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SUPER
FREAKONOMICS
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SUPER
FREAKONOMICS
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Do original: Superfreakonomics
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por HarperCollins Publisher
Copyright © 2009, by Steven D. Levitt & Stephen J. Dubner
© 2010, Elsevier Editora Ltda.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou
transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação
ou quaisquer outros.
Copidesque: Ana Cristina de Assis Serra
Revisão: Jayme Teotônio Borges Luiz e Roberta Borges
Editoração Eletrônica: Estúdio Castellani
Elsevier Editora Ltda.
Conhecimento sem Fronteiras
Rua Sete de Setembro, 111 – 16o andar
20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
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Serviço de Atendimento ao Cliente
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[email protected]
ISBN 978-85-352-3728-3
Edição original: ISBN 978-0-06-088957-9
Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros
de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação
ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.
Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas
ou bens, originados do uso desta publicação.
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
L647s
Levitt, Steven D.
Superfreakonomics : o lado oculto do dia a dia / Steven
Levitt, Stephen Dubner ; tradução Afonso Celso da Cunha Serra.
– Rio de Janeiro : Elsevier, 2010.
Tradução de: Superfreakonomics : global cooling, patriotic
prostitutes, and why suicide bombers should buy life insurance
ISBN 978-85-352-3728-3
1. Economia - Aspectos psicológicos. 2. Economia –
Aspectos sociológicos. I. Dubner, Stephen J. II. Título.
09-4940.
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CDD: 330
CDU: 330
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AGRADECIMENTOS
Em conjunto, gostaríamos de agradecer a todas as pessoas que nos deixaram
contar as histórias delas. Para cada pessoa citada no texto, em geral, há de cinco a dez outras que contribuíram de várias maneiras. Obrigado a todos vocês.
Também estamos em débito com os numerosos acadêmicos e pesquisadores
cujos trabalhos são citados neste livro.
Suzanne Gluck, da William Morris Endeavor, é uma agente como nenhuma outra, com quem tivemos a sorte de contar. Ela trabalha com pessoas extraordinárias, como Tracy Fisher, Raffaella De Angelis, Cathryn Summerhayes,
Erin Malone, Sarah Ceglarski, Caroline Donofrio e Eric Zohn, todas de grande
ajuda, como tantas outras na WME, no passado e no presente.
Na William Morrow/HarperCollins, nos divertimos muito, trabalhando
com nosso maravilhoso editor Henry Ferris. Dee Dee DeBartlo é trabalhador
incansável e entusiástico. Há muito mais gente a quem devemos agradecimentos – Brian Murray, Michael Morrison, Liate Stehlik, Lynn Grady, Peter Hubbard, Danny Goldstein e Frank Albanese, entre elas – assim como as que foram
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para outros projetos, em especial Jane Friedman e Lisa Gallagher. Pelo chá,
pela simpatia e por muito mais, obrigado a Will Goodlad e Stefan McGrath, na
Penguin, Reino Unido (que também nos ofereceram excelentes livros infantis
ingleses, para a nossa prole).
O The New York Times, em suas páginas e em nosso blog, nos permitiu
lançar algumas ideias deste livro. Obrigado principalmente a Gerry Marzorati,
Paul Tough, Aaron Retica, Andy Rosenthal, David Shipley, Sasha Koren, Jason Kleinman, Brian Ernst e Jeremy Zilar.
Às mulheres do Number 17: Foi divertido! E ainda há mais por vir.
A Harry Walker Agency nos deu mais oportunidades do que jamais tínhamos imaginado para conhecer as pessoas mais incríveis, e é muito bom trabalhar com eles. Obrigado a Don Walker, Beth Gargano, Cynthia Rice, Kim
Nisbet, Mirjana Novkovic, a todo o pessoal de lá.
Linda Jines continua a demonstrar que é inigualável quando se trata de
dar nome às coisas.
E obrigado, em especial, a todos os leitores que se deram o trabalho de
enviar ideias inteligentes, fascinantes, diabólicas e enlouquecedoras a serem exploradas.
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AGRADECIMENTOS PESSOAIS
Somos imensamente gratos a muitos coautores e colegas, cujas ideias extraordinárias enchem este livro, assim como a todas as pessoas generosas que se deram
o trabalho de me ensinar o que sei sobre economia e sobre a vida. Minha esposa, Jeannette, e nossos filhos, Amanda, Olivia, Nicholas e Sophie, são a alegria
de todos os dias, apesar de toda a saudade que sentimos de Andrew. Agradeço
aos meus pais, que me mostraram que era bom ser diferente. Acima de tudo,
quero agradecer ao meu bom amigo e coautor, Stephen Dubner, que é escritor
brilhante e gênio criativo.
S.D.L
Pessoas como Sudhir Venkatesh, Allie, Craig Feied, Ian Horsley, Joe De May
Jr., John List, Nathan Myhrvold e Lowell Wood me levam a agradecer diariamente por ter me tornado escritor. Não lhes faltam insights e surpresas que
surpreendem e alegram qualquer interlocutor. Steve Levitt é não só ótimo colaborador, mas também maravilhoso professor de Economia. Pela extraordinária ajuda nas pesquisas, obrigado a Rhena Tantisunthorn, Rachel Fershleiser,
Nicole Tourtelot, Danielle Holtz e, em especial, a Ryan Hagen, que fez ótimo
trabalho neste livro e que um dia escreverá grandes livros de sua própria autoria. A Ellen, minha sensacional esposa, e às fantásticas criaturas conhecidas
como Solomon e Anya: vocês são maravilhosos.
S.J.D.
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PREFÁCIO
Sou fã do freakonomista Steven Levitt e do talentoso jornalista e escritor Stephen
Dubner. Tornar economia um assunto interessante para milhões de pessoas
não é tarefa fácil. Sei do que estou falando. Todas as semanas, tento fazer isto
no “Manhattan Connection”, programa de TV a cabo do canal GNT, e em
eventos e conferências de que participo.
Difícil para mim, a tarefa parece simples nas habilidosas mãos e cérebros
de Levitt e Dubner. Estão aí mais de quatro milhões de livros vendidos no
mundo da primeria edição de Freakonomics para provar.
No Brasil, onde depois de duas décadas recheadas de planos econômicos
mirabolantes que abortaram ou no mínimo postergaram por pelo menos uma
geração a aguardada transformação do Brasil no país do presente, o ceticismo
em relação aos economistas tende a ser ainda maior. Mesmo assim, duzentos
mil exemplares vendidos mostram que, o talento narrativo e as boas doses de
humor de Dubner e a habilidade de questionar o senso comum munido de um
belíssimo instrumental analítico de Levitt, até economia pode ser um assunto
atraente e interessante.
Através de casos da vida cotidiana, Levitt e Dubner ilustram como, muitas vezes, medidas e decisões bem intencionadas têm resultados inesperados,
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catastróficos ou, às vezes, até diametralmente opostos a seus objetivos originais
quando desconsideram incentivos criados por elas às pessoas afetadas por estas
medidas e decisões.
Para isso, Levitt foge dos temas tradicionais da economia e coloca sob a
lupa da “abordagem econômica” – um arsenal de instrumentos de análise com
destaque para métodos estatísticos – assuntos que a maior parte dos economistas solenemente ignora.
A maior parte, mas não todos. Como Levitt e Dubner reconhecem nesta continuação de Freakonomics, não coube a eles, mas sim a Gary Becker, Prêmio Nobel
de Economia de 1992 e colega de Levitt na Faculdade de Economia da prestigiada
Universidade de Chicago, o papel de pioneiro na aplicação do arsenal de análise dos
economistas em assuntos pouco usuais como crime e punição, vício e drogas, uso
do tempo, custos e benefícios do casamento, criação de filhos e divórcio.
Há alguns meses, conheci Gary Becker. Dividimos um mesmo painel sobre perspectivas para a economia mundial e para o Brasil em uma conferência
de negócios em Joinville, Santa Catarina. Bastaram um final de semana de
convívio, uma entrevista para o “Manhattan Connection” e um jantar com
Becker e sua esposa, a historiadora Guity Nashat Becker, para deixar claro para
mim o que torna Becker um freak (estranho) e uma ótima inspiração para Levitt: curiosidade intelectual ímpar e rigor estatístico sem concessões na análise
objetiva do que a maioria considera simplesmente verdades incontestes.
Levitt e Dubner não têm apenas estas características, são também corajosos. É
preciso bravura para não ser dogmático, para questionar tudo e, consequentemente,
ser criticado à esquerda e à direita. Muita coragem é necessária para escrever uma
sequência para uma das obras de não-ficção de maior sucesso do atual milênio.
Levitt e Dubner aliam coragem e talento – coragem sem talento corre o
risco de ser apenas burrice.
Se você não quer questionar suas atuais crenças, feche este livro já! Mas,
qual a graça de viver se não descobrirmos que estávamos errados nos divertindo
e aprendendo? Uma coisa eu garanto: quem gostou de Freakonomics vai supergostar de Superfreakonomics.
Ricardo Amorim
Apresentador do “Manhattan Connection”
e presidente da Ricam Consultoria
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SUMÁRIO
NOTA EXPLICATIVA ............................................................................ xv
Onde admitimos ter mentido em nosso livro anterior.
INTRODUÇÃO: ADICIONANDO EXCENTRICIDADE (FREAK)
À ECONOMIA (ECONOMICS): FREAKONOMICS ....................................... 1
Onde o colapso financeiro global é totalmente ignorado em favor de temas mais
fascinantes.
Os perigos de andar bêbado... Os salvadores implausíveis de
mulheres indianas... Afogando-se no esterco de cavalo... Afinal, o que é
“freakonomics”... Tubarões desdentados e elefantes sanguinários... Coisas
que você sempre achou que sabia, mas não sabia.
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CAPÍTULO 1
POR QUE PROSTITUTA DE RUA É COMO PAPAI-NOEL DE SHOPPING? .....17
Onde exploramos os vários custos de ser mulher.
Conheça LaSheena, prostituta part-time... Um milhão de “bruxas”
mortas... As muitas maneiras de punir as fêmeas por serem fêmeas... Mesmo
as mulheres do Projeto Radecliffe pagam o preço... A lei cria empregos para
as mulheres; e os homens ficam com eles... Uma em cada 50 mulheres é
prostituta... O florescente negócio de sexo na velha Chicago... Uma pesquisa
como nenhuma outra... O desgaste da remuneração das prostitutas... Por que o
sexo oral ficou tão barato?... Cafetões versus corretores de imóveis... Por que os
policiais adoram as prostitutas... Para onde foram todas as professoras?... Será
que os homens amam o dinheiro tanto quanto as mulheres amam as crianças?...
Será que a mudança de sexo pode turbinar o seu salário?... Conheça Allie, a
prostituta feliz; por que não existem mais mulheres como ela?
CAPÍTULO 2
POR QUE OS HOMENS-BOMBA DEVEM ADQUIRIR SEGURO
DE VIDA? ................................................................................................ 53
Onde analisamos questões instigantes referentes ao nascimento e à morte,
com maior ênfase na morte.
O pior mês para ter bebê... A roleta natalícia também afeta os cavalos...
Por que Albert Aab ofuscará Albert Zyzmor... A corcova dos aniversários...
De onde vem o talento?... Algumas famílias produzem jogadores de beisebol;
outras produzem terroristas... Por que o terrorismo é tão barato e fácil... Os
efeitos de gotejamento dos ataques do 11 de Setembro... O homem que conserta
hospitais... Por que as mais novas unidades de emergência já estão obsoletas...
Como distinguir um bom médico de um mau médico... “Mordido por um
cliente no trabalho”... Por que é melhor ser atendido por uma médica na
unidade de emergência... Várias maneiras de driblar a morte... Por que a
quimioterapia é tão usada, embora raramente funcione? ... “O câncer ainda é
um chute na bunda”... Guerra: Será que é assim tão perigosa?... Como pegar
um terrorista.
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CAPÍTULO 3
HISTÓRIAS INCRÍVEIS SOBRE APATIA E ALTRUÍSMO ..............................89
Onde as pessoas se revelam não tão boas quanto se imaginava,
mas também menos más.
Por que 38 pessoas assistiram ao assassinato de Kitty Genovese?... Com
vizinhos como esses... O que provocou a explosão de criminalidade da
década de 1960?... Como a ACLU estimula a criminalidade... Seriado
de TV da década de 1950: não tão inocente quanto parecia... As raízes
do altruísmo, puras e impuras... Quem visita asilos de idosos?... Desastres
naturais e dias monótonos (para quebrar a monotonia)... Os economistas
fazem como Galileu e vão para o laboratório... A simplicidade brilhante
do jogo Ditador... As pessoas são tão generosas!... Ainda bem que existem
“doadorciclistas” (motociclistas doadores de órgãos)... O grande experimento
renal iraniano... Da cabine de um caminhão à torre de marfim... Por que
as pessoas reais não se comportam como participantes de experimentos?...
A dura verdade suja sobre o altruísmo... Os espantalhos também enxotam
pessoas... Kitty Genovese revisitada.
CAPÍTULO 4
CONSERTAR ESTÁ NA MODA – E É BARATO E SIMPLES. ........................121
Onde se encontram soluções surpreendentes para problemas
aparentemente intratáveis.
Os perigos do parto... Ignatz Semmelweis parte em socorro... Como a
Lei das Espécies Ameaçadas ameaça as espécies... Maneiras criativas de não
pagar taxa de lixo... O entesouramento do fórceps... A fome que não houve...
Trezentas mil baleias mortas... Os mistérios da pólio... O que realmente evitou
seu ataque cardíaco?... O carro assassino... A estranha história de Robert
McNamara... Vamos jogar algumas caveiras escada abaixo!...
Hurra para os cintos de segurança... O que há de errado no porte de armas?...
Até que ponto os assentos de automóveis são bons? Os bonecos de testes não
mentem... Por que os furacões matam e o que fazer a respeito.
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CAPÍTULO 5
O QUE AL GORE E O MONTE PINATUBO TÊM EM COMUM? ...................151
Em que analisamos de maneira fria e objetiva o aquecimento global.
Vamos derreter a calota polar!... O que é pior: descarga de carro ou
peido de vaca?... Se você ama a Terra, coma mais carne de canguru...
Tudo se resume em externalidades negativas... Dispositivos contra furto
de carros: Club versus LoJack... Monte Pinatubo ensina uma lição...
Os cavalheiros incrivelmente inteligentes, um tanto excêntricos, da
Intellectual Ventures... Extermínio de mosquitos... “Senhor, eu sou todos
os tipos de cientista!”... Uma verdade inconveniente... O que os modelos
de clima ignoram... Será que o dióxido de carbono é o vilão errado?...
“Vulcões grandões” e mudança climática... Como esfriar a Terra...
A “mangueira de jardim para o céu”... Razões para odiar a
geoengenharia... Saltando a barreira da repugnância... “Espelhos de
esponja” e a solução das enfunadas nuvens brancas... Por que a
mudança comportamental é tão difícil... Mãos sujas e médicos letais...
Os prepúcios estão caindo.
EPÍLOGO
MACACO TAMBÉM É GENTE ...............................................................193
Onde se revela que... é melhor você ler para acreditar.
NOTAS .............................................................................................199
ÍNDICE .............................................................................................235
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NOTA EXPLICATIVA
Chegou a hora de admitir que mentimos em nosso primeiro livro. Duas vezes.
A primeira mentira apareceu na Introdução, quando afirmamos que o
livro não tinha “tema unificador”. Eis o que aconteceu. Nossa editora – gente
boa, gente inteligente – leu a primeira versão e gritou: “Este livro não tem tema
unificador!” Ao contrário, o manuscrito era um amontoado aleatório de histórias sobre professores fajutos, corretores vigaristas e traficantes de drogas. Não
havia bases teóricas elegantes sobre as quais se empilhassem essas histórias para
que o total fosse maior que a soma das partes.
O susto de nosso editor foi ainda maior quando lhe propusemos um título
para essa mixórdia: Freakonomics. Mesmo ao telefone se ouvia o estrépito de
mãos batendo em testas: Esses dois patetas acabaram de entregar um manuscrito
sem tema unificador e com título estapafúrdio!
Sugeriram, então, que logo no prefácio do livro reconhecêssemos de pronto que não havia tema unificador. E, assim, para preservar a paz e para garantir
nosso adiantamento, foi o que fizemos.
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Porém, na verdade, o livro realmente tinha um tema unificador, embora
ainda não fosse óbvio na época. Sob pressão, esse liame poderia ser resumido
em poucas palavras: As pessoas respondem a incentivos. De maneira mais extensa, a explicação é a seguinte: As pessoas respondem a incentivos, embora não
necessariamente de maneiras previsíveis ou manifestas. Portanto, uma das leis mais
poderosas do universo é a lei das consequências não intencionais. Esse fato se aplica
a professores de ensino fundamental e médio, a corretores de imóveis e a traficantes
de drogas, assim como a mulheres grávidas, a lutadores de sumô, a padeiros e à Ku
Klux Klan.
A questão do título do livro ainda não estava resolvida. Depois de vários
meses e dezenas de sugestões, como Sabedoria não convencional, Não Necessariamente Assim e Visão de Raios X, nosso editor finalmente concluiu que, no fim
das contas, Freakonomics, talvez, não fosse assim tão ruim – ou, mais exatamente, era tão ruim que até poderia ser bom.
Ou, quem sabe, desistiram porque já estavam exaustos.
O subtítulo prometia que o livro exploraria “O lado oculto e inesperado
de tudo que nos afeta”. Essa foi uma segunda mentira. Estávamos convencidos de que as pessoas razoáveis interpretariam essa frase como hipérbole intencional. Porém, alguns leitores a consideraram literalmente e se queixaram de
que nossas histórias, como mosaico variegado, efetivamente não abordavam
“tudo”. E, assim, embora essa não fosse a intenção, o subtítulo pareceu mentira. Pedimos desculpas.
Entretanto, a não inclusão de “tudo” no primeiro livro teve sua própria
consequência impremeditada: gerou a necessidade de um segundo livro. Mas,
convém observar, de maneira expressa e preliminar, que, mesmo este segundo
livro e o primeiro livro em conjunto ainda não abrangem literalmente “tudo”.
Nós dois, autores, trabalhamos juntos há vários anos. Tudo começou quando
um de nós (Dubner, autor e jornalista) escreveu um artigo para uma revista
sobre o outro (Levitt, economista acadêmico). Adversários, de início, embora
civilizados, juntamos forças só quando vários editores começaram a oferecer
quantias expressivas por um livro. (Lembre-se: as pessoas respondem a incentivos
– e, não obstante a percepção comum em contrário, economistas e jornalistas
também são gente.)
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Discutimos como dividir o dinheiro. Quase imediatamente pareceu que
chegáramos a um impasse, pois cada um insistia em reparti-lo na base de 6040. Ao percebermos que cada um achava que o outro devia ficar com 60%,
concluímos que havíamos formado uma boa parceria. Concordamos, então,
em 50-50, e pusemos mãos à obra.
Não nos sentimos muito pressionados ao escrevermos aquele primeiro
livro, pois realmente supúnhamos que poucas pessoas o leriam. (O pai de
Levitt concordou e disse que seria “imoral” aceitar um tostão de adiantamento.) Essa baixa expectativa nos liberou para escrever sobre qualquer coisa e a
respeito de tudo que considerássemos interessante. E, assim, nos divertimos
muito.
Ficamos surpresos e empolgados quando o livro se tornou sucesso. Por
mais lucrativo que tivesse sido lançar de pronto um complemento – imagine
algo como Freakonomics para Dummies – queríamos antes pesquisar o suficiente para só então pôr as ideias no papel. E assim, finalmente, aqui estamos de
volta, mais de quatro anos depois, com um livro que consideramos ser, sem dúvida, melhor que o primeiro. Evidentemente, cabe aos leitores, não aos autores,
dizer se essa afirmação é verdadeira – ou, talvez, se este livro é tão ruim quanto
algumas pessoas receavam em relação ao primeiro livro.
Quanto mais não seja, nossos editores se conformaram com nosso irremediável mau gosto: quando sugerimos que o novo livro fosse intitulado SuperFreakonomics, eles nem pestanejaram.
Se este livro tem algum valor, também vocês merecem agradecimentos. Uma
das vantagens de escrever livros numa era de comunicação tão fácil e barata
é que os autores podem ouvir diretamente os leitores, alto e bom som, e em
grande quantidade. Nem sempre é fácil receber bom feedback, algo extremamente valioso. Recebemos não só feedback sobre o que já havíamos escrito, mas
também muitas sugestões sobre temas para o futuro. Alguns dos leitores que
enviaram e-mails verão parte de suas ideias neste livro. Obrigado.
O sucesso de Freakonomics gerou um subproduto sobremodo estranho:
Recebemos muitos convites para, em conjunto e cada um de per se, dar palestras para todos os tipos de grupos. Não raro fomos apresentados exatamente
como aquele tipo de “especialista” contra os quais tanto advertimos em Freako-
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nomics – pessoas que desfrutam de vantagens informacionais e que têm incentivos para explorá-las, em relação às quais é preciso muita cautela. (Fizemos o
melhor possível para dissuadir as plateias de que éramos realmente especialistas
em alguma coisa.)
Esses encontros também produziram material para escritos futuros.
Durante uma conferência na Universidade da Califórnia – Berkeley (UCLA),
um de nós (Dubner) falou sobre como as pessoas lavavam as mãos depois
de irem ao banheiro com muito menos frequência do que admitiam. Ao
término, um homem se aproximou do pódio, estendeu a mão, e disse que
era urologista. Apesar dessa apresentação um tanto repulsiva, o urologista
tinha uma história fascinante a contar sobre o pouco que se lavam as mãos
em ambientes de alto risco – como no hospital onde ele trabalhava – e sobre
os criativos incentivos adotados pelo hospital para superar essa deficiência.
Vocês encontrarão essa história neste livro, assim como a narrativa heroica
de outro médico de um passado distante, que também combateu a falta de
higiene com as mãos.
Em outra palestra, para um grupo de capitalistas de risco, Levitt analisou algumas pesquisas novas que ele vinha realizando com Sudhir Venkatesh,
o sociólogo cujas aventuras com uma gangue de traficantes de drogas foram
relatadas em Freakonomics. A nova pesquisa versava sobre as atividades, hora
a hora, das prostitutas de rua de Chicago. Ocorreu que um dos capitalistas de
risco (vamos chamá-lo de John) tinha um encontro mais tarde, naquela noite,
com uma prostituta que cobrava US$300 por hora (a quem chamaremos de
Allie). Quando John chegou ao apartamento de Allie, ele viu um exemplar
de Freakonomics sobre a mesa de refeições.
– Onde você conseguiu isso? Perguntou John.
Allie disse que uma amiga, que também trabalhava “no ramo”, havia enviado para ela
Na esperança de impressionar Allie – o instinto do macho para atrair a
fêmea, mesmo quando o sexo já está comprado e pago – John disse que ele
assistira a uma palestra naquele mesmo dia, de um dos autores do livro, Levitt,
que mencionara, como se aquilo já não fosse coincidência demais, que estava
fazendo algumas pesquisas sobre prostituição.
Poucos dias depois, o seguinte e-mail aterrissou na caixa de entrada de
Levitt:
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Soube através de um conhecido comum, que você está desenvolvendo um
trabalho sobre a economia da prostituição, certo? Como realmente não sei se
o seu projeto é sério ou se minha fonte estava de gozação, simplesmente pensei
que talvez valesse a pena dizer-lhe que gostaria muito de oferecer-me para
alguma ajuda.
Obrigado, Allie
Mas ainda havia um complicador: Levitt teve de explicar à esposa e aos
quatro filhos que não estaria em casa na manhã do sábado seguinte, pois almoçaria com uma prostituta. Para ele era muito importante, argumentou, encontrar-se com ela pessoalmente, para medir com exatidão a forma de sua curva de
demanda. De alguma maneira, eles aceitaram a história.
Assim, vocês também lerão sobre Allie neste livro.
A cadeia de eventos que levou à inclusão dela aqui pode ser atribuída ao
que os economistas denominam vantagem cumulativa. Ou seja, o destaque de
nosso primeiro livro gerou uma série de vantagens em escrever um segundo
livro, as quais outro autor não teria desfrutado. Nossa maior esperança é ter
aproveitado à altura essa vantagem.
Finalmente, ao escrever este livro, tentamos evitar tanto quanto possível o jargão econômico, que pode ser obscuro e insosso. Portanto, em vez de
nos referirmos ao caso de Allie como exemplo de vantagem cumulativa, vamos
considerá-lo... bem, freak, ou excêntrico.
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