O Jardim e a Horta ao longo do ano

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O Jardim e a Horta ao longo do ano
O Jardim e a Horta ao longo do ano
Iniciamos este novo ciclo primavera-verão com um novo item dedicado a todos os que sentem
o apelo da terra, que se identificam com a atividade agrícola, que vibram com a profusão das
flores e com tudo o que nos liga ao culto dos jardins.
A ideia de dedicar um espaço a esta matéria surgiu em parte devido à abordagem frequente
dos nossos munícipes para sugerirmos a planta mais apropriada para aplicar num determinado
espaço do quintal, jardim ou varanda.
Qualquer que seja a ideia para a implantação de um espaço verde, este deverá ser sempre o
mais sustentável possível. Se por um lado a variação das amplitudes térmicas (que tão bem
caracteriza nosso concelho) faz-nos ter uma maior acuidade em relação ao tipo de plantas a
instalar num jardim, por outro, o período económico frágil que atravessamos, enfatiza ainda
mais essa opção, conjugando o que se pretende de belo com os custos quer na instalação quer
na manutenção futura. Só assim se poderá garantir o maior sucesso com o mínimo de
recursos.
A introdução de espécies autóctones, endémicas e/ou cuja rusticidade foi devidamente
comprovada, será sempre a melhor opção, pois permitirá uma boa adaptação à realidade
edafoclimática do concelho.
Aliado a este interesse pensou-se completar o artigo com uma abordagem, simples e
despretensiosa, às hortas e ao que nelas pode plantar/semear mês a mês, sabendo-se que
quando combinados com os canteiros de plantas medicinais, aromáticas ou mesmo
ornamentais, aquelas apresentam vantagens acrescidas, nomeadamente no controlo de
pragas e infestantes.
O estado fitossanitário de um jardim passa, ainda, pela escolha de algumas espécies que
atraiam insetos auxiliares, os quais se alimentam de outros, controlando e/ou evitando pragas
e doenças nocivas, potenciais causadoras de estragos, muitas vezes, irreversíveis.
Algumas plantas características dos matos ao nosso redor apresentam elevado valor
ornamental quando colocadas em lugares de destaque nos nossos jardins, ou em consociações
com as hortícolas, fomentando a biodiversidade nas plantações.
Espécies como as Mentas, a Calendula, o Sabugueiro atraem Joaninhas que são ótimas
predadoras de piolho e afídios verdes. As Libélulas e Louva-a-Deus são ótimos predadores de
pulgões e cochonilhas, entre outros. As Borboletas favorecerem a polinização, ao mesmo
tempo que oferecem um movimentado colorido, tornando mais vivo e dinâmico o seu espaço
verde.
No caso das Mentas, do Alecrim e do Tomilho, o aroma que exalam também repele
lepidópteros do tipo ‘borboleta da couve’.
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Um jardim com plantas rústicas, de baixo consumo hídrico não é necessariamente um jardim
de aspeto árido, seco ou que tenha de estar unicamente povoado por catos ou outras
suculentas. Há imensas espécies florestais e ornamentais que seguindo uma plantação e
manutenção corretas, proporcionam cor ao jardim ao longo de quase todo o ano. Acresce,
ainda, o revestimento do solo, seja com herbáceas rústicas, com carrasca miúda ou com
caruma, que, além de ajudar no controle de muitas das infestantes, permite a retenção de
humidade no solo durante um maior período de tempo, protegendo-o da ação negativa do
vento e do sol. Por fim, através de um sistema de rega simples, eficiente e automatizado, a
adução de água à planta pode ser facilmente realizada nos períodos mais favoráveis (ao inicio
da noite ou ao principio da manhã).
Estas são, pois, algumas ideias simples que deverá ter em conta ao decidir construir um jardim.
Saiba mais em:
Sites da Internet (www.planfor.fr/jardinagem-conselhos,conselhos-de-jardinagem.html;
www.ruralidades.pt;
hortamesames.blog.pt;
omeujardim.com;
www.folcloreonline.com/calendario_agricola, entre outros…)
Vejamos então um exemplo:
Dependendo da área disponível e das demais utilizações que pretende dar ao espaço,
experimente combinar o Azevinho (Ilex aquifolium), o Folhado (Viburnum tinus), o
Medronheiro (Arbutus unedo), o Loureiro (Laurus nobilis), e/ou o Sabugueiro (Sambucus
nigra), com a Grinalda de Noiva (Spirea cantoniensis), a Murta (Myrtus communis), as
Alfazemas (Lavandula), a Perpétua das Areias (Helicrysum stoechas), a Giesta (Spartium
junceum), o Aster (cores variadas), as Maravilhas (Calendula officinalis), o Alecrim rasteiro
(Rosmarinus officinalis prostratus), a Portulaca grandiflora e as Chorinas (Mesembryanthemum
e Lampranthus), tendo o cuidado de plantar sempre as plantas de maior porte atrás e as
rasteiras à frente.
Além da floração garantida ao longo de um grande período de tempo, o jardim oferece-lhe
aromas incomparáveis e folhagem/frutos com utilidade gastronómica.
Adapte plantas ornamentais da sua preferência (cujas necessidades hídricas se assemelhem às
anteriores) Ex: Loendro (Nerium oleander), Leptospermum (Leptospermum striatum), Tamarix
(Tamarix africana), Escalonia (Escallonia rubra), , Weigelia (Weigelia florida), Raphiolepis,
Lantana (Lantana camera), Cotoneaster (Cottoneaster horizontalis/pannosa), Piracantas
(Pyracantha angustifolia/coccinea), Grevillea juniperina, Photinia serrulata, Azáleas, Girassol;
Malmequeres e Margaridas (Argyranthemum/Chrysanthemum leucanthemum).
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Agrupe-as de modo a preencher todos os espaços. Num ou outro espaço mais nobre, ou numa
demarcação específica (como um caminho ou uma bordadura, por ex) plante Agapanthus,
semeie algumas herbáceas anuais ou bianuais (sabendo que com estas os cuidados serão
maiores) ou plante bolbos.
Instale um sistema de rega gota-a-gota à superfície e programe-o para as horas de menor
consumo (e tarifa mais baixa).
As plantas apresentadas permitirão um controlo de pragas muito eficaz. Contudo, quando
ainda assim as pragas ou doenças teimarem em se instalar, causando danos, poder-se-á
sempre recorrer a fitofármacos de baixa toxicidade, permitidos em agricultura biológica. De
entre eles destacam-se os de cobre (utilizado para doenças como o míldio, que aparece com
níveis elevados de humidade) e de enxofre (para combater os ácaros e o oídio, especialmente
em roseiras).
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