I1- Avaliação de Alternativas Tecnológicas para Geração de
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I1- Avaliação de Alternativas Tecnológicas para Geração de
Avaliação de alternativas tecnológicas para geração de energia elétrica no sistema isolado Alex Artigiani Neves Lima1 Cláudio Monteiro de Carvalho2 Eduardo Luis de Paula Borges3 Israel Wallysson Freitas da Silva4 Marcello Soares Rocha5 Thales Terrola e Lopes6 Thais Monteiro de Farias7 Resumo: Este artigo apresenta estudos e projetos de soluções tecnológicas inovadoras baseadas no emprego de fontes renováveis de energia (FRE), para o atendimento de comunidades não eletrificadas, localizadas no Sistema Isolado brasileiro, cujo atendimento não se deve dar por extensão das redes de distribuição convencionais, por questões técnicas, econômicas e ambientais. São apresentados estudos de aproveitamento do potencial energético dos rios locais através da utilização de turbinas hidrocinéticas e estudos para utilização da energia solar fotovoltaica, seja em projetos de hibridização ou de Centros Comunitários de Produção. O projeto de hibridização apresenta um estudo técnico e econômico deste tipo de tecnologia, mostrando a sua viabilidade na complementaridade da geração térmica tradicionalmente utilizada nos Sistemas Isolados. Os Centros Comunitários de Produção, em complemento a eletrificação rural, agem como vetor de desenvolvimento local, e no âmbito técnico representam um desafio tecnológico em virtudes das características peculiares das cargas que devem ser supridas nestes Centros. Palavras-chaves: Sistemas Isolados, comunidades remotas, turbinas hidrocinéticas, geração solar fotovoltaica, hibridização, Centros Comunitários de Produção. 1 - Alex Artigiani Neves Lima, Eng. Eletricista - ELETROBRAS S.A. [email protected] [email protected], (21) 2514-5050 2 - Cláudio Monteiro de Carvalho, Eng. Civil - ELETROBRAS S.A. [email protected] [email protected], (21) 2514-5050 3 - Eduardo Luis de Paula Borges, Eng. Eletricista - ELETROBRAS S.A. [email protected] [email protected], (21) 2514-5050 4 - Israel Wallysson Freitas da Silva, Eng. Eletricista - ELETROBRAS S.A. [email protected] [email protected], (21) 2514-5050 5 - Marcello Soares Rocha, Msc. em Eng. Elétrica - ELETROBRAS S.A. [email protected] [email protected], (21) 2514-5050 6 - Thales Terrola e Lopes, Dsc. em Eng. Elétrica - ELETROBRAS S.A. [email protected], [email protected] (21) 2514-5050 7- Thais Monteiro de Farias, Estudante de Eng. Elétrica - ELETROBRAS S.A. [email protected] [email protected], (21) 2514-5050 1 1.Introdução Os Sistemas Isolados são responsáveis pelo fornecimento de energia elétrica aos consumidores localizados nos Estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá e Mato Grosso, além da ilha de Fernando de Noronha. Esse atendimento é realizado com predomínio da geração térmica, a base de óleo diesel e óleo combustível, caracterizados pelo elevado número de pequenas unidades geradoras e pelas grandes dificuldades de logística de abastecimento (Eletrobras, 2014). A demanda típica atendida por esses sistemas varia de 100 kW a 120 MW e o custo de geração chega a valores entre 1.000 R$/MWh e 2.000 R$/MWh. Atualmente os principais centros de consumo do Sistema Isolado se encontram em processo de integração ao Sistema Interligado Nacional (SIN), principalmente os sistemas que atendem às capitais dos Estados, mas a grande maioria das localidades e municípios não apresenta previsão no curto e médio prazo de integração ao SIN. Dentro dos Estados dos Sistemas Isolados existem inúmeras comunidades caracterizadas por baixa densidade populacional e grande dispersão, com restrições ao uso de fontes de energia convencionais, com infra-estrutura deficiente, baixo nível de atividade econômica, elevada distância dos mercados consumidores e com grandes dificuldades de acesso. Estes agrupamentos populacionais são tecnicamente denominados de comunidades remotas. O problema de disponibilização da energia elétrica para os Sistemas Isolados e principalmente para as comunidades remotas mostra-se como um ponto crítico na implantação de infra-estrutura no país. O investimento em geração de eletricidade nas capitais e em outras cidades do Sistema Isolado tem sido feito a partir da ampliação do parque de geração térmica, seja a base de óleo diesel ou óleo combustível, enquanto o investimento nas comunidades remotas é sempre postergado, visto a ausência de atratividade econômica e dificuldade no estabelecimento de um modelo de gestão apropriado. Assim, hoje a única alternativa para a geração de eletricidade nas comunidades remotas é o atendimento com energia térmica a diesel ou óleo combustível, sendo que os mesmos são adquiridos com os recursos próprios da comunidade, que só usufruem da eletricidade por períodos curtos do dia, além de ficarem sempre sujeitos a indisponibilidade do mesmo. A geração térmica a diesel, tradicionalmente utilizada nos Sistemas Isolados, cada vez mais se torna impraticável, principalmente devido aos elevados custos que os combustíveis, óleo lubrificante e seus respectivos transportes aos diferentes locais de consumo, alcançaram no Brasil nos últimos anos. Dentro deste contexto adverso vivenciado nos Sistemas Isolados, cada vez mais se torna fundamental a realização de estudos e o desenvolvimento de soluções tecnológicas que busquem trazer alternativas à geração de energia elétrica nos Sistemas Isolados e nas comunidades remotas. Devemse buscar soluções para a geração de eletricidade nos Sistemas Isolados utilizando os enormes recursos naturais disponíveis na própria região, como os abundantes recursos solares e hídricos. Deve-se ainda enfatizar que a viabilidade de projetos de geração de eletricidade nos Sistemas Isolados e principalmente nas comunidades remotas, deve ser 2 vista considerando-se parâmetros mais amplos, objetivando a promoção do desenvolvimento sustentável local. Uma vez que as fontes renováveis de energia (FRE) mostram-se como uma solução possível para o atendimento das comunidades remotas e do Sistema Isolado como um todo, a equipe da Divisão de Estudos e Projetos Setoriais da Eletrobras elaborou estudos e projetos que avaliassem a viabilidade da geração de energia elétrica a partir de FRE, com destaque para as tecnologias baseadas na geração solar fotovoltaica, com ênfase na hibridização de sistemas de geração térmica, e na geração hidráulica a partir de turbinas hidrocinéticas. Ainda nesse âmbito, e no sentido de prover soluções para as comunidades remotas da região Norte, projetos sociais de Centros Comunitários de Produção (CCP) foram avaliados, visando promover o uso produtivo e eficiente da eletricidade gerada a partir de FRE. Todos os estudos e projetos descritos neste artigo foram resultados de trabalhos realizados no âmbito do Projeto de Cooperação Técnica Internacional entre a Eletrobras e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), sendo os seguintes relatórios internos da Eletrobras utilizados como insumo para a redação deste artigo: (Alvarenga, 2013), (Klaus, 2014), (Martins, 2013), (Souza, 2014a), (Souza, 2014b). 2.Aplicação da tecnologia solar fotovoltaica para hibridização em sistemas isolados A introdução de geração fotovoltaica em um Sistema Isolado atendido por geração térmica, como os sistemas isolados da região norte do Brasil, transformando-os em sistemas híbridos fotovoltaicos – Diesel, poderia resultar na substituição de parcela significativa do consumo de combustível pela energia solar, contribuindo para a redução das emissões de gases poluentes. Além disso, uma análise preliminar indica viabilidade econômica da hibridização com sistemas fotovoltaicos o que poderia proporcionar uma economia anual significativa na geração térmica a diesel ou óleo combustível na região norte do Brasil. 2.1 DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO Primeiramente, avaliou-se a variabilidade do recurso solar, considerando as diversas localidades atendidas por geração térmica no Acre e no Amazonas, a fim de se verificar a produção de energia nestes estados. Os resultados mostram que a irradiação solar global incidente no plano inclinado não apresenta variação significativa nestes dois Estados. Realizou-se, então, um estudo sobre hibridização de sistemas térmicos baseando-se nos dados de demanda de duas localidades dos Estados do Acre e Amazonas, com cargas de 26,02 MW e 0,4 MW, atendidas por 15 unidades geradoras de 1.82 MVA (sendo que 3 geradores operam como reserva fria) e 5 unidades geradoras de 125kVA, respectivamente. De acordo com os dados de demanda desses dois locais e da geração térmica, foi possível dimensionar um sistema híbrido fotovoltaico-diesel equivalente para cada local. 3 Para a primeira localidade foi dimensionada uma usina fotovoltaica sem armazenamento, com potência instalada de 18,14 MWp, enquanto que para a segunda localidade foi dimensionado um sistema de 0,204 MWp. No estudo, a usina fotovoltaica atuaria como uma carga negativa sobre a carga a ser atendida pela central termelétrica, ou seja, a carga líquida a ser enxergada pela usina termelétrica seria a carga da cidade subtraída da geração da usina fotovoltaica. O modelo considerou os dados de produção de energia de um sistema fotovoltaico. Realizou-se uma simulação no software PVsyst (http://www.pvsyst.com/en/), obtendose séries temporais da energia produzida, com resolução horária, para ambas as localidades. Foram criadas também séries temporais para o consumo de energia, considerando o fator de carga de cada local e o mercado a atender. O perfil da curva de carga foi considerado a partir do perfil de uma localidade típica atendida por um Sistema Isolado. Durante o dia, quando há geração fotovoltaica, somente seriam mantidos em funcionamento um número mínimo de geradores diesel para atender uma reserva mínima e a parcela da demanda não coberta pelo sistema fotovoltaico. Quando a geração solar for suficiente, esses geradores diesel operariam em carga mínima. Se a geração solar for maior do que a demanda, retirar-se-ia ainda o mínimo operacional dos geradores diesel, passando a geração solar a ser limitada, e não a potência do gerador diesel. A Figura 1 demonstra o perfil de produção e o atendimento da demanda local em dias de produção fotovoltaica mínima e máxima. Figura 1: Suprimento da demanda em um dia de produção de energia FV, mínima e máxima. Por fim, o sistema híbrido foi projetado de forma que a parcela de energia fotovoltaica não aproveitada durante o ano não ultrapassasse 10% do total gerado. Esse planejamento, combinado ao controle da geração solar, permitiria que o fornecimento de energia com a cogeração ocorra sem transtornos. Foi possível fazer uma análise do consumo de combustível para as duas localidades, para ambas as alternativas: sem e com cogeração solar. Os resultados obtidos no estudo demonstraram redução no consumo de combustível, sendo que, para os dois casos, este fica próximo da participação da planta fotovoltaica na co-geração de energia. No sistema híbrido projetado com a introdução de um sistema fotovoltaico de potência instalada de 18,14 MWp, seria possível se chegar a uma economia em torno de 18% no uso do combustível. A Tabela 1 traz as características e os dados mais relevantes do sistema híbrido para ambas as localidades. 4 Tabela 1: Resumo da configuração do sistema híbrido. Localidade 1 Localidade 2 Carga máxima da cidade 23.018 kW 411 kW Carga mínima da cidade 9417 kW 130 kW Capacidade Instalada (UTE / UFV) 27.375 kW /18,14 MWp 625 kW / 2,04 MWp Consumo de combustível 38.045.338 L 667.278 L Energia gerada pela UTE sem contribuição da UFV 136.821 MWh/ano 2.261 MWh/ano Redução da energia gerada pela UTE com contribuição da UFV - 18,8% - 12,2% Redução de combustível com a UFV - 17,6 % - 10,8 % Participação da UFV na geração total 18,8 % 12,2 % Geração perdida da UFV 8,7 % 9,0 % 2.2 Viabilidade técnica O sistema fotovoltaico é passivo e alimenta apenas a quantidade de energia permitida (os períodos de controle são otimizados para que não ocorram oscilações na rede). Não há intervenção no controle da geração a diesel. O gerador diesel enxerga o sistema fotovoltaico apenas como "carga negativa" verdadeira, reduzindo o consumo de diesel. A potência máxima de saída do sistema fotovoltaico deve ser controlada de forma que uma reserva girante suficiente seja mantida sempre nos grupos geradores a fim de atender às variações na demanda e compensar instantaneamente perda de geração total da usina devido a uma redução momentânea de geração fotovoltaica, por exemplo, caso nuvens estejam sombreando momentaneamente o gerador fotovoltaico. Caso necessário, poderá haver uma redução da potência de saída, limitando-a ao valor máximo admissível a cada momento. O controle do sistema fotovoltaico é extremamente rápido. 2.3 Viabilidade econômica Para a análise de viabilidade econômica, o custo de investimento foi estimado na base dos valores praticados no mercado brasileiro para usinas fotovoltaicas. Foram considerados os custos dos materiais e serviços associados, acrescentado do custo de logística diferenciada relativo ao transporte fluvial dos materiais por 3.000 km em embarcações menores a partir das cidades de Manaus ou Belém, além dos demais custos como o desenvolvimento de projeto, aquisição do terreno em localidade remota e obra civil. Considerou-se um fluxo de caixa em um horizonte de 25 anos, compatível com a vida útil dos módulos fotovoltaico para avaliar o retorno dos projetos pós-impostos. Os resultados do estudo demonstraram que a amortização do investimento do gerador fotovoltaico é de apenas 6,5 anos para o cenário da Região Norte do Brasil, dado o custo do combustível na data de realização do estudo (março/2014) a R$2,30 por litro e uma inflação anual sobre o preço do combustível de 5% ao ano. Assim, dado que vida útil de 5 sistemas fotovoltaicos é de no mínimo 25 anos, chegando a 35 anos apresentando 80% de sua capacidade inicial, pode-se inferir que um sistema fotovoltaico integrado em um sistema híbrido poderia gerar um retorno de 5 a 6 vezes o seu investimento ao longo da sua vida útil. A Tabela 2 seguinte apresenta um resumo das premissas adotadas e resultados desse estudo. Tabela 2: Premissas e resultado do estudo econômico-financeiro. Capacidade Instalada Participação FV / redução de consumo de combustível CAPEX (R$ milhões) O&M (% CAPEX a.a.) Custo do combustível (mar/14) Custo evitado pela geração FV TIR do acionista pós-imposto Localidade 1 18,14 MWp Localidade 2 0,204 MWp 18,8% / 17,6% 12,2 % / 10,8% 127,08 2,50 % R$ 2,30 R$667,00/ MWh 20,7 % 1,65 1,50 % R$ 2,30 R$713,00/ MWh 14,6 % 3.Aplicação das turbinas hidro-cinéticas para geração de eletricidade em comunidades remotas As turbinas hidrocinéticas podem representar uma importante fonte de geração de eletricidade no Brasil, principalmente na geração de eletricidade para cargas não atendidas pela rede elétrica convencional, onde os recursos hídricos locais atendem aos requisitos de projeto destas turbinas. Dentro deste contexto, a utilização das turbinas hidrocinéticas no atendimento da demanda elétrica dos sistemas isolados e principalmente das comunidades ribeirinhas da Amazônia, pode representar a melhor alternativa tecnológica para produção de eletricidade. Tendo em vista o amadurecimento tecnológico das turbinas hidrocinéticas no Brasil e o grande potencial de aplicação deste tipo de tecnologia no programa “Luz para Todos”, a Eletrobras realizou estudos para identificar localidades com potencial para implantação de turbinas hidrocinéticas do tipo bulbo e elaboração do projeto de implantação deste tipo de sistema de geração hidráulica, visando o atendimento da carga de comunidades remotas do Amazonas. As turbinas hidrocinéticas podem ser aplicadas tanto em ambiente marinho quanto em rios e, no caso dos rios, são desenvolvidas para gerar energia elétrica através da vazão do rio, sem a necessidade da construção de barragens ou de condutos forçados, sendo composta apenas por um grupo gerador instalado no leito do rio. Diferentes modelos e aplicações de turbinas hidrocinéticas têm sido verificados em países como EUA (Johnson, 2010), Suécia (Grabbe, 2009), Austrália (Anyi, 2010) e África do Sul (Kusakana, 2013). Em (Geraldo, 2003) são elencados os principais desenvolvimentos realizados no Brasil sobre turbinas hidrocinéticas, destacando que a experiência de maior sucesso deu-se com o modelo desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília (UNB) e aprimorada a partir de projetos de P&D Aneel desenvolvidos entre a UNB e a Eletronorte, que resultaram na terceira geração desta turbina (Brasil Junior, 2007). 6 Os estudos para implantação da tecnologia de geração hidrocinética procuraram avaliar as melhores opções tecnológicas disponíveis no mercado brasileiro e a melhor configuração para implantação desta tecnologia. Assim, dois modelos de turbinas hidrocinéticas foram avaliadas, no caso a turbina Geração 3 (G3) da UNB\Eletronorte e a turbina hidrocinética produzida pela empresa alemã Smart Hydro Power (http://www.smarthydro.de/). A turbina da Smart Hydro Power apresenta potências de geração entre 250 e 5.000 W, gerando com fluxo mínimo do rio de 1,0 m/s e profundidade mínima de 1,8 m (http://www.smart-hydro.de/pt/produkt/caracteristicas-fluviais.html). Nos estudos e dimensionamentos realizados neste trabalho, para a turbina G3 trabalhou-se com uma capacidade de geração unitária igual a 680 W, enquanto para a turbina da Smart Hydro Power considerou-se uma potência unitária de 2.500 W. 3.1 Seleção das Comunidades Remotas A seleção das potenciais comunidades remotas para a instalação do sistema de geração por turbinas hidrocinéticas considerou seguintes critérios: Estar nas proximidades de um local onde haja rio com correnteza, cuja profundidade seja mínima de 2,8 m no pior período sazonal. As características do rio (sua largura e profundidade) fornecerão dados significativos para o cálculo da velocidade e vazão; A identificação de alguns indicadores socioeconômicos, como a quantidade de escolas, postos de saúde e outros serviços sociais que o município ofereça à comunidade, que determinarão a prioridade dessa comunidade em ser atendida pelo sistema de geração. A topografia e o tipo de relevo da área, para análise da declividade do terreno; A concentração das moradias, de modo a facilitar a implantação da rede de distribuição, reduzindo os custos de implantação e manutenção. Como objeto de estudo, a seleção das comunidades isoladas partiu de dois municípios do Amazonas, Apuí e São Gabriel da Cachoeira. Os levantamentos no município de Apuí não foram bem sucedidos. No município de São Gabriel da Cachoeira foi possível identificar comunidades pouco afetadas pelas enchentes dos rios locais e com potencial para efetuar os levantamentos com a medição da velocidade e profundidade do rio. As comunidades de Tunuí e Cumatí, que margeiam os rios Içana e Xié respectivamente, mostraram-se aptas para a realização do levantamento do potencial energético dos seus rios. A comunidade de Tunuí possui uma estrutura melhor que a de Cumatí, e conseqüentemente uma maior demanda por eletricidade. Em Tunuí são verificadas 46 casas, 1 centro comunitário, 2 escolas, 1 posto de saúde e uma capela batista. A Tabela 3 mostra o resultado das medições efetuadas no Rio Içana e Xié, nos pontos definidos como prováveis pontos de conexão da geração hidrocinética à rede de abastecimento de energia elétrica das comunidades de Tunuí e Cumatí, respectivamente. As medições foram realizadas empregando um molinete fluviométrico, ecobatímetro, GPS e trena de fibra com 100 metros de comprimento. A velocidade média, dada na última coluna da Tabela 3, foi calculada mediante a aplicação da equação do molinete (Almeida Junior, 2010). 7 Tabela 3: Dados da velocidade do rio Xié e Içana em diferentes pontos de medição. Rio Xié (Cumatí) DISTÂNCIA DO PONTO INICIAL (m) 50,00 57,50 65,00 PROFU NDIDA DE (m) ROTAÇÕES DO MOLINETE 0,2 h 0,6 h 1h 1,4 h VELOCIDADE CORRIGIDA PELA EQUAÇÃO DO MOBILETE (m/s) ROTAÇÕES (rps) 1,8 h 0,2 h - 4,00 120 118 140 141 124 4,00 - 5,00 261 241 236 279 0 8,70 - 4,50 230 242 250 0 0 7,67 0,6 h 1h 1,4 h 1,8 h 0,2 h 0,6 h 1h 1,4 h 1,8 3,93 4,67 4,70 4,13 1,09 1,07 1,27 1,28 8,03 7,87 9,30 2,36 2,18 2,13 2,52 8,07 8,33 2,08 2,19 2,26 1,13 Velocid ade MÉDIA 1,17 2,30 2,18 Rio Içana (Tunuí) DISTÂNCI A DO PONTO INICIAL b (m) PROFUND IDADE (m) 50,00 59,50 68,00 - 4,00 - 5,00 - 4,50 ROTAÇÕES DO MOLINETE 0,2 h 0,6 h 1h 1,4 h 212 230 231 246 267 229 309 306 360 386 363 368 VELOCIDADE CORRIGIDA PELA EQUAÇÃO DO MOBILETE (m/s) ROTAÇÕES (rps) 1,8 h 0,2 h 0,6 h 1h 1,4 h 0 0 0 7,1 8,9 12,0 7,7 7,7 8,2 7,6 10,3 10,2 12,9 12,1 12,3 1,8 h 0,2 h 0,6 h 1h 1,4 h - 1,9 2,4 3,2 2,1 2,1 3,5 2,1 2,8 3,3 2,2 2,8 1,8 h Velocid ade MÉDIA 2,1 2,5 3,3 A partir dos dados mostrados na Tabela 3, podemos afirmar que ambos os locais avaliados são apropriados para a instalação de turbinas hidrocinéticas, visto que os modelos de turbinas utilizadas como parâmetro para o projeto operam com velocidade do rio mínima de 1,5 m/s. 3.2 Elaboração de projeto para implantação das turbinas hidrocinéticas O sistema de geração hidrocinético estudado para ser implantado nas comunidades de Cumatí e Tunuí baseia-se nas curvas de geração de energia elétrica das turbinas hidrocinéticas Geração 3 e da turbina da Smart Hydro Power. As Figuras 2 e 3 ilustram, respectivamente, as turbinas hidrocinéticas Geração 3 da UNB\Eletronorte e a turbina da Smart Hydro Power, com as suas respectivas curvas de geração de potência ativa (P). Figura 2: Turbina Hidrocinética Geração 3 da UNB\Eletronorte e sua curva de geração. 8 Figura 3: Turbina Hidrocinética da Smart Hydro Power e sua curva de geração. Na Tabela 4 é apresentada a demanda de energia elétrica das comunidades de Tunuí e Cumatí, considerando um crescimento da carga em um horizonte de cinco anos, e o número mínimo de turbinas hidrocinéticas da Geração 3 necessárias para o atendimento da carga de ambas as comunidades. Para o caso da turbina hidrocinética da Smart Hydro Power, considerando a “Carga Projeto Referência”, seriam necessárias 12 turbinas para o atendimento da carga da comunidade de Tunuí e 4 turbinas para a comunidade de Cumatí. Tabela 4: Número mínimo de turbinas hidrocinéticas ao longo dos primeiros 5 anos. Carga Projeto Referência (24 horas) Situação após 1º ano Situação após 2º ano Situação após 3º ano Situação após 4º ano Situação após 5º ano MWh 0,06322 0,08621 0,10346 0,10863 0,11406 0,11977 Cumatí N° de Turbinas G3 13 17 20 21 22 23 MWh 0,23003 0,31368 0,37641 0,39523 0,41500 0,43574 Tunuí N° de Turbinas G3 43 58 69 73 76 80 Apresenta-se como solução para geração hidrocinética, sistemas puramente hidrocinético e sistema hidrocinético com acumuladores. Dentro deste contexto, realizou-se um estudo para definição de qual o modelo mais propício para implantação em ambas as comunidades. No estudo constatou-se que o pico da demanda de eletricidade ocorre no período das 18h às 22h, com a demanda fora do pico oscilando em torno de 23,54% da demanda no pico de carga. Com intuito de reduzir os custos com a implantação de turbinas e maximizar o aproveitamento da energia gerada, sugerese a associação de turbinas hidrocinéticas e acumuladores de energia elétrica. A Tabela 5 ilustra a configuração final do sistema de geração hidrocinética, para as duas comunidades, considerando a presença de acumuladores de energia e o modelo de turbina hidrocinética Geração 3 da UNB\ Eletronorte. 9 Tabela 5: Quantidade mínima de turbinas hidrocinéticas ao longo dos primeiros 5 anos, considerando a presença de acumuladores de energia. MWh MWh N° de Baterias N° de Baterias Carga Projeto (Cumatí) (Tunuí) Turbinas G3 (220 Ah) Turbinas G3 (220 Ah) Referência (24 horas) Situação após 1º ano Situação após 2º ano Situação após 3º ano Situação após 4º ano Situação após 5º ano 0,06322 0,08621 0,10346 0,10863 0,11406 0,11977 5 6 8 8 8 9 2 7 5 7 4 7 0,23003 0,31368 0,37641 0,39523 0,41500 0,43574 16 22 26 28 29 30 19 24 31 29 32 36 Os sistemas de geração propostos para as duas comunidades caracterizam-se por serem sistemas descentralizados com energia renovável e distribuição por Miniredes, que têm como constituintes principais: Um sistema de geração de energia formado por turbinas hidrocinéticas, com geração em uma tensão de 12 Vcc, em corrente-contínua, para cada turbina. Um sistema com acumuladores de energia, constituído por baterias, controladores e inversores. As baterias são do tipo chumbo-ácida selada, com capacidade mínima de 220 Ah e devem operar em temperaturas que variam de 25 a 50°C, com tensão nominal de 12 Vcc e eficiência de 95%. O controlador de carga deve disponibilizar 2,4 kW de potência ao sistema. Uma rede elétrica de distribuição em corrente alternada (CA) de baixa tensão (BT). Na Figura 4 está ilustrado o diagrama unifilar com o Sistema de Geração e o sistema de aquisição de dados. O Sistema de Geração deverá ser composto de blocos geradores, onde cada bloco gerador é composto de 1 (uma) turbina, 1 (um) controlador de carga, 1 (um) banco de baterias dimensionado em função da carga a ser atendida, e equipamentos para proteção e operação do sistema. Estes blocos geradores deverão ser interligados em paralelo em um mesmo barramento. Caso haja dificuldades técnicas para atender o paralelismo dos blocos geradores em um mesmo barramento, poderá ser instalada uma segunda barra, sem conexão elétrica com a primeira. As características técnicas das minirredes de atendimento das comunidades de Cumatí e Tunaí estão ilustradas na Tabela 6. Destaca-se uma maior minirrede para a comunidade de Tunuí em função da maior estrutura que esta apresenta em relação à comunidade de Cumatí. Tabela 6: Dados da Minirrede das duas comunidades. Minirrede Cumatí Tunuí Extensão (m) 497 1701 N° de Postes 7m 9m 0 20 2 59 Cabos Chave ParaAterramentos (mm2) seccionadora raios 70 6 6 6 95 17 9 9 10 Figura 4: Diagrama unifilar do sistema elétrico e do sistema de aquisição de dados da usina. 4. Projetos de Centros Comunitários de Produção (CCP) para comunidades remotas Os Centros Comunitários de Produção (CCP) são unidades produtivas comunitárias para o beneficiamento de produtos tais como farinha de mandioca, produção de leite, de doces, entre outros que representem uma vocação produtiva já existente na comunidade, a qual possa ser melhorada em termos de organização, mecanização e beneficiamento, através do recurso da energia elétrica e por meio do desenvolvimento de parcerias entre as comunidades, prefeituras, concessionárias de energia e outros agentes. Dentre os CCP dimensionados pela Eletrobras, os CCPs para o processamento de peixes frescos e produção de aves serão descritos abaixo. 4.1 Contextualização sobre os Centros Comunitários de Produção Pesquisas socioeconômicas realizadas nos domicílios beneficiados com o Programa Luz no Campo, entre os anos de 2000 a 2003, demonstraram que o governo estava atendendo ao objetivo de universalizar o acesso ao uso da energia aos domicílios (Eletrobras, 2005). Visando promover também o desenvolvimento econômico e produtivo das comunidades, foram criados nas mesmas os Centros Comunitários de Produção. Os primeiros CCPs foram desenvolvidos pelo MME e após, outras instituições começaram o mesmo trabalho, como a Eletrobras. Os primeiros CCP´s foram desenvolvidos com a utilização de energia convencional provida pelas redes de distribuição, em parcerias com as comunidades, prefeituras, concessionárias entre outros agentes. Para as comunidades remotas, localizadas no Sistema Isolado, onde ainda não existe a previsão de acesso à energia convencional, foram realizados estudos para o desenvolvimento de Centros Comunitários com uso de fontes renováveis da geração de energia. Desta forma, serão abaixo descritos exemplos de projetos de CCP com geração de eletricidade a partir da fonte solar fotovoltaica e sistema híbrido solar fotovoltaico/térmico diesel. 11 4.2 Centros Comunitários de Produção para o processamento de peixe fresco O projeto foi desenvolvido para o atendimento de uma unidade de processamento de peixe fresco, utilizando a tecnologia solar fotovoltaica para a geração de eletricidade. A concepção da unidade produtiva considerou o suporte necessário para que o produto seja conservado com gelo durante o transporte até o local de entrega e venda do mesmo, não se levando em conta o processamento do pescado congelado, pois isso envolveria uma estrutura de equipamentos mais complexa de se manter e operar em comunidades de difícil acesso. O processamento do peixe fresco envolve as seguintes etapas: transporte ao entreposto do pescado; depuração; recepção; seleção e classificação; evisceração; lavagem; embalagem/pesagem e expedição. Nos estudos realizados para a concepção da unidade produtiva, fez-se um levantamento dos equipamentos mais eficientes para serem utilizados no processo produtivo, resultando na Tabela 7, que mostra a potência e o consumo individual de cada equipamento. Tabela 7: Consumo de referência dos equipamentos dimensionados para o CCP. Equipamento Produção/capacidade Potência nominal (W) Wh/dia kWh/mês Máquina de gelo 150 kg/dia 2.700 17.357 521 Congelador 293 litros 315 1.523 46 Motobomba 2000 l/dia 450 1.800 54 Iluminação 10x16 W x 6h/dia 160 960 29 Tomadas diversas 800 W x 2,5 h/dia 800 2.000 60 Total 4.425 23.640 709 A alternativa solar fotovoltaica mostrou-se como a mais adequada para produção de eletricidade para o processo produtivo do CCP. Foi incluído no sistema de geração um moto-gerador a diesel, que deverá ser integrado com o fim de proporcionar uma complementação ao sistema fotovoltaico nos períodos de baixa insolação prolongada ou nos períodos de demanda elétrica excepcionalmente elevada. Na Figura 5 esta ilustrada o diagrama do sistema elétrico dimensionado para o CCP para o processamento de peixe fresco. Figura 5: Diagrama do sistema de geração para o CCP para processamento de peixe fresco. 12 4.3 Centros Comunitários de Produção de Aves O Centro Comunitário de Produção de aves foi desenvolvido com o intuito de garantir a segurança alimentar de uma comunidade indígena no interior do Acre, devido à diminuição da vida animal selvagem em sua reserva. Para o atendimento da carga elétrica deste CCP foi dimensionado um sistema de geração solar fotovoltaica considerando uma carga predominantemente noturna e composta por motores elétricos. Dentre as premissas do estudo, considerou-se para avaliação de potencial energético do recurso solar (irradiação) pesquisa nos principais bancos de dados meteorológicos. Foi feita uma análise da demanda elétrica do aviário, composta por equipamentos que devem entrar em operação diariamente em horário regular e equipamentos com disponibilidade de operação a qualquer horário do dia, em razão da disponibilidade energética. A demanda é composta por carga primária e secundária, onde a primeira é composta pelas cargas essenciais, que devem ser atendidas de imediato, havendo ou não geração pela fonte renovável, correspondendo à chocadeira, lâmpadas para aquecimento e para iluminação. A curva de carga adiável é composta pelas cargas que podem ter as suas entradas adiadas até um limite máximo de tempo, enquanto aguardam o restabelecimento da geração de energia pela fonte renovável. A carga adiável é composta por um sistema de abastecimento hidráulico e moenda proporcionada pelo uso de um DPM (Desintegrador, Moedor, Picador), acoplado a um motor elétrico. O projeto teve como desafio, garantir a partida segura dos motores que compõem a carga. Na Tabela 8 é dada a carga total, a carga primária e a adiável, bem como o seu consumo médio em diferentes horizontes. Tabela 8: Demanda de energia elétrica por horizonte de tempo e potência máxima do aviário. Unidade Carga Total Carga Primária Carga Adiável kWh diário 8,34 kWh mensal 254 kWh anual 3045 Potência (W) 3021 7,64 232 2789 410 0,70 21 256 2611 O estudo de dimensionamento considerou as características técnicas dos dispositivos a serem utilizados, como a eficiência e o auto consumo dos módulos, dos inversores, dos controladores, da bateria, dos dispositivos de proteção e demais componentes da instalação. Também se avaliou o comportamento do sistema fotovoltaico de geração de energia elétrica frente a partida dos motores elétricos acoplados ao DPM. Considerando uma autonomia de atendimento do sistema de até dois dias sem o insumo solar e obtendo informações por meio de simulações computacionais, foi possível atender à carga primária, suscetível a pequenas variações. A carga adiável pode ser operada por um período maior que o dimensionado, desde que a geração pela fonte renovável seja suficiente para garantir o consumo da carga e a recarga do banco de baterias. A Figura 6 mostra a configuração final do sistema projetado para o CCP do aviário. 13 Figura 6: Configuração do sistema para geração de eletricidade do CCP de aves. 4.Conclusão Este artigo procurou apresentar soluções tecnológicas para geração de eletricidade nos Sistemas Isolados e em suas comunidades remotas, de forma a atender plenamente os objetivos de universalização da energia elétrica no Brasil, previstos na Constituição, e promovendo assim uma maior inserção social dos moradores destas regiões. Um dos estudos apresentando neste artigo abordou a hibridização da geração térmica presente nos Sistemas Isolados, pela inserção de energia solar fotovoltaica, demonstrando-se as características principais e a viabilidade técnica e econômica desse tipo de projeto. Uma vez que os Sistemas Isolados da Região Norte do Brasil têm uma perspectiva de permanecer ainda por muito tempo sem o atendimento pelo SIN, isso representa um mercado potencial para hibridização através de geração fotovoltaica que poderia vir a ser explorado, da ordem de 500 MWp. Além dos resultados ambientais esperados com a redução do consumo de óleo diesel pela inserção da FRE, o resultado econômico será significativo para o país. As pesquisas realizadas sobre a aplicação das turbinas hidrocinéticas no atendimento de comunidades remotas do Amazonas mostrou-se também tecnicamente viável. Um estudo com os custos associados à implantação e operação deste tipo tecnologia também foi realizado, apesar de não ser descrito neste trabalho, mas conduzem a resultados que também atestam a viabilidade de implantação deste tipo de geração. Um grande problema hoje existente com as turbinas hidrocinéticas, esta na ausência de fornecedores no Brasil deste equipamento. Vale ressaltar que a turbina nacional avaliada no projeto não é comercializada em escala, podendo ainda ser considerado como um equipamento cabeça-de-série. Sobre os projetos dos Centros Comunitários de Produção vale ressaltar que existem inúmeras comunidades remotas com vocação produtiva a ser explorada através dos CCP´s nos Sistemas Isolados, podendo resultar em novas modelagens de CCP´s, utilizando outras fontes renováveis para geração de eletricidade, diferentes da solar fotovoltaica. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alvarenga, C. A., “Estudos de Unidade Modular Para a Conservação de Alimentos em Áreas Isoladas”, Relatório Técnico Eletrobras / IICA, N° 02/04, Rio de Janeiro, 2013. Anyi, M., Kirke, B., “Evaluation of small axial flow hydrokinetic turbines for remote communities”, Elsevier Science Ltd, February, 2010. Brasil Junior, A. C., Van Els, R., Salomon, L. R., Oliveira, T., Rodrigues, A. P., & Ferreira, W. O.; “Turbina Hidrocinética Geração 3”, IV CITENEL, Araxá-MG, 2007. 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