Baixar este arquivo PDF - Portal do Envelhecimento
Transcrição
Baixar este arquivo PDF - Portal do Envelhecimento
49 Caminhar pela cidade: reflexões de um pedestre Oscar Del Pozzo Introdução Os primitivos habitantes das cavernas viviam sem as mínimas condições. Assim que o sol nascia eles tinham que abandonar o abrigo precário para caçar ou encontrar alimentos. A vida era difícil e perigosa. A luta pela sobrevivência mostrava que poderia não haver um amanhã, mas não havia outra escolha. Eles caçavam e também eram caçados pelos animais ferozes e pelos seus inimigos. Aí foi se consolidando uma ideia de unir-se a outros na tentativa de poder viver mais e um pouco melhor. Os pequenos agrupamentos foram uma tentativa para sair dessa terrível situação. A intenção era dar segurança, abrigo e conforto servindo também como defesa contra as feras e seus inimigos. Os primeiros núcleos foram crescendo, formando os povoados, as vilas, até as pequenas cidades que reuniam melhores condições para defesa e segurança. Atualmente, andar pelas ruas das grandes cidades é praticamente impossível. Feitas para facilitar a vida das pessoas viraram cidades hostis aos seus habitantes. Esse verdadeiro caos preocupou a Organização Mundial de Saúde que elaborou alguns quesitos para se instalar as “Cidades Amigas do Idoso”. Apenas 35 foram selecionadas, nenhuma no Brasil. Porém, agora várias cidades brasileiras estão se preparando para atender os quesitos da OMS. Considerações iniciais Tenho 83 anos e sempre morei em São Paulo, onde estudei, me formei, trabalhei e me aposentei em 1989. Como médico, faço palestras em grupos de idosos sobre saúde e direitos. O ponto central dos temas é acabar com o sedentarismo que atinge 70% da população Os médicos recomendam, com teimosa insistência, a prática habitual de atividades físicas, das caminhadas, como fator importante na prevenção de um grande número de doenças. Como pedestre eu vejo São Paulo com desafios que a “civilização”, o “progresso” trouxeram consigo. De um lado o fascínio de uma arquitetura REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 50 avançada, cinemas, teatros, casas de shows, estádios, monumentos que perpetuam pessoas e acontecimentos, que o tempo poderia apagar. Lugares aprazíveis, parques bem conservados e o transporte por bondes puxados por burros e bebedouros para esses animais em vários lugares. A saudade nos leva a mentalizar a cidade onde passamos os melhores anos de nossa vida. Porém, toda moeda tem duas faces. O filme da cidade de outrora foi substituído por uma nova película. Não é um filme de terror, mas o contraste é brutal. Os paulistanos eram felizes e não sabiam. O tempo inexorável provocou distorções graves e uma ironia: - isso aconteceu por obra e omissão dos seus habitantes iludidos e agora lamentando o passado. A realidade é outra, temos que admitir. E porque será que isso ocorreu? Podemos citar diversos fatores, porém águas passadas não movem moinhos. O crescimento desenfreado não era esperado. Um Prefeito da cidade, Figueiredo Ferraz defendeu uma ideia ousada, que logo foi repudiada: “São Paulo precisa parar de crescer”. A afirmativa foi posta de lado, veementemente combatida pela maioria, morreu no berço. Tal anomalia ocorreu também em outras mega cidades do Brasil e do mundo. Finalmente, surgiu uma luz no fim do túnel: - a Organização Mundial de Saúde (OMS) preparou um guia, com as modificações estruturais sugeridas para minorar essa situação. Trata-se do guia “Cidades Amigas do Idoso. Em todo mundo, algumas cidades (35) foram escolhidas como modelo. No Brasil, várias cidades estão implantando as adaptações sugeridas pela OMS. As pioneiras provocaram uma corrida, em busca do tempo perdido, uma saudável onda impulsionando esses melhoramentos. Desenvolvimento O homem das cavernas entendeu que, para sua segurança e sobrevivência era conveniente agrupar-se em pequenos ajuntamentos, tribos ou povoados. As cidades antigas eram cercadas por altas muralhas e tinham pesadas portas que quando abertas, permitiam a entrada e saída dos seus habitantes. Fechadas, eram obstáculos contra as invasões de inimigos. Dessa maneira, garantiam a segurança dos seus moradores. A Grécia se imortalizou por incentivar a atividade física e por contar com os maiores pensadores e filósofos. “Men sana in corpore sano”. Os Jogos Olímpicos, a maratona e outras práticas estimulavam os gregos a serem pioneiros nesses campos da atividade humana. Também a Palestina, na época de Cristo, tinha duas atividades principais, ambas exigindo boa forma física. Os hebreus eram pastores ou agricultores (sem máquinas agrícolas, só na base braçal), e Cristo e seus apóstolos percorriam grandes distâncias à pé para chegar às cidades ou povoados da região. Passados muitos anos surgiram as grandes aglomerações urbanas, as grandes cidades, as metrópoles, como São Paulo e outras. A antiga intenção do homem primitivo era conviver com outros seres humanos, ganhando proteção e maior REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 51 conforto. Essas condições desapareceram, pois as cidades “modernas” privilegiaram os veículos, em detrimento dos seres humanos. Os fatores de risco são situações que colocam em perigo a saúde das pessoas. Pois bem, dos doze fatores de risco conhecidos, pelo menos seis deles (a metade) mostram que essas causas podem ser eliminadas ou minimizadas São eles: sedentarismo (o 1º, e um dos piores), obesidade, diabete, hipertensão, doenças cardiovasculares e aumento do colesterol sanguíneo. A atividade física é um grande fator protetor, previne a enfermidade cardíaca e apoia o tratamento do diabete, hipertensão arterial, artrose e osteoporose, diminui o risco de quedas e melhora as relações interpessoais. A saúde mental pode promover-se facilitando a adaptação às mudanças de papeis e a uma vida social ativa. “Não existe nenhum segmento da população que obtenha mais benefícios com a atividade física do que o idoso”. A frase, presente no Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: “Atividade física e Saúde do Idoso”, ilustra bem porque vale a pena começar a praticar exercícios regularmente mesmo para quem já passou dos 60 anos (1). A providência mais importante que uma pessoa, de qualquer idade, deve tomar para permanecer saudável é manter um bom condicionamento físico. A atividade física regular é o fator-chave para o envelhecimento saudável. O hábito de praticar exercícios físicos, não só acrescenta mais anos à nossa vida, mas também mais vida aos nossos anos. Além de vivermos mais, nossa qualidade de vida melhora muito com a prática regular dos exercícios. Assim, a atividade física deve ser mantida por toda a vida. Alguns benefícios comprovados da prática regular de exercícios físicos: redução do risco de enfarte e derrame cerebral; diminuição do risco de câncer, especialmente câncer de colo, mama, próstata e pulmão; diminuição do risco de diabetes do adulto e da doença de Alzheimer; diminuição do colesterol LDL e aumento dos índices HDL; diminuição da pressão arterial; emagrecimento e manutenção do peso; prevenção da osteoporose; prevenção e melhora da artrite; diminuição das insônia e melhora da qualidade do sono; contribuição para uma vida mais tranquila; prolongamento da vida e melhora da qualidade de vida (2). Observa-se expressiva redução de eventos cardiovasculares, ao longo de 7 a 10 anos em pessoas que deixaram de ser sedentárias e passaram a ter atividade física regular, se comparadas àquelas absolutamente sedentárias, principalmente as com obesidade ou sobrepeso; inclusive nos que mantém o hábito do tabagismo (3) A cidade de Porto Alegre (Rio Grande do Sul) tem um bairro, Moinhos de Vento, onde as condições ambientais são favoráveis e no qual residem muitos REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 52 idosos, uma das maiores concentrações no Brasil (34,2%), o que provavelmente torna a região privilegiada para os idosos, daí a preferência(4). Na cidade de São Paulo também existe um condomínio residencial particular, quase um bairro, com 78% de idosos entre a sua população (5). Há que se entender que o movimento é a essência da vida. Somos o Universo e o Universo está em movimento. Mas a certa altura do caminho pelo planeta, o homem tomou um atalho. Fugiu da essência do seu ser - buscando mais conforto e comodidade – e acabou chegando à essa desconfortável sociedade aloprada da virada do século. Assim, esse ser que caminhou por milhões de anos, tornou-se, de repente, absolutamente sedentário, enfurnado na casa, locomovendo-se sobre rodas, subindo escadas rolantes, usando elevadores. E toda essa tecnologia que teve por finalidade a busca de mais conforto e comodidade acabou colocando o homem numa extrema competitividade, que ultrapassa suas possibilidades e causa desconforto. Ele não dá mais conta do que é exigido, embora se sinta constantemente incomodado por tantas exigências. Resultado: - o organismo atrofiou, vive cercado de doenças, mentalmente frágil e fisiologicamente, desequilibrado (6). O exercício diário e a atividade física têm uma função preventiva para muitas enfermidades crônicas. É melhor prevenir que remediar. Além do mais, a prática continuada de exercícios físicos libera as tenções cotidianas, favorece o relaxamento, proporciona o desenvolvimento da autoconfiança e da independência, propiciando o surgimento de uma atitude otimista em relação à vida. Melhora, ainda, a qualidade do sono (7). Atualmente surgem evidências que o praticante de exercícios físicos pode ter uma vida melhor e mais longa. Na realidade, esta expectativa se justifica pelo fato do índice de doenças cardiovasculares, câncer, osteoporose, hipertensão e outras serem muito inferiores no individuo ativo. Em consequência, a tendência é o individuo viver mais e melhor (8). Vamos nos concentrar na cidade de São Paulo, aglomerado de mais de dez milhões de pessoas, cercado por prédios, casas, favelas, pontes, viadutos, vias expressas e túneis. Tudo para melhorar as condições e o conforto e segurança dos seus habitantes? Ledo engano. É uma selva de pedra, uma gigantesca armadilha para os pobres pedestres desavisados, e uma pista para os infelizes motoristas, que perdem horas no trânsito caótico que não leva a lugar algum, só poluindo o ar e provocando uma série de doenças. A ironia dessa situação é que atingiu a todos os caminhantes, principalmente os idosos, as grávidas, as crianças, os portadores de necessidades especiais e os usuários das cadeiras de rodas. Um dos maiores problemas são as quedas. São realizados seminários, semanas de prevenção tentando diminuir esse grave problema. As quedas e acidentes com idosos acontecem nas próprias casas, por falta de adaptações para tornar o ambiente domestico um lugar mais seguro. Não são apenas residências, mas também o entorno, no quarteirão próximo, em todos os lugares existem calçadas que impedem e criem barreiras aos idosos, aos REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 53 portadores de necessidades especiais, as grávidas e as crianças de colo, como: pisos escorregadios; animais soltos; carros estacionados irregularmente; barracas de ambulantes; galhos de arvores; restos de materiais de construção; lixos amontoados; declives e aclives acentuados(9). A sinalização pouco visível, os semáforos com tempo de abertura de 10 a 20 segundos impedem a passagem mais demorada dos pedestres, além das faixas de segurança desrespeitadas pelos veículos. A verdade que as calçadas da cidade constituem um permanente um problema de saúde pública. É preciso que nossos governantes lembrem-se de olhar para essa questão. Atualmente a única preocupação deles é aumentar a arrecadação de impostos, mais nada. (10). As autoridades da CET, que controlam o fluxo de veículos na cidade de São Paulo, está reduzindo em até 25% o tempo de 412 semáforos de locais movimentados e a espera nas calçadas, para aumentar o respeito aos pedestres com reforço de marronzinhos e orientadores de tráfego. A campanha vai ser expandida para os bairros Pinheiros, Jardins, Santana e Lapa. Até o inicio de Agosto a CET vai começar a multar motoristas que desrespeitarem a prioridade dos pedestres na faixa. A multa é R$191,54 e mais sete pontos na Carteira de Habilitação (11). Paulistanos reclamam que os veículos têm prioridade no trânsito da cidade, e os idosos são os mais prejudicados. Uma emissora de televisão fez uma reportagem com algumas avenidas cujos semáforos tem tempos de abertura para pedestres, de 10 a 12 segundos, obrigando idosos e portadores de deficiências a se arriscar e estarem sujeitos a acidentes (12). Brasília, cidade relativamente jovem demonstra essa tendência. Com um planejamento e uma arquitetura mundialmente elogiados. Realmente sob o ponto de vista plástico estético, inovador é pioneira. Elogiar, reconhecer tudo isso à distância é fácil. Residir em Brasília é um pouco diferente. Lá, como aqui, os pedestres vivem de teimosos, largados, no meio das máquinas rodantes. Não têm escolha, pois precisam trabalhar para se manter. Grandes avenidas, distâncias enormes, clima árido e seco, e poucas arvores, com ar condicionado em todos os prédios. Isso tudo é uma realidade restrita ao povo simples, sem opção para uma outra realidade, bem próxima, bem diferente. São as cidades satélites, onde moram os “candangos” que construíram a capital do Brasil. A Organização Mundial de Saúde apresentou um conjunto de ações, para transformar as cidades em “cidades amigas do idoso”. São as seguintes: 1 Planejamento com a participação dos idosos, para ter uma arquitetura favorável não só aos idosos, mas também a todos os seus habitantes. 2- Sinalização visível à distância. Escadas e rampas sinalizadas e corrimões adequados. Semáforos com tempo adequado de abertura. Respeito rigoroso REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 54 às faixas de pedestres. Calçadas seguras, sem obstáculos e com rampas de acesso para portadores de necessidades especiais. Foram selecionadas 35 cidades em todo o mundo. Apenas uma é da América Latina, trata-se de La Plata, na vizinha Argentina (13). Felizmente aqui no Brasil já temos informações de algumas ações nesse sentido. São elas: 1 São José do Rio Preto, no Estado de São Paulo, que detém o primeiro lugar no país em longevidade e escolaridade, e os idosos são 13% da população da região O plano conta a orientação do Dr. Alexandre Kalache, ex consultor da OMS, e tem cerca de dez participantes, além da Prefeitura, com destaque para a Secretaria de Saúde Municipal (www.riopreto.sp.gov.br/saude) (14). 2 Ilha Bela, no litoral paulista promoveu alterações urbanas diminuindo pela metade o sedentarismo na cidade. 3 “Porto Alegre: A maior proporção de Idosos” (15). 4 “Mooca quer tornar-se bairro amigo do idoso. Projeto de subprefeitura prevê intervenções de calçadas a mobiliário urbano: Primeira Conferência Regional listou as principais dificuldades” (16). 5 Em São Paulo, recentemente, o bairro Vila Clementino implantou o “Bairro Amigo do Idoso”, sob a orientação do Professor José Roberto Ramos, da Universidade Federal de São Paulo, (Unifesp), localizada na mesma região. 6 O bairro de Ipanema, no Rio, adotou uma série de procedimentos para beneficiar seus idosos. 7 Santos é uma cidade com grande numero de idosos (16,5%) que migraram de várias cidades próximas, em busca de melhores condições de vida. As praias de Santos têm extensas avenidas, com calçadas que só os pedestres podem usar. São quilômetros e quilômetros, dotados de arborização, sanitários limpos e bem cuidados bebedouros além de bancos para descanso. Não há poluição do ar, pois o oceano traz uma brisa com 100% de oxigênio (17). 8 Rio de Janeiro é outra cidade da orla marítima que, à semelhança com outras cidades litorâneas, oferecem boas condições para a prática de caminhadas. O exemplo de Copacabana Para se explicar como se concretiza na prática a implantação das “Cidades Amigas do Idoso, Kalache cita o exemplo do seu bairro natal no Rio de Janeiro, e o primeiro lugar que implementou esse tipo de iniciativa no mundo, desde 2005. Durante este ano, um grupo de idosos identificou seus principais REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 55 problemas em relação ao ambiente. Falaram da insegurança e das dificuldades para serem atendidos nos hospitais, entre outros fatores”. No início do programa se capacitou a policia, que se especializou na atenção às pessoas idosas e, atualmente, oferecem um serviço exclusivo para os moradores da terceira idade que atende as 24 horas e os 7 dias da semana, informa Kalache. Cada policial encarregado desse trabalho foi especialmente preparado fazendo-o viver as limitações de uma pessoa idosa, para poder compreendê-las melhor. Assim, foram colocados tampões de cera nos ouvidos vedaram-lhes os olhos e se colocaram pesos adicionais nos pés, durante o curso de capacitação. As mudanças são entendidas como um imperativo para o mundo onde o envelhecimento da população se faz a passos gigantescos e onde se busca evitar que os idosos se isolem em suas casas porque não podem conviver em ambiente hostil e perigoso (18). Sorocaba, cidade com 600.000 habitantes, foi palco de uma iniciativa pioneira, com modificações no meio ambiente, criando conduções favoráveis ao hábito de caminhar. Os participantes foram idosos de um posto de saúde, com diversas moléstias crônicas, e após 4 anos a avaliação indicou melhoria do estado geral, assim comprovada cientificamente. Esse exemplo deveria ser seguido em outras cidades (19). Os bons resultados com os idosos desses municípios motivaram outras cidades a imitar essas iniciativas. A tendência parece que virou moda. Algumas informações nesse sentido chegaram ao nosso conhecimento: São Caetano, São José dos Campos e Cornélio Procópio estão se preparando para serem consideradas cidades amigas do idoso. Na cidade de Rio Claro (SP) foi promulgada a Lei Municipal No. 3498, de 16 de dezembro de 2004, criando a Política Municipal do Idoso que especifica e determina a participação de todas as secretarias, e os demais órgãos municipais, detalhando a participação e o papel a ser desempenhado por cada uma delas (20). Um estudo inédito, realizado em sete estados do país, mostra que 60% dos postos de saúde têm barreiras arquitetônicas para idosos e pessoas com deficiência, como escadas e ausência de rampas e corrimãos, o que dificulta o acesso a esses serviços. Realizado pelas universidades Federal e Católica de Pelotas (RS), foram visitadas 240 Unidades Básicas de Saúde (UBS), sorteadas em 41 municípios com mais de 100 mil habitantes de estados do Sul e Nordeste do país (RS, SC,AL, PB, PE, PI e RN.(21). Considerações finais Andar pelas ruas de uma cidade grande como São Paulo demonstra, de maneira prática, a grave distorção entre uma necessidade de convívio e REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 56 proteção dos primeiros habitantes da terra, e atual e triste realidade. Feitas para facilitar a vida de seus moradores, o gigantismo as transformou em locais impróprios especialmente para os idosos, as grávidas, os portadores de necessidades especiais e todos os outros moradores É preciso restaurar a liberdade de locomoção, o mais breve possível, pois atualmente os paulistanos vivem segregados em suas casas, que são verdadeiras prisões, com graves resultados para a sua qualidade de vida. As soluções estão começando a surgir em várias cidades, modificando o ambiente para permitir melhores condições de sobrevivência de todos. Quando será que São Paulo voltará a ser acolhedora e saudável para os mais de dez milhões de seres humanos prejudicados pelo chamado “progresso”? Quem sabe, um dia viveremos em uma cidade mais humanizada. A antiga cidade de São Paulo de Piratininga fundada pelo Padre José de Anchieta foi afundada pelo seu gigantismo, onde suas ruas, praças e avenidas são alargadas, exibindo túneis e viadutos modernos para beneficiar os milhões de automóveis, ônibus e caminhões relegando os pobres e infelizes pedestres a serem meros expectadores passivos, que não tomam parte nas decisões que estão afetando suas vidas. Isto se chama inversão de valores. Que tal priorizar os dez milhões de seres humanos ao invés das máquinas? Referências 1 GERONTOLOGIA, Sociedade Brasileira de Geriatria e Atividade Física e Saúde do Idoso. 2 MANCILLA, Jairo e Luiz Alberto PY. O caminho da longevidade. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2001. pp. 47-48. 3 INCOR - Instituto do Coração Coleção “Cozinha Clássica Baixo Colesterol”. São Paulo, 2009. Vol. 4, p. 36. 4 JORNAL O Estado de São Paulo. “Porto Alegre – A maior proporção de Idosos”. Edição de 2 de Julho de 2011, C 4. 5 Jornal O Estado de São Paulo. “O conjunto dos sexagenários” Edição de julho de 2011, C-3. 6 RIBEIRO Nuno Cobra. A semente da vitória. São Paulo: Editora Senac, 2006, pg. 127. 7 PEREIRA, Iêda Lucia Lima; Vieira Cora Martins. A Terceira Idade – Guia para viver com saúde e sabedoria. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1996, pg 180. 8 BARROS, Turíbio Leite. A prática da atividade física segura. São Paulo: Editora Senac, 2001, pp. 10, 47 e 74. REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 57 9 IAMSPE Instituto de Assistência Medica dos servidores do Estado de São Paulo. www.iamspe.sp.gov.sp.br 10 JORNAL O Estado de São Paulo. “O desafio dos pedestres paulistanos”. Edição de 1 de Dezembro de 2007 11 JORNAL O Estado de São Paulo. “Pedestre terá de esperar menos para atravessar”. Edição de 2 de julho 2011, C-5. 12 Revista Saúde em dia. Espaço Saúde em Dia. Laboratório Fleury São Paulo. 2009. www.fleury.com.br 13 KALACHE, Alexandre. Cidades Amigas do Idoso Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 1 de Outubro de 2007. www.who.int/es/ 14 RIO PRETO – Cidade Amiga do Idoso www.riopreto.sp.gov.br Link Desafios do Desenvolvimento. 15 JORNAL O Estado de São Paulo. “Porto Alegre. A maior proporção de idosos. Edição de 2 de Julho de 2011, pg C 4.. 16 JORNAL O Estado de São Paulo. “Mooca quer tornar-se bairro amigo do idoso. Projeto de subprefeitura prevê intervenções de calçadas a mobiliário urbano: Primeira Conferência Regional listou as principais dificuldades”. Edição de 24 de Fevereiro 2009. 17 SODERBERG Tomas, et al. Secretaria Municipal da Saúde – Santos. Setembro de 2004. www.santos.sp.gov./br/frame.php, 18 JORNAL El Dia (Arg). Editado por Rede LatinoAmericana de Gerontologia – LRG. Canal Documentos Recortes de Prensa. Publicado em 17 de outubro de 2007. www.gerontologia.org 19 MATSUDO, Victor K. et al. ”Planejamento de Intervenções Urbanas para aumentar o Nível de atividade física e melhorias na saúde”. Revista Diagnóstico e Tratamento Associação Paulista de Medicina APM. São Paulo, 2007. Vol. 12. ed. 3. Jul/Agos/Set/ . 20 RIO CLARO Lei Municipal No 3498, de 16 de dezembro de 2004. Institui a Política Municipal para o idoso. 21 JORNAL O Estado de São Paulo. “Barreiras nos postos de Saúde”. Edição de 24 de dezembro 2009. ____________________________ REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php 58 Oscar Del Pozzo - Médico. Trabalha há mais de 10 anos com grupos de idosos, com palestras e debates que versam sobre qualidade de vida e direitos. Há cerca de seis anos criou, com idosos de todas as regiões da capital, o Movimento Idosos Solidários (MIS), do qual é coordenador. Luta principalmente pelo pleno reconhecimento dos direitos dos idosos que o Estatuto dos Idosos determina e que grande parte da sociedade finge ignorar e também contra os preconceitos e discriminações de que são vítimas. Os idosos não precisam de tutelas, ou esmolas. Eles só querem que os seus direitos sejam reconhecidos. E-mail [email protected]. Site: www.idosossolidarios.com.br REVISTA PORTAL de Divulgação, n.14, Set. 2011 - http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/revista/index.php