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Artigo
Revista Informativa Educacional
ISSN 2238-3093
Revista ANEC
junho de 2012 :: Ano V :: No 19
COMO AJUDAR
SEU FILHO
NA ESCOLA
Artigo: Brasil-Santa
Sé. A subcomissão
número um
Pesquisadores da
PUCRS pretendem
desvendar como o
sistema imune se
altera ao longo do
envelhecimento
No 19 :: Ano V :: junho de 2012
Entrevista com
o presidente da
Comissão de Educação
e Cultura da Câmara
dos Deputados,
Newton Lima Neto
(PT/SP), sobre as
metas prioritárias da
educação para este ano
no Parlamento
Sumário
2
Palavra do Diretor-Presidente
4CULTURA
18
6
MURAL DE NOTÍCIAS
8ACONTECE
ARTIGOS
13
Brasil-Santa Sé
14Educar e evangelizar
16
Binômio inseparável: conhecimento e aprendizagem
17A Educação para a Cidadania
25
18Nova disciplina normativa e cuidados do empregador
22Tempos de analfabetismo afetivo
POLÍTICA
24Educação e profissionalização
25Educar
GESTÃO
26
Blindagem contra fraudes
28Levar quem gosta de ensinar até quem quer aprender
30
30
Comunicação on-line
32A leitura de clássicos da literatura e o interesse dos alunos
34Educação para um mundo sustentávels
MATÉRIA DE CAPA
36
Como ajudar o seu filho na escola
Educação SUPERIOR
42As alterações do sistema imune em idosos
36
44
Circo e universidade
46
Pindorama completa dez anos
48
Centro de Reabilitação retoma atendimento à população
49
Milionésimo beneficiado pelo ProUni
50
Uma década de bons resultados
Educação BÁSICA
54Encontro das Escolas Católicas reúne 600 educadores
56A Casa da Cultura e dos Esportes
58Estudante representa Brasil em evento da ONU
42
61
Projeto Irmãos da Alegria
62
Bote Fé em Brasília
ESPECIAL
74Entrevista com o presidente da CEC
76
JMJ 2013: o Brasil em festa
69Educação em pauta
71
Mudanças no ENADE
74SERVIÇOS
61
76
PLANO DE AULA
80 REFLEXÃO
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL
Palavra do Diretor-Presidente
DIRETORIA NACIONAL
Diretor-Presidente
Reitor Pe. José Marinoni, SDB
Diretor 1º Vice-Presidente
Ir. Frederico Unterberger, FMS
Diretora 2º Vice-Presidente
Ir. Mariluce Nilo Morcourt, SSD
Diretora 1º Secretária
Irani Rupolo
Diretor 2º Secretário
Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI
Diretor 1º Tesoureiro
Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
Diretor 2º Tesoureiro
Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB
Secretário Executivo
Prof. Daniel Torres de Cerqueira
CONSELHO SUPERIOR
Pe. José Marinoni
Diretor-presidente da ANEC
Presidente
Prof. Wolmir Therezio Amado
Vice-Presidente
Dom Flávio Giovenale, SDB
Secretário
Ir. Paulo Fossatti, FSC
CONSELHEIROS
Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pe. João Júlio Farias Júnior
Ir. Teresinha Maria De Sousa, MC
Prof. Francisco Angel Morales Cano
Ir. Clemente Ivo Juliatto, FMS
Ir. Maria Teresa Diniz
ISSN 2238-3093
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
Luciene Lopes Pereira
Nelismar de Souza
Willian Ribeiro
JORNALISTAS
Lana Canepa
Pablo Mundim
PRODUÇÃO EDITORIAL
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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CATÓLICA DO BRASIL - ANEC
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Caros Irmãos e Caras Irmãs em Cristo!
Paz e Bem!
Passamos por um tempo de grandes desafios e grandes oportunidades.
Cada vez mais, a flexibilização moral da sociedade contemporânea se torna algo
preocupante e que nos obriga a uma tomada de posição. Por isso mesmo, é necessário que, no nosso tempo, a escola católica saiba afirmar-se de maneira eficaz, persuasiva e atual. Não se trata de pura adaptação, mas de impulso missionário: é dever fundamental da evangelização ir até onde está o homem para que
acolha o dom da salvação.
A declaração sobre educação cristã – Gravissimum Educationis, em outubro
de 1965, considera “a educação como extremamente importante na vida do homem e reconhece como suas influências têm se tornado cada vez mais significativas para o progresso social, ao longo dos tempos, evidenciando a gravíssima
importância da educação na vida do ser humano e seu reflexo cada vez maior
no progresso social do nosso tempo”. Ainda mais explícito nesse sentido é o
Proêmio do referido documento, quando afirma que:
[...] “a Igreja Católica insiste na importância da educação integral e de qualidade e no direito que ela tem de atuar, com toda a liberdade e apoio do Estado,
no campo da educação, domínio fundamental para o trabalho de evangelização
e de promoção da liberdade e da dignidade de pessoa humana”.
No mesmo sentido, o texto final da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, conhecido como “Documento de Aparecida”, afirma que “a escola católica é chamada a uma profunda renovação. Devemos resgatar a identidade católica de nossos centros educacionais por meio de um impulso missionário corajoso e audaz, de modo que chegue a ser uma opção profética plasmada em uma pastoral da educação participativa. Tais projetos devem
promover a formação integral da pessoa, tendo seu fundamento em Cristo, com
identidade eclesial e cultural, e com excelência acadêmica. Há de gerar solidariedade e caridade para com os mais pobres”.
Afinal, o tema “educação” na Igreja é tão antigo quanto à própria Igreja, que
recebeu de seu Mestre o mandato: “Ide e ensinai a todas as gentes...”. Este mandato engloba e pressupõe o desenvolvimento integral da pessoa humana; é da
pessoa humana, em seu todo, que a Igreja deve ocupar-se. Somente assim, faremos a diferença na vida das pessoas.
2 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Cultura
Quem se importa
D
irigido por Mara Mourão, o documentário Quem se
então, uma moeda própria, a “Palmas”, aceita hoje até mesmo pelo
importa é definido como mais que um filme, e sim
Banco Central.
um movimento. A ideia é inspirar pessoas a serem
O site do documentário tem uma área especialmente dedicada
transformadoras por meio das histórias de vida de 18
às escolas. Dirigido a jovens, educadores sociais e professores, o
empreendedores sociais do Brasil e do mundo.
projeto educativo do longa metragem abre um amplo debate
Entre os personagens retratados está o bengalês Muhammad
sobre ética, cidadania, afeto, cuidado e os potenciais de todos de
Yunus, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2006. Yunus criou o
promover mudanças locais e globais. No site, é possível fazer o
Greemen Bank há cerca de 30 anos, com o objetivo de promover
download de um guia exclusivo para debater o filme.
autonomia à população miserável da região. Conhecido como
“Quem se importa é um filme sobre empreendedores sociais ao
o “banco dos pobres”, o Grameen Bank foi a primeira instituição
redor do mundo. Pessoas brilhantes com ideias inovadoras, que
financeira no mundo especializada em microcrédito. Ela hoje
apontam novos caminhos e um olhar ético nos vários campos
possui filiais em 44 países, inclusive no Brasil. Um dos brasileiros
em que atuam”, diz Mara Mourão, diretora do longa, que está em
apresentados é Joaquim Melo, criador do Banco Palmas. Para ele,
cartaz em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Londrina.
“não existe território pobre, o que existe é a perda de poupanças
locais”. Então, nada mais justo que incentivar o comércio legal
e estimular o dinheiro a não sair do próprio bairro. Melo criou,
4 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Informações
www.quemseimporta.com.br
Exposição Planeta Inseto –
Museu do Instituto Biológico
João Justi Junior
A
exposição Planeta Inseto, que
está no museu do Instituto
Biológico, mostra a importância desses organismos na vida
humana. A mostra retrata os diversos
aspectos sobre os insetos, de forma
interativa, e sensibiliza o público para sua
importância na sustentabilidade ambiental, produção de alimentos e saúde
pública.
A exposição também demonstra quais
são os povos que utilizam insetos como
fonte de alimento, e quais os treinam para
competirem em campeonatos de lutas. O
visitante poderá ver de perto as abelhas
produzindo o mel, lagartas produzindo
Abelha na flor do maracujá
Fabiano F. Albertoni
o fio da seda, formigas trabalhando de
forma organizada, cupins reciclando material orgânico, entre outras atrações.
O projeto é coordenado pelo Instituto
Biológico (IB-APTA), órgão da Secretaria
da Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo, tendo como parceiros
a Secretaria da Cultura e o Catavento
Cultural e Educacional.
Informações
Exposição Planeta Inseto
Onde: Museu do Instituto Biológico – www.
biologico.sp.gov.br/museu.php
Endereço: Rua Amâncio de Carvalho, 546,
Vila Mariana – São Paulo
De terça a domingo, das 9h às 16h.
Percevejo sendo predado por outro percevejo
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 5
Mural de notícias
Recursos para transporte e alimentação na zona rural
Já está disponível para as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação
a primeira de nove parcelas do Programa Nacional de Apoio ao Transporte
do Escolar (Pnate), no valor de R$ 42.964.531,28 para estudante do
ensino básico, residentes na zona rural. Este recurso deverá ser utilizado
para quitar despesas com a reforma, seguros, licenciamento, impostos e
taxas, serviços de mecânica, elétrica e funilaria, recuperação de assentos,
combustível e lubrificantes de veículo ou de embarcação utilizada para
o transporte de alunos. Para a merenda escolar, o Programa Nacional
Alunos que vão para o ensino
médio permanecem no
fundamental
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad), realizada em 2009 pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que
31,09% dos estudantes do país que avançaram
para o ensino médio ainda permanecem no
fundamental. De acordo com os dados, 50,9%
dos jovens com idade entre 15 e 17 anos
estudam no ensino médio, o que é totalmente
compatível com a faixa etária. A situação é pior
nas regiões Norte e Nordeste, já que de cada
dez estudantes, apenas quatro estão na faixa de
ensino de acordo com a idade correta. Já 0,7%
concluiu ou está em processo de vestibular,
0,2% ainda cursa a etapa básica de alfabetização
e 1,2%, estão no Programa de Alfabetização
de Adultos na etapa fundamental. O objetivo
do Programa Todos Pela Educação é que
toda criança de 4 a 17 anos esteja na escola.
Entretanto, segundo a pesquisa, atualmente
14,8% das crianças estão fora da escola.
www.todospelaeducacao.org.br
6 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
de Alimentação Escolar (Pnae) também já liberou R$ 268.899.924,00
referentes à segunda parcela para as Secretarias de Educação dos
Estados, municípios e do Distrito Federal. O cálculo para o repasse da
verba tem como base R$ 0,30 por dia para alunos da pré-escola, ensinos
fundamental e médio e Educação de Jovens e Adultos. Para creches e
estudantes indígenas, a base segue R$ 0,60 e para o período integral do
Programa Mais Educação, R$ 0,90 por dia para cada aluno.
www.mec.gov.br
Descredenciamento da
Universidade São Marcos
Polêmica sobre material escolar
de combate à homofobia
Foi publicada no Diário Oficial da União, no
dia 26 de março, a resolução do Ministério da
Educação para descredenciar a Universidade São
Marcos de São Paulo após terem sido verificadas
diversas irregularidades administrativas que
comprometeram o funcionamento da iInstituição.
Dentre os problemas encontrados estão a falta
de recredenciamento, descumprimento de
medida cautelar e inviabilidade financeira. De
acordo com a norma do MEC, a São Marcos será
responsável por todo o acervo acadêmico e
pelo kit de transferência do aluno de graduação
e pós-graduação, incluindo estudantes que
estavam com a matrícula trancada. Além das
determinações acima, a instituição tem prazo
de até 10 dias para criar uma comissão que
fique responsável pela transferência dos
alunos para outras universidades, entrega de
documentação e comunicado em jornais de
grande circulação, informando onde será feito
o atendimento ao estudante.
www.mec.gov.br
O Projeto de Lei de autoria do vereador Carlos
Bolsonaro (PP-RJ), que sugere a proibição
da distribuição de materiais didáticos nas
escolas da Rede Municipal do Rio de Janeiro
que contenham informações sobre a prática
da homoafetividade ou qualquer assunto
correlacionado foi aprovado em 1ª instância
por 21 votos a favor e 9 contra. Os vereadores
foram pressionados a votarem contra o projeto
por entidades e defensores dos direitos de gays,
lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT)
em 2ª Instância. O deputado federal Jean Wylliys
(PSOL) enviou ofício ao prefeito do Rio de Janeiro,
Eduardo Paes, pedindo pronunciamento público
e o compromisso de vetá-lo, caso seja de fato
aprovado. Em último estudo divulgado em 2009
pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), de
uma amostra de 18,5 mil pessoas entrevistadas,
entre estudantes, pais, diretores, professores e
funcionários das escolas, 87,3% afirmaram ter
preconceito quanto à orientação sexual.
www.agenciabrasil.gov.br
Reforma educacional de Nova York será
modelo para o Brasil
Brasileiro lê pouco
A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro,
revela que aproximadamente 50% das 5 mil pessoas entrevistadas em mais
de 315 municípios do país são consideradas leitoras. O resultado foi baseado
em um dos critérios da pesquisa, que consiste em cada pessoa ter lido pelo
menos um livro nos últimos três meses. Dentre todos os entrevistados, 64%
concordaram com a afirmação "ler bastante pode fazer uma pessoa vencer
na vida e melhorar sua situação econômica”. Já 30% responderam não gostar
de ler, 37% leem um pouco e 25% gostam muito de ler. Entretanto, 21%
preferem outras atividades, e 53% relacionaram o desinteresse pela leitura à
“falta de tempo”.
www.agenciabrasil.gov.br
Com referência à reforma educacional de Nova York, em 2002, um projeto
piloto que acrescenta à escola um coordenador para auxiliar os pais de alunos
e tutores e professores em sala de aula será ampliado e chegará ao Rio de
Janeiro e ao Espírito Santo. O Programa Excelência em Gestão Educacional
será utilizado em cerca de 1.140 instituições de ensino da rede pública,
resultado da parceria da Fundação Itaú Social com prefeituras e governos. Em
São Paulo, primeira cidade a receber o programa, dez escolas da região leste
receberam, durante três anos, o auxílio de tutores e coordenadores de pais. A
Fundação Itaú Social ainda está avaliando o resultado final do projeto em São
Paulo, que termina este ano e está orientando a Secretaria de Educação para
que possa dar continuidade ao projeto em outros municípios.
www.fundacaoitausocial.org.br
USP avalia alterações nas
regras de pós-graduação
Experimentos desnecessários
com animais vivos
Aumento nas bolsas de pósgraduação da Capes
Principal referência e formadora de pós-graduados
do Brasil, a Universidade de São Paulo (USP) estuda
mudanças no processo de avaliação de mestrados
e doutorados. “A proposta da Comissão de Pósgraduação visa melhorar a avaliação dos alunos
e dos próprios programas”, explica o pró-reitor de
pós-graduação, Vahan Agopyan. A comissão dos
estudantes não está de acordo com a medida, e
pleiteia mais discussões sobre o assunto. O texto
estabelece que o aluno passe por uma avaliação
até um ano e meio após o início do curso. Isso
permite saber com antecedência se o aluno tem
vocação para a pesquisa, mas cada curso decidirá
se irá manter o exame inicial, explica a reitoria. Já
para a representação estudantil, a USP quer acelerar
o processo de finalização de cursos pelos alunos,
elevando artificialmente a produtividade, numa
visão internacional.
www.usp.br
As Faculdades Unipam (Centro Universitário de
Patos de Minas) e Facisa (Faculdade de Ciências
da Saúde), de Unaí, receberam petição do
Ministério Público Federal de Minas Gerais para
que paralisem os estudos científicos utilizando
animais vivos e saudáveis. A recomendação do
MPF é com base na lei nº 9.605/98, que “torna
crime qualquer ato de abuso ou maus tratos, ferir
ou mutilar animais vivos durante experimentos
científicos”, explica o Procurador da República
Onésio Amaral. Segundo o Ministério Público,
já existem outros métodos mais avançados
utilizados atualmente por diversas instituições no
Brasil e em muitos países, fato esse que fortalece
o pedido de encerramento de atividades
obsoletas de pesquisa com animais vivos. A pena
para quem descumprir a lei prevê de três meses a
um ano de reclusão, podendo chegar a 16 meses,
no caso de morte do animal.
www.mp.mg.gov.br
O Ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
anunciou que haverá reajuste no valor das bolsas
de Estudos, da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes). Segundo
Mercadante, há uma diferença que precisa ser
corrigida "o mais rápido possível". Apesar do
anúncio, não foi informado qual será o percentual
de aumento e nem quando entrará em vigor a
nova medida. Desde 2008, o valor do benefício
permanecia o mesmo, e na atual gestão o
repasse é de R$ 1,3 mil para bolsa de mestrado
e R$ 1,8 mil para doutorado. Desde o início de
2011, a Associação Nacional de Pós-Graduandos
(ANPG) reivindica correção de 40%, com base
em estudo de demanda e com o reajuste da
inflação, segundo Elisangela Lizard, presidente
da instituição. A Capes atende hoje cerca de 71
mil bolsistas.
www.agenciabrasil.gov.br
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 7
Acontece
Professor Jorge Audy, Doutor na área de Sistemas de Informação da PUCRS
Jorge Audy fala com a ANEC sobre experiências inovadoras
E
m entrevista à ANEC, o doutor na
área de Sistemas de Informação da
Pontifícia Universidade do Rio Grande
do Sul (PUCRS), professor Jorge Audy,
falou sobre o 3° Fórum das Instituições de Ensino
Superior (IES) Católicas do Brasil, realizado pela
associação no mês de maio.
Um dos convidados a participar do evento
realizado em Campo Grande (MS), o especialista
detalha o projeto que foi base de exposição
durante o Fórum. “A Rede InovaPUC congrega
o conjunto de atores, ações e mecanismos
institucionais relativos ao processo de inovação
e empreendedorismo na PUCRS. Seu objetivo
é promover este processo na universidade,
articulando, para tal, os atores envolvidos nas
ações de ensino, pesquisa e extensão. O foco da
atuação da instituição por meio da InovaPUC
é promover um esforço multidisciplinar para
buscar soluções e oferecer respostas às demandas
da sociedade em termos de desenvolvimento
econômico, ambiental, social e cultural.
Desta forma, a relação entre a universidade
e a sociedade ocorre em dois sentidos: tanto
problemas identificados na sociedade podem dar
origem ao desenvolvimento de pesquisas, quanto
os resultados e conhecimentos já disponíveis na
universidade podem ser aplicados na solução de
8 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
problemas existentes”, conta.
Quando perguntado sobre quais inovações
podem surgir como consequência do projeto, o
professor é enfático: “Ao longo dos últimos anos,
diversas ideias geradas no contexto do Fórum
InovaPUC, por meio dos agentes de inovação,
deram origem a novos projetos, setores e ações da
universidade, como, por exemplo, a Certificação
Adicional na Graduação, a criação do Núcleo
Empreendedor e do Núcleo de Apoio à Gestão da
Inovação (NAGI) na Faculdade de Administração, a
construção de um hotel no campus universitário,
a criação de uma agência de empreendimento na
pró-reitoria de administração, etc.”
Antes de encerrar a entrevista, o professor
gaúcho destacou a importância dos educadores
e gestores buscarem novidades em eventos
como o Fórum realizado pela ANEC. “A troca
de experiências e as oportunidades de
estabelecimentos de contatos e redes entre as
IES comunitárias e confessionais me parece um
papel central que a ANEC busca propiciar por
meio destes eventos. O conhecimento e o diálogo
entre nossas IES são elementos fundamentais para
crescermos como segmento, qualificando ações
e projetos institucionais e angariando com isto
maior reconhecimento tanto da sociedade quanto
do Governo”, finaliza.
ANEC promove encontro
sobre saúde pública e
bioética no ES
Educadores de escolas, instituições de
ensino superior e projetos de educação
popular ligados à Igreja Católica, assim
como educadores de instituições públicas
e privadas de ensino do Estado do Espírito
Santo, participaram no mês de março de um
encontro de reflexão sobre a saúde pública e
a bioética.
O evento, realizado pela ANEC no Teatro
Marista de Vila Velha, contou com a
participação do especialista em Bioética no
Brasil e diretor geral da Congregação dos
Camilianos no Brasil, Pe. Léo Pessini.
ANEC entrevista Gildásio
Mendes sobre Fórum em MS
O
3° Fórum das Instituições de Ensino Superior (IES) Católicas do Brasil foi realizado pela ANEC, em parceria com a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), nos dias
10 e 11 de maio em Campo Grande (MS).
Esperado por muitos, o evento reuniu experiências inovadoras aplicadas nas instituições de
ensino católicas e que podem servir de modelo. As apresentações foram feitas por reitores
e especialistas dos mais diversos segmentos
durante palestras. Entre os convidados esteve o
filósofo, mestre e doutor em Comunicação pelo
Department of Communication da Wayne State
University (EUA), Pe. Gildásio Mendes.
Membro da International Communication Association (ICA), da The Society for the Psychological
Study of Social Issues (SOSSI), National Communication Association (NCA) e da Congregação Salesiana de Dom Bosco (SDB), ele falou sobre o Fórum e o
tema da palestra em entrevista à ANEC.
ANEC – Qual o efeito das redes sociais na educação superior?
Pe. Gildásio Mendes – Imaginemos um estudante universitário de 19 anos que tem uma rede de
amigos e estudantes nas mídias sociais. Ele passa
grande parte do seu tempo conectado, se relacionando com as pessoas, buscando informações
para seus estudos e sua carreira profissional, escutando música, seguindo seus colegas no Twitter, no
Facebook, Orkut e MSN. Não é normal que queira
também aprender e aplicar os seus conhecimentos
dentro deste mundo conectado que respira e vive
diariamente?
O Brasil está entre os países líderes mundiais no uso
da internet e redes sociais. Segundo pesquisas feitas pelo Ibope/Nielsen, somos 78 milhões (a partir
de 16 anos – setembro/2011) de internautas. E este
número cresce cada vez mais.
É verdade que no Brasil o uso das redes sociais na
educação está na sua fase inicial. O impacto ainda
é pequeno considerando os Estados Unidos, China
e Índia. Penso que todos nós, que estamos nas IES,
devemos nos perguntar que tipo de universidade,
centro universitário ou faculdade estamos preparando para as novas gerações que pensam, escrevem, trabalham e se relacionam com a mentalidade de rede e de mundo digital. ANEC – Como elas podem colaborar com o
ensino?
Pe. Gildásio Mendes – As redes sociais têm muito
a colaborar com o ensino e também com a pesquisa e a extensão. Um grupo de alunos do curso de
Administração da Universidade Luterana do Brasil
realizou um estudo e identificou que estudantes
utilizam as redes sociais primeiramente para diversão e lazer; segundo para estudar e pesquisar.
O Departamento Darthmouth da Universidade de
Massachussets, nos Estados Unidos, em uma pesquisa entre 2007 e 2008 revelou que 61% dos que
responderam ao estudo usam as redes sociais para
pesquisar e estudar.
Em 2007, o British Council, em outro estudo, intitulado “Ensinando e aprendendo através das redes
sociais”, concluiu que, em países como a China, estudantes têm mais acesso à informação pelas redes
sociais que em sala de aula e que aprendem muito
mais durante buscas e partilhando entre colegas
estudantes do que com o professor na sala de aula.
Imagino, por exemplo, as IES presenteando seus
alunos com um Ipad e, junto a eles, estabelecendo
orientações e normas para o uso destes instrumen-
tos em sala de aula; professores acompanhando e
participando de grupos de pesquisas com seus alunos e fortalecendo em rede projetos de pesquisas
com outras IES, no Brasil e outras nações, utilizando
as redes sociais para estrategicamente organizar e
distribuir o conhecimento, gerando patentes e atuando no mercado competitivo das empresas, ou
introduzindo nos currículos dos cursos o uso das
redes sociais para a busca do conhecimento.
ANEC – Qual a importância dos educadores e
gestores buscarem novas experiências em eventos como este, promovido pela ANEC?
Pe. Gildásio Mendes – A ANEC tem oferecido,
nestes últimos quatro anos, eventos de qualidade.
Participei de alguns deles, marcados pela competência dos conferencistas, pela organização e atualidade das temáticas. Por meio de seus eventos, a
associação tem contribuído com a integração entre o universo acadêmico e a inovação, por meio da
pesquisa, do empreendedorismo na gestão das IES
e da importância da organização política da ANEC,
tanto internamente quanto na sua representatividade diante do Ministério da Educação (MEC) e
outros órgãos nacionais de educação.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 9
Acontece
ANEC e Arquidiocese preparam
passagem da Cruz Peregrina no DF
O secretário-executivo da ANEC, Daniel Cerqueira, participou de reunião
no dia 27 de março, na sede da Associação Nacional de Educação
Católica do Brasil, com o vigário geral da Arquidiocese de Brasília, Pe.
George de Alburquerque, e o Pe. João Firmino, também representante da
Arquidiocese local.
O encontro selou a parceria entre a ANEC e a Arquidiocese quanto aos
preparativos para a passagem da Cruz Peregrina e do ícone de Nossa Senhora
em Brasília, programada para 12 e 13 de maio deste ano. A peregrinação dos
ícones faz parte da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio 2013.
Outro encontro foi realizado com a participação de diretores de escolas
católicas do DF, dirigentes de instituições de educação superior (IES),
presidentes de entidades mantenedoras, diretores de obras sociais,
coordenadores de pastoral e de catequese. O evento foi será realizado no
Colégio Marista João Paulo II.
Além do secretário Cerqueira, participaram do encontro os secretários da
Câmara de Mantenedoras da ANEC, Guinartt Diniz, da Câmara de Educação
Básica, Janaina Paim, e da Câmara de Ensino Superior, Francine Junqueira.
Reunião com o vigário geral da Arquidiocese de Brasília, Pe. George de Alburquerque, e com o Pe. João Firmino
ANEC realiza reunião para
discutir Jogos Escolares
Católicos 2012
Seminário da ANEC reúne especialistas em Recife
O estado de Pernambuco foi sede do seminário “Gestão de mantenedoras” no mês de março. Realizado
pela ANEC, reuniu cerca de 120 participantes em torno dos paradigmas e observâncias jurídicas nos
processos de renovação do Certificado das Entidades.
Especialistas renomados do segmento, como o advogado e membro honorário da União Brasileira dos
Canonistas Hugo Sarubbi de Oliveira, o advogado e mestre em Politicas Públicas Dyogo Batista Patriota, e
o advogado e contador Napoleão Alves Coelho, estiveram presentes.
O encontro em Recife apresentou um ciclo de palestras sobre o tema, que a ANEC também levou para
outros estados: São Paulo (13 de março), Minas Gerais (14 de março) e Rio Grande do Sul (16 de março).
10 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Em 29 de março, a ANEC realizou, em Belém
(PA), uma reunião com profissionais da área
de educação física das escolas católicas. O
encontro, no escritório de representação
da associação na região, teve como pauta o
projeto esportivo para a realização dos Jogos
Escolares Católicos 2012.
De acordo com a coordenadora da ANEC
no Pará, Viviane Leal, algumas providências
já estão sendo tomadas na elaboração do
projeto. “Elas visam sempre cultivar os valores
humanos nas ações esportivas, como cortesia,
disciplina, solidariedade, respeito, organização
e espiritualidade”, explica.
A equipe organizadora dos Jogos Escolares
Católicos voltará a se reunir.
Secretário da ANEC participa
de Encontro Nacional da RSE
Diretor executivo da Rede Salesiana de Escolas, Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, e o secretário executivo da ANEC, Daniel Torres de Cerqueira
Brasília foi sede do X Encontro Nacional de Rede
Salesiana de Escolas (ENARSE) realizado no dia
28 de março. O evento reuniu 200 pessoas, entre
especialistas, educadores e diretores de 119
escolas da Rede Salesiana (RSE). O SecretárioExecutivo da ANEC, Daniel Torres de Cerqueira,
participou do encontro.
“A Rede Salesiana de Escolas é hoje a maior e uma
das mais importantes redes de escolas católicas do
nosso país. Além disso, para a ANEC, a RSE é um
dos parceiros mais importantes, não só pelo fato de
termos dois diretores salesianos, Pe. Pessinati e Pe.
José Marinoni, mas principalmente pelo enorme e
incondicional apoio que a RSE sempre nos ofereceu”,
afirma Cerqueira, durante a abertura do evento.
Ainda segundo o secretário executivo, a educação
católica se faz forte no Brasil na medida da força
de suas instituições de ensino, “assim como na
medida da força de sua representação. E com uma
educação católica forte, naturalmente fortalece-se
a própria Igreja Católica no Brasil”, conta.
A mesa de abertura também contou com a
presença da madre geral do Instituto das Filhas
de Maria Auxiliadora, Irmã Yvonne Reungoat; o
presidente da Cisbrasil e da Rede Salesiana Brasil,
Pe. Nilson Faria dos Santos; a presidente da CIB e
vice-presidente da Rede Salesiana Brasil, Irmã Rosa
Idália Pesca; e os diretores executivos da Rede
Salesiana de Escolas, Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti e
Irmã Ivanette Duncan de Miranda.
ANEC e Assembleia Legislativa do RS realizam grande expediente
O tema “Fraternidade e a saúde pública – que a
saúde se difunda sobre a Terra” foi pauta do grande
expediente realizado na Assembleia Legislativa
do Rio Grande do Sul no dia 4 de abril. O discurso,
realizado pelo deputado estadual Miki Breier (PSB),
é fruto da parceria entre a Assembleia, por meio da
Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH),
e a ANEC.
Segundo o pronunciamento na tribuna, a questão
abordada vem ao encontro do tema da Campanha
da Fraternidade 2012: Fraternidade e saúde pública.
Na ocasião, o parlamentar explicou que a parceria
entre a CCDH e a ANEC originou dois projetos:
Parceria Assembleia/Escola, mais abrangente e que
denota relacionamento ideológico; e o Curta Saúde
na Educação, envolvendo a Escola do Legislativo
com a proposta de anualmente contribuir na
discussão dos temas propostos pela Campanha da
Fraternidade, além de sugerir que sejam realizadas
atividades práticas de síntese e reflexiva sobre
a campanha nas escolas.
O deputado afirmou que a Assembleia Legislativa,
por meio da CCDH, percebeu, no trabalho instituído
pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) e ANEC, uma opção materializada, bem
constituída para, em forma de parceria, poder
estabelecer, alastrar e difundir uma visão sobre
sociedade que perceba a saúde pública como
um direito humano. “O intuito é instituir, de forma
eficaz, a parceria entre a CCDH e a ANEC no projeto,
que objetiva, fundamentalmente, apurar a sintonia
entre o Poder Legislativo e as entidades, escolas
públicas ou particulares e órgãos públicos em nível
municipal ou estadual, que tratem da complexa
realidade da educação”, explica.
Ainda segundo Breier, “a metodologia proposta no
Curta Saúde na Educação possibilita a participação
do jovem e das escolas, estabelecendo uma relação
que não quer ser sazonal ou episódica entre
aqueles que têm a incumbência de legislar e o setor
responsável, via conhecimento, pelo desvelamento
da verdade das coisas e fatos – o setor da
Educação”, enfatiza.
Ao final do pronunciamento, foi interpretado
o hino da Campanha da Fraternidade 2012 pelos
professores Cesar Ritter e Fabiano Truccolo,
dos Institutos São Francisco e La Salle Dores,
respectivamente.
Estiveram presentes no Plenário durante o grande
expediente o secretário adjunto de Estado da
Saúde, Elemar Sand; o arcebispo metropolitano
dom Dadeus Grings; o representante da CNBB,
padre Ademar Agostinho Sauthier; o promotor
de Justiça e coordenador do Centro de Apoio de
Direitos Humanos, Alceu Schoeller de Moraes; o
secretário da Associação Nacional de Educação
Católica do Brasil no Rio Grande do Sul, Harlei
Antônio Noro; e a presidente da União dos
Dirigentes Municipais de Educação do Rio Grande
do Sul, Márcia Adriana de Carvalho.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 11
Artigo
Brasil-Santa Sé
A subcomissão número um
Por Edson Luiz Sampel, Professor da EDT
C
om o objetivo de colocar em prática o acordo Brasil–Santa Sé, criaram-se uma comissão geral e várias subcomissões, sendo que
cada subcomissão ficou encarregada de
parte do acordo.
Dom Odilo Scherer recebeu a incumbência de presidir a subcomissão nº 1,
que trata dos artigos 3º, 5º e 15º. Além
do presidente, a integram a irmã Maria
Tereza Diniz, de Brasília; Guinartt Diniz
(secretário da Câmara de Mantenedoras
da ANEC), de Brasília; dr. Paulo Leão,
do Rio de Janeiro; dr. Hugo Cisneros,
de Brasília; dr. Leandro Machado, de
São Paulo; dr. Sérgio Monello, de São
Paulo; e Edson Luiz Sampel (professor
da Escola Dominicana de Teologia).
O grupo se reuniu no dia 7 de
dezembro de 2011, no Seminário de
Teologia Bom Pastor. Desse ditoso e fraternal encontro foi preparado um relatório com propostas concretas que visam a orientar os organismos (eclesiásticos e estatais) responsáveis pela implementação do pacto ultimado entre o
Brasil e a Santa Sé.
Nos termos das recomendações do
presidente da subcomissão nº 1, comunicadas em carta datada de 2 de novembro do ano passado, a equipe teve quatro objetivos: 1) levantamento daquilo que já existe no ordenamento jurídico e administrativo (civil e canônico);
2) levantamento dos previsíveis casos,
nos quais esses artigos são aplicáveis;
3) levantamento das dificuldades já encontradas, ou presumíveis, na aplicação
A diocese é o gênero, do qual a arquidiocese é a
única espécie. Ou, em outras palavras, a arquidiocese
também é uma diocese ou Igreja particular
desses artigos do acordo; 4) propor sugestões para a implementação do acordo
e para a superação das eventuais dificuldades no tocante a esses artigos.
Vamos conhecer, nas próximas reflexões, as instituições canônicas apontadas
no artigo 3º, que gozam de personalidade jurídica reconhecida pelo Estado.
A) Conferência episcopal
É uma espécie de confederação dos bispos. Com efeito, reza o cânon 447: “A
conferência dos bispos, instituto permanente, é a união dos bispos de uma nação ou de certo território que exercem
conjuntamente funções pastorais em favor dos fiéis, a fim de promover o bem
que a Igreja provê aos homens, principalmente através de formas de apostolado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e de lugar, conforme
o direito”.
B) Província eclesiástica
Dá-se aqui um tipo de ajuste entre as
Igrejas particulares ou dioceses semelhante ao que se denomina de “região
metropolitana” com referência aos municípios. Estatui o cânon 431: “Para se
promover a ação pastoral comum de
diversas dioceses vizinhas, conforme
as circunstâncias de pessoas e de lugares, e para se estimularem as relações
dos bispos diocesanos, as Igrejas particulares mais próximas sejam compostas
em províncias eclesiásticas, delimitadas
territorialmente”.
C) Arquidiocese e diocese
Pode-se dizer, cum grano salis, que a diocese é o gênero do qual a arquidiocese é
a única espécie. Ou, em outras palavras, a
arquidiocese também é uma diocese ou
Igreja particular. Assim, por exemplo,
afirma-se que no município de São Paulo
há cinco dioceses: 1) Arquidiocese de
São Paulo; 2) Diocese de Santo Amaro;
3) Diocese de Campo Limpo; 4) Diocese
de São Miguel Paulista; e 5) Diocese de
Osasco (parte dela).
Preceitua o cânon 369: “A diocese é
uma porção do povo de Deus confiada
ao pastoreio do bispo, com a colaboração
do presbitério, de modo tal que, unindo-se ela a seu pastor e, pelo evangelho
e pela eucaristia, congregada pelo bispo
no Espírito Santo, constitui uma Igreja
particular, na qual está verdadeiramente presente e operante a Igreja de Cristo,
una, santa, católica e apostólica”.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 13
Artigo
Educar e evangelizar
As diferenças entre ensino religioso e catequese
Por Antonio Boeing, Gerente de Pastoral da RSE
O
ensino religioso é reconhecido na
legislação brasileira como uma
disciplina da área do conhecimento e que tem como objeto o
fenômeno religioso. No entanto, nas instituições católicas de ensino, muitas vezes há pouca compreensão sobre as diferenças entre esta disciplina e a catequese.
A Igreja Católica, tanto em âmbito mundial quanto nacional, tem tratado a questão
em diversos documentos e é com base neles que pretendemos fomentar uma reflexão que auxilie o trabalho de professores e
coordenadores das escolas católicas.
A Educação é um tema central para a
Igreja Católica, que o considerou em documentos resultantes do Concílio Vaticano II
e das conferências episcopais latino-americanas de Medellín (1968), Puebla (1979),
Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007).
Em todos eles, a preocupação da Igreja é
com a formação integral do ser humano
e com o respeito à liberdade religiosa. Nos
textos, a escola católica aparece como responsável por ajudar a desenvolver a educação da fé. Entretanto, quando se faz referência ao ensino religioso, é tratado como ensino da religião, pastoral educacional, educação pastoral, educação religiosa escolar, etc.
A diversidade de termos permitiu que, ao
14 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
O ensino
religioso
escolar é uma
disciplina
com as
mesmas
exigências
das outras
e deve ser
ministrado
com o
mesmo rigor
longo da história, houvesse uma interpretação dúbia quanto à natureza, conteúdo, objetivos e identidade do ensino religioso que
é ministrado na escola.
Em nosso país, também a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sempre tratou a Educação como uma questão
fundamental para a Igreja Católica. Desde
sua instalação até os dias atuais, tem dedicado tempo e espaço para a Educação em
geral – e para a Educação católica mais especificamente – em seus debates e documentos, e manifesta preocupação constante com o ensino religioso, exercendo sobre
ele grande influência.
No caso dos documentos emitidos pela
CNBB, fica mais claro o posicionamento da
Igreja Católica de diferenciação entre o ensino religioso e a catequese. O primeiro é
considerado parte integrante de uma área
do conhecimento e deve ser ministrado
com respeito à diversidade cultural e religiosa do povo brasileiro e de acordo com
a legislação nacional. Essa concepção vem
se fortalecendo ao longo dos anos e está expressa em diversos documentos, entre eles
o Documento da CNBB 47, “Educação,
Igreja e sociedade”, no qual a conferência
preocupou-se com a identidade do ensino religioso, seus objetivos, métodos e relações com as demais disciplinas. No texto,
afirma-se que “O ensino religioso escolar
visa a educação plena do aluno, a formação
de valores fundamentais através da busca
do transcendente e da descoberta do sentido mais profundo da existência humana,
levando em conta a visão religiosa do educando. O ensino religioso deve encaminhar
os alunos para a respectiva comunidade de
fé, onde, nas Igrejas cristãs, se dá a evangelização, através da catequese, da celebração, da prática e da vivência religiosas”.
Nossa compreensão, com base nessa
reflexão histórica, é de que a relação entre
o ensino religioso na escola e a catequese é de distinção e complementaridade.
O ensino religioso penetra no âmbito da
cultura e nas relações com outras formas
do saber; faz parte do saber veiculado na
educação pelas diferentes disciplinas curriculares e colabora para a aquisição das
diferentes formas de conhecimento do
universo cultural que o aluno é capaz de
interiorizar e aprender.
O ensino religioso escolar é uma disciplina com as mesmas exigências das outras, e deve ser ministrado com o mesmo
rigor. Não se situa como um acessório na
escola, e precisa fazer o diálogo interdisciplinar no mesmo patamar das demais disciplinas curriculares que buscam a formação da personalidade do aluno. Com isso,
o ensino, mediante o diálogo interdisciplinar, desenvolve e completa a ação educadora da escola.
Enquanto a catequese é o campo específico para tratar o conteúdo da doutrina
cristã, o ensino religioso necessita de linguagem pedagógica e seu conteúdo precisa respeitar a diversidade cultural religiosa
do educando. Quando ambos trabalham o
mesmo conteúdo, com a mesma metodologia e linguagem, corre-se o risco de criar
no aluno certa antipatia por determinados
temas e até mesmo certo afastamento de
futuros aprofundamentos na própria doutrina cristã.
O professor não precisa, e não deve, esconder sua opção religiosa, assim como a
escola católica, enquanto instituição, não
pode esquecer que é uma escola confessional. O que ressaltamos é que o ensino religioso escolar pode levar o aluno a compreender que os grandes problemas existenciais são comuns a todas as religiões e diferentes culturas. E pode ajudá-lo na busca de aprofundamento e conhecimento
da mensagem cristã, em sua comunidade
eclesial. Mas, para isso, é importante que o
professor tenha profundo conhecimento da
matéria e adote postura inclusiva e dialogante. Assim, a educação cristã na família,
a catequese na comunidade eclesial ou no
contraturno escolar e o ensino religioso na
escola, cada qual com suas próprias características, estão correlacionados com a formação integral das crianças, dos adolescentes e jovens.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 15
Artigo
Binômio
inseparável:
conhecimento
e aprendizagem
Por Dianir Clari Mariani,
Coordenadora Pedagógica Geral do Colégio Divino Salvador
F
É preciso aprender a
aprender, sempre! Aprender
a converter o conhecimento
científico em sabedoria
compartilhada do bem-viver
16 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
eliz a escola que tem o seu fazer letivo alicerçado na construção de conhecimentos geradores de ilimitadas possibilidades para o melhor
viver da humanidade.
É o conhecimento que abre as portas
para a compreensão de nós mesmos e do
mundo que nos rodeia; ele é o facilitador
da construção de nossa autonomia diante
de escolhas e discernimentos; é o propulsor do desenvolvimento de nossas capacidades para produzir, sobreviver, comunicar e amar. O não conhecimento nos conduz aos porões escuros, solitários e asfixiantes da ignorância, pois nos fechamos dentro
de nós mesmos, fechando-nos, consequentemente, para o mundo, para o outro e, com
certeza, para Deus.
De que vale um conhecimento científico se for ele por ele mesmo? Conhecimento
e aprendizagem demandam transformação e transcendência. Quanto o conhecimento tem tornado nossos lares mais felizes? Nosso “ser” melhor? Nossa sociedade
mais tolerante? Nosso mundo mais sustentável? A escola, em sua inteireza, tem a real
compreensão de seu papel na construção
dos conhecimentos? Como ela conduz a
aquisição dos saberes para a vida? Que tipo
de vida? Esses conhecimentos estão dando
suporte aos aprendizes para uma compreensão e ação perante os desafios que caracterizam a sociedade atual: violência, indiferença, “normose”, incertezas, poder, corrupção, exclusões... e tantos outros?
É fundamental que as escolas tenham
programas específicos que, por meio dos
conhecimentos científicos trabalhados, possam minimizar os estragos permitidos pela
nossa sociedade extremamente excludente.
Se por um lado existe um mundo cruel
em suas articulações desumanas, por outro
há um mundo em que pessoas e/ou instituições de corações abertos, generosos e operantes lutam, com todas as forças, para produzir saberes capazes de transformação. E
esses saberes somente farão de nós agentes
transformadores se estiverem a serviço de
uma educação que privilegia, na sua essência, o ser humano em sua humanidade nobre e digna.
Feliz também é a escola que se permite
ensinante-aprendente. Estudos, reflexões,
encontros, diálogos, registros e..., certamente, auxiliarão seus educadores na aprendizagem de uma melhor “ensinagem”.
É preciso aprender a aprender, sempre! Aprender a converter o conhecimento
científico em sabedoria compartilhada do
bem-viver.
Artigo
A Educação para
a Cidadania
André Ricardo Gan, Professor e Mestrando em Filosofia
A
s Faculdades de Educação, desde
que foram criadas, têm tido por especificidade formar profissionais
da educação. Profissionais capazes
de submeter conceitos e valores constitutivos da ação educativa à análise racional. E
são as ciências, em especial as da educação,
que hoje passam a ser as bases de sustentação para a investigação filosófica, delas procedendo os conceitos que poderão tanto validar as teorias pedagógicas quanto permitir
a escolha dos fins da ação educativa.
Faz-se nitidamente necessário desenvolver um estudo sistemático sobre o objetivo educacional expresso em nossa legislação de ensino: “formação para o exercício
da cidadania”. Buscamos compreender, à
luz da filosofia política, o significado dessa
proposição, explicitando os pontos compatíveis dos pressupostos da cidadania liberal.
E assim contribuir para a formação de profissionais do magistério conscientes da importância do fortalecimento da democracia,
sem a qual dificilmente nosso país poderá
caminhar para uma sociedade mais justa,
humana e fraterna.
Essas poucas linhas se inscrevem no
processo da produção do conhecimento
acerca da formação para a cidadania, a partir de um estudo filosófico-crítico dos pressupostos da cidadania liberal à luz de seus
condicionantes históricos e sociais. Dentre
tantos pensadores, destacamos Hobbes, Locke e Rousseau, já que estes estão no cerne
do conceito liberal de cidadania.
Essa questão vem sendo retomada,
não só por causa do momento histórico
em que vivemos, mas pela questão que
agora nos parece mais evidente: o que é,
hoje, educar para a cidadania. Embora essa
seja uma questão clássica, como reconhece Saviani, ela nem sempre ocupou lugar
de destaque nas discussões sobre os fins da
educação brasileira.
Na medida em que se apresentam na sociedade os fins da educação, deve-se instrumentalizar os indivíduos para que eles venham a ter o desempenho necessário à sua
melhor integração. Nos direitos do cidadão,
não aparece a cidadania política, pois esta
pode ameaçar a ordem necessária ao progresso. Restringe-se aos direitos sociais, em
que a educação, a proteção à família e ao
trabalhador são garantidos a priori pelo Estado; não são, portanto, resultado de lutas,
nem tampouco de conquistas. O Estado assume, assim, as feições paternalistas, como
organismo capaz de atender aos interesses e
às necessidades dos indivíduos. Que cidadania seria essa, senão uma cidadania inativa, conformista, em que a sociedade dita o
comportamento necessário ao ajustamento
do indivíduo? A harmonia social procede,
assim, não das disputas entre classes ou grupos, mas da elaboração técnico-burocrática
de programas capazes de atender às demandas sociais. Não deixa de ser, portanto, uma
racionalidade que visa à dominação. Aqui,
o indivíduo e o seu bem-estar são o fundamento dessa proposta.
Desse modo, o indivíduo é anterior ao
todo e relaciona-se com esse todo somente
no sentido que tem para ele. Ora, esse sentido está bem próximo dos interesses, que, de
acordo com o contexto social, ganham formas variadas.
O indivíduo sendo consciente de sua situação no mundo, na sociedade, busca no
outro o seu interlocutor. É na diversidade
que o homem se mostra capaz de ampliar
a compreensão, elevando-a ao patamar da
explicação, em que estão presentes o ouvir e o calar. É pelo diálogo, portanto, que
os homens, enquanto indivíduos-cidadãos
constroem a inteligibilidade das relações sociais. Trata-se, pois, de eliminar tudo aquilo que possa prejudicar a comunicação entre as pessoas, pois só através dela pode-se
chegar a um mínimo de consenso.
A cidadania passa, assim, pela disputa política em fazer algumas representações
tornarem-se falsas e outras verdadeiras, mediante o recurso da argumentação, da persuasão. A cidadania aparece, assim, como
o resultado da comunicação, intersubjetiva, em que os indivíduos livres concordam
em construir e viver numa sociedade melhor. Não se pode negar o idealismo dessas
concepções, na medida em que esquecem
que as relações entre o homem e o mundo material, e que as estruturas básicas da
sociedade impõem limitações aos sistemas
de significados nos quais os indivíduos estão situados.
Falamos em cidadania, tentamos criar
mecanismos para desenvolver uma educação voltada para essa área, mas, mesmo assim, me parece que fica uma lacuna sobre a
explicação do próprio termo – cidadania –
quanto a sua articulação com o Estado. Nesse sentido, temos por pressuposto que a organização do poder nas sociedades modernas se sustenta em três princípios: o princípio do Estado, do mercado e da comunidade. De acordo com o maior ou menor peso
relativo desses princípios, se banaliza o espaço do cidadão. Assim, os educadores são
chamados a admitir e difundir uma formação da cidadania como a possibilidade de
educar os alunos para participarem ativamente da formação de uma sociedade melhor, mais igualitária, em que possa haver
uma comunicação intersubjetiva. E sob esse
enfoque, a educação para a cidadania deve
lidar com os valores e motivações das experiências dos próprios alunos, visando sempre o diálogo unificador dos homens.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 17
Artigo
Nova disciplina normativa e
cuidados do empregador
Hugo José Sarubbi Cysneiros de Oliveira, Advogado
A
tualmente muito se está falando a
respeito da lei que alterou o art.
6º da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). A modificação da
norma trouxe a extensão da relação de emprego para os trabalhos realizados à distância por meios telemáticos e informatizados
de comando, controle e supervisão. A antiga redação do art. 6º da CLT não possuía
a expressão “realizado à distância”. Sem
dúvida, esta alteração acarretará mudanças importantes para as empresas que fazem contato profissional com o trabalhador após o expediente.
Analisemos, pois, os aspectos jurídicos da mencionada alteração e suas implicações legais e práticas. Primeiramente, cabe-nos esclarecer que o dispositivo normativo que abarca a legislação trabalhista
basilar, tanto no que se refere à atividade
do trabalhador e empregado quanto à atividade do empregador, é a Consolidação
das Leis Trabalhistas . É a CLT que embasa o conceito de direito do trabalho, ditame este muito importante para a compreensão da nova lei sobre o art. 6º, que
trata da relação de emprego. Conforme
Maurício Godinho Delgado, a relação de
emprego pode assim ser definida: Após a
Emenda Constitucional 45/2004, entende-se
que “é o complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam as relações de trabalho, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas”.
Cumpre-nos ressaltar que existe diferença entre empregado e trabalhador,
bem como relação de trabalho e relação de
18 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
emprego. O emprego é uma situação em
decorrência de um contrato, celebrado
entre empregado e empregador, gerando
todas as obrigações decorrentes da assinatura da carteira de trabalho. O trabalhador não necessariamente é empregado,
podendo ser um profissional liberal, autônomo que presta serviços de modo eventual. O empregado possui vínculo empregatício com o empregador e o trabalhador
pode ter vínculo, a depender de quantos
dias presta serviços durante a semana bem
como não possuir vínculo pela natureza da
prestação de serviço não habitual.
Antes da referida norma em análise,
o art. 6º da CLT possuía a seguinte redação: Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o
executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego. Desta forma, resta evidenciado que
As empresas devem passar
a tratar o assunto com
mais sensibilidade, pois
o legislador favoreceu o
trabalhador e a prática de
trabalho à distância
o trabalho realizado quando da relação de
emprego, ou seja, o trabalhador que realizava atividades ligadas às funções do emprego no seu domicílio teria o direito de
reclamar por extensão da hora de labor.
A nova redação do referido artigo, alterado pela lei nº 12.551/2011, apresenta-se
da seguinte maneira: Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento
do empregador, o executado no domicílio do
empregado e o realizado à distância, desde
que estejam caracterizados os pressupostos
Existe uma diferença
entre empregado e
trabalhador, bem como
relação de trabalho e
relação de emprego
da relação de emprego. Parágrafo único. Os
meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam,
para fins de subordinação jurídica, aos meios
pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio.
Percebe-se que fora acrescentada a
expressão “realizado à distância” ao texto original. Além dela, o legislador acrescentou o parágrafo único ao art. 6º, explicando de que se trata o trabalho realizado à distância.
O trabalho realizado à distância por
meios telemáticos (conjunto de serviços informáticos fornecidos por meio de
uma rede de telecomunicações) e informatizados de comando, controle e supervisão, caracterizam, a partir dessa
nova lei, a relação de emprego, contanto que estejam presentes os pressupostos
da relação de emprego.
O empregador que acionar o trabalhador por e-mails, telefone, celular ou qualquer outro meio de telecomunicação ou
informatizado para alguma atividade que
caracterize a relação de emprego terá que
acrescer ao salário horas extras. Isto ocorre pelo fato de que encerrando o expediente entende-se que o empregado descansará das atividades que o comprometem da relação de emprego. Ao receber ligações, e-mails, contatos por outro meio
informatizado ou de telecomunicação,
decorrentes do trabalho, seja em casa ou
em qualquer lugar que esteja, entende-se
por meio da nova redação legal que prorrogará a jornada de trabalho, pois o empregado, apesar de ter deixado o seu local de
trabalho, não estará gozando do descanso
entre duas jornadas a que tem direito.
O texto legal é claro ao dispor que não
se distingue do trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o realizado
em domicílio ou à distância e que, estando os pressupostos da relação de emprego
presentes, ensejar-se-á trabalho idêntico ao
realizado no local de trabalho.
Para mais esclarecimentos, abordaremos os pressupostos da relação de emprego, que são subordinação, não eventualidade (habitualidade), dependência e remuneração. Já os pressupostos da relação
de trabalho são esforço intelectual ou físico
destinado à produção.
No caso do art. 6º com a nova redação, o legislador fala sobre a relação de
emprego, ou seja, para os casos em que
o empregado, em qualquer lugar que esteja, receba ligações, e-mails, etc, relacionados ao trabalho exercido no estabelecimento, contemplando os requisitos
acima mencionados.
Em relação ao valor da hora extra
que será devida ao empregado, nada
foi falado, permanecendo, então, os valores e porcentagens de acordo com as
convenções coletivas de trabalho, ou de
acordo com o contrato.
É importante informar que o Tribunal
Superior do Trabalho (TST) ainda não se
pronunciou em relação à nova redação do
art. 6º da CLT. Apesar da ainda não manifestação, a nova redação do art. 6º é clara
ao equiparar as situações do trabalho tanto fora quanto dentro da empresa, garantindo todos os direitos trabalhistas ao empregado que, por exemplo, faz home office (trabalho em casa) – daí a discussão sobre hora extra.
Compreende-se que o trabalhador ao
desempenhar suas atividades fora do estabelecimento e não sofrer controle da jornada não tem direito a horas extras. Todavia,
se o empregador determinar um horário para estar online, a fim de atendimento de alguma necessidade relacionada ao
seu emprego, desta forma se configuraria
a hora extra.
O jornal O Estado de S.Paulo, em
13 de janeiro de 2012, publicou reportagem com uma importante visão sobre
o caso, em que possivelmente haverá alteração da súmula do TST, que trata do
“sobreaviso”: O tema deve levar o Tribunal
Superior do Trabalho (TST) a alterar a súmula do sobreaviso, isto é, quando o trabalhador não está a serviço, mas pode ser convocado pela empresa a qualquer momento.
Antes, o tribunal não considerava que o uso
Informativa Educacional 2011 :: Revista da ANEC 19
de aparelhos eletrônicos após o expediente
configurava sobreaviso – situações onde o
trabalhador tem o direito de receber o equivalente a um terço do pagamento normal
por hora trabalhada.
A nova redação do art. 6º gera preocupação para as empresas que têm e-mails coletivos, enviados aos trabalhadores depois do expediente, bem como
as empresas que agendam reuniões, atividades e enviam por e-mails, ou qualquer outro meio eletrônico, após o horário de trabalho.
A súmula do TST que trata do sobreaviso, caso seja mudada, deverá esclarecer o tratamento acerca da remuneração
da hora de trabalho à distância. O empregado receberá como hora normal de
trabalho ou será hora extra?
Há ainda casos em que o empregador, para ter controle das “sobrejornadas” de algum funcionário, chegará ao
ponto de fiscalizar os e-mails de trabalho, havendo então uma grande possibilidade de quebra do direito de privacidade. Se ele não tem acesso, como terá
controle das atividades referentes ao trabalho? O empregador terá que cancelar os e-mails corporativos após o expediente? Não nos parece sensato que incida hora extra nos casos de mensagens,
por exemplo, enviadas aos trabalhadores
após o expediente de trabalho caso não
haja imposição de que o empregado a
responda fora do seu expediente ou que
não solicite alguma atividade por parte
do empregado a ser executada também
fora do seu horário de trabalho.
Todavia, o modelo home office, adotado por milhares de brasileiros, causará grande discussão no TST sobre a aplicação imediata da lei nos moldes em que
foi legislada, pois a emblemática situação
abre um leque de entendimentos.
A nova lei, ao ser aplicada, exigirá também fiscalização por meio digital, um direito mais moderno voltado às
novas tecnologias, à extensão do trabalho realizado no estabelecimento para
20 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2011
É importante informar que o Tribunal Superior do
Trabalho (TST) ainda não se pronunciou em relação à
nova redação do art. 6º da CLT
a residência e, agora, para qualquer lugar no qual se tenha acesso remoto a e-mails ou telefone, podendo gerar reflexos trabalhistas.
A relação de emprego, após a alteração do art. 6º, deve também ter o seu
conceito atualizado, já que atualmente são inúmeras as empresas que funcionam da casa do empregador e na casa do
trabalhador. O mesmo vale para a relação de trabalho.
A discussão é bastante importante, e
o que já se sabe é que exercer alguma
atividade relacionada à subordinação ao
emprego ensejará em hora extra.
Portanto, as empresas devem passar
a tratar o assunto com mais sensibilidade, pois o legislador favoreceu o trabalhador e a prática de trabalho à distância, por acesso remoto e outros meios
que utilizam aparelhos eletrônicos. Após
o expediente isso poderá ser valorado
como hora extra e, ainda, sofrer os reflexos trabalhistas dela decorrentes.
É válido ressaltar que a configuração
da relação de emprego depois do expediente depende dos requisitos do parágrafo único do art. 6º: comando, controle e a supervisão de trabalho alheio no recebimento de e-mails, contato por acesso
remoto ou qualquer outro meio informatizado e de telecomunicação. Estando ausentes estes requisitos do parágrafo único,
não há que se falar em labor após o expediente que ensejariam horas extras.
A nova redação do já citado art. 6º
necessita de pressupostos caracterizadores da relação de emprego, todavia não
só estes conceitos devem ser atualizados,
mas os meios de se supervisionar o trabalho à distância.
Isso surpreende o direito trabalhista,
que em maio de 2011 viu editada a súmula do regime de sobreaviso, na qual
o funcionário que fica aguardando o comando do empregador por meios eletrônicos não caracterizava o tal regime. Agora, o legislador ressalta no texto do novo artigo da CLT que o empregado que, por um meio telemático ou
informatizado de telecomunicação, recebe avisos de comando, controle ou
supervisão, terá direito à remuneração como se estivesse trabalhando no
estabelecimento.
Por fim, vê-se que o poder legislativo, neste momento, buscou uma norma
mais moderna, diante das necessidades
e tecnologias utilizadas pelos trabalhadores, e o TST editou uma súmula com
considerável atraso no que tange ao trabalho à distância, que necessariamente
sofrerá alterações.
Após a análise da nova redação do
art. 6º da CLT, parece-nos claro que os
comandos passados aos empregados fora
do seu expediente de trabalho, seja por
qualquer meio de comunicação (e-mail,
telefone, bip, pager, etc) e que exijam
destes um cumprimento de tarefa ou resposta imediata, serão tratados como horas trabalhadas, podendo ensejar hora
extra ou caracterizar o regime de sobreaviso. Desta forma, recomenda-se muito
cuidado aos empregadores que desejem
enviar qualquer tipo de mensagem virtual ou telemática aos seus empregados
fora do expediente de trabalho.
Artigo
Tempos de
analfabetismo afetivo
Sebastião V. Castro, Psicólogo, Biólogo e Diretor do Axis Instituto
A
pressão que as escolas vêm sofrendo para ministrar um volume de conteúdos cada vez mais
extenso e fazer face aos exames
de larga escala (Enem, vestibulares, SAEB,
Prova Brasil e Pisa, entre outros) tem feito
com que uma importante contribuição do
sistema educacional seja paulatinamente
deixada de lado: a “alfabetização afetiva”.
Por trás desse quadro existem concepções
de ensino atreladas a uma visão economicista da sociedade e do sistema educacional e um desconhecimento, por parte dos
pais e da sociedade em geral, da importância da formação emocional para o bom desenvolvimento da criança e do jovem.
As escolas se organizam, de modo geral, em torno ou a partir de um Projeto
Político Pedagógico (PPP), norteador e
clarificador das práticas pedagógicas, braços operativos das concepções de ensino da escola (ou de suas mantenedoras).
Tais concepções se mostram entranhadas
no cotidiano escolar, tanto nos aspectos
formais (organização do currículo, tempos e sequências escolares, programa de
formação de docentes, organização administrativa da escola), quanto nos aspectos
não-formais (relações entre funcionários,
com alunos e pais, etc).
Concepções prevalentes na sociedade
penetram capilarmente nas escolas; isso
sempre aconteceu, na medida em que escolas são equipamentos sociais usualmente
alinhados com o pensamento socioeconômico hegemônico. Nas sociedades industriais e pós-industriais contemporâneas,
22 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
o pensamento econômico vem ganhando
relevância cada vez maior como forma de
“apreensão do mundo”. “Pensamento econômico”, aqui, são conceitos ligados à materialidade da vida (bens materiais, posse
individual, culto a produtos que simbolizam status) e a representações de mundo a
partir de construtos como eficiência e eficácia de processos, inclusive o educacional, medidos a partir de indicadores cada
vez mais matemáticos (notas, rankings). O
pensamento econômico também vê o desempenho individual a partir de parâmetros econométricos e, como vem se tornando hegemônico, acaba por suplantar
e suprimir os pensamentos discordantes,
desqualificando-os a partir de seu próprio
arcabouço teórico, num processo circular,
tendendo ao dogma.
A escola particular (universo das confessionais) se vê pressionada de vários lados: pelos pais, que bebem da fonte do
pensamento econômico hegemônico; pelo
governo, que estabelece parâmetros curriculares, conteúdos mínimos, avaliações de
grande escala, normas e regras de funcionamento escolar; pela grande mídia (canais abertos de TV e revistas de circulação
nacional, dominados por especialistas em
cujas veias circula o pensamento econômico messiânico); pelos alunos, que desde cedo sorvem a cartilha da sociedade em
que crescem; por professores e funcionários administrativos, oriundos das faculdades que professam a mesma crença econômica; e pelas demandas trabalhistas, do
mercado concorrente, editoras, empresas
O afeto é tão importante,
ou talvez até mais, quanto
as nossas habilidades e
competências cognitivas
de fornecimento de equipamentos, entre
outras. Em meio a tantas pressões, à escola
não resta outra alternativa a não ser “dançar conforme a música”, como diz a sabedoria popular. Assumir um posicionamento discordante, talvez calcado em concepções mais “humanizantes” de ensino, pode
trazer constrangimentos de ordem financeira, legal e psicológica. Assim, as condições sociais acabam por conformar (dar
forma) a escola, que se um dia teve a “utopia” de poder formar um aluno pensante
e emocionalmente equilibrado, dela se viu
obrigada a abrir mão, pelas questões contingenciais apontadas. Contingência também deriva da equação tempo x custos:
aumentar os tempos escolares (talvez para
se poder fazer um trabalho mais reflexivo)
implica em aumentar custos, e isso não
permite que as contas “fechem”.
A questão afetiva
Nesse quadro geral, onde se encontra
o afeto? Onde se encontram as relações
humanas, berço das aprendizagens de
tolerância, respeito ao outro, afeto, elaboração das emoções? Como o desenvolvimento emocional é visto pela sociedade, pelos pais? Que compreensão
se tem dessa área e de sua importância?
Entende-se que a escola deva ter algum
papel nesse desenvolvimento?
Afeto é diferente de inteligência e cognição. É outra dimensão da nossa personalidade. É a dimensão do sentimento, do
carinho, do reino da vasta gama de emoções; é fundamental na relação com o outro, com o mundo objetivo e simbólico
que nos cerca, com os animais, as plantas, o nosso trabalho. São os afetos que
nos confortam nos momentos difíceis,
que nos permitem controlar nossos desejos e paixões; é o afeto que, somado à
nossa inteligência e à nossa cognição, nos
permite viver no mundo, nos relacionarmos, lidarmos com as frustrações diárias,
aprendermos a respeitar o espaço do outro, lidarmos com a diversidade de pessoas que cruzam pela nossa vida; o afeto é
tão importante, ou talvez até mais, quanto
as nossas habilidades e competências cognitivas. A ênfase social dada ao intelecto
(para o bom desempenho acadêmico, nos
exames de larga escala, para ser o primeiro lugar!) é temerária, na medida em que
um intelecto muito desenvolvido, aliado
a um subdesenvolvimento afetivo ou ao
desequilíbrio emocional, pode significar
um adulto intelectualmente brilhante,
mas imaturo emocionalmente, com baixa tolerância à frustração, irritável, egoísta, tendente à explosão (e aos comportamentos agressivos daí advindos), impulsivo, pouco reflexivo, voluntarioso, imediatista, arrogante, presunçoso, egocêntrico.
Enfim, com atitudes e comportamentos
infantilizados em um corpo adulto.
Com o pouco tempo que os pais têm
para cuidar e viver efetivamente com seus
filhos, levando-os cada vez mais cedo para
a escola, esta deveria ser vista, pelos próprios pais, Ministério da Educação (MEC)
e sociedade em geral, como importante local também de “alfabetização afetiva”,
onde a criança, e depois o jovem, aprenda a conviver, a respeitar, lidar com regras
e normas; onde aprenda a ser, a esperar, a
ter paciência, a ser reflexiva, a tolerar frustrações. Esse aprendizado emocional permanece para toda a vida, de forma muito mais perene que os conteúdos escolares,
formando a base afetiva sobre a qual se assentará toda a vida futura, com suas vicissitudes e contingências. Não compreender a
importância dessa base, dimensão distinta
da intelectual, é não compreender a pessoa
A partir dessa compreensão
da integralidade da pessoa,
os pais precisam ajudar a
escola na tarefa complexa
que é a alfabetização
afetiva
humana e sua intrincada estrutura mental
e psíquica. A partir dessa compreensão da
integralidade da pessoa, os pais precisam
ajudar a escola na tarefa complexa que é
a alfabetização afetiva. Relações amigáveis
e de parceria com a escola, mais respeitosas, carinhosas e mais pacientes são esperadas, coerentes com a postura de educar
as crianças em sua integralidade.
Para uma sociedade pautada pelo respeito ao outro, pelo respeito às leis e aos
códigos de conduta socialmente desejáveis, não podemos ter analfabetos afetivos. Somente a partir da compreensão da
relevância do desenvolvimento emocional
equilibrado é que poderemos sonhar com
uma sociedade melhor, que respeite a vida
no e do planeta.
Informativa Educacional 2012:: Revista da ANEC 23
Política
Educação e profissionalização
Toda a sociedade precisa participar dessa luta
Humberto Costa, Senador pelo PT de Pernambuco
O
desenvolvimento econômico e
sustentável do País passa pela
formação e capacitação de profissionais habilitados para desenvolver soluções inovadoras, operar
máquinas e equipamentos de ponta, e
elevar a produtividade da produção nacional. Por isso, são fundamentais a articulação da sociedade, dos setores público e privado, em torno de várias ações
envolvendo a melhoria da educação básica, a ampliação do acesso à formação
universitária e a larga oferta de cursos
profissionalizantes.
O esforço para vencer a batalha
da educação no Brasil e saltar décadas
de atraso nessa área é tremendo e exige a cooperação de todos os setores da
sociedade. O Plano de Expansão da
Rede Federal de Educação Superior e
Profissional fortalece as políticas nacionais em torno dessa necessidade, sobretudo em virtude do acirramento da competitividade global.
Trata-se da terceira fase da expansão universitária e profissional, programa iniciado no governo do ex-presidente Lula. O Plano prevê a criação, até
2014, de quatro universidades federais,
bem como a abertura de 47 campi universitários e de 208 unidades dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Ele permitirá a oferta de mais
250 mil vagas nas universidades federais
e de 600 mil matrículas nos institutos federais de educação, ciência e tecnologia.
Os números são expressivos, mas não
24 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Além de procurar atender
aos desafios globais de
qualificação profissional,
o programa olha também
para a realidade nacional e
diversidades regionais
basta nos atermos a essa análise quantitativa. A proposta está inserida nos novos paradigmas da educação de alta qualidade, dentro de uma tendência mundial de enfatizar também a formação técnica e profissionalizante, e responde à
pressão da economia por profissionais
em setores de alta tecnologia, como o de
petróleo e gás e de telecomunicações.
Além de procurar atender aos desafios globais de qualificação profissional,
o programa olha também para a realidade nacional e diversidades regionais.
Reafirma, portanto, a preocupação do
governo da presidente Dilma com a qualificação dos trabalhadores nas diferentes
regiões, contribuindo para a interiorização e melhor distribuição do desenvolvimento no País.
Para definir os Estados que receberiam campi universitários e escolas de
educação profissional, o governo federal utilizou uma série de critérios, como
os baixos índices de desenvolvimento
da educação básica e a porcentagem de
jovens de 14 a 18 anos nas séries finais
do ensino fundamental.
Na distribuição dos investimentos
nos municípios, o governo da presidente Dilma levou em conta a universalização do atendimento aos territórios de cidadania, a alta porcentagem de extrema pobreza, os municípios ou microrregiões com população acima de 50 mil
habitantes e os municípios com arranjos produtivos locais (APLs). O Estado
de Pernambuco será contemplado com
nove unidades de educação profissional
e mais um novo campus, em Garanhuns,
para a Universidade Federal Rural (UFR/
PE). Eles serão essenciais diante da nova
realidade de expansão econômica que
o Estado vive e permitirão oferecer as
oportunidades para os pernambucanos
crescerem profissionalmente e participarem desse novo ciclo de desenvolvimento do Estado e do País.
Os empreendimentos que chegam a
Pernambuco representam mais emprego, maior renda, alavancarão mais investimentos na infraestrutura urbana, com
reflexos nos setores de comércio e serviços. Mas esses resultados também dependem da capacidade de o Estado atender às novas demandas por trabalhadores. O Plano do governo é fundamental
nesse sentido, permitindo o aproveitamento da mão de obra local e promovendo melhorias na qualidade de vida
dos pernambucanos.
Publicado na edição do Jornal do Commercio
Política
Educar
Aécio Neves, Senador pelo PSDB de Minas Gerais
V
amos deixar de lado, por um
instante, aquilo que a educação no Brasil tem de números,
numa matemática cruel que
pouco soma e muito subtrai – um dos
piores cenários da exclusão social no
âmbito da nossa sociedade – e falar de
outro tipo de déficit educacional: o déficit da qualidade.
Não existe, sabemos, a menor possibilidade de uma nação figurar entre as
grandes do mundo – e essa é uma justa
e viável aspiração do povo brasileiro –
se os bancos escolares não servirem de
ponto de partida para o nascimento
de cidadãos plenos, bem-informados e
academicamente preparados. Mas, também, cidadãos donos de suas próprias
ideias e convicções, resultado de um esforço coletivo aluno-professor-instituição que vá muito além das demandas
do mercado de trabalho.
Trato desse tema hoje e escolho essas
palavras para fazer uma homenagem ao
escritor Bartolomeu Campos de Queirós,
falecido este ano. Reconhecido internacionalmente, reverenciado em Minas
Não existe, sabemos, a menor
possibilidade de uma nação
figurar entre as grandes do
mundo – e essa é uma justa
e viável aspiração do povo
brasileiro – se os bancos
escolares não servirem de
ponto de partida
Gerais e respeitado por tantos autores
nacionais, Bartô – permitam-me o afeto da amizade – dedicou sua inteligência
apurada e sua militância sensível às causas da educação e da literatura.
“O homem é feito de real e de ideal”,
dizia ele, no depoimento que acompanhou o manifesto fundador do Instituto
Brasil Literário, organização não governamental cuja causa ele abraçou com dedicação. Sendo assim, prosseguia, a educação não pode se contentar em informar
Como disse nosso escritor:
‘A gente só suporta o dia
de hoje porque têm uma
perspectiva do amanhã’
o que já foi feito e, sim, abrir a porta para
a imaginação e a fantasia.
Se a escola é o lugar da transformação, e não somente o da informação, não
há como aceitar a redução dos currículos
à acumulação estatística de saberes específicos. Ao liberar o direito de todos de
criar, recriar, imaginar e romper o limite
do provável – dizia ele – a educação estará exercendo o imprescindível dom da
democratização.
Em lugar de impor dogmas, cabe
fermentar, no cultivo da dúvida e da
inquietação, o direito cidadão de firmar sua trajetória cultural e intelectual.
Refletir deixa de ser, assim, um privilégio de classe.
Aprendemos muito com pessoas
como Bartolomeu. Ele estava convencido de que a literatura poderia ser o grau
zero para o profícuo estímulo da imaginação criadora. Dirão os céticos: tudo
isso é romântico demais quando se trata de reparar, já, agora, deficiências bem
pragmáticas no ensino brasileiro.
As prioridades cobram atitudes imediatas, é verdade, mas que qualquer iniciativa se assente em base humanista,
sem desprezar a dimensão que a educação encerra de valores fundamentais ao
ser humano.
Como disse nosso escritor: “A gente
só suporta o dia de hoje porque tem uma
perspectiva do amanhã”.
Publicado no Jornal Folha de S. Paulo
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 25
Gestão
Blindagem
contra fraudes
Luciano Guimarães, Jornalista
A
ssim como a maioria das
ferramentas de avaliação
da educação já criadas no
Brasil, o Exame Nacional de
Desempenho dos Estudantes (Enade)
também acaba de passar por mudanças, de acordo com a Portaria
Normativa nº 6, de 14 de março de
2012, publicada no Diário Oficial da
União do dia seguinte.
O motivo: 30 instituições de ensino superior (IES), inclusive a conhecidíssima Universidade Paulista
(Unip), estariam selecionando apenas os melhores alunos para a prova,
do mesmo modo como se um padeiro adicionasse fermento extra na massa, para dobrar artificialmente o tamanho do pão. Com o uso desse ingrediente, só os mais preparados participariam da avaliação, elevando as notas dos cursos.
Em 22 de março, uma semana
após a publicação da portaria, o MEC
anunciou a realização de auditoria,
com prazo de 60 dias, para investigar a Unip. Esse processo está a cargo do Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais (Inep) e da
Secretaria de Regulação e Supervisão
do Ensino Superior (Seres).
Para aprofundar as investigações,
o ministério também está fazendo a
26 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
avaliação in loco de todos os cursos
dessa universidade, em especial os em
fase de renovação de reconhecimento,
licença necessária para poder funcionar e emitir diplomas.
Anunciadas pelo ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, as novas regras já valem para a edição deste ano, que será aplicada em 18 de novembro, a partir das 13 horas. Uma
das alterações mais significativas é
que, a partir de agora, além dos formandos em 2012, também estão obrigados a participar do exame os estudantes com expectativa de conclusão
do curso até agosto de 2013. Aqueles
que tiverem concluído, até o término
das inscrições, mais de 80% da carga
horária mínima do currículo do curso, também estão convocados.
De acordo com as
instituições particulares,
a medida afetará
principalmente os cursos
técnicos que têm duração
de dois anos
Assim como a maioria das ferramentas de avaliação da
educação já criadas no Brasil, o Enade também acaba de
passar por mudanças
Na edição de 2012, o Enade avaliará o desempenho dos alunos que
se formarão com diploma de bacharel, matriculados nos cursos de administração, ciências contábeis, ciências
econômicas, comunicação social, design, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo e
turismo.
O mesmo vale para os estudantes
dos cursos que conferem diploma de
tecnólogo em gestão comercial, gestão
de recursos humanos, gestão financeira, logística, marketing e processos
gerenciais. A área de comunicação social poderá ser organizada em subgrupos que permitam a avaliação de componentes específicos do setor.
Segundo a portaria do MEC, estão
dispensados do Enade 2012 os estudantes que colarem grau até 31 de
agosto deste ano, assim como os discentes que estiverem oficialmente matriculados e cursando atividades curriculares fora do Brasil, na data da realização do exame, em órgão conveniado com a instituição de ensino superior (IES) de origem do aluno.
O Inep divulgará o Manual do
Enade até o dia 1º de junho, e este
poderá ser baixado no site oficial do
exame, em: http://enade.inep.gov.br.
A publicação traz todas as instruções
e os instrumentos necessários às IES
para a inscrição dos estudantes habilitados a prestar o exame. Neste ano, a
inscrição poderá ser feita de 16 de julho a 17 de agosto.
O MEC alerta às IES de que a ausência de inscrição de alunos habilitados para participação no Enade 2012,
nos termos e prazos estipulados, poderá levar à suspensão de processo seletivo para os cursos.
Cabe às instituições de ensino superior divulgar amplamente aos seus
alunos a lista dos estudantes habilitados ao exame, e esse documento será
colocar à disposição pelo Inep, para
consulta pública, de 21 a 31 de agosto. Durante esse mesmo período, caso
sejam necessárias, inclusões ou retificações deverão ser solicitadas à própria IES.
CRÍTICAS À PORTARIA
Basicamente, as mudanças realizadas
pelo MEC em algumas das regras do
Enade 2012 caíram como uma bomba
no colo dos gestores de instituições de
ensino superior e de cursos técnicos
e de tecnologia. No dia 17 de março,
logo após a publicação da portaria nº
6, representantes de diversas entidades do ensino superior privado redigiram uma carta criticando as novas
regras.
O próprio Fórum das Entidades
Representativas do Ensino Superior
Particular cita a legislação que instituiu o Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior (Sinaes), segundo a qual prevê apenas a participação de alunos ingressantes e concluintes na prova.
Dessa maneira, reclama a entidade, qualquer mudança deveria ser
feita na própria legislação e não por
meio de portaria. Porém, deixou claro que “não endossa as estratégias que
algumas instituições vêm adotando
para elevar seus indicadores”.
De acordo com as instituições particulares, a medida afetará principalmente os cursos técnicos que têm duração de dois anos. Elas argumentam
que o aluno do penúltimo semestre
teria cumprido uma parcela pequena
da grade curricular e seria prejudicado na avaliação por não ter visto todo
o conteúdo, defendem os representantes das instituições:
“Esses alunos não terão cursado,
no mínimo, 25% do conteúdo curricular. Além de punir os estudantes dessa faixa do penúltimo semestre letivo, pune, ainda, as instituições
cujos cursos estejam incluídos no exame deste ano e que confiaram nas regras estabelecidas [anteriormente].”
Em outras palavras, é o mesmo que
fazer uma lei proibindo motociclistas
de levar carona, só porque aumentou
a quantidade de assaltos praticados a
partir desta modalidade, como queriam os legisladores do estado de São
Paulo. Afinal, é mais fácil punir a todos do que elevar a rigidez da fiscalização no cumprimento da lei.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 27
Gestão
Levar quem gosta de
ensinar até quem
quer aprender
Por Ana Carolina Zanoti, Jornalista
N
o ano de 1990, em Jomtien,
na Tailândia, foi realizada
a Conferência Mundial sobre Educação para Todos,
na qual os participantes defenderam a
ideia de que todos têm direito à educação de qualidade.
Dez anos depois, no Fórum Mundial
de Educação, realizado em Dacar, no
Senegal, 180 nações se comprometeram
a assegurar educação de qualidade a todas as crianças até 2015 e expandir significativamente oportunidades de educação para jovens e adultos.
A Constituição da República Federativa
do Brasil, de 1988, em seu Capítulo III,
Seção I, art. 205, diz que: “A educação é
direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB – 9.394/1996) estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional.
Seu Título II, art. 2º, reforça que: “A educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
28 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Imagine um lugar em que
os alunos vão se quiserem.
E, mesmo assim, a
frequência beira os 100%
de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Também o Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8.069/1990), diz em seu
Capítulo IV, art. 53: “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao
pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.
O Instituto Educadores Sem Fronteiras
(ESF), em resposta a normatizações nacionais e internacionais, nasceu como organização sem fins lucrativos, em 2007, para
fomentar metodologias e tecnologias que
proporcionem políticas públicas de educação de qualidade no País.
Imagine um lugar em que os alunos vão se quiserem. E, mesmo assim,
a frequência beira os 100%. As turmas
não têm mais de dez estudantes, e o estudo de Geografia pode enveredar para
outros assuntos, como Matemática,
História e Química. As aulas são ilustradas com Ziraldo, Portinari, Sebastião
Salgado e Van Gogh, as avaliações são
frequentes e as notas servem para
avaliar o professor, para que se saiba
que assuntos precisam mais atenção.
Ninguém é deixado para trás: a matéria só avança quando todos aprenderam. Os pais voltam a estudar em turmas paralelas para acompanhar os filhos. Pois é, a comunidade não só imaginou, mas gerou uma resposta efetiva
e eficiente. Hoje são mais de 130 solicitações de novas unidades no País.
Pessoas físicas e jurídicas creditam
nas ações do ESF com financiamentos de
projetos e apoios pontuais e institucionais, pois resultados e impactos são avaliados com indicadores mensuráveis de
conteúdo, método e interação. Essa rede
de apoio é consecução das ações que
aprimoram conhecimentos e libertam
novos saberes dos alunos. Estes, por sua
vez, empoderam-se do exercício da cidadania e rompem fronteiras, multiplicando
O ESF não se trata de
uma escola, pois não há
diplomas. E também não se
trata de ‘reforço’; o que se
faz é complementar o que a
escola oficial ensina
saber e proporcionando – de fato – o protagonismo libertador de saberes.
Assim é a missão do ESF: “apoiar a escola formal, proporcionando o desenvolvimento das potencialidades do cidadão,
por meio da educação complementar e
da democratização do conhecimento”.
Na esperança ativa, contra toda a esperança, de “melhorar, de maneira significativa, a educação para comunidades
carentes, fomentando políticas públicas
eficientes, para não mais existir”.
Depois do planejamento organizado
entre voluntários, familiares, entidades
não governamentais e escolas das regiões, os educadores sem fronteiras realizam suas atividades com a participação
da equipe transdisciplinar, comunidade,
familiares, parceiros e, principalmente,
educandos, na construção dos projetos e
programas, assim como no seu monitoramento e avaliação.
Portanto, o ESF não se trata de uma escola, pois não há diplomas. E também não
se trata de “reforço”; o que se faz é complementar o que a escola oficial ensina para
que o aluno fique em dia com o que se espera dele em função de idade e série. Esse
lugar existe e não fica na Finlândia.
Como suas aulas, o sonho dos educadores também não é nada convencional. O objetivo é chegar a um ponto em
que a organização não seja mais necessária. O objetivo é poder comemorar o
próprio fim, numa grande festa para celebrar o fato de o Brasil ter superado os
índices educacionais de uma Finlândia.
Até lá, a organização espera poder
contribuir com ideias para a própria escola oficial. E já estão em cursos programas específicos para escolas públicas de
São Paulo, nas quais haverá a formação
dos professores na metodologia transdisciplinar e a experimentação de educandos do ESF na formação de outros alunos da escola oficial na arte de estudar e
aprender e aplicar conhecimentos. Esse
é o grande objetivo.
Enquanto isso não acontece, o ESF
busca apoios e novos educadores no
mundo para expandir o modo “prazeroso” de ensinar. Acreditando que é possível aproximar quem gosta de ensinar a
quem gosta de aprender.
Os critérios de admissão no
Educadores Sem Fronteiras
são simples:
1. Estar matriculado em uma escola oficial;
2. Ter muita, mas muita vontade de aprender. O educando
deve despertar pela inspiração do espanto: “Nossa, então
esse conteúdo tem relação com este outro!”. E nasce o
pensamento, e aprimora-se o conhecimento e gera a
libertação dos saberes.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 29
Gestão
Comunicação on-line
Debate e intercâmbio na educação
Por Cinthia de Paula, Jornalista
Q
ue as tecnologias e a utilização
de ferramentas como computadores, internet e celulares, além
de outros dispositivos, são um
caminho sem volta para a sociedade no
que diz respeito ao consumo de informações já se sabe. O que ainda é um desafio,
especialmente no campo da educação, é
como utilizar essas informações em sala
de aula, de modo a gerar interesse e, sobretudo, aprendizagem para os alunos.
As ferramentas de comunicação
online disponíveis são diversas. Sites,
blogs e redes sociais, apenas para citar
alguns, são os mais comuns. Há informações aos montes, múltiplas fontes,
visões diferentes de mundo. Educar
hoje é mais complexo, pois a sociedade também é mais complexa.
30 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Não há receita, pois
as possibilidades são
inúmeras. As redes sociais,
por exemplo, são ambientes
propícios ao debate e à
interação entre os
próprios alunos
“Esses são recursos que enriquecem
o processo de aprendizagem. O professor não apenas deve transmitir conteúdos, mas ensinar o aluno a aprender”, destaca Sílvia Vampré Ferreira
Marchetto, coordenadora de Tecnologia
Educacional do Colégio Bandeirantes,
de São Paulo. “O aluno precisa ser
orientado pelo professor, que passa a
ter um papel de facilitador no aprendizado, guiando-o a fazer as perguntas
corretas, a estabelecer critérios na escolha de sites, a avaliar as diferentes páginas web e, cada vez mais, a adquirir autonomia”, completa.
Para José Manuel Moran, diretor de
Educação à Distância da Universidade
Anhanguera (UNIDERP) e professor
aposentado em Novas Tecnologias da
Universidade de São Paulo (USP), a palavra-chave é interação. “O professor
disponibiliza os materiais para os alunos e propõe discussões, aprofundamentos. Muda a metodologia das aulas,
pois a questão da informação se resolve
Uma possibilidade é a
própria escola criar um
portal, um ambiente para
os professores incluírem
suas experiências,
socializarem suas vivências
e debaterem
virtualmente. Na sala de aula há interação”, resume.
Segundo ele, o primeiro passo para
o professor lidar com essas mudanças
é dominar as possibilidades que as tecnologias trazem, testá-las. Não é preciso ser especialista, mas ter o domínio
técnico sobre como usar e o pedagógico, de como aplicar para o aluno aprender melhor. “Por exemplo, um blog. O
professor precisa ler, dominar, acompanhar, testar em uma aula e ter domínio
para se sentir seguro em relação àquela
ferramenta”, ressalta Moran.
Não há receita, pois as possibilidades são inúmeras. As redes sociais,
por exemplo, são ambientes propícios
ao debate e à interação entre os próprios alunos – que transitam confortavelmente pelo ambiente – e também
ao enriquecimento com agentes externos, que podem participar do projeto.
“Para os alunos é muito interessante,
especialmente quando o professor se
coloca na posição de aprender junto.
Ele não precisa ser especialista em tecnologia; os alunos têm mais facilidade
e podem ajudar. É muito positivo, pois
eles estão prontos para isso, não têm
medo de testar”, afirma o diretor.
No Colégio Bandeirantes, a fórmula funciona e já existem blogs desenvolvidos para os alunos e também por eles
e que são trabalhados em sala de aula.
“Um exemplo é o blog de Redação, no
qual os alunos são incentivados a ler sobre temas diversos e comentar o assunto para criar um repertório de informações que os auxiliem na argumentação
de um tópico e no desenvolvimento de
um texto”, destaca Sílvia. O Facebook
também é utilizado na instituição, tanto em projetos curriculares quanto por
iniciativa dos próprios jovens, que se
organizam em grupos de estudos.
“Li uma vez em uma reportagem o
exemplo de um ambiente colaborativo
em que os alunos propunham conjuntamente uma peça de teatro. O projeto não estava evoluindo como o esperado e um jovem, então, propôs incluir
o material no Facebook, que é um ambiente com o qual eles têm familiaridade. A proposta foi aceita e funcionou
muito bem”, conta Moran.
Algumas escolas, no entanto, ainda apresentam dificuldade em romper
as barreiras, mas é preciso se preparar.
E o mesmo acontece com os professores,
pois as novidades exigem outra organização das aulas, mais qualificada, uma
vez que o educador precisa acompanhar
os debates, presenciais e on-line. Dar aula
não é só o tempo de estar com os alunos em sala.
Para isso, é preciso também ter
pró-atividade e atitude do professor
no sentido de catalisar essas mudanças de paradigmas e ser um dos protagonistas de um processo enriquecedor
para ambas as partes. A interação gera
provocação, trocas de experiências e
evolução no modo de aprender. E os
alunos estão prontos para isso.
No Colégio Bandeirantes, os jovens
também fazem pesquisas de textos jornalísticos, postam notícias e as comentam. Para a coordenadora da instituição, esse é um meio de incentivá-los
a ler informações noticiosas e contribuir para que escrevam melhor. Outro
grupo de estudantes utiliza o Facebook
para discutir questões relacionadas
à cidade de São Paulo; dicas de lugares turísticos, problemas da cidade, aspectos culturais, imagens e vídeos, entre outros materiais, são postados pelos alunos e comentados pelos colegas,
possibilitando um debate constante.
EQUILÍBRIO SEMPRE
A transição para a utilização de tecnologias e dos meios de comunicação
on-line e interação em sala de aula não
deve ser repentina. O professor precisa
estar preparado e é recomendado que
teste a novidade que se quer aplicar em
aula em uma pequena escala para então levar para grandes grupos.
Uma possibilidade é a própria escola criar um portal, um ambiente para
os professores incluírem suas experiências, socializarem suas vivências
e debaterem. Dessa forma, educadores de diversas áreas e com experiências distintas podem aproveitar as descobertas do outro, confrontar e aprender juntos.
Além disso, algumas vezes a lousa
pode funcionar bem, assim como revistas ou livros. “Trabalhar com o que já é
conhecido é o caminho normal, mas
é possível combinar soluções. Não trabalhar com exclusão, mas por integração”,
ressalta o Moran. “A educação é um processo humano e é preciso pessoas para
avançar. A tecnologia contribui, mas só
ela não resolve. Sozinha ela não traz nenhuma grande mudança; é o bom profissional que faz a educação de qualidade.
A tecnologia apoia”, finaliza o diretor.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 31
Gestão
A leitura de clássicos da
literatura e o interesse
dos alunos
Por Cinthia de Paula, Jornalista
A
leitura de obras clássicas da literatura, sejam brasileiras ou estrangeiras, é apontada por especialistas
não somente como enriquecedora no ensino e na aprendizagem da leitura e da escrita, mas também fonte fundamental para a integração do aluno-leitor
no contexto sociocultural.
A escola, e, especialmente, o professor, têm papel fundamental nesse processo, pois dão oportunidade para a criança
e o jovem conhecerem o mundo dos livros, sejam clássicos infantis, contos, lendas, histórias em quadrinhos ou outros.
Segundo Cintia Barreto, doutoranda
em Literatura Brasileira e Professora universitária no Rio de Janeiro, os clássicos
devem ser lidos dentro e fora do espaço
escolar. “Não pela exigência, na maioria
das vezes, de vestibulares ou exames de
desempenho de alunos, mas porque têm
uma característica comum: a qualidade
literária. Eles são perenes, atemporais e
falam da condição humana”, afirma.
Incentivar essa leitura em uma era
tão tecnológica e repleta de fontes de informação é um desafio a ser enfrentado
e que começa antes dos anos escolares.
“Os alunos carecem do incentivo à leitura e essa carência tem origem no próprio ambiente familiar. O meio em que a
criança ou o jovem está inserido é fator
decisivo para o desenvolvimento de determinadas habilidades, e a leitura é uma
32 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
A literatura gera um
leitor mais capacitado
para a compreensão e
interpretação de textos
diversos porque o texto
literário é subjetivo
delas. Se os jovens não encontrarem nos
pais a mola propulsora para essa prática,
acabam não atribuindo à leitura o valor
que ela realmente requer”, ressalta a professora Vânia Duarte, integrante da equipe do portal Brasil Escola.
Apesar disso, também cabe ao professor o importante papel de protagonista na tarefa de incentivar a leitura
de clássicos. Cintia sugere as releituras
e adaptações. “Levar os alunos para assistirem a filmes e peças teatrais inspiradas nas obras, incentivá-los a assistir a
minisséries na televisão e levar os clássicos em sala de aula em formato de quadrinhos ou até mesmo em cordel são algumas possibilidades que despertarão a
curiosidade dos jovens”, destaca.
Vânia acrescenta que o professor
também deve se mostrar um apreciador da leitura dos clássicos como forma de incentivo e, a partir disso, colocar em prática estratégias que contribuam para o despertar do gosto dos alunos
pela atividade. “A começar pela leitura
de um poema, por exemplo, a expressão
corporal, as entonações de voz do professor, entre outros fatores, são recursos
que farão diferença no sentido que terá
a leitura para os aprendizes. Outro aspecto importante é o contexto em que
se dará a prática. O ambiente da biblioteca possibilita que o trabalho se desenvolva de forma plena. Por isso, a assiduidade de visitas a esse espaço se apresenta como fator fundamental na conquista
dos objetivos”, reitera.
A leitura não deve estar relacionada,
porém, somente ao prazer dos alunos,
mas ter também o objetivo de promover
a capacidade reflexiva e crítica, com discussões sobre o tema. “A cobrança das
antigas fichas de leitura deve ser substituída por uma roda de debate sobre os livros lidos. As provas bimestrais baseadas
nos clássicos devem ser trocadas por trabalhos não apenas de análise das obras,
mas por atividades mais dinâmicas, criativas, interativas e lúdicas”, exemplifica a
professora Cintia.
Existem ainda outras possibilidades, como organizar uma feira literária,
Incentivar essa leitura em
uma era tão tecnológica
e repleta de fontes de
informação é um desafio
a ser enfrentado e que
começa antes dos anos
escolares
de despertar do interesse dos alunos pela
leitura de clássicos, desde que apoiem
esse objetivo. Uma visita ao laboratório
de informática, com o intuito de familiarizar a turma sobre um autor e estimular comentários no blog do professor, por
exemplo, são atividades benéficas e importantes, e pode ser estratégia utilizada
no sentido de contribuir para que a leitura literária realmente faça sentido para
os alunos”, destaca a professora.
a montagem de peça teatral sobre uma
obra – nem que seja apenas um improviso em sala de aula – ou uma pesquisa que vai além da leitura, destacando o
contexto histórico, político e social da
produção do livro. “Os clássicos contribuem para a formação de alunos mais
críticos, experientes, com mais repertório e conhecimento de mundo, textual e
linguístico”, acrescenta Cinthia.
RIQUEZA DE VOCABULÁRIO E LINGUAGEM
Além de todo o aspecto comportamental e social da formação dos alunos por meio da leitura dos clássicos, é fundamental observar que
essa atividade promove, de maneira
considerável, o aumento do vocabulário, a experimentação de diversas
possibilidades de linguagem e a riqueza de ideias, levando à construção de uma fala desenvolta. “A literatura gera um leitor mais capacitado para a compreensão e interpretação de textos diversos porque o texto
literário é subjetivo, intertextual (refere-se a outros textos), polissêmico
(joga com os diferentes significados
das palavras) e figurativo (lança mão
de figuras de linguagem). Além disso,
possibilita mais de uma interpretação.
Por isso, desenvolve nos alunos habilidades e competências de leitura que
contribuem para a formação do leitor
crítico”, finaliza a professora Cintia.
TECNOLOGIA COMO ALIADA
Ao contrário do que se pode pensar, a
era da tecnologia que vivemos atualmente pode ser grande aliada dos professores
no despertar do interesse e no desenvolvimento de atividades relacionadas à leitura de clássicos. Isso porque os avanços
tecnológicos, a globalização e o extensivo acesso a informações na rede, em sites, blogs, enciclopédias digitais – as wikis – e até mesmo nas redes sociais contribuem para o hábito da leitura literária
e não literária.
“Esses espaços podem, e devem, ser
utilizados pela escola como ferramentas
de aprendizagem e práticas de leitura e
escrita. Além do mais, na internet encontramos excelentes softwares educativos que podem ser usados por professores e alunos”, afirma Cintia.
Vânia reitera que é preciso ter cuidado com a realidade do “tudo pronto” da
internet, por meio da qual o aluno encontra o que procura sem precisar se esforçar. “De toda forma, as mídias eletrônicas podem colaborar com o processo
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 33
Gestão
Educação
para um
mundo
sustentável
Por Juliana Fernandes, Jornalista
A
pós vivermos durante séculos
sem preocupações com o esgotamento dos recursos naturais do
planeta, temos que aprender, agora, a viver de forma sustentável. E a maior
parte desse desafio é estimular mudanças
de atitude e comportamento, uma vez que
nossas capacidades intelectuais, morais e
culturais impõem responsabilidades para
com todos os seres vivos e para com a natureza como um todo.
Pensando nisso, a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO) foi designada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas como
a agência líder para promover e coordenar
internacionalmente a Década da Educação
para o Desenvolvimento Sustentável – pois
a educação não é somente prioritária, mas
indispensável –, quando há desafios como
pobreza, consumo desordenado e degradação ambiental.
A iniciativa é ambiciosa e complexa. Seus fundamentos conceituais, repercussões socioeconômicas e incidência no
meio ambiente e na cultura afetam todos
os aspectos da vida. O objetivo global da
34 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Década é integrar os valores inerentes ao
desenvolvimento sustentável em todas as
abordagens da aprendizagem, com o intuito de fomentar mudanças de comportamento que permitam criar uma sociedade
sustentável e mais justa.
Essa Década fundamenta-se na visão
de um mundo no qual todos tenham a
oportunidade de se beneficiar da educação
e de aprender os valores, comportamentos
e modos de vida exigidos para um futuro
sustentável e para a transformação positiva da sociedade, traduzindo-se em cinco
objetivos: valorizar o papel fundamental
que a educação e a aprendizagem desempenham na busca comum do desenvolvimento sustentável; facilitar os contatos,
a criação de redes, o intercâmbio e a interação entre as partes envolvidas no programa Educação para o Desenvolvimento
Sustentável (EDS); fornecer o espaço e as
oportunidades para aperfeiçoar e promover o conceito de desenvolvimento sustentável e a transição a ele, por meio de todas
as formas de aprendizagem e de sensibilização dos cidadãos; fomentar a melhoria
da qualidade do ensino e da aprendizagem
É necessário ampliar a
abrangência do conceito
de sustentabilidade para
muito além das fronteiras
ambientais
no âmbito da educação para o desenvolvimento sustentável; e desenvolver estratégias em todos os níveis, visando fortalecer a capacidade no que se refere à EDS.
Tais conceitos foram elaborados porque as Nações Unidas viram a educação
como a chave para o desenvolvimento
sustentável. Mas em que esta convicção se
fundamenta? Por que o desenvolvimento
sustentável está tão intrinsecamente ligado ao processo educacional?
Segundo Ben Sangar, presidente da
Sangari Brasil e do Instituto Sangari,
“ainda que seja importante defender atividades pontuais, como a reciclagem da
água e insumos, o reaproveitamento do
lixo, redução dos gases nocivos à atmosfera e produção de combustíveis alternativos, entre muitas outras, é preciso
Há, portanto, uma relação
direta entre educação
e sustentabilidade que
precisa fazer parte dos
debates que cercam a
preocupação com
o ambiente
A educação para o
desenvolvimento sustentável
deve possuir as seguintes
características:
·
articular, desde já, processos educativos
que possibilitem uma mudança radical
no olhar da humanidade em relação ao
seu ambiente, algo que exige novas maneiras de educar”.
Por essa razão, é necessário ampliar a
abrangência do conceito de sustentabilidade para muito além das fronteiras ambientais, levando-o até onde ele realmente é decisivo, ou seja, na articulação de
uma educação para a sustentabilidade.
CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO
A educação para o desenvolvimento sustentável não deve ser comparada à educação ambiental, uma disciplina que enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo,
preservá-lo e de administrar seus recursos
adequadamente.
Portanto, desenvolvimento sustentável engloba educação ambiental, colocando-a no contexto mais amplo dos fatores socioculturais e questões sociopolíticas de igualdade, pobreza, democracia e
qualidade de vida. O conceito deve ser integrado em outras disciplinas e não pode,
em função do seu alcance, ser ensinado
de maneira independente.
“Hoje, os índices de aprendizado no
Brasil evidenciam com enorme clareza o
fato de que nossa educação é tudo menos sustentável, pois os estudantes deixam a escola sem terem aprendido o que
se esperava que aprendessem. Essa visão
imediatista da educação, que se preocupa extremamente com indicadores como
alunos matriculados, número de escolas
e quantidades de livros, precisa adotar
·
·
·
·
·
·
Ser interdisciplinar e holística: aprendizado voltado para o desenvolvimento sustentável como
parte integrante do currículo como um todo, não como uma matéria separada;
Ter valores direcionados: é imprescindível que as normas assumidas sejam explícitas de modo
que possam ser analisadas, debatidas, testadas e aplicadas;
Favorecer o pensamento crítico e as soluções de problemas: que gere confiança para
enfrentar os dilemas e desafios em relação ao desenvolvimento sustentável;
Recorrer a múltiplos métodos: palavra, arte, teatro, debate, experiência, pedagogias diferentes
que deem forma aos processos. É preciso passar do ensino destinado unicamente a transmitir
conhecimento para um enfoque em que professores e alunos trabalhem juntos para
conquistar conhecimentos e transformar o espírito das instituições educacionais do entorno;
Participar do processo de tomada de decisões: alunos participam das decisões relativas ao
modo como devem aprender;
Ser aplicável: as experiências de aprendizagem oferecidas estão integradas ao cotidiano tanto
pessoal quanto profissional;
Ser localmente relevante: tratar as questões locais assim como as globais, empregando a
linguagem que os alunos usam mais comumente.
como principal referência a questão da
aprendizagem, pois esse é o único dado
que realmente importa quando falamos
de educação”, sugere Sangar.
INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO
A relação direta entre educação e sustentabilidade pode ser vista por meio
de estudos como o de Ricardo Paes de
Barros, diretor do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), e Rosane
Mendonça, doutora em Economia pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), que buscaram avaliar a relação
entre “Investimento em Educação e desenvolvimento econômico”.
Segundo o estudo, a eliminação do
atraso educacional amplia o crescimento da renda per capita dos salários industriais e das exportações entre 15 e 30%, ao
mesmo tempo em que melhora as oportunidades e a qualidade de vida das pessoas em função do fato de que mais instrução diminui o tamanho das famílias.
A análise revela ainda que a eliminação do atraso educacional amplia entre
20 e 25% o tempo de vida dos indivíduos, que passam a receber e compreender melhor informações sobre saúde,
higiene e alimentação, além do fato de
que gera mais qualificação para o trabalho, ampliando o acesso à renda.
Esse aumento da qualidade de vida
reflete-se, ainda, nos indicadores de escolaridade, pois a eliminação do atraso educacional eleva a presença de estudantes
no nível secundário em 17%, o que explica de modo absoluto por que investimentos em educação melhoram a qualificação
das pessoas para a vida profissional.
Há, portanto, uma relação direta entre educação e sustentabilidade que precisa fazer parte dos debates que cercam a
preocupação com o ambiente. “Embora
ações pontuais de proteção ambiental
sejam importantes e necessárias, precisamos compreender que somente uma
revolução educacional vai permitir mudanças realmente significativas a médio e
longo prazo no que diz respeito à sustentabilidade de nossas atividades econômicas”, conclui Sangar.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 35
Capa
36 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Como
ajudar
o seu filho
na escola
A
Por Lana Canepa, Jornalista ANEC
vida moderna impõe uma série de distrações aos
alunos da atualidade. Os livros têm que concorrer
com o computador, videogame, televisão. Em alguns casos, e por uma série de fatores, as crianças e jovens podem apresentar dificuldades em
sala de aula, como o atraso no aprendizado e resultados negativos nas provas.
Infelizmente, não existe uma receita pronta para superar estas dificuldades, mas algumas ações são consideradas consenso entre os
educadores e, principalmente, entre os pais que já enfrentaram situações como estas. Uma delas é relativamente simples: quando
os pais participam e se envolvem com a escola, os filhos se envolvem ainda mais.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 37
O caminho mais
saudável é acompanhar
os resultados dos
pequenos de perto,
mas sem transformar
a cobrança em algo
negativo
O Ministério da Educação (MEC) faz
uma série de recomendações para ajudar os pais na difícil tarefa de participar do universo escolar. A principal é
que eles precisam estar de corpo presente: conhecer os professores, os coordenadores, ouvir deles sobre o comportamento dos filhos. Isso é válido em
momentos além da clássica reunião de
pais e mestres. Outra dica é, de vez em
quando, olhar a agenda e o caderno do
filho, perguntar como foi o dia na escola, o que ele aprendeu, quais aulas teve,
se conseguiu fazer corretamente a tarefa, se, em casa, antes de deitar no sofá
para ver televisão ou ligar o computador, já estudou o conteúdo que aprendeu naquele dia, se leu algo a mais, escreveu um texto novo.
Parece muita coisa, mas não é! Na
verdade, isso é participar, apontam os
especialistas. Outras ações recomendadas pelo Ministério da Educação para
aproximar os pais da escola é verificar
se o colégio em que o filho está matriculado tem o funcionamento autorizado
pela Secretaria de Educação e se o alvará sanitário está em dia. Também é importante checar a qualificação dos professores e se existe o número suficiente de profissionais para a quantidade de
alunos em cada sala. É válido, ainda,
verificar se a instituição de ensino tem
uma proposta pedagógica aprovada e se
a família é chamada para reuniões pelo
menos duas vezes ao ano.
No caso da educação infantil é essencial saber o nome dos funcionários
38 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
e professores que lidam diariamente
com o filho, o que ele produz em sala
de aula e sempre observar atentamente o comportamento da criança quando chega da escola: se ela está feliz ou
se demonstra sinais de sofrimento, nervoso, ansiedade.
Já para os alunos que estão no ensino fundamental e médio, a primeira recomendação do Governo é manter em
casa o hábito da leitura. Neste caso, o
ideal é que os pais deem o exemplo.
E para atrair a atenção e o reforço
dos pais, as escolas criam estratégias.
Um exemplo é o que acontece no La
Sallle de Águas Claras, bairro a pouco
mais de 20 km de Brasília. Todo ano,
a coordenação do colégio organiza um
evento chamado “Superação”. E não poderia ter um nome mais apropriado, já
que em meio às brincadeiras de uma
gincana esportiva, os pais se informam
sobre o funcionamento da escola, os
nomes dos funcionários e professores,
e sobre o comportamento do filho em
sala de aula. É em situações desse tipo
que problemas podem ser identificados
e tratados pelos familiares.
A coordenadora da Câmara de
Educação Básica da ANEC, Janaína
Paim, alerta para a importância da presença dos responsáveis em eventos: “As
nossas escolas católicas são um bom
exemplo para a comunidade no que diz
respeito à interação da família com a escola, porque além de trabalharmos as
competências exigidas pelo Ministério
da Educação, primamos em cultivar
valores humanos em parceria com as
famílias.”
No “Superação” do La Salle, as equipes disputam 16 provas em modalidades como natação, esgrima, canoagem,
ciclismo, futebol, basquete, dança, ginástica rítmica, ginástica olímpica, handball, levantamento de peso, surf, tênis,
arco e flecha e artes marciais. Mais de
mil alunos participaram e os pais também entram na brincadeira.
O projeto é desenvolvido há 12 anos e reuniu mais de 1,2 mil estudantes em 2012
O vice-diretor do colégio, Tércio
Mendes de Sousa, garante que quando
o encontro começou, há 12 anos, ninguém imaginava que os resultados seriam tão bons a ponto de o evento funcionar como uma ponte entre a escola
e a família. “O projeto fomenta o diálogo entre os alunos, professores, pais e
todos os demais funcionários do colégio, o que contribui para o rendimento
do aluno dentro e fora da sala de aula.
Após o ‘Superação’, o olhar dos alunos
aos professores é diferente, assim como
o olhar dos professores para os alunos.
Há solidariedade, empenho, superação”, afirma.
A ideia é simples e pode mudar a
rotina de aprendizagem ao longo do
ano, e até ao longo da vida, já que ensina a trabalhar em grupo e a cooperar
com os colegas para vencer. “Este projeto muda a vida dos alunos e não apenas pelo viés pedagógico. Todo ano alcançamos o nosso objetivo de fazer com
que a escola seja única. O aluno tem a
consciência de ajudar o próximo, conhecer a comunidade”, conclui Sousa.
E os pais aprovam. Túlio de Queiroz
Magalhães tem filhas gêmeas matriculadas no terceiro ano do colégio.
Segundo ele, o evento envolve toda a
família e aproxima os pais da escola. “O
‘Superação’ começa muito antes do dia
das provas. A escola nos envolve, mostrando a importância do projeto. Para
as minhas filhas é uma festa; elas se esforçam e dão o melhor de si, e também
cultivam laços de amizade que duram
para sempre”, conta.
Mas é preciso cuidado para não exagerar. Alguns pais, na ânsia de auxiliar os
filhos nos estudos, muitas vezes, e sem
perceber, pecam por excesso, como explica Valéria Rodrigues Silveira, psicóloga colaboradora do Núcleo de Pesquisa
e Extensão sobre o Bebê e a Infância
(NUPEBI) da Universidade Federal do
Rio Grande (FURG): “Auxiliar na tarefa
O Ministério da
Educação (MEC)
faz uma série de
recomendações para
ajudar os pais na difícil
tarefa de participar do
universo escolar
é diferente de fazer a tarefa para a criança. O papel dos adultos nesse momento
é ajudar e ensinar a criança a pensar sobre o assunto em questão de modo que
ela seja capaz de desenvolver e aprimorar seu raciocínio, ou seja, sua capacidade cognitiva. O hábito de dar a resposta pronta pode atrapalhar o desenvolvimento dessa capacidade. Além disso,
podemos dizer que o aprendizado não é
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 39
Crianças participam das atividades na escola e aprendem a importância do coletivo
A ideia é simples e
pode mudar a rotina de
aprendizagem ao longo
do ano, e até ao longo
da vida, já que ensina
a trabalhar em grupo
e a cooperar com os
colegas para vencer
apenas da matéria, mas também social,
pois a família, que é o primeiro ambiente de relações sociais da criança, tem o
papel de ensinar como se dão tais relações. Se a família ensina que a criança
não precisa se esforçar, pois ‘os outros’
lhe darão as respostas, parece coerente se
ela lidar dessa forma em outros contextos de sua vida, em outras etapas de seu
desenvolvimento.”.
40 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
O caminho mais saudável é acompanhar os resultados dos pequenos de
perto, mas sem transformar a cobrança em algo negativo. “Há formas de tornar esse momento mais agradável para
a criança. Ao invés de tratar a questão
com cobranças do tipo ‘se você não fizer
a tarefa antes do jantar ficará sem sobremesa’ costuma-se indicar a participação do adulto. Auxiliar nas dúvidas e
propor discussões sobre o tema da aula
são boas estratégias motivacionais”, recomenda a especialista.
Para as séries iniciais uma dica que
costuma dar bons resultados no desempenho escolar é criar um momento de
leitura da criança para a família. “O texto pode ser escolhido por ela própria e a
família combina o dia e horário. Assim,
todos estarão atentos ao desenvolvimento escolar e o aluno poderá se motivar por essa atenção que a família lhe
está dedicando”, explica.
E se nada der certo em um primeiro
momento, é preciso averiguar se a família está passando por algum processo de
mudança, pois é comum que isso interfira no desempenho escolar dos filhos.
“Costuma-se indicar que a procura por
um tratamento não seja apenas quando ‘as coisas não têm mais jeito’, como
quando o filho está prestes a repetir o
ano. É aconselhável que se busque a
orientação de um profissional da área,
como um psicólogo ou psicopedagogo,
nos primeiros sinais de que os pequenos estão com dificuldades. Nem sempre haverá a necessidade dessa orientação evoluir para um tratamento, mas é
importante saber por onde se está caminhando, se trata-se de alguma dificuldade pontual ou se há outras questões
envolvidas. Para essa percepção, no entanto, é preciso estar atento e participar da vida escolar dos filhos”, conclui
a psicóloga.
Ensino Superior
Grupo de pesquisa em
Imunologia do Estresse
e Imunossenescência
da PUC/RS (IPB)
As alterações do sistema
imune em idosos
Vanessa Mello, Assessoria de Comunicação Social da PUC/RS
D
esvendar como o sistema imune se altera ao longo do envelhecimento, entender os fatores
que aceleram esse processo e
promover estratégias em busca de uma
melhor qualidade de vida. Esses são
os objetivos do grupo de pesquisa em
Imunologia do Estresse e Imunossenescência, do Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB) da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS),
único da América Latina a desenvolver
estudos com seres humanos. A linha de
42 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
No laboratório, os
pesquisadores buscam
compreender como os
hormônios se alteram e
aceleram o envelhecimento
pesquisa levou à inauguração do Laboratório de Imunologia do Envelhecimento,
em 2011, localizado no IPB do Hospital
São Lucas.
O grupo está realizando um grande estudo com idosos atendidos pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) em Porto
Alegre. Uma triagem em postos de saúde
da Capital, em parceria com o Instituto
de Geriatria e Gerontologia da PUC/RS,
identifica pacientes com perfil de risco
imunológico. Dados da literatura médica
indicam que entre 15 e 20% das pessoas da terceira idade (superior a 60 anos
no Brasil) têm alterações nos linfócitos
que estão associados com mais doenças
e morte precoce.
Outro estudo analisou, em
2006, idosos saudáveis que
cuidam de pacientes com
Alzheimer, na maioria das
vezes, cônjuges
No total, a pesquisa deve envolver
até mil participantes, que passam por
coletas de sangue, avaliação psiquiátrica,
neurológica, nutricional e bioquímica
em um estudo multidisciplinar. A intenção é vacinar os pacientes contra o vírus
da gripe em 2012 e acompanhá-los, durante dois anos, investigando a resposta imune para a vacina em idosos com e
sem perfil de risco imunológico.
Os resultados devem ser aplicados
em ações pelo SUS e em políticas públicas. “Queremos ver o quanto as alterações
emocionais e cognitivas levam a esse traço vulnerável imunológico”, explica Moisés
Bauer, coordenador do Laboratório de
Imunologia do Envelhecimento e professor da Faculdade de Biociências da PUC/RS.
“A hipótese é a de que idosos com
perfil de risco imunológico respondem
fracamente à vacina para gripe e apresentam uma reatividade maior para citomegalovírus, que pode ser um fator importante para acelerar o envelhecimento do sistema imune”, completa Moisés.
No laboratório, os pesquisadores buscam compreender como os hormônios
se alteram e aceleram o envelhecimento. As pesquisas com humanos consistem em entrevistas sobre o estado emocional, dosagens hormonais por meio de
coleta de saliva e sangue e análise imunológica no sangue. A equipe multidisciplinar conta com psicólogos, neurologistas,
psiquiatras e nutricionistas. Entre os profissionais estão o professor da Faculdade
de Medicina, Vinicius Duval da Silva; o
membro do laboratório e professor da
Faculdade de Psicologia, Rodrigo Grassi
de Oliveira; e a professora da Faculdade
de Biociências, Cristina Bonorino.
Conhecer as variáveis do
processo de envelhecimento
é fundamental para
promover estratégias
A primeira pesquisa, realizada em
2002, mostrou como fatores emocionais do tipo estresse, depressão e ansiedade podem acelerar o envelhecimento.
As análises revelaram que idosos saudáveis são mais estressados que jovens
adultos de 20 a 40 anos, e apresentam
níveis mais altos de hormônios de estresse (cortisol), que contribuem para
um envelhecimento imunológico mais
acelerado.
Outro estudo analisou, em 2006,
idosos saudáveis que cuidam de pacientes com Alzheimer, na maioria das
vezes, cônjuges. Os resultados mostraram que pessoas com o estado de saúde muito bem preservado enfrentam
melhor situações de estresse e apresentam menos alterações hormonais e
imunológicas.
Em 2010, uma pesquisa mostrou
que o efeito de relaxamento produzido pela acupuntura retardou o processo
A linha de pesquisa
levou à inauguração do
Laboratório de Imunologia
do Envelhecimento, em
2011, localizado no IPB do
Hospital São Lucas
de envelhecimento em idosos saudáveis.
“Houve alterações biológicas e psicológicas, com respostas imunes tão boas
quanto a de um jovem”, completa Bauer.
Conhecer as variáveis do processo
de envelhecimento é fundamental para
promover estratégias, prevenir ou retardar doenças que surgem com a idade. “Acupuntura, relaxamento, exercício moderado, bem-estar emocional, inserção social e atividades como ioga trazem benefícios para a imunidade”, finaliza Bauer.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 43
Ensino Superior
Alunos durante o espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil, em Brasília (DF)
Circo e universidade
Belisa Monteiro, Assessoria de Comunicação da PUC/GO
C
erca de 190 pessoas, incluindo
crianças, coordenadores e arte-educadores da Escola de Circo Dom Fernando, vinculada à
Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), assistiram,
em fevereiro, ao espetáculo Varekai, do
Cirque du Soleil, apresentado em Brasília (DF). A viagem, a primeira para
muitas das crianças, foi a realização
de um sonho. Para a aluna Talita Alves, 12 anos, a alegria dos artistas foi
contagiante. “O que mais me marcou
44 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
A viagem, a primeira para
muitas das crianças, foi a
realização de um sonho
no espetáculo foi a alegria dos artistas ao compartilhar essa alegria com
a gente”.
Além da emoção de assistirem ao
espetáculo, as crianças ainda receberam de presente uma cota de cem ingressos para uma das apresentações do
novo espetáculo do Cirque du Soleil,
em março. Do montante, 70% dos recursos arrecadados foram destinados à
Escola de Circo da PUC-GO e à Escola
de Circo Laheto, e 30% para a Rede
Circo Mundo Brasil, da qual o Cirque
du Soleil é associado.
“O Cirque du Solei trabalha na requalificação da arte circense no mundo. O circo é qualificado como um instrumento de inserção social e isso coincide com a missão da Escola de Circo
Dom Fernando: é mais do que um espaço lúdico e de aprendizagem, é
uma forma de se exercer a cidadania”,
Turma da Escola de Circo Dom Fernando, em Goiânia (GO), na apresentação do Cirque du Soleil
pontuou a pró-reitora de Extensão e
Apoio Estudantil da PUC-GO, professora Márcia Alencar Santana.
O convite para assistir ao espetáculo veio da Rede Circo do Mundo Brasil,
formada por organizações não governamentais, das quais a Escola de Circo
Dom Fernando é integrante. Localizada
na região leste de Goiânia, no Jardim
Dom Fernando I, a Escola de Circo
atende a crianças e adolescentes de 6 a
16 anos em situação de vulnerabilidade social.
ESCOLA DE CIRCO DOM FERNANDO
A Escola de Circo é um programa de
extensão da PUC-GO que é vinculado
ao Instituto Dom Fernando. O projeto, que não tem objetivo profissionalizante, atende apenas a alunos que estejam devidamente matriculados no
ensino regular. As crianças atendidas
A Escola de Circo da PUC-GO
trata a arte circense
como ferramenta de
transformação
participam de oficinas, produções de
espetáculos, seminários, entre outras
atividades que visam garantir os direitos no que concerne à cultura, a educação e ao lazer. Alguns dos projetos
desenvolvidos na Escola ganham destaque por sua atuação e inserção na comunidade, como é o caso do Projeto
Picadeiro, que realiza oficinas e produções de espetáculos. A família das
crianças e adolescentes também recebe
atenção especial da Escola: visitas, reuniões e atendimentos ocorrem constantemente, integrando-os no projeto.
Na Escola de Circo Dom Fernando,
tudo é um espetáculo. A começar pela
estrutura montada e pelos equipamentos para a realização das atividades. Atividades essas que a comunidade tem a oportunidade de assistir
nas apresentações e arraial da cultura popular realizados. Prova do grande alcance do projeto e da inserção
na vertente do circo social, a Escola
foi contemplada com dois expressivos prêmios: em 2010, com o prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo,
concedido pela Fundação Nacional de
Artes (Funarte) e, em 2009, com o prêmio Ludicidade/Pontinhos de Cultura,
do Ministério da Cultura.
A Escola de Circo da PUC-GO trata a
arte circense como ferramenta de transformação e, no segundo semestre de
2011, realizou 6.590 atendimentos envolvendo os alunos e a comunidade.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 45
Ensino Superior
Pindorama completa dez anos
Por Bete Andrade, Assessora de Comunicação
H
á uma década, a Pontifícia
Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP) se tornava pioneira entre as universidades católicas de todo o mundo ao oferecer o
Pindorama (programa de oportunidade de estudos e inserção de jovens indígenas na universidade). Segundo um
de seus coordenadores, Benedito Prezia
46 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Nestes dez anos, 120
estudantes de diferentes
etnias indígenas já
passaram pelo Pindorama,
dos quais 42 se formaram na
PUC-SP, em diversas áreas
(Pastoral Universitária), o programa é
único no mundo até hoje.
Nestes dez anos, 120 estudantes de diferentes etnias indígenas já passaram pelo
Pindorama, dos quais 42 se formaram na
PUC-SP em diversas áreas. São jovens das
tribos Atikum, Fulni-ô, Guarani Mbyá,
Guarani Nhandeva, Kaimbé, Krenak,
Kaxinawá, Pankararu, Pankararé, Pataxó,
Além do bom aproveitamento acadêmico,
os bolsistas do Pindorama têm de se comprometer
a participar de reuniões mensais
Potiguara, Terena, Xukuru do Ororubá,
Xukuru-Kariri e Xavante, que integram ou
já passaram pelos cursos de Administração,
Artes do Corpo, Ciências Biológicas,
Ciências da Computação, Ciências
Contábeis, Ciências Sociais, Economia,
Direito, Enfermagem, Engenharia Elétrica,
Engenharia Biomédica, Fisioterapia,
Fonoaudiologia, Geografia,
Gestão
Ambiental, História, Letras, Multimeios,
Pedagogia,
Psicologia,
Secretariado,
Serviço Social, Turismo e Tecnologia e
Mídias Digitais.
Nos últimos anos, as graduações em
Serviço Social, Pedagogia e Tecnologia e
Mídias Digitais são as que têm mais participantes do Pindorama. Há ainda três
ex-alunos do programa que estão cursando Medicina: dois em Cuba e um
na Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar).
Autonomia
Formado em Serviço Social, Edcarlos
Pereira do Nascimento trabalha, atualmente, em uma Instituição de Longa
Permanência para Idosos (ILPI). O
profissional conta que encontrou no
Pindorama a oportunidade que precisava para obter formação mais
completa.
“Sem o programa, muitos de nós não
teríamos concluído, entrado ou até mesmo conseguido nos manter em uma universidade com a qualidade da PUC-SP”,
considera. “Precisamos de uma boa formação para trabalharmos para nossas
comunidades e conquistarmos autonomia na execução das atividades profissionais em nossas áreas (territórios)”, salienta Nascimento.
Da etnia Pankararu, ele acredita que o programa não serve apenas
como mecanismo de inserção social,
mas permite também a desmitificação
da imagem que a sociedade faz do indígena. “Lembro que o primeiro dia de
aula foi curioso, pois participei do trote e tive meus cabelos cortados. Em
uma aula, a professora comentou que,
entre os alunos, havia um indígena na
sala. Todos ficaram procurando quem
seria e eu estava o tempo todo bem ali
na frente deles. Então, me apresentei
como indígena Pankararu e alguns estudantes me perguntaram se eu era índio de verdade. Para muito deles era
estranho o fato de eu não ter a pele
vermelha e os cabelos longos e lisos.
Expliquei que a ausência desses itens
não me fazia menos indígena, pois eu
tinha tradição, princípios e ideologia
cultural Pankararu”, conta.
Raízes
Além do bom aproveitamento acadêmico, os bolsistas do Pindorama têm de se
comprometer a participar de reuniões
mensais, nas quais são discutidas questões ligadas à vivência universitária. “O
grande desafio para o projeto é fazer
com que se envolvam nas lutas e atividades de suas comunidades de origem”,
enfatiza Prezia.
Para Alexsandro Mesquita, aluno do segundo ano de Tecnologia e
Mídias Digitais, as reuniões, além de
possibilitar o contato entre os alunos
indígenas de diferentes cursos, também são a chance que o grupo tem de
falar de suas tradições e raízes. “Sou
neto de índios, vim para São Paulo
pequeno e tive pouco contato com a
cultura indígena. Acho muito interessante esse momento de reflexão”, afirma. “O programa me possibilitou ter
a formação e trabalhar na área que
eu queria, ao mesmo tempo em que
pude entrar em contato com minhas
origens”, ressalta.
Estagiando no Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (Senac), no
cargo de designer educacional, Mesquita
também está desenvolvendo um projeto
de iniciação científica intitulado “O recurso educacional flashmeeting no projeto colaborativo de aprendizagem aberta Openlearn entre Open University e
PUC-SP/Tidd”.
Para Prezia, se não fosse o Pindorama
muitos desses jovens, a maioria de famílias
financeiramente carentes, nunca teriam a
chance de estudar em uma universidade
particular com o nível da PUC-SP.
Coordenado inicialmente pelas psicólogas Ana Maria Battaglin e Marisa
Penna, o Pindorama está atualmente sob
coordenação de Prezia e dos professores Lúcia Helena Rangel (Departamento
de Ciências Sociais) e Miguel Perosa
(Departamento de Psicologia), da bacharel em Letras Maria Cícera Oliveira
(ex-integrante do Pindorama) e de
Camila Matoso Violani (Pastoral
Indigenista de São Paulo).
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC
47
Ensino Superior
Centro de
Reabilitação
retoma
atendimento
à população
Assessoria de Comunicação da Unileste
O
Centro de Reabilitação Geral
(CRG) do Centro Universitário do
Leste de Minas Gerais (Unileste)
reiniciou, neste semestre, os atendimentos à população do Vale do Aço e região. O serviço destinado aos portadores
de deficiências físicas, motoras e sensoriais
é credenciado ao Sistema Único de Saúde
(SUS) e, portanto, gratuito.
O professor e fisioterapeuta, Roberto
Martins de Andrade, coordenador do
Centro de Reabilitação, explica que os
atendimentos realizados pelo CRG têm
como intuito a prescrição, avaliação, adequação, treinamento e acompanhamento
da entrega de órteses, como talas, coletes,
tutores, botas ortopédicas, cadeiras de rodas e de banho e, ainda, auxiliares de locomoção: bengala, muleta e andador.
O serviço do Centro é conduzido por
uma equipe multiprofissional composta por médico ortopedista, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo e terapeuta ocupacional e abrange um total de 35 municípios, que compõem as microrregiões de
Coronel Fabriciano, Ipatinga e Caratinga.
Além da prescrição e avaliação para
48 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
entrega dos equipamentos, a equipe faz
um trabalho de orientação geral e familiar
sobre o uso do material, proporcionando a reinserção social e melhora da qualidade de vida do deficiente. Completa o
coordenador do Centro: “O CRG é uma
grande conquista para a nossa região, a
partir da sua criação, pessoas que antes
tinham de se deslocar até Belo Horizonte
em busca desse tipo de atendimento, agora podem se tratar aqui mesmo, graças à
presença de uma equipe multifuncional.
Trabalhamos para que a cada ano nossos
serviços possam ser aperfeiçoados, atendendo a um número cada vez maior de
pessoas”.
FUNCIONAMENTO
As pessoas que necessitam dos serviços
ofertados pelo CRG do Unileste devem
se encaminhar até a unidade de saúde
mais próxima de sua residência para serem avaliadas por um profissional da saúde ou, ainda, dirigirem-se diretamente ao
Centro de Reabilitação do Unileste, para
serem avaliadas pelos profissionais do setor. Somente com essa avaliação é que
será dada a confirmação da necessidade
do atendimento ou de materiais ortopédicos auxiliares de locomoção.
CIDADES ATENDIDAS
Ao todo, 35 municípios que integram
as microrregiões de Coronel Fabriciano,
Ipatinga, Caratinga e seus municípios
adscritos podem ter acesso ao atendimento. Sendo a microrregião de Coronel
Fabriciano composta pelos municípios
de Antônio Dias, Coronel Fabriciano,
Córrego Novo, Dionísio, Jaguaraçu,
Marliéria, Pingo D’água e Timóteo; da
microrregião de Ipatinga fazem parte os
municípios de Açucena, Belo Oriente,
Braúnas, Bugre, Dom Cavati, Iapu, Ipaba,
Ipatinga, Joanésia, Mesquita, Naque,
Periquito, Santana do Paraíso e São João
do Oriente. Já a microrregião de Caratinga
é composta por Bom Jesus do Galho,
Caratinga, Entre Folhas, Imbé de Minas,
Inhapim, Piedade de Caratinga, Santa
Bárbara do Leste, Santa Rita de Minas,
São Domingos das Dores, São Sebastião
do Anta, Ubaporanga, Vargem Alegre e
Vermelho Novo.
Ensino Superior
Vitor Lima durante cerimônia de assinatura no Palácio do Planalto
Milionésimo beneficiado
pelo ProUni
Assessoria de Comunicação da UCB
U
ma cerimônia, realizada no Palácio do Planalto, marcou a concessão da milionésima bolsa de
estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni). Vitor Lima Lobo,
20 anos, estudante de Medicina da Universidade Católica de Brasília (UCB) foi o
beneficiado de número 1 milhão e assinou o ato de matrícula junto ao reitor da
UCB, prof. Cícero Gontijo, tendo como
testemunha o então Ministro da Educação, Fernando Haddad.
A presidente Dilma Rousseff esteve
no evento e elogiou o programa que leva
os jovens brasileiros a romper a barreira da oportunidade. “Nós temos de medir uma sociedade pelo grau de oportunidades que ela oferece”, afirmou. No
seu discurso, Dilma agradeceu a presença do reitor da UCB, representando
todas as instituições de ensino presentes,
e contou a história da estudante Lorene
Laiane, também estudante de Medicina
da UCB, que, graças ao ProUni, realizou o sonho de cursar Medicina. “Graças
ao ProUni, hoje, ela estuda em uma
das melhores escolas do País, que é a
Universidade Católica de Brasília”, afirmou a presidente.
O futuro médico Vitor Lima Lobo, 20
anos, nasceu e reside em Goiânia (GO)
e é filho único de uma servidora pública aposentada. Bolsista, o estudante fez
todo o ensino médio em escola privada
e cursos preparatórios para vestibular e
para o Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem). Antes do resultado, ele fez diversos vestibulares para Medicina, sem sucesso. Foi aprovado em Direito e Engenharia
Civil em Universidades Federais, mas
decidiu continuar estudando para
Medicina. Agora, com a boa pontuação no
Enem 2011, Vitor garantiu a única vaga
para cursar Medicina com bolsa integral na
Universidade Católica de Brasília e já fez
a matrícula. Ele sonha em ser um médico
com visão humanista. “Não se pode tratar
o paciente como um número, dar uma receita sem olhar na cara. O médico precisa
ouvir, ser mais humano”, diz.
ProUni
Criado em 2004, o ProUni concedeu as
primeiras bolsas de estudos integrais e
parciais de 50% do valor da mensalidade
no início de 2005. De 2005 ao primeiro processo seletivo de 2012, o programa colocou em cursos de graduação em
instituições privadas de ensino superior
1 milhão de estudantes.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 49
Ensino Superior
Animação da construção da FEI ao longo de dez anos desde a fundação
Uma década
de bons resultados
Assessoria de Comunicação da FEI
C
riado em dezembro de 2001
por resolução do Ministério
da Educação (MEC), o Centro
Universitário da FEI uniu a
Faculdade de Engenharia Industrial
(FEI), a Faculdade de Informática (FCI)
e a Escola Superior de Administração
de Negócios (ESAN) em torno de um
projeto que visava, essencialmente,
ampliar a excelência de seus cursos.
Uma década depois, a Instituição festeja os resultados alcançados e traça os
50 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
A solidez da estrutura
do Centro Universitário
e a credibilidade da FEI
também se refletem
na evolução do número
de alunos inscritos e
matriculados nos últimos
processos seletivos
rumos para o futuro, alinhados às novas demandas da educação superior.
Ao longo desses dez anos, o Centro
Universitário contabiliza uma série de
resultados importantes, especialmente relacionados à formação superior, à
pesquisa e à geração de conhecimentos. Segundo o reitor da FEI, professor doutor Fábio do Prado, alguns aspectos devem ser considerados como
fundamentais para esse sucesso. Um
deles é a estrutura organizacional
enxuta e suas células administrativas
horizontalizadas, que permitem um
diálogo eficiente entre todos os agentes acadêmicos e, consequentemente,
agilidade nas decisões e ações.
Outro ponto importante é o ambiente favorável a um processo de articulação e diálogo para a indução de
projetos e iniciativas inter- e multidisciplinares, o que tem resultado em
encaminhamentos de propostas conjuntas entre diferentes áreas e cursos.
“Esse ambiente tem possibilitado que
bons docentes passem a ter espaço em
qualquer área, o que contribui para a
rápida formatação de redes e fóruns
informais de discussão, que é o ponto
de partida da investigação intelectual e
científica”, reforça o reitor, ao enfatizar
que essas redes suportam, sustentam e
dão massa crítica a novas metodologias
pedagógicas, a linhas de pesquisa e à
geração do conhecimento.
O professor doutor Fábio do Prado
também destaca a importância de a
FEI ter se voltado fortemente à pesquisa nos últimos anos, com a criação de
um ambiente de investigação científica
muito saudável e bem-fundamentado,
que cria oportunidades que vão além
do saber em sala de aula. “Os alunos
têm potencial e o ambiente da pesquisa pode estimular para que se interessem cada vez mais pela busca de novos
conhecimentos”, argumenta.
RECONHECIMENTO PÚBLICO
Desde que começou a institucionalizar a pesquisa, a FEI vem colhendo
importantes resultados que se refletem em prêmios. Entre os exemplos
estão o International Italian Textile
Technology Award, conquistado por
alunas da Engenharia Têxtil, e o prêmio do Conselho Regional de Química
pelo projeto sobre obtenção de celulose utilizando resíduos de produtos
agrícolas. A FEI também foi premiada
pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
por ter sido a Instituição de ensino privada que mais utilizou as normas técnicas da base ASTM internacional em atividades de ensino, pesquisa e extensão
no ano passado. Além disso, recebeu
conceito 4 no Índice Geral de Cursos
(IGC) do MEC, que avalia as instituições a partir de indicadores como o
Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes (Enade) e o percentual de
professores com doutorado; e ficou em
primeiro lugar na pesquisa do Guia do
Estudante, da Editora Abril, como melhor Centro Universitário do Brasil na
categoria Organização Acadêmica –
Centros Acadêmicos.
“Temos a responsabilidade de perpetuar todas essas conquistas por meio
de trabalho sério e atento às novas demandas sociais. Os alunos exigem qualidade e temos de dar a eles o que esperam”, enfatiza o reitor Fábio do Prado.
A solidez da estrutura do Centro
Universitário e a credibilidade da FEI
também se refletem na evolução do número de alunos inscritos e matriculados nos últimos processos seletivos, com
destaque para a concorrência às vagas
dos cursos diurnos de Engenharia. Além
disso, houve um aumento efetivo da participação da FEI em editais públicos do
Ministério da Educação e do Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação
em nível de graduação e pós-graduação. A Instituição também conquistou sua participação em diversos programas que prestigiam a qualidade acadêmica, como o Programa CNPq/PBIC
Institucional, o Programa Ciência sem
Fronteiras do Governo Federal e o
acesso gratuito ao Portal de Periódicos
da CAPES, entre outros. “A FEI não é
apenas uma ótima Instituição de ensino superior, mas tornou-se referência
em educação superior. A FEI é um projeto consistente e este é o momento de
consolidarmos a sua expansão”, conclui o reitor.
Uma década depois, a
Instituição festeja os
resultados alcançados
e traça os rumos para
o futuro, alinhados às
novas demandas da
educação superior
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 51
Agenda ANEC
Calendário de Eventos do Segundo Semestre de 2012
Julho
05 a 08. ExpoCatólica - SP (Eb/Es/Ma)
17 a 10. IV Congresso Nacional Marista de Educação - SP (Eb/Es)
23 a 27. Congresso da Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC) - SP
Agosto
16, 17 e 18. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - GO (Eb/Es)
18. Encontro de Educadores Católicos - ES (Eb/Es)
23 e 24. Fórum de Pró-Reitores - SP (Es)
23. Seminário de Informação Profissional - ES (Eb)
24. Encontro: Cultura Indígena na Escola - RS (Eb)
31. Encontro Nacional da Pastoral na Educação - RS (Eb/Es)
30 e 31. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - PR (Eb/Es)
Setembro
01. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - PR (Eb/Es)
04. Seminário de Informação Profissional - ES (Eb/Es)
13. II Encontro de Educadores Católicos - RS (Eb/Es)
14. Curso de Capacitação da Pastoral - RS (Eb/Es)
13, 14 e 15. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - PA (Eb/Es)
17 e 18. Assembléia Ordinária da ANEC e V Fórum Nacional de Mantenedoras da
ANEC (Eb/Es/Ma)
27. Seminário de Informação Profissional - ES (Eb)
Outubro
04 e 05. Seminário de Gestão Acadêmcia - PR (Es)
05. Escola em Pastoral - ES (Eb/Es)
05 e 06. Encontro de Educadores de Obras Sociais - SP (Eb/Es)
07. Missa dos Professores - GO (Eb/Es)
12 a 14. Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos (Es)
18, 19 e 20. Pré-Congresso Regional de Educação Católica - PE (Eb/Es)
28. Missa dos Vestibulandos - GO (Eb)
Novembro
08 e 09. Seminário de Gestão Acadêmica - ES (Es)
09. Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 - RS (Eb/Es)
22. Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 - ES (Eb/Es)
22 e 23. Seminário de Gestão Acadêmica - BA (Es)
24. Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 - SP (Eb/Es)
25. Missa de Ação de Graças pelo Término do Ano Letivo - GO (Eb/Es)
30. Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013 - PR (Eb/Es)
Legenda/Público-Alvo - (Eb): Educação Básica
(Es): Ensino Superior
(Ma): Mantenedoras
Educação Básica
Encontro das
Escolas Católicas
reúne 600 educadores
Jeline Rocha, Assessoria de Imprensa do Colégio La Salle Abel (RJ)
E
ntre os preparativos para o início do ano letivo de
2012, as instituições católicas de Niterói (RJ) estiveram reunidas no já tradicional Encontro das Escolas
Católicas de Niterói que, pelo quarto ano consecutivo, teve o Colégio La Salle Abel como anfitrião. Realizado
no Teatro Abel, o evento contou com quase 600 educadores de oito colégios: São Vicente de Paulo, São José,
Salesiano (Santa Rosa e Região Oceânica), Assunção, Divina
Providência e Sagrado Coração, Nossa Senhora das Mercês e
o Abel. Juntas, essas instituições levam a formação humana
e cristã a 12 mil alunos da cidade.
54 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2011
Realizado no Teatro Abel,
o evento contou com quase
600 educadores de
oito colégios
Organizado pela professora Solange
Lemos, coordenadora de Ensino
Religioso do Abel, e pela Ir. Jussara
Alves, diretora do Mercês, o encontro
foi aberto pelo Ir. Walysson Guimarães
(que acaba de chegar à Comunidade
de Irmãos Lassalistas de Niterói para
integrar o Serviço de Pastoral da escola), e teve missa celebrada pelo
Pe. Marcelo Gomes (dos colégios Nossa
Senhora das Mercês e do São José) e
pelos Pe. Antônio Sobrinho e Ronnie
Diniz, sacerdotes do Abel. Na missa, o
Pe. Marcelo frisou a importância da fé
e da sabedoria no dia a dia dos educadores, abençoados no fim da celebração
seguida de coffee break.
Em seguida, os convidados ouviram
a palestra “os desafios da Educação na
nova sociedade do conhecimento”, da
psicóloga e psicanalista Viviane Mosé,
doutora em Filosofia e comentarista
da CBN, do Sistema Globo de Rádios.
Viviane recepcionou a plateia destacando a vida como bem maior e inserindo o importante papel dos professores na formação dos cidadãos, em especial, crianças e jovens. Em uma hora
de fala com momentos provocantes,
emocionantes e descontraídos, a psicóloga alertou para a necessidade de
os educadores se atualizarem e buscarem sempre a inovação como forma de
acompanharem as mudanças na sociedade. Disse a especialista: “Afinal, a sociedade vem substituindo o modelo de
estrutura vertical, do eu mando e você
obedece, pelo modelo horizontal, em
que todos participam da construção do
conhecimento. O educador precisa se
preparar para enfrentar a crise produzida pelo somatório de várias crises vividas nos últimos anos. Ele precisa se
atualizar tecnologicamente e entender
Evento reúne 600 educadores de oito colégios no Teatro Abel em Niterói (RJ)
O educador precisa se preparar para enfrentar
a crise produzida pelo somatório de várias crises
vividas nos últimos anos
que os novos recursos virtuais tornam
o processo ensino-aprendizado muito
mais interessante e eficiente”.
O conteúdo da palestra de Viviane
vem sendo seguido à risca no La Salle
Abel, com atividades como cursos e
encontros que proporcionam a atualização profissional. Um exemplo é a
Jornada Pedagógica realizada em todo
início de ano letivo como forma de integrar os professores depois das férias
e informar sobre as novidades. “Esse
ano mesmo, estamos com uma série
de novidades no Serviço de Pastoral,
que ganhou uma equipe maior para
desenvolver mais projetos com foco
em emoções sociais e em frentes que
atraiam ainda mais a participação de
nossos jovens nos grupos pastorais”,
diz o Ir. Arno Lunkes, que dirigiu o
Abel desde 2007 e assumiu no dia 1º de
fevereiro a Direção da Missão Educativa
e de Pastoral da Nova Província La Salle
Brasil-Chile, responsável por mais de
70 unidades lassalistas existentes no
Brasil, Chile e Moçambique.
Informativa Educacional 2011 :: Revista da ANEC 55
Educação Básica
A Casa da Cultura e dos Esportes
Tuna Serzedello e Marcia Guerra, Assessoria de Comunicação do CSL
O
Colégio São Luís em São
Paulo, vai criar mais um marco histórico na instituição.
Comemorando 145 anos em
2012, e seguindo as ações previstas no
planejamento estratégico (2010-2014),
o Colégio vai ganhar um novo complexo
esportivo e cultural.
A obra de grande porte, que foi aprovada pelo Pe. Geral Adolfo Nicolás – com
autorização de Roma –, é mais um investimento dos jesuítas na qualidade de ensino e na modernização das instalações
do seu mais antigo Colégio no Brasil.
56 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
O projeto prevê um espaço
para apresentações de
música e dança dos
alunos, com iluminação
e tratamento acústico
adequado
Além de um novo ginásio poliesportivo, que substituirá o antigo, construído
na década de 1950, o projeto prevê um
espaço para apresentações de música e
dança dos alunos, com iluminação e tratamento acústico adequado. A geometria
e o acabamento do prédio serão reconfigurados para que se atinjam níveis de
excelência de conforto térmico, acústico e visual.
As arquibancadas fixas serão substituídas por uma removível, o que permitirá ter duas quadras para treinos no
lugar de uma só. No novo edifício, ainda serão construídas salas para a prática de esportes e cursos extras, vestiários e um campo de futebol de grama natural, cercado por uma pista de
O novo espaço multiuso
se destacará pelo projeto
arquitetônico arrojado
O projeto prevê a
substituição das
arquibancadas fixas
por removíveis
atletismo ao ar livre para compor um
“telhado verde”.
A sala de bolas e a sala dos professores de educação física também serão reposicionadas e modernizadas, tornando-se mais acessíveis e mais bem integradas
às atividades dos alunos.
CONFORTO TÉRMICO
Aproveitando o porte da obra, o
Colégio vai atender a uma antiga solicitação dos pais e cobrir a área da
piscina semiolímpica que já existe ao
lado da lanchonete. A cobertura terá
um sistema de vedação que permitirá o
uso seguro e confortável, tanto durante os meses de chuva quanto no inverno, completando a qualificação iniciada pela instalação do sistema de aquecimento de água.
Prevista para iniciar em
julho deste ano, a obra está
sendo planejada desde o
ano passado
Os vestiários passam a ser exclusivos da natação, ampliados e modernizados, além de mais acessíveis e seguros, agora situados no mesmo nível da
piscina. Já as quadras descobertas ganham nova iluminação, mais confortável visualmente e adequada às práticas
esportivas.
PREPARATIVOS
Prevista para iniciar em julho deste ano,
a obra está sendo planejada desde o ano
passado, quando teve sua aprovação
final. O mais importante para o Colégio
São Luís é que, durante os trabalhos,
seus alunos continuem mantendo as
mesmas aulas de educação física e esportes, porém nas demais quadras disponíveis em todo o Colégio. A equipe
de esportes já preparou uma grade horária prevendo a não utilização do Ginásio
por um período.
O novo espaço multiuso do São Luís
se destacará no entorno pelo projeto arquitetônico arrojado e pelas soluções
tecnológicas que minimizarão o impacto
das obras e contribuirão para uma maior
sustentabilidade ecológica do edifício.
Toda a equipe de manutenção e segurança do Colégio já está envolvida nesse projeto e estudando cada detalhe para
que a rotina dos alunos e da região seja
mantida.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 57
Educação Básica
A aluna é redatora da Revista Viração, publicação nacional voltada aos jovens
Estudante representa Brasil
em evento da ONU
Por Ana Cosenza, Assessora de Imprensa da RSE
C
arolina Quirino, aluna do 3º
ano do Ensino Médio da Rede
Salesiana de Escolas/Instituto
São José de Resende (RJ), foi
uma das cinco pessoas escolhidas
no Brasil para fazer parte da coordenação jovem da “Rio+20”. A conferência, realizada em junho de 2012
no Rio de Janeiro (RJ), é promovida
pela Organização das Nações Unidas
(ONU) e reune líderes de todo o mundo para discutir meios de transformar
58 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Carolina e um líder
de Curitiba ficaram
responsáveis por
desenvolver o tema
"alimentação, estudando e
apontando as deficiências e
necessidades do País
nesse assunto
o planeta em um lugar melhor para
se viver.
O objetivo dos chamados “coordenadores jovens” será expandir e divulgar a conferência para a juventude.
Carolina recebeu a confirmação sobre sua participação em janeiro. “Era
madrugada quando o e-mail chegou.
Nem acreditei quando li a mensagem,
que veio em inglês”, contou a estudante, aluna da RSE desde a Educação
Infantil. A ONU não divulga quantas
pessoas participaram da seleção, mas
estima-se que eram milhares de candidatos de todo o Brasil.
COMPROMISSO
A aluna salesiana conheceu o concurso pelas mídias sociais e, para concorrer, se inscreveu no site das Nações
Unidas. Lá, manifestou o interesse em
se envolver com a sustentabilidade e
escreveu sobre a sua experiência com
trabalhos voluntários, que realiza desde os 14 anos por intermédio da escola salesiana.
Carolina sempre participa de atividades solidárias, como distribuição
de alimentos e monitoramento escolar. Em 2011, criou o projeto “Jovem
Amigo”, que incentiva os estudantes a
realizar trabalhos voluntários em abrigos, asilos e comunidades carentes.
Na inscrição, ela citou também a sua
atuação como redatora para a Revista
Viração, uma publicação nacional voltada para os jovens.
As informações foram suficientes para a sua seleção. Dos cinco eleitos, ela é a mais nova, com apenas 17
anos. Os outros quatro têm entre 21 e
26 anos e são dos Estados do Rio de
Janeiro, São Paulo e Paraná. Cada país
participante tem um grupo de coordenadores jovens.
ARTICULAÇÃO
No Brasil, outras nove pessoas atuam em parceria com a coordenação.
Carolina já passou a se reunir todos
os dias, via internet, com os colegas.
O primeiro trabalho concreto será um
levantamento básico dos problemas
do Brasil na área de sustentabilidade e como a juventude pode colaborar
para melhorá-los. A estudante já participou de uma videoconferência em inglês, acompanhada por coordenadores
do mundo inteiro. “Estou entrando em
um universo novo, muito interessante. Tem até gente do Afeganistão e do
Carolina Quirino durante trabalho voluntário que realiza desde os 14 anos
Sudão me adicionando no Facebook”,
revela a aluna.
As frentes de trabalho foram divididas. Carolina e um líder de Curitiba
ficaram responsáveis por desenvolver o tema “alimentação”, estudando e
apontando as deficiências e necessidades do País nesse assunto.
O grupo também recebeu da ONU
subsídios para palestras e workshops.
Carolina está preparando uma forma
de divulgar o tema e a Rio+20 em blogs e redes sociais. A aluna pensa ainda em desenvolver alguma atividade ligada ao tema no colégio. Ela frisa que
esse grupo não trabalha na ONU e nem
fala em nome da instituição, mas reconhece que está sendo uma experiência única. “Meu grande sonho é trabalhar na UNICEF, e tenho certeza de que
esse trabalho vai me dar vivência para
buscar esse objetivo”, concluiu.
A aluna salesiana conheceu
o concurso pelas mídias
sociais e, para concorrer,
se inscreveu no site das
Nações Unidas
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 59
Educação Básica
O projeto baseou-se na ideia de Michael Christensen, um palhaço americano
Projeto Irmãos da Alegria
Assessoria de Comunicação da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima
A
Escola Franciscana Nossa
Senhora de Fátima, a partir
das atividades desenvolvidas
nas aulas de teatro, atendeu
e apoiou a implantação de um projeto dos educandos de atender as crianças carentes, internadas em hospitais,
creches e até alunos de escolas da rede
pública.
Conhecido como Projeto Irmãos da
Alegria, a atividade baseou-se na ideia
de Michael Christensen, um palhaço
americano que, em 1986, levou alegria
às crianças enfermas que não puderam
estar presente durante a sua apresentação no hospital de Nova York.
Em 1991, Wellington Nogueira –
que fez parte da trupe de Michael
Christensen na década de 1980 – desenvolveu um trabalho semelhante
no Hospital e Maternidade Nossa
Senhora de Lourdes, em São Paulo,
o projeto “Os Doutores da Alegria”.
Estudos realizados em torno dos projetos revelaram que atividades lúdicas
favorecem significativamente o estado
clínico das crianças.
Com o Projeto Irmãos da Alegria, a
escola Franciscana pretende abrir uma
nova perspectiva, uma alegria transformadora e uma metodologia com o propósito de ser participativa, crítica e libertadora. A alegria de Francisco se
traduz no esvaziamento do egoísmo,
na renúncia de possuir e dominar, na
humildade e paciência.
A aluna do 8° ano, Maria Elizabete
Ferreira, integrante do projeto, descreve o importante papel do grupo diante
da tarefa de transmitir a alegria:
“Desde o momento em que me arrumava para essa nova experiência, já
batia um frio na barriga e o medo de
dar errado. Até chegar ao local, ia pensando em cada rostinho que iria ver.
Tentava, de qualquer jeito, lembrar do
amor e do carinho que meus pais tiveram comigo quando eu era criança.
Então, eu tentava passar esse amor e
carinho para as crianças. Ao final, sempre conseguia o que mais queria: um
sorriso. E isso me deixou feliz por fazer a diferença, nem que fosse por um
segundo, ser a felicidade no momento
da tristeza”.
A escola pretende voltar a aplicar
o projeto este ano. Segundo os coordenadores da instituição de ensino, a
atividade atendeu todas as expectativas
dentro e fora da sala de aula.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 61
Educação Básica
Evento recebeu representantes da Arquidiocese de Brasília, diretores de escolas católicas e coordenadores de Pastoral e Catequese
Bote Fé em Brasília
Assessoria de Comunicação do Colégio Marista João Paulo II
H
á pouco mais de um ano para
ocorrer a Jornada Mundial da
Juventude (JMJ), que será realizada pela primeira vez no
Brasil (entre os dias 23 e 28 de julho
de 2013, no Rio de Janeiro), o Colégio
Marista João Paulo II recebeu representantes da Arquidiocese de Brasília,
diretores de escolas católicas e coordenadores de Pastoral e Catequese em
uma reunião.
No Salão de Atos da Escola, o
Arcebispo de Brasília, Dom Sergio da
Rocha, em parceria com a ANEC, organizou e motivou os presentes a participarem do projeto Bote Fé, em preparação
ao recebimento da Cruz Peregrina e do
Ícone de Nossa Senhora, que estarão em
Brasília nos dias 12 e 13 de maio.
O Bota Fé promove um conjunto
de atividades que une todos em volta desta visita da Cruz e do Ícone para
62 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
celebrar a mensagem própria que esses símbolos carregam e proporcionar
situações propícias para o desenvolvimento da evangelização da juventude em cada realidade. “Somos convidados a peregrinar juntos na vida fraterna, assumindo, com os jovens, a
grande causa da evangelização”, diz
o arcebispo.
Jornada Mundial da Juventude
A JMJ foi criada pelo Papa João Paulo
II, em 1985, e consiste num encontro de centenas de milhares de jovens
católicos. Ela acontece a cada dois ou
três anos, em uma cidade escolhida
para celebrar a grande jornada, e conta
com participação de pessoas do mundo inteiro.
A capital do Rio de Janeiro foi selecionada pelo Papa Bento XVI para sediar
a JMJ em 2013. São esperados mais de
3 milhões de jovens de todas as partes
do mundo no encontro.
Em 1984, durante o Jubileu
Internacional da Juventude, em Roma, o
Papa João Paulo II entregou aos jovens
um símbolo: uma grande cruz de madeira, para que a levassem por todo o mundo, a todos os lugares e a todo tempo.
No ano de 2003, o mesmo papa confiou aos jovens um segundo símbolo de
fé para ser levado pelo mundo: o Ícone
de Nossa Senhora, Salus Populi Romani,
uma cópia contemporânea de um antigo
e sagrado ícone encontrado na primeira e maior basílica para Maria, a Mãe de
Deus, no ocidente: Santa Maria Maior.
A Cruz da JMJ, como ficou conhecida, e o Ícone de Nossa Senhora chegaram ao Brasil, mais precisamente em São
Paulo, no dia 18 de setembro de 2011 e
percorrerão todo o país até chegar ao Rio
de Janeiro no ano que vem.
Câmara dos Deputados
Especial
Newton Lima Neto (PT/SP), Deputado federal e Presidente da Comissão de Educação e Cultura da
Câmara dos Deputados
Entrevista
com o
presidente
da CEC
Por Lana Canepa, Jornalista da ANEC
A
Câmara dos Deputados elegeu no mês de março de 2012
o novo presidente da Comissão
de Educação e Cultura (CEC).
Escolhido por unanimidade entre os
membros da Comissão, o deputado federal Newton Lima Neto (PT/SP) ocupará a
pasta por dois anos.
Doutor em Engenharia pela Escola
Politécnica da USP, Newton foi reitor
da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) de 1992 a 1996 e prefeito de
São Carlos (SP) entre 2001 e 2008. O deputado já ocupou a função de presidente do Sindicato Nacional dos Docentes
das Instituições de Ensino Superior
(ANDES) e da Associação Nacional dos
Dirigentes das Instituições Federais
de Ensino Superior (ANDIFES), assim como os cargos de vice-presidente do Instituto Universidade-Empresa
(UNIEMP), de secretário-geral da
Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e
Conselheiro da Financiadora de Estudos
e Projetos (FINEP).
64 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Eu tenho dito que valorizar
o magistério e promover
educação em tempo integral
são os dois elementos
integrais para que a gente
possa atrair cada vez mais
jovens para a carreira
Para falar sobre as metas prioritárias
da educação para este ano no Parlamento,
assim como conhecer mais o novo presidente da Comissão, a Associação Nacional
de Educação Católica do Brasil entrevista
o deputado Newton Lima Neto.
ANEC – Como a Comissão de Educação
pode ajudar a reverter o número de não
leitores no Brasil?
Newton Lima – Do ponto de vista da
cultura, promover maior acesso ao livro,
isso quer dizer: diminuir custos e criar
centros gratuitos de difusão da leitura.
Isso pode e deve ser feito por intermédio
dos pontos de cultura e do vale cultura,
instrumentos de popularização do acesso à leitura.
Considerando a educação, podemos
melhorar a qualidade para que mais brasileiros sejam não só alfabetizados, mas
tenham capacidade de compreender a leitura. São desafios muito grandes que governadores, prefeitos e o governo federal
certamente estão cada vez mais empenhados, mas isso depende também das metas
do Plano Nacional de Educação (PNE),
que estamos discutindo na Câmara, pois
estabelece indicadores bastante ousados
de universalização da educação de tempo
integral, fundamental para que tenhamos
melhor qualidade de ensino e valorização
do magistério.
Eu tenho dito que valorizar o magistério e promover educação em tempo integral são os dois elementos integrais para
que a gente possa atrair cada vez mais jovens para a carreira, que é estratégica, e
Do ponto de vista da
cultura, promover maior
acesso ao livro, isso quer
dizer: diminuir custos e
criar centros gratuitos de
difusão da leitura
que os jovens tenham na escola uma educação integral bem integrada. Quando eu
falo em educação integrada, entra a cultura e, daí, o convênio assinado entre os dois
ministérios (da Cultura e da Educação),
promovendo na educação fundamental
maior participação das atividades culturais, particularmente da leitura. Teremos
um canal extraordinário para isso.
A dupla jornada de ensino não será de
reforço escolar, só para suprir as carências
que vêm se acentuando ano após ano na
formação do estudante brasileiro. Um dos
meios pedagógicos mais corretos de melhorar a qualidade de ensino é ter atividades complementares, que envolvam a sociabilidade do jovem. Isso é possível com
o esporte e a educação profissional em diversos níveis da educação básica.
A decisão da presidenta Dilma é antecipar a meta da metade das escolas ter
dupla jornada, ou seja, curso integral,
para 2014. Isso é demais auspicioso e vai
nos ajudar na superação dos indicadores
de baixo grau de leitura. Eu acredito que
existem outros mecanismos fundamentais e que podem ajudar, como as organizações governamentais trabalhando, desta forma, a própria perspectiva de melhora econômica que vem acontecendo no
Brasil e leva os pais a se letrarem mais, terem mais interesse pela leitura. Uma coisa
que todos nós, que tivemos acesso e gostamos da leitura, sabemos é a importância
do papai e mamãe da gente contar história quando somos criança. E isso só se dá
quando o nível de escolaridade aumenta.
O principal desafio então está no
PNE, para que governadores e prefeitos
cumpram a sua tarefa de, ao lado da universalização da educação básica, da ampliação das áreas de educação superior e
do fortalecimento da educação técnica, oferecer, de fato, valorizar o professor como
mola mestra deste processo.
ANEC – E quanto ao novo PNE. Como
está a negociação em torno do tema?
Newton Lima – Desde o início do orçamento, sabíamos que a emenda n° 20
seria mais complexa. No primeiro PNE,
quando o então presidente Fernando
Henrique Cardozo apreciou o resultado
do Congresso Nacional, foi vetado, justamente, entre outras metas, a dos 7%,
que deveríamos ter atingido em 2010.
Conclusão: terminamos com 3,5% do
PIB (Produto Interno Bruto), o que responde a todas as nossas indagações sobre o porquê da baixa qualidade, dos
baixos salários e dos altos índices de evasão e repetência.
Os países que fizeram a opção por
maior investimento são os que mais se
dão bem hoje no comércio exterior de
bens manufaturados com valor agregado. É simples assim! Nós, então, precisamos lutar pelo máximo possível. Há uma
vantagem: o presidente Lula incorporou a
proibição do veto presidencial a tal dispositivo. Desta forma, a presidenta Dilma,
quem a suceder daqui dez anos e estiver
no comando da nação para definir o terceiro PNE não vai poder vetar essa meta –
ao menos que o Congresso mude o que já
foi conquistado por Proposta de Emenda
a Constituição (PEC). Essa é uma diferença fundamental e o governo, responsavelmente, em função das questões macroeconômicas e perspectiva de crescimento
da economia e conflitos internacionais,
estabeleceu o número de 7% do PIB, o
que já representará aumento. Com o final do governo Lula chegamos a 5% do
PIB, ainda insuficientes, mas uma elevação bastante razoável que nos permitiu
duplicar as várias universidades públicas,
estabelecer o Programa Universidade para
Todos (ProUni), ajudar os estados e municípios a ampliar escolas, fazer um conjunto de avanços educacionais inigualáveis e incomparáveis. Contudo, ainda estamos muito carentes.
O ideal, sempre defendi isto, são os
10%, não porque qualquer nação do
mundo pratique isto, mas pelo fato de que
assim podemos resgatar e voltar a um patamar – quer por questões demográficas,
quer por atendimento – de valores médios na ordem dos 7%, padrão praticado
na OCDE (Organização para Cooperação
e Desenvolvimento Econômico), por
exemplo. Então, o relator chegou a um
valor na ponta do lápis, expandindo algumas das metas, que será apresentado nos
próximos dias. Esperamos que possa entrar mais rapidamente em votação, antes
de junho, pois após esse perído as coisas
complicam, já que há eleições.
ANEC – Além do PNE, quais são as
metas da CEC para este ano?
Newton Lima – Na cultura, estamos tratando de assuntos muito importantes,
como acompanhar a evolução de pontos de cultura e direitos autorais. Na pasta da educação, que tem à frente o ministro
Mercadante, temos necessariamente quatro compromissos imediatos: aprovar efetivamente 70 mil vagas para a educação superior dos institutos federais de educação
técnica e tecnológica, que inclusive já passaram por duas comissões; quanto ao piso
salarial, definir o mecanismo de atualização dos valores, já aprovado na Casa mas
em rediscussão, buscando um que não prejudique a atualização da remuneração dos
professores na direção daquilo que queremos ter daqui há dez anos: o salário do
magistério equiparado ao de mercado e, ao
mesmo tempo, uma regra que não coloque
os governadores e prefeitos em confronto
com a Lei de Responsabilidade Fiscal; a Lei
de Responsabilidade Fiscal, em debate na
Casa; e retomar as questões da reforma da
educação superior. Certamente são temas
que já estão pautados.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 65
Especial
JMJ 2013: o Brasil em festa
Pablo Mundim, Jornalista da ANEC
A
comunidade católica do
Brasil está em festa. Os trabalhos minuciosos nos diferentes estados da Federação
apontam para o maior e melhor evento dos últimos anos da história da
Jornada Mundial da Juventude (JMJ),
que em 2013 será realizado no Rio de
Janeiro (RJ).
Inédito no país, o encontro foi criado em 1986 pelo então João Paulo II e já
reuniu, segundo estimativas do Vaticano,
aproximadamente 13 milhões de jovens
católicos, e não católicos, ao longo de 25
anos. Até hoje, de cidades já receberam
a jornada: Buenos Aires, na Argentina
(1987); Santiago de Compostela, na
Espanha (1989); Czestochowa, na
Polônia (1991); Denver, nos Estados
Unidos (1993); Manila, nas Filipinas
66 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
É um desafio, obviamente,
uma vez que há
necessidade de preparação
para o evento
(1995); Paris, na França (1997);
Toronto, no Canadá (2002); Colônia, na
Alemanha (2005); e Sidney, na Austrália
(2008) e Madri, na Espanha (2011).
Durante a última edição, realizada em Madri (Espanha), o papa
Bento XVI confirmou o Brasil como
destino para a próxima JMJ. A vinda
do papa representará a segunda visita
do pontífice ao Brasil e a primeira ao
Rio – ele esteve no país em maio de
2007, mas visitou apenas a capital
paulista e o santuário de Aparecida do
Norte. Antes de se tornar papa, Joseph
Ratzinger esteve no país duas vezes,
sendo a primeira delas em 1985 e a
segunda em 1990.
Os símbolos de representação da
Jornada Mundial da Juventude, Cruz
da JMJ e o Ícone de Maria, já estão
cumprindo um itinerário pelas paróquias do Brasil. Eles desembarcaram
aqui em setembro do ano passado e vão
peregrinar por todo o país e também
pelos vizinhos do Cone Sul. Os símbolos foram recebidos em São Paulo e estão percorrendo todas as 17 regionais
da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB). Até 30 de outubro,
a Cruz da JMJ e o Ícone de Maria passaram pelas sete províncias eclesiásticas do Regional Sul 1 da CNBB, que
corresponde ao estado de São Paulo.
Depois, os símbolos seguiram para o
Regional Leste 2, composta por Minas
Gerais e Espírito Santo, onde ficaram
ao longo de novembro. No mês seguinte, foi a vez da Regional Nordeste 3,
composta pelos estados da Bahia e de
Sergipe, recebê-los.
A peregrinação segue ao longo de
todo o ano de 2012. Em dezembro
deste ano a Cruz e o Ícone deixam o
Brasil e visitam os vizinhos Paraguai,
Uruguai, Chile e Argentina. Já em janeiro de 2013, retornam para concluir o itinerário no Sul do Brasil.
A etapa final acontecerá no Sul de
Minas Gerais, no Vale do Paraíba
(SP) e, finalmente, no estado do Rio
de Janeiro, onde os símbolos chegam
em abril.
Em Brasília, a passagem da Cruz
da JMJ e do Ícone de Maria está prevista para os dias 12 e 13 de maio.
Toda a articulação e os preparativos
para a festa na capital federal estão
sendo realizados pela ANEC e pela
Arquidiocese local.
Reuniões entre representantes da
Associação Nacional de Educação
Católica do Brasil e o arcebispo do
Distrito Federal, Dom Sérgio da
Rocha, além de diretores de escolas católicas do DF, dirigentes de
Instituições de Educação Superior
(IES), presidentes de entidades mantenedoras, diretores de obras sociais e
coordenadores de pastoral e catequese estão sendo fundamentais para que
o evento ocorra conforme o programado. No Rio de Janeiro, a festa, em
2011, teve show musical e apresentações artísticas de dança e teatro. De acordo com o membro da
Comissão Administrativa da CNBB
para a Jornada Mundial da Juventude,
Hugo José Cysneiros, cerca de 20 mil
Hugo José Cysneiros, Membro da Comissão Administrativa da CNBB para a Jornada Mundial da Juventude
O encontro foi criado em 1986 pelo então João Paulo
II e já reuniu, segundo estimativas do Vaticano,
aproximadamente 13 milhões de jovens católicos, e não
católicos, ao longo de 25 anos
pessoas participaram do Evento Bota
Fé Brasília.
Cysneiros enfatiza que o foco da
peregrinação é o fiel, o povo, a juventude sobretudo. “Este evento foi pensado, desde o primeiro momento, especificamente para o jovem, tanto que
o nome dele em português (Jornada
Mundial da Juventude) ou em inglês
(World Day of Youth) tem a figura
do jovem como o sujeito central. E o
evento completa tantos outros que a
Igreja promove em searas como a família e a vida consagrada. Como isto
pode representar um reforço ou reavivar a fé da juventude? Primeiro, é demonstrando que a juventude é protagonista na Igreja, assim como é muito importante. Segundo, a Igreja deposita na juventude a continuação de
seu espaço, da sua obra, sua missão,
portanto é um chamamento muito forte, e nunca esquecendo de que
quem a criou foi o papa João Paulo II,
o que de fato dá um apelo muito forte à juventude.
O
membro
da
Comissão
Administrativa da CNBB acredita que
o evento reunirá cerca de 4 milhões
de pessoas no Rio de Janeiro em 2013.
“Há a expectativa de que o evento tenha participação expressiva, uma vez
que a última JMJ na América Latina
ocorreu na década de 1980, e, logicamente, não desconsiderando que o
Brasil é o país com a maior população
católica do mundo e também tem vizinhos nos quais o catolicismo é muito forte. É um desafio, obviamente,
uma vez que há necessidade de preparação para o evento”, complementa Cysneiros.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 67
Especial
Educação em pauta
Pablo Mundim, Jornalista da ANEC
H
texto envolve duas vertentes: reajuste pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC) ou pelo INPC somado ao percentual de crescimento do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica (FUNDEB). Mercadante,
no entanto, alertou que qualquer regra
sobre o tema deve prever um aumento
real, acima da inflação, para o valor do
piso. “Se quisermos melhorar a educação no País, devemos ter uma boa carreira, que seja atraente para os melhores profissionais”, argumentou.
O Ministro também pediu apoio aos
membros da Comissão para aprovação
do Projeto de Lei 2134/11, de autoria do
Poder Executivo, que cria 44 mil postos
efetivos, cargos de direção e funções gratificadas em universidades públicas federais e escolas técnicas federais (institutos
federais de educação, ciência e tecnologia
– IFETS). “Se não tivermos essas vagas de
professores, não temos como expandir o
ensino técnico. Essa é uma questão suprapartidária e precisamos nos mobilizar em
torno dela”, disse. A proposta, que tramita de forma conclusiva, já foi aprovada pelas comissões
de Educação e Cultura; e de Trabalho,
de Administração e Serviço Público. Ela
ainda será analisada pelas comissões de
Finanças e Tributação, e de Constituição
e Justiça e de Cidadania.
O encontro também serviu para o
Ministro Mercadante anunciar as novas regras para o Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes (ENADE),
com o objetivo de reduzir fraudes.
Segundo ele, a prova, aplicada uma vez
ano e atualmente prestada somente pelos
formandos, será realizada também pelos
alunos do penúltimo semestre. Na prática, a medida vai evitar que universidades
atrasem a formatura de seus piores alunos para melhorar suas médias gerais no
exame. De acordo com denúncias encaminhadas ao Ministério da Educação, isso
vinha ocorrendo na Universidade Paulista
(UNIP), mas a instituição nega qualquer
tipo de manobra ou irregularidade.
Segundo Mercadante, a medida deve
evitar qualquer “procedimento que não
assegure a efetiva avaliação dos alunos”.
O Ministro também ressaltou a importância de medir a qualidade do ensino oferecido. Além das novidades para o ENADE,
outros mecanismos de avaliação interna e
externa serão utilizados em breve.
Câmara dos Deputados
á pouco tempo na cadeira de
Ministro da Educação, Aloizio
Mercadante já expôs algumas diretrizes que considera importantes para a educação brasileira. Durante audiência pública na Comissão de Educação
e Cultura da Câmara dos Deputados no
mês de março, ele falou aos parlamentares
sobre metas até 2014, que segundo previsão do governo incluem a construção de
creches e pré-escolas, redução da taxa de
evasão da escola e analfabetismo entre as
crianças com menos de oito anos, reajuste
do piso do magistério, entre outros temas.
O Ministro da Educação defendeu
a aprovação, ainda para o primeiro semestre deste ano, do Plano Nacional de
Educação (PNE), que prevê metas para o
próximo decênio. Em análise na Câmara,
o Projeto de Lei 8035/10, que trata do
Plano, tramita no Congresso desde dezembro de 2010. Entre os temas mais polêmicos da matéria esta a porcentagem
a ser investida em educação conforme o
Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente,
União, Estados e Municípios aplicam,
juntos, 5% do PIB na área. O governo havia sugerido o aumento desse índice para
7% em uma década, mas entidades da
sociedade civil pedem pelo menos 10%.
Mercadante não defendeu nenhum dos
índices, mas afirmou que qualquer valor
aprovado deve ser “viável e sustentável no
longo prazo”. Outro assunto enfatizado por
Mercadante é quanto ao piso salarial dos
professores, que neste ano foi reajustado em cerca de 20% e soma R$ 1.451.
Prefeitos e governadores reclamam da falta de verbas para cumprir a lei do piso,
aprovada pelo Congresso em 2008. Uma
proposta em análise na Câmara fixa fórmula para reajuste anual do valor. O
Ministro Aloizio Mercadante
durante audiência na Câmara
dos Deputados
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 69
Especial
Mudanças no ENADE
Lana Canepa, Jornalista da ANEC
O
Exame Nacional de Desempenho
de Estudantes (ENADE) foi criado em 2004 com o objetivo de
avaliar o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação
ao conteúdo programático. A ideia é que
todos os cursos e alunos sejam avaliados
no mínimo a cada três anos, garantindo a
qualidade do ensino oferecido no Brasil, o
que faz com que fiscalização seja cada vez
mais necessária.
Dados do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP)
mostram que o ensino superior cresceu
pelo menos 110% na última década: hoje
são mais de 3,5 milhões de alunos matriculados. O número reflete muitos fatores,
entre eles a mudança provocada pelo desenvolvimento da economia e das oportunidades de ensino, e também um grande aumento da oferta de cursos pelo Brasil
afora. São mais de 2,3 mil instituições de
ensino superior no país. Mas aluno matriculado não é sinônimo de aprendizado
se a qualidade do ensino não for boa. Por
conta disso, o exame foi criado e é obrigatório, além de condição indispensável
para a emissão do histórico escolar, conforme consta no site oficial do Ministério
da Educação (www.mec.gov.br).
As tentativas de fraudes para burlar o exame são frequentes. Uma das formas mais comuns de maquiar o resultado
do exame é reprovar alunos com pior desempenho em algumas matérias e aprovar
no último semestre os melhores da turma.
Desta maneira, chegam primeiro no estágio exigido pelo governo para a realização
da prova e, assim, parecem ser maioria.
Para evitar fraudes como a seleção dos
alunos, o Governo anunciou mudanças no
exame que entram em vigor já neste ano.
Agora, além dos formandos, serão obrigados a fazer a prova os alunos que, até o término das inscrições para o teste, tenham
concluído 80% da carga horária do curso.
Alguns especialistas questionam
o efeito da medida. É o caso de José
Francisco Soares, especialista em avaliação da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Para ele, incluir mais
uma prova não vai resultar em menos
fraudes das universidades particulares.
“O problema é endêmico e as causas deste comportamento são várias. A constatação feita recentemente de que algumas
universidades selecionam, por meio de
estratégias variadas, os alunos para fazerem o ENADE, repete algo que ocorre
também em outros níveis de ensino. Por
exemplo, o INEP divulga a nota das escolas de ensino médio no Exame Nacional
do Ensino Médio (ENEM) considerando apenas os alunos que fizeram a prova, apesar de saber que este grupo não
representa de forma adequada as escolas. Esta decisão enseja a seleção de alunos. Na Prova Brasil, o percentual de ausentes no dia do teste chega a mais 25%
no nono ano – oitava série”, exemplifica.
De acordo com ele, é necessário criar
sistemas eficientes que garantam um retrato verdadeiro sobre a qualidade do ensino. “No ensino superior, o que o país
precisa é criar sistemas que permitam verificar quanto cada instituição de ensino superior, pelos seus méritos próprios,
agregou a seus alunos. Isto será possível
com o uso do ENEM como linha de base.
Neste caso, a comparação será mais justa, a descrição muito melhor e espera-se
resistência menor. E os resultados também seriam muito diferentes. Grande
parte do que hoje é observado em muitas
universidades é fruto da qualidade dos
alunos admitidos e não da qualidade do
ensino das instituições”, ressalta.
Soares enfatiza que uma boa avaliação de ensino gera efeito positivo. “O
aluno, em qualquer nível de ensino, tem
o direito de ser avaliado pelos seus professores para que suas deficiências de
aprendizado possam ser sanadas. Mas
o Estado que autoriza o funcionamento das escolas precisa também conhecer
como elas estão atendendo seus alunos,
ou seja, são necessárias avaliações internas e externas. Ambos os tipos são precisos e vão gerar sempre algum desconforto aos avaliados, mas fazem parte do cenário educacional”, complementa.
A coordenadora da Câmara de
Educação Superior da ANEC, Francine
Junqueira, acredita que neste sentido as
católicas estão em vantagem, pois, além da
tradição, as instituições estão sempre preocupadas em medir a qualidade do ensino
oferecido. “Avaliar é prioridade para as instituições de ensino superior católicas. São
mecanismos de avaliação inteligentes que
estimulam a competitividade e a transparência e podem produzir efeitos significativos em termos de qualidade para o ensino
superior”, avalia a coordenadora.
A medida foi publicada mediante
portaria no Diário Oficial da União oficializando as mudanças. O documento refere-se aos concluintes dos cursos
de Administração, Ciências contábeis,
Ciências econômicas, Comunicação social,
Design, Direito, Psicologia, Relações internacionais, Secretário executivo e Turismo.
Além das habilitações em tecnologia das
áreas de Gestão comercial, Gestão de recursos humanos, Gestão financeira, Logística,
Marketing e Processos gerenciais.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 71
Serviços
Novas regras para correção das
redações do Enem
As novas regras de correção das redações do Enem devem
triplicar o número de textos que passam pelo terceiro corretor, na
comparação com o que aconteceu em 2011. Na última edição do exame,
360 mil redações, ou seja, 10% dos textos corrigidos, foram para uma terceira
avaliação por causa da discrepância de mais de 300 pontos entre as duas
primeiras correções. Pelo novo modelo de correção, haverá mais uma
instância de correção. Se mesmo assim persistir a discrepância na avaliação, a
redação será relida, desta vez por uma banca presencial de três membros.
Inscrições do Enem estão abertas
As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estão abertas e podem ser feitas
pelo site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A taxa é de R$ 35, e
os alunos de escolas públicas estão isentos. Os candidatos terão até às 23h59 do dia 15 de junho
para se inscrever. O pagamento da taxa de inscrição poderá ser realizado até o dia 20 de junho.
http://sistemasenem2.inep.gov.br/inscricao/
Apoio com leituras obrigatórias de vestibulares
O projeto “A Hora e a Vez do Vestibular”, promovido pela Prefeitura de São Paulo,
oferece palestras sobre as obras literárias listadas pelos principais vestibulares
do país. As aulas são dadas por professores de literatura e acontecem em vários
bibliotecas municipais e no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (CCJ). A
programação completa pode ser conferida no site.
www.prefeitura.sp.gov.br
Google lança portal para facilitar pesquisas de
professores e estudantes
Guia de Livros Didáticos 2013
Para ensinar estudantes e professores a fazer pesquisas mais qualificadas, o
Google lançou no mês de maio o site Search Education. Ainda em inglês,
o site possui vídeos e dicas que explicam a funcionalidade do portal, que
é destinado, principalmente, a professores interessados em ensinar estratégias
de pesquisa a seus alunos ou a usuários que querem otimizar suas buscas.
“Nós decidimos ensinar a pesquisar porque o Google tem uma gama de
ferramentas, mas a maioria das pessoas só conhece parte delas”, afirmou a
educadora da empresa, Tasha Bergsin-Michelson.
Professores dos anos iniciais do ensino fundamental podem consultar a relação
dos livros que vão adotar nas escolas da rede pública a partir do ano que vem.
O Guia de Livros Didáticos 2013, com resumos e informações de cada uma das
obras selecionadas para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), pode
ser consultado na internet e também terá a forma impressa, a ser distribuída nas
escolas públicas. O período de escolha dos livros será de 15 de junho a 1º de julho,
exclusivamente pela internet.
http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-guia-do-livro-didatico
74 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Recursos para escolas infantis
e quadras
Recursos de aproximadamente R$ 13 milhões estão à
disposição de diversos municípios de todas as regiões
do Brasil para a construção de escolas de educação
infantil e para adequação de quadras esportivas
escolares. A liberação, sob responsabilidade do Fundo
Nacional do Desenvolvimento da Educação, faz
parte da segunda etapa do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC 2). Os valores detalhados
podem ser conferidos no site do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação.
Fernando Pessoa recebe homenagem no mês
que completaria 124 anos
Em junho, uma programação especial vai homenagear o aniversário
de Fernando Pessoa, no Sesc Carmo, na capital paulista. Exposição,
espetáculo teatral, shows, bate-papo e até um almoço especial vão
celebrar os 124 anos de nascimento do poeta português. “Pessoa
atravessou os mares com suas obras. O que queremos é homenagear
a obra dele e o que ela significou para a literatura mundial”, declarou
Humberto Peron, responsável pele evento, que começa no dia 4 com a
exposição Pessoa de Lisboa. A ideia, segundo ele, é provocar o público
com uma programação bem variada sobre o poeta que criou várias
personalidades (heterônimos) para assinar sua obra.
O Saci e a preservação da natureza
O Saci é um dos personagens mais populares do folclore brasileiro. Simpático
e divertido, ele é conhecido por suas brincadeiras. No livro O saci e a
reciclagem do livro (Moderna, 16 pp., R$ 26,50), que tem texto de Samuel
Murgel Branco e ilustrações de Weberson Santiago, ele decide aprontar
algumas de suas travessuras e acaba recebendo da natureza uma importante
lição: a importância de reciclagem do lixo. A obra de tem como objetivo
ensinar mais sobre a reciclagem para os pequenos leitores e mostrar seu
papel na preservação e no equilibro da natureza.
Gabarito do exame da OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou o gabarito preliminar
da primeira fase do 7ª Exame de Ordem Unificado, realizado no dia 27 de
maio. Ele pode ser consultado no site da OAB e no site da Fundação Getúlio
Vargas. Ao todo, 111.909 estudantes de Direito se inscreveram para o exame,
que requer pelo menos 50% de acertos para aprovação. O gabarito oficial
e o resultado final da primeira fase serão divulgados no dia 19 de junho. A
segunda fase, que consiste de uma prova prático-profissional, acontecerá no
dia 8 de julho. Os resultados finais serão divulgados no dia 14 de agosto. Na
última edição, foram aprovados apenas 24% dos candidatos.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 75
Plano de aula
Autoavaliação
Renata Alessandra Bueno, Assessoria Pedagógica Nacional da FTD
A educação deve formar seres aptos
para governar a si mesmos e não para
ser governados pelos outros
Herbert Spencer
A autoavaliação é um instrumento essencial para a composição de um processo avaliativo significativo. Assim
como as avaliações escritas são constitutivas do calendário escolar, a autoavaliação complementa o processo, pois
auxilia o aluno a tornar-se reflexivo e
capaz de conduzir o seu aprendizado.
Nessa concepção, a autoavaliação
assume um papel essencial de regulação das aprendizagens, como afirma Jussara Hoffmann em seu livro
“Avaliar para promover” (Porto Alegre:
Mediação, 2001, p. 78): “um processo de autoavaliação só tem significado
enquanto reflexão do educando, tomada de consciência individual sobre
suas aprendizagens e condutas cotidianas, de forma natural e espontânea
como aspecto intrínseco ao seu desenvolvimento, e para ampliar o âmbito de suas possibilidades iniciais, favorecendo a sua superação em termos
intelectuais”.
O objetivo maior da autoavaliação deve ser propiciar situação em
76 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
que os alunos identifiquem seus avanços, percebam em que precisam melhorar e desenvolvam uma abordagem
construtiva do erro. Essa perspectiva contribui para que o professor assuma o caráter crítico e analítico dos
alunos, capazes de aprender por seus
próprios caminhos e também de definirem metas e corrigirem o que for
necessário para atingi-las.
A autoavaliação possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades,
assim como contribui para a formação de atitudes e valores. Os primeiros instrumentos de autoavaliação devem ser oferecidos como roteiro para
que os alunos reflitam e registrem suas
impressões. O registro escrito é muito importante, pois documenta um
momento e as metas definidas a partir das reflexões sobre esse momento.
Com a prática, os alunos poderão participar da construção do documento
de autoavaliação.
Como reflexão, a autoavaliação
deve ser aplicada ao final de cada período escolar, seja bimestre ou trimestre. E pode ser feita por disciplina, ou
pela visão conjugada de todo o trabalho desenvolvido.
Confira no box uma sugestão de
proposta inicial de autoavaliação.
Reflexões sobre a aprendizagem –
bimestre/trimestre
Objetivo:
Propiciar ao aluno a reflexão sobre o processo de aprendizagem,
reconhecendo seus progressos e seus pontos a melhorar.
Procedimentos:
· Os alunos deverão colocar sobre a mesa todo o material utilizado no
período: livros, pasta com as folhas de atividades, cadernos, etc.
· Deve-se propor que façam um levantamento de tudo
o que foi trabalhado, enquanto o professor anota,
na lousa, os itens apontados pelos alunos.
A folha preparada para a atividade deve ser entregue
para que os alunos possam completá-la.
Para realizar as propostas a seguir você consultará os itens que o professor anotou na lousa.
1. Escreva, na tabela abaixo, o que foi mais fácil aprender em cada área de conhecimento/disciplina.
Matemática
Ciências da natureza
Ciências humanas
Linguagem
2. O que você acha que precisa aprender um pouco mais? Anote na tabela.
Matemática
Ciências da natureza
Ciências humanas
Linguagem
3. Qual regra combinada na sua classe você conseguiu cumprir adequadamente?
_______________________________________________________________________________________
4. Qual regra você sentiu maior dificuldade em cumprir?
_______________________________________________________________________________________
5. O que você pode fazer para melhorar suas atitudes em relação a essa regra?
_______________________________________________________________________________________
6. Avalie seu empenho nas tarefas de classe e de casa usando a legenda.
Legenda
Fiz um bom trabalho sempre.
Fiz um ótimo trabalho sempre.
Nem sempre realizei com atenção.
Nem sempre realizei com capricho.
Tarefas de classe
Folhas
Caderno
Pesquisa
Atividades no livro
Leitura
Tarefas de casa
Folhas
Caderno
Pesquisa
Atividades no livro
Organização da pasta
7. Pinte, no quadro abaixo, somente os aspectos que você pode melhorar.
Relacionamento com os colegas.
Relacionamento com os professores e
os demais funcionários da escola.
Prestar atenção durante as aulas.
Realização das tarefas de classe.
Realização das tarefas de casa.
Organização do material em cima
da mesa e na mochila.
Capricho na realização das tarefas.
Ouvir os colegas nos trabalhos
em grupo.
8. O que você vai fazer para melhorar no próximo bimestre/trimestre?
Escreva duas mudanças de atitude que você se esforçará para alcançar.
9. O que seus professores podem fazer para ajudar você a alcançar essas mudanças?
Escreva um recado para eles.
Informativa Educacional 2012 :: Revista da ANEC 77
Pré-Congresso Regional
de Educação Católica
Uma nova educação é possível?
Locais e Datas:
Centro-Oeste - Goiânia/GO
16,17 e 18 de agosto de 2012
Teatro Madre Esperança Garrido
Sudeste e Sul - Curitiba/PR
30, 31/08 e 1º de setembro de 2012
Colégio Marista Santa Maria
Norte - Belém/PA
13, 14 e 15 de setembro de 2012
Colégio Gentil Bittencourt
Nordeste - Recife/PE
18, 19 e 20 de outubro de 2012
Faculdade Frassinetti do Recife - FAFIRE
Inscrições: www.aneceventos.org.br/precongresso
Associação Nacional de Educação Católica do Brasil
Endereço: SCLN Quadra 102, Bloco C, Salas 102
CEP: 70722-530, Brasília/DF
Tel.: 61 3533-5058 Fax: 61 3533-5070
www.anec.org.br | [email protected]
Treinamentos em Gestão Social
São Paulo - SP
02 a 06 de julho
Oficina Intensiva em Infância e
Adolescência: Da teoria à prática
23 a 27 de julho Oficina Intensiva em Siconv:
Gestão de convênios e repasse
de recursos do Governo
Federal para o Terceiro Setor
Carol Zanoti, Felipe Mello , Maria Iannarelli
11 de julho
Elaboração de projetos sociais
e editais públicos
Fernanda Lyra, Rosana Pereira
30 de julho Lei de incentivo ao esporte
Michel Freller
12 de julho
13 de julho
Técnicas artísticas para
educadores e profissionais
que lidam com crianças e
adolescentes
captação de recursos para
projetos esportivos
Michel Freller
02 de agosto Venda de produtos e serviços
Mara Paixão
e outras formas de geração de
renda para projetos sociais
Como escrever projetos para
apresentação no SICONV:
Treinamento prático
Danilo Tiisel, Michel Freller
Fernanda Lyra
16 a 20 de julho
Semana intensiva de captação de
recursos: da teoria à prática
Marcelo Estraviz
Venha conhecer a estrutura da Diálogo Social!
Apoio:
Inscrições e informações
www.dialogosocial.com.br
(11) 2978-6686
[email protected]
Acesse o site pelo
seu smartphone
Reflexão
Por uma educação
católica forte
Daniel Cerqueira, Secretário-Executivo da ANEC
Prezados Irmãos e Irmãs,
Como temos insistido nos últimos
meses, a nossa ANEC existe para servir
a seus associados. Dentre nossos objetivos institucionais, temos a função de representar politicamente a educação católica no Brasil, auxiliar as instituições de ensino e suas mantenedoras no trato administrativo com as diversas instâncias do
Estado brasileiro, oferecer suporte pedagógico e de gestão que auxilie no contínuo aprimoramento das escolas e instituições de ensino superior e intermediar negociações com fornecedores de bens e serviços, sempre buscando a otimização de
recursos e a qualidade da educação oferecida aos nossos mais de 2,3 milhões de estudantes em todo o Brasil, bem como provocar reflexões sobre o carisma e a mística
da educação católica no Brasil. Ou seja, a
ANEC existe por existir a educação católica. E sua função é ser a síntese da voz coletiva, sempre presente e vigilante em defesa
dos interesses de suas associadas.
80 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2012
Reunida em comunhão de princípios com a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) e com a
Conferência dos Religiosos do Brasil
(CRB), a ANEC é o somatório da experiência, da tradição, da qualidade, da
credibilidade, da história, do respaldo político e social de toda a educação católica no Brasil, não se restringindo à diretoria ou aos seus escritórios. A ANEC somos todos nós, todas
as suas associadas. Nossa força coletiva, nossa atuação em prol do desenvolvimento do país, nossa presença nacional. Estamos em cerca de 900 municípios brasileiros, com aproximadamente 2 mil colégios, 150 instituições de
ensino superior e 430 entidades mantenedoras. Somos uma força enorme
que se materializa exatamente na medida de nossa união.
No entanto, para a ANEC continuar
existindo e servindo a suas associadas
precisa, permanentemente, do apoio
da própria educação católica. Para sermos a voz presente, atenta e atuante
em defesa dos nossos interesses, precisamos contar com um suporte administrativo e financeiro que dê conta
dos enormes desafios que diariamente
nos são apresentados.
Pedimos, pois, a ajuda de vocês:
atentem para as suas obrigações associativas. Convidem outras instituições
católicas que ainda não estão filiadas
à ANEC a se juntarem a nós. E busquem sempre manter acesa a chama
que nos criou. Como costuma dizer o
nosso Presidente, Pe. José Marinoni,
“a qualidade da educação que oferecemos é o primeiro testemunho da fé
que professamos”.
A educação católica se faz forte no
Brasil na medida da força de suas instituições de ensino e na medida da força
de sua representação. E com uma educação católica forte, se fortalece a própria
Igreja Católica no Brasil!
Revista Informativa Educacional
ISSN 2238-3093
Revista ANEC
junho de 2012 :: Ano V :: No 19
COMO AJUDAR
SEU FILHO
NA ESCOLA
Artigo: Brasil-Santa
Sé. A subcomissão
número um
Pesquisadores da
PUCRS pretendem
desvendar como o
sistema imune se
altera ao longo do
envelhecimento
No 19 :: Ano V :: junho de 2012
Entrevista com
o presidente da
Comissão de Educação
e Cultura da Câmara
dos Deputados,
Newton Lima Neto
(PT/SP), sobre as
metas prioritárias da
educação para este ano
no Parlamento

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