Nova Lima DIAGNÓSTICO
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Nova Lima DIAGNÓSTICO
JORGE WILHEIM CONSULTORES ASSOCIADOS Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal de Nova Lima - MG DIAGNÓSTICO Fevereiro 2006 ÍNDICE Apresentação....................................................................................................... 1 1. Introdução....................................................................................................... 3 2. Inserção Regional........................................................................................... 6 3. Meios Físico e Biótico..................................................................................... 9 3.1. Meio Físico........................................................................................................ 10 3.1.1. Relevo, Geologia e Geomorfologia 3.1.2. Recursos Hídricos e Mananciais a) Uso das Águas b) Proteção aos Mananciais e Qualidade das Águas c) Águas Subterrâneas e Recarga de aqüíferos em Nova Lima 3.1.3. Recursos Minerais a) Passivos ambientais da mineração 3.2. Meio Biótico....................................................................................................... 35 3.2.1. Procedimentos Metodológicos 3.2.2. Diagnóstico da Cobertura Vegetal a) Cobertura vegetal – inserção regional b) Cobertura vegetal – aspectos locais 3.3. Elementos Físicos e Bióticos para análise ambiental......................................... 52 3.4. Sistema de Gestão Ambiental Municipal............................................................. 55 4. Meio Antrópico................................................................................................ 56 4.1. Dinâmica Demográfica...................................................................................... 57 4.2. Perfil da População no Município de Nova Lima............................................... 61 4.2.1. Perfil demográfico 4.2.2. Perfil da renda 4.3. Estrutura Urbana............................................................................................... 68 4.4. Estrutura Urbana Legal: Perímetro Urbano, Zoneamento e Macrozoneamento............................................................................................. 82 4.5. Sistema Viário e Principais acessos................................................................. 84 4.6. Serviços Públicos................................................................................................ 88 4.6.1. Abastecimento de Água 4.6.2. Esgotamento sanitário 4.6.3. Drenagem e águas pluviais 4.6.4. Disposição do Lixo e Limpeza Pública 4.6.5. Educação 4.6.6. Habitação 4.6.7. Saúde 4.6.8. Cultura 4.6.9. Lazer e Esportes 4.7. Turismo................................................................................................................ PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 106 5. Administração Municipal......................................................................................... 107 5.1. Estrutura Administrativa e Políticas Setoriais.................................................... 108 5.1.1. perfil Econômico e social de Nova Lima a) IDH, IDH-M e IDI: os novos índices de desenvolvimento 5.1.2. Perfil econômico 5.1.3. Estrutura das receitas orçamentárias de Nova Lima 6. Conclusão................................................................................................................... 119 7. Bibliografia........................................................................................................ 124 a) Publicações b) Legislação c) Artigos d) Sites Índice de Figuras 1 – Vista em perspectiva da mancha urbana de Belo Horizonte e Nova Lima 7 2 - Região Metropolitana de Belo Horizonte e principais acessos 8 3 – Hipsometria e Sub-Bacias do Rio das Velhas 11 4 – Geomorfologia e Unidades Litoestatigráficas 12 5 – Caracterização Morfoestrutural 15 6 – Pontos de Captação e Contribuição para Abastecimento da Região Metropolitana de BH 19 7 – Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos São Francisco 5 27 8 – Sub-bacias do Rio das Velhas 29 9 – Áreas da Mineração 34 10 – Limite Físico da APA Sul e Municípios englobados 47 11 - Unidades de Conservação 51 12 – Grande Anfiteatro em Arco 54 13 – Saldo da Mobilidade Intermetropolitana no Município de BH 59 14 – Taxa Geométrica de Crescimento Anual em BH 59 15 – Dinâmica Demográfica 60 16 – Número Absoluto de residentes por setor censitário 63 17 – Porcentagem de adultos, adolescentes e crianças por setor censitário 64 18 – Renda dos responsáveis pelos domicílios por faixa 65 19 – Mapa Histórico de Nova Lima 68 20 – Caracterização da Ocupação Urbana 69 21 – Uso e Ocupação do Solo 72 22 - Mancha da urbanização de Belo Horizonte e Nova Lima 74 23 – Áreas Urbanizadas 77 24 - Crescimento da ocupação do lote 80 25 –Sede Municipal: Sistema Viário e Acessos 86 26 – Sistema de Transporte Coletivo Projetado para a Sede 87 27 – Porcentagem de residências abastecidas pela rede geral de água por setor censitário 88 28 – Porcentagem de residências atendidas pela rede de esgoto por setor censitário 89 29 – Porcentagem de residências atendidas pela coleta de lixo por setor censitário 91 PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 30 – Infra-estrutura sanitária básica 92 31 - Porcentagem de pessoas não alfabetizadas em idade escolar por setor censitário 93 32 – Estrada Real 102 33 – Organograma da Administração Regional 110 Índice de Tabelas A – Sistemas de abastecimento de água operados pela COPASA 18 B – Pontos de Captação segundo os Aqüíferos 20 C – Usinas Hidrelétricas da Mineração Morro Velho 23 D - Qualidade da Água em Nova Lima 26 E – Remanescentes Florestais 41 F – Participação dos Municípios na APA Sul 48 H – Residentes da RMBH que trabalham em outros municípios 58 I – Residentes e idade 61 J – Percentagem de adolescentes do sexo feminino entre 15 e 17 anos de idade com filho 62 K – Domicílios particulares permanentes de Nova Lima Censo 2000 com divisão territorial 2001 62 L – Relação População e Renda 67 M – Matrícula inicial na creche, na pré-escola, no ensino fundamental e no ensino médio – Nova Lima – MG, 2004 94 N – Matrícula inicial na creche, na pré-escola, no ensino fundamental e no ensino médio – Nova Lima – MG, 2005 95 O – Equipamentos Escolares 96 P – Porcentagem de crianças fora da escola 96 Q – Número médio de anos de estudo das pessoas de 25 anos de idade ou mais (nova tecnologia) 96 R – Taxa de alfabetização (%) da população residente de 10 anos ou mais de idade (2000) 97 S – Percentual de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade 97 T – Estabelecimentos de Saúde no Município de Nova Lima 99 U – IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) 2000 112 V – Índice de Desenvolvimento Infantil 113 W – PIB per capita de Nova Lima 113 X – Evolução do PIB de Minas Gerais e Nova Lima (em R$) 113 Y – Crescimento do número de empresas de Nova Lima por atividade 114 Z – Estrutura das receitas orçamentárias do município de Nova Lima 117 A´ - Evolução das receitas correntes líquidas de Nova Lima 118 Índice de Gráficos Gráfico I – Comparativo da ocorrência do índice de qualidade de água médio anual em Minas Gerais e por bacia hidrográfica em 2001 25 Gráfico II – Comparativo da ocorrência da contaminação por tóxicos em Minas Gerais e por bacias hidrográficas em 2001 PDDM de NOVA LIMA 25 DIAGNÓSTICO Anexo - Mapas temáticos Mapa 1 – Uso da Terra esc.: 1:75.000 Mapa 2 – Elementos Físicos e Bióticos Significativos esc.: 1:75.000 Mapa 3 – Macrozoneamento e Zoneamento esc.: 1:25.000 Mapa 4 – Uso do Solo Urbano esc.: 1:75.000 Mapa 5 – Uso do Solo Urbano esc.: 1:25.000 Mapa 6 – Infra-estrutura e Equipamentos – Sede esc.: 1:25.000 Mapa 7 – Potencial Turístico esc.: 1:75.000 Mapa 8 – Potencial Turístico esc.: 1:25.000 Mapa 9 - Grandes Projetos esc.: 1:25.000 Mapa 10 – Tendências de urbanização esc.: 1:75.000 PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO APRESENTAÇÃO PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 1 O Diagnóstico do Município de Nova Lima, instrumento essencial para o desenvolvimento do seu Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal, constitui esse documento, escrito em sete capítulos. O primeiro introduz o tema, mostrando de maneira sintética a abordagem e a metodologia geral adotada para o desenvolvimento do Diagnóstico municipal. O Capítulo 2, Inserção Regional, procura contextualizar o município na Região Metropolitana de Belo Horizonte, de maneira a mostrar as importantes relações regionais. O Capítulo 3, Meios Físico e Biótico, apresenta uma análise do relevo, da geologia, dos recursos hídricos e da cobertura vegetal. Finalizando o capítulo, é feita uma síntese sobre os elementos de vulnerabilidade ambiental que deverão ser observados nas propostas para o plano. O Meio Antrópico, objeto do quarto capítulo, fornece os elementos urbanos para o conhecimento mais aprofundado do município. Assim, são levantadas e analisadas informações sobre a dinâmica demográfica, o perfil da população com parâmetros sociais e a estrutura física e legal existentes nas áreas urbanizadas. Procuramos salientar os elementos de potencial desenvolvimento já nessa leitura do território, apontando algumas tendências que darão um norte para as propostas, que serão desenvolvidas na próxima etapa deste trabalho. A administração municipal, apresentada no capítulo seguinte, trata da estrutura administrativa e do perfil econômico municipal. Esse conhecimento é fundamental para o projeto de cidade. Assim, o capítulo de Conclusão, abre a discussão sobre qual é o projeto de cidade que se quer para Nova Lima. O último capítulo, mostra a bibliografia consultada para o estudo. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 2 1. INTRODUÇÃO PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 3 O município de Nova Lima, de considerável extensão (429km²), é coberto em grande parte por extensas matas originais ou em regeneração e por campos de altitude e apresenta uma topografia muito acidentada, determinando restrições nem sempre acatadas pela atual ocupação do solo. A sede do município é fortemente caracterizada pela topografia, gerando um sistema viário forçosamente tortuoso e de elevada declividade, acarretando problemas de drenagem e dificuldades ao trânsito, e propiciando, por outro lado, esplêndidas visuais nem sempre usufruídas. O território do município constitui, por outro lado, um importante manancial de água 70% da água utilizada por Belo Horizonte é captada em Nova Lima, no rio das Velhas e em seus numerosos afluentes. Assim, a característica física do município não se limita à beleza de sua paisagem verde, mas deve também ser entendida como manancial de suma importância, a ser preservado. A situação fundiária apresenta atualmente alto dinamismo. Com efeito, cerca de 50% do território municipal constitui-se de propriedades de duas companhias de mineração, a AnglogoldAshanti (antiga Companhia Morro Velho), e a MBR-Minerações Brasileiras Reunidas. O processo da mineração deixou áreas degradadas, que necessitam de recuperação e passam, aos poucos a fazer parte de projetos de parcelamento ou outros usos de caráter urbanos. Nesse sentido, também deve ser observada a expansão imobiliária de Belo Horizonte sobre Nova Lima, em ritmo bastante acelerado, por corresponder a uma demanda habitacional e de serviços do setor de mais alta renda na Capital. Com efeito, na divisa dos dois municípios se implantou um bairro denso, denominado Belvedere, cuja densidade de edifícios residenciais e comerciais já antecipa dificuldades viárias e congestionamento. O Município de Nova Lima sofre, portanto, forte pressão exógena sobre a qual tem escasso poder de controle e à qual deverá responder mediante um Plano Diretor e uma legislação urbanística adequada, de molde a converter a pressão em fator controlado e sustentável de desenvolvimento e positivo para a qualidade de vida de seus cidadãos. Os empreendimentos já lançados, em fase de implantação ou em projeto, embora escondendo o fato de se localizarem no município vizinho ao de Belo Horizonte, já ocupam diversas áreas de tamanho considerável, exigindo, por parte da Prefeitura, uma criteriosa política e legislação de uso do solo, as quais serão propostos pelo Plano Diretor na próxima etapa. Outro fator exógeno e determinante é a existência da BR-040 (Belo Horizonte-Rio de Janeiro) que corta o município na direção norte-sul, já tendo gerado algumas aglomerações ao longo dela, como o mais antigo Jardim Canadá, de crescimento acelerado e problemático, por situar-se sobre lençol freático e solo que resulta em constantes inundações de boa parte deste setor. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 4 O Alphaville implantou um loteamento na Lagoa dos Ingleses no entroncamento da BR-040 com a BR-356, que demanda Ouro Preto. De maneira geral, os empreendimentos ao longo da BR-040 atendem ao mercado e a funções mais ligadas a Belo Horizonte do que a Nova Lima, constituindo um desafio administrativo e viário. Os levantamentos foram realizado a partir de visitas de campo, entrevistas com as diversas secretarias municipais e com os responsáveis de órgãos estaduais, como o COPAM e a FEAM entre outros. Cumpre também dizer que, na cidade, realizou-se uma Conferência da Cidade1, da qual tivemos a oportunidade de participar, em que a população, bem representada, debateu os problemas emergentes e hipóteses de futuro desenvolvimento do Município. A participação do Grupo Executivo na revisão do texto preliminar, suas diversas contribuições, o secretariado, os vereadores e o Grupo de Acompanhamento Local tiveram um importante papel nessa primeira leitura do território novalimense, assim como a realização da primeira audiência pública em 3 de dezembro de 2005, realizada na Câmara Municipal com a intensa participação da população. À luz das observações acima, Nova Lima se encontra face a uma encruzilhada bastante dramática: ou aproveita os elementos positivos de fortes fatores exógenos em benefício de sua população e do seu desenvolvimento local, ou assistirá a uma ocupação desregrada que porá em risco sua paisagem, seus valores tradicionais, sua água, pondo a perder as oportunidades novas que são igualmente previsíveis. 1 A Conferência da Cidade de Nova Lima realizou-se nos dias 22 e 23 de Julho de 2005 PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 5 2. INSERÇÃO REGIONAL PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 6 O Município de Nova Lima, com área total de 427,7 km² segundo o IBGE, está inserido na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, ao sul da capital. Localiza-se na Zona Metalúrgica de Minas Gerais, no Quadrilátero Ferrífero e faz parte da APA Sul de Belo Horizonte, a ser regulamentada. É importante notar que Nova Lima, embora estando ao lado da Região Metropolitana teve uma ocupação urbana até o momento “controlada”, contudo a pressão da metrópole se faz sentir, como mostra a Figura 1 a seguir. Assim, a leitura do município deverá levar em conta sua situação em relação a RMBH, considerando a forte influência metropolitana. Figura 1 – Vista em perspectiva da mancha urbana de Belo Horizonte e Nova Lima Fonte: Google Earth. Google, 2005. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 7 Os principais acessos a Nova Lima são a BR-040, que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro e atravessa longitudinalmente o município; a MG-356 que tem início na BR-040 e liga a região à Ouro Preto e finalmente a MG-030, principal acesso à sede municipal, e ligação com Rio Acima. A proximidade com Belo Horizonte (15km de sede a sede) permite um acesso rápido de Nova Lima aos aeroportos de Pampulha (com pouca atividade de vôos no momento) e o principal aeroporto regional, Confins (a 1h de distância), como mostra a Figura 2 a seguir. A Ferrovia do Aço, principal sistema de transporte dos produtos minerais para exportação, foi desativada. Apenas alguns trechos da ferrovia para transporte de passageiros continua funcionando com caráter mais turístico nos municípios limítrofes a Nova Lima Esse quadro regional insere Nova Lima num sistema integrado de acesso aos principais pólos econômicos do país e a atividades vinculadas a exportação. Figura 2 – Região Metropolitana de Belo Horizonte e Principais Acessos Fonte: IBGE, 2005. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 8 3. MEIOS FÍSICO E BIÓTICO PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 9 3.1. Meio Físico 3.1.1. Relevo, Geologia e Geomorfologia Na região de Nova Lima situada ao Sul da cidade de Belo Horizonte, no Quadrilátero Ferrífero, as características geológicas - sua estrutura, litologia e formações superficiais - constituem fator relevante na dinâmica da produção de água no Alto Rio das Velhas, na peculiar configuração geomorfológica e paisagística e na grande importância econômica dessas formações, dada por suas riquezas minerais, em Ferro, Ouro e Manganês. Quanto ao contexto geotectônico, a região posicionase na borda sul do Cráton de São Francisco. Ali, afloram rochas do Complexo Ortognáissico de seqüência vulcanossedimentar, do tipo greenstone belt arqueana, o Supergrupo Rio das Velhas. Nessa região, estudos indicam uma evolução policíclica, em pelo menos três eventos de deformação: Rio das Velhas, Transamazônico e Brasiliano. Assim sendo, a complexidade estrutural e litológica condiciona, nessa região, formas de relevo com marcante controle estrutural. Os processos morfoclimáticos atuantes nesse quadro lito-estrutural peculiar resultam em exuberante configuração geomorfológica. Formas abruptas de dissecação nas escarpas e cristas das serras e, suavidade dos topos aplainados e patamares escalonados nas superfícies interplanálticas como mostra a Figura 4 – Geomorfologia e Unidades Litoestratigráficas. Três Unidades Morfoestruturais compõem o conjunto paisagístico da região de Nova Lima: - A Crista Monoclinal da Serra do Curral; - O Vale Anticlinal do Alto Rio das Velhas; e, - O Platô da Sinclinal Moeda. As seqüências hipsométricas (Fig. 3 – Hipsometria e Sub-Bacias do Rio das Velhas) e a disposição das sub-bacias (ver Fig. 8 – Sub-bacias, adiante) expressam o grande arco formado pela Monoclinal da Serras do Curral e Platô da Sinclinal da Moeda delimitando o Vale Anticlinal do Alto Rio das Velhas. Esta unidade geomorfológica se apresenta tanto do ponto de vista morfológico quanto topográfico como uma extensa depressão periférica. Essa interessante composição paisagística traduz aspectos ecológicos, muito importantes, que precisam estar considerados numa proposta de sustentabilidade entre a ocupação social e econômica do território e o equilíbrio dos processos naturais. Nesse sentido destacamos os fatores hidrogeológicos, o equilíbrio morfogenético das vertentes, a dinâmica dos corredores biológicos e os processos físicos e bióticos que propiciam a produção de água. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 10 Na unidade morfoestrutural Crista Monoclinal da Serra do Curral, com altitudes médias de 1.200 metros e pontos com 1.450 metros no alinhamento principal das cristas, observa-se uma morfologia de topos aplainados alternados por escarpas numa extensa composição de relevo serrano, como pode ser observado na foto a seguir. As terras altas e a configuração da paisagem de serra são muito atrativas ao assentamento urbano, na modalidade de condomínios residenciais. À DIREITA VÊ-SE O VALE DO SERENO E À ESQUERDA O EIXO DA MG-030 Nessa área norte e noroeste do município predominam a formação Gandarela e Cercadinho e, especialmente, a formação Cauê, onde estão as grandes ocorrências de mineralizações de ferro e, portanto, os grandes empreendimentos mineiros. A formação Taboões, a formação Barreiros e a formação Moeda ocorrem em grandes extensões nessa unidade geomorfológica com quartzitos, quartzitos de grande resistência ao intemperismo sustentando relevos em altitudes de até 2.000 metros. Os filitos dessas formações são sujeitos a escorregamentos e movimentos em cree, como mostra a Figura 4 – Geomorfologia e Unidades Litoestratigráficas, apresentada anteriormente. A Unidade morfoestrutural PLATÔ Sinclinal da Moeda é composta pelas abas externas e o platô do interior da sinclinal. As abas da sinclinal estão nas altitudes de 1.500 e 1.600 metros sendo sustentadas pelos quartzitos da formação Moeda e itabiritos da formação Cauê. Apresentam amplitudes topográficas muito expressivas – 400 metros - nas escarpas e nas vertentes muito íngremes, essas feições de relevo são conhecidas como serra da Moeda e serra do Itabirito. É interessante registrar que a aba oeste da sinclinal é o divisor de águas entre as bacias do rio Das Velhas e Paraopeba. Entre o topo das abas da sinclinal, capeadas por canga, e o interior colinoso do platô, observase de um degrau de 100 a 150 metros. Aí estão vertentes com declives entre 30º e 50°. No platô o PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 13 modelado é colinoso com topos e patamares amplos e formas predominantemente convexas em altitudes de 1.200 a 1.300 metros. Nessa área oeste do município, na formações Gandarela e Cercadinho e, especialmente, na formação Cauê, estão as grandes ocorrências de mineralizações de ferro e, portanto, os grandes empreendimentos mineiros. Nessa região do platô e serra da Moeda ao longo da rodovia BR-040, estão sendo assentados diversos empreendimentos do tipo condomínios residenciais e de lazer, que são fortemente atraídos pela qualidade paisagística dessas terras altas. No entanto, suas características morfológicas e de substrato litológico, bem como, presença de falhamentos e diaclasamentos são pouco amigáveis à urbanização. Sua implantação exige, na maior parte dos casos, interferências de terraplanagem bastante radicais que descaracterizam as feições dessa paisagem e expõem a área a riscos erosivos. A Unidade Morfoestrutural do Vale Anticlinal do rio Das Velhas representa uma anticlinal escavada. Em relação ao conjunto do Quadrilátero Ferrífero é uma zona topograficamente deprimida cercada por elevações das serras do Curral e da Moeda. Apresenta vales profundos delineados por longas cristas de itabirito e quartzitos. Entre Nova Lima e Rio Acima o Vale do rio Das Velhas apresenta-se aberto, delimitado por colinas e morros alinhados com ocorrências esparsas de planícies em calha. Seu embasamento é dado pelo Supergrupo rio Das Velhas, em sua maior parte, pelos filitos e Xistos do grupo Nova Lima. A rede de drenagem tem alta densidade com padrão fortemente orientado pelas estruturas. Seu relevo é constituído por morros de topos aplainados configurando nível - 1.000 a 1.200 metros - de pequenas cristas. Suas vertentes têm morfologia retilínea a côncava, em processo de dissecação. A calha do rio das Velhas apresenta significativa sedimentação. É nessa região do município que esta o núcleo de Nova Lima assentando-se no setor - baixo vale do rio das Velhas - à jusante da área de contribuição das sub-bacias ao manancial do Rio das Velhas. É importante destacar que a localização da cidade, e suas áreas de expansão no eixo da via MG-030, é bastante favorável com referência aos processos de produção do manancial rio das Velhas, em termos de sua qualidade e quantidade. O aspecto favorável é dado pela localização da sede do município e dos núcleos urbanos ao longo da MG -030 na sub bacia do ribeirão do Cardoso, que drena essas áreas. Assim, os efeitos potenciais das cargas poluidoras não afetam a captação de Bela Fama, uma vez que a foz desse rio e as eventuais descargas são lançadas à jusante do ponto de captação localizado no Rio das Velhas, que alimenta o Sistema Velhas operado pela COPASA. Todavia, vetores de expansão urbana direcionados à nordeste do município merecem atenção, bem como, ha necessidade de tratamento dos esgotos dos núcleos urbanos. Estes, efluentes embora não afetem a captação de Bela Fama, contribuem para a redução da qualidade do Rio das Velhas no trecho a jusante, uma vez que esse manancial é utilizado por outros municípios localizados na bacia. A caracterização fotográfica das três unidades pode ser vista a seguir na Figura 5 – Caracterização Morfoestrutural. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 14 3.1.2. Recursos Hídricos e Mananciais O Estado de Minas Gerais definiu o planejamento dos recursos hídricos por meio de Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Para cada uma dessas unidades vem sendo desenvolvidos Planos de Bacias e redes de monitoramento da qualidade dos Recursos Hídricos. A Lei Federal nº 9.433 de Janeiro de 1997 que estabeleceu a Política Nacional de Recursos Hídricos e, em seqüência, a Lei Estadual nº 13.199 de janeiro de 1999, define os Planos Diretores de Recursos Hídricos de Bacias Hidrográficas - PDRH, como o primeiro instrumento de gestão das águas de uma bacia, uma vez que eles devem fornecer orientações para a implementação dos demais instrumentos de gestão ambiental. O município de Nova Lima insere-se na Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos 5 – Bacia do Rio São Francisco e Sub Bacia do Rio das Velhas, que drena seu território do sul ao norte, pelo rio das Velhas. Tem como seus tributários pela margem esquerda, no município, o rio de Peixe, e os ribeirões dos Macacos, dos Cristais e do Cardoso. As bacias destes tributários apresentam extensa e rica rede de drenagem natural, que dão ao município uma situação muito favorável em termos de disponibilidade de água para abastecimento. A conservação das matas locais, em índices superiores aos dos demais municípios, tem sido fundamentalmente importante para a manutenção da situação de qualidade e disponibilidade das águas tanto superficiais como subterrâneas. No município de Nova Lima estão localizados os principais pontos de captação de água responsáveis pelo abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, e constituem um dos seus principais mananciais de abastecimento de água potável, entre os quais o próprio rio das Velhas, através da captação de Bela Fama, parte do Sistema Produtor Velhas, administrado pela COPASA, situada nas proximidades da sede do município. O Sistema Rio das Velhas é o principal manancial de abastecimento de água potável de Belo Horizonte, sendo responsável pelo abastecimento dos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Sabará e Santa Luzia, representando 43% da produção total de água para a RMBH. Trata-se de uma captação superficial diretamente no Rio das Velhas, e que se localiza a 30 km da capital no Distrito de Bela Fama. O Sistema Produtor Velhas insere-se no contexto da Unidade de Planejamento de Recursos Hídricos São Francisco 5 - SF5 - Rio das Velhas. Segundo o IGAM 2003, mais de 56 sedes municipais localizam-se na bacia do rio das Velhas, sendo que os municípios mais diretamente relacionados com a qualidade das águas à montante da captação de Bela Fama são Nova Lima, Rio Acima, Itabirito e Ouro Preto. No caso de Nova Lima as sub bacias mais diretamente relacionadas com a qualidade das águas á montante da capação de Bela Fama são Macacos, Bela Fama, Catumbi e Honório Bicalho. O Sistema Rio das Velhas é o principal manancial de abastecimento de água potável de Belo Horizonte, com uma captação superficial da COPASA no Rio das Velhas em Bela Fama-Sistema Rio PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 16 das Velhas. O Sistema Rio das Velhas tem uma vazão média de 6 m³/seg é responsável por 63% do abastecimento do município de Belo Horizonte, 98% de Nova lima, 100% do município de Raposos, 97% de Sabará e 37% de Santa Luzia1. A capacidade instalada desse sistema é de 10 m³/seg e representa 43% da produção de água total para a RMBH. RIO DAS VELHAS, PRÓXIMO À CAPTAÇÃO DA COPASA BELA FAMA Outros sistemas de produção de água existentes são o Sistema Fechos com uma vazão de 0,30 m³/seg e o Sistema Morro Redondo composta da captação do Mutuca com vazão de 0,20 m³/seg e da captação do Cercadinho com 0,08 m³/seg este responsável pelo abastecimento de parte de Nova Lima e da alta Zona Sul de BH. O Jardim Canadá em Nova Lima é abastecido pelo Sistema Catarina, com uma vazão específica de 0,03 m³/seg. A maior parte dos sistemas de abastecimento de águas, captações e respectivos mananciais da COPASA estão associados a áreas de preservação ambiental, como o Manancial do Mutuca com 1.250ha e Fechos com 1.074 ha. Assim os recursos hídricos captados a partir de Nova Lima fornecem 70% da água consumida pela BH. (Figura 6- Pontos de Captação e Contribuição para o Abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte). Na Tabela A a seguir estão localizados os principais sistemas de abastecimento de água operados pela COPASA no âmbito da APA SUL e da UGRHI SF5-Rio das Velhas. 1 COPASA 2001 PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 17 Tabela A – Sistemas de abastecimento de água operados pela COPASA Sistema Captação Produção População atendida ETA do Sistema Tipo de Tratamento (m³/s) Ibirité Taboões 0,25 33% do município de Ibirité Rola Moça 0,05 3% Bálsamo 0,10 Horizonte Morro Fechos 0,30 9% Redondo Mutuca 0,20 Horizonte Cercadinho 0,08 2% do município de Nova Lima Catarina 0,08 100% Cond. Retiro das Pedras Catarina do do Sim município de Belo município de Belo Completa Sim do Convencional Completa Sim 100% do Bairro Jardim Canadá 0,5% Convencional município de Pré-filtro de desinfcção com Belo cloro Horizonte Barreiro Rio das Cia. Mannesmann Não Sem tratamento Não Sem tratamento sim Convencional Barreiro 0,03 Cia. Mannesmann Rio das Velhas 6,00 63% Velhas do município de Belo Horizonte Completa 98% do município de Nova Lima 100% do município de raposos 97% do município de Sabará 37% do município de Santa Luzia Fonte: COPASA, 2001. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 18 Segundo CPRM (2004), existem também inúmeras captações em águas subterrâneas em função dos aqüíferos existentes no município, conforme pode ser visto na Tabela B a seguir. As captações subterrâneas contribuem para atividades específicas localizadas na RMBH, e mais diretamente em Nova Lima. A captação subterrânea do Cercadinho localizada em BH na altura do BH Shopping faz parte do Sistema Produtor Morro Redondo da COPASA, juntamente com as captações superficiais dos Fechos (localizada no ribeirão dos Fechos) e Mutuca (localizada no ribeirão do Mutuca). Tabela B – Pontos de Captação segundo os Aqüíferos Sistema Aqüifero Uso Qcaptada – Estimada m³/mês Captação superficial de surgências Carbonático Agricultura 3.000 Quartzítico doméstico 20 Captação subterrânea Xistoso Sub-bacia Nº Tipo de Captação Córrego Fecho do Funil 1 Córrego Baleia 23 Carbonático Lazer 300 Agricultura 4.000 doméstico 10.000 Captação superficial de surgências Itabirítico doméstico 40 Captação subterrânea Quartzítico mineração 11.000 Captação superficial de surgências Xistoso doméstico 30 Xistoso Agricultura 200 Xistoso abastecimento de condomínio 1.250 doméstico 10 Quartzítico mineração 6.000 abastecimento de condomínio 9.000 doméstico 460 24 Captação subterrânea Córrego Olaria 25 sem captação Córrego da Fazenda 26 Córrego Jambreiro 27 28 Captação subterrânea Córrego do Mutuca 29 Xistoso Captação superficial de surgências Agricultura 50 abastecimento público 126.000 abastecimento de condomínio 7.000 indefinido Agricultura 2.000 Quartzítico abastecimento de condomínio 7.000 abastecimento de condomínio 5.100 doméstico 160 Itabirítico Captação subterrânea Xistoso Itabirítico PDDM de NOVA LIMA 2.000 2.000 Quartzito Cercadinho Córrego Taquaril Córrego Carrapato Hospitalar Doméstico DIAGNÓSTICO Agricultura 50 Hospitalar 2.500 20 Sub-bacia Nº Tipo de Captação Sistema Aqüifero 30 doméstico 500 1.000 Quartzítico abastecimento de condomínio 7.000 industrial 7.950 520 280.000 doméstico 360 Captação subterrânea formação ferrífera abastecimento de condomínio 1.400 granular mineração 5.900 abastecimento de condomínio 900 itabirítico Quartzítico Xistoso 31 Itabirítico Captação subterrânea granular indefinido Quartzítico captação superficial PDDM de NOVA LIMA doméstico abastecimento público Xistoso Carbonático 32 6.250 Captação superficial de surgências Captação superficial de surgências Rio do Peixe abastecimento de condomínio doméstico Xistoso Ribeirão dos Macacos Qcaptada – Estimada m³/mês indefinido Captação superficial Ribeirão dos Cristais Uso Captação subterrânea DIAGNÓSTICO Quartzito Cercadinho doméstico 740 Agricultura 10.000 abastecimento público 605.000 mineração 120.000 abastecimento público 430.000 mineração 2.000 doméstico 50 abastecimento de condomínio 7.200 doméstico 2.360 Agricultura 45 abastecimento de condomínio 40.000 abastecimento público 1.500 mineração 74.100 doméstico 100 posto de abastecimento 1.200 mineração 4.000 doméstico 200 posto de abastecimento 2.000 doméstico 250 industrial 2.000 mineração 2.500 mineração 150 industrial 40.000 doméstico 80 21 Sub-bacia Nº Tipo de Captação Sistema Aqüifero Itabirítico granito gnássico Xistoso granular 1.000 doméstico 90 doméstico 60 dessedentação de animais 50 Agricultura 850 doméstico 550 Agricultura 50 Lazer 90 aqüitando abastecimento de condomínio 500 doméstico 210 Itabirítico abastecimento de condomínio 4.400 mineração 270.000 mineração 60 abastecimento de condomínio 400 doméstico 200 posto de abastecimento 1.150 doméstico 20 Carbonático Quartzito Cercadinho Xistoso Captação superficial de surgências Xistoso granito gnássico DIAGNÓSTICO abastecimento público 1.200 indefinido PDDM de NOVA LIMA 50.000 800 granular 41 abastecimento de condomínio Lazer granito gnássico Rio das Velhas Qcaptada – Estimada m³/mês abastecimento de condomínio Quartzítico captação subterrânea Uso doméstico 100 mineração 100 doméstico 1.200 Agricultura 260 doméstico 70 abastecimento de condomínio 3.000 abastecimento público 5.350 doméstico 470 Agricultura 50 dessedentação de animais 80 psicultura 50 abastecimento público 150 doméstico 360 Agricultura 90 22 Sub-bacia Nº Tipo de Captação Sistema Aqüifero Qcaptada – Estimada m³/mês psicultura 40 dessedentação de animais 100 formação ferrífera Agricultura 400 Quartzítico doméstico 110 doméstico 380 Xistoso Captação subterrânea Uso granito gnássico captação superficial Agricultura 30 abastecimento público 2.700 doméstico 315 mineração 2.800 Fonte: CPRM 2004. a) Uso das Águas Em relação ao uso das águas o principal é o abastecimento municipal e em seguida as atividades minerais. Para monitorar esse potencial, o Relatório CPRM de 2004, elaborado no âmbito da APA SUL recomenda manter, e se possível aumentar, o número de pontos com monitoramento de vazão e níveis nas surgências de água e nas diferentes bacias hidrográficas que formam a APA Sul da RMBH. A obtenção dessas informações proporcionará uma série histórica que permitirá um melhor conhecimento do regime de vazões das pequenas bacias hidrográficas da região e subsidiará com segurança a quantificação das reservas renováveis, que servirão de base para a gestão dos recursos hídricos. Tabela C – Usinas Hidrelétricas da Mineração Morro Velho curso d´água nome da usina proprietário município data da instalação Potência (kw) Rio do Peixe B Mineração Morro Velho Nova Lima 1976 1175 Rio do Peixe D1/D2 Mineração Morro Velho Nova Lima 1911 1912 851 Rio do Peixe E Mineração Morro Velho Nova Lima 1920 1750 Rio do Peixe EE Mineração Morro Velho Nova Lima 1936 3430 Rio do Peixe F1/F2 Mineração Morro Velho Nova Lima 1933 2370 Rio do Peixe G1/G2 Mineração Morro Velho Nova Lima 1985 1971 1800 600 Ribeirão Marinhos Codornas Mineração Morro Velho Nova Lima 1937 2430 Fonte: CPRM 2004 PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 23 Ainda em relação ao uso das águas de Nova Lima na região inserida na APA SUL, existem nove usinas de pequeno porte na bacia do rio das Velhas, sendo que apenas uma pertence à CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais; as demais pertencem a empresas privadas. Há ainda que se apontar a existência, na bacia do rio do Peixe, de três grandes represas de interesse hidroelétrico para atividades de mineração: a do Miguelão, a dos Ingleses e a das Codornas. As lagoas formadas favorecem consideravelmente a paisagem local. b) Proteção aos Mananciais e Qualidade das Águas A mais importante legislação para a proteção de mananciais na Região Metropolitana de Belo Horizonte é a legislação estadual de proteção das águas da bacia do rio das Velhas, que introduz critérios para o lançamento de efluentes nos corpos d’água da região. Devido à localização de Nova Lima na área de proteção da drenagem desse manancial ha um forte condicionamento do processo de expansão urbana e de distribuição espacial da população no município de Nova Lima, que deve ser restrito nessa área a atividades e usos compatíveis com essa diretrizes. Os indicadores escolhidos para medir a qualidade das águas em Minas Gerais são o IQA e Contaminação por Tóxicos, que são avaliados por meio do Projeto Águas de Minas. O Projeto tem por objetivo efetuar o monitoramento físico-químico e bacteriológico das águas superficiais das principais bacias hidrográficas do Estado de Minas Gerais. A rede de monitoramento de águas em Minas Gerais consta de 242 estações de amostragem, destacando-se que todas as cidades acima de 50.000 habitantes contam com pontos de montante e jusante – pontos acima da entrada do rio na área urbana e após a sua saída, respectivamente. Os gráficos expostos a seguir permitem uma visão da qualidade das águas da bacia do Rio ao Francisco comparativamente às demais bacias em Minas Gerais. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 24 Gráfico I – Comparativo da ocorrência do índice de qualidade de água médio anual em Minas Gerais e por bacia hidrográfica em 2001 Gráfico II – Comparativo da ocorrência da contaminação por tóxicos em Minas Gerais e por bacias hidrográficas em 2001 Fonte: Projeto Águas de Minas PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 25 A Figura 7 – Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos – São Francisco 5 do IGAM, apresentado a seguir, demonstra a situação da qualidade das águas na bacia do Rio Das Velhas em 2004, onde se situa o município de Nova Lima. Os principais pontos de monitoramento de qualidade das águas do rio das Velhas em Nova Lima monitoram a qualidade nos pontos à montante dos pontos de captação de águas da COPASA no ponto BV 139 e também no ponto BV 063. Em 2003 o relatório de qualidade das águas da FEAM indicou uma situação de qualidade média à montante de Bela Fama na área da captação da COPASA e piorando a seguir à medida que recebe a contribuição das águas do Rio Água Suja localizado ao norte do município. A seguir são apresentados os principais fatores de pressão e os indicadores de estado da qualidade das águas segundo o Relatório IGAM 2004, nos pontos localizados em Nova Lima. Tabela D – Qualidade da água em Nova Lima pressão Estação classe BV139 BV063 estado fatores de pressão indicadores de degração em 2003 indicadores com maior número de violações no período de 1997 a 2003 2 Lançamento de esgoto sanitário Atividade minerária Assoreamento Expansão urbana Turbidez, cor, fosfato total, coliformes fecais, coliformes totais, manganês e cobre Coliformes fecais, coliformes totais, fosfato total, manganês e índice de fenóis 2 Lançamento de esgoto sanitário Atividade minerária Lançamento de Efluente industrial Assoreamento Carga difusa Turbidez, cor, fosfato total, índice de fenóis, óleos e graxas, coliformes fecais, coliformes totais, cobre, manganês e níquel Manganês, coliformes totais, coliformes, fecais, fosfato total e de índice de fenóis Fonte: IGAM 2004. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 26 Segundo o relatório de Qualidade das Águas Superficiais do IGAM 2004 o IQA Muito Ruim ou Ruim do Rio das Velhas ao longo dos anos vem caracterizando a má qualidade dos cursos de água que recebem os lançamentos dos esgotos dos municípios de Nova Lima, Belo Horizonte, Ribeirão das Neves, Vespasiano e Contagem. O Relatório recomenda a definição de ações conjuntas entre a FEAM, concessionárias de água e esgoto, Prefeituras Municipais e Ministério Público, com participação do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (UGRHI-SF5), do COPAM e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, com o objetivo de priorizar a implantação e otimização dos sistemas de esgotamento sanitário dos municípios da sub-bacia do rio das Velhas, especialmente, Belo Horizonte, Contagem, Ribeirão CÓRREGO DA MUTUCA, SUB BACIA DO CARDOSO. NESSA SUB-BACIA ESTÁ LOCALIZADO O LOTEAMENTO VILA DEL REY das Neves, Santa Luzia, Sete Lagoas, Sabará, Nova Lima, Vespasiano, Curvelo e Itabirito. Com o objetivo de aperfeiçoar a gestão de qualidade das águas das sub-bacias do município esta em andamento um Plano de Reabilitação dos Recursos Hídricos de Nova Lima. Segundo esse plano as sub bacias do município (Figura 8) deverão ser monitoradas em relação à qualidade das águas, destacando-se uma rede de pontos de monitoramento nos córregos Cubango (2 pontos), Cardoso (9 pontos), Macacos (10 pontos), do Peixe (12 pontos) e Honório Bicalho, Queiros e Catumbi, Bela–Fama e Cambimbe com 1 ponto cada uma. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 28 c) Águas Subterrâneas e Recarga de aqüíferos em Nova Lima A região da APA Sul RMBH onde se insere Nova Lima apresenta uma hidrogeologia bastante complexa e um grande potencial hídrico subterrâneo associado às rochas que contêm grandes reservas de minério de ferro, sobretudo a Formação Cauê. Por outro lado, existem condições de pouca disponibilidade hídrica relacionada com aqüíferos pobres e aqüitardos, onde é necessária uma adequação da demanda e do tipo de ocupação, juntamente com a gestão compartilhada dos recursos hídricos superficiais. As maiores reservas hídricas subterrâneas estão localizadas nas áreas com o maior potencial de crescimento urbano que são as áreas ao longo da BR-040, sinalizando os riscos ambientais que essa situação contem. A região apresenta condições hidrogeológicas localizadas, de grande potencial hídrico subterrâneo, que vêm sendo progressivamente reveladas e tem favorecido a ocupação urbana e o desenvolvimento industrial, e ainda poderá proporcionar um abastecimento seguro para diversos usuários por longos períodos em razão das significativas reservas existentes. Por outro lado, existem locais com potenciais modestos onde as demandas terão de se adequar às disponibilidades e o uso racional e comunitário das águas terá de ser gerenciado. Segundo CPRM (2004), devido à heterogeneidade das características hidrogeológicas, em uma mesma sub-bacia dois córregos com a mesma área de drenagem podem apresentar vazões muito diferentes se estiverem drenando aqüíferos com características diversas. As drenagens das sub-bacias cujo escoamento de base recebem contribuições do sistema aqüífero Itabiritico ou Carbonático apresentam volumes restituídos significativos. Um exemplo desse fato ocorre na bacia do Córrego de Fechos onde toda a vazão, aproximadamente 185 l/s, é captada pela COPASA (Barragem Principal, Barragem Auxiliar e a Galeria) e após um pequeno incremento de área a vazão é quase que completamente restituída. Como o número de captações subterrâneas e o consumo vêm crescendo desde a década de 80 com a ocupação urbana e atividades de mineração de ferro, é necessário que seja iniciado um programa de gestão e de fiscalização e de monitoramento das atuais e futuras captações para a otimização e preservação dos recursos existentes. A mais recente interferência potencial nas vazões de mananciais subterrâneos e superficiais por atividade mineral poderá ocorrer com a operação da mineração Capão Xavier, de propriedade da mineradora MBR, localizada nas proximidades do Jardim Canadá em Nova Lima. Os mananciais superficiais do município mais diretamente envolvidos são os córregos Fechos e da Mutuca. Segundo a MBR (s/ data), parte das reservas da mina estão localizadas abaixo do lençol de águas subterrâneas que terá de ser rebaixado artificialmente após o terceiro ano de operação da mina. Os efeitos do rebaixamento nas nascentes deverão ser monitorados de forma a identificar possíveis alterações nas vazões e a mineradora obriga-se a fazer eventuais reposições das quantidades de água para os mananciais envolvidos. A MBR prevê que este impacto de operação da mina de Capão Xavier será PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 30 temporário, uma vez que “após a exaustão da mina, a cava será inundada e deverão ser restabelecidas as condições originais de vazão dos mananciais eventualmente afetados”. Como o empreendimento recebeu licença ambiental do COPAM, os impactos potenciais da mineração deverão ser monitorados pelos órgãos estaduais e também pelo município de Nova Lima. 3.1.3. Recursos Minerais A expressiva riqueza mineral de Nova Lima é demonstrada pela posição ocupada no cenário geral do País. Correspondendo a 0,005% do território nacional, possui cerca de 10% de suas reservas de minério de ferro. As duas principais empresas de mineração do município são a Mineração Morro Velho (hoje Anglogold/Ashanti) - na exploração do ouro - e a Minerações Brasileiras Reunidas (MBR/Vale do Rio Doce), na exploração do minério de ferro. Este cenário tende a se alterar, contudo, seja pela desativação das minas de ouro, seja pela previsão do esgotamento progressivo das jazidas de minério de ferro de alto teor. A desativação das minas de ouro ocorreu fundamentalmente pelo desequilíbrio entre os custos de extração em Nova Lima e a cotação do minério no mercado internacional, subsistindo hoje apenas atividades relacionadas com o beneficiamento do minério ainda extraído nos municípios vizinhos, com alguma produção de prata e ácido sulfúrico. Quanto ao minério de ferro de alto teor, ainda em exploração está previsto o esgotamento de alto teor em um prazo aproximado de 30 anos. Contudo, novos investimentos estão sendo programados pela MBR/CVRD com a implantação de um complexo de pelotização do minério de ferro, localizado parte em Itabirito (planta de concentração) e parte em Nova Lima (planta de pelotização). Esses investimentos prolongam por mais 50 anos a vida ativa da mineração em suas reservas minerais. Em Nova Lima a projeção passa a ser de 20 anos para as reservas de hematita e 70 anos se acrescentarem-se as reservas de itabirito. O itabirito é mais abundante do que a hematita nas minas de Capão Xavier, Capitão do mato e Tamanduá, além de exibir extensas ocorrências em todo o eixo contíguo à BR 040. Todas as reservas tornam-se, a partir desses investimentos, economicamente exploráveis2. É importante, contudo, observar que a mineração, por constituir uma atividade voltada fundamentalmente para a exportação, não apresentou historicamente relacionamentos significativos com outras atividades econômicas locais. Não houve, em conseqüência, repercussões sustentáveis em outros setores da economia local, com condições diversificadas de expansão. 2 Segundo o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Sr. Walter Taveira, a MBR anunciou em outubro de 2005 novos investimentos de US$ 750.000.000,00 dos quais US$ 550.000.000,00no seu primeiro complexo industrial de pelotização. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 31 Essa situação de dependência em relação a uma única base de sustentação econômica preocupa a comunidade local, sobretudo quando se leva em conta que ela se baseia na exploração de recursos naturais não renováveis. Diversificar a economia do município tem sido a solução apontada pelos principais estudos realizados, entre eles o realizado pelo SEBRAE, em 1996. E nesse sentido, desde que observado o princípio do desenvolvimento sustentável, poderá ser tentada a participação das próprias empresas mineradoras, levando-as a investir em outras formas de atividades econômicas no município. a) Passivos ambientais da Mineração Em contrapartida a sua importância econômica, a mineração provocou no passado - e ainda provoca - fortes pressões ambientais ao município, sendo necessário o licenciamento ambiental corretivo da FEAM para lavras a exemplo da Mina d’Água. Episódios de rompimento de barragens de rejeito como foi o acidente na Mineração Rio Verde requerem esforços de aperfeiçoamento da gestão ambiental dessa atividade. Há passivos ambientais a serem recuperados como é o caso das barragens de rejeitos, e locais com solos contaminados com traços de Arsênio encontrados no território de Nova Lima. Por outro lado, as minerações têm gerado compensações ambientais com a implantação de Reservas Naturais de Patrimônio Privado – RPPNs, e .instituindo algumas das principais Unidades de Conservação da RMBH, como a conhecida Mata do Jambreiro. Vale acrescentar que os planos de recuperação ambiental das minas exauridas deverão ser monitorados para garantir a recuperação de passivos ambientais dessa atividade. BARRAGEM DE REJEITO DE MINERAÇÃO SITUADA PRÓXIMA À SEDE Quanto aos passivos ambientais das minerações, é importante destacar a importância da participação do município no licenciamento ambiental e na definição das exigências e medidas compensatórias dos empreendimentos. Por outro lado, verifica-se a necessidade de um mapeamento das áreas degradadas de correntes de atividades minerais, bem como, a negociação de um plano de PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 32 recuperação ambiental dos passivos existentes. Recomenda-se que o mapeamento, bem como a pesquisa sobre áreas contaminadas e respectivo efeito poluidor seja objeto de estudos específicos. MINA CAPÃO XAVIER PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 33 3.2. MEIO BIÓTICO O presente capítulo visa evidenciar diretrizes técnicas para a tomada de decisão, no que tange à formulação do conjunto de medidas propositivas relacionado ao Meio Biótico, e deverá ainda se constituir em um instrumento técnico para o entendimento dos componentes ambientais, com ênfase na caracterização da cobertura vegetal e potencialidades de suporte ecológico associadas a estes ambientes identificados, de acordo com metodologias consolidadas e os preceitos legais aplicáveis. Ao final da etapa de análise dos condicionantes ambientais referidos, proceder-se-á a identificação e avaliação da distribuição de ecossistemas ou paisagens ecológicas e a proposição técnica de medidas de recuperação geoambiental e de novas diretrizes de uso e ocupação do solo para o município. Os condicionantes ambientais aqui apresentados terão como base de estruturação técnica, o diagnóstico ambiental atualizado e a incorporação dos parâmetros legais incidentes, referentes sobre as fisionomias da cobertura vegetal dos biomas identificados e a ocorrência de Áreas Legalmente Protegidas, salientando as Unidades de Conservação. Para se alcançar estes objetivos, etapas foram desenvolvidas conforme explicitado abaixo: a) análise de material cartográfico disponível e caracterização da situação atual dos remanescentes de cobertura vegetal natural; b) mapeamento das tipologias de cobertura vegetal identificadas, de acordo com legenda específica elaborada para o estudo; c) consolidação da caracterização da cobertura vegetal em mapa temático derivado, e; d) integração de conhecimentos científicos produzidos anteriormente para a área de estudo, fazendo uso da produção acadêmica e de pesquisa, com ênfase na caracterização e potencialidades de uso dos ecossistemas identificados. 3.2.1. Procedimentos Metodológicos O estudo ora apresentado identificará ambientes naturais e antrópicos, com distintos graus de viabilidade ambiental em termos de uso, considerando os aspectos legais incidentes, as tipologias e estágios sucessionais da cobertura vegetal e abordagens sobre potencialidades de uso e ocupação. Os trabalhos foram divididos nas seguintes etapas: Levantamento e interpretação de dados cartográficos disponíveis, por meio fotointerpretação (padrões cromáticos e de textura) e geração de mapa temático derivado com as diferentes fitofisionomias vegetacionais remanescentes, baseadas em PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 35 imagens dos satélites LANDSAT TM (sensores 3, 4 e 5) de 2004 e IKONOS II de 2002; Elaboração da Legenda PDNL específica para as tipologias de cobertura vegetal natural e antrópicas do território, a partir da integração do Sistema Brasileiro de Classificação da Vegetação (FIBGE, 1993), dos parâmetros legais estabelecidos para as formações de Mata Atlântica (Decreto Federal no 750/1993 e Resolução Conama no 01/1994. A caracterização da situação atual dos remanescentes de cobertura vegetal inicia-se pela identificação e interpretação de materiais cartográficos (imagens de satélite, mapas digitais, aerofotos, etc) que permitam, com segurança técnica e razoável detalhe, a identificação dos tipos de ecossistemas, habitats ou paisagens da área de estudo. Como estes materiais utilizam distintas terminologias ou critérios de identificação das tipologias de cobertura vegetal (sistemas de classificação da vegetação), fez-se necessário a compatibilização e definição de uma legenda de trabalho, doravante denominada Legenda PDNL. Aqui, as principais informações técnicas utilizadas foram as constantes do Mapa da Vegetação Brasileira (FIBGE, 1993) e do Atlas da Biodiversidade de Minas Gerais (Biodiversitas, 2005). Para fins de adequação da terminologia da legenda regional com aquela do Sistema de Classificação da Vegetação Brasileira, observando as limitações em termos de escala apresentadas pelos documentos utilizados, bem como os aspectos legais pertinentes, estruturou-se a seguinte Legenda PDNL: Mata Nativa (MN): corresponde aos fragmentos remanescentes da floresta estacional semidecidual, sem indícios de intervenção antrópica, o que se correlata à vegetação primária; Mata Secundária (MS): corresponde à vegetação secundária resultante da exploração ou alteração da mata nativa. Normalmente de porte menor e menos diversificada que a floresta estacional original, evidenciando a secundarização da vegetação, o que se correlata aos estágios inicial, médio e avançado de regeneração; Campos Graminosos (CG): tipologia natural correspondente à fisionomia do Cerrado denominada de Campo Limpo ou ainda Savana Gramíneo-Lenhosa; Campos Rupestres (CR): correspondem às formações naturais associadas aos afloramentos rochosos, notadamente nas cotas altimétricas superiores a 900 m; de pequeno porte e alto grau de endemismo; Campos Antrópicos (CA): correspondem à tipologia antrópica relacionada às áreas que tiveram a cobertura vegetal natural erradicada e utilização por alguma atividade antrópica com posterior abandono, prevalecendo o estágio pioneiro de regeneração; PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 36 Reflorestamentos (RF): correspondem às áreas destinadas e utilizadas para projetos silviculturais, com predomínio de eucaliptos e pinus; Áreas Urbanas (AU): apesar de não se tratar de tipologia de cobertura vegetal, inserem-se no mapa temático, de forma geral, contemplando áreas urbanas consolidadas, semi-consolidadas e em consolidação, e; Mineração (MI): tipologia antrópica de uso do solo relevante no município, incluindo, de forma geral, as minerações em atividade e as desativadas. Outras informações temáticas como infraestrutura viária, hidrografia, hipsometria e toponímias, entre outros, também serão apresentados para melhor referência espacial. Levantamento e análise de dados secundários referentes à análise ambiental e entendimento das potencialidades de uso dos biomas identificados, com ênfase nos remanescentes florestais e Unidades de Conservação, e; Integração de dados de outros mapas temáticos derivados, para o entendimento dos condicionantes ambientais fisiográficos do município. 3.2.2. Diagnóstico da Cobertura Vegetal O diagnóstico ora apresentado refere-se a dois níveis de abordagem metodológica, sendo um baseado na inserção regional em domínios fitoecológicos e outro na identificação, no nível local, das tipologias de cobertura vegetal a serem mapeadas e abordadas em termos de potencialidades de uso, e a posterior a definição de áreas prioritárias para conservação ou exploração. a) Cobertura Vegetal – Inserção Regional Em termos fitogeográficos e de acordo com Mapa da Vegetação Brasileira (FIBGE, 1993), ocorrem três biomas no Estado de Minas Gerais, contemplando inúmeras formações fitoecológicas, sendo: a Mata Atlântica, o Cerrado ou Savana e a Caatinga ou Savana Estépica, sendo que os dois primeiros são mais representativos em função de suas extensões geográficas apresentadas tanto no território mineiro como no município de Nova Lima. No caso do Estado de Minas Gerais, a sua vasta superfície, o clima, o relevo e os recursos hídricos propiciam o aparecimento de uma cobertura vegetal extremamente rica e diversa, agrupada nestes biomas responsáveis por uma grande diversidade de paisagens. Tal variedade resulta na riqueza extraordinária da flora, que se apresenta em tipologias que ocupam grandes espaços territoriais, como PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 37 as Florestas Estacionais Semideciduais, a Floresta Estacional Decidual, a Caatinga, o Cerrado e suas diferentes fisionomias, e o Campo Rupestre (Biodiversitas, 2005). De acordo com Ab’Saber (1971), cada uma dessas tipologias pertencem a grupos distintos, denominados Domínios Macropaisagísticos ou Morfoclimáticos Brasileiros, sendo que a floresta atlântica (que inclui a estacional) pertence aos domínios das regiões serranas tropicais úmidas ou dos mares de morros florestados, e o cerrado ao domínio dos chapadões tropicais recobertos por cerrados e penetrados por florestas de galeria. Em termos regionais, o território de Nova Lima insere-se nos domínios da Cadeia do Espinhaço, que praticamente corta toda a porção Centro–Norte de Minas Gerais, podendo-se distinguir uma série de estratos altitudinais, com formações vegetacionais de características peculiares e com grande potencial de ocorrência de endemismos. De forma geral, o padrão de disposição da cobertura vegetal no município comporta-se da seguinte maneira: os campos rupestres ocupam o mosaico de rochas e planaltos arenosos que dominam a paisagem na região mais alta, geralmente acima de 1000 m, às vezes variando entre 600 e 1200 m, dependendo da interação de uma série de fatores ambientais. Ocorrem ainda os diversos tipos de campos do cerrado na região de cotas intermediárias, sendo que a partir daí, das partes mais baixas para as mais altas dos morros, são encontradas florestas semidecíduais e perenifólias, incluindo florestas e galeria que ocorrem quando as condições edáficas são favoráveis. As tipologias de cobertura vegetal acima identificadas no nível regional serão melhor descritas em item específico. b) Cobertura Vegetal – Aspectos Locais Nova Lima situa-se em um quadrante onde as duas fisionomias, Floresta Estacional e Cerrado, se encontram, sendo uma faixa de transição e de contato entre dois grandes domínios paisagísticos brasileiros e não há qualquer possibilidade de se traçarem limites lineares entre estes (Ab’Saber, 1971). De modo geral, esta transição envolve grandes extensões de floresta semidecidual com mosaicos de vegetação de cerrado. Entretanto, pode-se observar a combinação de fatores fisiográficos e ecológicos particulares, que condicionam a diversificação da cobertura vegetal, onde a maioria desses “mosaicos” pertence às regiões montanhosas da Serra do Espinhaço. Por situar-se integralmente em uma zona denominada de Área de Tensão Ecológica, a área do município se constitui em uma mescla geográfica, dotada por formações de contato, não somente sob ponto de vista da vegetação, mas também geológicas e climáticas. Trata-se aqui de uma área, com formações peculiares, que carece de avaliação específica por ter biodiversidade acumulada e uma dinâmica populacional significativa. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 38 Vale ressaltar que, embora o município de Nova Lima se encontre nos trópicos, a paisagem de suas serras é bem distinta da maioria do Brasil tropical, com uma fisionomia variando de acordo com a fisiografia local predominante (Giulietti & Pirani, 1988), com a maior parte da formação vegetal sendo “campos rupestres” restritos a afloramentos de rocha, solos rasos ou manchas de solo empobrecido, isolados nas áreas mais altas. Também nos níveis superiores, em diversos locais, acontecem cerrados de altitude (campo limpo, campo denso e campo cerrado), que entremeiam-se com os campos rupestres (Harley, 1995). No entanto, a maioria do cerrado local ocorre circundando o topo das serras, ou no ápice dos mares de morros, aparecendo nos intervalos das matas de encosta e, portanto, não apresentando o adensamento típico, nem as mesmas características do cerrado do Planalto Central Brasileiro, que ocorre no norte e noroeste de Minas Gerais. Com relação às matas de galeria, estas sempre acompanham os riachos de pequeno porte e córregos, formando corredores fechados sobre o curso d`água. Estas matas encontram-se encravadas em fundos de escarpas, vales ou nas cabeceiras de drenagem onde os cursos de água ainda não escavaram o canal definitivo. São quase sempre circundadas por faixas de vegetação não florestal em ambas as margens, havendo, geralmente, brusca uma com transição formações savânicas e com campos. Estes dois principais biomas identificados, bem como suas fisionomias, vêm sofrendo, de indiscriminada, alterações forma intensas em suas composições florísticas e em suas áreas de abrangências, conduzidas pelo processo histórico de ocupação antrópica, preteritamente INSERÇÃO DE ÁREA URBANA NOS FUNDOS DE VALE E ENCOSTAS SUAVES, SENDO, EM PRIMEIRO PLANO, FRAGMENTOS FLORESTAIS COM FORTES INDÍCIOS DE SECUNDARIZAÇÃO iniciado pela introdução das lavouras cafeeiras e extensas áreas de pastagens, sucedidas pela exploração do minério de ferro, aliadas a políticas equivocadas de desenvolvimento, bem como, à fragilidade da legislação ambiental e de seus sistemas de controle. Neste sentido, a região de Nova Lima, afetada notadamente pelas atividades minerárias, não escapou deste processo, remanescendo poucos fragmentos representativos destes biomas, que outrora vicejavam pelo território mineiro, muitos dos quais são preservados pelo próprio sistema de PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 39 exploração minerária, já que eram utilizados para exploração da madeira e atualmente consistem em reservas legais. Os fragmentos florestais remanescentes, bem como as extensões de campos cerrados, de uma forma geral apresentam-se diminutos e com baixo grau de conectividade, sendo atualmente alvos de novos vetores de ocupação antrópica, conduzidos pelos empreendimentos imobiliários de alto padrão, que visam ao uso destas áreas florestadas como argumento para valorização. Em contraponto ao fato destas formações vegetais remanescentes apresentarem-se em pequenas extensões e com baixo grau de conectividade ecológica, as mesmas mantém as características estruturais e de composição florística bem próximas às originais, com alto índice de biodiversidade e de endemismos, o que as tornam muito interessantes em termos ecológicos. Assim, de forma sucinta, as tipologias de cobertura vegetal identificadas no território são: as florestas estacionais semideciduais, os campos graminosos (gradação do Cerrado), as matas de galeria associadas ao sistema de drenagem natural e os campos rupestres dos afloramentos rochosos. Todas estas alternam-se na paisagem, acompanhando as intervenções antrópicas, as modificações no relevo, no solo e no microclima, promovendo abruptas faixas de transição. Devido ao processo histórico de ocupação já referido, são identificados estágios de regeneração (secundarização da vegetação) de quase todas tipologias. Em termos de extensões geográficas, as fitofisionomias mais representativas são as matas de Floresta Estacional Semidecidual e as extensões de Campos Graminosos (Campo Limpo), distribuídas por praticamente todo o município, nas áreas mais altas, ainda não exploradas pelas mineradoras ou não ocupadas pelos inúmeros condomínios instalados ou em fase de instalação no município. De forma geral, as matas estacionais estão inseridas ou em Unidades de Conservação nos âmbitos municipal, estadual e federal, ou em reservas legais de propriedades particulares, situadas preferencialmente nas porções Centro e Norte de Nova Lima, com as extensas áreas de campos naturais entremeando tais matas nas cotas mais altas, geralmente nos inúmeros interflúvios presentes nas áreas de relevo mais movimentado. Outra tipologia natural de menor extensão geográfica, mas de grande relevância ecológica, representa o Campo Rupestre, restrito às porções Sudeste do município, mas apresentando altos graus de endemismos e biodiversidade. Todas as tipologias identificadas e representadas no Mapa 1 – Uso da Terra em anexo, serão descritas e localizadas a seguir, bem como, abordadas as potencialidades de uso e restrições ambientais. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 40 Floresta Estadual Semidecidual – Mata Semidecídua Ecologicamente condicionada pela dupla estacionalidade climática: uma tropical, com época de intensas chuvas de verão seguidas por estiagens acentuadas; e outra subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio de inverno, cerca de 20 a 50% das árvores, no conjunto florestal e não das espécies que perdem as folhas individualmente, e revestem, em geral, solos areníticos distróficos. Em termos florísticos tais matas apresentam, além de espécies típicas, diversos elementos de distribuição ampla e de outras formações, como florestas atlânticas, centrais e amazônica. No geral nota-se a influência antrópica em uma formação florestal, observando-se existência de plantas exóticas em seu interior, introduzidas de modo esparso e, no caso da Mata do Jambreiro, o fato ganha importância, pois o nome deriva da introdução do Sizygium sp. (jambo). Devido à fertilidade do solo, a influência antrópica se faz mais notada, pois as florestas ocorrem nestas áreas, particularmente boas para a agricultura e, por causa disso, a vegetação tem sido devastada (Oliveira-Filho & Ratter, 1995). Além da agricultura, outras causas podem ser citadas para a degradação das formações florestais como o desmatamento, principalmente nas encostas, para a demanda de madeira, lenha e carvão, desde o período colonial, além dos desmates para o fomento às indústrias e grandes siderúrgicas (MBR, 1997). Em termos de distribuição de fragmentos de mata semidecidual por todo o território de Nova Lima, não se observa um alto grau de conectividade entre os remanescentes, sendo os seguintes mais importantes: Tabela E – Remanescentes Florestais Significativos REMANESCENTES DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL Denominação Localização Sub-Bacia Hidrográfica Mata do Espírito Santo Porção Nordeste Córrego Queiroz Mata do Jambreiro Porção Norte Ribeirão Cardoso Mata Samuel de Paula Porção Centro-Norte Ribeirão Cardoso Serra do Rola Moça Porção Oeste-Noroeste Ribeirão Cardoso Reserva do Mutuca Porção Oeste-Noroeste Ribeirão Cardoso Mata dos Fechos Porção Oeste Ribeirão dos Macacos Parque do Tumba Porção Centro-Noroeste Ribeirão dos Macacos Mata do Faria Porção Leste Ribeirão dos Macacos / Córrego do Catumbi Morro do Pires Porção Centro-Nordeste Ribeirão dos Macacos / Córrego Bela Fama Mata do Capão Porção Sudeste Rio do Peixe Reserva Capitão do Mato Porção Centro-Sul Rio do Peixe Área da COPASA Porção Nordeste Honório Bicalho / Ribeirão dos Macacos / Córrego Cambimbe / Córrego do Catumbi PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 41 Ocorrem também fragmentos ou capões menos extensos e com alto grau de alteração antrópica, evidenciando a secundarização da vegetação original, que se localizam geralmente em encostas íngremes, fundos de vales e raramente em outros tipos de relevo, em propriedades privadas ou então são fragmentos restritos a reservas estaduais e federais. Estas formações secundárias apresentam ocorrência de espécies indicativas de sucessão ecológica, com muitos cipós e bambus entrelaçando-se, subosque de grande densidade e árvores como a embaúba (Cecropia sp.), sangue-de-drago (Croton sp.), angico (Anadenanthera colubrina), candeia (Eremanthus sp.), quaresmeiras (Tibouchina sp. e Miconia sp.). No estrato arbustivo destacam-se espécies invasoras de áreas alteradas, como o alecrim (Baccharis dracunculifolia), o assa-peixe (Vernonia polyanthes), a jurubeba (Solanum paniculatum), o joá (Solanum aculeatissimum). O estrato herbáceo também está presente e apresenta uma predominância de gramíneas. Às vezes a capoeira constitui um ambiente típico da transição entre a vegetação de cerrado e as faixas de formações ribeirinhas. Nessa situação ocorrem espécies freqüentes nos cerrados adjacentes, como o barbatimão (Sthryphnodendron adstringens), a mamica-de-porca (Zanthoxylum rhoifolium), a lixeira (Aegyphylla selloviana) e vários gêneros da família Myrtaceae. Mesmo com a crescente degradação, estes fragmentos acabam por aumentar a importância dos remanescentes de vegetação natural ocorrentes, que independentemente do grau de preservação e regeneração, constituem-se depósitos da vegetação original e funcionam como estoque de biodiversidade, além da proteção a redes hidrológicas e cursos d’água. A distribuição geográfica destes fragmentos secundários ocorre por todo o município, com uma ligeira concentração na porção Central, nas cabeceiras da margem direita do ribeirão dos Macacos, o que aumenta a necessidade de adoção de práticas conservacionistas. Na transição entre a mata e os campos rupestres geralmente encontra-se a mata de candeia. Esse tipo de ambiente ocorre exclusivamente na área do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais e é freqüente nas encostas e morros altos. A mata de candeia é constituída de indivíduos de baixo porte, onde o dossel encontra-se por volta de 5 m, sendo raros os indivíduos de maior altura. Apresenta-se ora densa, ora mais rala, com fustes finos, eretos ou tortuosos, vindo a constituir o terceiro ecossistema ocorrente na área. A candeia (Eremanthus erythropappa) é a espécie típica desta formação e se destaca por possuir alta taxa de germinação em áreas perturbadas em altitudes acima de 800 m. Esta, por ser inflamável, é muito procurada por moradores de áreas rurais para acender e manter o fogo nos fogões a lenha. Dentre a flora típica destas áreas destacam-se a espécie referente ao estrato arbóreo, Eremanthus sp. e as espécies Erythoxylon campestres e Aristida recurvata, referentes ao estrato herbáceo. Nessa transição, as árvores possuem um espaçamento maior e são mais baixas. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 42 Campos Graminosos As fisionomias do Cerrado ocorrem notadamente sobre solos ácidos com pouca matéria orgânica e altos teores de alumínio, sendo constituídas por espécies herbáceas e arbóreo-arbustivas, variando desde Campo Limpo (Graminoso), Campo Sujo, Campo Cerrado, Cerrado stricto sensu até a ocorrência, em alguns pontos, de pequenas florestas de árvores com estaturas maiores e troncos mais grossos, que caracterizam o Cerradão. Na área do estudo, de acordo com Ab’Saber (1977), as “franjas” do cerrado ficam interpostas às florestas de galeria tropicalizadas. As matas tropicais estendem-se pelos fundos de vale, ficando os cerrados situados entre campos graminosos e campos rupestres. No Quadrilátero Ferrífero, o Cerrado ocupa as encostas cobertas de canga, aparecendo nos intervalos entre as matas de encostas, espécies representados arbustivas por isoladas, sem o adensamento típico que ocorre no norte e noroeste do Estado de Minas Gerais. Devido à sua vocação como fonte de lenha para consumo doméstico e carvoaria, o Cerrado em Nova Lima encontra-se descaracterizado totalmente quanto à PAISAGEM ECOLÓGICA TÍPICA DO MUNICÍPIO, COM AS COTAS MAIS ALTAS DO MAR DE MORROS OCUPADAS POR CAMPOS GRAMINOSOS E ÁREAS ANTROPIZADAS. EM PRIMEIRO PLANO, FRAGMENTO SIGNIFICATIVO DE FLORESTA ESTACIONAL EM CONTATO ABRUPTO COM AS ÁREAS ABERTAS. NOTAR PRESENÇA DE CECROPIA SPP. (EMBAUBAS) BIOINDICANDO A SECUNDARIZAÇÃO DESTE FRAGMENTO estrutura do seu estrato arborescente, especialmente quanto à densidade e ao crescimento, podendo até concluir pela sua erradicação. Seguida à exploração do carvão, foi comum a sua utilização temporária como pastagens extensivas, inicialmente formada pela rebrota natural do cerrado e por gramíneas e leguminosas que se desenvolvem naturalmente. No entanto, esta interferência se intensificou de tal maneira que na atualidade predominam apenas os campos sujos. Com relação às áreas recobertas por Campos Graminosos, estas possuem fisionomia, composição e estrutura bastante típicas, sem a presença de árvores, com estrato tipicamente herbáceo e com raros arbustos, podendo ser encontradas com mais freqüência nas encostas, nas chapadas e nos olhos d’água. Estes campos sem ação antrópica ocupam posições diversas no relevo, mas predominam PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 43 em cotas mais elevadas sobre solos rasos (cambissolo pouco desenvolvido ou litossolo) e tende a campo rupestre nas cotas mais altas. Os campos, de forma geral, sofreram e sofrem fortes impactos com intenções de implantação de atividades agropecuárias, pois a maioria de suas plantas não é adaptada ao pisoteio e à pastagem. Apenas o campo limpo, por coexistir em solos rasos e pobres, persistiu com intervenções menos acentuadas e se presta especialmente como pasto alternativo (Kuhlmann et al., 1994). As áreas de Campos Graminosos preenchem espaços geográficos de todo o território de Nova Lima, com maior concentração nas porções Central e Sul; em continuidade com o arco de Campos Rupestres nas porções Sudeste e nos interflúvios dos ribeirões, córregos e cursos d’água formadores do ribeirão dos Macacos, entremeados com as formações de matas semideciduais. Já nas porções Norte e Nordeste estes campos vêm sofrendo fortes pressões antrópicas, predominando vegetações secundárias, ou seja, os Campos Antrópicos. Campos Rupestres Complexo vegetacional que agrupa paisagens em microrelevos com espécies típicas, ocupando trechos de afloramentos rochosos. Geralmente, ocorre em altitudes superiores a 900 m, em áreas onde há ventos constantes, dias quentes e noites frias. Tipo fisionomicamente herbáceo-arbustivo, conta com a presença eventual de arvoretas pouco desenvolvidas de até 2 m de altura. Predomina o estrato herbáceo, mais ou menos contínuo, com domínio de das famílias Gramineae, Velloziaceae, Cyperaceae, Orquidaceae, Eriocaulaceae e Xyridaceae, sendo que as duas últimas aparecem quase que exclusivamente neste tipo vegetacional. Observa-se também a ocorrência de arbustos que não atingem mais de 1,5 m de altura e crescem em afloramentos rochosos, pertencentes às famílias Melastomataceae, Rubiaceae e Leguminosae. A vegetação dos Campos Rupestres está formada, em parte, por espécies autóctones, selecionadas pelas condições de clima e especialmente dos solos, que são de pouca profundidade, muito pedregosos e com pouca capacidade de armazenamento de água. Segundo Joly (1970), não há na flora brasileira outra associação com tal índice de endemismo como a dos Campos Rupestre. Os Campos Rupestres situadas no território de Nova Lima estão inseridos no complexo da Cadeia do Espinhaço e serras adjacentes (Giulietti et al., 1988), e podem se apresentar sob duas formas predominantes: a quartzítica, maioria no município, e os campos ferruginosos. O quartzito tem grandes escarpamentos orientados por fraturas onde ocorrem arvoretas como pororoca (Myrsini venosa), jacarandá do cerrado (Dalbergia sp.) e mandiocão (Didymopanax maracarpum). Segundo Barreto (1956) e Rizzini (1979) ocorre formação de campos rupestres sobre a canga ferruginosa, que se apresenta um tanto fendida, ora desagregada superficialmente, ora muito compacta. As formações ferrosas favorecem uma descontinuidade da vegetação e podem apresentar plantas que tendem ser bastante especializadas para tal tipo de solo. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 44 Barreto (1940), em seu trabalho sobre a área, nos informa que ela se mostra recoberta por vegetação arbustivo-herbácea, tendo como espécies mais típicas Mimosa calodendron, Stachytarphetta glabra e Lychnophora passerina, sobre a canga mais desagregada. A partir do dorso das serras e obedecendo a um gradiente altitudinal ocorre uma transição para outras tipologias. Em termos de distribuição no município, os campos ferruginosos estão associados às formações de campos rupestres da porção Sudeste, junto às Minas do Gama e das Abóboras, junto à Reserva Capitão do Mato os campos rupestres quartzíticos concentram-se nas porções Sudeste e Centro-Sul do município, na sub-bacia Rio do Peixe, mais próximos à Mata do Capão. Tais formações, devido aos altos graus de endemismos e de biodiversidade, apresentam prioridades na definição de áreas de conservação ou preservação, devendo ser aprofundados os estudos de diagnóstico. Reflorestamentos Há significativas extensões de áreas reflorestada situadas nas porções Centro e Sul da subbacia Rio do Peixe, ao longo do eixo da rodovia BR 356, separando-as das matas estacionais devido à sua monoespecificidade e à maior pobreza de espécies no sub-bosque, sendo as espécies de eucaliptos e pinus, as mais utilizadas. Estas áreas de plantios de florestas com espécies exóticas, apesar de não constituírem compartimentos de vegetação natural, guardam relevância ecológica por sua expressão na cobertura das sub-bacias, favorecimento a regeneração de algumas espécies nativas, além de favorecerem a sobrevivência de espécies da flora silvestre. Campos Antrópicos Nas áreas alteradas pelas atividades de mineração há a remoção da cobertura vegetal e a alteração do substrato. Após o abandono da parcela, é possível observar a presença de invasoras herbáceas com baixa exigência quanto às condições hídricas e nutricionais, que gradualmente iniciam o processo de colonização do solo. Estas áreas degradadas podem abrir espaço à disseminação de vegetação ruderal, composta por gramíneas exóticas representada por Minuta minutiflora (capim-meloso) e Brachiaria sp. (braquiária), associada a espécies nativas como Ricinus comunnis (mamona), Vernonia polyanthes (assa-peixe), Andropogon sp. (capim-rabo-de-burro) e outras. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 45 Representam as formações antropizadas graminóides e arbustivas, de composição herbácea sem árvores, situadas em áreas que sofreram intensa antrópica, com intervenção erradicação da cobertura vegetal natural. Em termos de distribuição no território de estudo, encontramse dispersos notadamente nas porções Centro e Nordeste do município, associados à expansão dos núcleos urbanos e áreas abandonadas em termos de uso. Constituem-se em áreas objeto de práticas de recuperação geoambiental, principalmente no que tange à contenção de processos LAGOA DE REJEITOS SITUADA NA PORÇÃO NORDESTE DO MUNICÍPIO, ONDE EVIDENCIA-SE FRAGMENTOS FLORESTAIS SECUNDÁRIOS EM SUAS MARGENS E ÁREAS ANTROPIZADAS erosivos e recuperação da cobertura vegetal natural. 3.2.3. Unidades de Conservação da Natureza As Unidades de Conservação da Natureza (UCs) são constituídas por áreas sob regime especial de proteção destinadas a ordenar o processo de ocupação em territórios que apresentem aspectos naturais relevantes. A Lei Federal no 9.985 de 2000, que aprovou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC, 2000) estabelece que reservas naturais protegidas passam a ser consideradas como categoria de Unidades de Conservação, contando com apoio para manutenção e proteção, por parte das entidades governamentais. No conjunto do patrimônio natural do município, destacam-se as Unidades de Conservação da Natureza de grande significação para a Regia Metropolitana de Belo Horizonte, com destaque para a APA SUL, Mata do Jambreiro, Reserva Capitão do Mato, Parque do Tumba, Parque Estadual do Rola Moça, Estação Ecológica de Fechos e a Mata Samuel de Paula, entre outros. As UCs, além de outras que deverão ser instituídas com base na Lei Orgânica do Município, como a Mata do Espírito Santo, a Mata do Faria e a Mata do Capão acabam por comprometer o município de Nova Lima com a questão da preservação ambiental, exigindo cuidados especiais em PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 46 qualquer política de desenvolvimento que venha a ser considerada para o município. Para este diagnóstico ora apresentado, as UCs são: Área de Proteção Ambiental Sul da RMBH (APA SUL) Com exceção da área urbana da sede de Nova Lima, o município tem 92% de sua área localizada na APA SUL, criada pelo Decreto Estadual n° 35.624 de 8 de junho de 1994, e delimita uma região com características físicas e ambientais que se destacam no contexto da RMBH, visando à sua preservação. A APA SUL com uma extensão de 1625,32 km2 localiza-se ao sul da RMBH, e engloba parte dos municípios de Barão de Cocais, Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté, Catas Altas, Ibirité, Itabirito, Mário Campos, Nova Lima, Raposos, Santa Bárbara, Sarzedo e todo o município de Rio Acima, com limites geográficos definidos em memorial descritivo anexo à Lei de criação (Figura 10). FIGURA 10 – Limite Físico da APA SUL e Municípios Englobados Fonte: Projeto APA SUL RMBH, 2005 Os municípios de Nova Lima, Rio Acima, Itabirito e Santa Bárbara, compõem mais de 85% do território da APA. A área é servida pelas rodovias federais BR-040 e BR-356 e por rodovias estaduais e municipais, em sua maioria de tráfego permanente. Ressalta-se que o município de Nova Lima apresenta a maior participação (378 km2) e porcentagem (23,27%), conforme Tabela F. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 47 Tabela F – Participação dos Municípios na APA SUL Municípios Área total do município (km²) Participação na APA (km²) Equivalente em % Barão de Cocais 342,00 4,39 0,27 Belo Horizonte 335,00 34,37 2,11 Brumadinho 634,00 176,43 10,86 Caeté 528,00 39,55 2,43 Catas Altas 240,30 75,59 4,65 Ibirité 145,00 17,71 1,09 15,95 Itabirito 553,00 159,26 Mário Campos 37,00 11,62 0,71 Nova Lima 410,00 378,16 23,27 Raposos 77,00 39,75 2,45 Rio Acima 228,06 228,06 14,03 Santa Bárbara 859,00 337,82 20,78 Sarzeredo 62,17 22,61 1,39 1.625,32 100,00 TOTAL Fonte: Enciclopédia dos Municípios Mineiros / Vol. 1, 1998; Rio Acima (Instituto de Geociência Aplicada - IGA/MG); Catas Altas (PRODEMGE) A proposta de gestão da APA SUL em fase final de elaboração ao estabelecerá um zoneamento da APA, mas estabelecerá orientações temáticas em forma de layers que poderão ser utilizados como subsídios nas decisões sobre a implantação de atividades e empreendimentos. Nesse sentido, os conflitos só se resolverão caso a caso e mediante EIAs ou outros estudos específicos. No território municipal o Plano Diretor e o zoneamento deverão ser mais projetivos e normativos do que a APA, e, portanto fornecerão os elementos para a regulação de usos e normas para a implantação de atividades. Área de Proteção Especial (APE3) Estação Ecológica de Fechos Criada pelo Decreto Estadual 22.327/82, e fazendo parte do Sistema de abastecimento Morro Redondo, essa APE se estende em toda a bacia (1.074 ha) tendo como principal contribuinte da barragem para captação o Córrego dos Fechos. A Estação Ecológica inclui área localizada no bairro Jardim Canadá. 3 No Estado de Minas Gerais, as áreas destinadas à conservação de sub-bacias para abastecimento, pela Lei Parcelamento Solo Urbano (Lei Federal 6.766 19/12/1979), foram consideradas como Áreas de Proteção Especial - APEs. Segundo esta lei, caberá aos Estados disciplinarem a aprovação municipal de loteamentos em terrenos considerados de interesse especial, entre eles, os destinados à proteção de mananciais. Este dispositivo legal permite atividades de pesquisa e educação ambiental desde que não alterem o ecossistema e a qualidade do manancial. Segundo a COPASA, as áreas consideradas como APEs no Município de Nova Lima são: a Estação Ecológica dos Fechos e a Reserva do Mutuca. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 48 A vegetação preponderante da área é característica do Cerrado, com ocorrência de espécies de transição entre Mata Atlântica e cerrado. A cobertura vegetal arbórea corresponde a 416 ha, apresentando espécies que figuram nas listas de espécies ameaçadas de extinção do Estado de Minas Gerais: jacarandá-caviúna, canelasassafrás, embira. Na área, o relevo favorece a existência de uma série de drenagens que formam corredores de mata nativa. A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade e espécies endêmicas, incluindo aquelas que figuram na "Lista de espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais" da Fundação Biodiversitas, tais como: mutum-do-sudeste, capoeira, jacu, pavó, macuco, macaco sauá e gato-do-mato. APE Reserva do Mutuca Criada pelo Decreto Estadual 21.372/81 e inserida no Parque Estadual do Rola Moça, a Reserva também constitui o Sistema de Abastecimento Morro Redondo, protegendo a totalidade da bacia (1.250 ha), tendo como principal contribuinte da barragem o Córrego Mutuca. A vegetação preponderante da área é característica do Cerrado, com ocorrência de espécies de transição entre Mata Atlântica e Cerrado. A cobertura vegetal arbórea corresponde a 371 ha. Por sofrer constantes incêndios nos períodos de estiagem, a vegetação é caracterizada por diferentes graus de sucessão. A fauna existente apresenta um alto índice de diversidade e espécies endêmicas (ocorrência restrita), entre eles: sabiá-barranqueiro, tico-tico, codorna, anu-preto, tangará-dançarino, havendo 02 espécies em extinção (jacu, chibante), cachorro-do-mato, tatu-galinha, cuíca, gambá-de-orelha-branca, sagui, coati, paca, veado-campeiro, havendo 01 espécie em extinção (gato-do-mato). Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN4) Mata do Jambreiro Localizada na vertente sul da Serra do Curral, próxima à Mina de Águas Claras (esgotada) pertencente à empresa mineradora MBR, a RPPN possui 912 hectares formados por vegetação secundária composta por Floresta Estacional Semidecidual. A presença de nascentes e córregos contribuintes do Rio das Velhas, além do relevo acentuado, podem ter contribuído para sua preservação. 4 Criada em 1990, a RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL - RPPN é uma categoria de Unidade de Conservação instituída em propriedade particular e mediante ato de reconhecimento do poder público, por apresentar características relevantes à conservação da biodiversidade. De acordo com a Lei 9.985/2000 que cria o SNUC, a RPPN é considerada uma Unidade de Conservação do grupo de uso sustentável. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 49 Reserva Particular de Patrimônio Natural Mata Samuel de Paula A RPPN pertence à empresa mineradora AngloGold. Localizada na área urbana de Nova Lima, na Bacia do Rio das Velhas, sub-bacia do Ribeirão dos Cristais, a RPPN abrange um remanescente da Mata Atlântica com 147 ha. A área abriga a nascente do Córrego Rego Grande. Parque Estadual Serra do Rola Moça Parte do Parque está inserido nos domínios do Município de Nova Lima, auxiliando na proteção do Córrego Mutuca, está coberto por Campo Cerrado, além de um espessa carapaça de Canga Ferruginosa, tendo nos vales formações florestais que passam por campo limpo e formação campestre rasteira, com grande representatividade territorial no parque. Parque Municipal Rego dos Carrapatos Situado na área urbana de Nova Lima, foi viabilizado pelo Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta da mineradora Morro Velho foi transformado em área para educação ambiental e recreação para os munícipes. Reserva Capitão do Mato Com expressivo remanescente da Mata Atlântica com 810 ha, constituído de matas secundárias, além de Campos Rupestres, a reserva aguarda seu reconhecimento como RPPN. Os Campos Rupestres sobre Cangas estão presentes em diferentes graus de interferência antrópica. Reserva do Tumba Constitui um dos últimos remanescentes de floresta de transição entre Mata Atlântica e Cerrado stricto sensu, englobando um dos poucos remanescentes de floresta nativa, desempenhando considerável importância na preservação da biodiversidade da flora e fauna. Além destas, a Mata do Espírito Santo; a Mata do Capão; a Luzia da Mota; a Fazenda Fernão Paes e a Mata do Faria fazem parte do Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta da antiga mineradora Morro Velho. A Figura 11 a seguir representa as Unidades de Conservação do município de Nova Lima assim como essas áreas de preservação. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 50 3.3. Elementos físicos e bióticos para análise ambiental Para uma análise ambiental de suporte para as propostas urbanísticas e de desenvolvimento econômico e social em Nova Lima, selecionamos alguns elementos Litoestruturais, Geomorfológicos, Hidrográficos e da Biota de maior interesse presentes no município. Pela abordagem Geológica e Geomorfologia, para a qual contamos com os Estudos do Meio Físico do Projeto APA Sul da RMBH desenvolvidos pela CPRM, através do convênio SEMADCPRM, identificamos através das Unidades Estruturais, das Unidades de Relevo e especialmente através das Feições de Relevo, as áreas e pontos mais vulneráveis a instabilidades dos terrenos frente às intervenções dos processos de ocupação. Foram de grande valia os mapeamentos Geopedológicos e de Declividades do Projeto “Contribuição do IBRAM para o Zoneamento Ecológico-Econômico e o Planejamento Ambiental de Municípios Integrantes da APA Sul-RMBH”, realizado pelo IBRAM e BRANDT Meio Ambiente. É importante registrar que a análise interativa dos fatores litoestruturais do substrato geológico, das formações superficiais, das características da rede fluvial, da diversidade da cobertura vegetal e das diferentes formas de intervenção sobre os elementos e processos naturais aponta para a dinâmica atual dos processos erosivos-deposicionais atuantes nessa região. Assim destacamos através de cartografia elementos pontuais, lineares e areolares de maior ou menor expressão espacial que, presentes no território de Nova Lima, indicam condições de vulnerabilidade física ou biótica. A superposição de fatores ressalta certas fragilidades que deverão ser levadas em consideração no desenvolvimento das propostas para o Plano Diretor, visto que, tanto a paisagem como os recursos hídricos constituem elementos que consideramos de maior importância para a preservação desse território. O Mapa 02 – Elementos físicos e bióticos significativos em anexo apresenta uma sobreposição dos elementos que subsidiarão essa análise. Por hora, salientamos elementos pontuais, areolares e regionais de maior importância. Elementos Pontuais Classificamos como Pontuais as feições de relevo, como as escarpas e as cristas, e as feições decorrentes da morfodinâmica, como os anfiteatros suspensos e as voçorocas, pois caracterizam fenômenos que ocorrem em conjunturas litológicas, estruturais, morfológicas, de escoamento PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 52 superficial e subsuperficial específicas, a partir de determinadas intervenções. São os anfiteatros suspensos, os pontos de coluviamento e as áreas de voçoroca presentes, sobretudo, no Platô Sinclinal da Moeda, assim como as escarpas. Na Crista da Serra do Curral encontram-se anfiteatros suspensos e no Vale do rio das Velhas os vales estruturais. Elementos Areolares Classificamos como Areolares os elementos que se definem em uma área como os depósitos sedimentares diversos que constituem formações superficiais, os vales estruturais, as rampas de colúvio no Platô Sinclinal da Moeda, as vertentes com declividades superiores a 30% em especial aquelas associadas aos setores das cabeceiras das redes de drenagem que ocorrem nos diversos setores. Os depósitos lacustres e de enchimento de vales como argilas e grãos de quartzo ocorrem na Sinclinal da Moeda, especialmente no Jardim Canadá e ao longo da BR 040. Para os fragmentos florestais remanescentes da Floresta Estacional, considerados como Mata Nativa, localizados preferencialmente nas Unidades de Conservação mapeadas, deverão ser adotadas práticas conservacionistas para manutenção e expansão da biota local, podendo os mesmos serem classificados como Áreas Núcleo. O mesmo procedimento deverá ser adotado para os Campos Rupestres, que apesar de diminutas extensões geográficas ocupadas no município, apresentam altos graus de endemismos e diversidade florística, necessitando, portanto, não só de práticas conservacionistas mas preservacionistas também, devido à expansão da atividade mineraria e imobiliária. Com relação aos fragmentos florestais caracterizados como Mata Secundária, para os mesmos deverão ser estabelecidas atividades de recuperação geoambiental, baseadas no controle de processos erosivos e recuperação da cobertura vegetal, com o intuito de se aumentar a área florestada do município e constituir novos corredores ecológicos. Tais fragmentos se situam ao longo de fundos de vales e baixas vertentes acidentadas, notadamente nas porções NE e Central, fortemente pressionados pela expansão imobiliária. Para melhor definição dos potenciais corredores ecológicos a serem implantados, deve-se priorizar as áreas de mananciais, cujas cabeceiras de drenagem encontram-se comprometida em termos de cobertura vegetal e de proteção ao solo, como o caso das cabeceiras do ribeirão dos Macacos. Os fragmentos da cobertura vegetal natural, principalmente aqueles próximos às Unidades de Conservação, poderão ser considerados como Áreas Núcleo para expansão da biota local assim como os fragmentos existentes ao longo dos fundos de vales e baixas vertentes acidentadas poderão constituir Corredores Biológicos unindo área-núcleo. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 53 Elementos Regionais Definimos como Elementos Regionais, para fins desta análise, conjuntos de características e processos naturais que se estendem no território definindo compartimentos ambientais especiais. O primeiro é a região de produção de recursos hídricos, Mananciais do território de drenagem do Sistema Rio das Velhas situada no território de Nova Lima à montante da captação em Bela Fama que definem uma área na que deverá ser observada quanto à sua ocupação futura. O segundo situa-se a partir do limite noroeste definido pelas escarpas da borda da Sinclinal da Moeda com uma disposição, em forma de grande arco, em que se assentam os vales estruturais tributários do Ribeirão dos Macacos. Estes, em harmonia com os morros de topos alinhados, definem um conjunto paisagístico exuberante que podemos nomear de “Grande Anfiteatro em Arco” no interior do Vale do Rio das Velhas. Figura 12 – Grande Anfiteatro em Arco Finalmente registramos que subsidiando a etapa de propostas do Plano Diretor, a interpretação desses elementos, físicos e bióticos do sítio de Nova Lima, terá como base sua integração na escala de Sub/ Sub-Bacias da Bacia do Rio das Velhas. Esse expediente de análise terá a finalidade de estimar os níveis de vulnerabilidade do território, segundo compartimentos com maior ou menor incidência de fatores.Tais compartimentos, que constituirão diretrizes ambientais para as proposições espaciais deste Plano Diretor, resultarão da agregação dos setores de bacias. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 54 3.4. Sistema de Gestão Ambiental Municipal O Sistema de Gestão ambiental municipal de Nova Lima está estruturado e conta com a Secretaria de Meio Ambiente, Fundo Municipal e o Conselho Municipal de Meio Ambiente com caráter consultivo e estando em processo de aprovação lei que altera a constituição de Conselho e o seu caráter para deliberativo. A estrutura ambiental conta com cerca de 75 técnicos envolvidos em tarefas de licenciamento ambiental, análise de pedidos de autorização de supressão de vegetação e na manutenção de parques e áreas verdes. O município realiza o licenciamento ambiental de acordo com as regras da deliberação normativa do COPAM 73/04 e também com base na Resolução CONAMA 237/97. Por decisão local o licenciamento de uso do solo está unificado ao licenciamento ambiental facilitando e agilizando a análise de novos empreendimentos no município, por meio de uma comissão integrada de análise para licenciamento de eventos de médio a grande portes. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 55 4. MEIO ANTRÓPICO PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 56 4.1. Dinâmica Demográfica Segundo a projeção mais atual do IBGE, Nova Lima tem 71.897 habitantes1. O Censo demográfico realizado em 2000 apontava uma população total de 64.387 habitantes e uma taxa de crescimento de 2,357% ao ano, sendo a taxa de urbanização de 97,9%. Para fins de transferências governamentais, as fontes oficiais têm trabalhado com estes dados e projeções. Tabela G - Projeção da população do município de Nova Lima. Ano Nova Lima 2000 2001 2002 2003 2004 2005 64.387 65.894 67.435 69.134 70.628 71.897* Fonte: BNDES, a partir do censo do IBGE de 2000. * IBGE, Cidades@; População Estimada 2005 em 01.07.2005. O Estudo da demografia da Região Metropolitana de Belo Horizonte realizado pelo CEDEPLAR2 aponta uma projeção populacional para Nova Lima de 76.356 para 2010. Valor que iremos utilizar como referência para o Plano Diretor. Segundo esse estudo, pode-se considerar que Nova Lima tem recebido população migrante de Belo Horizonte, e que existe uma estreita relação de trabalho dessa população com a capital. A Tabela G mostra que, embora o local de moradia possa ter mudado, o local de trabalho ainda continua vinculado a BH. Nesse sentido a cidade tende a ganhar características de cidade-dormitório, o que aumenta as despesas municipais sem aumentar a arrecadação de impostos como o ISS. Nota-se ainda que, embora Nova Lima seja destino dessa migração interna, municípios como Ribeirão das Neves, Contagem e Betim receberam um número maior de migrantes, com certeza pela oferta do emprego industrial. 1 Projeção divulgada para o ano de 2005 pelo IBGE. 2 Cedeplar é o Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 57 Tabela H – Residentes da RMBH e trabalham em outros municípios Municípios da RMBH Reside na RMBH e Trabalha em BH Origem BH Reside na RMBH e Trabalha em BH Contagem 38.699 59.177 Rib. Das Neves 28.314 40.332 Santa Luzia 20.350 29.391 Sabará 15.056 18.762 Ibirité 13.876 20.027 Betim 9.080 16.725 Vespasiano 7.266 9.818 Nova Lima 3.556 5.706 Esmeraldas 1.259 1.904 Outros municípios TOTAL 6.312 10.555 143.768 212.397 Fonte: CEDEPLAR, 2004, FJP, Pesquisa OD 2002. Quando se analisa a mobilidade dentro do Município de Belo Horizonte, em sua Região Centro-Sul, mais ligada a Nova Lima, nota-se que o Centro tem perdido população enquanto os Bairros Savassi, Belvedere, Mangabeiras cresceram como mostram as Figuras 13 e 14 a seguir. Existe uma tendência de crescimento dentro de Belo Horizonte para o Sul. Extrapolando os limites do município, pode-se considerar que Nova Lima tende a receber imigrantes seguindo essa tendência. Essa população caracteriza-se por ser de alta renda e procurar qualidade de vida. Contudo permanece com seus vínculos de emprego e atividades de lazer com BH. Existe um movimento populacional que precisa ser considerado no município em vetores que correspondem aos principais eixos de acesso. Por um lado, a região da Vila da Serra e Vale do Serrano e os condomínios de alto padrão localizados ao longo da MG 030 recebem população de Belo Horizonte. Por outro lado, a BR 040 também constitui um eixo de âmbito metropolitano, recebendo população flutuante tanto para as atividades produtivas (minas, serviços e comércio), quanto uma população residente, localizada nos condomínios. Esse vetor também pode ser considerado de interesse turístico, sendo Macacos uma região de atração. Na sede, existe um movimento da população em direção ao distrito de Honório Bicalho e Santa Rita. A sede tem tido valorização imobiliária gerando um processo de expulsão da população de menor renda. Em resumo, a Figura 15 a seguir mostra essa tendência demográfica municipal. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 58 Figura 13 – Saldo da Mobilidade Figura 14 – Taxa geométrica de Intermetropolitana no Município de BH crescimento anual em Belo Horizonte Fonte: Pesquisa OD, FJP, 2002. CEDEPLAR 2004. Fonte: CEDEPLAR, 2004 PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 59 4.2. Perfil da população no município de Nova Lima 4.2.1. Perfil demográfico Um perfil mais detalhado do quadro populacional pode ser apresentado por intermédio da relação pessoas residentes no município e idade. Levando-se em conta a projeção populacional de Nova Lima e o percentual da população por idades, o planejamento e o desenvolvimento de políticas públicas e orçamentárias tornam-se mais objetivos no que diz respeito aos serviços básicos necessários à população, especialmente nas áreas de educação, saúde, lazer e cultura. A Tabela I apresenta o agrupamento da população de Nova Lima por idade. As faixas etárias são agrupadas de modo que facilite a utilização de outros índices de desenvolvimento e dados sociais e econômicos no planejamento estratégico de políticas públicas. Observa-se que a população infantil (0 a 6 anos de idade) representa aproximadamente 12% da população, ou cerca de 8.000 indivíduos. Como já foi mencionado, o IDI (Índice de Desenvolvimento Infantil) trabalha com esta faixa etária. A população jovem (15 a 24 anos de idade) do município representa aproximadamente 21% da população. Programas que integrem e sirvam a esta faixa etária nas áreas de educação, saúde, lazer cultura são extremamente importantes, pois estes jovens irão compor a população economicamente ativa dentro de poucos anos. A população economicamente ativa segundo o IPEA representa aproximadamente 45,5% da população de Nova Lima. A população de idosos é de 8% ou cerca de 6.000 indivíduos. Numericamente, o IPEA indica que a população economicamente ativa de Nova Lima é de aproximadamente 33.000 indivíduos. Tabela I - Residentes e idade. Pessoas residentes Número de pessoas % de pessoas 0 a 6 anos 7.520 11,7% 7 a 14 anos 9.186 14,3% 15 a 19 anos 6.564 10,2% 20 a 24 anos 6.555 10,2% 25 a 39 anos 15.800 24,5% 40 a 49 anos 8.323 13,0% 50 a 59 anos 5.137 8,0% 60 a 69 anos 2.923 4,5% 70 anos e mais 2.279 3,5% Fonte: IBGE, Resultados da amostra do Censo Demográfico 2000. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 61 Para fins de planejamento de políticas e serviços necessários à população jovem de Nova Lima, cabe ressaltar o aumento do percentual de adolescentes do sexo feminino entre 15 a 17 anos de idade com filhos. A Tabela J apresenta o aumento desse percentual: Tabela J - Percentagem de adolescentes do sexo feminino entre 15 a 17 anos de idade com filhos Ano % 1991 2,64 2000 6,18 Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). A expectativa de vida de Nova Lima é de 76 anos e a esperança de vida ao nascer é de 70,6 anos (cabe lembrar que o IDH-M utiliza a esperança de vida ao nascer como indicador). A taxa de mortalidade infantil é de 29,7 por mil nascidos vivos (IBGE, 2000). A condição domiciliar de Nova Lima é significativamente superior à de Minas Gerais. A Tabela K detalha as condições gerais dos domicílios particulares permanentes de Nova Lima. A importância desses dados reside principalmente na avaliação e no planejamento do acesso da população ao saneamento básico e, conseqüentemente, às políticas de saúde. Tabela K - Domicílios particulares permanentes de Nova Lima Censo 2000 com divisão territorial 2001 Domicílios particulares permanentes Número de % dos % dos domicílios domicílios*¹ domicílios*² Com esgoto - banheiro ligado à rede geral 12.694 75,7% 88,9% Com água - abastecimento ligado à rede geral 15.412 91,9% 92,3% Com lixo coletado 16.269 97% 97,5% Total 16.759 100% Fonte: *¹ IBGE, resultados da amostra do Censo Demográfico 2000; Tabela 3.3.1.17 - Domicílios particulares permanentes, por forma de abastecimento de água, existência de banheiro ou sanitário, tipo de esgotamento sanitário e destino do lixo, segundo os municípios - Minas Gerais. *² BNDES, Baseado na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE). A maior parte da população residente está concentrada na região da sede municipal como mostra a Figura 16, embora as atividades econômicas e residências estejam em loteamentos esparsos no município. Interessante notar que, segundo o levantamento do Censo do IBGE em 2000 (Fig. 17), a distribuição da população por faixa de idade mostra que há uma concentração maior de adultos PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 62 residentes na região da Vila da Serra, em Macacos e no Morro do Chapéu. O número maior de crianças está na sede, destacando-se Bela Fama, e mais longe em Alphaville e Balneário Água Limpa. Figura 16 – Numero absoluto de residentes por setor censitário PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 63 4.2.2. Perfil da Renda Segundo o ultimo Censo do IBGE, o rendimento mensal médio das pessoas residentes (de 10 anos ou mais) era de R$ 774,25, próximo da média brasileira (R$ 768,83) e superior à média do Estado (R$ 680,54). Contudo, observa-se uma concentração de renda acima de 10 SM nas regiões da Vila da Serra e do Vale do Sereno, no Vale do Mutuca e na região dos condomínios ao longo da MG-030 (Figura 18). Em contrapartida, está na sede nos bairros BNH e Cruzeiro o maior número de famílias que recebem até 0,5 SM mensais, assim como na região periférica ao centro está localizada a maior parte da população que recebe até 5 SM. A região central da cidade tem um número significativo de chefes de família que tem rendimento entre 5 e 10 SM. Figura 18 – Renda dos Responsáveis pelos domicílios por faixa PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 65 Por outro lado, a Tabela L mostra que 31% da população não tem rendimento e apenas 2% da população recebem acima de 20 SM. Tabela L - Relação população e renda Renda Número de habitantes % Sem rendimento 20.036 31,1% Até 1 salário mínimo 7.756 12% Mais de 1 a 2 salários mínimos 9.543 14,8% Mais de 2 a 3 salários mínimos 4.696 7,29% Mais de 3 a 5 salários mínimos 4.637 7,20% Mais de 5 a 10 salários mínimos 3.803 5,9% Mais de 10 a 20 salários mínimos 1.834 2,8% Mais de 20 salários mínimos 1.300 2% Fonte: IBGE, população e domicílios do Censo Demográfico 2000. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 67 4.3. Estrutura Urbana A região central da cidade, sede do Município, corresponde ao núcleo histórico, formado no século XIX em função da mineração do ouro. O mapa histórico a seguir (Fig. 19) já apresentava, em 1870, o arruamento da sede municipal, as vias de acesso e a ferrovia construída pela Cia. Saint John Del Rey para o transporte do ouro. Figura 19 – Mapa Histórico de Nova Lima As características da morfologia urbana assemelham-se às demais cidades mineiras do Estado: assentamentos urbanos em terrenos de topografia acidentada, declivosa e heterogênea. A tipologia das construções nessa área reflete a baixa renda da população em geral: taxas de ocupação elevadas, muitas vezes com mais de uma construção no terreno, inclusive verticalização das ocupações, e baixo padrão das construções, sendo muitas delas inacabadas, conforme fotos a seguir. Muitas construções são clandestinas ou irregulares, criando, às vezes, problemas de salubridade aos seus moradores. Contudo, o relevo propicia sempre vistas interessantes e amplas como mostra a Figura 20 – Características da Ocupação. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 68 ALTAS TAXAS DE OCUPAÇÃO E EDIFICAÇÕES INACABADAS RESIDÊNCIA DE BAIXO PADRÃO CONSTRUTIVO Existem poucos espaços públicos livres. Destacam-se: a subestação da CEMIG e as áreas industriais da Companhia Morro Velho, além do Largo da Matriz (Praça Bernardino de Lima), foto a baixo. PANORÂMICA DO LARGO DA MATRIZ A PARTIR DA IGREJA Apesar da topografia acidentada ser um dado, há diversidade em relação às taxas de ocupação, arborização, padrões de urbanização e tipologias das residências nos diferentes bairros de Nova Lima. O bairro das Quintas mantém as antigas construções dos funcionários ingleses da Companhia Morro Velho; o Alto das Quintas por suas grandes casas, ruas sinuosas e arborizadas; o Centro por suas edificações art deco e intenso uso misto; o Bairro da Boa Vista com seus bonserás; o Cruzeiro por sua enorme declividade e praça com cruzeiro que se vê de diversos pontos da cidade. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 70 PRAÇA E CRUZEIRO DO BAIRRO DA BOA VISTA ÁREA COMERCIAL NO CENTRO PANORÂMICA DO BAIRRO DO ALTO DAS QUINTAS, NOTA-SE O ALTO PADRÃO DAS CASAS E ARBORIZAÇÃO DAS VIAS As atividades de comércio e serviços concentram-se em torno da praça central da cidade e ao longo das ruas Santo Antonio, Chalmers, Santa Cruz e Bias Fortes, seqüência conhecida como rua do comércio, como pode-se verificar no Mapa 5 – Uso do Solo Urbano em anexo. É possível notar o início do processo de expansão do eixo comercial através do Largo da Matriz na direção da Avenida Artur Bernardes e avenida José Bernardo de Barros, também conhecida como avenida sanitária. O comércio de Nova Lima se caracteriza por atender a população da sede e dos municípios vizinhos como Rio Acima e Raposos, cujas manchas urbanas localizam-se à leste do limite municipal. A porção mais a oeste da cidade, junto à MG-030, apresenta uma ocupação de grandes parcelamentos residenciais para a classe média-alta como o Residencial Sul, o Bosque do Jambeiro, o Ville de Montagne e o Ouro Velho Mansões, com lotes de grandes dimensões (500 – 1.000 m²), e, portanto, baixa densidade de ocupação, traçados viários sinuosos e presença de mata. O bairro José de Almeida constitui uma exceção no conjunto dessa região, pois é ocupado por uma população mais pobre. A Figura 21 apresenta uma leitura da ocupação do solo nas áreas urbanizadas do município de Nova Lima. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 71 A região oeste é mais fortemente influenciada pela proximidade da zona sul de Belo Horizonte (Belvedere e BH- Shopping). O parcelamento Vila da Serra e Vale do Sereno, área conhecida por Seis Pistas, ainda encontra-se pouco ocupado. Essa região apresenta vocação para o comércio e serviços de amplitude metropolitana, principalmente com equipamento de educação e saúde, assim como para a instalação de sedes de empresas: já existem três hospitais privados, com convênios À ESQUERDA E ACIMA VÊ-SE A PROXIMIDADE DA URBANIZAÇÃO DE BELO HORIZONTE, O BH SHOPPING E A VERTICALIZAÇÃO DO BAIRRO BELVEDERE. A ROTATÓRIA DÁ ACESSO A ÁREA CONHECIDA COMO SEIS PISTAS, EM NOVA LIMA, A TIPOLOGIA COMUM DEMONSTAR A FORTE INFLUÊNCIA. municipais, e duas Faculdades instaladas, além de diversos edifícios de escritórios. Está em construção o edifício AltaVilla, com diversas funções como a Hard Rock Café, um mirante com esportes radicais, lojas, escritórios, uma área de eventos e um cursinho pré-vestibular. Há uma tendência de verticalização da área decorrente da valorização dos terrenos (tanto para usos comerciais como residenciais), seguindo o modo de ocupação do Belvedere III no limite de BH, como mostra a Figura 22 a seguir. Efetivamente, essa região de Nova Lima sofre intensa influência no padrão de ocupação de Belo Horizonte, sendo considerada pelo setor imobiliário a área mais nobre de BH. Os lançamentos imobiliário que se derramam deste lado da serra do Curral, são considerados pelos empreendedores, como prolongamentos da Capital, escondendo-se o fato deles se situarem no município de Nova Lima. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 73 No vale do Mutuca, ao sul da MG-030, os parcelamentos estão consolidados apesar do relevo muito acidentado. Foram feitas obras de contenção e adequação dos acessos, mas nota-se na foto ao lado a presença de encostas que sofreram erosão. O vale abriga uma série de condomínios compostos fechados, por são edificações unifamiliares de alto-padrão com IMAGEM DE CONDOMÍNIO NA REGIÃO DO VALE DO MUTUCA, OBSERVA-SE A PRESENÇA DE ENCOSTAS ERODIDAS E ALTA TAXA DE OCUPAÇÃO NOS LOTES. acesso restringido por portarias. Observa-se que os lotes têm alta taxa de ocupação com a construção de áreas de lazer dentro do próprio lote, reduzindo a permeabilidade do solo. Segundo o Plano Diretor elaborado pela ONG Pró-Mutuca, os parcelamentos ocorridos no Vale do Mutuca, com exceção do loteamento Estância Serrana cuja aprovação inicial foi em 1958, datam da década de 70, anteriores à Lei Federal 6.766/79, e sua implantação deu-se sem as condições necessárias de infra-estrutura urbana em desacordo com as especificidades do sítio natural. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 74 Um estudo da tipologia de ocupação do solo desses loteamentos mostra uma grande predominância dos lotes na faixa de 1.000 a 2.000m², à exceção do Conde onde predominam lotes de 2.000 a 4.000m², Vila Campestre (predominância de 2.000 a 2.400m²), Vila d’El Rey (de 1.200 a 3.600m²) e Estância d’El Rey (de 2.000 a 2.700m²). Plano Diretor do Vale do Mutuca. VERTICALIZAÇÃO NO BAIRRO VILA DA SERRA A região central do Município caracteriza-se por uma ocupação de chácaras (Jardim Petrópolis, Pasárgada, Morro do Chapéu), marcada por uma centralidade histórica: São Sebastião das Águas Claras, vulgarmente conhecida por Macacos. Esse pequeno núcleo atrai o turismo gastronômico nos finais de semana, e outras atividades de veraneio, como casas e sítios de fim de semana e passeios ecológicos. A baixa densidade e as condições naturais do lugar propiciam à região um uso voltado para o lazer e o turismo de interesse metropolitano, registrando-se a presença de várias pousadas e restaurantes de comidas típicas, sobretudo nas proximidades do seu núcleo histórico. As ocupações do Jardim Canadá, Vale do Sol e Miguelão apresentam traçado viário regular em uma topografia mais favorável. Predominam lotes de menor dimensão (por volta de 360 m²). Contudo, esses loteamentos apresentam diversos problemas relativos à sua ocupação. O Jardim Canadá, com 5.698 lotes, foi aprovado na década de 1960, e sofreu inúmeros embargos. Atualmente apresenta considerável dinamismo econômico dado o acesso pela BR-040, que aproxima este bairro da Capital, e a grande disponibilidade de lotes a custos relativamente baixos. O Jardim Canadá tornou-se um local preferencial para a localização de empresas, face ao esgotamento de áreas da Capital mineira, e de grande concentração da população de renda baixa e média, inclusive invasões, como se pode notar nas ilustrações da Figura 20 anteriormente apresentada. A ocupação dessa área é crítica pois as condições geológicas do lugar com depressões alagadiças e a superficialidade do lençol freático apresenta afloramentos em diversos pontos e gera problemas de alagamento nas ocasiões de chuva, podendo chegar a 1,5m d´água nas áreas mais baixas. Os desmembramentos irregulares de lotes, a PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 75 vizinhança da área de atividade minerária, visto que a Mina Capão Xavier encontra-se em atividade, e a posição a montante da Estação Ecológica de Fechos contribuem para a vulnerabilidade do ecossistema local, se considerarmos que essa área é a principal recarga do aqüífero que forma o manancial da região. O Vale do Sol sofreu processo semelhante: foi parcelado PRESENÇA CONSTANTE DE ÁGUA NAS RUAS DO JARDIM CANADÁ permanecendo sem ocupação com 2.000 lotes de 360m², e passou recentemente a ser ocupado. Ainda tem áreas sem urbanização e problemas de locações e lotes. Efetivamente, nota-se que a vocação de ocupação de parte dos lotes ao longo da BR-040 voltase para atividades de comércio e serviços, e tem ligação mais intensa com Belo Horizonte do que com a sede de Nova Lima, de mais difícil acesso a partir dessa região. Mais ao sul, encontram-se loteamentos como o Morro do Chapéu, a Lagoa do Miguelão e a Lagoa dos Ingleses. Os dois primeiros, loteamentos de chácaras visam um público de veraneio e residências. A Lagoa do Miguelão ficou por muito tempo sem ocupação por falta de infra-estrutura, mas recentemente, começou a ser ocupada. O Morro do Chapéu é considerado um loteamento para a população de alta renda e sofre a influência da poluição de particulados das minerações vizinhas, contudo encontra-se ocupado em mais de 80%. A Lagoa dos Ingleses, loteamento projetado em 6 etapas (1.600 lotes) e em parte implantado pelo grupo Alphaville, comporta, além de lotes residenciais, uma escola particular e a Fundação Dom Cabral além de um centro comercial ainda pouco ocupado. É um loteamento recente, mas considera-se que não obteve o sucesso imobiliário pretendido. O Balneário Água Limpa, no extremo sul do município é de grandes dimensões e passa dos limites municipais localizando-se parcialmente em Itabirito: num total de 12.466 lotes, apenas 3.466 estão em Nova Lima. Embora implantado na década de 1950, ficou ocioso por não oferecer infraestrutura urbana. O projeto previa um hotel (que foi construído) e um clube. Atualmente a gleba apresenta diversas invasões. Os demais loteamentos da região configuram chácaras recreativas, com os acessos principais a partir da BR-040 e da BR-356, rodovia que leva à região de Ouro Preto. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 76 Nos cadastros de imóveis de Nova Lima constavam, em 2002, 26.000 lotes vagos3. Embora desatualizado esse número é importante de ser analisado. Por um lado já existe no Município uma capacidade de suporte de novas habitações ou seja de crescimento populacional de 100% equivalente à população existente hoje! Contudo, muitos desses lotes não têm infra-estrutura básica instalada, e estão situados de maneira dispersa pelo território municipal, como o Balneário Água Limpa e Vale do Sol. Portanto esse número, embora real no cadastro, deverá ser revisto sob a perspectiva da qualidade da instalação urbana e da sua articulação no território. Por outro lado, estão sendo implantados em Nova Lima, ao longo da MG-030, pelo menos dois novos loteamentos para renda média-alta, e que visam o mercado de Belo Horizonte, mais especificamente o público do eixo sul: o Vale dos Cristais e o Quintas do Sol. Em depoimentos de vendedores imobiliários, 80% desses loteamentos já está vendido. Essa região de Nova Lima é considerada “a área nobre de Belo Horizonte”. Existe uma pressão do setor imobiliário para a construção de novos loteamentos com controle de acessos, prometendo segurança e qualidade de vida, embora tal solução não esteja regulamentada. O atual momento do desenvolvimento de Nova Lima é fortemente caracterizado pela fase de exaustão de atividade mineraria, alterando o destino de vastos setores de seu território. Com efeito, é importante salientar que existem dois grandes proprietários de terra no município: a AngloGold/Ashanti, antiga Morro Velho, e a MBR – Mineradoras Brasileiras Reunidas, cuja principal acionista atualmente é a Cia Vale do Rio Doce. Considera-se que quase 50% da área pertence ainda às duas mineradoras4. A AngloGold já desativou grande parte de sua exploração, e tem projetos imobiliários, tanto de regularização de áreas cedidas para a construção de casas do seu operariado, quanto de novos empreendimentos, como o Vale dos Cristais, as Quintas do Sol (ver Figura 23 – Áreas Urbanizadas e Mapas 4 e 5 em anexo) e o Constelações, no futuro. Como foi apresentado anteriormente na Figura 9, as propriedades dessa mineradora localizam-se ao longo da MG-030, um dos principais eixos de expansão urbana. A MBR, por outro lado, ainda tem 30 anos de exploração de suas minas aproximadamente. As únicas minas exauridas e desativadas são a da Mutuca e a Minas de Águas Claras, essa última com projeto de implantação de um empreendimento que visa atividades de turismo de negócios, turismo ecológico e habitação para alta renda. Portanto, considera-se que, ao longo do tempo, essa mineradora terá uma reserva de área considerável para empreendimentos imobiliários. Seus terrenos situam-se no eixo da BR-040 e na bacia do Rio do Peixe. 3 O Memorial do Plano Diretor proposto em 2002 cita que existem 17.660 lotes vagos contra 2.381 lotes ocupados destinados à população de renda média-alta (88% de lotes vagos); e 8.405 lotes vagos contra 12.895 imóveis ocupados destinados à população de renda baixa e média-baixa (40% de lotes vagos). 4 Essa percentagem foi calculada a partir do mapa da figura 09, cuja base foi fornecida pela AngloGold. Algumas áreas, que originalmente pertenciam às mineradoras já foram vendidas para empreendedores imobiliários como a área de Alphaville. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 77 Nota-se que não há investimentos voltados para a população de baixa renda. Não há números cadastrais da demanda de habitação, mas pela observação das construções e por entrevistas concedidas por moradores, e pela existência de invasões em diversas áreas do município, é possível diagnosticar a falta de oferta de habitação para a população de baixa renda. O Município vive hoje um importante momento de inflexão de sua ocupação territorial. Além das mudanças no uso e ocupação do solo, promovidas pelo vetor de expansão para habitação de alta renda proveniente de Belo Horizonte, a Sede Municipal também passa por mudanças significativas. Nova Lima teve grande parte de sua ocupação promovida pela Morro Velho para abrigar seus funcionários em diversos bairros da Sede. As tipologias e as localizações oferecidas variavam de acordo com a função desempenhada: Bonserás de porta e janela (dois cômodos); Bonserás de porta e duas janelas (três cômodos); edificações mais amplas em lotes de 360m²; e as luxuosas residência das Quintas. BONSERÁ DE PORTA E JANELA NO CENTRO DA SEDE PDDM de NOVA LIMA BONSERÁ DE PORTA E DUAS JANELAS NO BAIRRO DA BOA VISTA, SEDE. DIAGNÓSTICO 78 Alguns desses bonserás, ainda ocupados e usados como residência, podem ser vistos nas ruas da Sede e constituem importantes referências arquitetônicas da história e da memória da cidade. Aquelas edificações construídas em lotes de 360m², mais próximas a região central, sofreram diversas alterações ao longo do tempo. O declínio da atividade mineradora da Morro Velho e a conseqüente diminuição da renda de seus antigos funcionários, somada a baixa oferta de trabalho para seus descendentes, impossibilitou a aquisição de novos lotes pelos novos núcleos familiares que se formaram. A concentração da propriedade da terra na região da sede, o alto preço e a falta de alternativas para a população de média e baixa renda, possivelmente também provocaram o adensamento dos bairros do centro de Nova Lima5. Com isso, as edificações sofreram ampliações e seus lotes são atualmente intensamente ocupados e vêem sofrendo uma mudança em relação ao seu uso. Aqueles localizados nas ruas que compõem o eixo comercial tiveram suas frentes abertas e transformadas em comércio – o que se tornou uma alternativa à lacuna deixada pelo final das atividades da Morro Velho. (Figura 24 – Crescimento da ocupação do lote). As conseqüências mais marcante deste processo são as altas taxas de ocupação dos terrenos, grande quantidade de imóveis inacabados, baixa permeabilidade do solo, pequena arborização intra-lote e o predomínio de densa massa construída em detrimento de espaços livres. Figura 24 – Crescimento da ocupação do lote 5 Segundo a Secretária de Habitação Ana Schmidt PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 80 A impossibilidade de expansão do núcleo central, determinada pelas propriedades das Mineradoras e pelas características do relevo do entorno, gerou significativa valorização do solo da Sede. Conseqüentemente aparecem vetores de ocupação de baixa-renda na periferia leste, em Honório Bicalho e Santa Rita. Particularmente em Nossa Senhora de Fátima (como se observa na foto ao lado – edificação em encosta de alta declividade) e no Alto do Gaya encontram-se áreas de ocupação irregular com edificações em risco de desmoronamento. Ainda na Sede podemos verificar que em áreas mais declivosas, como no Bairro do Cruzeiro, prevalece a população de renda mais baixa e predominantemente negra. Em Honório Bicalho atualmente estão sendo construídas OCUPAÇÃO IRREGULAR EM ALTA DECLIVIDADE. NOSSA SENHORA DE FÁTIMA diversas casas de alvenaria ao longo da curva do Rio das Velhas - em local constantemente inundado nas épocas de chuva – foto abaixo – o que representa grande risco aos novos moradores. Outro local de fragilidade ocupado é nas proximidades da Barragem de Arsênio, rejeito da produção de Ácido Sulfúrico no Mingu. A represa é de grandes proporções e nas épocas de seca fica coberta pelo Arsênio que o vento espalha e deposita na vegetação, ruas e casas expondo os moradores à intoxicação – foto abaixo. À ESQUERDA OCUPAÇÃO IRREGULAR, À DIREITA VÊ-SE O RIO DAS VELHAS – RISCO DE ALAGAMENTO. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO PARQUE INFANTIL COM GRANDE PROXIMIDADE DA BARRAGEM DE ARSÊNIO 81 4.4. Estrutura Urbana Legal: Perímetro Urbano, Zoneamento, Macrozoneamento O zoneamento foi instituído pela Lei Municipal 1.068/83, alterado e complementado por leis posteriores, e não abrange a totalidade das áreas urbanizadas do município. De um modo geral, estabelece zonas de predominância residencial, comercial ou industrial, conforme as características sociais e/ou econômicas de cada área abrangida. Cada zona se caracteriza pela permissão de um determinado elenco de categorias de uso do solo, bem como de modelos de assentamentos correspondentes às suas características funcionais. O Coeficiente de Aproveitamento é o parâmetro mais significativo destes modelos, pois diz respeito ao índice de ocupação do solo e, por extensão, à correspondência com a capacidade da infra-estrutura urbana e do meio ambiente. No atual zoneamento, as zonas ZR-1, ZR-1(A), ZRE-1, ZRE-2, ZRE-3, têm os mesmos usos permitidos: residências unifamiliares e o uso institucional local. A variação entre elas diz respeito apenas ao lote mínimo exigido para edificação em cada uma, denotando intenção de manutenção das condições originais de loteamento. O Coeficiente de Aproveitamento é de 0,8 para o uso residencial unifamiliar e de 1,2 para o institucional. São zonas, portanto, de predominância residencial e de baixa densidade de ocupação, relacionando-se fortemente com as populações de mais alta renda do município. A ZRE-3 permite maior coeficiente de aproveitamento (1,5) e edificações de uso multifamilares horizontais e serviços locais permitindo, portanto densidades maiores. A zona ZR-2 abrange o uso residencial unifamiliar, e os de comércio, serviço e institucional locais, com Coeficiente de Aproveitamento igual a 1,0 para o residencial e 1,2 para os demais. Denota direcionamento para uma população com renda entre baixa e média e para uma caracterização de baixa densidade. Corresponde, de um modo geral, às características sociais e econômicas das áreas abrangidas. A zona ZR-2(A) diferencia-se da ZR-2 por admitir o uso residencial multifamiliar e o institucional de bairro, com Coeficiente de Aproveitamento igual a 1,8 para o primeiro e 1,2 para o segundo. Denota direcionamento para uma densidade entre média e alta, considerada como pouco adequada às condições da infra-estrutura urbana das áreas abrangidas. As zonas ZR-3 e ZC-1 são praticamente iguais, tanto em uso, quanto em ocupação, o que é curioso, pois denotam predominância residencial em uma, e predominância comercial em outra. Assemelham-se à antiga ZC-1 de Belo Horizonte, que envolvia o comércio de bairro e localizava-se ao longo dos corredores de tráfego de bairro. Ambas abrangem os usos residenciais unifamiliares e multifamiliares bem como os usos comerciais, de serviços e institucionais, de amplitude local e de bairro. As poucas diferenças ficam por conta de pequenas variações no elenco de modelos de PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 82 assentamento adotados em uma e outra. Destacam-se o Coeficiente de Aproveitamento de 1,8 para o uso residencial multifamiliar e o de 1,2 para os demais usos permitidos. O lote mínimo de 125 m² exigido para a ZR-3 e o de 200 m² exigido para a ZC-1, denotam uma constatação de quadro sócioeconômico modesto. A ZR-3 domina a maior parte do espaço urbano da sede municipal, o que significa permissão de comércio e serviços de porte médio, ou de bairro, em quase toda a cidade, apesar da inadequação de muitas de suas vias. Também a habitação multifamiliar, com o Coeficiente de Aproveitamento de 1,8, pode ser considerada como problemática em relação às condições da maior parte das vias das áreas abrangidas. As zonas ZC-2 e ZCE são semelhantes, apresentando como única diferença o uso industrial de pequeno porte, que é permitido na primeira e não o é na segunda. Assim, ambas caracterizam o comércio central da cidade, envolvendo atividades de comércio, de serviços e institucionais de maior porte e amplitude de atendimento. Na linguagem legal adotada, ambas admitem os usos comercial, de serviços e institucional, de amplitude local, de bairro e principal, bem como os usos residencial unifamiliar e multifamiliar. O Coeficiente de Aproveitamento mais elevado permitido, tanto para o comércio e os serviços, como para a residência multifamiliar, é de 2,0. Os usos permitidos correspondem à realidade funcional da cidade e às tendências do mercado imobiliário. Já os Coeficientes de Aproveitamento previstos são discutíveis face às características das vias centrais da cidade, com a única exceção, em termos, da avenida José Bernardo de Barros. A Zona Industrial (ZI) corresponde às atuais áreas industriais da cidade, à exceção da área atualmente planejada pela Prefeitura para receber pequenas empresas, na antiga Fazenda do Benito. Não foram previstas subdivisões que expressassem diferenças de porte e intensidade. De maneira uniforme, portanto, admite industrias de pequeno, médio e grande porte e os demais usos previstos para Nova Lima, com exceção, apenas, do comércio e dos serviços principais. São três áreas ao todo, envolvendo a primeira as instalações da Morro Velho, a segunda um projeto da Prefeitura de atração de pequenas empresas, junto ao bairro Nossa Senhora de Fátima, e a terceira um segmento de atração natural, às margens da MG-030, no trecho entre Nova Lima e Belo Horizonte. A primeira tem o seu destino vinculado aos planos da Morro Velho, havendo pouca flexibilidade para o amplo quadro de usos previstos para a zona. A segunda apresenta características físicas e ambientais pouco adequadas para os portes industriais previstos para a zona, a mesma coisa podendo-se dizer da terceira, vinculada à ação isolada de uma empresa. A Zona Especial, no atual zoneamento, diz respeito a determinadas áreas da Vila da Serra e do Vale do Sereno. Tem a mesma diversificação de usos da ZC-2 e ZCE, mas envolve Coeficiente de Aproveitamento maior, igual a 2,4 vezes a área do terreno a edificar. Corresponde, como já comentado neste relatório, às tendências da região, francamente influenciada pelo BH-Shopping e pelo Belvedere PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 83 III. A Lei 1306/91, que instituiu esta zona, previu medidas de saneamento básico e de compensação, em função da maior densidade. Contudo, a prefeitura não possui um mapeamento dessas zonas. Nota-se que existem inúmeras emendas no zoneamento urbano, aprovadas caso a caso ao longo dos anos desde a aprovação da primeira lei de zoneamento supra citada e que os loteamentos aprovados ultrapassam os limites do Perímetro Urbano como mostra o Mapa 03 – Zoneamento e Macrozoneamento em anexo. Além do perímetro urbano, nota-se no Macrozoneamento a Zona de Expansão Metropolitana restante do município é área rural, embora não exista atividade agrícola. Na realidade são áreas de sítios ou de exploração mineraria. Podemos, desde já, prever a necessidade da revisão da lei de uso e ocupação do solo: tanto os índices de urbanização quanto os perímetros de ocupação e expansão. A situação de fragmentação da ocupação urbana no território cria mais um desafio a ser enfrentado. 4.5. Sistema viário e principais acessos O sistema viário do Município está estruturado pela rodovia BR-040 que atravessa Nova Lima acompanhando a base da Serra da Moeda e do Rola Moça ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro e Brasília, e a MG-030 que liga Belo Horizonte à sede do município e aos distritos de Honório Bicalho e Santa Rita para depois dar acesso ao município de Rio Acima, a leste. EIXO DA MG-030 EM DIREÇÃO À SEDE MUNICIPAL A BR-356, ao sul do município é o caminho para as cidades históricas de Ouro Preto e Mariana e dá acesso ao loteamento Alphaville e outras áreas de chácaras. A região de São Sebastião de Águas Claras (Macacos), tem acesso por uma estrada estadual pavimentada porém, muito acidentada, e outra ligação encurtando a distância a sede através de estrada de terra. A Ferrovia Centro-Atlântica, localizada ao longo do rio das Velhas, transportava o minério para o porto e está desativada. O ramal da Serra do Curral que atendia à mina Águas Claras, deverá ser PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 84 em parte desativado passando a atender apenas à mineração da Mina Capão Xavier situada no Jardim Canadá. A sede municipal conta com 3 entradas principais, todas a partir da MG-030. A Figura 25 – Sistema Viário e Acessos mostra tais acessos. A malha urbana apresenta características típicas de cidades assentadas em relevos declivosos: ruas estreitas e tortuosas, com ladeiras íngremes. Porém, é possível destacar, por nível de importância a Avenida José Bernardo de Barros – conhecida por avenida Sanitária – feita no fundo do vale do Ribeirão dos Cristais quando de sua canalização e a rua do Comércio, principal acesso à área central. Porém não existe, do ponto de vista legal, uma hierarquização viária. Com essa estrutura, a circulação fica prejudicada pois, em certos trechos a calha viária não permite as duas mãos de direção, mais estacionamento. Um dos exemplos mais claros é a chamada banqueta, via e canal de potencial interesse urbanístico. Dessa maneira, a ausência de hierarquia viária definida e de vias que estruturem as ligações entre bairros, a MG-030, embora seja uma estrada, é usada como via de ligação entre bairros. Como grande parte dos acessos dos condomínios residenciais localizam-se na MG-030, funcionários e empregados domésticos utilizam os acostamentos como passeio público em seus percursos de casa ao trabalho ficando expostos aos riscos de atropelamentos. O transporte coletivo está estruturado a partir das vias de circulação principal. No momento ainda não há sistema integrado portanto, parte dos problemas de trânsito se dá pelo número de ônibus que fazem os mesmos circuitos na área central da cidade. A rodoviária é ponto final das principais linhas urbanas e inter-municipais. Existe um projeto em desenvolvimento na Secretaria de Transportes do Município que visa a reestruturação do sistema de transportes por ônibus criando linhas de bairro (com os mesmos circuitos dos existentes) integradas por um linha circular no centro (Figura 26 – Transporte Coletivo). A integração deverá ser tanto física como tarifária. Contudo esse sistema ainda não está implantado. Contudo, o acesso para os loteamentos mais distantes fica prejudicado. A fragmentação da ocupação urbana de Nova Lima, associada a ausência de vias que interliguem as ocupações no eixo da BR-040 e da MG-030, cria dificuldades relativas à infra-estrutura. Por exemplo: os ônibus têm que sair do município, contornar a rotatória do Shopping BH, para alcançar o Jardim Canadá. É importante salientar que a chamada Estrada de Contorno foi construída para desviar o tráfego de caminhões de transporte de cargas de alto risco (ácido sulfúrico) do centro da cidade. A FEAM exigiu a implantação de um sistema de contenção de risco. O monitoramento e a equipe de socorro são da AngloGold, responsável por esse transporte. O sistema foi aprovado pela ABIQUIM – Associação Brasileira de Produtos Químicos. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 85 4.6. Serviços Públicos Destacam-se a seguir os problemas de saneamento generalizados no município: coleta e disposição de esgotos sanitários, de controle das águas pluviais, de abastecimento de água e de coleta e disposição de lixo. Esses problemas deverão se agravar, visto a disponibilidade de lotes existente. 4.6.1.Abastecimento de água A captação em Bela Fama situada no rio das Velhas, a jusante da maior parte do território Figura 27 – Porcentagem de residências abastecidas pela rede geral de água por setor censitário municipal, é o principal ponto de captação feita pela COPASA Também há tomadas d´água no Mutuca, e nos Fechos. As lagoas de uso hidroelétrico também são um potencial de abastecimentos tanto para o município como para a Capital. O município de Nova Lima é responsável por cerca de 50% do abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O abastecimento de água está a cargo da COPASA desde 1977. Contudo, a concessão não abrangia o município todo, restringindo-se à sede. A partir do novo contrato firmado com a Prefeitura, a COPASA passou a ser responsável pelo abastecimento em toda a área urbanizada do município. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 88 Segundo o último Censo do IBGE (2000), nota-se que a área da sede do município estava de 80 a 100% atendida, dependendo dos bairros, assim como o Jardim Canadá. As áreas mais distantes, de modo geral, têm atendimento em mais baixos níveis: a área dos condomínios, Macacos e a região das Seis Pistas estavam atendidas entre 40 e 80% como mostra a Figura 27. As áreas com mais baixo nível de atendimento pela rede da COPASA são: Morro do Chapéu, Jardim Petrópolis, Vale do Sol, Alphaville e o Balneário Água Limpa. Efetivamente essas áreas contam com abastecimento por poço, não tendo em muitos casos a rede pública instalada. 4.6.2. Esgotamento Sanitário O município tem rede de esgotamento sanitário a 100% Figura 28 – Porcentagem de residências atendidas pela rede de esgoto por setor censitário somente na área mais central. Parte do perímetro urbano tem atendimento parcial por rede, assim como as regiões de Vila da Serra, Honório Bicalho e Santa Rita. As demais áreas urbanizadas não tem rede de esgoto, como mostra o levantamento do Censo do IBGE de 2000 na Figura 28. O novo contrato de concessão dos serviços da COPASA responsabiliza a empresa pelo esgotamento sanitário. As únicas áreas dotadas tratamento de do sistema esgoto de sanitário doméstico são a Vila da Serra, pois a estação foi construída para atender aos hospitais e a Lagoa dos Ingleses, cuja implantação da infra-estrutura de saneamento foi uma exigência para o licenciamento da obra. Na área urbana o esgoto doméstico corre, em grande parte, pelo sistema coletor de águas pluviais e é jogado sem tratamento nos córregos. Existe o projeto de criar um sistema separador para o PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 89 esgoto doméstico e tratá-lo. Essa questão é fundamental para a cidade e para a metrópole mineira pois o nível de poluição dos rios é alarmante e pode comprometer o manancial. O trecho do Rio das Velhas com maior contaminação por esgotos corresponde, principalmente, a contribuição das sub-bacias de Nova Lima e Belo Horizonte. O mesmo problema se verifica no Jardim Canadá: somente agora a COPASA e a Prefeitura Municipal de Nova Lima estão implantado a rede de coletores de esgotos e está construindo a Estação de Tratamento próximo da Estação Ecológica de Fechos, do outro lado da rodovia. 4.6.3. Drenagem e águas pluviais Na região central da cidade existem ocorrências de inundações ao longo do ribeirão dos Cristais canalizado ao longo da avenida José Bernardo de Barros assim como nas partes baixas junto ao rio das Velhas, próximo à captação da COPASA. O sistema de drenagem depende em grande parte do escoamento superficial das águas, sendo raras as galerias. Outros pontos de enchentes também se destacam em Nossa Senhora de Fátima, na Mina d´Àgua e no Matadouro. As características do terreno geram essas fragilidades para a ocupação, de maneira que a Defesa Civil está mobilizada e criou os NUDECs Núcleo de Defesa Civil (Lei federal) vinculados às Associações de Bairros. É importante observar que o Corpo de Bombeiros mais próximo encontra-se a 21 km da sede. Esses incidentes ocasionam também processos erosivos que geram assoreamento nos cursos d´água a montante da captação, criando um quadro de problemas futuros. 4.6.4. Disposição do lixo e limpeza pública O Aterro Sanitário ao norte do município, próximo à antiga estrada MG437, gerenciado pela Secretaria de Obras, foi construído depois da saturação do Lixão, localizado próximo ao Rio das Velhas, que gerou inúmeros problemas de poluição nas áreas lindeiras ao rio visto que as chuvas levavam o lixo para próximo das casa. O Aterro (Fig. 30) ainda encontra-se em situação irregular e seu licenciamento depende de solucionar algumas exigências PDDM de NOVA LIMA da CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA ANGLO GOLD FEAM: DIAGNÓSTICO 90 estabilização do lixão; obras para coletar o chorume do Aterro; obras para a reconformação do Aterro de Inertes que fica ao lado e calçamento de vias internas, sendo que a via de acesso já foi pavimentada. A coleta seletiva iniciou-se com o fechamento do lixão: uma das exigências para o licenciamento. Atualmente há uma associação com 18 catadores que utilizam área da Prefeitura (no Bairro do Bonfim) e o caminhão também da Prefeitura e separam para a comercialização. Não há ainda solução para o Tetra Pack. Existia um projeto de construção de um novo galpão para coleta seletiva, que seria doado pela AngloGold em terreno da Prefeitura. Contudo, não se viabilizou ainda porque o formato do terreno não permitiu a instalação do galpão. Outro projeto em andamento é a construção de um Figura 29 – Porcentagem de residências atendidas galpão para produzir pelots para os pela coleta de lixo por setor censitário plásticos. O recurso e vir do programa federal Economia Solidária e está sendo instalado em Belo Horizonte com a participação de 8 associações de catadores de diversos municípios da Região Metropolitana. Também foi construída uma URPV Recebimento - Unidade de de Pequenos Volumes, junto à Associação dos Carroceiros reaproveitar para reciclar tralhas ou (sofá, colchões, entulhos de casas...) no Jardim Canadá, em terreno da Prefeitura, a ser inaugurada, e outra deverá ser criada em Honório Bicalho. Também deve ser implantada uma unidade de reciclagem de entulho de obra atualmente depositado num setor específico do aterro sanitário, já em operação. Em relação ao atendimento para os domicílios, o município é bem atendido, apenas a região de Água Limpa tem atendimento abaixo de 56%, como pode se verificar na Figura 29. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 91 A questão do lixo, tanto a coleta quanto a disposição dos resíduos sólidos é importante ser considerada no planejamento urbano, visto que o meio ambiente deve ser preservado, sobretudo em um município com o potencial ambiental de Nova Lima. Assim, as atividades voltadas à educação ambiental deverão ser consideradas, como os trabalhos desenvolvidos nos Centros de Educação das duas principais mineradoras, a primeira localizada na Mata Samuel de Paula (foto ao lado) e a segunda na Mata do Jambreiro. 4.6.5. Educação Em Nova Lima, somente 5,72% da população é analfabeta segundo o INEP Figura 31 – porcentagem de pessoas não alfabetizadas em idade escolar por setor censitário pelos Censo Escolar de 2004, enquanto a média mineira é de 11,96% e a do Brasil 13,63%. Segundo o Censo de 2000 feito pelo IBGE, (Figura 31, abaixo) é possível notar uma diferença regional relativa ao nível de alfabetização: os setores censitários situados no Jardim Petrópolis, uma região do Jardim Canadá e no bairro Cabeceiras na sede municipal apresentam os maiores níveis de analfabetos em idade escolar, com índices relativos acima de 25%. Segundo informações da Secretaria Municipal de Educação, o ensino público fundamental6 ainda não está totalmente municipalizado. O município 6 atende apenas O ensino público fundamental é considerado da 1ª a 8ª séries. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 93 crianças da 1ª a 4ª séries, sendo as demais atendidas pela rede estadual de ensino. As escolas estaduais atendem ainda os alunos em idade escolar da 5a. a 8a. séries. Nesta questão o município está bastante atrasado. Ao lado disso, outro dado que chama a atenção é a falta de atendimento, por parte da rede municipal, para as crianças que necessitam de educação especial. O Mapa 6 – Infra-estrutura e equipamentos-Sede, em anexo, mostra a localização das escolas municipais e estaduais. Considerando que a taxa da população brasileira portadora de algum tipo de necessidade especial é de aproximadamente 10%, podemos afirmar que existe um contingente de crianças com necessidade de educação especial fora da escola. As Tabelas M e N indicam o número total de alunos matriculados nas redes (conjunto de escolas ou estabelecimentos educacionais) estadual, municipal e privada localizadas no município de Nova Lima para cada nível escolar nos anos de 2004 e 2005, respectivamente. Como não é obrigatória a participação da rede privada no Censo Escolar (MEC/INEP), é bem possível que ocorram variações nos índices gerais. A Tabela O indica o número de estabelecimentos educacionais de Nova Lima no ano de 2004. Tabela M - Matrícula inicial na creche, na pré-escola, no ensino fundamental e no ensino médio – Nova Lima – MG 2004. Ensino Fundamental (regular) Dependência Administrativa Creche Préescola Educação Especial (Incluídos) Total 1ª a 4ª série 5ª a 8ª série Anos Iniciais Anos Finais 0 0 3 5.706 0 0 218 5.488 Municipal 46 1.845 0 5.626 0 0 5.626 0 Privada 230 562 7 1.370 628 611 131 0 Estadual Fonte: INEP, Resultados finais do Censo Escolar 2004. Dependência Ensino Médio (Regular) Educação Profissional Nível técnico Estadual 3.249 0 0 0 Municipal 0 0 316 216 502 838 0 0 Administrativa Privada Educação Especial Fonte: INEP, Resultados finais do Censo Escolar 2004. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 94 Dependência Educação de Jovens e Adultos (supletivo presencial) Administrativa Educação de Jovens e Adultos (supletivo semipresencial) Total Fundamental Médio Total Fundamental Médio Estadual 0 0 0 0 0 0 Municipal 0 0 0 0 0 0 Privada 0 0 0 47 0 47 Fonte: INEP; Resultados Finais do Censo Escolar 2004 Tabela N - Matrícula inicial na creche, na pré-escola, no ensino fundamental e no ensino médio – Nova Lima – MG 2005. Ensino Fundamental (regular) Dependência Administrativa Creche Préescola Educação Especial (Incluídos) 1ª a 4ª série Total 5ª a 8ª série Anos Iniciais Anos Finais Estadual 0 0 1 5.374 0 0 0 5.374 Municipal 48 1.883 1 5.752 0 0 5.752 0 Privada 165 574 0 1.367 588 658 212 0 Fonte: INEP, Resultados finais do Censo Escolar 2005. Dependência Ensino Médio (Regular) Educação Profissional Nível técnico Estadual 3.195 0 0 0 Municipal 0 0 303 77 500 800 0 0 Administrativa Privada Educação Especial Fonte: INEP, Resultados finais do Censo Escolar 2005. Dependência Administrativa Educação de Jovens e Adultos (Supletivo presencial) Educação de Jovens e Adultos (Supletivo semipresencial) Estadual 0 0 0 0 0 0 Municipal 0 0 0 0 0 0 Privada 0 0 0 0 0 0 Fonte: INEP, Resultados finais do Censo Escolar 2005. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 95 Tabela O - Equipamentos escolares. Número de escolas públicas municipais Nível de ensino Ensino Fundamental Número de escolas públicas estaduais 16 Pré-escola total de escolas 7 29 3 5 8 - 11 26 6 - Ensino Médio Número de escolas privadas 15 Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP - Censo Educacional 2004. Tabela P - Porcentagem de crianças fora da escola. Faixa etária 1991 2000 Crianças de 7 a 14 anos de idades 6,40% 1,77% Crianças de 10 a 14 anos de idade 7,83% 1,48% Crianças de 15 a 17 anos de idades 37,54% 13,08% Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Tabela Q - Número médio de anos de estudo das pessoas de 25 anos de idade ou mais (nova metodologia). Ano Número médio de anos 1991 5,8 2000 6,8 Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). No ensino profissionalizante, no nível fundamental, são oferecidos cursos de ajustador mecânico, torneiro mecânico, mecânico em máquinas, eletroeletrônica e culinária. No nível médio, são oferecidos cursos em magistério, contabilidade, processamento de dados, técnico de enfermagem e técnico em administração de empresas oferecidos pelo Senai – Centro de Formação Profissional Afonso Greco. Recentemente, instalaram-se instituições de ensino superior como a Faculdade Milton Campos, o Centro Universitário Izabela Hendrix e a Fundação Dom Cabral (na Lagoa dos Ingleses), estando prevista a implantação da Faculdade de Engenharia e Arquitetura do Centro Universitário FUMEC (já em construção). Tais instituições atendem a demanda local mas também o público de Belo Horizonte, mais especificamente aquele localizado ao sul da capital. Contudo, constata-se a necessidade de cursos profissionalizantes, com destaque para o turismo, industrias de ponta e informática. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 96 São relevantes as taxas de alfabetização, percentual de analfabetismo para diversas faixas etárias e taxa de matriculados em todos os níveis de educação são alguns dos indicadores do nível de escolaridade de um município. As Tabelas R e S apresentam esses indicadores de acordo com a faixa etária comumente utilizada para planejamento. Tabela R - Taxa de alfabetização (%) da população residente de 10 anos ou mais de idade (2000). Brasil 94,7%* Minas Gerais 89,1% Nova Lima 95,2% Fonte: IBGE; Censo 2000: Tabela 3.1.2.17 - População residente, por sexo e situação do domicílio, população residente de 10 anos ou mais de idade, total, alfabetizada e taxa de alfabetização, segundo os Municípios - Minas Gerais. * ONU. Tabela S - Percentual de analfabetismo de pessoas de 15 anos de ou mais idade. Brasil 5,27% Minas Gerais 11,96% Nova Lima 13,63% Fonte: BNDES. Baseado no Censo 2000 (IBGE). 4.6.6. Habitação Apesar do Município ter grande oferta de habitação para populações de alta renda, o mesmo não se repete para os demais extratos sociais. É sensível a ausência de oportunidades imobiliárias na Sede e de empreendimentos estatais para as populações de baixa renda do Município. Foram levantados alguns projetos de interesse social já executados na Sede Municipal, tais como: Conjunto Habitacional Alto Gaia com 274 unidades destinadas à famílias de baixa renda, sua implantação deixava uma faixa desocupada, lindeira as vias que limitavam o loteamento, que foi ocupada posteriormente de maneira irregular; e o Conjunto Habitacional Oswaldo Barbosa Pena (na antiga fazenda do Pastinho) – fruto de uma experiência de parceria entre e a COHAB-MG e a Prefeitura Municipal para a construção de edifícios de 4 pavimentos de estrutura metálica executados em regime de mutirão, em parte do terreno. A presença do forte vetor de empreendimentos residenciais para a população de alta renda, em sua maioria proveniente de Belo Horizonte, a valorização do solo da Sede Municipal, a fragilidade ambiental do entorno e a marcante presença de propriedades de empresas mineradoras acentuam a necessidade de elaboração de um Plano Habitacional para Nova Lima. Apesar do déficit habitacional do Município não estar levantado de maneira precisa, é sensível a necessidade de demarcação de Zonas PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 97 Especiais de Interesse Social tanto para produção de Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação do Mercado Popular (HMP), como para a requalificações de núcleos urbanos consolidados degradados. Tais empreendimentos devem levar em consideração o espaço urbano construído e sua bem sucedida experiência da mescla de usos em seu território, limitada apenas pelos incômodos que a inviabilizariam. A significativa presença de edificações de interesse histórico e arquitetônico compõe um interessante conjunto Art Deco, somado a presença dos peculiares Bonserás, ao longo das ruas de Nova Lima. É interessante que essa paisagem seja preservada e sua mescla de usos estimulada através da associação dos instrumentos de ZEIS e Zonas Especiais de Preservação Cultural (ZEPEC)7. 4.6.7. Saúde O município conta com 16 postos de saúde municipais, uma Policlínica e os hospitais Nossa Senhora de Lourdes, Maçônico, materno Infantil Vila da Serra e Ortopédico, Biocor e Clínica dos Olhos. Os três últimos se localizam na Vila da Serra, que tende a se tornar um centro hospitalar de amplitude metropolitana. A Santa Casa é uma fundação e tem 60% de seus atendimentos pelo SUS. Assim, a prefeitura tem a intenção de ser co-gestora do hospital. A Tabela R apresenta o número de estabelecimentos de saúde prsentes no muncípio. Em 2002, segundo o IBGE, haviam 439 leitos hospitalares no município sendo 134 disponíveis pelo SUS. Consta que a Prefeitura faz o atendimento Básico de Saúde pelo sistema de cotas. Dentre os problemas de saúde mais recorrentes destaca-se os problemas de silicose, tipicamente dos mineiros. O município, durante muito tempo, foi um centro de referência para o controle e tratamento da doença com a parceria entre a Morro Velho e a Secretaria de Saúde na criação de um centro de tratamento na rede de saúde municipal. Atualmente porém, não há mais exploração subterrânea de minério, maior causador da doença, portanto o número de doentes tende a diminuir. CRIANÇAS BRINCANDO, AO FUNDO A BARRAGEM DE ARSÊNIO. 7 Sobre os instrumentos do Estatuto da Cidade ver capítulo Plano Diretor. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 98 Também há problemas devido à intoxicação por arsênio. Nota-se a existência de uma lagoa de rejeito do ácido sulfúrico próxima de uma área de uso comum, inclusive habitação e áreas de lazer onde crianças costumam brincar, foto da página anterior. Tabela T – Estabelecimentos de saúde no município de Nova Lima Estabelecimentos de saúde Número de estabelecimentos Públicos 17 Privados 10 Públicos com internação 0 Privados com internação 4 Prestadores de serviços ao SUS 19 Postos de trabalho odontológicos 32 postos de trabalho Fonte: IBGE, Serviços de Saúde 2002. 4.6.8. Cultura A Secretaria de Cultura tem desenvolvido um projeto de resgate e valorização do folclore novalimense. Anualmente, são promovidas a Semana do Folclore, com apresentação das guardas de marujos, além de grupos de congadas e de capoeira, cavalhadas e exposições, além das festas religiosas, como o Auto da Cavalhada de São Jorge, no distrito sede; a Festa de São José Operário, em maio, a Cavalhada de São José, em julho, no distrito de Honório Bicalho, e a Festa de São Sebastião, no último final de semana de agosto. Existem diversos programas vinculados à educação como a escola de música que atende 400 crianças através da Copermusica e a escola de Artes e RETÁBULOS DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO PILAR Ofícios, montada na Casa Aristides, que atende 300 alunos pela Multicoop. Essas são cooperativas montadas pelos professores para atender os cursos oferecidos. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 99 O Teatro Municipal, que ficou fechado durante 20 anos, está sendo recuperado para reabertura. Existem projetos importantes no sentido da recuperação da memória da cidade. Notadamente o Arquivo Histórico Público que recebeu o arquivo judicial do fórum e está negociando outros arquivos históricos como o do Sindicato dos trabalhadores da Mineração, os arquivos do executivo municipal, e do cartório da cidade para conservação e tratamento. O projeto “seu bairro sua história” desenvolvido em parceria com a Secretaria de Turismo, procura resgatar a história dos bairros através de documentos e depoimentos. Trata-se de uma mobilização importante pois resgata não apenas a história da cidade como também reforça o vinculo dos moradores daquele bairro, seu interesse pela cidade e sua cidadania. Nova Lima tem, sobretudo na região da sede, diversos imóveis de interesse histórico, embora apenas os edifícios mais importantes tenham sido tombados. Notadamente, a igreja Matriz possui um altar de Aleijadinho em madeira natural, foto ao lado. Outros imóveis, porém, participam do conjunto arquitetônico que forma uma paisagem de interesse histórico importante. Esses imóveis já se encontram inventariados pela Secretaria Municipal de Cultura. O Conselho Municipal do patrimônio Histórico e Artístico de Nova Lima apresenta as diretrizes para as políticas de tombamento e denuncia as ações contra os imóveis tombados ou mesmo inventariados, a atuação do Conselho viabiliza o ICMS Cultural vinculado ao IPHAN. O Mapa 8 em anexo localiza esse patrimônio urbano. Os bens tombados e de relevância histórica são: - Rua do Ziguezague: construída em 1894, é formada por um conjunto de rampas bidirecionais em pedra, para vencer a intensa rampa; - Teatro Municipal: inaugurado em 1943, foi sede de manifestações populares. Construção em estilo art-déco; - Retábulos da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, esculpidos por Aleijadinho no século XVIII foi tombado pelo IPAHN em 1950; - Casa Aristides: antigo entreposto (mercado) de gêneros do centro de Nova Lima - Capela de São Sebastião, localizada em Macacos, é uma construção data do século XVIII. CASA ARISTIDES PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO 100 Outros bens de relevância histórica: - O conjunto arquitetônico formado pela Banqueta do Rego Grande, o Rego Grande, incluindo o Açude, a Máquina, a Banqueta, a Peneira, o Bicame (que é popularmente considerado símbolo da cidade), o Rego dos Amores e o Rego dos Carrapatos; - O Conjunto arquitetônico do Rio de Peixe, construído para fornecer energia elétrica para a Cia Morro Velho; - A Casa Grande onde atualmente sediado o Centro de Memória da Mineração Morro Velho; - O Casarão da Mina, ainda utilizada como pensão (hospedaria) da mineradora; - O bairro Quinta dos Ingleses, conjunto de residências dos engenheiros da antiga "Saint John Dei Rey Mining Company"; - A Mina Velha, localizada na região central da cidade; - A Igreja Anglicana construída por volta de 1830 - Os Cruzeiros, em número de 7, que pontuam a paisagem da cidade; - Igreja de Nossa Senhora do Rosário, concluída em 1774; - Capela do Senhor do Bonfim - Santuário do Senhor do Bom Jesus de Matozinho, concluído em 1760 em Honório Bicalho; O importante conjunto arquitetônico acima, ao qual caberia acrescentar diversas edificações em estilo “decô”, dá a Nova Lima um interesse turístico ainda pouco explorado. Vale destacar o percurso denominado por Estrada Real refere-se às rodovias da região mineradora que, devido ao interesse de controle e fiscalização da atividade mineradora, eram propriedade da Coroa Portuguesa no período da mineração do Brasil-colônia. Configurado como eixo histórico-cultural fundamental na história do povoamento e da colonização do território brasileiro, a Estrada Real atravessa Nova Lima na região do distrito de Honório Bicalho, onde havia uma Estação Ferroviária. Inaugurado em 1890 para atender ao transporte de carga e minérios (ouro e pedras preciosas) para os portos do Rio de Janeiro, o ramal ferroviário de Nova Lima e a Estação de Honório Bicalho propiciaram também o transporte de um significativo contingente populacional em toda a região. A Estação hoje se encontra demolida, e o trecho da via férrea desativado. Foram conservadas algumas edificações ligadas ao funcionamento da ferrovia. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 101 Figura 32 – Estrada Real Fonte: www.estradareal.org.br PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 102 O Projeto Trem de Minas resgata a importância deste patrimônio regional, propondo a reativação de ramais ferroviários em desuso e a sua utilização para exploração turística. O Projeto abrange o trecho de Belo Horizonte a Rio Acima, envolvendo também paradas nos Municípios de ANTIGA ESTAÇÃO DE HONÓRIO BICALHO – POR VOLTA DE 1900 Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br Sabará, Raposos e Nova Lima (Honório Bicalho), totalizando um percurso de 49 km. As vantagens deste projeto para o Município de Nova Lima apresentam-se no sentido da integração regional, trazendo os benefícios econômicos da aproximação com a Capital (com previsão, inclusive, de integração com o metrô de Belo Horizonte), além da inserção no circuito turístico já em processo de dinamização dos municípios vizinhos, que já contam com suas estações ferroviárias reconstruídas. 4.6.9 Lazer e Esportes O lazer em Nova Lima pode ser descrito por duas atividades básicas: o esporte, notadamente o futebol e o turismo, seja ele histórico, gastronômico ou ecológico. O município tem um grande número de campos de futebol. Podemos dizer que cada bairro tem o seu. Nova Lima está representada no esporte pelo clube tradicional Vila Nova Atlético Clube que tem sua sede no Estádio Municipal Castor Cifuente, com capacidade para 12 mil espectadores. Por outro lado, a caminhada e o “Cooper” são atividades de destaque na ESTÁDIO DO VILA NOVA VISTO DA RUA. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 103 cidade. Especificamente as banquetas do Rego Grande e o Rego dos Carrapatos são caminhos muito utilizados pela população para essas atividades: são os circuitos privilegiados, pois têm pouca declividade situadas na área central da cidade, embora não sejam pistas exclusivas de pedestres. Na área rural, destaca-se o motocross, que deixa trilhas nas montanhas declivosas. Essa atividade esportiva atrai praticantes de vários Estados para Nova Lima. Porém cria processos erosivos intensos pois o solo da região é frágil, como se vê nas fotos abaixo. MOTOQUEIRO DESCENDO TRILHA PDDM de NOVA LIMA TRILHAS ABRINDO FENDAS NAS ENCOSTAS DIAGNÓSTICO 104 4.7. Turismo O turismo é associado ao patrimônio histórico, arquitetônico e principalmente ao patrimônio natural de Nova Lima. Já existem diversos pontos de atração explorados como tal, mas observa ainda um grande número de atrativos ainda sem uma exploração turística como as usinas do Rio do Peixe da antiga Morro Velho, entre outros. O Mapas 7 e 8 – Potencial Turístico em anexo apresenta, a partir de sua situação geográfica, os pontos turísticos (ou de potencial turístico) relevantes no município. Verificam-se, na sede municipal, diversas edificações de significância histórica ou arquitetônica como as igrejas da Matriz, do Rosário, do Bonfim e do Cristais; edifícios públicos como a Biblioteca Municipal e a Câmara dos Vereadores, e ainda outras edificações EDIFÍCIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL que marcaram a história novalimense e hoje tem outras funções, como a Casa Aristides, a Sede da Morro Velho e a Casa de Cultura. A estrutura herdada do sistema criado pelo ingleses para a mineração do ouro é uma peculiaridade do município a ser explorada. Esse conjunto é formado pelo bicame, as banquetas do Rego Grande e do Rego dos Carrapatos, que formam passeios planos numa região de alta declividade. Também são marcos interessantes os Ziguezagues, construídos para vencer as altas declividades e os mirantes que proporcionam amplas vistas para a sede municipal e para as cadeias montanhosas. Contudo essas qualidades da sede municipal são pouco exploradas turisticamente. BICAME PDDM de NOVA LIMA BANQUETA DO REGO GRANDE DIAGNÓSTICO 105 Atualmente, o turismo é voltado, sobretudo, para a Região Metropolitana de Belo Horizonte.Um dos principais locais de visitação é São Sebastião das Águas Claras, conhecido por Macacos. O povoado, cujo conjunto arquitetônico é de interesse para o patrimônio histórico, destacando-se a Capela de São Sebastião, atrai principalmente pela boa culinária, pousadas e ambiente rústico e festivo. É nessa região que acontece a Festa de São Sebastião, que toma a rua principal. Outras festas também tradicionais e que atraem um turismo regional são a Cavalhada de São José em Honório Bicalho e o Auto da Cavalhada de São Jorge da Sede Municipal. O estímulo e a manutenção desses costumes populares são fundamentais para a preservação da identidade e para o fortalecimento do sentimento de comunidade dos moradores desses aglomerados urbanos. As festas são organizadas em conjunto pelos moradores e funcionam como fonte de perpetuação da tradição e história oral de suas origens. Dessa PROCISSÃO DE CONGADA EM FRENTE À IFREJA DO ROSÁRIO. FOTO EXTRAÍDA DE CARTÃO POSTAL. maneira, a comunidade preserva a cultura de raiz e cria relações a nível regional a partir da realização dessas festas. A topografia do município possibilita inúmeras vistas panorâmicas. O Morro do Elefante, com altitude de 450m está situado no trevo dos cristais (MG-030). Mas existem outros pontos interessantes menos conhecidos como os mirantes urbanos do Campo da Barra do Céu e Pedreira das Quintas. O ecoturismo, embora pouco explorado é bastante interessante. São muitos pontos para visitação. Entre eles, podemos destacar: - Lagoa Cambimbas, Lagoa Miguelão e Lagoa da Codorna - CA-Centros de Educação Ambiental: fundados pelas mineradoras, um deles se localiza na Mata do Jambreiro (MBR) e outro próximo à mata Samuel de Paula na captação do Rego Grande. - Cachoeiras: Poço dos Malucos, Poço Azulão, Cachoeiras da Mata do Espírito Santo e da Fazenda do Maracujá. Assim, o meio ambiente preservado é um dos elementos-chave para o desenvolvimento do ecoturismo. Contudo, existe um grande interesse por atividades de motocross, sobretudo durante os finais de semana, justamente por ser uma região declivosa e pouco explorada. Nova Lima é um centro de rally de moto. Atualmente, essa prática gera degradação, contudo será necessário estudar mecanismos que, sem impedir a atividade, possa controlá-la. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 106 5. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 107 5.1. Estrutura Administrativa e Políticas Setoriais Considerando-se os objetivos desta proposta técnica, é fundamental que o processo de readequação e modernização administrativa da prefeitura de Nova Lima ocorra em sintonia e consonância com o desenvolvimento dos trabalhos de elaboração do Plano Diretor Estratégico Municipal, a fim de garantir eficácia e efetividade dos resultados pretendidos com o trabalho, especialmente a consolidação do sistema municipal de planejamento e a implantação de um processo de gestão integrada do desenvolvimento municipal. Orientado por esses mesmos propósitos, o estudo diagnóstico referente ao item "Estrutura administrativa e políticas setoriais” procurou, em primeiro lugar, conhecer os principais aspectos relacionados à situação da administração pública municipal, seus arranjos institucionais, com ênfase nas estruturas organizacionais e nos processos de gestão das políticas setoriais da atual administração. A elaboração de um diagnóstico crítico é condição indispensável para a futura formulação das novas diretrizes e propostas relativas à modernização das estruturas administrativas, à gestão das políticas setoriais, à administração tributária e à melhoria da qualidade do gasto público dentro de uma perspectiva de desenvolvimento municipal sustentado. No campo da administração pública, talvez a premissa mais importante no momento seja a da recuperação da dignidade da função pública e da recuperação da capacidade técnica do governo local para oferecer respostas adequadas às demandas e expectativas dos cidadãos e cidadãs de Nova Lima, que pudemos conhecer melhor a partir das contribuições de técnicos e profissionais locais e das reuniões públicas realizadas em 2005. Em síntese, pode-se dizer que a sociedade novalimense deseja e valoriza: • a democracia, a ética e a promoção da cidadania; • a prestação de serviços básicos com qualidade a todos os cidadãos(as); • a desburocratização, a descentralização e a inovação na gestão municipal e na gestão de programas de relevância social; • o profissionalismo dos gestores e servidores públicos; • a transparência e o controle social sobre a gestão dos recursos públicos. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 108 Sabe-se que a modernização e a readequação das estruturas da administração municipal não se reduzem às alterações, ainda que necessárias, no quadro jurídicoinstitucional, mas devem ter como meta a revisão das estruturas burocráticas visando a implantação de um novo padrão organizacional e de uma nova cultura de desempenho das funções públicas. Esse redesenho passa necessariamente pela proposição de novos procedimentos e padrões de gestão, planejamento, organização e funcionamento dos órgãos da administração, com participação social, bem como pelo desenvolvimento e pela implementação de sistemas integrados de gerenciamento de informações, controle e avaliação continuada, com ênfase nos resultados e na efetividade das políticas setoriais. Na esfera municipal, tanto os gestores públicos como os cidadãos dispõem hoje de meios e instrumentos técnicos e legais, além de condições financeiras mais favoráveis para enfrentar o problema das desigualdades sociais e regionais, principalmente a pobreza, que ainda caracterizam o país e o município de Nova Lima em particular. Não só os recursos financeiros são maiores, em razão do aumento de transferências dos estados e da União, mas são acompanhados por um conjunto de instrumentos de apoio ao planejamento, que, se utilizados de forma adequada pelos gestores públicos e pelos cidadãos, contribuirão para a construção de alternativas para o desenvolvimento local. A estrutura atual da prefeitura de Nova Lima foi herdada da gestão passada. Por isso, é possível que ela não atenda inteiramente aos novos propósitos e objetivos da atual administração. De acordo com dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Administração, contidos no relatório do “Estudo funcional – perfil do servidor público municipal”, período base de marco/abril de 2005, a estrutura administrativa municipal atual está organizada em 16 grandes unidades administrativas e num total de 107 repartições públicas. Incluindo os gabinetes do Prefeito e do Vice-prefeito, a Procuradoria Jurídica e a Administração Regional Noroeste, existem 14 secretarias: Planejamento e Obras Públicas, Administração, Fazenda, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Habitação, Desenvolvimento Econômico, Segurança e Transportes Públicos, Educação, Saúde, Ação Social, Cultura, Esportes e Lazer, Obras e Serviços e Comunicação Social, como mostra de maneira sintética o organograma da Figura 33 a seguir. Alocados nessa estrutura, ao todo são cerca de 2.680 servidores públicos (celetistas), distribuídos em 136 cargos, com um gasto anual aproximado de folha que chega a 38 milhões de reais, isto é, 38% do orçamento municipal, que é de 107 milhões de reais (2005), segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal da Fazenda. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 109 As iniciativas modernizadoras no âmbito da administração pública nos últimos anos fizeram das reformas administrativas, incluindo os sistemas de gestão tributária, um expediente muitas vezes interno de modernização, não se refletindo com igual intensidade na relação crucial, política, do cidadão com o poder municipal. O “Estudo funcional” citado acima revela parte das intenções da atual administração, isto é, de promover estudos mais bem detalhados e atualizados sobre a situação real da administração pública municipal visando a superação de problemas estruturais que valorizem a priori a modernização das estruturas administrativas, a qualificação dos servidores públicos e a melhoria da qualidade dos serviços básicos oferecidos a todos os cidadãos e cidadãs de Nova Lima. Figura 33 – Organograma da Administração Municipal Ainda segundo o relatório da Administração, a prefeitura de Nova Lima enfrenta problemas de estrutura típicos e característicos da administração pública brasileira. Entre eles, podemos citar alguns: a existência, por exemplo, de uma estrutura complexa – 107 repartições públicas e 136 cargos; a falta de descrição clara do perfil, das funções e atribuições de quem os ocupa; a superposição de atividades, de responsabilidades e entre estruturas; a falta de uma política de formação continuada para os servidores públicos. Tudo isso, se não for devidamente equacionado, pode comprometer os resultados pretendidos pela atual PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 110 Administração e, no caso aqui estudado, a implementação das estratégias do novo Plano Diretor. 5.1.1. Perfil econômico e social de Nova Lima Considerando os dados e as informações pesquisados citados abaixo, é possível afirmar que Nova Lima se encontra numa situação que exige medidas políticas inovadoras e estratégicas, de médio e longo prazo, tendo em vista que umas das principais atividades econômicas do município, a atividade mineradora, transita para um novo ciclo, menos pungente e dinâmico do que em décadas passadas. Esta situação coloca o município diante de um horizonte de novos desafios e, ao mesmo tempo, de novas possibilidades. Os produtos da elaboração do Plano Diretor deverão, portanto, responder aos desafios explícitos e implícitos que hoje se configuram. As possibilidades e potencialidades são bastante favoráveis, se considerarmos alguns dos indicadores de Nova Lima. Vejamos. a) IDH, IDH-M e IDI: Os novos índices de desenvolvimento O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, é um indicador-padrão, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que leva em conta três indicadores de referência: PIB per capita, esperança de vida ao nascer (longevidade) e educação (alfabetização e taxa de matrícula). O índice varia de uma escala que vai de 0,00 a 1,00. Índices abaixo de 0,500 indicam baixo nível de desenvolvimento; acima de 0,800, são considerados altos. Para analisar melhor o desenvolvimento humano de estados e municípios, em 1998 foi desenvolvido o IDH Municipal (IDH-M). O IDH-M utiliza a renda familiar per capita (em vez do PIB per capita utilizado no IDH) e a taxa bruta de freqüência à escola nos três níveis de ensino (em vez da taxa bruta de matrícula utilizada no IDH). Estas mudanças se devem ao fato de que: 1. O PIB não necessariamente mede a riqueza gerada dentro do território municipal e, portanto, não é necessariamente apropriado pela população do município (ou estado). 2. A taxa bruta de matrículas de um município pode incluir o atendimento escolar de população não residente do município (ou estado), logo não necessariamente reflete o nível de escolaridade da população municipal. Tanto o IDH como o IDH-M visam incorporar características sociais, culturais e políticas (e não só econômicas, como o PIB) para indicar a qualidade de vida humana. O IDH e o IDH-M utilizam135 índices socioeconômicos, abrangendo as áreas de saúde, educação, renda e moradia (Fonte: PNUD). PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 111 No universo de mais de 5.500 municípios brasileiros, o IDH-M de Nova Lima ocupa o 212º lugar. Entre os 853 municípios mineiros, ocupa o 13º lugar. O Estado de Minas Gerais ocupa o 11º lugar entre os estados da federação. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o IDH de Nova Lima subiu de 0,744 para 0,821 no período de 1991 a 2000, demonstrando um IDH acima da média estadual. Tabela U - IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) 2000 Nova Lima Minas Gerais Total 0,821 0,766 Renda 0,775 0,711 Longevidade 0,760 0,736 Educação 0,928 0,850 Rank no Brasil 212º 11º Rank no Estado 13º - Fonte: Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), 2000. O Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI), desenvolvido pelo UNICEF Brasil em 2001, é um indicador da qualidade de vida de crianças de zero (0) a seis (6) anos de idade. Para compor o índice, são utilizados os seguintes indicadores: • Percentual de crianças menores de seis (6) anos morando com mães e pais com escolaridade precária (ICMEP). • Coberturas de vacinação contra sarampo e DTP. • Percentual de gestantes com cobertura pré-natal adequada. • Percentual de crianças matriculadas em creches e pré-escola. Este indicador, apesar do nome, é calculado de maneira semelhante à taxa bruta de freqüência à escola (utilizada no IDH-M). O IDI é calculado através da normalização dos indicadores acima, com a escala de 0 a 1 (de 0,8 a 1 indica um IDI elevado, entre 0,5 e 0,799, médio e abaixo de 0,5, baixo). Para referência, cabe ressaltar que, como os indicadores de educação e saúde são considerados complementares, eles são agrupados e constituem 50% do IDI. A relevância do IDI, assim como do IDH e do IDH-M, se deve à relação diretamente proporcional dos indicadores com as causas e problemas relacionados ao desenvolvimento infantil (no caso do IDI), ou seja, é útil para o planejamento e desenvolvimento de ações públicas para o enfrentamento dos problemas. O IDI pode ser uma referência, uma importante ferramenta de análise para o planejamento de políticas públicas voltadas para o segmento infantil do município de Nova Lima. Nova Lima possui um IDI elevado e acima da média estadual (MG) e nacional desde 1999. Veja a Tabela abaixo: PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 112 Tabela V – Índice de Desenvolvimentos Infantil Ano 1999 2004 Nível Geográfico Brasil Minas Gerais Nova Lima Brasil Minas Gerais Nova Lima IDI 0,609 0,630 0,822 0,667 0,649 0,822 Fonte: UNICEF, Situação da Infância Brasileira 2006. Para a elaboração do Plano Diretor de Nova Lima, recomenda-se um aprofundamento e a atualização constante dos indicadores que compõem o IDH-M e o IDI, pois estes, utilizados em conjunto, facilitam e contribuem para o planejamento estratégico e a construção de uma visão mais robusta da realidade. 5.1.2. Perfil econômico Em 2000 ao PIB per capita do município de Nova Lima era de R$ 5.575,60, superior à renda per capita do Estado, que era de R$ 4.104,19, e à do Brasil, que é de R$ 4.958,85 (Fonte: BNDES). A evolução do PIB e do PIB per capita de Nova Lima é apresentada nas Tabelas W e X Tabela W - PIB per capita de Nova Lima. Ano PIB per capita 2000 2001 2002 2003 10.023 10.072 12.708 15.288 Fonte: IBGE, Produto Interno Bruto dos Municípios 1999 (Tabela 1). Tabela X - Evolução do PIB de Minas Gerais e Nova Lima (em R$). PIB / ANO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Minas (bi) 106.169 115.417 126.324 143.995 169.301 175.165 Nova Lima (mi) 551.601 599.649 657.000 748.000 879.604 910.070 Fonte: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), 2005. O Produto Interno Bruto de Minas corresponde, em média, a 9,5% do PIB brasileiro, e o Produto Interno Bruto de Nova Lima corresponde, em média, a 0,52% do PIB de Minas Gerais, ocupando a 17º posição no Estado, segundo dados da Federação das Indústrias de Minas Gerais. A economia mineira tem tido um desempenho superior à média brasileira. Isso se deve principalmente ao aumento do consumo mundial de commodities minerais. A Federação das Indústrias PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 113 do Estado de Minas Gerais registra um crescimento médio de 12,43% do PIB mineiro no período de 2000 a 2005, enquanto o crescimento do PIB brasileiro foi 2,6%. A participação do setor industrial no PIB de Nova Lima é de 54,30%, conforme dados do BNDES de 2000, enquanto o setor de comércio e serviços participa com 45,60%. Com base nesses dados, pode-se dizer que o PIB do município tende para uma divisão eqüitativa de participação entre o setor industrial e o setor de comércio e serviços. É possível observar na Tabela C que existe um crescimento do número de empresas de construção, comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos, transporte, armazenagem e comunicações, atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas (F, G, I, K, respectivamente) que, se analisados junto com as condições domiciliares particulares permanentes de Nova Lima, indicam uma movimentação da população e um indício de iniciativa de diversificação da base econômica municipal. Tabela Y - Crescimento do número de empresas de Nova Lima por atividade. Ano Classificação de atividades (CNAE) 2000 2001 2002 2003 A Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 7 10 8 10 B Pesca - 1 - - C Indústrias extrativas 41 42 42 42 D Indústrias de transformação 153 186 206 212 E Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 3 F Construção 86 G Comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos 743 946 962 1.002 H Alojamento e alimentação 309 300 344 363 I Transporte, armazenagem e comunicações 53 73 91 111 J Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados 45 55 58 58 465 593 759 897 K Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 3 2 105 109 3 109 L Administração pública, defesa e seguridade social 3 2 3 2 M Educação 34 40 36 45 N Saúde e serviços sociais 55 59 69 75 O Outros serviços coletivos, sociais e pessoais 154 177 198 217 P Serviços domésticos - - - - Q Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais - - - - Fonte: IBGE – Cadastro Central de Empresas. Observa-se também que o número de empresas de prestação de serviços de caráter público (e também podem ser privados), tais como produção e distribuição de eletricidade, gás e água, administração pública, defesa e seguridade social, educação e saúde e serviços sociais (E, L, M, N, PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 114 respectivamente), não cresceram com a mesma proporção das atividades citadas no parágrafo acima. Isso demonstra necessidade de adequação destes serviços para manter e promover a qualidade de vida e a diversificação da base econômica do município. Entre as grandes empresas, as do setor de mineração têm grande participação no PIB do Município (21,49%), e as demais atividades detêm 78,51%. O mesmo pode-se afirmar em relação ao peso que o ICMS recolhido no município tem sobre as finanças municipais: cerca de 95% (dados do Tribunal de Contas de Minas Gerais) do ICMS transferidos para o município têm origem nessa atividade ligada à mineração (ferro). Essas composições do PIB são o reflexo das atividades predominantes dos municípios que compõem a Grande Belo Horizonte, conforme a FIEMG: metalurgia-alumínio, automóveis, bebidas, calçados, têxtil, turismo, mineração, minerais não-metálicos, produtos alimentares, metalurgia-zinco, autopeças, bens de capital, vestuário, siderurgia, refino de petróleo, ferro-gusa, ferro-liga. Constitui-se num dos maiores desafios para Nova Lima, a médio prazo, criar as condições necessárias para promover uma maior diversificação das atividades econômicas e produtivas. Não só porque se avizinha um processo de mudanças profundas no perfil da principal atividade econômica local, isto é, a minerária, que resultará em perdas e mudanças substantivas na composição geral das finanças municipais, mas também porque é urgente enfrentar as desigualdades sociais ainda vigentes, resultado de um modelo econômico concentrador de riquezas. A grande maioria da população local, pode-se dizer, não foi beneficiada com a produção de riquezas no município. Como já foi mostrado no Capítulo 4, item 4.2.2, é bastante significativo, e dramático, o índice de indivíduos sem rendimento – 31,1% –, e se somarmos aos que apresentam rendimento de até 2 SM, o índice chega a quase 57% da população local. A atual administração, como se sabe, tem novos planos, compromissos e desafios. A diminuição das desigualdades sociais, por exemplo, está entre eles. Por isso, a questão da sustentabilidade econômica do município integra sua agenda de prioridades, exigindo uma atenção redobrada sobre a própria qualidade e capacidade de arrecadação, bem como sobre o potencial contributivo dos setores produtivos e dos cidadãos a curto, médio e longo prazos. Temos certeza de que o aumento da eficiência na arrecadação é uma meta com a qual os munícipes de Nova Lima poderão se solidarizar se cada real ganho tiver destinação clara, transparente e compatível com o projeto de uma cidade que todos desejam construir desde já. Uma máquina fiscal eficiente é aquela que, além de combater com arrojo e decisão a inadimplência e a sonegação, conta com a participação dos contribuintes como um valor agregado ao sistema tributário. Não é a fórmula de “aumentar o bolo para depois repartir”. Os ganhos de arrecadação devem ser utilizados em atividades e ações de alta relevância e conteúdo social, bem como na diversificação das atividades econômicas como horizonte do dispêndio que corresponda às novas receitas. Nesse sentido, a elaboração do novo Plano Diretor corrobora a oportunidade de revisão crítica das PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 115 possibilidades e potencialidades do Município. Da mesma forma, os PPAs Planos Plurianuais –, a LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias –, a LOA – Lei Orçamentária Anual – e a LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal –, como instrumentos de planejamento municipal, devem ser mais bem explorados e articulados, a fim de se tornarem, a curto e médio prazo, instrumentos de planejamento efetivo e de empoderamento social. 5.1.3. Estrutura das receitas orçamentárias de Nova Lima A arrecadação tributária encontra-se relacionada positivamente a fatores socioeconômicos, quais sejam: à renda per capita, ao grau de urbanização e à matriz de produção, dentre outros. Isto é, quanto maior a renda per capita ou o grau de urbanização de uma unidade governamental, maior deverá ser sua arrecadação tributária. Nota-se, no Quadro acima, que as receitas correntes correspondem a 94,17% das receitas orçamentárias. Há, portanto, poucas operações de crédito efetuadas pelo Município. Desse ponto de vista, Nova Lima tem um nível de endividamento baixo. Na composição das receitas correntes, as receitas tributárias têm uma participação de 26,91%, as contribuições, de 11,32% e as transferências representam 58,36% das receitas. Portanto, quase 60% das receitas correntes provêm de transferências governamentais, e a parte relativa ao ICMS representa cerca de 70% dessas transferências. As receitas próprias têm um peso de aproximadamente 40% nas receitas correntes do Município. Das receitas provenientes de impostos, verifica-se que o IPTU e o ISSQN têm importante participação nas receitas tributárias de Nova Lima, com 8,63% e 13,18% respectivamente. Uma questão chama a atenção: o ITBI tem peso quase igual ao peso das taxas, e é importante fonte de receitas na composição de suas receitas tributárias. A média da receita tributária do ISSQN dos municípios brasileiros é de 8%; no município de Nova Lima sua participação na composição das receitas correntes é de 13,18%. Outra constatação é de que a média do IPTU dos municípios brasileiros é de 7%, o que praticamente equivale à média do ISSQN, e no município de Nova Lima ela é de 8,63%, superior à média brasileira. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 116 Tabela Z - Estrutura das receitas orçamentárias do município de Nova Lima 2005 (em R$) RECEITA ORÇAMENTÁRIA % 114.442.000 100% 1.0 Receitas correntes 107.767.800 94,17% 1.1 Tributária 28.999.000 26,91% 26.800.000 24,87% 1.1.1 Impostos 1.1.1.1 IPTU 1.1.1.2 IR 1.1.1.3 ITBI 1.1.1.4 ISSQN 1.1.2 Taxas 1.2 Contribuições 9.300.000 8,63% 700.000 0,65% 2.600.000 2,41% 14.200.000 13,18% 2.199.000 2,04% 12.200.000 11,32% 1.2.1 Exploração de recursos naturais 9.500.000 8,82% 1.2.2 Iluminação pública 2.700.000 2,51% 1.3 Patrimonial 1.4 Serviços 1.5 Transferências 15.1. União 1.5.1.1 FPM 145.000 164.000 62.889.000 0,13% 0,15% 58,36% 13.321.000 12,36% 9.600.000 8,91 1.5.1.2 Fundo especial 95.000 0,09% 1.5.1.3 ITR 34.000 0,03% 750.000 0,70% 1.5.1.4 IPI 1.5.1.5 L.C. 87/98 1.5.1.6 FNAS 1.5.1.7 Outras 1.5.1.8 SUS 1.5.2. Estado 1.372.000 1,27% 165.000 0,15% 150.000 0,14% 1.155.000 1,07% 44.558.000 41,27% 1.5.2.1 ICMS 41.230.000* 38,26% 1.5.2.2 IPVA 2.738.000 2,54% 1.5.2.3 Intervenção domínio econômico 100.000 0,09% 1.5.2.4 Salário-educação 230.000 0,21% 1.5.2.5 Convênio escolar 260.000 0,24% 5.010.000 4,65% 1.6 Outras receitas correntes 3.370.800 3,13% 2.0 Receitas de capital 2.1 Alienação de bens 2.2 Operações de crédito 6.675.000 65.000 6.610.000 5,83% 0,06% 6,13% 1.5.3 Outras transferências Fonte: Adaptado do Orçamento de 2005 de Nova Lima, da Lei 4.321/64 e da Lei de Responsabilidade Fiscal. * 95% do ICMS repassado têm origem nas atividades ligadas à mineração. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 117 Tabela A´ - Evolução das receitas correntes líquidas de Nova Lima. Ano/receita Valor R$ % 2001 56.838.046,12 100,00% 2002 68.962.614,60 21,33% 2003 80.121.394,57 40,96% 2004 106.053.047,12 86,59% 2005 107.767.800,00 89,61% Fonte: informações obtidas junto ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, 2001. De 2001 a 2005, de acordo com o Tabela A´, o município de Nova Lima apresentou um resultado nas receitas correntes bastante positivo, acima da média, principalmente se considerarmos a estagnação econômica do Brasil no mesmo período: uma média anual de 18%. Além disso, como já comentamos, há fortes indícios de que é possível melhorar a arrecadação e a produtividade de seus impostos entre 20% a 40%. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 118 6. CONCLUSÃO PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 119 Os parâmetros atuais da legislação de uso do solo não são considerados ambientalmente adequados no sentido de fornecer diretrizes para a implantação de condomínios em áreas de expansão urbana, por exemplo, em relação aos padrões de declividade. Nesse sentido, há processos erosivos em curso e assoreamento de drenagens em vários pontos do território, uma vez que as características geológicas do sítio urbano favorecem a geração de processos erosivos. PARCELAMENTO DO SOLO NO VALE DO SERENO. VEGETAÇÃO EM RECUPERAÇÃO Um outro problema relacionado a essa questão refere-se à existência de loteamentos aprovados sem as devidas condições de saneamento ambiental e de infra-estrutura, a exemplo de casos localizados no Vale do Sereno. Em proprietários conseqüência, de completamente regenerada, lotes cobertos não os atuais parciais por conseguem ou vegetação obter as autorizações ambientais. A gestão ambiental, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, depara-se com inúmeros pedidos de autorização para implantação de edificações nesses lotes, mas fica impedida frente ao Decreto Federal 750 que dispõe sobre a proteção de vegetação de mata, pois tais edificações teriam como conseqüência a supressão de mata. A expansão urbana de Belo Horizonte no bairro Vila da Serra criou um núcleo urbano em processo de verticalização e adensamento em uma região originalmente destinada à implantação de loteamentos residenciais unifamiliares, com infra-estrutura de saneamento (ETE) dimensionada para esse tipo de ocupação. Com a mudança de padrão de uso, a área sofre atualmente problemas em relação à sua capacidade de infra-estrutura viária e de tratamento dos esgotos. Os parcelamentos, dispersos pelo território municipal e em grande parte sem atender aos critérios adequados ao sítio físico, causam preocupação em relação ao futuro ambiental do município. Segundo os dados existentes na Prefeitura, existem cerca de 26.000 lotes vagos existentes, a maioria PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 120 deles aprovados antes da vigência da Lei Federal 6.766/79. Em decorrência disso, apresentam-se quase todos sem qualquer urbanização ou plano de controle ambiental, devendo ser objeto de análise cuidadosa para selecionar aqueles que tem condições de efetivação. Nesse sentido os instrumentos de gestão e reforma urbana do Estatuto das Cidades deverão ser utilizados para enfrentar os problemas existentes. Implantados sem exigência de infra-estrutura, localizados em áreas afastadas da sede urbana do município e com baixa densidade de ocupação, mas apresentando qualidades ambientais indiscutíveis, esses loteamentos passaram a se constituir alternativa de moradia para classes média e média alta de Belo Horizonte, à medida que as áreas residenciais na zona sul da capital iam adensando-se. O Mapa 10 – Tendências de Urbanização, em anexo, mostra os eixos de expansão urbana, caracterizando essa tendência. Há uma série de novos projetos de implantação de condomínios residenciais e novos equipamentos em empreendimentos urbanos, uma vez que a atividade imobiliária vem se destacando como uma das principais alternativas para o desenvolvimento econômico, como pode se ver no Mapa 9 – Grandes Projetos. Nesse sentido é extremamente necessária a definição de diretrizes de zoneamento municipal articuladas a restrições ambientais estruturais que orientem o desenvolvimento urbano de forma sustentável. Nesse mesmo sentido, o sistema viário estrutural e de transportes deverá ser dimensionado e orientado segundo diretrizes ambientais de ocupação do território. Uma das principais características da ocupação urbana de Nova Lima é a dispersão dos núcleos urbanos gerados pela característica de suas vias estruturais. Assim, a integração das áreas ocupadas é fundamental. O Plano Diretor deverá articular o território municipal, apropriando-se da vasta área constituída pela bacia hidrográfica contribuinte do Rio das Velhas, ao sul do Morro do Pires, de maneira a promover, por um lado a integração do desenvolvimento municipal, “aproximando” a sede das áreas dispersas, e por outro, reforçando uma identidade municipal. É relevante considerar também, como fator de limitação à expansão do município, a alta incidência de terrenos com mais de 30% de declividade, que, conforme dispõe a Lei Federal 6.766/79, devem sofrer forte condicionamento em eventuais parcelamentos para fins urbanos. Esta incidência compromete grande parte do território municipal, sobretudo quando se considera que, no caso de Nova Lima, os terrenos acidentados estão freqüentemente relacionados com solos instáveis (Mapa 2 – Elementos Físicos e Bióticos Significativos). Novos condomínios continuam a ser implantados no Município seguindo os padrões vigentes, como é o caso do Condomínio Vale dos Cristais, em implantação na sub-bacia do rio Mutuca, como mostra o Mapa 9 – Grandes Projetos. Essa possibilidade de implantação vem criando áreas e bolsões de moradia isolados entre si e implantados sem uma diretriz que os orientem de forma territorialmente PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 121 planejada, forçando a necessidade de investimentos em infra-estrutura de saneamento ambiental muito pesada para o Município. CONDOMÍNIO VALE DOS CRISTAIS As áreas ao sul da sede municipal são as áreas topograficamente mais favoráveis à expansão urbana (sobretudo em relação à população de baixa renda) mas se localizam à montante da captação de Bela Fama, exigindo o planejamento da expansão urbana de forma compatível à implantação de sistemas de tratamento de esgotos. Uma vez que o território municipal está na área de drenagem de mananciais hídricos, a implantação de parcelamentos deve estar condicionada ao saneamento ambiental e a exigências de sistemas de esgotamento sanitário, drenagem urbana e controle de resíduos. O Jardim Canadá, como foi visto, é um núcleo dinâmico do ponto de vista urbano e econômico de serviços ligados á Capital. Agrega muitos problemas de ocupação urbana, de legislação, de serviços públicos e de meio ambiente. Portanto é uma área que necessitará de projeto específico com o objetivo de dar qualidade urbana a esse bairro. A questão ambiental é um elemento crucial a ser considerado pelo Plano Diretor, pois Nova Lima é o grande manancial da RMBH. Por outro lado, a preservação e a qualidade ambientais são, atualmente, riquezas verdadeiras sobre as quais o município poderá, no futuro, apoiar-se para se desenvolver. Por outro lado, o potencial de aproveitamento turístico diversificado de Nova Lima é estratégico para diversificar seu desenvolvimento econômico e social futuro. Efetivamente, há possibilidades de desenvolvimento e exploração do turismo ecológico, do turismo gastronômico e do PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 122 turismo histórico associado ao Caminho do Ouro e à ferrovia. Na sede municipal existem áreas que configuram conjuntos arquitetônicos de interesse e que constituem uma paisagem urbana pitoresca como a área central da cidade e o conjunto rego/banqueta/bicame. Elementos do patrimônio histórico como a sede da AngloGold são potenciais locais de visitação turística. Tais edificações também podem ser encontradas nos distritos de Honório Bicalho, que já possui um projeto da prefeitura, ou em Macacos, que já atrai os turistas. Falta a infra-estrutura para que essa atividade realmente possa se desenvolver em Nova Lima, de maneira contínua. Salientamos ainda que existe a necessidade de melhor equacionar a estrutura administrativa visando a implantação do Plano Diretor, a garantia de um planejamento continuado, da implantação das propostas em elaboração e da melhor integração dos diferentes setores da prefeitura, visto que Nova Lima tem uma receita anual compatível com seus gastos e com possibilidades de aplicação em projetos fundamentais para o interesse da comunidade. Finalmente, o novo Plano Diretor de Nova Lima deverá desenhar o projeto da cidade que se deseja construir a partir do seguinte tripé: preservação ambiental, urbanização planejada e desenvolvimento turístico e econômico. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 123 7. BIBLIOGRAFIA PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 124 Publicações AB´SABER, A.N . Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas do Brasil. Orientação. Departamento Geográfico da Universidade de São Paulo. 1967, 3: 45-48. AB´SABER, A.N. 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RODRIGUES, Maysa Gomes – Inquieto Horizonte inventário e organização de informações e registros dispersos sobre a Serra do Curral. Belo Horizonte, 2004. RODRIGUES, R.R; Martins, S.V. & Nappo, M.E. 2000. Recuperação de fragmentos florestais degradados. Ação Ambiental. Viçosa, MG: ano 2, n 10. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 128 SANO, S.M. & ALMEIDA, S.P. 1998. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1998, 556p. Santos, Márcio – (Belo Horizonte: Editora Estrada Real, 2001) in www.estradareal.org.br SARMIENTO, G.; GOLDSTEIN, G. & MEINZER, F. Adaptative strategies of woody species in neotropical savannas. Biol. Rev. 1985, v. 60. P.315-355. Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral. Estudo propondo a criação do Fundo Nacional de Exaustão dos Recursos Minerais. s/data. Secretaria Municipal de Planejamento. Plano Diretor do Município de São Paulo: 1985-2000. São Paulo: 1985. SHINZATO, Edgar e CARVALHO FILHO, Amaury de - Projeto APA_Sul da RMBH. Estudos do Meio Físico. Pedologia – Volume 5, CPRM, 2004. SICK, H. Ornitologia Brasileira - uma introdução. Ed Universidade Federal de Brasília.1985, vol I e II. 827. VELOSO, H.P.; FILHO, A.L.R.R. & LIMA, J.C.A. 1991. Classificação da Vegetação Brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 1991, 124p. Legislação Ante-Projeto de Lei - “Altera a Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo de Nova Lima e dá outras providências”, não aprovado. Ante-Projeto de Lei Complementar - “Dispõe sobre a política municipal de desenvolvimento e expansão urbana, instituindo o Plano Diretor de Nova Lima”, apresentado em 2002 e não aprovado. Ante-Projeto de Lei Complementar - “Institui o Plano Viário do Município de Nova Lima”, apresentado em 2002 e não aprovado. Ato administrativo n° 34 de 12 de outubro de 1988– Dispõe sobre a aprovação do projeto de loteamento denominado “Village Terrasse” situado neste Município (Nova Lima). Constituição Federal Decreto Municipal n° 1998 de 13 de agosto de 2003 – Aprova o Regulamento do Fundo Especial para Gestão Ambiental – FEGA. Decreto Municipal n° 1999 de 18 de agosto de 2003 – Dispõe sobre o licenciamento ambiental municipal de atividades e empreendimentos. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 129 Deliberação Normativa CODEMA n°: 01 de 2003 – Dispõe sobre o regimento Interno do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental do Município de Nova Lima/MG. Lei Federal n° 10.257 de 10 de julho de 2001 – Regulamenta os art. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana – Estatuto da Cidade. Lei Federal n° 6.766 de 19 de dezembro de 1979 – Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências, e suas alterações. Lei Municipal n° 1.068 de 19 de dezembro de 1983 – Dispõe sobre o parcelamento, normas de uso e ocupação do solo do Município de Nova Lima. Lei Municipal n° 1.338 de 16 de novembro de 1992 – Define Zona Comercial Especial (Av. José Bernardo de Barros). Lei Municipal n° 1.372 de 01 de junho de 1993 – Define zoneamento para a Avenida Henrique Othero e Avenida “l” do loteamento Quintas. Lei Municipal n° 1.396 de 17 de dezembro de 1993 – Altera o zoneamento do loteamento Vale do Sereno. Lei Municipal n° 1.402 de 22 de junho de 1994 – Dá nova redação aos artigos 1° e 2° da Lei n° 1.396/93. Lei Municipal n° 1.414 de 22 de dezembro de 1994 – Altera o zoneamento do loteamentos Jardim Canadá. Lei Municipal n° 1.428 de 31 de maio de 1995 – Altera o zoneamento da rua Messias José Braga, no bairro Cariocas e cria zoneamento para a rua Ludovico Barbosa do bairro Pau Pombo. Lei Municipal n° 1.435 de 15 de junho de 1995 – Disciplina a regularização de edificações em situação irregular. Lei Municipal n° 1.474 de 11 de dezembro de 1996 – Introduz alterações na lei n° 1.068/83. Lei Municipal n° 1.584 de 30 de dezembro de 1998 – Institui o Código de Obras do Município de Nova Lima. Lei Municipal n° 1.595 de 13 de maio de 1999 – Extingue modelo de assentamento urbano. Lei Municipal n° 1.658 de 19 de dezembro de 2000 – Abole a utilização dos modelos de assentamento urbano MA-3 e MA-4. Lei Municipal n° 1.668 de dezembro de 2000 – Dispõe sobre a construção e o funcionamento de posto de abastecimento. Lei Municipal n° 1.694 de 26 de dezembro de 2001 – Dispõe sobre alterações na legislação urbanísticas de Nova Lima. Lei Municipal n° 1.705 de 28 de dezembro de 2001 – Dispõe sobre projeto de Apart Hoter em Nova Lima. Lei Municipal n° 1.812 de 7 de maio de 2004 – Proíbe a construção e exploração de Motéis e Drive-in em todo o perímetro da Rodovia MG-030. PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 130 Lei Municipal n° 1.819 de 30 de junho de 2004 – Altera o inciso III do art. 9° da Lei Municipal n° 1.068/83. Lei Municipal n° 1.824 de 31 de agosto de 2004 – Cria zoneamento especial para empreendimento culturais no bairro Vale do Sol. Lei Municipal n° 1.834 de 04 de outubro 2004 – Altera o zoneamento do Bairro Quintas II. Lei Municipal n° 1678 de 16 de julho de 2001 – Cria o Pró- Urbano; Programa comunitário de Urbanismo. Lei Municipal n° 1727 de 07 de novembro de 2002 – Dispõe sobre a política municipal de proteção ambiental, cria o Fundo Especial para a Gestão Ambiental em Nova Lima. Lei Municipal n° 1813, de 07 de maio de 2004 – Proíbe instalações de estações de rádio base (ERBs). Resolução n° 34 de 01 de julho de 2005 – Ministério das Cidades; Emite as orientações e recomendações que seguem quanto ao conteúdo mínimo do Plano Diretor. Artigos ANDRADE, Carlos Drummond de – No Horizonte a Exaustão – Transcrito do Jornal do Brasil de 13/01/76. Sites Ambiente Brasil: www.ambientebrasil.com.br Árvores do Brasil: www.arvoresbrasil.com.br Estrada Real: www.estradareal.org.br Ferrovias: www.estacoesferroviarias.com.br IBAMA: www.ibama.gov.br IBGE: www.ibge.gov.br Ministério das Cidades – www.cidades.gov.br Odebrecht: www.odebrechtonline.com.br/ valedoscristais Saúde em Desenvolvimento: www.saudeemdesenvolvimento.com.br Sitio Carauary: www.sitiocarauary.pop.com.br www.guiabh.com.br PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO 131 Equipe Técnica Jorge Wilheim Coordenador Geral Karine Murachco Coordenadora Técnica Márcia Grosbaum Lígia Rocha Rodrigues Arquitetas e Urbanistas Marcel Martin Mariana Andersen Estagiários de Arquitetura Sandra Petribu Apoio Ivan Carlos Maglio Coordenador da Consultoria de Meio Ambiente Affonso Novello Biólogo Maria Elena Basílio Sordi Engenheira Agrônoma Olga Maria Soares e Gross Geógrafa Og Roberto Dória Consultor de Administração e Políticas Públicas Paulo José Vilela Lomar Consultor em Legislação Urbanística PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO ANEXO MAPAS TEMÁTICOS PDDM de NOVA LIMA DIAGNÓSTICO