ix simcorte
Transcrição
ix simcorte
IX SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE 5th INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF BEEF CATTLE PRODUCTION O ENCONTRO DO BOI VERDE-AMARELO PROMOÇÃO Departamento de Zootecnia Universidade Federal de Viçosa Viçosa – MG 2014 Exemplares deste livro podem ser adquiridos na: Livraria UFV on-line www.editora.ufv.br Televendas: (31) 3899-2234 Diagramação, Digitação e Montagem: Edson Agostinho Pereira - (31) 3899-2677 Impressão: Suprema Gráfica - (0xx) 32 3551 2546 Capa e arte: Alexandre Antônio da Silva – (0xx) 32 9953 1274 Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da UFV S612 2014 Simpósio de Produção de Gado de Corte (9. : 2014 : Viçosa, MG) Anais... [do] 9. Simpósio de Produção de Gado de Corte e 5th International Symposium of Beef Cattle Production / 9. Simpósio de Produção de Gado de Corte e 5th International Symposium of Beef Cattle Production, 19 a 21 de junho de 2014, Viçosa, MG ; editores Sebastião de Campos Valadares Filho ... [et al.]. – Viçosa, MG : UFV, DZO, 2014. 426p. ISBN 978.85.8179.063-3 Textos em português e inglês 1. Bovino de corte – Congressos. I. International Symposium of Beef Cattle Production (5. : 2014 : Viçosa, MG). II. Valadares Filho, Sebastião de Campos. III. Universidade Federal de Viçosa. Departamento de Zootecnia. VI. Título. CDD 22. ed. 636.213 O conteúdo dos artigos contidos nesta publicação é de inteira responsabilidade dos respectivos autores. ii IX SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE 5th INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF BEEF CATTLE PRODUCTION ANAIS EDITORES Sebastião de Campos Valadares Filho Mário Fonseca Paulino Mario Luiz Chizzotti Pedro Veiga Rodrigues Paulino Aline Gomes da Silva Diego Zanetti Felipe Henrique de Moura Laura Franco Prados Lívia Vieira de Barros Luiz Henrique Pereira Silva Marcos Rocha Manso Marcos Vinicius Carneiro Pacheco Pedro Del Bianco Benedeti 19 a 21 de Junho de 2014 Viçosa – MG – Brasil iii iv COMISSÃO ORGANIZADORA Acadêmicos: Aline Gomes da Silva Diego Zanetti Felipe Henrique de Moura Laura Franco Prados Lívia Vieira de Barros Luiz Henrique Pereira Silva Marcos Rocha Manso Marcos Vinicius Carneiro Pacheco Pedro Del Bianco Benedeti Professores: Sebastião de Campos Valadares Filho Mário Fonseca Paulino Mario Luiz Chizzotti Pedro Veiga Rodrigues Paulino Funcionários: Edson Agostinho Pereira Márcia Danielly Cavalcanti Silva Júlia Gravina v vi AGRADECIMENTOS Aos Professores: A todos os professores do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, que contribuíram para o sucesso do evento. Aos Funcionários: A todos os funcionários do Departamento de Zootecnia, em especial ao Edson, Venâncio, Rosana e Fernanda pela boa vontade e colaboração na realização dos preparativos deste evento. A todos os funcionários da FUNARBE, especialmente à Flávia Ferraz, Nikolas Frederico Campos, Zilda Maria Quintão Valente e Amanda Prado Fernandes. Aos Amigos: À Márcia Danielly Cavalcanti Silva e à Júlia Gravina, pela dedicação na secretaria do evento. Aos acadêmicos André Mauric Frossard Ribeiro e Nadson Souza pelo apoio imprescindível no uso dos recursos de multimídia das palestras durante o evento. Ao amigo Wender “Roxx” da “Fazendinha” pela parceria na organização da Beer Beef Fest. Ao Mozart Alves Fonseca A essa grande pessoa, amigo fundamental nas últimas edições do evento, sempre tornando o ambiente agradável com seu bom humor. O sucesso do SIMCORTE é o resultado do trabalho e da dedicação de pessoas como você. Muito obrigado! vii Ao Pedro Veiga Rodrigues Paulino A esse brilhante profissional, imprescindível por seu conhecimento e percepção das carências da pecuária de corte nacional, além ser o porta voz do SIMCORTE no exterior. Por todos os seus esforços em prol do evento, seremos sempre gratos. Aos Palestrantes: Dra. Alison Louise Van Eenennaam - UC DAVIS Antônio Celso Barbosa Lopes - Diretor APROVA Danilo Grandini - PHIBRO Prof. Ed Hoffman Madureira - USP Pirassununga Prof. Edenio Detmann - UFV Dr. Jeffery Carroll - USDA Prof. Keith Belk - Colorado State University Prof. Lino Roberto Ferreira - UFV Prof. Luiz Carlos Baldicero Molion - UFAL Dr. Marcelo Neves Ribas - INTERGADO Prof. Mário Fonseca Paulino - UFV Prof. Mário Luiz Chizzotti - UFV Murilo Henrique Quintiliano - ETCO e FAI do Brasil Dra. Patrícia Perondi Anchão de Oliveira - Embrapa Pecuária Sudeste Dr. Pedro Veiga Rodrigues Paulino - NUTRON / CARGILL Prof. Pekka Huhtanen - Swedish University of Agricultural Sciences Prof. Peter Udén - Swedish University of Agricultural Sciences Dr. Renato Andreotti e Silva - Embrapa Gado de Corte Prof. Roberto Sartori - ESALQ USP Prof. Sebastião de Campos Valadares Filho - UFV viii Aos Moderadores Prof. Alysson Saraiva - UFV Profª. Claúdia Batista Sampaio - UFV Prof. Dilermando Miranda da Fonseca - UFV Prof. Edenio Detmann - UFV Prof. Ériton Egídio Lisboa Valente - UNIOESTE Prof. Giovanni Ribeiro de Carvalho - UFV Dr. Lincoln da Silva Amorim - UFV Profª. Lívia Vieira de Barros - UNEMAT Profª. Luciana Navajas Rennó - UFV Prof. Luís Augusto Nero - UFV Prof. Marcos Inácio Marcondes - UFV Prof. Mário Luiz Chizzotti - UFV Dr. Pedro Veiga Rodrigues Paulino – Nutron/Cargill Prof. Rafael Mezzomo - UFRA Prof. Roberto Max Protil - UFV Prof. Sebastião de Campos Valadares Filho - UFV Profa. Simone Eliza Facioni Guimarães - UFV ix Aos Patrocinadores e Apoiadores: A todas as empresas, pela participação e confiança, imprescindíveis para a realização deste evento. BEEFPOINT CAPES CNPq CPT – Centro de Produções Técnicas CRMV/MG DBO FAPEMIG FUNARBE INTERGADO NUTRIPLAN NUTRON Alimentos S.A. SCOT Consultoria TD Software LTDA TORTUGA/DSM x PREFÁCIO SIMCORTE - O Encontro do Boi Verde-Amarelo Toda a cadeia produtiva da carne deve estar atenta às mudanças que ocorrem com frequência em um setor cada vez mais exigente. Para isso, a eficiência produtiva é fundamental, pois embora sejam crescentes os valores absolutos das exportações, os custos de produção vêm aumentando, forçando o setor a se tornar mais competitivo e sustentável. Diante disso, a conscientização do produtor, base da cadeia da carne, e de técnicos, responsáveis pela transferência de tecnologia das universidades e centros de pesquisa para o campo, torna-se ponto de partida para a melhoria da eficiência. É certo que a lucratividade e a viabilidade de um negócio passam pela atenção ao meio-ambiente e pela responsabilidade social. Além disso, a pecuária de corte passa por uma necessidade contínua de aperfeiçoamento, aumento de produtividade, eficiência e lucratividade. Sendo assim, para que a pecuária de corte se torne uma atividade lucrativa e com potencial para enfrentar as crises de mercado, é necessário que os profissionais envolvidos na atividade busquem entender e enfrentar as três demandas do sistema de produção, são elas: imagem, sustentabilidade e lucratividade. Esses são os três pilares que devem ser a base do sistema de produção de carne bovina, sendo que eles são interligados e interdependentes. Portanto, a divulgação das mais recentes tecnologias geradas no país e no mundo é vital para o desenvolvimento da pecuária de corte nacional. Neste sentido, o SIMCORTE tem como principal missão promover o desenvolvimento da pecuária de corte nacional com ênfase no boi verde-amarelo. Os Editores xi xii ÍNDICE AN OVERVIEW OF FORAGE QUALITY EVALUATION FOR CATTLE 1 Peter Udén PREDICTION OF METHANE EMISSIONS IN CATTLE ………………... 29 Pekka Huhtanen and Mohammad Ramin DEVELOPMENT OF NICH MARKETS FOR HIGH QUALITY BEEF...... 61 Keith E. Belk NUTRITION AND IMMUNE SYSTEM IN BEEF CATTLE: IMPACTS ON HEALTH AND WELL-BEING OF THE ANIMAL…………………….. 73 Jeffery A. Carroll and Nicole C. Burdick Sanchez INNOVATIONS IN THE IDENTIFICATION OF GENETICALLYSUPERIOR CATTLE: IMPACTS OF GENOMIC TOOLS ON GENETIC EVALUATION PROGRAMS ……………………………………………….. 83 Alison Van Eenennaam MECANISMOS FISIOLÓGICOS E MOLECULARES ENVOLVIDOS COM A MACIEZ DA CARNE.................................................................. 109 P.V.R. Paulino, M.S. Duarte ASSOCIATIVISMO NA BOVINOCULTURA PROFISSIONAL - O CASO DA APROVA…………………………………………………………………… 127 Antonio Celso Barbosa Lopes BOVINOCULTURA OTIMIZADA............................................................. 139 Mário Fonseca Paulino, Edenio Detmann, Aline Gomes da Silva, Daniel Mageste de Almeida, David Esteban Contreras Márquez, Deilen Paff Stelo Moreno, Felipe Henrique de Moura, Javier Enrique Garces Cardenas, Josilaine Aparecida da Costa Lima, Leandro Soares Martins, Marcos Rocha Manso, Roman Enrique Maza Ortega, Sidnei Antônio Lopes, Victor Valério de Carvalho FUNDAMENTOS TECNOLÓGICOS ASSOCIADOS AOS DIFERENTES MODELOS DIETÉTICOS PARA BOVINOS EM CONFINAMENTO, E USO DO BR-CORTE 2.0 PARA FORMULAR DIETAS E PREDIZER O DESEMPENHO DE BOVINOS....................... 165 Sebastião de Campos Valadares Filho, Luiz Henrique Pereira Silva, Pedro Del Bianco Benedeti, Polyana Albino Silva Machado INSTRUMENTOS DE PRECISÃO PARA SUPORTE ÀS ATIVIDADES ZOOTÉCNICAS....................................................................................... 213 Marcelo Neves Ribas, Mario Luiz Chizzotti, Fernanda Samarini Machado, Thiago Meireles Felix xiii ASPECTOS NUTRICIONAIS APLICADOS A BOVINOS EM PASTEJO NOS TRÓPICOS.................................................................... 239 Edenio Detmann, Mário Fonseca Paulino, Sebastião de Campos Valadares Filho, Erick Darlisson Batista, Luana Marta de Almeida Rufino PRODUTIVIDADE NA BOVINOCULTURA INOVADORA – O BEM ESTAR NA FAZENDA............................................................................. 269 Murilo Henrique Quintiliano MITOS E VERDADES SOBRE A INFLUÊNCIA DO METANO NO AQUECIMENTO GLOBAL...................................................................... 285 Luiz Carlos Baldicero Molion EVOLUÇÃO NA RECOMENDAÇÃO DE FERTILIZAÇÃO DE SOLOS SOB PASTAGENS: EFICIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO PECUÁRIA........................................................................ 289 Patrícia Perondi Anchão Oliveira, Alberto Carlos Campos Bernardi, Teresa Cristina Alves, André de Faria Pedroso AVANÇOS TECNOLÓGICOS NO CONTROLE QUÍMICO DE PLANTAS DANINHAS DE PASTAGENS............................................... 345 Christiane Augusta Diniz Melo, Lino Roberto Ferreira ANÁLISE CRÍTICA DE FATORES QUE INTERFEREM NA FERTILIDADE DE VACAS ZEBUÍNAS.................................................. 367 Ed Hoffmann Madureira, Milton Maturana Filho, Kleber Menegon Lemes, Julio César Barboza Silva INTERAÇÃO NUTRIÇÃO, ENDOCRINOLOGIA E REPRODUÇÃO PARA OBTENÇÃO DE DESEMPENHO REPRODUTIVO ÓTIMO......... 401 Roberto Sartori, Monique Mendes Guardieiro ATUALIZAÇÃO SOBRE O CONTROLE ESTRATÉGICO DO CARRAPATO-DO-BOI............................................................................ Renato Andreotti xiv 415 AN OVERVIEW OF FORAGE QUALITY EVALUATION FOR CATTLE Peter Udén Feed Science Division, Department of Animal Nutrition & Management, Swedish University of Agricultural Sciences, Kungsängen Research Centre, 753 23 Uppsala, Sweden ABSTRACT This paper examines the composition of forages from temperate and tropical environments. Published and unpublished data are used as illustrations in this review. Components in fresh and ensiled forages discussed are dry matter, ash and selected mineral elements, N fractions, non-structural carbohydrates, insoluble fiber fractions, tannins, organic acids and fermentation end-products. The significance of fiber is especially emphasized. Composition is discussed as affected by climate and maturity and how the different components relate to animal nutrition. A potential, but rarely used feed evaluation method of particular relevance to tropical forages, is also reviewed. INTRODUCTION Natural pastures and ley crops dominate land use in many parts of the World. However, in countries, such as Vietnam, they are in short supply and dairy animals have to be fed by a variety of byproducts (Tham et al., 2013) whereas in Sweden, some 55% of agricultural land is used for forage production. Forage quality is paramount to successful dairy and beef production and fed alone, grazing New Zealand dairy cows can produce on the order of 5000 kg energy corrected milk per lactation (Macdonald et al., 2011) on high quality grass alone. In this paper, I will focus on what constitutes forage quality, what can influence it and how can it be evaluated. Information presented below is based on knowledge from both temperate and tropical conditions. 2 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte SOME ANIMAL PERFORMANCE ATTRIBUTES TO CONSIDER Forages constitute the largest proportion in ruminant diets on a world-wide basis. In many countries, concentrates are mainly used for human consumption or for monogastric animals. The attributes of forages with direct impact on productivity are digestibility and intake. Forage digestibility has a strong effect on productivity and it can vary considerably, particularly in temperate grasses, mainly as a result of plant maturity and species. The greatest obstacle to reach high performance, however, is intake. Intake is often associated with digestibility, particularly when looking at the progressive maturation of a plant. Across species, the relationship is not simple due to intake limiting compounds such as e.g. alkaloids in immature fescue (Van Soest, 1994). Supply of amino acids to the duodenum, or metabolisable protein (MP), is a function of both feed composition and amount of feed. Increasing intake increases passage rate from the rumen and will increase the proportion of rumen undegraded protein and also the amount of microbial protein to the duodenum per unit intake (Archimède et al., 1997). The greatest driving force for this is intake and the effect is on top of the mere increase in protein supply. Matching MP with animal production potential is of importance as undersupply reduces performance and oversupply wastes protein and can cause environmental problems. Predicting MP supply to the high yielding dairy cow has been a particular challenge to scientists for a long time but estimates are still far from accurate. The contribution of forages to the supply of mineral elements is of importance in many parts of the world particularly where availability of supplements are scarce or difficult to supply, such as under extensive grazing practices. Fibrous feeds such as forages are not only providing energy and nutrients. Under intensive feeding regimes, fiber is limiting in maintaining rumen function to avoid acidosis, rumen parakeratosis, milk fat depression, etc. As forage feeding is important in mitigating these syndromes, the appropriate feed attributes must be known in order to formulate suitable rations. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 3 IMPORTANCE OF FORAGE COMPOSITION Dry matter To obtain useful estimates of feed composition, the DM content must be correctly estimated. Aquatic plants (Tham et al., 2013), cacti (Woldehanna, 2001) and other succulent plants may contain as little as 80 to 100 g/kg DM whereas plants in the end of the dry season may be “standing hay”. It is often believed that low DM content reduces intake. In silages, low intake of wet silages is much more likely the result of higher levels of fermentation endproducts such as lactic acid and/or ammonia which are associated with reduced intake (Huhtanen et al., 2002). Wet silages will ferment more extensively than dry, resulting in lower in sugar levels, reducing microbial protein synthesis and also provide less rumen undegradable protein, which in total is likely to limit intake. On-farm analysis of wet feeds (silages mainly) is of particularly important when feeding total or partially mixed rations. Dry matter variations in a bunker silo will alter the proportions of silage and concentrates which will impact on intake and nutrient supply. Unfermented feeds are assumed to loose minimal amounts of organic matter upon drying, whereas in silages, most alcohols and variable proportions of fermentation acids evaporate with the latter being a pH dependent process (Weissbach and Strubelt, 2008a). Direct determination of water in fresh silage is seldom done, due to the high cost. Instead, a variety of published (e.g. Weissbach and Strubelt, 2008) or in-house corrections are applied to the oven DM values. The choice of oven temperature will also affect the corrections applied which complicates the use of a single equation for all purposes. Mineral elements Ash contains no energy and expressing intake as well as fiber on an organic matter (OM) basis often makes sense. Harvesting or grazing conditions can have a major influence on soil contamination resulting in ash levels of >250 g/kg DM resulting faecal levels in excess of 400 g/kg DM (Healy, 1973). Silica is the dominant element 4 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte in ash except in plants grown on alkaline soils (Van Soest, 1994). Levels of ash in tropical grasses are on the order of 40 to 80 g/kg DM (Grant, 1973). Silica lowers cell wall digestibility (Van Soest, 1994) and can wear down teeth in animals consuming them under long periods. Forages have generally too high Ca:P ratios for milk production and growth and the situation becomes worse with advancing plant maturity (Fleming, 1973) with P becoming a seriously limiting element. Plant sodium levels are also restricting animal performance and levels in forges, except in members of the Atriplex family, are deficient in Na. Grass tetanus is a specific problem in immature forages high in K and low in Mg but published reports on the prevalence in tropical environments are lacking in the literature. Non-structural carbohydrates Non-structural carbohydrates in forage plants consist mainly of WSC (glucose, fructose, sucrose and fructans), starch and pectin and are rapidly degraded in the rumen. The high degradation rate contributes to the lowering of rumen pH but also improves microbial protein synthesis and N efficiency. The difference between temperate grasses on one hand and tropical grasses and all legumes on the other hand is that temperate grasses can accumulate large amounts of fructans whereas the others have no fructans but instead low to moderate levels of starch (20-50 g/kg DM) in the leaves (Souza et al., 2010). Tropical grasses are generally low in WSC with the exception of maize, sweet sorghum and sugar cane. Sugar cane and sweet sorghum differ from maize in that sucrose is stored in the stem, possibly to buffer photoassimilate supply to the grains during maturation (Bihmidine, 2013). Pectins, which is normally the most abundant “soluble” fiber in forages, normally exist as calcium gels in between the plant cell walls (Jarvis, 1984). Few systematic analyses on pectin contents in forages have been published. Some findings from the literature are presented in Table 1. Pectin is largely soluble in neutral detergents due to the presence of EDTA in the neutral detergent solution. Hall et al. (1997) presented a scheme to estimate neutral detergent soluble fiber by difference. Values were obtained as ethanol-water insoluble organic V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 5 matter (EIROM) – NDFom – CP in the ethanol-water insoluble residue + NDFCP - starch in the ethanol-water insoluble residue. This method has virtues but errors in the five assays required will accumulate in neutral detergent soluble fiber and fructans will be included, unless corrected for. Table 1 - Pectin and uronic acid residues in some temperate plants Pectin Uronic acids Species Red clover Red clover Luzerne Temperate grasses Lucerne Grass Luzerne White clover Red clover Timothy Red clover White clover Whole barley Whole wheat Whole maize (g/kg dry matter) ≤66 57-81 80-81 114 120 49 175 154 39 40 73 25-34 113 38 72 - Reference Wright (1961) Chesson and Monro (1982) “ Åman (1993) “ Bach Knudsen (1997) “ Odensten (2001) “ Udén (unpubl.) “ “ “ “ “ High WSC levels are particularly important for ensuring good ensiling results. Levels of WSC can be very high in temperate grasses exceeding 300 g/kg DM (Miller et al., 2001; Udén, 2006). In C4 grasses, except for maize, sugar cane and sweet sorghum, WSC levels are generally too low for safe ensiling even with additives. Legumes are also problematic in that lower WSC contents are combined with high crude protein (CP) levels and strong buffering 6 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte capacities (McDonald et al., 1991). Levels of residual WSC in silage will depend both on original plant WSC and DM content. Ensiling of legumes benefits from wilting as fermentation then has a chance to terminate before all WSC are depleted, which otherwise could lead to an unstable silage and extensive fermentation of protein to butyric acid and ammonia. Not only WSC are utilized during fermentation, also pectin, starch and organic acids serve as substrates. Data from a recent study including ley crops (timothy, red and white clover) from two harvests and two maturities and whole crops (barley, wheat and maize) cut at three maturities are shown in Fig. 1 (Udén, unpublished). When calculated as proportions, WSC accounted for 50, pectin for 25, starch for 14 and organic acids for 11% of the total loss of organic matter. Figure 1 - Substrate loss and end-product formation in mini-silos (average of ley and whole grain crops; Udén, unpubl.). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 7 Fiber Structural fiber in ruminant and equine diets is normally measured as NDF (Van Soest et al., 1991). Main components are cellulose, hemicellulose, lignin, some resistant protein and silica, unless when expressed on a more preferable ash-free basis. Determination of NDF is often a problem of filtration and complete removal of starch (Mertens, 2002) and of loss of fine particles (Udén, 2006; Raffrenato and Van Amburgh, 2011). We have used a new method for the complete removal of starch in whole crops by including a 1-h pre-treatment with a heat tolerant amylase in acetate buffer. The high temperature should preclude enzymatic degradation of hemicellulose and, in the absence of EDTA (in the neutral detergent solution), amylase activity was not reduced. Starch removal has so far appeared complete as none filtrates do not test positive against iodine. Levels of NDF are highest in cereal straws and tropical grasses and lowest in temperate legumes (Table 2). Lignin content is high in cereal straws and tropical grasses and low in immature temperate grasses. Legumes, generally have lower NDF and higher lignin contents which renders legume NDF more lignified than grasses. Two intrinsic characteristics of NDF are important for the contribution of NDF to the supply of energy – its rate of digestion and its indigestibility (INDF) or potential degradability. The proportion of INDF sets the limit to microbial degradation and the rate signifies how rapidly energy becomes available. 8 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Table 2 - Content of NDF and lignin in tropical and temperate forages Forage NDF Range Lignin Mean Range Mean Grasses Tropical Maize 385-654 437 16-46 26 FAO, 2014 Napier grass 544-799 715 27-83 57 FAO, 2014 73 FAO, 2014 Pangola grass (56 d) 762 Para grass 660-803 685 36-100 62 FAO, 2014 Cereal straws 384-894 737 9-132 65 FAO, 2014 Sugar cane 253-805 502 17-95 42 FAO, 2014 Four grasses 688-799 730 84-110 100 Mero and Udén, 1998a 550-670 600 30-50 40 Spörndly, 2003 FAO, 2014 Temperate Unspecified Forage legumes Tropical Centro Greenleaf desmodium 440-682 554 47-142 85 383-630 543 86-128 105 Perennial soybeans 329-633 507 57-108 79 Four forages legumes 593-660 616 101-146 126 Mero and Udén, 1998b Spörndly, 2003 Temperate Forage legumes Red clover 400-460 430 40-80 60 Alfalfa 360-460 410 50-90 70 Figure 2 shows a comparison of four promising grasses and legumes grown in Tanzania with respect to their potential digestibility and degradation rate. What is apparent from the figure is that: a) the grasses and legumes had similar potential degradabilities of leaves and stems, respectively, b) leaves were more degradable than stems, c) legume leaves and stems degraded more rapidly than in grasses and d) legume leaves degraded more rapidly than stems but grasses V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 9 were more similar in that respect. The benefit of a high fermentation rate is that it reduces the need for a long residence time in the rumen and, hence, reduces the effect of ruminal passage rate on digestibility. This means less of a depression in digestibility with increasing intake. Increased digestion rate also benefits efficiency of net microbial protein synthesis as implemented in the Cornell Net Carbohydrate and Protein System (Sniffen et al., 1992) as well as in in the Nordic Feed Evaluation System ‘NorFor’ (Volden, 2011). Figure 2 - Organic matter degradation rate and potential degradability in sacco of four tropical grass and legume stems and leaves where: CGM=Chloris gayana cv. Mpwapwa; CCG=Cenchrus ciliaris cv. Gayndah; CCB=CC. cv. Biloela; PCB= Panicum coloratum cv. Bambatsi; NWM= Neonetonia wightii cv. Mpwapwa; MAA=Macrotyloma axillare cv. Archer; MAS=Macroptilium atropurpureum cv. Siratro; SSS=Stylosanthes scabra cv. Seca (Mero and Udén, 1997b). 10 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Digestibility of NDF is to some extent regulated by lignin as it plays an important role in the maturation and architecture of the cell wall matrix which is likely to decide its digestibility but, so far, impossible to assay. In the Cornell Net Carbohydrate and Protein System (Sniffen et al., 1992), the proportion of indigestible NDF is assumed to be 2.4*lignin proportion. However, application of NDF lignification in prediction of digestibility often fail when applied within a plant species (Mbwile and Udén, 1997a). As fiber has a comparatively slow rate of fermentation, compared to the non-fiber components, a long residence time in the rumen is necessary in order to achieve a reasonable degree of utilization. Fiber occupies space in the rumen and forces the animal to ruminate in order to enable passage out of the rumen. The need to ruminate reduces time available for eating in contrast to a nonruminant such as the horse. Fiber, therefore, plays a major role in control of intake which has, e.g., been implemented in the Cornell Net Carbohydrate and Protein System (Fox et al., 1992). Also in NorFor, the NDF content of each feed is part of the calculation of a basic ‘fill values’ (Volden, 2011) for use in equations to estimate diet intake of both growing and lactating cattle. Chewing is important to high producing ruminants in that rumen pH is maintained by the saliva produced and that fluid passage rate increases which decreases microbial maintenance, resulting in more microbial protein to the duodenum. It has long been known that fiber particle size also affects chewing and intake. Mertens (1997) introduced the concept of physically effective NDF peNDF which was the product of the ‘physical effectiveness factor’ (pef; 0 to 1) and NDF content. Value of pef for long grass hay was classified as 1 and <0.3 for ground feeds based on sieving data and Mertens (1997) showed that peNDF would predict chewing with reasonable accuracy. A chewing index is used presently in NorFor (Nørgaard et al., 2011) based on work by Nørgaard (1986). The chewing index can be estimated from particle size measurements (Nørgaard et al., 2011) and by adding a ‘hardness factor’ based on the content of INDF. A minimum chewing time per unit DM is used in the formulation of safe rations in NorFor. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 11 d Figure 3 - Minimal (d) and maximal (b) NDF contents in dairy cow rations as affected by intake capacity and milk yields (c) (after Mertens, 1987). As forage NDF has a positive impact on chewing but a negative impact on net energy intake, Mertens (1987), tried to combine requirements and allowable ration NDF concentrations for dairy cows at different production levels (Fig. 3). Using the following assumptions: a) a minimum NDF concentration of 25% of DM (‘d’ line) is required to prevent acidosis, milk fat depression, etc., b) potential intake levels increase with decreasing ration NDF content (rumen physical limitation effect; ’b’→’a’ line) and c) intake requirements will increase with decreasing ration energy density (NDF less digestible than non-structural carbohydrates; ‘c’→’b’ lines) and milk yield (compare ‘c’ lines), allowable NDF ranges were derived. These gaps are those seen between line ‘d’ and the ‘abbb’ line. The figure points to an obvious problem for the dairy farmer which occurs at high milk yields to ensure a ration NDF level within very narrow boundaries. 12 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Protein Crude protein is estimated from total N assuming an average N proportion of 0.16 in the proteins. This proportion will change with proportion of free amino acids, ammonia and nitrate in the forage. Ammonia-N can be a high proportion of total N in silages which have undergone aerobic deterioration. Proportions >5% are generally regarded in Sweden to signify excessive degradation. Levels of nitrate up to 30 g/kg DM in ryegrass were found by Prins (1983) when fertilizing 160 kg N/ha/cut. The Kjeldahl procedure does not recover all nitrate-N, unless specifically converted to ammonia (Dupreez and Bate, 1989). Swedish recommendations for safe nitrate levels specify that they should not be higher than 1.2 g NO3/kg diet DM. Forages provide MP mainly in the form of microbial protein due to a rapid degradation of their proteins in the rumen. Table values for effective protein degradation (EPD) in the rumen are set at 80% in Swedish feed tables (Spörndly, 2003) based on in sacco degradation profiles and an 8% passage rate. Forages and, particularly, silages have high proportions of buffer soluble N which greatly impacts on EPD by being assumed not to leave the rumen. In the NorFor model, soluble amino acids and peptide degradation is calculated separately and can contribute to MP at high intake levels. Increasing silage DM content will reduce the protein degradation to amino acids and peptides (NPN) during ensiling and increase rumen undegraded protein from approximately 150 to 200 g/kg CP (Edmunds et al., 2012). In our own study, we found a reduced buffer soluble N (BSN) proportion with increasing DM content and also an effect of formic acid treatment at the lowest DM content in 3 varieties of sainfoin (Lorenz and Udén, 2011; Fig 4). There are at least two other interesting possibilities to reduce EPD in forages which may have greater potential. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 13 Figure 4 - Effect of dry matter content and formic acid (FA) treatment (FM=fresh matter) on proportion of buffer soluble N (BSN) in ensiled sainfoin (Lorenz and Udén, 2011). Tannins reduce ruminal protein degradation in tannin-rich legume silages such as sainfoin (Onobrychis viciifolia; Wang et al., 2007), birdsfoot trefoil (Lotus corniculatus; Albrecht and Muck, 1991) and tannin supplemented perennial ryegrass (Lolium perenne) silage (Salawu et al., 1999). The protein binding effect of tannins can, however, be alleviated by polyethylene glycol (PEG). If PEG is added to tannin rich sainfoin before ensiling, BSN levels after ensiling becomes comparable to a grass-clover mixture (Lorenz et al., 2010). It is also known that in red clover (Broderick and Albrecht (1997) and perennial peanut (Sullivan and Foster, 2013), which contains no tannins, proteins are degraded slower and more similar to many low tannin legumes. Polyphenol oxidase can oxidize phenols to quinones resulting in cross-linking of protein polymers (Igarashi and Yasui, 1985) also noted as a browning reaction. Reduced protein degradation in silage (Albrecht and Muck, 1991) and in the rumen (Albrecht and Broderick, 1992) depends also on the presence of PPO substrates in the form of simple phenols (Sullivan and Foster, 2013) which may explain the absence of effects in some studies. 14 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Organic acids Information on plant organic acids levels in forage plants are scarce in the literature and generally from studies conducted some 50 years ago. A summary was presented by Dijkshoorn (1973) showing total levels in the range of 13 – 72 in temperate grasses and 30 – 100 g/kg DM in legumes. Many organic acids are metabolic intermediates of the Krebs cycle (malic, citric, fumaric, aconitic and succinic acid) but also shikimic, quinic and malonic acids are present. High levels (>50 g/kg DM) of aconitic acid has been found in maize (Chen et al., 2007). Particularly the Krebs cycle acids are rapidly degraded by rumen bacteria but trans-aconitic acid is converted to tricarballylic acid (a potential chelating agent of Mg), and therefore a suspected cause of grass tetanus (Russel and Forsberg, 1986). In tropical grasses, oxalic acid has been reported at a maximum level of 42 g/kg DM (Dijkshoorn, 1973) but levels of 109 g/kg DM of Ca bound oxalic acid was present in prickly pear cactus (Woldehanna and Udén, unpubl.). Oxalic acid can be metabolized in the rumen and 40 g/d per sheep can been tolerated by adapted sheep (Allison et al., 1977). Phenolics Tannins are of particular interest among the non-lignin phenolic substances due to their protein binding capacity, as mentioned earlier, but are also potential anti-helminthics (MuellerHarvey, 2006). Condensed tannins are the most abundant and are important in species of Acacia, Dichrostachys, Hedysarum, Leucaena, Lotus, Onobrychis and others (Mueller-Harvey, 2006). However, assessing tannin activities is complex. Precipitation depends both on type of protein with: Rubisco<rapeseed<bovine serum albumin and on tannin source (Lorenz et al., 2013). Nevertheless, mean degree of polymerization, proportions of cisversus trans-flavanol subunits or prodelphinidins versus procyanidins among the sainfoin condensed tannins were not sufficient to explain precipitation (Lorenz et al., 2013). Sainfoin tannin levels, estimated by either chemical or precipitation assays (radial diffusion) were also unable to predict resistance to ruminal degradation (Lorenz et al., V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 15 2012). A reduced degradation of protein in the rumen must not be followed by a reduced digestion of protein post-ruminally. Several browse plants have lower than expected CP digestibilities (MuellerHarvey, 2006). In our own studies, we found lactating camels in Ethiopia to respond better to a protein supplement (groundnut cake) than to a carbohydrate supplement (maize grain), in spite of an average mixed browse CP content of approximately 170 g/kg DM (Dereje and Udén, 2005a,b). An explanation for this could be a reduced total availability of CP from the browse due to irreversible protein-tannin complexes. Table 3 - Residual sugars (WSC) and fermentation end-products (g/kg DM) in Swedish silages (Udén, unpubl.) Item Dry matter (g/kg) WSC End-products Lactate Acetate Propionate Butyrate Succinate 2,3 butanediol Ethanol Total No. 646 346 601 Max 800 218.5 Min 130 0.2 Mean 384 55.9 131.6 73.1 16.6 86.8 31.8 57.7 57.6 209.3 0.2 0.0 0.1 0.3 0.4 0.0 0.4 2.7 27.3 7.1 2.6 8.6 8.9 10.4 14.1 69.2 Fermentation end-products Fermentation end-products from silage contribute considerably to the nutrition of ruminants. Levels in 601 silages made from mainly clover-grass leys in Sweden (Udén, unpubl.) are shown in Table 3. Sugar cane silages can sometimes reach extreme levels of ethanol above 200 g/kg DM while still having levels of lactic and acetic acid levels of 50 and 40 g/kg DM, respectively with a total sum 16 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte of end-products >300 g/kg DM (Avila et el., 2014). In NorFor (Volden, 2011), total fermentation acids and ammonia N will reduce predicted intake in a curvilinear manner. It is very likely that ethanol also has a depressing effect on intake. It can cause off flavor in milk (Randby, 1999) and has a lower than expected energy value (Daniel et al., 2013). Higher alcohols such as 1,2 propanediol in maize silages (Wang et al., 2012) and 2,3 butanediol in grass-clover silages (Table 3) occur in levels comparable to acetic acid and they may have a negative impact on animal metabolism. Extensive silage fermentation will reduce levels of substrates (particularly WSC) to rumen microorganisms and may also result in elevated silage NH3 levels. These two circumstances will result in lower microbial efficiency and MP supply to the animal. Experiments with low-DM silages have also reported positive production responses from fishmeal supplementation (low rumen degradability), a likely result from correcting a deficient MP supply from the silages (Cottrill et al., 1982, Oldham et al., 1985). Few descriptions of forages in the literature include “complete” analyses to account for sample DM. In ruminant feeding studies, components such as ash, neutral detergent fiber (NDF), crude protein (CP), crude fat, water soluble carbohydrates (WSC, starch and the specific characteristics of these components e.g. rumen degradability) are thought to be sufficient to evaluate animal performance. In NRC (2001), no complete feed composition is required as energy values are estimated from total digestible nutrients which, in turn, may be calculated from the sum of digestible non-fiber carbohydrates, CP, fatty acids, NDF and lignin. In NorFor (Volden and Gustafsson, 2011), which is a substrate based system, a rest fraction (RestCHO) is calculated as the fraction remaining after subtracting ash, CP crude fat, aNDFom and starch and FP. The fraction is assumed to contain WSC, β-glucans and pectin. NorFor feed tables (accessed 2012-02-06) revealed that ley crops and silages contain on average 144 and 105 (85 – 294) g kg/DM after subtraction of WSC, respectively. Data from our laboratory are shown in Fig. 5 with sums of analytical values including ash, CP, protein-free NDF, crude fat, starch, pectin, WSC, plant organic acids, total phenolics and fermentation acids and alcohols. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 17 Figure 5 - Total analytical recovery of crops and silages (Udén, unpubl.). Climate and plant maturity In temperate climates, temperature, day length and radiation changes over the growing season play a fundamental role in the control of plant metabolism and, hence, maturation, WSC and CP levels as well as digestibility. This has been well described by Van Soest (1994). In the tropics, these seasonal changes play much less of a role. Digestibility of forage declines with decreasing latitude as a result of increasing environmental temperature (McLeod and Minson, 1973). Plant age has a considerable influence on both digestibility and intake, irrespective of climate, but digestibility change is slower at low latitudes (Fig. 7) as compared to high (Fig. 6). Leaf proportion decreases in grasses with age (Deinum et al., 1981, Mbwile and Udén, 1997b) and this is one factor decreasing both digestibility and intake. Maturity is not uniform within a grass. The flag leaf is the least mature and, therefore, digestibility decreases with level of insertion (Hacker and Minson, 1981). Alfalfa behaves somewhat different from grasses in that leaf digestibility is maintained with age whereas stems decline rapidly. This was not true for the four tropical legumes (see Fig. 2) studied by Mero and Udén (1997b) where neither leaves or stems declined appreciably with age, only the leaf stem ratio, which caused a decline in whole plant digestibility. 18 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figure 6 - Effect of age on composition (NDF=neutral detergent fiber; LGN=lignin) and in vitro organic matter digestibility (IVOMD) of whole plant Rhodes grass in Tanzania (Mbwile and Udén, 1997a). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 19 Figure 7 - D-value (digestible organic matter in the DM; %) and rate of decline in D-value (%/day) in timothy (leaf %=30) grown at different latitudes north (after Deinum et al., 1981). A production value of forage Forage evaluation is complex and often has to be evaluated taking concentrates into account in production trials. An important factor to include when animals are fed forages is their eating behavior as intake estimates are influenced by animal selection. This becomes particularly obvious when plant differentiation is large as is the case with legumes and with many tropical plants. Studies by Poppy et al. (1981) showed that cattle consumed 35 and sheep 21% more leaf than stem fraction when offered Pangola or Rhodes grass leaves and stems separately. There was, however, no difference in in stem and leaf digestibility. Zemmelink and ’t Mannetje (2002) were concerned with selective intake of leaves by animals and how to evaluate tropical forages. They had noted that intake and often digestibility would increase in tropical forages with the amount of refusals allowed (mainly stems) and that no fixed digestibility or intake was possible to 20 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte determine. Therefore, they developed the concept of ‘Value for Animal Production’ (VAP). VAP integrates both intake and digestibility into one value and can be used to determine optimal feeding level or stocking rate in a grazing situation. A maximum value for VAP (VAPmax) was calculated as: VAPmax = (digestible DM intake – maintenance requirement of digestible DM)/DM offered. Calculations were done from the response curve of digestible DM intake upon multiple levels of DM offered. In the grazing situation, stocking rates would be used to estimate VAP. In the study of Mero and Udén (1998a), four tropical grasses (see Fig. 2) at 6 and 10 weeks of regrowth were fed at five levels to sheep. Results in Figure 8 show that theoretical levels of refusals become substantial at VAPmax. It can be argued that such evaluations are costly and in practice, animal numbers must also be adjusted to the amount of forage available. It may, however, be possible that approximate recommendations of refusal levels can be developed for different forages and maturities to maximize VAP. This author would welcome further investigations of the concept of VAP in production studies to find out how best a fixed amount of forage can be converted into animal products. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 21 Figure 8 - Estimation of optimal feeding (FLopt) of four tropical grasses (6 and 10 week regrowths) to obtain maximal values of VAP (VAPmax) in sheep (from Mero and Udén, 1998a). For abbreviations, see Fig 2. REFERENCES Albrecht, K.A., Broderick, G.A., 1992. Ruminal in vitro degradation of protein from different legume species. Research Summaries. US Dairy Forage Research Centre, Madison, WI. Pp. 92-94. Albrecht, K.A., Muck, R.E., 1991. Proteolysis in ensiled forage legumes that vary in tannin concentration. Crop Sci. 31, 464-469. Allison, M.J., Littledike, E.T., James, L.F., 1977. Changes in ruminal oxalate degradation rates associated with adaptation to oxalate ingestion. J. Animal Sci. 45, 1173-1179. 22 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Åman, P., 1993. Ch. 8. Composition and structure of cell wall polysaccharides in forages. In: Jung, H.G., Buxton, D.R., Hatfield, R.D., Ralph, J. (Eds.). Forage Cell Wall Structure and Digestibility. Am. Soc. Agronomy Inc., p. 183199. Archimède, H., Sauvant, D., Schmidely, P., 1997. Quantitative review of ruminal and total tract digestion of mixed diet organic matter and carbohydrates. Repr. Nutr. Dev. 37, 173-189. Ávila, C.L.S., Carvalho, B.F. J.. Pinto, C., Duarte, W.F., Schwan, B.F., 2014. The use of Lactobacillus species as starter cultures for enhancing the quality of sugar cane silage. J. Dairy Sci. 97, 940–951. Bach Knudsen, K.E, 1997. Carbohydrate and lignin contents of plant material used in animal feeding. Animal Feed Sci. Technol. 67, 319-338. Bihmidine, S., Hunter III, C.T., Johns, C., Koch, K., Braun, D.M., 2013. Regulation of assimilate import into sink organs: update on molecular drivers of sink strength. Frontiers Plant Sci. 4 (Article 177), 1-15. Broderick, G.A., Albrecht, K.A., 1997. Ruminal in vitro degradation of protein in tannin-free and tannin-containing forage legume species. Crop Sci. 37, 1884-1891. Chen S.-F., Mowery, R.A., Scarlata, C.J., Chambliss, C.K., 2007. Compositional analysis of water-soluble materials in corn stover. J. Agric. Food Chem., 55, 5912-5918. Chesson, A, Monro, J.A., 1982. Legume pectic substances and their degradation in the ovine rumen. J. Sci. Food Agric., 33, 852-859. Cottrill, B. R., Beever, D.E., Austin, R.A, Osbourn, D.F., 1982. The effect of protein- and non-protein-nitrogen supplements to maize silage on total amino acid supply in young cattle. Br. J. Nutr. 48, 527-541. Daniel, J.L.P., Amaral, R.C., Sá Neto, A., Garcia, E.H.C., Bispo, A.W., Zopollatto, M., Santos M.C., Nussio, L.G., 2012. Energetic value of ethanol for lactating dairy cows: how should it be considered? In: Kuoppala, Rinne, Vanhatalo (Eds.), Proc. XVI Int. Silage Conf., Hämeenlinna, Finland, 2-4 July 2012, MTT Agrifood Research Finland, University of Helsinki, p 146-147. Deinum, B., de Beyer, J., Nordfeldt, P.H., Kornher, A., Östgard, O., van Bogaert, G., 1981. Neth. J. agric. Sci. 29, 141-150. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 23 Dereje, M., Udén, P., 2005a. The browsing dromedary camel. I. Behaviour, plant preference and quality of forage selected. Anim. Feed Sci. Technol. 121, 297-308 Dereje, M., Udén, P., 2005b. The browsing dromedary camel. II. Effect of protein and energy supplementation on milk yield. Anim. Feed Sci. Technol. 121, 309-317 Dijkshoorn, W., 1973. Organic acids and their role in ion uptake. In: Butler, G.W., Bailey, R.W., Chemistry and Biochemistry of Herbage. Academic Press, London, pp. 163-187. Dupreez, D.R., Bate, G.C., 1989. A simple method for the quantitative recovery of nitrate-N during Kjeldahl analysis of dry soil and plant-samples. Comm.Soil Sci.Plant Anal., 20, 345-357. Edmunds, B., Spiekers, H., Südekum, K.-H., Nussbaum, H., Schwarz, F.J., Bennett, R., 2012. Effect of extent and rate of wilting on nitrogen components of grass silage. Grass Forage Sci., 69, 140–152. FAO, 2014. Feedipedia. http://www.feedipedia.org/content/feeds?category=13594. Accessed 2014-03-10. Fleming, G.A., 1973. Mineral composition of herbage. In: Butler, G.W., Bailey, R.W., Chemistry and Biochemistry of Herbage. Academic Press, London, pp.529-563. Fox, D.G., Sniffen, C.J., O’Connor, J.D., Russel, J.B., Van Soest, P.J., 1992. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: III. Cattle requirements and diet adequacy. J. Anim. Sci. 70, 3578-3596. Grant, R.J., 1973. Digestibility of Napier grass by Philipine cattle and water buffaloes and in vitro digestibility and composition of Philipine feedstuffs. PhD Thesis, Cornell University, Ithaca, NY, USA. Hacker, J.B., Minson, D.J., 1981. The digestibility of plant parts. Hebarge Abstr. 51, 459-482. Hall, M.B., Lewis, B.A., Van Soest, P.J., Chase, L.E., 1997. A simple method for estimation of neutral detergent-soluble fibre. J. Sci. Food Agric. 74, 441-449. Healy, W.B., 1973. Nutrtional aspects of soil ingestion by grazing animals. In: Butler, G.W., Bailey, R.W., Chemistry and Biochemistry of Herbage. Academic Press, London, pp.567-588. 24 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Huhtanen, P., Khalili, H., Nousiainen, J.I., Rinne, M., Jaakkola, S., Heikkila, T., Nousiainen, J., 2002. Prediction of the relative intake potential of grass silage by dairy cows. Livest. Prod. Sci. 73, 111-130 Igarashi, K., Yasui, T., 1985. Oxidation of free methionine and methionine residues in protein involved in the browning reaction of phenolic compounds. Agric. Biol. Chem. 49, 2309-2315. Jarvis, M.C., 1984. Structure and properties of pectin gels in plant cell walls. Plant Cell Environm. 7, 153-164. Lorenz, M.M., Eriksson, T., Udén, P., 2010. Effect of wilting, silage additive, PEG treatment and tannin content on the distribution of N between different fractions after ensiling of three different sainfoin (Onobrychis viciifolia) varieties. Grass Forage Sci. 65, 175–184. Lorenz, M.M., Udén, P., 2011. Influence of formic acid and dry matter on protein degradation in the tanniniferous legume sainfoin. Animal Feed Sci Technol. 164, 217–224. Lorenz, M.M., Alkhafadji, L., Stringano, E., Nilsson, S., Mueller-Harveyd, I., Udén, P., 2013. Relationship between condensed tannin structures and their ability to precipitate feed proteins in the rumen. J. Sci. Food Agric. 94, 963– 968. Lorenz, M.M., Hayot Carbonero, C., Smith, L., Udén, P., 2012. In vitro protein degradation of 38 sainfoin accessions and ist relationship to tannin content by different assays. J. Agric. Food Chem. 60, 5071−5075. Macdonald, K.A., Penno, J.W., Lancaster, J.A.S. Roche, J.R., 2008. Effect of stocking rate on pasture production, milk production, and reproduction of dairy cows in pasture-based systems. J. Dairy Sci. 91, 2151–2163. Mbwile, R.P., Udén, P., 1997a. Effects of age and season on growth and nutritive value of Rhodes grass ( Chloris gayana cv. Kunth). Anim. Feed Sci. Technol. 65, 87-98. Mbwile, R.P., Udén, P., 1997b. The effect of feeding level on intake and digestibility of Rhodes grass (Chloris guyana, cv Kunth) by dairy cows. Anim. Feed Sci. Technol. 66, 181-196. McDonald, P., Henderson, A.R., Heron, S.J.E., 1991. The Biochemistry of Silage, 2nd ed. Chalcombe Publ., Marlow, Bucks, UK. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 25 Mero, R.N., Udén, P. 1997a. Promising tropical grasses and legumes as feed resources in Central Tanzania: I. Effect of applying different cutting patterns on dry matter production and nutritive value of outstanding grasses and legumes in Central Tanzania. Trop. Grassl. 31: 549-555. Mero, R.N., Udén, P. 1997b. Promising tropical grasses and legumes as feed resources in Central Tanzania: II. In sacco rumen degradation characteristics of four grasses and legumes. Anim. Feed Sci. Technol.69: 341-352. Mero, R.N., Udén, P. 1998a. Promising tropical grasses and legumes as feed resources in Central Tanzania: III. Effect of feeding level on digestibility and voluntary intake of four grasses by sheep. Anim. Feed Sci. Technol. 70: 79-95. Mero, R.N., Udén, P. 1998b. Promising tropical grasses and legumes as feed resources in Central Tanzania: IV. Effect of feeding level on digestibility and voluntary intake of four herbaceous legumes by sheep. Anim. Feed Sci. Technol. 70: 97-100. Mertens, D. R. 1987. Predicting intake and digestibility using mathematical models of ruminal function. J. Anim. Sci. 64, 1548-1558. Mertens, D.R., 1997. Creating a system for meeting the fiber requirements of dairy cows. J. Dairy Sci. 80, 1463–1481. Mertens, D.R., 2002. Gravimetric determination of amylase-treated neutral detergent fibre in feeds with refluxing beakers or crucibles: collaborative study. J. Assoc. Off. Assoc. Chem. Int. 85, 1217–1240. Miller L.A., Moorby, J.M., Davies, D.R., Humphreys, M.O., Scollan, N.D., MacRae, J.C., Theodorou, M.K., 2001. Increased concentration of watersoluble carbohydrate in perennial ryegrass (Lolium perenne L.): milk production from late-lactation dairy cows. Grass Forage Sci., 56, 383-394. Mueller-Harvey, I., 2006. Unravelling the conundrum of tannins in animal nutrition and health. J. Sci. Food Agric. 86, 2010–2037. Nørgaard, P., Nadeau, E., Randby, Å., Volden, H., 1986. Physical structure of feeds for dairy cows. In: Neimann-Sorensen, A. (Ed.), New Developments and Future Perspectives in Research on Rumen Function. Comm. Eur. Commun., Luxembourg, Luxembourg. Nørgaard et al., 2011. Chewing index system for predicting physical structure of the diet In: Volden, H. (Ed.), NorFor-The Nordic Feed Evaluation System, EAAP Publ. no. 130, Wageningen Acad. Publ., Wageningen, pp. 127-132. 26 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte NRC, 2001. Nutrient Requirements of Dairy Cattle. 7th revised ed. National Academy Press, Washington, DC, USA, 138 pp. Poppi, D.P., Minson, D.J., Ternouth, J.H., 1981. Studies of cattle and sheep eating leaf and stem fractions of grasses. 1. The voluntary intake, digestibility and retention time in the reticulo-rumen. Austr. J. Agric. Res. 32, 99-108. Odensten, M., 2001. Pectin – analytical methods and degradation in the rumen. MSc thesis 151. Departm. Anim. Nutr. Mgmt., Swedish Univ. Agr. Sci., Uppsala, Sweden (in Swedish). Oldham, J. D., Napper, D. J., Smith, T., Fulford, R.J., 1985. Performance of dairy cows offered isonitrogenous diets containing urea or fishmeal in early and in mid-lactation. Br. J. Nutr. 53, 337-345. Prins, W.H., 1983. Effect of a wide range of nitrogen applications on herbage nitrate content in long-term fertilizer trials on all-grass swards. Fertilizer Res. 4, 101-113. Raffrenato, E., Van Amburgh, M.E., 2011. Improved methodology for analyses of acid detergent fiber and acid detergent lignin. J. Dairy Sci. 94, 3613–3617. Randby, Å. T., Selmer-Olsen, I. & Baevre, L. 1999. Effect of ethanol in feed on milk flavor and chemical composition. J. Dairy Sci. 82, 420-428. Russel, J.B., Forsberg, N., 1986. Production of tricarballylic acid by rumen microorganisms and its potential toxicity in ruminant tissue metabolism. Br. J. Nutr. 56, 153-162. Salawu, M.B., Acamovic, T., Stewart, C.S., Hvelplund, T., Weisbjerg, M.R., 1999. The use of tannins as silage additives: effects on silage composition and mobile bag disappearance of dry matter and protein. Anim. Feed Sci. Technol. 82, 243–259. Souza, A., Sandrin, C.Z., Calió, M.F.A., Meirelles, S.T., Pivello, V.R. Figueiredo‑ Ribeiro, R.C.L., 2010. Seasonal variation of soluble carbohydrates and starch in Echinolaena inflexa, a native grass species from the Brazilian savanna, and in the invasive grass Melinis minutiflora. Braz. J. Biol. 70, 395404. Sniffen, C.J., O’Connor, J.D., Van Soest, P.J., Fox, D.G., Russel, J.B., 1992. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability. J. Anim. Sci. 70, 3562-3577. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 27 Spörndly, R., 2003. Feed Tables for Ruminants. Report no. 257. Departm. Anim. Nutr. Mgmt., Swedish Univ. Agr. Sci., Uppsala, Sweden (in Swedish). Sullivan, M.L., Foster, J.L., 2013. Perennial peanut (Arachis glabrata Benth.) contains polyphenol oxidase (PPO) and PPO substrates that can reduce post-harvest proteolysis. J. Sci. Food Agric. 93, 2421–2428 Sullivan, M.L., Hatfield, R.D., 2006. Polyphenol oxidase and o-diphenols inhibit postharvest proteolysis in red clover and alfalfa. Crop Sci. 46, 662-670. Tham, H.T., Man, N.V., Pauly. T., 2013. Fermentation quality of ensiled water hyacinth (eichhornia crassipes) as affected by additives. Asian-Aust. J. Anim. Sci. 26, 195-201. Thaysen, J., Auerbach, H., Weissbach, F., 2012. Fermentation losses during ensiling of sugar beets as substrate for biogas production. In: Kuoppala, Rinne, Vanhatalo (Eds.), Proc. XVI Int. Silage Conf., Hämeenlinna, Finland, 2-4 July 2012, MTT Agrifood Research Finland, University of Helsinki, p 462463. Udén, 2006. Recovery of insoluble fibre fractions by filtration and centrifugation. Anim. Feed Sci. Technol. 129, 316–328. Van Soest, P.J., Robertson, J.B., Lewis, B.A., 1991. Methods for dietary fibre, neutral detergent fibre and non-starch polysaccharides in relation to animal nutrition. J. Dairy Sci. 74, 3583–3597. Van Soest, P. J. 1994. Nutritional Ecology of the Ruminant (second edition). Cornell University Press, Ithaca, NY, USA. 476 pp. Volden, H., 2011. Feed fraction characteristics, in: in: Volden, H. (Ed.), NorForThe Nordic Feed Evaluation System, EAAP Publ. no. 130, Wageningen Acad. Publ., Wageningen, pp. 33-40. Volden, H., Gustafsson, A., 2011. Introduction. In: Volden, H. (Ed.), NorFor-The Nordic Feed Evaluation System, EAAP Publ. no. 130, Wageningen Acad. Publ., Wageningen, pp. 23-25. Wang, W., Gu, X., Yu, Z., Nishino, N., 2012. A survey on fermentation quality and bacterial community of bunker-made maize silage in China. In: Kuoppala, Rinne, Vanhatalo (Eds.), Proc. XVI Int. Silage Conf., Hämeenlinna, Finland, 2-4 July 2012, MTT Agrifood Research Finland, University of Helsinki, p 340-341. 28 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Weißbach, F.,Strubelt, C, 2008. Correcting the dry matter content of grass silages as a substrate for biogas production. Landtechnik 63, 210-212. Woldehanna, M., 2001. Prickly Pear cactus (Opuntia Ficus Indica) as Feed to Ruminants. Msc thesis, Department of Animal Nutrition & Management, Swedish University of Agricultural Sciences, ISBN 91-576-6040-9. Wright , 1961. Bloat in cattle. 19. The metabolism of pectin by rumen microorganisms. NZ J. Agric. Res. 4, 203-215. Zemmelink, G., ’t Mannetje, L., 2002. Value for animal production (VAP): a new criterion for tropical forage evaluation. Anim. Feed Sci. Technol. 96, 31–42. INSTRUMENTOS DE PRECISÃO PARA SUPORTE ÀS ATIVIDADES ZOOTÉCNICAS Marcelo Neves Ribas1,2, Mario Luiz Chizzotti3,4, Fernanda Samarini Machado5, Thiago Meireles Felix2 1 Intergado Tecnologia, Contagem - MG Seva Engenharia Eletrônica, Bolsista RHAE - CNPq 3 Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG 4 PreciZoo – Zootecnia de Precisão Ind. e Com. LTDA, Lavras - MG 5 Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora - MG 2 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, além da crescente percepção dos consumidores quanto à segurança alimentar, a pecuária e a pesquisa nacional vem lidando com novos desafios: exigência por bem-estar animal (BEA) e mitigação dos impactos ambientais. A sociedade, em especial o mercado consumidor europeu, está cada vez mais exigente quanto à forma com que os animais são tratados ou manejados, e esta nova demanda irá alterar significativamente as normas e padrões dos sistemas de produção brasileiros. Além dessas novas transformações impostas pelo mercado consumidor, o aumento constante nos custos de produção, principalmente com a nutrição dos animais, tem provocado redução significativa das margens de lucro da atividade. Esta tendência de redução da margem de lucro, que já foi observada no passado na suinocultura e avicultura, têm obrigado pecuaristas e técnicos a mudar as práticas de criação em busca de estratégias que promovam aumento da eficiência produtiva na bovinocultura, sem que o conforto e saúde dos animais sejam comprometidos. A busca pela eficiência produtiva e a adequação dos sistemas de produção às exigências mercadológicas passa obrigatoriamente pela melhoria da gestão de toda cadeia produtiva, em especial das etapas que ocorrem nas propriedades rurais. No Brasil, ainda imperam os sistemas de produção “tradicionais” que são caracterizados por baixa coleta de dados, o que por sua vez limita a quantidade de informações necessárias para embasar a tomada de decisão por gestores – produtores e técnicos. 214 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Neste cenário de grandes desafios e mudanças, a Zootecnia ou Pecuária de precisão surge como grande promessa na pecuária mundial, já que tem como premissa básica a integração de diversas áreas de conhecimento em prol da melhoria na captação e interpretação de dados, e consequentemente otimizar a produção animal. GESTÃO DA INFORMAÇÃO “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia” (William Edwards Deming) A informação, seja ela de qualquer natureza (científica, econômica, social, técnica, gerencial, produtiva), é considerada como insumo básico do atual cenário competitivo. Como a informação tem papel de suporte aos tomadores de decisão, é importante que cada segmento de mercado direcione seus esforços para a captura, a armazenagem e a interpretação da informação que melhor lhes convém, de forma dinâmica e precisa (Dantas, 2005). Uma das funções essenciais dos fluxos informacionais é dotar os gestores de subsídios imprescindíveis ao processo de tomada de decisões. De acordo com Oliveira e Bertucci (2003), o gerenciamento da informação tornou-se um instrumento estratégico necessário para controlar e auxiliar decisões, através de melhorias no fluxo da informação, do controle, análise e consolidação da informação para os seus usuários. Outro passo fundamental no processo de gestão da informação é a obtenção de dados. Davenport (1998) afirma que o processo mais eficaz de gestão é aquele que incorpora um sistema de aquisição contínua de dados. Na pecuária brasileira, a inadequação de informações relaciona-se tanto a seu aspecto quantitativo, quanto qualitativo. É muito comum termos insuficiência de dados ou excesso de informações de má qualidade, o que não favorecem uma tomada de V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 215 decisão específica. Outro grande problema está relacionado à defasagem das informações. Os dados coletados de forma eficiente quando interpretados tardiamente, podem retardar e comprometer a tomada de decisão. Em resumo, os responsáveis pelas decisões (produtores e técnicos) são levados a acreditar em seu feeling e tomam decisões baseadas muitas vezes apenas na intuição, quando a objetividade também deveria estar presente no processo. Historicamente, os produtores têm utilizado experiência e avaliações visuais para detectar animais mais eficientes e também animais que apresentam algum sinal clínico de estresse ou doença (Hamrita et al., 1997). Esta habilidade nunca poderá ser totalmente substituída ou eliminada, porém, a falta de profissionais qualificados e principalmente o aumento dos rebanhos têm dificultado este trabalho. Segundo Bêrni (2006), a proporção da mão de obra empregada no campo tem caído vertiginosamente (Figura 1), o que tem limitado cada vez mais a participação direta do ser humano na coleta de informações úteis para a avaliação de parâmetros produtivos. Figura 1 - Mudanças no padrão de uso da mão de obra no Brasil entre 1949 e 2010. Fonte: Adaptado de Bêrni, 2006. 216 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte A atual produção animal necessita de tecnologias de informação automatizadas para coleta de dados inerentes ao ambiente em que os animais estão inseridos, analisando a interferência dos mesmos na produção e no bem-estar. Há necessidade de envolvimento dos métodos avançados de controle, visto que geralmente são utilizados sistemas de automação, visando principalmente reduzir ou evitar perdas localizadas, otimizando o sistema de produção (Nääs, 2011). ZOOTECNIA DE PRECISÃO Zootecnia de Precisão tem sido denominada como o uso de tecnologias de automação capazes de mensurar indicadores fisiológicos, comportamentais e produtivos dos animais, de forma individualizada, com o objetivo de melhorar as estratégias de gestão e de desempenho da propriedade. Os conceitos de zootecnia de precisão já têm sido aplicados em diversos países há alguns anos, principalmente em sistemas de produção mais intensivos e tecnificados como suinocultura e avicultura; contudo, os conceitos podem ser aplicados para qualquer espécie animal (Frost, 2001). Considerando as demandas atuais e futuras da sociedade, é irrefutável a necessidade da construção de novos modelos produtivos; assim, a zootecnia de precisão propõe a criação de um sistema integrado que atua de modo a unir de forma interativa processos biológicos e físicos do sistema de produção. De acordo com Chizzotti et al. (2013), o processo de uso dos conceitos de zootecnia de precisão demanda algumas premissas como, ilustradas na figura 2: (1) requer informações contínuas do processo de resposta (podendo o output [saída de informações] ser expresso em terminologia da engenharia) ou em frequência e escala adequados para o feed back do processo controlador; (2) definir o modelo de análise de dados, com a construção de modelos matemáticos, os quais podem ser compactos ou com diversas variáveis, e preferencialmente dinâmicos, podendo usar o output para encontrar variações no input em tempo real; (3) definir as funções resposta, como um valor a ser alcançado ou uma trajetória de informações para cada processo, como por exemplo, V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 217 taxa de ganho de peso ou sinais clínicos; (4) processar os dados com modelos preditores e/ou controladores e (5) realizar a tomada de decisão, por exemplo, identificar um animal que necessita de medicação/suplementação, apartar um animal pronto para o abate, ajustar a dieta de uma lote, etc... Após a tomada de decisão, o sistema inicia um novo ciclo avaliando se a decisão foi correta e se novos ajustes serão ou não necessários, tornando o sistema altamente dinâmico. Figura 2 - Esquematização dos processos envolvidos em Zootecnia de Precisão. Fonte: Adaptado de Chizzotti et al., 2013. Os pioneiros no desenvolvimento e uso de equipamentos para zootecnia de precisão foram os pesquisadores do Instituto de Pesquisa Silsoe, Reino Unido e Leuven University, na Bélgica (Banhazi et al., 2011). Desenvolvimentos adicionais ocorreram em outros países da UE, como a Alemanha, Dinamarca, Holanda, Finlândia e em Israel (Devir et al., 1997; Halachmi et al., 1998). Em 2002, os australianos começaram com a assistência prestada por 218 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte cientistas do Reino Unido e da Bélgica (Banhazi et al., 2003). Diversos trabalhos já demonstraram o potencial da avaliação do comportamento animal como forma de detecção de doenças subclínicas, bem como a detecção precoce de sinais clínicos, o que aumenta a eficácia e reduz os custos do tratamento, como também contribui com o bem-estar dos animais (Gonzales et al., 2008; Azizi, 2008; Huzzey et al., 2007; Urton et al., 2005; Owens et al., 1998). Na tabela 1, estão apresentadas algumas publicações e tecnologias desenvolvidas nos últimos anos, um número muito maior de produtos tem sido desenvolvido por empresas e comercializados sem objetivo científico. No Brasil, a zootecnia de precisão é um conceito ainda incipiente, entretanto, já existem algumas empresas e universidades trabalhando com o tema. Tabela 1 - Exemplos de tecnologias de zootecnia de precisão desenvolvidas nos últimos anos Referência (Exadaktylos et al., 2011) (Gates et al., 2001) (Schofield, 1990; Wang et al., 2008; Banhazi et al., 2009b) (Maltz et al., 2003) (Niemi et al., 2010; Banhazi et al., 2009a) (Frost et al., 2000) (Mottram, 1997; Stewart et al., 2007) (Bull et al., 1996) (Chao et al., 2000; Park et al., 1998; Park et al., 2007) (Cronin et al., 2008) (Doeschl-Wilson et al., 2005) (Shao and Xin, 2008; Wouters et al., 1990) (Guarino et al., 2008; Chedad et al., 2001; Moshou et al., 2001) Tecnologia/ ferramenta Melhoria na incubação de ovos via sincronia da eclosão Controle inteligente da ventilação em galpões para animais Estimativa do peso de suínos via imagem Manejo leiteiro para maximizar o lucro Aumento do lucro via alimentação de precisão para suínos Sensor para colocação automática de suíno Sistema de monitoramento para bovino Monitoramento da saúde do úbere e higiene em bovinos leiteiros Inspeção de carcaça de aves Identificador e contador automático de ovos Predição da composição da carcaça de suínos Melhoria do controle termal para suínos via imagem Reconhecimento de tosse em suínos Fonte: Adaptado de Banhazi et al., 2011. Já é sabido que não é a tecnologia, mas sim o seu uso apropriado que cria valor agregado, pois, na era do conhecimento, a capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 219 forma eficaz é que promove o diferencial estratégico. Coletar as informações corretas é parte fundamental do processo de gestão. A seguir, serão apresentados alguns indicadores produtivos, fisiológicos e comportamentais que podem dar suporte às atividades zootécnicas, em especial à Bovinocultura de Corte. IDENTIFICAÇÃO ELETRÔNICA Muitos fatores têm contribuído para o recente interesse no desenvolvimento de sistemas automatizados de identificação eletrônica. Várias organizações representativas da indústria de carne bovina concluíram que a identificação individual é fundamental para garantir a qualidade e a segurança da carne bovina. A identificação dos animais é um componente crítico de qualquer sistema de controle e gestão concebido para monitorar a qualidade da carne desde a produção até o consumo (McAllister et al., 2000). A identificação animal e individualização da informação são fundamentais nos programas de rastreabilidade, mas também é considerada a base da Zootecnia de Precisão. Em todo sistema de produção, há uma considerável variação individual. A formulação de dietas, por exemplo, é sempre baseada na média de um grupo ou lote, mas dentro desse, existem indivíduos que apresentam alta variação em relação à média esperada. As vantagens do sistema de identificação eletrônica por rádiofreqüência (RFID) são inúmeras, podem ser armazenadas em um mesmo equipamento diversas informações, tanto sobre o animal, como sobre a propriedade ou proprietário. A identificação do animal fica armazenada em um microchip, não necessitando de qualquer meio físico para a transmissão de seus dados, possuindo desta forma, fácil comunicabilidade com o sistema central de processamento e monitoramento (Costa et al., 2010). O sistema de identificação eletrônica via RFID é constituído por transponder, um leitor e um software gerenciador. Para efeitos de utilização em animais, o transponder pode ser utilizado sob a forma de brincos eletrônicos (Figura 3), injetáveis e através do bolo reticular. 220 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Os sistemas ou métodos tradicionalmente utilizados, como brincos, colares, tatuagens, ferro quente (a fogo ou elétrico) etc., permitem uma identificação prática de cada animal do rebanho. Entretanto, esses sistemas apresentam dificuldade de visualização e identificação à distância, necessidade de acondicionamento dos animais, além de problemas de leitura devido à abrasão dos caracteres, sujeiras, erros de transcrição e possibilidade de duplicação de número. Além disso, esses métodos podem sofrer fraudes ou alterações nas anotações realizadas. (Martins & Lopes, 2003 citado por Costa et al., 2010). Figura 3 - Animal da raça Senepol identificado com Transponder auriculares (Botton eletrônico) na Fazenda Grama Senepol, Pirajuí-SP. A identificação eletrônica por RFID era realizada por leitoras instaladas em cochos eletrônicos, o que permitia o registro do consumo e comportamento de ingestão individualizado dos animais. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 221 CURVA DE CRESCIMENTO O processo de crescimento dos animais é um fenômeno complexo e de grande importância para a área de Zootecnia. O conhecimento e o controle do crescimento e desenvolvimento dos ruminantes são tópicos de bastante interesse para os pesquisadores e produtores, pois o seu domínio permite que o manejo nutricional dos animais possa ser conduzido eficientemente, além de permitir que programas de seleção animal sejam elaborados para as características de crescimento inerentes a cada raça (Tedeschi et al., 2000). O estudo dos parâmetros dessas curvas é fundamental para os programas de melhoramento genético que visam alterar a forma das curvas de crescimento dos animais. É imprescindível também na análise bioeconômica para, por exemplo, estimar, após os modelos ajustados, o tempo (idade) ótimo para o abate do animal, ou seja, o momento em que a curva de crescimento médio dos animais atinge o seu máximo ou a maturidade (A) (Figura 4). Após este ponto, o consumo é destinado à manutenção do animal, a conversão alimentar é baixa e o custo para manter o animal a campo ou em confinamento é alto, o que indica o momento de abate ou descarte. O interesse pelo estudo da curva de crescimento, bem como sua aplicação no melhoramento genético e manejo animal tem sido crescente nos últimos anos, como mostrado em diversos trabalhos (Oliveira et al., 2000; Tedeschi et al., 2000; Almeida, 2005; Forni et al., 2007). 222 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 4 - Exemplo de curvas de crescimento de 3 animais. Animais 1 e 2 apresentam mesma taxa de maturação (k), apesar de apresentarem diferentes pesos a maturidade (A). O animal 3 possui uma taxa de maturação (k) superior aos dos demais animais, o que o torna mais precoce e foco nos programas de melhoramento genético. O animal 3 por alcançar o peso a maturidade antes que os demais animais, poderá ser abatido antes, o que promoverá maiores ganhos econômicos ao sistema. Conforme já foi discutido, a estimativa da curva de crescimento é fundamental para a seleção e manejo dos animais. Entretanto, ajustes de modelos não-lineares de crescimento têm sido realizados com conjuntos de dados que não contemplam todo o crescimento até a maturidade, consequentemente, as inferências sobre os parâmetros estimados podem estar sujeitas a erros (Toral, 2008). O número e o intervalo de pesagens influenciam significativamente as estimativas dos parâmetros A e k dos modelos não-lineares. As estimativas de A e k se aproximam dos valores paramétricos à medida que diminui o intervalo entre as avaliações e aumenta o número de pesagens, principalmente na fase inicial do crescimento. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 223 Utilizando o método de pesagem tradicional, o aumento da frequência de avaliações pode se tornar inviável devido ao alto custo da mão-de-obra, bem como ao comprometimento do desempenho dos animais devido ao excesso de deslocamento e estresse provocado pelo manejo. Ao longo dos anos, diversos métodos eletrônicos não invasivos têm sido desenvolvidos para estimar o peso vivo de bovinos com o objetivo de aumentar o número de registros, sem comprometer o manejo da propriedade: Pesagem dinâmica utilizando balanças em corredores (Rousing et al., 2004; Cveticanin & Wendl, 2004); Medidor de tensão independente em cada membro do animal na ordenha robótica (Pastell et al., 2006); Pesagem corporal parcial – medidor de tensão em dois membros (GrowSafe Beef); Dimensão corporal a partir da análise de imagem (Schofeld, 1993; White et al., 2004; Stajnko et al., 2008). No Brasil, um sistema eletrônico de pesagem total do animal tem sido utilizado em alguns centros de pesquisa e propriedades comerciais (Figura 5). Os animais sobem em uma plataforma de pesagem sempre que acessam o bebedouro. A cada evento de ingestão de água, o peso do animal é registrado. Figura 5 - Bebedouro eletrônico. À direita: Registro de consumo de água e peso vivo animal. Equipamento em Free-Stall, rebanho Holandês. Embrapa CNPGL Coronel Pacheco, MG. À esquerda: Equipamento em Sala de ordenha, rebanho Girolando. Embrapa CNPGL Coronel Pacheco, MG. 224 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Em um mesmo dia, são registrados em torno de oito pesos de um mesmo animal, aumentando a confiabilidade das estimativas de curvas de crescimento dos animais e antecipando as decisões pelos gestores (Figura 6). Figura 6 - Curva de crescimento de animal pesado por sistema eletrônico instalado no Departamento de Zootecnia da UFV. Os animais em experimento eram pesados constantemente durante pelo menos uma semana por mês. Prados et al., dados ainda não publicados. Com o registro de peso diário eletrônico associado ao desenvolvimento de modelos alométricos de crescimento dos tecidos muscular e adiposo, será possível a avaliação do incremento diário de músculo e gordura e estimativa do ponto ótimo de abate com base no melhor retorno econômico e composição ideal de carcaça (Chizzotti et al., 2013). COMPOSIÇÃO DA CARCAÇA (CÂMERA – MEDIDAS CORPORAIS) Diversos fatores alteram a eficiência do crescimento de bovinos, como o peso, idade, nutrição, genética, biotipo, sexo e V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 225 utilização de hormônios exógenos. Os fatores citados afetam a eficiência de crescimento de animais de corte através de duas características básicas, taxa de ganho e composição química dos tecidos depositados. A composição da carcaça, medida pela proporção de músculo, gordura e ossos muda à medida que o animal cresce, uma vez que, com a maturidade sexual, inicia-se maior deposição de gordura (Crouse et al., 1989). A gordura representa uma pequena porção da carcaça ao nascimento e aumenta lentamente com o desenvolvimento do animal. Em termos práticos, bovinos jovens apresentam melhor conversão alimentar (kg de MS/kg de ganho), o que se reflete positivamente na rentabilidade das operações que envolvem cria e recria de machos e fêmeas (Bianchini et al., 2008). Alguns autores afirmam que determinar qual é o estágio de acabamento de um animal ainda vivo é extremamente difícil, entretanto, o nível de gordura na carcaça é incontestavelmente o fator mais importante na tomada de decisão relativa ao abate dos animais (Berg & Buterfield, 1976). Brethour (2000), afirma que é necessário um método objetivo para determinar o número de dias que um bovino precisa ser alimentado com uma dieta específica, com o objetivo de melhorar a qualidade da carcaça, de atingir características desejadas pelos frigoríficos e de explorar a eficiência do ganho de carcaça. Uma das formas de avaliação in vivo da composição de carcaças, é o do ultrassom, onde é possível determinar a espessura de gordura subcutânea e área de olho de lombo com boa acurácia e precisão. Entretanto, o emprego desta técnica requer a movimentação e contenção dos animais e a necessidade de um técnico treinado para operação do equipamento e interpretação das imagens de ultrassom. Alternativamente, estão sendo desenvolvidos e avaliados métodos de determinação da composição corporal com o uso de imagens e sensores infravermelhos tridimensionais (Figura 7). 226 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 7 - Avaliação da composição corporal e escore com uso de câmera infravermelha tridimensional em Viçosa - MG. Mario Chizzotti, comunicação pessoal. Os dados preliminares demonstram bom potencial de desenvolvimento dessa técnica, que pode ser empregada de forma integrada a outros sistemas eletrônicos, como a balança de monitoramento de peso, sem causar estresse adicional na avaliação e permitindo o acompanhamento contínuo da condição corporal e composição da carcaça. COCHO ELETRÔNICO Sem dúvida, o balanceamento adequado de dietas e a gestão visando a redução de perdas de insumos (perdas de colheita, ensilagem, transporte e fornecimento) têm grande impacto sobre a eficiência no manejo alimentar. Em qualquer formulação, normalmente se trabalha com a média de peso e desempenho de um grupo ou lote, entretanto ao avaliar cada animal individualmente V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 227 nota-se desvios significativos em relação à média do grupo utilizadas para fins de formulação. Ou seja, em qualquer lote haverá animais cujo desempenho (e exigências) é acima da média do grupo assim como outros estarão abaixo dessa média geral. Com o uso da tecnologia de pesagem automática (Figuras 5 e 6) e monitoramento do consumo é possível em tempo real primeiro: verificar se o desempenho e o consumo reais estão coerentes com os inicialmente planejados e caso não estejam é possível ajustar a formulação durante a terminação e dessa forma aumentar a eficiência global. Adicionalmente, dentro de cada modelo desenvolvido, sempre haverá uma variação nos dados devida à variabilidade individual dos animais. Na figura 8, exemplificamos o comportamento da eficiência de retenção de energia no corpo de bovinos em relação à concentração de energia metabolizável na dieta. Figura 8 - Eficiência de uso da energia metabolizável consumida, expressa como % da energia metabolizável consumida que foi retida no corpo do animal. Fonte: Adaptado de Chizzotti et al., 2013. 228 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Embora observa-se uma tendência de aumento na eficiência em termos gerais com o aumento na concentração de energia consumida, nota-se uma intensa variação entre animais. Enquanto o modelo estima que na média os animais recebendo 0,25 Mcal de energia metabolizável por kg de peso metabólico devam reter ao redor de 22,5% dessa energia no corpo, há indivíduos que apresentaram retenção de 37,5% enquanto outro apresentou apenas 14% de eficiência, salientando que a variação individual é elevada. Em um sistema de monitoramento continuo e eletrônico essa variação pode ser detectada e os indivíduos menos eficientes podem ser identificados (Chizzotti et al., 2013). O sistema eletrônico de monitoramento de consumo (Figuras 9 e 10) também constitui uma importante ferramenta para avaliação da qualidade dos insumos empregados, identificando precocemente uma queda de desempenho advinda do uso de insumos com qualidade inferior, como por exemplo, no uso de uma nova carga de grãos ou abertura de um novo silo que impactem o desempenho e com esses dados coletados torna-se possível a cobrança de qualidade por parte dos fornecedores, o que mais uma vez pode incrementar a eficiência de utilização dos insumos. O uso de cochos eletrônicos já é realidade em muitos programas de seleção de animais geneticamente superiores, sendo empregado em testes de eficiência alimentar e de seleção por consumo alimentar residual (CAR). A seleção por CAR visa a identificação de animais superiores em eficiência, ou seja, os indivíduos que para um mesmo desempenho e peso necessitam de menor quantidade de matéria seca ingerida em relação aos seus pares (Figuras 11). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte Figura 9 - Sistema eletr ônico de moni toramento de consu mo e com portamento alimen tar em uso na Fa zenda Grama Senepol, Pira ju í-SP . - 229 Figura 10 - Sistema eletr ônico de moni to ramento de consu mo e com portamento alimen tar em uso no Departamento de Zootecnia da UFV, Viçosa -MG. Essa avaliação só se faz possível mediante o monitoramento individual do consumo e desempenho de cada animal e a utilização de cocho e balança eletrônicos viabiliza sua adoção em larga escala, permitindo um ganho genético substancial em relação ao total de matéria seca consumida para produção de um kg de carne e impactando diretamente a eficiência econômica, assim como, a pegada de carbono da carne. 230 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 11 - Consumo alimentar residual de prova de eficiência alimentar conduzida na Fazenda Grama Senepol. Foram avaliadas 150 novilhas Senepol de 14 a 20 meses. No quadrante 1 estão os animais indesejáveis, que apresentaram CAR positivo e GMD abaixo da média (0,861 Kg/dia). No quadrante 4 estão os animais desejáveis, que apresentaram CAR negativo e GMD acima da média. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 231 Adicionalmente à utilização em sistemas de seleção, o monitoramento eletrônico tem grande potencial de ser utilizado futuramente em confinamentos comerciais para definição do ponto ótimo de abate de bovinos, antecipando a comercialização de animais já terminados e, diminuindo, desta forma, o uso de insumos e a excreção de dejetos por estes animais que já atingiram o ponto de abate precocemente em relação ao seu lote. Além disso, permite um acompanhamento do desenvolvimento dos animais permitindo uma previsão mais realista dos dias necessários em confinamento e do dia de comercialização dos animais, o que atrelado ao monitoramento do preço da @ no mercado pode ser utilizado para acelerar ou desacelerar o desenvolvimento dos animais visando um maior ganho econômico. Outra contribuição do monitoramento em nível de confinamento seria a maximização da eficiência do lote pela identificação de animais com desempenho aquém do planejado, logo no início da terminação. O sistema eletrônico permite identificar desvios individuais em relação ao grupo que podem ser usados para a retirada de animais com desempenho abaixo de um limite de produtividade ou eficiência aceitáveis, assim como a identificação de animais doentes antes do aparecimento de sinais clínicos evidentes. A identificação desses animais improdutivos contribuem para maximização da eficiência, impedindo que animais que não respondem ao alto plano nutricional do confinamento sejam descartados ou sejam realocados a uma dieta de menor custo para melhoria do retorno do investimento no confinamento. A identificação precoce de doenças ou distúrbios é outro ponto fundamental para evitar a contaminação de animais saudáveis ou desencadear ajustes na formulação para contornar distúrbios alimentares. CONSIDERAÇÕES FINAIS A zootecnia de precisão envolve mensurações, predições e análise de dados de variáveis do animal, permitindo um extraordinário fluxo de informações coletadas automaticamente, podendo ocorrer em tempo real, gerando uma infinidade de 232 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte possibilidades de controle e intervenções que são impossíveis dentro dos sistemas tradicionais de produção. O avanço tecnológico em diversas áreas tem permitido que novos sensores e equipamentos cheguem a pecuária com custos cada vez mais acessíveis. Entretanto, para que tais tecnologias possam auxiliar a rápida tomada de decisões pelos produtores, os dados registrados precisam ser devidamente interpretados por softwares e modelos matemáticos, sendo imprescindível a interdisciplinaridade no desenvolvimento de novas ferramentas úteis ao setor produtivo. A aplicação destas novas tecnologias podem gerar grandes modificações dentro da cadeia produtiva com a criação de novos setores de serviço, novas demandas pelos consumidores, rastreabilidade dos produtos, melhoria na eficiência do uso de recursos, aumento no bem estar animal e das pessoas que trabalham nas fazendas, redução do impacto ambiental e maior lucro e sustentabilidade do sistema. REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. (2005). Consumo e eficiência alimentar de bovinos em crescimento. Tese, 182.p, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – USP, Pirassicaba-SP. AZIZI, O. (2008). Relationships between feeding behavior and feed intake in dairy cows during early lactation. PhD Thesis, Humboldt-University Berlin, Germany. BANHAZI, T., BLACK, J. L. & DURACK, M. (2003).Australian Precision Livestock Farming workshops. In Joint Conference of ECPA - ECPLF, Vol. 1, 675-684 (Eds A. Werner and A. Jarfe). Berlin, Germany: Wageningen Academic Publisher. BANHAZI, T. M., RUTLEY, D. L., PARKIN, B. J. &LEWIS, B. (2009A). Field evaluation of a prototype sensor for measuring feed disappearance in livestock buildings. Australian Journal of Multi-disciplinary Engineering 7(1): 27-38. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 233 BANHAZI, T. M., TSCHARKE, M., FERDOUS, W. M., SAUNDERS, C. &LEE, S.-H. (2009B).Using image analysis and statistical modelling to achieve improved pig weight predictions. In SEAg 2009, Vol. 1, CD publication (Eds T. Banhazi and C. Saunders). Brisbane, Australia: SEAg BANHAZI, T. M. AND LEHR, H. AND BLACK, J. L. AND CRABTREE, H. SCHOFIELD, P., TSCHARKE, M., BERCKMANS, D. 2011. Precision livestock farming: scientific concepts and commercial reality. In: XVth International Congress on Animal Hygiene: Animal Hygiene and sustainable Livestock Production (ISAH 2011), 3-7 July 2011, Vienna, Austria. BERG, R.T.; BUTTERFIELD,R.M. New concepts of cattle growth. New York: First Edition, 1976. 240p BERNI, D. A. Mudanças no padrão de uso da mão-de-obra no Brasil entre 1949 e 2010. Nova Economia (UFMG), v. 16, p. 139-172, 2006. BIANCHINI, W.; SILVEIRA, A.C.; ARRIGONI, M.B.; JORGE, A.M.; MARTINS, C.L.; RODRIGUES, E. (2008). Crescimento e características de carcaça de bovinos superprecoces Nelore, Simental e mestiços. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.9, n.3, p. 554-564. BULL, C. R., MCFARLANE, N. J. B., ZWIGGELAAR, R., ALLEN, C. J. &MOTTRAM, T. T. (1996). Inspection of teats by colour image analysis for automatic milking systems. Computers and Electronics in Agriculture 15(1): 15-26. BRETHOUR, J.R. (2000).Using serial ultrasound measures to generate models of marbling and backfat thickness changes in feedlot cattle. J. Anim. Sci, n.78, p.2055-2061. CHAO, K., PARK, B., CHEN, Y. R., HRUSCHKA, W. R. &WHEATON, F. W. (2000). Design of a dual-camera system for poultry carcasses inspection. Applied Engineering in Agriculture 16(5): 581-587. CHEDAD, A., MOSHOU, D., AERTS, J. M., VAN HIRTUM, A., RAMON, H. &BERCKMANS, D. (2001). Recognition System for Pig Cough based on Probabilistic Neural Networks. Journal of Agricultural Engineering Research 79(4): 449-457. CHIZZOTTI, M. L.; VALENTE, E. E.; VALADARES FILHO, S. C.; RIBAS, M. N.; LADEIRA, M. M.; MONTEIRO, G. R.; PRADOS, L. F.; SATHLER, D. F. T. A Zootecnia de precisão no contexto da intensificação sustentável. In: Anais do VIII SIMPEC, Chizzotti, M.L. et al. (Eds), UFLA: Lavras, 2013, p. 15-34. 234 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte COSTA, E.J.X.; Arce, A.I.C.; Silva, A.C.S.; Tech, A.R.B. Instrumentos para a automação das atividades zootécnicas. IN: VII Simpósio de Produção de Gado de Corte, 2010, Viçosa-MG. Anais... 2010, p. 329 -342 CRONIN, G. M., BORG, S. S. &DUNN, M. T. (2008). Using video image analysis to count hens in cages and reduce egg breakage on collection belts. Australian Journal of Experimental Agriculture 48: 768-772. CROUSE, J.D.; CUNDIFF, L.V.; KOCH,R.M.; KOOHMARAIE, M. SEIDEMAN, S.C. (1989) Comparisons of Bos Indicus and Bos Taurus inheritance for carcass beef characteristics and meat palatability, Journal of Animal Science, v.67, p.2661-2668. CVETICANIN, D. & WENDL, G. (2004). Dynamic weighing of dairy cows: using a lumpedparameter model of cow walk. Comput. Electron. Agric., 44., 63–69. DANTAS, M. C. B. A gestão da informação na tomada de decisão em uma instituição financeira brasileira orientada para o cliente. 2005. 137 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação). Universidade de Brasília, Brasília, 2005. DOESCHL-WILSON, A. B., GREEN, D. M., FISHER, A. V., CARROLL, S. M., SCHOFIELD, C. P. &WHITTEMORE, C. T. (2005). The relationship between body dimensions of living pigs and their carcass composition. Meat Science 70(2): 229-240. DAVENPORT, T. H. Ecologia da informação. São Paulo: Futura, 1998. DEVIR, S., MALTZ, E. &METZ, J. H. M. (1997). Strategic management planning and implementation at the milking robot dairy farm. Computers and Electronics in Agriculture 17(1): 95-110. EXADAKTYLOS, V., SILVA, M. &BERCKMANS, D. (2011). Real-time analysis of chicken embryo sounds to monitor different incubation stages. Computers and Electronics in Agriculture 75(2): 321-326. FORNI, S.; PILES, M.; BLASCO, A.; VARONA, L.; OLIVEIRA, H.N.; LÔBO, R.B.; ALBUQUERQUE, L.G. (2007) Analysis of beef cattle longitudinal data applying a nonlinear model. Journal of animal Science, v.85, p.3189-3197. FROST, A. R., TILLETT, R. D. &WELCH, S. K. (2000). The development and evaluation of image analysis procedures for guiding a livestock monitoring sensor placement robot. Computers and Electronics in Agriculture 28(3): 229-242. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 235 FROST, A.R. 2001. An overview of integrated manegment systems for a sustainable livestock production. Wathes, C.M., Frost, A.R., Gordon, F. and Wood, J.D. 45-50. Edinburgh, British Society of Animal Science Occasional Publication Number 28. GATES, R. S., CHAO, K. &SIGRIMIS, N. (2001). Identifying design parameters for fuzzy control of staged ventilation control systems. Computers and Electronics in Agriculture 31(1): 61-74. GONZALEZ, L. A., Tolkamp, B. J., Coffey, M. P., Ferret, A., Kyriazakis, I. (2008). Changes in feeding behaviour as possible indicators for the automatic monitoring of health disorders in dairy cows. J Dairy Sci 91, 1017– 1028. GUARINO, M., JANS, P., COSTA, A., AERTS, J. M. &BERCKMANS, D. (2008). Field test of algorithm for automatic cough detection in pig houses. Computers and Electronics in Agriculture 62(1): 22-28. HALACHMI, I., EDAN, Y., MALTZ, E., PEIPER, U. M., MOALLEM, U. &BRUKENTAL, I. (1998). A real-time control system for individual dairy cow food intake. Computers and Electronics in Agriculture 20(2): 131-144 HAMRITA, T. K., HAMRITA, S. K.., VAN WICKLEN, G., et al. Use of biotelemetry in measurement of animal responses to environmental stressors. ASAE Paper 97-4008. ASAE, St. Joseph, MI, 1997. HUZZEY, J.A., VEIRA, D.M., WEARY, D.M., VON KEYSERLINGK, M.A.G. (2007). Behavior and intake measures can identify cows at risk for metritis. J. Dairy Sci. 90:3320-3233. MALTZ, E., LIVSHIN, N., ANTLER, A., EDAN, Y., MATZA, S. &ANTMAN, A. (2003).Variable milking frequency in large dairies: performance and economic analysis - models and experiments. In 1st European Precision Livestock Farming, Vol. 1, 113-118 (Ed S. W. R. Cox). Berlin, Germany: Wageningen Academic Publisher. MARTINS, F.M.; LOPES, M.A. (2003) Rastreabilidade Bovina no Brasil. Boletim Agropecuário. Universidade Federal de Lavras, Lavras, Brasil, n. 55, p.1-72. MCALLISTER, T.A., D.J.GIBB, R.A. KEMP, C. HUISMA, M.E. OLSON, D. MILLIGAN, and K.S. SCHWARTZKOPF-GENSWEIN. 2000. Electronic identification: Applications in beef production and research. Can. J. Anim. Sci. 80:381-392. 236 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte MOTTRAM, T. T. (1997). Automatic monitoring of the health and metabolic status of dairy cows. Livestock Production Science 48(3): 209-217. MOSHOU, D., CHEDAD, A., VAN HIRTUM, A., DE BAERDEMAEKER, J., BERCKMANS, D. &RAMON, H. (2001). Neural recognition system for swine cough. Mathematics and Computers in Simulation 56(4-5): 475-487. NÄÄS, I. A (2011). Uso de técnicas de precisão na produção animal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, p.358-364. NIEMI, J. K., SEVÓN-AIMONEN, M.-L., PIETOLA, K. &STALDER, K. J. (2010). The value of precision feeding technologies for grow-finish swine Livestock Science 129: 13-23. PARK, B., CHEN, Y. R. &NGUYEN, M. (1998). Multi-spectral Image Analysis using Neural Network Algorithm for Inspection of Poultry Carcasses. Journal of Agricultural Engineering Research 69(4): 351-363. PARK, B., WINDHAM, W. R., LAWRENCE, K. C. &SMITH, D. P. (2007). Contaminant Classification of Poultry Hyperspectral Imagery using a Spectral Angle Mapper Algorithm. Biosystems Engineering 96(3): 323-333. PASTELL, M.; TAKKO, H., GRÖHN, H., HAUTALA, M., POIKALAINEN, V., PRAKS, J., VEERMÄE, I., KUJALA, M. & AHOKAS, J. (2006). Assessing cows’ welfare: weighing the cow in a milking robot. Biosyst. Eng., 93., 1., 81–87. OLIVEIRA, H.N.; LÔBO, R.B.; PEREIRA, C.S. (2000). Comparação de modelos não-lineares para descrever o crescimento de fêmeas da raça Guzerá. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.9, p.1843-1851. OLIVEIRA, M.; BERTUCCI, M. G. E. S. A pequena e média empresa e a gestão da informação. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 13, n. 2, 2003. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/91/1558>. Acesso em: 05 dez 2013. OWENS, F. N., SECRIST, D. S., HILL, W. J., GILL, D. R. (1998). Acidosis in cattle, A review. J Anim Sci 76,275-286. ROUSING, T.; BONDE, M., BADSBERG, J.H. & SØRENSEN, J.T. (2004). Stepping and kicking behaviour during milking in relation to response in human-animal interaction test and clinical health in loose housed dairy cows. Livest. Prod. Sci., 88, 1–8. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 237 SCHOFIELD, C. P. (1990). Evaluation of image analysis as a means of estimating the weight of pigs. Journal of Agricultural Engineering Research 47: 287-296. SCHOFELD, C. P. (1993). Image analysis for non-intrusive weight and activity monitoring of live pigs. In: Proceedings of the 4th International Symposium on Livestock Environment, pp. 503-510, University of Warwick, England, ASAE Publication. SHAO, B. &XIN, H. (2008). A real-time computer vision assessment and control of thermal comfort for group-housed pigs. Computers and Electronics in Agriculture 62(1): 15-21. STAJNKO, D.; BRUS, M. & HOČEVAR, M. (2008). Estimation of bull live weight through thermo graphically measured body dimensions Computers and Electronics in Agriculture, 61., 2., May 2008, 233-240. STEWART, M., WEBSTER, J. R., VERKERK, G. A., SCHAEFER, A. L., COLYN, J. J. &STAFFORD, K. J. (2007). Non-invasive measurement of stress in dairy cows using infrared thermography. Physiology & Behavior 92(3): 520-525. TEDESCHI, L.O.; BOIN, C.; NARDON, R.F.; LEME, P.R. (2000). Estudo da Curva de Crescimento de Animais da Raça Guzera e seus Cruzamentos Alimentados a Pasto, com e sem Suplementação. 1. Analise e Seleção das Funções Não - Lineares. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, p.630- 637. TORAL, F.L.B. (2008). Número e intervalo de pesagens para estimação de parâmetros de curvas de crescimento em bovinos. R. Bras. Zootec., v.37, n.12, p.2120-2128. URTON, G., M. A. G. VON KEYSERLINGK, AND D. M. WEARY. (2005). Feeding behavior identifies dairy cows at risk for metritis. J. Dairy sci. 88:2843-2849. WANG, Y., YANG, W., WINTER, P. &WALKER, L. (2008). Walk-through weighing of pigs using machine vision and an artificial neural network. Biosystems Engineering 100(1): 117-125. WHITE, R.P.; SCHOFIELD, C.P., GREEN, D.M., PARSONS, D.J. & WHITTEMORE, C.T. (2004). The effectiveness of a Visual Image Analysis (VIA) system for monitoring the performance of growing/finishing pigs. Anim. Sci., 78, 409–418. 238 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte WOUTERS, P., GEERS, R., PARDUYNS, G., GOOSSENS, K., TRUYEN, B., GOEDSEELS, V. &VAN DER STUYFT, E. (1990). Image-analysis parameters as inputs for automatic environmental temperature control in piglet houses. Computers and Electronics in Agriculture 5(3): 233-246. ASPECTOS NUTRICIONAIS APLICADOS A BOVINOS EM PASTEJO NOS TRÓPICOS Edenio Detmann1, Mário Fonseca Paulino2, Sebastião de Campos Valadares Filho3, Erick Darlisson Batista4, Luana Marta de Almeida Rufino4 1 / Zootecnista, D.Sc., Professor Associado, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais. Pesquisador 1A do CNPq, Pesquisador do INCT-Ciência Animal ([email protected]). 2 / Engenheiro Agrônomo, D.Sc., Professor Associado, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. Pesquisador 1A do CNPq, Pesquisador do INCT-Ciência Animal. 3 / Zootecnista, D.Sc., Professor Titular, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais. Pesquisador 1A do CNPq, Coordenador do INCT-Ciência Animal. 4 / Zootecnista, M.Sc., Doutorando em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Bolsista do CNPq. INTRODUÇÃO A maioria dos sistemas de produção de bovinos de corte em regiões tropicais está baseada na utilização de gramíneas tropicais como recursos forrageiros basais, pois estas são capazes de prover substratos energéticos de baixo custo, principalmente a partir dos carboidratos fibrosos (Paulino et al., 2008). Contudo, as gramíneas tropicais raramente podem ser consideradas como dieta equilibrada para animais em pastejo, pois estas irão exibir invariavelmente uma ou mais limitações nutricionais que causarão restrições sobre o consumo de pasto, a digestão da forragem ou a metabolizabilidade dos substratos absorvidos. Desta forma, demanda-se a identificação da principal limitação nutricional do pasto para se evitar entraves à produção animal. Depois de identificadas, as deficiências nutricionais poderão ser reduzidas ou eliminadas utilizando-se um programa adequado de suplementação, o que resultará em incremento no desempenho dos animais e na eficiência do sistema de produção (Detmann et al., 2010; 2014a). Neste contexto, os programas de suplementação constituem ferramentas para o provimento de recursos suplementares visando à redução ou eliminação de entraves nutricionais e/ou metabólicos (meta primária) e ao alcance de metas de produção animal (meta secundária) (Figura 1). Os programas de suplementação variam qualitativamente e quantitativamente em função da dinâmica de 240 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte alteração qualitativa e quantitativa dos recursos nutricionais basais (pasto) ao longo do ciclo climático anual e, em segunda instância, em função das metas de produção para as diferentes categorias animais. Durante a estação do ano com baixa precipitação (época seca) observa-se declínio na qualidade nutricional das gramíneas sob pastejo, refletindo a baixa concentração de proteína bruta (PB) e o incremento na lignificação da parede celular. A disponibilidade restrita de PB constitui entrave para o crescimento microbiano sobre os carboidratos fibrosos da forragem basal (Hennessy et al., 1983; Leng, 1990; Detmann et al., 2009). Esta deficiência específica implica baixa utilização da parede celular potencialmente degradável pelos microrganismos ruminais e resulta em comprometimentos sobre o consumo de pasto e sobre o desempenho animal (Egan & Doyle, 1985; Leng, 1990; Paulino et al., 2008). Sob tais circunstâncias diversos estudos conduzidos em condições tropicais têm permitido evidenciar que a suplementação com compostos nitrogenados constitui a ferramenta prioritária para se incrementar a utilização da forragem de baixa qualidade por animais em pastejo (Hennessy et al., 1983; Leng, 1990; Figueiras et al., 2010; Sampaio et al., 2010; Souza et al., 2010). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte Recursos Basais Fase II Introdução de recursos suplementares para suprir diretamente o déficit de produção Fase I Identificação de Limitantes Introdução de Recursos Suplementares Estratégicos OK Não Quantificação da Resposta Animal - 241 Sim Resposta compatível com as metas de produção? Figura 1 - Descrição teórica do procedimento de adoção de um programa de suplementação em um sistema de produção de bovinos em pastejo. Fonte: Detmann et al. (2010). Por outro lado, durante a estação chuvosa (época das águas) as gramíneas tropicais sob pastejo exibem intenso crescimento e a forragem produzida possui valor nutritivo superior àqueles observados durante a época seca. Contudo, a despeito da maior produção animal, a utilização da forragem basal durante a época das águas não deve ser vista como otimizada, pois existe um ganho potencial (ganho latente) de aproximadamente 200 g/animal/dia que pode ser obtido com o uso de suplementos (Poppi & McLennan, 1995; Paulino et al., 2008). Segundo Detmann et al. (2010; 2014a), a avaliação dos pastos tropicais durante o período chuvoso indica que há um desequilíbrio na relação proteína:energia (P:E), com excesso relativo de energia (Figura 2). Isso indica diretamente que os programas de suplementação a serem utilizados neste período devem focar prioritariamente o estabelecimento de um equilíbrio dietético que envolva a elevação da concentração dietética de 242 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte proteína para que o excedente relativo de substratos energéticos da forragem possa ser transformado em produto animal. Desta forma, a suplementação na época das águas deve ser centrada em características essencialmente proteicas (Detmann et al., 2010), excetuando-se os casos em que pastos de alto nível proteico são disponibilizados aos animais, o que em termos de gramíneas tropicais somente têm sido obtidos quando manejos intensivos do pasto são associados a quantidades elevadas de adubação nitrogenada. 8,0 7,5 7,0 F 6,5 NDT/PB 6,0 MC 5,5 5,0 MNC 4,5 4,0 MNC 3,5 MC F 3,0 200 250 300 350 400 450 Peso Vivo (kg) Figura 2 - Relação entre as concentrações de nutrientes digestíveis totais (NDT) e de proteína bruta (PB) na dieta de bovinos em pastejo em forragens tropicais de média a alta qualidade sem suplementação (Dados oriundos de 20 experimentos conduzidos pelo grupo de pesquisa de Nutrição de Bovinos em Pastejo, DZO-UFV, perfazendo 95 unidades experimentais avaliadas. As linhas contínuas representam a relação NDT/PB ditada pelas exigências nutricionais para mantença e ganho de 1 kg/dia segundo dados do sistema BR-CORTE. MNC = macho não-castrado; MC = macho castrado; F = fêmea. Os dados de peso vivo são baseados no peso ao início de cada experimento). Fonte: Detmann et al. (2010). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 243 No entanto, a despeito da visão bem estabelecida no tocante à variação na qualidade e aos entraves nutricionais do pasto ao longo do ano, em poucos estudos têm se atentado para a investigação/elucidação simultânea das interações dos diversos fatores que resultam no estabelecimento das eficiências metabólica e produtiva de animais pastejando gramíneas tropicais (Leng, 1990). Um dos principais aspectos deste processo interativo é a eficiência de uso do nitrogênio (N) para a produção animal. Esta importância se calca sobre o fato de N ser o elemento associado diretamente às deficiências nutricionais do pasto ao longo de todo o ano e, em decorrência disso, o N passa a representar o principal definidor da composição dos suplementos múltiplos a serem ofertados para os animais. A complexidade dos efeitos do N sobre a produção de animais em pastejo nos trópicos se eleva quando se considera que sua disponibilidade metabólica afeta diretamente o uso da energia metabolizável (EM) e que a retenção de N no organismo animal é reflexo da eficiência de uso de todos os substratos envolvidos na síntese corporal e de produtos (e.g., músculos, órgãos, tecidos secretores, concepto), o que resulta em produção (e.g., ganho de peso, gestação, lactação). A despeito das evidências científicas que suportam a posição prioritária do N em programas de suplementação, diversos paradigmas ainda necessitam ser derrubados e/ou alterados com relação à prática de programas de suplementação. Um dos principais paradigmas associados aos programas de suplementação reside sobre a visão do pasto como um recurso nutricional de características discretas. Isso leva à classificação do recurso basal a ser utilizado exclusivamente com base na estação do ano (classificação discreta), fazendo com que o pasto seja interpretado como vários substratos diferentes ao longo do ano. O ponto negativo deste tipo de interpretação reside sobre o fato de que os programas de suplementação passam a ser “regidos” por regras momentâneas, que não são funcionais, que não propiciam o entendimento adequado da produção animal e que dificultam o planejamento do sistema de produção em si. 244 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte O fato de o N ser a base dos programas de suplementação, independentemente da estação do ano, evidencia que o substrato basal é único (e não “vários”) ao longo do ciclo anual de produção. Em outras palavras, o substrato basal possui características contínuas (e não discretas), assim como a produção animal em pastejo. Desta forma, torna-se necessário e obrigatório o entendimento da dinâmica do pasto ao longo de todo o ciclo anual de produção, o que permitirá a proposição de soluções e regras gerais para os programas de suplementação, ampliando o leque de informações para o planejamento da produção. A partir deste entendimento, chega-se à conclusão de que os problemas de ordem nutricional e metabólica que limitam a produção animal são os mesmos ao longo do ano, uma vez que a produção e o pasto possuem comportamento contínuo. A única variação estaria associada à intensidade com que cada limitação se manifestaria em função das oscilações quantitativas e qualitativas do pasto ao longo do ciclo anual de produção. CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS E EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DO NITROGÊNIO DIETÉTICO Conforme ressaltado previamente, a suplementação proteica/nitrogenada tem sido apontada como principal ferramenta de manejo para incremento da produtividade animal em pastejo, principalmente no tocante à melhor utilização dos recursos nutricionais oriundos dos pastos tropicais. Os efeitos positivos da PB suplementar sobre a produção de animais em pastejo podem ser entendidos sob dois diferentes aspectos: suprimento de compostos nitrogenados para crescimento microbiano (deficiência primária ou dietética) e adequação metabólica para utilização dos nutrientes absorvidos (deficiência secundária ou metabólica) (Egan & Moir, 1965; Lee et al., 1987; Leng, 1990; Detmann et al., 2010; Detmann et al., 2014b). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 245 Deficiências primárias de nitrogênio A meta prioritária para o incremento na utilização de forragens tropicais, principalmente aquelas consideradas de baixa qualidade, consiste em otimizar a disponibilidade de nutrientes para o animal a partir dos processos fermentativos ruminais. Para que esta meta seja alcançada deve se assegurar que não haverá deficiências para o crescimento microbiano no rúmen. Assim, os microrganismos ruminais crescerão de forma eficiente e, por intermédio das vias fermentativas, poderão extrair quantidade satisfatória de energia a partir dos carboidratos fibrosos (Leng, 1990; Detmann et al., 2009). Neste contexto, a deficiência de nitrogênio no rúmen deve ser vista como o principal entrave ao consumo e degradação de forragens tropicais de baixa qualidade (Egan & Doyle, 1985; Lee et al., 1987; Souza et al., 2010). Esta deficiência é normalmente caracterizada pela baixa disponibilidade de nitrogênio amoniacal ruminal (NAR), o que restringe o crescimento microbiano e, por consequência, a utilização dos carboidratos fibrosos da forragem (Satter & Slyter, 1974; MacRae et al., 1979; Lee et al., 1987; Detmann et al., 2009; Lazzarini et al., 2009; Sampaio et al., 2010). Considerando-se as situações nas quais deficiências ruminais de compostos nitrogenados são observadas, programas de suplementação com compostos nitrogenados devem ser estabelecidos para que se propicie concentração mínima de 8 mg NAR/dL de fluido ruminal, o que garante aos microrganismos disponibilidade de compostos nitrogenados para a síntese dos sistemas enzimáticos responsáveis pela degradação dos carboidratos fibrosos da forragem (Detmann et al., 2009; Figura 3). Cabe ressaltar que níveis deficitários de NAR somente são observados nos trópicos quando forragens de baixa qualidade são disponibilizadas aos animais (Detmann et al., 2010). De acordo com avaliação conduzida por Detmann et al. (2014b), esta concentração de NAR (8 mg/dL) seria observada com concentração dietética de PB de cerca de 100 g/kg de matéria seca (MS). Considerando o comportamento médio da concentração de PB em forragens tropicais sob pastejo contínuo no Brasil (Detmann et al., 2010; 2014b), 246 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte deficiências de compostos nitrogenados para o crescimento microbiano seriam principalmente observadas no período seco do ano. 0,6 FED (g/g FDN) 0,5 0,4 0,3 0,2 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 NAR (mg/dL) Figura 3 - Relação entre fração efetivamente degradada da fibra em detergente neutro (FED) e a concentração de nitrogênio amoniacal ruminal (NAR) em bovinos alimentados com forragem de baixa qualidade e suplementados com compostos nitrogenados (Ŷ = -35,4390 + 10,323 × X, X 8,0048; Ŷ = 47,19, X > 8,0048; R² = 0,912). Fonte: Adaptado de Detmann et al. (2009). Programas de suplementação calcados no suprimento exclusivo da quantidade de compostos nitrogenados necessária para a correção de deficiências para o crescimento microbiano são normalmente caracterizados pelo fornecimento de baixas quantidades de suplementos com elevada concentração proteica e com grande participação de fontes nitrogenadas não proteicas. Paulino et al. (2001) classificaram esta forma de manejo alimentar como suplementação em níveis catalíticos, na qual objetiva-se V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 247 apenas reduzir a relação C:N do substrato basal (forragem), ampliando sua degradação, a extração de energia a partir da fibra e a síntese de compostos nitrogenados microbianos. Nestes casos, os patamares máximos de produção oscilarão entre a manutenção do peso animal e o estabelecimento de ganhos de baixa magnitude, o que logicamente dependerá de interações determinadas pela categoria e estádio fisiológico dos animais e pela disponibilidade quantitativa e qualitativa do substrato basal. Deve-se, contudo, considerar que as metas de manejo alimentar e produção dos animais e a utilização dos compostos nitrogenados suplementares para produção devem ser interpretadas em dois patamares ou etapas distintas. Qualquer planejamento produtivo para ganhos acima da mantença deve se iniciar a partir da correção da deficiência em compostos nitrogenados para o crescimento microbiano. Somente após o suprimento de tais deficiências e a obtenção de estimativas da capacidade produtiva do pasto/forragem é que o suprimento direto de compostos nitrogenados para síntese de produto animal (e.g., ganho de peso) deve ser considerado (Figura 1). A suplementação planejada de forma única e exclusiva para o atendimento direto das exigências para ganho (ou produção) pode conduzir à utilização não otimizada dos recursos basais, reflexo de possíveis deficiências marginais de nutrientes no rúmen, que comprometem o consumo e a digestão da forragem, ou podem causar desequilíbrios dietéticos que refletirão em desequilíbrios metabólicos, prejudicando o consumo e a eficiência de utilização da proteína metabolizável (PM) ou da EM. Assim, qualquer entendimento da eficiência de transformação metabólica dos compostos nitrogenados em produto animal somente pode ser adequadamente obtido considerando-se que as deficiências de compostos nitrogenados do rúmen tenham sido corrigidas. Deficiências secundárias de nitrogênio Diversas avaliações da relação entre o fornecimento de suplementos e o consumo de forragem e a produção animal têm 248 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte permitido evidenciar que elevações na concentração dietética de PB causam efeitos positivos em situações nas quais a dieta é deficiente em nitrogênio, mas podem gerar resultados negativos se excesso de PB é provido via suplementação (DelCurto et al., 1990; Detmann et al., 2004; Sampaio et al., 2010; Detmann et al., 2014b). Como ressaltado anteriormente, quando dietas baseadas em forragens tropicais são oferecidas aos animais, efeitos positivos da suplementação com compostos nitrogenados sobre a degradação ruminal da fibra somente são observados com a elevação da concentração de NAR a níveis próximos a 8 mg/dL (Detmann et al., 2009), o que equivaleria ao fornecimento de suplementos nitrogenados de forma a elevar o nível dietético de PB a concentrações próximas a 100 g/kg MS (Detmann et al., 2010; Detmann et al., 2014b). Quando dietas apresentam alta proporção de forragem, como é o caso de bovinos em pastejo, esperar-se-ia que o consumo voluntário fosse determinado predominantemente por mecanismos associados à repleção física. Sob este pressuposto, ao se otimizar a degradação ruminal por intermédio da suplementação com compostos nitrogenados propiciar-se-ia condições teóricas para maximização do consumo de forragem. No entanto, contrariando estes pressupostos, estudos conduzidos em condições tropicais têm evidenciado que estímulos sobre o consumo voluntário são observados com a elevação da disponibilidade dietética de N a patamares superiores àqueles necessários para a degradação ruminal (Leng, 1990; Detmann et al., 2009; Figueiras, 2013; Detmann et al., 2014b; ). Considerando-se resultados obtidos em condições brasileiras, o consumo voluntário de forragem tem sido estimulado com o estabelecimento de concentrações de NAR e de PB próximas a 15 mg/dL (Detmann et al., 2009) e 145 g/kg MS (Detmann et al., 2014b), respectivamente. Este comportamento evidencia que efeitos metabólicos ou pós-digestivos dos compostos nitrogenados podem afetar positivamente o consumo em adição aos efeitos causados pelo estímulo à degradação ruminal. Isto significa que o consumo voluntário em animais alimentados com forragens deve ser V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 249 considerado como resultante da integração de mecanismos reguladores (Weston, 1996) e efeitos do N suplementar diferentes daqueles associados à redução do efeito de enchimento ruminal estão atuando diretamente sobre a regulação do consumo voluntário de forragens, mesmo daquelas consideradas de baixa qualidade (Egan 1965a; Detmann et al., 2009; Costa et al., 2011a; Figueiras, 2013). Os efeitos da proteína sobre a regulação do consumo voluntário não podem ser avaliados de forma isolada, pois o metabolismo animal está baseado na integração de diferentes mecanismos, na disponibilidade de diversos substratos e metabólitos e em comlexo sistema de sinalização e regulação bioquímica e hormonal (Detmann et al., 2014b). Incrementos no consumo voluntário têm sido associados com melhorias no status de proteína no organismo animal (Egan, 1965a; Egan & Moir, 1965; Kempton et al., 1976). Em termos teóricos, a expressão “status de proteína” define a disponibilidade quantitativa e qualitativa de compostos nitrogenados para todas as funções fisiológicas no metabolismo animal, incluindo-se as funções associadas com o metabolismo de outros compostos (e.g., energia). Portanto, o status de proteína constitui um termo relativo que dependerá do nível de produção e estádio fisiológico do animal, os quais definirão os requerimentos de compostos nitrogenados (Detmann et al., 2014b). A utilização de uma relação P:E constitui ferramenta mais plausível para o entendimento dos efeitos metabólicos da proteína sobre o consumo, uma vez que permite melhor visualização da adequação metabólica do animal. Adicionalmente, a relação P:E é reconhecidamente um dos fatores responsáveis pela regulação do consumo voluntário em animais ruminantes (Illius & Jessop, 1996) e diversos autores têm associado alterações na relação P:E na dieta com variações no consumo voluntário de pasto (Egan, 1977; Panjaitan et al., 2010; Costa et al., 2011a; Figueiras, 2013). Uma das formas de expressão da relação P:E mais comum no estudo com ruminantes em pastejo é a razão entre as concentrações dietéticas de PB e de matéria orgânica digestível (MOD) ou de nutrientes digestíveis totais (NDT). Detmann et al. (2014b) avaliaram dados 250 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte oriundos de experimentos brasileiros e inferiram que o máximo consumo voluntário de forragem é observado com a relação de 288 g PB/kg MOD (Figura 4). 25 Consumo de forragen (g/kg PC) 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 80 130 180 230 280 PB:MOD (g/kg) 330 380 430 Figura 4 - Associação entre a relação proteína bruta:matéria orgânica digerida (PB:MOD) e o consumo de forragem em bovinos em condições tropicais (Ŷ = 9,1 + 0,075 × X 0,00013 × X²; R² = 0,759). Fonte: Detmann et al. (2014b). Durante os períodos de crescimento das forragens (i.e., período de chuvas ou períodos de transição) os pastos tropicais não seriam considerados deficientes em PB (Poppi & McLennan, 1995). Contudo, em recente abordagem, Detmann et al. (2010) avaliaram dados oriundos de 20 experimentos conduzidos no Brasil durante os períodos de crescimento forrageiro e concluíram que existem um desbalanço dietético da relação P:E nos pastos tropicais, com excesso relativo de energia em relação à proteína (Figura 2). Este tipo de desbalanço decresce a eficiência de utilização da EM e pode reduzir o consumo devido ao aumento na produção de calor corporal atribuído à necessidade de eliminação do excesso relativo de V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 251 energia (Poppi & McLennan, 1995; Illius & Jessop, 1996;). Portanto, a suplementação proteica pode promover adequação na relação P:E e ampliar o consumo voluntário de pasto (Figura 4). Por outro lado, o excesso de N em relação à energia disponível no metabolismo animal pode acarretar diversos efeitos negativos sobre o consumo voluntário (Poppi & McLennan, 1995; Detmann et al., 2007). Em abordagem utilizando dados australianos, Poppi & McLennan (1995) inferiram que perdas de proteína iriam ocorrer (e, por consequência, observar-se-ia excesso de proteína em relação à energia) quando a concentração de PB na dieta excedesse 210 g/kg MOD, sendo esta relação recomendada como valor ótimo. Este valor mostra-se inferior à relação ótima sugerida por Detmann et al. (2014b) a partir de dados obtidos no Brasil (288 g PB/kg MOD; Figura 4). No entanto, as respostas à PB suplementar são também dependentes da forragem utilizada e da estrutura da parede celular, além do teor de PB da forragem (Bohnert et al., 2011), fatores que poderiam explicar a diferença entre as relações P:E ótimas estabelecidas na Austrália e no Brasil. Levando-se em consideração o conceito de status de proteína previamente apresentado, pode ser percebido que os compostos nitrogenados disponíveis para o metabolismo animal seriam utilizados para diferentes funções metabólicas seguindo-se uma ordem de prioridade para o animal, a saber: sobrevivência, mantença e produção (crescimento, reprodução, etc). Portanto, deposições de N na forma de tecidos corporais ou de produtos somente ocorreriam depois de supridas as demandas por compostos nitrogenados de maior prioridade (Detmann et al., 2014b). Uma das funções metabólicas de maior prioridade é a reciclagem de N para o trato gastrointestinal. Esta assertiva mostrase plausível considerando-se que um suprimento contínuo de N para o crescimento microbiano no rúmen deve ser visto como estratégia de sobrevivência (Egan, 1965b; Van Soest, 1994). Sob suprimento deficiente de N, o animal reduz a excreção urinária de N e incrementa a fração do N dietético que é reciclada ao ambiente ruminal (Hennessy & Nolan, 1988). Se a deficiência de N se torna 252 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte mais severa, o animal pode ampliar a mobilização de tecido para sustentar a massa de N reciclada (NRC, 1985; Rufino, 2011; Detmann et al., 2014a; Figura 5). Considerando-se uma situação alimentar “normal”, sem que haja uma deficiência proeminente de compostos nitrogenados, a quantidade de N reciclada ao ambiente ruminal mantém-se relativamente constante (Marini & Van Ambourgh, 2003; Maltby et al., 2005; Reynolds & Kristensen, 2008). Portanto, haverá menor deposição de N na forma de tecidos sob baixas concentrações dietéticas de compostos nitrogenados devido ao fato de uma maior percentagem do N ingerido ser direcionada para reciclagem e, como consequência, menor percentagem do N estará disponível para produção. 60 Rufino (2011) 3-MH (mg/g creatinine) 50 Batista (2012) 40 30 20 10 0 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 RAN (mg/dL) Figura 5 - Excreção urinária de 3-metil histidina (3-MH) em função da concentração de nitrogênio amoniacal ruminal (RAN) em bovinos alimentados com forragens tropicais (Ŷ = 1120,0 × e0,8589 X + 19,1657, s XY = 5,88, n = 32; a excreção urinária de 3-MH é utilizada como indicador da mobilização de proteína miofibrilar). Fonte: Detmann et al. (2014a). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 253 As questões relacionadas às prioridades metabólicas dos compostos nitrogenados podem ser percebidas, ao menos em parte, a partir da avaliação do balanço de N no ambiente ruminal (BNR). Diversas estimativas negativas de BNR têm sido obtidas em experimentos conduzidos em condições tropicais, o que significa que o fluxo de N para o abomaso é superior ao consumo de N. Nestes casos, existirá maior dependência dos eventos de reciclagem para prover suprimento adequado de N no ambiente ruminal. Isto acarretará em redução da eficiência de utilização da PM para ganho e, em alguns casos, em elevação da taxa de mobilização de proteína muscular para o suprimento das demandas de N de maior prioridade (Costa et al., 2011b; Rufino, 2011; Detmann et al., 2014a; Figura 5), implicando baixa eficiência de utilização do N dietético (Figura 6). Sob condições tropicais, o BNR está positivamente associado à disponibilidade de N (concentração dietética de PB e concentração de NAR), mas não sofre influência direta da digestibilidade da dieta (Detmann et al., 2014b). Este comportamento indica que a deficiência dietética de N é a causa da falta de equilíbrio no ambiente ruminal concernente ao balanço de N e situações de BNR negativos podem ser contornadas pela utilização de suplementos proteicos (Figueiras et al., 2010; Costa et al., 2011b; Lazzarini, 2011; Rufino, 2014). De acordo com avaliações conduzidas por Detmann et al. (2014b), seriam necessárias concentrações mínimas de 124 g PB/kg MS ou 9,2 mg NAR/dL de fluido ruminal para proporcionar um equilíbrio aparente entre input e output de N no rúmen (i.e., BNR = 0) e, consequentemente, garantir boa disponibilidade de N para outras demandas no metabolismo animal (Figura 7). 254 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 6 - Eficiência de utilização do nitrogênio no organismo animal (EUN; g N retido/g N ingerido) em função do balanço de nitrogênio no rúmen [BNR, (g N ingerido – g N fluindo para o abomaso)/g N ingerido] em bovinos alimentados com forragens tropicais (Ŷ = 0,1955 × e1,8199 × X, sXY = 0,1261, n = 107). Fonte: Detmann et al. (2014a). As avaliações em termos de BNR podem ser realizadas em conjunto com mensurações da produção microbiana relativa no ambiente ruminal (NMICR; g N microbiano/g N ingerido), uma vez que ambas as variáveis são consideradas indicadores do status de N no rúmen e, consequentemente, estão indiretamente associadas ao status de proteína no organismo animal. Estimativas de NMICR maiores que 1 indicam deficiência severa de N e elevada dependência do N reciclado para manutenção do crescimento microbiano no rúmen (Detmann et al., 2010). Sob condições de suprimento dietético deficiente ocorrerá um ganho líquido de N no rúmen devido à assimilação do N reciclado na forma de proteína microbiana (Egan, 1974; MacRae et al., 1979; NRC, 2001), o que constitui uma das principais causas dos valores negativos de BNR e das altas estimativas de NMICR. Uma vez mais se ressalta que o V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 255 suprimento de N suplementar pode ser utilizado para se contornar esta deficiência ruminal (Figura 7). Figura 7 - Relação entre o balanço de nitrogênio no rúmen (BNR), a produção relativa de compostos nitrogenados microbianos no rúmen (NMICR) e a concentração dietética de proteína bruta (PB) (ŶBNR = -0,951 + 0,0077 × X; r² = 0,641; ŶNMICR = 68,67/X; R² = 0,965). Fonte: adaptado de Detmann et al. (2014b). De forma geral, a eficiência de utilização do N no organismo do animal (EUN; g N retido no organismo/g N ingerido) está mais fortemente associada ao suprimento de N do que ao conteúdo de energia da dieta e é ampliada pela melhoria nas condições do status de proteína no organismo animal (Detmann et al., 2014b). Estas relações confirmam os argumentos previamente apresentados, nos quais a melhoria no status de proteína incrementa a proporção do N total que é utilizada para fins anabólicos, o que eleva a eficiência global de utilização da PM. Em recente experimento, Rufino (2014) verificou que a suplementação de bovinos alimentados com forragem 256 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte tropical de baixa qualidade com compostos nitrogenados incrementou as atividades anabólicas no organismo animal, o que foi evidenciado pela elevação na concentração sanguínea do fator de crescimento similar à insulina (Figura 8). A hipótese de que a EUN é ampliada pela melhoria no status de proteína do organismo animal parece ser muito mais verossímil do que qualquer efeito direto do suprimento de PM via suplementos, pois incrementos na EUN têm sido obtidos como fornecimento de fontes nitrogenadas protéicas ou não-protéicas (Egan & Moir, 1965; Costa et al., 2011b). Figura 8 - Médias para o consumo de nitrogênio (CN; g/dia), concentração de nitrogênio amoniacal ruminal (NAR; mg/dL) e concentração sanguínea do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF1; ng/mL) em bovinos alimentados com forragem tropical de baixa qualidade e suplementados com compostos nitrogenados (Controle = sem suplementação; 30 e 60 = suprimento de 30 e 60% das exigências diárias de proteína degradável no rúmen; D e I = fornecimento de suplemento diário ou infrequente, a cada três dias). A concentração de IGF-1 constitui indicador das atividades anabólicas no organismo animal. Fonte: Rufino (2014). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 257 A baixa associação entre EUN e energia dietética relatada por Detmann et al. (2014b) agrega suporte aos argumentos previamente apresentados por Detmann et al. (2010) com relação ao excesso relativo de energia nos pastos tropicais. Neste contexto, incrementos na EUN com a suplementação com compostos nitrogenados (Figura 9) somente são possíveis devido ao fato de haver energia disponível no metabolismo animal (Figueiras, 2013; Detmann et al., 2014b). Este argumento é reforçado pelos resultados obtidos por Figueiras (2013), o qual verificou que a suplementação exclusivamente energética em animais em pastejo durante o período das águas poderia resultar em incrementos no consumo de pasto. Contudo, elevações na eficiência metabólica somente foram obtidas com o fornecimento de compostos nitrogenados (Tabela 1). Desta forma, a suplementação nitrogenada pode também incrementar a eficiência de utilização da EM (Leng, 1990; Poppi & McLennan, 1995), mais uma vez corroborando que os compostos nitrogenados devem ser a base para o estabelecimento de programas de suplementação, mesmo quando as forragens sob pastejo são consideradas de média ou alta qualidade. 258 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Tabela 1 - Médias de quadrados mínimos e desvio-padrão residual (s) para o consumo de pasto (CP; g/kg de peso corporal), consumo de N (CN; g/dia), concentração de N amoniacal ruminal (NAR; mg/dL), eficiência de uso do nitrogênio (EUN; g N retido/g de N ingerido), fluxo intestinal de nitrogênio microbiano (NMIC; g/dia) em bovinos em pastejo durante o período das águas recebendo suplementos com diferentes concentrações de proteína Tratamentos 1 Item C Valor-P2 0 330 670 1000 s C vs S L Q C CP 19,0 20,7 22,0 21,7 24,5 1,9 0,001 0,024 0,427 0,218 CN 121 113 135 169 196 21 0,014 <0,001 0,780 0,657 NAR 7,5 7,7 9,7 11,9 14,6 0,7 <0,001 <0,001 0,294 0,788 EUN 0,16 -0,07 0,12 0,09 0,11 0,13 0,164 0,099 0,184 0,344 NMIC 44 72 71 98 18 0,007 0,016 0,446 0,279 59 ¹/ C = controle, sem suplementação; 0, 330, 670 e 1000 = concentração de proteína bruta nos suplementos (g/kg de matéria natural). Os suplementos foram fornecidos na quantidade de 1 g/kg de peso corporal. O pasto apresentava concentração de PB de 122,5 g/kg MS. ²/ C vs S = comparação entre controle (sem suplementação) e tratamentos com o fornecimento de suplementos; L, Q e C = efeitos de ordem linear, quadrática e cúbica em função da concentração de proteína nos suplementos. Os efeitos foram considerados significativos com P<0,10. Fonte: Figueiras (2013). NITROGÊNIO SUPLEMENTAR E DESEMPENHO ANIMAL O manejo da suplementação animal em pastejo no Brasil tem sido realizado tomando-se como base a categoria animal, a meta de produção e, principalmente, as características qualitativas e quantitativas da forragem disponível ao pastejo. Estas características da forragem refletem tão somente as respostas da planta às características climáticas peculiares de cada estação do ano, as quais são geralmente agrupadas em períodos de crescimento ou não das plantas forrageiras. Durante o período seco do ano, embora com menor qualidade, a forragem disponível ao pastejo pode ser considerada estável do ponto de vista nutricional. Devido à interrupção quase V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 259 completa do crescimento vegetal, a variabilidade nutricional do pasto ao longo da estação é afetada praticamente pela disponibilidade de massa forrageira. Ao início da estação seca, a maior disponibilidade de forragem permite aos animais exercer de forma mais intensa a seleção do material a ser ingerido. Sem crescimento vegetal, a massa disponível se reduz ao longo da estação seca, reduzindo a possibilidade de seleção e, conseqüentemente, fazendo com que o animal ingira partes da planta de menor qualidade nutricional (Detmann et al., 2010). Figura 9 - Associação entre a relação entre as concentrações dietéticas de proteína bruta e de matéria orgânica digestível (PB:MOD) e a eficiência de utilização do nitrogênio no organismo animal (g N assimilado no organismo/g N ingerido; Ŷ = -1,395 + 0,0073 × X, X ≤ 218,8 Ŷ = 0,202, X > 218,8; s = 0,171 ). Fonte: Detmann et al. (2014b). 260 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Por outro lado, durante o período de crescimento das plantas, a massa disponível ao pastejo não pode ser considerada estável do ponto de vista nutricional, pois a forma como o crescimento vegetal se altera durante este período e a interação do animal com a variabilidade na massa disponível podem levar a alterações marcantes na qualidade do material ingerido. Segundo Detmann et al. (2010), sob as óticas nutricional e produtiva, o período em que forragem de melhor qualidade é ofertada ao animal pode ser dividido em três fases distintas: I. Transição Seca-Águas: fase que se segue após a ocorrência das primeiras chuvas. Caracteriza-se pelo aumento na disponibilidade de água após a seca e início da elevação da temperatura e do fotoperíodo após o inverno. O processo de crescimento da forrageira se inicia de forma rápida e se caracteriza por ampla emissão de novas folhas. A relação folha:colmo e o teor de proteína da forragem se elevam rapidamente. Devido ao alto teor de proteína solúvel nas folhas recém-emitidas, a suplementação proteica nos primeiros dias do período de transição pode trazer conseqüências negativas ao animal, como, por exemplo, ocorrência de diarréias; II. Águas: fase em que a temperatura, a precipitação e a radiação solar encontram-se em patamares relativamente estáveis e propícios ao crescimento vegetal, que é contínuo, excetuando-se momentos em que pequenos distúrbios, como veranicos, são observados; e III.Transição Águas-Seca: se inicia no final do período de verão, com a redução do fotoperíodo, da temperatura e da freqüência de precipitação. Normalmente as plantas entram em estádio reprodutivo, observando-se redução gradativa da relação folha:colmo, do teor de proteína na forragem e do crescimento vegetal. Detmann et al. (2014b) realizaram meta-análise envolvendo o desempenho de animais, características da forragem pastejada e dos suplementos utilizados em 44 experimentos com animais em pastejo no Brasil. Estes autores concluíram que as transições apresentam características similares entre si, mas possuem V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 261 características distintas daquelas observadas nas estações de seca e águas, demandando adequações específicas dos programas de suplementação. A despeito das diferenças entre estações, Detmann et al. (2014b) concluíram que há respostas positivas à suplementação proteica ao longo de todo o ano. Contudo, de forma lógica, a resposta à PB suplementar será inversamente proporcional à concentração de PB no pasto. Em outras palavras, a resposta à suplementação proteica será mais proeminente à medida que ocorre queda na qualidade do pasto. Segundo a equação ajustada por estes autores, respostas positivas com a suplementação proteica seriam obtidas com pastos de até 225 g PB/kg MS (Figura 10). Os resultados expostos sobre o desempenho animal representam uma aproximação prática para a discussão previamente apresentada sobre a EUN. A maior resposta verificada com forragens de baixa qualidade (i.e., período seco) pode ser explicada pelo efeito duplo do N suplementar em termos de se ampliar a disponibilidade de N para a fermentação ruminal e ampliar o status de proteína no metabolismo animal (Egan & Moir, 1965; Detmann et al., 2009). Por outro lado, as respostas à proteína suplementar com forragens de média a alta qualidade (Figura 10) corroboram as assertivas realizadas por pesquisadores australianos (Poppi & McLennan, 1995) e brasileiros (Paulino et al., 2008), nas quais declara-se haver a possibilidade de obtenção de ganho adicional de aproximadamente 200-300 g/dia com o uso de suplementos quando as forragens pastejadas apresentam boa qualidade nutricional. 262 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 10 - Relação entre o ganho de peso diferencial (GPD; ganho adicional em relação ao ganho obtido apenas com forragem, sem suplementação) e a proteína bruta (PB) fornecida via suplementação [Ŷ = 0,198 × PBS – 0,00088 × (PBS × PBP); R² = 0,965; em que: PBS = proteína bruta suplementar (g/kg de peso corporal) e PBP = concentração de proteína bruta no pasto (g/kg MS)]. Fonte: Detmann et al. (2014b). CONCLUSÕES Existem respostas positivas da suplementação com compostos nitrogenados com relação ao consumo de forragem e eficiência de uso do nitrogênio no metabolismo animal. Estas respostas são em parte atribuídas a melhorias na digestibilidade da dieta, principalmente quando as forragens apresentam baixa qualidade. Contudo, o principal benefício da suplementação com compostos nitrogenados está baseado em melhorias do status de proteína no metabolismo animal. Ambos os efeitos contribuem para a V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 263 observação de respostas positivas da suplementação proteica sobre o desempenho animal ao longo de todo o ano. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de expressar agradecimentos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e ao INCT-Ciência Animal, que tornaram possível a realização dos trabalhos de pesquisa que serviram de base para esta revisão. Aos estudantes de graduação e pós-graduação e egressos ligados aos grupos de pesquisa Nutrição de Bovinos em Pastejo do DZO-UFV, os quais são responsáveis por grande parte do conhecimento aqui apresentado. REFERÊNCIAS Batista, E.D., 2012. Suplementação nitrogenada ruminal e/ou abomasal em bovinos alimentados com forragem tropical de alta qualidade. Departamento de Zootecnia/Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (Dissertação – Mestrado em Zootecnia) Bohnert, D.W., DelCurto, T., Clark, A.A., Merrill, M.L., Falck, S.J., Harmon, D.L., 2011. Protein supplementation of ruminants consuming low-quality cool-or warm-season forage: Differences in intake and digestibility. J. Anim. Sci., 89, 3707-3717. Costa, V.A.C., Detmann, E., Paulino, M.F., Valadares Filho, S.C., Carvalho, I.P.C., Monteiro, L.P., 2011a. Intake and digestibility in cattle under grazing during rainy season and supplemented with different sources of nitrogenous compounds and carbohydrates. R. Bras. Zootec., 40, 1788-1798. Costa, V.A.C., Detmann, E., Paulino, M.F., Valadares Filho, S.C., Henriques, L.T., Carvalho, I.P.C., 2011b. Total and partial digestibility and nitrogen balance in grazing cattle supplemented with non-protein and, or true protein nitrogen during the rainy season. R. Bras. Zootec., 40, 2815-2826. 264 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte DelCurto, T., Cochran, R.C., Corah, L.R., Beharka, A.A., Vanzant, E.S., Johnson, D.E., 1990. Supplementation of dormant tallgrass-prairie forage: II. Performance and forage utilization characteristics in grazing beef cattle receiving supplements of different protein concentrations. J. Anim. Sci., 68, 532-542. Detmann, E., Paulino, M.F., Zervoudakis, J.T., Cecon, P.R., Valadares Filho, S.C., Gonçalves, L.C., Cabral, L.S., Melo, A.J.N., 2004. Crude protein levels in multiple supplements for finishing crossbred beef cattle at pasture during dry season: productive performance and carcass characteristics. R. Bras. Zootec., 33, 169-180. Detmann, E., Paulino, M.F., Valadares Filho, S.C., Lana, R.P., 2007. Fatores controladores de consumo em suplementos múltiplos fornecidos ad libitum para bovinos manejados a pasto. Cad. Téc. Vet. Zootec., 55, 73-93. Detmann, E., Paulino, M.F., Mantovani, H.C., Valadares Filho, S.C., Sampaio, C.B., Souza, M.A., Lazzarini, I., Detmann, K.S.C., 2009. Parameterization of ruminal fibre degradation in low-quality tropical forage using MichaelisMenten kinetics. Liv. Sci., 126, 136-146. Detmann, E., Paulino, M.F., Valadares Filho, S.C., 2010. Otimização do uso de recursos forrageiros basais. In: Anais do 7º Simpósio de Produção de Gado de Corte, Viçosa. pp.191-240. Detmann, E., Valadares Filho, S.C., Paulino, M.F., Huhtanen, P., 2014a. Nutritional aspects applied to grazing cattle in tropics: a review based on Brazilian results. Semina (submetido e fazendo aniversário). Detmann, E., Valente, E.E.L., Batista, E.D., Huhtanen, P., 2014b. An evaluation of the performance and efficiency of nitrogen utilization in cattle fed tropical grass pastures with supplementation. Liv. Sci., 162, 141-153. Egan, A.R., 1965a. Nutritional status and intake regulation in sheep. III. The relationship between improvement of nitrogen status and increase in voluntary intake of low-protein roughages by sheep. Aust. J. Agric. Res., 16, 463-472. Egan, A.R., 1965b. The fate and effects of duodenally infused casein and urea nitrogen in sheep fed on a low-protein roughage. Aust. J. Agric. Res., 16, 169-177. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 265 Egan, A.R., 1974. Protein-energy relationships in the digestion products of sheep fed on herbage diets differing in digestibility and nitrogen concentration. Aust. J. Agric. Res., 25, 613-630. Egan, A.R., 1977. Nutritional status and intake regulation in sheep. VIII. Relationships between voluntary intake of herbage by sheep and the protein/energy ratio in the digestion products. Aust. J. Agric. Res., 28, 907915. Egan, J.K., Doyle, P.T., 1985. Effect of intraruminal infusion of urea on the response in voluntary food intake by sheep. Aust. J. Agric. Res., 36, 483495. Egan, A.R., Moir, R.J., 1965. Nutritional status and intake regulation in sheep. I. Effects of duodenally infused single doses of casein, urea, and propionate upon voluntary intake of a low-protein roughage by sheep. Aust. J. Agric. Res., 16, 437-449. Figueiras, J.F., 2013. Desempenho nutricional de bovinos em pastejo suplementados durante os períodos de transição seca águas e de águas. Departamento de Zootecnia/Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (Tese – Doutorado em Zootecnia). Figueiras, J.F., Detmann, E., Paulino, M.F., Valente, T.N.P., Valadares Filho, S.C., Lazzarini, I., 2010. Intake and digestibility in cattle under grazing during dry season supplemented with nitrogenous compounds. R. Bras. Zootec., 39, 1303-1312. Hennessy, D.W., Nolan, J.V., 1988. Nitrogen kinetics in cattle fed a mature subtropical grass hay with and without protein meal supplementation. Aust. J. Agric. Res., 39, 1135-1150. Hennessy, D.W., Williamson, P.J., Nolan, J.V., Kempton, T.J., Leng, R.A., 1983. The roles of energy-or protein-rich supplements in the subtropics for young cattle consuming basal diets that are low in digestible energy and protein. J. Agric. Sci., 100, 657-666. Illius, A.W., Jessop, N.S., 1996. Metabolic constraints on voluntary intake in ruminants. J. Anim. Sci., 74, 3052-3062. Kempton, T.J., Nolan, J.V., Leng, R.A., 1976. Principles for the use of nonprotein nitrogen and by-pass proteins in diets of ruminants. World Anim. Rev., 22, 2-10. 266 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Lazzarini, I., 2011. Desempenho nutricional de bovinos em pastejo durante os períodos de seca e águas suplementados com compostos nitrogenados e/ou amido. Departamento de Zootecnia/Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (Tese – Doutorado em Zootecnia). Lazzarini, I., Detmann, E., Sampaio, C.B., Paulino, M.F., Valadares Filho, S.C., Souza, M.A., Oliveira, F.A., 2009. Intake and digestibility in cattle fed lowquality tropical forage and supplemented with nitrogenous compounds. R. Bras. Zootec., 38, 2021-2030. Lee, G., Hennessy, D.W., Nolan, J., Leng, R.A., 1987. Responses to nitrogen and maize supplements by young cattle offered a low-quality pasture hay. Austr. J. Agric. Res., 38, 195-207. Leng, R.A., 1990. Factors affecting the utilization of "poor-quality" forages by ruminants particularly under tropical conditions. Nutr. Res. Rev., 3, 277-303. MacRae, J.C., Milne, J.A., Wilson, S., Spence, A.M., 1979. Nitrogen digestion in sheep given poor-quality indigenous hill herbages. Br. J. Nutr., 42, 525-534. Maltby, S.A., Reynolds, C.K., Lomax, M.A., Beever, D.E., 2005. Splanchnic metabolism of nitrogenous compounds and urinary nitrogen excretion in steers fed alfalfa under conditions of increased absorption of ammonia and L-arginine supply across the portal-drained viscera. J. Anim. Sci., 83, 10751087 Marini, J.C., Van Amburgh, M.E., 2003. Nitrogen metabolism and recycling in Holstein heifers. J. Anim. Sci., 81, 545-552. National Research Council – NRC, 1985. Ruminant nitrogen usage. Washington, DC, Academic Press. National Research Council – NRC, 2001. Nutrient requirements of dairy cattle.7 ed. Washington, DC, Academic Press. Panjaitan, T., Quigley, S.P., McLennan, S.R., Swain, T., Poppi, D.P., 2010. Intake, retention time in the rumen and microbial protein production of Bos indicus steers consuming grasses varying in crude protein content. Anim. Prod. Sci., 50, 444-448. Paulino, M.F., Detmann, E., Zervoudakis, J.T., S.C., 2001. Suplementos múltiplos para recria e engorda de bovinos em pastejo. In: Anais do 2º Simpósio de Produção de Gado de Corte, Viçosa. pp.187-232. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 267 Paulino, M.F., Detmann, E., Valente, E.E.L., Barros, L.V., 2008. Nutrição de bovinos em pastejo. In: Anais do 4º Simpósio sobre Manejo Estratégico da Pastagem, Viçosa. pp.131-169. Poppi, D.P., McLennan, S.R., 1995. Protein and energy utilization by ruminants at pasture. J. Anim. Sci., 73, 278-290. Reynolds, C.K., Kristensen, N.B., 2008. Nitrogen recycling through the gut and the nitrogen economy of ruminants: An asynchronous symbiosis. J. Anim. Sci., 86, E293-E305 (electronic supplement). Rufino, L.M.A., 2011. Suplementação nitrogenada ruminal e/ou abomasal em bovinos alimentados com forragem tropical de baixa qualidade. Departamento de Zootecnia/Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (Dissertação – Mestrado em Zootecnia). Rufino, L.M.A., 2014. Desempenho nutricional e características metabólicas em bovinos alimentados com forragem tropical de baixa qualidade em respostas à suplementação infrequente com compostos nitrogenados. Departamento de Zootecnia/Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (Tese – Doutorado em Zootecnia – em andamento). Sampaio, C.B., Detmann, E., Paulino, M.F., Valadares Filho, S.C., Souza, M.A., Lazzarini, I., Paulino, P.V.R., Queiroz, A.C., 2010. Intake and digestibility in cattle fed low-quality tropical forage and supplemented with nitrogenous compounds. Trop. Anim. Health Prod., 42, 1471-1479. Satter, L.D., Slyter, L.L., 1974. Effect of ammonia concentration on rumen microbial protein production in vitro. Br. J. Nutr., 32, 199-208. Souza, M.A., Detmann, E., Paulino, M.F., Sampaio, C.B., Lazzarini, I., Valadares Filho, S.C., 2010. Intake, digestibility, and rumen dynamics of neutral detergent fibre in cattle fed low-quality tropical forage and supplemented with nitrogen and/or starch. Trop. Anim. Health Prod., 42, 1299-1310. Van Soest, P.J., 1994. Nutritional ecology of the ruminant. 2 ed. Ithaca, Cornell University Press. Weston, R.H., 1996. Some aspects of constraint to forage consumption by ruminants. Aust. J. Agric. Res., 47, 175-197. 268 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte PRODUTIVIDADE NA BOVINOCULTURA INOVADORA – O BEM ESTAR NA FAZENDA Murilo Henrique Quintiliano Diretor Executivo Fai do Brasil e Integrante do Grupo ETCO – Grupo de Estudos em Etologia e Ecologia Animal. INTRODUÇÃO Definir sustentabilidade, baseando-se em ciência, têm-se provado uma tarefa difícil e consenso raramente é alcançado. Devido à complexidade do assunto, encontrar parâmetros ideais para que sua aplicação seja compreensível e permita soluções práticas (principalmente na produção agropecuária), são importantes, pois permitem a redução do risco de erros. Constanza & Patten, 1995, discutem sustentabilidade de maneira interessante, trazendo a tona pontos importantes no que se refere aos sistemas a que seus conceitos são aplicados, e quais os fatores que interferem para seu sucesso. Para isso eles propõem que devemos fazer três perguntas simples, referentes à persistência (ou sustentabilidade) do sistema: (1) Qual sistema ou subsistemas ou características de sistemas são mais persistentes? (2) Por quanto tempo essas características persistem? (3) Quando devemos efetuar a avaliação de quais sistemas ou subsistemas ou característica persistiu? Esses questionamentos são importantes devido às necessidades de cada sistema ser dependente de fatores diversos e distintos. Por exemplo, se discutirmos a sustentabilidade do sistema ao nível celular, as respostas para as perguntas acima (que levarão a definição de sustentabilidade), serão completamente diferentes das, se considerarmos o planeta terra como o sistema em questão. As diferenças na definição do conceito são impostas pela Longevidade, isto é, o “ciclo de vida” do sistema, e a escala de Tempo e Espaço. Outro ponto importante é que podemos somente avaliar a sustentabilidade depois da ocorrência do fato que leva a ela, isto significa que, qualquer ação que fizermos para levar à sustentabilidade, geralmente é realizada sobre predições que fazemos hoje, baseadas em conhecimento prévio. Dessa maneira, podemos assumir que as definições de sustentabilidade existentes 270 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte são predições de ações tomadas atualmente que poderão levar à sustentabilidade mas não necessariamente a garante. Figura 1 - Representação gráfica do conceito de sustentabilidade dependente do tempo e da escala empregada. Fonte: Constanza & Patten, (1995). SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA Na produção agropecuária, as discussões de grupos de trabalhos, instituições privadas e públicas, cientistas e técnicos, priorizam três aspectos básicos (e ações relacionadas a eles) que levam à sustentabilidade do sistema, são eles, os aspectos Econômicos, Sociais e Ambientais. Uma boa definição é a divulgada pela Sustainable Agriculture Initiative (SAI), uma plataforma criada pela indústria de alimentos e bebidas com o suporte de instituições privadas e públicas, reconhecida como uma das principais iniciativas do tipo no mundo: “Agricultura sustentável é a produção eficiente e segura de produtos de alta qualidade, de maneira que proteja e melhore o meio-ambiente e as condições sociais e econômicas de fazendeiros, sua equipe de trabalho e V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 271 comunidade local, resguardando a saúde e bem-estar de todas as espécies criadas”. SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE Na produção de bovinos de corte, a complexidade dos vários sistemas de produção pode levar a variadas avaliações e resultados sobre o caráter sustentável do sistema aplicado. Ainda estamos longe de encontrarmos consenso, principalmente nos dois primeiros pilares, relacionados à Economia e o Ambiente. Resultados de pesquisas em questões como emissões de gases do efeito estufa, utilização das pastagens, desmatamento de florestas, utilização de grãos, utilização da água, consumo da carne, etc. são variados e muitas vezes tendenciosos. É no terceiro pilar, a Ética envolvida no processo onde encontramos uma maior conjunção de ideias e das práticas relacionadas a elas, que podem direcionar o sistema produtivo a atingir as metas desejadas e estabelecidas pela ciência. Basicamente, o que se deseja como resultado final é que, o sistema permita que todas as pessoas envolvidas no processo produtivo (proprietários, trabalhadores e técnicos) sejam reconhecidas e tenham suas necessidades econômicas e sociais garantidas, e os animais tenham suas necessidades (físicas, fisiológicas e comportamentais) como prerrogativa essencial na definição do sistema de produção e manejo a ser aplicado. Dificilmente encontraremos estratégias definitivas que levarão a sustentabilidade ética da produção de bovinos, entretanto já existem ações implantadas de maneira a garantir que, o bem-estar na fazenda (pessoas e animais) seja parte, e ponto fundamental na rotina de trabalho. Este artigo visa ressaltar algumas dessas estratégias, em seus aspectos mais básicos, isto é, as motivações de sua definição e sua aplicação, e os resultados positivos que podem ser obtidos através delas no que diz respeito ás boas práticas na produção de bovinos de corte no Brasil. 272 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 2 - Os pilares da Sustentabilidade na Produção Agropecuária – Economia, Ambiente e Ética, salientando Bem-estar do Trabalhador e Bem-estar dos Animais na produção de Bovinos de Corte. A ÉTICA NA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE – ESTRATÉGIA BÁSICA PARA A IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE MANEJO Uma das estratégias básicas utilizadas na implantação das boas práticas de manejo de bovinos de corte (e pode ser adaptada para praticamente qualquer sistema produtivo) é difundido pelo Grupo de Estudos em Etologia e Ecologia Animal, da FCAV UNESP Jaboticabal que consiste em 1) Caracterização do processo; 2) Identificação dos problemas relacionados ao processo; 3) Busca de V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 273 soluções para o problema e 4) Validar e Aplicar a solução encontrada. ETAPAS A SEREM EXECUTADAS Caracterizar processos Identificar um problema Buscar soluções para o problema Aplicar a solução encontrada Figura 3 - Etapas a serem executadas na definição de uma estratégia sustentável para as boas práticas no manejo de Bovinos de Corte. Fonte: Grupo ETCO. CARACTERIZANDO O PROCESSO Na produção de bovinos de corte, todos os processos que envolvem o manejo de animais possuem três componentes principais: Animais, Pessoas e Instalações (incluindo equipamentos). As relações entre esses componentes determinam e podem variar com o grau de complexidade, e consequentemente o nível de eficiência do processo em questão. Por exemplo, a aplicação de uma vacina demanda recursos (pessoas e instalações), diferentes de uma castração cirúrgica (um processo relativamente mais complexo que o primeiro), mas em ambos os casos o nível de reatividade do animal será um fator facilitador ou agravante do sucesso do procedimento. 274 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Durante a caracterização do processo, temos que levar em conta as seguintes questões: 1) Quais recursos necessários (pessoas, instalações e equipamentos) para a realização do manejo. 2) Quais os recursos disponíveis (pessoas, instalações e equipamentos) para a realização do manejo. 3) Quais os resultados esperados para que o processo seja identificado como sendo executado com sucesso. É durante a caracterização do processo que identificamos os componentes do manejo que podem interferir no sucesso do procedimento. Um exemplo prático disso, é a vacinação obrigatória contra a febre aftosa. Em um determinado período (geralmente 30 dias em duas épocas do ano) os produtores têm que ser organizar para que todas as categorias animais na fazenda sejam vacinadas. Nesse caso, os recursos necessários para uma equipe que possua um rebanho de 10.000 cabeças para serem vacinadas é diferente dos recursos necessários para um rebanho de 100 cabeças, mas o resultado esperado, em ambos os casos é o mesmo, queremos os animais sejam imunizados corretamente, sem efeitos colaterais (lesões, abscessos, mortes, acidentes com as pessoas, equipamentos quebrados, e perda de doses vacinais). É na caracterização do processo que definimos o retrato do manejo para aquela fazenda (ou fazendas). No caso da vacinação, o manejo mais comum no Brasil é o caracterizado pelo posicionamento dos animais, em fila, no tronco coletivo (ou brete), enquanto o vacinador introduz a agulha e aplica a vacina em cada um dos animais. IDENTIFICANDO PROBLEMAS A identificação de problemas de um processo é uma ferramenta muito importante na avaliação e na busca por alternativas mais eficientes de se trabalhar. É durante este procedimento que podemos definir se a estratégia de manejo que está sendo utilizada gera os resultados esperados de maneira satisfatória e se existem falhas a serem corrigidas. Utilizando-se novamente como exemplo a vacinação dos bovinos, garantir que a dose correta seja entregue a V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 275 cada animal não é suficiente para que o manejo seja considerado eficiente. No manejo de vacinação, Chiquitelli et al (2002), identificou que acidentes com os animais, caracterizados por animais que deitam, pulam sobre o outro e pulam tentando fugir do tronco coletivo, são problemas do processo de vacinação, pois atrasam o manejo, aumentam o estresse dos animais (reduzindo a eficiência da imunização), podem causar injúrias às pessoas e resultar em equipamentos e instalações danificadas. A principal causa dos acidentes, foi identificada como sendo justamente a maneira com que os animais são posicionados no tronco coletivo (ou brete), sem contenção adequada. BUSCANDO SOLUÇÕES, APLICANDO E VALIDANDO AS SOLUÇÕES ENCONTRADAS Na busca por solução dos problemas identificados devemos considerar a realidade ambiental, estrutural, logística e cultural do local. É importante que as soluções sejam aplicáveis, isto é, que a equipe que irá realizar o manejo possua condições técnicas e práticas de sua execução. Nem sempre é possível que a solução encontrada seja universal visto que as variações existem e em muitos casos podem inclusive descaracterizar o processo em si. Assim sendo, as soluções também devem permitir adaptações em sua realização levando em conta as características locais de onde ele será aplicado. No manejo de vacinação, a solução definida como a que garante os melhores resultados (mais eficientes e seguros) é a de conter o animal no tronco de contenção e aplicar a vacina na tábua do pescoço (onde as reações vacinais, caso ocorram, tenham menor influência sobre qualidade da carne). Geralmente, a solução encontrada necessariamente passa por um processo de quebra de paradigmas e alterações na atitude das equipes de trabalho e na estrutura de manejo, isso demanda tempo e treinamento. Toda vez que há inovação em um sistema pré-definido, a validação torna-se fundamental, é através dela que a verificação 276 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte (em escala) e os impactos nas rotinas estabelecidas serão realizadas (e se necessário ajustadas). No caso do manejo de vacinação o tronco de contenção passa a ser um componente essencial para que a eficiência seja máxima. Como discutimos que a solução deve permitir variações, e se a fazenda não tiver tronco de contenção? Soluções alternativas existem como conter os animais individualmente com a utilização de cambões ou cordas, mas todos eles resultam em menor eficiência e consequentemente piores resultados no manejo. Os procedimentos detalhados desta solução específica encontrada podem ser encontrados na série Manual de Boas Práticas de Manejo – Vacinação, produzida pelo grupo ETCO. A discussão sobre os detalhes de cada processo são importantes pois eles poderão inclusive auxiliar no planejamento econômico da fazenda (investimentos e custos). Nesse caso, os resultados obtidos na redução de acidentes e riscos, e consequentemente incremento da eficiência no processo de manejo foi verificada e o sucesso do novo manejo foi comprovado (Figura 4). Figura 4 - Porcentagem de ocorrência de acidentes no manejo convencional e racional. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 277 A MUDANÇA DE ATITUDE – TREINANDO A EQUIPE A quebra de paradigmas e a mudança de atitude é o mais difícil de todos os aspectos que necessitam ser alterados na solução de problemas. A melhor maneira de se conseguir isso é que a equipe de trabalho tenha o conhecimento necessário, condições técnicas e práticas para a realização do manejo de maneira diferente da usual. A estratégia de convencimento deve ser baseada nos benefícios diretos para o executor do manejo. É necessário que o trabalhador perceba e sinta que as alterações que estão sendo propostas têm como principal objetivo reduzir o risco de acidentes para as pessoas, e consequentemente para os animais. Os benefícios econômicos estão presentes, mas muitas vezes são difíceis de serem percebidos pela equipe de campo, tornado as sugestões de alterações de trabalho intangíveis para aqueles que estão imersos nas rotinas de manejo. Assim, para implantar as soluções encontradas, defina a estratégia de como ela será apresentada com cuidado. Verifique se existem benefícios diretos para aqueles que irão executar o trabalho e incorpore soluções alternativas propostas pela equipe de trabalho de maneira que, criese um ambiente onde as mudanças não são impostas, mas sim compartilhadas por todos. A falta de qualidade da equipe de trabalho no dia-a-dia da fazenda reflete diretamente no sucesso de qualquer sistema de produção de bovinos. É comum encontrar-se situações onde os esforços da propriedade na aquisição de novas tecnologias como, equipamentos, produtos, instalações e até mesmo novos processos ocorre, mas a capacitação e treinamento do componente humano que é, invariavelmente, quem faz uso e é responsável pela aplicação das novas tecnologias é deixado de lado. Atribuir novas tarefas, cada vez mais complexas, a um indivíduo ou equipe requer que sejam também oferecidas condições para que a execução da atividade ocorra de maneira apropriada. A resistência ao treinamento das equipes é frequente, e tem como principal argumento a alta rotatividade dos trabalhadores dentro da fazenda. O raciocino (inadequado, mas constante) é simples: por 278 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte que investir em treinamento se dentro de alguns meses terá que contratar novas pessoas? Esse pensamento resulta em uma reação em cadeia, pois a falta de oportunidades e aquisição de novos conhecimentos dentro da fazenda acaba estimulando o trabalhador rural a procurar outros rumos. É possível sim, formar equipes que estejam adequadas ao sistema de trabalho e aos níveis de tecnologia adotados na fazenda. As experiências de fazendas que mudaram a atitude, oferecendo as melhores condições possíveis de trabalho para sua equipe e que conseguem manter os padrões e frequentemente melhorar os índices produtivos são várias. Bons exemplos são a Fazenda Santa Vergínia, em Santa Rita do Pardo, estado do Mato Grosso do Sul que além de oferecer treinamento e capacitação técnica constante para sua equipe, ainda proporciona benefícios como ginásticas laborais e atividades culturais objetivando o crescimento pessoal dos trabalhadores. A capacitação e treinamento proporcionam condições para a equipe atingir as metas estabelecidas pela fazenda além de tornar um atrativo para a chegada e manutenção de bons trabalhadores. A Fazenda São Marcelo, em Juruena e Tangará da Serra, no Mato Grosso que em 2001 conseguiu mudar a atitude em relação ao dia-a-dia de trabalho e manejo dos animais, tornou-se regra o que era exceção como a aplicação das boas práticas. O estabelecimento dos padrões adequados proporcionou melhor qualidade e continuidade das boas rotinas de manejo, independente da idade e experiências anteriores dos vaqueiros recémincorporados à equipe. O aprendizado ocorre de maneira muito mais agradável e eficiente se os enfoques das lições forem nos bons resultados apresentados, buscando sempre, com esforço e trabalho em equipe a adequação e melhorias das atividades que necessitam de aprimoramento. Utilizar bons exemplos é sempre melhor que reforçar erros. A busca constante pela adoção de estratégias de boas práticas de manejo é um trabalho árduo que fazendeiros, vaqueiros, acadêmicos técnicos, empresas e alguns setores do governo vêm executando com eficiência. O aumento do volume e freqüência com V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 279 que nos deparamos com essa situação melhorada ainda depende do fator principal, a vontade de mudar dos produtores. Se imaginarmos agora que, se a maioria dos produtores buscasse condições para oferecer aumento de conhecimento para sua equipe, com certeza o número de trabalhadores melhor preparados e prontos para assumir os novos requisitos e funções necessárias na fazenda que busca resultados com qualidade seriam maiores. GUIA PARA UM BOM MANEJO- SOLUÇÕES GERAIS Do ponto de vista prático, em qualquer manejo, o primeiro passo apara a aplicação da solução é o bom planejamento. Com ele a equipe de trabalho terá tempo suficiente para tomar as decisões de maneira assertiva na execução do processo. É importante saber o número de animais que é possível manejar no horário de trabalho, levando em conta as distâncias a serem percorridas até o curral, o número de pessoas disponíveis para realizar o trabalho e as facilidades (ou dificuldades) oferecidas pelas instalações. Com esse planejamento em mãos, evitam-se correrias, ou ociosidade exagerada, prevenindo a superlotação dos currais e consequentemente são reduzidos os problemas de manejo. É certo que o número de animais manejados varia de acordo com o tipo de manejo. Permitir o fluxo de animais no curral é um ponto chave. O curral não deve ser um local para armazenar animais e sim um local de entrada, manejo e saída. Isto auxilia a reduzir o risco de acidentes e minimizar a necessidade de manutenção na infraestrutura devido à menor formação de lama. Para isso, piquetes anexos ao curral são importantes. Os piquetes propiciam uma condição confortável para a manutenção dos animais por algumas horas ou até mesmo de um dia para o outro quando necessário. Respeite a capacidade de cada local, em termos práticos, mais da metade da área deve estar livre (tanto manga quanto a seringa). Sempre conduza grupos de no máximo 10 animais por vez, 280 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte assim o controle será melhor e a chance de sucesso a cada condução maior. Definir um responsável pelo manejo, que ajudará no posicionamento e função de cada pessoa, auxilia a organizar o trabalho. Essa pessoa deve ser um bom observador e identificar as habilidades de cada trabalhador, existe pessoas mais hábeis para realizar determinados tipos de serviços que outros. Há também momentos onde é necessário trocar as pessoas de função no decorrer do dia de trabalho, para evitar cansaço por movimentos repetitivos ou acalmar os ânimos em situações mais estressantes. O controle na execução dos processos permite uma identificação melhor de erros para que os ajustes necessários sejam realizados. Utilizar uma abordagem positiva com a equipe de trabalho é importante, reforçando os pontos positivos e corrigindo os negativos sempre com serenidade e entendendo os motivos para aquela situação, dessa maneira o estabelecimento da boa dinâmica de trabalho torna-se mais fácil de ser incorporada no dia-a-dia da fazenda. CONCLUSÃO O conceito de bem-estar na fazenda passa necessariamente por essa visão dos processos integrados dentro da propriedade rural, que no caso do manejo racional de bovinos de corte, que depende diretamente das interações entre os seres humanos e os animais, as necessidades das pessoas devem ser atendidas, desde condições básicas de trabalho e de vida para ele e sua família, até benefícios e incentivos pelo bom trabalho executado. Com isso, as necessidades dos animais terão maiores condições de serem atendidas como um todo. O processo de treinamento e execução das tarefas utilizandose estratégias de manejo racional é relativamente simples e a difusão do conhecimento está cada vez mais eficiente seja por material técnico, cursos e treinamentos ou simplesmente pela troca de experiências entre equipes. Quando temos sucesso em tornar as interações entre seres humanos e bovinos melhores, ficamos mais perto de atingir o conceito de bem-estar na fazenda, isto é, a prevalência de ações positivas que geram benefícios para as V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 281 pessoas e os animais. O detalhamento de manejos e estratégias acima são fatores da sustentabilidade na produção de bovinos de corte. Só conseguimos qualidade e eficiência, se oferecemos qualidade e eficiência, tornando assim o sistema com recursos maiores para manter-se ao longo do tempo, de maneira lucrativa, socialmente aceita e ambientalmente correta. RESUMO Definir sustentabilidade, do ponto de vista científico, têm-se provado uma tarefa difícil e consenso raramente é alcançado. Na produção agropecuária, vários grupos de trabalhos de instituições privadas e públicas, cientistas e técnicos, vêm discutindo o tema e, na maioria deles, os pontos básicos relevantes á cadeia produtiva de alimentos priorizam três aspectos básicos (e ações relacionadas a eles) que levam à sustentabilidade, são eles, os aspectos Econômicos, Sociais e Ambientais. Na produção de bovinos de corte, a complexidade dos vários sistemas de produção podem levar as mais variadas avaliações e resultados e as discussões sobre o caráter sustentável do sistema aplicado em todos os seus aspectos ainda requer muitos estudos. Questões Éticas como o bem-estar das pessoas e dos animais estão em maior estágio de desenvolvimento de técnicas aplicáveis, devido ao seu caráter social relacionado á percepção das pessoas e validação científica do que é aceitável ou não durante os manejos no processo produtivo. Estratégias bem definidas, aplicáveis e com resultados comprovados estão disponíveis, todas elas baseadas na caracterização de processos e identificação de problemas. Quando temos sucesso em tornar as interações entre seres humanos e bovinos melhores, ficamos mais perto de atingir o conceito de bem-estar na fazenda, isto é, a prevalência de ações positivas que geram benefícios para as pessoas e os animais. 282 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte REFERÊNCIAS Chiquitelli Neto, M.; Paranhos da Costa, M. J. R.; Páscoa, A. G. e Wolf, W. (2002). Manejo racional na vacinação de bovinos Nelore: Uma avaliação preliminar da eficiência e qualidade do trabalho. In: L.A. Josahkian (ed.) Anais do 5º Congresso das Raças Zebuínas. ABCZ: Uberaba-MG p. 361362. Costanza, R. (Editor), 1991. Ecological Economics: The Science and Management of Sustainability. Columbia University Press, New York, NY. Fraser, A. F.; Broom, D. M. Farm animal behavior and welfare. 3. ed. London:. CAB International, 2002. 437 p. Hafez, E.S.E.; Bouissou, M.F. (1975). The behavior of cattle. In: E.S.E. Hafez (ed.) The behavior of domestic animals. (3rd ed.) Baillière Tindall, London. pp 203- 245. Hemsworth, P. H. and Coleman, G. J. Human-livestock interactions: the stockperson and the productivity and welfare of intensively farmed animal. Cab International, 1998. Opio, C., Gerber, P., Mottet, A., Falcucci, A., Tempio, G., MacLeod, M., Vellinga, T., Henderson, B. & Steinfeld, H. 2013. Greenhouse gas emissions from ruminant supply chains – A global life cycle assessment. Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), Rome. Paranhos da Costa, M.J.R.; Toledo, L.M., Schmidek, A. Boas práticas de manejo: vacinação. Jaboticabal: Funep, 2008. 32 p. Paranhos da Costa, M.J.R., Costa e Silva, E.V., Chiquitelli Neto, M. e Rosa, M.S. (2002). Contribuição dos estudos de comportamento de bovinos para implementação de programas de qualidade de carne. In: F.da S. Albuquerque (org.) Anais do XX Encontro Anual de Etologia, p. 71 – 89, Sociedade Brasileira de Etologia: Natal-RN, 2002. Paranhos da Costa, M.J.R.; Chiquitelli Neto, M.; Costa e Silva, E.V. e Rosa, M.S. Contribuição dos estudos de comportamento de bovinos para implementação de programas de qualidade de carne. Anais de Etologia, 20: 2002. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 283 Robert Costanza, Bernard C. Patten, Defining and predicting sustainability, Ecological Economics, Volume 15, Issue 3, December 1995, Pages 193196, ISSN 0921-8009, http://dx.doi.org/10.1016/0921-8009(95)00048-8. Sant’Anna, A. C., e M. J. R. Paranhos da Costa. 2009. Como as práticas de bem-estar animal podem melhorar a bovinocultura moderna. Anais do 1o Simpósio da Ciência do Bem-estar Animal - Animais de Produção, Companhia e Silvestres, Belo Horizonte, MG: 42-48. Quintiliano, M. H. e Paranhos da Costa, M. J. R. (2007) [CD ROM]. Manejo Racional de Bovinos de Corte em Confinamentos: Produtividade e Bemestar Animal. In: IV SINEBOV, 2006, Seropédica, RJ. Anais... Rueda, P.M.; Lima, V.A.; Sant’anna, A.C.; Paranhos da Costa, M.J.R. Differences behavioural in Nelore cows before and after use of intravaginal device of progesterone. In: ISAE - 45th Congress of the International Society for Applied Ethology, 2011, Indianapolis, IN, EUA. Anais eletrônicos…: Disponível em: <www.wageningenacademic.com/_clientFiles/download/ISAE2011-e.pdf> 158 p. Williams, H.LI. (1988). Sheep. In: Management & welfare of farm animals. The UFAW handbook (3rd ed.), Baillière Tindall, London, pp. 81 – 124. 284 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte MITOS E VERDADES SOBRE A INFLUÊNCIA DO METANO NO AQUECIMENTO GLOBAL Luiz Carlos Baldicero Molion Instituto de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal de Alagoas RESUMO A hipótese do aquecimento global ou, eufemisticamente, o que vem sendo chamado agora de mudanças climáticas, se baseia no aumento das concentrações dos gases de efeito-estufa (GEE). Em princípio, quanto maior for a concentração dos GEE, mais calor seria aprisionado no sistema climático e mais elevada seria a temperatura do planeta. Um desses gases, o metano (CH4), é considerado um GEE 21 vezes mais poderoso que o gás carbônico (CO2). Ele é produzido pelas atividades humanas que estão ligadas à fermentação anaeróbia de matéria orgânica, particularmente a vegetal. Dentre essas atividades, são destaques a agricultura, notadamente a orizicultura por alagamento, onde os restos da planta são deixados a apodrecer na água, e a pecuária de gado ruminante. Porém, desde 1989, as concentrações do metano atmosférico se estabilizaram, enquanto os arrozais aumentaram em área e a população de ruminantes cresceu numa taxa acelerada. Antes de 1989, a população mundial de animais ruminantes estava crescendo, em média, na taxa de 8 milhões de cabeças por ano e, nos últimos anos, passou para 17 milhões de cabeças por ano. O Brasil já ultrapassou 200 milhões de cabeças de gado. A hipótese surgiu porque, aparentemente, existia uma forte correlação entre o aumento da concentração de metano e o crescimento da população de ruminantes, conforme pode ser apreciado na figura. Nota-se que a concentração de metano parou de crescer, e até diminuiu ligeiramente nos últimos anos, enquanto a taxa de crescimento de ruminantes aumentou sensivelmente. Não se sabem as razões de a concentração de metano ter se estabilizado. Dentre as possíveis causas estariam a redução das perdas de hidrocarbonetos nos poços de petróleo e no transporte (gasodutos) de gás natural, particularmente da Rússia 286 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 1 - Animais ruminantes e a concentração de metano na atmosfera. para a Europa e do Alaska para os EUA, e o aumento da umidade atmosférica, decorrente do aquecimento natural entre 1976-1999, cujo radical OH- destrói o metano. É possível, ainda, que esse gás tenha chegado à saturação nas condições de temperatura e pressão atmosféricas do planeta. No equilíbrio dinâmico, para cada molécula de metano emitida para a atmosfera, outra deve ser depositada na superfície, sendo os oceanos, que cobrem 71% da superfície terrestre, o principal reservatório dos GEE. Se os oceanos se resfriam, absorvem mais, ou emitem menos, metano. Pântanos e áreas alagadiças (manguezais e várzeas), que variam com as condições climáticas, também são grandes fontes naturais. Anos em que a estação chuvosa é mais intensa, imensas áreas, por exemplo, no baixo Amazonas e no Pantanal, são alagadas e a vegetação submersa morre. Portanto, as atividades humanas parecem não interferir significativamente na variação da concentração do metano na atmosfera. Discute-se, criticamente, o efeito-estufa e a V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 287 variabilidade climática, mostrando que GEE, como CO2 e CH4, não podem intensificá-lo e que a tendência do clima para as próximas 2 décadas é de resfriamento, com invernos mais rigorosos que provocarão aumento da mortalidade dos ruminantes de corte nãoconfinado. No inverno de 2013, por exemplo, o frio matou mais de 100 mil ovelhas no Uruguai e mais de 4 mil bois no Paraguai, segundo fontes oficiais. 288 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte EVOLUÇÃO NA RECOMENDAÇÃO DE FERTILIZAÇÃO DE SOLOS SOB PASTAGENS: EFICIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO PECUÁRIA 1 Patrícia Perondi Anchão Oliveira1; Alberto Carlos Campos Bernardi1; Teresa Cristina Alves1; André de Faria Pedroso1 Pesquisadores da EMBRAPA Pecuária Sudeste – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, São Carlos, SP. INTRODUÇÃO O agronegócio nacional responde por importante parte da economia brasileira, representando 25,4% do PIB brasileiro, sendo que somente a pecuária respondeu por 7,5% do PIB no ano de 2008 (CEPEA, 2010). A produção pecuária brasileira, além de atender ao mercado interno, ainda vem contribuindo muito para a estabilização econômica e social do país, revestindo o setor de grande importância. O Brasil se consolidou nas últimas décadas como o detentor do maior rebanho comercial do mundo e se destaca no cenário mundial com as exportações de carne, sendo esperado para os próximos anos aumento significativo na produção de carne, tanto de ruminantes quanto de monogástricos (BRASIL - AGE/MAPA). O rebanho pecuário brasileiro usufrui de grande conforto animal, sendo basicamente alimentado em seu ambiente natural, pois tem como sua principal fonte de alimento as pastagens, que ocupam grande extensão de área, aproximadamente um quarto do território nacional (IBGE, Censo Agropecuário 1970/2006). Boa parte da evolução do setor pecuário brasileiro se deve às melhorias ocorridas nas pastagens, sendo que nas últimas quatro décadas houve um avanço muito grande da forma como as pastagens são tratadas dentro dos sistemas de produção, sendo em alguns casos tratada como uma cultura agrícola. Alguns exemplos dos avanços ocorridos foram a adoção de pastagens cultivadas, o aumento da lotação animal, e o ganho incremental na produção de produtos pecuários por área devido à melhoria da qualidade das pastagens. 290 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Em 1970 a área ocupada por pastagens naturais era de 124,4 milhões de hectares e a de pastagens cultivadas era de 29,7 milhões de hectares, em 2006 a situação já era invertida e as pastagens cultivadas ocupavam 101,4 milhões de hectares, enquanto as nativas ocupavam apenas 57,3 milhões de hectares. Com relação à lotação animal das áreas de pastagens, em 1970, esse índice era de 0,51 cab/ha, enquanto em 2006 o valor dobrou atingindo 1,1 cab/ha. Em termos de produção de leite vemos que a melhoria na alimentação do rebanho, em especial nas pastagens, ajudou a aumentar a produção nacional, uma vez que na comparação entre os anos de 1980 e 2010, enquanto a produção de leite para cada vaca por ano dobrou de 676 litros para 1.340 litros; consequência de ganhos incrementais em fatores associados como o melhor manejo, sanidade e melhoramento genético; a produção nacional de leite triplicou de 11,162 para 30.715 milhões de litros de leite por ano, com aumento de apenas 38% de vacas ordenhadas e queda de 6 milhões de hectares na área de pastagens, refletindo todo o trabalho na melhoria das áreas de pastagens brasileiras. Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1970/2006). Apesar todos os avanços realizados já citados anteriormente, o potencial de aumento de produção e produtividade das pastagens ainda é muito alto em relação à situação atual brasileira, podendo contribuir em muito com o crescimento do agronegócio brasileiro de forma sustentável. Sabendo desse potencial, associado à necessidade crescente de recuperação das áreas de pastagens degradadas para melhoria das condições ambientais e disponibilização de área para a produção de alimentos e energia, e à impossibilidade de desmatamento e abertura de novas áreas de fronteiras pelo Novo Código Florestal, o uso intensivo e o melhor manejo das pastagens tornam-se imprescindíveis, sendo tema de destaque os aspectos relacionados com a fertilização. Quer seja pela pujança de área ocupada, quer seja pela importância econômica da pecuária para o país ou pelo problema ambiental da degradação das mesmas, as pastagens são hoje consideradas tema de políticas públicas, contempladas inclusive no Programa ABC (Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 291 Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura – Plano ABC, 2013). E mais uma vez, para que as pastagens possam atender aos desafios ambientais, sociais e econômicos, respeitando o tripé da sustentabilidade, novamente a fertilização de pastagens torna-se tema relevante e propulsor de todos esses quesitos. Nunca os critérios para recomendação da correção e fertilização do solo sob pastagens foram tão importantes como na atualidade, sendo necessários avanços na fronteira do conhecimento para usá-los de forma a contribuir ambientalmente e economicamente em favor da sociedade de maneira geral. Potencial de produção e extração de nutrientes pelas pastagens, reciclagem e perdas de nutrientes dos sistemas pastoris. Os sistemas intensivos de produção de leite que têm como base da alimentação o uso de pastagens caracterizam-se pela alta produção por unidade de área e podem alcançar mais de 20.000 litros de leite/ha.ano e mais de 750 Kg de ganho de peso vivo/ha.ano. Na época em que a precipitação e a temperatura não são limitantes, lotações da ordem de 10 unidades animais (UA)/ha são facilmente obtidas, havendo relatos de mais de 20 UA/ha. As espécies forrageiras usadas nesses sistemas possuem alto potencial de produção de forragem e são as responsáveis pela alta lotação animal e pela alta produção de leite e carne por unidade de área. Como consequência da elevada produção de forragem, essas pastagens possuem alta capacidade de extração de nutrientes do solo (Tabela 1). Além disso, como regra, a extração de nutrientes do solo pela forrageira é proporcional ao rendimento obtido (Rodrigues & Reis, 1994). Isso faz com que o sucesso da exploração seja condicionado à mudança na atitude do produtor, que deve desenvolver nova visão a respeito da pastagem, a qual passa a ter conotação de cultura agrícola. Nos sistemas intensivos de pastagem, com alta lotação, entre 8 e 10 UA/ha, a aplicação de fertilizantes chega a ser maior do que nas culturas mais produtivas de soja ou de milho. 292 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Tabela 1 - Produção de (gramíneas1) Espécies Pennisetum purpureum3 (capim-elefante) Panicum maximum3 (capim-colonião) Digitaria decumbens3 (capim-pangola) Brachiaria mutica3 (capim-angola) Brachiaria ruziziensis3 (capim-brachiaria) Cynodon nlemfuensis3 (grama-estrela) Melinis minutiflora3 (capim-gordura) Cynodon dactylon cv. Coastcross4 (capim-coastcross) forragem e Produção anual de MS2 (t.ha-1) 28,2 remoção de nutrientes Nutrientes removidos (kg.ha-1) N P K Ca Mg 338 72 565 108 71 25,8 323 49 407 167 111 26,5 335 53 401 122 75 26,9 344 48 429 129 88 33,5 342 55 450 153 78 28,3 388 65 469 151 54 14,8 232 36 233 63 49 17,5 446 48 467 66 45 1Gramíneas, exceto coastcross, cortadas a cada 60 dias e adubadas com 448 kg.ha-1 de N; 72 kg.ha-1 de P e 448 kg.ha-1 de K, aplicados em seis doses iguais. Calagem efetuada para obter pH = 6,0. Para o coastcross, cortes a cada 24 dias, adubadas com 500 kg.ha-1 de N; 43,7 kg.ha-1 de P e 580 kg.ha-1 de K 2 MS = matéria seca. Fonte: 3Adaptado de Vicente-Chandler et al. (1974) por Rodrigues & Reis (1994). 4 Primavesi, et al. (2004). Apesar de muitos trabalhos considerarem a pastagem um sistema conservacionista, com alta reciclagem e pequena exportação dos nutrientes pelos produtos animais, numa análise mais profunda é possível verificar que existem vários eventos na pastagem, que limitam a reciclagem efetiva dos nutrientes, como o hábito de pastejo dos animais e quantidade estocada de nutrientes no ecossistema (Monteiro & Werner, 1989; Braz et. al, 2002). A despeito de a maior parte dos nutrientes consumidos das pastagens não serem retidos em produtos animais e serem eliminados na forma de excrementos, podendo haver reciclagem da ordem de até 90% (Braz et.al, 2002), nas pastagens há a V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 293 interferência dos animais na manutenção da fertilidade do solo provocando perdas significativas dos nutrientes ingeridos, em consequência da deposição errática das dejeções e da elevada concentração de elementos minerais nestas (Corsi e Martha Júnior, 1997), depositados em um único ponto da área da pastagens e muitas vezes com sobreposição de deposição de dejeto (Haynes & Williams, 1993). Quando ocorre a concentração de elementos minerais nos pontos de dejeção, as perdas de nutrientes passam a ser favorecidas, como por exemplo, as perdas nitrogenadas por volatilização e desnitrificação, ou a imobilização de nutrientes no solo. Por causa da distribuição errática dos dejetos animais e consequentes perdas de nutrientes, além do potencial de produção e a extração de nutrientes pela pastagem, para se alcançar sucesso na correção e fertilização do solo sob pastagem, deve-se considerar também a ciclagem de nutrientes nos sistemas sob pastagens, conhecendo as perdas e ganhos de nutrientes que ocorrem nos sistemas de produção. A análise desses processos exige um olhar integrado para os quatro compartimentos dos sistemas de produção: solo-planta-animal e atmosfera e não mais para os dois ou três primeiros compartimentos, como ocorria no passado. Na Figura 1, alguns exemplos dos processos que podem ocorrer na ciclagem de nutrientes em pastagens, que mostram a complexidade do tema. 294 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 1 - Os quatro compartimentos de ecossistemas de pastagens (solo, planta, animal e atmosfera) e exemplos de processos que ocorrem na ciclagem de nutrientes. A associação de todos esses fatores como critérios para a recomendação da calagem e fertilização torna o trabalho bastante complexo, necessitando de evolução de ferramentas que possam ajudar a interpretar, prever e quantificar todos os processos de ganhos, perdas e trocas de nutrientes que ocorrem entre os compartimentos solo-planta-animal-atmosfera, além de necessitar de critérios para checagem da adequação do que está sendo recomendado frente à necessidade dos sistemas de produção. A recomendação de calagem e fertilização deve ser sustentável, garantindo que as pastagens produzam em quantidade e qualidade para garantir bom desempenho animal, minimizando os impactos V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 295 ambientais, evitando perdas de nutrientes, pois essas perdas nada mais são do que fonte de poluição. Neste contexto, as análises de solo anuais, tradicionalmente recomendadas, associadas à análise foliar e às ferramentas de recomendação e checagem de correção e fertilização do solo, tornam-se fundamentais para um programa de correção e fertilização do solo. Com a evolução da recomendação da fertilização em pastagens, devem ser consideradas as melhores práticas de fertilização, evitando erros grosseiros, nos programas de correção e fertilização dos solos sob pastagens. Quando esses erros são cometidos há prejuízos técnicos, econômicos, e até ambientais, que comprometem a sustentabilidade dos sistemas de produção. No passado, esses erros mais comuns, levaram de certa forma ao descrédito do uso de corretivos e fertilizantes em pastagens. Alguns exemplos deles estão abaixo listados: 1. Não realizar amostragem e análise de solo. 2. Usar fertilizantes, sem verificar a necessidade da calagem. 3. Recomendar as doses de fertilizantes, principalmente N, sem considerar a lotação animal pretendida. 4. Corrigir e fertilizar pastagens e fornecer para animais de genética comprometida, que não ganham peso ou produzem leite. 5. Adubar pastagens, principalmente com nitrogênio, e não possuir número de animais suficiente para consumir a forragem produzida. A sobra de forragem irá senescer e perderá qualidade. 6. Não monitorar os fatores climáticos, especialmente precipitação e temperatura mínima, como critérios do momento correto de realizar a correção e fertilização dos solos. 7. Não consultar um bom profissional para realizar as recomendações de fertilização. 296 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO E RECOMENDAÇÃO DE CORRETIVOS Em pastagens, durante muito tempo, a recomendação da calagem foi um assunto polêmico devido às dúvidas existentes acerca de sua necessidade para pastagens tropicais e também pelo fato de ser aplicada na superfície do solo. Entretanto, com os novos conhecimentos sobre o caminhamento dos nutrientes em profundidade e com a adoção de fertilização nas áreas intensivas, novos conceitos foram sendo criados e a calagem passa a ser técnica rotineira tanto na formação e na recuperação quanto na manutenção de áreas de pastagens, tendo papel relevante na eficiência e sustentabilidade das pastagens. A acidez do solo afeta o crescimento das plantas de várias formas, inclusive do sistema radicular (Oliveira et al., 2003), e diminui a eficiência de uso da água e de nutrientes aplicados por meio de fertilizantes. Apesar de algumas espécies de pastagens serem tolerantes às condições de solo ácido, notadamente as do gênero Brachiaria, isso não significa que elas apresentem sua máxima produção nessas condições (Oliveira et.al, 2008). A calagem é uma das práticas mais importantes para melhorar a fertilidade do solo; ela apresenta vários efeitos benéficos, como o fornecimento de cálcio e de magnésio; a elevação do pH (diminui a acidez); o aumento da disponibilidade de macronutrientes; a diminuição da toxidez de alumínio, de ferro e de manganês; a redução das perdas dos fertilizantes aplicados; o decréscimo da adsorção ou da fixação de fósforo; o aumento da disponibilidade de molibdênio do solo; o incremento da atividade microbiana e da liberação de nutrientes, tais como nitrogênio, fósforo e enxofre pela decomposição de matéria orgânica; a melhoria do ambiente do solo para bactérias associadas com a fixação biológica do nitrogênio; e o aumento da produção das culturas, como resultado de um ou mais dos efeitos anteriormente citados (Munson, 1982, citado por Lopes, 1984). Em condições de cerrado, Lopes (1984) ainda indica os seguintes efeitos: aumento das cargas dependentes de pH e consequentemente a capacidade de troca de cátions e a indução, V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 297 dependendo da dose de calcário aplicada, à considerável lixiviação de cálcio e de magnésio, o que diminui a toxidez de alumínio, de ferro e de manganês, abaixo da camada de incorporação. Cuidados devem ser tomados para que o pH não alcance valores superiores a 6,5 7,0 pois nesses níveis a disponibilidade de alguns micronutrientes (com exceção do molibdênio e do cloro) será bastante comprometida (PENATI e CORSI, 1999). Entretanto, em solos tropicais sob pastagens é raro encontrar valores excessivamente altos de pH, mesmo realizando-se calagem com frequência, desde que embasada em recomendações técnicas (Oliveira, et. al, 2008) . Tais efeitos podem ser observados para pastagens de Brachiaria decumbens, nas Figuras 2 e 3, obtidas em Oliveira et. al, 2003. pH 6 4 pH=3,58 + 0,03.V% R2=0,72** 2 10 20 30 40 50 60 Saturação por bases final Figura 2 - Saturação por bases no fim do segundo ano e pH (CaCl2) no solo, na profundidade de 0 a 30 cm. Fonte: Oliveira et al. (2003). 298 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 3 - Saturação por bases no fim do segundo ano e concentração de Al trocável no solo, na profundidade de 0 a 30 cm. Fonte: Oliveira et al. (2003). Em sistemas de manejo intensivo de pastagem, em que as doses de fertilizantes usadas são elevadas, o papel da calagem é bastante distinto dos sistemas extensivos, em que as doses de fertilizantes aplicados são mínimas (Oliveira, et. al., 2008). A calagem nos sistemas intensivos é importante para garantir a máxima eficiência de uso dos nutrientes dos fertilizantes aplicados (Tabela 2) e para reverter a acidificação dos solos ocasionada pelo uso dos fertilizantes químicos, especialmente os nitrogenados (Tabela 3) (Oliveira, et. al, 2008). Lopes (1984) chamou a atenção para esse fato, referindo-se aos sistemas agrícolas, com a afirmação de que: “Subutilização de calcário é uma das principais causas do desaproveitamento de fertilizantes químicos na agricultura brasileira, desenvolvida em solos com características tipicamente ácidas”. O fato de a calagem aumentar a eficiência de uso de fertilizantes, evitando perdas e promovendo o uso mais racional dos nutrientes a tem enquadrado como um mecanismo de V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 299 desenvolvimento limpo (MDL), conceito empregado em sistemas sustentáveis e produção. Tabela 2 - Estimativa da variação percentual de assimilação dos principais nutrientes pelas plantas em função do pH do solo pH Nutriente 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 100 50 90 100 50 50 73,3 100 100 100 100 83 80 93,8 100 100 100 100 100 100 100,0 (%) Nitrogênio Fósforo Potássio Enxofre Cálcio Magnésio Média 20 30 30 40 20 20 26,7 50 32 35 80 40 40 46,2 75 40 70 100 50 50 64,2 Fonte: Adaptado por Lopes (1984) de Alcarde (1983). Tabela 3 - Equivalentes de acidez ou de alcalinidade dos principais fertilizantes Fertilizante Uréia Nitrato de amônio Nitrocálcio Sulfato de amônio Cloreto de amônio Nitrato de cálcio Nitrato de sódio Nitrato de potássio Fosfato monoamônico Superfosfato simples Superfosfato triplo Cloreto de potássio Sulfato de cálcio Teor de N (%) 44 32 20 20 25 14 15 13 9 CaCO3 puro (kg) Por kg de N Por 100 kg do produto 1,80 79 1,80 58 0 0 5,35 107 5,60 140 +1,35 +19 +1,80 +27 +2,0 +26 5,00 45 0 0 0 0 0 0 0 0 Fonte: Adaptado de Tisdale e Nelson (1985) por Raij (1991). Resultados positivos da calagem em pastagens manejadas intensivamente com uso de fertilizantes foram observados por 300 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Oliveira et al. (2007), que avaliaram por dois anos o efeito residual de fontes de fósforo na presença ou na ausência de calcário para elevar a saturação por bases a 70% sobre a recuperação de pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv. Marandu estabelecida em Neossolo Quartzarênico, com 2 mmolc.dm-3 de Ca, 1 mmolc.dm-3 de Mg, saturação por bases de 7% e de alumínio de 76%. Quando se suprimiu a fertilização fosfatada, para verificar o efeito residual das fontes de fósforo, houve resposta significativa da calagem, com aumento da produção de forragem de 9,78 t.ha-1 para 11,36 t.ha-1. Além disso, a calagem promoveu aumento do teor de P na planta durante o período da seca. No solo, ao fim de dois anos, houve aumento do teor de Ca até a profundidade de 30 cm, queda no teor de alumínio até 10 cm e na saturação por alumínio até 30 cm nos dois experimentos e aumento no teor de Mg até 10 cm no experimento com supressão de P e até 30 cm no experimento com adição de P. Houve aumento da saturação por bases até 30 cm de profundidade, apesar de os valores serem aquém dos 70% pretendidos. Cruz et al. (1994) avaliaram o efeito da calagem (índices de saturação por bases de 4%, 20%, 36%, 52%, 68% e 84%) sobre a produção de Brachiaria brizantha cv. Marandu, de Andropogon gayanus cv. Planaltina e de Panicum maximum cv. Aruana, em casa de vegetação, em Latossolo Vermelho-Escuro de textura média, e verificaram que a calagem aumentou a produção de massa seca dos capins; o Panicum maximum foi o mais responsivo. Esses autores concluíram que para a instalação de pastagens, quando a saturação por bases for inferior a 50%, a calagem deve elevar esse valor a 70%. Um ponto interessante a se observar é o comportamento da resposta ao uso exclusivo de calcário em pastagens degradadas. Quando o sistema está muito degradado e o solo bastante exaurido, a resposta à calagem pode não existir (OLIVEIRA et al., 2003), mas quando existe alguma fertilidade (OLIVEIRA et al., 1999) apenas a calagem pode produzir aumentos de produção de forragem da ordem de 1,5 t.ha-1 de matéria seca (MS) por ano (Figura 4). Tal efeito se deve à capacidade do calcário para colocar nutrientes em V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 301 disponibilidade às plantas. Oliveira et al. (1999) avaliaram o efeito da presença ou da ausência de calagem e do uso de aerador de solo associado a diferentes fontes de fertilizantes na recuperação de uma pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu estabelecida em Nitossolo eutrófico e observaram na média de dois anos aumento de produção de forragem de 14,4 para 16,8 t.ha-1 por ano. No tratamento em que não houve calagem ou fertilização, a pastagem permaneceu degradada, produzindo 4,4 t.ha-1 de MS por ano; quando se realizou apenas a calagem, a produção aumentou para 5,9 t.ha-1; quando se realizou apenas a fertilização, a produção foi de 16,4 t.ha-1; e quando se realizou a calagem e a fertilização, a produção obtida foi de 19,2 t.ha-1 (Figura 4). A saturação por bases, 28 meses após a primeira aplicação de calcário, praticamente permaneceu inalterada, provavelmente devido ao efeito de acidificação do solo provocada pela aplicação de fertilizantes; inicialmente a saturação por bases foi de 67,7% e passou para 62,4%, mesmo com aplicação de 1,5 t.ha-1 de calcário dolomítico com PRNT de 90 a cada ano, objetivando elevar a saturação por bases a 80%. Mesmo considerando as flutuações no preço da arroba do boi e no preço do calcário, as diferenças de produção de forragens observadas nesse experimento, se convertidas em produção de carne, tem proporcionado retorno entre R$ 2,00 e 3,00 em produto pecuário para cada R$ 1,00 investido em calcário, garantindo a sustentabilidade econômica dos sistemas de produção. 302 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 4 - Produção de forragem (20 cm acima da superfície do solo e média de dois anos), em diferentes tratamentos aplicados em uma pastagem de Brachiaria brizantha degradada estabelecida em Nitossolo eutrófico. Médias seguidas por letras distintas diferem significativamente pelo teste F (P 0,05). Coeficiente de variação = 34%. Fonte: Oliveira et al. (1999). Observação: coluna “degradada”: média de dois tratamentos que não receberam calagem nem fertilização; coluna “calagem”: média de dois tratamento que receberam apenas calagem; coluna “fertilização”: média de dez tratamentos que receberam apenas fertilização; coluna “calagem + fertilização”: média de dez tratamentos que receberam calagem e fertilização; coluna “Média calagem”: média de doze tratamentos que receberam calagem; coluna “Média sem calagem”: média de doze tratamentos que não receberam calagem. No caso de implantação ou de reforma da pastagem, a melhor maneira de uniformizar a incorporação do calcário é distribuí-lo de uma única vez, realizando uma pré-mistura com grade semipesada ou pesada e a seguir completar a incorporação por meio da aração. Uma segunda opção consiste na aplicação de metade da dose antes da aração e metade antes da gradagem (WERNER et al., 1996). Em pastagens manejadas intensivamente ou quando a situação das pastagens permitir a sua recuperação, o calcário deve ser aplicado na superfície do terreno sem incorporação (grades, V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 303 subsoladores, arados, etc.) para não prejudicar o sistema radicular da planta (Oliveira et al., 2003). Quando a situação exigir a reforma do pasto, o calcário deve ser incorporado a pelo menos 20 cm de profundidade. Caso a incorporação seja mais profunda, será necessário aumentar a quantidade de calcário em função da profundidade da incorporação (Penati e Corsi, 1999). O solo deve estar úmido para que o calcário reaja com os elementos químicos do solo. Por esse motivo, a recomendação é realizar a sua distribuição durante o período das chuvas, caso a área não esteja sendo adubada, ou após a última adubação do período das chuvas (PENATI e CORSI, 1999) em pastagens manejadas intensivamente. Oliveira et al. (2007) verificou que a calagem realizada antecipadamente em março favoreceu a produção de forragem. Este fato pode estar relacionado ao maior tempo de reação do calcário no solo na presença de mais precipitação, a qual pode ter aumentado a eficiência de uso do P, do K e do S, uma vez que, para suprir esses nutrientes, foram empregados superfosfato simples e cloreto de potássio, fontes que possuem sua eficiência incrementada com a redução da acidez do solo. Outro fator que pode ter concorrido para estes resultados é a diminuição da toxidez inicial de Al. Além disso, a aplicação antecipada do calcário em março, início da estação das águas favoreceu a recuperação de N pela pastagem em relação à aplicação em agosto. O calcário é classificado basicamente em três categorias (dolomítico, magnesiano e calcítico) e é composto por carbonato de cálcio e por carbonato de magnésio. O Boletim Técnico no 6 da Associação Nacional para Difusão de Adubos classifica os calcários conforme o teor de MgCO3 em: calcíticos, com teor inferior a 10%; magnesianos, com teor intermediário, entre 10% e 25%; e dolomíticos, com teor acima de 25% (ALCARDE, 2005). Em relação à qualidade do calcário dois pontos são bastante discutidos entre os extensionistas, o PRNT do calcário e a relação Ca:Mg, pois dependo da localização geográfica da propriedade agrícola, o uso de determinado tipo de calcário com PRNT mais alto acaba impactando economicamente a decisão quanto à qualidade do calcário. Mas essa é uma decisão que se deve tomar com critérios 304 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte técnicos, podendo inclusive ser usado calcário de qualidade inferior, desde que tomadas as medidas para uso adequado do mesmo. Quanto maior for o PRNT tanto menor será o tempo de reação do calcário com os elementos do solo, desde que este esteja úmido. No caso dos calcários com PRNT próximo de 90, o tempo necessário para que a reação química se estabilize é de aproximadamente 30 dias, enquanto naqueles com PRNT inferior a 60 o tempo de reação é de 80 a 100 dias (PENATI e CORSI, 1999). Se não houver pressa na reação, a escolha passa a ser função do custo por hectare do calcário aplicado. Apesar de o preço desse insumo geralmente aumentar em função do PRNT, o custo por hectare pode ser reduzido quando se opta por utilizar material com poder relativo de neutralização mais alto. Esse fato decorre da menor quantidade de calcário exigida por hectare, quando se compara com aquela de calcário com PRNT mais baixo. Além disso, os custos referentes à distribuição e ao transporte do calcário até a área serão menores, em razão da menor quantidade de calcário exigido na área (PENATI e CORSI, 1999). Entretanto existem situações em que não há disponibilidade de calcário de alto PRNT de forma econômica, sendo necessário o uso de calcário de menor PRNT em maior quantidade. Oliveira et al. (2003) avaliaram durante dois anos, em um Neossolo Quartzarênico, a resposta da calagem na Brachiaria decumbens realizada com calcário dolomítico de diferentes PRNTs de 55, 70 ou 90; a diferença entre os PRNTs era devida apenas ao grau de moagem, não variando a qualidade da rocha de origem do calcário. Tanto no primeiro quanto no segundo ano não houve diferença (P 0,05) na produção de forragem. A ausência de resposta explica-se pelo fato de que no cálculo da dose de calcário (RAIJ, 1991) considerou-se o PRNT como coeficiente de correção, fazendo com que as diferenças dos calcários fossem minimizadas para o mesmo nível de saturação por bases pretendida. Além disso, o tempo decorrido entre a aplicação do calcário e a primeira adubação de cobertura foi superior a três meses. Entretanto, a maior dose de calcário, em consequência do menor PRNT testado, possibilitou a produção de maior massa de raízes e a correção da deficiência de Mg. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 305 Outra característica química do calcário, bastante discutida entre extensionistas e pecuaristas, é a relação entre os teores de Ca2+ e de Mg2+. A preocupação de conhecer esse valor está relacionada com o ajuste da relação entre esses elementos no solo. Entretanto, trabalhos de pesquisa indicam que a relação Ca2+:Mg2+ no solo pode estar entre 30:1 e 0,5:1, sem prejuízo para a produção das culturas (RAIJ et al., 1996). Porém, esses pesquisadores ressaltaram que essa afirmação é verdadeira se os níveis mínimos de cálcio e de magnésio no solo forem respectivamente superiores a 4 e 5 mmolc.dm-3. Essa restrição é imposta porque acima desses valores se espera não ocorrer restrição nutricional à planta. Em condições em que os níveis de adubação potássica são elevados, o nível mínimo de magnésio no solo deve ser superior a 9 mmolc.dm-3 (RAIJ et al., 1996). Tal condição ocorre nas pastagens sob manejo intensivo. A relação entre potássio e magnésio no solo deve merecer atenção especial em virtude da competitividade entre esses nutrientes para ocupar a CTC do solo e para serem absorvidos pelo sistema radicular. McLean (1977, citado por Corsi e Nussio, 1994), Lopes (1984) e Lopes e Guilherme (1992b) ressaltaram a importância de se interpretar a análise química do solo por meio das relações entre os nutrientes na CTC. Esses autores citaram que a composição adequada da CTC, proposta por Graham (1959), é de 65% 85% de cálcio, 6% 12% de magnésio e 2% 5% de potássio. MACRONUTRIENTES Potássio Nos solos da região tropical, na maioria das vezes, os teores de K são baixos (normalmente inferiores a 1,5 mmolc dm-3), tornando necessária a complementação desse nutriente com fertilizantes para possibilitar produtividades sustentáveis. E o principal fertilizante com K utilizado no Brasil é o KCl, que contém aproximadamente 60 % de K2O (ANDA, 2008). 306 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte O K do solo é formado pelo K em solução (prontamente disponível), K trocável, K não trocável (fixado) e o K estrutural (constituinte de minerais primários e secundários do solo). O suprimento de K para as plantas advém da solução e dos sítios de troca dos colóides do solo, que estão em equilíbrio com o K não trocável e com o K estrutural dos minerais. O teor trocável é a principal fonte de reposição do K para a solução (Nachtigall & Raij, 2005, Benites et al., 2010). O K desempenha diversas funções metabólicas e estruturais na planta, sendo essencial no processo fotossintético. Quando deficiente, a fotossíntese diminui e a respiração aumenta, condições que reduzem o suprimento de carboidratos para as plantas impedindo inclusive a incorporação eficiente do N (Marschner, 2002). É o segundo elemento mais absorvido pelas plantas e as quantidades absorvidas interferem no potencial de produção de matéria seca. Em sistemas pecuários intensivos, a adubação potássica é de grande importância, em função da grande extração pela maioria dessas espécies, associada às baixas reservas do nutriente em solos tropicais muito intemperizados (Bernardi et al., 2013). O suprimento de potássio varia em função da forma que se encontra no solo, da sua quantidade e do seu grau de disponibilidade nas diferentes formas, bem como das características físicas que afetam sua condução, através da solução do solo até a superfície da raiz. Como a reserva mineral deste macronutriente nos solos tropicais, em geral é baixa, e insuficiente para suprir as quantidades extraídas pelas plantas forrageiras, sua reposição ao solo deve ser feita por meio da adubação (Bernardi et al., 2012; Bernardi, 2013). O manejo da adubação potássica, com relação às doses e modos de aplicação deve ser considerado, devido ao alto potencial de perdas por lixiviação que alguns solos podem apresentar, em especialmente os de textura arenosa e baixa CTC (Benites et al., 2010). Devido à possibilidade de lixiviação com as altas doses de K empregadas nos sistemas intensivos de manejo de pastagem, recomenda-se parcelar a adubação potássica juntamente com as coberturas nitrogenadas. Tal prática, além de evitar as perdas por V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 307 lixiviação, promove ainda aumento na produção de forragem e melhora a eficiência do uso de N, quando a fonte de fertilizante nitrogenado empregada é a uréia. Considera-se que, em condições adequadas de umidade e temperatura, a eficiência da adubação potássica esteja entre 70 a 80%. O principal critério para recomendação de adubação deve ser a disponibilidade de K trocável no solo. Apesar de alguns trabalhos indicarem que as forrageiras podem utilizar as formas não-trocáveis de K no solo, estas formas não são detectas pelos métodos de análise de rotina (Bernardi, 2013). Para efeitos práticos de cálculo, considera-se que 100 kg/ha de K2O elevam o teor de K no solo em 1 mmolc.dm-3. As doses de K devem ser calculadas com base na análise de solo e na textura, para elevar os teores do nutriente a 4% da CTC. Fósforo O uso de adubação fosfatada é recomendado em várias ocasiões e atende a vários objetivos no manejo de fertilização das pastagens. A eficiência dos fertilizantes fosfatados depende, principalmente, da minimização das perdas por erosão e por fixação, embora este último processo não seja totalmente irreversível (Lopes e Guilherme, 2000). A fixação do fósforo é mais intensa nos solos com as seguintes características: alto teor de argila, predomínio de argilas que contenham óxido de ferro ou óxido de alumínio ou do tipo goetita e gibsita, baixo teor de matéria orgânica, baixo pH e baixo teor de fósforo (PENATI e CORSI, 1999). Basicamente existe a adubação corretiva ou fosfatagem, a adubação de plantio ou de estabelecimento e a adubação de manutenção. A adubação corretiva, chamada de fosfatagem, tem por objetivo a correção do teor de fósforo no solo e a ocupação dos sítios de fixação; ela é realizada normalmente antes da última gradagem niveladora, na área total e de forma incorporada. A adubação de plantio tem por objetivo acelerar o estabelecimento da planta após a germinação da semente; ela é realizada por ocasião 308 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte do plantio com a aplicação do fertilizante próximo das sementes ou das mudas. A adubação de manutenção tem por objetivo repor o fósforo extraído pela cultura, para manter nível adequado de P no solo; ela é aplicada na superfície do solo, na área total. Essas adubações podem ser realizadas isoladamente ou não. De acordo com Lopes e Guilherme (1992a), a recomendação para fosfatagem corretiva deve ser feita em função do teor de argila no solo. Esses autores recomendaram que, para alcançar o teto de produção em três anos em solos de cerrado, para cada unidade percentual de argila, deve-se aplicar entre 3 e 5 kg.ha-1 de P2O5, ou seja, para um solo com 20% de argila a dosagem recomendada seria de 60 a 100 kg.ha-1 de P2O5 (333 a 555 kg.ha-1 de superfosfato simples). A dose de fósforo a ser aplicada na adubação de manutenção proposta por Corsi e Nussio (1994) para capim-elefante manejado intensivamente tem por objetivo atingir níveis de 20 a 30 mg.kg-1 no solo. Esses autores tomaram por base os trabalhos de Martinez (1980), de Monteiro (1990) e do Planalsucar, e recomendaram o monitoramento das fertilizações por meio da realização de análises na parte aérea da forragem (acima da altura de pastejo). Como resultado da fertilização deve-se obter concentração de aproximadamente 2,5 g.kg-1 de P na MS. Valores abaixo de 2,5 g.kg-1 de P na MS da parte aérea indicam menor resposta em crescimento da planta, em virtude da deficiência de condições de crescimento (falta de água, temperatura baixa, deficiência de nutrientes, etc.) ou da subnutrição em fósforo, provocada pela falta do nutriente ou por condições limitantes de absorção (sistema radicular deficiente, fixação de P no solo, entre outros). Os resultados obtidos com esse critério de recomendação têm se repetido em pastagens de diversos gêneros, notadamente Panicum e Brachiaria, quando manejados intensivamente com o objetivo de obter alta produção de forragem e consequentemente alta lotação animal por hectare. Quando os teores de fósforo disponível no solo forem muito baixos, no início de trabalhos de pastejo intensivo de capim-elefante, recomenda-se elevar esse teor para cerca de 10 mg.dm-3 (Corsi e Nussio, 1994). A recomendação de valor menor se deve a questões V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 309 econômicas, não havendo nenhum impedimento técnico em utilizar os valores de 20 mg.dm-3. Segundo Corsi e Nussio (1994), para incrementar 1 mg.dm-3 de fósforo em 20 cm de profundidade, é necessário aplicar 9,3 kg.ha-1 de P2O5 (50 kg.ha-1 de superfosfato simples), considerando a eficiência do processo em 50%. O valor da eficiência pode ser alterado em função do modo de aplicação e dos aspectos químicos e físicos do solo que interferem no processo da fixação. No caso da adubação de plantio, a distribuição do adubo deve ser feita de maneira concentrada e próximo às sementes ou às mudas. A adubação localizada no plantio permite que o fósforo fique ao alcance do sistema radicular e assim há possibilidade de ser melhor aproveitado pelas plantas recém-emergidas. Como comentado anteriormente, o fósforo tem baixa mobilidade no solo e dificilmente essas plantas com pequeno sistema radicular conseguiriam absorvê-lo em quantidade suficiente para se estabelecer rapidamente na área (Penati e Corsi, 1999). Segundo Gregory (1994), citado por Penati e Corsi (1999), a presença de P está positivamente relacionada ao nível de ramificação e ao comprimento do sistema radicular após a germinação da semente. O rápido estabelecimento da pastagem irá evitar o aparecimento de plantas daninhas e o uso de herbicidas, tornando a correção do solo e a fertilização uma prática mais sustentável por prevenir o uso de defensivos agrícolas. A dose de fósforo a ser aplicada na adubação de plantio varia até 100 kg.ha-1 de P2O5, conforme recomendação de Werner et al. (1996). Com base nesse critério, quando o nível de P (determinado pelo método da resina) no solo for maior do que 40 mg.dm-3, não há necessidade de adubação fosfatada no plantio. De acordo com Penati e Corsi (1999), a dose recomendada de P2O5 no plantio pode variar de 60 a 120 kg.ha-1. Nesse caso a adubação é feita no sulco de plantio (com semeadora) ou em faixa (com máquina Terence ou similar). Monteiro e Werner (1977), citados por Penati e Corsi (1999), em experimento estabelecido em Argissolo Amarelo distrófico (Podzólico vermelho-amarelo) com teor muito baixo de fósforo, 310 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte verificaram que esse elemento foi indispensável ao adequado estabelecimento do capim-colonião, enquanto no pasto já formado a aplicação do superfosfato simples (500 kg.ha-1) resultou em aumento de 20% na produção anual de matéria seca. Em ambos os casos, o teor de fósforo na planta foi significativamente incrementado pela adubação fosfatada. Outro exemplo que demonstra a importância da adubação fosfatada durante o plantio são os resultados de Gagliardi Neto (1980), citado por Zimmer et al. (1994). Esse pesquisador testou o efeito da adubação fosfatada (100 kg.ha-1 de P2O5) no plantio de Brachiaria decumbens em dois tipos de solo (54% e 76% de areia) e em três profundidades (0, 2 e 4 cm). Independentemente da profundidade e do tipo de solo, a produção do sistema radicular e da parte aérea nos tratamentos que receberam adubação foram superiores àquela dos tratamentos sem adubação. Considerando a escassez de fósforo no planeta e a necessidade de adotarmos práticas sustentáveis, deve-se evitar o uso de rochas fosfatadas de baixa solubilidade sem prévio tratamento visando aumentar sua eficiência de uso, pois isso concorre para o desperdício de recursos naturais. Com relação às fontes de fertilizantes fosfatados no sistema intensivo de manejo de pastagens são indicadas os superfosfatos, o termofosfato e os fosfatos de rocha solúveis. Recomenda-se para pastagens estabelecidas em solos com teores muito baixos de fósforo o uso de fontes prontamente solúveis, como o superfosfato simples e o superfosfato triplo; o primeiro possui a vantagem de também fornecer enxofre para as plantas. Nos solos com teores melhores de fósforo, a associação de fontes solúveis com diferente velocidade de disponibilização de fósforo também pode ser interessante por fornecer fósforo em diferentes épocas. Oliveira et al. (2007), em dois experimentos, durante dois anos, para avaliar a resposta de um sistema solopastagem pobre em fósforo a fertilizantes fosfatados com diferente velocidade de solubilização (superfosfato simples, superfosfato triplo e termofosfato magnesiano), associados ou não à calagem, verificaram que a associação de fertilizantes pode ser vantajosa porque as adubações V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 311 com superfosfato resultaram em maior produção no primeiro ano, enquanto o termofosfato promoveu maior produção de forragem quando se suprimiu a adubação fosfatada no segundo ano. Enxofre O Enxofre (S) é um macronutriente importante para o metabolismo da planta e crescimento, pois é componente de aminoácidos e outros compostos orgânicos (Marschner, 2002). A extração de enxofre em plantas forrageiras pode ser em torno de 50 kg.ha-1 por ano de S, considerando-se o rendimento de 20 t.ha-1 por ano de matéria seca e concentração de S na parte aérea de 2,5 g.kg-1 (Werner et al. 1996). Como o enxofre tem uma demanda menor que o nitrogênio, muitas vezes não tem sido dado a devida atenção na adubação de pastagens (Monteiro et al., 2004). No Brasil, como resultado do uso constante de fertilizantes NPK concentrados, além de alguns fatores edáficos e climáticos, o enxofre tornou-se um nutriente limitante para o desenvolvimento da planta. Em muitos casos, no sistema de manejo intensivo de pastagens, a baixa resposta à adubação nitrogenada pode estar associada a baixos níveis de S no solo (Cunha et al., 2001; Mattos & Monteiro, 2003 , Oliveira et al., 2005; Bonfim & Monteiro, 2006). Monteiro et al. (2004) sugeriu que a adubação de enxofre para gramíneas deve ser recomendada quando estas receberem altas doses de N. Stevens (1985) enfatizou que o N e o fornecimento de enxofre estão diretamente relacionados e devem estar em tecidos vegetais em proporções e quantidades adequadas para a síntese de proteína ideal. A relação N: S representa um importante índice de avaliação do estado nutricional, uma vez que se mantém constante em diferentes fases de desenvolvimento gramas (Vitti & Novaes, 1986). De acordo com Scott (1983) para garantir o adequado desenvolvimento de plantas forrageiras os relacionamentos devem ser em torno de 16,5:1. 312 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte MICRONUTRIENTES O uso de micronutrientes nos programas de adubação de pastagens de gramíneas tropicais nem sempre resulta no aumento de produção de forragem; entretanto, reduções nos teores foliares de micronutrientes aparecem nos primeiros cortes, principalmente nos solos de cerrado, conforme se observa nos dados compilados por Monteiro (1991) e por Werner (1994b), resultando em diminuição da produção no decorrer do ano. A ausência de resposta ao uso de micronutrientes em pastagens pode ter ocorrido por diferentes razões, entre elas: realização de experimentos em situações em que realmente não se espera a resposta ao uso de micronutrientes (solos não deficientes, com pH baixo e na ausência de calagem), curta duração dos experimentos (dois ou três cortes da forrageira), baixas fertilizações com macronutrientes e aplicação dos micronutrientes no solo. Convencionalmente os pecuaristas têm usado a dose de 30 a 40 kg.ha-1 de FTE BR12 (fritas) quando adotam o manejo intensivo de pastagem. Essa ação difere da praticada na agricultura, em que as fontes solúveis têm sido em geral as mais usadas. Isso inclui, entre outras fontes, o bórax, o sulfato de cobre, o molibdato de amônio e o sulfato de zinco. As fontes insolúveis em água também são usadas como fertilizantes, lembrando-se que devem ser bem misturadas ao solo, para que sua eficiência seja aumentada (RAIJ, 1991), procedimento difícil em pastagens estabelecidas, onde não é aconselhável revolvimento do solo por causa das injúrias causadas à planta forrageira. Os silicatos de micronutrientes, ou fritas, são produtos preparados por fusão de sílica com os micronutrientes. São uma espécie de vidro, que dissolve no solo, liberando lentamente os micronutrientes. As fritas só se prestam para uso no solo. As fontes solúveis se prestam também para a aplicação por via foliar (RAIJ, 1991). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 313 A disponibilidade de micronutrientes para as plantas depende, entre outros fatores, da textura, da matéria orgânica e principalmente do pH do solo. Quando o pH do solo aumenta, diminui a disponibilidade do Cu, do Fe, do Mn e do Zn e aumenta a do Mo, e quando há redução de oxigênio no solo, aumenta a disponibilidade do Fe e do Mn (BATAGLIA, 1988). A maior disponibilidade de B ocorre com o pH na faixa de 5,0 a 7,0. Sua deficiência é comum em solos arenosos de zonas com alta pluviosidade. Excesso de P no solo pode provocar deficiência de Fe e de Zn. A deficiência de Mo ocorre em solos ácidos ou em solos que tenham recebido doses elevadas de fertilizantes que contêm sulfato (LOPES e CARVALHO, 1988). O estudo dos micronutrientes em pastagens é importante não só para a nutrição mineral da planta como para a nutrição dos animais que irão se alimentar da forragem (GUPTA et al., 2001). A correta fertilização com micronutrientes proporciona animais saudáveis, com condições excelentes de produção e reprodução, podendo inclusive concorrer para diminuir o consumo de suplemento mineral. Com relação à nutrição animal, França et al. (1984) relataram trabalhos que mostraram que a maioria das pastagens de gramíneas tropicais analisadas no Brasil tinha deficiência de cobalto, de cobre e de zinco para nutrição de bovinos. Já os teores de manganês, de ferro e de molibdênio foram adequados. NITROGÊNIO O nitrogênio é um nutriente muito importante nos sistemas de produção de pastagens manejados intensivamente, tanto pelo seu custo quanto pela quantidade utilizada, sendo a aplicação de nitrogênio ferramenta fundamental para incrementar a produção da pastagem. O aumento da disponibilidade de N atua sobre a atividade fotossintética da planta, na mobilização de reservas fisiológicas (C e N) logo após a desfolha; no ritmo de expansão da área foliar; no peso e número de perfilhos (Martha Júnior et al., 2004) induzindo o seu crescimento. Produções de pastagens variando entre 5 a 89,2 kg MS.kg de N-1 aplicado foram registradas por Balsalobre et al. (2002), indicando que a resposta das plantas à fertilização nitrogenada é 314 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte variável e dependente da ação de fatores edafoclimáticos e relativos à planta. Sendo assim, esse nutriente é grande responsável pelos incrementos em produção de massa, que permitem ofertar aos animais quantidade de forragem em qualidade suficiente para manter alta lotação animal por unidade de área com produções elevadas, uma das principais características dos sistemas de manejo intensivo de pastagem. A resposta de pastagens tropicais ao uso de fertilizantes nitrogenados pode ser linear, quadrática ou simplesmente não haver resposta, dependendo de alguma limitação dos fatores edafoclimáticos e de natureza fisiológica da espécie forrageira usada ou mesmo por excesso no solo. Respostas lineares foram encontradas para doses tão elevadas quanto 1800 kg.ha-1 por ano (Vicente-Chandler et al., 1964, citado por Corsi e Nussio, 1994). Resultados obtidos no Brasil também mostram a eficiência da adubação nitrogenada (Primavesi et al., 2001) com respostas lineares ao uso de N (Andrade et al., 1991; Corrêa et al., 1998; Oliveira et al., 2005), como pode ser visto na Figura 5. Figura 5 - Relação entre a produção de forragem e níveis de fertilização nitrogenada em Brachiaria brizantha cv. Marandu. Fonte: Oliveira et al. (2005). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 315 Ainda no Brasil, em outras ocasiões, em que as doses testadas contemplaram maior amplitude, temos exemplo de resposta à adubação nitrogenada pela Brachiaria brizantha cv. Marandu em que o comportamento da equação foi uma regressão polinomial quadrática com coeficiente de determinação de 72% (P ≤ 0,01). Até a dose de 567 kg.ha-1 de N houve aumento na produção de forragem; a partir dessa dose a produção de forragem começou a declinar, não justificando incrementos na fertilização nitrogenada, em decorrência da baixa fertilidade do solo e das condições climáticas da região. Como se trata de uma pastagem com poucos anos de fertilização, acredita-se que o ponto de inflexão da curva seja alterado conforme a fertilidade do solo aumente. Figura 6 - Produção de forragem de Bracharia brizantha cv. Marandu em função de doses de fertilização nitrogenada. Fonte: Oliveira et al. (2004). O potencial de resposta de pastagens tropicais a diferentes doses de nutrientes, quando submetidas a manejo adequado de sua fisiologia e a uso racional de corretivos e de fertilizantes, condizentes com a exploração intensiva de pastagens também devem ser conhecidos. Tal necessidade se torna ainda mais importante quando se trata da resposta dessas forrageiras em sistemas irrigados. Na 316 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 7 é possível observar que a irrigação ampliou o potencial de resposta ao N de 567 kg.ha-1, apresentado na Figura 6, para 803 kg.ha-1. 24 -1 Massa seca forragem (tonelada ha ) 22 20 18 16 14 12 10 y = 7,61 + (0,0314*x) - (1,956 * 10 -5 * x 2 ) R 2 = 88% prob F < 0,01% 8 6 4 2 0 200 400 600 800 1000 -1 Doses de Nitrogênio (kg ha ) Figura 7 - Produção de forragem de uma pastagem irrigada de Brachiaria brizantha em função de doses de nitrogênio. Fonte: Oliveira et al. (2004). Existem condições em que as pastagens não são responsivas à adubação nitrogenada (Campana, 2008), apesar da alta produção, qualidade proteica e consequente extração de N, apresentando inclusive resultados negativos para a eficiência de uso de nitrogênio e recuperação aparente de N, demonstrando que a planta testemunha, que não recebeu adubação nitrogenada, extraiu mais nitrogênio que as plantas fertilizadas. Dessa forma, evidencia-se que pastagens altamente adubadas e manejadas intensivamente durante muitos anos têm apresentado efeito residual de nitrogênio no solo e nas estruturas de reserva das plantas. Tal condição pode estar relacionada ao efeito residual de fertilização dos anos anteriores, ao alto teor de matéria orgânica mineralizável no solo (29,6 g.dm-3) e ao V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 317 acúmulo de N nas estruturas de reserva da planta (Oliveira et al., 2007), visto que a média do teor de N na parte aérea do capimTanzânia foi de 33 g.kg-1 de MS, muito alta em relação à faixa de teor adequado proposta por Werner et al.,(1996) (Tabela 4). Esse fato tem sido comum em sistemas intensivos de manejo de pastagens, com vida superior a 10 anos, em que foram praticadas fertilizações nitrogenadas subsequentes usando as relações fixas entre Kg de N e número de animais, aplicando doses excessivas de N, propiciando o acúmulo de altos teores de matéria-orgânica e alta disponibilidade de nitrogênio. Entretanto, tal prática pode propiciar danos ambientais e prejuízos econômicos, sendo preferencial a adoção de fertilização equilibrada que garanta a eficiência e sustentabilidade dos sistemas de produção. O armazenamento e acúmulo de nitrogênio não proteico na forragem também pode ser relacionado com a redução na taxa de crescimento da planta durante períodos de restrição de crescimento (Corsi et al., 2007) e podem causar efeitos negativos na nutrição dos ruminantes, pois altos níveis do mesmo na pastagem não são aproveitados pelas bactérias ruminais. É possível ainda, que exista maior dispêndio energético por parte do animal para eliminar o excesso de nitrogênio não proteico ingerido, implicando em redução da produtividade de carne, leite ou lã. Devido a alguns trabalhos encontrados na literatura acreditase que outro ponto desfavorável ao acúmulo de nitrogênio não proteico em pastagens seja o aumento na ocorrência de surtos de insetos fitófagos, que se alimentam de tecidos vegetais (White,1984 citado por Corsi et al., 2007), como por exemplo, cigarrinhas, que são umas das principais pragas das pastagens. 318 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Tabela 4 - Amplitude da produção de forragem (acima do resíduo de pastejo), variação do teor de N, teor de N-não proteíco e nitrato em capim-tanzânia irrigado nas quatro estações do ano Atributos da Pastagem Produção acima da altura de resíduo Teor de N (%) Teor de N-não proteíco Teor de Proteína Bruta Valores 21 t MS/ha 2,8 a 3,7 % 31,3 a 44,3% 19,6 a 27,7% Fonte: Campana et al. 2008, dados modificados. Oliveira et al., (2009) relata que estudos foram realizados em pastagens com diferentes níveis de degradação e diferentes condições de solo, com o objetivo de encontrar o equilíbrio econômico e o equilíbrio biológico da fertilização nitrogenada nessas condições. Os trabalhos concluídos até o presente momento mostram que existe resposta ao uso de N em pastagens degradadas em todas as localidades avaliadas, entretanto, em determinados casos essa resposta pode não ser econômica no primeiro ano. No segundo ano de manejo, as respostas foram diferentes e bastante favoráveis ao da fertilização nitrogenada. Oliveira et al. (2005) ressaltaram que em locais onde a fertilidade do solo era comprometida (solos distróficos, com teor de fósforo inferior a 5 mg.dm-3, presença de alumínio, teor de matéria orgânica inferior a 20 g.dm-3 e por vezes deficientes em K, Ca e Mg), a resposta em produção de forragem foi sempre maior no segundo ano, com as mesmas doses de fertilizantes. Quando apenas a pastagem estava degradada e o solo era Nitossolo eutrófico, a produção de forragem foi semelhante e alta nos dois primeiros anos experimentais, o que leva à inferência de que, em condições onde a fertilidade do solo é melhor, a recuperação da planta forrageira é rápida e ocorre já no primeiro ano, e a produção alcança mais de 20 t.ha-1 por ano (20 cm acima da superfície do solo), considerada alta para Brachiaria brizantha cv. Marandu. Em face de todas as colocações anteriores, a recomendação de fertilização nitrogenada em pastagens tem sido um dos aspectos V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 319 mais controversos e discutidos desde a década de 60. Naquela década, aproveitando-se da fertilidade natural dos solos, com altos teores de matéria-orgânica, que propiciava o fornecimento de nitrogênio para a nutrição mineral das pastagens via mineralização, a fertilização nitrogenada não era indicada. Com o envelhecimento das áreas de pastagens, nas décadas de 70 e 80, com os solos exauridos e com o início da adoção da intensificação dos sistemas de produção, o uso de relações fixas (kg N/UA) na recomendação da dose de fertilizantes nitrogenados para pastagens foram adotados, e doses anuais variando entre 30 a 50 kg.ha-1 de N por UA eram recomendadas. Entretanto, as relações fixas de quilogramas de N por unidade animal ou de quilograma de N por quilogramas de matéria seca produzida devem ser evitadas, pois possuem baixa correlação com a produção de forragem, principalmente porque não contemplam a fertilidade do solo e o grau de degradação da pastagem e ainda podem levar ao acúmulo de N nas plantas, muitas vezes na forma não-proteica, quando adotadas por período longo de tempo. Com o passar dos anos, observou-se a necessidade do uso de mais critérios para recomendação da fertilização nitrogenada, uma vez que a definição da dose de nitrogênio a ser empregada em cada condição de pastagem depende de vários fatores: eficiência de uso de N pela espécie de pastagem, época do ano, clima, fertilidade do solo, uso de irrigação, estágio de degradação, possibilidade do uso de diferentes fontes de fertilizantes nitrogenados, a interface nitrogênioenxofre, as formas de aplicação dos diversos fertilizantes, bem como tecnologias que possam resultar em melhor eficiência do uso do nitrogênio pelas plantas forrageiras. Considerando-se as possibilidades de resposta da pastagem ao uso de fertilização nitrogenada (resposta linear até altas doses, reposta quadrática, ausência de resposta e reposta com resultado econômico comprometido), vemos a necessidade de usar outras ferramentas para melhorar a recomendação da dose de N, como considerar o teor de matéria-orgânica nos solos e adotar a diagnose foliar para realizar o ajuste da recomendação da dose de N. 320 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte A recomendação proposta por Corsi e Nussio (1994) envolve a fertilidade do solo quando considera o teor de matéria orgânica. Essa recomendação admite que a eficiência de adubação nitrogenada é de 50 kg de MS por quilograma de N (2% de N na parte aérea da forragem) durante o verão. Um exemplo proposto por esses autores é que a fertilização com 300 kg.ha-1 de N permitiria a produção de 15 t de MS. Sobre essa quantidade, relativa à matéria seca produzida, deve-se somar a contribuição de nitrogênio mineralizado no solo, a partir da matéria orgânica. Se o solo contiver 3% de matéria orgânica com 0,17% de N, sendo de 3% a 5% deste disponível (BRADY, 1984, citado por CORSI e NUSSIO, 1994), será possível contar com aproximadamente 175 kg.ha-1 de N proveniente da matéria orgânica. Assim, acrescem-se aproximadamente 9 t de MS, o que perfaz 24 t de MS. Desse total perde-se 40% no pastejo e, considerando-se consumo de 2% de MS em relação ao peso vivo, verifica-se que, durante o verão de 180 dias é possível manter cerca de 9 UA.ha-1, o correspondente a 33 kg N.UA-1 por verão. A diagnose foliar em pastagens permite avaliar o estado nutricional da forragem e ajuda a diagnosticar excesso e deficiência de nutrientes na planta, ambas as situações podem levar a desequilíbrio e perda de produção. Apesar da grande importância, somente a análise de solo é insuficiente para garantir a correta recomendação de corretivos e fertilizantes e a adequada nutrição das plantas. Na Tabela 4 (Campana, 2008), foi verificado o excessivo acúmulo de N, muito acima do limite superior da faixa adequada de nutrientes em pastagens de capim colonião, que é de 1,5 a 2,5% de N na parte-aérea (Werner et.al, 1996). Esse excesso indica que as fertilizações foram excessivas e que a dose pode ser diminuída ou mesmo excluída por alguns pastejos, até que o teor de N na planta volte ao normal. Além disso, nos tratamentos em que a fertilização foi realizada com ureia ocorreu a volatilização da amônia, uma perda econômica que prejudica o ambiente. Segundo Primavesi et al. (2001), valores superiores a 23 g de N/kg de MS na parte aérea inibem o desenvolvimento do pasto e com isso o potencial de acúmulo de forragem é reduzido. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 321 Em condições em que o teor de N for inferior a faixa adequada proposta por Werner et al, 1996, a dose de N poder ser aumentada pois haverá resposta em produção pela planta, como o observado por Oliveira et al. (2004), onde as pastagens apresentavam-se deficientes, com teores menores que 13 g.kg-1 até a dose de 300 kg.ha-1 de N em condições de sequeiro e até a dose de 450 kg.ha-1 de N em condições irrigadas. As pastagens foram responsivas em produção até a dose de 567 kg.ha-1 de N em condições de sequeiro e até 803 kg.ha-1 de N em condições irrigadas (Figuras 6 e 7). Deveríamos usar a diagnose foliar não só para a recomendação da dose de N, mas também de todos os outros nutrientes, com o objetivo de melhor suplementar a pastagem o os animais que se alimentam delas se alimentam, realizando programas de correção e fertilização do solo para pastagens e formulando dietas, concentrados e suplementos minerais mais adequadamente. Os exemplos relatados anteriormente mostram a importância da evolução dos conceitos e a necessidade de buscarmos as melhores práticas nos programas de correção do solo e fertilização das pastagens, equalizando custos e evitando prejuízos monetários e ambientais, garantindo a eficiência e a sustentabilidade da adoção de fertilizantes nitrogenados em pastagens. PERDAS DA FERTILIZAÇÃO NITROGENADA COM FOCO NA SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA DE USO DOS FERTILIZANTES O uso correto de doses e fontes de fertilizantes, especialmente os nitrogenados, podem minimizar perdas gasosas de nitrogênio (pela volatilização de amônia ou pela desnitrificação com emissão de N2, óxido nitroso, e NOx ) e perdas por lixiviação, além de melhorar o sequestro de carbono. Oliveira, 2001, encontrou pequena lixiviação de nitrogênio no perfil do solo de pastagens de Brachiaria decumbens adubadas em processo de recuperação de pastangens, fato que está em concordância com outros trabalhos realizados em outras culturas 322 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte (Libardi e Reichardt, 1987; Oliveira et al., 1999 e Basso e Ceretta, 2000). Trabalhos desenvolvidos por Primavesi et al., (2001) mostram que houve tendência da movimentação do nitrato no solo para camadas próximas a 1 metro de profundidade apenas quando a dose de N aplicada foi maior que 100 kg ha-1, aplicados de uma única vez. Neste trabalho ainda verificou-se que o surgimento dos picos de nitrato no solo ocorreu após alguns dias da aplicação do fertilizante e das precipitações, sugerindo o envolvimento da atividade biológica intensa no processo de disponibilidade de nitrato. A ausência de lixiviação pode estar associada à avidez dos sistemas tropicais por nitrogênio, devido a alta relação C/N nestes sistemas, acompanhada pelo grande volume de sistema radicular das forrageiras, principalmente, na camada de 0 a 0,05 m de profundidade (Oliveira, 2001). Em pastagens as perdas por volatilização mensuradas em condições de campo variaram bastante em função da época do ano, da forma de aplicação e da fonte de fertilizante empregada. Martha Jr. (1999) encontrou perdas de volatilização de 19 a 30% para o uso de sulfato de amônio em pastagem, enquanto que para uréia as perdas foram de 44 a 48%. Arévalo (1986) avaliando a aplicação de uréia ou adubos orgânicos em capim colonião, na presença ou ausência da correção do pH do solo e com aplicação de corretivos incorporados, encontrou valores da ordem de 56 a 69% de perdas gasosas de nitrogênio. No trabalho de Silva et al. (2001) as perdas por volatilização da uréia em pastagens foram entre 31 e 57%. Primavesi et al. (2001) encontraram perdas de N por volatilização da uréia variando de 1,1% a 52,9%. Oliveira (2001) encontrou perdas gasosas variando de 14,4 a 37,9% para Brachiaria brizantha, sendo as menores perdas quando a uréia foi incorporada, fato que minimiza o processo de volatilização. Então, pode-se inferir que os 14,4% de perdas podem ter ocorrido por desnitrificação ou por outro mecanismo de perdas gasosas como a emissão de amônia pelas folhas senescentes. Campana (2008) avaliou várias fontes e combinações de fontes na tentativa de minimizar as perdas por volatilização de amônia. Das fontes avaliadas, uréia; Super N® = uréia tratada com V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 323 NBPT [N-(n-butil) triamida tiofosfórica]; uréia + 12,5% de zeólita do peso total; ureia + 25% de zeólita do peso total; ureia + 50% de zeólita do peso total; ureia em pulverização foliar; 75% de ureia + 25% de sulfato de amônio; nitrato de amônio e sem N (testemunha). O fertilizante nitrato de amônio aplicado a lanço e a ureia via pulverização foliar apresentaram as menores perdas (Figura 8), o que poderia aumentar a eficiência de utilização do N pela pastagem. A adubação líquida de ureia via foliar possibilitaria redução de custos, visto que a dose recomendada para esse tipo de fertilização é menor que a aplicação via solo, mas carece de mais estudos de longo prazo. Figura 8 - Perdas de amônia volatilizada acumulada em 22 dias em pastagem de capim-Tanzânia adubada com fontes e formas de aplicação de N em diferentes épocas. (Obs: Letras iguais na estação não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5%.). 324 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte A emissão de óxido nitroso não tem se mostrado muito significativa nas condições brasileiras de pastagens, podendo em algumas ocasiões, onde baixas doses de N são aplicadas em solos pobres e, fertilidade, sequer emitir N pelo processo de desnitrificação. Avaliando dois sistemas de produção, um baseado em pastagem extensiva e outro em pastagens intensivamente adubadas com aproximadamente 600 kg.ha-1 de N por ano, Oliveira et. al, (2013) observaram que o sistema extensivo apresentou durante a primavera menor emissão de óxido nitroso que o sistema intensivo, entretanto a magnitude das emissões foram muito baixas, representando somente 0,01% dos 33 kg.ha-1 de N aplicados naquele ciclo de pastejo do tratamento intensivo, conforme pode ser observado na Figura 9. Tal fenômeno pode se atribuído às condições desfavoráveis à desnitrificação encontradas nos solos tropicais brasileiros, como baixa disponibilidade de N, solos estruturados e bem drenados, com boa porosidade e aeração. 7 6 g N2 O / ha 5 forest degraded intensive 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 8 11 15 17 27 Days after grazing (B) Figura 9 - Emissão acumulada de óxido nitroso em diferentes tipos de pastagem e na Floresta estacional semidescidual da Mata Atlântica. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 325 RECUPERAÇÃO E INTENSIFICAÇÃO DE PASTAGENS, COM USO DE CORREÇÃO E FERTILIZAÇÃO DO SOLO, E A INTERFACE COM O ACÚMULO E O BALANÇO DE CARBONO. Em pastagens sob manejo intensivo, observa-se ao longo dos anos aumento no teor de matéria orgânica e consequentemente da CTC do solo; assim, ocorrem por vezes teores maiores de MO nas áreas de pastagem sob manejo intensivo do que na área de mata virgem localizada na mesma gleba. Isso acontece porque durante o manejo da pastagem há perdas de pastejo, representadas pelas folhas e pelas hastes quebradas, envelhecidas e rejeitadas, além do resíduo de pós-pastejo e dos dejetos depositados pelos animais na superfície do solo. Outro fator importante que contribui para o aumento da matéria orgânica no solo sob pastagem é a incorporação de matéria orgânica oriunda do sistema radicular, uma vez que após o corte da planta verifica-se a morte de até 50% do sistema radicular (MORAES, 1991; CECATO et al., 2001). Um exemplo da interferência positiva do melhor manejo e da correção e fertilização do solo em pastagens foi observado por Segnini, et al., (2013), que avaliaram o sequestro de carbono em quatro sistemas de produção de bovinos de corte mantidos a pasto: pastagem sob manejo intensivo irrigado com alta lotação (600 kg.ha1 de N), pastagem sob manejo intensivo de sequeiro com alta lotação (400 kg.ha-1 de N), pastagem sob manejo intensivo de sequeiro com lotação animal moderada (200 kg.ha-1 de N) e pastagem degradada no Bioma Mata Atlântica. O manejo adotado nos sistemas de produção afetou o estoque de carbono no solo nas camadas de 0 a 30 cm e de 0 a 100 cm de profundidade. Os maiores estoques de C foram observados para os sistemas sob manejo intensivo de sequeiro com alta e moderada lotação animal, e o mais baixo estoque para a pastagem degradada em ambas as profundidades. O valor encontrado para o estoque de carbono (0 a 100 cm) variou de 99.2 ton ha-1 na pastagem degradada a 142.4 ton ha-1 na pastagem de sequeiro com média lotação animal, enquanto que na Floresta Estacional Semidecidual o valor foi de 115.5 ton ha-1. Nos sistemas de sequeiro de alta e moderada lotação animal foram observadas taxas 326 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte de acúmulo de C na camada de 0 a 100 cm de 1.93 e 1.80 ton ha-1 por ano, respectivamente, mostrando um favorável acúmulo de carbono nos sistemas mais intensificados. A simulação de um balanço entre as emissões e as remoções antrópicas de gases de efeito estufa num processo de recuperação direta de pastagem está apresentado na Tabela 5, é possível observar que a diferença líquida do balanço é positiva, com um saldo de 7,68 t/ha de CO2 eq. sequestrado anualmente, garantindo o abatimento das emissões dos animais e um balanço positivo de carbono, pontos importantes para a sustentabilidade da pecuária. Além das emissões provenientes dos animais e do uso de fertilizantes, outras emissões também deveriam ser consideradas, como o trânsito de máquinas e equipamentos agrícolas, e o grau de inserção delas nos balanços deve ser foco de futuros estudos. Tabela 5 - Balanço entre as emissões e remoções antrópicas de GEEs, considerando-se apenas os principais processos produtivos Tipo de vegetação Cerradão Pastagem Extensiva Pastagem Recuperada anos 0 27 Acúmulo de C† t/ha 129 174 Acúmulo Carbono C emitido de C sequestrado£ bovino€ t/ha.ano t CO2 eq t CO2 eq lotação N2O animal emitido§ n./ha t CO2 eq Diferença líquida t CO2 eq 1,7 6,1 0,975 1 0,88 4,3 30 223 3,13 11,49 0,975 3 0,88 7,68 Tempo † segundo Segnini, et.al, 2007 £ usado o fator de conversão 3,67 €39 kg metano animal ano, segundo Primavesi et al., 2011 €39*25=975 kg dióxido de carbono/animal, considerando-se um fator de correção de 25, oriundo do potencial de aquecimento 25 vezes maior do metano em relação ao gás carbônico (IPCC, 2007) §3 kg óxido nitroso/ha, 296*3=0,88 t dióxido de carbono/ha, considerando-se um fator de correção de 296 (IPCC, 2007). ASPECTOS ECONÔMICOS E SUA EFICIÊNCIA NA ADOÇÃO DA CORREÇÃO DO SOLO E FERTILIZAÇÃO DE PASTAGENS A viabilidade econômica dos sistemas de produção é condição imprescindível para a eficiência dos sistemas de produção, e é um dos pilares da sustentabilidade pecuária. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 327 De acordo com Nehmi Filho (2002), a adubação de pastagens pode ser eficiente, desde que haja racionalidade econômica em sua utilização. A viabilidade econômica da aplicação destes insumos dependerá, em maior ou menor escala da resposta, das espécies utilizadas quanto à produção de forragem, a qual irá refletir em determinado potencial de produção animal. Outros fatores, como a irrigação, preço de arrendamento de terras em áreas de pastagens, preços dos insumos, preços dos produtos pecuários, potencial genético dos animais, e mais atualmente as mudanças climáticas, também são importantes nas relações entre os aspectos econômicos e a fertilização, uma vez que podem mudar a escala de reposta da planta forrageira ao uso de fertilizantes, mudando assim a eficiência econômica dos sistemas de produção baseados em pastagens. Essas relações podem levar, inclusive, à situação de inviabilidade de uso dos fertilizantes, como ocorre em situações onde a distância aos centros consumidores gera a combinação de preço de arrendamentos de terra baratos e fertilizantes e corretivos encarecidos pelo frete, ou em situações onde ocorrem os extremos climáticos como secas e enchentes. Em situações de normalidade, alguns aspectos sobre essas relações foram discutidos por Oliveira et al., 2004, que concluiu que os programas de nutrição mineral de plantas forrageiras devem considerar aspectos de ordem técnica e econômica para gerar suas recomendações, uma vez que as fertilizações desequilibradas, sem N ou com excesso de N, ocasionam resultados negativos na análise econômica. Os resultados dos experimentos que embasaram tais conclusões estão apresentados nas Tabelas 6, 7. Os melhores ganhos de carcaça, receitas brutas e incremento advindo da fertilização e correção do solo foram obtidos com as doses de 400 a 600 kg ha-1 de N, concordando com os resultados obtidos para produção de massa de forragem. Entretanto, as flutuações no preço da arroba do boi e nos preços dos corretivos e fertilizantes tornam esses incrementos variáveis dependendo do ano avaliado, proporcionando melhores ou piores resultados. Os tratamentos mais desequilibrados tecnicamente, ou seja, quando se utilizaram todos os nutrientes exceto o N e quando se utilizou, na 328 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte dose de 800 kg ha-1 de N proporcionaram os piores resultados tanto no ano de 2003 quanto no ano de 2004, pois foi aplicado fertilizante acima da dose máxima de resposta, que foi 567 kg.ha-1 por ano (Figura 6, Tabela 6). No ano de 2004, com a elevação do preço dos fertilizantes, somente a dose de 400 kg ha-1ano resultou em incremento (Tabela 6). Dado o exposto, a decisão em relação à adoção de fertilização de pastagens para gado de corte deve levar em consideração não só as recomendações técnicas, mas também as variações dos valores do preço dos insumos e do produto vendido, qualquer que seja ele, bezerro, tourinho, abate de macho ou fêmea (Oliveira et al., 2004). Tabela 6 - Simulação da lotação animal, ganho de carcaça e receita bruta para em função de doses de N aplicadas em pastagens para bovinos de corte Tratamentos Doses N kg ha-1 0 100 200 300 400 600 800 Degradada Produção MS Estac * Lotação águas Lotação seca Águas Seca Total % UA ha-1 boi ha-1 UA ha-1 boi ha-1 (tonelada ha-1) 4,71 0,90 5,61 16,0 2,3 3,4 0,44 0,67 7,66 0,68 8,34 8,2 3,7 5,5 0,34 0,50 9,22 0,85 10,07 8,4 4,4 6,6 0,42 0,63 10,33 0,88 11,21 7,9 5,0 7,4 0,43 0,65 12,09 0,87 12,96 6,7 5,8 8,7 0,43 0,64 13,67 1,04 14,71 7,1 6,6 9,9 0,51 0,77 10,86 1,01 11,87 8,5 5,2 7,8 0,50 0,75 3,83 0,67 4,5 14,9 1,8 2,8 0,33 0,50 Ganho kg ha-1 Receita Bruta R$ ha-1 R$ ha-1 2003 2004 469,6 892,24 986,16 737,6 1401,44 1548,96 888,9 1688,85 1866,62 993,5 1887,59 2086,28 1157,4 2199,06 2430,54 1310,5 2490,01 2752,12 1047,3 1989,81 2199,26 379,8 721,62 797,58 Observações: *Estacionalidade de produção de forragem, ou seja, a forragem produzida na época seca do ano UA = uma unidade animal que é representada por 450 kg de peso vivo produção de massa de forragem acima de 20 cm de altura 185 dias de estação das águas 180 dias de estação seca 700 gramas de ganho de peso médio diário na estação das águas 250 gramas de ganho de peso médio diário na estação seca perda de forragem acima de 20 cm de altura de 20% peso médio do boi = 300 kg preço da arroba do boi em 2003 = R$ 57,00 preço da arroba do boi em 2004 = R$ 63,00 consumo de massa de forragem = 2% do peso vivo animal rendimento de carcaça= 50% V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 329 Tabela 7 - Incremento econômico advindo da fertilização e adubação da pastagem para os diferentes tratamentos Tratamentos Doses N (kg ha-1) Tudo menos N 100 200 300 400 600 800 testemunha Tudo menos N 100 200 300 400 600 800 testemunha Custo correção e fertilização (R$) Incremento (R$) ----------------------------Ano de 2003-----------------------------452,07 -281,45 647,21 32,61 807,50 159,73 967,78 198,18 1128,79 348,65 1449,36 319,04 1769,92 -501,74 0 0,00 -------------------------------Ano de 2004---------------------------727,12 -538,54 871,86 -120,48 1091,64 -22,60 1311,42 -22,72 1532,19 100,77 1971,75 -17,21 2411,31 -1009,63 0 0,00 Observações: Incremento =Receita bruta do tratamento – (Receita bruta da pastagem testemunha + Custo de correção e fertilização do tratamento) custo dos fertilizantes e corretivos 2003 – cloreto de potássio, R$ 530,00/tonelada; superfosfato simples, R$ 372,00/tonelada; superfosfato triplo, R$ 740,00/tonelada; uréia, R$ 722,00/tonelada; sulfato de amônio, R$ 490,00/tonelada; calcário, R$ 40,00/tonelada e FTE R$ 1000,00/tonelada. custo dos fertilizantes e corretivos 2004 – cloreto de potássio, R$ 920,00/tonelada; superfosfato simples, R$ 650,00/tonelada; superfosfato triplo, R$ 800,00/tonelada; uréia, R$ 990,00/tonelada; sulfato de amônio, R$ 670,00/tonelada; calcário, R$ 40,00/tonelada e FTE R$ 1400,00/tonelada. A interface entre a fertilização e o uso da irrigação também deve ser bastante observada, sendo extremamente importante a realização de simulações de retorno econômico antes da adoção dessas tecnologias. Os resultados obtidos por Oliveira et al., 2014 (dados não publicados), no município de São Carlos, SP, mostram resposta positiva em produção anual de forragem (Figura 10), lotação animal (Figura 11), ganho de peso vivo por animal e por área (Figura 12), 330 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte atingindo até 51,2 @/ha, em função de diferentes níveis de intensificação da pastagem, representados por quatro sistemas de produção: irrigado com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 600 kg.ha-1 de N+ sobressemeadura de aveia e azevém no inverno), sequeiro com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 400 kg.ha-1 de N), sequeiro com média lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 200 kg.ha-1 de N) e degradado (sem correção e fertilização). Com relação ao incremento econômico advindo da correção e fertilização do solo, observamos respostas positivas independente do preço da arroba do boi (variando entre R$ 100,00 e 120,00/@), como mostram as Figuras 13 e 14. Entretanto, quando a irrigação é adotada, o preço da arroba do boi começa a interferir nos resultados, tornando-se um fator de risco. Em condições de preço mais baixo, como por exemplo, R$ 100,00/@, a adoção da irrigação não é economicamente viável, diminuindo o incremento econômico de R$ 1.916,38, obtido para pastagem sequeiro com alta lotação, para R$ 1.740,84 pelo uso da irrigação. Já em condições de preço mais elevado, R$120,00/@, a adoção da irrigação torna-se economicamente viável, aumentando um pouco o incremento econômico de R$ 2.564,38 para R$ 2.764,38; mas considerando-se o pequeno aumento, uma condição de risco, que poucos produtores adotariam. Esses resultados certamente seriam melhorados se o experimento estivesse localizado em região onde houvesse melhor potencial de resposta à irrigação, como nas regiões Centro-Norte do país, em que a temperatura e luminosidade são mais abundantes proporcionando ganhos superiores a 70 @/ha, quando se adota as tecnologias de irrigação e fertilização concomitantemente (Mendonça, F. C., comunicação pessoal). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 331 30 25 20 produção anual de forragem (t MS/ha) 15 10 5 0 Irrigado com alta Sequeiro com alta lotação lotação Sequeiro com média lotação Degradado Figura 10 - Produção anual de forragem (t MS.ha-1) em função de quatro sistemas de produção com diferentes formas de manejo da pastagem: irrigado com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 600 kg.ha-1 de N), sequeiro com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 400 kg.ha-1 de N), sequeiro com média lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 200 kg.ha-1 de N) e degradado (sem correção e fertilização). Fonte: Oliveira et.al (2014), dados não publicados. 332 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte 8 7 lotação animal (UA/ha) 6 animais equivalente (cab/ha) 5 4 3 2 1 0 Irrigado com alta lotação Sequeiro com alta Sequeiro com média lotação lotação Degradado Figura 11 - Lotação animal (UA.ha-1) e animais equivalentes (no de cabeças. ha-1) em função de quatro sistemas de produção com diferentes formas de manejo da pastagem: irrigado com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 600 kg.ha-1 de N), sequeiro com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 400 kg.ha-1 de N), sequeiro com média lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 200 kg.ha-1 de N) e degradado (sem correção e fertilização). Fonte: Oliveira et.al (2014), dados não publicados. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 333 1,6 1,4 kg peso vivo (t/ha) 1,2 1 ganho de peso médio (kg/ha.dia) 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Irrigado com alta Sequeiro com alta lotação lotação Sequeiro com média lotação Degradado Figura 12 - Produção peso vivo animal (t.ha-1) e ganho de peso médio diário dos animais (kg.ha-1 por dia) em função de quatro sistemas de produção com diferentes formas de manejo da pastagem: irrigado com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 600 kg.ha-1 de N), sequeiro com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 400 kg.ha-1 de N), sequeiro com média lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 200 kg.ha-1 de N) e degradado (sem correção e fertilização). Fonte: Oliveira et.al (2014), dados não publicados. 334 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte 6000 custo adubo + calcário + irrigação (R$/ha) 5120 5000 receita bruta (R$/ha) 4000 incremento (R$/ha) 3379,16 3240 3000 2420 2000 1916,38 1740,84 1323,62 1109,92 1310,08 1110 1110 1000 0 0 Irrigado com alta lotação Sequeiro com alta lotação Sequeiro com média lotação Degradado Figura 13 - Receita bruta (R$.ha-1), custo dos principais insumos (R$.ha-1 por ano) e o incremento econômico advindo da correção do solo e fertilização e da irrigação da pastagem (R$) em função de quatro sistemas de produção com diferentes formas de manejo da pastagem: irrigado com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 600 kg.ha-1 de N), sequeiro com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 400 kg.ha-1 de N), sequeiro com média lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 200 kg.ha-1 de N) e degradado (sem correção e fertilização) e preço da arroba do boi R$ 100,00. Considerados os seguintes custos: ureia de R$ 1.330,00/tonelada aplicada, calcário de R$ 88,00/tonelada aplicada, superfosfato simples de R$ 880,00/tonelada aplicada, irrigação (depreciação do equipamento + manutenção + operação) de R$ 1.300,00/ha. Fonte: Oliveira et.al (2014), dados não publicados. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 335 7000 6144 6000 custo adubo + calcário + irrigação (R$/ha) receita bruta (R$/ha) 5000 incremento (R$/ha) 3888 4000 3379,16 3000 2904 2764,84 2564,38 1794,08 2000 1323,62 1332 1109,92 1332 1000 0 0 Irrigado com alta lotação Sequeiro com alta lotação Sequeiro com média lotação Degradado Figura 14 - Receita bruta (R$.ha-1), custo dos principais insumos (R$.ha-1 por ano) e o incremento econômico advindo da correção do solo, da fertilização e da irrigação da pastagem (R$) em função de quatro sistemas de produção com diferentes formas de manejo da pastagem: irrigado com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 600 kg.ha-1 de N), sequeiro com alta lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 400 kg.ha-1 de N), sequeiro com média lotação animal (calagem + fertilização corretiva + 200 kg.ha-1 de N) e degradado (sem correção e fertilização) e preço da arroba do boi R$ 120,00. Considerados os seguintes custos: ureia de R$ 1.330,00/tonelada aplicada, calcário de R$ 88,00/tonelada aplicada, superfosfato simples de R$ 880,00/tonelada aplicada, irrigação (depreciação do equipamento + manutenção + operação) de R$ 1.300,00/ha. Fonte: Oliveira et.al (2014), dados não publicados. 336 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte CONSIDERAÇÕES FINAIS A correção e fertilização das pastagens realizadas adequadamente quanto ao tipo, dose, fonte, época e forma de aplicação contribuem com a sustentabilidade, pois: 1. Proporcionam sistemas de produção com viabilidade econômica, advinda do mínimo impacto sobre o meio, que proporcionam melhores condições ambientais para a sociedade de maneira geral. 2. Garantem a máxima eficiência de uso dos nutrientes, evitando perdas advindas de uso inadequado dos corretivos e fertilizantes, e consequentemente poluição e prejuízo econômico. 3. Diminuem a pressão sobre a floresta, evitando o desmatamento, pois produzem maior quantidade de massa de forragem, podendo suportar mais animais por unidade de área. 4. Aumentam a capacidade de desenvolvimento e crescimento das pastagens, tanto da parte-aérea quanto do sistema radicular, removendo mais dióxido de carbono da atmosfera e aumentando o estoque de carbono no solo. 5. Concorrem para o fornecimento de forragem, em quantidade e qualidade, levando a menor emissão de metano entérico, evitando gastos com suplementação alimentar (mineral, proteica e energética), diminuindo inclusive a competição por grãos com a alimentação humana. 6. A correção e fertilização adequada permitem a criação de animais saudáveis, em termos sanitários, produtivos e reprodutivos, evitando o uso e gastos com medicamentos, especialmente antibióticos e hormônios, melhorando a sustentabilidade dos sistemas de produção. Evita que animais debilitados emagreçam, emitam metano entérico oriundo da perda de massa corpórea, o que é indesejado. 7. Proporcionam pastagens mais tolerantes ao déficit hídrico, uma vez que, plantas bem nutridas possuem sistema radicular mais agressivo, capazes de explorar maior volume de solo. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 337 8. Garantem o rápido estabelecimento e recuperação da pastagem, evitando o aparecimento de planta daninhas, que demandariam o uso de defensivos agrícolas. 9. O uso de dose correta de fertilizantes, especialmente aqueles que são fontes de N, pode prevenir o ataque de pragas, como por exemplo, as lagartas que se alimentam de plantas tenras desequilibradas nutricionalmente, excessivamente fertilizadas com nitrogênio. REFERÊNCIAS ALCARDE, J. C. Corretivos da acidez dos solos: características e interpretações técnicas. São Paulo: Anda, 2005. 24 p. (Anda. Boletim técnico, 6). ANDRADE, J. B.; PEDREIRA, J. V. S.; HENRIQUE, W. Comparação de três capins da espécie Panicum maximum Jacq. (colonião, tobiatã e K-187 B) sob dois níveis de adubação nitrogenada. Boletim de Indústria Animal, Nova Odessa, v. 48, n. 2, p. 77-82, 1991. ARMELIN, M. J. A.; SILVA, A. G.; FREITAS, A. R. Adubação com uréia em pastagens de Cynodon dactylon cv. Coastcross sob manejo rotacionado: Eficiência e perdas. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2001. 42p. (Embrapa Pecuária Sudeste. Circular técnica, 30). ANDA - ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS. Anuário estatístico do setor de fertilizantes. São Paulo, 2008. BALSALOBRE, M. A. A.; SANTOS, P. M.; BARROS, A. L. M. de. Inovações tecnológicas, investimentos financeiros e gestão de sistemas de produção animal. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 19., 2002, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2002. BASSO, C. J.; CERETTA, C. A. Manejo do Nitrogênio no milho em sucessão a plantas de cobertura de solo, sob plantio direto. Revista Brasileira da Ciência do Solo, v. 25, p. 905-916, 2000. BATAGLIA, O. C. Micronutrientes: disponibilidade e interações. In: BORKET, C. M. (Ed.). Enxofre e micronutrientes na agricultura brasileira. Londrina: EMBRAPA-CNPSo: IAPAR: SBCS, 1988. p. 121-132. 338 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte BENITES, V. M; POLIDORO, J. C.; CARVALHO, M. C. S.; RESENDE, A. V.; BERNARDI, A. C. C. ÁLVARES, F. A. O potássio, o cálcio e o magnésio na agricultura brasileira. In: PROCHNOW, L. I. Boas práticas para uso eficiente de fertilizantes. Piracicaba: IPNI, 2010. BERNARDI, A. C. C. Adubação potássica em pastagens. In: TORRES JÚNIOR, A. M.; ROCHA, P. M.; OLIVEIRA, F. P. W. (Org.). Encontro de Adubação de Pastagens da Scot Consultoria Tec- Fértil. 1. ed. Bebedouro: Scot Consultoria, 2013. p. 71-94. BERNARDI, A. C. C.; OLIVEIRA, P. P. A.; PRIMAVESI, O. Soil fertility of tropical intensively managed forage system for grazing cattle in Brazil. In: WHALEN, J. K. Soil fertility improvement and integrated nutrient management - a global perspective. Rijeka, Croatia: Intechopen, 2012. p. 37-56. Disponível em: http://www.intechopen.com/books/soil-fertilityimprovement-and-integrated-nutrient-management-a-global-perspective/soilfertility-of-tropical-intensively-managed-forage-system-for-grazing-cattle-inbrazil. Acesso em : 12 de dezembro de 2013. BOMFIM-SILVA, E. M.; MONTEIRO, F. A. Nitrogênio e enxofre em características produtivas do capim-braquiária proveniente de área de pastagem em degradação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, p. 12891297, 2006. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do Agronegócio – Brasil – 2008/09 a 2018/19. Brasília: 2008. Disponível em: http://www.codeagro.sp.gov.br/camaras_setoriais/as_camaras/milho/anexo/ AnexoI.pdf. Acesso em 7 de abril de 2013. BRAZ, S .P.; do NASCIMENTO JÚNIOR, D.; CANTARUTTI, R. B.; REGAZZI, A. J.; MARTINS, C. E.; da FONSECA, D. M.; BARBOSA, R. A. Aspectos quantitativos do processo de reciclagem de nutrientes pelas fezes de bovinos sob pastejo em pastagens de B. decumbens na Zona da Mata de MG. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p.858-865, 2002. CANTARELLA, H.; CORREA, L. A.; PRIMAVESI, O.; PRIMAVESI, A. C. Fertilidade do solo em sistemas intensivos de manejo de pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 19., 2002, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ. 2002. p. 99-131. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 339 CANTARUTTI, R. B.; MARTINS, C. E.; CARVALHO, M. M.; FONSECA, D. M.; ARRUDA, M. L.; VILELA, H.; OLIVEIRA, F. T. T. Pastagens. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ VENEGAS, V. H. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (5a Aproximação). Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. p. 332-341. CECATO,U.; CANO, C. C. P.; BORTOLO, M.; HERLING, V. R. Teores de carboidratos não-estruturais, nitrogênio total e peso de raízes em coastcross-1 (Cynodon dactylon (L.) Pers) pastejado por ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 2, p. 644-50, 2001. CEPEA. PIB do Agronegócio Dados de 1994-2008 Disponível em http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/other/Cepea_PIB_BR%201994%202008. xls. Acesso em 16 de julho de 2010. EMBRAPA GADO DE LEITE. Informações estatísticas. Produção, Industrialização e Comercialização (Produção). Disponível.http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/informacoes/estatisticas/produ cao/producao.php. Acesso em: 22 de outubro de 2013. CORRÊA, L. de A.; FREITAS, A. R.; BATISTA, L. A. R. Níveis de nitrogênio e freqüências de corte em 12 gramíneas forrageiras tropicais II. Qualidade da forragem. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., 1998, Botucatu. Anais... Botucatu: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1198. p. 518-20. CORSI, M.; NUSSIO L. G. Manejo do capim elefante: correção e adubação do solo. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 10., 1993, Piracicaba. Anais ... Piracicaba: FEALQ, 1993. p. 87-116. CORSI, M.; MARTHA JÚNIOR. Manutenção da fertilidade do solo em sistemas intensivos de pastejo rotacionado In: PEIXOTO, A. M. P.; MOURA, J. C. de; FARIA, V. P. de. SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 14., 1997, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1997. p. 161-193. CUNHA, M. K.; SIEWERDT, L.; SILVEIRA JR., P.; SIEWERDT, F. Doses de nitrogênio e enxofre na produção e qualidade a forragem de campo natural de planossolo no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, p. 651-658, 2001. CRUZ, M. C. P. da; FERREIRA, M. E.; LUCHETTA, S. Efeito da calagem sobre a produção de matéria seca de três gramíneas forrageiras. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 29, n. 8, p. 1303-1312, ago. 1994. 340 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte FRANÇA, A. F. de S. Micronutrientes em gramíneas. In: HAAG, P. H. Nutrição mineral de forrageiras no Brasil. 1. ed. Campinas: Fundação Cargill, 1984. 152 p. GUPTA, U.; MONTEIRO, F. A.; WERNER, J. C. Micronutrients in grassland production. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19., 2001, São Pedro, 2001. Proceedings... Piracicaba: FEALQ, 2001. p. 149-156. HAYNES, R. J.; WILLIAMS, P. H. Nutrient cycling and soil fertility in the grazed pasture ecosystem. Advances in Agronomy, San Diego. v. 49, p. 119-199, 1993. IBGE. Censo Agropecuário 2006. Resultados preliminares. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro/2 006/default.shtm . acesso em 3 de maio de 2013. LIBARDI, D. L.; REICHARDT, K. Destino da uréia aplicada a um solo tropical. Revista Brasileira da Ciência do Solo, v. 2, p. 40-44, 1987. LOPES, A. S. Solos sob “Cerrado” Características, propriedades e manejo. 2. ed. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1984. 162 p. LOPES, A. S.; CARVALHO, J. G. Micronutrientes: critérios de diagnose para solo e planta, correção de deficiências e excessos. In: BORKET, C. M. (Ed.). Enxofre e micronutrientes na agricultura brasileira. Londrina: EMBRAPACNPSO: IAPAR: SBCS, 1988. p. 133-174. LOPES, A. S.; GUILHERME, L. R. G. Solos sob “Cerrado”: Manejo da fertilidade para a produção agropecuária. 2. ed. São Paulo: ANDA, 1992a. 60 p. LOPES, A. S.; GUILHERME, L. R. G. Uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas: aspectos agronômicos. 2. ed. São Paulo: ANDA, 1992b. 64 p. LOPES, A. S.; GUILHERME, L. R. G. Uso eficiente de fertilizantes e corretivos agrícolas: aspectos agronômicos. 3. ed. São Paulo: ANDA, 2000. 72 p. MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. London: Academic Press, 2002. MARTHA JUNIOR, G. B. et al. Manejo da adubação nitrogenada em pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 21., 2004, Piracicaba. Anais...Piracicaba: FEALQ, 2004. p.155-215. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 341 MATTOS, W. T.; MONTEIRO, F. A. Produção e nutrição do capim braquiária em função de doses de nitrogênio e enxofre. Boletim de Indústria Animal, v. 60, p. 1-10, 2003. MONTEIRO, F. A.; WERNER, J. C. Ciclagem de nutrientes minerais em pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 1989, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: FUNEP, 1989. p. 149-192. MONTEIRO, F. Forrageiras. In: FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P. da. Micronutrientes na agricultura. 1. ed. Piracicaba: Potafos; Brasília: CNPq, 1991. 743 p. MONTEIRO, F. A. Concentração e distribuição de nutrientes em gramíneas e leguminosas forrageiras. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DAS PASTAGEM, 2., 2004, Viçosa, MG. Anais... Viçosa: DZO: UFV, 2004. p.71-107. MONTEIRO, F. A.; COLOZZA, M. T.; WERNER, J. C. Enxofre e micronutrientes em pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 21., Piracicaba, 2004. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2004. p. 279-301. MORAES, A. Produtividade animal e dinâmica de uma pastagem de pangola (Digitaria decumbens Stent) e trevo branco (Trifolium repens , L.) submetida a diferentes pressões de pastejo.1991. 200 f. Tese (Doutorado em Zootecnia)Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. NACHTIGALL, G. R.; RAIJ, B. van. Análise e interpretação do potássio no solo. In: YAMADA, T.; ROBERTS, T.L. (Ed.). Potássio na agricultura brasileira. Piracicaba: Potafos, 2005. p. 93-118. NEHMI FILHO, V. A. A economia regula a adubação de pastagens. In: Anualpec 2002. São Paulo: Argos Comunicação, 2002. p.16-21. PENATI, M. A.; CORSI, M. Estabelecimento de pastagens. Piracicaba: ESALQ : Centro de Treinamento de Recursos Humanos, 1999. 39 p. (Esalq. Centro de Treinamento de Recursos Humanos. Apostila). PLANO ABC - Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura. Disponível http://www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavel/plano-abc, Acesso em : 22 de Maio 2013. 342 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte OLIVEIRA, M. W.; TRIVELIN, P. C. O.; GAVA, G. J. C.; VITTI, A. C. Lixiviação de nitrogênio em solos cultivados com cana-de-açúcar: Experimento em lisímetro. STAB, Açúcar, Álcool e Subprodutos., v. 18, p. 28-31, 1999. OLIVEIRA, P. P. A.; PENATI, M. A.; CORSI, M. Correção do solo e fertilização de pastagens em sistemas intensivos de produção de leite. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2008. 57 p. (Embrapa Pecuária Sudeste. Documentos, 86). Disponível http://www.cppse.embrapa.br/080servicos/070publicacaogratuita/documento s/documentos86.pdf/view>. Acesso 1 de outubro de 2013. OLIVEIRA, P. P. A. Manejo da calagem e da fertilização nitrogenada na recuperação de pastagens degradadas de Brachiaria sp. em solos arenosos. 2001. 110 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Piracicaba, SP. OLIVEIRA, P. P. A.; BOARETTO, A. E.; TRIVELIN, P. C. O.; OLIVEIRA, W. S.; CORSI, M. Liming and fertilization for restoring degraded Brachiaria decumbens pasture on sandy soil. Scientia agricola, v. 60, n. 1, p. 125-131, 2003. OLIVEIRA, P. P. A.; OLIVEIRA, W. S.; CORSI, M. Efeito residual de fertilizantes fosfatados solúveis na recuperação de pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu em Neossolo Quartzarênico. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 6, p. 1715-1728, 2007. OLIVEIRA, P. P. A.; OLIVEIRA, W. S. O.; CORSI, M. Estudo sobre a recuperação de pastagens por meio de fertilização e mecanização. Piracicaba: FEALQ, 2002. (FEALQ. Relatório técnico [s. n.]. Não paginado. OLIVEIRA, P. P. A.; TRIVELIN, P. C. O.; CORSI, M. Resposta de pastagens de capim-marandu em solo de cerrado à adubação com nitrogênio, em condições de sequeiro ou sob irrigação. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2004. 14 p. (Embrapa Pecuária Sudeste. Comunicado técnico, 54). OLIVEIRA, P. P. A.; TRIVELIN, P. C. O.; OLIVEIRA, W. S.; CORSI, M. Fertilização com N e S na recuperação de Brachiaria brizantha cv. Marandu em Neossolo Quartzarênico. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 4, p. 1121-1129, 2005. OLIVEIRA, P. P. A.; BERNARDI, A. C. C.; SANTIAGO, R. R.; SILVA, R. F. Software adubapasto 1.0 para recomendação de calagem e adubação para sistemas de pastejo intensivo. São Carlos, SP: Embrapa Pecuária Sudeste, 2010. (Embrapa Pecuária Sudeste. Documentos, 98). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 343 OLIVEIRA, P. P. A.; ALVES, T. C.; PEDROSO, A. de F.; MARQUES, R.; PASSERI, L. F.; PEZZOPANE, J. R. M.; BERNDT, A. Nitrous oxide emissions from different dairy cattle production systems with tropical pastures during the Brazilian spring. Advances in Animal Biosciences, v. 4, n. 2, p. 501, 2013. PRIMAVESI, A. C.; PRIMAVESI, O.; CORRÊA, L. A. CANTARELLA, H.; SILVA, A. G.; FREITAS, A. R.; VIVALDI, L. J. Adubação nitrogenada em capimcoastcross: efeitos na extração de nutrientes e recuperação aparente do nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 1, p. 68-78, 2004. PRIMAVESI, O.; CORRÊA, L. A. Avaliação do impacto ambiental de sistemas intensivos de produção de carne bovina conduzidos em pastagens. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2008. 52p. (Embrapa Pecuária Sudeste. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 14). Disponível em: http://www.cppse.embrapa.br/sites/default/files/principal/publicacao/Boletim1 4.pdf . Acesso em : 25 de novembro 2013. PRIMAVESI, O.; CORRÊA, L. A.; PRIMAVESI. A. C. P.; CANTARELLA, H.; ARMELIN, M. J. A.; SILVA, A. G.; FREITAS, A. R. Adubação com uréia em pastagens de Cynodon dactylon cv. Coastcross sob manejo rotacionado: Eficiência e perdas. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2001. 42p. (Embrapa Pecuária Sudeste. Circular técnica, 30). PRIMAVESI, O.; PRIMAVESI, A. C.; CAMARGO, A. C. Conhecimento e controle, no uso de corretivos e fertilizantes, para manejo sustentável de sistemas intensivos de produção de leite de bovinos a pasto. Revista de Agricultura, v. 74, p. 249-266, 1999. RAIJ, B. Van. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Potafos; Viçosa, MG: Ceres, 1991. 343 p. RAIJ, B. Van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico: Fundação IAC, 1996. 285p. (IAC. Boletim Técnico, 100). RODRIGUES, L. R. de A.; REIS, R. A. Estabelecimento da cultura de capim elefante. In: PEIXOTO, A. M.; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. (Ed. Rev.). SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 10, 2004, Piracicaba. Anais ... Piracicaba. FEALQ, 2004. p. 63-86. 344 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte SCOTT, N. M.; WATSON, M. E.; CALDWELL, K. S. Response of grassland to the application of sulphur at two sites in Northeast Scotland. Journal of the Food and Agriculture, v. 34, p. 357-361, 1983. SEGNINI, A.; MILORI, D. M. B. P.; SIMÕES, M. L.; SILVA, W. T. L.; PRIMAVESI, O.; MARTIN-NETO, L. Potencial de seqüestro de carbono em área de pastagem de Brachiaria Decumbens. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 31., 2007, Gramado, RS. Conquistas e desafios da ciência do solo brasileira. Anais... Porto Alegre: SBCS, 2007. não paginado. 1 CD-ROM. SEGNINI, A.; OLIVEIRA, P. P. A.; OTAVIANI JUNIOR, P. L.; XAVIER, A. A. P.; FERREIRA, E. J.; SPERANÇA, M. A.; PEZZOPANE, J. R. M.; MILORI, M. B. P.; MARTIN NETO, L. Assessing soil carbon stocks and accumulation rates in Brazilian livestock production systems. Advances in Animal Biosciences, v. 4, n.2, p. 339, 2013. VILELA, L.; SOARES, W. V.; SOUSA, D. M. G.; MACEDO, M. C. M. Calagem e adubação para pastagens. In: SOUSA, D.M.G.; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2002. p. 367-382. VITTI, G. C.; NOVAES, N. J. Adubação com enxofre. In: SIMPÓSIO SOBRE CALAGEM E ADUBAÇÃO DE PASTAGENS, 1., 1986, Nova Odessa. Anais... Piracicaba: POTAFOS, 1986. p.191-231. WERNER, J. C. Adubação de pastagens de Brachiaria spp. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 11., 1994, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fealq, 1994a. p. 325. WERNER, J. C. Uso de micronutrientes em pastagens. IN: PEIXOTO, A. M.; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. de. Pastagens: Fundamentos da Exploração Racional. 2. ed.. Piracicaba: FEALQ, 1994b. 908 p. WERNER, J. C.; PAULINO, V. T.; CANTARELLA, H. Recomendação de adubação e calagem para forrageiras. In: RAIJ, B. van; SILVA, N. M.; BATAGLIA, O. C.; QUAGGIO, J. A.; HIROCE, R.; CANTARELLA, H.; BELLINAZZI, JR., R.; DECHEN, A. R.; TRANI, P. E. Recomendação de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1996. p. 263-271. ZIMMER, A. H.; MACEDO, M. C. M.; BARCELLOS, A. O.; KICHEL, A. N. Estabelecimento e recuperação de pastagens de Braquiaria. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 11., 1994, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1994. p. 153-208. AVANÇOS TECNOLÓGICOS NO CONTROLE QUÍMICO DE PLANTAS DANINHAS DE PASTAGENS Christiane Augusta Diniz Melo1; Lino Roberto Ferreira2 1 Doutoranda DFT/UFV; 2Professor DFT/UFV INTRODUÇÃO O Brasil possui grande parte da sua extensão territorial constituída por pastagens, as quais são a principal ou exclusiva fonte alimentar dos rebanhos. A atividade pecuária brasileira, caracterizada, em sua maioria, por um modelo extrativista, desencadeou processos de exaustão, degradação, compactação e desestruturação dos solos que levaram à redução da capacidade produtiva das pastagens (Macedo et al., 2000). Segundo Freitas et al. (2005), quando se leva em consideração as áreas de pastagens do país, grande parte encontram-se degradadas ou em estágio de degradação, com perda de potencial produtivo. Essa degradação se deve principalmente a escolha inadequada de espécies forrageiras às condições de solo e clima da região, má formação inicial, manejo e práticas culturais inadequados, ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças, ausência ou incorreto manejo animal e de práticas de conservação do solo após uso relativo ou prolongado de pastejo (Macedo, 2005). Ainda são muito comuns no Brasil práticas como o uso do fogo, a deficiência no manejo da fertilidade do solo, o excesso de carga animal (superpastejo) e a subutilização das áreas (Ferreira et al., 2008). A presença de plantas daninhas nas áreas de pastagem pode trazer muitos prejuízos aos pecuaristas, com depreciação da produção vegetal (feno, silagem, sementes) e do produto a ser comercializado (leite, carne, lã, couro), reduzindo a produção de massa verde da forragem e consequentemente a capacidade de suporte da área. Características como agressividade, rusticidade e grande habilidade competitiva conferem vantagens às plantas daninhas frente às espécies forrageiras na disputa por espaço e na aquisição dos fatores de crescimento. Nas pastagens podem ocorrer ainda plantas daninhas que apresentam espinhos ou princípios 346 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte tóxicos, as quais podem, mesmo em baixas densidades, causar ferimentos, intoxicação e até a morte de animais se consumidas. Diferentes métodos de controle de plantas daninhas podem ser utilizados nas pastagens, no entanto, recomenda-se sempre a integração de duas ou mais medidas para atingir um manejo adequado. Medidas preventivas e culturais devem ser preconizadas, tanto na implantação quanto nas demais etapas de manutenção e renovação da pastagem, a fim de evitar a entrada e disseminação de novos propágulos de plantas daninhas na área, considerando também todas as práticas que proporcionam condições favoráveis ao estabelecimento e desenvolvimento da forrageira. O controle mecânico, com a roçada, e o controle químico são bastante utilizados, destacando-se esse último pelo alto rendimento operacional, eficiência de controle mesmo em épocas chuvosas e necessidade de pouca mão de obra, no entanto, requer maiores cuidados quanto à escolha dos produtos, tecnologia de aplicação e riscos de impacto ambiental. De acordo com Silva et al. (2004) o controle ideal é aquele que sem causar danos à forrageira, aos animais e ao solo, elimina os prejuízos causados pelas plantas daninhas e resguarda os seus aspectos benéficos. O controle químico de plantas daninhas pode ser utilizado nas diferentes fases que envolvem a formação das pastagens, seja no preparo da área com a realização da dessecação, na implantação, na manutenção, na recuperação, na renovação ou reforma da pastagem. Existem poucos princípios ativos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de plantas daninhas em pastagens, entretanto, são diversas as formulações e marcas comerciais existentes no mercado brasileiro. Dessa forma, o conhecimento das características físico-químicas das formulações se faz importante para escolha mais adequada do herbicida a cada situação, uma vez que as mesmas conferem aos produtos aspectos diversos de seletividade, volatilidade, toxicidade e persistência no ambiente (Silva et al., 2007). Uma boa alternativa para implantação ou reforma de pastagens degradadas são os sistemas de Integração Lavoura e V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 347 Pecuária ou Lavoura, Pecuária e Floresta, que têm sido muito difundidos no Brasil, principalmente entre os pequenos produtores rurais como forma de amortizar os custos, proporcionando o estabelecimento de um pasto bem formado. Tal consorciação permite a utilização de outros herbicidas na área, considerando as espécies consortes e a seletividade dos mesmos. Na fase de manutenção da pastagem, o manejo animal aliado à adubação de reposição é fundamental para o reestabelecimento da forrageira, reduzindo a infestação de plantas daninhas e os custos de controle. Essas práticas, embora não muito utilizadas pelos pecuaristas garantem boas condições às forrageiras para ocuparem o solo e dominarem a área em detrimento das plantas daninhas. Diante do exposto, este capítulo visa discorrer sobre o manejo químico como ferramenta para o manejo integrado de plantas daninhas em pastagens com enfoque para os sistemas consorciados como tecnologias alternativas na formação e reforma dos pastos. PRINCIPAIS PLANTAS DANINHAS DE PASTAGENS As plantas daninhas são responsáveis por grandes perdas na pecuária e por isso devem ser manejadas. Áreas infestadas por plantas daninhas indicam que o sistema de produção não está bem ajustado e que a pastagem está sendo mal manejada ou encontra-se em processo de degradação (Cypriano et al., 2012), o que leva à ocorrência de outras espécies no ecossistema, que de modo geral são eudicotiledôneas herbáceas, arbustivas e arbóreas e gramíneas não desejadas, principalmente pela baixa palatabilidade. Essas gramíneas, por serem muito semelhantes às forrageiras tradicionalmente usadas nas pastagens, dificultam o manejo (Ferreira et al., 2012). O grau de interferência das plantas daninhas sobre as forrageiras depende da comunidade infestante (composição específica, densidade e distribuição), da própria cultura (gênero, espécie ou cultivar, espaçamento na entrelinha e densidade de semeadura), assim como da época e duração do período de 348 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte convivência mútua, podendo ser modificado ainda por condições climáticas e edáficas e pelos tratos culturais (Pitelli, 1985). As plantas daninhas podem interferir alelopaticamente no crescimento e desenvolvimento das forrageiras, além de competir por água, luz e nutrientes, afetando negativamente a quantidade e a qualidade de forragem, constituindo-se um importante fator responsável pela baixa produtividade das pastagens brasileiras. Ademais, algumas plantas daninhas de pastagens são arbustivas ou arbóreas e apresentam porte mais alto que as espécies cultivadas, sombreando e limitando o crescimento das plantas forrageiras. Nas pastagens podem ocorrer plantas tóxicas, a exemplo de Palicourea marcgravii (cafezinho), Pteridium aquilinum (samambaia), Baccharis coridifolia (mio-mio), Mascagnia rigida (tingui), que podem ocasionar diversas perturbações à saúde dos animais, seja através da diminuição dos índices reprodutivos, da redução da produtividade nos animais sobreviventes e de outras alterações em decorrência de doenças transitórias, de enfermidades subclínicas e do aumento à susceptibilidade a outras doenças devido à depressão imunológica, causando inclusive a morte (Afonso; Pott, 2000). Há ainda plantas daninhas espinescentes como Solanum sisymbrifolium (joá), Solanum lycocarpum (lobeira), Mimosa pigra (mimosinha), Acacia plumosa (arranha gato) e Barnadesia rosea (espinho-agulha) e sua presença nas pastagens pode impedir o pastejo ou mesmo ferir o animal. Diante disso, a identificação correta das plantas daninhas em campo é de suma importância para o sucesso do manejo. As principais plantas daninhas de ocorrência em pastagens pertencem, em sua maioria, às famílias Asteraceae, Cyphaceae, Cyperaceae, Labiateae, Leguminoseae, Malvaceae, Myrtaceae, Poaceae e Rubiaceae (Silva; Dias Filho, 2001; Lara et al., 2003) e são apresentadas no Tabela 1. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte Tabela 1 - - 349 Principais plantas daninhas encontradas em pastagens, ciclo de vida e principais características Nome Comum Nome Científico Ciclo de vida Principais características perene ampla distribuição algodão-bravo algodão-de-seda amarelinho Baccharis dracunculifolia Ipomoea carnea Calotropis procera Tecoma stans perene perene perene amendoim-bravo Pterogyne nitens perene angiquinho Calliandra parviflora perene araticum-miúdo Duguetia furfuracea perene aromita Acacia farnesiana perene tóxica difícil erradicação ampla produção de sementes folhas novas de brotações são tóxicas resistente ao fogo forte e às roçadas sucessivas forma grandes infestações de difícil controle espinescente arranha-gato Acacia plumosa perene assa-peixe Vernonia ferruginea Vernonia poliantes Attalea speciosa perene perene perene Palicourea marcgravii perene tóxica Matayba guianensis perene ampla distribuição cansanção Cnidoscolus urens perene capim-annoni Eragrotis plana perene carrapicho-bravo cipó-ruão ou cipópreto Xanthium strumarium anual lactescente, urticante grande capacidade de disseminação e rusticidade boa competidora Tetrapterys acutifolia perene cheirosa Hyptis suaveolensis anual chibata coerama ou mataboi Arrabidae bilabiata perene Cestrum spp perene dormideira Mimosa spp perene fedegoso flor-das-almas Senna spp. Senecio brasiliensis Croton glandulosus perene perene anual alecrim-do-campo babaçu cafezinho ou ervade-rato camboatã gervão-branco indaiá Croton lundianus anual Attalea geraensis perene espinescentes e de difícil controle frequente e alta intensidade muito prolífica e rústica, é de difícil controle tóxica infestações densas e de porte elevado tóxica tóxica e persistente após roçadas espinescente e com densas infestações densa infestação e tóxica tóxica rusticidade agressividade e boa competidora competição, planta muito rústica e de difícil controle 350 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Nome Comum Nome Científico Ciclo de vida joá Solanum sisymbrifolium Annual ou perene japeganga Smilax brasiliensis perene leiteira Tabernaemontana hystrix perene lobeira Solanum spp. perene malva-branca Waltheria indica perene mata-pasto Chromolaena squalida anual mio-mio oficial-de-sala rabo-de-burro Baccharis coridifolia Asclepias curassavica Andropogon bicornis perene anual ou perene perene samambaia tapiriri Pteridium aquilinum Tapirira guianensis tingui ou timbó vassoura ou guanxuma Mascagnia rigida Sida spp. perene perene perene anual ou perene Principais características espinescente espinescentes e de difícil controle grande habilidade reprodutiva e alta rusticidade espinescentes rústica e infestações densas frequente e forma grandes infestações gregárias tóxica tóxica muito agressiva, domina as forragens tóxica produz anualmente grande quantidade de sementes tóxica rusticidade e infestação densa Fonte: Lorenzi, H. (2008); Carvalho et al., 2009. A escolha correta da espécie forrageira, o bom preparo do solo, a semeadura em época, quantidade e profundidade recomendada, bem como a correção e adubação do solo de acordo com as exigências requeridas são as premissas do controle cultural de plantas daninhas, que deve ser praticado para obter uma boa formação da pastagem. O manejo correto do pasto, da formação à manutenção, é essencial para desfavorecer o estabelecimento de plantas daninhas na área, reduzindo assim os gastos com o controle e os prejuízos diretos e indiretos advindos das mesmas. CONTROLE QUÍMICO DE PLANTAS DANINHAS EM PASTAGEM O controle químico constitui mais uma ferramenta para o manejo integrado de plantas daninhas em pastagens e pode auxiliar o controle nas etapas de implantação, manutenção, recuperação, renovação ou reforma da pastagem. Neste contexto, destacam o V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 351 grupo dos herbicidas auxínicos ou mimetizadores de auxinas representado pelos princípios ativos 2,4-D, picloram, triclopyr, fluroxypyr e aminopyralide. Há outras três moléculas registradas para uso em pastagens pertencentes aos mecanismos de ação dos herbicidas inibidores da EPSPS e ALS, conforme apresentado no Tabela 2. Tabela 2 - Princípios ativos registrados para uso em pastagens e respectivos mecanismos de ação, seletividade para gramíneas forrageiras e plantas daninhas controladas Mecanismo de ação Mimetizadores de auxinas Inibidores da EPSPs Inibidores da ALS 2,4-D picloram Seletividade para gramíneas forrageiras sim sim Princípio ativo1 triclopyr sim fluroxypyr sim glyphosate não tebuthiuron sim metsulfurom-methyl sim 2,4-D+picloram aminopyralide+fluroxypyr aminopyralide+2,4-D Misturas sim sim sim fluroxypyr+picloram sim picloram+triclopyr sim fluroxypyr+triclopyr sim Plantas daninhas controladas2 Guanxuma, caruru e outras Arranha-gato, leiteira e outras Cambará, assa-peixe, joá, erva-quente, aromita e outras Mata pasto e assa-peixes Ação total Assa-peixe, arranha-gato, amarelinho e outras Gervão-branco e guanxuma Arranha-gato, lobeira, joá, assa-peixe e outras Assa-peixe, guanxumas, gervão e outras Gervão-branco, amarelinho, espinho-agulha e outras Leiteira, tapiriri, araticummiúdo e outras Assa-peixe, guanxuma, dormideira e outras 1/Princípios ativos registrados para uso em pastagens no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. 2/Vide lista completa de plantas daninhas controladas na bula de cada produto. Com exceção do glyphosate, todas as moléculas são seletivas para gramíneas, contudo, nenhum desses princípios ativos é seletivo para leguminosas forrageiras. Diante dos diferentes princípios ativos registrados (Tabela 2) e do grande número de produtos comerciais existentes para cada um 352 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte deles (Tabela 3), a escolha deve ser criteriosa, atentando-se para algumas informações como a concentração do ingrediente ativo ou equivalente ácido, formulação, classe toxicológica, seletividade, solubilidade, pressão de vapor, plantas daninhas controladas e doses recomendadas. Alguns herbicidas recomendados e registrados para o controle de plantas daninhas em pastagens apresentam efeito residual e mobilidade no perfil dos solos, podendo, em alguns casos, ocasionar poluição ambiental. De acordo com as espécies de plantas daninhas presentes na área e a sensibilidade das mesmas justifica-se a recomendação, por profissional habilitado, de um ou outro produto comercial, com determinada concentração. Os principais produtos registrados para pastagens formadas por gramíneas são aplicados em pósemergência das plantas daninhas. De modo geral, recomenda-se a aplicação de herbicidas em área total quando há mais de 40% da área infestada por plantas daninhas. Do contrário, o controle deve ser feito em reboleiras. Os herbicidas picloram e triclopyr e as misturas 2,4-D + picloram e fluroxypyr + picloram (Tabelas 2 e 3) podem ser utilizados para eliminação de reboleiras de plantas daninhas perenes e arbustivas em aplicação localizada sobre as folhagens ou no toco recém-cortado de arbustos e árvores. Em caso de ocorrência de arbustos espinescentes, que dificultem a pulverização ou o corte, uma alternativa é a utilização de formulações granuladas, como a do herbicida tebuthiuron (Tabelas 2 e 3), que deve ser espalhado sobre o solo na projeção da copa (Ferreira et al., 2012). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 353 Tabela 3 - Alguns produtos comerciais registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento para controle de plantas daninhas em pastagem no Brasil e respectivas concentrações dos equivalentes ácidos ou ingredientes ativos e formulações Princípio Ativo 2,4-D Picloram Triclopyr Fluroxypyr Glyphosate Tebuthiuron Concentração do e.a. ou i.a1 670,0 g/L 670,0 g/L 698,0 g/L Nome comercial Formulação DMA 806 BR® U-46 D-Fluid 2,4-D® 2,4-D Amina 72® Concentrado Solúvel 800,0 g/Kg Navajo® Grânulos dispersíveis 240,0 g/L 240,0 g/L 240,0 g/L 240,0 g/L 240,0 g/L 480,0 g/L 480,0 g/L 680,0 g/L 200,0 g/L Padron® Browser® Leopard® Navigator® Picloram® 240 Garlon 480 BR® Triclon® Triclopyr 480 Volagro® Starane 200® 356,0 g/L 360,0 g/L 360,0 g/L Gliz 480 CS® Glifosato 480 Agripec® Roundup Original® 650,0 g /Kg 720,0 g /Kg 100,0 g/kg Roundup Ultra® Roundup WG® Graslan 100® ® Metsulfuron-methyl 600,00 g/kg Ally Aminopyralide+fluroxypyr 40,0+80,0 g/L Dominum® Aminopyralide+2,4-D 40,0+320,0 g/L Jaguar® 2,4-D+picloram Fluroxypyr+picloram Fluroxypyr+triclopyr 150,81+15,09 g/L 360,00+22,50 g/L 120,00+40,0 g/L 240,00+64,0 g/L 80,0+80,0 g/L 80,0+240,0 g/L Grazon BR® Dontor® Mannejo® Tordon® Plenum® Truper® Triclopyr+picloram 60,0+30,0 g/L Togar BR® 1/e.a.: equivalente ácido; i.a.: ingrediente ativo. Concentrado Solúvel Concentrado Emulsionável Concentrado Emulsionável Concentrado solúvel Grânulos dispersíveis Peletizado granulado Granulado dispersível Emulsão água em óleo Concentrado Solúvel Concentrado Solúvel Microemulsão Concentrado Emulsionável Concentrado Emulsionável 354 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte O princípio ativo picloram apresenta várias marcas comerciais registradas (Tabela 3) para uso em pastagens e tem como característica um longo período residual. Por esse motivo pode causar problemas em cultivos de espécies sensíveis adubados com estercos advindos de pastagens tratadas com picloram e pastoreadas logo depois. É recomendado para controle de dicotiledôneas, sendo efetivo no controle de árvores através do pincelamento ou pulverização dos tocos (Silva et al., 2007). A mistura entre o 2,4-D e o picloram é a mais usada no manejo de plantas daninhas em pastagens por controlar dicotiledôneas indesejáveis anuais e perenes, herbáceas e arbustivas em área total ou localizada (Silva et al., 2007). A dose a ser aplicada depende do produto comercial usado e das respectivas concentrações dos princípios ativos, da espécie a ser controlada e do seu estádio de desenvolvimento. Embora existam diferentes misturas comerciais com os mesmos ingredientes ativos, essas podem apresentar eficiências distintas no controle de plantas daninhas em função da concentração de cada um na composição de cada produto. Herbicidas à base de glyphosate podem ser utilizados para controle de plantas daninhas em jato dirigido já que não são seletivos, necessitando, portanto, de cuidado para não atingir as forrageiras. A aplicação do herbicida deve ser realizada sobre o alvo (plantas daninhas) de modo a obter cobertura o mais uniforme possível, em quantidade recomendada e com o mínimo de perdas e deriva. As plantas daninhas devem ter área foliar adequada para absorver quantidade suficiente que possa ser translocada até o sistema radicular e aos pontos de crescimento, provocando-lhes a morte. Para isso, as plantas devem estar em crescimento ativo, livres de qualquer estresse ambiental (Ferreira et al., 2012). O manuseio e aplicação de herbicidas requer a utilização de equipamentos de proteção individual, sendo ainda a escolha do equipamento, regulagem e calibração antes da aplicação, aspectos relevantes para o sucesso do controle químico. No caso dos pulverizadores costais, as válvulas reguladoras de pressão e o V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 355 balizamento favorecem a aplicação mais homogênea e um controle mais eficaz das plantas daninhas (Ferreira, et al., 2010). MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA IMPLANTAÇÃO DA PASTAGEM O manejo de plantas daninhas na implantação de pastagens é fundamental já que as plantas forrageiras apresentam maior sensibilidade à interferência nesta fase, que geralmente ocorre no período chuvoso e sob temperaturas elevadas, favorecendo o estabelecimento mais rápido de várias plantas daninhas. Assim, a ausência de controle dessas plantas ou o manejo inadequado nos estágios iniciais de crescimento e desenvolvimento da cultura forrageira pode implicar em perdas acentuadas na produtividade e comprometer a longevidade da pastagem (Ferreira et al., 2012). Um dos fatores mais importantes para o sucesso da implantação de pastagens é o efetivo controle de plantas daninhas antes do plantio, principalmente quando a área apresenta infestação de monocotiledôneas como gramíneas. Este se complica ainda mais quando essa infestação de gramíneas é de espécies de crescimento rápido e de propagação vegetativa. Na implantação da pastagem, seja em monocultivo ou no sistema de consorciação, em função das plantas daninhas presentes na área e do estádio de desenvolvimento, deve-se realizar aplicação de herbicida não seletivo, como, por exemplo, o glyphosate isolado ou em mistura com o 2,4-D, para realização da dessecação. A dessecação deve ser realizada entre 7 e 30 dias antes do plantio, para que neste momento a vegetação esteja morta e acamada. Caso ocorra a reinfestação da área antes da semeadura, recomenda-se uma nova dessecação. Em certas situações é conveniente esperar cerca de 20 a 30 dias após as primeiras chuvas para que as plantas daninhas rebrotem, melhorando a absorção e a translocação dos herbicidas. Nesses casos, pode-se usar o glyphosate em menor dose ou herbicidas de contato como paraquat e amônio-glufosinato (Ferreira, et al., 2010). A dessecação no sistema de plantio direto na palha substitui a aração e gradagem realizada no preparo do solo para formação da 356 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte pastagem pelo método convencional. Deve-se atentar ao banco de sementes de plantas daninhas já existentes na pastagem, principalmente quando se faz aração e gradagem, uma vez que após revolvimento do solo e exposição à luz muitas sementes tornam-se aptas a germinar. Portanto, deve-se usar uma taxa de semeadura adequada e sementes de boa qualidade da espécie forrageira, o que a princípio, garante um bom estande final de plantas. Em áreas onde se faz a destoca, aração e gradagem as espécies de plantas daninhas com propagação vegetativa efetiva e órgãos de reserva não são bem controladas, sendo necessária a utilização conjunta de herbicidas sistêmicos. Como alternativa ao monocultivo da forrageira tem-se a opção de implantar a pastagem através de sistemas consorciados como a Integração Lavoura e Pecuária (ILP) ou Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF). Nesses há o consórcio das forrageiras com culturas anuais como milho, feijão, soja ou sorgo e/ou com espécies florestais. Na ILP realiza-se a semeadura simultânea da cultura anual e da forrageira, ou então se aproveita o potencial das sementes da forrageira existentes no solo, obtendo-se o pasto formado logo após a colheita da cultura (Kichel et al., 1999). Essa tecnologia preconiza formação e reforma da pastagem, bem como produção de forragem para confinamento, amortizando os custos relativos à correção e adubação do solo e ao controle de plantas daninhas, pois, além da formação e recuperação das pastagens, permite a produção de grãos e ou silagem (Jakelaitis, 2004). Dentre as diferentes combinações de consórcio existentes, as mais comuns dentro da ILP é a consorciação milho-braquiária e feijão-braquiária. Durante a fase do consórcio da cultura anual com a forrageira é importante favorecer o desenvolvimento da cultura, mas, evidentemente, sem que ocorra a morte da forrageira. O milho, por exemplo, é extremamente sensível à competição inicial com as plantas daninhas e com a braquiária, e as perdas ocasionadas na cultura do milho em função da interferência imposta por estas podem chegar a 85% (Carvalho et al., 2007), variando em função da espécie, do grau de infestação, do tipo de solo, das condições V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 357 climáticas além do estádio fenológico da cultura. Diversas práticas podem ser adotadas para que realize controle das plantas daninhas no milho em consorciação com a braquiária de forma eficiente, entre elas adubação mais concentrada de nitrogênio no início do ciclo para favorecer o arranque inicial do milho em relação às plantas daninhas e à braquiária e a redução do espaçamento entre as plantas. São dois os momentos mais importantes de controle das plantas daninhas, de modo a garantir alta produtividade do milho e bom estabelecimento da braquiária. O primeiro, antes do plantio (dessecação) e o segundo, durante o período crítico de competição com o milho. Este é o período em que a convivência com as plantas daninhas pode causar danos irreversíveis à cultura, prejudicando o rendimento. As plantas daninhas que se desenvolvem após o período crítico de competição não causam mais prejuízos à produção e após este período o produtor não precisa mais se preocupar com o desenvolvimento da braquiária. No entanto, algumas espécies podem prejudicar a colheita, tanto a manual quanto a mecanizada, como é o caso da infestação de dormideira que pode provocar ferimentos nas mãos dos trabalhadores na colheita manual e a corda-de-viola que pode inviabilizar a colheita mecanizada (Ferreira et al., 2008). A escolha do herbicida e da dose sempre deve ser feita com critérios rigorosos, pois o seu uso de forma errônea pode, além de causar prejuízos ao agricultor, contaminar o solo, a água e o ar. A maior dificuldade neste consórcio é que se forem aplicadas doses muito altas a braquiária morre e com doses muito pequenas não haverá controle das plantas daninhas. Para o controle de plantas daninhas nesta fase são utilizados herbicidas aplicados em pósemergência das culturas e das plantas daninhas. Este tipo de herbicida apresenta ação residual variada, é bem tolerado pelas plantas de milho e tem uma rápida ação sobre as plantas daninhas. Para o controle das diferentes plantas daninhas são mais utilizadas duas moléculas: a atrazine para controle de folhas largas e o nicosulfuron para o controle de gramíneas. No caso de ocorrência de plantas daninhas de folhas largas, o seu controle não oferece problemas, pois a aplicação de atrazine não compromete o 358 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte crescimento do milho e nem da braquiária, por serem seletivos. Por outro lado, um dos maiores problemas da implantação do milho consorciado com a braquiária é quando a área apresenta infestação de gramíneas, principalmente de crescimento rápido. Neste caso é recomendado usar em torno de 1/5 da dose recomendada do nicosulfuron, de forma a controlar as plantas daninhas gramíneas e apenas retardar o crescimento do braquiária. A dosagem vai depender do estádio de crescimento da braquiária e das plantas daninhas que ocorrerem na área. Quanto mais desenvolvida estiver a braquiária maior poderá ser a dosagem do herbicida. No caso do plantio do feijão consorciado com a forrageira os herbicidas fomesafen, bentazon ou outro herbicida recomendado para o controle de plantas daninhas dicotiledôneas nessa cultura podem ser utilizados (Silva et al., 2004; 2006). Para o controle de gramíneas a aplicação de herbicidas inibidores da ACCase como fluazipop-p-butil, sethoxydim e outros deve ser realizada com cautela e não deve ultrapassar 1/5 da dose para não intoxicar ou até matar a forrageira. O componente florestal mais utilizado na ILPF é o eucalipto. O principal cuidado no manejo de plantas daninhas em sistemas de ILPF diz respeito à utilização de herbicidas com longo efeito residual, como aqueles à base de picloram, uma vez que eles podem prejudicar o crescimento e desenvolvimento do componente florestal. Nesse caso, deve-se dar preferência à aplicação de herbicidas seletivos, com baixa atividade residual como o 2,4-D. Ressalta-se que não há herbicidas registrados para uso em sistemas de ILP e ILPF e sim para o monocultivo das culturas utilizadas no consórcio. Algumas moléculas de herbicidas registradas para culturas anuais apresentaram resultados de pesquisa satisfatórios quanto à seletividade para algumas espécies forrageiras, embora sem registro para uso. Dentre esses herbicidas aplicados em pré-emergência estão o ametryn (625 g ha-1), o imazaquin (75 e 150 g ha-1), o imazethapyr (50 e 100 g ha-1) e o flumetsulam (70 e 140 g ha-1) para Brachiaria brizantha; o diuron (800 e 1.600 g ha-1), o ametryn (625 e 1.250 g ha-1) e o imazethapyr (50 e 100 g ha-1) para B. decumbens (Rodrigues-Costa et al., 2011). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 359 Os herbicidas imazaquin, imazethapyr e flumetsulam foram recomendados por Alves et al. (2002) para P. maximum (cv. Mombaça). Para conseguir um controle mais efetivo e sem muitas injúrias para a braquiária deve-se evitar a pulverização em dias chuvosos, no entanto, a umidade do solo é muito importante para a ação dos herbicidas. Evite aplicação dos herbicidas nas horas mais quentes do dia e quando a umidade relativa do ar estiver baixa (menor que 60%), de modo a minimizar as perdas dos herbicidas. A escolha dos bicos de pulverização deve ser feita de forma a reduzir ao máximo a deriva, sendo sua regulagem realizada de acordo com as especificações para a pressão de trabalho do fabricante. A altura da barra de pulverização deve permanecer a cerca de 0,50 metros de distância do alvo para melhor distribuição da calda herbicida na área pulverizada. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS E A MANUTENÇÃO DA PASTAGEM O manejo da forrageira e dos animais via intervenção do homem constitui importante aliado do controle cultural de plantas daninhas. A utilização racional da forragem disponível pelos animais com um pastejo bem equilibrado possibilita uma melhor recuperação da pastagem e envolve baixo comprometimento da longevidade, diferentemente do superpastejo que reduz o vigor e compromete a capacidade de rebrota e de competição da forrageira, facilitando o aparecimento e infestação da pastagem por plantas daninhas. O conhecimento da capacidade de rebrota da forrageira utilizada, bem como das exigências nutricionais e tolerância ao pastejo intensivo se faz necessário para realização adequada desse manejo (Homma et al., 2006). O manejo incorreto da pastagem leva à redução gradativa da capacidade produtiva das plantas forrageiras, facilita a emergência e desenvolvimento das plantas daninhas, tendo como principais reflexos índices zootécnicos aquém da capacidade da área, com consequente subutilização e baixa competitividade do potencial de 360 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte exploração da terra (Santos et al., 2010). Um dos exemplos de manejo inadequado que podem contribuir para a infestação de plantas daninhas e o processo de degradação das pastagens é a adoção de mesma taxa de lotação animal durante todo o ano (Silva et al., 2004). A adubação de manutenção da pastagem é fundamental para suprir a exigência das plantas forrageiras para que estas possam competir com as plantas daninhas existentes na área e, assim, manterem um equilíbrio sem necessidade de controle pela interferência humana (Ferreira et al., 2012). O manejo de plantas daninhas na fase de manutenção das pastagens pode ser realizado através de roçada ou da aplicação de herbicidas registrados (Tabela 3). Deixar a pastagem livre de pastoreio no momento da aplicação dos herbicidas e também por um período de tempo após é necessário para que ocorra boa recuperação da forrageira, evitando a rápida infestação por plantas daninhas. MANEJO DE PLANTAS DANINHAS E A RECUPERAÇÃO DA PASTAGEM A recuperação de pastagens é caracterizada pelo retorno às condições de produção ideais, sem que haja uma nova implantação do sistema, o que demanda menor custo e possibilita a obtenção mais rápida de pasto, quando comparada à formação ou mesmo à reforma, uma vez que implica disponibilizar condições adequadas ao reestabelecimento e desenvolvimento da forrageira já implantada na área. No entanto, a recuperação apenas será viável se houver estande adequado da forrageira na área (Ferreira et al., 2012). Na recuperação de uma pastagem, o primeiro passo é a eliminação da competição pelas plantas daninhas, o que pode ser realizado pelo emprego de herbicidas (Tabelas 2 e 3). Estes possibilitam condições de rápida recuperação da pastagem e melhor aproveitamento dos recursos de crescimento pela forrageira. A aplicação de herbicida deve ser seguida de práticas culturais adequadas, como adubação e calagem e o manejo adequado dos V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 361 animais em pastejo, que são componentes fundamentais no sucesso do manejo de plantas daninhas e na recuperação da forrageira. A retirada dos animais do pasto, após o controle das plantas daninhas e adubação, faz com que a recuperação da capacidade produtiva do pasto seja mais rápida (Ferreira et al., 2012). MANEJO DE PLANTAS DANINHAS E A REFORMA OU RENOVAÇÃO DA PASTAGEM Na reforma ou renovação da pastagem existe a necessidade da eliminação da vegetação existente, para posterior implantação da forrageira, seja essa da mesma espécie ou de espécie diferente. Essa atividade pode ocorrer pelo emprego de práticas mecânicas ou por meio de controle químico com herbicidas dessecantes, caracterizados pelo amplo espectro de ação e baixa persistência no ambiente. Os principais herbicidas dessecantes são glyphosate e 2,4-D, sendo comum a mistura dos dois para ampliar o número de espécies controladas. O controle de plantas daninhas pode tornar-se mais difícil quando se pretende fazer a substituição de espécies, pois a forrageira anterior pode virar uma planta daninha importante em relação à nova espécie a ser implantada. Sendo assim, é fundamental a adequada dessecação da vegetação da área. A dessecação deve ser realizada quando as plantas apresentarem bom vigor vegetativo e as condições ambientais forem favoráveis, para que a absorção e translocação do herbicida sejam satisfatórias. Algumas espécies forrageiras, como Brachiaria decumbens, possuem grande banco de sementes no solo, que, devido à dormência, germinam em diferentes épocas, dificultando o controle e sua substituição na pastagem quando se opta pela renovação do pasto. Recomenda-se, nesses casos, a rotação de culturas para reduzir o banco de sementes da forrageira inicial, para em seguida fazer o semeio da nova forrageira (Ferreira et al., 2010). Após a emergência da espécie forrageira é fundamental o controle das plantas daninhas infestantes. No caso da infestação por plantas daninhas dicotiledôneas durante o estabelecimento de gramíneas forrageiras, a adoção do controle químico se faz 362 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte necessária. O uso de herbicidas seletivos permite o controle dessas plantas e possibilita condições favoráveis ao rápido estabelecimento e desenvolvimento da forrageira. Os sistemas ILP e ILPF também podem ser adotados para realização da reforma e, ou renovação da pastagem e o manejo químico das plantas daninhas durante todas as etapas da formação e manutenção da pastagem através dessas modalidades de consórcio pode ser resumido na Tabela 4. Tabela 4 - Manejo químico de plantas daninhas com os principais herbicidas utilizados na implantação ou reforma da pastagem através da Integração Lavoura e Pecuária ou Integração Lavoura, Pecuária e Floresta Etapa Dessecação Aplicação Área total Principais herbicidas e misturas Glyphosate Glyphosate+2,4-D Paraquat Pré-emergência Linha do eucalipto Sulfentrazone Isoxaflutole Oxyfluorfen Pós-emergência Consórcio milhobraquiária Atrazine Atrazine+nicosulfuron (subdose) Nicosulfuron (subdose) Consórcio feijãobraquiária Fomesafen Bentazon Fluazifop-p-butil (1/5 da dose) Sethoxydim (1/5 da dose) 2,4-D Picloram* 2,4-D+picloram* Fluroxypyr+plicoram* Manutenção da pastagem Área total ou reboleiras * Esses herbicidas não são seguros para utilização na ILPF, pois podem causar intoxicação no componente florestal. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 363 CONSIDERAÇÕES FINAIS A identificação correta das plantas daninhas e o conhecimento da sua biologia, bem como da espécie forrageira são primordiais para definição dos métodos de controle a serem utilizados e para a escolha correta de um herbicida. Os herbicidas são apenas mais uma ferramenta no manejo integrado de controle de plantas daninhas e recuperação da pastagem, e seu uso requer planejamento e cuidados para garantir eficiência aliada à segurança ambiental e do trabalhador. A escolha acertada do herbicida, da dose, da tecnologia e do momento da aplicação são fatores decisivos para o sucesso do controle das plantas daninhas na pastagem. O adequado manejo do pasto e dos animais em pastejo é também fundamental para assegurar alta longevidade e produtividade de forragem sem a presença de plantas daninhas. Negligenciar esses fatores pode predispor a área à infestação de plantas daninhas, onerando os custos com o controle e comprometendo a quantidade e a qualidade da forragem. Sistemas consorciados são alternativas economicamente viáveis para a implantação, reforma ou renovação das pastagens uma vez que diversificam a produção na propriedade e proporcionam a recuperação da capacidade produtiva da área, obtendo-se após o cultivo agrícola o estabelecimento da pastagem bem formada. REFERÊNCIAS AFONSO, E.; POTT, A. Plantas tóxicas para bovinos. Embrapa Campo Grande, MS, dez. n.44, 2000. ALVES, E.; MARTINS, D.; SOUZA, F.H.D.. Seletividade de herbicidas préemergentes para gramíneas forrageiras tropicais. Planta daninha, v. 20, n. 3, 2002. CARVALHO, G. D.; NUNES, L. C.; BRAGANÇA, H. B. N.; PORFÍRIO, L. C. Principais plantas tóxicas causadoras de morte súbita em bovinos no estado do Espírito Santo – Brasil. Archivos de Zootecnia, v. 58, p.87-98, 2009. 364 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte CARVALHO, L. B.; BIANCO, S.; PITELLI, R. A.; BIANCO, M. S. Estudo comparativo do acúmulo de massa seca e macronutrientes por plantas de milho Var. BR-106 e Brachiaria plantaginea. Planta Daninha, v.25, n. 2, p. 293-301, 2007. CYPRIANO, M. P.; HORTA, L. F.; REIS, G.; PERES, M. S. Plantas daninhas nas pastagens. Disponível em: www.amigosdocampo.com.br/arquivos/ publicacoes/plantas_toxicas_pastagens.pdf. Acesso em: 22/01/2014. FERREIRA, L. R.; SANTOS, M. V.; TUFFI SANTOS, L. D. Controle de Plantas daninhas em Pastagens. In: Rogerio Lana. (Org.). Forragicultura: Ciência, Tecnologia e Gestão dos Recursos Forrageiros. 1ed.Viçosa: 2012, p. 305316. FERREIRA, L. R.; OLIVEIRA NETO, S. N.; FREITAS, F.C.L.; TIBÚRCIO, R. A. S.; GOMES, R. J. Manejo de plantas daninhas em Sistema Agrossilvipastoril. In: OLIVEIRA NETO, S. N.; VALE, A. B.; NACIF, A. P.; VILAR, M. B.; ASSIS, J. B. Sistema Agrossilvispastoril: Integração Lavoura, Pecuária e Floresta. Sociedade de Investigações Florestais, Viçosa-MG, 2010. p.105-122. FERREIRA, L. R.; VIANA, R, V.; AGNES, E.L.; TUFFI SANTOS, L.D.; GOMES, R.J.; MACHADO, A.L.F.; FREITAS, L.H.L. Integração Lavoura-Pecuária em pequena propriedade e formação de pastagem via consórcio milhobraquiária. Material impresso (Extensão) Semana do fazendeiro, Viçosa, 2008. FREITAS, F.C.L.; FERREIRA, L.R.; FERREIRA, F.A.; SANTOS, M.V.; AGNES, E. L.; CARDOSO, A. A.; JAKELAITIS, A. Formação de pastagem via consórcio de Brachiaria brizantha com o milho para silagem no sistema de plantio direto. Planta Daninha, Viçosa, v.23, n.1, p. 49-58, 2005. HOMMA, A. K. O.; FILHO, A. P. S. S.; FERREIRA, C. A. P. et al. Criação de Bovinos de Corte no Estado do Pará. Embrapa Amazônia Oriental. 2006. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/BovinoCorte/Bo vinoCortePara/paginas/manejo.html> Acesso em: 15/01/2014. JAKELAITIS, A.; SILVA, A. A.; FERREIRA, L. R.; SILVA, A. F.; FREITAS, F. C. L. Manejo de plantas daninhas no consórcio de milho com capim braquiária (Brachiaria decumbens). Planta Daninha, Viçosa-MG, v.22, n.4, p.553-560, 2004. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 365 KICHEL, A. N.; MIRANDA, C. H.; ZIMMER, A. H. Degradação de pastagens e produção de bovinos de corte com a integração lavoura x pecuária. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 1., 1999, Viçosa. Anais... Viçosa: UFV, 1999. p. 201-234. LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil. 4ª Edição, Nova Odessa. 640p. 2008. MACEDO, M. C. M., ZIMMER, A. H. Sistema de Pasto-Lavoura e seus efeitos na produtividade agropecuária. In: Simpósio sobre ecossistema de pastagens. Anais... Jaboticabal, p.217-245, 1993. MACEDO, M. C. M.; KICHEL, A. N.; ZIMMER, A. H. Degradação e alternativas de recuperação e renovação de pastagens. Campo Grande: EMBRAPACNPGC, 4p, 2000. PITELLI, R. A. Interferência de plantas daninhas em culturas agrícolas. Informe Agropecuário, v.120, n.11, p.16-27, 1985. RODRIGUES-COSTA, A. C. P; MARTINS, D.; COSTA, N. V.; CAMPOS, C. F.; MARTINS, C. C.; PEREIRA, M. R. R.; SILVA, J. I. C. Seletividade de herbicidas aplicados em pré-emergência em gramíneas forrageiras. Planta daninha, v. 29, n. 3, 2011. SANTOS, M. V.; MACHADO, V. L.; TUFFI SANTOS, L. D.; Uso da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta na recuperação de pastagens degradadas. In: TUFFI SANTOS, L. D.; SALES, N. L. P.; DUARTE, E. L.; OLIVEIRA, F. L. R.; MENDES, L. R. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: alternativa para produção sustentável nos trópicos. Montes Claros: Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa, 2010. 73-84p. SILVA, A. C.; CARNEIRO, J. E. S.; FERREIRA, L. R.; CECON, P. R. Consórcio entre feijão e Brachiaria brizantha sob doses reduzidas de graminicidas. Planta Daninha, v. 24, n.1, p. 71-76, 2006. SILVA, A. C.; FERREIRA, L. R.; SILVA, A. A.; PAIVA, T. W. B.; SEDIYAMA, C. S. V. Efeitos de doses reduzidas de fluazifop-p-butil no consórcio entre soja e Brachiaria brizantha. Planta Daninha, v.22, n.3, p.429-435, 2004. SILVA, A. A., WERLANG, R. C.; FERREIRA, L. R. Controle de plantas daninhas em pastagens. In: PERREIRA, O. G.; OBEID J. A.; FONSECA, D. M. et al. (Eds.) II Simpósio sobre manejo estratégico da pastagem. Anais... Viçosa-MG, 2004. p. 279-310. 366 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte SILVA, A. A.; FERREIRA, F. A.; FERREIRA, L. R. Herbicidas: Classificação e Mecanismos de ação. In.: SILVA, A. A.; SILVA, J. F.; (Eds.). Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2007. 84-148p. ANÁLISE CRÍTICA DE FATORES QUE INTERFEREM NA FERTILIDADE DE VACAS ZEBUÍNAS 123 Ed Hoffmann Madureira, 2 3 Milton Maturana Filho, 2 3 Kleber Menegon Lemes, 2 3 4Julio César Barboza Silva, Thiago Santini2 1 Autor para correspondência: [email protected] de Farmacologia e Endocrinologia da Reproduçã o Animal (LFER), Centro de Biotecnologia da Reprodução Animal, Universidade de São Paulo 3 Departamento de Reprodução Animal Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo 4 Embryosys Reprodução Animal, Ourofino - MG 2 Laboratório INTRODUÇÃO A pecuária atual exige máxima eficiência reprodutiva e produtiva para possibilitar retorno econômico e atender à crescente demanda de alimentos para a população mundial. Nesse sentido, a intensificação da produtividade por área na pecuária de corte atual, faz-se necessária, aliando estratégias nutricionais, produtivas e sanitárias, juntamente com programas de melhoramento genético. Para que uma maior rentabilidade seja alcançada nos sistemas atuais, ainda é necessário a melhoria dos índices zootécnicos, produtivos e reprodutivos das propriedades de cria, recria e engorda, mas, respeitando critérios e normas internacionais de conforto, lotação e bem estar animal. Além disso, estratégias de marketing, aliadas a um produto de qualidades sensoriais superior devem ser almejadas tanto pelos pecuaristas como pelas industrias frigorificas. Para tanto, o conhecimento dos mercados consumidores é uma diretriz importante para estabelecer metas no sistema produtivo. O Brasil pode atender à maioria dos mercados de carnes do mundo, independentemente do volume da demanda. Há possibilidade de atendimento de nichos específicos com carnes mais nobres ou cortes de menor valor, sejam mais magros ou com maior teor de gordura. A Índia vem se destacando como exportadora de carne e crescendo em mercados pouco exigentes no que diz respeito à qualidade e sanidade, mas que costumam ser bastante sensíveis a 368 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte preço. É fundamental que sejam traçadas estratégias por parte dos produtores e da indústria brasileira para enfrentar os novos desafios do mercado. Continuar enfatizando a comercialização de carnes, como uma “commoditie”, em países de baixa renda pode ser prejudicial à pecuária brasileira. Além disso, esta estratégia não valoriza os avanços que a pecuária nacional incorporou nas últimas décadas: melhorias dos aspectos sanitários, diminuição da idade de abate, aumento do emprego da IA e melhoria da logística e do parque industrial de abatedouros e frigoríficos, entre outros. Faz-se necessário um projeto mais ambicioso de diferenciação da carne brasileira para satisfazer melhor as necessidades e desejos dos consumidores, tanto no Brasil como em outros países. TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DO MANEJO REPRODUTIVO NO BRASIL Elevado desempenho reprodutivo é imperativo para obtenção de retorno econômico em pecuária de corte. O emprego de IA proporciona ganhos genéticos e econômicos pelo uso de touros geneticamente superiores. Entretanto, a implementação de programas de IA esbarra em 2 fatores determinantes: o anestro pósparto e as falhas de detecção de cios. O emprego de programas de IATF vai ao encontro dos 2 fatores citados acima uma vez que é capaz de induzir ciclicidade em significativa proporção de fêmeas em anestro e possibilitar a IA em um momento pré-fixado, prescindindo da observação do estro. A IATF atingiu um estágio satisfatório de desenvolvimento tecnológico e tem sido utilizada de maneira crescente no Brasil. Segundo Baruselli et al. (2012), mais da metade das IA realizadas no Brasil foi realizada por IATF. Além disso, a incorporação da IATF vem sendo associada ao próprio crescimento do emprego da IA no Brasil. É interessante notar que, em 2002, apenas 5 a 6% das fêmeas bovinas se beneficiaram da IA e, em 2011, esta porcentagem V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 369 encontrou-se ao redor de 10%. A perspectiva é de que esse indicador continuará crescendo nos próximos anos. Considerando-se os aspectos mercadológicos, a IATF permite aos pecuaristas aproveitar as diferentes oportunidades de mercado pela diferenciação dos bezerros produzidos, com aumento da taxa de natalidade, dos ganhos em produtividade advindos da melhoria genética e da homogeneidade dos lotes. Há portanto, uma clara tendência de incorporação da IATF no manejo reprodutivo do rebanho de corte brasileiro. Experimentos atuais, tem sido suficientes para proporcionar bons resultados em programas de IATF, que vem sendo estudados e desenvolvidos desde a década de 90. Durante esse período, o desenvolvimento de bons produtos veterinários hormonais para esta finalidade, foi realizado, de modo que, poucos avanços tem sido observado nos índices de fertilidade que sejam oriundos de melhorias nos produtos ou protocolos em si. Para onde devem caminhar a pesquisa e a preocupação dos pecuaristas? Para o melhoramento genético, para a melhoria dos manejos sanitário e nutricional que permitam às fêmeas bovinas responder melhor aos protocolos de IATF. Entre estes fatores, incluem-se estratégias para melhorar a condição corporal das matrizes ao parto, diminuição do anestro, aumento da taxa de concepção, pelo emprego de sêmen de qualidade e diminuição da mortalidade embrionária, proporcionar ambiente favorável para programação fetal e desempenho dos bezerros em amamentação. É fato que existem projetos de pesquisa direcionados à incorporação de novas farmacotécnicas, para aperfeiçoamento dos produtos empregados, como uso da nanotecnologia para liberação de fármacos. Mas o contexto primordial dessas pesquisas é o desafio que se enfrenta hoje e que será maior daqui a alguns anos, alimentar 9,5 bilhões de pessoas, aproximadamente, até 2050, com basicamente a mesma área de terra que se tem hoje, com uso limitado de fertilizantes, água e defensivos agrícolas, em um contexto de rápida mudança climática. O que deve ser prioridade? 370 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte É difícil definir exatamente, principalmente no que diz respeito ao que os consumidores concebem para a qualidade da carne, especialmente nos países da América do Sul. No entanto, as tendências atuais do mercado consumidor requerem apoio de três tipos ou conceitos de qualidade: a) a qualidade organoléptica ou sensorial, b) A qualidade nutricional, em grande parte ditada pelo valor nutricional e, c) a qualidade da higiene e segurança dos alimentos. Dadas as possibilidades de reforçar tanto o mercado interno, como a exportação de carne, não basta apenas esperar que a inovação tecnológica resolva os problemas. Há que se ter uma posição muito mais ativa e estratégica na cadeia do agronegócio e assegurar que a inovação tecnológica progrida de forma muito mais rápida e na direção correta. A idade e o peso ao abate estão associados à maciez da carne, pois existe uma estrita relação com o tecido conjuntivo e a quantidade de gordura (SAÑUDO, 1992), portanto o uso da IATF para garantir homogeneidade de lotes, associado a um programa de desmame precoce e boa eficiência de recria precoce, contribuem diretamente nesses elos importantíssimos dos produtos dentro da cadeia agroindustrial da carne, principalmente para obtenção de marcas, para que seja vendido um produto diferenciado e não somente uma comoditie. Dessa forma, o mercado nacional de carne ficará mais independente de decisões e do controle de outros países. LIMITAÇÕES DA UTILIZAÇÃO DA IATF NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO O custo-benefício da IATF é favorável e o valor total de seu emprego é muito bom. Mais uma vez, as limitações estão relacionadas a problemas que podem ser contornados, como por exemplo, mão-de-obra operacional e técnica, instalações que facilitem o manejo e sejam seguras aos trabalhadores e aos animais e cercas para possibilitar as divisões dos lotes, entre outros. Os resultados não satisfatórios estão associados à condição corporal das matrizes que diminui a porcentagem de vacas ciclando, consequentemente diminui a taxa de concepção e pode aumentar as perdas de prenhez. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 371 O anestro pós-parto é o período que vai do parto até a manifestação do primeiro cio fértil, tendo a sua duração influenciada por diversos fatores como o estado nutricional pré e pós-parto, a involução uterina, o estímulo da mamada, a produção leiteira, o número de parições e a exposição a touros após o parto. Outros fatores como a presença do bezerro, idade da vaca e distocias também influenciam a duração do anestro pós-parto. Esses fatores, atuando negativamente, interrompem o mecanismo endócrino que controla a manifestação de estro e subsequente ovulação (YAVAS; WALTON, 2000). O número de parições tem influência na duração do período de anestro, sendo que com o decorrer das parições durante a vida útil da vaca, a duração do anestro tende a diminuir (BELLOWS et al., 1982). O intervalo pós-parto geralmente é mais longo em vacas primíparas do que em multíparas (YAVAS; WALTON, 2000), devido ao Balanço Energético Negativo (BEN) ser mais pronunciado em primíparas (BELLOWS et al., 1982). Isto se deve às vacas mais jovens ainda apresentarem-se em fase de crescimento após o parto e não ter a total capacidade ingestiva de uma vaca adulta. O tempo necessário para que ocorra a involução uterina pós-parto tem relação com a duração do período de anestro, sendo influenciada principalmente pela condição puerperal (EL-DIN et al., 1995). Cabe ressaltar, que a exposição de vacas de corte no pósparto à presença de touros não tem influência na involução uterina (LANDAETA-HERNÁNDEZ et al., 2004). A exposição de fêmeas à presença de touros após o parto diminui a duração do período de anestro, por estimular o reinício da atividade ovariana (FERNANDEZ et al., 1996; LANDAETA-HERNÁNDEZ et al., 2004). INTERFERÊNCIA DO MANEJO NUTRICIONAL NOS RESULTADOS DA IATF Neste ponto reside, a chave do sucesso e grande parte da explicação do insucesso dos programas de saúde reprodutiva que vêm sendo utilizados. Nos sistemas extensivos de criação de bovinos de corte, observa-se que 50% das vacas não recebem um manejo adequado que contribua com melhores índices de fertilidade. 372 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Os principais fatores são a nutrição, a baixa condição corporal ao parto, a amamentação e incidências de ciclos curtos (MADUREIRA; PIMENTEL, 2005). Portanto, é necessário dar mais atenção à pergunta: Como podemos manejar os animais para que eles respondam melhor aos programas de manejo reprodutivo disponíveis? É necessário que haja um sistema eficiente da disponibilidade de pastagens, para otimizar o desempenho animal e o uso de ração suplementar para superar as deficiências do componente forragem. Quando as necessidades de energia e proteína aumentam por causa de lactação, prenhez e crescimento, poderá ser necessário que parte do componente forragem da dieta seja substituído por concentrados (FONTANELI, 1999). Efeitos resultantes do comprometimento nutricional são a supressão na liberação de GnRH e consequente diminuição na frequência dos pulsos de LH (SCHILLO, 1992), reduzindo o diâmetro máximo do folículo dominante e a duração da onda de crescimento folicular (RHODES et al., 1995; WILTBANK et al., 2002). De acordo com esses achados, pode-se inferir que a avaliação do status nutricional do rebanho é, de fato, importante ferramenta do manejo reprodutivo (MONTIEL; AHUJA, 2005). As vacas apresentam elevada demanda energética no período pós-parto e as que parem magras (sem reservas) e que perdem muito peso, nos primeiros meses pós-parto, entram em prolongado período de anestro. Assim, durante o final da gestação, quantidades suficientes de energia devem ser armazenadas nos tecidos corporais, na tentativa de suprir o BEN pós-parto. Logo após o parto, com o início da amamentação, as exigências nutricionais aumentam acima do que as pastagens normalmente conseguem proporcionar em nutrientes. Assim, as vacas lançam mão de suas reservas corporais e por isso, perdem peso no período pós-parto. Portanto, a condição corporal ao parto é um excelente marcador para se prever o desempenho reprodutivo na estação de monta (EM) que terá início cerca de 60 dias após o parto. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 373 Figura 1 - Influência do escore de condição corporal (ECC), avaliados no início da estação de monta, na probabilidade de vacas tornarem-se prenhes. Adaptado de Cooke et al. (2009). Para elucidar melhor essa ideia, em um de nossos trabalhos (Maturana Filho et al.; resultados parciais; dados ainda não publicados), avaliando a condição metabólica, a ciclicidade e a fertilidade de vacas (N= 448) e novilhas (N=120) nelore submetidas a um protocolo de IATF de 3 manejos sendo: D0 = inserção de implante de progesterona (novo para as vacas e de 1 uso para as novilhas) e aplicação de 2 mg de benzoato; D8,5= retirada de implante, aplicação de 50 µg de cloprostenol sódico e aplicação de 1 mg de benzoato de estradiol em todas vacas. O eCG (300 UI) foi aplicado somente em vacas e em novilhas que não estavam cíclicas ou que tinham condição corporal < 5 em uma escala de 1 a 9. As vacas (45±6 dias pós parto) e novilhas eram mantidas em pastagem de Brachiaria com suplementação mineral proteica e água ad libitum. O protocolo de ressincronização foi o mesmo usando na primeira inseminação e foi iniciado nas vacas vazias (cíclicas e acíclicas) no diagnóstico de 30 dias após a inseminação. As vacas prenhes da primeira inseminação, foram reexaminadas depois de 30 dias, junto com o diagnóstico de 30 dias das vacas ressincronizadas 10 dias após a segunda inseminação, todos os lotes foram submetidos ao repasse de touro até o final da estação de monta. 374 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte A taxa de ciclicidade nas novilhas foi maior (P<0,05) quando comparado as vacas (Figura 2). Essa alta taxa de ciclicidade nas novilhas provavelmente está relacionada ao peso médio delas no início do protocolo (341± 17 kg) e também a idade (22±4 meses). Figura 2 - Taxa de ciclicidade das categorias (vacas e novilhas) e taxa de ciclicidade média na estação de monta (Maturana Filho et al.; dados parciais ainda não publicados). Não houve diferença da taxa de prenhez no primeiro serviço (P>0,05), provavelmente, pelo uso de eCG no protocolo de IATF. A taxa de ciclicidade não diferiu (P>0,05) entre as vacas vazias no diagnóstico de 30 dias, entre aquelas que estavam cíclicas ou em anestro no início da estação de monta (Figura 3). Das vacas que ficaram vazias no final da estação de monta, após repasse de touro, 79,5% estavam em anestro (Figura 4). Não houve diferenças na taxa de ciclicidade (P>0,05) das novilhas vazias no diagnóstico de 30 dias, entre aquelas que estavam cíclicas ou em anestro no início da estação de monta (Figura 5). Das novilhas que ficaram vazias no final da estação de monta, após repasse de touro, todas estavam em anestro, (Figura 6). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 375 Figura 3 - Taxa de prenhez aos 30 dias pós IATF no primeiro e no segundo serviço e taxa de ciclicidade das vacas vazias após a primeira inseminação (Maturana Filho et al.; dados parciais ainda não publicados). Figura 4 - Taxa de prenhez e taxa de ciclicidade das vacas vazias no final da estação de monta (Maturana Filho et al.; dados parciais ainda não publicados). 376 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 5 - Taxa de prenhez aos 30 dias pós IATF no primeiro e no segundo serviço e taxa de ciclicidade das novilhas vazias após a primeira inseminação (Maturana Filho et al; dados ainda não publicados). Figura 6 - Taxa de prenhez e taxa de ciclicidade das novilhas vazias no final da estação de monta (Maturana Filho et al.; dados ainda não publicados). A retomada da atividade cíclica pós-parto, o estabelecimento da prenhez e a fase inicial de gestação ocorrem concomitantemente com a amamentação do bezerro da EM anterior e é difícil sobrar energia para que a vaca tenha um ganho de peso acelerado neste período. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 377 Sendo assim, o estado nutricional das fêmeas no período préparto é um dos principais fatores determinantes para o prolongamento do anestro pós-parto e, muitas vezes, limitante para a adequada resposta aos tratamentos de indução de cio (BARUSELLI et al., 2004). É importante ressaltar que a condição corporal pós-parto é um reflexo do estado nutricional pré-parto, sendo que a função reprodutiva é mais afetada pelos níveis de energia antes do parto do que depois deste (PERRY et al., 1991). Em resumo, com estes dados preliminares do estudo de Maturana Filho, podemos reforçar a importância de um manejo eficiente, tanto de desmame como de alimentação pré parto, para restabelecer e manter a condição corporal das matrizes, que irá, contribuir: a) com a taxa de ciclicidade no início da estação de monta e com a taxa de prenhez, mesmo sem o uso de eCG; b) maior eficiência e taxa de prenhez em programas de ressincronização; c) maior taxa de prenhez no final da estação de monta. Com o desmame do bezerro aos 7 meses de idade, as vacas estarão entre o 4º e 5º meses de gestação, fase em que a exigência nutricional do feto é relativamente baixa. A exigência nutricional da matriz voltará a aumentar quando a gestação entrar em seu trimestre final. A partir do 7º mês de gestação, o feto passa a exigir grande quantidade de nutrientes, pois estará numa fase de hipertrofia dos tecidos muscular e adiposo e acumular energia na forma de gordura torna-se novamente difícil para a vaca gestante. Portanto, no ciclo reprodutivo da vaca, há apenas um intervalo, entre o desmame e o terço final da gestação, no qual é possível recuperar as reservas corporais, para que a vaca possa enfrentar novo período de amamentação e tornar-se gestante novamente. Esta fase dura apenas 60 a 70 dias e as suplementações, via de regra, devem ocorrer nesse período, levando-se em consideração os fatos descritos acima. A leptina é um hormônio proteico, primariamente secretado pelo adipócito e tem sido reportado como um dos sinais que regulam várias funções fisiológicas, entre elas a homeostase energética e reprodutiva (FRÜHBECK, 2001). As concentrações circulantes de leptina são elevadas durante a gestação, diminuem antes do parto e 378 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte são restauradas, gradualmente, ao normal em torno da época da primeira ovulação (KADOKAWA et al., 2000). A leptina pode modular a atividade do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (CUNNINGHAM et al., 1999); entretanto, se houver um déficit de energia e perda de condição corporal, as concentrações plasmáticas de leptina baixam e isso altera também outros fatores importantes como as concentrações de glicose, insulina e GH, que são essencialmente reguladores metabólicos e endócrinos, tanto da vaca gestante, como do feto (BLOCK et al., 2001). O assunto se torna mais interessante ao se analisar o que está ocorrendo no feto durante este período. Na fase embrionária, ocorre a formação das fibras musculares primárias, processo que demanda pouca quantidade de nutrientes, pois o embrião é ainda muito pequeno. Na fase fetal, principalmente entre o 3º e o 7º meses de gestação, ocorre a formação das fibras musculares secundárias e são elas que compõem a maior parte da musculatura esquelética do feto (fase de hiperplasia muscular). A partir dessa fase, incluindo-se a fase pós natal, o crescimento é devido, principalmente, ao aumento do tamanho da fibra muscular, sem formação de novas fibras musculares (hipertrofia muscular). O tecido músculo-esquelético é formado por 3 tipos celulares: miócitos, adipócitos e fibroblastos, com origem comum a partir de células-tronco mesenquimais (figura 2). O desenvolvimento muscular é particularmente vulnerável à disponibilidade de nutrientes. A restrição nutricional entre o 3º e o 7/8º meses de gestação reduz o número de fibras musculares, com consequências irreversíveis no desenvolvimento do animal na vida pós natal. Além disso, os adipócitos, que também se originam das células-tronco mesenquimais, são formados na fase fetal e a subnutrição pode afetar, de maneira irreversível, a quantidade de gordura intramuscular, o que é particularmente importante para raças com potencial genético para apresentar marmorização da carcaça (para revisão, veja DU et al., 2010). Restle et al. (2001) compararam o efeito do desmame de bezerros aos três e aos sete meses sobre o desempenho reprodutivo subsequente de vacas jovens Charolês e Nelore (3 e 4 anos) e velhas (8 ou mais anos). Os bezerros desmamados aos 3 meses V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 379 tinham em torno de 45kg a mais ao sobreano, comparado aos bezerros desmamados com 7 meses, além disso tinham melhor escore de condição corporal (3.3 vs 2.1 em média, respectivamente, em uma escala de 1 a 5). As vacas que tiveram seus bezerros desmamados com 3 meses tiveram uma taxa de prenhez mais elevada na primeira inseminação (67 vs 37%), além de uma antecipação média do primeiro cio em 14 ± 3 dias. No entanto, as vantagens dessa desmama precoce, tanto para as vacas como para os bezerros foi maior no grupo de vacas até 6 anos de idade. Figura 7 - Efeitos da nutrição materna sobre o desenvolvimento do músculo esquelético fetal bovino. As datas são estimadas principalmente com base em dados de estudos em ovinos, roedores e seres humanos e representam a progressão através dos vários estágios de desenvolvimento. Restrição de nutrientes durante meio da gestação reduz números de fibras musculares, enquanto restrição durante o final de gestação reduz ambos os tamanhos de fibra muscular e a formação de adipócitos intramusculares (adaptado de RESTLE et al., 2001). 380 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Estes fatos, analisados de maneira conjunta, justificam uma intervenção nutricional logo após o desmame, para recompor as reservas corporais da vaca e favorecer a miogênese e a adipogênese do feto. Vale ressaltar que realizar o desmame após os 7 meses de idade pode prejudicar a taxa de prenhez do rebanho na EM subsequente, pode facilitar o nascimento de bezerros com formação deficiente da musculatura esquelética e ainda a amamentação, por falta de condição corporal da vaca. Se este período de recuperação da vaca não for respeitado, 4 períodos de alta exigência nutricional ocorrerão em sequência e haverá prejuízo ao desempenho do rebanho (final de uma gestação, seguido por período de amamentação, que se sobrepõe ao terço final da próxima gestação à qual se segue novo período de amamentação). Figura 8 - Energia líquida de mantença (ELm) de vacas de corte durante o ciclo produtivo (NRC, 2000). Os pecuaristas que se dedicam à cria dão muita atenção ao período da estação de monta, entre Novembro e Março (apenas como exemplo), mas muitas vezes não se atentam que grande parte do resultado que obtêm é fruto de como manejaram o rebanho de Abril a Outubro. É importante maximizar ou manter um oferecimento constante e em quantidade suficiente de forragens, entretanto, quando são V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 381 oferecidas à livre escolha, juntamente com concentrados suplementares em quantidades restritas, o consumo de matéria seca da forragem pode ser variável (aumentar, diminuir ou permanecer igual) (MOORE et al., 1999). Como um exemplo, considere-se uma vaca nelore de 400 Kg, com ECC 4 ao desmame e que tenha 75 dias para atingir o ECC 5. Ela necessitará de nutrientes para mantença e também para ganhar 600g/dia, o que perfaz uma necessidade diária de 9,1 Mcal e 522 g de proteína metabolizável. Esta necessidade pode ser atendida com oferecimento diário de 600g de milho grão moído, 800g de farelo de soja e 40 g de uréia, durante 75 dias, a um custo de R$ 108,00, por vaca, no período de suplementação. Estas vacas deverão ganhar aproximadamente 1,5 arrobas, ou seja, cerca de R$ 130,05. Além disso, o impacto sobre o desempenho reprodutivo também será significativo. Considerando-se que 100 vacas com ECC 4 proporcionariam taxa de prenhez de 40% à IATF, enquanto as com ECC 5, 60%, haveria um ganho adicional da ordem de R$ 3.200,00 se o preço do bezerro for de R$ 700,00 (20 bezerros a mais x R$ 700,00 = R$ 14.000,00 menos R$ 10.800,00 gastos com a suplementação das 100 vacas, por 75 dias). Os cálculos acima foram feitos utilizando-se milho e soja, com base em pesos na matéria original. Outros ingredientes poderão oferecer as mesmas quantidades de nutrientes e poderão ser utilizados em substituição aos citados, dependendo da região e da oferta de resíduos industriais, entre outros fatores. MANEJO REPRODUTIVO EM NOVILHAS A seleção e manejo de novilhas para reposição envolvem estratégias que afetarão futuramente a produtividade de todo o rebanho (PATTERSON et al., 2000). Desta forma, estratégias para maximizar o desempenho reprodutivo precoce das novilhas torna-se um dos mais importantes aspectos econômicos em sistemas de criação de gado de corte (TRENKLE; WILLHAM, 1977). Portanto, o manejo reprodutivo do rebanho requer um amplo conhecimento técnico e utilização de estratégias que minimizem as perdas 382 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte reprodutivas e resultem em aumento da produtividade, com consequente aumento do retorno econômico (DZIUK; BELLOWS, 1983). A puberdade em novilhas e o retorno da ciclicidade em vacas durante o período pós-parto são eventos reprodutivos de grande importância, visto que irão influenciar a ocorrência da prenhez e em que momento da estação reprodutiva este evento acontecerá (PATTERSON et al., 2000). Desta forma, a idade à puberdade em novilhas torna-se uma importante característica produtiva, visto que a redução da idade à puberdade aumenta a vida reprodutiva do animal, maximiza a produção de bezerros e o retorno econômico em sistemas de produção de carne (CARDOSO; NOGUEIRA, 2007). Portanto, a idade em que uma novilha torna-se púbere e o período em que este evento ocorre em relação à estação reprodutiva irão influenciar o momento da concepção durante a primeira estação reprodutiva, o tempo de vida reprodutiva e a eficiência da produção, visto que, por exemplo, novilhas que apresentam a primeira parição aos 2 anos de idade produzem em média 0,7 bezerros a mais do que aquelas que apresentam este evento aos 3 anos de idade, sendo que tal diferença representou aproximadamente 500 dólares/novilha em 2013 (DAY; NOGUEIRA, 2013), assim como novilhas que são acasaladas mais cedo em sua primeira estação reprodutiva possuem a primeira parição mais cedo e desmamam bezerros mais pesados quando comparadas àquelas que concebem mais tarde (SHORT; BELLOWS, 1971), assim como tendem a manter estas características pelo resto de sua vida reprodutiva (LESMEISTER et al., 1973). Dentro das variadas raças, animais Bos taurus taurus têm maior precocidade sexual, ou seja, iniciam a puberdade em torno de 6 meses de idade (FORDE et al., 2011), enquanto animais Bos taurus indicus são mais tardios, iniciando a ciclicidade reprodutiva aos 24 meses de idade aproximadamente (ROMANO et al., 2007). Portanto, a idade à puberdade em novilhas zebuínas é um problema que afeta sua produtividade, devido à elevada idade ao primeiro parto (NOGUEIRA, 2004), sendo que nos rebanhos brasileiros a primeira parição ocorre aos 3 ou 4 anos de idade (NOGUEIRA, 2004; V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 383 MALHADO et al., 2013). Neste caso, a elevada idade ao primeiro parto e baixa taxa de gestação das matrizes podem levar à falha e/ou diminuição dos índices reprodutivos e baixos índices de desfrute do rebanho, prejudicando o desempenho da atividade pecuária nacional (CARDOSO; NOGUEIRA, 2007). Tradicionalmente, recomenda-se que as novilhas, ao início da estação reprodutiva, estejam com cerca de 60 a 65% do peso vivo (PV) estimado para uma vaca adulta (LAMOND, 1970; TAYLOR; FITZHUGH, 1971; DAY; NOGUEIRA, 2013). No entanto, pesquisas mais recentes têm demonstrado que alimentar os animais até os 50 a 57% do PV adulto pode resultar em vantagem econômica ao invés de alimentá-los até os 60 a 65% utilizados normalmente (ENDECOTT et al., 2013). Portanto, até que se encontre melhores resultados e/ou pesquisas a respeito, a regra de utilização do desenvolvimento de novilhas a um peso pré-determinado ao início da estação de monta aparentemente torna-se um método confiável para garantir que alta proporção de novilhas atinjam a puberdade ao início da estação reprodutiva (PATTERSON et al., 2000). Além disso, como a idade à puberdade dificilmente pode ser determinada diretamente, foi desenvolvido um sistema de classificação do trato reprodutivo (RTS), baseando-se em palpações transretais para avaliação das condições dos animais em relação à puberdade e ciclicidade ovariana. Portanto, baseando-se no desenvolvimento folicular, presença de corpo lúteo (CL) e tamanho do trato reprodutivo, os animais podem ser classificados de 1 (imaturo, anestro) até 5 (maturo, cíclico), de forma que animais com RTS 1 e 2 são considerados pré-púberes, animais com RTS 3 considerados peri-púberes e novilhas com RTS 4 e 5 são consideradas púberes (ANDERSON et al., 1991; Tabela 1). 384 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Tabela 1 - Sistema de classificação por escores do trato reprodutivo (RTS)* Escore Cornos Uterinos (RTS) Imaturo, < 20 mm de 1 diâmetro, sem tônus 20 - 25 de diâmetro, 2 sem tônus 20 - 25 de diâmetro, 3 tônus leve 30 mm de diâmetro, 4 com tônus 5 Ovários Largura (mm) Comprimento (mm) Altura (mm) 15 10 8 Sem estruturas palpáveis 18 12 10 Folículos de 8 mm 22 15 10 30 16 12 > 32 20 15 > 30 mm de diâmetro Estruturas Folículos de 8 10mm Folículos > 10 mm, possível CL CL presente * Adaptado de Anderson et al. (1991). Desta forma, o sistema padronizado para avaliação e classificação do trato reprodutivo (RTS) auxilia na determinação da idade à puberdade de maneira indireta, de forma que este sistema pode ser utilizado como um teste de triagem para as características reprodutivas antes da estação reprodutiva (ANDERSON et al., 1991), como um indicador das condições nutricionais do rebanho, possibilitando o manejo nutricional dos animais quando há tempo suficiente antes da estação reprodutiva (BYERLEY et al., 1987), assim como uma ferramenta para a seleção dos animais para idade à puberdade (DAY; ANDERSON, 1998). No entanto, em animais que não atingiram a puberdade espontaneamente até o início da estação reprodutiva, há a necessidade de tratamentos para indução da puberdade, com o intuito de se respeitar os limites sazonais da estação reprodutiva, assim como aumentar a eficiência na produção de carne (PATTERSON et al., 1990; DAY; NOGUEIRA, 2013). As práticas comumente utilizadas para a indução da puberdade estão centradas na utilização de progestágenos, de forma isolada ou em associação com fármacos indutores de ovulação, tais como estradiol, GnRH ou eCG (GONZALEZ-PADILLA et al., 1975; DAY; NOGUEIRA, 2013). Tais protocolos de indução se baseiam no potencial que o tratamento com progesterona pode ter em reprogramar o controle do V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 385 sistema reprodutivo, para que este possa operar de maneira adulta após o tratamento. Desta forma, durante e após o tratamento com progesterona, a secreção de hormônios essenciais como o LH irão aumentar, estimulando o crescimento folicular e a ovulação, seja ela espontânea ou em resposta a um estímulo exógeno secundário. Desta forma, uma porcentagem superior a 80% de novilhas prépúberes normalmente são induzidas a ovulação após o protocolo (DAY; NOGUEIRA, 2013). Dentre as biotecnologias reprodutivas disponíveis, a sincronização do ciclo estral e inseminação artificial permanecem como uma das técnicas mais importantes e amplamente aplicáveis. Dentro de um programa reprodutivo para novilhas, tais procedimentos contribuem em diversos aspectos, tais como concentrar a época de coberturas e/ou parições, redução das perdas reprodutivas devido ao manejo durante a época de partos, assim como a possibilidade de seleção e utilização de acasalamentos com touros selecionados para menor peso ao nascimento e redução de distocias. Adicionalmente, os animais provenientes de programas de inseminação artificial poderão ser excelentes fontes para reposição, assim como aceleram e facilitam o processo de melhoramento genético do rebanho (PATTERSON et al., 2000). Durante os anos de 2012 e 2013, trabalhando com novilhas de aproximadamente 300kg (12 a 15 meses de idade) ao início do protocolo hormonal para indução de puberdade, Day e Nogueira (2013) relataram índices de indução de ovulação em aproximadamente 80% dos animais utilizados. Adicionalmente, dois protocolos consecutivos de IATF foram realizados nestes animais, resultando em taxas de prenhez de aproximadamente 60% em novilhas Nelore e 80% em animais com cruzamentos Nelore X Angus, sendo tais resultados semelhantes aos observados em novilhas com primeira parição aos 3 ou 4 anos de idade. Portanto, estes resultados preliminares indicam que a maioria das novilhas podem apresentar a primeira parição aos 2 anos de idade, associado ao manejo nutricional adequado e protocolos hormonais quando necessário. De forma semelhante, outros autores obtiveram taxas de indução da ovulação variando entre 75 e 85%, utilizando protocolos 386 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte à base de dispositivos intravaginais de progesterona associados ou não a agentes indutores de ovulação (eCG e/ou ECP; RODRIGUES et al., 2013). Trabalhando com o sistema de escores do sistema reprodutivo (RTS), Anderson et al. (1991) relataram taxas de prenhez de 41 a 58% menores em novilhas com RTS 1 quando comparadas a novilhas com RTS de 4 e 5. Além disso, animais com RTS de 3 a 5 tiveram a concepção antecipada em 10 dias em relação àqueles com RTS 1 ou 2. Em outro trabalho, foram relatadas taxas de detecção de estro > 90% e prenhez/IA > 50% em animais com RTS ≥ 4, enquanto animais com RTS ≤ 3 obtiveram taxas de detecção de estro e prenhez/IA de < 80% e < 37%, respectivamente (LEFEVER; ODDE, 1986). Em pesquisas mais recentes, outros autores avaliaram o efeito dos escores do sistema reprodutivo (RTS) em novilhas de corte em dois sistemas de acasalamento, sendo um utilizando IATF seguida de monta natural (AI-MN) e outro utilizando somente monta natural (MN). No sistema AI-MN, tanto a taxa de prenhez por inseminação quanto a taxa de prenhez ao final da estação de monta foram maiores nos animais que possuíam maior RTS, sendo que as maiores taxas foram as obtidas nos animais de RTS 5. Da mesma forma, no sistema MN as taxas de prenhez ao final da estação de monta aumentaram conforme o escore de RTS dos animais aumentava, sendo que as maiores taxas também foram obtidas nos animais de RTS 5. Adicionalmente, as taxas de prenhez ao final da estação reprodutiva entre os animais de RTS 5 foram maiores (P < 0,0001) nos animais do sistema AI-MN (95,2%) quando comparados ao sistema MN (90,2%). Adicionalmente, os animais com maiores escores de RTS, independente do sistema utilizado, tornaram-se prenhes mais rápido quando comparados aos animais de menos RTS. Em relação aos diferentes sistemas, independente dos escores de RTS, os animais presentes no sistema MN levaram mais tempo para tornarem-se prenhes quando comparados aos animais do sistema AI-MN, sendo esta diferença de aproximadamente 25 dias (GUTIERREZ et al., 2014). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 387 Portanto, de acordo com os resultados observados por Gutierrez et al. (2014), os escores de RTS influenciam tanto o número de animais que ficarão prenhes durante a estação de monta, assim como em qual momento a concepção irá ocorrer. Da mesma forma, a utilização de programas de sincronização do ciclo estral contribui para a seleção de animais que tornam-se prenhes no início da estação reprodutiva, assim como traz contribuição na indução de estro e ovulação em novilhas em anestro, contribuindo para que a concepção ocorra nos ciclos reprodutivos subsequentes. Desta forma, por uma perspectiva fisiológica, a seleção e/ou utilização de animais que respondem a um determinado tratamento de indução pode representar uma maneira indireta para seleção de novilhas com menor idade à puberdade, visto que a capacidade de resposta a estes tratamentos está associada à sua idade esperada para a ocorrência da primeira ovulação, o que dentro de um grupo de animais sob o mesmo sistema de manejo provavelmente será determinado pela variabilidade genética. Sendo assim, a longo prazo, a combinação da seleção genética entre os animais, estratégias nutricionais adequadas e intervenção hormonal quando for necessário irão contribuir para a melhoria da eficiência produtiva nos sistemas de criação de bovinos de corte (DAY; NOGUEIRA, 2013). CUIDADOS NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL Seguem algumas recomendações, com intuito de padronizar procedimentos operacionais. Quando se realiza a IATF, geralmente levantam-se as canecas com as racks, muitas vezes. Cada vez que se levanta a caneca, expõe-se o sêmen armazenado a temperaturas críticas. Ao final da EM, não se pode afirmar em que condição de armazenamento o sêmen se encontra, nos diferentes botijões, nos diferentes retiros. O procedimento que vem sendo adotado é o de se retirarem todas as doses de uma rack e colocá-las no banho-maria ou descongelador. O sêmen está a uma temperatura de -196oC e, quando cerca de 10 palhetas são colocadas, ao mesmo tempo no descongelador, a temperatura cai e deixa a curva de descongelamento mais lenta o que provoca crio-injúria nos espermatozoides. 388 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Uma recomendação é de que toda a rack seja retirada e colocada em uma caixa térmica com nitrogênio líquido. Na sequência, 5 palhetas podem ser colocadas de cada vez no descongelador. Em recente experimento científico, ficou demonstrado que, quando 10 palhetas foram descongeladas ao mesmo tempo, a partir da 6º palheta, a qualidade do sêmen foi comprometida (OLIVEIRA et al., 2012). Mais alguns pontos relevantes e atuais ligados a influência do sêmen nos programas reprodutivos de vacas de corte, serão abordados nos próximos tópicos. INFLUÊNCIA DO HORÁRIO DA IATF SOBRE A TAXA DE PRENHEZ E PROPORÇÃO DE SEXO DA CRIA EM VACAS NELORE, USANDO SÊMEN CONVENCIONAL Várias pesquisas vem buscando a manipulação do sexo da prole antes da concepção (GARNER; SEIDEL, 2008; MATURANAFILHO et al., 2011). A determinação do sexo antes da concepção, vem a ser um fator determinante na tomada de decisões e no planejamento econômico da atividade agropecuária. Alguns pesquisadores notaram que alteração na proporção de sexo da cria em outras espécies. Verme e Ozoga (1981) observaram que em cervos de cauda branca (Odocoleus virginanus), acasalamentos ocorridos próximo ao início do estro produziram uma maior proporção de machos. Gutiérrez-Adán et al. (1999) também observaram este efeito em ovelhas. Pellegrino et al. (2003) relataram que o controle fisiológico do sexo do bezerro pode estar relacionado à capacitação espermática, necessária para a ocorrência da fertilização. Observou-se que os espermatozoides carreadores do cromossomo Y capacitam-se mais cedo em relação aos carreadores do cromossomo X. Esta característica indica que a seleção do sexo embrionário pode ocorrer no ambiente uterino. Portanto a inseminação pré ovulatória para obtenção de um embrião XX poderia ser embasada nesta teoria. Sterry et al. (2007) em vacas holandesas observaram uma variação na proporção de sexo do bezerro utilizando o protocolo V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 389 Ovsynch e inseminando 48 h e 72 h após a aplicação de PGF2α e obtiveram 46,4 e 57,1% de fêmeas. Porém os resultados são controversos sendo que alguns autores não comprovaram relação entre o momento do acasalamento e ovulação com o sexo da prole (RORIE et al., 1999), já outros autores como Wehner et al. (1997) observaram alteração na proporção de sexo da prole considerando o momento do acasalamento e o início do estro. Nosso grupo de pesquisa (MATURANA-FILHO et al., 2011), desenvolveu um experimento no campus de Pirassununga da Universidade de São Paulo (USP) com 765 animais. Os animais foram distribuídos de forma aleatória em três grupos sendo que o grupo 1 (G1) foi inseminado entre 29 e 34 horas após a PGF, o grupo 2 (G2) entre 35 a 40 horas após a PGF e o grupo 3 (G3) entre 41 e 45 horas após a aplicação de PGF. Os animais eram avaliados por ultrassom no início do protocolo, para avaliação do escore de condição ovariana (ECO), e antes da inseminação para observar possível ovulação. Todas as vacas foram submetidas a protocolo de IATF tradicional de 4 manejos. A taxa de prenhez após IATF foi obtida aos 30 dias para diagnóstico e aos 60 após a IA para confirmação e sexagem e ao final da estação de monta, para diagnosticar as gestações do repasse dos touros. Na estação de parição do ano subsequente, a proporção de machos e fêmeas, baseadas na sexagem do diagnóstico de 60 dias foram confirmadas com as fichas de nascimento. A taxa de prenhez aos 30 e 60 após IATF e ao final da estação de monta, estão descritas na tabela 2. A proporção média de sexo das crias está descrita na tabela 2. Tabela 2 - Taxa de concepção média aos 30 e 60 dias e ao final da estação de monta Diagnóstico 30 dias 60 dias Final da estação TC (%) 64,6 61,4 86,3 N 494/765 470/765 660/765 390 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Tabela 3 - Proporção do sexo da cria nos períodos experimentais Macho (%) 48,7 (373/765) Fêmea (%) 51,3 (392/765) Probablilidade 0,06 Houve diferença na taxa de prenhez de acordo com os grupos de inseminação artificial (p<0,05). No G1 foi encontrada uma TC de 63,8% (n=164/257), no G2 75,4% (n=190/252), e G3 54,7% (n=140/256) (tabelas 4 e figura e figura 15) O momento da IATF também influenciou (p<0,05) na proporção de sexo da cria nos três grupos experimentais. A proporção de sexo da cria no G1 foi de 66,1% de machos (n=170/257) e 33,9% de fêmeas (n=87/257), no G2 42,1% de machos (n=106/252) e 57,9% de fêmeas (n=146/252) e no G3 37,9% de machos (n=97/256) 62,1% de fêmeas (n=159/256) (Tabela 7 e figura 8). Embora alguns autores não tenham encontrado influência do momento da IA na proporção do sexo da cria de bovinos (BALLINGER, 1970; RORIE et al., 1999), outros estudos estão de acordo com os resultados encontrados no presente trabalho (POWELL et al., 1975; PURSLEY et al., 1998). Tabela 4 - Influência do horário da IATF na taxa de concepção (TC) e proporção do sexo da cria Grupo G1 G2 G3 P Taxa de Prenhez (%) 63,8 75,4 54,7 0,02 Macho 66,1 42,1 37,9 0,03 Fêmea 33,9 57,9 62,1 0,03 N 257 252 256 Concluímos que o horário da inseminação, influencia a taxa de prenhez e o sexo da cria. No entanto, mais estudos são necessários para isolar os fatores ligados a vaca, ao protocolo e ao sêmen que podem ser controlados para trabalhar esse tipo de estratégia em programas de IATF. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 391 UTILIZAÇÃO DE SÊMEN SEXADO PARA PRODUÇÃO DE CARNE As tecnologias de sexagem atuais são baseadas nas diferenças fisiológicas entre espermatozoides X ou Y, fazendo com que no momento da concepção esteja o tipo desejado de espermatozoides ocorrendo alteração na proporção de sexo da prole. A técnica mais precisa utilizada atualmente é a citometria de fluxo que separa os espermatozoides X e Y, possibilitando a inseminação artificial com o sêmen sexado (FUGGER, 1999; SEIDEL JR.; GARNER, 2002). Esta separação do espermatozoides Y dos espermatozoides X, é baseada na diferença do conteúdo de DNA das células espermáticas (os espermatozoides X possuem 4% a mais de material genético em relação ao Y) realizada pelo citômetro de fluxo (SEIDEL JR., 2007). A maioria das pesquisas realizadas com novilhas é indicativa de que a taxa de concepção com sêmen sexado é cerca de 70 a 90% da obtida com sêmen convencional, quando as IA são realizadas com base na detecção de cios. A quantidade reduzida de espermatozoides por dose de sêmen sexado vem sendo responsabilizada pelas menores taxas de concepção. Há experimentos nos quais o emprego de 2 palhetas de sêmen sexado não foi capaz de aumentar as taxas de concepção em vacas da raça Jersey. Entretanto, tanto com sêmen sexado quanto com convencional, as taxas de concepção, da ordem de 45 a 49%, foram muito boas nesse experimento. O emprego de GnRH no momento da IA ou o local de deposição do sêmen (corpo ou corno uterino) também não influenciaram significativamente a fertilidade do sêmen sexado. Em recente estudo, realizado por Sá Filho et al. (2010), a taxa de concepção foi maior nas novilhas inseminadas entre 16 e 24 h, em relação às inseminadas entre 12 e 16 h após a aceitação da primeira monta, detectada por radiotelemetria (Heatwach®). Alguns autores relataram que o sêmen sexado necessita de menos tempo para a capacitação, devido ao processo de separação dos espermatozoides x e y por citometria de fluxo. Portanto, IA realizadas em momentos mais próximos da ovulação poderiam 392 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte melhorar, tanto nas IA realizadas após a detecção de cios, quanto nas realizadas após a IATF. Nesse sentido, e com base em vários experimentos, Baruselli et al. (2011) recomendam um atraso de 6 h, em média, no momento da IATF, para se maximizar a taxa de concepção com emprego de sêmen sexado. De um modo geral, o efeito de touro é significativo, indicando que alguns touros toleram melhor o processo de sexagem. O emprego de sêmen sexado na produção de carne deve ser visto com cautela, por enquanto, uma vez que diminuições na taxa de prenhez, ainda que pequenas, impactam negativamente a rentabilidade da pecuária de corte, ao ponto de não compensar a receita adicional proveniente da obtenção de bezerros do sexo desejado. Uma alternativa que vem ganhando terreno é a utilização de sêmen sexado para produção de embriões “in vitro”, a partir de ovários de matadouro e transferência, a fresco, em tempo fixo, para vacas e novilhas em rebanho comercial. UTILIZAÇÃO DE SÊMEN REVERSO PARA PRODUÇÃO DE EMBRIÕES, VISANDO A PRODUÇÃO DE MATRIZES E/OU DE CARNE O sêmen reverso é uma biotecnologia que vem sendo amplamente utilizada na rotina de produção in vitro (PIV) de embriões bovinos (SILVA et al., 2011). Esse processo viabilizou a sexagem dos espermatozoides a partir de doses convencionais previamente congeladas, possibilitando a utilização de touros que já não produzem sêmen ou que já morreram. No entanto, os resultados inerentes à PIV com sêmen reverso, bem com as taxas de concepção ainda são bastante variáveis (SILVA et al., 2011). No trabalho desenvolvido neste contexto por Silva et al. (2011), objetivando relatar as taxas de concepção obtidas de embriões PIV da raça Nelore, utilizando sêmen convencional e reverso. Foi realizado um estudo na Fazenda Eldorado, no município de Itapetininga, SP. Sete dias após a fertilização in vitro, embriões produzidos com sêmen convencional (n=595) e com sêmen reverso V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 393 (n=184) de 4 touros da raça Nelore foram transferidos em receptoras sincronizadas (EmbryoSys ®). O diagnóstico de gestação e sexagem fetal foram realizados através de ultrassonografia transretal 30 e 60 dias após a transferência, respectivamente. As taxas de concepção dos embriões produzidos com sêmen convencional foram 50,8% e 47,5% aos 30 e 60 dias, respectivamente. Os embriões produzidos com sêmen reverso apresentaram taxas de concepção de 51,1% e 44,3%, aos 30 e 60 dias, respectivamente. A morte embrionária/fetal precoce, também, foi semelhante entre os embriões PIV com sêmen convencional (7,0%) e reverso (7,4%). Finalmente, os embriões produzidos com sêmen convencional resultaram em 42% de fêmeas e 58% de machos. Em contrapartida, com sêmen reverso resultaram em 94% de fêmeas e 6% de machos. Esses resultados demonstram que o uso do sêmen reverso na PIV de embriões bovinos pode ser aplicável comercialmente em larga escala, pois apresenta elevada acurácia de sexagem e parece não comprometer as taxas de concepção e a mortalidade embrionária/fetal precoce. CONCLUSÃO A IATF possui custo/benefício favorável e os resultados podem ser maximizados principalmente pelas melhorias de manejo e adoção e aperfeiçoamento de novas biotecnologias. Especial atenção deve ser dada ao manejo nutricional, uma vez que ele impacta diretamente o desempenho reprodutivo, a formação do feto e a amamentação. Estratégias de suplementação devem ser consideradas para melhoria da fertilidade em programas de IATF ou de TE, juntamente com um aumento da produtividade por vaca e da qualidade da carne. 394 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte REFERÊNCIAS ANDERSON, K. J.; LEFEVER, D. G.; BRINKS, J. S.; ODDE, K. G. The use of reproductive tract scoring in beef heifers. Agri-Practice, v. 12, p. 19–26, 1991. BALLINGER, H. J. The effect of inseminations carried out early or late in oestrus on the sex ratio of calves born. The Veterinary Record, v. 86, n. 21, p. 631, 1970. BARUSELLI, P. S.; REIS, E. L.; MARQUES, M. O.; NASSER, L. F.; BÓ, G. A. The use of hormonal treatments to improve reproductive performance of anestrous beef cattle in tropical climates. Animal Reproduction Science, v. 82-83, p. 479–86, 2004. BARUSELLI, P. S.; SÁ FILHO, M. F.; SALES, J. N. S.; et al. Estrategias del uso eficiente de semen sexado en bovinos. Spermova, v. 1, p. 14–25, 2011. BARUSELLI, P. S.; SALES, J. N. S.; SALA, R. V.; VIEIRA, L. M.; SÁ FILHO, M. F. History, evolution and perspectives of timed artificial insemination programs in Brazil. Animal Reproduction, v. 9, n. 3, p. 139–152, 2012. BELLOWS, R. A.; SHORT, R. E.; RICHARDSON, G. V. Effects of sire, age of dam and gestation feed level on dystocia and postpartum reproduction. Journal of Animal Science, v. 55, n. 1, p. 18–27, 1982. BLOCK, S. S.; BUTLER, W. R.; EHRHARDT, R. A.; et al. Decreased concentration of plasma leptin in periparturient dairy cows is caused by negative energy balance. The Journal of Endocrinology, v. 171, n. 2, p. 339–48, 2001. BYERLEY, D. J.; STAIGMILLER, R. B.; BERARDINELLI, J. G.; SHORT, R. E. Pregnancy rates of beef heifers bred either on puberal or third estrus. Journal of Animal Science, v. 65, n. 3, p. 645–50, 1987. CARDOSO, D.; NOGUEIRA, G. P. Mecanismos neuroendócrinos envolvidos na puberdade de novilhas. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia, v. 10, p. 59–67, 2007. COOKE, R. F.; ARTHINGTON, J. D.; ARAUJO, D. B.; LAMB, G. C. Effects of acclimation to human interaction on performance, temperament, physiological responses, and pregnancy rates of Brahman-crossbred cows. Journal of Animal Science, v. 87, n. 12, p. 4125–32, 2009. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 395 CUNNINGHAM, M. J.; CLIFTON, D. K.; STEINER, R. A. Leptin’s actions on the reproductive axis: perspectives and mechanisms. Biology of Reproduction, v. 60, n. 2, p. 216–22, 1999. DAY, M.; ANDERSON, L. Current concepts on the control of puberty in cattle. Journal of Animal Science, v. 76, p. 1–15, 1998. DAY, M. L.; NOGUEIRA, G. P. Management of age at puberty in beef heifers to optimize efficiency of beef production. Animal Frontiers, v. 3, n. 4, p. 6–11, 2013. DU, M.; TONG, J.; ZHAO, J.; et al. Fetal programming of skeletal muscle development in ruminant animals. Journal of Animal Science, v. 88, n. 13l, p. E51–60, 2010. DZIUK, P. J.; BELLOWS, R. A. Management of reproduction of beef cattle, sheep and pigs. Journal of Animal Science, v. 57, p. 355– 379, 1983. EL-DIN. ZAIN, A.; NAKAO, T.; ABDEL RAOUF, M.; et al. Factors in the resumption of ovarian activity and uterine involution in postpartum dairy cows. Animal Reproduction Science, v. 38, n. 3, p. 203–214, 1995. ENDECOTT, R. L.; FUNSTON, R. N.; MULLINIKS, J. T.; ROBERTS, A. J. Implications of beef heifer development systems and lifetime productivity. Journal of Animal Science, v. 91, p. 1329–1335, 2013. FERNANDEZ, D. L.; BERARDINELLI, J. G.; SHORT, R. E.; ADAIR, R. Acute and chronic changes in luteinizing hormone secretion and postpartum interval to estrus in first-calf suckled beef cows exposed continuously or intermittently to mature bulls. Journal of Animal Science, v. 74, n. 5, p. 1098–103, 1996. FONTANELI, R. S. Forage systems for year-round grazing by lactating dairy cows, 1999. Gainesville: University of Florida. FORDE, N.; BELTMAN, M. E.; LONERGAN, P.; et al. Oestrous cycles in Bos taurus cattle. Animal Reproduction Science, v. 124, n. 3-4, p. 163–9, 2011. FRÜHBECK, G. A heliocentric view of leptin. The Proceedings of the Nutrition Society, v. 60, n. 3, p. 301–18, 2001. 396 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte FUGGER, E. F. Clinical experience with flow cytometric separation of human Xand Y-chromosome bearing sperm. Theriogenology, v. 52, n. 8, p. 1435– 40, 1999. GARNER, D. L.; SEIDEL, G. E. History of commercializing sexed semen for cattle. Theriogenology, v. 69, n. 7, p. 886–95, 2008. GONZALEZ-PADILLA, E.; RUIZ, R.; LEFEVER, D.; DENHAM, A.; WILTBANK, J. N. Puberty in beef heifers. III. Induction of fertile estrus. Journal of Animal Science, v. 40, n. 6, p. 1110–8, 1975. American Society of Animal Science. GUTIERREZ, K.; KASIMANICKAM, R.; TIBARY, A; et al. Effect of reproductive tract scoring on reproductive efficiency in beef heifers bred by timed insemination and natural service versus only natural service. Theriogenology, 2014. Elsevier Ltd. GUTIÉRREZ-ADÁN, A.; PÉREZ-GARNELO; GRANADOS, J.; et al. Relationship between sex ratio and time of insemination according to both time of ovulation and maturational state of oocyte. Zygote, v. 7, n. 1, p. 37– 43, 1999. KADOKAWA, H.; BLACHE, D.; YAMADA, Y.; MARTIN, G. B. Relationships between changes in plasma concentrations of leptin before and after parturition and the timing of first post-partum ovulation in high-producing Holstein dairy cows. Reproduction, fertility, and development, v. 12, n. 78, p. 405–11, 2000. LAMOND, D. R. The influence of undernutrition on reproduction in the cow. Animal Breeding Abstracts, v. 38, p. 359–372, 1970. LANDAETA-HERNÁNDEZ, A. .; GIANGRECO, M.; MELÉNDEZ, P.; et al. Effect of biostimulation on uterine involution, early ovarian activity and first postpartum estrous cycle in beef cows. Theriogenology, v. 61, n. 7-8, p. 1521–1532, 2004. LEFEVER, D. G.; ODDE, K. G. Predicting reproductive performance in beef heifers by reproductive tract evaluation before breeding. CSU Beef Program Report. Colorado State University, Fort Collins, p. 13–15, 1986. LESMEISTER, J. L.; BURFENING, P. J.; BLACKWELL, R. L. Date of First Calving in Beef Cows and Subsequent Calf Production. Journal of Animal Science, v. 36, n. 1, p. 1–6, 1973. American Society of Animal Science. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 397 MADUREIRA, E. H.; PIMENTEL, J. R. V. Manejo reprodutivo determina resultados econômicos. Visão Agrícola, v. 2, p. 15–18, 2005. MALHADO, C. H. M.; MALHADO, A. C. M.; MARTINS FILHO, R.; et al. Age at first calving of Nellore cattle in the semi-arid region of northeastern Brazil using linear, threshold, censored and penalty models. Livestock Science, v. 154, n. 1-3, p. 28–33, 2013. MATURANA-FILHO, M.; TEIXEIRA, N. A.; SCOLARI, S. C. .; et al. Avaliação dos efeitos do estresse calórico sobre a eficiência reprodutiva de novilhas nelore, durante a estação de monta. Anais da XXV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Transferência de Embriões. Anais... p.372, 2011. MONTIEL, F.; AHUJA, C. Body condition and suckling as factors influencing the duration of postpartum anestrus in cattle: a review. Animal Reproduction Science, v. 85, n. 1-2, p. 1–26, 2005. MOORE, J. E.; BRANT, M. H.; KUNKLE, W. E.; HOPKINS, D. I. Effects of supplementation on voluntary forage intake, diet digestibility, and animal performance. Journal of Animal Science, v. 77 Suppl 2, p. 122–35, 1999. NOGUEIRA, G. P. Puberty in South American Bos indicus (Zebu) cattle. Animal Reproduction Science, v. 82-83, p. 361–72, 2004. NRC. Nutrient Requirements of Beef Cattle. Seventh Re ed. Washington, DC: The National Academies Press, 2000. OLIVEIRA, L. Z.; ARRUDA, R. P.; DE ANDRADE, A. F. C.; et al. Effect of sequence of insemination after simultaneous thawing of multiple semen straws on conception rate to timed AI in suckled multiparous Nelore cows. Theriogenology, v. 78, n. 8, p. 1800–13, 2012. PATTERSON, D. J.; CORAH, L. R.; BRETHOUR, J. R. Response of prepubertal Bos taurus and Bos indicus x Bos taurus heifers to melengestrol acetate with or without gonadotropin-releasing hormone. Theriogenology, v. 33, n. 3, p. 661–8, 1990. PATTERSON, D. J.; WOOD, S. L.; RANDLE, R. F. Procedures that support reproductive management of replacement beef heifers. Journal of Animal Science, v. 77, p. 1–15, 2000. 398 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte PELLEGRINO, C. A. G.; HENRY, M.; JACOMINI, J. O.; DINIZ, E. G. Aplicações da mensuração da resistência elétrica do muco vaginal no manejo reprodutivo de fêmeas bovinas. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 27, n. 4, p. 660–668, 2003. PERRY, R. C.; CORAH, L. R.; COCHRAN, R. C.; et al. Influence of dietary energy on follicular development, serum gonadotropins, and first postpartum ovulation in suckled beef cows. Journal of Animal Science, v. 69, n. 9, p. 3762–73, 1991. POWELL, R. L.; NORMAN, H. D.; DICKINSON, F. N. Sire Differences in Sex Ratio of Progeny. Journal of Dairy Science, v. 58, n. 11, p. 1723–1726, 1975. PURSLEY, J. R.; SILCOX, R. W.; WILTBANK, M. C. Effect of time of artificial insemination on pregnancy rates, calving rates, pregnancy loss, and gender ratio after synchronization of ovulation in lactating dairy cows. Journal of dairy science, v. 81, n. 8, p. 2139–44, 1998. RESTLE, J.; VAZ, R. Z.; ALVES FILHO, D. C.; et al. Desempenho de Vacas Charolês e Nelore Desterneiradas aos Três ou Sete Meses. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 2, p. 499–507, 2001. RHODES, F. M.; FITZPATRICK, L. A.; ENTWISTLE, K. W.; DE’ATH, G. Sequential changes in ovarian follicular dynamics in Bos indicus heifers before and after nutritional anoestrus. Journal of reproduction and fertility, v. 104, n. 1, p. 41–9, 1995. RODRIGUES, A. D. P.; PERES, R. F. G.; LEMES, A. P.; et al. Progesteronebased strategies to induce ovulation in prepubertal Nellore heifers. Theriogenology, v. 79, n. 1, p. 135–41, 2013. Elsevier Inc. ROMANO, M. A.; BARNABE, V. H.; KASTELIC, J. P.; DE OLIVEIRA, C. A.; ROMANO, R. M. Follicular dynamics in heifers during pre-pubertal and pubertal period kept under two levels of dietary energy intake. Reproduction in Domestic Animals, v. 42, n. 6, p. 616–22, 2007. RORIE, R. W.; LESTER, T. D.; LINDSEY, B. R.; MCNEW, R. W. Effect of timing of artificial insemination on gender ratio in beef cattle. Theriogenology, v. 52, n. 6, p. 1035–41, 1999. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 399 SÁ FILHO, M. F.; AYRES, H.; FERREIRA, R. M.; et al. Strategies to improve pregnancy per insemination using sex-sorted semen in dairy heifers detected in estrus. Theriogenology, v. 74, n. 9, p. 1636–42, 2010. SAÑUDO, C. La calidad organoléptica de la carne. Mundo Ganadero, v. 10, p. 78–86, 1992. SCHILLO, K. K. Effects of dietary energy on control of luteinizing hormone secretion in cattle and sheep. Journal of Animal Science, v. 70, n. 4, p. 1271–82, 1992. SEIDEL JR., G. E. Overview of sexing sperm. Theriogenology, v. 68, n. 3, p. 443–6, 2007. SEIDEL JR., G. E.; GARNER, D. L. Current status of sexing mammalian spermatozoa. Reproduction, v. 124, p. 733–743, 2002. SHORT, R. E.; BELLOWS, R. A. Relationships among Weight Gains, Age at Puberty and Reproductive Performance in Heifers. Journal of Animal Science, v. 32, n. 1, p. 127–131, 1971. American Society of Animal Science. SILVA, J. C. B.; OKABE, W. K.; MATTOS, M. C. C.; et al. Taxas de concepção de embriões bovinos produzidos in vitro com sêmen convencional ou descongelado/sexado (reverso) de touros da raça Nelore. Anais da XXV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE). Anais... p.409, 2011. STERRY, R. A.; JARDON, P. W.; FRICKE, P. M. Effect of timing of Cosynch on fertility of lactating Holstein cows after first postpartum and Resynch timed-AI services. Theriogenology, v. 67, n. 7, p. 1211–6, 2007. TAYLOR, C. S.; FITZHUGH, H. A. Genetic relationships between mature weight and time taken to mature within a breed. Journal of Animal Science, v. 33, n. 4, p. 726–31, 1971. American Society of Animal Science. TRENKLE, A.; WILLHAM, R. L. Beef production efficiency: The efficiency of beef production can be improved by applying knowledge of nutrition and breeding. Science (Wash DC), v. 198, p. 1009–1015, 1977. VERME, L. J.; OZOGA, J. J. Sex Ratio of White-Tailed Deer and the Estrus Cycle. The Journal of Wildlife Management, v. 45, n. 3, p. 710–715, 1981. 400 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte WEHNER, G. R.; WOOD, C.; TAGUE, A.; BARKER, D.; HUBERT, H. Efficiency of the OVATEC unit for estrus detection and calf sex control in beef cows. Animal Reproduction Science, v. 46, n. 1-2, p. 27–34, 1997. WILTBANK, M. C.; GÜMEN, A.; SARTORI, R. Physiological classification of anovulatory conditions in cattle. Theriogenology, v. 57, n. 1, p. 21–52, 2002. YAVAS, Y.; WALTON, J. S. Postpartum acyclicity in suckled beef cows: a review. Theriogenology, v. 54, n. 1, p. 25–55, 2000. INTERAÇÃO NUTRIÇÃO, ENDOCRINOLOGIA E REPRODUÇÃO PARA OBTENÇÃO DE DESEMPENHO REPRODUTIVO ÓTIMO Roberto Sartori, Monique Mendes Guardieiro Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, Brasil - 13418-900. [email protected] INTRODUÇÃO A nutrição pode afetar diretamente aspectos da fisiologia e o desempenho reprodutivo da fêmea bovina. Bovinos de corte criados a pasto, quando de baixa qualidade, são submetidos à restrição do consumo de alimentos, o que resulta em balanço energético negativo, evidenciado pela queda no escore de condição corporal (ECC) e eventual anestro (Mackey et al., 1999), afetando sua fertilidade (Barreiros et al., 2014). A restrição da dieta reduz sistematicamente as concentrações de hormônios metabólicos (insulina e IGF-I) que comprometem a ovulação e a taxa de crescimento dos folículos, bem como a secreção de estradiol (E2) e progesterona (P4) (Mackey et al., 1999; Walsh et al., 2012), além de afetar as concentrações de gonadotrofinas, principalmente em períodos prolongados de restrição (Mackey et al., 1999). Adicionalmente, a queda da fertilidade em bovinos pode ser relacionada aos efeitos tóxicos de compostos nitrogenados (Butler, 1998; Dawuda et al., 2002; Rhoads et al., 2006), e às deficiências de vitaminas e/ou minerais (Ingraham et al., 1987; Arechiga et al., 1994, 1998). A suplementação energética é normalmente benéfica para fêmeas de corte sob pastejo, especialmente em forragens tropicais e subtropicais, uma vez que a energia é de fundamental importância para o desempenho reprodutivo (Cooke et al., 2007). Por outro lado, o excesso de nutrientes fornecido principalmente para fêmeas doadoras de ovócitos e embriões também pode apresentar seus efeitos negativos na reprodução. Estudos mostram que este fato está relacionado ao maior fluxo sanguíneo ao fígado e consequente “clearance” de hormônios esteroides cujas concentrações circulantes 402 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte serão diminuídas (Parr et al., 1993, Sangsritavong et al., 2002; Vasconcelos et al., 2003) ou mesmo pelo efeito direto negativo dos hormônios metabólicos (Surjus, 2013). Ainda há muita controvérsia sobre os efeitos do “flushing” nutricional ou incremento na ingestão de matéria seca (IMS) sobre a fertilidade e produção embrionária em ruminantes (Diskin & Morris 2008; Leroy et al., 2008; Santos et al., 2008b; Sartori et al., 2012). Devido à grande quantidade de informações sobre o tema em questão e para evitar apresentá-las de forma superficial, a proposta deste artigo é discutir principalmente os estudos que focaram a influência da energia na reprodução da fêmea bovina de corte, destacando aqueles realizados por nosso grupo de pesquisa. INFLUÊNCIA DA ENERGIA NAS ESTRUTURAS OVARIANAS E CONCENTRAÇÕES HORMONAIS Quando bovinos apresentam aceitável condição corporal, os nutrientes da dieta são utilizados para mantença, suporte das funções fisiológicas e aumento da reserva corporal de gordura. Por outro lado, quando os nutrientes da dieta são incapazes de atender os requerimentos basais, a reprodução pode ficar comprometida, o que é visto pelo maior intervalo pós parto ou estado em anestro (Cassady et al., 2009a). A mobilização de reservas corporais por hormônios catabólicos está associada à redução na síntese ou secreção de hormônios. Cassady et al. (2009a) avaliaram novilhas meio-irmãs Simental x Angus em anestro provocado pela restrição energética por 43 dias e com ECC de 5 (moderada condição, escala de 1 a 9) ou 7 (gordas) que depois receberam dieta com alta energia até a retomada do estro (por 44 dias). A restrição energética resultou na diminuição das concentrações circulantes de LH, IGF-I e insulina. Em contraste, as concentrações de GH aumentaram. Porém, durante o período de recuperação do anestro, as concentrações circulantes destes hormônios foram retomadas. Além disso, novilhas com maior ECC retardaram o início do anestro (Cassady et al., 2009b). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 403 A diminuição nas concentrações de insulina circulante acompanhou a redução no nível de energia da dieta e afetou estruturas ovarianas e concentrações hormonais. Em novilhas de corte que receberam dietas com 0,4 vezes a energia de mantença (0,4M) durante o período de crescimento folicular até a inseminação tiveram menor diâmetro do folículo dominante e crescimento folicular e falha na ovulação, em relação àquelas alimentadas com dietas 1,2M (Mackey et al., 1999). Menores concentrações de glicose, insulina e IGF-I foram encontradas em novilhas Charolês sob dieta restrita (0,4M) por 18 dias do que aquelas em dieta 1,2M. Isto foi associado à redução na síntese de E2 pelo folículo dominante, confirmado pela menor concentração plasmática de colesterol no plasma que é precursor dos esteroides e especialmente, pela diminuição na expressão da enzima responsável pelo transporte de colesterol para dentro da mitocôndria (Walsh et al., 2012). Sabe-se que restrição alimentar afeta negativamente as estruturas ovarianas e as concentrações hormonais. Desta forma, “flushing” nutricional pode ser uma estratégia em aumentar as concentrações circulantes de insulina e IGF-I em resposta às maiores concentrações de propionato. A insulina e o IGF-I agem como potentes estimuladores da proliferação das células da granulosa (Webb et al., 2004) e atuam sinergicamente ao FSH na esteroidogênese por meio do aumento da atividade da aromatase P450 e consequente maior secreção de E2 (Echternkamp et al., 1994, Silva & Price, 2002). Além disso, pelo fato do corpo lúteo (CL) também apresentar receptores de IGF-I, o mesmo pode responder ao seu estímulo, com o aumento da atividade gonadotrópica e síntese de P4. Desta forma, o manejo nutricional com dietas energéticas ou de alta IMS poderia ser uma alternativa para aumentar as concentrações de esteroides e o número de folículos em doadoras de ovócitos e embriões (Gong et al., 2002; Surjus et al., 2012) ou mesmo o tamanho folicular e em animais com ovulação simples. Efeito positivo foi visto em novilhas púberes Angus, Hereford e Angus x Hereford que foram alimentadas com diferentes dietas por 404 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte 42-47 dias, até o momento da inseminação. O tamanho do folículo dominante foi superior em animais que receberam dietas com maior energia, entretanto as taxas de concepção, ovulação e prenhez não foram afetadas pela dieta (Baptiste et al., 2005). Similarmente, em um estudo de nossa equipe, Mollo et al. (2007b) acompanharam um ciclo estral completo de novilhas Nelore púberes sob alta (1,7M) ou baixa (0,7M) ingestão nutricional e encontraram maior tamanho das estruturas ovarianas naquelas submetidas a alta ingestão. Por outro lado, a relação entre ingestão nutricional e população folicular em doadoras de embriões, nos estudos desenvolvidos em nosso laboratório foi nula ou negativa. Para investigar se diferenças no ECC associado ou não com o flushing nutricional influenciam a resposta superovulatória em novilhas Nelore foi realizado um estudo (Bastos et al., 2007). Para isto, 36 novilhas púberes com ECC (escala de 1 a 5) mais baixo (2,7 ± 0,1; n = 18) ou mais alto (3,7 ± 0,1; n = 18) foram distribuídas em dois grupos e cada um subdividido, de acordo com os requerimentos nutricionais, em Mantença (M) ou Flushing (1,8M). O “flushing” nutricional ocorreu durante 14 dias previamente à primeira aplicação de FSH do tratamento superovulatório, porém o número de folículos ≥ 3 mm no momento da primeira aplicação de FSH não diferiu entre os grupos >M, >F, <M e <F, respectivamente (56,4 ± 6,0; 55,1 ± 4,5; 54,3 ± 6,9 e 48,2 ± 4,8; P > 0,10). Outro estudo mostrou relação negativa entre ingestão nutricional e população folicular. Foram utilizadas 39 novilhas Nelore (Mollo et al., 2007a) alimentadas com dietas 1,7M ou 0,7M. Ao final da sétima semana dos tratamentos nutricionais, as novilhas foram submetidas a tratamentos superovulatórios. Apesar das novilhas do Grupo 1,7M apresentarem maiores ECC, peso corporal e concentração sérica de insulina (14,3 ± 1,7 vs. 3,0 ± 0,8 µUI/mL), elas tiveram número inferior de folículos ≥ 3 mm no momento da primeira aplicação de FSH (32,6 ± 2,5 vs. 42,6 ± 6,6; P = 0,10). Apesar da alta IMS na maioria dos trabalhos ter sido associada a um maior tamanho das estruturas ovarianas, menores concentrações circulantes de hormônios esteroides foram encontradas. Uma das explicações é que a alta IMS por causar um V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 405 aumento do fluxo sanguíneo hepático (Parr et al., 1993; Sangsritavong et al., 2002) onde grande quantidade de desses hormônios esteroides é metabolizada, pode consequentemente, reduzir suas concentrações circulantes. Por exemplo, em um estudo recente (Bastos & Sartori, dados não publicados), vacas Nelores e Holandesas, não lactantes, foram submetidas à alta ou baixa ingestão nutricional. Independente da raça, vacas superalimentadas apresentaram maior volume de CL (5.146 ± 287 vs. 3.964 ± 306 mm³; P < 0,01), porém menores concentrações de P4 (2,3 ± 0,2 vs. 3,0 ± 0,2 ng/mL; P = 0,03) que aquelas sob baixa ingestão nutricional. Menores concentrações de esteroides podem comprometer, por exemplo, a manifestação do cio e o pico pré-ovulatório de E2. Isto foi observado em menor duração de estro (10,7 ± 2,2 vs. 17,1 ± 2,5 h; P = 0,07) em novilhas Nelore mantidas em dietas ad libitum em comparação com dietas restritas, respectivamente (Sartori & Barros, 2011). Em um de nossos estudos recentes (Bastos & Sartori, dados não publicados), vacas superalimentadas (Nelores e Holandesas) não lactantes, independente de raça tiveram o desvio folicular ocorrendo mais tardiamente no ciclo (2,9 ± 0,2 vs. 2,5 ± 0,2 d após ovulação, P < 0,05) e maior diâmetro do folículo no momento do desvio (8,1 ± 0,2 vs. 7,4 ± 0,2 mm, P < 0,05). Entretanto, mesmo apresentando maior folículo ovulatório (15,1 ± 0,8 vs. 13,8 ± 0,8 mm; P < 0,01), o pico pré-ovulatório de E2 (12,6 ± 1,0 vs. 16,0 ± 1,0 pg/mL; P = 0,01) foi menor, do que aquelas em dieta de baixa ingestão nutricional. INFLUÊNCIA DA ALTA ENERGIA OU INGESTÃO DE MATÉRIA SECA NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE EMBRIÕES Alterações no fluxo sanguíneo hepático, nos hormônios metabólicos (glicose e IGF-I, insulina) e nas concentrações de esteroides, assim como as fontes de ácidos graxos voláteis resultantes da superalimentação podem estar envolvidos nos resultados negativos vistos para produção embrionária na maioria dos estudos (Folman et al., 1973; Fonseca et al., 1983; Mann et al., 406 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte 1998; Inskeep, 2004; Sartori et al., 2012), resultando na redução da fertilidade. Além dos efeitos do IGF-I e insulina na esteroidogênese (Gutiérrez et al., 1997; Armstrong et al., 2002; Gong et al., 2002) e na sensibilidade dos folículos aos hormônios gonadotróficos (Webb et al., 2004), como já descrito, a hiperinsulinemia e o aumento das concentrações de IGF-I plasmático e intrafolicular prejudicam a qualidade ovocitária e o subsequente desenvolvimento embrionário. No trabalho de Mollo et al. (2007a), após tratamentos dietéticos por nove semanas, novilhas superalimentadas (1,7M; n = 20) previamente à superovulação apresentaram quantidade de embriões/ovócitos recuperados (6,7 ± 0,9 vs. 10,5 ± 0,6; P = 0,0003) e embriões transferíveis (3,8 ± 0,4 vs. 5,7 ± 0,6; P = 0,01) inferior àquelas em dietas restritas (0,7M; n = 19). Estes resultados podem ser explicados pelas maiores concentrações de insulina circulantes no momento do primeiro tratamento com FSH (14,3 ± 1,7 vs. 3,0 ± 0,8 µUI/mL; P < 0,001). Apesar disso, Bastos et al. (2007) não detectaram diferença nas respostas superovulatória, produção e qualidade embrionária em novilhas (n = 36) com maior e menor ECC, alimentadas com dieta de mantença (M) ou flushing (1,8M) por 14 dias previamente ao tratamento de superovulação. Da mesma forma, dietas de mantença (M; 1,2% MS/kg/PC), restrita (0,7M; 0,84% MS/kg/PC) e superalimentação (1,5M; 1,8% MS/kg/PC) fornecidas durante 42 dias para vacas Nelore não lactantes (n = 32), em um delineamento experimental arranjado em crossover (Surjus et al., 2012) não tiveram efeito na porcentagem de embriões viáveis (P = 0,98). Por outro lado, a suplementação a pasto de novilhas Nelore (n = 40) com gordura protegida da degradação ruminal (Megalac-E), rica em ácido linoleico, iniciando 50 dias antes da superovulação, em delineamento experimental arranjado em crossover comprometeu o desenvolvimento embrionário após serem descongelados e avaliados in vitro. A taxa de eclosão de embriões provenientes de novilhas que receberam gordura na dieta foi menor às 48 h [17,3 ± 3,3% (n = 137) vs. 33,1 ± 4,0% (n = 148); P = 0,009] e às 72 h [30,9 ± 4,0% (n = 137) vs. 44,3 ± 4,2% (n = 148); P = 0,04] de cultivo in vitro, em relação àquelas submetidas à dieta controle. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 407 Maior concentração de insulina circulante proveniente da superalimentação de vacas Nelore (1,7M; n = 10; 5,6 ± 0,8 µUI/mL), em comparação àquelas sob baixa ingestão nutricional (0,7M; n = 10; 3,5 ± 0,7 µUI/mL; P = 0,06; dados não publicados) foi associada à redução na porcentagem de ovócitos viáveis [44,0% (n = 732) vs. 48,6% (n = 623); P = 0,08] e menor expressão de genes relacionados à qualidade embrionária (Martins et al., 2006). Em um recente trabalho (Prata et al., 2011), realizou-se um delineamento experimental arranjado em quadrado latino, no qual vacas Nelores foram submetidas a dietas de mantença (M), restrição (0,7M) e superalimentação (1,5M) por um período de 30 dias antes da aspiração folicular. Observou-se aumento no número total de ovócitos (20,2 ± 2,0b vs. 23,0 ± 2,3a vs. 21,5 ± 2,2ab; P = 0,02), ovócitos viáveis (14,4 ± 1,6b vs. 17,0 ± 1,9a vs. 15,7 ± 1,7ab; P = 0,006) e ovócitos clivados (10,7 ± 1,4b vs. 13,4 ± 1,7a vs. 12,6 ± 1,6ab; P = 0,04) para vacas em dieta 0,7M em comparação às vacas do grupo M. Porém, vacas recebendo dieta 1,5M não diferiram dos outros grupos. Apesar das diferenças apresentadas, não foi detectada influência da dieta no número (5,4 ± 0,8 vs. 6,9 ± 0,9 vs. 5,9 ± 0,8; P = 0,15) ou na porcentagem de blastocistos produzidos in vitro (31,9 vs. 30,6 vs. 31,1%; P = 0,67). INFLUÊNCIA DA ALTA ENERGIA OU INGESTÃO DE MATÉRIA SECA NA FERTILIDADE A queda de fertilidade em bovinos submetidos à alta ingestão alimentar tem relação com os seus efeitos apresentados acima, tais como nas estruturas ovarianas, concentrações circulantes de hormônios e ovócitos e embriões. Os principais fatores que explicam estes resultados em animais consumindo dietas com altos teores energéticos são: 1) o quadro de hiperinsulinemia ou resistência à insulina bem como, as elevadas concentrações circulantes de glicose e IGF-I e 2) a redução nas concentrações circulantes de hormônios esteroides, principalmente E2 e P4. A diminuição nas concentrações destes hormônios ocasiona um período mais prolongado de crescimento do folículo préovulatório após a luteólise, visto que isto ocorre, provavelmente pela 408 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte necessidade de o folículo pré-ovulatório crescer por um período mais longo e produzir E2 suficiente para compensar o que é metabolizado em excesso e induzir o pico ovulatório de GnRH (Sirois & Fortune, 1988; Knopf et al., 1989). Tal fato compromete a qualidade ovocitária e a viabilidade embrionária (Folman et al., 1973; Fonseca et al., 1983; Mann et al., 1998). Reduzidas concentrações séricas de P4 antes da IA foram associadas à queda de fertilidade em vacas (Folman et al., 1973; Fonseca et al., 1983). Da mesma forma, vacas doadoras de ovócitos com concentrações circulantes muito baixas de P4 tiveram uma menor taxa de clivagem e menor produção in vitro de embriões do que aquelas com concentrações sanguíneas mais elevadas de P4 (Pfeifer et al., 2009). Baixas concentrações séricas de P4 levam a um aumento na freqüência de pulsos de LH (Roberson et al., 1989; Adams et al., 1992), podendo causar maturação prematura dos ovócitos (Revah & Butler, 1996), queda na qualidade ovocitária no momento da ovulação e consequente qualidade embrionária inferior após a fecundação (Ahmad et al., 1995) e desenvolvimento embrionário retardado (Mann et al., 1998; Mann & Lamming, 2001; Lonergan et al., 2007; Carter et al., 2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS A nutrição se torna fundamental no desempenho reprodutivo, uma vez que pode afetar direta ou indiretamente os aspectos da fisiologia da fêmea bovina por meio dos nutrientes presentes na dieta. A deficiência destes, vista especialmente para animais criados a pasto compromete o desempenho reprodutivo. Similarmente, ao considerar os efeitos da alta IMS/energia sobre a fertilidade bovina, destacam-se os negativos, pois estão associados a um metabolismo elevado dos hormônios esteroides e aumento nas concentrações circulantes de insulina e IGF-I, refletindo em um possível comprometimento na qualidade ovocitária/embrionária e menores taxas de concepção. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 409 REFERÊNCIAS ADAMS, G.P.; MATTERI, R.L.; KASTELIC, J.P.; KO, J.C.; GINTHER, O.J. Association between surges of follicle-stimulating hormone and the emergency of follicular waves in heifers. Journal of Reproduction and Fertility, v.94, p.177-188, 1992. AHMAD, N.; SCHRICK, F.N.; BUTCHER, R.L.; INSKEEP, E.K. Effect of persistent follicles on early embryonic losses in beef cows. Biology of Reproduction, v.52, p.1129-1135, 1995. ARMSTRONG, D.G.; BAXTER, G.; HOGG, C.O.; WOAD, K.J. Insulin-like growth factor (IGF) system in the oocyte and somatic cells of bovine preantral follicles. Reproduction, v.123, p.789-797, 2002. BAPTISTE, Q.S.; KNIGHTS, M.; LEWIS, P.E. Fertility response of yearling beef heifers after prebreeding energy manipulation, estrous synchronization and timed artificial insemination. Animal Reproduction Science, v. 85, p. 209–221, 2005. BARREIROS, T.R.R.; BLASCHI, W.; SANTOS, G.M.G.; MOROTTI, F.; ANDRADE, E.R.; BARUSELLI , P.S.; SENEDA, M.M. Dynamics of follicular growth and progesterone concentrations in cyclic and anestrous suckling Nelore cows (Bos indicus) treated with progesterone, equine chorionic gonadotropin, or temporary calf removal. Theriogenology, v. 8, p. 651–656, 2014. BASTOS, M.R.; MARTINS, A.C.; MELO, L.; CARRIJO, L.H.D.; RUMPF, R.; SARTORI, R. Effect of body condition score and feed intake on the superovulatory response and embryo production in Nelore heifers. Acta Scientiae Veterinariae, v.35(Suppl 3), p.1242, 2007. BUTLER, W.R. Review: Effect of protein nutrition on ovarian and uterine physiology in dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.81, p.2533-2539, 1998. CARTER, F.; FORDE, N.; DUFFY, P.; WADE, M.; FAIR, T.; CROWE, M.A.; EVANS, A.C.; KENNY, D.A.; ROCHE, J.F.; LONERGAN, P. Effect of increasing progesterone concentration from Day 3 of pregnancy on subsequent embryo survival and development in beef heifers. Reproduction, Fertility and Development, v.20, p.368-375, 2008. 410 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte CASSADY, J.M.; MADDOCK, T.D.; DICOSTANZO, A.; LAMB, G.C. Initial body condition score affects hormone and metabolite response to nutritional restriction and repletion in yearling postpubertal beef heifers. Journal of Animal Science, v. 87, p. 2262-2273, 2009a. CASSADY, J.M.; MADDOCK, T.D.; DICOSTANZO, A.; LAMB, G.C. Body composition and estrous cyclicity responses of heifers of distinct body conditions to energy restriction and repletion. Journal of Animal Science, v. 87, p. 2255-2261, 2009b. COOKE, R.F.; ARTHINGTON, J.D.; STAPLES, C.R.; THATCHER, W.W. ; LAMB, G.C. Effects of supplement type on performance, reproductive, and physiological responses of Brahman-crossbred females. Journal of Animal Science, v. 85, p.2564-2574, 2007. DAWUDA, P.M.; SCARAMUZZI, R.J.; LEESE, H.J.; HALL, C.J.; PETERS, A.R.; DREW, S.B.; WATHES, D.C. Effect of timing of urea feeding on the yield and quality of embryos in lactating dairy cows. Theriogenology, v.58, p.1443-1455, 2002. DISKIN, M.G.; MORRIS, D.G. Embryonic and early foetal losses in cattle and other ruminants. Reproduction in Domestic Animals, v.43(Suppl. 2), p.260-267, 2008. ECHTERNKAMP, S.E.; HOWARD, H.J., ROBERTS, A.J. et al. Relationships among concentrations of steroids, insulin-like growth factor-I and insulin-like binding proteins in ovarian follicular fluid of beef cattle. Biology of Reproduction., v.51, p.971-981, 1994. FOLMAN, Y.; ROSENBER, M.; HERZ, Z.; DAVIDSON, M. Relationship between plasma progesterone concentration and conception in postpartum dairy-cows maintained on two levels of nutrition. Journal of Reproduction and Fertility, v.34, p.267-278, 1973. FONSECA, F.A.; BRITT, J.H.; MCDANIEL, B.T.; WILK, J.C.; RAKES, A.H. Reproductive traits of Holsteins and jerseys - effects of age, milk yield, and clinical abnormalities on involution of cervix and uterus, ovulation, estrous cycles, detection on estrus, conception rate, and days open. Journal of Dairy Science, v.66, p.1128-1147, 1983. GONG, J.G.; ARMSTRONG, D.G.; BAXTER, G.; HOGG, C.O.; GRANSWORTHY, P.C.; WEBB, R. The effect of dietary intake on superovulatory response to FSH in heifers. Theriogenology, v.57, p.1591-1602, 2002. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 411 GUARDIEIRO, M.M.; MACHADO, G.M.; BASTOS, M.R.; MOURÃO, G.B.; CARRIJO, L.H.D.; DODE, M.A.N.; LEROY, J.L.M.R.; SARTORI, R. A diet enriched in linoleic acid compromises the cryotolerance of embryos from superovulated beef heifers. Reproduction, Fertility and Development, in press, 2013 (http://dx.doi.org/10.1071/RD12403). INGRAHAM, R.H.; KAPPEL, L.C.; MORGAN, E.B. et al. Correction of subnormal fertility with copper and magnesium supplementation. Journal of Dairy Science, v.70, p.167-180, 1987. INSKEEP, E. K. Preovulatory, postovulatory, and post- maternal recognition effects of concentrations of progesterone on embryonic survival in the cow. Journal of Animal Science. 82(E. Suppl.):E24-E39. 2004. KNOPF, L.; KASTELIC, J.P.; SCHALLENBERGER, E.; GINTHER, O.J. Ovarian follicular dynamics in heifers: test of two wave hypothesis by ultrasonically monitoring individual follicles. Domestic Animal Endocrinology, v.6, p.111119, 1989. LEROY, J.L.; OPSOMER, G.; VAN SOOM, A.; GOOVAERTS, I.G.; BOLS, P.E. Reduced fertility in high-yielding dairy cows: are the oocyte and embryo in danger? Part I.The importance of negative energy balance and altered corpus luteum function to the reduction of oocyte and embryo quality in high-yielding dairy cows. Reproduction in Domestic Animals, v.43, p.612-622, 2008. LONERGAN, P.; WOODS, A.; FAIR, T.; CARTER, F.; RIZOS, D.; WARD, F.; QUINN, K.; EVANS, A. Effect of embryo source and recipient progesterone environment on embryo development in cattle. Reproduction, Fertility and Development, v.19, p.861-868, 2007. MACKEY, D.R; SREENAN, J. M.; ROCHE, J. F.; DISKIN, M.G. Effect of acute nutritional restriction on incidence of anovulation and periovulatory estradiol and gonadotropin concentrations in beef heifers. Biology of reproduction, v. 61, p.1601-1607 , 1999. MANN, G.E.; LAMMING, G.E. Relationship between maternal endocrine environment, early embryo development and inhibition of the luteolytic mechanism in cows. Reproduction, v.121, p.175-180, 2001. MANN, G.E.; LAMMING, G.E.; ROBINSON, R.S.; WATHES, D.C. The regulation of interferon-t production and uterine hormone receptors during early pregnancy. Journal of Reproduction and Fertility, v.54(supl.), p.317328, 1998. 412 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte MARTINS, A.C.; RAMOS, A.F.; MOLLO, M.R.; PIVATO, I.; CAMARA, J.U.; CARRIJO, L.H.D.; DRIESSEN, K.; RUMPF, R.; SARTORI, R. Influência da alta ou baixa ingestão alimentar na produção in vitro de embriões bovinos. Acta Scientia Veterinariae. v.34. p.290, 2006. MOLLO, M.R.; RUMPF, R.; MARTINS, A.C.; CARRIJO, L.H.D.; SAUERESSIG, M.G.; SARTORI, R. Produção de embriões em novilhas Nelore superovuladas submetidas à baixa ou alta ingestão alimentar. Acta Scientiae Veterinariae, v.35(Supl 3), p.945, 2007a. MOLLO, M.R.; RUMPF, R.; MARTINS, A.C.; MATTOS, M.C.C.; LOPES JR, C.; CARRIJO, L.H.D.; SARTORI, R. Função ovariana em novilhas Nelore submetidas a alta ou baixa ingestão alimentar. Acta Scientiae Veterinariae, v.35 (Supl 3), p.958, 2007b. PARR, R.A.; DAVIS, I.F.; MILES, M.A.; SQUIRES, T.J. Liver blood flow and metabolic clearance rate of progesterone in sheep. Research in Veterinary Science, v.55, p.311-316, 1993. PFEIFER, L.F.M.; SARTORI, R.; PIVATO, I.; RUMPF, R.; NOGUEIRA, G.P.; XAVIER, E.G.; DIONELLO, N.J.L.; CORRÊA, M.N. Effect of circulating progesterone on in vitro developmental competence of bovine oocytes. Animal Reproduction, v.6, p.473-480, 2009. PRATA, A.B.; SURJUS, R.S.; BORSATO, M.; MATTOS, M.C.C.; BASSO, A.; PONTES, J.H.; MOURAO, G.B.; SARTORI, R. Influência da alta ou baixa ingestão de matéria seca e/ou energia na produção in vitro de embriões bovinos. Anais da XXV Reunião Anual da SBTE. v.1. p.332, 2011. REVAH, I.; BUTLER, W.R. Prolonged dominance of follicles and reduced viability of bovine oocytes. Journal of Reproduction and Fertility, v.106, p.39-47, 1996. RHOADS, M.L.; RHOADS, R.P.; GILBERT, R.O.; TOOLE, R.; BUTLER, W.R. Detrimental effects of high plasma urea nitrogen levels on viability of embryos from lactating dairy cows. Animal Reproduction Science, v.91, p.1-10, 2006. ROBERSON, M.S.; WOLFE, M.W.; STUMPF, T.T.; KITTOK, R.J.; KINDER, J.E. Luteinizing hormone secretion and corpus luteum function in cows receiving two levels of progesterone. Biology of Reproduction, v.41, p.9971003, 1989. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 413 SANGSRITAVONG, S.; COMBS, D.K.; SARTORI, R.; WILTBANK, M.C. High feed intake increases blood flow and metabolism of progesterone and estradiol-17ß in dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.85, p.2831-42, 2002. SANTOS, J.E.P.; CERRI, R.L.A.; SARTORI, R. Nutritional management of the donor cow. Theriogenology, v.69, p.88-97, 2008b. SARTORI, R.; BARROS, C.M. Reproductive cycles in Bos indicus cattle. Animal Reproduction Science, v.24, p.244-250, 2011. SARTORI, R.; GUARDIEIRO, M.M.; MOLLO, M.R.; SURJUS, R.S. Feed intake and reproduction in cattle. In: P. C. Garnsworthy; J. Wiseman. (Org.). Recent Advances in Animal Nutrition - 2012. 1ed. Nottingham: Nottingham University Press, 2012, v.1, p.21-36. SILVA, J.M.; PRICE, C.A. Insulin and IGF-I are necessary for FSH-induced cytochrome P450 aromatase but not cytochrome P450 side-chain cleavage gene expression in oestrogenic bovine granulosa cells in vitro. Journal of Endocrinology, v.174, p.499-508, 2002. SIROIS, J.; FORTUNE, J.E. Ovarian follicular dynamics during the estrous cycle in heifers monitored by real-time ultrasonography. Biology of Reproduction, v.39, p.308-317, 1988. SURJUS, R.S. Produção de embriões e fisiologia ovariana em vacas nelore sob diferentes níveis nutricionais. 2013. 81f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pósgraduação em Ciências, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz-USP. SURJUS, R.S.; PRATA, A.B.; BORSATO, M.; MARTINS DA SILVEIRA, M.C.; MATTOS, M.C.C.; MATTOS, F.C.S.Z.; MONTEIRO JR, P.L.G.; MOURAO, G.B.; SANTOS, F.A.P.; SARTORI, R. Influence of high or low intake of dry matter and energy on in vivo production of bovine embryos. Reproduction, Fertility and Development. v.24. p.227, 2012. VASCONCELOS, J.L., SANGSRITAVONG, S., TSAI, S.J., WILTBANK, M.C. Acute reduction in serum progesterone concentrations after feed intake in dairy cows. Theriogenology 60: 795-807, 2003. WALSH, S.W.;MEHTA, J. P; MCGETTIGAN,P.A.; BROWNE, J.A.; FORDE,N.; ALIBRAHIM, R.M.; MULLIGAN, F. J.; LOFTUS, B.; CROWE, M.A.; MATTHEWS, D.;. DISKIN, M.; MIHM, M.; EVANS, A. C. O. Effect of the metabolic environment at key stages of follicle development in cattle: focus on steroid biosynthesis. Physiol Genomics, v. 44, p.504–517, 2012. 414 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte WEBB, R.; GARNSWORTHY, P.C.; GONG, J.G.; ASRMSTRONG, D.G. Control of follicular interactions and nutritional influences. Journal of Animal Science, v.82(Supl), p.E63-E74, 2004. ATUALIZAÇÃO SOBRE O CONTROLE ESTRATÉGICO DO CARRAPATO-DO-BOI Renato Andreotti Pesquisador da Embrapa Gado de Corte [email protected] O carrapato-do-boi, Rhipicephalus (B.) microplus, causa prejuízos econômicos à pecuária brasileira pelas perdas diretas na produção de leite e carne; pelos danos no couro causados por reações inflamatórias nos locais de fixação do carrapato e pela transmissão de doenças, como a tristeza parasitária bovina (causada por protozoários do gênero Babesia e pela bactéria do gênero Anaplasma) e miíases. Também acarreta prejuízos ao produtor de forma indireta relacionados ao custo de mão de obra, despesas com instalações, aquisição de acaricidas e de equipamentos de suporte para aplicação deles nos rebanhos. Para a sociedade, de uma maneira geral, a contaminação com resíduos químicos na carne e no leite e a contaminação do ambiente, solo e rios, têm sido atualmente as maiores preocupações em relação ao controle químico dos carrapatos. Nesse cenário, a resistência do carrapato aos acaricidas é um motivo de preocupação permanente. DETECÇÃO DA RESISTÊNCIA A resistência do carrapato R. microplus aos acaricidas está presente nas diferentes regiões do mundo onde é realizado o controle químico. O fator genético da resistência deve estar presente na população de carrapatos oferecendo a sobrevivência de indivíduos geneticamente resistentes quando submetidos à pressão de tratamento químico para o seu controle no ambiente e, desta forma, levando a seleção de populações com participação cada vez maior de indivíduos resistentes proporcionalmente. Assim, o seu monitoramento em condições regionais é fundamental para avaliar a situação e elaborar propostas de ações com o objetivo de contornar esse problema em áreas específicas. 416 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Os primeiros registros de resistência de R. microplus ao arsênio no Brasil datam de 1953. Ela foi confirmada também para organoclorados, organofosforados, piretroides sintéticos, amidinas e lactonas macrocíclicas e fipronil, para fluazuron e spinosad, no entanto, ainda não foi detectada. No Brasil, em ordem decrescente, o carrapato tem sido mais estudado nas regiões: Sul, onde a pecuária é baseada em animais de origem europeia e onde passa o paralelo 32°S, causando situações de instabilidade enzoótica para doenças transmitidas por carrapatos, e Sudeste, onde o setor é mais produtivo e, mais recentemente, na região Centro-Oeste do país, onde há uma grande expansão da pecuária. Classe dos carrapaticidas Os carrapaticidas podem ser agrupadas pela forma de atuação. Carrapaticidas de contato Aplicados por meio de pulverização, imersão ou pour on, são divididos em grupos ou famílias: Organofosforados É o grupo mais antigo de carrapaticida, e é ainda comercializado para bovinos. Não apresenta poder residual quando aplicado sob a forma de pulverização, sugerindo um intervalo de tratamento de 21 dias. Pode ser encontrado em associações com piretroides ou com bernicidas. Nesse grupo, a resistência está relacionada normalmente a um único gene, semidominante, e os indivíduos heterozigotos também apresentam resistência, embora menor do que os homozigotos resistentes. O mecanismo da resistência está relacionado à insensibilidade da acetilcolinesterase, ao aumento do metabolismo das esterases localizadas no integumento de teleóginas resistentes e à superexpressão dessas enzimas em larvas. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 417 Piretroides Com o aparecimento de resistência aos acaricidas de grupos tradicionalmente usados no país na década de 1980 foi estimulado o uso extensivo e intensivo de piretroides. Existem no mercado produtos originários de pelo menos três subgrupos dessa família (Deltametrina, Cipermetrina e Alfametrina). Não apresentam poder residual quando aplicados sob a forma de pulverização com intervalo de tratamento sugerido de 21 dias. Foram desenvolvidas novas formulações químicas, nas quais os piretroides estão sendo associados aos fosforados, aumentando assim a eficiência. É importante lembrar que os piretroides apresentam baixa toxicidade aos mamíferos quando comparados aos organofosforados. Amidinas (diamínicos) É o grupo de carrapaticidas que sucedeu aos fosforados e caracterizou-se por ter um alto poder residual, permitindo intervalos maiores de tratamentos. Foi amplamente aceito pelos produtores e continua sendo um dos mais utilizados no mercado, mesmo depois de mais de 20 anos de comercialização. Fipronil O produto atua de maneira semelhante às avermectinas, isto é, age sobre o sistema nervoso dos carrapatos, paralisando-os. Não pode ser utilizado em animais em lactação. Thiazolina Possui formulação em associação com piretroide, e é utilizado na forma de pulverização ou imersão. Liberado para uso em animais em lactação e tem carência de apenas três dias para a utilização da carne. Naturalyte O componente ativo, spinosad, é oriundo da fermentação de um fungo actinomiceto e atua no sistema nervoso central do carrapato. Não apresenta restrição para vacas em lactação. 418 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Carrapaticidas sistêmicos São carrapaticidas aplicados por meio de injeções ou pour on no fio do lombo. De ambas as formas, o princípio ativo do produto é metabolizado pelo organismo e distribuído por todo o corpo do animal, chegando aos carrapatos, que então são mortos. Lactonas macrocíclicas As avermectinas surgiram no início da década de 1980 e produziram grande revolução no mercado mundial dos antiparasitários. Além de apresentarem maior poder residual que os piretroides, são também eficientes contra vermes e bernes; por isso, são chamados de endectocidas. São derivados de produtos obtidos com a fermentação do fungo Streptomyces avermitiles, e existem em quatro subgrupos no mercado (Ivermectin, Moxidectin, Doramectin e Abamectin). Agem bloqueando a transmissão do impulso nervoso nos carrapatos, e, por isso, morrem paralisados. Não podem ser usados em animais em lactação e 30 dias antes do abate. Alguns produtos possuem liberação para utilização em animais em lactação. Fluazuron (inibidor do crescimento) O fluazuron tem a capacidade de interferir na produção de quitina, uma substância que possibilita o endurecimento da cutícula dos carrapatos. Completamente diferente de todos os carrapaticidas já citados, ele não permite que os carrapatos mudem de fase e cresçam, além de impedir que se reproduzam, controlando a população. De maneira semelhante aos derivados das avermectinas, também não pode ser utilizado nos animais em lactação. É aplicado na forma pour on, sendo metabolizado pelo organismo, com circulação sistêmica. Desenvolvimento da resistência aos carrapaticidas Com o decorrer do uso de um produto químico, parte da população de carrapatos sobrevive. Às vezes, a resistência está instalada em uma população de carrapatos até mesmo antes de eles entrarem em contato com aquele produto. Acontece que já existem V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 419 na população alguns indivíduos naturalmente resistentes, cerca de um a cada um milhão ou mais de indivíduos. Ou então, como é mais comum, o uso frequente do produto leva à seleção de mutações em alguns indivíduos da população, tornando-os resistentes. É o chamado estabelecimento do alelo resistente. Com o uso contínuo do produto há o aumento de indivíduos com essa característica de resistência, uma vez que morrem os sensíveis não resistentes e os resistentes acasalam entre si, produzindo descendentes cada vez mais resistentes e em maior número percentual na população. É a chamada propagação do alelo resistente por pressão de seleção. Ou seja, seleção para resistência é o aumento do número de indivíduos que apresentam fatores de resistência hereditária. Esse aumento ocorre ao se reproduzirem, aumentando a proporção de carrapatos portadores dos genes para esses fatores, também beneficiada pela eliminação dos indivíduos suscetíveis. A taxa na qual um alelo resistente torna-se estabelecido na população e o tempo que leva para o controle de carrapatos não funcionar dependem de muitos fatores. Estes incluem a frequência das mutações na população original antes do tratamento; o modo de herança do alelo resistente (dominante, codominante ou recessiva); a frequência do tratamento carrapaticida; o gradiente de concentração do acaricida e a proporção da população de carrapatos total que não é exposta ao carrapaticida. Ciclo biológico do carrapato R. microplus A fase de vida parasitária começa a partir da subida da larva do carrapato que se fixa na pele do animal e começa a se alimentar. Durante o período parasitário, que compreende da fase de larva até adulto ingurgitado, é que o carrapato causa a espoliação e a transmissão de doenças. As fêmeas em torno do 22º dia caem ao solo procurando um lugar ao abrigo do sol e com umidade para iniciar o ciclo de vida livre. Cada fêmea faz a postura de 3.000 ovos, aproximadamente, durante um período de 16 dias. As larvas ao eclodirem necessitam de dois a três dias para endurecerem a cutícula e em seguida 420 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte procurarem por talos de plantas, agrupando-se, para esperar a passagem de hospedeiros. Controle estratégico É a aplicação do produto adequado, de forma recomendada e no menor número de vezes possível. Deve ser posto em prática na época mais favorável ao produtor e mais desfavorável ao carrapato. Observar a relação custo/benefício para determinar esta prática. A temperatura e a umidade no ambiente são os fatores que mais influenciam o desenvolvimento e a sobrevivência da população de carrapatos no campo. A concentração de banhos nos animais em épocas desfavoráveis ao carrapato na pastagem varia por região, assim o controle deve ser regionalizado. Aqui será dada ênfase ao Brasil-Central. O Brasil-Central se caracteriza por duas fases bem distintas: período de águas, nos meses de primavera e verão (outubro a março), e seca, durante os meses de outono e inverno (abril a setembro). Durante o período das águas, a temperatura e a umidade são favoráveis ao desenvolvimento do carrapato no ambiente. No período de julho a setembro, a umidade relativa do ar é muito baixa oferecendo um período desfavorável para as larvas nas pastagens. O controle nesse período, ainda com população pequena no ambiente em resposta às condições menos favoráveis para ovos e larvas nas pastagens, impedirá o surgimento de uma grande população em um ciclo próximo. O controle estratégico é realizado com cinco ou seis tratamentos com carrapaticidas de contato em intervalos de 21 dias ou o equivalente de aplicação em sistema pour on com intervalos de tempo acrescentando o seu período de proteção. Por exemplo as lactonas macrocíclicas (avermectinas) e o fluazuron podem ser utilizados em intervalos de 30 a 45 dias, respectivamente. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 421 CUIDADOS NO CONTROLE Carrapaticidas - Qual devo usar? Apesar de se tratar de uma mesma espécie de carrapato, em cada propriedade existe uma população com características diferentes com relação à pressão de seleção aos acaricidas, dependendo do histórico do uso deles. Assim, um determinado produto pode ser extremamente eficiente no combate aos carrapatos em uma propriedade e não ser capaz de agir no controle em outra. Por isso, em cada propriedade deve-se proceder ao teste de sensibilidade dos carrapatos aos carrapaticidas, o qual pode ser feito na Embrapa Gado de Corte, buscando-se as orientações pelo endereço [email protected]. Quando tratar? As informações sobre o clima da região e do desempenho dos acaricidas colaboram para o sucesso do controle. Atuar no período do ano mais desfavorável para o carrapato, ou seja, nos meses de menores infestações e mais secos, dar cinco ou seis banhos estratégicos em intervalos de 21 dias. No Brasil-Central, deve-se começar no mês de setembro. Seguir sempre a orientação técnica do fabricante A informação técnica contida no produto deve ser acompanhada segundo as recomendações do fabricante, principalmente com relação à homogeneização, à dosagem, ao período residual do produto e ao uso em animais em lactação. Proteção do tratador Na manipulação, preparo e aplicação do produto, para não haver contato do produto com a pele do tratador, utilizar equipamentos de proteção individual, como: protetor ocular, máscara cobrindo o nariz e a boca, luvas de borracha, macacão com mangas compridas, avental impermeável e botas. Trabalhar a favor do vento para reduzir a possibilidade de contato com o produto levado pela deriva. 422 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Aplicar de forma eficiente O animal deve estar contido por ocasião da aplicação do produto. A pulverização deve ser realizada no sentido contrário ao da direção dos pelos, com pressão suficiente para molhar a pele, não somente os pelos, e o banho deve cobrir homogeneamente toda a superfície do corpo dos animais. Evitar a aplicação em dias de chuva e horários de sol forte, pois os produtos de contato necessitam de pelo menos duas horas para agir e produzir os seus efeitos nos carrapatos e a chuva pode retirar o produto da pele do animal. Para a aplicação no lombo do animal (sistema pour on), avalie corretamente o peso de cada um para utilizar a quantidade recomendada pelo fabricante. Reduzir a infestação das pastagens Retornar os animais tratados para a pastagem onde estavam, pois, com tratamentos em intervalos de 21 dias, as larvas dos carrapatos, que estão no campo, ao subirem nos animais serão mortas em contato com o produto. O controle daquelas que, eventualmente, sobreviverem deve ser efetuado no banho seguinte. Identificar animais sensíveis aos carrapatos Em toda propriedade existem animais que se infestam com maior facilidade. Esses animais são os maiores produtores de carrapatos, que contaminam as pastagens com as larvas. É preciso lembrar que mais de 95% dos carrapatos estão no campo. Os animais sistematicamente mais infestados devem ser observados e tratados com maior frequência, como também ser objeto de avaliação para possível descarte. Monitorar a resistência dos carrapatos O teste de sensibilidade dos carrapatos deve ser repetido anualmente. Deve-se trocar o carrapaticida por outro de mecanismo de ação diferente, no máximo a cada dois anos, de acordo com o resultado observado no teste. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 423 Cuidado com a introdução de animais Animais adquiridos devem ser banhados no local de origem e mantidos isolados por 30 dias antes de sua incorporação ao rebanho. Essa medida pode prevenir a introdução ou disseminação de populações resistentes. Evite infestações com os carrapatos-de-cavalo Os bovinos devem ser mantidos em pastos diferentes dos equinos, pois eles podem sofrer infestação mista. O controle do carrapato-do-equino é realizado de forma diferente. INTRODUÇÃO DE OUTRAS PRÁTICAS QUE CONTRIBUEM NO CONTROLE DOS CARRAPATOS A rotação de pastejo e a associação agricultura-pecuária, que consiste na retirada dos animais da pastagem por pelo menos 60 dias e tem como objetivo promover a morte da maioria das larvas nas pastagens, são práticas que indiretamente auxiliam o controle do carrapato. Os rebanhos taurinos ou mestiços (taurino x zebuíno), por serem mais suscetíveis ao parasitismo, terão as infestações aumentadas. A utilização da resistência natural do bovino ao carrapato tem por base as raças resistentes, o cruzamento entre raças e a seleção entre e dentro de raças. Assim, o produtor pode selecionar animais mais resistentes. A ocorrência de variabilidade genética para resistência ao carrapato em bovinos indica a possibilidade de ganhos genéticos pela seleção de animais resistentes e o uso desta ferramenta como estratégia auxiliar no controle efetivo do parasita. Vários trabalhos demonstram que há potencial para o melhoramento dessa característica nos bovinos. Vacinas contra o carrapato do boi podem atuar de forma a ser um tratamento auxiliar no controle do carrapato em situações em altas infestações com possibilidades futuras de surgir vacinas com maior eficácia no controle. 424 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Estudos de avaliação da atividade acaricida de plantas no Rhipicephalus microplus têm sido realizados com óleos essenciais. Nos últimos anos está ocorrendo um aumento expressivo de ensaios in vitro com larvas e fêmeas ingurgitadas, mas há poucos trabalhos in vivo em condições de sistemas produtivos. Controle biológico natural com a intervenção humana não deve ser subestimado, já que populações de protozoários, artrópodes e helmintos parasitos podem apresentar crescimento descontrolado quando na ausência antagonistas predadores. Entre os fungos usados no controle biológico de carrapatos ou com potencialidade para tanto, o fungo M. anisopliae apresenta-se como um agente microbiano de grande relevancia no programa de controle biológico. A capacidade que esse micro-organismo apresenta em controlar populações de pragas , ocorre em diversas regiões, desde ambientes de clima temperado até clima tropical dependendo de seus respectivos antagonistas naturais. Nematoides entomopatogênicos do gênero Steinernema e Heterorhabditis apresentam associação com bactérias dos gêneros Xenorhabduse e Photorhabdus, respectivamente. Tais nematoides atuam como veículos para essas bactérias, que são patogênicas, quando liberadas na hemocele dos hospedeiros, onde provocam rápida septicemia, levando-os à morte. CUIDADOS NA COLETA E NO TRANSPORTE DE CARRAPATOS PARA OS TESTES Independentemente do tipo de teste a ser utilizado, a coleta de teleóginas deve ser realizada. Como a maioria das teleóginas cai do hospedeiro no início da manhã, é importante manter os animais infestados contidos em locais durante a noite e realizar a coleta nos animais e/ou em torno deles, no início da manhã seguinte. É importante lembrar que a coleta da amostra deve ser realizada após um período mínimo do último tratamento realizado em função do efeito residual, e esse tempo depende do acaricida utilizado no manejo da propriedade. As amostras devem ser V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 425 coletadas e imediatamente identificadas com o nome do produtor, data de coleta, local e tratamento utilizado. O número de carrapatos coletados, se possível, dever ser em torno de 200. As teleóginas podem ficar em temperatura de geladeira por até dois dias (4°C), até chegar ao laboratório. No transporte das teleóginas é importante acondicioná-las em recipientes protegidos de pressão, com papel toalha umedecido no seu interior. O transporte até ao laboratório deve ser em baixa temperatura, dentro de caixa com gelo, por exemplo, e o mais rápido possível. CONSIDERAÇÕES FINAIS O controle estratégico permite que os animais mantenham infestação com poucos carrapatos por vários meses abaixo do limiar econômico, então, o tratamento deverá ser repetido apenas no ano seguinte. Dessa forma, o produtor vai reduzir os prejuízos causados pelo carrapato baseado em um controle economicamente viável, reduzindo os riscos de contaminação ambiental, da carne, do leite e dos demais subprodutos. Tais medidas contribuirão, além disso, para retardar o aparecimento da resistência dos carrapatos aos produtos utilizados no seu controle. Dentro dessa realidade é importante o estimulo aos controles que ofereçam produtos de origem animal seguros, com práticas que protejam o ambiente, que sejam seguras também para o trabalhador e ofereçam rentabilidade ao produtor. REFERÊNCIAS ANDREOTTI, R. Situação atual da resistência do carrapato-do-boi Rhipicephalus (Boophilus) microplus aos acaricidas no Brasil / Dados eletrônicos. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2010.36 p.; 21 cm. (Documentos / Embrapa Gado de Corte, ISSN 1983-974X; 180). ANDREOTTI, R.; KOLLER, W. W. Editores técnicos / Carrapatos no Brasil, Brasília, DF: Embrapa, 2013.192 p.: il. color. ; 17 cm x 24 cm. ISBN: 978-857035-259-0. 426 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte BIEGELMEYER, P.; NIZOLI, L. Q.; CARDOSO, F. F.; DIONELLO, N. J. L. Aspectos da resistência de bovinos ao carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Arch. Zootec., v. 61 (R), p. 1-11, 2012. GUERRERO, F. D.; LEÓN, A. P.; RODRIGUEZ-VIVAS, R. I.; JONSSON, N.; MILLER, R. J.; ANDREOTTI, R. Acaricide research and development, resistance, and resistance monitoring. In:Biology of Ticks/Edited by Daniel E. Soneshine and R. Michael Roe. 2 ed. Oxford University Press, New York, US.2013. 540 p. ISBN 978-0-19-974406-0. MATIAS, J.; SOARES, M. A.; GARCIA, M. V.; BARROS, J. C.; ANDREOTTI, R. Relação entre a comercialização e a eficiência de acaricidas no Estado de Mato Grosso do Sul [recurso eletrônico]. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2011.30 p.; 21 cm. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento / Embrapa Gado de Corte, ISSN1983-974X; 28). PREDICTION OF METHANE EMISSIONS IN CATTLE Pekka Huhtanen and Mohammad Ramin Swedish University of Agricultural Sciences, Department of Agriculture for Northern Sweden S-90 183, Umeå, Sweden - [email protected] INTRODUCTION The livestock sector represents a significant source of greenhouse gas (GHG) emissions worldwide representing 10-12% of global anthropogenic GHG emissions (IPCC, 2007). Livestock is increasingly scrutinized for GHG emissions as both nitrous oxide (N2O) and methane (CH4) have global warming potential 298 and 25 times greater than CO2 (IPCC, 2007). Methane, in addition being a strong GHG, also represents an energy loss to the animal representing 2 - 12% of gross energy intake (GEI). In developing mitigation strategies the accuracy and precision of CH4 measurement techniques is an important consideration. Respiration chamber method can be considered as a reference method, but it has high investment and labour costs. Recently, several techniques that can measure on-farm conditions for CH4 emissions from large number of animals that are more cost efficiently have been developed. Various in vitro methods are developed mainly for screening of the effects of different feeds and/or feed additives on CH4 emissions. Empirical and mechanistic models varying in complexity are developed. These models can be used for national inventories of CH4 emissions, comparing mitigation strategies and to understand mechanisms influencing CH4 emissions. The objectives of this paper are to discuss experimental techniques used to measure CH4 emissions, dietary and animal factors influencing CH4 emissions, development of prediction models and between animal variability. Mitigation strategies based on feed additives and manipulations of rumen microbial community are beyond the scope of this paper. 30 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte MEASUREMENTS OF METHANE PRODUCTION Respiration chambers The respiration chamber technique is the most accurate method of measuring methane (CH4) production by ruminants (Johnson and Johnson, 1995), and it can be considered reference method for evaluating the accuracy of other experimental techniques. Respiration chambers have mainly been used to determine heat from and energy balance, but recently the main focus has been in CH4 measurements. The principle of the respiration chamber is to collect all exhaled breath from the animal and to measure gas concentrations. The animal is placed in a chamber for about 2-4 days with ventilation for intake and exhaust air. Methane flux (g/h) is calculated as air flow (L/h) × CH4 concentration (g/L). Concentrations of CH4 and other gases are corrected for background concentrations. The construction costs and labour requirement are the main disadvantages with this technique. It has also been argued that the animals are not in their natural environment, which can influence their behaviour and feed intake, but Hellwing et al. (2012) found no reduction in DMI when cows were confined in chambers. In sheep between-day variation in CH4 measurements was 7.2% (Blaxter and Clapperton, 1965). Sulphur hexafluoride (SF6) technique Sulphur hexafluoride (SF6) determination is an alternative method for measuring CH4 production in vivo. This technique known as the tracer technique was developed by Johnson et al. (1994). In this technique, a known source of a gas (permeation tube) is placed inside the rumen before the experiment starts and the breath of the animal is sampled. The concentration of the gases is determined using gas chromatography, and the ratio of CH4 to SF6 is determined. About 95% of CH4 is emitted through the mouth and nose, suggesting that the contribution of rectal emissions to the error is small (Ulyatt et al., 1999). The tracer technique is mainly designed for V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 31 grazing cattle, but measurements can also be performed in regular farming situations (Ulyatt et al., 1999; McGinn et al., 2006). In animal house conditions, care should be exercised to take background concentrations into account. The method is not recommended for use with cannulated animals, because SF6 technique used with a head canister introduces more variability into a technique that is already highly variable (Beauchemin et al., 2012). Grainger et al. (2007) compared the SF6 method with the chamber method and concluded that CH4 production measured by both methods was similar. However, they reported higher variability between days within cows with the SF6 method. Variability among cows was also substantially higher than within cows and was higher for the SF6 technique than for the respiration chamber (Grainger et al., 2007). On-farm techniques Recently, methods based on sampling the air released by eructation when the cow visits automatic milk stations or concentrate feeders have been developed. The methods are based on measurements of gas concentrations in out-breath air. In the method developed by Garnsworthy et al. (2012), air is sampled continuously from the feed bins in the milking stations. Methane concentration is measured using one infrared CH4 analyser per unit. The relationship between CH4 production index and CH4 production measured by respiration chambers was good, but between-animal variability is much greater with the CH4 production index than for CH4 production measured in chambers. In farm conditions, CH4 production index was highly variable between the cows (overall coefficient of variation, CV=0.63, in individual farms 0.25-0.69) and also the range between farms (2.4-fold) was greater than could be expected (Bell et al., 2013). The technique developed by Madsen et al. (2010) is based on the same principle of measurements, but using CO2 as a tracer gas. Methane and CO2 concentrations are measured from air samples when the cows visit automatic milking systems or automatic concentrate feeders. Total CO2 production is estimated from 32 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte information on intake of metabolisable energy or heat-producing units. Methane production is then calculated from CH4:CO2 ratio and CO2 production as CH4:CO2 (weight basis) × CO2 production (g/d). The weakness of this approach is that CH4:CO2 ratio depends on many factors in addition to differences in CH4 emissions. For example, at a given level of feed intake (and CH4 emissions) improved feed efficiency is associated with reduced CO2 production thereby increasing CH4:CO2 ratio. On the other hand, greater production from the same amount of feed leads to overestimation of CO2 when the estimates are based on observed yield and body weight, thereby exaggerating the error in estimates of CH4 emissions. Also, the CH4:CO2 ratio can be expected to rise with increasing intake. This is because CH4 is produced from all digested feed, but CO2 only from metabolisable energy (ME) associated with heat production. In farm conditions when the intake data is not usually available, variation in CH4:CO2 ratio can also be related to energy balance of cows. In negative energy balance the cows produce CO2 from body tissues in addition to metabolized feed thereby decreasing CH4:CO2 ratio. Much greater variability (15-20%) has been observed with systems based on the analysis of CH4:CO2 ratio in exhaled air (Lassen et al., 2012; Lassen and Lövendahl, 2013; de Haas et al., 2013) compared to studies using respiration chambers. In respiration chamber data set (157) observations covering a wide range of diets the CV of CH4:CO2 ratio was 9.5% (Hellwing et al., 2013). With diets of minor effects on CH4 emissions the corresponding CV was about 6% when measured by the GreenFeed system (Huhtanen et al., 2013) or respiration chambers (Kevin Shingfield, personal communication). A new method called GreenFeed (C-Lock Inc, Rapid City, South Dakota, USA) has recently been developed to measure realtime CO2 and CH4 mass fluxes from a herd/flock of animals. The number and length of the visits can be adjusted. One unit can be used for 25-30 animals. A small amount of concentrate feed is released from the feed bin, which attracts the animals. Once the animal is in, the breath together with the air flow enters the system, travels through the pipes and gets mixed within a fan. After passing V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 33 through the fan, a sample of gas is taken and subsequently analysed for CH4 and CO2 concentrations. The system also includes a head position sensor and when the head of the cow is not in the right position, the data are filtered out. Repeatability of measurements of total CH4 emission (0.64, 0.81 and 0.74) and CO2 emissions (0.80, 0.83 and 0.84) and CH4/DMI (0.78, 0.77 and 0.74) were high in three change-over feeding experiments conducted at our department (Huhtanen et al., 2013; unpublished data). In statistical analysis residual standard deviation has been slightly greater for total CH4 emissions than for DMI in three change-over studies (6.6 vs. 5.6; 3.7 vs. 3.2 and 6.0 vs. 5.1). This suggests that the method can be accurate enough to detect 5-6% differences to be significant with probability of >0.90 in change-over studies with 20-25 cows, i.e. the amount that one unit can handle. The hand-held laser method, based on a near-infrared diode laser to detect CH4, has also been used for measuring CH4 production (Chagunda et al., 2013). However, there was a greater variation for cows when CH4 production was measured with the hand-held laser method compared with respiration chamber (CV=46.1% and 9.54%, respectively). In vitro methods Several in vitro methods have been developed to predict methane production. Because large number of samples can be used, the in vitro methods have mainly been used for screening the differences between the diets and testing the effects of various feed additives on CH4 emissions. Another advantage of the in vitro methods is that end-products of fermentation (e.g. VFA) and digestibility can be easily measured, which allows using stoichiometric principles to calculate fermentation balances and H2 recoveries. Batch culture is the most commonly in vitro method for measuring fermentation parameters and CH4 production from feed samples (Van Nevel and Demeyer, 1981; Demeyer, 1991). Feeds samples are incubated in buffered rumen fluid for different time 34 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte periods using end-point measurements; in studies determining CH4 production usually 24 or 48 h. These methods do not take into account the dynamics of digestion and passage kinetics in the rumen Czerkawski and Breckenridge (1977) designed a continuous culture, rumen simulation technique (RUSITEC) in which the fermentation continues for several days or even weeks, so that CH4 measurements can be applicable for a given amount of feed. Feeds are incubated in bags in buffered rumen fluid. RUSITEC method takes partly into account dynamics of rumen digestion as buffers are infused continuously into the system mimicking salivation and fluid passage, and the one of the two feed bags is replaced every 24 h with a new bag. Recovery of H2 can also be calculated in RUSITEC studies. A possible disadvantage of the method is that microbial activity within the bags can be lower compared with feeds incubated freely dispersed. Meta-analysis of Hristov et al. (2012) of in vitro data indicated a lower digestibility in RUSITEC systems compared to other in vitro methods. In a recent study by Ramin et al. (2013) reported a lower CH4 production when the feeds were incubated in F57 filter bags compared with the same feeds incubated freely dispersed in buffered rumen. Significant feed × method interactions suggested that incubating feeds in bags may not even rank the feeds correctly. Methane can also be measured using in vitro gas production techniques. Menke and Steingass (1988) developed a syringe-based in vitro method which has been widely used for CH4 measurements from feed samples. Cone et al. (1996) developed a fully automated in vitro gas production method in which the recordings of gas production are based on the number of openings of gas valves at an adjustable overpressure. This allows digestion kinetics to be investigated in a large number of samples without any possible influence of excess pressure on fermentation. Recently, Pellikaan et al. (2011) developed the application of an in vitro gas system in order to measure CH4 production over time. A sample of gas is drawn from the headspace of the fermentation unit and injected into a gas chromatograph. By knowing the concentration of CH4 in the headspace and the volume of the bottle, CH4 production can be measured. Ramin and Huhtanen (2012a) combined in vitro V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 35 gas production method and mechanistic modelling to predict in vivo CH4 production. Methane concentration in head-space gas is measured at different time points and a logarithmic model is fit to the data to estimate CH4 concentration at each time of total gas recordings (every 12 min). Kinetic parameters of CH4 production are then estimated by fitting two-pool Gompertz model to the data. The parameters are then used in a mechanistic dynamic rumen twocompartment rumen model. The effects of feeding level can be taken into account by adjusting the mean rumen retention time in the model. This approach takes into account the dynamic nature of digesta passage kinetics. FACTORS INFLUENCING METHANE EMISSIONS Feed intake Feeding level is the most important factor explaining variation in CH4 emissions. This can be expected as CH4 can only be produced from fermented substrate, the amount of which is strongly correlated to DMI. In two recent analysis (Ramin and Huhtanen, 2013; Hristov et al., 2013) DMI has explained about 85% of the variation in CH4 emissions in mean treatment datasets from respiration chamber studies. Total CH4 production increase with diminishing rate with increased DMI, whereas the proportion of CH4 energy of gross energy (GE) intake (CH4-E/GE) the emissions decreases linearly with increasing feed intake. Increased feed intake, expressed as multiple of maintenance requirement (FL), has consistently decreased CH4-E/GE (Blaxter and Clapperton, 1965, Johnson and Johnson, 1995; Yan et al., 2000). Blaxter and Clapperton (1965) reported that the decline in CH4-E/GE with increased FL was greater with high-quality diets compared with low quality diets in terms of GE digestibility determined at maintenance. In the study of Ramin and Huhtanen (2013) such an interaction was not observed. High (80-100%) concentrate diets with high GED at maintenance intake in the study of Blaxter and Clapperton (1965) may explain this discrepancy. Ramin and Huhtanen (2013) 36 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte expressed feeding level as DM intake as a proportion of body weight. This can better take into account mechanisms influencing CH4 production than FL and is less linked to the methods of calculation. The decrease in CH4-E/GE per multiple of maintenance has been 7 - 9 kJ/MJ (Yan et al. (2000; 2009; Ramin and Huhtanen, 2013) for mixed diets fed to growing and lactating cattle. A greater reduction (16 kJ/MJ) in GE lost as CH4 was reported by Johnson et al. (1993). Their dataset also included high concentrate diets (>90% of DM). It appears that when high concentrate diets are fed at limited intakes, a high proportion of GE is lost as CH4 production, but at high intakes the corresponding proportion is much less. At least three mechanisms are involved in the decline of CH4E/GE with increased intake. Increased FL leads to a faster passage rate of feed particles thereby reducing diet digestibility and amount of fermented substrate per unit of intake. Depressions in diet digestibility appear to be greater for typical North American diets based on corn and/or alfalfa silage and corn grain (NRC, 2001) than diets based on mainly grass silage and barley-based concentrates (Yan et al., 2002; Huhtanen et al., 2009). However, proportionally the decreases in CH4-E/GE of about 10% per multiple of maintenance (Yan et al., 2000; 2009; Ramin and Huhtanen, 2013) are much greater than the corresponding decreases of about 2% per multiple of maintenance in diet digestibility (Yan et al., 2002; Huhtanen et al., 2009). It is also possible that the escape of starch from ruminal fermentation increases with increased FL thereby reducing the substrate available for CH4 production (Jentsch et al., 2007). Because microbial cells are more reduced than carbohydrates fermented, more H2 is used for cell synthesis with increased FL that improves the efficiency of microbial cell synthesis. Increased ruminal passage rate with increased FL reduces microbial retention time in the rumen, and consequently increases microbial cell yield per unit energy fermented by diluting maintenance expenditure (Russell et al., 1992). In addition to increased partitioning of fermented carbon to microbial cells from VFA and gas production with increased FL, CH4 emissions per unit of intake decrease because microbial cells are more reduced than fermented carbohydrates (Hungate et al. 1971; V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 37 Czerkawski, 1986). According to Czerkawski (1986) 1 kg cell DM utilizes 8.1 M hydrogen (Czerkawski, 1986). The efficiency of microbial protein synthesis increased by 0.34 g N/kg OM truly digested in the rumen per 1 kg increase in DMI (Broderick et al., 2010). Improved efficiency of microbial cell synthesis and more reduced status of microbial cells with increased FL can account for approximately half of the decline in CH4-E/GE with increased feed intake. The change in rumen fermentation pattern is the third factor contributing to the decline in CH4-E/GE with increased FL. In the analysis of data from the Nordic studies Sveinbjörnsson et al. (2006) reported a decrease in the proportion of acetate and an increase in that of propionate with increased FL. This shift will reduce the amount of H2 available for CH4 production (Wilkerson et al., 1995). When calculated from the data of Schiemann et al. (1970) and Volden (1999), CH4 production per mole VFA decreased 6-7% with increased feed intake accounting for approximately 20-30% of the total FL effect. Digestibility Because CH4 can only be produced from fermented substrates, it can be expected that digestibility of organic matter (OMD) is positively related to CH4 emissions. Blaxter and Clapperton (1965) reported that CH4-E/GE increased with GED, but the effect diminished with increased FL in their study. Increased digestibility expressed either as OMD at maintenance (OMDm) or as GED increased CH4 production per unit of GE or DMI (Ramin and Huhtanen, 2013). An important role of digestibility in predicting CH4 production was also demonstrated by Jentsch et al. (2007), who reported a stronger relationship between CH4 production and digestible nutrients vs. crude nutrients (R2 = 0.896 vs. 0.859). In contrast, Johnson and Johnson (1995) reported a decline in CH4-E/GE with increased diet digestibility. Different trend in their analysis can be because their data included high concentrate (>90% of DM) feedlot diets that produce less CH4 per unit of intake than typical dairy cow diets. 38 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Ramin and Huhtanen (2013) used OMDm in their models predicting CH4 emissions. An advantage of this is that it can be predicted before the diet is fed. It can be estimated with a reasonable accuracy from in vitro digestibility of forages and from tabulated values for concentrate ingredients (Huhtanen et al., 2009). Digestibility at the maintenance level of feed intake is the most consistent assessment of feed digestibility (Mertens, 1993). However, CH4-E as a proportion of digested energy (DE) usually decreases with increased OMDm. Small reduction in CH4E/DE with increased diet digestibility can be due to a possible shift of digestion from rumen to intestine (Moss et al., 2000) and changes in rumen fermentation pattern towards increased propionate and reduced acetate (Johnson and Johnson, 1995). Taking into account the effects of diet digestibility on CH4 emissions it is surprising that so few prediction models have considered it. Some models have used intake of DE as independent variable, but the effects of increased DE or digestible OM (DOM) may not be the same when derived from increased intake or improved digestibility. Reanalysis of our dataset (Ramin and Huhtanen, 2013) demonstrated that the predictions error of CH4 emissions was smaller when OM intake and OMDm were used as independent variables compared to the model based on intake of DOM (RMSE adjusted for random study effect (25.5 vs. 26.5 L/d). An increase in DOM from increased intake resulted in a greater increase in CH4 emissions compared with a corresponding increase from improved OMD. This can be because of different VFA pattern, improved efficiency of microbial synthesis or greater escape of nutrients (starch, protein) from ruminal fermentation. Fat supplementation It is well established that increased fat concentration decreases CH4 production (Jentsch et al., 2007; Beauchemin et al., 2009; Chung et al., 2011; Ramin and Huhtanen 2013). In the study of Ramin and Huhtanen (2013) 1 g/kg DM increase in dietary ether extract (EE) concentration decreased CH4 production by 0.043 L/kg V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 39 DM. This value is smaller than the corresponding values of 0.079 and 0.102 g CH4 per g fat/kg DM reported by Moate et al. (2011) and Graigner and Beauchemin (2011) for data from fat supplementation studies. The difference can be attributed to expression of dietary fat concentration (EE vs. supplementary fat) and statistical model (multivariate vs. univariate). Generally EE was a better predictor of CH4 production than concentrate fat or fatty acids (Ramin and Huhtanen, 2013). This can be because silages contain fermentation acids that are partly analyzed as EE. When water soluble CHO in forages are fermented to lactic acid or VFA in the silo, CH4 production in the rumen can potentially decrease. Therefore, although the forage EE contains compounds that are not true fat, using EE to describe dietary fat concentration can be adequate in practical prediction models of CH4 production. There are at least three mechanisms involved in the inhibitory effect of fat on CH4 production. First, the biohydrogenation of unsaturated fatty acids utilize H2 available for CH4 production. However, it is not quantitatively important since the complete biohydrogenation of 1 mole of linoleic acid can reduce CH4 production only by 1 mole. Second, CH4 production with increased dietary fat concentration can be attributed to decreased supply of fermentable substrate rather than to a direct effect on methanogenesis (Johnson and Johnson, 1995). Third, dietary fat concentration influences rumen fermentation by increasing the proportion of propionate at the expense of acetate and/or butyrate. The effect of fat on rumen fermentation pattern is related to inhibition of rumen protozoa that depress fiber digestion and reduce ruminal acetate and butyrate production (McAllister et al., 1996). Long chain fatty acids are also directly toxic to methanogens (McAllister et al., 1996). Effects of dietary carbohydrates The effects of dietary carbohydrate (CHO) composition on CH4 emissions can be variable, although it is generally concluded that increasing the proportion of concentrates and starch concentration of the diet decrease CH4 production. This is especially true for high concentrate feed-lot diets (Johnson and Johnson, 1995). However, 40 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte when diets containing >75% concentrates were excluded from the dataset to develop prediction models for dairy cows the effects of dietary CHO composition on CH4 emissions was relatively small. The lack of an effect of CHO composition on CH4 production was unexpected, since cell wall carbohydrates have generally increased CH4 production more than NFC. For example, Jentsch et al. (2007) showed greater effects of digestible crude fiber than digestible N-free extracts on CH4 production. The coefficient of N-free residues, mainly cell walls, was greater than that of starch and sugar (Jentsch et al., 2007). Similarly, Johnson and Ward (1996) presented an equation showing a greater influence of cell wall carbohydrates rather than starch or sugar on CH4 production. Moe and Tyrrell (1979) reported that the fermentation of NFC to be less methanogenic than cell wall carbohydrates. Variable effects of increased concentrate proportion on CH4 production have been reported. Moss et al. (1995) reported a significant increase (FL = 1.2) or numerical (FL = 1.6) increases on CH4-E/GE when the proportion of barley concentrate was increased from 0 to 75% in sheep fed grass silage. The main change in rumen fermentation pattern was an increase in butyrate, whereas both acetate and propionate decreased with increased concentrate. In lactating dairy cows fed diets based on highly digestible grass silage, CH4-E/GE tended to decrease when the proportion on concentrate gradually increased from 37 to 70% of DMI (Ferris et al., 1999). However, the differences were marginal between 37 and 59% of concentrates of DMI. Relatively small effects of the concentrate proportion (CHO composition) on CH4 production suggests that the level of concentrate needs to be greater than typically fed to dairy cows in order to sufficiently modify the VFA ratios to depress CH4 production. It is possible that different statistical models can partly explain the discrepancy in the effects of CHO composition on CH4 production. As pointed out by St-Pierre (2001), the wrong conclusions likely have been reached when fixed rather than mixed regression models are used. In line with this, the difference in the regression coefficient of NDF on CH4-E/GE was markedly greater than that of non-fibre carbohydrates (NFC) when was analyzed using a simple V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 41 fixed regression model, whereas with mixed model regression the coefficients were more equal. Relatively small effects of dietary CHO composition on CH4 emissions with typical dairy cow diets can be due to relatively small effects on rumen fermentation pattern. In the study of Ramin and Huhtanen (2013) the effects of the ratio of NFC/CHO had minimal effects on rumen fermentation pattern. However, the effects of rumen fermentation pattern on observed CH4 emissions were consistent with stoichiometric equations. In line with this, Sveinbjörnsson et al. (2006) did not find any significant effect of dietary starch concentration on the proportion of propionate in rumen VFA. In single studies increasing the proportion of barley-based concentrate from 0 to 75% (Moss et al., 1995) and from 25 to 75% (Jaakkola and Huhtanen, 1993) had no significant effect on molar proportion of propionate, but that of butyrate increased with concentrate supplementation both in sheep and cattle, respectively. The effects of dietary CP concentration on CH4 production are generally considered to be small. Earlier, Blaxter et al. (1971) found a significant decrease in CH4 losses as the amount of N fertilization and consequently CP concentration in dried grass were increased. Also the equations by Jentsch et al. (2007) suggest that fermentation of CP produce less CH4 than CHO. Recent studies with lactating dairy cows at our department have indicated some decreases in CH4 emissions per kg DMI when grain (barley) was gradually replaced with protein supplements. Emissions per unit of milk decreased by 10-15% with optimal level of supplementary protein emphasizing the importance of feeding balanced diets. MODELLING METHANE PRODUCTION Empirical models Methane prediction equations vary from a simple equation using DMI to a complex system of equations based on intake, digestibility and diet composition. The earliest models were based on linear and quadratic relationships between DMI and CH4 emissions 42 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte (Kriss, 1930; Axelsson, 1949). It is common to most of the models predicting CH4 production from intake variables that the intercept is positive (e.g. Axelsson, 1949; Mills et al., 2003; Ellis et al., 2007). Biologically, CH4 production at zero DMI is not possible since fasting animals do not produce CH4 (Yan et al., 1997). Linear models assume that each incremental unit of DMI (or energy) produces a constant amount of CH4 (=slope of the regression). However, the proportion of CH4 energy of GE decreases with increased feeding level (Yan et al., 2000; Jentsch et al., 2007; Ramin and Huhtanen, 2013). This means that each incremental unit of intake produces less CH4 than the previous unit, i.e. the relationship between DMI and CH4 production is curvilinear. One option is to include a quadratic effect of intake variables in the model, but this can result in biased estimates beyond the range on DMI of the data of which the model was developed. The quadratic equation described by Axelsson (1949) predicts maximum CH4 production at DMI of 12.6 kg/d, zero CH4 production at DMI of 25.2 kg/d and a negative CH4 production at zero DMI that is biologically as impossible as positive intercept. The data used by Axelsson (1949) was from respiration studies conducted in 1930’s or earlier at low level of DMI compared to modern dairy cows. In addition to DMI, models predicting CH4 emissions from intake of GE, ME and DE have been developed. In the study of Yan et al. (2000) no difference was reported between GEI and DEI in predicting CH4 emissions. Prediction errors were greater with models based on MEI than with models based on MEI (Mills et al., 2003; Ellis et al., 2007). Using MEI as a predictor of CH4 emissions can be problematic, because in the data from respiration studies CH4 output is used to compute MEI. In some cases DMI can be a more relevant predictor of CH4 than MEI. For example, fat supplementation can decrease both DMI and CH4 emissions, but at the same time increase MEI. Blaxter and Clapperton (1965) involved GED determined at maintenance level in the model predicting CH4 emission. Their model also included interaction between FL and GED with the greater declines in CH4-E/GE with increasing FL for high quality diets. For V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 43 practical prediction models OMDm could be preferable, since the required data (e.g. in vitro OMD for forages, tabulated values for concentrates) is more easily available than GED. Despite its importance, very few models use diet digestibility as predictor of CH4 emissions. Digestibility is indirectly taken into account in models based on MEI or DEI, but as discussed earlier increases in DE (or DOM) intake derived from increased intake or improved digestibility have different effects on CH4 emissions. Therefore bivariate models based on intake and digestibility can improve predictions compared with univariate models based on intake of digestible entity. Including chemical components of the diet has usually improved predictions of CH4 emissions compared to models based only on intake variables. The model based on the amounts of individual carbohydrates apparently digested improved predictions compared with models based on DMI or total digested carbohydrates (Moe and Tyrrell, 1979). Prediction error of CH4 emissions decreased from 16.7% to 11.8% when FL and proportion of silage ADF of total ADF intake were added to the model based on individual animal data (Yan et al., 2000). In the study of Ellis et al. (2007) NDF, ADF, forage proportion, and lignin appeared to be useful dietary factors together with DMI for predicting CH4 production. Jentsch et al. (2007) developed models based on the amounts of digestible nutrients, especially carbohydrates, that predicted CH4 release with high precision (R2 = 0.89). Ramin and Huhtanen (2013) developed models from large dataset from studies conducted in respiration chambers using mixed model regression analysis with random study effect. The model predicting CH4-E/GE used feeding level expressed as DMI per kg BW, OMDm, and dietary concentrations of EE, NFC and NDF as independent variables, i.e. biologically relevant factors influencing CH4. CH4-E/GE (kJ/MJ) = -0.6(±22.8) - 0.70(±0.072) × DMIBW (g/kg) + 0.076(±0.012) × OMDm (g/kg) - 0.13(±0.020) × EE (g/kg DM) + 0.046(±0.0097) × NDF (g/kg DM) + 0.044(±0.0094) ×NFC (g/kg DM) (N = 298; Adjusted RMSE = 3.26) 44 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte There was no mean or slope bias in cross validation and cross validation error was only marginally (3.38) greater than in model development. The difference between individual carbohydrates was smaller than in studies of Moe and Tyrrell (1979) and Jentsch et al. (2007), who reported greater several times greater coefficients for cell wall carbohydrates compared with NFC. This can at least partly be due to different statistical methods used and multicollinearity between variables. The following equation was developed to predict total CH4 emissions in growing and lactating cattle: CH4 (L/d) = -64(±35.0) + 26.0(±1.0) × DMI (kg/d) - 0.61(±0.132) × (DMI – 12.5)2 – 66.4(±8.2) × EE intake (kg/d) + 0.25(±0.051) × OMDm (g/kg) – 45.0(±23.5) × NFC / (NDF + NCF) (N = 207; Adjusted RMSE = 21.1) Centred value of DMI squared was used to avoid collinearity between linear and quadratic effects of DMI. All variables were significant (P < 0.01). Increasing the proportion of NFC of total carbohydrates had a negative influence on CH4 emission, but relative to standard deviation of this variable (SD = 0.13) the effect was rather small (5.9 L/d = 1.4% of mean). In the present data the quadratic effect of NFC / (NFC + NDF) was not significant, but it could be expected that with high concentrate feedlot diets the type of carbohydrates has a stronger influence due to the abrupt change to high propionate fermentation. The variables needed in this model are easily accessible or predictable even before the diet is fed, but the problem is that quadratic model can be applied only within the range of data from it was developed. Non-linear models can describe the mechanisms of CH4 production better than linear models, especially over wider ranges of intake. Axelsson (1949) was probably the first to publish a non-linear model predicting CH4 emissions from DMI by a power function: CH4 = a × DMIb. This model predicts that the animals do not produce CH4 at zero intakes and that each incremental increase in DMI produces less CH4 than the previous one. Even though the model derived from data from respiration studies conducted by latest in 1930’s it predicted CH4 emissons reasonably well (mean bias -4%, slope bias 0.10). This suggests that the power function model is biologically a V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 45 correct tool to describe relationship between intake and CH4 emissions. Mills et al. (2003) used Mitscherlich equation to predict CH4 emissions from DMI or MEI: CH4 = a - (a + b) × e –cx, where a and b are the maximum and minimum values of CH4, respectively, and c is a shape parameter determining the change of CH4 with increasing x (intake). Parameter c could be adjusted according to diet composition. In our evaluation (Ramin and Huhtanen, 2012b) power function and Mitscherlich models based on DMI had the same precision as quadratic model, but the advantages of non-linear models is that they can be used outside the range of data from which the models were developed. Mitscherlich model has an upper limit of CH4 production. However, it is difficult to justify this, since the cattle has no theoretical upper limit of size of intake. Non-linear models are also flexible as the shape parameters can be adjusted to account for the effects of diet composition and digestibility. The following nonlinear models were developed. CH4 (L/d) = 50.0 × DMI [0.877 – 0.85 × EE (kg/kg) + 0.258 × (OMDm (kg/kg) – 0.736) - 0.105 × NFC / (NFC + NDF)] CH4 (L/d) = 966 × [1 - e – 0.736) + 0.011 × NFC / (NFC + NDF)) × DMI] [((-0.0502 +0.877 + 0.121 × EE (kg/kg) -0.0424 × (OMDm Adjusted RMSE were 22.4 and 21.3 L/d (5.9 and 5.6% of mean) for the power function and Mitscherlich models, respectively. In addition to relevant biological constraints (cessation of CH4 production at zero intake, increasing emissions with increased DMI), quantitative effects of adjustment factors are related to DMI. For example, it can be expected that a given increase in dietary fat concentration decrease more CH4 emissions at low than high DMI. Mechanistic models Mechanistic dynamic models are another alternative to empirical statistical models to predict CH4 emissions. These models describe digestion and passage of ingested nutrients, microbial metabolism and the formation of end-products of fermentation with mathematical equations based on mass action or enzyme kinetics. 46 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Benchaar et al. (1998) compared simple regression equations and the mechanistic models by Baldwin et al. (1987) and Dijkstra et al. (1992) using a dataset of 32 diets with a large variation in composition. Their studies demonstrated that mechanistic models can predict CH4 emissions more accurately than simple regression equations. Modifications of the Dijkstra et al. (1992) model reduced mean squared prediction error from 19.9 to 15.4% (Mills et al., 2001) for the same dataset. They concluded that the mechanistic modeling of methanogenesis could be a valuable tool predicting CH4 emissions in dairy cows. Karoline is a dynamic mechanistic dairy cow model that predicts digestibility, nutrient absorption and metabolism and milk production (Danfær et al., 2006). A revised rumen and hind-gut model focusing specifically on methanogenesis was described and evaluated (Huhtanen et al., 2014; Ramin and Huhtanen, 2014). The sensitivity analysis indicated that the model predicted the effects of feed intake on diet digestibility, microbial protein synthesis, metabolic faecal output and CH4 emissions accurately. The sensitivity analysis also suggested the predictions are sensitive for NDF digestion variables (proportion of indigestible NDF, digestion rate of potentially digestible NDF (pdNDF)), whereas parameters related to protein and starch digestion influenced less on predicted CH4 values. In Karoline model NDF is divided into indigestible and potentially digestible (pdNDF) fractions, selective mechanisms of feed particles in the rumen is incorporated in the model and intrinsic digestion rate is regulated by the ratio of NFC:NDF. Particle passage rate is regulated by NDF intake per kg BW. Efficiency of microbial protein synthesis is regulated by ATP supply from rumen fermentation. Passage rate of microbial pool increases with increased feeding level thereby reducing the proportion of ATP used for microbial maintenance requirement. Further, more reduced status of microbial cells compared to fermented carbohydrates is taken into account. The model predicted CH4 emissions accurately and precisely with minimal mean or slope bias (Figure 1). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte Figure1 - - 47 Relationship between predicted and observed methane emissions (L/d) (n = 184) with fixed and mixed model regression analysis (above), and (below) centered predicted values and residuals (observed – predicted) of methane emissions (L/d) (n = 184), Ramin and Huhtanen (2014). Small prediction error suggests that the Karoline model can be a useful tool for determining dietary strategies to reduce CH4 emissions from dairy cows, and also beef cattle except for high concentrate feed-lot diets. The model can also be a useful tool for 48 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte evaluating and understanding different mechanisms influencing methanogenesis. Mechanistic models require much more comprehensive input data than empirical models that can be a disadvantage. Also, the input data such as digestion rates and potential digestibility can be less accurate than parameters of empirical models (e.g. OMDm). In model evaluation the residual of OMD or digestible OM intake were positively correlated to residuals of CH4 predictions, i.e. over predicting digestibility resulted in over predicting CH4 emissions. Hence, differences between observed and predicted CH4 emissions can result from the inaccurate input values required by the models or from the inadequate descriptions of mechanisms involved. VARIATION BETWEEN ANIMALS It has been suggested that reduction of CH4 emissions is possible by genetic selection within existing populations. However, genetic selection for decreased CH4 production is hindered by lack of methods for accurate individual CH4 measurements from large numbers of dairy cows. Recent developments of on-farm measurements of CH4 emissions (Garnsworthy et al., 2012, Lassen et al., 2012; de Haas et al., 2013) can offer a further insight into genetic variation in CH4 production and possible correlations to production and health traits. However, these methods have showed much greater between-cow variability than studies conducted using respiration chambers or other flux methods. The metrics used to quantify between animal variability in CH4 emissions is important to be standardized. Variation in total CH4 emissions can to a great extent result variation in intake, whereas variability in emissions per unit of intake is likely to be less. Blaxter and Clapperton (1965) reported 7-8% between-animal CV in CH4-E/GE when fed same amount of feed. In the study of Schiemann et al. (1971) between-cow CV in CH4-E/GE (8 cows) was 9.1 and 8.2% at production and maintenance level of intake. Variability in total CH4 emissions was less than in DMI (10.4 vs. 12.8%) in studies conducted using GreenFeed in our laboratory (unpublished). Smaller variability in total V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 49 CH4 emissions compared with DMI can be expected, since with increased intake emissions decrease per kg DMI. When the total emissions were corrected to mean DMI between-cow CV between decreased to 8.8%. The reasons for between-animal variability in CH4 emissions can be due to differences in rumen microbial population and/or animal physiology. Between-cow CV in CH4 per mole VFA calculated using stoichiometric equations was only 1.1% in a dataset of approximately 400 cow/period observations rumen metabolism studies conducted in dairy cows fed grass silage based diets (Cabezas-Garcia et al., 2013). Variability in OMD was slightly greater (1.4%), but even together digestibility and fermentation pattern cannot explain observed variability in CH4 emissions determined by flux methods. Much greater variability was reported for the efficiency of microbial N synthesis (EMNS; 6.3%) and also for rumen NDF turnover rate (Cabezas-Garcia et al., 2013). Because increased EMNS partitions fermented OM from VFA and gasses to microbial cells that are more reduced than fermented CHO, it is possible that variation in EMNS contributes to between-cow variation in CH4 emissions. In the study of Pinares-Patiño et al. (2003) rumen pool size and turnover time of OM, and cellulose digestibility were positively related to CH4 emissions in sheep. Slower rumen turnover rate can be associated with reduced EMPS, since with slower turnover rate less ATP is available for microbial growth. Analysis of individual cow data from the study of Schiemann et al. (1970) showed strong positive relationship (R2 ~ 0.8) between GED and CH4-E/GE in cows fed at maintenance or production levels of intake. It is worth noting that incremental digestibility produced much more CH4 than average. This could be expected since between-cow variation in digestibility is associated almost entirely with NDF fraction, probably the least digestible part of it. It is possible that between-cow variation in CH4 emissions is related to variation in rumen turnover time. Rumen turnover time will influence digestibility, EMNS and VFA proportions, which will influence CH4 emissions; increased turnover time improves digestibility (more substrate), reduces EMPS (more substrate and H2) and changes VFA pattern (less propionate). 50 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Because of positive relationship between diet digestibility and CH4E/GE, care should be exercised that genetic selection for low emitters does not lead to animals that digest diet, especially fibre, poorly. Meale et al. (2012) discussed that reducing CH4 emissions could result in greater energy-use efficiency. However, analysis of data (cow LS means) from three change-over trials conducted at our department (unpublished) does not support this. Twenty per cent of cows from each trial were ranked as low or high emitters on the basis of total CH4 (g/d), CH4 (g/kg DMI), CH4:CO2 and CH4 (g/kg ECM). The cows were also ranked according to ECM yield and feed efficiency (FE = ECM/DMI). The high emitters (Total CH4) had a higher DMI and ECM yield than low emitters, and approximately similar CH4/ECM and FE (Table 1). When the cows were ranked according to CH4/DMI, low emitters had a higher DMI and ECM yield and lower CH4/ECM than high emitters. In addition to slightly lower total emissions, the difference between low and high emitters was related to higher DMI that decrease emissions per unit of intake. Low emitters according to the gas ratio ate slightly less, produced about 3 kg/d less ECM and had also lower FE. Emissions per kg ECM were similar for low and high emitters according to CH4:CO2. Low emitters according to CH4/ECM produced 37% less CH4 per kg ECM than high emitters. The difference was more related to better yield and improved FE than to decreases in CH4 emissions. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 51 Table 1 - Methane emissions, DM intake (DMI), energy corrected milk production (ECM) and feed efficiency (ECM/DMI) for cows ranked low and high according to different criteria. Selection criterion is bold font on gray background Selection criterion Total CH4 (g/d) CH4 (g/kg DMI) CH4:CO2 CH4/ECM (g/kg) ECM (kg/d) ECM/DMI (kg/kg) CH4 (g/d) CH4 (g/kg DMI) CH4:CO2 CH4/ECM (g/kg) DMI (kg/d) ECM (kg/d) ECM/DMI (kg/kg) Low 386 21.3 0.0372 15.3 18.3 26.5 1.44 High 513 23.0 0.0406 15.9 22.4 32.9 1.47 Low 439 19.1 0.0378 13.5 23.0 32.6 1.42 High 476 25.6 0.0394 18.0 18.7 27.2 1.47 Low 411 21.0 0.0356 15.5 19.8 27.8 1.39 High 488 23.6 0.0412 16.2 20.9 30.9 1.48 Low 428 19.8 0.0377 12.7 21.6 33.8 1.57 High 458 24.1 0.0383 20.2 19.2 23.1 1.22 Low 440 24.0 0.0386 20.1 18.4 22.1 1.22 High 489 21.3 0.0395 13.7 23.2 35.9 1.56 Low 457 22.6 0.0377 20.1 20.3 23.3 1.14 High 456 24.1 0.0389 14.3 19.1 32.1 1.69 The differences in CH4 per kg ECM were almost the same when the cows were ranked according to ECM yield or FE compared with direct ranking according to CH4/ECM. This suggests that possible benefits of selecting cows on the basis of CH4/ECM could be rather limited compared with selecting according to yield or FE. Our results are in line with Hegarty et al. (2007). In their comparison of data from steers exhibiting the greatest and lowest residual feed intake showed the low group reduced methane cost of growth. 52 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte CONCLUSIONS Several new techniques have been developed to determine CH4 emissions on-farm conditions from large number of animals. These methods have shown markedly greater between-cow variability than “flux-methods”. Care should therefore be exercised to interpret observed differences as real between-cow variability. Large between-animal variability in CH4 emissions cannot be explained by variability in biologically relevant factors (VFA pattern, digestibility, microbial synthesis). However, in cattle fed high concentrate diets variability in rumen fermentation pattern is greater than in cattle fed mixed diets as abrupt change to propionate fermentation can take place at different proportions of concentrate. Intake is the most important factor influencing CH4 emission; total emissions increase, but per kg DMI CH4 emissions decreases with increased DMI. The relationship between DMI and CH4 is curvilinear, and therefore non-linear models can be recommended to predict CH4 emissions over wide ranges on intake. Prediction models should also include variables that influence emissions at a given level of intake. Because CH4 can only be produced from fermentable substrate in the rumen it is relevant that a parameter describing diet digestibility is included in the model. It seems that using both intake and digestibility variables results in smaller prediction errors than combining the variables to intake of digestible component. Because both dietary concentrations of fat and carbohydrates influence CH4 emissions it is important to have these variables in prediction models. Our meta-analyses suggest that the effect of dietary carbohydrate composition on CH4 emissions in animals fed mixed diets is rather small. This can be because other factors (fat, digestibility and intake) were taken into account and statistical analysis was made using mixed regression models with random study effects. For national inventories and developing mitigation strategies empirical models can be a better option than mechanistic models as the latter needs more input data that is not always available. The reduction of enteric CH4 emissions from livestock by selection for improved feed efficiency offers an efficient way of V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 53 reducing the feed costs and CH4 emissions without compromising production. REFERENCES Axelsson, J. 1949. The amount of produced methane energy in the European metabolic experiments with adult cattle. Annual Report of Agricultural College, Sweden. 16: 404-418. Baldwin, R. L., J. H. M. Thornley, and D. E. Beever. 1987. Metabolism of the lactating cow. II. Digestive elements of a mechanistic model. J. Dairy Rec. 54: 107-131. Beauchemin, K. A., S. M. McGinn, C. Benchaar, and L. Holtshausen. 2009. Crushed sunflower, flax, or canola seeds in lactating dairy cow diets: Effects on methane production, rumen fermentation, and milk production. J. Dairy Sci. 92:2118-2127. Beauchemin, K.A., T. Coates, B. Farr, and S. M. McGinn. 2012. Can the sulfur hexafluoride tracer gas technique be used to accurately measure enteric methane production from ruminally cannulated cattle? J. Anim. Sci. 90: 2727-2732. Bell, M.J., S. L. Potterton, J. Craigon, N. Saunders, R. Wilcox, M. Hunter, J. R. Goodman, and P. C. Gransworthy. 2013. Variation in enteric methane emissions among cows on commercial dairy farms. Adv. Anim. Biosci. 4: 438. Benchaar, C., J. Rivest, C. Pomar, and J. Chiquette. 1998. Prediction of methane production from dairy cows using existing mechanistic models and regression equations. J. Anim. Sci. 76:617-627. Blaxter, K. L., and J. L. Clapperton. 1965. Prediction of the amount of methane produced by ruminants. Br. J. Nutr. 19:511-522. Blaxter, K. L., F. W. Wainman, P. J. S. Dewey, J. Davidson, H. Denerley, and J. B. Gunn. 1971. The effects of nitrogenous fertilizer on the nutritive value of artificially dried grass. J. Agric. Sci., Camb. 76:307-319. Broderick, G. A., P. Huhtanen, S. Ahvenjärvi, S. M. Reynal, and K. J. Shingfield. 2010. Quantifying ruminal nitrogen metabolism using the omasal sampling technique in cattle- A meta-analysis. J. Dairy Sci. 93:3216-3230. 54 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Cabezas-Garcia, E.H., K. J. Shingfield, S. Krizsan, and P. Huhtanen. 2013. Prediction of individual variation in enteric methane production in lactating dairy cows. In: Proceedings of the III International Symposium on Forage Quality and Conservation, Campinas, SP. Piracicaba, Brazil. Chagunda, M.G.G., D. Ross, J. Rooke, T. Yan, J.-L. Douglas, L. Poret, N.R. Mcewan, P. Teeranavattanakul, and D. J. Roberts. 2013. Measurement of enteric methane from ruminants using a hand-held laser methane detector. Acta. Agr. Scand Section. 63: 68-75. Chung, Y. H., M. L. He, S. M. McGinn, T. A. McAllister, and K. A. Beauchemin. 2011. Linseed suppresses enteric methane emissions from cattle fed barley silage, but not from those fed grass hay. Anim. Feed Sci. Technol. 166167:321-329. Cone, J.W., A.H. Van Gelder, G.J.W. Visscher, and L. Oudshoom. 1996. Influence of rumen fluid and substrate concentration on fermentation kinetics measured with a fully automated time related gas production apparatus. Anim. Feed Sci. Technol. 61: 113-128. Czerkawski, J. W. 1986. An Introduction to Rumen Studies. Robert Maxwell, M. C., Oxford, UK. Czerkawski, J.W, and G. Breckenridge. 1977. Design and development of a long rumen simulation technique (Rusitec). Brit. J. Nur. 38: 371-384. Danfaer, A., P. Huhtanen, P. Udén, J. Sveinbjörnsson, and H. Volden. 2006. The Nordic dairy cow model, Karoline-description. Pages 383-406 in Nutrient digestion and utilization in farm animals modeling approaches. E. Kebreab, J. Dijkstra, A. Bannink, W. J. J. Gerrits, and J. France, ed. CABI publishing, USA. Demeyer, D. I. 1991. Quantitative aspects of microbial metabolism in the rumen and hindgut. Pages 217-237 in Rumen Microbial Metabolism and Ruminant Digestion. J. P. Jouany, ed. Institut National de la Recerche Agronomique, cop, Paris. De Haas, Y., J. W. Van Riel, R. F. Veerkamp, L. Wu, and N. Ognik. 2013. Onfarm methane measurements in exhaled air of individual Dutch cows obtained during milking using Fourier transformed infrared methods. Adv. Anim. Biosci. 4: 447. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 55 Dijkstra, J., H. D. Neal, D. E. Beever, and J. France. 1992. Simulation of nutrient digestion, absorption and outflow in the rumen: Model description. J. Nutr. 122:2239-2256. Ellis, J. L., E. Kebreab, N. E. Odongo, B. W. Mcbride, E. K. Okine, and J. France. 2007. Prediction of methane production from dairy and beef cattle. J. Dairy Sci. 90:3456-3467. Ferris, C. P., F. J. Gordon, D. C. Patterson, M. G. Porter, and T. Yan. 1999. The effect of genetic merit and concentrate proportion in the diet on nutrient utilization by lactating dairy cows. J. Agric. Sci.132:483-490. Garnsworthy, P.C., J. Craigon, J.H. Hernandez-Medrano, N. Saunders. 2012. On-farm methane measurements during milking correlate with total methane production by individual dairy cows. J. Dairy. Sci. 95: 3166-3180. Grainger, C., T. Clarke, S. M. McGinn, M. J. Auldist, K. A. Beauchemin, M. C. Hannah, G. C. Waghorn, H. Clark, and R. J. Eckard. 2007. Methane emissions from dairy cows measured using the sulfur hexafluoride (SF6) tracer and chamber techniques. J. Dairy. Sci. 90(6): 2755-2766. Grainger, C., and K. A. Beauchemin. 2011. Can enteric methane emissions from ruminants be lowered without lowering their production. Anim. Feed Sci. Technol. 166-167:308-320. Hellwing, A.L.F., P. Lund, M. R. Weisbjerg, M. Brask, and T. Hvelplund. 2012. Test of a low-cost and animal-friendly system for measuring methane emissions from dairy cows. J. Dairy. Sci. 95: 6077-6085. Hellwing, A.L.F., P. Lund, J. Madsen, and M. R. Weisbjerg. 2013. Comparison of enteric methane production predicted from the CH4/CO2 ratio and measured in respiration chambers. Adv. Anim. Biosci. 4: 557. Hegarty, R. S., J. P. Goopy, R. M. Herd, and B. McCorkell. 2007. Cattle selected for lower residual feed intake have reduced daily methane production. J. Anim. Sci. 85: 1479-1486. Hristov, A.N., C. Lee, R. Hristova, P. Huhtanen, and J. L. Firkins. 2012. A metaanalysis of variability in continuous-culture ruminal fermentation and digestibility data. J. Dairy. Sci. 95: 5299-5307. 56 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Hristov, A.N., J. Oh, J. L. Firkins, J. Dijkstra, E. Kebreab, G. Waghorn, H. P. S. Makkar, A. T. Adesogan, W. Yang, C. Lee, P. J. Gerber, B. Henderson, and J. M. Tricarico. 2013. Mitigation of methane and nitrous oxide emissions from animal operations: I. A review of enteric methane mitigation options. J. Anim. Sci. 91, 5045-5069. Huhtanen, P., M. Ramin, and P. Udén. 2014. Nordic dairy cow model Karoline in predicting methane emissions: 1. Model description and sensitivity analysis. (submitted) Huhtanen, P., M. Rinne, and J. Nousiainen. 2009. A meta-analysis of feed digestion in dairy cows. 2. The effects of feeding level and diet composition on digestibility. J. Dairy Sci. 92:5031-5042. Huhtanen, P., S. J. Krizsan, M. Hetta, H. Gidlund, and E. H. Cabezas Garcia. 2013. Repeatability and between cow variability of enteric CH4 and total CO2 emissions. Adv. Anim. Biosci. 4: 588. Hungate, R. E., J. Reichl, and R. Prins. 1971. Parameters of rumen fermentation in a continuously fed sheep: evidence of microbial rumination pool. Appl. Microbiol. 22: 1104-1113. IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). 2007. Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change (Core Writing Team: R.K. Pachauri and A. Reisinger, eds.), p. 104. Geneva, Switzerland, IPCC. http://www.ipcc.ch/publications_anddata/publications_ipcc_fourth_assessment_report_synthesis_report.htm. Jaakkola, S., and P. Huhtanen. 1993. The effects of forage preservation method and proportion of concentrate on nitrogen digestion and rumen fermentation in cattle. Grass. Forage. Sci. 48:146-154. Jentsch, W., M. Schweigel, F. Weissbach, H. Scholze, W. Pitroff, and M. Derno. 2007. Methane production in cattle calculated by the nutrient composition of the diet. Arch. Anim. Nutr. 61:10-19. Johnson, D. E., and G. M. Ward. 1996. Estimates of animal methane emissions. Environ. Monit. Assess. 42:133-141. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 57 Johnson, D. E., T. M. Hill, G. M. Ward, K. A. Johnson, M. E. Branine, B. R. Carmean, and D. W. Lodman. 1993. Principle factors varying methane emissions from ruminants and other animals. In: M.A.K. Khalil (Ed.). Atmospheric Methane: Sources, Sinks, and Role in Global Change. NATO ADI Series Vol 113, Springer-Verlag, Berlin, Germany. Johnson, K., M. Huyler, H. Westberg, B. Lamb, and P. Zimmerman. 1994. Measurement of methane emissions from ruminant livestock using a sulfur hexafluoride tracer technique. Environ. Sci. Technol. 28: 359-362. Johnson, K.A., and D. E. Johnson., 1995. Methane emissions from cattle. J. Anim Sci. 73: 2483-2492. Kriss, M., 1930. Quantitative relations of the dry matter of the food consumed, the heat production, the gaseous outgo, and the insensible loss in body weight of cattle. J. Agric Res. 40:283-295. Lassen, J., and P. Løvendahl. 2013. Heritability for enteric methane emission from Danish Holstein Cows using a non-invasive FTIR method. Adv. Anim. Biosci. 4: 280. Lassen, J., P. Løvendahl., and J. Madsen. 2012. Accuracy of noninvasive breath methane measurements using Fourier transform infrared methods on individual cows. J. Dairy Sci. 95: 890-898. Madsen, J., B. S. Bjerg, T., Hvelplund, M. R. Weisbjerg, and P.Lund. 2010. Methane and carbon dioxide ratio in excreted air for quantification of methane production in ruminants. Livest. Sci. 129:223–227. McAllister, T. A., E. K. Okine, G. W. Mathison, and K. –J. Cheng. 1996. Dietary, environmental and microbiological aspects of methane production in ruminants. Can. J. Anim. Sci. 76:231-243. McGinn, S.M., K. A. Beauchemin, A. D. Iwaasa, and T. A. McAllister. 2006. Assessment of the sulfur hexafluoride (SF6) tracer technique for measuring enteric methane emissions from cattle. J. Environ. Qual. 35(5): 1686-1691. Menke, K.H., and H. Steingass. 1988. Estimation of the energetic feed value obtained from chemical analysis and in vitro gas production using rumen fluid. Anim. Res. Develop. 28: 7-55. 58 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Mertens, D. R. 1993. Kinetics of cell wall digestion and passage in ruminants. Page 535-570 in Forage Cell Wall Structure and Digestibility. H. G. Jung, D. R. Buxton, R. D. Hatfield, and J. Ralph, ed. Am. Soc. Agron., Madison, WI. Meale, S.J., T.A. McAllister, K.A. Beauchemin, O. M. Harstad, and A. V. Chaves 2013. Strategies to reduce greenhouse gases from ruminant livestock. Acta. Agr. Scand. 62: 199-211. Mills, J. A. N., E. Kebreab, C. M. Yates, L. A. Crompton, S. B. Cammell, M. S. Dhanoa, R. E. Agnew, and J. France. 2003. Alternative approaches to predicting methane emissions from dairy cows. J. Anim. Sci. 81:3141-3150. Mills, J. A., J. Dijkstra, A. Bannink, S. B. Cammell, E. Kebreab, and J. France. 2001. A mechanistic model of whole-tract digestion and methanogenesis in the lactating dairy cow: model development, evaluation, and application. J. Anim Sci. 79:1584-1597. Moate, P. J., S. R. O. Williams, C. Grainger, M. C. Hannah, E. N. Ponnampalam, and R. J. Eckard. 2011. Influence of cold-pressed canola, brewers grains and hominy meal as dietary supplements suitable for reducing enteric methane emissions from lactating dairy cows. Anim. Feed Sci. Technol. 166-167: 254-264. Moe, P. W., and H. F. Tyrrell. 1979. Methane production in dairy cows. J. Dairy Sci. 62:1583-1586. Moss, A. R., D. I. Givens, and P. C. Garnsworthy. 1995. The effect of supplementing grass silage with barley on digestibility, in sacco degradability, rumen fermentation and methane production in sheep at two levels of intake. Anim. Feed Sci. Technol. 55:9-33. Moss, A. R., J-P, Jouany, and J. Newbold. 2000. Methane production by ruminants: its contribution to global warming. Ann. Zootech. 49:231-253. NRC. 2001. Nutrient Requirements of Dairy Cattle. 7th rev. ed. Natl. Acad. Press, Washington, DC. Pellikaan, W.F., W.H. Hendriks, G. Uwimana, L.J.G.M. Bongers, P. M. Becker, and J. W. Cone. 2011. A novel method to determine simultaneously methane production during in vitro gas production using fully automated equipment. Anim. Feed Sci. Technol. 168: 196-205. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 59 Pinares-Patino, C. S., M. J. Ulyatt, K. R. Lassey, T. N. Barry, and C. W. Holmes. 2003. Rumen function and digestion parameters associated with differences between sheep in methane emissions when fed chaffed Lucerne hay. J. Agric. Sci. 140: 205-214. Ramin, M., and P. Huhtanen. 2012a. Development of an in vitro method for determination of methane production kinetics using a fully automated in vitro gas system – a modelling approach. Anim. Feed Sci. Technol. 174:190-200. Ramin, M., and P. Huhtanen. 2013. Development of equations for predicting methane emissions from ruminants. J. Dairy Sci. 96:2476-2493. Ramin, M., and P. Huhtanen. 2014. Nordic dairy cow model Karoline in predicting methane emissions: 2. Model evaluation. (submitted). Ramin, M., and P. Huhtanen. P. 2012b. Development of non-linear models for predicting enteric methane production. Acta. Agr. Scand. 62:254-258. Ramin, M., S.J. Krizsan, F. Jančík, and P. Huhtanen. 2013. Measurements of methane emissions from feed samples in filter bags or dispersed in the medium in an in vitro gas production system. J. Dairy. Sci. 96: 4643-4646. Russell, J. B., J. D. O’Connor, D. G. Fox, P. J. Van Soest, and C. J. Sniffen. 1992. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: I. Ruminal fermentation. J. Anim. Sci. 70:3551-3561. Schiemann, R., W. Jentsch, L. Hoffmann, and H. Wittenburg. 1970. Die Verwertung der Futterenergie fűr die Mikproduktion. 1. Mittteilung. Untersuchungen an Tieren fűr die Milchproduktion mit unterschiedlichem Leichtungspotential. Arch. Tierernähr. 20:227-251. Schiemann, R., W. Jentsch, and H. Wittenburg. 1971. Zur Abhängigkeit der Verdauchlichkeit der Energie und der Närstoffe von der Höhe der Futteraufnahme und der Rationszusammensetzung bei Milchkűhen Arch. Tierernähr. 21:223-240. St-Pierre, N. R. 2001. Integrating quantitative findings from multiple studies using mixed model methodology. J. Dairy Sci. 84:741-755. 60 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Sveinbjörnsson, J., P. Huhtanen, and P. Udén. 2006. The Nordic dairy cow model, Karoline - development of volatile fatty acid sub-model. Pages 1-14 in Nutrient Digestion and Utilization in Farm Animals: Modeling Approaches. E. Kebreab, J. Dijkstra, A. Bannink, W. J. J. Gerrits, and J. France, eds. CABI Oxfordshire, UK. Ulyatt, M.J., S. K. Baker, G. J. McCrabb, and K. R. Lassey. 1999. Accuracy of SF6 tracer technology and alternatives for field measurements. Aust. J. Agric. Res. 50(8): 1329-1334. Van Nevel, C.J., and Demeyer, D.I. 1981. Effect of methane inhibitors on the metabolism of rumen microbes in vitro. Arch. Tierernahr. 31: 141-151. Volden, H., 1999. Effects of level of feeding and ruminally undegraded protein on ruminal bacterial protein synthesis, escape of dietary protein, intestinal amino acid profile, and performance of dairy cows. J. Anim. Sci. 77:19051918. Wilkerson, V. A., D. P, Casper, and D. R. Mertens. 1995. The prediction of methane production of Holstein cows by several equations. J. Dairy Sci. 78:2402-2414. Yan, T., F. J. Gordon, C. P. Ferris, R. E. Agnew, M. G. Porter, and D. C. Patterson. 1997. The fasting heat production and effect of lactation on energy utilisation by dairy cows offered forage-based diets. Livest. Prod. Sci. 52:177-186. Yan, T., M. G. Porter, and C. S. Mayne. 2009. Prediction of methane emission from beef cattle using data measured in indirect open-circuit respiration calorimeters. Animal. 3: 1455-1462. Yan, T., R. E. Agnew, and F. J. Gordon. 2002. The combined effects of animal species (sheep versus cattle) and level of feeding on digestible and metabolizable energy concentrations in grass silage based diets of cattle. Anim. Sci. 75:141-151. Yan, T., R. E. Agnew, F. J. Gordon, and M. G. Porter. 2000. Prediction of methane energy output in dairy and beef cattle offered grass silage-based diets. Livest. Prod. Sci. 64: 253-263. DEVELOPMENT OF NICH MARKETS FOR HIGH QUALITY BEEF Keith E. Belk Center for Meat Safety & Quality, Department of Animal Sciences Colorado State University Fort Collins, Colorado, USA “Branding” of beef (actually, “brand-naming”) is used around the world by processors to market product meeting detailed specifications that can subsequently be targeted towards sale at a higher value in “niche markets.” Such products can take on any of several forms—specified characteristics of branded beef only are limited by our imagination. Almost anything of consequence to consumers of a product may be used to target that product towards their use by branding. Currently, the very best U.S. branded beef programs rely on use of (a) certification of conformity with specified characteristics that may be reviewed as a phenotypic trait, usually performed by personnel of the USDA Agricultural Marketing Service, or of (b) process verification by third-party auditors to insure consumers that product is derived from animals that were “treated” in a manner consistent with their desires. In instances, a combination of both certification and process verification are used to meet the criteria of importance to consumers (e.g., Nolan Ryan Tender Aged Beef). In the end, the product is labeled to reflect the traits that are associated with the beef or the manner in which the livestock from which the beef was obtained were managed. By establishing brand-name labels that convey meet the desires for which exists consumer demand, beef products can be differentiated from competing products at the point of ultimate sale (retail or foodservice outlets), customer loyalty can be enhanced and the product may be merchandized at higher values. By enhancing the “satisfaction with” retail beef products, in relation to the price at which such products are merchandised to consumers, demand for beef can be improved. Branding offers cattle producers opportunity to address consumer issues directly, or by entering into partnerships with packers, purveyors, foodservice operators and retailers. Structured 62 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte vertical alliance among market sectors, with a common goal of reducing defect prevalence and improving quality and consistency, offers opportunities for all market sector participants to share in greater returns because of the improved demand and satisfaction with the product. Jim Dempsey, of the Harris Feeding Company that operates a “Partnership for Quality”, showed data in 2004 demonstrating conclusively that returns per head were improved, feedlot medicine use was reduced, percentages of carcasses grading U.S. Prime or Choice were increased, and total returns for fed cattle at harvest were $54.40 per head when ownership was retained through feeding. The impact of such data cannot be ignored; this parallels how the poultry and pork industries have improved efficiencies while increasing demand for their products. U.S. Beef Carcass Grades In a way, application of USDA Yield and Quality grades, and subsequent use to market cattle, carcasses, or beef cuts, constitutes “branding.” Beef in such scenarios is “brand-labeled” with government shields that have meaning to customers (Figure 1). However, although USDA quality grades, for example, generate subpopulations of carcasses/cuts that differ in expected eating satisfaction from each other, they still leave unexplained too much of the observed variability in those traits and indicate almost nothing at all about the composition or safety of end-products. By combining USDA Yield and/or Quality grading, beef carcasses can be sorted and subpopulations of carcasses/cuts may be generated that differ from each other in eating satisfaction and compositional traits of interest; but, still, much of the variability in eating satisfaction and all of differences in real or perceived “safety” of the end-products will remain unexplained and unaccounted for. So, sometimes the USDA grading system is used in conjunction with other marketing programs (e.g., certification or process verification) to ultimately describe that beef. Today, many carcasses graded by USDA are actually assigned those grades by a Video Imaging Instrument in the presence of a human USDA grader; commercial instruments capable of evaluating V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 63 traits that predict both composition and eating satisfaction were approved by USDA for this purpose during the past 10 years. Only about 29% of carcasses are assigned a USDA Yield Grade. Figure 1 - Shields used to indicate the USDA grade assigned to beef carcasses. Research unequivocally has shown that carcasses of the same USDA quality grade, but originating from animals of different breeds or genotypes within a breed, can differ dramatically when their cuts are cooked, eaten, and evaluated for flavor, juiciness and tenderness. Knowledge of such anomalies caused the American Angus Association to envision, develop and market “Certified Angus Beef” (CAB)—the most successful branded-beef product and program in the world. The CAB program is an international success story that also is an example of how USDA carcass grading standards are used in conjunction with additional certified characteristics to form the basis for certification. Current Status Of U.S. Beef Markets Despite increases in “sustainability” of production and implementation of new scientific technologies, the weather still plays an important role in determining the profitability of the beef industry. Two major influences have impacted U.S. beef production during the past ten years: (a) drought and (b) use of feed grains—particularly corn—for energy (Figure 2). As a consequence of these issues, cow and dairy cow numbers in the U.S. are at all-time lows (Figure 3). This will pose supply-side issues for the beef industry in the future 64 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte MMBLS/D (due to elasticity of demand for beef), but also has resulted in significant cow/calf production profitability at the current time. Profitability drives entrepreneurial spirit; so, it may lead to new branding initiatives as time progresses. In addition, lower feed prices in 2014, due to less use in ethanol production, are expected to also improve margins for beef cattle production. World Oil Usage (EIA), mmbls/d 56 54 52 50 48 46 44 42 40 38 36 34 32 30 28 OECD Non- OECD OECD ‐ Developed Countries: US, Japan, Australia, EU Non OECD ‐ Non Developed Countries: Brazil, Russia, China, India 05 06 07 08 09 Source: Energy Information Administration 10 11 YEARS 12 13 14 Figure 2 - World oil usage and U.S. corn allocation (Source: CattleFax, 2014). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 65 Figure 3 - 2014 Beef and dairy cow inventory in the U.S. (Source: CattleFax, 2014). Continued expansion of U.S. export markets, as has been the case in Brazil as well, provides additional opportunities to improve beef industry revenue using branding. In the absence of trade barriers, the export markets (from the U.S. perspective) result in additional demand for beef and, hence, higher prices (Figure 4). All of these opportunities though, in the long run, may harm the U.S. industry because of price elasticity—beef may just become too expensive. Fortunately, the export markets frequently benefit beef products that are not readily consumed in the U.S. 66 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figure 4 - U.S. Beef exports & imports, and retail prices. (Source: CattleFax, 2014). Branded Beef Programs—Genetic Constraints Of the 83 USDA Certified Beef Programs in 2014, 64 use the name of a breed of cattle in the description of their program and products. Of those 64 programs, 56 use the word “Angus” as part of the description for the program or product. In 2013, Lance Zimmerman and Ted Schroeder of Kansas State University developed a “standardized wholesale beef demand index” to compare economic performance of various beef brands between 2002 and 2012. Their study showed that “aggregated USDA Choiceand-higher beef demand increased 52% during the study, improving as much as 25 points in a single year; CAB demand increased 79% in 10 years” when the index values were compared to performance in 2002. It seems clear that the improvement in economic performance of CAB, as compared even to a relatively high-quality graded product, was a consequence of differentiating and marketing the “Angus” breed in certified programs. In fact, according to the National Beef Quality Audit2011, the percentage of fed cattle offered for harvest increased from 45.1% black-hided in 2000 to 61.1% black-hided in 2011. The premise upon which the Certified Angus Beef (CAB) program was based was that “breed” could be used as a genetic V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 67 constraint to reduce variability in cooked beef eating satisfaction. Among carcasses of Angus-cattle origin, there are differences in expected eating quality and expected cutability; so, minimum/maximum levels of USDA quality and yield grade factors are used in the CAB program as constraints to further reduce variability in expected palatability and expected cutability. Inasmuch as the target-market for CAB is the food-service trade and the eating quality-conscious supermarket customer, CAB requires quality-indicating characteristics, for carcasses, equivalent to the Upper Two-Thirds of the U.S. Choice Grade, along with compositional and other requirements. The premise upon which the Certified Hereford Beef (CHB) program was based was that breed (genetic similarity), plus levels of USDA quality and yield grade factors, could be used as constraints for minimizing variability in expected palatability and cutability. For CHB, the target-market was supermarket customers who desire lean, yet consistent and palatable beef. As a result, CHB requires qualityindicating characteristics, for carcasses, equivalent to the width of the U.S. Select Grade plus the U.S. Choice Grade, as well as a USDA Yield Grade of 3.9 or better. Although a high proportion of the branded beef genetic programs—those that require compliance with some genetic constraint— specify “Angus” in some form or fashion, several other breed programs have emerged. These include branded beef programs for cattle of the Red Angus, Texas Longhorn, Akaushi (a red Wagyu), and black Wagyu breeds. Today, a typical U.S. packing plant uses entire operating shifts to generate a plethora of branded beef products (National Beef Quality Audit-2011). Branded Beef Programs—Certification And Verification Constraints As mentioned, many beef brands result from carcasses that have been “certified” or “process verified” by USDA Agricultural Marketing Service personnel as meeting or exceeding specified (a) live requirements, (b) quality factors, (c) yield factors, (d) carcass characteristics, or (e) production practices used to raise the cattle from which product is derived. Certification by USDA personnel of cattle or 68 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte beef carcass/cut characteristics—or verification of the production processes by which they are generated—provides assurances to customers that the product is in compliance with labeling claims. Cattle and beef products, or the processes used to generate them, that are found by USDA graders to be in compliance with the specification or production practice specification, receive one of two USDA shields: (1) the “Accepted As Specified” shield, or (2) the “Process Verified” shield (Figure 5). Because of third-party conformity assessment, substantial credibility is associated with certified and process verified products by consumers. Hence, most branded beef programs that have experienced success for more than a 3-yr period of time also utilize USDA certification or process verification programs to assure customers of contractual compliance. Figure 5 - USDA Agricultural Marketing Service Shields. (Source: USDA 2014). On March 1, 2014, there were 83 “USDA Certified Beef Programs” primarily related to branded beef (USDA certifies many other products for other purposes). Of those, 61 specified a Live Requirement of “phenotype” (e.g., 51% black); mostly that Angus cattle are desired. Most (81) programs specify a minimum level for marbling score. Some USDA Certification Programs also specify requirements for genotype, carcass weight, carcass maturity parameters, marbling texture, Yield Grade, ribeye area, fat thickness, minimum muscling requirements, carcass class (type), capillary rupture in the ribeye muscle, no dark-cutting characteristics, or a maximum hump height (to limit bos indicus influence). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 69 All such traits are characteristics that can be reviewed by USDA graders visually to determine conformity with the published specification. Although not currently utilized in the certification of “branded” beef, additional specifications and verification programs are available that can provide assurances of other value-determining characteristics associated with cattle and beef carcasses/cuts. Among these are general overall condition requirements, carcass fabrication specifications (anatomical and trim specifications) and microbiological considerations. Branded Beef Programs—Live Cattle Management Constraints Almost all packing companies generate at least one branded beef product that advertises that no hormones (or “growth promotants”) and/or no antibiotics were used in production of the cattle from which that beef was derived—sometimes in conjunction with other production management considerations. Today, should the producer wish to do so, such labeling claims associated with production practices may be verified using USDA process verification services. In addition, USDA has standardized, for some labeling claims, the criteria under which livestock must be managed to qualify for such labeling claims. These include use of the terms “Naturally Raised”, “Grass-Fed”, and “Organic.” Those standards are available to the public via the USDA Agricultural Marketing Service website. The most recent edition of the “USDA National Standards For Organic Livestock” were last published in 2002 by the USDA National Organics Standards Board. That document states that that beef labeled using the term “Organic” must be produced: (a) Without use of pesticides, hormones, antibiotics, irradiation or bioengineering. (b) By farmers required to preserve soil, conserve water, enhance environmental quality and treat animals humanely. (c) Under inspection by USDAaccredited private companies and state agencies that certify companies as “Organic.” Similarly, beef generated and labeled as “Naturally-Raised” must have been raised “entirely without growth promotants and antibiotics (except for ionophores used as coccidiostats for parasite control), and have never been fed animal (mammalian, avian, or aquatic) by-products 70 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte derived from the slaughter/harvest processes, including meat and fat, animal waste materials (e.g., manure & litter), and aquatic by-products (e.g., fishmeal and fish oil).” Requirements for using the term “Grass-Fed” state that the livestock are raised such that (a) grass and/or forage shall be the feed source consumed for the lifetime of the ruminant animal, with the exception of milk consumed prior to weaning; (b) the diet shall be derived solely from forage and animals cannot be fed grain or grain by-products; and (c) the livestock must have continuous access to pasture during the growing season. According to USDA’s Economic Research Service (October 2013), and while it appears that—for all food products—sales of “Organic” products now reflect about 4% of total sales of food for use at home, “the meat, fish, and poultry category, which is dominated by poultry sales, gained the most over the last decade but still represents just 3% of total organic sales.” So, and although such markets are growing and an opportunity for some producers, they still only represent a small fraction of total beef sales. Many producers that wish to enter into management-based branded beef programs that could, potentially, generate increased ranch income, need to evaluate the risks associated with such a venture as well as the potential returns on investment. Information concerning the genetic potential of an individual company’s cattle in such a venture is critical. Today, collaboration with feeding/finishing companies and use of instrument carcass evaluation can help allow the dissemination of such performance and carcass-merit data back to producers. Branded Beef Programs—Geographical And Other Constraints During the past decade, several branded beef programs have begun to emerge that constrain participation in the program to specific geographical regions. This is accomplished through several means: (1) by participation in ownership cooperatives, (2) by membership in local, state or national cattle or beef production organizations, or (3) by contracting cattle sales through private marketing or packing companies. Usually, beef brands that are constrained by geography are generated by V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 71 smaller producers (i.e., in contrast to Tyson, Cargill, JBS, Marfrig, etc.). An example of a geographically-constrained beef brand in the U.S. is that of “Colorado’s Best Beef Company which “is a family-owned, natural beef operation” that is not certified. “Cattle are pasture-raised and cornfinished to perfection to create beef that is high in quality and very flavorful; Charolais and Charolais crossbred cattle are raised the old fashioned way.” They guarantee: “All Natural, No Feed Antibiotics, No Growth Hormones, No Steroids, Dry Aged 14-21 Days, No Artificial Ingredients, Minimally Processed, Humane Treatment.” Today, it takes smaller U.S. companies to meet such geographical constraints for a number of reasons, including size of the market, supply and, most recently, implementation on an international scale of Global Food Safety Initiative standards (GFSI; e.g., SQF, BRC, FSSC 22000, etc.). For example, the Issue 6 of the BRC Global Standard for Food Safety (Global Standard For Food Safety Interpretation Guideline, BRC, London, June 2012) requires that companies that make labeling claims “related to the raw materials used in products can be substantiated and the BRC audit process provides a suitable evaluation of the site’s management of the chain of custody, where claims are made relating to primary agricultural schemes . . .” Types of claims covered by the BRC standard include: (a) varietal claims (e.g., Aberdeen Angus beef), (b) origin claims (e.g., Florida grapefruit), (c) assurance claims (e.g., DolphinFriendly Tuna), and (d) identity-preserved claims (e.g., GMO-free; ). Larger companies that are GFSI-certified should consider these requirements prior to initiating a new program. Examples of additional branding criteria include eating quality claims (e.g., guaranteed tender), nutritional claims, and the “story” behind how a given product was grown/raised (e.g., “Story Beef”). Quite often, such claims may not be certified or process verified, which reduces—in theory—consumer credibility for the claims being made on the product label. For such claims, though, traceability of the production and manufacturing process is of vital importance to the verification of the claims being made. Lastly, and likely due to recent demand for information by consumers concerning how “sustainable” products are, there are developing markets for “locally-grown” and consumer “co-production” 72 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte models for growing and harvesting crops and livestock. Co-production models utilize a relatively new concept of engaging the consumer in the production of the product—to share in the benefits, values and profits/losses. Although co-production models have not yet become widely popular in livestock enterprises, it appears to be only a matter of time; most American communities have seen wide-spread growth of such production systems for fruits, produce, and other foods. The largest coproducer of “Organic” products in the U.S., a company called Grant Farms, recently went bankrupt (Denver Post, January 16, 2013)— attributing their failure to “a crushing amount of debt.” Nonetheless, and given the success that such enterprises have experienced in multiple communities for production of fruits and produce, the option is perhaps a viable alternative to the future of beef branding. CONCLUSIONS Branded beef programs offer producers an opportunity, either within or among industry marketing sectors, to improve the quality, consistency and value of the beef that they produce. Improved quality and consistency, when associated with a brand name by consumers, results in greater demand for products and, hence, higher prices and more profit. When a branded product line results from alliances or partnerships established across several marketing sectors of the beef industry, the additional profits—when compared to beef marketed as a “commodity” product—can be shared among all participants. Branded products can be differentiated from those of competitors at the consumption level by unique characteristics that are only limited by our imagination. Programs currently available constrain beef products by any—or all—of: (1) genetic background, (2) compliance with process and product specifications, (3) management practices utilized to produce beef, and/or (4) geographic location of production and other considerations. Programs certified or verified by USDA, when compared to those that are not USDA certified, have additional credibility in that compliance with contractual obligations is confirmed by a sovereign third party. NUTRITION AND IMMUNE SYSTEM IN BEEF CATTLE: IMPACTS ON HEALTH AND WELL-BEING OF THE ANIMAL Jeffery A. Carroll and Nicole C. Burdick Sanchez Livestock Issues Research Unit USDA-ARS Lubbock, Texas, USA, 79403 Corresponding author: [email protected] INTRODUCTION Dating back hundreds, or perhaps even thousands, of years, humans have been concerned with the food they consume, and the potential impact of their food selection on their health and well-being. Herbs, spices, plant extracts, various animal protein and fat sources, and plant derived protein and fat sources have all been consumed by human in an effort to boost immunity, prevent/cure diseases, and to increase longevity. Interestingly, while humans have always been fascinated with providing their own bodies with the most wholesome and health-benefitting foods, they have to a great extent ignored the same biological principals when it comes to feeding livestock. It has only been in the last decade or so that consumers have become more aware and informed with regard to the diets fed to livestock. However, outside of livestock production, the primary focus has been on the potential impact of various livestock feed components on the consumers’ health and well-being, with very little attention given to the potential impact on the health and well-being of the livestock themselves. The driving force associated with modern livestock production, has been, and will continue to be, economics. Dietary components for livestock diets have been selected over the years primarily based upon the cost and accessibility of the ingredients. Without these constraints, livestock producers would undoubtedly select feed ingredients based upon their ability to optimize animal performance and health, thus increasing their profitability and reducing the need for medication in livestock production systems. Unfortunately, this is not the scenario in which livestock producers find themselves, and 74 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte they must continue to adapt and implement changes in order to provide a consumer-acceptable product, while simultaneously trying to remain profitable. A major consumer-based concern that has continued to grow and garner attention is the issue associated with the use of feedgrade antibiotics and antimicrobials in livestock production. As evidenced by the recent U.S. Food and Drug Administration guidelines issuance associated with the use of feed-grade antibiotics and antimicrobials, this long-used common practice within the livestock industry has a finite life span. Livestock producers are being “encouraged” to move away from these production tools, and will therefore be seeking more natural, non-synthetic, feed ingredients as alternative management strategies. However, to be successful during this transitional period, livestock producers must also gain a better understanding of the relationships between animal stress, nutrition, immune function, and overall animal health. There needs to be an increased awareness associated with both naturally occurring and nutritionally-induced variations that exist with regard to an animal’s immune function, as well as variations in other physiological processes such as the stress response that may impact immune function and overall health (Figure 1). CATTLE IMMUNITY The immune system is not a single entity, but rather a complex, integrated system regulated by a multitude of specialized cells and chemical messengers. In general, however, the immune system can be separated into three broad components; natural immunity, innate immunity, and acquired immunity, all of which must be fully developed and functioning properly to provide adequate immunological protection. Natural and innate immunity are typically grouped together under the category of innate immunity. Therefore, when discussing innate immunity, it is typically assumed that one is including natural immunity as well. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte Natural Deviations - 75 Management Influences Breed Effects Sexual Dimorp hism Animal Temperament Diet Housing Conditions Earlyvs NormalWeaning Variations in Innate Immune Function Environmental Stress Relocation/Commingling Stress Figure 1 - Factors that can have a significant influence on the function of the innate immune system of cattle. Naturally occurring deviations in the innate immune system as well as the influence of various management practices on the immune system are often overlooked in production systems. Innate immunity is considered to be the first line of defense against pathogens; whether bacterial, viral, protozoal or fungal. It includes physical barriers such as the skin, mucosal secretions, tears, urine, and stomach acid, as well as complement and antigennonspecific cellular components and is designed to elicit an immediate or acute response (0 to 4 h) following exposure to an antigenic agent (Männel, 2007; Barton, 2008). While primarily consider to be a non-specific immune response, recent evidence suggests that the innate response may in fact be specific to the pathogenic agent encountered. Functional aspects of the immune system are highly regulated by the stress response. Ultimately, within the animal, the immune system response to stress is dependent upon the type of stress encountered (i.e., acute versus chronic). In some instances of acute stress, such as that resulting from bites, punctures, scrapes or other challenges to the integrity of the body, stress hormones are associated with priming the immune system in a manner to prepare for potentially invading pathogens and subsequent infection. 76 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte However, when an animal experiences prolonged or “chronic” stress, the effect of stress hormones on the immune system shifts from a preparatory event to a series of suppressive events first at the cellular level and then eventually across the entire immune system spectrum. Several factors influence the stress-immune interaction, including age, breed/species, environment, gender, health status, previous exposure, and personality/temperament. NATURAL VARIATIONS IN CATTLE IMMUNITY The innate immune response to pathogens is essential for animal survival. While always present to some degree, innate immunity can be modulated in either a beneficial or detrimental manner by a number of factors including wounds, dehydration, nutritional status, genetics, stress, and various peptide hormones. The immune system can be regulated by several different endocrine secretions, with the most prominent being those secreted in response to stress. There has been an increased effort to elucidate the interactions between stress responsiveness and immunological parameters in cattle that may be either predisposed to or resistant to the detrimental effects of stress due to genetic programming and/or prior experiences. Interestingly, there are cattle that demonstrate differential stress and immunological responses due to previous exposure to various managerial, environmental, nutritional, or pathogenic stressors or due to varying temperaments within a genetically similar group of animals. Additionally, different stressors evoke differential responses based on whether the stressor is psychological, physiological, or causes pain. This further influences the nature of an immune response. Realizing that these differences exist may allow for alternative management strategies to overcome barriers that these distinctions present. With regard to cattle temperament, the magnitude of stress responsiveness has been directly associated with the level of excitability the animal displays during interactions with humans. Interestingly, temperamental cattle have been reported to have a reduced adrenocorticotropin response when administered V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 77 corticotrophin-releasing hormone, but not when administered vasopressin (Curley et al., 2010). Additionally, cattle temperament has been linked to variations in the innate and adaptive immune responses. Specifically, temperamental cattle have been reported to have lower in vitro lymphocyte proliferation and lower in vivo vaccinespecific IgG concentrations as compared to more calm cattle (Oliphint et al., 2006). However, temperamental cattle have also been reported to demonstrate reduced sickness behavior, a reduced febrile response, and altered proinflammatory cytokine responses following exposure to an endotoxin (Burdick et al., 2010). Therefore, while cattle temperament clearly influences both the stress and immune responses, it remains to be determined whether or not these alterations impact overall animal health and well-being. NUTRITIONALLY-INDUCED VARIATIONS IN CATTLE IMMUNITY While gender, breed, and temperament effects occur naturally, environmental factors, such as nutrient availability (e.g. nutritional supplements), can also influence cattle health. However, the specific type of nutritional supplement that may benefit a producer depends on many factors, including but not limited to health status, age of animal, and management strategy. For more than three decades scientists have investigated the use of various nutritional strategies to enhance the immune system of livestock throughout various stages of production. In addition to vitamin and mineral supplementation, lipid, protein, and amino acid forms and concentrations within livestock diets have been evaluated extensively as to their potential impact on the immune system. Countless studies have documented the immunomodulatory properties of various vitamins (A, B6 and B12, C, D, and E), minerals (zinc, copper, iron, magnesium and selenium), animal products (spray-dried plasma, fish oil and fish meal), yeast products, and plants/plant products (Echinacea, Yucca, Quillaja, and citrus pulp/peel) within domestic livestock diets. Numerous dietary factors, including protein concentration, potassium concentration, and energy concentration (see review by 78 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Carroll and Forsberg, 2007) have been known to influence performance and health of cattle for many years. In non-ruminants, essential amino acids, linoleic acid, vitamin A, folic acid, vitamin B6, vitamin B12, vitamin C, vitamin E, zinc, copper, iron and selenium (Se) have been reported to affect one or more indexes of immunity (Calder and Kew, 2002). Unfortunately, less is known about the nutritional regulation of immunity in ruminant livestock. But, it may safely be assumed that nutrients, at the tissue level, will have similar effects on immunity in ruminants as in non-ruminants. Recent work by our laboratory, in collaboration with others, has demonstrated beneficial effects of supplementation with chromium propionate, and yeast and yeast-based products (e.g. live yeast, yeast cell wall, or combinations thereof) in cattle. Specifically, supplementation of newly-received cattle at a feedlot with chromium propionate increased basal and endotoxin-induced rectal temperature (Figure 2), enhanced the pro-inflammatory cytokine response (Figure 3), altered lipid metabolism (Figure 4), and enhanced performance (Bernhard et al., 2012a,b; Burdick et al., 2012). Similarly, receiving heifers supplemented with yeast cell wall maintained greater vaginal temperature and greater feed intake and average daily gain when exposed to a subcutaneous endotoxin challenge during a period of heat stress (Young et al., 2012). These nutritional supplements can provide beneficial immunoprotection while maintaining or enhancing performance in cattle. However, the degree of benefit of a particular supplement is highly dependent upon the health status of the cattle, as healthy cattle do not require immunological protection. Nevertheless, nutritional supplementation can be highly advantageous, and can also serve as an insurance policy for when a pathogen infects the herd. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 79 Figure 2 - Rectal temperature response to an endotoxin (lipopolysaccharide, LPS; 0.5 µg/kg body weight) challenge (Control, n = 10; Chromium, n = 10). Recreated from Burdick et al., 2010. Figure 3 - Interleukin-6 response to an endotoxin (lipopolysaccharide, LPS; 0.5 µg/kg body weight) challenge (Control, n = 10; Chromium, n = 10). Treatment means differ: *P < 0.05; †P < 0.08. Recreated from Burdick et al., 2010. 80 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figure 4 - Effect of chromium propionate (CR) supplementation (0.5 g of glucose/kg of BW) on the change in non-esterified fatty acid (NEFA) concentrations during a glucose tolerance test (GTT). Crossbred steers were fed a diet that included 0 (Con; n = 10) or 0.2 mg/kg of Cr. Recreated from Bernhard et al., 2012b. CONCLUSION The consumer-based concern and pressure associated with products fed to livestock is not likely to ease in the near future. As consumers become more cognizant of the feed that is consumed by the livestock they consume, producers will need to refine livestock management in order to maintain health and productivity in their animals. The use of nutritional supplements that act as beneficial immunomodulators, while maintaining productivity, will be essential as the regulatory agencies move toward a complete ban on feedgrade antibiotics and antimicrobials. While these supplements may not have measurable effects in healthy animals, they serve as an V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 81 insurance policy to protect against the threat of pathogenesis should it occur. Additionally, it’s important to realize that several factors influence the stress-immune interaction, including age, breed/species, environment, gender, health status, previous exposure, and personality/temperament. Given that the innate immune system provides the first line of defense, understanding the effects of stress hormones and nutrition on innate immunity holds a great deal of potential with regard to improving cattle health, and ultimately productivity. Continued research efforts into these complex interactions may allow the implementation of alternative management practices, improved selection programs, and/or implementation of various nutritional strategies to prevent or overcome significant production losses and animal health care costs for livestock producers. REFERENCES Barton, G.M. 2008. A calculated response: control of inflammation by the innate immune system. J. Clin. Invest. 118:413-20. Bernhard, B.C., N.C. Burdick, W. Rounds, R.J. Rathmann, J.A. Carroll, D.N. Finck, M.A. Jennings, T.R. Young, and B.J. Johnson. 2012a. Chromium supplementation alters the performance and health of feedlot cattle during the receiving period and enhances their metabolic response to a lipopolysaccharide (LPS) challenge. J. Anim. Sci. 90:3879-3888. Bernhard, B.C., N.C. Burdick, R.J. Rathmann, J.A. Carroll, D.N. Finck, M.A. Jennings, T.R. Young, and B.J. Johnson. 2012b. Chromium supplementation alters both glucose and lipid metabolism in feedlot cattle during the receiving period. J. Anim. Sci. 90:4857-4865. Burdick, N.C., Carroll, J.A., Hulbert, L.E., Dailey, J.W., Ballou, M.A., Randel, R.D., Willard, S.T., Vann, R.C., Welsh, Jr., T.H. 2010.Temperament influences endotoxin-induced changes in rectal temperature, sickness behavior, and plasma epinephrine concentrations in bulls. Innate Immunity. 17(4):355-364. Burdick, N.C., B.C. Bernhard, J.A. Carroll, R.J. Rathmann, and B.J. Johnson. 2012. Enhancement of the acute phase response to a lipopolysaccharide (LPS) challenge in steers supplemented with chromium. Innate Immun. 18:592-601. 82 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Calder PC, Kew S. 2002. The immune system: A target for functional foods? Br. J. Nutr.;88 (SUPPL. 2). Carroll, J.A. and N.E. Forsberg. 2007. Influence of Stress and Nutrition on Cattle Immunity. In: K.C. Olson and L.C. Hollis (eds) Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice. Elsevier Saunders, Amsterdam, The Netherlands, pp. 105-149. Curley, Jr. K.O., D. A. Neuendorff, A. W. Lewis, R. M. Rouquette Jr, R. D. Randel, and T.H. Welsh Jr. 2010. The effectiveness of vasopressin as an ACTH secretagogue in cattle differs with temperament. Physiology and Behavior 101:699-704. Männel, D.N. 2007. Advances in sepsis research derived from animal models. Int. J. Med. Microbiol. 297:393-400. Oliphint, R.A. 2006. Evaluation of the inter-relationships of temperament, stress responsiveness and immune function in beef calves. M.S. thesis, Texas A&M University, College Station, Texas. Young, T.R., N. C. Burdick, J.A. Carroll, M.A. Jennings, J. T. Cribbs, R.J. Rathmann, J.R. Corley, and B.J. Johnson. 2012. Yeast cell wall supplementation alters the performance and physiological response of beef heifers following an immune challenge. J. Anim. Sci. 90(E-Suppl. 3):221 (Abstract # 217). INNOVATIONS IN THE IDENTIFICATION OF GENETICALLY-SUPERIOR CATTLE: IMPACTS OF GENOMIC TOOLS ON GENETIC EVALUATION PROGRAMS Alison Van Eenennaam University of California, Davis, CA USA [email protected] UTILIZATION OF DNA INFORMATION IN THE BEEF CATTLE INDUSTRY In recent years DNA marker information has been effectively utilized to identify animals that are carriers of recessive alleles for genetic conditions. This has been of particular value for the identification of genetic defect(s), color, and horned/polled status. Prior to the advent of this technology the only way to test if a sire was a carrier of a particular genetic defect was to “test mate” him to a given number of known carriers of the defect or an even greater number of his own daughters of unknown carrier status. Even then definitive conclusions could only be drawn if he sired an afflicted calf. If all corresponding offspring were free of the defect, then it would be possible to assign a certain probability to the sire being a non-carrier with the probability being dependent on the number of calves born from a particular mating. Today carrier status can be determined rapidly with a simple DNA test. DNA-marker technology has also proven very useful for assigning (or more correctly excluding) parentage. More recently, single nucleotide polymorphism (SNP) panels consisting of thousands of markers have been developed to test for a portion of the genetic merit of an animal for a variety of traits ranging from growth to tenderness and carcass merit. The remainder of this paper will focus on the use of DNA information for this purpose. Genomic selection (GS), the estimation of the genetic merit of a genotyped animal based on prediction equations derived from large ancestral training populations with both phenotypes and genotypes (Figure 1), has revolutionized the dairy cattle breeding industry and has been implemented with varying degrees of success in other 84 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte animal breeding programs including swine, poultry and beef cattle. The adoption of GS in the beef industry has been slow as compared to the dairy cattle industry. There are many reasons for this disparity. The first is that there are many breeds with varying characteristics designed to fit the different environments associated with beef cattle production, as compared to a single dominant breed (Holstein) in dairy. Secondly, the beef industry does not utilize artificial insemination (AI) very heavily. As a result, there are fewer highaccuracy sires available to provide a within-breed reference population. Additionally, there are no obvious beneficiaries willing to pay for the development of phenotyped and genotyped training populations, as with the AI studs in the dairy industry, due to the lesser use of AI in the beef industry. The development of training populations in the beef cattle industry has been disjointed. Some companies, such as GeneSeek whose parent company has acquired Igenity, and Zoetis (formally Pfizer Animal Genetics), saw this void as a business opportunity (Garrick, 2011) and paid for the genotyping of semen collections from AI sires put together by individual researchers, or developed their own training populations. This involvement of commercial genomic companies into beef cattle genetic evaluations introduced a proprietary component into the process of ranking animals based on genetic merit, and sometimes made it difficult to obtain validation data (Van Eenennaam et al., 2007) to verify the accuracy of the genomic test results. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 85 Figure 1 - Overview of the principles behind genomic selection (GS), GS relies on a large number of individuals in a genotyped and phenotyped training population from which to derive a genomic prediction equation. This equation can then be used to estimate the genomic breeding value, also known as the molecular breeding value, of unphenotyped individuals from a selection candidate populations based solely on genotype. QTL = quantitative trait loci; SNP = single nucleotide polymorphism. Figure modified from Van Eenennaam et al. (2014). 86 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte METHODS OF REPORTING DNA TEST RESULTS Many of the early recording systems to relay marker panel results were categorical in nature. For instance, systems existed that provided one star for each favorable allele regardless of the proportion of variation explained by the marker. Others provided a 110 scale where genotypes were categorized by the impact they had on the trait of interest. Neither of these systems allowed for the inclusion of DNA results into national cattle evaluations (NCE). More recently marker panel results have been reported as Molecular Breeding Values (MBV). Although MBV is the term that is being used by the scientific community, DNA testing companies have coined unique names to identify their respective products in the market place (e.g. Molecular Value Prediction [MVP] and Genetic Prediction Difference [GPD]). DIFFERENCES BETWEEN MBVs AND EPDs Expected progeny differences (EPD) provide an estimate of the genetic potential of an animal as a parent based upon ancestral/pedigree information; his/her own performance records, and the records of his/her progeny and other relatives. An EPD includes all of this pedigree and performance information and accounts for all of the genetic variation that affects a particular trait. Conversely, DNA marker tests reveal the genotype of an animal for specific DNA markers for a particular trait but, to date, do not account for all of the genetic variation. Accuracy When DNA from an animal is submitted for a DNA-test, there is an accuracy associated with that result. Accuracy has multiple meanings. One definition is “degree or extent of freedom from mistake or error”. Genotyping generally has a high level of technical accuracy or precision, meaning that there are rarely errors in the actual results of the DNA test. However, in animal breeding, accuracy refers to how well an estimate of the genetic merit (e.g. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 87 EPD, or DNA-test result) predicts the true genetic merit of an animal. One measure of this genetic prediction accuracy is the correlation (r) between a genetic merit estimate and the true genetic merit of that animal. Accuracy values can range from 0 (in which case the estimate has no relationship to an animal’s true genetic merit) to 1 (in the theoretical situation where the estimated breeding value is equal to the true breeding value). In practice accuracy values never reach the theoretical limit of 1, although very high accuracy of extensively used AI sires can reach 0.99. The accuracy associated with an EPD increases as more information becomes available on that individual. Initially EPDs are derived from information on an animal’s parents (called a pedigree estimate). Once an animal has its own measurement or performance record, the accuracy of the EPD increases and continues to do so as the animal has recorded progeny. In some countries, the accuracies of genetic predictions are reported as the correlation between the estimated value and the “true” value. With progeny test information, this accuracy measure quickly attains a high value as progeny numbers exceed 20, especially for traits with moderate to high heritability. DNA information will therefore have very little impact on high accuracy AI sires. The phenotypic records of their progeny will already result in high accuracy genetic evaluations. However, in young animals with no phenotypes, DNA testing offers an opportunity to improve accuracy above that associated with the pedigree estimate. This is especially true for low heritability traits where the boost that genomic information provides to accuracy is equivalent to a larger number of progeny records. The reason that DNA tests are able to increase the accuracy of EPDs is that they have the ability to account for a phenomenon called “Mendelian sampling”. This term is used to describe the sampling that occurs when parents pass on a random sample of half of their DNA to their offspring. Every allele, good or bad, has an equal likelihood of being inherited. One could envision a scenario where an animal could receive only the most desirable alleles from both parents resulting in a large favorable Mendelian sampling effect or the exact opposite which could result in a large unfavorable sampling 88 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte effect. Perhaps the best example of this is a set of flush mates. Although all of them have the same pedigree estimate, they may differ considerably in terms of their performance and ultimately their EPDs due to Mendelian sampling. This effect can be quantified using contemporary group deviations and is a measure of how much better or worse an animal is compared to the average of its parents. Mendelian sampling is the reason that performance records on the individual and its progeny are required to obtain accurate genetic predictions. Individual records provide some information on the sampling of alleles inherited by an animal, and progeny information provides even greater insight as to the sum of the additive effects that the animal is passing to the next generation. DNA tests have the potential to view into the black box of Mendelian sampling at birth and reveal which alleles an animal inherited. The accuracy of a DNA test at predicting the true genetic merit of an animal is primarily driven by the amount of additive genetic variation accounted for by the DNA test. Thallman et al. (2009) found that the best predictor of this proportion was the square of the genetic correlation between the MBV and the trait of interest. The first generation of DNA tests for complex traits in beef cattle (e.g. GeneStar) did not have high accuracies because the small number of markers (1-10) included in these tests were associated with only a small proportion of the additive genetic variation for the trait of interest (Allan and Smith, 2008). As the number of informative markers in a DNA test increases so will the proportion of additive genetic variation explained by the test. Since the first marker tests were developed, a large number of SNP markers have been identified in the bovine genome. As marker panels grew in size from hundreds to thousands of markers they were able be able to track the inheritance of an increased number of genes, and when these genes were associated with genetic variability in the trait under selection then these tests were able to explain a larger proportion of the overall genetic variation for that trait (i.e. increased accuracy). What is the benefit of higher accuracy values on young sires? For the seedstock producer, it enables the selection of truly superior animals earlier in life. It has also enabled V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 89 seedstock producers to supply clientele with a product that has less risk of change associated with it. The benefit to commercial producers lies in the ability to buy yearling bulls with more certainty surrounding their EPDs. Increased accuracy enables the confident selection of truly superior animals. For instance, if calving ease is a concern for a commercial producer who buys yearling bulls then there is an inherent risk that the bull’s true genetic merit and his predicted genetic merit are not close. It would be advantageous to have more information from which to predict the genetic merit of yearling animals so that the predicted value was a closer estimate of the true value. Combining phenotypic and molecular data, particularly for traits that cannot be measured early in life, can lead to faster genetic change. The factors that impact the rate of genetic change are the accuracy of selection, the genetic standard deviation, the selection intensity, and the generation interval. Generation interval is defined as the average parental age when the offspring are born. Typically this is six years of age in beef cattle. Genetic change (G) per year can be derived by the breeder’s equation. THE BREEDER’S EQUATION G = [(Accuracy of Selection)*(Selection Intensity)*(Genetic Standard Deviation)] Generation Interval It is clear that if the generation interval were to decrease then the rate of genetic change would increase. The benefits of including molecular information in the calculation of EPDs for yearling bulls will depend on the marker panel itself. The more genetic variation that is explained by the panel (i.e. the higher the genetic correlation (r)) the larger the increase in accuracy. Marker panel results should be thought of as another phenotype, correlated to the trait of interest, which can be included in the genetic prediction. In other words, the addition of the DNA panel phenotype adds to the amount of information and consequently provides an increase in accuracy proportional to the amount of variation explained by the panel. 90 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte BENEFITS OF COMBINING MOLECULAR AND PHENOTYPIC DATA For breeders to make the best use of genomic data, it needs to be combined with traditional sources of information (i.e. phenotypes and pedigrees) in genetic evaluations. To incorporate DNA test information into genetic evaluations, it is necessary to estimate the accuracy (r) of DNA tests in a validation or calibration population outside the discovery set of animals. This process provides the parameters required for their incorporation into NCE. In some countries, a centralized body is responsible for beef cattle genetic evaluations (Johnston et al., 2012; Wickham and Dürr, 2011). However in the US, breed associations are responsible for genetic evaluations. Molecular breeding values (MBVs) are being incorporated into NCE by breed associations to provide genomic-enhanced EPDs (GE-EPDs) to industry in a variety of ways. NATIONAL CATTLE EVALUATIONS IN THE U.S. The American Angus Association is including MBV information from two commercial companies as a correlated trait in weekly multitrait BLUP evaluations (Kachman, 2008). As of 2013, two USD$75 products are being offered for the genetic evaluation of Angus cattle, the GeneSeek Genomic Profiler (GGP-HD) test (which replaced the 384 SNP Igenity® Profile) (GeneSeek, Lincoln, NE), and a 50K SNP chip (Matukumalli et al., 2009) offered by Zoetis (Kalamazoo, MI). Genomic data from these two companies is incorporated into the Angus Association’s national cattle evaluation GE-EPDs on a weekly basis. Breeds other than Angus have put together their own training populations by genotyping some of their own AI bulls and obtaining 50K genotypes from the influential bulls that were genotyped at the US Meat Animal Research Center (US-MARC) in Clay Center, Nebraska as part of the 2,000 Bull Project, which involved 50K genotyping of 2,026 animals from the 16 most prominent breeds (Angus, Beefmaster, Brahman, Brangus, Braunvieh, Charolais, Chiangus, Gelbvieh, Hereford, Limousin, Maine-Anjou, Red Angus, Salers, Santa Gertrudis, Shorthorn, and Simmental) in the US beef industry. GeneSeek also donated their database of high-density genotypes (Bovine 50K and Illumina HD (777K)) on over 5,000 animals from many breeds to help increase the size of the V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 91 training populations. Breed associations in collaboration with Dr. Dorian Garrick at Iowa State University have developed within-breed genomic prediction equations. Table 1 shows the most current accuracies of MBVs from US breed associations (Saatchi et al., 2011; Saatchi et al., 2012; Saatchi et al., 2013). These accuracies are similar to having 5-25 progeny records. The accuracy (r) of a progeny test [ where a = and h2 = trait heritability (i.e. proportion of variation that is due to genetics)] as shown below. Accuracy across breeds It has been shown that genomic prediction equations developed in one breed do not perform well in another breed (Harris, 2008). This is thought to be due to a breakdown in linkage disequilibrium (LD) between informative markers and quantitative trait loci (QTL) in across breed predictions (de Roos et al., 2009; de Roos et al., 2008). In other words a marker (A) that is associated with a good effect on a given trait in one breed is associated with an undesirable effect on that trait in a second breed. LD measures the degree to which alleles at two loci are associated. It has also been shown that some of the accuracy associated with genomic selection is due to the relationships between individuals in the training population and those in the selection candidate population (Habier et al., 2010). Relatives are more likely to share markers and have the same characteristics, but that does not mean those markers are necessarily associated with a specific QTL that affects a trait of interest. This source of “familial linkage” accuracy is not expected to be predictive across breeds. Even within Angus, tests trained in North American Angus were less accurate when used in the Australian/New Zealand Angus population, and required regional recalibration for that population and production system (Johnston et al., 2010). Tests are likely to be less accurate (explain less of the genetic variation) when used to evaluate more-distantly related animals, such as those in another country where animals may be several generations removed from U.S. genetics. 92 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Table 1 - Realized accuracies (r; correlation between deregressed breeding value and molecular breeding value) resulting from genomic selection prediction equations trained in US beef cattle breeds. Numbers in brackets indicate size of training population. The Red Angus training data set includes some Black Angus cattle that have EPD in the Red Angus Association. Table excerpted from Van Eenennaam et al. (2014). Trait Heritability (h2) Number of progeny records available 5 25 50 Accuracy (r) 100 0.1 .34 .63 .75 .85 0.3 .54 .82 .90 .94 0.5 Trait (# training population) Birth weight .65 Red Angus Angus (6,412)b (3,500) 0.75 0.64 .88 Hereford (2,980) 0.68 .99 .995 Simmental Limousin Gelbvieh (2,800) (2,400) (1,181) 0.65 0.58 0.41 Wean weight 0.67 0.67 0.52 0.52 0.58 Yearling weight 0.69 0.75 0.60 0.45 0.76 0.34 — Milk 0.51 0.51 0.37 0.34 0.46 0.34 Fat thickness 0.90 0.70 0.48 0.29 — — Rib eye area Marbling Calving ease direct Calving ease (maternal) Scrotal circumference 0.75 0.85 0.60 0.75 0.80 0.69 0.49 0.43 0.68 0.59 0.63 0.45 0.63 0.65 0.52 0.48 0.56 0.48 0.32 0.73 0.51 0.32 0.51 — — 0.71 0.43 — 0.45 0.50 Many commercial beef cattle producers take advantage of the benefits of heterosis (Van Eenennaam, 2013), and are engaging in systematic crossbreeding or buying crossbred or composite bulls. It was hoped that pooling training populations across breeds, or training in multibreed populations might improve the accuracy of predictions (Goddard et al., 2010). To investigate this further, the accuracy of genomic predictions derived from two large training data sets from the US-MARC were evaluated across multiple breeds and in V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 93 crossbred cattle. The first training data set was comprised of data from the 2000 Bull Project. Deregressed EPD (Garrick et al., 2009) were used as “phenotypes” for training the prediction equations. The second was 50K genotypes and adjusted phenotypes from 3,358 crossbred animals derived from the USMARC Germplasm Evaluation Project (GPE). Although more genotyped animals were included in the GPE training population, the amount of phenotypic information used in training was less, as de-regressed EPD in the 2000 Bull Project population included data from multiple progeny records. Moderate genetic correlations (r = 0.23-0.42) were found between 2,000 Bull Project-trained genomic predictions for growth traits in multiple purebred beef breeds. Lower correlations (r = 0.19-0.37) of limited value were found when using the crossbred GPE-derived genomic prediction equations (Weber et al., 2012a; Weber et al., 2012b). It was also envisioned that the increased marker density of the 770,000 SNP Illumina HD (777K) SNP chip might also help improve the accuracy of across-breed predictions (de Roos et al., 2009; Goddard, 2009), although preliminary data in dairy cattle showed only a very small improvement resulting from pooling Holstein and Jersey into a multi-breed training population that had real or imputed 777K genotypes (Erbe et al., 2012). In some cases the accuracy actually decreased, suggesting that because there are differences in the LD between single markers and QTL across breeds, pooling of data might actually dilute associations of markers with phenotypes. PROSPECTS FOR INTERNATIONAL BEEF CATTLE GENETIC ANALYSES Pooling data across countries represents an attractive approach to increase the size of the training population for expensive to measure traits (Dürr and Philipsson, 2012) and has worked in the dairy industry, e.g. in the Brown Swiss breed (Bouquet and Juga, 2013), although this assumes that markers are in tight LD with QTL and minimal genotype by environmental (GxE) interactions. If markers are tracking familial linkage, then this approach will only 94 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte improve the accuracy of prediction equations if the populations share common genetics. In Hereford it was found that genomic predictions for 100 Argentine, 75 Canadian, and 395 Uruguayan Hereford animals genotyped using the Illumina BovineSNP50 BeadChip using marker estimates from training on 1,081 American Herefords (AMH), were considerably less accurate than corresponding predictions in AMH animals (Saatchi et al., 2013). The authors postulated this was due to two possible reasons: 1) lower genetic relationships among foreign and AMH animals than the genetic relationships among AMH animals, and/or 2) there are GxE interactions (between marker effects and country). Because South American B. taurus taurus breeds are genetically separated from the main European and North American cattle breeds, and GxE are likely; decreased accuracy would also be expected when using genomic predictions developed elsewhere (Montaldo et al., 2012). Nelore is the most numerous breed raised in Brazil, with more than 80% of the contribution to the Brazilian herd of close to 200 million cattle (Montaldo et al., 2012). Given that genomic prediction equations are not accurate across B. taurus breeds it is assumed that Nelore-specific prediction equations will need to be developed. Special Bos indicus SNP chips have been developed using SNPs with a high minor allele frequency in Nelore and Brahman cattle. GeneSeek has developed two such products – the GGP-HDi (~74K) and the GGP-LDi (~20K) which market for USD$80 and USD$45, respectively. Of course these products will only have value if there are accurate within-breed genomic prediction equations available for Nelore. Several different groups [Zebu Breeders Association, AgroPecuária CFM Ltda/GMAB, Agropecuária Santa Bárbara, Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP; http://www.ancp.org.br/), Condominio Agropecuário Irmãos Penteado Cardoso/Fazenda Mundo Novo/GMAB (http://www.fazendamundonovo.com), Conexão Delta, Geneplus/Embrapa, Programma de Avaliação e Identificação de Novos Touros (http://www.crvlafoa.com.br/paint.asp)] conduct Nelore genetic evaluations, using data from Brazil, Paraguay, and Colombia. Collectively these groups analyze more than 2 million records and V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 95 10,000 bulls in their data sets of growth, reproductive, carcass, and meat quality traits. Agro-Pecuária CFM Ltda, ANCP, and Conexão Delta G/Agropecuária Jacarezinho, in partnership with 2 international companies (Neogen – parent company of GeneSeek – and Zoetis) and a Brazilian company (Genoa Biotecnologia), are trying to develop accurate genomic prediction equations to improve the accuracy of their genetic evaluations of Nelore cattle (Montaldo et al., 2012). Information from SNP chips can also be used to determine genetic relationships between animals with no or incomplete pedigree information. This will assist in developing genetic evaluations for populations with incomplete pedigree information. The lack of pedigree is an important factor affecting the possibility of doing genetic evaluations in many Latin American beef cattle populations. Genomic information can be used to determine the breed composition of animals at the individual level, enabling a more accurate estimate of the breed composition of animals in a composite breed or crossbred populations (Montaldo et al., 2012). As DNA testing becomes more comprehensive and potentially incorporates a larger number of traits, it may provide a selection tool for traits where no other information or selection criteria exist. Many of the traits that influence the profitability of beef production are not currently included in NCE. These include traits that are expensive or difficult to measure (e.g. feed efficiency and fertility), occur late in life (e.g. stayability), or are experienced by a downstream segment of the cattle industry such that the relevant phenotypes (e.g. disease susceptibility in the feedlot) are never relayed back to the breeder. There are no preexisting databases of phenotypes for these traits available from which to form a training population. Some countries are taking advantage of electronic animal identification to start to compile a database of phenotypes from the entire beef cattle production chain (Wickham and Dürr, 2011). There are also several large publicly-funded efforts underway in a number of countries to obtain large phenotyped and genotyped training populations for hard-to-measure production traits such as feed efficiency, fertility, and disease resistance. In the United States, the USDA through its Agricultural and Food Research Initiative 96 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte (AFRI) competitive grants program, is investing in three 5-year, multimillion dollar, multistate projects focused on the development of genomic approaches to enable beef cattle breeding programs to include selection criteria on susceptibility to bovine respiratory disease (http://www.brdcomplex.org), feed efficiency (http://www.beefefficiency.org) and fertility. These traits are not the “low hanging fruit” of genetic improvement. However, they are the most valuable traits in terms of the beef cattle industry. It has been estimated that to maximize profit in a commercial production system retaining ownership through the feedlot, a multi-trait selection index for terminal sires would place six times more emphasis on EPD for bovine respiratory disease resistance (if such an EPD existed) than on EPDs for weight traits (Van Eenennaam and MacNeil, 2011). For Brazilian production systems, feedlot growth rate, meat tenderness, early age at first estrus, and days to calving (number of days from first AI or bull turn out to calving) are all economicallyimportant traits that would benefit from accurate genetic evaluations. The calpastatin and calpain gene markers for tenderness have been reliably associated with reduced shear force values in a variety of cattle populations, including Bos indicus-influenced cattle in Northern Australia. High reproductive efficiency remains a key profit driver for the cow-calf ranching sector globally. The development of phenotyped populations with thousands (or tens of thousands) of records will be required to obtain accurate predictions for these traits (Daetwyler et al., 2008; Goddard, 2009). This represents one of the most significant hurdles to adoption of genomic selection technology in the beef industry. Ironically these are the very traits that are most likely to benefit from genomic selection, as no selection criteria currently exist for them. In the future, other traits such as methane emissions and adaptation to climate change may also become relevant to beef cattle breeding objectives (Hayes et al., 2013). THE FUTURE To date, there has been limited adoption of GS in the beef industry, as the value proposition associated with improving the V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 97 accuracy of NCE EPDs on young beef sires destined for natural mating pastures, where they might sire 100 offspring (Van Eenennaam et al., 2011), is considerably less than that associated with dairy AI bulls that are destined to have thousands or even millions of genetic descendants. DNA testing does present a marketing opportunity for bull sellers. Early adopters who have genomic information sent to breed associations for inclusion in genetic evaluations may have a competitive advantage over breeders who do not. This assumes that bull buyers are willing to pay more for yearling bulls with higher accuracy values. The process of collecting DNA samples and paying for genomic testing represents an additional cost to the breeder. Some seedstock producers are currently DNA-testing their bulls to provide potential buyers with DNA information. The value of that information to the buyer is determined by the market. If the value is more than the cost of testing and is reflected in the bull purchase price, then the seedstock producer will have made a good investment. More importantly, DNA testing presents an opportunity to improve the accuracy of EPDs and accelerate the rate of genetic progress. As discussed previously, the response to selection and therefore the value associated with DNA testing is dependent upon how much the DNA information improves the accuracy of genetic evaluations at the time of selection, and the value of a unit of genetic improvement. The value of a unit of genetic improvement can be estimated using an economic “selection index” that weights all traits on their relative economic importance. Indexes consider both the "input" or expense side and the income side of selection decisions and enable cattle producers to make balanced selection decisions, taking into account the economically-relevant growth, carcass and fertility attributes of each animal to identify which animals are the most profitable for their particular commercial enterprise. Melton (1995) suggested that cow-calf producers should have a relative economic emphasis of 47% on reproduction, 24% on production, and 30% on carcass traits whereas producers that retain ownership of their cattle through the feedlot and into the packing plant should have a relative economic emphasis of 31% on reproduction, 29% on 98 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte production and 40% on carcass traits. This relative emphasis will depend on how much the value derived from genetic gain in carcass traits is shared with the producer. Although the use of genome information to improve the accuracy of genetic evaluations is evolving quickly, the ultimate goal for using genomics remains the same, and that is to cost-effectively improve the accuracy of genetic merit. As outlined by the Beef Improvement Federation (BIF) Guidelines, “information from DNA tests only has value in selection when incorporated with all other available forms of performance information for economically important traits in National Cattle Evaluation (NCE) and when communicated in the form of an EPD with a corresponding BIF accuracy. For some economically important traits, information other than DNA tests may not be available. Selection tools based on these tests should still be expressed as EPD within the normal parameters of NCE” (Beef Improvement Federation, 2010). BEEF CATTLE INDUSTRY STRUCTURE AND RATES OF GENETIC IMPROVEMENT The rate of genetic improvement has been rapid in those industries that have a highly structured breeding sectors and welldefined, profit-maximizing breeding objectives (e.g., pig and poultry). These species have high reproductive rates per female, and this allows incremental improvements in efficiency to be multiplied across many animals, which directly improves profitability as well as the investment that can be made in improving the accuracy of genetic merit estimates. The segmented nature of the beef industry (Figures 2, 3) in many countries, the lack of a well-defined breeding goal for beef cattle improvement, and the large number of breeds have resulted in limited adoption of GS as compared with other industries. Increased rates of genetic progress with the potential to have widespread impact on the commercial production sector are more likely if larger cattle breeding operations/companies develop in the future. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 99 Figure 2 - US beef industry structure. Industry segmentation means there is little information shared between the different sectors making genetic improvement for downstream traits difficult to achieve (Van Eenennaam et al., 2014). Figura 3 - Brazilian beef value chain (Braunz et al., 2013). 100 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 101 Table 2 - World beef cattle production and annual slaughter (MaluaAduli and Holman, 2014). Food and Agriculture Organization (2012) FAOSTAT http://faostat.fao.org 102 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte The value proposition of DNA testing to improve the accuracy of EPDs may shift if the value of genetic gain changes appreciably. This might happen if genomic or other technologies result in the introduction of novel traits into breeding objectives. This could be driven by new production system requirements, health concerns, or through emerging technologies which enable selection for traits previously omitted from breeding objectives due to a lack of selection tools or criteria. A DNA test accounting for 50% of the genetic variation in a difficult-to-measure, economically-important trait like feed efficiency is likely be more valuable than a DNA test accounting for 50% of the variation in an easily measured trait like weaning weight. Some significant hurdles remain for the successful implementation of DNA-based selection of genetically-superior animals in the beef industry. These include the need for large discovery populations (i.e. thousands) of genotyped and phenotyped cattle to enable DNA tests to accurately predict genetic merit in unrelated animals (Goddard, 2009). It also seems probable that additional phenotyped, genotyped populations of young animals will be needed in the future to continually update the associations between DNA markers and traits of interest (Van Eenennaam, 2011). These hurdles may be overcome by the fact that the cost of genotyping continues to fall steeply, and continuous innovation seems likely to deliver extremely low cost (<USD$5/sample) testing platforms to the industry in the near future. Lower testing costs could enable new models of data collection to develop. For example, if large companies such as JBS, Marfrig, or Minerva who also own ranches with large herd sizes could initiate DNA collection and genotyping of animals prior to feedlot entry and then routinely collected feedlot phenotypes on those animals, then large training datasets for these traits would soon accumulate. It may be that lowcost DNA testing and the combined value derived from using DNA information for multiple purposes (selection, management, parentage, recessive status) across the value chain will push the economics of genomics over the tipping point towards widespread industry adoption (Van Eenennaam, 2011; Van Eenennaam and Drake, 2012; V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 103 Van Eenennaam et al., 2014). Given the size of the beef cattle population in Brazil (Table 2) and the importance of beef exports, considerable opportunities could be envisioned by the tactical implementation of genomic information to improve the efficiency and profitability of Brazilian beef production. Marker panels are likely to continue to grow in size and in the future there is also the tantalizing prospect of low cost (<USD$1,000) whole genome sequencing on the horizon (i.e. sequence all 3 billion nucleotide base pairs of the bovine genome!). Individual bull sequencing may accelerate the discovery of causative SNP for quantitative trait loci and recessive defects. Sequencing may allow for new concepts to be considered such as individual mate selection and improved models for genetic evaluation based on marker, rather than pedigree, information. CONCLUSION The advent of molecular information in the form of DNA tests for simply inherited traits and complex traits has created both excitement and some confusion. The lag between discovery and application has decreased, allowing for technology to be rapidly delivered to industry. In certain cases this has created uncertainty as to how DNA information should be used in making selection decisions. DNA marker test results should not be used to replace traditional selection based on EPDs and economic index values, but rather should be seen as providing an additional source of information from which to predict genetic merit. When included in genetic evaluations, DNA information improves the accuracy of genetic predictions, especially on young animals. DNA testing holds the greatest promise for economically-relevant traits which are too expensive to measure, and for which no good selection criteria exist (e.g. feed efficiency). Meaningful incorporation of these traits into genetic evaluations will be required to make the best use of information and ensure that appropriate economic weighting is given to DNA test information. Groups that can organize themselves technologically and structurally to obtain and seamlessly marry 104 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte phenotypes of importance to the entire supply chain with genotypes to capture the cumulative value derived from using genomic information for multiple purposes will be ideally positioned to fully realize the nascent potential of genomic information. ACKNOWLEDGEMENTS ALV acknowledges research support from National Research Initiative Competitive Grant no. 2009-55205-05057, and Agriculture and Food Research Initiative Competitive Grant no. 2011-6800430367 and 2013-68004-20364 from the USDA National Institute of Food and Agriculture. REFERENCES Allan, M. F., and T. P. L. Smith. 2008. Present and future applications of DNA technologies to improve beef production. Meat Science 80: 79-85. Beef Improvement Federation. 2010. Guidelines for uniform beef improvement programs, Ninth Ediition, http://www.beefimprovement.org/content/uploads/2013/07/Master-Edition-ofBIF-Guidelines-Updated-12-17-2010.pdf. Bouquet, A., and J. Juga. 2013. Integrating genomic selection into dairy cattle breeding programmes: a review. Animal 7: 705-713. Braunz, A., C. Gonnella, L. Hill, and J. Holt. 2013. Beef production in Brazil: A value chain approach to reducing deforestation, Master's Thesis Duke University. Daetwyler, H. D., B. Villanueva, and J. A. Woolliams. 2008. Accuracy of Predicting the Genetic Risk of Disease Using a Genome-Wide Approach. PLoS ONE 3: e3395. De Roos, A. P. W., B. J. Hayes, and M. E. Goddard. 2009. Reliability of Genomic Predictions Across Multiple Populations. Genetics 183: 1545-1553. De Roos, A. P. W., B. J. Hayes, R. J. Spelman, and M. E. Goddard. 2008. Linkage Disequilibrium and Persistence of Phase in Holstein–Friesian, Jersey and Angus Cattle. Genetics 179: 1503-1512. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 105 Dürr, J., and J. Philipsson. 2012. International cooperation: The pathway for cattle genomics. Animal Frontiers 2: 16-21. Erbe, M., B. J. Hayes, L. K. Matukumalli, S. Goswami, P. J. Bowman, C. M. Reich, B. A. Mason, and M. E. Goddard. 2012. Improving accuracy of genomic predictions within and between dairy cattle breeds with imputed high-density single nucleotide polymorphism panels. Journal of Dairy Science 95: 4114-4129. Garrick, D. 2011. The nature, scope and impact of genomic prediction in beef cattle in the United States. Genetics Selection Evolution 43: 17. Garrick, D. J., J. F. Taylor, and R. L. Fernando. 2009. Deregressing estimated breeding values and weighting information for genomic regression analyses. Genetics Selection Evolution 41: 55. Goddard, M. 2009. Genomic selection: prediction of accuracy and maximisation of long term response. Genetica 136: 245-257. Goddard, M. E., B. J. Hayes, and T. H. E. Meuwissen. 2010. Genomic selection in livestock populations. Genetics Research 92: 413-421. Habier, D., J. Tetens, F. R. Seefried, P. Lichtner, and G. Thaller. 2010. The impact of genetic relationship information on genomic breeding values in German Holstein cattle. Genetics Selection Evolution 42: 5. Harris, B. L. J., D. L.; Spelman, R. J. . 2008. Genomic selection in New Zealand and the implications for national genetic evaluation. In: J. D. Sattler (ed.) Identification, Breeding, Production, Health and Recording of Farm Animals. Proceedings of the 36th ICAR Biennial Session, Niagara Falls, USA, 16-20 June, 2008. No. 13. p 325-330. ICAR Technical Series, Niagara Falls, USA, . Hayes, B. J., H. A. Lewin, and M. E. Goddard. 2013. The future of livestock breeding: genomic selection for efficiency, reduced emissions intensity, and adaptation. Trends in Genetics 29: 206-214. Johnston, D. J., M. G. Jeyaruban, and H.-U. Graser. 2010. Evaluation of Pfizer Animal Genetics HD 50K MVP Calibration PAG HD 50K MVP Calibration. AGBU Report November 2010. AGBU Report November 2010, http://agbu.une.edu.au/pdf/Pfizer_50K_September%202010.pdf. 106 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Johnston, D. J., B. Tier, and H.-U. Graser. 2012. Beef cattle breeding in Australia with genomics: opportunities and needs. Animal Production Science 52: 100-106. Kachman, S. D. 2008. Incorporation of marker scores into national genetic evaluations. In: Beef Improvement Federation (ed.) Prediction of genetic merit of animals for selection No. 9th Genetic Prediction Workshop. p 92-98. Beef Improvement Federation, December 8-10, 2008. Malua-Aduli, A. E. O., and B. W. B. Holman. 2014. World beef production. In: D. Cottle (ed.) Beef Cattle Production and Trade. p 65-79. CSIRO Publishing. Matukumalli, L. K. et al. 2009. Development and Characterization of a High Density SNP Genotyping Assay for Cattle. PLoS ONE 4: e5350. Melton, B. E. 1995. Conception to consumption: The economics of genetic improvement. Proc. Beef Improvement Fed. 27th Ann. Mtg. p 40-87, Sheridan, WY. Montaldo, H. H., E. Casas, J. B. S. Ferraz, V. E. Vega-Murillo, and S. I. RománPonce. 2012. Opportunities and challenges from the use of genomic selection for beef cattle breeding in Latin America. Animal Frontiers 2: 23-29. Saatchi, M. et al. 2011. Accuracies of genomic breeding values in American Angus beef cattle using K-means clustering for cross-validation. Genet Sel Evol 43: 40. Saatchi, M., R. D. Schnabel, M. M. Rolf, J. F. Taylor, and D. J. Garrick. 2012. Accuracy of direct genomic breeding values for nationally evaluated traits in US Limousin and Simmental beef cattle. Genetics Selection Evolution 44: 38. Saatchi, M., J. Ward, and D. J. Garrick. 2013. Accuracies of direct genomic breeding values in Hereford beef cattle using national or international training populations. Journal of Animal Science 91: 1538-1551. Thallman R. M., Hanford K. J., Quaas R. L., Kachman S. D., Tempelman R. J., Fernando R. L., Kuehn L.A., and P. E. J. 2009. Estimation of the proportion of genetic variation accounted for by DNA tests. Proc. 41st Beef Improvement Federation Annual Meeting. p 184-209, Sacramento, CA. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 107 Van Eenennaam, A. L. 2011. Beef translational genomics: Lessons from the literature. Association for the Advancement of Animal Breeding and Genetics. 19: 271-278. Van Eenennaam, A. L. 2013. Considerations Related to Breed or Biological Type. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice 29: 493516. Van Eenennaam, A. L., and D. J. Drake. 2012. Where in the beef-cattle supply chain might DNA tests generate value? Animal Production Science 52: 185196. Van Eenennaam, A. L., J. Li, R. M. Thallman, R. L. Quaas, M. E. Dikeman, C. A. Gill, D. E. Franke, and M. G. Thomas. 2007. Validation of commercial DNA tests for quantitative beef quality traits. Journal of Animal Science 85: 891-900. Van Eenennaam, A. L., and M. D. MacNeil. 2011. What weighting should be given bovine respiratory disease (BRD) resistance in selection decisions? Proceedings of the Beef Improvement Federation 43rd Annual Meeting and Research Symposium. p 61-68, Bozeman, Montana. Van Eenennaam, A. L., J. H. van der Werf, and M. E. Goddard. 2011. The value of using DNA markers for beef bull selection in the seedstock sector. Journal of Animal Science 89: 307-320. Van Eenennaam, A. L., K. A. Weigel, A. E. Young, M. A. Cleveland, and J. C. M. Dekkers. 2014. Applied Animal Genomics: Results from the Field. Annual Review of Animal Biosciences 2: 105-139. Weber, K. L. et al. 2012a. The accuracies of DNA-based estimates of genetic merit derived from Angus or multibreed beef cattle training populations. Journal of Animal Science 90: 4191-4202. Weber, K. L. et al. 2012b. Accuracy of genomic breeding values in multibreed beef cattle populations derived from deregressed breeding values and phenotypes. Journal of Animal Science 90: 4177-4190. Wickham, B. W., and J. W. Dürr. 2011. A new international infrastructure for beef cattle breeding. Animal Frontiers 1: 53-59. 108 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte MECANISMOS FISIOLÓGICOS E MOLECULARES ENVOLVIDOS COM A MACIEZ DA CARNE Pedro Veiga Rodrigues Paulino1, Marcio de Souza Duarte2 2 1 Nutron/ Cargill – Campinas, SP – Brasil (email: [email protected]) Universidade Federal de Viçosa – Viçosa, MG – Brasil (email: [email protected]) INTRODUÇÃO Dentre os atributos qualitativos da carne, a maciez é sem dúvida aquele comumente apresentado como mais importante e que influencia de forma preponderante a satisfação do consumidor. Dessa forma, o entendimento dos eventos que controlam a maciez da carne vem sendo pesquisado por cientistas ao longo dos anos com objetivo de predizer e/ou manipular a tais eventos de forma a atender a demanda do mercado. A maciez final da carne depende do grau de alteração de componentes estruturais do músculo esquelético durante e após o estabelecimento do rigor mortis. Nesse contexto, modificações fisiológicas que ocorrem durante o processo de conversão do músculo em carne a exemplo da queda de pH e temperatura postmortem, atuam de forma preponderante no amaciamento da carne. Além de tais alterações, sistemas enzimáticos caracterizam-se como fatores fundamentais que contribuem para essa alteração por meio da clivagem de proteínas estruturais do tecido muscular esquelético ocasionando o amaciamento da carne. Serão abordados nessa revisão alguns aspectos fisiológicos que influenciam a maciez final da carne bem como o funcionamento dos principais sistemas enzimáticos essenciais para ocorrência do amaciamento da carne. MECANISMOS FISIOLÓGICOS DA CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE Antes de mais nada, deve-se ter em mente que o animal vivo possui tecido muscular esquelético, o qual será convertido em carne após passar por modificações fisiológicas em virtude do fim da circulação sanguínea. Assim, para o entendimento de determinados 110 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte mecanismos fisiológicos envolvidos com a maciez carne é necessário a compreensão do processo de conversão do músculo em carne. Queda do pH e temperatura durante o período post-mortem No animal vivo, órgãos e sistemas interagem de forma a manter o ambiente sob condições em que suas funções possam ser exercidas de forma eficiente. Assim como a grande maioria dos órgãos no corpo animal, o tecido muscular esquelético funciona perfeitamente apenas sob condições fisiológicas ótimas (pH, temperatura, concentração de oxigênio, e fornecimento de energia). À manutenção destas condições ótimas dá-se o nome de homeostase. A perda do controle homeostático é o fator chave para que ocorra a conversão do músculo em carne, uma vez que modificações que ocorrem durante este processo decorrem da necessidade do organismos em manter-se funcional. O comprometimento da homeostase se inicia com a sangria do animal. Imediatamente após cessar o suprimento de oxigênio no tecido muscular esquelético em virtude do fim da circulação sanguínea, o metabolismo energético passa então a ser realizado anaerobicamente. Assim, o tecido muscular esquelético utiliza substratos alternativos disponíveis no músculo para produção de ATP. Embora seja menor a quantidade de energia produzida na forma de ATP por meio da via anaeróbica, o tecido produz quantidades capazes de manter a integridade estrutural de suas células por certo tempo. Sob essas circunstâncias, o principal substrato utilizado é a glicose, oriunda da gligogenólise, ou seja, da quebra do glicogênio muscular. A glicose é transformanda em ácido lático, pela via anaeróbica, gerando, como saldo líquido, 2 ATPs. Como resultado do metabolismo anaeróbico tem-se o acúmulo de acido lático no tecido muscular, uma vez que já não se tem mais a presença do sistema circulatório capaz de transportá-lo para ser metabolizado no fígado. Assim, ocorre o acúmulo de acido lático no músculo durante o período post-mortem até o momento em que as reservas de glicogênio muscular são exauridas. Como consequência da produção de íons H+ durante a conversão de glicose em ácido lático, V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 111 ocorre a queda de pH do tecido muscular, sendo esta uma das principais modificações post-mortem observadas. Outro fator importante que surge durante o processo de conversão do músculo em carne é a regulação da temperatura corporal. Isso se deve ao fato de que, similarmente ao pH, a dissipação do calor após o animal ser abatido fica comprometida, uma vez que já não há circulação sanguínea. Aliado a isto, tem-se que os processos metabólicos de produção de energia durante o período post-mortem produzem calor, fazendo com que a temperatura inicial da carcaça logo após o abate seja ainda, relativamente elevada. Assim, uma vez que os fatores metabólicos responsáveis pela elevação da temperatura muscular durante o post-mortem são os mesmos que promovem a queda do pH muscular, a desnaturação de proteínas presentes no músculo durante o inicio do período post-mortem é inevitável. Estabelecimento do rigor mortis O enrijecimento muscular após o abate do animal é reconhecidamente o fenômeno mais marcante durante o processo de conversão do músculo em carne. Conhecido como rigor mortis, o enrijecimento do tecido muscular após a morte do animal ocorre em virtude da formação de ligações cruzadas permanentes entre filamentos de actina e miosina. A reação química ocorrida nesta situação se assemelha àquela observada durante a contração muscular. Contudo, a diferença observada entre a contração muscular e o rigor mortis reside no fato de que, diferentemente do que observase no animal vivo, o estado de relaxamento não ocorre após o estabelecimento do rigor mortis uma vez que não há mais a presença de ATP para desfazer a ligação entre os filamentos de actina e miosina. Além disso, praticamente todos os sítios de ligação existentes entre estes filamentos são conectados ao fim do estabelecimento do rigor mortis ao passo que durante a contração apenas parte destes sítios encontram-se ligados. Durante o inicio do período post-mortem reservas de creatininafosfato são utilizadas para refosforilação do ADP resultando na formação de ATP. Uma vez que as reservas de creatinina-fosfato 112 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte tornam-se insuficientes para manter o tecido em estado relaxado, reservas de glicogênio muscular são mobilizadas para produção de ATP conforme mencionado anteriormente. Dessa forma, uma vez que as reservas de glicogênio são finitas, as ligações entre filamentos de actina e miosina formam-se gradualmente até o momento em que o tecido muscular torna-se inextensível quando submetido a forças externas. O início deste processo é comumente conhecido como onset phase do rigor mortis e permanece até que o rigor ocorra por completo, momento no qual o músculo torna-se completamente inextensível. O estabelecimento do rigor e a queda de pH são correlacionadas uma vez que ambos fatores estão intrinsecamente envolvidos com o metabolismo energético, mais especificamente, com o metabolismo de glicogênio muscular. Assim, em músculos que apresentam pequena queda no valor de pH nas primeiras horas postmortem, o início e o estabelecimento do rigor ocorrem de forma rápida devido à baixa reserva de glicogênio muscular. Já em casos em que se observa a queda brusca do pH nas primeiras horas post-mortem, o início e o estabelecimento do rigor também ocorrem de forma rápida uma vez que as reservas energéticas são rapidamente metabolizadas. Por outro lado, a queda gradual do pH durante o período post-mortem está associada ao maior período de tempo necessário para o início e estabelecimento do rigor mortis, sendo esta a situação menos prejudicial à qualidade final da carne. Normalmente, o rigor mortis é estabelecido por volta de 10 -12 horas após o abate. EFEITO DA QUEDA DO pH SOBRE A MACIEZ DA CARNE Heat toughening Uma vez descritos os principais eventos que ocorrem durante o processo de transformação do músculo em carne, cabe estabelecer a relação entre estes e como os mesmos podem afetar a maciez. Diversos estudos têm demonstrado impactos adversos da queda brusca de pH concomitantemente com a elevada temperatura da carcaça sobre a maciez da carne bovina (Figura 1; Hertzman et al. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 113 1993; Devine et al. 1999; Rosenvold et al. 2008; Thomson et al. 2008) e a carne das demais espécies. De forma geral, músculos que iniciam o rigor a temperaturas próximas a 15 °C produzem carnes mais macias comparadas aquelas em que o inicio do rigor se inicia a temperaturas próximas a 35-38 °C (Devine et al., 1999). Em trabalho realizado por Hertzman et al. (1993), observou-se que elevadas temperaturas postmortem culminaram em redução da maciez da carne bovina quando avaliada em painel sensorial. Adicionalmente, em trabalho comparando-se a maciez da carne de ovinos que iniciaram o rigor a 18 e 35 °C, Devine et al. (2002) reportaram que a força de cisalhamento foi similar após 24 horas de resfriamento e que ao se comparar a força de cisalhamento pós três dias de maturação, a carne oriunda de músculos que iniciaram o rigor a 35 °C apresentaram maior força de cisalhamento. Semelhantemente, Wiklund (2011) observou maior valor de força de cisalhamento para carne oriunda de músculos que iniciaram o rigor a 42 °C comparada àquela oriunda de músculos que iniciaram o rigor à 15 °C mesmo após 7 dias de maturação. Assim, estes estudos demonstram que, de modo geral, a combinação entre altas temperaturas durante o pré-rigor (≥ 35 C), associadas à queda brusca do pH, resulta em redução do potencial de proteólise durante o processo de maturação e consequentemente afeta a maciez da carne. Tal processo é conhecido como heat toughening. Contudo, o mecanismo exato pelo qual baixos valores de pH associados à elevadas temperaturas afetam o processo de amaciamento da carne está longe de ser completamente esclarecido. Vale ressaltar que o heat toughening refere-se à redução do potencial de amaciamento da carne e não implica na atribuição de “dureza” na mesma, ou seja, a carne oriunda de músculos que sofreram o heat toughening pode vir a apresentar maciez comprometida em relação àquelas oriundas de músculos que não sofreram o mesmo processo. Tem sido sugerido que a redução do amaciamento da carne devido ao heat toughening ocorre em virtude da redução da atividade e/ou inativação de sistemas enzimáticos que promovem a fragmentação miofibrilar durante o período post-mortem. 114 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 1 - Queda do pH e temperatura durante o período postmortem (Adaptado de Bruce, 2002). Cold shortening O processo de encurtamento pelo frio, comumente conhecido como cold shortening, decorre também de modificações fisiológicas observadas durante o período post-mortem que resultam em redução da maciez da carne (Figura 2). Tais modificações são oriundas do binômio pH/temperatura. Em situações em que a temperatura do músculo é reduzida a 0 – 15 °C antes do estabelecimento do rigor mortis o retículo sarcoplasmático tem sua funcionalidade comprometida, liberando assim grande quantidade de cálcio no sarcoplasma. Uma vez que durante as primeiras horas post-mortem o músculo ainda possui reservas de glicogênio tem-se ainda a produção de ATP. Assim, a combinação entre a alta liberação de cálcio e disponibilidade de energia no músculo promove a máxima contração muscular fazendo com que filamentos grossos e finos se sobreponham, praticamente eliminando a banda I do sarcômero (Savell et al., 2004). A relação entre o encurtamento pelo frio e a maciez da carne reside no fato de quanto mais contraído o sarcômero, maior será o diâmetro da fibra muscular devido à sobreposição dos filamentos finos e grossos, o V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 115 que resulta em menor exposição de sítios de ligação para enzimas proteolíticas responsáveis pelo processo de amaciamento da carne. Ademais, em virtude da sobreposição de filamentos finos e grossos ocorre o aumento do diâmetro das fibras musculares, o que também apresenta indícios de ser fator que reduz a maciez da carne após o cozimento da mesma (Savell et al., 2004). Figura 2 - Efeito da temperatura pré-rigor sobre o encurtamento do músculo sternomandibularis de bovino (Adaptado de Locker & Hagyard, 1963). De modo geral, o encurtamento é reconhecido como um dos maiores contribuintes para redução da maciez da carne. A taxa da glicólise post-mortem tem impacto significativo na correlação entre o comprimento do sarcômero e a maciez da carne, em que músculos que apresentam menor taxa de glicólise post-mortem (pH > 6.3 ao final das 3 primeiras horas post-mortem), há forte correlação entre a maciez da carne e o comprimento de sarcomero (r = - 0.80; Smulders et al., 1990). 116 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte De forma geral, pode-se atribuir ao encurtamento do sarcômero grande parte da falta de maciez da carne bovina produzida no Brasil, uma vez que as carcaças apresentam pouca cobertura de gordura subcutânea, apresentam peso relativamente leve em comparação com outros países produtores de carne, como os Estados Unidos, e a temperatura das câmaras frigoríficas é bastante baixa. Assim, criam-se condições propícias para que ocorra um rápido abaixamento da temperatura das carcaças antes do estabelecimento do rigor mortis, ocasionando o fenômeno de cold shortening. SISTEMAS ENZIMÁTICOS O tecido muscular esquelético contém inúmeras enzimas que atuam em diversas vias metabólicas no tecido vivo. Muitos destes sistemas enzimáticos permanecem ativos no músculo esquelético durante o período post-mortem e promovem alterações que acabam por influenciar a qualidade final da carne. Dentre estes, os sistemas enzimáticos catepsina, calpaína e caspase vem sendo intensivamente investigados ao longo dos anos para determinação dos papeis desempenhados pelos mesmos quanto à proteólise postmortem e amaciamento da carne. A fragmentação miofibrilar e de proteínas citoeesqueléticas são resultado da ativação de sistemas enzimáticos proteolíticos. As principais proteínas clivadas durante esse processo são as miofibrilas citoesqueléticas e proteínas costâmeras tais como titina, desmina e vinculina (Figura 3; Goll et al., 1992; Koohmaraie & Geesink, 2006). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 117 Figura 3 - Representação ilustrativa do sarcômero evidenciando as proteínas citoesqueléticas e estruturais susceptíveis à clivagem durante a fase post-mortem (Adaptado de Taylor et al., 1995). Catepsinas Catepsinas são proteases usualmente localizadas nos lisossomos (DeDuve et al., 1955) e em células fagocitárias, mas também localizadas no retículo sarcoplasmático de células musculares. Catepsinas se distinguem pelos sítios ativos (proteases aspárticas, cisteínicas e serinicas) e especificidade de substratos. Mais de 15 catepsinas lisossomais já foram identificadas mas apenas oito destas (B, L, H, S, F, K, D e E) foram encontradas no músculo esquelético (Hopkins & Thompson 2002). A participação de catepsinas muitas vezes é desconsiderada como fator que influencia a maciez da carne pelo fato de que os substratos primários para ação destas são a actina e a miosina, as quais, por sua vez, não são amplamente degradadas durante o período post-mortem. Adicionalmente, as catepsinas são localizadas nos lisossomos e portanto, devem ser liberadas para que tenham 118 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte cesso às proteínas miofibrilares e contribuir então com o amaciamento da carne (Hopkins &Taylor, 2002). Contudo, apesar das catepsinas nem sempre serem consideradas importantes quanto ao processo de amaciamento da carne, lisossomos possuem membranas frágeis que podem se romper em virtude da queda de temperatura e pH durante o período post-mortem, sendo esta uma das formas pela qual a queda do pH post-mortem afeta a maciez final. Nesse contexto, diversos estudos observaram baixa associação entre atividade das catepsinas e variações na maciez da carne. A atividade das catepsinas B e L após 8 horas post-mortem foi positivamente correlacionada com a maciez da carne bovina em estudo realizado por O`Halloran et al., (1997). Tal fato se justifica em função da hidrólise de grande número de proteínas miofibrilares incluindo troponina T, I e C, nebulina, titina e tropomiosina. Acredita-se que a estimulação elétrica de carcaças também ocasione rupturas físicas das fibras musculares, liberando as catepsinas dos lisossomos, resultando em carnes mais macias. Sistema calpaína O sistema calpaína é composto de diversas isoformas da enzima proteolítica calpaína e o inibidor endógeno das calpaínas, a calpastatina. As duas mais bem caracterizadas isoformas são a μcalpaína e m-calpaína. Tais isoformas requerem a presença de cálcio para serem ativadas e são denominadas de acordo com com as quantidades de cálcio necessárias pra sua ativação. De modo geral, μcalpaína necessita de valores próximos a 5 – 65 μM de cálcio para 50% da sua atividade máxima ao passo que para a m-calpaína essas quantidades estão entre 300 – 1000 μM de cálcio (Goll et al., 1992). Ambas enzimas atuam sobre as mesmas proteínas miofibrilares que são degradas durante o período post-mortem. As enzimas μ-calpaína e m-calpaína são heterodímeros compostos por sub-unidades de 80 e 28 kDa (Suzuki, 1990). A subunidade de 28 kDa é idêntica para μ-calpaína e m-calpaína. Já a sub-unidade 80 kDa é similar entre as duas enzimas, porém são codificadas por diferentes genes (Suzuki, 1990). Em ambas proteínas a V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 119 sub-unidade 80 kDa é formada por quatro domínios. Domínio I, Nterminal, não possui sequência homóloga a nenhum polipepitídeo conhecido. O domínio II é o domínio catalítico, o qual contém resíduo de cisteína e histidina que se encontram em regiões conservadas para todas proteinases cisteína (Suzuki, 1999). O domínio III não é homólogo a nenhum outro tipo de proteína conhecida, mas possui sequêcias que predizem sítios de ligação EF-hand Ca+2 (Goll et al., 2003). O domínio IV é o domínio semelhante à calmodulina. Estudos utilizando fragmentos de μ-calpaína e m-calpaína que possuem o domínio II demonstraram que estes fragmentos podem não apresentar atividade catalítica por si só, sugerindo, assim, que a atividade catalítica destas proteínas enzimáticas parece depender das regiões da molécula mais distantes dos sítios ativos (Nishimura & Goll, 1991). Assim, a conformação da μ-calpaína e m-calpaína podem afetar de forma direta a atividade enzimática das mesmas. A μ-calpaína bem como a m-calpaína apresentam baixa taxa de atividade sobre proteínas miofibrilares em pH e força iônica semelhantes às encontradas no músculo post-mortem (Huff-Lonergan & Lonergan, 1999). Alterações no pH e/ou força iônica podem causar modificações conformacionais que permitem o aumento da hidrofobicidade da enzima. Adicionalmente, modificações nos substratos podem torna-los menos susceptíveis à clivagem pela μcalpaína. Uma característica importante a ser ressaltada é que a taxa de declínio do pH desempenha papel fundamental na taxa proteolítica de proteínas miofibrilares pela calpaína. O rápido declínio do pH nas primeiras horas post-mortem promove rápida autólise e ativação de μcalpaína bem como acelera a proteólise de substratos de calpaína (Carlin et al., 2006). Contudo, os mecanismos que promovem tal fenômeno ainda carecem de maiores esclarecimentos. A calpastatina, inibidor endógeno de enzimas calpaína, pode ser encontrada em todos tecidos que contém calpaínas. Trata-se de uma proteína não estruturada que ao se ligar à calpaína adota estrutura que permite sua inibição. Para se ligar a calpaína, a calpastatina necessita de cálcio, sendo a quantidade necessária para se atingir 50% da atividade máxima desta enzima menor do que aquela exigida pelas calpaínas (Kapprell & Goll, 1989). A ligação da calpastatina à calpaína é 120 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte reversível sendo possível de ser rompida por meio de queladores de cálcio (Otsuka & Goll, 1987). A calpastatina é degradada no músculo post-mortem e há evidências de que calpaínas são responsáveis por tal fato (Doumit & Koohmaraie, 1999). A taxa de degradação e inativação da calpastatina é relacionada à taxa de proteólise miofibrilar e amaciamento da carne (Geesink & Koohmaraie, 1999). Entretanto, os mecanismos exatos responsáveis por proporcionar condições favoráveis à degradação da calpastatina não são bem estabelecidos até o presente momento. Trabalhos recentes têm demonstado que o estágio de crescimento em que os animais se encontram (crescimento vs próximos da maturidade) podem impactar o desenvolvimento da maciez da carne durante a conversão post-mortem do músculo em carne (Cruzen et al., 2014). A falta de maciez, comumente observada na carne de animais mais velhos, pode ser devida à limitada proteólise post-mortem, além do aumento no teor de colágeno insolúvel. A reduzida degradação protéica observada post-mortem no músculo de animais maduros é o resultado de uma menor razão µcalpaína:calpastatina, bem como à atividade da calpastatina, que é mais estável ao longo do processo de maturação em animais de idade mais avançada (Cruzen et al., 2014). Além da idade, outros fatores podem afetar a atividade do complexo enzimático calpaína – calpastatino, como classe sexual, nível de estresse pré-abate, tipo de músculo (frequência dos diferentes tipos de fibras musculares), genótipo, dentre outros. Normalmente, animais zebuínos tendem a apresentar maior atividade de calpastatina em relação a taurinos, resultando em carne menos macia, quando comparados a uma mesma idade de abate (Duarte et al., 2014). Sistema caspase Embora haja consenso de que o sistema calpaína é o mais atuante sobre a maciez final da carne, existem evidências de que a ação de outros sistemas proteolíticos contribuem de forma contundente no processo de amaciamento da carne a exemplo do sistema caspase. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 121 Caspases caracterizam-se como família de proteases de cisteína-aspartato específicas e podem ser classificadas de acordo com o papel por elas desempenhados na apoptose e processo inflamatório (Earnshaw et al., 1999). Apoptose, por sua vez, pode ser definido como processo fisiológico que ocorre no organismo vivo que elimina o excesso de células bem como células danificadas ou potencialmente perigosas do organismo sem comprometer a integridade de células ao redor. Tal processo se faz necessário tanto para o desenvolvimento normal do organismo multicelular durante a embriogênese bem como para manutenção da homeostase tecidual em adultos (Dirks & Leeuwenburgh, 2005). Entre as caspases identificadas no tecido muscular esquelético, as envolvidas na iniciação da apoptose celular (caspases 8-10) são caracterizadas por comumente apresentarem áreas essenciais para suas interações com outras proteínas regulando o início da morte celular. Além disso, existem ainda as caspases que promovem a disruptura celular quando ativadas (caspases 3, 6 e 7; Fuentes-Prior & Salvesen, 2004). Com o fim da circulação sanguínea do animal em função da sangria, células e tecidos irreversivelmente são privados de nutrientes e oxigênio. Sob estas condições, células musculares não tem outra alternativa a não ser iniciar o processo de apoptose. Assim, tem sido hipotetizado que o processo de abate e sangria do animal poderia desencadear a sinalização para apoptose celular e a atividade da caspase poderia contribuir para proteólise post-mortem e amaciamento da carne. Durante o período post-mortem a concentração de cálcio aumenta gradualmente no citoplasma celular conforme apresentado anteriormente. O cálcio, por sua vez, apresenta-se como elemento central no processo apoptótico induzindo o inchaço mitocondrial e liberação do citocromo C e de outras proteínas pró-apoptóticas. Tal processo culmina na ativação da caspase 9 a qual promove ativação de demais caspases (Ouali et al., 2006). Há evidências de que existe interação entre sistemas caspase e calpaína. A inibição da calpaína em função da super-expressão de calpastatina aumenta a atividade da caspase 3 e apoptose (Neumar 122 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte et al., 2003). Além disso, calpastatina também sofre clivagem das caspases 1, 3 e 7 gerando padrões distintos de degradação (Wang et al., 1998). Assim, uma vez ativadas durante o período postmortem as caspases podem influenciar na maciez da carne por meio da proteólise da calpastatina. Isto, por sua vez, poderia resultar na ativação de calpaínas, aumentando assim o processo de amaciamento da carne. Recentemente, identificou-se a redução da expressão do gene DNAJA1 em Longissimus thoracis de bovinos que apresentavam alto padrão qualitativo de carne sendo sua expressão inversamente proporcional à maciez (Bernard et al., 2007). O gene DNAJA1 codifica proteína Hsp40 (proteína de choque térmico 40) que por sua vez é co-chaperona da Hsp70. O complexo DNAJA1/Hsp70 é responsável por promover a inibição da apoptose através da inibição da translocação de proteínas pró-apoptóticas para a membrana mitocrondrial onde promoveria mudanças conformacionais culminando na liberação de citocromo C, que por sua vez é essencial para ativação da sinalização da caspase 9 (Gotoh et al., 2007). De acordo com Bernard et al. (2007) se a apoptose e as caspases estão envolvidas na proteólise post-mortem a redução da atividade anti-apoptótica devido a menor expressão de DNAJA1 poderia facilitar a morte celular durante o período postmortem e, consequentemente, favorecer o amaciamento da carne. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento de ferramentas de proteômica nos últimos anos tem permitido maior entendimento dos processos moleculares envolvidos com a maturação da carne, permitindo elucidar os mecanismos determinantes para que se obtenha maciez aceitável de acordo com o mercado consumidor alvo. Muito ainda está por ser feito e entendido, mas o Brasil precisa adotar medidas simples para melhorar a qualidade da carne produzida, principalmente do ponto de vista de maciez, através de uso de tecnologias dentro dos sistemas de produção que propiciem o abate de animais mais jovens, pesados e com melhor acabamento de carcaça. O uso do V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 123 cruzamento industrial, associado à intensificação dos sistemas produtivos também pode propiciar a obtenção de carne superior, que é altamente valorizada no mercado nos dias atuais, visto que nichos de mercado de carnes diferenciadas são os que mais crescem no país. Contudo o emprego de tecnologias exige completa avaliação do seu custo benefício, demandando, portanto, técnicos qualificados e com formação crítica e holística, conhecedor de diferentes aspectos teórios e práticos da produção de carne bovina, em todas suas dimensões, ou seja, do pasto ao prato. REFERÊNCIAS Bernard, C., Cassar-Malek, I., Le Cunff, M., Durbroeucq, H., Renard, G., & Hocquette, J. F. (2007). New indicators of beef sensory quality revealed by expression of specific genes. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 55, 5229–5237. Carlin, K. R. M., Huff-Lonergan, E., Rowe, L. J., & Lonergan, S. M. (2006). Effect of oxidation, pH, and ionic strength on calpastatin inhibition of mu- and m-calpain. Journal of Animal Science, 84, 925−937. Cruzen, S.M., Paulino, P.V.R., Lonergan, S.M., & Huff-Lonergan, E. (2014). Postmortem proteolysis in three muscles from growing and mature beef cattle. Meat Science, 96, 854-861. Devine CE, Wahlgren NM, Tornberg, E (1999). Effect of rigor temperature on muscle shortening and tenderisation of restrained and unrestrained beef M. longissimus thoracicus et lumborum. Meat Science, 51(1), 61–72. Devine, C.E., Payne, S.R., Peachey, B.M., Lowe, T.E., Ingram, J.R., Cook, C.J. (2002). High and low rigor temperature effects on sheep meat tenderness and ageing. Meat Science, 60(2), 141–146. Doumit, M. E., & Koohmaraie, M. (1999). Immunoblot analysis of calpastatin degradation: Evidence for cleavage by calpain in postmortem muscle. Journal of Animal Science, 77, 1467−1473. 124 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Duarte, M.S., Martins, T.S., Paulino, P.V.R., Chizzotti, M.L., Ladeira, M.M., Torres Filho, R.A., Alvarenga, T.I.R.C., & Gomes, R.A. (2013). Calpastatin activity and beef tenderness of Nellore and Angus cattle fed two feeding strategies. In: Proceedings… 59th International Congress of Meat Science and Technology, Izmir, 2013, p.4p. Earnshaw, W. C., Martins, L. M., & Kaufmann, S. H. (1999). Mammalian caspases: Structure, activation, substrates, and functions during apoptosis. Annual Review of Biochemistry, 68, 383–424. Fuentes-Prior, P., & Salvesen, G. S. (2004). The protein structures that shape caspase activity, specificity, activation and inhibition. Biochemistry Journal, 384, 201–232. Geesink, G. H., & Koohmaraie, M. (1999). Postmortem proteolysis and calpain/ calpastatin activity in callipyge and normal lamb biceps femoris during extended postmortem storage. Journal of Animal Science, 77, 1490−1501. Goll, D. E., Thompson, V. F., Taylor, R. G., & Christiansen, J. A. (1992). Role of the calpain system in muscle growth. Biochimie, 74, 225−237. Goll, D. E., Thompson, V. F., Li, H. Q., Wei, W., & Cong, J. Y. (2003). The calpain system. Physiological Reviews, 83, 731−801. Gotoh, T., Terada, K., Oyadomari, S., & Mori, M. (2004). Hsp70-DNAJA chaperone pair prevents nitric oxide- and CHOP-induced apoptosis by inhibiting translocation of Bax to mitochondria. Cell Death Differentiation, 11, 390–402. Hertzman C, Olsson U, Tornberg E (1993) The influence of high temperature, type of muscle and electrical stimulation on the course of rigor, ageing and tenderness of beef muscles. Meat Science, 35(1), 119–141. Hopkins, D. L., & Thompson, J. M. (2002). The degradation of myofibrillar proteins in beef and lamb using denaturing electrophoresis – An overview. Journal of Muscle Foods, 13, 81–102. Hopkins, D. L., & Taylor, R. G. (2002). Post-mortem muscle proteolysis and meat tenderisation. In M. te Pas, M. Everts, & H. Haagsman (Eds.), Muscle development of livestock animals (pp. 363–389). Cambridge, MA, USA: CAB International. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 125 Huff-Lonergan, E., & Lonergan, S. M. (1999). Postmortem mechanisms of meat tenderization: The roles of the structural proteins and the calpain system. In Y. L. Xiong, C. -T. Ho, & F. Shahidi (Eds.), Quality attributes of muscle foods (pp. 229−251). New York: Kluwer Academic/Plenum Publishers. Kapprell, H. P., & Goll, D. E. (1989). Effect of Ca2+ on binding of the calpains to calpastatin. The Journal of Biological Chemistry, 264, 17888−17896. Locker, R.H. & Hagyard, C.J. (1963). A cold shortening effect in beef muscles. Journal of the Science of Food and Agriculture, 14, 787-793. Neumar, R. W., Xu, Y. A., Gada, H., Guttmann, R. P., & Siman, R. (2003). Cross-talk between calpain and caspase proteolytic systems during neuronal apoptosis. The Journal of Biological Chemistry, 278, 14162–14167. Nishimura, T., & Goll, D. E. (1991). Binding of calpain fragments to calpastatin. The Journal of Biological Chemistry, 266, 11842−11850. O’Halloran, G. R., Troy, D. J., Buckley, D. J., & Reville, W. J. (1997). The role of endogenous proteases in the tenderisation of fast glycolysing muscle. Meat Science, 47, 187–210. Otsuka, Y., & Goll, D. E. (1987). Purification of the Ca2+-dependent proteinase inhibitor from bovine cardiac muscle and its interaction with the millimolar Ca2+- dependent proteinase. The Journal of Biological Chemistry, 262, 5839−5851. Ouali, A., Hernan Herrera-Mendez, C., Coulis, G., Becila, S., Boudjellal, A., Aubry, L., et al. (2006). Revisiting the conversion of muscle into meat and the underlying mechanisms. Meat Science, 74, 44–58. Rosenvold K, North M, Devine C, Micklander E, Hansen P, Dobbie P, Wells R(2008) The protective effect of electrical stimulation and wrapping on beef tenderness at high pre rigor temperatures. Meat Science, 79(2), 299–306. Savell, JW, Mueller, SL, Baird BE (2004) The chilling of carcasses . Meat Science, 70(3), 449-459. Smulders, F.J.M., Toldrá, F., Flores, J., & Prieto, M. (1992). New technologies for meat and meat products (pp. 182,186-188). Utrecht, The Netherlands: Audet Tijdschriften. 126 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Suzuki, K. (1990). The structure of calpains and the calpain gene. In R. L. Mellgren, & T. Murachi (Eds.), Intracellular calcium-dependent proteolysis, Intracellular calcium- dependent proteolysis (pp. 25−35). Boca Raton, FL: CRC Press. Taylor, R. G., Tassy, C., Briand, M., Robert, N., Briand, Y., & Ouali, A. (1995b). Proteolytic activity of proteasome on myofibrillar structures. Molecular Biology Reports, 21, 71–73. Thomson KL, Gardner GE, Simmons N, Thompson JM (2008) Length of exposure to high post-rigor temperatures affects the tenderisation of the beef M. longissmus dorsi. Australian Journal of Experimental Agriculture, 48(11), 1442–1450. Wang, K. K., Posmantur, R., Nadimpalli, R., Nath, R., Mohan, P., Nixon, R. A., et al. (1998). Caspase-mediated fragmentation of calpain inhibitor protein calpastatin during apoptosis. Archive of Biochemistry and Biophysics, 356, 187–196. ASSOCIATIVISMO NA BOVINOCULTURA PROFISSIONAL - O CASO DA APROVA Antônio Celso Barbosa Lopes1, Armélio Martins Rodrigues2, Catarina Nobre Lopes3, Lucas Côrtes Rocha4, Rodrigo Albuquerque5, Rodrigo Cantoni6 1 Engenheiro Civil, Agropecuarista -Presidente da Aprova, 2Engenheiro Agrônomo - UFG - Sisal Planejamento Agropecuário e Assistência Técnica ltda, 3Médica Veterinária - UFPR - Mestrado UNESP ‐ Botucatu ‐ Consultora Técnica da Elanco, 4Engenheiro Agrônomo - UNB - Extencionista da Aprova, 5Médico Veterinário - USP - Gestor fazendas Marca e Buritis - Jussara GO - Vice-presidente da Aprova, 6Zootecnista - UFLA - Diretor Flex Nutrição Animal. INTRODUÇÃO Criada em fevereiro de 2005, momento crítico para a bovinocultura de corte brasileira, a APROVA (Associação dos Produtores do Vale do Araguaia), surgiu da união entre pecuaristas paulistas e goianos que desenvolvem a atividade na região do Vale do Araguaia, região esta que abrange todo o noroeste goiano e se estende até o Mato Grosso. Possui sede situada na cidade de Britânia-GO e escritório em Goiânia-GO, contando hoje com mais de 100 associados, incluindo pequenos, médios e grandes produtores, com um rebanho estimado de 350 mil cabeças. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos cuja finalidade é a união e o fortalecimento da classe pecuarista, através da representação de seus associados junto ao poder público, defendendo seus interesses e buscando a satisfação de suas necessidades enquanto produtores. Para tanto, a associação possui em Goiânia escritório localizado junto a FAEG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás), participando de comissões que realizam reuniões periódicas para tratar de assuntos de interesse para o setor produtivo do estado. A APROVA tem como missão maximizar o lucro do produtor rural com ética, responsabilidade social e ambiental, tendo firmado ao longo de seus nove anos de existência importantes parcerias comerciais, tanto com a indústria frigorífica quanto com empresas fornecedoras de insumos. Por meio destas parcerias a Associação tem proporcionado redução no custo de produção de seus associados e bonificação no preço pago pela arroba no momento da comercialização. 128 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte VENDAS EM ESCALA Anualmente, a APROVA realiza negociações com os principais frigoríficos atuantes na região do Vale do Araguaia a fim de estabelecer um acordo para bonificação no preço pago pela arroba comercializada pelos seus associados. Essas negociações ocorrem graças à força da venda em escala proporcionada pela associação. Previamente ao término da vigência de um contrato com o frigorífico a APROVA entra em contato com cada um de seus associados para realização de um levantamento da quantidade de animais que poderá ser ofertada para o ano posterior. É elaborada então uma planilha contendo a quantidade de animais que cada associado disponibilizará para abate dentro do contrato, a distância da propriedade às plantas frigoríficas e a previsão dos meses em que os abates serão realizados, conforme ilustrado na Tabela 1. Tabela 1 - Exemplo de Planilha de levantamento para acordo com frigoríficos (Dados e nomes fictícios) ASSOCIADO GOIÂNIA(Km) MOZARLÂNDIA(Km) JosédaSilva 310 140 JoãoRocha 310 140 MariaPereira 420 120 ValdirFerreira 480 180 RodrigoAlves 300 500 EduardoOliveira‐CotaHilton 260 45 TOTAL BOIEU BOI VACA PREVISÃODEABATESPORMÊS TOTAL 774 0 558 222/08;222/09;222/10;222/11;222/12;222/01; 1332 500 0 0 170/03;170/04160/05 500 300 0 0 100/2;100/3;100/4 300 não 400 0 400/04 400 não 300 100 100/12;100/02;100/03;100/06 400 50 0 100 150/2 150 3082 De posse destes dados (quantidade de animais, animais rastreados, previsão de abates e distância média das propriedades às plantas frigoríficas), a diretoria da APROVA vai ao mercado vender os animais dos associados, negociando com a indústria uma bonificação no preço pago pela arroba comercializada. Pelo contrato atualmente em vigência (agosto de 2013 a julho de 2014), foram comercializados aproximadamente 30.000 animais com um ganho de até R$ 3,00 por arroba. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 129 Evolução da Comercialização CONTRATO 2007/2008 Preço @ APROVA Preço @ Balcão Diferencial médio / @: R$ 2,08 - Animais Abatidos: 23.300 - Injeção de Capital: R$ 799.656,00 CONTRATO 2008/2009 Diferencial médio / @: R$ 2,26 - Animais Abatidos: 40.000 - Injeção de Capital: R$ 1.491.600,00 CONTRATO 2009/2010 Diferencial médio / @: R$ 1,38 - Animais Abatidos: 36.000 - Injeção de Capital: R$ 819.720,00 130 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte CONTRATO 2010/2011 Diferencial médio / @: R$ 3,31 - Animais Abatidos: 30.000 - Injeção de Capital: R$ 1.638.450,00 CONTRATO 2012/2013 Diferencial médio / @: R$ 1,96 - Animais Abatidos: 22.108 - Injeção de Capital: R$ 714.972,00 Durante os contratos realizados entre 2007 e 2013, a APROVA comercializou 151.408 animais. Admitindo-se o diferencial médio por @ de R$ 2,20 (preço pago pela @ através do contrato da APROVA contra preço de balcão oferecido pelo frigorífico) e ainda, um boi de 16,5 @, os contratos acrescentaram a receita dos pecuaristas que participaram do processo, o valor de R$ 5.496.110,40. CENTRAL DE COMPRAS APROVA (CCA) O auxílio ao associado para a aquisição de insumos é realizado pela Central de Compras APROVA (CCA). Através da CCA a associação atua como intermediária para as compras realizadas pelos associados V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 131 da seguinte maneira: O associado entra em contato com nosso escritório em Goiânia e passa a descrição dos produtos que necessita. Um funcionário da APROVA então realiza a cotação no mercado a partir de um banco de dados mantido pela APROVA e segmentado por produtos e serviços. Uma planilha contendo os preços dos insumos, o estabelecimento comercial e o telefone de contato é então encaminhada ao associado que decidirá qual a melhor opção para realizar a compra. Uma vez tomada à decisão, o associado retorna à CCA, que providenciará seu cadastro na empresa escolhida (se ele ainda não possuir), realizará a compra e providenciará a logística de despacho (ônibus, transportadora, correio, etc.). Dessa forma a APROVA tem proporcionado aos seus associados à oportunidade de compra sempre pelo melhor preço do mercado oferecendo dados de produtos e serviços comercializados por uma grande diversidade de estabelecimentos. COMPRAS EM ESCALA A estrutura da cadeia produtiva brasileira de carne bovina atualmente se apresenta na forma de uma pirâmide (Figura 1), em cujo topo se observa uma concentração de poder de mercado cada vez maior pelos grandes agentes de varejo, seguidos das grandes indústrias frigoríficas, e em cuja base ocorre uma grande dispersão do setor produtivo (dificuldades logísticas, de armazenamento, mão de obra, baixo poder de barganha individual, etc.). 132 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Concentração Varejo - Pão de Açúcar - Carrefour - Wal Mart +- 40% (Fonte: ABRAS/APAS/2009/Compilado Scot Consultoria) Indústria - JBS - Marfrig - Minerva +- 40% (Fonte: Scot Consultoria) Quantidade de Propriedades Rurais (Pecuária) = 48.634 - Até 500 cabeças = 41.101 (84%) - Acima de 500 cabeças = 7.344 (16%) (Fonte: IBGE Censo Agropecuário 2006) Dispersão Figura 1 - Cadeia Produtiva Brasileira de Carnes. Fonte: Rodrigo Cantoni, zootecnista (2012). *Censo agropecuário em Goiás (Quantidade de propriedades rurais). Compras em Escala – Logística de transporte de carga fechada Em virtude da situação apresentada, e visto que uma propriedade sozinha não teria condições de adquirir e utilizar em tempo hábil uma carga fechada (problemas com armazenagem, manipulação, mão de obra), sendo o produtor obrigado a adquirir V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 133 pequenas quantidades, fracionadas ao longo do tempo e a um alto custo (em torno de 30 a 40% das despesas das propriedades se concentram na aquisição de alimentos para suplementação dos animais), a APROVA organizou o grupo de nutrição animal do Vale do Araguaia objetivando a compra em escala, possibilitando uma compra de oportunidade, com menores preços e maior flexibilidade logística através de um controle efetivo do estoque (recebimento centralizado/entregas fracionadas). Exemplo: Tempo de consumo para uma propriedade com 500 animais com peso de 300 kg (Carga fechada/ Proteinado) Insumos Sal Branco Fosfato Calcario Calcitico Premix Micro Sorgo Farelo de Soja Torta Algodão Uréia Optigen Total Inclusão % 15,0 5,5 6,0 3,0 49,0 11,5 5,0 1,8 3,2 100,0 Insumo Carga Fechada Kg 38.000 38.000 15.000 14.000 38.000 38.000 38.000 38.000 14.000 Suplemento Produzido Kg 253.333 690.909 250.000 466.667 77.551 330.435 760.000 2.111.111 437.500 Consumo Mensal 500 cabeças (300 Kg) 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 9.000 Utilização Anos 2,35 6,40 2,31 4,32 0,72 3,06 7,04 19,55 4,05 % de Inclusão de Insumos (Proteinado) Torta Algodão 5% Uréia 1,8% Farelo de Soja 11,5% Optigen 3,2% Sal Branco 15% Fosfato 5,5% Calcario Calcitico 6% Sorgo 49% Premix Micro 3% Figura 2 - Exemplo de Compra em escala para pequena propriedade. Fonte: Rodrigo Cantoni, Zootecnista (2012). 134 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Tempo de consumo de insumos (anos) 25 38 Ton. 19,5 anos 23 20 18 Anos 15 13 38 Ton. 6,4 anos 10 8 5 38 Ton. 2,3 anos 15 Ton. 2,3 anos 38 Ton. 7 anos 14 Ton. 4,32 anos 38 Ton. 0,7 anos 3 14 Ton. 4 anos 38 Ton. 3 anos 0 Sal Branco Fosfato Calcario Calcitico Premix Micro Sorgo Farelo de Soja Torta Algodão Uréia Optigen Insumos Figura 3 - Tempo de consumo para compras em escala econômica (carga fechada) para fazenda de 500 animais com peso médio de 300 Kg. Fonte: Rodrigo Cantoni, Zootecnista (2012). Para viabilização e efetivação do grupo de compras em escala, foi montada em parceria uma fábrica para manipulação dos insumos com coordenação técnica especializada de um zootecnista. Toda a matéria prima adquirida em grande escala é entregue na fábrica parceira, processada e entregue fracionada de acordo com a quantidade de animais de cada participante do grupo de compras. O grupo de nutrição animal do Vale do Araguaia conta hoje com a participação de vários associados, proporcionando uma economia média de 11,21% ao ano na compra de alimentos para a suplementação animal. PROJETO “APROVA: DIAGNÓSTICO E SOLUÇÃO” Buscando uma maior aproximação e conhecimento de seus associados, no ano de 2013 a APROVA iniciou o projeto “APROVA: Diagnóstico e Solução” no qual estão sendo programadas visitas as V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 135 propriedades de todos os associados. O projeto tem como objetivo conhecer a fundo os diversos perfis dos associados, as práticas de manejo realizadas e o nível tecnológico praticado em cada propriedade para assim localizar onde estão suas principais demandas e garantir um melhor planejamento e uma atuação mais efetiva da associação junto ao produtor. Para cumprir esse objetivo, foi desenvolvido um questionário detalhado, que será aplicado nas propriedades por um engenheiro agrônomo contratado pela APROVA, trançando um diagnóstico da associação e buscando assim as soluções mais indicadas para cada caso. O questionário abrange questões como infraestrutura da propriedade, manejo dos animais, nutrição, reprodução, rastreabilidade, produtos utilizados, mão de obra, comercialização, índices zootécnicos, entre outras. PROJETOS “EMBRIÃO” – IMPLANTAÇÃO EXPERIMENTAL DE NOVAS TECNOLOGIAS A implantação e teste de novas tecnologias no âmbito da APROVA é realizada de forma pontual em algumas propriedades através de projetos chamados de “embrião” que, após terem sua viabilidade econômica validada, são difundidos e implantados em outras propriedades associadas. Através da contratação de consultoria especializada (¹), elegemos a propriedade de um associado para a implantação de projeto embrião cujo objetivo consiste na intensificação da utilização de pastagens associada à suplementação estratégica (²). Uma das metas do projeto é o incremento da produtividade de 4 para 16 @/ha.ano. Para tanto, ao início de cada ano pecuário, todos os animais de corte da propriedade são pesados e separados em lotes de 30 em 30kg, recebendo após a pesagem, uma marca do lote ao qual pertencem. _____________ (¹) Projeto Eng.º Agrônomo Amélio Martins Rodrigues (²) Zootecnista Rodrigo Cantoni 136 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Dessa forma, é possível o planejamento do manejo a ser adotado para cada lote de animais individualmente, assim como o ajuste mensal da taxa de lotação dos pastos, de acordo com a prioridade do produtor. A partir do modelo de projeto citado, o produtor obtém o chamado “plano de voo” de sua produção, que consiste em uma planilha com o ganho de peso esperado para cada lote durante cada período do ano, de acordo com as condições em que se encontram e a disponibilidade de forragem. Essa ferramenta tem permitido um melhor planejamento da atividade pecuária como um todo, uma vez que permite a antecipação das tomadas de decisão na propriedade em relação à forma mais adequada de terminação de cada lote de animais (a pasto, confinamento, semi- confinamento, confinamento expresso). 406 160 Mês 1 nov 30d 0,600 0,800 0,900 251 - 290 Kg 221 - 250 Kg 191 - 220 Kg 161 - 190 Kg Mês Dia no programa 1 a 4 (g/cab/d) 5 a 6 (g/cab/d) 7 a 11 (g/cab/d) 4 2 Bezerro/Intermediário Bezerro/PRIORITÁRIO 3 1 Abaixo de 160 Kg Qdade meses progr 5 Garrote/ESPECIAL Bezerro/ESPECIAL Bezerro/COMERCIAL 336 0,600 0,800 0,900 60d dez Mês 2 178 194 224 254 295 330 363 398 433 463 477 Mês 1 nov KG 0,600 0,500 0,150 0,050 0,600 0,800 0,900 90d jan Mês 3 197 212 242 272 319 354 390 425 460 490 505 0,600 0,800 0,900 120d fev Mês 4 215 230 260 290 344 379 418 453 488 518 532 0,580 0,760 0,860 150d mar Mês 5 233 249 279 309 368 403 445 480 515 545 560 0,567 0,733 0,833 180d abr Mês 6 248 264 294 324 386 421 466 501 536 566 581 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 dez jan fev mar 0,557 0,714 0,814 210 mai Mês 7 263 279 309 339 404 439 488 523 558 588 602 Mês 6 abr NÍVEIS DE GANHO DE PESO GARROTES (5 A 6) Ganho estimado de novembro a fevereiro Ganho estimado de março a maio Ganho estimado de junho e julho Ganho estimado de agosto a outubro 623 0,506 0,650 0,744 240 jun Mês 8 279 294 324 354 423 458 509 544 579 609 631 0,467 0,600 0,689 270 jul Mês 9 283 299 329 359 429 464 516 551 586 616 639 Pasto 642 527 562 597 627 0,391 0,505 0,582 330 set Mês 11 Bianual Bianual Cfto Cfto Semi/Cfto 645 291 306 336 366 439 474 530 565 600 630 648 292 308 338 368 442 477 533 568 603 633 0,363 0,469 0,542 360 @/cab nov‐jul 4,41 4,26 5,70 5,48 6,59 6,29 Mês 12 Balanço @/cab out Anual Colacada 289 305 335 365 437 Pasto/Semi/Cfto 472 Pasto Pasto Pasto Pasto Mês 10 Mês 11 Mês 12 ago set out KG 0,900 0,700 0,250 0,100 - Fonte: Rodrigo Albuquerque, Médico Veterinário; Armélio Martins Rodrigues, Engenheiro Agrônomo (2013). 0,425 0,548 0,630 300 ago Mês 10 288 303 333 363 435 470 524 559 594 624 Destino NÍVEIS DE GANHO DE PESO GARROTES (7 A 11) Ganho estimado de novembro a fevereiro Ganho estimado de março a maio Ganho estimado de junho e julho Ganho estimado de agosto a outubro Mês 7 Mês 8 Mês 9 mai jun jul KG 0,800 0,600 0,200 0,075 Figura 4 - “Plano de Voo” – Planejamento da Pecuária Anual. 176 206 236 271 306 321 - 350 Kg 291 - 320 Kg 371 Garrote/PRIORITÁRIO 6 8 Engorda/ESPECIAL 436 Garrote/INTERMIDÁRIO 7 391 - 420 Kg 351 - 390 Kg Engorda/PRIORITÁRIA 9 421 - 450 Kg 450 Faixa Peso inicial Classificação (médio) 11 Acima de 450 KG Nº Engorda/INTERMIDÁRIA 10 Engorda/INFERIOR Categoria NÍVEIS DE GANHO DE PESO BEZERROS (1 A 4) Ganho estimado de novembro a fevereiro Ganho estimado de março a maio Ganho estimado de junho e julho Ganho estimado de agosto a outubro V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte 137 138 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte A planilha acima resume o projeto, que permite simular toda a produção da fazenda com a classificação do rebanho estimativa de ganho de peso e data para o abate, permitindo a utilização de travas no mercado futuro. AVALIAÇÃO ECONÔMICA Durante a execução do projeto “APROVA: Diagnóstico & Solução”, em suas visitas às propriedades, o agrônomo da Aprova irá coletar informações acerca dos custos de produção dos associados para preenchimento de planilhas individuais para cada propriedade. Estas planilhas serão posteriormente analisadas estatisticamente por um software, gerando parâmetros que serão utilizados para a elaboração de uma equação de lucratividade por cabeça na propriedade. De posse dessas informações, readequações de medidas na fazenda serão propostas a fim de maximizar a rentabilidade obtida pelo produtor por cabeça. Com objetivo de avaliarmos o resultado econômico do projeto “embrião” e das gestões das propriedades dos associados foi firmado uma parceria com a empresa Elanco, que além de oferecer a ferramentas para a obtenção de dados irá analisar e validar os resultados econômicos (benchmarking), apontando onde a gestão pode ser melhorada. BOVINOCULTURA OTIMIZADA1 Mário Fonseca Paulino2, Edenio Detmann2, Aline Gomes da Silva3, Daniel Mageste de Almeida3, David Esteban Contreras Márquez3, Deilen Paff Stelo Moreno4 , Felipe Henrique de Moura5, Javier Enrique Garces Cardenas3, Josilaine Aparecida da Costa Lima4, Leandro Soares Martins3, Marcos Rocha Manso5, Roman Enrique Maza Ortega3, Sidnei Antônio Lopes3, Victor Valério de Carvalho3 1 Apoio CNPq e FAPEMIG; 2Professor DZO/UFV; 3Doutorando DZO/UFV; 4Mestrando DZO/UFV; 5 Graduando DZO/UFV Um valor fundamental da produção de carne bovina contemporânea é a sua visibilidade positiva perante a sociedade. Embora estruturada em várias vertentes, há uma característica comum na gestão otimizada, qual seja, o reconhecimento da dimensão da sustentabilidade, que a enseja inovadora, lucrativa, de grande impacto social e conservadora dos recursos naturais. Tal ideia cria uma expectativa de que haja reconhecimento público desta atividade produtiva. Esse consenso assumiu atualmente a posição de uma verdade irrefutável, tendo o status de princípio fundamental, que incorpora a noção de resgatar o respeito mútuo na relação produtor e consumidor de produtos pecuários. Demanda-se a construção de um modelo integrando todos os elos da cadeia agroindustrial da carne bovina, que encontre assento nas possibilidades de colocar a natureza em sintonia e a favor da produção, embasado no fortalecimento da cultura da inovação, que possibilite otimização dos investimentos e diminuição dos tempos de resposta em cada caso, visando elevarem os níveis de produtividade e eficiência, para que possa atingir patamares crescentes de qualidade, bem como a competitividade do negócio, ou seja, estar em um patamar de excelência 140 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte ECOSSISTEMAS E ESTABILIDADE PRODUTIVA EM PASTAGENS Em um sistema de produção de bovinos, existem diversos fatores que interagem entre si, tais como clima, solo, planta, animais e o manejador do sistema. No caso de pastagens, onde os ciclos de produção são longos e até permanentes, existe uma variação sazonal inerente ao próprio clima e aos estádios fenológicos das plantas forrageiras, onde a flutuação entre as estações seca e chuvosa será sempre uma constante. Os ecossistemas são complexos porque eles abrigam várias entidades que interagem entre si de diversas maneiras a diferentes níveis de organização. O grau de complexidade depende das diversidades e heterogeneidades, mas também de como o sistema é organizado e o grau das interrelações entre seus componentes. O acúmulo de matéria seca potencialmente digestível (MSpd) de forragem pode ser decomposto nos componentes: magnitude, variação estacional e variações entre anos. A maior parte da variação estacional na produção de forragem é devida ao padrão climático sazonal. A variação na produção de forragens entre anos constitui-se em uma fonte de risco de produção do sistema. Esses aspectos dão suporte às abordagens de equilíbrio e não - equilíbrio. A caracterização e alternativas tecnológicas para sustentabilidade da produção de bovinos nos sistemas em equilíbrio e em não – equilíbrio merecem diferenciação (Paulino et al., 2006b). ESTAÇÕES DE PASTEJO E FLUXO DE NUTRIENTES Durante o ano as plantas forrageiras são influenciadas por variáveis climáticas, intercalando períodos favoráveis ao seu crescimento com aqueles que induzem a dormência das plantas, o que gera oscilações na quantidade e qualidade da forragem disponível para os bovinos. Mesmo durante o período de crescimento das plantas, a biomassa disponível para pastejo não apresenta estabilidade nutricional, pois a forma como o crescimento vegetal ocorre e a interação do animal com a forragem disponível V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 141 induz alterações qualitativas do material ingerido. Estas modificações influenciam diretamente o desempenho dos animais, na bovinocultura de corte desenvolvida à mercê da natureza (Tabela 1). Tabela 1 - Ganho em peso de novilhos (g/cab/dia) pastejando gramíneas tropicais, de acordo com a época do ano Colonião Tobiatã Potiporã Marandu B. decumbens Nov Fev Maio Set Média Anual 1200 1152 1111 1110 780 723 893 959 600 571 370 281 255 460 380 -166 -312 -192 -140 -490 373 380 398 272 254 Fonte: Euclides et al (1989). Portanto, sob a ótica da bovinocultura de precisão, o ano deve ser dividido em quatro fases distintas: transição seca - águas, águas, águas - seca e seca (Paulino et al., 2002), para fins de planejamento dietético. OS RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS A base genética do rebanho bovino brasileiro é composta por animais zebuínos. Os animais das raças zebuínas e seus mestiços representam entre 85 e 90% do rebanho de corte brasileiro. Esses animais apresentam excelente adaptação ao ambiente tropical, normalmente creditada às características adaptativas relacionadas à tolerância ao clima tropical e aos ectoparasitas. Por outro lado, existem evidências científicas que conferem aos animais zebuínos, menor produção de calor e, conseqüentemente, menor requerimento energético para mantença em relação aos taurinos; adicionalmente, os zebuínos apresentam menor proporção de gordura intramuscular e maior eficiência energética de deposição de proteína e gordura, implicando menores exigências de energia para crescimento. Mudanças na constituição genética do rebanho podem garantir melhoria da produtividade. Os animais zebuínos são reconhecidamente detentores de vantagens comparativas na 142 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte bovinocultura tropical, estando recentemente inseridos em trabalhos de melhoramento genético para características funcionais, entre essas, habilidade materna eficiência alimentar e as precocidades de crescimento, acabamento e sexual. Os sistemas de cruzamentos entre zebuínos (Bos taurus indicus) e taurinos (Bos taurus taurus), que procuram associar adaptação com produção, constituem alternativa para incremento da produtividade, apresentando reflexos produtivos sobre o ganho de peso, as características de carcaça, o desempenho reprodutivo e a precocidade dos animais. Os objetivos dos programas de cruzamento devem ser claros e delineados em função do ambiente pastoril (ecossistema) e do sistema de produção (extensivo, semi intensivo ou intensivo). É grande o interesse pelo aproveitamento dos bezerros provenientes de rebanhos leiteiros para a produção de carne. Observa-se que os animais mais holandesados, ou seja, acima de ¾ Holandês - Zebu apresentam rendimento de carcaça inferior o que reduz o interesse nesses animais para produção de carne. Recentemente, tem se estimulado o sistema vaca de leite/bezerro de corte, em que se preconiza a utilização de touros zebuínos na vaca ½ Holandês - Zebu ou, eventualmente, na ¾ Holandês – Zebu, dependendo das condições da propriedade. Nesse sistema tanto a produção de machos como de fêmeas seria destinada ao rebanho de corte, favorecendo a produção de animais com características favoráveis à produção de carne, a partir de rebanhos leiteiros (Paulino et al., 2008). POLARIZAÇÃO E ESPECTRO CONTÍNUO A bovinocultura de corte apresenta alto grau de complexidade, por apresentar natureza multiperiódica, contemplar três fases (cria, recria e engorda), exploradas isoladamente (fases segmentadas) ou em conjunto (ciclo completo), e apresentar múltiplos produtos (diversas categorias de animais). É desenvolvida sob influencia de grande variedade de sistemas de mercado e de produção. O desenvolvimento e a difusão de ferramentas gerenciais V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 143 ajustadas às particularidades de cada segmento da produção constituem um desafio. A intervenção técnica oficial na produção sempre foi focada no processo final de engorda, de maior visibilidade e de resultado palpável imediato. Por outro lado, dominava a falta de controle sobre o processo de cria e recria que ocorria em pasto com manejo convencional, em tese, por não representarem uma forma imediata de produção de capital. Uma análise da estrutura de produção de bovinos retratava uma bovinocultura conservadora moldada por exagerada polarização. Convivia-se com um sistema em dois pólos, fragmentado e desconectado funcionalmente. De um lado o sistema baseado em pasto com manejo convencional em um movimento pendular entre -0,5 e 0,5 kg/dia; por outro lado, o sistema de engorda em confinamento com desempenhos presumíveis entre 1,2 a 2,0 kg/dia, caracterizando um cenário sem posições intermediárias. Para se usufruir dos benefícios potenciais do sistema de confinamento teria de esperar o animal por mais de três anos para iniciar a fase de terminação (Paulino et al., 1980), em função da falta de domínio do sistema de cria e recria a pasto. Portanto, sob tal arquitetura, sem impacto nos indicadores de produtividade da atividade global, materializado nas taxas de desfrute históricas de 18%. A sazonalidade aparecia como pano de fundo sobre o qual se desenvolveu esse arranjo produtivo simplista e insustentável. O desenho que interessa à sociedade brasileira é o que incorpora opções intermediárias entre os extremos, ou seja, entre 0,5 e 2 kg/dia e entre 6 e 2000 kg por hectare/ano, como um pêndulo que oscila continuamente, sem rupturas bruscas. Essa configuração abre espaço para inúmeros modelos produtivos compatíveis com a realidade brasileira pluralista e diversificada. Criam-se assim os fundamentos da bovinocultura conduzida sob a lógica do espectro contínuo, na perspectiva de compatibilização entre desempenho animal e eficiência de uso da terra, contribuindo para minimizar as fragilidades do modelo polarizado. O estabelecimento do contorno para reconfiguração da cadeia agroindustrial da carne bovina envolve a reengenharia dos modelos, 144 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte cuja marca característica é o domínio das posições intermediárias do espectro contínuo, estabelecendo o fim da polarização, e que permite a redução da assimetria entre as fases de cria e recria e o período de engorda. Como conseqüência é factível visualizar taxas de desfrute de 50% em sistemas de ciclo completo. A filosofia lança bases sólidas para o desenvolvimento pleno, uma vez que se ocupou da racionalização das interações possíveis e necessárias, o que guarda relação íntima com a matriz dietética da bovinocultura com excelência, dentro dos limites genéticos e garantidas condições sanitárias e de manejo adequadas. CICLOS DE PRODUÇÃO E MATRIZ DIETÉTICA As pastagens tropicais raramente constituem uma dieta balanceada no senso que seus constituintes orgânicos e inorgânicos estejam presentes nas concentrações e proporções que melhor satisfaçam as necessidades dos animais. Portanto, os bovinos geralmente sofrem carências múltiplas de proteína, energia, minerais e ou vitaminas. Sob o princípio ataque e defesa, compete corrigir estes desequilíbrios por meio de uso criterioso de suplementos de natureza múltipla, envolvendo a associação de nitrogênio solúvel, minerais, fontes naturais de proteína, energia e ou vitaminas visando proporcionar o crescimento contínuo dos bovinos em pastejo, registrando que a qualidade da forragem disponível como alimento básico é fator fundamental na determinação da composição do suplemento ideal (Paulino et al., 1983). Imprimiu-se, portanto, movimento a uma linha de pensamento de considerar o sistema pasto/suplemento como dieta, com a especificidade que a mistura dos ingredientes acontece pós-ingestão e a magnitude das intervenções quali - quantitativas é relacionada com a fase do ano, ciclo de produção, o desempenho almejado. A lógica da suplementação traz embutida a adição de nutrientes adicionais ao sistema, com vistas a contornar as deficiências múltiplas, com reflexo no incremento das taxas de degradação da MSpd, consumo de forragem, concentração de nutrientes, disponibilidade de energia, equilíbrio na magnitude dos V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 145 pools de precursores bioquímicos do metabolismo e desempenho (Paulino et al., 2004). . A nutrição é sem dúvida o parâmetro de manejo que mais altera a idade ao abate e ao primeiro parto. Portanto, a precocidade ou a taxa com que o animal aproxima do seu peso adulto é muito sensível às alterações do ambiente nutricional. O planejamento e a proclamação dos fundamentos da associação ciclos de produção e matriz dietética de bovinos úteis incorporam a essencialidade do conceito de status nutricional pleno. Considerando a diversidade da população microbiana, são condições primárias: assegurar que os microrganismos do rúmen não tenham restrições de nitrogênio e outros substratos essenciais, e que o animal não tenha restrição de aminoácidos glicogênicos e essenciais (Paulino et al., 1995). Merece destaque, a necessidade das dietas incorporarem proporções adequadas de precursores aminogênicos, glicogênicos e lipogênicos. A importância relativa da ação sobre a metabolizabilidade da dieta ou sobre o metabolismo animal pode variar em magnitude em cada fase do ano. Nesta linha, aventada a hipótese de animais responderem a proteína aumentada durante o período de crescimento das plantas, podem ser acionadas estratégias para possibilitar o incremento de suprimento de aminoácidos ao nível de intestino delgado (Paulino et al., 1996). A unidade é o conceito; a diferença reside em ajustes para fragmentos de interesses em função de variações temporais e diversidades locais e regionais. AVANÇOS NA CONSOLIDAÇÃO DE UM SISTEMA DE EXCELÊNCIA A produção de carne bovina, no Brasil, desenvolve-se em uma ampla variedade de condições ambientais. Dentro dos princípios da bovinocultura inovadora, deve-se estabelecer a estratégia ótima sob o foco local e ou regional. Assim, o ponto de produtividade ótima, na perspectiva da sustentabilidade social, produtiva, econômica e ambiental depende de quanto se é hábil em 146 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte delinear planos específicos de manejo da dieta, sob a perspectiva de estabelecimento de uma matriz dietética otimizada. Ambientes nutricionais e limitações de consumo de alimentos O animal molda seu comportamento alimentar para explorar seu ambiente. Três ambientes nutricionais tomados como pontos sobre um contínuo ilustram as restrições sobre o consumo de bovinos. Em um extremo da escala estão as pastagens naturais, onde prevalecem baixa densidade e qualidade heterogênea de forragem; aqui o comportamento ingestivo, controlado principalmente pela disponibilidade de forragem, limita consumo (fatores não nutricionais). Ao centro do contínuo estão as pastagens cultivadas, onde forragem é abundante, mas a densidade de energia é baixa a moderada e menos rapidamente disponível; as curvas de resposta de consumo à disponibilidade de forragem tipicamente designa que função do rúmen, influenciada largamente pela qualidade, é o principal fator limitante de consumo nesses ambientes de pastagens (fatores nutricionais). No outro extremo estão os confinamentos com alto concentrado, em que a disponibilidade de alimento e a densidade de energia e nutrientes são altas e os fatores que limitam o consumo são primariamente fisiológicos (Paulino et al., 2006b). Vários outros pontos do contínuo (posições intermediárias), caracterizados por combinações de fatores ou técnicas auxiliares de produção, são encontrados, tais como, sistema pasto/suplemento; integração lavoura – pecuária - floresta; pastagens irrigadas, forrageiras de inverno. Modelos dietéticos O planejamento alimentar nos sistemas pastoris envolve acomodar um complexo conjunto de interações existentes entre animais e pasto, na busca do ajuste quantitativo e ou qualitativo da demanda e o suprimento de alimento, energia e nutrientes, coerentes com um desempenho alvo. O modelo pasto, que enseja a colheita da dieta in situ, constitui mais de 90% da dieta dos bovinos. A taxa de crescimento V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 147 das plantas não é constante, nem sazonal nem anualmente, em função de fatores ambientes altamente variáveis. As decisões no planejamento de alimento baseadas nas taxas médias de crescimento das plantas fornecem somente um guia básico de suprimento e demanda de alimento sobre uma base anual. Para efeito de manejo prático, são necessários ajustes em resposta a mudanças nas condições sazonais no médio e curto prazo, para igualar suprimento e demanda sobre uma base constante. Portanto, manejar pasto é um exercício de administrar variabilidade, para garantir alocação de biomassa que garanta altos níveis de utilização do pasto e desempenho animal. Ordenação das exploração alternativas tecnológicas ao modelo de A bovinocultura funcional demanda o delineamento de modelos dietéticos inseridos em sistemas de produção designados para satisfazer padrões de produção pré-determinados. Neste contexto, a evolução do processo produtivo atual enseja a ordenação de itinerários tecnológicos com base na definição prévia de bovinocultura explorando ganho compensatório ou crescimento contínuo. MODELOS DIETÉTICOS COM EXPLORAÇÃO DE GANHO COMPENSATÓRIO Pastagens naturais e mistura mineral As áreas ocupadas pelas pastagens nativas são preferentemente utilizadas nas atividades de cria e recria. Durante o período seco ou frio os animais geralmente perdem peso quando mantidos em pastagens nativas; durante o período de crescimento das plantas os ganhos podem atingir de 200 a 500 g/dia, mesmo que por curtos períodos. Uma característica comum a esses sistemas é baixa produção de matéria seca potencialmente digestível - MSpd no extrato herbáceo. Portanto, a pressão de pastejo é reduzida e a 148 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte produtividade da terra auferida situa-se na faixa de 6 a cerca de 100 kg de peso corporal por hectare por ano (Paulino et al., 2006b). Face à diversidade vegetal os animais devem ter chance de exercitar o pastejo exploratório. A seleção da dieta é a chave do processo que influencia o status nutricional do animal; isso reforça a importância da seletividade para o desempenho animal ao ponto dela ser considerada o aspecto mais importante do comportamento de pastejo. A lógica é administrar a seletividade e não suprimi-la. Pastagens naturais e suplementos múltiplos fenados Uma vez que a disponibilidade de forragem é esporádica e temporalmente instável, admite - se alguma forma de intervenção do manejador no sistema para exercer controle e tamporar as flutuações extremas de oferta de MSpd. Sob estas circunstâncias, com a finalidade de evitar o colapso generalizado do sistema, os alimentos volumosos são incorporados no processo produtivo na forma de suplementos (suplemento múltiplo fenado). Nesta situação admite-se o uso da suplementação como complemento para cobrir as deficiências quantitativas de matéria seca, além de corrigir os desequilíbrios de nutrientes apresentados pelo recurso forrageiro básico. A suplementação delineada sob esses princípios tem efeito positivo sobre a produção quando a quantidade de matéria seca de pasto oferecida for baixa e seu efeito se deve à diminuição no consumo de matéria seca de forragem promovida pelo fornecimento do suplemento, possibilitando que a massa de forragem pré-pastejo seja utilizada por um número maior de animais, ou seja, a taxa de lotação da pastagem pode ser aumentada pela suplementação. Uma visão adicional é a suplementação que priorize o uso de produtos regionais menos onerosos como constituintes majoritários dos suplementos, o que permite o uso em quantidades mais liberais (Tabela 1; Paulino et al., 2010). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 149 Tabela 2 - Fontes de produtos regionais em suplementos múltiplos para bovinos em pastejo1 Época do ano Seca Seca Seca Seca Seca Águas Fase Recria Engorda Recria Recria Recria Recria Seca Recria Seca Recria Produto no suplemento GMD2 (g/dia) 15% de feno de guandu 478 30% de feno de guandu 628 15% de casca de café 372 9% de casca de café 373 6% de casca de café 367 75% de feno de guandu 800 associado com farelo de soja 50% de feno de guandu 283 associado com mandioca 50% de feno de guandu 611 associado com mandioca Fonte Paulino (1991) Paulino et al (1993) Paulino et al (1994) Paulino et al, (1995a) Paulino et al (1995b) Paulino et al (1996a) Paulino et al (1996b) Paulino et al (2005b) 1Dados processados; para acessar dados individualizados consultar as referências bibliográficas. 2 Ganho médio diário. Faz–se necessário explorar o pasto nativo associado a tecnologias para elevar os índices zootécnicos para níveis compatíveis com uma pecuária sustentável com enfoques regionalizados. Na perspectiva de valorização das pastagens nativas e da crescente ênfase à necessidade de exploração sustentável dos recursos naturais, há necessidade de mais informações sobre as pastagens e forrageiras nativas em termos de diversidade, valor nutritivo, preferência animal e capacidade de suporte, para viabilizar seu manejo adequado. Neste aspecto, destaca-se a sua vocação natural para o uso múltiplo, dadas a sua riqueza botânica e a preferência diferenciada dos animais. Uma alternativa de suplemento fenado, usando produtos mais comerciais, incluindo casca de soja e farelo de girassol, foi apresentada por Silva (2013). Regionalmente, alternativas, envolvendo leucena, palma forrageira, parte área da mandioca, derivados da industrialização da mandioca, derivados da industrialização do cacau, caroço de algodão, farelo de mesocarpo do babaçú, solicana, sacharina, maniçoba, rolão de milho (pé de milho com espiga seco triturado), dentre outros, podem ser aventadas. Ainda sob a lógica de uso de suplementação volumosa para contornar carência alimentar quantitativa, a cana de açúcar in natura em 150 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte diferentes formas constitui opção com vantagens comparativas robustas (Paulino & Ruas, 1988). Pastagens cultivadas com manejo convencional e mistura mineral O potencial de produção da pastagem é determinado pela taxa de crescimento da forragem, mas é a quantidade de forragem consumida por meio do pastejo que representa esse potencial modificado pela eficiência de utilização. Desta forma, a produção animal sustentada na exploração de pastagens reflete o balanço entre os processos de crescimento, senescência e consumo como resposta a diferentes propostas de manejo. No manejo convencional baseado na manutenção do meristema apical e índice de área foliar, como o crescimento do colmo não foi interrompido, observa-se que, mesmo a intervalos freqüentes de pastejo, ocorre acúmulo de material residual, caracterizado pela presença de colmos lignificados e partes mortas da planta, capaz de prejudicar o consumo e utilização da forragem. Historicamente, as intervenções no sistema pasto envolveram o manejo convencional associado aos períodos de descanso e de ocupação fixos e foco na troca de cultivares; pelo lado nutricional, ênfase no uso de mistura mineral com discussões em torno de fontes de minerais. Nesta realidade, ao longo do ano ocorrem mudanças na disponibilidade e composição de alimentos, ensejando um modelo em que os animais são submetidos a alimentos que são incapazes de fornecer uma dieta balanceada. Portanto, estas tentativas de solução mostraram pouco impactantes no sistema produtivo, gerando projeções para pastagens tropicais de ganho diário médio anual de 500 g por animal /dia e produções por área de 300 a 400 kg por ha/ano (Tabela 1). Pastagens cultivadas com manejo para qualidade e mistura mineral: moldando o substrato Animais de elevado mérito genético são demandadores de nutrientes e energia compatíveis com as suas funções fisiológicas. Pastos com oferta reduzida de biomassa e ou de baixa qualidade V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 151 podem ensejar limitação ao atendimento das demandas, gerando déficit de alimento, energia e ou nutrientes. Os altos conteúdos de fibra, especialmente a sua fração indigestível (FDNi), e taxas de degradação lentas das gramíneas tropicais, manejadas de forma convencional, limitam o consumo voluntário dos bovinos em pastejo, aumentam a defasagem nutricional e comprometem o nível de resposta animal. A implementação de ações de manejo pré ingestão para moldar a estrutura de pasto, minimizando a concentração de FDNi na biomassa forrageira com o intuito de prover os animais com condições de relvado que não sejam limitantes ao consumo, constitui o fundamento do manejo para qualidade e conseqüente oferta com base em matéria seca potencialmente digestível – MSpd (Paulino et al., 2006a), que pode ser adaptado a padrões de altura pré desfolhação e de resíduo pós pastejo, possibilitando redimensionar o potencial produtivo do substrato gramínea forrageira tropical (Tabela 3). Tabela 3 - Alturas do pasto para a entrada e saída dos animais associada a 95% da interceptação luminosa incidente pelo dossel Capim Aruana Massai Milênio Mombaça Tanzânia Marandu Xaraés Cameroon Andropógon Decumbens Mulato Altura do pasto (cm) Pré-pastejo 30 55 90 90 70 25 30 100 50 20 30 Fonte: Brandão (2013). Pós-pastejo 15 15 a 30 30 a 50 30 a 50 25 a 50 10 a 15 15 a 20 40 a 50 27 a 34 5 a 10 15 a 20 Referência Zanini et al. (2012) Barbosa et al. (2010) Barbosa et al. (2009) Carnevalli et al. (2006) Barbosa et al. (2007) Trindade et al. (2007) Pedreira et al. (2007) Voltolini et al. (2010) Souza (2009) Braga et al. (2008) Silveira (2010) 152 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte A adoção deste conceito associada com o uso de misturas minerais que valorizam o atendimento quali - quantitativo das exigências de minerais, tem contribuído para elevar os patamares de desempenho dos bovinos em pastagens tropicais (Tabela 4; Paulino et al, 2012). Deve-se registrar que este sistema não afasta o impacto da sazonalidade; portanto, os desempenhos refletem o princípio da exploração de ganho compensatório e os ciclos são superiores a 30 meses. Tabela 4 - Desempenho de bovinos em pastagens cultivadas com manejo para qualidade, no Brasil1 Épocado ano GMD (g/dia) Produção por área (kg/ha) Águas 829 a 1034 767 a 1410 Águas 1220 Águas 1015 Águas 590 a 850 437 a 1040 Águas 1065 Águas 1160 Fonte Almeida et al.(2000) Paulino et al.(2000a) Paulino et al.(2000b) Corrêa et al.(2001) Moraes et al. (2006) Paulino et al.(2005a) 1Dados agregados; para acessar dados individualizados consultar as referências bibliográficas. Pastagens cultivadas com manejo para qualidade e irrigadas Na busca natural dos processos mais intensivos, uma linha de raciocínio é contrastar os sistemas não irrigados (sequeiro) com sistemas em pastagens irrigadas. Reproduzem-se dados (Tabela 5) de sistemas que registram produções superiores a 2000 kg de peso corporal/ha/ano; considera-se uso potencial superior a oito unidades animais por hectare. Entretanto, são informações obtidas ao nível de propriedade comercial, uma vez que há carência de informações científicas nesta área. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 153 Tabela 5 - Desempenho de bovinos no sistema pastagem irrigada1 Foco do estudo Bezerros Nelore ;Bezerros Simental x Nelore Novilhos Peso corporal inicial (kg) 197,5 230,0 Peso corporal final (kg) 475,7 474,2 Ganho médio diário2 (kg/dia) 1,15 1,22 350,8 469,9 1,18 1Dados processados; para acessar dados individualizados consultar as referências bibliográficas. 2Período médio de permanência sob pivô central: bezerros Nelore, 234 dias; bezerros Simental x Nelore, 200 dias; Novilhos, 102 dias. Fonte: Vilela (1999). Pastagens cultivadas com manejo para qualidade e suplementos múltiplos As ações de forrageamento ótimo são divididas em manejo pré pastejo, pelo lado da oferta, e o processamento pós-ingestão. O consumo de matéria seca pode ser controlado pela energia ou pela fibra consumida. Em condições em que o consumo for controlado pela demanda de energia, possibilitando aos animais consumirem tanto alimento como necessário para satisfazer o nível de produção desejado alcançar-se-ia o nível de excelência no manejo para qualidade. Entretanto, as interações da demanda do animal e os recursos alimentares – o pasto e os suplementos - ao criarem um déficit de alimento, energia ou nutrientes relativo à produção potencial, causam as respostas variáveis à suplementação, base para o estabelecimento de estratégias dietéticas diferenciadas. O entendimento desse processo daria suporte ao desenvolvimento de programas de suplementação delineados para complementar as necessidades nutricionais de bovinos consumindo as forrageiras tropicais. Os suplementos múltiplos têm sido usados na indústria pecuária quando o suprimento de energia e ou nutrientes oriundos do pasto não satisfizer a demanda animal. 154 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte A classificação de suplementos em termos de seu consumo potencial e suprimento de nutrientes e ou energia é essencial para determinar seu nicho no sistema de produção específico, face à grande amplitude de condições de alimentação. A quantidade e a qualidade do suplemento fornecido devem ser compatíveis com a magnitude do desempenho alvo e o estádio do ciclo de produção onde ele é fornecido. A resultante foi a geração de uma família de suplementos múltiplos, que permite estabelecer modelos dietéticos para diversas épocas do ano (Paulino et al., 2002) e para diferentes ciclos de produção e categorias de bovinos (Paulino et al., 2001; 2004 e 2006b). Modelo pasto/mistura sal mineral - uréia A mistura sal – uréia - mineral é útil na mantença de peso de animais durante a época seca e constitui-se em um método simples e econômico a ser usado no rebanho, quando se busca a adaptação dos bovinos ao uso de uréia ou quando o sistema prevê o uso mais intensivo de suplementos múltiplos em alguma fase do sistema de produção (Paulino et al.,1982). Em uma exploração racional seria benéfico assegurar pelo menos a mantença de peso nos períodos críticos do ano. Assim, o diferimento das pastagens associado a um baixo nível de suplementação, durante o período da seca, seriam utilizados visando prevenir um dano permanente na atividade fisiológica do animal, de forma a possibilitá-lo sobreviver numa condição que possa tirar vantagens do ganho compensatório, que ocorre em períodos de pastagem abundante e nutricionalmente adequada (Paulino & Ruas, 1988). Este sistema associa-se a ciclos de produção entre 27 e 30 meses de idade. Modelo pasto/sal nitrogenado Os custos requeridos com o transporte e a distribuição diária de suplementos para bovinos de corte em pastejo são bastante expressivos. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 155 As formulações de suplementos, fornecidas no sistema de auto-alimentação, permite o controle de consumo pelo próprio animal, nos níveis estabelecidos, bem como facilita o manejo e racionaliza a utilização de mão-de-obra na distribuição de suplementos na pastagem, a qual pode ser executada, obedecendo a uma periodicidade semanal ou mesmo quinzenal. Além disso, evita que o animal crie dependência pelo suplemento e apresenta aspectos positivos sob o ponto de vista nutricional, tais como equilíbrio de pH e amônia, dentre outros. Os suplementos múltiplos, que usam fonte de nitrogênio nãoprotéico associada a fontes de energia e minerais, são comumente chamados sais nitrogenados. O sistema pasto/sal nitrogenado quando associado à fase de recria, envolve oferta de suplemento entre 0,1 e 0,3% do peso corporal (Paulino et al., 1983). Em condições específicas o conceito pode ser adaptado para engorda de bovinos em pastagens (Acedo et al., 2003). Modelo pasto/sal proteinado Associada à utilização de uréia, tanto como fonte de amônia quanto para limitar o consumo (junto com o sal), a adição de fonte natural de proteína aos suplementos múltiplos de baixo consumo é desejável no sentido de fornecer peptídeos, aminoácidos e ácidos graxos de cadeia ramificada (isoácidos) aos microrganismos do rúmen, e ou, proteína não degradada no rúmen aos animais. Neste contexto, as fontes naturais de proteína e energia devem ser portadoras de características biológicas compatíveis com a otimização da eficiência microbiana e utilização de uréia e forragens. A linha de produtos que segue estes fundamentos é classificada como sais proteinados, quando fornecidos em quantidades de até 0,3% do peso corporal para animais em recria ensejando ganhos de 200g a 500g/dia/cabeça (Paulino et al., 2008). Produtos nesta linha podem ser usados para terminação, sendo fornecidos na base de 1% do peso corporal (Paulino et al., 2012), possibilitando a minimização da sazonalidade da produção de carne em pastagens tropicais. 156 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Dieta de alto concentrado no pasto O uso de dieta de alta densidade de energia e nutrientes na engorda em pasto eventualmente caracterizado como “sistema de confinamento no pasto” consiste em alocar os animais em uma determinada área de pasto previamente vedada, e fornecer suplementos múltiplos em quantidades que podem variar de 1,2 a 2% do peso corporal do animal. Trata-se, portanto, de dietas de alto concentrado, que demanda cuidados para garantir uma boa saúde ruminal, tais como, escolha de fontes alimentares com menor potencial de promoção de acidez e ou uso de aditivos. O sistema permite a tomada de decisão rápida, quanto à terminação de bovinos, com o objetivo de aproveitar oportunidades de mercado. MODELOS DIETÉTICOS COM EXPLORAÇÃO DE CRESCIMENTO CONTÍNUO Potencializando o crescimento contínuo A bovinocultura de corte tem sido induzida a aumentar os índices produtivos e econômicos da atividade, porém com responsabilidade social e ambiental. A bovinocultura eficaz baseada em pastos tropicais, leva à necessidade de adequar as práticas nutricionais às metas do sistema e atenção nas interações com os demais componentes dos sistemas de produção. Na busca da otimização dos sistemas em pastagens fica claro que o arranjo produtivo, além de contornar a sazonalidade, deve garantir a exploração do maior desenvolvimento e condição corporal dos animais durante os períodos favoráveis de primavera-verão e início do outono, devido ao menor custo econômico. Uma tendência atual da bovinocultura é a busca por alternativas nutricionais e de manejo para as diferentes categorias de bovinos de corte que possibilitem aumento do desfrute do rebanho e maior produção de carne, com o objetivo de aumentar o rendimento econômico do produtor e a qualidade da carne produzida. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 157 Administrada a questão quantitativa (oferta de 4 a 6% do peso corporal em MSpd) e qualitativas (manejo para qualidade) do pasto, as técnicas que reconhecem a natureza múltipla da suplementação têm possibilitado minimizar os efeitos da sazonalidade, e potencializar o desempenho dos bovinos durante a época de crescimento das forrageiras, possibilitando ganho adicional de 150 a 300 g/dia em relação a aquele obtido no sistema pasto/mistura mineral (Paulino et al., 2008). A conseqüência é abate de animais com idade entre 16 e 20 meses, eliminando a segunda época seca da vida do animal, e cobertura de fêmeas com 14 a 20 meses de idade, obedecendo o limite imposto pela genética. Suplementação de bezerros (as) de corte lactentes Sob a ótica da exploração da bovinocultura de ciclo curto em regime de pastagens, o ganho de peso contínuo desde a fase de amamentação é fundamental para o sucesso do sistema de produção. Em sistemas intensivos de produção de bovinos, nos quais o peso à desmama dos bezerros (as) tem importância primordial, visualiza-se a suplementação dos animais em amamentação, sob o sistema creep – feeding, que consiste em fornecimento de alimentos suplementares aos bezerros criados ao pé das matrizes, sem que estas tenham acesso ao suplemento. Neste sistema a dieta dos animais é constituída de leite, pasto e alimento concentrado e possibilita desmama de machos com peso entre oito e dez arrobas (Tabela 6) e fêmeas entre oito e nove arrobas. 158 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Tabela 6 - Desempenho de bezerros em amamentação no sistema pasto/suplemento1 Foco do estudo Relação proteína/carboidrato Níveis de suplementação Planos nutricionais Planos nutricionais Peso corporal final (kg) 233,0 243,1 250,5 273,4 Ganho adicional2 (g) 214 164 200 200 Fonte Valente et al. (2013a) Barros et al. (2014) Lopes et al (2014) Lopes et al. (2014) 1Dados processados; para acessar dados individualizados consultar as referências bibliográficas. 2Em relação ao tratamento recebendo mistura mineral. Modelo pasto/suplementos múltiplos para machos superprecoces Os sistemas de excelência adotam tecnologias de precisão. As informações preliminares caracterizam uma bovinocultura em movimento, ensejando a eliminação da segunda seca da vida dos animais destinados ao abate, e sinalizam o limite do possível, para mercados demandadores de carcaças com acabamento mínimo. Para viabilizar a produção do novilho superprecoce em pastagens (Tabela 7), deve-se estabelecer manejo alimentar que permita ganhos de peso do nascimento ao abate de cerca 800g/animal/dia para abate com 18 meses e de 900g/animal/dia, para abate com 16 meses de idade. Neste sistema devem-se fornecer suplementos múltiplos em quantidades que variam de 0,4 a 0,6% do peso corporal, durante toda vida do animal. Tabela 7 - Desempenho de novilhos superprecoces, com idade de 16 a 20 meses, no sistema pasto/suplemento1 Foco do estudo Perfis protéicos Relação proteína/carboidrato Planos nutricionais 1Dados Peso corporal final (kg) 460,00 438,30 447,00 Fonte Fernandes (2009) Valente et al. (2013b) Paula et al. (2012) processados; para acessar dados individualizados consultar as referências bibliográficas. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 159 Modelo pasto/suplementos múltiplos para recria de novilhas superprecoces Para que o sistema de acasalamento de fêmeas com quatorze a quinze meses de idade seja viabilizado, o manejo nutricional deve possibilitar crescimento contínuo no pós-desmame, com magnitude em torno de 650g/animal/dia. Para obtenção de níveis de ganhos mais elevados durante a recria, faz-se mister o refinamento da composição dos suplementos, bem como proporcionar consumos entre 0,3 a 0,5% do peso corporal. Havendo mérito genético, na medida em que o peso e o ganho de peso assegurem a maturidade sexual, as fêmeas apresentam melhores condições fisiológicas para manifestarem cio. Visando garantir boa eficiência reprodutiva das matrizes primíparas é necessário garantir o crescimento contínuo dos animais na estação seca subseqüente, garantindo o parto com peso equivalente a 80% do peso adulto. MODELOS DIETÉTICOS PARA BOVINOS EM CONFINAMENTO Dietas de alto volumoso Historicamente, havia uma tendência de utilizar dietas com uma relação volumoso:concentrado próxima de 1:1, o que representa dietas com baixo custo por unidade de matéria seca, mas que induzem aumento no consumo e queda da conversão alimentar, podendo ser vantajosas financeiramente por reduzir o custo alimentar por dia. Entretanto, estas dietas podem dificultar a operacionalização da alimentação em grandes confinamentos, restringindo seu uso. As dietas de terminação de bovinos utilizadas no Brasil parecem ser seguras do ponto de vista de saúde animal, entretanto, não são dietas formuladas para minimizar a relação entre o consumo e o ganho diário de peso ou a operacionalização de grandes confinamentos. 160 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Dietas de alto concentrado ou dietas com baixa inclusão de forragem Com a evolução dos confinamentos, a produção e estocagem de alimentos volumosos se tornaram um dos maiores entraves para as médias e grandes operações de engorda confinada. Como alternativa, a utilização de dietas com maior proporção de alimentos concentrados (70 a 90% da matéria seca total da dieta) pode trazer benefícios para a operacionalização do confinamento. O aumento no tamanho dos confinamentos e a consequente ênfase em obter eficiência operacional tende a aumentar a frequência desta opção de produção de carne. Comparativamente ao sistema de engorda com alta forragem, a engorda em dietas de baixa forragem tem particularidades nutricionais, ambientais, econômicas e operacionais. Apesar da redução no teor dietético de forragem ser potencialmente vantajosa operacionalmente, a mudança nutricional necessariamente não reduz o custo da dieta ou melhora a conversão alimentar ou o ganho diário de peso (Paulino et al., 2010). Dietas sem volumosos Encontra-se em curso no Brasil um movimento para difusão de dietas desprovidas de volumosos. Aparentemente, os principais benefícios relacionam-se com a operacionalização do sistema confinamento CONSIDERAÇÕES FINAIS Avaliam-se os efeitos da construção de um conceito de bovinocultura com excelência, com o intuito de propiciar um ambiente generalizado para a prosperidade e reduzir o déficit de produtividade do setor. Defende-se a hipótese de que é possível aos trópicos abrigar, em sistemas de ciclo completo, taxas de desfrute de 50%, guardando simetria com elevada produtividade da terra, o que presume ações permanentes como substrato positivo para ganhar eficiência no uso dos recursos naturais, potencializando a V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 161 transformação de vantagens comparativas em vantagens competitivas, valorizando as tecnologias do bem (projetos que mudam positivamente a vida das pessoas, ao criarem soluções para os problemas reais da sociedade). Prioridade absoluta é conferida à questão matriz dietética, como fundamento principal para permitir concentrar energia científica capaz de trazer impactos desta magnitude. REFERÊNCIAS ACEDO, T. S.; PAULINO, M. F.; VALADARES FILHO, S. C. et al. Níveis de uréia em suplementos múltiplos para terminação de novilhos em regime de pasto na época da seca: desempenho e rendimento de carcaça. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, Santa Maria, 2003. Anais... SBZ: Santa Maria, 2003. BARROS, L. V.; PAULINO, M. F.; MARQUES, D. S. C. et al. Suplementação, em sistema de creep-feeding, de bezerros de corte lactentes: desempenho Produtivo. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 2014, Vitória, Anais... Vitória: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 2014. BRANDÃO, V. L. N. Estrutura do pasto e sua influência no consumo animal. Seminário da disciplina ZOO 749 - NUTRIÇÃO DE BOVINOS EM PASTEJO, DZO/UFV, 15p, 2013 EUCLIDES, V. P. B.; ZIMMER, A. H.; VIEIRA, J. M. Equilíbrio na utilização da forragem sob pastejo. IN: Simpósio sobre Ecossistema de Pastagens. Jaboticabal/SP, UNESP, 1989. p. 271-313. FERNANDES, H. J. Avaliação nutricional e estudo do crescimento de tourinhos em pastejo recebendo suplementação concentrada com diferentes perfis protéicos. 2009. 300p.Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa. LOPES, S. A.; PAULINO, M. F.; DETMANN, E. et al. Supplementation of suckling beef calves with different levels of crude protein on tropical pasture. Tropical Animal Health and Production, v. 46, p. 379-384, 2014. 162 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte LOPES, S. A.; PAULINO, M. F; VALENTE, E. E. L. et al. Planos nutricionais para bezerros de corte lactentes. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 2014, Vitória, Anais... Vitória: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 2014. PAULA, N. F. de; PAULINO, M. F.; COUTO, V. R. M. et al. Desempenho de bovinos de corte submetidos a diferentes planos de suplementação da fase de amamentação ao abate. In: 49 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2012, Brasília. Anais 49 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2012 PAULINO, M. F.; SATURNINO, M, A. C.; SILVESTRE, J. R. A. Resultados do acompanhamento do programa de produção intensiva de carne bovina. Informe Agropecuário, v. 6, n. 69, p. 3 – 12,1980. PAULINO, M. F., REHFELD, O. A. M., RUAS, J. R. M. et al. Alguns aspectos da suplementação de bovinos de corte em regime de pastagem durante a época seca. Informe Agropecuário, v.89, n.8, p.28-31, 1982. PAULINO, M. F.; SILVA, H. C. M.; RUAS, J. R. M. et al. Efeitos de diferentes níveis de uréia sobre o desenvolvimento de novilhas zebus. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 35, n. 02, p. 321-345, 1983. PAULINO, M. F.; RUAS, J. R. M. Considerações sobre a recria de bovinos de corte. Informe Agropecuário, v. 13, n.153-154, p. 68-80, 1988. PAULINO, M. F., ARRUDA, M. L. R.; RUAS, J. R. M. et al. Efeito do farelo de trigo em substituição ao milho desintegrado com palha e sabugo, em suplementos múltiplos, sobre o desenvolvimento de bezerros Nelore em pastoreio. REUNIÃO ANUAL DA SBZ, 32, 1995. Brasília - DF. Anais... Brasília: SBZ, 1995, p.250-252. PAULINO, M. F.; BORGES, L. E.; CARVALHO, P. P. et al. Fontes de proteína em suplementos múltiplos sobre o desenvolvimento de novilhos e novilhas mestiços em pastoreio, durante a época das águas. REUNIÃO ANUAL DA SBZ, 33, 1996. Fortaleza. Anais... Fortaleza: SBZ, 1996, p.12-13. PAULINO, M. F.; DETMANN, E.; ZERVOUDAKIS, J. T. Suplementos múltiplos para recria e engorda de bovinos em pastagens. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 2, 2001, Viçosa. Anais... Viçosa: SIMCORTE, 2001. p. 187-233. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 163 PAULINO, M. F.; ZERVOUDAKIS, J.T.; MORAES, E. H. B. K. et al. Bovinocultura de ciclo curto em pastagens. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 3. 2002, Viçosa. Anais... Viçosa: SIMCORTE, 2002, p.153-196. PAULINO, M. F.; FIGUEIREDO, D. M.; MORAES, E. H. B. K. et al. Suplementação de bovinos em pastagens: Uma visão sistêmica. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 4, 2004, Viçosa. Anais... Viçosa: SIMCORTE, 2004, p. 93-139. PAULINO, M.F.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S. C. Suplementação animal em pasto: energética ou protéica? In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM, 3, 2006, Viçosa. Anais... Viçosa: SIMFOR, 2006a, p.359-392. PAULINO, M. F.; FIGUEIREDO, D. M ; MORAES, E. H. B. K. et al. Bovinocultura de precisão em pastagens. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 5, 2006 Viçosa. Anais... Viçosa: SIMCORTE, 2006b, p.361- 412. PAULINO, M. F.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S. C. Bovinocultura funcional nos trópicos. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 6, Viçosa, Anais...Viçosa:UFV, p. 275-305, 2008. PAULINO, M. F; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S. C. et al. Bovinocultura programada. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 7, Viçosa, Anais...Viçosa:UFV, p.267-297, 2010. PAULINO, M. F; DETMANN, E.; SILVA, A. G. da et al. Bovinocultura de alto desempenho com sustentabilidade. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 8, Viçosa, Anais...Viçosa:UFV, p.183-196, 2012. SILVA, R. P. da. Suplementos Múltiplos em Estratégias de Produção Intensiva de Bovinos e Pasto. 2013. 82p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2013. VALENTE, E. E. L.; PAULINO, M. F.; DETMANN, E. Effect of calves supplementation on performance, nutritional and behavioral characteristics of their dams. Tropical Animal Health and Production, v. 45, p. 487- 495, 2013a. VALENTE, E. E. L.; PAULINO, M. F.; DETMANN, E. et al. Performance of young bulls supplemented with different relation of protein and carbohydrate from suckling phase until slaughter in tropical pasture. Journal of Animal and Plant Sciences, v. 18, p. 2711-2722, 2013b. 164 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte VILELA, P. A. Uma visão sobre a produção intensiva de bovino de corte com o uso do pivô central. In: SIMPÓSIO GOIANO SOBRE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE, Goiânia, Anais...Goiânia:CBNA, p.191-200, 1999. FUNDAMENTOS TECNOLÓGICOS ASSOCIADOS AOS DIFERENTES MODELOS DIETÉTICOS PARA BOVINOS EM CONFINAMENTO, E USO DO BRCORTE 2.0 PARA FORMULAR DIETAS E PREDIZER O DESEMPENHO DE BOVINOS Sebastião de Campos Valadares Filho1, Luiz Henrique Pereira Silva2, Pedro Del Bianco Benedeti2, Polyana Albino Silva Machado3 1 Prof. Titular DZO/UFV,Coordenador do INCT de Ciência Animal, [email protected] ; 2Estudantes de Doutorado do programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFV; 3 Bolsista de PNPD do CNPq INTRODUÇÃO A pecuária de corte é importante atividade econômica praticada em todos os estados brasileiros por ser responsável por 30,38% do PIB do agronegócio brasileiro e 6,73% do PIB total do Brasil (CEPEA, 2011). Devido às dimensões continentais do Brasil, a criação de bovinos de corte é encontrada em grande diversidade de biomas, o que faz com que exista grande variação nos sistemas de produção praticados, onde cada região utiliza as principais vantagens comparativas que cada uma delas oferece. Dessa forma, há sistemas considerados extensivos, onde as pastagens nativas são predominantes, com menor rentabilidade e baixa produção de @ por hectare, e à medida em que a tecnologia é implementada, intensifica-se a produção, o que permite melhorar os resultados econômicos do sistema. A necessidade do aumento da produção de carne para atender a crescente demanda, faz com que os sistemas de produção intensivos de carne no Brasil se tornem cada vez mais comuns. Desta forma, a utilização de sistemas de confinamento vem sendo aumentada a cada ano, isto porque, esse sistema também proporciona a redução da idade ao abate, aumento das taxas de lotação e desfrute, além de possibilitar oferecer um produto de qualidade diferenciada, exigido por mercados mais exigentes. Porém, o confinamento exige investimentos mais elevados, quando comparado aos sistemas extensivos, o que o torna uma atividade de maior risco. Assim, existe a necessidade de maior compreensão de 166 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte como as tecnologias podem ser aplicadas, principalmente em relação à formulação de dietas, pois os custos com a alimentação são os componentes de maior peso desse sistema, sendo inferior apenas ao custo de aquisição dos animais (Cervieri et al., 2009). Atualmente existem vários softwares e planilhas eletrônicas no mercado brasileiro desenvolvidos para a formulação de dietas para bovinos de corte em confinamento. Algumas empresas, que atuam na área de nutrição animal, desenvolvem também aplicativos próprios para o uso de seus consultores. Em sua maioria, estes softwares utilizam modelos de predição das exigências nutricionais desenvolvidos em outros países (i.e. NRC - Estados Unidos; CSIRO Austrália; ARC e AFRC - Sistemas britânicos), utilizando dados gerados por experimentos realizados em condições diferentes às encontradas no Brasil (clima, raças, alimentos, etc.). Contudo, existe o software BR-CORTE 2.0 que utiliza dados de composição de alimentos e de exigências nutricionais gerados no Brasil. A correta estimativa das exigências nutricionais se torna importante para o balanceamento das dietas para atender as exigências dos animais para a mantença e produção. Quanto mais exato forem as estimativas das exigências e as informações sobre os alimentos, mais próxima será a dieta formulada da “dieta ideal”. Porém, muitas vezes ocorre grande diferença entre a dieta formulada e aquela consumida pelos animais, devido aos desvios decorrentes de erros nas etapas de arraçoamento (Figura 1). Desta forma, quanto maior a qualidade dos processos intermediários envolvidos maior será a proximidade entre a dieta consumida pelo animal e a “dieta ideal” para o desempenho almejado. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 167 Figura 1- Esquema demonstrando os fatores que podem gerar os desvios entre a dieta formulada e a consumida. Desde que se tenha boa precisão e acurácia nos dados de exigências dos animais e de composição dos alimentos, os processos de formulação de dietas utilizando os softwares disponíveis se tornam tarefa fácil. Contudo, é preciso ter conhecimentos teóricos e práticos sobre nutrição de bovinos para que se possa formular uma dieta equilibrada, que possibilite o animal consumir quantidades adequadas de todos os nutrientes requeridos para o desempenho almejado. CONSIDERAÇÕES SOBRE A FIBRA NA DIETA A fração fibrosa da dieta, em particular, merece atenção dos nutricionistas no momento da formulação, pois esta porção da dieta é a que mais se correlaciona com a ingestão de matéria seca nos ruminantes. Não somente em termos de proporção da dieta, mas também quanto às características dessa fração na dieta dos animais. Como exemplo, pode-se citar que as dietas formuladas para custo mínimo, se baseiam na utilização da maior proporção possível de 168 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte alimentos volumosos, pois esses geralmente apresentam menor custo da MS. Utilizada como critério na classificação dos alimentos para os ruminantes, a fibra pode ser definida como a fração menos digestível dos alimentos, presente na parede celular dos produtos de origem vegetal (Weiss, 1993). Por definição, a fração fibrosa dos alimentos é considerada como sendo os compostos químicos indigestíveis ou de digestão lenta e que ocupam espaço no trato gastrointestinal dos animais (Rodrigues & Vieira, 2006). Em termos analíticos, a fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) é a porção do alimento que melhor corresponde à fibra para os ruminantes (Vieira & Fernandes, 2006). A FDN não se enquadra como entidade nutricional perfeita, segundo o teste de Lucas, pois sendo uma fração do alimento heterogênea essa não apresenta digestibilidade constante (Rodrigues & Vieira, 2006). Segundo Van Soest (1978), dentre as propriedades da fibra que são de importância nutricional incluem-se a densidade, capacidade de hidratação e as propriedades de ligação, servindo ainda como substrato para a fermentação ruminal, fornecendo energia para os ruminantes na forma de ácidos graxos voláteis (AGV). Contudo, apesar da importância do conhecimento teórico sobre todas as características físicas da fibra, em condições práticas o teor de FDN da dieta é a informação mais utilizada. Para nutrição de ruminantes, em particular, essa porção dos alimentos assume maior importância pois como demonstrado por Mertens (1987), a fibra exerce um complexo controle sobre o consumo do animal, que por sua vez é o principal fator que explica o desempenho produtivo dos bovinos (Valadares Filho et al., 2010). De maneira geral, com o aumento do nível de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) na dieta, ocorre redução no teor de energia da mesma. Desta forma o consumo do animal pode ser limitado por efeito físico (capacidade de ingestão de fibra) ou por efeito fisiológico (atendimento dos requerimentos de energia). Sendo assim o teor de FDN é o componente da dieta que mais se correlaciona com o consumo do animal, pois está relacionado aos aspectos químicos e físicos da dieta (Mertens,1987). V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 169 Os carboidratos não fibrosos (CNF) apresentam normalmente alta digestibilidade, não diferindo muito entre as espécies de animais, de maneira oposta, os carboidratos fibrosos apresentam grande variação entre as espécies quanto à sua digestibilidade (Rodrigues & Vieira, 2006). No caso dos ruminantes, a digestibilidade da FDN está diretamente relacionada à sua composição, sendo que, geralmente quanto maior o teor de lignina menor é taxa de degradação ruminal. A proporção de lignina na FDN reduz a degradabilidade da FDN não somente pelo aumento da sua massa na FDN, pois a lignina é refratária à digestão pelos microrganismos, mas também pelo seu efeito de proteção dos carboidratos à degradação ruminal (Detmann et al., 2010). Outra característica da dieta que pode influenciar na efetividade da fibra é o tamanho de partículas, pois alimentos finamente moídos apresentam menor capacidade de estimular a ruminação e a mastigação. Tais processos são importantes para a produção de saliva, que por sua vez auxilia no tamponamento ruminal (Allen, 1997). Dessa forma, o conceito de fibra fisicamente efetiva (FDNfe) foi criado com o intuito de unir as características químicas ao tamanho de partícula das forragens, permitindo assim quantificar a porção da fibra responsável pela manutenção das funções ruminais (Mertens, 2000). Existem atualmente alguns métodos utilizados para quantificar a porcentagem de fibra efetiva nos alimentos (Lammers, Buckmaster et al., 1996; Buckmaster, Heinrichs et al., 1997; Mertens, 1997), no entanto esse é um parâmetro pouco utilizado para o balanceamento de dietas para bovinos de corte no Brasil. Segundo levantamento feito por Millen et al. (2009), apenas 9,7% dos nutricionistas brasileiros utilizavam a informação de FDNfe (considerando as partículas maiores de 1,18mm) em suas formulações. Em estudo avaliando o efeito da mudança de fontes volumosas sobre a ingestão de MS em confinamento, Galyean & Defoor (2003) observaram que a FDN proveniente do volumoso explica 92% da variação no consumo de MS, sendo que quando utilizado o valor de FDNfe proveniente do volumoso, essa relação passou para 93,1%. Por se tratar de variação pequena, os autores 170 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte recomendaram que os nutricionistas utilizem o FDN proveniente do volumoso, principalmente quando utilizados produtos alternativos como coprodutos agrícolas. Então, no caso das dietas normalmente utilizadas nos confinamentos no Brasil, onde há grande participação de coprodutos provenientes da agroindústria, a utilização de FDNfe se torna pouco aplicável devido à ausência de dados sobre a efetividade das várias fontes utilizadas. Outro fator importante para se avaliar a qualidade da fibra é a densidade da partícula, podendo ser mais influente até mesmo que o tamanho da partícula. Avaliando o efeito do tamanho e densidade da partícula sobre o tempo de retenção ruminal, Kaske & Engelhardt (1990) observaram que ao aumentarem o tamanho da partícula (de 1 para 10mm) houve aumento no tempo de retenção ruminal, porém, ao aumentar a densidade das partículas observou-se redução no tempo de retenção. Em análise de regressão esses autores observaram que os aumentos na densidade e no tamanho da partícula explicam cerca de 59 e 28% das variações no tempo de retenção, respectivamente. Desta forma, observa-se que a densidade das partículas está mais relacionada ao tempo de retenção do que o tamanho da partícula em si. O efeito da densidade da partícula de fibra sobre o escape ruminal também foi abordado por Detmann et al. (2010), que afirmaram que o processo da degradação ruminal da fração fibrosa aumenta a densidade da partícula da fibra remanescente, ocasionando aumento na probabilidade de escape da fibra do rúmen para as porções posteriores do trato gastrointestinal. Esses autores destacaram ainda que esse processo assume grande importância em dietas de menor qualidade, onde a passagem da fração indigestível (FDNi) reduz o efeito de repleção ruminal e consequentemente melhora o consumo. Um exemplo prático avaliando o efeito da densidade dos alimentos pode ser observado comparando o grão de milho inteiro com o caroço de algodão adicionados na dieta. Facilmente pode-se observar nas fezes dos animais a presença do grão de milho inteiro, entretanto dificilmente se encontra caroço de algodão nas mesmas. Isso ocorre possivelmente devido sua maior densidade, o grão de V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 171 milho fica mais próximo do orifício retículo-omasal, aumentando assim seu escape do rúmen, enquanto o caroço de algodão, por apresentar baixa densidade, precisa ser degradado para que seu escape ocorra. IMPORTÂNCIA DA FIBRA NAS DIFERENTES DIETAS A fração fibrosa da dieta é sem dúvida muito importante para a nutrição de ruminantes, exercendo diferentes funções dependendo das características gerais da dieta. Em dietas convencionais de confinamento, onde se utiliza maior quantidade de volumoso (cerca de 60%), a digestão da fração fibrosa da dieta constitui uma importante fonte de energia para o animal, resultando também em controle do pH ruminal. Neste tipo de dieta, o desempenho animal está intimamente ligado à qualidade do volumoso utilizado. Por outro lado, em dietas de alto grão (>80% de concentrado), a fração fibrosa da dieta exerce maior função de controle do pH e da motilidade ruminal, sendo que o fornecimento de energia pela fermentação da FDN deixa de ser a principal função da fibra e em muitos casos essa energia tem sido desconsiderada na formulação das dietas. Desta forma, quanto maior a participação de volumoso na dieta, maior será a influência da qualidade desse volumoso sobre o desempenho animal. A influência da qualidade do volumoso sobre o desempenho pode ser observada em experimentos onde a silagem de milho foi substituída por volumosos de menor valor nutritivo, como a cana-de-açúcar. De forma que, em dietas com 60% de volumoso a substituição normalmente é acompanhada de queda no desempenho (Magalhães et al., 2004). Resultado similar também foi observado por Menezes (2010), que ao fornecer dietas substituindo a silagem de milho por cana-de-açúcar triturada e 1% do peso vivo em concentrado, observou uma queda no consumo e consequentemente no desempenho dos animais. Contudo, quando a silagem de milho é substituída por cana-de-açúcar em dietas com 40% de volumoso, geralmente não há redução no desempenho animal (Fernandes et al., 2007), por haver menor dependência do volumoso para o fornecimento de energia. No entanto, devido às variações na 172 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte qualidade dos volumosos em discussão, resultados contraditórios podem ser obtidos, onde a substituição da silagem de milho por cana-de-açúcar em dietas com 40% de volumoso pode ser acompanhada de queda no desempenho, sendo neste caso observado também menor consumo dos animais para a dieta contendo como volumoso a cana-de-açúcar (Rotta, 2012). Em trabalho de revisão sobre a utilização da cana-de-açúcar como volumoso, Valadares Filho et al. (2008) demonstraram que o consumo de MS geralmente é limitado, quando há maior proporção de volumoso a base de cana-de-açúcar. Em confinamentos de menor porte, a utilização de dietas com maior participação de alimentos volumosos pode ser uma forma de reduzir os custos com alimentação, principalmente em regiões com alto custo para obtenção de grãos, com baixa infraestrutura e que apresentam baixo valor da terra e de produção de volumosos. No entanto, em plantas de confinamento de grande porte, aumenta-se o número de animais, bem como a necessidade de alimento para ser armazenado e distribuído diariamente. Como o próprio nome diz, o alimento volumoso ocupa maior espaço por unidade de matéria seca. Dessa forma, quanto maior a quantidade de volumoso na dieta, mais espaço é necessário para o seu armazenamento e maiores serão os gastos com infraestrutura. O mesmo problema ocorre com a distribuição das dietas no cocho, onde serão necessárias maiores números de “viagens”, em cada trato, para que todas as linhas de cocho sejam atendidas, aumentando assim os custos operacionais do sistema. Aliado ao processo de aumento das plantas dos confinamentos brasileiros, vem ocorrendo de maneira natural o aumento na proporção de alimentos concentrados nas dietas (Millen et al., 2009). Assim, é cada vez mais comum dietas onde os níveis de fibra são muito baixos, ou seja, próximos aos níveis críticos mínimos. De acordo com Millen et al. (2009), 96,8% dos confinamentos brasileiros utilizam acima de 56% de concentrado nas dietas, sendo 58,1% das dietas balanceadas com os níveis de concentrado acima de 70%. Os teores médios de FDN utilizados pelos nutricionistas na terminação de bovinos variam entre 15 e 39% V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 173 da dieta. A utilização de ionóforos e coprodutos com boa quantidade de fibra efetiva são fatores que permitem a elevação da quantidade de concentrado nas dietas de terminação. Assim sendo, não existe um padrão para os níveis mínimos de fibra a serem utilizados e o modelo de alimentação deve respeitar as relações entre alimento, dieta e animal. NÍVEL DE FIBRA NA DIETA Como abordado anteriormente, a fibra exerce influência sobre o consumo dos ruminantes, sendo assim, seu teor na dieta não pode ser muito elevado a ponto de limitar o consumo de nutrientes do animal e prejudicar seu desempenho produtivo. Por outro lado, níveis muitos baixos de fibra na dieta frequentemente estão ligados à maior ocorrência de distúrbios metabólicos como a acidose ruminal. A mesma está relacionada à várias patologias como a laminite (Nocek, 1997), ruminite (Nagaraja & Chengappa, 1998), timpanismo e abscesso de fígado (Gill et al., 1979). Segundo Mertens (1987), a capacidade máxima de ingestão dos bovinos ocorre quando o consumo de FDN é próximo de 1,2% do peso corporal para vacas em lactação consumindo dietas compostas por forragens de clima temperado. Assim, esse valor pode não representar especificamente o comportamento ingestívo de animais em crescimento alimentados com forragens tropicais. Em estudo sobre o consumo de FDN por bovinos confinados em condições tropicais, Detmann et al. (2003) demonstraram que não se deve considerar esse valor fixo, pois o consumo de FDN apresenta comportamento quadrático em relação ao teor de FDN da dieta (Figura 2). 174 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Figura 2 - Consumo de FDN em função do teor de FDN na dieta (Detmann et al., 2003). Por outro lado, em dietas com alto teor de concentrado, o consumo geralmente é limitado pelos mecanismos fisiológicos (Mertens,1987), assim um nível muito baixo de FDN causa indiretamente redução na ingestão devido à maior densidade energética da dieta, aumentando por consequência o risco de acidose. Arelovich et al. (2008) realizaram meta-análise para avaliar o efeito do teor de FDN das dietas de confinamento sobre o consumo de MS e de energia, sendo avaliados separadamente os dados para gado de leite e de corte. Para gado de leite, os teores de FDN das dietas variaram de 22,5 a 45,8% e o teor de FDN da dieta apresentou comportamento linear decrescente com o consumo de MS e de energia líquida de lactação. Contrariamente, para gado de corte o que se observou foi efeito linear crescente para o consumo de MS e de energia líquida para ganho de peso em função do teor de FDN na dieta (Figura 3), apresentando ainda alto valor de r2. Os teores de FDN das dietas de confinamento para gado de corte variaram de 7,5 a 35,3%. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 175 Figura 3 - Consumo de matéria seca (MS) e de energia líquida para ganho em função do teor de FDN da dieta (Arelovich et al., 2008). Resultados experimentais que avaliaram a inclusão de volumoso em dietas com uso de 100% de concentrado confirmam que ao incluir o volumoso geralmente há o aumento no consumo de MS e melhoria no desempenho, porém geralmente a eficiência 176 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte alimentar é maior para os animais consumindo a dieta sem volumoso (Shain et al., 1999; Turgeon et al., 2010; Marques, 2011). O NRC (1996) estipula um mínimo de 20% de FDNfe nas dietas de terminação com manejo de cocho variável e sem a utilização de ionóforos. Porém, esse valor podem ser reduzido para a faixa de 5 a 8% em sistemas mais tecnificados e com utilização de aditivos. Stralia & Gil (1990) recomendaram que para animais em terminação, as dietas devem conter no mínimo 15% de FDN em sua composição. Em estudo de revisão sobre a necessidade de fibra na dieta de bovinos confinados no Brasil, Goulart & Nussio (2011) observaram que é uma tarefa difícil sugerir com boa precisão o nível mínimo de fibra que as dietas de alto grão devem conter, pois existem poucos trabalhos delineados para avaliar a exigência de FDNfe para bovinos nas condições brasileiras de confinamento. Os autores destacam ainda que esse nível mínimo pode ser alterado por alguns fatores como o uso de ionóforos, utilização de protocolo de adaptação, qualidade do manejo de cocho e também quanto ao tamanho da partícula de volumoso. Com base então nos poucos estudos brasileiros existentes, e considerando as condições brasileiras, os autores com todas as ressalvas, sugeriram que as dietas de confinamento de alto grão no brasil devem apresentar de 10 a 18% de FDN proveniente de volumoso. ADAPTAÇÃO À DIETA DO CONFINAMENTO Para obter maior desempenho produtivo dos animais é preciso que os mesmos consumam dietas que os permitam ingerir maiores quantidades diárias de todos os nutrientes. Para obter esse resultado é preciso fornecer aos bovinos dieta com maior proporção de concentrado em sua composição. Contudo, para evitar distúrbios metabólicos os bovinos devem passar por um período de adaptação para que os microrganismos e o hospedeiro se adaptem as novas condições, que estarão sujeitos devido à nova dieta. Esta fase de adaptação deve ser gradativa e ter duração adequada, para que os microrganismos e o animal se adaptem de V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 177 maneira plena à nova dieta. Segundo Brown et al. (2006), a fase de adaptação às dietas de alto teor de concentrado não deve ser menor que 14 dias, pois pode aumentar a ocorrência de acidose ruminal e de outras patologias associadas a este distúrbio digestivo. Por outro lado, a duração desta fase não deve exceder 20% do tempo total do confinamento, pois quanto mais rápido os animais começarem a consumir a dieta final da fase de terminação maior será o tempo em que os animais passaram consumindo a dieta mais energética, com isto, melhor será o desempenho e menor o tempo necessário para o abate (Brown & Millen, 2009). Em um estudo sobre o período de adaptação, Buttrey et al. (2012) encontraram que durante essa fase, o ideal é que o animal consuma o máximo de energia possível, visando melhorar sua adaptação à dieta de maior densidade energética. Porém, ao mesmo tempo é importante que a acidose ruminal seja minimizada. Dessa forma, a fase de adaptação não dever ser muito lenta e ao mesmo tempo não dever ser muito abrupta. Segundo a recomendação de Brown & Millen (2009), e considerando que os períodos de terminação em confinamento mais utilizados no Brasil são de 90 a 120 dias, o período de adaptação deve ser de no máximo 18 a 24 dias, respectivamente. Segundo os resultados de pesquisa apresentados por Millen & Arrigoni (2013), animais da raça Nelore podem ser adaptados à dieta de alto grão (85% de concentrado) por um período de 14 dias, independentemente do tipo de protocolo de adaptação utilizado (escada ou restrição). Existem basicamente três tipos de protocolos de adaptação dos animais à dieta do confinamento, sendo esses o protocolo em escada (ou step-up), o protocolo de restrição e o protocolo de mistura de dietas. O tipo de protocolo em escada é o mais utilizado no Brasil (Millen et al., 2009), neste tipo de adaptação os animais recebem várias dietas com níveis crescentes de concentrado iniciando-se normalmente com uma relação volumoso:concentrado de 50:50. Segundo na preferência dos confinadores brasileiros, no protocolo de restrição, os animais recebem a dieta final desde o 178 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte início, porém em quantidade restrita. Com o passar dos dias, aumenta-se gradativamente a quantidade fornecida até que se chegue ao consumo final desejado. Este tipo de adaptação apresenta maior vantagem, pois pode reduzir o requerimento de energia para mantença dos animais e assim aumentar a eficiência alimentar (Brown et al., 2006). No entanto, na prática este tipo de protocolo de adaptação é o mais difícil de ser utilizado, pois necessita de um rigoroso controle do manejo de cocho. Além disso é necessário destinar mais espaço de cocho por animal para que se possa evitar competição e maior variação no consumo individual. Já no protocolo de mistura de dietas, são feitas duas dietas sendo uma com menor proporção de concentrado e a dieta final com elevado teor de concentrado, essas dietas são então misturadas de forma a se obter no final diferentes relações de volumoso:concentrado, assim aumenta-se gradativamente a proporção da dieta final, para que ao final da fase de adaptação os animais estejam consumindo apenas a dieta final. Esse tipo de protocolo apresenta como vantagem a possibilidade de se adaptar vários lotes no confinamento em tempos diferentes, formulando apenas duas dietas que ao serem misturadas proporcionam diferentes níveis energéticos. ALTERAÇÕES DURANTE A ADAPTAÇÃO Uma das principais preocupações durante a adaptação às dietas de alto concentrado é controlar o pH ruminal, de maneira a evitar que distúrbios metabólicos ocorram. Quando o pH ruminal varia até 6, ocorre pequena redução na digestão da fibra e praticamente nenhuma alteração no número de microrganismos fibrolíticos, enquanto se o pH reduzir para valores entre 5 e 5,5, ocorre redução na digestão da fibra e no número de microrganismos fibrolíticos (Hoover, 1986). No entanto, durante a fase de adaptação à dieta de maior nível de carboidratos rapidamente fermentáveis há o aumento na produção de ácidos orgânicos. Dessa forma, caso a taxa de produção exceda a taxa de absorção e a capacidade de tamponamento ruminal, haverá acúmulo destes ácidos reduzindo V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 179 assim o pH do rúmen, que caso decresça à valores abaixo de 5,6 , o animal apresentará quadro de acidose ruminal (Nagaraja & Titgemeyer, 2007). Portanto, para evitar a ocorrência de acidose quando os animais estão recebendo maiores quantidades de concentrado, é preciso que se aumente a capacidade de tamponamento ruminal e/ou a taxa de absorção e utilização dos ácidos graxos voláteis. Sabe-se que a saliva dos ruminantes desempenha importante papel no tamponamento ruminal, devido à presença do tampão fosfato e do bicarbonato (McDougall, 1948). Além da capacidade de tamponamento da saliva dos ruminantes, o volume diário produzido é alto o que eleva a taxa de passagem de fluidos no rúmen, carreando para as porções posteriores no trato gastrintestinal parte dos carboidratos não fibrosos solúveis. Como demonstrado por Maekawa et al. (2002), uma vaca holandesa com média de 600 kg de peso corporal com média de produção de leite diária de 27,3 Kg produz diariamente 240 litros de saliva. O aumento da proporção de fibra na dieta normalmente estimula a ruminação e por consequência a produção de saliva, gerando maior tamponamento ruminal (Mertens, 1997). Contudo, nem sempre a maior proporção de volumoso na dieta gera maior produção de saliva (Maekawa et al., 2002). Apesar de seu papel no tamponamento ruminal, a saliva é responsável apenas por cerca de 50% de todo o bicarbonato do rúmen (Owens et al., 1998). De maneira similar, a inclusão de tampões exógenos (bicarbonato) nas dietas com alto teor de concentrado tem baixo impacto sobre a incidência de acidose subclínica (Owens et al., 1998). Estudos mais recentes demonstram que o epitélio ruminal é o principal responsável pelo controle do pH do rúmen (Aschenbach et al., 2011). As principais formas de controle do pH pelo epitélio ruminal são: pela absorção de AGVs; pelo processo de difusão simples (forma protonada); e principalmente através da absorção por troca aniônica, onde as proteínas transportadoras do epitélio ruminal importam o ácido desprotonado e exportam do interior da célula epitelial o ânion bicarbonato (Penner, 2014). 180 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Entendendo que o epitélio ruminal é o principal responsável pelo controle do pH do rúmen, a pergunta que se faz é: como manipular essa capacidade de tamponamento do rúmen para evitar incidência de acidose nos animais? Para responder esta pergunta vários trabalhos têm sido desenvolvidos, utilizando principalmente a técnica do rúmen lavado e temporariamente isolado (estudo in vivo) e a técnica da câmara de Ussing (estudo in vitro), para avaliarem o efeito da mudança na dieta sobre a capacidade de absorção dos AGVs (Penner & Aschenbach, 2013). Dentre os fatores que podem afetar a capacidade de absorção dos AGVs pode-se destacar a variação no fluxo sanguíneo, expressão gênica dos transportadores de membrana e o aumento na área das papilas, que facilita principalmente a difusão passiva (Penner, 2014). Resultados obtidos até o momento demonstram que a restrição alimentar reduz a capacidade de absorção dos ácidos graxos voláteis, sendo isso consequência da redução nas atividades funcionais no epitélio, que são reduzidas como forma de adaptação do animal para poupar energia (Zhang et al., 2013). Esta redução na capacidade de absorção dos AGVs ocorre rapidamente, no entanto, o aumento ou a recuperação ocorre de maneira mais lenta. Com apenas cinco dias de restrição, independente da intensidade, há uma redução na capacidade de absorção e essa capacidade será reestabelecida somente uma ou três semanas após a realimentação, dependendo da severidade da restrição (Penner & Aschenbach, 2013). Esses resultados sugerem também que, os animais muito debilitados devem ser adaptados à dieta de alto grão de maneira mais lenta para evitar a ocorrência de acidose ruminal. Existe um curto período de restrição alimentar que ocorre naturalmente quando os animais chegam ao confinamento, pois durante alguns eventos, como a restrição antes da pesagem dos animais, o transporte, mudança de lotes (reestabelecimento social), mudança de ambiente (pasto x confinamento) e mudança na dieta, os animais não consomem quantidades suficientes de alimentos. Dessa forma, deve ser dada atenção especial aos animais no início do período de adaptação, para que o epitélio ruminal dos animais possa reestabelecer sua capacidade absortiva. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 181 Não é somente a restrição alimentar que afeta a capacidade de absorção do epitélio, quando o animal apresenta um quadro de acidose há redução na capacidade de absorção de ácidos graxos voláteis (Penner & Aschenbach, 2013). Dessa forma, animais debilitados que são adaptados de maneira abrupta à dieta de alto concentrado não conseguem se adaptar à nova condição, o que pode gerar acúmulo de ácidos no rúmen levando o animal ao quadro de acidose. Esse quadro agrava ainda mais o distúrbio digestivo, pois a capacidade de absorção dos ácidos, que é a mais importante forma de tamponar o rúmen, será drasticamente reduzida. Ainda são necessários mais estudos para esclarecer melhor o funcionamento dos mecanismos de transporte de nutrientes através da parede do rúmen, bem como sobre sua regulação (Penner, 2014). Novas investigações têm sido realizadas nessa área, obtendo importantes e inéditos resultados como os apresentados por Aschenbach et al. (2000), que descobriram que o epitélio ruminal apresenta capacidade de absorver glicose. No entanto resta saber se essa capacidade é um resquício do processo evolutivo ou apresenta um papel efetivo no fornecimento de energia para os ruminantes. ADAPTAÇÃO DOS MICRORGANISMOS Durante a adaptação do animal à nova dieta com maior proporção de concentrado, há uma mudança na população de microrganismos do rúmen. O pH dessa câmara fermentativa é fator determinante da taxa de crescimento de diferentes espécies de microrganismos, que utilizam diferentes substratos. As bactérias fibrolíticas são as espécies mais susceptíveis à redução no pH do meio e as amilolíticas menos susceptíveis (Russell et al., 1979; Therion et al., 1982). A fase de adaptação à dieta de alto grão é importante para favorecer o crescimento das bactérias utilizadoras de lactato (i.e. Propionibacterium, S. ruminantium e Anaerovibrio) que apresenta uma menor taxa especifica de crescimento em relação as espécies produtoras de lactato (i.e. Butyrivibrio, Streptococcus). De acordo com Weimer (2011), o fornecimento de dietas com alto grão resulta 182 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte no aumento nas populações de Streptococcus bovis e Escheria coli. Assim um rápido aumento na proporção de carboidratos rapidamente fermentáveis aumentaria rapidamente a população das bactérias produtoras de lactato, causando desequilíbrio entre a produção e consumo do ácido lático (Brown et al., 2006). A taxa de crescimento específico das bactérias ruminais varia muito de acordo com a espécie (0,2-2,5/h), porém todas as espécies apresentam capacidade de duplicar sua população várias vezes em 24 horas. Assim a resposta adaptativa dos microrganismos à nova dieta é muito rápida, necessitando de apenas alguns dias para que a nova composição de espécies de bactérias se estabeleça. É importante lembrar que, a dieta não é o único fator responsável pela seleção dos microrganismos ruminais. Resultados de pesquisa comprovam que o hospedeiro tem a capacidade de alterar a composição da população microbiana (Weimer et al., 2010). No entanto, mais pesquisas são necessárias para esclarecer melhor os mecanismos envolvidos. A partir de observações de resultados sobre as mudanças durante o período de adaptação pode-se observar que as mudanças na população de microrganismos ocorrem rapidamente e a estabilização da nova população ocorre em apenas alguns dias (Figura 4). Quanto à adaptação do epitélio ruminal, nota-se que as mudanças na atividade das células ocorrem também de forma rápida, necessitando geralmente de menos de uma semana (Penner & Aschenbach, 2013). Essas mudanças funcionais do epitélio ruminal são responsáveis pela rápida recuperação da capacidade absortiva de AGVs após um período de restrição alimentar. Em alguns casos a capacidade de absorção de AGVs foi aumentada sem que tenha ocorrido modificação na área da papilas ruminais (Penner et al., 2011). A proliferação das células epiteliais é uma resposta adaptativa do animal para aumentar sua área disponível para a absorção de AGVs, no entanto essa proliferação é um pouco mais demorada. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 183 Figura 4 - Representação do tempo despendido para as adaptações dos microrganismos, atividades celulares e a proliferação celular após a mudança na dieta. ASPECTOS PRÁTICOS DOS DIFERENTES MODELOS DIETÉTICOS PARA INTENSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE Como discutido anteriormente, a produção de carne bovina no Brasil se desenvolve em diversas regiões, as quais apresentam diferentes biomas e oportunidades. Dessa forma, é preciso definir claramente as metas do sistema para se escolher o modelo dietético a ser utilizado, para tanto, alguns fatores devem ser observados: Aspectos climáticos, precipitação; Disponibilidade de animais com boa genética; Facilidade de obtenção de grãos e subprodutos agrícolas a preços satisfatórios; Logística de escoamento do produto (qualidade de estradas e distância da planta frigorífica mais próxima); Bonificações por produto de melhor qualidade; Nível de gestão da propriedade; 184 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Infraestrutura e maquinário para armazenamento dos alimentos, confecção e distribuição da dieta; Qualificação da mão de obra da propriedade; Esses fatores serão decisivos para o sucesso produtivo e econômico do sistema. Portanto, o nutricionista deve estar ciente das principais vantagens a serem aproveitadas em cada situação para a escolha do melhor modelo dietético a ser utilizado. SEMICONFINAMENTO O sistema de semiconfinamento apresenta algumas peculiaridades, porém esse pode ser considerado como sendo um tipo de criação de bovinos à pasto com utilização de suplementos múltiplos fornecidos ao animal em maiores quantidades para se obter elevados ganhos. Segundo essa abordagem, a pastagem é utilizada como principal fonte de volumoso para os animais neste sistema, que recebem ainda uma suplementação no cocho em quantidade próxima à 1% do peso corporal. Esse sistema possui vantagens quando comparado a produção extensiva em pastagem ou uso de confinamento. Em relação à produção extensiva em pastagens, pode-se destacar a redução do tempo para terminação dos animais, aumentando o giro na propriedade bem como o desfrute; proporciona animais com carcaças com melhor acabamento; permite a engorda de gado o ano inteiro, o que facilita a comercialização dos animais em meses com melhor valor pago pela arroba; incrementa a fertilidade do solo com nutrientes provindos das fezes e urina, potencializando a reciclagem de nutrientes. A principal vantagem em relação ao uso de confinamento seria o baixo investimento financeiro em relação à infraestrutura (galpão para armazenamento de alimentos, silos, máquinas para mistura de dieta completa, etc.), além de utilizar volumoso de baixo custo (pastagem) e destinar as áreas que seriam utilizadas para produção de silagem para aumentar a área de pastagem da propriedade. Em tempos em que a sustentabilidade nos sistema de produção de carne é tão discutida, o semiconfinamento pode ser V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 185 uma alternativa para produzir carne de forma intensiva com maior bem estar animal. Como o volumoso utilizado é a pastagem, dois fatores são fundamentais para a eficiência do empreendimento, sua qualidade e quantidade. Seja de forma diferida ou áreas em formação, a disponibilidade de forragem de boa qualidade não pode ser limitante, pois de outra forma será necessária a compra de alimentos volumosos, o que poderá inviabilizar o sistema. Além disso, a oferta de volumoso estará sujeita às condições climáticas. Fatores como a precipitação e qualidade do manejo do pasto têm grande influência na oferta de forragem. Por ser um sistema baseado na exploração da pastagem como recurso basal para a alimentação dos bovinos, o sistema de semicofinamento apresenta dificuldade quanto à formulação das dietas e predição do desempenho dos animais, devido à dificuldade de predizer o consumo de pasto, bem como a qualidade do pasto ingerido. Dessa forma, o balanceamento de dietas para os animais nestes sistemas de produção assume características empíricas (Detmann et al., 2004). Todavia, existem algumas metodologias para estimar a ingestão de volumoso nessas condições (Carvalho et al., 2007), que poderão nortear a formulação de concentrado. Outra forma, mais prática, seria correlacionar o desempenho animal desejado com a formulação do concentrado. Para isso, se faz necessário o acompanhamento periódico do desempenho dos animais. O sistema de semiconfinamento possibilita ainda melhor aproveitamento da área, pois devido ao efeito substitutivo da MS de pasto pela MS de suplemento, gerado pelo maior fornecimento de alimentos concentrados, pode-se manter no pasto maior número de animais que a capacidade de suporte da pastagem sem a utilização de suplementação. Em casos mais extremos onde há baixa disponibilidade de gramínea para os animais, a capacidade de suporte do sistema pode ser aumentada através do fornecimento de volumoso no cocho juntamente com os alimentos concentrados, e dessa forma reduz-se a necessidade de MS de pasto (Paulino et al., 2006). 186 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte A substituição de MS de pasto pela MS do suplemento (efeito substitutivo) é um fator que varia de acordo com alguns aspectos como a qualidade do pasto (Dixon & Stockdale, 1999; Moore et al., 1999) e a quantidade de suplemento fornecido aos animais (Silva et al., 2009). Normalmente se observa o efeito substitutivo quando os animais são mantidos em forragens de boa qualidade (época das águas) e quando recebem maior quantidade de suplemento com elevado teor energético (Cabral et al., 2008). Esse efeito pode ser calculado segundo a formula descrita por Moore et al. (1999): CVFVAR = CVF(COM SUPLEMENTO) – CVF(SEM SUPLEMENTO) Onde: CVFvar= Variação no consumo voluntário de forragem; CVF(com suplemento)= Consumo voluntário de forragem (%PV) quando os animais receberam o suplemento; CVF(sem suplemento)= Consumo voluntário de forragem (%PV) quando os animais não receberam suplemento. Dessa maneira, quanto mais negativo for a variação no consumo voluntário de forragem entre os grupos de animais, maior será o efeito substitutivo. Apesar do semiconfinamento ser realizado geralmente utilizando pastagens na estação seca do ano, devido ao alto fornecimento de suplementos, espera-se então que o efeito substitutivo seja bastante frequente. Segundo a compilação de dados realizada por Silva et al. (2009), o efeito substitutivo se torna mais expressivo quando o fornecimento de suplemento ultrapassa 0,8% do peso vivo dos animais. A estratégia de suplementação pode variar de acordo com a forrageira utilizada (qualidade e quantidade), ganho de peso desejado, disponibilidade e preço dos alimentos concentrados, de forma que o objetivo é atingir o maior desempenho e menor custo de arroba possível. Normalmente essa suplementação varia entre 0,5 a 2% do peso corporal, com suplementos que variam de 15 a 40% de PB. Paulino et al. (2010) relataram ganhos diários de até 1,2 kg em bovinos criados à pasto com suplementação concentrada. É importante conhecer os níveis de nutrientes na pastagem pois eles irão definir a quantidade e composição do suplemento V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 187 concentrado a ser fornecido, devendo o mesmo conter boa fonte de minerais, bem como fornecer toda PDR e grande parte da PB, dependendo da qualidade do pasto. Nem toda energia exigida deve ser fornecida no suplemento, pois o fornecimento de PB potencializa a degradação da FDN do pasto e da fonte volumosa, fornecendo assim mais energia através da maior exploração da energia latente presente na fração fibrosa potencialmente digestível da dieta. Assim a demanda energética pode ser atingida pelo consumo de volumoso. Quanto maiores forem os níveis de concentrado na dieta, estratégias como fracionar o fornecimento durante o dia e o uso de aditivos são indicadas para potencializar o aproveitamento (digestão e metabolismo) dos alimentos pelos animais. CONFINAMENTO Simultaneamente à expansão mercadológica, as novas exigências dos consumidores quanto à qualidade fizeram com que a fase de terminação em confinamento obtivesse crescimento vertiginoso no Brasil. Em 2013, foram confinados aproximadamente 3,3 milhões de bovinos no país (Assocom), o que representa 12,9% do total de animais abatidos. Esse crescimento pode ser explicado pela necessidade de melhorar a eficiência de produção e a qualidade de carcaça e de carne dos animais. Assim, uma estratégia inicialmente utilizada apenas no período das secas, hoje o confinamento passou a ser utilizado por algumas empresas como ferramenta para produção de carne de qualidade no ano inteiro. Apesar do confinamento estar cada vez mais incorporado nos sistemas de bovinos de corte, observa-se que essa atividade apresenta lucratividade por animal reduzida, tornando-se mais rentável com o aumento do número de animais produzidos. Dessa forma, o modelo nutricional exerce grande influência sobre os resultados financeiros do confinamento, principalmente pelo fato de representar o maior componente do custo variável desses sistemas. Portanto, para que os alimentos sejam utilizados com maior eficiência pelos animais, se torna fundamental o balanceamento e processamento correto das rações. Lembrando-se sempre que a 188 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte melhor dieta é aquela que proporciona menor custo da arroba produzida. TIPOS DE CONFINAMENTO Os confinamentos podem ser divididos em três grupos principais, sendo o primeiro deles aquele que usa níveis normais ou moderados de concentrado, ou seja, oferta de concentrado na base de 1 e 1,5% do peso corporal. O segundo grupo seria aquele que usa altos níveis de concentrado, ou seja, geralmente no mínimo 80% de concentrado na base da matéria seca da dieta. Já o terceiro grupo seria caracterizado por aqueles confinamentos que usam dietas constituídas exclusivamente de concentrados (estando incluído nessas dietas alguns coprodutos como a polpa cítrica, a casca de soja e o caroço de algodão) ou seja, são confinamentos que não utilizam volumoso. Ressalta-se que não existe um grupo recomendado para todos os sistemas de produção, assim a escolha do tipo de confinamento a ser adotado depende principalmente da região (incluindo necessariamente a disponibilidade de grãos e coprodutos em quantidade e preços acessíveis), do número de animais a serem confinados e do preço pago pelo boi magro e pela arroba do produto final. USO DE CONFINAMENTO COM ALTO CONCENTRADO Quando iniciou-se a utilização de sistemas intensivos para a terminação animal, o foco dos nutricionistas foi sempre balancear dietas de menor custo e consequentemente com maiores proporções de volumoso. Todavia, com o amadurecimento do uso desse sistema produtivo, os confinadores passaram a perceber que a dieta mais vantajosa seria a dieta que proporciona menor custo da arroba produzida. Dietas com alto volumoso, apesar de serem mais baratas, podem proporcionar maior consumo e menor ganho, consequentemente os animais precisam de mais tempo de confinamento para serem abatidos. Outro problema ocorre com a estocagem e distribuição dos alimentos, que exigem maiores custos V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 189 operacionais, principalmente em plantas de confinamento de grande porte onde se trabalha com grandes quantidades de alimento. Dessa forma, a utilização de dietas com maiores teores de concentrado se tornou uma realidade nos confinamentos brasileiros,em locais onde existe oferta de grãos em quantidade e preço reduzido. De modo geral, o aumento na proporção de concentrado na ração leva à melhoria em sua digestibilidade (Costa et al., 2005). Essa estratégia de manejo alimentar caracteriza-se por proporcionar rápido ganho de peso, alta eficiência de conversão alimentar e consequente diminuição no tempo da fase de terminação, menor custo de mão-de-obra, menor necessidade de armazenamento de alimentos e geralmente maior uniformidade no desempenho (Bulle et al., 2002), além de melhorar as características da carcaça, como área de olho de lombo e espessura de gordura subcutânea (Costa et al., 2005). Em estudo realizado para avaliar os níveis de concentrado nas dietas de bovinos em terminação, Woody et al. (1983) encontraram que animais alimentados com dietas com maiores níveis de concentrado (90%) ganharam peso 7% mais rápido e apresentaram requerimento alimentar 16% menor por unidade de ganho, como mostra a Tabela 1. Contudo, deve-se ressaltar que valores médios não são recomendados para obter conclusões adequadas, uma vez que o efeito de estudo não é considerado quando se usam apenas a média. 190 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Tabela 1 - Desempenho de bovinos de corte alimentados com diferentes níveis de concentrado Grupo Genetico Holandez:Zebu Nelore Nelore Holandez:Zebu Nelore Nelore, Nel/angus, Nel/simental Holandez:Zebu Nelore Nelore Holandez:Zebu Canchim Canchim/Nelore Canchim/Nelore Nelore Cruzados Cruzados Nelore Nelore, Nel/angus, Nel/simental Cruzados 3/4Europeu:1/4zebu Nelore Nelore Cruzados Santa Gertrudes Santa Gertrudes Santa Gertrudes Santa Gertrudes Nelore 3/4Europeu:1/4zebu Cruzados Nelore Cruzados Cruzados Cruzados Cruzados Cruzados Nivel de Conc. (%) 20.0 22.0 35.0 35.0 40.0 FDN (%) 54.1 48.0 46.8 46.1 43.8 CMS (kg/dia) 9.9 6.1 8.1 10.7 6.7 GMD (kg) 1.31 1.05 0.90 1.25 1.29 Conversão Alimentar 7.4 5.8 9.0 8.7 5.3 41.0 45.8 9.0 1.24 7.1 Marcondes et al., (2011) 50.0 59.0 65.0 65.0 66.5 66.5 66.5 66.5 70.0 71.3 73.0 38.4 38.1 30.8 30.8 25.6 25.6 25.6 25.6 38.9 - 11.7 7.2 7.8 11.4 11.8 9.4 8.9 8.3 10.3 8.3 7.5 1.54 1.40 1.07 1.50 1.43 1.32 1.29 1.17 1.46 1.49 1,38 7.4 5.2 7.6 7.8 8.3 7.1 7.0 6.9 7.0 5.6 5.5 Pereira et al., (2006) Missio et al., (2009) Costa et al., (2005) Pereira et al., (2006) Rubiano et al., (2009) Rubiano et al., (2009) Rubiano et al., (2009) Rubiano et al., (2009) Bartle et al., (1994) Souza et al., (2009) Leme et al. 2003 75.0 38.9 9.7 1.32 7.1 Marcondes et al., (2011) 75.2 79.0 79.0 79.0 80.0 80.0 80.0 80.0 80.0 84.7 85.0 85.0 85.0 85.9 87.1 87.2 90.0 90.0 41.6 31.2 28.7 38.8 35.66 32.45 30.28 25.2 26.8 16.7 17.9 12.3 - 7.8 7.3 7.9 7.2 9.3 7.94 8.16 8.17 7.73 10.1 7.9 9.2 8.3 6.7 7.0 6.6 8.3 9.1 1.51 1.24 1,49 1.43 1.53 1,49 1.59 1.5 1.54 1.37 1.36 1.53 1,51 1.20 1.22 1.09 1.54 1.57 5.2 5.9 5.5 5.0 6.1 5.3 5.0 5.6 5.0 7.5 5.8 6.1 5.3 5.6 5.7 6.1 5.4 5.8 Souza et al., (2009) Bulle et al., (2002) Leme et al. 2003 Missio et al., (2009) Bartle et al., (1994) Henrique et al., (2004) Henrique et al., (2004) Henrique et al., (2004) Henrique et al., (2004) Benedeti et al., (2014) Bulle et al., (2002) Kreikemeier et al., (1990) Leme et al. 2003 Defoor et al., (2002) Defoor et al., (2002) Defoor et al., (2002) Bartle et al., (1994) Kreikemeier et al., (1990) Autores Pereira et al., (2006) Missio et al., (2009) Costa et al., (2005) Pereira et al., (2006) Missio et al., (2009) V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte Grupo Genetico Cruzados 3/4Europeu:1/4zebu Cruzados Cruzados Cruzados Cruzados Cruzados Cruzados Cruzados Cruzados Nivel de Conc. (%) 90.0 91.0 91.9 93.9 94.8 95.0 96.4 97.4 100.0 100.0 FDN (%) 22.4 14.4 13.0 10.8 7.5 - CMS (kg/dia) 11.6 6.9 7.0 6.6 11.7 9.0 6.6 6.1 8.6 10.4 GMD (kg) 1.74 1.20 1.26 1.13 1.61 1.52 1.14 0.89 1.34 1.52 Conversão Alimentar 6.7 5.7 5.5 5.8 7.2 5.9 5.7 6.8 6.4 6.8 - 191 Autores Shain et al., (1999) Bulle et al., (2002) Defoor et al., (2002) Defoor et al., (2002) Shain et al., (1999) Kreikemeier et al., (1990) Defoor et al., (2002) Defoor et al., (2002) Kreikemeier et al., (1990) Shain et al., (1999) DIETA DO GRÃO INTEIRO O milho é reconhecidamente a principal fonte energética para alimentação de bovinos, sendo largamente utilizado na maioria das dietas para confinamento. Tanto que, pesquisas tem sido feita ao longo dos anos visando conhecer qual a melhor forma de utilização deste alimento na dietas de ruminantes (Owens et al., 1995; Secrist et al., 1996; Richards & Hicks, 2007) visando eficiência produtiva e econômica. Dessa forma, o milho é incluído de diversas formas nas dietas de animais em confinamento, podendo se destacar o uso do grão de milho moído, floculado, silagem de grão úmido, entre outras. Porém, todas as formas de utilização citadas necessitam de um tipo de processamento do grão, o que muitas vezes pode aumentar os custos da dieta. Dietas sem volumoso e a base de grão de milho inteiro são utilizadas há quarenta anos nos Estados Unidos e chegaram mais recentemente ao Brasil por apresentar vantagens como a melhoria da conversão alimentar sem a necessidade de emprego de processamentos mais modernos (Grandini, 2009). Além disso, o uso deste tipo de dieta diminui a necessidade de maquinário, armazenamento e facilita a distribuição. Esta facilidade na operacionalização permite o uso dessas tanto por grandes quanto por pequenos confinamentos. No entanto, existem algumas características nutricionais que devem ser levadas em consideração para o emprego desta tecnologia. 192 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Primeiramente, tem-se que a principal e praticamente exclusiva fonte energética dessa dieta é o milho, então o foco é maximizar a digestão do amido proveniente do milho, sem causar distúrbios metabólicos nos animais. O fornecimento de grão de milho sem processamento (grão inteiro) para os animais geralmente diminui a digestibilidade do amido quando se compara com o fornecimento de milho moído (92% vs 76%). Se por um lado essa redução da digestibilidade representa menor aproveitamento da dieta, por outro lado, o pH ruminal geralmente decresce menos quando os animais consomem o grão de milho inteiro, desta forma o milho inteiro traz maior segurança na prevenção de distúrbios metabólicos (Corona et al., 2005). Apesar de ser uma dieta com alta densidade energética o fato é que, a energia contida no milho grão inteiro é liberada de forma gradual, já que precisa haver a degradação do grão de milho para a liberação do amido que está presente em sua maioria no endosperma. A ausência de volumoso poderia ser um problema principalmente por sua função como fonte de fibra, visando a saúde e motilidade ruminal. No entanto, devido a sua estrutura física, os grãos de milho por si só são capazes de estimular a ruminação e promover maior salivação e mais elevado pH ruminal. Além disso, o uso de dietas de grão inteiro promove taxas de passagem ruminal mais lenta, o que até certo ponto seria desejado pois aumenta o tempo de exposição do grão à fermentação ruminal. Como consequência da menor taxa de passagem, haverá diminuição no consumo sem que o ganho de peso seja afetado, proporcionando assim melhor conversão alimentar, sendo esse o melhor parâmetro a ser avaliado para a adoção desta técnica (Grandini, 2009). Tarr & Van Niekerk, (1981), testando dietas à base de grão de milho inteiro e milho moído grosso para bovinos em confinamento, encontraram melhoria de 4,4% na conversão alimentar para os animais alimentados com grão inteiro. Na Tabela 2 são apresentados os resultados descritos por Owens et al. (1995), mostrando pouca diferença entre o desempenho de animais alimentados com dietas à base de milho com diferentes processamentos. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 193 Tabela 2 - Efeito do processamento de grãos de milho no desempenho de bovinos confinados Processamentos Whole Dry Roll High Moisture Steam Roll CMS (kg) 8,72 9,53 9,03 8,26 GMD (kg) 1,45 1,43 1,38 1,42 Conversão Alimentar 6,07 6,68 6,69 5,82 Há no entanto, carência de trabalhos de pesquisa em condições brasileiras sobre o efeito das dietas sem volumoso sobre os aspectos produtivos de animais Nelore tradicionalmente confinados no Brasil. É preciso entender melhor qual impacto desse tipo de dieta sobre o desempenho e sobre a saúde dos animais. Apesar de poucos dados científicos, os confinadores brasileiros já têm utilizado essas dietas, sendo assessorados por técnicos que se basearam principalmente nos resultados obtidos em outros países. CONSUMO E MANEJO DE COCHO O consumo de MS é um parâmetro que tem grande correlação com o desempenho animal (Valadares Filho, 2010). Como realizar pesagens periódicas durante o confinamento pode trazer prejuízos para o ganho de peso, o controle do consumo diário é utilizado para acompanhamento do desempenho dos animais. Busca-se também o mínimo de variação possível para o consumo, a mesma poderá causar malefícios à saúde e ao desempenho dos animais, além de aumentar o desperdício de alimento (sobras) e prejuízos na logística operacional. Dessa forma, existe a busca por manejos de cochos nos quais possibilitem minimizar as variações bruscas na ingestão de MS. Para evitar o desperdício de sobras e consequentemente diminuir prejuízos financeiros, nos últimos anos vem sendo difundido o manejo de cocho limpo, que consiste em um manejo para que o cocho fique vazio em menos de 24 horas após a alimentação (Lawrence, 2000). Esta técnica vem sendo difundida por apresentar vantagens como diminuir o problema do consumo excessivo e o 194 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte acumulo de sobras, o que pode resultar em seleção de alimento pelos animais e consequentemente aumento de comida estragada no cocho. No entanto, existe o risco de fornecer a dieta aquém do necessário, o que irá causar prejuízo no desempenho e maior competição entre os animais para acessar o cocho. Portanto, a “leitura” de cocho deve ser feita diariamente e de forma adequada, com o objetivo de manter o consumo dos animais constante e maximizar a eficiência de ganho. Estudos têm reportado melhoria significativa na conversão alimentar em confinamentos com manejo de cocho limpo, quando comparado com alimentação ad libitum (Galyean, 1999). Pritchard & Bruns (2003), trabalhando com diferentes manejos de cocho com novilhos mestiços em terminação, não encontraram diferença na taxa de crescimento entre os animais alimentados com manejo de cocho limpo e aqueles alimentados ad libitum. A eficiência alimentar e o marmoreio apresentaram tendência de ser melhorada nos animais que estavam em sistema de alimentação restrito. Tais resultados mostram que o manejo de cocho limpo pode ser alternativa para aumentar a eficiência alimentar e econômica de animais em confinamentos. Caracterização das dietas utilizadas no Brasil Como discutido anteriormente, a fibra exerce papel fundamental na nutrição de bovinos, no entanto ainda existem divergências quanto aos níveis mínimos permitidos para que o desempenho animal seja afetado. Sabe-se no entanto que a presença de volumoso é importante para evitar distúrbios metabólicos e maximizar a eficiência alimentar. No Brasil, a média da participação de volumoso nas dietas para confinamento fica em torno de 28,8% (em % da MS) das dietas, sendo que as principais fontes de forragem utilizadas pelos nutricionistas brasileiros são: cana-deaçúcar picada (32,3 %); silagem de milho (25,8%), silagem de sorgo (22,6%) e bagaço de cana cru (9,2%). Já para a formulação de concentrado, o milho aparece como fonte primaria de grão nas dietas (79,3 %) seguido pelo sorgo (20,7%). Em relação ao uso de V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 195 concentrado, 96,8 % dos nutricionistas utilizam dietas com concentrado acima de 56%, sendo que 19,4 % fornecem acima de 80 % (Millen et al., 2009). Com as altas proporções de grãos, principalmente o milho, nas dietas para confinamento, torna-se fundamental a otimização do uso desse alimento, bem como do amido, seu principal constituinte. A grande maioria do amido é degradada e convertida a AGV no rúmen, no entanto para ter acesso a esse nutriente os microrganismos ruminais necessitam romper as matrizes protéicas que limitam a ação de enzimas, protegendo o amido. Assim, sua digestibilidade é afetada pela eficiência do processo de quebra dessas matrizes. Para facilitar esse acesso dos microrganismos existem alguns tipos de processamentos físicos dos grãos antes de serem utilizados na dieta. O principal deles é a moagem, que causa aumento na superfície especifica, quebrando as matrizes protéicas e permitindo melhor degradação no rúmen. Quanto mais fina for a moagem, maior a superfície especifica e consequentemente maior ação das enzimas microbianas. Outras alternativas à moagem têm sido utilizadas, como a ensilagem de grão úmido e a floculação. O processo de floculação consiste em expor os grãos a altas temperaturas por um período de tempo e posteriormente à pressão física para obter a densidade desejada. Esse processo aumenta a superfície especifica e quebra as matrizes protéicas que revestem o amido. Em revisão de vários trabalhos que avaliaram o efeito da floculação do milho comparado com a laminação a seco no desempenho de bovinos confinados, Santos et al. (2004) encontraram variação positiva de 10,4% na eficiência alimentar para os animais alimentados com milho floculado. Esse processamento é bastante difundido nos EUA e começa a fazer parte das dietas nos confinamentos brasileiros. Coprodutos e aditivos Devido aos altos custos dos grãos, surge o interesse em fontes alimentares alternativas que melhorem a rentabilidade do sistema. Uma alternativa à utilização de grãos bastante utilizada no 196 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Brasil é a inclusão de coprodutos agrícolas. Especialmente em confinamentos que utilizam alto grão, a adição pode ser benéfica também do ponto de vista nutricional, pois substitui os carboidratos rapidamente degradáveis (amido) por pectina e fibra que auxiliam na saúde do ambiente ruminal. Dentre os principais coprodutos agrícolas utilizados na alimentação de ruminantes, podem-se destacar a polpa cítrica, o caroço de algodão e a casca de soja, entre outros. Cerca de 80% dos nutricionistas brasileiros utilizam alguma fonte de coprodutos em suas formulações (Millen et al., 2009). Estudando os efeitos da substituição do milho pela polpa cítrica (40, 60, 80 e 100%) em diferentes níveis em dietas para machos inteiros cruzados, Prado et al. (2000) não encontraram diferenças para os parâmetros de ganho em peso, consumo de matéria seca, proteína bruta, energia bruta e fibra em detergente neutro, conversão alimentar da matéria seca e proteína bruta, rendimento de carcaça, gordura de cobertura e área de olho de lombo. Dessa forma os autores concluiram que a polpa cítrica peletizada pode ser utilizada em substituição parcial ou total ao milho, na alimentação de bovinos confinados. USO DO BR-CORTE 2.0 PARA FORMULAR DIETAS E PREDIZER O DESEMPENHO DE BOVINOS O programa BR-CORTE 2.0 (Figura 5), pode ser utilizado como uma ferramenta eficiente e confiável na formulação de rações para bovinos de corte. O Programa possibilita a formulação de dietas que atendem as exigências de energia, proteína, macro e microminerais. - 197 Figura 5 - Página inicial do Programa BR-CORTE 2.0. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte 198 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Para atender os requerimentos de energia, o usuário tem a opção de escolher entre Nutrientes Digestíveis Totais (NDT), Energia Metabolizável (EM) ou Energia Líquida (EL). Para a proteína as opções para otimizar a dieta são o balanceamento em termos de proteína degradada no rúmen (PDR), proteína não degradada no rumen (PNDR) e proteína bruta (PB). Para os macrominerais, é possível atender as exigências de Cálcio (Ca), Fósforo (P), Magnésio (Mg), Potássio (K), Sódio (Na) e Enxofre (S) enquanto para os microminerias pode-se atender as exigências de Cobalto (Co), Cobre (Cu), Iodo (I), Manganês (Mn), Selênio (Se) e Zinco (Zn). O programa formula dietas com níveis normais de concentrado, ou seja, com uma relação volumoso: concentrado que varia de 60:40 a 40:60; com alta proporção de concentrado (igual ou superior a 80%) ou dietas exclusivas de concentrado. Para dietas com alto concentrado ou exclusivas de concentrado deve-se ter cuidado na escolha dos ingredientes, pois existe um nível mínimo de fibra (25% de FDN) que deve ser atendido.Ressalta-se que esse valor pode ser alterado pelo usuário. Existem alguns programas de formulação de rações disponíveis no mercado e como diferencial, o programa BR-CORTE 2.0 permite alterar a composição dos alimentos utilizados na formulação e algumas exigências nutricionais do animal. Essas ferramentas funcionam da seguinte forma: para a alteração da composição dos alimentos, o usuário deve, na tela de definição de restrições, clicar no nome do alimento. Uma tela com o relatório de composição se abrirá e todos os campos estarão disponíveis para edição (Figura 6). Após a alteração da composição de acordo com a necessidade do usuário, clica-se em “Alterar”. Figura 6 - Tela de edição da composição química dos ingredientes. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 199 200 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte O programa redireciona para a página de definição de restrições e desse ponto em diante a nova composição editada pelo usuário é considerada para a otimização da dieta. O valor alterado vale apenas para a dieta formulada no momento, ao sair do programa e entrar novamente, os valores originais da tabela resumida, importados diariamente da tabela CQBAL 3.0, serão recarregados. Essa ferramenta de alteração de composição é útil por dois motivos principais. Primeiro, porque embora a Tabela CQBAL 3.0 seja atualizada constantemente, alguns dados podem não estar disponíveis on line no momento em que são gerados pelas instituições, o que causa uma demora no seu cadastro no sistema. Segundo, se o usuário tiver facilidade em determinar a composição química dos ingredientes que utiliza em sua propriedade ou empresa e não quiser usar um valor médio de composição, pode utilizar esses dados em suas formulações. Além da alteração da composição do alimento é possível ainda a alteração dos limites mínimos de FDN e máximos de EE nas dietas em termos quantitativos. Além disso pode-se alterar as exigências nutricionais de energia líquida para mantença e para ganho de peso, as exigências de proteína metabolizável totais, as exigências de PDR e finalmente as exigências dietéticas de todos os minerais. Neste caso, apenas alguns campos estarão disponíveis para a alteração porque os valores não disponíveis serão recalculados, utilizando os valores editados pelo usuário, nos passos intermediários das operações (Figura 7). Figura 7 - Tela de exigências nutricionais com os campos disponíveis para edição. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 201 202 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte O BR-CORTE também possui uma ferramenta que permite predizer o desempenho animal a partir de uma dieta. O usuário informa os dados do animal e o ganho esperado. Da mesma forma que na ferramenta de formulação de rações, selecionam-se os ingredientes do volumoso, concentrado e as fontes de minerais. Na tela de definição de quantidades, o usuário informa a quantidade dos ingredientes que poderá ser colocado em unidades de matéria seca ou de matéria natural. Na Tabela de predição de desempenho são apresentados os ganhos potenciais referentes à energia metabolizável e proteína metabolizável (Figura 8) disponibilizados pela dieta. - 203 Figura 8 - Predição de desempenho para uma dieta. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte 204 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte CONCLUSÕES Classificando os tipos de confinamento quanto ao modelo dietético adotado, conclui-se que não há um modelo padrão que pode ser adotado como melhor opção para todas as regiões do Brasil, sendo a escolha do melhor modelo dietético dependente de peculiaridades de cada região. Além do ganho de peso que as dietas podem proporcionar, outros aspectos também devem ser considerados, como os de manejo, logística e disponibilidade de terra. A utilização de dietas sem volumoso se torna extremamente dependente do custo do milho, principal componente dessa dieta. Esse tipo de dieta, pode se tornar interessante em algumas situações, como por exemplo, quando o valor da arroba e dos insumos estão favoráveis e o confinador desejar aumentar o número de animais confinados, mas não tem volumoso disponivel. O programa BR-CORTE 2.0 pode ser usado para formular dietas que atendam aos diferentes tipos de confinamento, desde aqueles com baixo concentrado até os sem volumoso. A inclusão da predição de desempenho no programa pode contribuir em muito para avaliar na prática as dietas formuladas. REFERÊNCIAS Adams, M.C. et al. Selection of a novel direct-fed microbial to enhance weight gain in intensively reared calves. Animal Feed Science and Technology, v.145, n.1-4, p.41-52, 2008. Allen, M.S. Relationship between fermentation acid production in the rumen and the requirement for physical effective fiber. Journal of Dairy Science, v.80, n.7, p.1447-1462, 1997. Arelovich, H.M.; Abney, C.S.; Vizcarra, J.A.; Galyean, M.L. Effects of Detergent of Dietary Neutral Fiber on Intakes of Dry Matter and Net Energy by Dairy and Beef Cattle : Analysis of Published Data. The Professional Animal Scientist, v.24, p.375–383, 2008. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 205 Aschenbach, J.R.; Penner, G.B.; Stumpff, F.; Gäbel, G. Ruminant Nutrition Symposium: Role of fermentation acid absorption in the regulation of ruminal pH. Journal of Animal Science, v.89, n.4, p.1092–107, 2011. Aschenbach, J.R.; Wehning, H.; Kurze, M.; Schaberg, E.; Nieper, H.; Burckhardt, G.; Gäbel, G. Functional and molecular biological evidence of SGLT-1 in the ruminal epithelium of sheep. American Journal of Physiology. Gastrointestinal and Liver Physiology, v.279, n.1, p.G20–G27, 2000. ASSOCON Associação http://www.assocon.com.br. Nacional dos Confinadores. Bartle, S.J. et al. Dietary energy source and density: effects of roughage source, roughage equivalent, tallow level, and steer type on feedlot performance and carcass characteristics. Journal of Animal Science, v.72, n.8, p.1943-53, Aug 1994. Brown, M.S.; Millen, D.D. Protocolos para adaptar bovinos confinados a dietas de alto concentrado. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO DE RUMINANTES, Botucatu. Recentes avanços na nutrição de bovinos confinados: Anais... Botucatu: UNESP, Faculdade de Ciências Agronômicas, 2009. p.2-22, 2009. Brown, M.S.; Ponce, C.H.; Pulikanti, R. Adaptation of beef cattle to highconcentrate diets : Performance and ruminal metabolism. Journal of Animal Science, v.84, E. Suppl., p.E25–E33, 2006. Buckmaster, D. et al. Characterizing effective fiber with particle size and fiber concentration interactions. In: Grassland Congress. p.8-19, 1997. Bulle, M.L.D.M. et al. Desempenho de Tourinhos Cruzados em Dietas de Alto Teor de Concentrado com Bagaço de Cana-de-Açúcar como Único Volumoso. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, p.444-450, 2002. Buttrey, E.K.; Luebbe, M.K.; Bondurant, R.G.; Macdonald, J.C. Grain adaptation of steers to steam-flaked corn-based diets using a complete starter feed. The Professional Animal Scientist, v.28, p.482–488, 2012. Cabral, L.S.; Zervoudakis, J.T.; Coppedê, C.M. et al. Suplementação de bovinos de corte mantidos em pastagem de Panicum maximum cv. Tanzânia-1 no período das águas. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.9, n.2, p.293-302, 2008. 206 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Carvalho, P.C.F.; Kozloski, G.V.; Filho, H.M.N.R.; Reffatti, M.V.; Genro, T.C.M.; Euclides, V.P.B. Avanços metodológicos na determinação do consumo de ruminantes em pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, suplem., p.151–170, 2007. CEPEA/ESALQ – Centro de Estudos Avancados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" http://www.cepea.esalq.usp.br/ Cervieri, R.C.; Carvalho, J.C.F.; Martins, C.L. Evolução do manejo nutricional nos confinamentos brasileiros: importância da utilização de subprodutos da agroindústria em dietas de maior inclusão de concentrado. In: II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO DE RUMINANTES, 2, 2009, Botucatu. Anais... Botucatu: IV SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO DE RUMINANTES, 2009, p.2-22. Costa, M.A.L. et al. Desempenho, digestibilidade e características de carcaça de novilhos zebuínos alimentados com dietas contendo diferentes níveis de concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, p.268-279, 2005. Defoor, P.J. et al. Effects of roughage source and concentration on intake and performance by finishing heifers. Journal of Animal Science, v.80, n.6, p.1395-1404, 2002. Detmann, E.; Paulino, M.F.; Zervoudakis, J.T.; Cecon, P.R.; Valadares Filho, S.C.; Gonçalves, L.C.; Cabral, L.S.; Melo, A.J.N. Níveis de Proteína Bruta em Suplementos Múltiplos para Terminação de Novilhos Mestiços em Pastejo Durante a Época Seca: Desempenho Produtivo e Características de Carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.1, p.169–180, 2004. Detmann, E.; Paulino, M.P.; Valadares Filho, S.C. Otimização do uso de recursos forrageiros basais. In: VII SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 7, 2010, Viçosa. Anais... VII SIMCORTE, 2010, p.191-240. Detmann, E.; Queiroz, A.C.; Cecon, P.R.; Zervoudakis, J.T.; Paulino, M.F.; Valadares Filho, S.C.; Cabral, L.S.; Lana, R.D.P. Consumo de Fibra em Detergente Neutro por Bovinos em Confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1763–1777, 2003. Detmann, E.; Valadares Filho, S.C.; Paulino, M.F. Predição do valor energético de dietas para bovinos a partir da composição química dos alimentos. In: Valadares Filho, S.C.; Marcondes, M.I.; Chizzotti, M.L.; Paulino, P.V.R. (Eds.) BR CORTE - Exigências nutricionais de zebuínos puros e cruzados-BR CORTE. Viçosa: Suprema, 2010, p.193. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 207 Dixon, R.M.; Stockdale, C.R. Associative effects between forages and grains: consequences for feed utilization. Australian Journal of Agricultural Research, v.50, n.3, p.757-773, 1999. Fernandes, A.R.M.; Sampaio, A.A.M.; Henrique, W.; Perecin, D.; Oliveira, E.A.; Túllio, R.R. Avaliação econômica e desempenho de machos e fêmeas Canchim em confinamento alimentados com dietas à base de silagem de milho e concentrado ou cana-de-açúcar e concentrado contendo grãos de girassol. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.4, p.855–864, 2007. Galyean, M.; Defoor, P. Effects of roughage source and level on intake by feedlot cattle. Journal of Animal Science, v.81, p.E8-E16, 2003. Galyean, M.L. Review: Restricted and Programmed Feeding of Beef Cattle— Definitions, Application, and Research Results. The Professional Animal Scientist, v.15, n.1, p.1-6, 1999. Gill, D.R.; Owens, F.N.; Fent, R.W.; Fulton, R.K. Thiopeptin and roughage level for feedlot steers. Journal of Animal Science, v.49, n.5, p.1145-1150, 1979. Goulart, G.S.; Nussio, L.G. Exigências de fibra fisicamente efetiva para bovinos confinados. In: VII SIMPÓSIO DE PECUÁRIA DE CORTE, 7, 2011, Lavras. Anais... VII SIMPEC, 2011, p.111-153. Henrique, W. et al. Desempenho e características da carcaça de tourinhos Santa Gertrudes confinados, recebendo dietas com alto concentrado e níveis crescentes de polpa cítrica peletizada. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.2, p.463-470, 2004. Hoover, W.H. Chemical factors involved in ruminal fiber digestion. Journal of Dairy Science, v.69, n.10, p.2755–66, 1986. Kaske, M.; Engelhardt, W.V. The effect of size and density on mean retention time of particles in the gastrointestinal tract of sheep. The British Journal of Nutrition, v.63, n.3, p.457–65, 1990. Kozloski, G.V. Bioquímica dos Ruminantes, 2a edição, editoraufsm, p.13, Santa Maria, 2009. Kreikemeier, K.K. et al. Steam-rolled wheat diets for finishing cattle: effects of dietary roughage and feed intake on finishing steer performance and ruminal metabolism. Journal of Animal Science, v.68, n.7, p.2130-41, 1990. 208 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Lammers, B.P. et al. A simple method for the analysis of particle sizes of forage and total mixed rations. Journal of Dairy Science, v.79, p.922-928, 1996. Lawrence, R.J. A comparison of feedlot bunk management strategies and their influence on cattle performance and health. Animal Production in Australia, v.22, p.177-180, 2000. Leme, P.R. et al. Utilização do bagaço de cana-de-açúcar em dietas com elevada proporção de concentrados para novilhos Nelore em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, p.1786-1791, 2003. Maekawa, M.; Beauchemin, K.A.; Christensen, D.A. Effect of concentrate level and feeding management on chewing activities, saliva production, and ruminal pH of lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, v.85, n.5, p.1165-1175, 2002. Magalhães, A.L.R.; Campos, J.M.S.; Valadares Filho, S.C. et al. Cana-deAçúcar em Substituição à Silagem de Milho em Dietas para Vacas em Lactação: Desempenho e Viabilidade Econômica. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.5, p.1292-1302, 2004. Marcondes, M.I. et al. Feed efficiency of pure and crossbred cattles fed high or low concentrate level. Brazilian Journal of Animal Science, v.40, n.6, p.1313-1324, 2011. Marques, R.S. Efeito da avaliação do nível de forragem em dietas contendo grão de milho inteiro e os benefícios da floculação na terminação de tourinhos Nelore. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiros” ESALQ/USP, 2011, p. 72. Dissertação (Mestrado em Zootecnia), Universidade de São Paulo, 2011. McDougall, E.I. Studies on ruminant’s saliva. I. The composition and output of sheep's saliva. Biochemistry Journal, v.43, p.99, 1948. Menezes, G.C.C. Cana de açúcar in natura ou ensilada e silagem de milho em dietas para bovinos de corte confinados. 2010. p.74. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2010. Mertens, D. Predicting intake and digestibility using mathematical models of ruminal function. Journal of Animal Science, v.64, p.1548–1558, 1987. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 209 Mertens, D.R. Creating a system for meeting the fiber requirements of dairy cows. Journal of Dairy Science, v.80, p.1463-1481, 1997. Mertens, D.R. Physically effective NDF and its use in dairy rations explored. Feedstuffs, p.11-14, 2000. Millen, D.D.; Arrigoni, M.D.B. Protocolos de adaptação para bovinos nelore confinados: desempenho e saúde ruminal. In: IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO DE RUMINANTES, 4, 2013, Botucatu. Anais... Botucatu: UNESP, Faculdade de Ciências Agronômicas, p.35-51, 2013. Millen, D.D.; Pacheco, R.D.L.; Arrigoni, M.D.B.; Galyean, M.L.; Vasconcelos, J.T. A snapshot of management practices and nutritional recommendations used by feedlot nutritionists in Brazil. Journal of Animal Science, v.87, n.10, p.3427–3439, 2009. Missio, R.L. et al. Desempenho e avaliação econômica da terminação de tourinhos em confinamento alimentados com diferentes níveis de concentrado na dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.1309-1316, 2009. Moore, J.E.; Brant, M.H.; Kunkle, W.E.; Hopkins, D.I. Effects of Supplementation on Voluntary Forage Intake, Diet Digestibility, and Animal Performance. Journal of Animal Science, v.77, p.122–135, 1999. Nagaraja, T.G.; Chengappa, M.M. Liver abscesses in feedlot cattle: a review. Journal of Animal Science, v.76, p.287–298, 1998. Nagaraja, T.G.; Titgemeyer, E.C. Ruminal Acidosis in Beef Cattle: The Current Microbiological and Nutritional Outlook. Journal of Dairy Science, v.90, E. Suppl., p.E17–E38, 2007. Nocek, J.E. Bovine Acidosis: Implications on Laminitis. Journal of Dairy Science, v.80, n.8, p.1005–1028, 1997. NRC. Nutrient Requirements of Beef Cattle. 7th. ed. Washington, DC: National Academy Press, 1996. (Nutrient requeriments of domestic animals). Owens, F.N.; Secrist, D.S.; Hill, W.J.; Gill, D.R. Acidosis in cattle : a review. Journal of Animal Science, v.76, p.275–286, 1998. 210 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Paulino, M.F.; Detmann, E.; Valadares Filho, S.C.; Silva, A.G.; Cabral, C.H.A.; Valente, É.E.L.; Barros, L.V.; Paula, N.F.; Lopes, S.A.; Couto, V.R.M. Bovinocultura programada. VII SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 7, 2010, Viçosa. Anais... VII SIMCORTE, p.267-297, 2010. Paulino, M.F.; Zamperlini, B.; Figueiredo; D.M.; Moraes, E.H.B.K.; Fernandes, H.J.; Porto, M.O.; Sales, M.F.L.; Paixão, M.L.; Acedo, T.S.; Detmann, E.; Valadares Filho, S.C. Bovinocultura de precisão em pastagens. In: V SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 5, 2006, Viçosa. Anais... V SIMCORTE, 2006, p.361-411. Penner, G.B. Mechanisms of volatile fatty acid absorption and metabolism and maintenance maintenance of a stable rumen environment. In: ANNUAL FLORIDA RUMINANT NUTRITION SYMPOSIUM, 25th, 2014, Gainesville. PROCEEDINGS. University of Florida, p.92-107, 2014. Penner, G.B.; Aschenbach, J.R. Functional adaptation of the ruminal epithelium In: IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO DE RUMINANTES, 4, 2013, Botucatu. Anais... Botucatu: UNESP, Faculdade de Ciências Agronômicas, p.107-127, 2013. Penner, G.B.; Steele, M.A; Aschenbach, J.R.; McBride, B.W. Ruminant Nutrition Symposium: Molecular adaptation of ruminal epithelia to highly fermentable diets. Journal of Animal Science, v.89, n.4, p.1108–1119, 2011. Pereira, D.H. et al. Consumo, digestibilidade dos nutrientes e desempenho de bovinos de corte recebendo silagem de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) e diferentes proporções de concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p.282-291, 2006. Prado, I. et al. Níveis de substituição do milho pela polpa de citrus peletizada sobre o desempenho e características de carcaça de bovinos mestiços confinados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.6, p.2135-2141, 2000. Rodrigues, M.T.; Vieira, R.A.M. Metodologias aplicadas ao fracionamento de alimentos. In: Berchielli, T.T.; Pires, A.V.; Oliveira, S.G. (Eds.) Nutrição de ruminantes. Jaboticabal: FUNEP, 2006. 583p. Rotta, P.P. Desempenho produtivo, exigências nutricionais e avaliação de métodos para estimação de fluxo de digesta em bovinos alimentados com silagem de milho ou cana-de-açúcar. 2012. p.144. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2012. V Simpósio Internacional de Produção de Gado de Corte - 211 Rubiano, G.A.G. et al. Performance, carcass traits and meat quality of young Canchim, Nellore and crossbread bulls. Brazilian Journal of Animal Science, v.38, n.12, p.2490-2498, 2009. Russell, J.B.; Sharp, W.M.; Baldwin, R.L. The effect of pH on maximum bacterial growth rate and its possible role as a determinant of bacterial competition in the rumen. Journal of Animal Science, V.48, n. 2, p.251255, 1979. Shain, D.H.; Stock, R.A.; Klopfenstein, T.J.; Herold, D.W. The effect of forage source and particle size on finishing yearling steer performance and ruminal metabolism. Journal of Animal Science, v.77, p.1082–1092, 1999. Silva, F.F.; Sá, J.F.; Schio, A.R.; Ítavo, L.C.V.; Silva, R.R.; Mateus, R.G. Suplementação a pasto: disponibilidade e qualidade x níveis de suplementação x desempenho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.371–389, 2009. Souza, A.R.D.L. et al. Dieta com alto teor de gordura e desempenho de tourinhos de grupos genéticos diferentes em confinamento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.44, p.746-753, 2009. Therion, J.J; Kistner, A.; Kornelius, J.H. Effect of pH on growth rates of rumen amylolytic and lactilytic bacteria. Applied Environmental Microbiology, v.44, n.2, p.428-434, 1982. Turgeon, O.A; Szasz, J.I.; Koers, W.C.; Davis, M.S.; Vander Pol, K.J. Manipulating grain processing method and roughage level to improve feed efficiency in feedlot cattle. Journal of Animal Science, v.88, n.1, p.284–295, 2010. Valadares Filho, S.C.; Marcondes, M.I.; Chizzotti, M.L.; Paulino, P.V.R. Exigências nutricionais de zebuínos puros e cruzados-BR CORTE. Viçosa, MG, Brazil (2nd ed., p. 193). Viçosa-MG: Suprme Gráfica LTDA, 2010. Valadares Filho, S.C; Marcondes, M.I.; Chizzotti, M.L.; Benedeti, P.D.B.; Silva, L.F.C. Otimização de dietas à base de cana-de-açúcar In: VI SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE, 6, 2008, Viçosa. Anais... VI SIMCORTE, 2008, p.121-182. Van Soest, P.J. Dietary fibers: their definition and nutritional properties. Am J Clin Nutr, v.31, n.10 Suppl, p.S12-s20, 1978. 212 - IX Simpósio de Produção de Gado de Corte Vieira, R.A.M.; Fernandes, A.M. A Importância de Estudos Quantitativos Associados à Fibra para a Nutrição e a Alimentação de Ruminantes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p.258–290, 2006. Weimer, P.J. Novel Technologies in rumen microbiology: what have we learned? In: III Simpósio internacional avanços em técnicas de pesquisa em nutrição de ruminantes, 3, 2011, Pirassununga-SP, USP. Anais... III Simpósio internacional avanços em técnicas de pesquisa em nutrição de ruminantes, 2011, p.63-86. Weimer, P.J.; Stevenson, D.M.; Mantovani, H.C.; Man, S.L.C. Host specificity of the ruminal bacterial community in the dairy cow following near-total exchange of ruminal contents. Journal of Dairy Science, v.93, n.12, p.5902–5912, 2010. Weiss, W.P. Energy prediction equations for ruminant feeds. In: Proceedings of Cornell Nutrition Conference for Feed Manufacturers, October 19-21, 1999, Rochester, NY. New York State College of Agriculture & Life Sciences, Cornell University, p.176-185, 1999. Zhang, S.; Aschenbach, J.R.; Barreda D.R.; Penner, G.B. Recovery of absorptive function of the reticulo-rumen and total tract barrier function in beef cattle after short-term feed restriction. Journal of Animal Science, v.91, n.4, p.1696-706, 2013. COCHOS ELETRÔNICOS Desenvolvidos para gerar dados de consumo e de comportamento alimentar de forma acurada e confiável, este equipamento é dotado de comedouro apoiado sobre células de carga, o que possibilita o registro eletrônico do volume consumido. - Consumo diário de alimento (Kg/dia); - Consumo de alimento em cada visita; - Taxa de consumo (gramas/minuto); - Frequência de visitas ao cocho - Duração das visitas ao cocho (minutos/dia); - Horário dos tratos e quantidade fornecida; - Monitoramento das sobras no cocho; - Tempo de permanência em frente ao cocho, sem consumo de alimento; - Intervalo entre os eventos alimentares; - Taxa de ocupação dos cochos; - Ordem de entrada dos animais no cocho. - Estrutura em alumínio extrudado: - Montagem sem solda, permitindo remanejamento - Leitora eletrônica RFID: identificação automática e eficiente dos animais; Informações: 31 2561 1151 www. intergado.com.br