autovalidação de resultados no laboratório clínico

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autovalidação de resultados no laboratório clínico
AUTOVALIDAÇÃO DE RESULTADOS NO
LABORATÓRIO CLÍNICO: DEFINIÇÃO DOS VALORES
DE SEVERIDADE/NORMALIDADE E APLICAÇÃO DO
RCV PARA A DETERMINAÇÃO DO DELTA CHECK
DIAS, A. C. ; ALBUQUERQUE, M. T. ; MARTINS, G. R. ; OLIVEIRA, G. ; BARBOSA, A. L.
LABORATÓRIO SABIN DE ANÁLISES CLÍNICAS – BRASÍLIA-DF
[email protected]
INTRODUÇÃO
O software CentraLink SIEMENS ®, é uma solução de gerenciador de dados multissistemas para os sistemas de instrumentos em laboratório. O sistema CentraLink consolida os dados de todos os instrumentos
conectados, de forma que o operador poderá visualizar os resultados do paciente e do controle de qualidade, a partir de um único local. Esse Sistema realiza autovalidação de resultados de pacientes de acordo com quatro
critérios, sendo eles: Normalidade, Delta Check, Controle de Qualidade e Flags de Instrumentos. O Centralink trabalha com 3 faixas de Severidades para cada critério.
O objetivo geral do estudo é trabalhar com os critérios de Normalidade e Delta Check, propondo uma padronização com foco na atenção aos resultados anormais. O objetivo específico foi propor os valores de
Sereridade 1, 2 e 3; além de calcular o “Delta Check” com base na fórmula do “Reference Change Value” (RCV), que é a diferença entre 2 resultados consecutivos que podem indicar uma mudança no estado de saúde
do paciente.
CASUÍSTICA E MÉTODOS
Estudo transversal com 803.649 resultados laboratoriais de bioquímica e hormônios, realizados em laboratório privado, nos períodos de 18 a 23 de maio/2013 (anterior à configuração do Centralink), 14 a 19 de
outubro/2013 e 04 a 09 de novembro/2013 (após à configuração do Centralink). O teste Qui-Quadrado para tendências analisou se o percentual de autovalidações de resultados aumentou estatisticamente. A análise
estatística foi feita pelo programa Medcalc (α=0,05).
Foi estipulado Severidade 1 para limites “brandamente” fora do valor de referência, Severidade 2 para limites de alerta e Severidade 3 para limites críticos (Figura1). Os limites de alerta foram definidos com base no
“estado da arte”, entre 3 analistas clínicos e validados pela Gerência de Produção – não há referência bibliográfica para definição destes critérios.
Em junho/2013 foi padronizado as faixas de severidades para a Normalidade e o RCV para Delta Check, o Sistema CentraLink automaticamente passa a gerenciar os dados de pacientes com foco em resultados
anormais, sendo analisado independentemente os critérios de Normalidade e Delta Check, ou seja, qualquer um dos critérios infringidos, os resultados serão auto liberados ou ficarão retidos no Sistema para avaliação
manual. Em novembro/2013, após essa padronização de Normalidade e Delta Check, foi configurado no Sistema CentraLink um comando de informática (Trigger) com a seguinte função: O sistema ao receber um
resultado do instrumento dará prioridade à análise do Delta Check frente à Normalidade, ou seja, fará primeiramente avaliação de Delta Check, caso esse não infrinja severidade 2, o resultado só ficará retido no sistema
para uma avaliação manual, caso a Normalidade infrinja severidade 3 (Figura 2). Na Figura 3 é apresentado a Fórmula do RCV, que foi utilizado na definição dos “Delta Checks”.
Figura 1. Faixas de Severidade definidas no Centralink.
Figura 2. Fluxograma da revisão e autovalidação dos resultados.
Figura 3. Cada resultado é uma assossiação do coeficiente de variação analítico (CVa) e biológico
individual (CVi). O RCV compreende a soma destas incertezas associadas com ambos os resultados.
RESULTADOS E CONCLUSÃO
Os resultados autovalidados em maio, outubro e novembro foram 61,64%, 83,51% e 84,04%, respectivamente. Os resultados autovalidados pelo Centralink aumentaram significativamente após configuração (p<0,001).
Observou-se redução no tempo de atendimento total (TAT) de 12 para 9 horas. As telas de revisão do Centralink que apresentavam normalmente, entre 2000 e 3000 pacientes para revisão hoje giram em torno de 400 a
500. A definição de critérios cientificamente válidos, para a autovalidação de resultados laboratoriais, otimiza o processo e possibilita maior atenção do Analista Clínico aos casos que necessitam de cuidado especial.
Figura 4. Gráfico de colunas representando o percentual de resultados
autovalidados nos períodos de 18 a 23 de maio /2013 , 14 a 19 de
outubro/2013 e 04 a 09 de novembro/2013. Qui-Quadrado com p<0,05
considera-se diferença estatisticamente significativa.
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