Edição 50
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Edição 50
JAN/FEV/MAR 2012 Nº 50 - Ano XVII Por Paulo Guilherme Oliveira Olá Queridos leitores Vamos todos agora mergulhar nos assuntos abordados no nosso Diário de Bordo, carinhosamente chamado de DB. Nesta edição, vamos começar a leitura abordando um tema bem interessante e bem pernambucano, o ecossistema de Manguezal, vamos juntos entrar na lama do mangue e desvendar seus encantos, mistérios e curiosidades. Viva Chico Science!!! Outro tema que vamos tratar também nesta edição é a problemática dos ataques de tubarões, mais precisamente nas ações da ONG Praia Segura, que pretende inserir em parte do nosso litoral as Telas de Proteção. Aproveitamos a oportunidade para informar aos leitores alguns aspectos acerca da ecologia e biologia das espécies de tubarões que ocorrem na nossa costa. Vamos contar também com uma matéria escrita pelo prof. Fábio Hazin, surpreendente sobre os avanços da pesca no Brasil e no Mundo, no âmbito da ICCAT, durante o período compreendido entre 2007 e 2011, além dos avanços da sustentabilidade da atividade. Seguindo o tema acima, uma matéria sobre o novo ministro da Pesca e Aquicultura, e suas expectativas a frente do Ministério. 9 771982 920006 ISSN 1982 - 9205 50 E para terminar essa gostosa leitura uma receita super saborosa para ser degustada enquanto fazemos as palavrinhas cruzadas. Boa leitura! Feras! Sejam todos bem vindos. Paulo Guilherme Oliveira é Tutor do grupo PET/Pesca, professor e coordenador do Curso de Engenharia de Pesca da UFRPE. Índice Você Sabe o que é Mangue? Página 02 Pratica de Surf é Liberada em Praias de Pernambuco Página 0303 Página Uma breve análise dos avanços alcançados pela ICCAT... Página 03 Página Página 0503 Ministério da Pesca e Aquicultura tem Novo Ministro Página 05 Página 07 Receita com Pescados: bacalhau com natas Página 07 Palavras Cruzadas Página 08 Página 08 Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife 2 Março de 2012 Você Sabe o que é Mangue? qualquer tipo de intervenção, salvo em casos de utilidade pública. Mesmo com essa lei e a resolução do CONAMA o mangue é o ecossistema brasileiro mais ameaçado, sendo seus inimigos a super-exploração dos seus recursos naturais e a poluição lançada pelas cidades costeiras e indústrias. Com o aquecimento global os mangues serão os ecossistemas mais afetados razão da elevação da temperatura do planeta e do nível dos oceanos, depende de um equilíbrio perfeito entre os rios e as marés para manter suas características constantes. Curiosidades: Qual a diferença entre mangue e manguezal? O termo manguezal é utilizado para descrever uma variedade de comunidades costeiras tropicais dominadas por espécies vegetais, arbóreas ou arbustivas que conseguem crescer em solos com alto teor de sal. já o termo mangue origina-se do vocábulo Malaio, "manggimanggi" e do inglês mangrove, servindo para descrever as espécies vegetais que vivem no manguezal. Quanto tempo leva um manguezal para ser completo? Um manguezal leva entre 15 e 20 anos para ficar completo. O que é feito com a casca do mangue- vermelho? Da casca do mangue-vermelho se extrai o tanino, substância usada pela indústria para o tratamento de couro. Fonte: www.google.com O mangue é um ecossistema costeiro que faz a passagem entre o ambiente terrestre e o marinho que são caracterizadas em zonas tropicais e subtropicais, o manguezal se desenvolve nos estuários e em foz de rios sendo um berçário natural para muitas espécies de animais. Esses animais compõe uma fauna bem diversificada e são classificados em: Estuarinos residentes, são os organismos que residem no estuário, que toleram uma ampla variação de salinidade e que têm seu ciclo de vida inteiramente associado ao mesmo, ex: Ucides cordatus; Estuarinos dependentes, com uma grande variedade de organismos marinhos ou de água-doce que utilizam o estuário em algum período de sua vida, como zona de criação e alimentação para seus juvenis, tendo como local de desova áreas próximas ao estuário,ex: Litopenaeus spp; e Habitantes/visitantes do ambiente terrestre, e uma pequena variedade de organismos que moram nas copas das árvores de mangues ou visitam os estuários esporadicamente para se alimentar,ex: SAGÜI Callithrix jacchus. A vegetação do manguezal é diferente pois há uma ausência de oxigênio e o solo é salino predominando os vegetais halófilos. Existem quatro tipos de arvores de mangue: a Avicennia schaueriana(mangue-preto,canoé), Laguncularia racemosa(mangue-branco) – encontrada em terrenos mais altos, de solo mais firme, Conocarpus erectus (mangue-de-botão) e a Rhizophora mangle (manguevermelho) – próprio de solo lodoso,com raízes aéreas. Esse tipo de ecossistema se desenvolve onde há água salobra e em locais semi abrigados da ação das marés, mas com “canais” chamados gamboas que permitem a troca entre água doce e salgada. Seu solo é bastante rico em nutrientes e matéria orgânica com características lodosas e, composto por raízes e material vegetal parcialmente decomposto (turfa). O Brasil possui a maior faixa de mangue do planeta com cerca de 20 mil km² que se estende desde o nordeste (Cabo Orange – Amapá) até o sul do país (Laguna – Santa Catarina). Os manguezais também são encontrados na Oceania, África, Ásia e outros países da América. A exploração comercial do mangue teve início na Ásia e se expandiu para os outros países de clima tropical e subtropical, se tornando uma das principais ameaças para esse ecossistema. O Brasil, através da Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, estabelece o mangue como Área de Preservação Permanente (APP), e, a Resolução CONAMA N.º 369 de 28 de março de 2006, estabelece que as áreas de mangue não podem sofrer supressão de sua vegetação ou Por Amanda Santos e Josélia Karolline Amanda Santos e Josélia Karolline são mestrandas em Recursos Pesqueiros e Aquicultura da UFRPE. Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife 3 Março de 2012 Prática de Surf é Liberada em Praias de Pernambuco Por Adriana Gouveia Há alguns anos a prática do surf em praias do estado de Pernambuco como, Boa Viagem, Pina, Paiva e Zé Pequeno, se tornou muito arriscada, pela ocorrência de vários ataques de tubarões a surfistas e banhistas. Mesmo antes de baixar um decreto, em 1999, o governo do estado proibiu desde janeiro de 1995, a prática de surf na área compreendida entre o Porto de Suape e o porto do Recife, abrangendo várias praias turísticas de Pernambuco, principalmente uma das mais cobiçadas, Boa Viagem. O Instituto Praia Segura sugeriu a modificação do Decreto 21.402 de 06.05.99, liberando para a prática do surf e de esportes náuticos nas praias de Itapuama e Gaibú, além de locais onde haja a instalação das Telas de Proteção. No fim de fevereiro o governo do Estado liberou a volta da prática de surf em duas praias do litoral, são elas a de Itapuama, que fica no município do Cabo de Santo Agostinho, e a de Zé Pequeno, em Bairro Novo, Olinda, ambas na Região Metropolitana do Recife. Segundo o coronel Hélder da Silva, comandante do Grupamento de Bombeiros Marítimos, em entrevista ao blog do deputado federal Vilalba, o surf foi liberado nestas praias, pois nelas não existem estatísticas de incidências de ataques de tubarão. Ele ainda explica que na praia de Boa Viagem, apenas será instalada uma tela para barrar o acesso de tubarões no perímetro de 200 metros. De acordo com ele, o pedido foi feito pela sociedade civil organizada, através do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit). Porém a volta desse esporte para Boa Viagem só será realizada em eventos de surf. Sobre a Tela de Proteção A idéia da implantação das Telas Móveis de Proteção foi desenvolvida visando minorar o problema dos ataques, já que no Recife, em especial, o número de ataques vem se configurando num grande problema, com reflexos sociais e econômicos. Os equipamentos a ser utilizados são altamente seguros, além de não aprisionarem peixes e mamíferos marinhos. Outro ponto positivo é que contribui para a limpeza da praia, pois retêm o lixo. Há também registros de que as bóias servem como salva-vidas para pessoas que estão se afogando nas proximidades do e q u i p a m e n t o . As redes de exclusão são usadas em Hong Kong, no Japão, onde há dez anos não é registrado um ataque sequer. As telas que serão utilizadas em Pernambuco seguem a mesma tecnologia e especificações das de Hong Kong, apenas, com pequenos melhoramentos tecnológicos, (dados do Instituto Praia Segura) Segundo o Instituto Praia Segura além da fabricação das telas, diversos licenciamentos tiveram de ser viabilizados junto ao IBAMA e à CPRH. Estes licenciamentos foram concedidos e o projeto está pronto para ser viabilizado com a responsabilidade técnica do UFRPE, através do Departamento de Pesca, coordenado pelo professor Fábio Hazin. Ainda segundo o Instituto no dia 04 de julho de 2011, o projeto de instalação das telas de proteção foi aprovado junto a Secretaria de Defesa Social, pelo secretário Wilson Damázio e pelo governador Eduardo Campos. Sendo assim firmado convênio para fabricação e operacionalização dos equipamentos na praia de Boa Viagem. Também foi enviado projeto similar à prefeitura do Recife solicitando apoio a iniciativa. A prefeitura de Jaboatão sinalizou positivamente para a aquisição de uma tela para ser instalada na igrejinha de Piedade. De acordo com coronel Hélder, o equipamento deverá ser montado até o fim do semestre em uma área que ainda será definida. As redes ainda estão em fase de aquisição. “Após a instalação da tela, ela ainda deverá ficar um tempo em período de experiência, para ver se ela realmente funciona”, explica. Depois desse período, será feito um novo estudo para determinar a possibilidade da liberação da praia. Porém ataques de tubarão não estão ligados apenas e este Estado brasileiro. Segundo o Instituto Oceanário de Pernambuco existem registros de ataques de tubarões em 11 estados brasileiros, sendo eles: Pernambuco, São Paulo, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Bahia, Santa Catarina, Paraíba, Ceará e Paraná, ou seja, há registro de ataques em mais de 50% dos estados litorâneos do Brasil. Contudo, Pernambuco se destaca neste ranking por ser o estado onde já foram registrados 55 ataques, sendo 31 a surfistas e 24 a banhistas, ocasionando 20 mortes no total desde 1992, tendo ido a óbito um número maior de banhistas (16) do que de surfistas (04), pois estes últimos possuíam uma prancha, que servia como proteção aos órgãos vitais da vítima. Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife 4 Março de 2012 Segundo o Instituto Oceanário de Pernambuco, entre os 55 ataques em oito foi possível comprovar a espécie envolvida, sendo: 07 ataques do Tubarão Existem vários motivos pelos quais os Cabeça-chata e 01 ataque do Tubarão Tigre. encontros entre tubarões e banhistas ou surfistas tem se tornado mais constante em Pernambuco. Detalhes sobre as espécies Um deles é a construção do porto de Suape, que só passou a funcionar plenamente na década de 90, Tubarão Cabeça Chata (Cacharhinus leucas) dois anos após tiveram inicio os ataques, sendo o primeiro registrado em 28 de Junho de 1992, a um Características: Tem nariz largo e achatado, olhos banhista, na praia de Piedade, região sul do Recife. pequenos, barriga branca e corpo acinzentado. As Com a construção do porto foram estrangulados fêmeas costumam ser maiores que os machos. dois rios o Merepe e o Ipojuca, que eram utilizados Tem em média 2,5 m de comprimento e pesa 150 pelas fêmeas do tubarão cabeça-chata, umas das kg, podendo atingir 3,5 m e 300 kg. Tubarão de espécies comprovadamente envolvida nos região costeira, que podem ocorrer em pequenas ataques, como berçários para seus filhotes, profundidades, como baías e estuários. fazendo com que elas migrassem para o rio Alimentação: peixes, caranguejos, camarões, jaboatão, este localizado mais próximo das praias carniças, aves marinhas e até outros tubarões. em que ocorreram a maioria dos ataques Curiosidades: Extremamente adaptável à água registrados. doce, ele já foi encontrado no rio Amazonas a 4 Além disso, houve um aumento no tráfego quilômetros da costa. É geralmente solitário e de marítimo próximo da costa, através de nado lento. embarcações que aportam em Suape, e segundo Schultz (1975) e Baldridge (1974), os tubarões Tubarão Tigre (Galeocerdo cuvier) costumam seguir essas embarcações atraídos por lixo, restos de alimentos e dejetos jogados no mar. Características: Tem esse nome em função das Um caso bastante grave era a existência de um manchas pretas no corpo. Podem atingir 6 metros e matadouro no rio Jaboatão que lançava víceras e pesar 800kg. restos de animais diretamente no rio sem nenhum Alimentação: peixes, mamíferos, tartarugas tratamento, tornando este ambiente muito marinhas. “convidativo” aos tubarões. Curiosidades: podem viver em mar aberto e Porém existem outros fatores causadores descer a profundidades de 140 m, mas preferem deste problema como o aumento da pesca de regiões costeiras e águas turvas, próximas a portos arrasto de camarão e a elevação no número de e estuários. Em seu estômago já foram pessoas que frequentam essas praias, fazendo encontrados: sacos plásticos, lata, garrafa, etc. com que haja uma maior probabilidade do encontro tubarão/banhista-tubarão/surfista. A topografia submarina da região apresenta um canal muito Carcharhinus leucas profundo e bastante próximo das praias de Boa Viagem, Pina e Paiva, utilizado por esses animais para locomoção de uma praia a outra sem necessitar afastar-se da costa. Além de influência de algumas condições climáticas, como correntes marítimas muitas vezes influenciadas pelos ventos Fonte: google.com que nesta região costumam ser de Sudeste. Fato constatado pela maioria dos ataques terem ocorrido durante dias de ventos sul e sudeste bastante forte, havendo também uma intensificação das correntes oceânicas do sul para o norte, ou seja, do Porto de Suape em direção ao Galeocerdo cuvier Recife. Fonte: google.com Possíveis motivos dos ataques Espécies envolvidas As duas principais espécies envolvidas no ataques são: o tubarão cabeça-chata (Cacharhinus leucas) e o tubarão tigre (Galeocerdo cuvier). Adriana Gouveia é bolsista do PET/Pesca e estudante do 8º período do Curso de Eng. de Pesca da UFRPE. Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife 5 Março de 2012 Uma breve análise dos avanços alcançados pela ICCAT, durante os 4 anos em que o Brasil esteve à frente da Presidência da Comissão, entre 2007 e 2011 Por Fábio Hazin Quando o Brasil assumiu a Presidência da ICCAT, em novembro de 2007, a Comissão enfrentava uma das piores crises de governabilidade da sua história, particularmente em razão da situação crítica em que se encontrava o estoque do atum azul do Atlântico Leste e Mar Mediterrâneo, com um elevado risco inclusive de colapso iminente do mesmo. Em 2007, apesar do SCRS (Standing Committee on Research and Statistics/ Comitê Permanente de Pesquisa e Estatística) haver recomendado uma captura total de, no máximo, 15,000 t, a Comissão manteve uma Captura Máxima Permitida para aquele ano igual a 29,500 t, portanto, praticamente o dobro do limite recomendado pelo Comitê Científico, sendo que em razão da falta de medidas adequadas de controle e monitoramento, as capturas reais realizadas em 2007 foram estimadas em torno de 60.000 t, quatro vezes o limite recomendado. A partir de 2008, porém, mas particularmente de 2009 em diante, essa situação começou a se reverter, em razão da adoção de várias medidas de ordenamento e controle, com vistas a assegurar a limitação das capturas em plena conformidade com a recomendação científica. Em 2010, as capturas estimadas pelo SCRS se situaram em torno de 11.300 t, portanto abaixo da Captura Máxima Permitida, igual a 13.500 t. Para 2011, a ICCAT adotou um nível de captura ainda mais baixo, igual a 12.900 t, inferior, portanto, do valor de 13.500 t proposto pelo SCRS. Atualmente, a pesca de atum azul é uma das atividades pesqueiras mais controladas em todo mundo, incluindo a obrigatoriedade de observadores independentes a bordo, monitoramento por satélite e controle das capturas e comercialização por meio eletrônico. Segundo o SCRS o risco de colapso do estoque encontra-se afastado, devendo o mesmo se encontrar plenamente recuperado em 2022, daqui a 10 anos. Os avanços alcançados pela Comissão na sua última reunião realizada em Istanbul, em novembro último podem ser encontrados em: http://www.iccat.int/Documents/Meetings/COMM201 1/PRESS-REL2011_ENG.pdf. É importante destacar, também, que as capturas máximas permitidas para todos os outros estoques ordenados pela Comissão situam-se hoje em plena conformidade com os níveis recomendados pelo SCRS. Além disso, a partir de 2012, a Comissão deverá iniciar finalmente o processo de reforma de sua convenção para, entre outras questões, substituir o conceito de Rendimento Máximo Sustentável como objetivo (alvo) do processo de gestão, para limite máximo, no intuito de reduzir o risco de sobrepesca dos estoques administrados pela mesma. Em relação à fauna acompanhante, segue, abaixo, um breve resumo dos acontecimentos relacionados à conservação de tubarões, aves marinhas e tartarugas, registrados no âmbito da ICCAT, durante a presidência brasileira, entre novembro de 2007 e novembro de 2011, destacando o que existia antes (até 2007) e depois da presidência brasileira (entre 2007 e 2011). Embora ainda haja, certamente, a necessidade urgente de avanços adicionais, parece claro que a ICCAT indubitavelmente alcançou nesses últimos quatro anos um progresso sem precedentes na conservação das espécies integrantes da fauna acompanhante e capturas incidentais, estabelecendo um exemplo importante a ser seguido por outras Organizações Regionais de Ordenamento Pesqueiro, voltadas à pesca de atuns. Cabe ressalvar que os avanços alcançados pela ICCAT nos últimos 4 anos no ordenamento da pesca de grande peixes pelágicos no Atlântico e Mar Mediterrâneo, longe de representarem a solução dos problemas de gestão enfrentados pela Comissão, ao contrário, marcam apenas o início de uma mudança de paradigma fundamental e urgente para assegurar a sustentabilidade dos recursos pesqueiros sob sua responsabilidade. Muito mais resta ainda evidentemente por ser feito, principalmente em relação ao monitoramento e cumprimento das medidas adotadas. Tais avanços mostram, porém, que, desde que haja compromisso e vontade política, a comunidade internacional é, sim, capaz de trabalhar coletivamente em prol da sustentabilidade ambiental e do bem comum. Não deixam de ser notícias alvissareiras nesses tempos escassos de boas novas, particularmente em relação à real capacidade dos governos de colocarem os interesses da humanidade à frente dos seus próprios, nos processos de negociação a que estamos obrigados a enfrentar se quisermos coabitar pacificamente neste planeta. Medidas adotadas pela ICCAT em relação à fauna acompanhante: Tubarões: Ê Até 2007: ü Proibição do finning (2004; Rec. 04-10); ÊEntre 2007 e 2011: Proibição de embarque, manutenção a bordo e comercialização do tubarão raposa (Alopias superciliosus) (2009; Rec. 09-07); ü Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife ü Proibição de embarque, manutenção a bordo e comercialização do tubarão mako (Isurus oxyrinchus), para os países que não aportarem dados de captura (2010; Rec. 10-06); ü Proibição de embarque, manutenção a bordo e comercialização do tubarão galha-branca oceânico (Carcharhinus longimanus) (2010; Rec. 10-07); ü Proibição de embarque, manutenção a bordo e comercialização de todos os tubarões martelo (Sphyrna spp., com exceção do S. tiburo) (2010; Rec. 10-08) (exceto para consumo local, por países em desenvolvimento, ficando no entanto, proibido o comércio internacional, inteiro ou em partes, incluindo as barbatanas); ü Proibição de embarque, manutenção a bordo e comercialização dos tubarões lombo-preto (Carcharhinus falciformis) (2011; Rec. 11-08) (exceto para consumo local, por países em desenvolvimento, ficando, no entanto, proibido o comércio internacional inteiro ou em partes, incluindo as barbatanas); Histórico das medidas adotadas para a proteção dos tubarões: 6 Março de 2012 iniciativa do Brasil, EUA e UE), galha-branca oceânico (Carcharhinus longimanus) (por iniciativa do Brasil, Japão e UE) e martelo (Sphyrna spp.) (por iniciativa do Brasil); ü 2010: Brasil, Belize e EUA propõem de novo a obrigatoriedade de desembarque dos tubarões com as barbatanas aderidas ao corpo, mas a proposta é novamente derrotada; ü 2011: por iniciativa brasileira, o SCRS apresenta uma recomendação específica para a proteção do tubarão lombo-preto, em razão dos novos dados do ERA; ü 2011: o Brasil, juntamente com a UE, propõe a liberação obrigatória do tubarão lombo-preto e a proposta é aprovada, com exceção de tubarões capturados para o consumo local, por países em desenvolvimento, sendo, no entanto, proibido o seu comércio internacional; ü 2010: Brasil, Belize e EUA propõem, pelo terceiro ano consecutivo, a obrigatoriedade de desembarque dos tubarões com as barbatanas aderidas ao corpo, mas a proposta é mais uma vez derrotada; Aves marinhas: Ê Até 2007: Nada ü 2004: o SCRS realiza a primeira avaliação de estoque dos tubarões azul e mako, com intensa participação brasileira; ü 2006: por iniciativa brasileira, a ICCAT cria um grupo específico para os tubarões, no Comitê Permanente de Pesquisa e Estatística. O Brasil assume a presidência do mesmo; ü 2007: por iniciativa brasileira, a ICCAT resolve realizar uma análise de risco ecológico de outras 10 espécies de elasmobrânquios cujos estoques, diferentemente do tubarão azul e mako, não podem ser avaliados por falta de dados; ü 2008: o SCRS realiza a segunda avaliação de estoque dos tubarões azul e mako, novamente com forte participação brasileira, e a avaliação de risco ecológico (ERA) que permite hierarquizar as espécies por grau de risco. O tubarão raposa é identificado como a espécie sujeita ao maior grau de risco; ü 2008: o Brasil, juntamente com a União Européia, propõe a liberação obrigatória do tubarão raposa, mas a proposta é derrotada; ü 2009: por iniciativa brasileira, o SCRS apresenta uma recomendação específica para a proteção do tubarão raposa; ü 2009: o Brasil novamente propõe a obrigatoriedade de liberação do tubarão raposa e, em razão da recomendação do SCRS, dessa vez a proposta é aprovada; ü 2009: a avaliação de risco ecológico é revisada com base em novos dados, alterando-se a ordem das espécies com maior grau de risco. O tubarão lombo-preto assume a primeira posição; ü 2009: Brasil, Belize e EUA propõem a obrigatoriedade de desembarque dos tubarões com as barbatanas aderidas ao corpo, mas a proposta é derrotada; ü 2010: com base no ERA, a ICCAT adota medidas de proteção para os tubarões mako (Isurus oxyrinchus) (por Ê De 2007 a 2011: ü ü Uso mandatório de tori-lines ou largada noturna, ao sul de 20oS (90% das capturas incidentais) (2007; Rec. 07-07); Uso mandatório de, no mínimo, duas medidas mitigadoras simultâneas (tori-lines + largada noturna + chumbamento da linha secundária), ao sul de 25oS (2011; Rec. 11-09), permanecendo em vigor a medida anterior; Tartarugas marinhas: Ê Até 2007: Nada ÊDe 2007 a 2011: ü Uso mandatório de equipamentos a bordo para retirada de anzóis de tartarugas capturadas e submissão mandatória de dados de captura (2010; Rec. 10-09). Fábio Hazin é Engenheiro de Pesca e professor do Departamento de Pesca e Aquicultura da UFRPE. 7 Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife Março de 2012 Ministério da Pesca e Aquicultura tem Novo Ministro Por: Eduardo Lima www.mpa.gov.br O Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA foi criado em Junho de 2009, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa cerimônia realizada no Parque da Marejada, em Itajaí – SC, foi sancionado o projeto de Lei que transformou a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca no MPA. Desde a sua criação, quatro pessoas já assumiram o cargo de ministro do MPA: Altemir Gregolin, Ideli Salvatti, Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira e o atual Marcelo Bezerra Crivella. O mais novo Ministro do MPA, Marcelo Bezerra Crivella, tomou posse do cargo no dia 02 de março de 2012 no Planalto Central em Brasília. Em seu discursso ele disse que tem quatro metas para o ministério a serem atingidas até 2022: dobrar o consumo per capita de peixe no Brasil; quintuplicar a produção da aquicultura sustentável; duplicar a captura sustentável de peixes do mar; e gerar um milhão de empregos na área da pesca. Será que nos próximos dez anos, o consumo per capita de pescado no país saltará de 9,75 Kg/ano para 19,5 Kg/ano ? Biografia do Ministro Marcelo Bezerra Crivella Marcelo Crivella nasceu no Rio de Janeiro, em nove de outubro de 1957. É filho único de Mucio e Eris Crivella. Começou a trabalhar aos 14 anos, foi oficial do exército e formou-se em Engenharia Civil. É casado com Sylvia Jane, tem três filhos e dois netos. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, compositor, cantor e escritor com milhões de livros e CDs vendidos. Foi missionário no Continente Africano, onde morou com a família, por quase 10 anos. Idealizou e construiu a Fazenda Nova Canaã, em Irecê (Bahia), para ser um exemplo de assentamento para a Reforma Agrária Brasileira. A fazenda conta com dezenas de casas; escola que atende 500 crianças em horário integral; piscinas e campo de futebol; clínica médica e odontológica; 100 hectares irrigados para produção de frutas. Isso só foi possível porque Crivella doou todos os royalties dos livros e CDs para construção do Projeto Nordeste. Em 2002, foi eleito Senador da República pelo do Rio de Janeiro, com 3 milhões e 243 mil votos. No Congresso Nacional, foi vice-líder do Governo Lula e líder da bancada do Partido Liberal. Em setembro de 2005 fundou com o vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva, o Partido Republicano Brasileiro - PRB, do qual foi seu Líder no Senado desde então. Em 2010 foi reeleito Senador da República com 3 milhões e 330 mil votos. Sua atuação política, bem como sua história de vida foram voltadas para o social. Como parlamentar, presidiu a Frente Parlamentar do Pleno Emprego, a Frente Pela Engenharia e aSantos Comissão Parlamentar Mista Autor(a): Amanda de Inquérito (CPMI), que apurou os crimes e outros delitos penais e civis praticados com a emigração ilegal, tendo negociado com sucesso a repatriação dos brasileiros presos nos Estados Unidos, onde esteve por três vezes. Assim, apresentou mais de 400 proposições legislativas e já aprovou diversas leis. O DIAAP avaliou Crivella como parlamentar em ascensão. Foi considerado, por levantamento feito pela ONG Transparência Brasil, o 3º Senador com maior número de proposições relevantes em 2010. Em 2011, agora pela revista Veja, foi classificado como o 5º Senador mais atuante do país baseado em pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos sobre o Congresso. Eduardo Lima é bolsista do PET/Pesca e estudante do 9º período do Curso de Eng. de Pesca da UFRPE. Receita com Pescados: Bacalhau com Natas à antiga Contribuição: Pergentino Neto Preparação (60 min) Ingredientes (4 pessoas) 0,5 Kg de bacalhau 0,650 Kg de batatas 0,1 dl azeite 2 cebolas 2,5 dl de natas 1 gema 2 c. de sopa de margarina 2 c. de sopa de farinha de trigo 2 c. de sopa de pão ralado 1 c. de sopa de mostarda 1/4 de limão em sumo 0,5 dl de leite quente sal, pimenta, noz moscada qb Pergentino Neto é bolsista do PET/Pesca e estudante do 10º período do Curso de Eng. de Pesca da UFRPE. 1 Coza o bacalhau, retire-lhe a pele e as espinhas e faça-o em lascas. 2 Descasque as batatas, corte-as em rodelas finas e leve-as ao lume com o azeite e deixe refogar sem alourar. 3 Junte o bacalhau, as batatas, mexa bem sobre o lume, retire e deite no tabuleiro para ir ao forno. 4 Preparação do Molho : Leve ao lume a margarina a derreter, junte a farinha, mexa bem, e junte o leite quente aos poucos sem parar de mexer. Adicione as natas, mexa bem, deixe levantar fervura e retire do lume. Tempere de sal, pimenta e noz moscada, o sumo de limão e adicione metade do pão ralado. Mexa muito bem. 5 Espalhe o molho sobre o bacalhau, polvilhe com o resto do pão ralado e leve ao forno forte para alourar e sirva quente. http://www.manjardosdeuses.comoj.com/bacalhau_com_natas_a_antiga.html 8 Diário de Bordo / 24 anos PET/Pesca - Recife Março de 2012 P al av r a s C r as u z ad Por Eduardo Lima 1 2 5 124- 3139- 10 78611- Respostas: Eduardo Lima é bolsista do PET/Pesca e estudante do 9º período do Curso de Eng. de Pesca da UFRPE. 10- ALIDADE 5- ANOXIA 9- NEFROCITOS 4- JUNDIA 8- DANFORTH 3- CRACAS 7- PINTACHARA 2- ALALUNGA 6- RIPEAM 1- ASTRONOMICA 13- CALOUROS 12- VANTE 11- RACEWAYS 1- Navegação baseada na observação dos corpos celestes (Sol, Lua, Planetas e Estrelas), para a determinação da posição da embarcação? 2- Dentre as principais espécies de Atum, é a que possui as maiores nadadeiras peitorais. Thunnus __?__ 3- Crustáceos sésseis. 4- Rhamdia quelen 5- Ausência de oxigênio dissolvido na água. 6- Regulamento Internacional Para Evitar Abalroamento no Mar. 7- Resultado do cruzamento entre a fêmea do Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) com o macho de Cachara Expediente Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Pesca e Aqüicultura, Av. Dom Manuel de Medeiros, s/n Dois Irmãos, Recife - PE. CEP: 52171-900 Fone:33206525 Email:[email protected] Site: www.petpescaufrpe.com (P. reticulatum). 8- É âncora mais usada por embarcações amadoras. Tem bom poder de “unhar” em areia e lodo, e é menos pesada que a do tipo “almirantado”. 9- Células especiais localizadas nas brânquias dos camarões, por onde é excretada em grande parte a amônia. 10- Instrumento de medida de direções, utilizados na navegação. 11- Sistema de cultivo super intensivo também conhecido por sistema de fluxo contínuo. 12- Seguir em frente na navegação é seguir à _?_. 13- Recém chegados à Universidade. Os arquivos assinados são de responsabilidades dos seus autores. Diretor do Deptº de Pesca e Aqüicultura Prof. Fábio Hissa Vieira Hazin Coordenador do Curso de Eng. de Pesca Prof. Paulo Oliveira Tutor do PET/Pesca Prof. Paulo Oliveira Comissão Editorial: PET/Pesca Editores: Amanda Santos ([email protected]) Eduardo Lima ([email protected]) Rafael Liano ([email protected]) Rafael Monteiro ([email protected]) Periodicidade: Trimestral - Tiragem: 500 exemplares