prof. gil mattos - Prof. Gil Matos

Transcrição

prof. gil mattos - Prof. Gil Matos
PROF. GIL MATTOS
ENEM
Nosso primeiro material fará uma abordagem em torno do poder da
arte através dos tempos em se manifestar diante da sociedade
usando para tal a ironia , o humor , a visão crítica; compondo uma
sátira que mais do que nunca em pleno século 21 tem a força de
representar um dos caminhos de expressão do indíviduo e reflexões
em torno da sociedade.
Referenciais abordados
Humanismo – Idade Média – Gil Vicente
Barroco – Gregório de Matos
Arcadismo – Bocage
Modernismo ´Ariano Suassuna – Decio Pignatari
Século XXI – atualidades
O Gil deixará para você alguns exponenciais exemplos para o ENEM
2015.
1-
Fonte : https://www.facebook.com/pages/PawelKuczynski/222849284410325?fref=photo
DICA DO GIL
E como o artista Pawel Kuczynski definiu a questão ocorrida
na França em Janeiro de 2015
Através da linguagem não verbal, o artista gráfico polonês Pawla
Kuczynskiego aborda a triste realidade do trabalho infantil
O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e
recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao
abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para
a)
b)
c)
d)
e)
difundir a origem de marcantes semelhanças sociais.
estabelecer uma postura retroativa da sociedade.
provocar a reflexão sobre essa realidade.
propor alternativas para solucionar esse problema.
retratar como a questão é solucionada em vários países do
mundo.
Obras de Pawel Kuczynski para a sua análise
Fonte : https://www.facebook.com/pages/PawelKuczynski/222849284410325?fref=photo
1
Observação relativa ao tópico em discussão
Charlie Hebdo é um jornal satírico francês, muito famoso por
fazer críticas ácidas ao islamismo e outras religiões como as
que você verá abaixo :
2-
UNIGILMATTOS 2015
E é com o estilo satírico que desenvolveremos um estudo mais
direcionado a Gregório de Matos, ele que pretendia, através da sátira,
manifestar explicitamente o funcionamento dos discursos do poder.
Em seus poemas utiliza de elementos como a "malandragem",
"plágio", "imoralidade", "adultério", "inveja", "racismo", "realismo",
"furto", "repúdio", "libertinagem" e "promiscuidade". Portanto,
partiremos para a análise deste discurso satírico de Gregório de
Matos, no seu poema Torna a definir o poeta os maus modos de
obrar na governança da Bahia, principalmente naquela universal fome
de que padecia a cidade
Que falta nesta cidade?................Verdade (1)
Que mais por sua desonra?...........Honra (2)
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha. (3)
O demo a viver se exponha, (4)
Por mais que a fama a exalta, (5)
numa cidade, onde falta (6)
Verdade, Honra, Vergonha. (7)
Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio (8)
Quem causa tal perdição?.............Ambição (9)
E o maior desta loucura?...............Usura. (10)
Notável desventura (11)
de um povo néscio, e sandeu, (12)
que não sabe, que o perdeu (13)
Negócio, Ambição, Usura. (14)
(...)
Quais são os seus doces objetos?....Pretos (15)
Tem outros bens mais maciços?.....Mestiços (16)
Quais destes lhe são mais gratos?...Mulatos. (17)
Dou ao demo os insensatos, (18)
dou ao demo a gente asnal, (19)
que estima por cabedal (20)
Pretos, Mestiços, Mulatos. (21)
(...)
E nos frades há manqueiras?.........Freiras (43)
Em que ocupam os serões?............Sermões (44)
Não se ocupam em disputas?.........Putas. (45)
2
O elemento religioso, a fixação da cultura popular, a presença
do anti-herói e a linguagem simples bem articulada nas falas das
personagens, são elementos que merecem um olhar atento, pois
sua combinação constitui a arquitetura e a lógica do "Auto da
Compadecida". Vale lembrar também que Ariano Suassuna traz
à tona reflexões de ordem moral por meio das quais
problematiza as fraquezas humanas, relativizando valores e
convicções. Não se pode ignorar a linha marcante do humor que
percorre toda a estrutura da peça, caricaturizando não apenas
as personagens, mas também as circunstâncias em que elas se
envolvem.
Com palavras dissolutas (46)
me concluís na verdade, (47)
que as lidas todas de um Frade (48)
são Freiras, Sermões, e Putas. (49)
Sobre o texto acima ( fragmentos ) de Gregório de Matos podemos
afirmar:
I-
Neste poema, há uma critica óbvia à promiscuidade e a
libertinagem (versos 46 a 49), ao racimo (18 a 21), imoralidade
(versos 11 a 14), assim como também, à incompetência e à
desonestidade
II- Por meio de perguntas, para as quais o poeta oferece respostas,
Gregório vai decompondo o interior da organização social. Este
procedimento parece dar um certo didatismo, reforçado pelo
processo de disseminação e recolher, muito comum na poesia
barroca. Primeiro, as palavras se disseminam, se dispersam para
depois serem recolhidas, reunidas num mesmo verso. Assim,
cria-se um tom conclusivo no final das estrofes
III- No discurso satírico de Gregório, os termos "negros", "mulata",
"puta", "mestiços", etc., aplicam-se também como metáforas
estereotipadas, como caracterização pejorativa e insulto.
a)
b)
c)
d)
e)
O texto que vem a seguir é um fragmento da peça
Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Leia-o para
resolver a questão 3
Auto da Compadecida
CHICÓ: Mas, padre, não vejo nada de mau em se benzer o bicho.
JOÃO GRILO: No dia em que chegou o motor novo do major
Antônio Morais o senhor não benzeu?
PADRE: Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze.
Cachorro é que eu nunca ouvi falar.
CHICÓ: Eu acho cachorro uma coisa muito melhor do que motor.
PADRE: É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o
cachorro. Benzer motor é fácil, todo mundo faz isso, mas benzer
cachorro?
JOÃO GRILO: É, Chicó, o padre tem razão.
Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é benzer motor do
major Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio
Morais.
PADRE: (mão em concha no ouvido) Como?
JOÃO GRILO: Eu disse que uma coisa era o motor e outra o
cachorro do major Antônio Morais.
PADRE: E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é
Antônio Morais?
JOÃO GRILO: Eu não queria vir, com medo de que o senhor se
zangasse, mas o major é rico e poderoso e eu trabalho na mina
dele. Com medo de perder meu emprego, fui forçado a obedecer,
mas disse a Chicó: o padre vai se zangar.
PADRE: (desfazendo-se em sorrisos) Zangar nada, João! Quem é
um ministro de Deus para ter direito de se zangar? Falei por falar,
mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro!
JOÃO GRILO: (cortante) Quer dizer que benze, não é?
PADRE: (a Chicó) Você o que é que acha?
JOÃO GRILO: (a Chicó) Você o que é que acha?
CHICÓ: Eu não acho nada de mais.
PADRE: Nem eu. Não vejo mal nenhum em se abençoar as criaturas
de Deus.
Apenas I e III certas
II e III certas
Todas corretas
Apenas I certa
Apenas II certa
TEXTO DE APOIO
Auto da Compadecida", peça teatral de Ariano Suassuna, é um
auto (peça de apenas um ato) que consubstancia a tradição do
teatro medieval português ao contexto social e histórico do
nordeste brasileiro. O argumento da peça gira em torno das
aventuras quixotescas de João Grilo, um tipo pitoresco que
protagoniza os acontecimentos de forma absolutamente
imaginosa, e seu companheiro Chicó. Ambos se envolvem no
caso do cachorro da mulher do padeiro, comprometendo um
número considerável de personagens que, em meio às
confusões armadas pelas mentiras de João Grilo, vão se
enredando numa trama que culmina com o julgamento de
algumas delas diante de Jesus, da Virgem Maria e do Diabo.
Dentre as personagens que atuam nessa trama, estão o Padeiro
e sua mulher, o Padre, o Sacristão, o Bispo, o cangaceiro
Severino, o Major Antônio Morais. Ao longo da peça, o autor fixa
certas linhas de força que caracterizam bem o teatro brasileiro,
especialmente o nordestino. Uma dessas linhas de força é a
carga religiosa, especificamente o catolicismo, que se articula na
lógica interna da peça, por meio do binômio “bem e mal”. Tratase, na verdade, de um desdobramento da forte cultura religiosa
do nordestino, que se apega a Deus e teme as influências do
mal. Essa intervenção do elemento religioso deriva também da
tradição do teatro medieval (ou mesmo vicentino), já que
durante a Idade Média as manifestações artísticas estiveram
sempre vinculadas à Igreja.
Ariano Suassuna. Teatro moderno; Auto da compadecida.
8. ed. Rio de Janeiro: Agir/lNL 1971. p. 32-4.
3-
Como se sabe, Ariano Suassuna é um escritor católico.
Sobre sua religiosidade assim se manifesta o crítico Sábato
Magaldi:
“(sua religiosidade] pode espantar aos cultores de um
catolicismo acomodatício, mas responde às exigências
daqueles que se conduzem por uma fé verdadeira”.
Confrontando essa passagem do crítico com o texto lido, podemos
afirmar que:
Ao resgatar essa tradição teatral medieval, Ariano Suassuna
realiza uma leitura da moral católica muito ajustada aos tipos
que cometem gestos transgressores. Outra linha de força de
"Auto da Compadecida", é a presença do anti-herói ou herói
quixotesco, uma espécie de personagem folclórica que vive ao
sabor do acaso e das aventuras. João Grilo é esse típico antiherói, que se envolve com as mais diversas personagens e se
compromete com as próprias mentiras. No entanto, é através
dele que o autor propõe um exame dos valores sociais e da
moral estabelecida. Em outras palavras, Suassuna pretende
refletir sobre a fragilidade e a suscetibilidade de nossas
convicções.
a)
b)
c)
d)
e)
3
o comportamento do padre é apresentado como exemplo
daqueles que se conduzem por uma fé verdadeira.
os padres que se conduzem por uma fé verdadeira não
procederiam como procedeu o padre neste fragmento de Ariano
Suassuna.
na verdade, o procedimento do padre neste fragmento é
apresentado para ilustrar como os padres são vítimas da falta de
autenticidade dos seus paroquianos.
João Grilo e Chicó representam aqueles católicos que, por não
procederem de acordo com a fé verdadeira, tentam envolver o
padre em uma cilada.
neste fragmento não está implícita nenhuma crítica aos padres,
mas à figura do coronel nordestino, às suas artimanhas.
4-
Leia o poema abaixo, de Décio Pignatari, e considere as afirmações
que seguem.
Bocage ataca, nessas poesias, ora em termos mais elevados,
ora em termos bem vulgares, as colônias, o absolutismo político
e religioso, a monarquia, o clero, os colonos, os mestiços, os
poetas seus contemporâneos, as instituições e todo tipo de
hipocrisia moral. Por outro lado, e até mesmo por não se
desvencilhar totalmente das visões de mundo de seu tempo,
revelou, ao criticar os colonos e os mestiços, uma postura
europeizada e preconceituosa.
Censurado e mal quisto pela sociedade de sua época,
justamente por este lado mais desbocado, é ainda mal
compreendido em suas sátiras, pois esta parte de suas poesias é
ainda omitida, muitas das vezes completamente, pela maioria
dos manuais de literatura. Para Massaud Moisés (2008), apesar
de Bocage ter, na sátira, alcançado ser poeta de primeira
grandeza, este lado de sua poesia ocupa lugar menos relevante
em sua obra, “seja porque de cunho pessoal e bilioso, seja
porque dura tanto quanto o acontecimento que lhe dá causa”.
Abaixo, transcrevemos um exemplo dessa poesia:
"Casou-se um bonzo da China
Com uma mulher feiticeira
Nasceram três filhos gêmeos
Um burro, um frade e uma freira."
I-
Trata-se de um exemplo de poesia concreta, vanguarda do
século XX que alterou radicalmente os recursos materiais da
construção poética, valendo-se, inclusive, de técnicas da
publicidade.
II- No poema, o uso do imperativo e o jogo lúdico das aliterações
contribuem para denunciar a forma persuasiva e sedutora da
mensagem publicitária que induz ao consumo.
III- O último verso é a síntese da intenção satírica do poema, que
desqualifica o produto anunciado e, por extensão, a sociedade
de consumo que ele representa.
Em seu tempo, sua fama tornou-se mais imediata entre os
jovens, graças ao seu caráter fescenino, muitas vezes chegando
a utilizar linguagem chula. É o que se pode perceber abaixo.
Lá, quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles que não fazem falta,
Verbi-gratia o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade;
Não quero funeral comunidade,
Que engrole sub-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade;
Quais estão corretas?
a)
b)
c)
d)
e)
Apenas I.
Apenas II.
Apenas III.
Apenas II e III.
I, II e III
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
“Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro”.
DICA DO GIL
Bocage Satírico
Sua obra pode ser
dividida
em
poesia
satírica, na qual mostrou
seu lado mais irreverente
e provocador; poesia
bucólica, ainda bastante
influenciada
pelo
arcadismo, e poesia lírica
pré-romântica, na qual
se concentra o melhor de
sua
originalidade
e
engenho artístico.
Este é um soneto bastante jocoso, graças à sua última estrofe,
em que o poeta indica qual deve ser o seu epitáfio, resumindo
sua vida em comer, beber e “foder” sem ter dinheiro. Lembrando
Gregório de Matos Guerra, o poeta consegue fugir dos padrões
acadêmicos, graças à utilização de elementos chulos, mas não
perde qualidade literária.
Outro aspecto digno de nota é a crítica dirigida àqueles que não
fazem falta à humanidade: nobres e religiosos. De fato, essas
duas classes foram vítimas prediletas da poesia satírica de
Elmano Sadino, que se tornou notadamente feroz. Muitas vezes
seu furor é tamanho que chega a desobedecer o que hoje seria
considerado o politicamente correto
Poesia satírica: poesia
grosseira, vulgar e obscena. Cantada nos bares, nas
noitadas, essas poesias eram, muitas vezes, improvisadas,
o que leva alguns críticos a compararem Bocage à figura do
repentista. Daí a marca mais interessante dessa poesia: a
aproximação com o público. O “Poeta Maldito” (alcunha
que levou justamente por sua poesia satírica) transferiu a
poesia dos salões para a rua, construindo a imagem do
“poeta do povo”: poeta dos palavrões; aquele que não tem
vergonha; que abriu mão da noção de conveniências; é o
poeta de fala aberta, direta, sem entremeios, sem receios.
1C
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4E
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