V Resultados do trabalho de campo

Transcrição

V Resultados do trabalho de campo
 PROPRIEDADE:
NERVIR – Associação Empresarial
NERBA - Núcleo Empresarial da Região de Bragança, Associação Empresarial
NERGA – Núcleo Empresarial da Região da Guarda – Associação Empresarial
NERCAB - Associação Empresarial da Região de Castelo Branco
O presente Estudo foi elaborado no âmbito do projecto COOPETIR – Cooperação para
a Competitividade Empresarial, pela empresa Ecoinformação - Gestão e
Consultadoria, Lda., tendo a equipa técnica sido constituída pelos seguintes
elementos:
Gabriel Silva, (Coordenador)
Sónia Rito,
Maria João Barroca
CO-FINANCIAMENTO DO ESTUDO:
Programa COMPETE - Programa Operacional Factores de Competitividade
Através do SIAC - Sistema de Incentivos às Acções Colectivas
DATA DE EDIÇÃO
AGOSTO DE 2011
Disponível em versão digital em www.coopetir.biz
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ÍNDICE
ENQUADRAMENTO DO ESTUDO ...................................................................................................................... 3
I REDES DE COOPERAÇÃO.............................................................................................................................. 5
I.1. Porque existem redes de cooperação? .............................................................................................. 5
I.2. Fundamentos para as redes de cooperação ...................................................................................... 7
I.2.1 Visão tradicional do desenvolvimento das economias regionais ............................................... 7
I.2.2.Visão baseada nas empresas .................................................................................................... 11
I.3. Redes de cooperação e as PME´s ..................................................................................................... 14
I.4. Motivações para a cooperação ....................................................................................................... 17
I.5. Temas possíveis para a cooperação ................................................................................................ 23
II CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA ........................................................................................................ 25
II.1
Enquadramento territorial ........................................................................................................... 25
II.2
Demografia .................................................................................................................................. 31
II.3
Recursos humanos e mercado de trabalho .................................................................................. 37
II.4 Acessibilidades e infra-estruturas de apoio à actividade económica ........................................... 38
II.4.1 Rede rodoviária ........................................................................................................................ 38
II.4.2 Rede ferroviária ....................................................................................................................... 40
II.4.3 Telecomunicações .................................................................................................................... 41
II.4.4 Infra-estruturas industriais ...................................................................................................... 42
II.4.5 Infra-estruturas turísticas ........................................................................................................ 43
II.4.6 Estabelecimentos de ensino superior ...................................................................................... 44
II.4.7 Organismos de apoio ............................................................................................................... 45
II.5
Trajectória de competitividade .................................................................................................... 45
III CARACTERIZAÇÃO DO TECIDO EMPRESARIAL ............................................................................................... 49
III.1 Estrutura dimensional e distribuição espacial ................................................................................ 49
III.2 Distribuição sectorial ...................................................................................................................... 53
III.2.1 Análise dos sectores de actividade mais representativos....................................................... 59
IV
ANÁLISE PRELIMINAR DOS SECTORES COM POTENCIAL NA REGIÃO ............................................................... 67
IV.1 Comércio ......................................................................................................................................... 69
IV.2 Agro-alimentar ............................................................................................................................... 71
IV.2.1 Azeite ...................................................................................................................................... 72
IV.2.2 Viticultura ............................................................................................................................... 76
IV.2.3 Frutos secos ............................................................................................................................ 82
IV.2.4 Mel .......................................................................................................................................... 84
IV.3.5 Queijos tradicionais ................................................................................................................ 86
IV.3.6 Produtos de salsicharia ........................................................................................................... 89
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IV.3 Construção civil e obras públicas .................................................................................................... 92
IV.4 Turismo ........................................................................................................................................... 93
IV.5 Rochas Ornamentais....................................................................................................................... 99
IV.6 Energia.......................................................................................................................................... 104
IV.7 Transportes e Logística ................................................................................................................. 107
V Resultados do trabalho de campo .................................................................................................. 113
V.1 Metodologia .................................................................................................................................. 113
V.2 Análise dos principais resultados ................................................................................................... 115
V.2.1 Caracterização geral das empresas ....................................................................................... 115
V.2.2 Estrutura organizacional e ciclo de vida das empresas ......................................................... 118
V.2.3 Produtos e serviços ................................................................................................................ 121
V.2.4 Exportações ........................................................................................................................... 124
V.2.5 Estratégia e vantagem competitiva ....................................................................................... 127
V.2.6 Cooperação ............................................................................................................................ 129
V.3 Síntese dos principais resultados ................................................................................................... 140
VI Conclusões..................................................................................................................................... 143
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 147
ANEXOS ............................................................................................................................................... 151
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ENQUADRAMENTO DO ESTUDO
O presente estudo enquadra-se na actividade “Dinamização de Redes de Cooperação”
prevista
no
projecto
COOPETIR
–
Cooperação
para
a
Competitividade
Empresarial,
apresentado ao Sistema de Incentivos às Acções Colectivas do Programa Operacional
Factores de Competitividade, desenvolvido pelas Associações Empresariais co-promotoras
NERVIR – Associação Empresarial, NERBA – Associação Empresarial, NERGA – Associação
Empresarial e NERCAB – Associação Empresarial.
O objectivo deste projecto passa pela promoção da imagem externa da região e dos seus
produtos, aliada à promoção de novas formas de cooperação empresarial facilitadoras dessa
internacionalização. O espaço territorial de intervenção do projecto abrange toda a região
interior norte e centro do país, nomeadamente os distritos de Bragança, Vila Real, Guarda e
Castelo Branco e, por proximidade com o distrito de Vila Real, alguns concelhos do Douro
Sul. Em termos de NUTS III este espaço geográfico coincide com seis sub-regiões: Alto Trásos-Montes, Douro, Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Cova da Beira, Beira Interior Sul e
abrange quatro dos cinco concelhos da sub-região do Pinhal Interior Sul, ou seja, Oleiros,
Proença-a-Nova, Sertã e Vila de Rei. Apesar do espaço geográfico também envolver os
concelhos de Aguiar da Beira e Mondim de Basto que pertencem, respectivamente, às subregiões Dão-Lafões e Ave, estas NUTS não foram englobadas no estudo devido ao seu peso
residual na área geográfica de intervenção.
A concertação sistemática e a procura de soluções conjuntas através da partilha de recursos
e competências entre empresas permite reduzir riscos e facilitar a concretização de
objectivos operacionais e/ou estratégicos comuns. Tendo em conta que os diferentes
contextos sócio-económicos em que os diversos intervenientes se inserem são determinantes
no estudo de modelos e processos de cooperação, procedeu-se a uma caracterização do
território de intervenção tendo por base a compilação sistematizada de um conjunto
actualizado de informação considerada mais relevante para o conhecimento da região, nos
seus aspectos demográficos, sociais e económicos.
Por conseguinte, o presente trabalho visa a identificação e a caracterização dos sectores de
actividade potenciais para integrar redes de cooperação e estar na base das acções de
promoção, particularmente numa perspectiva da actual e potencial presença nos mercados
internacionais e da sua capacidade de contribuir para o reforço da imagem externa da região
e mobilização de visitantes. A metodologia de trabalho para atingir o objectivo proposto
consistiu numa caracterização inicial do tecido socioeconómico da região em estudo e da
consequente identificação preliminar dos potenciais sectores para integrar uma cooperação
em rede. Para consolidar e suportar as conclusões obtidas implementaram-se instrumentos
de validação como reuniões e um questionário junto de um número representativo de
empresários de cada sector que visam recolher dados que permitam avaliar o interesse dos
empresários dos vários sectores identificados em integrar processos de cooperação em rede.
O relatório está estruturado da seguinte forma: no primeiro capítulo procede-se a uma breve
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abordagem conceptual da noção de cooperação empresarial, suas vantagens e desvantagens
e identificação de tipos de cooperação. No segundo capítulo apresenta-se uma caracterização
socioeconómica global do espaço territorial de intervenção. A análise procura consolidar
informação sobre a demografia, recursos humanos e mercado de trabalho, acessibilidades e
infra-estruturas de apoio à actividade económica e a trajectória de competitividade das sete
sub-regiões de modo a identificar as principais condições, potencialidades e fragilidades no
plano social, económico e empresarial território de intervenção.
No capítulo seguinte efectua-se uma caracterização do tecido empresarial nas suas
componentes de dimensão, distribuição espacial, recursos humanos, volume de negócios e
sectores de actividade. Esta caracterização teve como principal objectivo identificar a
expressividade dos diversos sectores de actividade ao nível das NUTS III, em termos de
número de empresas, estrutura de emprego e volume de negócios, e por conseguinte
analisar a actual e potencial contribuição de cada sector na promoção da imagem externa do
interior norte e centro de Portugal.
Tendo por base as potencialidades geográficas, paisagísticas, empresariais e ainda os pontos
fortes/pontos
fracos
e
oportunidades
e
ameaças
dos
sectores
de
actividade
mais
representativos e emergentes do território de intervenção, no capítulo quatro procede-se a
uma reflexão sobre os potenciais sectores de actividade estratégicos a introduzir na rede de
cooperação com capacidade de promover a internacionalização e de dinamizar e ultrapassar
os constrangimentos ao crescimento económico e social das regiões do interior norte e
centro.
No capítulo cinco sistematiza-se a informação resultante do trabalho de campo e validam-se
os sectores de actividades a ser contemplados na proposta de modelo de cooperação
empresarial.
O trabalho termina com as conclusões onde se apresentam algumas possibilidades de redes
de cooperação a implementar.
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I REDES DE COOPERAÇÃO
I.1. Porque existem redes de cooperação?
A pressão de novos desafios como a globalização das economias, tecnologias e mercados e a
necessidade de exploração do crescimento sustentado das empresas na óptica de qualidade
total e de melhoria contínua têm surgido como factores determinantes para a cooperação e
por conseguinte para o aumento da competitividade empresarial. Cada vez mais se
reconhece, actualmente, que a competitividade não se baseia tanto no desempenho de
sectores e empresas isoladas, mas sim no funcionamento eficiente de cadeias de valor onde
interagem diferentes agentes, cujas actividades contribuem para o desenvolvimento da
cadeia como um todo.
Em geral, a interacção e complementaridade entre empresas pode gerar lucros que os
actores não obteriam caso actuassem isoladamente no mercado. A actuação cooperativa
entre empresas tornou-se cada vez mais necessária devido à limitação e incapacidade das
empresas para conseguirem, de forma individual, responder a este ritmo do mercado global.
Os potenciais lucros que podem ser obtidos por meio da cooperação são diversos. Por um
lado, ela permite criar redes de transferência de conhecimento e aprendizagem, que se
podem considerar fundamentais num contexto onde a concorrência no mercado está
associada, cada vez mais, com a capacidade de inovar, diferenciar produtos e atender
necessidades
específicas
dos
clientes.
Por
outro,
surgem
possíveis
benefícios
da
especialização produtiva que podem resultar em economias de escala para os produtores
individuais, e de eficiência e alcance para a rede de cooperação como um todo. Em terceiro
lugar, a cooperação pode permitir a realização de projectos ou iniciativas conjuntas em
matéria de acesso a mercados de exportação, formação de recursos humanos, I&D, etc.
Deste modo, a cooperação permite aos parceiros a criação de valor que não conseguiriam
obter de forma autónoma assim como penetrar mais rapidamente nos mercados. Para além
disso, nenhuma empresa apresenta no seu activo todo o conjunto de recursos e capacidades
necessária para prosperar de forma isolada no mercado. Esta situação é ainda mais
importante no caso das empresas de menor dimensão, devido às restrições em termos de
recursos e capacidades, próprias da dimensão, que limitam as opções estratégicas que
podem seleccionar. Por esse motivo tem de promover laços com outras empresas de forma a
superar as suas lacunas e poderem implementar e desenvolver estratégias com outros
meios.
As estratégias cooperativas definem-se, então, como estratégias em que duas ou mais
empresas trabalham em conjunto de forma a atingir um objectivo comum. As formas de
cooperar vão desde acordos informais de “aperto de mão” até acordos formais com contratos
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extensos, nos quais as partes podem trocar participações ou contribuir com capital para
formar empreendimentos conjuntos. As formas de cooperação mais usuais são as alianças e
as redes estratégicas. Fala-se em aliança estratégia quando duas ou mais organizações
partilham recursos e capacidades de forma a obterem uma vantagem competitiva (Hitt et al,
2007). Redes de cooperação diferem de alianças por geralmente envolverem um menor nível
de interdependência entre os parceiros (Faulkner em Faulkner e Campbell, 2003). No
contexto deste capítulo iremos, tal como muitos autores, considerar alianças e redes
estratégicas como uma única realidade empresarial.
Gulati (1998) define alianças estratégicas como arranjos voluntários entre empresas
envolvendo troca, partilha ou co-desenvolvimento de produtos, tecnologias e serviços. Cada
vez mais estabelecidas como uma forma de organização viável em todos os sectores de
actividade, é consensual na literatura que as alianças são um importante recurso para uma
bem-sucedida implementação da estratégia.
As estratégias de cooperação podem ocorrer como resultado de uma gama alargada de
motivos e objectivos, tomar uma variedade de formas e ocorrer através de fronteiras
verticais e horizontais. De uma forma geral, as empresas coordenam alianças estratégicas
com objectivo de reduzir a competição, aumentar as suas capacidades competitivas, aceder
a recursos, aproveitar oportunidades, ou obter flexibilidade estratégica (Inkpen em Hitt et al,
2007). Para que uma aliança estratégica seja bem sucedida é da máxima importância uma
escolha cuidadosa dos parceiros e o desenvolvimento de um clima de confiança mútuo entre
eles.
Apesar da aposta generalizada ao longo dos últimos anos na dinamização da cooperação em
rede, o contexto cultural e social do tecido empresarial nacional, os sistemas e mecanismos
de incentivo associados a projectos desta natureza e a complexidade que envolve a
dinamização de processos de cooperação têm dificultado a implementação desta estratégia.
Efectivamente a cooperação apresenta vários benefícios estratégicos potenciais, mas
também suscita potenciais problemas que necessitam de ser tidos em consideração durante
todo o processo de implementação da estratégia. Como factores justificativos da falta de
sucesso das redes de cooperação, a literatura assinala a inexperiência das empresas no
emprego de alianças, pressões institucionais resultantes de ignorância governamental quanto
ao uso desta opção estratégica e de políticas comerciais irrealistas e a incapacidade dos
parceiros para gerir com eficácia as alianças em que participa a que se deve acrescentar, no
caso português, a falta de tradições culturais na cooperação entre diferentes organizações.
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I.2. Fundamentos para as redes de cooperação
Diferentes perspectivas teóricas podem ser tidas em consideração para ajudar a explicar as
razões de criação de redes de cooperação. Essas perspectivas, apesar de distintas, devem
ser vistas como complementares e não como substitutas.
A perspectiva associada ao desenvolvimento regional tem sido utilizada pelos organismos
públicos como fundamentação para a criação de redes de cooperação empresarial. Os vários
programas de apoio à dinamização das redes de cooperação junto essencialmente das PME´s
têm-se suportado nesta visão.
No entanto, existem vários estudos que apontam para a necessidade de não descuidar o
facto de que os factores de sucesso associados às redes de cooperação assentam
essencialmente nas características das empresas, nomeadamente na necessidade de uma
estratégia comum, de recursos complementares ou de uma adequada estrutura de poder e
de governo da organização.
Assim, importa salientar que, embora a perspectiva do desenvolvimento regional seja
importante nomeadamente na definição dos principais sectores de actividade a desenvolver
(atendendo
às
características
endógenas
da
região),
é
imprescindível
analisar
cuidadosamente o tecido empresarial da região no que diz respeito essencialmente a
motivações, necessidades e capacidades, para poder desenhar com todo o cuidado uma
estratégia de cooperação que tenha as condições necessárias para vingar no longo prazo.
I.2.1 Visão tradicional do desenvolvimento das economias regionais
A crescente globalização e integração dos países teve repercussões positivas ao nível do
desenvolvimento económico e social, mas simultaneamente evidenciou as assimetrias
regionais. Estas desigualdades mostraram a necessidade de encontrar novos modelos
explicativos para atenuar as disparidades existentes. Diferentes teorias sobressaíram na
procura de respostas para o desenvolvimento regional desigual sendo de destacar as teorias
clássicas de localização, as teorias de desenvolvimento regional com ênfase nos factores de
aglomeração e uma abordagem mais recente que valoriza as características endógenas do
território como determinantes do desenvolvimento (Natário et al, 2009).
As teorias clássicas de localização procuravam explicar as formas de organização espacial em
função das diversas actividades económicas, designadamente a agricultura, a indústria e os
serviços. Apesar das várias criticas de que foram alvo (nomeadamente pelo facto de
considerem
a
empresa
de
forma
isolada,
sem
relações
de
interdependência,
por
pressuporem que os agentes económicos são sempre racionais e que a circulação da
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informação é perfeita), os seus contributos foram importantes pois alicerçaram os
fundamentos das teorias posteriores.
Posteriormente, autores como Marshall e Perroux desenvolveram aquelas que se apelidariam
de teorias tradicionais da convergência regional, salientando que o crescimento económico
não é um processo homogéneo, mas descontínuo nos vários lugares, onde os desequilíbrios
tendem a manter-se e em alguns casos a agravarem-se. Marshall (1890, citado em Natário
et al, 2009) desenvolveu o conceito de “distrito industrial” para demonstrar as vantagens da
aglomeração das PME´s localizadas ao redor das grandes indústrias dos subúrbios das
grandes cidades inglesas. Considerando o pressuposto de rendimentos crescentes à escala,
defendeu que a aglomeração de empresas inter-relacionadas potencia economias externas
difíceis de alcançar caso actuassem isoladamente. Perroux (1955, citado em Natário et al,
2009) defendeu que o crescimento não se manifesta de forma homogénea no espaço, mas
em pólos de crescimento com diferente intensidade e com efeitos externos variáveis em toda
a economia. O crescimento tem início numa empresa-âncora ou pólo de crescimento que,
pela sua dimensão e posição, tem uma acção impulsora no desenvolvimento económico
local.
As teorias do desenvolvimento regional endógeno surgem mais tarde e defendem que, para
ganhar uma dinâmica auto-sustentada e combater as desigualdades, é necessário o reforço
das interacções intra e inter-regiões, bem como um estímulo aos factores endógenos
geradores de mudança. Os autores destacam a necessidade de um desenvolvimento
endógeno que assente no território e nas suas especificidades locais. O desenvolvimento
endógeno é um processo que envolve a permanente ampliação da capacidade da região para
acrescentar valor à produção, para absorver e reter o excedente económico gerado
localmente, bem como atrair excedentes provenientes de outras regiões. Para ajudar as
regiões a gerar mecanismos endógenos de criação de riqueza com base nos seus recursos
específicos ganharam destaque vários modelos de desenvolvimento nomeadamente os
distritos industriais, os meios inovadores e os clusters.
A emergência dos modelos de desenvolvimento endógeno e a importância dada ao território
levaram à revitalização dos distritos industriais Marshallianos. Estes são considerados
entidades sócio-territoriais com a presença activa de uma comunidade aberta (de pessoas e
de empresas) dentro de um espaço geográfico com capacidade de desenvolver e organizar
um sistema coerente e consensual de relações entre os actores locais (Becattini, 1992,
citado em Natário et al, 2009). Mais do que a presença de um conjunto de empresas,
sobressai a partilha de uma cultura e valores comuns entre os agentes locais e a presença de
factores histórico-sociais.
Na década de oitenta, surge o conceito de meio inovador como forma de tentar descrever os
comportamentos inovadores dos sistemas de produção. A empresa não é entendida como
um agente inovador isolado mas sim como parte do meio que a faz agir. O meio inovador,
como conjunto sócio-territorial, integra recursos materiais (empresas, infra-estruturas, etc),
imateriais (conhecimento) e institucionais sendo a cultura dominante a historicamente ligada
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ao saber-fazer e assente em relações de concorrência/cooperação dos actores locais. Um
meio inovador pressupõe, assim, a criação e a constante renovação de recursos, sobretudo
de natureza imaterial como o saber, o saber-fazer, os processos de aprendizagem colectiva,
a cooperação e canais informacionais, entre outros.
Uma outra abordagem dentro do paradigma de desenvolvimento regional endógeno diz
respeito à análise dos clusters. Neste âmbito, as regiões e os seus actores locais deverão
identificar formas de organização da produção que se traduzam em vantagens competitivas.
Estas poderão ser obtidas através da concentração geográfica de empresas e instituições
interligadas (instituições governamentais e não governamentais, instituições de ensino
superior, associações profissionais, associações empresariais e comerciais, etc.) numa área
específica que Porter (1985, 1990, 1998) denominou de clusters.
Os clusters podem ser definidos como redes de produção e empresas fortemente
interdependentes ligados entre si numa cadeia de produção de valor acrescentado, podendo
integrar alianças com empresas e universidades, institutos de investigação, serviços às
empresas intensivos em conhecimento, agentes de interface (como os brokers e consultores)
e clientes. Segundo Porter (1998), o mapa económico do mundo é actualmente dominado
pelos chamados clusters, que são aglomerados críticos de um sucesso concorrencial fora do
vulgar, num campo particular. O aumento de produtividade das empresas, a condução de
actividades inovadoras e o incentivo à formação de novos negócios permite não só expandir
e fortalecer o próprio cluster mas também influenciar a competitividade dentro e entre
territórios.
A
mobilização
total
entre
os
agentes
de
uma
região,
através
da
cooperação/interacção privada e público-privada e os efeitos sinergéticos e economias
externas daí resultantes são os pilares de sustentação de um cluster.
Os clusters abrangem um conjunto diversificado de canais e clientes, ligados lateralmente a
produtores de bens complementares e a empresas relacionadas, tendo como limites as
ligações e a complementaridade existente entre as empresas e as instituições do território
(Porter, 1998). Para além de promoverem a competição, também são passíveis de promover
a cooperação, sobretudo vertical, e por conseguinte de constituir uma forma alternativa de
organizar a cadeia de valores através do envolvimento de indústrias relacionadas e
instituições locais (Leitão e Osório, 2006).
Os clusters podem ser diferenciados consoante a sua dimensão, sendo possível identificar os
seguintes tipos de clusters (Chorincas et al, 2001):
i. micro-cluster: conjunto de empresas e instituições de um mesmo sector interligadas
com elementos em comum e por complementaridades localizadas num âmbito
geográfico reduzido;
ii. cluster
industrial:
conjunto
de
empresas
inter-relacionadas,
fornecedores
especializados, prestadores de serviços, empresas de indústrias relacionadas e
instituições associadas que desenvolvem a sua actividade de forma complementar
produzindo externalidades associadas ao desenvolvimento;
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iii. cluster regional: cluster industrial cujas articulações funcionam no interior de um dado
espaço regional;
iv. mega cluster: conjunto de actividades distintas cujos bens/serviços satisfazem a
procura de uma única grande área funcional de procura final, recorrendo a
competências básicas complementares e explorando vantagens de interligação e
articulação em rede.
Independentemente da noção de cluster, a proximidade espacial, o relacionamento das
actividades e a interacção entre os agentes económicos reconhecida na literatura como
coopetição (fusão de competição com colaboração) são elementos comuns a todos os tipos
de cluster. Vários autores alegam ainda a importância do contexto institucional e cultural que
envolve a existência de clusters como por exemplo a necessidade de infra-estruturas
institucionais de apoio às empresas.
Entre os principais elementos que poderão estimular o desenvolvimento dos clusters
regionais, o PROINOV 2002 (Chorincas et al, 2001) destaca os seguintes:
i. o saber acumulado ao longo de gerações, isto é, o conjunto de saberes que resultam de
uma acumulação histórica e tradicional;
ii. o envolvimento da comunidade local, a criação de sinergias e a coesão comunitária;
iii. o acidente histórico de determinada região que levou à concentração geográfica de
actividades conexas;
iv. os mecanismos ou “canais activos” de interacção e aprendizagem que se desenvolveram
entre os agentes económicos;
v. a consolidação de centros tecnológicos e de centros de formação profissional
(envolvimento institucional) que permite o reforço da capacidade tecnológica das
empresas industriais e atrai para a região novas empresas.
No âmbito dos clusters regionais PROINOV 2002 (Chorincas et al, 2001) propõe três
tipologias:
i. Clusters activos: concentrações geográficas de empresas conexas que através da
interacção e interdependência conseguem maiores volumes de produção do que
operando isoladamente;
ii. Clusters latentes: onde a concentração geográfica e a interdependência existem mas
estão ainda longe do seu potencial (na maior parte dos casos porque a interacção
entre agentes económicos é ainda fraca);
iii. Clusters potenciais: detêm já certos elementos dos clusters, mas denotam ainda a
ausência de atributos e pré-requisitos importantes para o alcance das plenas
vantagens da concentração geográfica.
No entanto, Rosenfeld (1997) defende que as regiões de baixa densidade populacional
dificilmente conseguem gerar a necessária massa crítica de concentração de negócios para
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atrair serviços e adquirir a classificação de cluster. Neste sentido, o autor identifica formas
típicas para formar clusters em regiões de baixa densidade, nomeadamente:
i. pequena concentração de empresas que podem constituir uma identidade colectiva e
que operam como um sistema e desenvolvem algumas formas de recursos
especializados.
ii. satélite de clusters, isto é, agrupamentos de empresas similares ou relacionadas, com
necessidades de serviços especializados e que podem ser encontrados num cluster
urbano dentro da região.
iii. clusters que ultrapassam as fronteiras geográficas da região, incluindo áreas rurais.
iv. regiões
que
englobam
ligações/interacções
e
negócios
diferentes
necessidades
e
mas
interesses
que
comuns
mantêm
que
suficientes
justificam
ser
classificados e tratados como um cluster.
Tendo em conta as reflexões anteriores, conhecidas as fragilidades das regiões periféricas
em termos de desempenho económico associado à diminuição e envelhecimento das
populações que nelas residem e, simultaneamente, ao afastamento relativo de estes
territórios face às regiões centrais quanto aos mercados e aos serviços, é importante que
cada território identifique, dentro das suas especificidades locais e dos potenciais recursos
endógenos, os seus clusters (activos, latentes ou potenciais)1. Mesmo quando não atingem
essa classificação, por não cumprirem os requisitos/atributos, é importante identificar na
região se há formas de organização de produção que se aproximem dos denominados
clusters, para os promover e estimular, valorizando os recursos endógenos, criando riqueza
e fomentando-se assim a competitividade e o desenvolvimento da região onde se insere.
I.2.2.Visão baseada nas empresas
Existem outras teorias bastante estudadas na literatura que justificam a constituição das
estratégias de cooperação empresarial mas que diferem da perspectiva anterior uma vez
pela justificação centrada na empresa e não na região.
Apesar de manterem o mesmo foco, as teorias baseadas nas empresas diferem no ponto
central da análise. Enquanto na teoria dos custos de transacção, a unidade de análise é a
transacção individual, na teoria dos recursos o enfoque é dado à organização como um todo
e às suas relações envolventes.
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Para efectuar a identificação dos clusters numa região pode utilizar-se o conceito de quociente de localização - taxa
que identifica a concentração de trabalhadores de um determinado sector numa dada região relativamente ao todo
nacional.
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I.2.2.1. Visão dos custos de transacção
A teoria dos custos de transacção, desenvolvida inicialmente por Williamson (1975), tem sido
utilizada para explicar os motivos que levam as empresas a preferir as alianças em relação
às transacções no mercado e em relação ao desenvolvimento interno (denominada na
literatura como hierarquia).
A teoria dos custos de transacção encara as redes de cooperação como formas
organizacionais localizadas entre mercados e hierarquia que minimizam os custos de
transacção em determinadas circunstâncias. Esta teoria admite que as empresas escolhem a
forma de transaccionar de modo a minimizar a soma dos custos de produção e transacção.
Por custos de transacção entendem-se as despesas inerentes à:
i. elaboração e imposição de contratos;
ii. negociação dos termos do contrato e reclamações por contingências;
iii. gestão das transacções.
Esta teoria sublinha que a principal característica associada a elevados custos de transacção
entre os intervenientes de mercado é a negociação em grupos diminutos em situações de
controlo bilateral. Este tipo de negociação ocorre devido a elevados custos de mudança
resultante da especificidade dos activos, a incerteza do oportunismo por parte do fornecedor
e da frequência das transacções. Assim, uma empresa deve escolher entre produzir um
determinado bem ou serviço ou adquiri-lo no mercado consoante os seus custos de
transacção associados a cada uma dessas alternativas. Outra alternativa que se coloca às
empresas passa pela partilha de actividades de modo a obter o bem/serviço em causa. Este
tipo de estrutura é denominado pela literatura de híbrida por considerar elementos de
mercado e de hierarquia. Segundo esta teoria, uma condição necessária para a partilha de
actividades entre empresas é que o custo de produção alcançado por desenvolvimento
interno, ou pela aquisição, seja significativamente mais elevado que o fornecimento externo.
Os autores que sustentam esta teoria afirmam que o mercado é uma estrutura mais eficaz
que
a
hierarquia
excepto
para
transacções
caracterizadas
por
níveis
elevados
de
especificidade de activos e/ou incerteza. No entanto, para valores moderados daquelas
características são mais eficazes as estruturas híbridas das quais as alianças são exemplo. O
grau com que uma aliança combina elementos de mercado e de hierarquia dependerá da
magnitude dos custos de transacção envolvidos: quanto maiores forem, maior será a
componente hierárquica.
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I.2.2.2.Visão dos recursos e das capacidades
Por contraste com a teoria dos custos de transacção, a qual enfatiza a minimização de
custos, a perspectiva da teoria dos recursos passa pela maximização de valor de uma
empresa através da combinação e utilização de recursos valiosos. Das e Teng (2000)
explicam esta teoria apresentando ainda as diferenças para com a teoria dos custos de
transacção. O foco principal é de que as empresas maximizam os lucros no médio e longo
prazo através do uso e desenvolvimento dos seus recursos. Após realçar que uma empresa é
equivalente a um conjunto de recursos2 que possui, a teoria dos recursos destaca que a
propriedade e o controle de recursos escassos ou inimitáveis por parte de uma empresa
representam a principal fonte de vantagem competitiva (Barney, 1991). No entanto, num
ambiente dinâmico como o actual é muito difícil manter a propriedade ou mesmo o controlo
desses valiosos recursos pelo que as empresas têm como tarefa a procura constante de
novos
recursos
estratégicos.
Existem
quatro
formas
de
aquisição
de
recursos:
desenvolvimento interno, compra directa no mercado, aquisição de uma empresa detentora
desses recursos e desenvolvimento dos recursos através da cooperação com outras
empresas. Por via desta última alternativa é possível partilhar conhecimentos, activos e
tempo para além de repartir os custos associados a esse desenvolvimento do novo recurso.
Assim, segundo esta teoria explicativa, o motivo principal para uma empresa entrar e
alianças passa pela agregação, partilha ou troca de recursos valiosos com outras empresas
quando esses recursos não podem ser eficientemente obtidos por outra via. Sugere-se ainda
que as alianças apenas devem ser formadas se a actividade em causa é considerada pelo
menos com uma importância moderada na estratégia da empresa e se apenas é apenas
medianamente boa no seu desenvolvimento.
Uma empresa diagnosticará as suas carências de recursos e de capacidades em relação aos
objectivos que deseja atingir, e através de um processo de aprendizagem procura corrigir as
suas fraquezas. Faulkner (em Faulkner e Campbell (2003)) refere que dentro da estratégia
cooperativa a empresa poderá optar por entrar em alianças ou em redes estratégicas. As
primeiras encontram-se mais associadas a estratégias de aprendizagem enquanto as
segundas
se
formam
essencialmente
por
motivos
de
substituição/complemento
de
competências.
2
Esses recursos (tangíveis ou intangíveis) podem ser organizados em três categorias: recursos físicos, tais como
instalações e equipamentos; recursos humanos, como o conjunto de mão-de-obra especializada; ou recursos
organizacionais, tal como o método produtivo, reputação, etc.
| 14
I.3. Redes de cooperação e as PME´s
Embora os exemplos de redes de cooperação sejam mais frequentemente associados a
grandes empresas, também as PME´s, devido às suas características, têm seguido este
caminho
para
tentar
enfrentar
as
suas
dificuldades
neste
mundo
cada
vez
mais
concorrencial. Alguns dos problemas que ensombram este tipo de empresa e que podem ser
amenizados com a implementação bem sucedida de redes de cooperação são: elevados
custos
operacionais,
produção
em
reduzida
escala,
escassez
de
informação,
desconhecimento das necessidades do mercado, necessidade de formação dos recursos
humanos, desactualização tecnológica, escassez de recursos financeiros para investimentos e
fontes de financiamento onerosas ou inacessíveis. Assim a cooperação é entendida, tanto a
nível nacional como da União Europeia, como um importante meio para potenciar a
competitividade das PME’s. Existem programas de apoios e serviços que visam proporcionar
apoio financeiro e informações úteis sobre oportunidades de negócio ou possíveis parceiros
às PME´s.
Construídos com base em estudos de clusters e de distritos industriais, redes estratégicas de
PME’s são bastante enfatizadas nos programas de incentivos de políticas públicas. Por
exemplo, a actual Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) prevê “Incentivos de
Qualificação das PME’s – Projecto de Cooperação” para investimentos de empresas já
existentes que reforcem a sua capacidade no sentido de assegurar uma maior orientação do
produto interno para a procura externa. Os projectos devem visar a promoção da
competitividade das PME através da presença activa no mercado global, em projectos que
favoreçam a sua internacionalização. De facto, através de redes de cooperação é possível às
PME´s adquirir competitividade que lhes permita uma melhor performance do que os seus
concorrentes.
No entanto, tal como referem Balestrin e Verschoore (2008), na maioria dos casos as PME´s
acabam por conceber redes de cooperação com o objectivo único de superar dificuldades
individuais imediatas e destituídas de uma visão estratégica global. Dessa forma, as
questões de gestão acabam sendo relegadas ou desempenhadas sem um nível de
profissionalismo necessário. Como resultado, a maioria dos casos conhecidos de redes de
cooperação entre PME´s não vinga no mercado. A constituição da rede não é condição
exclusiva para o sucesso. É extremamente imprescindível que a rede constitua uma nova
organização competitiva e que esta seja gerida como tal de forma a gerar ganhos
duradouros ao longo do tempo, criando valor, de forma clara e evidente, para todos os
participantes.
Apesar das teorias da empresa enfatizarem vários fundamentos para a melhor performance
das empresas são poucos os estudos que procuram esses fundamentos atendendo às
realidades observadas. Num estudo empírico realizado em 2005, Wincent procurou os
factores mais importantes que conduzem as PME´s a adquirir essa desejada competitividade.
| 15
O autor analisou duas redes empresariais suecas na indústria da madeira que conjuntamente
englobavam 54 PME’s.
O autor apresentou os resultados obtidos com base na seguinte figura:
Atitudes por
parte da
empresa para a
cooperação
Características
específicas da
empresa
Performance da
empresa
Relacionamento
entre empresas
Performance da
rede
Atributos dos
parceiros
Figura 1: Relacionamentos entre os factores que condicionam a performance da rede (Wincent, 2005)
Da interpretação da figura verifica-se que a empresa apresenta um conjunto de
características (por exemplo, personalidade do gestor, dimensão e forma de governo)
que funciona como ponto de partida para a formação e manutenção de relações entre
empresas. Estas, por sua vez, são um factor da máxima importância para a sobrevivência da
rede ou melhor para o resultado da rede. O autor salienta que sem os parceiros correctos e
sem uma atitude verdadeiramente cooperativa, os resultados, tanto para a rede como para a
empresa em si, encontram-se limitados.
Estes estudos são relevantes tanto para os gestores como para os dinamizadores de políticas
públicas envolvidos na construção ou gestão de redes de PME’s, uma vez que os primeiros
querem ver maximizada a sua participação e os segundos querem obter o devido retorno do
seu investimento. Wincent (2005) sugere algumas questões pertinentes que devem ser
analisadas pelos gestores e pelos promotores. Para a gestão, o autor sugere três áreas de
análise:
1.
Em que medida pode a gestão melhorar ou alterar as operações na empresa para
beneficiar de uma participação numa rede estratégica de PME´s?
2.
Que tipo de envolvimento deve a empresa ter na rede?
3.
Como encontrar os parceiros “certos” para a cooperação?
Do lado dos promotores/dinamizadores das redes, as questões a ter conta seriam:
1.
Quais os benefícios que as empresas adquiriam através da participação numa rede
estratégica de PME´s?
2.
Com que tipo de parceiros a empresa estaria disposta a cooperar?
3. Até que ponto a empresa está envolvida com esses parceiros?
Um caso de sucesso de uma rede empresarial com iniciativa privada de pequenas empresas
é a Lacticoop. A Lacticoop – União de Cooperativas entre Douro e Mondego é uma união de
| 16
23 cooperativas agrícolas cuja actividade principal é a recolha e concentração do leite. Esta
organização teve origem em 1924 quando os produtores da região de Sever do Vouga
iniciaram uma greve como forma de luta contra os baixos preços praticados pela indústria do
leite e derivados. Com base neste movimento formaram-se duas cooperativas (nas
freguesias de Couto de Esteves e Rocas do Vouga) e, mais tarde, o exemplo foi seguido
pelos agricultores dos concelhos e distritos vizinhos. Esta foi a forma de organização que
melhor responde à partilha do valor gerado em toda a fileira.
Em 1962, essas primeiras cooperativas decidiram agrupar-se numa União (União de
Cooperativas de Lacticínios de Entre Douro e Vouga) juntamente com a Cooperativa de
Arouca. A criação desta organização, que detinha outra capacidade técnica e financeira,
trouxe a possibilidade de:
i. Desenvolvimento dos agricultores (de pequena dimensão);
ii. Garantia de escoamento de todo o leite produzido;
iii. Melhor valorização da matéria-prima devido à maior participação nos diversos estágios
da fileira.
O
sucesso
desta
primeira
iniciativa
foi
fundamental
para
o
desenvolvimento
do
cooperativismo na região de Aveiro, Ílhavo, Vagos e mais tarde Coimbra. Esta expansão a
sul do Vouga gerou, em 1972, a alteração do nome da organização para o actual Lacticoop –
União de Cooperativas entre Douro e Mondego. Em 1975 a organização expande-se com a
abertura de mais três cooperativas nas regiões de Vale do Mondego, Cantanhede e Mira.
Ainda nesse ano, a União decide incorporar na sua actividade a as funções de recolha e de
concentração, actividades até aí exercida por outsourcing. Mas quatro anos mais tarde, após
reunir as condições técnicas e económicas necessárias, decidem passar a actividade de
recolha para as cooperativas associadas com objectivo de reforçar a identificação e os laços
que unem os produtores às cooperativas.
Posteriormente e tendo em vista o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade do
produto foram criados dois serviços adicionais: a Recria de Fêmeas Bovinas Leiteira (o que
permitiu aumentar a quantidade e a qualidade do leite) e o Serviço de Inseminação Artificial
(o que levou a uma melhoria genética e sanitária das explorações e ainda, através de uma
melhor programação da actividade e da escolha do sémen, a melhores características
especificas do leite). Derivado do sucesso da iniciativa no subsector do leite, nos finais dos
anos 80, a Lacticoop decide diversificar para os derivados, apostando nos queijos frescos,
iogurtes e queijo de ovelha.
Por razões estratégicas, em 1995, a Lacticoop formou, juntamente com outras duas
cooperativas, a Lactogal onde centralizaram as actividades de transformação e comercial. No
ano seguinte, volta a diversificar a sua actividade iniciando-se no negócio de comércio de
carnes. Esta decisão teve como objectivo ajudar os produtores a escoar o gado ovino que
não estivesse em condições para a produção leiteira.
| 17
Desde então a Lacticoop continuou a diversificar as suas actividades ao mesmo tempo que
constitui novas entidades para as quais “escoa” estas mesmas actividades para que se possa
dedicar em exclusiva à gestão dos relacionamentos entre parceiros associados. São
exemplos dessem novas entidades: LP Lacticoop – Produtos agrícolas (Recria, inseminação
artificial, laboratório de sanidade animal); LS Lacticoop – Serviços e manutenção de
equipamentos agrícolas (gestão de frota); LIDA – Lacticoop Investigação e Desenvolvimento
Agrícola (Promoção e coordenação de novas tecnologias e procedimentos).
Actualmente, a Lacticoop é considerada um caso de sucesso de uma estratégia de
cooperação que teve início não num programa de incentivos estatal mas sim numa
concentração de produtores com um problema comum com o qual se sentiam incapazes de
lidar de forma isolada. Passados mais de 75 anos, a Lacticoop mantém uma estratégia
bastante definida e que se pode desenhar a partir da sua visão e missão.
A visão da Lacticoop é assumida como “posicionar a organização como um parceiro efectivo
no esforço de modernização da agricultura regional, que se deverá reflectir na melhoria das
condições de vida dos seus agricultores. A missão desta organização passa por potenciar, por
um lado, o “negócio do leite” através da prossecução de melhores padrões de eficiência
técnico-económica na produção e de qualidade da recolha de leite e assegurar, por outro
lado, o desenvolvimento de outras áreas de negócio complementares que possibilitem um
melhor aproveitamento das capacidades instaladas na organização.
Como objectivos estratégicos, a organização definiu:
i. crescimento do volume de recolha de leite através da fidelização dos produtores actuais
e angariação de novos produtores;
ii. diversificação de actividades, quer para áreas que interessam ao “negócio do leite” quer
para outras;
iii. racionalização dos custos de gestão;
iv. valorização da matéria-prima entregue pelos produtores e a garantia de escoamento de
toda a sua produção;
v. prestar serviços aos produtores, com qualidade continuamente melhorada, contribuindo
para um nível elevado de produtividade e qualidade das explorações agrícolas;
vi. promover e fomentar acções que visem o desenvolvimento económico e social
nas
regiões onde a Lacticoop opera.
Existem outros exemplos em Portugal, por exemplo na distribuição farmacêutica, que
confirmam o sucesso prático da cooperação entre empresas.
I.4. Motivações para a cooperação
Embora se verifique uma tendência para atribuir a formação de redes de cooperação a
causas simples, tais como o objectivo da empresa ou condições de mercado, a experiencia
acumulada e a pesquisa nesta área mostram que a causalidade das alianças é complexa,
| 18
sendo determinada no mínimo pelos participantes, pelas suas competências, pelos seus
motivos e por condições externas.
É amplamente reconhecida a diversidade de fenómenos que as redes representam, e por
conseguinte estas podem ser formadas por motivos muito variados fruto do conjunto de
motivos que justificam a participação de empresas em alianças. Melo (2009) sintetiza um
conjunto de motivos reconhecidos na literatura como sendo os mais relevantes para justificar
a participação de empresas em alianças de cooperação. Brito (1993) por sua vez agrupa
esses benefícios em operacionais e estratégicos.
A. Benefícios operacionais (de curto prazo)
Como motivações operacionais consideram-se as que afectam duma forma directa a vida
interna das empresas do ponto de vista da eficiência com que a sua actividade é
desenvolvida. O autor sintetiza-as através do seguinte esquema:
- Investimento
COORDENAÇÃO
DE
ACTIVIDADES
+ Economias
de Escala
E
+ Sinergias
Operacionais
CONJUGAÇÃO
DE ESFORÇOS
- Custos
Financeiros
- RISCO
- Custos
Operacionais
+ Economias
de Experiência
+ RENDIIBILIDADE
(curto prazo)
Novas Técnicas de
Gestão
Figura 2: Vantagens operacionais (Brito, 1993)
Em concreto, podem ser consideradas as seguintes motivações operacionais e as suas
relações com o nível de rendibilidade e risco da empresa:
1. Dispersão das despesas e riscos de investimento
A partilha das despesas de investimento pelas várias entidades possibilita que cada uma
delas invista menos do que caso viesse a lançar esse projecto de forma isolada. Por outro
lado, o nível global o próprio investimento pode vir a ser menor, resultando daí menores
necessidades de financiamento (Brito, 1993).
| 19
A cooperação permite reduzir os riscos dos parceiros devido sobretudo a razões de natureza
económica:
i. por via da dispersão do risco de um projecto por mais de uma empresa, sobretudo
naqueles que envolvem grandes incertezas, inovações tecnológicas de custo elevado,
ou elevados custos de informação e que para pequenas empresas as alianças
permitem o acesso a quantidades mais elevadas de capital;
ii. diversificação do portfolio dos produtos na medida em que a participação em alianças
possibilita um menor volume investimento e liberta recursos que poderão ser
investidos em produtos complementares aos abrangidos pelas alianças;
iii. redução de custos totais de investimento
dado que
ao agregar e partilhar recursos
com os parceiros podem concentrar os seus esforços em áreas em que cada um
possui melhores capacidades;
iv. entrada e retorno mais rápidos com design melhorado e tempos de retorno de
investimentos mais curtos devido à partilha de conhecimento do mercado ou mesmo
abdicar da sua quota de mercado em favor da aliança.
2. Obtenção de benefícios de economia de escala
A ampliação da capacidade de acção de uma empresa através da cooperação com outras
empresas conduz a ganhos de economia de escala decorrentes do incremento do poder de
negociação junto dos seus fornecedores e parceiros e por conseguinte obter melhores
possibilidades em termos de valores, prazos e condições de pagamento, prioridade de
entregas e atenção para eventuais problemas. Por outro lado, também permite obter
melhores condições de aquisição de matéria-prima ou de produtos de revenda, redução dos
custos de financiamento e de marketing/comunicação. Outra vantagem da maior escala e
poder de mercado é a ampliação da capacidade de atrair parcerias e novos negócios. Nesse
sentido,
as
estratégias
de
cooperação
permitem
gerar
marcas
com
expressão
e
reconhecimento, alcançando maior exposição e credibilidade pública.
3. Obtenção de matérias-primas e outros recursos naturais
A necessidade de obtenção de matérias-primas em mercados de acesso limitado (quer
devido a necessidade de investimentos específicos e/ou muito elevados quer por controlo das
fontes por empresas concorrentes) pode levar à criação de alianças envolvendo empresas
em estágios contíguos na cadeia de valor.
4. Facilitar aprendizagem organizacional
A cooperação pode ser entendida como um meio de aprendizagem e/ou retenção de
competências para transferência de conhecimento tácito entre os parceiros particularmente
| 20
quando: i) nenhum dos parceiros detém nem a tecnologia nem as competências inerentes
aos
outros,
ii)
um
dos parceiros deseja
manter
uma
competência
organizacional,
beneficiando ao mesmo tempo do conhecimento actual. As acções de cooperação podem,
assim, proporcionar um ambiente favorável ao estabelecimento de relações positivas e
construtivas entre os indivíduos e entre estes e o seu ambiente em prol de um objectivo
comum.
5. Facilitar acesso a conhecimento de condições de mercados
Dado que o conhecimento de condições de mercados é dificilmente transferível por
transacções e apresenta custos de transacção elevados é expectável que empresas que
pretendam entrar em novas indústrias, ou países estabeleçam alianças com parceiros
estabelecidos. A importância deste motivo dependerá quer do grau em que o conhecimento
das condições locais é necessário para o sucesso das operações quer do grau de
familiaridade dos candidatos com as condições dos mercados em que pretendem entrar.
B. Benefícios estratégicos (de longo prazo)
Como motivações estratégicas entendem-se aqueles que se traduzem num reforço da
posição competitiva e estratégica das empresas envolvidas no acordo. Brito (1993) descreve
as suas relações com a rendibilidade através do seguinte esquema:
VANTAGENS OPERACIONAIS
- Risco
+ Rendibilidade
(curto prazo)
COORDENAÇÃO
DE
ACTIVIDADES
+ Flexibilidade
E
- Custos
CONJUGAÇÃO
DE ESFORÇOS
+ Vantagens
Competitivas
+ Diferenciação
- Nível de Concorrência
Dentro do Sector
Figura 3: Vantagens estratégicas (Brito, 1993)
+ RENDIIBILIDADE
(longo prazo)
| 21
Como motivações estratégicas podem ser consideradas as seguintes:
1. Consolidação da presença no mercado
As alianças permitem aos parceiros aumentar a cota de mercado e preencher as suas linhas
de produtos através da partilha de marcas, produtos e serviços de suporte. Para distribuir os
maiores custos administrativos e de suporte associados à satisfação de clientes exigentes as
empresas concorrentes poderão entrar em actividades cooperativas como a i) consolidação
das encomendas numa única instalação, permitindo, assim, a redução de custos quer por
efeitos de escala quer por padronização de mais características dos produtos, ii) participação
em outras acções cooperativas que permitam alterar a relação de poder negocial entre
fornecedores e clientes.
2. Obediência a políticas governamentais locais
Esta é uma das mais antigas e comuns razões para entrar em alianças, pois é frequente que
politicas
governamentais
locais
proteccionistas
tornem
as
alianças
no
modo
mais
conveniente de entrar num mercado externo.
3. Entrada mais rápida nos mercados
Em determinados mercados de crescimento, as janelas de oportunidade são de tão curta
duração que as empresas usam alianças para neles entrarem rapidamente com o objectivo
de os explorar antes que deixem de ser atractivos. A introdução de novos produtos é
frequentemente acompanhada por acordos de marketing ou distribuição. Como exemplo,
pode referir-se o caso de uma pequena empresa que desenvolve um produto inovador e que
o necessita de lançar no mercado. No entanto, dado que será dispendioso ou impraticável
desenvolver uma rede de distribuição própria em mercados bem desenvolvidos com
concorrência intensa, a empresa poderá alcançar um acordo cooperativo com um parceiro
que possua uma rede de distribuição e marketing já bem implantada. A entrada mais rápida
no mercado também poderá ser conseguida através de acordos de licenciamento que
envolvem testes e certificação feitos por um parceiro que são aceites pelas autoridades no
território de outros parceiros.
4. Facilitar a expansão internacional
A
cooperação
sobretudo
para
pequenas
e
médias
empresas
sem
experiência
de
internacionalização desempenha um papel relevante na facilitação de entrada e expansão
num
mercado
externo.
A
presença
competitiva
internacionalmente
é
um
processo
| 22
dispendioso, difícil e que consome muito tempo mas cuja aliança permite reduções
significativas não só de tempo e recursos mas também de velocidade de internacionalização.
5. Potenciar a diversificação de produtos ou serviços
Com o intuito de obter ou aceder a conhecimento, a tecnologia, ou a outro recurso desejado
assim como entrar em novas áreas de negócios pouco conhecidas ou com elevadas barreiras
de entrada a surgem, com frequência alianças de diversificação. Os benefícios estratégicos
expectáveis
da
diversificação
e
sinergias
associadas
dependem
das
dinâmicas
dos
relacionamentos entre os parceiros e a aliança, entre os parceiros e entre a aliança e o seu
ambiente concorrencial.
6. Facilitar o acesso a tecnologia complementar
O acesso a competências complementares detidas por parceiros pode constituir um dos
principais
motivos
de
formação
de
alianças.
Estas
podem
combinar
tecnologias
complementares dos parceiros, em que cada um destes contribui para uma processo de
agregação de competências e de criação de ambientes de desenvolvimento que evitam
tempos longos de desenvolvimento interno e potenciam inovações significativas que
dificilmente seriam alcançadas pelos parceiros individualmente. Deste modo, a selecção de
parceiros passa, sobretudo, pelos que apresentam capacidade tecnológica e competências
especializadas e complementares.
7. Partilha de custos de investigação e desenvolvimento
A cooperação no âmbito de I&D para o aumento de produtividade encontra-se focada em
motivações relacionadas com a partilha e redução de custos fixos entre parceiros (por
exemplo por partilha de instalações e staff), a obtenção de economias de escala na área de
I&D e a anulação de duplicação de esforços.
8. Redução da concorrência por cooperação com concorrentes
A cooperação como movimento defensivo pode neutralizar os concorrentes já existentes ou
potenciais. Como exemplos a aliança entre empresas do mesmo sector pode enfraquecer a
penetração de outras empresas num determinado mercado assim como a cooperação para
partilha de instalações caras a baixos custos entre um empresa com excesso de capacidade e
uma que procura entrar no mercado pode ter como finalidade desmotivar a estreante de
construir as suas próprias instalações, impedindo-a de competir numa escala maior e mais
concorrencial. Embora o recurso a alianças não reduza necessariamente a concorrência
mesmo quando o número de concorrentes tenha diminuído altera o modo como as empresas
concorrem entre si.
| 23
I.5. Temas possíveis para a cooperação
De uma forma geral os motivos para a constituição de redes e que numa linguagem do
mundo dos negócios e adaptado à realidade de PME’s podem traduzir-se no seguinte:
i.
redução de custos operacionais devido ao aumento da dimensão;
ii.
obtenção de novas capacidades operacionais aprendendo com parceiros;
iii.
redução do risco do negócio e partilhar custos;
iv.
aumento do poder de venda junto de clientes;
v.
aumento do poder de compra junto de fornecedores;
vi.
aumento das exigências para outros concorrentes;
vii.
redução
dos
custos
de
entrada
em
novos
mercados:
nacionais
e
internacionais;
viii.
redução dos custos de entrada em novas indústrias e segmentos.
Mais em concreto, podemos avançar com alguns exemplos de objectivos concretos a
alcançar com a implementação de uma organização em forma de rede de cooperação
empresarial:
1.
Infra-estrutura centralizadora de compras
2.
Criação de uma marca própria da região
3.
Ampliação da carteira de clientes no mercado interno
4.
Plataforma de exportação – acesso a novos mercados geográficos
5.
Marketing e Promoção
6.
Garantia ao crédito
7.
Investigação e desenvolvimento
8.
Criação de uma ferramenta de divulgação e venda on-line dos produtos
9.
Aquisição/construção colectiva de activos nomeadamente para acesso a novas
tecnologias
10. Comercialização e distribuição
11. Infra-estrutura de apoio a serviços comuns (contabilidade, consultoria, formação,
divulgação de oportunidades)
Para além da grande variedade de motivos e objectivos, a cooperação pode assumir
diferentes formas e pode ser obtida tanto entre empresas que fazem parte de uma cadeia de
valor vertical – ou seja, que não concorrem entre si - como entre empresas que compõem
cadeias de valor horizontais. No primeiro caso, criação de uma rede intersectorial, a
interacção
pode
incluir
a
partilha
de
informações
que
possam
contribuir
para
o
desenvolvimento de novos produtos ou melhorar a coordenação entre as diferentes fases da
cadeia (reduzindo assim os custos). No segundo, criação de uma rede sectorial, o objectivo a
atingir poderá ser um maior nível de especialização por empresa, partilha dos gastos com
I&D, formação de pessoal, penetração conjunta em novos mercados, desenvolvimento de
“marcas” regionais ou obtenção de melhores as condições de compra. A cooperação pode
ainda ser classificada em upstream – envolvendo empresas pertencentes a etapas anteriores
na cadeia de valor - e downstream – envolvendo empresas pertencentes a estágios
| 24
subsequentes na cadeia. Lima e Campos Filho (2009) apresentam um esquema ilustrativo
destas diferentes formas:
UPSTREAM
Investigação & Desenvolvimento
Fornecedores
Complementares
Concorrentes
Substitutos
DOWNSTREAM
VERTICAIS
HORIZONTAIS
EMPRESAS
Marketing
Distribuição
Clientes
Figura 4: Esquema da tipologia das redes (adaptado de Lima e Campos Filho, 2009)
| 25
II CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA
O presente capítulo visa fornecer uma caracterização global do território de intervenção
dando particular enfoque aos aspectos demográficos, recursos humanos e mercados de
trabalho, infra-estruturas de apoio à actividade económica e trajectória de competitividade.
Esta caracterização socioeconómica pretende evidenciar as dinâmicas actuais do território de
intervenção decorrentes da sua localização geográfica, das condições paisagísticas e do seu
enquadramento no contexto nacional. Pretende-se, assim, evidenciar as potencialidades e
constrangimentos geográficos e empresariais bem como e das fontes de competitividade e
atractividade da população face à realidade nacional.
Esta caracterização teve como base um conjunto actualizado de informação qualitativa e
quantitativa
(estatística)
recolhida
em
diversas
entidades
nacionais
devidamente
identificadas.
II.1
Enquadramento territorial
As dinâmicas actuais do território de intervenção decorrem, sobretudo, da sua localização
geográfica, das condições paisagísticas e do seu enquadramento no contexto nacional.
O espaço territorial de intervenção em análise compreende o espaço geográfico do interior
norte e centro de Portugal, identificado e coincidente com os distritos de Vila Real, Bragança,
Guarda e Castelo Branco, e por proximidade, alguns concelhos do Douro Sul (Figura 5).
O distrito de Vila Real localiza-se na
antiga província de Trás-os-Montes e
Alto Douro, correspondendo os seus
limites a norte com Espanha, a leste
com o distrito de Bragança, a sul com
o distrito de Viseu e a oeste com o
distrito do Porto e com o distrito de
Braga. Este distrito subdivide-se nos
seguintes catorze municípios: Alijó,
Boticas, Chaves, Mesão Frio, Mondim
de Basto, Montalegre, Murça, Peso da
Régua,
Ribeira
de
Pena,
Sabrosa,
Santa Marta de Penaguião, Valpaços,
Vila Pouca de Aguiar e Vila Real. A
sede do distrito é a cidade de Vila Real.
O
distrito
de
Bragança
situa-se
no
Nordeste
Transmontano, pertencente à província tradicional
de Trás-os-Montes e Alto Douro. A norte e leste
está limitado com Espanha, a sul com o distrito da
Guarda e com o distrito de Viseu e a oeste com o
distrito de Vila Real. Bragança, sede do distrito,
ramifica-se em doze municípios: Alfândega da Fé,
Bragança, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada
à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro,
Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila
Flor, Vimioso e Vinhais.
| 26
Viana do
C astelo
B raga
Bragança
Vila
Real
O distrito da Guarda localiza-se no centro do país,
correspondendo os seus limites a norte com o
P orto
distrito de Bragança, a leste com a Espanha, a sul
A veiro
Viseu
Guarda
com o distrito de Castelo Branco e a oeste com o
distrito de Coimbra e com o distrito de Viseu. Este
distrito divide-se nos seguintes catorze municípios:
Coimbra
Castelo
B ranco
L eiria
Aguiar
da
Beira,
Almeida,
Celorico
da
Beira,
Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres,
Santarém
Portalegre
Gouveia,
Guarda,
Manteigas,
Mêda,
Pinhel,
Sabugal, Seia, Trancoso, Vila Nova de Foz Côa.
Lisboa
Évora
O distrito de Castelo Branco, localizado na região
Centro de Portugal, está limitado a norte pelo
Setúbal
distrito da Guarda, a leste por Espanha, a sul por
Beja
Espanha e pelos distritos de Portalegre e de
Santarém e a oeste com o distrito de Leiria e de
Faro
Coimbra. Este distrito encontra-se dividido por
onze concelhos: Belmonte, Castelo Branco (sede
Figura 5: Território de intervenção
de
distrito),
Covilhã,
Fundão,
Idanha-a-Nova,
Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova, Sertã, Vila
de Rei e Vila Velha de Ródão.
Para além destes distritos são ainda englobados no estudo pela proximidade ao distrito de
Vila Real e afinidades económicas e geográficas, os seguintes concelhos pertencentes ao
distrito de Viseu: Armamar, Lamego, Moimenta da Beira, Penedono, São João da Pesqueira,
Sernancelhe, Tabuaço e Tarouca.
Em termos administrativos, Portugal está dividido em NUTS (Nomenclaturas de Unidades
Territoriais para fins Estatísticos) e, neste âmbito, o território em estudo insere-se nas áreas
de intervenção das Comissões de Coordenação de duas regiões (NUTS II), Norte e Centro.
Por sua vez, os concelhos incorporam um total de nove sub-regiões (NUTS III), sendo três
da região Norte (Alto Trás-os-Montes, Douro e Ave) e seis da região Centro (Dão-Lafões,
Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Beira Interior Sul e Pinhal Interior Sul). A Figura 6
enquadra o território de intervenção agora numa perspectiva de divisão administrativa.
O distrito de Vila Real faz parte da região Norte, onde se divide pelas sub-regiões do Alto
Trás-os-Montes, do Douro e do Ave. O distrito de Bragança também integrado na região
Norte divide-se em duas sub-regiões: Alto Trás-os-Montes e Douro. Os concelhos abrangidos
pela proximidade ao distrito de Vila Real completam a NUT II da região do Douro. As duas
principais sub-regiões do Norte conferem características diferenciadas à região onde a
paisagem dos planaltos transmontanos contrasta com o vale do rio Douro e dos seus
afluentes.
| 27
Um dos concelhos da Guarda está incluído
na NUT III Douro da região Norte, enquanto
os restantes pertencem a três NUT III da
região Centro, caracterizada pela sua forte
heterogeneidade territorial e pela dicotomia
urbano-rural: Beira
Interior Norte, Dão-
Lafões e Serra da Estrela. Por fim, em
Castelo Branco, os onze concelhos agrupamse em três sub-regiões: Beira Interior Sul,
Cova da Beira e parte do Pinhal Interior Sul.
Na Tabela 1 é possível verificar que a área
de
intervenção
não
abrange
todos
os
concelhos das NUTS referidas. Apenas seis
sub-regiões se encontram completamente
englobadas
pelo
projecto.
A
sub-região
Pinhal Interior Sul incorpora o concelho de
Mação que não se encontra abrangido pelo
estudo. Por sua vez, as sub-regiões DãoLafões
e
Ave
apenas
se
encontram
envolvidos de uma forma bastante residual,
ou seja apenas pelos concelhos de Mondim
de
Basto
e
Aguiar
da
Beira,
Figura 6: Território de intervenção por NUTS III
respectivamente.
Ao longo deste trabalho, devido à forma de disponibilização da informação, os dados são
apresentados e por conseguinte analisados tendo em conta as sete NUTS III mais completas,
ou seja, Alto Trás-os-Montes, Douro, Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Cova da Beira,
Beira Interior Sul e Pinhal Interior Sul. Com esta restrição são omissos os concelhos de
Mondim de Basto e Aguiar da Beira e incorporando o concelho de Mação.
| 28
Tabela 1: Divisão do território de intervenção por distrito e por NUTS
Área territorial de intervenção do projecto
NUT II
NUT III
Concelhos não incluídos
Distrito de Vila Real
Alto Trás-os-Montes
Norte
Douro
Ave
Boticas
Chaves
Montalegre
1)
Ribeira de Pena
Valpaços
Vila Pouca de Aguiar
Alijó
Mesão Frio
Murça
Peso da Régua
Sabrosa
Santa Marta de Penaguião
Vila Real
Distrito de Bragança
Distrito da Guarda
Distrito de Castelo Branco
Outros concelhos
Alfândega da Fé
Bragança
Macedo de Cavaleiros
Miranda do Douro
Mirandela
Mogadouro
Vila Flor 2)
Vimioso
Vinhais
Carrazeda de Ansiães
Freixo de Espada à Cinta
Torre de Moncorvo
Armamar
Lamego
Moimenta da Beira
Penedono
São João da Pesqueira
Sernancelhe
Tabuaço
Tarouca
Vila Nova de Foz Côa
Cabeceiras de Baixo
Fafe
Guimarães
Cinfães
Póvoa do Lanhoso
Vieira do Minho
Vila Nova de Famalicão
Vizela
Mondim de Basto 1)
Dão-Lafões
Centro
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
Cova da Beira
Carregal do Sal
Castro Daire
Mangualde
Nelas
Oliveira de Frades
Penalva do Castelo
Santa Comba Dão
São Pedro do Sul
Sátão
Tondela
Vila Nova de Paiva
Viseu
Vouzela
Aguiar da Beira
Fornos de Algodres
Gouveia
Seia
Almeida
Celorico da Beira
Figueira de Castelo Rodrigo
Guarda
Manteigas
Meda
Pinhel
Sabugal
Trancoso
Belmonte
Covilhã
Fundão
Beira interior Sul
Castelo Branco
Idanha-a-Nova
Penamacor
Vila Velha de Ródão
Pinhal Interior Sul
Oleiros
Proença-a-Nova
Sertã
Vila de Rei
1)
Até 15 de Abril de 2008, este concelho pertencia à Unidade Territorial do Tâmega.
2)
Até 15 de Abril de 2008, este concelho pertencia à Unidade Territorial do Douro.
Mação
O território de intervenção do estudo ocupa uma superfície de 24.237,6 km2 que representa
27,2% da superfície de Portugal continental (Tabela 2). Alto Trás-os-Montes é a sub-região
com maior área dimensional com 8.171,6 km2 que correspondem a 35,7% da área total do
território de intervenção. Por sua vez, a sub-região da Serra da Estrela é a mais pequena
com apenas 867,8 km2 (aproximadamente 4% do total do território de intervenção).
Toda esta área faz fronteira a norte e a este com a Espanha, sendo a fronteira norte
delineada pela Serra de Montezinho e parte da fronteira este com a Serra do Mogadouro.
Para além destas, ainda se encontram dentro do território várias outras cordilheiras tais
como, a Serra do Alvão, a Serra do Marão, a Serra de Bornes, a Serra da Estrela e a Serra
da Malcata.
| 29
Tabela 2: Área e altitude do território de intervenção, 2008
Altitude
Área
Máxima
2
Mínima
m
km
Continente
88 971,3
1 993
0
Território de intervenção
20 129,5
1 993
48
Douro
4 108,1
1 416
50
Alto Trás-os-Montes
8 171,6
1 527
150
Pinhal Interior Sul
1 904,8
1 082
48
867,8
1993
175
Beira Interior Norte
4 062,6
1993
125
Beira Interior Sul
3 748,2
1227
50
Cova da Beira
1 374,5
1993
125
Serra da Estrela
Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte, 2008
A área fortemente montanhosa existente no norte do país contrasta com a terra verdejante e
fértil do Vale da Campeã e os vinhedos em socalco, nas proximidades do Douro. Assim, o
distrito de Bragança é composto por duas regiões bastantes diferentes: a norte, as regiões
de maior altitude constituem a denominada Terra Fria Transmontana, onde a paisagem é
dominada pelos baixos declives do Planalto Trasmontano; e a sul, fica a Terra Quente
Trasmontana, de clima mais suave, marcada pelo vale do rio Douro e pelos vales dos seus
afluentes.
Os espaços de montanha apresentam um modelo de povoamento alicerçado numa rede de
lugares isolados de pequena dimensão, perfeitamente individualizados entre si. Estas aldeias
serranas pautavam-se pelo princípio da auto-suficiência, imposto pela precariedade das
acessibilidades, conciliando, até à década de 50, a agricultura de montanha, a pastorícia e a
silvicultura. Esta agricultura, assente na produção extensiva de gado bovino e/ou na
policultura, contrastava com a zona mais a sul. Neste caso, a planitude do relevo permitiu a
formação de propriedades agrícolas de maior dimensão fortemente capitalizadas, pouco
parceladas e com um maior grau de especialização mas onde também se encontra alguma
agricultura familiar de pequena escala. Nesta região, ainda hoje é possível contemplar a
monocultura da vinha para produção de Vinho do Porto, o azeite, os frutos secos, a
castanha, os cereais de sequeiro e a pecuária de ovinos e caprinos.
Por sua vez, a região da Beira Interior encontra-se compreendida entre os rios Douro e Tejo
e é também uma região com um relevo acidentado, com destaque para a Serra da Estrela,
que a neve costuma pintar todos os anos de branco. Porém, a raia norte da Beira Interior
está situada num planalto, prolongamento da Meseta Norte, cuja altitude oscila entre os 600
e os 800 m. A zona sul da região está inserida noutro planalto, mais baixo, Planalto de
Castelo Branco, com altitudes que oscilam entre os 500 e os 700 m. É banhada por três dos
principais rios portugueses, o Douro (no norte do distrito da Guarda), o Mondego (que nasce
ao centro, na Serra da Estrela) e o Tejo (a sul do distrito de Castelo Branco).
Esta região apresenta uma capacidade florestal, em geral, elevada, mas encontra-se
subaproveitada, existindo um excessivo uso agrícola em comparação com as reais aptidões
do solo. O subsolo é também muito rico, registando-se explorações de quartzo, feldspato,
lepidolite, estanho, volfrâmio, urânio, tungsténio e cobre, e existindo ainda vários depósitos
| 30
minerais por explorar. As principais minas da região são as da Panasqueira, no concelho da
Covilhã. A exploração de rochas toma também um papel muito importante, principalmente
dos granitos amarelos e dos xistos.
A propriedade agrícola difere do norte para o sul. Enquanto na Beira Alta predomina a média
propriedade rústica, na Beira Baixa surgem já grandes propriedades agrícolas. Ao nível das
produções, há a destacar o azeite (olival) e os frutos frescos (cereja e pêssego).
A nível industrial salienta-se a indústria de lanifícios e a dos lacticínios, as indústrias
extractivas, como por exemplo o ouro, o chumbo, o volfrâmio e o estanho, a indústria do
fabrico de papel, pelo facto desta região ser uma das mais ricas em florestas, olivicultura e
apicultura. À parte dos núcleos tradicionais baseados no têxtil e alguma indústria alimentar
em Castelo Branco (Alcains), o interior só se revitalizou nos anos 60 com a instalação de
unidades de montagem de automóveis na Guarda (Renault) e em Mangualde (Citröen),
beneficiando da acessibilidade ferroviária e rodoviária a França e a Espanha.
Em termos de sistemas de protecção da paisagem, diferenciam-se especialmente a Rede
Nacional de Áreas Protegidas e a Rede Natura 2000. Actualmente, a classificação nacional de
áreas protegidas integra as designações de parque nacional, parque natural, reserva natural
e paisagem protegida.
A Rede Nacional de Áreas Protegidas, evidenciada na
Figura 7, realça que a região demarcada pelo estudo
apresenta uma boa percentagem do total da mesma
no
continente.
Parques
Na
Naturais
região
de
norte
compreende
Montesinho
e
do
os
Douro
Internacional (na fronteira norte e este com Espanha,
respectivamente) e a Paisagem protegida da Albufeira
do Azibo. Na zona centro circunscreve os Parques
Naturais da Serra da Estrela e do Tejo Internacional e
a Reserva Natural da Serra da Malcata.
No que refere à Rede Natura 20003 (Figura 8), a zona
de intervenção abrange cerca de 50% da área
protegida. Esta rede ecológica inclui 59 sítios em
Figura 7: Rede Nacional de Áreas
Protegidas
Portugal,
mas
em
muitos
casos
existe
uma
sobreposição das duas categorias.
3
A Rede Natura 2000 é um instrumento de relevo para a conservação da natureza e consiste num conjunto de áreas
criadas por imposição comunitária, surgidas a partir do contributo individual (e obrigatório) de todos os países
membros da União Europeia para uma listagem de áreas que contribuíssem para a preservação de habitats naturais, da
fauna e flora, tendo em consideração as exigências económicas, sociais e culturais.
| 31
No
entanto,
tem-se
verificado
que muitas vezes estas áreas
protegidas acabam por resultar
em ‘ilhas de protecção’, isoladas
territorialmente e sem qualquer
tipo de visão estratégica. O seu
regime de protecção não concede
às
populações
circundadas
a
possibilidade de encontrar novas
alternativas de desenvolvimento
compatíveis
com
o
desejado
equilíbrio natural. Por outro lado,
a população em geral não está
suficientemente
informada
sensibilizada
sobre
as
e
múltiplas
Figura 8: Rede Natura 2000
vantagens que podem retirar do
facto de estarem integradas num
território protegido.
II.2
Demografia
A trajectória demográfica do território de intervenção reflecte bem a principal característica
da região do interior do país. O processo de desertificação tem vindo a intensificar-se nos
últimos anos. De 2001 a 2005 a variação percentual da população residente no interior norte
e centro foi de -1,4%, com todas as sub-regiões a apresentarem valores negativos a
contrariar o crescimento de 2,3% da população residente em todo o continente. No período
mais recente, entre 2005 e 2009, o território de intervenção continuou a apresentar uma
diminuição da população residente quase duplicando a intensidade do fenómeno, com uma
taxa de -3,3%. Ao longo de todo o período de 2001 a 2009, Pinhal Interior Sul apresentou a
maior taxa de diminuição (9,4%) logo seguido pela Beira Interior Sul (5,9%) colocando o
distrito de Castelo Branco nos lugares cimeiros da tabela dos distritos mais desertificados.
Em 2009, residiam na área territorial de intervenção do projecto 778.178 habitantes, que
representavam 7,7% da população residente em Portugal continental. O interior norte do
país (Alto Trás-os-Montes e Douro) apresentam um total de 420.854 residente, o que
corresponde a 54% do total, enquanto a Beira Interior contempla os restantes 46%.
Apesar do território de intervenção corresponder a mais de um terço da área de Portugal
continental, efeito da desertificação da região fica bem patente ao analisar os valores da
densidade populacional. A densidade da totalidade do território é de cerca de 39 hab/km2, o
que contrasta fortemente a densidade nacional de 114 hab/km2. Mais uma vez, as sub-
| 32
regiões do pinhal Interior Sul e da Beira Interior Sul são as que se apresentam mais
abandonadas pela população logo seguida do Alto Trás-os-Montes.
Tabela 3: População residente, 2001-2008
Densidade
populacional
População Residente
Tx. Cresc.
05/09
Hab./km 2
2009
10 144 940
0,6
114,0
778 178
-3,3
38,7
-1,6
208 101
-3,4
50,7
219 240
-0,7
212 753
-3,0
26,0
42 125
-4,1
39 805
-5,5
20,9
54,1
Tx. Cresc.
01/05
2009
10 082 154
2,3
804 996
-1,4
219 048
215 527
Alto Trás-os-Montes
220 738
Pinhal Interior Sul
43 913
2001
2005
9 851 424
816 314
Douro
Continente
Território de intervenção
Serra da Estrela
49 179
48 548
-1,3
46 969
-3,3
Beira Interior Norte
113 855
112 114
-1,5
108 006
-3,7
26,6
Beira Interior Sul
77 054
75 282
-2,3
72 471
-3,7
19,3
Cova da Beira
92 527
92 160
-0,4
90 073
-2,3
65,5
Fo nte: INE, Estatísticas Territo riais
A densidade média de cada sub-região
esconde
distintas
realidades
internas
como se pode observar na Figura 9. Em
todo o território apenas existem seis
concelhos
com
uma
densidade
populacional superior a 75 hab/km2, e três
deles – Peso da Régua, Mesão Frio e
Santa Marta de Penaguião – são de tão
reduzida dimensão (total de 190,8 km2)
que não apresentam grande relevância.
Assim, apenas o concelho de Vila Real
(132,2
hab/km2),
de
Lamego
(156,4
hab/km ) e da Covilhã (93,8 hab/km2)
2
apresentam uma densidade próxima da
média nacional (114 hab/km2).
O distrito mais desertificado e distintivo de
zona rural é o de Bragança, em que
nenhum
concelho
densidade
populacional
apresenta
superior
uma
a
50
hab/km2. Em contrapartida, o distrito de
Mais de 75 hab/Km2
]50,75]
]25,50]
Até de 25 hab/Km2
Vila Real apenas apresenta dois concelhos
com uma densidade inferior a 25 hab/km2
– Boticas e Montalegre.
Figura 9: Densidade populacional no território de
intervenção, 2008
| 33
A densidade média dos distritos de Castelo Branco e da Guarda é muito próxima mas
observando o mapa são visíveis as diferentes características. O distrito da Guarda apresenta
uma significativa mancha mais escura à volta da sua capital de distrito e nos concelhos junto
à Serra da Estrela que essencialmente exploram a vertente turística da região. Em
contrapartida, a média populacional do distrito da Covilhã resulta essencialmente da grande
massa populacional que habita no concelho da Covilhã (e Belmonte), em contraste com os
baixos níveis de todos os restantes concelhos. A Covilhã para além de também explorar a
sua localização estratégica junto da maior serra de Portugal, atrai mais população em virtude
do seu pólo universitário.
O decréscimo populacional verificado é demonstrativo dos movimentos de migração interna e
externa generalizados a todo o mundo rural, com a saída dos elementos mais jovens e
válidos para os pontos de concentração do emprego – as cidades, a faixa litoral e mesmo o
estrangeiro. Assim, as aldeias, outrora densamente povoadas, foram progressivamente
esvaziadas da sua população, neste caso específico com particular relevo para a
concentração demográfica nas sedes concelhias com forte cariz administrativo do interior. O
facto de dois ou três concelhos de cada distrito representarem cerca de 50% da população
residente é bastante indicativo desse aspecto:
•
distrito de Vila Real: Vila Real e Chaves: 43,7%;
•
distrito de Bragança: Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros: 54,5%;
•
distrito de Guarda: Guarda, Seia e Gouveia: 50,6%;
•
distrito de Castelo Branco: Castelo Branco, Covilhã e Fundão: 69,4%.
Assim, toda a região se caracteriza por ter uma distribuição da população onde prevalecem
os lugares de pequena dimensão à excepção dos concelhos acima identificados que
apresentam aglomerados populacionais de maior dimensão. De uma forma geral, é possível
observar uma grande mancha de baixa densidade ao longo de toda a zona fronteiriça com
Espanha que abrange todos os distritos de intervenção deste estudo.
Também no que diz respeito às taxas de natalidade e mortalidade, a área de intervenção
apresenta uma tendência de envelhecimento da população bastante superior à que se
verifica em Portugal continental. Enquanto, no ano de 2009, Portugal continental apresentou
um excedente de vida quase nulo, todas as sub-regiões do estudo apresentam valores
negativos com taxas de mortalidade superiores entre 5‰ e 13,2‰ às taxas de natalidade.
Este excedente de vida negativo é indicativo do forte envelhecimento da população.
| 34
Tabela 4: Excedente de vida no território de intervenção, 2001-2009
Taxa de natalidade (‰)
Taxa de mortalidade (‰)
Excedente de vida (‰)
2001
2005
2009
2001
2005
2009
2001
2005
2009
Continente
10,8
10,3
9,3
10,2
10,2
9,8
0,6
0,1
-0,5
Douro
9,5
7,7
6,9
12,5
12,9
11,8
-3,0
-5,2
-4,9
Alto Trás-os-Montes
7,5
6,9
5,9
13,2
13,5
12,9
-5,7
-6,6
-7,0
Pinhal Interior Sul
6,5
6,3
5,5
18,3
20,0
18,7
-11,8
-13,7
-13,2
Serra da Estrela
7,0
6,9
5,7
15,3
15,7
15,8
-8,3
-8,8
-10,1
Beira Interior Norte
8,0
7,3
6,3
14,1
14,5
14,7
-6,1
-7,2
-8,4
Beira Interior Sul
8,2
7,8
7,7
16,0
17,7
15,9
-7,8
-9,9
-8,2
Cova da Beira
8,2
7,6
6,8
12,3
12,1
12,4
-4,1
-4,5
-5,6
Fonte: INE, Estatísticas Territoriais
Entre o período de 2001 a 2009, o movimento natural populacional foi tendo sempre uma
evolução negativa com a taxa de natalidade a diminuir em todas as sub-regiões, tal como a
nível nacional. Por sua vez, a taxa de mortalidade, de 2001 a 2005, subiu em todas as subregiões (excepto na Cova da Beira), imitando a média nacional. No entanto, nos últimos anos
essa tendência já foi revertida em quase todas as zonas (exceptuam-se a Serra da Estrela, a
Beira Interior Norte e a Cova da Beira).
De realçar o facto do excedente de vida na Serra da Estrela e no Pinhal Interior Sul já se
apresentar com um valor negativo de dois dígitos, evidenciando a existência de uma
população muito envelhecida.
A estrutura etária do território de intervenção também reflecte bem este fenómeno (Figura
10). As principais características são:
i)
o estrato da população mais jovem (0-14 anos) representa pouco mais do que um
décimo da população residente em todas as sub-regiões;
ii)
o escalão de maior idade (mais de 65 anos) compreende entre 20 a 30% da
população residente;
iii)
o grande grupo etário, representando uma fatia de cerca de 50% é a população
residente pertencente ao grupo dos 25 aos 64 anos.
100%
80%
60%
65 e mais anos
25 - 64 anos
15 - 24 anos
0 - 14 anos
40%
20%
0%
Continente
Douro
Alto Trás-osMontes
Pinhal
Interior Sul
Serra da
Estrela
Beira Interior
Norte
Beira Interior
Sul
Cova da
Beira
Figura 10: Estrutura etária da população no território de intervenção, 2009
| 35
Ao longo dos últimos anos, torna-se relevante o aumento considerável da população idosa
resultante (Tabela 5), quer de uma tendência de envelhecimento natural da população, como
também, consequência da melhoria das condições de vida (assistência médica, social, etc.).
Por sua vez, a população da camada etária mais nova decresce devido a uma tendencial e
contínua diminuição da natalidade já anteriormente referida.
Um facto que importa salientar é o aumento significativo de quase 5% na maior faixa da
população activa, dos 25 aos 64 anos, em cada sub-região.
Tabela 5: Distribuição etária, 2001-2009
Grupo etário
Ano
0 - 14 anos
15 - 24 anos
25 - 64 anos
65 e mais anos
%
Continente
Douro
Alto Trás-os-Montes
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
Beira Interior Sul
Cova da Beira
2009
15,06
10,96
55,86
18,12
2001
15,68
13,69
53,93
16,70
2009
13,00
11,66
54,78
20,55
2001
15,18
14,79
50,29
19,74
2009
11,04
10,94
53,51
24,51
2001
13,27
14,04
50,05
22,65
2009
10,27
9,85
49,54
30,34
2001
11,71
11,90
45,80
30,59
2009
10,80
11,19
54,25
23,76
2001
13,19
13,37
49,85
23,57
2009
11,60
10,74
52,18
25,47
2001
13,18
12,80
48,57
25,42
2009
11,67
9,36
51,59
27,38
2001
11,92
11,29
48,96
27,83
2009
12,24
10,64
54,37
22,76
2001
13,73
12,96
51,82
21,50
Fonte: INE, Estatísticas Territoriais
Tendo por base os índices da Tabela 6 é possível tecer mais algumas considerações sobre a
evolução de alguns indicadores demográficos, igualmente pertinentes para a análise sobre a
distribuição populacional por estratos etários.
Através do Índice de Envelhecimento que
relaciona os activos mais velhos e os mais novos obtém-se indicações sobre a capacidade
que as gerações mais recentes têm, de vir a substituir as mais antigas. Quanto menor o
valor deste índice mais probabilidades existem de ser garantida a substituição da geração
criadora. Uma vez que este indicador apresenta uma relação muito superior a 100% em
todas as sub-regiões e com um crescimento nos últimos anos, a substituição pode
considerar-se em risco.
| 36
Tabela 6: Índices demográficos do território de intervenção, 2001-2009
Ano
Índice de
envelhecimento
Índice de
dependência de
jovens
Índice de
dependência de
idosos
Índice de
dependência total
2009
120,3
22,6
2001
27,1
49,7
106,5
23,2
24,7
47,9
2009
158,1
19,6
30,9
50,5
2001
130,0
23,3
30,3
53,6
2009
222,0
17,2
38,0
55,2
2001
170,7
20,7
35,3
56,0
2009
295,4
17,3
51,1
68,4
2001
261,2
20,3
53,0
73,3
2009
220,1
16,5
36,3
52,8
2001
178,7
20,9
37,3
58,1
2009
219,5
18,4
40,5
58,9
2001
192,8
21,5
41,4
62,9
2009
234,5
19,2
44,9
64,1
2001
233,6
19,8
46,2
66,0
2009
185,9
18,8
35,0
53,8
2001
156,6
21,2
33,2
54,4
%
Continente
Douro
Alto Trás-os-Montes
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
Beira Interior Sul
Cova da Beira
Fonte: INE, Estatísticas Territoriais
Por sua vez, o Índice de Dependência Total relaciona o quantitativo das pessoas que, na sua
maioria, não produz riqueza (jovens e idosos), com o extracto da população em idade de
produzir (população activa, que corresponde às idades compreendidas em os 14 e 65 anos),
evidenciando tanto maior desequilíbrio, quanto maior for o seu índice. Este resulta da
combinação do índice de dependência dos jovens e dos idosos em que cada um deles
apresenta uma relação inversa em relação ao valor nacional. Ou seja, enquanto o índice de
dependência dos jovens é inferior, o índice de dependência dos mais idosos é bastante
superior.
Os valores apresentados realçam, em todas as regiões, um índice de dependência total
superior ao índice de Portugal continental mas com uma tendência de descida que deriva
essencialmente da descida do índice de dependência dos jovens. Os valores revelam que no
interior norte e centro a população inactiva corresponde em média a cerca de 55% da
população activa.
De uma forma sumária, o modelo demográfico e territorial da área de intervenção pode ser
caracterizado por uma situação estrutural de diminuição significativa da população, com uma
componente natural fortemente negativa (consequência de fortes processos emigratórios) e
um grau de envelhecimento da população muito acentuado provocando a desvitalização
social das comunidades locais.
Estes comportamentos demográficos associados à desertificação de amplas zonas do
território originam atrasos económicos estruturais, pois o envelhecimento da população está
intimamente ligado ao declínio da actividade económica e à concentração populacional num
número reduzido de centros urbanos.
| 37
II.3
Recursos humanos e mercado de trabalho
A análise do nível de habilitações do capital humano no tecido empresarial reveste-se de
particular importância na medida em que constitui um dos elementos principais do
desenvolvimento social e económico de uma dada região. Deste modo efectuou-se uma
caracterização habilitacional dos trabalhadores por conta de outrem nos estabelecimentos
das várias sub-regiões e avaliou-se o seu posicionamento no contexto nacional.
A
estrutura
de
habilitações
dos
trabalhadores
por
conta
de
outrem
(TCO)
nos
estabelecimentos das várias sub-regiões em 2007 reflecte ainda fortes debilidades
estruturais de qualificação (Figura 11), tais como:
•
cerca de 50% da população empregada por conta de outrem detém apenas
instrução ao nível do 2º ciclo do ensino básico;
•
cerca de 70% apresenta como instrução máxima o ensino básico;
•
apenas 10% se qualifica ao nível do ensino superior.
Estes valores apresentam uma realidade ligeiramente mais debilitada quando comparada
com a realidade do país.
100%
Doutoramento
90%
80%
Mestrado
70%
Licenciatura
60%
50%
Bacharelato
40%
Ensino secundário
30%
3º ciclo do ensino básico
20%
2º ciclo do ensino básico
10%
0%
1º ciclo do ensino básico
Douro
Alto Trás- Pinhal
os-Montes Interior
Sul
Serra da
Beira
Estrela Interior
Norte
Beira
Interior
Sul
Cova da Continente
Beira
Inferior ao 1º ciclo do ensino
básico
Figura 11: TCO por nível de escolaridade, 2007
Estes valores são o reflexo de níveis de habilitação académica da população trabalhadora
consideravelmente baixos. Esta é uma realidade que as políticas do Governo tentam inverter
através da promoção de diversas estratégias com o objectivo de melhorar os níveis de
habilitação da população.
Os movimentos migratórios, ainda para mais associados à alteração da estrutura etária, com
acentuada baixa de natalidade e aumento da esperança de vida, levam a que vastas zonas
| 38
rurais não tenham recursos humanos com dimensão crítica para iniciarem um processo de
desenvolvimento necessitando, para isso, de um apoio externo (não meramente financeiro)
para inverterem o processo de declínio que, deixado livre, conduzirá à desertificação de
grandes áreas de território da região.
II.4
Acessibilidades e infra-estruturas de apoio à actividade
económica
As acessibilidades e infra-estruturas de apoio à actividade económica constituem elementos
cruciais para a fixação da população e para o desenvolvimento do tecido empresarial de uma
dada região.
II.4.1 Rede rodoviária
No que diz respeito às acessibilidades pode dizer-se que o interior norte e centro sofreram na
última década uma grande melhoria nos vários itinerários.
Em 2005, a taxa de execução do Programa Nacional Rodoviário (PRN) era de 50% sendo
actualmente de 62%. Em 2009, o Governo lançou um novo programa de concessões
rodoviárias que resultaria numa taxa de concretização próxima dos 75%. Entre outros
objectivos, era anunciada a ligação de todas as capitais de distrito do interior por autoestrada. Importa realçar que 70% da totalidade dos quilómetros dessas novas concessões se
situa em Trás-os-Montes, Alto Douro, Centro Interior e Alentejo, sendo 54% a concretizar
nos distritos de Bragança, Vila Real, Guarda e Coimbra.
Nos mapas da Figura 12 apresentam-se as mais recentes obras rodoviárias no território de
intervenção.
As principais infra-estruturas rodoviárias da região do interior norte de acordo com o Plano
Rodoviário Nacional em vigor são as seguintes:
•
a auto-estrada A24 que faz a ligação de Chaves (e daí à fronteira com a Galiza) a
Viseu, passando por Vila Real;
•
o itinerário principal IP4, que liga a região do grande Porto ao importante nó
rodoviário de confluência localizado em Burgos (Espanha), passando por Vila Real e
Bragança. Este eixo está a sofrer intervenções de forma a ser transformado em autoestrada (A4). De momento, apenas falta terminar o troço do “Túnel do Marão” e da
“Auto-estrada Transmontana”;
•
o itinerário principal IP2 que liga Bragança a Faro pelo interior do país;
•
o itinerário complementar IC5, eixo que liga Vila Flor a Miranda do Douro.
| 39
Túnel do Marão
Auto-estrada Transmontana
Pinhal Interior
Douro Interior
Fonte: MOPTC
Figura 12: Concessões actualmente adjudicadas no território de intervenção
Na região do interior centro as principais infra-estruturas rodoviárias são:
•
a auto-estrada A25 que faz a ligação de Aveiro a Espanha (por Vilar Formoso)
passando por Viseu e Guarda;
•
a auto-estrada A23 que liga Guarda a Torres Novas por Castelo Branco. Esta é a
principal ligação a Lisboa, com confluência na A1. Esta auto-estrada tem ainda
ligações com o itinerário complementar IC8 que liga ao litoral centro (Figueira da
Foz).
A próxima concessão a afectar a região será a Concessão Serra da Estrela cuja maioria das
vias será objecto de requalificação, tendo em vista a modernização da actual rede de
estradas, melhorando os seus níveis de conservação e de comodidade de circulação. Esta
futura concessão integra os seguintes itinerários:
•
Itinerário Complementar (IC) 6, entre Tábua e Covilhã (IP2/A23);
•
IC7, entre Oliveira do Hospital (IC6) e Fornos de Algodres (IP5/A25);
| 40
•
IC37, entre Viseu (IP5/A25) e Seia (IC7);
•
Estrada Nacional (EN) 231, troço em serviço entre Seia (IC7) e Trigais (IC6);
•
EN232, troço em serviço entre Mangualde (IC12) e Belmonte;
•
Estrada Regional (ER) 338, troço em serviço entre Vide (IC6) e Manteigas
(entroncamento da EN232);
• ER339, troço em serviço entre Seia e Lagoa Comprida e entre Nave e Covilhã;
•
EN345, Ligação de Belmonte ao IP/A23.
Assim, a requalificação/modernização e construção dos itinerários rodoviárias no território
em análise permitirá não só reforçar as suas condições de acessibilidade como também
ultrapassar alguns dos constrangimentos de infra-estruturas que têm condicionado não só a
sua ligação inter-urbana e inter-regional como também a Espanha.
II.4.2 Rede ferroviária
Os distritos de Vila Real e Bragança encontram-se muito pouco providos de linhas
ferroviárias (Figura 13). A estação de Bragança encontra-se encerrada desde o início da
década de 90. A única ligação é feita através de uma linha da rede secundária conhecida
como a Linha do Tua. Ultimamente esta ligação tem sido mais utilizada para fins turísticos
uma vez que atravessa todo o leito do rio ladeados pelos socalcos de vinha bem conhecidos
daquela região ou decorados pelas amendoeiras em flor.
O distrito da Guarda é atravessado pela Linha da Beira Alta (da rede principal) que segue até
ao país vizinho por Vilar Formoso. Esta linha faz ligação à Linha do norte e tem um serviço
de linha internacional – SudExpress – que segue até França. A estação da Guarda é também
um dos extremos da Linha da Beira Baixa que atravessa verticalmente o distrito de Castelo
Branco e encontrando a Linha do Norte no Entroncamento.
As estruturas ferroviárias estão localizadas sobretudo na região centro (Linha da Beira Alta e
da Beira Baixa) e que efectuam ligação ao país vizinho. Apesar das principais linhas
ferroviárias não servirem a região interior norte da área de intervenção a linha secundária do
Tua é um potencial pólo dinamizador do turismo nesta região.
| 41
Fonte: REFER
Figura 13: Rede ferroviária nacional
II.4.3 Telecomunicações
A adjudicação dos contratos das Redes de Nova Geração (RNG) para as zonas Norte, Centro
e Alentejo e Algarve foi assinada no dia no 6 de Fevereiro de 2010. Trata-se de um
investimento de 156,5 milhões de Euros, que irá dotar estas zonas de redes de
comunicações electrónicas de alta velocidade, abrangendo mais de um milhão de pessoas,
prevendo o Governo a criação de 20.000 postos de trabalhos induzidos.
Para além dos objectivos sociais, as RNG também promovem a criação de uma nova geração
de infra-estruturas que terá de suportar a nova Economia e as novas necessidades, quer
sociais, quer a nível da educação e desenvolvimento da nova Sociedade da Informação e do
Conhecimento, pela promoção da adopção massificada de acessos de elevado débito à
Internet e desenvolvimento de aplicações avançadas, com vista à ligação de 1 milhão de
| 42
utilizadores a Redes de Nova Geração até 2010, bem como a ligação de todas as escolas do
ensino básico e secundário e de todos os serviços públicos de justiça a RNG até 2010.
A implementação das RNG nas zonas rurais, e que incluem os quatro distritos da área de
intervenção, contribuirá, assim, para a igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos,
promovendo-se decisivamente a info-inclusão e a valorização do capital humano e
contribuindo para que, a prazo, possam surgir externalidades na política de desenvolvimento
rural, no plano do emprego, do crescimento, da competitividade e da sustentabilidade das
indústrias sedeadas nestas áreas.
II.4.4 Infra-estruturas industriais
O carácter fronteiriço da área de intervenção, a proximidade com Espanha e a confluência de
importantes eixos rodoviários e ferroviários, são o suporte ao desenvolvimento e apoio do
comércio internacional, particularmente do Ibérico. Neste sentido, a partilha de recursos e de
objectivos comuns conduziu ao aparecimento de projectos estruturantes, as plataformas
logísticas transfronteiriças na região norte e centro, que são uma componente estratégica
para o desenvolvimento económico-social da região.
As áreas logísticas regionais, da qual fazem parte uma área de localização empresarial, de
infra-estruturas de transporte e de centro de serviços de suporte, desempenham um papel
fundamental
no
desenvolvimento
económico
da região onde
estão
inseridas
e
na
maximização das trocas comercias com o exterior, principalmente no eixo Portugal-EspanhaEuropa.
A plataforma logística de Chaves, criada para dar apoio ao Parque empresarial de Chaves e
ao sul da Galiza, abrange uma área de terreno de cerca de 100 hectares e situa-se numa
zona de fronteira (a 12 km da A52 – Autovia das Rias Baixas/Verin) e junto ao nó da autoestrada A24, o que lhe permite uma fácil ligação a toda a rede de auto-estradas de Portugal
e Espanha. Esta infra-estrutura com uma área logística de multifunções, de transformação e
de serviços de apoio a empresas e veículos permite potenciar a economia de Trás-os-Montes
e facilitar o transporte da produção da indústria local bem como organizar fluxos logísticos
através da convergência de operadores logísticos da região.
No distrito da Guarda, também existe uma Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial,
uma área infra-estruturada de raiz com cerca de 96 hectares, de cariz logístico-industrial
onde a actividade de armazenagem e produção tem condições óptimas do ponto de vista da
distribuição Ibérica, não só pela confluência das várias vias rodoviárias e ferroviárias, mas
também pela posição intermédia entre Lisboa-Madrid e Aveiro-Madrid, sendo de todas as
passagens fronteiriças aquela que proporciona o menor e mais rápido trajecto em direcção
ao centro da Europa. Esta plataforma transfronteiriça procura dinamizar a economia regional
| 43
e proporcionar a captação de fluxos e investimentos industriais através de uma estrutura de
funcionamento organizada de serviços, tendo a logística como o sector âncora.
As referidas infra-estruturas constituem, assim, condições de atractividade e de fixação de
novas empresas, sobretudo nos distritos onde estão localizadas.
II.4.5 Infra-estruturas turísticas
Toda a zona de intervenção do projecto é repleta de características intrínsecas que
representam um conjunto imenso de potencialidades para o desenvolvimento turístico, tais
como por exemplo os parques naturais. No que respeita às infra-estruturas turísticas, é
possível analisar que qualquer um dos distritos se encontra muito aquém das suas
possibilidades.
Na região Norte do país, onde existe um total de 465 estabelecimentos hoteleiros (hotéis,
pensões e outros), apenas 95 se encontram nas sub-regiões do Douro (34) e Alto Trás-osMontes (61), representando assim 20,4% do total de estabelecimentos e 16,3% da
capacidade de alojamento. Já na região Centro, dos 423 estabelecimentos apenas 64 se
situam no interior, representando um total de 15,1% do total de estabelecimentos e 15,3%
da capacidade de alojamento.
Tabela 7: Infra-estruturas turísticas na área de intervenção, 2008
Hotéis
Pensões
Outros estabelecimentos
Estabelecimentos
Continente
567
115 839
770
37 413
428
83 561
1 765
236 813
Norte
136
22 677
266
11 857
63
4 283
465
38 817
Centro
162
23 272
208
10 660
53
4 216
423
38 148
Território de intervenção
45
6563
89
4408
25
1176
159
12147
Douro
9
1198
20
899
5
216
34
2313
Alto Trás-os-Montes
10
1680
44
2043
7
290
61
4013
Pinhal Interior Sul
1
173
3
97
2
111
6
381
Serra da Estrela
2
251
2
52
1
104
5
407
Beira Interior Norte
7
896
12
618
4
147
23
1661
Estabelecimentos
Capacidade de
alojamento
Total
Capacidade de
alojamento
Estabelecimentos
Capacidade de
alojamento
Estabelecimentos
Capacidade de
alojamento
Beira Interior Sul
6
741
6
503
3
136
15
1380
Cova da Beira
10
1624
2
196
3
172
15
1992
Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte 2008.
Dadas as potencialidades paisagísticas e de património histórico da área de intervenção o
esforço do aumento da representatividade das infra-estruturas turísticas deve passar pela
diferenciação da oferta baseada na qualidade e na integração desta fileira com a natureza,
nomeadamente nas suas vertentes de agro-turismo, turismo rural e cinegético e turismo de
natureza.
| 44
II.4.6 Estabelecimentos de ensino superior
Aos estabelecimentos de ensino superior pode ser associada uma capacidade polarizadora e
dinamizadora do desenvolvimento económico.
Ao nível de ensino superior, Vila Real possui a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
(UTAD) e uma Escola Superior de Enfermagem (privada). A destacar, ainda o Centro de
Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento (Cetrad), o Centro de Investigação e de
Tecnologias Ambientais e Biológicas (CITAB) e o Centro de Genómica e Biotecnologia (CGB),
da UTAD que devido às suas vertentes de investigação têm uma contribuição importante no
desenvolvimento económico e produtivo regional.
Em Bragança, o ensino superior é ministrado na Escola Superior Agrária, Escola Superior de
Educação, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Escola Superior de Comunicação,
Administração e Turismo (Mirandela) e Escola Superior de Saúde que integram o Instituto
Politécnico de Bragança e em estabelecimentos privados em Bragança, Mirandela e Macedo
de Cavaleiros.
O Instituto Politécnico da Guarda integra a Escola Superior de Educação, Comunicação e
Desporto, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão, a Escola Superior de Saúde e a Escola
Superior de Turismo e Hotelaria (Seia).
O ensino superior no distrito de Castelo Branco é ministrado na Universidade da Beira
Interior (Covilhã) e no Instituto Politécnico de Castelo Branco (Escola Superior Agrária,
Escola Superior da Saúde, Escola Superior de Artes Aplicadas, Escola Superior de Educação,
Escola Superior de Gestão (Idanha-a-Nova) e Escola Superior de Tecnologia). Um dos
Centros de investigação da Universidade da Beira Interior, Núcleo de Estudo em Ciências
Empresariais (NECE) que desenvolve trabalho na área da gestão, economia e marketing é,
certamente, um pólo dinamizador do tecido empresarial da região. A acrescentar a este
surgiu também recentemente o Centro Tecnológico Alimentar de Castelo Branco que é uma
infra-estrutura equipada com tecnologia de ponta e onde ficará alojado o cluster agroindustrial que pretende dar resposta a novos desafios do sector agro-alimentar da região
centro.
Paralelamente ao ensino superior a área de intervenção apresenta um número considerável
de estabelecimentos de ensino técnico profissional
que
continua
a
apresentar
uma
grande importância funcional, na medida em que prepara mão-de-obra especializada para os
níveis intermédios do mercado de trabalho e minimiza os processos negativos associados ao
desemprego.
| 45
II.4.7 Organismos de apoio
Na área de intervenção existem várias associações empresariais, geralmente, direccionadas
para um determinado sector de actividade e para áreas geográficas delimitadas. No entanto,
em cada distrito da área de intervenção existe, ainda, uma associação empresarial
multisectorial, de carácter horizontal, que representa empresas e empresários de todos os
sectores de actividade do distrito, a saber: NERVIR – Associação Empresarial (Vila Real),
NERBA – Associação Empresarial (Bragança), NERGA – Associação Empresarial (Guarda) e
NERCAB – Associação Empresarial (Castelo Branco). Estas organizações constituem, deste
modo, um pilar fundamental para o desenvolvimento das actividades económicas nos
domínios técnico, económico, comercial e associativo da região onde se inserem.
Apesar das suas missões e objectivos específicos estas associações desenvolvem actividades
em diversos domínios que, para além da representação dos interesses dos empresários,
permitem a difusão de informação e a própria dinamização e fortalecimento do tecido
empresarial das regiões onde estão inseridas, no sentido de maior abertura ao exterior. A
concretização destes objectivos passa pela criação de infra-estruturas de apoio, pela
assinatura de protocolos e de colaboração entre diferentes entidades, pela realização de
diversos projectos, pelo fornecimento de apoios e serviços às empresas da região nas áreas
técnicas e de consultoria e pela promoção de certames, feiras, encontros, entre outros
eventos.
II.5
Trajectória de competitividade
Com a análise da trajectória da competitividade da região do interior norte e centro pretende
detectar-se alguns fenómenos de divergência ou convergência entre as sub-regiões
englobadas no território e em Portugal continental, tendo por base o PIB per capita.
Tal
como
se
observa na
Figura
14,
16
foi a sub-região do território em análise
14
que apresentou um PIB per capita mais
elevado (13,4 milhares de euros/hab)
enquanto a sub-região com um PIB per
capita mais baixo foi a Serra da Estrela
(9,2 milhares de euros/hab). Em termos
nominais, o PIB das sub-regiões do Norte
contribuiu com 2,7% para o PIB nacional
enquanto a totalidade das sub-regiões do
Centro
deu
um
contributo
de
2,5%.
PIB (milhares de euros)
durante o ano 2007, a Beira Interior Sul
12
10
8
6
4
2
0
Continente
Douro
Alto TrásPinhal
os-Montes Interior Sul
Figura 14: PIB per capita, 2008
Serra da
Estrela
Beira
Interior
Norte
Beira
Interior Sul
Cova da
Beira
| 46
A Tabela 8 apresenta os valores do PIB per capita referentes às sub-regiões do território em
análise no período 2000 a 2008. As duas sub-regiões do Norte apresentam em todos os anos
valores muito semelhantes. Na região Centro, destaca-se pela positiva a Beira Interior Sul e
pela negativa a Serra da Estrela. A sub-região Beira Interior Sul apresenta, ao longo do
período em questão, os valores mais elevados para este indicador, tendo em 2005
apresentado a maior subida. Contudo, esta melhoria do nível de vida regional resulta, em
parte, da redução da população residente verificada na região.
Tabela 8: Evolução do PIB per capita 2000-2008
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Continente
11,9
12,5
13,0
13,2
13,6
14,0
14,6
15,3
15,6
Território de intervenção
7,6
8,1
8,4
8,7
9,2
9,8
10,3
10,8
10,9
Douro
7,2
8,0
8,2
8,5
8,8
9,4
10,0
10,6
10,7
Alto Trás-os-Montes
7,4
7,8
8,0
8,4
9,1
9,6
10,1
10,6
10,5
Pinhal Interior Sul
7,0
7,4
7,7
8,6
9,1
9,7
11,0
11,4
11,3
Serra da Estrela
6,3
6,7
7,3
7,9
8,3
8,5
8,8
9,0
9,6
Beira Interior Norte
7,9
8,3
8,6
8,9
9,3
9,8
10,3
10,6
10,9
Beira Interior Sul
10,2
10,5
10,8
11,2
11,5
12,4
12,8
13,5
13,7
Cova da Beira
7,8
8,2
8,4
8,3
8,8
9,5
10,0
10,3
10,5
Fonte: INE, Contas Regionias, 2008
Para melhor compreender a evolução do PIB per capita é possível decompor este indicador
nos seus dois determinantes: um indicador produtividade (Tabela 9) e a taxa de utilização
dos recursos humanos (Tabela 10). Para que uma região seja competitiva, deverá atingir um
nível relativamente elevado de produtividade e uma quantidade satisfatória de postos de
emprego ocupados.
Durante o período 2000 a 2008, o PIB criado por empregado apresentou uma evolução
bastante favorável tendo vindo sempre a aumentar em todas as sub-regiões muito embora a
uma taxa de crescimento bastante inconstante e com pouca correlação ao valor médio
nacional. O indicador de produtividade expressa valores muito próximos em todas a subregiões. Não obstante, em 2008, as sub-regiões menos produtivas foram o Pinhal Interior
Sul (17,4 euros/empregado) e a Beira Interior Norte (18,1 euros/empregado) enquanto que
as mais produtivas foram a Serra da Estrela (22,8 euros/empregado) e o Douro (22,1
euros/empregado). Por outro lado, tem-se verificado um comportamento pouco dinâmico das
sub-regiões nos últimos dois anos.
Tabela 9: Evolução da Produtividade 2000-2008
2000
2001
2002
Continente
24,2
25,2
26,1
2003
2004
2005
2006
2007
2008
26,9
28,0
29,1
30,1
31,6
32,1
15,4
16,1
16,9
17,3
18,2
19,1
20,0
20,8
20,9
Douro
16,4
17,1
17,7
17,8
18,6
19,6
20,8
21,9
22,1
Alto Trás-os-Montes
16,1
16,6
17,7
18,7
19,5
19,9
21,1
22,2
21,8
Pinhal Interior Sul
12,1
12,5
13,2
14,4
14,9
15,9
17,5
17,8
17,4
Serra da Estrela
14,3
15,3
16,8
17,8
19,0
19,9
21,0
21,3
22,8
Beira Interior Norte
13,8
14,2
15,0
15,5
16,2
16,8
17,5
17,8
18,1
Beira Interior Sul
17,6
17,9
18,4
18,5
19,1
20,4
20,8
21,6
21,8
Cova da Beira
14,6
15,7
16,4
16,4
17,4
19,2
19,3
20,1
20,5
Território de intervenção
Fonte: INE, Contas Regionias, 2008
| 47
Para a maioria das sub-regiões, o indicador emprego/população (Tabela 10) apresenta
valores relativamente próximos ou mais favoráveis do que o continente. Efectivamente as
sub-regiões do Pinhal Interior Sul e da Beira Interior Sul apresentam desde 2004 taxas
superiores a 60% enquanto o continente não supera os 50%. Estes valores elevados
indiciam um processo de utilização mais intensa dos recursos humanos. As únicas subregiões que apresentam taxas ligeiramente inferiores à média nacional são o Alto Trás-osMontes e a Serra da Estrela. Mais preocupante do que o valor de 2008, é a tendência
decrescente que teve início em 2006 que é indício de uma menor utilização dos recursos
humanos.
Tabela 10: Evolução da relação Emprego/Residentes 2000-2008
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Continente
49,1
49,7
49,6
49,0
48,6
48,3
48,4
48,3
48,5
Território de intervenção
49,5
50,5
49,8
50,3
50,5
51,4
51,6
51,7
52,0
Douro
44,2
46,5
46,5
47,9
47,3
48,2
48,1
48,3
48,5
Alto Trás-os-Montes
45,7
46,8
45,5
45,0
46,3
48,5
47,7
47,7
48,0
Pinhal Interior Sul
58,3
59,3
58,7
59,9
60,6
60,9
63,3
64,0
64,7
Serra da Estrela
44,2
43,7
43,3
44,5
43,6
42,8
42,0
42,1
42,3
Beira Interior Norte
57,5
58,0
57,0
57,5
57,3
58,5
58,8
59,3
59,8
Beira Interior Sul
57,8
58,7
58,9
60,4
60,3
60,6
61,7
62,2
62,9
Cova da Beira
53,5
52,2
51,1
50,3
50,3
49,4
51,6
50,9
51,1
Fonte: INE, Contas Regionias, 2008
As trajectórias de competitividade indicam que, de uma forma geral, as sub-regiões
apresentam uma evolução similar em relação à intensidade de utilização dos recursos,
apresentando, no entanto, desequilíbrios na sua tradução em produtividade. Por outro lado,
constata-se que, no período em análise, a percentagem de utilização de recursos humanos
nas sub-regiões é ligeiramente superior ao continente (referência) enquanto que a
produtividade é cerca de 10 unidades abaixo da referência. Deste modo, a utilização
ligeiramente mais intensa dos recursos humanos no território de intervenção não se traduz
no aumento da eficiência produtiva.
| 48
| 49
III CARACTERIZAÇÃO DO TECIDO EMPRESARIAL
Neste capítulo pretende analisar-se a estrutura do tecido empresarial e produtiva do
território de intervenção. Para tal, avalia-se a estrutura dimensional das empresas sedeadas
e ainda a expressividade dos diversos sectores de actividade tendo em consideração tanto a
sua representatividade no que respeita ao número de empresas e nível de empregabilidade
como ao volume de negócios. Após a identificação dos sectores de actividade mais
representativos no território de intervenção efectuou-se uma análise mais detalhada desses
sectores de modo a compreender as suas características intrínsecas e o seu potencial para
dinamizar redes de cooperação empresarial.
III.1 Estrutura dimensional e distribuição espacial
As regiões do interior norte e centro apresentavam, em 2008, 64.814 empresas sedeadas
que mantinham ao serviço 156.526 pessoas (sendo cerca de 70% trabalhadores por conta
de outrem).
Através dos mapas apresentados na Figura 15 é possível aferir que, em relação ao número
de empresas e de estabelecimentos, os distritos de Bragança e da Guarda situam-se no
escalão mais baixo logo seguidas por Vila Real e Castelo Branco. No entanto, no que diz
respeito ao número de pessoas ao serviço, Bragança consegue obter um lugar no escalão
mediano da escala enquanto que Vila Real e Castelo Branco descem para o último escalão.
Fonte: GEP, Quadros de Pessoal, 2008.
Figura 15: Distribuição das empresas, estabelecimentos e pessoas ao serviço por distrito, 2008
| 50
Em termos da estrutura dimensional, a totalidade da região é caracterizada maioritariamente
por microempresas (até 9 trabalhadores), com um número médio de 3 trabalhadores, as
quais representam cerca de 97% em relação ao total das empresas existentes nesta região
(Tabela 11). Esta proporção verifica-se sensivelmente em todos as sub-regiões e não dista
muito do peso das microempresas a nível de Portugal continental (atingiu em 2007 cerca de
95,5%). Importa realçar o peso das empresas individuais no total de empresas sedeadas que
apresenta o valor mais baixo no Pinhal Interior Sul com 69,2% e o valor mais alto no Alto
Trás-os-Montes com 77,6% (em termos nacional o valor é de 68,3%).
As empresas de dimensão superior a 50 trabalhadores não chegam a representar 0,5% do
número de empresas instaladas. Em termos absolutos, representam apenas 200 empresas
(destas apenas 13 apresentam mais de 250 trabalhadores), dispostas 77 pelas sub-regiões
do Norte e 110 pelas do Centro.
Em termos de volume de negócios, em 2007, as empresas da região realizaram, em média,
aproximadamente 132,7 milhares de euros. No entanto, é de salientar o facto de que, apesar
de serem muito poucas as grandes empresas, as quatro maiores são as responsáveis por
uma parte substancial deste volume de facturação; por exemplo na Serra da Estrela as
quatro maiores empresas facturam um quarto do total.
Tabela 11: Distribuição das empresas por dimensão, 2007
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Núm ero de em presas
Menos
de 10
Tx. Cresc.
05/07 (%)
10-49
50-249
250 ou
m ais
Concentração
do volum e de
negócios das
4 m aiores
em presas
m ilhares de
euros
%
5,3
2005
2007
1 016 997
1 058 668
4,1
95,46
3,91
0,55
0,08
322
63 347
65 374
3,2
96,95
2,75
0,28
0,02
0,0
---
Douro
15 968
16 538
3,6
97,01
2,73
0,25
0,02
123,5
9,0
Alto Trás-os-Montes
17 222
17 950
4,2
97,62
2,18
0,20
0,01
121,9
9,9
Pinhal Interior Sul
3 387
3 300
-2,6
96,12
3,40
0,48
0,00
157,4
10,8
Serra da Estrela
3 549
3 683
3,8
95,98
3,70
0,30
0,03
133,2
25,8
Beira Interior Norte
9 063
9 310
2,7
96,86
2,82
0,31
0,01
145,0
13,8
Beira Interior Sul
6 508
6 691
2,8
96,94
2,70
0,34
0,01
137,2
14,3
Cova da Beira
7 650
7 902
3,3
96,22
3,31
0,39
0,08
146,8
13,0
Continente
Território de intervenção
2007 (%)
Volum e de
negócios
m édio por
em presa
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas
No que respeita à capacidade empregadora por escalão de dimensão (Tabela 12), a
supremacia das microempresas também se verifica, empregando estas cerca de 35% do
total de pessoas ao serviço. As empresas de maior dimensão, com mais de 50 trabalhadores,
apesar de se encontrarem em franca minoria, conseguem, ainda assim, absorver um terço
do pessoal ao serviço. No seu conjunto, estas sete sub-regiões empregam apenas cerca de
5% do total de trabalhadores por conta de outrem em Portugal continental.
| 51
Tabela 12: Distribuição dos TCO nos estabelecimentos por dimensão de empresa, 2007
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Trabalhadores por
conta de outrem Menos de
2007
10
10-49
50-249
250 ou
m ais
24,0
%
2 153 028
24,9
29,0
22,1
108 482
34,9
31,4
17,8
15,8
Douro
26 370
36,3
33,7
16,8
13,2
Alto Trás-os-Montes
23 625
40,5
29,6
16,3
13,5
Pinhal Interior Sul
6 230
37,0
35,4
23,6
4,0
Serra da Estrela
6 648
35,6
36,6
15,7
12,1
Beira Interior Norte
16 945
33,7
32,3
17,8
16,2
Beira Interior Sul
12 652
31,3
25,6
18,1
25,0
Cova da Beira
16 012
27,6
30,4
20,1
21,9
Continente
Território de intervenção
Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte 2008.
Outro factor bastante característico das regiões com um carácter mais rural como os do
território de intervenção é a concentração nas capitais dos distritos da reduzida actividade
existente levando ainda mais ao abandono do resto do território. A distribuição espacial das
empresas e dos TCO por concelho dentro de cada uma das NUTS III no ano de 2007,
apresentada nas tabelas e nas figuras infra, prova exactamente este aspecto.
Na NUT Douro o somatório das empresas dos concelhos de Vila Real, Lamego e Peso da
Régua (que totalizam 8.774 empresas) representam 52,7% do total, encontrando-se o
remanescente espalhado pelos restantes 16 concelhos. Por sua vez os concelhos de Chaves,
Bragança e Mirandela albergam 53,8% do total de empresas da região de Alto Trás-osMontes.
Tabela 13: Distribuição
concelho na NUT Douro
das
empresas
por
Tabela 14: Distribuição das empresas
concelho na NUT Alto Trás-os-Montes
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Núm ero de
Em presas Menos de
2007
10
10-49
50-249
250 ou
m ais
41
1
2
0
1
5
0
0
0
3
0
1
0
1
1
8
0
0
0
18
3
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Núm ero de
Em presas Menos de
250 ou
10-49
50-249
2007
10
m ais
Nº de em presas
Alto Trás-os-Montes
18060
17630
393
36
1
Alfândega da Fé
384
378
6
0
0
Boticas
333
324
7
2
0
Bragança
3574
3473
93
7
1
Chaves
3828
3722
90
16
0
Macedo de Cavaleiros
1441
1416
25
0
0
Miranda do Douro
735
716
18
1
0
Mirandela
2313
2254
56
3
0
Mogadouro
749
734
14
1
0
Montalegre
718
700
17
1
0
Murça
504
492
11
1
0
Valpaços
1318
1296
21
1
0
Vila Pouca de Aguiar
1116
1087
26
3
0
Vimioso
431
431
0
0
0
Vinhais
616
607
9
0
0
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
Nº
Douro
16639
16141
Alijó
854
835
Armamar
393
381
Carrazeda de Ansiães
448
441
Freixo de Espada à Cinta
212
206
Lamego
2177
2100
Mesão Frio
277
266
Moimenta da Beira
870
845
Penedono
227
227
Peso da Régua
1372
1314
Sabrosa
422
412
Santa Marta de Penaguião
495
482
São João da Pesqueira
501
492
Sernancelhe
459
440
Tabuaço
394
385
Tarouca
553
529
Torre de Moncorvo
667
653
Vila Flor
523
514
Vila Nova de Foz Côa
570
561
Vila Real
5225
5058
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
454
18
9
7
5
71
11
25
0
55
10
12
9
18
8
16
14
9
9
148
por
Já na região interior centro do país, as NUTS Pinhal Interior Norte e Serra da Estrela são as
que
apresentam
um
menor
aglomerado
de
empresas
sedeadas,
3.350
respectivamente, sendo os concelhos de Sertã e de Seia os mais requisitados.
e
3.706,
| 52
Na NUT Beira Interior Sul é de realçar a importância do concelho de Castelo Branco que
acolhe 81% das empresas da região. Este é o concelho com maior número de empresas
instaladas em toda a região de intervenção do projecto, apenas comparável com o concelho
de Vila Real. A NUT Cova da Beira, apesar da sua reduzida territorialidade, consegue atrair
um número bastante elevado de empresas (7.914) estando o grande aglomerado no
concelho da Covilhã (59,1%).
Tabela 15: Distribuição das empresas
concelho na NUT Pinhal Interior Sul, 2007
por
Tabela 17: Distribuição das empresas
concelho na NUT Beira Interior Sul, 2007
por
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Núm ero de
Em presas Menos de
250 ou
10-49
50-249
2007
10
m ais
Nº de em presas
Pinhal Interior Sul
3350
3220
114
16
0
Oleiros
427
415
8
4
0
Proença-a-Nova
708
683
24
1
0
Sertã
1340
1284
47
9
0
Vila de Rei
296
288
8
0
0
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Núm ero de
Em presas Menos de
250 ou
10-49
50-249
2007
10
m ais
Nº de em presas
Beira Interior Sul
6706
6501
181
23
1
Castelo Branco
5435
5257
159
18
1
Idanha-a-Nova
654
645
6
3
0
Penamacor
389
378
11
0
0
Vila Velha de Ródão
228
221
5
2
0
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
Tabela 16: Distribuição das empresas
concelho na NUT Serra da Estrela, 2007
Tabela 18: Distribuição das empresas
concelho na NUT Cova da Beira, 2007
por
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Núm ero de
Em presas Menos de
250 ou
10-49
50-249
2007
10
m ais
Nº de em presas
Serra da Estrela
3706
3557
137
11
1
Fornos de Algodres
416
396
20
0
0
Gouveia
1156
1118
36
2
0
Seia
2134
2043
81
9
1
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
por
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Núm ero de
Em presas Menos de
250 ou
10-49
50-249
2007
10
m ais
Nº de em presas
Cova da Beira
7914
7615
262
31
6
Belmonte
641
615
20
4
2
Covilhã
4677
4515
138
20
4
Fundão
2596
2485
104
7
0
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
A região da Beira Interior Norte é também caracterizada por uma forte concentração de
empresas num único concelho: Guarda com 4.438 empresas que representam 47,3% do
total.
Tabela 19: Distribuição das empresas
concelho na NUT Beira Interior Norte, 2007
por
Dim ensão da em presa por escalão de
trabalhadores
Núm ero de
Em presas Menos de
250 ou
10-49
50-249
2007
m ais
10
Nº de em presas
Beira Interior Norte
9376
9082
264
29
1
Almeida
533
517
15
1
0
Celorico da Beira
569
545
22
2
0
Figueira de Castelo Rodrigo
412
399
13
0
0
Guarda
4438
4295
123
19
1
Manteigas
290
282
7
1
0
Meda
377
365
12
0
0
Pinhel
867
843
23
1
0
Sabugal
1037
1015
19
3
0
Trancoso
853
821
30
2
0
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
A nível distrital é possível verificar que as empresas (e TCO) se encontram concentradas
essencialmente em dois concelhos por distrito: naquele que alberga a capital do distrito e
num outro concelho (Chaves em Vila Real, Mirandela em Bragança, Seia na Guarda, e
Covilhã e Fundão em Castelo Branco). Outra característica que também sobressai dos dados
estatísticos é o reduzido número de empresas com mais de 250 trabalhadores.
| 53
NUTS do Norte
12 000
Nº de TCO
10 000
8 000
6 000
4 000
2 000
Alijó
Armamar
Carrazeda
Freixo de
Lamego
Mesão Frio
Moimenta da
Penedono
Peso da
Sabrosa
Santa Marta
São João da
Sernancelhe
Tabuaço
Tarouca
Torre de
Vila Flor
Vila Nova de
Vila Real
Alfândega
Boticas
Bragança
Chaves
Macedo de
Miranda do
Mirandela
Mogadouro
Montalegre
Murça
Valpaços
Vila Pouca
Vimioso
Vinhais
0
Douro
Alto Trás-os-Montes
Figura 16: Distribuição dos TCO nos estabelecimentos por concelho das NUTS do Norte, 2007
NUTS do Centro
12 000
Nº de TCO
10 000
8 000
6 000
4 000
2 000
Pinhal Interior Sul
Serra da
Estrela
Beira Interior Norte
Beira Interior
Sul
Covilhã
Fundão
Belmonte
Vila Velha
Penamacor
Idanha-a-
Castelo
Sabugal
Trancoso
Pinhel
Meda
Guarda
Manteigas
Figueira de
Almeida
Celorico da
Seia
Gouveia
Fornos de
Vila de Rei
Sertã
Oleiros
Proença-a-
Mação
0
Cova da
Beira
Figura 17: Distribuição dos TCO nos estabelecimentos por concelho das NUTS do Centro, 2007
Em termos globais, o território de intervenção caracteriza-se pela predominância de
microempresas (cerca de 97% em relação ao número de empresas totais) com um número
médio de três trabalhadores e que empregam cerca de 35% do total de pessoas. A análise
mais fina ao nível de concelhos permite evidenciar que a maior capacidade empregadora se
localiza, sobretudo, nas sedes dos distritos.
III.2 Distribuição sectorial
Nesta secção pretende clarificar-se a distribuição sectorial das empresas na área de
intervenção tendo por base não só o número de empresas, mas também o nível de
empregabilidade, o volume de facturação e o valor acrescentado bruto por sector de
actividade. Posteriormente e para aprofundar o conhecimento sobre o tecido empresarial do
território procedeu-se a uma análise focalizada nos seus sectores mais representativos.
| 54
Em termos de representatividade sectorial na área de intervenção, analisada pela quantidade
de empresas instaladas (Tabela 20), surge em primeiro lugar o sector do comércio com um
peso de 28,7%, ligeiramente superior ao valor apresentado para o continente. A seguir
surgem os sectores da construção civil (13,2%), alojamento e restauração (11,3%), e as
actividades de consultoria, científicas e técnicas (8,1%). De realçar ainda, perante os
restantes valores muito mais baixos, o peso das indústrias transformadoras (6,9%).
Uma vez que a actividade de alojamento e restauração está intimamente associada ao
turismo pode-se ainda realçar o peso das actividades artísticas, de espectáculos, desportivas
e recreativas, que ainda representam 1,6% do total.
Tabela 20: Distribuição das empresas por sector de actividade, 2008
Sector de actividade segundo CAE Rev. 3
Em presas
2008
%
Continente
1054 373
0,4
0,1
7,3
0,1
0,1
10,6
24,4
2,2
7,8
1,3
2,5
10,7
3,8
5,2
6,8
2,5
14,2
Território de intervenção
64 814
0,1
0,3
Douro
16 503
0,1
0,3
Alto Trás-os-Montes
17 850
0,1
0,4
Pinhal Interior Sul
3 308
0,4
0,0
Serra da Estrela
3 569
0,0
0,1
Beira Interior Norte
9 283
0,0
0,1
Beira Interior Sul
6 586
0,2
0,1
Cova da Beira
7 715
0,0
0,1
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
6,9
6,2
6,3
10,8
9,4
9,4
7,0
7,1
0,1
0,1
0,1
0,1
0,0
0,0
0,1
0,1
0,1
0,1
0,0
0,3
0,0
0,0
0,2
0,2
13,2
11,8
12,6
20,9
13,4
13,4
12,8
11,9
28,7
30,0
29,1
29,4
29,3
29,3
26,7
28,7
3,2
3,4
3,1
5,0
3,7
3,7
2,3
2,5
11,3
10,7
12,6
9,0
11,2
11,2
10,9
10,3
0,6
0,6
0,6
0,3
0,7
0,7
0,7
0,8
1,2
1,1
1,0
1,4
1,0
1,0
1,3
1,3
8,1
8,1
7,9
5,0
7,6
7,6
9,5
9,3
2,6
2,9
2,8
1,9
2,4
2,4
2,6
2,4
6,9
6,7
7,0
3,9
7,3
7,3
7,5
7,7
5,5
6,0
5,9
2,7
4,2
4,2
6,3
4,7
1,6
1,8
1,3
1,3
1,4
1,4
1,9
2,4
9,5
10,1
9,1
7,6
8,5
8,5
9,9
10,5
A mesma propensão é observável na Tabela 21 que apresenta o pessoal ao serviço nas
empresas repartido pelos subsectores de actividades. Apesar de alguns dados não se
encontrarem disponíveis, a distribuição do pessoal ao serviço no território de intervenção
agrega 91% do total, sendo portanto, representativa.
No conjunto das sub-regiões, o comércio, as indústrias transformadoras e a construção
ocupam, respectivamente, 24,5%, 18,2% e 16,8% do pessoal ao serviço. Também o sector
do alojamento e a restauração apresenta um lugar de destaque com 8,9% do pessoal ao
serviço.
No entanto, analisando as sub-regiões de forma isolada, nem sempre se regista esta
hierarquia de actividades. Curiosamente, esta apenas se verifica na Beira Interior Norte e na
Beira Interior Sul. Na região Norte, o Douro e Alto Trás-os-Montes apresentam mais pessoal
ao serviço no sector da construção do que nas indústrias transformadoras. Nas restantes
sub-regiões a indústria transformadora apresenta o maior número de pessoas ao serviço,
seguida pelo comércio e só depois pela construção. Para cada uma das sub-regiões o peso do
pessoal ao serviço no sector do alojamento e na restauração é sempre superior a 7,4%.
Outra actividade que envolve um número considerável de pessoas ao serviço é a relacionada
com os serviços de saúde e de apoio social. Este facto justifica-se pelas características
demográficas do território em análise uma vez que a população é bastante envelhecida e
| 55
muitas vezes com domicílio em locais bastante isolados carecendo assim de um forte apoio
nestas áreas da saúde e da assistência social.
Tabela 21: Distribuição do pessoal ao serviço das empresas por actividade económica, 2008
Sector de actividade segundo CAE Rev. 3
Pessoal ao
serviço
das
em presas
2008
%
Nº
Continente
3713 490
0,3
0,4
20,4
0,2
0,7
13,1
21,5
4,4
7,3
2,1
1,3
5,8
8,4
2,4
5,8
1,1
Território de intervenção
156 526
---
---
18,2
---
---
16,8
24,5
---
8,9
0,5
0,8
5,0
2,6
---
7,6
0,9
4,7
---
Douro
38 931
0,1
---
12,5
0,1
0,9
18,3
25,4
---
8,7
0,5
0,7
5,3
3,9
3,5
9,2
1,0
4,9
4,9
Alto Trás-os-Montes
37 546
0,0
---
12,5
0,1
0,6
17,0
27,8
---
10,5
0,5
0,9
5,3
2,8
4,0
7,3
1,0
Pinhal Interior Sul
8 707
---
0,0
26,7
---
---
22,2
23,0
---
7,8
0,2
0,8
3,2
1,8
---
1,6
0,6
---
Serra da Estrela
9 084
0,0
0,2
26,6
---
---
18,9
23,2
---
8,8
0,4
0,8
4,3
1,8
---
2,6
0,7
---
Beira Interior Norte
23 737
---
0,8
17,4
0,0
1,1
16,8
23,6
---
8,5
0,6
0,6
4,5
1,6
---
10,1
0,9
---
Beira Interior Sul
15 874
---
0,6
22,1
0,1
---
15,1
22,4
---
8,7
0,6
0,9
5,7
2,8
---
5,7
0,9
---
Cova da Beira
22 647
---
1,7
29,1
---
1,3
12,5
21,3
---
7,4
0,6
0,8
4,7
1,4
---
8,3
1,0
---
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
Como se observa na Tabela 22, o volume de negócio obtido no território de intervenção, no
ano de 2008, foi de cerca de 9 mil milhões de euros. Este montante encontra-se quase
equitativamente repartido em duas partes: sub-regiões do Norte e sub-regiões do Centro. A
repartição entre o Douro e Alto Trás-os-Montes também é feita de forma igualitária tendo
cada um delas contribuído com cerca de 25% do montante total. No que se refere à região
Centro, verificam-se diferentes contributos, sendo o superior o da Beira Interior Norte com
15% e o mais baixo o da Serra da Estrela com 5,6%.
Tabela 22: Distribuição do volume de negócios por actividade económica, 2008
Sector de actividade segundo CAE Rev. 3
Volum e de
negócios
2008
m ilha re s €
%
355 831 478
0,1
0,4
23,0
5,7
0,8
9,6
37,5
4,9
2,6
3,9
1,8
3,2
2,8
0,4
2,5
0,5
8 943 903
---
---
20,9
---
---
12,8
43,3
---
4,2
0,3
0,7
2,0
1,1
---
4,3
0,3
---
Douro
2 154 717
0,0
---
17,0
1,3
1,2
12,1
45,3
---
4,2
0,2
0,7
2,6
2,1
0,5
7,1
0,2
0,8
Alto Trás-os-Montes
Continente
Território de intervenção
0,5
2 290 667
0,0
---
18,5
0,8
0,7
11,3
47,5
---
4,1
0,2
0,6
2,0
0,8
0,5
4,0
0,4
0,7
Pinhal Interior Sul
561 125
---
0,0
24,4
---
---
11,9
41,1
---
3,4
0,0
0,9
0,8
0,5
---
0,5
0,3
---
Serra da Estrela
500 216
0,0
0,1
19,2
---
---
26,2
40,4
---
5,1
0,1
0,7
1,3
0,7
---
1,0
0,1
---
1 389 813
---
0,5
23,1
1,3
1,6
11,8
42,0
---
4,0
0,5
0,9
1,8
0,6
---
2,3
0,1
---
897 697
---
2,1
28,8
3,0
---
12,3
34,6
---
4,8
0,3
0,3
2,1
1,3
---
2,9
0,3
---
1 149 668
---
1,6
23,6
---
1,2
13,1
41,8
---
4,4
0,4
0,7
2,1
0,6
---
6,1
0,3
---
Beira Interior Norte
Beira Interior Sul
Cova da Beira
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
No que concerne à distribuição do volume de facturação por sector de actividade, mais uma
vez, os dados apresentados na tabela não se referem à totalidade, mas apenas a 90% do
volume total do território. Apesar disso, o sector do comércio tem novamente um lugar de
destaque, sendo responsável por cerca de 43,3% do volume de negócios de 2008. Este peso
do comércio é superior ao valor apresentado em relação a todo o território continental (com
| 56
37,5%), evidenciando um território dependente do pequeno comércio e com um peso da
indústria ainda abaixo da média nacional.
O sector de negócios com o segundo maior peso de facturação é a indústria transformadora
com um valor global de 20,9% mas com um contributo ainda maior em quase todas as subregiões do Centro (excepto Serra da Estrela). O sector da construção também contribui de
forma significativa para o volume de negócios obtido no território, com cerca de 13%, valor
acima da média nacional que ronda os 10%.
No que se refere ao volume de venda de mercadorias ao estrangeiro, constata-se que o
território de intervenção do projecto ainda assume um peso pouco significativo no total do
volume financeiro de comércio internacional estabelecido com o exterior, representando, em
2007, cerca de 1,4% das exportações efectuadas (Tabela 23). Particularizando ao nível subregional, o Pinhal Interior Sul evidencia-se pela negativa com um volume de saídas de
mercadorias muito baixo, enquanto a Cova da Beira destaca-se exactamente por ser a subregião que mais contribui para o comércio externo.
Tabela 23: Comércio internacional de mercadorias, 2008
Saídas
Total
Comércio internacional de mercadorias
Entradas
Expedições
Exportações
Total
Chegadas
Importações
milhares de euros
36 148 144
26 745 276
9 402 868
58 294 398
42 411 538
15 882 860
680 218
552 634
127 584
548 716
519 346
29 370
Douro
65 080
40 678
24 402
71 757
67 863
3 894
Alto Trás-os-Montes
185 266
169 617
15 648
181 702
178 864
2 838
Pinhal Interior Sul
25 905
23 476
2 428
16 072
14 864
1 208
Continente
Território de intervenção
Serra da Estrela
19 665
11 966
7 699
16 894
13 013
3 881
Beira Interior Norte
122 488
100 199
22 289
132 024
127 523
4 501
Beira Interior Sul
104 207
83 902
20 305
58 565
51 594
6 970
34 812
71 700
65 624
6 076
157 608
122 796
Cova da Beira
Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte, 2008
Não obstante este aspecto negativo, é de salientar que em quase todas as sub-regiões é
apresentada uma taxa de cobertura superior a 100% (Tabela 24), bem acima da média
nacional (63%). Relativamente aos mercados de destino do comércio internacional
estabelecido
em
2008
é
de
destacar
a
elevada
representatividade
dos
países
intracomunitários. Com excepção da Serra da Estrela e do Douro, todas as restantes zonas
apresentam o seu comércio internacional bastante dependente do mercado espanhol.
Tabela 24: Indicadores do comércio internacional, 2008
Taxa de
cobertura das
entradas pelas
saídas
Proporção das
Proporção das
Proporção das
saídas para os 4
saídas
saídas para Espanha
principais mercados intracomunitárias no
no total das saídas
no total das saídas
total das saídas
%
Continente
63
58
74
27
Douro
91
62
63
11
Alto Trás-os-Montes
102
96
92
62
Pinhal Interior Sul
161
95
91
78
Serra da Estrela
116
63
61
7
93
69
82
23
Beira Interior Sul
178
71
81
31
Cova da Beira
220
71
78
32
Beira Interior Norte
Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte, 2008
| 57
A Tabela 25 permite analisar a evolução das contribuições sub-regionais para o Valor
Acrescentado Bruto (VAB) por sectores da actividade económica. Apesar da evolução
negativa da contribuição do sector primário para o VAB das sub-regiões, este apresenta,
ainda assim, uma importância superior em qualquer sub-regiões quando comparada com a
contribuição a nível nacional, excepto a Serra da Estrela (com uma contribuição semelhante
ao continente). A tendência de diminuição do contributo mantém-se no sector secundário
nas sub-regiões de Alto Trás-os-Montes, Beira Interior Norte e Cova da Beira em oposição ao
crescimento verificado no Douro e na Beira Interior Sul. De salientar, ainda, a tendência de
crescimento do contributo dos serviços no território em análise apresentando um valor
idêntico (em 2008) ao de Portugal continental.
Tabela 25: Distribuição do VAB por grandes sectores, 2001-2008
VAB por sector (%)
Sector Prim ário
Sector Secundário
Sector Terciário
2001
2005
2008
2001
2005
2008
2001
2005
2008
Continente
3
3
2
28
25
24
69
72
73
Território de intervenção
9
7
5
25
23
22
66
70
73
Douro
13
9
7
21
20
21
66
71
73
Alto Trás-os-Montes
11
8
7
24
26
22
65
66
71
Pinhal Interior Sul
9
9
7
32
27
27
59
65
66
Serra da Estrela
4
3
2
30
31
31
66
66
67
Beira Interior Norte
6
5
3
24
19
18
70
77
79
Beira Interior Sul
9
7
5
25
19
20
66
74
74
Cova da Beira
6
4
3
30
24
22
64
72
75
Fo nte: INE, Co ntas Regio nais.
Apesar da falta de alguma informação estatística, é possível verificar pela análise da Tabela
26 que o sector da indústria transformadora, do comércio e da construção são por essa
ordem, aqueles que mais contribuem para o VAB do território em análise. Na sua totalidade,
o território de intervenção do projecto apenas contribui com cerca de 2,5% para o VAB
nacional (contributo semelhante ao do volume de facturação).
Tabela 26: Distribuição do VAB por actividade económica, 2008
Sector de actividade segundo CAE Rev. 3
VAB
2008
m ilhare s €
Continente
%
355 831 478
0,2
0,6
22,5
3,9
1,4
11,9
20,2
7,4
3,8
6,5
2,5
5,8
5,3
0,9
5,3
1,0
8 943 903
---
---
20,9
---
---
16,0
20,6
---
4,5
0,4
1,0
4,1
1,8
---
9,4
0,3
---
Douro
2 154 717
0,0
---
15,8
3,2
2,9
17,4
20,4
---
4,7
0,4
1,0
4,8
3,3
0,7
16,8
0,2
1,3
Alto Trás-os-Montes
1,1
Território de intervenção
0,9
2 290 667
0,0
---
15,7
2,6
1,0
14,2
22,1
---
4,5
0,2
1,1
3,7
1,6
0,9
8,4
0,5
Pinhal Interior Sul
561 125
---
0,0
25,4
---
---
14,2
18,1
---
3,7
0,0
0,5
1,6
1,2
---
1,2
0,2
---
Serra da Estrela
500 216
0,0
0,1
24,0
---
---
30,3
22,0
---
5,7
0,2
0,7
3,6
1,4
---
2,7
0,3
---
Beira Interior Norte
Beira Interior Sul
Cova da Beira
1 389 813
---
0,8
20,6
4,8
5,4
15,7
24,3
---
4,5
0,6
1,0
4,3
1,0
---
3,9
0,0
---
897 697
---
1,7
28,6
8,0
---
13,9
15,1
---
4,9
0,5
0,8
5,1
2,1
---
4,9
0,3
---
1 149 668
---
3,6
31,1
---
1,4
14,8
18,9
---
4,3
0,6
1,5
4,2
0,9
---
13,1
0,3
---
Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas.
Em forma de síntese, destaca-se que no interior norte e centro do país se assiste à
capacidade polarizadora dos centros urbanos de maior dimensão. Os investimentos
realizados em parques industriais, pólos universitários, melhoria das acessibilidades e na
cultura e lazer, têm contribuído para o crescimento das cidades, mas teme-se que estas
| 58
permaneçam como "ilhas" incapazes de dinamizar as vastas áreas despovoadas que as
envolvem.
As microempresas representam a grande maioria das empresas em toda o território e em
todos os sectores de actividade, sendo estas as principais responsáveis pelo aumento de
unidades económicas na região.
A "empresa típica" do território de intervenção apresenta as seguintes características gerais:
poucos trabalhadores (predominância de microempresas, com menos de 10 trabalhadores);
volume de facturação anual por empresa inferior a 130 milhares de euros; comercialização
regional
e
local
de
outputs
nos
mercados
finais
e
intermédios,
ou
seja,
fraca
internacionalização; e fragilidade do tecido empresarial comercial, predominando a iniciativa
familiar.
Os principais sectores actividade representados no território, em termos globais e com base
nos valores de 2008, são o comércio, a indústria transformadora, a construção e o
alojamento e restauração.
O comércio é o sector de actividade que apresenta um maior número de empresas sedeadas
(28,7%), que mantém um maior número de pessoas ao serviço das empresas (24,5%) e
maior volume de negócios (43,3%). Apesar de ser um sector de actividade que normalmente
apresenta VAB muito baixos, no território de intervenção consegue ser a segunda actividade
com um maior contributo para o VAB (20,6%).
A indústria transformadora é o sector com o quarto menor número de empresas (6,9%) mas
com o segundo maior número de pessoal ao serviço (18,2%), o que revela, tal como seria de
esperar, que as empresas industriais são de maior dimensão do que as empresas dedicadas
ao comércio. O sector da indústria apresenta o segundo maior volume de negócios (20,9%)
e o maior contributo para o VAB (20,9%).
A construção conquista o terceiro lugar em todas as categorias com a excepção do número
de empresas, em que é o segundo sector mais representativo (13,2% das empresas
sedeadas, 16,8% das pessoas ao serviço das empresas, 12,8% do volume de negócios e
16% do VAB criado).
O sector do alojamento e restauração segue o sector da construção obtendo o quarto lugar
em todas as categorias com a excepção do número de empresas em que consegue
ultrapassar o sector industrial (11,3% das empresas sedeadas, 8,9% das pessoas ao serviço
das empresas, 4,2% do volume de negócios e 4,5% do VAB criado).
Em termos sub-regionais importa realçar algumas características que diferem da hierarquia
explanada. Por exemplo, nas sub-regiões do Norte o comércio e a construção têm um papel
mais activo do que o sector industrial tanto no número de pessoas ao serviço como na
criação de VAB. Na Serra da Estrela a construção apresenta também um papel mais
importante no tecido empresarial pois, apesar ter um número mais reduzido de pessoas ao
serviço das empresas, consegue apresentar um maior volume de negócios e VAB.
| 59
III.2.1 Análise dos sectores de actividade mais representativos
Após a identificação dos sectores de actividade mais representativos do território em análise,
importa agora efectuar uma análise mais detalhada dos mesmos de forma a compreender as
suas características intrínsecas e distintivas. Esta primeira análise contribuirá não só para um
melhor conhecimento do tecido empresarial da região mas também suportará algumas das
ilações a retirar quanto aos sectores com um maior potencial para integrar as futuras redes
de cooperação.
III.2.1.1. Comércio
O comércio é o sector de actividade que concentra mais empresas no território em análise, o
que é perfeitamente explicável pelo facto de ser transversal ao conjunto dos restantes
sectores de actividade económica.
Tal como apresentado na Tabela 27, o sector do comércio encontra-se subdividido em três
subsectores, sendo o mais representativo, com 72,8% das empresas, o comércio a retalho.
Os restantes 27,2% encontram-se equilibrados entre as actividades comercial associadas aos
veículos automóveis e o comércio por grosso.
Do total de 18.618 empresas que se dedicam ao comércio a retalho e que se encontram
dispersas pelos mais diversos sectores, em 2008, 50% pertencia a 6 subsectores: vestuário
e calçado (1.465 empresas), móveis, iluminação e outros produtos para o lar (908), outros
produtos para o lar tais como ferragens, tintas, ladrilhos (726), carne e produtos à base de
carne (689), outros produtos alimentares (954) e minimercados (2.006). De uma forma
geral, conclui-se então que predominam as empresas que se dedicam ao comércio de bens
essenciais aos residentes mas que também podem ser associados ao sector da construção e
do turismo.
No território de intervenção, o sector do comércio, em termos globais e líquidos,
testemunhou uma redução de empresas na ordem dos 2,9% de 2007 para 2008 (embora na
NUT Serra da Estrela a variação negativa tenha atingido os 6%). A redução média nacional
foi de 2,5%. No subsector do comércio a retalho esta redução foi ainda mais significativa.
| 60
Tabela 27: Distribuição das empresas no sector do comércio, 2007 e 2008
Com ércio,
m anutenção e
Em presas
reparação, de
de com ércio
veículos autom óveis
2008
e m otociclos
Com ércio por grosso
(excepto de veículos
autom óveis e
m otociclos)
Com ércio a retalho
(excepto de veículos
autom óveis e
m otociclos)
2007
2008
2007
2008
2007
2008
Continente
257516
31149
30295
68723
67776
164207
159445
Território de intervenção
18618
2518
2439
2928
2903
13721
13276
Douro
4952
631
630
703
719
3724
3603
Alto Trás-os-Montes
5189
671
646
709
715
3914
3828
Pinhal Interior Sul
973
164
160
153
151
687
662
Serra da Estrela
1044
149
140
188
171
776
733
Beira Interior Norte
2487
386
369
378
376
1774
1742
Beira Interior Sul
1758
260
252
303
285
1273
1221
Cova da Beira
2215
257
242
494
486
1573
1487
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
No que diz respeito ao pessoal ao serviço das empresas, o subsector do comércio a retalho
abrange em todas as sub-regiões mais de 50%, chegando mesmo aos 61,3% quando
analisado o território de intervenção na sua globalidade. Este valor é superior ao
apresentado para Portugal continental (54,6%).
Tabela 28: Distribuição do pessoal ao serviço no sector do comércio, 2008
Com ércio,
m anutenção e
Pessoal ao
reparação, de
serviço das
veículos autom óveis
em presas
e m otociclos
2008
Média
2008
2008
Com ércio por grosso
(excepto de veículos
autom óveis e
m otociclos)
2008
Com ércio a retalho
(excepto de veículos
autom óveis e
m otociclos)
Média
2008
2008
Média
2008
Continente
796937
103871
3,4
257642
3,8
435424
2,7
Território de intervenção
38412
6580
2,7
8301
2,9
23531
1,8
Douro
9895
1675
2,7
2119
2,9
6101
1,7
Alto Trás-os-Montes
10435
1592
2,5
2220
3,1
6623
1,7
Pinhal Interior Sul
2000
475
3,0
358
2,4
1167
1,8
Serra da Estrela
2109
310
2,2
461
2,7
1338
1,8
Beira Interior Norte
5602
1126
3,1
1071
2,8
3405
2,0
Beira Interior Sul
3552
563
2,2
743
2,6
2246
1,8
Cova da Beira
4819
839
3,5
1329
2,7
2651
1,8
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Quando relativizado o número de pessoas ao serviço pelo número de empresas, constata-se
que as empresas de comércio do território são de menor dimensão do que a média do
continente. No comércio por grosso, o número médio não chega a três pessoas por empresas
enquanto nas empresas de comércio a retalho não atinge duas pessoas por empresas.
Como espectável, o sector do comércio é caracterizado por envolver uma grande quantidade
de empresas de muito pequena dimensão, essencialmente dedicada ao comércio a retalho.
| 61
Tabela 29: Distribuição do volume de negócios no sector do comércio, 2008
Volum e de
negócios
2008
Com ércio,
m anutenção e
reparação, de
veículos automóveis
e m otociclos
2008
Média
2008
133458080
20632429
681,1
3870656
667168
273,5
Douro
976210
171414
Alto Trás-os-Montes
1087779
149590
Pinhal Interior Sul
230801
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
Com ércio por grosso
(excepto de veículos
autom óveis e
m otociclos)
Com ércio a retalho
(excepto de veículos
autom óveis e
m otociclos)
Média
2008
2008
67159189
990,9
45666463
286,4
1211847
417,4
1991641
150,0
272,1
283842
394,8
520954
144,6
231,6
365338
511,0
572851
149,6
51006
318,8
56580
374,7
123216
186,1
201957
21356
152,5
79733
466,3
100868
137,6
583271
144026
390,3
154886
411,9
284360
163,2
Beira Interior Sul
310559
43922
174,3
89794
315,1
176843
144,8
Cova da Beira
480078
85854
354,8
181674
373,8
212549
142,9
2008
Média
2008
Milhares €
Continente
Território de intervenção
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Também no que diz respeito, ao volume de facturação, o subsector do comércio a retalho
obtém mais de 50% de responsabilidade (51,5%), quer na média do território quer em todas
as sub-regiões. Realce-se o facto do volume de negócio médio por empresa deste subsector
ser bastante mais baixo do que a média para Portugal continental, o que reforça a ideia de
um poder de compra da população do território relativamente baixo.
III.2.1.2. Indústria Transformadora
A indústria transformadora engloba um grande número de subsectores (segundo a CAE Rev.
3 ramifica-se em 24 secções) e por este motivo optou-se por apresentar na Tabela 30
apenas os que representam um maior peso no total das empresas da região ou no total
nacional do subsector. Apesar de se apresentarem apenas sete subsectores, estes
representam 83% das empresas da indústria transformadora do território de intervenção.
Pela análise da Tabela 30 é possível salientar a importância de dois subsectores, a indústria
alimentar e a fabricação de produtos metálicos (nomeadamente, elementos de construção
em metal), que representam, respectivamente, 26% e 23,5% do total das empresas da
indústria transformadora do território. Para além destes, o subsector de actividade que
contém também um número elevado de empresas diz respeito à indústria da madeira e da
cortiça (11,9%) associada à vasta extensão de floresta existente no território de intervenção.
Tabela 30: Distribuição das empresas na indústria transformadora, 2007 e 2008
Em presas da
indústria
transform adora
2008
Indústrias
alim entares
Indústrias da m adeira
e da cortiça e suas
obras (excepto
Indústria das bebidas Fabricação de têxteis Indústria do vestuário
m obiliário) e
Fabricação de obras
de cestaria e de
espartaria
Fabrico de outros
produtos m inerais
não m etálicos
Fabricação de
produtos m etálicos,
excepto m áquinas e
equipam entos
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
Continente
77432
9616
9408
878
894
3976
3801
11578
11204
7236
6858
5176
4952
14780
14192
Território de intervenção
4496
1177
1167
194
202
182
169
292
287
558
537
321
324
1097
1055
Douro
1026
265
263
135
142
14
11
54
59
119
113
65
66
242
228
Alto Trás-os-Montes
1126
300
298
23
23
18
19
54
52
153
147
101
103
319
314
Pinhal Interior Sul
356
110
110
6
5
12
13
16
14
64
66
17
17
85
84
Serra da Estrela
334
95
93
6
6
38
30
41
40
30
29
16
15
67
66
Beira Interior Norte
648
141
140
17
19
28
27
36
37
99
92
63
67
163
157
Beira Interior Sul
462
129
129
1
1
23
26
32
32
48
47
25
23
101
95
Cova da Beira
544
137
134
6
6
49
43
59
53
45
43
34
33
120
111
Fo nte: INE, Dado s Estatístico s.
| 62
Em relação ao peso das empresas do território em relação à média nacional destacam-se as
indústrias alimentar e das bebidas que representam, respectivamente 12,4% e 22,6% do
total a nível de Portugal continental. Este valor elevado da indústria das bebidas diz respeito
em concreto à produção de vinhos desta região nomeadamente da região demarcada do
Douro.
Comparativamente aos valores registados para o continente, verifica-se uma supremacia no
território de intervenção da indústria alimentar (26% a nível do território e 12,2% a nível do
continente) e da indústria das bebidas (4,5% a nível do território versus 1,2% a nível do
continente).
De realçar que no final de 2008, o sector de actividade da indústria transformadora no
território de intervenção apresentava menos 2% das empresas existentes em 2007, valor
que ficou mesmo assim abaixo do verificado a nível nacional (3,3%). Dentro dos subsectores
anteriormente referidos, o mais penalizado foi a indústria de madeira e cortiça (muito
derivado aos sistemáticos incêndios que assolavam o país nos meses de Verão) e apenas a
indústria do vinho e o fabrico de produtos metálicos (esta última de forma residual)
contrariaram essa tendência.
Tabela 31: Distribuição do pessoal ao serviço das empresas na indústria transformadora, 2008
Pes soal ao
serviço das
e mpresas
2008
Indústrias
alime ntares
Indústrias da m adeira
e da cortiça e suas
obras (excepto
Indús tria das be bidas Fabricação de têxteis Indústria do vestuário
m obiliário) e
Fabricação de obras
de cestaria e de
e spartaria
Média
Média
Mé dia
Média
2008
2008
2008
2008
2008
2008
2008
2008
Fabrico de outros
produtos m inerais
não m etálicos
Fabricação de
produtos me tálicos,
exce pto m áquinas e
equipam entos
2008
Média
2008
2008
Média
2008
2008
Continente
758 522
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Território de intervenção
28 538
6491
5,6
---
---
---
---
---
---
2175
4,1
2316
7,1
2987
2,8
Douro
4 869
1380
5,2
1271
9,0
11
1,0
85
1,4
Alto Trás-os-Montes
4 710
1506
5,1
430
18,7
40
2,1
106
2,0
349
2,4
838
8,1
815
2,6
Pinhal Interior Sul
2 327
454
4,1
---
---
---
---
---
---
888
13,5
103
6,1
257
3,1
413
10,3
288
74
2,5
2,6
526
67
8,0
4,5
602
214
Média
2008
2,6
Se rra da Estre la
2 415
727
7,8
77
12,8
645
21,5
Be ira Interior Norte
4 125
1002
7,2
162
8,5
454
16,8
491
13,3
206
2,2
396
5,9
438
2,8
Be ira Interior Sul
3 505
738
5,7
---
---
---
---
999
31,2
210
4,5
129
5,6
208
2,2
3,2
Cova da Be ira
6 587
684
5,1
89
14,8
2103
48,9
2088
39,4
160
3,7
257
7,8
453
4,1
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Tendo por base o número de pessoal ao serviço, verifica-se que nas sub-regiões do Norte e
na Beira Interior Norte, a indústria alimentar detém a grande maioria do pessoal ao serviço
abrangendo 30% do total, com uma média de cerca de cinco pessoas por empresa. No
Douro, as indústrias alimentar e das bebidas são responsáveis por 54% do pessoal ao
serviço nas indústrias transformadoras.
As indústrias têxtil e de vestuário, lideram nas sub-regiões da Cova da Beira e da Serra da
Estrela. Assim e apesar do número relativamente baixo de empresas, em termos de pessoas
ao serviço, o sector têxtil atinge o primeiro lugar. No conjunto, estes dois subsectores da
indústria transformadora englobam mais de 50% dos trabalhadores nas empresas do
território de intervenção. Apesar dos recentes encerramentos das fábricas têxteis, só a
grande empresa de lanifícios Paulo de Oliveira sedeada e instalada no distrito de Castelo
Branco consegue empregar cerca de meio milhar de pessoas (esta empresa é um exemplo
de como a média por vezes é um valor distorcido da realidade).
| 63
Por fim, o sector da madeira e da cortiça continua bastante empregador na sub-região do
Pinhal Interior Sul.
Apesar da falta de alguns dados, pode concluir-se que a indústria alimentar é um sector
importante em termos de colocação de mão-de-obra em todas as sub-regiões, com especial
incidência para o Douro, Alto Trás-os-Montes e Beira Interior Norte. A indústria das bebidas
sobressai também na região do Douro. Nas sub-regiões mais a centro ainda é bastante
visível a dependência empregabilidade da população na indústria têxtil e de vestuário.
Tabela 32: Distribuição do volume de negócios na indústria transformadora, 2008
Volum e de
negócios
2008
Indústrias
alimentares
2008
Média
2008
Indústrias da madeira
e da cortiça e suas
obras (excepto
Indústria das bebidas Fabricação de têxteis Indústria do vestuário
mobiliário) e
Fabricação de obras
de cestaria e de
espartaria
Média
Média
Média
Média
2008
2008
2008
2008
2008
2008
2008
2008
Fabrico de outros
produtos m inerais
não m etálicos
2008
Média
2008
Fabricação de
produtos metálicos,
excepto máquinas e
equipamentos
2008
Média
2008
Milhares €
Continente
81854539
---
Território de intervenção
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
1872495
408406
350,0
266288
1318,3
141113
835,0
84886
295,8
130323
242,7
137338
423,9
160367
152,0
Douro
366094
77355
294,1
---
188028
---
1324,1
115
10,4
478
8,1
8748
77,4
29243
443,1
26528
116,4
Alto Trás-os-Montes
422875
91899
308,4
50613
2200,6
709
37,3
742
14,3
12241
83,3
68608
666,1
71222
226,8
Pinhal Interior Sul
136767
21648
196,8
---
---
---
---
---
---
80280
1216,4
3950
232,4
10596
126,1
Serra da Estrela
96199
40631
436,9
8572
1428,6
22805
760,2
6268
156,7
1910
65,9
1876
125,1
7705
116,7
Beira Interior Norte
320586
93509
667,9
13362
703,3
11275
417,6
8928
241,3
7163
77,9
16424
245,1
16369
104,3
Beira Interior Sul
258233
46949
363,9
---
---
---
---
24268
758,4
11913
253,5
5311
230,9
6761
71,2
Cova da Beira
271740
36415
271,8
5713
952,2
106210
2470,0
44202
834,0
8069
187,6
11925
361,4
21185
190,9
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Uma primeira conclusão a que se chega ao analisar a Tabela 32 é de que o volume de
facturação obtido pelas empresas das diversas indústrias transformadoras apenas representa
2,3% do total nacional (continental). Do valor total obtido 42% deriva das empresas
sedeadas nas sub-regiões do Norte. Devido à falta de dados não é possível verificar se estas
relações se mantêm nos diversos subsectores.
Na sub-região do Douro, mais uma vez as indústrias alimentar e das bebidas destacam-se
das demais com 21% e 51% do volume de negócios, respectivamente. A indústria das
bebidas em 2008 obteve 50% do total de facturação. No Alto Trás-os-Montes os valores
apresentados para a indústria alimentar e das bebidas foi, respectivamente, de 22% e 12%.
Realce-se o montante bastante atractivo do volume de negócios por empresa da indústria
das bebidas ao longo de todo o território. No Pinhal Interior Sul a indústria da madeira e da
cortiça é responsável por cerca de 60% da facturação, tornando assim o desenvolvimento
desta região bastante dependente da floresta. Nas restantes sub-regiões, os valores são
repartidos essencialmente entre a indústria alimentar e têxtil.
III.2.1.3. Construção
Relativamente à indústria da construção, a segunda mais significativa no território quanto ao
número de empresas instaladas, é possível verificar na Tabela 28 que na sua maioria dizem
respeito à construção de edifícios (52,5%) e a actividades especializadas tais como empresas
de instalações eléctricas, canalizações ou acabamentos (42,4%). A soma destas duas
| 64
actividades corresponde a cerca de 95% da indústria tanto no contexto restrito do território
de intervenção como a nível do continente.
Nesta indústria também se verificou um decréscimo no número de empresas instaladas de
3,3%, de 2007 para 2008, 1% acima do decréscimo verificado para Portugal continental.
Tabela 33: Distribuição das empresas no sector da construção, 2007 e 2008
Prom oção imobiliária
(desenvolvim ento de
projectos de
edifícios)
Em presas do
sector da
construção
2008
Continente
Território de intervenção
111482
Construção de
edifícios
Construção de
estradas, pontes,
túneis, pistas de
aeroportos e vias
férreas
Construção de redes
de transporte de
águas, de esgotos, de Construção de outras
distribuição de
obras de engenharia
energia, de
civil
telecom unicações e
de outras redes
Actividades
especializadas de
construção
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2910
2868
56085
53801
384
406
333
370
3263
3018
51413
51019
3633
8568
85
84
4716
4495
31
32
33
43
296
281
3695
Douro
1954
25
25
1107
1067
9
10
7
10
72
63
776
779
Alto Trás-os-Montes
2248
28
26
1046
1003
11
11
9
13
86
81
1105
1114
Pinhal Interior Sul
692
3
4
427
400
1
1
3
3
15
16
268
268
Serra da Estrela
479
4
4
280
256
1
1
0
0
13
13
219
205
Beira Interior Norte
1431
7
7
898
863
4
5
5
8
52
48
510
500
Beira Interior Sul
843
12
12
453
430
4
3
6
6
30
30
384
362
Cova da Beira
921
6
6
505
476
1
1
3
3
28
30
433
405
Fo nte: INE, Dado s Estatístico s.
Os subsectores da construção de edifícios e das actividades especializadas da construção são
também os que canalizam um maior número de pessoal ao serviço assim como os que
atingem um maior volume de negócios no seio do sector da construção (Tabelas 34 e 35).
Tabela 34: Distribuição do pessoal ao serviço das empresas no sector da construção, 2008
Prom oção im obiliária
Pessoal ao (desenvolvim e nto de
serviço das
proje ctos de
em presas
edifícios)
2008
Construção de
edifícios
Construção de
estradas, ponte s,
túneis, pistas de
aeroportos e vias
férreas
Construção de redes
de transporte de
águas, de esgotos, de Construção de outras
distribuição de
obras de engenharia
energia, de
civil
telecom unicações e
de outras redes
Actividade s
especializadas de
construção
2008
Média
2008
2008
Média
2008
2008
Média
2008
2008
Média
2008
2008
Média
2008
2008
Média
2008
Continente
486165
6674
2,3
242011
4,5
34191
84,2
7471
20,2
37942
12,6
157876
3,1
Território de intervenção
26360
111
1,3
14949
3,3
439
13,7
234
5,4
1251
4,5
7922
2,2
Douro
7121
33
1,3
4459
4,2
216
21,6
140
14,0
626
9,9
1647
2,1
Alto Trás-os-Montes
6391
43
1,7
3085
3,1
223
20,3
33
2,5
625
7,7
2382
2,1
Pinhal Interior Sul
1932
4
1,0
1121
2,8
---
---
---
---
---
---
611
2,3
Serra da Estrela
1713
4
1,0
1148
4,5
---
---
0
0,0
---
---
469
2,3
Beira Interior Norte
3979
8
1,1
2168
2,5
---
---
---
---
---
---
1090
2,2
Beira Interior Sul
2403
12
1,0
1398
3,3
---
---
61
10,2
---
---
785
2,2
Cova da Beira
2821
7
1,2
1570
3,3
---
---
---
---
---
---
938
2,3
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Em termos médios e tal como nos sectores anteriormente analisados, as empresas são de
pequena dimensão com um número médio de trabalhadores sempre inferior a 5, o que não
dista muito da média nacional. No que se refere ao volume médio de facturação, as
empresas de todos os subsectores da construção ficam bastante aquém dos montantes
médios nacionais.
| 65
Tabela 35: Distribuição do volume de negócios no sector da construção, 2008
Volum e de
negócios
2008
Prom oção im obiliária
(desenvolvim ento de
projectos de
edifícios)
Construção de
edifícios
Construção de redes
de transporte de
Construção de outras
águas, de esgotos, de obras de engenharia
distribuição de
civil
energia, de
telecom unicações
e
Média
Média
2008
2008
2008
2008
Construção de
estradas, pontes,
túneis, pistas de
aeroportos e vias
férreas
2008
Média
2008
2008
Média
2008
2008
Média
2008
Milhares €
Actividades
especializadas de
construção
2008
Média
2008
154,5
Continente
34311591
1548281
539,8
16000813
297,4
4368220
10759,2
889992
2405,4
3623293
1200,6
7880992
Território de intervenção
1143221
6866
81,7
663282
147,6
30636
957,4
12547
291,8
59912
213,2
263281
72,5
Douro
260383
959
38,4
158018
148,1
13500
1350,0
5278
527,8
30400
482,5
52228
67,0
68,0
Alto Trás-os-Montes
259755
3090
118,8
132599
132,2
17135
1557,7
1645
126,5
29512
364,3
75775
Pinhal Interior Sul
66615
917
229,2
31413
78,5
---
---
---
---
---
---
22434
83,7
Serra da Estrela
131241
26
6,5
111895
437,1
---
---
0
0,0
---
---
15492
75,6
Beira Interior Norte
163820
629
89,8
84178
97,5
---
---
---
---
---
---
36760
73,5
Beira Interior Sul
110706
875
72,9
73379
170,6
---
---
5624
937,3
---
---
22636
62,5
Cova da Beira
150701
371
61,8
71801
150,8
---
---
---
---
---
---
37956
93,7
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Sobressai da análise o pequeno número de empresas com actividade na construção de
estradas, pontes, túneis e outras obras públicas, nomeadamente na região do interior centro.
Para além de escassas, as existentes não são de grande dimensão (média de 20
trabalhadores). Este facto conduz a que os concursos para obras de maior envergadura
sejam vulgarmente ganhos por empresas de grandes dimensões de fora do território. Uma
possível solução passaria pela cooperação das pequenas empresas locais de forma a
ganharem escala suficiente para concorrer a concursos de obras públicas.
III.2.1.4. Alojamento e restauração
O sector do alojamento e da restauração apresenta também um número considerável de
empresas no território de intervenção. Sendo claramente um sector bastante influenciado
pelos movimentos turístico não pode, no entanto, ser considerado exclusivamente sujeito
aos mesmos.
Tabela 36: Distribuição das empresas no sector do Alojamento e Restauração, 2007 e 2008
Em presas do
sector de
alojam ento e
restauração
2008
Estabelecim entos
hoteleiros
Residencias para
férias e outros
alojam entos de curta
duração
Restaurantes (inclui
actividades de
restauração em
m eios m óveis)
Estabelecim entos de
bebidas
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
Continente
81935
3806
3753
1553
1658
28551
28046
48429
47459
Território de intervenção
4902
7311
343
331
228
244
1836
1795
5084
Douro
1760
92
85
63
66
451
444
1193
1154
Alto Trás-os-Montes
2255
109
106
71
73
574
557
1537
1511
Pinhal Interior Sul
297
9
9
2
4
86
86
201
197
Serra da Estrela
398
18
18
33
39
88
87
250
250
Beira Interior Norte
1086
57
55
40
41
262
256
755
729
Beira Interior Sul
719
29
30
8
9
173
170
535
506
Cova da Beira
796
29
28
11
12
202
195
613
555
Fonte: INE, Dados Estatístico s.
Mais uma vez, não foram incluídos na análise os dados de todos os subsectores (excluíramse por exemplo os parques de campismo) mas os que estão representados abrangem 99,5%
das empresas existentes em 2008.
| 66
Uma das conclusões que se pode retirar dos dados apresentados na Tabela 36 é a pouca
representatividade dos alojamentos do território no valor global do continente, cerca de
8,8% dos estabelecimentos hoteleiros e 14,7% de residências para férias e outros
alojamentos de curta duração. Este é um valor bastante baixo quando analisado em conjunto
com a grande percentagem de território em causa e principalmente tendo em conta as suas
fortes potencialidades derivadas, entre outras, das suas características paisagísticas naturais.
Em termos evolutivos é curioso conferir que a evolução dos dois tipos de alojamento em
causa foi em sentido oposto, em seja, os estabelecimentos hoteleiros sofreram uma
diminuição (de 12 estabelecimentos no território, sendo a região do Douro a mais afectada)
enquanto o outro tipo de alojamento verificou um acréscimo (de 16 estabelecimentos
distribuídos pelas várias regiões do território), acompanhando assim a tendência a nível
nacional.
| 67
IV ANÁLISE PRELIMINAR DOS SECTORES COM POTENCIAL NA
REGIÃO
Tendo por base o tecido empresarial e antes de formular uma estratégia de cooperação
empresarial é necessário um processo de reflexão com o objectivo de definir quais os
sectores de actividade que apresentam, no território de intervenção, um maior potencial
competitivo para atingir objectivos comuns gerais e específicos.
Aquando da caracterização do tecido empresarial já foi possível identificar os sectores de
actividades mais representativos no território. Esta particularidade é, desde já, um bom
motivo para carimbar a sua “passagem” a uma análise mais profunda que permita aferir se
efectivamente aqueles sectores detêm as condições necessárias para uma possível inclusão
num futuro projecto de cooperação empresarial.
Para além da análise dos dados estatísticos anteriormente explanados foi também recolhida
informação resultante de estudos anteriores levados a cabo por diferentes entidades,
nomeadamente pelas associações empresariais promotoras deste projecto, que de alguma
forma já vaticinavam a necessidade de intervenção em alguns sectores de actividade de
forma a aumentar a sua capacidade competitiva.
De um modo geral, os estudos analisados realçam as vantagens de uma intervenção ao nível
dos sectores da indústria alimentar, nomeadamente no que diz respeito aos produtos
tradicionais/regionais que apresentam características singulares pois incorporam algo único
de cada região (tal como os queijos, azeite, frutos secos ou carne denominada) e no “sector”
do turismo, de forma a aproveitar as características intrínsecas do território4 e no comércio
tradicional, que poderá e deverá aproveitar de parcerias com os anteriores sectores.
A comprovar estas conclusões, o Programa de Desenvolvimento Rural da Região Norte
proposto para o período de 2007-2013 deu especial relevância às actividades ligadas ao
sector agrícola, dado o peso económico das várias fileiras estratégicas, o desempenho em
termos de recursos naturais e ainda pelo desenvolvimento que essas actividades podem
alavancar promovendo a qualidade de vida e a coesão social. Do mesmo modo, o mesmo
Programa refere que a prioridade regional para as estratégias locais da região passa por
4
Veja-se, por exemplo, o estudo levado a cabo pelo NERCAB (em 2005) no qual se salienta que as estratégias
competitivas das empresas de territórios mais fragilizados do ponto de vista económico devem assentar numa
“especialização flexível”, assente nos denominados bens tradicionais/regionais que apresentam características
singulares pois incorporam algo único de cada região (tal como os queijos, azeite, frutos secos ou carne denominada) e
que, “quando direccionados para o segmento de mercado adequado, permitem às empresas de territórios de baixa
densidade obter vantagens competitivas no mercado global e, assim, contribuir, também, para o desenvolvimento
sustentado da região”. Ou ainda o Relatório Final do Estudo de Definição de um Modelo de Cooperação Empresarial,
desenvolvido pelo NERBA em 2009, que salientou a existência de determinados nichos de mercado ainda por explorar
nomeadamente no sector da indústria agro-alimentar e as possíveis vantagens de uma parceria entre empresas deste
sector e do sector do turismo. Também Pedrosa e Pereira (2008) no seu estudo sobre novas estratégias de
desenvolvimento de territórios estratégicos referem que, decorrentes do seu vasto potencial ambiental, emergem dois
grandes potenciais do território interior norte: o potencial produtivo a nível agro-pecuário e o potencial turístico.
| 68
colocar o turismo como driver económico da relação ambiente-turismo e a agricultura como
principal factor promotor da criação de riqueza, de protecção e valorização dos recursos
naturais e culturais.
Para além destes três sectores existem ainda outros três avançados por diferentes estudos e
justificados também por motivos distintos: o sector da energia, o sector das rochas
ornamentais e o sector dos transportes e logística5. Apesar desses sectores de actividade
apresentarem valores bastante baixos na representatividade do tecido empresarial,
revestem-se de uma importância estratégica pelas suas características particulares.
As rochas ornamentais são defendidas pela existência de um tipo de rocha que em Portugal
se concentra no território de intervenção - o granito. Este é um sector que poderá ser
desenvolvido em parceria com o sector da construção através de uma maior incorporação do
granito como matéria-prima.
A energia é um sector de actividade emergente com fortes potencialidades de crescimento,
nomeadamente, a hídrica e eólica, devido aos recursos naturais existentes na região. É um
dos poucos sectores com taxas de crescimento positivas nos últimos anos.
Por fim, o sector dos transportes e logística é igualmente um sector estratégico com grande
potencial de crescimento no território devido ao seu carácter transfronteiriço e aos avultados
investimentos realizados na construção de duas plataformas logísticas (em Chaves e na
Guarda) e que ainda se encontram por optimizar.
Assim, com base nas características do tecido empresarial e nas conclusões agregadas de
estudos anteriores, apresenta-se de seguida uma análise de âmbito mais alargado ao
conjunto dos sete sectores considerados como estratégicos e com potencial para incluir nas
futuras redes de cooperação inter-empresarial para a região do interior norte e centro:
comércio; agro-alimentar (em concreto, azeite, vinho, frutos secos, mel, produtos de
salsicharia e queijos); construção; turismo; rochas ornamentais (em concreto, granito);
energia e transportes e logística.
Com esta análise pretende descrever-se a sua evolução nos últimos anos, quer a nível
nacional como internacional, e ainda efectuar uma abordagem regional para se compreender
quais têm sido as suas maiores dificuldades e as suas principais vantagens competitivas dos
sectores de actividade referidos. Termina-se cada um destas análises com uma análise
SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (Pontos fortes, Pontos fracos,
Oportunidades e Ameaças).
5
Veja-se por exemplo o estudo sobre o Douro e Alto Tâmega e a província Ourense desenvolvido com o apoio do
NERVIR, em 2004, (refere como principais e potenciais sectores de actividade: o vitivinícola, as rochas ornamentais, o
turismo, a energia e os produtos agrícolas), ou o estudo desenvolvido pela mesma associação intitulado a Exportação
no distrito de Vila Real – cenário actual e potencial de desenvolvimento, de 2007 (onde se reforça a ideia de que de o
vinho, eventualmente complementados com outros produtos regionais e a extracção de mineral e rochas ornamentais
são as fileiras essenciais para o distrito de Vila Real).
| 69
IV.1 Comércio
O papel e o indispensável contributo para o bem-estar económico e social dos cidadãos
tornam o sector económico do comércio um dos mais importantes para a economia. A
importância sócio-económica do comércio está bem patente no facto de se tratar da segunda
maior actividade económica na Europa, à qual Portugal não é excepção, imediatamente a
seguir à indústria, sendo uma componente essencial para se aferir o nível e o próprio
potencial de uma economia nacional e um sector-chave para a criação de emprego e
crescimento económico. Apesar disso, as suas características específicas como o tipo de
empresas, o excesso de estabelecimentos (para a procura existente), os baixos níveis de
formação
de
quem
explora
os
estabelecimentos
e
a
gestão
tradicional
e
pouco
profissionalizada conduzem, regra geral, a padrões de desempenho não muito elevados que
têm conduzido a uma preocupação mais acentuada com este sector, a nível nacional e da
União Europeia.
No contexto nacional têm-se verificado importantes alterações estruturais no sector do
comércio que, em certa medida, estão interligadas com as alterações de diversa índole,
como o envelhecimento da população, a expansão da população activa feminina, o
incremento da mobilidade, o movimento das populações urbanas em direcção à periferia, o
aumento do rendimento disponível das famílias, a maior disponibilidade para o lazer, a maior
selectividade no acto de compra, a crescente adesão a novas tecnologias, entre outras.
Ainda assim, quer no contexto nacional quer no território de intervenção, o sector
caracteriza-se por concentrar um elevado número de empresas de muito pequena dimensão,
deixando bem evidente o carácter familiar da maioria das empresas e o domínio do sector
pelo pequeno investidor e pelo capital familiar. Acresce ainda a predominância do comércio a
retalho e a pulverização e atomização do tecido empresarial que não são factores favoráveis
ao desenvolvimento de grandes projectos, comprometem a capacidade de modernização do
sistema comercial e constituem fragilidades estruturais do sector.
No Anexo 1 apresentam-se alguns dados financeiros deste sector mais representado no
tecido empresarial da região, o comércio a retalho. Pode-se constatar o ritmo de crescimento
do volume de negócio, que se cifrou entre os 41% no Pinhal Interior Norte e os 18% na
Serra da Estrela, de 2006 a 2008. Apesar disso, o resultado líquido sofreu uma quebra
acentuada excepto em Alto Trás-os-Montes e na Beira Interior Norte.
A região da Beira Interior Sul é aquela em que o comércio tem sofrido mais dificuldades
apresentando nos últimos anos resultados líquidos e excedentes financeiros negativos o que
origina fortes constrangimentos financeiros.
Apesar das empresas se encontrarem a laborar com uma margem de segurança bastante
aceitável (de 14% a 23%) e acima da média nacional, a sua rendibilidade operacional das
vendas é relativamente baixa (máximo de3,8%).
| 70
No quadro seguinte são sistematizados os pontos fortes e fracos para o sector do comércio
no território de intervenção, mas que na generalidade são comuns aos do panorama
nacional.
Análise SWOT ao sector do Comércio
Pontos fortes
Pontos fracos
Sector transversal ao conjunto dos restantes sectores de actividade
económica
Empresas de muito pequena dimensão e de carácter familiar onde a a
falta de escala limita a optimização da performance produtiva
Predominio de sub-sectores de actividade relacionados com bens de
primeira necessidade
Elevada heterogeneidade dos sub-sectores de actividade
Dinâmica e orientação para o mercado demonstradas por alguns
comerciantes
Gestão tradicional e pouco profissionalizada
Alguma focalização
reconhecida
Reduzida cooperação empresarial dificultando, deste modo,
implementação de uma estratégia de desenvolvimento comum
em
produtos
específicos
cuja
qualidade
é
a
Baixos níveis de formação e espírito pouco empreeendedor
Fraca sensibilidade para a modernização do sector em vectores
empresariais essenciais ao acréscimo de competitividade como a
formação, as normas ambientais e a higiene e segurança no trabalho e
o marketing
Falta de planeamento estratégico e imobilismo dos comerciantes que
conduzem a uma elevada rotatividade dos estabelecimentos
Ambiente de compra pouco atractivo e horários de funcionamento
desajustado com a vida moderna dos estabelicimentos tradicionais
Distribuição não equitativa do número de estabelecimentos por cada
ramo de actividade
Falta de actuação corporativa condiciona a criação de massa crítica
Oportunidades
Ameaças
Adequar/introduzir alterações nos estabelecimentos (exemplos: tipo de
produtos, serviço ao cliente, pessoal ao serviço em termos de número
e formação, remodelação física do espaço) de modo a alterar a sua
imagem e melhorar a visibilidade juntos dos consumidores
Inércia do comerciantes retalhistas na aposta na inovação, qualidade,
diferenciação do serviço prestado, modernização dos estabelecimentos
e reforço da competitividade de forma a consolidar as suas posições
no mercado
Incremento da cooperação empresarial
A par do pequeno comércio que predomina no sector existem
empresas tecnologcamente avançadas, com forte kow how e
concorrência cada vez mais agressiva
Modernização e inovação do sector de modo a responder a novos
desafios relacionados com os estilo de vida e exigências dos clientes
Fraco grau de associativismo económico das empresas do sector
Potenciar o atendimento personalizado do comercio tradicional para
fazer face às grandes superfícies
C oncorrência ilegal e cotrafacção
Aproveitamento da concorrencia como factor estimulanete à inovação
Aproveitamento do comércio em espaço rural para promoção e
distribuição das produções locais
Progressiva integração do comércio em planos de urbanismo comercial
como instrumentos de dinamização e modernização das estruturas
comerciais, associadas à revitalização de centros históricos das
cidades e das vilas
Tendo por base as características intrínsecas deste sector de actividade e atendendo à
informação estatística referida anteriormente para o território de intervenção constata-se
que a cultura empresarial, a elevada heterogeneidade dos ramos de actividade e a
| 71
predominância do pequeno comércio por retalho são factores, de algum modo, limitativos da
aposta na inovação, qualidade, diferenciação do serviço prestado, modernização dos
estabelecimentos e da cooperação empresarial.
No entanto, o aproveitamento das potencialidades paisagísticas, associado aos produtos
endógenos do território de intervenção poderão ser factores mobilizadores de uma potencial
cooperação empresarial entre sectores como o turismo, a construção e o comércio a retalho
tradicional de modo a criar economias de escala de promoção e distribuição de produtos,
sobretudo locais.
IV.2 Agro-alimentar
Desde as últimas décadas é relativamente consensual que as grandes empresas não
constituem, por si só, o único motor do crescimento económico do país. De facto, grande
parte das micro e médias empresas localizadas em regiões sobretudo mais rurais produzem
produtos regionais diferenciados de elevada qualidade mas cujo reconhecimento por parte do
consumidor ainda não está completamente consolidado. Esta valorização enfrenta alguns
obstáculos e condicionalismos que não são exclusivos de uma região e que são apontados
em Cristovão et al. (2003):
i)
os baixos volumes de produção, consequência do abandono progressivo da
agricultura e do sector do artesanato;
ii)
o risco da perda do saber-fazer tradicional;
iii)
a dispersão da produção pelo território, a debilidade organizativa e a ausência de
mecanismos de concentração da oferta;
iv)
o envelhecimento da população rural e a crescente falta de mão-de-obra jovem nas
actividades agrícolas e de artesanato e a consequente perda das práticas
tradicionais de laboração;
v)
a dificuldade do sector agro-alimentar tradicional em modernizar as suas estruturas
de transformação e assumir uma orientação para o mercado;
vi)
a falta de locais de venda qualificados e de criação de sinergias entre produtos de
modo a aumentar a percepção de qualidade por parte dos consumidores.
Neste cenário, o estabelecimento de uma estratégia de valorização dos produtos deve, por
um lado, melhorar a vitalidade da economia portuguesa e, por outro lado, preservar a
diversidade e a riqueza da paisagem e a tipicidade dos produtos através da sua certificação.
Desde 1994 existem em Portugal cerca de 120 produtos que beneficiam de qualificações DOP
(Denominação
de
Origem
Protegida),
IGP
(Indicação
geográfica
Protegida)
e
ETG
(Especialidade Tradicional Garantida). Estas denominações introduzem um elemento de
diferenciação nos produtos que se espera ser reconhecido e valorizado por segmentos
específicos dos consumidores.
| 72
De facto, este tipo de produtos tem vindo a conquistar um reconhecimento crescente
nacional e internacional fruto da sua qualidade, da sua genuinidade e da sua história
associada ao modo de fabrico ou a uma determinada origem geográfica. Com efeito, na
região norte e centro de Portugal já existe um elevado número de produtos tradicionais com
nomes protegidos através de regimes nacionais e comunitários de qualificação/certificação e
uma crescente adesão a modos de produção sustentáveis (caso do modo de produção
biológico, entre outros). Estes produtos de nome protegido contribuem não só para a
valorização do mundo rural das áreas geográficas que lhe estão afectas como também para o
aumento da competitividade nacional no mercado global suportada na especificidade e
qualidade e não só no custo.
Contudo, à excepção do sector do vinho, a produção diferenciada ao abrigo de regimes de
qualificação e de certificação da qualidade têm uma expressão reduzida em termos de
quantidade e valor face ao potencial global, embora se registem, mais recentemente, taxas
de crescimento em alguns produtos, como no azeite. Vários estudos referem que as
dificuldades na criação de escala e na organização das produções diferenciados acarreta uma
insuficiente divulgação e reconhecimento dos sistemas de qualidade por parte do consumidor
e, por conseguinte, uma incipiente penetração no mercado quer interno quer externo. De
modo a projectar a visibilidade dos produtos tradicionais é fundamental aproveitar as
potencialidades das regiões para o desenvolvimento do turismo associado à gastronomia, à
paisagem e à natureza com destaque para as áreas da rede Natura.
Pelas suas condições paisagísticas, territoriais e edafo-climáticas a área de intervenção em
análise tem uma forte tradição na produção de produtos de qualidade regional com um
elevado potencial de dinamização e valorização do espaço rural. Neste sentido, o cluster dos
produtos tradicionais constituem uma potencial fileira estratégica do sector económico, com
particular destaque para o vinho, azeite, frutos secos, mel, produtos de salsicharia e queijos
tradicionais.
A
promoção
integrada
dos
vários
produtos
regionais,
eventualmente
complementada com a riqueza paisagística e cultural, irá, certamente, contribuir para a
promoção integrada da área de intervenção.
O enquadramento dos produtos tradicionais acima referidos na área de intervenção teve por
base os diagnósticos sectoriais respectivos realizado pelo Gabinete de Planeamento e
Políticas do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
IV.2.1 Azeite
Para
o
mercado
mundial
de
azeite
prevê-se
um
acréscimo
produtivo
resultante
essencialmente do aumento da produtividade nos actuais olivais e, em menor escala, do
aumento da área plantada. A partir de meados da década de noventa tem-se verificado uma
expansão do sector com uma taxa de crescimento da produção de cerca 4,6%,
| 73
acompanhadas por acréscimos na procura internacional, correspondentes a uma taxa de
crescimento do consumo de 3,5% ao ano.
A nível nacional, a produção de azeite registou um crescimento de 42% em 2009 face ao
período homólogo representando o mercado nacional 150 milhões de euros. O consumo per
capita anual em Portugal passou de uma média de 3,3 quilogramas no início dos anos 90
para um nível actual de sete quilogramas per capita. A representatividade do sector do
azeite
na
estrutura
agro-alimentar
tem
sido, nos
últimos
anos,
próxima
de
1%,
correspondendo a um valor da ordem dos 90 milhões de Euros. A produção nacional de
azeite satisfaz cerca de 50 a 60% das necessidades de aprovisionamento do nosso país,
sendo o restante assegurado pela entrada de azeite com proveniência comunitária, sendo
Espanha a sua principal fonte de abastecimento.
Nos últimos anos, o índice de orientação exportadora subiu para valores entre os 60 e os
75% tendo como principais mercados alvo de exportação o Brasil, a Venezuela, os EUA e o
Canadá.
Portugal é agora o quarto maior produtor a
nível da União Europeia e com um crescimento
de exportações de 19%. Em 2008, a produção
de azeite na região norte representava cerca de
29% da produção total (587.422 hl) enquanto
este valor se situava em 25% para a região
centro. A norte, a olivicultura pratica-se quase
exclusivamente na Terra Quente Transmontana
e no vale do Douro Superior enquanto no centro
esta se reparte pelo Pinhal Interior Sul e Beira
Interior Norte e Sul.
A área de intervenção contempla três azeites
DOP: o Azeite de Trás-os-Montes (que abrange
mais de 60% da área do olival regional para o
azeite), o Azeite da Beira Alta e o Azeite da
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 18: DOP de azeite
Beira Baixa (Figura 18).
Em 2004, a produção de azeites DOP perfez cerca de 2,9% da produção nacional de azeite
virgem, sendo os azeites de Moura e o azeite de Trás-os-Montes os mais representativos.
Nos anos mais recentes, os azeites com nomes protegidos têm vindo a perder expressão à
escala nacional, face aos preços inferiores dos azeites correntes e a bloqueamentos nos
circuitos de comercialização. Contudo, o Programa de Desenvolvimento Rural da Região
Norte estima um aumento previsional para a região norte do valor global da fileira de 24,9 %
em 2013, que resultará não só do aumento da produção mas sobretudo da valorização dos
produtos comercializados de Denominação de Origem.
| 74
Através dos elementos apresentados no Anexo 2 é possível verificar que as empresas
situadas na área de intervenção apresentam um forte peso neste sector representando, em
2008, 46% das empresas existentes no continente.
Em termos do volume de negócios (e apesar da falta de dados) é possível verificar que a
evolução tem sido positiva em algumas sub-regiões (Alto Trás-os-Montes, Pinhal Interior
Sul) enquanto noutras a oscilação tem predominado. Pese embora as dificuldades associadas
ao mau momento económico que o país atravessa, o volume de negócios do território neste
sector verificou um aumento de 33% no ano de 2007. É possível ainda verificar que as
empresas do sector da produção de azeite têm conseguido obter nos últimos anos níveis
bastante positivos em relação aos seus excedentes de exploração assim como da sua
capacidade de financiamento.
No entanto, as empresas em média não têm conseguido laborar acima do seu ponto morto
de exploração o que gera rendibilidades negativas. Este é um aspecto bastante preocupante
pois a obtenção de níveis aceitáveis de rendibilidade a médio prazo é um ponto crucial para a
manutenção das empresas no mercado. Alguns aspectos que estão a obstruir o crescimento
da rendibilidade deste sector estão, com certeza, relacionados com a incapacidade das
empresas em penetrar em mercados novos mercados, tais como a pequena escala de
produção ou a inexistência de campanhas de promoção dos produtos. Outro factor está
associado aos fortes gastos de exploração associados a esta actividade que urge minimizar
ou reestruturar.
Assim, o aproveitamento das oportunidades abaixo referidas, alicerçado na modernização e
desenvolvimento de forma activa e sustentada da produção do azeite nacional contribuirá
para o aprovisionamento dos mercados interno e externo, promovendo, em simultâneo, o
desenvolvimento das regiões onde se localiza. Este é de facto um sector estratégico de
apetência indiscutível que poderá servir de suporte a grande parte da sustentabilidade da
região norte e centro de Portugal através do desenvolvimento de alianças com o sector do
turismo e cultura, entre outras.
Apresentam-se de seguida os pontos fortes e fracos e as oportunidades e ameaças deste
sector da indústria agro-alimentar.
| 75
Análise SWOT ao sector do Azeite
Pontos fortes
Pontos fracos
Património natural com significativo índice de biodiversidade
Olival degradado com baixas produtividades e alternância da produção
Peso sócio-económico do sector na sub-região de Alto-Trás-os-Montes
e da Beira interior
Elevados custos de produção (apanha e consumos intermédios)
C ondições edafo-climáticas adaptadas à cultura e com potencial para
produzir azeite de qualidade
Insuficiente reestruturação e modernização da recepção, transporte,
acondicionamento e transformação
Imagem do azeite associada à qualidade/ tipicidade / saúde pública
Deficiente recurso à I&D, nomeadamente para eliminação de efluentes
e valorização dos sub-produtos
Dinâmica recente da produção e melhoria substancial da qualidade
Fraca
orientação
apresentação dos
mercados
Procura crescente por produtos diferenciados
Fracas sinergias com sectores complementares como o turismo
Existência de conhecimento técnico
Estruturas associativas frágeis e fraco poder negocial junto da grande
distribuição
comercial, nomeadamente na melhoria da
produtos, alargamento e conquista de novos
Falta de rendibilidade
exploração.
no
sector,
nomeadamente,
ao
nível
da
Oportunidades
Ameaças
A olivicultura é considerado um sector estratégico com projecto de
estratégia sectorial e nacional
Espaço geográfico regional envelhecido e desertificação dos territórios
rurais
C ondições agro-ambientais favoráveis à dinamização da cultura
Os períodos de colheita são curtos, não programados, e muito
dependentes das condições climatéricas e da mão e obra disponível
Potencial para aumentos da produção sobretudos nas áreas
aptidão olivícola
com
Algumas variedades pouco produtivas e a inexistência de um
programa de melhoramento para as variedades marcantes da
olivicultora regional
Atractividade do sector ao investimento exterior
Negociações sem inclusão das exigências relativas
alimentar e ambiente (non trade concerns )
Oferta de produtos diferenciados e identidade própria que são capazes
de diversificar a capacidade produtiva do território e de superar a
âmbito local
O grosso da produção dos azeites DOP continua a ser recolhido pelo
próprio olivicultor ou a ser comercializado para grandes empresas
embaladoras fora da região, a granel e não certificado, logo após o
fabrico.
Possibilidade de evolução na cadeia de valor, pela transformação e
melhoria dos processos de comercialização
Ausência de um modo de cooperação
promoção conjunta do azeite
Existência de azeite com Denominações de Origem protegida e a
potencialidade de implementação de outras
Potencial de consumo da região e do país em fase de estagnação.
Evolução positiva do consumo de produtos olivícolas e da actividade
relativa aos produtos com origem protegida
Evolução pouco atractiva dos preços pagos à produção
Potencial de mercado, interno e externo por explorar
Possibilidade de potenciar a adopção de projectos integrados de
constituição/reforço de clusters
à segurança
empresarial que
faça a
| 76
IV.2.2 Viticultura
A vitivinicultura é o suporte de grande parte da actividade económica e social nacional
representando 15,9% da produção agrícola (período 2000-2005). A sua sustentabilidade
depende, essencialmente, da vitalidade demográfica, da preservação do património natural
de interesse paisagístico e do ambiente e da sua integração com o agro-turismo.
Com uma superfície vitícola de 240 mil
hectares repartida pelas diferentes regiões,
a cultura da vinha ocupa cerca de 6,9% da
superfície agrícola útil e 2,6% do território
continental
vinícolas
(91
km2).
909
VQPRD
(Vinho
As
de
regiões
Qualidade
Produzido em Região Demarcada) cobrem
grande
parte
do
país
e
evidenciam
a
importância da região de cultivo da vinha na
determinação da qualidade e identidade dos
vinhos produzidos (Figura 19). Na vertente
económica, assinala-se o crescimento do
peso do sector do vinho que representava
9,1% da produção agrícola, no período de
1980-1989,
e
que
registou
15,4%
no
período de 2000-2007.
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 19: DOP dos vinhos
Apesar da sua importância, o envelhecimento das vinhas, a utilização de castas pouco
adequadas à produção de vinhos de qualidade, as baixas produções e o condicionamento da
mecanização resultante da dispersão da vinha por parcelas de pequenas dimensões
conduzem a custos de produção elevados. Apesar do esforço que os viticultores têm vindo a
efectuar nos últimos anos são ainda apontados no Programa de Desenvolvimento Rural da
Região Norte (2007) outros pontos fracos deste sector de actividade tais como:
i)
elevada heterogeneidade na produtividade;
ii) pulverização de marcas;
iii) deficiente cooperação local, nacional e internacional entre os vários agentes
económicos;
iv) fraca estrutura de capital e excesso de endividamento essencialmente no sector
cooperativo;
v) fragilidade do movimento associativo e cooperativo da produção;
vi) baixa qualificação da mão-de-obra;
vii) regressão demográfica.
Para ultrapassar estas debilidades do sector e adaptar a produção à melhoria constante da
qualidade dos vinhos portugueses de modo a permitir enfrentar a concorrência nos mercados
| 77
cada vez mais exigentes, Portugal tem vindo a utilizar regimes comunitários de apoio à
reconversão e reestruturação das vinhas nas diferentes regiões vitivinícolas.
Apesar da difícil conjuntura internacional, dados do Instituto da Vinha e do Vinho revelam
que a exportação de vinhos portugueses no 1º semestre de 2009 (não incluindo o vinho do
Porto e da Madeira que enquanto vinhos licorosos DPO de renome internacional, têm um
comportamento diferenciado dos restantes) atingiu o valor de 183,5 milhões de euros,
traduzindo-se num crescimento de 45% face a idêntico período de 2008. Os vinhos com
denominação de origem protegida DOP (cuja designação vem substituir os VQPRD)
conquistam expressão e representam 21% do total do volume exportado (contra 13% no
mesmo período, em 2007 e 2008).
Portugal tem vindo a reforçar o peso do volume e valor das exportações para países
terceiros, como Angola e Estados Unidos da América, em comparação com o volume e valor
das exportações para países da União Europeia, cujos principais locais de destino são a
Alemanha e a França. As exportações portuguesas de vinho têm apresentado sinais
positivos, que estão certamente associadas a uma maior aposta em produtos de qualidade e
numa relação qualidade/preço equilibrada.
O desafio que se coloca consiste em manter esta tendência positiva e reforçar a visibilidade
dos vinhos portugueses aproveitando algumas vantagens competitivas do sector tais como:
i)
notoriedade da região e da Denominação de Origem Porto;
ii) dinâmica da reestruturação da vinha observada sobretudo nos últimos anos;
iii) grande diversidade de castas autóctones produtoras de vinho de qualidade;
iv) produção de vinhos de alta qualidade;
v) boa capacidade tecnológica instalada;
vi) envolvimento dos agentes económicos nas organizações;
vii) protecção, defesa, certificação e promoção de todas as denominações de origem;
viii) património natural, histórico, cultural e paisagístico de interesse mundial;
ix) complementaridade com o potencial do turismo em espaço rural.
Atendendo à distribuição da
produção do vinho nos últimos
anos (Figura 20) constata-se que
a região do Douro ocupa lugar de
destaque na produção total de
vinho
nacional
tendo
a
sua
produção média nas últimas 5
campanhas, sido superior a 1,5
milhões de hectolitros.
Fonte: Instituto da Vinha e do Vinho
Figura 20: Produção média de vinho por regiões nas
campanhas 2006/2007 a 2008/2009
| 78
Tendo por base a produção de vinho por qualidade (Figura 21) constata-se um aumento da
representatividade dos vinhos aptos para certificação (VQPRD e vinho regional) atingindo um
valor de 74% na campanha de 2008/2009.
Fonte: Instituto da Vinha e do vinho
Figura 21: Distribuição do vinho
campanhas de 2000/01 a 2008/09
nacional
por
qualidade
desde
as
Após a análise genérica do sector do vinho nacional importa agora enquadrar a área de
intervenção nas diferentes regiões vitivinícolas uma vez que a produção e qualidade do vinho
varia de um modo significativo com a região.
O estatuto DOC Trás-os-Montes, que envolve as sub-regiões de Valpaços, Chaves e Planalto
Mirandês, veio dar reconhecimento ao potencial qualitativo dos seus vinhos, bem como da
sua viticultura. Esta região apresenta um riquíssimo património ampelográfico (40 castas
autóctones em cultivo), na sua maioria bem adaptado às diferentes situações edafoclimáticas, dando origem a produtos diferenciados que, com garantia de qualidade,
constituem uma oportunidade para o desenvolvimento e aumento da competitividade da
viticultura regional (Sousa et al., 2007).
Na região demarcada do Douro produz-se o internacionalmente conhecido vinho do Porto e
vinhos com Denominação de Origem Douro em crescente afirmação, conquistando
actualmente os mercados mais exigentes. Esta região situa-se na bacia hidrográfica do
Douro, rodeada de montanhas, estendendo-se por uma área total de 250.000 ha, dos quais
cerca de 18% são ocupados com vinha, fruto da notável acção de várias gerações na
alteração das encostas. A viticultura da Região Demarcada do Douro é uma vitivinicultura de
encosta, caracterizada por uma elevada diversidade de encepamento. Pela sua tipicidade
paisagística, a região do Alto Douro Vinhateiro que está inserida na área de intervenção foi
classificada com o título de património Mundial em 2001.
Apesar da antiga tradição da Beira Interior em produzir vinho, a regressão demográfica e as
dificuldades de comunicação provocaram algum atraso enológico e um grande abandono das
vinhas. Actualmente, assiste-se a uma revitalização do sector e ao aparecimento de vinhos
| 79
de qualidade de DOC Beira Interior e cuja área de intervenção abrange as sub-regiões de
Pinhel e da Cova da Beira. Apesar das extremas condições climatéricas nesta região, a
criteriosa selecção das castas utilizadas permite produzir vinhos aptos para certificação.
Atendendo à Tabela 37 conclui-se que do total de vinho produzido na região norte em 2008
(representa cerca de 39% do total nacional), cerca de 65% do volume de produção diz
respeito às regiões do Douro e de Alto Trás-os-Montes (neste caso, com especial enfoque
nas regiões vitivinícolas de Valpaços, Chaves e Planalto Mirandês). A região centro apresenta
uma produção de vinho de cerca de 28% da produção nacional, contribuindo as sub-regiões
Pinhal Interior Sul, Serra da Estrela, Beira Interior Sul e a Cova da Beira em cerca de 15%
daquele valor.
Tabela 37: Produção vinícola declarada expressa em mosto na área de
intervenção 2008
Produção de vinho por qualidade (hl)
Total
VLQPRD
VQPRD
Vinho
regional
Vinho de
mesa
Continente
5 357 970
716 519
1 951 299
1 287 728
1 402 424
Norte
2 083 809
702 851
1 071 936
90 376
218 646
Douro
1 211 896
690 772
341 701
46 526
132 897
135 254
12 080
12 839
27 735
82 601
1 507 444
2 573
346 472
464 577
693 823
805
51
444
311
18 361
16 831
317
1 213
20 996
30 902
102 533
Alto Trás-os-Montes
Centro
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
Beira Interior Sul
Cova da Beira
157 002
2 571
746
472
44 610
20 470
274
24 030
110
Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte 2008.
Atendendo à qualidade do vinho produzido verifica-se que os vinhos VQPRD e regional na
área de intervenção têm uma representação bastante significativa, destacando-se a Cova da
Beira em que a quase totalidade da sua produção tem esta denominação (Figura 22). Com a
operacionalização de estratégias assentes na melhoria da qualidade e aumento das vendas
em vinho VQPRD em detrimento dos vinhos de mesa e regionais, prevê-se uma variação de
25% da produção de vinho VQPRD para a região vitivinícola de Trás-os-Montes e 20% para a
Região Demarcada do Douro para o período de 2007-2013.
| 80
VLQPRD
VQPRD
Vinho regional
Vinho de mesa
100
80
60
40
20
s-M
Pi
nh
on
al
te
s
In
te
r io
Se
rS
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Be
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Al
to
Tr
ás
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Co
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in
en
te
0
Figura 22: Distribuição da produção do vinho por qualidade na
área de intervenção
Com base no Anexo 3, constata-se que as empresas do sector vitivinícola do território em
análise representam 21,7% do total das empresas do mesmo sector no continente. Uma vez
que não estão disponíveis dados financeiros para as restantes regiões apenas é possível
estudar a sub-região do Douro. O volume de negócios das empresas vitivinícolas na referida
região cresceu de 2006 para 2008 46%. Este incremento levou também a um acréscimo do
valor acrescentado bruto e da margem de segurança. No entanto, os custos de exploração
fixos incorridos aumentarem numa maior escala levando à obtenção de uma menor margem
líquida, sendo muito embora bastante superior ao valor médio apresentado pelas empresas
no continente (2,5% no Douro e -0,8% no continente). Este aspecto mostra claramente que
o sector dos vinhos, nomeadamente, os VQPRD, da sub-região do Douro é de uma extrema
importância para a economia nacional importando por isso maximizar os seus níveis de
rendibilidade.
A qualidade dos vinhos produzidos associado a estratégias eficientes de promoção e
divulgação dos vinhos e de uma política comercial e de um sistema de distribuição
complementada com outros produtos de qualidade e/ou com potencial do turismo em espaço
rural nas área de intervenção, perfilará o sector dos vinhos como uma potencial fileira
estratégica.
Consideram-se agora os pontos fortes e fracos, bem como as oportunidades e as ameaças
existentes, tendo em vista a tomada de decisões a nível da fileira.
| 81
Análise SWOT ao sector do Vinho
Pontos fortes
Pontos fracos
C ondições edafo-climáticas e grande diversidade de castas autóctones
produtoras de vinhos de alta qualidade, designadamente VQPRD e
Vinhos Regionais
Excessiva dependência da região da sub-região do Douro do sector
vitivinícola
Prestígio e notoriedade internacional de algumas Denominações de
Origem e marcas.
Fraca estrutura de capital e excesso de endividamento, essencialmente
no sector cooperativo dificultando, assim a acesso aos mercados
Dinâmica de reestruturação da vinha principalmente nos últimos anos
Baixa profissionalização das organizações, nomeadamente na gestão
Protecção, defesa, certificação e promoção de todas as denominações
de origem numa única entidade que regula os interesses da produção
e do comércio
Elevados custos de produção, devido à pequena dimensão e dispersão
das parcelas, baixos níveis de mecanização e viticultura de encosta
Património histórico, cultural e paisagístico de interesse ambiental e
mundial
Deficiente cooperação local, nacional e internacional entre os vários
agentes económicos
Grande complementaridade com o potencial do turismo em espaço
rural
Falta de estratégia de aproveitamento de sub-produtos
Dinâmica empresarial e elevados níveis de competitividade nalgumas
empresas do sector, que se encontra organizado
Regressão
produtores
Grupos económicos com dimensão relevante e capacidade exportadora
Deficientes estratégias empresariais concertadas para abordagem dos
mercados externos
Oportunidades
Ameaças
demográfica
associada
à
falta
de
qualificação
dos
C rescente visibilidade do interior norte e centro de Portugal e do Douro
em especial
Entrada de novos produtores com vantagens comparativas
Novas políticas de apoio ao investimento orientadas para aumento da
competitividade e sustentabilidade das empresas
Fraca evolução ou estagnação do valor gerado pela exportação de
vinho português
Forte complementaridade com o potencial do turismo em espaço rural
resultante do crescente aumento da procura turística
Tendência para agravamento dos regimes de tributação do vinho
Fidelização de novas franjas de consumidores
diferençados e com garantia de qualidade
Decréscimo do consumo do vinho nos países produtores e riscos de
degradação da imagem do vinho em termos de saúde pública
para
vinhos
Mercados emergentes e novos países consumidores
C rescimento
autóctones
do
mercado
de
Aparecimento e consolidação
especialistas na vinha
Relançamento de medidas
diplomacia económica
e
vinhos
de
nova
Excessiva regulamentação comunitária
monovarietais
geração
instrumentos
de
de
das
castas
enólogos
dinamização
e
da
Expectativas de melhoria do quadro institucional multilateral para as
Denominações de Origem
C rescentes exigências ambientais
| 82
IV.2.3 Frutos secos
A região norte do país apresenta boas condições edafo-climáticas para a produção de frutos
secos. A sua diversidade em termos de clima e altitude permite o cultivo de espécies muito
diversas, destacando-se o castanheiro que existe na Terra Fria de Montanha e a amendoeira
no Douro Superior Sul e Terra Quente Transmontana que estão geralmente associadas a
sistemas
de
produção
ambientalmente
sustentáveis.
Nesta
região
existem
três
denominações de origem protegida para a castanha: castanha da Terra Fria; castanha dos
Soutos da Lapa e castanha da Padrela; e uma Denominação de Origem Protegida para a
amêndoa: a Amêndoa Douro (Figura 23).
Figura 23: DOP de frutos secos
Em 2005 a área da cultura do castanheiro no
continente totalizava 30.097 hectares, a que
correspondeu uma produção total de 22.169
toneladas e uma produtividade média de 0,7
ton/ha,
colocando
Portugal
como
o
quinto
produtor actual do mundo. A castanha portuguesa
impõe-se há décadas no mercado externo, sendo
um produto que permite manter, com larga
vantagem, um saldo positivo na balança comercial
do país, o qual se cifrou em 12,6 milhões de euros
(média do quinquénio 2001-05).
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
A principal região de produção é Trás-os-Montes, destacando-se das restantes regiões
produtoras, com um peso de 85% na área e 82% na produção total do continente. Segue-se
a região da Beira Interior, com uma representatividade de cerca de 10% em termos de área
e 9% na produção. Na região de Trás-os-Montes, cerca de 70% a 80% da castanha destinase ao mercado externo (em fresco e transformada), quer para países da União Europeia
(65%), quer para Países Terceiros (15%) e apenas 20% a 30% da produção regional tem
como destino o mercado interno. A castanha protegida Soutos da Lapa, é comercializada
através de uma cooperativa sendo uma parte introduzida no mercado externo e outra parte
nas médias e grandes superfícies nacionais. Na Beira Interior, os intermediários têm
igualmente um papel importante na preparação e comercialização das castanhas de nome
protegido dos pequenos agricultores.
A
amendoeira
é
também
uma
das
tradicionais
culturas
de
Portugal
continental,
representando cerca de 45% do total da área de frutos secos. Apesar da liderança da
Espanha na produção da amêndoa, seguido da Itália e da Grécia, Portugal ocupava a quarta
posição na produção deste fruto (20.000 toneladas) no quinquénio 2001-2005. A principal
zona de produção de amêndoa no continente localiza-se em Trás-os-Montes principalmente
| 83
na Terra Quente e Alto Douro com um peso na área total de 60% e de 86% na produção. A
amêndoa é adquirida à produção, por intermediários, mas também por industriais, que
procedem à sua transformação e comercialização. O produto destina-se ao mercado interno,
nomeadamente aos mercados abastecedores ou a pastelarias e confeitarias regionais e
também ao mercado externo, particularmente a Espanha.
A valorização desta fileira resulta não só do aumento expectável do preço dos frutos em
fresco e pelo aumento da produtividade, mas sobretudo com base nas perspectivas de
desenvolvimento da transformação e no papel da multifuncionalidade, nomeadamente
associado ao turismo em zonas da rede Natura.
Muitas das limitações, mas também das oportunidades que se colocam aos produtos de
qualidade regional, são comuns a diferentes sectores e fileiras, embora alguns aspectos
específicos justifiquem uma análise mais focalizada e por isso se apresentam as análises
SWOT da castanha e da amêndoa em separado.
Análise SWOT ao sector da Castanha
Pontos fortes
Pontos fracos
Áreas com potencialidades para cultura e significativa tradição de
cultivo de produtos de qualidade
Pequena dimensão das explorações, tecido produtivo envelhecido e
com fraco nível de formação
Reconhecimento da qualidade de algumas variedades no mercado
nacional e internacional
Deficiente limitação e controlo dos agentes bióticos nocivos
Importância económica da cultura nas terras frias de montanha
Deficiente difusão da informação, nomeadamente no tocantes às
potencialidades produtivas e de transformação das variedades
regionais
Sistema de elevado valor paisagístico e com uma grande diversidade
genética
Falta de estruturas adequadas à conservação do fruto pós-colheita e à
sua comercialização
Denominações de Origem Protegida
Falta de capacidade de organização dos produtores, com consequente
incapacidade de intervenção no mercado e excessiva dependência dos
intermediários
Falta de produtos transformados da castanha
Deficiente organização na valorização da castanha certificada na
produção e consumo de amêndoa, nomeadamente na doçaria regional
Oportunidades
Ameaças
Disponibilidade de áreas com aptidão para a cultura e interesse pelo
castanheiro por parte dos produtores
Uso continuado de práticas culturas que fomentam o desequilíbrio no
souto
Procura crescente de
qualificação certificada
Envelhecimento do tecido produtivo,
resposta às exigências do sistema
produtos
provenientes
de
sistemas
de
com
consequente
Maior sensibilidade dos produtores para a conservação da natureza e
dos recursos naturais
Dependência excessiva da mão-de-obra na colheita
Aparecimento de novos mercados e de novos produtos transformados
da castanha
Abandono da actividade agro-florestal significativa
Sistemas inseridos em áreas com aptidões naturais para a prática de
turismo na natureza
Falta de incentivos à organização dos produtores
Dinamização do consumo pelo aproveitamento do valor intrínseco do
produto
C onstituição de novas empresas de serviços e de transformação
ligadas ao sector
falta
de
| 84
Análise SWOT ao sector da Amêndoa
Pontos fortes
Pontos fracos
C omplementaridades com outras culturas
O pomar de amendoeiras encontra-se fortemente pulverizado,
existindo grande número de árvores dispersas, envelhecidas e em
associação com outras espécies e em áreas pouco aptas para a cultura
tornando-se pouco rentáveis
Existência de parcerias entre equipas de diferentes instituições públicas
e privadas, nacionais e estrangeiras
Leque de variedades vasto e indefinido nos amendoais tradicionais e
com possibilidade de mistura de amêndoa amarga
Actividades pouco exigentes em mão-de-obra pelo que se enquadram
muito bem no quadro social da região e na estrutura fundiária, aliados
à tradição na produção/consumo
Fraca preparação dos produtores e operadores, particularmente em
novos mercados de produção
Apetência para constituição de rotas turísticas
Em Trás-os-Montes, uma parte significativa da produção está
concentrada em pequenos e médios produtores, com empresas do tipo
familiar
Recursos genéticos autóctones de
ambiental e paisagístico por forma
biodiversidade
elevado valor agronómico,
a garantir a protecção de
Organizações de produção/comercialização pouco dinâmicas
Potencialidade de aumento da produção e da produtividade, mantendo
a qualidade e a sustentabilidade ambiental
Ausência de melhoramento e subsequente inadaptação das variedades
locais aos requisitos comerciais
Existência de tradição na produção
nomeadamente na doçaria regional
Dificuldade na comercialização devido, por um lado, à falta de
organização da produção, nomeadamente na concentração da oferta e,
por outro, à fraca diferenciação do produto por qualidade
e
consumo
de
amêndoa,
Oportunidades
Ameaças
O país é deficitário em amêndoa com um mercado consumidor a
aumentar
Abandono definitivo do amendoal tradicional
C rescente procura de actividades de lazer associadas à preservação
da paisagem rural
Substituição crescente de variedades locais por variedades melhoradas
com consequente risco de erosão genética e extinção de variedades
Tradição na produção, consumo e comércio
C oncorrência do mercado externo
comercialização
e consequente
dificuldade de
Diversificação da oferta de produtos transformados
Formas de produção condizentes com a preservação ambiental e do
património paisagístico e cultural
Motivação para a instalação e modernização dos
manutenção e valorização ambiental de algumas
amendoal
amendoais e
manchas de
IV.2.4 Mel
O sector apícola em Portugal, tal como no resto da União Europeia, é uma actividade
tradicionalmente ligada à agricultura que é normalmente encarada como um complemento
ao rendimento das explorações. Contudo, para uma pequena minoria a apicultura é a base
das receitas de exploração. Neste sentido, a avaliação deste sector com base em indicadores
económicos subestima a sua importância na actividade agrícola, na manutenção dos
ecossistemas e espaços naturais, no equilíbrio ecológico da flora e na preservação da
biodiversidade, ou seja, num aproveitamento integrado e economicamente sustentável do
espaço rural.
A norte de Portugal estão reconhecidas quatro denominações de origem protegida de mel
(Figura 24), as quais demonstram um interesse crescente por parte dos apicultores numa
aposta na qualidade, com consequências não só a nível da dinamização económica das zonas
rurais em que se inserem, mas também da própria comercialização do mel.
| 85
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 24: DOP de mel
Apesar da forte dependência da produção face às condições climáticas e, por conseguinte, a
existência de oscilações anuais mais ou menos significativas, a produção nacional do mel no
ano de 2008 foi de 6.654 toneladas. Também a produção de méis DOP tem vindo a
confirmar o aumento progressivo, mas continua a apresentar um peso muito reduzido no
cômputo global da produção nacional de mel (cerca de 2,4%, em 2007). Contudo, para esta
produção de méis com nome protegidos destaca-se o mel de Barroso com 38%, seguido do
mel do Parque de Montesinho com 35% e o da terra Quente com 3%.
O escoamento deste tipo de méis encontram-se, principalmente, distribuídos entre o
comércio tradicional, feiras, associações, venda directa ao consumidor, entre outras. Quanto
às trocas comerciais, estas exercem-se essencialmente a nível intracomunitário, sendo a
Espanha simultaneamente o principal mercado fornecedor e o principal mercado de destino
do nosso comércio externo de mel, com um saldo negativo para Portugal.
Para ser possível explorar as oportunidades encontradas neste sector como as condições
edafo-climáticas para méis monoflorais e a classificação de 25% do território com um
estatuto ambiental reconhecido e protegido, ideal para a prática apícola (áreas protegidas
e/ou Rede Natura 2000) é imprescindível não só apostar na diferenciação e qualidade dos
méis como efectuar um aproveitamento integrado do espaço rural.
Consideram-se agora os pontos fortes e fracos, bem como as oportunidades e as ameaças
existentes na indústria do mel desta região.
| 86
Análise SWOT ao sector do Mel
Pontos fortes
Uma percentagem muito elevada
reduzido número de apicultores
de
efectivo
Pontos fracos
concentrada
num
Oferta nacional de produtos apícolas que não mel muito reduzida e
fraca rentabilização da exploração por esta via (recurso da industria
nacional a produtos importados)
Forte implantação regional das organizações de apicultores, existência
de técnicos com formação, com vontade de intervir no circuito de
comercialização
C onsumo relativamente incipiente de méis DOPs devido a factores
como uma falta de estratégia de divulgação e dificuldades de acesso
nos locais de grande consumo
Excelente potencial natural da subespécie autóctone (Apis mellifera
iberiensis ), embora com necessidade de melhoramento
Baixo dinamismo de algumas entidades gestoras das DOPs
Localização das principais explorações apícolas no interior do pais, em
áreas pouco sujeitas a pressão humana
Deficiente organização das estruturas de produção e de estruturação
do sector de transformação
Existência de centrais meleiras dedicadas a extracção, embalamento e
distribuição de mel
Reduzida expressão das organizações do sector ao nível da
comercialização e pouca interferência em termos de capacidade
negocial
Acréscimo significativo da área de culturas e pastagens em méis de
qualidade
Falta de informação generalizada sobre os processos de criação,
registo e reconhecimento de um nome protegido;
Flora melífera diversificada e abundante
Elevados custos de contexto inerentes aos mecanismos
acompanhamento, garantia, certificação e controlo de DOPs
Produto estável
rastreabilidade
e
seguro, fácil de
enquadrar num
sistema de
Imagem forte do mel junto do consumidor, como alimento de grande
riqueza e pureza
de
Reduzida expressão das organizações do sector ao nível da
comercialização e pouca interferência em termos de capacidade
negocial (fraca concentração da oferta)
Escassa implementação de marcas que permitam uma maior
visibilidade comercial ao mel como produto tradicional e de qualidade
Ausência de mecanismos objectivos de formação de preço e falta de
dimensão/capacidade para acesso a mercados de exportação
Venda a granel como forma mais frequente de transacção, com a
consequente perda de mais valia por parte dos apicultores e das suas
organizações (mais valias recolhidas directamente por redes de
embaladores intermediários, exteriores ao sector)
Oportunidades
Ameaças
C ondições edafo-climaticas para méis monoflorais e flora silvestre
melífera de qualidade e abundante
Tendência para um aumento da área florestal (florestação de terras
agrícolas)
Existência de culturas permanentes com interesse apícola, a nível
regional
C oncorrência com mel importado
C lassificação de 25 % do território com um estatuto ambiental
reconhecido e protegido, ideal para a prática apícola (áreas protegidas
e/ou Rede Natura 2000)
Imagem do produto posta em causa pela detecção de resíduo em méis
importados Aparecimento (a nível global) de novas doenças das
abelhas
C rescente interesse do consumidor e da industria ocidental pelos
produtos da Apiterapia
C ustos de produção superiores ao nível dos dos principais países
produtores da UE e, concretamente, da Espanha (nosso principal
mercado fornecedor)
A aplicação do HAC C P permite uma
razoável flexibilidade
relativamente a utilização de métodos tradicionais e respectivos
requisitos estruturais.
Preço do mel na União Europeia depende directamente das flutuações
do preço mundial
Potencialidades da UE, maior importador mundial de mel, como
parceiro comercial de Portugal
Imagem forte do mel junto do consumidor, como alimento de grande
riqueza e pureza
IV.3.5 Queijos tradicionais
No que diz respeito à área de intervenção, existem actualmente na região de Trás-os-Montes
dois queijos com nome protegido, o queijo Terrincho e o queijo de cabra transmontano e nas
beiras pode encontrar-se o queijo Amarelo da Beira Baixa, o queijo Picante da Beira Baixa, o
queijo de Castelo Branco, o queijo da Serra da Estrela e o requeijão da Serra da Estrela e da
Beira Baixa (Figura 25).
| 87
No sub-sector dos queijos, a indústria de
transformação
encontra-se
muito
dispersa, existindo um número reduzido
de empresas de grande dimensão e um
grande
número
média/pequena
de
empresas
dimensão
de
(produção
média anual de 13,6 toneladas) muitas
das
quais
se
produção
de
encontram
queijos
de
afectas
à
pequenos
ruminantes com denominação de origem,
embora
com
uma
representatividade
reduzida no total da produção. Os queijos
DOP representam actualmente cerca de
8% da produção de queijo de pequenos
ruminantes.
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 25: DOP de queijos
A distribuição da produção de queijo por espécie era, em 2005, de cerca de 76% para o
queijo de vaca, 22% para o queijo de ovelha e só 2% para o queijo de cabra. Em termos de
evolução verifica-se uma estabilidade no caso do queijo de ovelha e uma redução nos
queijos de cabra (-25% face aos quantitativos obtidos no final da década de 90), como
resultado da retracção da produção primária.
Atendendo à Tabela 38 verifica-se que a produção de queijo DOP, na campanha 2003/2004,
na área de intervenção foi de 291.181 kg a que corresponde 20% da produção total dos 15
queijos de nome protegido.
Tabela 38: Produção de queijo de nome protegido na campanha 2003/2004
Número
explorações
abastecedoras de
leite
Número de
queijarias
Produção (kg)
31
3
46 725
45
2
28 000
Queijos da Beira Baixa/queijo Amarelo da Beira Baixa
67
6
64 400
Queijo Terrincho
85
2
37 718
Queijo de cabra Transmontano
81
3
14 850
Queijo da Serra da Estrela
77
29
93 603
-
6
5 885
Produtos reconhecidos
Queijos da Beira Baixa/queijo de Castelo Branco(a)
Queijos da Beira Baixa/queijo Picante da Beira Baixa
Castelo Branco(a)
(a)
Requeijão Serra da Estrela
(a) Produtos de forma complementar e com meios comuns
| 88
Atendendo aos dados apresentados no Anexo 4, constata-se que 23% das empresas
nacionais (continentais) do sector dos queijos encontra-se sedeada na região interior beirã.
Pelos valores apresentados, é possível validar a informação de que o sector em geral e as
empresas do território em particular beneficiaram de um aumento da procura destes
produtos. Devido à escassez de informação (e a alguma informação incongruente) é difícil
conseguir identificar uma tendência de evolução (com excepção para o Douro, onde a
tendência se mostra favorável em todos os indicadores) mas regra geral, as empresas têm
conseguido obter resultados e excedentes financeiros positivos (embora com valores
oscilantes).
No quadro seguinte apresenta-se uma análise SWOT da fileira dos queijos tradicionais.
Análise SWOT ao sector dos Queijos Tradicionais
Pontos fortes
Pontos fracos
Importância atribuída aos produtos tradicionais de qualidade
Baixos níveis
consumidores
Perspectiva de investimentos para aumentar a
produção e para melhorar a imagem do produto
Presença nos mercados dificultada pela escala de produção
capacidade de
de
reconhecimento
dos
produtos,
por
parte
dos
Tendência manifestada para o aumento da produção de leite de ovelha
Falta de apoios à distribuição e comercialização
Divulgação dos queijos com nome protegido em feiras regionais e
nacionais
Falta de regulamentação dos preços nas grandes superfícies
Grandes superfícies asseguram o escoamento da maioria da produção
Dificuldades dos pequenos produtores escoarem os produtos para fora
da região
Facilidade de escoamento pelo aumento da procura
C oncorrência de outros queijos nacionais e mesmo dos mesmos
produtos sem rótulo e marca de certificação
Reconhecimento da qualidade dos produtos pelo consumidor (factor de
confiança)
Ligação do consumo a um nicho de mercado (como grupos
economicamente mais favorecidos, de origem urbana, com graus
elevados de informação)
Valorização do factor “origem”
consumidores deste produto
Falta de eficiência dos meios de divulgação adoptados
no
processo
de
escolha
dos
Esforço de organização e promoção por parte dos agrupamentos
gestores
Boa imagem no mercado (reconhecimento da qualidade,
apresentação, confiança e segurança dos consumidores)
Perspectiva de investimentos para melhorar a imagem do produto
boa
Insuficiente envolvimento institucional para a promoção interna e
externa dos produtos
| 89
Oportunidades
Ameaças
Exploração de novos mercados internos e externos, diversificação do
consumo e segmentação dos mercados
Dificuldade de regeneração do tecido empresarial.
Aumento do consumo pela importância atribuída à qualidade dos
produtos
Burocracia e nível de exigência para adaptação de queijarias para a
produção de queijos de Denominação de Origem Protegida
C riação de redes de apoio à distribuição e comercialização para os
pequenos produtores
Opção dos consumidores por produtos a preços mais baixos e
fabricados através de métodos artesanais.
Diversificação dos pontos de venda de queijos com nome protegido, e
incentivo à presença no sector da restauração
C oncorrência de outros queijos produzidos na região, com preços mais
baixos, nomeadamente, com base na imitação dos produtos
Articulação entre produtores e agrupamentos gestores como forma de
implementar estratégias
de comercialização
mais adequadas,
conferindo maior poder negocial aos produtores
Imagem desfavorável associada aos produtos de leite cru (riscos para
a saúde, nos casos em que não se cumprem as regras fitossanitárias)
C olocação conjunta no mercado de queijos de qualidade provenientes
de várias regiões
Falta de esclarecimento dos consumidores em relação à proliferação
de marcas e por conseguinte dificuldade para distinguir os queijos DOP
e IGP da regição
Realização de campanhas de divulgação dos queijos com nome
protegido da Região interior norte de centro
Risco de não escoamento da produção face à ausência de fortes
estratégias de comercialização e à falta de transparência dos circuitos
de distribuição
Aumento do número de feiras e encontros sobre produtos tradicionais
de qualidade
Fraca de conhecimento dos produtos no mercado nacional resultante
da fraca divulgação
C ampanhas de promoção de preços de produtos tradicionais de
qualidade nas grandes superfícies
Falta de capacidade de envolvimento e cooperação de organismos
públicos e outros agentes intervenientes do sector
Promoção
tradicional
Dependência de algumas áreas de montanha a norte e centro da
actividade pecuária, como a mais importante no sector agrícola,
associadas a sectores com risco de regressão (caso da ovinicultura) ou
já em regressão efectiva (caso da caprinicultura);
territorial
com
base
na
gastronomia
e
alimentação
IV.3.6 Produtos de salsicharia
A indústria dos produtos de salsicharia está incluída na CAE151 - abate de animais,
preparação e conservação de carne e produtos à base de carne que é, por sua vez, uma das
componentes da CAE 150 – indústrias alimentares e das bebidas. A indústria do sector das
carnes que se subdivide nos grupos abate e transformação dos produtos à base de carne
representa 12% do volume de negócios do sector das indústrias alimentares e das bebidas.
A indústria de transformação assenta fundamentalmente em micro e pequenas empresas e
está maioritariamente associada à produção de conservas de carne de suíno e enchidos.
| 90
Na região norte do país encontram-se
produtos
de
salsicharia
sob
regimes
especiais de protecção comunitária à base
de carne de suíno da raça bízara pura e
bízara com cruzamentos como o salpicão e
a linguiça de Vinhais, produtos do Barroso
Montalegre
e
a
alheira
de
Mirandela
(Figura 26).
No ano de 2005, dos 105.740 kg destes
produtos produzidos de nome protegido
mais de 90% são de alheira de Mirandela.
Estes produtos protegidos revelam um
potencial de crescimento bastante grande,
até
porque
o
escoamento
e
comercialização dos produtos, excepto o
caso da alheira de Mirandela, têm sido
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 26: DOP de produtos de salsicharia
conseguidos pela sua promoção em feiras
e mercados locais.
As regiões centro e particularmente o norte do país apresentam naturais condições de
factores de competitividade acrescidos na valorização dos produtos com especificidade
própria. No entanto, para além dos problemas associados a determinado produto, persistem
algumas dificuldades, que tem vindo a ser agravadas com a massificação e diversificação da
oferta e comercialização a baixo custo.
Pelo Anexo 4 é possível verificar que as empresas deste sector têm apresentado um
incremento da procura com um crescimento sistemático no volume de negócios desde 2006
mas que não se tem traduzido em crescimento sistemático dos resultados. Os excedentes
financeiros também têm oscilado entre um aumento em 2007 versus uma diminuição em
2008.
No Programa de Desenvolvimento Rural da Região Norte são referidos como principais
problemas do sector a ausência de organização e qualificação, a dispersão e falta de
dimensão da oferta e a deficiente promoção e comercialização. Neste sentido reveste-se de
particular importância potenciar e criar novas sinergias entre os diferentes produtos,
promover uma comercialização eficiente e qualificada em termos de marketing e enquadrar a
actividade agrícola e os produtos de qualidade regional, no turismo em actividades de lazer
conduzindo, em última análise, à revitalização económica e social das zonais mais rurais e à
manutenção das comunidades rurais e dos valores naturais e patrimoniais.
Apresenta-se, de seguida, a análise SWOT da fileira dos produtos de salsicharia.
| 91
Análise SWOT ao sector dos Produtos de Salsicharia
Pontos fortes
Pontos fracos
Bom nível de equipamento de muitas unidades produtivas que
beneficiaram de investimentos recentes, nalguns casos avultados.
Envelhecimento e baixo nível de qualificação de alguns produtores e
trabalhadores
Tendência de crescimento
empregados e instalações)
(número de
C arência de formação profissional específica, quer dos empresários,
quer dos trabalhadores
Algumas unidades mantêm processos de produção muito artesanais, a
par de um grande controlo de qualidade
Reduzido significado nacional dos produtos de salsicharia com nome
protegido (quantidades comercializadas e valor das vendas)
Actividade com forte tradição na região, de que decorre um valioso
know-how no domínio da produção
Produções com nome protegido representam, frequentemente, uma
pequena parte da produção (e das vendas) das unidades de produção.
Número considerável de produtos de salsicharia da região com nome
protegido.
Meios de distribuição insuficientes
(pequenos produtores)
Interesse no processo demonstrado pelas diversas solicitações de
reconhecimento de nomes protegidos em curso.
Solicitações do mercado que, por vezes, induz a uma redução do
tempo de cura dos produtos, cuja qualidade poderia beneficiar se esse
período fosse prolongado
Boa qualidade das matérias-primas utilizadas e dos produtos bem
como da sua apresentação
Reduzida visibilidade dos produtos de salsicharia com nome protegido
nas grandes e médias superfícies comerciais
Preocupação em assegurar um controlo de qualidade, para além das
exigências específicas do processo de controlo e certificação
Desinteresse e falta de capacidade de investimento
produtores em acções de divulgação e marketing.
Produção simultânea de produtos com nome protegido e outros
permitindo uma maior regularidade da produção, mesmo em períodos
em que a disponibilidade de matéria-prima seja mais reduzida
Feiras locais/regionais e eventos semelhantes implicam um elevado
investimento, por vezes, sem retorno
das
unidades produtivas
para atingir
alguns mercados
de
alguns
Défice de informação dos trabalhadores dos pontos de venda em
relação aos nomes protegidos
População residente na região de produção tende a privilegiar o
conhecimento que tem dos produtos e dos produtores e os preços mais
reduzidos, em detrimento das marcas de certificação
Oportunidades
Ameaças
Valorização
crescente pelos
consumidores da tipicidade, da
autenticidade e de outros valores associados aos produtos regionais,
nomeadamente com nome protegido.
Preço dos produtos pode constituir um factor limitativo do aumento da
procura
Perspectivas de expansão de novos mercados incluindo internacionais
Défice de valorização dos estatutos de protecção por parte de
mercados importantes e com perspectivas de expansão como o da
exportação
C riação de sinergias entre diferentes produtos, como
promover uma comercialização mais eficiente
forma de
Novas formas de apresentação dos produtos, adequadas
necessidades dos consumidores, por exemplo fatiados
às
Possibilidade, por parte de alguns produtores, de participar em
eventos, com elevada relevância para a divulgação junto de mercados
de elevado potencial (por exemplo feiras profissionais internacionais)
Inovação nos conteúdos das feiras locais/regionais por forma a
garantir a captação do interesse (dos produtores e do público em
geral) e a (re)valorizar o seu papel como meio de divulgação
privilegiado dos produtos regionais
Enquadramento dos queijos tradicionais no turismo e em actividades
em lazer
Estratégias de divulgação e marketing insuficientes para dar a conhecer
ao mercado os produt os com nome protegido e para absorver o potencial
aumento de produção
Sobreposição de estratégias de marcas de produtos industriais, não
tradicionais, com maior capacidade (nomeadamente financeira) de
afirmação no mercado
| 92
IV.3 Construção civil e obras públicas
O sector da construção civil e obras públicas em Portugal tem uma importância significativa
no conjunto da economia nacional como foi verificada através dos indicadores estatísticos
como o número de empresas, o emprego e o volume de negócios. No entanto, este é um
sector muito diferenciado dos outros sectores de actividade, quer em termos produtivos,
quer em termos de mercado de trabalho na medida em que apresenta uma cadeia de valor
muito complexa e faz-se sentir, num conjunto muito variado de empresas e serviços quer a
montante quer a jusante. Apesar da dinâmica considerável nos últimos como resultado de
importantes obras públicas nacionais, actualmente assiste-se uma recessão deste sector
resultante da conjuntura económica.
Tradicionalmente o sector da construção, assenta numa estrutura empresarial onde
predominam as pequenas empresas, na maioria não especializadas, recorrendo com
frequência, a sub-empreitadas. A par, existe um conjunto reduzido de outras empresas de
maior dimensão que detêm grande parte do mercado e da mão-de-obra.
Em regiões do interior como o do território de intervenção este sector constitui muitas vezes
o principal factor de dinamização económica e de criação de emprego apesar da grande
maioria das pequenas empresas funcionarem sobretudo em sub-empreitadas e sem
capacidade para integrar o segmento de capital intensivo, como o das obras públicas ou de
engenharia civil.
Apesar das características intrínsecas do sector no território de intervenção a cooperação
intra-empresarial poderá desempenhar um importante papel para adquirir escala e por
conseguinte potenciar a capacidade de integrar o segmento das obras públicas bem como a
competição internacional.
| 93
Análise SWOT ao sector da Construção Civil e Obras Públicas
Pontos fortes
Pontos fracos
Mão de obra disponível
Pessoal não qualificado ou semi-qualificado, sobretudo por parte de
pequenas e médias empresas
Dinamismo e alguma modernização associado a algumas empresas do
sector
Grande diversidade de projectos devido às características diferentes
de cada obra dificultando o desenvolvimento de produtos e processos
de fabrico estandardizados
Articulação de pequenas
dimensão nacional
Grande diversidade de produtos, que cobrem tanto a habitação
tradicional como obras mais complexas ou obras públicas
empresas
com
grandes
empresas
de
Diversidade de operações produtivas e de tecnologias em resultado da
intervenção numa empreitada de diversas especialidades e da
coexistência de tecnologias de produção novas com as antigas
Empresas com meios e tecnologicamente evoluídas laboram a par de
empresas com um aproveitamento limitado das tecnologias disponíveis
e com utilização abundante do factor mão-de-obra
Elevada rotatividade e precaridade de emprego
Fraco investimento em formção
Baixa produtividade gerada pelo sector resultante do baixo nível de
qualificações, deficiente dimensionamento da tecnologia, fraca
inovação nos métodos de trabalho utilizados, deficiente qualidade dos
projectos, ausência de estandardização de produtos e a uma deficiente
gestão de stocks
Falta de organização interna das empresas do sector
Grande atomização do sector dado que uma parte significativa da
produção é assegurada por um grande número de pequenas e médias
empresas
Oportunidades
Ameaças
Potenciar a capacidade de competição internacional, mesmo das
pequenas e médias empresas ainda que seja pela via da
subcontratação
Procura depende directamente do grau de desenvolvimento da
economia, da conjuntura económica e do montante das despesas
públicas
Apostar na especialização de modo a permitir uma garantia de
qualidade em determinadas fases dos projectos e de cumprimentos de
prazos
Actividade extremanente ciclica, dependente do investimento público
C apacidade de resposta a necessidades de mercados específicos,
como a recuperação e manutenção de edifícios dado que é uma área
de negócio com elevada potencialidade para ser rentável e
indispensável
Incursão em áreas diferenciadas, como a indústria do ambinente, a
hotelaria, o turismo e o lazer e pelo reforço da diversificação de
mercados e de actividades e produtos
Exploração das vantagens da standardização e da pré-fabricação
IV.4 Turismo
Reconhecido como um dos sectores estratégicos da economia portuguesa, o turismo
desempenha um papel vital para o desenvolvimento do país, tal como mostram as receitas
geradas. Desde os anos 60 que se assiste a um crescimento turístico continuado, embora
com algumas inflexões pontuais (nomeadamente, em meados dos anos 70 devido à
instabilidade política). A evolução nas receitas tem sido acompanhada pela evolução do
número de turistas que tem visitado o país e que passou de pouco mais de 1 milhão nos
finais dos anos 60 para mais de 11 milhões em 2002.
| 94
Segundo os dados do Turismo de Portugal, a Conta Satélite do Turismo de Portugal (CSTP)6
mostra que no ano de 2008 se verificou uma desaceleração da actividade turística, cuja
causa principal passa pela menor performance económica da actual conjuntura económica
mundial. Mesmo assim, a procura turística, aferida pelo Consumo Turístico Interior7 em
Portugal, atingiu os 17,5 mil milhões €, em 2008, mais 435 milhões € que no ano anterior
(crescimento de 2,5%). Depois de um comportamento oscilante entre 2000 e 2003, que se
traduziu num crescimento médio anual de 0,7%, o Consumo Turístico aumentou 6,9% no
ano do Euro’2004, tendência que foi sustentada nos anos seguintes, em particular, em 2006
(+8,4%) e em 2007 (+12,7%).
A Tabela 39 explicita a contribuição de cada
sector de actividade para o VAB total nacional.
Através
a
CSTP
foi
possível
apurar
a
Tabela 39: Representatividade do VAB gerado
pelo turismo
Estabelecimentos termas
2000
contribuição do turismo fixando a mesma em
2008 em 5%.
Em relação ao emprego gerado, em 2006, as
actividades
características
do
turismo
2004
2008
%
Agricultura, Silvicultura e Pesca
3,8
3,2
2,4
Electricidade, Gás e Água
3,4
2,8
3,1
Indústria
17,5
15,5
14,6
Construção
7,6
7,1
6,4
Comércio, Restaurantes e Hóteis
17,5
17,7
17,6
conservaram 444,4 mil postos de trabalho,
Transportes e Comunicações
6,6
6,9
6,7
verificando-se um crescimento de 2,7%, em
Actividades Financeira e Imobiliária
13,8
14,1
15,5
relação
a
2005.
O
turismo
tem,
assim,
contribuído positivamente para o emprego na
economia, visto ter vindo a apresentar taxas de
Outros Serviços
30,8
32,7
33,8
VAB Total
100,0
100,0
100,0
4,7
4,6
5,0
VAGT (Turismo)
Fonte: Turismo de Portugal
crescimento superiores às da economia.
Estes números são o reflexo de um processo que ainda mantém a sua principal aposta no
turismo balnear mas que começa já a dar passos significativos noutros produtos turísticos
que importa desenvolver . As Figuras 23 e 24 mostram que, actualmente, a procura turística
8
em
Portugal
continental se
encontra concentrada
essencialmente em duas
regiões
determinantes – Algarve e Lisboa – que no seu conjunto mais a região da Madeira reúnem
mais de dois terços da capacidade hoteleira.
Mas, embora em menor escala, a actividade turística em Portugal estende-se para além do
fenómeno balnear, uma vez que existem regiões que se destacam em segmentos
específicos. A procura de novos produtos turísticos – como o termalismo ou o turismo rural –
impõe-se como uma das principais medidas para diminuir a excessiva dependência do
turismo balnear e para permitir taxas de ocupação em estabelecimentos hoteleiros mais
constantes (à excepção da Madeira, Algarve, Grande Lisboa e Açores, os valores das taxas
6
A CSTP não considera o turismo como um sector na sua terminologia tradicional, mas como uma actividade
transversal a toda a economia, pelos seus efeitos directos e indirectos nas outras actividades. Esta conta consiste num
sistema de informação integrada, que tem como objectivo principal apresentar as actividades e produtos relacionados,
directa ou indirectamente, com o Turismo, permitindo medir e comparar o turismo com outros sectores da economia,
assim como garantir a sua comparabilidade com outras economias nacionais.
7
Consumo em turismo efectuado pelos residentes e não residentes, em Portugal, no âmbito de uma deslocação para
fora do seu ambiente habitual, por motivos de lazer, negócios e/ou outros e que não dê lugar a qualquer remuneração
no destino.
8
O facto do turismo balnear permanecer como o principal produto turístico em Portugal, e a sua incapacidade para
escapar à condicionante sazonal, representa uma importante fragilidade deste sector.
| 95
de ocupação dos alojamentos turísticos no restante território nacional situam-se abaixo dos
40%).
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 27: Capacidade hoteleira, 2001
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 28: Taxa de ocupação dos
estabelecimentos hoteleiros, 2002
Até há relativamente pouco tempo, e não obstante os estabelecimentos hoteleiros de
qualidade que lhe estavam afectos, o termalismo era associado a doenças e a estratos
etários mais elevados. Na sequência de novos hábitos de consumo e do avanço da medicina,
esta opção terapêutica começou a perder importância, o que se reflectiu na perda de
clientes, de receitas e na consequente degradação dos equipamentos. Mas, esta fase parece
ter sido ultrapassada, assistindo-se actualmente a um novo vigor no desenvolvimento do
termalismo em Portugal, o que se reflecte não só numa maior qualificação da oferta mas
também num maior aumento da procura, que poderá estar relacionado com uma tentativa
de fuga ao stress e aos ritmos de vida urbanos, cada vez mais intensos.
Segundo dados disponível no Turismo de Portugal, em 2008, o movimento global nos
estabelecimentos termais apresentou um decréscimo de 4,3%, justificado pelo decréscimo
de 8,7% na procura ao termalismo clássico9, modalidade que representou 72% da procura
total. Por sua vez, a procura por termalismo de bem-estar e lazer10 atingiu um significativo
aumento de 9,4%, face a 2007. O mercado espanhol representou a maior peso dos
estrangeiros que optaram pelo termalismo clássico em Portugal (52%), seguido pelo
mercado francês e inglês.
9
O termalismo clássico é caracterizado por serviços terapêuticos indicados e praticados a um termalista, sempre
sujeito à compatibilidade com as indicações terapêuticas que foram atribuídas ou reconhecidas, à água mineral natural
utilizada para esse efeito.
10
Serviços de melhoria da qualidade de vida que, podendo comportar fins de prevenção da doença, estão ligados à
estética, beleza e relaxamento, vulgarmente denominados por SPA. Paralelamente, são susceptíveis de comportar a
aplicação de técnicas termais, com possibilidade de utilização de água mineral natural, podendo ser prestados no
estabelecimento termal ou em área funcional e fisicamente distinta deste.
| 96
Este é um mercado bastante atractivo, uma vez que atendendo à sua relativa dispersão
geográfica pelo país e vulgarmente em áreas de menor tradição turística, o termalismo pode
desempenhar
um
importante
papel
de
dinamização
em
áreas
economicamente
enfraquecidas. No total, em 2008, estavam em actividade em Portugal 38 estabelecimentos
termais, dos quais oito do denominado termalismo clássico estão localizados na área
territorial de intervenção do projecto: Caldas de Chaves (Chaves); Carvalhelhos (Boticas);
Longroiva (Mêda); Termas de Almeida (Almeida); Caldas do Cró (Sabugal); Caldas de
Manteigas (Manteigas); Termas de Unhais-da-Serra (Covilhã); Monfortinho (Idanha-aNova)11. As termas de Caldas de Chaves, com uma representatividade de 8,6%, posicionamse no 2º lugar no total de inscrições em 2008, com 6.374. Por sua vez, as Termas de
Carvalhelhos ocupam o último lugar da tabela de inscrições (Tabela 40).
Tabela 40: Inscrições e proveitos nos estabelecimentos termais, 2008
Estabelecimentos
termas
Posição no
ranking de
inscrições
2008
Nº inscrições no
termalismo clássico
Proveitos
(milhares de euros)
∆ 2008/2007
(%)
2008
∆ 2008/2007
(%)
2008
Caldas de Chaves
2ª
6 374
-1,8
1 157
4,9
Monfortinho
10ª
2 358
-13,9
568
-14,5
Caldas de Manteiga
19ª
1 115
1,5
248
-6,1
Longroiva
21ª
1 004
4,6
148
---
Termas de Almeida
25ª
591
-29,7
76
---
Caldos do Cró
26ª
574
-2,7
70
---
Carvalhelhos
36ª
21
-16
1
-85,7
Unhais-da-Serra
---
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
Fonte: Turismo de Portugal
O estabelecimento termal de Unhais-da-Serra é um espaço que foi recente remodelado tendo
reaberto ao público em 2009. Este investimento custou de cerca de 12,5 milhões de euros e
criou cerca 60 postos de trabalho. Fisicamente, o espaço termal está ligado ao moderno e
luxuoso hotel de quatro estrelas, o H2otel. Este é um projecto inovador na península ibérica
que originou o primeiro centro termo-lúdico do país. Apesar dos números ainda não se
encontrarem disponíveis, este projecto tem tido uma aceitação bastante favorável do público
sendo de esperar que em 2009 venha a ocupar um espaço mais invejável na tabela de
inscrições. Outro tipo de produto que tem vindo a ser encarado como uma forte possibilidade
de diversificação e consequente criação de riqueza das zonas rurais economicamente menos
desenvolvidas, tal como referido anteriormente, é o turismo de habitação12 e o turismo no
espaço rural13.
11
Em 2008, encerraram dois estabelecimentos termais situados na área de intervenção: Pedras Salgadas e Termas de
Vidago.
12
Estabelecimentos de natureza familiar instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor arquitectónico,
histórico ou artístico, é representativo de uma determinada época, nomeadamente palácios e solares, podendo
localizar-se em espaços rurais ou urbanos. Não pode possuir mais de 15 unidades de alojamento.
13
Estabelecimentos que se destinam a prestar em espaços rurais, serviços de alojamento dispondo para o seu
funcionamento de um adequado conjunto de instalações, estruturas, equipamentos e serviços complementares, de
modo a preservar e valorizar o património arquitectónico, histórico, natural e paisagístico da respectiva região. Os
proprietários ou entidades exploradoras dos empreendimentos de turismo em espaço rural, bem como os seus
representantes, podem ou não residir no empreendimento durante o respectivo período de funcionamento. Os
empreendimentos de turismo no espaço rural podem ser classificados num dos seguintes grupos: “agro-turismo”,
“casas de campo” e “hotéis rurais”.
| 97
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 29: Concelhos com estabelecimentos
termais, 2005
Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt
Figura 30: Turismo rural, 2005
As múltiplas áreas rurais que assistiram à quase extinção da actividade agrícola podem
encontrar neste tipo de turismo uma forma de gerar rendimentos complementares à
agricultura, de recuperar e conservar patrimónios arquitectónicos, dinamizar e divulgar
produtos regionais e, sobretudo, preservar e valorizar a paisagem e os modos de vida
tradicionais. O interior norte e centro do país apresentam condições ímpares que lhes
permitem fomentar este nicho do mercado turístico.
A nível nacional, a capacidade de alojamento e a melhores acessibilidade têm levado a um
maior desenvolvimento deste sector, fruto também das campanhas de promoção deste
destino turístico que têm desencadeado um aumento da procura no mercado interno e
externo. Assim, em 2008 estavam em funcionamento em Portugal 1.047 unidades de
turismo de habitação e turismo no espaço rural, com um total de 11.692 camas disponíveis
(o que corresponde a 56,8% das camas existentes no país). Do total de 523 mil dormidas de
2008, os residentes em Portugal foram responsáveis por 56% (atingiram 292 mil dormidas).
As dormidas de estrangeiros foram lideradas pelo mercado alemão com 25% do total.
Outro produto turístico que Portugal, e mais concretamente o território em análise, é
aconselhado a explorar pelo Plano Estratégico Nacional do Turismo é o da “Gastronomia e
Vinhos”. Este baseia-se na promoção do desfrute de produtos típicos assim como no
aprofundamento do conhecimento sobre o património enológico e gastronómico de um
território. Os principais destinos deste tipo de turista são França, Itália e Portugal.
Portugal deveria explorar a sua tradição vitivinícola – herança, rica e diversificada, ligada à
vinha e ao vinho – e gastronómica – rica em contrastes e multiplicidade de pratos, tendo
ainda um conjunto de produtos tradicionais com Denominações de Origens e Indicações
Protegidas tais como azeites, queijos e enchidos – para estruturar esta nova oferta turística.
Para além disso, o alto Douro Vinhateiro e a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do pico
foram classificadas como Património Mundial pela UNESCO.
| 98
Os principais factores referidos para o fraco desenvolvimento deste tipo de turismo em
Portugal são exactamente a falta de estruturação na cadeia de valor e a pequena dimensão
das empresas (o que faz diminuir a capacidade competitiva).
Analisando agora mais ao pormenor a área de intervenção do projecto, chega-se facilmente
à conclusão que esta é uma região que detém todas as “matérias-primas” para apostar
fortemente no sector do Turismo, seja ele termal, rural ou gastronómico. No entanto, para
tal será necessário, tal como anunciam vários estudos já realizados, uma concentração das
pequenas empresas para ultrapassar as dificuldades associadas ao território.
Num trabalho efectuado em 2003, Cepeda e Azevedo (2003) salientavam que as enormes
potencialidades turísticas da região do Alto Trás-os-Montes não suscitavam qualquer
contestação. Diziam ainda que a “variedade e abundância de recursos e de potencialidades
turísticas decorrem, obviamente, da composição da região, que na relativa modéstia da sua
área territorial acomoda um verdadeiro mosaico de diferenças físicas e económicas, que ao
longo dos séculos foram configurando formas de vida e de sociabilidade, numa palavra,
subculturas, marcadamente diferenciadas e originais”. Esta descrição pode ser extrapolada
para qualquer uma das sub-regiões em análise.
De uma forma geral, toda a região do interior norte e centro do país dispõe de um enorme e
diversificado potencial turístico: no âmbito do denominado turismo de natureza poderá
oferecer turismo de neve e montanha, de espaços naturais, ecoturismo, agro-turismo,
turismo rural, turismo cinegético e turismo de aventura. No que respeita ao turismo cultural,
pode oferecer um vasto e rico património etnológico – festas e tradições populares,
artesanato e gastronomia – bem como um património não menos importante formado por
monumentos, museus e circuitos históricos e arqueológicos.
No estudo de Cepeda e Azevedo (2003) foram realçados pontes fortes e fracos à situação do
sector turístico da região transmontana mas mais uma vez adapta-se também à região beirã.
Apesar de o estudo já datar de 2003, as conclusões permanecem actuais uma vez que
infelizmente pouco foi desenvolvido.
| 99
Análise SWOT ao sector do Turismo
Pontos fortes
Pontos fracos
Saber fazer" tradicional ainda existente
Estrutura turística com grandes debilidades financeiras e acentuadas
carências de qualificação profissional da mão-de-obra
Grande existência de economias de gama na paisagem e nos produtos
regionais
Inexistência de unidades hoteleiras (em quantidade e qualidade)
Produtos e paisagens de qualidade superior, com grande percentagem
de Áreas Protegidas
Acentuada dualidade do território, com o contraste entre núcleos
aglutinadores da população e das actividades económicas e uma vasta
extensão de áreas rurais em atonia económica e demográfica
Ligações ao mundo rural por parte de grande número de residentes
em espaços urbanos regionais ou extra-regionais
Densidade populacional muito baixa
impeditiva da geração de massa crítica
Imagem consolidada de hospitalidade, tranquilidade e segurança
Ausência de uma cultura de associação, tanto a nível privado como
institucional, que permita a consecução de parcerias estratégicas
tendentes a um melhor e mais racional aproveitamento dos fluxos
turísticos
Apreciável potencial turístico, baseado no património (natural e/ou
construído), na cultura, na gastronomia, nos produtos de excelência
regionais e no meio ambiente
C ustos acrescidos, por ausência do efeito de escala, no fornecimento
de serviços e na manutenção e promoção do património natural e
cultural
Investimentos estruturais
beneficiam o turismo
Deficientes acessibilidades intra regionais e fraca permeabilização do
espaço transfronteiriço
na melhoria
das vias
de comunicação
Oportunidades
C ondições favoráveis para as novas
natureza, rural, cultural e gastronómico
tendências do
e
em
acelerado
declínio,
Ameaças
turismo de
Fraca percepção de grande parte da população para as vantagens que
o turismo lhes pode proporcionar e deficiente sensibilização para as
potencialidades que a região apresenta em termos de oferta turística
Uma melhor e mais racional articulação dos investimentos públicos e
privados em projectos turísticos estruturantes
Ausência de uma C entral de Reservas que venda o produto turístico da
região
Aparecimento de novas iniciativas turísticas compósitas
territorial, sistematizadas por rotas temáticas
A
desertificação
acelerada
pode
impedir
definitivamente
o
aproveitamento do potencial agro-turístico, por enquanto ainda
possível se reconvertidas as formas de o aproveitar
de base
Reconhecimento do território como de elevada qualidade ambiental
Face à procura acrescida do turismo em espaços naturais há a
possibilidade destes se degradarem, devendo ser implementadas,
tempestivamente, políticas simultaneamente de aproveitamento e
protecção deste recurso
Requalificação dos aglomerados rurais proporcionando-lhes condições
que permitam a fixação das populações e actividades no âmbito do
turismo
Risco das populações passarem a opor-se à integração dos seus
espaços em Áreas Protegidas, face à ausência de incentivos que
compensem as restrições a que ficam sujeitos
Potenciar uma rede de aldeias âncora com um conjunto
infraestruturas e serviços adequados às actividades turísticas
de
C riação de novos produtos turísticos, sobretudo os relacionados com o
ambiente e a paisagem desta região
Existência de Programas de apoio ao desenvolvimento
C ooperação
interdistrital
para
aproveitamento
dos
recursos
endógenos,
potenciando
o
efeito
de
escala
através
da
complementaridade das vocações e das iniciativas turísticas
IV.5 Rochas Ornamentais
A nível global, a produção de rochas ornamentais teve uma evolução muito significativa nas
últimas décadas do século passado decorrentes da identificação de novos recursos
geológicos, do desenvolvimento das explorações em países com vastos recursos naturais
como a China e a Índia e da modernização das técnicas de extracção e transformação da
pedra. Segundo o estudo recente do ICEP sobre a Internacionalização do Sector das Rochas
Naturais, o consumo de rochas duplicou nos últimos 10 anos mas a sua distribuição mundial
foi muito desequilibrada.
| 100
A política de preços baixos praticados pela China alterou a lógica do mercado internacional
neste sector nos últimos anos e colocou a Europa como segundo mercado consumidor deste
tipo de produtos. Neste contexto, alguns dos tradicionais países da Europa de produção de
rochas ornamentais não se encontram devidamente estruturados para responder a esta
mudança, notando-se um abrandamento da produção na União Europeia.
Nos anos 1998-2000 a posição relativa dos principais produtores mundiais de rochas
ornamentais sofreu algumas alterações. Em 2000, a China foi o maior produtor mundial
(17,2% da produção mundial) e foi o país com a evolução mais positiva no período
considerado ultrapassando a Itália (14,2%), que tradicionalmente assumia a liderança da
produção mundial. Dentro dos cinco principais países produtores segue-se a Espanha
(9,8%), a Índia (8,7%) e Portugal com uma produção de 2.500 milhares de toneladas, que
corresponde a 4,2% do mercado mundial (CCDRA, 2004).
Em 2002 e segundo o mesmo relatório do ICEP, a Ásia atingiu 44,9% da produção mundial
enquanto na Europa a produção não foi além dos 33,4%. Apesar desta situação, a Itália
continua a ter um papel determinante neste sector devido fundamentalmente à existência de
recursos, tradição, tecnologia, design, domínio das redes de comercialização e pelo
funcionamento de várias actividades do sector em cluster.
O subsector das rochas ornamentais compreende a extracção e transformação de três
grandes grupos de pedra natural: mármore e outras rochas carbonatadas, granitos e rochas
similares e ainda ardósias e xistos ardosíferos. Em relação ao tipo de rochas mais exploradas
em Portugal, notáveis pela sua excelente qualidade e rara beleza, surge o mármore e o
calcário sedimentar no grupo das rochas do tipo mármores e outras rochas carbonatas, o
granito no grupo das rochas do tipo granito e outras rochas similares e a ardósia no grupo
das rochas do tipo ardósias e xistos ardosíferos (INETI, 2001). Estes podem ainda ser
comercializados segundo três formas: bloco, extraído dos recursos geológicos; a chapa
serra, correspondente ao bloco cortado e produto em obra, produto transformado que
resulta da chapa ser cortada, polida, seleccionada e embalada.
Relativamente à evolução do sector nacional das rochas ornamentais, Martins (2009)
descreve os traços principais do seu percurso recente (2002 a 2006) ao nível da produção,
preços e comércio internacional que se sintetizam de seguida. A produção de mármores e
outros calcários apresentou um aumento de 1.189.858 toneladas (180.123 milhares de
euros) em 2005 para 1.342.327 toneladas (203.684 milhares de euros) em 2006
correspondendo a um aumento de 12,81 % em quantidade e 13,08 % em valor, face ao
preço quase estacionário. Seguindo a mesma tendência, o granito e pedras similares
sofreram um aumento de 331.574 toneladas e 47.811 milhares de euros em 2005 para
347.569 toneladas (52.532 milhares de euros) em 2006 conduzindo a acréscimos,
respectivamente, de 4,22 % e de 9,87 % que reflectem uma substancial valorização.
Apesar do recuo extractivo no ano de 2003, em consonância com a queda do comércio
externo, as cotações médias vêm progredindo para os dois tipos de rochas, embora com
alguma tendência para a estabilização, em consequência da alta competitividade e da
| 101
enorme concorrência dos produtores pétreos asiáticos (China, Índia, Irão e Turquia) e o
Brasil.
No âmbito das transacções mundiais, Portugal apresenta uma ampla gama de pedras
naturais ornamentais, envolvendo não apenas os mármores e rochas afins, os granitos e
materiais líticos similares, mas também a ardósia e a pedra natural talhada para
calcetamento. Em traços gerais, as exportações portuguesas no quinquénio (2002-2006)
verificaram uma progressão global de 48,7 %, conducente à taxa média de crescimento
anual de 10,4 %, comprovando a saída da estagnação em que mergulhava durante vários
anos. Quanto ao valor da receita arrecadada diferiu substancialmente da exibida em
quantidade, devido à maior presença da pedra barata. Contudo, a transição do ano de 2005
para 2006 apresentou uma panorâmica bastante benéfica devido a avanços ponderais e
valorativos quer no calcário quer na área siliciosa. Os elevados saltos quantitativos dados
pelos calcários em blocos e serrados conduziram a uma expansão do material carbonatado
de 20,68% sendo a do material silicioso apenas de 0,53 % resultante da diminuição dos
blocos. No entanto, a globalidade das rochas calcária e siliciosa conquistou o incremento de
11%.
Apesar da alta competitividade e enorme concorrência de outros produtos chineses, indianos,
turcos e brasileiros os preços tendem a descer no palco mundial. Não obstante, Portugal
conseguiu um aumento médio de 5% no valor unitário em consequência da substituição de
tipologias baratas por outras mais valorizadas no campo dos artefactos. Em termos de
arrecadação de divisas, verificou-se uma variação de 17,64% nas rochas calcários e 13,07 %
nas rochas siliciosas o que se pode considerar um saldo bastante positivo.
Apesar de Portugal ser um grande produtor de rochas ornamentais, o 9º à escala mundial,
tem vindo também a transformar-se como reconhecido importador, sobretudo de Espanha e
do Brasil. As rochas siliciosas, principalmente em bruto (blocos esquadrejados) e semielaboradas (chapa serrada) dominaram amplamente as importações no quinquénio 20022006. Contudo, e ainda segundo Martins (2009), a evolução das importações sobre a
produção útil nacional tem vindo a perder importância e por conseguinte, está muito longe
de prejudicar a indústria extractiva nacional.
A nível Europeu, este sector de actividade caracteriza-se por um grande número de
empresas com uma dimensão menor do que as dos outros sub-sectores da indústria
extractiva. No entanto, devido ao número de trabalhadores que absorvem e ao impacto que
têm nas actividades económicas a montante e a jusante este sector reveste-se de uma
importância local determinante. A nível nacional o sector pétreo e decorativo encontra-se
repartido de uma maneira quase homogénea pelo respectivo território, com cerca de 2.200
empresas, englobando a extracção e o processamento, emprega cerca de 23.000
trabalhadores com uma ocupação média por empresa de 10,55 trabalhadores. Este número
médio de trabalhadores por empresa é inclusivamente superior ao observado por outros
países europeus de vanguarda, tais como a Itália.
| 102
Embora se tenha verificado alguma estagnação da produção nos países europeus, estes
ainda continuam a ocupar uma posição determinante neste sector de mercado fruto da
existência de recursos naturais, da tecnologia e da tradição desta actividade económica.
Em traços gerais, o panorama nacional, como aliás acontece com todos os países tradicionais
europeus de produção de rochas ornamentais, está largamente condicionado pela alta
competitividade e pela forte concorrência chinesa e indiana seguida da turca e brasileira.
Apesar dos bons resultados económicos já alcançados, existem ainda problemas e
constrangimentos que têm dificultado o aproveitamento das potencialidades nacionais neste
sector.
A criação de um clima propício à inovação e ao desenvolvimento, de política regional e local,
a qualificação dos recursos humanos e a substituição das iniciativas promocionais isoladas e
esporádicas por acções de grupo, de preferência regional e nacional, são certamente factores
chave para a divulgação das características tecnológicas, artísticas, estéticas e de qualidade
e para a garantia de satisfação de um mercado cada vez mais global. Por outro lado, a
pequena dimensão das explorações e a abordagem individual ao mercado conduz, não raras
vezes, a limitações ao nível da satisfação dos clientes, pelo que para garantir as
especificações dos clientes mais exigentes é fundamental uma eficiente articulação entre as
diferentes actividades da fileira das rochas ornamentais quer para o desenvolvimento das
economias de escala quer para obter poder negocial junto dos mercados nacional e
internacional.
Apesar de pouco representativa no total das empresas na área de intervenção, quando
analisada a representatividade das empresas dessa indústria do território no total das
empresas a nível nacional (continente) verifica-se que, em 2008, estas representavam cerca
de 14%, com a particularidade de em certos subsectores este valor aumenta bastante
(Tabela 41).
Tabela 41: Distribuição das empresas na indústria extractiva, 2007 e 2008
Em presas
da
indústria
extractiva
2008
Extracção e
preparação de
m inérios
m etálicos
Extracção de
granito ornam ental
e rochas sim ilares
Extracção de
ardósia
Extracção de
saibro, areia e
pedra britada
Actividades dos
serviços
relacionados com
as indústrias
extractivas
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
2007
2008
Continente
1383
13
15
454
452
21
22
433
413
20
27
Território de intervenção
190
3
3
106
102
11
11
64
61
2
3
Douro
53
0
0
22
24
8
9
17
17
1
1
Alto Trás-os-Montes
67
1
1
37
36
1
0
25
22
0
1
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
5
0
0
3
2
0
0
3
3
0
0
Beira Interior Norte
47
0
0
39
37
0
0
8
8
1
1
Beira Interior Sul
8
0
0
5
3
0
0
5
5
0
0
Cova da Beira
10
2
2
0
0
2
2
6
6
0
0
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Ao nível dos subsectores da indústria extractiva, apesar de ainda se encontrarem dispersas
por sete diferentes, é possível verificar uma forte concentração das empresas nas indústrias
| 103
de extracção de granito ornamental e rochas similares (54% do total) e na extracção de
saibro, areia e pedra britada (32% do total). Por
representatividade
destas empresas
no total
sua
vez,
do subsector,
quando
analisada
a
realça-se
novamente
a
importância da extracção de granito (23% do total a nível nacional continental) e da
extracção da ardósia (50% do total a nível nacional continental).
A extracção efectuada é essencialmente de granito natural nos distritos de Vila Real,
Bragança e Guarda e de xistos ardosíferos e calcário sedimentar nos distritos da Guarda e de
Castelo Branco.
As empresas ligadas às rochas ornamentais dedicam-se à sua extracção, transformação ou
ambas. Nos anexos 7 e 8 podemos constatar que as características financeiras em cada são
distintas em cada um dos casos. As empresas extractivas do território de intervenção
encontram-se a passar por um período de quebra de resultados e consequente perda de
rendibilidade. Embora nos últimos anos tenham mantido os seus resultados operacionais
positivos, o mesmo não tem sido suficiente para cobrir os restantes gastos originando
resultados líquido negativos. Por sua vez, as empresas associados à transformação
apresentam-se em melhores condições tendo mesmo vindo a registar-se um número
crescente de empresas nos últimos anos. Os níveis de volume de negócios têm sido um
pouco decrescentes o que influencia os resultados uma vez que estas empresas apresentam
uma estrutura de custos bastante rígida. Os níveis de rendibilidade operacional de vendas
apesar de mais elevados do que na extracção ainda são baixos (rondam os 6%).
No
entanto,
apesar
do
sector
da
indústria
extractiva
ter
uma
representatividade
relativamente baixa na região e da sua actual performance financeira não ser a desejável, o
subsector das rochas ornamentais tem uma elevada importância local, que materializada na
sua componente exportadora tem impactos sociais positivos e importantes sobre a população
local e sobre as actividades económicas a montante e a jusante.
Por outro lado, o granito – rocha predominante na área de intervenção – apresenta um
elevado potencial de crescimento designadamente na área de negócio do mobiliário urbano e
no arranjo de espaços exteriores, que se encontra muito pouco explorada.
Contudo, o aproveitamento destas oportunidades exige às empresas deste sector uma
aposta reforçada em aspectos como o design, a promoção e a comercialização. Acresce ainda
o facto de que grande parte dos recursos extraídos na região são valorizados no exterior e os
produtos transformados são geralmente pouco diferenciados ao nível do produto. O
aproveitamento da imagem de prestígio da rocha ornamental nacional poderá constituir,
certamente, uma oportunidade de penetração em outros mercados estratégicos para
Portugal como os Países do Norte de África (Cresme, 2010).
No quadro seguinte analisam-se os pontos fortes/pontos fracos ameaças e oportunidades do
sector das rochas ornamentais.
| 104
Pontos fortes
Pontos fracos
Existência de matérias-primas de excelente qualidade reconhecida
pelos mercados mais exigentes
Reduzida dimensão das empresas, com falta de visão estratégica e
cuja falta de escala limita a optimização da performance produtiva
Extracção, quase exclusiva, do granito e outras rochas similares na
região
Falta de acompanhamento técnico e de serviços de apoio às empresas
C onsiderável capacidade de de transformação instalada através de
tecnologia avançada
Envelhecimento e falta de mão-de-obra associado à baixa transmissão
de conhecimentos para a geração mais nova de trabalhadores
Tradição no trabalho da pedra e a detenção de um considerável knowhow adquirido no seu manuseamento
Reduzida cooperação empresarial dificultando, deste modo,
implementação de uma estratégia de desenvolvimento comum
C onsciência das limitações e necessidades
Deficiente promoção dos produtos
a
Dificuldade de incorporação de design
C onhecimento geológico limitado à escala local
Fraca sensibilidade para vectores empresariais essenciais ao
acréscimo de competitividade
como a formação, as normas
ambientais e a higiene e segurança no trabalho
Oportunidades
Ameaças
Aprofundamento da penetração da produção nacional nos mercados já
existentes como Espanha, Reino Unido, Alemanha, Itália e Arábia
Saudita
Aparecimento de novos produtores internacionais, como a C hina e a
Índia que praticam preços mais atractivos
C onquista de novos mercados como os Estados Unidos da América e
os do continente Africano
C oncorrência de produtos substitutos
Normalização e certificação dos produtos, facilitando a penetração nos
diferentes mercados
Problemática ambiental e a aplicação de leis limitativas à extracção
Incremento da cooperação empresarial
C oncorrência de empresas sem preocupações de qualidade e que
denigrem a imagem da generalidade dos produtores
C riação de estruturas comerciais com
marketing mais adequada e agressiva
base
numa
filosofia
de
Aproveitamento das plataformas logísticas localizadas na Guarda e em
C haves
Ausência de políticas públicas de apoio à resolução da temática
ambiental
Insuficiente rede de serviços de apoio às empresas
Novos mercados com vontade de usar pedra
IV.6 Energia
Como é do conhecimento geral Portugal apresenta escassos recursos de fontes de energia
não-renováveis. No entanto, e no que respeita a fontes de energia renováveis o país tem um
enorme potencial que pode ser explorado, não só numa óptica de reduzir a dependência
energética externa mas também do ponto de vista ambiental. A rede hidrográfica
relativamente densa, a elevada exposição solar média anual e a vasta frente marítima que
beneficia dos ventos atlânticos conferem a possibilidade de aproveitar o potencial energético
da água, luz, das ondas e do vento.
Deste modo, o país encontra-se numa posição privilegiada para ser pioneiro na diminuição
da dependência energética em fontes de energias não renováveis e poluentes contribuindo
assim para um desenvolvimento sustentável. Contudo, e até há poucos anos, o contexto
nacional em termos da energia caracterizava-se por elevadas dependência externa e
intensidade carbónica e por baixos índices de eficiência na sua utilização. Para combater esta
| 105
situação têm sido estabelecidas estratégias nacionais com o objectivo de estimular e
favorecer a concorrência para assegurar a competitividade e a eficiência das empresas,
reforçar a utilização de fontes renováveis de energia na produção de electricidade e garantir
a segurança do abastecimento de energia e a adequação ambiental de todo o processo
energético. O desenvolvimento destas estratégias e em particular os investimentos em
energias renováveis está a tornar Portugal numa referência ao nível da incorporação das
energias renováveis, particularmente ao nível da energia eólica.
20000
)
h 18000
W
G
( 16000
a
id
z 14000
u
d 12000
o
r
p 10000
ac
ri 8000
tc
é
l 6000
e
ai
gr 4000
e
n
E 2000
Fotovoltaica
Biogás
Resíduos sólidos urbanos
Biomassa
Eólica
Hídrica total
0
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Fonte: Direcção Geral de Energia e Geologia.
Figura 31: Evolução da energia eléctrica produzida através de renováveis.
A evolução da energia eléctrica produzida através de fontes de energia renováveis em
Portugal continental revela uma taxa de crescimento de cerca de 32% entre 2004 e 2009 e
para a qual contribui fortemente a componente hídrica e eólica (Figura 31). No entanto, o
peso da componente eólica para a produção total de energia renovável passou de 6,3% para
40,1% enquanto o da tecnologia hídrica apresentou uma tendência de descida no mesmo
período. Apesar de Portugal ser um dos países da União Europeia que menos cresceu em
capacidade hídrica nos últimos 30 anos é também um dos países com maior potencial hídrico
por explorar tendo, ainda actualmente, cerca de 50% do potencial por aproveitar (Ministério
da Economia e da Inovação, Energias Renováveis em Portugal, 2007).
Atendendo ao peso da produção de energia através de fontes renováveis no conjunto da
produção bruta e no saldo importador verificou-se um crescimento de 25,2% para 35,1%
entre 2004 e 2009 (Direcção Geral de Energia e Geologia, 2010).
Em termos de distribuição geográfica, a produção de energia eléctrica a partir de fontes de
energia renováveis está sobretudo concentrada no norte e no centro do país essencialmente
devido à localização das grandes hídricas e de um número significativo de parques eólicos.
Como se constata na Tabela 42, mais 50% da energia eléctrica hídrica produzida nos últimos
anos no continente é oriunda do território de intervenção, nomeadamente nas sub-regiões
do norte. No que se refere à energia eólica a mesma área produz cerca de 30% do total,
tendo a produção vindo a crescer sistematicamente nos últimos anos.
| 106
Tabela 42: Produção de energia eólica e hídrica no território de intervenção, 2006/2008
Produção bruta de electricidade (kWh)
Eólica
2006
Hídrica
2007
2008
2006
2007
2008
2 891 607 515
4 006 888 562
5 720 212 313 11 324 401 012 10 351 263 938
7 186 744 311
802 695 595
1 185 414 625
1 784 525 105
5 769 459 469
5 645 672 972
3 604 080 961
Douro
228 387 601
241 685 068
314 742 933
1 795 025 923
1 953 524 636
1 213 172 682
Alto Trás-os-Montes
260 245 295
256 090 800
255 932 496
3 017 335 666
3 103 814 918
1 971 703 300
Pinhal Interior Sul
242 541 838
395 063 332
512 585 112
575 331 565
408 825 107
208 652 416
---
---
95 521 807
221 566 473
99 213 357
139 968 668
49 691 498
Continente
Território de intervenção
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
55 186 861
133 077 676
209 024 768
130 372 286
58 923 849
Beira Interior Sul
16 334 000
159 497 749
396 717 989
1 194 246
2 246 766
2 061 013
---
---
---
28 633 310
19 124 339
18 831 384
Cova da Beira
Fonte: Direcção-Geral de Geologia e Energia.
Por outro lado, volume total de energia produzida no território é obtido por apenas 39
empresas que representam 7,5% do total de empresas de produção de electricidade em todo
o continente (Tabela 43).
Tabela 43: Número de empresas no sector da energia eléctrica
Em presas de
electricidade,
gás, vapor,
água quente e
fria e ar frio
2008
Produção de
electricidade
Com ércio de
electricidade
Produção de gás;
distribuição de
com bustíveis
gasosos por
condutas; com ércio
de gás por condutas
2007
2008
Produção e
distribuição de vapor,
água quente e fria e
ar frio por conduta;
produção de gelo
2007
2008
2007
2008
2007
2008
Continente
604
488
519
7
10
40
43
14
17
Território de intervenção
45
37
39
0
1
4
4
1
1
Douro
9
8
7
0
0
2
2
0
0
Alto Trás-os-Montes
20
15
18
0
0
1
1
1
1
Pinhal Interior Sul
2
2
2
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
1
1
1
0
0
0
0
0
0
Beira Interior Norte
5
5
5
0
0
0
0
0
0
Beira Interior Sul
4
3
3
0
1
0
0
0
0
Cova da Beira
4
3
3
0
0
1
1
0
0
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Dado que a aposta nas energias renováveis estão na base da promoção de importantes
investimentos, da criação de emprego e de desenvolvimento regional, a utilização dos
recursos energéticos endógenos no espaço de intervenção pode constituir um ponto-chave
para a contribuição da integração regional e articulação com outros sectores. Por outro lado,
pode ser um factor de segurança para investimentos na região favorecendo, deste modo,
quer o reforço das indústrias já existentes quer a instalação de novas indústrias e
empreendimentos que dependem prioritariamente de um fornecimento de energia seguro e
constante.
| 107
IV.7 Transportes e Logística
As condições de funcionamento do mercado dos transportes variam constantemente,
verificando-se que em determinadas regiões os fluxos de tráfego assumem por vezes
variações significativas, quer pela redução da oferta por deslocalização ou encerramento das
empresas ali actuantes, quer por alteração das condições económicas das populações
residentes, quer ainda e também pelo desenvolvimento relevante de outros modos de
transporte, intensificando-se em certos casos pela maior utilização do transporte individual,
como por exemplo, através da criação de pólos de desenvolvimento tecnológico.
Mas para além da qualidade das infra-estruturas de transporte, as economias necessitam de
boas condições logísticas, pois a progressiva especialização e dispersão dos sistemas
produtivos originou um acréscimo da procura de ambos os serviços – Transportes e
Logística14.
Segundo os dados publicados pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, IP
(IMTT), estima-se que o peso da actividade dos transportes e comunicações na economia
portuguesa se continue a situar num valor próximo de 6,7% do VAB global a preços
correntes e que a população activa no sector dos transportes represente 3% da população
activa total (valor atingido desde 2006, e que corresponde a 170.000 trabalhadores, em
2008).
A globalização da economia e o avanço das tecnologias de informação têm tido como
resultado um aumento do tráfego de mercadorias, que, em Portugal, se tem traduzido num
elevado dinamismo do sector rodoviário, cuja oferta, nomeadamente de micro e médias
empresas tem proporcionado um crescimento que nos últimos anos tem sido superior ao
crescimento do PIB. O vigor da economia mundial em 2006 forneceu um quadro favorável à
expansão do comércio e das trocas internacionais. Neste contexto, as exportações
portuguesas de mercadorias, por modos de transporte, tiveram um crescimento de 61% face
a 1997, atingindo mais de 33,7 mil milhões de euros.
A rodovia manteve uma tendência de crescimento, com valores que em 2008 se
expressaram por 91,8% das toneladas transportadas totais, tornando quase residuais as
quotas da via marítima (4,9%) e da via ferroviária (3,4%). Pela rodovia, dos 292 milhões de
toneladas transportadas, 63,2% foram em trajectos até 50 quilómetros, com um percurso
médio por tonelada de 9,8 km. Foi o caso de 77,9% dos “minerais brutos ou
manufacturados”, de 72,4% de “cimentos, cal e materiais de construção manufacturados”,
de 52,1% de cereais, de 49,5% de “madeira e cortiça” e de 47% de “veículos e materiais de
transporte, máquinas, motores e peças”.
14
A logística compreende as prestações de serviços associados a todos os modos de transporte, os seus operadores e
os intervenientes das redes de comercialização e distribuição. A logística apresenta-se assim com a capacidade de
gestão dos fluxos físicos de bens, tendo em conta a satisfação dos clientes a baixo custo.
| 108
No que respeita ao tráfego internacional, a localização geográfica de Portugal origina a
preferência do modo marítimo, o qual, no conjunto da importação/exportação registou uma
quota de 61,4%, num tráfego total que superou os 81 milhões de toneladas em 2006. Neste
tráfego total o transporte rodoviário representou uma quota de cerca de 35%, quando em
1997 esse valor era de 27%.
No caso das exportações, os valores mostram que em 1997, o transporte rodoviário
correspondia a 44% e em 2006 a 53%, em prejuízo do transporte marítimo que passou de
cerca de 53% para 44 % bem como do aéreo e do ferroviário, embora estes em muito
menor escala, pelo facto de as suas quotas se situarem próximas de 1%.
No que se refere à importação de mercadorias, em 2006 foram transportadas por via
rodoviária 26% da tonelagem total, a que corresponderam 62,4% do total em termos
monetários. Face aos valores de 1997, verificou-se um acréscimo de 4 pontos percentuais no
que respeita à tonelagem, mas à manutenção da quota nos valores monetários. A ferrovia
manteve a sua quota-parte pouco expressiva de 3,8% em termos de tonelagem e de 3% em
termos monetários, mas viu crescer a sua expressão relativa, respectivamente, em 2,6 e em
0,8 pontos percentuais face a 1997.
Focando agora a análise no território de intervenção, a Tabela 44 apresenta a distribuição
das empresas dos sectores dos transportes, estando representado apenas três subsectores
mas que correspondem a 99,3% da totalidade das empresas do sector. Da análise dos dados
fica patente a predominância do transporte terrestre em detrimento dos restantes.
Tabela 44: Distribuição das empresas no sector dos transportes, 2007 e 2008
Em presas de
transportes e
arm azenagem
2008
Outros transportes
terrestres de
passageiros
Transportes
rodoviários de
m ercadorias
Actividades auxiliares
dos transportes
2007
2008
2007
2008
2007
2008
Continente
23315
10484
10401
10770
10399
1807
1791
Território de intervenção
2102
1235
1215
866
830
43
43
565
347
344
211
200
13
15
Alto Trás-os-Montes
555
358
342
219
206
7
6
Pinhal Interior Sul
167
82
85
85
81
1
1
Serra da Estrela
131
89
83
45
45
2
2
Beira Interior Norte
343
171
173
163
155
12
13
Beira Interior Sul
151
76
78
69
69
3
3
Cova da Beira
190
112
110
74
74
5
3
Douro
Fo nte: INE, Dado s Estatísticos.
| 109
Tabela 45: Volume de negócios das empresas de
transportes rodoviários de mercadorias, 2008
Transportes
Volum e de
rodoviários de
negócios
m ercadorias
2008
Média
2008
2008
Milhares €
17402171
5034523
484,1
---
265540
319,9
Douro
---
44209
221,0
Alto Trás-os-Montes
---
34212
166,1
Pinhal Interior Sul
---
36999
456,8
Serra da Estrela
---
14566
323,7
Beira Interior Norte
---
98607
636,2
Beira Interior Sul
---
20402
295,7
Cova da Beira
---
16545
223,6
Continente
Território de intervenção
Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
Das empresas deste sector sedeadas no
território
em
análise
57,8%
são
de
transportes terrestre de passageiros que
não
transportes
interurbanos
por
caminhos-de-ferro e 39,5% dedicam-se
Tabela 46: Pessoal ao serviço das empresas de
transportes rodoviários de mercadorias, 2008
Transportes
Pessoal ao
rodoviários de
serviço das
m ercadorias
em presas
Média
2008
2008
2008
163599
65805
---
3529
4,3
Douro
---
679
3,4
Alto Trás-os-Montes
---
602
2,9
Pinhal Interior Sul
---
358
4,4
total do subsector a nível nacional. As
Serra da Estrela
---
202
4,5
cerca de 10.000 empresas de transportes
Beira Interior Norte
---
1101
7,1
rodoviários
Beira Interior Sul
---
299
4,3
Cova da Beira
---
288
3,9
ao transporte rodoviário de mercadorias.
As empresas do território deste último
subsector representam cerca de 8% do
terrestres
existentes
no
território apresentavam uma média de
Continente
Território de intervenção
6,3
Fonte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas.
4,3 pessoas ao serviço num total de cerca
de 3.500 pessoas (Tabela 45).
Por outro lado, constata-se uma maior concentração das empresas nas sub-regiões mais
fronteiriças e nas quais foram construídas as plataformas logísticas: Chaves no norte e
Guarda mais ao centro. Apesar da sua localização estratégica e das infra-estruturas
presentes, o volume de negócios das empresas já existentes não faz realçar este
“tratamento” privilegiado. Efectivamente, os principais postos fronteiriços da área de
intervenção do projecto são Vila Verde da Raia no distrito de Vila Real, Quintanilha em
Bragança e Vilar Formoso, no distrito da Guarda.
Este último, em 2006, foi o terceiro posto com maior tráfego médio diário (com 8.568
veículos por dia)15. Os postos de Vila Verde da Raia e de Quintanilha apresentaram um
tráfego médio diário de 4.058 e 1.405, respectivamente.
15
A nível nacional apenas apresentaram maior tráfego o posto de Valença do Minho e de Vilar Real de Santo António.
| 110
No entanto, as cidades da Guarda e de Chaves, apostando do seu posicionamento
estratégico podem assumir-se como pólos de desenvolvimento capitalizando os recursos do
território e potenciando o desenvolvimento de toda a envolvente.
O concelho da Guarda está integrado no principal eixo urbano da Beira Interior, constituído
segundo Reis Silva (2007) também por Belmonte, Covilhã, Fundão e Castelo Branco. Estes
cinco concelhos têm um efeito de estruturação territorial importante para definir estratégias
de complementaridade, não só dos concelhos entre si, mas como destaca o autor, dos
territórios envolventes. Esta visão está patente na configuração do Programa Operacional do
Centro 2007-13 e que reserva para a Guarda um papel estruturante na comunicação e redes
de transportes.
Outros dos aspectos focados no distrito da Guarda é o seu carácter fronteiriço, a proximidade
com Espanha, a sua centralidade geográfica e a confluência de importantes eixos rodoviários
e ferroviários, que permitem pensar o território enquanto suporte crucial ao desenvolvimento
e apoio ao comércio internacional, em particular, o ibérico. Este carácter fronteiriço permite,
por outro lado, imaginar o desenvolvimento do território com configurações diversificadas,
potenciadoras das dinâmicas económicas existentes, como sugerido por Natário e Neto
(2006), ou Matos (2007), onde se imaginava um conjunto de iniciativas de carácter
transfronteriço que podiam constituem os alicerces de um sistema de inovação suportado
nos recursos partilhados e objectivos comuns das regiões de fronteira.
Esta visão faz emergir a importância de projectos comuns como a PLIE – Plataforma
Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda – considerado um projecto estruturante para
toda a região Centro, visão reforçada pelo texto do Programa Operacional do Centro 2007-13
(p. 12) onde se afirma que a PLIE terá “…um papel fundamental no desenvolvimento
económico do interior da região e na articulação multimodal Portugal-Espanha-Europa.” A
Plataforma será uma área logística regional, contando com uma área de localização
empresarial, centro de serviços de suporte e um espaço de mobilização e difusão das TIC. De
referir, que a PLIE deverá ter uma forte articulação, com as redes viárias, mas também com
os portos e com a Plataforma Logística de Salamanca.
No âmbito do estudo efectuado pelo NERGA, junto do sector dos transportes de mercadorias,
verificou-se que as empresas em consequência da sua dimensão enfrentavam diversos
condicionalismos impeditivos de serem mais competitivas. Tendo em consideração esses
constrangimentos e após várias reuniões entre os empresários e o NERGA, foi considerado,
como solução para ultrapassar as dificuldades e tornar o sector mais competitivo, a criação
de uma sociedade anónima, cujo capital seria subscrito maioritariamente pelas empresas de
transporte da região. A sociedade anónima, LUSOLINK, irá ser constituída brevemente e
contará nesta primeira fase, com a participação de 15 empresas, a sua maioria do distrito da
Guarda. Para além do transporte, esta empresa prevê ainda desenvolver outros serviços,
nomeadamente, uma central de compras e um centro logístico, a instalar na PLIE da Guarda.
| 111
Também a PLIE de Chaves apresenta objectivos iniciais de desenvolvimentos em tudo
idênticos aos da PLIE da Guarda. Efectivamente, também no âmbito do estudo para a região
do Douro e Alto Trás-os-Montes – Opções para o Desenvolvimento do Território, as
conclusões convergem na necessidade da cooperação no desenvolvimento de uma rede de
logística e transportes internacionais e no reforço da cooperação transfronteiriça. Neste
sentido, também a excelente localização e concepção da plataforma logística transfronteiriça
de Chaves, constituem componentes estratégicas importantes para o desenvolvimento
económico e social da região de Trás-os-Montes, através da criação de condições para a
captação de novos projectos empresariais e para facilitar a distribuição da produção da
indústria local.
Segundo a intervenção do Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações na
cerimónia de abertura do 12.º Congresso de Logística da Associação Portuguesa de Logística
«Logística em Tempos de Incerteza», em Lisboa (2009) a Rede Nacional de Plataformas
Logísticas irá potenciar a captação de novos tráfegos de mercadorias transfronteiriços e
portuários, esperando-se um aumento global da carga movimentada no país em 3% ou seja
cerca de 9,5 milhões de toneladas.
As estruturas logísticas do território de intervenção poderão desempenhar um papel
fundamental para o desenvolvimento do sector dos transportes, nomeadamente ao nível da
sua organização de forma mais racional e sustentável. Associando este factor, à localização
geográfica do território de intervenção e ao estabelecimento de possíveis formas de
cooperação entre as diversas empresas de transportes poderão estar reunidas as condições
para um aumento substancial da competitividade das muitas pequenas empresas deste
sector de actividade.
Através dos dados financeiros em anexo (Anexo 9) podemos verificar que o volume de
negócios cresceu durante o ano de 2007 (sensivelmente 10%) tendo estabilizado em 2008.
Esta evolução levou a melhoria substancial dos resultados líquido em 2007 e a uma forte
penalização em 2008. Este decréscimos também ficou a dever-se não só à procura mais
moderada dos serviços mas também ao crescimento extraordinário dos preços dos
combustíveis.
Importa realçar que as empresas de transporte de mercadorias sedeadas nas sub-regiões do
norte apresentam uma rendibilidade operacional das vendas bastante superior à apresentada
pelas empresas do região beirã, o que reforça a constatação de que esta região necessita de
determinar uma estratégia de actuação que lhe permita aproveitar os seus actuais recursos
logísticos e a sua localização estratégica para melhorar os seus níveis de actuação de forma
a igualar as suas congéneres nortenhas.
| 112
Apresenta-se de seguida a análise SWOT para este sector.
Análise SWOT para o sector dos Transportes e Logística
Pontos fortes
Pontos fracos
C rescimento do transporte público de mercadorias em segmentos
especializados
Deficiente rede multimodal de transportes
C apacidade disponível de meios de transporte: elevado número de
operadores de transporte
Insuficientes competências ao nível de organização e gestão de
transporte e de gestão de redes
Flexibilidade do serviço prestado
Níveis baixos de quadros qualificados nas empresas
Resultados bastante voláteis face ao
produtivos, nomeadamente combústiveis
preço
de
alguns
factores
Níveis baixos de investigação e desenvolvimento, e inovação
Oportunidades
Ameaças
Desenvolvimento da Rede Nacional de Plataformas Logísticas
Degradação das infra-estruturas
Requalificação e desenvolvimento das vias rodoviárias
Ritmos crescentes nos custos de alguns factores de produção (ex:.
combustíveis)
Integração com outros modos de transporte, através de redes
multimodais, permitindo uma oferta de serviços de maior valor
acrescentado
Investimentos e desenvolvimento do sector Ferroviário
Oferta de serviços complementares e de maior valor acrescentado aos
clientes
Grandes clientes cada vez mais globais que estabelecem contratos
internacionais ficando excluidos os clientes locais sem alianças de
cooperação
Procura de transportes crescente
C riação/melhoria
operadores
de
redes
de
cooperação
entre
os
diferentes
| 113
V Resultados do trabalho de campo
O presente capítulo tem como principal objectivo fazer uma análise dos principais resultados
obtidos através da realização de questionários efectuados a empresas (na zona de
intervenção do projecto) dos sectores de actividade que se afiguram com potencial para
participar em redes de cooperação.
V.1 Metodologia
A análise que se segue baseia-se num questionário aplicado a um conjunto de 137 empresas
distribuídas pelos distritos de Vila Real, Bragança, Guarda e Castelo Branco e, por
proximidade com o distrito de Vila Real, alguns concelhos do Douro Sul.
O inquérito aplicado teve por objectivo obter informações sobre os sectores de actividade
com maior potencial de abertura a novas formas de organização, nomeadamente numa
perspectiva de abertura à cooperação inter-empresarial. Este encontra-se estruturado em
duas secções principais:
•
informação geral sobre a empresa que engloba os dados essenciais sobre a
empresa, como a localização, contacto, ano de constituição, a informação social
e económica como a descrição da actividade de negócio, número de
funcionários, se a empresa faz parte de um grupo de empresas, número de
filiais, produtos/serviços, volume de negócios, abrangência de mercado,
estrutura organizacional, ciclo de vida e estratégia e vantagem competitiva;
•
informação sobre a experiência anterior/presente em acordos de cooperação,
tipologias mais relevantes, tipo de recursos a envolver e objectivos a atingir
tendo em vista averiguar a predisposição para a empresa aderir a novas formas
de organização como a adesão a um sistema de redes de cooperação intra ou
inter-empresarial.
As duas secções reflectem um conjunto de indicadores que, globalmente, permitem analisar
o percurso da própria empresa, a sua dinâmica e performance empresarial e a sua abertura
para a cooperação empresarial com a identificação do tipo de rede de cooperação, os
recursos envolvidos e os objectivos a atingir com a rede de cooperação empresarial.
Tendo por base a reflexão preliminar efectuado no capítulo IV foram identificados os
principais sectores com maior potencial para dinamizar futuras redes de cooperação na área
de intervenção: comércio, indústrias agro-alimentares, construção civil e obras públicas,
turismo, rochas ornamentais, energia, e transportes e logística. A selecção criteriosa das
| 114
empresas de cada sector foi efectuada pelas respectivas Associações Empresarias (NERVIR,
NERBA, NERGA, NERCAB) que devido à sua missão e objectivos específicos na área onde se
inserem têm um conhecimento profundo da generalidade das empresas nos diversos
sectores de actividade predominantes na região. Deste modo, presume-se que as empresas
indicadas constituam uma amostra representativa do sector de actividade que se afigura com
potencial de cooperação.
Atendendo ao número de empresas indicado por cada Associação Empresarial e ao número
de empresas inquiridas na sua área de intervenção consta-se que a taxa de resposta se situa
acima dos 65% (Tabela 47), com excepção da área de intervenção de Castelo Branco cujo
valor é de 45%. De salientar que esta elevada receptividade por parte das empresas deveuse, em grande medida, a um pleno esclarecimento dos empresários, por parte das
respectivas Associações Empresariais, acerca dos objectivos do projecto onde se inseria o
referido questionário e à sensibilização para a importância da sua colaboração na
concretização desses mesmos objectivos.
Tabela 47: Número de empresas seleccionadas pelas Associações Empresariais versus as inquiridas
Número empresas
Área intervenção
NERVIR
Área intervenção
NERBA
Área intervenção
NERGA
Área intervenção
NERCAB
Total
R e a liza do
P re v is to
R e a liza do
P re v is to
R e a liza do
P re v is to
R e a liza do
P re v is to
R e a liza do
P re v is to
Com ércio
6
5
5
3
7
7
10
5
28
20
71%
Indústrias agro-alim entares
29
22
28
16
7
4
11
6
75
48
64%
Construção civil e obras públicas
0
0
7
5
11
7
16
9
34
21
62%
Turism o
10
7
8
7
8
4
2
2
28
20
71%
Rochas ornamentais
4
1
6
3
6
4
1
0
17
8
47%
Energia
0
0
2
2
0
0
0
0
2
2
100%
Transportes e logística
0
0
0
0
7
3
2
0
9
3
33%
Outros
1
0
6
5
5
5
18
5
30
15
50%
50
35
62
41
51
34
60
27
223
137
61%
Total
70%
66%
67%
45%
61%
Da análise por sector, verifica-se que em todos a taxa de respostas foi superior a 60%, com
excepção das rochas ornamentais, transportes e logística e “outros”. O sector referido por
“outros” engloba empresas que podem ser associadas às indústrias agro-alimentares
(tanoaria, cutelaria e refrigeração), à construção civil (metalomecânica) e serviços de apoio
(consultoria).
Atendendo à localização territorial das empresas inquiridas verifica-se que foram abrangidos
a grande maioria dos concelhos do território de intervenção (Anexo 13) embora o número de
empresas seja superior nas capitais dos distritos. No caso da área de intervenção do NERGA
e do NERCAB cerca de 47% e 59% das empresas estão localizadas, respectivamente, na
Guarda e em Castelo Branco.
A recolha da informação do questionário junto das empresas foi efectuada através de
entrevista presencial. Das pessoas responsáveis pela informação recolhida junto das
empresas, cerca de 72% eram o sócio, sócio/gerente ou o administrador, 12% o director
geral/departamento sendo as restantes distribuídas por diferentes departamentos da
| 115
empresa. De salientar que as respostas recolhidas são manifestações de intenção que não
vinculam a empresa a integrar redes de cooperação contribuindo apenas para a amostra do
sector que se pretende que seja representativa das restantes empresas da mesma área de
actividade.
V.2 Análise dos principais resultados
As empresas inquiridas têm condições estruturantes e financeiras diversas que se espera que
reflictam a realidade das empresas dos sectores com potencial de cooperação. Nesta secção
faz-se uma análise dos principais resultados obtidos junto das empresas. A informação
adicional encontra-se no anexo 14.
V.2.1 Caracterização geral das empresas
O sector mais representado é o das indústrias agro-alimentares (35%) seguido do comércio,
construção civil e obras públicas e turismo (cerca de 15% cada). O sector da energia e dos
transportes e logística são os menos representativos em termos absolutos e estão apenas
representados, respectivamente, na área de intervenção do NERBA e do NERGA (Figura 32).
Contudo, o número de empresas inquiridas em cada sector, bem como a sua repartição por
área de intervenção, reflecte, em traços gerais, o peso e a distribuição das empresas por
sector de actividade no território de intervenção.
25
Nº empresas
20
15
10
5
0
Comércio
Indústrias agro- Construção civil e
alimentares
obras públicas
Área intervenção NERVIR
Turismo
Área intervenção NERBA
Rochas
ornamentais
Energia
Área intervenção NERGA
Transportes e
logística
Outros
Área intervenção NERCAB
Figura 32: Número de empresas por sector de actividade e área de intervenção
A idade média das empresas inquiridas nos sectores comércio, indústrias agro-alimentares,
construção civil e obras públicas, turismo, rochas ornamentais e “outros” oscila entre 7 e 47
anos, enquanto no sector transportes e logística e energia, a média é de 6 e 3 anos,
| 116
respectivamente (Tabela 48). A empresa mais antiga data de 1905 e integra o sector das
indústrias agro-alimentares e a mais recente de 2010 no sector do comércio. Estes valores
mostram, em média, empresas jovens que, apresentando alguma estabilidade no mercado,
necessitam de apostar na inovação e em novas estratégias para promover o seu
crescimento.
Tabela 48: Idade média das empresas inquiridas
Comércio
Indústrias
agro-alimentares
Construção civil
e obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Idade média das empresas
Área intervenção NERVIR
23
24
-
15
11
-
-
-
Área intervenção NERBA
19
22
16
19
22
3
-
22
Área intervenção NERGA
16
47
19
7
26
-
6
13
Área intervenção NERCAB
16
16
22
29
-
-
-
19
De uma forma geral, as empresas da amostra não fazem parte de um grupo empresarial
(86,9%). As 13,1% das empresas que referiram pertencer a um grupo de empresas situa-se
maioritariamente na área de intervenção do NERVIR e do NERBA e têm as suas sedes em
território nacional com excepção de uma empresa do sector “outros” que tem a sua sede na
Alemanha.
No final do ano de 2009, só 12 das empresas tinham filiais nacionais, localizadas sobretudo
nos distritos da sede, e distribuídas pelo sector do comércio (5), indústrias agro-alimentares
(2), construção civil e obras públicas (1) turismo (1), energia (1), “outros” (2). Destas, cinco
das empresas só apresentavam uma filial sendo observado o número máximo de cinco filiais
em duas empresas. Em relação às filiais internacionais só uma empresa do sector da
construção civil e obras públicas é que apresentava uma filial em Cabo Verde.
Quanto ao número de trabalhadores nos anos de 2008 e 2009 verificou-se que estes se
mantiveram praticamente constantes em cada sector. Por outro lado, usando o conceito
geral de classificação das empresas por escalão de número de trabalhadores verifica-se que
todas as empresas são PME (Pequena e Média Empresa) com um número de trabalhadores
que globalmente se situa entre os 20 e 30 trabalhadores, com excepção do sector energia
em que o número médio é de 4 trabalhadores (Tabela 49).
| 117
Tabela 49: Número médio de trabalhadores das empresas inquiridas
Outros
Transportes e
logística
Energia
Rochas
ornamentais
Turismo
Comércio
Indústrias
agro-alimentares
Construção civil e
obras públicas
Número médio trabalhadores
20 0 8
2 0 09
20 0 8
2 00 9
2008
2 00 9
2008
2 00 9
2 0 08
2 00 9
2 0 08
20 0 9
2 0 08
20 0 9
2 0 08
Área intervenção NERVIR
27
28
20
20
-
-
28
29
13
12
-
-
-
-
-
20 0 9
-
Área intervenção NERBA
26
26
20
19
17
16
7
7
31
29
4
4
-
-
21
23
Área intervenção NERGA
22
23
26
26
26
28
9
9
17
16
-
-
21
19
19
20
Área intervenção NERCAB
19
20
15
16
35
35
65
75
-
-
-
-
-
-
60
50
23
24
20
20
26
27
27
30
20
19
4
4
21
19
33
31
Atendendo à distribuição dos recursos humanos pelos principais departamentos (Figura 33)
verifica-se que a sua repartição está associada ao tipo de actividade praticado na empresa.
Assim, o sector dos transportes e logística tem alocado mais de 50% dos seus trabalhadores
ao departamento de logística, seguido do sector produção/operação. Do mesmo modo, as
empresas dos sectores ligados à actividade produtiva como as indústrias agro-alimentares, a
construção civil e obras públicas, “outros” e rochas ornamentais têm afecto mais de 50% dos
seus recursos humanos à produção, atingindo o valor de 72% no caso das rochas
ornamentais. Nestes sectores segue-se o departamento administrativo-financeiro com cerca
de 10%.
O sector do turismo, tradicionalmente associado a serviços, tem 50% dos recursos humanos
afectos à parte produtiva o que pode ser justificado pelo facto de 20% das empresas
estarem associadas ao turismo em espaço rural ou gastronómico onde o lazer é
complementado com a confecção de alguns produtos regionais como as compotas, vinho,
azeite, queijo e enchidos. Globalmente, o departamento comercial/vendas absorve menos de
10% dos recursos humanos com excepção do sector comércio cujo valor é cerca de 28%.
100%
Outros
90%
80%
Marketing
70%
Inovação / I&D
60%
Qualidade / Segurança
50%
Recursos Humanos
40%
Controlo de gestão / Planeamento Estratégico
30%
Logística
20%
Compras
10%
Produção / Operações
0%
Comércio
Indústrias agro- Construção civil
alimentares e obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Comercial / Vendas
Administrativo-financeiro
Figura 33: Percentagem de recursos humanos afectos aos principais departamentos
O departamento “Qualidade e Segurança” apresenta valores abaixo dos 5% em todos os
sectores de actividade com excepção do da energia em que o valor se situa nos 8,3%. Do
mesmo modo, o departamento de “Marketing e Inovação/I&D” absorve menos de 2% dos
recursos humanos em todos os sectores, com excepção do sector energia cujo valor é cerca
| 118
de 9%. Para este sector de actividade verifica-se uma distribuição equitativa dos recursos
humanos pelos principais departamentos da empresa.
V.2.2 Estrutura organizacional e ciclo de vida das empresas
Da análise da estrutura organizacional existente nas empresas nos diferentes sectores de
actividade verifica-se que, na generalidade, a sua predominância é funcional (Figura 34), o
que se traduz numa responsabilização de gestores individuais por funções específicas. Este
tipo de relação entre todos os recursos da empresa é característico de médias empresas com
uma gama de produtos extensa para um número restrito de mercados.
No entanto, no caso do sector do turismo e comércio, cerca de 50% e 45%,
respectivamente, têm implementada uma estrutura simples, que é característica de
empresas especializadas em poucas linhas de produtos, como é o caso de parte da amostra
destes sectores.
Estrutura divisional
Estrutura funcional
Estrutura simples
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agro- Construção civil e
alimentares
obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Figura 34: Estrutura organizacional das empresas por sector de actividade
Por outro lado, nos sectores comércio, indústrias agro-alimentares, turismo e construção civil
e obras públicas observa-se a existência de empresas com uma estrutura descentralizada,
provavelmente de maior dimensão, que atinge os 19% no caso deste último sector.
Em traços gerais verifica-se que todas as empresas dos diversos sectores apresentam regras
e procedimentos formalizados e as actividades centralizadas (Figura 35). Este tipo de
organização está de acordo com o facto das empresas dos sectores de actividade em análise
estarem sobretudo relacionados com actividades produtivas que, por regra, seguem normas
bem definidas, com a sua pequena dimensão e reduzido número de empresas com filiais.
Em termos de complexidade verifica-se que as empresas dos diferentes sectores apresentam
uma fraca complexidade com excepção dos sectores transportes e construção civil e obras
públicas que apresentam alguma complexidade espacial e horizontal.
| 119
A elevada formalização e centralização acompanhada de uma complexidade baixa ou variável
está, normalmente, relacionada com a vantagem competitiva dos custos baixos que a
empresa pretende alcançar no mercado.
Comércio
Indústrias agro-alimentares
Construção e obras públicas
Turismo
Rochas ornamentais
Energia
Transportes
Outros
30
Nº empresas
25
20
15
10
5
0
1
2
3
4
1
2
Regras e procedimentos formalizados
3
4
Actividades centralizadas
35
Nº empresas
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
4
Complexa devido à dispersão espacial
1
2
3
4
Complexa devido à dispersão vertical
1
2
3
4
Complexa devido à dispersão horizontal
Figura 35: Estrutura organizacional em função dos factores formalização, centralização e complexidade
Com base na Figura 36, constata-se que o ciclo de vida predominante nas empresas é o de
crescimento seguido da fase de maturidade, que, no conjunto, representam mais de 87% da
amostra sendo inclusivamente de 100% nos sectores do comércio, construção civil e obras
públicas, turismo e transportes e logística. No caso do sector da energia as empresas
encontram-se na sua totalidade no ciclo de crescimento muito provavelmente devido à
aposta crescente da utilização de fontes renováveis de energia como a hídrica e eólica, na
produção de electricidade. A predominância de ciclos de vida de crescimento e maturidade
das empresas inquiridas está, normalmente, associada a uma elevada especialização em
actividades específicas que resultam em economias de escala e/ou no aumento da
flexibilização operacional do negócio base e na diversificação para novos produtos/sectores.
| 120
Declínio
Maturidade
Crescimento
Introdução
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agro- Construção civil e
alimentares
obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Figura 36: Ciclo de vida das empresas
Por outro lado, o padrão de ciclo de vida observado nas empresas inquiridas está, de certo
modo, relacionado com a sua fundação pois à medida que aumenta a sua idade média há
uma tendência progressiva de evolução do ciclo de vida de introdução até ao de declínio. De
referir ainda que, no sector das indústrias agro-alimentares, existe uma percentagem, ainda
que pouco significativa, de empresas no ciclo de declínio mas cujo valor sobe para 13% no
sector das rochas ornamentais. Este facto pode estar influenciado pela agressiva entrada no
mercado de empresas estrangeiras produtoras de rochas ornamentais e a consequente
dificuldade de adaptação das empresas do sector nacional para responder a esta mudança.
Apesar dos períodos de vida de crescimento e maturidade das empresas estarem
normalmente associados a estruturas predominantemente funcionais e divisionais verifica-se
que a estrutura simples ainda corresponde a uma forma de organização praticada por muitas
empresas de todos os sectores de actividade, com particular destaque para o comércio,
turismo e energia.
Quando questionados se a actual estrutura organizacional da empresa é adequada à sua
estratégia e objectivos futuros, 74% das empresas afirma que sim (Figura 37). As restantes
indicam como principais razões de inadequação as seguintes: área comercial enfraquecida,
escassez de recursos físicos, escassez de recursos humanos qualificados, fraca gestão de
recursos humanos, necessidade de alguma burocracia, necessidade de definição da própria
estratégia, necessidade de descentralizar funções, necessidade de novos departamentos
devido ao crescimento, necessidade de reorganização e pequena dimensão para os
objectivos definidos.
| 121
Não
Sim
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agroalimentares
Construção e
obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Figura 37: Adequação da actual estrutura organizacional à estratégia e objectivos futuros
Agrupando as razões de inadequação verifica-se que em 44% das empresas a sua estrutura
não serve de suporte à implementação dos objectivos definidos por falta de alinhamento
dinâmico da estrutura organizacional com os objectivos e tendências do meio envolvente ou
mesmo por uma total desadequação (Tabela 50). Por outro lado, 6% das empresas não têm
sequer uma estratégia definida. Importa ainda referir que para 24% das empresas a não
adequação da estrutura organizacional está relacionada com o número e/ou a qualificação
dos seus recursos humanos que poderá estar, de certo modo, relacionada com os baixos
níveis de habilitações da população activa do país e em particular do território de intervenção
que é ainda ligeiramente inferior.
24%
2
3
9
26%
1
1
2
1
Necessidade de outra estrutura
6
18%
2
2
1
Necessidade de estratégia
2
6%
1
NR
5
15%
NR - não resposta
34
100%
14
4
1
2
4
3
Outros
8
Estrutura inadequada aos objectivos
3
Transportes e
logística
12%
Energia
4
Área recursos hum anos
Turismo
Área com ercial
Rochas
ornamentais
Construção civil e
obras públicas
%
Comércio
Nº empresas
Indústrias agroalimentares
Tabela 50: Factores de inadequação da estrutura organizacional à estratégia e objectivos futuros
8
1
1
3
6
1
2
5
34
5
1
4
5
2
9
1
0
1
V.2.3 Produtos e serviços
Os principais produtos comercializados nos sectores de actividade produtivos são os
seguintes:
i.
construção civil e obras públicas – estruturas, edifícios, areias, infra-estruturas de
saneamento e de obras públicas, materiais cerâmicos;
| 122
ii.
rochas ornamentais – lareiras, jazigos, fachadas, pavimentos, bloco em bruto,
colunas;
iii.
indústrias agro-alimentares – charcutaria tradicional, queijos, castanha, azeite, vinho
tinto, vinho do Porto e produtos de pastelaria.
Pela análise da tabela 51 observa-se que a indústria mais representada é a viticultura, com
15 empresas, e localiza-se quase exclusivamente na área de intervenção NERVIR. Segue-se
a charcutaria tradicional em que 4 das 11 empresas estão localizadas na área de intervenção
NERBA; o azeite é produzido em 7 empresas distribuídas pela área de intervenção NERVIR e
NERBA. Esta distribuição reflecte o peso importante que a actividade agrícola e os produtos
ligados à terra continuam a ter na estrutura económico-social do território de intervenção.
Tabela 51: Distribuição das empresas do sector agro-alimentar no território de
intervenção
Número empresas
Charcutaria
Queijos
Frutos secos
Azeite
Vitivinicultura
Área de intervenção do NERVIR
2
1
-
3
13
Área de intervenção do NERBA
4
1
2
4
2
Área de intervenção do NERGA
2
2
1
-
-
Área de intervenção do NERCAB
3
2
-
-
-
No caso do sector do comércio os produtos mais comercializados, como carne e peixe
congelado, charcutaria, frutas, hortícolas, mel, bebidas, pastelaria e utilidades industriais,
estão sobretudo ligados à indústria agro-alimentar com excepção de duas empresas ligadas
à construção civil e uma empresa ao turismo.
Os principais serviços prestados por sector são:
i. turismo: animação turística, eventos, hotelaria e restauração;
ii. energia: certificação de edifícios, monitorização de eficiência energética, consultoria e
auditoria, soluções para microprodução e outras formas de aproveitamento de energias
renováveis;
iii. transportes e logística: transporte de mercadorias e logística.
O sector “outro” integra empresas associadas ao sector das indústrias agro-alimentares,
como a tanoaria, cutelaria e refrigeração à construção civil (metalomecânica), à gestão de
resíduos e aos serviços de apoio como limpezas, tratamento, recolha e armazenamento de
informação e manutenção de equipamentos e espaços florestais. Por conseguinte, os
principais produtos comercializados pelas empresas deste sector incluem barricas, facas,
estruturas metálicas e equipamentos para frio industrial.
Em relação ao volume de negócios obtido em 2009, há uma concentração de empresas
(66%) com menos de dois milhões de euros, sendo que em 36% o valor não ultrapassa os €
500.000 (Figura 38). Das restantes, 21,7% tem um volume de negócios entre os dois e os
| 123
cinco milhões e apenas uma empresa ligada ao sector do comércio apresenta um volume de
negócios superior a € 15.000.000.
Das empresas inquiridas em cada sector consta-se que turismo, rochas ornamentais e
“outros” e indústrias agro-alimentares são os que concentram um maior número de
empresas com um volume de negócios inferior a € 500.000. Por outro lado, as empresas dos
sectores
construção
civil
e
obras
públicas
e
transportes
e
logística
concentram
principalmente o seu volume de negócios entre os € 500.000 e os € 2.000.000, tendo este
último sector a totalidade das empresas incluídas neste escalão.
18
Nº empresas
15
12
9
6
3
Indústrias agroalimentares
Construção civil e obras
públicas
Turismo
Rochas ornamentais
Transportes e logística
>10.000.000€ e <=15.000.000€
>2.000.000€ e <=5.000.000€
>5.000.000€ e <=10.000.000€
<=500.000€
>500.000€ e <=2.000.000€
>10.000.000€ e <=15.000.000€
>2.000.000€ e <=5.000.000€
>5.000.000€ e <=10.000.000€
<=500.000€
>500.000€ e <=2.000.000€
>10.000.000€ e <=15.000.000€
>2.000.000€ e <=5.000.000€
>5.000.000€ e <=10.000.000€
<=500.000€
>500.000€ e <=2.000.000€
>10.000.000€ e <=15.000.000€
>2.000.000€ e <=5.000.000€
>5.000.000€ e <=10.000.000€
<=500.000€
>500.000€ e <=2.000.000€
>10.000.000€ e <=15.000.000€
>2.000.000€ e <=5.000.000€
>5.000.000€ e <=10.000.000€
<=500.000€
>500.000€ e <=2.000.000€
>10.000.000€ e <=15.000.000€
>2.000.000€ e <=5.000.000€
>5.000.000€ e <=10.000.000€
<=500.000€
Comércio
>500.000€ e <=2.000.000€
>10.000.000€ e <=15.000.000€
>2.000.000€ e <=5.000.000€
>5.000.000€ e <=10.000.000€
<=500.000€
>500.000€ e <=2.000.000€
0
Outros
Figura 38: Volume de negócios em 2009 das empresas inquiridas
A abrangência das empresas inquiridas é
Local
3,7%
maioritariamente nacional (71,9%), o que
revela a sua capacidade para já operarem
em todo o país. Apenas cinco empresas
distribuídas
pelo
sector
do
Regional
24,4%
Nacional
71,9%
comércio,
construção civil e obras públicas, turismo e
rochas
ornamentais
apresentam
uma
Figura 39: Abrangência do mercado
abrangência de mercado local.
Os sectores de actividade que registam uma maior percentagem de empresas com uma
abrangência regional são o comércio, construção civil e obras públicas e rochas ornamentais
(Figura 40).
| 124
nacional
regional
local
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agro- Construção civil e
alimentares
obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Figura 40: Abrangência das empresas por sector de actividade
V.2.4 Exportações
Das empresas inquiridas, cerca de dois terços (62%) tem já apresenta actualmente
actividade em mercados internacionais sendo a sua expressão superior a 50% para todos os
sectores de actividade com excepção do sector da construção civil o obras públicas cujo valor
não vai além dos 19%. De realçar ainda a elevada percentagem (84,8%) de actividade em
mercados internacionais do sector das indústrias agro-alimentares (Figura 41).
Não
Sim
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agro- Construção civil
alimentares e obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Figura 41: Actividade em mercados internacionais
A grande maioria das empresas exportadoras tem uma actividade internacional consolidada
uma vez que cerca de 71% refere que exporta há mais de 5 anos (Figura 42).
32%
< 2 anos
Não
38%
Sim
62%
2 - 5 anos
22%
6 - 10 anos
33%
7%
6%
11 - 20 anos
mais 20 anos
| 125
Figura 42: Actividade exportadora das empresas
Observando o número de empresas que exportam há mais de 5 anos em cada sector de
actividade, constata-se que em quase todos os sectores se encontram empresas com
experiência na exportação. No sector agro-alimentar as empresas mais experientes no que
toca à exportação encontram-se sob o território de intervenção do NERVIR e do NERBA e
dizem produzem e comercializam vinhos e azeite respectivamente. Por sua vez, a área de de
intervenção do NERGA engloba as empresas mais experientes na exportação do sector das
rochas ornamentais. No caso do sector dos transportes e logística e energia a concentração
de empresas com actividade exportadora há menos de 5 anos deve-se à constituição recente
das próprias empresas.
Tabela 52: Anos de exportação por sector de actividade
Comércio
Indústrias
agro-alimentares
Construção civil
e obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Núm ero em presas
< 2 anos
-
1
2
2
-
1
-
1
7
2 - 5 anos
2
11
-
1
1
-
1
2
18
6 - 10 anos
2
13
1
5
1
-
1
3
26
11 - 20 anos
5
12
1
4
4
-
-
1
27
m ais 20 anos
1
2
-
-
-
-
-
2
5
10
39
4
12
6
1
2
9
83
Atendendo à evolução do volume de negócios médio entre 2008 e 2009, verifica-se que este
indicador financeiro não sofreu alterações significativas na generalidade dos sectores de
actividade (Figura 43). Também a evolução do volume de exportações se manteve
praticamente constante em todos os sectores de actividade com excepção da construção civil
e obras públicas e dos transportes e logística que sofreram um decréscimo, respectivamente,
de 8 e 16,5 pontos percentuais.
2009
Volume exportações 2008
Volume exportações 2009
100%
4.000
80%
3.500
3.000
60%
2.500
2.000
40%
1.500
1.000
20%
500
0
0%
Comércio
Indústrias agro- Construção civil e
alimentares
obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Transportes e
logística
Figura 43: Volume de negócios e de exportação médio por sector de actividade
Outros
% volume exprotações (média)
Volume negócios (milhares de euros)
2008
4.500
| 126
No que respeita ao peso das exportações no volume de negócios de 2009, a actividade
exportadora apresentou valores limitados. Na generalidade, mais de 50% das empresas em
cada sector de actividade ostenta um peso de exportações inferior a 25% do seu volume de
negócios. Contudo, existe uma pequena percentagem de empresas com um volume de
exportação superior a 75% do volume de negócios: cerca de 12% no caso do comércio, das
indústrias agro-alimentares e do turismo; e cerca de 20% no sector das rochas ornamentais
e “outros”. As empresas produtoras de vinhos da região de intervenção do NERVIR são as
que actualmente apresentam uma maior actividade exportadora.
Comércio
Construção civil e obras públicas
Rochas ornamentais
Transportes e logística
Turismo
Indústrias agro-alimentares
Outros
25
Nº empresas
20
15
10
5
0
França
Espanha
Alemanha
Angola
Brasil
Luxemburgo
Bélgica
EUA
Suíça
Inglaterra
China
Canadá
Itália
Cabo Verde
Figura 44: Principais países de destino das exportações em 2009
O mercado intracomunitário representou dois terços dos principais países destino das
exportações em 2009. Como principais países de destino destacam-se, por ordem
decrescente do número de empresas com actividade exportadora para esse país, a França,
Espanha, Alemanha, Angola, Brasil, Luxemburgo, Bélgica, Estados Unidos da América, Suíça
e Inglaterra, China, Canadá, Itália e Cabo Verde e que no conjunto correspondem a 90% dos
países de destino. A distribuição dos países de destino por sector de actividade (Figura 44)
evidencia um mercado de proximidade generalizado com França, Espanha e Alemanha.
Tabela 53: Actuais e potenciais países destino das exportações por sector
Comércio
Indústrias
agro-alimentares
Construção civil e obras
públicas
Turismo
A c t ua is
P o t e nc ia is
A c t ua is
P o t e nc ia is
A c t ua is
P o t e nc ia is
A c t ua is
P o t e nc ia is
França
Brasil
França
Brasil
Espanha
Angola
Espanha
Alemanha
Espanha
Espanha
Angola
Angola
França
Espanha
Alemanha
Brasil
Angola
Angola
Brasil
China
Angola
França
Inglaterra
Inglaterra
Alemanha
Inglaterra
Espanha
EUA
-
-
Holanda
Rússia
Rochas ornamentais
Energia
Transportes e logística
Outros
A c t ua is
P o t e nc ia is
A c t ua is
P o t e nc ia is
A c t ua is
P o t e nc ia is
A c t ua is
P o t e nc ia is
França
Alemanha
-
Espanha
França
Espanha
Espanha
Moçambique
Brasil
Espanha
Suíça
-
Angola
Espanha
Suíca
França
Luxemburg
o
Alemanha
Espanha
-
-
Alemanha
-
Alemanha
-
França
-
-
Itália
-
Angola
-
| 127
Através da análise da Tabela 53, é possível verificar que muitas vezes empresas de um
sector indicam como potenciais destinos de exportações, países onde os seus concorrentes já
se encontram. Este factor poderá indiciar possíveis vantagens numa rede de cooperação com
vista à internacionalização.
A França evidencia-se como um país de elevada importância sobretudo para os sectores do
comércio, indústrias agro-alimentares, rochas ornamentais e transportes e logística enquanto
a Espanha é o principal país destino das exportações do turismo e construção civil e obras
públicas.
Tabela 54: Actuais e potenciais países destino das exportações dos
produtos agro-alimentares
Azeite
Vinhos
Carne e enchidos
Queijos
A c tuais
P o t enciais
A c tuais
P o t e nc iais
A c t ua is
P o te nc iais
A c t ua is
P o te nc ia is
França
Alemanha
Bélgica
Brasil
França
Brasil
França
Brasil
Espanha
Brasil
Brasil
EUA
Luzemburgo
Angola
Espanha
China
Brasil
Canadá
Canadá
China
Angola
Moçambique
-
Angola
Luxemburgo
Angola
França
Países do
Leste
Inglaterra
França
-
Moçambique
Salientando dentro do sector das indústrias agro-alimentares, os quatro principais produtos –
azeite, vinho, carne e enchidos, e queijos – é possível verificar que existe alguma
homogeneidade no conjunto dos mercados potenciais. Brasil e Angola são locais ainda não
muito explorados mas onde os empresários avistam grande potencial pois encontram-se em
forte expansão e onde existe a proximidade linguística. Os empresários do sector vitivinícola
pretendem arriscar um pouco mais explorando o mercado chinês e americano.
V.2.5 Estratégia e vantagem competitiva
Quando questionados se a empresa apresenta objectivos estratégicos bem definidos, 81% da
amostra assume que sim. Dos restantes, verifica-se que a maior percentagem de empresas
que não tem objectivos estabelecidos encontra-se no sector do comércio, seguido das rochas
ornamentais, turismo e indústrias agro-alimentares (Figura 45).
| 128
Não
Sim
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agro- Construção civil
alimentares
e obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Figura 45: Percentagem de objectivos definidos nas empresas, por sector de actividade
Os principais objectivos identificados são sobretudo financeiros, destacando-se o aumento do
volume de negócios, referido por 34% das empresas, seguida da internacionalização com
30%. O terceiro objectivo mais referenciado, por 9% das empresas, refere-se ao
desenvolvimento de novos produtos.
O volume de negócios e a internacionalização são, na generalidade, os objectivos que
prevalecem em todos os sectores de actividade com excepção do da energia em os seus
objectivos estão repartidos pelo aumento da produtividade e a solidificação da posição
estratégica e o da construção civil e obras públicas em que o desenvolvimento de novos
produtos é o segundo objectivo mais referenciado.
Outros objectivos referidos prendem-se com a qualidade, a competitividade, a produtividade,
a valorização do produto e a posição e mercado.
A maioria das empresas (em concreto, 84,2% da amostra) refere que apresenta uma
vantagem competitiva em relação às restantes empresas do sector (Figura 46). As que
consideram não apresentar factores de superiorização em relação às suas concorrentes
concentram-se no sector das indústrias agro-alimentares seguido do turismo.
Comércio - 10%
Insdustrias agro - alimentares - 52%
Sim
Não
15,8%
Construção civil e
obras públicas - 14%
84,2%
Turismo: 19%
Outros: 5%
Figura 46: Existência de objectivos definidos
| 129
As respostas quanto ao tipo de posicionamento das empresas mostram que, em todos os
sectores de actividade, a grande maioria considera que se superioriza em relação à
concorrência através da diferenciação dos produtos/serviços num mercado global.
Tal como mostra a Figura 47, a diferenciação do produto/serviço num conjunto restrito de
segmentos ou no mercado amplo corresponde a um modelo de estratégia genérica de pelo
menos 70% das empresas em cada sector de actividade.
Diferenciação / Mercado restrito
Custos baixos / Mercado restrito
Diferenciação / Mercado amplo
Custos baixos / Mercado amplo
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agroalimentares
Construção civil e
obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Figura 47: Percentagem de objectivos definidos nas empresas, por sector de actividade
O tipo de gestão que prevalece nas empresas de cada sector de actividade é de orientação
para o mercado (procura da satisfação e fidelização dos clientes) com excepção do sector
das
indústrias
agro-alimentares
e
das
rochas
ornamentais
em
que
predomina,
respectivamente, a orientação para o produto (incremento das funcionalidades do produto) e
para a produção (melhoria da eficiência da produção e redução de preços).
Orientação para o mercado
Orientação para vendas
Orientação para o produto
Orientação para a produção
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agroalimentares
Construção civil e
obras públicas
Turismo
Rochas ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Figura 48: Tipo de gestão das empresas por sector de actividade
V.2.6 Cooperação
Em relação à cooperação os resultados obtidos revelam que 40,7% das empresas inquiridas
já participou em acordos de cooperação ou parceria em anos anteriores a 2009. O grau de
| 130
participação nos vários sectores de actividade varia entre 40% e 60% com excepção dos
sectores do comércio, rochas ornamentais e transportes e logística cujo valor é cerca de
15% para os dois primeiros e 33% para o último sector referido.
Actualmente, cerca de 71% das empresas que participaram em acordos/parcerias anteriores
continuam a manter algum tipo de cooperação. Para esta redução contribuiu o decréscimo
generalizado de participação em todos os sectores de actividade e que no caso das rochas
ornamentais e transportes e logística não se verifica nenhum acordo em vigor (Figura 49).
Participação anterior
Não
Sim
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agroalimentares
Construção civil e
obras públicas
Turismo
Rochas ornamentais
Energia
Transportes e
logística
Outros
Energia
Transportes e
logística
Outros
Participação actual
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Comércio
Indústrias agro- Construção civil
alimentares
e obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Figura 49: Participação em acordos de cooperação
As empresas que actualmente participam em parcerias de cooperação referem ter apenas
um acordo em vigor, com excepção de duas empresas do sector do turismo, uma das
indústrias agro-alimentares e uma da construção civil e obras públicas que mencionam dois
acordos de cooperação.
Os acordos descritos no sector do comércio, intra e intersectoriais, têm uma duração anual
ou indeterminada, com objectivos de comercialização dos produtos e de criar dimensão. No
sector das indústrias agro-alimentares a duração dos acordos varia entre pontual e
indeterminado com objectivos que se prendem com a comercialização, redução de custos,
qualidade e desenvolvimento de novos produtos e são estabelecidos essencialmente entre
empresas do mesmo sector ou entre instituições de ensino superior/associações. No sector
da construção civil e obras públicas os acordos são efectuados essencialmente durante o
período de realização de uma determinada obra com empresas do mesmo sector com o
objectivo de aumentar o volume de negócios no mercado nacional/internacional. Os acordos
do sector do turismo são intrasectoriais, essencialmente anuais, e têm como principais
| 131
objectivos aumentar o número de clientes e fortalecer as relações empresariais. No sector
energia, a informação de uma das empresas revela acordos com objectivos comerciais, de
âmbito intrasectorial e internacional mas com um baixo grau de concretização devido à fraca
abertura dos parceiros. No sector “outros” os acordos estão estabelecidos com empresas
concorrentes ou com instituições de ensino superior e têm como principais objectivos a
redução de custos.
Uma característica comum à generalidade dos acordos nos vários sectores de actividade é o
seu elevado grau de concretização até ao momento. Este indicador, associado à experiência
positiva manifestada pelas empresas, pode ser bom indicador de receptividade ao reforço ou
ao estabelecimento de novas formas de cooperação.
As respostas sobre a tipologia mais adequada para integrar uma rede de cooperação revelam
que o sector do comércio tem como preferências a “Comercialização e Distribuição” e
“Marketing e Promoção” e em menor relevância as “Compras Conjuntas” e os “Serviços de
Apoio Comuns”. Por outro lado verifica-se uma abertura semelhante para integrar uma rede
inter ou intrasectorial. No sector das indústrias agro-alimentares as tipologias mais
relevantes são o “Marketing e Promoção” e “Comercialização e Distribuição” estabelecidas
preferencialmente entre empresas do mesmo sector. No sector da construção civil e obras
públicas não se verifica uma tendência clara de preferência uma vez que a distribuição pelas
diferentes tipologias é, aproximadamente, equitativa (Figura 50).
| 132
Comércio
Nº empresas
15
10
10
empresas
11
empresas
sectorial
intersectorial
5
Comercialização e
distribuição
Marketing e
promoção
Compras
conjuntas
4
3
2
1
4
3
2
1
4
3
2
1
4
3
2
1
0
Serviços de apoio
comuns
Indústrias agro-alimentares
Nº empresas
25
19
empresas
20
15
30
empresas
10
5
0
sectorial
1
2
3
4
Comercialização e
distribuição
1
2
3
4
1
Marketing e
promoção
2
3
4
Compras
conjuntas
1
2
3
intersectorial
4
Serviços de apoio
comuns
Construção civil e obras públicas
Nº empresas
8
15
empresas
6
8
empresas
4
2
sectorial
intersectorial
Comercialização e
distribuição
Marketing e
promoção
Compras
conjuntas
4
3
2
1
4
3
2
1
4
3
2
1
4
3
2
1
0
Serviços de apoio
comuns
Figura 50: Preferências na tipologia da rede (comércio, indústrias agro-alimentares e
construção civil e obras públicas)
O “Marketing e Promoção” e “Comercialização e Distribuição” são as tipologias mais
referenciadas pelas empresas do sector do turismo seguida de “Serviços de Apoio Comuns”
como possível interesse. Neste caso a preferência recai sobre a cooperação intersectorial. No
sector rochas ornamentais a escolha recai, essencialmente sobre o “Marketing e Promoção”
com uma distribuição equitativa de cooperação intra ou intersectorial (Figura 51).
| 133
Turismo
12
8
empresas
Nº empresas
10
8
11
empresas
6
4
2
sectorial
0
1
2
3
4
1
Comercialização e
distribuição
2
3
4
1
Marketing e
promoção
2
3
4
Compras
conjuntas
1
2
3
intersectorial
4
Serviços de apoio
comuns
Rochas ornamentais
Nº empresas
5
4
empresas
4
4
empresas
3
2
1
sectorial
intersectorial
Comercialização e
distribuição
Marketing e
promoção
Compras
conjuntas
4
3
2
1
4
3
2
1
4
3
2
1
4
3
2
1
0
Serviços de apoio
comuns
Energia
Nº empresas
1
1
empresa
0,8
0,6
0,4
0,2
sectorial
intersectorial
0
1
2
3
4
Comercialização e
distribuição
1
2
3
Marketing e
promoção
4
1
2
3
Compras
conjuntas
4
1
2
3
4
Serviços de apoio
comuns
Figura 51: Preferências na tipologia da rede (turismo, rochas ornamentais e energia)
As “Compras Conjuntas” e “Serviços de Apoio Comuns” foram as tipologias referidas como
sendo mais adequadas para as empresas do sector dos transportes e logística; maior
abertura para cooperação intrasectorial. O sector “outros” considera como mais relevante a
“Comercialização e Distribuição” e o “Marketing e Promoção” e apresenta abertura para
cooperação intra e intersectorial (Figura 52).
| 134
Transportes e logística
3
2
empresas
Nº empresas
2,5
2
3
empresas
1,5
1
0,5
sectorial
Comercialização e
distribuição
Marketing e
promoção
Compras
conjuntas
intersectorial
4
3
2
1
4
3
2
1
4
3
2
1
4
3
2
1
0
Serviços de apoio
comuns
Outros
Nº empresas
8
8
empresas
6
7
empresas
4
2
sectorial
0
1
2
3
4
Comercialização e
distribuição
1
2
3
Marketing e
promoção
4
1
2
3
Compras
conjuntas
4
1
2
3
intersectorial
4
Serviços de apoio
comuns
Figura 52: Preferências na tipologia da rede (transportes e logística e outros)
O departamento/hierárquico responsável pela implementação/acompanhamento da rede na
empresa reparta-se essencialmente pela administração/gerência no caso do comércio,
construção civil e obras públicas, rochas ornamentais, transportes e logística e “outros” e o
departamento de controlo de gestão nos restantes sectores. O envolvimento de um órgão de
gestão na implementação da rede é um bom indicador de comprometimento da empresa
para a cooperação.
Em relação ao comprometimento de recursos globais constata-se que existe uma menor
disponibilidade (maior frequência nos níveis 1 e 2) para envolver recursos financeiros em
relação aos recursos humanos ou organizacionais para todos os sectores de actividade. A
mesma conclusão é obtida para a análise efectuada por tipologia de rede. Analisando em
maior pormenor o ponto mais sensível nesta questão, o possível envolvimento de recursos
financeiros, verifica-se uma clara diferença entre as respostas fornecidas nos concelhos a
norte dos concelhos situados no centro do país. Enquanto cerca de 15 empresas nortenhas
das indústrias agro-alimentares e de turismo demonstram disponibilidade para envolver
recursos financeiros, apenas 3 empresas da região centro em estudo (Guarda e Castelo
Branco) assumem essa possibilidade.
Na tipologia “Comercialização e Distribuição” destacam-se os seguintes aspectos: as
empresas que apresentam uma maior propensão para envolver recursos financeiros
pertencem aos sectores das indústrias agro-alimentares, da construção civil e obras públicas
e do turismo enquanto as empresas das rochas ornamentais e dos transportes e logística
estão mais predispostas a envolver, respectivamente, recursos humanos e organizacionais.
| 135
De salientar ainda que nenhuma das empresas do sector dos transporte e logística
manifestou disponibilidade para envolver recursos financeiros (Figura 53).
Comércio
Indústrias agro-alimentares
Construção civil e obras públicas
Turismo
Rochas ornamentais
Transportes e logística
Outros
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1
2
3
4
1
Recursos humanos
2
3
4
1
Recursos financeiros
2
3
4
Recursos organizacionais
Figura 53: Recursos a envolver na tipologia “Comercialização e Distribuição”
Em relação à tipologia “Marketing e Promoção” observa-se que o sector dos transportes e
logística é o que apresenta a maior disposição para envolver recursos humanos e
organizacionais, seguido dos sectores do turismo no caso de recursos humanos e do
comércio no caso de recursos organizacionais. Em termos de envolvimento financeiro é o
sector do turismo que apresenta a maior predisposição seguido do sector das indústrias
agro-alimentares e “outros” (Figura 54).
Comércio
Indústrias agro-alimentares
Construção civil e obras públicas
Turismo
Rochas ornamentais
Transportes e logística
Outros
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1
2
3
Recursos humanos
4
1
2
3
Recursos financeiros
4
1
2
3
4
Recursos organizacionais
Figura 54: Recursos a envolver na tipologia “Marketing e Promoção”
O sector com maior disposição para envolver recursos humanos na tipologia “Compras
Conjuntas” é o das rochas ornamentais seguido dos transportes e logística e construção civil
e obras públicas. Em termos de recursos financeiros a generalidade dos sectores têm uma
predisposição análoga e em relação aos recursos organizacionais são os sectores dos
transportes e logística, comércio e construção civil e obras públicas (Figura 55).
| 136
Comércio
Indústrias agro-alimentares
Construção civil e obras públicas
Turismo
Rochas ornamentais
3
4
Transportes e logística
Outros
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1
2
3
4
1
Recursos humanos
2
1
Recursos financeiros
2
3
4
Recursos organizacionais
Figura 55: Recursos a envolver na tipologia “Compras Conjuntas”
Em relação à tipologia “Serviços de Apoio Comuns” os sectores de rochas ornamentais e
transportes e logística e construção civil e obras públicas são os que mostram maior abertura
para envolver recursos humanos. No que diz respeito aos recursos financeiros os sectores
que apresentam maior e menor disposição para envolver este tipo de recurso são,
respectivamente, as rochas ornamentais e os transportes e logística. No caso de
envolvimento de recursos organizacionais é o sector transportes e logística seguido do
comércio e turismo que apresentam a maior abertura (Figura 56).
Comércio
Indústrias agro-alimentares
Construção civil e obras públicas
Turismo
Rochas ornamentais
3
4
Transportes e logística
Outros
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1
2
3
4
1
Recursos humanos
2
Recursos financeiros
1
2
3
4
Recursos organizacionais
Figura 56: Recursos a envolver na tipologia “Serviços de Apoio Comuns”
Em termos globais constata-se que a distribuição dos recursos pelas diferentes tipologias
então de acordo com a tipologia mais relevante em cada sector. Atendendo à análise por
sector constata-se que o das rochas ornamentais é que apresenta maior predisposição para
envolver recursos humanos numa rede de cooperação; o turismo com recursos financeiros e
os transportes e logística ao nível dos recursos organizacionais.
As respostas recolhidas quanto aos objectivos que a empresa gostaria de atingir de forma a
comprometer
os
recursos
(humanos,
financeiros
e
organizacionais)
mostram
que,
| 137
globalmente, o aumento do volume de negócios é referido com principal objectivo por mais
de 60% das empresas. Outros objectivos fortemente referidos foram a redução de custos, o
marketing e promoção e a melhoria dos canais de distribuição. Aspectos relacionados com a
comercialização
e
distribuição,
compras
conjuntas,
crescimento,
internacionalização,
diversificação dos mercados correspondem a mais 25% das respostas. Os restantes
objectivos referidos, tais como a abertura de novos espaços comerciais, o aumento da
solidez e da dinâmica da empresa, a notoriedade do produto e dinamização da actividade
referem-se a metas específicas de uma empresa em particular. Neste sentido, tais objectivos
não são representativos de um sector de actividade na medida em que foram indicados
apenas por essa empresa.
Da análise sectorial verifica-se um padrão semelhante, ou seja, o aumento do volume de
negócios foi o principal objectivo referido pelas empresas de cada sector de actividade com
excepção dos transportes e logística que tem os objectivos divididos entre a redução dos
custos, a comercialização e distribuição e o marketing e compras.
Quando questionadas sobre os principais objectivos que pretendem alcançar por tipologia de
rede constata-se que são estes os principais:
i. “Comercialização e Distribuição”:
a) aumento da abrangência de mercado (28,1%) e aumento do volume de negócios
(27,1%);
b) promoção (6,7%);
c)
redução de custos (6,7%);
ii. “Marketing e Promoção”:
a) divulgação/promoção (60,7%);
b) aumento da notoriedade da empresa (7,1%);
c)
aumento da abrangência de mercado (4,8%);
iii. “Compras Conjuntas”:
a) redução de custos (69,0%);
b) aumento da abrangência de mercado (2,8%);
c)
aumento do volume de negócios (2,8%);
iv. “Serviços de apoio comuns”:
a) redução de custos (57,4%);
b) melhoria da organização (4,4%).
| 138
Os principais factores referidos pelas empresas que podem condicionar a opção de participar
na rede de cooperação podem ser enquadrados nos seguintes níveis:
i. escassez de recursos, sobretudo financeiros mas também humanos;
ii. aspectos relacionados com a própria rede como a sua estrutura, objectivos, estratégias
de cada parceiro, timing, localização e a reduzida percepção das suas vantagens;
iii. características dos parceiros, sobretudo a falta de confiança, seriedade e concorrência
desleal;
iv. falta de disponibilidade de tempo.
Curiosamente é possível identificar uma assimetria da distribuição dos factores críticos por
sector de actividade. Enquanto o comércio, transportes e logística e rochas ornamentais
relevam essencialmente as características dos parceiros, o turismo alerta para a falta de
recursos financeiros. A falta de recursos, financeiros, humanos e de tempo, é a principal
condicionante para as empresas da indústria agro-alimentar. Por último, o sector da
construção
civil
refere
como
principal
factor
críticas
as
características
da
rede,
nomeadamente a sua estrutura.
Estas respostas podem ser consideradas como um alerta para o importante papel de
intermediário que as Associações Empresariais devem empreender em todo o processo de
disseminação dos objectivos da rede, na sua estrutura e na escolha dos principais parceiros.
Os principais pontos fortes que as empresas apresentam para oferecer numa rede de
cooperação reportam-se sobretudo ao nível da qualidade do produto/serviços e de recursos
humanos, conhecimento do mercado interno e externo, experiência (no mercado, no sector e
na produção), know-how, credibilidade e prestígio da marca, capacidade de inovação e
localização da própria empresa. Pela análise da Tabela 53 constata-se que todos os sectores
de actividade em análise apresentam pontos fortes para oferecer numa rede sendo a
qualidade e o conhecimento do mercado transversais à generalidade dos sectores.
Construção civil
e obras públicas
Turismo
Rochas
ornamentais
Energia
Conhecim ento m ercados
Experiência
Know -how
Credibilidade/prestígio
Inovação
Localização
Outros
Indústrias agroalimentares
Qualidade
Transportes e
logística
Comércio
Tabela 55: Principais pontos fortes para oferecer numa rede de cooperação
Em relação à modalidade de cooperação empresarial preferida por cada sector de actividade
constata-se que o acordo e o consórcio seguido do agrupamento complementar de empresas
são consideradas as formas mais adequadas para concretizar uma rede de cooperação. O
| 139
acordo é a preferida no sector do comércio, indústrias agro-alimentares, energia e turismo e
o consórcio no sector das rochas ornamentais, construção civil e obras públicas, transportes
e logística e “outros” (Figura 57). Ambas as modalidades pretendem levar a cabo acções de
comercialização e distribuição em conjunto quer no mercado interno quer externo.
Acordo
Rochas ornamentais
Indústrias agro-alimentares
Comércio
Energia
Joint venture
Consórcio
4%
13%
ACE
20%
14%
Franquia
21%
43%
15%
54%
61%
8%
43%
4%
Turismo
Construção civil e obras públicas
Outros
Transportes e logística
14%
26%
36%
25%
33%
11%
31%
58%
43%
67%
38%
7%
6%
5%
Figura 57: Modalidade de cooperação empresarial
As modalidades de cooperação preferidas - acordo e consórcio - são modalidades de
cooperação tradicional em que a associação de empresas pretende suprir lacunas de
produção/produto ou desenvolver acções conjuntas como a prospecção de mercados e a
consequente comercialização.
A grande maioria das empresas (85,4% da amostra) refere que estaria eventualmente
disposta a fazer parte de uma entidade que se iria constituir para materializar a rede de
cooperação. Por outro lado, o elevado grau de abertura manifestado por empresas de todos
os sectores de actividade (Figura 58) é um bom indicador favorável ao estabelecimento de
cooperação intra e/ou intersectorial.
N/R
4
Não
16
Sim
117
93%
89%
100%
89%
85%
50%
63%
95%
Comércio
Indústrias agro-alimentares
Construção civil e obras públicas
Turismo
Rochas ornamentais
Energia
Transportes e logística
Outros
Figura 58: Disponibilidade para integrar uma nova entidade
Das empresas disponíveis para integrar uma entidade para materializar a rede de
cooperação verifica-se que estas têm maior predisposição para afectar recursos humanos e
físicos e detrimento dos recursos financeiros (Tabela 54). Ainda assim, os resultados obtidos
são bastante promissores, pois cerca de dois terços das empresas, distribuídas pelos
| 140
diferentes sectores de actividade, manifestaram disponibilidade em afectar recursos
financeiros.
Tabela 56: Disponibilidade para integrar o órgão de gestão, afectar capital, recursos humanos e físicos
numa entidade para materializar a rede de cooperação
Disponibilidade para
integrar orgão de
gestão
Disponibilidade para
afectar recursos
hum anos e físicos
Nº em presas
Disponibilidade
para integrar rede
de cooperação
Com ércio
20
16
13
81%
12
75%
15
94%
Indústrias agro-alim entares
48
42
34
81%
29
69%
36
86%
Construção civil e obras públicas
21
17
15
88%
10
59%
15
88%
Turism o
20
19
15
79%
16
84%
19
100%
Rochas ornam entais
8
5
5
100%
5
100%
5
100%
Energia
2
1
0
0%
0
0%
1
100%
Transportes e logística
3
3
2
67%
2
67%
3
100%
86%
12
86%
13
93%
Outros
15
14
12
137
117
96
Disponibilidade para
afectar capital
86
107
Por outro lado, nem todas as empresas com disponibilidade para integrar uma modalidade
de cooperação pretendem integrar o órgão de gestão da mesma o que pode indicar uma
despreocupação no controlo e interesse genuíno na rede. No entanto todas as empresas com
disposição para fazer parte de uma entidade para materializar a rede de cooperação
gostariam de ter uma estimativa do resultado da sua participação.
V.3 Síntese dos principais resultados
A amostra inclui empresas que foram distribuídas em sete grupos consoante o seu sector de
actividade principal. O sector mais representativo é da indústria agro-alimentar que inclui
empresas produtoras dos seguintes produtos: vinho (zona de intervenção do NERVIR), carne
e charcutaria (zona de intervenção do NERBA), queijo (áreas de intervenção centro), e azeite
(áreas de intervenção norte). As empresas de construção civil e obras públicas localizam-se
essencialmente nas zonas centro, enquanto as empresas de turismo localizam-se na zona
norte da área de intervenção. O sector das rochas ornamentais encontra-se representado
nas zonas de Bragança e Guarda. Apesar de pouco representadas, a energia e os transportes
e logística também são alvo de análise. Por fim, de forma transversal a todo o território,
encontram-se as empresas do sector do comércio.
A amostra é constituída por empresas jovens, na fase de vida de crescimento e
desenvolvimento, de pequena e média dimensão, e bastante dependentes de mão-de-obra
intensiva. As empresas mostram-se preocupadas com a produção mas demonstram uma
clara escassez de investimento em departamentos essenciais a um crescimento sustentado,
tais como, controlo de gestão, inovação e desenvolvimento e comercial. Este facto pode ser
ilustrativo de falta de planeamento estratégico de longo prazo, pouca inovação na oferta de
| 141
produtos e ausência de procura de novos mercados. A médio prazo estas carências podem
ditar o seu desaparecimento do mercado por não acompanhamento da competição
nomeadamente de grandes grupos ou de empresas estrangeiras.
A maioria das empresas de todos os sectores apresenta uma estrutura funcional,
característico de empresas que produzem uma gama de produtos extensa para um número
restrito de mercados. Por outro lado, qualificam a sua actividade como sendo de elevada
formalização e centralização acompanhada de uma baixa complexidade espacial, horizontal e
vertical. Este tipo de caracterização está, normalmente, relacionado com a estratégia de
obtenção de vantagem competitiva através de baixos custos. No entanto, a grande maioria
das empresas identifica a sua vantagem competitiva ao nível da diferenciação do produto.
Tal pode ser entendido pela existência clara de uma diferenciação dos produtos que são
produzidos na região em relação a outros produtos substitutos (nomeadamente pelas suas
características específicas já anteriormente identificadas), mas na efectiva prossecução pelas
empresas de uma estratégia de baixo custo em relação aos seus concorrentes directos no
mesmo produto.
Uma parte substancial das empresas declara apresentar um desalinhamento da sua estrutura
organizacional para com os objectivos estratégicos. No entanto, apenas um terço consegue
identificar uma causa concreta para tal (fragilidades nos recursos humanos e no
departamento comercial). As restantes, apesar de exporem essa desadequação, não
conseguem reconhecer a causa, talvez pela falta de objectivos estratégicos devidamente
definidos, mesmo que tal não queiram admitir. No entanto, este facto evidencia a ausência
de um adequado departamento de controlo de gestão que se preocupe atempadamente com
este tipo de problemas.
A internacionalização é, juntamente com o aumento do volume de negócios, o objectivo que
sobressai na generalidade dos sectores de actividade. Mas apesar de se encontrar actividade
exportadora em todos os sectores de actividades, esta não apresenta um peso significativo
no volume de negócios da maioria das empresas. Desta forma, elas classificam-se, na sua
esmagadora maioria, como sendo de abrangência nacional. As indústrias cujo mercado
estrangeiro apresenta um maior volume de facturação relativo são a agro-alimentar
(nomeadamente no produto vinícola) e as rochas ornamentais.
O mercado comunitário é o mais representativo nas exportações, nomeadamente a Espanha,
França e Alemanha. Todas as indústrias agro-alimentares representadas apresentam ainda
uma forte influência do mercado brasileiro e angolano. Para o futuro as empresas pensam
explorar melhor os mercados onde já apresentam uma carteira de clientes, mas avançam
com novos mercados potenciais nomeadamente EUA e China. É importante salientar as
potencialidades que advêm de uma futura rede de cooperação na área da internacionalização
aproveitando o conhecimento de mercado de algumas empresas para promover novos
produtos.
| 142
Constata-se uma elevada abertura de todos os sectores de actividade para integrar redes de
cooperação empresarial tendo como objectivo dominante e transversal o aumento do volume
de negócios e a redução de custos. Todos os sectores aparentam disponibilidade para alocar
recursos humanos e organizacionais, mas não financeiros.
O sector do comércio aparenta uma preferência pela rede de cooperação com objectivos de
“Comercialização e distribuição”, sectorial ou intersectorial. O factor crítico que poderá limitar
a participação passa essencialmente pelas características dos parceiros, talvez pelo que
apresente preferência por uma rede informal formalizado por acordos.
As indústrias agro-alimentares, o sector do turismo e as rochas ornamentais ostentam uma
preferência por uma rede de cooperação com objectivos de “Marketing e promoção”,
essencialmente sectorial. Como factor crítico à participação avançam com a falta de recursos
financeiros, humanos e de disponibilidade de tempo. O acordo é a estrutura preferida para a
configuração da rede pelos dois primeiros sectores, sendo que a preferência das empresas
ligadas às rochas ornamentais incide sobre o agrupamento complementar de empresas
(ACE) e o consórcio.
Nos transportes e logística, apesar de pouco representados, as preferências recaem sobre
“Compras conjuntas” e “Serviços de apoio comuns”. O factor crítico para a participação é a
insegurança sobre as características dos parceiros, preferindo uma estrutura formal de rede consórcio ou ACE.
Nos sectores da construção civil e obras públicas e energia não se consegue detectar uma
tendência, embora por motivos distintos. No primeiro caso devido à diversidade de respostas
e no segundo pela singularidade da amostra.
No que respeita ao sector de energia foram recolhidos dados de duas empresas, sediadas em
Bragança, mas apenas uma mostrou interesse na cooperação. Assim sendo, caso pretenda
efectivar a sua participar em algum tipo de cooperação estratégica poderá integrar-se numa
das outras redes propostas.
| 143
VI Conclusões
O objectivo primordial deste projecto de “Dinamização de Redes de Cooperação” - promoção
da imagem externa da região e dos seus produtos - será alcançado com a constituição e
desenvolvimento de redes de cooperação entre os sectores de actividade mais promissores
da região. Com o trabalho concertado dos empresários, sustentado pelo papel centralizador
das
Associações
Empresariais,
será
admissível
a
criação
de
um
cluster
regional,
nomeadamente promovendo simultaneamente os produtos gastronómicos, culturais e
naturais da região. A concepção de uma marca própria para a região afigura-se como uma
hipótese de exequível concretização.
O território de intervenção do projecto é caracterizado por ser uma zona rural fortemente
desertificada e apesar de bem localizada ao nível fronteiriço, encontra-se afastada dos
grandes centros urbanos economicamente desenvolvidos. As empresas existentes são
maioritariamente de pequena dimensão, com problemas característicos que dificultam a sua
competitividade no mercado global (elevados custos operacionais, produção em reduzida
escala, escassez de informação, necessidade de formação dos recursos humanos, escassez
de
recursos
financeiros).
Alguns
destes
problemas
podem
ser
mitigados
com
a
implementação bem sucedida de redes de cooperação.
Através de uma estratégia de médio e longo prazo, suportada em redes de cooperação
empresarial, será fornecida aos parceiros a possibilidade de criação de valor que não
conseguiriam obter de forma autónoma, nomeadamente uma maior força e rapidez de
penetração em mercados internacionais.
Com base na informação recolhida, e na tentativa de tipificar os sectores de actividade numa
determinada rede, identificaram-se algumas redes potenciais de cooperação intra e
intersectoriais.
A forte ligação das empresas do sector do comércio com o das indústrias agro-alimentares
torna interessante avaliar a possibilidade de integração num mesmo acordo de cooperação.
Para além desse factor, as preferências destas empresas de ambos os sectores para
integração em redes de cooperação são coincidentes nas tipologias “Comercialização e
Distribuição” e “Marketing e Promoção”, com objectivos semelhantes. Esta opção, em
alternativa a uma rede autónoma de cooperação, permitiria integrar a cadeia de valor dos
dois sectores melhorando a respectiva articulação entre actividades (lógica de integração
vertical) permitindo além das óbvias sinergias a partilha de conhecimentos interempresas
com vantagens mútuas. Esta modalidade seria dificilmente imitável (originando uma
oportunidade proprietária e exclusiva) e, portanto, com forte potencial de propiciar retornos
aos participantes. Com esta iniciativa seria possível a criação de fileiras estratégicas
agrupando agentes económicos locais sem hábito de colaborar, nomeadamente agricultores,
pequenos produtores e comerciantes.
| 144
Dentro do sector das indústrias agro-alimentares existem dois grupos de produtos com fortes
potencialidades: o vinho e o azeite, centrado em Vila Real e Bragança; e a charcutaria e os
queijos, que apesar de transversal, está mais centrado nas zonas da Guarda e de Castelo
Branco, devido às tradições e cultura regional. Uma vez que os resultados mostram que 81%
dos empresários da amostra estão disponíveis para integrar o órgão de gestão da rede e
destas 69% estão disponíveis para avançar com capital, parecem existem condições para
avançar com um ou dois acordos de cooperação sectorial neste sector de actividade com
objectivo de promoção internacional dos produtos.
Seria importante incluir na rede empresas de maior dimensão e já com alguma actividade
exportadora
com
objectivo
de
dinamizar
redes
de
distribuição
para
os
mercados
estrangeiros. Sendo que alguns produtos da região já detêm um forte reconhecimento
internacional, tal como os vinhos do Douro e os queijos da Serra, a sua promoção seria
também uma alavanca na promoção económica e turística da região.
Por sua vez, as empresas ligadas ao turismo demonstram interesse em avançar em
modalidades de cooperação do tipo “Comercialização e Distribuição” e “Marketing e
Promoção”. Embora o turismo seja transversal às diferentes áreas geográficas, existe um
maior número de empresas seleccionadas em Vila Real, seguido de Bragança e Guarda pelo
que esta rede poderá ficar centrada no eixo de Vila Real – Bragança. Para um acordo com
estas características, que visa o aumento do volume de negócios e a divulgação e promoção,
verificou-se, por parte das empresas, abertura para o envolvimento financeiro. Refira-se que
79% das empresas estariam disponíveis para integrar o órgão de gestão e 84% para afectar
capital, com envolvimento forte da gestão de topo.
No que se refere ao sector das rochas ornamentais, estas empresas admitem participar
numa rede de cooperação inter ou intrasectorial, afectando capital e participando no órgão
de gestão com envolvimento da gestão de topo. Os objectivos fundamentais procurados
visam o aumento das vendas e exportações e a redução de custos. Neste sentido poderão
ser consideradas duas opções: uma rede intersectorial ou, em alternativa, a sua integração
com outra rede. Estas empresas estão localizadas nas zonas de Guarda e Bragança, podendo
ser de analisar a possibilidade de uma das Associações Empresariais dessas localidades
promover uma rede de cooperação para responder a essa necessidade.
Uma das actividades importantes a levar a cabo passaria com certeza pela realização de
eventos, que permitissem promover os produtos sob uma "marca comum" durante as feiras
nos principais países alvo nomeadamente nos países da saudade ligados a comunidades
portuguesas (Angola e Brasil, França, Luxemburgo, Suíça, Alemanha, Canadá e EUA) e na
Europa central e ocidental e na Europa de leste (Polónia, Roménia e Hungria). Dada a
relevância desta actividade, considera-se que a dinamização de uma rede de cooperação
com este exclusivo objectivo constitui uma opção de elevada viabilidade. Para além da
promoção dos produtos gastronómicos, promoveria ainda outros produtos exclusivos (tal
como o granito) e o turismo da região.
| 145
As empresas da amostra do sector dos transportes e logística estão sedeadas na zona da
Guarda. Com o intuito de se tornarem mais competitivas nos seus serviços pretendem,
sobretudo, com a sua participação na rede de cooperação, reduzir os seus custos. As
empresas
do
sector
estão
disponíveis
a
afectar
recursos
financeiros
e
humanos,
nomeadamente no órgão de gestão. No entanto, como o número de empresas inquiridas foi
diminuto, estas empresas poderiam integrar-se numa das outras redes, uma vez que parece
haver disponibilidade destas empresas para participarem em redes intersectoriais. Para as
ajudar a aumentar a sua competitividade e dinamizar a região, estas empresas podem
concentrar-se numa rede de recolha, embalagem e envio localizada na zona de intervenção
do NERGA. Esta rede seria uma forma de impulsionar o máximo aproveitamento da PLIE da
Guarda. Seria interessante também a formalização de redes de distribuição com os restantes
sectores de actividade de forma a trazer vantagens para ambas as partes.
O sector da construção civil e obras públicas inclui empresas distribuídas transversalmente
pela zona geográfica analisada. As empresas deste sector estão disponíveis para partilhar
redes de cooperação estratégica inter e intrasectorial, apesar de não apresentarem uma
tipologia definida. No entanto, estão dispostas a afectar capital e a integrar o órgão de
gestão com um claro envolvimento da gestão de topo na rede.
No sector “outros”, em que se consideraram empresas ligadas à metalomecânica, indústrias
agro-alimentares e de apoio à indústria agro-alimentar e construção civil, as empresas
pretendem também participar em redes de cooperação nas tipologias “Comercialização e
Distribuição” e “Marketing e Promoção”, com o objectivo de aumentar o seu volume de
negócios e de exportações e reforçar a sua imagem nos mercados. Estas empresas estão
fortemente empenhadas em participar no órgão de gestão e em aportarem capital à rede,
que terá maior potencial se for centrada em Castelo Branco. Neste caso, podem ser
sugeridas duas opções: a primeira é agregar esta rede à construção civil e obras públicas ou
à dos transportes e logística; a segunda é considerar uma rede autónoma.
Em traços gerais, as empresas dos vários sectores têm como principais objectivos
estratégicos genéricos o aumento do volume de negócios e a internacionalização. De referir
ainda que a prossecução de tais desideratos via cooperação estratégica intra e intersectorial
tornará as empresas mais competitivas no contexto nacional e internacional e, deste, modo,
menos expostas a factores de risco económico de âmbito mais regional.
A valorização de produtos locais específicos, nomeadamente vinho, azeite, carne e enchidos
e queijos, e também as rochas ornamentais, conduziria à promoção nacional e internacional
desta zona de Portugal relativamente isolada, com incidências positivas importantes para o
comércio a retalho tradicional, a construção e o turismo, sobretudo associado à gastronomia
e
à
paisagem.
De
facto,
os
produtos
tradicionais/regionais
referidos
apresentam
características singulares da região que combinados com a sua certificação contribuem para
o aumento da competitividade nacional no mercado global. Dado que na região em estudo o
vinho apresenta a maior produção diferenciada ao abrigo de regimes de certificação de
qualidade este poderá constituir um meio de promoção e de notoriedade dos outros produtos
| 146
de qualidade regional nos mercados nacionais e internacionais, que de outro modo
apresentam falta de dimensão da oferta. A conjugação de sinergias de cooperação dos
produtos regionais complementada com o turismo natureza, a riqueza paisagística, cultural,
gastronómica e termal da região em estudo constituem um importante meio de promoção e
internacionalização da área de intervenção.
Assim, somos de opinião que, de forma a não limitar logo à partida as opções de redes
disponíveis,
as
Associações
desenvolvimento
de
redes
Comercialização
Conjuntas”,
Empresariais
de
cooperação
quer
no
devem
na
promover
tipologia
mercado
a
conjunta
nacional
quer
possibilidade
de
“Promoção
internacional,
de
e
e
independentemente da caracterização das empresas a envolver. O elemento chave de cada
rede específica deverá ser a estratégia de abordagem dos mercados que a rede a concretizar
defina como principal.
Tendo presente a reduzida dimensão das empresas no território de intervenção e a sua
necessidade de, através de economias de escala, obterem ganhos de competitividade,
consideramos bastante pertinente e fundamental a formação de redes de cooperação que
minimizem os gastos comuns nomeadamente a nível operacional. Para tal objectivo,
propomos uma cooperação na área de “Compras Conjuntas de Matérias-primas e Aquisição
de Serviços de Apoio”. Também neste caso, sugerimos que este tipo de redes esteja aberto a
qualquer tipo de empresas, quer na sua dimensão, localização ou mesmo sector de
actividade.
Por fim, importa ainda referir que, devido ao profundo conhecimento da região onde se
inserem e à sua missão e objectivos específicos, as Associações Empresariais envolvidas no
presente
projecto
constituem
um
pilar
fundamental
para
a
implementação
e
desenvolvimento das potenciais redes de cooperação sugeridas para a área de intervenção.
Para além da representação dos interesses dos empresários estas constituem um meio
privilegiado de agregação e de difusão de informação entre os mesmos.
| 147
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Sousa, Mário; Pereira, Carlos; Guerra Joaquim; Abade, Eduardo (2007). Caracterização de
Castas cultivadas na Região Vitivinícola de Trás-os-Montes Sub-regiões de Chaves, Planalto
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Williamson, O. (1975). Markets and hierarchies: analysis and antitrust implications - A study
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J. (2008). Redes de Cooperação Empresarial – Estratégias de gestão na nova economia.
Bookman.
Wincent, J. (2005). How do firms in strategic SME networks build competitiveness?. Journal
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http://www.lacticoop.pt/main.html
| 151
ANEXOS
Os dados financeiros dos sectores apresentados foram retirados do Sistema de Contas
Integradas das Empresas junto do INE.
| 152
Anexo 1 - Dados financeiros do sector do “Comércio a Retalho”
Nº de Em presas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
174 650
164 207
159 445
418 558
432 100
435 424
Douro
3 768
3 724
3 603
6 164
6 258
6 101
Alto Trás-os-Montes
3 931
3 914
3 828
6 343
6 592
6 623
721
687
662
1 176
1 181
1 167
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
782
776
733
1 375
1 387
1 338
Beira Interior Norte
1 810
1 774
1 742
3 378
3 455
3 405
Beira Interior Sul
1 351
1 273
1 221
2 315
2 305
2 246
Cova da Beira
1 612
1 573
1 487
2 745
2 770
2 651
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Volum e de Negócios
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
36 471 547
43 938 328
45 666 463
597 251
497 459
262 438
1 624 119
1 555 840
1 826 558
Douro
417 122
520 590
520 954
6 514
8 596
6 172
16 220
12 241
17 723
Alto Trás-os-Montes
448 106
554 159
572 851
18 817
22 254
21 159
13 168
15 199
14 050
Pinhal Interior Sul
87 237
123 591
123 216
2 213
2 833
1 251
2 590
3 715
3 277
Serra da Estrela
85 685
101 395
100 868
2 910
- 1 004
- 1 221
3 773
2 749
3 669
Beira Interior Norte
241 347
277 999
284 360
5 014
5 586
5 808
6 668
7 293
6 048
Beira Interior Sul
142 088
180 126
176 843
- 2 409
- 4 356
- 5 452
4 714
3 919
4 995
Cova da Beira
177 421
212 684
212 549
1 877
- 1 311
351
4 885
5 053
4 880
Excedente Bruto de Exploração
(m ilhares de euros)
Capacidade de Autofinanciam ento
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
1 871 467
1 995 830
1 898 659
1 567 268
1 543 962
1 372 524
Douro
19 543
21 705
20 483
17 570
19 815
17 527
Alto Trás-os-Montes
33 219
38 392
36 218
30 673
35 043
33 677
Pinhal Interior Sul
5 326
6 096
4 931
4 351
5 210
3 796
Serra da Estrela
5 940
2 530
2 300
5 274
1 572
1 117
Beira Interior Norte
13 577
14 372
14 606
11 888
12 495
12 256
Beira Interior Sul
2 200
1 204
393
1 133
242
- 1 066
Cova da Beira
8 800
6 257
6 253
6 687
3 414
5 007
Valor Acrescentado Bruto
(m ilhares de euros)
Peso da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
5 669 042
6 240 020
6 384 393
27,6
24,7
21,5
Douro
55 794
61 186
61 189
31,5
32,4
28,6
Alto Trás-os-Montes
70 158
79 894
80 305
43,7
43,9
41,9
Pinhal Interior Sul
12 271
14 231
13 468
35,5
36,6
28,2
Serra da Estrela
14 559
12 317
12 366
36,2
12,8
9,0
Beira Interior Norte
37 152
39 870
41 841
32,0
31,3
29,3
Beira Interior Sul
17 400
19 108
18 325
6,5
1,3
-5,8
Cova da Beira
26 737
25 576
25 833
25,0
13,3
19,4
Margem de Segurança (%)
2008
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
15,0
16,0
---
2,9
2,9
---
2,4
2,3
---
Douro
15,0
15,0
---
2,7
2,6
---
2,1
2,1
---
Alto Trás-os-Montes
15,0
14,0
---
2,6
2,6
---
2,4
2,4
---
Pinhal Interior Sul
20,0
23,0
---
3,6
3,6
---
2,7
2,8
---
Serra da Estrela
18,0
19,0
---
3,7
3,6
---
2,5
2,3
---
Beira Interior Norte
19,0
21,0
---
3,6
3,8
---
2,7
2,7
---
Beira Interior Sul
20,0
21,0
---
3,3
3,3
---
2,1
2,0
---
Cova da Beira
18,0
19,0
---
3,6
3,7
---
2,4
2,3
---
| 153
Anexo 2 - Dados financeiros do sector do “Azeite”
Nº de Em presas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
481
457
459
1 192
1 164
1 197
Douro
31
37
39
102
93
94
Alto Trás-os-Montes
51
55
50
135
154
---
Pinhal Interior Sul
56
51
51
85
83
57
Serra da Estrela
8
6
6
26
24
6
Beira Interior Norte
21
15
17
38
32
---
Beira Interior Sul
50
36
35
77
64
51
Cova da Beira
14
14
14
27
27
27
Volum e de Negócios
(m ilhares de euros)
Continente
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
93 398
105 903
98 027
645
- 1 862
- 3 435
12 094
22 022
20 430
797
Douro
2 528
4 149
3 888
- 857
- 541
- 705
826
1 171
Alto Trás-os-Montes
12 625
15 493
---
663
230
---
2 840
1 475
---
Pinhal Interior Sul
713
515
817
26
-187
53
150
160
335
Serra da Estrela
213
106
182
- 64
- 119
- 30
94
162
68
Beira Interior Norte
694
667
---
- 56
- 4
---
219
108
---
Beira Interior Sul
2 207
4 920
3 680
- 1
884
- 90
541
667
322
Cova da Beira
1 688
1 747
1 326
- 18
- 66
- 93
344
98
236
Excedente Bruto de Exploração
Continente
Douro
Alto Trás-os -Montes
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
Capacidade de Autofinanciam ento
2006
2007
2008
2006
2007
2008
9 915 909
7 693 173
7 796 824
9 474 422
7 044 510
6 047 820
367 070
134 839
515 682
434 038
107 695
531 537
2 018 920
2 016 081
---
2 186 193
2 052 753
---
186 800
- 13 742
211 354
246 009
40 272
293 407
39 596
7 452
- 32 055
64 732
- 1 394
- 74 084
Beira Interior Norte
101 983
145 511
---
115 827
148 493
---
Beira Interior Sul
229 535
1 302 706
382 149
307 104
1 224 776
264 435
Cova da Beira
214 361
75 387
92 165
177179
94589
85567
Valor Acre scentado Bruto
Continente
Douro
Pes o da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
16 645 897
16 016 888
15 835 160
56,92
43,98
38,19
40,26
678 584
1 016 783
911 681
15,87
52,28
3 009 259
3 068 686
---
72,65
66,89
---
231 272
38 061
277 884
106,37
105,81
105,59
Serra da Estrela
33 443
- 16 168
86 241
-4,17
458,21
45,91
Beira Interior Norte
148 471
193 995
---
78,01
76,54
---
Beira Interior Sul
398 637
1 506 789
649 918
77,04
81,28
40,69
Cova da Beira
343 321
241 170
281 842
51,61
39,22
30,36
Alto Trás-os -Montes
Pinhal Interior Sul
Margem de Segurança (%)
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
6,0
---
---
0,5
---
---
4,5
---
---
Douro
-9,0
---
---
-13,8
---
---
7,1
---
---
Alto Trás-os-Montes
7,0
-2,0
---
-0,2
1,8
---
7,4
10,2
---
Pinhal Interior Sul
6,0
-25,0
---
2,8
-26,0
---
2,1
1,1
---
Serra da Estrela
-2,0
63,0
---
-5,7
-30,1
---
1,5
-0,4
---
Beira Interior Norte
-12,0
-15,0
---
-7,4
-7,5
---
3,8
4,7
---
Beira Interior Sul
4,0
-14,0
---
-2,0
-12,2
---
1,5
1,6
---
Cova da Beira
0,0
-19,0
---
1,0
-8,7
---
2,5
2,5
---
| 154
Anexo 3 - Dados financeiros do sector do “Vinho”
Nº de Em presas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
425
565
590
6 660
6 933
2008
---
Douro
90
119
128
921
1 130
1 177
Alto Trás-os-Montes
8
13
14
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
1
1
0
0
---
Serra da Estrela
3
4
4
---
---
---
Beira Interior Norte
10
9
11
---
---
---
Beira Interior Sul
0
0
0
0
0
0
Cova da Beira
2
3
3
---
---
---
Volum e de Negócios
(m ilhares de euros)
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
1 011 565
1 118 751
---
41 659
28 819
---
89 644
64 557
---
Douro
120 727
146 270
176 002
1 205
830
- 2 210
10 965
8 069
26 619
Alto Trás-os-Montes
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Sul
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Excedente Bruto de Exploração
2006
Continente
2007
129 423 308 133 472 746
Capacidade de Autofinanciam ento
2008
2006
2007
---
112 643 288
106 876 300
2008
---
14 811 613
17 190 057
16 723 860
10 841 985
12 441 619
10 783 162
Alto Trás-os-Montes
---
---
---
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Sul
0
0
0
0
0
0
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
Douro
Valor Acrescentado Bruto
2006
Continente
2007
247 678 587 260 246 823
Peso da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
2008
2006
2007
---
45,48
41,07
2008
---
26 830 977
31 898 929
32 634 560
40,41
39,00
33,04
Alto Trás-os-Montes
---
---
---
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Sul
0
0
0
0
0
0
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
Douro
Margem de Segurança (%)
2008
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
-1,0
1,0
---
0,3
-0,8
---
13,9
13,0
2008
---
Douro
-1,0
6,0
---
3,7
2,5
---
20,8
19,3
---
Alto Trás-os-Montes
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0,0
0,0
---
0,0
0,0
---
0
0
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Sul
0,0
0,0
---
0,0
0,0
---
0
0
---
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
---
---
---
| 155
Anexo 4 - Dados financeiros do sector dos “Queijos”
Nº de Em presas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
328
357
348
---
5 094
5 014
Douro
6
9
8
88
102
97
Alto Trás-os-Montes
6
7
7
8
11
14
Pinhal Interior Sul
8
8
9
12
14
---
Serra da Estrela
21
21
22
---
298
---
Beira Interior Norte
15
20
19
353
360
---
Beira Interior Sul
12
15
18
---
---
---
Cova da Beira
12
12
12
---
78
---
Volum e de Negócios
(m ilhares de euros)
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
---
1 278 708
1 321 020
---
53 969
39 238
---
35 502
53 895
Douro
9 629
12 646
13 939
1
183
276
1 222
1 848
902
Alto Trás-os-Montes
2 638
3 285
3 664
- 165
25
- 47
55
- 45
7
905
873
---
108
121
---
- 669
113
-----
Pinhal Interior Sul
---
17 223
---
---
167
---
---
605
43 377
47 274
---
- 42
- 1 863
---
4 161
2 923
---
Beira Interior Sul
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Cova da Beira
---
4 868
---
---
165
---
---
269
---
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
Excedente Bruto de Exploração
2006
Continente
Douro
Alto Trás-os-Montes
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
---
2007
2008
147 810 404 133 527 738
Capacidade de Autofinanciam ento
2006
---
2007
2008
106 006 633 107 503 607
596 723
967 693
1 266 889
569 293
923 725
1 118 135
- 105 219
47 633
- 26 949
- 120 614
57 116
- 10 992
346 098
324 584
---
177 884
185 647
---
---
1 561 666
---
---
1 199 810
---
1 952 580
1 563 345
---
2 206 296
340 906
---
Beira Interior Sul
---
---
---
---
---
---
Cova da Beira
---
777 220
---
---
545 835
---
Beira Interior Norte
Valor Acrescentado Bruto
2006
2007
2006
2007
2008
---
43,5
46,4
2 366 068
36,0
45,2
47,3
99 267
254,1
45,8
-11,1
38 061
---
43,7
487,8
---
- 16 168
---
---
-7420,9
---
Continente
---
Douro
1 581 317
2 045 616
Alto Trás-os-Montes
- 47 465
124 634
Pinhal Interior Sul
407 087
---
Serra da Estrela
2008
Peso da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
243 881 677 231 795 605
7 390 533
193 995
---
29,9
175,7
---
Beira Interior Sul
---
1 506 789
---
---
---
---
Cova da Beira
---
241 170
---
---
226,3
---
Beira Interior Norte
Margem de Segurança (%)
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Douro
107,0
3,0
---
-1,0
1,3
---
13,6
10,3
---
Alto Trás-os-Montes
33,0
8,0
---
2,4
1,2
---
5,1
11,7
---
Pinhal Interior Sul
27,0
29,0
---
-8,2
-0,3
---
2,0
6,3
---
Serra da Estrela
---
12,0
---
---
4,0
---
---
6,3
---
Beira Interior Norte
4,0
15,0
---
-1,1
-3,7
---
8,8
7,2
---
Beira Interior Sul
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Cova da Beira
---
12,0
---
---
3,7
---
---
8,2
---
| 156
Anexo 5 - Dados financeiros do sector de “Salsicharia”
Nº de Em presas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
398
378
372
6 294
6 436
6 690
Douro
14
12
12
---
170
178
Alto Trás-os-Montes
38
43
45
275
307
309
Pinhal Interior Sul
16
13
13
---
196
189
Serra da Estrela
7
4
5
---
---
---
Beira Interior Norte
9
8
10
62
70
90
Beira Interior Sul
5
6
6
52
---
---
Cova da Beira
6
6
6
84
75
---
Volum e de Negócios
(m ilhares de euros)
Continente
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
666 454
729 121
785 029
13 786
22 103
10 570
37 237
35 540
27 879
---
11 096
11 289
---
368
228
---
253
496
10 889
13 453
14 708
710
133
252
1 141
964
1 162
Pinhal Interior Sul
---
13699
13 527
---
-170
- 81
---
676
249
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
6 438
9 489
9 675
- 21
- 35
- 35
465
417
241
Beira Interior Sul
6 560
---
---
- 3
---
---
1 012
---
---
Cova da Beira
7614
8137
---
116
41
---
354
499
---
Douro
Alto Trás-os-Montes
Excedente Bruto de Exploração
Continente
Capacidade de Autofinanciam ento
2006
2007
2008
2006
52 286 036
69 852 158
63 708 274
45 158 564
2007
2008
52 825 312 46 903 439
---
1 012 688
522 744
---
893 525
729 197
1 696 125
1 513 500
1 683 393
1 501 392
999 993
1 039 080
Pinhal Interior Sul
---
1086938
906 001
---
752782
716 707
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
474 018
829 377
778 237
478 967
445 208
509 066
Beira Interior Sul
625 089
---
---
454 252
---
---
Cova da Beira
978326
781241
---
798043
647791
---
Douro
Alto Trás-os-Montes
Valor Acrescentado Bruto
2006
Continente
2007
2008
132 226 660 156 386 659 159 065 194
Peso da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
2006
2007
2008
34,15
33,78
29,49
---
2 283 962
2 322 366
---
39,12
31,40
4 009 604
4 203 371
4 544 818
37,44
23,79
22,86
Pinhal Interior Sul
---
3 129 699
2 927 031
---
24,05
24,49
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
1 037 796
1 696 935
1 746 611
46,15
26,24
29,15
Beira Interior Sul
1 267 679
---
---
35,83
---
---
Cova da Beira
1 736 625
1 732 029
---
45,95
37,40
---
Douro
Alto Trás-os-Montes
Margem de Segurança (%)
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
3,0
8,0
---
1,3
2,9
---
9,4
10,5
2008
---
Douro
---
8,0
---
---
5,2
---
---
6,4
---
Alto Trás-os-Montes
6,0
6,0
---
3,0
3,9
---
7,0
6,2
---
Pinhal Interior Sul
---
-6,0
---
---
0,1
---
---
12,2
-----
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
-15,0
20,0
---
-0,9
3,6
---
7,4
9,8
---
Beira Interior Sul
-30,0
---
---
3,3
---
---
14,1
---
---
8,0
11,0
---
-21,4
-12,9
---
7,8
10,9
---
Serra da Estrela
Cova da Beira
| 157
Anexo 6 - Dados financeiros do sector de “Construção”
Nº de Em presas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
116 457
114 388
111 482
466 236
484 470
486 165
Douro
2 004
1 996
1 954
---
7 754
7 121
Alto Trás-os-Montes
2 187
2 285
2 248
---
6 575
6 391
700
717
692
2 004
2 004
1 932
1 713
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
518
517
479
---
1 937
1 511
1 476
1 431
3 981
4 057
3 979
Beira Interior Sul
907
889
843
---
2 470
2 403
Cova da Beira
986
976
921
---
2 894
2 821
Beira Interior Norte
Volum e de Negócios
(m ilhares de euros)
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
31 036 154
33 381 611
34 311 591
868 851
744 388
- 186 189
1 399 436
1 400 535
1 492 596
Douro
---
244 819
260 383
---
8 536
11 249
---
6 291
9 394
Alto Trás-os-Montes
---
264 882
259 755
---
10 616
9 387
---
8 681
12 473
5 858
Pinhal Interior Sul
56 910
65 412
66 615
- 2 829
- 538
- 427
5 364
3 337
---
123 241
131 241
---
2 826
3 926
---
- 1 132
3 146
171 565
169 112
163 820
6 895
5 442
3 269
7 467
14 040
32 821
Beira Interior Sul
---
114 928
110 706
---
572
968
---
857
2 586
Cova da Beira
---
157 392
150 701
---
3 931
2 576
---
4 419
4 540
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
Excedente Bruto de Exploração
(m ilhares de euros)
Capacidade de Autofinanciam ento
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
2 818 796
3 279 658
3 127 748
1 916 100
1 977 867
1 102 152
Douro
---
29 339
33 126
---
20 703
24 799
Alto Trás-os-Montes
---
30 346
28 555
---
21 809
20 492
2 555
4 840
5 312
393
2 814
3 255
---
8 544
12 447
---
8 311
9 083
11 281
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
17 911
17 577
14 228
15 120
13 308
Beira Interior Sul
---
12 301
9 078
---
5 270
5 629
Cova da Beira
---
17 740
17 742
---
9 779
8 811
Valor Acrescentado Bruto
Peso da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
8 413 470
9 648 271
9 818 438
22,8
20,5
11,2
Douro
---
93 687
97 648
---
22,1
25,4
23,8
Alto Trás-os-Montes
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
2008
---
87 406
85 931
---
25,0
16 690
20 357
20 667
2,4
13,8
15,7
---
29 653
32 160
---
28,0
28,2
49 521
51 838
50 289
30,5
25,7
22,4
Beira Interior Sul
---
35 081
31 517
---
15,0
17,9
Cova da Beira
---
46 629
47 936
---
21,0
18,4
Margem de Segurança (%)
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
22,0
25,0
---
9,0
9,9
---
4,4
4,7
---
Douro
---
---
---
---
---
---
---
---
-----
Alto Trás-os-Montes
Pinhal Interior Sul
Serra da Estrela
Beira Interior Norte
2008
---
---
---
---
---
---
---
---
24,0
---
---
8,6
---
---
3,1
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
25,0
---
---
9,0
---
---
2,9
---
---
Beira Interior Sul
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
---
---
---
| 158
Anexo 7 - Dados financeiros do sector de “Extracção de granito”
Nº de Em presas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
510
473
478
4 485
4 502
---
Douro
20
23
25
155
---
---
Alto Trás-os-Montes
48
37
37
484
424
---
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
---
Serra da Estrela
3
3
2
---
---
---
Beira Interior Norte
43
40
38
---
168
---
Beira Interior Sul
6
5
3
13
12
---
Cova da Beira
0
0
0
0
0
---
Volume de Negócios
(milhares de euros)
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
206 814
239 597
---
- 1 535
4 140
---
158 681
79 822
---
Douro
5 972
---
---
82
---
---
9 461
---
---
Alto Trás-os-Montes
17 318
15 556
---
- 44
- 428
---
6 469
8 386
---
Pinhal Interior Sul
0
0
---
0
0
---
0
0
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
6 163
---
---
- 299
---
---
8 067
---
Beira Interior Sul
96
83
---
5
- 6
---
25
- 25
---
Cova da Beira
0
0
---
0
0
---
0
0
---
Excedente Bruto de Exploração
Capacidade de Autofinanciam ento
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
27 389 688
31 442 461
---
22 930 715
28 907 668
2008
---
Douro
989 990
---
---
1 130 065
---
---
3 478 761
1 893 243
---
3 067 383
1 663 826
---
Pinhal Interior Sul
0
0
---
0
0
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
1 709 106
---
---
1 163 955
---
- 1 395
7 470
---
13 771
- 2 639
---
0
0
---
0
0
---
Alto Trás-os-Montes
Beira Interior Sul
Cova da Beira
Peso da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
Valor Acrescentado Bruto
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
78 988 156
92 075 368
---
29,0
31,4
2008
---
Douro
2 639 032
---
---
42,8
---
---
Alto Trás-os-Montes
8 295 586
6 198 797
---
37,0
26,8
---
Pinhal Interior Sul
0
0
---
0
0
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
3 646 202
---
---
31,9
---
56 627
43 371
---
24,3
-6,1
---
---
---
---
---
Beira Interior Sul
Cova da Beira
Margem de Segurança (%)
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
1,00
4,00
---
2,02
1,65
---
7,4
8,0
---
Douro
1,00
---
---
2,55
---
---
9,9
---
---
Alto Trás-os-Montes
7,00
6,00
---
1,85
1,58
---
8,3
9,0
---
Pinhal Interior Sul
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
0,00
---
---
0,46
---
---
7,8
---
1,00
1,00
---
1,73
0,20
---
3,8
2,5
---
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Sul
Cova da Beira
| 159
Anexo 8 - Dados financeiros do sector de “Transformação de granito”
Nº de Em presas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
703
669
663
4 965
4 771
4 581
Douro
16
22
25
323
315
303
Alto Trás-os-Montes
22
22
24
213
198
172
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
4
4
4
---
5
---
Beira Interior Norte
19
23
25
136
140
149
Beira Interior Sul
9
9
9
---
38
---
Cova da Beira
4
5
5
---
---
---
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Volum e de Negócios
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
194 015
198 576
195 627
1 061
2 287
- 2 883
9 643
11 781
16 992
Douro
22 152
20 777
18 496
1 070
1 256
1 000
1 279
2 550
2 524
Alto Trás-os-Montes
10 218
8 318
7 462
- 928
- 139
- 215
1 995
682
354
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
---
81
---
---
- 25
---
---
9
--796
Continente
3 228
3 379
3 961
4
109
- 15
220
570
Beira Interior Sul
---
834
---
---
- 190
---
---
- 127
---
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
Excedente Bruto de Exploração
Capacidade de Autofinanciam ento
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
21 080 350
21 727 244
19 573 514
18 402 162
20 049 408
14 485 440
Douro
4 008 846
4 395 485
4 204 545
3 819 344
4 201 097
3 789 066
943 231
775 066
639 176
757 454
623 636
368 616
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
---
- 11 393
---
Alto Trás-os-Montes
- 12 849
346 441
451 227
423 415
Beira Interior Sul
---
16 832
---
- 102 920
Cova da Beira
---
---
---
0
Beira Interior Norte
Valor Acrescentado Bruto
288 635
462 213
357 489
0
Peso da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
72 621 572
74 943 087
72 073 146
25,3
26,8
2008
20,1
Douro
8 096 584
8 047 976
7 859 100
47,2
52,2
48,2
Alto Trás-os-Montes
14,3
3 019 019
2 928 288
2 578 990
25,1
21,3
Pinhal Interior Sul
0
0
0
0
0
0
Serra da Estrela
---
12 758
---
---
-100,7
---
1 591 795
1 757 457
1 831 837
18,1
26,3
19,5
Beira Interior Sul
---
442 090
---
---
-23,3
---
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
Margem de Segurança (%)
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
4,00
10,00
---
5,30
5,59
---
8,73
8,3
---
Douro
0,00
8,00
---
5,73
5,99
---
19,25
15,6
---
Alto Trás-os-Montes
1,00
8,00
---
4,74
4,89
---
12,82
13,3
---
Pinhal Interior Sul
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
---
---
---
5,00
8,00
---
3,33
6,19
---
10,57
11,3
---
Beira Interior Sul
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
| 160
Anexo 9 - Dados financeiros do sector de “Transportes de Mercadorias”
Nº de Em presas
Pes soas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
13 473
12 593
12 209
93 669
95 476
---
Douro
245
225
216
639
681
---
Alto Trás-os-Montes
239
226
212
567
616
602
Pinhal Interior Sul
87
85
81
385
404
358
Serra da Estre la
44
47
47
202
188
202
Beira Interior Norte
178
175
168
1 073
1 058
1 112
Beira Interior Sul
72
72
72
289
277
299
Cova da Be ira
82
78
77
297
286
288
Volum e de Negócios
(m ilhares de e uros)
Resultado Líquido
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
9 343 676
10 546 160
---
127 480
316 254
---
1 658 362
739 345
2008
---
Douro
36 374
42 578
---
- 10
964
---
1 637
4 713
---
Alto Trás -os -Montes
31 881
35 666
34 212
- 649
293
- 784
2 663
877
4 444
Pinhal Interior Sul
32 289
37 005
36 999
147
704
- 359
1 809
- 282
- 152
Serra da Estrela
15 598
13 449
14 566
43
- 32
- 474
1 463
1 117
3 575
Beira Interior Norte
93 490
100 468
99 096
2 221
2 413
882
5 566
9 939
3 965
Beira Interior Sul
18 236
19 897
20 402
165
407
- 45
651
1 324
299
Cova da Beira
15 990
16 753
16 545
- 154
- 25
- 294
669
903
1 408
Excedente Bruto de Exploração
Capacidade de Autofinanciam ento
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
15 304 126
18 830 077
---
1 092 471
1 448 054
---
Douro
43 585
55 794
---
4 362
5 634
---
Alto Trás-os-Montes
29 675
39 588
24 542
2 544
3 467
2 290
Pinhal Interior Sul
30 307
38 281
28 756
3 031
3 695
2 534
Serra da Estrela
15 185
13 245
9 401
1 487
1 231
677
Beira Interior Norte
104 201
109 777
84 390
10 793
10 897
8 932
Beira Interior Sul
18 521
22 250
16 472
1 659
2 016
1 688
Cova da Beira
12 073
12 986
7 903
1 204
1 205
789
Valor Acrescentado Bruto
Peso da Capacidade de
Autofinanciamento no VAB (%)
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
34 434 313
39 252 536
---
31,7
36,9
---
Douro
115 545
139 812
---
37,7
40,3
---
Alto Trás-os-Montes
89 290
109 312
109 312
28,5
31,7
23,3
Pinhal Interior Sul
87 129
103 289
103 289
34,8
35,8
28,9
Serra da Estrela
51 150
46 786
46 786
29,1
26,3
14,5
Beira Interior Norte
302 372
307 882
299 239
35,7
35,4
31,1
Beira Interior Sul
61 092
67 480
67 480
27,2
29,9
27,1
Cova da Beira
50 695
53 301
53 301
23,8
22,6
15,5
Margem de Segurança (%)
2008
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
5,0
6,0
---
4,0
4,7
---
13,9
15,4
---
Douro
4,0
6,0
---
2,9
4,8
---
10,9
11,5
---
Alto Trás-os-Montes
4,0
6,0
---
3,6
5,2
---
11,2
13,4
---
Pinhal Interior Sul
4,0
---
---
1,5
---
---
15,3
---
---
Serra da Estrela
2,0
---
---
2,0
---
---
21,1
---
---
Beira Interior Norte
3,0
3,0
---
2,0
2,7
---
15,1
18,2
---
Beira Interior Sul
1,0
2,0
---
0,2
2,4
---
14,0
17,6
---
Cova da Beira
3,0
4,0
---
1,6
3,5
---
12,6
14,9
---
| 161
Anexo
10
-
Dados
financeiros
do
sector
de
“Produção,
distribuição
comercialização de electricidade”
Nº de Empresas
Pessoas ao serviço
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
469
509
544
7 899
7 976
7 501
Douro
12
8
7
---
---
---
Alto Trás-os-Montes
13
15
18
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
2
2
0
---
---
Serra da Estrela
2
1
1
---
---
---
Beira Interior Norte
2
5
5
---
5
5
Beira Interior Sul
4
3
4
---
---
22
Cova da Beira
1
3
3
---
---
---
Resultado Líquido
(milhares de euros)
Volume de Negócios
(m ilhares de euros)
Form ação Bruta de Capital Fixo
(m ilhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
11 209 199
13 455 560
16 966 009
1 026 199
1 083 379
1 268 443
1 414 787
2 498 402
2 686 426
Douro
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Alto Trás-os-Montes
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
---
---
0
---
---
0
---
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
10 214
17 653
---
3 601
1 581
---
20 645
32 334
Beira Interior Sul
---
---
26 811
---
---
126
---
---
47 037
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Excedente Bruto de Exploração
(milhares de euros)
Capacidade de Autofinanciam ento
(milhares de euros)
2006
2007
2008
2006
2007
2008
Continente
2 022 510
2 326 553
2 527 578
2 299 919
2 479 913
2 610 526
Douro
---
---
---
---
---
---
Alto Trás-os-Montes
---
---
---
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
---
---
0
---
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
9 187
15 238
---
6 447
7 981
Beira Interior Sul
---
---
16 493
---
---
8 606
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
Valor Acrescentado Bruto
(milhares de euros)
Peso da Capacidade de
Autofinanciam ento no VAB (%)
2006
2007
2008
2006
2007
Continente
2 668 237
2 833 587
2 832 872
86
88
92
Douro
---
---
---
---
---
---
Alto Trás-os-Montes
---
---
---
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
---
---
0
---
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
9 205
15 254
---
70
52
Beira Interior Sul
---
---
17 990
---
---
47
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
Margem de Segurança (%)
2006
Continente
2008
Rendibilidade Operacional das
Vendas (%)
2007
2008
2006
2007
2008
68,0
---
---
20,3
---
Produtividade aparente do factor
trabalho (m ilhares de euros)
2006
2007
2008
72,4
---
Douro
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Alto Trás-os-Montes
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Pinhal Interior Sul
0
---
---
0
---
---
0
---
---
Serra da Estrela
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Beira Interior Norte
---
70
---
---
70
---
---
---
---
Beira Interior Sul
---
---
---
---
---
---
---
---
---
Cova da Beira
---
---
---
---
---
---
---
---
---
e

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