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Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Licenciatura de Formação e Educação
1º Ano, 1º Semestre, 2014/15
Seminário I – Atores e Contextos da Educação
Grandes Mestres da Educação
John Dewey, John A. Comenius & Johann F. Herbert
Docente: Helder Bernardes
Discente: André Paulo Costa Carloto da Fonseca Moura
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 2
JOHN A. COMENIUS .................................................................................................................. 3
JOHANN F. HERBART ............................................................................................................... 4
JOHN DEWEY ............................................................................................................................. 5
CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 9
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INTRODUÇÃO
O propósito deste trabalho é de analisar grandes mestres da educação assim
como os seus principais contributos para as ciências da educação.
Para fazer esta análise, vamos contextualizá-los historicamente, percebendo
assim as influências que tiverem no seu tempo assim como o contexto social do seu
tempo influenciou o seu trabalho e contributos.
Vamos observar o seu percurso académico assim como o seu percurso
profissional e remeter para os seus contributos historicamente mais relevantes na área,
tendo assim uma noção mais detalhada do seu trabalho no campo da Educação mas
enfatizando os seus maiores contributos.
Escolhemos então três autores de séculos diferentes, para que esta análise seja
mais expansiva e compreensiva ao longo do tempo, até os dias que correm.
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JOHN A. COMENIUS
John A. Comenius foi um professor, educador, filósofo, bispo e escritor do séc.
XVII. Nasceu a 28 de Março de 1592 em Morávia, morrendo a 15 de Novembro de
1670 em Amesterdão. A vida de Comenius foi uma vida de perseguição religiosa que
impediu que o seu trabalho fosse verdadeiramente apreciado até o Séc. XIX.
A nível de percurso académico, como estudante, entrou na Latin School em
Prerov aos 16 anos. Estodou na Herborn Academy entre 1611 e 1613, ingressando
depois na University of Heidelberg até 1614. No entanto, já em 1611 Comenius
começou a lecionar em Prerov, tornando-se reitor no ano de 1614.
Enquanto líder da pré-reforma protestante, é forçado ao exílio, fugindo para a
Polónia onde pela primeira vez (e não a única) perde a maior parte dos seus trabalhos.
Torna-se então líder das igrejas de Bohemia e Morávia.
Em 1638, Comenius desenha uma nova estrutura educacional na Suíça, o que
levou a rainha de Inglaterra a convidá-lo a fazer o mesmo no seu país. Comenius aceita,
e em 1641 reforma o sistema educativo público de Inglaterra, mas regressa à Suíça em
1642 para continuar o seu trabalho, tornando-se também professor no primeiro colégio
protestante Húngaro. Em 1655, ao declarar o seu apoio pelo lado protestante Suíço, a
sua casa é mais uma vez queimada e perde grande parte do seu trabalho. Perto do fim da
sua vida torna-se também líder do movimento Enciclopédico do Séc. XVII.
Comenius tem uma extensa lista de publicações, tanto em Checo como em
Latim. Das suas principais contribuições para a educação destacou-se o princípio da
educação de acordo com a natureza, teoria que começou a ser relevante apenas no séc.
XIX. Comenius foi também inovador nos princípios sistemáticos da investigação.
Os seus princípios pedagógicos levaram a inovadora aprendizagem por imagens
e contextos, publicando o primeiro livro de sucesso pedagógico com imagens. Este
raciocínio promovia uma compreensão social e física, religiosa, moral e clássica, assim
como também promovia a aprendizagem de várias línguas. Comenius foi assim o
pioneiro do que é hoje denominado como Instrução Universal.
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JOHANN F. HERBART
Johann F. Herbart foi um professor, educador e filósofo do séc. XIX, nasceu a 4
de Maio de 1776, em Oldenburg, e morreu a 14 de Agosto de 1841 em Göttingen. A sua
vida foi dedicada aos estudos e às ciências da educação.
Até aos seus 12 anos, Herbart foi ensinado em casa pela mãe. Começou o seu
percurso académico “formal” em 1788, ingressando no secundário de Gymnasium. Em
1794 ingressou na universidade de Jena, até 1797. Herbert retomaria os seus estudos em
1800, na universidade de Breeman onde permanecia até 1803, porém, em 1801 também
ingressou na universidade de Göttingen, onde iria estudar até 1809.
A sua primeira experiência profissional do campo vem de uma tutoria dos filhos
de Herr Von Steiger, governador de Interlaken, durante a sua pausa dos estudos de 1797
a 1800. Começa a lecionar na universidade de Göttingen a partir de 1805, tornando-se
professor de Königsberg em 1809 e por fim, retornando a universidade de Göttingen
como professor em 1833, onde lecionou até ao fim da sua vida.
Tal como Comenius, Herbert publicou uma grande quantidade de obras em duas
línguas, Alemão e Inglês. Ao contrário de Comenius, no entanto, toda a vocação destas
obras literárias centrava-se nas temáticas educacionais.
Os seus princípios ideológicos vieram fomentar o que é hoje conhecido como a
educação industrial. Herbart defendia que o ensino deveria ser então formal e rigoroso,
e cujo desenvolvimento individual de um aluno deveria fomentar um resultado social,
resultado este que seria a confirmação de utilidade da educação.
Herbert defendia que as habilidades e aptidões não são inatas, pelo que ele
incentivava o uso de histórias reais e a promoção do raciocínio indutivo para uma
aprendizagem real. Pretendia-se assim que o aluno desenvolvesse valores como a
liberdade interna, gosto pela perfeição, um sentido de justiça e benevolência, assim
como uma ideia de igualdade desenvolvida através de recompensas.
Estes valores de Herbert, traduziam-se na sua ideia de um “Amadurecimento
Individual”, que era o cerne dos seus fundamentos pedagógicos.
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JOHN DEWEY
John Dewey foi um filósofo e reformador educacional do séc. XX. “Dewey é
para a nossa era o que Aristóteles foi para a sua, não um filósofo, mas o filósofo” (Hilda
Neatby, 1953). Dewey foi das mentes mais inovadoras, premiadas e respeitadas da sua
época, e as suas contribuições ainda se encontram na base de fundamentação de muitas
investigações correntes no campo da educação.
Dewey nasce a 20 de Outubro de 1859 nos EUA, e morre a 1 de Junho de 1952
também nos EUA. É preciso salientar, no entanto, que Dewey foi um homem
extremamente viajado e que os seus contributos sociais não se cingem ao território
americano, o que se reflete numa influência internacional.
Enquanto estudante, sabe-se que a sua educação base foi dada pela Igreja
Congregacional, apesar de não haver nenhum tipo de datas para este período da sua
vida. Dewey ingressa na universidade de Vermont em 1879, onde estuda sobre a tutela
de um professor com particular destaque: Henry A.P. Torrey. Mais tarde, em 1884,
através de Henry, Dewey ingressa na universidade John Hopkins onde aprende com
outros grandes nomes do campo da educação, como George S. Morris, Charles S.
Pierce, Herbert B. Adams e G. Stanley Hall. Estes contactos foram importantes para o
desenrolar da carreira profissional de John Dewey ao longo dos anos.
Observemos então o seu percurso profissional. Durante a sua primeira
licenciatura, Dewey lecionou no Secundário de Oil City durante dois anos, e depois
lecionou mais um ano na escola básica de Charlotte. Foi após a sua licenciatura que
Dewey começou a lecionar em universidades, começando na de Michigan por dois
períodos, de 1884 a 1888, e mais tarde de 1889 a 1894. Neste último ano, Dewey
começou a lecionar na universidade de Chicago até 1904, onde começou a lecionar na
universidade da Columbia, onde permaneceu quase até ao fim da sua carreira em 1930.
Foi enquanto professor que Dewey acabou por influenciar grandes nomes da área da
educção mas também nomes que foram importantes marcos na história do
desenvolvimento social, como iremos observar mais tarde.
Entre publicações, workshops, revistas e trabalhos, a lista de obras e
contribuições de Dewey é quase interminável, abrangendo muito mais do que o ramo da
educação e entrando abertamente por questões sociais, humanitárias, políticas, e outros
temas de relevo para as práticas sociais.
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Analisemos primeiro as contribuições de Dewey a um nível político. Dewey era
por si próprio um democrata radical. Ele defendia que as pessoas não se tornam em
sociedade por distância ou proximidade física, mas através de valores, e que cada ser
humano influencia o próximo.
Através dos seus alunos Hu Shi & Chiang Molin, Dewey tornou-se uma figura
importante nas reformas progressivas chinesas, conhecido como o Sr. Democrático,
para além de ajudar o seu sistema educativo. Através de outro aluno, B.R. Ambedkar,
ajudou a fundar o movimento da India Independente.
Dewey tornou-se ainda membro da International League for Academic Freedom
em 1935, foi eleito presidente da League for Industrial Democracy em 1928 e por
último foi nomeado presidente honorário do Congress for Cultural Freedom em 1950.
Dewey também teve contributos notáveis a nível humanitário, das quais duas se
destacam. Primeiro, a sua e uma das 34 assinaturas presentes no Humanist Manifesto,
assinado em 1933. O segundo foi o seu trabalho como membro da Humanist Press
Association, a qual se juntou no ano de 1936 e permaneceu até ao fim da sua vida.
Dewey deixou-nos ainda duas contribuições que, não sendo diretamente
contribuições no ramo educativo, são de salientar e relevantes para o mesmo. A
primeira é o “Paradoxo da Lógica”, onde Dewey põe em causa os métodos de lógica e
investigação do séc. XX, criticando a sua legitimidade e os resultados obtidos através
dos mesmos sob o ponto de vista de incoesão e incoerência. Este trabalho tem um
caráter mais reflexivo tendo em consideração que Dewey não apresentou novas técnicas
ou abordagens para o campo de investigação. O segundo contributo seria o da filosofia
“Transacional”. Este foi o nome que Dewey começou a adotar, no fim da sua carreira,
para as suas ideias com base no pragmatismo e instrumentalismo das abordagens a
serem tomadas, por base da prática e utilidade social. Esta ideia destaca-se por não ser
somente (mas também) relevante no ramo educativo.
Dewey destaca-se então através dos seus princípios pedagógicos, conhecidos
como a abordagem de Problem Based Learning. Antes de chegar a esta reforma,
Dewey observa o papel da escola e reavalia-o. Para Dewey, a escola deverá ser uma
instituição de reforma social, e como tal, deverá ser um processo socialmente interativo
onde a participação pró-ativa do educando é do mais essencial para que este não se
limite a compreender, mas a verdadeiramente dominar os conteúdos que são abordados.
Encontramos assim uma reformulação do papel do aluno, de ator passivo a ator ativo, e
a reformulação do papel do professor. Este último já não deve servir como uma fonte de
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conhecimento disposto a transpor o mesmo para os alunos, mas deve ser antes um guia
que consegue reencaminhar os alunos para que aprendam.
Esta ideologia é muito influenciada pela filosofia de “Transacional” defendida
por Dewey. Existe uma necessidade e incentivo a que a aprendizagem seja feita por
base na prática, e onde o foco não está na transposição de conhecimentos mas sim na
otimização das aptidões do aluno, trabalhando as mesmas intensivamente para um
desenvolvimento pessoal e posteriormente um desenvolvimento social.
Para além dos seus contributos a nível pedagógico, Dewey deixou também um
legado forte a um nível académico. Em 1896 ajudou a fundar a Universidade de
Chicago Laboratory Schools e em 1919 ajudou a fundar a New School for Social
Research. Ainda é de notar que apesar de não estar diretamente envolvido, os seus
ensinamentos e ideias fundamentaram também a fundação e reformulação de outras
escolas, nomeadamente o colégio de Bennington, de Goddard, e Black Mountain.
A carreira notável de Dewey premiou-o com várias homenagens internacionais.
O seu nome encontra-se nas portas do secundário de Brooklyn, na escola preparatória de
Green Gay e no colégio preparatório terapêutico de Great Barrington. A sua cara
também pode ser encontrada numa edição limitada de selos de postal. Foram ainda
atribuídos o prémio de Copernican Citation em 1943, assim como quatro
doutoramentos por base de Honoris Causa (premiados através de contributos de
carreira), pela universidade de Oslo e da Pennsylvania em 1946, e pela universidade de
Yale e de Rome em 1951.
Não é de estranhar, após uma observação à vida de Dewey, que o seu nome seja
uma constante nos estudos e investigação das Ciências da Educação e Formação, ainda
nos dias de hoje, e que os seus princípios pedagógicos ainda sejam estudados e
relevantes na época moderna da educação.
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CONCLUSÃO
A primeira conclusão que podemos tirar é que, apesar de termos escolhido três
mestres de séculos diferentes, as ideias e contributos de cada um começaram a ser
relevantes no fim do século XIX e século XX. Não se trata de uma coincidência, a
verdade é que o final do século XIX e início do século XX marcam o que é o período de
boom das Ciências da Educação como ciência legitimada.
É também interessante notar que ambos os pedagogos mais viajados (Comenius
e Dewey) abordam por lógicas mais liberais e centradas no aluno, enquanto Herbert,
mais reservado, aborda com maior força o poder da instituição e rigor da educação
formal. Esta diferença também poderá ser devido ao período onde os pedagogos
viveram. Comenius viveu num período de expansão religiosa e educativa, tal como
Dewey viveu num período onde as relações internacionais e expansão cultural eram
cada vez mais proeminentes, enquanto Herbert viveu num período de forte
industrialização.
Apesar das suas diferenças, no entanto, os três mestres escolhidos são
semelhantes na medida em que as suas teorias e ideias ainda são discutidas e aplicadas
em pleno século XXI, e serviram de base ao trabalho de outros mestres e investigadores
conhecidos no ramo da Educação. Os três pedagogos foram também responsáveis por
reformar o ensino tradicional no seu tempo, e fomentar o próximo passo no que toca a
métodos e práticas educativas.
Pode-se assim dizer, em suma, que o que os três pedagogos tiveram mais em
comum foi uma capacidade de pensar à frente do seu tempo, pensar de forma inovadora,
e de serem pioneiros nas suas práticas e contributos para as Ciências da Educação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNSTEIN, R. J. (1966). “John Dewey”. Washington Square Press;
BOISVERT, R. (1997). “John Dewey, Rethinking Our Time”. SONY Press;
MARTIN, J. (2003). “The Education of John Dewey”. Columbia University Press.;
MURPHY, D. (1995). “Comenius, A Critical Reassesment of his Life and Works”. Irish
Academic Press;
WOLMAN, B.B. (1968). "The historical role of Johann Friedrich Herbart". In Wolman,
B.B. “Historical roots of contemporary psychology”. New York: Harper & Row.
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