AB ANESTESIA EM CRIANÇA COM SÍNDROME DE

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AB ANESTESIA EM CRIANÇA COM SÍNDROME DE
TEMAS LIVRES DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA
9º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO – 1º CONGRESSO DE DOR DA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA
A
ANESTESIA EM CRIANÇA COM SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ APÓS VACINA DE SARAMPO. RELATO DE CASO
Deoclécio Tonelli, Paula C N Sacco, Gustavo Cimerman, Carolina M Santos*
CET/SBA Integrado de Anestesia da Faculdade de Medicina ABC
Avenida Portugal, 723/72. Centro - Santo André - SP - 09040-011
Introdução - Esta poliradiculoneuropatia aguda ou subaguda geralmente desenvolve-se após infecção , vacinação ou procedimentos cirúrgicos. Provavelmente tem base imunológica, mas o mecanismo preciso não está esclarecido. Descrever um caso
de criança com Guillain-Barré submetida a procedimento anestésico-cirúrgico, assim como a dificuldade diagnóstica e sua evolução. Relato do Caso - Paciente do sexo masculino, 4 anos, com diagnóstico de Guillain-Barré desde 1 ano de idade, após vacina de sarampo, internado há 9 meses por broncopneumonias de repetição, broncoespasmo e atelectasias, a ser submetido à
gastrostomia e válvula anti-refluxo sob anestesia geral. Na avaliação pré-anestésica apresentava-se traqueostomizado, sob
ventilação mecânica, com sonda nasogástrica, hipertenso, taquicárdico, presença de comunicação intra-atrial, descontrole de
esfíncteres e crises convulsivas, em uso de aldactone, furosemida, nifedipina, captopril, vancomicina e imipenem. Foi administrado midazolam como medicação pré-anestésica e encaminhado à sala de operações com ventilador de transporte, monitorizado com cardioscópio, oxímetro de pulso e pressão arterial não invasiva e então transferido ao aparelho de anestesia sob ventilação mecânica, com volume corrente de 200 ml, PEEP 5, O 2 40%, ar comprimido e sevoflurano, mantendo CAM expirada entre 3% e 4%. O procedimento teve duração de 2 horas sem intercorrências, após as quais o paciente foi encaminhado à UTI pediátrica, permanecendo internado desde então, sem outras complicações, em processo de desmame da ventilação mecânica.
Discussão - A Síndrome de Guillain-Barré caracteriza-se por desmielinização, assemelhando-se às síndromes do motoneurônio inferior e por isso os cuidados anestésicos são os mesmos. Porém, como neste caso já havia comprometimento diafragmático e um curso longo de doença (3 anos), optou-se pela medicação pré-anestésica para ansiólise. Não foi necessário o uso de
bloqueadores neuromusculares, o que também deve ser evitado, principalmente a succinilcolina, pelo potencial de hipercalemia nestes pacientes. Podemos concluir que a dificuldade diagnóstica compromete a morbimortalidade de pacientes portadores da Síndrome de Guillain-Barré e que o manuseio anestésico adequado pode evitar algumas complicações que piorariam o
prognóstico destes pacientes. Referências - 01. Wiertlewski S, Magot A, Drapier S et al - Worsening of neurologic symptoms
after epidural anesthesia for labor in a Guillain-Barré patient. Anesth Analg; 2004,98:825-827.
B
DESMOPRESSINA NO TRATAMENTO DA DOR EM UROLOGIA - UMA REALIDADE OU MAIS UMA PROMESSA? REVISÃO
DA LITERATURA
Deoclécio Tonelli, José C Canga, Paula de CN Sacco, Bruno L Fusari*
CET/SBA Integrado de Anestesia da Faculdade de Medicina ABC
Avenida Portugal, 723, ap 72 - Centro - Santo André - SP - 09040-011
Justificativa e Objetivos - A Medicina contemporânea caracteriza-se pela intensa especialização do médico anestesista, ampliando cada vez mais sua área de abrangência. Por este motivo ele deve estar familiarizado com as mais recentes técnicas de
alívio da dor tanto no centro cirúrgico quanto fora dele. A desmopressina é um análogo da vasopressina, um potente antidiurético, sem os efeitos pressóricos daquela, usada recentemente para o tratamento da cólica renal. O objetivo desta revisão é conhecer e acessar a eficácia da desmopressina em spray nasal em pacientes com cólica renal causada por urolitíase. Método - Foram identificados pelo computador os registros controlados da Cochrane, MEDLINE, LILAC database e EMBASE entre os anos
de 1995 e 2004. Resultados - A patofisiologia da cólica renal por urolitíase está relacionada aos nociceptores, estimulados pela
obstrução aguda do trato urinário, induzindo nocicepção visceral intensa por aumento da tensão na pelve renal e parede ureteral, secundária ao aumento da pressão intraluminal, associada ou não à isquemia de musculatura lisa que pode ocorrer e ativar
mais nociceptores. É caracterizada por dor de início abrupto e intolerável. Quando a informação chega ao córtex há sua especificação de local, intensidade e característica e geram-se reflexos espinhais como aumento do tônus simpático, náuseas e vômitos e outros. O objetivo da terapia da dor é reduzir a liberação de mediadores e reduzir o tônus do músculo liso. Previamente, o
tratamento standard consistia no uso de opióides parenterais, pois estes pacientes muitas vezes apresentavam náuseas, que
aumentavam independentemente da via de administração. Metanálises mostram equipotência dos opióides com os novos antiinflamatórios não hormonais parenterais inibidores da COX2. A desmopressina está se tornando uma alternativa aos opióides
no tratamento da cólica renal, atuando perifericamente como potente antidiurético e promovendo o relaxamento do tônus da
musculatura pélvica e ureteral e centralmente por estimular a liberação de beta-endorfina pelo hipotálamo. Conclusões - Sua
efetividade, a facilidade de administração (40 µg), os poucos efeitos colaterais e a rapidez de ação estão simplificando o tratamento de um dos maiores desconfortos aos médicos e pacientes que lidam com esta entidade. Referências - 01. Heid F, Jage J The treatment of pain in urology. BJU Int; 2002,90:481-488; 02. Lopes T, Dias JS et al - An assessment of the clinical efficacy of intranasal desmopressin spray in the treatment of renal colic. BJU Int, 2001;87:322-325.
Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 54, Supl. Nº 33, Novembro, 2004
CBA 269