revista la paz

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revista la paz
CONFERÊNCIAS
Cidades de todo o estado realizam
seus eventos com o LaPaz
TESTE DE COMPORTAMENTO
100 maneiras de saber se o uso e
abuso afetam o seu cotidiano
FOTOS NA CRACOLÁNDIA
Italiano vive a realidade do centro de
São Paulo e expõe “Visão do Abismo”
CONSCIENTIZAÇÃO
PREVENÇÃO, TRATAMENTO
RECUPERAÇÃO, BEM ESTAR
QUALIDADE DE VIDA
SETEMBRO DE 2015
1ª EDIÇÃO
Descriminalização
Um debate necessário na sociedade brasileira
LAN
ÇAM
EN
TO
A psicóloga Maria Heloisa Bernardo criou
uma coleção de e-books com o objetivo de
ampliar o conhecimento sobre o tema, além
de conscientizar e mobilizar todos aqueles que,
mesmo não enfrentando o problema dentro de
seu lar, desejam conhecer melhor a síndrome
da dependência química.
Neste volume, o primeiro da coleção, você vai
entender mais sobre a síndrome em si.
Este e-book é gratuito, porque você, sua família
e seus amigos merecem esta segurança!
Faça parte deste movimento pela qualidade
de vida!
2
R E V I S TA L A PA Z
SETEMBRO 2015
EDITORIAL
Momento histórico e primeira edição:
caminhos que se cruzam
Q
uando os historiadores tratam da história de revistas e jornais no país, o primeiro número de cada publicação tem
um destaque especial. É nele que está
contido e assentado um momento histórico específico
da nação: o que foi notícia na época, como era o comportamento da população, como se organizavam as
leis brasileiras e por aí vai.
Com a revista LaPaz não é diferente. Ao longo
do trabalho de produção desse exemplar de estreia,
nossa equipe se mobilizou para criar uma “foto histórica” do momento pelo qual passa o Brasil, nesses
primeiros meses de 2015.
Quando se fala da nação, o noticiário está sempre às voltas dos escândalos de corrupção, do aumento do preço
dos combustíveis e da
inflação iminente e
ameaçadora. Uma
época, diríamos, pouco
animadora para se dar o
pontapé inicial em algo que
se pretende grande. Mas a
vontade de fazer a revista
LaPaz decolar é avassaladora—e estamos imbuídos de
um tal sentimento de missão que
torna implacáveis nossos passos em
direção ao êxito e à vitória.
E como está o nosso setor específico,
que é o universo da dependência química e as ciências médicas correlatas, com
seus conhecimentos e técnicas? O que
estamos vendo hoje que pode se tornar
história amanhã?
A descriminalização do porte e uso de drogas,
assunto que é matéria no Supremo Tribunal Federal,
é um exemplo. Como desdobramentos dessa história,
temos o uso do canabidiol na medicina e as questões
legais, que variam em diferentes pontos do mundo.
Temos também o crack, que volta a avançar a
passos largos pelos grandes centros urbanos, causando grandes estragos nas famílias, nos grupos sociais
e, principalmente, um rombo nos sistemas de saúde
pelo país afora.
Nesse sentido, o que mais nos chama a atenção
é a visibilidade que atualmente a mídia dedica ao
tema “drogas, prevenção, tratamento e recuperação”.
Até em virtude da demanda e da
enormidade que se transformou o assunto.
É por isso que
estamos aqui. Para ser
uma voz de referência
para a sociedade que precisa de informação, de debate,
de soluções. É por isso que
estamos nos desdobrando para, a cada dia, consolidar um trabalho sério
e abrangente de cobertura dessa
área.
Agradecemos aos que nos apoiam
e incentivam nesse projeto e convidamos
aqueles que militam pela causa: vamos caminhar juntos.
Muito obrigado e boa leitura!
Os editores
R E V I S TA L A PA Z
SETEMBRO 2015
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SUMÁRIO
COLUNAS E REPORTAGENS
EXPEDIENTE
Revista LaPaz
Número 1
Setembro de 2015
Tiragem: 3 mil exemplares
Distribuição: Gratuita
Circulação: dirigida
para todo o Brasil
CONFERÊNCIAS
Cidades de todo o estado realizam
seus eventos com o LaPaz
TESTE DE COMPORTAMENTO
100 maneiras de saber se o uso e
abuso afetam o seu cotidiano
FOTOS NA CRACOLÁNDIA
Italiano vive a realidade do centro de
São Paulo e expõe “Visão do Abismo”
CONSCIENTIZAÇÃO
PREVENÇÃO, TRATAMENTO
RECUPERAÇÃO, BEM ESTAR
QUALIDADE DE VIDA
SETEMBRO DE 2015
1ª EDIÇÃO
Teste de comportamento
A Revista LaPaz na Internet.................5
Notas.....................................................6
Condeq acontece novamente
em outubro..........................................9
Até onde as drogas
afetam meu dia-a-dia.......................16
InterLaPaz leva para a
Internet a Prevenção........................20
Infográfico
Matéria de Capa
Uma proposta para os
pequenos delitos relacionados
ao tráfico de drogas..........................10
Descriminalização das drogas....22
5 para reflexão
Nesta edição, livros clássicos,
de autores consagrados,
que contam experiências
e a vida de quem já usou
muita coisa maluca..........................34
Jornada LaPaz
Um dos programas de prevenção
mais inovadores do país
é realizado em cinco cidades...........12
A Revista LaPaz é uma publicação do
Sistema LaPaz de Desenvolvimento
Humano e da Sarahy Editora Ltda.
Editor
Rogério Menani (Mtb 28.012)
[email protected]
Redação
Ana Rita Mazza, Isabele Zavatti Vidoto
[email protected]
Arte-final
Paulo Cesar Damasceno Junior
Raphael Bertolli
[email protected]
Fotos
Beatriz Ravagnani, Carlos Navarine,
Alessio Ortu, Marlon Pupim
Conselho Editorial
Ana Paula Veroneze Gonçalves, Carlos
Augusto Artioli, Iza Marques,
Hélio Navarro, Maria do Carmo Irochi
Coelho, Regina Marques,
Sérgio Marangoni, Vanessa Terra Pereira,
Wagner Damião Cabral de Oliveira
Impressão e acabamento:
Ativa Gráfica Editora (16) 3242-2466
Revista LaPaz
Rua José Renato Menani, 35
Parque Industrial África
Monte Alto – SP | CEP: 15.910-000
Tel.: (16) 3241-4137
E-mail: [email protected]
www.revistalapaz.com.br
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R E V I S TA L A PA Z
SETEMBRO 2015
ALESSIO ORTU
A exemplo da edição Nº 0 da
revista LaPaz, quem assina
o ensaio fotográfico é um
estrangeiro. Dessa vez é um
italiano radicado no Brasil,
que passou praticamente um
ano visitando, fotografando
e filmando o dia-a-dia da
cracolândia, no centro de São
Paulo. O seu trabalho virou
livro, que originou um filme e
uma exposição. Confira mais
esse excelente trabalho sobre a
dependência química no Brasil.
Foto: Divulgação
Um debate necessário na sociedade brasileira
24
Foto: Revista LaPaz
Descriminalização
ENSAIO FOTOGRÁFICO
30
LAPAZ
ASSISTÊNCIA
A nova área do Sistema LaPaz realizou
inúmeras conferências pelo estado
de São Paulo. A experiência dos
realizadoresa aliada a uma equipe
coesa e multidisciplinar gerou a
excelência nos resultados finais.
NA INTERNET
www.revistalapaz.com.br
Acesse nosso site e
confira as últimas
notícias sobre o setor
Na página da revista LaPaz você
acompanha notícias atualizadas sobre
a área de prevenção e dependência química.
Os principais assuntos estão reunidos para oferecer uma visão ampla e reflexiva sobre diversos pontos de vista.
Ideal para quem trabalha no setor e
para quem quer aprender para prevenir. Acesse!
Outros conteúdos disponíveis:
- Download Edição Nº 0 (completa)
- Download Edição Nº 1 (completa)
- Programação de Eventos
- Artigos científicos
Cartas e manifestações de leitores
Mensagens inspiradoras que recebemos pelo lançamento da revista e do site LaPaz
‘‘ ‘‘ ‘‘
‘‘
Quero agradecer à revista LaPaz
pois este primeiro número que eu vi
no meu e-mail foi uma confirmação de
Deus para o projeto que eu quero iniciar na minha cidade.
Há duas semanas atrás recebi o convite de um dos dirigentes de um dos
grupos de AA para dar o meu testemunho, foi quando me veio no coração
o desejo de começar um trabalho de
discipulado com estas pessoas. Hoje,
há uma hora atrás, eu orava e pedia
uma confirmação do Senhor para com
este projeto, e quando abri meu e-mail
como é de costume, tive conhecimento deste trabalho. Obrigado!
Edécio Augusto da Silva
Santos (SP)
Uma revista interessante e útil para
as famílias e co-dependentes. Força
no trabalho e na divulgação.. Estamos
juntos.
Jorge Castro Mello
Vitória (ES)
Parabéns pela iniciativa de formular
uma revista com foco na dependência
química.. Mas não esqueçam que nós
dependentes químicos é que somos os
protagonistas desta questão. A revista
está ótima, só senti a falta da voz de uma
dependente químico. Forte abraço!
Marcelo da Rocha
Nota da Redação: pedido anotado, Marcelo!
Um trabalho como este é fundamental para a união e ânimo dos trabalhadores que atuam nas comunidades terapêuticas. Parabéns por essa iniciativa!
Carlos Alberto Berchielli
Ipiranga, São Paulo
A redação da Revista LaPaz
agradece a todos os que
colaboraram e se manifestaram
em favor de nossa publicação.
O nosso mais profundo muito
obrigado!
R E V I S TA L A PA Z
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NOTAS
Foto: Divulgação
Equipe da Rede LaPaz
participa do Congresso
Freemind com estande
O maior congresso brasileiro sobre
drogas, álcool e dependência química.
Assim se intitula o 3º Congresso Internacional Freemind, que acontece entre
os dias 10 e 13 de setembro, no Expo
Dom Pedro, em Campinas (SP).
A equipe da Rede LaPaz e de cada
um de seus projetos estará participando do evento com um estande na área
de Melhores Práticas, que vai apresentar os principais movimentos de prevenção, tratamento e recuperação do
País.
“Estamos motivados em divulgar
os nossos projetos para um público tão
diversificado e influente”, considera o
gestor da Rede LaPaz, jornalista Rogério Menani. “Estamos levando o que
de melhor estamos fazendo e produzindo em 2015”, acrescenta.
Entre os projetos apresentados estão a Jornada LaPaz de Prevenção e
Qualidade de Vida, que é um programa realizado em escolas, o InterLaPaz,
uma versão on line deste programa e o
LaPaz Assistência, que realiza eventos
em diversas áreas.
Diversos materiais didáticos e de
trabalho também serão disponibilizados no estande da Rede LaPaz.
Meta de arrecadação do Funad
para 2015 será de R$ 6 milhões
O Fundo Nacional Antidrogas (Funad) deverá arrecadar R$ 6 milhões de
leilões para uso na política nacional sobre drogas.
O Fundo é constituído, entre outros, de recursos oriundos da alienação
de bens apreendidos de pessoas condenadas por tráfico ou envolvidas em atividades ilícitas de produção ou venda
de drogas.
Os recursos auferidos, conforme determina a legislação em vigor e a Constituição Federal, serão aplicados em
ações voltadas à redução da demanda e
da oferta (repressão) de drogas, sendo
80% destinados aos Estados Federados
cooperantes. A alienação só é realizada
após decisão judicial tomada em caráter definitivo. Os recursos dos leilões
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SETEMBRO 2015
são destinados ao desenvolvimento, à
implementação e à execução de ações,
programas de prevenção, tratamento,
recuperação e reinserção social de dependentes de drogas.
Desde 1999 já foram realizados
quase cem leilões. A arrecadação para
o Funad chegou a mais de R$ 36 milhões. Somente em 2014 já foram realizados 13 leilões.
Em 2015 já foram realizados dois
leilões, ambos no Mato Grosso do
Sul. O primeiro, em janeiro, arrecadou
R$ 189.095,00, com a alienação de 35
veículos automotores. Já o segundo, arrecadou R$ 864.492,00 em 114 lotes,
100% arrematados.
Fonte: Senad, Ministério da Justiça
NOTAS
Ativistas lançam a
Liga da Prevenção
Uma ação não governa- Grupo quer difundir as
mental promovida por ati- melhores práticas da
vistas. Essa é a ideia da “Liga
área, disseminando
da Prevenção”, um moviconhecimento e
mento que está sendo laninformação.
çado neste mês de setembro
em São Paulo por especialistas e líderes do setor de prevenção e dependência química.
O objetivo principal do movimento é unir todas as pessoas interessadas que participam ou que promovem a prevenção às drogas e álcool no Estado de São Paulo.
“Precisamos dar início a um processo de organização do
conhecimento de todos os projetos e programas realizados
em nossa região, em outras partes do país e também no Exterior”, diz um dos idealizadores da “Liga da Prevenção”, José
Florentino dos Santos, que é especialista em dependência
química. “A partir daí, vamos difundir essas melhores práticas e contribuir para dar escala a esse conhecimento reunido”, acrescenta.
Ainda segundo Florentino, modelos de prevenção de
baixo custo e com altos índices de efetividade são essenciais
nessa área. A gestão dos projetos também deve ser estudada,
bem como a criação de indicadores de acompanhamento e
de avaliação.
As plataformas digitais são o grande trunfo dos idealizadores do movimento. Aplicativos de celular, como o Whattsapp, ou páginas do Facebook, são os meios que estão sendo
utilizados para o contato entre os participantes.
“Ainda estamos na gestação da Liga, mas esperamos uma
participação maciça de todos os envolvidos com a prevenção”, considera Sérgio Castilho, que também é um dos idealizadores.
A Liga da Prevenção disponibilizará aos seus integrantes
cursos e capacitações, além de uma agenda atualizada com
os eventos importantes na área da prevenção e dependência
química. Além disso, a própria Liga vai realizar encontros,
que vão servir para atualização das informações e novidades
que estão acontecendo no Brasil e no mundo.
“Convocamos todos a participarem desse movimento!”,
conclamam os idealizadores. Maiores informações diretamente com Florentino (11-98472-2262), Sérgio Castilho
(11-99231-3765) e Rogério Menani (16-99743-0912). No
facebook: Liga da Prevenção.
Crianças no Reino
Unido reconhecem
melhor as marcas de
cerveja do que as de
doces e biscoitos
Mais familiarizados com as famosas marcas de cerveja europeias do que com doces e biscoitos. Essa é a
alarmante conclusão de um novo relatório divulgado
pelo instituto inglês Alcohol Concern.
De acordo com os dados, 93% de indivíduos pesquisados entre 10 e 11 anos reconheceram melhor a
cerveja Foster’s Lager mais do que os biscoitos McVitie’s, McCoy’s ou Ben & Jerry’s.
No estudo, intitulado “Percepção Infantil do marketing de produtos alcoólicos” (Children’s recognition
of alcohol marketing), metade das crianças também
associaram a cerveja Carlsberg como patrocinadora
oficial do campeonato inglês de futebol, curtindo e
compartilhando posts da marca no Facebook, Twitter
e Instagram. Apesar de não ter foco nesses públicos, o
marketing massivo de produtos alcoólicos causam forte impressão nas crianças, diz o relatório. O alto índice
de reconhecimento e de envolvimento das marcas com
as novas gerações de crianças deixa claro que os marcos
regulatórios do setor não estão sendo suficientes para
protegê-las dessas mensagens.
Segundo Tom Smith, do instituto responsável pela
pesquisa, as marcas “pegam carona” no crescente interesse das crianças pelos esportes, especialmente aqueles que têm divulgação nas TVs pagas. “As assistir essas
transmissões, as crianças são bombardeadas com mensagem pró-bebida, sem distinção”.
Os governos da Grã-Bretanha já estão estudando
formas de conter esse processo, com medidas legais e
de restrição de anúncios. Além disso, estão sendo propostas a inclusão de mensagens de saúde e de alerta em
toda a publicidade de bebidas alcoólicas ligadas a eventos esportivos.
Fonte: www.drinkanddrugsnews.com
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Rafael Ilha lança livro e afirma:
“fumava 70 pedras por dia”
O músico Rafael Ilha, ex-polegar,
relatou que usava grandes quantidades
de drogas em períodos críticos de sua
dependência química. “Eu fumava 60,
70 pedras de crack por dia”, falou o ex-Polegar à imprensa em agosto.
A confissão faz parte do trabalho
de divulgação da biografia “Rafael Ilha
- As Pedras do Meu Caminho”, escrito
pela jornalista e apresentadora Sonia
Abrão. “As pedras simbolizam os problemas da vida e as pedras de crack. O
título foi ideia do Rafa”, explicou Sonia.
“O meu problema com a droga não
tem nada a ver com o meio artístico. O
sucesso me ajudou a sustentar o vício,
mas não a me levar. Comecei a usar
Foto: Divulgação
NOTAS
com 12 ou 13 anos”, disse ao citar ter
usado maconha, benzina com goma de
mascar e cola de sapateiro em matinês.
“Com 15 anos eu namorava uma menina mais velha e experimentei cocaína. Na hora virei dependente”, disse o
artista, hoje com 42 anos.
Os problemas com drogas levaram
Rafael Ilha a tentar suicídio em algumas ocasiões.
“Às vezes eu tinha três ou quatro
convulsões dentro de casa, roubava as
coisas. Chega a um ponto que você
precisa, sim, de uma internação compulsória”, defendeu ao citar ações humanizadas e com legalidade.
O livro já está disponível nas livrarias, com preço médio de R$ 35,00.
Cardiologistas alertam para perigo da mistura
de ÁLCOOL com ENERGÉTICO
Uma nova categoria de substância
vem ganhando espaço a cada dia entre
jovens e adultos consumidores de álcool. São os energéticos, cujo consumo
tem alertado especialistas e chama a
atenção de órgãos públicos.
Quando se consome energético,
uma doença cardíaca preexistente
pode ser agravada e, se o usuário tem
uma doença ainda não manifestada,
pode ser potencializada, afirma Ricardo Mourilhe, presidente da Sociedade
de Cardiologia do Estado do Rio de
Janeiro.
Segundo ele, esses produtos são ri-
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R E V I S TA L A PA Z
SETEMBRO 2015
cos em cafeína e taurina, que são “potentes estimulantes e podem induzir
ao aumento da pressão arterial e à arritmia cardíaca”.
Pessoas de qualquer idade estão sujeitas a esses perigos mas, nos jovens, o
risco da combinação álcool e energético é maior, explica.
“O jovem, em geral, faz uso dessas substâncias em quantidade muito
maior. Se ele tem, por exemplo, a doença não diagnosticada, não conhecida, o
risco acaba sendo iminente.
Especialistas indicam que, se a pessoa resolver beber, é importante que
se mantenha hidratada, porque isso
ajuda a minimizar o problema. A
combinação álcool e energético,
segundo ele, leva a uma rápida
desidratação, o que agrava ainda
mais os riscos, e isso dá mais arritmia, mais hipertensão arterial, completou.
Fonte:
Agência Brasil
TEXTO
Foto: Divulgação
Condeq acontece novamente em outubro
Primeiro congresso online sobre dependência química
levou informação e conscientização para mais de 12
mil pessoas em sua primeira edição
Por Eliana Haddad
Uma iniciativa inédita, realizada
de 10 a 16 de novembro de 2014,
marcou com grande sucesso a importância da participação social na
prevenção ao uso de drogas no Brasil
e no mundo. Totalmente gratuito e
realizado pela internet, o CONDEQ
– Congresso de Dependência Química – foi acompanhado por mais de 12
mil participantes, que assistiram a 36
palestras com especialistas de diversos
setores. Foram mais de 26 horas de
conteúdo útil, ágil e necessário, com
palestras e depoimentos emocionantes, que permitiram ainda a participação dos internautas por meio das
redes sociais e do próprio portal do
congresso.
Todos os palestrantes participaram
gratuitamente do evento. Diversos
e-books, de autores como Padre Haroldo Rahm, a psicóloga Maria Heloisa Bernardo e os psiquiatras Içami
Tiba e Augusto Cury, foram também
distribuídos gratuitamente.
Conhecendo o potencial da internet, cada vez mais acessível à população, o especialista Cristian Fernandes e
Letícia Camargo, idealizadores do Instituto Independa, que realizou o evento, explicam que a ideia surgiu quando
perceberam que os problemas relacionados ao uso e abuso de álcool e outras
drogas são hoje um dos mais sérios em
todo o mundo, com informações ainda muito desencontradas.
“As pessoas sofrem com esses problemas e os profissionais e a academia,
apesar de conseguirem grandes avanços, ainda enfrentam muitos desafios
para auxiliar e tratar. As iniciativas de
prevenção existem aos montes, mas
muito pulverizadas e as que mais produzem efeito não são conhecidas de
forma ampla”, explica Cristian. Ele
considera também que os principais
eventos da área acabam atingindo
muito mais os acadêmicos e os profissionais, ficando o grande público sem
informações consistentes e de qualida-
de sobre uma doença “primária, progressiva, incurável, fatal e contagiante”.
A segunda edição do CONDEQ
vai acontecer de 20 a 26 de outubro
de 2015, totalmente online, e vai contar com a presença de 35 palestrantes,
dentre eles Arthur Guerra de Andrade,
Carlos Barcelos, João Lotufo, Juliana
Bilachi, Laura Fracasso, Luiz Fernando Cauduro, Maria de Fátima Padin,
Maria Heloisa Bernardo, Marilda
Sene, Michael Ribeiro, Padre Haroldo Rahm, Padre Renato Chiera, Paulo Campos Dias, Ricardo Galhardo
Blanco, Romina Miranda, Vitore Maximiano e o grupo musical O Som da
Mensagem.
www.condeq.com.br
R E V I S TA L A PA Z
SETEMBRO 2015
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Este é um debate
fundamental para a
justiça criminal,
precisamos desconstruir
a noção de que o
aumento das penas e a
privação de liberdade são
respostas quase
exclusivas para
responsabilização.
As prisões e os microtraficantes
As polícias brasileiras continuam a prender os peixes
pequenos. A estratégia só serve para lotar as
penitenciárias. Cortar o fluxo financeiro do tráfico,
nem pensar.
PUNIÇÃO
EDUCATIVA
PARA O
MICROTRAFICANTE
QUEM É O
MICROTRAFICANTE?
apreendido com pouca droga,
sem antecedentes criminai
não integra facção criminosa
não porta armas.
Wálter Maierovitch
publicado 13/02/2014
revista Carta Capital
Tráfico de drogas é crime que
mais condena no Brasil
"Não posso falar pelos demais colegas, mas acredito
que há necessidade de se buscar uma mudança de
paradigma. Isso não é fácil. Mas não podemos
continuar alimentando o imaginário popular de que
segurança pública é sinônimo de prisão. Nunca se
prendeu tanto na história. Os presídios estão
abarrotados, tanto de presos provisórios como
definitivos. No entanto, se o objetivo era identificar o
problema social e buscar alternativas, particulares e
gerais, não há como não reconhecer que a política é
completamente ineficaz”.
O que é
punição educativa?
C
o
Conjunto de penas aplicadas no lugar da prisão.
Como realização de trabalho junto à entidades
públicas , entidades comunitárias, etc. A pessoa
paga com trabalho o crime que cometeu.
t
n
s
D
Bruno André Ribeiro
Juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal
Por que investir em alternativas à prisão?
“O envolvimento com o tráfico é o crime que mais leva
ao encarceramento no país. E isso é lamentável”... O
Brasil nunca prendeu tanto por tráfico. Temos hoje
140 mil presos por tráfico de drogas no país. Até
2006, o número de presos por tráfico representava
10% do total. Hoje, são 30%. O fato é: o aumento é tão
grande que nos obriga a pensar em alternativas,
porque o custo social é grande... precisamos pensar em
alternativas". O novo secretário defendeu que haja
uma "distinção entre o tráfico vinculado a
organizações criminosas e o pequeno traficante", "São
condutas diferentes que requerem penas
proporcionais"... É um sistema prisional com custo
social e financeiro alto e os resultados não são
positivos, não está havendo reeducação. Não é da
minha área, mas merece reflexões a respeito. Investir
em penas alternativas é uma obrigação de um país
como o Brasil. Isso não significa arrefecer o combate à
criminalidade organizada. Mas são políticas distintas.
Vitore André Zílio Maximiano
Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas.
Em quais casos podem
ser aplicadas?
Para réus não reincidentes (art. 44 , II do
Código Penal)que tenham cometido:
• Em crimes culposos (ex. Acidente de trânsito com vítima);
• Em crimes intencionais, porém sem violência ou ameaça
em que as penas não sejam superiores a 4 anos (art 44, I
do Código Penal). Ex: furto, receptação, pequeno tráfico,
posse de droga (usuário), estelionato.
p
Que fique claro:
a punição educativa
só pode beneficiar
quem não cometeu
crime anteriormente
(primário).
Não • Reincidente
Roubo (assalto)
serve •• Homicídio
para: • Sequestro
Escola do Crime
Quando as pessoas vão para a cadeia, se elas não têm
ligação com o crime organizado, passam a ter. Isso
devolve para a sociedade pessoas ainda mais violentas.
Pedro Abramovay
Ex-Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas.
REVISTA
10
R E V I S TA L A PA Z
INSPIRAÇÃO PARA VIVER.
SETEMBRO 2015
Criação, Desenvolvimento e Arte Final: Instituto ‘‘SoudaPaz’’ - Reproduzido sob autorização.
INFOGRÁFICO
PRESOS POR
TRÁFICO NO BRASIL
,
is,
a,
2006
32.000
milhões
POPULAÇÃO
(IBGE)
POPULAÇÃO
CARCERÁRIA
2002
47.472
milhões
aumento de
15%
jovens de
18 a 29 anos
aumento de
140%
574.027
não deixa de
ser traficante.
Deixa de ser
pequeno.
59%
dos presos
são negros
e pardos
Fonte: Ministério da Justiça – DEPEN – Infopen (2013)
57%
não tinham
antecedentes
criminais
94%
não
portavam
armas
Na prisão o microtraficante
passa a conviver com traficantes
e chefes de organizações
criminosas, presos armados,
com antecedentes em
homicídio, assalto, estupro.
239.340
2013
2002
25%
da população na prisão
cumpre pena por tráfico
de entorpecentes.
Núcleo de Estudos de Violência da USP (NEV-USP) e
Instituto Sou da Paz
De cada 10 presos por tráfico,
8 são microtraficantes (presos
com pouca droga).
traficante
e
25% do total
de presos)
75%
2013
Com a prisão
o pequeno
a
138.366
14% do total
de presos
201
174
2013
Fonte: MJ - DEPEN-Infopen
?
2005
Vantagens:
• Mantém o vínculo da pessoa com sua
família (facilitando a recuperação)
• Não mistura com criminosos violentos
• Menor custo social (ao invés de dar gasto
a pessoa paga seu deslize com trabalho)
A Punição é obrigatória,
não é opcional.
serviços
Em hospitais públicos, em construção de escolas públicas,
manutenção e revitalização de áreas e abrigos públicos.
O Juiz pode aliar a prestação de
serviços a outras punições: limitação
de im de semana, proibição de sair a
noite, suspensão da carteira de
habilitação, etc.
Se a pessoa faltar ou se
recusar a cumprir tem
a medida revogada e é
mandado para a prisão!
O Brasil tem estrutura
para aplicar a
Eu sou pelaprestação de
para o microtraficante
reparar seu dano à sociedade.
punição educativa
para o microtraficante
20
Varas especializadas
em penas alternativas
em funcionamento
em todo o País.
389 12 mil
Colaboração de rede de cerca de
centrais e núcleos de monitoramento,
coordenados pelo Departamento
Penitenciário Nacional, controlam o
cumprimento das penas.
Fonte: Ministério da Justiça - http://bit.ly/1jyuPoV
escolas, hospitais, organizações
não-governamentais (ONGs), movimentos sociais,
entidades comunitárias e institutos por centros
universitários e até por empresas particulares.
R E V I S TA L A PA Z
SETEMBRO 2015
11
Fotos: Revista LaPaz
ESPECIAL LAPAZ
Jornada LaPaz é ampliada
e atinge mais cidades com
sua prevenção
Proposta inicial de inovação está mantida e continua atraindo
os jovens para as mensagens positivas do programa
Texto: Redação LaPaz
12
R E V I S TA L A PA Z
SETEMBRO 2015
Jovens vibram em Taquaritinga (SP),
na escola “9 de Julho”: sucesso renovado
O ano de 2014 foi marcante para
todos os envolvidos com o Sistema
LaPaz. Durante os primeiros meses do
ano, foram criados os materiais didáticos e o modo de operação de um novo
projeto de prevenção às drogas e álcool. Esse projeto foi desenvolvido, analisado e preparado para ser implantado
nas escolas da cidade de Monte Alto,
a 365 km da capital São Paulo. Na segunda metade do ano, a ideia foi para a
realidade e mais de três mil jovens participaram da então chamada Semana
LaPaz.
No final do ano, depois do sucesso
indiscutível de todo o trabalho, muitos desafios vieram à tona. O que fazer
agora com todo esse conhecimento?
Quais os caminhos a tomar, depois dos
incríveis resultados de atratividade e
adesão dos jovens apresentados nas salas de aulas, nas quadras e nos teatros
de cada escola?
Daí começaram a surgir respostas
para essas indagações. Algumas delas:
o programa com
1. Incrementar
novas etapas
o projeto para outras
2. Criar
faixas etárias, com suas
abordagens específicas
o número de alunos
3. Aumentar
atingidos
para novas cidades,
4. Oferecer
novas realidades, novos
ambientes (instituições, clubes
de serviço e clubes esportivos)
Nas reuniões que se seguiram, a decisão foi unânime: abraçar todas essas
respostas e partir para a construção de
um programa ampliado, para atender
mais alunos, em novas cidades e com
novas etapas de atividades. E assim foi
feito.
O nome mudou de “Semana” para
“Jornada LaPaz de Prevenção e Qualidade de Vida”, pois agora pode-se
realizar o trabalho em diferentes períodos de tempo. Agregou-se ao trabalho
atividades esportivas, as Olimpíadas
LaPaz—jogos entre as equipes azul e
verde, que já disputam espaço nas redes
sociais através do Desafio Web LaPaz.
Além disso, e como um elemento extremamente importante, foi o
lançamento do aplicativo de celular
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SETEMBRO 2015
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applapaz, que é uma espécie de diário
da Jornada, informando e atualizando
os alunos participantes sobre tudo o
que acontece na Jornada.
“A expectativa que criamos com o
applapaz foi excelente. E os alunos estão prestes a entrar para a história da
prevenção no Brasil”, declara o responsável pela área de TI do Sistema LaPaz,
Sérgio Marangoni. “Já estamos em fase
de testes e, em poucas semanas, o app
já estará disponível para as plataformas
IOS, da App­le, e Android, do Google”,
finaliza.
Parceiros
A nova Jornada LaPaz também está
consolidando novas parcerias com instituições de renome em todo o estado.
Uma delas é o Instituto Mascote, fundado em Ribeirão Preto há mais de 10
anos pelo empresário Valter Costa.
A partir de sua experiência de vida
e conhecimento da importância dos
esportes e da cultura para a prevenção
e orientação dos jovens, Valter montou
uma estrutura de serviços à comunidade que inclui aulas de capoeira e escolinhas de futebol, todas para alunos de
regiões de alta vulnerabilidade social.
Outra entidade que está se tornan-
Cidades em 2015
Com o projeto pronto e com entidades parceiras alinhadas, a Jornada
LaPaz está com diversos projetos em
andamento, nas cidades de Monte
Alto, Nova Europa, Pitangueiras e Taquaritinga.
Todos esses projetos estavam preparados para início em abril e maio, mas
foram adiados para o segundo semestre
devido a dificuldades com patrocínios
e apoios em geral. Mas, de acordo com
os gestores do Sistema LaPaz, a escala
dos projetos foi reformulada e, assim,
se conseguiu viabilizar cada etapa da
Jornada LaPaz.
Em Monte Alto, espera-se atingir
cerca de três mil alunos na rede escolar
municipal, estadual e particular—mesmo número de 2014. Com uma rede
de patrocínios que passou a crescer
a partir de junho, principalmente na
área pública, com o apoio da Prefeitura e da Câmara Municipal, os organizadores já estão com tudo pronto para
o início do projeto.
O mesmo se dá com Pitangueiras,
Nova Europa e Taquaritinga. Nesses
três municípios, o apoio do governo
municipal foi determinante para o início e desenvolvimento da Jornada.
Segundo a Secretária de Assistência
Social de Pitangueiras, Aline Borges
Lopes, toda a rede protetiva da cidade
está aguardando o início do projeto,
que pretende ser o início de um grande movimento de prevenção entre os
jovens.
“Estamos planejando esse projeto
há meses, muitas vezes com dificuldades devido à situação do País. Mas com
as datas de capacitação dos professores
agendadas, vamos começar em breve a
conscientização e atividades nas escolas”, afirma Aline.
Abaixo: momento da Gincana Educativa “Passa e Repassa”,
dentro do programa “Chegou Chegando”
Fotos: Revista LaPaz
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do parceira do Sistema LaPaz é a Organização Cidadania Ativa-OCA, também em Ribeirão Preto.
Fundada em 1990, atualmente conta com duas unidades (Favela da Mangueiras e Lagoinha) e atende cerca de
125 crianças ao ano.
O Instituto para o Desenvolvimento Nacional-Indena, da cidade
de Monte Alto, é mais uma parceira
LaPaz para serviços à comunidade.
Fundada em 2014 pelo empresário
Fábio Madeu, também está se credenciando para oferecer serviços à comunidade local em forma de atividades
esportivas e culturais.
R E V I S TA L A PA Z
SETEMBRO 2015
A Jornada em Taquaritinga
Um dos eventos na cidade foi a apresentação do programa Chegou Chegando
na Escola Estadual “9 de Julho”, onde mais de 350 jovens participaram das
atividades e gincanas educativas
Robér Ortiz”
Alunos estudando a cartilha “Diário de
Fotos: Revista LaPaz
Da mesma forma se coloca a Secretária de Assistência de Nova Europa,
Lidiane Rodrigues. Segundo ela, os
alunos já estão acompanhando as aulas
no Facebook e com a cartilha educativa
“Diário de Robér Ortiz”.
“Já estamos fazendo aqui o que vimos e acompanhamos em outras cidades. É um grande acontecimento para
a nossa comunidade”, acrescenta Lidiane.
Em Taquaritinga, o projeto já teve
diversas etapas concluídas, inclusive
com o programa “Chegou Chegando”,
que reuniu cerca de 350 jovens na escola estadual “9 de Julho”. Ao todo, já
foram 1125 alunos, em 5 escolas, que já
concluíram a Jornada na cidade.
“Fizemos um trabalho em conjunto com a Diretoria de Ensino, que nos
apoiou e forneceu o agendamento de
aulas necessário para darmos andamento ao programa”, explica Adonis
Guateli, que participou da etapa na cidade de Taquaritinga.
De acordo com os gestores do
LaPaz, agora outras escolas da mesma
cidade vão receber o projeto, que já tem
credibilidade e alcance para aumentar
o número de alunos beneficiados. Em
poucas semanas, mais uma etapa da
prevenção vai começar e conscientizar
mais de mil alunos em Taquaritinga.
Mais uma prova de que a Jornada
LaPaz de Prevenção é um programa de
sucesso e que realmente tem a vocação
de atrair o jovem para campanhas de
prevenção.
Apresentação de Dança de Rua, com o Pro
f. Gibão
e com
oiadores do evento, inclusiv Ensino
ap
e
ra
do
za
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ga
or
pe
ui
Eq
rticipantes e da Diretoria de
representantes das escolas pa
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TESTE DE COMPORTAMENTO
Até onde as
drogas me afetam
Uma forma diferente de promover a reflexão sobre
como o uso cotidiano pode mudar a vida do usuário
Por Terry Bulych, de Vancouver, Canadá
Uma pergunta comum entre os jovens é: “Como eu sei
se o uso que faço das drogas
poderá a vir se tornar realmente um problema?” Nós fomos
atrás para descobrir a resposta
consultando os especialistas
(jovens como vocês!) O que
se segue é o produto de nossos
esforços: uma lista de mais de
100 experiências com drogas
que os jovens podem identificar como um impacto negativo sobre suas vidas. Mas apenas VOCÊ pode determinar
o quanto isso pode afetar sua
relação com a família, com os
amigos, a(o) namorada(o) e o
seu modo de vida em geral.
Depois de completar o
questionário, você pode discutir os resultados com alguém
mais experiente, um conselheiro na escola, ou uma pessoa em
que pode confiar — pode até
mesmo ser seus pais.
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SETEMBRO 2015
Sobre a autora
Terry Bulych fo
em Crianças e Jo i Chefe do Grupo de Saúde Mental
ve
e
Costeiro de Saúde ns do Vancouver Coastal Health Adições
últimos sete anos. de Vancouver, na costa norte do Can (Ser viço
adá) nos
Trabalhou com ce
nt
mente reconhecida enas de adolescentes e seus pais
e
Durante 12 anos como uma referência no campo da é amplaT
da West Coast A erry foi Conselheira de Juventude adicção.
lternatives Society,
e Família
mentos para obte
r o diploma de M onde aplicou seus conheciestrado em Acons
Psicológico pela Si
elhamento
mon
A especialista ced Fraser University.
eu os direitos
terial com exclus
ividade para a revi de reprodução de seu mapublicada na revi
sta canadense “D sta LaPaz. Essa matéria foi
rugs and Adiction
janeiro de 2015.
Facts”, em
Nota do Conselho
Editorial: Esse qu
estionário se aplica
apenas a uma tom
ada de consciência
a respeito das drog
sua repercussão na
as e
vida do jovem. Não
te
e não foi adaptado
integralmente às co m caráter científico
nd
brasileiras. Portan
to não deve ser utili ições culturais
zado como ferramen
em diagnósticos ou
ta
pa
dependência, em qu ra comprovar qualquer tipo de
alquer grau.
TESTE DE COMPORTAMENTO
Marque com um X as situações que você já viveu, sentiu ou experimentou
Escola-Trabalho
Não completei as tarefas e deveres de casa
ou mesmo os estudos regulares das matérias
Mato aulas para usar qualquer tipo de droga
(inclusive álcool), sem ser pego
Queda geral nas notas
Falta constante às aulas
Suspensão da escola
Expulsão da escola
Abandono da escola
Frequento ou curso salas alternativas
Dificuldade de concentração, distração
Fraca capacidade de memória
Sentimento de “não entender nada” da matéria
Dificuldade de aprendizado
Parei de frequentar as atividades extra-classe na
escola, como times de futebol, de grupos de
interesse, grêmios estudantis etc.
Fico sempre na defensiva ou tenho uma
atitude agressiva em relação aos professores
Tenho uma atitude desinteressada em
relação à escola e seus assuntos
Pouca energia para participação em
projetos da escola
Pouca motivação para arrumar pequenos
bicos ou para ajudar em casa
Tenho dificuldade de arrumar um
emprego formal
Fui demitido de um emprego
Total dessa área:
Família
Aumento da tensão e de conflitos
com os irmãos, pais ou responsáveis
Fuga da presença de membros da família
(não gosto de estar com eles)
Quebrei as regras ou os costumes da família
Costumo mentir para os membros da família
Tenho muitos segredos que não conto à
família, tipo esconderijo de drogas, dinheiro etc.
Faço ligações telefônicas ou mando mensagens
sem ninguém saber, em segredo
Sinto-me culpado por magoar ou
desapontar membros da família
Minha família perdeu a confiança em mim
Sinto medo de ser pego por alguém da família
Não ajudo nas tarefas de casa
Fujo dos passeios feitos pela família
Exponho sua família à pessoas negativas por
usar minha casa para uso, compra
ou venda de drogas
Sinto-me diferente dos outros
membros da família
Fico muito tempo longe de casa
Fui expulso da casa por aprontar confusão
Total dessa área:
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TESTE DE COMPORTAMENTO
Dinheiro e leis
Gasto grande quantidade de
dinheiro com drogas
Estou sempre “quebrado”, sem dinheiro e sem
condições para fazer as coisas que gosto
Costumo dar “tombo” no dinheiro
de amigos ou de outras pessoas
Estou sempre preocupado em pagar contas
Roubo dinheiro da família
Roubo dinheiro de amigos ou de outras pessoas
Cometo crimes para arrumar dinheiro,
como pequenos golpes, roubos, assaltos
De vez em quando vendo bagulho
Assusto os mais jovens e peço dinheiro a eles
Envolvimento com a Polícia
É acusado de crime pela polícia
Fica em liberdade vigiada ou provisória
Sempre tenho medo de ser pego pela polícia
Tenho paranóia da polícia ou de outras
figuras de autoridade
Não gosto e me rebelo contra qualquer tipo
de autoridade, como professores, diretores
de escolas, técnicos de esportes etc.
Total dessa área:
Troco favores sexuais por dinheiro ou drogas
Roubo coisas de casa para vender,
tipo jóias, celulares etc
Referência de
amizades (colegas?)
Meus amigos de infância me rejeitaram
Minha (meu) namorada (o) me deixou
pelo meu comportamento
Os colegas sempre me dizem: “Você mudou!”
Destrato ou faço bullying em outros jovens
Meu grupo de amigos é formado por gente
que usa drogas
Perdi o interesse nos esportes e hobbies
porque você me enjôo fácil dessas coisas
Já discuti ou briguei com amigos por
dinheiro ou drogas
Tenho “tretas” cada vez mais freqüentes
com os amigos
Total dessa área:
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Consciência íntima
Sempre acho que não sou bom em nada
Não gosto de mim
Não vivo nem luto por meus sonhos
Tenho uma fama que eu não gosto, como mau
elemento, nóia, “queimado”
Não sou capaz de atingir as pequenas metas
que faço para mim
Sinto-me perdido
Sinto-me alienado ou diferente de todo mundo
Sinto medo de tentar novas coisas, de conhecer
novas pessoas, novos lugares
Tenho preguiça de aprender qualquer coisa
Fico de “saco cheio” da vida, toda hora
Sinto como se minha vida não tivesse saída
Sinto-me mal comigo mesmo, nervoso
com qualquer coisa
Total dessa área:
TESTE DE COMPORTAMENTO
Saúde
Humor
Pouca energia
Fico irritado quando não uso minha
droga de preferência
Cansaço fácil
Durmo muito durante a semana
Durmo durante o dia (sonecas depois da escola)
Dificuldade de ir dormir à noite sem usar a
droga de preferência
Tenho rápida mudança de humor
Sentimento de ansiedade ou nervosismo
Sentimentos de depressão ou desesperança
Sentimentos de confusão
Uso meu bagulho para ir dormir
Sentimentos de solidão ou isolamento
Tosse com freqüência
Sentimentos de culpa
Estou sempre com gripe, resfriado,
com bronquite
Sentimentos de vergonha
(“eu não sou bom”, “eu sou uma má pessoa”)
Perco a respiração ou fico ofegante quando
subo escadas ou corro pequenas distâncias
Sente-se de “saco cheio” com sua vida
Tenho dores de cabeça freqüentes
Perda de peso
Ganho excessivo de peso
Atividade sexual de alto risco (sexo sem segurança)
Ressentimentos de opções sexuais
Machucados freqüentes resultantes de acidentes de
quando estava em uso ou sob influencia de drogas
Sentimento de vazio interior
Pensamentos suicidas
Já tentei me matar
Tenho fissura quando não estou usando
Tem uma atitude com a vida
de “não estou nem aí”
Total dessa área:
Incidentes com o carro (multas, amassados,
acidentes, atropelamentos)
Total dessa área:
Resultados
Some todos os totais de cada seção. A partir desses números, faça uma soma geral.
Coloque esse número no retângulo branco abaixo.
A droga tem afetado negativamente minha vida em
diferentes maneiras.
Como você se sente sobre esses números?
A sua média é baixa ou alta, é do tamanho que você pensou inicialmente?
Você está preparado para continuar pagando esse preço para ter a droga em sua vida?
Qual a média que você gostaria de ter?
Como você pode começar a trabalhar para realizar mudanças que afetem essa média de pontos?
Copyrithg 1999 Terry Bulych, Youth and Family Counsellor, Vancouver, Canadá.
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DIGITAL
www.interlapaz.com.br
ONLINE E GRATUITO
PRIMEIRA JORNADA NACIONAL DE
PREVENÇÃO VAI CONSCIENTIZAR
PAIS E EDUCADORES PELA INTERNET
Da Redação LaPaz
Em muitos dos lugares onde a Jornada LaPaz foi implantada, uma pergunta pairava no ar: vocês tem esse
programa on line, para que um conhecido meu, ou uma família, pudesse
acessar?
Diante dessa necessidade que a cada
dia se torna mais evidente, a equipe da
Rede LaPaz resolveu preparar e lançar
um programa completo de prevenção
às drogas e álcool pela Internet.
Dessa ideia surgiu o InterLaPaz-Jornada Nacional de Prevenção, que
utiliza o conteúdo programático que
é oferecido às escolas, com adaptações
próprias do ensino à distância.
“Depois de dois anos trabalhando
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com aulas presenciais, tivemos que
aperfeiçoar nosso sistema e colocá-lo
no ar, para que o Brasil inteiro possa
ter acesso às informações”, considera o
gestor da Rede LaPaz, jornalista Rogério Menani. “E o melhor disso tudo é
que muitos conteúdos são gratuitos”,
complementa.
Organização
O InterLaPaz-Jornada Nacional
de Prevenção está organizado em três
fases: conscientização, capacitação
para pais e capacitação para jovens. A
primeira fase já está sendo preparada
e conta com inúmeros profissionais e
líderes do setor de prevenção no Brasil
(veja palestrantes confirmados na página ao lado).
“Essa é uma grande chance para
que os pais, cuidadores e educadores
entrem definitivamente para o grande
movimento de prevenção que se forma
no Pais”, afirma Menani.
Para ter acesso imediato a todas as
informações e atualizações do InterLaPaz, basta entrar na página de apresentação do programa, deixar o e-mail
e, em seguida, confirmar o interesse de
receber novas mensagens. Feito isso, o
internauta já estará cadastrado para receber materiais de prevenção e ganhar
o acesso gratuito ao conteúdo da primeira fase do programa.
___
Mais informações na sede do Sistema
LaPaz, pelo tel.: (16) 3241-4137 ou pelo
e-mail [email protected].
DIGITAL
As fases do
InterLaPaz
A Jornada Nacional de Prevenção
está dividida em três fases:
1
Palestrantes confirmados para a primeira fase do InterLaPaz
PE. HAROLDO RAHM
Fundador do Instituto Padre Haroldo
e do Amor Exigente
CONSCIENTIZAÇÃO PARA
PAIS, CUIDADORES E
EDUCADORES
Em formato de congresso, são palestras para que esse público entenda
a necessidade da prevenção, reorganize os hábitos familiares e crie vínculos
para que a família se fortaleça. Foco no
comportamento da família, dos pais e
dos jovens.
2
CAPACITAÇÃO PARA
PAIS, CUIDADORES E
EDUCADORES
Em formato de vídeo-aulas, oferece o conhecimento necessário sobre
drogas e dependência química para
lidar com as mais diversas situações no
papel de pai, responsável, cuidador ou
educador. Foco em informações técnicas e detalhadas que os pais podem
utilizar para proteger seus filhos.
CRISTIAN FERNANDES
Editor, gestor público, idealizador do Condeq Congresso Nacional de Dependência Química
PROF. SERGIO OLIVA CASTILHO
Pós Guaduado e Especialista em dependência química,
diretor-clínico da Clínica Grand House
ARMANDO TOFANELO
Terapeuta, líder de NA há mais de 25 anos, trabalha com
tratamento e recuperação em Campinas
DR. LUIZ CARLOS GONDIM
Médico, deputado estadual, militante há mais de 30
anos na área de prevenção e dependência química
VALTER COSTA
Escritor, capoeirista e empresário, exemplo
de vida e de doação ao próximo
JOSÉ FLORENTINO DOS SANTOS
Gestor público, palestrante, especialista e mestrando
em prevenção e dependência química
3
Aguarde...
Novos palestrantes a
confirmar presença
em nosso evento...
CAPACITAÇÃO PARA
JOVENS
Em formato de vídeo-aulas, com
apoio de redes sociais e aplicativos de
celular. É o conhecimento necessário
para não ficar vulnerável às situações
de contato com o álcool ou drogas.
Acesse agora!
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ESPECIAL
Descriminalização
das drogas
UM DEBATE NECESSÁRIO
NA SOCIEDADE BRASILEIRA
TEXTO: REDAÇÃO LAPAZ
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ESPECIAL
Três gramas de maconha. Essa porção, equivalente a dois cigarros da droga, está sendo o motivo de um processo
criminal que chegou à mais alta corte
do país e desperta dúvidas, controvérsia e temores entre promotores de Justiça, familiares de usuários e dirigentes de comunidades terapêuticas que
lidam diretamente com dependentes
químicos no dia a dia.
O ponto central da discussão é a
possibilidade de descriminalização das
drogas para consumo pessoal no Brasil, uma questão a ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O relator da ação, ministro Gilmar
Mendes, votou pela inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas
(Lei 11.343/2006), que tipifica como
crime o porte de drogas para consumo
próprio. Ou seja, favorável à descriminalização.
O tribunal discutirá o tema com
base em um recurso de um ex-presidiário que foi pego com 3 gramas de
maconha em sua cela. Ele alegou ser
usuário e foi condenado à prestação de
serviços à comunidade. No entanto,
seu defensor público, Leandro de Castro Gomes, apresentou recurso extraordinário ao tribunal afirmando que
impedir alguém de portar droga para o
uso próprio fere a intimidade e a liberdade individual, contradizendo assim
a Constituição Federal.
Atualmente, usar drogas não é crime, mas portar, sim — mesmo que em
pouca quantidade, para consumo próprio.
Caso o STF considere que não
é possível punir alguém por
ser usuário, já que para isso é
necessário portar a droga, a
decisão pode alterar outros 96
casos que esperam por essa
decisão.
Há os que defendem a manutenção
do crime de porte de drogas para uso
pessoal. “Não há como descriminalizar
as drogas no Brasil, pois não temos estrutura de médicos, psiquiatras e hospitais públicos para tratar dos dependentes químicos que estão atualmente nas
ruas”, afirmou Ana Godoy, presidente
da Pastoral da Sobriedade, ao portal de
notícias G1. Seu movimento congrega
1,6 mil grupos de autoajuda e 60 comunidades terapêuticas.
Já no entendimento de especialistas
em adicção de substâncias químicas, a
Saiba mais
O que diz a
Lei de Drogas?
A lei sancionada em 2006 afirma no artigo 28 que
é crime “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal”. Não está prevista prisão, no entanto;
uma eventual condenação por esse crime também tira
da pessoa a condição de réu primário.
Art. 28 - Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
tendência é o Brasil se ajustar ao modelo dos países desenvolvidos que, aos
poucos, estão deixando de enquadrar
como traficantes os pequenos usuários
de drogas como a maconha.
O coordenador do Centro de Referência em Drogas da Universidade Federal de Minas Gerais (CRR-UFMG),
Frederico Garcia, afirmou ao jornal
Estado de Minas que, com a descriminalização, a tendência é, num primeiro
momento, de aumentar o número de
usuários abusivos de drogas. “Consigo
ver isso na prática”, afirma o especialista.
Com a decisão do STF, também
pode sair das mãos da polícia e do próprio Judiciário a diferenciação entre
quem é traficante e quem é usuário,
que tem levantado críticas de discriminação e violação de direitos humanos
nas prisões.
A questão suscita muitas opiniões
e debates acalorados. Principalmente
pelo setor que será mais afetado pelo
assunto, que envolve toda a cadeia de
prevenção, tratamento e recuperação
de dependentes químicos.
E a história das três gramas de maconha ainda podem mudar e o comportamento de milhares, talvez milhões de pessoas e famílias no Brasil.
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para
seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
destinadas à preparação de pequena quantidade de
substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica.
Como se determina a quantidade
para uso próprio?
Atualmente cabe à polícia decidir se uma pessoa
encontrada com drogas deve ser enquadrada como
usuária ou traficante com base em critérios subjetivos. Segundo o mesmo artigo, “para determinar se a
droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá
à natureza e à quantidade da substância apreendida,
ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente”.
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ENSAIO
CRACOLÂNDIA
Ensaio do fotógrafo italiano
Alessio Ortu revela o cotidiano dos usuários
de drogas no centro de São Paulo.
FOTOS DE
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ALESSIO ORTU
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“As mãos, surradas,
estragadas, tristes,
provas da degradação
da vida pelas drogas”
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ENSAIO
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Um trabalho que chama
para a
reflexão
A vergonha é um traço
comum dos usuários
de crack no centro de
São Paulo
Por um quase um ano, entre setembro de 2011 e julho de
2012, o italiano Alessio Ortu, de
35 anos, visitou quinzenalmente a
região da Cracolândia, no centro
de São Paulo, para fotografar os
usuários que perambulavam pela
região.
Enquanto puxava conversa,
ia tentando traduzir em imagens
a situação de degradação física,
mental e moral em que viviam.
O trabalho resultou no livro
Simulacrum Praecipitii – A visão
do abismo e em um documentário dirigido por Humberto Bassanelli e apresentado festival “É
Tudo Verdade”.
Posteriormente, 18 fotos integraram uma exposição sobre
o tema no Palácio da Justiça, em
São Paulo, promovida pelo Superior Tribunal de Justica.
“Quero que estas imagens sejam como um soco no estômago
de quem vê”, diz o artista, que vive
no Brasil desde 2009.
Em contato com a revista
LaPaz, Ortu autorizou a publicação das fotos para mostrar a realidade de uma época que ainda paira como um fantasma diante das
políticas públicas de controle das
drogas.
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O vício, por outro lado,
acaba com qualquer tipo
de medo ou vergonha.
Exige coragem, exige
ação, exige a alma do
usuário
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ENSAIO
A face da adicção fica clara
fisionomia de cada um. A
degração física também.
Sinal dos tempos?
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EVENTOS
LAPAZ ASSISTÊNCIA REALIZA
CONFERÊNCIAS EM TODO O
ESTADO DE SÃO PAULO
Eventos contaram com recursos inovadores e métodos que
facilitaram a discussão e aprovação de propostas
Palestra na Conferência Lúdica do CMDCA
em Guaíra: motivação e prevenção
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EVENTOS
gramas de prevenção Adonis Guateli.
Entre essas inovações está a discussão das propostas através do sistema de
painéis interativos.
Nesse formato, muitas conferências
não precisaram dividir o público em
grupos, o que sempre gerava descontentamento nos conferencistas.
Maior aprovação
Evitando essa divisão, pudemos discutir os temas e eixos de forma mais
interativa. Isso tornou as conferências
mais leves e gerou maior índice de
aprovação por parte dos cidadãos que
participaram, lembra Guateli.
Ainda segundo o educador, a divisão em grupos ocorreu apenas nas
conferências do CMAS, que em sua
maioria teve uma platéia formada por
técnicos da área e com todas as condições de debater e formular novas propostas para o município, para o estado
e para o país.
As apresentações de teatro também
foram um dos destaques das conferências realizadas pela LaPaz Assistência.
Nelas, a equipe dos atores Adriano
Correia e Vagner Cotrim interpretaram diversos personagens, como pais,
crianças, jovens, idosos e usuários do
sistema de assistência social.
“Esses personagens retratam o dia-a-dia das pessoas que estavam assistindo às conferências”, aponta o ator
Adriano Correia. E daí saíram muitas
situações cômicas, que conquistaram o
público. Entre as técnicas usadas pelos
atores estão o clown (palhaços) e números de circo.
“Uma personagem que vai deixar
saudades é a da assistente social que
vive um episódio de crise diante dos
pedidos insistentes por cestas básicas”,
lembra Vagner Cotrim, que interpreta
um senhor que não se cansa de exigir
seus direitos.
“E o pior é que isso ainda acontece
em muitas cidades!”, brinca.
Fotos: Revista LaPaz
Depois de realizar inúmeras campanhas de prevenção e conscientização a
respeito de saúde e qualidade de vida,
a equipe LaPaz se lançou a um novo
desafio: realizar as conferências obrigatórias de diversos Conselhos Municipais, como o da Criança (CMDCA),
do idoso (CMI) e da Assistência Social
(CMAS).
Foi assim que surgiu a parceria entre a LaPaz Assistência, da Sarahy Editora, e a ADG Assessoria, que acabaram se especializando nos detalhes de
cada tipo de conferência. O resultado
se traduziu em eventos extremamente
organizados e inovadores, na forma e
no conteúdo de cada apresentação.
“Formamos uma equipe com múltiplas especialidades, desde políticas públicas até teatro e música, o que propiciou criarmos novas metodologias para
vencer o grande desafio que é realizar
uma conferência municipal”, destaca
um dos gestores do projeto e diretor da
ADG, o especialista em educação e pro-
Evento em Itápolis: atrações lúdicas animam os participantes e geram envolvimento na discussão das propostas
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EVENTOS
O projeto
As conferências realizadas pela
LaPaz Assistência foram pensadas
como um sistema completo de compreensão do tema proposto. Cada etapa tem um significado, para que o todo
seja entendido. Dessa forma, ao final o
público pode ter uma visão mais profunda e consciente dos seus direitos e
deveres—objetivos das conferências.
“Tivemos o diferencial de levar
o evento pronto, desde os impressos
gráficos, como cartazes e convites, passando pelos impressos técnicos, como
fichas de credenciamento e fichas de
delegados, até apresentadores e equipe
de teatro”, explica o jornalista Rogério
Menani, que também participou do
projeto.
Além disso, a LaPaz Assistência
ofereceu, na maioria das vezes, o equipamento de som para o evento, assim
com o sistema de projeção, com computador e data show.
Para completar, a prestação de serviço ainda realizou a orientação e montagem do relatório final de cada evento.
“Estamos vivendo um momento
de grandes oportunidades para todas
as faixas socioculturais poderem se
expressar, mas o que vemos é o desinteresse da população para com esses
assuntos”, afirma a consultora Alda Pádua, que também integrou a equipe da
LaPaz Assistência.
“Precisamos encontrar maneiras de
mobilizar o cidadão de forma mais efetiva”, acrescenta.
O LaPaz Assistência realizou mais
de vinte conferências de conselhos,
como as duas etapas do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente (CMDCA), a do Conselho Municipal do Idoso (CMI) e do
Conselho Municipal de Assistência
Social (CMAS).
Como uma continuação do projeto
das conferências, a equipe já trabalha
em consultorias para a área da Assistência Social de prefeituras, órgãos públicos e empresas.
Projetos como o de fortalecimento de vínculos, oficinas, cursos de capacitação e palestras de motivação da
equipe estão entre os serviços da LaPaz
Assistência e pela ADG Assessoria.
A EQUIPE
Parceiros em
conhecimento e expertise
que integraram os eventos
do LaPaz Assistência
Adonis Guateli
TRABALHO DE EXCELÊNCIA
GERA RESULTADOS EFICAZES
O LaPaz Assistência inovou na metodologia
de realizar conferências.
Nas fotos, alguns diferenciais do trabalho
realizado pela equipe de profissionais
Conferência dos Direitos do Idoso, em Barretos
Adonis Guateli
Conferência do CMAS, em Vista Alegre do Alto
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Painéis interativos: inovação com eficácia
EVENTOS
Vanderlei Rodrigues (Peu)
Adriano Correia e Vagner Cotrim
Dra. Maria do Carmos I. Coelho
Aline Borges Lopes
Fotos da página: LaPaz
Alda Pádua
Dra. Regina Marques
Peças teatrais foram um recurso importante nos eventos
Rogério Menani e suas dinâmicas de prevenção
Conferência do CMAS em Taquaral
Conferência dos direitos do Idoso em Ibitinga
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CULTURA
PARA REFLEXÃO
Umareflexãonecessáriasobre
otemaLiteraturaeouniverso
dasdrogasedependênciaquímica
Texto final: Redação Revista LaPaz; Referências: Rodrigo Levino; blog “Doce Escrita” (www.doceescrita.blogspot.com.br);
www.wikipedia.com; Revista Rolling Stone Brasil; www.livrariacultura.com.br; www.livrariasaraiva.com.br
Confissões de um
comedor de ópio
Thomas de Quincey
Editora L&PM, Edição de 2001, 152 páginas
Fotos: Divulgação
Tido por muitos como o fundador da literatura tóxica,
Thomas de Quincey foi o primeiro escritor a narrar episódios de alteração de consciência. Isso foi há muito tempo,
o livro foi publicado em 1821, mas seus relatos se perpetuaram e são—ainda hoje—referência no assunto.
Inglês de carteirinha, nascido em Manchester, conta
como foi um menino prodígio, que decidiu sair da escola
mais cedo e ir para a faculdade. Problema é que, menino
ingênuo que era, muito dado aos livros, calculou errado
seus gastos, seu orgulho e suas direções, e foi parar em
Londres, onde quase morreu de fome, vivendo de favores e, de uma forma geral, não fazendo nada de útil.
Nesses anos de privações, ele arranjou uma doença estomacal terrível, que mais tarde lhe causava momentos de tortura. A saída foi tomar ópio com fins
medicinais. Depois de algum tempo, o vício já estava
instalado e a história se desenvolve sobre o cotidiano
que alterna momentos de loucura e lucidez.
Thomas de Quincey foi um erudito. Além de The
Confessions of an English Opium-Eater (Confissões de um comedor de ópio), sua principal obra,
escreveu tratados e monografias, estudos e pesquisas
sobre filosofia e lendas alemãs, artigos sobre economia, política, história e crítica literária. Uma boa
introdução à literatura sobre drogas.
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RETRATO DE UM VICIADO
QUANDO JOVEM
Bill Clegg, Tradução de Julia Romeu
Editora Editora Companhia das Letras, 2010, 216 páginas
Para quem está acostumado à crônica de pobres e mendigos viciados em crack vagando como zumbis, o relato do editor norte-americano Bill Clegg é uma surpresa.
Intelectual, jovem, bem nascido, habitué de restaurantes e festas disputadas em Manhattan, Clegg experimentou a droga com
frequência ao longo de três anos. Os dois meses finais do vício
foram devastadores, somados à sede por vodca – em alguns dias,
bebia cinco garrafas do destilado.
O crack varreu a sua conta bancária (ele gastou US$ 80 mil
em pedras), a sua reputação (perdeu todos os escritores que
agenciava), a sua dignidade (passou a viver em hotéis e na rua) e
as suas relações (perdeu o namorado). O relato dessa descida ao
inferno é sóbrio e de incontestável valor literário. Com muita
habilidade, ele alterna descrições das piores crises com fatos da
infância e da adolescência, quando já havia sinais de algo que
mais tarde o levaria ao vício incontrolável: a impulsividade.
Medo e Delírio em
Las Vegas
Hunter S. Thompson
Editora L&PM, 2010, 220 páginas
Enquanto Timothy Leary liderava um grupo de hippies entusiastas das drogas como meio de expansão da consciência, o jornalista Hunter S. Thompson pertencia ao time dos que queria
usar o máximo de drogas ao mesmo tempo, apenas pelo barato.
Nessa reportagem transformada em livro Thompson experimenta diversas drogas (mescalina, cocaína, álcool, pílulas…)
enquanto vai cobrir uma conferência da polícia anti-narcóticos.
É a marca do final do sonho hippie e o começo dos anos
70, já que o livro foi publicado como reportagem pela revista
Rolling Stone, em 1971. Uma época marcada pela entrada da
heroína e cocaína, quando as drogas mais leves (maconha e
ácido) foram proibidas pelo governo e passaram a ser vendidas por traficantes inescrupulosos interessados em viciar seus
clientes o mais rápido possível.
O romance ficou tão famoso que ganhou em 2008 uma
versão para o cinema, no filme “Medo e Delírio”, do diretor
Terry Gillian. No elenco, Johnny Depp, Benicio del Toro e
Tobey Maguire.
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CULTURA
A Erva do Diabo
Carlos Castañeda
Editora Best Seller, 2013, 279 páginas
Um dos livros clássicos sobre a relação do homem com as substâncias psicotrópicas, publicado no lendário ano de 1968.
O livro trata inicialmente dos primeiros encontros com Don Juan
Matus, um índio de Sonora, do México, um mestre no que era denominado “Caminho do Conhecimento”. Relata também o quanto foi
difícil para ele, um representante da sociedade branca e dominadora
dos Estados Unidos, compreender os valores de Don Juan, que se
comportava de acordo com a cultura milenar dos chamados “Videntes” da América Central.
Por parte de Carlos Castaneda, a assimilação dos conhecimentos
dos índios e particularmente de seu personagem – informante, Don
Juan Matus, tinha por objetivo a realização de um estudo antropológico para sua tese de mestrado, sobre a cultura indígena da América
Central, com o fim de publicar livros e outros trabalhos acadêmicos.
Os eventos que chamam a atenção da maioria dos leitores –
mas não o objetivo principal do livro – são os relatos de Castaneda
sobre os rituais dos povos de Sonora, nos quais utilizavam alucinógenos preparados a partir de plantas em suas formas originais,
maceradas, ou mesmo in natura como mastigação de botões de
cactos. Essas plantas têm marcantes propriedades psicoativas de
expansão da percepção habitual, e por isso os índios as chamam
de “Plantas de Poder”.
Flashbacks:
surfando no caos
Timothy Leary
Editora: BECA, 1999, 528 páginas
Leary era um psicólogo, ativista e escritor influente nos Estados Unidos entre os anos 50 e 70, famoso por defender o uso terapêutico das drogas psicodélicas. Em seu instigante livro de memórias “Flashbacks”, relata
como conheceu essa categoria de substâncias (na época legais nos EUA e
estudadas como remédio) e como elas salvaram sua vida num período de
grande depressão.
Leary achava que o LSD poderia expandir a mente das pessoas e ajudá-las no combate de algumas doenças mentais. Ele não defendia o uso
indiscriminado da droga pela droga, mas experiências controladas que
deixariam as pessoas longe de riscos.
Por sua campanha foi perseguido nos EUA, preso (por porte de
uma pequena quantidade de maconha) e teve que se exilar. Seu livro
revela que as conspirações contra o LSD chegaram a envolver o presidente Kennedy e a CIA. Muito interessante para entender os anos 60,
descobrir como as drogas se tornaram ilegais e rever seus preconceitos.
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OPINIÃO
ALÉM DA RUA
Q
uando fazia parte da Univesidade de Princeton, Albert
Einstein, uma das maiores
mentes da história, entre
suas inúmeras histórias e
pesquisas, dedicava-se regularmente a
uma adolescente em especial que causava
grande estranheza a seus colegas. Duas
vezes por semana ele dava aulas de matemática para uma garotinha da escola
primária.
Seus colegas de Universidade com
frequência lhe perguntavam como ele
podia perder parte do seu precioso tempo dando aulas para a garotinha. Einstein lhes respondeu:
- Vocês não imaginam as perguntas
maravilhosas que ela faz!
A humildade de Einstein lhe permitiu ver o mundo, o Universo e a física
com olhos de criança, e foi assim que
revolucionou a ciência, exercitando a
ingenuidade do olhar e aprendendo a
fazer perguntas tal qual uma criança faz,
sem preconceitos, sem prender-se a paradigmas, deixando voar a imaginação e o
pensamento.
Nossa obra “Além da Rua”, uma extensão da Instituição Padre Haroldo, imita
Dr. Einstein no seu apostolado para crianças e adolescentes em situação de rua.
O acesso à “moradia digna” é um direito universal reconhecido. A existência
de moradia torna as interações humanas
possíveis e oferece abrigo, ao passo que
sua ausência ou precariedade encontra-se associada às doenças e à violência.
Uma estrutura de moradia permanente
é capaz de diminuir o consumo de substâncias psicoativas e o cometimento de
muitos crimes. Usuários de drogas em
situação de rua melhoram quando têm
moradia associada à programas formais de tratamento para dependência
química.
Os números da atual população em
situação de rua são bastante significativos. Em uma das matérias do Fórum de
Entidades Nacionais de Direitos Humanos (FENDH) constava que até 1,8
milhão de pessoas vive nas ruas no Brasil.
Este número veio de um levantamento
do Ministério do Desenvolvimento Social feito em 76 municípios. O estudo
mostra que de 0,6% a 1% da população
brasileira vive de modo provisório ou
permanente nas ruas.
Crianças e adolescentes em situação
de rua, segundo dados da Organização
das Nações Unidas (ONU), atingiram
100 milhões de pessoas no mundo todo.
Contudo, como o número de crianças e adolescentes em situação de rua é
um dado impactante, é importante ter
um olhar mais cuidadoso para buscar
subsídios para essa população. Se eles
não romperem este ciclo de exclusão
social numa moradia ou abrigo, esse fenômeno poderá se perpetuar na idade
adulta, podendo se estender a outras
gerações.
Dra. Lucia Sdoia é Presidente do
Programa “Além da Rua” em Campinas/SP, que oferece moradia para
crianças e adolescentes em situação
de rua e está salvando os que potencialmente poderiam entrar na vida
criminal.
Vamos juntos neste amor!
HAROLDO J. RAHM, SJ
Presidente de Honra da Instituição Padre
Haroldo e do Amor-Exigente
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Associação Sementes
da Liberdade - ASL
“...semeando AMOR,
colhendo LIBERDADE”
“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral
e do poder público assegurar, com absoluta prioridade,
a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária.”
(Artº 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - Lei 8.069/1990)
Missão da ASL
Trabalhar para ser conhecida e reconhecida
como organização social que promove ações
de assistência social, educação, esportes
e cultura à adolescentes e jovens que vivem
ou viveram em ambientes familiares afetados
pela adicção às drogas, inclusive o álcool,
auxiliando no desenvolvimento integral
do indivíduo em vulnerabilidade social.
Filosofia da ASL
Nossa crença é baseada no
valor humano, que através do
conhecimento norteado por
princípios éticos e espirituais,
é capaz de despertar a consciência
do indivíduo para ser um propagador
de amor, verdade e justiça.
Contribua com nossa entidade e receba um certificado de
“Empresa Socialmente Responsável”, uma menção em nosso
site e a autorização do uso de nossa logomarca.
Entre em contato conosco:
Armando Tofanelo - (19) 99741 5181
[email protected]
Maurício C. Paris - (19) 99113 9154
[email protected]
Faça sua doação:
Banco Itaú
Ag. 2964
C/C: 36801-9
CNPJ: 12.039.605/0001-75
www.sementesdaliberdade.org.br
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