Programa - Companhia Nacional de Bailado
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Programa - Companhia Nacional de Bailado
| 2 | Carlotta Grisi in Giselle | 4 | Giselle ou Les Wilis Teatro Nacional de São Carlos Maio 2002 8, 9, 10, 11, 15, 16 e 17 às 21h30. 12 e 18 às 16h00. | 5 | © Eduardo Saraiva Teatro Nacional de São Carlos | 6 | Desde a sua fundação, a Companhia Nacional de Bailado é, reconhecidamente, a mais importante instituição portuguesa na área da Dança. No contexto das programações artísticas nacionais a CNB assume-se com a maior relevância, porquanto tem correspondido tanto às exigências de repertórios tradicionais – na reposição de alguns clássicos – como à criação de novas coreografias contemporâneas. Entendemos, por isso, que ao reiterar a nossa condição de mecenas exclusivo da Companhia Nacional de Bailado prestamos um Vivo agradecimento ao empenho e superior profissionalismo destes artistas. Os nossos desejos têm sempre a dimensão daquilo em que acreditamos. E acreditamos que parte do nosso processo de evolução empresarial é permitirmo-nos crescer no sentido de aumentar a prosperidade cultural no nosso país. A EDP – Electricidade de Portugal felicita a Companhia de Bailado pelo seu 25º aniversário e enfatiza o momento, como corolário de um exercício votado a alcançar uma posição indelével na cultura e nas artes em Portugal. Congratulamo-nos, uma vez mais, de podermos associar o nosso nome a tão elevado desígnio. | 7 | © Inês Gonçalves Estúdio 1 da CNB | 8 | CNB - 25 Anos Armando Jorge Artistas da CNB Ao longo de 25 anos, a Companhia Nacional de Bailado surge no contexto cultural português com uma identidade própria, procurando igualmente projectar-se no contexto da produção artística internacional. Fundada em 22 de Junho de 1977, por despacho de David Mourão Ferreira, então Secretário de Estado da Cultura, foi com Vera Varela Cid, Luna Andermatt, Pedro Risques Pereira e Armando Jorge que a CNB surge no panorama artístico português, como um projecto de carácter experimental, mas consistente, e que se adivinhava com um futuro promissor. Foyer Teatro Nacional de São Carlos © Rodrigo César Assim, e pela mão da Companhia, o nosso país conhece hoje a primeira realização nacional de produções integrais como O Lago dos Cisnes, La Sylphide, Coppélia, Raymonda, Festival das Flores e Romeu e Julieta, bem como a recuperação de outras criações como Giselle, Les Sylphides, Petruchka, entre outros. Artistas da CNB Apresentando-se pela primeira vez a 5 de Dezembro de 1977, no Teatro Rivoli no Porto, a Companhia dá desde logo início à realização de digressões por todo o país, concretizando uma acção descentralizadora da oferta cultural, com um programa que incluía O Lago dos Cisnes (pas-de-deux do II acto), O Canto de Amor e de Morte, O Quebra-Nozes e Suite Medieval. Instalada no Teatro Nacional de São Carlos, no ano de 1978, Armando Jorge é designado seu Director Artístico, cargo que acumula com outras funções como mestre de bailado, coreógrafo, cenógrafo e figurinista. | 9 | © Rodrigo César Alunos do Centro de Formação de Bailarinos A Sagração da Primavera | 10 | © Rodrigo César © Rodrigo César © Rodrigo César Giselle, 1987 Giselle, 1987 O elenco residente, constituído por um corpo de baile bem consolidado e um grupo de primeiras figuras que se começa a distinguir, nomeadamente Luísa Taveira, Guilherme Dias, Maria José Branco, Miguel Lyzarro, Cristina Maciel, Pedro Romeiras, Isabel Fernandes, e Alfredo Gesta, levou a CNB à apresentação do seu repertório em lugares como França, Espanha, Suíça, República Popular da China, Brasil, Bermudas, Holanda e Alemanha, anunciando todo um processo adequado a desenhar e a definir o papel próprio de uma companhia, no âmbito da oferta cultural, destinada ao público português e além fronteiras. Associada a diversos projectos pedagógicos e a inúmeros programas de divulgação realizados pelo país, a Companhia Nacional de Bailado criou em 1981, um Centro de Formação de bailarinos em idade escolar, que manteve a sua actividade até 1995. Contou para tal, com a colaboração de importantes professores como Maria Luisa Carles, actualmente Directora de Produção desta Companhia, Bárbara Gray e Violette Quenolle, hoje Professora Emérita da Companhia e Conselheira Pedagógica da CNB. © Rodrigo César As Troianas Firmando-se no desenvolvimento de uma Companhia tecnicamente versátil e capaz de dar resposta a um repertório diversificado, a CNB aposta no que há de mais representativo no património coreográfico dos séculos XIX e XX, que inclui obras de Bournonville, Petipa, Fokine, Skibine, Balanchine, Lifar, Lichine, Limon, e dos coreógrafos portugueses como Fernando Lima, Carlos Trincheiras, Armando Jorge, e Olga Roriz, "(...) proporcionando ao público uma visão global do património artístico universal que é a arte do bailado, como também para a mais gratificante realização dos artistas pela versatilidade em que podem conhecer-se." Sob proposta de Rogério de Freitas, então Director-Geral e posterior Superintendente da Companhia, no ano de 1982 a CNB instala-se definitivamente no antigo Real Gymnásio Clube de Lisboa, hoje o nº 20 da Rua Vitor Cordon. No ano de 1985 é integrada no Teatro Nacional de São Carlos onde permanece até 1992, ano em que se desvincula deste Teatro recuperando a sua autonomia, aguardando a publicação da respectiva lei orgânica. A apresentação de espectáculos fora do país, não descurou a sua actividade fundamental de montagem e apresentação regular de novas produções em Portugal, bem como a realização dos Estúdios Coreográficos, que, de dois em dois anos, a CNB organiza com o objectivo de revelar jovens coreógrafos. © Rodrigo César Assinatura do Protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa Nos anos que se seguem a CNB apresenta obras como D. Quixote, Carmina Burana (de Armando Jorge), A Sagração da Primavera (com uma coreografia de Carlos Trincheiras e posteriormente na versão original de Nijinski), A Mesa Verde, As Troianas (de Olga Roriz), Rhyme nor Reason, Prelúdios, Choreographic Offering, Serenade, Apollo, Tema e Variações, Agon, entre outras. A Mesa Verde | 11 | Ensaio Acreditando no corpo de bailarinos residente e apostando no seu crescimento técnico e artístico, Armando Jorge, não negligenciou todos os outros sectores indispensáveis ao normal funcionamento da Companhia. Ao fim de 17 anos, Armando Jorge deixa a Companhia que havia ajudado a criar. Isabel Santa Rosa © Rodrigo César © Inês Gonçalves As Bodas Em 1994 é criado o Instituto Português do Bailado e da Dança, associação cultural sem fins lucrativos que passa a tutelar a CNB e Isabel Santa Rosa assume o cargo de Directora Artística até ao ano de 1996. Sob a sua direcção a Companhia Nacional de Bailado estreia As Bodas e a A Sagração da Primavera na versão original de Nijinski, produção que apresentou no âmbito da Lisboa-94, Capital Europeia da Cultura. Luísa Taveira Jorge Salavisa | 12 | Com o objectivo de reorganizar a Companhia, em Junho 1996, Jorge Salavisa é nomeado assessor de Rui Vieira Nery, então Secretário de Estado da Cultura. Em Setembro desse ano, Jorge Salavisa assume o cargo de Presidente do Instituto Português do Bailado e da Dança e a 18 de Setembro de 1997 é finalmente publicada uma lei orgânica reguladora da CNB. © Rodrigo César No ano de 1998 Jorge Salavisa toma posse como Director da Companhia Nacional de Bailado secundado por Luísa Taveira, ex-bailarina principal, como Directora Artística Adjunta e Carlos Vargas como Subdirector, responsável pela gestão administrativa financeira e logística da Companhia. © Daniel Blaufuks In The Midle Somewhat Elevated Com um novo dinamismo e perante a necessidade de reestruturação, Jorge Salavisa tem para a CNB objectivos muito concretos que se propõem renovar o elenco artístico; produzir obras de coreógrafos de referência no panorama da dança contemporânea como por exemplo Artifact II, In The Midle Somewhat Elevated de William Forsythe, The Lisbon Piece de Anne Teresa De Keersmaeker (em estreia absoluta) retomar a apresentação de espectáculos por Lisboa e pelo país, actuando por vezes em pavilhões gimnodesportivos e em palcos pré-fabricados; garantir a produção artística e a itinerância, com o apoio das autarquias e tendo a EDP como mecenas exclusivo desde 1998; retomar a programação de Estúdios Coreográficos e seleccionar coreógrafos Portugueses para integrar obras suas no repertório da CNB. Destaca-se naturalmente o trabalho de Rui Lopes Graça. Atendendo a que a CNB "(...) tem como objectivo a promoção e divulgação de iniciativas de formação, edição, animação, investigação e comunicação tendentes à difusão do gosto pela dança (...)" , desde 1997, e com o intuito de renovar a sua imagem, a CNB tem convidado, em cada temporada, um fotógrafo português, dotando a Companhia de um espólio de fotografias que inclui nomes como Eduardo Gageiro, Eduardo Saraiva, Rodrigo César, Inês Gonçalves, Sara Anahory, Daniel Blaufuks, António Júlio Duarte e Augusto Alves da Silva. | 13 | © Rodrigo César A CNB, tem colaborado, regularmente com diversas entidades musicais como a Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Nacional do Porto, Círculo Musical Português, Quarteto de Pianos de Amesterdão, bem como a participação de músicos solistas e maestros portugueses. www.gert.weigelt.de Quarteto de Pianos de Amesterdão Em 2001, Jorge Salavisa cessa as suas funções na Companhia Nacional de Bailado, Mark Jonkers assume em Janeiro o cargo de Director Artístico e em Maio do mesmo ano, Ana Pereira Caldas é nomeada Directora da CNB, pelo então ministro da cultura José Sasportes. © Roberto Giostra Marc Jonkers Ana Pereira Caldas | 14 | "Em resumo, são estas, hoje, as vertentes essenciais da actividade da CNB: assegurar a apresentação de bailados do repertório clássico, embora com novas leituras e assumindo mesmo uma outra estética, talvez menos conforme com cânones mais conservadores; assegurar a apresentação de obras contemporâneas de repertório e de obras originais especialmente criadas para a Companhia; desenvolver e consolidar a CNB, com base na inequívoca qualidade internacional do seu corpo artístico; assegurar o acesso de jovens bailarinos portugueses às actividades da Companhia, através de programas de estágio; fazer encomendas a jovens coreógrafos portugueses e estrangeiros e consolidá-los como coreógrafos residentes da Companhia; assegurar a participação de orquestras portugueses nos espectáculos da CNB, bem como de jovens maestros portugueses; assegurar a apresentação de obras de compositores; consolidar apresentação itinerante e regular da CNB por todo o país e desenvolver a sua internacionalização." © Rodrigo César © António Júlio Duarte Romeu e Julieta Finalmente, e apesar das várias conjunturas por que passou, adaptando-se aos momentos diversos contextos sociais e políticos, a Companhia Nacional de Bailado cumpre, ao fim de 25 anos, o objectivo a que se propôs enquanto projecto cultural, activo, dotado de uma identidade própria e que se tem afirmado vivo e criativo no panorama artístico e cultural do nosso país. Ao longo dos 25 anos da sua existência, a Companhia Nacional de Bailado tem-se adaptado aos diversos contextos sociais que atravessam a sociedade portuguesa nos últimos anos, consolidando-se como um projecto actual do país, dotado de uma identidade própria na divulgação da dança em todo o território nacional. Susana de Jesus Santos | 15 | © Eduardo Saraiva Estúdio 1 da CNB | 16 | Marc Jonkers Bailarinos princvipais Solistas Corifeus Corpo de Baile Estagiárias Director Artístico Inês Amaral, Adeline Charpentier, Ana Lacerda, Cristina Maciel*, Filomena Pinto, Filipa Rola, Daniela Severian, Didier Chazeau, Alexandre Fernandes, Mário Franco, Alistair Main, Danillo Mazzotta, Carlos Pinillos Fátima Brito, Isabel Galriça, Mariana Paz, Luís d’Albergaria, Fernando Duarte, Rui Lopes Graça, Filipe Portugal, Brent Williamson Catarina Lourenço, Guiomar Machado, Maria João Pinto, Paulina Santos, Rui Alexandre, David Fielding, Armando Maciel Annabel Barnes, Marina Figueiredo, Isabel Frederico, Cristina de Jesus*, Etelvina Loureiro, Elsa Madeira, Helena Marques, Susana Matos, Solange Melo, Victoria Monge, Maria Paiva, Carla Pereira, Margarida Pimenta, Laura Pinto*, Andreia Pinho, Sílvia Santos, Leonor Távora, Henriett Ventura, Alba Tapia, Eva van Duin, Anne De Voss, Chairmaime du Mont, Clare Figgins, Marco Arantes*, Xavier Carmo, Erik Constantin, Nuno Fernandes, Frederico Gameiro, Filipe Macedo, Pedro Mascarenhas, José Carlos Oliveira, João Carlos Petrucci, João Pinto, Álvaro Santos, Jon Ugarriza, Freek Damen Sara Anjo, Catarina Grilo, Irina de Oliveira Ana Pereira Caldas Carlos Vargas Mestres de Bailado Ensaiadores Professora Emérita Directora Subdirector Maria Palmeirim, João Miranda Maria José Branco, Isabel Fernandes, Kimberley Ribeiro Violette Quenolle e Conselheira Pedagógica Pianista Acompanhadora Ana Paula Ferreira e Assistente Musical Pianista Imelda Cartwright Director Técnico João Paulo Xavier Henrique Andrade Maria Luisa Carles Margarida Mendes Carla Almeida Wanda França Director de Cena Directora de Produção Coordenadora Executiva Assistente da Direcção de Produção Assistente da Direcção Técnica e Contra-Regra Chefe Maquinista Maquinista Chefe de Iluminação Técnico Assistente de Iluminação Técnico de Som e Video Zeladora do Guarda-Roupa Mestra de Guarda-Roupa Costureira Encarregado Geral Osteopata Massagista Coordenador Administrativo Assistente Administrativa Assistente Administrativa especialista Secretária da Direcção Motorista Joaquim Maia Alves Forte Vítor José Pedro Mendes Helder Gomes Maria José Pardal Adelaide Marinho Adelaide Pedro Paulo Manuel Carvalho José Campos, Acácia Coyac Vitor Passarinho António Ferreira Fátima Ramos Isabel Ricarte Lurdes Almeida João Alegria * Desempenha outras funções na CNB Comissão de Fiscalização Assessora da Direcção Assessora Jurídica Fernanda Carvalho Leonor Pinto Ribeiro Presidente Vogal ROC Vogal Adelaide Rocha Xavier Ferreira Carlos Moura Carvalho | 17 | | 18 | CABE-ME HOJE O GRATO PRIVILÉGIO E A HONRA DE REPRESENTAR A CNB NAS COMEMORAÇÕES DOS SEUS 25 ANOS. Antes da minha nomeação como Directora da CNB, em Maio de 2001, muitos foram os que, com o seu amor, trabalho e dedicação, tornaram possíveis os 25 anos que agora comemoramos. Cabe-lhes a eles, por inteiro, a maior parte do mérito da vida da CNB. É para eles hoje o vosso aplauso. Muitos, ao longo destes 25 anos foram ultrapassando problemas, acumulando sucessos, vivendo também algumas desilusões, mas cumprindo sempre um serviço público de que a Companhia Nacional de Bailado foi incumbida: divulgar a Dança em todo o território nacional, representando Portugal no estrangeiro, servindo o público e progressivamente estimulando e acolhendo gerações de bailarinos portugueses. E foi esse espírito e essa imensa vitalidade que vim encontrar nesta Companhia. Por isso, e para todos os obreiros desta instituição - aos Directores, aos Mestres, aos Ensaiadores, aos Bailarinos, aos Técnicos e aos Administrativos, que trabalham ou trabalharam na CNB a minha profunda admiração, e o meu obrigado. Resta-me garantir que tudo farei para que a CNB continue a ser uma realidade incontornável no panorama artístico português. Para tanto basta que o público nos acarinhe, e a tutela saiba entender as reais especificidades da Dança, uma vez que com ela trabalharemos com entusiasmo e dedicação na definição e busca das melhores soluções, para a continuidade da força, da vitalidade e da missão atribuída à CNB. Ana Pereira Caldas Directora Abril 2002 | 19 | © Eduardo Gageiro © Rodrigo César Romeu e Julieta Cantoluso A CRIAÇÃO DA COMPANHIA NACIONAL DE BAILADO EM 1977 TEM UM SIGNIFICADO MUITO ESPECIAL NA HISTÓRIA DAS POLÍTICAS CULTURAIS PORTUGUESAS APÓS O 25 DE ABRIL. Em primeiro lugar, porque correspondia a um sonho velho de décadas do nosso meio artístico, que era o de dotar Portugal de uma companhia capaz de apresentar ao público de todo o País, de uma forma regular e continuada, o património da grande tradição coreográfica clássica e romântica e de se abrir ao mesmo tempo às novas linguagens da Dança do nosso tempo. Depois, porque, com a excepção do arranque do Teatro Nacional de São João, no Porto, em 1995/96, a CNB constitui a única grande instituição pública no domínio das Artes do Espectáculo criada de raiz pelo regime democrático, já que no caso das orquestras ou dos restantes Teatros Nacionais se verificaram sobretudo mudanças de nome e de modelos orgânicos em realidades artísticas já existentes. É bom, por isso, ver uma iniciativa de semelhante relevo associada a um grande nome da criação artística e literária portuguesa como o do poeta David Mourão Ferreira, que era à data da criação da companhia o Secretário de Estado da Cultura do governo de Mário Soares, e que foi então o grande promotor do projecto. Poucas foram, por outro lado, as grandes instituições culturais portuguesas que tanto e tão depressa se legitimaram junto do público | 20 | como a CNB. Sob a direcção de Armando Jorge, que depressa emergiu da direcção colectiva inicial como o grande mentor individual da companhia, a CNB conquistou e fixou milhares e milhares de novos espectadores para a Dança em todo o País, esgotando sistematicamente as lotações dos seus espectáculos onde quer que se apresentasse. Nesse sentido, é lícito dizer-se que mesmo os sectores de vanguarda da chamada Nova Dança portuguesa, que nesse mesmo período despontavam com uma energia notável, e que, muito compreensivelmente, se não reviam na orientação estética da companhia, vieram a beneficiar do trabalho intenso de sensibilização para a Dança que a nova instituição para a Dança ía desenvolvendo à escala nacional com um sucesso assinalável, em paralelo com a acção igualmente decisiva do Ballet Gulbenkian no seu âmbito específico de repertório e de orientação artística. E pela primeira vez o público em geral se habituou a reconhecer e a aplaudir com um carinho, num repertório extremamente apelativo para uma faixa potencial muito ampla de espectadores, bailarinos clássicos portugueses de excelente nível como uma Maria José Branco e um Miguel Lyzarro, uma Luísa Taveira, uma Cristina Maciel, um Guilherme Dias. A CNB atravessou depois um período difícil no início dos anos 90. Apesar de ser um organismo público, a sua gestão foi subitamente confiada a um instituto de natureza jurídica privada, sofreu cortes orçamentais gravíssimos que inviabilizaram em grande parte a sua actividade artística, e os seus bailarinos ficaram sujeitos a um regime de contratação © Rodrigo César © Rodrigo César Artifact II The Lisbon Piece de permanente instabilidade, tudo isto contribuindo para um ambiente geral de desalento que ameaçava degradar irremediavelmente o seu projecto artístico. Entre 1995 e 1997, no meu período de passagem episódica pelas funções de Secretário de Estado da Cultura, tive o gosto de, sucessivamente, poder nomear Jorge Salavisa para responsável artístico da companhia, num primeiro momento ainda com um estatuto provisório de meu Assessor, regularizar a situação contratual dos bailarinos, e por último redigir e fazer aprovar a nova lei orgânica da CNB, que a confirmou inequivocamente como instituto estatal vocacionado para uma missão de serviço público artístico. A acção de Jorge Salavisa à frente da companhia, de cuja nova orgânica veio a ser o primeiro Director-Geral, secundado por Luísa Taveira como Directora Artística e por Carlos Vargas como Subdirector-Geral responsável por toda a gestão administrativa, financeira e logística, foi verdadeiramente extraordinária, correspondendo de certo modo, a uma segunda fundação. A CNB ganhou uma nova dinâmica, renovou os seus quadros artísticos com jovens bailarinos dotadíssimos que logo se destacaram nos elencos, como uma Alina Lagoas, um Bruno Roque, ou um Fernando Duarte, associou-se a grandes nomes da criação coreográfica internacional como William Forsythe ou Anne Teresa De Keersmaeker, revelou novos coreógrafos como David Fielding ou Rui Lopes Graça, e retomou com uma intensidade nunca vista o seu programa de itinerância pelo País, actuando muitas vezes em ginásios ou em palcos pré-fabricados, sempre com uma capacidade espantosa de captação de novos públicos. (...) Penso que neste é de elementar justiça salientar o apoio mecenático inteligente e plurifacetado que a EDP tem vindo a prestar à companhia, contribuindo decisivamente para o sucesso da sua acção. Por minha parte continuo profundamente associado à CNB por laços que são antes de mais os de uma rede de afectos múltiplos mas também de envolvimento profissional e artístico directo, já que tive ocasião, nestes últimos anos, de colaborar na produção da banda sonora de dois dos seus novos bailados, o Cantoluso, com a co-autoria musical de Carlos Martins e a coreografia de Armando Maciel, David Fielding e Rui Lopes Graça, e a Savalliana, em que revisitei com este último o universo musical fascinante de Jordi Savall. (...) Rui Vieira Nery Universidade de Évora (Excertos do Prefácio ao livro CNB- 25 anos da autoria de Susana de Jesus Santos, publicado em Novembro de 2001) | 21 | © Rodrigo César IMAGENS. DO PALCO E DA VIDA. I. Entrar na estação do Metro. Por entre a dispersão de quem vem e quem vai. Descer os lanços das escadas até à gare. De súbito, fixar o olhar num cartaz. A imagem de uma bailarina de rosto sereno que eleva uma perna sobre a barra - o pé aí repousado - em alongamento. Tudo em tons de azul. © Rodrigo César Na fotografia, tirada numa sala de ensaios, há ainda uma janela e luz que entra. Ali, no túnel. Por instantes ficar apenas a olhar o cartaz. Depois seguir viagem com os sentidos mais despertos. E com a imagem de uma bailarina na memória. II. As pessoas que habitam aquele lugar singular feito de tudo isto - a CNB. Imagens que surgem nos programas dos espectáculos da CNB e que revelam um pouco da vida que existe para lá do Nº 20 da Rua Vítor Cordon, do que está antes do palco. © Rodrigo César Intacto (Ensaio) Savalliana | 22 | Há outras imagens com essa capacidade de cativar e que nos acompanham a partir daí. Como as fotografias a preto e branco de Inês Gonçalves, as matizadas imagens de Daniel Blaufuks, os registos de Rodrigo César. Nelas se encontram os movimentos dos corpos e o espaço dos ensaios. Rostos, gestos, instantes, detalhes. Pausas. A luz, a respiração, a leveza, os cheiros e os sons. III. No palco. Uma história por contar. Sentimentos e emoções partilhadas. Ir ver a CNB como quem vai ao encontro de uma amizade. Que vamos conhecendo melhor e nos surpreende ainda assim. Pela intensidade e entrega de quem dança coreografias como The Lisbon Piece de Anne Teresa De Keersmaeker, In The Middle Somewhat Elevated de William Forsythe e Savalliana de Rui Lopes Graça. Pela versatilidade de habitar lugares tão distantes e evocar sentimentos e afectos tão diversos como os daquelas obras. Uma boa companhia, a Companhia. © Rodrigo César IV. Distraído. Com um olhar assim, ir ver as apresentações da CNB. Deste modo, mais disponível para a descoberta, para o inesperado, para as manifestações subtis. Tudo em aberto para dar lugar ao novo gesto. Um olhar aberto. Savalliana, Teatro Camões, Abril 2000. Em dado momento notar que o olhar se distanciou do centro do palco para as laterais do cenário, despojadas das telas negras de entrada. E aí observar um grupo de bailarinas que preparam a entrada. Primeiro a cumplicidade dos seus olhares e depois a concentração. O instante preciso. E num movimento determinado e elegante, avançam em simultâneo para o palco, os corpos entrando na luz. The Lisbon Piece V. Regressar. Entrar na estação do Metro. Descer os lanços das escadas até à gare. De súbito, fixar o olhar num gesto. A carruagem que abre as portas. E uma rapariga sai, avança num movimento determinado e elegante do corpo. Como se procurasse a luz. Por instantes ficar apenas a olhar. Depois seguir viagem com os sentidos mais despertos. E com o movimento de uma rapariga na memória. José Paulo Marques Março de 2002 | 23 | FOI COM MUITA SATISFAÇÃO QUE OS RESPONSÁVEIS PELOS DESTINOS DO BALLET GULBENKIAN VIRAM NASCER EM 1977 A COMPANHIA NACIONAL DE BAILADO. Com efeito, desde a sua criação em 1965 e até então, o Ballet Gulbenkian vira-se moralmente forçado a conciliar o repertório contemporâneo com o clássico, muito embora não dispusesse dos meios ideais para apresentar este último. (Havia então em Portugal apenas uma outra companhia de bailado, o Verde Gaio, que quase se restringia exclusivamente à dança de raiz folclórica e à colaboração em espectáculos de ópera). Foi assim que o Ballet Gulbenkian dançou: Carnaval, As Sílfides, Giselle, 2º acto de O Lago dos Cisnes, As Bodas de Aurora, Quebra-Nozes e Petruchka, além de versões reduzidas de Coppélia e La File Mal Gardée. Deste modo se exerceu uma acção divulgadora do repertório tradicional, tornando-o acessível a vastos sectores do público português que de outro modo só de longe em longe, ou mesmo nunca, teria oportunidade de o apreciar ao vivo. Com a criação da Companhia Nacional de Bailado, o Ballet Gulbenkian pôde finalmente passar a concentrar-se com coerência e pleno proveito na dança contemporânea, para a qual se encontrava mais especificamente vocacionado, tanto pela sua dimensão como pelas características dos seus bailarinos. | 24 | Em jeito de parêntesis vem a propósito recordar que a Fundação Gulbenkian deu indirectamente uma contribuição para a CNB durante a primeira fase da sua existência. Do Ballet Gulbenkian saíram para a CNB: Armando Jorge, que viria a ser o primeiro director artístico desta última, e ainda os dois bailarinos solistas Maria José Branco e Miguel Lyzarro. Na CNB ingressaram também cinco jovens bailarinos que tinham acabado de beneficiar de bolsas de estudo da Fundação Gulbenkian para aperfeiçoamento artístico na Grã- Bretanha e em França (Luisa Taveira, Cristina Maciel, Laura Pinto, Alfredo Gesta e Guilherme Dias) e ainda um outro formado nos Cursos anexos ao Ballet Gulbenkian (Pedro Romeiras). Hoje, decorridos os seus primeiros 25 anos de vida, é altamente gratificante olhar a obra realizada pela CNB. Apesar de alguns sobressaltos sofridos por circunstâncias de ordem institucional, a Companhia tem mantido sempre, de um modo geral, uma alta qualidade artística e uma acerta da escolha de repertório. O público português passou a poder (re)ver periodicamente, e em versões fidedignas, os bailados do grande repertório clássico-romântico. Outro facto de suma importância foi a incorporação de algumas obras bem representativas do repertório Balanchine (o que pela primeira vez se verificou com uma companhia portuguesa). Simultaneamente, a CNB tem-se aberto com êxito do repertório contemporâneo. Particularmente oportuna se revelou, neste campo, a opção por coreógrafos que, de modo habitual ou só pontualmente (casos, respectivamente, de William Forsythe e Anne Teresa De Keersrmaeker), cultivam estéticas de contemporaneidade com base nos desenvolvimentos entretanto processados a partir da técnica académico-clássica. Nota alta merece ainda o trabalho sistemático de formação de jovens bailarinos empreendido pela CNB, bem como o encorajamento dado à revelação e afirmação de novos talentos coreográficos surgidos de entre bailarinos portugueses ou residentes em Portugal. Com a CNB, Portugal passou finalmente a ter a sua grande companhia clássica de dança do tipo que é normal haver em qualquer país do mundo ocidental culturalmente evoluído. Por tudo isto, parabéns CNB! © Eduardo Saraiva Petruchka © Rodrigo César Assim como foi importante a montagem das versões originais reconstruídas de duas obras paradigmáticas do início do modernismo: A Sagração da Primavera de Vaslav Nijinsky e As Bodas de Bronislava Nijinska. Carlos de Pontes Leça Director Adjunto do Serviço de Música Fundação Calouste Gulbenkian Abril 2002 A Sagração da Primavera | 25 | | 26 | © Rodrigo César Giselle BAILADO DE PANTOMIMA EM DOIS ACTOS DE THÉOPHILE GAUTIER E VERNOY DE ST. GEORGES Coreografia Música Cenário e Figurinos Desenho de Luz Mestre Responsável pelo Bailado Ensaiadores Georges Garcia segundo Marius Petipa, Jean Coralli e Jules Perrot Adolphe Adam António Lagarto João Paulo Xavier Maria Palmeirim Kimberley Ribeiro Isabel Fernandes Produção Musical Círculo Musical Português Orquestra Sinfónica de Lisboa Direcção Musical James Tuggle Para a Produção de Giselle Colaboração para Figurinos Assistente de Cenografia Maria Helena Redondo Pedro Silva Execução do Guarda-Roupa Costureiras Oficina CNB Alexandrina Conde Ricardo Miranda Antónia Costa Rui Lopes Helena Freitas Catarina Varatojo Paula Marinho Opera Scene Europa Conceição Miranda João Barros Irene Borginho Execução de Adereços Helder Ferreira Fernanda Campos Execução de Chapéus Cláudia Ribeiro Celeste Santos Marian de Graeff Esmeralda Sousa Catarina Varatojo Helena Martins de Sousa Assistente de Figurinos Execução de Cenário Pintura de Linóleo Execução de Cabeleiras Execução de Jóias (II Acto) Auxiliar de Guarda-Roupa e Costura Costureira Assitente Carla Cruz Juracy Bastos | 27 | Giselle © Rodrigo César sinopse PRIMEIRO ACTO A cena tem lugar em frente à casa de Giselle, numa aldeia junto ao Reno. Giselle é uma camponesa de compleição frágil que tem duas paixões na vida, uma é dançar e a outra é o seu vizinho Loys. Giselle ignora, no entanto, que Loys é na verdade o Duque da Silésia de nome Albrecht, e juntos dançam e trocam palavras de amor. Não se apercebem que estão a ser constantemente vigiados por Hilarion, um caçador que ama Giselle mas que é por esta repudiado. © Rodrigo César Giselle (Ensaio) Na aldeia festeja-se entretanto o final da estação das vindimas onde todos dançam alegremente, incluindo Giselle e Albrecht. Berta, mãe de Giselle, lembra a filha que dançar excessivamente só lhe trará fadiga, e conta a história das wilis, espíritos de raparigas que morreram solteiras e que, na escuridão da noite, se vingam dos seus amados fazendo-os dançar até à morte. Mas Giselle não toma muita atenção à advertência da mãe e continua a dançar. Ao ouvirem-se as trompas que anunciam a chegada dos caçadores, Hilarion repara que Albrecht e o seu escudeiro se escondem na cabana de Loys, facto que ele estranha. Vem mais tarde a descobrir, precisamente dentro da cabana (e que virá de resto a ser o seu trunfo para desmascarar Albrecht), uma espada com características tais que só pode pertencer a um homem de elevada condição. Giselle (Ensaio) | 28 | Ao terminarem uma caçada, o Duque da Curlândia, a sua filha Batilde e a respectiva Esta fica impressionada com a beleza de Batilde que por sua vez lhe oferece um colar. Os camponeses continuam a dançar, Giselle é coroada rainha das vindimas e é no auge destes festejos que Hilarion desmascara Albrecht, revelando a sua verdadeira identidade. Albrecht ajoelha-se perante Batilde de quem na realidade está noivo e beija-lhe as mãos. Giselle fica destroçada e desmaia. Ao despertar e perante tal infelicidade, perde a razão e dança tragicamente, acabando por morrer. © Rodrigo César da sua amada. Giselle, agora uma wili, levanta-se do túmulo e dança com Albrecht, deixando-o completamente enfeitiçado. Cresce a intensidade dramática. O jovem tenta resistir à exaustão e Giselle apela a Myrta que poupe o seu amado a tão terrível destino. Em vão porém... Giselle continua a dançar com Albrecht até que o romper da madrugada faz desvanecer o encanto das noivas mortas, salvação de Albrecht. Giselle retorna à sua tumba e lança um último adeus ao seu amado. Giselle (Ensaio) © Rodrigo César comitiva visitam a aldeia onde vive Giselle. SEGUNDO ACTO A cena tem lugar na floresta, no reino das wilis. Hilarion encontra-se aos pés do túmulo de Giselle, amargurado e arrependido. À meia noite aparece Myrta, rainha das wilis, acompanhada por outras wilis, e juntas executam uma dança de acolhimento à recém-falecida, Giselle. Hilarion sucumbe ao feitiço destas sedutoras e perigosas criaturas, e estas arrastam-no para uma dança mortal. Surge Albrecht, com um ramo de lírios brancos, que deposita aos pés do corpo Giselle (Ensaio) | 29 | Giselle ou Les Wilis © Eduardo Saraiva Bailado em 2 actos Estreia Absoluta Paris, Teatro da Academia Real de Música, 28 de Junho de 1841 Estreia em Portugal Lisboa, Teatro Nacional de São Carlos, 1843 Estreia no Grupo Gulbenkian de Bailado Lisboa, Cinema Tivoli, 14 de Janeiro de 1967 Estreia na Companhia Nacional de Bailado Giselle, 1987 | 30 | Lisboa, Teatro Nacional de São Carlos , 15 de Outubro de 1987 O Tempo 1 Suspenso Giselle ou Les Wilis O Romantismo é uma provocação e os seus homens dados a estados de espírito. Individualizado e ressentido da realidade exterior, o homem romântico afirma-se pela criação de um mundo em suspensão. Para ele o tempo existe – mas parado, não se sucedendo. É a cristalização da ocorrência feita ideal romântico. A atracção e o fascínio concorrem na sua imaginação, despoletando impasses e quedações. E se a sua acção não é senão errância, o seu universo ... n’est qu’ ordre et beauté, luxe, calme et volupté ! Será pelo outro lado da paixão - o tempo - que o romântico, esse evadido da História, é conduzido ao suicídio, à pobreza ou à Grécia. E assim se resolvem! Não foi sem alguma inquietação e total estupefacção que pela primeira vez encarei a possibilidade de um homem ter como anátema o dançar até morrer. Antes direi perecer e não até morrer, já que de coisa romântica se trata, acontecendo o caso na história de Giselle. Emergindo das proximidades germânicas e anglo-saxónicas, em cujos abismos habitava, surge toda uma população de seres dançantes, natureza feminina e sexualidade potencialmente desvirtuada, ao serviço da ideia fantástica que é o momento, inteiro e temporal, do humano e do divino a nivelarem-se no amor sem medida. São as sílfides ou as wilis, os gnomos e os elfos, as náiades, as ondinas e as salamandras, os duendes e as péris..., invadindo Paris e a fantasia dos mestres de bailado. Na representação do romantismo, os seus autores não hesitam em ultrapassar a mitificação da mulher, inerente a qualquer ideal de cavalaria: de natureza aparacional (veja-se a Sílfide ao insinuar-se junto da lareira ou a Giselle elevando-se da campa), ela fica agora descarnada de todos os seus atributos humanos. A ânsia e o ocidental gozo comprazem-se na contemplação desse farrapo-de-além em suspenso – infinitamente belo, infinitamente terrífico. E predisposta à glorificação, a mulher assume-se etereamente, não se opondo ao vazio biológico da sua nova imagem. A Taglioni, por exemplo, esfumava a sua corporeidade vestindo-se de musselina branca, dentro e fora do palco. Por sua vez, os protagonistas destas cruzadas para o abismo desta infinita felicidade dispõem-se à união contra-natura que é a do ser humano com o semi-divino. No entanto, reconhecendo-se como heróis, actuam em condição que nunca será própria de deuses – o heroísmo. Apesar da quase religiosa bofetada que os românticos pretendem desferir ao sofrimento e à morte, não os contemplando na sua fixação do universo, será por aí que os iremos recolher. | 31 | Mortal ou indiferentemente, James e Albrecht, depois da sua aventura em La Sylphide e Giselle, jazem por terra. Nem o vaticínio quiromante, nem o exorcismo da cruz, os impediram de soçobrar na paixão desenfreada. Não será ultrajante pensar que, na sua alada errância, o tema romântico se desenvolva em um ciclo representado coreograficamente pelos bailados La Sylphide, Giselle e Les Sylphides. Se La Sylphide, em 1832, estabelece a estrutura paradigmática de um enredo dançado a almejar o espírito romântico (todas as produções do bailado romântico que se lhe seguiram favorecem o envolvimento e confronto entre um homem e um ser sobrenatural feminino, v. G. La Péri, Ondine, Éoline e mesmo O Lago dos Cisnes), Giselle ou Les Wilis, em 1841, explicita – clara e concludentemente – o dilema em que vive o romântico: o objecto do seu desejo ora está reduzido à dimensão humana (1º acto), ora se evola no real (2º acto). Em La Sylphide, o mesmo objecto era exibido ao nível do sonho desde o início do bailado. Situação que o neo-romantismo de Les Sylphides, em 1909, e ainda em Paris, viria finalmente a contornar: tão-só poeta, esse o humaníssimo herói que, já sem profissão de príncipe ou rico herdeiro, acabará por resgatar o romantismo, ilibando-o de qualquer culpa e conduzindo-o ao seu domínio de redenção, a Poesia. Tempo suspenso, Les Sylphides é apenas sonho, exclusivo e onírico produto das visões e íntimos devaneios do poeta. Numa época de benefício para a ideia e pretérito para o sonho, a concepção de Les Sylphides dificilmente se poderia imaginar. Da facto, durante as românticas décadas de 30 e 40, a relevância do sonho era aferida pelo seu estravasamento no quotidiano e contributo para o real fantástico. Não só por si próprios, mas também pela novidade do seu tratamento (v. g. o vaporoso figurino de Eugène Lami a substituir as túnicas de cintura alta do tempo do Império, a observância de um intervalo entre o 1º e o 2º actos ou a execução de passos sur les pointes), os temas apresentados no que ficaria conhecido por ballet branco viriam a ser confirmados nas várias capitais europeias e a despertar para o triunfo durante o segundo quartel do século passado. Em Lisboa, Giselle ou Les Wilis, ponto culminante da representação romântica na dança teatral, só seria consagrado no início da década de 70. Ramalho Ortigão dizia e escrevia, em 1891, no álbum de seu filho, que o acaso fizera dele um crítico. Fora um desvio de inclinação a que se conservara fiel. O seu fundo era o de poeta lírico. O príncipe das Farpas que ficara para todo o sempre – intimamente o reconhecia – um tanto frade, um tanto soldado; a quem, de pequeno, lhe ficaram indestrutíveis gostos de ordem, de disciplina, de solidão, assistiu, no dia 8 de dezembro de 1870, a uma récita em São Carlos onde se cantou a Sonâmbula e dançou a Giselle "no meio de grandes | 32 | Giselle, 1987 e repetidos aplausos". E tanto admirou o baile que não pôde "deixar de referir aos leitores o assunto dele". Os leitores eram os do jornal O Progresso do Porto. Numa síntese de impressionante economia, Ramalho resume o primeiro acto do bailado a duas frases: "Gisela é uma noiva. A falsa notícia do seu amor traído produz-lhe a loucura e a morte." O segundo acto, porém, será objecto de uma narrativa onde predominam o enleio e a divagação. Les Sylphides Giselle, amortalhada com um "prestígio de amor e morte" comparado ao de Ofélia, é sepultada "o meio de uma dessas paisagens" em que sombras, arvoredos, rouxinóis cantando languidamente e luar nas cascatas e lagos se casam com o vago, impalpável e feérico das febris concepções de Heine, Poe e Baudelaire. A lua surge de entre "o silêncio estático das trevas" e "na orla escura e vaporosa das montanhas como um crescente rutilo de opala por cima do turbante muçulmano de um guerreiro negro." Depois dos fogos-fátuos são as wilis, "filhas da noite", que nessa "hora de solidão e tristeza" se levantam "de entre a espessura dos mirtos" e começam as suas danças, "ora voluptuosas e dolentes, ora amantes e cândidas, umas vezes ternas e brandas, outras vezes vertiginosas e febris como a série das iluminuras dos textos sobrenaturais de Dante Alighieri desenhados pelo lápis infinitamente imaginoso de Gustave Doré." | 34 | A superfície das águas desprende "vapores diáfanos, luminosos, deslumbrantes "; as estrelas deixam cair electricidade e luz em jorros "inundantes", enquanto as fontes são lágrimas que cantam, o orvalho pérolas que suspiram, os cedros e as murtas misteriosas harpa gemendo e os rosais em flor estão espalhadas "flautas invisíveis" que soluçam. "Gisela é evocada do seu túmulo por meio de um ramo encantado", surgindo "dentre os goivos que a cobriam, bella e bianco vestita como a musa da Divina Comédia". Deixando cair o largo véu que a envolvia , "é outra vez a vida, a vida dos sonhos, a vida em plena posse do que ela tem de mais inefável - o paraíso da esperança na sua imagem mais querida!". Giselle é agora uma wili entregando-se "à voz omnipotente da fantasia" e a "energia da sua nova existência" vibra-lhe as "asas que lhe nasceram nos ombros". Surge, no entanto, o elemento humano, só, triste, alheado e saudoso, o herói, o noivo que vem, "pelo silêncio da noite, depor-lhe uma coroa na sua campa. Ela, que anda então erradia e solta nos ares, (...) lança-lhes flores baloiçada na extremidade dos ramos das árvores como os antigos túmulos egípcios”. "Por fim, poisa no chão, toca a terra em que ele caminha; foge-lhe primeiro, evita-o, esquiva-se como se não pudesse sem quebra do encanto sujeitar a sua essência etérea ao contacto impuro dos entes vivos. Finalmente cede ao amor, ao amor que a deprime ou que a exalta, como que nivelando tudo, humanizando o que é divino ou tornando divino o que é humano: Deixa-se prender nos êxtases do esposo (...) e segura-o nesse abismo da infinita felicidade pela força divina das suas asas". "Mas os sonhos não duram sempre.". E é a vez da realidade. Um "debrum azul" ilumina os "píncaros dos montes" e a estrela da manhã surge." é a hora de recolherem os mortos aos seus túmulos e de se erguerem os vivos daqueles em que jazem ." Giselle, afundando-se na sua campa, "à proporção que o dia aparece desaparece ela." Ao noivo nada mais resta senão cair morto de saudades e de amor." E, fazendo recuar a lembrança, lá encontrarei, a nítida, a visão de uma manifestação primordial – a Dança. Ângulo de tule, evolutivo, intangível, branco hierático; dançar até ao fim, penalidade e maldição anunciada pela idealização do que já foi mulher agora nada mais senão fantasma e wili, pura, adejante e fria – Mirta, morta-viva; e o condenado estonteando-se no amor inacessível... Porém, contundente, a realidade! O dealbar do dia, reprovando o sonho e anulando o seu mortal desfecho, desperta o herói para os escaninhos da solidão enquanto a cortina da memória, pesada e inexorável, sobre ele se abate. Giselle, para além de constituir exemplo acabado da expressão romântica na arte coreográfica, apresenta-se, também, como caso ímpar de performance de grupo, tendo em conta o tempo que levou a ser concebido e posto em execução. Assim como o célebre tenor Adolphe Nourrit havia recorrido ao conto de Charles Nodier, Trilby ou Le Lutin d’Argail, para compor o argumento do histórico e revolucionário La Sylphide, Gautier deixou-se impressionar pela leitura do livro de Heinrich Heine, De l’Allemagne. Heine faz referência à lenda das wilis, seres que, segundo uma tradição eslava, são donzelas noivas que morreram antes do dia do casamento e que, não podendo repousar em paz nos seus túmulos, à meia-noite se levantam e juntam em bandos pelas estradas. E mantendo, ainda, a paixão que não satisfizeram em vida – a dança – "ai do jovem que as encontrar, pois que será obrigado a dançar até cair morto". Gautier, imaginando o belo bailado que o tema poderia proporcionar, decide-se a engendrar uma história que lhe assegure a morte da heroína no final do 1º acto, para que no 2º acto possa surgir como wili. Inspirada em Victor Hugo (Fantômes /Les Orientales), a acção decorreria num belo salão de festas. Pela madrugada, Mirta tocaria, com a sua mão de gelo, o coração de Giselle, já excitada pelo chão que a rainha das wilis, previamente, encantara com a sua varinha de condão. Não satisfeito com esta concepção, Gautier encontra-se com Vernoy de Saint-Georges, o qual, adaptando a ideia daquele, em três dias escreve e faz aceitar o argumento definitivo de Giselle, apresentando-a, primeiro, como a camponesa duma aldeia no vale do Reno, depois, como wili. | 35 | © Inês Gonçalves E no fim da semana, Adolphe Adam improvisara a música que o tornaria célebre (utilizando o princípio de leitmotiv, toda a partitura obedece a quatro temas: dos vindimadores, da cena de amor, das wilis e da caça); os cenários de Ciceri, famoso pelas suas reproduções de paisagens, estavam quase prontos; Coralli punha a obra em ensaios e Perrot, marido e professor de Grisi, compunha todos os passos a executar por sua mulher na figura de Giselle. Como exemplo oposto, em tempo de maturação, refira-se Les Sylphides que, até ser apresentado como tal (Paris, Junho de 1909), foi objecto de várias concepções, tendo a sua primeira apresentação (Chopiniana) ocorrido em Março de 1908. Neste caso, só o Nocturno e a Mazurca representavam cenas tão diversas quanto o são o próprio Chopin entregue à composição no interior de um mosteiro abandonado e um casamento de uma jovem com um velho na Polónia. Em Portugal, Giselle foi apresentado pela primeira vez, numa versão de Gustave Carey, em Novembro de 1843 no Teatro Nacional de São Carlos. Dançou a americana Augusta Mabille, a primeira bailarina da Opéra. A estreia foi tempestuosa devido a uma pateada organizada por artistas despedidos e a recepção ao bailado caracterizada por relativa e generalizada indiferença. Na maior parte das cerca de vinte representações de Giselle o que se deram nesta altura, apenas o 2º acto era executado. Esta obra voltou a ser dançada, desta vez com êxito imediato, e igualmente em São Carlos, em 1870, pela companhia austríaca de Katti Lanner. Verificar-se-ia um interregno de quase oitenta anos, antes da apresentação seguinte do mesmo bailado em Lisboa, o que sucedeu com os Grands Ballets de Monte Carlo, em 1947, após o que não mais deixaria de ser incluído no repertório de grande parte das companhias que, desde o pós-guerra, nos vieram visitando. A primeira produção portuguesa de Giselle deve-se ao Grupo Gulbenkian de Bailado que a apresentou na temporada de 1966/67, sob a direcção de Walter Gore, no Cinema Tivoli em Lisboa. Por fim, quase cento e trinta anos depois da sua estreia absoluta, Giselle foi objecto de uma produção nacional (Grupo Gulbenkian de Bailado) em que o desempenho das principais personagens era confiado a intérpretes portugueses. Tal aconteceu a 18 de Julho de 1970 no Teatro-Cine da Covilhã. O bailado, remontado por Anton Dolin, exibia uma distribuição onde se incluía Isabel Santa Rosa (Giselle), Armando Jorge (Albrecht), Ulrica Caldas (Myrtha) e Carlos Trincheiras (Hilarion). Miguel Lyzarro 1 In Revista São Carlos, nº 5, Jul/ Out 1987. | 37 | Giselle A história de um bailado Gautier inspirou-se numa obra de Heinrich Heine, o livro De l’Allemagne, mais exactamente num passo em que ele falava de vilas, espíritos de raparigas que morreram solteiras e que, apesar de possuírem enorme beleza, eram na verdade vampiros que surgiam na escuridão da noite para se vingarem dos seus amados, fazendo-os dançar até à morte. Com a ajuda do escritor e dramaturgo Jules Henri Vernoys de Saint Georges e em apenas três dias, o libreto e a sua adaptação ao palco estavam concluídos. O grande desejo de Gautier era que Carlotta Grisi interpretasse o papel de Giselle, e para isso abordou Jules Perrot, seu professor e “marido” (não há indícios de uma certidão de casamento) que gostou da ideia e de imediato contactou o compositor Adolphe Adam. O director da Ópera de Paris, Léon Pillet, ao tomar conhecimento desta ideia e ao ler o libreto, aprovou a sua produção. Adam interrompeu o trabalho que tinha em mãos na altura, o bailado La Jolie Fille de Gand, também a ser criado para Grisi (que não estava porém muito entusiasmada com a obra), e em três semanas apenas estava concluída a partitura completa para o bailado Giselle. A coreografia foi encomendada a Jean Coralli, mestre de bailado da Ópera de Paris, mas da | 38 | © Eduardo Saraiva O enredo do bailado Giselle foi concebido pelo poeta e crítico francês Théophile Gautier, em honra da bailarina Carlotta Grisi, por quem ele tinha uma enorme adoração e admiração, como pessoa e como artista. Giselle, 1987 sua criação foram apenas as danças de conjuntos e o pas-de-dix do primeiro acto (coreografado à última hora e com música de Frédéric Burgmüller). Todas as danças da personagem de Giselle bem como a cena da loucura e a dança de Hilarion com as wilis foram coreografadas por Jules Perrot. Ele conseguiu transmitir o dramatismo das cenas através dos passos da coreografia, ao contrário do que se fazia até então, que era utilizar a mímica para tal efeito. Apesar de tudo isto, nunca lhe foi reconhecido verdadeiro crédito: não foi pago pelo seu trabalho, e o seu nome nunca constou nos programas. Circulavam rumores de que Perrot aceitou esta situação placidamente pois tinha esperanças de ser convidado para o cargo de mestre de bailado na Ópera. Giselle ou Les Wilis estreou na Ópera de Paris, na 2ª feira de 28 de Maio de 1841, e foi um verdadeiro sucesso a todos os níveis. Os papéis principais foram dançados por Carlotta Grisi (Giselle), Lucien Petipa (Loys/Albrecht) e Adêle Dumilâtre (Myrta) . A produção original consistia de 45 minutos de cenas de mímica e de 60 minutos de dança, facto que foi dramaticamente alterado posteriormente. Foram cortadas muitas cenas desta primeira versão do bailado, como por exemplo uma em que Giselle revela a Loys o seu sonho, no qual ele estava apaixonado por uma dama da nobreza, e uma outra em que Batilde reaparece no final do bailado para recuperar o seu amado Albrecht. Também o solo de Giselle do primeiro acto era muito diferente, pois as sapatilhas das bailarinas da época eram feitas de um material como o cetim, muito fino e pouco resistente, sem nenhum artifício especial para apoiar o pé. O bailado foi remontado noutras cidades, nomeadamente em Londres, São Petersburgo e Viena em 1842, em Berlim e Milão em 1843 (em Milão a versão era composta por 5 actos, com música e coreografias extra, de G. Bagetti e A. Cortesi, respectivamente) e em Boston em 1846. Em 1850, em São Petersburgo, Jules Perrot e Marius Petipa iniciaram um trabalho de revisão e remontagem da coreografia, do cenário e da música, processo que durou alguns anos e cujo resultado final é hoje considerado o que mais influência teve em posteriores produções. Fátima Brito Giselle (Ensaio) © Rodrigo César © Rodrigo César Impossível teria sido nessa altura a bailarina executar os famosos hops da variação dos tempos de hoje. Curiosamente, alguns pormenores da primeira produção que haviam sido cortados, foram recuperados para assim manter o interesse histórico, um exemplo disso é a cena de mímica em que Berta (mãe de Giselle), conta a história das wilis a Giselle e aos aldeões e adverte a filha para o perigo da sua obsessão pela dança. Giselle (Ensaio) | 39 | Isabel Fernandes e Guilherme Dias PARA QUEM VEIO DE LOURENÇO MARQUES, SE INICIOU NO GRUPO DE BAILADO VERDE GAIO e a quem foi dito, ainda em Moçambique que o pas-de-deux dos camponeses de Giselle, nesta versão Pas-de-Dix, seria o limite a atingir, integrar a CNB à data da sua formação, com ela e nela crescer, era já a minha lança de África na Europa. Era bailarina e esse tinha sido o meu grande sonho. Por isso, quando Giselle, sempre nos planos de Armando Jorge para a nossa Companhia, finalmente se concretizou, constituiu o culminar da minha carreira. É curioso que só agora ao tentar analisar o bailado me aperceba da clareza do seu final. Ela diz tudo. Albrecht só na floresta – os dois mundos de Giselle e do seu amor. Se Albrecht ama ou não Giselle, se vai | 40 | depositar flores no seu túmulo por amor ou tão só remorso, é irrelevante. Esta é a história da perda da inocência de uma rapariguinha simples e ingénua, profundamente vulnerável, a quem o choque da traição ceifa a vida e da sublimação do seu amor pelo perdão. Na minha estreia, durante todo o espectáculo senti a Companhia como um todo. Tanto em cena, como nos bastidores todos me fizeram sentir a sua Giselle. Do mesmo modo posso dizer que todos eles fazem parte da minha criação de Giselle. Celebrando o 25º aniversário da CNB com Giselle tenho a certeza de que a Ana, a Daniela e a Adeline serão as nossas e também as vossas Giselles. Isabel Fernandes Abril 2002 GISELLE, UM FATUM FEITO MULHER E NUM CONCEITO QUE É ETERNO E QUE NOS ACOMPANHA DESDE SEMPRE. A minha experiência neste bailado foi bastante marcante já que tive oportunidade de interpretar duas personagens, Albrecht e Hilarião. maravilhosa e estado de alma em ensaios e em espectáculos, experiência essa que eu espero que estes novos intérpretes venham a ter. Giselle é um bailado de morte que é ainda mais acentuada pela vida do dia a dia de uma pequena aldeia onde não há grandes acontecimentos mas sim pequenas alegrias. No papel de Albrecht, há possibilidade de explorar um lirismo dentro do bailado que a meu ver iguala o lirismo de Giselle (trata-se de uma excepção em bailados de repertório do século XIX e princípios do século. XX). Hilarião é uma personagem magnífica que merece todo o perdão do mundo. O seu erro foi amar brutalmente e defender esse amor de um intruso (e quem não o faria!). Só assim este tipo de bailado conseguirá sobreviver, e eu acredito que assim será. Esta versão é das mais inteligentes musicalmente, na qual todas as prersonagens – e mesmo o corpo de baile – têm uma importância teatral fora do comum. Giselle é um bailado complexo uma vez que existem três personagens condenadas à partida: uma pela sua inocência, outra pela sua ligeireza que é inerente ao seu estatuto social outra condenada pelo seu ciúme que é certamente o mais desculpável, e o que transforma esta trama numa tragédia do irreal. Esta produção da CNB montada por Georges Garcia foi uma experiência Um pequeno apontamento: no dia da minha estreia em Albrecht, o meu Director Artístico à época, Armando Jorge, veio ter comigo e disse : - Veja lá o que vai fazer! Você é o segundo Albrecht português, a seguir a mim! (como quem diz Veja lá a responsabilidade...). Devo acrescentar para a história que Armando Jorge foi o primeiro Albrecht português numa produção de Giselle montada na Fundação Calouste Gulbenkian. Guilhermes Dias Abril 2002 Isabel Fernandes e Guilherme Dias | 41 | Paola Cantalupo e Peter Lewton-Brain | 42 | DANÇAR O BAILADO GISELLE FOI PARA NÓS UM DOS PONTOS MAIS ALTOS DA NOSSA CARREIRA, NOS 4 ANOS DA NOSSA PERMANÊNCIA NA COMPANHIA NACIONAL DE BAILADO, SOB A DIRECÇÃO DE ARMANDO JORGE. Os desafios técnicos e artísticos da versão de Georges Garcia, cuidadosamente estudados e repletos de profundidade, conseguiram que o presente se fundisse com o passado, oferecendo-nos assim, a nós bailarinos, uma experiência única dentro da verdade universal do bailado. Todos os elementos são indefiníveis e transcendem tempo e espaço, tornando o bailado a forma de arte tão fascinante como a conhecemos. Tem sido nosso privilégio dançar o pas-de-deux do II acto desta excelente obra em muitos teatros do mundo, de Praga a Tóquio, Tel-Aviv a Monte Carlo e na Ópera de Paris. Connosco ficou não só a essência da versão de Georges Garcia, como também todo o trabalho do guarda-roupa da Companhia Nacional de Bailado, que artisticamente concebeu os fatos que sempre nos acompanham. Consideramos uma honra o facto de podermos partilhar com outros esta dádiva que adquirimos em Lisboa, no ano de 1986. Paola Cantalupo e Peter Lewton-Brain Abril 2002 | 43 | I Acto António Lagarto – Cenário para a nova produção de Giselle na CNB em 2002 | 44 | II Acto | 45 | © Rodrigo César Georges Garcia Natural de Camagüey formou-se sob a orientação de Fernando e Alicia Alonso, no Ballet Nacional de Cuba. A diversidade do repertório da companhia de Havana e o contacto com mestres russos estão na base do seu trabalho na área do bailado clássico, designadamente na sua preparação pedagógica na linha das escolas do Bolchoi e do Kirov. Estudou igualmente arte dramática e técnicas de cena. Em 1964 coreografou Majísimo (Massenet), o seu primeiro bailado para o Ballet Nacional de Cuba, o qual ainda se mantém em repertório nesta e noutras companhias. No ano seguinte cria Amazónia (Reingold Glière) e algumas danças para ópera. | 46 | Radicado na Europa desde 1966, fez parte do elenco do Ballet da Ópera de Marselha e foi primeiro bailarino da Ópera de Lyon. Trabalhou, sucessivamente, como bailarino principal, mestre de bailado e coreógrafo no Ballet da Valónia, no qual, para além de Noite de Walpurgis – da ópera Fausto, de Gounod, coreografou Sinfonia nº 39 (Mozart) e Tanagras (Bernier) e remontou As Sílfides e A Bela Adormecida. Como mestre de bailado e coreógrafo colaborou com o Ballet do Teatro La Fenice, o Novo Ballet da Ópera de Marselha e o Ballet Gulbenkian, para o qual coreografou Três Movimentos (Stravinsky), Duo (Benedetto Marcello) e Variações Sinfónicas (César Franck), além das remontagens de Majísimo e do Grand Pas-de-Quatre (Cesare Pugni). Em 1973 remontou o bailado Giselle para a Companhia da Gulbenkian, tendo, posteriormente, recriado a mesma obra para o Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o Ballet National de Marselha (sob a direcção de Roland Petit) e para a Companhia Nacional de Bailado, em 1987. Em 1976 foi convidado pela Fundação de Teatros do Rio de Janeiro para reorganizar e dirigir o Ballet do Teatro Municipal, companhia onde, depois, viria a montar O Lago dos Cisnes, Paquita, Grand Pas-de-Quatre e Variações Sinfónicas. Como Professor Convidado tem leccionado nos cursos do Banff Center (Canadá), no Festival Internazionale della Danza (Veneza – Itália) e no Festival Internazionale del Balleto (Nervi – Itália). Em 1979 foi Mestre de Bailado do Ballet Théatre Français de Nancy e do Ballet Nacional de Marselha e, posteriormente, professor e coreógrafo convidado do Ballet Real do Winnipeg, do Balletto do Teatro Alla Scala, de Milão, do Aterballetto (Reggio Emila), do Balleto del Teatro di San Carlo, de Napoles, do Ballet Gulbenkian, da Companhia Nacional de Bailado e do Boston Ballet, onde permaneceu duas temporadas. Actualmente é professor na Escola de Dança do Conservatório Nacional, onde, desde 1991, coordena a área de técnica de dança clássica. Para os alunos da escola lisboeta remontou uma versão de La Fille Mal Gardée que, posteriormente, entrou no reportório da Companhia Nacional de Bailado. Recentemente tem vindo a colaborar, com regularidade com o Ballet Gulbenkian e a Companhia Nacional de Bailado, de Lisboa, o Ballet da Ópera de Lyon e os Ballets de Monte-Carlo. Adolphe Adam Adolphe Adam nasceu em Paris a 24 de Julho de 1803. O seu pai, professor de música no Conservatório fez tudo o que pode para que Adolphe não iniciasse uma carreira musical, mas os seus esforços foram em vão. Em 1821 Adolphe Adam entrou no Conservatório de Paris, estudando órgão e harmónio, com Benoist e mais tarde com Boïeldieu. Um amigo de seu pai, Ferdinand Hérold (compositor do bailado La Fille Mal Gardée) encorajou-o a compôr, especialmente para o teatro. Aos 22 anos, Adam ajudou Boïeldieu na orquestração da sua ópera La Dame Blanche, e ele próprio transcreveu-a para piano o que lhe permitiu vendê-la mais facilmente. Com o dinheiro que fez com este negócio, Adolphe Adam viajou por outros países da Europa, Bélgica, Holanda, Alemanha e Suíça, e nas suas viagens conheceu Eugéne Scribe, com quem viria a trabalhar em inúmeras óperas nos 30 anos que se seguiram. Em 1830 Adolphe Adam tinha já escrito 28 obras para teatro, incluindo algumas danças e a sua primeira obra dramática, a opereta em 1 acto, Pierre et Catherine. A sua primeira ópera em 3 actos, Danilowa, obteve sucesso neste mesmo ano, mas os últimos espectáculos foram cancelados por causa da Revolução de Julho. No entanto, ainda nesse ano Adolphe Adam escreveu, em colaboração com Casmir Gide, o seu primeiro bailado Chatte Blanche. Fausto foi a sua primeira composição a solo para bailado, em 1833, para o coreógrafo André Deshayes, em Londres, a que se seguiu La Fille du Danube, em 1836, para a bailarina Marie Taglioni e para a Ópera de Paris. A sua obra seguinte foi o trabalho que mais fama lhe trouxe, o bailado Giselle, encomendado pelo professor e coreógrafo francês Jules Perrot. Esta obra, concluída em três semanas, tinha como característica notável a introdução de leitmotifs, motivos musicais associados a diferentes personagens do bailado, que permitiam assim a sua identificação no decorrer da acção. Foi pouco tempo após o sucesso de Giselle que Adolphe Adam começou a ter problemas com o novo director da Ópera de Paris, o que o levou a demitir-se e a abrir o seu próprio teatro, em 1847, o Théâtre National em Paris, criado para formar jovens talentos. Devido à Revolução, este projecto só funcionou durante um ano, deixando Adolphe Adam com dívidas enormes e obrigando-o a retornar à profissão de jornalista, para conseguir ganhar algum dinheiro. Em 1849 Adolphe Adam aceitou o cargo de professor de Composição no Conservatório, cargo que manteve até ao fim da vida. Continuou a compor, sendo de destaque o bailado O Corsário, que estreou em 1856. Adolphe Adam faleceu em Paris, a 3 de Maio de 1856, tendo escrito 40 óperas, 14 bailados e um grande número de operetas e vaudevilles. | 47 | © Rodrigo César António Lagarto Cenógrafo, figurinista e artista plástico. Licenciado em escultura pela St.Martin's School of Art, frequentou a Faculdade de Arquitectura de Lisboa e é mestre em Environmental Media pelo Royal College of Art de Londres. No âmbito do Porto 2001– Capital Europeia da Cultura, António Lagarto criou o cenário e figurinos para a ópera The Turn of The Screw de Benjamin Britten, com encenação de Ricardo Pais, no Teatro Nacional de São João. Em 2000, e ainda com encenação de Ricardo Pais, criou os cenários e figurinos para Madame de Maria Velho da Costa, com Eunice Muñoz e Eva Wilma. Iniciou a sua carreira com manifestações de performance art e instalações, apresentadas em exposições individuais e colectivas em Lisboa, Londres, Florença, Mântua, Nova Iorque e Porto. Participou nas exposições Bienal ExperimentaDesign 99 (Lisboa), Perspectiva: Alternativa Zero (Fundação de Serralves – Porto 1997), e Design-Lisboa 94 (Centro Cultural de Belém). A exposição individual Situ-Acções, foi apresentada nos Arcos de Miragaia e Capela de Serralves (Porto - 1999/2000), no âmbito do Festival PoNTI'99, em co-produção do Teatro Nacional S. João com o Museu Serralves. Figurinos de António Lagarto, 2002 | 48 | Participou com uma selecção de fotografias e a instalação Escada para o Paraíso na exposição 2001- Odisseia no Tempo, organizada pela Galeria Luís Serpa e apresentada na Sala do Veado da Faculdade de Ciências de Lisboa. O seu primeiro trabalho para teatro (em colaboração com o arquitecto inglês Nigel Coates) foi o espaço cénico de Ninguém Frei Luís de Sousa, encenado por Ricardo Pais (Teatro da Trindade – Lisboa 1978). Desde então tem concebido cenários e figurinos para teatro, ópera, dança, e cinema, apresentados em Lisboa (Teatro Nacional D. Maria II, Ballet Gulbenkian, Festival Mergulho no Futuro EXPO98, LISBOA 94, Encontros ACARTE 1987); Porto; Londres (London Contemporary Dance Theatre – Sadler's Wells); Festival de Edimburgo 1988 (Traverse Theatre); Paris (Théâtre National de la Colline, MC93 de Bobigny, Opéra Garnier e Opéra de la Bastille); Madrid (Teatro Maria Guerrero e La Comédia); Genève (La Comédie); Ópera de Turim; São Paulo (Teatro SESC) e Estrasburgo (Pôle Sud). Trabalhou com os encenadores Ricardo Pais, Jorge Lavelli, Alain Ollivier, Jenny Killick, Maria Emília Correia e Nuno Carinhas; e com os coreógrafos Robert Cohan, Vasco Wellenkamp, Olga Roriz, Ted Brandsen, e Paulo Ribeiro. Foi director do Festival Internacional de Teatro – FIT (Lisboa), de 1990 a 1995, e subdirector do Teatro Nacional D. Maria II, de 1989 a 1993. A Viúva Alegre de Franz Léhar, com cenários seus, na encenação de Jorge Lavelli, direcção musical de Armin Jordan, com Karita Mattila, foi transmitida em directo do Palais Garnier, pelo Canal Arte (31.12.1997). Recebeu vários prémios quer como cenógrafo, quer como figurinista: Associação Portuguesa de Críticos de Teatro 1987, por Anatol; Garrett 1987 e 1989, por Anatol e Fausto. Fernando. Fragmentos., respectivamente; Se7e de Ouro 1989, por Fausto. Fernando. Fragmentos., entre outros. Albrecht Concebeu a arquitectura de interior para boutiques em Lisboa (Atalaia 31) e em Londres para o designer de moda Nova Iorquino Willi Smith (Neal Street e St.Christopher's Place). Para a Companhia Nacional de Bailado concebeu os cenários e figurinos do bailado A Bela Adormecida de Marius Petipa com coreografia adicional de Ted Brandson e música de Piotr IIitcht Tchaikovsky. Em Dezembro de 2001, António Lagarto criou os figurinos para a nova produção da Companhia Nacional de Bailado de Romeu e Julieta com coreografia de John Cranko. Giselle Figurinos de Lucien Petipa, 1841 | 49 | © Pedro Lobo João Paulo Xavier João Paulo Xavier é Director Técnico da Companhia Nacional de Bailado. Foi Director Técnico do Festival PoNTI / TNSJ, entre 1999 e 2001. Exerceu as mesmas funções nos festivais Danças na Cidade e Mergulho no Futuro / Expo 98. Realizou a pedido do Porto 2001 um estudo e avaliação das principais salas de espectáculo da cidade do Porto. Coordenou a recuperação do Teatro Viriato e do Auditório Carlos Paredes. Como desenhador de luz, trabalhou com Ricardo Pais, Gastão Cruz, António Pires, António Feio, Mari Emília Correia, José Pedro Gomes, João Lagarto, Nuno Carinhas, Paulo Filipe Monteiro, Nuno Vieira de Almeida, entre outros. Para dança criou desenhos de luz para os coreógrafos Vera Mantero, Francisco Camacho, Paulo Ribeiro, João Fiadeiro e Madalena Victorino, entre outros. Desde 1989 que desenvolve co-autorias nas áreas das artes plásticas e vídeo-arte. Integra como Director-Técnico a equipa da Cultural Kids - Programas Culturais dos 0 aos 16 anos. Para a Companhia Nacional de Bailado, criou o desenho de luz do bailado Romeu e Julieta em Dezembro de 2001. | 50 | James Tuggle James Tuggle nasceu em Portland, Oregon, em 1952. Foi em Los Angeles que iniciou os seus estudos como maestro ( 1972-1976) com o mestre Fritz Zweig, seguindo depois para o Mozarteum, em Salzburg, continuando os seus estudos com Otmar Suitner. Em 1980 Tuggle fez parte da Siena master class de Franco Ferrarra e no ano seguinte participou no curso de maestros na Fundação Holandesa de Radiodifusão, sob direcção de Neeme Järvi. Em 1988, em Bona, James Tuggle conheceu o coreógrafo Yuri Vamos com quem mais tarde trabalhou (1991-1993), em Basileia. Foi precisamente após uma estreia de sucesso com a Ópera de Viena que foi convidado para exercer o cargo de Maestro Principal, Assistente Musical para o bailado e Maestro de ópera. Durante a sua permanência neste teatro e nos 4 anos seguintes, James Tuggle dirigiu também espectáculos na Ópera Cómica de Berlim e na Ópera de Roma. De 1974 a 1976 James Tuggle foi maestro da Ópera de São Diego e as três temporadas seguintes trabalhou como maestro assistente no festival da Ópera de Seattle, para a produção de O Anel dos Nibelungos. Em 2001 trabalhou com o American Ballet Theatre, durante a sua temporada no Metropolitan Opera House, em Nova Iorque. Já na Europa, em 1980, James Tuggle colaborou com Jesus Lopez Cobos, como assistente, na Ópera de Berlim e na Royal Ópera de Londres, em Covent Garden. Após a sua estreia em 1982 na Ópera de Berlim, foi convidado para o cargo de maestro residente, cargo que ele manteve até 1984. Nesse mesmo ano James Tuggle tornou-se Director Musical do Ballet de Estugarda, cargo que lhe deu a oportunidade de iniciar um contacto maior com outras orquestras de nível internacional. Paralelamente e desde 1981 James Tuggle tem também participado em concertos em vários países da Europa. O seu repertório inclui a maior parte das obras sinfónicas e operáticas, e é especialmente notório o seu desempenho em obras germânicas do final do século XIX. Actualmente e desde 1997 que James Tuggle exerce as funções de Director musical do Bailado em Estugarda, onde também dirige espectáculos de ópera. James Tuggle dirige Romeu e Julieta com regularidade para o Ballet de Estugarda. Para a Companhia Nacional de Bailado, James Tuggle dirigiu Romeu e Julieta em Dezembro de 2001 no Centro Cultural de Belém. | 51 | Círculo Musical Portugês O Círculo Musical Portugês é uma Associação sem fins lucrativos, criada com o objectivo de desenvolver as mais variadas acções no campo da promoção da música erudita. Organização de concertos, conferências, ciclos, festivais de música, intercâmbio e estágios com jovens músicos, etc., são algumas das acções que o Círculo Musical Português tem levado a efeito. A Orquestra Sinfónica Juvenil é o agrupamento mais mediático de entre os que o Círculo promove. Trata-se da única orquestra sinfónica de jovens com funcionamento permanente existente no país, que, desde a sua fundação, há 29 anos, se apresentou, já, em centenas de concertos por todo o país e estrangeiro. | 52 | Para além da "Sinfónica Juvenil" o Círculo Musical Português tutela a orquestra de câmara "Camerata", a Orquestra Sinfónica de Lisboa e variados agrupamentos de câmara com os quais desenvolve uma intensa actividade na programação de concertos. No ano passado, o Círculo Musical Português encetou uma colaboração com a Companhia Nacional de Bailado, organizando a orquestra que acompanhou o bailado Romeu e Julieta, de Prokofiev, em vários espectáculos no Centro Cultural de Belém. Colaboração que agora continua, com a participação da Orquestra Sinfónica de Lisboa nesta produção da Giselle, no Teatro Nacional de São Carlos. © Augusto Alves da Silva, 2000 | 53 | © Eduardo Saraiva Adeline Charpentier De nacionalidade francesa, Adeline Charpentier mostrou desde cedo um grande interesse pela dança, passando grande parte dos seus tempos de infância saltando e rodopiando pela casa fora, ao som da música clássica que o seu pai frequentemente ouvia. Entrou para o Conservatório de Tours aos 9 anos de idade, onde estudou com Alain Davesne, da Ópera de Paris, e onde ganhou um 1º Prémio, aos 15 anos. Integrou o Ballet Théatre Français de Nancy em 1978, sob a direcção de Jean Albert Cartier e Hélène Trailine. Atingiu o grau de bailarina Solista após 3 anos de permanência nesta companhia e foi promovida a bailarina Principal após ter dançado o papel de “ballerina”, no bailado Petrushka, ao lado de Rudolf Nureyev. Dançou vários bailados do repertório desta companhia: A Sonâmbula (Balanchine), Grand Pas Classique (Aubert), Dessin pour Six (John Taras), Suite en Blanc, Phèdre (Lifar), Otelo (Butler), entre outros. Trabalhou com vários coreógrafos como John Neumeier, Louis Falco, Viola Farber, John Taras, Roland Petit, Serge Golovine, Lorca Massine, John Cranko, Dirk Sanders, Bertrand Date, Peter vanDick, Janine Charrat, Serge Lifar, Jiri Kilian, Nils Christie e Hans van Manen. Teve como partenères bailarinos famosos como Rudolf Nureyev (Apollo e Petrushka), Rudy Brians (Les Biches), Denis Ganio (Suite en Blanc) e Patrick Armand (Paquita). | 54 | Em 1988, juntamente com o bailarino e seu marido Didier Chazeau, e o filho de 2 anos, veio para Portugal e integrou a Companhia Nacional de Bailado, sob direcção de Armando Jorge, como bailarina Principal. Desde a sua chegada a esta companhia Adeline tem vindo a interpretar grande parte dos papéis principais do reportório da companhia: Sonho de uma Noite de Verão, O Pássaro de Fogo, La Sylphide, Les Sylphides, O Lago dos Cisnes, Petrushka, O Quebra Nozes, Dom Quixote, Coppélia, La Fille Mal Gardée, Giselle, A Bela Adormecida, Cinderela, Raymonda, La Bayadére, Serenade, Tema e Variações, Napoli, Concerto de Macmillan, Quatro Temperamentos, Carmina Burana, Quatro Canções para Coro Feminino, Diálogos, Aract, e também obras de David Fielding (Fratres, Bomtempo e Present Tense). De carácter calmo e refinado, porém forte e decisivo, Adeline Charpentier é por excelência uma bailarina clássica e revela que as personagens que mais gostou de interpretar foram as de Giselle e Odete/Odile, respectivamente dos bailados Giselle e O Lago dos Cisnes. Em 1994 Adeline teve o seu segundo filho. Além de dedicar bastante tempo à família e ao bailado, Adeline encontra sempre uns momentos para se dedicar às artes plásticas. © Rodrigo César Ana Lacerda Natural de Lisboa, nasceu em 1972. A desejo de sua mãe, aos 5 anos de idade, Ana começou a fazer ballet na escola que frequentava, mas preferia a brincadeiras do recreio à rigorosa disciplina das aulas de bailado. Foi só mais tarde, curiosamente, que esta arte lhe despertou interesse, precisamente quando foi ver um espectáculo da Companhia Nacional de Bailado, A Sagração da Primavera de Carlos Trincheiras. Inscreveu-se então no Centro de Formação Profissional da Companhia Nacional de Bailado onde verdadeiramente iniciou os seus estudos de dança, tendo em 1988 integrado o elenco da Companhia. carácter clássico como moderno. Fazem parte do seu reportório como bailarina Solista e Principal importantes obras como La Fille Mal Gardée, A Sagração da Primavera, Festival das Flores, Sonho de Uma Noite de Verão, O Quebra Nozes, Concerto (MacMillan), D. Quixote, A Bela Adormecida, Coppélia, Giselle, Cinderela, Romeu e Julieta,Tema e Variações, Quatro Temperamentos, Agon, Apollo, Serenade, bem como obras de William Forsythe como Artifact II e In The Middle Somewhat Elevated, este último tendo-lhe merecido uma nomeação para os Prémios Bordalo, no ano 2000. Ana Lacerda aponta como principais mestres para a sua formação Violette Quenolle, Vladimir Petrunine, Eric e Maya Volodine, Georges Garcia, Armando Jorge e Lynn Wallis. Trabalhou também com David Fielding (Bomtempo, Present Tense) e com Rui Lopes Graça (DeSete, Llanto, Intacto, Dançares e Savalliana). Ana foi promovida a bailarina Principal em 1995, tendo dançado a maior parte do reportório apresentado pela Companhia Nacional de Bailado. A sua versatilidade artística mereceu-lhe menções de destaque pelas suas interpretações de papéis tanto de Paralelamente à dança, Ana Lacerda é frequentemente convidada para trabalhos fotográficos como modelo, e a sua outra paixão além da dança é o mundo da pintura e do desenho a que se dedica sempre que tem uma oportunidade. | 55 | © Rodrigo César Daniela Severian Daniela Severian nasceu em São Paulo, Brasil. Iniciou os seus estudos de dança aos 4 anos de idade sob nomes notáveis como Camilla Pupa, Jane Blauth, Tatiana Leskova, entre outros. Continuou os seus estudos na Escola Municipal de Bailados de São Paulo e ainda com alguns nomes da Escola Cubana de Ballet como Ofélia González, Niurka Naranjo e Laura Alonso. Daniela ganhou seis primeiros prémios nos mais importantes concursos de dança do Brasil e ainda o Troféu Revelação do Festival de Dança de Joinville (Santa Catarina), em 1990, e o prémio de Melhor Bailarina Clássica no Concurso de Dança e Coreografia, CBDD (Concurso Brasileiro de Dança) em 1990 no Rio de Janeiro. Conseguiu a Medalha de Bronze no primeiro Concurso Internacional de Bailado de Kwanju, na Coreia, e a medalha de Ouro no Sétimo Concurso de Dança de Paris, França. Foi partner de Fernando Bujones em 1993, e de Carlos Acosta em 1999. Como bailarina solista, em 1993, trabalhou na companhia Fernando Bujones, Brasil, e como bailarina principal fez parte dos elencos das companhias alemãs Ballet da Ópera de Wiesbaden (1994 a 2001) e Ballet da Ópera de Essen (1999 a 2000). | 56 | A sua participação em importantes Noites de Gala como bailarina convidada é vasta e extende-se a muitos países, como por exemplo a Ucrânia, Espanha, Brasil, França, Itália, Estados Unidos da América, Bulgária, Alemanha e a Escócia. Fazem parte do seu reportório, além de outras, as seguintes obras: Dom Quixote, Paquita, O Corsário (Petipa), Diana e Acteon (Vaganova), Giselle (Coralli/Perrot), Coppélia (Alicia Alonso), Who Cares, Apollo, Tema e Variações (Balanchine), Notre Dame de Paris (Roland Petit), Ètudes (H.Lander), Sonho de Uma Noite de Verão, La Fille Mal Gardée (H. Spoerli), As Três Irmãs (V. Panov), As Long As You Lust, Lichgebet (D. Simkin), Bang on a Can ( Atem J. Southerland), Muié Rendeira (Dalal Achcar), O Quebra Nozes, Romeu e Julieta, Gaité Parisienne, Je ne Regrette Rien e Carmen (Ben van Cauwenberg). Em 2001, Daniela ingressou na Companhia Nacional de Bailado como bailarina Principal e nesse mesmo ano interpretou o papel de Julieta no bailado Romeu e Julieta, versão de John Cranko, numa nova produção estreada pela companhia em Dezembro de 2001. © Rodrigo César Fernando Duarte Natural de Lisboa, Fernando Duarte nasceu no ano de 1979. A sua mãe fazia-o acompanhar o seu irmão mais velho (que tinha problemas nos joelhos) às aulas de bailado, mas curiosamente foi ele quem enveredou pela carreira. Ingressou mais tarde na Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, onde estudou sob orientação dos professores Maria Bessa e António Rodrigues, diplomando-se em Junho de 1996. Durante a temporada de 1995/96 estagiou na CêDêCê – Companhia de Dança Contemporânea, onde dançou a maioria do seu repertório. Ingressou no Corpo de Baile da Companhia Nacional de Bailado em Setembro de 1996, sendo promovido a bailarino Corifeu em Janeiro de 1998 e a bailarino Solista em Janeiro de 1999. Fernando tem dançado em todos os espectáculos da companhia, seja em território nacional ou estrangeiro, e tem tido a oportunidade de trabalhar com mestres como Vladimir Petrunine, Georges Garcia, Ivan Kramer, Michael Corder, Mark Silver, Patricia Neary, Lindsay Fischer, entre outros. Do seu repertório destacam-se as interpretações de personagens principais nos bailados Cinderela, A Bela Adormecida, Coppélia, Raymonda (III acto), Cantoluso, Llanto, em obras de Balanchine como Agon, Serenade, Apollo e também In The Middle Somewhat Elevated, de Forsythe. Fez também parte de todas as criações contemporâneas para a CNB de Ted Bransen, Kevin O’Day, David Fielding, Rui Lopes Graça, Armando Maciel e Filipe Portugal. Recentemente estreou-se no papel de Romeu em Romeu e Julieta, na versão coreográfica de John Cranko. Paralelamente à carreira de bailarino, Fernando Duarte apresentou-se como coreógrafo nos Estúdios Coreográficos da CNB em 1999 e 2001, com os bailados Limite e (A)variando, respectivamente. Foi também co-autor do Programa I de 2001 – Abril Águas Mil, da Companhia Dançarte. Fernando Duarte sabia desde muito novo que queria ser artista. Apesar do seu talento como bailarino, Fernando espera um dia mais tarde poder dedicar uma maior parte do seu tempo à música, pela qual tem um grande fascínio. | 57 | © Rodrigo César Alistair Main De nacionalidade britânica, Alistair Main nasceu em 1970, em Telford, Reino Unido. Iniciou os seus estudos de dança aos dez anos de idade, na Royal Ballet School. Oito anos mais tarde e tendo completado o curso deste estabelecimento de ensino, deu início à sua carreira profissional integrando o London City Ballet (1989). No ano seguinte, veio para Portugal onde passou a fazer parte do elenco da Companhia Nacional de Bailado, sob a direcção artística de Armando Jorge. Tem, desde então, trabalhado com professores como Lynn Wallis, Georges Garcia, Vladimir Petrunin, Violette Quenolle, Lindsay Fischer e Patricia Neary. Promovido a bailarino principal em 1995, a sua actuação na CNB inclui a interpretação dos principais papéis de bailado do reportório clássico como Coppélia, La Fille Mal Gardée, O Quebra-Nozes, Les Sylphides, Festival das Flores, Napoli, Apollo, Tema e Variações, Serenade, Os Quatro Temperamentos, Concerto de Macmillan, Sonho de uma Noite de Verão, Dom Quixote (Espada), Romeu e Julieta (Tibaldo), Carmina Burana, entre outros. Alistair Main, para quem Portugal faz já parte da sua vida, tem uma filha nascida em Lisboa no ano de 1998, com quem passa a maior parte do tempo após o seu dia de trabalho. Alistair Main tem também uma outra paixão: carros de corrida. | 58 | © Rodrigo César Carlos Pinillos De nacionalidade espanhola, Carlos Pinillos nasceu em Novembro de 1977 e realizou os seus estudos de dança no Centro de Dança Victor Ullate, de 1984 a 1994. Trabalhou com mestres como Carmina Ocaña, Irena Milovan, Karemia Moreno, Menia Martinez, Aurora Bosch, José Parés, Lola de Avila, William Burmann, Hanneker Berlangue, Lázaro Carreño, Attilio Labis, Alain Baldini, Kevin McKenzie, Lupe Serrano. Carlos obteve a Medalha de Ouro e Prémio Especial do Júri no 3º Concurso Internacional de Dança de Viena e foi finalista no Concurso Internacional de Dança de Paris 2000. A sua carreira profissional teve início em 1995, no Ballet de Victor Ullate, onde ascendeu a bailarino Solista Principal em 1997 e a Primeiro bailarino em 2000. Constam do seu reportório importantes obras como Les Sylphides (M. Fokine), Giselle (Coralli, Perrot), Dom Quixote (Petipa, Ullate), Paquita (Petipa), Diana y Acteon (Vaganova), Llamas de Paris (Asafiev), Grosse Fugue, In the Future (Van Mannen), Saeta, Le Boeuf sur le Toite (Van Hoecke) e Romeu e Julieta, Arraigo, Arrayan Daraxa, Ven que te tiente, Jaleos, Simun, Tras el Espejo (Ullate). Carlos Pinillos ingressou na Companhia Nacional de Bailado, sob direcção de Marc Jonkers, no ano de 200, como bailarino Principal e tem vindo a dançar algumas obras do reportório da mesma como por exemplo Tema e Variações, Apollo (Balanchine), Romeu e Julieta (Cranko) e A Cloud in Trousers (O’Day). | 59 | © Rodrigo César Filipe Portugal Natural de Lisboa, Filipe Portugal nasceu em 1978. Iniciou os seus estudos de dança na Escola de Dança do Conservat¢rio Nacional, obtendo o seu diploma em Julho de 1996. Em Setembro do mesmo ano foi convidado a integrar o elenco da Companhia Nacional de Bailado, sob direcção de Jorge Salavisa. Em Janeiro de 1999 foi promovido a bailarino Solista. Desde então tem vindo a trabalhar com os professores Georges Garcia, Vladimir Petrunine, Patrícia Neary, Glen Tuggle, Ivan Kramer, Jan Linkens, Mark Silver, Isabelle Fokine, Elisabeth Corbet, Ivan Alonso, entre outros e com os coreógrafos Anne Teresa De Kearsmaeker, Michael Corder, Ted Brandsen, Rui Lopes Graça, David Fielding e Armando Maciel. | 60 | No seu repertório destacam-se as interpretações dos bailados: A Bela Adormecida, Cinderela, Romeu e Julieta, Coppélia, Raymonda, Agon, Serenade, Tema e Variações, A Sagração da Primavera, assim como em bailados contemporâneos de Anne Teresa De Kearsmaeker (The Lisbon Piece), William Forsythe (In The Middle Somewhat Elevated), Rui Lopes Graça (DeSete, Cantoluso, Llanto, Dançares, Intacto, Savalliana), David Fielding (Fratres, Cantoluso, Bomtempo, Present Tense), Armando Maciel (Cantoluso), Kevin O’Day (Aract) e Jan Linkens (Bruicheath). Em Fevereiro de 2001 participa no Estúdio Coreográfico 2001 com a sua primeira experiência coreográfica intitulada Anfractus que passa a fazer parte do repertório da Companhia Nacional de Bailado sob a direcção artística de Marc Jonkers. Inês Amaral Adeline Charpentier Ana Lacerda Daniela Severian Filipa Rola Carlos Pinillos Didier Chazeau Alexandre Fernandes Mário Franco Alistair Main Filipe Portugal Danillo Mazzotta Mariana Paz Fernando Duarte Filomena Pinto | 61 | Isabel Galriça Brent Williamson Luís d’Albergaria Paulina Santos Rui Lopes Graça Catarina Lourenço Guiomar Machado Maria João Pinto Fátima Brito Rui Alexandre David Fielding Armando Maciel Anne De Voss Annabel Barnes Alba Tapia | 62 | Sílvia Santos Henriett Ventura Xavier Carmo Leonor Távora Nuno Fernandes José Carlos Oliveira Filipe Macedo Victória Monge Pedro Mascarenhas Frederico Gameiro João Carlos Petrucci Jon Ugarriza João Pinto Álvaro Santos Eva van Duin | 63 | Marina Figueiredo Andreia Pinho Isabel Frederico Eric Constantin Etelvina Loureiro Elsa Madeira Helena Marques Susana Matos Solange Melo Maria Paiva Carla Pereira Margarida Pimenta Catarina Grilo Irina de Oliveira Sara Anjos | 64 | João Miranda Maria Palmeirim Maria José Branco Kimberley Ribeiro Isabel Fernandes Violette Quenolle Cristina Maciel Ana Paula Ferreira Imelda Cartwright | 65 | Ana Pereira Caldas © Roberto Giostra Directora Ana Pereira Caldas nasceu em Lisboa e iniciou os seus estudos de dança com Wanda Ribeiro da Silva tendo sido mais tarde sua assistente nos cursos de dança da Fundação Calouste Gulbenkian. Entre 1965 e 1972 frequentou diversos cursos internacionais de dança e música tendo trabalhado com os seguintes formadores: Traude Schrattenecker, Barbara Haselbach, Jos Wuetach, Dr. Regner, Wanda Ribeiro da Silva e Maria de Lurdes Martins. Em 1973 foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian tendo trabalhado em Londres com os professores Madeleine Sharp, Ruth French, Maureen Bowen, Alicia Markova, Joan Lawson e Ninette de Valois. Nesse mesmo ano foi convidada para assistente da Professora Julia Cross na Escola de Dança do Conservatório Nacional. Foi ainda bolseira do British Council tendo frequentado, em 1983, o curso da Imperial Society of Teachers of Dance. Em 1976 foi eleita membro do Conselho Directivo da Escola de Dança do Conservatório Nacional e, em 1977, foi nomeada pelo Ministro da Educação membro da Comissão de Reestruturação do Conservatório Nacional conjuntamente | 66 | com António Reis, João Benard da Costa, Carlos Porto, Augusto Boal, Elisa Lamas, Jorge Moyano e Elisa Worm entre outros. Em 1985 foi eleita, e posteriormente nomeada, Presidente da Comissão Instaladora da Escola de Dança do Conservatório Nacional tendo tido um papel preponderante na reconversão da Escola de Dança do Conservatório Nacional em escola de formação de bailarinos profissionais com ensino integrado (projecto educativo único no país), assim como na atribuição do diploma de bailarino com equivalência ao 12º ano. Muitos alunos formados pela Escola de Dança do Conservatório Nacional, durante o seu mandato, integram hoje a Companhia Nacional de Bailado assim como vários outros grupos e Companhias de dança nacionais e internacionais. Proferiu várias comunicações sobre ensino artístico e o ensino vocacional da dança e escreveu diversos artigos na imprensa sobre estes temas. Em 1995, foi também eleita Presidente da Comissão Coordenadora da Reconversão do Conservatório Nacional, cargo que desempenhou até ser nomeada, em 2 Maio de 2001, Directora da Companhia Nacional de Bailado. Marc Jonkers www.gert.weigelt.de Director artístico Após ter completado os estudos gerais, Marc Jonkers (natural de Tilburg, na Holanda) foi professor, antes de iniciar os seus estudos como actor e director de teatro, em Utrecht. Terminados os estudos em Utrecht, enveredou pela dança, que aprofundou em Haia, com Anne Walsemann, a qual exerceu um papel decisivo na sua carreira profissional, e em Nova Iorque, onde recebeu ensinamentos da técnica de Martha Graham, e sucessivamente de Cunningham, Limon e bailado clássico. De regresso à Holanda, integrou a nova companhia experimental de Anne Walsemann. Dada a insipiente formação e apresentação de dança contemporânea no seu país, decidiu criar uma escola particular em Utrecht. No mesmo ano (1978), fundou nessa cidade o primeiro festival europeu exclusivamente dedicado à dança contemporânea, conhecido pelo nome de Springdance. Assim se iniciou um período de mais de vinte e cinco anos em que foi director de festivais. Em 1984 integrou o prestigioso Festival da Holanda, em Amesterdão. Quando o Nederlands Dans Theater se fixou em Haia, em Setembro de 1997, Marc Jonkers foi convidado por Carl Birnie e Jiri Kylian para fundar um festival semestral: estava criado o Festival Holandês de Dança de Haia. À frente de ambos os festivais, Marc Jonkers descobriu novas revelações no mundo da dança, e realizou produções e co-produções com conceituadas companhias de dança, e bailarinos e coreógrafos de renome. Para além de ter colaborado com inúmeros coreógrafos na Holanda, como Jiri Kylian, Hans van Manen, Krisztina de Chatel, Paul Selwyn Norton, Ton Simons, Itzik Gallili, Ted Brandsen, Krysztof Pastor, Hans Tuerlings, Arthur Rosenfeld e Martino Müller, com ele colaboraram igualmente William Forsythe (Frankfurt Ballet), Anne Teresa De Keersmaeker (Rosas), Pina Bausch (Tanztheater Wuppertal), Ohad Naharin (Batsheva Dance Company), Mats Ek (Cullberg Ballet), Mikhael Baryshnikov (White Oak Dance Company), Bill T. Jones e Arnie Zane, François Raffinot, Michael Clark, Stephen Petronio, Philippe Découflé, e ainda as companhias New York City Ballet, School of American Ballet, Academia Vaganova (Escola de Kirov) e Folkwang Schule. Em 1994 interrompeu por algum tempo a sua participação em festivais, para assumir plenamente o cargo de director do Teatro-Dança da Ópera Cómica de Berlim. Trabalhando em conjunto com o seu associado Jan Linkens como director artístico, reconstituiu a companhia com base no potencial dos bailarinos, tornando-a numa companhia de dança aberta às tendências inovadoras. Seguiram-se inúmeros convites para apresentações da companhia na Europa e em Israel. Marc Jonkers formulou uma nova estrutura para o cenário da dança em Berlim, considerada ainda como a mais completa. Em Berlim cooperou vigorosamente com o Teatro Hebbel e o seu director Nele Hertling na apresentação de criações | 67 | de uma jovem geração de coreógrafos detentores de certo renome internacional, como Cesc Gelabert, Amanda Miller, Juan Carlos Garcia, Vicente Saez e Samuel Wuersten. Marc Jonkers logrou reunir a participação dos três teatros de ópera no Festival Internacional de Dança anual, Dança em Agosto. Em 1996 retomou a direcção de festivais, ao ser convidado para director artístico do 8º Festival Internacional de Dança de Northrhine – Westfalia (ITF/NRW). Nas duas realizações a nível mundial, que dirigiu (Faces of Dance em 1998 e Millennium Moves em 2000) realçou a importância de construir um reportório – tradição em dança contemporânea, a ligação, na arte da dança, entre tradição e inovação, e a futura relevância artística da dança proveniente dos continente asiático e africano. Convidou entre outras, a Companhia de Twyle Tharp, Stephen Petronio, a Companhia de Gideon Obarzanek, Chunky Move, da Austrália, as Companhias sul-africanas | 68 | Moving into Dance e The Floating Outfit Project, Irene Hultman, Sacha Waltz, Henrietta Horn, Jo Fabian, Nigel Charnock, Guangdong Modern Dance Company, da República Popular da China, Danza Contemporânea de Cuba, Jan Lauwers`Needcompany (Bélgica), Kevin O`Day e a quinquagenária Limon Dance Company, de Nova Iorque. Em 1997 foi eleito presidente europeu da World Dance Alliance, a única para a dança, mundialmente abrangente. Em 1998 fundou uma associação de directores de teatro para bailado e dança, a Liga Alemã de Directores de Companhias e Teatros de Dança (BBTK), que constituiu uma plataforma federal para a dança nos teatros municipais e estaduais na Alemanha. Marc Jonkers é Director Artístico da Companhia Nacional de Bailado desde Janeiro de 2001. Próximos Espectáculos The Lisbon Piece Maio 2002 Paris, Théâtre de La Ville 21, 22, 23, 24 e 25 às 2030 Giselle Junho 2002 Funchal, Centro de Congressos do Casino da Madeira 1 e 2 às 21h30 Tema e Variações e The lisbon Piece Junho 2002 Lisboa, Teatro Camões 15, 16, 22, 23, 29 e 30 às 16h00 e às 19h30 Giselle Julho 2002 Tavira, Pavilhão Dr. Eduardo Mansinho 12, 13 e 14 às 21h30 Romeu e Julieta Julho 2002 Noites de Bailado Sintra, Centro Cultural Olga de Cadaval 26 e 27 às 21h30 e 28 às 16h00 www.cnb.pt [email protected] | 69 | | 70 | | 71 | © Paulo Catrica Agradecimentos Coordenação editorial Selecção de textos Arquivo fotográfico Design Tiragem Contactos Preço de venda ao público | 72 | Teatro Nacional de São Carlos Cristina Jesus Santos Fátima Brito Marco Arantes Ricardo Mealha/Ana Cunha design 1.500 ex. Companhia Nacional de Bailado Rua Vítor Cordon, 20 - 1200 Lisboa Telef.: 21 347 40 48 Fax: 21 342 57 90 www.cnb.pt [email protected] € 7,00
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