O pecado original da cópia
Transcrição
O pecado original da cópia
O pecado original da cópia por Manoel Müller Neste momento, o trade dress de sua embalagem pode estar sendo copiado pelo concorrente. Não perca tempo: proteja seus originais e previna-se da concorrência desleal. T odos os dias, Google, Yahoo, Linkedin, Facebook, Instagram, Tweeter, Pinterest, YouTube, Vimeo e outros milhares de sites, programas e aplicativos permitem a milhões de usuários criarem e postarem bilhões de textos, imagens, símbolos, desenhos, rabiscos, ou o que for, que são acessados e compartilhados por outros tantos bilhões de consumidores de maneira frenética e obsessiva. Concordo com o ditado popular “coincidências não existem”, mas diante de tanto compartilhamento pela internet, não é improvável que o rótulo de sua embalagem, ou a mesmo a sua marca, contenha alguma semelhança com outro rótulo ou com alguma outra marca criados na aldeia global. Isto acontece com qualquer tipo de empresa em qualquer lugar do planeta e a tendência é que estas tais “coincidências” aumentem. Por outro lado, há um grande número de empresários “espertos” que, deliberadamente, copiam embalagens e marcas bem-sucedidas do mercado. Não estamos falando de falsificadores ou contrabandistas, criminosos objetos de ação policial, mas, sim, de empresários que pirateiam o conjunto-imagem de uma embalagem e, com isso, intencionalmente levam o consumidor a equívoco na decisão de compra, caracterizando a chamada concorrência desleal. Regra geral, estes empresários “espertos” justificam seu estelionato estético com pérolas da cultura do “jeitinho”, como por exemplo, “se os chineses copiam, por que não eu”; ou ainda “é só dar uma mexidinha no desenho que já não é cópia”; e, por fim, o pior de todos, “a proteção legal de marcas e patentes não vale nada ”. Sob todo e qualquer aspecto, a prática de concorrência desleal por cópia intencional de marcas e embalagens destrói as relações de confiança do mercado, inibem a tão necessária atitude empreendedora e zombam dos consumidores brasileiros que, na sua ingenuidade e falta de informação, acabam comprando “gato por lebre”. Mas há alternativas para sua empresa investir e proteger suas criações originais. Veja a seguir três dicas que a experiência como gestor e designer me ensinou e agora compartilho com vocês. 3 Dicas para criar e proteger sua originalidade 1- Acredite na inovação Desenvolver uma embalagem original, diferenciada e plena em suas funções não é tarefa fácil. Mas os resultados, em geral, são virtuosos pois as vendas sobem, a visibilidade da marca aumenta e os reflexos no ambiente de negócios e na reputação da própria empresa são positivos. E mais: uma embalagem original bem projetada, com design inovador, é muito difícil ou mesmo impossível de ser copiada. 2 - Contrate um especialista O advogado ou agente de propriedade intelectual deve participar logo nos primeiros passos do projeto de criação da embalagem ou da marca. O tempo e dinheiro que se investe nas buscas e anterioridades são um seguro para evitar problemas mais tarde. 3 - Originalidade é capital As proteções legais das criações são ativos contábeis intangíveis que valorizam a empresa e o patrimônio dos acionistas. Por isso, dê muita atenção e tome bastante cuidado com os contratos de cessão de direitos, acordos de confidencialidade, etc. Para cada processo de criação crie a memória do projeto, com making off, rascunhos, croquis, mock-ups, fotos, textos e tudo que possa documentar o trabalho que foi feito. E lembre-se: a tentação da cópia pode colocar em risco a reputação e o futuro da empresa. Já a originalidade pode render doces frutos e deve ser protegida.