outros sistemas, optamos por avaliá-los segundo informações da vigilância sanitária e epidemiológica e da gestão administrativa da secretaria municipal de saúde com dados levantados disponíveis até 28 de abril 2012. Proporção de casos de doenças de notificação compulsória encerrados oportunamente após notificação – 85% Cobertura vacinal com vacina tetravalente – 99,93% Percentual de realização das análises de vigilância da qualidade da água referente ao parâmetro coliformes totais – 99,50% Índice de alimentação regular da base de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES – 100%. Implantada desde 2008 a ouvidoria da saúde no município. Conselho Municipal de Saúde encontra-se ativo, com reuniões ordinárias mensais. O município participa das reuniões regionais e decisões do CIES. Os dados encontrados mostram os sistemas municipais de informação estão sendo alimentados e que a maioria das metas estão sendo atingidas. Encontramos aqui também a dificuldade na disponibilização ágil dos dados em tempo para análise devido a alimentação, fechamento de casos e dados e importação dos dados”. 420 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 12.2.4. Os gastos e investimentos em saúde mês 2012 Itanhaém teve em 2011 uma receita orçamentária de R$ 229,0 milhões, o que representou cerca de R$ 2.600 por habitante/ano. Os gastos do município em saúde foram de R$ 39,1 milhões (liquidado), ou R$ 443 por habitante/ano. A tabela abaixo apresenta a evolução dos gastos per capita do município nos últimos 6 anos. Indicadores do SIOPS – Sistema de Informação sobre Orçamento Público de Saúde 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Despesa total com saúde por habitante (R$) Dados e Indicadores 237 282 314 351 410 443 Despesa com recursos próprios por habitante 146 146 211 230 232 296 85 107 100 116 114 138 % de recursos próprios aplicados em saúde (EC 29) 20,0 16,4 20,3 21,9 20,2 23,0 % transferências SUS/despesa total com saúde 35,8 38,1 31,8 33,1 27,9 31,2 % despesa com pessoal/despesa total 55,7 44,6 71,0 71,2 68,4 65,6 % despesa com investimentos/despesa total 2,4 0,6 2,6 1,0 2,1 2,0 % despesa com serv. terceiros - pessoa jurídica /despesa total 32,4 35,6 8,8 10,2 11,6 11,6 Transferências SUS por habitante Fonte: MS – SIOPS Observa-se que o município tem cumprido o gasto mínimo exigido pela Emenda Constitucional 29, destinando mais do que 15% de seus recursos próprios em saúde. O ano em que destinou a menor percentagem foi 2007, com 16,4%, e desde então as despesas sempre ultrapassaram 20%. Assim, em valores “per capita”, observa-se que neste período o gasto próprio do município mais do que dobrou – de R$ 146 para R$ 443. Como as transferências aumentaram, mas em menor grau, a participação das transferências no financiamento do SUS foi decrescente. Itanhaém praticamente nada recebeu do gestor estadual em 2011, talvez devido aos R$ 26 milhões destinados para o Hospital Regional (administrado pelo CONSAUDE). Adverte-se que em 2010, os gastos totais do município teriam sido muito maiores do que a soma dos recursos aportados pelo município e os transferidos – em reais, a diferença teria sido de R$ 5,6 milhões. Ainda de acordo com a tabela, observa-se que em 2008 ocorreu uma nítida mudança no padrão do gasto, com redução acentuada dos gastos com serviços de terceiros (de 35,6% para 8,8% do total) e aumento para 71% dos gastos com pessoal, o que provavelmente se deveu à “estadualização” do hospital em 2007. Mas, mesmo com o alívio obtido pelo município ao deixar de investir no hospital, observa-se que não houve um aumento nos investimentos. Em 2011, por exemplo, os investimentos foram viabilizados pelas transferências do gestor federal de cerca de R$ 1,45 milhões para a UPA e a compra de materiais e equipamentos, principalmente para a implantação do SAMU. Na análise dos indicadores financeiros, depois de constatar a destinação de 23% dos recursos próprios em saúde, lê-se no RAG: “Esta questão de como custear um sistema público e universal de saúde se reflete mais nos municípios pois estes são os responsáveis pela execução direta dos serviços, mesmo sabendo que está claro do ponto de vista legislativo o financiamento das três esferas de governo para o SUS. Do total de recursos intergovernamentais transferidos (que representa 46,65% do total de recursos do município) apenas 10,01% são destinados à saúde. Do total de recursos transferidos destinados para saúde 98,69% foram da União, demonstrando que o Estado participa pouco na transferência de recursos fundo a fundo. Existe ampla discussão no Estado de São Paulo junto ao COSEMS para que o estado passe a realizar repasses por bloco fundo a fundo, principalmente para atenção básica. Outro fator importante a observar é que o total da despesa per capita com saúde em Itanhaém foi de R$ 443,45/habitante ano. Isso corresponde a R$36,95/ habitante/mês. Observamos que em um município onde 86% da população são de SUS dependentes (não tem acesso à rede privada) como Itanhaém, fica clara a dificuldade para definição de recursos e discriminar os investimentos na saúde frente a todas as necessidades de saúde e demandas desta população. Este é o 421 grande desafio da gestão do SUS em Itanhaém, conseguir investir da melhor forma os recursos que são insuficientes frente à demanda”. Ainda sobre a utilização de recursos, de acordo com o RAG, “Observamos que no preenchimento do SIOPS (pelo Departamento de Finanças da Prefeitura) não foram discriminados os valores por blocos do recurso municipal, somente Federal e Estadual. Isso reflete as dificuldades de gestão de recursos de um município de pequeno/médio porte, como vários do país, que ainda não conta com Departamento Financeiro (compras e contabilidade) na Secretaria de Saúde, dependendo de departamento centralizado da prefeitura. No nosso caso, percebemos a necessidade de envolver os gestores de finanças municipais, para que estes consigam acompanhar os avanços que vem sendo rapidamente instituídos pelo SUS para melhorar a capacidade de gestão. Será necessário realizar estudo avaliando a melhor saída: ou capacitar os gestores de finanças da prefeitura e aproximá-los da equipe da Secretaria Municipal de Saúde ou (se for considerado orçamentariamente possível) desenvolver um setor financeiro dentro da Secretaria Municipal de Saúde. Para fins deste relatório fizemos esta discriminação a partir de dados levantados pela própria equipe da saúde, facilitando a avaliação. Estes dados que reproduzimos aqui em percentagem estão discriminados na programação anual de saúde deste relatório e correspondem ao total de recursos (Municipal, Federal e Estadual) e sua discriminação por blocos. Do total de recursos: Atenção Básica (27,14%), Atenção Especializada (18,35%), Urgência e Emergência (35%), Gestão (12,89%) e Vigilância em Saúde (6,61%). Percebe-se que o que corresponde a MAC (Média e Alta complexidades) deste recurso correspondeu a 53,35% do total”. “Esta realidade nos mostra que 2011 foi um ano com pequena capacidade orçamentária de investimentos e com investimentos direcionados para a urgência e emergência, que foi a prioridade do ponto de vista orçamentário. Se compararmos com os últimos anos, o orçamento da atenção especialidada, gestão e vigilância se mantiveram estáveis ao longo dos anos e o da atenção básica sofreu retração à custa da ampliação dos recursos destinados para a urgência e emergência”. Nas “Recomendações para a próxima Programação”, o RAG apontou: “Analisando os indicadores da dimensão Pacto pela Vida, concluímos que conseguimos atingir a maioria das metas pactuadas e até superá-las. O município atingiu e/ou superou as metas pactuadas nos indicadores: mortalidade infantil, citopatologico e mamografia, Investigação de óbitos, controle de acompanhamento pré-natal, internação por diabetes e AVC, cobertura acompanhamento de crianças do bolsa família, saúde bucal, do trabalhador e saúde mental. Recomendamos portanto, frente aos resultados alcançados, o fortalecimento e ampliação da Estratégia da Saúde da Família como modelo prioritário na organização da Atenção Básica e também como eixo estruturante do sistema municipal de saúde para que este possa garantir as ações de saúde de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde. A defesa deste modelo se sustenta frente às inúmeras evidências de maior satisfação da população, melhores níveis de saúde e com custos menores. Para atingir tal objetivo, deve ser assegurado a este nível da atenção o financiamento necessário para que as Equipes de Saúde da Família tenham as condições necessárias à resolubilidade com qualidade de seu trabalho. Deve ser também garantido um modelo de gestão participativa com protagonismo das equipes, que a nosso ver foi uma alavanca para a conquista destes resultados. A implantação do Programa de plano terapêutico individualizado para hipertensão e diabetes (integrando atenção básica e especializada com olhar ampliado para adesão) resultou em aumento da adesão dos usuários e da equipe na USF Guapiranga (unidade piloto de implantação) demonstrando ser um caminho a ser seguido para a intervenção em outras unidades nos próximos anos, necessitando da definição de estratégia para esta ampliação. A educação permanente e continuada assim como o apoio matricial das ESF se mostrou potente ferramenta de qualificação e ampliação do escopo das ações da Atenção Básica devendo ser mantida e implementada. Para 2012 deveremos manter e ampliar as estratégias de captação da população masculina na atenção básica. A sífilis congênita, às DST/AIDS, hepatites e a tuberculose são problemas que merecem maiores investimentos nos próximos anos, em ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento. Na prevenção de Câncer de colo uterino foram garantidos os insumos, mas houve problemas com a referência laboratorial para patologia prejudicando o alcance das metas .Na prevenção de câncer de mama foi ampliado o acesso para mamografia com o AME Praia Grande porém as vagas ofertadas não tem se mostrado 422 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 suficientes . Será necessário aumentar e facilitar o acesso a estes exames bem como mês 2012 priorizar as faixas etárias e situações de maior risco para possibilitar a ampliação da cobertura e cumprimento das metas propostas. Quanto à Saúde Bucal, com a liberação dos recursos federais, é premente a implantação do Centro de Especialidades Odontológicas para garantir a integralidade das ações de saúde bucal à população atualmente sem referência para procedimentos de média complexidade. Uma prioridade apontada é a implantação do Departamento de Planejamento da SMS e também do núcleo de informações e Unidade de Avaliação, Controle e Auditoria integrados à central reguladora.Sem esta ação consideramos não ser possível o monitoramento e avaliação da qualidade e consistência dos dados informados pelo município com vistas ao assessoramento à gestão e acompanhamento de informações para que sejam feitas as reprogramações em tempo oportuno com vistas às necessidades da população. Será necessário também informatizar toda rede de saúde. Quanto à gestão de recursos humanos, recomendamos que seja descentralizada e implantado Plano de Cargos Carreiras e Salários da Saúde. Deve ser encaminhada uma nova proposta de salários para médicos, reduzindo a rotatividade e estimulando a fixação destes profissionais. Deve ser criado também novo organograma para Secretaria de Saúde a ser aprovado no legislativo. No Departamento de Vigilância à Saúde se faz necessária a implantação do serviço de zoonose. Outro fator a ser considerado foi a realização da nona Conferência Municipal de saúde em novembro de 2011 sendo necessária análise das deliberações para o planejamento das ações nos próximos anos. Assim, observase a clara defesa da gestão participativa, e coerentemente a incorporação das deliberações da Conferência no planejamento da Secretaria. 12.2.5. O desempenho do SUS de Itanhaém: o IDSUS O Índice de Desempenho do SUS - IDSUS-2012 – foi apresentado pelo Ministro da Saúde em março de 2012 como uma “ferramenta que avalia o acesso e a qualidade dos serviços de saúde no país”. O índice avalia, com dados dos anos 2008 a 2010 e pontuação que varia de 0 a 10, os diferentes níveis de atenção - básica, especializada ambulatorial e hospitalar e de urgência e emergência -, verificando como está a infraestrutura de saúde para atender as pessoas (acesso) e se os serviços ofertados têm capacidade de dar as melhores respostas aos problemas de saúde da população (efetividade, se estão atingindo os resultados esperados). O IDSUS deverá ser atualizado a cada 3 anos. O IDSUS 2012 resulta do cruzamento de 24 indicadores, sendo 14 que avaliam o acesso e outros 10 que procuram medir a efetividade dos serviços. No quesito acesso, é avaliada a capacidade do sistema de saúde em garantir o cuidado necessário à população em tempo oportuno e com recursos adequados. Entre esses indicadores estão a cobertura estimada de equipes de saúde; a proporção de nascidos vivos de mães com sete ou mais consultas pré-natal; e a realização de exames preventivos de cânceres de mama, em mulheres entre 50 e 69 anos, e de colo do útero, na faixa de 25 a 59 anos. Já na avaliação de efetividade, ou seja, se o serviço foi prestado adequadamente, encontram-se itens como a cura de casos novos de tuberculose e hanseníase; a proporção de partos normais; o número de óbitos em menores de 15 anos que foram internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI); e o número de óbitos durante internações por infarto agudo do miocárdio. Os municípios foram divididos em seis grupos homogêneos pelo cruzamento de outros três índices: o de Desenvolvimento Socioeconômico (IDSE), de Condições de Saúde (ICS) e de Estrutura do Sistema de Saúde do Município (IESSM). Basicamente, os grupos 1 e 2 são formados por municípios que apresentam melhor infraestrutura e condições de atendimento à população; os grupos 3 e 4 têm pouca estrutura de média e alta complexidade, enquanto os grupos 5 e 6 não têm estrutura para atendimentos especializados. A proposta é que apenas sejam comparados os municípios com características similares, isto é, dentro do mesmo grupo. 423 Apresenta-se abaixo a tabela do IDSUS de Itanhaém, classificado no Grupo 3 junto com outros seis municípios da Baixada Santista. Avaliação do SUS - Índice de Desempenho do SUS de Cubatão Grupo homogêneo Avaliação de acesso do SUS Avaliação de efetividade do SUS Avaliação de acesso a atenção básica Avaliação de acesso ambulatorial e hospitalar de média complexidade 3 4,19 8,41 5,76 3,17 Avaliação de acesso ambulatorial e hospitalar de alta complexidade IDSUS Indice sócio econômico Indice da condição de saúde Indice de estrutura 2,75 5,44 0,53 0,53 Avaliação da efetividade da atenção básica Avaliação da efetividade da amb. e hosp. média e alta complexidade Avaliação da atenção básica Avaliação da média e alta complexidade 9,9 8,04 6,75 3,57 A nota de Itanhaém foi de 5,44, valor correspondente à média obtida pelos sete municípios da Baixada Santista do mesmo grupo. Assim como na maioria dos municípios da Baixada, os valores mais baixos em Itanhaém foram para o acesso ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade. Observa-se que em relação à atenção básica o acesso teve pontuação de 5,76, e a efetividade quase atingiu a pontuação máxima, com 9,9. 12.2.6. Considerações e aspectos relevantes: os desafios da saúde em Itanhaém A saúde, a segurança alimentar e a qualidade de vida são bens bastante valorizados pela sociedade. A valorização se traduz na preocupação pelo acesso igualitário aos serviços de saúde, sem demora e com qualidade – algo que ainda está longe do que a população deseja, como revela a pesquisa qualitativa realizada com os moradores e as entrevistas realizadas com lideranças. O IDSUS – medida calculada em todos os municípios do país, procurando avaliar o acesso e a efetividade do SUS, mostra que Itanhaém ainda tem muitos desafios, principalmente no acesso a serviços de média e alta complexidades. Itanhaém conta com um hospital estadual de abrangência regional, reforçando a importância de sua participação ativa das negociações com os demais municípios da Baixada Santista e do Vale da Ribeira para a efetivação das Redes Regionais de Atenção à Saúde – RRAS. As propostas da Rede de Urgência/Emergência e da Rede Cegonha já foram aprovadas pela Comissão Intergestores Bipartite - CIB-SP, e o Ministério da Saúde já iniciou a liberação de recursos adicionais para a Rede de Urgência. O sucesso deste processo deverá se traduzir na melhora do atendimento em toda a região, com garantia do atendimento e maior agilidade. Mas, além do investimento conjunto dos municípios para a estruturação das RRAS, chama-se a atenção para a importância das ações intersetoriais no município voltadas para a promoção e a prevenção, cabendo ao setor saúde encaminhar propostas e iniciativas para as demais secretarias e para toda a sociedade, a exemplo 424 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 do objetivo de reduzir a mortalidade infantil, como ocorreu em Itanhaém, e mês que2012 é defendido pelo gestor municipal em vários momentos no RAG. Para valorizar a abordagem defendida no RAG, retoma-se a informação sobre a mortalidade por faixa etária de 2010. Das 683 mortes de residentes em 2010, apenas 53,6% foram de pessoas com mais de 65 anos, para a média no Estado de São Paulo de 57,5%. Observa-se portanto que em Itanhaém ainda ocorrem muitas mortes precoces de jovens por acidentes e violências, e de adultos principalmente a partir dos 30 anos, e que podem ser reduzidos. Recorda-se que a esperança de vida ao nascer no Estado de São Paulo em 2009 é de 74,9 anos: 71,3 para o sexo masculino e 78,5 anos para o sexo feminino. As mais importantes causas destas mortes precoces e evitáveis são devidas as “doenças da modernidade”, chamadas doenças e agravos não transmissíveis - DANT. As mortes por doenças do aparelho circulatório, como os enfartes cardíacos e os derrames, seguidas pelos vários tipos de cânceres – podem ser evitadas e reduzidas. Além disso, poderiam ser reduzidas as internações e a demanda por assistência especializada provocadas por estes agravos. Este é o maior desafio dos serviços de saúde da atualidade, e que não é exclusivo de Itanhaém: como enfrentar os problemas decorrentes da (des)organização do trabalho e do tempo livre das pessoas, da desigualdade social e do estilo de vida, que se traduzem em obesidade, hipertensão, diabetes, agravos devidos a violência e/ou insegurança, depressão, stress, alcoolismo e drogas, uso abusivo de medicamentos, entre outros. O enfrentamento adequado dessas questões depende principalmente de ações intersetoriais, envolvendo além da saúde as áreas de educação, cultura, trabalho, segurança alimentar, esportes e lazer, inclusão social, habitação, meio ambiente, segurança, entre outros. Estas ações devem se preocupar com a melhora das condições de vida em geral. O setor saúde precisa assumir ativamente este papel, propondo ações integradas. Esta é a essência da mudança do chamado modelo assistencial, que precisa evoluir do atendimento das chamadas “condições agudas” para uma intervenção que contemple com a mesma importância as de promoção da saúde, de prevenção, de cura e as de reabilitação. Trata-se de uma concepção de rede de atenção à saúde – a rede de cuidados - que precisa se estruturar a partir da atenção básica, com uma assistência continuada às condições crônicas, humanizada e acolhedora das necessidades de cada usuário - que para tanto precisa ser territorializada, com cada unidade assumindo a responsabilidade pela saúde da população de sua área. Em qualquer cidade, esta é a principal função do sistema municipal de saúde. E só se consegue avançar nesta função implementando uma gestão participativa, que extrapola a visão reducionista da participação apenas como controle e fiscalização dos serviços de saúde: exige-se uma nova relação com o conjunto dos trabalhadores da saúde, para que estes mudem sua forma de se relacionar com o público, deixando de vê-lo apenas como demandante de cuidados, e sim como o principal agente da sua própria saúde e condições melhores de vida. Este é o objetivo principal da chamada educação popular para a saúde: a transformação do “paciente” em sujeito, ativo, responsável pela sua saúde – em síntese, um cidadão. Afinal, é a população que financia o SUS, e que merece viver melhor, viver mais tempo, morrer mais tarde – mas que para isso precisa contar com uma atenção à sua saúde que estimule o autocuidado, a autonomia e o desenvolvimento pleno da cidadania. 425 13 – CULTURA 13.1. Breve histórico O município de Itanhaém (em tupi : “ a pedra que canta”) com 480 anos é considerada a segunda cidade mais antiga do país e constitui o maior território da Região Metropolitana da Baixada Santista ( 559, 1 Km quadrados), com população de 87.053 habitantes, em 2010. Descoberta em 22 de abril de 1532, no ano de 1556 era considerado lugar de refúgio dos habitantes de São Vicente quando os tamoios dominaram o território. Em 1553, o alemão Hans Staden naufragou em Itanhaém, e ficou nove meses na aldeia do cacique Cunhambebe, na região de Mangaritiba, Rio de Janeiro. Em abril de 1561 a povoação foi elevada à categoria de vila. Teria sido fundada por Martim Afonso de Souza durante os dois anos em que permaneceu em São Vicente. Segundo o pintor e historiador Benedito Calixto, nascido na cidade, foi o próprio Martim Afonso que escolheu o local da povoação, que recebeu o nome de Imaculada Conceição. A igreja da povoação é considerada a mais velha igreja do Brasil e a primeira sob invocação da Imaculada Conceição. Ali foi um dos principais pontos de peregrinação do Brasil, com presença de romeiros de todas as regiões do interior paulista. Durante a colonização os indígenas praticamente foram extintos do território, sobrando alguns remanescentes, hoje organizados em aldeias. Houve também miscigenação com portugueses formando os caiçaras, presentes nas populações urbanas, ainda com hábitos, modos de ser, visões de mundo - presentes nas festas, na linguagem, na cultura alimentar do município, embora sem formação de comunidades expressivas. Mais recentemente estão presentes os nordestinos, “cerca de 60 % da população do município é descendente de nordestinos de vários estados”, conforme afirma um dos entrevistados. Esta cultura nordestina ao longo da história irá se misturar à cultura caiçara da localidade, incluindo na cidade hábitos e formas de ser. Até o século XVIII, quando da sua expulsão, os missionários da Companhia de Jesus ocuparamse da catequese dos indígenas “itanhaens”. Por ali passaram Nóbrega e Anchieta e também os franciscanos que construíram o convento no século XVII, que foi um dos mais importantes da sua ordem no Brasil. Em 1624, Itanhaém é elevada à cabeça da Capitania de Nossa Senhora de Conceição de Itanhaém, com jurisdição sobre vasta região - desde Cabo Frio, ao norte, até Paranaguá ao sul, incluindo povoações de Minas Gerais e outros lugares do interior paulista. Em 20 de outubro 1700 foi elevada à sede do município. “Com a instalação da Capitania de Itanhaém, a vila progrediu muito com a descoberta de ouro, mas logo caindo em declínio devido às lutas dos herdeiros de Martim Afonso de Souza” (Departamento de Turismo da Prefeitura de Itanhaém) Segundo curiosidades que circulam em informações sobre a cidade, entre 1810 a 1840, cinco sextos da população andava descalça, nove décimos era analfabeta, as moças passavam “banha de cabelo cheirosa”, uma mistura de banha e perfume e desconheciam o pão de trigo, pois faziam pães de mandioca. Na mesma época a economia movia-se a produção e comercialização de chapéus de palha, canoas e tabuado ( espécie de forro ou assoalho de casa). No início do século passado eram fabricados gamelas (vasilhas de madeira para dar comida aos animais); samburás (cestos de cipó ou taquara usados pelos pescadores para recolher peixes e camarões); linhas de tucum (usadas para confecção de redes de descanso ou de pesca); tijolos e telhas de barro. Nesta época a serraria (Local que depois se transformou no Hotel Palestrini) fornecia madeira para todo o litoral até Santos. Em 1930, cria-se a primeira fábrica de derivados de banana, sendo inclusive exportados doce de banana e banana passa. Em 1933 um português radicado na região cria a Tamancaria Cacique em homenagem aos índios de Itanhaém; vendia para São Paulo e interior e outras regiões do Brasil e para os Estados Unidos. Em 1888 foi inaugurado o Gabinete de Leitura sob a inspiração de Benedito Calixto, que viveu em Itanhaém até os 20 anos, voltado para leituras de jornais, livros e realização de acontecimentos culturais. Até hoje o Gabinete de Leitura tem presença na cultura do município. É também de Itanhaém o pintor Emídio de Souza, considerado por Alfredo Volpi o primeiro primitivista brasileiro reconhecido. Volpi morou pouco tempo em Itanhaém marcando presença na sua cultura, em meados da década de 1940. 426 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 O município, desde a sua origem, tem grande influência da Igreja Católica Apostólica Romana, o povoado foi mês 2012 batizado com o nome de Conceição de Itanhaém, homenagem ao dia da Nossa Senhora da Conceição. 13.2. Caracterização Cultural A cidade ainda é marcada por uma dinâmica cultural restrita onde identificamos a presença de algumas festas apoiadas pela diretoria de cultura, alguns programas nas escolas, e dinâmicas da cultura indígena que estão presentes em todo o litoral. E a manutenção de alguns equipamentos culturais. De todas as atividades culturais, a mais importante e que dá dinamismo e legitimidade para as ações culturais da Secretaria de Cultura é a Festa do Divino Espírito Santo, realizada há mais de trezentos anos e que mobiliza a sua população. A Festa é organizada pela Associação Pró-divino, integrada por moradores caiçaras.De caráter religioso e celebrativo, não tem a intenção de tornar-se calendário turístico da cidade ou do estado. Há por parte dos moradores o medo de transformar-se em produto turístico e perder o sentido religioso da comemoração. Para tanto, todos os seus integrantes - capitão do mato, imperador, imperatriz - são escolhidos pelas famílias. Cabe à prefeitura dar o suporte e organizar alguns shows durante o evento festivo e apoiar as ações da festa. A Festa envolve 5000 moradores nos finais de semana. Toda a comunidade participa em diversas ações: na preparação, na feitura das roupas, na alimentação durante o evento, na chegada da Santa, da missa etc. Por ser uma atividade sustentada pela igreja católica e de cunho religioso consegue agregar todas as diversas comunidades do município. O Carnaval também é uma festa local com grande mobilização, principalmente dos turistas, com desfiles de sete escolas de samba do Grupo Especial, com carros alegóricos, samba enredo etc organizado pela Liga das Escolas de Samba de Itanhaém, com apoio da prefeitura. No carnaval o município chega a receber 400 mil turistas e veranistas. É uma festa que não gera renda, mas mantém os turistas que chegam na cidade. Também há a Festa de Folia de Reis, de 26 de dezembro a 6 de janeiro, com pequeno impacto, pois são cerca de 50 pessoas passando nas casas, caminhando, e é realizada pela igreja com o apoio da prefeitura. Em oito de dezembro realiza-se a festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição. Algumas outras festas completam o calendário da cidade como é o caso do rodeio de praia, “único rodeio de praia que existe”. A prefeitura traz nomes da música para os shows do evento. Alguns grupos de teatro desenvolvem atividades informalmente na cidade, existe associação de dança, pequenos movimentos de hip hop. A prefeitura iniciará um cadastro de artistas, um inventário de grupos e pessoas não apenas do município mas de toda a região. É de destacar a atuação do Ponto de Cultura que trabalha na formação artística, com destaque da música e artes visuais, com jovens e pessoas de outras faixas etárias. O Ponto de Cultura está sediado na Casa onde nasceu Benedito Calixto. Realiza a oficina Calixto em Cena, para 50 jovens. A oficina “Pintando e 427 Beneditando”, espinha dorsal do projeto, para 40 alunos. Realiza eventos de teatro em seu espaço ao ar livre para 180 pessoas sentadas. O Ponto de Cultura, embora tenha a “filosofia do programa Cultura Viva”, não participa de mobilizações e articulações culturais que marcam a ação dos pontos de cultura.O Ponto de Cultura também desenvolve encontros de Cultura de Paz. Itanhaém Equipamento cultural/ Meios de comunicação Biblioteca pública Sim Museu Não* Teatro ou salas de espetáculo Sim Centro Cultural Não* Cinema Sim Videolocadoras Sim Estádios ou ginásios poliesportivos Sim Provedor de internet Sim Unidades de Ensino Superior Sim Shopping Center Sim Livraria Sim Rádio AM Sim Rádio FM Sim Rádio comunitário AM ou FM Sim Geradora de TV Não Clubes e Associações Recreativas Sim Manifestação Tradicional Popular Sim Cineclube Não Banda Sim Coral Sim Orquestra Sim Associação Literária Sim Capoeira Sim Circo Não Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - 2009 * Em nossos estudos identificamos a presença sim, conforme depoimento dos entrevistados **Em nossos estudos não identificamos a presença do equipamento. 13.3. Comunidades Tradicionais Na cidade quase não há negros, na história estes se refugiaram mais nos quilombos de Santos. No entanto, existe em pequenas manifestações a presença de negros, grupos de capoeira, movimento do hip hop, samba etc.“Há movimentação mais institucional que movimentos reais”, diz um dos entrevistados. No Jardim Coronel uma senhora oriunda de família quilombola criou uma associação, vende produtos e faz exposições, mas não se trata de um comunidade quilombola, trata-se de um grupo que se reúne em torno de arte e iguarias. 428 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 Na população de Itanhaém há uma presença de nordestinos que se misturaram com os caiçaras. Os mês 2012 nordestinos de vários estados trouxeram novos costumes para a cidade, espaços, comidas, mas não há uma expressiva manifestação cultural na cidade, embora tenham festas culturais do norte e nordeste e também casas de forró. Na beira da praia existem quiosques com “baião de dois” vendido junto com pratos da culinária caiçara. Em Itanhaém existem duas aldeias indígenas: Rio Branco e Tangará. A Aldeia de Tangará é mais recente, com cerca de três anos, congrega 17 famílias, mais ou menos 85 indígenas. A de Rio Branco é mais antiga e organizada, junta cerca de 120 indígenas. As duas vivem de extrativismo, o palmito Juçara, artesanato que vendem na cidade, alguma agricultura de subsistência e caça. Também recebem programas de governo como bolsa família, professores ligados à secretaria, escola estadual e posto de saúde. Ambas têm suas tradições preservadas, a Casa de Reza, o Mogaraí, o batismo do nome guarani e suas celebrações. Nestas aldeias comese comida de “Juruá” ( branco) pelo fato de ter merenda escolar e buscar subsistência na própria cidade. Mas também produzem o milho guarani, mandioca amarela, a batata doce guarani, abobrinha e outros alimentos. Destaca-se que Tangará é a primeira aldeia a receber energia solar. As aldeias se organizam em associações e acessam vários recursos e todas as políticas públicas. A prefeitura tem pequena relação com a aldeia, a secretaria de cultura já teve em algum momento. A secretaria de agricultura tem uma proximidade maior. Há alguns anos atrás foi criado o Centro de Tradição Indígena na Cidade, com a gestão dos próprios indígenas, mas não foi a frente. O projeto hoje está abandonado. Um dos entrevistados testemunha sobre a situação das aldeias de Itanhaém: a terra de Rio Branco já está mais que estabelecida, a partir de um Portaria de identificação, de abril/2012, o território indígena emendou com Krukutu, de São Paulo, Aguapeú e Itaoca de Mongaguá, agora são uma terra só. Portaria de identificação - São cinco terras que agora estão interligadas a Rio Branco. “A Rio Branco tem qualidade de vida guarani, tem toda a biodiversidade para que o guarani possa reproduzir sua cultura que é muito bem preservada, até porque está mais isolado, só vão uma vez por semana na cidade, na sexta-feira pra ir na feira e vender artesanato. Tangará já vem mais vezes. Não é tão longe assim.” Há uma tensão com a Fundação Florestal que impede o plantio do palmito, do feijão, do arroz, do milho “As mudas de Jussara são produzidas escondidas”. Todos os indicadores de qualidade de vida melhoraram nos últimos anos: natalidade infantil, índice de doenças e mortalidade, alimentação, moradia etc. As políticas públicas - ainda insuficientes- têm uma presença cada vez maior nas aldeias indígenas. Os caiçaras estão espalhados pela malha urbana, vivendo com alguns valores tradicionais, mas já permeado por uma cultura urbana, influências da televisão, pelos valores da sociedade de consumo e com alimentação convencional. Há uma pequena comunidade autoidentificada como caiçara na Ilha do Mauricinho, cerca de 20 pessoas que vivem do comércio e da pesca. Existe também na cidade uma colônia de pescadores com alguns traços caiçaras, mas integrada totalmente na dinâmica urbana. 13.4. Gestão, ações e políticas de Cultura A Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, através de seu Departamento de Cultura, atua no município no sentido de dar suporte para as atividades culturais e ampliar a sua atuação com ações de difusão e formação. “O nosso papel não é só de difundir e fomentar a cultura, as tradições, as raízes, mas também educar e implantar a cultura através da educação”, afirma um dos gestores entrevistados. 429 No município há uma escola de música, a Casa da Música, com linguagens tradicionais e clássicas, ensina instrumentos de sopro, de cordas, percussão, também desenvolve atividades de dança e artes plásticas. O acesso é de 1500 alunos de forma gratuita. O Programa “Ler é Bom. Experimente! atinge as escolas da cidade. “O diferencial deste projeto é o fato de todos os alunos da sala terem o mesmo livro para atividade de leitura, possibilitando maior interação entre eles.”, diz a coordenadora de projetos de Incentivo a Leitura, da secretaria de Educação, Cultura e esportes do município. A ideia é possibilitar o acesso ao livro e a cultura desenvolvendo uma cultura do livro. Outro projeto, denominado “A Escola vai ao Cinema”, trabalha com alunos do 3° e 4° ano trazendo-os para participarem de uma sessão de cinema. O projeto “Redescobrindo Itanhaém” mostra aos alunos os seus pontos turísticos e culturais, conscientizando as crianças em relação à cultura e patrimônio do município. Estes projetos atingem cerca de 5000 crianças. O Departamento de Cultura conta com 50 pessoas para suas atividades: apoio a festas, especialmente a Festa do Divino Espirito Santo, realização de shows, promoção do Arraial Solidário,Festa Junina, Carnaval, projetos nas escolas. Na cidade há ainda o Gabinete de Leitura, museu e banda de música, além dos equipamentos já mencionados. Há um conselho gestor de cultura do Fundo de Cultura sem atividade, um Fundo com recursos de venda de ingressos do museu, orçamento pequeno e sem editais. A cidade participou da Conferência Estadual de Cultura em 2010. Há intenção de reformular o conselho e participar do Sistema Nacional de Cultura. No entanto, a institucionalização da cultura no munícipio ainda é baixa. Os principais desafios culturais são tratados na câmara temática da cultura na AGEM - Agência Metropolitana da Baixada Santista. 13.5. Regulação, Preservação e Uso dos Imóveis de Interesse Histórico e Cultural do Município. A Lei Orgânica Municipal de Itanhaém classificou como patrimônio cultural municipal, objeto de proteção por parte do Município, “os documentos, as obras ou outros bens materiais de valor histórico, artístico cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis, os conjuntos de sítios arqueológicos, paleontológicos, ecológicos e científicos tombados pelo Poder Público Municipal, com tratamento idêntico para os bens tombados pela União ou pelo Estado, mediante convênio” (Art. 185 e art. 181, parágrafo 5º da LOM). Determina, também, em seu art. 186, parágrafo único, que lei posterior “estimulará, mediante mecanismos específicos, os empreendimentos privados que se voltem à preservação e restauração do patrimônio cultural do Município, bem como incentivará os proprietários de bens culturais tombados que atendam às recomendações de preservação”. Ao disciplinar a cultura, a mesma LOM prevê a manutenção de um Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural, enquanto órgão autônomo e deliberativo, garantida a participação popular por meio de representantes de entidades culturais e da comunidade em geral. A este Conselho cabe deliberar sobre tombamento de bens; adotar medidas necessárias à produção dos efeitos do tombamento; pesquisar, identificar, proteger e valorizar o patrimônio cultural do município (Art. 184 da LOM). Além de criar Conselho Municipal de Cultura e o Fundo Municipal de Cultura, determina o Plano Diretor, em seu art. 29 (incisos I a VI), que constituem diretrizes da Política de Cultura e Patrimônio Histórico do munícipio: criar a Comissão Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, que tem por atribuições opinar sobre o levantamento dos imóveis de interesse histórico e cultural, buscar recursos para restauro dos monumentos tombados por órgãos estaduais ou federais, recuperar os imóveis (fachadas, comunicação visual e outros), e instituir mecanismos para compensação financeira dos proprietários; 430 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 5 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Itanhaém Outubro de 2012 recuperar os edifícios de interesse histórico, notadamente aqueles localizados mês 2012 na região central – Centro Histórico – que deverão ser classificados em tombados ou de interesse municipal124; promover a proteção do patrimônio histórico, usando o tombamento, a desapropriação e outros instrumentos urbanísticos, como a permuta ou venda de potencial construtivo e instrumentos fiscais, como descontos ou isenção de tributos, como forma de incentivo ao proprietário, para que este proceda à restauração e faça a manutenção da edificação; promover a desapropriação das casas de Benedito Calixto e Emídio de Souza, ou de qualquer outra personalidade ilustre, para recuperação dos imóveis, preparando-os para abrigar acervo sobre as respectivas obras; elaborar projeto de restauro das fachadas dos imóveis do Centro Histórico, de modo a permitir sua execução em módulos, iniciando-se por onde estiver mais fácil. 13.6 Desafios e caminhos para o desenvolvimento cultural sustentável 13.6.1.Institucionalização da cultura (Sistema, orçamento, articulações) A cultura na cidade ainda tem um baixo grau de institucionalização se considerarmos as articulações com os atores culturais e os sistemas de gestão. A cultura é coordenada pelo Departamento de Cultura da Secretaria de Educação, Esporte e Cultura, não há conselho de políticas culturais ativo e conferência que agregue os atores. O espaço de decisão e debate cultural está na Agen – Agência Metropolitana. De outro lado, verificamos a existência de fundo de cultura com pequenos recursos escassos e orçamento mínimo. A institucionalização da cultura no município, envolvendo a criação de um sistema local de cultura e a adesão ao Sistema Nacional de Cultura tem trazido uma dinâmica nova à cultura dos municípios, ampliando relações, recursos, diálogos e conceitos, com ampla participação dos atores na formulação de políticas públicas. Os agentes culturais entrevistados manifestaram interesse em caminhar nesse sentido para ampliar a potência das políticas públicas de cultura na região. 13.6.2 Fortalecimento da comunidade indígena Está claro que, embora tenha melhorado os indicadores de qualidade de vida dos indígenas de toda a região, estas populações foram ao longo da história perdendo seus territórios, tratadas com desconfiança pela cidad