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1 SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO ESCOLA FRANCISCO ALEXANDRE FERREIRA MENDES Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. FÍSICA Série/Fase/Ano: Ensino Médio Regular - 1º ano - 2010 Turno: matutino Profa. Supervisora: Euzenil Almeida de Oliveira Prof. Estagiário: Diego de Oliveira Leite Cuiabá-MT, 2010 Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 2 Introdução à Física – Parte 1 1. A Ciência Em primeiro lugar, ciência é o corpo de conhecimentos que descreve a ordem na natureza e a origem desta ordem. Segundo, ciência é uma atividade humana dinâmica que representa as descobertas, os saberes e os esforços coletivos da raça humana – com a finalidade de reunir conhecimento sobre o mundo, organizá-lo e condensá-lo em leis e teorias testáveis. 1.1. A Atitude Científica É comum se pensar num fato como algo imutável e absoluto. Mas em ciência, um fato é geralmente uma concordância estreita entre observadores competentes sobre uma série de observações do mesmo fenômeno. Por exemplo, onde foi uma vez fato que o universo era imutável e permanente, hoje é um fato que está se expandindo e evoluindo. Uma hipótese científica, por outro lado, é uma suposição culta que somente é tomada como factual depois de testada pelos experimentos. Após ser testada muitas e muitas vezes e não ser negada, uma hipótese pode tornarse uma lei ou princípio. 1.2. O Método Científico O Método Científico é um método extremamente efetivo em adquirir, organizar e aplicar os novos conhecimentos. Baseado no pensamento racional e na experimentação, este método, introduzido no século dezesseis, funciona assim: 1) Identifique uma questão ou um problema 2) Faça uma suposição culta – uma hipótese – em resposta 3) Faça uma previsão das conseqüências que devem ser observadas se a hipótese estiver correta e que deveriam estar ausentes se a hipótese não fosse correta. 4) Realize experimentos para verificar se as conseqüências previstas estão presentes. 5) Formule a lei mais simples que organiza os três ingredientes – hipótese, efeitos preditos e resultados experimentais. 2. Ética e a moral Como visto, a ciência é uma atividade humana dinâmica, portanto, devemos considerar a ética e a moral no desenvolvimento da ciência. Ética é o ramo da Filosofia que tenta compreender um tipo familiar de avaliação: a avaliação moral dos traços de caráter das pessoas, suas condutas e seus costumes. Falamos de pessoas boas ou más, da coisa moralmente correta ou incorreta de se fazer, dos regimes e leis justos ou injustos, como as coisas deveriam ou não deveriam ser e como deveríamos viver. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 3 No nosso dia-a-dia não fazemos distinção entre ética e moral, usamos as duas palavras como sinônimas. Mas os estudiosos da questão fazem uma distinção entre as duas palavras. Assim, a moral é definida como o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. Sugestão de leitura: o artigo ―Ética é indispensável ao avanço científico‖ do Jornal da Universidade Federal do Pará . Ano VI Nº 82, Abril de 2010. Disponível em www.ufpa.br. 3. A Física É a ciência natural que estuda a matéria e aquilo que pode interagir com a matéria. Em outras palavras, a Física é a ciência que estuda o Universo através das leis mais fundamentais possíveis. Ela versa sobre coisas fundamentais, como o movimento, as forças, a energia, a matéria, o calor, o som, a luz e o interior dos átomos. cientistas avancem mais ainda em suas explorações. A tecnologia tem duas facetas (como um agente duplo): pode ser útil, mas pode ser nociva. Por exemplo, temos a tecnologia para extrair combustíveis fósseis do solo e então queimá-los para produzir energia. A produção de energia a partir de combustíveis fósseis tem beneficiado nossa sociedade de inúmeras maneiras. Em contrapartida, a queima de combustíveis fósseis ameaça o ambiente. Outro exemplo é a utilização de agrotóxicos. Sem os agrotóxicos, as pragas destruiriam as plantações e ficaríamos sem os alimentos advindos dali, mas, por outro lado, o uso prolongado de agrotóxicos causa efeitos muito negativos no nosso corpo como, por exemplo, a hepatite. Considerando a característica da tecnologia de ser boa e/ou má, podemos entender melhor a importância dos estudos da Ética em nossas vidas, não é mesmo? 4. A Tecnologia A ciência e a tecnologia diferem entre si. A ciência está interessada em reunir conhecimentos e organizálos. A tecnologia leva os humanos a usarem aquele conhecimento com propósitos práticos, e fornece as ferramentas necessárias para que os Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 4 Introdução à Física – Parte 2 5. A grandeza escalar: o número e a unidade O que é medir? Medir, no fundo, é comparar. Geralmente fazemos isso utilizando um número e uma unidade. Por exemplo, pegue um lápis (ou uma caneta) e veja quantos dedos polegares iguais aos seus seriam necessários para cobrir toda a extensão do lápis (conforme a Figura 1) abaixo: 1 polegada medida é na extensão diagonal da tela (Figura 2). Polegadas são medidas na diagonal power Figura 2 Se você fez a pergunta: Para que medir as coisas? Eis um exemplo prático: Se uma televisão de 37’ possui as mesmas características de outra televisão de 40’, você tem uma idéia de qual será mais cara? A maior, que é a de 40’ polegadas! Figura 1 Pela Figura 1 acima, podemos notar que seriam necessários aproximadamente 6 polegares para cobrir toda a extensão do lápis. Se denominarmos a extensão da largura do dedo de polegada, podemos dizer que o lápis mede 6 polegadas! Que tal conferir se a televisão da sua casa tem o número de polegadas que o fabricante informa? Lembre-se que a Atenção! Observem que além de um número, precisamos de uma unidade de referência, que é bem definida. Por exemplo: 1 metro, 1 segundo, 1 kg, 1 Hz, ... Àquilo que podemos medir chamamos de grandeza. Se eu posso medir a extensão de um lápis, então a extensão do lápis é uma grandeza que, por sinal, chamamos de comprimento do lápis. Se eu posso medir o quão quente está o corpo de alguém (fazemos isso quando alguém está prostrado na cama com dengue), então isso que meço também é uma Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 5 grandeza, a temperatura. Utilizamos o termo grandeza escalar (temperatura, comprimento, volume, tempo, etc.) para nos referirmos a uma medida definida apenas por uma escala e uma unidade. Fazemos isso para diferenciarmos as medidas que informam também a direção e o sentido da coisa medida, que são as grandezas vetoriais (velocidade, força, pressão, aceleração, etc), que serão vistas mais adiante. 6. Medidas: instrumentos de medida e padronização através de unidades O ato de medir vai muito além de resolver problemas práticos como o exemplo dado da variação do preço de televisões em função das suas polegadas ou, como outro exemplo, calcular o tempo que demoraremos numa viagem de Cuiabá a São Paulo se viajarmos num carro a uma velocidade conhecida numa trajetória também conhecida (ou aproximadamente conhecida)... A medição é o procedimento que utilizamos para conhecer (descobrir) coisas novas a respeito do mundo, da vida e do Universo! Por exemplo, com o microscópio óptico pudemos descobrir muitas coisas a respeito de bactérias, fungos, vermes, tecidos vivos, células etc. Com os telescópios, cada vez mais poderosos, pudemos descobrir questões a respeito da movimentação dos planetas no espaço, do nascimento e morte de estrelas, da distribuição de matéria no Universo, da energia, do tempo, etc. Quanto melhor pudermos medir as coisas, mais poderemos conhecer a respeito delas. Se você tiver um problema visual (por exemplo, miopia ou hipermetropia) você poderá ter dificuldades de aprendizagem, porque a sua capacidade de medir com os olhos será reduzida. O que você faria? Utilizaria óculos, para aumentar sua capacidade visual e medir melhor as coisas. Cuidado, a medida não é melhorada apenas com o uso de instrumentos mais poderosos, mas também com a utilização de procedimentos adequados (inclusive a calibração1 do instrumento) em sua utilização e na organização das informações ―coletadas‖ pelo instrumento. Um grande problema das medidas é a questão da padronização. Compare a sua polegada com a polegada de seu colega e imagine a diferença nas medidas que vocês fariam se quisessem medir o comprimento de uma mesma caneta. Perceberam que haverá diferenças entre as medidas de cada pessoa? Por exemplo, se você tem olhos normais e estivesse com uma lente que funcionasse como microscópio, óculos de grau, óculos de visão noturna e telescópio, e quisesse olhar para essa sala como você está olhando agora, mas utilizasse a função microscópio da sua lente, você provavelmente não conseguiria manter o equilíbrio enquanto caminhasse. Você precisaria colocar, no mínimo, a função óculos de grau para enxergar as coisas a sua volta mais ou menos como está acostumado. 1 Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 6 Para evitar esse tipo de problema, que pode ter um resultado muito 2 negativo , foi adotada uma unidade padrão para cada tipo de grandeza. Evidentemente isso foi acertado entre pessoas, entre países. A idéia é mais ou menos a seguinte: vamos todos escolher o polegar do João como o padrão de polegada. Sim, resolvemos o problema das medidas serem diferentes para diferentes observadores, mas... E se o João emagrecer? E se o João não estiver lá quando você quiser medir algo? Bem, então escolhemos uma coisa menos Leitura complementar: More than 2,000 years later, another empire—Russia—was negatively affected by its failure to adjust to the standards of technologically advanced nations. The time was the early twentieth century, when Western Europe was moving forward at a rapid pace of industrialization. Russia, by contrast, lagged behind—in part because its failure to adopt Western standards put it at a disadvantage. Train travel between the West and Russia was highly problematic, because the width of railroad tracks in Russia was different than in Western Europe. Thus, adjustments had to be performed on trains making a border crossing, and this created difficulties for passenger travel. More importantly, it increased the cost of transporting freight from East to West. Russia also used the old Julian calendar, as opposed to the Gregorian calendar adopted throughout much of Western Europe after 1582. Thus October 25, 1917, in the Julian calendar of old Russia translated to November 7, 1917 in the Gregorian calendar used in the West. That date was not chosen arbitrarily: it was then that Communists, led by V. I. Lenin, seized power in the weakened former Russian Empire. 2 mutável como unidade padrão... Que tal uma barra de platina iridiada que ficará guardada num local superprotegido? Para fazermos medidas em outros locais faremos cópias dessa barra. 7. Análise qualitativa quantitativa e análise Uma medida quantitativa é aquela na qual utilizamos um número, assim, a análise quantitativa é aquela que utiliza números. Uma medida qualitativa é aquela na qual não usamos um número. É possível comparar sem utilizar números? Sim, posso dizer que a sua camiseta é maior do que a minha, por exemplo. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 7 3º Bimestre AULA POR AULA Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 8 1. Pressão A pressão pode ser definida como a divisão entre a força (aplicada na direção perpendicular à superfície de um objeto) pela área (sobre a qual a força atua). Em sua forma matemática, a pressão pode ser representada por: P = F/A O conceito de pressão serve, então, para levarmos em conta a distribuição da força sobre a superfície. Assim, os efeitos da pressão estão intimamente relacionados com efeitos causados por forças como os efeitos de furar, cortar, explodir, empurrar etc. O grande diferencial entre os conceitos de força e de pressão é justamente a consideração do tamanho da superfície (a área) na qual a força atua. Um ótimo experimento para compreender melhor o conceito de pressão é a experiência de deitar-se sobre um colchão cheio de pregos. Vemos na televisão algumas pessoas fazendo tal experiência sem ficarem furadas. Mas, por que isso ocorre? Será que se tivessem poucos pregos a pessoa se machucaria? Se tentássemos deitar em apenas um prego, todo o nosso peso empurraria a ponta do prego e, pela lei da ação e reação, a ponta do prego reagiria com a mesma força empurrando apenas um ponto do nosso corpo (certamente isso nos furaria). Se deitássemos sobre centenas de pregos, novamente nosso peso empurraria os pregos e, pela lei da ação e reação, os pregos reagiriam nos empurrando. Qual seria então a diferença? A diferença é que cada prego aplicaria uma força bem menor em cada ponto da nossa pele sem furála. Quanto mais pregos nesse colchão, mais distribuímos a força sobre nossa pele (forças menores aplicadas em vários pontos). Com o conceito de pressão, entendemos que força não é tudo: nem sempre aumentar a força resolve nossos problemas. Às vezes, devemos pensar em como essa força está sendo aplicada. Neste caso, vimos que a aplicação de força 3 perpendicularmente a uma superfície pode ser distribuída ou concentrada a fim de que consigamos os efeitos desejados. A unidade de pressão é o N/m², chamada de pascal (Pa), ou seja, 1 N/m² = 1 Pa. Questões 1.1. Se uma animadora de torcida estiver mantendo outra animadora de torcida em seus ombros, os pés da garota que estiver em cima irão exercer certa pressão nos ombros da garota de baixo. Essa pressão seria igual ao peso da garota de cima dividido pela área superficial de contato entre os pés e os ombros. 3 Perpendicularmente: indica que o vetor força forma um ângulo de 90º com a superfície Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 9 Suponha então, que a garota de cima execute uma acrobacia desafiadora trazendo seu pé esquerdo para descansá-lo sobre seu joelho direito, de modo que seu pé direito sozinho exerça toda a força do peso da animadora de cima sobre a animadora de baixo. Estime em quanto a pressão sobre o ombro direito da garota de baixo irá variar. 1.2. Se a ponta de um prego possui um diâmetro de aproximadamente 2 105 m2 , qual será a pressão que este prego exerce sobre a madeira durante uma martelada cuja força pode ser estimada4 em 450 N? 4 Essa estimativa é uma simplificação. Veja no link a seguir como tal estimativa pode ser feita: http://axpfep1.if.usp.br/~otaviano/forcadeu mamartelada.html (acessado em 25/07/2010) Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 10 2. Densidade Densidade é a razão5 entre a massa de um objeto e o volume que esse objeto ocupa: d = m/V Podemos dizer que a densidade mede o grau de concentração de massa em determinado volume O conceito de densidade, em nível molecular, está relacionado com diferenças entre os elementos e/ou estados que compõem a matéria. Imagine, por exemplo, 3 recipientes iguais e cheios, um contendo água, outro contendo hélio e outro contendo limalha de ferro. O volume de cada recipiente é igual, mas a massa é bem diferente. Uma coisa interessante a respeito dos conceitos de densidade, massa e volume é que, por exemplo, uma amostra de 1 quilograma de ouro difere de uma amostra de 10 quilogramas de ouro em massa e volume, mas a densidade de ambas as amostras é a mesma. A densidade é a mesma porque o elemento é o mesmo: ouro! Assim, se soubermos a densidade de um material, podemos estimar do que ele é feito. *Uma definição mais abrangente de densidade: ―Qualquer quantidade por unidade de espaço‖. (veja o exercício 2.1.) Questões 2.1. Bastante usado na Geografia, o conceito de densidade demográfica possui estreita relação com o conceito de densidade visto anteriormente. Sabendo que demo é um radical grego que remete o significado de povo e grafia é um radical grego que remete o significado de escrita, faça uma inferência do que pode significar densidade demográfica. Caso queira, faça um desenho de um mapa do Brasil e, utilizando conjuntos de pontos ou degradês com o grafite de seu lápis, indique aproximadamente as variações de densidade demográfica pelo Brasil. 2.2. A água se expande quando congela. O que isso revela acerca da densidade do gelo com respeito à da água líquida? 2.3. O átomo de urânio é o mais pesado e o mais massivo entre os átomos encontrados na natureza. Por que, então, o urânio sólido não é o mais denso dos metais? 2.4. Se lhe dessem dois cubos dourados de mesmo tamanho e lhe dissessem que um é de ouro e o outro é uma liga de ouro com bronze, como você faria para descobrir qual é o cubo de ouro? 5 Razão, neste caso, tem o mesmo significado de ―divisão‖ ou ―quociente‖. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 11 3. Fluidos Fluido é aquilo que flui: líquidos e gases. A principal diferença entre um gás e um líquido é a distância entre suas moléculas. Em um gás, as moléculas mantêm-se afastadas umas das outras e estão livres das forças coesivas que dominam seus movimentos quando se encontram nas fases líquida e sólida. Seus movimentos são menos restritos. Um gás se expande indefinidamente e preenche todos os espaços que lhe são disponíveis. Apenas quando a quantidade de gás é muito grande, como na atmosfera terrestre ou em uma estrela, é que realmente as forças gravitacionais limitam o tamanho, ou determinam a forma de uma quantidade de um gás. Atividade A.3.1. Realize o experimento 8 da Série Primeiro Contato: Ar (feiradeciencias). O que ―segura‖ a água e o cartão? Questões 3.1. Leia o texto e responda as questões a seguir: ―A espessura de nossa atmosfera é determinada por dois fatores que competem entre si: a energia cinética de suas moléculas, que tende a espalhá-las; e a gravidade, que tende a mantê-las junto à Terra. Se, de alguma maneira, a gravidade da Terra fosse ―desligada‖, as moléculas da atmosfera se dispersariam e desapareceriam da vizinhança da Terra. Ou se a gravidade atuasse, mas as moléculas se movimentassem muito lentamente para constituir um gás (como poderia acontecer em um planeta frio e remoto), nossa ―atmosfera‖ seria um líquido ou uma camada sólida, com quase toda a matéria localizando-se próxima ao solo. Não haveria nada para respirar. Novamente, não haveria atmosfera alguma. Mas a nossa atmosfera é o resultado de um compromisso feliz entre as moléculas energéticas, que tendem a se afastar rapidamente umas das outras, e a gravidade, que tende a juntá-las. Sem o calor provido pelo Sol, as moléculas de ar ficariam paradas sobre a superfície da Terra, da mesma maneira que o milho para pipocas acomoda-se imóvel no fundo da máquina de fazer pipocas, quando esta está desligada. Mas se for adicionado calor ao milho para pipocas e aos gases atmosféricos, ambos começarão insistentemente a dar saltos que alcançam grandes alturas. Pedaços de milho para pipocas alcançam valores de rapidez de alguns quilômetros por hora e chegam a alcançar altitudes de um ou dois metros; as moléculas do ar movem-se com valores de rapidez de cerca de 1.600 quilômetros por hora e saltam insistentemente, chegando a alcançar altitudes de muitos quilômetros. Afortunadamente, existe o Sol para energizá-las, e existe a gravidade, de modo que possuímos uma atmosfera. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 12 A altura exata da atmosfera não tem um significado real, pois o ar vai ficando cada vez mais rarefeito6 à medida que se vai mais alto7, até reduzir-se ao vácuo do espaço interplanetário. Mesmo nessas regiões vazias do espaço interplanetário, entretanto, existe uma densidade gasosa de aproximadamente 1 molécula por centímetro cúbico. Cerca de 50% da atmosfera está abaixo de uma altitude de 5,6 quilômetros, 75% dela está abaixo de 11 quilômetros, 90% abaixo de 18 quilômetros e 99% abaixo de 30 quilômetros. Uma descrição detalhada da atmosfera terrestre pode ser encontrada em qualquer boa enciclopédia. Nós vivemos no fundo de um oceano de ar. A atmosfera, de maneira parecida com a água de um lago, exerce pressão. Um dos mais célebres experimentos para demonstrar a pressão da atmosfera foi realizado em 1654 por Otto Von Guericke, burgomestre da cidade de Magdeburg e inventor da bomba de vácuo. Von Guericke juntou dois hemisférios de cobre, com cerca de 0,5 metro de diâmetro, formando uma esfera. Ele confeccionou uma junta de vedação impermeável ao ar com um anel de couro embebido em óleo. Quando, então, ele retirou o ar da esfera com sua bomba de vácuo, duas parelhas de 6 Rarefeito = menos denso. Já ouviu falar em pressurização das cabines dos aviões. A pressurização é o controle da pressão interna das cabines, feito através de vedação e bombas de ar. 7 oito cavalos cada foram incapazes de separar os hemisférios. Assim, tomar consciência de que estamos imersos num fluido, o ar, é o primeiro passo para entendermos uma boa quantidade de fenômenos da natureza. Aliás, ao dizer que os fluidos são líquidos e gases, estamos dizendo que podemos utilizar conceitos e leis semelhantes para descrever os fenômenos que ocorrem dentro da água (ou de qualquer líquido) e dentro de um gás. Responda: 1. De acordo com o texto, quais são os dois fatores que possuem efeitos opostos e que são responsáveis pela existência de nossa atmosfera? A luz do Sol está diretamente relacionada com qual destes dois fatores? 2. O que acontece com a quantidade de ar à medida que a altitude aumenta? 3. Se alguém lhe perguntasse qual a ―espessura‖ da atmosfera, o que você responderia? 4. O ar exerce pressão para todos os lados. Isso ocorre porque as moléculas de ar possuem energia cinética e liberdade para se moverem para todos os lados. Assim, podemos concluir que a atmosfera nos espreme assim como a água de um rio nos espreme quando mergulhamos nele. Por que, então, não somos esmagados pela água e muito menos pelo ar? Você acha que essa pergunta faz sentido? Já viu a experiência da lata que é esmagada pela pressão atmosférica? Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 13 3.2. Preencha as lacunas do texto abaixo: ―Considere a massa de ar dentro de um mastro de mambu com 30 km de altura, que possui uma seção transversal com área igual a 1 centímetro quadrado. Se a densidade do ar dentro do mambu for igual à densidade do ar no exterior do mastro, a massa de ar contida no bambu será cerca de 1 quilograma. O peso desse ar é cerca de 10 N. Assim, a pressão do ar sobre a base do mastro de bambu será de 10 newtons por centímetro quadrado. É claro, o mesmo será verdade sem a presença do mastro de bambu. Há __________ centímetros quadrados em 1 metro quadrado, de modo que uma coluna de ar com 1 metro quadrado de seção transversal que se estende para cima, através da atmosfera, possui uma massa de aproximadamente __________________. O peso desse ar é cerca de ________________ newtons. Esse peso produz uma pressão de 100.000 _____________ - o equivalente a ________ pascais, ou 100 quilopascais. Para ser mais exato, a pressão atmosférica média ao nível do mar é 101,3 quilopascais (1 atm). A pressão atmosférica não é uniforme. Além da variação com a altitude, há as variações locais na pressão atmosférica causadas pelo movimento de frentes frias. A medição das variações na pressão atmosférica é importante para os meteorologistas fazerem previsões do tempo. 3.3. O que é um fluido? Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 14 4. Pressão em um líquido Diferentemente do ar, o líquido não é facilmente comprimido e a densidade dentro de um líquido é praticamente constante. Com isso, é mais fácil calcular a variação da pressão dentro de um líquido do que calcular a variação da pressão na atmosfera. Existe até uma relação matemática linear (uma relação simples de proporção direta) para o calculo da pressão dentro de um líquido. Mas, antes de explorar qualquer relação matemática, convém entender conceitualmente o problema. Quando você nada sob a água, pode sentir a pressão da água sobre os tímpanos de seus ouvidos. Quanto mais fundo você mergulha, maior torna-se a pressão (lembre-se que o fluido exerce pressão em todas as direções de um objeto imerso nele). Qual a origem dessa pressão? Ela é simplesmente o peso dos fluidos que estão diretamente acima de você – água mais ar – e que o comprimem. Quando você mergulha mais fundo, mais água existe acima de você. Se você mergulha duas vezes mais fundo, existe um peso de água acima de você que é duas vezes maior, de modo que a contribuição da água para a pressão que você sente é dobrada. Como a pressão do ar próximo à superfície da Terra é aproximadamente constante, a pressão que você sente sob a água depende apenas da profundidade onde se encontra. Se você submergisse em um líquido mais denso do que a água, a pressão correspondente seria maior. A pressão exercida por um líquido é precisamente o produto do peso específico pela profundidade8: PL h dgh PL é a pressão do líquido, é o peso específico do líquido, h é a profundidade, g é a aceleração da gravidade líquido. e d é a densidade do Mas, se a pressão em algum ponto dentro do líquido se deve ao peso do líquido que está acima, porque dizemos que a pressão é exercida em todas as direções e não só de cima para baixo? Dois pontos a se considerar aqui... Em nível microscópico, as moléculas do líquido se movem com certa liberdade em todas as direções. Segundo: em nível macroscópico, estamos falando de um fluido, que é algo que pode escoar e é pouco compressível; faça um furo numa garrafa de plástico cheia de água e observe que o líquido sai formando um ângulo reto (de 90º) com a superfície da garrafa. Depois ele se curva para baixo devido à gravidade. Aqui há uma informação adicional: a força exercida por um fluido sobre uma superfície regular está sempre em ângulos retos à superfície. Até aqui, podemos dizer, então, que a pressão em um líquido é a mesma 8 Peso específico = densidade do líquido vezes a aceleração da gravidade = peso de uma porção do líquido dividido pelo volume ocupado por esta porção de líquido. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 15 para dada profundidade abaixo da superfície, não importando a forma do recipiente, não importando a quantidade de líquido no recipiente. Questões propostas 4.1. Qual é a relação entre a pressão em um líquido e a profundidade dentro dele? Qual é a relação entre a pressão em um líquido e a densidade do mesmo? 4.2. Desprezando a pressão atmosférica, se você nada duas vezes mais fundo na água, quanta pressão adicional será exercida sobre seus ouvidos? Se você nada dentro de água salgada, a pressão será maior do que em água fresca, à mesma profundidade? Justifique a resposta. 4.3. Como a pressão da água 1 metro abaixo da superfície de uma pequena lagoa se compara com a pressão 1 metro abaixo da superfície de um lago enorme? 4.4. Se você faz um furo em um recipiente contendo água, em que direção a água inicialmente flui para fora do recipiente? Por quê? Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 16 5. Vasos comunicantes Recipientes que estão conectados um ao outro por um duto são chamados de vasos comunicantes: alguns lugares a água teria que fluir para cima (desde que o reservatório de água estivesse numa posição superior), e os romanos eram céticos quanto a isso. Atividades Figura 1 De acordo com o que vimos até agora, a pressão da água em pontos que estão em igual profundidade é a mesma. Se a pressão da água no fundo de um recipiente fosse maior do que a pressão no fundo de outro recipiente mais estreito, essa pressão forçaria a água a se mover para os lados e elevaria a água no vaso mais estreito a um nível mais alto (diferenças de pressão geram movimentos), até que as pressões nos fundos se igualassem. Mas isso não ocorre. Observe o nivelamento da água nos vasos comunicantes. A importância dessas idéias é evidente: a economia na construção da rede de distribuição de água. Os antigos romanos não compreendiam essas idéias e por isso construíram aquedutos elaborados com arcos altos e percursos cheios de curvas para garantir que a água sempre fluísse ligeiramente para baixo, a partir de cada localização ao longo da rota que ia do reservatório para a cidade. Como sabemos hoje, se os canos fossem colocados no chão e seguissem o contorno natural do terreno, em A.5.1. Experimento com uma mangueira em forma de U. Encha um pedaço de mangueira em forma de U e observe o nível da água dos dois lados. Erga um dos lados e observe o que acontece com o nível da água. Tente fazer outras mudanças na forma da mangueira e observe o que acontece com o nível da água. A.5.2. Faça o experimento anterior com uma das extremidades da mangueira tampada. A.5.3. Coloque um recipiente cheio de água sobre uma mesa e outro recipiente vazio no chão. Coloque uma mangueira com uma extremidade no recipiente de cima e a outra extremidade da mangueira no recipiente de baixo. Primeiramente, experimente fazer isso com a mangueira vazia, depois experimente fazer com a mangueira cheia de água. Aqui acontece algo não esperado nem com as idéias dos vasos comunicantes! A água sobe a mangueira: a água se move para cima além do nível do reservatório superior. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 17 6. Empuxo – parte I 6.1. O que é o empuxo? Qualquer um que já tenha erguido um objeto submerso para fora d’água está familiarizado com o empuxo, uma aparente perda de peso sofrida pelos objetos quando estão submersos em um líquido. Por exemplo, erguer um grande pedaço de rocha do fundo do leito de um rio é uma tarefa relativamente fácil enquanto a rocha estiver abaixo da superfície. Quando erguida acima da superfície, no entanto, a força requerida para erguêla cresce consideravelmente. A razão é que, quando a rocha está submersa, a água exerce sobre ela uma força para cima, oposta à atração gravitacional. Esta força direcionada para cima é chamada de força de empuxo (ou somente empuxo) e é uma conseqüência do aumento da pressão com a profundidade. A Figura 1 mostra por que a força de empuxo atua para cima. As forças devido à pressão da água, em qualquer lugar da superfície de um objeto, são exercidas perpendicularmente à superfície – como é indicado na figura por alguns vetores. As componentes horizontais das forças que atuam a uma mesma profundidade sobre as paredes acabam anulando-se – de modo que não existe força de empuxo horizontal. As componentes verticais dessas forças, entretanto, não se cancelam. A pressão na parte inferior da rocha é maior do que na parte superior, porque aquela parte da rocha é mais funda. Assim, as forças dirigidas para cima atuantes no fundo da rocha são maiores do que as forças que atuam para baixo no topo da mesma, o que produz uma força resultante dirigida para cima – a força de empuxo. Figura 2 Para compreender o conceito de empuxo num nível quantitativo (conhecida pelo princípio de Arquimedes), será preciso compreender a expressão ―volume de água deslocada‖. Se uma pedra é colocada em um recipiente que está com água até a borda, uma parte dela derramará (Figura 2). Dizemos, então, que a água foi deslocada pela pedra. Um pouco mais de raciocínio nos diz que o volume da pedra – ou seja, a quantidade de espaço que ela ocupa – é igual ao volume de água deslocado. Se você colocar um objeto qualquer submerso em um recipiente parcialmente preenchido com água, o nível da superfície subirá. Em quanto? Exatamente o mesmo que subiria se um volume de água igual ao do objeto submerso fosse derramado no recipiente. Este é um bom método para determinar o volume de um objeto com forma irregular: um objeto completamente submerso sempre desloca um volume de líquido igual ao seu próprio volume. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 18 6.2. Princípio de Arquimedes A relação entre o empuxo e o líquido deslocado foi descoberto no século terceiro a.C. pelo cientista grego Arquimedes. Ele o enunciou assim: Um corpo imerso sofre a ação de uma força de empuxo dirigida para cima e igual ao peso do fluido que ele desloca. Essa relação é chamada de princípio de Arquimedes, válida para líquidos e gases, que são ambos fluidos. Se um corpo imerso desloca 1 quilograma de fluido, a força de empuxo que atua sobre ele é igual ao peso de 1 quilograma9. Por imerso queremos nos referir a completamente ou parcialmente submerso. Se imergirmos na água a metade de um recipiente fechado de 1 litro, ele deslocará meio litro de água e sofrerá a ação de uma força de empuxo igual ao peso de meio litro de água – não importa o que esteja dentro do recipiente. Se o imergirmos completamente (submergirmos), ele sofrerá a ação de uma força de empuxo igual ao peso de um litro inteiro de água (com massa de 9 No laboratório você pode vir a descobrir que é conveniente expressar a força de empuxo em quilogramas, ainda que um quilograma seja uma unidade de massa, e não de força. Assim, estritamente falando, a força de empuxo é o peso de 1 kg, igual a 9,8 N. Ou poderíamos simplesmente dizer que a força de empuxo é de 1 quilograma-força, e não simplesmente dizer que ela é 1 kg. praticamente 1 quilograma). A menos que o recipiente seja comprimido, a força de empuxo será igual ao peso de um quilograma de água a uma profundidade qualquer, desde que ele esteja completamente submerso. A razão para isso é que a qualquer profundidade o recipiente não pode deslocar um volume de água maior do que seu próprio volume. E o peso desta água deslocada (e não o peso do objeto submerso!) é igual à força de empuxo. Se um objeto de 25 quilogramas desloca 20 quilogramas de fluido quando imerso, seu peso aparente será igual ao peso de 5 quilogramas (5 kg x 9,8 m/s² = 49 newtons). Observe, por exemplo, que um bloco de 3 quilogramas tem um peso aparente de 1 quilograma quando submerso. O peso aparente de um objeto submerso é igual ao seu próprio peso quando está no ar, menos a força de empuxo. Obs.: não importa qual seja a forma do objeto submerso, a força de empuxo é igual ao peso de fluido deslocado. Questões propostas 6.1. Uma receita exige uma determinada quantidade de manteiga. Usando o método do líquido deslocado e um copo de cozinha graduado, como se pode determinar a quantidade de manteiga requerida? 6.2. O princípio de Arquimedes nos diz que, se um objeto imerso desloca um volume de liquido pesando 10 N, Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 19 então a força de empuxo sobre ele vale 10 N? 6.3. Um recipiente de 1 litro completamente preenchido com chumbo tem uma massa de 11,3 kg e fica submerso em água. Qual é a força de empuxo que atua sobre ele? 6.4. Um grande pedaço de rocha é atirado dentro de um lago profundo. Enquanto ele afunda na água, a força de empuxo sobre ele aumenta? 6.5. Como a força de empuxo é a força resultante que um fluido exerce sobre um corpo, por que um corpo submerso não é acelerado? Ele realmente não é acelerado? Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 20 7. Empuxo – parte II 7.1. Por que um objeto afunda ou flutua? É importante relembrar que a força de empuxo que atua sobre um objeto submerso depende do volume do objeto. Pequenos objetos deslocam pequenos volumes de água e sofrem a ação de forças de empuxo pequenas. Grandes objetos deslocam grandes quantidades de água e sofrem ação de forças de empuxo de grande valor. É o volume do objeto submerso – e não seu peso – que determina a força de empuxo. A força de empuxo é igual ao peso do volume de fluido deslocado. (a m[a compreensão dessa idéia é a raiz de muita confusão que as pessoas fazem com o empuxo!) O peso do objeto, entretante, realmente desempenha um papel na flutuação. Se um objeto irá flutuar ou afundar em um líquido dependerá de como a força de empuxo se compara com o peso do objeto. O peso, por sua vez, depende da densidade do objeto. Considere três regras simples: 1. Se um objeto é mais denso do que o fluido onde é imerso, ele afundará. 2. Se um objeto é menos denso do que o fluido onde é imerso, ele flutuará. 3. Se um objeto tem a mesma densidade do fluido onde é imerso, ele afundará. A regra 1 parece bastante razoável, pois objetos mais densos do que a água afundam até o fundo. Náo importa a profundidade da água. Mergulhadores com equipamento de mergulho algumas vezes já encontraram pedaços de madeira saturada de água flutuando acima do fundo do oceano (com uma densidade igual ä da água encontrada naquela profundidade), mas jamais encontraram rochas flutuando! A partir das regras 1 e 2, o que você pode dizer a respeito das pessoas que, por mais que tentem, não conseguem flutuar? Ora, elas simplesmente são densas demais! Para conseguir flutuar, você deve reduzir sua densidade. A fórmula densidade = massa / volume diz que você deve ou reduzir sua massa ou aumentar seu volume. Vestir um colete salva-vidas aumenta seu volume, ao mesmo tempo em que aumenta muito pouco a sua massa. O colete, então, diminui sua densidade. A regra 3 aplica-se aos peixes, que nem afundam nem flutuam. Um peixe normalmente tem a mesma densidade que a água. Ele pode regular sua densidade expandindo e contraindo uma bolsa de ar, o que altera seu volume. O peixe pode se mover para cima aumentando seu volume (o que diminui sua densidade), ou para baixo contraindo seu volume (o que aumenta sua densidade). Para um submarino, é o peso, e não o volume, que é alterado até se obter a densidade desejada. Para isso, água é injetada ou expulsa dos tanques de lastro. Analogamente, a densidade Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 21 global de um crocodilo aumenta quando ele engole pedras. De 4 a 5 quilogramas de pedras já foram encontradas nos estômagos de grandes crocodilos. Devido ao aumento de sua densidade, o crocodilo consegue nadar abaixo da linha da água, expondo-se menos a sua presa. 7.2. Flutuação O ferro é muito mais denso do que a água. Um pedaço sólido de ferro afunda, porém os navios feitos de ferro flutuam. Por quê? Considere uma esfera maciça de 1 tonelada de ferro. O ferro é cerca de 8 vezes mais denso do que a água, de modo que quando submerso ele desloca apenas 1/8 tonelada de água, o que não é suficiente para mantê-lo flutuando. Suponha agora que nós modelemos a esfera maciça de ferro até transformá-la em uma esfera oca ou um hemisfério oco. O ferro ainda pesará 1 tonelada. Mas, quando for colocado na água, acabará deslocando um volume de água maior do que quando tinha o formato de uma esfera maciça. Quanto mais o hemisfério ou a esfera oca de ferro imerge, mais água ela desloca, e maior é a força de empuxo que atua sobre ela. Quando a força de empuxo se igualar a 1 tonelada, ela deixará de afundar. Figura 3 Quando um barco de ferro desloca um peso de água igual ao seu próprio peso, ele flutua. Isto algumas vezes é chamado de princípio de flutuação: Um objeto flutuante desloca um peso de fluido igual ao seu próprio peso. Todo navio, submarino ou dirigível deve ser projetado de modo a deslocar um peso de fluido igual a seu próprio peso. Portanto, um navio de 10.000 toneladas deve ser construído grande o bastante para deslocar 10.000 toneladas de água antes que ele afunde demais na água. O mesmo vale para um dirigível. Um dirigível que pesa 100 toneladas desloca no mínimo 100 toneladas de ar. E se deslocar mais do que isso, ele subirá; se deslocar menos, ele descerá. E se deslocar exatamente o seu peso, ele flutuará a uma altitude constante. Para o mesmo volume de água deslocada, os fluidos mais densos exercem uma força de empuxo maior do que um fluido menos denso. Um navio, portanto, flutua mais alto em água salgada do que em água doce, porque a água salgada é ligeiramente Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 22 mais densa. Analogamente, um pedaço sólido de ferro flutuará em mercúrio mesmo que não flutue em água. Questões propostas 7.1. Dois blocos sólidos de tamanhos idênticos são submersos em água. Um deles é de chumbo, e o outro de alumínio. Sobre qual dos dois corpos a força de empuxo é maior? 7.2. Se um peixe torna-se mais denso, ele afundará; se torna-se menos denso, flutuará. Em termos da força de empuxo, qual a explicação para isso? 7.3. Por que é mais fácil você flutuar em água salgada do que em água doce? Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 23 8. Princípio de Pascal Um dos fatos mais importantes acerca da pressão em fluidos é que uma alteração ocorrida na pressão em uma parte do fluido será transmitida integralmente a outras partes do mesmo. Por exemplo, se a pressão hidráulica da tubulação de uma cidade é aumentada em 10 unidades de pressão, a pressão em todos os lugares dos canos do sistema hidráulico da cidade aumentará também nas mesmas 10 unidades de pressão (desde que a água esteja em repouso). Essa lei é conhecida como princípio de Pascal: Figura 4 A pressão exercida na água pelo pistão da esquerda será exatamente igual à pressão que a água exerce sobre o pistão da direita, à mesma altura. Isto não tem nada de extraordinário. Mas suponha que você construa o ramo direito do tubo mais largo do que o outro. Uma variação de pressão em qualquer ponto de um fluido em repouso em um recipiente transmitese integralmente a todos os pontos do fluido. O princípio de Pascal foi descoberto no século dezessete por Blaise Pascal (que já era inválido aos 18 anos de idade e assim permaneceu até sua morte, aos 30 anos), homenageado com o nome da unidade de pressão do SI, já discutida na Aula 1 (1 Pa = 1N/m²). Preencha com água um tubo em forma de ―U‖ e instale pistões nas duas extremidades do mesmo. A pressão exercida no pistão esquerdo será transmitida integralmente através do líquido para o pistão direito. (os pistões são simplesmente dois ―tampões‖ que podem deslizar livremente no interior do tubo). Figura 5 Então o resultado será impressionante. Na Figura 5, o pistão direito tem área 10 vezes maior do que a do pistão esquerdo (digamos que o pistão esquerdo tenha uma área de 10 cm², enquanto que o direito tenha área de 100 cm²). Suponha que uma carga de 10 kg seja colocada sobre o pistão esquerdo. Então uma pressão adicional (de aproximadamente 1 N/cm²), devido ao peso dessa carga, será transmitida integralmente pelo líquido, e atuará no pistão maior, dirigida para cima. É aqui que entra a Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 24 diferença entre força e pressão. A pressão adicional é exercida sobre cada centímetro quadrado do pistão maior. Uma vês que, agora, a área é 10 vezes maior, uma força 10 vezes maior será exercida nesse pistão. Logo, o pistão maior suportará uma carga de 100 kg – 10 vezes maior do que a carga sobre o pistão menor! Isso é um fato extraordinário, pois podemos multiplicar forças usando um dispositivo desse tipo. Uma entrada de 100 newtons produz 1000 newtons na saída. Aumentando-se ainda mais a área do pistão maior (ou reduzindo a área do pistão menor), podemos, em princípio, multiplicar a força por qualquer fator. O princípio de Pascal fundamenta o funcionamento da prensa hidráulica. A prensa hidráulica realmente não viola o princípio da conservação da energia (estudaremos mais adiante esse princípio)10, porque o decréscimo na distância ao longo da qual o maior pistão é movimentado compensa o crescimento da força sobre ele. Quando o pistão pequeno da Figura 5 for movimentado 10 centímetros para baixo, o pistão grande será elevado apenas 1 centímetro para cima. A força na entrada multiplicada pela distancia de deslocamento do pistão menor é igual à força na saída multiplicada pela distância pela qual é movimentado o pistão maior. Este é mais um exemplo de uma máquina simples, que opera segundo o mesmo princípio de funcionamento de uma alavanca mecânica. O princípio de Pascal se aplica a todos os fluidos, sejam líquidos ou gases. Uma aplicação típica do princípio de Pascal para gases e líquidos é o elevador de automóveis, encontrado em muitos postos de serviço. Questões propostas 8.1. Enuncie o princípio de Pascal 8.2. O que acontece à pressão em todas as partes de um fluido confinado, se a pressão em uma determinada parte for aumentada? 8.3. Se a pressão da prensa hidráulica for aumentada em 10 N/ cm², quanta carga extra poderá ser sustentada no pistão de saída se sua área de seção transversal for igual a 50 cm²? 10 Não há produção de força do nada. Há uma compensação: mais força por menos distância. No fundo, algo se conserva... E esse algo é a energia. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 25 9. Vazão e equação da continuidade 9.1. Vazão Denomina-se vazão (Q), o volume (V) de líquido que escoa por unidade de tempo (t). A expressão matemática que relaciona estas grandezas é: Q V t a área de seção transversal é inversamente proporcional a velocidade de escoamento do fluido. Se o fluido passar por um tubo cilíndrico, de volume V = Ad, onde A é a área transversal do cilindro e d o comprimento do tubo temos: A d t Q A v onde Q é a vazão, A a área da seção transversal do tubo e v a velocidade de escoamento. 9.2. Equação da continuidade No SI a unidade de medida da vazão é m³/s, visto que ela é definida como sendo a razão entre volume e tempo. Sabemos que obstruindo parcialmente a saída da água de uma mangueira, ela sai com mais velocidade. Isto revela que a área de seção transversal de um tubo interfere na velocidade do líquido que por ela escoa. Isto é, quanto maior a área, menor a velocidade do fluido; e quanto menor a área, maior a velocidade do fluido. Q velocidade é constante. Neste caso d = vt que implica v = d/t. Usando essa relação em (I), teremos: (I) Na Figura 6, esquematizamos um tubo. Sejam A e A’ as áreas das seções retas em duas partes distintas do tubo. As velocidades de escoamento em A e A’ valem, respectivamente, v e v’. Figura 6 Como o líquido é incompressível, o volume que entra no tubo durante um intervalo de tempo t é aquele existente no cilindro de base A e altura v.t (V = Avt). Esse volume é igual aquele que, no mesmo tempo, sai da parte cuja seção tem área A’. O volume que entra é o volume que sai, ou seja, a vazão é a mesma: Q V V ' Avt A 'v 't Av A 'v ' t t t t Considerando o escoamento lamelar ou estacionário, sabemos que a Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 26 Av A 'v ' A relação acima é conhecida como equação da continuidade, determinada por Castelli, discípulo de Galileu. Logo, podemos concluir que as velocidades são inversamente proporcionais às áreas das seções transversais, isto é, se a área fica 2 ou 3 vezes maior, a velocidade diminui 2 ou 3 vezes. Questões propostas 9.1. Defina vazão. 9.2. Numa tubulação contínua e sem ramificações, há partes em que o tubo é mais grosso e partes em que o tubo é mais fino. Explique o que acontece com a velocidade de escoamento da água dentro desta tubulação quando sai de uma região onde o tubo é mais grosso e vai para uma região onde o tubo é mais fino. 9.3. (UFSM) A água flui com uma velocidade v, através de uma mangueira de área de seção reta A colocada na horizontal. Se, na extremidade da mangueira, for colocado um bocal de área A/6, a água fluirá através dele, com velocidade de a) v/6 b) v/3 c) v d) 3v e) 6v Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 27 10. Princípio de Bernoulli – parte I Em duas seções distintas de um mesmo tubo são colocados tubos abertos de maneira que seus extremos fiquem no mesmo nível. Estando o líquido em repouso, observaremos que nos dois tubos o líquido sobe até a mesma altura, pois, de acordo com a lei fundamental da Hidrostática, a diferença de pressão entre dois pontos de um líquido em repouso depende somente da diferença de altura entre eles. Porém, se o líquido estiver em movimento observam-se indicações diferentes: o líquido que sobre a seção maior irá estar mais alto11 (Figura 7). Como à seção maior corresponde à velocidade menor do líquido, resulta que a pressão é maior onde a velocidade é menor. Figura 7 Esta experiência ensina que: Para os líquidos em movimento não vale a lei fundamental da Hidrostática; A pressão de um líquido em movimento é maior onde a velocidade é 11 Isso significa que a pressão em S1 é maior do que em S2. menor, ou, o que é o mesmo, onde a velocidade é maior a pressão é menor. A pressão não é constante nas diferentes seções de uma tubulação. Porém, há algo que é constante. Se escolhermos tubos em "L", como está indicado na Figura 8, observaremos que o líquido sobe até o mesmo nível nos dois tubos, embora as seções, pressões e velocidades sejam diferentes. Figura 8 A fim de saber o que permanece constante nas diversas seções, coloquemos um manômetro comum (tubo da direita na Figura 9) e um tubo em "L" – conhecido como tubo de "Pitot" - em dois lugares de mesma seção conforme Figura 9. Constataremos que há entre eles um desnível h. Esse desnível deve-se ao seguinte: no manômetro a água sobe por efeito da pressão e no tubo de Pitot, a ascensão é devida ao efeito da pressão mais o da velocidade (por isso coloca-se a boca do tubo contra a corrente; se fosse colocada a favor, a indicação seria a mesma do manômetro). Quando a água entra no tubo em L, ela tem uma certa velocidade v que a "ajuda" a subir. A altura h pode ser calculada se admitimos que é a mesma altura Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 28 atingida por um corpo lançado para cima com velocidade inicial v: h v2 2g sendo v a velocidade do líquido na referida seção. Figura 9 Se p é a pressão indicada pelo manômetro e p’ a que indica o tubo de Pitot, tem-se que: p ' p dgh Substituindo a expressão da altura h, temos e somando p aos dois lados da igualdade, teremos: p' p dv 2 2 onde p’ é a pressão hidrodinâmica, p a pressão hidrostática, d a densidade do fluido e v a velocidade do fluido. Observe que a pressão hidrostática é tanto menor quanto maior for a velocidade do fluido. Uma outra forma de pensar os efeitos dos fluidos em movimento nas tubulações está no conceito de energia, que veremos mais adiante. Quando falamos que algo se mantém constante nas diferentes seções da tubulação, estamos nos referindo à energia. Veja bem, a energia está associada à altura atingida pela coluna do fluido e também à velocidade do fluido. Assim, se a altura aumenta, a velocidade diminui. Se a velocidade aumenta, a altura da coluna do líquido diminui. Mas a energia se conserva... Questões propostas 10.1. Numa tubulação contínua e sem ramificações, há partes em que o tubo é mais grosso e partes em que o tubo é mais fino. Relacione a pressão hidrostática da água dentro desta tubulação entre a região onde a tubulação é grossa e a região onde a tubulação é fina. 10.2. Marque V para verdadeiro e F para falso. Na Figura 9: 1) A pressão hidrostática no tubo da esquerda (tubo de Pitot) é igual à pressão hidrostática no tubo da direita ( ). 2) A pressão hidrodinâmica no tubo da esquerda (tubo de Pitot) é igual à pressão hidrostática no tubo da direita ( ) 10.3. Na Figura 9, o tubo de Pitot permite que a pressão exercida pela velocidade da água tenha uma influência na altura da coluna de líquido, enquanto a pressão responsável pela altura da coluna de líquido no tubo à direita é apenas a pressão ______________. 10.4. Considerando o que você viu nessa aula, como você explica que um cano fino se torna menos resistente a pressões externas quando a água está escoando por dentro dele? Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 29 11. Princípio de Bernoulli – parte II 11.1. Breve revisão das duas aulas anteriores Retomemos o que vimos nas aulas anteriores... Considere um fluxo contínuo de líquido ou gás através de uma tubulação: o volume que atravessa qualquer seção transversal da tubulação, durante um certo intervalo de tempo, é o mesmo que atravessa qualquer outra seção da tubulação – mesmo se ela se estreitar ou se alargar ao longo do caminho. Para fluxos contínuos, o fluido se tornará mais rápido quando passa de uma região mais larga da tubulação para uma mais estreita. Isso é evidente em um rio largo e lento, que passa a fluir mais rapidamente quando entra em um desfiladeiro estreito. Ou em uma mangueira de jardim, em que o jato de água torna-se mais rápido quando você aperta a ponta dela e a torna mais estreita. O movimento de um fluido em fluxo estacionário segue linhas de corrente imaginárias, representadas pelas linhas finas no desenho abaixo e em outros que aparecerão mais adiante (as linhas de corrente são visíveis quando fumaça ou outros fluidos visíveis passam através de aberturas uniformemente espaçadas, como em um túnel de vento). As linhas de corrente são os caminhos suaves, ou trajetórias, de pequenas porções de fluido. Uma pequena porção de fluido segue ao longo da mesma linha de corrente que uma pequena porção de fluido em frente dela. Elas se aproximam nas regiões em que o fluxo se estreita, onde a rapidez do fluido torna-se maior (Figura 10). Figura 10 Daniel Bernoulli, um cientista suíço do século dezoito, estudou o movimento de fluidos em tubos. Sua descoberta, agora conhecida como o princípio de Bernoulli, pode ser enunciada assim: “Onde a rapidez do fluido cresce, a pressão interna do mesmo descresce” As alterações na pressão interna são evidentes no fluxo da água com bolhas de ar em seu interior. O volume de uma bolha de ar depende da pressão da água ao seu redor. Onde a água torna-se mais rápida, a pressão interna diminui e as bolhas tornam-se maiores. Quando a água torna-se mais lenta, a pressão cresce e as bolhas são comprimidas a um tamanho menor (Figura 11). Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 30 Figura 11 O princípio de Bernoulli aplicase a um fluxo suave e estacionário (denominado fluxo laminar) de um fluido com densidade constante. Para valores de rapidez superiores a um determinado valor crítico, entretanto, o fluxo pode tornar-se caótico (denominado fluxo turbulento) e passar a descrever trajetórias variáveis e encaracoladas denominadas vórtices ou redemoinhos. Isso exerce atrito sobre o fluido e dissipa parte de sua energia. Neste caso, a equação de Bernoulli perde a validade. A diminuição da pressão do fluido, com o aumento da rapidez, pode, à primeira vista, parecer surpreendente, especialmente se você deixa de fazer distinção entre a pressão dentro do fluido, ou pressão interna, e a pressão exercida pelo fluido sobre algo que interfere com seu fluxo. A pressão interna da água que está fluindo e a pressão externa que ela pode exercer sobre o que for com o qual colida, são duas pressões diferentes. Quando o momentum12 da água em movimento ou de qualquer outra coisa, é reduzido subitamente, o impulso exercido é relativamente 12 Momentum da água é a quantidade de movimento da água, ou seja, sua massa vezes a sua velocidade. enorme. Um exemplo dramático disso são os jatos de água com alta velocidade usados para cortar o aço em certas oficinas especializadas. A água possui uma pressão interna muito pequena, mas a pressão que o jato dela exerce sobre o aço que se interpõe em seu caminho é enorme13. 11.2. Aplicações do princípio de Bernoulli Segure uma folha de papel horizontalmente em frente a sua boca. Quando você sopra sobre a superfície superior da folha, o papel se eleva. Isso ocorre porque a pressão interna do ar que se move na parte superior do papel é menor do que a pressão atmosférica abaixo dele. Considere o vento soprando acima de um telhado inclinado (Figura 12). Figura 12 O vento é acelerado quando passa acima da cumeeira do telhado, como indica o amontoamento das linhas de corrente nesta região. A pressão ao longo das linhas de corrente é 13 Reveja o experimento com o manômetro e o tubo de Pitot. Aqui, estamos nos referindo justamente às diferenças entre a pressão hidrostática e a pressão adicional causada pela velocidade do fluido. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 31 reduzida onde elas se aproximam umas das outras. A pressão mais elevada no interior do telhado pode erguê-lo e despregá-lo da casa. Se nós concebemos o telhado soprado pelo vento do exemplo anterior como sendo análogo à asa de um aeroplano, podemos compreender melhor a força de sustentação que mantém voando um avião pesado. Em ambos os casos, uma maior pressão do lado de baixo empurra o telhado ou a asa para a região acima, onde a pressão é menor. As asas são construídas com uma variedade de formatos. O que todas elas possuem em comum é o fato de que o ar é forçado a fluir mais rápido acima da superfície da asa do que abaixo dela. Isso é conseguido principalmente pela inclinação da asa em relação à horizontal, por um ângulo que é denominado ângulo de ataque. Dessa maneira, o ar flui mais rápido acima da superfície superior da asa pela mesma razão pela qual ele flui mais rápido no estreitamento de um tubo ou em qualquer outra região contraída. Mais frequentemente, mas nem sempre, a diferença entre os diferentes valores de rapidez do fluxo do ar acima e abaixo de uma asa é reforçada pela diferença nas curvaturas das superfícies superior e inferior da asa (a curva do aerofólio). O resultado, então, é que as linhas de corrente tornam-se ainda mais próximas entre si ao longo da superfície superior da asa do que na superfície inferior (Figura 13). Quando a diferença média de pressão na asa é multiplicada por sua área superficial, temos uma força resultante agindo para cima – a sustentação. Aviões planadores possuem uma asa com área muito grande em relação ao seu próprio tamanho, de modo que não precisam voar muito rápido para obter sustentação suficiente. Em outro exemplo, aviões de combate, projetados para voar em altas velocidades, possuem a área da asa muito pequena em relação ao seu peso. Conseqüentemente, eles devem decolar e aterrissar com altos valores de rapidez. Figura 13 Outro exemplo... Um tenista pode rebater a bola de modo que sua trajetória se curve (isso é conseguido aplicando-se um rápido giro à bola). Uma fina camada de ar é arrastada ao redor da bola girante pelo atrito, que é aumentado pelas costuras existentes na bola de beisebol, ou pelo feltro da bola de tênis. A camada móvel de ar produz um amontoamento das linhas de corrente em um lado da bola. Note na Figura 14 que, para o sentido de rotação mostrado, as linhas de corrente estão mais amontoadas em B do que em A. A pressão é maior em A, e a trajetória descrita pela bola se curvará como mostrado. Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 32 Figura 14 Descobertas recentes revelam que muitos insetos melhoram a sustentação empregando movimentos semelhantes aos de uma bola de beisebol que se curva. Curiosamente, a maior parte dos insetos não bate suas asas para cima e para baixo, mas batem-nas para frente e para trás, com uma determinada inclinação a fim de que o ângulo de ataque adequado seja obtido. Entre as batidas de asa, as asas executam movimentos semicirculares para gerar a sustentação. Uma bomba de aerossol comum, como em um pulverizador de perfume, utiliza-se do princípio de Bernoulli. Quando o bulbo é apertado, o ar é soprado com grande rapidez transversalmente à extremidade aberta de um tubo que mergulha no perfume. Isso reduz a pressão no tubo, enquanto a pressão atmosférica atuando sobre o líquido abaixo o empurra tubo acima até a extremidade livre, onde ele é levado pela corrente de ar (Figura 15). Figura 15 O princípio de Bernoulli desempenha um papel importante para os seres vivos que vivem em tocas debaixo do solo. As diversas entradas de sua toca normalmente são rodeadas por montículos de terra, o que produz variações na rapidez do vento através das diversas entradas e cria as diferenças de pressão necessárias para fazer o ar circular dentro da toca. O princípio de Bernoulli explica por que navios que transitam em paralelo correm o risco de colidirem lateralmente. A água que flui entre os dois navios se desloca mais rapidamente do que a água que passa pelos lados de fora. As linhas de corrente são mais amontoadas entre os navios do que do lado de fora, de modo que a pressão da água que atua nos cascos é reduzida na região situada entre os barcos. O desenho mostra como realizar uma demonstração disso na pia da cozinha ou do banheiro (Figura 16). Figura 16 O princípio de Bernoulli desempenha um pequeno papel também quando a cortina do boxe do chuveiro se inclina em sua direção quando o jato d’água está fluindo forte. Não é assombração, a movimentação do fluido reduz a pressão dentro do boxe! Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002. 33 12. Energia 13. Trabalho 14. Energia potencial Baseado em HEWITT, P. Física Conceitual. Porto Alegre, Bookman, 2002.