V Resultados do trabalho de campo
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V Resultados do trabalho de campo
PROPRIEDADE: NERVIR – Associação Empresarial NERBA - Núcleo Empresarial da Região de Bragança, Associação Empresarial NERGA – Núcleo Empresarial da Região da Guarda – Associação Empresarial NERCAB - Associação Empresarial da Região de Castelo Branco O presente Estudo foi elaborado no âmbito do projecto COOPETIR – Cooperação para a Competitividade Empresarial, pela empresa Ecoinformação - Gestão e Consultadoria, Lda., tendo a equipa técnica sido constituída pelos seguintes elementos: Gabriel Silva, (Coordenador) Sónia Rito, Maria João Barroca CO-FINANCIAMENTO DO ESTUDO: Programa COMPETE - Programa Operacional Factores de Competitividade Através do SIAC - Sistema de Incentivos às Acções Colectivas DATA DE EDIÇÃO AGOSTO DE 2011 Disponível em versão digital em www.coopetir.biz |1 ÍNDICE ENQUADRAMENTO DO ESTUDO ...................................................................................................................... 3 I REDES DE COOPERAÇÃO.............................................................................................................................. 5 I.1. Porque existem redes de cooperação? .............................................................................................. 5 I.2. Fundamentos para as redes de cooperação ...................................................................................... 7 I.2.1 Visão tradicional do desenvolvimento das economias regionais ............................................... 7 I.2.2.Visão baseada nas empresas .................................................................................................... 11 I.3. Redes de cooperação e as PME´s ..................................................................................................... 14 I.4. Motivações para a cooperação ....................................................................................................... 17 I.5. Temas possíveis para a cooperação ................................................................................................ 23 II CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA ........................................................................................................ 25 II.1 Enquadramento territorial ........................................................................................................... 25 II.2 Demografia .................................................................................................................................. 31 II.3 Recursos humanos e mercado de trabalho .................................................................................. 37 II.4 Acessibilidades e infra-estruturas de apoio à actividade económica ........................................... 38 II.4.1 Rede rodoviária ........................................................................................................................ 38 II.4.2 Rede ferroviária ....................................................................................................................... 40 II.4.3 Telecomunicações .................................................................................................................... 41 II.4.4 Infra-estruturas industriais ...................................................................................................... 42 II.4.5 Infra-estruturas turísticas ........................................................................................................ 43 II.4.6 Estabelecimentos de ensino superior ...................................................................................... 44 II.4.7 Organismos de apoio ............................................................................................................... 45 II.5 Trajectória de competitividade .................................................................................................... 45 III CARACTERIZAÇÃO DO TECIDO EMPRESARIAL ............................................................................................... 49 III.1 Estrutura dimensional e distribuição espacial ................................................................................ 49 III.2 Distribuição sectorial ...................................................................................................................... 53 III.2.1 Análise dos sectores de actividade mais representativos....................................................... 59 IV ANÁLISE PRELIMINAR DOS SECTORES COM POTENCIAL NA REGIÃO ............................................................... 67 IV.1 Comércio ......................................................................................................................................... 69 IV.2 Agro-alimentar ............................................................................................................................... 71 IV.2.1 Azeite ...................................................................................................................................... 72 IV.2.2 Viticultura ............................................................................................................................... 76 IV.2.3 Frutos secos ............................................................................................................................ 82 IV.2.4 Mel .......................................................................................................................................... 84 IV.3.5 Queijos tradicionais ................................................................................................................ 86 IV.3.6 Produtos de salsicharia ........................................................................................................... 89 |2 IV.3 Construção civil e obras públicas .................................................................................................... 92 IV.4 Turismo ........................................................................................................................................... 93 IV.5 Rochas Ornamentais....................................................................................................................... 99 IV.6 Energia.......................................................................................................................................... 104 IV.7 Transportes e Logística ................................................................................................................. 107 V Resultados do trabalho de campo .................................................................................................. 113 V.1 Metodologia .................................................................................................................................. 113 V.2 Análise dos principais resultados ................................................................................................... 115 V.2.1 Caracterização geral das empresas ....................................................................................... 115 V.2.2 Estrutura organizacional e ciclo de vida das empresas ......................................................... 118 V.2.3 Produtos e serviços ................................................................................................................ 121 V.2.4 Exportações ........................................................................................................................... 124 V.2.5 Estratégia e vantagem competitiva ....................................................................................... 127 V.2.6 Cooperação ............................................................................................................................ 129 V.3 Síntese dos principais resultados ................................................................................................... 140 VI Conclusões..................................................................................................................................... 143 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 147 ANEXOS ............................................................................................................................................... 151 |3 ENQUADRAMENTO DO ESTUDO O presente estudo enquadra-se na actividade “Dinamização de Redes de Cooperação” prevista no projecto COOPETIR – Cooperação para a Competitividade Empresarial, apresentado ao Sistema de Incentivos às Acções Colectivas do Programa Operacional Factores de Competitividade, desenvolvido pelas Associações Empresariais co-promotoras NERVIR – Associação Empresarial, NERBA – Associação Empresarial, NERGA – Associação Empresarial e NERCAB – Associação Empresarial. O objectivo deste projecto passa pela promoção da imagem externa da região e dos seus produtos, aliada à promoção de novas formas de cooperação empresarial facilitadoras dessa internacionalização. O espaço territorial de intervenção do projecto abrange toda a região interior norte e centro do país, nomeadamente os distritos de Bragança, Vila Real, Guarda e Castelo Branco e, por proximidade com o distrito de Vila Real, alguns concelhos do Douro Sul. Em termos de NUTS III este espaço geográfico coincide com seis sub-regiões: Alto Trásos-Montes, Douro, Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Cova da Beira, Beira Interior Sul e abrange quatro dos cinco concelhos da sub-região do Pinhal Interior Sul, ou seja, Oleiros, Proença-a-Nova, Sertã e Vila de Rei. Apesar do espaço geográfico também envolver os concelhos de Aguiar da Beira e Mondim de Basto que pertencem, respectivamente, às subregiões Dão-Lafões e Ave, estas NUTS não foram englobadas no estudo devido ao seu peso residual na área geográfica de intervenção. A concertação sistemática e a procura de soluções conjuntas através da partilha de recursos e competências entre empresas permite reduzir riscos e facilitar a concretização de objectivos operacionais e/ou estratégicos comuns. Tendo em conta que os diferentes contextos sócio-económicos em que os diversos intervenientes se inserem são determinantes no estudo de modelos e processos de cooperação, procedeu-se a uma caracterização do território de intervenção tendo por base a compilação sistematizada de um conjunto actualizado de informação considerada mais relevante para o conhecimento da região, nos seus aspectos demográficos, sociais e económicos. Por conseguinte, o presente trabalho visa a identificação e a caracterização dos sectores de actividade potenciais para integrar redes de cooperação e estar na base das acções de promoção, particularmente numa perspectiva da actual e potencial presença nos mercados internacionais e da sua capacidade de contribuir para o reforço da imagem externa da região e mobilização de visitantes. A metodologia de trabalho para atingir o objectivo proposto consistiu numa caracterização inicial do tecido socioeconómico da região em estudo e da consequente identificação preliminar dos potenciais sectores para integrar uma cooperação em rede. Para consolidar e suportar as conclusões obtidas implementaram-se instrumentos de validação como reuniões e um questionário junto de um número representativo de empresários de cada sector que visam recolher dados que permitam avaliar o interesse dos empresários dos vários sectores identificados em integrar processos de cooperação em rede. O relatório está estruturado da seguinte forma: no primeiro capítulo procede-se a uma breve |4 abordagem conceptual da noção de cooperação empresarial, suas vantagens e desvantagens e identificação de tipos de cooperação. No segundo capítulo apresenta-se uma caracterização socioeconómica global do espaço territorial de intervenção. A análise procura consolidar informação sobre a demografia, recursos humanos e mercado de trabalho, acessibilidades e infra-estruturas de apoio à actividade económica e a trajectória de competitividade das sete sub-regiões de modo a identificar as principais condições, potencialidades e fragilidades no plano social, económico e empresarial território de intervenção. No capítulo seguinte efectua-se uma caracterização do tecido empresarial nas suas componentes de dimensão, distribuição espacial, recursos humanos, volume de negócios e sectores de actividade. Esta caracterização teve como principal objectivo identificar a expressividade dos diversos sectores de actividade ao nível das NUTS III, em termos de número de empresas, estrutura de emprego e volume de negócios, e por conseguinte analisar a actual e potencial contribuição de cada sector na promoção da imagem externa do interior norte e centro de Portugal. Tendo por base as potencialidades geográficas, paisagísticas, empresariais e ainda os pontos fortes/pontos fracos e oportunidades e ameaças dos sectores de actividade mais representativos e emergentes do território de intervenção, no capítulo quatro procede-se a uma reflexão sobre os potenciais sectores de actividade estratégicos a introduzir na rede de cooperação com capacidade de promover a internacionalização e de dinamizar e ultrapassar os constrangimentos ao crescimento económico e social das regiões do interior norte e centro. No capítulo cinco sistematiza-se a informação resultante do trabalho de campo e validam-se os sectores de actividades a ser contemplados na proposta de modelo de cooperação empresarial. O trabalho termina com as conclusões onde se apresentam algumas possibilidades de redes de cooperação a implementar. |5 I REDES DE COOPERAÇÃO I.1. Porque existem redes de cooperação? A pressão de novos desafios como a globalização das economias, tecnologias e mercados e a necessidade de exploração do crescimento sustentado das empresas na óptica de qualidade total e de melhoria contínua têm surgido como factores determinantes para a cooperação e por conseguinte para o aumento da competitividade empresarial. Cada vez mais se reconhece, actualmente, que a competitividade não se baseia tanto no desempenho de sectores e empresas isoladas, mas sim no funcionamento eficiente de cadeias de valor onde interagem diferentes agentes, cujas actividades contribuem para o desenvolvimento da cadeia como um todo. Em geral, a interacção e complementaridade entre empresas pode gerar lucros que os actores não obteriam caso actuassem isoladamente no mercado. A actuação cooperativa entre empresas tornou-se cada vez mais necessária devido à limitação e incapacidade das empresas para conseguirem, de forma individual, responder a este ritmo do mercado global. Os potenciais lucros que podem ser obtidos por meio da cooperação são diversos. Por um lado, ela permite criar redes de transferência de conhecimento e aprendizagem, que se podem considerar fundamentais num contexto onde a concorrência no mercado está associada, cada vez mais, com a capacidade de inovar, diferenciar produtos e atender necessidades específicas dos clientes. Por outro, surgem possíveis benefícios da especialização produtiva que podem resultar em economias de escala para os produtores individuais, e de eficiência e alcance para a rede de cooperação como um todo. Em terceiro lugar, a cooperação pode permitir a realização de projectos ou iniciativas conjuntas em matéria de acesso a mercados de exportação, formação de recursos humanos, I&D, etc. Deste modo, a cooperação permite aos parceiros a criação de valor que não conseguiriam obter de forma autónoma assim como penetrar mais rapidamente nos mercados. Para além disso, nenhuma empresa apresenta no seu activo todo o conjunto de recursos e capacidades necessária para prosperar de forma isolada no mercado. Esta situação é ainda mais importante no caso das empresas de menor dimensão, devido às restrições em termos de recursos e capacidades, próprias da dimensão, que limitam as opções estratégicas que podem seleccionar. Por esse motivo tem de promover laços com outras empresas de forma a superar as suas lacunas e poderem implementar e desenvolver estratégias com outros meios. As estratégias cooperativas definem-se, então, como estratégias em que duas ou mais empresas trabalham em conjunto de forma a atingir um objectivo comum. As formas de cooperar vão desde acordos informais de “aperto de mão” até acordos formais com contratos |6 extensos, nos quais as partes podem trocar participações ou contribuir com capital para formar empreendimentos conjuntos. As formas de cooperação mais usuais são as alianças e as redes estratégicas. Fala-se em aliança estratégia quando duas ou mais organizações partilham recursos e capacidades de forma a obterem uma vantagem competitiva (Hitt et al, 2007). Redes de cooperação diferem de alianças por geralmente envolverem um menor nível de interdependência entre os parceiros (Faulkner em Faulkner e Campbell, 2003). No contexto deste capítulo iremos, tal como muitos autores, considerar alianças e redes estratégicas como uma única realidade empresarial. Gulati (1998) define alianças estratégicas como arranjos voluntários entre empresas envolvendo troca, partilha ou co-desenvolvimento de produtos, tecnologias e serviços. Cada vez mais estabelecidas como uma forma de organização viável em todos os sectores de actividade, é consensual na literatura que as alianças são um importante recurso para uma bem-sucedida implementação da estratégia. As estratégias de cooperação podem ocorrer como resultado de uma gama alargada de motivos e objectivos, tomar uma variedade de formas e ocorrer através de fronteiras verticais e horizontais. De uma forma geral, as empresas coordenam alianças estratégicas com objectivo de reduzir a competição, aumentar as suas capacidades competitivas, aceder a recursos, aproveitar oportunidades, ou obter flexibilidade estratégica (Inkpen em Hitt et al, 2007). Para que uma aliança estratégica seja bem sucedida é da máxima importância uma escolha cuidadosa dos parceiros e o desenvolvimento de um clima de confiança mútuo entre eles. Apesar da aposta generalizada ao longo dos últimos anos na dinamização da cooperação em rede, o contexto cultural e social do tecido empresarial nacional, os sistemas e mecanismos de incentivo associados a projectos desta natureza e a complexidade que envolve a dinamização de processos de cooperação têm dificultado a implementação desta estratégia. Efectivamente a cooperação apresenta vários benefícios estratégicos potenciais, mas também suscita potenciais problemas que necessitam de ser tidos em consideração durante todo o processo de implementação da estratégia. Como factores justificativos da falta de sucesso das redes de cooperação, a literatura assinala a inexperiência das empresas no emprego de alianças, pressões institucionais resultantes de ignorância governamental quanto ao uso desta opção estratégica e de políticas comerciais irrealistas e a incapacidade dos parceiros para gerir com eficácia as alianças em que participa a que se deve acrescentar, no caso português, a falta de tradições culturais na cooperação entre diferentes organizações. |7 I.2. Fundamentos para as redes de cooperação Diferentes perspectivas teóricas podem ser tidas em consideração para ajudar a explicar as razões de criação de redes de cooperação. Essas perspectivas, apesar de distintas, devem ser vistas como complementares e não como substitutas. A perspectiva associada ao desenvolvimento regional tem sido utilizada pelos organismos públicos como fundamentação para a criação de redes de cooperação empresarial. Os vários programas de apoio à dinamização das redes de cooperação junto essencialmente das PME´s têm-se suportado nesta visão. No entanto, existem vários estudos que apontam para a necessidade de não descuidar o facto de que os factores de sucesso associados às redes de cooperação assentam essencialmente nas características das empresas, nomeadamente na necessidade de uma estratégia comum, de recursos complementares ou de uma adequada estrutura de poder e de governo da organização. Assim, importa salientar que, embora a perspectiva do desenvolvimento regional seja importante nomeadamente na definição dos principais sectores de actividade a desenvolver (atendendo às características endógenas da região), é imprescindível analisar cuidadosamente o tecido empresarial da região no que diz respeito essencialmente a motivações, necessidades e capacidades, para poder desenhar com todo o cuidado uma estratégia de cooperação que tenha as condições necessárias para vingar no longo prazo. I.2.1 Visão tradicional do desenvolvimento das economias regionais A crescente globalização e integração dos países teve repercussões positivas ao nível do desenvolvimento económico e social, mas simultaneamente evidenciou as assimetrias regionais. Estas desigualdades mostraram a necessidade de encontrar novos modelos explicativos para atenuar as disparidades existentes. Diferentes teorias sobressaíram na procura de respostas para o desenvolvimento regional desigual sendo de destacar as teorias clássicas de localização, as teorias de desenvolvimento regional com ênfase nos factores de aglomeração e uma abordagem mais recente que valoriza as características endógenas do território como determinantes do desenvolvimento (Natário et al, 2009). As teorias clássicas de localização procuravam explicar as formas de organização espacial em função das diversas actividades económicas, designadamente a agricultura, a indústria e os serviços. Apesar das várias criticas de que foram alvo (nomeadamente pelo facto de considerem a empresa de forma isolada, sem relações de interdependência, por pressuporem que os agentes económicos são sempre racionais e que a circulação da |8 informação é perfeita), os seus contributos foram importantes pois alicerçaram os fundamentos das teorias posteriores. Posteriormente, autores como Marshall e Perroux desenvolveram aquelas que se apelidariam de teorias tradicionais da convergência regional, salientando que o crescimento económico não é um processo homogéneo, mas descontínuo nos vários lugares, onde os desequilíbrios tendem a manter-se e em alguns casos a agravarem-se. Marshall (1890, citado em Natário et al, 2009) desenvolveu o conceito de “distrito industrial” para demonstrar as vantagens da aglomeração das PME´s localizadas ao redor das grandes indústrias dos subúrbios das grandes cidades inglesas. Considerando o pressuposto de rendimentos crescentes à escala, defendeu que a aglomeração de empresas inter-relacionadas potencia economias externas difíceis de alcançar caso actuassem isoladamente. Perroux (1955, citado em Natário et al, 2009) defendeu que o crescimento não se manifesta de forma homogénea no espaço, mas em pólos de crescimento com diferente intensidade e com efeitos externos variáveis em toda a economia. O crescimento tem início numa empresa-âncora ou pólo de crescimento que, pela sua dimensão e posição, tem uma acção impulsora no desenvolvimento económico local. As teorias do desenvolvimento regional endógeno surgem mais tarde e defendem que, para ganhar uma dinâmica auto-sustentada e combater as desigualdades, é necessário o reforço das interacções intra e inter-regiões, bem como um estímulo aos factores endógenos geradores de mudança. Os autores destacam a necessidade de um desenvolvimento endógeno que assente no território e nas suas especificidades locais. O desenvolvimento endógeno é um processo que envolve a permanente ampliação da capacidade da região para acrescentar valor à produção, para absorver e reter o excedente económico gerado localmente, bem como atrair excedentes provenientes de outras regiões. Para ajudar as regiões a gerar mecanismos endógenos de criação de riqueza com base nos seus recursos específicos ganharam destaque vários modelos de desenvolvimento nomeadamente os distritos industriais, os meios inovadores e os clusters. A emergência dos modelos de desenvolvimento endógeno e a importância dada ao território levaram à revitalização dos distritos industriais Marshallianos. Estes são considerados entidades sócio-territoriais com a presença activa de uma comunidade aberta (de pessoas e de empresas) dentro de um espaço geográfico com capacidade de desenvolver e organizar um sistema coerente e consensual de relações entre os actores locais (Becattini, 1992, citado em Natário et al, 2009). Mais do que a presença de um conjunto de empresas, sobressai a partilha de uma cultura e valores comuns entre os agentes locais e a presença de factores histórico-sociais. Na década de oitenta, surge o conceito de meio inovador como forma de tentar descrever os comportamentos inovadores dos sistemas de produção. A empresa não é entendida como um agente inovador isolado mas sim como parte do meio que a faz agir. O meio inovador, como conjunto sócio-territorial, integra recursos materiais (empresas, infra-estruturas, etc), imateriais (conhecimento) e institucionais sendo a cultura dominante a historicamente ligada |9 ao saber-fazer e assente em relações de concorrência/cooperação dos actores locais. Um meio inovador pressupõe, assim, a criação e a constante renovação de recursos, sobretudo de natureza imaterial como o saber, o saber-fazer, os processos de aprendizagem colectiva, a cooperação e canais informacionais, entre outros. Uma outra abordagem dentro do paradigma de desenvolvimento regional endógeno diz respeito à análise dos clusters. Neste âmbito, as regiões e os seus actores locais deverão identificar formas de organização da produção que se traduzam em vantagens competitivas. Estas poderão ser obtidas através da concentração geográfica de empresas e instituições interligadas (instituições governamentais e não governamentais, instituições de ensino superior, associações profissionais, associações empresariais e comerciais, etc.) numa área específica que Porter (1985, 1990, 1998) denominou de clusters. Os clusters podem ser definidos como redes de produção e empresas fortemente interdependentes ligados entre si numa cadeia de produção de valor acrescentado, podendo integrar alianças com empresas e universidades, institutos de investigação, serviços às empresas intensivos em conhecimento, agentes de interface (como os brokers e consultores) e clientes. Segundo Porter (1998), o mapa económico do mundo é actualmente dominado pelos chamados clusters, que são aglomerados críticos de um sucesso concorrencial fora do vulgar, num campo particular. O aumento de produtividade das empresas, a condução de actividades inovadoras e o incentivo à formação de novos negócios permite não só expandir e fortalecer o próprio cluster mas também influenciar a competitividade dentro e entre territórios. A mobilização total entre os agentes de uma região, através da cooperação/interacção privada e público-privada e os efeitos sinergéticos e economias externas daí resultantes são os pilares de sustentação de um cluster. Os clusters abrangem um conjunto diversificado de canais e clientes, ligados lateralmente a produtores de bens complementares e a empresas relacionadas, tendo como limites as ligações e a complementaridade existente entre as empresas e as instituições do território (Porter, 1998). Para além de promoverem a competição, também são passíveis de promover a cooperação, sobretudo vertical, e por conseguinte de constituir uma forma alternativa de organizar a cadeia de valores através do envolvimento de indústrias relacionadas e instituições locais (Leitão e Osório, 2006). Os clusters podem ser diferenciados consoante a sua dimensão, sendo possível identificar os seguintes tipos de clusters (Chorincas et al, 2001): i. micro-cluster: conjunto de empresas e instituições de um mesmo sector interligadas com elementos em comum e por complementaridades localizadas num âmbito geográfico reduzido; ii. cluster industrial: conjunto de empresas inter-relacionadas, fornecedores especializados, prestadores de serviços, empresas de indústrias relacionadas e instituições associadas que desenvolvem a sua actividade de forma complementar produzindo externalidades associadas ao desenvolvimento; | 10 iii. cluster regional: cluster industrial cujas articulações funcionam no interior de um dado espaço regional; iv. mega cluster: conjunto de actividades distintas cujos bens/serviços satisfazem a procura de uma única grande área funcional de procura final, recorrendo a competências básicas complementares e explorando vantagens de interligação e articulação em rede. Independentemente da noção de cluster, a proximidade espacial, o relacionamento das actividades e a interacção entre os agentes económicos reconhecida na literatura como coopetição (fusão de competição com colaboração) são elementos comuns a todos os tipos de cluster. Vários autores alegam ainda a importância do contexto institucional e cultural que envolve a existência de clusters como por exemplo a necessidade de infra-estruturas institucionais de apoio às empresas. Entre os principais elementos que poderão estimular o desenvolvimento dos clusters regionais, o PROINOV 2002 (Chorincas et al, 2001) destaca os seguintes: i. o saber acumulado ao longo de gerações, isto é, o conjunto de saberes que resultam de uma acumulação histórica e tradicional; ii. o envolvimento da comunidade local, a criação de sinergias e a coesão comunitária; iii. o acidente histórico de determinada região que levou à concentração geográfica de actividades conexas; iv. os mecanismos ou “canais activos” de interacção e aprendizagem que se desenvolveram entre os agentes económicos; v. a consolidação de centros tecnológicos e de centros de formação profissional (envolvimento institucional) que permite o reforço da capacidade tecnológica das empresas industriais e atrai para a região novas empresas. No âmbito dos clusters regionais PROINOV 2002 (Chorincas et al, 2001) propõe três tipologias: i. Clusters activos: concentrações geográficas de empresas conexas que através da interacção e interdependência conseguem maiores volumes de produção do que operando isoladamente; ii. Clusters latentes: onde a concentração geográfica e a interdependência existem mas estão ainda longe do seu potencial (na maior parte dos casos porque a interacção entre agentes económicos é ainda fraca); iii. Clusters potenciais: detêm já certos elementos dos clusters, mas denotam ainda a ausência de atributos e pré-requisitos importantes para o alcance das plenas vantagens da concentração geográfica. No entanto, Rosenfeld (1997) defende que as regiões de baixa densidade populacional dificilmente conseguem gerar a necessária massa crítica de concentração de negócios para | 11 atrair serviços e adquirir a classificação de cluster. Neste sentido, o autor identifica formas típicas para formar clusters em regiões de baixa densidade, nomeadamente: i. pequena concentração de empresas que podem constituir uma identidade colectiva e que operam como um sistema e desenvolvem algumas formas de recursos especializados. ii. satélite de clusters, isto é, agrupamentos de empresas similares ou relacionadas, com necessidades de serviços especializados e que podem ser encontrados num cluster urbano dentro da região. iii. clusters que ultrapassam as fronteiras geográficas da região, incluindo áreas rurais. iv. regiões que englobam ligações/interacções e negócios diferentes necessidades e mas interesses que comuns mantêm que suficientes justificam ser classificados e tratados como um cluster. Tendo em conta as reflexões anteriores, conhecidas as fragilidades das regiões periféricas em termos de desempenho económico associado à diminuição e envelhecimento das populações que nelas residem e, simultaneamente, ao afastamento relativo de estes territórios face às regiões centrais quanto aos mercados e aos serviços, é importante que cada território identifique, dentro das suas especificidades locais e dos potenciais recursos endógenos, os seus clusters (activos, latentes ou potenciais)1. Mesmo quando não atingem essa classificação, por não cumprirem os requisitos/atributos, é importante identificar na região se há formas de organização de produção que se aproximem dos denominados clusters, para os promover e estimular, valorizando os recursos endógenos, criando riqueza e fomentando-se assim a competitividade e o desenvolvimento da região onde se insere. I.2.2.Visão baseada nas empresas Existem outras teorias bastante estudadas na literatura que justificam a constituição das estratégias de cooperação empresarial mas que diferem da perspectiva anterior uma vez pela justificação centrada na empresa e não na região. Apesar de manterem o mesmo foco, as teorias baseadas nas empresas diferem no ponto central da análise. Enquanto na teoria dos custos de transacção, a unidade de análise é a transacção individual, na teoria dos recursos o enfoque é dado à organização como um todo e às suas relações envolventes. 1 Para efectuar a identificação dos clusters numa região pode utilizar-se o conceito de quociente de localização - taxa que identifica a concentração de trabalhadores de um determinado sector numa dada região relativamente ao todo nacional. | 12 I.2.2.1. Visão dos custos de transacção A teoria dos custos de transacção, desenvolvida inicialmente por Williamson (1975), tem sido utilizada para explicar os motivos que levam as empresas a preferir as alianças em relação às transacções no mercado e em relação ao desenvolvimento interno (denominada na literatura como hierarquia). A teoria dos custos de transacção encara as redes de cooperação como formas organizacionais localizadas entre mercados e hierarquia que minimizam os custos de transacção em determinadas circunstâncias. Esta teoria admite que as empresas escolhem a forma de transaccionar de modo a minimizar a soma dos custos de produção e transacção. Por custos de transacção entendem-se as despesas inerentes à: i. elaboração e imposição de contratos; ii. negociação dos termos do contrato e reclamações por contingências; iii. gestão das transacções. Esta teoria sublinha que a principal característica associada a elevados custos de transacção entre os intervenientes de mercado é a negociação em grupos diminutos em situações de controlo bilateral. Este tipo de negociação ocorre devido a elevados custos de mudança resultante da especificidade dos activos, a incerteza do oportunismo por parte do fornecedor e da frequência das transacções. Assim, uma empresa deve escolher entre produzir um determinado bem ou serviço ou adquiri-lo no mercado consoante os seus custos de transacção associados a cada uma dessas alternativas. Outra alternativa que se coloca às empresas passa pela partilha de actividades de modo a obter o bem/serviço em causa. Este tipo de estrutura é denominado pela literatura de híbrida por considerar elementos de mercado e de hierarquia. Segundo esta teoria, uma condição necessária para a partilha de actividades entre empresas é que o custo de produção alcançado por desenvolvimento interno, ou pela aquisição, seja significativamente mais elevado que o fornecimento externo. Os autores que sustentam esta teoria afirmam que o mercado é uma estrutura mais eficaz que a hierarquia excepto para transacções caracterizadas por níveis elevados de especificidade de activos e/ou incerteza. No entanto, para valores moderados daquelas características são mais eficazes as estruturas híbridas das quais as alianças são exemplo. O grau com que uma aliança combina elementos de mercado e de hierarquia dependerá da magnitude dos custos de transacção envolvidos: quanto maiores forem, maior será a componente hierárquica. | 13 I.2.2.2.Visão dos recursos e das capacidades Por contraste com a teoria dos custos de transacção, a qual enfatiza a minimização de custos, a perspectiva da teoria dos recursos passa pela maximização de valor de uma empresa através da combinação e utilização de recursos valiosos. Das e Teng (2000) explicam esta teoria apresentando ainda as diferenças para com a teoria dos custos de transacção. O foco principal é de que as empresas maximizam os lucros no médio e longo prazo através do uso e desenvolvimento dos seus recursos. Após realçar que uma empresa é equivalente a um conjunto de recursos2 que possui, a teoria dos recursos destaca que a propriedade e o controle de recursos escassos ou inimitáveis por parte de uma empresa representam a principal fonte de vantagem competitiva (Barney, 1991). No entanto, num ambiente dinâmico como o actual é muito difícil manter a propriedade ou mesmo o controlo desses valiosos recursos pelo que as empresas têm como tarefa a procura constante de novos recursos estratégicos. Existem quatro formas de aquisição de recursos: desenvolvimento interno, compra directa no mercado, aquisição de uma empresa detentora desses recursos e desenvolvimento dos recursos através da cooperação com outras empresas. Por via desta última alternativa é possível partilhar conhecimentos, activos e tempo para além de repartir os custos associados a esse desenvolvimento do novo recurso. Assim, segundo esta teoria explicativa, o motivo principal para uma empresa entrar e alianças passa pela agregação, partilha ou troca de recursos valiosos com outras empresas quando esses recursos não podem ser eficientemente obtidos por outra via. Sugere-se ainda que as alianças apenas devem ser formadas se a actividade em causa é considerada pelo menos com uma importância moderada na estratégia da empresa e se apenas é apenas medianamente boa no seu desenvolvimento. Uma empresa diagnosticará as suas carências de recursos e de capacidades em relação aos objectivos que deseja atingir, e através de um processo de aprendizagem procura corrigir as suas fraquezas. Faulkner (em Faulkner e Campbell (2003)) refere que dentro da estratégia cooperativa a empresa poderá optar por entrar em alianças ou em redes estratégicas. As primeiras encontram-se mais associadas a estratégias de aprendizagem enquanto as segundas se formam essencialmente por motivos de substituição/complemento de competências. 2 Esses recursos (tangíveis ou intangíveis) podem ser organizados em três categorias: recursos físicos, tais como instalações e equipamentos; recursos humanos, como o conjunto de mão-de-obra especializada; ou recursos organizacionais, tal como o método produtivo, reputação, etc. | 14 I.3. Redes de cooperação e as PME´s Embora os exemplos de redes de cooperação sejam mais frequentemente associados a grandes empresas, também as PME´s, devido às suas características, têm seguido este caminho para tentar enfrentar as suas dificuldades neste mundo cada vez mais concorrencial. Alguns dos problemas que ensombram este tipo de empresa e que podem ser amenizados com a implementação bem sucedida de redes de cooperação são: elevados custos operacionais, produção em reduzida escala, escassez de informação, desconhecimento das necessidades do mercado, necessidade de formação dos recursos humanos, desactualização tecnológica, escassez de recursos financeiros para investimentos e fontes de financiamento onerosas ou inacessíveis. Assim a cooperação é entendida, tanto a nível nacional como da União Europeia, como um importante meio para potenciar a competitividade das PME’s. Existem programas de apoios e serviços que visam proporcionar apoio financeiro e informações úteis sobre oportunidades de negócio ou possíveis parceiros às PME´s. Construídos com base em estudos de clusters e de distritos industriais, redes estratégicas de PME’s são bastante enfatizadas nos programas de incentivos de políticas públicas. Por exemplo, a actual Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) prevê “Incentivos de Qualificação das PME’s – Projecto de Cooperação” para investimentos de empresas já existentes que reforcem a sua capacidade no sentido de assegurar uma maior orientação do produto interno para a procura externa. Os projectos devem visar a promoção da competitividade das PME através da presença activa no mercado global, em projectos que favoreçam a sua internacionalização. De facto, através de redes de cooperação é possível às PME´s adquirir competitividade que lhes permita uma melhor performance do que os seus concorrentes. No entanto, tal como referem Balestrin e Verschoore (2008), na maioria dos casos as PME´s acabam por conceber redes de cooperação com o objectivo único de superar dificuldades individuais imediatas e destituídas de uma visão estratégica global. Dessa forma, as questões de gestão acabam sendo relegadas ou desempenhadas sem um nível de profissionalismo necessário. Como resultado, a maioria dos casos conhecidos de redes de cooperação entre PME´s não vinga no mercado. A constituição da rede não é condição exclusiva para o sucesso. É extremamente imprescindível que a rede constitua uma nova organização competitiva e que esta seja gerida como tal de forma a gerar ganhos duradouros ao longo do tempo, criando valor, de forma clara e evidente, para todos os participantes. Apesar das teorias da empresa enfatizarem vários fundamentos para a melhor performance das empresas são poucos os estudos que procuram esses fundamentos atendendo às realidades observadas. Num estudo empírico realizado em 2005, Wincent procurou os factores mais importantes que conduzem as PME´s a adquirir essa desejada competitividade. | 15 O autor analisou duas redes empresariais suecas na indústria da madeira que conjuntamente englobavam 54 PME’s. O autor apresentou os resultados obtidos com base na seguinte figura: Atitudes por parte da empresa para a cooperação Características específicas da empresa Performance da empresa Relacionamento entre empresas Performance da rede Atributos dos parceiros Figura 1: Relacionamentos entre os factores que condicionam a performance da rede (Wincent, 2005) Da interpretação da figura verifica-se que a empresa apresenta um conjunto de características (por exemplo, personalidade do gestor, dimensão e forma de governo) que funciona como ponto de partida para a formação e manutenção de relações entre empresas. Estas, por sua vez, são um factor da máxima importância para a sobrevivência da rede ou melhor para o resultado da rede. O autor salienta que sem os parceiros correctos e sem uma atitude verdadeiramente cooperativa, os resultados, tanto para a rede como para a empresa em si, encontram-se limitados. Estes estudos são relevantes tanto para os gestores como para os dinamizadores de políticas públicas envolvidos na construção ou gestão de redes de PME’s, uma vez que os primeiros querem ver maximizada a sua participação e os segundos querem obter o devido retorno do seu investimento. Wincent (2005) sugere algumas questões pertinentes que devem ser analisadas pelos gestores e pelos promotores. Para a gestão, o autor sugere três áreas de análise: 1. Em que medida pode a gestão melhorar ou alterar as operações na empresa para beneficiar de uma participação numa rede estratégica de PME´s? 2. Que tipo de envolvimento deve a empresa ter na rede? 3. Como encontrar os parceiros “certos” para a cooperação? Do lado dos promotores/dinamizadores das redes, as questões a ter conta seriam: 1. Quais os benefícios que as empresas adquiriam através da participação numa rede estratégica de PME´s? 2. Com que tipo de parceiros a empresa estaria disposta a cooperar? 3. Até que ponto a empresa está envolvida com esses parceiros? Um caso de sucesso de uma rede empresarial com iniciativa privada de pequenas empresas é a Lacticoop. A Lacticoop – União de Cooperativas entre Douro e Mondego é uma união de | 16 23 cooperativas agrícolas cuja actividade principal é a recolha e concentração do leite. Esta organização teve origem em 1924 quando os produtores da região de Sever do Vouga iniciaram uma greve como forma de luta contra os baixos preços praticados pela indústria do leite e derivados. Com base neste movimento formaram-se duas cooperativas (nas freguesias de Couto de Esteves e Rocas do Vouga) e, mais tarde, o exemplo foi seguido pelos agricultores dos concelhos e distritos vizinhos. Esta foi a forma de organização que melhor responde à partilha do valor gerado em toda a fileira. Em 1962, essas primeiras cooperativas decidiram agrupar-se numa União (União de Cooperativas de Lacticínios de Entre Douro e Vouga) juntamente com a Cooperativa de Arouca. A criação desta organização, que detinha outra capacidade técnica e financeira, trouxe a possibilidade de: i. Desenvolvimento dos agricultores (de pequena dimensão); ii. Garantia de escoamento de todo o leite produzido; iii. Melhor valorização da matéria-prima devido à maior participação nos diversos estágios da fileira. O sucesso desta primeira iniciativa foi fundamental para o desenvolvimento do cooperativismo na região de Aveiro, Ílhavo, Vagos e mais tarde Coimbra. Esta expansão a sul do Vouga gerou, em 1972, a alteração do nome da organização para o actual Lacticoop – União de Cooperativas entre Douro e Mondego. Em 1975 a organização expande-se com a abertura de mais três cooperativas nas regiões de Vale do Mondego, Cantanhede e Mira. Ainda nesse ano, a União decide incorporar na sua actividade a as funções de recolha e de concentração, actividades até aí exercida por outsourcing. Mas quatro anos mais tarde, após reunir as condições técnicas e económicas necessárias, decidem passar a actividade de recolha para as cooperativas associadas com objectivo de reforçar a identificação e os laços que unem os produtores às cooperativas. Posteriormente e tendo em vista o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade do produto foram criados dois serviços adicionais: a Recria de Fêmeas Bovinas Leiteira (o que permitiu aumentar a quantidade e a qualidade do leite) e o Serviço de Inseminação Artificial (o que levou a uma melhoria genética e sanitária das explorações e ainda, através de uma melhor programação da actividade e da escolha do sémen, a melhores características especificas do leite). Derivado do sucesso da iniciativa no subsector do leite, nos finais dos anos 80, a Lacticoop decide diversificar para os derivados, apostando nos queijos frescos, iogurtes e queijo de ovelha. Por razões estratégicas, em 1995, a Lacticoop formou, juntamente com outras duas cooperativas, a Lactogal onde centralizaram as actividades de transformação e comercial. No ano seguinte, volta a diversificar a sua actividade iniciando-se no negócio de comércio de carnes. Esta decisão teve como objectivo ajudar os produtores a escoar o gado ovino que não estivesse em condições para a produção leiteira. | 17 Desde então a Lacticoop continuou a diversificar as suas actividades ao mesmo tempo que constitui novas entidades para as quais “escoa” estas mesmas actividades para que se possa dedicar em exclusiva à gestão dos relacionamentos entre parceiros associados. São exemplos dessem novas entidades: LP Lacticoop – Produtos agrícolas (Recria, inseminação artificial, laboratório de sanidade animal); LS Lacticoop – Serviços e manutenção de equipamentos agrícolas (gestão de frota); LIDA – Lacticoop Investigação e Desenvolvimento Agrícola (Promoção e coordenação de novas tecnologias e procedimentos). Actualmente, a Lacticoop é considerada um caso de sucesso de uma estratégia de cooperação que teve início não num programa de incentivos estatal mas sim numa concentração de produtores com um problema comum com o qual se sentiam incapazes de lidar de forma isolada. Passados mais de 75 anos, a Lacticoop mantém uma estratégia bastante definida e que se pode desenhar a partir da sua visão e missão. A visão da Lacticoop é assumida como “posicionar a organização como um parceiro efectivo no esforço de modernização da agricultura regional, que se deverá reflectir na melhoria das condições de vida dos seus agricultores. A missão desta organização passa por potenciar, por um lado, o “negócio do leite” através da prossecução de melhores padrões de eficiência técnico-económica na produção e de qualidade da recolha de leite e assegurar, por outro lado, o desenvolvimento de outras áreas de negócio complementares que possibilitem um melhor aproveitamento das capacidades instaladas na organização. Como objectivos estratégicos, a organização definiu: i. crescimento do volume de recolha de leite através da fidelização dos produtores actuais e angariação de novos produtores; ii. diversificação de actividades, quer para áreas que interessam ao “negócio do leite” quer para outras; iii. racionalização dos custos de gestão; iv. valorização da matéria-prima entregue pelos produtores e a garantia de escoamento de toda a sua produção; v. prestar serviços aos produtores, com qualidade continuamente melhorada, contribuindo para um nível elevado de produtividade e qualidade das explorações agrícolas; vi. promover e fomentar acções que visem o desenvolvimento económico e social nas regiões onde a Lacticoop opera. Existem outros exemplos em Portugal, por exemplo na distribuição farmacêutica, que confirmam o sucesso prático da cooperação entre empresas. I.4. Motivações para a cooperação Embora se verifique uma tendência para atribuir a formação de redes de cooperação a causas simples, tais como o objectivo da empresa ou condições de mercado, a experiencia acumulada e a pesquisa nesta área mostram que a causalidade das alianças é complexa, | 18 sendo determinada no mínimo pelos participantes, pelas suas competências, pelos seus motivos e por condições externas. É amplamente reconhecida a diversidade de fenómenos que as redes representam, e por conseguinte estas podem ser formadas por motivos muito variados fruto do conjunto de motivos que justificam a participação de empresas em alianças. Melo (2009) sintetiza um conjunto de motivos reconhecidos na literatura como sendo os mais relevantes para justificar a participação de empresas em alianças de cooperação. Brito (1993) por sua vez agrupa esses benefícios em operacionais e estratégicos. A. Benefícios operacionais (de curto prazo) Como motivações operacionais consideram-se as que afectam duma forma directa a vida interna das empresas do ponto de vista da eficiência com que a sua actividade é desenvolvida. O autor sintetiza-as através do seguinte esquema: - Investimento COORDENAÇÃO DE ACTIVIDADES + Economias de Escala E + Sinergias Operacionais CONJUGAÇÃO DE ESFORÇOS - Custos Financeiros - RISCO - Custos Operacionais + Economias de Experiência + RENDIIBILIDADE (curto prazo) Novas Técnicas de Gestão Figura 2: Vantagens operacionais (Brito, 1993) Em concreto, podem ser consideradas as seguintes motivações operacionais e as suas relações com o nível de rendibilidade e risco da empresa: 1. Dispersão das despesas e riscos de investimento A partilha das despesas de investimento pelas várias entidades possibilita que cada uma delas invista menos do que caso viesse a lançar esse projecto de forma isolada. Por outro lado, o nível global o próprio investimento pode vir a ser menor, resultando daí menores necessidades de financiamento (Brito, 1993). | 19 A cooperação permite reduzir os riscos dos parceiros devido sobretudo a razões de natureza económica: i. por via da dispersão do risco de um projecto por mais de uma empresa, sobretudo naqueles que envolvem grandes incertezas, inovações tecnológicas de custo elevado, ou elevados custos de informação e que para pequenas empresas as alianças permitem o acesso a quantidades mais elevadas de capital; ii. diversificação do portfolio dos produtos na medida em que a participação em alianças possibilita um menor volume investimento e liberta recursos que poderão ser investidos em produtos complementares aos abrangidos pelas alianças; iii. redução de custos totais de investimento dado que ao agregar e partilhar recursos com os parceiros podem concentrar os seus esforços em áreas em que cada um possui melhores capacidades; iv. entrada e retorno mais rápidos com design melhorado e tempos de retorno de investimentos mais curtos devido à partilha de conhecimento do mercado ou mesmo abdicar da sua quota de mercado em favor da aliança. 2. Obtenção de benefícios de economia de escala A ampliação da capacidade de acção de uma empresa através da cooperação com outras empresas conduz a ganhos de economia de escala decorrentes do incremento do poder de negociação junto dos seus fornecedores e parceiros e por conseguinte obter melhores possibilidades em termos de valores, prazos e condições de pagamento, prioridade de entregas e atenção para eventuais problemas. Por outro lado, também permite obter melhores condições de aquisição de matéria-prima ou de produtos de revenda, redução dos custos de financiamento e de marketing/comunicação. Outra vantagem da maior escala e poder de mercado é a ampliação da capacidade de atrair parcerias e novos negócios. Nesse sentido, as estratégias de cooperação permitem gerar marcas com expressão e reconhecimento, alcançando maior exposição e credibilidade pública. 3. Obtenção de matérias-primas e outros recursos naturais A necessidade de obtenção de matérias-primas em mercados de acesso limitado (quer devido a necessidade de investimentos específicos e/ou muito elevados quer por controlo das fontes por empresas concorrentes) pode levar à criação de alianças envolvendo empresas em estágios contíguos na cadeia de valor. 4. Facilitar aprendizagem organizacional A cooperação pode ser entendida como um meio de aprendizagem e/ou retenção de competências para transferência de conhecimento tácito entre os parceiros particularmente | 20 quando: i) nenhum dos parceiros detém nem a tecnologia nem as competências inerentes aos outros, ii) um dos parceiros deseja manter uma competência organizacional, beneficiando ao mesmo tempo do conhecimento actual. As acções de cooperação podem, assim, proporcionar um ambiente favorável ao estabelecimento de relações positivas e construtivas entre os indivíduos e entre estes e o seu ambiente em prol de um objectivo comum. 5. Facilitar acesso a conhecimento de condições de mercados Dado que o conhecimento de condições de mercados é dificilmente transferível por transacções e apresenta custos de transacção elevados é expectável que empresas que pretendam entrar em novas indústrias, ou países estabeleçam alianças com parceiros estabelecidos. A importância deste motivo dependerá quer do grau em que o conhecimento das condições locais é necessário para o sucesso das operações quer do grau de familiaridade dos candidatos com as condições dos mercados em que pretendem entrar. B. Benefícios estratégicos (de longo prazo) Como motivações estratégicas entendem-se aqueles que se traduzem num reforço da posição competitiva e estratégica das empresas envolvidas no acordo. Brito (1993) descreve as suas relações com a rendibilidade através do seguinte esquema: VANTAGENS OPERACIONAIS - Risco + Rendibilidade (curto prazo) COORDENAÇÃO DE ACTIVIDADES + Flexibilidade E - Custos CONJUGAÇÃO DE ESFORÇOS + Vantagens Competitivas + Diferenciação - Nível de Concorrência Dentro do Sector Figura 3: Vantagens estratégicas (Brito, 1993) + RENDIIBILIDADE (longo prazo) | 21 Como motivações estratégicas podem ser consideradas as seguintes: 1. Consolidação da presença no mercado As alianças permitem aos parceiros aumentar a cota de mercado e preencher as suas linhas de produtos através da partilha de marcas, produtos e serviços de suporte. Para distribuir os maiores custos administrativos e de suporte associados à satisfação de clientes exigentes as empresas concorrentes poderão entrar em actividades cooperativas como a i) consolidação das encomendas numa única instalação, permitindo, assim, a redução de custos quer por efeitos de escala quer por padronização de mais características dos produtos, ii) participação em outras acções cooperativas que permitam alterar a relação de poder negocial entre fornecedores e clientes. 2. Obediência a políticas governamentais locais Esta é uma das mais antigas e comuns razões para entrar em alianças, pois é frequente que politicas governamentais locais proteccionistas tornem as alianças no modo mais conveniente de entrar num mercado externo. 3. Entrada mais rápida nos mercados Em determinados mercados de crescimento, as janelas de oportunidade são de tão curta duração que as empresas usam alianças para neles entrarem rapidamente com o objectivo de os explorar antes que deixem de ser atractivos. A introdução de novos produtos é frequentemente acompanhada por acordos de marketing ou distribuição. Como exemplo, pode referir-se o caso de uma pequena empresa que desenvolve um produto inovador e que o necessita de lançar no mercado. No entanto, dado que será dispendioso ou impraticável desenvolver uma rede de distribuição própria em mercados bem desenvolvidos com concorrência intensa, a empresa poderá alcançar um acordo cooperativo com um parceiro que possua uma rede de distribuição e marketing já bem implantada. A entrada mais rápida no mercado também poderá ser conseguida através de acordos de licenciamento que envolvem testes e certificação feitos por um parceiro que são aceites pelas autoridades no território de outros parceiros. 4. Facilitar a expansão internacional A cooperação sobretudo para pequenas e médias empresas sem experiência de internacionalização desempenha um papel relevante na facilitação de entrada e expansão num mercado externo. A presença competitiva internacionalmente é um processo | 22 dispendioso, difícil e que consome muito tempo mas cuja aliança permite reduções significativas não só de tempo e recursos mas também de velocidade de internacionalização. 5. Potenciar a diversificação de produtos ou serviços Com o intuito de obter ou aceder a conhecimento, a tecnologia, ou a outro recurso desejado assim como entrar em novas áreas de negócios pouco conhecidas ou com elevadas barreiras de entrada a surgem, com frequência alianças de diversificação. Os benefícios estratégicos expectáveis da diversificação e sinergias associadas dependem das dinâmicas dos relacionamentos entre os parceiros e a aliança, entre os parceiros e entre a aliança e o seu ambiente concorrencial. 6. Facilitar o acesso a tecnologia complementar O acesso a competências complementares detidas por parceiros pode constituir um dos principais motivos de formação de alianças. Estas podem combinar tecnologias complementares dos parceiros, em que cada um destes contribui para uma processo de agregação de competências e de criação de ambientes de desenvolvimento que evitam tempos longos de desenvolvimento interno e potenciam inovações significativas que dificilmente seriam alcançadas pelos parceiros individualmente. Deste modo, a selecção de parceiros passa, sobretudo, pelos que apresentam capacidade tecnológica e competências especializadas e complementares. 7. Partilha de custos de investigação e desenvolvimento A cooperação no âmbito de I&D para o aumento de produtividade encontra-se focada em motivações relacionadas com a partilha e redução de custos fixos entre parceiros (por exemplo por partilha de instalações e staff), a obtenção de economias de escala na área de I&D e a anulação de duplicação de esforços. 8. Redução da concorrência por cooperação com concorrentes A cooperação como movimento defensivo pode neutralizar os concorrentes já existentes ou potenciais. Como exemplos a aliança entre empresas do mesmo sector pode enfraquecer a penetração de outras empresas num determinado mercado assim como a cooperação para partilha de instalações caras a baixos custos entre um empresa com excesso de capacidade e uma que procura entrar no mercado pode ter como finalidade desmotivar a estreante de construir as suas próprias instalações, impedindo-a de competir numa escala maior e mais concorrencial. Embora o recurso a alianças não reduza necessariamente a concorrência mesmo quando o número de concorrentes tenha diminuído altera o modo como as empresas concorrem entre si. | 23 I.5. Temas possíveis para a cooperação De uma forma geral os motivos para a constituição de redes e que numa linguagem do mundo dos negócios e adaptado à realidade de PME’s podem traduzir-se no seguinte: i. redução de custos operacionais devido ao aumento da dimensão; ii. obtenção de novas capacidades operacionais aprendendo com parceiros; iii. redução do risco do negócio e partilhar custos; iv. aumento do poder de venda junto de clientes; v. aumento do poder de compra junto de fornecedores; vi. aumento das exigências para outros concorrentes; vii. redução dos custos de entrada em novos mercados: nacionais e internacionais; viii. redução dos custos de entrada em novas indústrias e segmentos. Mais em concreto, podemos avançar com alguns exemplos de objectivos concretos a alcançar com a implementação de uma organização em forma de rede de cooperação empresarial: 1. Infra-estrutura centralizadora de compras 2. Criação de uma marca própria da região 3. Ampliação da carteira de clientes no mercado interno 4. Plataforma de exportação – acesso a novos mercados geográficos 5. Marketing e Promoção 6. Garantia ao crédito 7. Investigação e desenvolvimento 8. Criação de uma ferramenta de divulgação e venda on-line dos produtos 9. Aquisição/construção colectiva de activos nomeadamente para acesso a novas tecnologias 10. Comercialização e distribuição 11. Infra-estrutura de apoio a serviços comuns (contabilidade, consultoria, formação, divulgação de oportunidades) Para além da grande variedade de motivos e objectivos, a cooperação pode assumir diferentes formas e pode ser obtida tanto entre empresas que fazem parte de uma cadeia de valor vertical – ou seja, que não concorrem entre si - como entre empresas que compõem cadeias de valor horizontais. No primeiro caso, criação de uma rede intersectorial, a interacção pode incluir a partilha de informações que possam contribuir para o desenvolvimento de novos produtos ou melhorar a coordenação entre as diferentes fases da cadeia (reduzindo assim os custos). No segundo, criação de uma rede sectorial, o objectivo a atingir poderá ser um maior nível de especialização por empresa, partilha dos gastos com I&D, formação de pessoal, penetração conjunta em novos mercados, desenvolvimento de “marcas” regionais ou obtenção de melhores as condições de compra. A cooperação pode ainda ser classificada em upstream – envolvendo empresas pertencentes a etapas anteriores na cadeia de valor - e downstream – envolvendo empresas pertencentes a estágios | 24 subsequentes na cadeia. Lima e Campos Filho (2009) apresentam um esquema ilustrativo destas diferentes formas: UPSTREAM Investigação & Desenvolvimento Fornecedores Complementares Concorrentes Substitutos DOWNSTREAM VERTICAIS HORIZONTAIS EMPRESAS Marketing Distribuição Clientes Figura 4: Esquema da tipologia das redes (adaptado de Lima e Campos Filho, 2009) | 25 II CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA O presente capítulo visa fornecer uma caracterização global do território de intervenção dando particular enfoque aos aspectos demográficos, recursos humanos e mercados de trabalho, infra-estruturas de apoio à actividade económica e trajectória de competitividade. Esta caracterização socioeconómica pretende evidenciar as dinâmicas actuais do território de intervenção decorrentes da sua localização geográfica, das condições paisagísticas e do seu enquadramento no contexto nacional. Pretende-se, assim, evidenciar as potencialidades e constrangimentos geográficos e empresariais bem como e das fontes de competitividade e atractividade da população face à realidade nacional. Esta caracterização teve como base um conjunto actualizado de informação qualitativa e quantitativa (estatística) recolhida em diversas entidades nacionais devidamente identificadas. II.1 Enquadramento territorial As dinâmicas actuais do território de intervenção decorrem, sobretudo, da sua localização geográfica, das condições paisagísticas e do seu enquadramento no contexto nacional. O espaço territorial de intervenção em análise compreende o espaço geográfico do interior norte e centro de Portugal, identificado e coincidente com os distritos de Vila Real, Bragança, Guarda e Castelo Branco, e por proximidade, alguns concelhos do Douro Sul (Figura 5). O distrito de Vila Real localiza-se na antiga província de Trás-os-Montes e Alto Douro, correspondendo os seus limites a norte com Espanha, a leste com o distrito de Bragança, a sul com o distrito de Viseu e a oeste com o distrito do Porto e com o distrito de Braga. Este distrito subdivide-se nos seguintes catorze municípios: Alijó, Boticas, Chaves, Mesão Frio, Mondim de Basto, Montalegre, Murça, Peso da Régua, Ribeira de Pena, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar e Vila Real. A sede do distrito é a cidade de Vila Real. O distrito de Bragança situa-se no Nordeste Transmontano, pertencente à província tradicional de Trás-os-Montes e Alto Douro. A norte e leste está limitado com Espanha, a sul com o distrito da Guarda e com o distrito de Viseu e a oeste com o distrito de Vila Real. Bragança, sede do distrito, ramifica-se em doze municípios: Alfândega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vimioso e Vinhais. | 26 Viana do C astelo B raga Bragança Vila Real O distrito da Guarda localiza-se no centro do país, correspondendo os seus limites a norte com o P orto distrito de Bragança, a leste com a Espanha, a sul A veiro Viseu Guarda com o distrito de Castelo Branco e a oeste com o distrito de Coimbra e com o distrito de Viseu. Este distrito divide-se nos seguintes catorze municípios: Coimbra Castelo B ranco L eiria Aguiar da Beira, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Santarém Portalegre Gouveia, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal, Seia, Trancoso, Vila Nova de Foz Côa. Lisboa Évora O distrito de Castelo Branco, localizado na região Centro de Portugal, está limitado a norte pelo Setúbal distrito da Guarda, a leste por Espanha, a sul por Beja Espanha e pelos distritos de Portalegre e de Santarém e a oeste com o distrito de Leiria e de Faro Coimbra. Este distrito encontra-se dividido por onze concelhos: Belmonte, Castelo Branco (sede Figura 5: Território de intervenção de distrito), Covilhã, Fundão, Idanha-a-Nova, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova, Sertã, Vila de Rei e Vila Velha de Ródão. Para além destes distritos são ainda englobados no estudo pela proximidade ao distrito de Vila Real e afinidades económicas e geográficas, os seguintes concelhos pertencentes ao distrito de Viseu: Armamar, Lamego, Moimenta da Beira, Penedono, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço e Tarouca. Em termos administrativos, Portugal está dividido em NUTS (Nomenclaturas de Unidades Territoriais para fins Estatísticos) e, neste âmbito, o território em estudo insere-se nas áreas de intervenção das Comissões de Coordenação de duas regiões (NUTS II), Norte e Centro. Por sua vez, os concelhos incorporam um total de nove sub-regiões (NUTS III), sendo três da região Norte (Alto Trás-os-Montes, Douro e Ave) e seis da região Centro (Dão-Lafões, Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Beira Interior Sul e Pinhal Interior Sul). A Figura 6 enquadra o território de intervenção agora numa perspectiva de divisão administrativa. O distrito de Vila Real faz parte da região Norte, onde se divide pelas sub-regiões do Alto Trás-os-Montes, do Douro e do Ave. O distrito de Bragança também integrado na região Norte divide-se em duas sub-regiões: Alto Trás-os-Montes e Douro. Os concelhos abrangidos pela proximidade ao distrito de Vila Real completam a NUT II da região do Douro. As duas principais sub-regiões do Norte conferem características diferenciadas à região onde a paisagem dos planaltos transmontanos contrasta com o vale do rio Douro e dos seus afluentes. | 27 Um dos concelhos da Guarda está incluído na NUT III Douro da região Norte, enquanto os restantes pertencem a três NUT III da região Centro, caracterizada pela sua forte heterogeneidade territorial e pela dicotomia urbano-rural: Beira Interior Norte, Dão- Lafões e Serra da Estrela. Por fim, em Castelo Branco, os onze concelhos agrupamse em três sub-regiões: Beira Interior Sul, Cova da Beira e parte do Pinhal Interior Sul. Na Tabela 1 é possível verificar que a área de intervenção não abrange todos os concelhos das NUTS referidas. Apenas seis sub-regiões se encontram completamente englobadas pelo projecto. A sub-região Pinhal Interior Sul incorpora o concelho de Mação que não se encontra abrangido pelo estudo. Por sua vez, as sub-regiões DãoLafões e Ave apenas se encontram envolvidos de uma forma bastante residual, ou seja apenas pelos concelhos de Mondim de Basto e Aguiar da Beira, Figura 6: Território de intervenção por NUTS III respectivamente. Ao longo deste trabalho, devido à forma de disponibilização da informação, os dados são apresentados e por conseguinte analisados tendo em conta as sete NUTS III mais completas, ou seja, Alto Trás-os-Montes, Douro, Serra da Estrela, Beira Interior Norte, Cova da Beira, Beira Interior Sul e Pinhal Interior Sul. Com esta restrição são omissos os concelhos de Mondim de Basto e Aguiar da Beira e incorporando o concelho de Mação. | 28 Tabela 1: Divisão do território de intervenção por distrito e por NUTS Área territorial de intervenção do projecto NUT II NUT III Concelhos não incluídos Distrito de Vila Real Alto Trás-os-Montes Norte Douro Ave Boticas Chaves Montalegre 1) Ribeira de Pena Valpaços Vila Pouca de Aguiar Alijó Mesão Frio Murça Peso da Régua Sabrosa Santa Marta de Penaguião Vila Real Distrito de Bragança Distrito da Guarda Distrito de Castelo Branco Outros concelhos Alfândega da Fé Bragança Macedo de Cavaleiros Miranda do Douro Mirandela Mogadouro Vila Flor 2) Vimioso Vinhais Carrazeda de Ansiães Freixo de Espada à Cinta Torre de Moncorvo Armamar Lamego Moimenta da Beira Penedono São João da Pesqueira Sernancelhe Tabuaço Tarouca Vila Nova de Foz Côa Cabeceiras de Baixo Fafe Guimarães Cinfães Póvoa do Lanhoso Vieira do Minho Vila Nova de Famalicão Vizela Mondim de Basto 1) Dão-Lafões Centro Serra da Estrela Beira Interior Norte Cova da Beira Carregal do Sal Castro Daire Mangualde Nelas Oliveira de Frades Penalva do Castelo Santa Comba Dão São Pedro do Sul Sátão Tondela Vila Nova de Paiva Viseu Vouzela Aguiar da Beira Fornos de Algodres Gouveia Seia Almeida Celorico da Beira Figueira de Castelo Rodrigo Guarda Manteigas Meda Pinhel Sabugal Trancoso Belmonte Covilhã Fundão Beira interior Sul Castelo Branco Idanha-a-Nova Penamacor Vila Velha de Ródão Pinhal Interior Sul Oleiros Proença-a-Nova Sertã Vila de Rei 1) Até 15 de Abril de 2008, este concelho pertencia à Unidade Territorial do Tâmega. 2) Até 15 de Abril de 2008, este concelho pertencia à Unidade Territorial do Douro. Mação O território de intervenção do estudo ocupa uma superfície de 24.237,6 km2 que representa 27,2% da superfície de Portugal continental (Tabela 2). Alto Trás-os-Montes é a sub-região com maior área dimensional com 8.171,6 km2 que correspondem a 35,7% da área total do território de intervenção. Por sua vez, a sub-região da Serra da Estrela é a mais pequena com apenas 867,8 km2 (aproximadamente 4% do total do território de intervenção). Toda esta área faz fronteira a norte e a este com a Espanha, sendo a fronteira norte delineada pela Serra de Montezinho e parte da fronteira este com a Serra do Mogadouro. Para além destas, ainda se encontram dentro do território várias outras cordilheiras tais como, a Serra do Alvão, a Serra do Marão, a Serra de Bornes, a Serra da Estrela e a Serra da Malcata. | 29 Tabela 2: Área e altitude do território de intervenção, 2008 Altitude Área Máxima 2 Mínima m km Continente 88 971,3 1 993 0 Território de intervenção 20 129,5 1 993 48 Douro 4 108,1 1 416 50 Alto Trás-os-Montes 8 171,6 1 527 150 Pinhal Interior Sul 1 904,8 1 082 48 867,8 1993 175 Beira Interior Norte 4 062,6 1993 125 Beira Interior Sul 3 748,2 1227 50 Cova da Beira 1 374,5 1993 125 Serra da Estrela Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte, 2008 A área fortemente montanhosa existente no norte do país contrasta com a terra verdejante e fértil do Vale da Campeã e os vinhedos em socalco, nas proximidades do Douro. Assim, o distrito de Bragança é composto por duas regiões bastantes diferentes: a norte, as regiões de maior altitude constituem a denominada Terra Fria Transmontana, onde a paisagem é dominada pelos baixos declives do Planalto Trasmontano; e a sul, fica a Terra Quente Trasmontana, de clima mais suave, marcada pelo vale do rio Douro e pelos vales dos seus afluentes. Os espaços de montanha apresentam um modelo de povoamento alicerçado numa rede de lugares isolados de pequena dimensão, perfeitamente individualizados entre si. Estas aldeias serranas pautavam-se pelo princípio da auto-suficiência, imposto pela precariedade das acessibilidades, conciliando, até à década de 50, a agricultura de montanha, a pastorícia e a silvicultura. Esta agricultura, assente na produção extensiva de gado bovino e/ou na policultura, contrastava com a zona mais a sul. Neste caso, a planitude do relevo permitiu a formação de propriedades agrícolas de maior dimensão fortemente capitalizadas, pouco parceladas e com um maior grau de especialização mas onde também se encontra alguma agricultura familiar de pequena escala. Nesta região, ainda hoje é possível contemplar a monocultura da vinha para produção de Vinho do Porto, o azeite, os frutos secos, a castanha, os cereais de sequeiro e a pecuária de ovinos e caprinos. Por sua vez, a região da Beira Interior encontra-se compreendida entre os rios Douro e Tejo e é também uma região com um relevo acidentado, com destaque para a Serra da Estrela, que a neve costuma pintar todos os anos de branco. Porém, a raia norte da Beira Interior está situada num planalto, prolongamento da Meseta Norte, cuja altitude oscila entre os 600 e os 800 m. A zona sul da região está inserida noutro planalto, mais baixo, Planalto de Castelo Branco, com altitudes que oscilam entre os 500 e os 700 m. É banhada por três dos principais rios portugueses, o Douro (no norte do distrito da Guarda), o Mondego (que nasce ao centro, na Serra da Estrela) e o Tejo (a sul do distrito de Castelo Branco). Esta região apresenta uma capacidade florestal, em geral, elevada, mas encontra-se subaproveitada, existindo um excessivo uso agrícola em comparação com as reais aptidões do solo. O subsolo é também muito rico, registando-se explorações de quartzo, feldspato, lepidolite, estanho, volfrâmio, urânio, tungsténio e cobre, e existindo ainda vários depósitos | 30 minerais por explorar. As principais minas da região são as da Panasqueira, no concelho da Covilhã. A exploração de rochas toma também um papel muito importante, principalmente dos granitos amarelos e dos xistos. A propriedade agrícola difere do norte para o sul. Enquanto na Beira Alta predomina a média propriedade rústica, na Beira Baixa surgem já grandes propriedades agrícolas. Ao nível das produções, há a destacar o azeite (olival) e os frutos frescos (cereja e pêssego). A nível industrial salienta-se a indústria de lanifícios e a dos lacticínios, as indústrias extractivas, como por exemplo o ouro, o chumbo, o volfrâmio e o estanho, a indústria do fabrico de papel, pelo facto desta região ser uma das mais ricas em florestas, olivicultura e apicultura. À parte dos núcleos tradicionais baseados no têxtil e alguma indústria alimentar em Castelo Branco (Alcains), o interior só se revitalizou nos anos 60 com a instalação de unidades de montagem de automóveis na Guarda (Renault) e em Mangualde (Citröen), beneficiando da acessibilidade ferroviária e rodoviária a França e a Espanha. Em termos de sistemas de protecção da paisagem, diferenciam-se especialmente a Rede Nacional de Áreas Protegidas e a Rede Natura 2000. Actualmente, a classificação nacional de áreas protegidas integra as designações de parque nacional, parque natural, reserva natural e paisagem protegida. A Rede Nacional de Áreas Protegidas, evidenciada na Figura 7, realça que a região demarcada pelo estudo apresenta uma boa percentagem do total da mesma no continente. Parques Na Naturais região de norte compreende Montesinho e do os Douro Internacional (na fronteira norte e este com Espanha, respectivamente) e a Paisagem protegida da Albufeira do Azibo. Na zona centro circunscreve os Parques Naturais da Serra da Estrela e do Tejo Internacional e a Reserva Natural da Serra da Malcata. No que refere à Rede Natura 20003 (Figura 8), a zona de intervenção abrange cerca de 50% da área protegida. Esta rede ecológica inclui 59 sítios em Figura 7: Rede Nacional de Áreas Protegidas Portugal, mas em muitos casos existe uma sobreposição das duas categorias. 3 A Rede Natura 2000 é um instrumento de relevo para a conservação da natureza e consiste num conjunto de áreas criadas por imposição comunitária, surgidas a partir do contributo individual (e obrigatório) de todos os países membros da União Europeia para uma listagem de áreas que contribuíssem para a preservação de habitats naturais, da fauna e flora, tendo em consideração as exigências económicas, sociais e culturais. | 31 No entanto, tem-se verificado que muitas vezes estas áreas protegidas acabam por resultar em ‘ilhas de protecção’, isoladas territorialmente e sem qualquer tipo de visão estratégica. O seu regime de protecção não concede às populações circundadas a possibilidade de encontrar novas alternativas de desenvolvimento compatíveis com o desejado equilíbrio natural. Por outro lado, a população em geral não está suficientemente informada sensibilizada sobre as e múltiplas Figura 8: Rede Natura 2000 vantagens que podem retirar do facto de estarem integradas num território protegido. II.2 Demografia A trajectória demográfica do território de intervenção reflecte bem a principal característica da região do interior do país. O processo de desertificação tem vindo a intensificar-se nos últimos anos. De 2001 a 2005 a variação percentual da população residente no interior norte e centro foi de -1,4%, com todas as sub-regiões a apresentarem valores negativos a contrariar o crescimento de 2,3% da população residente em todo o continente. No período mais recente, entre 2005 e 2009, o território de intervenção continuou a apresentar uma diminuição da população residente quase duplicando a intensidade do fenómeno, com uma taxa de -3,3%. Ao longo de todo o período de 2001 a 2009, Pinhal Interior Sul apresentou a maior taxa de diminuição (9,4%) logo seguido pela Beira Interior Sul (5,9%) colocando o distrito de Castelo Branco nos lugares cimeiros da tabela dos distritos mais desertificados. Em 2009, residiam na área territorial de intervenção do projecto 778.178 habitantes, que representavam 7,7% da população residente em Portugal continental. O interior norte do país (Alto Trás-os-Montes e Douro) apresentam um total de 420.854 residente, o que corresponde a 54% do total, enquanto a Beira Interior contempla os restantes 46%. Apesar do território de intervenção corresponder a mais de um terço da área de Portugal continental, efeito da desertificação da região fica bem patente ao analisar os valores da densidade populacional. A densidade da totalidade do território é de cerca de 39 hab/km2, o que contrasta fortemente a densidade nacional de 114 hab/km2. Mais uma vez, as sub- | 32 regiões do pinhal Interior Sul e da Beira Interior Sul são as que se apresentam mais abandonadas pela população logo seguida do Alto Trás-os-Montes. Tabela 3: População residente, 2001-2008 Densidade populacional População Residente Tx. Cresc. 05/09 Hab./km 2 2009 10 144 940 0,6 114,0 778 178 -3,3 38,7 -1,6 208 101 -3,4 50,7 219 240 -0,7 212 753 -3,0 26,0 42 125 -4,1 39 805 -5,5 20,9 54,1 Tx. Cresc. 01/05 2009 10 082 154 2,3 804 996 -1,4 219 048 215 527 Alto Trás-os-Montes 220 738 Pinhal Interior Sul 43 913 2001 2005 9 851 424 816 314 Douro Continente Território de intervenção Serra da Estrela 49 179 48 548 -1,3 46 969 -3,3 Beira Interior Norte 113 855 112 114 -1,5 108 006 -3,7 26,6 Beira Interior Sul 77 054 75 282 -2,3 72 471 -3,7 19,3 Cova da Beira 92 527 92 160 -0,4 90 073 -2,3 65,5 Fo nte: INE, Estatísticas Territo riais A densidade média de cada sub-região esconde distintas realidades internas como se pode observar na Figura 9. Em todo o território apenas existem seis concelhos com uma densidade populacional superior a 75 hab/km2, e três deles – Peso da Régua, Mesão Frio e Santa Marta de Penaguião – são de tão reduzida dimensão (total de 190,8 km2) que não apresentam grande relevância. Assim, apenas o concelho de Vila Real (132,2 hab/km2), de Lamego (156,4 hab/km ) e da Covilhã (93,8 hab/km2) 2 apresentam uma densidade próxima da média nacional (114 hab/km2). O distrito mais desertificado e distintivo de zona rural é o de Bragança, em que nenhum concelho densidade populacional apresenta superior uma a 50 hab/km2. Em contrapartida, o distrito de Mais de 75 hab/Km2 ]50,75] ]25,50] Até de 25 hab/Km2 Vila Real apenas apresenta dois concelhos com uma densidade inferior a 25 hab/km2 – Boticas e Montalegre. Figura 9: Densidade populacional no território de intervenção, 2008 | 33 A densidade média dos distritos de Castelo Branco e da Guarda é muito próxima mas observando o mapa são visíveis as diferentes características. O distrito da Guarda apresenta uma significativa mancha mais escura à volta da sua capital de distrito e nos concelhos junto à Serra da Estrela que essencialmente exploram a vertente turística da região. Em contrapartida, a média populacional do distrito da Covilhã resulta essencialmente da grande massa populacional que habita no concelho da Covilhã (e Belmonte), em contraste com os baixos níveis de todos os restantes concelhos. A Covilhã para além de também explorar a sua localização estratégica junto da maior serra de Portugal, atrai mais população em virtude do seu pólo universitário. O decréscimo populacional verificado é demonstrativo dos movimentos de migração interna e externa generalizados a todo o mundo rural, com a saída dos elementos mais jovens e válidos para os pontos de concentração do emprego – as cidades, a faixa litoral e mesmo o estrangeiro. Assim, as aldeias, outrora densamente povoadas, foram progressivamente esvaziadas da sua população, neste caso específico com particular relevo para a concentração demográfica nas sedes concelhias com forte cariz administrativo do interior. O facto de dois ou três concelhos de cada distrito representarem cerca de 50% da população residente é bastante indicativo desse aspecto: • distrito de Vila Real: Vila Real e Chaves: 43,7%; • distrito de Bragança: Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros: 54,5%; • distrito de Guarda: Guarda, Seia e Gouveia: 50,6%; • distrito de Castelo Branco: Castelo Branco, Covilhã e Fundão: 69,4%. Assim, toda a região se caracteriza por ter uma distribuição da população onde prevalecem os lugares de pequena dimensão à excepção dos concelhos acima identificados que apresentam aglomerados populacionais de maior dimensão. De uma forma geral, é possível observar uma grande mancha de baixa densidade ao longo de toda a zona fronteiriça com Espanha que abrange todos os distritos de intervenção deste estudo. Também no que diz respeito às taxas de natalidade e mortalidade, a área de intervenção apresenta uma tendência de envelhecimento da população bastante superior à que se verifica em Portugal continental. Enquanto, no ano de 2009, Portugal continental apresentou um excedente de vida quase nulo, todas as sub-regiões do estudo apresentam valores negativos com taxas de mortalidade superiores entre 5‰ e 13,2‰ às taxas de natalidade. Este excedente de vida negativo é indicativo do forte envelhecimento da população. | 34 Tabela 4: Excedente de vida no território de intervenção, 2001-2009 Taxa de natalidade (‰) Taxa de mortalidade (‰) Excedente de vida (‰) 2001 2005 2009 2001 2005 2009 2001 2005 2009 Continente 10,8 10,3 9,3 10,2 10,2 9,8 0,6 0,1 -0,5 Douro 9,5 7,7 6,9 12,5 12,9 11,8 -3,0 -5,2 -4,9 Alto Trás-os-Montes 7,5 6,9 5,9 13,2 13,5 12,9 -5,7 -6,6 -7,0 Pinhal Interior Sul 6,5 6,3 5,5 18,3 20,0 18,7 -11,8 -13,7 -13,2 Serra da Estrela 7,0 6,9 5,7 15,3 15,7 15,8 -8,3 -8,8 -10,1 Beira Interior Norte 8,0 7,3 6,3 14,1 14,5 14,7 -6,1 -7,2 -8,4 Beira Interior Sul 8,2 7,8 7,7 16,0 17,7 15,9 -7,8 -9,9 -8,2 Cova da Beira 8,2 7,6 6,8 12,3 12,1 12,4 -4,1 -4,5 -5,6 Fonte: INE, Estatísticas Territoriais Entre o período de 2001 a 2009, o movimento natural populacional foi tendo sempre uma evolução negativa com a taxa de natalidade a diminuir em todas as sub-regiões, tal como a nível nacional. Por sua vez, a taxa de mortalidade, de 2001 a 2005, subiu em todas as subregiões (excepto na Cova da Beira), imitando a média nacional. No entanto, nos últimos anos essa tendência já foi revertida em quase todas as zonas (exceptuam-se a Serra da Estrela, a Beira Interior Norte e a Cova da Beira). De realçar o facto do excedente de vida na Serra da Estrela e no Pinhal Interior Sul já se apresentar com um valor negativo de dois dígitos, evidenciando a existência de uma população muito envelhecida. A estrutura etária do território de intervenção também reflecte bem este fenómeno (Figura 10). As principais características são: i) o estrato da população mais jovem (0-14 anos) representa pouco mais do que um décimo da população residente em todas as sub-regiões; ii) o escalão de maior idade (mais de 65 anos) compreende entre 20 a 30% da população residente; iii) o grande grupo etário, representando uma fatia de cerca de 50% é a população residente pertencente ao grupo dos 25 aos 64 anos. 100% 80% 60% 65 e mais anos 25 - 64 anos 15 - 24 anos 0 - 14 anos 40% 20% 0% Continente Douro Alto Trás-osMontes Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira Figura 10: Estrutura etária da população no território de intervenção, 2009 | 35 Ao longo dos últimos anos, torna-se relevante o aumento considerável da população idosa resultante (Tabela 5), quer de uma tendência de envelhecimento natural da população, como também, consequência da melhoria das condições de vida (assistência médica, social, etc.). Por sua vez, a população da camada etária mais nova decresce devido a uma tendencial e contínua diminuição da natalidade já anteriormente referida. Um facto que importa salientar é o aumento significativo de quase 5% na maior faixa da população activa, dos 25 aos 64 anos, em cada sub-região. Tabela 5: Distribuição etária, 2001-2009 Grupo etário Ano 0 - 14 anos 15 - 24 anos 25 - 64 anos 65 e mais anos % Continente Douro Alto Trás-os-Montes Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira 2009 15,06 10,96 55,86 18,12 2001 15,68 13,69 53,93 16,70 2009 13,00 11,66 54,78 20,55 2001 15,18 14,79 50,29 19,74 2009 11,04 10,94 53,51 24,51 2001 13,27 14,04 50,05 22,65 2009 10,27 9,85 49,54 30,34 2001 11,71 11,90 45,80 30,59 2009 10,80 11,19 54,25 23,76 2001 13,19 13,37 49,85 23,57 2009 11,60 10,74 52,18 25,47 2001 13,18 12,80 48,57 25,42 2009 11,67 9,36 51,59 27,38 2001 11,92 11,29 48,96 27,83 2009 12,24 10,64 54,37 22,76 2001 13,73 12,96 51,82 21,50 Fonte: INE, Estatísticas Territoriais Tendo por base os índices da Tabela 6 é possível tecer mais algumas considerações sobre a evolução de alguns indicadores demográficos, igualmente pertinentes para a análise sobre a distribuição populacional por estratos etários. Através do Índice de Envelhecimento que relaciona os activos mais velhos e os mais novos obtém-se indicações sobre a capacidade que as gerações mais recentes têm, de vir a substituir as mais antigas. Quanto menor o valor deste índice mais probabilidades existem de ser garantida a substituição da geração criadora. Uma vez que este indicador apresenta uma relação muito superior a 100% em todas as sub-regiões e com um crescimento nos últimos anos, a substituição pode considerar-se em risco. | 36 Tabela 6: Índices demográficos do território de intervenção, 2001-2009 Ano Índice de envelhecimento Índice de dependência de jovens Índice de dependência de idosos Índice de dependência total 2009 120,3 22,6 2001 27,1 49,7 106,5 23,2 24,7 47,9 2009 158,1 19,6 30,9 50,5 2001 130,0 23,3 30,3 53,6 2009 222,0 17,2 38,0 55,2 2001 170,7 20,7 35,3 56,0 2009 295,4 17,3 51,1 68,4 2001 261,2 20,3 53,0 73,3 2009 220,1 16,5 36,3 52,8 2001 178,7 20,9 37,3 58,1 2009 219,5 18,4 40,5 58,9 2001 192,8 21,5 41,4 62,9 2009 234,5 19,2 44,9 64,1 2001 233,6 19,8 46,2 66,0 2009 185,9 18,8 35,0 53,8 2001 156,6 21,2 33,2 54,4 % Continente Douro Alto Trás-os-Montes Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira Fonte: INE, Estatísticas Territoriais Por sua vez, o Índice de Dependência Total relaciona o quantitativo das pessoas que, na sua maioria, não produz riqueza (jovens e idosos), com o extracto da população em idade de produzir (população activa, que corresponde às idades compreendidas em os 14 e 65 anos), evidenciando tanto maior desequilíbrio, quanto maior for o seu índice. Este resulta da combinação do índice de dependência dos jovens e dos idosos em que cada um deles apresenta uma relação inversa em relação ao valor nacional. Ou seja, enquanto o índice de dependência dos jovens é inferior, o índice de dependência dos mais idosos é bastante superior. Os valores apresentados realçam, em todas as regiões, um índice de dependência total superior ao índice de Portugal continental mas com uma tendência de descida que deriva essencialmente da descida do índice de dependência dos jovens. Os valores revelam que no interior norte e centro a população inactiva corresponde em média a cerca de 55% da população activa. De uma forma sumária, o modelo demográfico e territorial da área de intervenção pode ser caracterizado por uma situação estrutural de diminuição significativa da população, com uma componente natural fortemente negativa (consequência de fortes processos emigratórios) e um grau de envelhecimento da população muito acentuado provocando a desvitalização social das comunidades locais. Estes comportamentos demográficos associados à desertificação de amplas zonas do território originam atrasos económicos estruturais, pois o envelhecimento da população está intimamente ligado ao declínio da actividade económica e à concentração populacional num número reduzido de centros urbanos. | 37 II.3 Recursos humanos e mercado de trabalho A análise do nível de habilitações do capital humano no tecido empresarial reveste-se de particular importância na medida em que constitui um dos elementos principais do desenvolvimento social e económico de uma dada região. Deste modo efectuou-se uma caracterização habilitacional dos trabalhadores por conta de outrem nos estabelecimentos das várias sub-regiões e avaliou-se o seu posicionamento no contexto nacional. A estrutura de habilitações dos trabalhadores por conta de outrem (TCO) nos estabelecimentos das várias sub-regiões em 2007 reflecte ainda fortes debilidades estruturais de qualificação (Figura 11), tais como: • cerca de 50% da população empregada por conta de outrem detém apenas instrução ao nível do 2º ciclo do ensino básico; • cerca de 70% apresenta como instrução máxima o ensino básico; • apenas 10% se qualifica ao nível do ensino superior. Estes valores apresentam uma realidade ligeiramente mais debilitada quando comparada com a realidade do país. 100% Doutoramento 90% 80% Mestrado 70% Licenciatura 60% 50% Bacharelato 40% Ensino secundário 30% 3º ciclo do ensino básico 20% 2º ciclo do ensino básico 10% 0% 1º ciclo do ensino básico Douro Alto Trás- Pinhal os-Montes Interior Sul Serra da Beira Estrela Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Continente Beira Inferior ao 1º ciclo do ensino básico Figura 11: TCO por nível de escolaridade, 2007 Estes valores são o reflexo de níveis de habilitação académica da população trabalhadora consideravelmente baixos. Esta é uma realidade que as políticas do Governo tentam inverter através da promoção de diversas estratégias com o objectivo de melhorar os níveis de habilitação da população. Os movimentos migratórios, ainda para mais associados à alteração da estrutura etária, com acentuada baixa de natalidade e aumento da esperança de vida, levam a que vastas zonas | 38 rurais não tenham recursos humanos com dimensão crítica para iniciarem um processo de desenvolvimento necessitando, para isso, de um apoio externo (não meramente financeiro) para inverterem o processo de declínio que, deixado livre, conduzirá à desertificação de grandes áreas de território da região. II.4 Acessibilidades e infra-estruturas de apoio à actividade económica As acessibilidades e infra-estruturas de apoio à actividade económica constituem elementos cruciais para a fixação da população e para o desenvolvimento do tecido empresarial de uma dada região. II.4.1 Rede rodoviária No que diz respeito às acessibilidades pode dizer-se que o interior norte e centro sofreram na última década uma grande melhoria nos vários itinerários. Em 2005, a taxa de execução do Programa Nacional Rodoviário (PRN) era de 50% sendo actualmente de 62%. Em 2009, o Governo lançou um novo programa de concessões rodoviárias que resultaria numa taxa de concretização próxima dos 75%. Entre outros objectivos, era anunciada a ligação de todas as capitais de distrito do interior por autoestrada. Importa realçar que 70% da totalidade dos quilómetros dessas novas concessões se situa em Trás-os-Montes, Alto Douro, Centro Interior e Alentejo, sendo 54% a concretizar nos distritos de Bragança, Vila Real, Guarda e Coimbra. Nos mapas da Figura 12 apresentam-se as mais recentes obras rodoviárias no território de intervenção. As principais infra-estruturas rodoviárias da região do interior norte de acordo com o Plano Rodoviário Nacional em vigor são as seguintes: • a auto-estrada A24 que faz a ligação de Chaves (e daí à fronteira com a Galiza) a Viseu, passando por Vila Real; • o itinerário principal IP4, que liga a região do grande Porto ao importante nó rodoviário de confluência localizado em Burgos (Espanha), passando por Vila Real e Bragança. Este eixo está a sofrer intervenções de forma a ser transformado em autoestrada (A4). De momento, apenas falta terminar o troço do “Túnel do Marão” e da “Auto-estrada Transmontana”; • o itinerário principal IP2 que liga Bragança a Faro pelo interior do país; • o itinerário complementar IC5, eixo que liga Vila Flor a Miranda do Douro. | 39 Túnel do Marão Auto-estrada Transmontana Pinhal Interior Douro Interior Fonte: MOPTC Figura 12: Concessões actualmente adjudicadas no território de intervenção Na região do interior centro as principais infra-estruturas rodoviárias são: • a auto-estrada A25 que faz a ligação de Aveiro a Espanha (por Vilar Formoso) passando por Viseu e Guarda; • a auto-estrada A23 que liga Guarda a Torres Novas por Castelo Branco. Esta é a principal ligação a Lisboa, com confluência na A1. Esta auto-estrada tem ainda ligações com o itinerário complementar IC8 que liga ao litoral centro (Figueira da Foz). A próxima concessão a afectar a região será a Concessão Serra da Estrela cuja maioria das vias será objecto de requalificação, tendo em vista a modernização da actual rede de estradas, melhorando os seus níveis de conservação e de comodidade de circulação. Esta futura concessão integra os seguintes itinerários: • Itinerário Complementar (IC) 6, entre Tábua e Covilhã (IP2/A23); • IC7, entre Oliveira do Hospital (IC6) e Fornos de Algodres (IP5/A25); | 40 • IC37, entre Viseu (IP5/A25) e Seia (IC7); • Estrada Nacional (EN) 231, troço em serviço entre Seia (IC7) e Trigais (IC6); • EN232, troço em serviço entre Mangualde (IC12) e Belmonte; • Estrada Regional (ER) 338, troço em serviço entre Vide (IC6) e Manteigas (entroncamento da EN232); • ER339, troço em serviço entre Seia e Lagoa Comprida e entre Nave e Covilhã; • EN345, Ligação de Belmonte ao IP/A23. Assim, a requalificação/modernização e construção dos itinerários rodoviárias no território em análise permitirá não só reforçar as suas condições de acessibilidade como também ultrapassar alguns dos constrangimentos de infra-estruturas que têm condicionado não só a sua ligação inter-urbana e inter-regional como também a Espanha. II.4.2 Rede ferroviária Os distritos de Vila Real e Bragança encontram-se muito pouco providos de linhas ferroviárias (Figura 13). A estação de Bragança encontra-se encerrada desde o início da década de 90. A única ligação é feita através de uma linha da rede secundária conhecida como a Linha do Tua. Ultimamente esta ligação tem sido mais utilizada para fins turísticos uma vez que atravessa todo o leito do rio ladeados pelos socalcos de vinha bem conhecidos daquela região ou decorados pelas amendoeiras em flor. O distrito da Guarda é atravessado pela Linha da Beira Alta (da rede principal) que segue até ao país vizinho por Vilar Formoso. Esta linha faz ligação à Linha do norte e tem um serviço de linha internacional – SudExpress – que segue até França. A estação da Guarda é também um dos extremos da Linha da Beira Baixa que atravessa verticalmente o distrito de Castelo Branco e encontrando a Linha do Norte no Entroncamento. As estruturas ferroviárias estão localizadas sobretudo na região centro (Linha da Beira Alta e da Beira Baixa) e que efectuam ligação ao país vizinho. Apesar das principais linhas ferroviárias não servirem a região interior norte da área de intervenção a linha secundária do Tua é um potencial pólo dinamizador do turismo nesta região. | 41 Fonte: REFER Figura 13: Rede ferroviária nacional II.4.3 Telecomunicações A adjudicação dos contratos das Redes de Nova Geração (RNG) para as zonas Norte, Centro e Alentejo e Algarve foi assinada no dia no 6 de Fevereiro de 2010. Trata-se de um investimento de 156,5 milhões de Euros, que irá dotar estas zonas de redes de comunicações electrónicas de alta velocidade, abrangendo mais de um milhão de pessoas, prevendo o Governo a criação de 20.000 postos de trabalhos induzidos. Para além dos objectivos sociais, as RNG também promovem a criação de uma nova geração de infra-estruturas que terá de suportar a nova Economia e as novas necessidades, quer sociais, quer a nível da educação e desenvolvimento da nova Sociedade da Informação e do Conhecimento, pela promoção da adopção massificada de acessos de elevado débito à Internet e desenvolvimento de aplicações avançadas, com vista à ligação de 1 milhão de | 42 utilizadores a Redes de Nova Geração até 2010, bem como a ligação de todas as escolas do ensino básico e secundário e de todos os serviços públicos de justiça a RNG até 2010. A implementação das RNG nas zonas rurais, e que incluem os quatro distritos da área de intervenção, contribuirá, assim, para a igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos, promovendo-se decisivamente a info-inclusão e a valorização do capital humano e contribuindo para que, a prazo, possam surgir externalidades na política de desenvolvimento rural, no plano do emprego, do crescimento, da competitividade e da sustentabilidade das indústrias sedeadas nestas áreas. II.4.4 Infra-estruturas industriais O carácter fronteiriço da área de intervenção, a proximidade com Espanha e a confluência de importantes eixos rodoviários e ferroviários, são o suporte ao desenvolvimento e apoio do comércio internacional, particularmente do Ibérico. Neste sentido, a partilha de recursos e de objectivos comuns conduziu ao aparecimento de projectos estruturantes, as plataformas logísticas transfronteiriças na região norte e centro, que são uma componente estratégica para o desenvolvimento económico-social da região. As áreas logísticas regionais, da qual fazem parte uma área de localização empresarial, de infra-estruturas de transporte e de centro de serviços de suporte, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento económico da região onde estão inseridas e na maximização das trocas comercias com o exterior, principalmente no eixo Portugal-EspanhaEuropa. A plataforma logística de Chaves, criada para dar apoio ao Parque empresarial de Chaves e ao sul da Galiza, abrange uma área de terreno de cerca de 100 hectares e situa-se numa zona de fronteira (a 12 km da A52 – Autovia das Rias Baixas/Verin) e junto ao nó da autoestrada A24, o que lhe permite uma fácil ligação a toda a rede de auto-estradas de Portugal e Espanha. Esta infra-estrutura com uma área logística de multifunções, de transformação e de serviços de apoio a empresas e veículos permite potenciar a economia de Trás-os-Montes e facilitar o transporte da produção da indústria local bem como organizar fluxos logísticos através da convergência de operadores logísticos da região. No distrito da Guarda, também existe uma Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial, uma área infra-estruturada de raiz com cerca de 96 hectares, de cariz logístico-industrial onde a actividade de armazenagem e produção tem condições óptimas do ponto de vista da distribuição Ibérica, não só pela confluência das várias vias rodoviárias e ferroviárias, mas também pela posição intermédia entre Lisboa-Madrid e Aveiro-Madrid, sendo de todas as passagens fronteiriças aquela que proporciona o menor e mais rápido trajecto em direcção ao centro da Europa. Esta plataforma transfronteiriça procura dinamizar a economia regional | 43 e proporcionar a captação de fluxos e investimentos industriais através de uma estrutura de funcionamento organizada de serviços, tendo a logística como o sector âncora. As referidas infra-estruturas constituem, assim, condições de atractividade e de fixação de novas empresas, sobretudo nos distritos onde estão localizadas. II.4.5 Infra-estruturas turísticas Toda a zona de intervenção do projecto é repleta de características intrínsecas que representam um conjunto imenso de potencialidades para o desenvolvimento turístico, tais como por exemplo os parques naturais. No que respeita às infra-estruturas turísticas, é possível analisar que qualquer um dos distritos se encontra muito aquém das suas possibilidades. Na região Norte do país, onde existe um total de 465 estabelecimentos hoteleiros (hotéis, pensões e outros), apenas 95 se encontram nas sub-regiões do Douro (34) e Alto Trás-osMontes (61), representando assim 20,4% do total de estabelecimentos e 16,3% da capacidade de alojamento. Já na região Centro, dos 423 estabelecimentos apenas 64 se situam no interior, representando um total de 15,1% do total de estabelecimentos e 15,3% da capacidade de alojamento. Tabela 7: Infra-estruturas turísticas na área de intervenção, 2008 Hotéis Pensões Outros estabelecimentos Estabelecimentos Continente 567 115 839 770 37 413 428 83 561 1 765 236 813 Norte 136 22 677 266 11 857 63 4 283 465 38 817 Centro 162 23 272 208 10 660 53 4 216 423 38 148 Território de intervenção 45 6563 89 4408 25 1176 159 12147 Douro 9 1198 20 899 5 216 34 2313 Alto Trás-os-Montes 10 1680 44 2043 7 290 61 4013 Pinhal Interior Sul 1 173 3 97 2 111 6 381 Serra da Estrela 2 251 2 52 1 104 5 407 Beira Interior Norte 7 896 12 618 4 147 23 1661 Estabelecimentos Capacidade de alojamento Total Capacidade de alojamento Estabelecimentos Capacidade de alojamento Estabelecimentos Capacidade de alojamento Beira Interior Sul 6 741 6 503 3 136 15 1380 Cova da Beira 10 1624 2 196 3 172 15 1992 Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte 2008. Dadas as potencialidades paisagísticas e de património histórico da área de intervenção o esforço do aumento da representatividade das infra-estruturas turísticas deve passar pela diferenciação da oferta baseada na qualidade e na integração desta fileira com a natureza, nomeadamente nas suas vertentes de agro-turismo, turismo rural e cinegético e turismo de natureza. | 44 II.4.6 Estabelecimentos de ensino superior Aos estabelecimentos de ensino superior pode ser associada uma capacidade polarizadora e dinamizadora do desenvolvimento económico. Ao nível de ensino superior, Vila Real possui a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e uma Escola Superior de Enfermagem (privada). A destacar, ainda o Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento (Cetrad), o Centro de Investigação e de Tecnologias Ambientais e Biológicas (CITAB) e o Centro de Genómica e Biotecnologia (CGB), da UTAD que devido às suas vertentes de investigação têm uma contribuição importante no desenvolvimento económico e produtivo regional. Em Bragança, o ensino superior é ministrado na Escola Superior Agrária, Escola Superior de Educação, Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo (Mirandela) e Escola Superior de Saúde que integram o Instituto Politécnico de Bragança e em estabelecimentos privados em Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros. O Instituto Politécnico da Guarda integra a Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto, a Escola Superior de Tecnologia e Gestão, a Escola Superior de Saúde e a Escola Superior de Turismo e Hotelaria (Seia). O ensino superior no distrito de Castelo Branco é ministrado na Universidade da Beira Interior (Covilhã) e no Instituto Politécnico de Castelo Branco (Escola Superior Agrária, Escola Superior da Saúde, Escola Superior de Artes Aplicadas, Escola Superior de Educação, Escola Superior de Gestão (Idanha-a-Nova) e Escola Superior de Tecnologia). Um dos Centros de investigação da Universidade da Beira Interior, Núcleo de Estudo em Ciências Empresariais (NECE) que desenvolve trabalho na área da gestão, economia e marketing é, certamente, um pólo dinamizador do tecido empresarial da região. A acrescentar a este surgiu também recentemente o Centro Tecnológico Alimentar de Castelo Branco que é uma infra-estrutura equipada com tecnologia de ponta e onde ficará alojado o cluster agroindustrial que pretende dar resposta a novos desafios do sector agro-alimentar da região centro. Paralelamente ao ensino superior a área de intervenção apresenta um número considerável de estabelecimentos de ensino técnico profissional que continua a apresentar uma grande importância funcional, na medida em que prepara mão-de-obra especializada para os níveis intermédios do mercado de trabalho e minimiza os processos negativos associados ao desemprego. | 45 II.4.7 Organismos de apoio Na área de intervenção existem várias associações empresariais, geralmente, direccionadas para um determinado sector de actividade e para áreas geográficas delimitadas. No entanto, em cada distrito da área de intervenção existe, ainda, uma associação empresarial multisectorial, de carácter horizontal, que representa empresas e empresários de todos os sectores de actividade do distrito, a saber: NERVIR – Associação Empresarial (Vila Real), NERBA – Associação Empresarial (Bragança), NERGA – Associação Empresarial (Guarda) e NERCAB – Associação Empresarial (Castelo Branco). Estas organizações constituem, deste modo, um pilar fundamental para o desenvolvimento das actividades económicas nos domínios técnico, económico, comercial e associativo da região onde se inserem. Apesar das suas missões e objectivos específicos estas associações desenvolvem actividades em diversos domínios que, para além da representação dos interesses dos empresários, permitem a difusão de informação e a própria dinamização e fortalecimento do tecido empresarial das regiões onde estão inseridas, no sentido de maior abertura ao exterior. A concretização destes objectivos passa pela criação de infra-estruturas de apoio, pela assinatura de protocolos e de colaboração entre diferentes entidades, pela realização de diversos projectos, pelo fornecimento de apoios e serviços às empresas da região nas áreas técnicas e de consultoria e pela promoção de certames, feiras, encontros, entre outros eventos. II.5 Trajectória de competitividade Com a análise da trajectória da competitividade da região do interior norte e centro pretende detectar-se alguns fenómenos de divergência ou convergência entre as sub-regiões englobadas no território e em Portugal continental, tendo por base o PIB per capita. Tal como se observa na Figura 14, 16 foi a sub-região do território em análise 14 que apresentou um PIB per capita mais elevado (13,4 milhares de euros/hab) enquanto a sub-região com um PIB per capita mais baixo foi a Serra da Estrela (9,2 milhares de euros/hab). Em termos nominais, o PIB das sub-regiões do Norte contribuiu com 2,7% para o PIB nacional enquanto a totalidade das sub-regiões do Centro deu um contributo de 2,5%. PIB (milhares de euros) durante o ano 2007, a Beira Interior Sul 12 10 8 6 4 2 0 Continente Douro Alto TrásPinhal os-Montes Interior Sul Figura 14: PIB per capita, 2008 Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira | 46 A Tabela 8 apresenta os valores do PIB per capita referentes às sub-regiões do território em análise no período 2000 a 2008. As duas sub-regiões do Norte apresentam em todos os anos valores muito semelhantes. Na região Centro, destaca-se pela positiva a Beira Interior Sul e pela negativa a Serra da Estrela. A sub-região Beira Interior Sul apresenta, ao longo do período em questão, os valores mais elevados para este indicador, tendo em 2005 apresentado a maior subida. Contudo, esta melhoria do nível de vida regional resulta, em parte, da redução da população residente verificada na região. Tabela 8: Evolução do PIB per capita 2000-2008 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Continente 11,9 12,5 13,0 13,2 13,6 14,0 14,6 15,3 15,6 Território de intervenção 7,6 8,1 8,4 8,7 9,2 9,8 10,3 10,8 10,9 Douro 7,2 8,0 8,2 8,5 8,8 9,4 10,0 10,6 10,7 Alto Trás-os-Montes 7,4 7,8 8,0 8,4 9,1 9,6 10,1 10,6 10,5 Pinhal Interior Sul 7,0 7,4 7,7 8,6 9,1 9,7 11,0 11,4 11,3 Serra da Estrela 6,3 6,7 7,3 7,9 8,3 8,5 8,8 9,0 9,6 Beira Interior Norte 7,9 8,3 8,6 8,9 9,3 9,8 10,3 10,6 10,9 Beira Interior Sul 10,2 10,5 10,8 11,2 11,5 12,4 12,8 13,5 13,7 Cova da Beira 7,8 8,2 8,4 8,3 8,8 9,5 10,0 10,3 10,5 Fonte: INE, Contas Regionias, 2008 Para melhor compreender a evolução do PIB per capita é possível decompor este indicador nos seus dois determinantes: um indicador produtividade (Tabela 9) e a taxa de utilização dos recursos humanos (Tabela 10). Para que uma região seja competitiva, deverá atingir um nível relativamente elevado de produtividade e uma quantidade satisfatória de postos de emprego ocupados. Durante o período 2000 a 2008, o PIB criado por empregado apresentou uma evolução bastante favorável tendo vindo sempre a aumentar em todas as sub-regiões muito embora a uma taxa de crescimento bastante inconstante e com pouca correlação ao valor médio nacional. O indicador de produtividade expressa valores muito próximos em todas a subregiões. Não obstante, em 2008, as sub-regiões menos produtivas foram o Pinhal Interior Sul (17,4 euros/empregado) e a Beira Interior Norte (18,1 euros/empregado) enquanto que as mais produtivas foram a Serra da Estrela (22,8 euros/empregado) e o Douro (22,1 euros/empregado). Por outro lado, tem-se verificado um comportamento pouco dinâmico das sub-regiões nos últimos dois anos. Tabela 9: Evolução da Produtividade 2000-2008 2000 2001 2002 Continente 24,2 25,2 26,1 2003 2004 2005 2006 2007 2008 26,9 28,0 29,1 30,1 31,6 32,1 15,4 16,1 16,9 17,3 18,2 19,1 20,0 20,8 20,9 Douro 16,4 17,1 17,7 17,8 18,6 19,6 20,8 21,9 22,1 Alto Trás-os-Montes 16,1 16,6 17,7 18,7 19,5 19,9 21,1 22,2 21,8 Pinhal Interior Sul 12,1 12,5 13,2 14,4 14,9 15,9 17,5 17,8 17,4 Serra da Estrela 14,3 15,3 16,8 17,8 19,0 19,9 21,0 21,3 22,8 Beira Interior Norte 13,8 14,2 15,0 15,5 16,2 16,8 17,5 17,8 18,1 Beira Interior Sul 17,6 17,9 18,4 18,5 19,1 20,4 20,8 21,6 21,8 Cova da Beira 14,6 15,7 16,4 16,4 17,4 19,2 19,3 20,1 20,5 Território de intervenção Fonte: INE, Contas Regionias, 2008 | 47 Para a maioria das sub-regiões, o indicador emprego/população (Tabela 10) apresenta valores relativamente próximos ou mais favoráveis do que o continente. Efectivamente as sub-regiões do Pinhal Interior Sul e da Beira Interior Sul apresentam desde 2004 taxas superiores a 60% enquanto o continente não supera os 50%. Estes valores elevados indiciam um processo de utilização mais intensa dos recursos humanos. As únicas subregiões que apresentam taxas ligeiramente inferiores à média nacional são o Alto Trás-osMontes e a Serra da Estrela. Mais preocupante do que o valor de 2008, é a tendência decrescente que teve início em 2006 que é indício de uma menor utilização dos recursos humanos. Tabela 10: Evolução da relação Emprego/Residentes 2000-2008 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Continente 49,1 49,7 49,6 49,0 48,6 48,3 48,4 48,3 48,5 Território de intervenção 49,5 50,5 49,8 50,3 50,5 51,4 51,6 51,7 52,0 Douro 44,2 46,5 46,5 47,9 47,3 48,2 48,1 48,3 48,5 Alto Trás-os-Montes 45,7 46,8 45,5 45,0 46,3 48,5 47,7 47,7 48,0 Pinhal Interior Sul 58,3 59,3 58,7 59,9 60,6 60,9 63,3 64,0 64,7 Serra da Estrela 44,2 43,7 43,3 44,5 43,6 42,8 42,0 42,1 42,3 Beira Interior Norte 57,5 58,0 57,0 57,5 57,3 58,5 58,8 59,3 59,8 Beira Interior Sul 57,8 58,7 58,9 60,4 60,3 60,6 61,7 62,2 62,9 Cova da Beira 53,5 52,2 51,1 50,3 50,3 49,4 51,6 50,9 51,1 Fonte: INE, Contas Regionias, 2008 As trajectórias de competitividade indicam que, de uma forma geral, as sub-regiões apresentam uma evolução similar em relação à intensidade de utilização dos recursos, apresentando, no entanto, desequilíbrios na sua tradução em produtividade. Por outro lado, constata-se que, no período em análise, a percentagem de utilização de recursos humanos nas sub-regiões é ligeiramente superior ao continente (referência) enquanto que a produtividade é cerca de 10 unidades abaixo da referência. Deste modo, a utilização ligeiramente mais intensa dos recursos humanos no território de intervenção não se traduz no aumento da eficiência produtiva. | 48 | 49 III CARACTERIZAÇÃO DO TECIDO EMPRESARIAL Neste capítulo pretende analisar-se a estrutura do tecido empresarial e produtiva do território de intervenção. Para tal, avalia-se a estrutura dimensional das empresas sedeadas e ainda a expressividade dos diversos sectores de actividade tendo em consideração tanto a sua representatividade no que respeita ao número de empresas e nível de empregabilidade como ao volume de negócios. Após a identificação dos sectores de actividade mais representativos no território de intervenção efectuou-se uma análise mais detalhada desses sectores de modo a compreender as suas características intrínsecas e o seu potencial para dinamizar redes de cooperação empresarial. III.1 Estrutura dimensional e distribuição espacial As regiões do interior norte e centro apresentavam, em 2008, 64.814 empresas sedeadas que mantinham ao serviço 156.526 pessoas (sendo cerca de 70% trabalhadores por conta de outrem). Através dos mapas apresentados na Figura 15 é possível aferir que, em relação ao número de empresas e de estabelecimentos, os distritos de Bragança e da Guarda situam-se no escalão mais baixo logo seguidas por Vila Real e Castelo Branco. No entanto, no que diz respeito ao número de pessoas ao serviço, Bragança consegue obter um lugar no escalão mediano da escala enquanto que Vila Real e Castelo Branco descem para o último escalão. Fonte: GEP, Quadros de Pessoal, 2008. Figura 15: Distribuição das empresas, estabelecimentos e pessoas ao serviço por distrito, 2008 | 50 Em termos da estrutura dimensional, a totalidade da região é caracterizada maioritariamente por microempresas (até 9 trabalhadores), com um número médio de 3 trabalhadores, as quais representam cerca de 97% em relação ao total das empresas existentes nesta região (Tabela 11). Esta proporção verifica-se sensivelmente em todos as sub-regiões e não dista muito do peso das microempresas a nível de Portugal continental (atingiu em 2007 cerca de 95,5%). Importa realçar o peso das empresas individuais no total de empresas sedeadas que apresenta o valor mais baixo no Pinhal Interior Sul com 69,2% e o valor mais alto no Alto Trás-os-Montes com 77,6% (em termos nacional o valor é de 68,3%). As empresas de dimensão superior a 50 trabalhadores não chegam a representar 0,5% do número de empresas instaladas. Em termos absolutos, representam apenas 200 empresas (destas apenas 13 apresentam mais de 250 trabalhadores), dispostas 77 pelas sub-regiões do Norte e 110 pelas do Centro. Em termos de volume de negócios, em 2007, as empresas da região realizaram, em média, aproximadamente 132,7 milhares de euros. No entanto, é de salientar o facto de que, apesar de serem muito poucas as grandes empresas, as quatro maiores são as responsáveis por uma parte substancial deste volume de facturação; por exemplo na Serra da Estrela as quatro maiores empresas facturam um quarto do total. Tabela 11: Distribuição das empresas por dimensão, 2007 Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Núm ero de em presas Menos de 10 Tx. Cresc. 05/07 (%) 10-49 50-249 250 ou m ais Concentração do volum e de negócios das 4 m aiores em presas m ilhares de euros % 5,3 2005 2007 1 016 997 1 058 668 4,1 95,46 3,91 0,55 0,08 322 63 347 65 374 3,2 96,95 2,75 0,28 0,02 0,0 --- Douro 15 968 16 538 3,6 97,01 2,73 0,25 0,02 123,5 9,0 Alto Trás-os-Montes 17 222 17 950 4,2 97,62 2,18 0,20 0,01 121,9 9,9 Pinhal Interior Sul 3 387 3 300 -2,6 96,12 3,40 0,48 0,00 157,4 10,8 Serra da Estrela 3 549 3 683 3,8 95,98 3,70 0,30 0,03 133,2 25,8 Beira Interior Norte 9 063 9 310 2,7 96,86 2,82 0,31 0,01 145,0 13,8 Beira Interior Sul 6 508 6 691 2,8 96,94 2,70 0,34 0,01 137,2 14,3 Cova da Beira 7 650 7 902 3,3 96,22 3,31 0,39 0,08 146,8 13,0 Continente Território de intervenção 2007 (%) Volum e de negócios m édio por em presa Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas No que respeita à capacidade empregadora por escalão de dimensão (Tabela 12), a supremacia das microempresas também se verifica, empregando estas cerca de 35% do total de pessoas ao serviço. As empresas de maior dimensão, com mais de 50 trabalhadores, apesar de se encontrarem em franca minoria, conseguem, ainda assim, absorver um terço do pessoal ao serviço. No seu conjunto, estas sete sub-regiões empregam apenas cerca de 5% do total de trabalhadores por conta de outrem em Portugal continental. | 51 Tabela 12: Distribuição dos TCO nos estabelecimentos por dimensão de empresa, 2007 Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Trabalhadores por conta de outrem Menos de 2007 10 10-49 50-249 250 ou m ais 24,0 % 2 153 028 24,9 29,0 22,1 108 482 34,9 31,4 17,8 15,8 Douro 26 370 36,3 33,7 16,8 13,2 Alto Trás-os-Montes 23 625 40,5 29,6 16,3 13,5 Pinhal Interior Sul 6 230 37,0 35,4 23,6 4,0 Serra da Estrela 6 648 35,6 36,6 15,7 12,1 Beira Interior Norte 16 945 33,7 32,3 17,8 16,2 Beira Interior Sul 12 652 31,3 25,6 18,1 25,0 Cova da Beira 16 012 27,6 30,4 20,1 21,9 Continente Território de intervenção Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte 2008. Outro factor bastante característico das regiões com um carácter mais rural como os do território de intervenção é a concentração nas capitais dos distritos da reduzida actividade existente levando ainda mais ao abandono do resto do território. A distribuição espacial das empresas e dos TCO por concelho dentro de cada uma das NUTS III no ano de 2007, apresentada nas tabelas e nas figuras infra, prova exactamente este aspecto. Na NUT Douro o somatório das empresas dos concelhos de Vila Real, Lamego e Peso da Régua (que totalizam 8.774 empresas) representam 52,7% do total, encontrando-se o remanescente espalhado pelos restantes 16 concelhos. Por sua vez os concelhos de Chaves, Bragança e Mirandela albergam 53,8% do total de empresas da região de Alto Trás-osMontes. Tabela 13: Distribuição concelho na NUT Douro das empresas por Tabela 14: Distribuição das empresas concelho na NUT Alto Trás-os-Montes Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Núm ero de Em presas Menos de 2007 10 10-49 50-249 250 ou m ais 41 1 2 0 1 5 0 0 0 3 0 1 0 1 1 8 0 0 0 18 3 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Núm ero de Em presas Menos de 250 ou 10-49 50-249 2007 10 m ais Nº de em presas Alto Trás-os-Montes 18060 17630 393 36 1 Alfândega da Fé 384 378 6 0 0 Boticas 333 324 7 2 0 Bragança 3574 3473 93 7 1 Chaves 3828 3722 90 16 0 Macedo de Cavaleiros 1441 1416 25 0 0 Miranda do Douro 735 716 18 1 0 Mirandela 2313 2254 56 3 0 Mogadouro 749 734 14 1 0 Montalegre 718 700 17 1 0 Murça 504 492 11 1 0 Valpaços 1318 1296 21 1 0 Vila Pouca de Aguiar 1116 1087 26 3 0 Vimioso 431 431 0 0 0 Vinhais 616 607 9 0 0 Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. Nº Douro 16639 16141 Alijó 854 835 Armamar 393 381 Carrazeda de Ansiães 448 441 Freixo de Espada à Cinta 212 206 Lamego 2177 2100 Mesão Frio 277 266 Moimenta da Beira 870 845 Penedono 227 227 Peso da Régua 1372 1314 Sabrosa 422 412 Santa Marta de Penaguião 495 482 São João da Pesqueira 501 492 Sernancelhe 459 440 Tabuaço 394 385 Tarouca 553 529 Torre de Moncorvo 667 653 Vila Flor 523 514 Vila Nova de Foz Côa 570 561 Vila Real 5225 5058 Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. 454 18 9 7 5 71 11 25 0 55 10 12 9 18 8 16 14 9 9 148 por Já na região interior centro do país, as NUTS Pinhal Interior Norte e Serra da Estrela são as que apresentam um menor aglomerado de empresas sedeadas, 3.350 respectivamente, sendo os concelhos de Sertã e de Seia os mais requisitados. e 3.706, | 52 Na NUT Beira Interior Sul é de realçar a importância do concelho de Castelo Branco que acolhe 81% das empresas da região. Este é o concelho com maior número de empresas instaladas em toda a região de intervenção do projecto, apenas comparável com o concelho de Vila Real. A NUT Cova da Beira, apesar da sua reduzida territorialidade, consegue atrair um número bastante elevado de empresas (7.914) estando o grande aglomerado no concelho da Covilhã (59,1%). Tabela 15: Distribuição das empresas concelho na NUT Pinhal Interior Sul, 2007 por Tabela 17: Distribuição das empresas concelho na NUT Beira Interior Sul, 2007 por Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Núm ero de Em presas Menos de 250 ou 10-49 50-249 2007 10 m ais Nº de em presas Pinhal Interior Sul 3350 3220 114 16 0 Oleiros 427 415 8 4 0 Proença-a-Nova 708 683 24 1 0 Sertã 1340 1284 47 9 0 Vila de Rei 296 288 8 0 0 Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Núm ero de Em presas Menos de 250 ou 10-49 50-249 2007 10 m ais Nº de em presas Beira Interior Sul 6706 6501 181 23 1 Castelo Branco 5435 5257 159 18 1 Idanha-a-Nova 654 645 6 3 0 Penamacor 389 378 11 0 0 Vila Velha de Ródão 228 221 5 2 0 Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. Tabela 16: Distribuição das empresas concelho na NUT Serra da Estrela, 2007 Tabela 18: Distribuição das empresas concelho na NUT Cova da Beira, 2007 por Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Núm ero de Em presas Menos de 250 ou 10-49 50-249 2007 10 m ais Nº de em presas Serra da Estrela 3706 3557 137 11 1 Fornos de Algodres 416 396 20 0 0 Gouveia 1156 1118 36 2 0 Seia 2134 2043 81 9 1 Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. por Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Núm ero de Em presas Menos de 250 ou 10-49 50-249 2007 10 m ais Nº de em presas Cova da Beira 7914 7615 262 31 6 Belmonte 641 615 20 4 2 Covilhã 4677 4515 138 20 4 Fundão 2596 2485 104 7 0 Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. A região da Beira Interior Norte é também caracterizada por uma forte concentração de empresas num único concelho: Guarda com 4.438 empresas que representam 47,3% do total. Tabela 19: Distribuição das empresas concelho na NUT Beira Interior Norte, 2007 por Dim ensão da em presa por escalão de trabalhadores Núm ero de Em presas Menos de 250 ou 10-49 50-249 2007 m ais 10 Nº de em presas Beira Interior Norte 9376 9082 264 29 1 Almeida 533 517 15 1 0 Celorico da Beira 569 545 22 2 0 Figueira de Castelo Rodrigo 412 399 13 0 0 Guarda 4438 4295 123 19 1 Manteigas 290 282 7 1 0 Meda 377 365 12 0 0 Pinhel 867 843 23 1 0 Sabugal 1037 1015 19 3 0 Trancoso 853 821 30 2 0 Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. A nível distrital é possível verificar que as empresas (e TCO) se encontram concentradas essencialmente em dois concelhos por distrito: naquele que alberga a capital do distrito e num outro concelho (Chaves em Vila Real, Mirandela em Bragança, Seia na Guarda, e Covilhã e Fundão em Castelo Branco). Outra característica que também sobressai dos dados estatísticos é o reduzido número de empresas com mais de 250 trabalhadores. | 53 NUTS do Norte 12 000 Nº de TCO 10 000 8 000 6 000 4 000 2 000 Alijó Armamar Carrazeda Freixo de Lamego Mesão Frio Moimenta da Penedono Peso da Sabrosa Santa Marta São João da Sernancelhe Tabuaço Tarouca Torre de Vila Flor Vila Nova de Vila Real Alfândega Boticas Bragança Chaves Macedo de Miranda do Mirandela Mogadouro Montalegre Murça Valpaços Vila Pouca Vimioso Vinhais 0 Douro Alto Trás-os-Montes Figura 16: Distribuição dos TCO nos estabelecimentos por concelho das NUTS do Norte, 2007 NUTS do Centro 12 000 Nº de TCO 10 000 8 000 6 000 4 000 2 000 Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Covilhã Fundão Belmonte Vila Velha Penamacor Idanha-a- Castelo Sabugal Trancoso Pinhel Meda Guarda Manteigas Figueira de Almeida Celorico da Seia Gouveia Fornos de Vila de Rei Sertã Oleiros Proença-a- Mação 0 Cova da Beira Figura 17: Distribuição dos TCO nos estabelecimentos por concelho das NUTS do Centro, 2007 Em termos globais, o território de intervenção caracteriza-se pela predominância de microempresas (cerca de 97% em relação ao número de empresas totais) com um número médio de três trabalhadores e que empregam cerca de 35% do total de pessoas. A análise mais fina ao nível de concelhos permite evidenciar que a maior capacidade empregadora se localiza, sobretudo, nas sedes dos distritos. III.2 Distribuição sectorial Nesta secção pretende clarificar-se a distribuição sectorial das empresas na área de intervenção tendo por base não só o número de empresas, mas também o nível de empregabilidade, o volume de facturação e o valor acrescentado bruto por sector de actividade. Posteriormente e para aprofundar o conhecimento sobre o tecido empresarial do território procedeu-se a uma análise focalizada nos seus sectores mais representativos. | 54 Em termos de representatividade sectorial na área de intervenção, analisada pela quantidade de empresas instaladas (Tabela 20), surge em primeiro lugar o sector do comércio com um peso de 28,7%, ligeiramente superior ao valor apresentado para o continente. A seguir surgem os sectores da construção civil (13,2%), alojamento e restauração (11,3%), e as actividades de consultoria, científicas e técnicas (8,1%). De realçar ainda, perante os restantes valores muito mais baixos, o peso das indústrias transformadoras (6,9%). Uma vez que a actividade de alojamento e restauração está intimamente associada ao turismo pode-se ainda realçar o peso das actividades artísticas, de espectáculos, desportivas e recreativas, que ainda representam 1,6% do total. Tabela 20: Distribuição das empresas por sector de actividade, 2008 Sector de actividade segundo CAE Rev. 3 Em presas 2008 % Continente 1054 373 0,4 0,1 7,3 0,1 0,1 10,6 24,4 2,2 7,8 1,3 2,5 10,7 3,8 5,2 6,8 2,5 14,2 Território de intervenção 64 814 0,1 0,3 Douro 16 503 0,1 0,3 Alto Trás-os-Montes 17 850 0,1 0,4 Pinhal Interior Sul 3 308 0,4 0,0 Serra da Estrela 3 569 0,0 0,1 Beira Interior Norte 9 283 0,0 0,1 Beira Interior Sul 6 586 0,2 0,1 Cova da Beira 7 715 0,0 0,1 Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. 6,9 6,2 6,3 10,8 9,4 9,4 7,0 7,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,3 0,0 0,0 0,2 0,2 13,2 11,8 12,6 20,9 13,4 13,4 12,8 11,9 28,7 30,0 29,1 29,4 29,3 29,3 26,7 28,7 3,2 3,4 3,1 5,0 3,7 3,7 2,3 2,5 11,3 10,7 12,6 9,0 11,2 11,2 10,9 10,3 0,6 0,6 0,6 0,3 0,7 0,7 0,7 0,8 1,2 1,1 1,0 1,4 1,0 1,0 1,3 1,3 8,1 8,1 7,9 5,0 7,6 7,6 9,5 9,3 2,6 2,9 2,8 1,9 2,4 2,4 2,6 2,4 6,9 6,7 7,0 3,9 7,3 7,3 7,5 7,7 5,5 6,0 5,9 2,7 4,2 4,2 6,3 4,7 1,6 1,8 1,3 1,3 1,4 1,4 1,9 2,4 9,5 10,1 9,1 7,6 8,5 8,5 9,9 10,5 A mesma propensão é observável na Tabela 21 que apresenta o pessoal ao serviço nas empresas repartido pelos subsectores de actividades. Apesar de alguns dados não se encontrarem disponíveis, a distribuição do pessoal ao serviço no território de intervenção agrega 91% do total, sendo portanto, representativa. No conjunto das sub-regiões, o comércio, as indústrias transformadoras e a construção ocupam, respectivamente, 24,5%, 18,2% e 16,8% do pessoal ao serviço. Também o sector do alojamento e a restauração apresenta um lugar de destaque com 8,9% do pessoal ao serviço. No entanto, analisando as sub-regiões de forma isolada, nem sempre se regista esta hierarquia de actividades. Curiosamente, esta apenas se verifica na Beira Interior Norte e na Beira Interior Sul. Na região Norte, o Douro e Alto Trás-os-Montes apresentam mais pessoal ao serviço no sector da construção do que nas indústrias transformadoras. Nas restantes sub-regiões a indústria transformadora apresenta o maior número de pessoas ao serviço, seguida pelo comércio e só depois pela construção. Para cada uma das sub-regiões o peso do pessoal ao serviço no sector do alojamento e na restauração é sempre superior a 7,4%. Outra actividade que envolve um número considerável de pessoas ao serviço é a relacionada com os serviços de saúde e de apoio social. Este facto justifica-se pelas características demográficas do território em análise uma vez que a população é bastante envelhecida e | 55 muitas vezes com domicílio em locais bastante isolados carecendo assim de um forte apoio nestas áreas da saúde e da assistência social. Tabela 21: Distribuição do pessoal ao serviço das empresas por actividade económica, 2008 Sector de actividade segundo CAE Rev. 3 Pessoal ao serviço das em presas 2008 % Nº Continente 3713 490 0,3 0,4 20,4 0,2 0,7 13,1 21,5 4,4 7,3 2,1 1,3 5,8 8,4 2,4 5,8 1,1 Território de intervenção 156 526 --- --- 18,2 --- --- 16,8 24,5 --- 8,9 0,5 0,8 5,0 2,6 --- 7,6 0,9 4,7 --- Douro 38 931 0,1 --- 12,5 0,1 0,9 18,3 25,4 --- 8,7 0,5 0,7 5,3 3,9 3,5 9,2 1,0 4,9 4,9 Alto Trás-os-Montes 37 546 0,0 --- 12,5 0,1 0,6 17,0 27,8 --- 10,5 0,5 0,9 5,3 2,8 4,0 7,3 1,0 Pinhal Interior Sul 8 707 --- 0,0 26,7 --- --- 22,2 23,0 --- 7,8 0,2 0,8 3,2 1,8 --- 1,6 0,6 --- Serra da Estrela 9 084 0,0 0,2 26,6 --- --- 18,9 23,2 --- 8,8 0,4 0,8 4,3 1,8 --- 2,6 0,7 --- Beira Interior Norte 23 737 --- 0,8 17,4 0,0 1,1 16,8 23,6 --- 8,5 0,6 0,6 4,5 1,6 --- 10,1 0,9 --- Beira Interior Sul 15 874 --- 0,6 22,1 0,1 --- 15,1 22,4 --- 8,7 0,6 0,9 5,7 2,8 --- 5,7 0,9 --- Cova da Beira 22 647 --- 1,7 29,1 --- 1,3 12,5 21,3 --- 7,4 0,6 0,8 4,7 1,4 --- 8,3 1,0 --- Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. Como se observa na Tabela 22, o volume de negócio obtido no território de intervenção, no ano de 2008, foi de cerca de 9 mil milhões de euros. Este montante encontra-se quase equitativamente repartido em duas partes: sub-regiões do Norte e sub-regiões do Centro. A repartição entre o Douro e Alto Trás-os-Montes também é feita de forma igualitária tendo cada um delas contribuído com cerca de 25% do montante total. No que se refere à região Centro, verificam-se diferentes contributos, sendo o superior o da Beira Interior Norte com 15% e o mais baixo o da Serra da Estrela com 5,6%. Tabela 22: Distribuição do volume de negócios por actividade económica, 2008 Sector de actividade segundo CAE Rev. 3 Volum e de negócios 2008 m ilha re s € % 355 831 478 0,1 0,4 23,0 5,7 0,8 9,6 37,5 4,9 2,6 3,9 1,8 3,2 2,8 0,4 2,5 0,5 8 943 903 --- --- 20,9 --- --- 12,8 43,3 --- 4,2 0,3 0,7 2,0 1,1 --- 4,3 0,3 --- Douro 2 154 717 0,0 --- 17,0 1,3 1,2 12,1 45,3 --- 4,2 0,2 0,7 2,6 2,1 0,5 7,1 0,2 0,8 Alto Trás-os-Montes Continente Território de intervenção 0,5 2 290 667 0,0 --- 18,5 0,8 0,7 11,3 47,5 --- 4,1 0,2 0,6 2,0 0,8 0,5 4,0 0,4 0,7 Pinhal Interior Sul 561 125 --- 0,0 24,4 --- --- 11,9 41,1 --- 3,4 0,0 0,9 0,8 0,5 --- 0,5 0,3 --- Serra da Estrela 500 216 0,0 0,1 19,2 --- --- 26,2 40,4 --- 5,1 0,1 0,7 1,3 0,7 --- 1,0 0,1 --- 1 389 813 --- 0,5 23,1 1,3 1,6 11,8 42,0 --- 4,0 0,5 0,9 1,8 0,6 --- 2,3 0,1 --- 897 697 --- 2,1 28,8 3,0 --- 12,3 34,6 --- 4,8 0,3 0,3 2,1 1,3 --- 2,9 0,3 --- 1 149 668 --- 1,6 23,6 --- 1,2 13,1 41,8 --- 4,4 0,4 0,7 2,1 0,6 --- 6,1 0,3 --- Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. No que concerne à distribuição do volume de facturação por sector de actividade, mais uma vez, os dados apresentados na tabela não se referem à totalidade, mas apenas a 90% do volume total do território. Apesar disso, o sector do comércio tem novamente um lugar de destaque, sendo responsável por cerca de 43,3% do volume de negócios de 2008. Este peso do comércio é superior ao valor apresentado em relação a todo o território continental (com | 56 37,5%), evidenciando um território dependente do pequeno comércio e com um peso da indústria ainda abaixo da média nacional. O sector de negócios com o segundo maior peso de facturação é a indústria transformadora com um valor global de 20,9% mas com um contributo ainda maior em quase todas as subregiões do Centro (excepto Serra da Estrela). O sector da construção também contribui de forma significativa para o volume de negócios obtido no território, com cerca de 13%, valor acima da média nacional que ronda os 10%. No que se refere ao volume de venda de mercadorias ao estrangeiro, constata-se que o território de intervenção do projecto ainda assume um peso pouco significativo no total do volume financeiro de comércio internacional estabelecido com o exterior, representando, em 2007, cerca de 1,4% das exportações efectuadas (Tabela 23). Particularizando ao nível subregional, o Pinhal Interior Sul evidencia-se pela negativa com um volume de saídas de mercadorias muito baixo, enquanto a Cova da Beira destaca-se exactamente por ser a subregião que mais contribui para o comércio externo. Tabela 23: Comércio internacional de mercadorias, 2008 Saídas Total Comércio internacional de mercadorias Entradas Expedições Exportações Total Chegadas Importações milhares de euros 36 148 144 26 745 276 9 402 868 58 294 398 42 411 538 15 882 860 680 218 552 634 127 584 548 716 519 346 29 370 Douro 65 080 40 678 24 402 71 757 67 863 3 894 Alto Trás-os-Montes 185 266 169 617 15 648 181 702 178 864 2 838 Pinhal Interior Sul 25 905 23 476 2 428 16 072 14 864 1 208 Continente Território de intervenção Serra da Estrela 19 665 11 966 7 699 16 894 13 013 3 881 Beira Interior Norte 122 488 100 199 22 289 132 024 127 523 4 501 Beira Interior Sul 104 207 83 902 20 305 58 565 51 594 6 970 34 812 71 700 65 624 6 076 157 608 122 796 Cova da Beira Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte, 2008 Não obstante este aspecto negativo, é de salientar que em quase todas as sub-regiões é apresentada uma taxa de cobertura superior a 100% (Tabela 24), bem acima da média nacional (63%). Relativamente aos mercados de destino do comércio internacional estabelecido em 2008 é de destacar a elevada representatividade dos países intracomunitários. Com excepção da Serra da Estrela e do Douro, todas as restantes zonas apresentam o seu comércio internacional bastante dependente do mercado espanhol. Tabela 24: Indicadores do comércio internacional, 2008 Taxa de cobertura das entradas pelas saídas Proporção das Proporção das Proporção das saídas para os 4 saídas saídas para Espanha principais mercados intracomunitárias no no total das saídas no total das saídas total das saídas % Continente 63 58 74 27 Douro 91 62 63 11 Alto Trás-os-Montes 102 96 92 62 Pinhal Interior Sul 161 95 91 78 Serra da Estrela 116 63 61 7 93 69 82 23 Beira Interior Sul 178 71 81 31 Cova da Beira 220 71 78 32 Beira Interior Norte Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte, 2008 | 57 A Tabela 25 permite analisar a evolução das contribuições sub-regionais para o Valor Acrescentado Bruto (VAB) por sectores da actividade económica. Apesar da evolução negativa da contribuição do sector primário para o VAB das sub-regiões, este apresenta, ainda assim, uma importância superior em qualquer sub-regiões quando comparada com a contribuição a nível nacional, excepto a Serra da Estrela (com uma contribuição semelhante ao continente). A tendência de diminuição do contributo mantém-se no sector secundário nas sub-regiões de Alto Trás-os-Montes, Beira Interior Norte e Cova da Beira em oposição ao crescimento verificado no Douro e na Beira Interior Sul. De salientar, ainda, a tendência de crescimento do contributo dos serviços no território em análise apresentando um valor idêntico (em 2008) ao de Portugal continental. Tabela 25: Distribuição do VAB por grandes sectores, 2001-2008 VAB por sector (%) Sector Prim ário Sector Secundário Sector Terciário 2001 2005 2008 2001 2005 2008 2001 2005 2008 Continente 3 3 2 28 25 24 69 72 73 Território de intervenção 9 7 5 25 23 22 66 70 73 Douro 13 9 7 21 20 21 66 71 73 Alto Trás-os-Montes 11 8 7 24 26 22 65 66 71 Pinhal Interior Sul 9 9 7 32 27 27 59 65 66 Serra da Estrela 4 3 2 30 31 31 66 66 67 Beira Interior Norte 6 5 3 24 19 18 70 77 79 Beira Interior Sul 9 7 5 25 19 20 66 74 74 Cova da Beira 6 4 3 30 24 22 64 72 75 Fo nte: INE, Co ntas Regio nais. Apesar da falta de alguma informação estatística, é possível verificar pela análise da Tabela 26 que o sector da indústria transformadora, do comércio e da construção são por essa ordem, aqueles que mais contribuem para o VAB do território em análise. Na sua totalidade, o território de intervenção do projecto apenas contribui com cerca de 2,5% para o VAB nacional (contributo semelhante ao do volume de facturação). Tabela 26: Distribuição do VAB por actividade económica, 2008 Sector de actividade segundo CAE Rev. 3 VAB 2008 m ilhare s € Continente % 355 831 478 0,2 0,6 22,5 3,9 1,4 11,9 20,2 7,4 3,8 6,5 2,5 5,8 5,3 0,9 5,3 1,0 8 943 903 --- --- 20,9 --- --- 16,0 20,6 --- 4,5 0,4 1,0 4,1 1,8 --- 9,4 0,3 --- Douro 2 154 717 0,0 --- 15,8 3,2 2,9 17,4 20,4 --- 4,7 0,4 1,0 4,8 3,3 0,7 16,8 0,2 1,3 Alto Trás-os-Montes 1,1 Território de intervenção 0,9 2 290 667 0,0 --- 15,7 2,6 1,0 14,2 22,1 --- 4,5 0,2 1,1 3,7 1,6 0,9 8,4 0,5 Pinhal Interior Sul 561 125 --- 0,0 25,4 --- --- 14,2 18,1 --- 3,7 0,0 0,5 1,6 1,2 --- 1,2 0,2 --- Serra da Estrela 500 216 0,0 0,1 24,0 --- --- 30,3 22,0 --- 5,7 0,2 0,7 3,6 1,4 --- 2,7 0,3 --- Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira 1 389 813 --- 0,8 20,6 4,8 5,4 15,7 24,3 --- 4,5 0,6 1,0 4,3 1,0 --- 3,9 0,0 --- 897 697 --- 1,7 28,6 8,0 --- 13,9 15,1 --- 4,9 0,5 0,8 5,1 2,1 --- 4,9 0,3 --- 1 149 668 --- 3,6 31,1 --- 1,4 14,8 18,9 --- 4,3 0,6 1,5 4,2 0,9 --- 13,1 0,3 --- Fonte: INE, Sistema de Contas Integradas das Empresas. Em forma de síntese, destaca-se que no interior norte e centro do país se assiste à capacidade polarizadora dos centros urbanos de maior dimensão. Os investimentos realizados em parques industriais, pólos universitários, melhoria das acessibilidades e na cultura e lazer, têm contribuído para o crescimento das cidades, mas teme-se que estas | 58 permaneçam como "ilhas" incapazes de dinamizar as vastas áreas despovoadas que as envolvem. As microempresas representam a grande maioria das empresas em toda o território e em todos os sectores de actividade, sendo estas as principais responsáveis pelo aumento de unidades económicas na região. A "empresa típica" do território de intervenção apresenta as seguintes características gerais: poucos trabalhadores (predominância de microempresas, com menos de 10 trabalhadores); volume de facturação anual por empresa inferior a 130 milhares de euros; comercialização regional e local de outputs nos mercados finais e intermédios, ou seja, fraca internacionalização; e fragilidade do tecido empresarial comercial, predominando a iniciativa familiar. Os principais sectores actividade representados no território, em termos globais e com base nos valores de 2008, são o comércio, a indústria transformadora, a construção e o alojamento e restauração. O comércio é o sector de actividade que apresenta um maior número de empresas sedeadas (28,7%), que mantém um maior número de pessoas ao serviço das empresas (24,5%) e maior volume de negócios (43,3%). Apesar de ser um sector de actividade que normalmente apresenta VAB muito baixos, no território de intervenção consegue ser a segunda actividade com um maior contributo para o VAB (20,6%). A indústria transformadora é o sector com o quarto menor número de empresas (6,9%) mas com o segundo maior número de pessoal ao serviço (18,2%), o que revela, tal como seria de esperar, que as empresas industriais são de maior dimensão do que as empresas dedicadas ao comércio. O sector da indústria apresenta o segundo maior volume de negócios (20,9%) e o maior contributo para o VAB (20,9%). A construção conquista o terceiro lugar em todas as categorias com a excepção do número de empresas, em que é o segundo sector mais representativo (13,2% das empresas sedeadas, 16,8% das pessoas ao serviço das empresas, 12,8% do volume de negócios e 16% do VAB criado). O sector do alojamento e restauração segue o sector da construção obtendo o quarto lugar em todas as categorias com a excepção do número de empresas em que consegue ultrapassar o sector industrial (11,3% das empresas sedeadas, 8,9% das pessoas ao serviço das empresas, 4,2% do volume de negócios e 4,5% do VAB criado). Em termos sub-regionais importa realçar algumas características que diferem da hierarquia explanada. Por exemplo, nas sub-regiões do Norte o comércio e a construção têm um papel mais activo do que o sector industrial tanto no número de pessoas ao serviço como na criação de VAB. Na Serra da Estrela a construção apresenta também um papel mais importante no tecido empresarial pois, apesar ter um número mais reduzido de pessoas ao serviço das empresas, consegue apresentar um maior volume de negócios e VAB. | 59 III.2.1 Análise dos sectores de actividade mais representativos Após a identificação dos sectores de actividade mais representativos do território em análise, importa agora efectuar uma análise mais detalhada dos mesmos de forma a compreender as suas características intrínsecas e distintivas. Esta primeira análise contribuirá não só para um melhor conhecimento do tecido empresarial da região mas também suportará algumas das ilações a retirar quanto aos sectores com um maior potencial para integrar as futuras redes de cooperação. III.2.1.1. Comércio O comércio é o sector de actividade que concentra mais empresas no território em análise, o que é perfeitamente explicável pelo facto de ser transversal ao conjunto dos restantes sectores de actividade económica. Tal como apresentado na Tabela 27, o sector do comércio encontra-se subdividido em três subsectores, sendo o mais representativo, com 72,8% das empresas, o comércio a retalho. Os restantes 27,2% encontram-se equilibrados entre as actividades comercial associadas aos veículos automóveis e o comércio por grosso. Do total de 18.618 empresas que se dedicam ao comércio a retalho e que se encontram dispersas pelos mais diversos sectores, em 2008, 50% pertencia a 6 subsectores: vestuário e calçado (1.465 empresas), móveis, iluminação e outros produtos para o lar (908), outros produtos para o lar tais como ferragens, tintas, ladrilhos (726), carne e produtos à base de carne (689), outros produtos alimentares (954) e minimercados (2.006). De uma forma geral, conclui-se então que predominam as empresas que se dedicam ao comércio de bens essenciais aos residentes mas que também podem ser associados ao sector da construção e do turismo. No território de intervenção, o sector do comércio, em termos globais e líquidos, testemunhou uma redução de empresas na ordem dos 2,9% de 2007 para 2008 (embora na NUT Serra da Estrela a variação negativa tenha atingido os 6%). A redução média nacional foi de 2,5%. No subsector do comércio a retalho esta redução foi ainda mais significativa. | 60 Tabela 27: Distribuição das empresas no sector do comércio, 2007 e 2008 Com ércio, m anutenção e Em presas reparação, de de com ércio veículos autom óveis 2008 e m otociclos Com ércio por grosso (excepto de veículos autom óveis e m otociclos) Com ércio a retalho (excepto de veículos autom óveis e m otociclos) 2007 2008 2007 2008 2007 2008 Continente 257516 31149 30295 68723 67776 164207 159445 Território de intervenção 18618 2518 2439 2928 2903 13721 13276 Douro 4952 631 630 703 719 3724 3603 Alto Trás-os-Montes 5189 671 646 709 715 3914 3828 Pinhal Interior Sul 973 164 160 153 151 687 662 Serra da Estrela 1044 149 140 188 171 776 733 Beira Interior Norte 2487 386 369 378 376 1774 1742 Beira Interior Sul 1758 260 252 303 285 1273 1221 Cova da Beira 2215 257 242 494 486 1573 1487 Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. No que diz respeito ao pessoal ao serviço das empresas, o subsector do comércio a retalho abrange em todas as sub-regiões mais de 50%, chegando mesmo aos 61,3% quando analisado o território de intervenção na sua globalidade. Este valor é superior ao apresentado para Portugal continental (54,6%). Tabela 28: Distribuição do pessoal ao serviço no sector do comércio, 2008 Com ércio, m anutenção e Pessoal ao reparação, de serviço das veículos autom óveis em presas e m otociclos 2008 Média 2008 2008 Com ércio por grosso (excepto de veículos autom óveis e m otociclos) 2008 Com ércio a retalho (excepto de veículos autom óveis e m otociclos) Média 2008 2008 Média 2008 Continente 796937 103871 3,4 257642 3,8 435424 2,7 Território de intervenção 38412 6580 2,7 8301 2,9 23531 1,8 Douro 9895 1675 2,7 2119 2,9 6101 1,7 Alto Trás-os-Montes 10435 1592 2,5 2220 3,1 6623 1,7 Pinhal Interior Sul 2000 475 3,0 358 2,4 1167 1,8 Serra da Estrela 2109 310 2,2 461 2,7 1338 1,8 Beira Interior Norte 5602 1126 3,1 1071 2,8 3405 2,0 Beira Interior Sul 3552 563 2,2 743 2,6 2246 1,8 Cova da Beira 4819 839 3,5 1329 2,7 2651 1,8 Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Quando relativizado o número de pessoas ao serviço pelo número de empresas, constata-se que as empresas de comércio do território são de menor dimensão do que a média do continente. No comércio por grosso, o número médio não chega a três pessoas por empresas enquanto nas empresas de comércio a retalho não atinge duas pessoas por empresas. Como espectável, o sector do comércio é caracterizado por envolver uma grande quantidade de empresas de muito pequena dimensão, essencialmente dedicada ao comércio a retalho. | 61 Tabela 29: Distribuição do volume de negócios no sector do comércio, 2008 Volum e de negócios 2008 Com ércio, m anutenção e reparação, de veículos automóveis e m otociclos 2008 Média 2008 133458080 20632429 681,1 3870656 667168 273,5 Douro 976210 171414 Alto Trás-os-Montes 1087779 149590 Pinhal Interior Sul 230801 Serra da Estrela Beira Interior Norte Com ércio por grosso (excepto de veículos autom óveis e m otociclos) Com ércio a retalho (excepto de veículos autom óveis e m otociclos) Média 2008 2008 67159189 990,9 45666463 286,4 1211847 417,4 1991641 150,0 272,1 283842 394,8 520954 144,6 231,6 365338 511,0 572851 149,6 51006 318,8 56580 374,7 123216 186,1 201957 21356 152,5 79733 466,3 100868 137,6 583271 144026 390,3 154886 411,9 284360 163,2 Beira Interior Sul 310559 43922 174,3 89794 315,1 176843 144,8 Cova da Beira 480078 85854 354,8 181674 373,8 212549 142,9 2008 Média 2008 Milhares € Continente Território de intervenção Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Também no que diz respeito, ao volume de facturação, o subsector do comércio a retalho obtém mais de 50% de responsabilidade (51,5%), quer na média do território quer em todas as sub-regiões. Realce-se o facto do volume de negócio médio por empresa deste subsector ser bastante mais baixo do que a média para Portugal continental, o que reforça a ideia de um poder de compra da população do território relativamente baixo. III.2.1.2. Indústria Transformadora A indústria transformadora engloba um grande número de subsectores (segundo a CAE Rev. 3 ramifica-se em 24 secções) e por este motivo optou-se por apresentar na Tabela 30 apenas os que representam um maior peso no total das empresas da região ou no total nacional do subsector. Apesar de se apresentarem apenas sete subsectores, estes representam 83% das empresas da indústria transformadora do território de intervenção. Pela análise da Tabela 30 é possível salientar a importância de dois subsectores, a indústria alimentar e a fabricação de produtos metálicos (nomeadamente, elementos de construção em metal), que representam, respectivamente, 26% e 23,5% do total das empresas da indústria transformadora do território. Para além destes, o subsector de actividade que contém também um número elevado de empresas diz respeito à indústria da madeira e da cortiça (11,9%) associada à vasta extensão de floresta existente no território de intervenção. Tabela 30: Distribuição das empresas na indústria transformadora, 2007 e 2008 Em presas da indústria transform adora 2008 Indústrias alim entares Indústrias da m adeira e da cortiça e suas obras (excepto Indústria das bebidas Fabricação de têxteis Indústria do vestuário m obiliário) e Fabricação de obras de cestaria e de espartaria Fabrico de outros produtos m inerais não m etálicos Fabricação de produtos m etálicos, excepto m áquinas e equipam entos 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 Continente 77432 9616 9408 878 894 3976 3801 11578 11204 7236 6858 5176 4952 14780 14192 Território de intervenção 4496 1177 1167 194 202 182 169 292 287 558 537 321 324 1097 1055 Douro 1026 265 263 135 142 14 11 54 59 119 113 65 66 242 228 Alto Trás-os-Montes 1126 300 298 23 23 18 19 54 52 153 147 101 103 319 314 Pinhal Interior Sul 356 110 110 6 5 12 13 16 14 64 66 17 17 85 84 Serra da Estrela 334 95 93 6 6 38 30 41 40 30 29 16 15 67 66 Beira Interior Norte 648 141 140 17 19 28 27 36 37 99 92 63 67 163 157 Beira Interior Sul 462 129 129 1 1 23 26 32 32 48 47 25 23 101 95 Cova da Beira 544 137 134 6 6 49 43 59 53 45 43 34 33 120 111 Fo nte: INE, Dado s Estatístico s. | 62 Em relação ao peso das empresas do território em relação à média nacional destacam-se as indústrias alimentar e das bebidas que representam, respectivamente 12,4% e 22,6% do total a nível de Portugal continental. Este valor elevado da indústria das bebidas diz respeito em concreto à produção de vinhos desta região nomeadamente da região demarcada do Douro. Comparativamente aos valores registados para o continente, verifica-se uma supremacia no território de intervenção da indústria alimentar (26% a nível do território e 12,2% a nível do continente) e da indústria das bebidas (4,5% a nível do território versus 1,2% a nível do continente). De realçar que no final de 2008, o sector de actividade da indústria transformadora no território de intervenção apresentava menos 2% das empresas existentes em 2007, valor que ficou mesmo assim abaixo do verificado a nível nacional (3,3%). Dentro dos subsectores anteriormente referidos, o mais penalizado foi a indústria de madeira e cortiça (muito derivado aos sistemáticos incêndios que assolavam o país nos meses de Verão) e apenas a indústria do vinho e o fabrico de produtos metálicos (esta última de forma residual) contrariaram essa tendência. Tabela 31: Distribuição do pessoal ao serviço das empresas na indústria transformadora, 2008 Pes soal ao serviço das e mpresas 2008 Indústrias alime ntares Indústrias da m adeira e da cortiça e suas obras (excepto Indús tria das be bidas Fabricação de têxteis Indústria do vestuário m obiliário) e Fabricação de obras de cestaria e de e spartaria Média Média Mé dia Média 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 Fabrico de outros produtos m inerais não m etálicos Fabricação de produtos me tálicos, exce pto m áquinas e equipam entos 2008 Média 2008 2008 Média 2008 2008 Continente 758 522 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- Território de intervenção 28 538 6491 5,6 --- --- --- --- --- --- 2175 4,1 2316 7,1 2987 2,8 Douro 4 869 1380 5,2 1271 9,0 11 1,0 85 1,4 Alto Trás-os-Montes 4 710 1506 5,1 430 18,7 40 2,1 106 2,0 349 2,4 838 8,1 815 2,6 Pinhal Interior Sul 2 327 454 4,1 --- --- --- --- --- --- 888 13,5 103 6,1 257 3,1 413 10,3 288 74 2,5 2,6 526 67 8,0 4,5 602 214 Média 2008 2,6 Se rra da Estre la 2 415 727 7,8 77 12,8 645 21,5 Be ira Interior Norte 4 125 1002 7,2 162 8,5 454 16,8 491 13,3 206 2,2 396 5,9 438 2,8 Be ira Interior Sul 3 505 738 5,7 --- --- --- --- 999 31,2 210 4,5 129 5,6 208 2,2 3,2 Cova da Be ira 6 587 684 5,1 89 14,8 2103 48,9 2088 39,4 160 3,7 257 7,8 453 4,1 Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Tendo por base o número de pessoal ao serviço, verifica-se que nas sub-regiões do Norte e na Beira Interior Norte, a indústria alimentar detém a grande maioria do pessoal ao serviço abrangendo 30% do total, com uma média de cerca de cinco pessoas por empresa. No Douro, as indústrias alimentar e das bebidas são responsáveis por 54% do pessoal ao serviço nas indústrias transformadoras. As indústrias têxtil e de vestuário, lideram nas sub-regiões da Cova da Beira e da Serra da Estrela. Assim e apesar do número relativamente baixo de empresas, em termos de pessoas ao serviço, o sector têxtil atinge o primeiro lugar. No conjunto, estes dois subsectores da indústria transformadora englobam mais de 50% dos trabalhadores nas empresas do território de intervenção. Apesar dos recentes encerramentos das fábricas têxteis, só a grande empresa de lanifícios Paulo de Oliveira sedeada e instalada no distrito de Castelo Branco consegue empregar cerca de meio milhar de pessoas (esta empresa é um exemplo de como a média por vezes é um valor distorcido da realidade). | 63 Por fim, o sector da madeira e da cortiça continua bastante empregador na sub-região do Pinhal Interior Sul. Apesar da falta de alguns dados, pode concluir-se que a indústria alimentar é um sector importante em termos de colocação de mão-de-obra em todas as sub-regiões, com especial incidência para o Douro, Alto Trás-os-Montes e Beira Interior Norte. A indústria das bebidas sobressai também na região do Douro. Nas sub-regiões mais a centro ainda é bastante visível a dependência empregabilidade da população na indústria têxtil e de vestuário. Tabela 32: Distribuição do volume de negócios na indústria transformadora, 2008 Volum e de negócios 2008 Indústrias alimentares 2008 Média 2008 Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras (excepto Indústria das bebidas Fabricação de têxteis Indústria do vestuário mobiliário) e Fabricação de obras de cestaria e de espartaria Média Média Média Média 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 2008 Fabrico de outros produtos m inerais não m etálicos 2008 Média 2008 Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamentos 2008 Média 2008 Milhares € Continente 81854539 --- Território de intervenção --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 1872495 408406 350,0 266288 1318,3 141113 835,0 84886 295,8 130323 242,7 137338 423,9 160367 152,0 Douro 366094 77355 294,1 --- 188028 --- 1324,1 115 10,4 478 8,1 8748 77,4 29243 443,1 26528 116,4 Alto Trás-os-Montes 422875 91899 308,4 50613 2200,6 709 37,3 742 14,3 12241 83,3 68608 666,1 71222 226,8 Pinhal Interior Sul 136767 21648 196,8 --- --- --- --- --- --- 80280 1216,4 3950 232,4 10596 126,1 Serra da Estrela 96199 40631 436,9 8572 1428,6 22805 760,2 6268 156,7 1910 65,9 1876 125,1 7705 116,7 Beira Interior Norte 320586 93509 667,9 13362 703,3 11275 417,6 8928 241,3 7163 77,9 16424 245,1 16369 104,3 Beira Interior Sul 258233 46949 363,9 --- --- --- --- 24268 758,4 11913 253,5 5311 230,9 6761 71,2 Cova da Beira 271740 36415 271,8 5713 952,2 106210 2470,0 44202 834,0 8069 187,6 11925 361,4 21185 190,9 Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Uma primeira conclusão a que se chega ao analisar a Tabela 32 é de que o volume de facturação obtido pelas empresas das diversas indústrias transformadoras apenas representa 2,3% do total nacional (continental). Do valor total obtido 42% deriva das empresas sedeadas nas sub-regiões do Norte. Devido à falta de dados não é possível verificar se estas relações se mantêm nos diversos subsectores. Na sub-região do Douro, mais uma vez as indústrias alimentar e das bebidas destacam-se das demais com 21% e 51% do volume de negócios, respectivamente. A indústria das bebidas em 2008 obteve 50% do total de facturação. No Alto Trás-os-Montes os valores apresentados para a indústria alimentar e das bebidas foi, respectivamente, de 22% e 12%. Realce-se o montante bastante atractivo do volume de negócios por empresa da indústria das bebidas ao longo de todo o território. No Pinhal Interior Sul a indústria da madeira e da cortiça é responsável por cerca de 60% da facturação, tornando assim o desenvolvimento desta região bastante dependente da floresta. Nas restantes sub-regiões, os valores são repartidos essencialmente entre a indústria alimentar e têxtil. III.2.1.3. Construção Relativamente à indústria da construção, a segunda mais significativa no território quanto ao número de empresas instaladas, é possível verificar na Tabela 28 que na sua maioria dizem respeito à construção de edifícios (52,5%) e a actividades especializadas tais como empresas de instalações eléctricas, canalizações ou acabamentos (42,4%). A soma destas duas | 64 actividades corresponde a cerca de 95% da indústria tanto no contexto restrito do território de intervenção como a nível do continente. Nesta indústria também se verificou um decréscimo no número de empresas instaladas de 3,3%, de 2007 para 2008, 1% acima do decréscimo verificado para Portugal continental. Tabela 33: Distribuição das empresas no sector da construção, 2007 e 2008 Prom oção imobiliária (desenvolvim ento de projectos de edifícios) Em presas do sector da construção 2008 Continente Território de intervenção 111482 Construção de edifícios Construção de estradas, pontes, túneis, pistas de aeroportos e vias férreas Construção de redes de transporte de águas, de esgotos, de Construção de outras distribuição de obras de engenharia energia, de civil telecom unicações e de outras redes Actividades especializadas de construção 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2910 2868 56085 53801 384 406 333 370 3263 3018 51413 51019 3633 8568 85 84 4716 4495 31 32 33 43 296 281 3695 Douro 1954 25 25 1107 1067 9 10 7 10 72 63 776 779 Alto Trás-os-Montes 2248 28 26 1046 1003 11 11 9 13 86 81 1105 1114 Pinhal Interior Sul 692 3 4 427 400 1 1 3 3 15 16 268 268 Serra da Estrela 479 4 4 280 256 1 1 0 0 13 13 219 205 Beira Interior Norte 1431 7 7 898 863 4 5 5 8 52 48 510 500 Beira Interior Sul 843 12 12 453 430 4 3 6 6 30 30 384 362 Cova da Beira 921 6 6 505 476 1 1 3 3 28 30 433 405 Fo nte: INE, Dado s Estatístico s. Os subsectores da construção de edifícios e das actividades especializadas da construção são também os que canalizam um maior número de pessoal ao serviço assim como os que atingem um maior volume de negócios no seio do sector da construção (Tabelas 34 e 35). Tabela 34: Distribuição do pessoal ao serviço das empresas no sector da construção, 2008 Prom oção im obiliária Pessoal ao (desenvolvim e nto de serviço das proje ctos de em presas edifícios) 2008 Construção de edifícios Construção de estradas, ponte s, túneis, pistas de aeroportos e vias férreas Construção de redes de transporte de águas, de esgotos, de Construção de outras distribuição de obras de engenharia energia, de civil telecom unicações e de outras redes Actividade s especializadas de construção 2008 Média 2008 2008 Média 2008 2008 Média 2008 2008 Média 2008 2008 Média 2008 2008 Média 2008 Continente 486165 6674 2,3 242011 4,5 34191 84,2 7471 20,2 37942 12,6 157876 3,1 Território de intervenção 26360 111 1,3 14949 3,3 439 13,7 234 5,4 1251 4,5 7922 2,2 Douro 7121 33 1,3 4459 4,2 216 21,6 140 14,0 626 9,9 1647 2,1 Alto Trás-os-Montes 6391 43 1,7 3085 3,1 223 20,3 33 2,5 625 7,7 2382 2,1 Pinhal Interior Sul 1932 4 1,0 1121 2,8 --- --- --- --- --- --- 611 2,3 Serra da Estrela 1713 4 1,0 1148 4,5 --- --- 0 0,0 --- --- 469 2,3 Beira Interior Norte 3979 8 1,1 2168 2,5 --- --- --- --- --- --- 1090 2,2 Beira Interior Sul 2403 12 1,0 1398 3,3 --- --- 61 10,2 --- --- 785 2,2 Cova da Beira 2821 7 1,2 1570 3,3 --- --- --- --- --- --- 938 2,3 Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Em termos médios e tal como nos sectores anteriormente analisados, as empresas são de pequena dimensão com um número médio de trabalhadores sempre inferior a 5, o que não dista muito da média nacional. No que se refere ao volume médio de facturação, as empresas de todos os subsectores da construção ficam bastante aquém dos montantes médios nacionais. | 65 Tabela 35: Distribuição do volume de negócios no sector da construção, 2008 Volum e de negócios 2008 Prom oção im obiliária (desenvolvim ento de projectos de edifícios) Construção de edifícios Construção de redes de transporte de Construção de outras águas, de esgotos, de obras de engenharia distribuição de civil energia, de telecom unicações e Média Média 2008 2008 2008 2008 Construção de estradas, pontes, túneis, pistas de aeroportos e vias férreas 2008 Média 2008 2008 Média 2008 2008 Média 2008 Milhares € Actividades especializadas de construção 2008 Média 2008 154,5 Continente 34311591 1548281 539,8 16000813 297,4 4368220 10759,2 889992 2405,4 3623293 1200,6 7880992 Território de intervenção 1143221 6866 81,7 663282 147,6 30636 957,4 12547 291,8 59912 213,2 263281 72,5 Douro 260383 959 38,4 158018 148,1 13500 1350,0 5278 527,8 30400 482,5 52228 67,0 68,0 Alto Trás-os-Montes 259755 3090 118,8 132599 132,2 17135 1557,7 1645 126,5 29512 364,3 75775 Pinhal Interior Sul 66615 917 229,2 31413 78,5 --- --- --- --- --- --- 22434 83,7 Serra da Estrela 131241 26 6,5 111895 437,1 --- --- 0 0,0 --- --- 15492 75,6 Beira Interior Norte 163820 629 89,8 84178 97,5 --- --- --- --- --- --- 36760 73,5 Beira Interior Sul 110706 875 72,9 73379 170,6 --- --- 5624 937,3 --- --- 22636 62,5 Cova da Beira 150701 371 61,8 71801 150,8 --- --- --- --- --- --- 37956 93,7 Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Sobressai da análise o pequeno número de empresas com actividade na construção de estradas, pontes, túneis e outras obras públicas, nomeadamente na região do interior centro. Para além de escassas, as existentes não são de grande dimensão (média de 20 trabalhadores). Este facto conduz a que os concursos para obras de maior envergadura sejam vulgarmente ganhos por empresas de grandes dimensões de fora do território. Uma possível solução passaria pela cooperação das pequenas empresas locais de forma a ganharem escala suficiente para concorrer a concursos de obras públicas. III.2.1.4. Alojamento e restauração O sector do alojamento e da restauração apresenta também um número considerável de empresas no território de intervenção. Sendo claramente um sector bastante influenciado pelos movimentos turístico não pode, no entanto, ser considerado exclusivamente sujeito aos mesmos. Tabela 36: Distribuição das empresas no sector do Alojamento e Restauração, 2007 e 2008 Em presas do sector de alojam ento e restauração 2008 Estabelecim entos hoteleiros Residencias para férias e outros alojam entos de curta duração Restaurantes (inclui actividades de restauração em m eios m óveis) Estabelecim entos de bebidas 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 Continente 81935 3806 3753 1553 1658 28551 28046 48429 47459 Território de intervenção 4902 7311 343 331 228 244 1836 1795 5084 Douro 1760 92 85 63 66 451 444 1193 1154 Alto Trás-os-Montes 2255 109 106 71 73 574 557 1537 1511 Pinhal Interior Sul 297 9 9 2 4 86 86 201 197 Serra da Estrela 398 18 18 33 39 88 87 250 250 Beira Interior Norte 1086 57 55 40 41 262 256 755 729 Beira Interior Sul 719 29 30 8 9 173 170 535 506 Cova da Beira 796 29 28 11 12 202 195 613 555 Fonte: INE, Dados Estatístico s. Mais uma vez, não foram incluídos na análise os dados de todos os subsectores (excluíramse por exemplo os parques de campismo) mas os que estão representados abrangem 99,5% das empresas existentes em 2008. | 66 Uma das conclusões que se pode retirar dos dados apresentados na Tabela 36 é a pouca representatividade dos alojamentos do território no valor global do continente, cerca de 8,8% dos estabelecimentos hoteleiros e 14,7% de residências para férias e outros alojamentos de curta duração. Este é um valor bastante baixo quando analisado em conjunto com a grande percentagem de território em causa e principalmente tendo em conta as suas fortes potencialidades derivadas, entre outras, das suas características paisagísticas naturais. Em termos evolutivos é curioso conferir que a evolução dos dois tipos de alojamento em causa foi em sentido oposto, em seja, os estabelecimentos hoteleiros sofreram uma diminuição (de 12 estabelecimentos no território, sendo a região do Douro a mais afectada) enquanto o outro tipo de alojamento verificou um acréscimo (de 16 estabelecimentos distribuídos pelas várias regiões do território), acompanhando assim a tendência a nível nacional. | 67 IV ANÁLISE PRELIMINAR DOS SECTORES COM POTENCIAL NA REGIÃO Tendo por base o tecido empresarial e antes de formular uma estratégia de cooperação empresarial é necessário um processo de reflexão com o objectivo de definir quais os sectores de actividade que apresentam, no território de intervenção, um maior potencial competitivo para atingir objectivos comuns gerais e específicos. Aquando da caracterização do tecido empresarial já foi possível identificar os sectores de actividades mais representativos no território. Esta particularidade é, desde já, um bom motivo para carimbar a sua “passagem” a uma análise mais profunda que permita aferir se efectivamente aqueles sectores detêm as condições necessárias para uma possível inclusão num futuro projecto de cooperação empresarial. Para além da análise dos dados estatísticos anteriormente explanados foi também recolhida informação resultante de estudos anteriores levados a cabo por diferentes entidades, nomeadamente pelas associações empresariais promotoras deste projecto, que de alguma forma já vaticinavam a necessidade de intervenção em alguns sectores de actividade de forma a aumentar a sua capacidade competitiva. De um modo geral, os estudos analisados realçam as vantagens de uma intervenção ao nível dos sectores da indústria alimentar, nomeadamente no que diz respeito aos produtos tradicionais/regionais que apresentam características singulares pois incorporam algo único de cada região (tal como os queijos, azeite, frutos secos ou carne denominada) e no “sector” do turismo, de forma a aproveitar as características intrínsecas do território4 e no comércio tradicional, que poderá e deverá aproveitar de parcerias com os anteriores sectores. A comprovar estas conclusões, o Programa de Desenvolvimento Rural da Região Norte proposto para o período de 2007-2013 deu especial relevância às actividades ligadas ao sector agrícola, dado o peso económico das várias fileiras estratégicas, o desempenho em termos de recursos naturais e ainda pelo desenvolvimento que essas actividades podem alavancar promovendo a qualidade de vida e a coesão social. Do mesmo modo, o mesmo Programa refere que a prioridade regional para as estratégias locais da região passa por 4 Veja-se, por exemplo, o estudo levado a cabo pelo NERCAB (em 2005) no qual se salienta que as estratégias competitivas das empresas de territórios mais fragilizados do ponto de vista económico devem assentar numa “especialização flexível”, assente nos denominados bens tradicionais/regionais que apresentam características singulares pois incorporam algo único de cada região (tal como os queijos, azeite, frutos secos ou carne denominada) e que, “quando direccionados para o segmento de mercado adequado, permitem às empresas de territórios de baixa densidade obter vantagens competitivas no mercado global e, assim, contribuir, também, para o desenvolvimento sustentado da região”. Ou ainda o Relatório Final do Estudo de Definição de um Modelo de Cooperação Empresarial, desenvolvido pelo NERBA em 2009, que salientou a existência de determinados nichos de mercado ainda por explorar nomeadamente no sector da indústria agro-alimentar e as possíveis vantagens de uma parceria entre empresas deste sector e do sector do turismo. Também Pedrosa e Pereira (2008) no seu estudo sobre novas estratégias de desenvolvimento de territórios estratégicos referem que, decorrentes do seu vasto potencial ambiental, emergem dois grandes potenciais do território interior norte: o potencial produtivo a nível agro-pecuário e o potencial turístico. | 68 colocar o turismo como driver económico da relação ambiente-turismo e a agricultura como principal factor promotor da criação de riqueza, de protecção e valorização dos recursos naturais e culturais. Para além destes três sectores existem ainda outros três avançados por diferentes estudos e justificados também por motivos distintos: o sector da energia, o sector das rochas ornamentais e o sector dos transportes e logística5. Apesar desses sectores de actividade apresentarem valores bastante baixos na representatividade do tecido empresarial, revestem-se de uma importância estratégica pelas suas características particulares. As rochas ornamentais são defendidas pela existência de um tipo de rocha que em Portugal se concentra no território de intervenção - o granito. Este é um sector que poderá ser desenvolvido em parceria com o sector da construção através de uma maior incorporação do granito como matéria-prima. A energia é um sector de actividade emergente com fortes potencialidades de crescimento, nomeadamente, a hídrica e eólica, devido aos recursos naturais existentes na região. É um dos poucos sectores com taxas de crescimento positivas nos últimos anos. Por fim, o sector dos transportes e logística é igualmente um sector estratégico com grande potencial de crescimento no território devido ao seu carácter transfronteiriço e aos avultados investimentos realizados na construção de duas plataformas logísticas (em Chaves e na Guarda) e que ainda se encontram por optimizar. Assim, com base nas características do tecido empresarial e nas conclusões agregadas de estudos anteriores, apresenta-se de seguida uma análise de âmbito mais alargado ao conjunto dos sete sectores considerados como estratégicos e com potencial para incluir nas futuras redes de cooperação inter-empresarial para a região do interior norte e centro: comércio; agro-alimentar (em concreto, azeite, vinho, frutos secos, mel, produtos de salsicharia e queijos); construção; turismo; rochas ornamentais (em concreto, granito); energia e transportes e logística. Com esta análise pretende descrever-se a sua evolução nos últimos anos, quer a nível nacional como internacional, e ainda efectuar uma abordagem regional para se compreender quais têm sido as suas maiores dificuldades e as suas principais vantagens competitivas dos sectores de actividade referidos. Termina-se cada um destas análises com uma análise SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (Pontos fortes, Pontos fracos, Oportunidades e Ameaças). 5 Veja-se por exemplo o estudo sobre o Douro e Alto Tâmega e a província Ourense desenvolvido com o apoio do NERVIR, em 2004, (refere como principais e potenciais sectores de actividade: o vitivinícola, as rochas ornamentais, o turismo, a energia e os produtos agrícolas), ou o estudo desenvolvido pela mesma associação intitulado a Exportação no distrito de Vila Real – cenário actual e potencial de desenvolvimento, de 2007 (onde se reforça a ideia de que de o vinho, eventualmente complementados com outros produtos regionais e a extracção de mineral e rochas ornamentais são as fileiras essenciais para o distrito de Vila Real). | 69 IV.1 Comércio O papel e o indispensável contributo para o bem-estar económico e social dos cidadãos tornam o sector económico do comércio um dos mais importantes para a economia. A importância sócio-económica do comércio está bem patente no facto de se tratar da segunda maior actividade económica na Europa, à qual Portugal não é excepção, imediatamente a seguir à indústria, sendo uma componente essencial para se aferir o nível e o próprio potencial de uma economia nacional e um sector-chave para a criação de emprego e crescimento económico. Apesar disso, as suas características específicas como o tipo de empresas, o excesso de estabelecimentos (para a procura existente), os baixos níveis de formação de quem explora os estabelecimentos e a gestão tradicional e pouco profissionalizada conduzem, regra geral, a padrões de desempenho não muito elevados que têm conduzido a uma preocupação mais acentuada com este sector, a nível nacional e da União Europeia. No contexto nacional têm-se verificado importantes alterações estruturais no sector do comércio que, em certa medida, estão interligadas com as alterações de diversa índole, como o envelhecimento da população, a expansão da população activa feminina, o incremento da mobilidade, o movimento das populações urbanas em direcção à periferia, o aumento do rendimento disponível das famílias, a maior disponibilidade para o lazer, a maior selectividade no acto de compra, a crescente adesão a novas tecnologias, entre outras. Ainda assim, quer no contexto nacional quer no território de intervenção, o sector caracteriza-se por concentrar um elevado número de empresas de muito pequena dimensão, deixando bem evidente o carácter familiar da maioria das empresas e o domínio do sector pelo pequeno investidor e pelo capital familiar. Acresce ainda a predominância do comércio a retalho e a pulverização e atomização do tecido empresarial que não são factores favoráveis ao desenvolvimento de grandes projectos, comprometem a capacidade de modernização do sistema comercial e constituem fragilidades estruturais do sector. No Anexo 1 apresentam-se alguns dados financeiros deste sector mais representado no tecido empresarial da região, o comércio a retalho. Pode-se constatar o ritmo de crescimento do volume de negócio, que se cifrou entre os 41% no Pinhal Interior Norte e os 18% na Serra da Estrela, de 2006 a 2008. Apesar disso, o resultado líquido sofreu uma quebra acentuada excepto em Alto Trás-os-Montes e na Beira Interior Norte. A região da Beira Interior Sul é aquela em que o comércio tem sofrido mais dificuldades apresentando nos últimos anos resultados líquidos e excedentes financeiros negativos o que origina fortes constrangimentos financeiros. Apesar das empresas se encontrarem a laborar com uma margem de segurança bastante aceitável (de 14% a 23%) e acima da média nacional, a sua rendibilidade operacional das vendas é relativamente baixa (máximo de3,8%). | 70 No quadro seguinte são sistematizados os pontos fortes e fracos para o sector do comércio no território de intervenção, mas que na generalidade são comuns aos do panorama nacional. Análise SWOT ao sector do Comércio Pontos fortes Pontos fracos Sector transversal ao conjunto dos restantes sectores de actividade económica Empresas de muito pequena dimensão e de carácter familiar onde a a falta de escala limita a optimização da performance produtiva Predominio de sub-sectores de actividade relacionados com bens de primeira necessidade Elevada heterogeneidade dos sub-sectores de actividade Dinâmica e orientação para o mercado demonstradas por alguns comerciantes Gestão tradicional e pouco profissionalizada Alguma focalização reconhecida Reduzida cooperação empresarial dificultando, deste modo, implementação de uma estratégia de desenvolvimento comum em produtos específicos cuja qualidade é a Baixos níveis de formação e espírito pouco empreeendedor Fraca sensibilidade para a modernização do sector em vectores empresariais essenciais ao acréscimo de competitividade como a formação, as normas ambientais e a higiene e segurança no trabalho e o marketing Falta de planeamento estratégico e imobilismo dos comerciantes que conduzem a uma elevada rotatividade dos estabelecimentos Ambiente de compra pouco atractivo e horários de funcionamento desajustado com a vida moderna dos estabelicimentos tradicionais Distribuição não equitativa do número de estabelecimentos por cada ramo de actividade Falta de actuação corporativa condiciona a criação de massa crítica Oportunidades Ameaças Adequar/introduzir alterações nos estabelecimentos (exemplos: tipo de produtos, serviço ao cliente, pessoal ao serviço em termos de número e formação, remodelação física do espaço) de modo a alterar a sua imagem e melhorar a visibilidade juntos dos consumidores Inércia do comerciantes retalhistas na aposta na inovação, qualidade, diferenciação do serviço prestado, modernização dos estabelecimentos e reforço da competitividade de forma a consolidar as suas posições no mercado Incremento da cooperação empresarial A par do pequeno comércio que predomina no sector existem empresas tecnologcamente avançadas, com forte kow how e concorrência cada vez mais agressiva Modernização e inovação do sector de modo a responder a novos desafios relacionados com os estilo de vida e exigências dos clientes Fraco grau de associativismo económico das empresas do sector Potenciar o atendimento personalizado do comercio tradicional para fazer face às grandes superfícies C oncorrência ilegal e cotrafacção Aproveitamento da concorrencia como factor estimulanete à inovação Aproveitamento do comércio em espaço rural para promoção e distribuição das produções locais Progressiva integração do comércio em planos de urbanismo comercial como instrumentos de dinamização e modernização das estruturas comerciais, associadas à revitalização de centros históricos das cidades e das vilas Tendo por base as características intrínsecas deste sector de actividade e atendendo à informação estatística referida anteriormente para o território de intervenção constata-se que a cultura empresarial, a elevada heterogeneidade dos ramos de actividade e a | 71 predominância do pequeno comércio por retalho são factores, de algum modo, limitativos da aposta na inovação, qualidade, diferenciação do serviço prestado, modernização dos estabelecimentos e da cooperação empresarial. No entanto, o aproveitamento das potencialidades paisagísticas, associado aos produtos endógenos do território de intervenção poderão ser factores mobilizadores de uma potencial cooperação empresarial entre sectores como o turismo, a construção e o comércio a retalho tradicional de modo a criar economias de escala de promoção e distribuição de produtos, sobretudo locais. IV.2 Agro-alimentar Desde as últimas décadas é relativamente consensual que as grandes empresas não constituem, por si só, o único motor do crescimento económico do país. De facto, grande parte das micro e médias empresas localizadas em regiões sobretudo mais rurais produzem produtos regionais diferenciados de elevada qualidade mas cujo reconhecimento por parte do consumidor ainda não está completamente consolidado. Esta valorização enfrenta alguns obstáculos e condicionalismos que não são exclusivos de uma região e que são apontados em Cristovão et al. (2003): i) os baixos volumes de produção, consequência do abandono progressivo da agricultura e do sector do artesanato; ii) o risco da perda do saber-fazer tradicional; iii) a dispersão da produção pelo território, a debilidade organizativa e a ausência de mecanismos de concentração da oferta; iv) o envelhecimento da população rural e a crescente falta de mão-de-obra jovem nas actividades agrícolas e de artesanato e a consequente perda das práticas tradicionais de laboração; v) a dificuldade do sector agro-alimentar tradicional em modernizar as suas estruturas de transformação e assumir uma orientação para o mercado; vi) a falta de locais de venda qualificados e de criação de sinergias entre produtos de modo a aumentar a percepção de qualidade por parte dos consumidores. Neste cenário, o estabelecimento de uma estratégia de valorização dos produtos deve, por um lado, melhorar a vitalidade da economia portuguesa e, por outro lado, preservar a diversidade e a riqueza da paisagem e a tipicidade dos produtos através da sua certificação. Desde 1994 existem em Portugal cerca de 120 produtos que beneficiam de qualificações DOP (Denominação de Origem Protegida), IGP (Indicação geográfica Protegida) e ETG (Especialidade Tradicional Garantida). Estas denominações introduzem um elemento de diferenciação nos produtos que se espera ser reconhecido e valorizado por segmentos específicos dos consumidores. | 72 De facto, este tipo de produtos tem vindo a conquistar um reconhecimento crescente nacional e internacional fruto da sua qualidade, da sua genuinidade e da sua história associada ao modo de fabrico ou a uma determinada origem geográfica. Com efeito, na região norte e centro de Portugal já existe um elevado número de produtos tradicionais com nomes protegidos através de regimes nacionais e comunitários de qualificação/certificação e uma crescente adesão a modos de produção sustentáveis (caso do modo de produção biológico, entre outros). Estes produtos de nome protegido contribuem não só para a valorização do mundo rural das áreas geográficas que lhe estão afectas como também para o aumento da competitividade nacional no mercado global suportada na especificidade e qualidade e não só no custo. Contudo, à excepção do sector do vinho, a produção diferenciada ao abrigo de regimes de qualificação e de certificação da qualidade têm uma expressão reduzida em termos de quantidade e valor face ao potencial global, embora se registem, mais recentemente, taxas de crescimento em alguns produtos, como no azeite. Vários estudos referem que as dificuldades na criação de escala e na organização das produções diferenciados acarreta uma insuficiente divulgação e reconhecimento dos sistemas de qualidade por parte do consumidor e, por conseguinte, uma incipiente penetração no mercado quer interno quer externo. De modo a projectar a visibilidade dos produtos tradicionais é fundamental aproveitar as potencialidades das regiões para o desenvolvimento do turismo associado à gastronomia, à paisagem e à natureza com destaque para as áreas da rede Natura. Pelas suas condições paisagísticas, territoriais e edafo-climáticas a área de intervenção em análise tem uma forte tradição na produção de produtos de qualidade regional com um elevado potencial de dinamização e valorização do espaço rural. Neste sentido, o cluster dos produtos tradicionais constituem uma potencial fileira estratégica do sector económico, com particular destaque para o vinho, azeite, frutos secos, mel, produtos de salsicharia e queijos tradicionais. A promoção integrada dos vários produtos regionais, eventualmente complementada com a riqueza paisagística e cultural, irá, certamente, contribuir para a promoção integrada da área de intervenção. O enquadramento dos produtos tradicionais acima referidos na área de intervenção teve por base os diagnósticos sectoriais respectivos realizado pelo Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. IV.2.1 Azeite Para o mercado mundial de azeite prevê-se um acréscimo produtivo resultante essencialmente do aumento da produtividade nos actuais olivais e, em menor escala, do aumento da área plantada. A partir de meados da década de noventa tem-se verificado uma expansão do sector com uma taxa de crescimento da produção de cerca 4,6%, | 73 acompanhadas por acréscimos na procura internacional, correspondentes a uma taxa de crescimento do consumo de 3,5% ao ano. A nível nacional, a produção de azeite registou um crescimento de 42% em 2009 face ao período homólogo representando o mercado nacional 150 milhões de euros. O consumo per capita anual em Portugal passou de uma média de 3,3 quilogramas no início dos anos 90 para um nível actual de sete quilogramas per capita. A representatividade do sector do azeite na estrutura agro-alimentar tem sido, nos últimos anos, próxima de 1%, correspondendo a um valor da ordem dos 90 milhões de Euros. A produção nacional de azeite satisfaz cerca de 50 a 60% das necessidades de aprovisionamento do nosso país, sendo o restante assegurado pela entrada de azeite com proveniência comunitária, sendo Espanha a sua principal fonte de abastecimento. Nos últimos anos, o índice de orientação exportadora subiu para valores entre os 60 e os 75% tendo como principais mercados alvo de exportação o Brasil, a Venezuela, os EUA e o Canadá. Portugal é agora o quarto maior produtor a nível da União Europeia e com um crescimento de exportações de 19%. Em 2008, a produção de azeite na região norte representava cerca de 29% da produção total (587.422 hl) enquanto este valor se situava em 25% para a região centro. A norte, a olivicultura pratica-se quase exclusivamente na Terra Quente Transmontana e no vale do Douro Superior enquanto no centro esta se reparte pelo Pinhal Interior Sul e Beira Interior Norte e Sul. A área de intervenção contempla três azeites DOP: o Azeite de Trás-os-Montes (que abrange mais de 60% da área do olival regional para o azeite), o Azeite da Beira Alta e o Azeite da Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 18: DOP de azeite Beira Baixa (Figura 18). Em 2004, a produção de azeites DOP perfez cerca de 2,9% da produção nacional de azeite virgem, sendo os azeites de Moura e o azeite de Trás-os-Montes os mais representativos. Nos anos mais recentes, os azeites com nomes protegidos têm vindo a perder expressão à escala nacional, face aos preços inferiores dos azeites correntes e a bloqueamentos nos circuitos de comercialização. Contudo, o Programa de Desenvolvimento Rural da Região Norte estima um aumento previsional para a região norte do valor global da fileira de 24,9 % em 2013, que resultará não só do aumento da produção mas sobretudo da valorização dos produtos comercializados de Denominação de Origem. | 74 Através dos elementos apresentados no Anexo 2 é possível verificar que as empresas situadas na área de intervenção apresentam um forte peso neste sector representando, em 2008, 46% das empresas existentes no continente. Em termos do volume de negócios (e apesar da falta de dados) é possível verificar que a evolução tem sido positiva em algumas sub-regiões (Alto Trás-os-Montes, Pinhal Interior Sul) enquanto noutras a oscilação tem predominado. Pese embora as dificuldades associadas ao mau momento económico que o país atravessa, o volume de negócios do território neste sector verificou um aumento de 33% no ano de 2007. É possível ainda verificar que as empresas do sector da produção de azeite têm conseguido obter nos últimos anos níveis bastante positivos em relação aos seus excedentes de exploração assim como da sua capacidade de financiamento. No entanto, as empresas em média não têm conseguido laborar acima do seu ponto morto de exploração o que gera rendibilidades negativas. Este é um aspecto bastante preocupante pois a obtenção de níveis aceitáveis de rendibilidade a médio prazo é um ponto crucial para a manutenção das empresas no mercado. Alguns aspectos que estão a obstruir o crescimento da rendibilidade deste sector estão, com certeza, relacionados com a incapacidade das empresas em penetrar em mercados novos mercados, tais como a pequena escala de produção ou a inexistência de campanhas de promoção dos produtos. Outro factor está associado aos fortes gastos de exploração associados a esta actividade que urge minimizar ou reestruturar. Assim, o aproveitamento das oportunidades abaixo referidas, alicerçado na modernização e desenvolvimento de forma activa e sustentada da produção do azeite nacional contribuirá para o aprovisionamento dos mercados interno e externo, promovendo, em simultâneo, o desenvolvimento das regiões onde se localiza. Este é de facto um sector estratégico de apetência indiscutível que poderá servir de suporte a grande parte da sustentabilidade da região norte e centro de Portugal através do desenvolvimento de alianças com o sector do turismo e cultura, entre outras. Apresentam-se de seguida os pontos fortes e fracos e as oportunidades e ameaças deste sector da indústria agro-alimentar. | 75 Análise SWOT ao sector do Azeite Pontos fortes Pontos fracos Património natural com significativo índice de biodiversidade Olival degradado com baixas produtividades e alternância da produção Peso sócio-económico do sector na sub-região de Alto-Trás-os-Montes e da Beira interior Elevados custos de produção (apanha e consumos intermédios) C ondições edafo-climáticas adaptadas à cultura e com potencial para produzir azeite de qualidade Insuficiente reestruturação e modernização da recepção, transporte, acondicionamento e transformação Imagem do azeite associada à qualidade/ tipicidade / saúde pública Deficiente recurso à I&D, nomeadamente para eliminação de efluentes e valorização dos sub-produtos Dinâmica recente da produção e melhoria substancial da qualidade Fraca orientação apresentação dos mercados Procura crescente por produtos diferenciados Fracas sinergias com sectores complementares como o turismo Existência de conhecimento técnico Estruturas associativas frágeis e fraco poder negocial junto da grande distribuição comercial, nomeadamente na melhoria da produtos, alargamento e conquista de novos Falta de rendibilidade exploração. no sector, nomeadamente, ao nível da Oportunidades Ameaças A olivicultura é considerado um sector estratégico com projecto de estratégia sectorial e nacional Espaço geográfico regional envelhecido e desertificação dos territórios rurais C ondições agro-ambientais favoráveis à dinamização da cultura Os períodos de colheita são curtos, não programados, e muito dependentes das condições climatéricas e da mão e obra disponível Potencial para aumentos da produção sobretudos nas áreas aptidão olivícola com Algumas variedades pouco produtivas e a inexistência de um programa de melhoramento para as variedades marcantes da olivicultora regional Atractividade do sector ao investimento exterior Negociações sem inclusão das exigências relativas alimentar e ambiente (non trade concerns ) Oferta de produtos diferenciados e identidade própria que são capazes de diversificar a capacidade produtiva do território e de superar a âmbito local O grosso da produção dos azeites DOP continua a ser recolhido pelo próprio olivicultor ou a ser comercializado para grandes empresas embaladoras fora da região, a granel e não certificado, logo após o fabrico. Possibilidade de evolução na cadeia de valor, pela transformação e melhoria dos processos de comercialização Ausência de um modo de cooperação promoção conjunta do azeite Existência de azeite com Denominações de Origem protegida e a potencialidade de implementação de outras Potencial de consumo da região e do país em fase de estagnação. Evolução positiva do consumo de produtos olivícolas e da actividade relativa aos produtos com origem protegida Evolução pouco atractiva dos preços pagos à produção Potencial de mercado, interno e externo por explorar Possibilidade de potenciar a adopção de projectos integrados de constituição/reforço de clusters à segurança empresarial que faça a | 76 IV.2.2 Viticultura A vitivinicultura é o suporte de grande parte da actividade económica e social nacional representando 15,9% da produção agrícola (período 2000-2005). A sua sustentabilidade depende, essencialmente, da vitalidade demográfica, da preservação do património natural de interesse paisagístico e do ambiente e da sua integração com o agro-turismo. Com uma superfície vitícola de 240 mil hectares repartida pelas diferentes regiões, a cultura da vinha ocupa cerca de 6,9% da superfície agrícola útil e 2,6% do território continental vinícolas (91 km2). 909 VQPRD (Vinho As de regiões Qualidade Produzido em Região Demarcada) cobrem grande parte do país e evidenciam a importância da região de cultivo da vinha na determinação da qualidade e identidade dos vinhos produzidos (Figura 19). Na vertente económica, assinala-se o crescimento do peso do sector do vinho que representava 9,1% da produção agrícola, no período de 1980-1989, e que registou 15,4% no período de 2000-2007. Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 19: DOP dos vinhos Apesar da sua importância, o envelhecimento das vinhas, a utilização de castas pouco adequadas à produção de vinhos de qualidade, as baixas produções e o condicionamento da mecanização resultante da dispersão da vinha por parcelas de pequenas dimensões conduzem a custos de produção elevados. Apesar do esforço que os viticultores têm vindo a efectuar nos últimos anos são ainda apontados no Programa de Desenvolvimento Rural da Região Norte (2007) outros pontos fracos deste sector de actividade tais como: i) elevada heterogeneidade na produtividade; ii) pulverização de marcas; iii) deficiente cooperação local, nacional e internacional entre os vários agentes económicos; iv) fraca estrutura de capital e excesso de endividamento essencialmente no sector cooperativo; v) fragilidade do movimento associativo e cooperativo da produção; vi) baixa qualificação da mão-de-obra; vii) regressão demográfica. Para ultrapassar estas debilidades do sector e adaptar a produção à melhoria constante da qualidade dos vinhos portugueses de modo a permitir enfrentar a concorrência nos mercados | 77 cada vez mais exigentes, Portugal tem vindo a utilizar regimes comunitários de apoio à reconversão e reestruturação das vinhas nas diferentes regiões vitivinícolas. Apesar da difícil conjuntura internacional, dados do Instituto da Vinha e do Vinho revelam que a exportação de vinhos portugueses no 1º semestre de 2009 (não incluindo o vinho do Porto e da Madeira que enquanto vinhos licorosos DPO de renome internacional, têm um comportamento diferenciado dos restantes) atingiu o valor de 183,5 milhões de euros, traduzindo-se num crescimento de 45% face a idêntico período de 2008. Os vinhos com denominação de origem protegida DOP (cuja designação vem substituir os VQPRD) conquistam expressão e representam 21% do total do volume exportado (contra 13% no mesmo período, em 2007 e 2008). Portugal tem vindo a reforçar o peso do volume e valor das exportações para países terceiros, como Angola e Estados Unidos da América, em comparação com o volume e valor das exportações para países da União Europeia, cujos principais locais de destino são a Alemanha e a França. As exportações portuguesas de vinho têm apresentado sinais positivos, que estão certamente associadas a uma maior aposta em produtos de qualidade e numa relação qualidade/preço equilibrada. O desafio que se coloca consiste em manter esta tendência positiva e reforçar a visibilidade dos vinhos portugueses aproveitando algumas vantagens competitivas do sector tais como: i) notoriedade da região e da Denominação de Origem Porto; ii) dinâmica da reestruturação da vinha observada sobretudo nos últimos anos; iii) grande diversidade de castas autóctones produtoras de vinho de qualidade; iv) produção de vinhos de alta qualidade; v) boa capacidade tecnológica instalada; vi) envolvimento dos agentes económicos nas organizações; vii) protecção, defesa, certificação e promoção de todas as denominações de origem; viii) património natural, histórico, cultural e paisagístico de interesse mundial; ix) complementaridade com o potencial do turismo em espaço rural. Atendendo à distribuição da produção do vinho nos últimos anos (Figura 20) constata-se que a região do Douro ocupa lugar de destaque na produção total de vinho nacional tendo a sua produção média nas últimas 5 campanhas, sido superior a 1,5 milhões de hectolitros. Fonte: Instituto da Vinha e do Vinho Figura 20: Produção média de vinho por regiões nas campanhas 2006/2007 a 2008/2009 | 78 Tendo por base a produção de vinho por qualidade (Figura 21) constata-se um aumento da representatividade dos vinhos aptos para certificação (VQPRD e vinho regional) atingindo um valor de 74% na campanha de 2008/2009. Fonte: Instituto da Vinha e do vinho Figura 21: Distribuição do vinho campanhas de 2000/01 a 2008/09 nacional por qualidade desde as Após a análise genérica do sector do vinho nacional importa agora enquadrar a área de intervenção nas diferentes regiões vitivinícolas uma vez que a produção e qualidade do vinho varia de um modo significativo com a região. O estatuto DOC Trás-os-Montes, que envolve as sub-regiões de Valpaços, Chaves e Planalto Mirandês, veio dar reconhecimento ao potencial qualitativo dos seus vinhos, bem como da sua viticultura. Esta região apresenta um riquíssimo património ampelográfico (40 castas autóctones em cultivo), na sua maioria bem adaptado às diferentes situações edafoclimáticas, dando origem a produtos diferenciados que, com garantia de qualidade, constituem uma oportunidade para o desenvolvimento e aumento da competitividade da viticultura regional (Sousa et al., 2007). Na região demarcada do Douro produz-se o internacionalmente conhecido vinho do Porto e vinhos com Denominação de Origem Douro em crescente afirmação, conquistando actualmente os mercados mais exigentes. Esta região situa-se na bacia hidrográfica do Douro, rodeada de montanhas, estendendo-se por uma área total de 250.000 ha, dos quais cerca de 18% são ocupados com vinha, fruto da notável acção de várias gerações na alteração das encostas. A viticultura da Região Demarcada do Douro é uma vitivinicultura de encosta, caracterizada por uma elevada diversidade de encepamento. Pela sua tipicidade paisagística, a região do Alto Douro Vinhateiro que está inserida na área de intervenção foi classificada com o título de património Mundial em 2001. Apesar da antiga tradição da Beira Interior em produzir vinho, a regressão demográfica e as dificuldades de comunicação provocaram algum atraso enológico e um grande abandono das vinhas. Actualmente, assiste-se a uma revitalização do sector e ao aparecimento de vinhos | 79 de qualidade de DOC Beira Interior e cuja área de intervenção abrange as sub-regiões de Pinhel e da Cova da Beira. Apesar das extremas condições climatéricas nesta região, a criteriosa selecção das castas utilizadas permite produzir vinhos aptos para certificação. Atendendo à Tabela 37 conclui-se que do total de vinho produzido na região norte em 2008 (representa cerca de 39% do total nacional), cerca de 65% do volume de produção diz respeito às regiões do Douro e de Alto Trás-os-Montes (neste caso, com especial enfoque nas regiões vitivinícolas de Valpaços, Chaves e Planalto Mirandês). A região centro apresenta uma produção de vinho de cerca de 28% da produção nacional, contribuindo as sub-regiões Pinhal Interior Sul, Serra da Estrela, Beira Interior Sul e a Cova da Beira em cerca de 15% daquele valor. Tabela 37: Produção vinícola declarada expressa em mosto na área de intervenção 2008 Produção de vinho por qualidade (hl) Total VLQPRD VQPRD Vinho regional Vinho de mesa Continente 5 357 970 716 519 1 951 299 1 287 728 1 402 424 Norte 2 083 809 702 851 1 071 936 90 376 218 646 Douro 1 211 896 690 772 341 701 46 526 132 897 135 254 12 080 12 839 27 735 82 601 1 507 444 2 573 346 472 464 577 693 823 805 51 444 311 18 361 16 831 317 1 213 20 996 30 902 102 533 Alto Trás-os-Montes Centro Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cova da Beira 157 002 2 571 746 472 44 610 20 470 274 24 030 110 Fonte: INE, Anuários Estatísticos das Regiões Centro e Norte 2008. Atendendo à qualidade do vinho produzido verifica-se que os vinhos VQPRD e regional na área de intervenção têm uma representação bastante significativa, destacando-se a Cova da Beira em que a quase totalidade da sua produção tem esta denominação (Figura 22). Com a operacionalização de estratégias assentes na melhoria da qualidade e aumento das vendas em vinho VQPRD em detrimento dos vinhos de mesa e regionais, prevê-se uma variação de 25% da produção de vinho VQPRD para a região vitivinícola de Trás-os-Montes e 20% para a Região Demarcada do Douro para o período de 2007-2013. | 80 VLQPRD VQPRD Vinho regional Vinho de mesa 100 80 60 40 20 s-M Pi nh on al te s In te r io Se rS rra ul d a Be Es ir a tre In la te r io r N Be or ir a te In te r io r S Co ul va da Be ir a D o ur o Al to Tr ás -o Co nt in en te 0 Figura 22: Distribuição da produção do vinho por qualidade na área de intervenção Com base no Anexo 3, constata-se que as empresas do sector vitivinícola do território em análise representam 21,7% do total das empresas do mesmo sector no continente. Uma vez que não estão disponíveis dados financeiros para as restantes regiões apenas é possível estudar a sub-região do Douro. O volume de negócios das empresas vitivinícolas na referida região cresceu de 2006 para 2008 46%. Este incremento levou também a um acréscimo do valor acrescentado bruto e da margem de segurança. No entanto, os custos de exploração fixos incorridos aumentarem numa maior escala levando à obtenção de uma menor margem líquida, sendo muito embora bastante superior ao valor médio apresentado pelas empresas no continente (2,5% no Douro e -0,8% no continente). Este aspecto mostra claramente que o sector dos vinhos, nomeadamente, os VQPRD, da sub-região do Douro é de uma extrema importância para a economia nacional importando por isso maximizar os seus níveis de rendibilidade. A qualidade dos vinhos produzidos associado a estratégias eficientes de promoção e divulgação dos vinhos e de uma política comercial e de um sistema de distribuição complementada com outros produtos de qualidade e/ou com potencial do turismo em espaço rural nas área de intervenção, perfilará o sector dos vinhos como uma potencial fileira estratégica. Consideram-se agora os pontos fortes e fracos, bem como as oportunidades e as ameaças existentes, tendo em vista a tomada de decisões a nível da fileira. | 81 Análise SWOT ao sector do Vinho Pontos fortes Pontos fracos C ondições edafo-climáticas e grande diversidade de castas autóctones produtoras de vinhos de alta qualidade, designadamente VQPRD e Vinhos Regionais Excessiva dependência da região da sub-região do Douro do sector vitivinícola Prestígio e notoriedade internacional de algumas Denominações de Origem e marcas. Fraca estrutura de capital e excesso de endividamento, essencialmente no sector cooperativo dificultando, assim a acesso aos mercados Dinâmica de reestruturação da vinha principalmente nos últimos anos Baixa profissionalização das organizações, nomeadamente na gestão Protecção, defesa, certificação e promoção de todas as denominações de origem numa única entidade que regula os interesses da produção e do comércio Elevados custos de produção, devido à pequena dimensão e dispersão das parcelas, baixos níveis de mecanização e viticultura de encosta Património histórico, cultural e paisagístico de interesse ambiental e mundial Deficiente cooperação local, nacional e internacional entre os vários agentes económicos Grande complementaridade com o potencial do turismo em espaço rural Falta de estratégia de aproveitamento de sub-produtos Dinâmica empresarial e elevados níveis de competitividade nalgumas empresas do sector, que se encontra organizado Regressão produtores Grupos económicos com dimensão relevante e capacidade exportadora Deficientes estratégias empresariais concertadas para abordagem dos mercados externos Oportunidades Ameaças demográfica associada à falta de qualificação dos C rescente visibilidade do interior norte e centro de Portugal e do Douro em especial Entrada de novos produtores com vantagens comparativas Novas políticas de apoio ao investimento orientadas para aumento da competitividade e sustentabilidade das empresas Fraca evolução ou estagnação do valor gerado pela exportação de vinho português Forte complementaridade com o potencial do turismo em espaço rural resultante do crescente aumento da procura turística Tendência para agravamento dos regimes de tributação do vinho Fidelização de novas franjas de consumidores diferençados e com garantia de qualidade Decréscimo do consumo do vinho nos países produtores e riscos de degradação da imagem do vinho em termos de saúde pública para vinhos Mercados emergentes e novos países consumidores C rescimento autóctones do mercado de Aparecimento e consolidação especialistas na vinha Relançamento de medidas diplomacia económica e vinhos de nova Excessiva regulamentação comunitária monovarietais geração instrumentos de de das castas enólogos dinamização e da Expectativas de melhoria do quadro institucional multilateral para as Denominações de Origem C rescentes exigências ambientais | 82 IV.2.3 Frutos secos A região norte do país apresenta boas condições edafo-climáticas para a produção de frutos secos. A sua diversidade em termos de clima e altitude permite o cultivo de espécies muito diversas, destacando-se o castanheiro que existe na Terra Fria de Montanha e a amendoeira no Douro Superior Sul e Terra Quente Transmontana que estão geralmente associadas a sistemas de produção ambientalmente sustentáveis. Nesta região existem três denominações de origem protegida para a castanha: castanha da Terra Fria; castanha dos Soutos da Lapa e castanha da Padrela; e uma Denominação de Origem Protegida para a amêndoa: a Amêndoa Douro (Figura 23). Figura 23: DOP de frutos secos Em 2005 a área da cultura do castanheiro no continente totalizava 30.097 hectares, a que correspondeu uma produção total de 22.169 toneladas e uma produtividade média de 0,7 ton/ha, colocando Portugal como o quinto produtor actual do mundo. A castanha portuguesa impõe-se há décadas no mercado externo, sendo um produto que permite manter, com larga vantagem, um saldo positivo na balança comercial do país, o qual se cifrou em 12,6 milhões de euros (média do quinquénio 2001-05). Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt A principal região de produção é Trás-os-Montes, destacando-se das restantes regiões produtoras, com um peso de 85% na área e 82% na produção total do continente. Segue-se a região da Beira Interior, com uma representatividade de cerca de 10% em termos de área e 9% na produção. Na região de Trás-os-Montes, cerca de 70% a 80% da castanha destinase ao mercado externo (em fresco e transformada), quer para países da União Europeia (65%), quer para Países Terceiros (15%) e apenas 20% a 30% da produção regional tem como destino o mercado interno. A castanha protegida Soutos da Lapa, é comercializada através de uma cooperativa sendo uma parte introduzida no mercado externo e outra parte nas médias e grandes superfícies nacionais. Na Beira Interior, os intermediários têm igualmente um papel importante na preparação e comercialização das castanhas de nome protegido dos pequenos agricultores. A amendoeira é também uma das tradicionais culturas de Portugal continental, representando cerca de 45% do total da área de frutos secos. Apesar da liderança da Espanha na produção da amêndoa, seguido da Itália e da Grécia, Portugal ocupava a quarta posição na produção deste fruto (20.000 toneladas) no quinquénio 2001-2005. A principal zona de produção de amêndoa no continente localiza-se em Trás-os-Montes principalmente | 83 na Terra Quente e Alto Douro com um peso na área total de 60% e de 86% na produção. A amêndoa é adquirida à produção, por intermediários, mas também por industriais, que procedem à sua transformação e comercialização. O produto destina-se ao mercado interno, nomeadamente aos mercados abastecedores ou a pastelarias e confeitarias regionais e também ao mercado externo, particularmente a Espanha. A valorização desta fileira resulta não só do aumento expectável do preço dos frutos em fresco e pelo aumento da produtividade, mas sobretudo com base nas perspectivas de desenvolvimento da transformação e no papel da multifuncionalidade, nomeadamente associado ao turismo em zonas da rede Natura. Muitas das limitações, mas também das oportunidades que se colocam aos produtos de qualidade regional, são comuns a diferentes sectores e fileiras, embora alguns aspectos específicos justifiquem uma análise mais focalizada e por isso se apresentam as análises SWOT da castanha e da amêndoa em separado. Análise SWOT ao sector da Castanha Pontos fortes Pontos fracos Áreas com potencialidades para cultura e significativa tradição de cultivo de produtos de qualidade Pequena dimensão das explorações, tecido produtivo envelhecido e com fraco nível de formação Reconhecimento da qualidade de algumas variedades no mercado nacional e internacional Deficiente limitação e controlo dos agentes bióticos nocivos Importância económica da cultura nas terras frias de montanha Deficiente difusão da informação, nomeadamente no tocantes às potencialidades produtivas e de transformação das variedades regionais Sistema de elevado valor paisagístico e com uma grande diversidade genética Falta de estruturas adequadas à conservação do fruto pós-colheita e à sua comercialização Denominações de Origem Protegida Falta de capacidade de organização dos produtores, com consequente incapacidade de intervenção no mercado e excessiva dependência dos intermediários Falta de produtos transformados da castanha Deficiente organização na valorização da castanha certificada na produção e consumo de amêndoa, nomeadamente na doçaria regional Oportunidades Ameaças Disponibilidade de áreas com aptidão para a cultura e interesse pelo castanheiro por parte dos produtores Uso continuado de práticas culturas que fomentam o desequilíbrio no souto Procura crescente de qualificação certificada Envelhecimento do tecido produtivo, resposta às exigências do sistema produtos provenientes de sistemas de com consequente Maior sensibilidade dos produtores para a conservação da natureza e dos recursos naturais Dependência excessiva da mão-de-obra na colheita Aparecimento de novos mercados e de novos produtos transformados da castanha Abandono da actividade agro-florestal significativa Sistemas inseridos em áreas com aptidões naturais para a prática de turismo na natureza Falta de incentivos à organização dos produtores Dinamização do consumo pelo aproveitamento do valor intrínseco do produto C onstituição de novas empresas de serviços e de transformação ligadas ao sector falta de | 84 Análise SWOT ao sector da Amêndoa Pontos fortes Pontos fracos C omplementaridades com outras culturas O pomar de amendoeiras encontra-se fortemente pulverizado, existindo grande número de árvores dispersas, envelhecidas e em associação com outras espécies e em áreas pouco aptas para a cultura tornando-se pouco rentáveis Existência de parcerias entre equipas de diferentes instituições públicas e privadas, nacionais e estrangeiras Leque de variedades vasto e indefinido nos amendoais tradicionais e com possibilidade de mistura de amêndoa amarga Actividades pouco exigentes em mão-de-obra pelo que se enquadram muito bem no quadro social da região e na estrutura fundiária, aliados à tradição na produção/consumo Fraca preparação dos produtores e operadores, particularmente em novos mercados de produção Apetência para constituição de rotas turísticas Em Trás-os-Montes, uma parte significativa da produção está concentrada em pequenos e médios produtores, com empresas do tipo familiar Recursos genéticos autóctones de ambiental e paisagístico por forma biodiversidade elevado valor agronómico, a garantir a protecção de Organizações de produção/comercialização pouco dinâmicas Potencialidade de aumento da produção e da produtividade, mantendo a qualidade e a sustentabilidade ambiental Ausência de melhoramento e subsequente inadaptação das variedades locais aos requisitos comerciais Existência de tradição na produção nomeadamente na doçaria regional Dificuldade na comercialização devido, por um lado, à falta de organização da produção, nomeadamente na concentração da oferta e, por outro, à fraca diferenciação do produto por qualidade e consumo de amêndoa, Oportunidades Ameaças O país é deficitário em amêndoa com um mercado consumidor a aumentar Abandono definitivo do amendoal tradicional C rescente procura de actividades de lazer associadas à preservação da paisagem rural Substituição crescente de variedades locais por variedades melhoradas com consequente risco de erosão genética e extinção de variedades Tradição na produção, consumo e comércio C oncorrência do mercado externo comercialização e consequente dificuldade de Diversificação da oferta de produtos transformados Formas de produção condizentes com a preservação ambiental e do património paisagístico e cultural Motivação para a instalação e modernização dos manutenção e valorização ambiental de algumas amendoal amendoais e manchas de IV.2.4 Mel O sector apícola em Portugal, tal como no resto da União Europeia, é uma actividade tradicionalmente ligada à agricultura que é normalmente encarada como um complemento ao rendimento das explorações. Contudo, para uma pequena minoria a apicultura é a base das receitas de exploração. Neste sentido, a avaliação deste sector com base em indicadores económicos subestima a sua importância na actividade agrícola, na manutenção dos ecossistemas e espaços naturais, no equilíbrio ecológico da flora e na preservação da biodiversidade, ou seja, num aproveitamento integrado e economicamente sustentável do espaço rural. A norte de Portugal estão reconhecidas quatro denominações de origem protegida de mel (Figura 24), as quais demonstram um interesse crescente por parte dos apicultores numa aposta na qualidade, com consequências não só a nível da dinamização económica das zonas rurais em que se inserem, mas também da própria comercialização do mel. | 85 Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 24: DOP de mel Apesar da forte dependência da produção face às condições climáticas e, por conseguinte, a existência de oscilações anuais mais ou menos significativas, a produção nacional do mel no ano de 2008 foi de 6.654 toneladas. Também a produção de méis DOP tem vindo a confirmar o aumento progressivo, mas continua a apresentar um peso muito reduzido no cômputo global da produção nacional de mel (cerca de 2,4%, em 2007). Contudo, para esta produção de méis com nome protegidos destaca-se o mel de Barroso com 38%, seguido do mel do Parque de Montesinho com 35% e o da terra Quente com 3%. O escoamento deste tipo de méis encontram-se, principalmente, distribuídos entre o comércio tradicional, feiras, associações, venda directa ao consumidor, entre outras. Quanto às trocas comerciais, estas exercem-se essencialmente a nível intracomunitário, sendo a Espanha simultaneamente o principal mercado fornecedor e o principal mercado de destino do nosso comércio externo de mel, com um saldo negativo para Portugal. Para ser possível explorar as oportunidades encontradas neste sector como as condições edafo-climáticas para méis monoflorais e a classificação de 25% do território com um estatuto ambiental reconhecido e protegido, ideal para a prática apícola (áreas protegidas e/ou Rede Natura 2000) é imprescindível não só apostar na diferenciação e qualidade dos méis como efectuar um aproveitamento integrado do espaço rural. Consideram-se agora os pontos fortes e fracos, bem como as oportunidades e as ameaças existentes na indústria do mel desta região. | 86 Análise SWOT ao sector do Mel Pontos fortes Uma percentagem muito elevada reduzido número de apicultores de efectivo Pontos fracos concentrada num Oferta nacional de produtos apícolas que não mel muito reduzida e fraca rentabilização da exploração por esta via (recurso da industria nacional a produtos importados) Forte implantação regional das organizações de apicultores, existência de técnicos com formação, com vontade de intervir no circuito de comercialização C onsumo relativamente incipiente de méis DOPs devido a factores como uma falta de estratégia de divulgação e dificuldades de acesso nos locais de grande consumo Excelente potencial natural da subespécie autóctone (Apis mellifera iberiensis ), embora com necessidade de melhoramento Baixo dinamismo de algumas entidades gestoras das DOPs Localização das principais explorações apícolas no interior do pais, em áreas pouco sujeitas a pressão humana Deficiente organização das estruturas de produção e de estruturação do sector de transformação Existência de centrais meleiras dedicadas a extracção, embalamento e distribuição de mel Reduzida expressão das organizações do sector ao nível da comercialização e pouca interferência em termos de capacidade negocial Acréscimo significativo da área de culturas e pastagens em méis de qualidade Falta de informação generalizada sobre os processos de criação, registo e reconhecimento de um nome protegido; Flora melífera diversificada e abundante Elevados custos de contexto inerentes aos mecanismos acompanhamento, garantia, certificação e controlo de DOPs Produto estável rastreabilidade e seguro, fácil de enquadrar num sistema de Imagem forte do mel junto do consumidor, como alimento de grande riqueza e pureza de Reduzida expressão das organizações do sector ao nível da comercialização e pouca interferência em termos de capacidade negocial (fraca concentração da oferta) Escassa implementação de marcas que permitam uma maior visibilidade comercial ao mel como produto tradicional e de qualidade Ausência de mecanismos objectivos de formação de preço e falta de dimensão/capacidade para acesso a mercados de exportação Venda a granel como forma mais frequente de transacção, com a consequente perda de mais valia por parte dos apicultores e das suas organizações (mais valias recolhidas directamente por redes de embaladores intermediários, exteriores ao sector) Oportunidades Ameaças C ondições edafo-climaticas para méis monoflorais e flora silvestre melífera de qualidade e abundante Tendência para um aumento da área florestal (florestação de terras agrícolas) Existência de culturas permanentes com interesse apícola, a nível regional C oncorrência com mel importado C lassificação de 25 % do território com um estatuto ambiental reconhecido e protegido, ideal para a prática apícola (áreas protegidas e/ou Rede Natura 2000) Imagem do produto posta em causa pela detecção de resíduo em méis importados Aparecimento (a nível global) de novas doenças das abelhas C rescente interesse do consumidor e da industria ocidental pelos produtos da Apiterapia C ustos de produção superiores ao nível dos dos principais países produtores da UE e, concretamente, da Espanha (nosso principal mercado fornecedor) A aplicação do HAC C P permite uma razoável flexibilidade relativamente a utilização de métodos tradicionais e respectivos requisitos estruturais. Preço do mel na União Europeia depende directamente das flutuações do preço mundial Potencialidades da UE, maior importador mundial de mel, como parceiro comercial de Portugal Imagem forte do mel junto do consumidor, como alimento de grande riqueza e pureza IV.3.5 Queijos tradicionais No que diz respeito à área de intervenção, existem actualmente na região de Trás-os-Montes dois queijos com nome protegido, o queijo Terrincho e o queijo de cabra transmontano e nas beiras pode encontrar-se o queijo Amarelo da Beira Baixa, o queijo Picante da Beira Baixa, o queijo de Castelo Branco, o queijo da Serra da Estrela e o requeijão da Serra da Estrela e da Beira Baixa (Figura 25). | 87 No sub-sector dos queijos, a indústria de transformação encontra-se muito dispersa, existindo um número reduzido de empresas de grande dimensão e um grande número média/pequena de empresas dimensão de (produção média anual de 13,6 toneladas) muitas das quais se produção de encontram queijos de afectas à pequenos ruminantes com denominação de origem, embora com uma representatividade reduzida no total da produção. Os queijos DOP representam actualmente cerca de 8% da produção de queijo de pequenos ruminantes. Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 25: DOP de queijos A distribuição da produção de queijo por espécie era, em 2005, de cerca de 76% para o queijo de vaca, 22% para o queijo de ovelha e só 2% para o queijo de cabra. Em termos de evolução verifica-se uma estabilidade no caso do queijo de ovelha e uma redução nos queijos de cabra (-25% face aos quantitativos obtidos no final da década de 90), como resultado da retracção da produção primária. Atendendo à Tabela 38 verifica-se que a produção de queijo DOP, na campanha 2003/2004, na área de intervenção foi de 291.181 kg a que corresponde 20% da produção total dos 15 queijos de nome protegido. Tabela 38: Produção de queijo de nome protegido na campanha 2003/2004 Número explorações abastecedoras de leite Número de queijarias Produção (kg) 31 3 46 725 45 2 28 000 Queijos da Beira Baixa/queijo Amarelo da Beira Baixa 67 6 64 400 Queijo Terrincho 85 2 37 718 Queijo de cabra Transmontano 81 3 14 850 Queijo da Serra da Estrela 77 29 93 603 - 6 5 885 Produtos reconhecidos Queijos da Beira Baixa/queijo de Castelo Branco(a) Queijos da Beira Baixa/queijo Picante da Beira Baixa Castelo Branco(a) (a) Requeijão Serra da Estrela (a) Produtos de forma complementar e com meios comuns | 88 Atendendo aos dados apresentados no Anexo 4, constata-se que 23% das empresas nacionais (continentais) do sector dos queijos encontra-se sedeada na região interior beirã. Pelos valores apresentados, é possível validar a informação de que o sector em geral e as empresas do território em particular beneficiaram de um aumento da procura destes produtos. Devido à escassez de informação (e a alguma informação incongruente) é difícil conseguir identificar uma tendência de evolução (com excepção para o Douro, onde a tendência se mostra favorável em todos os indicadores) mas regra geral, as empresas têm conseguido obter resultados e excedentes financeiros positivos (embora com valores oscilantes). No quadro seguinte apresenta-se uma análise SWOT da fileira dos queijos tradicionais. Análise SWOT ao sector dos Queijos Tradicionais Pontos fortes Pontos fracos Importância atribuída aos produtos tradicionais de qualidade Baixos níveis consumidores Perspectiva de investimentos para aumentar a produção e para melhorar a imagem do produto Presença nos mercados dificultada pela escala de produção capacidade de de reconhecimento dos produtos, por parte dos Tendência manifestada para o aumento da produção de leite de ovelha Falta de apoios à distribuição e comercialização Divulgação dos queijos com nome protegido em feiras regionais e nacionais Falta de regulamentação dos preços nas grandes superfícies Grandes superfícies asseguram o escoamento da maioria da produção Dificuldades dos pequenos produtores escoarem os produtos para fora da região Facilidade de escoamento pelo aumento da procura C oncorrência de outros queijos nacionais e mesmo dos mesmos produtos sem rótulo e marca de certificação Reconhecimento da qualidade dos produtos pelo consumidor (factor de confiança) Ligação do consumo a um nicho de mercado (como grupos economicamente mais favorecidos, de origem urbana, com graus elevados de informação) Valorização do factor “origem” consumidores deste produto Falta de eficiência dos meios de divulgação adoptados no processo de escolha dos Esforço de organização e promoção por parte dos agrupamentos gestores Boa imagem no mercado (reconhecimento da qualidade, apresentação, confiança e segurança dos consumidores) Perspectiva de investimentos para melhorar a imagem do produto boa Insuficiente envolvimento institucional para a promoção interna e externa dos produtos | 89 Oportunidades Ameaças Exploração de novos mercados internos e externos, diversificação do consumo e segmentação dos mercados Dificuldade de regeneração do tecido empresarial. Aumento do consumo pela importância atribuída à qualidade dos produtos Burocracia e nível de exigência para adaptação de queijarias para a produção de queijos de Denominação de Origem Protegida C riação de redes de apoio à distribuição e comercialização para os pequenos produtores Opção dos consumidores por produtos a preços mais baixos e fabricados através de métodos artesanais. Diversificação dos pontos de venda de queijos com nome protegido, e incentivo à presença no sector da restauração C oncorrência de outros queijos produzidos na região, com preços mais baixos, nomeadamente, com base na imitação dos produtos Articulação entre produtores e agrupamentos gestores como forma de implementar estratégias de comercialização mais adequadas, conferindo maior poder negocial aos produtores Imagem desfavorável associada aos produtos de leite cru (riscos para a saúde, nos casos em que não se cumprem as regras fitossanitárias) C olocação conjunta no mercado de queijos de qualidade provenientes de várias regiões Falta de esclarecimento dos consumidores em relação à proliferação de marcas e por conseguinte dificuldade para distinguir os queijos DOP e IGP da regição Realização de campanhas de divulgação dos queijos com nome protegido da Região interior norte de centro Risco de não escoamento da produção face à ausência de fortes estratégias de comercialização e à falta de transparência dos circuitos de distribuição Aumento do número de feiras e encontros sobre produtos tradicionais de qualidade Fraca de conhecimento dos produtos no mercado nacional resultante da fraca divulgação C ampanhas de promoção de preços de produtos tradicionais de qualidade nas grandes superfícies Falta de capacidade de envolvimento e cooperação de organismos públicos e outros agentes intervenientes do sector Promoção tradicional Dependência de algumas áreas de montanha a norte e centro da actividade pecuária, como a mais importante no sector agrícola, associadas a sectores com risco de regressão (caso da ovinicultura) ou já em regressão efectiva (caso da caprinicultura); territorial com base na gastronomia e alimentação IV.3.6 Produtos de salsicharia A indústria dos produtos de salsicharia está incluída na CAE151 - abate de animais, preparação e conservação de carne e produtos à base de carne que é, por sua vez, uma das componentes da CAE 150 – indústrias alimentares e das bebidas. A indústria do sector das carnes que se subdivide nos grupos abate e transformação dos produtos à base de carne representa 12% do volume de negócios do sector das indústrias alimentares e das bebidas. A indústria de transformação assenta fundamentalmente em micro e pequenas empresas e está maioritariamente associada à produção de conservas de carne de suíno e enchidos. | 90 Na região norte do país encontram-se produtos de salsicharia sob regimes especiais de protecção comunitária à base de carne de suíno da raça bízara pura e bízara com cruzamentos como o salpicão e a linguiça de Vinhais, produtos do Barroso Montalegre e a alheira de Mirandela (Figura 26). No ano de 2005, dos 105.740 kg destes produtos produzidos de nome protegido mais de 90% são de alheira de Mirandela. Estes produtos protegidos revelam um potencial de crescimento bastante grande, até porque o escoamento e comercialização dos produtos, excepto o caso da alheira de Mirandela, têm sido Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 26: DOP de produtos de salsicharia conseguidos pela sua promoção em feiras e mercados locais. As regiões centro e particularmente o norte do país apresentam naturais condições de factores de competitividade acrescidos na valorização dos produtos com especificidade própria. No entanto, para além dos problemas associados a determinado produto, persistem algumas dificuldades, que tem vindo a ser agravadas com a massificação e diversificação da oferta e comercialização a baixo custo. Pelo Anexo 4 é possível verificar que as empresas deste sector têm apresentado um incremento da procura com um crescimento sistemático no volume de negócios desde 2006 mas que não se tem traduzido em crescimento sistemático dos resultados. Os excedentes financeiros também têm oscilado entre um aumento em 2007 versus uma diminuição em 2008. No Programa de Desenvolvimento Rural da Região Norte são referidos como principais problemas do sector a ausência de organização e qualificação, a dispersão e falta de dimensão da oferta e a deficiente promoção e comercialização. Neste sentido reveste-se de particular importância potenciar e criar novas sinergias entre os diferentes produtos, promover uma comercialização eficiente e qualificada em termos de marketing e enquadrar a actividade agrícola e os produtos de qualidade regional, no turismo em actividades de lazer conduzindo, em última análise, à revitalização económica e social das zonais mais rurais e à manutenção das comunidades rurais e dos valores naturais e patrimoniais. Apresenta-se, de seguida, a análise SWOT da fileira dos produtos de salsicharia. | 91 Análise SWOT ao sector dos Produtos de Salsicharia Pontos fortes Pontos fracos Bom nível de equipamento de muitas unidades produtivas que beneficiaram de investimentos recentes, nalguns casos avultados. Envelhecimento e baixo nível de qualificação de alguns produtores e trabalhadores Tendência de crescimento empregados e instalações) (número de C arência de formação profissional específica, quer dos empresários, quer dos trabalhadores Algumas unidades mantêm processos de produção muito artesanais, a par de um grande controlo de qualidade Reduzido significado nacional dos produtos de salsicharia com nome protegido (quantidades comercializadas e valor das vendas) Actividade com forte tradição na região, de que decorre um valioso know-how no domínio da produção Produções com nome protegido representam, frequentemente, uma pequena parte da produção (e das vendas) das unidades de produção. Número considerável de produtos de salsicharia da região com nome protegido. Meios de distribuição insuficientes (pequenos produtores) Interesse no processo demonstrado pelas diversas solicitações de reconhecimento de nomes protegidos em curso. Solicitações do mercado que, por vezes, induz a uma redução do tempo de cura dos produtos, cuja qualidade poderia beneficiar se esse período fosse prolongado Boa qualidade das matérias-primas utilizadas e dos produtos bem como da sua apresentação Reduzida visibilidade dos produtos de salsicharia com nome protegido nas grandes e médias superfícies comerciais Preocupação em assegurar um controlo de qualidade, para além das exigências específicas do processo de controlo e certificação Desinteresse e falta de capacidade de investimento produtores em acções de divulgação e marketing. Produção simultânea de produtos com nome protegido e outros permitindo uma maior regularidade da produção, mesmo em períodos em que a disponibilidade de matéria-prima seja mais reduzida Feiras locais/regionais e eventos semelhantes implicam um elevado investimento, por vezes, sem retorno das unidades produtivas para atingir alguns mercados de alguns Défice de informação dos trabalhadores dos pontos de venda em relação aos nomes protegidos População residente na região de produção tende a privilegiar o conhecimento que tem dos produtos e dos produtores e os preços mais reduzidos, em detrimento das marcas de certificação Oportunidades Ameaças Valorização crescente pelos consumidores da tipicidade, da autenticidade e de outros valores associados aos produtos regionais, nomeadamente com nome protegido. Preço dos produtos pode constituir um factor limitativo do aumento da procura Perspectivas de expansão de novos mercados incluindo internacionais Défice de valorização dos estatutos de protecção por parte de mercados importantes e com perspectivas de expansão como o da exportação C riação de sinergias entre diferentes produtos, como promover uma comercialização mais eficiente forma de Novas formas de apresentação dos produtos, adequadas necessidades dos consumidores, por exemplo fatiados às Possibilidade, por parte de alguns produtores, de participar em eventos, com elevada relevância para a divulgação junto de mercados de elevado potencial (por exemplo feiras profissionais internacionais) Inovação nos conteúdos das feiras locais/regionais por forma a garantir a captação do interesse (dos produtores e do público em geral) e a (re)valorizar o seu papel como meio de divulgação privilegiado dos produtos regionais Enquadramento dos queijos tradicionais no turismo e em actividades em lazer Estratégias de divulgação e marketing insuficientes para dar a conhecer ao mercado os produt os com nome protegido e para absorver o potencial aumento de produção Sobreposição de estratégias de marcas de produtos industriais, não tradicionais, com maior capacidade (nomeadamente financeira) de afirmação no mercado | 92 IV.3 Construção civil e obras públicas O sector da construção civil e obras públicas em Portugal tem uma importância significativa no conjunto da economia nacional como foi verificada através dos indicadores estatísticos como o número de empresas, o emprego e o volume de negócios. No entanto, este é um sector muito diferenciado dos outros sectores de actividade, quer em termos produtivos, quer em termos de mercado de trabalho na medida em que apresenta uma cadeia de valor muito complexa e faz-se sentir, num conjunto muito variado de empresas e serviços quer a montante quer a jusante. Apesar da dinâmica considerável nos últimos como resultado de importantes obras públicas nacionais, actualmente assiste-se uma recessão deste sector resultante da conjuntura económica. Tradicionalmente o sector da construção, assenta numa estrutura empresarial onde predominam as pequenas empresas, na maioria não especializadas, recorrendo com frequência, a sub-empreitadas. A par, existe um conjunto reduzido de outras empresas de maior dimensão que detêm grande parte do mercado e da mão-de-obra. Em regiões do interior como o do território de intervenção este sector constitui muitas vezes o principal factor de dinamização económica e de criação de emprego apesar da grande maioria das pequenas empresas funcionarem sobretudo em sub-empreitadas e sem capacidade para integrar o segmento de capital intensivo, como o das obras públicas ou de engenharia civil. Apesar das características intrínsecas do sector no território de intervenção a cooperação intra-empresarial poderá desempenhar um importante papel para adquirir escala e por conseguinte potenciar a capacidade de integrar o segmento das obras públicas bem como a competição internacional. | 93 Análise SWOT ao sector da Construção Civil e Obras Públicas Pontos fortes Pontos fracos Mão de obra disponível Pessoal não qualificado ou semi-qualificado, sobretudo por parte de pequenas e médias empresas Dinamismo e alguma modernização associado a algumas empresas do sector Grande diversidade de projectos devido às características diferentes de cada obra dificultando o desenvolvimento de produtos e processos de fabrico estandardizados Articulação de pequenas dimensão nacional Grande diversidade de produtos, que cobrem tanto a habitação tradicional como obras mais complexas ou obras públicas empresas com grandes empresas de Diversidade de operações produtivas e de tecnologias em resultado da intervenção numa empreitada de diversas especialidades e da coexistência de tecnologias de produção novas com as antigas Empresas com meios e tecnologicamente evoluídas laboram a par de empresas com um aproveitamento limitado das tecnologias disponíveis e com utilização abundante do factor mão-de-obra Elevada rotatividade e precaridade de emprego Fraco investimento em formção Baixa produtividade gerada pelo sector resultante do baixo nível de qualificações, deficiente dimensionamento da tecnologia, fraca inovação nos métodos de trabalho utilizados, deficiente qualidade dos projectos, ausência de estandardização de produtos e a uma deficiente gestão de stocks Falta de organização interna das empresas do sector Grande atomização do sector dado que uma parte significativa da produção é assegurada por um grande número de pequenas e médias empresas Oportunidades Ameaças Potenciar a capacidade de competição internacional, mesmo das pequenas e médias empresas ainda que seja pela via da subcontratação Procura depende directamente do grau de desenvolvimento da economia, da conjuntura económica e do montante das despesas públicas Apostar na especialização de modo a permitir uma garantia de qualidade em determinadas fases dos projectos e de cumprimentos de prazos Actividade extremanente ciclica, dependente do investimento público C apacidade de resposta a necessidades de mercados específicos, como a recuperação e manutenção de edifícios dado que é uma área de negócio com elevada potencialidade para ser rentável e indispensável Incursão em áreas diferenciadas, como a indústria do ambinente, a hotelaria, o turismo e o lazer e pelo reforço da diversificação de mercados e de actividades e produtos Exploração das vantagens da standardização e da pré-fabricação IV.4 Turismo Reconhecido como um dos sectores estratégicos da economia portuguesa, o turismo desempenha um papel vital para o desenvolvimento do país, tal como mostram as receitas geradas. Desde os anos 60 que se assiste a um crescimento turístico continuado, embora com algumas inflexões pontuais (nomeadamente, em meados dos anos 70 devido à instabilidade política). A evolução nas receitas tem sido acompanhada pela evolução do número de turistas que tem visitado o país e que passou de pouco mais de 1 milhão nos finais dos anos 60 para mais de 11 milhões em 2002. | 94 Segundo os dados do Turismo de Portugal, a Conta Satélite do Turismo de Portugal (CSTP)6 mostra que no ano de 2008 se verificou uma desaceleração da actividade turística, cuja causa principal passa pela menor performance económica da actual conjuntura económica mundial. Mesmo assim, a procura turística, aferida pelo Consumo Turístico Interior7 em Portugal, atingiu os 17,5 mil milhões €, em 2008, mais 435 milhões € que no ano anterior (crescimento de 2,5%). Depois de um comportamento oscilante entre 2000 e 2003, que se traduziu num crescimento médio anual de 0,7%, o Consumo Turístico aumentou 6,9% no ano do Euro’2004, tendência que foi sustentada nos anos seguintes, em particular, em 2006 (+8,4%) e em 2007 (+12,7%). A Tabela 39 explicita a contribuição de cada sector de actividade para o VAB total nacional. Através a CSTP foi possível apurar a Tabela 39: Representatividade do VAB gerado pelo turismo Estabelecimentos termas 2000 contribuição do turismo fixando a mesma em 2008 em 5%. Em relação ao emprego gerado, em 2006, as actividades características do turismo 2004 2008 % Agricultura, Silvicultura e Pesca 3,8 3,2 2,4 Electricidade, Gás e Água 3,4 2,8 3,1 Indústria 17,5 15,5 14,6 Construção 7,6 7,1 6,4 Comércio, Restaurantes e Hóteis 17,5 17,7 17,6 conservaram 444,4 mil postos de trabalho, Transportes e Comunicações 6,6 6,9 6,7 verificando-se um crescimento de 2,7%, em Actividades Financeira e Imobiliária 13,8 14,1 15,5 relação a 2005. O turismo tem, assim, contribuído positivamente para o emprego na economia, visto ter vindo a apresentar taxas de Outros Serviços 30,8 32,7 33,8 VAB Total 100,0 100,0 100,0 4,7 4,6 5,0 VAGT (Turismo) Fonte: Turismo de Portugal crescimento superiores às da economia. Estes números são o reflexo de um processo que ainda mantém a sua principal aposta no turismo balnear mas que começa já a dar passos significativos noutros produtos turísticos que importa desenvolver . As Figuras 23 e 24 mostram que, actualmente, a procura turística 8 em Portugal continental se encontra concentrada essencialmente em duas regiões determinantes – Algarve e Lisboa – que no seu conjunto mais a região da Madeira reúnem mais de dois terços da capacidade hoteleira. Mas, embora em menor escala, a actividade turística em Portugal estende-se para além do fenómeno balnear, uma vez que existem regiões que se destacam em segmentos específicos. A procura de novos produtos turísticos – como o termalismo ou o turismo rural – impõe-se como uma das principais medidas para diminuir a excessiva dependência do turismo balnear e para permitir taxas de ocupação em estabelecimentos hoteleiros mais constantes (à excepção da Madeira, Algarve, Grande Lisboa e Açores, os valores das taxas 6 A CSTP não considera o turismo como um sector na sua terminologia tradicional, mas como uma actividade transversal a toda a economia, pelos seus efeitos directos e indirectos nas outras actividades. Esta conta consiste num sistema de informação integrada, que tem como objectivo principal apresentar as actividades e produtos relacionados, directa ou indirectamente, com o Turismo, permitindo medir e comparar o turismo com outros sectores da economia, assim como garantir a sua comparabilidade com outras economias nacionais. 7 Consumo em turismo efectuado pelos residentes e não residentes, em Portugal, no âmbito de uma deslocação para fora do seu ambiente habitual, por motivos de lazer, negócios e/ou outros e que não dê lugar a qualquer remuneração no destino. 8 O facto do turismo balnear permanecer como o principal produto turístico em Portugal, e a sua incapacidade para escapar à condicionante sazonal, representa uma importante fragilidade deste sector. | 95 de ocupação dos alojamentos turísticos no restante território nacional situam-se abaixo dos 40%). Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 27: Capacidade hoteleira, 2001 Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 28: Taxa de ocupação dos estabelecimentos hoteleiros, 2002 Até há relativamente pouco tempo, e não obstante os estabelecimentos hoteleiros de qualidade que lhe estavam afectos, o termalismo era associado a doenças e a estratos etários mais elevados. Na sequência de novos hábitos de consumo e do avanço da medicina, esta opção terapêutica começou a perder importância, o que se reflectiu na perda de clientes, de receitas e na consequente degradação dos equipamentos. Mas, esta fase parece ter sido ultrapassada, assistindo-se actualmente a um novo vigor no desenvolvimento do termalismo em Portugal, o que se reflecte não só numa maior qualificação da oferta mas também num maior aumento da procura, que poderá estar relacionado com uma tentativa de fuga ao stress e aos ritmos de vida urbanos, cada vez mais intensos. Segundo dados disponível no Turismo de Portugal, em 2008, o movimento global nos estabelecimentos termais apresentou um decréscimo de 4,3%, justificado pelo decréscimo de 8,7% na procura ao termalismo clássico9, modalidade que representou 72% da procura total. Por sua vez, a procura por termalismo de bem-estar e lazer10 atingiu um significativo aumento de 9,4%, face a 2007. O mercado espanhol representou a maior peso dos estrangeiros que optaram pelo termalismo clássico em Portugal (52%), seguido pelo mercado francês e inglês. 9 O termalismo clássico é caracterizado por serviços terapêuticos indicados e praticados a um termalista, sempre sujeito à compatibilidade com as indicações terapêuticas que foram atribuídas ou reconhecidas, à água mineral natural utilizada para esse efeito. 10 Serviços de melhoria da qualidade de vida que, podendo comportar fins de prevenção da doença, estão ligados à estética, beleza e relaxamento, vulgarmente denominados por SPA. Paralelamente, são susceptíveis de comportar a aplicação de técnicas termais, com possibilidade de utilização de água mineral natural, podendo ser prestados no estabelecimento termal ou em área funcional e fisicamente distinta deste. | 96 Este é um mercado bastante atractivo, uma vez que atendendo à sua relativa dispersão geográfica pelo país e vulgarmente em áreas de menor tradição turística, o termalismo pode desempenhar um importante papel de dinamização em áreas economicamente enfraquecidas. No total, em 2008, estavam em actividade em Portugal 38 estabelecimentos termais, dos quais oito do denominado termalismo clássico estão localizados na área territorial de intervenção do projecto: Caldas de Chaves (Chaves); Carvalhelhos (Boticas); Longroiva (Mêda); Termas de Almeida (Almeida); Caldas do Cró (Sabugal); Caldas de Manteigas (Manteigas); Termas de Unhais-da-Serra (Covilhã); Monfortinho (Idanha-aNova)11. As termas de Caldas de Chaves, com uma representatividade de 8,6%, posicionamse no 2º lugar no total de inscrições em 2008, com 6.374. Por sua vez, as Termas de Carvalhelhos ocupam o último lugar da tabela de inscrições (Tabela 40). Tabela 40: Inscrições e proveitos nos estabelecimentos termais, 2008 Estabelecimentos termas Posição no ranking de inscrições 2008 Nº inscrições no termalismo clássico Proveitos (milhares de euros) ∆ 2008/2007 (%) 2008 ∆ 2008/2007 (%) 2008 Caldas de Chaves 2ª 6 374 -1,8 1 157 4,9 Monfortinho 10ª 2 358 -13,9 568 -14,5 Caldas de Manteiga 19ª 1 115 1,5 248 -6,1 Longroiva 21ª 1 004 4,6 148 --- Termas de Almeida 25ª 591 -29,7 76 --- Caldos do Cró 26ª 574 -2,7 70 --- Carvalhelhos 36ª 21 -16 1 -85,7 Unhais-da-Serra --- n.d. n.d. n.d. n.d. Fonte: Turismo de Portugal O estabelecimento termal de Unhais-da-Serra é um espaço que foi recente remodelado tendo reaberto ao público em 2009. Este investimento custou de cerca de 12,5 milhões de euros e criou cerca 60 postos de trabalho. Fisicamente, o espaço termal está ligado ao moderno e luxuoso hotel de quatro estrelas, o H2otel. Este é um projecto inovador na península ibérica que originou o primeiro centro termo-lúdico do país. Apesar dos números ainda não se encontrarem disponíveis, este projecto tem tido uma aceitação bastante favorável do público sendo de esperar que em 2009 venha a ocupar um espaço mais invejável na tabela de inscrições. Outro tipo de produto que tem vindo a ser encarado como uma forte possibilidade de diversificação e consequente criação de riqueza das zonas rurais economicamente menos desenvolvidas, tal como referido anteriormente, é o turismo de habitação12 e o turismo no espaço rural13. 11 Em 2008, encerraram dois estabelecimentos termais situados na área de intervenção: Pedras Salgadas e Termas de Vidago. 12 Estabelecimentos de natureza familiar instalados em imóveis antigos particulares que, pelo seu valor arquitectónico, histórico ou artístico, é representativo de uma determinada época, nomeadamente palácios e solares, podendo localizar-se em espaços rurais ou urbanos. Não pode possuir mais de 15 unidades de alojamento. 13 Estabelecimentos que se destinam a prestar em espaços rurais, serviços de alojamento dispondo para o seu funcionamento de um adequado conjunto de instalações, estruturas, equipamentos e serviços complementares, de modo a preservar e valorizar o património arquitectónico, histórico, natural e paisagístico da respectiva região. Os proprietários ou entidades exploradoras dos empreendimentos de turismo em espaço rural, bem como os seus representantes, podem ou não residir no empreendimento durante o respectivo período de funcionamento. Os empreendimentos de turismo no espaço rural podem ser classificados num dos seguintes grupos: “agro-turismo”, “casas de campo” e “hotéis rurais”. | 97 Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 29: Concelhos com estabelecimentos termais, 2005 Fonte: Atlas de Portugal, em www.igeo.pt Figura 30: Turismo rural, 2005 As múltiplas áreas rurais que assistiram à quase extinção da actividade agrícola podem encontrar neste tipo de turismo uma forma de gerar rendimentos complementares à agricultura, de recuperar e conservar patrimónios arquitectónicos, dinamizar e divulgar produtos regionais e, sobretudo, preservar e valorizar a paisagem e os modos de vida tradicionais. O interior norte e centro do país apresentam condições ímpares que lhes permitem fomentar este nicho do mercado turístico. A nível nacional, a capacidade de alojamento e a melhores acessibilidade têm levado a um maior desenvolvimento deste sector, fruto também das campanhas de promoção deste destino turístico que têm desencadeado um aumento da procura no mercado interno e externo. Assim, em 2008 estavam em funcionamento em Portugal 1.047 unidades de turismo de habitação e turismo no espaço rural, com um total de 11.692 camas disponíveis (o que corresponde a 56,8% das camas existentes no país). Do total de 523 mil dormidas de 2008, os residentes em Portugal foram responsáveis por 56% (atingiram 292 mil dormidas). As dormidas de estrangeiros foram lideradas pelo mercado alemão com 25% do total. Outro produto turístico que Portugal, e mais concretamente o território em análise, é aconselhado a explorar pelo Plano Estratégico Nacional do Turismo é o da “Gastronomia e Vinhos”. Este baseia-se na promoção do desfrute de produtos típicos assim como no aprofundamento do conhecimento sobre o património enológico e gastronómico de um território. Os principais destinos deste tipo de turista são França, Itália e Portugal. Portugal deveria explorar a sua tradição vitivinícola – herança, rica e diversificada, ligada à vinha e ao vinho – e gastronómica – rica em contrastes e multiplicidade de pratos, tendo ainda um conjunto de produtos tradicionais com Denominações de Origens e Indicações Protegidas tais como azeites, queijos e enchidos – para estruturar esta nova oferta turística. Para além disso, o alto Douro Vinhateiro e a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do pico foram classificadas como Património Mundial pela UNESCO. | 98 Os principais factores referidos para o fraco desenvolvimento deste tipo de turismo em Portugal são exactamente a falta de estruturação na cadeia de valor e a pequena dimensão das empresas (o que faz diminuir a capacidade competitiva). Analisando agora mais ao pormenor a área de intervenção do projecto, chega-se facilmente à conclusão que esta é uma região que detém todas as “matérias-primas” para apostar fortemente no sector do Turismo, seja ele termal, rural ou gastronómico. No entanto, para tal será necessário, tal como anunciam vários estudos já realizados, uma concentração das pequenas empresas para ultrapassar as dificuldades associadas ao território. Num trabalho efectuado em 2003, Cepeda e Azevedo (2003) salientavam que as enormes potencialidades turísticas da região do Alto Trás-os-Montes não suscitavam qualquer contestação. Diziam ainda que a “variedade e abundância de recursos e de potencialidades turísticas decorrem, obviamente, da composição da região, que na relativa modéstia da sua área territorial acomoda um verdadeiro mosaico de diferenças físicas e económicas, que ao longo dos séculos foram configurando formas de vida e de sociabilidade, numa palavra, subculturas, marcadamente diferenciadas e originais”. Esta descrição pode ser extrapolada para qualquer uma das sub-regiões em análise. De uma forma geral, toda a região do interior norte e centro do país dispõe de um enorme e diversificado potencial turístico: no âmbito do denominado turismo de natureza poderá oferecer turismo de neve e montanha, de espaços naturais, ecoturismo, agro-turismo, turismo rural, turismo cinegético e turismo de aventura. No que respeita ao turismo cultural, pode oferecer um vasto e rico património etnológico – festas e tradições populares, artesanato e gastronomia – bem como um património não menos importante formado por monumentos, museus e circuitos históricos e arqueológicos. No estudo de Cepeda e Azevedo (2003) foram realçados pontes fortes e fracos à situação do sector turístico da região transmontana mas mais uma vez adapta-se também à região beirã. Apesar de o estudo já datar de 2003, as conclusões permanecem actuais uma vez que infelizmente pouco foi desenvolvido. | 99 Análise SWOT ao sector do Turismo Pontos fortes Pontos fracos Saber fazer" tradicional ainda existente Estrutura turística com grandes debilidades financeiras e acentuadas carências de qualificação profissional da mão-de-obra Grande existência de economias de gama na paisagem e nos produtos regionais Inexistência de unidades hoteleiras (em quantidade e qualidade) Produtos e paisagens de qualidade superior, com grande percentagem de Áreas Protegidas Acentuada dualidade do território, com o contraste entre núcleos aglutinadores da população e das actividades económicas e uma vasta extensão de áreas rurais em atonia económica e demográfica Ligações ao mundo rural por parte de grande número de residentes em espaços urbanos regionais ou extra-regionais Densidade populacional muito baixa impeditiva da geração de massa crítica Imagem consolidada de hospitalidade, tranquilidade e segurança Ausência de uma cultura de associação, tanto a nível privado como institucional, que permita a consecução de parcerias estratégicas tendentes a um melhor e mais racional aproveitamento dos fluxos turísticos Apreciável potencial turístico, baseado no património (natural e/ou construído), na cultura, na gastronomia, nos produtos de excelência regionais e no meio ambiente C ustos acrescidos, por ausência do efeito de escala, no fornecimento de serviços e na manutenção e promoção do património natural e cultural Investimentos estruturais beneficiam o turismo Deficientes acessibilidades intra regionais e fraca permeabilização do espaço transfronteiriço na melhoria das vias de comunicação Oportunidades C ondições favoráveis para as novas natureza, rural, cultural e gastronómico tendências do e em acelerado declínio, Ameaças turismo de Fraca percepção de grande parte da população para as vantagens que o turismo lhes pode proporcionar e deficiente sensibilização para as potencialidades que a região apresenta em termos de oferta turística Uma melhor e mais racional articulação dos investimentos públicos e privados em projectos turísticos estruturantes Ausência de uma C entral de Reservas que venda o produto turístico da região Aparecimento de novas iniciativas turísticas compósitas territorial, sistematizadas por rotas temáticas A desertificação acelerada pode impedir definitivamente o aproveitamento do potencial agro-turístico, por enquanto ainda possível se reconvertidas as formas de o aproveitar de base Reconhecimento do território como de elevada qualidade ambiental Face à procura acrescida do turismo em espaços naturais há a possibilidade destes se degradarem, devendo ser implementadas, tempestivamente, políticas simultaneamente de aproveitamento e protecção deste recurso Requalificação dos aglomerados rurais proporcionando-lhes condições que permitam a fixação das populações e actividades no âmbito do turismo Risco das populações passarem a opor-se à integração dos seus espaços em Áreas Protegidas, face à ausência de incentivos que compensem as restrições a que ficam sujeitos Potenciar uma rede de aldeias âncora com um conjunto infraestruturas e serviços adequados às actividades turísticas de C riação de novos produtos turísticos, sobretudo os relacionados com o ambiente e a paisagem desta região Existência de Programas de apoio ao desenvolvimento C ooperação interdistrital para aproveitamento dos recursos endógenos, potenciando o efeito de escala através da complementaridade das vocações e das iniciativas turísticas IV.5 Rochas Ornamentais A nível global, a produção de rochas ornamentais teve uma evolução muito significativa nas últimas décadas do século passado decorrentes da identificação de novos recursos geológicos, do desenvolvimento das explorações em países com vastos recursos naturais como a China e a Índia e da modernização das técnicas de extracção e transformação da pedra. Segundo o estudo recente do ICEP sobre a Internacionalização do Sector das Rochas Naturais, o consumo de rochas duplicou nos últimos 10 anos mas a sua distribuição mundial foi muito desequilibrada. | 100 A política de preços baixos praticados pela China alterou a lógica do mercado internacional neste sector nos últimos anos e colocou a Europa como segundo mercado consumidor deste tipo de produtos. Neste contexto, alguns dos tradicionais países da Europa de produção de rochas ornamentais não se encontram devidamente estruturados para responder a esta mudança, notando-se um abrandamento da produção na União Europeia. Nos anos 1998-2000 a posição relativa dos principais produtores mundiais de rochas ornamentais sofreu algumas alterações. Em 2000, a China foi o maior produtor mundial (17,2% da produção mundial) e foi o país com a evolução mais positiva no período considerado ultrapassando a Itália (14,2%), que tradicionalmente assumia a liderança da produção mundial. Dentro dos cinco principais países produtores segue-se a Espanha (9,8%), a Índia (8,7%) e Portugal com uma produção de 2.500 milhares de toneladas, que corresponde a 4,2% do mercado mundial (CCDRA, 2004). Em 2002 e segundo o mesmo relatório do ICEP, a Ásia atingiu 44,9% da produção mundial enquanto na Europa a produção não foi além dos 33,4%. Apesar desta situação, a Itália continua a ter um papel determinante neste sector devido fundamentalmente à existência de recursos, tradição, tecnologia, design, domínio das redes de comercialização e pelo funcionamento de várias actividades do sector em cluster. O subsector das rochas ornamentais compreende a extracção e transformação de três grandes grupos de pedra natural: mármore e outras rochas carbonatadas, granitos e rochas similares e ainda ardósias e xistos ardosíferos. Em relação ao tipo de rochas mais exploradas em Portugal, notáveis pela sua excelente qualidade e rara beleza, surge o mármore e o calcário sedimentar no grupo das rochas do tipo mármores e outras rochas carbonatas, o granito no grupo das rochas do tipo granito e outras rochas similares e a ardósia no grupo das rochas do tipo ardósias e xistos ardosíferos (INETI, 2001). Estes podem ainda ser comercializados segundo três formas: bloco, extraído dos recursos geológicos; a chapa serra, correspondente ao bloco cortado e produto em obra, produto transformado que resulta da chapa ser cortada, polida, seleccionada e embalada. Relativamente à evolução do sector nacional das rochas ornamentais, Martins (2009) descreve os traços principais do seu percurso recente (2002 a 2006) ao nível da produção, preços e comércio internacional que se sintetizam de seguida. A produção de mármores e outros calcários apresentou um aumento de 1.189.858 toneladas (180.123 milhares de euros) em 2005 para 1.342.327 toneladas (203.684 milhares de euros) em 2006 correspondendo a um aumento de 12,81 % em quantidade e 13,08 % em valor, face ao preço quase estacionário. Seguindo a mesma tendência, o granito e pedras similares sofreram um aumento de 331.574 toneladas e 47.811 milhares de euros em 2005 para 347.569 toneladas (52.532 milhares de euros) em 2006 conduzindo a acréscimos, respectivamente, de 4,22 % e de 9,87 % que reflectem uma substancial valorização. Apesar do recuo extractivo no ano de 2003, em consonância com a queda do comércio externo, as cotações médias vêm progredindo para os dois tipos de rochas, embora com alguma tendência para a estabilização, em consequência da alta competitividade e da | 101 enorme concorrência dos produtores pétreos asiáticos (China, Índia, Irão e Turquia) e o Brasil. No âmbito das transacções mundiais, Portugal apresenta uma ampla gama de pedras naturais ornamentais, envolvendo não apenas os mármores e rochas afins, os granitos e materiais líticos similares, mas também a ardósia e a pedra natural talhada para calcetamento. Em traços gerais, as exportações portuguesas no quinquénio (2002-2006) verificaram uma progressão global de 48,7 %, conducente à taxa média de crescimento anual de 10,4 %, comprovando a saída da estagnação em que mergulhava durante vários anos. Quanto ao valor da receita arrecadada diferiu substancialmente da exibida em quantidade, devido à maior presença da pedra barata. Contudo, a transição do ano de 2005 para 2006 apresentou uma panorâmica bastante benéfica devido a avanços ponderais e valorativos quer no calcário quer na área siliciosa. Os elevados saltos quantitativos dados pelos calcários em blocos e serrados conduziram a uma expansão do material carbonatado de 20,68% sendo a do material silicioso apenas de 0,53 % resultante da diminuição dos blocos. No entanto, a globalidade das rochas calcária e siliciosa conquistou o incremento de 11%. Apesar da alta competitividade e enorme concorrência de outros produtos chineses, indianos, turcos e brasileiros os preços tendem a descer no palco mundial. Não obstante, Portugal conseguiu um aumento médio de 5% no valor unitário em consequência da substituição de tipologias baratas por outras mais valorizadas no campo dos artefactos. Em termos de arrecadação de divisas, verificou-se uma variação de 17,64% nas rochas calcários e 13,07 % nas rochas siliciosas o que se pode considerar um saldo bastante positivo. Apesar de Portugal ser um grande produtor de rochas ornamentais, o 9º à escala mundial, tem vindo também a transformar-se como reconhecido importador, sobretudo de Espanha e do Brasil. As rochas siliciosas, principalmente em bruto (blocos esquadrejados) e semielaboradas (chapa serrada) dominaram amplamente as importações no quinquénio 20022006. Contudo, e ainda segundo Martins (2009), a evolução das importações sobre a produção útil nacional tem vindo a perder importância e por conseguinte, está muito longe de prejudicar a indústria extractiva nacional. A nível Europeu, este sector de actividade caracteriza-se por um grande número de empresas com uma dimensão menor do que as dos outros sub-sectores da indústria extractiva. No entanto, devido ao número de trabalhadores que absorvem e ao impacto que têm nas actividades económicas a montante e a jusante este sector reveste-se de uma importância local determinante. A nível nacional o sector pétreo e decorativo encontra-se repartido de uma maneira quase homogénea pelo respectivo território, com cerca de 2.200 empresas, englobando a extracção e o processamento, emprega cerca de 23.000 trabalhadores com uma ocupação média por empresa de 10,55 trabalhadores. Este número médio de trabalhadores por empresa é inclusivamente superior ao observado por outros países europeus de vanguarda, tais como a Itália. | 102 Embora se tenha verificado alguma estagnação da produção nos países europeus, estes ainda continuam a ocupar uma posição determinante neste sector de mercado fruto da existência de recursos naturais, da tecnologia e da tradição desta actividade económica. Em traços gerais, o panorama nacional, como aliás acontece com todos os países tradicionais europeus de produção de rochas ornamentais, está largamente condicionado pela alta competitividade e pela forte concorrência chinesa e indiana seguida da turca e brasileira. Apesar dos bons resultados económicos já alcançados, existem ainda problemas e constrangimentos que têm dificultado o aproveitamento das potencialidades nacionais neste sector. A criação de um clima propício à inovação e ao desenvolvimento, de política regional e local, a qualificação dos recursos humanos e a substituição das iniciativas promocionais isoladas e esporádicas por acções de grupo, de preferência regional e nacional, são certamente factores chave para a divulgação das características tecnológicas, artísticas, estéticas e de qualidade e para a garantia de satisfação de um mercado cada vez mais global. Por outro lado, a pequena dimensão das explorações e a abordagem individual ao mercado conduz, não raras vezes, a limitações ao nível da satisfação dos clientes, pelo que para garantir as especificações dos clientes mais exigentes é fundamental uma eficiente articulação entre as diferentes actividades da fileira das rochas ornamentais quer para o desenvolvimento das economias de escala quer para obter poder negocial junto dos mercados nacional e internacional. Apesar de pouco representativa no total das empresas na área de intervenção, quando analisada a representatividade das empresas dessa indústria do território no total das empresas a nível nacional (continente) verifica-se que, em 2008, estas representavam cerca de 14%, com a particularidade de em certos subsectores este valor aumenta bastante (Tabela 41). Tabela 41: Distribuição das empresas na indústria extractiva, 2007 e 2008 Em presas da indústria extractiva 2008 Extracção e preparação de m inérios m etálicos Extracção de granito ornam ental e rochas sim ilares Extracção de ardósia Extracção de saibro, areia e pedra britada Actividades dos serviços relacionados com as indústrias extractivas 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 2007 2008 Continente 1383 13 15 454 452 21 22 433 413 20 27 Território de intervenção 190 3 3 106 102 11 11 64 61 2 3 Douro 53 0 0 22 24 8 9 17 17 1 1 Alto Trás-os-Montes 67 1 1 37 36 1 0 25 22 0 1 Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela 5 0 0 3 2 0 0 3 3 0 0 Beira Interior Norte 47 0 0 39 37 0 0 8 8 1 1 Beira Interior Sul 8 0 0 5 3 0 0 5 5 0 0 Cova da Beira 10 2 2 0 0 2 2 6 6 0 0 Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Ao nível dos subsectores da indústria extractiva, apesar de ainda se encontrarem dispersas por sete diferentes, é possível verificar uma forte concentração das empresas nas indústrias | 103 de extracção de granito ornamental e rochas similares (54% do total) e na extracção de saibro, areia e pedra britada (32% do total). Por representatividade destas empresas no total sua vez, do subsector, quando analisada a realça-se novamente a importância da extracção de granito (23% do total a nível nacional continental) e da extracção da ardósia (50% do total a nível nacional continental). A extracção efectuada é essencialmente de granito natural nos distritos de Vila Real, Bragança e Guarda e de xistos ardosíferos e calcário sedimentar nos distritos da Guarda e de Castelo Branco. As empresas ligadas às rochas ornamentais dedicam-se à sua extracção, transformação ou ambas. Nos anexos 7 e 8 podemos constatar que as características financeiras em cada são distintas em cada um dos casos. As empresas extractivas do território de intervenção encontram-se a passar por um período de quebra de resultados e consequente perda de rendibilidade. Embora nos últimos anos tenham mantido os seus resultados operacionais positivos, o mesmo não tem sido suficiente para cobrir os restantes gastos originando resultados líquido negativos. Por sua vez, as empresas associados à transformação apresentam-se em melhores condições tendo mesmo vindo a registar-se um número crescente de empresas nos últimos anos. Os níveis de volume de negócios têm sido um pouco decrescentes o que influencia os resultados uma vez que estas empresas apresentam uma estrutura de custos bastante rígida. Os níveis de rendibilidade operacional de vendas apesar de mais elevados do que na extracção ainda são baixos (rondam os 6%). No entanto, apesar do sector da indústria extractiva ter uma representatividade relativamente baixa na região e da sua actual performance financeira não ser a desejável, o subsector das rochas ornamentais tem uma elevada importância local, que materializada na sua componente exportadora tem impactos sociais positivos e importantes sobre a população local e sobre as actividades económicas a montante e a jusante. Por outro lado, o granito – rocha predominante na área de intervenção – apresenta um elevado potencial de crescimento designadamente na área de negócio do mobiliário urbano e no arranjo de espaços exteriores, que se encontra muito pouco explorada. Contudo, o aproveitamento destas oportunidades exige às empresas deste sector uma aposta reforçada em aspectos como o design, a promoção e a comercialização. Acresce ainda o facto de que grande parte dos recursos extraídos na região são valorizados no exterior e os produtos transformados são geralmente pouco diferenciados ao nível do produto. O aproveitamento da imagem de prestígio da rocha ornamental nacional poderá constituir, certamente, uma oportunidade de penetração em outros mercados estratégicos para Portugal como os Países do Norte de África (Cresme, 2010). No quadro seguinte analisam-se os pontos fortes/pontos fracos ameaças e oportunidades do sector das rochas ornamentais. | 104 Pontos fortes Pontos fracos Existência de matérias-primas de excelente qualidade reconhecida pelos mercados mais exigentes Reduzida dimensão das empresas, com falta de visão estratégica e cuja falta de escala limita a optimização da performance produtiva Extracção, quase exclusiva, do granito e outras rochas similares na região Falta de acompanhamento técnico e de serviços de apoio às empresas C onsiderável capacidade de de transformação instalada através de tecnologia avançada Envelhecimento e falta de mão-de-obra associado à baixa transmissão de conhecimentos para a geração mais nova de trabalhadores Tradição no trabalho da pedra e a detenção de um considerável knowhow adquirido no seu manuseamento Reduzida cooperação empresarial dificultando, deste modo, implementação de uma estratégia de desenvolvimento comum C onsciência das limitações e necessidades Deficiente promoção dos produtos a Dificuldade de incorporação de design C onhecimento geológico limitado à escala local Fraca sensibilidade para vectores empresariais essenciais ao acréscimo de competitividade como a formação, as normas ambientais e a higiene e segurança no trabalho Oportunidades Ameaças Aprofundamento da penetração da produção nacional nos mercados já existentes como Espanha, Reino Unido, Alemanha, Itália e Arábia Saudita Aparecimento de novos produtores internacionais, como a C hina e a Índia que praticam preços mais atractivos C onquista de novos mercados como os Estados Unidos da América e os do continente Africano C oncorrência de produtos substitutos Normalização e certificação dos produtos, facilitando a penetração nos diferentes mercados Problemática ambiental e a aplicação de leis limitativas à extracção Incremento da cooperação empresarial C oncorrência de empresas sem preocupações de qualidade e que denigrem a imagem da generalidade dos produtores C riação de estruturas comerciais com marketing mais adequada e agressiva base numa filosofia de Aproveitamento das plataformas logísticas localizadas na Guarda e em C haves Ausência de políticas públicas de apoio à resolução da temática ambiental Insuficiente rede de serviços de apoio às empresas Novos mercados com vontade de usar pedra IV.6 Energia Como é do conhecimento geral Portugal apresenta escassos recursos de fontes de energia não-renováveis. No entanto, e no que respeita a fontes de energia renováveis o país tem um enorme potencial que pode ser explorado, não só numa óptica de reduzir a dependência energética externa mas também do ponto de vista ambiental. A rede hidrográfica relativamente densa, a elevada exposição solar média anual e a vasta frente marítima que beneficia dos ventos atlânticos conferem a possibilidade de aproveitar o potencial energético da água, luz, das ondas e do vento. Deste modo, o país encontra-se numa posição privilegiada para ser pioneiro na diminuição da dependência energética em fontes de energias não renováveis e poluentes contribuindo assim para um desenvolvimento sustentável. Contudo, e até há poucos anos, o contexto nacional em termos da energia caracterizava-se por elevadas dependência externa e intensidade carbónica e por baixos índices de eficiência na sua utilização. Para combater esta | 105 situação têm sido estabelecidas estratégias nacionais com o objectivo de estimular e favorecer a concorrência para assegurar a competitividade e a eficiência das empresas, reforçar a utilização de fontes renováveis de energia na produção de electricidade e garantir a segurança do abastecimento de energia e a adequação ambiental de todo o processo energético. O desenvolvimento destas estratégias e em particular os investimentos em energias renováveis está a tornar Portugal numa referência ao nível da incorporação das energias renováveis, particularmente ao nível da energia eólica. 20000 ) h 18000 W G ( 16000 a id z 14000 u d 12000 o r p 10000 ac ri 8000 tc é l 6000 e ai gr 4000 e n E 2000 Fotovoltaica Biogás Resíduos sólidos urbanos Biomassa Eólica Hídrica total 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Direcção Geral de Energia e Geologia. Figura 31: Evolução da energia eléctrica produzida através de renováveis. A evolução da energia eléctrica produzida através de fontes de energia renováveis em Portugal continental revela uma taxa de crescimento de cerca de 32% entre 2004 e 2009 e para a qual contribui fortemente a componente hídrica e eólica (Figura 31). No entanto, o peso da componente eólica para a produção total de energia renovável passou de 6,3% para 40,1% enquanto o da tecnologia hídrica apresentou uma tendência de descida no mesmo período. Apesar de Portugal ser um dos países da União Europeia que menos cresceu em capacidade hídrica nos últimos 30 anos é também um dos países com maior potencial hídrico por explorar tendo, ainda actualmente, cerca de 50% do potencial por aproveitar (Ministério da Economia e da Inovação, Energias Renováveis em Portugal, 2007). Atendendo ao peso da produção de energia através de fontes renováveis no conjunto da produção bruta e no saldo importador verificou-se um crescimento de 25,2% para 35,1% entre 2004 e 2009 (Direcção Geral de Energia e Geologia, 2010). Em termos de distribuição geográfica, a produção de energia eléctrica a partir de fontes de energia renováveis está sobretudo concentrada no norte e no centro do país essencialmente devido à localização das grandes hídricas e de um número significativo de parques eólicos. Como se constata na Tabela 42, mais 50% da energia eléctrica hídrica produzida nos últimos anos no continente é oriunda do território de intervenção, nomeadamente nas sub-regiões do norte. No que se refere à energia eólica a mesma área produz cerca de 30% do total, tendo a produção vindo a crescer sistematicamente nos últimos anos. | 106 Tabela 42: Produção de energia eólica e hídrica no território de intervenção, 2006/2008 Produção bruta de electricidade (kWh) Eólica 2006 Hídrica 2007 2008 2006 2007 2008 2 891 607 515 4 006 888 562 5 720 212 313 11 324 401 012 10 351 263 938 7 186 744 311 802 695 595 1 185 414 625 1 784 525 105 5 769 459 469 5 645 672 972 3 604 080 961 Douro 228 387 601 241 685 068 314 742 933 1 795 025 923 1 953 524 636 1 213 172 682 Alto Trás-os-Montes 260 245 295 256 090 800 255 932 496 3 017 335 666 3 103 814 918 1 971 703 300 Pinhal Interior Sul 242 541 838 395 063 332 512 585 112 575 331 565 408 825 107 208 652 416 --- --- 95 521 807 221 566 473 99 213 357 139 968 668 49 691 498 Continente Território de intervenção Serra da Estrela Beira Interior Norte 55 186 861 133 077 676 209 024 768 130 372 286 58 923 849 Beira Interior Sul 16 334 000 159 497 749 396 717 989 1 194 246 2 246 766 2 061 013 --- --- --- 28 633 310 19 124 339 18 831 384 Cova da Beira Fonte: Direcção-Geral de Geologia e Energia. Por outro lado, volume total de energia produzida no território é obtido por apenas 39 empresas que representam 7,5% do total de empresas de produção de electricidade em todo o continente (Tabela 43). Tabela 43: Número de empresas no sector da energia eléctrica Em presas de electricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio 2008 Produção de electricidade Com ércio de electricidade Produção de gás; distribuição de com bustíveis gasosos por condutas; com ércio de gás por condutas 2007 2008 Produção e distribuição de vapor, água quente e fria e ar frio por conduta; produção de gelo 2007 2008 2007 2008 2007 2008 Continente 604 488 519 7 10 40 43 14 17 Território de intervenção 45 37 39 0 1 4 4 1 1 Douro 9 8 7 0 0 2 2 0 0 Alto Trás-os-Montes 20 15 18 0 0 1 1 1 1 Pinhal Interior Sul 2 2 2 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela 1 1 1 0 0 0 0 0 0 Beira Interior Norte 5 5 5 0 0 0 0 0 0 Beira Interior Sul 4 3 3 0 1 0 0 0 0 Cova da Beira 4 3 3 0 0 1 1 0 0 Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Dado que a aposta nas energias renováveis estão na base da promoção de importantes investimentos, da criação de emprego e de desenvolvimento regional, a utilização dos recursos energéticos endógenos no espaço de intervenção pode constituir um ponto-chave para a contribuição da integração regional e articulação com outros sectores. Por outro lado, pode ser um factor de segurança para investimentos na região favorecendo, deste modo, quer o reforço das indústrias já existentes quer a instalação de novas indústrias e empreendimentos que dependem prioritariamente de um fornecimento de energia seguro e constante. | 107 IV.7 Transportes e Logística As condições de funcionamento do mercado dos transportes variam constantemente, verificando-se que em determinadas regiões os fluxos de tráfego assumem por vezes variações significativas, quer pela redução da oferta por deslocalização ou encerramento das empresas ali actuantes, quer por alteração das condições económicas das populações residentes, quer ainda e também pelo desenvolvimento relevante de outros modos de transporte, intensificando-se em certos casos pela maior utilização do transporte individual, como por exemplo, através da criação de pólos de desenvolvimento tecnológico. Mas para além da qualidade das infra-estruturas de transporte, as economias necessitam de boas condições logísticas, pois a progressiva especialização e dispersão dos sistemas produtivos originou um acréscimo da procura de ambos os serviços – Transportes e Logística14. Segundo os dados publicados pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, IP (IMTT), estima-se que o peso da actividade dos transportes e comunicações na economia portuguesa se continue a situar num valor próximo de 6,7% do VAB global a preços correntes e que a população activa no sector dos transportes represente 3% da população activa total (valor atingido desde 2006, e que corresponde a 170.000 trabalhadores, em 2008). A globalização da economia e o avanço das tecnologias de informação têm tido como resultado um aumento do tráfego de mercadorias, que, em Portugal, se tem traduzido num elevado dinamismo do sector rodoviário, cuja oferta, nomeadamente de micro e médias empresas tem proporcionado um crescimento que nos últimos anos tem sido superior ao crescimento do PIB. O vigor da economia mundial em 2006 forneceu um quadro favorável à expansão do comércio e das trocas internacionais. Neste contexto, as exportações portuguesas de mercadorias, por modos de transporte, tiveram um crescimento de 61% face a 1997, atingindo mais de 33,7 mil milhões de euros. A rodovia manteve uma tendência de crescimento, com valores que em 2008 se expressaram por 91,8% das toneladas transportadas totais, tornando quase residuais as quotas da via marítima (4,9%) e da via ferroviária (3,4%). Pela rodovia, dos 292 milhões de toneladas transportadas, 63,2% foram em trajectos até 50 quilómetros, com um percurso médio por tonelada de 9,8 km. Foi o caso de 77,9% dos “minerais brutos ou manufacturados”, de 72,4% de “cimentos, cal e materiais de construção manufacturados”, de 52,1% de cereais, de 49,5% de “madeira e cortiça” e de 47% de “veículos e materiais de transporte, máquinas, motores e peças”. 14 A logística compreende as prestações de serviços associados a todos os modos de transporte, os seus operadores e os intervenientes das redes de comercialização e distribuição. A logística apresenta-se assim com a capacidade de gestão dos fluxos físicos de bens, tendo em conta a satisfação dos clientes a baixo custo. | 108 No que respeita ao tráfego internacional, a localização geográfica de Portugal origina a preferência do modo marítimo, o qual, no conjunto da importação/exportação registou uma quota de 61,4%, num tráfego total que superou os 81 milhões de toneladas em 2006. Neste tráfego total o transporte rodoviário representou uma quota de cerca de 35%, quando em 1997 esse valor era de 27%. No caso das exportações, os valores mostram que em 1997, o transporte rodoviário correspondia a 44% e em 2006 a 53%, em prejuízo do transporte marítimo que passou de cerca de 53% para 44 % bem como do aéreo e do ferroviário, embora estes em muito menor escala, pelo facto de as suas quotas se situarem próximas de 1%. No que se refere à importação de mercadorias, em 2006 foram transportadas por via rodoviária 26% da tonelagem total, a que corresponderam 62,4% do total em termos monetários. Face aos valores de 1997, verificou-se um acréscimo de 4 pontos percentuais no que respeita à tonelagem, mas à manutenção da quota nos valores monetários. A ferrovia manteve a sua quota-parte pouco expressiva de 3,8% em termos de tonelagem e de 3% em termos monetários, mas viu crescer a sua expressão relativa, respectivamente, em 2,6 e em 0,8 pontos percentuais face a 1997. Focando agora a análise no território de intervenção, a Tabela 44 apresenta a distribuição das empresas dos sectores dos transportes, estando representado apenas três subsectores mas que correspondem a 99,3% da totalidade das empresas do sector. Da análise dos dados fica patente a predominância do transporte terrestre em detrimento dos restantes. Tabela 44: Distribuição das empresas no sector dos transportes, 2007 e 2008 Em presas de transportes e arm azenagem 2008 Outros transportes terrestres de passageiros Transportes rodoviários de m ercadorias Actividades auxiliares dos transportes 2007 2008 2007 2008 2007 2008 Continente 23315 10484 10401 10770 10399 1807 1791 Território de intervenção 2102 1235 1215 866 830 43 43 565 347 344 211 200 13 15 Alto Trás-os-Montes 555 358 342 219 206 7 6 Pinhal Interior Sul 167 82 85 85 81 1 1 Serra da Estrela 131 89 83 45 45 2 2 Beira Interior Norte 343 171 173 163 155 12 13 Beira Interior Sul 151 76 78 69 69 3 3 Cova da Beira 190 112 110 74 74 5 3 Douro Fo nte: INE, Dado s Estatísticos. | 109 Tabela 45: Volume de negócios das empresas de transportes rodoviários de mercadorias, 2008 Transportes Volum e de rodoviários de negócios m ercadorias 2008 Média 2008 2008 Milhares € 17402171 5034523 484,1 --- 265540 319,9 Douro --- 44209 221,0 Alto Trás-os-Montes --- 34212 166,1 Pinhal Interior Sul --- 36999 456,8 Serra da Estrela --- 14566 323,7 Beira Interior Norte --- 98607 636,2 Beira Interior Sul --- 20402 295,7 Cova da Beira --- 16545 223,6 Continente Território de intervenção Fo nte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. Das empresas deste sector sedeadas no território em análise 57,8% são de transportes terrestre de passageiros que não transportes interurbanos por caminhos-de-ferro e 39,5% dedicam-se Tabela 46: Pessoal ao serviço das empresas de transportes rodoviários de mercadorias, 2008 Transportes Pessoal ao rodoviários de serviço das m ercadorias em presas Média 2008 2008 2008 163599 65805 --- 3529 4,3 Douro --- 679 3,4 Alto Trás-os-Montes --- 602 2,9 Pinhal Interior Sul --- 358 4,4 total do subsector a nível nacional. As Serra da Estrela --- 202 4,5 cerca de 10.000 empresas de transportes Beira Interior Norte --- 1101 7,1 rodoviários Beira Interior Sul --- 299 4,3 Cova da Beira --- 288 3,9 ao transporte rodoviário de mercadorias. As empresas do território deste último subsector representam cerca de 8% do terrestres existentes no território apresentavam uma média de Continente Território de intervenção 6,3 Fonte: INE, Sistema de Co ntas Integradas das Empresas. 4,3 pessoas ao serviço num total de cerca de 3.500 pessoas (Tabela 45). Por outro lado, constata-se uma maior concentração das empresas nas sub-regiões mais fronteiriças e nas quais foram construídas as plataformas logísticas: Chaves no norte e Guarda mais ao centro. Apesar da sua localização estratégica e das infra-estruturas presentes, o volume de negócios das empresas já existentes não faz realçar este “tratamento” privilegiado. Efectivamente, os principais postos fronteiriços da área de intervenção do projecto são Vila Verde da Raia no distrito de Vila Real, Quintanilha em Bragança e Vilar Formoso, no distrito da Guarda. Este último, em 2006, foi o terceiro posto com maior tráfego médio diário (com 8.568 veículos por dia)15. Os postos de Vila Verde da Raia e de Quintanilha apresentaram um tráfego médio diário de 4.058 e 1.405, respectivamente. 15 A nível nacional apenas apresentaram maior tráfego o posto de Valença do Minho e de Vilar Real de Santo António. | 110 No entanto, as cidades da Guarda e de Chaves, apostando do seu posicionamento estratégico podem assumir-se como pólos de desenvolvimento capitalizando os recursos do território e potenciando o desenvolvimento de toda a envolvente. O concelho da Guarda está integrado no principal eixo urbano da Beira Interior, constituído segundo Reis Silva (2007) também por Belmonte, Covilhã, Fundão e Castelo Branco. Estes cinco concelhos têm um efeito de estruturação territorial importante para definir estratégias de complementaridade, não só dos concelhos entre si, mas como destaca o autor, dos territórios envolventes. Esta visão está patente na configuração do Programa Operacional do Centro 2007-13 e que reserva para a Guarda um papel estruturante na comunicação e redes de transportes. Outros dos aspectos focados no distrito da Guarda é o seu carácter fronteiriço, a proximidade com Espanha, a sua centralidade geográfica e a confluência de importantes eixos rodoviários e ferroviários, que permitem pensar o território enquanto suporte crucial ao desenvolvimento e apoio ao comércio internacional, em particular, o ibérico. Este carácter fronteiriço permite, por outro lado, imaginar o desenvolvimento do território com configurações diversificadas, potenciadoras das dinâmicas económicas existentes, como sugerido por Natário e Neto (2006), ou Matos (2007), onde se imaginava um conjunto de iniciativas de carácter transfronteriço que podiam constituem os alicerces de um sistema de inovação suportado nos recursos partilhados e objectivos comuns das regiões de fronteira. Esta visão faz emergir a importância de projectos comuns como a PLIE – Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda – considerado um projecto estruturante para toda a região Centro, visão reforçada pelo texto do Programa Operacional do Centro 2007-13 (p. 12) onde se afirma que a PLIE terá “…um papel fundamental no desenvolvimento económico do interior da região e na articulação multimodal Portugal-Espanha-Europa.” A Plataforma será uma área logística regional, contando com uma área de localização empresarial, centro de serviços de suporte e um espaço de mobilização e difusão das TIC. De referir, que a PLIE deverá ter uma forte articulação, com as redes viárias, mas também com os portos e com a Plataforma Logística de Salamanca. No âmbito do estudo efectuado pelo NERGA, junto do sector dos transportes de mercadorias, verificou-se que as empresas em consequência da sua dimensão enfrentavam diversos condicionalismos impeditivos de serem mais competitivas. Tendo em consideração esses constrangimentos e após várias reuniões entre os empresários e o NERGA, foi considerado, como solução para ultrapassar as dificuldades e tornar o sector mais competitivo, a criação de uma sociedade anónima, cujo capital seria subscrito maioritariamente pelas empresas de transporte da região. A sociedade anónima, LUSOLINK, irá ser constituída brevemente e contará nesta primeira fase, com a participação de 15 empresas, a sua maioria do distrito da Guarda. Para além do transporte, esta empresa prevê ainda desenvolver outros serviços, nomeadamente, uma central de compras e um centro logístico, a instalar na PLIE da Guarda. | 111 Também a PLIE de Chaves apresenta objectivos iniciais de desenvolvimentos em tudo idênticos aos da PLIE da Guarda. Efectivamente, também no âmbito do estudo para a região do Douro e Alto Trás-os-Montes – Opções para o Desenvolvimento do Território, as conclusões convergem na necessidade da cooperação no desenvolvimento de uma rede de logística e transportes internacionais e no reforço da cooperação transfronteiriça. Neste sentido, também a excelente localização e concepção da plataforma logística transfronteiriça de Chaves, constituem componentes estratégicas importantes para o desenvolvimento económico e social da região de Trás-os-Montes, através da criação de condições para a captação de novos projectos empresariais e para facilitar a distribuição da produção da indústria local. Segundo a intervenção do Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações na cerimónia de abertura do 12.º Congresso de Logística da Associação Portuguesa de Logística «Logística em Tempos de Incerteza», em Lisboa (2009) a Rede Nacional de Plataformas Logísticas irá potenciar a captação de novos tráfegos de mercadorias transfronteiriços e portuários, esperando-se um aumento global da carga movimentada no país em 3% ou seja cerca de 9,5 milhões de toneladas. As estruturas logísticas do território de intervenção poderão desempenhar um papel fundamental para o desenvolvimento do sector dos transportes, nomeadamente ao nível da sua organização de forma mais racional e sustentável. Associando este factor, à localização geográfica do território de intervenção e ao estabelecimento de possíveis formas de cooperação entre as diversas empresas de transportes poderão estar reunidas as condições para um aumento substancial da competitividade das muitas pequenas empresas deste sector de actividade. Através dos dados financeiros em anexo (Anexo 9) podemos verificar que o volume de negócios cresceu durante o ano de 2007 (sensivelmente 10%) tendo estabilizado em 2008. Esta evolução levou a melhoria substancial dos resultados líquido em 2007 e a uma forte penalização em 2008. Este decréscimos também ficou a dever-se não só à procura mais moderada dos serviços mas também ao crescimento extraordinário dos preços dos combustíveis. Importa realçar que as empresas de transporte de mercadorias sedeadas nas sub-regiões do norte apresentam uma rendibilidade operacional das vendas bastante superior à apresentada pelas empresas do região beirã, o que reforça a constatação de que esta região necessita de determinar uma estratégia de actuação que lhe permita aproveitar os seus actuais recursos logísticos e a sua localização estratégica para melhorar os seus níveis de actuação de forma a igualar as suas congéneres nortenhas. | 112 Apresenta-se de seguida a análise SWOT para este sector. Análise SWOT para o sector dos Transportes e Logística Pontos fortes Pontos fracos C rescimento do transporte público de mercadorias em segmentos especializados Deficiente rede multimodal de transportes C apacidade disponível de meios de transporte: elevado número de operadores de transporte Insuficientes competências ao nível de organização e gestão de transporte e de gestão de redes Flexibilidade do serviço prestado Níveis baixos de quadros qualificados nas empresas Resultados bastante voláteis face ao produtivos, nomeadamente combústiveis preço de alguns factores Níveis baixos de investigação e desenvolvimento, e inovação Oportunidades Ameaças Desenvolvimento da Rede Nacional de Plataformas Logísticas Degradação das infra-estruturas Requalificação e desenvolvimento das vias rodoviárias Ritmos crescentes nos custos de alguns factores de produção (ex:. combustíveis) Integração com outros modos de transporte, através de redes multimodais, permitindo uma oferta de serviços de maior valor acrescentado Investimentos e desenvolvimento do sector Ferroviário Oferta de serviços complementares e de maior valor acrescentado aos clientes Grandes clientes cada vez mais globais que estabelecem contratos internacionais ficando excluidos os clientes locais sem alianças de cooperação Procura de transportes crescente C riação/melhoria operadores de redes de cooperação entre os diferentes | 113 V Resultados do trabalho de campo O presente capítulo tem como principal objectivo fazer uma análise dos principais resultados obtidos através da realização de questionários efectuados a empresas (na zona de intervenção do projecto) dos sectores de actividade que se afiguram com potencial para participar em redes de cooperação. V.1 Metodologia A análise que se segue baseia-se num questionário aplicado a um conjunto de 137 empresas distribuídas pelos distritos de Vila Real, Bragança, Guarda e Castelo Branco e, por proximidade com o distrito de Vila Real, alguns concelhos do Douro Sul. O inquérito aplicado teve por objectivo obter informações sobre os sectores de actividade com maior potencial de abertura a novas formas de organização, nomeadamente numa perspectiva de abertura à cooperação inter-empresarial. Este encontra-se estruturado em duas secções principais: • informação geral sobre a empresa que engloba os dados essenciais sobre a empresa, como a localização, contacto, ano de constituição, a informação social e económica como a descrição da actividade de negócio, número de funcionários, se a empresa faz parte de um grupo de empresas, número de filiais, produtos/serviços, volume de negócios, abrangência de mercado, estrutura organizacional, ciclo de vida e estratégia e vantagem competitiva; • informação sobre a experiência anterior/presente em acordos de cooperação, tipologias mais relevantes, tipo de recursos a envolver e objectivos a atingir tendo em vista averiguar a predisposição para a empresa aderir a novas formas de organização como a adesão a um sistema de redes de cooperação intra ou inter-empresarial. As duas secções reflectem um conjunto de indicadores que, globalmente, permitem analisar o percurso da própria empresa, a sua dinâmica e performance empresarial e a sua abertura para a cooperação empresarial com a identificação do tipo de rede de cooperação, os recursos envolvidos e os objectivos a atingir com a rede de cooperação empresarial. Tendo por base a reflexão preliminar efectuado no capítulo IV foram identificados os principais sectores com maior potencial para dinamizar futuras redes de cooperação na área de intervenção: comércio, indústrias agro-alimentares, construção civil e obras públicas, turismo, rochas ornamentais, energia, e transportes e logística. A selecção criteriosa das | 114 empresas de cada sector foi efectuada pelas respectivas Associações Empresarias (NERVIR, NERBA, NERGA, NERCAB) que devido à sua missão e objectivos específicos na área onde se inserem têm um conhecimento profundo da generalidade das empresas nos diversos sectores de actividade predominantes na região. Deste modo, presume-se que as empresas indicadas constituam uma amostra representativa do sector de actividade que se afigura com potencial de cooperação. Atendendo ao número de empresas indicado por cada Associação Empresarial e ao número de empresas inquiridas na sua área de intervenção consta-se que a taxa de resposta se situa acima dos 65% (Tabela 47), com excepção da área de intervenção de Castelo Branco cujo valor é de 45%. De salientar que esta elevada receptividade por parte das empresas deveuse, em grande medida, a um pleno esclarecimento dos empresários, por parte das respectivas Associações Empresariais, acerca dos objectivos do projecto onde se inseria o referido questionário e à sensibilização para a importância da sua colaboração na concretização desses mesmos objectivos. Tabela 47: Número de empresas seleccionadas pelas Associações Empresariais versus as inquiridas Número empresas Área intervenção NERVIR Área intervenção NERBA Área intervenção NERGA Área intervenção NERCAB Total R e a liza do P re v is to R e a liza do P re v is to R e a liza do P re v is to R e a liza do P re v is to R e a liza do P re v is to Com ércio 6 5 5 3 7 7 10 5 28 20 71% Indústrias agro-alim entares 29 22 28 16 7 4 11 6 75 48 64% Construção civil e obras públicas 0 0 7 5 11 7 16 9 34 21 62% Turism o 10 7 8 7 8 4 2 2 28 20 71% Rochas ornamentais 4 1 6 3 6 4 1 0 17 8 47% Energia 0 0 2 2 0 0 0 0 2 2 100% Transportes e logística 0 0 0 0 7 3 2 0 9 3 33% Outros 1 0 6 5 5 5 18 5 30 15 50% 50 35 62 41 51 34 60 27 223 137 61% Total 70% 66% 67% 45% 61% Da análise por sector, verifica-se que em todos a taxa de respostas foi superior a 60%, com excepção das rochas ornamentais, transportes e logística e “outros”. O sector referido por “outros” engloba empresas que podem ser associadas às indústrias agro-alimentares (tanoaria, cutelaria e refrigeração), à construção civil (metalomecânica) e serviços de apoio (consultoria). Atendendo à localização territorial das empresas inquiridas verifica-se que foram abrangidos a grande maioria dos concelhos do território de intervenção (Anexo 13) embora o número de empresas seja superior nas capitais dos distritos. No caso da área de intervenção do NERGA e do NERCAB cerca de 47% e 59% das empresas estão localizadas, respectivamente, na Guarda e em Castelo Branco. A recolha da informação do questionário junto das empresas foi efectuada através de entrevista presencial. Das pessoas responsáveis pela informação recolhida junto das empresas, cerca de 72% eram o sócio, sócio/gerente ou o administrador, 12% o director geral/departamento sendo as restantes distribuídas por diferentes departamentos da | 115 empresa. De salientar que as respostas recolhidas são manifestações de intenção que não vinculam a empresa a integrar redes de cooperação contribuindo apenas para a amostra do sector que se pretende que seja representativa das restantes empresas da mesma área de actividade. V.2 Análise dos principais resultados As empresas inquiridas têm condições estruturantes e financeiras diversas que se espera que reflictam a realidade das empresas dos sectores com potencial de cooperação. Nesta secção faz-se uma análise dos principais resultados obtidos junto das empresas. A informação adicional encontra-se no anexo 14. V.2.1 Caracterização geral das empresas O sector mais representado é o das indústrias agro-alimentares (35%) seguido do comércio, construção civil e obras públicas e turismo (cerca de 15% cada). O sector da energia e dos transportes e logística são os menos representativos em termos absolutos e estão apenas representados, respectivamente, na área de intervenção do NERBA e do NERGA (Figura 32). Contudo, o número de empresas inquiridas em cada sector, bem como a sua repartição por área de intervenção, reflecte, em traços gerais, o peso e a distribuição das empresas por sector de actividade no território de intervenção. 25 Nº empresas 20 15 10 5 0 Comércio Indústrias agro- Construção civil e alimentares obras públicas Área intervenção NERVIR Turismo Área intervenção NERBA Rochas ornamentais Energia Área intervenção NERGA Transportes e logística Outros Área intervenção NERCAB Figura 32: Número de empresas por sector de actividade e área de intervenção A idade média das empresas inquiridas nos sectores comércio, indústrias agro-alimentares, construção civil e obras públicas, turismo, rochas ornamentais e “outros” oscila entre 7 e 47 anos, enquanto no sector transportes e logística e energia, a média é de 6 e 3 anos, | 116 respectivamente (Tabela 48). A empresa mais antiga data de 1905 e integra o sector das indústrias agro-alimentares e a mais recente de 2010 no sector do comércio. Estes valores mostram, em média, empresas jovens que, apresentando alguma estabilidade no mercado, necessitam de apostar na inovação e em novas estratégias para promover o seu crescimento. Tabela 48: Idade média das empresas inquiridas Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Idade média das empresas Área intervenção NERVIR 23 24 - 15 11 - - - Área intervenção NERBA 19 22 16 19 22 3 - 22 Área intervenção NERGA 16 47 19 7 26 - 6 13 Área intervenção NERCAB 16 16 22 29 - - - 19 De uma forma geral, as empresas da amostra não fazem parte de um grupo empresarial (86,9%). As 13,1% das empresas que referiram pertencer a um grupo de empresas situa-se maioritariamente na área de intervenção do NERVIR e do NERBA e têm as suas sedes em território nacional com excepção de uma empresa do sector “outros” que tem a sua sede na Alemanha. No final do ano de 2009, só 12 das empresas tinham filiais nacionais, localizadas sobretudo nos distritos da sede, e distribuídas pelo sector do comércio (5), indústrias agro-alimentares (2), construção civil e obras públicas (1) turismo (1), energia (1), “outros” (2). Destas, cinco das empresas só apresentavam uma filial sendo observado o número máximo de cinco filiais em duas empresas. Em relação às filiais internacionais só uma empresa do sector da construção civil e obras públicas é que apresentava uma filial em Cabo Verde. Quanto ao número de trabalhadores nos anos de 2008 e 2009 verificou-se que estes se mantiveram praticamente constantes em cada sector. Por outro lado, usando o conceito geral de classificação das empresas por escalão de número de trabalhadores verifica-se que todas as empresas são PME (Pequena e Média Empresa) com um número de trabalhadores que globalmente se situa entre os 20 e 30 trabalhadores, com excepção do sector energia em que o número médio é de 4 trabalhadores (Tabela 49). | 117 Tabela 49: Número médio de trabalhadores das empresas inquiridas Outros Transportes e logística Energia Rochas ornamentais Turismo Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Número médio trabalhadores 20 0 8 2 0 09 20 0 8 2 00 9 2008 2 00 9 2008 2 00 9 2 0 08 2 00 9 2 0 08 20 0 9 2 0 08 20 0 9 2 0 08 Área intervenção NERVIR 27 28 20 20 - - 28 29 13 12 - - - - - 20 0 9 - Área intervenção NERBA 26 26 20 19 17 16 7 7 31 29 4 4 - - 21 23 Área intervenção NERGA 22 23 26 26 26 28 9 9 17 16 - - 21 19 19 20 Área intervenção NERCAB 19 20 15 16 35 35 65 75 - - - - - - 60 50 23 24 20 20 26 27 27 30 20 19 4 4 21 19 33 31 Atendendo à distribuição dos recursos humanos pelos principais departamentos (Figura 33) verifica-se que a sua repartição está associada ao tipo de actividade praticado na empresa. Assim, o sector dos transportes e logística tem alocado mais de 50% dos seus trabalhadores ao departamento de logística, seguido do sector produção/operação. Do mesmo modo, as empresas dos sectores ligados à actividade produtiva como as indústrias agro-alimentares, a construção civil e obras públicas, “outros” e rochas ornamentais têm afecto mais de 50% dos seus recursos humanos à produção, atingindo o valor de 72% no caso das rochas ornamentais. Nestes sectores segue-se o departamento administrativo-financeiro com cerca de 10%. O sector do turismo, tradicionalmente associado a serviços, tem 50% dos recursos humanos afectos à parte produtiva o que pode ser justificado pelo facto de 20% das empresas estarem associadas ao turismo em espaço rural ou gastronómico onde o lazer é complementado com a confecção de alguns produtos regionais como as compotas, vinho, azeite, queijo e enchidos. Globalmente, o departamento comercial/vendas absorve menos de 10% dos recursos humanos com excepção do sector comércio cujo valor é cerca de 28%. 100% Outros 90% 80% Marketing 70% Inovação / I&D 60% Qualidade / Segurança 50% Recursos Humanos 40% Controlo de gestão / Planeamento Estratégico 30% Logística 20% Compras 10% Produção / Operações 0% Comércio Indústrias agro- Construção civil alimentares e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Comercial / Vendas Administrativo-financeiro Figura 33: Percentagem de recursos humanos afectos aos principais departamentos O departamento “Qualidade e Segurança” apresenta valores abaixo dos 5% em todos os sectores de actividade com excepção do da energia em que o valor se situa nos 8,3%. Do mesmo modo, o departamento de “Marketing e Inovação/I&D” absorve menos de 2% dos recursos humanos em todos os sectores, com excepção do sector energia cujo valor é cerca | 118 de 9%. Para este sector de actividade verifica-se uma distribuição equitativa dos recursos humanos pelos principais departamentos da empresa. V.2.2 Estrutura organizacional e ciclo de vida das empresas Da análise da estrutura organizacional existente nas empresas nos diferentes sectores de actividade verifica-se que, na generalidade, a sua predominância é funcional (Figura 34), o que se traduz numa responsabilização de gestores individuais por funções específicas. Este tipo de relação entre todos os recursos da empresa é característico de médias empresas com uma gama de produtos extensa para um número restrito de mercados. No entanto, no caso do sector do turismo e comércio, cerca de 50% e 45%, respectivamente, têm implementada uma estrutura simples, que é característica de empresas especializadas em poucas linhas de produtos, como é o caso de parte da amostra destes sectores. Estrutura divisional Estrutura funcional Estrutura simples 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agro- Construção civil e alimentares obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 34: Estrutura organizacional das empresas por sector de actividade Por outro lado, nos sectores comércio, indústrias agro-alimentares, turismo e construção civil e obras públicas observa-se a existência de empresas com uma estrutura descentralizada, provavelmente de maior dimensão, que atinge os 19% no caso deste último sector. Em traços gerais verifica-se que todas as empresas dos diversos sectores apresentam regras e procedimentos formalizados e as actividades centralizadas (Figura 35). Este tipo de organização está de acordo com o facto das empresas dos sectores de actividade em análise estarem sobretudo relacionados com actividades produtivas que, por regra, seguem normas bem definidas, com a sua pequena dimensão e reduzido número de empresas com filiais. Em termos de complexidade verifica-se que as empresas dos diferentes sectores apresentam uma fraca complexidade com excepção dos sectores transportes e construção civil e obras públicas que apresentam alguma complexidade espacial e horizontal. | 119 A elevada formalização e centralização acompanhada de uma complexidade baixa ou variável está, normalmente, relacionada com a vantagem competitiva dos custos baixos que a empresa pretende alcançar no mercado. Comércio Indústrias agro-alimentares Construção e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes Outros 30 Nº empresas 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 1 2 Regras e procedimentos formalizados 3 4 Actividades centralizadas 35 Nº empresas 30 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 Complexa devido à dispersão espacial 1 2 3 4 Complexa devido à dispersão vertical 1 2 3 4 Complexa devido à dispersão horizontal Figura 35: Estrutura organizacional em função dos factores formalização, centralização e complexidade Com base na Figura 36, constata-se que o ciclo de vida predominante nas empresas é o de crescimento seguido da fase de maturidade, que, no conjunto, representam mais de 87% da amostra sendo inclusivamente de 100% nos sectores do comércio, construção civil e obras públicas, turismo e transportes e logística. No caso do sector da energia as empresas encontram-se na sua totalidade no ciclo de crescimento muito provavelmente devido à aposta crescente da utilização de fontes renováveis de energia como a hídrica e eólica, na produção de electricidade. A predominância de ciclos de vida de crescimento e maturidade das empresas inquiridas está, normalmente, associada a uma elevada especialização em actividades específicas que resultam em economias de escala e/ou no aumento da flexibilização operacional do negócio base e na diversificação para novos produtos/sectores. | 120 Declínio Maturidade Crescimento Introdução 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agro- Construção civil e alimentares obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 36: Ciclo de vida das empresas Por outro lado, o padrão de ciclo de vida observado nas empresas inquiridas está, de certo modo, relacionado com a sua fundação pois à medida que aumenta a sua idade média há uma tendência progressiva de evolução do ciclo de vida de introdução até ao de declínio. De referir ainda que, no sector das indústrias agro-alimentares, existe uma percentagem, ainda que pouco significativa, de empresas no ciclo de declínio mas cujo valor sobe para 13% no sector das rochas ornamentais. Este facto pode estar influenciado pela agressiva entrada no mercado de empresas estrangeiras produtoras de rochas ornamentais e a consequente dificuldade de adaptação das empresas do sector nacional para responder a esta mudança. Apesar dos períodos de vida de crescimento e maturidade das empresas estarem normalmente associados a estruturas predominantemente funcionais e divisionais verifica-se que a estrutura simples ainda corresponde a uma forma de organização praticada por muitas empresas de todos os sectores de actividade, com particular destaque para o comércio, turismo e energia. Quando questionados se a actual estrutura organizacional da empresa é adequada à sua estratégia e objectivos futuros, 74% das empresas afirma que sim (Figura 37). As restantes indicam como principais razões de inadequação as seguintes: área comercial enfraquecida, escassez de recursos físicos, escassez de recursos humanos qualificados, fraca gestão de recursos humanos, necessidade de alguma burocracia, necessidade de definição da própria estratégia, necessidade de descentralizar funções, necessidade de novos departamentos devido ao crescimento, necessidade de reorganização e pequena dimensão para os objectivos definidos. | 121 Não Sim 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agroalimentares Construção e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 37: Adequação da actual estrutura organizacional à estratégia e objectivos futuros Agrupando as razões de inadequação verifica-se que em 44% das empresas a sua estrutura não serve de suporte à implementação dos objectivos definidos por falta de alinhamento dinâmico da estrutura organizacional com os objectivos e tendências do meio envolvente ou mesmo por uma total desadequação (Tabela 50). Por outro lado, 6% das empresas não têm sequer uma estratégia definida. Importa ainda referir que para 24% das empresas a não adequação da estrutura organizacional está relacionada com o número e/ou a qualificação dos seus recursos humanos que poderá estar, de certo modo, relacionada com os baixos níveis de habilitações da população activa do país e em particular do território de intervenção que é ainda ligeiramente inferior. 24% 2 3 9 26% 1 1 2 1 Necessidade de outra estrutura 6 18% 2 2 1 Necessidade de estratégia 2 6% 1 NR 5 15% NR - não resposta 34 100% 14 4 1 2 4 3 Outros 8 Estrutura inadequada aos objectivos 3 Transportes e logística 12% Energia 4 Área recursos hum anos Turismo Área com ercial Rochas ornamentais Construção civil e obras públicas % Comércio Nº empresas Indústrias agroalimentares Tabela 50: Factores de inadequação da estrutura organizacional à estratégia e objectivos futuros 8 1 1 3 6 1 2 5 34 5 1 4 5 2 9 1 0 1 V.2.3 Produtos e serviços Os principais produtos comercializados nos sectores de actividade produtivos são os seguintes: i. construção civil e obras públicas – estruturas, edifícios, areias, infra-estruturas de saneamento e de obras públicas, materiais cerâmicos; | 122 ii. rochas ornamentais – lareiras, jazigos, fachadas, pavimentos, bloco em bruto, colunas; iii. indústrias agro-alimentares – charcutaria tradicional, queijos, castanha, azeite, vinho tinto, vinho do Porto e produtos de pastelaria. Pela análise da tabela 51 observa-se que a indústria mais representada é a viticultura, com 15 empresas, e localiza-se quase exclusivamente na área de intervenção NERVIR. Segue-se a charcutaria tradicional em que 4 das 11 empresas estão localizadas na área de intervenção NERBA; o azeite é produzido em 7 empresas distribuídas pela área de intervenção NERVIR e NERBA. Esta distribuição reflecte o peso importante que a actividade agrícola e os produtos ligados à terra continuam a ter na estrutura económico-social do território de intervenção. Tabela 51: Distribuição das empresas do sector agro-alimentar no território de intervenção Número empresas Charcutaria Queijos Frutos secos Azeite Vitivinicultura Área de intervenção do NERVIR 2 1 - 3 13 Área de intervenção do NERBA 4 1 2 4 2 Área de intervenção do NERGA 2 2 1 - - Área de intervenção do NERCAB 3 2 - - - No caso do sector do comércio os produtos mais comercializados, como carne e peixe congelado, charcutaria, frutas, hortícolas, mel, bebidas, pastelaria e utilidades industriais, estão sobretudo ligados à indústria agro-alimentar com excepção de duas empresas ligadas à construção civil e uma empresa ao turismo. Os principais serviços prestados por sector são: i. turismo: animação turística, eventos, hotelaria e restauração; ii. energia: certificação de edifícios, monitorização de eficiência energética, consultoria e auditoria, soluções para microprodução e outras formas de aproveitamento de energias renováveis; iii. transportes e logística: transporte de mercadorias e logística. O sector “outro” integra empresas associadas ao sector das indústrias agro-alimentares, como a tanoaria, cutelaria e refrigeração à construção civil (metalomecânica), à gestão de resíduos e aos serviços de apoio como limpezas, tratamento, recolha e armazenamento de informação e manutenção de equipamentos e espaços florestais. Por conseguinte, os principais produtos comercializados pelas empresas deste sector incluem barricas, facas, estruturas metálicas e equipamentos para frio industrial. Em relação ao volume de negócios obtido em 2009, há uma concentração de empresas (66%) com menos de dois milhões de euros, sendo que em 36% o valor não ultrapassa os € 500.000 (Figura 38). Das restantes, 21,7% tem um volume de negócios entre os dois e os | 123 cinco milhões e apenas uma empresa ligada ao sector do comércio apresenta um volume de negócios superior a € 15.000.000. Das empresas inquiridas em cada sector consta-se que turismo, rochas ornamentais e “outros” e indústrias agro-alimentares são os que concentram um maior número de empresas com um volume de negócios inferior a € 500.000. Por outro lado, as empresas dos sectores construção civil e obras públicas e transportes e logística concentram principalmente o seu volume de negócios entre os € 500.000 e os € 2.000.000, tendo este último sector a totalidade das empresas incluídas neste escalão. 18 Nº empresas 15 12 9 6 3 Indústrias agroalimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Transportes e logística >10.000.000€ e <=15.000.000€ >2.000.000€ e <=5.000.000€ >5.000.000€ e <=10.000.000€ <=500.000€ >500.000€ e <=2.000.000€ >10.000.000€ e <=15.000.000€ >2.000.000€ e <=5.000.000€ >5.000.000€ e <=10.000.000€ <=500.000€ >500.000€ e <=2.000.000€ >10.000.000€ e <=15.000.000€ >2.000.000€ e <=5.000.000€ >5.000.000€ e <=10.000.000€ <=500.000€ >500.000€ e <=2.000.000€ >10.000.000€ e <=15.000.000€ >2.000.000€ e <=5.000.000€ >5.000.000€ e <=10.000.000€ <=500.000€ >500.000€ e <=2.000.000€ >10.000.000€ e <=15.000.000€ >2.000.000€ e <=5.000.000€ >5.000.000€ e <=10.000.000€ <=500.000€ >500.000€ e <=2.000.000€ >10.000.000€ e <=15.000.000€ >2.000.000€ e <=5.000.000€ >5.000.000€ e <=10.000.000€ <=500.000€ Comércio >500.000€ e <=2.000.000€ >10.000.000€ e <=15.000.000€ >2.000.000€ e <=5.000.000€ >5.000.000€ e <=10.000.000€ <=500.000€ >500.000€ e <=2.000.000€ 0 Outros Figura 38: Volume de negócios em 2009 das empresas inquiridas A abrangência das empresas inquiridas é Local 3,7% maioritariamente nacional (71,9%), o que revela a sua capacidade para já operarem em todo o país. Apenas cinco empresas distribuídas pelo sector do Regional 24,4% Nacional 71,9% comércio, construção civil e obras públicas, turismo e rochas ornamentais apresentam uma Figura 39: Abrangência do mercado abrangência de mercado local. Os sectores de actividade que registam uma maior percentagem de empresas com uma abrangência regional são o comércio, construção civil e obras públicas e rochas ornamentais (Figura 40). | 124 nacional regional local 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agro- Construção civil e alimentares obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 40: Abrangência das empresas por sector de actividade V.2.4 Exportações Das empresas inquiridas, cerca de dois terços (62%) tem já apresenta actualmente actividade em mercados internacionais sendo a sua expressão superior a 50% para todos os sectores de actividade com excepção do sector da construção civil o obras públicas cujo valor não vai além dos 19%. De realçar ainda a elevada percentagem (84,8%) de actividade em mercados internacionais do sector das indústrias agro-alimentares (Figura 41). Não Sim 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agro- Construção civil alimentares e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 41: Actividade em mercados internacionais A grande maioria das empresas exportadoras tem uma actividade internacional consolidada uma vez que cerca de 71% refere que exporta há mais de 5 anos (Figura 42). 32% < 2 anos Não 38% Sim 62% 2 - 5 anos 22% 6 - 10 anos 33% 7% 6% 11 - 20 anos mais 20 anos | 125 Figura 42: Actividade exportadora das empresas Observando o número de empresas que exportam há mais de 5 anos em cada sector de actividade, constata-se que em quase todos os sectores se encontram empresas com experiência na exportação. No sector agro-alimentar as empresas mais experientes no que toca à exportação encontram-se sob o território de intervenção do NERVIR e do NERBA e dizem produzem e comercializam vinhos e azeite respectivamente. Por sua vez, a área de de intervenção do NERGA engloba as empresas mais experientes na exportação do sector das rochas ornamentais. No caso do sector dos transportes e logística e energia a concentração de empresas com actividade exportadora há menos de 5 anos deve-se à constituição recente das próprias empresas. Tabela 52: Anos de exportação por sector de actividade Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Núm ero em presas < 2 anos - 1 2 2 - 1 - 1 7 2 - 5 anos 2 11 - 1 1 - 1 2 18 6 - 10 anos 2 13 1 5 1 - 1 3 26 11 - 20 anos 5 12 1 4 4 - - 1 27 m ais 20 anos 1 2 - - - - - 2 5 10 39 4 12 6 1 2 9 83 Atendendo à evolução do volume de negócios médio entre 2008 e 2009, verifica-se que este indicador financeiro não sofreu alterações significativas na generalidade dos sectores de actividade (Figura 43). Também a evolução do volume de exportações se manteve praticamente constante em todos os sectores de actividade com excepção da construção civil e obras públicas e dos transportes e logística que sofreram um decréscimo, respectivamente, de 8 e 16,5 pontos percentuais. 2009 Volume exportações 2008 Volume exportações 2009 100% 4.000 80% 3.500 3.000 60% 2.500 2.000 40% 1.500 1.000 20% 500 0 0% Comércio Indústrias agro- Construção civil e alimentares obras públicas Turismo Rochas ornamentais Transportes e logística Figura 43: Volume de negócios e de exportação médio por sector de actividade Outros % volume exprotações (média) Volume negócios (milhares de euros) 2008 4.500 | 126 No que respeita ao peso das exportações no volume de negócios de 2009, a actividade exportadora apresentou valores limitados. Na generalidade, mais de 50% das empresas em cada sector de actividade ostenta um peso de exportações inferior a 25% do seu volume de negócios. Contudo, existe uma pequena percentagem de empresas com um volume de exportação superior a 75% do volume de negócios: cerca de 12% no caso do comércio, das indústrias agro-alimentares e do turismo; e cerca de 20% no sector das rochas ornamentais e “outros”. As empresas produtoras de vinhos da região de intervenção do NERVIR são as que actualmente apresentam uma maior actividade exportadora. Comércio Construção civil e obras públicas Rochas ornamentais Transportes e logística Turismo Indústrias agro-alimentares Outros 25 Nº empresas 20 15 10 5 0 França Espanha Alemanha Angola Brasil Luxemburgo Bélgica EUA Suíça Inglaterra China Canadá Itália Cabo Verde Figura 44: Principais países de destino das exportações em 2009 O mercado intracomunitário representou dois terços dos principais países destino das exportações em 2009. Como principais países de destino destacam-se, por ordem decrescente do número de empresas com actividade exportadora para esse país, a França, Espanha, Alemanha, Angola, Brasil, Luxemburgo, Bélgica, Estados Unidos da América, Suíça e Inglaterra, China, Canadá, Itália e Cabo Verde e que no conjunto correspondem a 90% dos países de destino. A distribuição dos países de destino por sector de actividade (Figura 44) evidencia um mercado de proximidade generalizado com França, Espanha e Alemanha. Tabela 53: Actuais e potenciais países destino das exportações por sector Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Turismo A c t ua is P o t e nc ia is A c t ua is P o t e nc ia is A c t ua is P o t e nc ia is A c t ua is P o t e nc ia is França Brasil França Brasil Espanha Angola Espanha Alemanha Espanha Espanha Angola Angola França Espanha Alemanha Brasil Angola Angola Brasil China Angola França Inglaterra Inglaterra Alemanha Inglaterra Espanha EUA - - Holanda Rússia Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros A c t ua is P o t e nc ia is A c t ua is P o t e nc ia is A c t ua is P o t e nc ia is A c t ua is P o t e nc ia is França Alemanha - Espanha França Espanha Espanha Moçambique Brasil Espanha Suíça - Angola Espanha Suíca França Luxemburg o Alemanha Espanha - - Alemanha - Alemanha - França - - Itália - Angola - | 127 Através da análise da Tabela 53, é possível verificar que muitas vezes empresas de um sector indicam como potenciais destinos de exportações, países onde os seus concorrentes já se encontram. Este factor poderá indiciar possíveis vantagens numa rede de cooperação com vista à internacionalização. A França evidencia-se como um país de elevada importância sobretudo para os sectores do comércio, indústrias agro-alimentares, rochas ornamentais e transportes e logística enquanto a Espanha é o principal país destino das exportações do turismo e construção civil e obras públicas. Tabela 54: Actuais e potenciais países destino das exportações dos produtos agro-alimentares Azeite Vinhos Carne e enchidos Queijos A c tuais P o t enciais A c tuais P o t e nc iais A c t ua is P o te nc iais A c t ua is P o te nc ia is França Alemanha Bélgica Brasil França Brasil França Brasil Espanha Brasil Brasil EUA Luzemburgo Angola Espanha China Brasil Canadá Canadá China Angola Moçambique - Angola Luxemburgo Angola França Países do Leste Inglaterra França - Moçambique Salientando dentro do sector das indústrias agro-alimentares, os quatro principais produtos – azeite, vinho, carne e enchidos, e queijos – é possível verificar que existe alguma homogeneidade no conjunto dos mercados potenciais. Brasil e Angola são locais ainda não muito explorados mas onde os empresários avistam grande potencial pois encontram-se em forte expansão e onde existe a proximidade linguística. Os empresários do sector vitivinícola pretendem arriscar um pouco mais explorando o mercado chinês e americano. V.2.5 Estratégia e vantagem competitiva Quando questionados se a empresa apresenta objectivos estratégicos bem definidos, 81% da amostra assume que sim. Dos restantes, verifica-se que a maior percentagem de empresas que não tem objectivos estabelecidos encontra-se no sector do comércio, seguido das rochas ornamentais, turismo e indústrias agro-alimentares (Figura 45). | 128 Não Sim 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agro- Construção civil alimentares e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 45: Percentagem de objectivos definidos nas empresas, por sector de actividade Os principais objectivos identificados são sobretudo financeiros, destacando-se o aumento do volume de negócios, referido por 34% das empresas, seguida da internacionalização com 30%. O terceiro objectivo mais referenciado, por 9% das empresas, refere-se ao desenvolvimento de novos produtos. O volume de negócios e a internacionalização são, na generalidade, os objectivos que prevalecem em todos os sectores de actividade com excepção do da energia em os seus objectivos estão repartidos pelo aumento da produtividade e a solidificação da posição estratégica e o da construção civil e obras públicas em que o desenvolvimento de novos produtos é o segundo objectivo mais referenciado. Outros objectivos referidos prendem-se com a qualidade, a competitividade, a produtividade, a valorização do produto e a posição e mercado. A maioria das empresas (em concreto, 84,2% da amostra) refere que apresenta uma vantagem competitiva em relação às restantes empresas do sector (Figura 46). As que consideram não apresentar factores de superiorização em relação às suas concorrentes concentram-se no sector das indústrias agro-alimentares seguido do turismo. Comércio - 10% Insdustrias agro - alimentares - 52% Sim Não 15,8% Construção civil e obras públicas - 14% 84,2% Turismo: 19% Outros: 5% Figura 46: Existência de objectivos definidos | 129 As respostas quanto ao tipo de posicionamento das empresas mostram que, em todos os sectores de actividade, a grande maioria considera que se superioriza em relação à concorrência através da diferenciação dos produtos/serviços num mercado global. Tal como mostra a Figura 47, a diferenciação do produto/serviço num conjunto restrito de segmentos ou no mercado amplo corresponde a um modelo de estratégia genérica de pelo menos 70% das empresas em cada sector de actividade. Diferenciação / Mercado restrito Custos baixos / Mercado restrito Diferenciação / Mercado amplo Custos baixos / Mercado amplo 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agroalimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 47: Percentagem de objectivos definidos nas empresas, por sector de actividade O tipo de gestão que prevalece nas empresas de cada sector de actividade é de orientação para o mercado (procura da satisfação e fidelização dos clientes) com excepção do sector das indústrias agro-alimentares e das rochas ornamentais em que predomina, respectivamente, a orientação para o produto (incremento das funcionalidades do produto) e para a produção (melhoria da eficiência da produção e redução de preços). Orientação para o mercado Orientação para vendas Orientação para o produto Orientação para a produção 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agroalimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 48: Tipo de gestão das empresas por sector de actividade V.2.6 Cooperação Em relação à cooperação os resultados obtidos revelam que 40,7% das empresas inquiridas já participou em acordos de cooperação ou parceria em anos anteriores a 2009. O grau de | 130 participação nos vários sectores de actividade varia entre 40% e 60% com excepção dos sectores do comércio, rochas ornamentais e transportes e logística cujo valor é cerca de 15% para os dois primeiros e 33% para o último sector referido. Actualmente, cerca de 71% das empresas que participaram em acordos/parcerias anteriores continuam a manter algum tipo de cooperação. Para esta redução contribuiu o decréscimo generalizado de participação em todos os sectores de actividade e que no caso das rochas ornamentais e transportes e logística não se verifica nenhum acordo em vigor (Figura 49). Participação anterior Não Sim 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agroalimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Energia Transportes e logística Outros Participação actual 100% 80% 60% 40% 20% 0% Comércio Indústrias agro- Construção civil alimentares e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Figura 49: Participação em acordos de cooperação As empresas que actualmente participam em parcerias de cooperação referem ter apenas um acordo em vigor, com excepção de duas empresas do sector do turismo, uma das indústrias agro-alimentares e uma da construção civil e obras públicas que mencionam dois acordos de cooperação. Os acordos descritos no sector do comércio, intra e intersectoriais, têm uma duração anual ou indeterminada, com objectivos de comercialização dos produtos e de criar dimensão. No sector das indústrias agro-alimentares a duração dos acordos varia entre pontual e indeterminado com objectivos que se prendem com a comercialização, redução de custos, qualidade e desenvolvimento de novos produtos e são estabelecidos essencialmente entre empresas do mesmo sector ou entre instituições de ensino superior/associações. No sector da construção civil e obras públicas os acordos são efectuados essencialmente durante o período de realização de uma determinada obra com empresas do mesmo sector com o objectivo de aumentar o volume de negócios no mercado nacional/internacional. Os acordos do sector do turismo são intrasectoriais, essencialmente anuais, e têm como principais | 131 objectivos aumentar o número de clientes e fortalecer as relações empresariais. No sector energia, a informação de uma das empresas revela acordos com objectivos comerciais, de âmbito intrasectorial e internacional mas com um baixo grau de concretização devido à fraca abertura dos parceiros. No sector “outros” os acordos estão estabelecidos com empresas concorrentes ou com instituições de ensino superior e têm como principais objectivos a redução de custos. Uma característica comum à generalidade dos acordos nos vários sectores de actividade é o seu elevado grau de concretização até ao momento. Este indicador, associado à experiência positiva manifestada pelas empresas, pode ser bom indicador de receptividade ao reforço ou ao estabelecimento de novas formas de cooperação. As respostas sobre a tipologia mais adequada para integrar uma rede de cooperação revelam que o sector do comércio tem como preferências a “Comercialização e Distribuição” e “Marketing e Promoção” e em menor relevância as “Compras Conjuntas” e os “Serviços de Apoio Comuns”. Por outro lado verifica-se uma abertura semelhante para integrar uma rede inter ou intrasectorial. No sector das indústrias agro-alimentares as tipologias mais relevantes são o “Marketing e Promoção” e “Comercialização e Distribuição” estabelecidas preferencialmente entre empresas do mesmo sector. No sector da construção civil e obras públicas não se verifica uma tendência clara de preferência uma vez que a distribuição pelas diferentes tipologias é, aproximadamente, equitativa (Figura 50). | 132 Comércio Nº empresas 15 10 10 empresas 11 empresas sectorial intersectorial 5 Comercialização e distribuição Marketing e promoção Compras conjuntas 4 3 2 1 4 3 2 1 4 3 2 1 4 3 2 1 0 Serviços de apoio comuns Indústrias agro-alimentares Nº empresas 25 19 empresas 20 15 30 empresas 10 5 0 sectorial 1 2 3 4 Comercialização e distribuição 1 2 3 4 1 Marketing e promoção 2 3 4 Compras conjuntas 1 2 3 intersectorial 4 Serviços de apoio comuns Construção civil e obras públicas Nº empresas 8 15 empresas 6 8 empresas 4 2 sectorial intersectorial Comercialização e distribuição Marketing e promoção Compras conjuntas 4 3 2 1 4 3 2 1 4 3 2 1 4 3 2 1 0 Serviços de apoio comuns Figura 50: Preferências na tipologia da rede (comércio, indústrias agro-alimentares e construção civil e obras públicas) O “Marketing e Promoção” e “Comercialização e Distribuição” são as tipologias mais referenciadas pelas empresas do sector do turismo seguida de “Serviços de Apoio Comuns” como possível interesse. Neste caso a preferência recai sobre a cooperação intersectorial. No sector rochas ornamentais a escolha recai, essencialmente sobre o “Marketing e Promoção” com uma distribuição equitativa de cooperação intra ou intersectorial (Figura 51). | 133 Turismo 12 8 empresas Nº empresas 10 8 11 empresas 6 4 2 sectorial 0 1 2 3 4 1 Comercialização e distribuição 2 3 4 1 Marketing e promoção 2 3 4 Compras conjuntas 1 2 3 intersectorial 4 Serviços de apoio comuns Rochas ornamentais Nº empresas 5 4 empresas 4 4 empresas 3 2 1 sectorial intersectorial Comercialização e distribuição Marketing e promoção Compras conjuntas 4 3 2 1 4 3 2 1 4 3 2 1 4 3 2 1 0 Serviços de apoio comuns Energia Nº empresas 1 1 empresa 0,8 0,6 0,4 0,2 sectorial intersectorial 0 1 2 3 4 Comercialização e distribuição 1 2 3 Marketing e promoção 4 1 2 3 Compras conjuntas 4 1 2 3 4 Serviços de apoio comuns Figura 51: Preferências na tipologia da rede (turismo, rochas ornamentais e energia) As “Compras Conjuntas” e “Serviços de Apoio Comuns” foram as tipologias referidas como sendo mais adequadas para as empresas do sector dos transportes e logística; maior abertura para cooperação intrasectorial. O sector “outros” considera como mais relevante a “Comercialização e Distribuição” e o “Marketing e Promoção” e apresenta abertura para cooperação intra e intersectorial (Figura 52). | 134 Transportes e logística 3 2 empresas Nº empresas 2,5 2 3 empresas 1,5 1 0,5 sectorial Comercialização e distribuição Marketing e promoção Compras conjuntas intersectorial 4 3 2 1 4 3 2 1 4 3 2 1 4 3 2 1 0 Serviços de apoio comuns Outros Nº empresas 8 8 empresas 6 7 empresas 4 2 sectorial 0 1 2 3 4 Comercialização e distribuição 1 2 3 Marketing e promoção 4 1 2 3 Compras conjuntas 4 1 2 3 intersectorial 4 Serviços de apoio comuns Figura 52: Preferências na tipologia da rede (transportes e logística e outros) O departamento/hierárquico responsável pela implementação/acompanhamento da rede na empresa reparta-se essencialmente pela administração/gerência no caso do comércio, construção civil e obras públicas, rochas ornamentais, transportes e logística e “outros” e o departamento de controlo de gestão nos restantes sectores. O envolvimento de um órgão de gestão na implementação da rede é um bom indicador de comprometimento da empresa para a cooperação. Em relação ao comprometimento de recursos globais constata-se que existe uma menor disponibilidade (maior frequência nos níveis 1 e 2) para envolver recursos financeiros em relação aos recursos humanos ou organizacionais para todos os sectores de actividade. A mesma conclusão é obtida para a análise efectuada por tipologia de rede. Analisando em maior pormenor o ponto mais sensível nesta questão, o possível envolvimento de recursos financeiros, verifica-se uma clara diferença entre as respostas fornecidas nos concelhos a norte dos concelhos situados no centro do país. Enquanto cerca de 15 empresas nortenhas das indústrias agro-alimentares e de turismo demonstram disponibilidade para envolver recursos financeiros, apenas 3 empresas da região centro em estudo (Guarda e Castelo Branco) assumem essa possibilidade. Na tipologia “Comercialização e Distribuição” destacam-se os seguintes aspectos: as empresas que apresentam uma maior propensão para envolver recursos financeiros pertencem aos sectores das indústrias agro-alimentares, da construção civil e obras públicas e do turismo enquanto as empresas das rochas ornamentais e dos transportes e logística estão mais predispostas a envolver, respectivamente, recursos humanos e organizacionais. | 135 De salientar ainda que nenhuma das empresas do sector dos transporte e logística manifestou disponibilidade para envolver recursos financeiros (Figura 53). Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Transportes e logística Outros 100% 80% 60% 40% 20% 0% 1 2 3 4 1 Recursos humanos 2 3 4 1 Recursos financeiros 2 3 4 Recursos organizacionais Figura 53: Recursos a envolver na tipologia “Comercialização e Distribuição” Em relação à tipologia “Marketing e Promoção” observa-se que o sector dos transportes e logística é o que apresenta a maior disposição para envolver recursos humanos e organizacionais, seguido dos sectores do turismo no caso de recursos humanos e do comércio no caso de recursos organizacionais. Em termos de envolvimento financeiro é o sector do turismo que apresenta a maior predisposição seguido do sector das indústrias agro-alimentares e “outros” (Figura 54). Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Transportes e logística Outros 100% 80% 60% 40% 20% 0% 1 2 3 Recursos humanos 4 1 2 3 Recursos financeiros 4 1 2 3 4 Recursos organizacionais Figura 54: Recursos a envolver na tipologia “Marketing e Promoção” O sector com maior disposição para envolver recursos humanos na tipologia “Compras Conjuntas” é o das rochas ornamentais seguido dos transportes e logística e construção civil e obras públicas. Em termos de recursos financeiros a generalidade dos sectores têm uma predisposição análoga e em relação aos recursos organizacionais são os sectores dos transportes e logística, comércio e construção civil e obras públicas (Figura 55). | 136 Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais 3 4 Transportes e logística Outros 100% 80% 60% 40% 20% 0% 1 2 3 4 1 Recursos humanos 2 1 Recursos financeiros 2 3 4 Recursos organizacionais Figura 55: Recursos a envolver na tipologia “Compras Conjuntas” Em relação à tipologia “Serviços de Apoio Comuns” os sectores de rochas ornamentais e transportes e logística e construção civil e obras públicas são os que mostram maior abertura para envolver recursos humanos. No que diz respeito aos recursos financeiros os sectores que apresentam maior e menor disposição para envolver este tipo de recurso são, respectivamente, as rochas ornamentais e os transportes e logística. No caso de envolvimento de recursos organizacionais é o sector transportes e logística seguido do comércio e turismo que apresentam a maior abertura (Figura 56). Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais 3 4 Transportes e logística Outros 100% 80% 60% 40% 20% 0% 1 2 3 4 1 Recursos humanos 2 Recursos financeiros 1 2 3 4 Recursos organizacionais Figura 56: Recursos a envolver na tipologia “Serviços de Apoio Comuns” Em termos globais constata-se que a distribuição dos recursos pelas diferentes tipologias então de acordo com a tipologia mais relevante em cada sector. Atendendo à análise por sector constata-se que o das rochas ornamentais é que apresenta maior predisposição para envolver recursos humanos numa rede de cooperação; o turismo com recursos financeiros e os transportes e logística ao nível dos recursos organizacionais. As respostas recolhidas quanto aos objectivos que a empresa gostaria de atingir de forma a comprometer os recursos (humanos, financeiros e organizacionais) mostram que, | 137 globalmente, o aumento do volume de negócios é referido com principal objectivo por mais de 60% das empresas. Outros objectivos fortemente referidos foram a redução de custos, o marketing e promoção e a melhoria dos canais de distribuição. Aspectos relacionados com a comercialização e distribuição, compras conjuntas, crescimento, internacionalização, diversificação dos mercados correspondem a mais 25% das respostas. Os restantes objectivos referidos, tais como a abertura de novos espaços comerciais, o aumento da solidez e da dinâmica da empresa, a notoriedade do produto e dinamização da actividade referem-se a metas específicas de uma empresa em particular. Neste sentido, tais objectivos não são representativos de um sector de actividade na medida em que foram indicados apenas por essa empresa. Da análise sectorial verifica-se um padrão semelhante, ou seja, o aumento do volume de negócios foi o principal objectivo referido pelas empresas de cada sector de actividade com excepção dos transportes e logística que tem os objectivos divididos entre a redução dos custos, a comercialização e distribuição e o marketing e compras. Quando questionadas sobre os principais objectivos que pretendem alcançar por tipologia de rede constata-se que são estes os principais: i. “Comercialização e Distribuição”: a) aumento da abrangência de mercado (28,1%) e aumento do volume de negócios (27,1%); b) promoção (6,7%); c) redução de custos (6,7%); ii. “Marketing e Promoção”: a) divulgação/promoção (60,7%); b) aumento da notoriedade da empresa (7,1%); c) aumento da abrangência de mercado (4,8%); iii. “Compras Conjuntas”: a) redução de custos (69,0%); b) aumento da abrangência de mercado (2,8%); c) aumento do volume de negócios (2,8%); iv. “Serviços de apoio comuns”: a) redução de custos (57,4%); b) melhoria da organização (4,4%). | 138 Os principais factores referidos pelas empresas que podem condicionar a opção de participar na rede de cooperação podem ser enquadrados nos seguintes níveis: i. escassez de recursos, sobretudo financeiros mas também humanos; ii. aspectos relacionados com a própria rede como a sua estrutura, objectivos, estratégias de cada parceiro, timing, localização e a reduzida percepção das suas vantagens; iii. características dos parceiros, sobretudo a falta de confiança, seriedade e concorrência desleal; iv. falta de disponibilidade de tempo. Curiosamente é possível identificar uma assimetria da distribuição dos factores críticos por sector de actividade. Enquanto o comércio, transportes e logística e rochas ornamentais relevam essencialmente as características dos parceiros, o turismo alerta para a falta de recursos financeiros. A falta de recursos, financeiros, humanos e de tempo, é a principal condicionante para as empresas da indústria agro-alimentar. Por último, o sector da construção civil refere como principal factor críticas as características da rede, nomeadamente a sua estrutura. Estas respostas podem ser consideradas como um alerta para o importante papel de intermediário que as Associações Empresariais devem empreender em todo o processo de disseminação dos objectivos da rede, na sua estrutura e na escolha dos principais parceiros. Os principais pontos fortes que as empresas apresentam para oferecer numa rede de cooperação reportam-se sobretudo ao nível da qualidade do produto/serviços e de recursos humanos, conhecimento do mercado interno e externo, experiência (no mercado, no sector e na produção), know-how, credibilidade e prestígio da marca, capacidade de inovação e localização da própria empresa. Pela análise da Tabela 53 constata-se que todos os sectores de actividade em análise apresentam pontos fortes para oferecer numa rede sendo a qualidade e o conhecimento do mercado transversais à generalidade dos sectores. Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Conhecim ento m ercados Experiência Know -how Credibilidade/prestígio Inovação Localização Outros Indústrias agroalimentares Qualidade Transportes e logística Comércio Tabela 55: Principais pontos fortes para oferecer numa rede de cooperação Em relação à modalidade de cooperação empresarial preferida por cada sector de actividade constata-se que o acordo e o consórcio seguido do agrupamento complementar de empresas são consideradas as formas mais adequadas para concretizar uma rede de cooperação. O | 139 acordo é a preferida no sector do comércio, indústrias agro-alimentares, energia e turismo e o consórcio no sector das rochas ornamentais, construção civil e obras públicas, transportes e logística e “outros” (Figura 57). Ambas as modalidades pretendem levar a cabo acções de comercialização e distribuição em conjunto quer no mercado interno quer externo. Acordo Rochas ornamentais Indústrias agro-alimentares Comércio Energia Joint venture Consórcio 4% 13% ACE 20% 14% Franquia 21% 43% 15% 54% 61% 8% 43% 4% Turismo Construção civil e obras públicas Outros Transportes e logística 14% 26% 36% 25% 33% 11% 31% 58% 43% 67% 38% 7% 6% 5% Figura 57: Modalidade de cooperação empresarial As modalidades de cooperação preferidas - acordo e consórcio - são modalidades de cooperação tradicional em que a associação de empresas pretende suprir lacunas de produção/produto ou desenvolver acções conjuntas como a prospecção de mercados e a consequente comercialização. A grande maioria das empresas (85,4% da amostra) refere que estaria eventualmente disposta a fazer parte de uma entidade que se iria constituir para materializar a rede de cooperação. Por outro lado, o elevado grau de abertura manifestado por empresas de todos os sectores de actividade (Figura 58) é um bom indicador favorável ao estabelecimento de cooperação intra e/ou intersectorial. N/R 4 Não 16 Sim 117 93% 89% 100% 89% 85% 50% 63% 95% Comércio Indústrias agro-alimentares Construção civil e obras públicas Turismo Rochas ornamentais Energia Transportes e logística Outros Figura 58: Disponibilidade para integrar uma nova entidade Das empresas disponíveis para integrar uma entidade para materializar a rede de cooperação verifica-se que estas têm maior predisposição para afectar recursos humanos e físicos e detrimento dos recursos financeiros (Tabela 54). Ainda assim, os resultados obtidos são bastante promissores, pois cerca de dois terços das empresas, distribuídas pelos | 140 diferentes sectores de actividade, manifestaram disponibilidade em afectar recursos financeiros. Tabela 56: Disponibilidade para integrar o órgão de gestão, afectar capital, recursos humanos e físicos numa entidade para materializar a rede de cooperação Disponibilidade para integrar orgão de gestão Disponibilidade para afectar recursos hum anos e físicos Nº em presas Disponibilidade para integrar rede de cooperação Com ércio 20 16 13 81% 12 75% 15 94% Indústrias agro-alim entares 48 42 34 81% 29 69% 36 86% Construção civil e obras públicas 21 17 15 88% 10 59% 15 88% Turism o 20 19 15 79% 16 84% 19 100% Rochas ornam entais 8 5 5 100% 5 100% 5 100% Energia 2 1 0 0% 0 0% 1 100% Transportes e logística 3 3 2 67% 2 67% 3 100% 86% 12 86% 13 93% Outros 15 14 12 137 117 96 Disponibilidade para afectar capital 86 107 Por outro lado, nem todas as empresas com disponibilidade para integrar uma modalidade de cooperação pretendem integrar o órgão de gestão da mesma o que pode indicar uma despreocupação no controlo e interesse genuíno na rede. No entanto todas as empresas com disposição para fazer parte de uma entidade para materializar a rede de cooperação gostariam de ter uma estimativa do resultado da sua participação. V.3 Síntese dos principais resultados A amostra inclui empresas que foram distribuídas em sete grupos consoante o seu sector de actividade principal. O sector mais representativo é da indústria agro-alimentar que inclui empresas produtoras dos seguintes produtos: vinho (zona de intervenção do NERVIR), carne e charcutaria (zona de intervenção do NERBA), queijo (áreas de intervenção centro), e azeite (áreas de intervenção norte). As empresas de construção civil e obras públicas localizam-se essencialmente nas zonas centro, enquanto as empresas de turismo localizam-se na zona norte da área de intervenção. O sector das rochas ornamentais encontra-se representado nas zonas de Bragança e Guarda. Apesar de pouco representadas, a energia e os transportes e logística também são alvo de análise. Por fim, de forma transversal a todo o território, encontram-se as empresas do sector do comércio. A amostra é constituída por empresas jovens, na fase de vida de crescimento e desenvolvimento, de pequena e média dimensão, e bastante dependentes de mão-de-obra intensiva. As empresas mostram-se preocupadas com a produção mas demonstram uma clara escassez de investimento em departamentos essenciais a um crescimento sustentado, tais como, controlo de gestão, inovação e desenvolvimento e comercial. Este facto pode ser ilustrativo de falta de planeamento estratégico de longo prazo, pouca inovação na oferta de | 141 produtos e ausência de procura de novos mercados. A médio prazo estas carências podem ditar o seu desaparecimento do mercado por não acompanhamento da competição nomeadamente de grandes grupos ou de empresas estrangeiras. A maioria das empresas de todos os sectores apresenta uma estrutura funcional, característico de empresas que produzem uma gama de produtos extensa para um número restrito de mercados. Por outro lado, qualificam a sua actividade como sendo de elevada formalização e centralização acompanhada de uma baixa complexidade espacial, horizontal e vertical. Este tipo de caracterização está, normalmente, relacionado com a estratégia de obtenção de vantagem competitiva através de baixos custos. No entanto, a grande maioria das empresas identifica a sua vantagem competitiva ao nível da diferenciação do produto. Tal pode ser entendido pela existência clara de uma diferenciação dos produtos que são produzidos na região em relação a outros produtos substitutos (nomeadamente pelas suas características específicas já anteriormente identificadas), mas na efectiva prossecução pelas empresas de uma estratégia de baixo custo em relação aos seus concorrentes directos no mesmo produto. Uma parte substancial das empresas declara apresentar um desalinhamento da sua estrutura organizacional para com os objectivos estratégicos. No entanto, apenas um terço consegue identificar uma causa concreta para tal (fragilidades nos recursos humanos e no departamento comercial). As restantes, apesar de exporem essa desadequação, não conseguem reconhecer a causa, talvez pela falta de objectivos estratégicos devidamente definidos, mesmo que tal não queiram admitir. No entanto, este facto evidencia a ausência de um adequado departamento de controlo de gestão que se preocupe atempadamente com este tipo de problemas. A internacionalização é, juntamente com o aumento do volume de negócios, o objectivo que sobressai na generalidade dos sectores de actividade. Mas apesar de se encontrar actividade exportadora em todos os sectores de actividades, esta não apresenta um peso significativo no volume de negócios da maioria das empresas. Desta forma, elas classificam-se, na sua esmagadora maioria, como sendo de abrangência nacional. As indústrias cujo mercado estrangeiro apresenta um maior volume de facturação relativo são a agro-alimentar (nomeadamente no produto vinícola) e as rochas ornamentais. O mercado comunitário é o mais representativo nas exportações, nomeadamente a Espanha, França e Alemanha. Todas as indústrias agro-alimentares representadas apresentam ainda uma forte influência do mercado brasileiro e angolano. Para o futuro as empresas pensam explorar melhor os mercados onde já apresentam uma carteira de clientes, mas avançam com novos mercados potenciais nomeadamente EUA e China. É importante salientar as potencialidades que advêm de uma futura rede de cooperação na área da internacionalização aproveitando o conhecimento de mercado de algumas empresas para promover novos produtos. | 142 Constata-se uma elevada abertura de todos os sectores de actividade para integrar redes de cooperação empresarial tendo como objectivo dominante e transversal o aumento do volume de negócios e a redução de custos. Todos os sectores aparentam disponibilidade para alocar recursos humanos e organizacionais, mas não financeiros. O sector do comércio aparenta uma preferência pela rede de cooperação com objectivos de “Comercialização e distribuição”, sectorial ou intersectorial. O factor crítico que poderá limitar a participação passa essencialmente pelas características dos parceiros, talvez pelo que apresente preferência por uma rede informal formalizado por acordos. As indústrias agro-alimentares, o sector do turismo e as rochas ornamentais ostentam uma preferência por uma rede de cooperação com objectivos de “Marketing e promoção”, essencialmente sectorial. Como factor crítico à participação avançam com a falta de recursos financeiros, humanos e de disponibilidade de tempo. O acordo é a estrutura preferida para a configuração da rede pelos dois primeiros sectores, sendo que a preferência das empresas ligadas às rochas ornamentais incide sobre o agrupamento complementar de empresas (ACE) e o consórcio. Nos transportes e logística, apesar de pouco representados, as preferências recaem sobre “Compras conjuntas” e “Serviços de apoio comuns”. O factor crítico para a participação é a insegurança sobre as características dos parceiros, preferindo uma estrutura formal de rede consórcio ou ACE. Nos sectores da construção civil e obras públicas e energia não se consegue detectar uma tendência, embora por motivos distintos. No primeiro caso devido à diversidade de respostas e no segundo pela singularidade da amostra. No que respeita ao sector de energia foram recolhidos dados de duas empresas, sediadas em Bragança, mas apenas uma mostrou interesse na cooperação. Assim sendo, caso pretenda efectivar a sua participar em algum tipo de cooperação estratégica poderá integrar-se numa das outras redes propostas. | 143 VI Conclusões O objectivo primordial deste projecto de “Dinamização de Redes de Cooperação” - promoção da imagem externa da região e dos seus produtos - será alcançado com a constituição e desenvolvimento de redes de cooperação entre os sectores de actividade mais promissores da região. Com o trabalho concertado dos empresários, sustentado pelo papel centralizador das Associações Empresariais, será admissível a criação de um cluster regional, nomeadamente promovendo simultaneamente os produtos gastronómicos, culturais e naturais da região. A concepção de uma marca própria para a região afigura-se como uma hipótese de exequível concretização. O território de intervenção do projecto é caracterizado por ser uma zona rural fortemente desertificada e apesar de bem localizada ao nível fronteiriço, encontra-se afastada dos grandes centros urbanos economicamente desenvolvidos. As empresas existentes são maioritariamente de pequena dimensão, com problemas característicos que dificultam a sua competitividade no mercado global (elevados custos operacionais, produção em reduzida escala, escassez de informação, necessidade de formação dos recursos humanos, escassez de recursos financeiros). Alguns destes problemas podem ser mitigados com a implementação bem sucedida de redes de cooperação. Através de uma estratégia de médio e longo prazo, suportada em redes de cooperação empresarial, será fornecida aos parceiros a possibilidade de criação de valor que não conseguiriam obter de forma autónoma, nomeadamente uma maior força e rapidez de penetração em mercados internacionais. Com base na informação recolhida, e na tentativa de tipificar os sectores de actividade numa determinada rede, identificaram-se algumas redes potenciais de cooperação intra e intersectoriais. A forte ligação das empresas do sector do comércio com o das indústrias agro-alimentares torna interessante avaliar a possibilidade de integração num mesmo acordo de cooperação. Para além desse factor, as preferências destas empresas de ambos os sectores para integração em redes de cooperação são coincidentes nas tipologias “Comercialização e Distribuição” e “Marketing e Promoção”, com objectivos semelhantes. Esta opção, em alternativa a uma rede autónoma de cooperação, permitiria integrar a cadeia de valor dos dois sectores melhorando a respectiva articulação entre actividades (lógica de integração vertical) permitindo além das óbvias sinergias a partilha de conhecimentos interempresas com vantagens mútuas. Esta modalidade seria dificilmente imitável (originando uma oportunidade proprietária e exclusiva) e, portanto, com forte potencial de propiciar retornos aos participantes. Com esta iniciativa seria possível a criação de fileiras estratégicas agrupando agentes económicos locais sem hábito de colaborar, nomeadamente agricultores, pequenos produtores e comerciantes. | 144 Dentro do sector das indústrias agro-alimentares existem dois grupos de produtos com fortes potencialidades: o vinho e o azeite, centrado em Vila Real e Bragança; e a charcutaria e os queijos, que apesar de transversal, está mais centrado nas zonas da Guarda e de Castelo Branco, devido às tradições e cultura regional. Uma vez que os resultados mostram que 81% dos empresários da amostra estão disponíveis para integrar o órgão de gestão da rede e destas 69% estão disponíveis para avançar com capital, parecem existem condições para avançar com um ou dois acordos de cooperação sectorial neste sector de actividade com objectivo de promoção internacional dos produtos. Seria importante incluir na rede empresas de maior dimensão e já com alguma actividade exportadora com objectivo de dinamizar redes de distribuição para os mercados estrangeiros. Sendo que alguns produtos da região já detêm um forte reconhecimento internacional, tal como os vinhos do Douro e os queijos da Serra, a sua promoção seria também uma alavanca na promoção económica e turística da região. Por sua vez, as empresas ligadas ao turismo demonstram interesse em avançar em modalidades de cooperação do tipo “Comercialização e Distribuição” e “Marketing e Promoção”. Embora o turismo seja transversal às diferentes áreas geográficas, existe um maior número de empresas seleccionadas em Vila Real, seguido de Bragança e Guarda pelo que esta rede poderá ficar centrada no eixo de Vila Real – Bragança. Para um acordo com estas características, que visa o aumento do volume de negócios e a divulgação e promoção, verificou-se, por parte das empresas, abertura para o envolvimento financeiro. Refira-se que 79% das empresas estariam disponíveis para integrar o órgão de gestão e 84% para afectar capital, com envolvimento forte da gestão de topo. No que se refere ao sector das rochas ornamentais, estas empresas admitem participar numa rede de cooperação inter ou intrasectorial, afectando capital e participando no órgão de gestão com envolvimento da gestão de topo. Os objectivos fundamentais procurados visam o aumento das vendas e exportações e a redução de custos. Neste sentido poderão ser consideradas duas opções: uma rede intersectorial ou, em alternativa, a sua integração com outra rede. Estas empresas estão localizadas nas zonas de Guarda e Bragança, podendo ser de analisar a possibilidade de uma das Associações Empresariais dessas localidades promover uma rede de cooperação para responder a essa necessidade. Uma das actividades importantes a levar a cabo passaria com certeza pela realização de eventos, que permitissem promover os produtos sob uma "marca comum" durante as feiras nos principais países alvo nomeadamente nos países da saudade ligados a comunidades portuguesas (Angola e Brasil, França, Luxemburgo, Suíça, Alemanha, Canadá e EUA) e na Europa central e ocidental e na Europa de leste (Polónia, Roménia e Hungria). Dada a relevância desta actividade, considera-se que a dinamização de uma rede de cooperação com este exclusivo objectivo constitui uma opção de elevada viabilidade. Para além da promoção dos produtos gastronómicos, promoveria ainda outros produtos exclusivos (tal como o granito) e o turismo da região. | 145 As empresas da amostra do sector dos transportes e logística estão sedeadas na zona da Guarda. Com o intuito de se tornarem mais competitivas nos seus serviços pretendem, sobretudo, com a sua participação na rede de cooperação, reduzir os seus custos. As empresas do sector estão disponíveis a afectar recursos financeiros e humanos, nomeadamente no órgão de gestão. No entanto, como o número de empresas inquiridas foi diminuto, estas empresas poderiam integrar-se numa das outras redes, uma vez que parece haver disponibilidade destas empresas para participarem em redes intersectoriais. Para as ajudar a aumentar a sua competitividade e dinamizar a região, estas empresas podem concentrar-se numa rede de recolha, embalagem e envio localizada na zona de intervenção do NERGA. Esta rede seria uma forma de impulsionar o máximo aproveitamento da PLIE da Guarda. Seria interessante também a formalização de redes de distribuição com os restantes sectores de actividade de forma a trazer vantagens para ambas as partes. O sector da construção civil e obras públicas inclui empresas distribuídas transversalmente pela zona geográfica analisada. As empresas deste sector estão disponíveis para partilhar redes de cooperação estratégica inter e intrasectorial, apesar de não apresentarem uma tipologia definida. No entanto, estão dispostas a afectar capital e a integrar o órgão de gestão com um claro envolvimento da gestão de topo na rede. No sector “outros”, em que se consideraram empresas ligadas à metalomecânica, indústrias agro-alimentares e de apoio à indústria agro-alimentar e construção civil, as empresas pretendem também participar em redes de cooperação nas tipologias “Comercialização e Distribuição” e “Marketing e Promoção”, com o objectivo de aumentar o seu volume de negócios e de exportações e reforçar a sua imagem nos mercados. Estas empresas estão fortemente empenhadas em participar no órgão de gestão e em aportarem capital à rede, que terá maior potencial se for centrada em Castelo Branco. Neste caso, podem ser sugeridas duas opções: a primeira é agregar esta rede à construção civil e obras públicas ou à dos transportes e logística; a segunda é considerar uma rede autónoma. Em traços gerais, as empresas dos vários sectores têm como principais objectivos estratégicos genéricos o aumento do volume de negócios e a internacionalização. De referir ainda que a prossecução de tais desideratos via cooperação estratégica intra e intersectorial tornará as empresas mais competitivas no contexto nacional e internacional e, deste, modo, menos expostas a factores de risco económico de âmbito mais regional. A valorização de produtos locais específicos, nomeadamente vinho, azeite, carne e enchidos e queijos, e também as rochas ornamentais, conduziria à promoção nacional e internacional desta zona de Portugal relativamente isolada, com incidências positivas importantes para o comércio a retalho tradicional, a construção e o turismo, sobretudo associado à gastronomia e à paisagem. De facto, os produtos tradicionais/regionais referidos apresentam características singulares da região que combinados com a sua certificação contribuem para o aumento da competitividade nacional no mercado global. Dado que na região em estudo o vinho apresenta a maior produção diferenciada ao abrigo de regimes de certificação de qualidade este poderá constituir um meio de promoção e de notoriedade dos outros produtos | 146 de qualidade regional nos mercados nacionais e internacionais, que de outro modo apresentam falta de dimensão da oferta. A conjugação de sinergias de cooperação dos produtos regionais complementada com o turismo natureza, a riqueza paisagística, cultural, gastronómica e termal da região em estudo constituem um importante meio de promoção e internacionalização da área de intervenção. Assim, somos de opinião que, de forma a não limitar logo à partida as opções de redes disponíveis, as Associações desenvolvimento de redes Comercialização Conjuntas”, Empresariais de cooperação quer no devem na promover tipologia mercado a conjunta nacional quer possibilidade de “Promoção internacional, de e e independentemente da caracterização das empresas a envolver. O elemento chave de cada rede específica deverá ser a estratégia de abordagem dos mercados que a rede a concretizar defina como principal. Tendo presente a reduzida dimensão das empresas no território de intervenção e a sua necessidade de, através de economias de escala, obterem ganhos de competitividade, consideramos bastante pertinente e fundamental a formação de redes de cooperação que minimizem os gastos comuns nomeadamente a nível operacional. Para tal objectivo, propomos uma cooperação na área de “Compras Conjuntas de Matérias-primas e Aquisição de Serviços de Apoio”. Também neste caso, sugerimos que este tipo de redes esteja aberto a qualquer tipo de empresas, quer na sua dimensão, localização ou mesmo sector de actividade. Por fim, importa ainda referir que, devido ao profundo conhecimento da região onde se inserem e à sua missão e objectivos específicos, as Associações Empresariais envolvidas no presente projecto constituem um pilar fundamental para a implementação e desenvolvimento das potenciais redes de cooperação sugeridas para a área de intervenção. Para além da representação dos interesses dos empresários estas constituem um meio privilegiado de agregação e de difusão de informação entre os mesmos. | 147 Bibliografia Balestrin, A. e Verschoore, J. (2008). Redes de Cooperação Empresarial – Estratégias de gestão na nova economia. Bookman. Barney, J. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, Vol. 17, Nº 1, 99-120. Blackwell Business, editado por Hitt, M., Freeman, R.E. e Harrison, J. (2001). The Blackwell Handbook of Strategic Management. Blackwell Business. Brito, C. (1993). Estratégias de Internacionalização e Cooperação Empresarial. Working Paper Nº 38. 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Journal of Enterprising Culture, Vol 15, Nº 4, 383-408. http://www.lacticoop.pt/main.html | 151 ANEXOS Os dados financeiros dos sectores apresentados foram retirados do Sistema de Contas Integradas das Empresas junto do INE. | 152 Anexo 1 - Dados financeiros do sector do “Comércio a Retalho” Nº de Em presas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 174 650 164 207 159 445 418 558 432 100 435 424 Douro 3 768 3 724 3 603 6 164 6 258 6 101 Alto Trás-os-Montes 3 931 3 914 3 828 6 343 6 592 6 623 721 687 662 1 176 1 181 1 167 Pinhal Interior Sul Serra da Estrela 782 776 733 1 375 1 387 1 338 Beira Interior Norte 1 810 1 774 1 742 3 378 3 455 3 405 Beira Interior Sul 1 351 1 273 1 221 2 315 2 305 2 246 Cova da Beira 1 612 1 573 1 487 2 745 2 770 2 651 Resultado Líquido (m ilhares de euros) Volum e de Negócios (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 36 471 547 43 938 328 45 666 463 597 251 497 459 262 438 1 624 119 1 555 840 1 826 558 Douro 417 122 520 590 520 954 6 514 8 596 6 172 16 220 12 241 17 723 Alto Trás-os-Montes 448 106 554 159 572 851 18 817 22 254 21 159 13 168 15 199 14 050 Pinhal Interior Sul 87 237 123 591 123 216 2 213 2 833 1 251 2 590 3 715 3 277 Serra da Estrela 85 685 101 395 100 868 2 910 - 1 004 - 1 221 3 773 2 749 3 669 Beira Interior Norte 241 347 277 999 284 360 5 014 5 586 5 808 6 668 7 293 6 048 Beira Interior Sul 142 088 180 126 176 843 - 2 409 - 4 356 - 5 452 4 714 3 919 4 995 Cova da Beira 177 421 212 684 212 549 1 877 - 1 311 351 4 885 5 053 4 880 Excedente Bruto de Exploração (m ilhares de euros) Capacidade de Autofinanciam ento (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 1 871 467 1 995 830 1 898 659 1 567 268 1 543 962 1 372 524 Douro 19 543 21 705 20 483 17 570 19 815 17 527 Alto Trás-os-Montes 33 219 38 392 36 218 30 673 35 043 33 677 Pinhal Interior Sul 5 326 6 096 4 931 4 351 5 210 3 796 Serra da Estrela 5 940 2 530 2 300 5 274 1 572 1 117 Beira Interior Norte 13 577 14 372 14 606 11 888 12 495 12 256 Beira Interior Sul 2 200 1 204 393 1 133 242 - 1 066 Cova da Beira 8 800 6 257 6 253 6 687 3 414 5 007 Valor Acrescentado Bruto (m ilhares de euros) Peso da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 5 669 042 6 240 020 6 384 393 27,6 24,7 21,5 Douro 55 794 61 186 61 189 31,5 32,4 28,6 Alto Trás-os-Montes 70 158 79 894 80 305 43,7 43,9 41,9 Pinhal Interior Sul 12 271 14 231 13 468 35,5 36,6 28,2 Serra da Estrela 14 559 12 317 12 366 36,2 12,8 9,0 Beira Interior Norte 37 152 39 870 41 841 32,0 31,3 29,3 Beira Interior Sul 17 400 19 108 18 325 6,5 1,3 -5,8 Cova da Beira 26 737 25 576 25 833 25,0 13,3 19,4 Margem de Segurança (%) 2008 Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 15,0 16,0 --- 2,9 2,9 --- 2,4 2,3 --- Douro 15,0 15,0 --- 2,7 2,6 --- 2,1 2,1 --- Alto Trás-os-Montes 15,0 14,0 --- 2,6 2,6 --- 2,4 2,4 --- Pinhal Interior Sul 20,0 23,0 --- 3,6 3,6 --- 2,7 2,8 --- Serra da Estrela 18,0 19,0 --- 3,7 3,6 --- 2,5 2,3 --- Beira Interior Norte 19,0 21,0 --- 3,6 3,8 --- 2,7 2,7 --- Beira Interior Sul 20,0 21,0 --- 3,3 3,3 --- 2,1 2,0 --- Cova da Beira 18,0 19,0 --- 3,6 3,7 --- 2,4 2,3 --- | 153 Anexo 2 - Dados financeiros do sector do “Azeite” Nº de Em presas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 481 457 459 1 192 1 164 1 197 Douro 31 37 39 102 93 94 Alto Trás-os-Montes 51 55 50 135 154 --- Pinhal Interior Sul 56 51 51 85 83 57 Serra da Estrela 8 6 6 26 24 6 Beira Interior Norte 21 15 17 38 32 --- Beira Interior Sul 50 36 35 77 64 51 Cova da Beira 14 14 14 27 27 27 Volum e de Negócios (m ilhares de euros) Continente Resultado Líquido (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 93 398 105 903 98 027 645 - 1 862 - 3 435 12 094 22 022 20 430 797 Douro 2 528 4 149 3 888 - 857 - 541 - 705 826 1 171 Alto Trás-os-Montes 12 625 15 493 --- 663 230 --- 2 840 1 475 --- Pinhal Interior Sul 713 515 817 26 -187 53 150 160 335 Serra da Estrela 213 106 182 - 64 - 119 - 30 94 162 68 Beira Interior Norte 694 667 --- - 56 - 4 --- 219 108 --- Beira Interior Sul 2 207 4 920 3 680 - 1 884 - 90 541 667 322 Cova da Beira 1 688 1 747 1 326 - 18 - 66 - 93 344 98 236 Excedente Bruto de Exploração Continente Douro Alto Trás-os -Montes Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Capacidade de Autofinanciam ento 2006 2007 2008 2006 2007 2008 9 915 909 7 693 173 7 796 824 9 474 422 7 044 510 6 047 820 367 070 134 839 515 682 434 038 107 695 531 537 2 018 920 2 016 081 --- 2 186 193 2 052 753 --- 186 800 - 13 742 211 354 246 009 40 272 293 407 39 596 7 452 - 32 055 64 732 - 1 394 - 74 084 Beira Interior Norte 101 983 145 511 --- 115 827 148 493 --- Beira Interior Sul 229 535 1 302 706 382 149 307 104 1 224 776 264 435 Cova da Beira 214 361 75 387 92 165 177179 94589 85567 Valor Acre scentado Bruto Continente Douro Pes o da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 16 645 897 16 016 888 15 835 160 56,92 43,98 38,19 40,26 678 584 1 016 783 911 681 15,87 52,28 3 009 259 3 068 686 --- 72,65 66,89 --- 231 272 38 061 277 884 106,37 105,81 105,59 Serra da Estrela 33 443 - 16 168 86 241 -4,17 458,21 45,91 Beira Interior Norte 148 471 193 995 --- 78,01 76,54 --- Beira Interior Sul 398 637 1 506 789 649 918 77,04 81,28 40,69 Cova da Beira 343 321 241 170 281 842 51,61 39,22 30,36 Alto Trás-os -Montes Pinhal Interior Sul Margem de Segurança (%) Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 6,0 --- --- 0,5 --- --- 4,5 --- --- Douro -9,0 --- --- -13,8 --- --- 7,1 --- --- Alto Trás-os-Montes 7,0 -2,0 --- -0,2 1,8 --- 7,4 10,2 --- Pinhal Interior Sul 6,0 -25,0 --- 2,8 -26,0 --- 2,1 1,1 --- Serra da Estrela -2,0 63,0 --- -5,7 -30,1 --- 1,5 -0,4 --- Beira Interior Norte -12,0 -15,0 --- -7,4 -7,5 --- 3,8 4,7 --- Beira Interior Sul 4,0 -14,0 --- -2,0 -12,2 --- 1,5 1,6 --- Cova da Beira 0,0 -19,0 --- 1,0 -8,7 --- 2,5 2,5 --- | 154 Anexo 3 - Dados financeiros do sector do “Vinho” Nº de Em presas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 425 565 590 6 660 6 933 2008 --- Douro 90 119 128 921 1 130 1 177 Alto Trás-os-Montes 8 13 14 --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 1 1 0 0 --- Serra da Estrela 3 4 4 --- --- --- Beira Interior Norte 10 9 11 --- --- --- Beira Interior Sul 0 0 0 0 0 0 Cova da Beira 2 3 3 --- --- --- Volum e de Negócios (m ilhares de euros) Resultado Líquido (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 1 011 565 1 118 751 --- 41 659 28 819 --- 89 644 64 557 --- Douro 120 727 146 270 176 002 1 205 830 - 2 210 10 965 8 069 26 619 Alto Trás-os-Montes --- --- --- --- --- --- --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Sul 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Cova da Beira --- --- --- --- --- --- --- --- --- Excedente Bruto de Exploração 2006 Continente 2007 129 423 308 133 472 746 Capacidade de Autofinanciam ento 2008 2006 2007 --- 112 643 288 106 876 300 2008 --- 14 811 613 17 190 057 16 723 860 10 841 985 12 441 619 10 783 162 Alto Trás-os-Montes --- --- --- --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- --- --- --- --- --- Beira Interior Sul 0 0 0 0 0 0 Cova da Beira --- --- --- --- --- --- Douro Valor Acrescentado Bruto 2006 Continente 2007 247 678 587 260 246 823 Peso da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) 2008 2006 2007 --- 45,48 41,07 2008 --- 26 830 977 31 898 929 32 634 560 40,41 39,00 33,04 Alto Trás-os-Montes --- --- --- --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- --- --- --- --- --- Beira Interior Sul 0 0 0 0 0 0 Cova da Beira --- --- --- --- --- --- Douro Margem de Segurança (%) 2008 Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 Continente -1,0 1,0 --- 0,3 -0,8 --- 13,9 13,0 2008 --- Douro -1,0 6,0 --- 3,7 2,5 --- 20,8 19,3 --- Alto Trás-os-Montes --- --- --- --- --- --- --- --- --- Pinhal Interior Sul 0,0 0,0 --- 0,0 0,0 --- 0 0 --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Sul 0,0 0,0 --- 0,0 0,0 --- 0 0 --- Cova da Beira --- --- --- --- --- --- --- --- --- | 155 Anexo 4 - Dados financeiros do sector dos “Queijos” Nº de Em presas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 328 357 348 --- 5 094 5 014 Douro 6 9 8 88 102 97 Alto Trás-os-Montes 6 7 7 8 11 14 Pinhal Interior Sul 8 8 9 12 14 --- Serra da Estrela 21 21 22 --- 298 --- Beira Interior Norte 15 20 19 353 360 --- Beira Interior Sul 12 15 18 --- --- --- Cova da Beira 12 12 12 --- 78 --- Volum e de Negócios (m ilhares de euros) Resultado Líquido (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente --- 1 278 708 1 321 020 --- 53 969 39 238 --- 35 502 53 895 Douro 9 629 12 646 13 939 1 183 276 1 222 1 848 902 Alto Trás-os-Montes 2 638 3 285 3 664 - 165 25 - 47 55 - 45 7 905 873 --- 108 121 --- - 669 113 ----- Pinhal Interior Sul --- 17 223 --- --- 167 --- --- 605 43 377 47 274 --- - 42 - 1 863 --- 4 161 2 923 --- Beira Interior Sul --- --- --- --- --- --- --- --- --- Cova da Beira --- 4 868 --- --- 165 --- --- 269 --- Serra da Estrela Beira Interior Norte Excedente Bruto de Exploração 2006 Continente Douro Alto Trás-os-Montes Pinhal Interior Sul Serra da Estrela --- 2007 2008 147 810 404 133 527 738 Capacidade de Autofinanciam ento 2006 --- 2007 2008 106 006 633 107 503 607 596 723 967 693 1 266 889 569 293 923 725 1 118 135 - 105 219 47 633 - 26 949 - 120 614 57 116 - 10 992 346 098 324 584 --- 177 884 185 647 --- --- 1 561 666 --- --- 1 199 810 --- 1 952 580 1 563 345 --- 2 206 296 340 906 --- Beira Interior Sul --- --- --- --- --- --- Cova da Beira --- 777 220 --- --- 545 835 --- Beira Interior Norte Valor Acrescentado Bruto 2006 2007 2006 2007 2008 --- 43,5 46,4 2 366 068 36,0 45,2 47,3 99 267 254,1 45,8 -11,1 38 061 --- 43,7 487,8 --- - 16 168 --- --- -7420,9 --- Continente --- Douro 1 581 317 2 045 616 Alto Trás-os-Montes - 47 465 124 634 Pinhal Interior Sul 407 087 --- Serra da Estrela 2008 Peso da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) 243 881 677 231 795 605 7 390 533 193 995 --- 29,9 175,7 --- Beira Interior Sul --- 1 506 789 --- --- --- --- Cova da Beira --- 241 170 --- --- 226,3 --- Beira Interior Norte Margem de Segurança (%) Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente --- --- --- --- --- --- --- --- --- Douro 107,0 3,0 --- -1,0 1,3 --- 13,6 10,3 --- Alto Trás-os-Montes 33,0 8,0 --- 2,4 1,2 --- 5,1 11,7 --- Pinhal Interior Sul 27,0 29,0 --- -8,2 -0,3 --- 2,0 6,3 --- Serra da Estrela --- 12,0 --- --- 4,0 --- --- 6,3 --- Beira Interior Norte 4,0 15,0 --- -1,1 -3,7 --- 8,8 7,2 --- Beira Interior Sul --- --- --- --- --- --- --- --- --- Cova da Beira --- 12,0 --- --- 3,7 --- --- 8,2 --- | 156 Anexo 5 - Dados financeiros do sector de “Salsicharia” Nº de Em presas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 398 378 372 6 294 6 436 6 690 Douro 14 12 12 --- 170 178 Alto Trás-os-Montes 38 43 45 275 307 309 Pinhal Interior Sul 16 13 13 --- 196 189 Serra da Estrela 7 4 5 --- --- --- Beira Interior Norte 9 8 10 62 70 90 Beira Interior Sul 5 6 6 52 --- --- Cova da Beira 6 6 6 84 75 --- Volum e de Negócios (m ilhares de euros) Continente Resultado Líquido (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 666 454 729 121 785 029 13 786 22 103 10 570 37 237 35 540 27 879 --- 11 096 11 289 --- 368 228 --- 253 496 10 889 13 453 14 708 710 133 252 1 141 964 1 162 Pinhal Interior Sul --- 13699 13 527 --- -170 - 81 --- 676 249 Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte 6 438 9 489 9 675 - 21 - 35 - 35 465 417 241 Beira Interior Sul 6 560 --- --- - 3 --- --- 1 012 --- --- Cova da Beira 7614 8137 --- 116 41 --- 354 499 --- Douro Alto Trás-os-Montes Excedente Bruto de Exploração Continente Capacidade de Autofinanciam ento 2006 2007 2008 2006 52 286 036 69 852 158 63 708 274 45 158 564 2007 2008 52 825 312 46 903 439 --- 1 012 688 522 744 --- 893 525 729 197 1 696 125 1 513 500 1 683 393 1 501 392 999 993 1 039 080 Pinhal Interior Sul --- 1086938 906 001 --- 752782 716 707 Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte 474 018 829 377 778 237 478 967 445 208 509 066 Beira Interior Sul 625 089 --- --- 454 252 --- --- Cova da Beira 978326 781241 --- 798043 647791 --- Douro Alto Trás-os-Montes Valor Acrescentado Bruto 2006 Continente 2007 2008 132 226 660 156 386 659 159 065 194 Peso da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) 2006 2007 2008 34,15 33,78 29,49 --- 2 283 962 2 322 366 --- 39,12 31,40 4 009 604 4 203 371 4 544 818 37,44 23,79 22,86 Pinhal Interior Sul --- 3 129 699 2 927 031 --- 24,05 24,49 Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte 1 037 796 1 696 935 1 746 611 46,15 26,24 29,15 Beira Interior Sul 1 267 679 --- --- 35,83 --- --- Cova da Beira 1 736 625 1 732 029 --- 45,95 37,40 --- Douro Alto Trás-os-Montes Margem de Segurança (%) Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 3,0 8,0 --- 1,3 2,9 --- 9,4 10,5 2008 --- Douro --- 8,0 --- --- 5,2 --- --- 6,4 --- Alto Trás-os-Montes 6,0 6,0 --- 3,0 3,9 --- 7,0 6,2 --- Pinhal Interior Sul --- -6,0 --- --- 0,1 --- --- 12,2 ----- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte -15,0 20,0 --- -0,9 3,6 --- 7,4 9,8 --- Beira Interior Sul -30,0 --- --- 3,3 --- --- 14,1 --- --- 8,0 11,0 --- -21,4 -12,9 --- 7,8 10,9 --- Serra da Estrela Cova da Beira | 157 Anexo 6 - Dados financeiros do sector de “Construção” Nº de Em presas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 116 457 114 388 111 482 466 236 484 470 486 165 Douro 2 004 1 996 1 954 --- 7 754 7 121 Alto Trás-os-Montes 2 187 2 285 2 248 --- 6 575 6 391 700 717 692 2 004 2 004 1 932 1 713 Pinhal Interior Sul Serra da Estrela 518 517 479 --- 1 937 1 511 1 476 1 431 3 981 4 057 3 979 Beira Interior Sul 907 889 843 --- 2 470 2 403 Cova da Beira 986 976 921 --- 2 894 2 821 Beira Interior Norte Volum e de Negócios (m ilhares de euros) Resultado Líquido (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 31 036 154 33 381 611 34 311 591 868 851 744 388 - 186 189 1 399 436 1 400 535 1 492 596 Douro --- 244 819 260 383 --- 8 536 11 249 --- 6 291 9 394 Alto Trás-os-Montes --- 264 882 259 755 --- 10 616 9 387 --- 8 681 12 473 5 858 Pinhal Interior Sul 56 910 65 412 66 615 - 2 829 - 538 - 427 5 364 3 337 --- 123 241 131 241 --- 2 826 3 926 --- - 1 132 3 146 171 565 169 112 163 820 6 895 5 442 3 269 7 467 14 040 32 821 Beira Interior Sul --- 114 928 110 706 --- 572 968 --- 857 2 586 Cova da Beira --- 157 392 150 701 --- 3 931 2 576 --- 4 419 4 540 Serra da Estrela Beira Interior Norte Excedente Bruto de Exploração (m ilhares de euros) Capacidade de Autofinanciam ento (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 2 818 796 3 279 658 3 127 748 1 916 100 1 977 867 1 102 152 Douro --- 29 339 33 126 --- 20 703 24 799 Alto Trás-os-Montes --- 30 346 28 555 --- 21 809 20 492 2 555 4 840 5 312 393 2 814 3 255 --- 8 544 12 447 --- 8 311 9 083 11 281 Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte 17 911 17 577 14 228 15 120 13 308 Beira Interior Sul --- 12 301 9 078 --- 5 270 5 629 Cova da Beira --- 17 740 17 742 --- 9 779 8 811 Valor Acrescentado Bruto Peso da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 8 413 470 9 648 271 9 818 438 22,8 20,5 11,2 Douro --- 93 687 97 648 --- 22,1 25,4 23,8 Alto Trás-os-Montes Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte 2008 --- 87 406 85 931 --- 25,0 16 690 20 357 20 667 2,4 13,8 15,7 --- 29 653 32 160 --- 28,0 28,2 49 521 51 838 50 289 30,5 25,7 22,4 Beira Interior Sul --- 35 081 31 517 --- 15,0 17,9 Cova da Beira --- 46 629 47 936 --- 21,0 18,4 Margem de Segurança (%) Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 22,0 25,0 --- 9,0 9,9 --- 4,4 4,7 --- Douro --- --- --- --- --- --- --- --- ----- Alto Trás-os-Montes Pinhal Interior Sul Serra da Estrela Beira Interior Norte 2008 --- --- --- --- --- --- --- --- 24,0 --- --- 8,6 --- --- 3,1 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 25,0 --- --- 9,0 --- --- 2,9 --- --- Beira Interior Sul --- --- --- --- --- --- --- --- --- Cova da Beira --- --- --- --- --- --- --- --- --- | 158 Anexo 7 - Dados financeiros do sector de “Extracção de granito” Nº de Em presas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 510 473 478 4 485 4 502 --- Douro 20 23 25 155 --- --- Alto Trás-os-Montes 48 37 37 484 424 --- Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 --- Serra da Estrela 3 3 2 --- --- --- Beira Interior Norte 43 40 38 --- 168 --- Beira Interior Sul 6 5 3 13 12 --- Cova da Beira 0 0 0 0 0 --- Volume de Negócios (milhares de euros) Resultado Líquido (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 206 814 239 597 --- - 1 535 4 140 --- 158 681 79 822 --- Douro 5 972 --- --- 82 --- --- 9 461 --- --- Alto Trás-os-Montes 17 318 15 556 --- - 44 - 428 --- 6 469 8 386 --- Pinhal Interior Sul 0 0 --- 0 0 --- 0 0 --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- 6 163 --- --- - 299 --- --- 8 067 --- Beira Interior Sul 96 83 --- 5 - 6 --- 25 - 25 --- Cova da Beira 0 0 --- 0 0 --- 0 0 --- Excedente Bruto de Exploração Capacidade de Autofinanciam ento 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 27 389 688 31 442 461 --- 22 930 715 28 907 668 2008 --- Douro 989 990 --- --- 1 130 065 --- --- 3 478 761 1 893 243 --- 3 067 383 1 663 826 --- Pinhal Interior Sul 0 0 --- 0 0 --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- 1 709 106 --- --- 1 163 955 --- - 1 395 7 470 --- 13 771 - 2 639 --- 0 0 --- 0 0 --- Alto Trás-os-Montes Beira Interior Sul Cova da Beira Peso da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) Valor Acrescentado Bruto 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 78 988 156 92 075 368 --- 29,0 31,4 2008 --- Douro 2 639 032 --- --- 42,8 --- --- Alto Trás-os-Montes 8 295 586 6 198 797 --- 37,0 26,8 --- Pinhal Interior Sul 0 0 --- 0 0 --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- 3 646 202 --- --- 31,9 --- 56 627 43 371 --- 24,3 -6,1 --- --- --- --- --- Beira Interior Sul Cova da Beira Margem de Segurança (%) Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 1,00 4,00 --- 2,02 1,65 --- 7,4 8,0 --- Douro 1,00 --- --- 2,55 --- --- 9,9 --- --- Alto Trás-os-Montes 7,00 6,00 --- 1,85 1,58 --- 8,3 9,0 --- Pinhal Interior Sul --- --- --- --- --- --- --- --- --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- 0,00 --- --- 0,46 --- --- 7,8 --- 1,00 1,00 --- 1,73 0,20 --- 3,8 2,5 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Sul Cova da Beira | 159 Anexo 8 - Dados financeiros do sector de “Transformação de granito” Nº de Em presas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 703 669 663 4 965 4 771 4 581 Douro 16 22 25 323 315 303 Alto Trás-os-Montes 22 22 24 213 198 172 Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela 4 4 4 --- 5 --- Beira Interior Norte 19 23 25 136 140 149 Beira Interior Sul 9 9 9 --- 38 --- Cova da Beira 4 5 5 --- --- --- Resultado Líquido (m ilhares de euros) Volum e de Negócios (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 194 015 198 576 195 627 1 061 2 287 - 2 883 9 643 11 781 16 992 Douro 22 152 20 777 18 496 1 070 1 256 1 000 1 279 2 550 2 524 Alto Trás-os-Montes 10 218 8 318 7 462 - 928 - 139 - 215 1 995 682 354 Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela --- 81 --- --- - 25 --- --- 9 --796 Continente 3 228 3 379 3 961 4 109 - 15 220 570 Beira Interior Sul --- 834 --- --- - 190 --- --- - 127 --- Cova da Beira --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte Excedente Bruto de Exploração Capacidade de Autofinanciam ento 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 21 080 350 21 727 244 19 573 514 18 402 162 20 049 408 14 485 440 Douro 4 008 846 4 395 485 4 204 545 3 819 344 4 201 097 3 789 066 943 231 775 066 639 176 757 454 623 636 368 616 Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela --- - 11 393 --- Alto Trás-os-Montes - 12 849 346 441 451 227 423 415 Beira Interior Sul --- 16 832 --- - 102 920 Cova da Beira --- --- --- 0 Beira Interior Norte Valor Acrescentado Bruto 288 635 462 213 357 489 0 Peso da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 72 621 572 74 943 087 72 073 146 25,3 26,8 2008 20,1 Douro 8 096 584 8 047 976 7 859 100 47,2 52,2 48,2 Alto Trás-os-Montes 14,3 3 019 019 2 928 288 2 578 990 25,1 21,3 Pinhal Interior Sul 0 0 0 0 0 0 Serra da Estrela --- 12 758 --- --- -100,7 --- 1 591 795 1 757 457 1 831 837 18,1 26,3 19,5 Beira Interior Sul --- 442 090 --- --- -23,3 --- Cova da Beira --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte Margem de Segurança (%) Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 4,00 10,00 --- 5,30 5,59 --- 8,73 8,3 --- Douro 0,00 8,00 --- 5,73 5,99 --- 19,25 15,6 --- Alto Trás-os-Montes 1,00 8,00 --- 4,74 4,89 --- 12,82 13,3 --- Pinhal Interior Sul --- --- --- --- --- --- --- --- --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- --- --- --- 5,00 8,00 --- 3,33 6,19 --- 10,57 11,3 --- Beira Interior Sul --- --- --- --- --- --- --- --- --- Cova da Beira --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte | 160 Anexo 9 - Dados financeiros do sector de “Transportes de Mercadorias” Nº de Em presas Pes soas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 13 473 12 593 12 209 93 669 95 476 --- Douro 245 225 216 639 681 --- Alto Trás-os-Montes 239 226 212 567 616 602 Pinhal Interior Sul 87 85 81 385 404 358 Serra da Estre la 44 47 47 202 188 202 Beira Interior Norte 178 175 168 1 073 1 058 1 112 Beira Interior Sul 72 72 72 289 277 299 Cova da Be ira 82 78 77 297 286 288 Volum e de Negócios (m ilhares de e uros) Resultado Líquido (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 9 343 676 10 546 160 --- 127 480 316 254 --- 1 658 362 739 345 2008 --- Douro 36 374 42 578 --- - 10 964 --- 1 637 4 713 --- Alto Trás -os -Montes 31 881 35 666 34 212 - 649 293 - 784 2 663 877 4 444 Pinhal Interior Sul 32 289 37 005 36 999 147 704 - 359 1 809 - 282 - 152 Serra da Estrela 15 598 13 449 14 566 43 - 32 - 474 1 463 1 117 3 575 Beira Interior Norte 93 490 100 468 99 096 2 221 2 413 882 5 566 9 939 3 965 Beira Interior Sul 18 236 19 897 20 402 165 407 - 45 651 1 324 299 Cova da Beira 15 990 16 753 16 545 - 154 - 25 - 294 669 903 1 408 Excedente Bruto de Exploração Capacidade de Autofinanciam ento 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 15 304 126 18 830 077 --- 1 092 471 1 448 054 --- Douro 43 585 55 794 --- 4 362 5 634 --- Alto Trás-os-Montes 29 675 39 588 24 542 2 544 3 467 2 290 Pinhal Interior Sul 30 307 38 281 28 756 3 031 3 695 2 534 Serra da Estrela 15 185 13 245 9 401 1 487 1 231 677 Beira Interior Norte 104 201 109 777 84 390 10 793 10 897 8 932 Beira Interior Sul 18 521 22 250 16 472 1 659 2 016 1 688 Cova da Beira 12 073 12 986 7 903 1 204 1 205 789 Valor Acrescentado Bruto Peso da Capacidade de Autofinanciamento no VAB (%) 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 34 434 313 39 252 536 --- 31,7 36,9 --- Douro 115 545 139 812 --- 37,7 40,3 --- Alto Trás-os-Montes 89 290 109 312 109 312 28,5 31,7 23,3 Pinhal Interior Sul 87 129 103 289 103 289 34,8 35,8 28,9 Serra da Estrela 51 150 46 786 46 786 29,1 26,3 14,5 Beira Interior Norte 302 372 307 882 299 239 35,7 35,4 31,1 Beira Interior Sul 61 092 67 480 67 480 27,2 29,9 27,1 Cova da Beira 50 695 53 301 53 301 23,8 22,6 15,5 Margem de Segurança (%) 2008 Rendibilidade Operacional das Vendas (%) Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 5,0 6,0 --- 4,0 4,7 --- 13,9 15,4 --- Douro 4,0 6,0 --- 2,9 4,8 --- 10,9 11,5 --- Alto Trás-os-Montes 4,0 6,0 --- 3,6 5,2 --- 11,2 13,4 --- Pinhal Interior Sul 4,0 --- --- 1,5 --- --- 15,3 --- --- Serra da Estrela 2,0 --- --- 2,0 --- --- 21,1 --- --- Beira Interior Norte 3,0 3,0 --- 2,0 2,7 --- 15,1 18,2 --- Beira Interior Sul 1,0 2,0 --- 0,2 2,4 --- 14,0 17,6 --- Cova da Beira 3,0 4,0 --- 1,6 3,5 --- 12,6 14,9 --- | 161 Anexo 10 - Dados financeiros do sector de “Produção, distribuição comercialização de electricidade” Nº de Empresas Pessoas ao serviço 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 469 509 544 7 899 7 976 7 501 Douro 12 8 7 --- --- --- Alto Trás-os-Montes 13 15 18 --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 2 2 0 --- --- Serra da Estrela 2 1 1 --- --- --- Beira Interior Norte 2 5 5 --- 5 5 Beira Interior Sul 4 3 4 --- --- 22 Cova da Beira 1 3 3 --- --- --- Resultado Líquido (milhares de euros) Volume de Negócios (m ilhares de euros) Form ação Bruta de Capital Fixo (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 11 209 199 13 455 560 16 966 009 1 026 199 1 083 379 1 268 443 1 414 787 2 498 402 2 686 426 Douro --- --- --- --- --- --- --- --- --- Alto Trás-os-Montes --- --- --- --- --- --- --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 --- --- 0 --- --- 0 --- --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- 10 214 17 653 --- 3 601 1 581 --- 20 645 32 334 Beira Interior Sul --- --- 26 811 --- --- 126 --- --- 47 037 Cova da Beira --- --- --- --- --- --- --- --- --- Excedente Bruto de Exploração (milhares de euros) Capacidade de Autofinanciam ento (milhares de euros) 2006 2007 2008 2006 2007 2008 Continente 2 022 510 2 326 553 2 527 578 2 299 919 2 479 913 2 610 526 Douro --- --- --- --- --- --- Alto Trás-os-Montes --- --- --- --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 --- --- 0 --- --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- 9 187 15 238 --- 6 447 7 981 Beira Interior Sul --- --- 16 493 --- --- 8 606 Cova da Beira --- --- --- --- --- --- Valor Acrescentado Bruto (milhares de euros) Peso da Capacidade de Autofinanciam ento no VAB (%) 2006 2007 2008 2006 2007 Continente 2 668 237 2 833 587 2 832 872 86 88 92 Douro --- --- --- --- --- --- Alto Trás-os-Montes --- --- --- --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 --- --- 0 --- --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- 9 205 15 254 --- 70 52 Beira Interior Sul --- --- 17 990 --- --- 47 Cova da Beira --- --- --- --- --- --- Margem de Segurança (%) 2006 Continente 2008 Rendibilidade Operacional das Vendas (%) 2007 2008 2006 2007 2008 68,0 --- --- 20,3 --- Produtividade aparente do factor trabalho (m ilhares de euros) 2006 2007 2008 72,4 --- Douro --- --- --- --- --- --- --- --- --- Alto Trás-os-Montes --- --- --- --- --- --- --- --- --- Pinhal Interior Sul 0 --- --- 0 --- --- 0 --- --- Serra da Estrela --- --- --- --- --- --- --- --- --- Beira Interior Norte --- 70 --- --- 70 --- --- --- --- Beira Interior Sul --- --- --- --- --- --- --- --- --- Cova da Beira --- --- --- --- --- --- --- --- --- e