Edição 50

Transcrição

Edição 50
JAN/FEV/MAR 2012
Nº 50 - Ano XVII
Por Paulo Guilherme Oliveira
Olá Queridos leitores
Vamos todos agora mergulhar nos assuntos
abordados no nosso Diário de Bordo,
carinhosamente chamado de DB.
Nesta edição, vamos começar a leitura abordando
um tema bem interessante e bem pernambucano, o
ecossistema de Manguezal, vamos juntos entrar na
lama do mangue e desvendar seus encantos,
mistérios e curiosidades. Viva Chico Science!!!
Outro tema que vamos tratar também nesta edição é
a problemática dos ataques de tubarões, mais
precisamente nas ações da ONG Praia Segura, que
pretende inserir em parte do nosso litoral as Telas de
Proteção. Aproveitamos a oportunidade para
informar aos leitores alguns aspectos acerca da
ecologia e biologia das espécies de tubarões que
ocorrem na nossa costa.
Vamos contar também com uma matéria escrita pelo
prof. Fábio Hazin, surpreendente sobre os avanços
da pesca no Brasil e no Mundo, no âmbito da ICCAT,
durante o período compreendido entre 2007 e 2011,
além dos avanços da sustentabilidade da atividade.
Seguindo o tema acima, uma matéria sobre o novo
ministro da Pesca e Aquicultura, e suas expectativas
a frente do Ministério.
9 771982 920006
ISSN 1982 - 9205
50
E para terminar essa gostosa leitura uma receita
super saborosa para ser degustada enquanto
fazemos as palavrinhas cruzadas.
Boa leitura!
Feras! Sejam todos bem vindos.
Paulo Guilherme Oliveira é Tutor do grupo PET/Pesca,
professor e coordenador do Curso de Engenharia de
Pesca da UFRPE.
Índice
Você Sabe o que é Mangue?
Página 02
Pratica de Surf é Liberada em
Praias de Pernambuco
Página
0303
Página
Uma breve análise dos avanços
alcançados pela ICCAT...
Página
03
Página
Página
0503
Ministério da Pesca e Aquicultura tem
Novo Ministro
Página 05
Página 07
Receita com Pescados: bacalhau com
natas
Página 07
Palavras Cruzadas
Página 08
Página 08
Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife
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Março de 2012
Você Sabe o que é Mangue?
qualquer tipo de intervenção, salvo em casos de
utilidade pública. Mesmo com essa lei e a resolução do
CONAMA o mangue é o ecossistema brasileiro mais
ameaçado, sendo seus inimigos a super-exploração
dos seus recursos naturais e a poluição lançada pelas
cidades costeiras e indústrias. Com o aquecimento
global os mangues serão os ecossistemas mais
afetados razão da elevação da temperatura do planeta
e do nível dos oceanos, depende de um equilíbrio
perfeito entre os rios e as marés para manter suas
características constantes.
Curiosidades:
Qual a diferença entre mangue e manguezal?
O termo manguezal é utilizado para descrever
uma variedade de comunidades costeiras tropicais
dominadas por espécies vegetais, arbóreas ou
arbustivas que conseguem crescer em solos com alto
teor de sal. já o termo mangue origina-se do vocábulo
Malaio, "manggimanggi" e do inglês mangrove,
servindo para descrever as espécies vegetais que
vivem no manguezal.
Quanto tempo leva um manguezal para ser
completo?
Um manguezal leva entre 15 e 20 anos para
ficar completo.
O que é feito com a casca do mangue- vermelho?
Da casca do mangue-vermelho se extrai o
tanino, substância usada pela indústria para o
tratamento de couro.
Fonte: www.google.com
O mangue é um ecossistema costeiro que faz a
passagem entre o ambiente terrestre e o marinho que
são caracterizadas em zonas tropicais e subtropicais, o
manguezal se desenvolve nos estuários e em foz de
rios sendo um berçário natural para muitas espécies de
animais. Esses animais compõe uma fauna bem
diversificada e são classificados em: Estuarinos
residentes, são os
organismos que residem no
estuário, que toleram uma ampla variação de salinidade
e que têm seu ciclo de vida inteiramente associado ao
mesmo, ex: Ucides cordatus; Estuarinos dependentes,
com uma grande variedade de organismos marinhos ou
de água-doce que utilizam o estuário em algum período
de sua vida, como zona de criação e alimentação para
seus juvenis, tendo como local de desova áreas
próximas ao estuário,ex: Litopenaeus spp; e
Habitantes/visitantes do ambiente terrestre, e uma
pequena variedade de organismos que moram nas
copas das árvores de mangues ou visitam os estuários
esporadicamente para se alimentar,ex: SAGÜI
Callithrix jacchus.
A vegetação do manguezal é diferente pois há
uma ausência de oxigênio e o solo é salino
predominando os vegetais halófilos. Existem quatro
tipos de arvores de mangue: a Avicennia
schaueriana(mangue-preto,canoé), Laguncularia
racemosa(mangue-branco) – encontrada em terrenos
mais altos, de solo mais firme, Conocarpus erectus
(mangue-de-botão) e a Rhizophora mangle (manguevermelho) – próprio de solo lodoso,com raízes aéreas.
Esse tipo de ecossistema se desenvolve onde há água
salobra e em locais semi abrigados da ação das marés,
mas com “canais” chamados gamboas que permitem a
troca entre água doce e salgada. Seu solo é bastante
rico em nutrientes e matéria orgânica com
características lodosas e, composto por raízes e
material vegetal parcialmente decomposto (turfa). O
Brasil possui a maior faixa de mangue do planeta com
cerca de 20 mil km² que se estende desde o nordeste
(Cabo Orange – Amapá) até o sul do país (Laguna –
Santa Catarina). Os manguezais também são
encontrados na Oceania, África, Ásia e outros países da
América.
A exploração comercial do mangue teve início
na Ásia e se expandiu para os outros países de clima
tropical e subtropical, se tornando uma das principais
ameaças para esse ecossistema. O Brasil, através da
Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, estabelece o
mangue como Área de Preservação Permanente
(APP), e, a Resolução CONAMA N.º 369 de 28 de
março de 2006, estabelece que as áreas de mangue
não podem sofrer supressão de sua vegetação ou
Por Amanda Santos e Josélia
Karolline
Amanda Santos e Josélia Karolline são mestrandas em
Recursos Pesqueiros e Aquicultura da UFRPE.
Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife
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Março de 2012
Prática de Surf é Liberada em Praias de Pernambuco
Por Adriana Gouveia
Há alguns anos a prática do surf em praias do
estado de Pernambuco como, Boa Viagem, Pina,
Paiva e Zé Pequeno, se tornou muito arriscada,
pela ocorrência de vários ataques de tubarões a
surfistas e banhistas. Mesmo antes de baixar um
decreto, em 1999, o governo do estado proibiu
desde janeiro de 1995, a prática de surf na área
compreendida entre o Porto de Suape e o porto do
Recife, abrangendo várias praias turísticas de
Pernambuco, principalmente uma das mais
cobiçadas, Boa Viagem. O Instituto Praia Segura
sugeriu a modificação do Decreto 21.402 de
06.05.99, liberando para a prática do surf e de
esportes náuticos nas praias de Itapuama e Gaibú,
além de locais onde haja a instalação das Telas de
Proteção.
No fim de fevereiro o governo do Estado
liberou a volta da prática de surf em duas praias do
litoral, são elas a de Itapuama, que fica no
município do Cabo de Santo Agostinho, e a de Zé
Pequeno, em Bairro Novo, Olinda, ambas na
Região Metropolitana do Recife. Segundo o coronel
Hélder da Silva, comandante do Grupamento de
Bombeiros Marítimos, em entrevista ao blog do
deputado federal Vilalba, o surf foi liberado nestas
praias, pois nelas não existem estatísticas de
incidências de ataques de tubarão. Ele ainda
explica que na praia de Boa Viagem, apenas será
instalada uma tela para barrar o acesso de tubarões
no perímetro de 200 metros. De acordo com ele, o
pedido foi feito pela sociedade civil organizada,
através do Comitê Estadual de Monitoramento de
Incidentes com Tubarões (Cemit). Porém a volta
desse esporte para Boa Viagem só será realizada
em eventos de surf.
Sobre a Tela de Proteção
A idéia da implantação das Telas Móveis de
Proteção foi desenvolvida visando minorar o
problema dos ataques, já que no Recife, em
especial, o número de ataques vem se
configurando num grande problema, com reflexos
sociais e econômicos. Os equipamentos a ser
utilizados são altamente seguros, além de não
aprisionarem peixes e mamíferos marinhos. Outro
ponto positivo é que contribui para a limpeza da
praia, pois retêm o lixo. Há também registros de que
as bóias servem como salva-vidas para pessoas
que estão se afogando nas proximidades do
e q u i p a m e n t o .
As redes de exclusão são usadas em Hong Kong,
no Japão, onde há dez anos não é registrado um
ataque sequer. As telas que serão utilizadas em
Pernambuco seguem a mesma tecnologia e
especificações das de Hong Kong, apenas, com
pequenos melhoramentos tecnológicos, (dados do
Instituto Praia Segura)
Segundo o Instituto Praia Segura além da
fabricação das telas, diversos licenciamentos
tiveram de ser viabilizados junto ao IBAMA e à
CPRH. Estes licenciamentos foram concedidos e o
projeto está pronto para ser viabilizado com a
responsabilidade técnica do UFRPE, através do
Departamento de Pesca, coordenado pelo
professor Fábio Hazin.
Ainda segundo o Instituto no dia 04 de julho
de 2011, o projeto de instalação das telas de
proteção foi aprovado junto a Secretaria de Defesa
Social, pelo secretário Wilson Damázio e pelo
governador Eduardo Campos. Sendo assim
firmado convênio para fabricação e
operacionalização dos equipamentos na praia de
Boa Viagem. Também foi enviado projeto similar à
prefeitura do Recife solicitando apoio a iniciativa. A
prefeitura de Jaboatão sinalizou positivamente
para a aquisição de uma tela para ser instalada na
igrejinha de Piedade.
De acordo com coronel Hélder, o
equipamento deverá ser montado até o fim do
semestre em uma área que ainda será definida. As
redes ainda estão em fase de aquisição. “Após a
instalação da tela, ela ainda deverá ficar um tempo
em período de experiência, para ver se ela
realmente funciona”, explica. Depois desse
período, será feito um novo estudo para determinar
a possibilidade da liberação da praia.
Porém ataques de tubarão não estão ligados
apenas e este Estado brasileiro. Segundo o
Instituto Oceanário de Pernambuco existem
registros de ataques de tubarões em 11 estados
brasileiros, sendo eles: Pernambuco, São Paulo,
Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul, Bahia, Santa Catarina, Paraíba,
Ceará e Paraná, ou seja, há registro de ataques em
mais de 50% dos estados litorâneos do Brasil.
Contudo, Pernambuco se destaca neste ranking
por ser o estado onde já foram registrados 55
ataques, sendo 31 a surfistas e 24 a banhistas,
ocasionando 20 mortes no total desde 1992, tendo
ido a óbito um número maior de banhistas (16) do
que de surfistas (04), pois estes últimos possuíam
uma prancha, que servia como proteção aos
órgãos vitais da vítima.
Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife
4
Março de 2012
Segundo o Instituto Oceanário de Pernambuco,
entre os 55 ataques em oito foi possível comprovar
a espécie envolvida, sendo: 07 ataques do Tubarão
Existem vários motivos pelos quais os Cabeça-chata e 01 ataque do Tubarão Tigre.
encontros entre tubarões e banhistas ou surfistas
tem se tornado mais constante em Pernambuco. Detalhes sobre as espécies
Um deles é a construção do porto de Suape, que só
passou a funcionar plenamente na década de 90,
Tubarão Cabeça Chata (Cacharhinus leucas)
dois anos após tiveram inicio os ataques, sendo o
primeiro registrado em 28 de Junho de 1992, a um Características: Tem nariz largo e achatado, olhos
banhista, na praia de Piedade, região sul do Recife. pequenos, barriga branca e corpo acinzentado. As
Com a construção do porto foram estrangulados fêmeas costumam ser maiores que os machos.
dois rios o Merepe e o Ipojuca, que eram utilizados Tem em média 2,5 m de comprimento e pesa 150
pelas fêmeas do tubarão cabeça-chata, umas das kg, podendo atingir 3,5 m e 300 kg. Tubarão de
espécies comprovadamente envolvida nos região costeira, que podem ocorrer em pequenas
ataques, como berçários para seus filhotes, profundidades, como baías e estuários.
fazendo com que elas migrassem para o rio Alimentação: peixes, caranguejos, camarões,
jaboatão, este localizado mais próximo das praias carniças, aves marinhas e até outros tubarões.
em que ocorreram a maioria dos ataques Curiosidades: Extremamente adaptável à água
registrados.
doce, ele já foi encontrado no rio Amazonas a 4
Além disso, houve um aumento no tráfego quilômetros da costa. É geralmente solitário e de
marítimo próximo da costa, através de nado lento.
embarcações que aportam em Suape, e segundo
Schultz (1975) e Baldridge (1974), os tubarões
Tubarão Tigre (Galeocerdo cuvier)
costumam seguir essas embarcações atraídos por
lixo, restos de alimentos e dejetos jogados no mar. Características: Tem esse nome em função das
Um caso bastante grave era a existência de um manchas pretas no corpo. Podem atingir 6 metros e
matadouro no rio Jaboatão que lançava víceras e pesar 800kg.
restos de animais diretamente no rio sem nenhum Alimentação: peixes, mamíferos, tartarugas
tratamento, tornando este ambiente muito marinhas.
“convidativo” aos tubarões.
Curiosidades: podem viver em mar aberto e
Porém existem outros fatores causadores descer a profundidades de 140 m, mas preferem
deste problema como o aumento da pesca de regiões costeiras e águas turvas, próximas a portos
arrasto de camarão e a elevação no número de e estuários. Em seu estômago já foram
pessoas que frequentam essas praias, fazendo encontrados: sacos plásticos, lata, garrafa, etc.
com que haja uma maior probabilidade do encontro
tubarão/banhista-tubarão/surfista. A topografia
submarina da região apresenta um canal muito
Carcharhinus leucas
profundo e bastante próximo das praias de Boa
Viagem, Pina e Paiva, utilizado por esses animais
para locomoção de uma praia a outra sem
necessitar afastar-se da costa. Além de influência
de algumas condições climáticas, como correntes
marítimas muitas vezes influenciadas pelos ventos Fonte: google.com
que nesta região costumam ser de Sudeste. Fato
constatado pela maioria dos ataques terem
ocorrido durante dias de ventos sul e sudeste
bastante forte, havendo também uma
intensificação das correntes oceânicas do sul para
o norte, ou seja, do Porto de Suape em direção ao
Galeocerdo cuvier
Recife.
Fonte: google.com
Possíveis motivos dos ataques
Espécies envolvidas
As duas principais espécies envolvidas no
ataques são: o tubarão cabeça-chata (Cacharhinus
leucas) e o tubarão tigre (Galeocerdo cuvier).
Adriana Gouveia é bolsista do PET/Pesca e estudante
do 8º período do Curso de Eng. de Pesca da UFRPE.
Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife
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Março de 2012
Uma breve análise dos avanços alcançados pela ICCAT, durante os 4 anos em
que o Brasil esteve à frente da Presidência da Comissão, entre 2007 e 2011
Por Fábio Hazin
Quando o Brasil assumiu a Presidência da
ICCAT, em novembro de 2007, a Comissão enfrentava
uma das piores crises de governabilidade da sua história,
particularmente em razão da situação crítica em que se
encontrava o estoque do atum azul do Atlântico Leste e
Mar Mediterrâneo, com um elevado risco inclusive de
colapso iminente do mesmo. Em 2007, apesar do SCRS
(Standing Committee on Research and Statistics/
Comitê Permanente de Pesquisa e Estatística) haver
recomendado uma captura total de, no máximo, 15,000
t, a Comissão manteve uma Captura Máxima Permitida
para aquele ano igual a 29,500 t, portanto, praticamente
o dobro do limite recomendado pelo Comitê Científico,
sendo que em razão da falta de medidas adequadas de
controle e monitoramento, as capturas reais realizadas
em 2007 foram estimadas em torno de 60.000 t, quatro
vezes o limite recomendado. A partir de 2008, porém,
mas particularmente de 2009 em diante, essa situação
começou a se reverter, em razão da adoção de várias
medidas de ordenamento e controle, com vistas a
assegurar a limitação das capturas em plena
conformidade com a recomendação científica. Em
2010, as capturas estimadas pelo SCRS se situaram em
torno de 11.300 t, portanto abaixo da Captura Máxima
Permitida, igual a 13.500 t. Para 2011, a ICCAT adotou
um nível de captura ainda mais baixo, igual a 12.900 t,
inferior, portanto, do valor de 13.500 t proposto pelo
SCRS. Atualmente, a pesca de atum azul é uma das
atividades pesqueiras mais controladas em todo mundo,
incluindo a obrigatoriedade de observadores
independentes a bordo, monitoramento por satélite e
controle das capturas e comercialização por meio
eletrônico. Segundo o SCRS o risco de colapso do
estoque encontra-se afastado, devendo o mesmo se
encontrar plenamente recuperado em 2022, daqui a 10
anos. Os avanços alcançados pela Comissão na sua
última reunião realizada em Istanbul, em novembro
último podem ser encontrados em:
http://www.iccat.int/Documents/Meetings/COMM201
1/PRESS-REL2011_ENG.pdf.
É importante destacar, também, que as capturas
máximas permitidas para todos os outros estoques
ordenados pela Comissão situam-se hoje em plena
conformidade com os níveis recomendados pelo SCRS.
Além disso, a partir de 2012, a Comissão deverá iniciar
finalmente o processo de reforma de sua convenção
para, entre outras questões, substituir o conceito de
Rendimento Máximo Sustentável como objetivo (alvo)
do processo de gestão, para limite máximo, no intuito de
reduzir o risco de sobrepesca dos estoques
administrados pela mesma.
Em relação à fauna acompanhante, segue,
abaixo, um breve resumo dos acontecimentos
relacionados à conservação de tubarões, aves marinhas
e tartarugas, registrados no âmbito da ICCAT, durante a
presidência brasileira, entre novembro de 2007 e
novembro de 2011, destacando o que existia antes (até
2007) e depois da presidência brasileira (entre 2007 e
2011). Embora ainda haja, certamente, a necessidade
urgente de avanços adicionais, parece claro que a
ICCAT indubitavelmente alcançou nesses últimos
quatro anos um progresso sem precedentes na
conservação das espécies integrantes da fauna
acompanhante e capturas incidentais, estabelecendo um
exemplo importante a ser seguido por outras
Organizações Regionais de Ordenamento Pesqueiro,
voltadas à pesca de atuns.
Cabe ressalvar que os avanços alcançados pela
ICCAT nos últimos 4 anos no ordenamento da pesca de
grande peixes pelágicos no Atlântico e Mar
Mediterrâneo, longe de representarem a solução dos
problemas de gestão enfrentados pela Comissão, ao
contrário, marcam apenas o início de uma mudança de
paradigma fundamental e urgente para assegurar a
sustentabilidade dos recursos pesqueiros sob sua
responsabilidade.
Muito mais resta ainda evidentemente por ser
feito, principalmente em relação ao monitoramento e
cumprimento das medidas adotadas. Tais avanços
mostram, porém, que, desde que haja compromisso e
vontade política, a comunidade internacional é, sim,
capaz de trabalhar coletivamente em prol da
sustentabilidade ambiental e do bem comum. Não
deixam de ser notícias alvissareiras nesses tempos
escassos de boas novas, particularmente em relação à
real capacidade dos governos de colocarem os
interesses da humanidade à frente dos seus próprios, nos
processos de negociação a que estamos obrigados a
enfrentar se quisermos coabitar pacificamente neste
planeta.
Medidas adotadas pela ICCAT em relação à fauna
acompanhante:
Tubarões:
Ê Até 2007:
ü Proibição do finning (2004; Rec. 04-10);
ÊEntre 2007 e 2011:
Proibição de embarque, manutenção a bordo e
comercialização do tubarão raposa (Alopias
superciliosus) (2009; Rec. 09-07);
ü
Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife
ü Proibição de embarque, manutenção a bordo e
comercialização do tubarão mako (Isurus oxyrinchus),
para os países que não aportarem dados de captura (2010;
Rec. 10-06);
ü Proibição de embarque, manutenção a bordo e
comercialização do tubarão galha-branca oceânico
(Carcharhinus longimanus) (2010; Rec. 10-07);
ü Proibição de embarque, manutenção a bordo e
comercialização de todos os tubarões martelo (Sphyrna
spp., com exceção do S. tiburo) (2010; Rec. 10-08)
(exceto para consumo local, por países em
desenvolvimento, ficando no entanto, proibido o
comércio internacional, inteiro ou em partes, incluindo as
barbatanas);
ü Proibição de embarque, manutenção a bordo e
comercialização dos tubarões lombo-preto
(Carcharhinus falciformis) (2011; Rec. 11-08) (exceto
para consumo local, por países em desenvolvimento,
ficando, no entanto, proibido o comércio internacional
inteiro ou em partes, incluindo as barbatanas);
Histórico das medidas adotadas para a proteção dos
tubarões:
6
Março de 2012
iniciativa do Brasil, EUA e UE), galha-branca oceânico
(Carcharhinus longimanus) (por iniciativa do Brasil,
Japão e UE) e martelo (Sphyrna spp.) (por iniciativa do
Brasil);
ü 2010: Brasil, Belize e EUA propõem de novo a
obrigatoriedade de desembarque dos tubarões com as
barbatanas aderidas ao corpo, mas a proposta é
novamente derrotada;
ü 2011: por iniciativa brasileira, o SCRS apresenta uma
recomendação específica para a proteção do tubarão
lombo-preto, em razão dos novos dados do ERA;
ü 2011: o Brasil, juntamente com a UE, propõe a liberação
obrigatória do tubarão lombo-preto e a proposta é
aprovada, com exceção de tubarões capturados para o
consumo local, por países em desenvolvimento, sendo, no
entanto, proibido o seu comércio internacional;
ü 2010: Brasil, Belize e EUA propõem, pelo terceiro ano
consecutivo, a obrigatoriedade de desembarque dos
tubarões com as barbatanas aderidas ao corpo, mas a
proposta é mais uma vez derrotada;
Aves marinhas:
Ê Até 2007: Nada
ü 2004: o SCRS realiza a primeira avaliação de estoque dos
tubarões azul e mako, com intensa participação brasileira;
ü 2006: por iniciativa brasileira, a ICCAT cria um grupo
específico para os tubarões, no Comitê Permanente de
Pesquisa e Estatística. O Brasil assume a presidência do
mesmo;
ü 2007: por iniciativa brasileira, a ICCAT resolve realizar
uma análise de risco ecológico de outras 10 espécies de
elasmobrânquios cujos estoques, diferentemente do
tubarão azul e mako, não podem ser avaliados por falta de
dados;
ü 2008: o SCRS realiza a segunda avaliação de estoque dos
tubarões azul e mako, novamente com forte participação
brasileira, e a avaliação de risco ecológico (ERA) que
permite hierarquizar as espécies por grau de risco. O
tubarão raposa é identificado como a espécie sujeita ao
maior grau de risco;
ü 2008: o Brasil, juntamente com a União Européia, propõe
a liberação obrigatória do tubarão raposa, mas a proposta
é derrotada;
ü 2009: por iniciativa brasileira, o SCRS apresenta uma
recomendação específica para a proteção do tubarão
raposa;
ü 2009: o Brasil novamente propõe a obrigatoriedade de
liberação do tubarão raposa e, em razão da recomendação
do SCRS, dessa vez a proposta é aprovada;
ü 2009: a avaliação de risco ecológico é revisada com base
em novos dados, alterando-se a ordem das espécies com
maior grau de risco. O tubarão lombo-preto assume a
primeira posição;
ü 2009: Brasil, Belize e EUA propõem a obrigatoriedade de
desembarque dos tubarões com as barbatanas aderidas ao
corpo, mas a proposta é derrotada;
ü 2010: com base no ERA, a ICCAT adota medidas de
proteção para os tubarões mako (Isurus oxyrinchus) (por
Ê De 2007 a 2011:
ü
ü
Uso mandatório de tori-lines ou largada noturna, ao
sul de 20oS (90% das capturas incidentais) (2007;
Rec. 07-07);
Uso mandatório de, no mínimo, duas medidas
mitigadoras simultâneas (tori-lines + largada noturna
+ chumbamento da linha secundária), ao sul de 25oS
(2011; Rec. 11-09), permanecendo em vigor a
medida anterior;
Tartarugas marinhas:
Ê Até 2007: Nada
ÊDe 2007 a 2011:
ü
Uso mandatório de equipamentos a bordo para
retirada de anzóis de tartarugas capturadas e
submissão mandatória de dados de captura (2010;
Rec. 10-09).
Fábio Hazin é Engenheiro de Pesca e professor do
Departamento de Pesca e Aquicultura da UFRPE.
7
Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife
Março de 2012
Ministério da Pesca e Aquicultura tem Novo Ministro
Por: Eduardo Lima
www.mpa.gov.br
O Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA foi
criado em Junho de 2009, pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Numa cerimônia realizada no Parque da
Marejada, em Itajaí – SC, foi sancionado o projeto de
Lei que transformou a Secretaria Especial de
Aquicultura e Pesca no MPA. Desde a sua criação,
quatro pessoas já assumiram o cargo de ministro do
MPA: Altemir Gregolin, Ideli Salvatti, Luiz Sérgio
Nóbrega de Oliveira e o atual Marcelo Bezerra Crivella.
O mais novo Ministro do MPA, Marcelo Bezerra
Crivella, tomou posse do cargo no dia 02 de
março de 2012 no Planalto Central em
Brasília. Em seu discursso ele disse que tem
quatro metas para o ministério a serem
atingidas até 2022: dobrar o consumo per
capita de peixe no Brasil; quintuplicar a
produção da aquicultura sustentável;
duplicar a captura sustentável de peixes do
mar; e gerar um milhão de empregos na
área da pesca. Será que nos próximos dez
anos, o consumo per capita de pescado no
país saltará de 9,75 Kg/ano para 19,5 Kg/ano ?
Biografia do Ministro Marcelo Bezerra Crivella
Marcelo Crivella nasceu no Rio de Janeiro, em
nove de outubro de 1957. É filho único de Mucio e Eris
Crivella. Começou a trabalhar aos 14 anos, foi oficial do
exército e formou-se em Engenharia Civil. É casado
com Sylvia Jane, tem três filhos e dois netos. Bispo
licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus,
compositor, cantor e escritor com milhões de livros e
CDs vendidos. Foi missionário no Continente Africano,
onde morou com a família, por quase 10 anos.
Idealizou e construiu a Fazenda Nova Canaã, em Irecê
(Bahia), para ser um exemplo de assentamento para a
Reforma Agrária Brasileira. A fazenda conta com
dezenas de casas; escola que atende 500 crianças em
horário integral; piscinas e campo de futebol; clínica
médica e odontológica; 100 hectares irrigados para
produção de frutas. Isso só foi possível porque Crivella
doou todos os royalties dos livros e CDs para
construção do Projeto Nordeste.
Em 2002, foi eleito Senador da República pelo
do Rio de Janeiro, com 3 milhões e 243 mil votos. No
Congresso Nacional, foi vice-líder do Governo Lula e
líder da bancada do Partido Liberal. Em setembro de
2005 fundou com o vice-presidente da
República, José Alencar Gomes da Silva, o
Partido Republicano Brasileiro - PRB, do qual
foi seu Líder no Senado desde então. Em 2010
foi reeleito Senador da República com 3
milhões e 330 mil votos.
Sua atuação política, bem como sua
história de vida foram voltadas para o social.
Como parlamentar, presidiu a Frente
Parlamentar do Pleno Emprego, a Frente Pela
Engenharia
e aSantos
Comissão Parlamentar Mista
Autor(a): Amanda
de Inquérito (CPMI), que apurou os crimes e outros
delitos penais e civis praticados com a emigração
ilegal, tendo negociado com sucesso a repatriação dos
brasileiros presos nos Estados Unidos, onde esteve
por três vezes. Assim, apresentou mais de 400
proposições legislativas e já aprovou diversas leis.
O DIAAP avaliou Crivella como parlamentar em
ascensão. Foi considerado, por levantamento feito
pela ONG Transparência Brasil, o 3º Senador com
maior número de proposições relevantes em 2010. Em
2011, agora pela revista Veja, foi classificado como o 5º
Senador mais atuante do país baseado em pesquisa
realizada pelo Núcleo de Estudos sobre o Congresso.
Eduardo Lima é bolsista do PET/Pesca e estudante do 9º
período do Curso de Eng. de Pesca da UFRPE.
Receita com Pescados: Bacalhau com Natas à antiga
Contribuição: Pergentino Neto
Preparação (60 min)
Ingredientes (4 pessoas)
0,5 Kg de bacalhau
0,650 Kg de batatas
0,1 dl azeite
2 cebolas
2,5 dl de natas
1 gema
2 c. de sopa de
margarina
2 c. de sopa de
farinha de trigo
2 c. de sopa de pão
ralado
1 c. de sopa de
mostarda
1/4 de limão em sumo
0,5 dl de leite quente
sal, pimenta, noz
moscada qb
Pergentino Neto é bolsista do PET/Pesca e estudante do 10º período do Curso de
Eng. de Pesca da UFRPE.
1 Coza o bacalhau, retire-lhe a pele e as espinhas e faça-o em
lascas.
2 Descasque as batatas, corte-as em rodelas finas e leve-as ao lume
com o azeite e deixe refogar sem alourar.
3 Junte o bacalhau, as batatas, mexa bem sobre o lume, retire e deite
no tabuleiro para ir ao forno.
4 Preparação do Molho : Leve ao lume a margarina a derreter, junte a
farinha, mexa bem, e junte o leite quente aos poucos sem parar de
mexer. Adicione as natas, mexa bem, deixe levantar fervura e retire
do lume. Tempere de sal, pimenta e noz moscada, o sumo de limão e
adicione metade do pão ralado. Mexa muito bem.
5 Espalhe o molho sobre o bacalhau, polvilhe com o resto do pão
ralado e leve ao forno forte para alourar e sirva quente.
http://www.manjardosdeuses.comoj.com/bacalhau_com_natas_a_antiga.html
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Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife
Março de 2012
P al
av
r a
s
C r
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u z ad
Por Eduardo Lima
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Respostas:
Eduardo Lima é bolsista do PET/Pesca e estudante
do 9º período do Curso de Eng. de Pesca da UFRPE.
10- ALIDADE
5- ANOXIA
9- NEFROCITOS
4- JUNDIA
8- DANFORTH
3- CRACAS
7- PINTACHARA
2- ALALUNGA
6- RIPEAM
1- ASTRONOMICA
13- CALOUROS
12- VANTE
11- RACEWAYS
1- Navegação baseada na observação dos corpos celestes
(Sol, Lua, Planetas e Estrelas), para a determinação da
posição da embarcação?
2- Dentre as principais espécies de Atum, é a que possui as
maiores nadadeiras peitorais. Thunnus __?__
3- Crustáceos sésseis.
4- Rhamdia quelen
5- Ausência de oxigênio dissolvido na água.
6- Regulamento Internacional Para Evitar Abalroamento
no Mar.
7- Resultado do cruzamento entre a fêmea do Pintado
(Pseudoplatystoma corruscans) com o macho de Cachara
Expediente
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Pesca e Aqüicultura,
Av. Dom Manuel de Medeiros, s/n
Dois Irmãos, Recife - PE. CEP: 52171-900
Fone:33206525
Email:[email protected]
Site: www.petpescaufrpe.com
(P. reticulatum).
8- É âncora mais usada por embarcações amadoras. Tem
bom poder de “unhar” em areia e lodo, e é menos pesada
que a do tipo “almirantado”.
9- Células especiais localizadas nas brânquias dos
camarões, por onde é excretada em grande parte a amônia.
10- Instrumento de medida de direções, utilizados na
navegação.
11- Sistema de cultivo super intensivo também conhecido
por sistema de fluxo contínuo.
12- Seguir em frente na navegação é seguir à _?_.
13- Recém chegados à Universidade.
Os arquivos assinados são de responsabilidades dos seus autores.
Diretor do Deptº de Pesca e Aqüicultura
Prof. Fábio Hissa Vieira Hazin
Coordenador do Curso de Eng. de Pesca
Prof. Paulo Oliveira
Tutor do PET/Pesca
Prof. Paulo Oliveira
Comissão Editorial: PET/Pesca
Editores:
Amanda Santos ([email protected])
Eduardo Lima ([email protected])
Rafael Liano ([email protected])
Rafael Monteiro ([email protected])
Periodicidade: Trimestral - Tiragem: 500 exemplares