as cibercampanhas presidenciais da argentina no pleito
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as cibercampanhas presidenciais da argentina no pleito
AS CIBERCAMPANHAS PRESIDENCIAIS DA ARGENTINA NO PLEITO 2007 Sylvia Iasulaitis1 I – INTRODUÇÃO O uso da Internet como instrumento de comunicação eleitoral é um importante aspecto que reflete a intensificação da profissionalização da política e faz emergir uma terceira fase das campanhas eleitorais nas democracias contemporâneas (FARRELL; WEBB, 2000, p.105). Enquanto há acordo de que a comunicação política mediada está em processo de transformação, não se verifica consenso em relação às conseqüências destas mudanças: teóricos ciberotimistas avaliam que as novas tecnologias, e em particular a Internet, têm capacidade para atenuar os déficits democráticos; os cibercéticos contestam, afirmando que os aparatos tecnológicos tendem a exacerbar os problemas da democracia (NORRIS, 2001; PFAU; SEMMLER, 2005; PUTNAM, 2000). A World Wide Web (WWW) está sendo crescentemente utilizada enquanto lócus de comunicação política durante as campanhas eleitorais em grande número de democracias contemporâneas (TEDESCO et al., 1999, p. 54 apud SCHWEITZER, 2005). Este rápido crescimento do uso da Internet em democracias ocidentais durante as últimas décadas tem provocado muita especulação sobre suas implicações sociais e, particularmente, políticas. Analisando o referencial teórico verificam-se, por um lado, pressupostos de que a Internet aumenta o pluralismo, gera padrões mais igualitários de competição eleitoral, funciona como um canal para a participação política e propicia oportunidades para interação entre cidadãos e candidatos (tese de equalização). Por outro lado, verifica-se a tese de normalização, de acordo com a qual a Internet não apresenta diferenciais para o pluralismo e a participação política. Ao contrário, reproduz condições desiguais de competição em um novo meio. Além disso, o potencial interativo da Internet é negligenciado e, portanto, a política na rede é realizada “como de costume” (politics as usual). Embora a Internet esteja compondo o rol das ferramentas de comunicação eleitoral para um número crescente de atores políticos, pesquisas no tópico ainda são escassas. A produção temática existente concentra-se no uso político da Internet nos Estados Unidos e alguns países da Europa (ver CARLSON; DJUPSUND, 2001). No entanto, não é evidente a possibilidade de generalizar as conclusões de tais investigações a outras nações. Esta pesquisa tem por objetivo contribuir para suprir esta lacuna. 1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Pesquisadora financiada pela CAPES. Desta feita, o intuito é verificar se as mudanças nos formatos das campanhas políticas no século XXI atingiram a Argentina e se este país adentrou a terceira fase das campanhas eleitorais. Nosso objetivo é, portanto, investigar o uso político, alcance e funções da Internet nos processos eleitorais da Argentina no pleito eleitoral de 2007, a partir das seguintes perguntas específicas: (1) A Argentina adentrou a terceira fase das campanhas eleitorais e seus candidatos à presidência estabeleceram presença no ciberespaço? Quais candidatos majoritários fizeram uso da Web? (2) Os websites dos candidatos superaram as formas monologais típicas dos meios de comunicação de massa? Qual o tipo de contato prioritário das campanhas on-line: de mão única [one-way] e de cima para baixo [top-down], ou seja, informações dadas dos líderes para os militantes e eleitorado ou a função de baixo para cima [bottom-up], desfazendo relações verticalizadas? (3) Quais são as características, conteúdos e principais finalidades dos websites eleitorais? Qual a ênfase dada a uma variedade de funções, tais como a produção de informação e disseminação de propaganda buscando visibilidade da mídia, a participação do eleitor on-line e a mobilização de apoio (recrutamento de militantes, voluntários e arrecadação de fundos)? (4) Há diferenças de qualidade entre os websites em termos de sofisticação e design que indiquem diferentes níveis de profissionalismo? Este paper insere-se numa pesquisa mais ampla que tem por objetivo uma análise comparativa dos websites eleitorais no Cone Sul. Investigação análoga foi realizada em relação à campanha política na Internet no pleito presidencial brasileiro em 2006 (IASULAITIS, 2008). II – ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS O corpus empírico dos websites dos candidatos à presidência da Argentina foi coletado no pleito de 2007, cuja eleição deu-se em 28 de outubro, e foram analisados adotando a estratégia metodológica de Análise de Conteúdo de websites desenvolvida por Gibson & Ward (2000), previamente adaptada e aplicada na investigação dos websites eleitorais no contexto brasileiro (IASULAITIS, 2008). O estudo incluiu duas dimensões de investigação dos websites: análise funcional [functional analysis] e análise formal [formal analysis]. Os websites eleitorais dos presidenciáveis da Argentina foram examinados aplicando-se diversas variáveis dicotômicas, que indicam a presença ou ausência de vários elementos estruturais. Tais procedimentos de análise serviram para identificar os diferentes propósitos dos websites (análise funcional) e seu nível de profissionalismo (análise formal) [SCHWEITZER, 2005]. De acordo com a literatura temática sobre a aplicação das Novas Tecnologias de Comunicação e Informação – NTIC’s nas eleições é possível identificar que esta ferramenta pode ser utilizada para cumprir quatro funções principais: (1) fazer propaganda, transmitir informações com enquadramento próprio e distribuir materiais de campanha, (2) angariar recursos financeiros e mobilizar apoiadores, (3) propiciar a participação dos cidadãos no processo eleitoral e (4) promover integração (NEWELL, 2001, p. 63). Neste estudo, os aspectos funcionais [functional analysis] foram divididos em quatro categorias: Participação (v=16), Informação (v=18), Mobilização (v=24), Integração (v=10), compostas por diversas variáveis (v). A análise formal [formal analysis], por sua vez, incluiu as seguintes categorias: Acessibilidade (v=7), Navegação (v=6), Atualização (v=2) e Qualidade do design (v=2). Participação (v=16): elementos para gerar interesse político e interação entre os usuários da Internet, candidatos e coordenadores da campanha (por exemplo, chat-room [sala de bate-papo], e-mail, enquetes, possibilidade de comentar notícias, etc.); Informação (v=18): características de apresentação, distribuição, volume e qualidade das informações sobre os candidatos, a coligação, os partidos, as propostas e os programas de governo, eventos políticos e documentos diversos (agenda do candidato, boletins informativos, releases para a imprensa, documentos oficiais, notícias, fotografias, etc.); Mobilização (v=24): opções para ativar o apoio eleitoral dos usuários da Internet (por exemplo, voluntariado, angariação de fundos, acesso a materiais de campanha, etc.); Integração (v=10): estruturas para coordenar e embutir a comunicação partidárioeleitoral interna à World Wide Web (tais como: Intranet, hyperlinks a outros websites, comitê on-line, dentre outras). Acessibilidade (v=7): características que aumentam a disponibilidade ao conteúdo do website (p.e. opção de imprimir, de fazer download, de carregar softwares adicionais); Navegação (v=6): elementos que facilitam a busca (sistema de procura, mapa do site); Atualização (v=2): calculada pela freqüência de inserção de notícias e novos conteúdos no website; Qualidade do design (v=2): avaliada em termos de quadros, opções multimídia e ícones animados, que dão pistas do profissionalismo do website. Cada uma das variáveis dicotômicas foi codificada como presente (1) ou ausente (0), com a finalidade de produzir uma escala comparativa confiável. Finalmente, referenciando-se em Newell (2001), foram calculados índices para cada uma das oito categorias acima mencionadas para comparar os componentes dos websites dos diferentes candidatos de um modo claro e uniforme. Para tanto, foi dividido o número de variáveis presentes no site de cada candidato pelo número total de variáveis possíveis naquela categoria de análise resultando, assim, em um índice para cada categoria entre 0 (todos os elementos ausentes) e 1 (todos os elementos presentes). III – RESULTADOS DA PESQUISA: AS CIBERCAMPANHAS ARGENTINAS EM 2007 O pleito presidencial argentino em 2007 foi marcado por uma ampla fragmentação da oposição, que resultou em 13 postulantes à presidência contra a candidata situacionista Cristina Kirchner (IASULAITIS; SILVA, 2008). Considerando a primeira pergunta de pesquisa, foi possível verificar que, dos quatorze presidenciáveis argentinos, treze fizeram uso da Internet no pleito de 2007 (tabela 1). Tabela 1 – Presença dos candidatos argentinos na web Presença na Endereço(s) web Sim http://www.albertorodriguezsaa.com.ar Alberto Rodriguez Saá Sim http://www.cristina.com.ar Cristina Kirchner http://www.cristinacobosyvos.com http://www.frenteparalavictoria.org Sim http://www.elisacarrio.com.ar Elisa Carrió http://www.coalicioncivica.org.ar Sim www.pinopresidente.com Fernando Solanas www.proyecto-sur.com.ar Sim http://accionelectoralppr.blogspot.com Gustavo Breide Obeid http://ar.geocities.com/pprmdp Sim http://sobischpresidente.com/index.php Jorge Sobisch Sim http://www.pts.org.ar José Montes Sim http://www.mussa2007.com Juan Ricardo Mussa Sim http://luisammann.blogspot.com Luis Ammann http://www.fral.com.ar Sim http://www.po.org.ar/nestor-pitrola Nestór Pitrola Não Raúl Castells Sim http://www.recrear.org.ar Ricardo Lopez Murphy http://www.bullblog07.blogspot.com Sim http://www.presidentelavagna.com Roberto Lavagna Sim http://www.mst.org.ar/ Vilma Ripoll Fonte: autoria própria. Candidato É possível perceber, portanto, que a Argentina adentrou a terceira fase das campanhas eleitorais, visto que treze dos quatorze candidatos à presidência no pleito de 2007 estabeleceram presença no ciberespaço. O único presidenciável que não fez uso da Internet para cibercampanha foi Raúl Castells, candidato oriundo dos movimentos sociais, liderança do Movimento Independiente de Jubilados y Desocupados (MIJD), um dos principais grupos do chamado “movimiento piquetero”. Os websites eleitorais de todos os candidatos presidenciais de 2007 foram alvo de duas análises: formal e funcional, cujos resultados serão apresentados separadamente nas duas subseções seguintes: 3.1 - Resultados da Análise Funcional Um índice foi calculado para cada categoria de análise, em termos das principais funções dos websites eleitorais dos candidatos (veja Figura 1). Figura 1 – Índice de todas as funções [análise funcional] dos websites eleitorais em comparação Os resultados da análise funcional dos websites eleitorais argentinos demonstram que transmitir informação com um enquadramento próprio para os usuários foi o principal objetivo de todos os candidatos analisados. Os websites eleitorais serviram ao propósito de informar o eleitor e os veículos de imprensa sobre o perfil dos candidatos, da coligação, suas principais propostas e plataformas políticas, a agenda de campanha dos presidenciáveis, suas biografias e realizações na vida pública. Todos apresentaram seus programas de governo, com exceção do candidato Alberto Rodriguez Saá e da candidata eleita Cristina Kirchner, cujo website eleitoral foi altamente personalista. Grande parte dos candidatos possibilitou a consulta aos locais de votação, uma prestação de serviços que provavelmente atraiu a atenção do eleitorado (Tabela 2). No entanto, os candidatos ficaram muito aquém no quesito transparência e prestação de contas sobre financiamentos, doações e gastos. Apenas um candidato (Luis Ammann) apresentou informes econômicos da campanha e balanços. Os altos índices de informação demonstram a importância dos websites eleitorais para subsidiar os cidadãos e órgãos de imprensa que tivessem interesse em dados sobre os candidatos. Características de Informação Cristina Kirchne r Lavagn a Elisa Carri ó Alberto Rodriguez Saá Jorge Sobisc h Fernand o Pino Solanas Vilm a Ripol l Luis Amman n José Monte s Gustavo Breide Obeid Juan Ricardo Mussa Nestor Pitrola 1 Informações sobre o candidato a presidente (p.e. Ricard o López Murph y 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 0 0 1 0 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0 1 0 1 1 0 1 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 1 0 0 0 1 0 1 1 0 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 1 1 0 0 9 0,50 14 0,78 16 0,89 10 0,56 14 0,78 16 0,89 14 0,78 15 0,83 12 0,67 15 0,83 15 0,83 11 0,61 15 0,83 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 biografia, perfil) Informações gerais sobre o candidato a vicepresidente Fotografias do candidato a presidente Fotografias do candidato a vice-presidente Informações gerais sobre a coligação Consultar o local de votação Programa de Governo Realizações do candidato Artigos do candidato ou membros do partido e coordenação de campanha Documentos diversos (p.e carta-compromisso, documentos temáticos) Notícias atuais próprias Notícias da imprensa (clipping) Emissão de opinião do candidato sobre assuntos atuais Discursos / pronunciamentos do candidato Boletim informativo Agenda do candidato 14 15 16 17 Seção da mídia e releases para a imprensa 18 Dados sobre o financiamento da campanha, doações e gastos Índice de Informação Tabela 2 – Características de informação nos websites eleitorais Em termos gerais, uma das opções mais renegada foi a dimensão de participação, embora deva-se ressaltar algumas iniciativas interessantes, sobre as quais discorreremos a seguir: Todos os websites possibilitaram o envio de e-mail. No entanto, as mensagens dos internautas não eram respondidas. Com o intuito de averiguar a forma de resposta aos emails enviados, foram remetidas mensagens a todas as campanhas; obtivemos resposta apenas da candidatura de Nestor Pitrola. Dois candidatos (Sobisch e Breide Obeid) veicularam enquetes. O candidato Obeid questionou se Cristina Kirchner poderia governar de maneira adequada. Já o candidato Sobisch buscou ouvir os cidadãos a respeito de temas importantes, até mesmo sobre quem deveria encabeçar a chapa de seu partido: Cuál candidato opositor pasará al ballotage en las elecciones de octubre?. (Resultados - 2905 Votos) ¿Quién debe encabezar la fórmula del Frente Partido Justicialista en las elecciones presidenciales? (Resultados - 1088 Votos) 2007: Dónde debe el gobierno centrar sus esfuerzos? (Resultados - 1841 Votos) Qué opina del proyecto de Ley de Superpoderes? (Resultados - 976 Votos) ¿Argentina debe pagar más caro el gas a Bolivia? (Resultados - 132 Votos) Aftosa: Indique la causa del nuevo brote (Resultados - 93 Votos) Qué piensa de pagar toda la deuda al FMI con reservas? (Resultados - 400 Votos) Qué nivel de oposición generan los triunfos de Sobisch y Macri? (Resultados - 723 Votos) Que opina de las críticas de Sobisch a las retenciones? (Resultados - 64 Votos) Pegada al artículo: "EN EL 2007 ESTARE EN LA CASA ROSADA" Evalúe la gira de Sobisch a Rusia en busca de inversores (Resultados - 49 Votos) Pegada al artículo: GIRA DE SOBISCH A RUSIA Qué opina de los conceptos de Sobisch en esta nota? (Resultados - 76 Votos) Pegada al artículo: SOBISCH: KIRCHNER TIENE CERO EN GESTION Características de Participação Cristina Kirchne r Lavagn a Elisa Carri ó Alberto Rodriguez Saá Jorge Sobisc h Fernand o Pino Solanas Vilm a Ripol l Luis Amman n José Monte s Ricard o López Murph y Gustavo Breide Obeid Juan Ricardo Mussa Nestor Pitrola 1 Permite enviar e-mail (mensagem de correio 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 2 0,13 1 0,06 4 0,25 5 0,31 5 0,31 3 0,19 2 0,13 1 0,06 1 0,06 5 0,31 5 0,31 2 0,13 5 0,31 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 eletrônico) Envia resposta padrão (automática) às mensagens e solicitações Envia resposta personalizada da mensagem Assinatura de manifestos ou abaixo-assinados online Permite assinar o livro de visitas Foro online (permite publicação de opiniões, postar mensagens) Existe sala de bate-papo (chat-room) com acesso restrito Existe sala de bate-papo permanente e em tempo real de acesso geral Há sala de bate-papo com moderador A sala de bate-papo não possui moderador e possibilita a comunicação lateral entre os cidadãos sem intermediação Candidatos ou representantes da campanha participam da sala de bate-papo em tempo real Permite comentar as notícias Disponibiliza enquetes Oferece a oportunidade de envio de artigos para publicação no site Permite cadastramento para recebimento de boletim Detalhes de contato do candidato (p.e. endereço para correspondência, email, fax ou telefone) Índice de Participação Tabela 3 – Características de participação nos websites eleitorais Sete candidatos utilizaram foro online, permitindo a publicação de opiniões dos internautas. Alberto Rodríguez Saá, quarto colocado na disputa, contou com diversas mensagens de apoio e propostas em seu foro online. Foram aproximadamente 350 participações com sugestões em relação à política industrial, o turismo, a área de segurança, tecnológica, energética, postagens questionando Cristina Kirchner, pedidos de ajuda financeira e voluntários oferecendo trabalho militante. A participação no foro online do candidato Gustavo Breide Obeide foi livre, ou seja, qualquer internauta poderia publicar opiniões, sem filtro e prévia escolha de moderados. Sendo assim, pudemos publicar uma mensagem em seu foro. Três candidatos cadastraram eleitores para recebimento de boletins; no entanto, não recebemos boletins eletrônicos de nenhuma candidatura. Assim, apesar destas iniciativas de utilização da capacidade interativa da rede, os websites eleitorais argentinos não exploraram de forma exitosa o potencial que tem a Internet para promover participação e interação direta com os eleitores; os sites eleitorais ficaram muito aquém, tendo em vista o potencial oferecido pela Internet (ver tabela 3). Em nenhum website houve sala de bate papo [chat-room] com ou sem a presença dos candidatos, por exemplo. Os websites eleitorais priorizaram o fornecimento de informações de mão única [one-way] e de cima para baixo [top-down], ou seja, subsídios sobre o candidato, sua biografia, programa de governo, realizações na vida pública, notícias e fotos. Alguns websites funcionaram analogamente a panfletos eletrônicos. Como demonstra a figura 1, algumas candidaturas exploraram a função de mobilização, buscando recrutar militantes e voluntários e, principalmente, fiscais eleitorais, já que diversos candidatos oposicionistas levantaram a possibilidade de fraude no pleito de 2007. Fornecer calendário de eventos, download de diversos materiais de campanha, informações e contatos de comitês de campanha foram algumas das opções oferecidas (ver tabela 3). No que se refere à angariação de fundos online, apenas três candidatos fizeram uso desta opção, estratégia que provou ser bastante próspera em outros países, especialmente nos EUA (veja KAMARCK, 2002, p.94). No tocante à função de integração, a metade dos candidatos analisados utilizou o website eleitoral como um comitê online, visando facilitar a organização partidária, com a finalidade de descentralizar materiais e aumentar a funcionalidade da campanha (conforme tabela 4). A maioria dos candidatos disponibilizou links para os websites de seus partidos. Os candidatos que recebiam cobertura noticiosa positiva de organizações da mídia fizeram link com estes órgãos em suas páginas. Os cinco sites que disponibilizaram seções temáticas tiveram como objetivo atrair o público jovem, principal usuário da Internet. A candidata e atual presidente da Argentina contou com três websites demasiadamente sofisticados e centrados na imagem da candidata, em detrimento às suas propostas. Um deles foi especialmente voltado para o público jovem (http://www.cristinacobosyvos.com/). Abria com música dançante, continha links de humor político, cenas do YouTube, cartazes, bottons, clips, depoimentos e endossos de artistas, embaixadores, jornalistas, empresários. Características de Mobilização 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Calendário de eventos Boletins da campanha Incentivo a acessar o Blog do candidato Incentivo a participar de comunidade online (p.e. Orkut) e adesivar fotos Download de spots partidários Download de materiais de campanha (p.e panfletos, logotipos, bottom, cartaz, etc.) Possibilita ouvir e fazer download de jingles Possibilita assistir vídeo clipe e fazer download dos vídeos da campanha e programas de TV Angariação de fundos online Voluntariado online Instruções para fiscais Contato com a coordenação de campanha Seções temáticas (juventude, mulheres, negros) Divulga e incentiva participação em atividades nas cidades (p.e. carreatas, comícios) E-shop (loja online para comprar bens da campanha e partidos – publicações, camisetas) Subscrição online para publicações partidárias (assinatura de manifestos, p.e) Web rádio Tirar foto online com o candidato Papel de parede / salva telas Ring tone da campanha para celular (MP3) Emoticons para MSN Imagens para MSN e Orkut Informações e contatos de comitês de campanha Outros contatos de campanha (p.e. telefone 0800, endereço de correspondência) Enviar fotos para o site Recomendar o site Cristina Kirchne r Lavagn a Elisa Carri ó Alberto R. Saá Jorge Sobisc h F. Pino Solanas Vilm a Ripol l Luis Amman n José Monte s Ricardo L.Murph y Gustavo B.Obeid Juan R.Mussa Nestor Pitrola 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 1 1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 0 0 0 1 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 1 0 1 0 1 0 1 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 7 0 1 3 0 1 15 0 0 8 0 0 12 0 0 10 0 0 3 0 0 6 0 0 2 1 1 14 0 0 2 0 0 6 0 0 5 Índice de Mobilização 0,27 0,12 0,58 0,31 0,46 0,38 0,12 0,23 0,08 0,54 0,08 0,23 0,19 Tabela 3 – Características de mobilização nos websites eleitorais Características de Integração 1 Comitê online (materiais para download – adesivos, folhetos, bandeiras, foto oficial, placas etc.) 2 Intranet 3 Cadastro para profissionais receberem materiais e atualizações do site (p.e. jornalistas, fotógrafos, etc.) 4 Link ou referência à comunidade virtual (p.e. Orkut) 5 Link ou referência ao blog do candidato 6 Links para websites partidários 7 Links comerciais 8 Links para ONG’s 9 Links ou referência a organizações da mídia 10 Links para outras organizações (educação, trabalho, sistemas de busca, etc.) Índice de Integração Cristina Kirchne r Lavagn a Elisa Carri ó Alberto Rodriguez Saá Jorge Sobisc h Fernand o Pino Solanas Vilm a Ripol l Luis Amman n José Monte s Ricard o López Murph y Gustavo Breide Obeid Juan Ricardo Mussa Nestor Pitrola 1 1 1 0 1 0 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 0 0 0 0 1 0,10 6 0,60 5 0,50 1 0,10 4 0,40 1 0,10 1 0,10 5 0,50 2 0,20 6 0,60 3 0,30 7 0,70 1 0,10 Tabela 4 – Características de integração (networking) nos websites eleitorais 3.2 - Resultados da Análise Formal Há diferenças entre os websites dos presidenciáveis argentinos em termos de profissionalismo? Esta pergunta formou a base da análise formal dos websites dos candidatos à presidência da república na eleição de 2007. Figura 2 - Índice das características formais dos websites eleitorais De acordo com os dados apresentados (Figura 2), é possível perceber que há discrepância em relação à acessibilidade, atualização e, principalmente, em termos de estética e ferramentas multimídia. Apenas em termos de navegação os websites estão equiparados, compartilhando características comuns (ver tabela 5). No que se refere ao número de visitantes dos websites, apenas dois presidenciáveis de candidaturas extremamente inexpressivas (os dois últimos colocados na corrida presidencial) deixaram esta opção ativa: Juan Carlos Mussa, que contou com 19.456 visualizações e de Gustavo Breide Obeide, que disponibilizou as estatísticas de acesso: a página foi visualizada 5.119 vezes por 3.144 visitantes. Analisando os elementos estruturais que podem dar pistas sobre os recursos financeiros, técnicos e humanos empregados para projetar e manter profissionalmente os websites foi possível constatar que o padrão dos websites de candidaturas mais abastadas financeiramente não foi o mesmo daqueles que representavam candidaturas mais modestas. Verificaram-se disparidades em termos de recursos tecnológicos empregados e sofisticação entre os websites; é possível inferir, portanto, que as candidaturas não dispuseram de recursos similares para tornarem suas páginas atraentes, dotadas das mais recentes ferramentas multimídias, audiovisuais, navegadores e equipamentos informacionais. Características formais e facilidade de uso dos websites eleitorais Acessibilidade Tempo razoável para o site carregar Versão em outro idioma Opção para imprimir as notícias e artigos Opção para enviar o artigo ou notícia por email Fazer download de artigos (salvar) Baixar arquivos / softwares (p.e. versão do plugin Flash Player, Acrobat Reader, etc.) 7 Disponibiliza links para aprofundar assuntos 1 2 3 4 5 6 Índice de Acessibilidade 1 2 3 4 5 6 Navegação Mapa do site ou índice Informação sobre o número de visitantes ativa Ícone da home page em locais mais baixos Sistema de busca Botão de voltar Botão de avançar Índice de Navegação Cristina Kirchne r Lavagn a Elisa Carri ó Alberto R. Saá Jorge Sobisc h F. Pino Solanas Vilm a Ripol l Luis Amman n José Monte s Ricardo L.Murph y Gustavo B.Obeid Juan R.Mussa Nestor Pitrola 1 0 1 1 1 0 1 0 1 1 1 0 1 0 1 1 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 1 1 1 0 1 0 0 4 0,57 1 5 0,71 1 5 0,71 1 2 0,29 0 5 0,71 0 4 0,57 0 2 0,29 1 3 0,43 0 3 0,43 1 4 0,57 1 2 0,29 0 3 0,43 0 4 0,57 1 0 0 1 1 1 4 0,67 1 0 1 0 1 1 4 0,67 1 0 1 1 1 1 5 0,83 1 0 1 0 1 1 4 0,67 1 0 1 0 1 1 4 0,67 1 0 1 0 1 1 4 0,67 1 0 1 0 1 1 4 0,67 1 0 1 0 1 1 4 0,67 1 0 1 1 1 1 5 0,83 1 0 1 0 1 1 4 0,67 1 1 0 0 1 1 4 0,67 1 1 0 1 1 1 5 0,83 1 0 1 1 1 1 5 0,83 1 2 Atualização Ao menos uma vez por dia Várias vezes ao dia Índice de Atualização 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Estética/Multimídia Fotos, imagens Gráficos Ícones animados (em flash) Banners Sentido de humor / ironia Multimídia (diversos) Vídeos Ring tone da campanha para celular (MP3) Jingle em auto-reprodução ao abrir o site Índice de Estética/Multimídia 1 1 2 1 1 1 2 1 1 1 2 1 1 1 2 1 1 1 2 1 1 1 2 1 1 0 1 0,5 1 0 1 0,5 1 0 1 0,5 1 1 2 1 1 0 1 0,5 1 0 1 0,5 1 0 1 0,5 1 0 0 1 1 1 1 0 1 6 0,67 1 1 0 1 0 1 1 0 0 5 0,56 1 1 0 1 0 1 1 0 0 5 0,56 1 0 0 1 0 1 1 0 0 4 0,44 1 0 0 1 0 1 1 0 1 5 0,56 1 1 0 1 0 1 1 0 0 5 0,56 1 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0,22 1 0 0 1 0 1 1 0 1 5 0,56 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,11 1 0 0 1 0 1 1 0 0 4 0,44 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,11 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,11 1 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0,22 Tabela 5 – Características formais e facilidade de uso dos websites eleitorais IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS O advento das novas tecnologias, e em especial da Internet, foi saudado com otimismo e esperança principalmente pelas novas capacidades de interação em comparação às mídias tradicionais. Mas qual foi e tem sido as conseqüências da Internet para a política eleitoral? Os websites partidários e eleitorais têm promovido a tão propagada interatividade e participação política online? No contexto argentino, a análise de conteúdo dos websites eleitorais demonstrou que, embora a Internet contenha potencialidades para incentivar a participação e o diálogo de mão dupla, os candidatos não estão explorando substancialmente essas possibilidades tecnológicas. A característica preponderante das cibercampanhas na Argentina foi a utilização da Internet como uma ferramenta de comunicação de mão única [one-way] e de cima para baixo [top-down], ou seja, as informações e propagandas foram passadas dos líderes para os militantes, eleitorado e jornalistas. No entanto, convém ressaltar que algumas possibilidades de comunicação de baixo para cima [bottom-up] foram evidenciadas, como o foro online de algumas candidaturas. A Internet foi um importante meio para diminuir o custo de obtenção de informações políticas no pleito argentino em 2007 e difundir o nome de candidatos pouco conhecidos. Mas no que se refere ao perfil das informações veiculadas, constatou-se a ausência de determinados insumos relevantes para o voto informado e o controle social efetivo. Ao passo que foram enfatizados dados como a biografia, realizações na vida pública e agenda de eventos dos candidatos, foram negligenciadas informações concernentes aos assuntos financeiros. Quase a totalidade dos candidatos analisados não se preocupou em tornar públicas em seus websites eleitorais as informações sobre o financiamento de suas campanhas, tais como o montante arrecadado, a origem dos recursos e os gastos efetivados, dados importantes para balizar as escolhas eleitorais e para a seleção do candidato com o perfil de financiamento mais adequado às preferências dos cidadãos. Do ponto de vista da formação de opinião, a Internet representou grande vantagem aos candidatos em comparação às mídias tradicionais, visto que diferentes pontos de vista puderam ser defendidos. Neste sentido, os candidatos controlaram o conteúdo e a dosagem de informação política oferecida em seus websites, sem que ela passasse por filtros ideológicos, nem pelos crivos dos gatekeepers. De acordo com os dados apresentados, diferenças foram encontradas entre os websites de candidaturas mais modestas e mais relevantes em termos de profissionalismo. Portanto, estes resultados condizem mais com a tese de normalização, visto que verificaram-se condições desiguais de competição na Internet, ao contrário de uma homogeneização dos websites políticos argentinos (GIBSON et al., 2001, p. 1; DAVIS, 1999, p. 96 apud SCHWEITZER, 2005). No que se refere às possibilidades de participação do público por meio dos websites eleitorais, é possível recusar, com base nos dados apresentados, a concepção de determinismo tecnológico que pressupõe que as transformações no campo da técnica, os artefatos, as tecnologias e os novos meios condicionam imediatamente transformações mais amplas no conjunto da sociedade e mudanças no modus operandi da política. De fato, o potencial interativo existe; no entanto, a utilização das possibilidades da Internet e seu modo de aplicação dependem das escolhas políticas estratégicas dos atores políticos. Candidatos à presidência no pleito argentino de 2007 Imagem do website de Murphy Imagem do website de Fernando Pino Solanas Imagem do website de Nestor Pitrola Imagem do website de Vilma Ripoll Imagem do website de Sobisch Imagem do website de Alberto Rodríguez Saá Imagem do website de Elisa Carrió Imagem do website de Lavagna Imagem do website de Cristina Kirchner Imagem do website de Amman Imagem do website de Gustavo Breide Obeid Imagem do website de Mussa Imagem do website de José Montes Foto de Raul Castells na Internet Referências CARLSON, Tom and DJUPSUND, Göran. Old Wine in New Bottles?: The 1999 Finnish Election Campaign on the Internet. Harvard International Journal of Press/Politics 2001; 6; 68. FARRELL, David M., KOLODNY, Robin and MEDVIC, Stephen. Parties and Campaign Professionals in a Digital Age: Political Consultants in the United States and their Counterparts Overseas, Press/Politics 6(4):11–30, 2001. GIBSON, Rachel K. and WARD, Stephen. 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