Gregory Balthazar

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Gregory Balthazar
O FEMININO E O PODER NO MEDITERRÂNEO ANTIGO: UM
ESTUDO SOBRE ASPÁSIA, OLÍMPIA E CLEÓPATRA NAS
BIOGRAFIAS DE PLUTARCO
Gregory da Silva Balthazar
([email protected])
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Resumo: A existência de um pensamento misógino – uma relação sexista contra as mulheres, pautada em uma atitude
cultural de ódio e/ou violência – nos diferentes gêneros literários do mundo antigo vem sendo debatida desde a
emergência da segunda onda feminista, na década de 1960. Com o intuito de nos posicionarmos frente a este debate,
estudaremos, na presente comunicação, três biografias do escritor grego Plutarco (I d.C.), com o intuito de
analisarmos sua descrição sobre sujeitos femininos que desempenharam papeis importantes na política do
Mediterrâneo Antigo, a saber, Aspásia, Olímpia e Cleópatra. Para tanto, pensaremos o eixo categorial gênero como
parte constituinte do discurso plutarquiano, demonstrando, assim, como a concepção de misoginia não se sustenta
frente à multiplicidade de formas com que Plutarco narrou a relação entre estas mulheres e o poder.
Palavras-Chaves: Plutarco; Vidas Paralelas; Mulheres; Gênero; Política.
Introdução
Há quase cinquenta anos atrás, a classicista Sarah Pomeroy (1975) apontou
como antigos e modernos, ao se preocuparem com a história política ou militar do
mundo clássico, acabaram por obscurecer a história de pessoas que foram excluídas, por
seu sexo ou por sua classe, da política ou da vida intelectual de suas sociedades. No
caso específico da Grécia antiga, diversos estudiosos e estudiosas focaram-se, na esteira
de uma história social das mulheres, em dar vocalidade às mulheres, descrevendo, a
partir da ideia de uma dominação masculina, o caráter subordinado do sexo feminino e,
em alguns casos, formas de resistências ao poder patriarcal (KELEUS, 1993; MOSSÉ,
1990).
A historiadora Marta de Andrade (2003) evidenciou como um lugar comum na
questão da presença feminina na sociedade grega clássica tomou forma a partir – e em
torno – da figura da exemplaridade doméstica, ou seja, as mulheres eram responsáveis
pela organização e administração da casa, o cuidado dos filhos e das filhas, tudo em
conformidade com os ensinamentos do marido e com a ordem dos deuses, questões
marcadas na própria φύσις (phúsis) feminina. Dessa forma, ao analisar o discurso dos
textos de pensadores gregos, com especial destaque aos atenienses, a historiografia
realçou a clausura ao οἶκος (oikos) e a exclusão da vida pública como lugar das
mulheres nas sociedades gregas, uma interpretação realizada a partir – e retificadora –
de um conjunto de virtudes que incluem o trabalho doméstico, a submissão aos homens,
o silêncio, a fragilidade, a reprodução, a falta de prazer sexual e a reclusão ao
γυναικείον (gynaeceum).
Anais do Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – LHAG/UNICENTRO, p.470
Assim, essa corrente de pensamento destacou o caráter primariamente
misógino da produção intelectual dos antigos gregos, destacando como os documentos
textuais expressam concepções de inferioridade feminina aos homens, tendo como
desdobramento a completa exclusão das mulheres da esfera pública (BLUNDELL,
1995; POMEROY, 1975; WENDER, 1981; ZAITLIN, 1981). Assim, as sociedades
gregas se constituíram como fundamentalmente falocêntricas, sendo estruturadas por
divisões de gênero que marcavam a valorização de atributos masculinos a partir de uma
desqualificação de características femininas, o que, consequentemente, tornou os
homens socialmente superiores às mulheres.
Com a emergência do eixo categorial gênero e seus desafios epistemológicos,
estudiosas e estudiosos passaram a perceber que, antes do que uma passividade, as
mulheres gregas conheceram um papel bem mais amplo e ativo do que aquele do
silêncio e do enclausuramento (CANTARELLA, 1987; COHEN, 1989). O historiador
Fábio Lessa (2010), por exemplo, demonstrou como, para essa perspectiva
interpretativa, pautada nas propostas teóricas da história social (sistema sexo-gênero), a
documentação imagética e a cultura material fornecem outras possibilidades de leitura
daquelas presentes nos textos clássicos. Ou seja, ao se voltarem para outras formas de
documentação, a historiografia percebeu que adjacentes ao papel de boa esposa
existiram brechas de mobilidade, que permitiram aos sujeitos femininos participarem
ativamente dos espaços públicos.
Contudo, essa forma de abordagem, apesar buscar romper com binarismos,
como privado-público, acabou reforçando, em alguma medida, a alteridade feminina, ou
seja, corroboram com a concepção de uma subordinação das mulheres, destacando o
caráter primariamente masculino da sociedade grega. Em outras palavras, o olhar das
pesquisadoras e pesquisadores se voltou para a cultura material e imagética com o
intuito de romper com o caráter normatizador e misógino dos documentos textuais; mas,
por outro lado, reafirmou a própria marca da diferença feminina.
Contudo, algumas estudiosas e alguns estudiosos têm procurado romper, a
partir das propostas epistemológicas do pensamento pós-estruturalista, com a própria
ideia da alteridade feminina, propondo, nesse contexto, um repensar das formas como se
vinha interpretando o lugar das mulheres nos documentos textuais da Grécia antiga.
Nesse sentido, consideramos importante mencionar a importante participação dos
estudos clássicos brasileiros no desenvolvimento de trabalhos dentro dessa corrente
interpretativa, uma vez que as e os classicistas brasileiras/os têm evidenciado a
existência de diferentes formas das mulheres se relacionarem com os distintos níveis de
funcionamento da pólis (ANDRADE, 2011; LEITE, 2009; JUNQUEIRA, 2011;
SANTOS, 2011).
Em meio a essa discussão, torna-se, em nosso entendimento, pertinente
questionar: seriam os antigos misóginos? A alteridade feminina estaria marcada nas
linhas de seus textos? Existiriam subterfúgios para romper um discurso androcêntrico
ou a relação entre mulheres e o poder estaria, nessa premissa, proibida? Para tentarmos
lançar alguma luz sobre essas questões, nos debruçaremos sobre as biografias de
Plutarco, um intelectual grego que viveu no primeiro século de nossa era, com o intuito
de analisar como este autor construiu sua narrativa sobre três mulheres intimamente
ligadas à vida política do antigo Mediterrâneo, a saber, Aspásia de Mileto, Olímpia da
Macedônia e Cleópatra do Egito.
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Plutarco e as Mulheres
Plutarco nasceu na cidade de Queroneia, na região grega da Beócia, em um
período em que a Grécia vivenciava a dominação romana, assim, grande parte da Grécia
não desempenhava um papel importante no quadro político do Império, uma vez que
Roma se sobrepunha politica e economicamente sobre aquelas cidades. Contudo, a
produção literária grega possuía um vulto importante frente à romana, o que conferiu à
escrita plutarquiana um caráter plural, visto por muitos especialistas como uma síntese
da cultura grega e romana, com importantes desdobramentos na edificação das
produções intelectuais ao longo da história européia (SILVA & CERQUEIRA, 2010).
De fato, a obra de Plutarco figura um importante conjunto documental de certa
de duzentos e vinte e sete títulos, dos quais pouco menos de cem obras chegaram até
nós. Sob o título Vidas Paralelas, encontra-se agrupado um conjunto de cinquenta
biografias de governantes, legisladores e militares gregos e romanos. Ao serem
estruturadas de maneira comparativa, entre um heleno e um latino, as biografias
plutarquianas oferecem diversas informações sobre um vasto período temporal da
história do antigo Mediterrâneo (SILVA, 2006).
Essa singularidade da obra de Plutarco – ser grego sob a égide do Império e
compilar mais de mil anos da história greco-romana – marcou profundamente as formas
como seus comentadores e suas comentadoras construíram suas narrativas sobre seu
pensamento, como é o caso da presença das mulheres no conjunto textual plutarquiano.
Portanto, podemos dividir, de maneira geral, dois posicionamentos que a historiografia
tem abordado o lugar reservado às mulheres no pensamento plutarquiano.
Na primeira linha interpretativa, as estudiosas e os estudiosos têm destacado o
caráter romanizado da obra do beócio, ou seja, Plutarco faria parte de um grupo de
intelectuais gregos cooptados por Roma, que visava à manutenção e à divulgação do
poder romano no território grego. Portanto, a historiografia entendeu Plutarco como
membro pertencente a esse grupo de intelectuais gregos que apoiaram a política de
romanização1, mediante o seu alinhamento ideológico e econômico com o Império, cuja
produção literária resultou em um movimento conhecido como Segunda Sofística2
(BREMER, 2005; LÓPEZ, 2004).
Nesse contexto, a interpretação dos escritos plutarquianos como parte da
política de romanização teve como fruto a interpretação de que Plutarco concedeu – a
partir de sentidos culturais romanos – às mulheres um lugar privilegiado na vida
conjugal e na intimidade de seus maridos. Ou seja, diferentemente de autores gregos do
período poliade, Plutarco escreveu, ao viver em um mundo romanizado, tratados de
ensinamentos sobre o caráter elevado da união entre marido e mulher (JESUS, 2009).
Dessa forma, ao se perceber Plutarco como um grego laudatório do poder e da
cultura romana, a historiografia partiu do pressuposto de que um dos desdobramentos da
1
O arqueólogo Richard Hingley (2010, p. 33-34) evidenciou, em uma crítica à noção de romanização,
como este conceito foi um produto moderno, estando vinculado com as concepções de progresso e
desenvolvimento próprios do século XIX e do início do XX. De maneira básica, podemos perceber a
romanização como o processo de expansão do Império romano, que teria levado a uma série de mudanças
socioculturais nas províncias e, finalmente, à absorção da cultura e da identidade romana por estes povos.
2
A historiadora Deise Zandoná (2008) identificou essa terminologia, Segunda Sofística, como uma
identidade arbitrária para um fenômeno cultural e intelectual que floresceu no início do Império romano.
Este movimento literário agrupou, sob uma mesma alcunha, diversos intelectuais que retomaram a
tradição cultural grega por meio de artifícios retóricos, o que conferiu aos seus discursos estilo e
verossimilhança.
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romanização foi a diluição da rígida dicotomia presente na hierarquia de gênero
existente no mundo antigo.3 Logo, essa linha de pensamento ressaltou como Plutarco
tomou como referência de feminilidade “(...) o ideal romano; suas heroínas são
essencialmente matronas romanas, fortes e virtuosas, mesmo quando vestidas com seus
tradicionais péplos gregos” (BLOQUIST, 1997, p. 90).
De fato, Jo Ann McNamara (1999, p. 151) afirmou como a visão plutarquina
sobre as mulheres se distanciava do modelo ateniense, pois Plutarco foi filho de uma era
diferente. Para a autora, as mudanças das conjunturas de gênero, com o domínio romano
no Mediterrâneo, fizeram com que Plutarco fosse mais reticente com a presença de
mulheres no espaço público.
Nessa esteira, Mariana Silveira (2006, p. 109) determinou, em uma análise
sobre quatro tratados plutarquianos sobre as mulheres, como Plutarco, apesar de beber
na filosofia platônica para falar do feminino, teve seus escritos envoltos pelas
concepções de gênero romanas, em que as mulheres teriam maior liberdade de atuação.
Contudo, a autora alertou para o fato de que as mulheres, do período imperial, não
usufruíram de uma liberdade total, pois, como encontramos no próprio Plutarco, o
alvedrio feminino encontrava seu limite sob o poder masculino.
Por outro lado, plutarquistas têm apontado, recentemente, como a obra de
Plutarco não se constituiu como um símbolo da subserviência grega, mas como um
espaço de resistência cultural. Assim, a composição da obra plutarquiana demonstraria
um movimento de preservação da cultura literária grega, uma manifestação culturalidentitária de um grego dominado pelas redes de poder do Império romano (SILVA,
2007; CERQUEIRA, 2010). Dentro dessa premissa, Maria Aparecida de Oliveira Silva
chama atenção para a seguinte proposição:
A literatura à época imperial revelou-se em muitos autores, como Plutarco, um
meio de expressão cultural, não somente para exibir suas habilidades retóricas ou
seus amplos conhecimentos, mas para que o mundo romano reconhecesse neles um
povo diferenciado, culto e, principalmente, importante à sustentação política e
cultural do Império (2007, p. 57).
De tal modo, essa linha de pensamento percebeu a obra plutarquiana como um
espaço de resistência grega à política imperial romana e não um pensamento adulador
atribuído aos partícipes do movimento literário da Segunda Sofística. Para a autora, os
ditos plutarquianos se constituíram enquanto uma forma sutil de resistência intelectual,
que, ao não primar pelo rompimento das relações de dominação (pois manteve
importantes conexões com o poder romano, especialmente em um sentido econômico),
demonstrou como o poder político no Império apresentou-se mais contrabalançado em
sua distribuição.
Nesse sentido, o pensamento plutarquiano passou a ser compreendido como
caudatário de uma tradição literária grega, ou seja, a própria concepção de feminilidade
3
A historiadora Lourdes Conde Feitosa (2005, p. 107) afirmou que existe um consenso na historiografia
em considerar como os processos históricos vivenciados nos séculos I e II de nossa era abriram espaço
para uma emancipação social e sexual das mulheres no Império, principalmente as pertencentes à
aristocracia.
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presente nos textos plutarquianos estaria vinculada às formas como os pensadores do
período da polis grega compreenderam o feminino (SILVA & BALTHAZAR, 2009).
Nesse sentido, Jeremy McInerney (2003) pontuou como a visão
condescendente de Plutarco sobre as mulheres foi um fruto de sua herança filosófica
helenística, uma vez que “(...) acreditava que a reciprocidade era a chave para todas as
relações sociais, ligando o fraco ao forte em uma relação com claras fronteiras e direitos
mútuos”.
Nessa mesma linha, Maria Aparecida de Oliveira Silva (2005, p. 11) expôs, em
um trabalho sobre a visão plutarquiana acerca das mulheres espartanas, como o
pensamento plutarquiano sobre o feminino esteve pautado nas considerações de autores
da Grécia clássica, como Platão, Aristóteles e Xenofonte. Dessa forma, podemos pensar
que a visão de Plutarco esteve vinculada ao que hoje conhecemos como modelo
mélissa: “Para o nosso moralista, a mulher ideal é a esposa submissa, mantendo uma
vida discreta e digna, totalmente devota ao seu marido, sem ruído e sem luxo” (LE
COURSU, 1981, p. 274). Porém, se as mulheres aparecem como mélissa, como pensar a
possibilidade de um movimento para além do espaço privado?
Entretanto, como já mencionamos, diversos são os estudos que mostraram
como alguns pensadores atenienses diluíram, em algum grau, o rígido ideal discursivo
imposto às mulheres gregas bem-nascidas, presente em diversos textos gregos e
reafirmado, por meio do modelo mélissa, como uma prática social de absoluta verdade
pela historiografia moderna. Assim, podemos pensar que subjacente ao padrão de boa
mulher grega - aquela do silêncio, do recato, da clausura doméstica - se constituiu a
relação do feminino com a cidade e o poder político (LESSA, 2010; MEGA,
2003/2011). A partir dessa proposição, portanto, buscamos traçar outra leitura possível
sobre a descrição plutarquiana da relação entre as mulheres e o poder.
Para tanto, como já apontamos, elencamos três figuras femininas– Aspásia,
Olímpia e Cleópatra – que ocupam um lugar de destaque na narrativa plutarquiana, uma
vez que exerceram forte influência política na história grega e romana.
Aspásia
Aspásia de Mileto aparece em quatro passagens da biografia plutarquiana sobre
Péricles, legislador e líder político de Atenas no final do século V a.C., sendo
introduzida, no texto, a partir de um questionamento de Plutarco sobre o poder que
exercia sobre os homens: “Mas, como parece que fez guerra contra Samos [refere-se a
Péricles] para agradar a Aspásia, talvez seja então a melhor ocasião para questionar esta
mulher, que arte ou poder tão grande tinha que dominava os principais homens políticos
(...)” (Péricles, 24.1).4
De fato, em nossa leitura das biografias, percebemos como Plutarco se sente
intrigado pelas formas como algumas mulheres, como Aspásia, bem como Olímpia e
Cleópatra, participam da política e, principalmente, como exerceram influência sobre
importantes homens públicos do mundo antigo. Assim, Plutarco levanta algumas
características e atitudes de Aspásia com o intuito de compreender essa questão. Como
exemplo, podemos citar o fato dela ser de Mileto (Péricles, 24.2), uma cidade localizada
ao sul da península itálica, isto é, em nosso entendimento, apontar Aspásia como
4
A tradução da biografia de Péricles segue conforme proposta por Ana Maria Guedes Ferreira (2010).
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estrangeira, permitiu a Plutarco apreender um comportamento que se distanciava ao da
mulher grega.
Outro ponto, levantado por Plutarco, é o possível lugar social de Aspásia como
uma hetaírai.5 Para tanto, o biógrafo destaca como a concubina de Péricles tentava se
igualar à Targélia (Péricles, 24.3-4), uma cortesã iônica famosa por ter conquistado,
com sua graça e beleza, homens de grande poder e influência para entregá-los ou deles
conseguir algo para Xerxes, o rei da Pérsia; tal foi o caso do rei da Tessália, que,
envolvido com Targélia, foi por ela convencido a ceder à invasão persa no início do
século V a.C. Nessa linha, de identificar a atuação pública de Aspásia com uma hetaírai,
Plutarco aponta para o fato de ela ter possuído um negócio que era tudo menos honrado
e digno, pois mantinha jovens prostitutas (24.5); por reunir-se com muitos homens, com
objetivos retóricos (24.7); e destacou como em diferentes comédias a figura de Aspásia
foi identificada com Ônfale, Dejanira e Hera – personagens mitológicas que, em alguma
medida, prejudicaram Hércules, perseguindo-o, escravizando-o, vestindo-o como trajes
de mulher, matando-o –, ou seja, a partir dessas figuras, Plutarco, ao recorrer aos versos
de Cratino, vincula a atuação política de Aspásia a ideais femininos prejudiciais ao
homem público, pontuando, assim, seu lugar como uma concubina.
Apesar das criticas plutarquianas a Aspásia, especialmente as formas como se
personificou na esfera pública, Plutarco deixou entrever outras possibilidades de se
pensar a relação de Aspásia com estas questões. Como exemplo, podemos apontar como
Plutarco destacou um sentimento amoroso verdadeiro de Péricles por Aspásia, “a quem
amou com especial ternura” e “todos os dias, quando saía da ágora ou nela entrava a
saudava com um beijo” (24.8-9). Apesar de constantemente ligar Aspásia a figuras
como Targélia, o próprio Plutarco nos permite perceber que o amor de Péricles fosse
fruto da admiração que nutria pela inteligência e capacidade política da amada (24.5).
Nessa esteira, encontramos nas linhas da biografia plutarquiana a informação de que
Sócrates visitava Aspásia com seus os discípulos, e àqueles que lhe eram íntimos
levavam suas mulheres para escutá-la.
A partir do questionamento sobre como Aspásia desempenhou um papel de
destaque na esfera pública, bem como uma forte influência sobre políticos atenienses,
como Péricles, observamos dois movimentos do pensamento de Plutarco: primeiro, as
vinculações com mulheres mitológicas e históricas, com o objetivo de demonstrar o
caráter possivelmente prejudicial da relação entre um homem público e uma mulher
politicamente ativa; por outro lado, o pensamento plutarquiano aponta, mesmo em um
posicionamento crítico, para outra forma de relação entre Aspásia e o poder, ou seja, por
meio de sua inteligência e perspicácia política, esta estrangeira trocou informações e/ou
até mesmo influenciou a ação de homens como Péricles e Sócrates.
Olímpia
5
Segundo Edson Neto (2010, p. 66-67), as hetaírai ocupavam um lugar social privilegiado. Assim, “ao
contrário das pórnai – que atuavam nas zonas portuárias a baixos preços -, as hetaírai – com todos os
seus dotes artísticos e físicos – serviam apenas a estrangeiros ricos e aos cidadãos mais abastados –
kaloíkagathoí – cobrando quantias bastante elevada. (...) Teoricamente o contato com a hetaíra não seria
uma transação comercial, mas uma troca de favores (ou presentes) entre as partes envolvidas onde o sexo
era um elemento implícito, mas não uma compensação imediata ou obrigatória. (...) As hetaírai eram
companheiras dos homens em banquetes e outros eventos da vida social da pólis dos quais as esposas,
filhas e irmãs não participavam, principalmente, devido à austeridade no comportamento exaltado pelo
modelo mélissa”.
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O poder exercido por Olímpia no período helenístico, entre o governo de seu
marido, Filipe II, e de seu filho, Alexandre o Grande, é de notório conhecimento.
Porém, poucos são os documentos que permitem pensar o papel desempenhado por esta
mulher na emergência do Império Macedônico. Nesse sentido, as informações
compiladas por Plutarco, em sua biografia sobre Alexandre, tornaram-se um registro de
recorrente uso pela historiografia e, também, por releituras artísticas modernas.
No mesmo sentido do relato plutarquiano sobre Aspásia, o papel político de
Olímpia também apresenta um posicionamento crítico por parte de Plutarco. A conexão
da mãe de Alexandre com as práticas mágicas foi o primeiro foco de atenção do
biógrafo beócio, quando destacou como Filipe foi assolado, logo após as bodas, por
sonhos acerca da esposa, o que, juntamente com o fato de terem visto uma serpente
junto à Olímpia, enquanto ela dormia, causaram o afastamento amoroso e sexual do
marido por medo e, também, por certo respeito divino (Alexandre, 2.4-6).6
Dessa forma, a ligação de Olímpia com os mistérios órficos e o culto a
Dionísio passaram a amedrontar não só seu marido, mas vários homens da Macedônia
(2. 9). Este vínculo causou, nesse sentido, diversos problemas na vida do marido, como
a perda de seu olho, ao observar a relação amorosa de Olímpia com o deus, e mesmo
sua morte, por ter Olímpia, segundo Plutarco, influenciado Pausânias a cometer o
regicídio.
Além do medo causado por sua relação com o mundo místico, Plutarco
destacou como Olímpia era temida por seu caráter difícil e por sua aspereza. Assim, o
temperamento ciumento e agressivo de Olímpia causavam desordem no gineceu, com
constantes desavenças com as esposas mais novas de Filipe, especialmente Cleópatra, e
incitando, inclusive, a desarmonia da relação de Alexandre com o pai (9).
Contudo, diferentemente de Péricles, que se deixou levar por Aspásia, tendo
como uma de suas consequências a Guerra do Peloponeso, ou, como mostraremos,
Antônio entregando-se sob o controle de Cleópatra, Alexandre manteve a justa medida
frente aos desmandos da mãe, mesmo nutrindo uma forte afeição por ela.
No caso de Olímpia, observamos a descrição de uma figura autoritária e
intransigente, que exerceu um forte poder por sua posição como esposa de Filipe e mãe
de Alexandre. Mesmo trazendo um olhar crítico às formas como esta rainha
desempenhou seu papel político, Plutarco permite conceber a existência de uma mulher
politicamente forte que, seja por seus conhecimentos mágicos, seja por seu violento
caráter, edificava eixos de poder, atravessados muitas vezes por um sentimento de medo
de seu marido, da família deste e, em alguma medida, dos macedônicos.
Cleópatra
Cleópatra apareceu como uma figura secundária nas biografias dos generais
romanos Júlio César e Marco Antônio. Na primeira biografia, a rainha foi mencionada
em dois capítulos (48; 49), quando Plutarco narrou a guerra que Júlio César travou no
Egito. No caso de Antônio, Cleópatra apareceu em quarenta dos oitenta e sete capítulos
que compõe a biografia. Contrapondo as aparições de Aspásia, citada em quatro
capítulos da Vida de Péricles, e Olímpia, que aparece em nove capítulos da Vida de
Alexandre, a expressiva soma de menções sobre Cleópatra, na biografia de Antônio, em
6
A tradução da biografia de Alexandre segue conforme proposta por BernadottePerrin (1967).
Anais do Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – LHAG/UNICENTRO, p.476
que muitas vezes ocupa a centralidade das cenas, nos permite conceber o papel singular
que ocupa no relato plutarquiano. Nesse sentido, utilizaremos, na presente análise,
apenas a descrição plutarquiana presente na Vida de Antônio.
A rainha aparece pela primeira vez no relato plutarquiano em seu encontro com
Marco Antônio (25),7 um momento em que Plutarco demarca os papeis ocupados por
Cleópatra e pelo general em sua relação amorosa. Isto é, Cleópatra passa a desempenhar
um papel tradicionalmente reservado aos homens nos jogos de poder, o que,
consequentemente, colocou em cheque o lugar de Antônio enquanto governante.
Para construir as formas como se deu este processo, Plutarco destacou diversos
estratagemas desempenhados por Cleópatra para manter Antônio sob seu poder. Para
exemplificar essa proposição, podemos cita o fato de que, semelhantemente à Olímpia,
a rainha egípcia fez usos de filtros para estimular o amor de Antônio, enredando-o em
suas tramas de poder (25.2). Outra estratégia foi o fato de Cleópatra ter estimulado os
vícios de Antônio, ocupando-o com diversões de todos os tipos, como jogos e festas
luxuosas (28; 29).
A partir dos frutos de suas relações amorosas, com César e com Antônio,
Cleópatra almejou ampliar os territórios do reino do Egito, em uma espécie de aliança
matrimonial com os romanos. Assim, Cleópatra conseguiu com que Antônio dividisse,
entre seus filhos, territórios vinculados de algum modo a Roma, mas que também
mantinham alguma relação política com o Egito (54). Assim, a maternidade e os
relacionamentos amorosos de Cleópatra foram utilizados como formas de assegurar e
ampliar seu poder como governante no Mediterrâneo.
Por outro lado, observamos como, para concretizar estes fatos, a Cleópatra
plutarquiana foi descrita como possuidora de uma inteligência e uma capacidade
retórica singular. Isto é, a rainha egípcia construiu uma rede de poder a partir da
compreensão do caráter do general e, assim, usar desse conhecimento para mantê-lo sob
seu domínio. Em um segundo momento da biografia, a partir do capítulo 77, Plutarco
muda seu tom sobre Cleópatra, apontando outras formas da monarca se relacionar com
Antônio e com os filhos. Assim, a rainha passa a dar mais importância a estes
relacionamentos do que com ao poder político.
Dessa forma, a Cleópatra da biografia plutarquiana possui uma estreita relação
com o poder, utilizando-se de diferentes táticas, especialmente no tocante a suas
relações privadas, para assegurar um papel de destaque no palco da política do antigo
Mediterrâneo. Logo, por mais que exista um posicionalmente inicialmente negativo às
formas como Cleópatra exerceu política, Plutarco nos permite conceber como a rainha
não esteve alijada dos jogos de poder, muito pelo contrário, foi uma peça fundamental
desse jogo.
Considerações Finais
Ao concluir, retomamos a questão inicial deste texto: existiria uma postura
misógina no pensamento antigo? Talvez, se olharmos para a crítica plutarquiana às
mulheres ora estudadas, podemos pensar que sim, o texto plutarquiano é atravessado por
uma postura misógina.
Contudo, em um estudo sobre o feminino em diferentes textos gregos do
7
A tradução da biografia de Marco Antônio segue conforme proposta por BernadottePerrin (1968).
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período clássico, a historiadora Marta Mega de Andrade definiu como o debate sobre a
misoginia antiga esteve vinculado, desde meados do século XX, a um esforço de
estudiosas e estudiosos de aproximar a visão ateniense sobre as mulheres aos discursos
de feminilidade do século XIX, que encontraram nas mulheres de Antenas uma forma
de definir o que é ser mulher.
No primeiro caso, além das relações serem perpassadas e moldadas pelos atributos
de gênero (ou seja, a classificação de identidades sociais pelas diferenças de gênero
“fazia sentido”), temos a hegemonia masculina – no campo social; o gênero
masculino se reproduz como “gênero da cultura”. Isto não representa
necessariamente uma inferioridade da mulher, mas, certamente, uma valorização
negativa e a subordinação do campo do “feminino”, em grande parte das esferas
institucionalizadas da vida social – família, justiça, governo; as mulheres
atenienses padeceram de uma espécie de “menoridade”, aparecendo sempre
precedidas da figura de um kurios. Neste ponto, elas estavam mais próximas dos
estrangeiros e dos escravos do que de seus maridos cidadãos, na medida em que os
não cidadãos dependiam da intermediação institucional de um “protetor”. No
segundo caso, temos a reiteração de um “monopólio” masculino sobre a vida social
como um todo, da natureza e da cultura, acarretando não somente a desvalorização
e subordinação do “campo” feminino, mas principalmente sua interiorização (a
subjetivação da mulher como um ser frágil, menor, tutelado, culpado), a
inferiorizarão de seu “ser social”. Aqui não se trata mais de uma espécie de
“menoridade” institucional, mas de uma percepção da incapacidade inerente ao ser
feminino, de dirigir a própria vida, os próprios instintos e afetos (ANDRADE,
2003, p. 116-117).
A partir dessa exposição de Marta Andrade, podemos refletir sobre o caso de
Plutarco, uma vez que foi caudatário de uma tradição intelectual ateniense. Dessa
forma, consideramos incoerente defender uma misoginia em Plutarco, tendo em mente
os diferentes textos dedicados à importância e valorização das mulheres na sociedade
grega e romana, especialmente no tocante a sua atuação como esposa e mãe.
Portanto, não compreendemos a crítica plutarquiana à atuação política dessas
três mulheres como fruto de um pensamento misógino – algo que, em nossa concepção
é uma construção da modernidade, ou seja, das interpretações da obra plutarquina, tanto
no campo acadêmico como nas artes. Defendemos, ao contrário, que as três mulheres,
enquanto estrangeiras, possuíram uma experiência de gênero que se desenvolveu a partir
de processos culturais muito diversos dos vivenciados por Plutarco. Assim, a visão de
mundo plutarquiana, inserida em uma tradição de pensamento fundamentalmente
falocêntrica, ao se deparar com uma experiência feminilidade extremamente diferente,
partiu inicialmente de uma crítica, pois a atuação direta das mulheres no campo da
política, talvez, não se enquadrasse numa lógica ou num quadro admissíveis àquela
cultura, naquele momento.
Assim, não encontramos um sileciamento ou uma exclusão das mulheres do
campo político, ao contrário, a descrição plutarquiana sobre Aspásia, Olímpia e
Cleópatra nos permitiu pensar em lugares e atuações femininas nem sempre
privilegiadas pela historiografia. Dessa forma, seja em seu posicionamento crítico à
política ou em seu posicionamento mais favorável às relações dessas mulheres, Plutarco
Anais do Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – LHAG/UNICENTRO, p.478
possibilitou vislumbrar que, no antigo Mediterrâneo, as mulheres usufruíram
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