kariane martines - Procuradoria da República no Mato Grosso do Sul
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kariane martines - Procuradoria da República no Mato Grosso do Sul
KARIANE MARTINES um imaginário infantil na tela do cinema Ela é menina-mulher, estudante, ajudante de casa e sonha em ser atriz. Kariane Martines é da etnia guarani kaiowa, e mora na Aldeia Amambai, que fica no município de Amambai, a 350 quilômetros de Campo Grande, e quase ao lado da fronteira com o Paraguai. Ela tem 11 anos, acompanhados de deveres de gente grande. Ela estuda na escola da comunidade durante a manhã e no período vespertino ajuda a cuidar de casa – e da Rafaela, sua sobrinha. Kariane há pouco tempo atrás brincava com as amigas, mas ela conta que a frequência diminuiu para poder ficar mais em casa. “Acho que é uma questão cultural, as outras meninas também ajudam na casa delas”, afirma a garota. Filha de um pai que trabalha e estuda, e de uma mãe que é coordenadora da escola que ela frequenta, Kariane tem o apoio dos pais para crescer na vida. Mesmo ajudando a cuidar de casa e da sobrinha (enquanto o irmão, segundo ela, joga videogame a tarde toda), ela estuda muito e sonha alto: quer mesmo é ser atriz. “Minha mãe disse que eu posso ser o que eu quiser, e eu quero é ser atriz”. Sonho que já está virando realidade, afinal, experiência ela está começando a ter. Kariane participou de um curta-metragem conduzido pela cineasta Jamile Fortunato, que conseguiu captar nas brincadeiras da menininhas um universo paralelo ao nosso: pedaços de madeira formavam o fogão e os móveis da cozinha, e o espaço em que o lixo é jogado na verdade era o shopping. Na verdade, a cineasta tinha recém almoçado na casa da família de Kariane, e, indo embora, observou naquele espaço o mundo imaginário da garota. Resolveu ali mesmo pegar a câmera e filmar todo o seu universo. As gravações se transformaram no curta-metragem Cordilheira da Amora 2. Foi a primeira vez que ela participou de um vídeo. Tal como foi a primeira vez que a jovem atriz assistiu a filme no cinema foi para ver o curta-metragem que participou. “Eu pensava que era tudo muito menor. Eu fiquei muito feliz em me ver no cinema. Foi muito bom”, conta Kariane. Seu mundo imaginário rendeu o prêmio de Melhor Curta Metragem de Mato Grosso do Sul no Fest Cine América do Sul, que aconteceu em dezembro do ano passado. A fama da garota, que tem já tem a simpatia da comunidade, se espalhou por todo o estado. Ela sonha, mas é ciente do seu papel na sociedade. Antes de ter orgulho de ser menina e mulher, considera importante mesmo é ser antes de tudo indígena. “Gosto muito de ser daqui. Eu nunca vou abandonar a aldeia. Fora dela passa fome, e aqui não. Vou crescer aqui”.