Mudanças - AAI Brasil/RS

Transcrição

Mudanças - AAI Brasil/RS
Os últimos dez anos foram marcados por
uma série de transformações sociais, econô­
­­mi­­­­­cas e culturais no mundo. Entre 2002 e
2012, chegou-se a 7 bilhões de pessoas no
pla­­­neta, uma revolução tecnológica garan­
tiu ain­­da mais mobilidade e interatividade à
po­­­pu­­la­­ção e, pela primeira vez em suas histó­
­­rias, os Estados Unidos e o Brasil elegeram,
respec­­ti­­vamente, um negro e uma mulher
para o car­­go de presidente. Foi ainda o pe­
ríodo em que os brasileiros passaram a viver
sem infla­­ção e viram seu poder aquisitivo
aumentar, abrindo oportunidades para ad­
quirir bens de consumo e investir em lazer.
Andre Cavalheiro / Acervo arq. Adriana Coradini
Mudanças
Transformações também na dinâmica, nos
in­­teresses e na rotina das famílias, as quais
im­­pactaram também na arquitetura, que
pre­­­cisou adaptar-se às novas realidades de
seus clientes, suas formas de viver e com­
posições familiares. Modificações que fo­­
ram acompanhadas de perto pela AAI em
revista, que completa uma década e faz uma
re­­flexão sobre a evolução do segmento nes­
sa edição. A crescente procura por vi­­vências
em condomínios fechados e pela proximida­
­­de da natureza; a customização dos proje­
­tos; a difusão do design do mobiliário; a
busca pela sustentabilidade ambiental e
eco­­nô­­mica dos trabalhos e o aumento da
consciência da sociedade em geral sobre
a relevân­­­cia de ter uma casa em que seus
ha­­­bitantes sintam-se bem, como é o caso
da tecnologia empregada nas cozinhas, o
que permitiu a integração das mesmas aos
espaços de estar. Essas são as principais
mu­­­danças da década, para os especialis­
tas, relacionadas à valorização dos profis­
sionais do setor e de sua atuação, que vem
sendo entendida como um investimento.
Páginas 10 e 11
Ano X | jul/ago/set | 2012
# 60
Publicação da Associação de Arquitetos
de Interiores do Brasil/RS
profissão
MERCADO
Os avanços e os desafios da
Arquitetura na última década
As transformações do
segmento de interiores
Página 8
Página 12
de comunicação com os arquitetos, com o merca­
do e com a sociedade, aproveitamos para relem­
brar as principais mudanças ocorridas na Arquite­
tura e Urbanismo neste período, em especial na de
Fotos: AAI Brasil/RS
dez anos deste veículo de informação, nosso meio
A A I B R A SIL / RS
ed i t o r i a l
Uma década de transformações. No aniversário de
Interiores. Vivenciamos essa realidade no dia a dia
profissional, em geral levados pelas novas deman­
workshops aai brasil/rs
das técnicas, pelas novas necessidades das pes­
A arq. e urb. Léa Japur ministrou o workshop sobre Paisagismo promovido pela AAI Brasil/RS em parceria com a Puxadores & Cia, em Porto Alegre. O evento foi realizado nas dependências da loja, no dia 17 de abril.
No dia 3 de maio, o workshop da Entidade teve como temas “O que muda
com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU)”, ministrado pela arq.
e urb. Gislaine Saibro, conselheira federal suplente do CAU/BR; e “Honorários Profissionais – Guia de Orientação Profissional (GOP)”, pela arq. e
urb. Maria Bernadete Sinhorelli, diretora de Exercício Profissional da AAI
Brasil/RS. O encontro foi realizado na loja Dell Anno, parceira do evento.
soas, pelas novidades de mercado, pelas possibi­
lidades tecnológicas... É fato que um novo tipo de
uso de espaço, na residência, surgiu nestes últimos
dez anos. Com uma planta com espaços integra­
dos, mais amplos e com aberturas maiores, os imó­
veis de hoje estão sendo transformados por nós,
arquitetos e urbanistas. Somos nós, também, con­
duzidos pelos desejos dos novos clientes, que bus­
camos espaços mais eficientes, econômicos e que
consumam menos recursos naturais. Igualmente,
tivemos – e temos sempre – de nos transformar nu­
ma velocidade crescente. Pela internet, ficamos
“conectados” internacionalmente com relação às
tecnologias, materiais e cores – ferramentas do nos­
so trabalho. Entretanto, e felizmente, é pelo con­
tato direto com os clientes que podemos compreen­
CONSELHO DO LEITOR 2012
der o que fazer para aplicá-las. Sem desviar da mis­
Os membros do Conselho do Leitor 2012 da AAI em revista estiveram reunidos no dia 15 de maio, na sede da AAI Brasil/RS, com a presidente da
Entidade, arq. e urb. Silvia Barakat, e com a arq. e urb. Gislaine Saibro, representante do Conselho Editorial da publicação oficial da Associação. Na
oportunidade, trataram dos custos e da linha editorial do informativo trimestral e de sugestões às pautas para as próximas edições. Fazem parte
do Conselho do Leitor 2012 os arquitetos e urbanistas Cármen Adegas,
Diarna Gus, Lygia de Almeida Marques, Marcelo John e Martha Poetsch.
O grupo voltará a se reunir em julho.
­­são de prover qualidade, conforto e segurança às
pessoas, os arquitetos e urbanistas têm se depa­
rado com programas de necessidades cada vez
mais complexos. Reflexo dos novos tempos.
Arq. e urb. Silvia Barakat
Presidente da AAI Brasil/RS - 2012-2013
Projeto Empresarial AAI
B r a s i l / RS
Rua Sport Club São José, 67/407
Porto Alegre/RS
CEP 91030-510
Fone 51 3228.8519
www.aaibrasilrs.com.br
Estas empresas garantiram participação nos eventos e projetos da AAI Brasil/RS em 2012.
Informações na Arte Sul: [email protected] ou fones: 51 3228.0787 e 51 9981.3176.
DIRETORIA - Gestão 2012/2013
PresidênciaSilvia
Vice-Presidência
Cármen Lila Gonçalves Pires
Relações Acadêmicas
Ana Paula Bardini
E xercício Profissional
Maria Bernadete Sinhorelli
EventosRosinha
Tesouraria
CONSELHO EDITORIAL
Arq. e urb. Gislaine Saibro
Letícia Wilson
Monteiro Barakat
Rodrigues
Elisabeth Sant’Anna
JORNALISTA RESPONSÁVEL
EDIÇÃO GRÁFICA
Letícia Wilson (Reg. 8.757)
[email protected]
Paica Estúdio Gráfico | Tiba
Colaboração
Arte Sul Marketing & Comércio
51 3228.0787 - 51 9981.3176
[email protected]
Tatiana Gappmayer (Reg. 8.888)
Tiragem 3.000 exemplares
COMERCIALIZAÇÃO
Conceitos e opiniões emitidos por entrevistados e colaboradores não refletem, necessariamente, a opinião do informativo e de seus editores. Não publicamos matérias pagas.
Todos os direitos são reservados. Publicação trimestral, com distribuição dirigida a arquitetos, entidades de classe, instituições de ensino e empresas do setor. Órgão oficial da AAI Brasil/RS.
2
eventos
AAI BRASIL/RS PROMOVE MAIS UMA VIAGEM CULTURAL E LEVA grupo de arquitetos e urbanistas A MENDOZA
E BUENOS AIRES, NA ARGENTINA. NO ROTEIRO, ARQUITETURA DA MELHOR QUALIDADE
Pelo país vizinho
Aos pés da Cordilheira dos Andes, na Argentina, os
arquitetos gaúchos deslumbraram-se com a exuberân­
cia da paisagem natural de Mendoza e com a arquite­
tura de primeira qualidade desenvolvida por lá. A “ca­
pital” do vinho do país vizinho foi a primeira parada do
grupo de profissionais reunido pela AAI Brasil/RS em
maio, em mais uma Viagem Cultural organizada pela
Entidade. Os arquitetos e urbanistas partiram de Porto
Alegre para cumprir um roteiro de sete dias, entre Men­
doza e Buenos Aires.
O grupo conheceu o primeiro hamam tradicional
da América Latina, o Entre Cielos, que reúne a sequ­
ência de relaxamento dos autênticos banhos turcos e
um hotel boutique. A visita foi guiada pelos arquitetos
do A4 Estúdio, que assinam a obra, planejada como
uma “escavação em uma rocha”, considerando que a
edificação, totalmente de concreto aparente, está a um
metro abaixo do nível natural do terreno. “Esta visita
nos revelou uma arquitetura competente, contempo­
rânea, que me agrada muitíssimo”, ressaltou a arq. e
urb. Lígia Maria Bergamaschi Botta, uma das integran­
tes do grupo.
Como não poderia deixar de ser na “terra do vinho”,
os arquitetos gaúchos conheceram bodegas de desta­
que projetadas pela equipe do escritório Bórmida &
Yanzón, especializado na área. Os arq. Eliana Bórmida
e Mario Yanzón já desenvolveram e executaram mais
de 30 bodegas vitivinícolas, como a moderna O. Four­
nier, incluída no roteiro, com 12 mil m2 de área constru­
ída entre magníficos vinhedos andinos, inaugurada em
2007. Projetada para produzir 600 mil litros de vinho
fino, a bodega está articulada em vários edifícios, in­
dependentes, mas interconectados. Impressionante é
a adega, a nove metros de profundidade, um espaço
com estrutura de concreto, de 50x50m, com uma cruz
de luz centralizada. “Acompanhamos, ‘ao vivo e a co­
res’, uma arquitetura que nós sonhamos um dia proje­
tar. Melhor ainda foi conhecer a arq. Eliana Bórmida
que, além de competente, soube dar uma aula de con­
cisão, postura discreta e, porque não, de humildade,
mesmo com um acervo de obras qualificado e invejá­
vel”, complementa Lígia.
Em Buenos Aires, o grupo conheceu o premiado
arq. Paulo Gastón Flores, que há dois anos divide es­
critório com o arq. Leandro Barreiro. Com ele, seguiram
em visitas técnicas por alguns de seus projetos. Eles
ainda pararam no Dique 4 de Puerto Madero, especi­
ficamente na Colección Fortabat – museu criado pelo
arq. uruguaio Rafael Viñoli, idealizado e financiado pe­
la empresária argentina Amalia Lacroze de Fortabat,
proprietária das obras, que vão de Rodin, Picasso e Van
Gogh a Andy Warhol.
4
“Todas as viagens da AAI contribuem muito para o nosso trabalho, nosso repertório,
conhecimento, arquitetura e vida”, avalia a arq. e urb. Lígia Maria Bergamaschi Botta
Entre Cielos Hamam SPA, Mendoza. projeto
desenvolvido pelos arquitetos Juan Manuel
Filice e Leonardo Codina, do A4 estúdio
BODEGA O. FOURNIER, em Mendoza,
projetada pela equipe do escritório
Bórmida & Yanzón
Grupo conhece a vinícola Salentein, mais um projeto assinado por Bórmida & Yázon
6
IB
RA
SIL
AA
UIVO
ARQ
FICHA TÉCNICA
Cursos sequenciais, o caos do mobiliário urbano de Porto Ale­
gre, a história da arquitetura de interiores, os 10 anos da Reuniã-­
Almoço da então AAI-RS. Estes foram os principais assuntos da
primeira edição da AAI em revista, lançada em julho de 2002, e
retratam bem a diversidade de temas que, desde então, vêm sen­
do abordados nas páginas do veículo de comunicação da AAI Bra­
sil/RS. Completando dez anos de circulação, o informativo hoje
tem status de revista, contabilizando 60 edições ininterruptas e
3.000 leitores fiéis. A AAI em revista é considerada uma referên­
cia no setor, devido ao seu conteúdo técnico e abrangente e à sua
qualidade editorial.
“Devemos esse sucesso ao comprometimento da equipe de pro­
dução, que permanece a mesma até hoje, e a todas as diretorias que
passaram pela Entidade neste período, além, é claro, das empresas
parceiras, que ajudam a viabilizar este projeto”, ressalta a arq. e urb.
Gislaine Saibro, atual coordenadora do Conselho Editorial. Como
uma “vitrine” da AAI Brasil/RS, o informativo sempre expôs aos pro­
fissionais, ao mercado, à comunidade acadêmica e à sociedade, a
filosofia da Associação, revelando a seriedade do trabalho realiza­
do e as bandeiras defendidas. Assim, tanto a Entidade como a sua
publicação ganharam em credibilidade e reconhecimento. “Sempre
nos preocupamos em abordar temas atuais e interessantes para a
classe, independentemente do segmento de atuação, mesmo que
fossem polêmicos ou complexos. Esse sempre foi o diferencial da
AAI em revista”, detalha a jornalista Letícia Wilson, responsável pe­
lo veículo desde a sua criação. Em 2003, assim que entrou em vigor,
o novo Código Civil foi pauta de matéria na AAI em revista, desta­
cando as responsabilidades assumidas pelos arquitetos. A repre­
sentatividade da AAI-RS no CREA-RS; a formação autodidata dos
arquitetos de interiores pela falta de disciplinas específicas na gra­
duação; a valorização do arquiteto que trabalha em paisagismo; a
criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo; a defesa do direi­
to autoral; a concorrência dos “escritórios-modelo”, e a tentativa de
regulamentação da profissão de decorador foram temas abordados
pelo informativo ainda nos seus primeiros anos de vida.
Nas páginas da AAI em revista, também estão registradas ativi­
dades importantes desenvolvidas pela Associação, como as viagens
técnicas e culturais, iniciadas em 2003, por São Paulo; o lançamen­
to da AAI em revista - arquitetos, naquele mesmo ano; a aproxima­
ção com as universidades; o trabalho voluntário desenvolvido junto
à creche Alan; o fortalecimento do seminário de Qualificação Pro­
fissional; as ações do Fórum das Entidades Estaduais de Arquitetos;
a transformação do Guia de Orientação Profissional (GOP) em livro,
com o apoio da editora UniRitter; e a criação da AAI Brasil, em 2009,
quando a Entidade completava 20 anos de existência. Obras e pro­
jetos importantes na cidade e no Estado também foram apresenta­
dos e acompanhados. E profissionais de destaque prestaram sua
contribuição a esta publica­­ção, valorizando-a, como os arquitetos
Albano Volkmer, César Fasoli e Carlos Ma­­­­ximiliano Fayet, já faleci­
dos. “Sempre contamos com o apoio e o reconhecimento de toda
a classe, o que colaborou sobremaneira, para o engrandecimento
da publicação”, destaca Cristina Azevedo, em cuja gestão foi criada
a AAI em revista.
/RS
Dez anos de notícias
Fo
to
e s p ec i a l
AAI em revista completa uma década, consolidado como importante veículo de comunicação do setor
A ORIGEM
A AAI em revista é a retomada do
projeto editorial original da revis­
ta AAI arquitetura de interiores,
criada em 1998 pela editora SDE
na gestão da presidente Denise
Carazza. Com 44 páginas, a publi­
cação foi paralisada dois anos de­
pois, por questões técnicas.
RETOMADA
A
Em 2002, por iniciativa conjunta
das arq. e urb. Cristina Azevedo,
presidente, e Gislaine Saibro, ex­
-presidente, que participara do
processo anterior, a publicação é
retomada, com oito páginas e pe­
riodicidade bimestral.
FORTALECIMENTO
O
O informativo foi ganhando credi­
bilidade, conquistando o apoio de
empresas do setor. Assim, teve o
número de páginas ampliado.
hoje
Conquistando status de revista, com
20 páginas e periodicidade trimes­
tral, a publicação ganha novo pro­
jeto gráfico e completa 10 anos.
profissão
AUMENTO DA RESPONSABILIDADE E CRIAÇÃO DO CAU SÃO APONTADOS PELOS DIRIGENTES DO SETOR NO eSTADO
COMO OS PRINCIPAIS PROGRESSOS NA CARREIRA NA ÚLTIMA DÉCADA
O novo arquiteto
Quais foram os avanços e o que precisa ser melhorado com relação à carreira?
Roberto: A elaboração de projetos completos e detalhados sob a coordenação e supervi­
são dos arquitetos representa um avanço importante. Já a conscientização dos contratantes
sobre a necessidade de participação mais efetiva dos profissionais precisa ser aperfeiçoada.
Cicero: A principal melhoria foi na questão legal. No CREA, as atribuições eram definidas
em um plenário em que outras profissões decidiam sobre as nossas responsabilidades. Ago­
ra, elas estão regulamentadas em Lei. Isso dá outro peso para a Arquitetura e Urbanismo no
Brasil. Houve também uma atividade mais intensa das entidades, que estavam fora das dis­
cussões na década de 1990 e que, agora, reconquistam espaço nos meios de comunicação.
Tiago: Ainda falta o trabalho ser valorizado. Os arquitetos são pouco entendidos pela socie­
dade e recebem muito menos do que merecem pela qualidade e relevância de seus projetos.
Cristina: O reconhecimento profissional do arquiteto perante à sociedade foi um grande
avanço, mas a valorização da profissão não caminhou junto. Os arquitetos precisam reco­
nhecer sua importância e suas responsabilidades para conquistarem seu verdadeiro “valor”.
O que representa a criação do CAU para os profissionais?
Do campo tecnológico ao político, diversas
Roberto: Tem um significado muito grande para o próprio conceito da profissão. Com um
mudanças marcaram o dia a dia dos
Conselho específico, definiu-se também um processo de valorização da identidade e dos
arquitetos entre 2002 e 2012. O dinamismo
que as novas ferramentas digitais trouxeram
ao mercado aliado à necessidade de
elaborar projetos cada vez mais completos
projetos.
Cicero: O Conselho nasceu faz pouco e seu potencial é formidável para a profissão.
Tiago: O marco, o ponto de inflexão rumo ao nosso reconhecimento e crescimento no País.
Cristina: Agora temos somente arquitetos pensando na Arquitetura e Urbanismo e em seus
realizadores. O trabalho é focado e o exercício profissional está em destaque.
e detalhados elevaram a demanda por
respostas rápidas aos pedidos dos clientes
e a uma maior responsabilidade diante dos
contratantes. Em contrapartida, houve um
reconhecimento da sociedade sobre o
papel desses profissionais para o
planejamento e execução de obras com
eficiência e qualidade. Na esfera pública,
iniciativas como a aprovação da Lei da
Assistência Técnica também impactaram a
atuação dos arquitetos, assim como o
aquecimento da construção civil. Contudo,
uma das mais significativas modificações
veio através da Lei 12.378/2010, que
regulamentou o exercício da Arquitetura e
Urbanismo e instituiu o conselho da
categoria: o CAU. Para saber mais sobre a
evolução da profissão na última década, a
Quais modificações destacaria quanto às atribuições profissionais na última década?
Cicero: Houve uma mudança legal com a Resolução 1010 do Confea, que visava modificar
as atribuições que se mantinham praticamente inalteradas desde 1973. Mas, existem ques­
tões como a de acessibilidade que só passaram a ter exigência na lei em 2004 e a de efici­
ência energética e de conforto ambiental, que vieram com NBR 15575. Outro viés é a popu­
larização da computação gráfica e o aumento da exigência da visualização prévia por parte
dos clientes.
E no que se refere às oportunidades para os profissionais nesse período?
Cicero: O incentivo à construção civil é uma chance ímpar, mas é fundamental que a popu­
lação saiba que somos os profissionais mais adequados para a elaboração e fiscalização da
execução desses projetos. Devemos retomar o papel de mestres construtores que nos cabe.
Contudo, esse aquecimento da economia não se reflete em maiores salários, em ampliação
de direitos e benefícios aos profissionais empregados em empresas.
Cristina: Acho que o reconhecimento da sociedade quanto ao papel e a importância do tra­
balho dos arquitetos abriu várias oportunidades profissionais.
Na questão da formação e especializações, que melhorias podem ser apontadas?
Roberto: O CAU terá condições de interagir com as instituições de ensino e com o Ministé­
rio da Educação (MEC) com o objetivo de qualificar o desempenho dos cursos no Brasil.
AAI em revista conversou com o presidente
do CAU/RS, Roberto Py Gomes da Silveira;
com o presidente do Saergs, Cicero Alvarez;
com o presidente do IAB/RS, Tiago
Holzmann da Silva; e com a a arq. e urb.
Cristina Azevedo, conselheira do CAU/RS e
ex-presidente da AAI Brasil/RS.
8
Quais serão os desafios para os profissionais na próxima década?
Cicero: O principal é a retomada do papel social e político do arquiteto e urbanista. Deve­
mos ter participação mais ativa nas decisões e isso ocorre com a presença na comunidade,
por meio dos Conselhos, das entidades de categoria e na própria vida pública.
Tiago: Consolidar o CAU e reforçar a atuação das entidades.
Cristina: A constante atualização profissional sempre foi e será o grande desafio dos pro­
fissionais, com relação à aplicação de novos materiais, tecnologias e técnicas construtivas.
ca p a
Metamorfose
tecnológica
Duas mudanças revolucionaram a forma
de se relacionar e de viver das pessoas na úl­
tima década. De um lado a tecnologia derru­
bou fronteiras e permitiu o acesso a um uni­
verso de informações, referências, materiais
e produtos que modificaram os ambientes de
viver e trabalhar. E de outro as alterações cli­
máticas e o uso impensado dos recursos na­
turais levaram as cidades a enfrentarem pro­
blemas decorrentes dessas situações, incluin­
do a palavra sustentabilidade de vez no dia a
dia da sociedade contemporânea.
Os reflexos da evolução da tecnologia no
interior das moradias podem ser observados
na difusão de sofisticados aparelhos de se­
gurança, automação e iluminação, nos espa­
ços de lazer e de trabalho em casa – que re­
ceberam novos utensílios e desenhos, com a
adoção do modelo de cozinhas americanas
e espaços mais abertos. Essas são, na opinião
da professora doutora da Faculdade de Ar­
quitetura e Urbanismo da PUCRS Leila Nes­
ralla Mattar, a expressão das mudanças co­
mentadas anteriormente. A massificação dos
aparelhos splits em todos os recintos para
melhorar o conforto térmico é outro exemplo
dado por ela. “No entanto, percebe-se ainda,
10
NESTE PROJETO NO LITORAL GAÚCHO, o arq. e urb. SALUS FINKEL
racionalização DE MATERIAIS, VALORIZAÇÃO DA ILUMINAÇÃO N
no que se refere às esquadrias, que há pouca utilização de vidros duplos, componentes de con­
trole de proteção solar, e outros quesitos de qualidade”, aponta.
O estilo de vida contemporâneo também tem sua tradução nas plantas dos imóveis, espe­
cialmente num ambiente específico. “As cozinhas estão se tornando espaços de ‘lazer e conví­
vio’, uma vez que os próprios moradores as utilizam em momentos de descontração e reunião
familiar”, afirma a arq. e urb. Adriana Coradini, baseada em sua experiência profissional. Na sua
opinião, essa valorização do espaço acontece em função de uma rotina cada vez mais agitada
que exige que as refeições sejam feitas fora de casa durante o dia. “Assim, a cozinha tornou-se
um ambiente ‘nobre’, muitas vezes integradas com o estar, recebendo um maior investimento
na sua composição, em busca de beleza, praticidade e funcionalidade”, destaca.
MATERIAIS MAIS ACESSÍVEIS e novas técnicas
Cimento queimado, aço inox e vidros temperados e curvos são materiais que ficaram mais aces­
síveis nesses dez anos, na opinião da coordenadora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
do UniRitter e docente da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Marta Peixoto. Para ela, isso é
consequência do aperfeiçoamento do modo de fabricação, da abertura ao mercado externo
– que levou a indústria nacional a se qualificar – e do barateamento desses itens. O arq. e urb.
Salus Finkelstein acrescenta que a combinação de novos elementos com o desenvolvimento
tecnológico está tornando os projetos arquitetônicos mais ousados e as estruturas mais leves,
com opções de planejar o uso de grandes placas e chapas de cerâmica e vidro. Além disso, ele
relata que técnicas construtivas conhecidas, mas até então pouco empregadas, estão nas obras,
como as de Drywall e Steel Frame. “Tudo isso causou alterações na arquitetura e provocou o
desaparecimento de determinados estilos, prevalecendo o bom senso. Estamos abandonando
a mediocridade”, sentencia. Finkelstein afirma que a cultura e história não podem ceder lugar
aos modismos como, exemplifica, sentar em um sofá de plástico duro, porém de estilo proven­
çal. Para ele, o conforto é o “verdadeiro correto”.
Andre Cavalheiro / Acervo arq. Adriana Coradini
Fotos Stéphane Vandenwyngaert/Banco de Imagem
em busca de beleza e funcionalidade, as cozinhas integradas com o estar
receberam maior investimento na última década, conforme este projeto da
arq. e urb. adriana coradini
LSTEIN ADOTOU SOLUÇÕES COMO MISTURA e
NATURAL E AMBIENTES AMPLOS E INTEGRADOS
os projetos arquitetônicos residenciais e comerciais foram impactados diretamente pelas inovações
introduzidas no mercado na última década. tecnologia e meio ambiente entraram, de vez, em pauta
um novo jeito de trabalhar
A arq. e urb. Cláudia Palludo acrescenta que a tecnologia modificou ainda a forma de elaborar
e a linguagem ao apresentar os projetos. Formada pelo UniRitter 12 anos atrás, ela argumenta
que começou a desenhar plantas à mão até o meio do curso, quando então passou a utilizar o
computador. A profissional acredita que essa mudança facilitou e agilizou o desenvolvimento
dos conceitos e permitiu traduzir de maneira mais simples as ideias aos clientes. “Eles conse­
guem enxergar melhor as propostas visualizando-as em programas específicos da área e to­
mam decisões rápidas”, informa. Finkelstein concorda que a principal alteração na atuação dos
arquitetos, na última década, vem das tecnologias de informação e comunicação, que ofere­
cem recursos de linguagem audiovisual e de interatividade que modificaram o jeito de traba­
lhar. Hoje, um projeto é elaborado em parceria com outros profissionais ao mesmo tempo, ca­
da um em seu espaço, seja ele na mesma cidade, estado ou país. “Como sou da velha guarda,
assim como vejo vantagens nessa facilidade de contato virtual, existe um prejuízo que é a falta
de troca de opiniões e do contraponto direto”, pondera. Conforme ele, a tecnologia mexeu com
a criatividade e deu ferramentas para agilizar o planejamento, mas questiona se isso não dei­
xou os arquitetos e urbanistas presos a padrões pré-estabelecidos.
Desenvolvida pelo escritório do arq. e urb. Salus Finkelstein, a residência de 300 m2 locali­
zada em um condomínio horizontal da praia de Remanso (fotos), no Litoral Norte gaúcho, reú­
ne algumas soluções representativas das transformações que vêm ocorrendo na arquitetura.
Valorização da iluminação natural e ambientes amplos e que se comunicam são destaques da
proposta. A cozinha foi integrada ao restante da casa através da criação de uma abertura para
a sala de convivência, explica o profissional. Para os materiais, foram escolhidos tijolos e ma­
deira de demolição, presentes na lareira, churrasqueira, pisos das varandas e parte da área de
estar. “A integração entre o lado externo e interno da moradia é feita pelo pavimento superior,
onde ficam as suítes, através da colocação de vidro”, detalha Finkelstein. Sobre o aumento de
planos privilegiando a integração de espaços, com cozinhas americanas, Finkelstein defende
que esse movimento é uma volta às antigas cozinhas com mesa grande, contudo em uma ver­
são atualizada, que precisa incorporar os equi­
pamentos modernos destinados a esses am­
bientes e suas instalações especiais.
MERCADO E OS DESAFIOS
Os arquitetos entrevistados são unânimes em
concordar que as diversas faculdades de Arqui­
­te­­tura e Urbanismo vêm formando um contin­
­­gente expressivo de profissionais anualmen­
te, massificando o mercado atual. “Estamos
trabalhando o dobro para ganhar a metade.
Por isso, associações como a AAI Brasil são
necessárias para não perdermos o rumo”, afir­
ma Salus, diante do desafio. Mesmo com es­
se quadro, a docente Leila Nesralla Mattar en­
fatiza que os arquitetos ainda têm pouca in­
fluência aspecto da paisagem urbana. “Mudar
essa situação, tornado as cidades e os espa­
ços mais humanos é o nosso grande desafio”,
avalia. Cláudia Palludo aponta que o fato de
lidar com clientes mais informados e com aces­
so a referências diversas eleva a exigência dos
profissionais estarem mais atualizados e pre­
parados para argumentar suas escolhas. Ou­
tro objetivo, indicado por ela, é o de unir mais
a categoria para resolver questões como a
dos honorários pagos hoje em dia.
11
A realidade comercial
Assim como a arquitetura residencial, a
co­­mercial passou por adequações nos últi­
mos dez anos. A arq. e urb. Vera Zaffari viven­
­­ciou as consequências da expansão das fran­
quias no Brasil, que acabou reduzindo o mer­
cado, uma vez que os projetos arquitetônicos
são os mesmos da matriz das empresas. “Ocor­
reu uma padronização dos desenhos”, consta­
­ta. Esse cenário, segundo ela, exigiu que os
es­­­critórios de arquitetura que atuam nesse
setor evoluíssem também, contando com in­
fraestrutura para atender a clientes com negó­
­cio em todo o País, funcionários qualificados
e fluxo financeiro. Com ampla experiência na
área, Vera mudou a estratégia de trabalho
para acompanhar as alterações do segmento.
Para isso, focou em empreendimentos maio­
res e tem atuado bastante em shopping centers, como o Canoas Shopping e na rede hote­
­leira, na qual o fenômeno de reforço das mar­
cas vem levando a uma repetição dos concei­
tos das companhias proprietárias.
A melhora na economia nacional provo­
cou modificações nas necessidades das lojas.
Sem inflação, houve a diminuição dos espaços
para depósito e, agora, é possível avaliar o ren­
­­dimento dos materiais aplicados em pisos, pa­
­re­­des e estruturas, uma vez que a oscilação
dos preços não é mais tão acentuada. No vare­
­jo, assinala Vera, os custos são a principal pre­
ocupação e, por isso, as escolhas dos arqui­
tetos precisam ser bem fundamentadas. “Os
empresários prezam pela eficiência, diminui­
ção do retrabalho, qualidade, produtividade
e cumprimento de prazos”, completa. Outro
aspecto verificado foi o da responsabilidade
dos arquitetos, que aumentou com o Código
de Defesa do Consumidor e com clientes que
estão mais cuidadosos e bem informados.
Além disso, a falta de tempo exige que os pro­
­­fissionais ajam como gerenciadores de equi­
pe, já que muitos contratantes não querem
lidar com os responsáveis pela parte elétrica,
hidráulica e outros em uma obra.
cadeia evolui com a
arquitetura de interiores
As empresas que atuam no segmento, forne­
cendo produtos e recursos que complemen­
tam os projetos de arquitetura de interiores,
tam­­­bém passaram por mudanças nesta últi­
ma década. Para o diretor de Marketing e P&D
12
Foto: ARQUIVO PESSOAL Arq. e urb. VERA ZAFFARI
me r cad o
A EXPANSÃO DAS FRANQUIAS NO BRASIL PROMOVEU A QUALIFICAÇÃO DO VAREJO, MAS REDUZIU O MERCADO,
UMA VEZ QUE OS PROJETOS ARQUITETÔNICOS SEGUEM O PADRÃO DA MATRIZ DAS EMPRESAS
O VAREJO QUER DURABILIDADE DOS ELEMENTOS,
RACIONALIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO E MENOS DESPERDÍCIO
da Unicasa Móveis, Edson Busin, houve uma quebra de regras nos desenhos dos espaços e uma
preocupação maior com quem habita ou trabalha em determinado local, com as pessoas que­
rendo manifestar mais sua personalidade. Esse movimento tem sido acompanhado pelas com­
panhias, principalmente, aquelas que trabalham focadas no comportamento do consumidor,
buscando entender esse momento dos clientes. Busin defende que, nesse tempo, o mobiliário
tornou-se mais usual e que as escolhas vão além da forma e função. “Quando compro um mó­
vel, não avalio apenas a estética e funcionalidade, analiso o que ele vai representar para mim,
para minha família, para meus amigos. Ele tem que fazer parte da minha história de vida. Acre­
dito que isto seja um avanço quanto a um novo sentido de morar”, observa.
Com relação aos conceitos introduzidos nesse período ele comenta que a tecnologia, que
tem facilitado a vida de todos, e a sustentabilidade são os que mais se destacam. Mesmo que
este último ainda em menor escala, mas com grande potencial para se desenvolver, a partir do
fomento de práticas do governo e das empresas que possibilitem criar móveis e outros produ­
tos dentro dessa perspectiva. O diretor salienta que na última década inventou-se e reinventou-­
se de tudo. E, em se tratando de mobiliário, isso significa terem sido empregadas na confecção
das peças matérias-primas como papel, aço, sabugo de milho e cristal, exemplifica. Busin pon­
dera que os desafios para o setor serão o de estar constantemente reinventando-se e o de in­
terpretar o comportamento humano e encontrar soluções inovadoras.
A preocupação crescente das pessoas em terem ambientes aconchegantes em suas residên­
­cias e que os representem também é percebida pelo proprietário da Expresso do Oriente e da
Balbueno Tapetes, Gelson Balbueno, que está no mercado há 17 anos. Ele credita isso ao fato
de se passar cada vez mais tempo em casa. O empresário conta que, no começo, havia uma
procura maior por artigos clássicos, como os tapetes persas. Atualmente, com a presença mais
intensa de designers do Oriente Médio e da Europa, existe uma ampla variedade de opções de
padrões e tendências, que se aproximam muito das dos tecidos. “O patchwork, por exemplo, é
encontrado em todas as marcas em 2012”, descreve. O moderno e o tradicional convivem har­
moniosamente na loja e na preferência de seus clientes, descreve. Balbueno salienta que, nos
últimos anos, aumentou o número de arquitetos que acompanham seus contratantes na hora
de selecionar os elementos que irão compor suas moradias ou locais de trabalho. “Um projeto
sem tapetes, cortinas e quadros não está completo no visual e na parte prática. Além da esté­
tica, auxiliam no conforto acústico”, assinala.
Sob uma atmosfera de paz
acervo pessoal
de t a l h e
A ARQ. e urb. CRISTINA LEAL REVELA A SUA IMPRESSÃO SOBRE OS ENCANTOS DA ÍNDIA. “ LÁ A VIDA FICA COLORIDA”
Muitos palácios construídos para marajás hoje abrigam hotéis, museus e
galerias de arte
14
“Falar sobre a Índia fica fácil. Basta dizer que é lá que a vida
fica colorida e que a atmosfera é de paz.” Ainda sob “os efeitos”
da sua recente viagem à Índia, a arq. e urb. Cristina Leal revela um
pouco do que viu e sentiu por lá, destacando uma arquitetura de
dois momentos: um próspero e outro de crescimento. “A arquite­
tura atual é cosmopolita, ou seja, perdeu em características re­
gionais o mesmo que ganhou em visão de mundo e conhecimen­
to internacional”, conta.
“Na antiguidade, a Índia, como fornecedor e provedor inter­
nacional de especiarias, era uma civilização competente e rica.
Fica meio impossível e improvável falar em arquitetura sem ligar
isso com o momento econômico vivido por uma sociedade”, des­
taca. E argumenta que arquitetura de boa qualidade exige conhe­
cimento, tecnologia e, obviamente, investimento. “Talvez tenha
sido por isso que, depois de construir o Taj Mahal para abrigar o
túmulo de sua amada esposa, o Imperador Shah Jahan foi depos­
to por um de seus filhos e interditado”, avalia. Foram 22 anos de
trabalho para erguer uma das sete maravilhas do mundo moder­
no, entre 1630 e 1652, envolvendo cerca de 20 mil homens na
construção. “Nesta mesma época se construiu mais do que nun­
ca na Índia, como palácios para cerca de 500 marajás, nas capi­
tais, nas cidades de lazer, no campo. Muitos deles hoje são mu­
seus, hotéis, galerias de arte e monumentos de incomparável be­
leza”, atesta, acrescentando que muito mais poderia ser feito, pois
a “grandiosidade das obras é imensurável”.
As novas edificações, de acordo com Cristina, seguem as ten­
dências de arquitetura praticadas internacionalmente. “Mas a mão
de obra é tão deficitária quanto são ricos os revestimentos. Até
por tradição e cultura, o desenvolvimento em relação a texturas
e cores é rico, como suas estampas, bordados e pedrarias. Muito
mais traduzida na arquitetura de interiores, que mantém o peso
e a riqueza de detalhes, que são fortes na Índia”, frisa.
A arquiteta reconhece que, apesar da enorme quantidade de
mão de obra disponível, a população não está treinada adequa­
damente para trabalhar com a tecnologia necessária à construção
de alta qualidade internacional. “Percebe-se nos canteiros de obras,
por mais luxuosos que sejam os empreendimentos, o mesmo mé­
todo de construção utilizado há 500 anos, no qual mulheres de
sáris carregam pedras na cabeça e misturam o cimento para er­
guer um grande complexo industrial em Jaipur, por exemplo. Mui­
tas vezes, elas têm os filhos aos pés ou ajudando nos serviço”, des­
­­creve. Para ela, a Índia possui duas faces, como o Brasil: “rico e
pobre, desenvolvido e atrasado, com potencial enorme. Porém,
muito pouco investimento no que realmente contribui para o cres­
cimento da população. Educação ainda é para poucos”, lamenta.
E como um povo que luta para comer e sobreviver no dia a dia,
pode se preocupar mais com a cultura local?, questiona Cristina.
“De qual­­quer sorte, percebi que o respeito ao patrimônio arquitetôni­
­cos do País tem acontecido, e muito provavelmente mais ampa­
rado na participação da iniciativa privada.Assim, os tesouros da
Índia, como fonte inesgotável de cultura, pela grandiosidade que
a civilização teve em seus tempos áureos, tem a sorte de se man­
terem preservados com boa quantidade de amostragem”, diz.
Foto divulgação marel / projeto arq. e urb. andreia galvan
perfil
ga l e r i a
O contraste do branco com o rústico
confere modernidade e proporciona
a sensação de aconchego. Essa é a
proposta da Marel Móveis Planejados
com o lançamento dos padrões Ra­
venna Vitrio, com acabamento em ver­
niz acrílico, e Vecchio, com textura si­
milar a da madeira. A coleção 2012 traz,
ainda, outras 18 novas opções. Infor­
mações no site www.marel.com.br
convivendo juntos em família
e no escritório, o casal de
arquitetos lisete e carlos
jardim divide as tarefas e não
leva trabalho para casa
Casamento
de ideais
Publicitário e enge­
Foto acervo JARDIM ARQUITETURA
nheira civil. Essas se­
A cortina Open Roman Shade é a no­
vidade da Persol neste segundo semes­
tre. Produzida 100% em poliés­ter, con­
trola a luminosidade natural e oferece
privacidade sem impedir a visibilidade
externa. O modelo está disponível nas
cores branco, marfim e bege mescla,
com acionamento standard. Saiba mais
em www.persol.com.br
riam as profissões de
Carlos e Lisete Jardim
caso não tivessem se
apaixonado pela Arqui­
tetura e Urbanismo. A
escolha, no entanto, já
parecia natural. “Desde
a escola eu já demons­
trava habilidades na ex­
pressão gráfica”, diz Carlos. Sua colega, sócia
e esposa foi fortemente influenciada pela ati­
vidade do pai, proprietário de uma revenda
Recriando um contexto lúdico e divertido, a proposta do puxador Identifique-se,
da Obispa Design, é “encantar” os ambientes, numa exibição de design emocional
e envolvente. Sua proposta conjuga desenhos neutros com a imponência do tama­
nho, resultando em metais para uma linguagem despojada, em sintonia com o per­
fil das cozinhas modernas. Com quatro identificações, está disponível nas opções
de tamanho 128, 224, 320 e 544 milímetros e nos acabamentos
cromo, black silk e níquel velho. Mais informações
em www.obispadesign.com.br
de materiais de construção. “Eu frequentava
a loja e depois acompanhava as obras em an­
damento, encantando-me com o material to­
mando forma”, conta Lisete. Natural de San­
ta Rosa, ele se formou na UFRGS em 1980.
Ela, nascida em Lagoa Vermelha, graduou-se
pela Ritter dos Reis, quatro anos mais tarde.
Assim que recebeu o diploma, Lisete ingres­
Fotos divulgação
sou na Secretaria de Estado da Cultura, via
concurso público. Também registra uma pas­
sagem pelo MARGS antes de fundar o escri­
tório Jardim Arquitetura ao lado do marido.
Carlos já havia trabalhado na Secretaria de
Obras do Estado e na Casa de Cultura Mário
Quintana.
No escritório, a dupla discute a concep­
ção do projeto e divide-se nas tarefas: Carlos
coordena os trabalhos enquanto Lisete res­
ponsabiliza-se pelos orçamentos, contrata­
ções, acompanha as obras e os clientes na
escolha dos materiais. “Ao final do dia, vamos
juntos para casa, mas procuramos não levar
Com design moderno e imponente,
o estofado Palace da Sofá Shopping traz módulos
componíveis, com opções de 70, 85 e 100 cm. Os encostos, em fibra
siliconizada, são reclináveis em três níveis e os assentos expansíveis em até
50 cm, produzidos com espuma soft de alta qualidade. Está disponível na
opção baú, com ou sem braços. Mais em www.sofashopping.com.br
16
assuntos profissionais”, explicam. Conduzem
com a mesma parceria a educação da filha
de treze anos, as atividades esportivas, e a
programação cultural e gastronômica, mes­
mo quando um prefere culinária asiática e ou­
tro não abre mão da italiana.
18
PRO D U TOS & S E RVIÇOS
19

Documentos relacionados

em revista - AAI Brasil/RS

em revista - AAI Brasil/RS reservados. Publicação bimestral, com distribuição dirigida a arquitetos, entidades de classe, instituições de ensino e empresas do setor. Órgão oficial da Associação de Arquitetos de Interiores do...

Leia mais