aniversêrio da epcar e projeto —devida - Turma 57-BQ

Transcrição

aniversêrio da epcar e projeto —devida - Turma 57-BQ
Mai-Jun/2003
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ANIVERSÁRIO DA EPCAR E PROJETO “DEVIDA”
Emoção em Dois Tempos
“Como se fora brincadeira de roda”...
Dois momentos de grande emoção foram vividos, em ambientes completamente dintintos, pelos integrantes da Turma 57-BQ / Aspirantes 62 que foram a Barbacena, no período de 22 a 25 de maio.
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O 54o Aniversário Escola Preparatória de Cadetes do Ar foi comemorado com a participação
de muitas Turmas, mobilizadas pela Associação dos Ex-Alunos da Escola.
♦
O Vicariato de Nossa Senhora da Vitória está implantando, em Barbacena, o Projeto DEVIDA,
como parte das Obras Passionistas de São Paulo da Cruz. O Projeto, que conta com apoio do nosso
Capelão Militar, o Padre Viçoso, é dirigido por Padres muito dedicados e profundos conhecedores dos
problemas sociais da Cidade.
Nesta edição, encontram-se reportagens completas sobre as duas matérias
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ANIVERSÁRIO DA EPCAR
P
Dia do Aluno Epcariano
Epcariano (criado em 21 de maio de
2002). Já na mensagem contida no
convite expedido pelo Presidente da
AEPCAR, o Aluno 66-423, Cícero
Avelino, antevia-se o sucesso dessa
festa. Foram três dias de grande movimentação (23 a 25 de maio), que
contou com a participação da
CENATUR na coordenação do apoio
de autoridades barbacenenses. Muitos
veteranos resolveram hospedar-se no
antigo alojamento, com direito a banho
quente (aquecimento da velha caldeira), toque de alvorada, café da manhã
reforçado... O toque de silêncio não foi
respeitado, em função da emoção que
tomava conta dos homens- meninos.
No primeiro dia, sexta-feira à noite, no
O nosso companheiro Clarindo com o talentoso grupo Elas por Elas (Foto: AEPCAR)
Restaurante Gino’s, Il Candelabro (fundado em 1958 e incorporado ao acervo
histórico da Turma Quase Perfeita),
aconteceu um show performance do
Grupo Elas por Elas, liderado pela atriz
e cantora Cláudia Valle que, com quatro outras moças instrumentistas e
vocalistas, todas de Barbacena, surpreendeu e encantou a todos que compareceram ao evento. O espetáculo foi
oferecido aos alunos da EPCAR, de todas as épocas, pela Secretária de Turismo, Dra. Maria da Glória Bittar de
Castro Pereira, nossa amiga Gogóia,
que se fez acompanhar de vários
membros de sua equipe para recepcionar os BQanos. Em suas palavras,
ara abrilhantar as comemorações do 54º Aniversário da
Escola Preparatória de Cadetes do Ar, a Associação dos Ex-Alunos incumbiu-se da mobilização dos
integrantes de todas as Turmas, bem
como da coordenação, junto ao Comando da Escola, dos eventos que iriam, também, marcar o dia do Aluno
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revelou que esse termo, BQanos, tem
um significado mais abrangente do
que Epcariano, por achar este último
um termo restrito aos muros da Escola, enfatizando que os ex-Alunos da
tradicional Escola já estão incorporados ao patrimônio cultural da Cidade,
ao tempo em que atuam como seus
verdadeiros Embaixadores, nos quatro cantos do País, com o que concordamos plenamente. Falou da importância da vinda dos ex-Alunos a
Barbacena por trazerem energia capaz
de aumentar a auto-estima do cidadão barbacenense, além do dinheiro,
mola propulsora e indispensável à
Economia do Município. O gracioso
e afinadíssimo conjunto vocal Elas por
Elas, após cantar duas músicas da Bossa Nova, de Tom e Vinícius, fez uma
extraordinária performance, teatralizando textos extraídos do livro Memórias de um BQano, de autoria do nosso colega 56-137, Clarindo dos Santos. Foi um momento inesquecível, visto que trouxe, para aquele palco, fragmentos da nossa história. Descobrimos, posteriormente, que aquela inserção foi idéia da Diretora Executiva da
FUNDAC, a Sra. Isabel Cristina Kelmer,
nossa querida Bebel. A talentosa Cláudia, depois de ter contado com todas
as letras a história do surgimento do
vocábulo gonozada, interpretou também o poema À MINHA MÃE, do Aluno 56-154, Zitelli, uma das mais belas
e tristes páginas poéticas vividas do
lado interno dos muros da nossa Escola, o que foi, muito oportunamente,
registrado naquele livro referência, escrito pelo Clarindo. O poema fora feito por ocasião da inauguração, na Escola, de um Stand de tiros que levou o
nome do Cadete Holfmaster que, fazia
pouco tempo, havia falecido em acidente aeronáutico. A homenagem contou com a presença de sua mãe, convidada pelo Comandante da Escola,
para descerrar a placa. Por singularíssima coincidência, no show da
Claudinha, achava-se presente, na platéia, o Instrutor do Cadete Holfmaster
no Estágio Avançado, o agora Coronel-Aviador Boaventura Ferreira da Silva Neto, da primeira turma da EPCAR,
a Turma Pioneira. Julgamos oportuno
reproduzir aqui o poema do Zitelli; por
ser uma das mais inspiradas manifestações poéticas de ex-aluno:
Contou-nos o poeta:
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À MINHA MÃE
Tu hás de ver, ó mãe, teu filho alado,
Condor entre os luzeiros estelares.
Heróico nas alturas, frio e ousado,
A devassar a solidão dos ares.
Hás de vê-lo entre nuvens coroado,
À luz do Sol e alheio a vãos pesares;
Resplandecente e só, a voar arrojado,
Sob a luz do céu e o verde azul dos mares.
Porém, se um dia, teu filho, nos abismos,
Rolar ferido pelos cataclismos.
Massa de sangue, informe, tétrico e medonho;
Não o lamentes, minha mãe querida,
Esse desejo foi maior que a vida; e,
A Terra, só, não comportou seu sonho.
Logo após os aplausos, o nosso colega Clarindo foi convidado a subir ao
palco. Homenageado, agradeceu a deferência, aproveitando para informar
àquela seleta platéia que está culminando um romance, cujo título é “O PORTÃO DAS LAVADEIRAS”, no qual usa a
Cidade de Barbacena e a sua periferia,
como pano de fundo para desenvolver o
tema. Recitou o poema que escreveu no
verso do convite de casamento de sua namorada e lavadeira à época, justificando,
assim, as razões que o levaram a voltar, a
romancear o assunto. O Cícero Avelino,
dando seqüência, discorreu sobre os
eventos de que iríamos participar e agradeceu o apoio recebido das autoridades e
dos amigos de Barbacena para a realização. Em estilo humorístico (para nós desconhecido), narrou um episódio em que,
como bicho, recebeu um trote que lhe
valeu o apelido de chuvisco. Foi mais um
Cícero Avelino e Cláudia Valle no Gino´s
(Foto: AEPCAR)
Animação no Bailedo Aluno Epcariano (Foto AEPCAR)
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momento de muita descontração. Em seguida, foi convidado a ir ao tablado, improvisado como palco, o ex-Aluno mais
antigo presente. Juntou-se às artistas o
Coronel-Aviador Silva Neto que, de maneira também descontraída, agradeceu as
deferências aos Pioneiros e aos ex-Alunos da EPC do Ar, como um todo. No sábado, as atividades concentraram-se na
EPCAR. No cinema, pela manhã, tivemos:
palestra do Comandante da Escola, Brigadeiro-do-Ar. Wagner Santilli; palavras do
Presidente da AEPCAR; exposição do Brigadeiro-do-Ar Danilo Paiva Álvares (nosso colega, Cadete 60-124), sobre o Clube
de Aeronáutica, e missa em ação de graças. Em prosseguimento, foram inauguradas as novas instalações da sede da Associação dos ex-Alunos e da sala do Código de Honra. Às 11 horas e 30 minutos,
iniciou-se a solenidade militar, presidida
pelo Diretor-Geral do Departamento de Ensino, Tenente-Brigadeiro-do-Ar. Paulo
Roberto Borges Bastos. Muitas autoridades civis e militares prestigiaram a cerimônia, registrando-se a presença do Prefeito
Municipal de Barbacena, Dr. Célio Copati
Mazoni, acompanhado de vários membros
de seu secretariado. Houve, ainda, a entrega solene da Medalha Militar, além de
outras homenagens. Após o discurso do
Comandante da Escola, foi dado início ao
desfile militar, precedido pelos Gritos de
Guerra de cada um dos Esquadrões (na
nossa época, Esquadrilhas) que compunham o Corpo de Alunos). O Grupamento
dos Ex-Alunos entrou em forma sob o
comando do ex-Aluno mais antigo presente, o Aluno 49-99, Carlos de Almeida
Baptista, que também já havia sido Comandante da Aeronáutica. O Grupamento
destacou-se pela multiplicidade de uniformes: os Militares da ativa, fardados; e os
da reserva, de paletó e gravata, ou de calça jeans, camiseta da Associação e tênis.
Visto de cima, mais se assemelhava a um
batalhão do exército de Branca Leoni em
dia de festa. Contudo, aqueles senhores
grisalhos identificavam perfeitamente os
toques de corneta que guardaram, com carinho, em seus cérebros, por tantas décadas. Durante o desfile, constatou-se que
marchar é como andar de bicicleta, nunca
mais se esquece. Marcar a batida do surdo no pé esquerdo para manter a cadência foi como aprendemos. Três fileiras à
frente, observamos que um dos mais aplicados colegas da nossa Esquadrilha destoava, por marcar a cadência com o pé direito. Era um dos que, por motivos alheios
à sua vontade, foi para a AMAN. Lá a
cadência era marcada no pé direito. Alguém gritou: acerta o passo, Brasil! E, imediatamente, ele retornou, “de mala e cuia”,
às suas origens, visto que, elas nunca
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O Ten.-Brig. Batista, da Turma Pioneira, comandou o pelotão dos Ex-Alunos.
O desfile dos Ex-Alunos - Muita vibração!
O palanque das Autoridades
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deixaram de povoar o seu “entorno”. Cobrir, alinhar, fazer a conversão nas curvas,
tudo de forma muito “razoável”, no dizer
de um Tenente-de-Infantaria que orientava
o Grupamento. “Rolou” muita emoção entre nós, quando a Banda executou as
Canções da EPCAR e Bandeirantes do Ar.
“A Esquadrilha” continua, para os
fabianos, “um punhado de amigos, a vibrar, a vibrar de emoção...” O “fora de
forma!”, com direito a “Oba!!!”, bonés lançados para o ar, abraços, lágrimas e largos
sorrisos... Haja coração! A confraternização, batizada de Café Colonial, teve como
palco o Pátio das Paineiras (aquele do Cassino, nos anos dourados). Um excelente
coquetel foi servido aos convidados, regado a uísque, vinho, cerveja, sucos (não reparamos se havia por lá, café, chá e chocolate). Para complementar os deliciosos salgadinhos, foram oferecidos um estrogonofe para nenhum soviético botar defeito e
uma sortida mesa de frios. Depois daquela
movimentada manhã, tudo aquilo foi muito
bem vindo, no horário do almoço.
O GRANDE BAILE
No sábado, à noite, nos salões do recémremodelado Clube dos Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica de Barbacena, realizou-se o Baile do Aluno Epcariano, um
evento que se transformou em tradição e
que tem por finalidade coroar os festejos
do aniversário da Escola, compartilhando, com a sociedade barbacenense, a importância do acontecimento. Foi muito
concorrido. Animado por um conjunto
“pop”, que executava músicas de todas
as décadas, manteve-se o salão sempre
repleto de dançarinos. No primeiro intervalo, o Presidente da AEPCAR, o Aluno
Cícero Avelino, promoveu a entrega de um
brinde à Turma que levou o maior número
de componentes às comemorações. A
Turma de 1966, que se auto intitula “A
Nata da Força Aérea” acabou sendo a
vencedora. Também pudera! É a Turma
do Comandante da Escola e a do Presidente da Associação. Viam-se, aqui e ali,
muitos ex-Alunos, às mesas, com suas
famílias. A Turma Pioneira também lá estava, representada por três ex-Alunos, que
se fizeram acompanhar de suas esposas.
A sociedade barbacenense compareceu e
abrilhantou os festejos. Alguns “Cadetes”
da atual safra fizeram-se presentes, o que
foi muito bom, pois, quando, ao apagar
das luzes do baile, a banda tocou músicas
dos anos cinqüenta e sessenta (Alô,
Cupido; Oh! Carol, ...) eles se soltaram,
lembrando os dançarinos da Turma 57-BQ
(Moraes Rego, Seixas, Clever Afonso,
Amado e Pacheco (entre outros) que ainda hoje dão os seus passinhos. Ao serem
requisitados para dançar com damas de
todas as idades, não se fizeram de roga-
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Após desfilar com a Turma 57-BQ, o Padre Viçoso, ao centro, com seus Ex-Alunos
dos e espargiram, no salão, aquela jovialidade que o peso dos anos nos vem,
gradativamente, tirando. Desse modo, terminaram por se tornar os “donos da festa”. E não poderia deixar de ser assim.
“Macte animo, generose puer, sic itur ad
astra”. Em breve, esperamos, compreenderão todo o significado dessa citação latina. Que esse entusiasmo os acompanhe
por toda vida!
VISITA A CABANGU
Constava do folder distribuído pela
AEPCAR, na programação dos festejos
de aniversário da Escola, uma ida a
Cabangu, o que aconteceu na manhã do
domingo. A casa onde nasceu SantosDumont, o “Pai da Aviação”, é um local
muito aprazível, que se assemelha, por seu
bucolismo, à área destinada ao Parque da
Cidade, no Rio de Janeiro. Além da casa
onde Santos-Dumont nasceu, o Museu
ocupa, ainda, três pavilhões edificados na
mesma linha arquitetônica gótica. Tudo
feito por profissionais de finíssimo gosto.
O Museu de Cabangu abriga um acervo
precioso, que é cuidado com o carinho que
o seu valor histórico exige. Quem quiser
escrever a História da Aviação no Mundo,
terá de beber dos dados daquela fonte.
FIM DAFESTA, NOVA FESTA
Foram três dias de festas e fortes emoções, das quais cinco companheiros da
Turma 57-BQ tiveram a honra de participar e, agora, têm o privilégio de descrever
para aqueles que, por diversas razões, não
puderam comparecer. Torcemos para que,
no próximo ano, um contingente mais numeroso de integrantes da Turma possa
engrossar as fileiras daqueles que escolhem adolescer, por alguns dias que sejam, e marcam presença nas comemorações do aniversário da Escola.
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TENENTE-BRIGADEIRO BASTOS
O
Amigo da Turma
Tenente-Brigadeiro-do-Ar
Paulo Roberto Borges Bastos,
Diretor Geral de Ensino da
Aeronáutica (DEPENS), presidiu a Solenidade de Aniversário da EPCAR. O Brigadeiro Bastos é um velho amigo de Turma 57-BQ. Foi ele quem ofereceu o almoço de confraternização a seus integrantes, no Campo dos Afonsos, quando das
Comemorações dos 35 Anos do Aspirantado, em 1997. Na ocasião, ele comandava a Universidade da Força Aérea, sendo um dos responsáveis pelo resgate do
belíssimo cenário daquele sítio histórico
da Aviação Militar Brasileira. O Macaé,
como é carinhosamente chamado por
seus colegas da Turma 60-BQ, é um autêntico Fabiano, já que suas filhas Ana
Paula e Ana Cristina são dentistas do qua-
“P
dro Permanente de Oficiais da Aeronáutica. Muito solidário, está sempre pronto
a ajudar a todos as pessoas que o procuram. Desde os tempos de Vice-Diretor da
Diretoria de Administração de Pessoal,
mantém um banco de dados com todos
os problemas particulares que assume,
com muita boa vontade. São incontáveis
as características desse ilustre companheiro que o fazem detentor de
inquestionável carisma. Os revezes da
vida jamais lhe tiraram o bom-humor.
Esse é o Bastos, nosso muito estimado
amigo. Na fotografia ao lado, vemos o
Ten.-Brig. Bastos, em sua posse no
DEPENS, tendo, à esquerda, uma de suas
filhas, Ana, e, à direita, o nosso Colega,
também, Tenente-Brigadeiro, José Carlos
Pereira, (Aluno 58-268).
MEU PRIMEIRO CARRO
ôs” (é assim que nós, os gaúchos – graças a Deus – pronunciamos “pois”) o Nicola
era meu amigo de infância, ou, como diria o poeta, “da mais tenra infância”. Era
paulista, mas veio pequeno para o nosso
Rio Grande. Era filho de um comerciante
de carros velhos, àquela época conhecidos como “picaretas” (*), que, às vezes,
negociava também com gêneros alimentícios, batatas podres, entre outros.
“Pôs” aprendi a dirigir com o Nicola, lá
pelos meus 15 anos, num caminhão
Magirus Deutz (alguém lembra? Era maior do que um “fenemê” - e desse, alguém
lembra?). “Pôs” o “velho Constantino”,
pai do Nicola, sempre ia a São Paulo comprar carros velhos para revender aqui no
Sul. E para transportá-los, comprava também um caminhão velho, igualmente destinado à revenda. Esses “bagulhos” eram,
então, “guaribados” em sua própria oficina, com a ajuda do Nicola, que, portanto, entendia bastante de mecânica. Quando, já, na condição de “caixa” do Banrisul,
consegui amealhar alguns trocados, resolvi comprar um carro, meu primeiro
carro. Saíamos o Nicola (como consultor) e eu a procurar, entre todas as lojas
de “picaretas” da praça, o que fosse possível comprar. Ocorre que um dia assisti,
passando na rua, a uma belíssima “Simca
8” vermelha, que tinha um ronco emocionante. Decidi-me por comprar uma Simca
8, desistindo dos Citroëns, Prefects,
Renaults Juvaquatre, Anglias, Austins e
outros menos votados. Assim, saíamos,
todos os sábados, a incomodar os “pica-
retas”, após ler as colunas de anúncios
dos jornais locais. Um belo dia, encontramos um exemplar de Simca 8 vermelha
num “picareta” da rua Sete de Setembro.
Acima da loja do “picareta”, funcionava
uma “casa de mulheres damas”, como
dizem os nordestinos, espécimes que
eram particularmente atrativas ao meu
“consultor”, que passou a prestar mais
atenção às entradas e saídas das “senhoritas” do que ao veículo propriamente
dito. Quando reclamei de sua falta de atenção, ele me disse: “Magro, esquece essa
joça. Não vale nada. Vamos subir e conversar com as meninas”. Insisti com ele e
começamos a conversar com os “picaretas”. O dono da máquina, mostrando-me
o pneu estepe disse : “Está novo, veja!”.
Seus próprios colegas de loja riram-se e
comentaram: “É, pode ser que algum sapateiro o aceite para fazer sola de sapato”
Levei na brincadeira e tanto me encantei,
que “fechei negócio” na hora. A Simca 8,
vencedora de diversas corridas que então
aconteciam no parque da Redenção, era
um carro “sui generis”. Para começar, era
quatro portas e não tinha colunas entre
elas, ou seja, abertas a dianteira e a traseira, o carro ficava todo aberto. Saímos, eu,
“louco de faceiro”, dirigindo a Simquinha,
e voltamos para casa. “Pôs”, no meio do
caminho e sem mais aquela, a caixa de câmbio caiu no chão, bem sobre os trilhos do
bonde, que já vinha apitando. Sob o protesto dos passageiros e o constrangimento do Nicola, empurramos o “animal” para
fora dos trilhos, enquanto meu consultor
tentava achar os parafusos que prendiam
a “caixa de câmbio” ao “volante do motor”. Foi um vexame monumental! Só para
concluir, fiquei quase seis meses com
aquela “draga”, que, semanalmente, era
“revisada” pelo Nicola e que acabou
“abraçada” com um poste de luz, conduzida por um mecânico que, para explicar
o ocorrido, só dizia: “como anda essa
bichinha”. E andava mesmo!
Pelo menos quando queria.
Al. 57-59, Magrinelli
[email protected]
Este lindo conto, escrito pelo nosso colega Magrinelli, chegou-nos às mãos, 60 dias
após o encerramento do Concurso novembro-dezembro/2002 – Quem conta um
conto, ganha um ponto, vencido pelo
belíssimo trabalho do Cad. 57-095, Tujal,
conforme publicado na edição Jan-Fev/
2003. Não obstante, o Conselho Editorial
aceitou o argumento de que a distância
astronômica que separa a residência do
autor, em Porto Alegre, da nossa sede, no
Rio de Janeiro, seria justificativa suficiente para o atraso. Feita a inscrição virtual, o
conto do Magrinelli foi declarado vencedor, ao lado do já laureado texto do Tujal.
O prêmio será, como sempre, uma assinatura anual “inteiramente grátis” de O Condor. Esperamos que os nossos leitores tenham gostado, tanto quanto nós, das palavras do primeiro vencedor “postinscriptum” de um dos nossos Concursos.
(*) Nota
O antigo Lula não havia, ainda, ofendido
os “picaretas”, ao compará-los a Deputados Federais.
A REDAÇÃO
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PROJETO DEVIDA
Obras Passionistas São Paulo da Cruz
A
convite do Padre Antônio Viçoso Rodrigues, nosso estimado Capelão Militar, fomos visitar o Projeto DEVIDA,
que está sendo implantado em Barbacena pelo Vicariato
de Nossa Senhora da Vitória, destinado a dar vida digna a crianças e adolescentes em situação de risco naquela Cidade. Tratase de um profundo trabalho assistencial com o objetivo de conter, neutralizar os sinais de desvio e potencializar as possibilidades de desenvolvimento, até a construção harmônica da personalidade de seus pequenos protegidos. Dirigem o Projeto, atualmente, os Padres Paulo Viola (Diretor), Cloves Pereira Nascimento (Tesoureiro) e Genilson José Dallapícola (Secretário). A Paróquia Nossa Senhora da Penha, da Igreja onde foi celebrada a
missa dos 45 anos da Turma 57-BQ, está intimamente ligada ao
Projeto, com o empenho pessoal do Pároco, Padre José Ricardo
Zonta. Os Padres Viçoso e Fernando Vitale emprestam suas ex-
Segundo bloco – Unidade Infantil
periências de muitos anos de sacerdócio, em benefício das atividades
assistenciais. Esses incansáveis religiosos estão sempre a enaltecer a figura
do pioneiro, Padre Edmundo de Ciccio, falecido no início de 1999. E também
não se esquecem do grande benemérito das Obras Passionistas São Paulo da
Cruz - a família da jovem italiana Patrizia Liccardo Diodato, falecida em acidente de trânsito, que doou sua parte da herança à Entidade. Com os recursos disponibilizados, foi possível dar início às obras de infra-estrutura, dos
prédios das unidades operacionais e do chamado equipamento comunitário.
É importante destacar que o terreno de 60.000 metros quadrados, um verdadeiro santuário ecológico, foi doado pela Prefeitura Municipal de Barbacena,
atendendo reivindicação do nosso Padre Viçoso. De março de 1996 até a
presente data, foram realizadas as seguintes obras:
Primeiro bloco – Administrativo – com secretaria, almoxarifado,
posto médico, gabinete odontológico, auditório, refeitório e capela; – onde
foram instalados a creche, o departamento pré-escolar e as atividades de apoio
pedagógico e recreação;
Segundo bloco – Unidade Infantil – onde foram instalados a creche, o departamento pré-escolar e as atividades de apoio pedagógico e
recreação;
Terceiro bloco – DEVIDA 1 – em final de construção, que se destinará a trabalho de orientação a jovens da comunidade, onde funcionarão
oficinas de arte, relações humanas, computação;
Centro Missionário, para atividade específica da congregação;
Outras Obras – quadra de esportes, play-ground e a caixa d’água,
orgulho do Padre Paulo Viola, por sua configuração monumental e principalmente por captar água de nascente no próprio terreno.
Primeiro bloco – Administrativo
Terceiro bloco – DEVIDA 1
A caixa d’água, orgulho do Padre Paulo Viola
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A saudosa benfeitora Patrizia Liccardo Diodato
A Professora Meire Silva de Melo com o fofinho Ricardo no colo
Um sonho dos idealizadores e executores das Obras Passionistas
que se desenvolvem nos Estados do Espírito Santo e de Minas
Gerais é construir nesse local, de rara beleza, uma via crucis,
conscientes de que a “Paixão de Cristo continua no mundo, até
Ele voltar, em sua glória”. (Passionistas, vocábulo cuja raiz latina
vem de passio, que, no português, gerou paixão). Com muito
amor, já começaram a tornar esse sonho em realidade, batizando
a área de Bosque de São Paulo da Cruz. Foram construídas as
trilhas, com o mínimo de impacto ambiental, e demarcados com
uma cruz os locais onde serão erguidas as Estações (as quatorze
tradicionais e mais a décima quinta, destinada à Ressureição de
Cristo). Em local da mata, cuidadosamente, escolhido para esse
fim, foi edificada uma gruta revestida de pedra. No final da trilha,
observa-se uma Capela, em cujo interior existe um mausoléu contendo seis tumbas e um belíssimo oratório. Naquele local sagrado, repousam os restos mortais do Padre Edmundo, o idealizador
do Projeto que, certamente, observa feliz o trabalho de seus
continuadores. Os Passionistas, inspirados na vida de Paulo
da Cruz, fundador da Congregação, sempre souberam ler os
sinais dos tempos, pondo-se, em primeiro lugar, para ajudar os
pobres e trabalhar pela promoção humana dos necessitados.
Em Barbacena, as áreas carentes apoiadas pelo Projeto DEVIDA
situam-se nos bairros de Ipanema, Nova Suíça, Jardim das
Alterosas, Nova Cidade, Caiçaras e Vilela. Nesses quatro anos
em que se desenvolve o trabalho, centenas de crianças e adolescentes receberam ajuda para a superação das deficiências
impostas pela pobreza e pela falta de orientação familiar. Atualmente, noventa crianças em idades que variam de 3 a 5 anos são
acolhidas pela creche, das sete às dezoito horas. Além de alimentação e higiene corporal, recebem acompanhamento médico, psicológico, fonoaudiólogo e odontológico. Vinte e dois adolescentes também são acolhidos diariamente, o que ocorre após as
suas atividades estudantis. No Projeto, recebem reforço escolar,
almoço, atendimento médico-odontológico e apoio de um psi-
Rickson e Robson brincam - Um sorriso para os visitantes
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Maria Vitória, a mais novinha da creche - Quanto enlevo!
cólogo. Para eles são proporcionados, ainda, trabalhos manuais, artes, capoeira e leituras diversas. Na realidade, a grande
finalidade é retirá-los da rua e afastá-los de suas mazelas,
para evitar a evasão escolar e a possível contaminação pela
exposição a elementos potencialmente corruptores. Quando
da conclusão da obra do terceiro bloco, o número de adolescentes que receberá apoio será ampliado, e existe, mesmo, uma
previsão que gira em torno de 200 (duzentos). Todas as crianças possuem famílias que também são favorecidas com o apoio
recebido, o que nos leva a projetar tais benefícios para um
número muito grande de pessoas. As reuniões envolvendo os
pais ou responsáveis pelos adolescentes consolidam o trabalho de orientação e encaminhamento das crianças para um futuro mais promissor. Mas há, também, um trabalho destinado
diretamente às famílias carentes, chamado dispensário. Elas
são auxiliadas com remédios, alimentos e acompanhamento de
promoção humana (reflexões, palestras e visitas residenciais).
Todo esse trabalho não seria realizado sem as parcerias e os
voluntários. Quatro são os parceiros considerados indispensáveis: Congregação Passionista, Famílias, Prefeitura Municipal e Comunidade. É na comunidade onde se vão buscar os
voluntários. Exemplo marcante é a participação de Engenheiros
que colaboraram para a execução das muitas obras já implantadas na área do Projeto. Pais de crianças atendidas, Educadores,
Assistentes Sociais e outras pessoas de boa vontade emprestam grande parte de seu tempo e de suas habilidades ao Projeto DEVIDA. Por essas realizações e por muitas outras englobadas no Programa Passionista de Ação Social Integrada –
PROPASI – a Congregação foi considerada de utilidade pública nos âmbitos federal, estadual e municipal. E nós, da Turma
Agradecemos aos Padres Paulo Viola, José Ricardo, Fernando
Vitale e ao nosso muito querido Padre Viçoso, que despertounos o interesse por conhecer essa magnífica obra assistencial,
pela gentileza do convite para visitarmos o Projeto DEVIDA e
Brincadeiras no “playground”
Reforço na sala de aula
O Clarindo não resistiu a tamanho encantamento.
57-BQ / Aspirantes 62, sentimo-nos muito honrados com o convite para conhecer esse magnífico emprendimento comunitário
que nos formulou o Padre Viçoso.
Visitaram o Projeto DEVIDA o Brigadeiro-Intendente João Carlos
Fernandes Cardoso, o Coronel-Aviador Luís Mauro Ferreira
Gomes, o Escritor Clarindo dos Santos, o Engenheiro Antônio
Carlos de Assis Brasil e o Vereador Odair José Ferreira, amigo da
Turma, em Barbacena, que se incorporou à comitiva.
Agradecimentos
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A entrada do Bosque
A trilha
A gruta
pela carinhosa acolhida que nos proporcionaram, durante todo
o tempo em que lá estivemos. Somos gratos aos companheiros de Turma que, voluntariamente, patrocinaram esta reportagem e aproveitamos a oportunidade para destacar a participação Sargento Kalil Tomaz, fotógrafo da EPCAR que, abrindo mão de suas horas de folga, acompanhou-nos na visita e
realizou a excelente cobertura fotográfica que ilustra a matéria. Além de bom profissional é bom cidadão. Quando indagado sobre sua origem, declarou: Eu nasci e sempre vivi em
Barbacena. Isso aqui é bom demais!!! A Turma 57-BQ /
Aspirantes 62 cumprimenta-o por seu exemplo de amor à Terra Natal, a que também amamos, e agradece-lhe a colaboração, sem a qual este trabalho não se teria tornado possível.
Uma cruz marca o local de cada Estação.
A Capela no Bosque
No interior da capela, o túmulo do Padre Edmundo...
...e este belíssimo altar
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A Comitiva da Turma, com os Padres, as Professoras e as Crianças do Projeto
Crianças em ciranda - O futuro do Brasil girando diante de nós
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REFLEXÕES
Sara Maria Binatti dos Anjos
S
ou uma pessoa comum. Fui criada com princípios morais comuns. Quando criança, ladrões
tinham a aparência de ladrões, e nossa
única preocupação em relação à segurança era a de que os “lanterninhas”
dos cinemas nos expulsassem devido
às batidas com os pés no chão quando
uma determinada música era tocada no
início dos filmes, nas matinês de domingo. Mães, pais, professores, avós, tios,
vizinhos eram autoridades presumidas,
dignas de respeito e consideração.
Quanto mais próximos, e/ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder deseducadamente a policiais, mestres, idosos, autoridades. Confiávamos
nos adultos, porque todos eram pais/
mães de todas as crianças da rua, do
bairro, da cidade. Tínhamos medo apenas do escuro, de sapos, de filmes de
terror. Ouvindo hoje o jornal da noite,
deu-me uma tristeza infinita por tudo
Rua de Recreios, Vila Curuçá - 1963
que perdemos. Por tudo o que meu filho precisa temer. Pelo medo no olhar
de crianças, jovens, velhos e adultos.
Matar os pais, os avós, violentar crianças, seqüestrar jovens, roubar, enganar,
passar a perna, tudo virou banalidades
de notícias policiais, esquecidas após o
primeiro intervalo comercial. Agentes
de trânsito multando infratores são exploradores, funcionários de indústrias de
Rua Jaceguai, Bela Vista - 1957
multas. Policiais em blitz são abuso de
autoridade. Regalias em presídios são
matéria votada em reuniões. Direitos
humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não
levar vantagem é ser otário. Pagar dívidas em dia é bancar o bobo, anistia
para os caloteiros de plantão. Ladrões
de terno e gravata, assassinos com cara
de anjo, pedófilos de cabelos brancos.
O que aconteceu conosco? Professores surrados em salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas portas e janelas. Crianças morrendo de fome, gente com fome
de morte. Que valores são esses? Carros que valem mais que abraço, filhos
querendo-os como brindes por passar
de ano. Celulares nas mochilas dos que
recém largaram as fraldas. TV, DVD,
telefone, video game, o que vai querer
em troca desse amasso, meu filho?
Mais vale um Armani do que um diploma. Mais vale um telão do que um papo.
Mais vale um baseado do que um sorvete. Mais valem dois vinténs do que
um gosto. Que lares são esses? Bom
dia, boa noite, até mais. Jovens ausentes, pais ausentes, droga presente e o
presente, uma droga. O que é aquilo?
Uma árvore, uma galinha, uma estrela.
Quando foi que tudo sumiu ou virou ridículo? Quando foi que senti amor pela
última vez? Quando foi que esqueci o
nome do meu vizinho? Quando foi que
olhei nos olhos de quem me pede roupa, comida, calçado sem sentir medo?
Quando foi que fechei a janela do meu
carro? Quando foi que me fechei?
Quero de volta a minha dignidade, a
minha paz e o lugar onde o bem e o mal
são contrários, onde o mocinho luta com
o bandido, e o único medo é de quem
infringe, de quem rouba e mata. Quero
de volta a lei e a ordem. Quero liberdade com segurança. Quero tirar as grades da minha janela para tocar as flores. Quero sentar na calçada, e minha porta aberta nas noites de verão.
Quero a honestidade como motivo de
orgulho. Quero a retidão de caráter, a
cara limpa e o olho no olho. Quero a
vergonha, a solidariedade e a certeza
do futuro. Quero a esperança, a alegria. Eu quero ser gente e não peça de
um jogo manipulado por TV a cabo. Eu
quero a notícia boa, a descoberta da
vacina, a plantação do arroz. Eu quero
ver os colonos na terra, as crianças no
colégio, os jovens divertindo-se, os velhinhos contando histórias. Eu quero um
emprego decente, um salário condizente, uma oportunidade a mais. Uma casa
para todos, comida na mesa, saúde a
mil. Quero livros e cachorros e sapatos
e água limpa. Não quero listas de animais em extinção. Não quero clone de
gente, quero cópia das letras de música. Eu quero voltar a ser feliz! Quero
dizer basta a esta inversão de valores e
ideais. Quero mandar calar a boca quem
diz “a nível de”, “neste país”, “enquanto pessoa”, “eles tem que”, “é preciso
que”. Quero xingar quem joga lixo na
rua, quem fura a fila, quem rouba um
lápis, quem ultrapassa a faixa, quem não
usa cinto, quem não paga a conta, quem
não dignifica meu voto. Quero rir de
Rua Santo Antônio, Centro - 1956
Mai-Jun/2003
quem acha que precisa de silicone,
lipoaspiração, implante, dieta, cirurgia
plástica, conta no banco, carro importado, laptop, bolsa XYZ, calça ZYX
para se sentir “inserido no contexto” ou
ser “normal”. Abaixo a ditadura do “tem
que”, as receitas de bolo para viver melhor, as técnicas para pensar, falar, sentir! Abaixo o especialista, o sabe-tudo
rodeado de microfones e câmeras!
Abaixo o “ter”, viva o “ser”! E viva o
retorno da verdadeira vida, simples como
uma gota de chuva, limpa como um céu
de abril, leve como a brisa da manhã!
E definitivamente comum, como eu.
Ruas de São Paulo
Q
Página 13
.
Essas irretocáveis palavras são de Sara
Maria Binatti dos Anjos, uma brilhante
escritora gaúcha que mora em Porto Alegre e, assim, se define:
“Sou formada em Administração de empresas, sou Analista de Sistemas por
profissão e escrevo por vocação, desde
criança. Sou adepta dos valores antigos, como palavra de honra, honestidade, integridade, caráter, tudo o que herdei do meu pai e com o que agora presenteio meu filho (sim, considero estes valores um verdadeiro presente!).
Continuo cheia de expectativas pela
vida e, neste ano, resolvi investir na carreira de escritora, de tanto meus amigos insistirem, e estou participando de
vários concursos literários”.
Agradecemos a gentil autorização da autora para divulgarmos, no nosso Boletim,
esse texto primoroso que tem tudo a ver
com o nosso modo de pensar e sentir.
Desejamos muito sucesso à talentosa escritora, antevendo-lhe um futuro glorioso como Escritora, mercê da aptidão natural para a escrita que transparece em
todas as suas composições literárias.
Benditos os seus amigos, cuja sábia insistência nos garantiu este e permitirá
muitos outros momentos de puro deleite
que somente a boa leitura pode propiciar.
A REDAÇÂO
Photographias é um projeto especial de pesquisa para resgatar imagens históricas da cidade de São Paulo. As fotos
selecionadas fazem parte do acervo do Banco de Dados, centro de documentação jornalística da Folha de S.Paulo.
No projeto são destacadas as ruas do centro de São Paulo e dos principais bairros da cidade.
(http://www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/saopaulo_home.htm)
ETIQUETA NOS CORREIOS
uem freqüenta a Internet sabe
que, nela, há, muitas particularidades que seriam inaceitáveis em outros ambientes. Esforçando-me para ser o mais tolerante possível, faço abstração dos textos que
me escrevem aqueles que se esmeram por transgredir o maior número
de regras gramaticais possível, no
menor número de palavras escritas.
Perdôo, também, aqueles que poluem
seus escritos com excesso de pontos
de interrogação, ou de exclamação,
ou subestimam a percepção de seus
leitores ao se socorrerem de intermináveis “emoticons”, ou “hehehehês”,
ou “rarrarrarrás”. Além disso, é evidente, não dou nenhuma importância
a bobagens como a que pretende
transformar, em grosseria, textos escritos em maiúsculas, nas mensagens
de correio eletrônico, sobretudo, no
campo do Assunto. Sei, perfeitamente, também, que se não deve responder à enxurrada de mensagens e encaminhamentos que nos mandam para
mero conhecimento. Mas há regras
mínimas de etiqueta que devem ser
mantidas, mesmo, nos relacionamentos em um universo, no qual muitos
procuram exagerar a informalidade.
Uma dessas regras mínimas é respon-
der a quem nos envia alguma correspondência fora do comum ou nos faz
qualquer pergunta específica. E, se,
por acaso, alguém pede, por correio
eletrônico, um favor e é prontamente
atendido, mas se olvida de transmitir,
seja por que via for, um simples muito obrigado a quem lhe demonstrou
consideração, isso é muito mais grave, e eu vejo, ai, um desajuste emocional demasiadamente sério. Para
aqueles que assim procedem, suponho, as coisas diminutas que julgam
ter aprendido de seus mestres ou da
observação de suas pobres consciências parecem torná-los auto-suficientes e lhes dar uma personalidade soberba que transforma todas as outras
pessoas em meras insignificâncias.
Que tristeza! As suas mentes míopes
não percebem que, ao negarem relevância a seus pares, subtraem, de si,
qualquer valor que, porventura, pudessem ter, escolhendo o inexorável caminho da solidão, da infelicidade e do
fracasso. Se você, meu amigo, se
sentiu enquadrado em todas essas
condições, foi, justamente, para você
que escrevi este texto. Se assim não
tiver sido, peço que veja, nas minhas
palavras, simplesmente, uma pequena fábula escrita para aqueles que já
tenham feito ou venham a fazer, algum dia, qualquer coisa semelhante.
Al. 57-04, Luís Mauro
[email protected]
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O C On*DOr n o. 3
Mai-Jun/2003
SONHAR É VIVER
Porque Eu Sou um Aspirante!
T
odos vocês sabem que nós,
que estudamos em BQ ou nos
Afonsos, mesmo que sejamos
“paisanos”, temos uma fagulha do
“espírito militarista” dentro de nós, lá
no âmago de nossas almas! Eu não
sou diferente! Pareço um “cara” rebelde, esculhambado, avacalhado, folgado etc., etc., mas, no fundo, lá no
fundo, não sou nada disso!!! O que
eu sou mesmo é original. Nunca, jamais, em tempo algum, alguém pode
me chamar de “macaco de imitação”!
Como os militares, em geral, são muito
quadrados, digo, enquadrados, é normal que vocês estranhem o meu
“modo de ser”!!! Assim, o “Comandante-em-Chefe das Forças Desarmadas da Turma Mais Que Perfeita, digo, Quase Perfeita”, há quase
um ano, me deu uma “Ordem de Missão”: “Escreva um artigo com o título: Porque Eu Sou um Aspirante!”.
Eu, o “Aluno 57-42, Padrão, da Terceira Esquadrilha”, que, além de original, sou um tanto quanto rebelde e
gozador, como já vimos, resolvi dar
uma sacaneada no nosso querido e
amado Chefinho (ou seria no poderoso Chefão?!). Cheguei a escrever
o artigo, mas decidi não enviá-lo à Redação de O Con*dor! Como castigo, suponho eu, ele já me censurou
“in totum”, pois uns dois, ou três,
ou mais artigos meus que enviei a
O Con*dor, até hoje, não foram publicados! Mas eu sei que o “Chefinho”
me ama!! (como amigo, é claro! - esta
observação é importante, senão o
Seixas diria: “ou eu, ou ele”! - se restar, alguma dubiedade de sentido neste
parágrafo eu estarei pronto a esclarecer “a poster iure”!). Mas, finalmente, como “Ordem de Missão” é “Ordem de Missão”, eu acabei escrevendo, mesmo, o tal artigo, ainda que com
um pequeno (pequeno?) atraso de
somente uns oito meses (é mole?)!!!
Sonhar é viver! Agora estou falando
sério, muito sério, mesmo! Quando eu
digo “sonhar”, é no sentido figurado
da palavra, sonhar acordado, desejar,
ansiar, ASPIRAR! O homem que não
aspira mais nada em sua vida, que não
sonha, não espera, não deseja, que
apenas espera a morte, que se julga
“realizado”, este não vive, vegeta!
Não é nem mesmo um homem, é
um velho, não caminha, se arrasta,
nem mesmo vive verdadeiramente.
Porque é um “morto-vivo”, estando
vivo, já morreu. (Ou então ficou
borocoxô, como diria a minha avó).
Ilusões de Vida
Francisco Otaviano
Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem - não foi homem,
Só passou pela vida - não viveu.
Nunca diga assim: Ah! Eu já sou um
Coronel (ou um brigadeiro), não preciso de mais nada, já estou “realizado”! (que palavra horrível esta, “realizado”! Nesse sentido é claro! Quando nós éramos jovens e estávamos
em BQ, todas as coisas eram interrogações: Será que eu chego a oficial?
Será que eu serei piloto? Ou intendente? Será que eu vou servir no Rio?
Ou será em outro lugar do Brasil?
Serei desligado? Será que eu vou ficar “repe”? Será que eu vou voltar a
ser “paisano”? Ou, ainda, será que eu
vou voar? Hoje, já temos todas estas
respostas! Mas, agora, eu pergunto:
“Será que não há mais nada a desejar, a ansiar, a esperar, a sonhar, a
ASPIRAR? É por isso que EU SOU
UM ASPIRANTE! (e tenho certeza
absoluta disso!) Mas não sou o único
Aspirante da Turma Quase Perfeita!
O “major”, digo o maior exemplo disso é o José Nelson. Ele está sempre
desejando alguma coisa: fazer um
“CD”, compor uma música, tornarse um compositor reconhecido, um
cantor de sucesso, sei lá!! O Cardoso lhe segue as pegadas! O “quarentinha”, digo, o quarenta é um sujeito
dinâmico! Parar é uma palavra triste,
mortal, para ele! Está sempre desejando “fazer” alguma coisa, criar,
gerar! Eu também não sou diferente! Enfim, somos todos “Aspirantes”!
Se você, que me lê, neste momento,
não é assim, só me resta ter pena de
você! Se você não sonha, se você
não deseja, se você não ama, se você
não anseia (por alguma coisa que
ainda não tenha alcançado), se você
não procura por algo, se você não
luta para conseguir alguma coisa que
não tenha realizado, eu tenho pena,
dó, compaixão, eu tenho muita, muita,
muuiiiita pena de você, meeessmo!!!
Porque triste não é ser pobre, ou fraco, ou sofrido, magoado pelo mundo
etc., etc., etc., ou mesmo fracassado, nada disto é triste: triste é não
ter ideal! Eu li, em minha vida, muitos livros! Muito deles, os chamados
de “auto-ajuda”! Mas em nenhum
livro que eu tenha lido, havia escrita
uma lição maior do que esta: Sonhar
é viver! É Preciso sonhar, desejar,
ansiar, esperar, amar, ASPIRAR!
Quem não aspira, não respira, e
quem não respira não vive, já está
morto! Disse Jesus Cristo: deixai aos
mortos, que enterrem os seus mortos (leiam Mateus, capítulo 8,
versículos 18 a 22). Quem não sabe
viver, parece vivo, mas já morreu!
Por isso, em verdade eu vos digo: o
Guedes está vivo, o Amado está vivo
e o Bené está vivo! Vivos estão muitos dos que já morreram, e muitos
dos que parecem vivos, estes sim
estão mortos! (É mole?) É por isso
que eu sou um Aspirante! É por isso
que o José Nelson, o João, o Cubas, o
57-04, o Cardoso, o 57-XXX (não há
espaço, em O Con*dor, para citar
todos integrantes da Turma Quase
Perfeita, que são Aspirantes também!). É preciso saber viver
(Roberto Carlos) e, sobretudo, é preciso saber sonhar, também!!
Sonhar é viver!
Assinado:
Aspirante, digo, Aluno 57-42, Padrão,
da Terceira Esquadrilha!!!
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Página 15
.
AUTORIDADES I
Doutor Wandimyr Fajardo Gasparrello
nosso companheiro Gasparello (Al. 57-138) acaba de receber o título de
Doutor em Ciências Empresariais,
pela Universidade Federal Fluminense, coroando, assim, uma carreira de invulgar dedicação ao magistério. Nos três anos do curso, não se
afastou de suas funções naquela Universidade, como Professor e titular da
Superintendência Acadêmica no In-
se Oficial de Máquinas. Nos dez anos
que passou no mar, aprofundou suas
reflexões, registrando tudo em seu diário de bordo particular. Naquele tempo, já resumia sua filosofia de vida
nesta sentença: “É enfrentando a realidade dos maus momentos que tornamos nossas vidas mais cheias de
amor, pois a vida é um contínuo acontecer e procurar”. Basta saber enxergar”. (Ver O Con*dor Jan-Fev / 2000).
O Gasparello recebe o Título de Cidadão Miracemense.
terior do Estado (Municípios de
Miracema, Itaperuna e Macaé).
No almoço de confraternização pelos 46 anos de nossa Turma, o professor Fajardo (como é conhecido
nos meios acadêmicos) confessou-se
plenamente realizado como educador,
atribuindo esse estado de espírito aos
ensinamentos adquiridos na EPCAr.
Dedicou, ainda, especialmente, a trajetória de sucesso a seu pai, Joacyr
José Gasparrello, um homem simples
e durão, que ingressou na Marinha,
como Aprendiz de Marinheiro e chegou a Capitão. O, então, Sargento
Gasparello, para bem encaminhar, na
vida, o irrequieto menino, matriculouo, aos 13 anos, na Escola Técnica Almirante Ferraz. Daí em diante, o jovem Wandimyr passou a tomar suas
próprias decisões, a começar pelo concurso para a Escola Preparatória de
Cadetes do Ar, em Barbacena. Quando se afastou da Aeronáutica (que,
até hoje, guarda no coração), voltou
para a Marinha Mercante, formando-
Discursando - Mais uma vez Paraninfo
Gasparello procurou e encontrou novos caminhos e fez acontecer uma
bela e nobre carreia, a de professor.
Tendo-se formado em Ciências
Contábeis, Ciências Econômicas e
Administração de Empresas, resolveu
obter o título de Licenciatura Plena,
vindo a prestar concurso para a UFF,
onde, em pouco tempo, realizou o curso de Mestre em Ciências Contábeis.
Nessa renomada Instituição, vem
exercendo, também, cargos administrativos relevantes. Mas, como preparação para as atividades da Universidade Federal, especializou-se, por
meio de cursos de pós-graduação,
nas áreas de Contabilidade e Auditoria, Controladoria e Finanças, Conta-
O almoço com a Turma
bilidade de Custos, Administração Escolar e Didática de Ensino Superior.
Por sua larga experiência em ensino,
é muito requisitado para fazer palestras e participar de congressos promovidos por entidades públicas e privadas. Por seu carisma, recebeu a homenagem de vinte turmas de universitários que o convidaram para ser
Paraninfo nas formaturas. No início
deste ano, recebeu, do povo de
Miracema, o título de “Cidadão
Miracemense”, em reconhecimento
ao notável trabalho em prol do Município. Nós, da Turma 57-BQ / Aspirantes 62, regozijamo-nos com o sucesso do companheiro amigo, cuja
modéstia esconde sua fortaleza interior. Parabéns, Dr. Gasparello! Temos
a convicção de que seu pai, de saudosa memória, sempre esteve a
protegê-lo em suas lutas cotidianas,
com o amor que talvez não soubesse
plenamente expressar. Muito justo,
estimado Wandimyr, o seu orgulho
pela estirpe que Deus lhe concedeu.
Página 16
L
O C On*DOr n o. 3
Mai-Jun/2003
O COMPANHEIRO INESQUECÍVEL
uiz Bernardini, Aluno 57-159, o nosso queridíssimo colega Bené, de saudosa memória, foi objeto de especial
homenagem de seus companheiros de Força Aérea, no
Departamento de Controle do Espaço Aéreo. No dia 26 de
junho, deu-se a inauguração de um aconchegante local de
reuniões de confraternização que recebeu a denominação de
“Cantinho do Bené”. A cerimônia foi presidida pelo DiretorGeral do DECEA, o nosso companheiro Tenente-Brigadeiro
Flávio de Oliveira Lencastre, Cadete 60-121, que se expressou
com lindas, sentidas e emocionantes palavras dirigidas ao
homenageado, como se presente estivesse. Visivelmente comovido, falou dos momentos que juntos compartilharam e disse
lamentar que as responsabilidades inerentes aos cargos exercidos tivessem impedido que tais oportunidades fossem mais freqüentes. Aproveitando a ocasião, o Brigadeiro João Carlos, Aluno 57-40, pediu ao Coronel Cardoso, Aluno 57-136, grande amigo do Bené, que entregasse à viúva Ana Lúcia, assinada pelos
integrantes da Turma, a camisa usada no churrasco das comemorações de Fim de Ano da Turma 57-BQ / Aspirantes 62, às
quais já não havia podido comparecer. Bernardini, “com o seu
eterno bom humor e um formidável sentimento de solidariedade” deixou muitos amigos por este Brasil afora, como atesta
esse ato de gentilíssima reverência, surgido e executado fora
Ana Lúcia descerra a placa inaugural.
dos limites de ação de seus colegas de Turma. O nosso Luigi
foi e sempre será aquele companheiro inesquecível. O texto
abaixo foi apresentado aos presentes, na voz do autor, o Coronel-Aviador Paulo Sérgio Barbosa Esteves (Turma 64-BQ).
Essa obra prima, que o Coronel Esteves teve a gentileza de
oferecer, em CD, ao acervo da Turma, diz muito mais sobre o
Bené do que qualquer um de nós pudesse fazer.
Homenagem ao Coronel Luiz Bernardini
Coronel-Aviador Paulo Sérgio Barbosa Esteves
Esta é uma homenagem ao Coronel da Aeronáutica LUIZ
BERNARDINI, que, mesmo não estando mais entre nós, estará
presente neste local que levará, a partir de hoje, seu nome,
expressado carinhosamente como o “Cantinho do Bené”. Luiz
Bernardini, nosso querido e saudoso Bené, foi uma figura das
mais marcantes na Força Aérea, no quadro de Intendência da
Aeronáutica, e nos últimos cinco anos, aqui, conosco, no DECEA/
CISCEA, sua última missão. Inteligente, perspicaz, atencioso e
terrivelmente exigente consigo mesmo, cumpriu uma carreira
de mais de trinta anos na Força Aérea, de maneira brilhante, e
sendo sinônimo de eficiência e eficácia, aliadas a outras
virtudes ímpares que portava com imensa desenvoltura, entre
elas, a destacar seu eterno bom humor e um formidável sentimento
de solidariedade. Do militar, do soldado, do profissional, muito
teríamos que falar, mas sua carreira, impecável, fala por si mesma.
Nesta ocasião e em função dela, queremos destacar a figura
Emocionadas e emocionantes palavras do Ten.-Brig. Lencastre
A Placa que identifica o Cantinho do Bené.
humana de Luiz Bernardini, nosso querido companheiro,
colega de trabalho e o amigo irrepreensível que aprendemos
a respeitar e admirar ao longo da convivência, fosse essa
convivência de apenas alguns dias, fosse de muitos anos.
A todos Bernardini, o Bené, encantava com sua maneira singular
de compartilhar a existência. Bené era um romântico e um
coração de manteiga, generoso e gentil, capaz de largos gestos
de carinho e companheirismo, muito próprios de alguém que
aprendeu o sentido exato da palavra Amor. Para ele, segundo
suas atitudes no cotidiano, o amor pelo semelhante vinha em
primeiro lugar. Mesmo diante da perspectiva de, eventualmente,
ter que atuar como disciplinador, após vociferar seu desagrado e
tratar de ser enfático na sua zanga, abrandava o tom e acabava
sendo condescendente e compreensivo – e, invariavelmente,
usava a expressão: ninguém é perfeito! Com a mesma velocidade
com que se aborrecia, apressava-se em perdoar e compreender.
Mai-Jun/2003
Um ser humano da melhor qualidade, afinal, os homens são mais
facilmente reconhecidos pelos seus erros do que pelos seus
acertos, e isso Bené parecia entender perfeitamente e navegava
na vida com este espírito de comiseração, tão raro quanto singular.
Não há quem se refira a ele que não porte, no rosto, um sorriso.
Aliás, o bom humor era sua marca mais registrada. De sorriso
franco e risada estridente, a todos alegrava com seu afiado
anedotário e seu espírito gozador, bem à feição do carioca da Zona
Norte do Rio de Janeiro, a Cidade das suas paixões. E por falar em
paixão, a maior e mais evidente de todas elas, a paixão eterna
pelo FLUMINENSE FUTEBOL CLUBE, seu clube da alma e do
coração. Bené bem encarnava o espírito Tricolor - aquela coisa
algo tímida para torcer, discreta até, como cabe a quem ama
uma agremiação marcadamente refinada e de bons modos mas...
mas... um ardoroso e terrível gozador de seus adversários, os
.
Página 17
Todos ouvem com atencão o CD gravado pelo Cel. Esteves.
O Cel. Cardoso entrega a Ana Lúcia a camisa assinada pela Turma.
A Turma em peso prestigiou o Bené.
recordam de como, ardentemente, propugnava, junto a nossos
chefes, pela necessidade de termos um local onde pudéssemos
confraternizar e contornar a geografia infra-estrutural perversa
que nos privava de espaços para esse fim. Acompanhou, passo a
passo, cada momento da obra de transformacão, atento a todos os
detalhes. Ao final, sentiu-se gratificado, e nós, hoje, desfrutamos
deste local, graças à sua determinação e, principalmente, seu carinho
por todos nós. Por tudo isto, esta homenagem. Reunidos, aqui,
estão sua família, seus amigos mais próximos, colegas de Turma,
companheiros de antigas e recentes jornadas, todos com o mesmo
sentimento de saudade e gratidão. A partir de hoje, este local é o
“Cantinho do Bené”, uma justa homenagem. Obrigado, Luiz
Bernardini, obrigado Bené, por você ter caminhado por aqui, entre
nós, e nos ter emprestado as pérolas do seu espírito, e nos ter brindado
com as emanações sensíveis do seu coração tricolor.
flamenguistas, os botafoguenses, os vascaínos, os que fossem.
A cada vitoria do tricolor, era fatal: lá estava ele às sete e quinze
da manhã na portaria, envergando a camisa do Fluminense, à
espera das eventuais vítimas. Não fazia grandes gestos, não
gritava palavras de ordem, não achincalhava os outros, apenas
sorria e se exibia com a camisa explicitamente exposta, com um
infalível ar de deboche no rosto. Para ele, isto era suficiente, e
esses momentos tinham um sabor especial, que eram acompanhados
pela sua risada estridente, toda alegria. E ... é esse ser humano tão
simples na gestualística mundana e, ao mesmo tempo, tão complexo
nos matizes de sua espiritualidade, que estamos homenageando.
Quando partiu, assim, sem mais nem menos, vertemos por ele nossas
mais sentidas lágrimas, e sua falta foi, e ainda é, sentida nestas
paragens. Mas, hoje, nosso rito é de alegria. Este local foi
idealizado por ele, e diria mais: foi conquistado por ele. Todos se
É assim, Bené, que sempre nos lembraremos de você.
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CARTA DE UM MILITAR PARA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Sou um Soldado: Cumpro Ordens!
S
ou um soltado, cumpro ordens!
Mas, às vezes, é doloroso, como
já dizia Alfred de Vigny, capitão
francês ao tempo de Napoleão, em seu
livro – Servidão e Grandeza Militar. Minha modesta história se parece, certamente, com a de muitos outros militares.
Num belo dia, vi no jornal a foto de um
avião militar encimando o anúncio de
concurso de admissão para a Escola de
Aeronáutica, no Rio de Janeiro. Pelo
edital, poderia candidatar-se qualquer
brasileiro nato, negro ou branco, rico ou
pobre, e, para os aprovados, seriam fornecidos, gratuitamente, alojamentos, livros e uniformes, além de uma pequena
remuneração mensal. De imediato, imaginei que, se eu passasse, minha mãe não
teria mais de sacrificar seu minguado salário com minhas despesas. Inscrevi-me
e, pela primeira vez, viajei para o Rio de
Janeiro. Dos candidatos de todo o Brasil para o Curso de Formação de Oficiais
Aviadores que se iniciaria em 1951, apenas dois conseguiram aprovação: eu, de
Minas, e outro, do Paraná, radicado no
Rio. Durante o curso de três anos, realizado no Campo dos Afonsos, cresceu
muito meu sentimento de amor pelo Brasil, e desenvolveu-se um outro: o de zelar por sua segurança. Na formatura, o
recebimento das espadas e o juramento
à bandeira, cujas palavras finais ainda
me fazem tremer... “...e dedicar-me, inteiramente, ao serviço da Pátria, cuja Honra, Integridade e Instituições, defenderei com o sacrifício da própria vida...”
HOJE, ESSE JURAMENTO, INTEIRAMENTE DESFIGURADO, NÃO
CAUSA MAIS A MENOR EMOÇÃO.
Tão logo o regulamento me permitiu, no
posto de 2º-Tenente, casei-me com uma
jovem que acabara de completar 18 anos
e o curso ginasial, correspondente, hoje
à metade do 1º Grau. O casamento, a primeira filha e as constantes transferências impediram, certamente, que minha jovem esposa avançasse em sua carreira
acadêmica e obtivesse diploma de curso superior. Nossa casa em Belém, na
Base Aérea de Val de Cans, para onde
havia sido transferido logo após o casamento, parecia um galinheiro. Além
dos modestos, mas suficientes móveis
já existentes na casa, meu único bem era
uma geladeira Cônsul – a mais barata –
que fui obrigado a comprar, devido ao
clima da região, sempre muito quente e
úmido. Dez meses depois do casamento, a primeira filha, no Hospital da Aeronáutica, de Belém. Muita alegria e muita
tristeza. A criança nascera com espinha
bífida e, em Belém, não havia recursos
como tratá-la. Nove dias depois, COM
RECURSOS PRÓPRIOS, comprei passagens aéreas pela Cruzeiro do Sul, inclusive para a recém-nascida, e fomos para
Belo Horizonte, em busca de tratamento. Mas não havia cura, minha primeira
filha, até hoje, aos quarenta e sete anos,
é saudável, é inteligente, é bonita, mas
foi condenada, para sempre, a usar cadeira de rodas. Ao todo, passei por quinze transferências, inclusive para os Estados Unidos. Vi-me obrigado a pagar a
uma empresa transportadora do Rio,
por mais de um ano, pelo depósito de
todos os meus móveis e pertences de
estimação que não puderam ser levados.
De todas as Unidades Aéreas pelas
quais passei, sempre acompanhado por
minha primeira e única esposa e por minhas duas filhas, foi na Base Aérea do
Galeão e no Correio Aéreo Nacional onde
me senti mais útil. Nunca tínhamos hora
para sair de casa nem para voltar, de
modo que era comum passarmos dias
especiais como Natal, Passagem de Ano,
aniversários de esposa ou de filhos,
voando. Em um certo 23 de dezembro,
por exemplo, já anoitecendo, planejava
passar o dia seguinte, véspera de Natal, com a esposa e as filhas, quando
fui chamado, em casa, para transportar
Comandantes da Marinha, do Rio de Janeiro, para Manaus e Belém, por ordem
do Presidente Jânio Quadros, por causa
de uma greve. Decolei naquela noite, do
Rio, para Manaus, direto, mais ou menos dez horas de vôo, sem nenhum auxílio de rádio na rota, e, ainda, dando
instrução para um Oficial que fazia o
curso de piloto naquele avião, um
quadrimotor C-54. Quando passei por
Belém, já retornando de Manaus, era
noite de Natal, e o pessoal da Base Aérea estava assistindo à missa. Mesmo
cansado, tinha ordens de prosseguir
para o Rio. De minha turma formada em
1953, de 37 oficiais, 8 morreram em desastres de aviação. Realizei todos os
cursos regulares da FAB, recebi as principais condecorações da Marinha, do
Exército, da Aeronáutica e do Governo
de Minas. Como Coronel-Aviador, promovido por merecimento, pedi passagem
imediata para a Reserva, quando fui informado, por meu superior, que não tinha mérito suficiente para atingir o
generalato. Havia completado mais de
trinta anos de serviço, sem computar
três períodos de licença-prêmio, que jamais pensei em gozar, por considerar
minha presença necessária nos cargos
que desempenhava. Agora, como Coronel-Aviador Reformado, prestes a completar 74 anos, ao lado da minha única
esposa de 66 anos, com quem estou casado há 49 anos e de minha filha solteira
de 47 anos, deficiente física desde o
nascimento, minhas dependentes e minhas beneficiárias, para as quais contribuí para a pensão de um posto acima, de
acordo com a legislação, então, vigente, tendo votado no Presidente Lula, por
não aceitar o candidato de seu antecessor, devido a seu radical revanchismo contra as Forças Armadas e os
militares, agora, assisto ao Presidente
Lula enviar, para o congresso, um Projeto de Emenda que altera a Constituição Federal e corta a futura pensão de
minha esposa ou de minha filha deficiente física em trinta por cento, quase
na hora de minha morte, depois de eu
ter contribuído para a pensão militar,
por quase cinqüenta anos, e, ainda, ameaça reduzir meus atuais proventos,
conquistados com total dignidade, para
R$ 2.400,00, e taxar-me em mais onze
por cento, que se somarão aos descontos para pensão, para assistência médica-hospitalar e social e para o imposto
de renda! Sou um soltado, cumpro ordens! Mas, às vezes, é doloroso!
Respeitosamente,
OLAVO NOGUEIRA DELL’ISOLA
Coronel-Aviador Reformado
Nota da Redação:
Transcrito da edição de junho do Jornal
Cidade da Barra.
Mai-Jun/2003
Página 19
.
CONCURSO DE O Con*dor
C
Solução do Concurso Mar-Abr/2003
om a ajuda de companheiros de grande saber lingüístico, foi possível levantar os termos e gírias mais usados
em nosso tempo de Escola. O Thedim (Al.
58-279) confirmou sua fama de menino-prodígio ao contribuir com 77,77% das palavras,
conquistando o troféu “O Filólogo Bequeano
de Todos os Tempos”. E para provar que a
originalidade é a marca da Turma Quase Perfeita, o glossário foi organizado inobservandose, fielmente, a sistemática adotada por
renomados lexicógrafos (Caldas Aulete, Cândido Figueiredo, Aurélio Buarque e Antônio
Houaiss que nos perdoem). Nada de ordem
alfabética; nada de abreviaturas para classificar as palavras; nada de nada que se pareça
com um dicionário ou mesmo um glossário.
Comédia em dois atos
•
Bequeano (ator) – Aluno da EPCAR;
BQ (cenário) – Barbacena, por sua sigla telegráfica.
•
Safo (personagem) – Militar que resolve tudo rapidinho. Aluno que pouco estuda e
“safa” um 7,5 na prova de Geografia. Aluno
da 3ª Esquadrilha que, chamado a justificar
falta, pensa que vai convencer o Capitão Comandante de que é inocente.
•
Sífu (ação) – Forma popular de “se
fo...”, terceira pessoa do singular na conjugação de verbo reflexivo de largo emprego –
Dito do Aluno do Prof. Boratto que foi para
a prova de Física sem ter “enfiado a cara” nos
estudos; resultado: sífu. Dito do Aluno com
semblante triste, à saída do Gabinete do Comandante da 3ª Esquadrilha; resultado: sífu.
O verbo sífu é fortemente irregular, a começar pela terminação em “u” e apresenta uma
única forma para todos os tempos e modos,
como se segue: eu mífo, tu tífu, ele sífo, nós
núsfu, vós vúsfu, eles sífu.
Os tipos inesquecíveis
•
Bicho – Tratamento afetivo dado pelos
veteranos ao Aluno calouro. O coletivo é
“Bicharal” ou “Bicharada”.
•
Repe – (Lê-se répi) Aluno repetente, que
passa a integrar turma seguinte à sua de origem (Às vezes, dá muita sorte na mudança,
como a “Repelândia” de 1956).
•
Pára-quedista – Aluno que “cai de páraquedas” no 2º ou 3º ano da Escola, mediante
concurso (Não “rala”’ desde o início do curso).
•
Arataca – É o colega nordestino, muito
divertido, mas determinado. “O Arataca é antes de tudo em forte”. Grande companheiro.
•
Peixe – Militar protegido de um oficial
ou de um respeitável veterano. “Peixada” é uma
proteção condenável por quem não foi por ela
beneficiado. Do peixe, diz-se, por despeito, que
se lhe corta a cabeça e se lhe come o rabo.
•
Moita – É o Aluno que se mantém discreto no grupo. Ao final do ano letivo, somente os mais próximos o conhecem.
•
Folgado – É o “Bicho” descontraído,
que pode virar “Peixe” ou, então, “Sífu”.
•
Vibrador –Militar entusiasmado com a
carreira que abraçou.
•
Embromador – Militar que gasta energia tentando não realizar uma tarefa ou cumprir uma instrução.
•
Golpista – É o maior “Embromador” que
se pode imaginar. “Dá o golpe” em aulas, ordem
unida e educação física, acobertado por colegas,
para não levar falta.
•
KH-pau - Militar que faz tudo errado,
principalmente na instrução de ordem unida.
•
Batráquio – Tratamento afetivo dado,
por um certo instrutor de educação física, ao
Aluno que não consegue coordenar os movimentos.
•
Banqueiro – É o “Bicho” que “bota
banca” e se recusa a receber trote. Historicamente, sempre “Sifu”.
•
Gepesista – É o Cadete que gosta de
“dar GP” (golpe de publicidade), como aparecer na Praça Sans Peña, fardado, exibindo
seu espadim.
•
Misterioso – É o cara que “faz ou paga
mistério” sobre algo que ele quer ou sabe,
mas não pode revelar. O pior é quando baba
no seu ouvido.
•
Picão – É o Cadete forte e bonitão, muito assediado pelas garotas; ou o cara vaidoso
que assim se julga.
•
Camofeiro - É o Aluno que corre atrás
das moçoilas namoradeiras, carinhosamente
chamadas de “ Camofas”. O verbo
“Camofear” tem o significado de “tirar um
sarro”, ou, modernamente, “dar uns amassos”.
•
Manicaca – É o Aluno de vôo que acabou de solar, o terror dos controladores da
torre, que se vêem ameaçados por seus pousos
e decolagens.
•
Bracinho – É o Cadete-Aviador que se
julga um pilotaço, cujas manobras arriscadas
descreve para os calouros e as garotas, com
impressionantes coreografias.
•
Várzeo – É o Militar destituído de hábitos de higiene ou de bons modos e que se
veste muito mal. Quando exagera no estilo é
chamado de “Válzio”.
•
Naúseo – É um cara tão antipático que
nem precisa falar para demonstrar o quanto é
nauseabundo.
•
Gonô – É o veterano chatíssimo, que “pega
no pé” da “Bicharada”. Popular e universalmente, poderia ser chamado de “chato pra cara...mba”
(vale o que pensamos).
•
Lanceiro – É o militar que gosta de “dar
lance”, “dar platinada”, ou seja, invocar sua antiguidade para tentar impor-se. Também é chegado a dar lição de moral.
•
Boçal – Era o veterano que aplicava trote
violento nos calouros. “Boçalizar” era o verbo
que definia essa prática hendionda, felizmente
abolida há muito tempo.
•
Bizuzeiro – Era o calouro que, supostamente, denunciava a seus superiores o veterano que lhe tenha dado trote. Interessante
(ou nada interessante) é que esse “Bicho” era
taxado de “dedo-duro” e o “Boçal” passava a
ser vítima.
•
Escroto – Indivíduo mau-caráter, também
chamado, carinhosamente, de f.d.p.
•
Babaca – Palavra com várias acepções:
simplesmente “Babaca” – tolo, ingênuo;
“Babaquinha” – cara metido a engraçado, que
só consegue ser ouvido pela “Bicharada” em
posição de sentido; “Babaca!” – Presunçoso, “Lanceiro”; “Babaaaaca!!!” – Tudo acima junto, muitíssimo babaca.
Na sala de aula
•
Gabá – Gabarito com o resultado das
provas. Obtê-lo antes da prova é o sonho dos
alunos menos aplicados.
•
Bizu – (Vem de passado remoto, quando, supostamente, o teorema de Bezout cairia em uma prova de álgebra e o gabá teria
transpirado). Provável questão de prova, geralmente divulgada por estudante desconhecido, nas salas de aula. Por extensão, qualquer notícia tida como fato, ainda que desconhecida a fonte, macete, “caminho das pedras”.
•
Meter o gagá – Estudar muito; preparar-se bem para as provas.
•
Macete – Jeito simples de resolver as
coisa. “ Dar o macete” é o mesmo que “ensinar o pulo do gato”.
•
Acoxambrar – Não dar falta (o Chefe
de Turma) no colega que se ausenta da sala de
aula. O emprego é mais amplo, sendo usado
como relevar, acobertar, “quebrar o galho”.
•
Picas! – Expressão que designa
discordância com o resultado de algum problema, tal qual “não é nada disso”, ou “porra
nenhuma”, nada, ausência de alguma coisa.
No alojamento
•
Curriola - Corruptela de “Corriola”,
que é um grupo de Cadetes com afinidades,
louváveis ou condenáveis, dependendo se
seus integrantes são “da nossa” ou “de outra”. Exemplos: Curriola do Pôquer, Curriola
do Esporte, Curriola da Zona Sul, Curriola de
f.d.p.
• Abostar – Tirar uma soneca de trinta minutos após o almoço, devidamente
uniformizado (sem desfazer a cama),
aguardando o “toque de preparar” para
a instrução da tarde, ficar sem fazer nada.
Muito usado no particípio passado: “estava abostado”.
•
Dar um VI – Sair da Escola, à noite,
sem autorização, procurando uma rota às escuras (como “o buraco da onça”), fugir. VI é
abreviação de vôo por instrumentos.
•
LS – Licenciamento sustado, uma modalidade de punição para transgressões leves,
também chamado de “weekend” na Escola.
•
Freqüentar a 4ª parte – Dito dos Alunos cujo número e nome são publicados,
freqüentemente, no boletim diário, na 4ª Parte, que trata de Justiça e Disciplina, devidamente “enquadrados” no Regulamento Disciplinar da Aeronáutica - RDAER (resumidamente, punidos).
•
Piruar – O verbo “piruar” é variação de
“peruar” e significa o ato de alguém se
candidatar a possuir ou fruir de algo que brevemente estará disponível ou ser voluntário
para fazer alguma coisa interessante. Também se usa “Bota meu nome na rela de...”
com o significado de “Sou piru para...”.
•
Piru nas platinas – Corruptela de
“peru”. Brincadeira com um colega que acabara de cometer uma falta disciplinar grave e,
conseqüentemente, suas insígnias se poderiam tornar disponíveis, em caso de desligamento. Tornava-se de mau gosto, quando
dirigida a um Cadete mandado a Conselho de
Vôo (onde, geralmente, “sífu”).
Página 20
No refeitório
•
Primeiro piru na repe – Expressão que
pode ser traduzida para “quero ser o primeiro a me servir de bife, na reposição da bandeja”.
•
Rango – O almoço; o cardápio do dia;
refeição; comida.
•
Bife de capote – Bife à milanesa (geralmente, com macarrão).
•
Granadas – Almôndegas (geralmente,
com macarrão).
•
Boi ralado – Carne moída (geralmente,
com macarrão).
•
Rancho sexual – Tipos de lanche servidos às 21:30h (ceia): Brochante – chá mate,
quente ou frio; Sanduíche com doce de ki pãozinho doce com pessegada verde; Paquete de moça – refresco de groselha; Paquete
de velha – refresco de uva.
•
Dar o ki – Gostar muito de alguma coisa. Por extensão, desejar, intensamente, algo
muito bom. Exemplo: Eu “dou o ki” por
cocadinha. (Ele lá. Nós aqui preferimos pudim de leite).
•
Coquetel molotofe – Trote aplicado
pelos veteranos, que obrigavam a “Bicharada”
a misturar tudo no copo (arroz, feijão, batata,
leite, carne, doce) e, em seguida, a beber
tudinho. Depois, mandavam servir-se de café
com molho inglês, sem açúcar, como digestivo.
•
Salada verde – Como prato de entrada,
porções generosas de babosa eram servidas
aos calouros pelos veteranos. Já imaginaram?
No posto médico
•
Profil – Pomada profilática distribuída
aos interessados, juntamente com preservativos.
•
Disco voador – Cápsula chamada de “fórmula 1”, contendo substâncias farmacológicas
para tratamento de várias enfermidades. Pelo
seu tamanho, era difícil de engolir.
•
Fórmula 3 – Um xarope tão gostoso
que os Alunos faziam fila para tomá-lo, simulando tosse.
•
Refresco de framboesa – Aos Alunos
que se apresentavam alegando diarréia para
O C On*DOr n o. 3
fugir de alguma prova, por exemplo, era servida esta poção, de fórmula desconhecida,
para virar-lhe os intestinos pelo avesso. Quem
tinha a intenção de “ficar baixado” (para fugir
da tal prova difícil) conseguia o seu intuito.
•
Injeção de pirocolina – Uma injeção
de penicilina, em dose cavalar, e extremamente dolorosa, usada para curar os incautos que
contraíssem blenorragia.
•
Vai fazer exame de fezes? Indagação
feita ao Cadete que trajava o 5º Uniforme
(baratéia e espadim) quando não era o uniforme do dia. Essa era a farda usada para irmos
fazer a terrível inspeção de saúde periódica, no,
então, Instituto de Seleção e Controle (ISC).
Nas formaturas
•
Tirar da reta – Cumprir, rigorosamente, os horários de instrução; comportar-se
bem em todas as situações; resguardar-se, não
dar chance ao inimigo.
•
Canetar – Anotar (o Cadete de Dia) o
Aluno que chega atrasado à formatura, ou que
conversa ou se mexe em forma.
•
Ponderar – Tentar o aluno explicar os
motivos de sua alegada falta. Se for insistente,
será chamado de “Ponderador”.
•
Fechado! – Ordem do Cadete de Dia ao
“Ponderador” para calar-se.
•
Kgay – Versão para o inglês de expressão usada pelos Alunos que, deliberadamente,
faltavam às formaturas, por exemplo; ou que
queriam parecer indiferentes às perturbações
dos veteranos ou às ordens dos superiores
hierárquicos. “Não dar a mínima (atenção)”
poderia ser tradução para formas mais enfáticas: “k...mole”: “k...solenemente”; k...um
tronco”; “k...dessa altura”.
Na educação física
•
Sugatória – Ginástica com muitos exercícios, que deixavam os praticantes muito
suados. A forma apocopada suga era a preferida dos veteranos.
•
Olho no inimigo – A recomendação do
instrutor para que os Cadetes prestassem
atenção nele, que servia de guia.
•
Paga dez – Ordem do instrutor ou do
Concurso Maio-Junho / 2003
O Con*dor está promovemdo um concurso de caricatiras e, por isso, solicita aos
companheiros caricaturistas que se inscrevam. Todos os trabalhos inscritos serão
publicados nas edições futuras. Seguindo
a tradição que se firmou desde o Primeiro
Concurso, é assegurada total liberdade de
criação aos que se participantes. O prêmio, como sempre, será uma assinatura
anual, inteiramente grátis, do nosso Boletim. A Redação concita, masmo, os integrantes da Turma 57-BQ / Aspirantes 62 a
concorrerem. Não frustrem seus colegas
que ansiam por se deliciarem com o humor
e a arte que se manifestavam freqüentemente, no passado e, hoje, têm estado
tão ausentes. Mas, temos certeza, estão
prontos para virem à luz. Façam como o
Longuinho, que já mandou a charge que
ilustra esta chamada para o Concurso.
Mai-Jun/2003
veterano para o Cadete fazer dez flexões sobre o solo, a título de um corretivo, por estar
tentando “embromar” ou por qualquer outro
motivo. Os veteranos comandavam, ainda:
“cai de boca!”, para os calouros realizarem
uma longa série de flexões, preferencialmente, de farda completa e capa pelerine.
•
Canguru – Este era um exercício puxado, consistindo-se em, partindo da posição
acocorado, com uma perna à frente e outra
atrás, saltar na vertical, trocando de pernas
no ar, mantendo o atleta as duas mãos sobre a
cabeça. Na educação física havia um limite
(10, 20, 30, de acordo com o condicionamento físico de cada um). Na “suga” dos veteranos, o limite era a completa exaustão.
Os famigerados trotes
Ainda hoje, as opiniões sobre o trote daquela
época estão divididas, sendo a Redação de O
Con*dor, radicalmente, contrária a essa forma de covardia inaceitável entre pessoas civilizadas. O que, no entender de uns, poderia
ser uma saudável brincadeira para integrar as
turmas, não raro, descambava para a “boçalidade”. Se, por um lado, resistir ao trote era
“prova de bravura”, mas de conseqüências
imprevisíveis, por outro, submeter-se era “a
aceitação passiva da humilhação”. Desse
modo, cada um de nós decidia, de acordo com
a personalidade que Deus lhe deu, até quando
aceitar e a partir de quando reagir. Acima, demos exemplos de alguns trotes, no refeitório,
na educação física, no alojamento dos veteranos. Mas havia, também, a invasão do alojamento dos calouros. Pode-se imaginar o que é
mandar um colega mais moderno ficar, em
posição de “sentido”, embaixo do chuveiro
de água fria, em uma noite de baixíssima temperatura! Assim, não vamos descrever certos
trotes que nos deixaram marcas, no corpo e
na alma. Mas não custa estimular a memória
de quem passou por isso: Pingüim, Caroba,
Gincana, Rendez-vouz das paralelas
(Testinha), Conchômetro, Cinzeiro,
Peitômetro (Porrômetro), Calômetro.
Mai-Jun/2003
Página 21
.
NOTÍCIAS DE BARBACENA
A Última Aula
Recentemente, em minhas andanças
de labor, procurei, em Barbacena, o
professor e Secretário de Comunicação da Cidade, o ilustre historiador
Edson Brandão. Ao fazê-lo, tinha, por
objetivo, conhecer detalhes históricos
da importância que a SERICICULTURA teve para a Cidade, como um
todo, por estar pesquisando sobre o
empreendimento e a colonização italiana nas Alterosas. Fui vetorado ao
Professor Altair Savassi. Comentei
com a professora Lucília Alevato, e a
ilustre Professora se propôs a emprestar-me dois volumes de um livro escrito por ele, que possuía, em suas
páginas, substancial material para
aquele mister. Aceitei o empréstimo e
bebi o suave néctar extraído de suas
páginas. Dois meses depois, retornei
a Barbacena e entrei em contato telefônico com a Sra. Dea Savassi, esposa do Mestre, que agendou e marcou
data e hora para receber-me em sua
residência, onde o meu antigo Lente,
“vis-à-vis”, dissiparia as dúvidas do
antigo pupilo. Prazerosamente compareci. Foi uma tarde memorável, e a
maneira fidalga com que fui recebido
pelo casal, remeteu-me aos áureos
anos doirados, que, longe do carinho
dos familiares, encontrava no aconchego das famílias mineiras, nos almoços de domingo, o oxigênio necessário para enfrentar mais uma semana de muito estudo, trote, educação
física e outras rotineiras atividades da
Escola. O que não podia imaginar era
que estava entrando para a História ao
receber uma das últimas aulas do Mestre Savassi; visto que, quinze dias depois, um telefonema de Barbacena
sentenciava:
O Professor Savassi está sendo
velado no salão nobre da Câmara Municipal.
Aluno 56-137, Clarindo dos Santos
As mesmas tristeza e perplexidade que
se abateram sobre o nosso Companheiro Clarindo com o passamento do
estimado mestre tomaram conta de todos nós, seus antigos alunos da Turma 57-BQ. Com respeito e veneração,
transcrevemos, abaixo, o comovente
texto escrito por seus filhos Eliane e
Carlos Wilson Savassi:
Professor Altair Savassi
Vamos falar de Altair José Savassi, não
como homem público, professor, historiador, político ou profissional liberal, mas como pai. Baseado no pensamento: “quem foge da dor profunda,
também foge da alegria profunda.
Aprender a não fugir é aprender a viver”. Nós estamos tentando aprender
a viver sem a sua presente, mas aguardando, nos nossos corações e mentes,
seus exemplos, suas palavras certas
nos momentos certos, seu equilíbrio,
sua calma, sua serenidade e sua paz.
Nunca nos impunha suas opiniões ou
seus conselhos, mas dialogava
conosco. Era humilde, fiel aos seus
amigos, à sua adorada Barbacena, aos
seus antigos mestres: Prof. Honório
Armond, Padre Sinfrônio de Castro,
Soares Ferreira e outros, e à sua religião. Ele representava tipicamente o
“homem família”. Era impressionante
o carinho dele para com nossa mãe,
Déa. Nesses anos todos de convivência, ele não saía sem lhe dar um beijo e
não voltava sem lhe trazer flores ou
algo que demonstrasse seu afeto por
ela. Quando a família se reunia, o seu
olhar mudava, principalmente, em se tratando de suas bisnetas: Maria e Giulia.
Seu semblante se iluminava e seu coração parecia transbordar de felicidade!
Apesar da enorme saudades, nós o sentimos presente em tudo. Como sempre,
até em seu ultimo instante de vida, foi
um homem temente a Deus. Temos cer-
teza de que nos continuará a transmitir
sua força, sua energia positiva, seu
amor. Sentiremos, então, que, maior do
que a dor da perda foi a alegria, a honra e a benção de tê-lo tido como Pai e
de termos podido usufruir de sua companhia, durante todos estes anos. Fazendo jus ao juramento feito há 60 anos,
nossa mãe e ele se completavam em todos os sentidos. Nas horas tristes e alegres, boas e ruins, felizes ou não, com
rosas ou espinhos em seus caminhos.
Por isso terminamos estes dizeres, feitos do fundo de nossa alma, com estes
versos mencionados em suas bodas:
Foram companheiros na mesma caminhada,
Foram esperanças, inexplicáveis, até...
Foram renúncia, empenho e solidariedade,
Foram pousada para corações aflitos,
Foram morada para muitos peregrinos,
Foram crença, amor, perseverança,
Foram audácia, muitas vezes,
Foram fortes diante das derrotas,
Mas, também foram humildes, diante dos
erros.
Foram paz, a serviço do trabalho,
Foram guerra, se preciso, na conquista
dos direitos,
Foram chamas persistentes que o vento
da desventura não conseguiu apagar,
Foram pais, foram amigos e sempre tiveram pessoas especiais.
“O importante não é o princípio nem o
fim. É a caminhada”
Este foi nosso Pai. Temos certeza de
que sua lembrança permanecerá eternamente conosco, pois “ninguém morre enquanto permanece vivo no coração de alguém”. Obrigado por toda consideração e carinho que ele sempre teve
por parte dos Comandantes, Professores, Alunos e Funcionários dessa conceituada e querida EPCAR, orgulho de
todos nós e também de seus ex-alunos.
Eliane e Carlos Wilson Savassi
Nota da Redação:
Transcrito de O BQano no 16 - junho /2003
Padre Viçoso Acidentado
O nosso querido Padre Viçoso, Capelão
Militar, à nossa época de Escola, foi vítima
de uma queda, em uma de suas atividades
assistenciais. Em conseqüência, sofreu fra-
tura do fêmur e teve vários hematomas.
Felizmente, não houve traumatismo
craniano nem fratura do colo do fêmur.
Acirurgia foi um sucesso e ele está em fran-
ca reabilitação. A Representação da Turma tem acompanhado, com muita atenção,
a evolução do quadro. Que Deus o ajude a
ter uma rápida recuperação, Padre Viçoso.
Página 22
O C On*DOr n o. 3
Brival quer tombar os Afonsos
Caros Amigos,
Em nova visita à página da “Quase Perfeita”,
desejo louvar a dedicação dos companheiros
que mantêm, em nossas mentes, as lembranças da juventude e o espírito de união resultante. Certamente, esta energia pode alcançar
muito mais e, convencido disso, gostaria de
fazer uma proposta: Que tal a Turma se
engajar num projeto para tombamento do
Campo dos Afonsos, como sítio histórico
onde nasceu a Aviação Militar no Brasil? É
uma tarefa de fôlego, mas poderá marcar de
forma indelével a atuação da Turma 57-BQ /
Aspirantes 62 na FAB! Na expectativa de
que a idéia tenha acolhida junto à Representação da Turma e ao atual Diretor do
MUSAL, Brigadeiro-do-Ar Márcio Bhering
Cardoso, o nosso colega Bhering, Al 57-64,
ponho-me à disposição para colaborar.
Brival, Al. 59-334
Prezado Brival,
Gostamos muito da sua sugestão e temos certeza de que, se você ainda não falou com o
Bhering, assim que a ler nas páginas deste
boletim, ele acolherá a idéia. Também nós da
Representação e todos os integrantes da Turma, sem dúvida, estamos à disposição para
colaborar. Volte sempre e, sobretudo, continue a nos trazer os seus instigantes estímulos
que são muito sempre muito pertinentes e
seguirão tendo o total apoio de O Con*dor.
Um forte abraço.
A Redação
Eliseu sente saudade
Prezados Companheiros.
É com muitas saudades que estou entrando
neste site e, neste momento, minha vontade é
que a máquina dos tempos voltasse até os
idos 1957, para, de novo, recomeçarmos nossa caminhada (voada) pelos céus desse nosso
país, onde o nossos recíproco desconhecimento nos fez, através dos tempos vividos
na EPC do Ar, autênticos irmãos-amigos, cujo
enlace só nos traz alegria, prazer e amizade.
Um saudoso e fraterno abraço a todos vocês,
meus queridos irmãos.
Eliseu Teixeira, Al. 57-105
[email protected]
Irmãozinho-amigo Eliseu.
Bem-vindo ao nosso Livro de Visitas.
Identificamo-nos muito, com você, ao vê-lo
apresentar, em poucas palavras e de uma maneira que nos emociona, os sentimentos que
povoam nossos corações há 46 anos. Tenha a
certeza, Eliseu, de que você é uma pessoa que
faz muita falta em nossas reuniões mensais.
Brasil, Al.57-18
Webmaster
Mai-Jun/2003
CORRESPONDÊNCIAS
da nossa Turma. O próximo grande encontro
será em 2007, para comemorar os cinqüenta
anos de ingresso na EPCAR. Mas não é necessário esperar tanto. Todos os anos, ocorrem vários eventos, que são divulgados em O
Con*dor. Quem sabe, você pode deixar o paraíso de Camboriú e comparecer a algum deles, quando teríamos a oportunidade de matar tantas saudades recíprocas acumuladas. A
propósito, avizinha-se a Festa de Nossa Senhora Achiropita, em São Paulo, no mês de
agosto. Lá você encontrará uma expressiva
representação dos seus velhos (no bom sentido) companheiros. Se houver interesse, entre em contato com a Representação da Turma, com a Redação de O Con*dor ou, diretamente, com o Sucupira,
([email protected])
que a organiza anualmente.
Um saudoso abraço.
A Redação
Zé Nelson adere à Internet
Queridos Companheiros.
Há pouco tempo, aventurei-me a “navegar”
com o computador, este monstro da
modernidade.... Não conhecia esta homepage
(é este o nome???) e estou realmente fascinado com ela, onde estão registradas tantas coisas que me deixaram muito emocionado. Só
posso dizer que ainda estou curtindo tudo
que li e ainda estou lendo. Um abração para
todos da Turma Quase Perfeita. Adorei a
mensagem que o Magrinelli deixou no Quadro de Recados, bem como a resposta / comentário do meu querido amigo e irmão, Aluno 57-18, Brasil. Como última mensagem, deixo um abraço ao Mauro e ao Márcio: ter um
pai como vocês têm, o meu amigo Brasil, é
uma dádiva dos céus.
Zé Nelson, Al. 56-86
Bem-vindo, Zé Nelson!!!
Que prazer saber que você deixou o clube dos
velhinhos, refratários ao manejo das máquinas e cartões de banco. Aqueles que dizem na
fila do caixa eletrônico, com voz trêmula:
“Minha filha, me dá uma ajudinha aqui na
minha conta, pois eu não estou mais em idade
de aprender a mexer com essas coisas...”.
Agora você está voando, junto conosco, pelos céus cibernéticos! Ficamos muito felizes.
Agora, amigo, precisamos de que você leia
tudo o que está no site e proponha as modificações necessárias ao webmaster. Ele espera
com ansiedade e um pouco de medo.
Um abraço, irmãozão!
Brasil, Al. 57,18
[email protected]
Estimado Eliseu.
Querido Zé.
Existe, sim, uma maneira de voltar ao passado, particularmente, ao ano de 1957, em
Barbacena. Trata-se de embarcar na máquina
do tempo em que se transformam as reuniões
Que bom que você já aprendeu o que é uma
“rômi peide” e agora pode praticar surfe aéreo pelas páginas do nosso Portal. Parabéns
pelo grande progresso que você fez em tão
pouco tempo. É impressionante a sua desenvoltura no hiperespaço. Sei que você conquistou, no nosso sítio, um universo novo e
maravilhoso, que somente o Brasil nos poderia legar. Todos vamos ganhar muito com as
contribuições que, sem dúvida, a sua grande
inspiração poética trará a esse importante
espaço de manifestação da Turma. Mas esperamos que encontre tempo para, também,
continuar a mandar as suas colaborações para
O Con*dor, que se tornaria apequenado, se,
delas, se visse privado.
Um abraço.
A Redação
Marées gostou da Carta ao
Aluno 57-XXX
Porto Alegre, 21 de dezembro de 2003
Amigo Elson,
Li, hoie, tua carta denominada “Prezado Al.
57-XXX”. Por coincidência, hoje. dia 21, foi
dia de nosso Aspirantado. O tempo passa.
Parei para pensar e realmente me penitencio
por não ter antes me manifestado, nas diversas ocasiões em que o deveria ter feito. Teu
chamamento realmente despertou aquele menino de 15 anos que chegou em Barbacena,
em 7 março de 1957. Este deslize involuntário
de ausência de nosso convívio (mesmo eletrônico) é fruto de dedicação profunda às atribuições profissionais de arquitetura e urbanismo, cujas atividades me levam a um amplo leque de cursos e atividades paralelas,
fazendo com que o tempo passe maìs rápido
do que desejaríamos. Como diria o Capitão
Dário: “explica, mas não justifica...”; “considere-se repreendido!” - considero-me. Sempre, ao receber O Con*dor, leio-o com especial carinho e belas recordações. Fìxo-me
nas fotografias e procuro reconhecer as
fisionomias. Algumas consigo, outras não.
A grande alegria é ver que um grupo de amigos procura manter acesa a chama da Amizade e da união de nossa Turma. Meus agradecimentos à equipe.
Com um abraço, do amigo
Marées, Al. 57-118
Querido Marées,
Ficamos muito felizes e emocionados, quando o Elson nos mostrou esta correspondência que você lhe mandou. Sentimo-nos, também, bastante gratificados ao sabermos que
O Con*dor está atingindo o seu objetivo de
levar aos companheiros um pouco do nosso
passado e do nosso presente. A Carta ao Aluno 57-XXX do estimadíssimo Elson é, realmente uma inspiradíssima convocção à qual
nenhum de nós pode ficar insensível. Realmente foi uma pena que você não estivesse
em Porto Alegre, quando realizamos a Visita
aos Companheiros do Sul. Foi ótimo. Mas
não se sinta culpado pelas ausências forçadas pelas atividades profissionais. Isso só
acontece com quem trabalha. E, afinal, não
faltarão outras oportunidades para nos encontrarmos. Se elas não surgirem espon-
Mai-Jun/2003
.
tâneamente, nós as criaremos. Nesse momento em que o nosso amigo Elson passa por
uma perda extremamente dolorosa, esperamos que a divulgação da sua mensagem lhe
traga algum alento. Vamos, também,
republicar, mais uma vez, a Carta ao Aluno
57-XXX, para facilitar àqueles que a queira
reler, e, quem sabe, ela nos ajude a reencontrar mais algum companheiro que esteja longe, fisicamente, mas perto do coração.
Um fortíssimo abraço.
A Redação
vê, quem sabe ver, repara”. Repare então que,
apesar de tudo o que você sinta, o sol, todo
dia, se levanta e aguarda paciente a chegada
da noite; a tempestade vem e, a seguir, a bonança; a alegria sucede a tristeza e o sorriso
faz esquecer a dor, num ciclo imutável da vida.
Repare, no fundo do peito, as boas lembranças, as tantas emoções sentidas, os momentos jamais esquecidos. Venha juntar-se a nós
para que juntos possamos dizer:
“Filho, passei por aí e não esqueci”.
Um grande abraço,
Al. 57-139, Elson.
[email protected]
Carta ao Aluno 57-XXX
Prezado Aluno 57-XXX.
Ao ler a carta do Flávio (57-146), publicada
no último número (Jul-Ago/2000), lembreime de você. Não importa se o seu nome é
Duque, Azevedo, Edimir, Gonzalez,
Giovenco, Telmo ou Marées. Tão pouco importa se você é carioca, paulista, gaúcho ou
arataca. Importa a sua ausência, o seu silêncio, a falta de notícias. Desperte o menino de
1957, seus sonhos, suas fantasias. Compartilhe conosco de nossas reuniões ou através
das páginas de O Con*dor, mais de quatro
décadas que não podem ser, simplesmente,
apagadas. Não importam mágoas, ressentimentos, revoltas ou frustrações. Certamente,
a vida não contemplou de maneira equânime
cada um de nós, mas isso também não importa. O que importa é que você existe e jamais
deixará de ser Bequeano de 57. Como disse o
saudoso Pessoa de Mello: “Quem sabe olhar
Nota da Redação:
Republicado da Edição Ano 6, no 1, JanFev/2001, de O Con*dor
Reflexões de Sara Maria
Binatti dos Anjos
Luís Mauro,
Fiquei tão feliz com suas palavras! O texto
em questão intitula-se “Reflexões” (está inclusive registrado no EDA aqui de Porto Alegre) e o envio em anexo na sua totalidade,
como um presente especial, para reprodução
no Condor, o que muito me orgulhará! Obrigada pelas palavras maravilhosas. (...) Muitas pessoas o tem repassado, incluindo frases e palavras que não fazem parte do texto
original. (...) Já deram a ele o nome de “Vamos reordenar as prioridades”, “Desabafo”,
Página 23
“Sou uma pessoa comum” e muitos outros.
Já desisti de tentar acertar, porque na Internet
é tudo muito rápido! (...) Tenho visitado a
página de vocês e lido coisas muito interessantes! Que mundo, não é? Fascinante, interessante! Senti-me uma garota, quando assistia a filmes de aviação e sonhava com os pilotos mais bonitos. Eu era (era?!) muito romântica naquela época e achava aquele mundo um
charme!
Um grande abraço,
Sara.
[email protected]
Estimada Sara,
Que bom que você gostou da nossa página!
Ela é feita com muito carinho pelo nosso companheiro, o também gaúcho, Antônio Carlos
de Assis Brasil. E não tenha dúvida, você é e
sempre será muito romântica. Está na sua
natureza e nos seus escritos. O artigo Reflexões está nesta edição e, conforme poderá
verificar, foi publicado na íntegra, sem mutilações ou acréscimos e com o título certo,
mesmo porque ele é uma obra completa, acabada, perfeita, com a qual concordamos plenamente, além de que não vemos o que nele
pudesse ser mudado. Muito obrigado por nos
autorizar a divulgá-lo. Para nós é um privilégio muito grande tê-la nas nossas páginas, e
temos certeza de que os nossos leitores o
apreciarão muitíssimo.
Um forte abraço do
Luís Mauro.
[email protected]
CLASSIFICADOS - EMPREGOS & OPORTUNIDADES
O
dia 19 de abril passou e somente um companheiro se apresentou para integrar a Representação da Turma. Trata-se do
Dr. Danilo Eduardo Pinheiro Cubas (Aluno 58-258), que assumiu as funções de Médico-geriatra da Turma Quase Perfeita.
Animou-se, ao identificar, na data aprazada, o dia de Santo Expedito, o “Santo das Causas Urgentes”. Os problemas de saúde
de difícil solução, agora, podem ser resolvidos pelo Dr. Danilo Cubas, que é especialista em Gastroenterologia e um grande Clínico
Geral. Só não aceitou trabalhar como Psiquiatra, porque alega estar, também, precisando de um. Os outros problemas, simples ou
complexos, urgentes ou não, continuarão a ser, com a graça de Deus, resolvidos pelos atuais Representantes (ou seriam vitalícios?).
Brincadeiras à parte, sempre haverá vaga para o companheiro que quiser integrar a Representação ou colaborar com ela, em determinada atividade. Para aqueles que acharam muito ruins as condições oferecidas pela Representação, divulgamos, ao lado, esse
interessante anúncio que se encontra em http://osvoluntarios.blogger.com.br. Por fim, divulgamos a Cachaçinha da Reserva Especial
de um amigo da Turma. Quem se interessar pode solicitá-la à Representação pela insignifacância de R$ 5,99, cada.
Cachaça
de Reseva
Especial
Quem provar vai levar, pelo menos, dez
garrafinhas. Apenas R$ 5,99, cada.
Pedidos com a
Representação
Página 24
O C On*DOr n o. 3
ANIVERSARIANTES
Parabéns aos companheiros!
Julho
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
2 Portella,
9 Sloboda,
Schubnell,
11 Pimenta,
15 Travassos,
19 Luzardo,
20 Reis,
Leandro
23 Gomes Pinto,
25 José Nelson,
28 Montero,
Conde Filho,
29 Arieis,
57- 41
58-252
59-357
57-219
57- 93
57- 86
57- 24
57- 37
57- 97
56- 86
57- 44
59-359
60-132
Agosto
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
Dia
1 Neves,
Tujal,
3 Sansão,
4 Aboim,
Valle,
5 Amorim,
Moral,
8 Muela,
Reginaldo,
9 Paes Leme,
12 D’Onofrio,
13 Asvolinsque,
14 Miguel,
Edimir,
15 Camposo,
16 Pontes,
Carneiro,
19 Land,
Sirotheau,
20 Pondé,
23 Luís Mauro,
Edison,
Pöllhuber,
Mário,
26 Dittmar,
28 Azevedo,
30 Rotschild,
57- 15
57- 95
58-253
56-167
57-125
57- 55
59-346
56- 77
58-254
60-122
57- 81
57-156
59-069
57-123
57- 92
57- 09
57- 10
57- 28
59-347
58-282
57- 04
57- 34
57- 57
60-130
57- 88
57-133
58-264
(Cad.)
(Cad.)
(Cad.)
Mai-Jun/2003
O BAILE
O
s homens-meninos chegam ao
baile. Agora é diferente... Não
mais existe o temor da rejeição
das meninas. Não mais a timidez. Nem
também a soberba. Sabemos mais das ansiedades dos homens e das mulheres.
Adeus ao medo! Somos apenas cautelosos. Sempre o receio de ser “enrolado”
ou, rimando “usado”. Continuamos meninos, só que “meninos sabidos”, “meninos vividos”, menos fáceis de ser enganados, mais sábios, mais conhecedores
das aflições das meninas e de suas expectativas. Mais conhecedores das próprias
limitações e potencialidades. Mais conscientes das diferenças entre homens e
mulheres, mais difíceis de ser encantados...
E, nem por isso, menos sonhadores.
“Rola” o baile, aparecem os dançarinos
exibicionistas. Roupas especiais, pulseiras de ouro, encantamento. E, nem por
isso, ficam com mulheres especiais. Eles
se bastam ao serem apreciados pelo público. A mulher é simples utensílio para
eles. Acontece, porém, que o baile é o en-
contro das carências de todas as espécies. É o encontro da falta de carinho com a
ausência de esperança. O pior é que tem
tudo para dar errado. E dá! Por quê? Porque tudo é falso, os sorrisos, a aparência,
a alegria, além dos cantares. O baile é um
conjunto de pessoas sozinhas que vêm
buscar o encontro existencial em um lugar
onde isso é improvável. Por quê? Porque
o encontro é íntimo-superficial. Não há
possibilidade de conhecimento profundo.
É um encontro de privações, apenas. Não
levará a nada, somente a mais decepções
e desilusões. O baile termina e todos saem
em pior estado do que entraram.
Al. 57-18, Brasil
[email protected]
Nota do Autor:
O presente trabalho é uma obra de ficção,
nada tendo a ver com o Baile de Aniversário da Escola Preparatória de Cadetes
do Ar, que foi um sucesso, como mostra
reportagem nesta edição.
AUTORIDADES II
Engenheiro Antônio Carlos da Silva Campos
(Cad.)
PENSAMENTO DE
O COn*DOr
“ As mulheres só
me perdem, porque não têm paciência comigo.”
O nosso companheiro Brasil em sua mais nova crise
existencial.
O nosso colega Silva Campos, Aluno 57-68, conversa com o Ministro Defesa, Embaixador José
Viegas Filho , sob o olhar atento do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Bueno.
O COn*DOr
O Con*dor é uma publicação sem fim lucrativo, destinada a divulgar os assuntos de interesse da Turma 57-BQ /
Aspirantes 62, A Turma Quase Perfeita. Está, porém, aberto a integrantes de outras turmas e, excepcionalmente,
a outras pessoas que com ele queiram colaborar. É editado, bimestralmente, pela Representação da Turma.
Coordenação
Geral
Al. 57-40,
João Carlos
Editor
Al. 57-04,
Luís Mauro
Distribuição Al. 57-55, Amorim
Conselho
Editorial
Al. 56-137, Clarindo;
Al. 57-78, Horta;
Al. 57-129, Meira;
Al. 57-139, Elson;
Al. 58-258, Cubas;
Al. 58-276, Ivan;
Tesoureiros
Al. 56-84, José Nelson;
Al. 57-16, Mossri;
Al. 58-279, Thedim
Jornalista
Carlos Rogério Couto Baptista
Nº 17.997/94
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Webmaster
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