SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR E EMPRESA CONSULTORA................ 3
2.1 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR ................................................................... 3
2.2 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA ...................................................... 3
2.3 EQUIPE TÉCNICA ........................................................................................................ 3
3 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS DO EMPREENDIMENTO .................................... 5
3.1 JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO ................................................................ 5
3.2 OBJETIVOS GERAIS ..................................................................................................... 6
3.3 OBJETIVO ESPECÍFICO................................................................................................ 6
4 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL............................................................................. 7
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 7
4.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ALVO E DEMAIS ZONAS CORRELACIONADAS ........ 8
4.3 MEIO FÍSICO............................................................................................................... 11
4.3.1 Clima e Condições Meteorológicas .......................................................................... 11
4.3.1.1 Pluviometria ............................................................................................................ 11
4.3.1.2 Temperatura ............................................................................................................ 12
4.3.1.3 Umidade relativa do ar ............................................................................................ 12
4.3.1.4 Ventos ..................................................................................................................... 13
4.3.1.5 Classificação climática ............................................................................................ 14
4.3.2 Aspectos Geomorfológicos Locais ............................................................................ 14
4.3.3 Aspectos Geológicos ................................................................................................. 16
4.3.4 Solos .......................................................................................................................... 18
4.3.5 Recursos Hídricos..................................................................................................... 20
4.3.6 Geomorfologia Costeira ............................................................................................ 20
4.3.6.1 Morfologia geral do relevo costeiro .......................................................................... 20
4.3.6.1.1 Superfície de tabuleiro costeiro ............................................................................. 22
4.3.6.1.2 Planície interdunar ................................................................................................ 23
4.3.6.1.3 Dunas móveis ....................................................................................................... 24
4.3.6.1.4 Dunas semi-fixas ................................................................................................. 24
4.3.6.1.5 Degradação vegetal da área. .................................................................................. 25
4.3.6.2 Características oceanográficas e hidrográficas .......................................................... 26
4.3.6.3 Regime de marés ..................................................................................................... 29
4.3.6.3.1 Características gerais da maré no Brasil ................................................................. 29
4.3.6.3.2 Planície de inundação flúvio-estuarina ................................................................... 30
4.3.6.3.3 Planície de maré .................................................................................................... 31
4.3.6.4 O clima de ondas e o fluxo circulatório das correntes costeiras e oceânicas .............. 31
4.4 MEIO BIÓTICO ........................................................................................................... 32
4.4.1 Descrição das Unidades Fito-ecológicas .................................................................. 32
4.4.1.1 Complexo vegetacional da zona litorânea ............................................................... 32
4.4.1.2 Manguezal .............................................................................................................. 35
4.4.1.3 Mata Ciliar ............................................................................................................. 38
4.4.2 Levantamento Florístico .......................................................................................... 39
4.4.3 Levantamento Fitossociológico ................................................................................ 40
4.4.3.1 Caracterização estrutural da fitofisionomia .............................................................. 41
4.4.3.2 Resultado e discussão do levantamento fitossociológico ........................................... 42
4.4.3.3 Considerações finais ................................................................................................. 45
4.4.4 Espécies Raras e/ou Ameaçadas de Extinção .......................................................... 46
4.4.5 Espécies de Interesse Econômico ............................................................................. 46
4.5 MEIO SOCIOECONÔMICO ........................................................................................ 46
4.5.1 Evolução Histórica do Município ............................................................................ 46
4.5.2 Situação Geográfica e Limites .................................................................................. 47
4.5.3 População.................................................................................................................. 47
4.5.4 Infraestrutura Social ................................................................................................. 47
4.5.5 Infraestrutura Física ................................................................................................. 48
4.5.6 Economia ................................................................................................................... 50
4.5.7 Dados Primários ........................................................................................................ 53
5 PROJETO EXECUTIVO ............................................................................................... 59
5.1 ÁREAS DE DUNAS A SEREM CONTIDAS ................................................................ 59
5.2 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS .................................................................................... 61
5.2.1 Modelo de Contenção ................................................................................................ 61
5.2.2 Espécies Arbustivo-Arbórea Escolhidas................................................................... 63
5.2.3 Local de Produção das Mudas .................................................................................. 65
5.2.4 Quantidades e Espécies a serem Produzidas ............................................................ 65
5.2.5 Preparo das Mudas .................................................................................................. 66
5.2.6 Plantio das Mudas Nativas ............................................................................................ 67
5.2.7 Atividades de Monitoramento e Manutenção da Área Recomposta ...................... 71
ii
5.2.8 Construções ............................................................................................................... 72
5.2.9 Expectativa de Uso de Mão de Obra Especializada ................................................. 74
5.3 CRONOGRAMA FÍSICO............................................................................................. 74
6 ORÇAMENTOS DAS ÁREAS A SEREM CONTIDAS ............................................... 76
6.1 ORÇAMENTO DA ÁREA 1 ......................................................................................... 76
6.2 ORÇAMENTO DA ÁREA 2 ......................................................................................... 78
6.3 ORÇAMENTO DA ÁREA 3 ......................................................................................... 80
6.4 ORÇAMENTO DA ÁREA 4 ......................................................................................... 82
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 84
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 87
ANEXOS:
I - FICHAS FITOSSOCIOLÓGICAS
II - ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA - ART
III - CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DA EQUIPE TÉCNICA
IV - BDI
V – ENCARGOS SOCIAIS
VI – CARTA ORÇAMENTO BIOMANTAS
VII – ORÇAMENTO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO
VIII – DEMONSTRATIVOS DE PREÇOS DOS INSUMOS
IX - DEMONSTRATIVOS DE COMPOSIÇÕES DE PREÇOS
iii
LISTA DE QUADROS, FIGURAS, TABELAS E FOTOS
QUADROS:
4.1 - Dados pluviométricos do município Parnaíba – PI ....................................................... 11
4.2 - Dados climatológicos do município Parnaíba - PI ....................................................... 12
4.3 - Lista de famílias e espécies encontradas na área de estudo ....................................................40
4.4 - Estrutura horizontal dos espécimes registrados em ambiente do complexo vegetacional
litorâneo ..................................................................................................................................44
4.5 - Unidades locais por tipo de atividades econômicas ................................................................50
4.6 - Produção pecuária municipal – 2008 ............................................................................ 51
4.7 - Produção agrícola municipal lavoura permanente – 2008 ............................................. 51
4.8 - Produção agrícola municipal lavoura temporária - 2008 .............................................. 52
TABELAS:
4.1 - Identificação do grupo familiar .................................................................................... 53
4.2 - Atividades produtivas – agrícola .................................................................................. 53
4.3 - Atividades produtivas - pecuária .................................................................................. 54
4.4 - Queimadas ................................................................................................................... 54
4.5 - Renda ......................................................................................................................... 54
4.6 - Domicílio .................................................................................................................... 55
4.7 - Infraestrutura básica ..................................................................................................... 56
4.8 - Formas de organização social ....................................................................................... 57
5.1 - Quantidades de mudas produzidas por área .................................................................. 65
FIGURAS:
4.1 – Mapa básico ................................................................................................................ 10
4.2 - Temperaturas máximas, médias e mínimas, no período de 1962 a 2007, no município de
Parnaíba – PI .............................................................................................................. 12
4.3 - Umidade relativa do ar, no período de 1962 a 2007, no município de Parnaíba - PI ............13
4.4 - Velocidade dos ventos, no período de 1962 a 2007, no município de Parnaíba - PI ...... 14
4.5 – Mapa geomorfológico ................................................................................................. 15
4.6 – Mapa geológico ........................................................................................................... 17
4.7 – Mapa de solos ............................................................................................................. 19
iv
4.8 - Perfil geológico da área segundo o retrabalho originado pelos eventos de transgressão e
regressão do mar......................................................................................................... 23
4.9 - Perfil esquemático mostrando a deposição em ambiente costeiro transgressivo. ........... 26
4.10 - Ambientes de sedimentação costeira e principais depósitos arenosos associados. Em
função das mudanças do nível de mar relativo, a plataforma continental pode ficar
exposta durante as fases de mar baixo e ambientes fluviais se estendem até a zona de
quebra da plataforma. Estes ambientes são retrabalhados durante os eventos
subseqüentes de elevação do nível do mar, remanescendo como depósitos arenosos
afogados na plataforma, na forma de paleo-canais submersos e bancos arenosos
submarinos. ............................................................................................................... 27
4.11 - Variação do regime de marés em relação à latitude na costa. Modificado de DPC
Diretoria de Hidrografia e Navegação, Tomo LXI, 2006. .......................................... 30
4.12 - Mapa de vegetação e uso do solo ............................................................................... 33
4.13 - Altura máxima (em metros) dos espécimes registrados em ambiente do complexo
vegetacional litorâneo ...........................................................................................................44
4.14 - Classes de diâmetro (em centímetros) dos espécimes registradas em ambiente do
complexo vegetacional litorâneo...........................................................................................45
5.1 – Corte lateral da duna ................................................................................................... 60
5.2 – Esquema de plantio ..................................................................................................... 68
5.3 – Posicionamento do plantio das mudas ......................................................................... 70
5.4 – Layout do Viveiro de Mudas ........................................................................................................73
5.5 - Cronograma físico de execução de contenção das dunas de Ilha Grande ....................... 75
7.1 – Área de aporte de areia ............................................................................................... 85
FOTOS:
4.1 – Dunas Móveis ............................................................................................................. 24
4.2 – Dunas semi-móveis ..................................................................................................... 24
4.3 – Paleocanais ................................................................................................................. 25
4.4 – Raízes de mangue........................................................................................................ 25
4.5 – Vegetação de mangue.................................................................................................. 36
4.6 – Manguezal no Delta do Parnaíba ................................................................................. 38
4.7 – Vegetação de mangue em bom estado de conservação..........................................................38
4.8 – Indivíduos de mangue inventariados ............................................................................ 42
4.9 – Cajueiro comum .......................................................................................................... 43
4.10 – Espécimes de carnaúba .............................................................................................. 46
5.1 – Fixação da biomanta com talos de carnaúba ................................................................ 62
v
1 INTRODUÇÃO
O Projeto beneficiará de forma direta a comunidade Porto dos Tatus município de Ilha
Grande e áreas de entorno próximo, como por exemplo, o ponto de contato com o rio dos
Tatus, atualmente em franco processo de assoreamento em decorrência do intenso fluxo
eólico e flúvio-marinho. Este último, tem-se agravado ao longo das últimas três décadas muito
provavelmente motivado pelo desvio e deposição dos sedimentos transportados pela corrente
costeira causado pela construção da estrutura de quebra-mar do Porto de Luís Correia,
distante 19km da foz do rio Parnaíba. O sistema dunar alvo deste projeto executivo, está
totalmente posicionado dentro dos limites do município de Ilha Grande/PI ocupando uma área
de 953ha dispostos longitudinalmente em vários “cordões”. Segundo a prefeitura local, já
foram soterradas 27 moradias ao longo dos últimos 10 anos e o sistema viário local vive sob
constante ameaça por conta de um eminente bloqueio pelas areias em progressão.
O Projeto Executivo para Contenção das Dunas do Município de Ilha Grande,
fundamenta-se primordialmente:
- nas técnicas aplicadas com êxito na contenção das dunas da Lagoa do Portinho, corpo
hídrico ameaçado no passado pelo assoreamento por conta do avanço de vários
sistemas rumo a seu interior e
- no estudo de casos de técnicas experimentais de manejo costeiro desenvolvidas na
faixa costeiro do nordeste, onde a migração dos sedimentos marinhos tem acarretado
prejuízos às comunidades costeiras e ao poder público em todos os seus níveis pela
degradação e/ou perda de patrimônio histórico e cultural, alterações paisagísticas, e
desaparecimento de elementos importantes na paisagem.
O Projeto Executivo aqui apresentado contemplará dois processos distintos, mas de
ação simultânea; um visando à contenção imediata dos sedimentos que ameaçam o
soterramento de outras moradias e via de acesso à comunidade Porto dos Tatus e outro que
visará à contenção do sistema como um todo além da aplicação efetiva de técnicas de
perenização dos sistemas implantados. O projeto utilizará a base de dados primários obtidos
na faixa costeira dos municípios de Parnaíba, Luís Correia e Ilha Grande, preferencialmente
na zona de influência de migração dos sedimentos voltados para os limites do município de
Ilha Grande.
As diretrizes básicas se apóiam no trabalho conjugado entre a climatologia e previsões
climáticas para os anos vindouros com a inserção de espécimes vegetais de portes variados
que realizarão as funções de fixação, barramento e turbilhonamento (no caso, do vento) de
2
modo a inibir a progressão dos sedimentos pela ação eólica. O projeto também preverá uma
fase dedicada exclusivamente ao monitoramento das espécies plantadas e transplantadas
visando garantir o seu pleno desenvolvimento que se refletirá na efetiva ação de contenção
das dunas.
3
2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR E EMPRESA CONSULTORA
2.1 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR
− NOME OU RAZÃO SOCIAL: Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do
Estado do Piauí – SEMAR/PI
− REGISTRO CNPJ/MF: 12.176.046/0001-45
− INSCRIÇÃO ESTADUAL: Isenta
− ENDEREÇO: Rua 13 de Maio, nº 307 Centro/Norte 5º andar
CEP: 64.000-240, Teresina - PI
− FONE: (0xx86) 3216-2038
− E-MAIL: [email protected]
− REPRESENTANTE LEGAL: Dalton Melo Macambira
2.2 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA
− NOME/RAZÃO SOCIAL: CEC - Engenharia e Consultoria S.S.
− ENDEREÇO: Av. Dom Luís, 500, Salas 1901 – 1903, Bairro da Aldeota, CEP: 60.160230, Fortaleza- CE
− FONE/FAX: 0XX(85) 3458-1461/ (85) 3458-1462
− E-MAIL: [email protected]
− C.N.P.J.: 00.083.159/0001-17
− CONTATOS: Walfrido José Brandão de Carvalho e Luiz Hernani de Carvalho
2.3 EQUIPE TÉCNICA
NOME
Francisco das Chagas Rocha
FORMAÇÃO
ÁREA DE ATUAÇÃO
REGISTRO
Engº. Agrônomo
Elaboração de orçamento
CREA 060136466-0
Engº. Cartógrafo
Elaboração de sistemas de informação
geográfica, elaboração de mapas temáticos
(coleta, processamento e interpretação de dados
e imagens)
CREA/PE 027968-D
Eng° Civil
Coordenação geral
CREA-CE nº 422-D
Biólogo
Estudo, levantamento e avaliações de campo da
fauna
CRBio - 36.667/5-D
Nilton de Souza Ribas Júnior
Luiz Hernani de Carvalho
Helano Nobre Vilar
4
NOME
Deolindo Machado de Aguiar
José Orlando Soares Oliveira
FORMAÇÃO
ÁREA DE ATUAÇÃO
REGISTRO
Economista
Estudo, levantamento e avaliações de campo na
área de socioeconomia
CORECON 0351
22ª Região
Biólogo
Estudo e levantamento florístico e
fitossociológico
CRBio - 27.693/5-D
Engª Agrônoma
Levantamento e avaliação do meio físico
CREA 190536829-1
Bióloga
Levantamento e avaliação do meio antrópico
CRBio - 36.912/5-D
Geólogo
Estudos nas áreas de geologia e geomorfologia
CREA/RO -200/D
Geógrafa
Levantamento e avaliação do meio antrópico
-
Geógrafo
Levantamento e avaliação do meio antrópico
-
Biólogo
Estudo e levantamento florístico e
fitossociológico
CRBio- 27.006/5-P
5ª Região
Oceanógrafo
Caracterização do Empreendimento; Estudo da
dinâmica Costeira
AOCEANO#1045
Bióloga
Avaliação de Impactos e Proposição de
Medidas Mitigadoras
CRBio -36.651/5-D
Tecnóloga em
Meio Ambiente
Levantamento e avaliação do meio antrópico
CREA/PI – 3407-D
Ryanne de Jesus Ibiapina Passos
Ridelma Lopes Barbosa
Reinaldo Sobral Arcoverde Coutinho
Antonia Luciana S. Pedrosa Almeida
Antonio Afonso Batista e Silva
Rigoberto Sousa Albino
Luiz Roberto Dal Poggetto
Cláudia Germana Barbosa da Silva
Maila Luzia Batista Eulálio
5
3 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS DO EMPREENDIMENTO
3.1 JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO
As razões para implantar o referido projeto levam em consideração o dever do Estado
no que tange a proteção dos seus cidadãos, uma vez que estes têm ameaçados o seu
patrimônio e em alguns casos, a própria integridade física. Ligado ao coletivo, estão as áreas
que contem a memória cultural dos que habitaram inicialmente a região e que hoje se
encontram sob vários metros de areia e sedimento. A proteção aos investimentos do governo
estadual, como é o caso da via de acesso que liga a sede do município a localidade do Porto
dos Tatus, totalmente reformada há pouco tempo, e que leva ao pólo que congrega a
integração entre os transportes rodoviário e fluvial por onde escoam produções e pessoas
vindas de vilarejos situados às margens do Parnaíba do lado maranhense. As
áreas
sob
a
influência da dinâmica das dunas sofrem perdas pesadas e acabam por serem enquadradas
como terras degradadas. Em termos ecológicos, a biodiversidade, introduzida em meados da
década de 80 e popularizada na Conferência ECO-92, pode ser definida como a variabilidade
dos organismos vivos de qualquer origem, compreendendo os ecossistemas terrestres,
aquáticos, e os complexos ecológicos dos quais eles fazem parte (ROSADO E CARVALHO,
2001). Isto compreende a diversidade dentro de espécies e entre as espécies, bem como aquela
de ecossistemas, tal qual a da mata primária existente no entorno do município de Ilha
Grande.
Dessa forma, outra razão para a manutenção da integridade dessa região é a
conservação da biodiversidade local, pois, além de ser uma característica ecológica de
interesse, uma vez que participa da regulação física e química do planeta, como na absorção
do carbono causador do efeito-estufa e na regulação do ciclo hidrológico (FONTES, 2001).
Representado pela relação de causa x consequência, a recuperação de um ambiente, traz como
efeito os benefícios econômicos que podem ser expressos pela produção de alimentos, matéria
prima para remédios e materiais industriais, entre outros. Dessa forma, temos de considerar a
importância ética, em que a vida tem o direito de seguir seu curso evolutivo no planeta, ou
seja, cada espécie tem direito à existência tanto quanto a espécie humana. De outra forma,
mesmo assumindo uma postura antropocentrista, as gerações seguintes a nossa têm o direito
de usufruir do mesmo recurso natural existente hoje.
Assim, a recuperação dessa região pela contenção do avanço dos sistemas dunares
existentes, passa pela recuperação da paisagem, tendo como objetivo conservar o cenário
6
harmonioso para a vida e para as atividades do homem. Passa também pela ligação
sociocultural do ecossistema com as comunidades que ali residem. Se não bastarem todas
estas razões, há que se considerar a atividade econômica intrínseca, a beleza do ambiente e a
vocação do estado do Piauí e suas cidades litorâneas ligadas ao potencial turístico ainda a ser
desenvolvido.
3.2 OBJETIVOS GERAIS
−
Conservação do ambiente e da paisagem local;
−
Resgatar a importância ecológica, paisagística, histórica e cultural degradada pelo
deslocamento das massas dunares;
−
Promover a recuperação da flora como forma de recriar ambientes que possam atrair a
fauna nativa promovendo a melhoria da qualidade ambiental, visando o aumento na
oferta de recursos naturais;
−
Estancar o avanço acelerado do sistema dunar permitindo através da variável tempo
criar a oportunidade para a estabilização das massas mais distanciadas e em
movimento se fixarem naturalmente;
−
Criar as condições necessárias ao pleno desenvolvimento dos elementos urbanos
possibilitando ao poder público municipal programar as políticas sociais, ambientais e
de crescimento sustentável.
3.3 OBJETIVO ESPECÍFICO
O objetivo específico do projeto é cessar com o movimento das massas mais
avançadas sobre os bairros e vias de acesso do município de Ilha Grande e em paralelo,
controlar o avanço dos sistemas secundários que rumam também para o município. O projeto
em si, contemplará igualmente a inserção de medidas mitigadoras em médio prazo voltado
para as áreas de influência, específicas sobre o manejo dos elementos da dinâmica ambiental
da região costeira do litoral piauiense com o objetivo de minimizar a geração novos sistemas
dunares e o deslocamento de grandes quantidades de sedimento das áreas de praia.
7
4 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A região onde se insere o Projeto Executivo para o Controle e Manejo do Sistema
de Dunas em Avanço no Município de Ilha Grande está contida em uma região que já foi
objeto de vários estudos de cunho técnico e científico, tendo sido contemplada em
mapeamentos de escala regional de grande importância para o conhecimento dos
componentes abióticos e bióticos e antrópicos.
Dentre as publicações levantadas durante a pesquisa bibliográfica destacam-se para a área do
Projeto as seguintes:
•
PROJETO JAIBARAS (DNPM), 1979 – Apresenta um mapeamento regional em
escala de 1:250.000, abrangendo a faixa litorânea oeste do Ceará e leste do Piauí,
estando Parnaíba e Luís Correia inseridas neste mapeamento. Este trabalho foi
desenvolvido visando caracterizar a evolução geomorfológica e a constituição
geológica da Bacia do Jaibaras.
•
PROJETO RADAMBRASIL, Volume 23 – Folha SA. 24 Jaguaribe/Natal, 1981 –
Referência bibliográfica amplamente utilizada para caracterização geoambiental da
região. Esta publicação apresenta um levantamento em escala regional dos
componentes físicos (geológica, geomorfologia, pedologia, e recursos hídricos) e
bióticos (vegetação). Este trabalho não faz alusão específica ao problema de
transporte eólico dos sedimentos em direção a lagoa, porém relata sobre os campos de
dunas móveis e a migração destas em direção ao interior, preferencialmente no
sentido da direção dos ventos dominantes.
•
MAPEAMENTO, LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE ÁREAS
POTENCIAIS PARA A IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE CARCINICULTURA
NO NORTE E NORDESTE DO BRASIL, 1988 – O convênio PRONI / SRH /
FUNCEME, através da Divisão de Sensoriamento Remoto da última, se identificou as
áreas potencialmente favoráveis à criação de camarão. Os principais produtos deste
levantamento foram as cartas de zoneamento ambiental, inclusive do Estado do Piauí.
Na folha Parnaíba, encontramos a primeira delimitação das áreas ocupadas por dunas
ou areias (usando a terminologia da própria folha).
•
MACROZONEAMENTO COSTEIRO DO ESTADO DO PIAUÍ: RELATÓRIO
GEOAMBIENTAL E SÓCIO-ECONÔMICO, 1996 – Trata do zoneamento costeiro
8
do Estado do Piauí, com a definição e delimitação de unidades geoambientais
homogêneas e demonstração de perfis sociais e econômicos das populações que
habitam a região costeira do Estado do Piauí cobrindo uma linha de costa de 66 Km
de extensão. Este trabalho, embora realizado em escala regional, apresenta riqueza de
detalhes no diagnóstico ambiental. Relativamente aos componentes geoambientais,
caracteriza o ambiente litorâneo, onde se encrava a área do Projeto, destacando o
campo de dunas móveis, e caracterizando-o quanto aos aspectos geológicos,
geomorfológicos e dinâmicos.
•
PLANO
DE
GESTÃO
E
DIAGNÓSTICO
GEO-AMBIENTAL
E
SÓCIOECONÔMICO DA APA DO DELTA DO PARNAÍBA, 1998 – Este trabalho
abrange áreas litorâneas dos Estados do Maranhão, Piauí e Ceará, de forma a
caracterizar todo o entorno do delta do Parnaíba. O sistema ambiental da lagoa do
Portinho e os campos de dunas de Parnaíba e Luís Correia, encontram-se
caracterizado neste estudo tendo-se um diagnóstico dos componentes físicos,
biológicos e antrópicos, no contexto regional da área do Projeto.
•
VARIAÇÕES TEXTURAIS INDUZIDAS PELO VENTO NOS SEDIMENTOS DA
FACE DA PRAIA (PRAIA DE ATALAIA, PIAUÍ), 1990 – Estudo publicado na
Revista Brasileira de Geociências elaborado pelos Profs. A. C. da S. P. Bittencourt e
J. M. Landim Dominguez da UFBA e pelo Prof. Ordônio Moita Filha da UFPI no
qual os autores estudaram as mudanças sedimentológicas dos depósitos da face da
região situada entre a crista do berma e a zona de saturação na praia de Atalaia. Este
trabalho identificou as condições que favorecem o aporte de sedimento para o campo
de dunas, concluindo que este condicionamento está inteiramente relacionado às
variações sazonais na precipitação atmosférica.
4.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ALVO E DEMAIS ZONAS CORRELACIONADAS
A área de interesse desse levantamento são as dunas localizadas próximas ao
perímetro urbano do município de Ilha Grande, Estado do Piauí. Uma cadeia sequencial de
dunas longitudinais avança para o interior do município tendo já soterrado mais de vinte
moradias e atualmente vem ameaçando bairros inteiros e até a via estadual que interliga a área
urbana do município com a zona rural onde se localiza o Porto dos Tatus, ponto estratégico no
escoamento de produções e de integração entre as comunidades vizinhas situadas do lado
maranhense do Rio Parnaíba. Assim, impedir o avanço dessas massas constitui-se no objetivo
maior do projeto (Figura 4.1 – Mapa Básico).
9
Para produção de um diagnóstico ambiental mais completo e preciso, foi tomada uma
área mais ampla ao redor da faixa de interesse deste projeto, mais precisamente entre os rios
Camurupim e Parnaíba (ou seja, o extremo leste e oeste respectivamente), com oscilações no
eixo Norte-Sul de acordo com a especificidade de cada campo do saber componente do
presente estudo.
Todo o levantamento foi realizado a partir da área indicada, sendo efetuado
individualmente para cada um dos campos do conhecimento com influência sobre a situação
referendada; ou seja, envolvendo a climatologia, geologia, geomorfologia, pedologia, recursos
hídricos e vegetação, sendo que destes apenas o campo da geologia contêm uma grande
acumulação de conhecimentos tomados diretamente da área, provavelmente tomado no
desenvolvimento de pesquisas a procura de minerais e ganhos econômicos; ao passo que no
campo da vegetação esse conhecimento vem ganhando amplitude ao longo dos últimos anos,
provavelmente com a relevância do fator ambiental para tomada de decisão econômica. Nas
demais áreas os trabalhos são poucos, dispersos em levantamentos de outros cunhos, e ainda
com pequeno conteúdo. Outro fator importante em relação aos levantamentos anteriores diz
respeito às suas escalas, que podem ser encontradas a partir de 1:1.000.000, indo a um
máximo de 1:100.000. Esse fator indica, preliminarmente, que na etapa que se sucederá, com
o levantamento de campo, deverão ser encontrados novos detalhes das componentes físicas e
biológicas, não descritos nos trabalhos anteriores, promovendo um enriquecimento do
conhecimento sobre a área local.
O processo se desenvolveu em gabinete, contando com equipe técnica especializada e
estagiários, onde cada tema foi exaustivamente pesquisado. Mesmo assim não se considera
que o levantamento bibliográfico seja definitivo, podendo ainda haver trabalhos não
levantados, mas nesse caso, sobre pontos secundários ao interesse principal do Projeto.
Ressaltando-se que: como base para os levantamentos que se realizaram em campo, a
compilação aqui efetuada é mais do que suficiente para direcionamento e orientação dos
trabalhos.
Um trabalho que merece destaque especial quando se releva a caracterização dos
meios físico e biológico locais. Trata-se do Projeto RADAMBRASIL (Levantamento de
Recursos Naturais), que foi executado sobre imagens de satélite, cartas imagem de radar, e
trabalhos de campo, tendo com base de trabalho a escala 1:250.000 e apresentação em cartas
de 1.1.000.000. Esse trabalho publicado em 1981 inclui todos os temas aqui em apreço com
grande riqueza de detalhes, sendo por si só suficiente para caracterizar a área.
10
Figura 4.1 – Mapa Básico
11
4.3 MEIO FÍSICO
4.3.1 Clima e Condições Meteorológicas
Foram utilizados os dados climáticos do município de Parnaíba-PI, por conta da
proximidade e de Ilha Grande se tratar de município recém emancipado, o que dificulta a
coleta de dados.
4.3.1.1 Pluviometria
O período chuvoso do município da área em estudo (Parnaíba, PI) inicia-se no mês de
janeiro (154,3mm) diminuindo a partir de junho (37,5mm), sendo que os meses de fevereiro,
março e abril são os mais chuvosos (Quadro 4.1) e os compreendidos entre julho e dezembro,
são os de menores precipitações na região.
ANO
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
MÉDIA
MÁXIMA
MÍNIMA
JAN
127,3
98,2
272,4
69,7
167,7
30,2
31,6
36,8
9,6
153
363,1
52,3
176,0
210,0
70,9
21,4
223,5
263,5
110,0
455,0
106,5
228,0
55,0
245,5
77,0
217,0
129,0
235,8
235,8
490,5
70,5
37,0
21,0
154,3
490,5
9,6
FEV
238,2
320,0
338,3
166,6
241,5
637,5
217,4
297,7
223,1
128,3
342,1
386,8
146,5
302,4
38,8
253,3
251,0
86,0
145,5
279,5
397,5
133,5
15,0
32,0
162,0
205,5
231,5
79,0
378,5
329,5
108,0
163,6
340,0
230,8
637,5
15,0
MAR
521,4
313,2
248,1
311,7
198,3
410,8
528,4
266,2
97,3
215,1
605,5
442,5
340,0
284,4
280,3
176,5
270,0
278,0
1.455,0
259,5
319,5
589,0
246,0
157,0
313,5
108,5
208,0
294,5
203,5
155,6
196,5
243,5
329,3
1.455,0
97,3
ABR
264,0
323,2
386,7
247,3
86,8
63,0
74,5
285,0
161,4
481,0
826,6
563,6
120,0
144,7
349,6
193,7
228,5
74,2
101,0
346,7
377,5
470,0
554,0
53,0
149,0
319,4
445,0
277,5
204,6
137,5
28,0
162,0
265,6
826,6
28,0
MAI
267,3
146,8
129,4
205,0
146,5
8,5
320,0
57,7
10,5
265,9
308,9
91,8
91,9
345,5
432,0
86,3
197,0
35,0
70,0
205,2
319,5
248,0
81,0
79,5
243,5
155,5
29,0
60,0
133,5
36,5
0,0
75,0
152,6
432,0
0,0
JUN
42,5
2,4
92,4
52,1
62,4
14,2
3,1
8,8
0,0
20,0
107,6
40,1
118,0
70,0
86,0
33,3
41,5
33,0
0,0
39,0
29,0
17,8
0,0
0,0
59,0
28,5
0,0
60,5
66,0
10,0
24,0
37,5
118,0
0,0
JUL
60,5
0,0
11,3
31,5
22,8
0,1
0,0
8,0
0,0
18,1
111,7
0,0
0,0
3,8
82,0
0,0
3,0
2,5
12,5
16,0
8,0
16,0
0,0
0,0
0,0
10,5
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
13,5
111,7
0,0
AGO
1,3
1,0
0,0
0,0
1,8
0,0
0,0
0,0
1,0
3,6
0,9
0,0
0,0
4,0
68,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
30,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
3,6
68,0
0,0
SET
20,5
0,0
0,0
0,2
0,0
1,4
0,0
0,0
0,0
0,0
9,6
0,0
0,0
1,3
2,6
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
1,2
20,5
0,0
OUT
0,0
1,8
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
1,3
0,0
23,5
0,0
0,1
0,2
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
2,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
1,0
23,5
0,0
NOV
0,1
6,0
0,0
32,2
19,4
19,1
0,0
0,0
0,0
2,0
21,0
0,0
0,0
0,2
0,5
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
13,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
3,8
32,2
0,0
DEZ
78,5
0,1
112,1
4,4
11,3
1,4
72,3
1,9
20,4
6,5
179,3
18,4
0,0
60,5
121,0
43,0
0,0
0,0
57,0
70,0
0,0
0,0
49,0
0,0
55,5
10,0
0,0
0,0
0,0
33,5
179,3
0,0
TOTAL
1.621,6
1.212,7
1.590,7
1.120,7
958,5
1.186,2
1.247,3
962,1
523,3
1.294,8
2.876,3
1.619,0
992,4
1.426,9
1.531,9
807,5
1.214,5
772,2
1.951,0
1.670,9
1.559,5
1.732,3
1.000,0
567,0
1.072,5
1.054,9
1.042,5
946,8
1.216,4
1.215,6
413,0
705,1
361,0
1.196,0
2.876,3
361,0
Quadro 4.1 - Dados pluviométricos do município Parnaíba - PI
Fonte: Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Recursos Hídricos – Depto. de Hidrometeorologia – PI.
(-) Sem Informação de precipitação (0,0) Período sem precipitações.
12
4.3.1.2 Temperatura
Fatores físicos e meteorológicos como relevo, latitude, altitude, corpos hídricos,
insolação, ventos e correntes oceânicas, dentre outros, influenciam nos índices de temperatura
de uma determinada região.
De acordo com os dados climatológicos (Quadro 4.2 e Figura 4.2), o município de
Parnaíba apresenta como média das temperaturas, máxima, média e mínima os valores
33,6ºC, 27,7ºC e 22,8ºC, respectivamente.
PARAMETROS/MESES JAN
TEMPERATURA MÁXIMA 33,0
TEMPERATURA MÍNIMA 23,4
TEMPERATURA MÉDIA 27,3
UMIDADE RELATIVA
77,0
VELOCIDADE VENTO
2,4
DIREÇÃO VENTO
SE
FEV
31,3
23,1
26,4
81,0
2,0
SE
MAR
31,3
22,9
26,4
83,0
2,5
NE
ABR
31,2
23,1
26,5
85,0
3,0
E-SE
MAI
31,4
22,8
26,7
83,0
3,0
SE-E
JUN
32,8
21,9
26,9
78,0
2,0
SE
JUL
33,9
21,9
27,6
71,0
1,0
SE
AGO
35,4
22,0
28,2
72,0
2,5
SE-NE
SET
36,1
22,8
28,9
69,0
2,5
SE
OUT
36,3
22,9
29,2
70,0
2,0
SE
NOV
36,3
23,4
29,2
70,0
2,2
SE
DEZ ANUAL
34,6
33,6
23,6
22,8
28,5
27,7
72,0
75,9
2,6
2,3
SE-NE
SE
Quadro 4.2 - Dados climatológicos do município Parnaíba - PI
Fonte: Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Recursos Hídricos – Depto. de Hidrometeorologia – PI, 1962 a 2007.
40
35
Temperaturas (°C)
30
25
Temperaturas máximas
20
Temperaturas mínimas
Temperaturas médias
15
10
5
0
JAN
FEV
M AR
ABR
M AI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Figura 4.2 - Temperaturas máximas, médias e mínimas, no período de 1962 a 2007, no
município de Parnaíba - PI
Fonte: Estudos Agrometeorológicos Estado Piauí.
4.3.1.3 Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar é a relação entre a pressão real do vapor da água e a pressão
de saturação deste vapor à temperatura ambiente.
Sendo o vapor da água um dos elementos que compõem a ar atmosférico, a umidade
relativa do ar apresenta uma tendência inversa à da temperatura do mesmo, ou seja, diminui
13
consideravelmente durante o dia e aumenta a noite, alcançando o seu valor máximo quando a
temperatura é mínima.
Em Parnaíba (Quadro 4.2 e Figura 4.3) o valor médio anual da umidade relativa do
ar é de 75,90%. O maior índice de umidade ocorreu em abril, com 85,00%. O menor índice
ocorreu em setembro, com valor médio de 69,00%.
90
80
Umidade relativa do ar (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
JAN
FEV
MAR
ABR
M AI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Figura 4.3 - Umidade relativa do ar, no período de 1962 a 2007, no município de Parnaíba - PI
Fonte: Estudos Agrometeorológicos Estado Piauí.
4.3.1.4 Ventos
A movimentação dos ventos atua de maneira significante nas condições atmosféricas.
Sua ação mecânica pode prejudicar o meio ambiente.
No município de Parnaíba, a direção predominante do vento é sudeste, (Quadro 4.2 e
Figura 4.4), com velocidades que variam de 1,0 a 3,0m/s.
Estabelecendo-se a relação entre a temperatura e a velocidade dos ventos, seus valores
são diretamente proporcionais. A condição térmica é fator primordial para o monitoramento
da velocidade dos ventos, devido à sua variação durante o dia, pois quando a temperatura
atinge seus valores máximos, a velocidade dos ventos, em cujo regime predomina a direção
SE, também poderá acompanhar seu crescimento.
14
Velocidade dos ventos (m/s)
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Figura 4.4 - Velocidade dos ventos, no período de 1962 a 2007, no município de Parnaíba- PI
Fonte: Estudos Agrometeorológicos Estado Piauí.
4.3.1.5 Classificação climática
A região Nordeste apresenta vários tipos climáticos cujo principal fator de
diferenciação é a precipitação. Na realidade, é função das chuvas, seja com relação à sua
quantidade, ou ao seu regime, que se distinguem os climas da região.
O município de Parnaíba apresenta temperaturas elevadas durante todo o ano. Em
função das baixas latitudes, portanto, a oscilação térmica anual apresenta-se pequena.
A classificação climática adotada para esse trabalho foi a de Köppen, Aw’ tropical
chuvoso, que conforme Montenegro et al. (2008), é caracterizado por apresentar o máximo de
chuvas no outono e período seco no inverno.
4.3.2 Aspectos Geomorfológicos Locais
Segundo mapa específico do Projeto RADAMBRASIL, folhas S.A. 23/24 São
Luís/Fortaleza (Figura 4.5 - Mapa Geomorfológico), o município de Ilha Grande, localizado
no norte do Estado do Piauí, do ponto de vista geomorfológico, caracteriza-se por apresentar
relevo plano com suaves ondulações. Quanto às formas de relevo, foram encontradas as
seguintes:
•
Formas de Acumulação
−
−
−
−
Adu: Dunas móveis elaboradas nos depósitos arenosos do litoral.
Are – Restingas: Formas orientadas elaboradas em depósitos arenosos.
Apmfg – Planície fluviomarinha. Com “rias” e mangues
Apfmi – Planície fluviomarinha. Áreas complexas de depósitos continentais
recentes com acréscimos esporádicos e/ou periódicos de sedimentos marinhos.
Terrenos periodicamente inundáveis com lagoas e barragem fluvial.
15
Figura 4.5 – Mapa Geomorfológico
16
4.3.3 Aspectos Geológicos
Segundo mapa específico do CPRM, folha SA. 24 Fortaleza (Figura 4.6 - Mapa
Geológico), a área que compreende o empreendimento localiza-se nas Províncias Borborema
e Parnaíba.
A província Borborema é limitada ao norte pela província Costeira; a sul pelo cráton do São
Francisco, limite este admitido como de configuração brasiliana e, a oeste, pela província Parnaíba.
Ela ocupa uma superfície aproximada de 380.000km² do Nordeste Oriental, onde afloram conjuntos
rochosos, de intrincada evolução geológica em tempos arqueanos e proterozóicos.
Já a província estrutural do Parnaíba ocupa partes das regiões Nordeste e Norte do Brasil,
em uma área de aproximadamente 600.000km², encontra-se instalada, na porção oriental da
plataforma Sul-Americana. Possui forma elipsoidal, com diâmetro maior orientado segundo a
direção nordeste-sudoeste, sendo estruturalmente assimétrica em direção ao eixo principal
(BEURLEN, 1971).
Nesta área são observadas as seguintes unidades litoestratigráficas: Q2l - Depósitos
litorâneos (l), constituídas por areia fina a grossa e dunas móveis; Q1e - Depósitos eólicos
continentais, constituídas por areia regularmente selecionada; Qd - Paleodunas (d),
constituídas por areia bem selecionada, quartzosa ou quartzo-feudispática (eólico litorâneo),
assim como os Qpm - Depósitos de pântanos e mangues (pm), constituídos por areia, silte,
argila e material orgânico, todas pertencentes ao período Quaternário.
17
Figura 4.6 – Mapa Geológico
18
4.3.4 Solos
Na área do empreendimento estão presentes os solos descritos a seguir (Figura 4.7 Mapa de Solos).
•
RQ - Neossolos Quartzarênicos
Solos arenosos, álicos, distróficos, essencialmente quartzosos, profundos ou muito
profundos, excessivamente drenados, moderadamente a extremamente ácidos e com baixa a
muito baixa fertilidade natural.
Sua saturação por bases é baixa, não dispondo de praticamente nenhuma reserva de
minerais primários que possam repassar nutrientes para as plantas. Possuem seqüência de
horizontes A-C, com horizonte A fracamente desenvolvido e a camada C normalmente de
grande espessura. Apresentam coloração clara e estrutura em grãos simples.
Estes neossolos são desenvolvidos de arenitos, bem como de decomposições arenosas,
oriundas de formações rochosas. O relevo é plano ou suave ondulado. Sua baixa coesão os
torna suscetíveis à erosão.
Os poucos nutrientes que existem nestes solos estão concentrados na matéria orgânica
que se encontra a 10 ou 15cm. Portanto, considerando tais características, suas limitações
agrícolas abrangem a baixa fertilidade natural causada pela indisponibilidade de nutrientes e
baixa capacidade de armazenamento de água disponível. Com baixa capacidade de agregação
de partículas, condicionada pelos baixos teores de argila e de matéria orgânica, esses solos são
muito suscetíveis à erosão, sendo, portanto, indicados para preservação da fauna e da flora ou
para recreação.
•
G – Gleissolos
Compreende solos hidromórficos, constituídos por material mineral, que apresenta
horizonte glei dentro de 150cm da superfície do solo, imediatamente abaixo de horizontes A
ou E (com ou sem gleização), ou de horizonte hístico com espessura insuficiente para
redefinir a classe dos Organossolos; não apresentam textura exclusivamente areia ou areia
franca em todos os horizontes dentro dos primeiros 150cm da superfície do solo ou até um
contato lítico, tampouco horizonte vértico, ou horizonte B textural com mudança textural
abrupta acima ou coincidente com horizonte glei ou qualquer outro tipo de horizonte B
diagnóstico acima do horizonte glei. Horizonte plíntico, se presente, deve estar à profundidade
superior a 200cm da superfície do solo.
19
Figura 4.7 – Mapa de Solos
20
Os solos desta classe encontram-se permanente ou periodicamente saturados por água,
salvo se artificialmente drenados. A água permanece estagnada inteiramente, ou a saturação é
por fluxo lateral no solo.
Caracterizam-se pela forte gleização, em decorrência do ambiente redutor,
virtualmente livre de oxigênio dissolvido, em razão da saturação por água durante todo o ano,
ou pelo menos por um longo período, associado à demanda de oxigênio pela atividade
biológica.
O processo de gleização implica na manifestação de cores acinzentadas, azuladas ou
esverdeadas, devido à redução e solubilização do ferro, permitindo a expressão das cores
neutras dos minerais de argila, ou ainda a precipitação de compostos ferrosos.
São solos mal ou muito mal drenados, em condições naturais, tendo o horizonte
superficial cores desde cinzentas a pretas, espessura normalmente entre 10 e 50cm e teores
médios a altos de carbono orgânico (EMBRAPA, 2006).
4.3.5 Recursos Hídricos
Os recursos hídricos superficiais gerados no estado do Piauí estão representados pela
bacia hidrográfica do rio Parnaíba, a mais extensa dentre as 25 bacias da Vertente Nordeste,
ocupando uma área de 330.285km2, o equivalente a 3,90% do território nacional, e abrange,
além do estado do Piauí, parte do Maranhão e do Ceará. (AGUIAR, 2004)
O rio Parnaíba se constitui o principal corpo d’água do município de Ilha Grande.
4.3.6 Geomorfologia Costeira
4.3.6.1 Morfologia geral do relevo costeiro
O limite entre o Holoceno/ Pleistoceno é caracterizado por uma mudança climática
drástica, que teria ocorrido em torno de 10.000 e 11.000 anos A.P. (LAMB, 1966; LAMB, et
al., 1995). O desaparecimento de numerosas espécies animais características do Pleistoceno e
o fato do Holoceno pertencer a um intervalo geológico posterior à última glaciação atestariam
este limite. BIGARELLA (1994) concluiu que a passagem do Pleistoceno para o Holoceno
caracteriza-se por uma mudança acentuada nas condições climáticas, convergindo para um
aumento de temperatura e umidade. As constatações dos autores acima são aplicáveis para o
21
nordeste
brasileiro,
quando
são
considerados
os
indicadores
paleogeográficos
e
paleoclimáticos da última fase interglacial existentes na planície costeira da área abrangida
por esta pesquisa. Estes indicadores atestaram possíveis temperaturas mais elevadas e
precipitações pluviométricas mais baixas que as atuais durante a regressão subsequente ao
último máximo transgressivo definido por MARTIN et al. (1982). Estas condições
atmosféricas caracterizam médias meteorológicas de transição de uma fase de clima mais
úmido para outra mais seca, proporcionando índices mais baixos de precipitações
pluviométricas (chuvas características de clima semi-árido), ventos mais fortes e insolação
mais elevada, com baixos valores de umidade. Essas características são comumente
observadas em períodos de regressão marinha, as quais provocaram mudanças nos parâmetros
meteorológicos originados por flutuações do nível dos oceanos, elevando a quantidade de gelo
distribuído no planeta. Durante a transgressão, estabelecida totalmente há 7.000 anos A.P.
uma nova condição climática com ventos mais amenos, menor umidade e insolação, geraram
condições para a estabilização das areias. Durante esse período, os materiais carbonáticos
foram dissolvidos e nos períodos climáticos mais áridos ocorreu à precipitação responsável
pela cimentação dos grãos de quartzo, induzindo no ambiente uma diagênese fraca a média. A
diminuição da cobertura vegetal e as chuvas torrenciais concentradas num curto espaço de
tempo definiram a fase de transição climática para condições de clima mais quente e árido
para a região onde se localiza a área de estudos. Para MALEY (1997), entre 3.700 e 3.000
anos A.P. o clima no planeta era mais quente. Indícios apontam para um resfriamento entre
2.800 e 2.000 anos A.P. STUTE et al . (1995), COLINVAUX et al.(1996), BEHLING &
LICHTE (1997) e LATRUBESSE & RANCY (1998) definiram importantes evidências em
relação às mudanças climáticas ocorridas durante o último máximo glacial na América do Sul,
especialmente na zona tropical. O resfriamento do oceano no quadrante topical da ordem de
4° a 5° Centígrados e na Amazônia entre 5° e 6°Centígrados, relacionando o fato com a
diminuição da evaporação e, consequentemente, nas precipitações. A diminuição da umidade
nos trópicos esteve diretamente ligada à quantidade de CH4 na atmosfera. A maior
evaporação sobre o Atlântico influenciou diretamente a geração de uma quantidade menor de
vapor de água na Amazônia e por conseqüência uma redução no volume das chuvas América
do Sul tropical (HEINE, 2000). Durante o último evento glacial formam-se planícies mais
largas, com zonas de estirâncio mais extensas e condições climáticas tendendo ao mais seco,
árido e semi-árido, com baixa umidade relativa e ventos mais potentes. A reunião desses
elementos atmosféricos é favorável ao transporte eólico e, portanto, à propagação de
sedimentos pelo vento e à formação de dunas.
22
Na região abrangida pela área de estudos a categoria descrita como Dunas Fixas ou
Paleodunas é definida como sedimentos eólicos quaternários compostos por areias quartzosas,
bem selecionadas e com grãos arredondados. A fixação ocorre pelo recobrimento da
vegetação, e é comum a preservação da morfologia das dunas no terreno sob a forma de
cordões extensos e orientados conforme a direção preferencial dos ventos, geralmente
soprando de SE. A categoria definida como Dunas Móveis refere-se àquela em processo de
formação relacionadas ao desenvolvimento do litoral atual, compondo os amplos campos
dunares com estruturas do tipo barcana e os extensos cordões paralelos à praia. Os
sedimentos correspondem a areias quartzosas e fragmentos de conchas de organismos
marinhos com granulometria de areia fina. A mobilidade das dunas faz com que recubram
tanto o Banco Falesiano, sobre a Formação Barreiras como os depósitos fluviais recentes.
4.3.6.1.1 Superfície de tabuleiro costeiro
A superfície de aplainamento é resultante da atuação de processos morfogenéticos de
dinâmica variada relacionada a ciclos de espraiamento de detritos fluviais, falesianos e
lacustres. De acordo com Vilaça (1985) está relacionada à justaposição de sequências
sedimentares do Terciário ao Quaternário, evidenciadas por inconformidade erosiva e
paleossolos, correspondentes à Formação Barreiras e aos sedimentos arenosos de cobertura
recente.
Dentro da área abrangida pelo presente estudo, a zona estuarina/ Deltáica encontra-se
povoada por vegetação de caatinga densa e rala sobre relevo plano a suavemente ondulado
com variações topográficas da ordem de até 20m.). O campo de dunas móveis está
representado por depósitos de areia média a muito fina inconsolidadas, bem selecionadas,
com coloração variando de cinza claro (superfície) ao branco neve (subsuperfície),
desprovidas de cobertura vegetal, sujeitas à dissipação pelos ventos, formando bacias de
deflação na base a sotavento (vertente contrária à direção dos ventos dominantes)
caracterizando formas longitudinais. Por serem formas de relevo resultantes da deposição
eólica, as dunas estão sobrepostas às feições de planície de deflação e, localmente, aos
terraços estuarinos. Vários estágios destas feições podem ser observados, a partir das áreas de
aporte praiano que uma vez remobilizados pela ação eólica dão forma aos feixes de cordões
litorâneos e originam dunas típicas. As bacias de deflação, na área em estudo, são feições do
relevo em forma de depressão semicircular, por vezes acumuladoras de água pluvial,
escavadas nos declives das dunas móveis. Na área alvo (A.A) e diretamente afetada (A.D.A)
pelo presente projeto, ocorrem, formações dunares que são parcialmente fixadas por
23
vegetação esparsa e, portanto, sujeitas a dissipações de areia menos intensas do que as dunas
móveis. Trata-se de formações em forma de cordões transversos isolados, com flancos
convexos e cotas altimétricas variando de 5 a 20 metros.
4.3.6.1.2 Planície interdunar
Este compartimento do relevo da área estudada compreende comumente o espaço
entre a zona de praia, a antiga floresta de mangue e o campo de dunas móveis e semi-fixas,
sobre o relevo de ondulações suaves, declividade transversas ao sentido do aporte de praia, e
cotas altimétricas variando entre 3 e 20 m. A dinâmica dessa área está relacionada diretamente
aos fatores climatológicos peculiares da área o que por conseqüência afeta o transporte de
sedimentos pelo vento.
Assim, na maior parte do tempo, o vento auto-seleciona grãos de granulação média a
fina, removendo-os com facilidade de determinados trechos lançado-os a grandes distâncias,
definindo esta planície como uma faixa de transição de aporte sedimentar e, portanto, sujeita a
modificações de moderadas à intensas em curtos intervalos de tempo. Observou-se na área de
estudo também material sedimentar na forma de Colúvios e Alúvios Subrecentes recobrindo
indistintamente outras unidades litológicas que são constituídos por areias quartzosas
variando do tom de marrom escuro ao amarelo, de granulometria fina até muito grossa e
subarredondadas apresentando ocasionalmente seixos de quartzo, silexito, cataclasito,
fragmentos de rochas e concreções ferruginosas (Figura 4.8).
Figura 4.8 - Perfil geológico da área segundo o retrabalho originado pelos eventos de
transgressão e regressão do mar.
24
4.3.6.1.3 Dunas móveis
As formações em franco movimento encontram-se a 8.300 m de seu ponto de origem
sobre a planície interdunar (mencionada no item anterior). A causa mais provável para a
geração intensificada desses corpos arenosos foi a da extinção natural (assoreamento eólico)
seguida da antrópica (desmatamento) da floresta de mangue que ocupava as cercanias da zona
de praia da região. Essa vegetação atuava como regulador das emanações de areia carreada
pelo vento e tinha o seu ciclo baseado nas oscilações dos níveis do mar e a elementos
climáticos tais como os volumes de chuva e de vento por estação. Atualmente, apresentam-se
em deslocamento abaixo de suas medias anuais face ao encontro com mata nativa
remanescente de médio e alto porte nas
imediações das áreas urbanizadas do
município de Ilha Grande. A área onde se
concentram totaliza perto de 26km² em
avanço lento mais contínuo com cotas que
variam de 4 a 10m.
O tempo de
deslocamento a partir da área de aporte,
segundo as marcas espaço-tempo, é de 210
anos (Foto 4.1).
Foto 4.1 – Dunas Móveis
4.3.6.1.4 Dunas semi-fixas
Caracterizadas pelo montante de
areia segregado dos “braços” das dunas
móveis durante a sua passagem, formam
morrotes dispostos transversalmente a linha
de praia, recobertos por espécies vegetais
semeadas pelo vento como murici e guajiru
(Foto 4.2). Dispostas sobre a parte mais
baixa da planície Interdunar e por conta
disso nas zonas de deflação e alagamento,
Foto 4.2 – Dunas semi-móveis
formam sistemas não integrados às outras formações. Praticamente estáveis, apenas parte de
seus volumes migra com o vento na direção dos cordões longitudinais em movimento. Entre
as semi-fixas, encontramos também, dunas do tipo barcanóides de lenta progressão por conta
25
do acentuado teor de grãos de areia grossa (origem fluvial) em sua composição. De porte
considerável, essas massas não ultrapassam a três unidades e seus dosséis atingem a pouco
mais de 20m.
4.3.6.1.5 Degradação vegetal da área
Durante a incursão ao campo, verificou-se na área diretamente afetada (ADA) a
existência de paleocanais (pertencentes ao sistema circulatório da floresta de mangue) e de
raízes recém expostas pela deflação do substrato o que corroborou para a confirmação da
existência do antigo manguezal (Fotos 4.3 e 4.4). Este teria surgido inicialmente entre 14.000
e 22.000 A.P., perpendicularmente em relação ao espectro da variação dos ventos que
incidiram sobre a região. A sua posição em relação aos ventos, lhe conferia a condição de
elemento de regulação para a transposição dos sedimentos depositados na faixa praial e que
são carreados eólicamente para porções mais interiores da área. Ao longo dos processos
transgressivos e regressivos do mar, como já mencionado, a constante remobilização dos
sedimentos praianos ora sendo removidos (durante a fase transgressiva) e posteriormente
repostos de forma mais acentuada na fase regressiva, pode ter representado a formação de um
terraço marinho com o topo em cotas altimétricas acima dos 2m em relação ao nível do
mangue (Figura 4.9).
Foto 4.3 – Paleocanais
Foto 4.4 – Raízes de mangue
26
Figura 4.9 - Perfil esquemático mostrando a deposição em ambiente costeiro transgressivo.
Com isso, pela a ação eólica, o sedimento, teria transposto com facilidade o cinturão
vegetal e se depositado por entre os meandros e canais da Floresta. Desse modo, vários ciclos
se sucederam entre a remobilização dos sedimentos o transbordo do material sedimentar para
dentro dos canais e meandros da floresta de mangue e o ressurgimento da floresta em meio a
mais um processo transgressivo do mar. No entanto, esse ciclo de extinção e renascimento
sofreu com a intromissão do elemento antrópico, pois além da areia marinha, a derrubada da
floresta para dar espaço a pastos e imensos latifúndios corroborou para a extinção definitiva
desse ecossistema. Apenas as áreas da antiga floresta posicionadas próximas a foz do Rio
Parnaíba e Igaraçu ainda permanecem vivas, porém a olhos vistos, se observa o
encaminhamento do material sedimentar para o interior da área de mangue num processo
continuado de soterramento de seus canais. É difícil precisar o momento da completa extinção
da porção central da antiga floresta de mangue. No entanto, sabe-se que após que com o seu
desaparecimento, formou-se uma larga faixa pela planície Interdunar livre de obstáculos entre
a área de aporte (linha de praia) e o interior do tabuleiro litorâneo.
4.3.6.2 Características oceanográficas e hidrográficas
A costa do estado do Piauí, onde está encerrada a nossa área de estudo, está
classificada segundo SILVEIRA (1968) como - Litoral das Barreiras – compreendido entre
Maranhão Oriental e o Recôncavo baiano. Essa classificação representou um considerável
avanço quanto aos aspectos geográficos e ainda pode, em parte, ser mantida, individualizando
apenas o trecho compreendido entre o leste do Maranhão e a costa norte do Estado do Rio
27
Grande do Norte, considerado bastante diferente da costa que se estende até o Recôncavo
baiano.
Na paisagem costeira, o modelamento das formas de relevo é resultante da ação
constante dos processos do meio físico, das condições climáticas, das variações do nível do
mar, da natureza das seqüências geológicas, das atividades neotectônicas e do suprimento de
sedimentos carreados pelos rios e oceano. A evolução ambiental dessas feições
geomorfológicas tem seu paleoambiente relacionada à feição deltáica/estuarina, em períodos
com níveis do mar mais elevados (SILVEIRA, 2002). A modificação deste ambiente ocorreu
no Quaternário, decorrente da estabilização do nível do mar em sua posição atual,
promovendo a formação de barras arenosas próximas à costa e o surgimento de terraços
adjacentes e/ou circunvizinhos às zonas estuarinas, que têm o fluxo e refluxo da água
ocorrendo nos diversos canais da planície estuarina.
Figura 4.10 – Ambientes de sedimentação costeira e principais depósitos arenosos associados.
Em função das mudanças do nível de mar relativo, a plataforma continental pode ficar exposta
durante as fases de mar baixo e ambientes fluviais se estendem até a zona de quebra da
plataforma. Estes ambientes são retrabalhados durante os eventos subseqüentes de elevação
do nível do mar, remanescendo como depósitos arenosos afogados na plataforma, na forma de
paleo-canais submersos e bancos arenosos submarinos.
A morfologia atual da região permite o ingresso da maré nos rios e gamboas e por
vezes, na fase equinocial, barras arenosas, terraços flúvio-marinho e terraços estuarinos em
algumas das áreas. As condições climáticas atuais, associadas à natureza dos sedimentos, aos
aspectos da dinâmica oceanográfica e ao suprimento de sedimentos, têm propiciado o
28
desenvolvimento de feições erosivas e construtivas na faixa litorânea. A constatação destas
instabilidades pela progradação da linha da costa, por meio da formação de extensos depósitos
arenosos e areno-argilosos com superfície plana a suavemente ondulada; barra arenosa; zonas
de estirâncio e dunas costeiras.
De acordo com a análise geológica-geomorfológica evolutiva, as feições morfológicas
que compõem a paisagem costeira e estuarina recente do Litoral do estado do Piauí podem ser
agrupadas em diversos compartimentos de relevo já mencionados neste estudo; a Superfície de
Tabuleiro Costeiro, as Planícies de Inundação Flúvio-estuarinas (intra-delta), onde estão os
Terraços Flúvio-marinhos e Estuarinos, as Planícies de Maré, os Campos de Dunas Recentes, as
Planícies Interdunares, marcadas por intensa deflação, depressões com lagoas interdunares, e as
Praias (Zona de Intermaré), onde se desenvolvem ilhas barreiras e esporões arenosos. A
compartimentação do relevo foi baseada nas características morfológicas do terreno,
envolvendo a análise da origem, do estágio evolutivo e da geometria do conjunto de formas
presentes na região. Nas regiões estuarinas estudadas foram identificados dois grandes domínios
geomorfológicos comuns: (i) o Domínio Interior e (ii) o Domínio Estuarino-litorâneo. A região
interior ocupada pela Formação Barreiras constitui um domínio geomorfológico de distribuição
contínua ao longo da costa, marcada por relevo tabular falesiano desgastado e suavemente
inclinado para o litoral, em cotas baixas e dissecado na porção interior pelos vales fluviais e na
borda litorânea pela abrasão dos ventos e areias. Na zona entre os tabuleiros e a faixa litorânea,
a confluência anastomosada do sistema de drenagem favorece o desenvolvimento de extensos
igarapés e planície de inundação flúvio-estuarina formada por depósitos arenosos a pelíticos
comumente colonizados por algas, intercalados com depósitos de canais de maré e de
transbordamento.
A área alvo do nosso estudo encontra-se encravada no delta do rio Parnaíba entre duas
das suas cinco desembocaduras.
A vegetação litorânea, que ocupa toda a zona costeira e sofre intensa influência marinha,
corresponde principalmente à vegetação de manguezais e de campos de dunas, enquanto a
vegetação de caatinga abrange todo o contexto do semi-árido, classificada nos tipos caatinga
arbustiva-arbórea aberta, caatinga arbustiva-arbórea fechada e caatinga arbórea fechada. As
condições climáticas específicas desse setor costeiro, o aporte reduzido de água doce e o avanço
constante da atividade salineira sobre os terrenos de mangues, fazem com que as áreas
remanescentes de manguezal ocupem uma faixa estreita e descontínua margeando paredões de
salinas ou como bosques ribeirinhos restritos. No conjunto estuarino/deltáico estudado são
comuns áreas de manguezais amplamente degradados decorrentes da ação antrópica.
29
4.3.6.3 Regime de marés
4.3.6.3.1 Características gerais da maré no Brasil
A amplitude das marés (a diferença de nível entre a preamar e a baixamar) é um
elemento modelador da linha de costa, em função das velocidades de correntes a ela
associadas. Essas correntes de marés são significativas no transporte sedimentar costeiro,
especialmente onde a variação da maré é expressiva.
A maior parte do litoral brasileiro caracteriza-se por um regime de marés
predominantemente semidiurna, com desigualdades durante o dia ao longo do eixo costeiro na
porção sudeste-sul. O padrão normal de marés é a ocorrência de duas preamares e duas
baixamar com intervalo médio de seis horas no período de 1 dia lunar, ou seja, 24h 50m. Este
tipo de maré é chamado de semidiurna. Normalmente ocorrem pequenas variações nas alturas
de duas preamares ou de duas baixamar sucessivas. Entre os estados de Alagoas e Rio Grande
do Sul, as amplitudes de marés são inferiores a 2 metros caracterizando as micromarés. Essas
têm importância pontual, apenas onde o perfil hidrográfico propicia um aumento da
velocidade das correntes de marés. Amplitudes superiores a 4 metros, as macromarés ocorrem
apenas no estado do Maranhão, em parte do Pará (Salinópolis) e no litoral sul do Cabo Norte
(Amapá). Nesses locais as correntes de marés possuem capacidade para modificar a dinâmica
da linha de costa e da plataforma continental interna. Nos estados do Piauí, Ceará e trechos
dos litorais do Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe ocorrem as mesomarés com amplitudes
entre 2 e 4 m (SCHAEFER-NOVELLI et al., 1990).
Em nossa área de estudo, as preamares atingem até 3 m acima do nível médio, pois a
região está próxima a latitude 5º S onde predominam as mesomarés, o que determina e
classifica o regime oscilatório marinho na região (Figura 4.11).
30
---------- representa os limites de micro, meso, macro e hipermaré.
_______ representa as faixas de latitude onde ocorrem as principais mudanças.
Figura 4.11 – Variação do Regime de marés em relação à latitude na costa. Modificado de
DPC Diretoria de Hidrografia e Navegação, Tomo LXI, 2006.
4.3.6.3.2 Planície de inundação flúvio-estuarina
Este compartimento é descrito ao longo dos rios onde formam superfícies planas a
suavemente inclinadas, poucos metros acima do nível médio das águas fluviais e/ou
estuarinas, inundáveis em períodos de cheias. A origem das planícies de inundação fluvial
esta relacionada às antigas áreas de planície de maré estuarina, atualmente sujeitas à dinâmica
fluvial e transbordamentos dos canais durante as cheias. No interior dos estuários são comuns
os terraços estuarinos que constituem superfícies horizontais, ou levemente inclinadas, com
altitude de 0 a 2 m em relação ao nível das águas. Tais terraços, às margens dos leitos atuais
e/ou no interior em forma de ilhas, são vestígios de assoreamento de antigas planícies
estuarinas em níveis mais elevadas, caracterizadas principalmente por depósitos aluviais,
sobretudo os depósitos ocorridos em períodos de amplas enchentes.
31
4.3.6.3.3 Planície de maré
Este compartimento corresponde às áreas de baixo gradiente próximas à costa, com
declividade baixa em direção ao mar e/ou canais principais de drenagens, caracterizada como
área mista coberta durante as marés estuarinas enchentes e descobertas durante as vazantes.
Está geralmente composta por três zonas: Supramaré, Intermaré e Inframaré. A planície de
maré é freqüentemente recortada por canais de maré acentuadamente curvilíneos e, nas áreas
estudadas, apresenta cotas máximas de 2,5 m. Os depósitos de manguezais, freqüentemente
associados, foram identificados e descritos conforme suas características sedimentológicas e
composições florística e faunística. A Zona de Supramaré situa-se numa altura superior ao
nível alcançado pela preamar nas marés de quadratura (altura aproximada de 2,6 m, de acordo
com SILVEIRA 2002), banhada pelas marés de sizígia (altura aproximada de 3,4 m). Na
porção mais superior são comuns os tapetes algais e no contato com os terraços ocorre
vegetação arbustiva. Na porção inferior desaparece a vegetação e é baixa a presença de
crustáceos. A Zona de Intermaré corresponde ao trecho situado entre a preamar e a baixa
mar das marés de quadratura. Esta zona reúne as principais condições para o
desenvolvimento, em áreas lamosas orgânicas, dos manguezais que constituem um importante
ecossistema litorâneo, como habitat próprio ou como área de reprodução, desenvolvimento,
abrigo e alimentação de várias espécies animais, algumas das quais fundamentais na
alimentação humana, exploradas em atividades de subsistência pela população local. A Zona
de Inframaré compreende os trechos de baixa declividade e altitude, geralmente inferior a
0,6 m, inundada pelas marés de quadratura de baixa-mar, por vezes emersa com as cotas no
intervalo entre 0,2 a 0,6 m. Os canais de maré são a melhor expressão desta zona, presentes
em todos os estuários, comumente margeados por franja de manguezais. Os canais de maré
são responsáveis pelo transporte e deposição de sedimentos na zona estuarina, decorrente da
alta energia hidráulica desse sistema, provocando o assoreamento da planície de maré e
formação dos bancos e barras arenosas, presentes nas condições atuais da dinâmica ambiental
dos estuários e que mostram a contínua progradação da linha de praia dentro da área
diretamente afetada (ADA).
4.3.6.4 O clima de ondas e o fluxo circulatório das correntes costeiras e oceânicas
Ao se aproximarem da zona costeira, o fluxo das ondas apresentam a mesma direção
dos ventos dominantes (NE-SW) e (E-W). Os trabalhos de monitoramento de parâmetros do
meio físico realizados pelo autor na região indicaram variações de altura das ondas entre 0,2m
32
a 0,5m entre as áreas de Barra Grande e Ilha Grande. Na plataforma externa ao norte do Piauí,
a Corrente Norte do Brasil, um ramo da Corrente Equatorial Sul, alcança velocidades
superiores a 2,3 m/s para W (SILVA, 1991). As correntes marinhas formam-se em resposta à
ação combinada entre a orientação preferencial EW da linha de costa, a direção preferencial
E-SE dos ventos e ao fluxo de ondas provenientes de NE-E, acarretando uma importante
corrente de deriva litorânea (longshore drift) na direção oeste. Alguns trabalhos sugerem que
a direção predominante desta corrente é caracterizada pela orientação EW com migração para
W nos pontais arenosos costeiros (spits) e canais de maré (inlets). Na região de Barra Grande
e Ilha Grande as correntes superficiais apresentam velocidades médias de 0,51-0,77 m/s para
W. Nessa região, as marés e os gradientes de densidade são os principais fatores que afetam o
fluxo e a mistura das águas, pois este sistema tem aporte mínimo de águas doces, as
tempestades na região são raras, o clima e a temperatura são constantes o ano inteiro
(SANTOS et al. 2001). Para esta região, a temperatura média da água do mar é de 28°C, por
vezes com 27°C durante o fluxo de maré enchente e com 29°C na maré vazante, sendo de
28°C a temperatura em mar aberto. A salinidade nos canais é alta, cerca de 38,2%, comparada
ao mar aberto (37,2%), devido à elevada evaporação.
4.4 MEIO BIÓTICO
4.4.1 Descrição das Unidades Fito-ecológicas
A área em questão está inserida no complexo vegetacional da zona litorânea com
influência fluviomarinha, a exemplo de planícies fluviomarinhas, dunas, restingas e mangues
(CEPRO, 1996) (Figura 4.12 - Mapa de Vegetação e Uso do Solo).
4.4.1.1 Complexo vegetacional da zona litorânea
O complexo vegetacional da zona litorânea caracteriza-se por ocupar áreas próximas
da linha de praia, constituindo diferentes fisionomias de acordo com as variações dos fatores
edáficos, especialmente a disponibilidade de água e nutrientes, estando sob influência do mar
(SCARANO, 2002).
Esta vegetação é constituída por comunidades que normalmente ocupam terrenos
instáveis, rejuvenescidos por seguidas deposições e adaptados aos parâmetros ecológicos do
ambiente cujos fatores limitantes (temperatura, luminosidade, solos, salinidade, ventos etc.),
determinam a seleção das espécies dessa unidade.
33
Figura 4.12 - Mapa de vegetação e uso do solo
34
À medida que se distancia da costa oceânica, onde as condições de maritimidade
atuam de forma mais branda, encontra-se um complexo vegetacional florístico conhecido
regionalmente como vegetação de tabuleiro com elementos típicos da Caatinga, Cerrado e,
ainda, espécies autóctones. A caracterização dessas comunidades é, por vezes, difícil, pois são
distribuídas sem uma delimitação precisa.
Esta vegetação, denominada de Floresta Estacional Subcaducifólia Tropical
Esclerófila Litorânea (ANDRADE-LIMA, 1953 apud FERNANDES, 2000), surge logo após
as praias. Com porte arbustivo, às vezes arbóreo-arbustivo, de densidade variável, apresenta
frequentemente, espaços abertos, onde predominam gramíneas e ervas. Quase sempre ela
ocupa faixas estreitas ou mesmo desaparecem em virtude da ocorrência de falésias na costa.
Sua localização diz respeito aos terraços arenosos holocêntricos (dunares) e tabuleiros
costeiros pliocêntricos, que são notados pelo menor porte, menor robustez, bem como pela
fisionomia e composição florística altamente heterogênea.
A flora apresenta-se constituída, geralmente, por aglomerados de árvores e/ou arbustos
isolados, constituindo-se moitas, de portes baixo, troncos finos, ramificação normalmente
baixa, caules muitas vezes tortuosos, copas irregulares e por um manto herbáceo mais ou
menos contínuo que sofre solução de continuidade nas moitas nas quais há um microclima
diferente, o que caracteriza o tabuleiro típico, isto é, os campos cerrados que ocorrem no topo
do tabuleiro.
As espécies mais encontradas são mofumbo (Combretum leprosum), rama-de-bezerro
(Piptadenia moniliformis), malícia (Mimosa sensitiva), ameixa (Ximenia americana), catingade-porco (Caesalpinia bracteosa) e o cajueiro (Anacardium occidentale). No substrato inferior
são encontradas gramíneas, ciperáceas, polipodiáceas, aráceas e bromeliáceas.
Na área destas formações o relevo é plano, podendo ocorrer elevações e depressões longas
e paralelas à costa, que alagam durante os meses de maior precipitação.
Esta vegetação está relacionada com as unidades Areias Quartzosas Marinhas
Distróficas e Eutróficas - fase relevo plano, e Podzol Hidromófico - fase campos de restinga e
floresta perenifólia, de restinga relevo plano.
A vegetação arbustivo-arbórea tem uma função de bioestabilização do campo dunar,
diminuindo o processo geomorfogênico de avanço das dunas pelo efeito do agente eólico.
Embora tenha uma elevada capacidade de fixação de dunas móveis, quando essas já tenham
sido parcialmente colonizadas pela vegetação pioneira, muitas vezes, estes tipos vegetacionais
não exercem plenamente seu efeito estabilizador no relevo devido à degradação ambiental.
35
Em dunas de formação recente é notório o poder estabilizador de algumas espécies
arbustivas, principalmente Byrsonima crassifolia e Anacardium microcarpum. Nas margens
dos pequenos cursos de água que chegam até o mar, as dunas periféricas podem ser ocupadas
pelo Conocarpus erectus, que é uma espécie de mangue plenamente adaptado ao ambiente
seco. Os recursos hídricos superficiais e os aquíferos subsuperficiais têm sua potencialidade
vinculado ao estado de conservação da cobertura vegetal do campo dunar. A vegetação, além
de atuar na fixação dunar, impedindo seu avanço sobre lagoas e rios, ajuda a conservar os
níveis do lençol freático e manter a umidade do solo.
Faz-se necessário lembrar que este tipo florestal é o componente natural básico para a
estabilização do campo dunar. A sua retirada ou progressiva degradação trará efeitos
negativos a médio e longo prazo. Sem sua cobertura vegetal original, as dunas fixas tornam-se
móveis e, pelo efeito da ação eólica, tendem a migrar sobre outros ambientes, como zonas
residenciais, corpos d’água, áreas agrícolas, planícies de inundações e manguezais.
Próximo à zona costeira, na sub-região das dunas e nas depressões do terreno,
desenvolve-se uma vegetação pioneira altamente especializada a ambientes arenosos,
salinizados, com escassez de nutrientes, alta permeabilidade e altas temperaturas. Estas
espécies psamófitas, herbáceas e arbustivas, desenvolvem estratégias fisiomorfológicas de
adaptação ao meio hostil, como a presença de folhas e talos suculentos, grande
desenvolvimento radicial e brotação por ramos e rizomas.
As espécies de maior ocorrência são salsa-da-praia (Ipomoea pes-caprae), beldroegada-praia (Sesuvium portulacastrum) e crista-de-galo (Holiotropium sp).
4.4.1.2 Manguezal
Nas desembocaduras dos rios, regatos e lagunas costeiras, desenvolvem-se os
manguezais, bioma denominado de Floresta Perenifólia Latifoliada Paludosa Marítima
(ANDRADE-LIMA,
1953,
apud
FERNANDES,
2000),
que
são
comunidades
microfanerofíticas próprias de ambientes salobros e solos limosos constituídos de sedimentos
associados a materiais orgânicos provenientes do mangue e da intensa atividade biológica do
ecossistema. Além de apresentar uma beleza exótica, é um ecossistema de reconhecida
importância ecológica e geomorfológica por ser considerado um exportador de matéria
orgânica produzida pela cadeia detrítica (que forma o elo básico das cadeias alimentares
economicamente importantes). Além disso, é um fixador de terras, já que a vegetação ocupa
áreas rasas formadas por processos de sedimentação; proporciona a subsistência de
36
comunidades de pescadores que se alimentam de várias espécies como caranguejos, camarões,
ostras e outros organismos que vivem nos numerosos habitats criados pela estrutura do
manguezal; funciona como um verdadeiro berçário da vida marinha, já que proporcionam
alimentação e refúgio contra predadores para formas jovens de vários organismos, muitos
deles utilizados na pesca comercial e esportiva.
Os manguezais são ecossistemas
costeiros de transição entre os ambientes
terrestre e marinhos, compostos por plantas
lenhosas típicas (Foto 4.5), às quais se
associam outros componentes vegetais a
uma fauna bem adaptada às condições
especiais, tais como o solo periodicamente
inundado pela ação das marés, com grande
Foto 4.5 – Vegetação de mangue
variação de salinidade e com baixo teor de oxigênio (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).
Estes ecossistemas são considerados zonas de elevada produtividade biológica,
fertilizando as águas costeiras pela transformação da serapilheira produzidas nestes bosques
em partículas de detritos, os quais são exportados para sistemas costeiros adjacentes e
utilizados como alimento por um grande número de organismos (ADAIME, 1987).
Infelizmente, devido à falta de informações e conscientização, os manguezais têm sido
devastados indiscriminadamente para aterros, exploração de madeira ou mesmo pela idéia
errônea de ser um local sujo e fétido.
A salinidade intersticial é parâmetro de grande importância, uma vez que pode interferir
no desenvolvimento de plantas, altura das árvores e diminuição das folhas. As espécies vegetais
dos manguezais são plantas halófitas, próprias de ambientes salinos. Embora atendendo às suas
necessidades de recomposição, como período de desova, essas plantas podem se desenvolver
em ambientes livres da presença do sal. Em tais condições, não ocorre formação de bosques,
pois perdem espaço na competição com plantas de crescimento rápido, melhor adaptadas à
presença de água doce.
As espécies constituintes dos manguezais formam poucas famílias e poucos gêneros,
sendo que no continente americano são registradas três famílias botânicas e quatro gêneros,
estas espécies diferem pouco entre si, isto indica que o fator ecológico é uma força tão
considerável, que conseguiu imprimir a espécie de diversas origens taxonômicas, uma
morfologia especial e bastante homogênea que as distingue das demais.
37
Compondo sua flora, há cinco espécies arbóreas: Rhizophora mangle (manguevermelho), Avicennia germinans (mangue-siriúba), Avicennia schaueriana (mangue-canoé),
Laguncularia racemosa (mangue-manso/mangue-branco) e Conocarpus erectus (manguebotão). Consorciadas ao manguezal, com porte herbáceo e arbustivo, encontram-se as
espécies facultativas Acrostichum aureum (samambaia-de-mangue), Mimosa pigra (calumbi)
e Hibiscus tiliaceus (algodão-da-praia), principalmente em ambientes onde há menor teor de
salinidade.
As espécies do mangue possuem uma distribuição predominante, embora possa ser
modificado em determinados trechos dos manguezais em função da influência de fatores
ambientais, como o fluxo das marés e das águas fluviais, deposição ou retirada de sedimentos,
evolução e caracterização físico-química do solo, dispersão das espécies, antropização da
vegetação, entre outros condicionantes ecológicos.
Este ecossistema, mesmo sendo considerado pela legislação ambiental como área de
preservação permanente, vem sendo explorado de modo predatório e sem qualquer
preocupação com a sua capacidade de regeneração, através da especulação imobiliária,
plantações de arroz e a retirada da madeira para construção de casas, cercas e para o uso como
carvão.
No estado do Piauí, as áreas de manguezais encontram-se nas zonas estuárias do Delta
do Parnaíba, desembocadura do rio Camurupim e margem esquerda do estuário do rio
Timonha, no limite com o Ceará. A maior superfície de manguezais do estado corresponde à
parte do Delta do Parnaíba, onde se identificam duas grandes faixas de mangues, uma ao
longo da margem direita deste rio e outra ao longo do baixo curso do rio Igaraçu.
Por localizarem-se próximas a núcleos urbanos, as áreas dos manguezais do estado do
Piauí vêm sendo utilizadas pela comunidade para criação de camarões, extração de sal e
cultivo de arroz, e os bosques para retirada de madeira e extração de tanino. As três primeiras
utilizações implicam na eliminação da vegetação do manguezal, enquanto as outras podem
altera a estrutura da comunidade lenhosa. Em algumas áreas, a utilização é abandonada e a
vegetação de mangue volta a ocupar o espaço. Este processo de retorno depende do tipo, da
extensão, da distribuição no espaço e da intensidade e duração do impacto prévio. Além disso,
é necessário lembrar que cada tipo de manguezal reflete uma adaptação diferente às condições
ambientais que condicionam sua composição e aspecto, fazendo com que eles sejam mais ou
menos sensíveis a tipos particulares de fatores causadores de impactos (SCHAEFFER-
38
NOVELLI, 1995). Toda esta multiplicidade
de situações e históricos de uso cria um
mosaico de áreas com vegetações de
estruturas diferenciadas.
No
mosaico
de
situações
dos
manguezais do Delta do Parnaíba, há áreas
pouco antropizadas (Foto 4.6) e outras com
conhecido histórico de antropização.
Na região onde será implantado o
Foto 4.6 – Manguezal no Delta do Parnaíba
empreendimento em questão apresentam
manguezais em bom estado de conservação,
povoado
por:
(Rhizophora
mangle)
mangue-vermelho
e
mangue-branco
(Laguncularia racemosa). Destas espécies
citadas, a principal delas é representada por
Laguncularia racemosa, devido a sua
abundância e porte, possuindo espécimes
atingindo até 17m de altura (Foto 4.7).
Foto 4.7 - Vegetação de mangue em bom estado de
conservação
4.4.1.3 Mata Ciliar
Mata Ciliar é uma formação vegetal localizada às margens dos rios, córregos, lagos,
represas e nascentes. Também é conhecida como mata de galeria, mata de várzea, vegetação
ou floresta ripária. Considerada pelo Código Florestal Federal (Lei n.° 4.771/65), como "Área
de Preservação Permanente", com diversas funções ambientais, devendo respeitar uma
extensão específica de acordo com a largura do rio, lago, represa ou nascente.
A zona ripária está intimamente ligada ao curso d'água, mas os seus limites não são
facilmente demarcados. Em tese, os limites laterais se estenderiam até o alcance da planície
de inundação. Todavia, os processos físicos que moldam continuamente os leitos dos cursos
d'água, que vão desde intervalos de recorrência curtos das cheias anuais, até fenômenos mais
intensos das enchentes decenais e seculares, impõem, também, a necessidade de se considerar
um padrão temporal de variação da zona ripária (GREGORY et alli, 1992).
As matas denominadas “ciliares” (assim chamadas pela comparação com a função dos
cílios dos olhos, ou seja, proteção) quando preservadas, possuem basicamente cinco funções:
servir de abrigo para inúmeras espécies, fornecer alimentos à fauna, proteger os cursos
39
d’água, evitar erosões nos solos e preservar a biodiversidade, pois não há floresta sem água,
nem água sem floresta (LEANDRO; VIVEIROS, 2003).
As matas ciliares são de suma importância para a proteção dos cursos d’água, na
manutenção da fauna aquática e terrestre, na regularização do regime hídrico e da melhoria da
qualidade de água. Sustentam as margens e formam corredores ecológicos, sendo que, no
passado, foram refúgio de espécies durante as flutuações climáticas do período quaternário
(RODRIGUES; LEITÃO FILHO, 2001). Ocorrem, em geral, em terrenos acidentados, não
havendo uma transição evidente para outras fitofisionomias florestais, como as matas
decíduas e semi-decíduas (BARBOSA, 2000).
Trabalhos realizados em matas ciliares mostram que a similaridade entre áreas é muito
baixa, revelando assim a grande diversidade florística destes ecossistemas (CARDOSOLEITE et alli, 2004). Levantamentos florísticos e fitossociológicos em remanescentes de
florestas ciliares, realizados em diferentes regiões do Brasil, têm mostrado que essas áreas são
muito diversas quanto à composição e estrutura fitossociológica (BARBOSA, 2000) e que
essas divergências se devem também ao estado preservação de cada uma.
4.4.2 Levantamento Florístico
Durante duas campanhas de campo realizadas de 13 a 16/05/2010 percorreu-se toda a
extensão da área do empreendimento realizou-se o levantamento fitofisionômico da vegetação
e o reconhecimento das formações vegetacionais, bem como a avaliação do seu estado de
conservação e uso antrópico.. Este levantamento foi realizado através de encaminhamento
sistemático, percorrendo toda a extensão da área em questão, com auxílio de um mateiro
oriundo da região, embora sem realização de coletas de material botânico.
Na região encontra-se o complexo vegetacional da zona litorânea, sendo várias
espécies constatadas na área, entre as quais prevalecem indivíduos que variam em altura, com
presença de algumas carnaúbas, estão relacionadas no Quadro 4.3.
FAMÍLIA
Aizoaceae
Anacardiaceae
Arecaceae
Arecaceae
Asclepiadaceae
Cactaceae
Cactaceae
Combretaceae
Combretaceae
NOME CIENTÍFICO
Sesuvium portulacastrum
Anacardium occidentale L.
Copernicia prunifera (Mill.), Moore.
Cocos nucifera L.
Calotropis procera R. Br.
Cereus jamacaru DC.
Pilosocereus pachycladus
Conocarpus erecta L.
Laguncularia racemosa
NOME VULGAR
beldroega-da-praia
cajueiro*
carnaúba*
coqueiro
ciúme
mandacaru*
facheiro
mangue-de-botão
mangue-branco*
40
FAMÍLIA
Convolvulaceae
Chrysobalanaceae
Euphorbiaceae
Malpighiaceae
Mimosaceae
Moraceae
Rubiaceae
Poaceae
Rhizophoraceae
NOME CIENTÍFICO
Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br.
Chrysobalanus icaco L.
Cnidoscolus urens (L.) Arthur
Byrsonima crassifolia (L.) Kunth
Mimosa sensitiva L.
Ficus sp
Spermacoce verticillata L.
Não identificada
Rhizophora mangle L.
NOME VULGAR
salsa-da-praia
guajiru*
cansanção
murici
malícia
gameleira*
vassoura-de-botão
capim-açu
mangue-vermelho*
Quadro 4.3 - Lista de famílias e espécies encontradas na área de estudo
Fonte: CEC Engenharia. Pesquisa de campo, 2010.
* Espécies incluídas nas parcelas
4.4.3 Levantamento Fitossociológico
Foi realizada uma campanha de campo efetuando-se a locação de três parcelas não
permanentes de 10,00 x 60,00m, as quais foram implantadas no entorno da área do
empreendimento, no complexo vegetacional litorâneo, com postura aberta e secundária. Para
a locação das unidades amostrais, foram escolhidos locais cuja vegetaçã se comporta em
melhor estado de conservação, para adquirir melhores resultados.
Cada parcela foi delimitada por quatro hastes de madeira de 1,30m, com cordoalha de
poliéster avermelhada, utilizando-se trena de 50,00m para sua alocação. Para a localização
precisa das parcelas foi utilizado o receptor GPS Garmin.
Mediram-se, através de fita métrica de 150,00cm, todos os indivíduos lenhosos vivos,
compreendendo árvores, arvoretas e arbustos, os quais possuíssem circunferência do caule ao
nível do solo (CNS) igual ou superior a 16,00cm, desconsiderando-se os indivíduos mortos,
lianas, cipós, bromélias e acaules. O critério de inclusão da amostra foi determinado com a
finalidade de obtenção da maior diversidade de espécies arbustivo-arbóreas.
Todos os indivíduos enquadrados nos critérios de seleção foram etiquetados com
plaquetas plásticas e de alumínio, enumerados em ordem crescente.
Os registros dos dados em fichas específicas contêm as seguintes informações:
−
Número do indivíduo;
−
Nome vulgar;
−
Circunferência ao nível do solo (CNS);
−
Altura do fuste;
−
Altura total e
−
Coordenadas UTM.
As alturas do fuste e total foram mensuradas com auxílio de vara de alumínio
regulável, graduada por metro, com quatro metros de comprimento. As plantas que
41
apresentaram comprimento superior foram avaliadas através da visualização e estimadas suas
medidas. Em uma caderneta de campo anotaram-se observações complementares da parcela e
de suas imediações, a exemplo do tipo de solo, drenagem e ocorrências de fogo.
4.4.3.1 Caracterização estrutural da fitofisionomia
Na análise da organização da comunidade botânica, foram calculados parâmetros da
estrutura horizontal, que incluem a freqüência, a densidade e os índices dos valores de
importância e de cobertura de cada espécie amostrada (MUELLER-DUMBOIS &
ELLENBERG, 1974; MARTINS, 1979), bem como as alturas mínima, média e máxima e
diâmetros mínimo, médio e máximo para cada espécie amostrada.
As estimativas foram calculadas por meio das seguintes expressões:
•
Frequência




 FAi  X 100
 p

 ui 
 ∑ FAI 
  x100

FAi =  ut 
e FRi =  i =1
Em que:
FAi = freqüência absoluta da i-ésima espécie na comunidade vegetal;
FRi = freqüência relativa da i-ésima espécie na comunidade vegetal;
Ui= número de unidades amostrais em que a i- ésima espécie ocorre;
Ut= número total de unidades amostrais e
P= números de espécies amostradas.
•
Densidade
ni
DAi
N
x100
DAi= A = DRi= DT
; DT = A
Em que:
DAi= densidade absoluta da i-ésima espécie, em número de indivíduos por hectare;
ni= número de indivíduos da i-ésima espécie na amostragem;
N= número de total de indivíduos amostrados;
A= área total amostrada, em hectare;
DRi= densidade relativa (%) da i-ésima espécie e
DT= densidade total, em números de indivíduos por hectares (soma das densidades de
todas as espécies amostradas).
42
•
Índice de Valor de Importância (VIi)
VI= DRi + DoRi +FRi e VIi (%) = VIi / 3
Sendo este o somatório dos parâmetros relativos de densidade, dominância e
freqüência das espécies amostradas, informando a importância ecológica da espécie.
•
Índice de Valor de Cobertura (VCi)
VCi = DRi + DoRi E VCi (%) = VCi / 2
Sendo este o somatório dos parâmetros relativos de densidade e dominância das
espécies amostradas.
Para efeito de cálculo, foi utilizado o software Mata Nativa, versão 2.06, desenvolvido
pela CIENTEC - Consultoria e Desenvolvimento de Sistemas Ltda., em parceria com a
Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais.
4.4.3.2 Resultado e discussão do levantamento fitossociológico
Selecionaram-se
três
unidades
amostrais localizadas no entorno da área do
empreendimento, contendo as seguintes
coordenadas UTM: Parcela 1 - 185.2845 E /
9.691.241 N (Foto 4.8); Parcela 2 - 188.828
E / 9.688.158 N; e Parcela 3 - 191.481 E /
9.689.122 N, cujas fichas fitossociológicas
com os parâmetros mensurados em campo
Foto 4.8 – Indivíduos de mangue inventariados
para posterior análise encontram-se no
Anexo I.
No interior das parcelas desta fitofisionomia registrou-se a ocorrência de sete famílias,
sete gêneros e sete espécies, com um total de 106 indivíduos. Cada família foi representada
por uma espécie. Verificou-se que nesta fitofisionomia, três espécies detiveram 87,73% dos
indivíduos amostrados, quais sejam em ordem decrescente: Copernicia prunifera;
Laguncularia racemosa e Anacardium occidentale (Foto 4.9). O valor do índice de
diversidade de Shannon (H’) para a área foi baixo, compreendendo 1,35 nats/ind. Este baixo
quantitativo é, provavelmente, reflexo das condições climáticas desfavoráveis que ocorrem
43
nessa região, bem como das limitações de solos e dos efeitos sistêmicos da pecuária que,
historicamente, vêm sendo praticados na
região e, ainda, os critérios de inclusão das
plantas adotados para este levantamento.
As três espécies consideradas como
predominantes nos locais estudados, com
maiores densidades relativas na área desta
fisionomia vegetacional foram, em ordem
decrescente,
Laguncularia
Copernicia
racemosa
e
prunifera,
Anacardium
Foto 4.9 – Cajueiro comum
occidentale, conforme demonstrado no Quadro 4.4. Em relação ao parâmetro dominância
relativa, destacaram-se, em ordem decrescente, Copernicia prunifera, Laguncularia
racemosa, Anacardium occidentale e Ficus sp, sendo que a primeira e terceira espécie têm
valor comercial definido, seja para produção de cera, lenha, artesanato, melífera ou outras
finalidades.
Dentre as espécies levantadas, as que apresentaram maior Índice de Valor de
Importância - IVI nos trechos em estudo foram Copernicia prunifera (41,56%), Anacardium
occidentale (17,65%) e Laguncularia racemosa (16,09%), segundo Quadro 4.4. O Valor de
Importância constitui um parâmetro de integração dos aspectos parciais, de forma a combinálos em uma expressão única e simples, somando-se, para cada espécie, os valores relativos de
densidade, freqüência e dominância, expondo a importância ecológica relativa de cada espécie
melhor que qualquer outro parâmetro fitossociológico (LAMPRECHT, 1964). Assim sendo,
as espécies supramencionadas são as de maior importância ecológica relativa nos trechos
selecionados em estudo, particularmente Copernicia prunifera e Anacardium occidentale, que
são relevantes para a economia para a região, haja vista a produção de cera na primeira
espécie e fruto na segunda espécie, produtos exportados para outros estados e até outros
países. Além de Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle, que servem como abrigo aos
caranguejos utilizados na alimentação de turistas e moradores da região.
44
ESPÉCIE
carnaúba
caju
mangue-branco
gameleira
mangue-vermelho
mandacaru
guajiru
TOTAL
Nº
Nº
AB (m2)
IND. PARC.
55
1
4,8152
18
2
0,8755
20
1
1,3495
6
1
0,6758
5
1
0,2611
1
1
0,0054
1
1
0,0020
106
3
7,9845
DeR
(%)
51,89
16,98
18,87
5,66
4,72
0,94
0,94
100
FR
(%)
12,5
25
12,5
12,5
12,5
12,5
12,5
100
DoR
(%)
60,31
10,96
16,9
8,46
3,27
0,07
0,03
100
VI
A. Méd. A. Máx. D. Méd. D. Máx.
(%)
(m)
(m)
(cm)
(cm)
41,56
6,66
14,40
32,99
42,65
17,65
2,79
5,80
15,64
74,48
16,09
11,26
17,00
25,67
49,66
8,87
2,83
3,30
35,07
48,70
6,83
10,66
16,00
22,66
40,74
4,50
0,96
0,96
8,28
8,28
4,49
1,00
1,00
5,09
5,09
100
6,73
17,00
27,80
74,48
Quadro 4.4 - Estrutura horizontal dos espécimes registrados em ambiente do complexo vegetacional
litorâneo
Fonte: CEC Engenharia, Pesquisa de campo, 2010.
N° IND.: número de indivíduos; N° PARC.: número de parcelas; AB: área basal; DeR: densidade relativa; FR: frequência
relativa; DoR: dominância relativa; VI: valor de importância; D. Méd.: diâmetro médio; D. Máx.: diâmetro máximo; A.
Méd.: altura média; A. Máx.: altura máxima.
As alturas máximas e médias registradas foram 17,00 e 6,73m, respectivamente,
sobressaindo-se Laguncularia racemosa (17,00m), Rhizophora mangle (16,00m) e Copernicia
prunifera (14,40m), conforme Figura 4.13.
Figura 4.13 - Altura máxima (em metros) dos espécimes registrados em ambiente do complexo
vegetacional litorâneo
Fonte: CEC Engenharia. Pesquisa de campo, 2010.
45
Os diâmetros máximos e médios variavam entre 74,48cm e 27,80cm, respectivamente,
com destaque para Anacardium occidentale (74,48cm), Laguncularia racemosa (49,66cm) e
Ficus sp (48,70cm). As classes que englobaram o maior número de indivíduos foram as de
35,00 - 40,00cm; 25,00 - 30,00cm; 30,00 – 35,00cm e 05,00 – 10,00cm, conforme Figura
4.14.
Figura 4.14 - Classes de diâmetro (em centímetros) dos espécimes registradas em ambiente do
complexo vegetacional litorâneo
Fonte: CEC Engenharia. Pesquisa de campo, 2010.
4.4.3.3 Considerações finais
Assim sendo, percebeu-se, na área em estudo, uma maioria de indivíduos com
diâmetro mediano, de alta estatura. Destacam-se na fitofisionomia, com porte elevado,
mangue-vermelho, mangue-branco e carnaúba.
É uma área de grande distribuição geográfica que apresenta uma vegetação altamente
específica, devido os fatores abióticos como solo, insolação, luminosidade, vento, dunas,
salinidade e água. Constatou-se, além de indivíduos jovens em processo de regeneração no
interior das parcelas, como mandacaru, presença considerável de gramíneas, salsa e vassourade-botão. Destaque para pequenos capões (moitas) isolados com cajueiros baixos e bastante
46
ramificados, com o esgalhamento originando outros espécimes. A carnaúba também está
presente de forma agrupado de poucos ou raramente muitos espécimes, com altura média de
seis metros.
No solo altamente arenoso ocorre a formação de uma camada de gramíneas,
principalmente capim-açu. Nas proximidades das áreas amostrais observa-se ação antrópica,
por meio de criação extensiva de gado bovino e outros animais domesticados.
4.4.4 Espécies Raras e/ou Ameaçadas de Extinção
Tomando por base a, Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008, do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA,
intitulada Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, não se
encontrou espécies ameaçadas de extinção na área em estudo.
4.4.5 Espécies de Interesse Econômico
In loco verificaram-se duas espécies
com valor comercial na região em apreço:
Anacardium
occidentale
-
cajueiro
e
Copernicia prunifera - carnaúba (Foto
4.10).
4.5 MEIO SOCIOECONÔMICO
Foto 4.10 – Espécimes de carnaúba
4.5.1 Evolução Histórica do Município
Ilha Grande originou-se de fazendas de gado e antigas vilas de pescadores situadas no
antigo povoado Morros da Mariana. Elevado à categoria de município pela lei estadual nº
4680, de 26/01/1994, Ilha Grande desmembrou-se de Parnaíba.
Em divisão territorial datada de 15/07/1997, o município é constituído do distrito sede,
assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.
47
4.5.2 Situação Geográfica e Limites
O município de Ilha Grande está localizado na microrregião de Ilha Grande,
compreendendo uma área de 121,96 km2, tendo como limites, ao norte o oceano Atlântico, ao
sul o município de Parnaíba, a leste Parnaíba e o oceano Atlântico, e a oeste o estado do
Maranhão.
A sede municipal tem as coordenadas geográficas 02º51’28’’ de latitude sul e
41º49’15’’ de longitude oeste de Greenwich e dista cerca de 326 km da capital Teresina.
4.5.3 População
A população total no município, de acordo com o Censo do IBGE, em 2007, era de
8.420 habitantes, sendo 4.353 (51,70%) homens e 4.067 (48,30%) mulheres, dos quais a
maioria – 83,93% concentra-se na zona urbana e é formada por adultos – 47,37%, contra
41,72% de jovens e 10,91% de idosos.
4.5.4 Infraestrutura Social
a) Educação
O setor de educação de Ilha Grande oferece desde o nível pré-escolar até o nível
fundamental da Educação de Jovens e Adultos – EJA, contando com administração Estadual,
Municipal e Privada.
Em 2009, de acordo com o INEP/MEC, o número de matrículas obteve um total de
3.365 alunos matriculados, dos quais 360 estão na educação infantil, 2.021 no ensino
fundamental, 467 no ensino médio e 517 na Educação de Jovens e Adultos em nível
fundamental e segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2000), 65,8%
da população acima de 10 anos de idade são alfabetizadas.
b) Saúde
Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
2005 o município de Ilha Grande contava apenas com 5 estabelecimentos de saúde, sendo que
nenhum desses estabelecimentos possuía leitos.
48
As doenças mais comuns apresentadas foram as do aparelho circulatório, respiratório e
digestivo.
c) Cultura, Lazer e Turismo
Ilha Grande é a maior ilha do Delta do Parnaíba. As belezas naturais da região formam
paisagens que misturam praias, dunas e manguezais. Assim, a cidade oferece aos seus
visitantes a Pedra do Sal, onde são encontradas lagoas de águas claras, morros, dunas e uma
praia de ondas bem fortes.
Quem quiser se aventurar nos esportes aquáticos encontrará em Ilha Grande uma boa
alternativa para a prática desses esportes.
O mirante com sua bela estátua de Nossa Senhora dos Pobres, que veio da Itália,
proporciona uma das melhores vistas do município. O artesanato da cidade também é famoso,
as rendas produzidas ali já ganharam prêmios internacionais.
Nos dias 13, 14 e 15 de novembro, acontece na cidade o Festival do Caranguejo de
Ilha Grande. O evento é uma iniciativa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
do SEBRAE/PI e da Prefeitura Municipal de Ilha Grande, com o apoio do Governo do
Estado, Banco do Brasil e da Associação e da Cooperativa de Catadores de Caranguejo de
Ilha Grande.
Além da apresentação e comercialização da gastronomia da carne de caranguejo,
durante todo o evento também são expostos os trabalhos do artesanato em rendas de bilro, em
trançado, em cestaria e em cerâmica, e são realizados passeios turísticos na região que
compreende o Delta do Parnaíba.
O Festival do Caranguejo acontece num dos mais expressivos entrepostos pesqueiros
do Piauí, onde a extração do crustáceo destaca-se como fonte geradora de trabalho e renda.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis, IBAMA, a extração do caranguejo promove o sustento de 2.500 catadores
naquela região.
4.5.5 Infraestrutura Física
a) Habitação
De acordo com o Censo do IBGE, em 2000, o município possuía 1.747 domicílios
particulares permanentes. No geral, o município apresenta habitações de construções típicas
das regiões litorâneas do nordeste.
49
b) Saneamento básico
Segundo dados do IBGE, em 2000, em relação à forma de abastecimento de água,
havia no município 1.354 domicílios ligados à rede geral, 69 utilizavam-se de poço ou
nascente e 324 de outras formas.
O sistema de coleta de esgotamento sanitário no município é inexistente, tendo a população
de utilizar fossas sépticas ou negras para destinação de seus efluentes líquidos domésticos. Em
2000, de acordo com dados do IBGE, havia cerca de 551 domicílios sem banheiro ou sanitário.
O serviço de limpeza pública fica a cargo da municipalidade, compreendendo a coleta,
transporte e destinação final dos resíduos, assim como a varrição de ruas e avenidas e a poda
de árvores. O atendimento à coleta residencial correspondeu, em 2000, a 498 domicílios,
segundo dados do IBGE. A coleta de lixo não é muito eficiente, pois nota-se alguma sujeira
espalhada na rua, além do lixo ser lançado direto no rio Igaraçu.
Não existe aterro sanitário na ilha, todo material coletado é lançado em um lixão
existente junto à rodovia PI-116, que serve de acesso à Praia Pedra do Sal. Os resíduos sólidos
de Ilha Grande, na área de jurisdição de Parnaíba, são recolhidos e levados para o aterro
sanitário de Parnaíba, percorrendo grande distância e prejudicando a estética do local.
É cobrado da população taxa de coleta de lixo embutida no IPTU.
c) Energia Elétrica
O município é beneficiado com energia elétrica fornecida pela Companhia Energética
do Piauí – CEPISA, atendendo toda a sede municipal e boa parte da zona rural, com um
sistema elétrico de 13,8 kV em alta tensão.
A CEPISA é uma das poucas empresas de energia que pertence ao sistema Eletrobrás,
portanto de concessão federal.
O perfil do consumo de energia elétrica no município é caracterizado pelo absoluto
predomínio do consumo residencial, com o comércio respondendo por uma pequena parcela
de crescimento do consumo.
d) Comunicação
A sede do município dispõe de terminais telefônicos atendidos pela TELEMAR Norte Leste
S/A, que cobre toda a área de Ilha Grande. Porém o sistema de telefonia é deficiente na distribuição
e número de orelhões, necessitando de investimentos para atender ao aumento do fluxo de turistas.
50
Os serviços telegráficos estão sob a responsabilidade da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (EBCT), que presta serviço a todo o município.
Os canais de televisão em Ilha Grande têm sinais recebidos das tv’s Globo,
Bandeirantes, Record, Brasil, Educativa, e SBT.
e) Transporte
O Sistema de transporte de Ilha Grande compreende apenas o sistema municipal.
No sistema municipal, o deslocamento das pessoas entre a sede e os distritos, é feito
através de transporte alternativo como Topic, Besta, Van e Kombi.
Já para os sistemas intermunicipais e interestaduais, Ilha Grande conta com as várias
linhas de ônibus que ligam a cidade de Parnaíba a outros municípios e estados do Brasil,
através do Terminal Rodoviário Lucídio Portela.
Para o transporte aéreo, o município também depende do Aeroporto de Parnaíba, aparelhado
para atender à operação de pousos e decolagens de grandes aeronaves.
4.5.6 Economia
O município de Ilha Grande tem sua economia baseada no extrativismo do caranguejo,
na pesca, no artesanato e no turismo.
O Quadro 4.5 apresenta as atividades potenciais de desenvolvimento, de acordo com
o IBGE em 2006.
DESCRIÇÃO
Agricultura, pecuária, silvicultura exploração florestal
Pesca
Indústrias extrativas
Indústrias de transformação
Produção e distribuição de eletricidade, água e gás
Construção
Comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos
Alojamento e alimentação
Transporte, armazenagem e comunicações
Intermediação financeira
Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas
Administração pública, defesa e seguridade social
Educação
Saúde e serviços sociais
Outros serviços coletivos, sociais e pessoais
Total
Quadro 4.5 - Unidades locais por tipo de atividades econômicas
Fonte: IBGE, 2006.
UNIDADES
LOCAIS
6
3
9
1
7
1
1
1
22
51
51
•
Setor Primário
O setor primário do município corresponde às atividades de agricultura e pecuária
tradicionais, o extrativismo e a pesca artesanal marítima e lacustre.
A pecuária desenvolvida no município faz parte da sua tradição histórica, onde o
folclore e os costumes regionais assumem valores derivados em grande parte da atividade
pastoril. Entre os rebanhos, destacam-se os bovinos, ovinos, suínos, caprinos e as aves, com
pecuária extensiva e de subsistência, conforme demonstrado no Quadro 4.6, abaixo.
DESCRIÇÃO
QUANTIDADE
Efetivo dos rebanhos – bovinos
2.586
Efetivo dos rebanhos - suínos
533
Efetivo dos rebanhos – aves
1.106
Efetivo dos rebanhos – eqüinos
140
Efetivo dos rebanhos – bubalinos
-
Efetivo dos rebanhos – asininos
25
Efetivo dos rebanhos – muares
15
Efetivo dos rebanhos - caprinos
254
Efetivo dos rebanhos – ovinos
824
Quadro 4.6 - Produção pecuária municipal - 2008
Fonte: IBGE. 2008
A atividade pesqueira também representa fator importante na economia local, realizada
através da pesca artesanal de peixes com redes, anzóis e currais, da pesca de camarões e
lagostas, e da captura de caranguejos.
A agricultura desenvolveu-se paralelamente à pecuária, como atividade quase que
exclusivamente de subsistência, adquirindo mais tarde caráter comercial.
Entre as culturas permanentes (Quadro 4.7) destacam-se a banana, a castanha-de-caju,
o coco-da-baía e a manga, ressaltando que a castanha de caju apresenta maior área plantada,
obtendo maior valor para os produtores locais.
ÁREA PLANTADA
QUANTIDADE PRODUZIDA
Banana
DESCRIÇÃO
7 ha
70 t
Castanha-de-caju
10 ha
5t
Coco-da-baía
8 ha
24 mil frutos
Manga
13 ha
130 t
Quadro 4.7 - Produção agrícola municipal lavoura permanente - 2008
Fonte: IBGE. 2008
52
Entre as culturas tradicionais temporárias destaca-se o arroz com maior área plantada,
seguido do feijão. O arroz também desponta com maior quantidade produzida, segundo
Quadro 4.8.
ÁREA PLANTADA
QUANTIDADE PRODUZIDA
Arroz
DESCRIÇÃO
570 ha
2.087 t
Cana-de-açúcar
10 ha
500 t
Feijão
52 ha
29 t
Mandioca
20 ha
120 t
Milho
39 ha
20 t
Quadro 4.8 - Produção agrícola municipal lavoura temporária - 2008
Fonte: IBGE. 2008
No extrativismo vegetal destacam-se a extração do pó da carnaúba, do carvão vegetal
e da lenha.
•
Setor Secundário
O setor secundário do município de Ilha Grande apresenta-se em pequena escala, com
indústrias de pequeno e médio porte, nos setores de transformação, destacando-se as indústrias de
produtos alimentares de panificação, de leite e de beneficiamento.
O artesanato tem sua participação na economia local, sendo desenvolvidos trabalhos
feitos a partir de fibras naturais como a palha de buriti e de milho, além dos bordados e
rendas.
•
Setor Terciário
O setor terciário consubstancia no turismo uma série de atividades impulsionadoras do
desenvolvimento do município. Assim, é possível antever o crescimento sinérgico do
comércio e do turismo, numa visão prospectiva de incremento da economia local em que as
oportunidades de negócios certamente beneficiarão a grande parte da população atuante neste
setor.
53
4.5.7 Dados Primários
Após a tabulação e análise dos dados obtidos com a aplicação de questionários para os
moradores da área de influência, no município de Ilha Grande, conforme a Tabela 4.1, que nas
três localidades visitadas, a quantidade de membros na família era de 1 a 5, chegando a 100%
em Baixão. Com relação ao sexo, em Baixão e na Comunidade Tatus, predominava o sexo
masculino com 60% e 54% respectivamente, já na Comunidade Cal, 50% eram do sexo
masculino e 50% do sexo feminino. Sobre a idade, constatou-se que há uma predominância de
adultos seguidos de idosos. Em relação ao grau de instrução, a maioria possui o ensino
fundamental e as profissões que se destacam são pesca e agricultura.
Tabela 4.1 - Identificação do grupo familiar
43,75
-
40,00 60,00 20,00 20,00 60,00
-
50,00
NÃO HOUVE RESPOSTA
-
AGRICULTOR
-
10,00 54,00 46,00 42,00 48,00 10,00 36,00 16,00 36,00 12,00 56,25 50,00 50,00 44,78 46,27 8,95 20,25 22,78 35,44 15,19 1,27 5,07
PESCADOR
ENS. FUNDAMENTAL
ALFABETIZADO
ANALFABETO
A PARTIR DOS 60
20 A 59
0 A 19
FEMININO
60,00 40,00
APOSENTADO
Comunidade Cal
-
PROFISSÃO
NÃ HOUVE RESPOSTA
90,00
GRAU DE INSTRUÇÃO
ENS. SUPERIOR
100,00
Comunidade Tatus
IDADE
ENS. MÉDIO
Baixão
SEXO
MASCULINO
1A5
LOCALIDADE
5 A 10
QUANTIDADE
DE MEMBROS
NA FAMÍLIA
-
-
100,00
50,00 50,00
-
-
-
-
-
100,00
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
As Tabelas 4.2 e 4.3, respectivamente, mostram as atividades produtivas que mais se
destacam nas localidades de Ilha Grande, com destaque para o cultivo de árvores frutíferas
(36,32%) e o feijão (34,93%). No tocante à pecuária, os rebanhos que mais se destacam são os
de aves (galinhas) e suínos.
NÃO HOUVE
RESPOSTA
BATATADOCE
MELANCIA
ACEROLA
FEIJÃO
CARAMBOLA
MAMÃO
LIMÃO
CAJÁ
CÔCO
MARACUJÁ
MANGA
CAJU
MILHO
FRUTÍFERAS
BANANA
LOCALIDADE
ARROZ
Tabela 4.2 - Atividades produtivas - agrícola
Baixão
- 20,00 20,00 20,00 20,00 - 20,00
Comunidade Tatus 5,00 16,00 12,00 - 5,00 12,00 - 16,00 - 34,00
Comunidade Cal 2,70 10,81 24,32 8,12 10,81 10,81 2,70
2,70
- 18,93 2,70 2,70 2,70 -
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
54
Tabela 4.3 - Atividades produtivas - pecuária
REBANHOS
MUNICÍPIOS
BOVINO
EQUINO
SUÍNOS
GALINHA
8,00
8,70
14,00
12,04
50,00
70,00
41,46
Baixão
Comunidade Tatus
8,00
Comunidade Cal
8,70
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
NÃO HOUVE
RESPOSTA
50,00
29,10
Quando indagados sobre a existência de práticas de queimadas, em Baixão todos os
entrevistados responderam que não há, contudo nas Comunidades Tatus e Cal há a prática de
queimadas, conforme Tabela 4.4.
Tabela 4.4 - Queimadas
HÁ PRÁTICAS DE:
LOCALIDADE
QUEIMADAS
30,00
43,75
Baixão
Comunidade Tatus
Comunidade Cal
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
NÃO HÁ
100,00
70,00
56,25
Sobre a renda (Tabela 4.5), os recursos pesqueiros marinhos e estuarinos eram
inexistentes em Baixão, nas Comunidades Tatus e Cal eles se dividiam entre peixes,
crustáceos e moluscos, respectivamente. O artesanato só aparece na Comunidade Cal, com o
bordado representando 18,75% da renda. Em relação ao valor da renda média mensal, a
maioria respondeu receber até 1 salário mínimo.
Tabela 4.5 - Renda
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
100,00 50,00 50,00 100,00 80,00 20,00 81,25 75,00 6,25 6,25 6,25
NÃO
RESPONDEU
MAIS DE 3 SM
18,75
MAIS DE 2 SM
100,00
5,00
6,25
DE 1 A 2 SM
BORDADO
23,00
31,25
RENDA MÉDIA MENSAL
ATÉ 1 SM
NÃO HÁ
22,00
18,75
NÃO HÁ
MOLUSCOS
Baixão
Comunidade Tatus 50,00
Comunidade Cal
43,75
ARTESANATO
CRUSTÁCEOS
LOCALIDADE
PEIXES
RECURSOS PESQUEIROS
MARINHOS E ESTUARINOS
6,25
55
Na Tabela 4.6, estão informações relacionadas à situação da moradia dos
entrevistados. Das residências encontradas nas localidades de Ilha Grande, a maioria dos
entrevistados são os donos das residências, as paredes são de tijolos, o piso na maioria das
residências é de cimento, o reboco era parcial na maioria, o teto com telha de barro, a maioria
das residências possui energia elétrica e banheiro, e o total de cômodos variava entre 1 a 3 e
mais de 8, segundo a Tabela 4.6.
Tabela 4.6 - Domicílio
CARACTERÍSTICAS DO DOMICÍLIO
Comunidade Cal
MAIS DE 8
DE 5 A 8
DE 1 A 3
NÃO
SENTINA
APARELHO
DE 3 A 5
TOTAL DE
CÔMODOS
BANHEIRO
SIM
NÃO
ENERGIA
ELÉTRIC
A
SIM
PALHA
TETO
TELHA
AUSENTE
PARCIAL
TOTAL
REBOCO
CHÃO BATIDO
CIMENTO
-
CERÂMICA
TAIPA
100,0
0
PISO
50,0 50,0
50,0 50,0
100,0
100,0
100,0 100,0
100,0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
60,0 20,0 60,0 20,0 10,0 40,0 50,0
30,0
10,0
75,0 60,0 50,0 50,0
100,00 - 40,00
70,00
90,00
40,00 25,00
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
18,7 16,6 72,2 11,1 25,0 50,0 25,0
100,0
29,4
43,7
6,2
93,75 6,25 81,25
94,12 5,88
- 35,29 29,41 5,88
6,25
43,75
5
7
2
1
0
0
0
0
1
5
5
100,00
Comunidade
Tatus
PAREDE
TIJOLO
Baixão
CEDIDA
LOCALIDADE
PRÓPRIA
SITUAÇÃ
O
-
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
Com relação à infraestrutura e os serviços existentes no município de Ilha Grande,
todos os entrevistados responderam haver energia elétrica no município, o transporte público
era inexistente em Baixão, a Comunidade Tatus dispõe desse tipo de serviço, e na
Comunidade Cal ele corresponde a 93,75%. O abastecimento de água é em sua maioria da
rede pública, e essa água é filtrada, com exceção na Comunidade Tatus, onde 50% dos
entrevistados responderam não tratar a água para consumo. A coleta e tratamento de esgoto é
inexistente nas três localidades, no entanto a coleta e disposição de lixo é feita nas três
localidades, contudo na Comunidade Tatus, alguns entrevistados responderam que queimam,
enterram e jogam o lixo em terreno baldio. Em todas as localidades existe posto de saúde,
além da visita do agente de saúde que ocorre mensal e bimestral. Quando vão procurar
atendimento médico, a maioria respondeu procurar esse tipo de serviço no posto de saúde
localizado na Comunidade Cal e em relação à existência de escolas na comunidade, duas são
da rede municipal de ensino e uma da rede estadual, segundo a Tabela 4.7.
Tabela 4.7 - Infraestrutura básica
NÃO
100,00
-
100,00
-
-
100,00
-
40,00
-
Comunidade Cal
100,00
93,75
6,25
88,24
11,76
76,47 5,88 11,76 5,88
93,75
6,25
-
-
-
ESCOLA ESTADUAL MENINO
DEUS
SIM
-
50,00
ESCOLA MUNICIPAL DOM
PAULO
NÃO RESPONDEU
-
-
ESCOLA MUNICIPAL
HENRIQUE SERTÃO
NÃO
-
50,00
COMUNIDADE CAL
NÃO RESPONDEU
100,00
20,00
100,00
-
100,00
-
100,00
100,00
90,00 10,00
-
38,10 4,76 38,10 14,29 4,76
100,00
100,00
75,00 18,75 6,25 12,50 87,50 100,00 50,00 25,00 25,00
HOSPITAL
100,00
30,00 10,00 20,00
SIM
SEMESTRAL
NENHUM
-
80,00
BIMESTRAL
CLORADA
100,00
-
ESCOLAS NA
COMUNIDADE
MENSAL
FILTRADA
100,00
100,00
JOGADO EM TERRENO
BALDIO
POÇO
-
100,00
ENTERRADO
REDE PÚBLICA
100,00
Comunidade Tatus
QUEIMADO
NÃO
Baixão
SIM
SIM
LOCALIDADE
ONDE A
POPULAÇÃO
BUSCA
ATENDIMENTO
MÉDICO?
POSTO DE SAÚDE
COLETA E DISPOSIÇÃO
DE LIXO
HÁ
RECEBE
POSTOS VISITA
DO
COM QUE
DE
SAÚDE AGENTE FREQUÊNCIA?
NA
DE
REGIÃO? SAÚDE?
SIM
O
COLETA E
ENERGIA
TRATAMENTO DE
TRANSPORTE ABASTECIMENTO
TRATAMENTO
ELÉTRICA
ÁGUA UTILIZADO
PÚBLICO
DE ÁGUA É:
DE ESGOTO
-
100,00 100,00 100,00
10,00 90,00 100,00
-
-
-
100,00
-
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
56
57
Na Tabela 4.8, estão os dados referentes às formas de organização social presentes
nas localidades de Ilha Grande e a expectativa da população com relação ao trabalho. Entre as
formas de organização presentes no município e das quais os entrevistados fazem parte estão
o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Associação de Moradores, Colônia do Morro da
Mariana, Sindicato de Araioses e Colônia de Pescadores Z 7. Sobre o conhecimento acerca do
trabalho a ser realizado na localidade, a maioria respondeu não saber do trabalho, contudo
essa mesma maioria afirmou ser relevante e de extrema importância o trabalho de contenção
das dunas na região.
Tabela 4.8 - Formas de organização social
27,78
-
-
-
-
-
-
100,00
-
100,00
34,00 16,00 16,00 17,00 17,00 50,00
5,56 55,56 11,11 33,33 58,33 8,33 28,58
-
-
-
71,42 25,00
NÃO RESPONDEU
-
-
SIM
-
NÃO RESPONDEU
-
40,00 60,00
NÃO
100,00
-
SIM
NÃO RESPONDEU
-
34,00
COLÔNIA DE PESCADORES Z 7
SIM
-
-
SINDICATO DE ARAIOSES
NÃO
-
33,00
STR
NÃO RESPONDEU
100,00
COLÔNIA DO MORRO DA
MARIANA
COLÔNIA
33,00
CONSIDERA
RELEVANTE A
CONTENÇÃO
DAS DUNAS?
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES
COOPERATIVA
Comunidade Cal
ASSOCIAÇÃO
Comunidade Tatus
SINDICATO
LOCALIDADE
Baixão
JÁ HAVIA TOMADO
CONHECIMENTO DO
TRABALHO A SER
REALIZADO NA
LOCALIDADE?
FAZEM PARTE DE ALGUMA?
NÃO
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO
SOCIAL
-
-
50,00
-
80,00
20,00
-
50,00
25,00
81,25
12,50 6,25
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
Dos questionários destinados aos estabelecimentos do entorno da área de abrangência
do projeto de contenção das dunas em Ilha Grande, a aplicação ocorreu apenas no Porto de
Tatus. Todos os entrevistados responderam serem os proprietários dos imóveis, o ramo de
atividade desenvolvida nos estabelecimentos era de bares e comércio de cereais, onde o
número aproximado de visitantes por dia ficava acima de 20.
O número de compartimentos dos estabelecimentos variava entre 1 a 5 e 5 a 10, onde
as condições físicas do prédio, cozinha, e banheiros foram consideradas regulares, e a área
verde e livre ruim. Salas de jogos e piscinas não existiam nesses estabelecimentos.
Todos os estabelecimentos possuem energia elétrica, a origem da água em sua maioria
vem da Agespisa, no entanto alguns fazem uso diretamente da água do rio Igaraçu. A água
utilizada para beber é em sua totalidade filtrada e o lixo é coletado pela prefeitura.
58
Com relação à expectativa acerca do trabalho, todos os entrevistados responderam não
conhecer o trabalho, no entanto esses mesmos entrevistados afirmaram achar relevante e
importante a contenção das dunas na região.
Sobre a existência de instituições na área de influência do projeto de contenção das
dunas em Ilha Grande, na Comunidade Cal foram aplicados dois questionários em duas
escolas municipais encontradas na comunidade. As duas escolas funcionam nos três turnos
(manhã, tarde e noite), onde o maior número de alunos matriculados encontra-se no turno da
tarde. As duas escolas possuem o ensino infantil, ensino fundamental e EJA (Educação de
Jovens e Adultos).
O total de professores em uma das escolas é de 20 e funcionários 9, a outra escola não
soube informar. Ambas as escolas possuem acima de 10 compartimentos, e dispõem dos
seguintes recursos audiovisuais: quadro de giz, quadro de acrílico, computador, TV, vídeo e
som.
Com relação à existência de projeto pedagógico, este existe nas duas escolas, assim
como projetos na área de educação ambiental.
Quando indagados sobre o conhecimento acerca do trabalho a ser realizado na
comunidade, metade dos entrevistados nessas instituições respondeu conhecer o trabalho e a
outra metade não, contudo, todos afirmaram considerar relevante e importante o trabalho de
contenção das dunas.
Outras instituições foram encontradas nas localidades em estudo, como a Associação
das Rendeiras de Ilha Grande que possui 120 afiliados, Associação de Moradores do bairro
Baixão com 80 associados, Associação de Moradores das Comunidades Porto Rico, Cal e
Baixão, fundada em 04 de abril de 1988, com 87 associados e Colônia de Pescadores Z 7,
com 2.500 afiliados.
59
5 PROJETO EXECUTIVO
5.1 ÁREAS DE DUNAS A SEREM CONTIDAS
A região dunar a ser contida foi dividida em quatro áreas a seguir descritas, conforme
pode ser observado na Figura 4.1 – Mapa Básico.
Área 1 – Possui uma área total 609,81ha, dos quais 478ha serão alvo da contenção dunar,
além do perímetro de 18.558m.
Área 2 – Possui uma área total 294,09ha, dos quais 243ha serão alvo da contenção dunar,
além do perímetro de 9.425m.
Área 3 – Possui uma área total 143,17ha, dos quais 131ha serão alvo da contenção dunar,
além do perímetro de 6.405m.
Área 4 – Possui uma área total 115,62ha, dos quais 101ha serão alvo da contenção dunar,
além do perímetro de 6.450m.
Em caráter emergencial, deverá ser implantado o sistema de fixação em duas áreas
fortemente ameaçadas pelo avanço das massas dunares;
− A porção central do cordão frontal das dunas mais próximas às áreas de circulação e
de moradias (bairro CAL) do município (Área 1) e
− A extrema ponta do mesmo cordão as margens do rio dos Tatus (Área 3).
No entanto, é imprescindível a ação efetiva de contenção nas demais áreas (Áreas 2 e
4), haja vista que a não atuação nestas, porá em risco o êxito de todo o projeto, pois há uma
relação direta entre as mesmas devido à dinâmica eólica.
Essa fixação se dará por meio de biocoberturas, ou seja, aplicação de mantas fabricadas
com fibras vegetais criando de imediato o “estancamento” das dunas (Figura 5.1 – Corte
lateral da duna), associado ao plantio de espécies vegetais de fácil adaptação ao solo, ao
clima e aos ventos. O objetivo é estabelecer condições ideais para a sucessão natural,
resultando no estabelecimento de uma comunidade estável.
Para isso, o projeto contará com mudas previamente desenvolvidas visando à perenização
dos sistemas de “ancoragem” e fixação adotados em ambas as áreas selecionadas para essa
etapa inicial de intervenção.
Nesta etapa do Projeto, está prevista o aluguel de uma residência que funcionará como
base operacional ao redor das coordenadas 24M 184.109 E/ 9.686.333 N por ser esse local de
fácil acesso, próximo a PI - 210 junto às cotas mais baixas permitindo acesso rápido aos
pontos onde se darão as intervenções.
60
Figura 5.1 – Corte lateral da duna
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
Deverão ser observados os fatores climáticos predominantes por ocasião do início dos
trabalhos e a interpretação dos dados relativos a fenômenos de interação direta com o clima no
nordeste brasileiro como é o caso do El Niño e La Niña para a perfeita sincronicidade em cada
uma das etapas da execução, permitindo o máximo aproveitamento no desenvolvimento de cada
atividade.
Os fenômenos de larga escala que atuam sobre o Nordeste do Brasil (NEB), e em
especial na Costa Litorânea e nos 61km de litoral piauiense, que contribuem ou não para
excesso ou escassez de índices pluviométricos são: El Niño e La Niña, posicionamento do
centro de alta pressão, formações de Linhas de instabilidade e aglomerados convectivos, efeitos
das brisas marítima e terrestre, formações de Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis, ventos Alísios
de Nordeste, Zona de Convergência Intertropical, troca de calor latente por sensível e vice-versa e
a própria topografia do local.
No município de Ilha Grande – PI predominam os fatores e/ou os elementos
meteorológicos com suas variações de micro a larga escala como referido acima.
Em época de El Niño a área em estudo sofre deficiências hídricas devido a ma formações
de nebulosidade, transporte de vapor e umidade e os sistemas convectivos descendentes que não
deixar a realizar condensação e precipitar.
61
Em época de La Niña Ilha grande tem excedentes hídricos e ocorrem os fatores
meteorológicos ao contrario do El Niño. Centro de alta pressão forma-se em períodos
diferenciados e não auxilia as formações das nuvens reduzindo deste modo a precipitação local.
Formações de Linhas de instabilidade e aglomerados convectivos, efeitos da brisa
marítima e terrestre, são elementos favoráveis as ocorrências das precipitações em curto a médios
intervalos de tempo onde os efeitos das brisas os auxiliam em seus desenvolvimentos e
ocorrências.
Os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis se forma sobre o NEB nos meses de janeiro a
março e auxiliam os desenvolvimentos das nuvens e chuvas acima dos padrões normais, deste que
as suas bordas fiquem posicionadas sobre o continente.
Ventos Alísios de Nordeste e Zona de Convergência Intertropical são os elementos que na
sua maioria transportam vapor e umidade e sendo uns dos principais elementos provocadores de
chuvas no NEB e em especial Ilha Grande – PI, com cotas pluviométricas acima da normalidade.
A topografia e a troca de calor são os elementos de micro escala que contribuem para as
ocorrências dos efeitos locais e suas turbulências entre solo e atmosfera.
Todos estes elementos são monitorados diariamente e são descritos nos boletins de
informações climáticas semanal e mensal da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do
Estado do Piauí, e sua divulgações ocorrem por meio digital, impresso e com divulgações a
diverso órgão e comunidades.
Assim, cabe ainda salientar que a intervenção que ora se propõe nesta etapa do projeto,
não interferirá nos elementos morfodinâmicos oceânicos, analisados previamente, não
originando qualquer mudança nas feições ou traçados de linha de praia, além daquelas já
visíveis na zona costeira (Área de Influência Direta – AID) comentadas no item relativo ao
diagnóstico prévio.
5.2 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS
5.2.1 Modelo de Contenção
O plano de estabilização baseia-se primordialmente nas técnicas de contenção de
corpos dunares desenvolvidas no campo de dunas existente no entorno da Lagoa do Portinho,
posicionada a 18km a leste da área de intervenção deste projeto. Os sistemas dunares da
Lagoa do Portinho foram contidos com a aplicação combinada de:
- mantas trançadas com fibras vegetais;
62
- introdução de sementes escolhidas para as condições de solo e clima locais;
- transplantio de capim-açu a partir de áreas de empréstimos e
- plantio de mudas, desenvolvidas em viveiros.
Nesse projeto, foram definidas ainda as melhores áreas para a aplicação combinada
desses elementos, ou seja, do início da face de barlavento junto ao solo até o dossel da massa
em movimento.
A sucessão florestal é caracterizada por substituições na composição de espécies em
áreas naturais ou perturbada que servirá de norteamento para a implantação da cobertura
vegetal nas dunas onde ocorrerá a intervenção. Em princípio, serão utilizadas espécies que
toleram a condição inicial de grande exposição à luz, ao vento, e aos seus efeitos maléficos,
tais como dessecamento e superaquecimento das camadas superficiais do solo. Tais espécies,
com características de pioneirismo, colonizarão a área, preparando-a para futura introdução de
espécies mais sensíveis.
Assim sendo, o modelo de contenção, será desenvolvido em três fases distintas, a
saber:
Fase 1 – Preparação do solo para fertilização e lançamento das sementes selecionadas para
esse fim nas áreas caracterizadas como face de barlavento de cada uma das massas que
compõe o cordão alvo dessa etapa do Projeto;
Fase 2 – Aplicação de biomantas tecidas
com fibras vegetais sobre na superfície de
barlavento das dunas das áreas alvo,
conforme
demonstra
a
foto ao
lado,
grampeada com talos extraídos da carnaúba,
em relativa abundância na região, como
forma de “ancoragem” do material ao
substrato arenoso (Foto 5.1); e
Fase 3 – Transplantio de capim-açu e
Foto 5.1 - Fixação da biomanta com talos de carnaúba
plantio das espécies selecionadas para sucessão florestal no espaçamento conforme detalhado
adiante.
É determinante para o Projeto, que a etapa descrita neste capítulo inicie-se juntamente
com a quadra chuvosa da região, pois isso favorecerá o desenvolvimento da vegetação
introduzida pelos meses restantes da estação. Todavia, nenhum plantio pode ser tido como
efetivo – quando se trata com vida vegetal.
63
5.2.2 Espécies Arbustivo-Arbórea Escolhidas
Tendo em vista a adversidade ambiental verificada no local e a extensa área a ser
trabalhada, assim como os custos e a logística de produção e de plantio das mudas, optou-se
pela utilização inicial de 3 (três) espécies associadas às mudas de Andropogon minarum
(capim-açu) e às sementes de Rynchospora speciosa (capim estrela), planta forrageira, de fácil
adaptação em solo arenoso. Mesmo que, em termos ecológicos a utilização de um grande
número de espécies seja mais aconselhável, estas poucas espécies cumprirão a tarefa de
colonizar o local, cumprindo a função de perenizar o sistema de ancoragem do substrato (a
biocobertura) e ainda, servirão como atrativo à fauna – que se encarregará de realizar a
dispersão de outras espécies no local - e às espécies dispersas pelo vento, que encontrarão
condições favoráveis para seu estabelecimento. No que se refere ao grupo ecológico, de
acordo com as propostas de Swaine e Withmore (1988) e de Kageyama et al. (1994), todas as
espécies que fazem parte do elenco das matas litorâneas nordestinas, apresentam
características de pioneiras: têm rápido crescimento; são reprodutivamente precoces e com
frutificação abundante; são capazes de suportar as condições inóspitas das dunas,
racionalizando o uso de água, luz, espaço e nutrientes. Assim a seleção final incluiu aquelas
espécies que possuem capacidade comprovada de desenvolvimento sob plantio em dunas com
características ambientais semelhantes às verificadas na região. Dessa forma, serão
produzidas para o pronto atendimento ao plano emergencial, as seguintes espécies arbustivoarbóreas:
•
Anacardium occidentale L. – “cajueiro-nativo” (família Anacardiaceae)
Espécie de 5 - 10m de altura, com tronco tortuoso de 25 - 40cm de diâmetro, podendo
atingir, em solos argilosos, até 20m de altura. As folhas são glabras, de cor rósea quando
jovens, de 8 - 14cm de comprimento por 6 - 8cm de largura. Ocorre nos campos e dunas da
costa nordeste do país, principalmente nos estados do Piauí e Maranhão. A madeira é leve,
forte e de longa durabilidade; apropriada para construção civil, serviços de torno, carpintaria e
marcenaria, confecção de cabos de ferramentas agrícolas, cepas de tamanco e caixotaria. A
árvore é muito cultivada em quase todo o país e exterior para a obtenção de seu pseudofruto
(caju) e de sua castanha – os cajus são muito consumidos em todo o país e a castanha é
bastante popular e exportada para quase todo o mundo. As flores são melíferas. É uma planta
decídua, heliófita e espontânea em muitas regiões da costa norte e nordeste do país, onde
64
forma pequena árvore. Cresce normalmente em quase todos os solos secos, entretanto
dificilmente produz frutos em solos argilosos (LORENZI, 1998a). O caule prostrado e os
galhos que crescem em todas as direções, principalmente a favor do vento, permitem a
fixação das dunas.
•
Chrysobalanus icaco L. – “guajiru” (família Chysobalanaceae)
Planta arbustiva, com ramos glabros e lenticelados. Tronco tortuoso e muito
ramificado, de 20 - 30cm de diâmetro. Folhas simples, completamente glabras, de 2 – 8 cm de
comprimento por 2 - 6cm de largura, sobre pecíolos de menos de 0,5 cm. Frutos suculentos,
subglobosos, levemente costados, de coloração preta, vermelha ou branca, dependendo da
variedade. Ocorre na costa dos estados do Pará até a Paraíba, em dunas arenosas e praias. Em
menor freqüência ocorre também na costa leste do país, principalmente na Bahia. É
particularmente freqüente nas praias do Baixo Amazonas. Sua madeira é moderadamente
pesada, dura, de textura média, moderadamente resistente e pouco durável, sendo empregada
apenas para lenha e carvão. Seus frutos são comestíveis e também muito procurados por
peixes e outros animais. É uma planta perenifólia, heliófita, seletiva higrófita e exclusiva de
dunas arenosas e praias de beira de rios. Raramente ocorre em savanas arenosas, onde
geralmente forma árvore de copa densa e muito ramificada, cujos ramos chegam a tocar no
solo (LORENZI, 1998b). Excelente fixadora, prestando-se também a formação de cercas
vivas; resiste bem aos ventos (FREIRE, 1983).
• Byrsonima crassifolia (L.) Kunth – “murici” (família Malpighiaceae)
Espécie arbustiva da família Malpighiaceae, o murici é uma planta nativa do
norte/nordeste brasileiro, de porte médio, podendo chegar a 5 metros de altura. Possue tronco
cilíndrico, casca escura, áspera e copa estreita. Suas folhas são rígidas e brilhantes. As flores
são amareladas formando cachos de 10 a 15cm. Geralmente é encontrado no litoral, numa
faixa que se inicia no Ceará e se estende até o Acre, sendo apreciado pela população
privilegiada com a ocorrência desta deliciosa fruteira nativa em suas matas e nas zonas
praianas, sendo inclusive muito utilizada pelos índios amazonenses como fonte de
alimentação. O fruto possui em média 2cm de diâmetro e, quando maduro, possui a casca e a
polpa de um amarelo intenso, tendo sabor e cheiro característico e é muito rico em Vitamina
"C". A polpa é carnosa e pode ser consumida "in natura", mas é mais apreciada na forma de
65
sucos, sorvetes, licores, néctares, geléias e doces. A comercialização ocorre em grande parte
com a fruta "in natura" nas feiras livres e mercados públicos das cidades e capitais nordestinas
litorâneas. As outras diversas formas, manufaturadas ou industrializadas, são comercializadas
nas lanchonetes, sorveterias e supermercados dessas cidades. Na época da safra do muricí,
torna-se uma fruta de grande procura pela população devido a sua grande aceitação pelo seu
delicioso sabor. As sementes germinam em substrato argiloso necessitando de local
sombreado e seu desenvolvimento é lento. Esta espécie foi utilizada com sucesso no Projeto
de Contenção das Dunas da Lagoa do Portinho. Os muricis do Brasil são muitos e variados,
sendo, em sua maioria, plantas da família botânica das Malpiguiáceas, à qual também
pertence a reputada acerola. Mas os muricis não são exclusivos da floresta, sendo, alguns
deles, freqüentes nas regiões serranas do sudeste, nos cerrados do Mato Grosso e Goiás e no
litoral do norte e do nordeste do país. Aqui, duas espécies de muricizeiros estão sendo
destacados. Uma delas, de maior dispersão, a mais conhecida e a que fornece frutos mais
apreciados é a Byrsonima crassifolia. Trata-se de uma pequena árvore de no máximo 5 metros
de altura, cujo fruto, pequeno e amarelo, é saborosíssimo e suavemente perfumado.
As espécies arbustivo-arbóreas selecionadas para o plantio não apresentam efeitos
alelopáticos, sobre as demais espécies presentes na região.
5.2.3 Local de Produção das Mudas
As mudas utilizadas para o plantio serão produzidas na localidade Lagoa do Portinho
s/n, Santo Antonio, Parnaíba – PI, CEP: 64.000-000.
5.2.4 Quantidades e Espécies a serem Produzidas
Serão produzidas 185.117 mudas, sendo 84.773 de guajiru, 84.773 de murici e 15.571
de cajueiro-nativo, a Área de Intervenção é de 208ha.
Na Tabela 5.1 é encontrado o quantitativo de mudas a serem produzidos por área.
Tabela 5.1 – Quantidades de mudas produzidas por área
Espécies
Área 1
Área 2
Área 3
Área 4
Total
Murici-rasteiro
53.473
20.670
4.894
5.736
84.773
Guajiru
53.473
20.670
4.894
5.736
84.773
Cajueiro-nativo
9.822
3.796
899
1.054
15.571
66
A
castanha
do
cajueiro
comum
pesa
de
3g
a
33g
(http://www.ceinfo.cnpat.embrapa.br/artigo), o número de sementes por quilograma é de 30 a 333, e
segundo Cavalcanti Júnior (2001) utiliza-se apenas uma semente por recipiente uma vez que a
germinação das castanhas/sementes gira em torno de 95 %, quando elas são de boa qualidade. Para
efeitos de orçamento utilizamos uma média de 200 castanhas/quilo.
Os caroços de murici contêm em seu interior entre uma e três sementes, o número de
caroços por quilograma se situa entre 1.429 e 4.090, desta forma as mudas serão produzidas
utilizando-se 3 caroços/saco (CARVALHO et al, 2006). Para efeitos de orçamento utilizamos
uma média de 3.000 sementes/quilo.
O guajiru foi produzido com êxito na contenção das dunas da Lagoa do Portinho, sua
semente pesa, em geral, 5g, sendo o número de sementes por quilograma em torno de 200,
definiu-se também para a produção de mudas o uso de 1 semente por saco. Para efeitos de
orçamento utilizamos uma média de 200 sementes/quilo.
5.2.5 Preparo das Mudas
Serão utilizadas as técnicas recomendadas agronomicamente para produção de mudas
das espécies selecionadas.
As mudas serão produzidas nas sementeiras em sacos plásticos de polietileno 10,00cm
de diâmetro por 15,00cm de altura, obedecendo a seguinte seqüência:
− Enchimento dos sacos plásticos com terra vegetal mais esterco curtido ou areia lavada mais
esterco curtido;
− Disposição dos sacos plásticos cheios, enfileirados, em canteiros de 1,00m x 10,00m de
comprimento. A distância entre canteiros será de 0,60m;
− Em seguida faz-se semeadura à base de um a seis sementes por saco e em linhas paralelas na sementeira;
− Irriga-se duas vezes ao dia;
− Quando as essências florestais estiverem tenras e com duas folhas definitivas, faz-se a
repicagem, deixando-se apenas uma planta por saco, aquela mais vigorosa e
− As mudas serão acomodadas no ripado com 50,00% de luminosidade, sendo efetuado a
movimentação dos sacos para se evitar o enraizamento das mudas.
Durante a escolha das mudas, para transportar ao local do plantio, será feita uma
seleção das mesmas, procurando-se usar sempre as mais rústicas, ou seja, aquelas que melhor
se adaptaram as condições climáticas locais, obtendo melhor desenvolvimento.
67
Para aumentar a rusticidade das mudas nativas, durante o primeiro mês de crescimento, no
viveiro de produção, serão feitas regas duas vezes ao dia. No segundo mês serão realizadas regas a
cada três dias, já no terceiro mês de crescimento uma rega por semana e nos últimos quinze dias,
antes de transportar para local definitivo, será realizada uma única rega.
5.2.6 Plantio das Mudas Nativas
O plantio se dará em covas previamente abertas e preparadas para o recebimento das
mudas. As covas serão abertas e adubadas com esterco curtido.
Estas covas para plantio de mudas de espécies arbutivo-arbóreas inicialmente serão
marcadas por enxadão e estacas de madeira ou bambu considerando um espaçamento de 3,00m x
3,00m para o guajiru e murici-rasteiro e 7,00m x 7,00m para cajueiro-nativo, posteriormente serão
abertas nas dimensões de 0,20m x 0,20m x 0,20m.
As características biológicas, químicas e físicas das plantas foram consideradas e
correlacionadas à taxa de crescimento, compatibilidade com outras espécies, tipo de clima local,
assim como forma final das espécies a serem selecionadas e introduzidas ou replantadas nas áreas
degradadas. A seleção de espécies foi orientada para sua auto-sustentação, levando-se em conta
também a relação da espécie selecionada com a fauna local. As espécies a serem utilizadas são 03
(três) nativas, mas outras características, de cunho agronômico, foram observadas, tais como:
−
Agressividade;
−
Rusticidade;
−
Fácil propagação;
−
Fácil implantação com baixo custo;
−
Pouca exigência quanto a condições do solo;
−
Fácil integração na paisagem;
−
Inocuidade às condições biológicas da região e
−
Fator de produção de alimento para a fauna.
Ressalta-se a que a importância do uso de espécies realmente pertencentes à formação
a ser restaurada e à região onde a mesma se insere, não é meramente conceitual ou teórica.
Este procedimento visa acelerar a integração da área reflorestada com a vegetação nativa
remanescente.
A disposição espacial das mudas em campo obedecerá às características particulares de
cada um dos sub-ambientes identificados previamente através do zoneamento ambiental
preliminar. O mesmo levou-se em consideração a adaptabilidade e a plasticidade das espécies
selecionadas no projeto de acordo com as condições ecológicas particulares de cada uma das
áreas de trabalho selecionadas (Figura 5.2 – Esquema de plantio).
68
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
Para isso será realizada a seleção das unidades de intervenção considerando-se aspectos
importantes como: dunas estabilizadas, móveis e em formação, presença de vegetação
residual com capacidade de suporte de germoplasma, direção predominante dos ventos,
posição relativa (barlavento/sotavento) de transporte de sedimentos, espaços interdunais, nível
relativo de umidade ao longo do ciclo anual, áreas sujeitas ao alagamento temporário durante
o período chuvoso, dentre outros.
O objetivo principal do zoneamento ecológico é a determinação dos micro-ambientes
encontrados dentro das subunidades espaciais e ecológicas a serem trabalhadas, a
identificação dos principais mecanismos físicos, e ecológicos limitantes, assim como os
agentes de pressão antrópica.
Na vegetação de restinga e de campo de dunas esses mecanismos estão diretamente
associados aos fatores limitantes que inibem ou condicionam o desenvolvimento das espécies
e o estabelecimento das comunidades como a ação direta e constante do vento, as elevadas
69
temperaturas, a instabilidade do solo e o transporte dos sedimentos, a baixa fertilidade dos
solos, os efeitos da continentalidade, a salinidade elevada, etc.
Os agentes climáticos atuantes, os fatores de natureza antrópica, os fragmentos de vegetação
residuais, a oferta e disponibilidade anual de germoplasma, a utilização potencial dos locais a serem
recuperados e o grau de envolvimento das comunidades humanas com o projeto, a ocorrência
freqüente de pastoreio e pisoteio, dentre outros aspectos, também devem ser atentamente avaliados
durante o desenvolvimento dos trabalhos, para que os resultados possam ser satisfatórios.
As etapas subsequentes ao plantio como o acompanhamento e monitoramento das áreas
manejadas são fundamentais para garantir o sucesso da empreitada, permitindo o
estabelecimento das condições ambientais que possibilitam a permanência das comunidades
da flora através dos processos de regeneração natural e de sucessão ecológica.
De modo geral são encontrados na área de intervenção campos com dunas estabilizadas
através da vegetação resiliente, dunas móveis que se deslocam de acordo com a ação dos
ventos, espaços interdunais com predominância de indivíduos lenhosos isolados e vegetação
herbácea e arbustiva perene, locais protegidos da ação direta do vento apresentando pequenos
agrupamentos adensados em forma de moitas, compostos frequentemente por uma quantidade
reduzida de espécies, principalmente murici ou guajiru, áreas com vegetação rasteira sazonal
e locais de maior umidade com influência de pequenas linhas de drenagem, afloramento do
lençol freático ou presença de lagoas temporárias ou locais de acúmulo de água e ainda áreas
submetidas ao estresse hídrico acentuado durante ou logo após a estação chuvosa.
De acordo com as particularidades e limitações mencionadas anteriormente a seleção
das espécies utilizadas no projeto e a distribuição das mudas em campo obedecerá a um rígido
padrão previamente estabelecido onde o murici-da-praia e o guajiru serão plantados
preferencialmente de forma adensada nas regiões compreendidas entre dunas. (Figura 5.3 –
Posicionamento do plantio das mudas).
70
Figura 5.3 – Posicionamento do plantio das mudas
Fonte: CEC, 2010.
Essas espécies naturalmente ocorrem agrupadas criando condições pontuais de
melhoramento da qualidade do solo, possibilitando o surgimento de outras espécies e criando
pequenos refúgios para as espécies da fauna.
As mudas aclimatadas de cajueiro nativo cujas sementes serão coletadas na própria
região serão dispostas seguindo espaçamentos regulares conforme determinação do projeto,
nas porções inferiores e espaços compreendidos entre as dunas e consorciados com elementos
já existentes no ambiente (Figura 5.3 – Posicionamento do plantio das mudas). O cajueiro
nativo apresenta ampla distribuição geográfica nas áreas de restinga do Nordeste e rusticidade
para suportar as deficiências do ambiente.
O caju e o murici apresentam ainda relativa importância econômica regional, sobretudo
para as famílias carentes e comunidades extrativistas.
O capim-açú será disposto protegido pela biomanta em faixas paralelas contínuas ao
longo das vertentes e topos de dunas, especialmente nas áreas submetidas à ação direta dos
ventos. A principal função do capim-açú em conjunto com a biomanta será de oferecer
resistência mecânica ao transporte de sedimentos pelo vento, possibilitando a produção e
fixação de matéria orgânica no solo, permitindo assim as condições necessárias para o
estabelecimento de espécies de maior exigência ecológica.
71
Como o murici-da-praia, o guajiru e o cajueiro são espécies características do próprio
ambiente de restinga o material do germoplasma utilizado no projeto será obtido nos
remanescentes de vegetação encontrados na região.
5.2.7 Atividades de Monitoramento e Manutenção da Área Recomposta
a) Replantio
Após os dois primeiros meses, será feito o replantio das mudas que porventura tenham
morrido.
b) Adubação
Recomenda-se a realização de pelo menos uma adubação anual de cobertura com
nitrogênio e potássio.
c) Controle de formigas
Será feito em caso de necessidade, de acordo com as indicações do fabricante da isca
formicida a ser utilizada.
d) Irrigação
No período seco (junho a dezembro) será utilizado um sistema de irrigação por
aspersão, composto de bomba centrífuga, motor a diesel, tubos PVC, mini-canhões e outros
acessórios, para manutenção das espécies plantadas, evitando-se assim a uma acentuada
mortalidade. A fonte de água será o rio dos Tatus e de cacimbas a serem abertas no sopé das
dunas.
O objetivo da irrigação é suprir de água as plantas na quantidade necessária e no
momento apropriado, para obter níveis adequados de produção e melhor qualidade do
produto.
Um adequado sistema de irrigação deverá ser capaz de propiciar a máxima eficiência
do recurso de água, aumentando a produtividade das culturas, reduzindo os custos de
produção
e,
consequentemente,
maximizando
o
retorno
dos
investimentos.
72
Na irrigação por aspersão a aplicação de água ao solo resulta da fragmentação de um jato de
água lançado sob pressão no ar atmosférico, por meio de simples orifícios ou bocais de aspersores.
Vantagens da irrigação por aspersão:
- dispensa o preparo ou sistematização do terreno;
- permite um bom controle da lâmina de água a ser aplicada;
- possibilita a economia de mão-de-obra;
- possibilita a economia de água (maior eficiência) e
- permite a aplicação de fertilizantes e tratamentos fitossanitários.
(http://www.agr.feis.unesp.br/curso1.htm)
5.2.8 Construções
Devido ao cunho emergencial deste projeto, nos ateremos à construção apenas do
estritamente necessário ao desempenho das atividades supracitadas. Assim, deverão ser
construídas as seguintes estruturas:
−
01 Viveiro em madeira, de aproximadamente 12m2 (3,0 x 4,0 m), com 50% de luminosidade,
onde serão acondicionadas as mudas produzidas (Figura 5.4 – Layout do Viveiro de
Mudas);
−
Construção de um cercamento estruturado com estacas de concreto, com 06 fios de
arame farpado no perímetro das áreas “1”, “2”, “3” e “4” com o objetivo de prevenir a
invasão de animais que porventura pastoreiem pela região.
73
Figura 5.4 – Layout do Viveiro de Mudas
Fonte: CEC Engenharia, 2010.
74
5.2.9 Expectativa de Uso de Mão de Obra Especializada
Para o desenvolvimento das atividades do Projeto, se contará com uma equipe
especializada composta por Oceanógrafo Sênior, Biólogo Sênior e Agrônomo Sênior. O
oceanógrafo realizará o estudo da direção dos ventos na época do plantio e o estudo das
marés, que ocorrerá num período de 4 meses, totalizando 704horas de trabalho, já o biólogo,
que participará das etapas de coleta de sementes para a produção de mudas,
produção/crescimento das mudas nativas e confecção dos relatórios parcial e final demandará
1.760 horas, totalizando um trabalho de 10 meses, o agrônomo estará envolvido em
praticamente todas as etapas do projeto desde a produção de mudas a elaboração dos
relatórios parcial e final, com uma demanda de 3.520 horas durante 20 meses. As atividades
podem ser observadas na Figura 5.5 - Cronograma físico de execução de contenção das
dunas de Ilha Grande.
A maior demanda de mão-de-obra ocorrerá por ocasião da etapa de plantio. Entretanto,
discorreremos a seguir sobre a razão produção/homem/dia para a quantificação da mão de
obra ao longo das três etapas previstas para o referido projeto:
•
Assim, para a fertilização de ambas as áreas (num total de 481.000m²) serão
necessários 60 (sessenta) trabalhadores por aproximadamente 30 dias;
•
Para a etapa de plantio, na razão de 125 mudas/dia/homem, serão necessários cerca de
150 (cento e cinqüenta) trabalhadores por mais 30 dias;
•
A aplicação da biomanta consumirá a mão de obra de 150 (cento e cinqüenta) homens
por aproximadamente 27 dias. Além destes, deverá ser contratado um feitor,
encarregado de chefiar a turma, repassar as atividades; e
•
A construção do cercamento no entorno da área de intervenção, (perímetro de
aproximadamente 1.700 m) pela face de barlavento, utilizará a mão de obra de 10
(dez) homens pelo período de 10 dias.
5.3 CRONOGRAMA FÍSICO
O cronograma físico de execução do Projeto (Figura 5.5) discrimina as tarefas e as
atividades a serem executadas, seguindo uma distribuição temporal adequada à extensão do
prazo planejado para sua realização.
É importante destacar a flexibilidade do plano com relação às sugestões a serem
discutidas com os técnicos da SEMAR, que se mostrarem factíveis e necessárias ao melhor
andamento dos serviços.
Figura 5.5 - Cronograma físico de execução de contenção das dunas de Ilha Grande
ATIVIDADES / PRODUTOS
MESES
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Coleta de Sementes para Produção de Mudas
Produção/Crescimento das Mudas Nativas
Cercamento das Dunas
Adubação das Dunas
Estudo da Direção dos Ventos na Época do
Plantio/ Estudo das Marés
Aplicação de Biomantas
Lançamento de Sementes de Capim Estrela
Marcação e Abertura de Covas
Plantio de Mudas/Transplantio Capim Açu
Replantio
Manutenção do Plantio
Relatórios Parcial e Final
75
6 ORÇAMENTOS DAS ÁREAS A SEREM CONTIDAS
6.1 ORÇAMENTO DA ÁREA 1
ORÇAMENTO PARA CONTENÇÃO DAS DUNAS DA ÁREA 1
ITEM
ESPECIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS
1.0
1.1
INSTALAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
Administração local e manutenção do canteiro
Veículo tipo caminhonete pick-up 4x4, com ar-condicionado para apoio à fiscalização,
incluindo despesas com combustível, óleos, manutenção, licenciamento, seguros,
impostos, etc.
Veículo leve tipo gol/pálio ou similar 1.4 ou superior, c/ ar e dir. hidr., inclusive
licenciamento, impostos, seguros, etc
Placa da obra
Placas de sinalização e advertência
TERRAPLENAGEM
Acessos no entorno e na área de plantio
Trator de esteiras tipo D6 (hora máquina)
Remodelagem de dunas
Trator de esteiras tipo D6 (hora máquina)
CERCAS
Cerca da área de plantio
PRÉ-PLANTIO
Pré-plantio de sementes e mudas
Acompanhamento técnico para seleção e produção de mudas
PLANTIO
Plantio de sementes e mudas
MANUTENÇÃO
Manutenção de plantio
Sistema de irrigaçao (montagem)
Sistema de irrigação (materiais) - BDI de 18%
DIVERSOS
Estudo de marés e direção do vento
1.2
2.0
2.1
2.1.1
2.2
2.2.1
2.2.2
2.3
2.3.1
3.0
3.1
3.1.1
TOTAL GERAL
UND
QTD
mês
24,0000
15.440,24
370.565,76
mês
12,0000
5.928,85
71.146,20
mês
m2
m2
12,0000
24,0000
4,4000
2.775,35
207,09
191,68
33.304,20
4.970,16
843,39
H
100,00
285,53
28.553,00
H
200,00
285,53
57.106,00
m
18.558,00
21,09
391.388,22
und
mês
1,00
9,00
2.407.207,56
8.369,33
2.407.207,56
75.323,97
und
1,00
153.888,03
153.888,03
und
und
und
1,00
1,00
1,00
83.571,48
2.790,21
29.627,29
83.571,48
2.790,21
29.627,29
mês
3,00
8.369,33
25.107,99
CODEVASF
UNIT. (R$)
TOTAL (R$)
R$ 3.735.393,46
APROVADO
UNIT. (R$)
TOTAL (R$)
R$
-
76
Observações:
1) BDI 25% P/ SERVIÇOS
2) BDI 18% P/ MATERIAIS
Referências:
1) INSUMOS SINAPI OUTUBRO/2010
2) INSUMOS SEMAR - COTAÇÃO
Obs.: Em anexo encontra-se o demonstrativo do BDI (Anexo IV), dos Encargos Sociais (Anexo V), das Composições de Preços (Anexo VIII) e
Preços dos Insumos (Anexo IX).
77
6.2 ORÇAMENTO DA ÁREA 2
ORÇAMENTO PARA CONTENÇÃO DAS DUNAS DA ÁREA 2
ITEM
ESPECIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS
1.0
1.1
INSTALAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
Administração local e manutenção do canteiro
Veículo tipo caminhonete pick-up 4x4, com ar-condicionado para apoio à fiscalização,
incluindo despesas com combustível, óleos, manutenção, licenciamento, seguros,
impostos, etc.
Veículo leve tipo gol/pálio ou similar 1.4 ou superior, c/ ar e dir. hidr., inclusive
licenciamento, impostos, seguros, etc
Placa da obra
Placas de sinalização e advertência
TERRAPLENAGEM
Acessos no entorno e na área de plantio
Trator de esteiras tipo D6 (hora máquina)
Remodelagem de dunas
Trator de esteiras tipo D6 (hora máquina)
CERCAS
Cerca da área de plantio
PRÉ-PLANTIO
Pré-plantio de sementes e mudas
Acompanhamento técnico para seleção e produção de mudas
PLANTIO
Plantio de sementes e mudas
MANUTENÇÃO
Manutenção de plantio
Sistema de irrigaçao (montagem)
Sistema de irrigação (materiais) - BDI de 18%
DIVERSOS
Estudo de marés e direção do vento
1.2
2.0
2.1
2.1.1
2.2
2.2.1
2.2.2
2.3
2.3.1
3.0
3.1
3.1.1
TOTAL GERAL
UND
QTD
mês
24,0000
15.440,24
370.565,76
mês
12,0000
5.928,85
71.146,20
mês
m2
m2
12,0000
24,0000
4,4000
2.775,35
207,09
191,68
33.304,20
4.970,16
843,39
H
40,00
285,53
11.421,20
H
100,00
285,53
28.553,00
m
9.425,00
21,09
198.773,25
und
mês
1,00
9,00
1.235.866,94
8.369,33
1.235.866,94
75.323,97
und
1,00
153.888,03
153.888,03
und
und
und
1,00
1,00
1,00
83.361,48
-
83.361,48
-
mês
3,00
8.369,33
25.107,99
CODEVASF
UNIT. (R$)
TOTAL (R$)
R$ 2.293.125,57
APROVADO
UNIT. (R$)
TOTAL (R$)
R$
-
78
Observações:
1)
BDI 25% P/ SERVIÇOS
2)
BDI 18% P/ MATERIAIS
Referências:
1)
INSUMOS SINAPI OUTUBRO/2010
2)
INSUMOS SEMAR - COTAÇÃO
Obs.: Em anexo encontra-se o demonstrativo do BDI (Anexo IV), dos Encargos Sociais (Anexo V), das Composições de Preços (Anexo VIII) e
Preços dos Insumos (Anexo IX).
79
6.3 ORÇAMENTO DA ÁREA 3
ORÇAMENTO PARA CONTENÇÃO DAS DUNAS DA ÁREA 3
ITEM
ESPECIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS
1.0
1.1
INSTALAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
Administração local e manutenção do canteiro
Veículo tipo caminhonete pick-up 4x4, com ar-condicionado para apoio à fiscalização,
incluindo despesas com combustível, óleos, manutenção, licenciamento, seguros,
impostos, etc.
Veículo leve tipo gol/pálio ou similar 1.4 ou superior, c/ ar e dir. hidr., inclusive
licenciamento, impostos, seguros, etc
Placa da obra
Placas de sinalização e advertência
Viveiro de mudas
TERRAPLENAGEM
Acessos no entorno e na área de plantio
Trator de esteiras tipo D6 (hora máquina)
Remodelagem de dunas
Trator de esteiras tipo D6 (hora máquina)
CERCAS
Cerca da área de plantio
PRÉ-PLANTIO
Pré-plantio de sementes e mudas
Acompanhamento técnico para seleção e produção de mudas
PLANTIO
Plantio de sementes e mudas
MANUTENÇÃO
Manutenção de plantio
Sistema de irrigaçao (montagem)
Sistema de irrigação (materiais) - BDI de 18%
DIVERSOS
Estudo de marés e direção do vento
1.2
1.3
2.0
2.1
2.1.1
2.2
2.2.1
2.2.2
2.3
2.3.1
3.0
3.1
3.1.1
TOTAL GERAL
UND
QTD
mês
24,0000
14.337,99
344.111,76
mês
12,0000
5.928,85
71.146,20
mês
m2
m2
m2
12,0000
24,0000
4,4000
21,2000
2.775,35
207,09
191,68
97,75
33.304,20
4.970,16
843,39
2.072,40
H
40,00
285,53
11.421,20
H
300,00
285,53
85.659,00
m
6.405,00
21,09
135.081,45
und
mês
1,00
9,00
843.016,46
8.369,33
843.016,46
75.323,97
und
1,00
115.416,01
115.416,01
und
und
und
1,00
1,00
1,00
83.308,98
2.790,21
29.627,29
83.308,98
2.790,21
29.627,29
mês
3,00
8.369,33
25.107,99
CODEVASF
UNIT. (R$)
TOTAL (R$)
R$ 1.863.200,67
APROVADO
UNIT. (R$)
TOTAL (R$)
R$
-
80
Observações:
1) BDI 25% P/ SERVIÇOS
2) BDI 18% P/ MATERIAIS
Referências:
1) INSUMOS SINAPI OUTUBRO/2010
2) INSUMOS SEMAR - COTAÇÃO
Obs.: Em anexo encontra-se o demonstrativo do BDI (Anexo IV), dos Encargos Sociais (Anexo V), das Composições de Preços (Anexo VIII) e
Preços dos Insumos (Anexo IX).
81
6.4 ORÇAMENTO DA ÁREA 4
ORÇAMENTO PARA CONTENÇÃO DAS DUNAS DA ÁREA 4
ITEM
ESPECIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS
1.0
1.1
INSTALAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
Administração local e manutenção do canteiro
Veículo tipo caminhonete pick-up 4x4, com ar-condicionado para apoio à fiscalização,
incluindo despesas com combustível, óleos, manutenção, licenciamento, seguros,
impostos, etc.
Veículo leve tipo gol/pálio ou similar 1.4 ou superior, c/ ar e dir. hidr., inclusive
licenciamento, impostos, seguros, etc
Placa da obra
Placas de sinalização e advertência
TERRAPLENAGEM
Acessos no entorno e na área de plantio
Trator de esteiras tipo D6 (hora máquina)
Remodelagem de dunas
Trator de esteiras tipo D6 (hora máquina)
CERCAS
Cerca da área de plantio
PRÉ-PLANTIO
Pré-plantio de sementes e mudas
Acompanhamento técnico para seleção e produção de mudas
PLANTIO
Plantio de sementes e mudas
MANUTENÇÃO
Manutenção de plantio
Sistema de irrigaçao (montagem)
Sistema de irrigação (materiais) - BDI de 18%
DIVERSOS
Estudo de marés e direção do vento
1.2
2.0
2.1
2.1.1
2.2
2.2.1
2.2.2
2.3
2.3.1
3.0
3.1
3.1.1
TOTAL GERAL
UND
QTD
mês
24,0000
14.424,34
346.184,16
mês
12,0000
5.928,85
71.146,20
mês
m2
m2
12,0000
24,0000
4,4000
2.775,35
207,09
191,68
33.304,20
4.970,16
843,39
H
40,00
285,53
11.421,20
H
100,00
285,53
28.553,00
m
6.450,00
21,09
136.030,50
und
mês
1,00
9,00
732.553,34
8.369,33
732.553,34
75.323,97
und
1,00
115.416,01
115.416,01
und
und
und
1,00
1,00
1,00
83.308,98
-
83.308,98
-
mês
3,00
8.369,33
25.107,99
CODEVASF
UNIT. (R$)
TOTAL (R$)
R$ 1.664.163,10
APROVADO
UNIT. (R$)
TOTAL (R$)
R$
-
82
Observações:
1) BDI 25% P/ SERVIÇOS
2) BDI 18% P/ MATERIAIS
Referências:
1) INSUMOS SINAPI OUTUBRO/2010
2) INSUMOS SEMAR - COTAÇÃO
Obs.: Em anexo encontra-se o demonstrativo do BDI (Anexo IV), dos Encargos Sociais (Anexo V), das Composições de Preços (Anexo VIII) e
Preços dos Insumos (Anexo IX).
83
84
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente ebstudo contemplou o conjunto de ações que serão necessárias à contenção
das massas dunares em movimento e já em áreas habitadas e de interesse econômico, como
por exemplo; o ponto de contato com o rio dos Tatus. Entretanto, as medidas constantes neste
não serão suficientes para erradicar o problema da movimentação das dunas em áreas
estratégicas e habitadas do município de Ilha Grande; serão necessárias outras intervenções
com base na mesma metodologia descrita neste projeto executivo para que se alcance a
fixação total de todas as massas dunares classificadas como móveis nas áreas de barlavento
das dunas alvo deste estudo.
A morfologia dos sistemas dunares observados na área de intervenção e de influência
direta, indicam que o “cordão” dunar se desloca de maneira uniforme. Em outras palavras,
quando houver energia (eólica) suficiente para o deslocamento de um grão, na realidade todo
o sistema se deslocará de forma conjunta. Isso significa que haverá pouco tempo para a
realização das intervenções nas dunas posicionadas a barlavento das que serão fixadas. A
inobservância dos fatores climáticos preponderantes na equação do deslocamento do grão, e a
demora na fixação das demais dunas móveis, acarretarão a sobreposição das massas o que
originará provavelmente um único “cordão” com dossel acima dos 20m que voltará a ameaçar
a comunidade e intensificará o assoreamento do rio dos Tatus. Por conta disso, recomenda-se
que os procedimentos a cerca da preparação dos instrumentos legais para a contratação das
empresas que elaborarão os estudos e executarão as obras seja realizado o mais breve possível
visto que qualquer retardo na retomada da solução desse caso implicará em prejuízos
materiais, patrimoniais, econômicos e sociais.
No quadro abaixo, foi estimado com base no deslocamento padrão das massas dunares
observado nos últimos 100 anos as alterações na dinâmica morfológica das massas, as
conseqüências para o ambiente e a estimativa de tempo para esses acontecimentos:
Dinâmica Morfológica prevista
Tempo estimado
Junção dos cordões dunares em
um só
9 anos
Reativação do movimento das
massas fixadas (relativas ao
presente projeto)
A partir do 10º ano.
Consequências
Em uma superfície contínua os
grãos de areia se deslocarão com
maior facilidade e a dinâmica do
movimento se acentuará.
Além do reinício do deslocamento
das dunas dentro do município, o
espraiamento de areia pelo vento
alcançará distancias maiores pelo
fato do dossel do cordão estar mais
alto.
85
Cabe ressaltar, que no estudo realizado na fase de diagnóstico sobre a dinâmica
costeira, observou-se que os sistemas móveis de dunas, não recebem mais aporte da sua
origem, ou seja, da área de praia. Essa informação é relevante porque determina apenas que as
dunas se moverão enquanto houver volume de aporte entre as próprias dunas. Ao se
deslocarem, as dunas perdem entre 3 a 7% do seu volume, pois estes acabam por se fixar em
decorrência da expansão de espécies vegetais rasteiras sobre esses montantes durante a quadra
chuvosa. Como conseqüência, as dunas movimentam-se perdendo parte de seus volumes
originais. Esse fato contribui significativamente para a erradicação do problema ligado a
geração de dunas móveis na região da Ilha Grande.
O estudo da dinâmica costeira mencionado no parágrafo anterior revelou também que
a orla da praia da Cotia, frente marítima da área de intervenção deste projeto executivo,
indicou a presença de pontos de progradação (em franca expansão) e de erosão, sendo os de
progradação em quantidade superior.
A interpretação desse dado nos leva a concluir que esses pontos na área costeira onde
o sedimento marinho está se depositando com maior assiduidade está se formando uma nova
área de aporte de areia e que possivelmente esse dará início a um novo ciclo de dunas que
atingirão os mangues situados no quadrante SW na Ilha Grande de Santa Isabel (Figura 7.1).
Figura 7.1 – Área de aporte de areia
86
Em razão dos dados apresentados recomendamos a elaboração de estudo para a
construção de um “cinturão verde” (uma barreira física elevada do chão e fixada por espécies
nativas arbóreo-arbustivas) como forma de conter o sedimento em sua área de deposição para
evitar assim a sua progressão para as áreas interiores onde estes dariam origem a novas
massas de areia.
87
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glacial maximun. Science, 269, 1995, p.379-383.
SWAINE, M.; WITHMORE, T.C. (1988). On definition of ecological species in tropical
rain forest. Vegetation 75: 81-86.
VILAÇA, J.G.; NOGUEIRA, AMB; IM; CARVALHO, M.F.; CUNHA, SEM., 1985
Geologia Ambiental na área Costeira de Búzios a Barra de Maranguape/ RN.XII Simp.
Geol. NE In: Boletim 10:220-227.
ANEXO I - FICHAS FITOSSOCIOLÓGICAS
ANEXO II - ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA - ART
ANEXO III - CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DA EQUIPE TÉCNICA
ANEXO IV - BDI
COMPOSIÇÃO ANALÍTICA DO BDI-BENEFICIOS E DESPESAS INDIRETAS
OBRAS CIVIS
VARIÁVEL ITEM
DESCRICAO
DESPESAS INDIRETAS - DI
TAXA %
D1
1.
6,62
D11
D111
D112
1.1 Administração Central
1.1.1 Pessoal
1.1.2 Gastos Gerais
4,00
3,00
1,00
D12
D121
D122
1.2 Despesas Financeiras
1.2.1 Despesas financeiras
1.2.2 Seguros
1,56
1,00
0,50
D13
D131
D132
1.3 Riscos e imprevistos
1.3.1 Riscos
1.3.2 Imprevistos
1,06
0,50
0,50
D11 = D111 + D112
D12 = ( D121 + D122 ) x ( 1 + D11 / 100 )
D13 = ( D131 + D132 )x (1 + ( D11 +D12 ) / 100 )
D1 = D11 + D12 + D13
L
L1
2.0
2.1
LUCRO
Lucro bruto
10,08
9,45
L = ( L1 ) x ( 1 + D1 / 100 )
DL
DL1
DL2
DL3
3.
3.1
3.2
3.3
DESPESAS LEGAIS - DL
PIS (Programa de Integração Social)
COFINS
ISS (Imposto Sobre Serviço)
8,31
0,65
3,00
3,00
DL = ( 1 / ( 1 - (DL1 + DL2 + DL3 ) / 100) - 1 ) x ( 1 + ( D1 + L) / 100) x 100
BDI
TOTAL DO BDI
BDI = D1 + L + DL
25,00
ANEXO V – ENCARGOS SOCIAIS
ENCARGOS SOCIAIS
Taxas de Leis Sociais e Riscos do Trabalho
Horista
A1
A2
A3
A4
A5
A6
A7
A8
A9
A
B1
B2
B3
B4
B5
Previdência social
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
Salário Educação
Serviço Social da Indústria (SESI)
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)
Serviço de Apoio a Pequena e Média Empresa (SEBRAE)
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)
Seguro Contra os Acidentes de Trabalho
Serviço Social da Indústria da Construção e do Mobiliário (SECONCI)
Total dos Encargos Sociais Básicos
20,00
8,50
2,50
1,50
1,00
0,60
0,20
3,00
1,00
38,30
Repouso semanal e feriados
Auxílio-enfermidade
Licença- paternidade
13º salário
Dias de chuva / faltas justificadas na obra / outras dificuldades / acidentes de
trabalho greves / falta ou atraso na entrega de materiais ou serviços
22,90
0,79
0,34
10,57
B
C1
C2
C3
C
D1
D2
D
Total dos Encargos Sociais que recebem incidências de A
Depósito por despedida injusta 50% sobre [A2 + (A2 x B)]
3,90
38,50
5,91
Férias (indenizadadas)
Aviso-prévio (indenizado)
Total dos Encargos Sociais que não recebem as incidências globais de A
14,06
13,12
33,09
Reincidências de A sobre B
Reincidências de A2 sobre C3
Total das Taxas de reincidências
TOTAL DOS ENCARGOS SOCIAIS (%) - regime de trabalho mensalista
15,00
1,11
16,11
126,00
Fonte: Editora PINI
%
M
Mensalista
20,00
8,50
2,50
1,50
1,00
0,60
0,20
3,00
1,00
38,30
*
*
*
*
8,22
8,22
4,60
10,93
10,20
25,73
3,15
0,87
4,02
76,27
ANEXO VI – CARTA ORÇAMENTO BIOMANTAS
ANEXO VII – ORÇAMENTO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO
ANEXO VIII – DEMONSTRATIVOS DE COMPOSIÇÕES DE PREÇOS
ANEXO IX – DEMONSTRATIVOS DE PREÇOS DOS INSUMOS

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