Relatório da oficina de extração de óleo de buriti

Transcrição

Relatório da oficina de extração de óleo de buriti
RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA
Oficina de extração de óleo de Buriti na comunidade de São João do
Jaburu – Gurupá – Pará.
Irilene Vale
Técnica florestal
Abril/2008.
Apresentação.
Resultado do acompanhamento da oficina de extração de óleo de Buriti.
A oficina ocorreu nos dias 17 e 18 de abril/2008, com objetivo de repassar as
técnicas de extração do óleo para a comunidade, afim de uma possível produção para
comercialização.
Além da oficina foi realizado duas reuniões, uma reunião com o grupo de
comercialização e grupo de mulheres(comunidade/Imazon) e uma outra com toda a
comunidade(comunidade/Beraca/Imazon).
Objetivo.
Acompanhar e analisar o desenvolvimento da oficina de extração de óleo de buriti.
Repassar a metodologia de uso do livro Ata e o livro de fluxo de caixa para
prestação de contas.
Tirar duvidas sobre a construção do estatuto para o grupo de mulheres.
Repassar técnicas e diretrizes de certificação orgânica para produtos de extrativismo
em comunidades.
Oficina.
17/04/2008.
A oficina iniciou as 8:30h com senhor Zé Ferro explicando o objetivo da oficina, em
seguida os participantes da oficina foram divididos em dois grupos, cada grupo com 7
pessoas, para iniciar o processo de extração do óleo. Em primeiro momento foi feita a
seleção dos frutos de buriti, separando os frutos verdes dos frutos maduros, ao final da
seleção foi obtido 48 quilos de frutos aptos para o processo. Em seguida foi feito a
despolpa, limpeza da calda e fervura da calda. Nesse primeiro dia e com a quantidade de
frutos foram extraídos 500 ml de óleo. Na opinião do senhor Zé Ferro e Mario (Beraca) foi
bem produtivo.
Participaram da oficina 16 pessoas, sendo 8 mulheres e 8 homens (desse numero 5
eram jovens, 4 moças e 1 rapaz) todos os participantes se envolveram completamente com
a extração, acharam bem mais fácil e menos trabalho que a produção da amêndoa de
murumuru.
18/04/2008.
A segunda oficina, foi apenas para repassar as técnicas para quem não havia
participado do dia anterior e reforçar para os que participaram, nesta oficina participaram
15 pessoas sendo 9 mulheres e 6 homens (das mulheres 5 eram jovens).
Reunião (Comunidade/Imazon).
17/04/2008.
Reunião com o grupo de comercialização e o grupo de mulheres para repasse do uso
do livro Ata e livro de fluxo de caixa. Maria Lucia Pinheiro ficou responsável de fazer as
anotações do fluxo de caixa, anotando as entradas e saídas e sempre fazendo uso de recibos
para comprovar o fluxo. Foi falado sobre as duas contas que a associação já possui. Sugeri
que usassem uma das contas já existe para o fluxo de comercialização e outros fins da
associação, mas Ozéias disse que não podia utilizar nenhuma das contas, pois são
exclusivas dos projetos: Fundo DEMA e Pró-varzea e ficou decidido que iriam abrir uma
nova conta no nome da associação para fazer as comercializações. Houve uma pequena
discussão sobre os grupos dentro da associação, pois o grupo de Mulheres está tendo um
destaque maior que a associação, os convites para participarem de alguns eventos vêm em
nome do grupo de mulheres, sendo que os homens também ajudam as mulheres a
desenvolver as atividades. Foram repassados alguns modelos de construção de um estatuto,
sendo que as mulheres viram que não seria necessário mais fazer este estatuto já que a
associação tem o seu próprio estatuto e o grupo de mulheres não tem intenção se
desvencilhar da associação, querem apenas fazer os direitos e deveres que as mulheres
participantes do grupo sigam.
Participaram dessa reunião:
- Maria Bernadete.
- Maria Lucia Pinheiro.
- José Ferro.
- Ozeias.
- Manoel Cordoval.
- José Costa.
- Irilene Vale.
Reunião pós-oficina.
18/04/2008.
Após as oficinas, a comunidade foi convidada a participar de uma reunião onde foi
abordado o assunto sobre a comercialização com a empresa Beraca: qual seria a demanda,
quais os motivos pelo qual a empresa havia se interessado pela comunidade, o que seria
necessário para a comercialização, quais as condições de comercialização com a empresa.
O Mario da Beraca se apresentou e explicou que foi para a comunidade pra poder
viver a realidade dos comunitários e ter mais proximidade, perguntou para os comunitários
qual era a opinião deles quanto ao processo de extração do óleo de Buriti e o interesse por
parte da comunidade de atenderem a demanda da empresa, também falou sobre a doação
dos kits para a extração do óleo e que a comunidade que decidiria o que fazer e com quem
ficaria os kits. Um dos comunitários (Graco) perguntou quanto eles comprariam o quilo do
óleo, este custará entre R$:13,00 a R$:14,00, e a empresa compradora pagará os impostos
da nota fiscal e o frete, que a comunidade só precisaria se preocupar com a produção e a
qualidade do produto e quando foi estipulado o valor do óleo o mesmo comunitário se
atentou para colocar em pratica o que aprendeu na oficina de comercialização, que deveria
embutir no valor do óleo a mão de obra deles, houve uma discussão sobre isso, já que a
empresa não tem interesse que essa produção seja a principal fonte de renda e sim um
complemento de renda, que não precisariam substituir as atividades lá desenvolvidas por
eles. Dona Socorro falou sobre a fenda dos produtos, que eles não tem condições de ficar
esperando muito tempo para receberem o dinheiro, já que a necessidade é muito grande e
que não gostariam de vender mais fiado. Mario propôs um adiantamento de recurso para
poderem iniciar a atividade onde este seria abatido na venda do óleo, ou talvez dariam o
dinheiro pra algum responsável da associação ir comprando o óleo dos produtores que não
poderiam esperar para receber na data que fosse entregue o produto à empresa, os
comunitários gostaram da proposta, mas que precisariam pensar mais sobre a proposta e
reunir para decidir.
A empresa precisa que os produtos da comunidade sejam certificados já que o
mercado está exigindo essa condição, Mario perguntou sobre a possibilidade de certificar a
área de produção perguntou se todos estavam de acordo, mostrou o processo da certificação
e deixou uma ficha cadastral para cada família que estiver interessada em certificar sua
área, disse que não tinha pressa e que poderia esperar a decisão dos comunitários. Tiveram
questionamentos sobre certificação, para certificar precisa ter um plano de manejo
aprovado pelo IBAMA? Como fazer os transporte desses produtos sem um plano de
manejo aprovado? A resposta foi: ainda não existe nenhuma legislação ou portaria que fale
sobre o manejo dos produtos florestais não madeireiros e se precisa de uma aprovação por
parte de órgãos competentes. Os comunitários vão avaliar e repassar para o restante dos
associados e responderão a empresa (Beraca). Findou a reunião com o Mario, ele passando
a ficha ao presidente da associação.
Após todas estas discussões falamos sobre as diretrizes de uma certificação, qual o
processo de certificação, como se dá a certificação e a validade da certificação.
Foi explicado para a comunidade, que os produtos de extrativismo para certificação
é bem mais simples, pois eles não usam agrotóxicos para produção. Algumas das
exigências da certificadora é que eles precisam saber o tamanho da área deles, quais os
produtos que vão certificar e produção anual estimada, precisam estar também de acordo
com a legislação ambiental brasileira.
Há um tempo atrás os comunitários tiveram uma oficina de certificação orgânica e
que não era muita novidade esse assunto pra eles, mas precisavam apenas aprofundar sobre
a questão de quem ficaria com a certificação, se era a empresa ou se era a associação. A
certificação que a empresa vai oferecer a eles é da certificadora Ecocert que dará a
certificação para a empresa, isto é, os produtos que a empresa comercializar proveniente
dessas áreas serão certificados, mas se a associação vender para outra empresa este produto
já não terá a condição de certificado.

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