Divisórias de Gesso Acartonado
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Divisórias de Gesso Acartonado
DIVISÓRIAS DE GESSO ACARTONADO Consumidores brasileiros ignoram potenciais riscos Im pos s ível ne g ar qu e as divis órias de ge ss o acarton ado vie ram para fica r, pois su as caracte rís t i cas e virtu de s - fu n cion ais ou es té ticas - são várias e in qu es tion áve is . Al e m dis to, os fabric an te s , n o Bras il , ve m pratican do de tal h es capaze s de con fe rir razoáve l is ol am e n to acú s tico, s u ficie n te e stan qu e ida de e m pis os ú m idos , be m com o re forços l ocal izados , " inser t s" , bu ch as es pe ciais , e tc, qu e pe rm ite m s u portar carg as m ais fre qu e n te s . E , para tan to, de cl araram - se dis pos tos a in ve s tir n a el aboraç ão de No rm as Bras ile iras R e g ist rad as (NB R s) qu e de ve riam , até o an o de 2011 – de vidam e n te h om ol og adas pel o n o I NME TRO / CONME TRO / A BNT, de m odo a pe rm itir e ve n tu ais re cl am açõe s , dos con s u m idore s , com bas e n o C.D .C . - abran g e r todas as fas e s con s tru tivas pos te riore s ao forn e cim e n to de chapas d e g es so e pe rfis me t álico s ( ú n icos in s um o s co be rt o s , at é 2 00 9 , po r N orm as B ras ile iras R eg is tradas ) , tais com o parafu s os , re forços ocu l tos de m ade ira, corre tos em bu tim e n tos de du tos h idráu l icos ou e lé tricos , is ol am e n tos té rm icos e acú s ticos en ve l opados , fitas ve dan te s , im pe rm e abil izan te s , pin tu ras , etc, con form e m até ria pu bl icada n a res pe itada re vis ta Tè chn e , E dição 1 0 7 , P ág in a 4 2 , e m 1 4 .0 2 .2 0 0 6 . As s im , e m bora o h orizon te de 20 11 fos s e de n u l a s e rve n tia para os prim e iros adqu ire n te s ( 1 99 1 ) e para os atu ais moradore s /u s u ários de im óve is j á g u arn e cidos com o produ to , é pos itivo o e m pe n h o, dos fabri can te s do s is te m a ( chapas d e g es so + pe rfis d e aço ) , e m avan çar ru m o à m in im ização de dan os ou pre j u ízos ao con s u m idor ( A A BNT pu blico u , em 0 4 .11 .2 0 09 , a NBR- 1 57 58 , qu e t rato u , pe la prim e ira v e z , de pro ce ss o s d e m on t ag e m ) ; te n h a-s e , ade m ais , com o bás ico pre ss u pos to, qu e tal e l ong o pe río d o pro bat ó rio - in icia do, n o Bras il , e m 19 91 – ten h a s ido acom pan h ado , ate n tam e n te , pe l as com u n idade s acadê m i ca e cie n tífic a, be m com o por au toridade s s an itárias , am bie n tais , parl am e n tare s e j u rídic as do país . Contudo - como ocorre com muitos excelentes remédios -, o produto apresenta potenciais vulnerabilidades ou riscos que deveriam ser ( e não têm sido ) comunicados aos cidadãos usuários e adquirentes de imóveis, residenciais e comerciais, nas grandes e médias cidades brasileiras . Assim, para melhor conhecimento de profissionais do ramo e/ou de Entidades públicas eventualmente envolvidos, faz-se necessário comentar : 1º - O consumidor final não tem sido alertado sobre o potente estímulo à proliferação de insetos (principalmente traças, formigas, cupins, pulgas e baratas) e artrópodes, nos vazios dos painéis, onde o farto e seguro abrigo (células intercomunicáveis na horizontal e/ou via forros em “ plenum”) alia-se a componente comestível das paredes (papelão). Os ocos e interligados painéis das "drywall" somam-se, pois, às antigas "cavernas" formadas por tapamentos de prumadas (de água ou esgotos) com paredes de alvenaria, que sempre foram, e ainda são – na construção convencional –, abrigos para colônias de formigas e outros vetores . 2º - Assim, embora seja enorme absurdo dizer que as divisórias acartonadas “inauguraram” os vazios e reproduções, urbanas, de insetos ou artrópodes, será extremamente ingênuo não perceber que - com seu uso - a multiplicação desses vazios resultou fortemente ampliada, principalmente em imóveis residenciais, onde há fartos odores,gerados por alimentos, escamações de pele, resíduos de ração animal, roupas, malas, calçados, etc . Há, também, casos como o de Curitiba , onde tal incremento de vazios construtivos inclui aqueles nos quaisabriga-se e reproduz-se, há décadas, a aranha marrom , convertida em sério problema de saúde municipal: em 2003 foram atendidas, nas Unidades de Saúde, mais de 3.000 pessoas picadas; ou seja: um elevado índice de quase 2 (dois) casos para cada 1000 habitantes. Sucede que essa aranha é onívora, pois caça e alimenta-se de quaisquer dos insetos citados no parágrafo anterior; e de cujas infestações ou colônias buscará proximidade que permita cômodo suporte, alimentar, à procriação. ( www.aranhamarrom.net ) 3º - Sobre guarnições de portas, em tais divisórias, cabe dizer que essas saem, de fábrica, suficientemente imunizadas. Contudo, durante as montagens, artífices vários ou imperitos empreiteiros costumam inserir (e ocultar) uma profusão de barrotes, sarrafos ou pedaços de tábuas - sem qualquer imunização prévia - para fixar tubos, caixas de descarga, aparelhos sanitários, quadros de luz e de telefonia, eletrodutos, tomadas, interruptores, extintores, aquecedores, etc. O desavisado consumidor, com a obra já pronta, jamais saberá o real volume desses “bacalhaus ”, que podem servir à nutrição e proliferação de vários insetos (ênfase para cupins); como nunca saberá, também, se fiações várias, transitando pelos vazios e forros falsos, estão embutidas em eletrodutos, se há isolamento com fibra-de-vidro solta (não envelopada) soltando partículas aspiráveis, etc, etc. 4º - O discurso (praticado pelos fabricantes nacionais do produto) sobre o amplo e consagrado uso dessa divisória, no exterior - principalmente na Europa e nos EUA -, esbarra em três primários contra-argumentos : A ) A divisória de gesso acartonado, na América do Norte, é a “ milésima ” convidada para um "baile " que dura há muitas décadas, pois é sabido que parte dominante das moradias norte-americanas é erguida em madeira ou com "frames" associados a outros materiais (aço, alumínio, fibras sintéticas, poliestireno expandido, etc). Acontece que o amplo uso de paredes ocas criou e consagrou, naquela região, a já antiga e muito sólida atividade do "pestcontrol ": significa dizer que qualquer povoado, nos EUA ou no Canadá, possui (além de gélidos invernos, que eliminam enormes quantidades de indesejáveis vetores ) várias empresas especializadas no combate a artrópodes,insetos e fungos ( que procriam ou apenas abrigam- se nos vazios ), sendo que algumas chegam aos requintes de exterminar, ninhos ou colônias, com gases venenosos, nitrogênio líquido, injeções de boratos (muitos construtores deixam, dentro das divisórias, tubos perfurados e conectados a válvulas de tampa retrátil) e, até, de usar estetoscópios digitais e aparelhos, portáteis, de micro-ondas !... B ) Apesar dessa neoparafernália (muito onerosa para os consumidores, que arcam com verdadeiros “planos de saúde prediais "), as infestações observadas na Califórnia, Texas, Flórida e Luisiânia (estados americanos mais quentes e/ou úmidos) já converteram-se em dispendiosas endemias,forçando os governos a manter programas de orientação, assistência e, até, de subvenções aos cidadãos, para os quais destinam vultosas verbas; quem duvidar, e puder navegar na Internet, tente um bom site de busca (”Google” ou assemelhado) e use parâmetros como "USA"; "pest control", ou associações de "drywall” com “mold”,” silverfish",”termites",”insects",“bugs”,“ ants”,“roache s”,“spiders”, “brown recluse”, etc. ( digitar: “drywall” ; “ seg und o p a râ m et r o ” ) Nota: Quem desejar conhecer dados, do estrangeiro, sobre outros relev antes riscos inerentes ao produto, poderá usar este link : http://www.lafargenorthamerica.com/wps/wcm/resources/file/ebf97207c0ef033/Drywall %20MSDS%20SP%202011.pdf C) O que dizer, portanto, do consumidor brasileiro, habitante de um país cujo clima (na média) faria da Flórida um " freezer" ?... Resta alguma dúvida sobre o enorme estímulo reprodutor que os vazios dessas divisórias representam para cupins, formigas, percevejos, traças, aranhas marrons e outros nocivos "vetores", em nosso cálido país ?... Conseguirá nosso cidadão comum "dedetizar " os amplos e inacessíveis vazios das " drywall", num Brasil sem qualquer tradição nesse nível de "pest control" ? Não seria, esta, uma característica a ser revelada, sempre, a arquitetos, engenheiros civis, construtores, decoradores, proprietários de consultórios, clínicas ou hospitais, mutuários da habitação popular e consumidores finais (usuários) de imóveis ? 5º - O meio técnico vem sendo alvo, das fabricantes de "drywall", tanto em respeitadas publicações (anúncios, artigos ou manuais técnicos,assinados por renomados profissionais e professores universitários,além de mecenatos, presentes em cursos de graduação, mestrado, doutorado,etc) como nos mais recentes partidos de cálculo estrutural (banimento de vigas+lajes-cogumelo+ lajes protendidas+contrapisos "zero",etc), com o objetivo (empresarialmente legítimo!...) de estimular vendas de forros compostos com produto correlato, para fáceis trânsitos de dutos (eletricidade, telefonia, lógica, água potável, etc).Esses recentes projetos estruturais (objetos de NB R s - Normas Brasileiras R egistradas ),embora não apresentem qualquer risco para a essencial estabilidade predial, tendem a gerar deformações lentas mais acentuadas e, na seqüência, mais fissuras em alvenarias periféricas – e em junções, destas, com as “ drywall ” internas -, aumentando riscos de penetrações de insetos e de infiltrações pluviais , além de favorecer insalubridades internas (umidade+fungos+bolores), descolamentos de revestimentos por perda de cales e, até, lentas corrosões em armaduras estruturais. Nota: sobre plasticidade e deformabilidade, das recentes estruturas de concreto armado, basta consultar matérias publicadas pela renomada revista Tèchne, tais como o artigo “Alerta! Deformações Excessivas”, de Heloísa Medeiros (Edição 97/abril 2005) e entrevista do probo e inatacável Prof. Fernando Henrique Sabbatini ( Edição 99 / pág.24 / junho 2005 ). 6º - Os produtores das ”drywall” buscam minimizar o forte risco de conversão, dos amplos e disseminados vazios (das divisórias e dos forros ) em abrigos para vetores patogênicos/peçonhentos, alegando que “os materiais envolvidos – perfis metálicos, chapas de gesso, parafusos, fitas isolantes, mantas de fibra de vidro ou lã de rocha, e afins - não atraem insetos nem serão, por eles, devorados “ (sic). Ora, como o real risco de infestação reside na farta oferta de vazios e não nos elementos que os formam , tal argumento resultaria apenas ingênuo ou deliberadamente oblíquo, caso não fosse, como aqui bem se percebe, insultuoso à mais rudimentar inteligência. A omissão dessas questões, desde projetos até obras e pesquisas de pós-ocupação - notadamente por Entidades envolvidas com moradias populares, ministérios, universidades, bem com por conselhos profissionais vinculados à arquitetura, à construção civil, à Saúde Pública e ao Meio Ambiente -, constitui postura incompreensível, seja sob o enfoque ético da óbvia desinformação existente, seja pela necessidade de preservar a essencial higiene (mínima salubridade) das edificações, tanto privadas quanto públicas. Sylvio Nogueira A rqu ite to CREA 347-D/RJ UFRJ/1966 www.snogueira.com